prociv # 53 (agosto de 2012) já disponível online

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PUBLICAÇÃO MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTECÇÃO CIVIL / N.º53 / AGOSTO 2012 / ISSN 1646–9542 53 Distribuição gratuita Para receber o boletim PROCIV em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt Agosto de 2012 Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Investimentos estratégicos em proteção civil Recursos para o futuro Foto: Jorge Dias / ANPC

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Encontra-se disponível para consulta a versão digital do Boletim PROCIV #53 (agosto de 2012), que neste número destaca os investimentos estratégicos que têm vindo a ser assumidos por esta Autoridade Nacional de Protecção Civil no sentido de dotar o sistema nacional de protecção civil de uma capacidade de prevenção e resposta adequada às necessidades actuais, com suporte nos mais modernos equipamentos, tecnologias e procedimentos.

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Page 1: PROCIV # 53 (agosto de 2012) já disponível online

PUBL ICAÇÃO MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTECÇÃO C IV IL / N .º53 / AGOSTO 2012 / I S SN 16 46 –9542

53Distribuição gratuita

Para receber o boletim PROCIV em formato

digital inscreva-se em:www.prociv.pt

Agosto de 2012

Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Investimentos estratégicos em proteção civil

Recursos para o futuro

Foto: Jorge Dias / ANPC

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P. 2 . P RO C I V

Número 53, agosto de 2012

> A entrega profissional de Paulina Pereira constituirá um

legado que marcará não só a história dos Bombeiros de Abrantes, mas de todas as organizações cuja atividade

se centra na proteção e socorro <

Decisões sustentadas.

As minhas primeiras palavras para este editorial são dirigidas aos familiares da Bombeira de Abrantes, Paulina Pereira, cuja vida foi prematuramente interrompida em resultado do despiste do veículo tanque em que se encontrava, a caminho de um incêndio. O seu exemplo de vida e entrega profissional constituirá um legado que marcará não somente a história dos Bombeiros daquela cidade, mas certamente dos demais serviços cuja atividade se centra na proteção e socorro às pessoas, defenden-do as suas vidas.

Julho foi um mês de facto difícil. Incêndios de grandes proporções lavraram milha-res de hectares de floresta e mato, puseram em perigo habitações, destruíram o sus-tento de muitas famílias e do património paisagístico nacional, obrigaram, no caso do Algarve, ao acionamento de uma das mais complexas operações de combate aos incêndios de que há memória em Portugal, e ao reforço urgente de meios humanos e técnicos - que operaram em condições muitos difíceis - no caso da Madeira.

Situações a que nenhum cidadão responsável gostaria de ter testemunhado e que, se por um lado motivaram manifestações de enorme solidariedade entre populações e operacionais, por outro deram origem a reações descontextualizadas, provavel-mente infundadas, certamente eivadas de preconceitos antigos que importa ultra-passar e em que corporativismos exacerbados também tiveram lugar.

Pela nossa parte continuaremos a fomentar a cultura de responsabilidade, donde jamais encaminharemos para outrem o que nos cabe assumir. Que não se iludam as lideranças que carecem de eleger a ANPC como obstáculo à sua afirmação e às suas próprias dificuldades de evolução organizativa.

Ao esforço de todos os Bombeiros e demais Agentes de Proteção Civil, que de forma abnegada se vêm entregando ao cumprimento da missão, fica o nosso profundo reco-nhecimento e apreço.

Nesta edição do PROCIV damos destaque aos investimentos efectuados recente-mente no sentido de dotar o país dos meios humanos e técnicos necessários para o sucesso das operações de socorro. Todos estes investimentos têm um denominador comum: a otimização de ganhos de eficácia e eficiência na atividade operacional e de sustentação à tomada rápida de decisões, visando garantir uma proteção civil simul-taneamente abrangente e permanente, no caminho de um serviço público de quali-dade e ao serviço de TODOS.

Arnaldo CruzPresidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil

Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e ProtocoloFotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinaladoImpressão – Textype Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542

Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte.

Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 [email protected] www.prociv.pt

P U B L I C AÇ ÃO M E N S A L

Projecto co-financiado por:

E D I T O R I A L

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P RO C I V . P.3Número 53, agosto de 2012

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10ª Reunião da Comissão Mista Luso-Espanhola teve balanço positivo

Decorreu, nos dias 4 e 5 de julho, em Madrid, a 10.º reunião da comissão mista luso-espanhola, cria-da ao abrigo do protocolo para a cooperação técnica e assistência mútua em matéria de proteção civil assi-nado por ambos os países em 1992, e respetiva adenda de 2003. O encontro, que contou com a participação dos diretores-gerais e equipas técnicas das respetivas autoridades de proteção civil, permitiu fazer o balan-ço das ações desencadeadas ao longo do ano passado, com especial destaque para as missões de combate aos incêndios f lorestais nas áreas fronteiriças, assim como alavancar os compromissos assumidos na 25.ª Cimeira Luso-Espanhola realizada em maio de 2011, no Porto, a saber: criação de um sistema de informa-ção para colaboração luso-espanhola, estabelecimen-to de um grupo de trabalho para a alteração ao Pro-tocolo Adicional (que regula a ajuda mútua em caso de incêndios f lorestais) e conceção de um programa de formação conjunto. Os laços estreitos resultantes da proximidade geográ-fica e cultural entre Portugal e Espanha, assim como a existência de riscos partilhados, têm motivado uma coordenação estreita a nível operacional entre os dois países. Através de uma abordagem inovadora assente no princípio de “atuar primeiro, informar depois”, é assegurada uma gestão célere e eficaz das operações de proteção civil nas zonas fronteiriças, com envolvi-mento direto dos Comandos Distritais da ANPC, pelo lado português, e das Comunidades Autónomas, pelo lado espanhol.

Madeira: Regresso da Força Operacional Conjunta

A Força Operacional Conjunta (FOCON) mobilizada para apoiar as operações de combate aos incêndios florestais na Madeira regressou no dia 25 de julho à Base Aérea N.º 6, no Montijo, a bordo de um C-130 da Força Aérea Portuguesa.A receção à FOCON contou com a presença do Secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d’Ávila, que saudou a forma profissional e competente com que os ope-racionais envolvidos desempenharam esta missão.Esta Força, composta por 83 operacionais dos Bombei-ros Voluntários, do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, da Força Especial de Bombeiros ‘Canarinhos” da ANPC e de uma equipa de Comando desta Autoridade, atuou sobretudo em São Gonçalo, umas das freguesias mais afetadas, sob coordenação do Serviço Re-gional de Protecção Civil.

B R E V E S

ANPC colaborou no curso Segurança e Cidadania do Instituto de Defesa Nacional

Decorreu no Castelo de São João Baptista, na Foz do Dou-ro, Porto, de 9 a 13 de julho, o curso de Segurança e Ci-dadania, realizado pelo Instituto da Defesa Nacional e tendo como público-alvo professores. Consciencializar os docentes para a problemática da segurança e da defesa no contexto de uma cidadania ativa, dotando-os de uma vi-são conceptual sobre estes tópicos, explanar os riscos e as ameaças que impendem sobre as sociedades globalizadas e expor o papel das forças armadas e das forças de segu-rança, proteção e socorro, em especial em Portugal, no contexto da relação entre a cidadania e a segurança, foram os principais objetivos deste curso. Como tem vindo a ser habitual, a Autoridade Nacional de Protecção Civil colabo-rou nesta ação, tendo assegurado uma apresentação sobre a sua missão, e ainda no quadro da sensibilização e educação para os riscos coletivos.

A ANPC prepara relatório pormenorizado sobre os incêndios no Algarve

Por determinação da tutela, a ANPC encontra-se a preparar um relatório pormenorizado sobre os incêndios florestais que ocorreram no Algarve entre 18 e 2 2 de julho. Nesse re-latório será feita uma análise detalhada dos meios huma-nos e materiais envolvidos, bem como das fases de empe-nhamento dos mesmos, do grau de desempenho dos meios empregues durante as várias fases e ainda de eventuais di-ficuldades ou falhas na coordenação e avaliação dos meios envolvidos na operação, a cada momento. Esta foi uma das mais complexas operações de combate aos incêndios flores-tais desencadeadas nos últimos anos em Portugal.

Foto: IDN

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T E M A

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Em paralelo à evolução das sociedades dos nossos dias, globalizadas, polarizadas em grandes áreas urbanas

e sustentadas num acelerado desenvolvimento industrial e tecnológico, regista-se um ensejo coletivo por uma se-gurança acrescida para lidar com os efeitos outrora tidos como inevitáveis, fossem atribuídos à ira divina ou sim-ples força da natureza.

