processos de otimização aplicados a usinagem

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1 Processos de Otimização Aplicados a Usinagem OTÁVIO RIBEIRO REIS (Centro Universitário de Itajubá) [email protected] CRISTOVÃO FELIPE RIBEIRO GARCIA (Centro Universitário de Itajubá) cristovã[email protected] ADRIANA AMARO DIACENCO (Centro Universitário de Itajubá) [email protected] Resumo: No processo de usinagem há diversas variáveis envolvidas e que consistem em um problema de otimização multiobjetivo. A diminuição do tempo de manufatura é possível conhecendo-se os parâmetros ideais para o melhor desempenho da ferramenta. Entretanto, isto nem sempre é possível, visto que os parâmetros de corte estão entre um grande intervalo de valores. Para a obtenção de ferramentas com melhor desempenho e para a diminuição do custo de manufatura da peça se faz necessário otimizar o processo. Para tanto, este trabalho trata de processos de otimização aplicados à usinagem tendo como variáveis os parâmetros de corte. Este trabalho será formulado da seguinte maneira: aspectos introdutórios sobre usinagem CNC e os principais parâmetros que influenciam o processo, levantamento bibliográfico sobre os processos clássicos e heurísticos de otimização e a aplicação de métodos de otimização aplicado ao problema de usinagem. Os resultados descreverão como foi implementada, em ambiente de programação MatLab, a função avanço de corte envolvida na operação de usinagem de uma determinada ferramenta e também será ilustrada de forma gráfica a região viável da função tratada. Palavras-chave: Otimização; Processo; Usinagem. 1. Introdução As empresas que dependem das operações de usinagem procuram, cada vez mais, oportunidades de melhorias em seus processos. A importância do aperfeiçoamento nos processos se dá para a manutenção da empresa no mercado, pois é possível aumentar a competitividade da empresa, reduzindo-se o tempo e os custos. As operações dependem de alguns parâmetros que podem ser otimizados, porém estes estão limitados à escolha correta da ferramenta de desbaste, baseando-se em avanços, velocidades de corte e profundidade de corte. Estes dados geralmente são indicados por fornecedores de ferramentas, que encontram um valor médio seguro para a ferramenta através de pesquisas. (DINIZ, COPPINI, VILELLA e RODRIGUES. 1989). As ferramentas de otimização têm ganhado espaço na área de usinagem, já que atualmente existem softwares como o MatLab e/ou Minitab em que pode-se implementar um modelo de otimização do processo, tendo como resultado a precisão dos parâmetros.

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    Processos de Otimizao Aplicados a Usinagem

    OTVIO RIBEIRO REIS (Centro Universitrio de Itajub) [email protected]

    CRISTOVO FELIPE RIBEIRO GARCIA (Centro Universitrio de Itajub) [email protected]

    ADRIANA AMARO DIACENCO (Centro Universitrio de Itajub) [email protected]

    Resumo: No processo de usinagem h diversas variveis envolvidas e que consistem em um

    problema de otimizao multiobjetivo. A diminuio do tempo de manufatura possvel

    conhecendo-se os parmetros ideais para o melhor desempenho da ferramenta. Entretanto,

    isto nem sempre possvel, visto que os parmetros de corte esto entre um grande intervalo

    de valores. Para a obteno de ferramentas com melhor desempenho e para a diminuio do

    custo de manufatura da pea se faz necessrio otimizar o processo. Para tanto, este trabalho

    trata de processos de otimizao aplicados usinagem tendo como variveis os parmetros

    de corte. Este trabalho ser formulado da seguinte maneira: aspectos introdutrios sobre

    usinagem CNC e os principais parmetros que influenciam o processo, levantamento

    bibliogrfico sobre os processos clssicos e heursticos de otimizao e a aplicao de

    mtodos de otimizao aplicado ao problema de usinagem. Os resultados descrevero como

    foi implementada, em ambiente de programao MatLab, a funo avano de corte envolvida

    na operao de usinagem de uma determinada ferramenta e tambm ser ilustrada de forma

    grfica a regio vivel da funo tratada.

