processo de aataque por liga al-5%mg … a finalidade de retardar ou prevenir a reação direta...
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PROCESSO DE ATAQUE POR LIGA Al-5%Mg EM CONCRETO A BASE DE SÍLICA DE BAIXO TEOR DE CIMENTO E EFEITO DA ADIÇÃO DE SULFATO DE
BÁRIO
A.P. Abreu1; G. Ferreira1; S.C. Frasson1; H.N. Yoshimura2; A.L. Molisani2; J.C. Bressiani3
Av. Independência, 7031, Vinhedo, SP, 13.280-000, [email protected] 1Saint-Gobain - Ceramics and Plastics
2Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT 3Instituto de Pesquisas de Energias Nucleares – IPEN
RESUMO
Devido à natureza altamente reativa do alumínio fundido e suas ligas, o ataque
pelo metal fundido provavelmente é a causa dominante da falha dos refratários
usados nos fornos de fusão e espera. Sabendo que a sílica é de todos os materiais
o mais atacado, foi desenvolvido um concreto refratário à base de sílica com o
objetivo de estudar o ataque por uma liga de Al-5%Mg. Estudou-se também o efeito
da adição do sulfato de bário, conhecido pelo seu efeito retardador do processo de
corrosão. O ensaio "cup test" foi realizado a 815°C por 72h e a microestrutura
resultante foi avaliada por MO, MEV, EDS e DRX. As principais fases identificadas
na camada reagida foram Al, Si, alumina e espinélio e no metal remanescente foram
Al e Si. Os mecanismos envolvidos nos ataques são sugeridos baseados nas fases
formadas e nas imagens de mapeamento elementar. Palavras-chave: refratários, sílica, alumínio fundido, sulfato de bário. INTRODUÇÃO
As principais causas de desgaste ou de falha do revestimento refratário em
fornos de fusão e espera de alumínio são: impacto mecânico e abrasão; choque
térmico; e ataque químico pelo alumínio fundido e suas ligas (1-3). O ataque pelo
metal fundido, provavelmente, é a causa dominante da falha. Por causa de seu
baixo custo e boas propriedades térmicas e mecânicas, refratários à base de
alumina e de sílica têm sido largamente usados em vários processos envolvendo a
produção de alumínio, e seu uso é comum em aplicações para revestimento de
fornos usados para espera e fusão de ligas de alumínio.
1
As condições de operação nos fornos de fusão e espera de alumínio podem
favorecer a formação do compósito Al2O3/Al referido como “coríndon”. Existem dois
mecanismos possíveis para o crescimento do coríndon (4-6): crescimento de coríndon
externo e crescimento de coríndon interno. A formação de grandes quantidades do
compósito Al2O3/Al causa extensivos danos à estrutura dos fornos, ineficiência
térmica e um excessivo consumo de refratários. O crescimento de coríndon externo
ocorre na superfície do metal de alumínio na junção do ponto triplo entre alumínio,
refratário e atmosfera. Ocorre pela reação direta entre o metal fundido das ligas de
Al e uma fase vapor oxidante. O coríndon, produto da reação, forma-se inicialmente
na superfície fundida e então cresce para o exterior formando um cogumelo ou
nódulo de coríndon alcançando o revestimento refratário acima da linha do metal,
onde o dano da estrutura refratária é observado.
Em fornos de tratamento de alumínio, a zona onde ocorre a formação de
coríndon é identificada como “belly band”. Como descrito por Brondyke (7), na
interface refratário-metal fundido, alumínio fundido penetra no refratário à base de
alumina e sílica e reage com a sílica e os silicatos, que são reduzidos, formando
silício metálico e alumina (coríndon), como representado abaixo:
3SiO2 + 4Al = 2Al2O3 + 3Si (A)
3(3Al2O3.2SiO2) + 8Al = 13Al2O3 + 6Si. (B) Neste caso, o crescimento dos produtos de reação ocorre para dentro do
refratário (crescimento de coríndon interno) devido à redução dos óxidos refratários
pelo metal de alumínio, que penetra através do sistema de poros dos refratários, e à
oxidação direta pelo ar nos poros. O ataque químico é caracterizado pela redução
da sílica e a taxa de ataque é proporcional ao conteúdo de sílica dos refratários,
especialmente da fase matriz.
O produto da reação é, geralmente, uma camada metal-cerâmica formada na
superfície do revestimento refratário, que consiste de alumina secundária que age
como uma barreira contra a penetração do metal. Contudo, sua deterioração é mais
pronunciada quando elementos de liga, tais como Mg e Zn, estão presentes e a
camada de alumina deixa de ser protetora, com a corrosão ocorrendo de modo
contínuo (8). Enquanto Al e elementos de liga como Zn e Mg difundem para dentro do
refratário, o Si metálico formado é dissolvido no banho de alumínio, aumentando seu
teor de Si e afetando suas propriedades metalúrgicas.
