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CIRCULAR TÉCNICA NQ 3 ISSN 0102-938X Maio, 1989 PROCESSOS DE APLICAÇÃO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL Aldemir Chaim Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Vinculada ao Ministério da Agricultura Centro Nacional de Pesquisa de Defesa da Agricultura - CNPDA Jaguariúna, SP

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CIRCULAR TÉCNICA NQ 3 ISSN 0102-938X

Maio, 1989

PROCESSOS DE APLICAÇÃO DE PRODUTOSFITOSSANITÁRIOS E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

Aldemir Chaim

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPAVinculada ao Ministério da AgriculturaCentro Nacional de Pesquisa de Defesa da Agricultura - CNPDAJaguariúna, SP

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Copyright c EMBRAPA - 1989

Exemplares desta publicação podem ser solicitados ao:CNPDARodovia SP-340, Campinas/Mogi-Mirim, km 127,5Caixa Postal 6913.820 - Jaguariúna, SP

Tiragem: 500 exemplares

Comitê de Publicações:Presidente: Wagner BettiolSecretária: Maria Amélia de Toledo LemeMembros~ Antonio Luiz Cerdeira

João Carlos CanutoMargarida M. Hoepner ZaroniReinaldo Forster

Capa: Pulverizador pneumático eletrostático costal ma-nual.

Chaim, AldemirProcessos de aplicação de produtos fitossani-

tários e contaminação ambiental / Aldemir Chaim.Jaguariúna : EMBRAPA-CNPDA, 1989.24p. (EMBRAPA. CNPDA. Circular Técnica,

3)

1. Defensivos agrícolas - Técnicas de aplica-ção. 2. Meio ambiente - Contaminação. I. Título.11. Série.

CDD 632.94

Os trabalhos editados pelo Comitê de Publicaçoes-CNPDArefletem exclusivamente a opinião do(s) autor(es).

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SUMÁRIO

Introdução .....•......................•........ 5Classificação dos sistemas de aplicação ..•.•••• 6Aplicaç~es de liquido ....•...........••.•...... 8Fundamentos da pulverização .....•.....••....... 9O sistema atual de aplicação e contaminação am-biental •.•......................•....•......... 17Perspectivas da tecnologia de aplicação de pro-dutos fitossanit~rios .............••...•....... 19Consideraç~es finais 22Referências bibliográficas ...........•••....... 23

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PROCESSOS DE APLICAÇAo DECONTAMINAÇAo

PRODUTOS FITOSSANITÁRIOSAMBIENTAL

E

. . 1Aldemlr Chalm

INTRODUçAoAs plantas que fornecem alimentos aos homens, sofr~

ram processos de seleção que, em alguns casos,duraram mi-lênios e hoje não teriam condições de sobrevivência se nãolhes fossem propiciadas as condições exigidas para o seudesenvolvimento. Isto ocorreu porque o homem sempre proc~rou maior produção, mesmo que a cultura exigisse um melOrelativamente artificial para desenvolver-se.

Atualmente a necessidade crescente de alimentos, a-liada às facilidades e rapidez da mecanização, tem propoLcionado o cultivo em áreas extensas, de uma única espécievegetal durante anos consecutivos. Isto tem causado o ap~recimento de pragas, doenças e ervas daninhas que afetamnegativamente a produção da cultura. Assim o homem tem sido obrigado, cada vez mais, a usar os produtos químicosfitossanitários para evitar as perdas de produção ocasio-nadas por problemas fitossanitários.

Sem dúvida, os produtos fitossanitários têm sidoas armas mais poderosas e eficazes na incessante guerracontra as pragas. Entretanto, seu uso abusivo tem provoc~do o aparecimento de efeitos colaterais perigosos ao meioambiente não alvo, com sérias consequências, até mesmo p~ra a vida humana.

A ignorância do homem quanto ao correto emprego dosprodutos fitossanitários e de suas consequências nos or~nismos não alvos, aliada às inadequadas técnicas de apli-cação, tem contribuído bastante para o aumento dos efei-tos indesejáveis ao meio ambiente.

Gasta-se milhões de dólares para desenvolver produ-

1Eng. - Agr., MSc., EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisade Defesa da Agricultura, Caixa Postal 69, CEP 13820,Jaguariúna, SP.