    Palavras-chave: Otimizao; Processo; Usinagem.

    1. Introduo

    As empresas que dependem das operaes de usinagem procuram, cada vez mais,

    oportunidades de melhorias em seus processos. A importncia do aperfeioamento nos

    processos se d para a manuteno da empresa no mercado, pois possvel aumentar a

    competitividade da empresa, reduzindo-se o tempo e os custos.

    As operaes dependem de alguns parmetros que podem ser otimizados, porm estes

    esto limitados escolha correta da ferramenta de desbaste, baseando-se em avanos,

    velocidades de corte e profundidade de corte. Estes dados geralmente so indicados por

    fornecedores de ferramentas, que encontram um valor mdio seguro para a ferramenta atravs

    de pesquisas. (DINIZ, COPPINI, VILELLA e RODRIGUES. 1989).

    As ferramentas de otimizao tm ganhado espao na rea de usinagem, j que

    atualmente existem softwares como o MatLab e/ou Minitab em que pode-se implementar um

    modelo de otimizao do processo, tendo como resultado a preciso dos parmetros.

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    Atualmente, h muitos mtodos de otimizao e cada um deles apresenta vantagens

    em relao ao problema em que so aplicados (vila, 2006). A escolha do mtodo depende de

    uma srie de caractersticas do problema a ser otimizado, principalmente do comportamento

    da funo, denominada funo objetivo. A determinao da funo objetivo o principal

    problema a ser enfrentado em aplicaes de engenharia, pois, muitas vezes, de difcil

    determinao. Para esta escolha, faz-se necessrio um bom conhecimento das ferramentas de

    otimizao.

    importante ressaltar que no h uma tcnica considerada ideal para a resoluo do

    problema de escolha dos melhores parmetros e a influncia deles em processos industriais,

    havendo diversas metodologias e cada uma delas com aplicaes especficas. Atualmente, tm

    se destacado as tcnicas de otimizao que podem ser divididas em tcnicas clssicas de

    otimizao e tcnicas heursticas.

    Uma desvantagem das tcnicas clssicas que na presena de mltiplos locais o

    resultado tende a ficar preso em um deles, prejudicando a anlise. Para contornar este

    problema, uma alternativa seria a utilizao de mtodos hbridos, ou seja, utiliza-se uma

    tcnica de busca global e faz-se uma busca local ao redor da soluo encontrada melhorando,

    assim, o desempenho do problema. Por isto, muitas vezes vantajoso combinar o

    planejamento de experimentos (DOE) com tcnicas de otimizao.

    A tcnica de planejamento de experimentos sempre uma tcnica alternativa na qual existe

    um grande nmero de variveis envolvidas no processo. Mediante isto, ferramentas

    estatsticas aliadas a tcnicas de otimizao de processos industriais tm sido bastante

    aplicadas para se avaliar o processo (Domenech, 2004). No artigo de Severino et.al (2012)

    realizou-se um estudo e anlise do processo torneamento vertical onde verificou-se que a taxa

    de produo aumentou devido otimizao dos parmetros de processo (avano, rotao e

    geometria da ferramenta) que contriburam para atingir menor tempo total de usinagem por

    pea fabricada e maior vida da ferramenta de corte.

    Atualmente, h diversos softwares responsveis por anlises de fatores que influenciam um

    processo. Aplicando desde a rea de gesto de produtos at os processos de fabricao. Como

    exemplo, pode-se citar o trabalho de Verran e Mendes (2006) em que investigou-se, a partir

    da metodologia DOE, a influncia dos parmetros envolvidos na qualidade de uma liga SAE

    305.

    De acordo com as caractersticas dos problemas, podem-se classificar as ferramentas

    de otimizao em dois grandes grupos: programao linear e programao no-linear,

    segundo vila (2006). O primeiro grupo trata da resoluo de problemas que sejam

    perfeitamente representados por um sistema de equaes lineares. A programao no-linear

    trata de problemas essencialmente no lineares.

