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RENATO BARTH PIRES Juiz Federal Mestre em Direito pela PUC/SP Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIO à luz do CPC/2015

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Page 1: PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIO à luz do CPC/2015 · 1. O Juízo a que é dirigida Justiça Federal: CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: – I - as causas

RENATO BARTH PIRES

Juiz Federal

Mestre em Direito pela PUC/SP

Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP

PROCESSO CIVIL PREVIDENCIÁRIOà luz do CPC/2015

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Proposta de trabalho

Razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88).

Cabe aos operadores do Direito dar a sua contribuição para isso.

É claro que nem todos têm interesse em uma rápida solução da causa (basicamente, quem deve ou quem teme)

Quando se litiga contra o Estado, a situação é pior, diante das várias prerrogativas (“privilégios”) processuais: prazos, intimação pessoal, duplo grau de jurisdição, cumprimento da sentença, etc.

Ao litigar contra o Estado, é preciso atuar para contrabalançar esse desequilíbrio

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Proposta de trabalho

Isso significa:

– Redigir a petição inicial de forma

tecnicamente correta, com clareza e

objetividade

– Facilitar a compreensão dos fatos e da

controvérsia

– Interpor os recursos adequados

– Enfim, ADVOGAR ESTRATEGICAMENTE

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REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Artigo 319 do NCPC.

Por que se exige do advogado redigir uma

petição inicial formalmente apta?

Defeitos da petição inicial: 321 (emenda).

– Indicação precisa;

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REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Paralelo inicial X sentença (489, § 1º).– Fundamentação analítica.

– Litigância responsável e ética. Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença

ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a

causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no

caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão

adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos

determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem

demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

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REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

1. O Juízo a que é dirigida.– Competência:

Delimitação da jurisdição

Distribuição racional do trabalho

Especialização

– Erro:

Se incompetência relativa – prorroga se não alegada em preliminar

de contestação (15 dias úteis ou 30 dias úteis para o INSS – art. 65);

Se incompetência absoluta – pode ser alegada em preliminar de

contestação, ou a qualquer tempo, e declarada de ofício – art. 64, §

1º.

– Nos dois casos: juiz ouve a parte contrária e decide “imediatamente”.

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1. O Juízo a que é dirigida

Onde localizar critérios de competência?– Constituição Federal

– Leis federais (CPC)

– Leis de organização judiciária dos Estados

– Provimentos dos Tribunais (TJ, TRF, TRT, TRE, etc).

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1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Federal:

CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:– I - as causas em que a União, entidade autárquica ou

empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

INSS é autarquia federal;

Logo, a maioria das ações previdenciárias será proposta perante a Justiça Federal.

Competência firmada pela qualidade da parte (autarquia federal) – é absoluta – pode ser declarada de ofício e arguida em preliminar de contestação.

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1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Estadual:– CF, art. 109.

– § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

– § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

– “Competência delegada”: recurso para o TRF.

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1. O Juízo a que é dirigida

Justiça Estadual é opção do segurado/assistido.

Observações:

– 1) Opção não pode ser exercida se o autor é domiciliado em cidade que é sede da

Justiça Federal ou de JEF.

– 2) Não pode haver uma “quarta via”: por exemplo, Justiça Federal em outra Subseção

(que não a da Capital).

– Exemplo: segurado domiciliado em Campos do Jordão, que não

tem Justiça Federal, mas integra a jurisdição das Varas Federais

de Taubaté;

– Segurado pode escolher propor a ação na Justiça Estadual em

Campos do Jordão, na Justiça Federal em Taubaté ou na Justiça

Federal em São Paulo – mas não pode propor na Justiça Federal

em São José dos Campos (Súmula 689 do STF)

– TRF3 – pode ser declarada de ofício (alguns julgados).

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1. O Juízo a que é dirigida

Acidente do trabalho:

Artigo 109, I, da Constituição: “exceto as de acidente do trabalho” – Justiça Estadual.

Competência absoluta – Juiz declara de ofício.

Recurso para o TJ.

Como saber? Em benefícios por incapacidade (aposentadoria por invalidez, auxílio doença e auxílio-acidente), é necessário identificar a origem da doença e do acidente?

se doença profissional ou acidente do trabalho, Justiça Estadual;

indício: Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT); algumas vezes: só depois da perícia.

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1. O Juízo a que é dirigida

Conceito legal de acidente do trabalho e doença profissional: artigos 20 e 21 da Lei nº 8.213/91:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

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1. O Juízo a que é dirigida

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

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1. O Juízo a que é dirigida

Cuidado: mandado de segurança.

– A competência para julgar o mandado de segurança

firma-se de acordo com a categoria da autoridade

impetrada e de sua sede funcional;

– Matéria previdenciária: autoridade do INSS (chefe da

APS, gerente executivo, etc.) – sempre Justiça

Federal (qual?)

– Mesmo se for em acidente do trabalho: STJ:

prevalece a natureza da autoridade sobre a natureza

do direito material controvertido.

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1. O Juízo a que é dirigida

Cuidado: mandado de segurança.

– Mas julgados recentes do STF e STJ aplicam ao MS o

artigo 109, § 2º, da Constituição Federal:

– § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser

aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o

autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que

deu origem à demanda ou onde esteja situada a

coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

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1. O Juízo a que é dirigida

– PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.

MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO. AUTARQUIA FEDERAL.

APLICAÇÃO DA REGRA CONTIDA NO ART. 109, § 2º, DA CF. ACESSO À

JUSTIÇA. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.

– 1. Tratando-se de mandado de segurança impetrado contra autoridade pública

federal, o que abrange a União e respectivas autarquias, o Superior Tribunal de

Justiça realinhou a sua jurisprudência para adequar-se ao entendimento do Supremo

Tribunal Federal sobre a matéria, admitindo que seja aplicada a regra contida no art.

109, § 2º, da CF, a fim de permitir o ajuizamento da demanda no domicílio do autor,

tendo em vista o objetivo de facilitar o acesso à Justiça. Precedentes: AgInt no CC

153.138/DF, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 13/12/2017,

DJe 22/2/2018; AgInt no CC 153.724/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa,

Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 16/2/2018; AgInt no CC 150.269/AL,

Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, julgado em 14/6/2017, DJe

22/6/2017. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no CC 154.470/DF,

Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2018, DJe

18/04/2018)

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1. O Juízo a que é dirigida

PEC 287/2016 (reforma da previdência social): (última

versão – emenda aglutinativa de fevereiro/2018)

“Art. 109. [...] § 3º As causas de competência da justiça

federal poderão ser processadas e julgadas na justiça

estadual, quando a comarca não for sede de vara do juízo

federal, nos termos da lei.

“Desconstitucionaliza” a competência delegada, permitindo sua

ampliação mediante lei.

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E o JEF?

Lei nº 10.259/2001: “Art. 3º Compete ao Juizado

Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar

causas de competência da Justiça Federal até o

valor de sessenta salários mínimos, bem como

executar as suas sentenças”.

Em resumo: todas as causas do art. 109 da CF,

desde que não se encaixem em alguma das

exceções da Lei nº 10.259/2001 ou se tratar de

pessoa que não pode ser parte perante o JEF.

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“Até 60 salários mínimos”

Qual salário mínimo? o fixado em lei federal válido para a data da propositura da ação (Enunciado nº 15 do FONAJEF).

Hoje: R$ 57.240,00 (2018)

Como medir o valor da causa no JEF?

Se obrigações vincendas (futuro): a soma de 12 parcelas não pode ser superior a 60 salários mínimos.

Se obrigações vencidas (passado) e vincendas (futuro): a soma do total, com juros e correção monetária, não pode passar de 60 SM (todas as vencidas e mais 12 vincendas).

Se pedido incluir indenização por dano moral: obrigações vencidas, 12 vincendas e mais indenização.

TRF 3ª Região (alguns julgados): para fixar competência do JEF, considera-se o dano moral em valor até o do dano material:

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Valor da causa e dano moral no JEF

“(...) . 2. Tendo o valor da causa reflexos na competência do Juízo para a demanda (art. 3º, § 3º, Lei nº

10.259/2001), bem como na verba de sucumbência e nas custas processuais, não pode o autor fixá-lo ao

seu livre arbítrio. O valor da causa deve corresponder ao proveito econômico perseguido pela parte,

podendo o magistrado, de ofício, com base nos elementos fáticos do processo, determinar a sua

adequação. 3. É certo que, havendo cumulação dos pedidos de concessão de benefício previdenciário e de

indenização por danos morais, os respectivos valores devem ser somados para efeito de apuração do valor

da causa (inteligência do art. 259, II, do CPC). Contudo, a pretensão secundária não poderia ser

desproporcional em relação à principal, de modo que, para definição do valor correspondente aos danos

morais, deveria ter sido utilizado como parâmetro o quantum referente ao total das parcelas vencidas e

vincendas do benefício previdenciário pretendido. 4. Sendo excessivo o valor atribuído à indenização por

danos morais, vale dizer, ultrapassando o valor pretendido o limite equivalente ao total das parcelas

vencidas mais doze vincendas do benefício (inteligência do art. 260 do CPC), é perfeitamente possível que

o Juízo reduza, de ofício, o valor da causa, ao menos provisoriamente, com vistas à fixação da

competência para o julgamento do feito (...) (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, AI 0034397-46.2012.4.03.0000,

Rel. Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS, julgado em 20/05/2013, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/05/2013)

Mesmo sentido: AI 00154691320134030000, Rel. RAQUEL PERRINI, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3

18.10.2013; AI 00338726420124030000, Rel. SOUZA RIBEIRO, TRF3 - NONA TURMA, e-DJF3 28.02.2013; AI

00142108020134030000, Rel. SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 04.9.2013.

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“Valor da causa” e “valor da condenação”

É possível que, em razão do tempo

decorrente do processamento da ação, o

valor da condenação supere os 60 salários

mínimos.

Qual é a conduta do Juiz? Extinguir? Intimar

o autor para renunciar ao excedente?

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“Valor da causa” e “valor da condenação”

Lei nº 10.259/2001:

Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em

julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias,

contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para

a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco

do Brasil, independentemente de precatório.

§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações

ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de

precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a

competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput). (...).

§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1º, o

pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à

parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa

optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista.

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“Valor da causa” e “valor da condenação”

5ª Turma Recursal de São Paulo:

“(...) II - VOTO Inicialmente, não há que se falar em incompetência do Juizado Especial Federal, em

razão do valor da causa, pois não há nos autos comprovação de que o montante pretendido pela parte

autora supera o limite de alçada estabelecido no artigo 3°, § 2°, da Lei federal n° 10.259/2001. Note-se

que os conceitos de valor da causa e valor da condenação são inconfundíveis. A Lei nº 10.259/2001

permite expressamente a expedição de precatório no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo

17, § 4º), razão pela qual nada impede que a execução seja realizada em valor superior a sessenta

salários mínimos, conquanto a competência seja limitada a esse valor na data do ajuizamento da

demanda. Tal é, inclusive, o entendimento já pacificado pelas Turmas Recursais: SÚMULA Nº 16 - É

possível a expedição de precatório no Juizado Especial Federal, nos termos do artigo 17, §4º, da Lei nº

10.259/2001, quando o valor da condenação exceder 60 (sessenta) salários mínimos." (Origem

Enunciado 20 do JEFSP)” (Processo 00294956220124036301, Rel. Juiz OMAR CHAMON, e-DJF3

24.5.2013).

No mesmo sentido:

Processo 00184566820124036301, Rel. Juíza FLAVIA PELLEGRINO SOARES, TR3 - 3ª Turma

Recursal - SP, e-DJF3 09.5.2013;

Processo 00095013120064036310, Rel. CRISTIANE FARIAS RODRIGUES DOS SANTOS, TR4 – 4ª

Turma Recursal, e-DJF3 23.5.2013.

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A competência do JEF é absoluta:

Lei nº 10.259/2201: “Art. 3º § 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta”.

Consequências:

– Incompetência deve ser alegada em preliminar de contestação;

– Juiz pode declarar a incompetência de ofício (mesmo sem provocação do réu), a qualquer tempo (não preclui).

– Jurisdicionado não pode escolher onde propor (JEF ou Vara), se houver JEF e Vara instalados na cidade de seu domicílio.

Conduta do Juiz: extinção do processo: (?).

– Enunciado nº 24 do FONAJEF: Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei n. 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei n. 9.099/95, não havendo nisso afronta ao art. 12, § 2º, da Lei 11.419/06.

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A competência do JEF é absoluta:

Conflito de competência entre JEF e Vara dentro da mesma Região:

– Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competênciaentre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

Perícia complexa?

– Lei nº 9.099/95: Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua

confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico. [não é perícia, portanto]

– No JEF?

– Súmula 20 das Turmas Recursais do JEF de São Paulo:

– “A competência dos Juizados Especiais Federais é determinada unicamente pelo valor da causa e

não pela complexidade da matéria (art. 3° da Lei n° 10.259/2001)”.

