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Caderno Temático Caderno Temático
Capela Santa Bárbara
Israel Kaé, 2002
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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) é um Programa de
Formação Continuada diferenciado que trouxe para nós professores da Rede
Pública Paranaense nova possibilidades e oportunidades de articular a teoria e a
prática dentro da Escola Pública do Paraná.
Essa articulação se efetivará de fato através da produção do material didático-
pedagógico, que terá como objetivo principal enriquecer e qualificar a
implementação do Projeto na Escola.
Nessa perspectiva de atender as novas demandas e realidades da Escola e
promover a articulação entre a história local, regional, do Brasil e do mundo,
levando-se em conta a realidade do aluno e suas necessidades é que a escolha do
formato da produção didático-pedagógica foi por um Caderno Temático.
O material a ser produzido e utilizado para o desenvolvimento do projeto terá
textos referentes aos conteúdos ligados ao tema proposto, tais como Patrimônio,
Legislação, Campos Gerais e Capela Santa Bárbara, e buscará contribuir para a
superação dos problemas relacionados ao processo ensino-aprendizagem da
Escola.
Para efetivar o projeto, levou-se em conta o contexto da Escola onde será
aplicado o Projeto, o público e a forma e o conteúdo a serem ministrados aos alunos
do Ensino Médio Técnico em Informática do Colégio Estadual Presidente Kennedy.
A ideia é desenvolver um trabalho que contribua à formação de uma
consciência histórica, de maneira simples e atrativa aos alunos, através do debate
sobre o patrimônio local, tomando-os cidadãos conscientes de suas possibilidades e
responsabilidades dentro da sociedade.
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Apresentação
Este Caderno Temático tem por objetivo subsidiar teoricamente a
implementação do debate sobre Patrimônio Histórico na Escola, atendendo a
proposta das Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado
do Paraná (História), e assim ampliar as possibilidades de trabalho dos professores
de História. O material se propõe a problematizar com os alunos o conteúdo
específico relativo ao patrimônio histórico local.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica História (2008) apontam para
uma mudança no ensino de História fundamental e médio, quando prioriza a história
local, do Brasil e do mundo.
Segundo Fonseca, devemos pensar a história como saber disciplinar que tem
papel fundamental na formação da consciência histórica do homem, sujeito de uma
sociedade marcada por diferenças e desigualdades múltiplas.
O estudo das histórias locais é uma opção metodológica que enriquece e
inova a relação de conteúdos a serem abordados, e trabalhar com a história local a
partir do patrimônio histórico é uma novidade praticamente ausente nas Escolas de
maneira geral.
O objetivo principal é despertar a consciência histórica nos alunos com
relação à preservação do patrimônio histórico local, valorizando a micro história. A
qual, segundo o historiador italiano Carlos Ginzburg, citado nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (2008, p.52), prioriza recortes que valorizem
sujeitos como indivíduos, famílias, comunidades e que, assim, possam desenvolver
uma consciência histórica que leve em conta as diversas práticas culturais dos
sujeitos envolvidos no processo.
Caderno Temático visa ultrapassar o senso comum e desenvolver o senso
crítico dos alunos do 3º ano do ensino médio do curso técnico em informática,
A relação ensino-aprendizagem deve ser um convite e um desafio para alunos e professores cruzarem ou mesmo subverterem as fronteiras impostas entre as diferentes culturas e grupos sociais, entre a teoria e a prática, a política e o cotidiano, a história, a arte e a vida. (FONSECA, 2003, p.38).
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através de textos que levem a reflexão dos alunos com relação ao Patrimônio
histórico local.
Além de despertar a consciência histórica nos alunos, o projeto tem como
objetivo verificar a sua aplicabilidade no ensino médio e fundamental enquanto
atividade instigadora e provocadora de mudanças nas aulas de História,
colaborando assim para a melhoria da qualidade de ensino nas escolas públicas
paranaenses.
Como salientam Manique e Proensa (1994), o desenvolvimento de atividades
educativas relacionadas com o Patrimônio local apresenta uma dupla faceta
pedagógica e científica: por um lado, revela-se extremamente motivador para os
alunos porque lhes permite realizar atividades sobre temas que lhes despertam
interesse, pela sua relação com um passado de que ainda reconhecem vestígios;
por outro, o recurso ao Meio como objeto de estudo permite ao aluno a interação e a
compreensão sociedade em que vive.
Procedimento
Para que os objetivos propostos sejam alcançados, o Caderno Temático foi
dividido em três partes:
A primeira parte contextualizará, por meio de textos, os temas Patrimônio,
Legislação, Patrimônio Histórico em Ponta Grossa, Campos Gerais, em especial a
Capela Santa Bárbara. A ideia é mostrar aos alunos à necessidade de se trabalhar a
questão a partir da localidade em que vivem, fazendo relação com a história do
Brasil e do Mundo.
A segunda parte tratará das visitas aos pontos escolhidos pelos alunos, a
pesquisa de campo, o diário de bordo, ou seja, o estudo do meio.
A terceira parte será dedicada à organização da exposição de fotos na
Escola, à elaboração de uma redação por parte dos alunos e ao material multimídia
a ser construído pelos alunos.
Antes do trabalho teórico, será aplicado um questionário junto aos alunos
contendo as seguintes questões:
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Questionário
1- Gostaria de participar do Projeto?
( ) sim ( ) não.
2- O que você sabe sobre patrimônio histórico?
3- Em sua opinião há relevância no estudo da história local, da cidade região.
Para sua formação escolar?
( ) sim ( ) não
Explique sua resposta.
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS COM OS ALUNOS
1ºPARTE: USO DE DOCUMENTOS
1ºEncontro
Discussão e análise de documentos para o entendimento sobre Patrimônio
Cultural e suas possibilidades.
Metodologia: Utilização de slides para desenvolvimento da aula e formação
grupos para que debatam sobre o tema. Cada grupo deverá apresentar suas
conclusões para os demais alunos.
A atividade deverá ser feita durante duas aulas.