    Atravs dos parmetros de cortes, de um modelo matemtico e utilizando o software

    MATLAB e/ou MINITAB pretende-se encontrar um valor timo da velocidade de corte, para

    usinagem com a ferramenta fresa de topo END MILL da ISCAR de 20mm de dimetro com

    trs arestas de corte para ao com alto teor de carbono, a fim de contribuir com a indstria

    metalrgica e desenvolvimento do Brasil.

    De acordo com o exposto acima, pretende-se verificar a viabilidade de otimizar um

    processo de usinagem, ou seja, analis-la matematicamente, com o objetivo de aumentar o

  • 3

    tempo de vida til da ferramenta de corte. Para tanto, se faz necessrio encontrar um valor

    timo para a funo avano de corte que, por sua vez, depende de parmetros que variam para

    determinados intervalos, dependendo da ferramenta, tais como a velocidade de corte e o

    avano por aresta.

    2. Referencial Terico

    Neste captulo, ser apresentado a fundamentao terica a ser aplicada neste artigo.

    Inicialmente, so discutidos conceitos bsicos de usinagem. Em seguida apresenta-se o que

    so suas variveis e apresenta-se tambm a usinagem High Speed Machininig (HSM), DOE

    Projeto de Experimentos, ou simplesmente DOE (do ingls, Design of Experiments),

    CAD/CAM, entre outros assuntos relacionados ao contedo deste trabalho.

    2.1 Consideraes gerais

    Em se tratando de usinagem CNC (Comando Numrico Computadorizado),

    importante recordar alguns conceitos bsicos de usinagem: o que e qual sua importncia. Os

    processos de usinagem podem ser entendidos como aqueles que conferem pea sua forma,

    dimenses e acabamento, atravs da remoo de material sobressalente na forma de cavacos.

    Segundo Ferraresi (1977) e Brown (1998), operaes de usinagem so aquelas que submetem

    ao material bruto uma dimenso, acabamento ou forma em que qualquer combinao destes

    itens produzam cavaco. Ainda de acordo com os autores, cavaco todo material retirado da

    pea pela ferramenta que apresenta uma superfcie irregular. Neste contexto, para Wrublak,

    Pilatti e Pedroso (2008) o fresamento o processo que gera uma determinada superfcie

    atravs da remoo progressiva de matria prima de uma pea de trabalho, mediante o

    movimento entre o gume de corte de uma ferramenta e a pea a ser trabalhada.

    Adotando os conceitos propostos por Ferraresi (1995), o fresamento apresenta dois

    tipos de movimentos denominados concordantes e discordantes. Segundo o autor, no

    movimento concordante a ferramenta e a pea tm o mesmo sentido, em que o corte comea

    na espessura mxima do cavaco e termina no valor zero. Nesse movimento, o atrito entre

    ferramenta e pea no incio do corte considerado pequeno. Ainda, em se tratando de

    movimento concordante, Amorim (2003) e Costa (2003) explicam que no fresamento

    concordante a fora de avano ocorre no mesmo sentido do corte, gerando possveis vibraes

    e diminuindo possivelmente a qualidade do acabamento.

    Segundo Costa (2003), a vida til da ferramenta pode ser afetada por duas situaes

    diferentes no movimento concordante:

    Inicialmente, quando o centro ferramenta est acima da superfcie a ser usinada. A

    aresta de corte est sujeita trao, pois o choque entre a pea e a ferramenta acontece

    prximo ao gume de corte, podendo causar trincas e quebra do gume.

    Depois, quando o centro da ferramenta est abaixo da superfcie a ser usinada e a

    aresta est sujeita a compresso, solicitao essa para qual o material foi desenvolvido,

    portanto, melhorando os resultados.

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    J no fresamento discordante, a pea e a ferramenta possuem movimentos contrrios e

    o corte comea na espessura zero do cavaco aumentando at seu valor mximo. A fora de

    corte aumenta devido o atrito entre ferramenta e pea. Ferraresi (1995) salienta neste

    movimento um grande atrito durante o corte, levando ao aumento da fora de corte que

    compromete o acabamento diminuindo a vida til da ferramenta devido temperatura do

    corte.