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tos extremamente eficazes contra as pragas, mas atualmen-te utilizam-se os mesmos princípios de aplicação baseadosnos bicos cones e leques que foram desenvolvidos no sécu-lo passado. Graham-Bryce (1977) tem estimado que somente0,02% de um inseticida aplicado é realmente utilizado pa-ra o controle efetivo de um inseto. A quantidade de ingr~diente ativo necessária para o controle do organismo alvoe o alto consumo de energia para as finalidades a que sedestina, tem contribuído para que Himel (1974) eHutherford (1985) classifiquem o atual sistema de aplica-ção como o processo industrial mais ineficiente do mundo.

Os altos custos dos derivados de petróleo aliadosà pressão crescente da sociedade, para que menos produtosquímicos sejam lançados no meio ambiente tem estimulado apesquisa na área de tecnologia de aplicação. Recentes inQvações tecnológicas têm sido introduzidas apresentando r~sultados satisfatórios. Mas os avanços tecnológicos só PQdem contribuir efetivamente, se o agricultor ou trabalha-dor rural receber maior orientação a respeito do uso ra-cional de produtos fitossanitários.

Pretende-se apresentar com esta revisão, alguns prQblemas bem como algumas propostas para minimizar os ris-cos de contaminação humana e ambiental, ocasionados peloatual sistema de aplicação de produtos fitossanitários.

CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE APLICAÇÃO

Os produtos químicos usados no controle das pragas,são muito eficazes. Normalmente, são necessários poucosgramas do ingrediente ativo por hectare para o controledo organismo alvo. Entretanto, os equipamentos de aplica-ção em uso, não apresentam condições técnicas para espa-lhar poucos gramas ou mililitros uniformemente por hecta-re e, além disso, seria extremamente perigoso manipularprodutos puros. Por esse e por outros motivos os ingredi-entes ativos devem estar preparados numa "forma" em quepossam ser usados e espalhados uniformemente em grandesáreas. Essa preparação do ingrediente ativo na "forma" a-dequada para o uso é denominada de "formulação". De acor-do com o material diluente das formulações, elas podem

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ser classificadas em: formulações sólidas, líquidas e ga-sosas. Assim, os métodos de aplicação também podem serclassificados em: aplicação de sólidos, aplicação de lí-quidos e aplicação de gases.

A aplicação de gases por ter seu uso bastante res-trito não será considerada.

A aplicação de sólidos pode ser subdividida de aco~do com a granulometria das partículas em: aplicação depós e aplicação de grinulos.

O pó é um termo aplicado para partículas secas menQres ~ue 30 micrometros de diimetro. A formulação pó seco,contem normalmente, 0,5% a 10% de ingrediente ativo. Aaplicação de pó é feita normalmente por aparelhos denomi-nados polvilhadora que são constituídos basicamente deum depósito, um agitador, um sistema dosador alimentadore uma fonte de movimentação de ar. O ar em movimento ar-rasta as partículas liberadas pelo sistema alimentador dQsador produzindo uma nuvem turbulenta de pó que deverá a-tingir e se depositar na superfície alvo. Este sistematem uma vantagem principal de que o produto usado não pr~cisa ser diluído ou misturado pelo usuário. Entretanto,o produto é comercializado em baixa concentração e assim,o custo por unidade de ingrediente ativo se torna maiselevado. Durante a aplicação o vento pode levar o produtopara áreas não alvo e além disso, as partículas deposita-das não têm boa aderência e podem igualmente ser levadaspelo vento ou lavadas pela chuva. O risco de inalação departículas pelos operadores, durante o manuseio e aplica-ção deste tipo de formulação é elevado. Estes e outros mQtivos têm contribuído para que esta formulação seja cadavez menos usada atualmente.

A aplicação de grinulos é feita a lanço ou por equipamento denominado granuladora. A granuladora também éum equipamento simples, constituído de um depósito e umsistema dosador. Sem dúvida, a formulação granular é aque oferece maior segurança aos aplicadores. Normalmente,os produtos de maior toxicidade ao ser humano são formulados como grinulos, devido à segurança que este tipo d;formulação oferece. Entretanto, a concentração de ingre-diente ativo é normalmente baixa e o custo por unidade

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de ingrediente ativo transportado se torna alto. Devidoaos problemas de deposição que esta formulação oferece,existem poucos produtos no mercado, sendo a maioria delesde ação sistêmica. Atualmente, estão sendo desenvolvidosprodutos microencapsulados de liberação lenta que minimi-za ainda mais os riscos de contaminação dos operadores.Contudo, o pequeno número de produtos no mercado, não ju~ti ficaria a compra pelos agricultores, de um equipamentoespecífico de aplicação. Normalmente o agricultor tem pr~ferência por um equipamento mais versátil, que aplique ummaior número de produtos, face aos diferentes problemasfitossanitários que existe na agricultura.