2
O Mg, por exemplo, é largamente usado em ligas de alumínio, e seus efeitos
nos refratários são um problema comum (9). Magnésio é um forte agente redutor e,
portanto, participa ativamente nas reações de conversão, por exemplo, pela reação
com óxido de alumínio com a formação da fase espinélio:
3Mg + 4Al2O3 = 3MgAl2O4 + 2Al. (C)
Esta reação é acompanhada por uma expansão de volume de cerca de 17% e
pode explicar o lascamento do material refratário, bem como a formação de trinca
que promove a penetração de metal.
Com a finalidade de retardar ou prevenir a reação direta entre sílica e alumínio,
melhorando, assim, a resistência à corrosão pelo alumínio, uma variedade de
métodos tem sido sugerido. Estes incluem o uso de aditivos não-molhantes,
agregados alternativos, agentes de bloqueio de poros, “coating” e diferentes
sistemas ligantes (5,6,10-15). Vários autores têm sugerido que os usos de aditivos não-
molhantes diminuem a molhabilidade do refratário pelo alumínio fundido e, portanto,
reduzem a penetração dentro dos produtos refratários prevenindo a reação entre
sílica e o metal de alumínio. Os aditivos não-molhantes incluem zirconita (ZrSiO4),
sulfato de bário (BaSO4), fluoreto de cálcio (CaF2), AlF3, e titanato de alumínio
(Al2TiO5). O teor de adição destes aditivos nos refratários é, usualmente, de 0,5 até
cerca de 6% e aplicabilidade destes aditivos parece estar limitada a temperaturas
abaixo de 1000ºC.
Em geral, os estudos de ataque por ligas de Al utilizaram refratários sílico-
aluminosos, o que dificulta a compreensão dos mecanismos envolvidos e o efeito
dos aditivos. Neste trabalho realizou-se um estudo com um concreto refratário a
base de sílica para a compreensão dos mecanismos envolvidos no ataque por uma
liga Al-5%Mg. O efeito da adição de sulfato de bário também foi investigado.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram preparadas amostras para o ensaio de “cup test” com três composições
de um concreto a base de sílica eletrofundida (Tabela I). Os concretos foram
preparados usando agregados (>200 mesh) de sílica eletrofundida e matriz (<200
mesh) constituída de sílica eletrofundida, aditivo não-molhante (barita), microssílica
e cimento de aluminato de cálcio.
3
Tabela I. Composições dos concretos. Matéria-prima Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
Cimento Aluminato de 3 3 3 Microssílica 11 11 11
Sílica Eletrofundida 86 82 80 Barita 0 4,0 6,0
Defloculante 0,3 0,3 0,3 As matérias-primas e os aditivos foram homogeneizados a seco em misturador
tipo planetário por ~5 min e em seguida foi adicionada água, em quantidade
suficiente para a conformação por vibração, e misturado por mais 2 min. Os corpos-
de-prova com dimensões de 114x114x73 mm3 foram conformados em mesa
vibratória e, após cura por 24 h, foram secos em estufa por 24 h a 110°C. Após
secagem, foi feito um orifício cilíndrico na região central dos corpos de prova com
dimensões de 50 mm de diâmetro e 50 mm de profundidade.
O método de ensaio de corrosão foi o “cup test”. Em cada corpo-de-prova foi
adicionado no orifício cerca de 100 g de uma liga de Al-5%Mg e mantido na mufla
por 72 h a 815ºC. Após este período, o forno foi desligado e resfriado naturalmente.
Os corpos-de-prova foram cortados na seção transversal para análise visual.
As medidas de densidade, porosidade e absorção aparente dos refratários
foram realizadas pela técnica de imersão, baseada na lei de Arquimedes, na qual as
amostras foram fervidas em água por 2 h (Norma ABNT 6220). A análise de difração
de Raios X (DRX) foi realizada para identificar as fases cristalinas presentes nas
regiões atacadas, no metal e no refratário. Seções das amostras foram polidas e
submetidas à análise por microscopia óptica (MO, Leica), microscopia eletrônica de
varredura (MEV, JEOL, JSM 6300) e microanálise química por espectrometria por
dispersão de energia (EDS, Noram). Análise microestrutural quantitativa foi realizada
com um programa de análise de imagens (QWin, Leica).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ensaio do “cup-test”
A Figura 1 mostra a seção transversal das amostras após ensaio do “cup test”.