    De acordo com Tolouei-Rad e Bidhendi (1997), as indstrias manufatureiras procuram

    atingir os parmetros de usinagem com eficincia h quase um sculo. A otimizao dos

    parmetros de corte de alta importncia para que uma empresa se mantenha competitiva no

    mercado, pois os custos das operaes so muito sensveis e importantes para a produo

    tornar-se eficiente e lucrativa. Devido aos elevados padres de qualidade e segurana,

    preciso buscar melhorias no processo como reduo de tempo e custo de usinagem.

    Por isso, a busca pelas metas de produtividade, minimizando a utilizao de recursos

    financeiros, um desafio sempre presente no dia a dia das organizaes. Algumas empresas

    optam por investir no processo High Speed Machininig (HSM) ou High Speed Cutting (HSC),

    especialmente as que fabricam moldes para injeo, produo de componentes aeronuticos e

    automotivos. Esse processo permite a obteno de altos nveis de acabamento, chegando a

    dispensar operaes como polimento, bem como ganhos de produtividade. Os processos de

    HSM possuem a vantagem de gerar menores esforos de corte, melhor capacidade de

    dissipao de calor por meio do cavaco, maior preciso, melhor acabamento superficial e

    menores vibraes no processo. As desvantagens do processo so menor vida til da

    ferramenta de corte devido ao desgaste, maiores custos agregados das mquinas e ferramentas

    e exigncia de mo-de-obra especializada (PAULO, 2008). Com a evoluo do HSM, esse

    processo passou a ser aplicado em larga escala na indstria aeronutica, ligas de grafite e

    cobre para utilizao em mquinas eletroeroso, ligas de titnio base de nquel, magnsio,

    ferro fundido, lato, polmeros e compsitos, alm da usinagem de moldes para injeo.

    Normalmente, mais vista no fresamento com fresas de dimetros pequenos e com rotao de

    10000 a 100000 RPM ((RODRIGUES, 2005).

    De acordo com Batista (2004), a otimizao dos tempos de fabricao pode ocorrer

    atravs dos tempos improdutivos como de setup, de medio, tempos de fila e por tempos

    produtivos como por movimentao de ferramenta, troca de ferramenta e tempo de corte. No

    que diz respeito ao tempo de corte, a melhora pode ser obtida pelo aumento da velocidade de

    corte, Vc, at a capacidade mxima, Vcm, da ferramenta, especificada normalmente pelo

    fabricante. Ainda, segundo o autor, a reduo de custos pode ser obtida atravs de

    negociaes direta com fornecedores de ferramentas. Batista (2004) acrescenta que o

    Intervalo de Mxima Eficincia (IME) definido depois de identificadas as velocidades Vc e

    Vcm, o qual constitui importante referencial para a otimizao de processos de usinagem,

    considerando os diversos cenrios produtivos. O IME possibilita ao usurio identificar a

    condio mais eficiente/econmica entre as duas velocidades aplicadas no processo.

    Em sua grande maioria, pequenas e mdias empresas no possuem um departamento

    contbil prprio, desfavorecendo-as, pois estas no conseguem obter o clculo real de seus

    custos de produo, assim como um preo de venda ideal, visto que tradicionalmente para

    clculo de custos de usinagem publicada na literatura, so considerados os custos diretos de

    produo (DINIZ, 2001).

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    A seleo do material da ferramenta influenciada por sete parmetros principais:

    material a ser usinado/ processo de usinagem/ condio da mquina operatriz/ forma e

    dimensionamento da ferramenta/ custo do material da ferramenta/ condies de usinagem e

    condies da operao (DINIZ, MARCONDES e COPPINI, 2008). Quanto ferramenta, a

    escolha do inserto (ferramenta de desbaste) a ser utilizado, alguns fatores influenciam sua

    durabilidade como a geometria, sua liga, isto , composio do seu material, e seu

    revestimento (COSTA e SANTOS, 2006). No instante de desbaste, o atrito da ferramenta de

    corte com a pea gera uma grande de calor e para a alta temperatura ser controlada utiliza-se

    fluido de corte. Alm da refrigerao, o fluido previne a corroso e auxilia na remoo de

    cavaco da regio de corte (DINIZ, MARCONDES e COPPINI, 2008).