Assim, a maioria das aplicações dos produtos fitos-sanitários é feita por via líquida com os pulverizadores.

O líquido empregado na pulverização é uma calda pr~parada com a diluição de uma formulação de produto fitos-sanitário em água ou outro líquido especial. O produtoquímico pode ser formulado como pó solúvel, pó molhável,concentrado solúvel, concentrado emulsionável, UBV (ultrabaixo volume) e outras.

APLICAÇÕES DE LíQUIDO

Normalmente a aplicação de líquidos é feita porpulverizadores que apresentam três características co-muns. O líquido é armazenado em um recipiente (tanque) doqual é removido por uma bomba de pressão ou sistema dealimentação por gravidade, para uma ou mais saídas chama-das de "bico". O termo "bico" é utilizado aqui para desiznar qualquer artifício que promova a ruptura do líquidoem gotas, dispersando-as à curtas distâncias. As distri-buições mais distantes das gotas são influenciadas, prin-cipalmente, pelo movimento do ar ambiente. Em determina-dos pulverizadores, usam-se jatos de ar auxiliares parapropelir as gotas para longas distâncias.

Na maioria dos casos a quantidade de líquido a serpulverizada é dosada pelo próprio bico, mas em alguns ca-sos, como os de pulverizadores costais motorizados, exis-te um sistema dosador constituído de um orifício especialdenominado "célula dosadora".

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o bico é a parte mais importante de um pulveriza-dor e, apesar disso, ele é negligenciado e raras vezes échecado para assegurar que os caríssimos produtos quími-cos sejam aplicados na dosagem correta. Não existem bicosuniversais e assim são usados diferentes modelos para seconseguir o espectro de gotas adequado. É necessária ene~gia para romper o líquido em gotas, e os bicos podem serclassificados de acordo com a energia utilizada, isto é,energia hidraúlica, centrífuga, cinética e elétrica. ATabela 1 fornece uma classificação dos bicos de pulveriz~ção, de acordo com a energia utilizada, bem como os seusprincipais usos.

FUNDAMENTOS DA PULVERIZAÇAoO alvo biológico

Um produto fitossanitário necessita ser aplicado em"alvos". Esses "alvos" podem ser áreas ocupadas por uminseto, doença ou erva daninha. Normalmente o agricultorcompra produtos fitossanitários para "espalhar" sobre asculturas, porque tem sido aceito que a aplicação só é eficiente quando o produto é uniformemente distribuído sobretodas as superfícies das plantas, e quando a maior partepossível é retida pela "área" para a qual foi destinado ,isto é, a recuperação seja maximizada (Joyce et alii ,1977). Estes conceitos de "alvo" e de "eficiência" são asprimeiras causas dos efeitos indesejáveis da pulverizaçãonas culturas, e que tem levado Himel (1974) e Rutherford(1985) a descreverem o atual sistema de aplicação como o"processo industrial mais ineficiente que existe no mun-do".

Brown (1951) já informava, que eram necessarlOS0,03 microgramas de um determinado produto para matar uminseto; para uma população de um milhão, seria necessá-rio que 30 miligramas atingisse os alvos. Mas baseadosnos falsos conceitos de "eficiência" e "alvo", eram apli-cados 3000 vezes a dose necessária para o controle efeti-vo no campo. Mais tarde, Joyce et alii (1977) calcularamexperimentalmente que para matar a população de 10000

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lagartas Heliothis armígera HB no primeiro estádio (poPQlação esta, capaz de causar dano econômico na cultura dealgodão) seriam necessários apenas 100 microgramas deDDT, entretando eram aplicados 10.000.000 vezes (1 kg) adose necessária.

A aplicação de produtos fitossanitários é eficaz,mas não é eficiente, pois a eficiência da aplicação sópode ser conseguida com uma definição mais rigorosa do a~vo biológico, que deve ser selecionado levando em consid~ração o conhecimento dos hábitos da praga e o caminho quedeve ser usado pelo produto para atingir esse alvo(Courshee, 1960).

A definição do alvo biológico necessita de um conhecimento da biologia da praga, para que se saiba em qualestádio ela é mais vulnerável ao produto. Por exemplo, osinsetos tem vários estádios distintos durante o seu ciclode vida como ovo, ninfa e adultos ou estágios larvais epupais distintos.

É necessário muito menos produto para matar uma la-garta quando ela emerge do ovo eclodido, do que quandoo inseto já está no final do seu ciclo de metamorfose.Ta~bém, na fase inicial ela se alimenta de muito pouco e osdanos são bem menores às plantas.

