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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VIÇOSA FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA LUCAS RESENDE GONÇALVES SILVA PRODUÇÃO DE CERVEJA DO TIPO AMERICAN PALE ALE VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2015

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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VIÇOSA

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

LUCAS RESENDE GONÇALVES SILVA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO TIPO AMERICAN PALE ALE

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL

2015

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LUCAS RESENDE GONÇALVES SILVA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO TIPO AMERICAN PALE

ALE

Trabalho apresentado à banca examinadora do curso de Engenharia Química como parte integrante das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, e como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Químico da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde – FACISA/UNIVIÇOSA.

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL 2015

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LUCAS RESENDE GONÇALVES SILVA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO TIPO AMERICAN PALE ALE

Trabalho apresentado à banca examinadora do curso de Engenharia Química como parte integrante das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, e como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Químico da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde – FACISA/UNIVIÇOSA.

Aprovado em: 04 de novembro de 2015

_______________________________

Daniella Sette Abrantes Silveira

_______________________________

Adriana Maria Patarroyo Vargas Co-orientadora

_______________________________ Prof. Skarllet Toledo Caetano

Orientadora

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL 2015

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Dedico este trabalho às pessoas

que me acompanharam nesta

jornada, à minha família que

sempre esteve ao meu lado para

realização desse sonho,

principalmente à minha mãe

Solange, meu pai Amarildo e

minha irmã Juliana. Aos meus

colegas e mestres que tanto me

ajudaram nesta caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a minha família, meus pais Amarildo e

Solange e minha irmã Juliana, que sempre estiveram ao meu lado no

decorrer do curso e me apoiaram de todas as formas possíveis nos

momentos de dificuldade.

Em especial agradeço a minha orientadora Skarllet Toledo que vem

sempre me apoiando no decorrer deste trabalho, sendo paciente e ajudando

sempre que possível.

A minha co-orientadora Adriana Patarroyo que está sempre a

disposição me ajudando a solucionar os problemas oriundos no decorrer do

trabalho.

Faço também um agradecimento a todos os amigos e colegas de

curso que ao longo desta jornada, me apoiaram de diversas formas.

Por fim gostaria de agradecer a todas as demais pessoas que de

alguma forma me auxiliaram durante o decorrer do curso e durante a

elaboração deste trabalho.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 2

2.1. Definição e características da cerveja .................................................... 2

2.2. Matérias primas para a produção de cerveja .................................... 2

2.2.1. Água ........................................................................................... 2

2.2.2. Malte .......................................................................................... 4

2.2.3. Lúpulo ........................................................................................ 6

2.2.4. Levedura .................................................................................... 6

2.2.5. Adjuntos ..................................................................................... 7

2.3. Processamento da cerveja ............................................................... 7

2.4. Tipos de cerveja ............................................................................. 10

2.4.1. Cervejas de baixa fermentação, “lagers”. ................................ 10

2.4.2. Cervejas de alta fermentação, “ales”. ...................................... 10

2.5. Cerveja Pale Ale ............................................................................. 11

2.5.1. Cerveja American Pale Ale ...................................................... 11

3. OBJETIVOS ......................................................................................... 12

3.1. Objetivo Geral ................................................................................. 12

3.2. Objetivos Específicos ..................................................................... 12

4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 13

4.1. Materiais ......................................................................................... 13

4.2. Procedimento Experimental ............................................................ 18

4.2.1. Análises físico-químicas da água utilizada para produção da

cerveja. ................................................................................................. 18

4.2.2. Processamento da cerveja ....................................................... 19

4.3. Teste de aceitação ......................................................................... 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 25

6. CONCLUSÃO ....................................................................................... 33

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características físico-químicas da água para produção de

cerveja............................................................................................................ 4

Tabela 2: Comparação entre água cervejeira e água Ingá.......................... 28

Tabela 3: Enzimas que atuam na brassagem, temperatura ideal, açúcares

extraídos e características da cerveja.......................................................... 29

Tabela 4: Resultado do teste de aceitação.................................................. 33

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sala de maltagem de cevada............................................................. 5

Figura 2: Plantação de lúpulo............................................................................ 6

Figura 3: Fluxograma de produção de cerveja................................................ 20

Figura 4: Etapa de brassagem......................................................................... 20

Figura 5: Controle de temperatura na etapa de brassagem............................ 21

Figura 6: Processo de Fermentação................................................................ 22

Figura 7: Processo de Maturação.................................................................... 23

Figura 8: Ficha de avaliação da cerveja.......................................................... 25

Figura 9: Variação de temperatura na etapa de brassagem........................... 30

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RESUMO

SILVA, Lucas Resende Gonçalves, monografia, Faculdade de Ciências

Biológica e Saúde, Outobro de 2015. PRODUÇÃO DE CERVEJA DO TIPO

AMERICAN PALE ALE. Orientadora: Skarllet Toledo; Co-orientadora:

Adriana Patarroyo.

O processo de produção de cerveja depende da qualidade e quantidade

correta de matéria prima, tempo e temperatura adequados além de cuidado

para se evitar a contaminação. Para se produzir cerveja realiza-se as etapas

de brassagem ou mosturação, filtração, fervura, resfriamento, fermentação,

maturação e envase. Todas as etapas são importantes e elas variam de

acordo com o tipo de cerveja a ser produzida. Este projeto foi realizado

visando à produção de uma cerveja estilo American Pale Ale de acordo com

a metodologia de Strong e Colaboradores (2015), porém com a utilização de

três maltes diferentes. A água utilizada foi analisada e apresentou-se

adequada. A cerveja produzida foi comparada com os parâmetros de uma

cerveja American Pale Ale e apresentou resultados satisfatórios além de

uma boa aceitação pelos degustadores.

Palavras-chave: Estilo, processo.

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ABSTRACT

The brewing process depends on the quality and correct amount of raw

materials, adequate time and temperature beyond care to avoid

contamination. To produce beer takes place steps brewing or mashing,

filtration, boiling, cooling, fermenting, aging and bottling. All steps are

important and they vary according to the type of beer being produced. This

project was carried out with a view to producing an style American Pale Ale

beer according to the methodology of Strong and Contributors (2015), but

with the use of three different malts. The water used was analyzed and

presented himself properly. The beer produced was compared with the

parameters of an American Pale Ale beer and presented satisfactory results

plus a good acceptance by the tasters.

Keywords: Style, process.

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1. INTRODUÇÃO

Após a água, a cerveja é a segunda bebida mais consumida no mundo.

Está entre as diversas culturas de diferentes países e possui um mercado que

movimenta bilhões anualmente (SIDOOSKI, 2011).

A Pale Ale, pertencente ao grupo das cervejas tipo Ale, uma das mais

conhecidas e apreciadas mundialmente. Obtida através de processo de alta

fermentação, são caracterizadas por apresentar uma coloração de cobre e um

paladar constituído de notas frutadas (SIDOOSKI, 2011).

Produzir cerveja é mais do que apenas misturar os ingredientes a fim de

atender as exigências do consumidor. O complexo processo de produção envolve

quantidade adequada de ingredientes, temperatura, tempo, análises realizadas

rigorosamente em cada etapa, ocorrência de reações bioquímicas, cautela quanto

à contaminação, dentre outros fatores que influenciam diretamente na qualidade

da cerveja (EVANGELISTA, 2012).