    A temperatura da interface cavaco-ferramenta influenciada pela velocidade de corte.

    Haver, portanto, limite prtico na velocidade de corte, em cada par ferramenta-pea. As altas

    temperaturas nas ferramentas de cortes no s aceleram os mecanismos de desgaste

    termicamente ativados, como tambm reduzem o limite de escoamento delas (Machado e Da

    Silva, 1998). Com a presena de elevadas temperaturas de cortes e penetrao peridica do

    fluido na superfcie, a ferramenta de corte poder estar sujeita a contnuos estados de

    expanses e dilataes. Assim, uma ferramenta com boa condutividade e baixo coeficiente de

    expanso trmica poder ter os danos trmicos reduzidos pela minimizao da flutuao da

    temperatura na aresta de corte (Ezugwu, Wange Machado, 1999).

    Em um contexto duvidoso referindo-se confiabilidade de um modelo de otimizao,

    possvel afirmar que os dados so suficientemente similares para crer nas concluses obtidas

    nas anlises dos projetos. Para tanto, necessrio definir a estrutura relacional do sistema, o

    comportamento funcional e os fluxos de inter-relacionamento (GOLDBARG e LUNA; 2005).

    A otimizao dos processos pode ser aplicada em diversos nveis de atuao, tais como

    projetos, logstica, operaes e por meio de diversos procedimentos de aplicao (MOREIRA,

    2010). Independe do nvel e do tipo de aplicao, na busca por uma programao matemtica

    trs so os aspectos fundamentais: a escolha das variveis de deciso/ a criao de uma funo

    objetivo / a apresentao do conjunto de restries (BRONSON, 1985).

    As variveis de deciso podem ser caracterizadas como independentes umas das outras

    ou podem ser relacionadas por meio de uma ou mais restries (BRONSON, 1985). A funo

    objetivo, conforme Bronson (1985), composta por um nmero finito de variveis na qual se

    deseja encontrar o valor mximo ou mnimo. J as restries so formadas por um nmero

    finito de equaes e inequaes, estabelecidas em decorrncia das particularidades inerentes a

    cada problema (MOREIRA, 2010).

    De acordo com (JUNIOR, 2010), o Projeto de Experimentos ou DOE, em ingls

    Design of Experiments, relativamente um mtodo antigo que entre 1920 e 1930 foi

    desenvolvido por Sir Ronald A. Fisher, posteriormente sendo aperfeioado por outros

    importantes pesquisadores como Humter, Box e Taguchi, dentre outros. Atualmente, o DOE

    utilizado em diversos segmentos do setor industrial, a fim de pesquisar sistematicamente as

    variveis de processos responsveis por afetar a qualidade de seus produtos. Muitas

    estratgias foram sugeridas ao longo do tempo e as mais conhecidas so os arranjos fatoriais

    completos e fracionados/ a metodologia de superfcie de resposta e os arranjos ortogonais de

    Taguchi.

  • 6

    2.2 Custo de Usinagem

    Ferraresi (1977), Coelho (1999) e DINIZ et al (2001) concordam que trs parcelas so

    identificadas no clculo do custo de usinagem por pea, sendo elas os custos relativos mo-

    de-obra, Kus, mquina-ferramenta, Kum, e ferramenta Kuf. O custo de produo por pea

    pode ser calculado por meio da Equao (1). Os demais desdobramentos para o clculo do

    custo de usinagem por pea so detalhados a seguir, de acordo com as equaes propostas

    pelos autores citados acima. A formatao do artigo dever ser feita de acordo com os tpicos

    descritos a seguir:

    = + + Equao 1. Onde: Kp = custo de produo por pea [R$ / Pea]; Kus = custo de mo-de-obra

    envolvidana usinagem [R$ / pea]; Kum = custo da mquina-ferramenta [R$ / Pea]; Kuf =

    custo da(s) ferramenta(s) [R$ / Pea].