A Amostra 1, sem aditivo não molhante, foi a que apresentou a maior penetração
pela liga de Al-5%Mg, sendo o resultado da área penetrada muito superior aos das
demais amostras (Tabela II). As Amostras 2 e 3, com adição de 4% e 6% de BaSO4,
respectivamente, visualmente mostraram serem similares. Porém, no resultado da
4
área penetrada a amostra com 4% de BaSO4 apresentou um resultado, ligeiramente,
melhor. Apesar da menor penetração da liga Al-5%Mg nas Amostras 2 e 3, foi
observada uma pequena aderência do metal no refratário.
(a) Amostra 1 (sem aditivo) (b) Amostra 2 (4% BaSO4) (c) Amostra 3 (6% BaSO4)Fig. 1. Fotografias das seções transversais das amostras após ensaio do “cup test”.
Tabela II. Características dos concretos e área penetrada após ensaio do “cup test”.
Amostra Amostra 1 (sem aditivo)
Amostra 2 (4% BaSO4)
Amostra 3 (6% BaSO4)
Área penetrada (mm²) 609 165 208 Água para moldagem (%) 3,9 3,4 3,5 Densidade aparente (g/cm3) - 815ºC 2,00 2,04 2,04 Porosidade aparente (%) - 815ºC 6,0 6,0 6,0 Absorção aparente (%) - 815ºC 3,0 2,9 2,9
A análise por DRX dos refratários confirmou a presença do BaSO4 nas
Amostras 2 e 3 e a presença da sílica eletrofundida, por ser um material amorfo, foi
confirmada pela banda larga no espectro em todas as amostras. A presença do
cimento foi confirmada pelos picos da fase CaO.Al2O3 (CA) em todas as amostras.
Após o ensaio de “cup test” foram observadas três regiões distintas: refratário
(R), zona reagida (ZR) e metal (M).
Amostra sem aditivo não molhante
A Figura 2 mostra os resultados de DRX das três regiões distintas da Amostra
1: refratário, zona reagida e metal. As microanálises químicas (EDS) realizadas no
refratário e na matriz mostraram a presença dos mesmos elementos, O, Al, Si e Ca.
Os elementos Al e Ca são provenientes do cimento aluminato de cálcio. A Figura 3
mostra a região da interface metal (M) e zona reagida (ZR) obtida por microscopia
ótica da seção polida. A análise por DRX da região do metal (Fig. 2) mostrou
somente a presença dos metais alumínio e silício. A microanálise química (EDS)
realizada nestas plaquetas mostrou somente a presença do elemento Si e na região
5
fora das plaquetas mostrou a presença dos elementos Al e Si. A presença das
plaquetas grandes de Si e os resultados de difração de Raios X (Fig. 2) indicam que
a região trata-se de uma liga com composição hipereutética do sistema Al-Si,
estando as plaquetas grandes de Si primário dispersas em uma matriz de mistura
eutética contendo as fases Al e Si.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
6 9 11 14 17 20 22 25 28 30 33 36 39 41 44 47 50 52 55 58 60 63 66 69 71
2 Teta (graus)
Inte
nsid
ade
(con
tage
m)
Amostra 1 - RefratárioAmostra 1- Região PenetradaAmostra 1- Região do Metal
CA CA
EEEE
Al
Al
Al
AA
A
A
A
A
A
A
A
ASi
SiSi
Al Al
Al
SiSi
Si
Si = Silício Al = Alumínio E = Espinélio (MgAl2O4) A = Coríndon (Al2O3) CA= CaO.Al2O3
Fig. 2. Espectros de DRX das regiões refratário, zona reagida e metal da Amostra 1.
Fig. 3. MO-Amostra 1-Região do metal (M) em contato com a região penetrada (ZR).
A análise por DRX da zona reagida (Fig. 2) mostrou a presença das fases
alumínio, silício, coríndon (Al2O3) e espinélio (MgAl2O4). A microanálise química da
zona reagida detectou a presença dos elementos O, Mg, Al e Si. Na Figura 3
observa-se a existência de um grão de sílica reagida entre as duas regiões. A
microanálise química por EDS deste grão apresentou os elementos O, Mg, Al e Si.
Este seria um grão de sílica do refratário que foi reduzido a Al2O3 e espinélio e não
houve mudança em sua morfologia.