No fundo, procura-se hoje uma resposta para fazer face ao imprevisto, de modo a eliminar ou, pelo menos, minimi-zar ao seu mais ínfimo grau as consequências dos acidentes graves ou catástrofes, naturais ou tecnológicas, que não co-nhecem calendário nem fronteiras.

Assim, as sociedades modernas exigem, hoje em dia, um ambiente de máxima segurança que propicie e garanta o de-senvolvimento económico-social, onde se inscreve uma pro-teção civil abrangente e permanente, que assegure proteção e socorro às populações, património e ambiente de forma continuamente célere e eficaz, de qualidade, mas também eficiente no dispêndio dos recursos públicos.

Com efeito, a relação assimétrica entre o número e di-mensão potencial dos riscos que atentam a integridade das pessoas, do património e do ambiente, e os meios dispo-níveis para os debelar, obriga a uma gestão criteriosa dos

recursos técnicos, humanos e financeiros a afetar em cada momento e para cada ocorrência.

Este circunstancialismo de génese e que conforma a ati-vidade gestionária da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), isto é, de contínua eficiência na afetação de meios públicos a que se impõe uma atuação pronta e sem-pre eficaz na proteção e socorro, muitas vezes imprevista e urgente, ganham maior expressão em períodos de escas-sez de recursos ou em que há uma maior solicitação da ati-vidade de proteção civil.

É igualmente nestes períodos que releva com maior no-toriedade o trabalho quotidiano de gestão a par do inves-timento financeiro plurianual, planificado e estruturante que, desde a data da sua criação, a ANPC tem vindo a de-senvolver, através da Direcção Nacional de Recursos de Protecção Civil, no sentido de capacitar a prevenção e res-posta a acidentes graves e catástrofes com as soluções e os meios mais adequados e atuais, quer através da construção e aquisições novas, quer através da requalificação e reforço do existente. Neste sentido, importa destacar três ver-tentes desta estratégia e que assentam na primazia ao fi-nanciamento dos projetos estratégicos através de fundos comunitários, na qualificação da intervenção operacional

Investimentos estratégicos em proteção civil

Recursos para o futuro

Em pleno século XXI é imperativo de um sistema nacional de proteção civil uma capacidade de prevenção e resposta sustentada e adequada às necessidades atuais, com suporte nos mais modernos equipamentos, tecnologias e procedimen-tos, para enfrentar, em todo o território, os mais variados fenómenos naturais ou tecnológicos, que atentam à vida, ao património e ao ambiente.

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e na aposta nas novas tecnologias para a gestão integrada, fidedigna e atempada da informação.

> Financiamento de investimentos estratégicos: Recursos Financeiros

Os investimentos estratégicos da ANPC compreendem diversos projetos plurianuais com propósitos, dimensões e durações distintas, mas que no conjunto concorrem a prazo para um mesmo fim: dotar o sistema nacional de proteção civil de uma capacidade de prevenção e resposta sustentada e adequada às exigências e necessidades atuais, abrangendo todo o território e todo o tipo de situações pró-prias à atividade de proteção e socorro.

Sucede, porém, que os orçamentos da ANPC são carac-terizados pela imprevisibilidade e sazonalidade, quer no que se refere ao valor da receita a arrecadar, quer quanto ao valor das despesas extraordinárias relativas à ativida-de operacional de proteção e socorro. Ciente destas con-tingências orçamentais, bem como do esforço financeiro que o conjunto destes investimentos plurianuais repre-senta para o erário público, esta Autoridade Nacional promoveu, desde 2007, a apresentação a financiamento co-munitário de cerca de 20 candidaturas num investimento financeiro superior a 30 milhões de euros a realizar até 31 de Dezembro de 2013.

A angariação de financiamento comunitário já possi-bilitou, até à presente data, resultados tão importantes

como a realização e publicação do Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve, a aquisição de 78 veículos de proteção e socorro cedidas a Corporações de Bombeiros de norte a sul do país, o desenvolvimento do Sistema de Apoio à Decisão Operacional, o Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses e o reforço da infra-estrutura tecnológica das salas de operações e comunicações dos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS). Até ao final de 2013 estima-se a conclusão dos investimentos da ANPC ainda em curso que beneficiam de financia-mento comunitário por via do Programa Operacional Valorização do Território/Quadro de Referência Nacional Estratégica (POVT/QREN) e do Programa Operacional de Cooperação Territorial Espanha Portugal (POCTEP), incluindo a revisão do Plano Nacional de Emergência e a aquisição de veículos, equipamentos individuais e material operacional para a Força Especial de Bombeiros.