Outra maneira de controlar os insetos, seria atra-vés da destruição de adultos, apesar de, em alguns casos,não produzirem danos nesta fase; mas evitar-se-ia a con-cepção de sua descendência.

A posição dos alvos pode variar bastante numa cultQra, pois no caso de doenças ou insetos, existe quase sem-pre uma região mais propícia na planta. Por exemplo emmuitos casos os esporos dos fungos só conseguem penetrarpela página inferior das folhas. No caso de insetos, al-gumas espécies sobrevivem nos ponteiros das plantas, ou-tras nas partes medianas. Assim, para cada caso específi-co existe uma maneira de fazer o produto atingir mais fa-cilmente a praga.

O objetivo da aplicação de produtos fitossanitáriosdeve ser sempre colocar a quantidade de ingrediente ati-vo certa no alvo desejado, com a máxima eficiência, damaneira mais econômica possível, sem afetar o meio ambie~

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te. Mas a tendência atual é ainda, tentar cobrircompletamente com uma película tóxica, com o usorização em grandes volumes de líquido, embora naisto raramente possa ser conseguido.

a plantada pulv~

prática

Volumes de aplicação

A aplicação a alto volume tem sido definida comoaquela em que a pulverização é feita até o ponto que aplanta não consegue reter mais o líquido nas suas folhas,ocorrendo o escorrimento (Johnstone, 1973). Entretanto, ocusto de combustível gasto com as aplicações a alto volu-me, bem como os problemas de abastecimento durante as op~rações contribuiram para que os volumes de aplicações fo~sem reduzidos até um ponto mínimo, que define o outro li-mite das categorias de aplicação, ou seja, o ultra baixovolume que é dado como o volume mínimo compatível com ocontrole econômico (Matthews, 1982).

O volume empregado para distribuir os produtos fi-tossanitários é tão variável que existem diversas classi-ficações, mas uma, apresentada por Matthews (1982), pos-sui a particularidade de levar em consideração o porte dacultura e pode ser observada no Quadro 1.

Quadro 1. Categorias de aplicação segundo Katthews (1982)

Designação VOLUME (Ilha)Cultura rasteira Arbustos e árvores

Alto volumeMédio volumeBaixo volumeMuito baixo volumeUltra bàixo volume

600200 - 600

50 - 2005 - 50

5

1000500 - 1000200 500

50 20050

Importância das gotas na pulverização

Como os produtos químicos são biologicamente muitoativos a eficiência da aplicação só pode ser melhorada

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se, em vez de tentar molhar a planta toda, for se1ecion~-do um tamanho ótimo de gota para aumentar a quantidade doproduto que atinge o alvo. É necessário muita pesquisa p~ra se definir qual o tamanho ótimo das gotas que devem sedepositar nos diferentes alvos.

O tamanho das gotas tem importância fundamentalquando se deseja aplicar os produtos eficientemente com omínimo de contaminação ambiental. As gotas de pulveriza-ção são geralmente classificadas, de acordo com o seu ta-manho. A Organização Mundial de Saúde (1976) tem adotadoas seguintes definições:

AEROSSOL - distribuição de gotas com diâmetro medi~no do volume inferior a 50 micrometr9s.

NEBULIZAÇÃO - distribuição de gotas com diâmetro m~diano do volume compreendido entre 50 e 100 micrometros.

PULVERIZAÇÃO FINA - distribuição de gotas com diâm~tro mediano do volume compreendido entre 100 a 400 micro-metros.

PULVERIZAÇÃO GROSSA - distribuição de gotas com diimetro mediano do volume superior a 400 micrometros.

Uma outra classificação, apresentada por Matthews(1982), pode ser observada na Tabela 2.

Tabela 2. Classificação do tamanho das gotas de pulveriz~ção segundo Matthews (1982).

Classificação dos tamanhosdas gotas

Diâmetro medianodo volume

(micrometros)Aerossol - ("aerosol")Neblina - ("mist")Pulverização fina ("fine spray")Pulverização média ("medium spray")Pulverização grossa ("coarse spray")

5051 - 100

101 - 200201 - 400

400

O parâmetro mais comumente empregado para definir otamanho das gotas é o diâmetro mediano do volume (dmv) m~dido em micrometro. O dmv é o diâmetro da gota que divideo volume total de uma amostra representativa em duas par-tes iguais, ou seja, metade do volume total da amostra

