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1 Processo de Contra-Ordenação n.º 42/2008 Processo comum Decisão Ao abrigo do disposto nos artigos 408.º, n.º 1 do Código dos Valores Mobiliários (CdVM), aprovado pelo Decreto-Lei 486/99, de 13 de Novembro, e 9.º, alínea p), do Estatuto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 473/99, de 8 de Novembro, o Conselho Directivo da CMVM fez seguir o presente processo de contra-ordenação contra: Jorge Manuel Jardim Gonçalves, titular do bilhete de identidade n.º xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residência na xxx (também nomeado como Jardim Gonçalves ou JG); (fls. 13667-13671) Filipe de Jesus Pinhal, titular do bilhete de identidade n.º xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residência na xxx (também nomeado como Filipe Pinhal ou FP); (fls. 13667-13671) António Manuel de Seabra e Melo Rodrigues, titular do bilhete de identidade n.º xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residência na xxx (também nomeado como António Rodrigues ou AR); (fls. 13667-13671)

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  • 1

    Processo de Contra-Ordenao n. 42/2008

    Processo comum

    Deciso

    Ao abrigo do disposto nos artigos 408., n. 1 do Cdigo dos Valores Mobilirios

    (CdVM), aprovado pelo Decreto-Lei 486/99, de 13 de Novembro, e 9., alnea p), do

    Estatuto da Comisso do Mercado de Valores Mobilirios (CMVM), aprovado pelo

    Decreto-Lei n. 473/99, de 8 de Novembro, o Conselho Directivo da CMVM fez seguir

    o presente processo de contra-ordenao contra:

    Jorge Manuel Jardim Gonalves, titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido

    pelos SIC de xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado como Jardim

    Gonalves ou JG); (fls. 13667-13671)

    Filipe de Jesus Pinhal, titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC de

    xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado como Filipe Pinhal ou FP);

    (fls. 13667-13671)

    Antnio Manuel de Seabra e Melo Rodrigues, titular do bilhete de identidade n. xxx,

    emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado como

    Antnio Rodrigues ou AR); (fls. 13667-13671)

  • 2

    Christopher de Beck, titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC de

    xxx, em xxx, com residncia no xxx (tambm nomeado como CB); (fls. 13667-13671)

    Antnio Manuel Pereira Caldas de Castro Henriques, titular do bilhete de identidade

    n. xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado

    como Antnio Castro Henriques ou CH); (fls. 13667-13671)

    Alpio Barrosa Pereira Dias, titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC

    do xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado como Alpio Dias ou AD);

    (fls. 13667-13671)

    Paulo Jorge de Assuno Rodrigues Teixeira Pinto, titular do bilhete de identidade

    n. xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com residncia na xxx (tambm nomeado

    como Paulo Teixeira Pinto ou PTP); (fls. 13667-13671)

    Arguido A., titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx,

    que teve residncia na xxx; (fls. 22372-22373, 13667-13671)

    Miguel Pedro Loureno Magalhes Duarte, titular do bilhete de identidade n. xxx,

    emitido pelos SIC de xxx, em xxx, com domiclio profissional na xxx (tambm

    nomeado como Miguel Magalhes Duarte ou MMD); (fls. 13667-13671)

  • 3

    Lus Manuel Neto Gomes, titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC

    de xxx, em xxx, com domiclio xxx (tambm nomeado como Lus Gomes ou LG); (fls.

    13667-13671)

    e

    Arguido B., titular do bilhete de identidade n. xxx, emitido pelos SIC de xxx, em xxx,

    com residncia na xxx; (fls. 13667-13671)

    nos termos e com os fundamentos seguintes,

    Ttulo I ACUSAO

    1. A Acusao deduzida, que integra 7 (sete) Anexos, consta de fls. 13689-13867

    dos autos (a qual se d por integralmente reproduzida).

    Ttulo II DAS CONTESTAES E RESTANTE TRAMITAO PROCESSUAL

    1. Os arguidos foram notificados da Acusao (fls. 13868-13689, 14233-14285,

    14298).

    2. A CMVM na Acusao fixou em 20 dias teis o prazo para o exerccio do direito de

    defesa (nos termos do artigo 50. do Decreto-Lei n. 433/82, de 27 de Outubro

    Regime Geral das Contra-Ordenaes, doravante RGCORD).

    3. Os arguidos Jardim Gonalves, Filipe Pinhal, Antnio Castro Henriques, Miguel

    Magalhes Duarte e Christopher de Beck requereram, ao Conselho Directivo da

    CMVM a prorrogao do prazo para apresentao da contestao (fls. 14322-

    14327, 14290-14292, 14351-14366, 14401-14402, 14406-14407).

  • 4

    4. O Conselho Directivo da CMVM deliberou prorrogar o prazo para apresentao da

    contestao em 15 dias teis (fls. 14415-14734).