A participação de fundos comunitários assume, assim, cada vez mais um peso preponderante no quadro de inves-timentos estratégicos e estruturantes em matéria de pro-teção civil.

> Qualificação da intervenção operacional: Recursos Humanos

Para o sucesso de uma intervenção operacional impor-ta, em grande medida, a qualificação dos recursos hu-manos que operam no teatro de operações. A criação da Força Especial de Bombeiros "Canarinhos" (FEB) ob-serva com rigor este pressuposto, assumindo os mol-des de uma unidade profissional de bombeiros com for-mação contínua e especializada de modo a estar apta a intervir em qualquer cenário, dentro e além-fronteiras do território nacional. Com origem nas equipas helitranspor-tadas para o ataque inicial a incêndios florestais, a FEB foi criada em 2007, organizada e inserida no dispositivo ope-racional da ANPC.

Desdobrando-se atualmente em diversas valências, con-ta com um grupo de resposta internacional, um grupo de recuperadores-salvadores, um grupo de resgate em monta-nha, uma brigada de apoio logístico, uma brigada de sal-vamento aquático, equipas de reconhecimento e avaliação de situação, equipas de posto de comando operacional da Reserva Nacional, equipas de análise e uso do fogo e ope-radores de telecomunicações de emergência, num total de 253 profissionais.

O modelo organizativo adotado, flexível e adaptável em função de cada missão, o que permite uma movimenta-ção pronta e rápida dos seus efetivos e meios, a preparação e formação contínua e especializada, a instalação de sete bases permanentes cobrindo todo o seu território de atu-ação, o plano anual de reequipamento e os investimentos significativos no mais recente material operacional dispo-nível no mercado, através de candidaturas a financiamento comunitário, permitem à FEB um histórico de resultados de sucesso e excelência nas suas intervenções, já reco-nhecidos pelo Ministro da Administração Interna, com

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© Ana Livramento

© R. Santos

a atribuição, em 2009, da Medalha de Mérito de Protecção e Socorro e pela Comissão Nacional de Protecção Civil, mediante louvor público, em 2010.

> As tecnologias de informação ao serviço da proteção civil: Recursos Tecnológicos

A moderna gestão dos recursos de proteção civil não pode deixar de considerar as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) disponíveis. O saber científico alicer-çado às mais recentes ferramentas tecnológicas potenciam ganhos na prestação de apoio às operações de proteção e socorro, com uma maior precisão na caracterização das ocorrências, melhor coordenação de meios operacionais a afetar e redução de tempos de resposta.

Neste âmbito assume especial relevo o projeto relativo ao desenvolvimento do Sistema de Apoio à Decisão Operacio-nal (SADO), com cofinanciamento comunitário via QREN, num investimento na ordem de um milhão de euros.

Esta nova plataforma eletrónica, integrada nas infraes-truturas de comunicações de dados da Rede Nacional de Se-gurança do Ministério da Administração Interna (RNSI) e assente nas últimas tecnologias de mercado, possibilita uma integração alargada da informação, através da melho-ria da partilha de dados entre os agentes de proteção civil, donde resulta um incremento da capacidade de interven-ção da ANPC na gestão das ocorrências. O SADO sistema-tiza ainda a recolha da informação, permitindo a análise estatística e disponibilização desses elementos a entidades externas.

No que respeita às tecnologias de informação e comuni-cações, importa, ainda, destacar a implementação e manu-tenção de um sistema nacional de videoconferência. Este sistema, instalado na sede da ANPC, nos seus 18 CDOS e demais estruturas operacionais da ANPC, inclusive nos postos de comando móveis, revelou-se, na verdade,

um imperativo numa estrutura descentralizada em todo o território continental e de natureza marcadamente ope-racional. Assegurando a transmissão de imagem e som com alta qualidade entre diversos postos e localizações do país em simultâneo, aumenta a interoperabilidade e a dis-ponibilidade dos elementos decisores, evita o dispêndio de tempo e recursos financeiros com a deslocação física dos intervenientes, otimizando-se ganhos de eficácia e efici-ência na atividade de suporte necessária à tomada de uma decisão célere.