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contém gotas menores e a outra metade do volume é consti-tuida de gotas maiores que a do dmv. O valor do dmv sozi-nho não é um bom indicador do tamanho das gotas, porqueumas poucas gotas grandes são as maiores responsáveis dovolume total de amostra. Assim, um outro parâmetro, o di~metro mediano do número (dmn) é usado em conjunto com ou-tro. O dmn é o diâmetro da gota que divide o número totalde uma amostra representativa em duas partes iguais, demaneira que a metade do número total das gotas são meno-res e a outra metade é constituida de gotas maiores que odmn. Com o dmv e o dmn são afetados pelas gotas grandese pequenas, respectivamente a relação entre estes dois p~râmetros é usada frequentemente com uma indicação da uni-formidade do tamanho das gotas, de uma amostra. Neste ca-so, a amostra é constituída de gotas de tamanho mais uni-formes quando a relação dmv/dmn é próxima de 1.

Coleta das gotas pelos alvosAs gotas são coletadas pelos insetos ou superfícies

das plantas de duas formas: por sedimentação ou por impa~to. Esta última tem importância particularmente para asgotas aerossois (50 micrometros). Estudo sobre o impactode gotas tem demonstrado uma interação complexa entre otamanho das gotas, o obstáculo na sua trajetória e a suavelocidade relativa. Em geral, a eficiência da capturadas gotas aumenta com o tamanho e velocidade das mesmasem relação ao obstáculo, e diminui quando este último au-menta em tamanho.

Em muitos casos, para fazer uma distribuição unifo~me do produto da planta, é necessário que as gotas pene-trem no interior da folhagem. O principal fator que afetaa penetração é o tamanho das gotas. As gotas grandes são"filtradas" pelas folhas mais externas das plantas, istoé, elas se chocam, se coalescem e caem no solo, provocan-do perdas que contaminam o solo. Já as pequenas gotas de~viam das folhas mais expostas e se depositam nas partesinternas da planta.

É necessário pesquisa intensiva para se conhecer otamanho ótimo da gota para um determinado alvo, masMatthews (1982) apresenta uma generalização do tamanho

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ideal de gotas para alvos selecionados que é mostrado naTabela 3.

Tabela 3. Faixas de tamanho ótimo de gotas para alvos se-lecionados (segundo Matthews, 1982).

Alvo Tamanho das gotas(micrometros)

Inseto em vôoInseto sobre folhagemFolhagemSolo (e para prevenir deriva)

103040

250

5050400400

Fatores físicos que afetam as gotasQuando se faz uma pulverização a alto volume, o ta-

manho das gotas não é muito considerado, porque a inten-ção é molhar a planta inteira. Mas, com a tendência na r~dução do volume de aplicação, o controle das pragas só PQde ser obtido com um grande número de gotas pequenas.

O número de gotas por volume pulverizado aumentaconsideravelmente à medida que o tamanho da gota produzi-da diminui. O Quadro 2 serve para exemplificar o fato.

Quadro 2. Número médio (teórico) de gotas que caemcentímetro quadrado, quando se aplica umpor hectare (gotas de espectro uniforme).

porlitro

Diâmetro da gota(micrometro)

número de gotas por cm2

102050

100200400

1000

19.0992.387

15319

2,40,2980,019

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a) Efeito da evaporaçaoA medida que se diminui o diâmetro das gotas a área

superficial do líquido aumenta consideravelmente. Conse-quentemente, a evaporação também aumenta. Assim, uma dasprincipais desvantagens quando se usa água com diluenteno preparo das caldas de pulverização é a volatilidade.Segundo Matthews (1982), uma gota de 50 micrometros deágua em queda em ar parado, numa temperatura de 20 C e80% de umidade relativa percorreria no máximo uma distân-cia de 0,5 m e teria um tempo de vida de 14 segundos. Jáuma gota de 200 micrometros percorreria uma distância de136,4 m e duraria 227 segundos.

b) Efeito da derivaAs gotas pequenas, devido ao seu pequeno peso po-

dem demorar minutos para cair. Durante este tempo ficamsujeitas à ação da evaporação e também podem ser arrasta-das pela ação dos ventos, à distâncias consideráveis, ca~sando consequentemente problemas a organismos não alvo.Por exemplo, Matthews (1982) descreve que, em vento cons-tante de 4,5 Km/h paralelo ao solo, uma gota de um micro-metro liberada a 3 m de altura, poderia teoricamente per-correr 150 Km , antes de depositar-se; uma gota de 250micrometros depositar-se-ia a 6 m do local de liberação(se seus tamanhos permanecessem os mesmos).

Cobertura da pulverizaçãoPara conseguir uma boa cobertura de superfície a

ser tratada, pode-se lançar mão da aplicação a alto volu-me (até o escorrimento) usando um grande volume de caldadiluida e gotas grandes, ou então com um menor volume decalda concentrada usando gotas menores.