Desta forma, devido à grande importância mundial da cerveja, a

complexidade para produção desta bebida e sabendo que as cervejas tipo Ale

são as mais apreciadas pelos consumidores; este projeto apresenta-se como um

trabalho que busca a produção de uma cerveja estilo American Pale Ale seguindo

a metodologia de Strong e colaboradores, porém neste trabalho utilizou-se a

mistura de três maltes diferentes onde em cada etapa de produção trabalhou-se

com matérias primas de alta qualidade. Foram realizadas análises de água,

análises físico-químicas e teste de aceitação para avaliação deste produto.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Definição e características da cerveja

Os historiadores não chegam a um consenso, mas sabe-se que há

10.000 anos os homens já executavam o processo de preparação da cerveja.

Apesar de não haver uma data exata da fabricação das primeiras bebidas

alcoólicas, acredita-se que as primeiras cervejas surgiram em torno de 8.000 a.C.

(CARVALHO et al., 2007) .

A cerveja é uma bebida alcoólica preparada através de ingredientes

naturais no qual não basta apenas misturar os ingredientes, deve-se entender

minuciosamente a complexidade de uma série de reações bioquímicas para que

ela seja produzida (EVANGELISTA, 2012).

A cerveja é uma bebida muito versátil, sendo adepta a uma grande

variedade de ingredientes. Porém, a água, levedura, malte de cevada e lúpulo são

os ingredientes fundamentais para sua produção (MORADO, 2009).

2.2. Matérias primas para a produção de cerveja

A matéria prima influencia diretamente sob a qualidade da cerveja, ou

seja, matéria prima de qualidade gerará uma cerveja de qualidade (SIDOOSKI,

2011).

Pela lei da pureza Alemã, as cervejas deveriam conter apenas malte de

cevada, lúpulo, água e levedura. Todavia a cerveja é uma bebida muito versátil,

possibilitando uma variação dos ingredientes utilizados. A proporção de

ingredientes utilizados, a maltagem do cereal, o lúpulo utilizado, o tipo de

fermentação, a duração das etapas do processo, bem como o processo de

envase, caracterizam uma grande diversidade de cervejas (MORADO, 2009).

2.2.1. Água

Sabe-se que mais de 91% da cerveja é constituída de água. Devido a isto

pode-se notar a importância da água no processo de fabricação da cerveja

(SIDOOSKI, 2011).

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Em muitos casos a água proveniente direto de uma fonte mineral é a

melhor água para se utilizar no processo de obtenção da cerveja. No entanto,

deve-se fazer análises periódicas das características físico-químicas desta água

(SIDOOSKI, 2011).

Toda água provinda da natureza contém sais dissolvidos, possuindo-os

em quantidade e qualidade diferentes, conforme a região. Tendo uma quantidade

alta, a água passa a ter o gosto conforme os sais dissolvidos nela (VENTURINI

FILHO, 2005).

De acordo com Cervesia (2001), uma boa água cervejeira deve conter os

seguintes requisitos mostrados na Tabela 1:

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Tabela 1: Características físico-químicas da água para produção de cerveja (CERVESIA, 2001).

Parâmetro Unidade Especificação

Aparência - Límpida e clara

Sabor - Insípida

Odor - Inodora

pH pH 6,5 – 8,0

Cor (mg PT/l) 0 – 5

Turbidez NTU Menor que 0,4

Matéria Orgânica (mg O2 cons./l) 0 – 0,8

Sólidos dissolvidos totais (mg/l) 50 – 150

Dureza total (mg CaCO3/l) 18,0 – 79,0

Dureza temporária (mg CaCO3/l) 18,0 – 25,0

Dureza permanente (mg CaCO3/l) 0 – 54,0

Alcalinidade (mg CaCO3/l) 0,8 – 25,0

Sulfatos (mg SO4/l) 1,0 – 30,0

Cloretos (mg Cl/l) 1,0 – 20,0

Nitratos (mg NO3/l) Ausência

Sílica (mg SiO2/l) 1,0 – 15,0

Cálcio (mg Ca2+/l) 5,0 – 22,0

Magnésio (mg Mg2+/l) 1,0 – 6,0

Ferro (mg Fe/l) Ausência

Alumínio (mg Al/l) Máx. 0,05

Amoníaco (mg NH3/l) Ausência

CO2 livre (mg CO2/l) 0,5 – 5,0

2.2.2. Malte

O malte é um produto obtido pelo processo de malteação, processo que

normalmente ocorre em maltarias. A malteação consiste em embeber a semente

em água, ativando o metabolismo da semente, dando início à germinação.

Posteriormente, retira-se a semente da água, germina-se a semente em

condições controladas, e faz-se a secagem (MATOS, 2011). A princípio, qualquer

cereal pode ser malteado, tendo-se malte de milho, trigo, centeio, aveia e cevada

(VENTURINI FILHO, 2005). A Figura 1 ilustra o processo de maltagem da cevada.

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Figura 1: Sala de maltagem de cevada (MORADO, 2009).

Segundo Morado (2009), a cerveja deve ser produzida obrigatoriamente

de malte de cevada, sendo chamada de cerveja puro malte, porém, podem ser

acrescentados a ele outros cereais.

Para o cereal ser utilizado na produção de cerveja, ele deve conter

qualidades específicas, como o conteúdo de proteínas, a taxa de gordura, o

rendimento da extração e a capacidade de germinação. Somente os grãos mais

nobres são utilizados na produção de cerveja, sendo apenas cerca de 15 %

(SIDOOSKI, 2011).

Segundo Borzani (2001), apesar do uso de maltes de vários cereais, o de

cevada é o que apresenta o maior teor de amido, ou em outras palavras, de

extrato fermentável. A proteína presente encontra-se em qualidade e quantidade

suficiente para nutrição das leveduras durante a fermentação, como também para

a formação de espuma do produto final.

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2.2.3. Lúpulo

O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma planta trepadeira, que pertence ao

grupo das urticáceas e da família cannabaceae. Apresenta flores masculinas e

femininas em indivíduos diferentes, não tendo planta hermafrodita (SIDOOSKI,

2011). A Figura 2 ilustra uma plantação de lúpulo.

Figura 2: Plantação de lúpulo (BORZANI, 2001).

As flores femininas ou os frutos são os responsáveis pelo aroma e

amargor característico de lúpulo das cervejas. Isto ocorre devido a riqueza em

glândulas amarelas que contêm lupulina (BORZANI, 2001).

Além de conferir aroma e amargor, o lúpulo também apresenta ação

antisséptica, contribuindo também para a estabilidade do sabor e da espuma da

cerveja (SIDOOSKI, 2011).

2.2.4. Levedura

Na produção de cerveja, a levedura tem a finalidade de realizar o

processo de fermentação microbiológica dos açúcares no mosto cervejeiro. A

levedura comumente utilizada para a produção de cervejas é a Saccharomyces

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Cerevisiae, com cepas de alta e baixa fermentação – ale e lager, respectivamente

(CARVALHO et. al., 2007).

Além do etanol e do CO2, a fermentação também gera ésteres, álcoois

superiores, cetonas, vários fenóis e ácidos graxos. Os ésteres são responsáveis

pelas notas frutadas na cerveja, os fenóis pelas notas de especiarias, as cetonas

podem ser benéficas em pequenas quantidades para o sabor, porém, em grandes

quantidades podem fornecer um sabor rançoso à cerveja (PALMER, 1999).