    O custo de mo-de-obra pode ser calculado por meio da equao (2).

    = .60

    Equao 2.

    Onde: tt = tempo total de confeco por pea [min]; Sh = salrio do operador +

    encargos [R$ /hora].

    Para o clculo do custo da mquina-ferramenta utiliza-se o salrio mquina, que

    obtido por meio da equao (3).

    = [( .

    ) . +

    + + (. . )] Equao 3.

    Onde: Sm = salrio mquina [R$ / hora]; H = nmero de horas de trabalho previstas

    por ano; Vmi = valor inicial de aquisio da mquina-ferramenta [R$]; im = idade da

    mquina-ferramenta [anos]; M = vida prevista para a mquina-ferramenta [anos]; j = taxa

    anual de juros; Em = espao ocupado pela mquina-ferramenta [m2]; Km = custo de

    manuteno [R$ /ano]; Ke = custo do metro quadrado ocupado pela mquina-ferramenta [R$ /

    m2 ano];

    Assim, o valor do custo da mquina-ferramenta calculado por meio da equao (4).

    = .60

    . Equao 4.

    Para que um processo de fresamento seja satisfatrio, Diniz, Marcondes, e Coppini

    (2001) e Costa (2003) relacionam algumas ferramentas e parmetros que devem ser utilizados

    para os processos. So feitas as seguintes consideraes:

    a) Profundidade de usinagem: por este parmetro ter pouca influncia no desgaste da ferramenta e na rugosidade, e tambm por se relacionar com a quantidade de material

    removido, do ponto de vista de custos, deve-se usar a maior profundidade de corte

    possvel, principalmente quando a operao realizada de desbaste;

    b) Avano: para seleo deste parmetro, deve-se levar em considerao o tipo da ferramenta, material da ferramenta, acabamento da superfcie e potncia da mquina.

    Com o aumento do avano, consegue-se um decrscimo da potncia consumida.

    Portanto, mantendo-se a velocidade de avano e a rotao da ferramenta constante,

  • 7

    para uma ferramenta junto a um nmero reduzido de dentes, o consumo de potncia

    ser menor. Este parmetro, por possuir ntima ligao com o acabamento, merece

    ateno especial. Assim, em operaes de acabamento, devem-se utilizar valores

    baixos de avano, especialmente porque neste tipo de operao a profundidade de

    corte baixa e tambm porque a velocidade de corte alta, aliada ao nmero de gumes

    da ferramenta, tendem a tornar o processo pouco produtivo. Outra vantagem da

    utilizao de um valor elevado de avano est na espessura mdia do cavaco que se

    torna maior, reduzindo o valor da presso especfica de corte e, consequentemente, da

    potncia consumida na operao, desde que a velocidade de avano seja constante;

    c) Velocidade de corte: este parmetro possui maior influncia na vida da ferramenta. Por determinar a eficincia do corte durante o processo, na etapa de acabamento,

    devem ser usadas altas velocidades de corte. Aliadas ao correto valor de avano, iro

    proporcionar o corte eficiente do material compondo, portanto, valores satisfatrios de

    acabamento. Na etapa de desbaste, esse parmetro deve ser mais baixo do que durante

    o acabamento, pois isto aumenta a vida da ferramenta, sem prejudicar a produtividade

    do processo. Ademais, evita que a potncia consumida tenha valores altos demais,

    pois a potncia uma grandeza diretamente ligada velocidade de corte, devido

    baixa influncia deste parmetro no valor da presso especfica de corte. Estas

    consideraes so verdadeiras, se a profundidade de corte e o avano permanecerem

    constantes.