Nas aplicações com menores volumes, quando se utilizam gotas pequenas, o aplicador precisa conhecer a densi-dade de gotas necessárias e sua distribuição no alvo. Essadistribuição se torna mais importante quando o produtotem ação por contato.

Para os insetos que se movimentam muito como as Cl-

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garrinhas, o controle pode ser conseguido sem uma compl~ta cobertura da planta. Mas para o controle de cochoni-lhas, que são insetos imóveis, é necessário um critériode densidade de gotas mais rigoroso e mais homogêneo, u-sando a probabilidade do impacto direto da gota sobre oinseto.

o SISTEMA ATUAL DE APLICAÇÃO E CONTAMINAÇÃO AMBIENTALA contaminação do meio ambiente com produtos fitos-

sanitários pode ocorrer durante o seu transporte para apropriedade, durante o período de armazenamento, duranteo preparo da calda, durante a aplicação e durante a lava-gem das roupas e equipamentos usados pelos operadores.

O transporte de produtos pode ser perigoso, princi-palmente, quando as embalagens são frágeis. A tampa dosfrascos pode apresentar problemas de vedação. Frascos devidro ou de plástico e até mesmo as embalagens de papel,podem romper-se e contaminar o veículo de transporte. Aconsequência maior, estaria na fato da reutilização doveículo para transportar alimentos, que poderiam sofrercontaminação, trazendo sérias consequências para os cons~midores.

Durante a armazenagem podem também ocorrer danos naembalagem, provocando problemas. Um outro fator importan-te é a temperatura no interior do "armazém". As temperat~ras mais altas podem provocar o aparecimento de pressõesinternas nos frascos contribuindo para a ruptura de emba-lagem ou mesmo, proporcionando o risco de contaminaçãode pessoas durante a abertura da mesma. Podem também seremanados gazes tóxicos, principalmente daquelas embala-gens que não foram totalmente esvaziadas, ou que foramcontaminadas externamente por escorrimentos durante ouso. Estes vapores ou gases podem colocar em risco a vidade pessoas ou animais da redondeza.

O preparo da calda é uma das operações mais perigo-sas para o homem e o meio ambiente, pois o produto é man~seado em altas concentrações. Normalmente esta operação éfeita próximo a pontos de captação de água, como poços,rios, lagos, açudes etc. Geralmente ocorrem escorrimentos

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e respingos que atingem o operador, a máquina, o solo e osistema hidrico, promovendo desta forma a contaminaçio deorganismos nio alvos, principalmente daqueles que usarioágua para a sua sobrevivência.

O destino das embalagens vazias é atualmente um prQblema extremamente grave. Normalmente elas sio deixadasamontoadas, próximas dos poutos de captaçio de água, qua.!!.do nio sio utilizadas para fins diversos. Nio existe atéo momento uma maneira prática e totalmente segura paradestruir ou eliminar as embalagens vazias. Em alguns pai-ses, vem sendo recomendado que o agricultor enxague trêsvezes as embalagens e utilize a água de lavagem no tanquede pulverizaçio. Isto representa uma expressiva economiade produto para o agricultor, além de eliminar parte dosresiduos que seriam deixados com a embalagem no meio ambiente.

A maioria das aplicações de produtos quimicos parao controle de pragas é feita com o produto diluido emgrandes volumes de água. Normalmente, a intençio do agr1-cultor é molhar a planta. Porém, tem sido estimado quesomente 30% do liquido aplicado é retido na planta e orestante cai diretamente no solo ou é perdido por evapor~çio. Estas perdas elevadas, têm sido a maior causa da va-riaçio de populaçio de organismos nio alvo.

A seleçio do volume liquido para que um produto po~sa ser aplicado é deixado a critério do usuário. Algumasrecomendações dio uma faixa de 200 a 1000 Ilha. Na práti-ca, um mesmo volume é usado para uma grande variedade depragas e é normalmente determinado pela vazio dos bicosde pulverizaçio que o usuário dispõe.

O estádio de desenvolvimento da cultura nem sempretem sido levado em consideraçio. Por exemplo, um mesmo volume de liquido é usado tanto para uma cultura de 20 cmde altura e uma determinada área foliar, como para a mes-ma cultura quando apresenta 70 cm de altura e com umaárea foliar muito maior. Assim, na primeira situaçio podeocorrer um desperdicio de produto e na segunda uma cober-tura inadequada.