2.2.5. Adjuntos

Os adjuntos podem ser definidos como produtos que fornecem

carboidratos para o mosto, desde que permitidos por lei. Devido a isto eles podem

substituir parcialmente o malte na produção de cerveja. A substituição do malte

pelo adjunto pode chegar a 50 %, não tendo regra quanto à sua utilização. O

“grits” de milho, “grits” de arroz, amido de milho refinado, farinha de trigo e flocos

de milho são os principais adjuntos utilizados na indústria cervejeira (SIDOOSKI,

2011).

2.3. Processamento da cerveja

O processamento da cerveja é constituído das etapas de brassagem,

filtração, fervura, resfriamento, fermentação, maturação e envase. A primeira

etapa é a etapa de brassagem, que também é conhecida como mosturação e se

baseia no processo de embebedar o malte em água quente que, ao se hidratar,

ativa as enzimas convertendo o amido dos grãos de malte em açúcares. As

enzimas presentes no malte, por influência da temperatura dão inicio à hidrólise

do amido, transformando amido em maltose e outros açúcares (MATOS, 2011).

Cada faixa de temperatura trabalhada favorece um tipo de enzima, sendo

que existem diferentes tipos de enzimas que são favorecidas em faixas de

temperaturas diferentes (PALMER, 1999). Temperaturas de 67 a 72 °C produzem

açúcares mais complexos, chamados “dextrinas”, que não são fermentados pelas

leveduras, gerando cervejas mais doces e encorpadas. Temperaturas de

62 a 66 °C produzem açúcares básicos, chamados de “maltose”, que são

fermentados completamente pelas leveduras, gerando cervejas secas (sem

doçura). O tempo típico utilizado nesta etapa, extraindo todos os açúcares

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presentes no mosto, é de 90 minutos (ERTHAL, 2006). A temperatura não deve

ultrapassar 72 °C, pois nesta temperatura as enzimas são inativadas. Todavia,

após a extração de todos os açúcares, tem-se que elevar a temperatura para 75

°C durante 10 minutos, para inativação das enzimas (OLIVEIRA, 2011). A

filtração tem como objetivo a separação da fase sólida (bagaço) da fase líquida, e

divide-se em duas fases: filtração do mosto primário e a lavagem do bagaço

(KUCK, 2008). A temperatura durante a filtração deve ser em torno de 75 °C, pois

nessa temperatura o mosto tem uma viscosidade menor, diluindo os açúcares,

que terão mais facilidade pra se livrarem do bagaço, diminuindo as perdas

(VENTURINI FILHO, 2005). O bagaço que é descartado, é rico em proteínas, sais

minerais, celulose, etc. Com isso, é uma ótima alternativa para a alimentação de

animais (CRUZ et. al., 2008). Segundo Reitenbach (2010), o processo de fervura

dura cerca de 60 a 90 minutos, não podendo ser muito longo, pois a reação de

intensificação da cor pode ter efeito negativo, de modo a se perderem

características de cor e sabor que eram desejáveis. De acordo com Cruz et. al.

(2008), os principais objetivos da fervura são:

Estabilização biológica: O mosto, sendo um meio ótimo para

desenvolvimento microbiológico, pode ter sido contaminado nas etapas

anteriores, por isso na fervura é visada a esterilização.

Estabilização bioquímica: As enzimas que se mantiverem ativas são

inativadas.

Estabilização físico-química: As proteínas de maior cadeia são

desnaturadas, floculando, precipitando e, com elas, acabam decantando

também polifenóis, taninos e outras substâncias que serão retiradas

posteriormente.

Extração dos componentes do lúpulo: Pela fervura, o amargor e aromas do

lúpulo são extraídos.

Concentração do mosto: Na filtração do mosto é usada água para extrair o

extrato residual do bagaço. Com a fervura faz-se a evaporação do

excesso de água usada, deixando na densidade desejada.

A etapa seguinte é a de resfriamento, em que o mosto é resfriado

passando de altas temperaturas à temperatura desejada para fermentação

(KUCK, 2008). O processo não deve durar mais de 30 minutos, para evitar a

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oxidação do mosto. O oxigênio é muito prejudicial à cerveja, pois tem influência

negativa sobre algumas características da cerveja, como a cor, o paladar, a

estabilidade física e química. Porém, o mosto não pode ficar isento de oxigênio,

pois sem ele as leveduras não podem se multiplicar (CARVALHO et. al., 2007;

PALMER, 1999).

O processo de fermentação tem a finalidade da decomposição dos

açúcares fermentáveis do mosto em álcool e gás carbônico pela ação da levedura

(SIDOOSKI, 2011).

A fermentação pode ocorrer de dois tipos, alta ou baixa. O que determina

o tipo de fermentação é a levedura a ser utilizada (BORZANI, 2001).

Segundo Sidooski (2011), a fermentação alcoólica ocorre apenas em

meio anaeróbico, ocorrendo a via fermentativa, no qual fermenta-se o açúcar,

produzindo moléculas de etanol, duas de gás carbônico e energia, como

representado na Equação 1 a seguir:

Em meio aeróbico a levedura opta pela via respiratória, oxidando

completamente o açúcar, produzindo gás carbônico, água e energia, como

representado na Equação 2 a seguir:

A temperatura de fermentação varia de acordo com o tipo de fermentação

e de levedura a ser utilizada. Sendo que a alta fermentação ocorre em

temperaturas superiores em relação à baixa fermentação (SIDOOSKI, 2011).

O processo seguinte é o de maturação, que consiste no armazenamento

da cerveja fermentada em um local de baixas temperaturas durante um

determinado período de tempo. A finalidade deste processo é a clarificação por

precipitação de leveduras e proteínas, assim como de sólidos solúveis. Além

destas, ocorrem alterações químicas que auxiliam a clarificação e melhoram o

aroma e o sabor da cerveja (CERVEJA, 2010).

Segundo Morado (2009), durante a maturação ocorre reações físico-

químicas que transformam o aspecto visual da cerveja e produzem alguns aromas

e sabores. As cervejarias que produzem cervejas especiais utilizam esta etapa

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para a adição de especiarias, frutas ou lascas de madeira, que fornecem

características próprias de aroma e sabor a cerveja.

O envasamento é realizado junto ao priming deixando que a gaseificação

ocorra na garrafa. O priming consiste na adição de uma solução de açúcar na

cerveja. Esta solução é preparada em altas temperaturas, para que a sacarose se

transforme em glicose mais frutose, facilitando a fermentação da levedura. A

levedura irá fermentar esse açúcar, produzir CO2 e por estar fechada, a garrafa

vai pressurizar e o CO2 se armazenar no líquido. Após o consumo de todo açúcar

presente na cerveja, ocorre uma desativação da levedura onde ela se sedimenta

no fundo das garrafas (MATOS, 2011).

2.4. Tipos de cerveja

A cerveja pode ser separada em dois grupos, cervejas de alta

fermentação, “ale”, e cervejas de baixa fermentação, “lager”. Além do tipo de

fermentação, o teor alcoólico também se colocar como uma característica

importante no qual difere os tipos de cerveja.