> Os recursos tecnológicos da ANPC

Através da gestão e operação de sistemas de telecomunicações e de informática dedicados (ver quadro em baixo), a ANPC assegura a interligação e as comunicações entre o Comando Nacional de Operações de Socorro, os 18 Comandos Distritais de Operações de Socorro, 19 Salas de Operações e Comunicações, 40 Centros de Meios Aéreos, 7 Bases Permanentes da FEB, 2 Bases de Helicópetros em Serviço Permanente, o Centro Tático de Comando e 170 veículos de comando e comunicações. A exploração destes meios assegura, ainda, a capacidade de coordenação entre a ANPC e os Agentes de Proteção Civil, com destaque para os corpos de bombeiros, e com as demais entidades cooperantes.

Rui FilipeChefe do Núcleo de Telecomunicações da [email protected]

João FilipeCoordenador do Gabinete de Apoio aos Projetos Estratégicos da [email protected]

T E M A

Autoridade Nacional de Protecção Civilsistemas e serviços de comunicações

Serviço Móvel Terrestre (VHF)

57 estações de base fixas (160 equipamentos rádio, 57 torres de comunicações, antenas, fontes

de alimentação e baterias)

19 Estações de Base Portáteis (38 equipamentos rádio, 19 mastros telescópicos; 19 geradores;

antenas; fontes de alimentação e baterias)

670 Rádios (bases; móveis e portáteis).

Serviço Móvel Aeronáutico (VHF) 2 20 rádios (bases, móveis e portáteis)

Serviço Fixo em Ondas Decamétricas (HF) 40 rádios

Sistema Integrado de Redes de Emergência

e Segurança de Portugal – SIRESP38 consolas; 635 Rádios (bases, móveis e portáteis)

Serviço de Comunicações Satélite 1 15 terminais (bases, móveis e portáteis)

Serviço Móvel Telefónico700 cartões de voz e dados (telemóveis, placas de dados, interfaces GSM, equipamentos de

georreferenciação)

Serviço Telefónico em Local Fixo 25 centrais telefónicas; 690 terminais telefónicos

Sistemas de Energia Alternativa 46 Geradores – 20 UPS

Sistemas Informáticos62 servidores; 4 8 ativos de rede; 10 pontos de acesso wireless ; 656 computadores; 1 website; 42 tablet pc

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T E M A

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© Paulo Santos

I N T E R N A C I O N A L

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Os acusados incorrem em penas de prisão que podem chegar aos 15 anos e na obrigação de indemnização

num montante que pode ascender a € 2 2,5 milhões. O fundamento da acusação baseia-se na qualidade da informação prestada ao público durante a crise sísmica que culminou com o sismo ocorrido em 6 de abril de 2009 (magnitude 6,3), a qual foi considerada incompleta, imprecisa e contraditória.

A catástrofe saldou-se em 309 mortos, 1500 feridos e 6.500 desalojados e num enorme rasto de destruição do património edificado de uma das mais belas joias da arqui-tetura medieval italiana – a cidade de L’Aquila.

O caso traz à colação a importância e o papel da comuni-cação pública nas sociedades modernas.

Para a acusação não esteve em causa a falha na previ-são do evento sísmico. Antes o incumprimento do dever-obrigação de zelo que competia aos funcionários de várias entidades públicas – entre estas os serviços de proteção e socorro – e aos elementos da comunidade científica que se deslocaram a L’Aquila seis dias antes da ocorrência do sismo devastador.

Segundo o procurador público responsável pela acusação, Fabio Picuti, as mensagens veiculadas pelas au-toridades, apelando à manutenção da calma e tranquilida-de, acabaram por criar no seio da população uma sensação objetiva de segurança que era falsa. A consequência foi es-camotear a tomada de consciência sobre a real natureza dos perigos em presença, o que levou a comunidade a ignorar as atitudes e comportamentos para lidar com este tipo de fenómenos extremos enraizados na cultura local.

O processo gerou uma onda de indignação entre a comunidade científica, onde pontuam reputadas insti-

tuições científicas que se dirigiram, inclusive, ao Presi-dente da República italiana manifestando incredulidade e revolta pela injustiça dos termos da acusação. O que é facto é que a informação pública aos cidadãos irá estar no epicentro da discussão enquanto durar o julgamento.

Seja qual for o epílogo deste caso judicial, o que é facto é que numa Era marcadamente assinalada pela comunica-ção instantânea e pelo peso crescente da comunicação so-cial de massas na informação e sensibilização dos cidadãos, as autoridades públicas aos vários níveis político-adminis-trativos têm de estar alerta e prever nos seus planos de ação estratégias e meios que promovam, de forma atempada e em multiplataformas, a difusão de informação completa, rigorosa e precisa sobre os riscos coletivos, os seus efeitos e a proteção e socorro das pessoas e bens em perigo.