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Competência para concessão de liminar e/ou tutela provisória

A concessão de medidas liminares é, obviamente,

do Juízo competente para aquele processo.

Mas a doutrina entende que o “poder geral de

cautela” é inerente à função jurisdicional.

Assim, mesmo o Juiz incompetente pode deferir

medida de urgência destinada a evitar o

perecimento de direito.

Essa medida de urgência pode ser revista, se for o

caso, pelo Juízo competente.

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CPC

Art. 64, § 4º: “Salvo decisão judicial em

sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos

de decisão proferida pelo juízo incompetente

até que outra seja proferida, se for o caso,

pelo juízo competente”.

Ressalva importante.

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2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Qualificação completa e correta:– Maria Silva é diferente de Maria da Silva;

– Isso é essencial para o pagamento do precatório/RPV: se estiver errado, devolve.

Profissão:– Informação fundamental para os benefícios por incapacidade

(auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente).

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2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Domicílio e residência do autor (atualizados): alguns problemas administrativos na implantação do benefício;

– INSS manda uma carta pedindo complementação de algum documento, não obtém resposta e o “sistema” bloqueia o pagamento;

– Perícias domiciliares: (estudo sócio econômico em LOAS);

– Intimações pessoais (para prestar depoimento pessoal, para constituir novo advogado em caso de renúncia).

– Art. 274, parágrafo único, do CPC: Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo [...].

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2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

CPF:– Importantíssimo:

– Na JF não se distribui ação sem CPF (indica possíveis ações anteriores, inclusive no JEF);

– Mesmo para incapazes

– Precatório/RPV: CPF inválido ou irregular faz com que a requisição de pagamento seja devolvida;

Se “pendente de regularização”, impede o levantamento dos depósitos judiciais;

CPF do advogado:– Incluir na procuração;

– Precisa ser intimado para apresentar e aí passa o 1º de julho (só em 2019);

– Não recebe honorários (já cheguei a requisitar só do cliente do advogado que, intimado, não informou o CPF)

CNPJ da sociedade de advogados:– Incluir na procuração;

– É possível receber honorários no CNPJ da sociedade – artigo 85, § 14 do CPC

– (inclusive contratuais, com destaque na requisição). – destaque – artigo 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia).

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2. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Artigo 319.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá

o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a

sua obtenção. [dever de cooperação/auxílio para o Juiz!]

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de

informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao

disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações

tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

Teoria da substanciação: a causa de pedir decorre tanto da relação jurídica/conflito de interesses como dos fatos (diferente da teoria da individualização – só os fatos).

Bom advogado: claro, direto e preciso.

É a causa de pedir:– remota: fatos jurídicos.

– próxima: fundamentos jurídicos;

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3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

FATOS:

– Descrever objetivamente o que interessa para a

causa;

ex.: tudo começou quando a mãe do autor, nos idos de

1950, conheceu o então futuro pai do autor....

Não é isso: são os fatos jurídicos

relevantes para a causa.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

A descrição dos fatos deve ser um espelho

do direito material.

Comparar requisitos legais para a concessão

do benefício X petição inicial.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos dopedido

Auxílio doença: requisitos legais – incapacidade temporária para a atividade profissional habitual (mais de 15 dias), qualidade de segurado e carência (quando necessária):

“O autor é segurado da Previdência Social, na qualidade de empregado, como faz prova a cópiada carteira de trabalho anexada (documento nº 2). Foi acometido de síndrome do túnel do carpo nomembro superior direito, como fazem prova o relatório médico e os exames ora juntados (documentos nº3 a 6), doença que é causa de incapacidade para o trabalho, por mais de 15 dias. O autor requereuadministrativamente o auxílio-doença, que foi indeferido sob a alegação de que não haveria incapacidade,o que não corresponde a verdade. A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante dacompressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e oantebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores que sãorevestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provocacompressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo. No caso do autor, a extensão da doençaé causa de parestesias (formigamentos) e dores constantes no membro superior direito, impedindo-o deexecutar tarefas como manipular objetos pequenos. Considerando que o autor exerce o ofício demontador, atuando na linha de produção de uma indústria de aparelhos eletrônicos, não consegueexercer sua atividade profissional habitual. Tendo cumprido a carência legal exigida (12 meses), temdireito à concessão do auxílio-doença”.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

– Aposentadoria por invalidez: incapacidade definitiva, para qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, carência e qualidade de segurado.

“O autor, segurado da Previdência Social, foi acometido de insuficiência renal crônica, doença que causou incapacidade definitiva para exercer qualquer atividade laborativa que lhe garanta a subsistência, já que não pode fazer quaisquer esforços físicos e sua sobrevida depende da realização de sessões diárias de hemodiálise. Requereu administrativamente o benefício, que foi indeferido sob a alegação de que ocorreu a perda da qualidade de segurado. Ocorre que a cessação de vínculos de emprego e de contribuições à Previdência Social decorreu, exatamente, da incapacidade para o trabalho, razão pela qual tem direito à aposentadoria por invalidez, já que se trata de nefropatia grave, sendo dispensada a carência”.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

– Revisão de tempo de contribuição:

– “O autor requereu ao INSS a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que foi deferido. Apesar disso, o INSS deixou de computar, como tempo de contribuição, o período trabalhado à empresa XYZ, o que reduziu indevidamente a renda mensal inicial do benefício.

– Revisão pelo teto das Emendas nº 20/98 e 41/2003:

– “O autor é titular de aposentadoria por tempo de contribuição, cuja renda mensal inicial foi fixada no valor correspondente ao teto do salário de benefício; por força das Emendas nº 20/98 e 41/2003, foi elevado o valor desse teto, mas o INSS não aplicou esses novos valores aos benefícios concedidos em datas anteriores, o que se pretende obter”.

– Concessão de aposentadoria especial:

– “O autor é segurado da Previdência Social e requereu administrativamente a aposentadoria especial, que foi indeferida, sob a alegação de falta de tempo de contribuição. Ocorre que o INSS deixou de reconhecer, como especiais, os períodos de trabalho prestados às empresas X, Y, e Z, de tanto a tanto, o que impediu que alcançasse tempo suficiente para a concessão do benefício”.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

Fundamentos jurídicos

– 1) Doutrina: não é necessária a referência à norma jurídica que ampara a pretensão (não precisa citar os artigos de lei).

MAS: a citação de artigos de lei e da Constituição Federal é indispensável para RE e RESP.

– 2) Não é relevante a qualificação jurídica que o autor dá ao fato (pode ser mudada pelo Juiz, se achar que é o caso – jura novit curia – livre dicção do direito).

Ex.: o autor afirma que o ato de concessão do benefício foi revogado(na verdade, foi anulado); consequências jurídicas distintas (revoga-se por razões de conveniência e oportunidade; anula-se no caso de invalidade – nulidade ou anulabilidade).

MAS: não custa indicar corretamente a norma jurídica, nem dar a correta qualificação jurídica aos fatos em discussão.

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3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

Fundamentos jurídicos

Bom conhecimento do direito material:

Quais são os requisitos legais para ter direito a um determinado benefício?– Auxílio doença: incapacidade para sua atividade profissional habitual por mais de 15 dias, de

natureza temporária, mantida a qualidade de segurado e cumprida a carência – quando for o caso);

– Pensão por morte: qualidade de dependente; óbito do segurado; manutenção da qualidade de segurado na data do óbito; dispensada a carência

– Aposentadoria por idade: idade mínima (65 anos para homens, 60 para mulheres, reduzindo em cinco anos se rural); carência de 180 contribuições; regra de transição do art. 142 da Lei nº 8.213/91; prorrogações da Lei nº 11.718/2008, etc.

– Parece óbvio: mas é preciso demonstrar analiticamente que o cliente tem direito ao benefício;

Revisão: qual é o fundamento jurídico que sustenta a revisão pedida?– erro na concessão do benefício;

– erro na contagem do tempo de contribuição;

– erro no cômputo dos salários de contribuição;

– aplicação de índice diverso do previsto em lei (ex. IRSM de fevereiro de 1994 sobre os salários de contribuição anteriores a março);

– ilegalidade do ato administrativo que estipulou os critérios de reajuste (aplicou índice menor que o legal);

– inconstitucionalidade da lei em que se funda a concessão do benefício.

– Motivo do indeferimento?

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Outros exemplos

A incapacidade é

preexistente à

filiação/refiliação ao

RGPS.

A incapacidade sobreveio por motivo de agravamento da doença;

quando se agravou, tinha qualidade de segurado

Indefiro a contagem do

tempo especial porque o

PPP indica uso de EPI

eficaz

O uso do EPI não descaracteriza a nocividade e não retira o direito à

contagem do tempo especial.

Indefiro o auxílio-doença

em razão da falta de

cumprimento da carência

Quando do início da incapacidade, a carência tinha sido cumprida/a

doença que causa a incapacidade dispensa a carência

Indefiro o pedido de

desaposentação, por falta

de amparo legal.

A “desaposentação” é decorrência lógica de um sistema previdenciário

de natureza contributiva, que pode ser deferida mesmo sem previsão

legal expressa.

Indefiro por falta de tempo

de contribuição.

Ilegalidade do ato administrativo, por falta de fundamentação, já que

não especifica qual o período que não foi computado/ o tempo de

contribuição está incorreto

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Estratégia de bem advogar

Facilitar o trabalho do Juiz: alguns milhares de processos;

ex.: réplica: processualmente, serve para duas únicas coisa: manifestação sobre questões preliminares ou prejudiciais contidas na contestação (337 e 351) e sobre fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (350)

Evitar só repetir o que está na inicial (solução Ctlr C Ctrl V). – serventuário vai juntar uma petição vazia de conteúdo – demora mais sem nenhum sentido; consome mais papel – frente e verso – ambientalmente correto.

Apontar especificamente os problemas da contestação ou do laudo pericial.

Instruir a petição inicial com prova documental desses fatos;– ex.: reajustes de benefício já concedido: observar a data de início do benefício;

– ex.: revisão da renda mensal inicial do benefício: observar se o critério que se pretende rever alcança o período básico de cálculo;

– ex.: salário de benefício e salário de contribuição; reajuste do benefício em manutenção e revisão da renda mensal inicial;

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Estratégia de bem advogar

Outros cuidados: identificar o número do benefício (NB) - facilita a localização e o cumprimento de eventual tutela provisória;

Organização correta e coerente dos documentos; facilita a vida do Juiz;– Inclusive no PJe (“outros documentos 1”, “outros documentos 2” etc. – NÃO!) “I love PDF1”...

– Carta de indeferimento

– Contagem de tempo de contribuição INSS

– PPP Embraer/GM/Prefeitura

– Declaração médica 1

– Declaração psiquiatra

– Laudo ressonância magnética.

– Requerimento de revisão

– Acórdão recurso administrativo (Junta de Recursos)

Art. 425, IV: cópias de peças dos autos declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade

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4. O pedido, com as suas especificações

É preciso saber pedir:

Art. 322, § 2º: A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé [como se feito de boa fé, por princípio].

Mas princípio da correlação (congruência ou adstrição) entre a sentença e o pedido (arts. 141 e 492 do CPC):

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que foi demandado.

Se não pedir, o juiz não concederá; isso é muito mais grave e muito mais frequente do que se imagina.

– ex.: pediu o “restabelecimento” do benefício que não foi concedido;

– pediu a concessão do benefício, mas não pediu o pagamento dos valores atrasados (o benefício deveria ter sido concedido lá atrás, quando do requerimento administrativo);

– pediu para não se sujeitar ao recolhimento da contribuição previdenciária, mas não pediu a devolução do que foi pago indevidamente.

– não especificou a data de início do benefício (o juiz fixou a partir da citação ou da propositura da inicial, mas ele era devido desde a data de entrada do requerimento administrativo).

Pode até apelar disso: mas se especificar, o juiz precisa decidir e, se esquecer, embargos de declaração;

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4. O pedido, com as suas especificações

“Fungibilidade” do pedido nos benefícios por incapacidade: [...] A concessão de auxílio-doença não se revela como julgamento extra petita,

porque há visível fungibilidade entre aquele e a aposentadoria por invalidez, tendo em vista que ambos os benefícios possuem basicamente as mesmas exigências legais (com exceção do grau e duração da incapacidade) e, presentes os requisitos à concessão de qualquer deles, deve a benesse ser outorgada [...] (APELREEX 00270811620164039999, DESEMBARGADOR FEDERAL DAVID DANTAS, TRF3 - OITAVA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/10/2016).

[...] 1. Embora a parte autora tenha pleiteado o benefício de auxílio-acidente, nota-se que o MM. Juiz a quo houve por bem em conceder o benefício de auxílio-doença, atendendo ao princípio da fungibilidade do pedido, de forma a não caracterizar julgamento extra petita, devendo ser concedido o benefício adequado, implementados os requisitos necessários, tendo em vista o caráter social que está presente nesta ação [...]. (APELREEX 0112520520114036140, DESEMBARGADOR FEDERAL NELSON PORFIRIO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/06/2016) .