2.4.1. Cervejas de baixa fermentação, “lagers”.

As cervejas lagers fermentam em baixas temperaturas, em torno de 10°C,

utilizando o fermento Saccharomyces uvarum no processo de baixa fermentação.

Apresentam teores alcoólicos superiores as cervejas tipo “ale”, possuem notas

muito pouco ou nada frutadas, tendo aromas e sabores de cereais e lúpulo

(SIDOOSKI, 2011).

No grupo das lagers existem as lager (pilsener, dortmunder, malzbier),

wiener, marzen, munchener, bock, doppelbock, rauchbier, marzenbier, export,

dentre outras (REINOLD, 1997).

2.4.2. Cervejas de alta fermentação, “ales”.

As cervejas tipo ale fermentam em temperaturas mais altas que as lager,

em torno de 20°C, apresentando um processo de alta fermentação com uso da

levedura Saccharomyces cerevisae. Tem-se o nome de processo de alta

fermentação devido à tendência que o fermento apresenta em ficar suspenso no

mosto durante a etapa de fermentação (SIDOOSKI, 2011).

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Estas cervejas apresentam aromas e sabores bem complexos, com notas

frutadas.

No grupo das ales existem ale (clara, suave, amarga, porter, barley wine,

stout), English Pale Ale, American Pale Ale, Belgian Pale Ale, India Pale Ale,

Brown ale, Mild, Bitter, Altbier, Kolsh, cervejas especiais (Trappiste, Abbey,

Saison), Weizenbier, dentre outras (REINOLD, 1997).

2.5. Cerveja Pale Ale

Por volta de 1750, na cidade de Burton, um cervejeiro chamado Hodgson

produziu a primeira cerveja Pale Ale de renome. Houve uma associação da

cerveja com a cidade de Burton, sendo uma tradicional produtora de cerveja

desde o século XIII (SIDOOSKI, 2011).

A cerveja Pale Ale pode apresentar características distintas, porém a

clássica Pale Ale apresenta teor de extrato original entre 11,2 e 13,6% m/m,

paladar puro com um acentuado flavor de fruta com coloração de cobre, podendo

ser filtrada ou não, sendo que a filtração interfere na turbidez da cerveja

(SIDOOSKI, 2011).

Matos (2011) produziu dois tipos de cerveja (Pilsen e Pale Ale) e realizou

uma análise sensorial a fim de testar a aceitação destas bebidas. Fez-se a análise

com 50 provadores destreinados. A análise resultou-se em uma maior aceitação

da cerveja Pale Ale, com 90,40% de aceitação entre os provadores, seguida da

Pilsen, com 86,40% de aceitação (MATOS, 2011).

Segundo Strong e Colaboradores (2015), as cervejas Pale Ale se dividem

em American Pale Ale, Belgian Pale Ale, India Pale Ale e English Pale Ale.

2.5.1. Cerveja American Pale Ale

Segundo Strong e Colaboradores (2015), a cerveja American Pale Ale é

uma adaptação da americana English Pale Ale. Apresenta coloração de dourado

pálido a âmbar profundo. Colarinho branco, com boa retenção. Geralmente bem

límpida, ainda que sejam aceitas versões levemente turvas.

Um estilo de cerveja que tem a impressão de ser refrescante e lupulada,

contudo com uma quantidade suficiente de malte para dar suporte.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Produção da cerveja American Pale Ale seguindo a metodologia de

Strong e colaboradores (2015), porém utilizando a mistura de três maltes

diferentes; o malte Pilsen Agrária, malte Caramunich tipo II e malte Carared.

3.2. Objetivos Específicos

Produção da cerveja American Pale Ale

Realizar análise da qualidade da água que será utilizada para produção da

cerveja.

Realizar análises físico-químicas e análise sensorial da cerveja produzida.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Materiais

- Água

Água mineral da marca Ingá - produto comercializado em toda região de

Minas Gerais com indústria localizada em Brumadinho – MG.

- Maltes

Malte pilsen agrária (lote: BL 4/13) safra de 2014 fornecido pela

Cooperativa Agrária Agroindustrial localizada em Guarapuava, estado do

Paraná com as seguintes especificações: um malte base que apresenta

uma alta qualidade para produção de qualquer tipo de cerveja, possui

coloração de 3 a 4 EBC e pode ser adicionado até 100% no processo.

Malte carared weyermann (lote: 01RM78) safra de 2014 fornecido pela

Cooperativa Agrária Agroindustrial localizada em Guarapuava, estado do

Paraná com as seguintes especificações: apresenta 40 a 60 EBC

proporcionando à cor avermelhada para a cerveja, fornece um incremento

no corpo da cerveja e pode ser adicionado até 25% no processo.

Malte caramunich tipo II weyermann (lote 07RM105) safra de 2014

fornecido pela Cooperativa Agrária Agroindustrial localizada em

Guarapuava, estado do Paraná com as seguintes especificações: fornece

um incremento ao corpo da cerveja, possui um EBC – European Brewing

Convention de 110 a 130 proporcionando uma cor mais escura a

avermelhada. Pode ser adicionado até 10% no processo.

- Lúpulos

Lúpulo columbus 15,7% de ácido alfa (lote 1928) safra de 2014 produzido

em Beloeil na Bélgica pela indústria Castle Manting e fornecido pela loja

virtual lamas brew shop com as seguintes especificações: lúpulo que

fornece um amargor considerável, porém também auxilia na melhora do

aroma da cerveja. Fornece à cerveja propriedade picantes e cítricas.

Lúpulo Summer 6,4% de ácido alfa (lote HT825) produzido na Austrália e

fornecido pela loja virtual lamas brew shop com as seguintes

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especificações: lúpulo aromático fornecendo um aroma de damasco e

melão a cerveja.

- Levedura

Levedura British ale M07, produzida pela empresa Neozelandesa

Mangrove Jack’s e fornecida pela loja virtual Lamas Brew Shop com as seguintes

especificações: Levedura de alta fermentação indicada para cervejas ale.

Apresenta um perfil neutro de aroma de fermento deixando prevalecer as

características de aromas de malte/lúpulo da cerveja.

- Chiller

Trocador de calor (SKU- 70004) fornecido pela loja virtual Lamas Brew

Shop com as seguintes especificações: trocador de calor em alumínio “3/8”,

15 m de comprimento.

- Refratômetro

Refratômetro marca Instrutherm fornecido pela loja virtual Lamas Brew

Shop com as seguintes especificações: apresenta escala de 0 a 32 brix.

- Termômetro

Termômetro marca G - Tech fornecido pela loja virtual Lamas Brew Shop

com as seguinte especificações: apresenta 30 cm de altura e escala de

-10 ºC a 110 ºC.

- Densímetro

Densímetro marca Synth fornecido pela loja virtual Lamas Brew Shop com

as seguintes especificações: mede-se massa específica de

1,000 a 1,100 (precisão de 0,001).

- Fermentador

Recipiente fermentador fornecido pela loja virtual Lamas Brew Shop com

as seguintes especificações: Recipiente de plástico alimentício de 22 L com

tampa, torneira e adaptador para válvula airlock.

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- Válvula airlock

Válvula fornecida pela loja virtual Lamas Brew Shop com as seguintes

especificações: válvula de acrílico usada para acoplar ao fermentador.