Estamos perante um triângulo virtuoso em cujos vérti-ces figuram as autoridades de proteção civil, a comunida-de científica e os meios de comunicação social. Só a con-jugação de esforços, o conhecimento recíproco e a mútua confiança entre os atores em causa pode criar as condições propícias para se responder com eficácia e eficiência aos desafios da comunicação ao público na iminência ou ocor-rência de catástrofes.

Jorge DiasTécnico Superior no Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da [email protected]

Fontes várias, entre as quais a prestigiada revista científica Nature, dão notícia de um caso judicial inédito que corre trâmites em Itália. Com efeito, a cidade de L’Aquila é palco, desde setembro passado, de um inédito processo judicial movido pelo Estado italiano. Em causa estão acusações de crime por negligência perpetrados por responsáveis públicos.

SismosL’AQUILA: UM CASO JUDICIAL DE DESFECHO IMPREVISÍVEL

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A G E N D A

26-30 agosto, Davos, Su íçaC ON F E R Ê NC I A I N T E R NAC IONA L S OBR E R I SC OS E C ATÁ S T ROF E SO rga n i z ado pe lo Fór u m Globa l sobre R i scos, o encont ro abord a rá as seg u i ntes á reas: pre pa ração e respost a a cat ást rofes; i n f raest r ut u ras e ser v iços c r ít icos, r i scos tec nológ icos; i mpactos n a saúde públ ica; econom ia de cat ást rofe e fer ra ment as f i n a ncei ras n a gest ão do r i sco. I n for m ações: w w w.id nc.i n fo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

10-21 setembro, Poljce, Eslové n iaC U R S O I N T E R FAC E C I V I L -M I LI-TA R DA NAT O. Cu rso orga n i z ado pe l a Div i são de Pl a nea mento do M i n i stér io Eslove no d a Defesa, com o apoio do Ce nt ro de Exce lência CI M IC d a NATO.I n for m ações e m w w w.ci m ic-coe.org

1 2-13 setembro, Br u xe l as, Bé lg icaR EU N I ãO D O g RU PO DE T R A BA LhO PRO C I V, D O C ONSE LhO DA U N I ãO EU ROPEI AEst a re u n ião, que decor rerá em Br u xe l as, é orga n i z ad a no â mbitoDa P residência Cipr iot a do Con se l ho d a Un ião Eu ropeia (U E).

Obrigado!

Até 15 de sete mbroA BE RTA S C A N DI DAT U R A S AO T ROF éU PORT Ug U Ê S D O VOLU N TA R I A D O Este pré m io é at r ibu ído, a nu a l me nte, pe l a Con federação Por t ug uesa do Volu nt a r iado (CP V) e te m como f i n a l id ades home n agea r o t raba l ho dos volu nt á r ios e i nce nt iva r a prát ica do volu nt a r iado. A s ca nd id at u ras a este pré m io de verão ser re met id as at ravés de f ich a própr ia, d i spon íve l e m w w w.convolu nt a r iado.pt.

Até 31 de agosto B OL SA S DE I N V E S T Ig Aç ãO PA R A B OM BEI ROSDecor rem as ca nd id at u ras pa ra a at r ibu ição de 4 Bol sas de I nvest igação a e lementos dos qu ad ros at ivo e de com a ndo dos cor pos de bombei ros de qu a lquer n at u rez a. A s ca nd id at u ras a est as bol sas de verão ser aprese nt ad as at ravés de for mu l á r io que pode ser sol icit ado n a Liga de Bombei ros Por t ug ueses, at ravés do e-m a i l: bol [email protected]

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Foto: Pedro Santos

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19-20 de out ubro, V.N. Fa m a l icão1ªs JOR NA DA S VM E R D O C E N T RO hOS PI TA L A R D O M é DIO AV E I nteg ra m o prog ra m a deste e ve nto te m as de g ra nde i nteresse como: a assi stência i nt ra-hospit a l a r, ciências fore n ses e m e mergê ncia, for m ação e m e mergê ncia, i nter ve nção e m cat ást rofe e pa rcer ias com a comu n id ade. A s i n sc r ições de verão ser rea l i z ad as e m w w w.v mer.ch m a.pt.