    3. Sistemas CAD/CAM

    Em busca da otimizao dos tempos de produo, o sistema CAD/CAM auxilia na

    melhora da qualidade da manufatura de peas com superfcies complexas, em menor tempo

    de usinagem, minimizando custos de produo e aumentando a produtividade. Segundo

    Wrublak, Pilatti e Pedroso (2008), este inicia a partir da gerao de um modelo tridimensional

    em um sistema CAD, de onde so retiradas as coordenadas. Estas, por sua vez, so

    transferidas por um sistema CAM que com base no modelo tridimensional calcula a trajetria

    da ferramenta. Tais dados so, posteriormente, transformados em linguagem de mquinas de

    comando numrico. De acordo com Schtzer e Helleno (2005), o sistema CAD representa

    com segurana todas configuraes e caractersticas da pea real, como as dimenses que o

    sistema CAM utilizar para transformar em coordenadas. Esses slidos so gerados desde

    modelos geomtricos simples at complexos modelos, manipulados a fim de obter a pea final

    desejada.

    Na etapa do sistema CAM, Cavalheiro (1998), explica que a transferncia do sistema

    CAD para o sistema CAM baseia-se numa malha de pequenos tringulos gerados sobre a

    superfcie da geometria real com valores restritos de tolerncia e quanto menor essa tolerncia

    de triangulao, melhor ser a descrio da geometria. O sistema CAM baseia-se numa

    aproximao imposta por um limite mximo e mnimo de tolerncia ao modelo geomtrico e,

    ento, determina a trajetria da ferramenta que melhor se adapta faixa, conforme ilustra a

    Figura 1, mostrando a faixa de tolerncia determinada pelos limites mximos e mnimos onde

    a ferramenta tem liberdade de se movimentar. (OLIVEIRA, A. C., 2002).

  • 8

    Figura 1- aproximao do Sistema CAM

    Fonte: Oliveira (2002)

    Neste contexto nota-se que Schtzer e Helleno (2005) e Oliveira (2002), demonstram

    que estes softwares atuam na converso dos dados, transformando as informaes em

    linguagem que a mquina entenda. Ainda segundo os autores, este tipo de linguagem baseia-

    se na interpolao linear (G01) e circular (G02/03) que transmite para a mquina a posio em

    que a ferramenta deve passar para usinar as superfcies.

    Na figura 2, Oliveira (2002) demonstra os trs mtodos de interpolao encontrados

    no CAM.

    Figura 2- Interpolaes da trajetria da ferramenta

    Fonte: Oliveira (2002)

    Oliveira (2002) ainda detalha estes sistemas em trs maneiras:

    Interpolao linear: trata-se de uma curva traada com pequenos segmentos de reta

    onde, na linguagem da mquina, utiliza-se somente a funo G01. Porm, neste mtodo a

    pea final necessita de considervel tolerncia dimensional, caracterizando-se pelo

    acabamento superficial de baixa qualidade e prejudicando o total desempenho da velocidade

    de avano devido ao elevado nmero de informaes que a mquina precisa processar.

    Interpolao linear/circular: processo que associa a interpolao linear circular,

    utilizando no programa as funes G01, G02 e G03. Este mtodo caracteriza-se por ter menor

    nmero de informao para a mquina processar. Produz bom acabamento superficial por

    representar melhor a geometria real.

  • 9

    Interpolao Spline: utiliza modelos matemticos para representar a trajetria da

    ferramenta, e neste modelo, cada ponto da superfcie pode ser modificado individualmente.

    Nesta linguagem, no haver comandos como G01 e G03, pois haver uma nova codificao

    de dados que representar a trajetria da ferramenta.

    4. Fluxograma da Pesquisa

    Este estudo segue os passos indicados pelo fluxograma apresentado pela figura (3).

    Figura 3- Fluxograma da Pesquisa.

    5. Tcnicas de Otimizao

    Segundo Montgomery e Runger (2003), pode-se dizer que otimizar consiste em

    formular uma tcnica matemtica para avaliar a resposta, ou seja, a varivel de sada, que

    influenciada por diversas variveis de entrada do sistema, isto , as variveis independentes.

    A relao entre a resposta y e as variveis independentes 1

    x , 2

    x , ..., n

    x , pode ser

    expressa conforme uma funo de vrias variveis apresentada na Eq.(5):

    y = f(x1,x2,...,xn) Equao (5).

    Nesse sentido, as variveis da funo da equao podem estar ou no sujeitas a restries,

    sendo elas de igualdade ou desigualdade.