Texto nº 1
Patrimônio: conceito e perspectivas
O texto selecionado de Leonardo Barci Castriota para o estudo deste tema
oferece ao leitor de maneira simples, elementos fundamentais para analisar e
compreender o conceito de patrimônio e suas perspectivas. Desde seu significado
na antiguidade até os dias atuais. Faz reflexões sobre o que se deve preservar e
para que e o seu significado para a sociedade envolvida.
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Patrimônio é uma palavra que apresenta uma longa trajetória. No direito
romano, patrimonium significava o conjunto de bens de uma pessoa, o que incluía
desde sua casa, terras e utensílios até escravos e as mulheres (que não eram
cidadãs). Extra patrimônio, ou seja, fora do patrimônio, ficava tudo que não podia ser
objeto de apropriação privada: os estádios, as praças, os templos, o ar.
Até hoje o termo mostra marcas de tal origem: patrimônio é um conceito legal
que tem a ver com o conjunto de bens e direitos que uma pessoa ou instituição
possui. Assim, por exemplo, pode-se falar que alguém acumulou muitos bens ao
longo de sua vida tem um grande patrimônio.
No entanto, ao falarmos de “patrimônio cultural”, estamos apontando para um
conjunto muito mais amplo, que inclui nossa cultura e herança coletiva.
Diferentemente dos romanos, que só concebiam o patrimônio na sua dimensão
particular e privada, quando falamos em “patrimônio cultural” na modernidade,
estamos indicando sempre um sujeito coletivo. Assim, vamos ter o “patrimônio
cultural” de uma comunidade, de um estado, de um país, e até o “patrimônio cultural”
da humanidade.
Mas o que seria, mesmo, “patrimônio cultural”? Durante muito tempo,
imaginou-se que a cultura de um povo era composta apenas pelas obras de arte e
pelas manifestações mais eruditas. Hoje, entretanto, sabe-se que a cultura é muito
mais que isso: cultura é a maneira que o homem tem de se relacionar com a
natureza e com os outros homens. Portanto, a maneira que um determinado grupo
tem de cultivar a terra, as suas ferramentas, as suas festas são parte de sua cultura
e são tão importantes quanto às obras de arte.
Questões reflexivas.
1. A partir da leitura do texto reflita sobre as diferentes concepções de
patrimônio.
2. Como Castriota conceitua patrimônio cultural?
3. No entanto, o que se considera patrimônio cultural de um povo não vai ser
algo dado, mas sempre o produto de uma escolha - a escolha do que é
significativo para aquele povo. Reflita sobre a frase, o que se entende por
significativo?
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Neste sentido, é que hoje se considera que o patrimônio cultural de um povo
compreende as obras de seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios,
assim como as criações anônimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores
que dão sentido à vida.
O patrimônio cristaliza em suas manifestações as especificidades de uma
cultura: a maneira de um povo trabalhar, construir, festejar, enfim, sua maneira de
viver. Deste modo, o patrimônio cultural de um povo é o maior depositário de sua
identidade, daqueles elementos diferenciais que o caracterizam.
No entanto, o que se considera patrimônio cultural de um povo não vai ser
algo dado, mas sempre o produto de uma escolha - a escolha do que é significativo
para aquele povo. Como se sabe, obras de arte, edificações ou qualquer objeto vão
ter usos e significados diferentes para indivíduos e comunidade diferentes. (...)
Quando se pensa em patrimônio, nunca se pode esquecer que vão ser os
valores atribuídos às coisas e lugares que vão dar significado a tais coisas e lugares,
em relação a outros, e que os transformam em “patrimônio”. Por isto, quando se
pensa em conservar esse patrimônio, é preciso ter em mente que o objetivo não
pode ser simplesmente manter a dimensão material daqueles bens, mas sim manter
os valores representados por aquele patrimônio. Afinal, vão ser aqueles valores que,
em última instância, fazem com que aqueles bens sejam considerados parte do
patrimônio cultural (...).
Assim, quando se pensa em preservar o patrimônio, é imprescindível saber
com precisão o que ele realmente significa para as diversas camadas da população
e que valores estão em jogo ali.
Outra coisa importante é saber com que tipo de bens estamos tratando.
Afinal, na concepção contemporânea de patrimônio, cabem as mais diversas
manifestações da ação humana, das edificações às danças, das cidades aos ritos
religiosos.
Para começar, esse amplo conjunto de bens pode ser dividido em duas do
latim tangere na língua dos romanos antigos significava “tocar”. Ou seja: bens
tangíveis são aqueles que, por terem materialidade, podem ser tocados; os bens
intangíveis, por sua vez, têm uma existência mais imaterial. Nesta última categoria,
podemos listar, por exemplo, a literatura, as teorias científicas e filosóficas a religião,
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os rios e a música, assim os padrões de comportamento e culturais, que se
expressam nas técnicas, na história oral, na música e na dança.
Já o patrimônio tangível vai ser o elemento mais visível do patrimônio cultural,
composto dos bens imóveis os monumentos, edifícios, lugares arqueológicos,
conjuntos históricos, e mesmo alguns elementos “naturais”, como as árvores, grutas,
lagos, montanhas e outros, que podem encarnar importantes tradições culturais. A
esses podemos acrescentar ainda os bens móveis, que englobam as obras de arte
de qualquer tipo e de qualquer material, os objetos de interesse arqueológico, os
que refletem técnicas talvez desaparecidas e os objetos da vida cotidiana, como
utensílios e o vestuário.
Dentro dessa categoria de bens tangíveis, ocupa um papel de destaque o
chamado patrimônio edificado, que compreende o conjunto de bens imóveis
construídos pelo homem, aqui incluídas as obras de arquitetura e a própria cidade.
Há algum tempo, falar de patrimônio edificado seria falar de monumento
histórico, de bens que, por serem únicos e excepcionais, deveriam ser preservados.
Assim, entendia-se como patrimônio apenas edificações monumentais, como
palácios e igrejas e aquelas ligadas à história dos grupos dominantes, como, por
exemplo, as casas de personagens históricas importantes. Hoje, porém, com a
mudança na maneira de se entender a cultura, o conceito de patrimônio edificado
também sofre uma ampliação.