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4. O pedido, com as suas especificações

Cumulação de pedidos:

– Cumulação alternativa: quero A ou B. Estou satisfeito com

qualquer um deles (326, parágrafo único).

– Cumulação sucessiva: quero A e B, mas o acolhimento de

B depende do acolhimento de A.

– Cumulação subsidiária ou eventual: quero A; se não for

possível, quero B; se não for possível, quero C (326,

“caput”).

ex.: aposentadoria por invalidez, auxílio-doença ou auxílio-acidente;

ex.: aposentadoria especial ou aposentadoria por tempo de

contribuição (com contagem de tempo especial, convertido em

comum).

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4. O pedido, com as suas especificações

Não precisa pedir: juros, correção monetária e verbas de sucumbência (art. 322, § 1º CPC)

prestações periódicas (art. 323 CPC).

despesas processuais antecipadas (art. 82, § 2º do CPC)

honorários de advogado (art. 85 do CPC).

Juros e correção monetária: se pedir e especificar o critério, provoca uma decisão do juiz a respeito, que faz coisa julgada;

Evita rediscutir a matéria em impugnação ao cumprimento da sentença (só o cálculo, não o critério do cálculo);

Manual de Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução CJF nº 134/2010.

Art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960, de 29.6.2009 (“Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”).

Incidente a partir de 30.6.2009. – inconstitucionalidade – STF, ADI 4357 e 4425 (Emenda nº 62/2009) –modulação só para correção de precatórios (não para condenações em geral) – 25.3.2015.

Atualização – Resolução CJF nº 267/2013: INPC (benefícios previdenciários) IPCA-E (outras verbas) ou SELIC (tributos) no lugar da TR como correção monetária.

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4. O pedido, com as suas especificações

O STF finalmente concluiu o julgamento do RE 870.947 (tema 810), em regime de repercussão geral,

firmando, quanto ao assunto em discussão, as seguintes teses:

1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina os

juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos

oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos

quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da

isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a

fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é

constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a

redação dada pela Lei nº 11.960/09; e

2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que

disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a

remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição

desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como

medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os

fins a que se destina.

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4. O pedido, com as suas especificações

A ata do referido julgamento foi publicada no DJe de 22.9.2017.

Artigo 1.035, § 11, do Código de Processo Civil: a publicação da ata valerá como acórdão; não é

necessário aguardar a divulgação dos votos ou da ementa para que os efeitos processuais decorrentes

de julgado sejam plenamente produzidos.

Aplicação obrigatória: artigo 927, III, do Código de Processo Civil. Mesmo que, ontologicamente, seja

possível diferenciar os recursos extraordinários repetitivos daqueles decididos em regime de repercussão

geral, a vinculação de ambos os julgados é medida que se impõe, como consequência, inclusive, do

dever atribuído aos Tribunais de que uniformizem sua jurisprudência e mantenham-na “estável, íntegra e

coerente” (art. 926 do CPC).

IPCA-E ou INPC? Naquele caso concreto, o STF acabou por determinar a aplicação do IPCA-E. Mas a

tese (o precedente) limitou-se à declaração de inconstitucionalidade, que faz restabelecer o índice legal

anterior para benefícios previdenciários (INPC). Como a vinculação que se estabelece é a fixação do

precedente, não o julgamento do caso paradigma, tenho que o índice a ser aplicado é realmente o INPC.

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4. O pedido, com as suas especificações

STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018

(REPETITIVO)

1. Correção monetária: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei

11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações judiciais

impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza.

1.1 Impossibilidade de fixação apriorística da taxa de correção monetária.

No presente julgamento, o estabelecimento de índices que devem ser aplicados a título de

correção monetária não implica pré-fixação (ou fixação apriorística) de taxa de atualização

monetária. Do contrário, a decisão baseia-se em índices que, atualmente, refletem a

correção monetária ocorrida no período correspondente. Nesse contexto, em relação às

situações futuras, a aplicação dos índices em comento, sobretudo o INPC e o IPCA-E, é

legítima enquanto tais índices sejam capazes de captar o fenômeno inflacionário.

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4. O pedido, com as suas especificações

STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018

1.2 Não cabimento de modulação dos efeitos da decisão.

A modulação dos efeitos da decisão que declarou inconstitucional a atualização monetária

dos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta

de poupança, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, objetivou reconhecer a validade

dos precatórios expedidos ou pagos até 25 de março de 2015, impedindo, desse modo, a

rediscussão do débito baseada na aplicação de índices diversos. Assim, mostra-se

descabida a modulação em relação aos casos em que não ocorreu expedição ou

pagamento de precatório.

2. Juros de mora: o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), na

parte em que estabelece a incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda Pública

com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, aplica-se às

condenações impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as condenações oriundas de

relação jurídico-tributária.

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4. O pedido, com as suas especificações

STJ: RESP 1.495.146, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02.3.2018

3. Índices aplicáveis a depender da natureza da condenação.

3.1 Condenações judiciais de natureza administrativa em geral.

As condenações judiciais de natureza administrativa em geral, sujeitam-se aos seguintes encargos: (a)

até dezembro/2002: juros de mora de 0,5% ao mês; correção monetária de acordo com os índices

previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir

de janeiro/2001; (b) no período posterior à vigência do CC/2002 e anterior à vigência da Lei 11.960/2009:

juros de mora correspondentes à taxa Selic, vedada a cumulação com qualquer outro índice; (c) período

posterior à vigência da Lei 11.960/2009: juros de mora segundo o índice de remuneração da caderneta de

poupança; correção monetária com base no IPCA-E.

3.1.1 Condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos.

As condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos, sujeitam-se aos seguintes

encargos: (a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização simples); correção monetária:

índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a

partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção monetária:

IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora: remuneração oficial da caderneta de poupança;

correção monetária: IPCA-E.

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4. O pedido, com as suas especificações

3.1.2 Condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas.

No âmbito das condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas existem regras

específicas, no que concerne aos juros moratórios e compensatórios, razão pela qual não se justifica a

incidência do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei 11.960/2009), nem para compensação

da mora nem para remuneração do capital.

3.2 Condenações judiciais de natureza previdenciária.

As condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se

à incidência do INPC, para fins de correção monetária, no que se refere ao período

posterior à vigência da Lei 11.430/2006, que incluiu o art. 41-A na Lei 8.213/91.

Quanto aos juros de mora, incidem segundo a remuneração oficial da caderneta de

poupança (art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009).

3.3 Condenações judiciais de natureza tributária.

A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de indébitos tributários devem

corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago em atraso. Não havendo disposição legal

específica, os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN). Observada a

regra isonômica e havendo previsão na legislação da entidade tributante, é legítima a utilização da taxa

Selic, sendo vedada sua cumulação com quaisquer outros índices.

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4. O pedido, com as suas especificações

4. Preservação da coisa julgada.

Não obstante os índices estabelecidos para atualização monetária e

compensação da mora, de acordo com a natureza da condenação

imposta à Fazenda Pública, cumpre ressalvar eventual coisa

julgada que tenha determinado a aplicação de índices diversos,

cuja constitucionalidade/legalidade há de ser aferida no caso

concreto.

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Solução para processos já julgados, na fase de cumprimento de sentença

1) Casos em que o índice fixado na fase de

conhecimento é o mesmo adotado pelo STF;

2) Casos em que o julgado na fase de

conhecimento não fixou índice;

3) Casos em que o índice fixado na fase de

conhecimento é diferente do adotado pelo

STF.

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Índices diferentes

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa

ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a

execução, podendo arguir: [...] III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; [...]

§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a

obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado

inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do

ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em

controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no

tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.

§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito em

julgado da decisão exequenda.

§ 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá

ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo

Tribunal Federal.

Art. 1.057. O disposto no art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535, §§ 7º e 8º, aplica-se às decisões transitadas

em julgado após a entrada em vigor deste Código, e, às decisões transitadas em julgado anteriormente,

aplica-se o disposto no art. 475-L, § 1º, e no art. 741, parágrafo único, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro

de 1973.

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Índices diferentes

CPC/1973.

Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: [...].

II - inexigibilidade do título; [...].

Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível

o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal

Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal

Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.

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Solução proposta

1) Trânsito em julgado antes de 18.3.2016: a fixação de critério de correção

monetária distinto torna o título executivo, no ponto, inexigível, permitindo-se

sua desconstituição no julgamento da impugnação ao cumprimento da

sentença;

2) Trânsito em julgado a partir de 18.3.2016: a fixação de outro critério de

correção monetária também torna o título inexigível; Sua desconstituição

ocorrerá:

– 2.1. Por meio de impugnação ao cumprimento da sentença, nos casos

em que a decisão do STF tenha sido proferida antes do trânsito em

julgado da decisão exequenda (ou seja, TJ a partir de 20.9.2017); ou

– 2.2. Por ação rescisória, nos casos em que a decisão do STF tenha sido

proferida depois do trânsito em julgado da decisão exequenda (ou seja,

TJ de 18.3.2016 a 19.9.2017 – véspera do julgamento do STF).

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5. Valor da causa

Importante calcular: pode alterar a competência (JEF ou vara

previdenciária);

Em regra: valor das prestações vencidas MAIS doze

prestações vincendas (artigo 292, §§ 1º e 2º do CPC);

Se tiver dano moral – vencidas, 12 vincendas e valor da

indenização;

TRF 3ª: para fixação do valor da causa e competência, dano

moral não pode ser maior do que o valor do benefício requerido

(vencido e vincendas).

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5. Valor da causa

[...] 1. Não obstante o valor do dano moral seja, em princípio, estimado pelo autor, se o propósito é o de burlar

regra de competência, é evidente que o juiz pode alterá-lo de ofício, devendo, porém, indicar valor razoável e

justificado. 2. O pedido de condenação por danos morais não pode ser excessivo, deve corresponder ao valor

econômico do benefício pleiteado na ação, daí porque o valor da causa deve ser retificado, restando clara a

competência do Juizado Especial Federal. 3. Agravo interno não provido. (AI 00023472520164030000,

DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA, TRF3 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1

DATA:17/02/2017)

[...] 2. A temática trazida no conflito diz com a possibilidade de alteração de ofício, pelo magistrado, do valor

atribuído à causa no tocante ao pleito de indenização por danos morais. 3. O valor atribuído à causa pode ser

retificado, de ofício, pelo magistrado, não se tratando de julgamento do pleito, mas de correção da estimativa posta

na exordial. 4. Esta Corte Regional vem admitindo a retificação de ofício do valor da causa, relativo à indenização

por dano moral, quando a indicação da parte autora representar visivelmente exagero e prestar-se à violação da

competência absoluta dos Juizados Especiais. 5. Conflito de competência julgado improcedente.

(CC 00266971420154030000, DESEMBARGADOR FEDERAL VALDECI DOS SANTOS, TRF3 - PRIMEIRA

SEÇÃO, e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/02/2017)

[...] Como se trata de pedido que engloba prestações vencidas e vincendas, o valor da causa deve ser calculado

conforme o disposto no art. 260 do CPC. 4. No que diz respeito ao dano moral, esta Corte vem se posicionando no

sentido de que o pedido indenizatório, em ações previdenciárias, deve ser razoável, correspondendo ao valor

econômico do benefício almejado, para que não haja majoração proposital da quantia indenizatória, com a

consequente burla à competência dos Juizados Especiais Federais. 5. A cumulação de pedidos (incluindo dano

moral) não pode servir de estratégia para excluir a competência dos Juizados Especiais. 6. Agravo legal a que se

nega provimento (AI 00314496320144030000, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES, TRF3 -

SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:04/03/2015)

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6. As provas com que o autor pretende

demonstrar a verdade dos fatos alegados

Importante especificar;

Parte da doutrina distingue:

1) protesto genérico da inicial (“Art. 319, VI: As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados”);

2) especificação (“Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado”).

É uma especificação guiada por aquilo que for alegado pelo réu.

A distinção não é meramente acadêmica: se as partes são especificamente instadas a indicarem as provas, e não o fazem, ocorreu a preclusão (pode ter indicado anteriormente – nova reflexão com o CPC/2015)

Estratégia da boa Advocacia: especificar “de novo”, se necessário.

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7. A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos

essenciais e não for o caso de improcedência liminar do

pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de

mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,

devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de

antecedência. (...).

§ 4o A audiência não será realizada:

I - se ambas as partes manifestarem, expressamente,

desinteresse na composição consensual;

II - quando não se admitir a autocomposição.

– Hipótese não aplicável inteiramente à Fazenda Pública (mesmo certos

direitos indisponíveis admitem composição).

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Audiência de conciliação ou mediação

Fazenda Pública: princípio da legalidade

Conciliação e transação mediante autorização normativa

específica:

– Lei nº 9.469/97:

– Art. 1º O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e os

dirigentes máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o dirigente

estatutário da área afeta ao assunto, poderão autorizar a realização de acordos ou

transações para prevenir ou terminar litígios, inclusive os judiciais.

– § 1º Poderão ser criadas câmaras especializadas, compostas por servidores públicos

ou empregados públicos efetivos, com o objetivo de analisar e formular propostas de

acordos ou transações.