    As tcnicas de otimizao se dividem em tcnicas clssicas e heursticas. A diferena

    entre as duas que a primeira faz uso do clculo, visto em ensino superior, como ferramenta e

    a segunda utiliza formulaes matemticas baseadas em comportamentos observados na

    natureza.

    6. Implementao da Funo Avano de Corte no MatLab

    Duas variveis influenciam significativamente no processo de usinagem: a velocidade

    de corte e o avano por aresta. Isto ocorre por estarem entre um intervalo de valores

    fornecidos em tabelas pelos fabricantes das peas, em que o desempenho do produto final

    depende da escolha correta destes valores.

    Reviso

    bibliogrfica Estudo da

    funo

    avano

    Escolha do

    mtodo

    para otimizar

    Comparar o valor

    encontrado com o

    fornecedor

    Concluso

  • 10

    Com o objetivo de verificar os nmeros mnimos e mximos da velocidade de corte e

    do avano, fornecidos pelos fabricantes, foi realizada uma anlise matemtica de suas

    frmulas. Para tanto, foi considerada a expresso do avano expressa por:

    = . . Equao (6).

    onde:

    Fz o avano por aresta de corte; [mm/revoluo]

    z o nmero de arestas de corte.

    =.1000

    .; Equao (7).

    Vc a velocidade de corte;

    d o dimetro da pea.

    7. Anlise e Resultados

    A funo avano de corte serviu ferramenta escolhida arbitrariamente para se avaliar

    os valores fornecidos pelo fabricante. A pea um inserto APKT de cdigo 5602362,

    utilizada no suporte conhecido como ferramenta End Mil. Seus dados foram inseridos e

    implementados em ambiente de programao MatLab. Esta funo est sujeita s seguintes

    restries: A expresso (6) consiste em uma funo de duas variveis, uma vez que os outros

    termos da frmula so valores constantes. Frente a isto, pode-se trat-la como um problema

    de otimizao multiobjetivo sujeita a restries.

    {

    200 80

    0.20 0.10

    Equao (8).

    Estas restries so colocadas matricialmente no MatLab(ANEXO 1). Frente a isto,

    possvel plotar o grfico da regio vivel do problema.

    Profundidade de corte [mm]

  • 11

    Avano [mm / revoluo] Velocidade de corte [m/min]

    Figura 4- Grafico do Comportamento da Ferramenta.

    Nota-se que a funo avano de corte uma funo simples, na qual sua regio vivel

    no apresenta a presena de muitos mnimos e mximos locais, ficando restrita a valores

    mnimo e mximo localizados nos vrtices da regio. Alm do grfico, possvel tambm

    comprovar esta afirmao encontrando-se o mnimo da funo atravs do MatLab, por meio

    de uma funo denominada fmincon, j com o algoritmo de programao pronto,

    necessitando apenas de que se adapte o problema para utilizar a fmincon.

    Para a utilizao da funo fmincon, deve-se criar um arquivo com a funo objetivo e

    outro para as restries (ANEXO 1).

    Com a implementao da funo fmincon aplicado ao problema deste trabalho, pode-

    se verificar que os valores fornecidos pelos fabricantes da pea so realmente confiveis.

    Baseando-se nos resultados, os valores otimizados foram aplicados no software

    Edgecam para simular o processo de manufatura, a fim de verificar o comportamento dos

    parmetros otimizados.

  • 12

    8. Concluses

    De acordo com os resultados, pode se concluir que os valores mnimos e mximos

    fornecidos pelos fabricantes das ferramentas so realmente confiveis, conforme comprovado

    via utilizao do software Edgecam. No mesmo nota-se que a RPM influencia no processo de

    acabamento e vida til da ferramenta, sem que o tempo seja afetado.

    O avano e a profundidade de corte so influenciados no tempo de usinagem e na vida

    til da ferramenta.

    O objetivo da combinao correta dos parmetros de corte resulta na vida til da

    ferramenta e no tempo de processos, consequentemente, os custos do desempenho final so

    otimizados.

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