Em primeiro lugar, ampliam-se os tipos de edificações que se pensa em
preservar e se incluem no campo do patrimônio também edificações não
monumentais: a arquitetura rural, as casas do homem comum, fábricas e outras
estruturas industriais.
Em segundo lugar, muda aquela ideia de que só se deve preservar o que é
muito antigo. Hoje se sabe que todos os períodos históricos são importantes e
dignos de atenção. Isto faz, por exemplo, com que no Brasil deixe-se de considerar
como patrimônio apenas as edificações do nosso período colonial e se inclua aí a
arquitetura do século XIX e mesmo a do século XX.
Finalmente, o foco deixa de estar apenas nas edificações isoladas, e se volta
para os conjuntos de edificações e para as próprias cidades. Hoje, por exemplo, se
consideram partes importantes do patrimônio bairros tradicionais, com o traçado
peculiar de suas ruas, seus espaços públicos e seus conjuntos de casas.
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CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio: conceito e perspectivas. In: Preservação
do Patrimônio Cultural. Nossas casas e cidades, uma herança para o futuro. Belo
Horizonte, CREA-MG, 2004, p.10-12.
2º Encontro
Trabalhar com a questão da preservação daquilo que realmente é importante
para a coletividade. Análise de documentos.
Metodologia: os alunos deverão observar as mudanças ocorridas no percurso
feito de sua casa até a Escola. Deverão também conversar com os pais ou
responsáveis mais velhos sobre como era aquele percurso em tempos passados.
Posteriormente deverão relatar aos colegas podendo usar fotos para tanto.
Atividade deverá ser desenvolvida durante três aulas.
Texto nº 2 O triângulo patrimônio-museu-escola: que relação com a Educação Histórica?
O texto elaborado por Helena Pinto, Mestre em Patrimônio e Turismo,
Doutora em Educação, Universidade do Minho, Portugal, a autora discute alguns
elementos fundamentais que nos permitem compreender conceitos de patrimônio,
identidade, conservação do patrimônio Cita ainda que nos últimos anos houve um
crescente interesse pela preservação e divulgação do patrimônio, material ou
imaterial, cultural ou natura, gerando debate.
Observar com atenção o vocabulário usado no texto.
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Essa temática numa época em que o fenômeno da globalização
desencadeia, por contraste, atitudes de valorização do que é identitário das
comunidades. Esse interesse, centrado inicialmente nos monumentos de maior
significado histórico, alargou-se, hoje, a crescente importância manifestam-se em
campos heterogêneos - reabilitação de bairros antigos, revitalização de monumentos
históricos e de edifícios industriais ou rurais, preservação de conhecimentos
artesanais ou costumes locais, numa tentativa de encontrar os traços distintos, as
identidades.
Quanto mais o patrimônio se torna planetário, simultânea e naturalmente,
mais o patrimônio nacional e regional se fortalece, Para se abrir ao futuro e aos
outros, é necessário uma âncora, uma identidade, uma filiação. Como salienta
Elisabeth Faublée (1992) o massacre do meio ambiente, a urbanização
desumanizante e o desparecimento das tradições ancestrais fizeram com que
tomássemos consciência da fragilidade desta filiação. Por isso, a importância que
concedemos hoje ao patrimônio sinónimo de enraizamento no espaço e no tempo,
resulta em grande parte de uma memória que está em risco de perda.
Questões Reflexivas
1. Por que hoje há uma valorização crescente do patrimônio de modo geral?
2. Como Le Goff define patrimônio?
3. Existem políticas públicas para atender a questão do patrimônio?
4. Em sua opinião quais os bens que devem ser preservados pela sociedade?
5. Leia a frase: (...) assim, se o Patrimônio exige atenção e respostas. Adequadas por parte das autoridades responsáveis pela sua defesa e preservação, requer também um tratamento educativo que sensibilize as jovens gerações, facultando-lhes os meios necessários à sua “leitura”. Concordam ou não explique sua opinião.
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De acordo com Le Goff (1998, p.5), as duas noções - o Patrimônio e a
Identidade - lentamente elaboradas durante um longo período, convergem hoje. A
identidade coletiva é, portanto um valor inseparável do patrimônio, constituindo
talvez a melhor explicação para o que leva a considerar - patrimônio tudo aquilo que
nos é intimamente próximo.
Por outro lado, interrogarmonos sobre as concretizações contemporâneas das
políticas patrimoniais dos poderes públicos e sobre a ideologia e a filosofia de
patrimônio que as sustentam, ou seja, os sistemas de valores de uma sociedade, de
um grupo, duma comunidade, que se traduzem na afirmação - quer positiva, quer
por oposição - da sua identidade nacional, étnica, religiosa, ou cultural.
É, por isso, necessário distinguir a conservação do patrimônio que apenas
responde às necessidades de uso e aquela que responde a um objetivo de
enaltecimento dos objetos conservados e, do mesmo modo, distinguir a destruição
que é resultado da negligência e da falta de interesse, daquela que tem caráter de
símbolo, por vezes violento. Afirma Le Goff (1998, p.11), o Patrimônio, como a
identidade está estreitamente ligado à História e a Memória, sendo, muitas vezes,
lugar de escolhas apaixonadas e de conflitos ardentes.
Museu do Louvre – França
http://www.espacoturismo.com/museus/museu-louvre
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O que chegou até nos não foi a totalidade do patrimônio criado pelos povos
através dos anos, mas escolhas feitas ao longo dos séculos pelas sociedades que
dele usufruíram. É uma escolha cultural e civilizacional que determina os bens a
proteger, ou seja, uma escolha ditada por uma carga educacional dos indivíduos.
Uma das razões que levou a ONU (Organização das Nações Unidas) à
criação de diversas entidades responsáveis pela salvaguarda cultural e patrimonial
foi, justamente, a tomada de consciência das perdas incontáveis que os conflitos
mundiais provocaram a nível da herança patrimonial e da ameaça de destruição a
que está permanentemente sujeita.