– § 5º Na transação ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por intermédio de

procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive os casos de

extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, as partes poderão

definir a responsabilidade de cada uma pelo pagamento dos honorários dos

respectivos advogados.

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Audiência de conciliação ou mediação

– Recomendação Conjunta CNJ/AGU/MTPS nº

01/2015.

– Portaria PGF nº 258/2016 (acordo em benefícios por

incapacidade).

– Decreto nº 7.392/2010 (Câmara de Conciliação e

Arbitragem da Administração Federal – CCAF).

– Artigo 10 da Lei 10.259/2001 (conciliação nos JEF’s).

– Artigo 8º da Lei 12.153/2009 (conciliação nos JE’s da

FP).

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Audiência de conciliação ou mediação

Portanto: previsão legal que depende de especificação em

regulamento ou ato administrativo.

Mesmo quando admissível, pressupõe a colheita de provas

(perícias, audiência de instrução, etc.).

– Ex: benefícios por incapacidade, pensão por morte (dependência

econômica), aposentadoria por idade rural, etc.

Consequências práticas:

– 30 dias úteis para realização da audiência que será fatalmente infrutífera;

– 30 dias úteis para contestar (prazo em dobro – artigo 183).

Juiz pode dispensar a audiência de conciliação ou

mediação?

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Tutela provisória

Razoável duração do processo e

efetividade da jurisdição.

Decisões “liminares”:

– “In limine”: no início (embora possam ser

incidentais – no curso do processo).

– Decisões provisórias;

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Espécies de decisões liminares

Cautelar: Acautelatória: finalidade de assegurar o resultado útil do

processo principal; não pode esgotar o objeto do processo (“satisfativas”).

Ex.: suspensão da pensão deferida a outro pensionista, até o julgamento da ação principal.

“Bife na geladeira”.

Tutela antecipada (antecipação dos efeitos da tutela - tutela satisfativa):

É a própria decisão de mérito, mas deferida antecipadamente.

É exatamente o que o juiz daria na sentença

Ex.: a concessão do benefício.

“Bife na frigideira”.

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Tutela provisória no CPC/2015

Pode ser:

– Tutela provisória de urgência (arts. 300-310). Pode ser cautelar ou antecipada (satisfativa)

Pode ser (em ambos os casos) antecedente ou incidental

– Tutela provisória de evidência (art. 311).

– Art. 297: juiz pode determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória

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Tutela provisória de urgência

Requisitos (art. 300)

– “Probabilidade do direito”

– “Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo”

– Tutela provisória de urgência cautelar: resguarda o resultado útil do processo

“qualquer outra medida idônea para asseguração do direito” (301)

– Tutela provisória de urgência antecipada/satisfativa: antecipa os efeitos da sentença de mérito

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Tutela provisória de urgência

Juiz pode exigir caução (artigo 300, § 1º) – dispensa se a parte não puder oferecê-la.

Pode ser concedida liminarmente ou após audiência de justificação prévia (§ 2º).

Não será concedida se houver risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão (§ 3º)

Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos.

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Tutela provisória de urgência

Quer cautelar, quer antecipada/satisfativa, pode ser antecedente (pedida antes de formular o pedido de tutela definitiva) ou incidental (pedida junto com o pedido de tutela definitiva, ou depois do pedido de tutela definitiva).

Tutela antecipada antecedente (303-304):– Antes do processo principal.

– Inicial simples: requerimento da tutela e indicação do pedido de tutela final, exposição da lide, do direito que se quer realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

– Se tutela concedida: em 15 dias (ou prazo maior fixado pelo juiz), autor deve aditar a inicial, complementando a argumentação e documentos e pede a confirmação da tutela final, valor da causa final. Procedimento comum em seguida (audiência etc.)

– Se não aditar, extinto sem resolução do mérito.

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Tutela provisória de urgência

Tutela antecipada antecedente (303-304):– A tutela antecipada antecedente ficará estabilizada se o réu não interpuser agravo

de instrumento (artigo 304).

– Processo será extinto.

– Qualquer das partes poderá demandar para rever a tutela estabilizada, no prazo de 02 anos, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo.

Tutela cautelar antecedente (305):– Inicial: indicação da lide e seu fundamento, exposição sumária do direito que se quer

assegurar, perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

– Réu citado para contestar (05 dias) e indicar provas.

– Contestado, segue o procedimento comum.

– Efetivada a tutela cautelar, pedido principal deve ser feito em 30 dias, nos mesmos autos (pode aditar pedido, causa de pedir, outros documentos etc.).

– Com pedido principal, audiência etc.

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Tutela provisória de urgência

Fungibilidade da tutela provisória de urgência:

Artigo 305. [tutela cautelar antecedente].

Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303” [tutela antecipada antecedente].

“Mão única” ou “mão dupla”?

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Tutela provisória de evidência

Tutela de evidência é outra hipótese de

tutela provisória, mas não depende de

prova do perigo de dano ou de risco ao

resultado útil do processo.

São irrelevantes.

Importante instrumento para efetividade da

jurisdição

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Tutela provisória de evidência

Hipóteses (artigo 311).

1) Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório da parte;

2) Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas

documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos

repetitivos ou em súmula vinculante;

3) Quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental

adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem

de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

4) Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos

fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova

capaz de gerar dúvida razoável.

Decisão liminar: só nos casos 2 e 3. Nos demais, precisa ouvir a parte

contrária

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Tutela provisória de evidência

Em matéria previdenciária, podem ser mais frequentes:

1. Quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório da parte - caso em que o INSS

sustenta em Juízo entendimento diverso do que consta do Decreto

3.048/99 ou da IN 77/2015.

2. Quando alegações de fato puderem ser comprovadas apenas

documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos

repetitivos ou em súmula vinculante; - caso do EPI em ruído.

4. Quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos

fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova

capaz de gerar dúvida razoável (opor prova, não argumentos...).

– casos de aposentadoria especial baseados em PPP ou laudo técnico.

– casos de revisão (normalmente não se defere tutela de urgência – mas

pode deferir tutela de evidência).

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Tutela provisória posteriormente revogada

E se a sentença for de improcedência?

CPC: Composição dos danos causados pela tutela provisória (artigo 302) – nos próprios autos; responsabilidade objetiva.

Mas doutrina e jurisprudência – valores recebidos de boa fé e com caráter alimentar são irrepetíveis.

STJ, AGA 1318361, Rel. Jorge Mussi, DJe 13.12.2010, AGA 1115362, Rel. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 17.5.2010, AGRESP 691012, Rel. Celso Limongi, DJe 03.5.2010.

TRF 3ª Região, APELREE 1999.03.99.084840-6, Rel. Márcia Hoffmann, DJF3 18.8.2011, p. 1207, e a AC 2008.61.22.000901-6, Rel. Walter do Amaral, DJF3 03.8.2011, p. 1678.

Súmula nº 34 da AGU: “Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública”.

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STJ, Primeira Seção, RESP 1.384.418, Rel.

Min. Herman Benjamin, DJe 30.8.2013

(...). Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar os segurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada. (...) 4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu para considerar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu. 5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiário adquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (...) 7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito da boa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária. 8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamento recebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível da verba ao seu patrimônio. 9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissa de que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC). 10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal ao Erário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consigne descontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras. 11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolver os valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintes parâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado e incontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefícios previdenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidores públicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213⁄1991. 12. Recurso Especial provido”.

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STF:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO RECEBIDO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. DEVOLUÇÃO. ART. 115 DA LEI 8.213/91. IMPOSSIBILIDADE. BOA-FÉ E CARÁTER ALIMENTAR. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 97 DA CF. RESERVA DE PLENÁRIO: INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 15.4.2009. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o benefício previdenciário recebido de boa-fé pelo segurado em virtude de decisão judicial não está sujeito a repetição de indébito, dado o seu caráter alimentar. Na hipótese, não importa declaração de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei 8.213/91, o reconhecimento, pelo Tribunal de origem, da impossibilidade de desconto dos valores indevidamente percebidos. Agravo regimental conhecido e não provido (AI 829661 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 18/06/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-152 DIVULG 06-08-2013 PUBLIC 07-08-2013)

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STF

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA ALIMENTAR. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já assentou que o benefício previdenciário recebido de boa-fé pelo segurado, em decorrência de decisão judicial, não está sujeito à repetição de indébito, em razão de seu caráter alimentar. Precedentes. 2. Decisão judicial que reconhece a impossibilidade de descontos dos valores indevidamente recebidos pelo segurado não implica declaração de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei nº 8.213/1991. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento (ARE 734242 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 04-09-2015 PUBLIC 08-09-2015)

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Tutela provisória em matéria previdenciária

O “despacho” com o Juiz ou Desembargador

Lei nº 8.906/94:

“Art. 7º São direitos do advogado: (...)

VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada (...)”.

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Citação e resposta do réu

Citação:

é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou interessado a juízo para integrar a relação processual (art. 238 do CPC).

Concretização da garantia constitucional do contraditório.

INSS: citação na pessoa do Procurador Chefe da Procuradoria Federal que atua no INSS, ou outro procurador que faça suas vezes (art. 242, § 3º).

Atenção: Chefe da Agência, Gerente Executivo ou outro servidor não estão autorizados a receber citação.

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Citação e resposta do réu

Modalidades de resposta do réu:

Caso o réu não reconheça a procedência do pedido (expressamente ou, pelo silêncio, em razão dos efeitos da revelia), a resposta do réu pode ser:

– a) contestação;

– b) reconvenção (na própria contestação);

– c) petição de impedimento/suspeição.

– Exceções?

Prazo para resposta do INSS: dobro (30 dias úteis); art. 183 do CPC – “para todas as suas manifestações processuais”.

Contagem – depende – ver artigo 335 do CPC

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Citação e resposta do réu

Contestação:

é o ato que reproduz a contrariedade do réu à demanda promovida pelo autor:

é ônus do réu (não dever; contesta se quiser).

CPC, Art. 336: “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.

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Citação e resposta do réu

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;– Protocolo no lugar do domicílio do réu (340).

III – incorreção do valor da causa;

IV – inépcia da petição inicial;

V – perempção;

VI - litispendência

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;– Possibilidade de emenda – 338; indicação de quem é parte legítima (339).

XII - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade da justiça [não é mais impugnação].

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Citação e resposta do réu

Art. 337. [...]

§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2º Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3º Há litispendência quando se repete ação, que está em curso;

§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

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Ônus da impugnação específica

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:

I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento que a lei considerar da substância do ato;

III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

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Citação e resposta do réu

“Toda a matéria de defesa”: concentração dos atos

de defesa (incluindo impugnação valor da causa, à

gratuidade da Justiça, incompetência relativa etc.).

Defesas processuais (condições da ação e

pressupostos processuais) e defesas materiais

(mérito).

Questões prévias – preliminares e prejudiciais

Litispendência e coisa julgada em benefícios por

incapacidade?

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Citação e resposta do réu

Ônus da impugnação específica – a ser

interpretada em cotejo com os deveres

processuais de expor os fatos conforme a

verdade e não alegar defesa ciente de que é

destituída de fundamento.

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Aplica-se à Fazenda Pública (e ao INSS)?

Alguns: o INSS tutela direitos indisponíveis;– Assim, não pode nem sofrer os efeitos da revelia (art. 345, II, CPC), nem tem o ônus

de impugnar especificamente os fatos narrados na inicial (art. 341, I – não cabe confissão; 392 – não cabe confissão sobre direitos indisponíveis).

– STJ: “Cabe ao réu, nos termos do art. 302 do CPC, manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, sob pena de recair sobre eles a presunção de veracidade. Tal presunção, todavia, não se opera se não for admissível, a respeito dos fatos não impugnados, a confissão (art. 302, I do CPC). O direito tutelado pela Fazenda Pública é indisponível e, como tal, não é admissível, quanto aos fatos que lhe dizem respeito, a confissão. Por esta razão, a condição peculiar que ocupa a Fazenda Pública impede que a não impugnação específica dos fatos gere a incontrovérsia destes” (AGRESP 201000603599, HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe 29.5.2012).

– TRF3: “1. O ônus da impugnação específica dos fatos, consagrado no artigo 302 do CPC não se aplica à Fazenda Pública, versando a controvérsia sobre direitos indisponíveis, no caso, o crédito fazendário” (AC 00386133620064039999, Desembargador Federal MÁRCIO MORAES, e-DJF3 09.8.2010, p. 195).

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Aplica-se à Fazenda Pública (e ao INSS)?

Outros: é preciso distinguir o interesse público primário do interesse público secundário (estatal); neste, existe o ônus de impugnar especificamente

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ACOLHIMENTO DO CÁLCULO DA CONTADORIA JUDICIAL. ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OBSERVÂNCIA DA COISA JULGADA. 1. Por estar em posição eqüidistante das partes, os pareceres elaborados por profissional nomeado pelo Juízo devem prevalecer, quando divergentes, sobre aqueles confeccionados pelas partes, cabendo a estas impugná-los sistematicamente, não sendo suficiente a simples alegação de incorreção. 2. Os honorários advocatícios foram calculados em estrita observância à coisa julgada. 3. Apelação do INSS improvida” (AC 00320878220084039999, Desembargador Federal ANTONIO CEDENHO, TRF3 - Sétima Turma, e-DJF3 07.4.2010, p. 754).