Um equipamento de aplicaçio de produtos fitossanitÁr10S custa, às vezes, muito mais que o automóvel do agri-

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cultor, mas raras vezes recebe os mesmos cuidados de lim-peza e manutenção. Normalmente, o equipamento de aplica-ção não é lavado, mas se isso ocorre, as águas residuaispodem ocasionar sérios problemas.

Não existem roupas de proteção de operadores adequ~das às condições climáticas brasileiras. Desta forma, re-comenda-se que o operador use pelo menos uma roupa comum(calça comprida, camisa de mangas compridas, chapéu deabas e botas) que deve ser usada exclusivamente nas pulv~rizações. Esta roupa deve ser lavada em local adequado,após cada dia de jornada de trabalho. Na prática o individuo usa uma roupa qualquer que é lavada nos fins de sema-na, junto com as outras roupas dos familiares. A água delavagem normalmente é lançªda em esgoto a céu aberto, nomeio das criações da propriedade.

O despreparo do agricultor e seu desconhecimentoa respeito dos perigos que os produtos fitossanitários a-presentam, associados à atual tecnologia de aplicação co~tribuem assim, cada vez mais, para o aumento da contamin~ção ambiental.

PERSPECTIVAS DA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃODE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS

A crescente pressão que a sociedade tem exercido p~ra se reduzir o uso de produtos fitossanitários na agri-cultura, tem forçado as empresas multinacionais a investirem em pesquisas na área de tecnologia de aplicação.

A Imperial Chemical Industries (ICI) colocou nomercado mundial um pulverizador eletrohidrodinâmico dese~volvido por Coffee (1979). O pulverizador cujo nome comercial é "Electrodyn" é extremamente econômico e tem apre-sentado excelentes resultados de controle com a aplicaçãode menos de um litro de calda por hectare. Os produtos fitossanitários usados no equipamento são comercializadospré-embalados, prontos para o uso em frascos denominados"Bozzle", que já se apresentam com o próprio bico de pul-verização do aparelho. O equipamento é bastante adequadopara o uso por pequenos agricultores, pois as operaçõesde funcionamento são simples e práticas, e os riscos de

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contaminação do operador são bastante reduzidos em rela-ção ao pulverizador costal convencional.

As adaptações de dois processos de pulverização e-letrostático, um usado em pintura industrial descrito porMiller (1973) e outro usado em impressora de computadoresdescrito por Swatick (1973), permitiram Chaim (1984) de-senvolver um pulverizador eletrohidrodinâmico para o usodos agricultores. O equipamento desenvolvido pelo autorse constitui de uma fonte alta de tensão alimentada poruma bateria de corrente contínua (pilhas comuns), um su-porte para transporte manual, um depósito de líquido comcapacidade de um litro, e um dispositivo pulverizadorconstituido basicamente de um par de eletrodos. Um deles,um eletrodo circular, é aterrado e o outro, o próprio bi-co mantido em alta voltagem positiva (22 kV), permite olíquido fluir por uma estreita fresta circular, para rec~ber a ação conjunta da força oriunda da presença da cargaeletrostática na própria superfície do líquido e da forçade um intenso campo elétrico divergente, e ser consequen-temente pulverizado. O equipamento não possui nenhuma pe-ça móvel e o consumo de energia para a geração das gotasé menor que qualquer outro processo de pulverização come~cialmente em uso no momento. O espectro das gotas produz~das é muito estreito, ou seja, apresentam tamanho muitopróximos. Da mesma forma, as gotas apresentam cargas ele-trostáticas semelhantes; consequentemente, devido a umarepulsão mútua existente entre elas, ocorre uma uniformi-zação de distribuição dos depósitos da pulverização. QuaQdo uma nuvem de gotas eletrostaticamente carregadas seaproxima de uma planta, ocorre o fenômeno de indução e aplanta fica eletricamente carregada, mas com carga de si-nal oposto ao das gotas. Assim, as gotas são fortementeatraídas para a superfície vegetal, ocorrendo expressivadeposição até mesmo na página inferior das folhas. Em te~tes de campo, com a cultura do amendoim que apresenta umapraga chave, o trips (Enneothrips flavens Moulton, 1941 )de difícil controle, pelo fato de sobreviver entre os fo-1íolos ainda fechados, foi possível reduzir 50% do ingre-diente ativo deltametrin, para manter a população da pra-ga em um nível que não causasse dano econômico.

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Endacott (1983) comprovou que a contaminação do so-lo proporcionada pelo sistema eletrohidrodinâmico, situa--se entre 1/10 a 1/20 daquela produzida por um sistema hidráulico convencional.