Apesar dos progressos verificados na legislação internacional e nacional,
muitas atitudes face ao patrimônio revelam, ainda, pouca coerência com os
princípios defendidos. É fundamental, por isso, que se promova uma consciência
pública da necessidade de proteção e valorização integrada do patrimônio e,
simultaneamente, uma educação para a cidadania.
Houve sempre, é claro, quem aclamasse em nome da tradição nacional ou
local e dos seus símbolos, contra as depredações de igrejas e palácios ou contra a
venda de bens para o estrangeiro. Mas a identificação de um conjunto de bens
Museu Campos Gerais – Ponta Grossa
http://pontagrossacvb.com.br
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culturais, que ultrapassa o simples âmbito dos monumentos e que requer cuidados
técnicos (por exemplo, pequenos museus locais; tentativas de requalificação urbana
através da valorização do seu patrimônio; proteção de contextos naturais de
reconhecido valor paisagístico), resulta de uma atitude que até há pouco tempo não
tinha sido verdadeiramente adoptada conscientemente pela opinião pública, nem
constituía um dos temas preferidos da imprensa, da propaganda política, ou era
difundido pelas escolas. Por sua vez, não perdendo a função memorial ligada à
identidade nacional, os monumentos e sítios arqueológicos, à semelhança do que
aconteceu com o ambiente, tendem a serem, cada vez mais, sentidos como um bem
comum que transcende o patrimônio nacional para integrar um patrimônio
mundial,sobre as origens comuns ou as diferenças a conservar (LIMA; REIS,
2001, p.187).
(...) Assim, se o Patrimônio exige atenção e respostas adequadas por parte
das autoridades responsáveis pela sua defesa e preservação, requer também um
tratamento educativo que sensibilize as jovens gerações, facultando-lhes os meios
necessários à sua “leitura”.
Museus, coleções e modelos expositivos.
No texto abaixo a autora faz um breve relato do surgimento do Museu e novas
potencialidades frente ao mundo virtual. O tema tratado é muito importante enquanto
se refere aos museus como espaço de lazer, conhecimento e educação e que todos
tenham direito a acesso a esses espaços públicos.
Reflita sobre o texto com o grupo
1- Por que o homem tem necessidade de colecionar coisas, objetos? Você
coleciona alguma coisa?
2- O museu tem alguma importância para a sociedade?
3- Hoje toda a sociedade tem acesso aos museus, seria relevante que todos
pudessem ter os mesmos direitos em relação a cultura de modo geral?
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A história do Museu está intimamente ligada à própria história humana e,
particularmente, à necessidade que o homem de todos os tempos, culturas lugares,
sentiu de colecionar os mais diversos objetos e preservá-los para o futuro.
O Museu, tal como hoje é conhecido, é uma invenção nascida devido ao
entusiasmo e visão das elites ilustradas do século XVIII (Fernández, 1999). Foi
convertido em instituição pública e instrumento moderno de cultura como resultado
do espírito enciclopedista do século das luzes e, sobretudo, por decisão da
Revolução Francesa.
Durante o século XIX, o papel do Museu foi evoluindo de um repositório de
coleções particulares, para um lugar de estudos e pesquisa, vindo depois a ter
importância na educação e na partilha do conhecimento. Enquanto até aí a maior
parte dos museus era de carácter enciclopédico, reflectindo o espírito da época, em
finais do século XIX começaram a aparecer museus mais especializados. Criaram-
se, por exemplo, museus de arte industrial ou de arte decorativa, nascidos do
sentimento de inquietude perante a decadência do artesanato.
Museu do Vaticano – Roma
http://coopec8.wordpress.com/2010/04/29/rafaela-s-n%C2%BA13-8%C2%BAb/
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A pouco e pouco, todos os testemunhos da natureza e da atividade humana
encontraram o seu lugar no Museu. A partir da II Guerra Mundial, este deixa de ser,
na sua concepção, patrimônio de alguns, para dirigir a sua mensagem a toda a
gente (GARCIA BLANCO, 1988). Esta mudança é, também, resposta a uma procura
social, consequência, por outro lado, da democratização cultural que vê os museus
como algo que pertence à sociedade, que escolhe a cultura material da coletividade
e proporciona o seu conhecimento e valorização. Por sua vez, a destruição em larga
escala verificada durante a II Guerra Mundial deu origem a um forte movimento de
conservação e uma crescente tomada de consciência da perda da herança das
nações, estimulando um maior interesse pelo ambiente natural e construído. A
renovação museológica iniciada nos anos 60/70 e consolidada nos anos 80 (...)
verificando-se saltos quantitativos e qualitativos, quer na reorganização de museu
quer na criação de outros, tornando-se uma tendência da Museologia internacional.
Museu Oscar Niemeyer
Http://www.artes-curitiba.com/museu-oscar-niemeyer.htm
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O papel educativo do Museu.
A autora Helena Pinto faz uma reflexão sobre o papel do museu, como
guardião do patrimônio e como o museu pode se tornar um ambiente de
aprendizagem de enorme potencial junto a comunidade escolar.
No passado, os visitantes dos museus limitavam-se a passar entre o material
exposto e raramente procurava algo fora do contacto visual com os objectos.
Actualmente existe uma clara necessidade de abordar os objectos e as exposições
de forma mais próxima e activa. Procura-se uma experiência que use todos os
sentidos De armazéns de objectos, os museus passaram a ser lugares de
aprendizagem activos (HOOPER - GREENHILL, 1998).
Paralelamente, o aparecimento das novas tecnologias está a condicionar
extraordinariamente a nova visão do Museu. Rompem-se os limites arquitetônicos e
fomenta-se o aparecimento de museus intangíveis (da/na rede), o que permite
superar as barreiras físicas e a distância geográfica, facilitando o acesso individual e
descentralizado do público às produções realizadas por meios mais ou menos
tradicionais. Desta forma, os museus conseguem divulgar as suas coleções e
exposições, publicações, atraindo públicos suplementares. (...)
Atualmente, quando se questiona o fundamento dos museus, o seu papel na
comunidade e as suas potencialidades, o seu papel educativo é apontado como
argumento fundamental, e o conhecimento, agora como forte componente lúdico e
criativo, é considerado a sua principal oferta. (...)