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Ônus da impugnação específica

Argumentos:

– O art. 341, parágrafo único, do CPC, exclui

apenas defensor público, advogado dativo e

curador especial.

– “Privilégios” ou prerrogativas processuais não

podem ser interpretados extensivamente, sob

pena de violação ao princípio da isonomia.

– “Paternalismo judiciário” em favor da Fazenda

Pública?

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Citação e resposta do réu

Reconvenção (art. 343) É uma ação inversa do réu contra o autor;

O réu formula pedido contra o autor.

“Na contestação” – dispensa de petição apartada – convém destacar.

Ações conexas (“com a ação principal ou com o fundamento da defesa”).

Competência do Juízo para ambas as causas

Identidade de procedimento para ambas.

Julgada na mesma sentença.

Razoavelmente comum nas disputas entre dependentes (ou pretensos dependentes) relacionadas com a pensão por morte;

Ex-esposa e atual esposa, ex-marido e companheiro, ex-companheiro e marido, filhos de casamentos diferentes, etc.

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Citação e resposta do réu

Exceções

Desapareceram do CPC 2015.

Agora: petições autônomas para arguir o impedimento e a suspeição (arts. 145 e 146)

Prazo de 15 dias (30 para INSS) conta-se do “conhecimento do fato” que ocasionou o impedimento ou a suspeição - 146.

Se juiz reconhece, encaminha para substituto; se não, autua em separado, expõe suas razões e remete ao Tribunal.

No Tribunal, relator pode receber o incidente com ou sem efeito suspensivo (até que decida, tutela de urgência deve ser requerida ao substituto legal)

Se Tribunal acolher o incidente, estabelece a partir de quando o juiz não poderia ter atuado no processo e anula os atos praticados quando já presente o motivo de impedimento ou suspeição.

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Litisconsórcio

Pluralidade de partes

Pode ser ativo (mais de um autor), passivo (mais de um réu)

ou misto/recíproco (mais de um autor e mais de um réu).

Pode ser inicial (formado na propositura da ação) ou ulterior

(formado no curso do processo – “assistência litisconsorcial”).

Pode ser facultativo (não obrigatório) ou necessário

(obrigatório, sob pena de nulidade ou ineficácia).

Litisconsórcio necessário:

– O autor deve requerer a citação, sob pena de extinção (art. 115, parágrafo

único, do CPC).

– Se unitário – nulidade do processo; se simples, ineficácia da sentença em

relação ao litisconsorte (115, I e II).

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Litisconsórcio em matéria previdenciária ou assistencial - hipóteses mais frequentes

1) Pensão por morte em que já existe alguém habilitado ao

benefício– O benefício será partilhado – art. 77 da Lei nº 8.213/91 (dependentes da mesma

classe) – ou cancelado (se dependentes de classes diversas – art. 16, § 1º da Lei nº

8.213/91).

– Atual pensionista sofrerá efeitos de eventual procedência do pedido.

– É litisconsórcio passivo necessário (pensionista e INSS).

– E o “pensionista em potencial”?

– Lei nº 8.213, art. 76: “A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta

de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação

posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a

contar da data da inscrição ou habilitação”.

– E o incapaz? – RMI na data do óbito, por interpretação extensiva do art. 103,

parágrafo único da Lei nº 8.213/91, combinado com o art. 198, I, do CC.

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Jurisprudência

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE -INCAPAZ -

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO - INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO -DECISÃO ANULADA -

RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. 1 - O filho menor incluído na certidão de óbito é dependente do segurado da

previdência na mesma condição da mãe-autora. 2 - A imprescindibilidade da integração dos filhos menores do de

cujus para compor o pólo ativo da lide, em face da previsão contida no inciso I do art. 16 da Lei 8.213/91, e a

consequente obrigatoriedade de intervenção do Ministério Público nas ações em que figurem incapazes, consistem

em obstáculos intransponíveis ao prosseguimento da presente demanda. 3 - Decisão anulada, com a determinação

de retorno dos autos à origem, para que seja intimado o dependente do de cujus, por sua representante legal, para

composição da lide, e, efetivada a necessária intimação do Ministério Público. 4 - Sentença anulada. 5 - Apelação

prejudicada.

(AC , JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1

DATA:05/06/2014 PAGINA:591.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. PENSÃO POR MORTE. LITISCONSÓRCIO

NECESSÁRIO. NÃO NECESSIDADE. 1. Para o julgamento monocrático nos termos do art. 557, § 1º, do CPC, não

há necessidade de a jurisprudência dos Tribunais ser unânime ou de existir súmula dos Tribunais Superiores a

respeito. 2. Em relação a esposa do falecido e a seus filhos, cuja mãe não seja a parte autora, não há necessidade

do litisconsórcio necessário, pois a existência de mais de um dependente não torna obrigatória a formação de

litisconsórcio necessário para fins de concessão de pensão por morte, tendo em vista a hipótese de habilitação

posterior, prevista no artigo 76, caput, da Lei n.º 8.213/1991. 3. Recurso de Agravo legal a que se nega provimento.

(APELREEX 00016762220094039999, DESEMBARGADOR FEDERAL FAUSTO DE SANCTIS, TRF3 - SÉTIMA

TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/03/2013)

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Litisconsórcio em matéria previdenciária ou assistencial - hipóteses mais frequentes

2) Pensão por morte em que não há dependentes habilitados:

– Vários pensionistas em potencial.

– Existe “litisconsórcio ativo necessário”?

3) Pedidos subsidiários:

– Integração de salários de contribuição ao cálculo da RMI ou,

subsidiariamente, restituição de contribuições pagas além do devido.

– As contribuições para o custeio da Seguridade Social (artigos 195 e 239

da CF/88) são criadas por lei federal e arrecadadas pela União.

– Administrativamente, a atuação da União se dá por intermédio da

Secretaria da Receita Federal do Brasil (artigo 33 da Lei nº 8.212/91);

em Juízo, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §

3º, da Constituição Federal; artigo 12 da Lei Complementar nº 73/93).

– Logo, há litisconsórcio passivo necessário entre União e INSS

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DAS PROVAS

Conjunto de elementos levados ao conhecimento do Juiz para que seja possível resolver a lide.

A Constituição proíbe as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI);

Logo, a contrário senso, é possível falar em um direito fundamental à produção de provas no processo civil, desde que sejam lícitas;

Assim, o indeferimento da produção de determinada prova poderá resultar na violação desse direito fundamental;

CPC, art. 369: As partes têm o direito de empregar os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos, em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

Prova ilícita por derivação ou contaminação: fruits of the poisonous tree (frutos da árvore envenenada).

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DAS PROVAS

Provas típicas: previstas expressamente no CPC– ata notarial

– depoimento pessoal

– confissão

– exibição de documentos ou coisa;

– prova documental,

– prova testemunhal

– prova pericial

– inspeção judicial

Provas atípicas: não previstas expressamente na lei, mas admissíveis desde que moralmente legítimas.

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DAS PROVAS

Ônus Da Prova

art. 373 do CPC:

a) autor: deve provar os fatos constitutivos de seu direito;– ex.: que preenche os requisitos legais para ter direito a determinado

benefício;

b) réu: fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.

Distribuição “estática” do ônus da prova (critério adotado pelo CPC, como regra).

Cuidado: se não se desincumbir do ônus da prova, o Juiz pode julgar improcedente o pedido, justamente por não terem sido provas os fatos alegados na inicial.

exemplo comum: segurado que, intimado pessoalmente, não comparece à perícia médica e não justifica sua ausência (não acho que seja abandono; é descumprimento do ônus da prova).

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DAS PROVAS

Distribuição “dinâmica” do ônus da prova:

– Doutrina mais moderna entende possível que o Juiz, à vista do caso

concreto, distribua o ônus da prova a quem tenha melhores condições de

suportá-lo.

“Art. 373, § 1º. Nos casos previstos em lei ou diante das peculiaridades da

causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o

encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do

fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde

que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a

oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a

desimcumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente

difícil [...]

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DAS PROVAS

Distribuição “dinâmica” do ônus da prova em matéria

previdenciária?

– Sim, considerando, no caso concreto, as dificuldades que a parte tenha de

produzir a prova.

– Estratégia da Boa Advocacia: não contar com isso; trazer todas as provas

disponíveis, de preferência com a inicial, de forma a conseguir uma tutela

provisória.

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DAS PROVAS

Juiz?

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Muitíssimo utilizados em matéria previdenciária, em que algum equívoco na postulação ou omissão em indicar as provas acaba sacrificando o direito do autor.

Assim, atenção: quando o Juiz converte o julgamento em diligência (isto é, os autos estavam conclusos para sentença) e determina a intimação das partes para especificação das provas, é porque ele não está convicto dos fatos alegados na inicial.

Se insistir em não requerer nenhuma prova, possivelmente a sentença será de improcedência.

“Especificar”: indicar qual é a prova (testemunhal, depoimento pessoal, perícia médica) e justificar a pertinência e/ou necessidade.

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DAS PROVAS

Fatos que não dependem de prova Art. 374. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

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Ata notarial

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem

ser atestados ou documentados, a requerimento do

interessado, mediante ata lavrada por tabelião.

Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som

gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata

notarial.

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Depoimento pessoal

É o ato pelo qual as partes comparecem em juízo para serem ouvidas pelo Juiz

Determinado pelo Juiz (“interrogatório livre”) – art. 385, “caput”, parte final, ou a requerimento das partes (primeira parte)

Uma parte requer o depoimento da outra (quer-se obter a confissão).

Intimação pessoal para comparecer, com a advertência de que se presumirão confessados os fatos alegados contra ela se não comparecer ou, se comparecer, se recusar a depor – pena que não se aplica se o interrogatório foi determinado de ofício pelo juiz (art. 139, VIII, parte final).

Uma parte não ouve o depoimento da outra (só seus advogados);

Pode ser colhido por videoconferência.

Reperguntas: só do advogado da parte contrária (não tem sentido querer a confissão do próprio cliente).

Recusa justificada: fatos criminosos ou torpes que forem imputados ao depoente; casos de dever de sigilo decorrente de estado ou profissão; caso de desonra própria ou de parente próximo.

“Autodepoimento”? – prova atípica (“a day in the Court”).

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Confissão

É a admissão em juízo da verdade de um fato que beneficia a parte contrária;

Não é reconhecimento da procedência do pedido ou renúncia ao direito (institutos relativos ao direito em discussão).

Mesmo diante do fato confessado, o Juiz deve verificar se, da veracidade desse fato, decorre o direito alegado pela parte contrária.

Hipótese de dispensa da prova (374, II)

Não vale para direitos indisponíveis – 392 (INSS?)

É irrevogável, mas pode ser anulada se decorrente de erro de fato ou coação (393) – anulação por ação própria, a ser proposta pelo confitente (transmite-se aos herdeiros).

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Exibição de documento ou coisa

Ordem judicial para que a parte exiba documento ou coisa sob sua guarda.

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;

II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;

III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.

Art. 398. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.

Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.

Art. 399. O juiz não admitirá a recusa:

I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;

II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;

III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

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Exibição de documento ou coisa

Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:

I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 398;

II - se a recusa for havida por ilegítima.

Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.

Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.

Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:

I - concernente a negócios da própria vida da família;

II - sua apresentação puder violar dever de honra;

III – sua publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal;

IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;

V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição.

VI – houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.

Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI disserem respeito só a uma parcela do conteúdo do documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.

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Exibição de documento ou coisa

Hipótese comum: exibição do processo administrativo de concessão do benefício;

Dica: só pedir se realmente for indispensável e somente se não conseguir administrativamente.

Dá trabalho à Secretaria do Juízo e costuma demorar.

Útil se o processo tiver sido extraviado: o documento é comum e a recusa não é admissível: incide a presunção de veracidade dos fatos alegados

– A petição deve explicar o que se pretende provar: ex.: quero provar que as cópias de CTPS juntadas ao processo administrativo indicavam vínculo de emprego com a empresa X, no período de Y a Z; quero provar que os carnês de pagamento tinham das contribuições de X a Y estavam devidamente recolhidos; quero provar que existe PPP que prova exposição a ruído de 90 dB (A) etc.

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Prova documental

É a prova por excelência na grande maioria dos processos previdenciários;

A maior parte dos fatos constitutivos do direito do autor será provada por meio de documentos;

Principalmente: qualidade de segurado e carência;

CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais: vínculos de emprego e contribuições recolhidas.

Extratos do Sistema Plenus: demonstrativo de todos os benefícios requeridos, concedidos ou não;

– dados básicos do benefício (nome, CPF, renda mensal inicial, renda atual, data de início, de cessação, de início do pagamento, de início do benefício anterior, etc.).

