processos de formação de palavras - parte 2

19
Prof a . Karen Olivan

Upload: karen-olivan

Post on 22-Jan-2018

469 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Processos de formação de palavras - parte 2

Profa. Karen Olivan

Page 2: Processos de formação de palavras - parte 2

No que o homem se torne coisal

– corrompem-se nele

os veios comuns do entendimento.

Um subtexto se aloja.

Instala-se uma agramaticalidade

quase insana, que

empoema o sentido das palavras.

Aflora uma linguagem de defloramentos, um

inauguramento de falas.

Coisa tão velha como andar a pé

esses vareios do dizer.

BARROS, Manoel. O guardador de águas. RJ: Record, 1998.

Page 3: Processos de formação de palavras - parte 2

Observe que a temática do poema toca justamente na

questão da formação de palavras relacionadas à arte

literária.

Muito coerentemente com a ideia expressa, temos o

termo “inauguramento” (no lugar de “inauguração”), que

rima com “defloramentos”.

As palavras “coisal” e “empoema” são criações do

autor.

Page 4: Processos de formação de palavras - parte 2

“empoema” é um verbo gerado a partir do substantivo

“poema”.

“Empoemar o sentido das palavras” seria dar a elas

características de poema, torná-las artísticas, especiais,

nesse caso, estranhas ao uso comum.

O poeta explora o processo de formação de palavras.

Page 5: Processos de formação de palavras - parte 2

Temos “subtexto” (palavra formada com acréscimo de

prefixo); “agramaticalidade” (nesse caso, gerou-se

primeiro o substantivo “gramaticalidade”, ou seja,

qualidade do que é gramatical – que está conforme a

gramática e, depois, acrescentou-se o prefixo –a para

negar.

Finalmente, então, temos a ideia de que se instala essa

qualidade (“quase insana”), algo que não está conforme

a gramática.

Page 6: Processos de formação de palavras - parte 2

Convém mencionar que se amarra à expressão

“agramaticalidade quase insana” o último verso

“esses vareios do dizer”, sendo que vareios significa

“delírio”).

Veja ainda o jogo criado em “A ora uma linguagem de

defloramentos”, em que temos palavras cognatas, cuja

raiz é or.

A orar nos remete a “nascer a flor”, “surgir”, “mostrar-se”

e de orar é “destruir as ores”, “arrancá-las”, “violentá-

las”.

Page 7: Processos de formação de palavras - parte 2

Pense em como é interessante o sentido aí gerado.

Trata-se de uma violência linguística, por isso nos gera

estranhamento.

Page 8: Processos de formação de palavras - parte 2

Derivação é quando se acrescentam afixos a palavras

primitivas e, assim, surgem novas palavras:

valor → valorizar → desvalorização

sapato → sapataria → sapateiro

governo → governador → desgovernado

Page 9: Processos de formação de palavras - parte 2

Derivação prefixal (ou prefixação)

É o acréscimo de prefixo ao radical, exemplos: infeliz,

descontente, antebraço, impuro, prever, rever, anormal.

Derivação sufixal (ou sufixação)

É o acréscimo de sufixo ao radical, exemplos: facada,

Page 10: Processos de formação de palavras - parte 2

Obs.: há casos em que uma palavra possui prefixo e

sufixo, ou seja, após se obter uma palavra por sufixação,

outra se forma por prefixação ou vice-versa, por

exemplo:

igual → igualdade → desigualdade. feliz

→ felizmente → infelizmente

Atenção: nesses casos, temos derivação prefixal e

sufixal. Não se deve confundir com a derivação

parassintética.

Page 11: Processos de formação de palavras - parte 2

Derivação parassintética (ou parassíntese)

É o acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra

primitiva.

Os derivados parassintéticos não subsistem à retirada

de um dos afixos.

Veja estes exemplos: entardecer e enveredar. Se

retirarmos algum dos afixos, teremos: entarde, tardecer,

envereda, veredar, ou seja, palavras que não existem.

Page 12: Processos de formação de palavras - parte 2

Derivação regressiva (ou deverbal)

Retira-se a parte final da palavra primitiva (geralmente

um verbo), obtendo-se, a partir dessa redução, uma

nova palavra (geralmente um substantivo que indica

ação).

ajudar → ajuda

atacar → ataque

buscar → busca

Page 13: Processos de formação de palavras - parte 2

Derivação imprópria

Não ocorre nenhuma mudança na forma da palavra

primitiva.

Nada é acrescentado nem suprimido, porém ela muda

de classe gramatical.

É um recurso muito utilizado no nosso discurso cotidiano

e, principalmente, em textos literários.

Page 14: Processos de formação de palavras - parte 2

Composição

Se uma palavra é formada por um radical, temos

derivação.

Se uma palavra é formada por dois ou mais radicais,

temos composição.

Page 15: Processos de formação de palavras - parte 2

Composição por justaposição

Os dois radicais que formam o composto são postos

lado a lado, sem que haja alteração fonética neles:

arranha-céu, guarda-roupa, pé de moleque, girassol.

Composição por aglutinação

É quando ao menos uma das palavras primitivas sofre

queda ou substituição de fonema: aguardente (água +

ardente), planalto (plano + alto), vinagre (vinho + acre).

Page 16: Processos de formação de palavras - parte 2

Outros processos de formação de palavras

Abreviação ou redução

Consiste na eliminação de um segmento de uma palavra

a m de se obter uma forma reduzida.

Siglonimização

É um processo de formação de siglas. Trata-se da

combinação das letras iniciais de uma sequência de

palavras.

Page 17: Processos de formação de palavras - parte 2

Onomatopeia

Forma-se nova palavra por meio da imitação de sons –

nhein ... nheinhein... renheinhein...

Neologismo

Trata-se do acréscimo de significados a determinadas

palavras sem que elas passem por qualquer processo de

modificação formal.

Page 18: Processos de formação de palavras - parte 2

Empréstimos linguísticos

Trata-se da incorporação de palavras provindas de

línguas estrangeiras. (arroz árabe).

Hibridismo

É a combinação entre elementos de línguas diferentes

para formar palavras. (automóvel).

Page 19: Processos de formação de palavras - parte 2

Profa. Karen Olivan