A Figura 4 mostra a micrografia da zona reagida, onde se observam três
regiões distintas: na região indicada com letra A, mais próxima ao refratário, a
microestrutura é mais grosseira, afinando em direção à região próxima ao metal
6
(indicada com letra C). As análises por EDS realizadas nas três regiões (Figs. 4b a
d), mostraram que este engrossamento pode ser devido ao Si caminhando para a
região do metal. Nesta zona reagida, o refratário atacado pelo alumínio fundido
aparece como um material compósito, com grãos finos de alumina e/ou espinélio
envolvidos por uma rede metálica (fases Al e Si) interconectada.
(a) (b) (c) (d)
Fig. 4. (a) MO - Zona reagida da Amostra 1; (b), (c) e (d) Espectros de EDS das regiões indicadas em (a) com as letras C (próximo ao metal), B (centro) e A (próximo ao refratário), respectivamente.
A Figura 5 (a) mostra uma micrografia da zona reagida (ZR), junto ao refratário
(R). A análise por EDS desta região mostrou a presença dos elementos Al, Si, Mg, O
e Ca. A análise por mapeamento de Raios X mostrou que a frente da reação é
composta, principalmente, por Si, O e Ca. Por se tratar de uma camada muito fina, a
difração de Raios X não detectou a presença de SiO2. O mapeamento de Raios X
mostrou que essa fina camada apresenta grãos de sílica que estavam reagindo
(reduzindo). Logo após esta camada fina, Si e O diminuem de intensidade e Al e Mg
aparecem. Essa é a redução da sílica conforme reação descrita por Brondyke (7) (Eq.
A). Coríndon (Al2O3) e silício (Si) foram detectados por DRX (Fig. 2), o que confirma
esta reação. O Mg presente no metal líquido, também, participa da reação com
óxido de alumínio com a formação da fase espinélio (Eq. C). Espinélio, também, foi
detectado por DRX na região penetrada (Fig. 2). O óxido de cálcio pode estar
reagindo com alumínio formando um óxido e uma fase intermetálica, segundo (5,6):
6CaO(s) + 8Al (l) = 3CaO.Al2O3(s) + 3Al2Ca(l) (D)
CaO.Al2O3(s) +8/7Al(l) = 4/7[CaO.2Al2O3(s)] + 3/7Al2Ca(l) (E)
7
(a)
(c) Al
(e) Mg
R
Fig. 5. (a) MEV-BEI - Amostra correspondente mapeamento de r
Amostras com aditivo não-m
As amostras 2 e 3 com barita
zona reagida e metal, que aparec
praticamente só foi observada co
regiões foi realizada análise de DR
0
1 0 0 0
2 0 0 0
3 0 0 0
4 0 0 0
5 0 0 0
6 0 0 0
6 9 13
16
19
22
26
29
32
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2 T e t a (
Inte
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de
(c
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tag
A m o str a 3 - R e fr a tá r i oA m o str a 3 - Z o n a d e R e a ç ã oA m o str a 3 - R e g i ã o d o M e ta l
S B S BS B S B S B S B
C A
E
C A
A
S i E
AE
A
A l
S i
A l
Fig. 6. Espectros de DRX das reg
8
(b) O
(d) Si
(f) Ca 1 - Zona reagida (ZR) junto ao refratário (R) e aios X de: (b) O; (c) Al, (d) Si, (e) Mg e (f) Ca
olhante (barita)
apresentaram as três regiões distintas, refratário,
eram na amostra sem aditivo, mas a zona reagida
m auxílio de microscópio. Em cada uma destas
X mostrado na Figura 6.
42
45
49
52
55
58
62
65
68
72
g r a u s )
S B
A
A
A l
S i
A
ES i
A
E
A
AA
A l
S i
A l
A l
S i
S i
Si = Silício Al = Alumínio E = Espinélio (MgAl2O4) A = Coríndon (Al2O3) CA= CaO.Al2O3SB = Sulfato de bário (BaSO4)
iões refratário, zona reagida e metal da Amostra 3.
A Figura 7(a) mostra uma micrografia da região do refratário, onde se observa
na matriz do refratário a presença de partículas brancas que não estavam presentes
na Amostra 1. A microanálise química (EDS) realizada nestas partículas mostrou a
presença dos elementos C, O, Ba e S indicando ser proveniente da barita. A
microanálise química realizada na matriz do refratário mostrou a presença dos
elementos C, O, Ba, Al, Si, Ca e Fe. Os elementos Al e Ca são provenientes do
cimento aluminato de cálcio.
(a) (b)
Fig. 7. MEV-BEI (a) Região do refratário e (b) região do metal (atacada com NaOH).