- Maturador

Recipiente maturador fornecido pela loja virtual Lamas Brew Shop com as

seguintes especificações: Reciíente de plástico alimentício de 22 L com tampa.

- Equipamento de 28 L

Reciíente fornecido pela loja virtual Lamas Brew Shop com as seguintes

especificações: Recipiente de alumínio de 28 L com tampa e torneira resistente a

temperatura.

- Turbidímetro

Turbidímetro marca Hanna, modelo HI98703. É um turbidímetro portátil de

alta precisão.

- Potenciômetro

Equipamento marca Sanxin, modelo SX711. Apresenta faixa de medição

de pH 0,00 a 14,00, com 1 de exatidão.

- Incubadora

Incubadora marca Lovibond, modelo TC135-S. Apresenta sistema de

aquecimento e refrigeração que permite trabalhar com temperaturas de

- 5 °C a 40 °C.

- Arrolhador de garrafas

Arrolhador de garrafas marca tenre, utilizado para cravar tampinhas

tradicionais (26,5 mm, twitt-of ou pry-off). Com ajuste de altura para diversos

tamanhos de garrafas.

- Proveta de 100 ml

Proveta marca uniglas, apresenta graduação em vidro e base sextavada

de polietileno.

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- Béquer de 250 ml

Béquer marca uniglas, apresenta graduação em vidro e formato de copo

Griffin (forma baixa).

- Erlenmeyer

Erlenmeyer marca uniglas, apresenta graduação em vidro e boca estreita.

- Fenoftaleína

Fenoftaleína marca Synth. Apresenta massa molar de 318,323 g.mol-1 e é

utilizada como indicador químico.

- Água oxigenada 30%

Água oxigenada marca Farmax.

- Cromato de potássio

Cromato de potássio marca Synth. Apresenta massa molar de

194,2 g/mol e é utilizada como indicador químico.

- Nitrato de prata

Nitrato de prata marca Synth. Apresenta massa molar de 169,87 g/mol e

seu grau de pureza é de 99,8 %.

- Água destilada

Água destilada fornecida pela Univiçosa – Faculdade de Ciências

Biológicas e da Saúde.

- Verde de bromocresol

Verde de bromocresol marca synth. Apresenta massa molar de

698,05 g/mol e é utilizado como indicador químico.

- Ácido sulfúrico

Ácido sulfúrico marca Vetec. Apresenta massa molar de 98,07 g/mol e

seu grau de pureza é de 98 %.

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- Bureta

Bureta marca Uniglas. Apresenta graduação em vidro e torneira de vidro.

- Solução tampão NH4Cl/NH4OH

Solução tampão fornecida pela Univiçosa – Faculdade de Ciências

Biológicas e da saúde.

- Solução padronizada EDTA

Solução fornecida pela Univiçosa – Faculdade de Ciências Biológicas e

da saúde, apresentando um fator de correção igual a 0,98.

- Hidróxido de sódio

Hidroxido de sódio marca Synth, apresentando massa molar de

39,99 g/mol e também é muito conhecido como soda cáustica.

- Murexida

Murexida marca Synth, apresentando massa molar 284,18 g/mol e é

muito utilizada como indicador químico.

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4.2. Procedimento Experimental

Para utilizar a água para a produção da cerveja, foram realizadas algumas

análises físico-químicas da água, sendo que foram realizadas apenas as análises

mais importantes.

Todas as análises foram realizadas em triplicata para maior confiabilidade

dos resultados. As análises foram realizadas no laboratório da Univiçosa -

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde seguindo a metodologia da Apostila

de Conceitos de Química Quantitativa.

4.2.1. Análises físico-químicas da água utilizada para produção

da cerveja

- pH

Previamente à análise das amostras calibrou-se o potenciômetro

utilizando soluções tampão com pH 4, pH 7 e pH 10,01.

Com o equipamento já calibrado inseriu-se o eletrodo na amostra de água

contida no interior de um béquer para realizar a leitura do pH.

- Turbidez

Previamente realizou-se a calibração do turbidímetro utilizando as

soluções tampão de 0,10 ntu, 15 ntu, 100 ntu e 750 ntu.

Antes de inserir a amostra na cubeta realizou-se uma limpeza desta a fim

de se retirar qualquer condensação presente na parede da cubeta. Após a

limpeza despejou-se a amostra na cubeta até atingir a marca indicada.

- Cloretos

Inicialmente com auxílio de uma proveta mediu-se 100 ml da amostra.

Despejou-os em um erlenmeyer, acrescentou-se 4 gotas de fenoftaleína,

1 ml de H2O2 30 %, 1 ml de cromato de potássio e agitou-se. Após a agitação,

titulou-se utilizando uma solução padronizada de AgNO3 0,0141 eq l-1 até que

surgisse uma cor avermelhada persistente. Anotou-se o valor de AgNO3 gasto.

Calculou-se:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (A).

- Média dos volumes gastos na titulação da água destilada (B).

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- Alcalinidade

Para medição da alcalinidade da amostra, mediu-se 100 ml da amostra

em uma proveta. Despejou-se os 100 ml em um erlenmeyer e adicionou-se

4 gotas de fenoftaleína, 4 gotas de verde de bromocresol e agitou-se. Após a

agitação, titulou-se esta solução utilizando uma solução padronizada de H2SO4

0,02 eq l-1 como titulante e anotou-se o volume gasto. Calculou-se:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (T).

- Dureza total

Iniciou-se a análise medindo 50 ml de água através de uma proveta.

Transferiu-os para um erlenmeyer, adicionou-se 2 ml de solução tampão

NH4Cl/NH4OH e titulou esta solução utilizando como titulante uma solução

padronizada de EDTA 0,01 mol/l; até que a cor vermelha desaparecesse e

surgisse uma cor azul persistente por 30 segundos. Calculou-se:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (V).

- Dureza do cálcio e do magnésio

Inicialmente, através de uma proveta, mediu-se 50 ml de água. Despejou-

os em um erlenmeyer e adicionou-se 2 ml de NaOH 1 mol/l, 0,05 g do indicador

sólido murexida e agitou-se. Após a agitação, titulou-se esta solução utilizando

uma solução padronizada de EDTA 0,01 mol/l até que a cor rosa desaparecesse

e surgisse a cor violeta persistente por 30 segundos. Calculou-se:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (V).

4.2.2. Processamento da cerveja

O processamento da cerveja é constituído pelas seguintes etapas:

Brassagem, filtração, fervura, resfriamento, fermentação, maturação e envase;

conforme mostra a Figura 3:

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Figura 3: Fluxograma de produção de cerveja

Para a produção de dez L de cerveja a etapa inicial foi a etapa de

brassagem, onde oito L de água foram adicionados ao equipamento e aquecidos

até atingir à temperatura de 70 °C. Alcançada esta temperatura, inseriu-se o grain

bag ao equipamento e posteriormente despejou-se 1,830 kg de malte triturado,

como ilustrado na Figura 4. O malte utilizado é composto por 10 % de malte

carared, 5 % de malte caramunich tipo II e 85 % de malte pilsen agrária.

Figura 4: Etapa de brassagem

A temperatura de cozimento do malte foi controlada rigorosamente na

faixa de 69 ± 1 °C, como mostrado na Figura 5.