– extrato de pagamentos

– identificação de todos os titulares do benefício (todos os pensionistas, por exemplo);

– identificação dos procuradores

– demonstrativo da existência (ou não) de revisão do benefício;

Carta de concessão do benefício, de que constem os salários de contribuição utilizados para cálculo da renda mensal inicial.

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Prova documental

Procedimento da 3ª Vara de São José dos Campos – juntada desses extratos de ofício;

Nem todos os Juízes fazem isso: a necessidade intimar o advogado atrasa o processo;

Solução: tentar propor a ação já instruída com esses extratos (obtidos na agência ou na internet).

Outros documentos que, suplementarmente, provam qualidade de segurado e carência: CTPS (presunção relativa de validade dos fatos ali atestados); carnês de contribuição;

Sugestão: atualizar os registros do INSS (facilita para o segurado).

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Prova documental

Momento de produção da prova documental:

a) para o autor: com a petição inicial (320 e 434)

b) para o réu: com a contestação (434).

Preclusão? sim (art. 223 CPC): decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar o ato, salvo se provar que não praticou por justa causa.

exceções: documentos novos (ou para provar fatos ocorridos depois da inicial ou contestação, ou para contrapor a documentos produzidos nos autos);

Também: para documentos que só se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis depois (parte deve provar o motivo que a impediu de juntar antes). 435.

Requisição judicial (438), “em qualquer tempo ou grau de jurisdição”

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Prova documental

Cópias:

Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:

I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências ou de outro livro a cargo

do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;

II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou documentos lançados em

suas notas;

III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas

em cartório com os respectivos originais;

IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo advogado,

sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;

V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que atestado pelo seu emitente,

sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem;

VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular, quando juntadas aos autos

pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela Defensoria

Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados,

ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração.

§ 1o Os originais dos documentos digitalizados mencionados no inciso VI deverão ser preservados pelo

seu detentor até o final do prazo para propositura de ação rescisória.

§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou de documento relevante à instrução

do processo, o juiz poderá determinar seu depósito em cartório ou secretaria.

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Prova testemunhal

é a prova obtida por meio de declarações de terceiros, estranhos ao processo, a respeito dos fatos discutidos no processo.

tem por objeto fatos.

não cabe: para fatos já provados por documento ou confissão; para fatos que só podem ser provados por documentos ou por perícias;

ex.: incapacidade para o trabalho (eventualmente, a aptidão para o exercício de determinada atividade profissional).

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Prova testemunhal

Arts. 55, § 3º e 106 da Lei nº 8.213/91

Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado: (...). § 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.

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Prova testemunhal

Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS; IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar; V – bloco de notas do produtor rural; VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor; VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da comercialização da produção; IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

Súmula 149 do STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário

CPC

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova.

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Prova testemunhal

O que pode servir de “início de prova material”?– Certidão de casamento, nascimento ou batismo dos filhos, que qualifiquem

o interessado como “lavrador”, “agricultor”, etc. (Súmula 34 da TNU)

– Título de eleitor ou certidão do TRE

– Certificado de alistamento e/ou dispensa do serviço militar obrigatório (ou certidão correspondente)

– Escritura de compra e venda da propriedade rural ou matrícula do imóvel (prova fatos ocorridos ao longo do tempo – compra, transmissão causa mortis, venda)

– Declaração de sindicato (só se “homologada pelo MP – até Lei nº 9.063/95 – depois, pelo “INSS”).

– Ficha de inscrição, carteiras e recibos de pagamento a Sindicato Rural.

– Documentos em nome do pai ou do cônjuge (“do lar”, “doméstica”).

– Documentos relativos à produção agrícola ou pecuária (recibos de sementes, mudas, defensivos, vacinas, etc.)

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Prova testemunhal

Sistema de prova tarifada, incompatível com a

tradição do Direito Brasileiro e, em certa medida,

afronta os princípios da persuasão racional e da livre

apreciação das provas.

Admite-se prova exclusivamente testemunhal para

prova de dependência econômica dos pais em

relação aos filhos, para efeito de pensão por morte

(STJ e TNU).

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Prova testemunhal

Restrições à prova testemunhal (art. 447):

pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas

de depor (evitar arrolar).

Juiz pode ouvir as impedidas, suspeitas e

menores (não todos os incapazes) “sendo

necessário”; são ouvidas sem o

compromisso de dizer a verdade.

Recusa de testemunhar (art. 448).

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Prova testemunhal

Procedimento:

Juiz profere decisão de saneamento e organização (357) designa a audiência e fixa prazo comum em que o rol de testemunhas deve ser depositado (não superior a 15 dias); parte pode arrolar até 10; no máximo 03 para cada fato, o Juiz pode limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Substituição: só por falecimento, por enfermidade que a impeça de depor ou se mudou de endereço e não for encontrada;

Rol de testemunhas: sempre que possível, nome, profissão, estado civil, idade, número de CPF, número de identidade e endereço completo de residência e do trabalho.

Art. 455. Cada advogado informa ou intima as testemunhas que arrolou, dispensando a intimação do Juízo.

Intimação por carta com AR, que deve ser juntada aos autos com antecedência mínima de 03 dias.

Parte pode se comprometer a trazer a testemunha, independente de intimação, presumindo-se que desistiu em caso de não comparecimento.

Se não intimar, presume-se que desistiu.

Intimação judicial – se frustrada a intimação pelo Advogado, se a necessidade de intimação for demonstrada ao juiz e se for servidor público ou militar (requisição ao superior hierárquico).

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Prova testemunhal

Autoridades : 454 (inquirição em residência ou local de trabalho)

Qualificação, perguntas sobre parentesco ou interesse no processo;

Contradita; impugnação baseada na incapacidade, impedimento ou suspeição (457).

Deve ser feita logo após a qualificação, sob pena de preclusão;

Acolhida a contradita, o juiz dispensa a testemunha ou a ouve sem compromisso”.

Perguntas feitas diretamente pelas partes, primeiro a que arrolou, depois parte contrária e MP.

Juiz pode inquirir tanto antes quanto depois

Permite-se a gravação

Testemunhas referidas: podem ser ouvidas, de ofício ou a requerimento das partes.

Acareação

Testemunha tem direito ao pagamento das despesas que teve para comparecer ao ato;

Não perde salário nem tempo de serviço.

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Prova pericial

É a prova realizada para propiciar ao julgador o conhecimento de determinado fato do processo, mediante o conhecimento técnico especializado de outrem;

Pode ser exame, vistoria e avaliação.

não cabe: se o fato não depende de conhecimento especial do técnico;

se for desnecessária à vista de outras provas;

se a verificação for impraticável.

Pode ser substituída por “prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade” (inquirição do especialista em audiência).

Juiz nomeia o perito, fixa o prazo para entrega do laudo;

Intima as partes para que, em 15 dias, arguam o impedimento/suspeição do perito, indiquem assistente técnico e apresentem quesitos.

Intimado, o perito deve em cinco dias apresentar proposta de honorários, apresentar currículo e contatos profissionais;

As partes são intimadas sobre a proposta, para manifestação em cinco dias; juiz arbitra o valor e deposita honorários (quem requereu; se de ofício, as partes dividem)

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Prova pericial

Perito pode escusar-se ou ser recusado, por impedimento ou suspeição.

Substituição (468).

Quesitos suplementares (468).

Escolha do perito pelas próprias partes (471).

Dispensa da perícia: se juntados pareceres técnicos ou documentos elucidativos que o juiz considerar suficientes

Conteúdo do laudo (473)– Diligências do perito - § 3º

Ciência do local e data do início das diligências (474);

Esclarecimentos em audiência (477, §§ 2º e 3º)

Não adstrição ao laudo (479).

Nova perícia (480)

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Prova pericial – conteúdo do laudo

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser

predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se

originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo

órgão do Ministério Público.

§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com

coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões.

§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir

opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.

§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se

de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando

documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem

como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros

elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

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Prova pericial

Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou

indicados pelo perito para ter início a produção da prova.

Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de

conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a

parte, indicar mais de um assistente técnico.

Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo

dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela

metade do prazo originalmente fixado.

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Prova pericial

Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20

(vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.

§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do

juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das

partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.

§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto:

I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão

do Ministério Público;

II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.

§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que

mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e

julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.

§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10

(dez) dias de antecedência da audiência.

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Prova pericial – alegação de falsidade

Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento

ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos

dos estabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa

dos autos, bem como do material sujeito a exame.

§ 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão

cumprir a determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido.

§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser requerida motivadamente.

§ 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá

requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas e,

na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do

documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins

de comparação.

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Prova pericial – apreciação e nova perícia

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando

na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as

conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova

perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.

§ 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e

destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

§ 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

§ 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e

de outra.

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Inspeção judicial

Inspeção de pessoas ou coisas pelo Juiz, a

fim de esclarecer fato que interesse à

decisão da causa.

Juiz pode ser assistido por perito.

Partes podem assistir, prestando

esclarecimentos e fazendo observações que

reputem de interesse para a causa.

Auto circunstanciado.

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RECURSOS

Recursos são meios processuais de

impugnação de atos judiciais, em regra

dirigidos a órgãos judiciais diversos do que

praticou o ato, que têm por finalidade

modificar, invalidar, esclarecer ou

complementar esse ato.

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RECURSOS

Características:

– 1) Interposição na mesma relação processual

– 2) Retardam ou impedem a preclusão ou a coisa

julgada.

O que se pede no recurso:

– 1) Anulação do ato (invalidação): “error in

procedendo”; ou

– 2) Reforma do ato (substituição de um por outro):

“error in judicando”.

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RECURSOS

Atos judiciais sujeitos a recurso:

– 1) Sentença: ato do juiz que implica algumas das

situações dos artigos 485 e 487 do CPC e põe

fim à fase cognitiva do procedimento comum

(procedimento em primeiro grau de jurisdição),

bem como extingue a execução

Recursos cabíveis: apelação e embargos de

declaração

– Ato que exclui um litisconsorte? – 1.015, VII

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RECURSOS

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco)

dias.

§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será

condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição,

enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-

se.

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RECURSOS

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.

§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a

propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.

§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos

honorários de advogado.

§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova

ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o

seu direito.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas

sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem

aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.

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RECURSOS

Atos judiciais sujeitos a recurso:

– 2) Decisão interlocutória: ato do juiz de caráter

decisório, que resolve questões incidentes, sem

por fim à fase cognitiva em primeiro grau de

jurisdição.– Recursos cabíveis: agravo de instrumento (algumas

decisões) e embargos de declaração.

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RECURSOS

Atos judiciais sujeitos a recurso:

– 3) Acórdão:– Julgamento colegiado dos Tribunais.

– Recursos cabíveis: recurso especial (ao STJ) e recurso

extraordinário (ao STF), além embargos de

declaração.

– “Recurso ordinário constitucional”: STF (art. 102, II), STJ

(art. 105, II).

– Embargos de divergência (em RESP ou RE – arts.

1.043/1.044 do CPC).

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RECURSOS

Atos judiciais sujeitos a recurso:– 4) Decisões monocráticas dos Tribunais:

Art. 932. Incumbe ao relator: (...).

III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os

fundamentos da decisão recorrida;

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento

de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de

competência;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão

recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento

de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de

competência;

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RECURSOS

Requisitos de admissibilidade dos recursos:

Intrínsecos

– 1) Cabimento (rol taxativo)

– 2) Legitimidade recursal (partes, MP, terceiro

prejudicado)– Advogado?

– 3) Interesse recursal (sucumbência)

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RECURSOS

Requisitos de admissibilidade dos recursos:

Extrínsecos– 1) Tempestividade:

– 15 dias (regra geral)

– 05 dias (embargos de declaração).

– 2) Preparo (custas e porte de remessa e retorno dos autos) – comprovado no ato da interposição; se não comprovar, será intimado para recolher o dobro, sob pena de deserção;

Insuficiência – intimação para suprir em 5 dias, sob pena de deserção;

“Justo impedimento” pode relevar a pena de deserção – fixa 5 dias para recolher.

– 3) Regularidade formal (como regra, escrito; pode ser oral no caso dos embargos de declaração no JEF – art. 49 da Lei nº 9.099/95)

– 4) Ausência de fatos impeditivos (desistência – posterior à interposição) ou extintivos (aquiescência - tácita ou expressa - ou renúncia – prévios à interposição).

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RECURSOS

Recurso adesivo:

– Forma de interposição especial de apelação, RESP e RE.

– Cabe quando houver sucumbência recíproca e houver recurso da parte adversa.

– Prazo: o mesmo das contrarrazões (peça separada).

– Segue o mesmo destino do recurso principal (se houver desistência, ou não admissão, fica prejudicado).

– Ex.: honorários de advogado.

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RECURSOS

Remessa necessária (remessa oficial, reexame necessário, “recurso de ofício”)

– Não é recurso: é condição de eficácia da sentença.

– Duplo grau de jurisdição obrigatório;

– Devolve ao conhecimento do Tribunal toda a matéria, inclusive honorários de advogado.

– Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:

– I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público;

– II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

– § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.

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Dispensa do reexame necessário:– 1) Se a condenação ou proveito econômico obtido na causa for de valor

certo e líquido inferior a 1000 SM (União e autarquias e fundações

federais) – 500 (Estados, DF e Capitais); 100 (outros municípios).

– Súmula 490 do STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor

da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta salários

mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

– O que é sentença líquida? 786, parágrafo único: ExTEx – “operações

aritméticas”.

– 2) Se a sentença estiver fundada em súmula de tribunal superior, acórdão

do STF ou STJ em recursos repetitivos, entendimento em IRDR ou IAC,

entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito

administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação,

parecer ou súmula administrativa.

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Súmulas do STJ sobre reexame necessário

Súmula 45: “No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”.

Súmula 325: “A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado”.

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Pedido de reconsideração:

– Não suspende nem interrompe o prazo para

outros recursos.

– Solução: pedir a reconsideração, sem perder de

vista o prazo para recurso.

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Efeitos dos recursos

1) Devolutivo: o recurso devolve ao conhecimento do Tribunal toda a matéria que nele foi impugnada

Delimita o âmbito de conhecimento do recurso.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no

processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação

devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito

quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o

mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.

§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.

Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte

provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

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– 2) Suspensivo: alguns recursos impedem que a

decisão se torne eficaz até o seu julgamento.– De forma geral, não há efeito suspensivo (995).

Pode haver com disposição legal expressa.

E relator pode suspender a eficácia da decisão

recorrida se da imediata produção de seus efeitos

houver risco de dano grave, de difícil ou impossível

reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de

provimento do recurso (parágrafo único).

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Outros efeitos:

– traslativo (questões de ordem pública),

expansivo (outros sujeitos ou outro objeto –

litisconsórcio unitário ou cumulação de pedidos) e

regressivo (admite retratação).

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Transição do CPC/73 para CPC/2015

Enunciados administrativos do STJ

Enunciado administrativo n. 1

O Plenário do STJ, em sessão administrativa em que se interpretou o art.

1.045 do novo Código de Processo Civil, decidiu, por unanimidade, que o

Código de Processo Civil aprovado pela Lei n. 13.105/2015, entrará em

vigor no dia 18 de março de 2016.

Enunciado administrativo n. 2

Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a

decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os

requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as

interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal

de Justiça.

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Transição do CPC/73 para CPC/2015

Enunciado administrativo n. 3

Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a

decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os

requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC

Enunciado administrativo n. 4

Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos

processuais que vierem a ser praticados por julgadores, partes, Ministério

Público, procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 18

de março de 2016, deverão observar os novos procedimentos trazidos

pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual

especial.

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Transição do CPC/73 para CPC/2015

Enunciado administrativo n. 5

Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/1973

(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016), não caberá a

abertura de prazo prevista no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, §

3º, do novo CPC.

Enunciado administrativo n. 6

Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015

(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016),

somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c

o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente

formal.

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Transição do CPC/73 para CPC/2015

Enunciado administrativo n. 7

Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18

de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários

sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC.

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Recursos em espécie

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

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CPC/2015 e o recurso em face de decisões interlocutórias

CPC/2015 alterou profundamente o sistema de

impugnação de decisões interlocutórias.

A modificação desse sistema interferiu também

nas fórmulas de preclusão.

Recorribilidade em rol taxativo.

“Irrecorribilidade” ou “recorribilidade diferida”

(nas demais decisões).

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CPC/1973

Regra: as decisões interlocutórias eram sempre

recorríveis;

A falta do recurso acarretava, de uma forma

geral, a preclusão (perda de um direito ou

faculdade processual).

– Ex.: decisão que indefere a produção de uma prova. Se

não houvesse recurso, a questão estava preclusa. Era

incabível sustentar um “cerceamento do direito de

defesa” em sede de apelação.

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CPC/1973

O recurso cabível contra decisões interlocutórias era, como

regra, o agravo retido.

– Processamento: intimação para contraminuta; agravo retido será

examinado pelo tribunal, em preliminar de apelação, se houvesse

pedido expresso nas razões ou nas contrarrazões de apelação.

Exceto “quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte

lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a

apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por

instrumento” (agravo de instrumento) [artigo 522].

Outra exceção: decisões proferidas na audiência de instrução e

julgamento: agravo retido de forma oral e imediata, com razões no

termo de audiência, sob pena de preclusão.

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CPC/2015

Extinção do agravo retido (não está no rol

do artigo 994)

Impossibilidade de converter o agravo de

instrumento em agravo retido.

Agravo de instrumento previstos em

hipóteses expressamente previstas:

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CPC/2015

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões

interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

– Incluindo julgamento antecipado parcial de mérito – artigo 356

e § 5º.

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do

pedido de sua revogação;

– Deferimento parcial? – artigo 98, § 5º.

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CPC/2015

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;– não é sentença?

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

– ex. artigo 382, § 4º - indeferimento de prova antecipada

– artigo 1037, § 13, I – indeferimento de distinção no RE ou RESP suspensos

aguardando julgamento do repetitivo:

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias

proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no

processo de execução e no processo de inventário.

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CPC/2015

Agravo de instrumento:– Interpretação extensiva?

– Rol enumerativo?

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a

decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,

não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em

preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a

decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em

contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias,

manifestar-se a respeito delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as

questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

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Lei nº 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais)

Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a

requerimento das partes, deferir medidas

cautelares no curso do processo, para evitar

dano de difícil reparação.

Art. 5º Exceto nos casos do art. 4o,

somente será admitido recurso de

sentença definitiva.

Portanto, sistemática similar ao CPC/2015.

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CPC/2015

Portanto, tais decisões não são propriamente “irrecorríveis”, mas têm sua

recorribilidade diferida, isto é, postergada no processo, pois não geram

preclusão e podem ser discutidas em recurso de apelação ou nas

contrarrazões da apelação.

“Irrecorribilidade abrandada” ou “autônoma”.

“Recorrer sem ter recorrido”: basta que a matéria objeto da decisão

interlocutória seja reavivada em contrarrazões.

– Para viabilizar o contraditório, o apelante será intimado para se manifestar sobre a

questão, no prazo de 15 (quinze) dias (úteis).

– Problema lógico: ex.: autor venceu, não vai apelar; parte contrária apela e, em

contrarrazões, autor suscita em preliminar; autor quer o mérito (pela procedência),

mas e se o Tribunal acolher a preliminar? – artigo 938: preliminar antes do mérito,

não se conhece do mérito se for incompatível com a decisão da preliminar.

Preclusão diferida?

Boa opção legislativa?

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CPC/2015

O sistema do CPC/2015 guarda alguma coerência, já que dá

evidente preferência ao julgamento de apelações, ainda que com

algum risco de anulação do atos processuais, caso a questão

preliminar prejudique o exame do mérito.

Por exemplo, se o Tribunal acolhe a alegação em preliminar de

apelação e reconhece a ilegalidade da decisão que indeferiu a

produção de certa prova, reputada indispensável ao julgamento

do feito.

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CPC/2015

Mas:

E se a decisão interlocutória indeferiu a oitiva de uma

testemunha que se encontra gravemente enferma, com risco de

que não possa aguardar o julgamento da apelação?

E a decisão interlocutória que indeferiu a alegação de

incompetência?

Mandado de segurança?

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STJ

[...] 5. Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do

CPC/2015, a decisão interlocutória relacionada à definição de competência

continua desafiando recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação

analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do

CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo

incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a

demanda [...]. (Quarta Turma, RESP 1.679.909/RS, Rel. Min. LUIS FELIPE

SALOMÃO, DJe 01.02.2018).

Matéria afetada em Tema Repetitivo nº 988 (RESP’s 1.704.520 e 1.696.396,

Rel. Min. NANCY ANDRIGHI) – sem suspensão dos demais processos em

curso.

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STJ

Ato do juiz que decide a impugnação ao cumprimento da

sentença, extinguindo a execução.

RESP 1.698.344 (Quarta Turma): primeiro julgado sobre o

tema:

“Na linha desse entendimento é que deve ser reconhecido que a decisão que

julga a impugnação ou os embargos, cujo objeto é eliminar o principal

pressuposto da pretensão executória, em caso de acolhimento, nada mais

poderá significar que a extinção da execução.”

“As decisões que parcialmente acolherem a impugnação, a meu ver, não terão

o condão de extinguir a fase executiva em andamento, sendo, pois, o agravo

de instrumento o meio adequado para o enfrentamento daquela decisão.”

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Apelação

Recurso que cabe contra sentença (de qualquer natureza).

Prazo: 15 dias.

Petição: dirigida ao Juiz da causa (“a quo”)

Razões: dirigidas ao Tribunal (“ad quem”).

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Apelação

Efeitos da apelação:– 1) Suspensivo (como regra)

Exceções do artigo 1.012, § 1º para a sentença que:– homologa divisão ou demarcação de terras;

– condena a pagar alimentos;

– extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do

executado;

– julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

– confirma, concede ou revoga tutela provisória;

– decreta a interdição.

Nas exceções, é possível pedir o efeito suspensivo ao Relator (nos

próprios autos) ou em petição autônoma (se a apelação ainda não foi

distribuída – Relator fica prevento).

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Apelação

Efeitos da apelação:– 2) Devolutivo:

A apelação devolve ao Tribunal a matéria impugnada no recurso.

E ainda: “todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não

tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado” (art.

1.013, § 1º).

E ainda: art. 1009, § 1º: As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a

decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas

pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,

eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. § 2º Se

as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente

será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. § 3º O

disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões

mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

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Apelação

Processamento da apelação: recebida, o Juiz abre vista à parte contrária para contrarrazões (em 15 dias);

Se houve apelação adesiva, parte contrária para contrarrazões.

Remete ao TRF, independentemente de juízo de admissibilidade, onde será distribuído a um Relator.

Relator pode decidir monocraticamente (casos do art. 932, III a V) ou elaborar voto para julgamento colegiado.

Inclusão em pauta de julgamento.

Votam 03 Desembargadores; decisão é tomada por maioria;

Em primeiro lugar, questões preliminares, depois prejudiciais e depois mérito (questão de fundo).

Apelação da sentença que indefere a petição inicial: retratação em 05 dias e, caso seja mantida, cita o réu para responder ao recurso (art. 331).

Apelação da sentença que julga o processo na forma do art. 332 do CPC (improcedência liminar do pedido): retratação em 05 dias e, caso mantida a sentença, citação do réu para oferecer contrarrazões (em 15 dias).

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Apelação

Causa madura:

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria

impugnada. [...]

§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o

tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485; (extinção sem mérito).

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites

do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que

poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição,

o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem

determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.

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Agravo interno

Contra qualquer decisão do monocrática do Relator

Prazo de 15 dias.

Relator não pode se limitar a reproduzir fundamentos da decisão agravada.

Multa de 1 a 5% se for manifestamente inadmissível ou improcedente (reconhecido em decisão unânime).

Não é incluído em pauta de julgamento (Regimento Interno do TRF3).

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Embargos de declaração

Cabíveis contra qualquer decisão judicial, em qualquer tipo de procedimento

Hipóteses: omissão, obscuridade, contradição ou erro material

CPC/2015 igualou as hipótese para o JEF: art. 1.064.

Presunção de omissão: decisão que

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de

casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência

aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §

1o.

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Embargos de declaração

Art. 489. [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela

interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua

relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua

incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,

infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus

fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles

fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela

parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do

entendimento.

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Embargos de declaração

Omissão: sobre ponto sobre o qual o juiz devia se manifestar (não sobre questões irrelevantes)

“Juiz não é obrigado a responder questionário...”.

“[...] argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador”.

Obscuridade: falta de clareza

Contradição: falta de coerência (contradição intrínseca ou interna).

Erro material: digitação, redação etc.

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Embargos de declaração

Prazo: 05 dias

Não tem preparo; não tem efeito suspensivo; interrompe prazo para outro recurso.

Efeito modificativo ou infringente?– Só quando consequência do saneamento da omissão, obscuridade e contradição. Ex.

concessão de benefício mais danos morais; sentença decide sobre o benefício (caso de omissão); juiz acolhe os embargos para suprir a omissão, mas afasta os danos morais: a sentença passa a ser de parcial procedência.

– Também para corrigir erro material ou de fato (ex. TRF disse que a apelação era intempestiva, mas não observou que tinha havido um feriado local no último dia do prazo).

– Contraditório: 1.023, § 2º: se o acolhimento implicar modificação da decisão embargada, juiz intima o embargado para manifestação em 05 dias.

– Se interpôs outro recurso, tem direito de complementar ou alterar razões se o acolhimento dos embargos mudar a decisão.

– Se embargos não alterarem julgado, o outro recurso será julgado, independentemente de ratificação.

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Embargos de declaração

Fungibilidade: Se o relator entende que seria cabível agravo interno, conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno, intimando previamente o embargante para complementar suas razões.