    5. Os arguidos apresentaram as suas contestaes nos seguintes termos:

    a) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Jardim

    Gonalves (fls. 15247-15575), que conclui nos seguintes termos (fls. 15510):

    (i) Devem as nulidades do processo e da acusao deduzidas ser julgadas

    totalmente procedentes por provadas, com as legais consequncias,

    designadamente com a anulao de todo o processado; Caso assim se

    no entenda e sem conceder,

    (ii) Deve a acusao ser julgada totalmente improcedente, determinando-se

    em consequncia, o arquivamento dos autos.

    b) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Filipe de

    Jesus Pinhal (fls. 15576-15680).

    c) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Antnio

    Rodrigues (fls. 15681-15987), que conclui nos seguintes termos (fls. 15979):

    O presente processo deve ser considerado inexistente ou, em alternativa,

    nulo, com as legais consequncias.

    Em qualquer caso a acusao deve ser considerada nula, com as legais

    consequncias.

    Caso assim se no entenda, ento deve o arguido ser absolvido de todas as

    acusaes, com as legais consequncias.

    d) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Christopher

    de Beck (fls. 15988-16146), que conclui nos seguintes termos (fls. 16084):

    Em face do exposto, quer porque o arguido no praticou as condutas ilcitas

    que lhe so imputadas pela Acusao, quer pelas razes de Direito invocadas,

    a deciso relativamente ao arguido s pode ser a de arquivamento do

    processo.

  • 5

    e) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Antnio

    Castro Henriques (fls. 16147-17220), que conclui nos seguintes termos

    (fls.16276):

    Termos em que devem proceder as nulidades invocadas e ser consideradas

    todas as questes prvias suscitadas, com as devidas consequncias legais e,

    em qualquer caso, deve o presente processo ser arquivado por o aqui

    Arguido no ter praticado os ilcitos que a CMVM lhe imputa.

    f) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Alpio Dias

    (fls. 17221-17472), que conclui nos seguintes termos (fls. 17401):

    Em face do exposto, quer porque o arguido no praticou as condutas que a

    Acusao lhe imputa de modo conclusivo, quer pelas razes de direito

    apresentadas, s uma deciso far JUSTIA: o arquivamento do presente

    processo de contra-ordenao.

    g) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Paulo

    Teixeira Pinto (fls. 17473-17554), que conclui nos seguintes termos

    (fls.17549):

    Em face do exposto, quer porque o arguido no praticou as condutas que a

    Acusao lhe imputa de modo conclusivo, quer pelas razes de direito

    apresentadas, a deciso relativa ao arguido s pode ser a de arquivamento

    do processo.

    h) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido A. (fls.

    17555-17636), que conclui nos seguintes termos (fls. 17584):

    Nestes termos, e nos demais de direito aplicveis, requer-se seja a presente

    Oposio julgada procedente por provada, e, consequentemente, seja a

    acusao infirmada e determinado o imediato arquivamento dos autos no

    que ao Arguido diz respeito.

  • 6

    i) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Miguel

    Magalhes Duarte (fls. 17637-17748), que conclui nos seguintes termos

    (fls.17732):

    Por todo o exposto, est-se certo que a CMVM, que se pauta por critrios de

    objectividade e de legalidade, no deixar de reconhecer a improcedncia da

    Acusao deduzida contra Miguel Magalhes Duarte e portanto no o

    condenar por nenhuma das quatro contra-ordenaes que lhe foram

    imputadas.

    j) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do arguido Lus Gomes

    (fls. 17749-17784), que conclui nos seguintes termos (fls. 17783):

    Termos em que deve ser reconhecida e declarada a nulidade de todo o

    processado, e se assim no for decidido, deve a acusao deduzida contra o

    arguido Lus Manuel Neto Gomes, ora contestante, ser considerada nula, e se

    ainda assim no for decidido deve ser julgada improcedente a acusao e o

    processo arquivado.

    k) Em 6 de Maro de 2009 foi apresentada a Contestao do Arguido B.

    (fls.17785-17889), que conclui nos seguintes termos (fls. 17876):

    Termos em que recebida e apreciada a presente defesa, dever a Acusao

    improceder e, em consequncia, serem arquivados os presentes autos de

    contra-ordenao quanto a [Arguido B.] com as demais consequncias legais,

    nomeadamente a absolvio de [Arguido B.].

    Ttulo III DA PROVA

    1. Foi junta com as contestaes prova documental:

    a) O arguido Jardim Gonalves juntou os documentos constantes a fls. 15513-

    15575.

    b) O arguido Filipe Pinhal no juntou prova documental;

  • 7

    c) O arguido Antnio Rodrigues juntou os documentos constantes a fls. 15985

    15986;

    d) O arguido Christopher de Beck juntou os documentos constantes a fls. 16093-

    16146;

    e) O arguido Antnio Castro Henriques juntou os documentos constantes a fls.

    16277-17220. A 16/03/2009 requereu a substituio dos documentos n.s 6

    (extractos das sociedades offshore Sherwell, Hendry e Sevendale e extractos

    do BCP SFE dirigidos ao BCP Diviso de Custdia Internacional fls.

    16304-16311) e 9 (documentos de prestao de contas do BCP referentes ao

    exerccio de 1997) juntos contestao pelos documentos juntos ao

    requerimento (Parecer do Doutor Diogo Leite de Campos que tem como

    consulente o Doutor Jos Alberto Tavares Moreira e os documentos de

    prestao de contas do BCP referentes ao exerccio de 1998) (fls. 17957-

    18020) atento o princpio da busca da verdade material do-se por juntos

    todos os documentos e tem-se em conta a numerao dos documentos

    requerida;

    f) O arguido Alpio Dias juntou os docu