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Figura 5: Controle de temperatura na etapa de brassagem

Durante o cozimento, em intervalos de 15 minutos, realizou-se análises de

brix. Após uma hora e quarenta minutos de cozimento o valor do brix estabilizou-

se em 16 °C, cessando assim a etapa de brassagem.

Com o brix estabilizado, elevou-se a temperatura para 75 °C,

permanecendo desta forma durante 10 minutos.

Durante esse tempo, em outro equipamento, aqueceu-se 5 L de água à

temperatura de 75 °C.

Passado os dez minutos, iniciou-se a filtração elevando o grain bag. No

interior do grain bag, a parte sólida é chamada de bagaço. O que fica retido no

equipamento é a parte líquida chamada de mosto.

A água aquecida à 75 °C é despejada lentamente sob o bagaço, de modo

a adentrá-lo e em seguida juntar-se ao mosto, dando fim a filtração.

O bagaço é descartado e o mosto submetido à temperatura de 98 ± 1°C,

dando inicio a etapa de fervura.

A etapa de fervura ocorreu por uma hora, sendo que após trinta minutos

de fervura adicionou-se 2,5 g do lúpulo columbus e após quarenta e cinco minutos

adicionou-se novamente mais 2,5 g do mesmo lúpulo. Faltando dez minutos para

o fim da fervura adicionou-se 2 g do lúpulo summer.

Posterior ao fim da fervura imergiu-se o chiller em banho de gelo

acoplando uma de suas extremidades ao equipamento que contém o mosto e a

outra extremidade ao fermentador. Assim, através da gravidade, mosto inicia o

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percurso no interior do chiller em altas temperaturas e o finaliza no fermentador

com temperatura de 19 °C.

Com o mosto no interior do fermentador, fez-se a leitura da densidade

inicial. Em seguida, adicionou-se 10 g de levedura Britsh Ale, lacrou-se o

fermentador e o agitou. Após a agitação acoplou-se a válvula airlock ao

fermentador e o mosto foi colocado em repouso em uma incubadora com

temperatura de 19 ± 1°C, durante seis dias, para ocorrer à fermentação; como

mostra a Figura 6.

Figura 6: Processo de Fermentação

Após os seis dias, mediu-se a densidade final. Posteriormente, transferiu-

se o produto para o maturador, deixando-o em repouso na incubadora à

temperatura de 0 °C por dez dias para proceder a maturação, como ilustrado na

Figura 7.

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Figura 7: Processo de Maturação

Finalizada a maturação, realizou-se o priming. Posterior ao priming,

utilizando um arrolhador de garrafas, envasou-se a cerveja em garrafas de 600 ml

e as deixou em repouso em ambiente fresco durante dez dias para posterior

análise.

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4.3. Teste de aceitação

Segundo Minin (2006), devido à grande exigência do consumidor, os

métodos de degustação, como forma de análise sensorial do produto, tornaram-

se uma etapa fundamental ao se produzir novos produtos. Na área de alimentos,

o teste de aceitação é de grande importância por avaliar a aceitabilidade

mercadológica e a qualidade do produto.

O teste de aceitação do produto foi realizado no Laboratório de

Tecnologia de Alimentos da UNIVIÇOSA – Faculdade de Ciências Biológicas e da

Saúde.

Para a realização do teste de aceitação professores, funcionários e

estudantes da instituição foram convidados. Foram selecionadas 10 pessoas,

todas com o hábito de consumir cerveja.

Previamente ao teste, os voluntários preencheram um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, tendo ciência do tipo de bebida a ser

consumida (Anexo 1).

Durante o teste os degustadores não tiveram contato entre si, evitando a

persuasão.

A amostra de cerveja foi servida em copos descartáveis de 50 ml à

temperatura de 9 °C, juntamente com a ficha de avaliação ilustrada no Anexo II,

como ilustrada na Figura 8, representada pela escala hedônica de 9 pontos,

sendo 1 = desgostei extremamente e 9 = gostei extremamente.

Um copo de água foi servido aos voluntários como enxaguante bucal

antes do teste.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A água tem papel fundamental na qualidade da cerveja, pois é o

ingrediente em maior quantidade (SIDOOSKI, 2011).

A média dos valores obtidos das leituras da amostra no pHmetro e no

turbidímetro foram de pH 7,3 e turbidez 0,15 ntu.

A partir da análise de cloretos, obtivemos os seguintes valores:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (A): 0,8 ml de AgNO3.

Através da fórmula a seguir, obteve-se a quantidade de cloretos em mg/l

presentes na amostra:

De acordo com a análise de alcalinidade, obtivemos os seguintes

resultados:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (T):

0,6 ml de H2SO4 0,02 eq l-1.

Através da fórmula a seguir, obteve-se a alcalinidade da amostra:

A partir da análise de dureza total, obtivemos os seguintes resultados:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (V):

1,2 ml de EDTA 0,01 mol/l.

Através da fórmula a seguir, obteve-se a dureza total da amostra:

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A partir da análise de dureza do cálcio e do magnésio, obtivemos os

seguintes resultados:

- Média dos volumes gastos na titulação da amostra (V): 1 ml de EDTA 0,01 mol/l.

Através das fórmulas a seguir obteve-se a dureza do cálcio em mg/l:

Através das fórmulas a seguir obteve-se a dureza do magnésio:

A Tabela 2 mostra a comparação dos resultados obtidos das análises

feitas da Água Ingá com as faixas de valores que uma água cervejeira deve

conter de acordo com Cervesia (2001).

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Tabela 2: Comparação entre a água cervejeira e a água ingá (CERVESIA, 2001).

Parâmetro Unidade Água cervejeira

(CERVESIA, 2001)

Água ingá

pH pH 6,5 – 8,0 7,30

Turbidez NTU Menor que 0,4 0,15

Dureza total (mg CaCO3/l) 18,0 – 79,0 23,52

Alcalinidade (mg CaCO3/l) 0,8 – 25,0 5,94

Cloretos (mg Cl/l) 1,0 – 20,0 1,48

Cálcio (mg Ca2+/l) 5,0 – 22,0 7,85

Magnésio (mg Mg2+/l) 1,0 – 6,0 1,0

Comparado os valores de alguns parâmetros da Água Ingá com os da

água cervejeira, observa-se que os resultados obtidos das análises de água estão

dentro das faixas estabelecidas para uma água cervejeira; mostrando assim que a

Água Ingá está apropriada para ser utilizada para a produção de cerveja.

No processamento da cerveja foram utilizados 1,830 Kg de malte em

água aquecida. Este valor foi estabelecido de acordo com Eisenbahn (2010). Esta

quantidade de malte representa 10 % de malte carared, 5 % de malte caramunich

tipo II e 85 % de malte pilsen agrária. A escolha destes maltes foi baseada nas

informações fornecidas pela loja virtual Lamas Brew Shop, de maneira que as

características dos maltes estivessem em comum com as características da

cerveja estilo American Pale Ale, fornecidas por Strong e Colaboradores (2015).

A escolha da temperatura da água depende do tipo de cerveja a ser

produzida (PALMER, 1999). A Tabela 3 mostra duas faixas de temperatura, onde

cada faixa favorece diferentes tipos de enzimas. Estas enzimas convertem o

amido em dois tipos de açúcares, fornecendo diferentes características à cerveja

(ERTHAL, 2006).