Reflita sobre o texto e considere as questões:
1. Em nossa cidade visitou existem esses espaços para a visitação? Já
visitou um Museu? Qual? Como foi a experiência?
2. Para que servem os Museus? Qual a justificativa para a existência
desses espaços nas cidades?
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Mas, proporcionar aos alunos um espaço de discussão de problemas que
afectam a comunidade, designadamente aqueles que se relacionam com o
patrimônio; despertar a cativar os mais novos para as realidades regionais e locais
da História e da Cultura pode envolver uma multiplicidade de abordagens possíveis.
Também nestes vários sentidos a Escola deve ter um papel fundamental, pois a
cidadania aprende-se através da participação no espaço público e com os outros.
PINTO, Helena. O triângulo patrimônio-museu-escola: que relação com a Educação
Histórica? In: Aprender história: perspectivas da educação histórica (org.) Maria
Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca. Ijuí: Ed.Unijuí, 2009, p.271-278. (Coleção cultura,
escola e ensino).
Museu do Cairo - Egito
http://prosimetron.blogspot.com/2011/02/o-museu-do-cairo.html
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3º Encontro
O objetivo é discutir e analisar as Leis a nível Federal, Estadual e Municipal
no que diz respeito ao Patrimônio Cultural.
Metodologia: Através das Leis os alunos poderão observar as condições de
nossa cidade com relação ao que diz a Lei e o que realmente é feito na cidade com
relação à conservação, preservação, tombamento dos Patrimônios Culturais da
cidade. Elencar os Patrimônios culturais de nossa cidade e quais as suas condições.
Utilização de vídeos, slides.
A atividade deverá ser desenvolvida durante três aulas.
Texto nº3
Gestão do Patrimônio Cultural e o papel de cada um: a população e o poder
público
Os textos a seguir trataram de forma simples das atribuições do poder público
e da população com relação à conservação do patrimônio cultural. Através dos
textos podemos comparar as legislações existentes sobre o tema a nível Federal,
Estadual, Municipal explicitando os decretos, artigos, conhecer as determinações a
nível governamental e suas atribuições. E ainda tomar conhecimento das primeiras
das primeiras iniciativas oficiais de proteção do patrimônio no Paraná.
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A primeira legislação patrimonial do país, o Decreto-Lei de 25 de novembro
de 1937, foi elaborada no período do Estado Novo, regulamentava a noção de
patrimônio Histórico, fazia menção ao antigo, nobre, o arquitetônico e o erudito, sem
mencionar o não oficial, o popular. Organiza a proteção do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. O presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando
da atribuição que lhe confere o Art.180 da Constituição, Decreta1:
Constitui Patrimônio Histórico e Artístico Nacional o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja
A Constituição de 19882 produziu uma nova definição legal para o Patrimônio
Nacional, constituindo-se um poderoso instrumento para a ampliação do conceito,
abrindo novas perspectivas. Assim, substitui-se a noção de patrimônio histórico e
artístico pelo patrimônio cultural.
1 Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1937. Disponível em: jusbrasil.com. br/legislação. Acesso em 25/06/2011.
2 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em jusbrasil.com. br/legislação.
Acesso em04/07/2011
Questões Reflexivas
1. Depois de ler os textos dos Artigos da Constituição de 1937 e a de 1988
percebeu diferenças, quais seriam elas? Discuta com os colegas.
2. No Paraná que tipo de bens foi tombado em primeiro lugar?
3. Como o grupo definiria patrimônio e qual o sentido de preservação do
mesmo para vocês? Ler a definição do IPHAN (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional).
4. Depois de ler sobre as legislações a nível federal, estadual e municipal.
O que vocês pensam a respeito? Toda a sociedade participa, está
presente na hora das decisões? Discuta com os colegas.
Constitui Patrimônio Histórico e Artístico Nacional o conjunto de bens
móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja do interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,
quer por seu excepcional valor arquitetônico.
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A ampliação do conceito de patrimônio abre novas perspectivas em relação à
política de preservação e educação, possibilitando diferentes abordagens de estudo,
incorporando um universo de possibilidades que tradicionalmente foram excluídas
porque eram alheias ao seu campo.
Legislação Paranaense
As primeiras iniciativas oficiais de proteção do patrimônio cultural no Paraná
ocorreram com o tombamento de inúmeros bens, entre eles edifícios e acervos
museológicos, tais como a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas e
a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, em Paranaguá, a Igreja Matriz de
Nossa Senhora do Bom Sucesso em Guaratuba e a Casa da Câmara e Cadeia da
Lapa, em 1938.
Em 1948, foi criado o Departamento de Cultura da Secretaria de Estado de
Educação, Divisão do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural e no ano seguinte foi
instituído o Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná.
Durante o governo de Bento Munhoz da Rocha Neto, foi sancionada a Lei
Estadual nº 1211 de 16 de setembro de 1953, que dispõe sobre o Patrimônio
Histórico Artístico e Natural do Estado do Paraná.
O primeiro tombamento estadual foi o da Igreja da Ordem Terceira de São
Francisco das Chagas, em Paranaguá em 1962. Em 1966 é protegido pela Lei
1211/53 o conjunto Vila Velha, Furnas e Lagoa Dourada.
Inúmeros são os bens culturais e naturais protegidos pela Lei 1211/53. A
Divisão de Patrimônio Histórico e Artístico transformou-se na Coordenadoria do
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e vive; III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-cultura; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
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Patrimônio Cultural, desenvolvem projetos e ações, trabalho integrado com o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, com outras secretarias
de Estado e com as prefeituras de vários municípios do Paraná.
Disponível em <http://www.patrimôniocultural.pr.gov.br/arquivos>Acesso em:
04/07/2011.
Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico- Nacional-IPHAN
“O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, foi criado em
13 de janeiro de 1937 e há mais de 60 anos realiza um trabalho de permanente de
fiscalização, proteção, identificação, restauração, preservação dos documentos,
sítios e bens móveis do país.