Entretanto, devido às características intrínsecasdo processo de pulverização eletrohidrodinâmico, o siste-ma apresenta deficiência quanto à penetração das gotas nointerior do dossel das plantas, bem como em suas partesmais baixas. O fator mais limitante do sistema é sem dúvida a formulação que deve ser especial, ou seja, deve terdeterminadas características elástico-viscosas, tensão SQperficial e resistividade elétrica adequadas para a pulv~rização eletrohidrodinâmica.

Atualmente estamos desenvolvendo no Centro Nacionalde Pesquisa de Defesa da Agricultura-EMBRAPA, um protóti-po de pulverizador eletrostático que elimina parte das d~ficiências do sistema eletrohidrodinâmico. O equipamentoé costal manual (alavanca) e o líquido recebe a carga el~trostática num bico pneumático especial. Com este sistemaé teoricamente possível pulverizar qualquer tipo de formQlação líquida. O ar pulveriza o líquido no bico pneumáti-co, arrasta as gotas eletrostaticamente carregadas para ointerior da folhagem, melhorando consequentemente a depo-sição em relação ao sistema eletrohidrodinâmico. Desdeque padronizadas, as embalagens dos produtos poderiam se~vir como tanque do pulverizador. Assim as formulações vi-riam prontas para o uso e isso evitaria o preparo da cal-da, eliminando consequentemente um risco de contaminação.As embalagens vazias poderiam ser recolhidas pelas indús-trias para serem reprocessadas e isso contribuiria parauma sensível redução da poluição que esse material causaatualmente no meio agrícola. A alavanca do equipamento éreversível, e isso permite que o aplicador use, indifereQtemente, a mão esquerda ou a direita para movimentá-la.

O sistema hidráulico convencional também tem rece-bido inovações técnicas que visam a redução da contamina-ção dos operadores e do meio ambiente.

Equipamentos de grande porte, tem recebido sistemasque retiram o produto diretamente das embalagens, lançan-do-os automaticamente nos tanques, evitando que o opera-

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dor entre em contato com o produto químico. são os chama-dos "sistemas fechados de abastecimento".

Um sistema mais sofisticado descrito por Gebhardtet alii (1981) apresenta dois circuitos distintos. Um de-les só trabalha com água pura e o outro com o produto quimico. O circuito do produto químico apresenta uma bombade alta pressão, que retira o produto da embalagem e o iQjeta no circuito da água numa câmara misturadora próximaaos bicos hidráulicos. Neste sistema o produto químiconunca atinge o tanque de água e são diminuidos os riscosde contaminação dos abastecedores de água. Não existetambém, o perigo do agricultor errar na dose do produtoque será lançada no campo. Consegue-se assim solucionarmuitos problemas de contaminação que ocorrem naturalmentedurante o abastecimento e aplicação.

Está sendo desenvolvido, na Faculdade de CiênciasAgrárias de Veterinárias-UNESP de Jaboticabal, um pulverizador intermitente para citros. O equipamento apresentaum sistema de foto-célula que aciona o pulverizador sem-pre que a máquina passa próximo às plantas cítricas. Nosintervalos entre as plantas o pulverizador permanece des-ligado. Consegue-se desta forma reduzir sensivelmente oconsumo de calda e a contaminação do solo (Matuo, 1987).

Enfim, estão sendo testadas inúmeras descobertas einvenções para reduzir o consumo de produtos fitossanitá-rios, bem como para evitar a contaminação do agroecossis-tema. Entretanto, os investimentos na pesquisa para solu-cionar os problemas da aplicação con t i r.uam sendo muitoaquém daqueles feitos no desenvolvimento de novos produ-tos fitossanitários.

CONSIDERAÇÕES FINAISDe um modo geral, há carência de pesquisadores e de

instituições de pesquisas envolvidas em estudo de tecnologias de aplicação de produtos fitossanitários no Brasil.Desta forma, o país importa tecnologias, que na malorlados casos, não estão adaptadas à realidade da agriculturabrasileira.

As empresas que fabricam os equipamentos de aplica-

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çao deveriam levar em consideração, durante a elaboraçaodos seus projetos, não só os aspectos comerciais das má-quinas, mas também os riscos potenciais de contaminaçãoque elas possam apresentar para o homem e o meio ambien-te.

Deveria ser incentivado o treinamento de especiali~tas na área de assistência técnica e extensão rural, paraque as inovações e informações obtidas com a pesquisa emtecnologia de aplicação fossem constantemente repassadaspara a mão de obra rural, enfatizando consequentemente ocorreto emprego das técnicas e dos produtos fitossanitá-r10S.

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