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Tabela 03: Enzimas que atuam na brassagem, temperatura ideal, açúcares extraídos e características da cerveja (ERTHAL, 2006).

Enzima

Temperatura

de

Atividade (°C)

Açúcar

Características

Da

cerveja

- amilase 62 – 66 °C maltose Cervejas secas (sem doçura)

- amilase 67 – 72 °C dextrina Cervejas doces e/ou encorpadas

A temperatura da água utilizada foi de 69 ± 1 °C a fim de se produzir uma

cerveja mais encorpada. Segundo Strong e Colaboradores (2015), a cerveja estilo

American Pale Ale possui a característica de ser uma cerveja encorpada e de

médio teor alcoólico.

O tempo de duração da brassagem foi de 1 hora e 40 minutos. Este

tempo foi estabelecido de acordo com o valor do brix 16 °C. A estabilização do

brix indica que já foi extraído o máximo de açúcares. Após a estabilização do brix,

elevou-se a temperatura para 75 °C, permanecendo assim durante 10 minutos. O

aumento da temperatura tem como objetivo a destruição das enzimas, obtendo

assim um mosto menos denso para a fase de filtragem (PALMER, 1999).

A Figura 9 mostra as variações de temperatura em função do tempo na

etapa de brassagem.

Figura 9: Variação de temperatura em função do tempo na etapa de brassagem

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A adição dos lúpulos tem a função de fornecer o amargor e o aroma a

cerveja. O lúpulo do amargor, lúpulo columbus foi adicionado primeiro, para que o

amargor pudesse ser extraído. De acordo com Palmer (1999), quanto mais tempo

o lúpulo do amargor permanece sob fervura, maior será a extração do amargor.

Já o lúpulo do aroma deve ser adicionado restando cerca de

10 a 15 minutos de fervura, pelo fato dos aromas serem muito voláteis e serem

evaporados juntamente com a água (PALMER, 1999).

A quantidade de lúpulo utilizado foi baseado nas informações fornecidas

por Eisenbahn (2010).

Após a fervura, o mosto deve ser resfriado rapidamente para evitar a

oxidação e contaminação por micro-organismos. A contaminação do mosto pode

gerar uma cerveja apresentando um sabor rançoso e aroma de milho cozido

(PALMER 1999).

O mosto em altas temperaturas percorreu o interior do chiller, que estava

a uma baixa temperatura, ocorrendo trocas de calor. Em seguida foi para o

fermentador com temperatura de 19°C. Segundo Palmer (1999), a temperatura

em que o mosto é despejado no fermentador deve estar na faixa de temperatura

estabelecida pela levedura a ser utilizada. A faixa de temperatura da levedura

Britsh ale utilizada é de 16 à 22 °C. Conseqüentemente, o mosto a 19 °C pode ser

levado à fermentação.

Antes de iniciar-se o processo fermentativo, utilizando um densímetro,

fez-se a leitura da densidade inicial do mosto, obtendo uma densidade de 1,055

g/l. De acordo com Strong e Colaboradores (2015), a faixa de densidade inicial da

cerveja American Pale Ale é de 1,045 a 1,060 g/l, portanto a densidade inicial

obtida, está de acordo com os padrões estabelecidos.

No processo fermentativo realizado, adicionou-se a levedura sob o mosto.

A quantidade de levedura foi de 10g, este valor foi baseado nas especificações do

rótulo que continha a levedura da marca Mangrove Jack’s. Após a adição da

levedura, lacrou-se o fermentador, o agitou e acoplou-se a válvula airlock.

A agitação do fermentador tem a finalidade de fornecer oxigênio para o

processo, fazendo com que a levedura opte pela via respiratória, promovendo

assim o seu crescimento e seu revigoramento. Após o consumo de todo oxigênio

a levedura é forçada a utilizar a via fermentativa, promovendo a transformação do

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mosto em cerveja através da conversão do açúcar em álcool e gás carbônico

(SIDOOSKI, 2011).

A válvula airlock desempenha uma função muito importante, pois permite

a saída do gás carbônico do fermentador e impede a entrada de ar, evitando

assim qualquer tipo de contaminação.

O processo de fermentação ocorreu durante seis dias, pois segundo

Palmer (1999) o processo fermentativo de cervejas Ales tem um tempo de

duração de 4 a 6 dias.

Após o processo fermentativo, fez-se a leitura da densidade final, obtendo

um valor de 1,050 g/l. De acordo com Strong e Colaboradores (2015), a faixa de

densidade final da cerveja American Pale Ale é de 1,010 a 1,015 g/l, estando

assim, a densidade final dentro dos limites estabelecidos.

Com os valores da densidade inicial e densidade final, faz-se o cálculo do

teor alcoólico utilizando as fórmulas empíricas abaixo, fornecidas por

Matos (2011):

Ou

Sendo que:

GA % = Graduação alcoólica em % de volume

Di = Densidade inicial

Df = Densidade final

Tendo o valor das duas densidades, fez-se o cálculo:

Ou

Fez-se uma média dos teores alcoólicos obtidos, encontrando um teor

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alcoólico de 5,55 %. Segundo Strong e Colaboradores (2015), a faixa de teor

alcoólico da cerveja American Pale Ale é de 4,5 a 6,2 %, estando assim o teor

alcoólico encontrado, dentro das condições estabelecidas.

Finalizada a fermentação, o mosto passa a ser chamado de cerveja, e

esta cerveja é despejada no maturador no qual permanece durante 10 dias à

temperatura de 0 °C.

A etapa da maturação tem a finalidade de clarificação da cerveja através

da precipitação de leveduras, proteínas e sólidos solúveis em baixas

temperaturas. Além destas, ocorrem alterações químicas que ajudam na

clarificação e no melhoramento do aroma e sabor da cerveja (CERVEJA, 2010).

Segundo Palmer (1999), a etapa de maturação pode durar de 4 a 42 dias,

justificando a permanência de dez dias de maturação.

Após a maturação realizou-se o priming, que segundo Palmer (1999)

consiste na adição de açúcares fermentescíveis para que a levedura fermente e

libere CO2. Adicionou os açúcares fermentescíveis e posteriormente a cerveja foi

envasada. Assim, dentro da garrafa, a levedura consome o açúcar e libera CO2,

gerando a gaseificação.

A avaliação da cerveja foi realizada através de um teste de aceitação

onde os resultados estão apresentados na Tabela 4:

Tabela 4. Resultado do teste de aceitação

Teste de Aceitação Pontuação Número de

provadores

Gostei extremamente 9 1

Gostei muito 8 6

Gostei moderadamente 7 3

Gostei ligeiramente 6 0

Nem gostei/ nem desgostei 5 0

Desgostei ligeiramente 4 0

Desgostei moderadamente 3 0

Desgostei muito 2 0

Desgostei extremamente 1 0

Total = 10 provadores

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Pode-se observar que as mulheres tiveram uma menor aceitação do

produto, pois as três mulheres que participaram da degustação opinaram por

gostei moderadamente. Porém, de maneira geral a cerveja teve uma boa

aceitação pelos provadores, pois dos sete homens, seis gostaram muito do

produto e um gostou extremamente.

Hoje no Brasil, as cervejas do tipo American Pale Ale, são produzidas

essencialmente em escala artesanal. É uma cerveja com característica marcante

como gosto mais frutado e coloração cobre.