A Instituição obedece a um princípio normativo atualmente contemplado pelo
Artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil que define patrimônio
cultural. O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN está hoje
vinculado ao Ministério da Cultura tem como objetivo promover e coordenar o
processo de preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro para fortalecer
identidades, garantir o direito à memória e contribuir para o desenvolvimento
socioeconômico do país.
O Instituto preocupa-se em elaborar programas e projetos que integrem a
sociedade civil com os objetivos do Instituto, bem como busca linhas de
financiamento para auxiliar na execução das ações planejadas.
Segundo o IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o
patrimônio cultural é o conjunto de manifestações, realizadas e representações de
um povo, de uma comunidade. Ele está presente em todos os lugares e atividades:
nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e
escolas, igrejas e praças. No nosso modo de fazer, criar e trabalhar, nos livros que
escrevemos na poesia que declaramos, nas brincadeiras que organizamos, nos
cultos que professamos. Ele faz parte de nosso cotidiano e estabelece as
identidades que determinam os valores que defendemos. É ele que nos faz ser o
que somos. Quanto mais o país cresce e se educa, mais cresce e se diversifica o
22
patrimônio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na
formação da identidade de todos nós, brasileiros. ”3
Município de Ponta Grossa.
Em relação à Legislação local, a Lei Orgânica do Município de Ponta Grossa,
que organiza administrativamente o município, estabelecendo a sua forma de
funcionamento. Nela está presente a preocupação com a preservação do patrimônio
cultural da cidade.
Artigo 161, diz:
O instrumento legal necessário à proteção especial do patrimônio cultural
material isolado é o tombamento, é o ato de reconhecimento do valor cultural de um
bem, que o transforma em patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de
propriedade, levando-se em conta sua função social.
O nome tombamento advém da Torre do Tombo, o arquivo público português,
onde eram guardados e conservados os documento
Atualmente, o tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder
público com o objetivo de preservar, através da aplicação da lei, bens de valor,
histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo que
venham a ser destruídos ou descaracterizados.
Portanto, o tombamento visa preservar referenciais, marcas e marcos da vida
de uma sociedade e de cada uma de suas dimensões interativas.
Processo é o conjunto de documentos que constitui a fundamentação teórica que
justifica o tombamento.
3 IPHAN. Disponível em:< http:// www.iphan.gov.br >A cesso em: 05/07/2011.
Constituem patrimônio cultural do Município de Ponta Grossa, e como tal passíveis de proteção e tombamento, as obras, os objetos, os documentos, as edificações, os sítios arqueológicos e paisagísticos que contemplam a memória cultural dos segmentos e incentivo de atividades culturais.
23
Registro proteção especial aos bens imateriais, como músicas, poesias, literatura,
entre outros.
Em Ponta Grossa foi criado o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, o
COMPAC, Lei nº 6183, de 23 de junho de 1990, tendo por objetivo estudar e
promover o tombamento ou não dos imóveis considerados como relevantes
enquanto patrimônio edificado da cidade de Ponta Grossa. Foi instituído um Fundo
Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Ponta Grossa, passou a atuar no
município preservando os patrimônios naturais e culturais significativos da cidade de
Ponta Grossa, sofrendo esta Lei, alteração em 2005, sob nº 8431, de 29 de
dezembro.
Esta Lei possui 7(sete) capítulos, 64 artigos os quais visam determinar a
forma de preservação do patrimônio cultural do Município de Ponta Grossa.
É o COMPAC, (Conselho Municipal de Patrimônio Cultural) um órgão de
caráter deliberativo e consultivo, sendo parte da Secretaria Municipal de Cultura de
Ponta Grossa. O Conselho é composto de vinte e um membros efetivos e suplentes,
nomeados pelo prefeito municipal, sendo que fazem partes representantes do
governo e de entidades civis e do comércio.
O COMPAC (Conselho Municipal de Patrimônio Cultural) é encarregado de
proteger e determinar os processos de tombamento. O interesse cultural que
fundamenta o tombamento é constituído pela relevância e expressividade do bem
para a garantia da memória cultural da população de Ponta Grossa.
A secretaria de Cultura, através da Diretoria de Patrimônio Cultural, presta ao
COMPAC (Conselho Municipal de Patrimônio Cultural), apoio administrativo
necessário para execução de suas finalidades.
24
4º Encontro
Leitura e análise de texto de Saint’ Hilaire com relação aos Campos Gerais,
tem por objetivo é verificar e refletir como o viajante francês descreveu a região dos
Campos Gerais, quais os locais por onde andou próximo a Ponta Grossa.
Metodologia: após a leitura do texto os alunos deverão comparar a descrição
feita pelo francês Saint-Hilaire no século XIX com o panorama atual da região dos
Campos Gerais.
Atividade deverá ser desenvolvida em uma aula.
Mansão Vila Hilda
Arquivo pessoal Jovana Carraro, 2010.
25
Descrição dos Campos Gerais
Saint-Hilaire.
Auguste de Saint-Hilaire, viajante francês que no século XIX esteve no Brasil.
Ele era botânico, e se fazia anotações sobre a flora e a fauna, fazia-as também
sobre o nosso povo, seus usos e costumes, sua habitações, seus móveis e
utensílios, suas culturas e sua maneira de cultivar, período que vai de 1816 a 1822,
durante o qual permaneceu no Brasil. Em suas andanças percorreu a região dos
Campos Gerais. Através do documento podemos conhecer um pouco mais sobre a
região que vivemos e comparar com o que temos hoje.
Tropa de Muares – Fazenda Pitangui – Campos Gerais
Fonte: Arquivo Particular de Nestor Carraro, 1950
26
Os Campos Gerais, assim chamados devido à sua vasta extensão, não
constituem uma comarca nem um distrito. Trata-se de um desses territórios que,
independentemente das divisões políticas, se distinguem em qualquer região pelo
seu aspecto e pela natureza de seus produtos e de seu solo, onde deixam de existir
as características que deram à região um nome particular - aí ficam os limites
desses territórios. Na margem esquerda do Itararé começam os Campos Gerais,
região muito diversa das terras que a precedem do lado nordeste, e eles vão
terminar a pouca distância do Registro de Curitiba,4 onde o solo se torna desigual e
as verdejantes pastagens são substituídas por sombrias e imponentes matas.
Esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas regiões que já
percorri desde que cheguei à América; suas terras são menos planas e não se
tornam tão monótonas como as nossas planícies de Beauce, mas as ondulações do
terreno não chegam a ser tão acentuadas de maneira a limitarem o horizonte. Até
onde a vista pode alcançar, descortinam-se extensas pastagens; pequenos capões
onde se sobressai a valiosa e imponente araucária surgem aqui e ali nas baixadas, o
tom carregado de sua folhagem contrastando com o verde claro(...); uma numerosa
quantidade de éguas e bois pastam pelos campos e dão vida à paisagem, veem-se
poucas casas, mas todas bem cuidadas, com pomares plantados de macieiras e
4 Registro de Curitiba, posto fiscal, ficava localizado na estrada sul, a 3 léguas da Lapa ou Vila do
Príncipe, situada à entrada do sertão ( cap., pg.62),está em SAIN-HILAIRE, August de. Viagem a Curitiba e Santa Catarina. Tradução de Regina Regis Junqueira. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia: São Paulo: Ed da Universidade de São Paulo, 1978(Coleção Reconquista do Brasil)
Questões Reflexivas
1- A descrição que o autor faz dos Campos Gerais é válida para os dias
atuais?
2- Depois de sua leitura podemos apontar mudanças em nossa região, na
sociedade, nos costumes? Quais? Discuta com seu grupo.
3- Depois de tudo o que acabo de dizer, vê-se que não foi sem razão que
apelidei os Campos Gerais de paraíso terrestre do Brasil. Reflita sobre a
frase, converse com os colegas.
27
pessegueiros. O céu ali não é tão luminoso quanto na zona dos trópicos, mas talvez
convenha mais à fragilidade da nossa vista.
(...) Quando entrei nos Campos Gerais não somente fiquei surpreendido com o
aspecto da região, inteiramente nova para mim, como também me senti de certa
forma confuso diante dos costumes dos colonos, inteiramente diferentes dos de
Minas e mesmo dos habitantes do norte da Província de São Paulo.
As mulheres são geralmente muito bonitas; têm a pele rosada e uma
delicadeza de traços que eu ainda não tinha encontrado em nenhuma brasileira (...)
É raro que as damas dos Campos Gerais se escondam à aproximação dos homens,
elas recebem os seus hospedes com uma cortesia simples e graciosa, são amáveis
e, embora destituídas da mais rudimentar instrução, sabem tornar cheia de encantos
a sua conversa.
Os homens estão sempre a cavalo e andam quase a galopar, levando um
laço de couro preso à sela, (...) Ali não se cuida de outra coisa senão da criação e é
extrema a ignorância de todos; o homem que sabe ler e escrever é considerado
muito instruído, e entre os fazendeiros mais importantes contam-se muitos que não
sabem essa ciência (1820).
Todos os fazendeiros dos Campos Gerais se dedicam à criação de gado e só
cultivam a terra para suprir suas próprias necessidades, não exportando nenhum de
seus produtos (1820). Não obstante, a região é própria a todo tipo de cultura, e seus
produtos principais são o milho, o trigo, o arroz, o feijão, o fumo e o algodão.
Depois de tudo o que acabo de dizer, vê-se que não foi sem razão que
apelidei os Campos Gerais de paraíso terrestre do Brasil. Entre todas as partes
desse império que percorri até agora, não há nenhuma outra onde uma colônia de
agricultores europeus tenha possibilidade de se estabelecer com mas sucesso do
que ali.(...).
SAINT-HILAIRE, August de. Viagem a Curitiba e Santa Catarina; tradução de
Regina Regis Junqueira. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia: São Paulo: Ed. da
Universidade de São Paulo, 1978. (Coleção Reconquista do Brasil, v.9), p.15, 16,
18, 23,27.
28
5º Encontro
Discussão sobre o texto de Saint-Hilaire onde o viajante descreve a região do
Rio Pitangui e a Fazenda Pitangui.
Metodologia: utilização de textos, fotos e slides e pesquisa sobre a historia da
Capela Santa Bárbara da Fazenda Pitangui.
Atividade deverá ser desenvolvida durante uma aula
Texto nº 5
Muares no Pasto – Fazenda Pitangui – Campos Gerais
Fonte: Arquivo Particular de Nestor Carraro, 1950.
29
A cidade de Castro-Fim da viagem pelos Campos Gerais
Saint-Hilaire.
Neste texto o viajante francês, Saint- Hilaire relata sua saída de Carambeí em
direção a Curitiba, chega à Fazenda Pitangui. Desvio do percurso por
recomendação do guia que estava lhe acompanhando, ele segue fazendo a
descrição dos lugres por onde andou até chegar Fazenda Pitangui.
Acampamento dos Tropeiros – Fazenda Pitangui – Campos Gerais
Fonte: Arquivo Particular de Nestor Carraro, 1950.
30
(...) A partir de Carambeí eu me afastei pela a segunda vez da estrada direta de
Curitiba. A que eu segui para chegar a essa cidade é mais longa. Mas fui
aconselhado a preferir esse caminho porque os lugares onde eu poderia encontrar
pousada ficam menos distantes uns dos outros, a região é mais aprazível e o seu
povo mais hospitaleiro.