A Figura 7(b) mostra uma micrografia da região do metal. A análise por DRX da
região do metal (Fig. 6) mostrou somente a presença dos metais alumínio e silício. A
micrografia do metal apresentou dendritas primárias de Al e região interdendrítica
com eutético fino Al-Si, indicando que o metal apresentou composição hipoeutética
do sistema Al-Si. Observou-se que todo (ou a maior parte do) Mg da liga inicial Al-
5%Mg foi consumido na reação de ataque e na formação do óxido superficial
(cogumelo) ou perdido por evaporação durante os ensaios de “cup test”, como
também ocorreu na Amostra 1.
A análise por DRX da zona reagida (Fig. 6) mostrou a presença dos metais
alumínio e silício e das fases coríndon (Al2O3) e espinélio (MgAl2O4). A Figura 8(a)
mostra a região da zona reagida entre o refratário e a região do metal, onde se
observa a existência de grãos de sílica reagidos. Estes grãos, inicialmente de sílica
do refratário, foram reduzidos a Al2O3 e espinélio e não houve mudança em suas
morfologias. Na Figura 8(b) é mostrado o grão de sílica reagido identificado na
Figura 8(a) em maior aumento mostrando a rede de canais interconectados.
9
(a) (b)
Fig. 8. MO-Amostra 3 – (a) Região da zona reagida entre o refratário e a região do metal; e (b) detalhe de um grão de sílica reagido.
A zona reagida das amostras com barita (Fig. 8a) foi diferente da Amostra 1,
sem aditivo (Fig. 4a). Enquanto a frente de reação da Amostra 1 apresentou-se
relativamente uniforme (Fig. 5a), a frente de reação das amostras com barita foi
formada pelos grãos grandes de sílica reagidos, mas a reação da matriz do refratário
estava atrasada em relação a esta frente (Fig. 8a). Este resultado mostrou que,
quando o metal líquido entra em contato com o grão grande de sílica, a reação de
redução deste grão ocorre de forma relativamente rápida e que o sulfato de bário
presente na matriz do refratário dificulta a penetração do alumínio líquido e a
progressão da reação de ataque. Na análise de mapeamento de Raios X da zona
reagida (Fig. 9) não se observou evidências de ocorrência de dissolução das
partículas de barita. Este resultado sugere que as partículas de barita atuam como
barreiras físicas para a penetração do metal fundido, provavelmente devido à baixa
molhabilidade desta fase pelo alumínio e suas ligas.
CONCLUSÕES
A amostra sem aditivo não molhante foi severamente atacada pela liga Al-
5%Mg segundo o método do “cup test” adotado neste experimento. Nesta amostra a
sílica presente no refratário foi reduzida conforme a reação descrita por Brondyke (7).
O Mg presente na liga reagiu com o óxido de alumínio formando espinélio. Na região
penetrada, o refratário atacado pelo alumínio fundido aparece como um material
compósito, com grãos finos de alumina e/ou espinélio envolvidos por uma rede
metálica (fases Al e Si) interconectada. Esta rede caminha em direção ao metal
formando uma microestrutura diferenciada. Próximo à frente de reação, a
microestrutura é mais grosseira.
10
(a) (b) O (c) Si
(d) Al (e) Mg (f) Ba
Fig. 9. (a) MEV-BEI - Amostra 3 - Zona reagida junto ao refratário e correspondente mapeamento de raios X de: (b) O; (c) Si, (d) Al, (e) Mg e (f) Ba
As amostras com aditivo não molhante foram pouco atacadas. Não foi notada
diferença entre adições de 4 e 6% de barita no ataque pela liga de alumínio. Os
resultados sugerem que as partículas de barita atuam como barreiras físicas para a
penetração do metal fundido, provavelmente devido à baixa molhabilidade desta
fase pelo alumínio e suas ligas.
A zona reagida ocorre no lado da cerâmica (refratário) e não ocorre mudança
na morfologia dos grãos de sílica reagida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ATTACK PROCESS BY Al-5%Mg ALLOY IN LOW-CEMENT SILICA BASE
CASTABLE AND EFFECT OF BARIUM SULFATE ADDITION
ABSTRACT
Since molten aluminum alloys are very corrosive, the attack by molten metal is
probably the main cause of failure of refractories used in fusion and casting furnaces.
Since silica is the material attacked, a silica base castable was developed with the
aim to study the attack by an Al-5%Mg alloy. The addition of barium sulfate, known
by its retarding effect in corrosion process, was also investigated. The cup test was
performed at 815°C for 72 h and the resulting microstructure was evaluated by OM,
SEM, EDS, and DRX. The main phases identified in the reacted region were Al, Si,
alumina, and spinel and in the metal after the tests were Al and Si. The attack
mechanisms are suggested based on the phases formed and the images of
elemental map.
KEY-WORDS: refractory, silica, molten aluminum, barium sulfate.
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