Neste trabalho foi possível conhecer os tipos, qualidades e quantidades

de ingredientes necessários; a forma de produção de uma cerveja e

principalmente analisar e verificar a aceitação do produto, mostrando que é

possível produzir uma cerveja no estilo American Pale Ale.

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6. CONCLUSÃO

A produção de cerveja requer uma série de cuidados durante sua

fabricação, a fim de garantir uma cerveja de qualidade que agrade o paladar do

consumidor.

Neste trabalho, a água utilizada para produção da cerveja foi avaliada e

esta de acordo com os parâmetros estabelecidos por Cervesia (2001), que

estabelece as condições essenciais da água para ser utilizada na produção de

cerveja.

A densidade inicial foi 1,055 g/l e a densidade final foi 1,013 g/l,

mostrando que de acordo com Strong e Colaboradores (2015), esta cerveja se

enquadra no estilo American Pale Ale.

O valor do teor alcoólico obtido foi de 5,55 %, mostrando também que é

um valor que está de acordo com a American Pale Ale.

Assim, este trabalho alcançou o seu objetivo e produziu uma cerveja com

características que se enquadram na estilo American Pale Ale.

O teste de aceitação foi satisfatório, mostrando que de forma geral o

produto agradou ao consumidor.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, G. B. M.; BENTO, C. V.; SILVA, J. B. A. Elementos

Biotecnológicos Fundamentais no Processo Cervejeiro: 3ª parte – A

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CERVEJA. Cerveja. 2010. Disponível em: < www.virtual.epm.br/material/tis/curr-

bio/trab99/alcool/cerveja.htm >. Acessado em: 10/set/2015.

CERVESIA. Tecnologia cervejeira. 2001. Disponível em: < www.cervesia.com.br

>. Acessado em: 09/set/2015.

CRUZ, I.; PINHEIRO, J. L.; AMORIM S. M de. e KUGLIN V. B. Produção de

cerveja. Florianópolis, Trabalho de conclusão de curso (Engenharia bioquímica)

Departamento de engenharia química e engenharia de alimento, Universidade

Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, 2008.

EISENBAHN. História da cerveja. São Paulo, 2010. Disponível em: <

www.eisenbahn.com.br >. Acessado em: 10/set/2015.

ERTHAL A. D. Microcervejaria. SEBRAE, 2006. Disponível em:

<http://www.sebraesc.com.br/ideais/default.asp?vcdtexto=2179&^^>. Acessado

em: 09/set/2015.

EVANGELISTA, R. R. Análise do processo de fabricação industrial de

cerveja. São Paulo, Título de graduação, Fatec Araçatuba, 50p. 2012.

KALNIN, J. L.; Avaliação Estratégica para Implantação de Pequenas

Cervejarias. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas,

Centro Tecnológico,Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,

novembro de 1999. Disponível em:

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<http://www.homebrewer.com.br/brewpub/Estrategica-MicroCervejaria.pdf>.

Acessado em: 10/ago/2015.

KUCK, L. S. Cerveja: Sabor e Aroma. Rio Grande do Sul, UFPel, 46p. 2008.

MATOS, R. G. M. Produção de cervejas artesanais, avaliação de aceitação e

preferência, e panorama do mercado. 2011. 78p. Trabalho de Conclusão de

Curso/Relatório de Estágio do Curso de Graduação em Agronomia. Florianópolis,

2011.

MININ, V. P. R. Análise sensorial: Estudos com consumidores. Viçosa –

Minas Gerais, Ed. UFV, Cap. 1-2, p. 29-65, 2006.

MORADO, Ronaldo. Larousse da cerveja. 1. ed. São Paulo : Larousse do Brasil,

357p, il. 2009.

OLIVEIRA, N. A. M. de. Leveduras utilizadas no processo de fabricação da

cerveja. Belo Horizonte, Monografia (Especialização em Microbiologia Ambiental

e Industrial) Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Universidade Federal

de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

PALMER, J. How to Brew. 1999. Disponível em:

<http://howtobrew.homebrewer.com.br/index.php/P%C3%A1gina_principal>.

Acessado em: 09/set/2015.

REINOLD, M. R. Manual Prático de Cervejaria. 1.ed. São Paulo : Aden,

.213p.1997.

REITENBACH, A. F. Desenvolvimento de cerveja funcional com adição de

probiótico: Saccharomyces boulardii. Não paginado. Dissertação (Mestrado) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Alimentos, Florianópolis, 2010.

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SIDOOSKI, T. Processo de produção de cerveja puro malte do tipo pale ale.

TCC. Blumenau. P 11 – 67. 2011.

Strong, G.; Bach, R.; Garofalo, P.; Hall, M. L.; Houseman, D.; Tumarkin, M. Style

guidelines for beer, mead and cider. 2015 edition.

VENTURINI FILHO, Waldemar Gastoni [Coord.]. Tecnologia de bebidas:

matéria-prima, processamento, BPF/APPCC, legislação e mercado. São Paulo :

E. Blucher, xiv, 550 p, il. 2005.

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Anexo I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,___________________________________________________,

residente na

__________________________________________________________,

Nº__________, Bairro__________________________,

Cidade___________________, RG: _______________, Idade______, Telefone

(___) ________ - ________, concordo voluntariamente em me submeter à

pesquisa intitulada “Produção e melhoramento de cerveja do tipo American

pale ale”, que tem como finalidade avaliar a cerveja American pale ale.

Estou ciente que será realizado a produção de uma cerveja American Pale

Ale utilizando três tipos de malte e dois tipos de lúpulo através do processo de

alta fermentação, característico das cervejas ale. Está claro que não serei

submetido a nenhum tipo de intervenção que possa causar dano à minha saúde.

Sou sabedor ainda que não receberei nenhum tipo de remuneração,

vantagem econômica ou material por participar desse estudo, além de poder

abandonar a pesquisa em qualquer etapa de seu desenvolvimento, sem qualquer

prejuízo ou justificativa. Estou de acordo de que os resultados obtidos sejam

divulgados no meio científico, sempre resguardando minha individualidade.

Estou ciente também de que se houver descumprimento de qualquer

norma ética poderei recorrer ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde (CEP-FACISA), dirigindo-me ao seu presidente,

Prof. Sérgio Domingues por meio do telefone (31) 3899-8033.

De posse de todas as informações necessária, e tendo me sido

esclarecidas todas as dúvidas, concordo em participar da referida pesquisa.

Viçosa, _____ de ___________ de 20___.

_________________________________

Voluntário (ou Responsável)

_________________________________

Skarllet Toledo Caetano

(Professor Orientador)

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Anexo II

Nome: _______________________________________________________

Data: ___________

Sexo: F( ) M( ) Idade: _____ anos

Por favor, avalie a amostra servida e indique o quanto você gostou ou

desgostou do produto. Marque a resposta que melhor reflita seu julgamento.

( ) Gostei extremamente.

( ) Gostei muito.

( ) Gostei moderadamente.

( ) Gostei ligeiramente.

( ) Indiferente.

( ) Desgostei ligeiramente.

( ) Desgostei moderadamente.

( ) Desgostei muito.

( ) Desgostei extremamente.

Comentários:_______________________________________________________

________________________________________________________