Acompanhado por um guia que me tinha sido fornecido em Carambeí
continuei a atravessar imensas pastagens de um verdor admirável, no meio das
quais se veem alguns pequenos capões de mato. Passei por uma pequena fazenda
de boa aparência, como parece ser a maioria das propriedades no interior dos
Campos Gerais, e finalmente cheguei ao Rio Pitangui, que dá o nome à fazenda
onde passei a noite5
(...) A Fazenda Pitangui tinha sido outrora uma propriedade dos jesuítas. O
prédio que eles tinham ocupado já não existia à época de minha viagem, mas ainda
se via, no centro do pátio, uma igreja bastante espaçosa, que eles tinham mandado
construir. Quando foi expulsa a Companhia o rei apossou-se da fazenda; os
escravos foram levados para outros lugares e as terras vendidas, juntamente com
casa e os animais. Em 1820 a fazenda pertencia a um capitão da milícia que eu já
tinha encontrado em Castro e que, tendo tido necessidade de se ausentar, havia
deixado ordens para que eu fosse acolhido ali. Forneceram-me um quarto e me
5 A credita-se que a palavra “Pitangui” deriva do guarani “pitagi”, quase vermelho. Não seria mais provável que
derivasse da língua geral, conforme julga o meu amigo Manuel José Pires da Silva Pontes e signifique rio da
criança(“pitang” ou “mitang”, criança, e “y’ “g”, rio)?, 58p..
Questões Reflexivas
1. Como Saint-Hilaire descreve a região entre Carambeí e a Fazenda
Pitangui?
2. O ele descreve a Fazenda Pitangui?
3. Por que os jesuítas foram embora?
4. Forneceram-me um quarto e me serviram um excelente jantar, mas fui
menos feliz do que no dia anterior. O que ele quis dizer com a frase?
Discuta com os colegas.
31
serviram um excelente jantar, mas fui menos feliz do que no dia anterior. Não vi
ninguém, a não ser um seleiro que trabalhava para o capitão.
SAINT-HILAIRE, August de. Viagem a Curitiba e Santa Catarina; tradução de
Regina Regis Junqueira. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia: São Paulo: Ed. da
Universidade de São Paulo, 1978. (Coleção Reconquista do Brasil, v.9), p.58-59.
2º PARTE: ESTUDO DO MEIO
Além do estudo dos textos sobre o tema, um dos importantes objetivos do
Projeto é contribuir para que o aluno conheça e aprenda a valorizar o patrimônio
histórico de sua localidade.
Essa etapa do projeto será desenvolvida através do estudo dos edifícios e
monumentos históricos, o que poderá contribuir para uma maior conscientização do
valor do patrimônio histórico, bem como enriquecer o conteúdo trabalhado em sala
de aula.
1-Atividade
Organizar os alunos em equipes de três ou quatro alunos para as visitas aos
locais escolhidos por eles entre seguintes opções: Mansão Vila Hilda, Igreja Nossa
Senhora do Rosário, Centro de Cultura, Colégio Regente Feijó, Estação Paraná
(Casa da Memória), Estação Saudade, Museu Época, Prédio do Antigo Fórum,
túmulo de Corina Portugal, Clube Treze de Maio, Capela Santa Bárbara, Hospital
Santa Casa de Misericórdia, Igreja Imaculada Conceição, Jóquei Clube de Ponta
Grossa, Catedral de Ponta Grossa.
Cada aluno receberá um caderno onde fará as anotações sobre as visitas
realizadas, um Diário de Bordo, que deverá conter o seguinte Roteiro de visita:
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Roteiro para visitação
• Identificar o nome do local.
• Região da cidade em que se localiza.
• Origem do nome
• Quando, como e por que da construção.
• Ocupação original
• Ocupação atual, conservação.
• Descrição dos aspectos físicos
• Observação e descrição dos limites e ocupação humana.
• Eventos realizados no local.
• Frequentadores.
• Planta do espaço.
• Fotos dos locais feitas pelos alunos.
Para as visitas serão disponibilizadas 15 aulas, saídas de campo.
3º PARTE: PESQUISA, EXPOSIÇÃO DE FOTOS, REDAÇÃO E MATERIAL
MULTIMÍDIA.
Para a terceira parte serão disponibilizadas cinco aulas
• Pesquisar sobre o local visitado: biblioteca, livros, periódicos, fotografias,
internet.
• O trabalho terá continuação com a verificação das fotos e suas respectivas
escolhas para a montagem da exposição na Escola.
• A elaboração de material multimídia, utilizando as fotos e a pesquisa feita
pelos alunos sobre os locais visitados.
• Elaboração da redação sobre o tema.
• Para finalizar responder a um questionário.
33
Avaliação
As atividades serão avaliadas acordo com o interesse e a participação dos
alunos nas atividades propostas: leitura dos textos, visitações, exposição dos
resultados da pesquisa, redação e questionário;
Conteúdos
Os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula são:
• Patrimônio Histórico
• Legislação sobre o Patrimônio Histórico
• Patrimônio Histórico em Ponta Grossa
• Campos Gerais e Saint-Hilaire.
• Capela Santa Bárbara.
Recomendações
A presente Produção Didática Pedagógica tem como objetivo ser um
instrumento desta pesquisa, ou seja, busca experimentar uma possibilidade de
trabalho a fim de contribuir com professores de História que buscam novas formas
de conduzir a docência na Escola.
No caso, trata-se de uma metodologia que estabelece relações, que pode se
tornar muito interessante à medida que se busca de forma continua e sistemática a
articulação entre conteúdos da história local, regional, nacional e universal.
A Produção Didática Pedagógica visa ainda através de uma proposta
diferenciada tornar as aulas de História interessantes e prazerosas tanto para os
alunos como para professores.
34
Proposta de Avaliação
A avaliação ocorrerá ao logo do processo de construção do novo
conhecimento. De acordo com a participação e interesse dos alunos pelas
atividades propostas.
A exposição de fotos, a elaboração do Blog e a redação final, concorrerão
como medidas para a avaliação.
As atividades propostas na Produção Didáticas Pedagógicas serão de fato
avaliadas e aprovadas por meio da verificação da participação dos alunos e sua
efetiva contribuição para o desenvolvimento do Projeto na Escola.
Referências
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Preservação do Patrimônio Cultural: nossas casas e cidades, uma herança para o
futuro. Altamiro Sérgio Mol Bessa (org.). Belo Horizonte: CREA-MG, 2004.
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Sérgio Mol Bessa (org.). Belo Horizonte: CREA-MG. 2004
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FRIGOTTO, G. Sujeitos e conhecimento: os sentidos do ensino médio. In
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http://www.cedes.unicamp.br
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http://www.pontagrossa.pr.gov.br/historia