Protelatórios? Multa de 2% sobre o valor da causa, até 10% em caso de reiteração; interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao pagamento da multa (reiteração de protelatórios –excluem-se Fazenda Pública e beneficiário da justiça gratuita –pagarão ao final).

Não serão admitidos novos embargos de declaração se dois outros anteriores forem considerados protelatórios.

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Recurso especial e recurso extraordinário

Finalidade: tutela da integridade do

ordenamento jurídico, no plano da lei federal

(RESP) e da Constituição Federal (RE).

São “recursos excepcionais”, que só cabem

nas hipóteses estritamente previstas na CF.

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Recurso especial e recurso extraordinário

Requisitos comuns ao RESP e RE:

– Prazo: 15 dias.

– Interposição simultânea, sob pena de preclusão

(Súmula 126 do STJ – acórdão com fundamentos

constitucionais e infraconstitucionais)

– Petições distintas

– Forma comum ou adesiva.

– Legitimidade, interesse, regularidade formal e

inexistência de fato impeditivo ou extintivo.

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Recurso especial e recurso extraordinário

Requisitos comuns ao RESP e RE:– Esgotamento dos recursos nas vias ordinárias

Ex.: decisão monocrática do Relator (932) – cabe agravo

interno.

Súmulas 281 do STF e 207 do STJ

– Interpostos contra decisão de última ou única instância (no RESP, de

“tribunal” estadual ou federal – não cabe contra Turma Recursal de

JEF – Súmula 203 do STJ – mas cabe RE – Súmula 640 do STF).

– Não podem discutir matéria de fato ou má apreciação de fatos ou

provas, ou interpretação de cláusulas contratuais (Súmulas 279 e 454

do STF, 5 e 7 do STJ).

– Correção de vício formal: é possível para os recursos tempestivos,

desde que o Tribunal não o considere “grave” (1.029, § 3º).

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Recurso especial e recurso extraordinário

Requisitos comuns ao RESP e RE:

– Prequestionamento:

CF fala em “causas decididas” (arts. 102, III e 105, III).

As questões federais (de lei federal) ou constitucionais (de norma constitucional) precisam ter sido apresentadas e decididas nas vias ordinárias.

Há necessidade de referência explícita ao dispositivo da lei federalou da Constituição Federal? – não; basta que trate da questão contida nessas normas.

Não basta questão “ventilada” no voto vencido (Súmula 320 do STJ).

Se não tiver sido decidida: embargos de declaração.

Súmula 98 do STJ: “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório”.

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Prequestionamento

Art. 489. [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão

judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: [...]

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo

capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem

identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o

caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou

precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de

distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

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Prequestionamento

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão

judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se

pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;

III - corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos

repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao

caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.

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Prequestionamento no CPC/73

Prequestionamento para o STF:– Se o acórdão não se pronunciou sobre a questão

constitucional, cabem embargos de declaração (hipótese de omissão; não tem fins protelatórios).

– Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento).

– Bastava “opor” os embargos de declaração; assim, mesmo que o Tribunal de origem não conheça dos embargos, ou diga que não há omissão, ou que o ponto não era relevante para o julgamento, o prequestionamento está feito.

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Prequestionamento no CPC/73

Prequestionamento para o STJ:

– Se o acórdão não se pronunciou sobre a questão federal, cabem embargos de declaração (hipótese de omissão; não tem fins protelatórios);

– Súmula 211: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal ‘a quo’”.

– Não bastava “opor” embargos de declaração; era preciso que o tribunal de origem enfrentasse a questão federal.

– O que era possível fazer? Se o Tribunal de origem não tivesse examinado a questão federal omissa,

interpor o RESP alegando violação do artigo 535 do CPC/73 (é o artigo que falava das hipóteses de cabimento dos embargos de declaração).

O STJ, se reconhecer que houve omissão, iria anular o julgamento dos embargos de declaração e mandar o Tribunal julgá-los novamente.

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Prequestionamento no CPC/2015

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os

elementos que o embargante suscitou, para fins de

pré-questionamento, ainda que os embargos de

declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o

tribunal superior considere existentes erro, omissão,

contradição ou obscuridade.

Adota a posição do STF, portanto.

Alegar violação ao art. 1.022?

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Prequestionamento no CPC/2015

Mas o STJ exige que se alegue a violação ao artigo 1.022 (para RESP):

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA.

PREQUESTIONAMENTO. EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL. ART. 1.025 DO CPC/15. NATUREZA

FICTA. POSSIBILIDADE. REQUISITOS NÃO CUMPRIDOS. SÚMULA Nº 282/STF. USUCAPIÃO.

REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA. Nº 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. O

prequestionamento é exigência constitucional, devendo ser observado quando da interposição de recurso

especial. 2. O prequestionamento ficto previsto no art. 1025 do CPC/15 exige a oposição de embargos de

declaração na origem e a indicação do art. 1022 do CPC/15 como violado. Precedentes. 3. Verificar se

caracterizado ou não o usucapião somente se processa mediante reexame do acervo fático-probatório, o

que é vedado em sede de recurso especial, diante do óbice da Súmula nº 7/STJ. 4. Agravo interno não

provido. (AgInt no AREsp 1187992/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado

em 19/04/2018, DJe 02/05/2018)

Mesmo sentido: AgInt no REsp 1658415/PB, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado

em 05/04/2018, DJe 11/04/2018; AgInt no REsp 1696271/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,

PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe 13/04/2018; REsp 1639314/MG, Rel. Ministra NANCY

ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe 10/04/2017.

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Recurso especial e recurso extraordinário

Procedimento de interposição do RE e do RESP:– RESP e RE são interpostos no prazo de 15 dias, perante o Presidente ou

Vice-Presidente do Tribunal de origem;

– Os recursos devem ser interpostos simultaneamente, em petições separadas.

– Presidente ou Vice faz um exame prévio de admissibilidade (decisão fundamentada – Súmula 123 do STJ).

– Pode haver pedido de efeito suspensivo: três possibilidades:

Se entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissibilidade, pelo Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de origem.

Se no período entre a admissão do recurso – na origem – e a distribuição no Tribunal Superior, em petição autônoma, distribuída livremente; o sorteado fica prevento para o julgamento do recurso.

Se o RESP/RE já foi distribuído, nos próprios autos, dirigido ao Relator;

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Recurso especial e recurso extraordinário

Procedimento de interposição do RE e do RESP:– Protocolizado o recurso, intimação da parte adversa para contrarrazões,

também em 15 dias.

– Conclusão ao Presidente/Vice-Presidente do Tribunal de origem, que pode (1.030):

– a) negar seguimento:

casos em que o STF não reconheceu a repercussão geral ou casos em que o acórdão está de acordo com o decidido em repercussão geral.

casos em que o acórdão está de acordo com o decidido pelo STF ou STJ em recursos repetitivos.

Recurso cabível: agravo interno

– b) encaminhar para a Câmara/Turma de origem para retratação, se o acórdão tiver divergido do STF/STJ em repercussão geral ou recursos repetitivos.

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Recurso especial e recurso extraordinário

Procedimento de interposição do RE e do RESP:– c) sobrestar o processo se pende de decisão no STF/STJ em recursos

repetitivos;

– Recurso cabível: agravo interno,

– d) selecionar recurso como representativo da controvérsia (para julgamento como repetitivo).

– e) admitir o recurso e encaminhar ao STJ/STF.

– Recurso cabível contra a inadmissão: agravo em RESP/RE nos autos (art. 1.042).

– Se há RESP e RE, remessa é para o STJ.

– No STJ, se o relator entender que a controvérsia é constitucional, abre vista para manifestação do recorrente e para que este demonstre a existência de repercussão geral.

– No STF, pode ocorrer o contrário (relator entende que a questão é legal –remete para o STJ julgar como RESP).

– Julgado o RESP no STJ, encaminha para o STF

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Recurso especial

Hipóteses de cabimento (art. 105, III, CF):

– Causas decididas, em única ou última instância,

pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos

tribunais dos Estados, do Distrito Federal e

Territórios, quando a decisão recorrida:

1) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes

vigência.

2) Julgar válido ato de governo local contestado em face

de lei federal.

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Recurso especial

Hipóteses de cabimento (art. 105, III, CF): 3) Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja

atribuído outro tribunal.– Prova do “dissídio jurisprudencial”;

– Não pode ser divergência entre julgados do mesmo tribunal (Súmula 13 do STJ)

– Não cabe se a decisão recorrida está de acordo com a jurisprudência do STJ

(Súmula 83 do STJ)

– Art. 1.029, § 1º, do CPC: “§ 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio

jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou

citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia

eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a

reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação

da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que

identifiquem ou assemelhem os casos confrontados”.

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RE e RESP repetitivos

Importância do tema:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

[...]

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de

demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial

repetitivos;

Portanto: cautela na formação + democratização do debate

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração

de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

[...]

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver

tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais

com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de

acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno

do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal

selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão

encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins

de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes,

individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

§ 2o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da

decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que

tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para

manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo

interno.

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.036.

§ 4o A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de

justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o relator no

tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos

representativos da controvérsia.

§ 5o O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois)

ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamento da

questão de direito independentemente da iniciativa do presidente ou

do vice-presidente do tribunal de origem.

§ 6o Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que

contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da

questão a ser decidida.

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RE repetitivos

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a

presença do pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;

II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes,

individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou

dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.

§ 1o Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente de

tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no

tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver

enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão referida no art. 1.036, § 1o.

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RE repetitivos

Art. 1.037.

§ 2o (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 3o Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que primeiro tiver proferido a

decisão a que se refere o inciso I do caput.

§ 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência sobre

os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

§ 5o (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 6o Ocorrendo a hipótese do § 5o, é permitido a outro relator do respectivo tribunal superior

afetar 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia na forma do art. 1.036.

§ 7o Quando os recursos requisitados na forma do inciso III do caput contiverem outras questões

além daquela que é objeto da afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e

depois as demais, em acórdão específico para cada processo.

§ 8o As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser proferida

pelo respectivo juiz ou relator quando informado da decisão a que se refere o inciso II do caput.

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.037.

§ 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no

recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo.

§ 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido:

I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;

III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário no

tribunal de origem;

IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo processamento

houver sido sobrestado.

§ 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a que se refere o § 9o, no prazo de 5 (cinco)

dias.

§ 12. Reconhecida a distinção no caso:

I - dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará prosseguimento ao processo;

II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a decisão ao presidente ou ao vice-presidente que houver

determinado o sobrestamento, para que o recurso especial ou o recurso extraordinário seja encaminhado

ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.030, parágrafo único. § 13. Da decisão que resolver o

requerimento a que se refere o § 9o caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro

grau; II - agravo interno, se a decisão for de relator.

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.038. O relator poderá:

I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia,

considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno;

II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento

na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento;

III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a diligência,

intimará o Ministério Público para manifestar-se.

§ 1o No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quinze) dias, e os atos serão praticados,

sempre que possível, por meio eletrônico.

§ 2o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais ministros,

haverá inclusão em pauta, devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre os demais feitos,

ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

§ 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos fundamentos relevantes da tese jurídica

discutida. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os

demais recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.

Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no recurso extraordinário afetado, serão

considerados automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo processamento tenha sido

sobrestado.

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: I - o presidente ou o vice-presidente do

tribunal de origem negará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários

sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal

superior; II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo

de competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o

acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior; III - os processos suspensos

em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação

da tese firmada pelo tribunal superior; IV - se os recursos versarem sobre questão relativa

a prestação de serviço público objeto de concessão, permissão ou autorização, o

resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora

competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a

regulação, da tese adotada. § 1o A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro

grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à

resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. § 2o Se a desistência ocorrer antes

de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários de

sucumbência. § 3o A desistência apresentada nos termos do § 1o independe de

consentimento do réu, ainda que apresentada contestação.

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RE e RESP repetitivos

Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de origem, o recurso especial ou

extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1o. §

1o Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de

origem, se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas cujo

enfrentamento se tornou necessário em decorrência da alteração. § 2o Quando ocorrer a

hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras questões,

caberá ao presidente do tribunal, depois do reexame pelo órgão de origem e

independentemente de ratificação do recurso ou de juízo de admissibilidade, determinar a

remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões. § 2º

Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre

outras questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois

do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, sendo

positivo o juízo de admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior

para julgamento das demais questões. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

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Recurso extraordinário

Hipóteses de cabimento (art. 102, III, CF):

– Causas decididas, em única ou última instância,

quando a decisão recorrida (não fala em

“tribunal”; logo, cabe contra acórdão da Turma

Recursal do JEF)

1) Contrariar dispositivo desta Constituição; (indicar

dispositivo).

2) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei

federal;

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Recurso extraordinário

Hipóteses de cabimento (art. 102, III, CF): 3) Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face

desta Constituição.

4) Julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

– é questão constitucional?

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Repercussão geral

Repercussão geral:

CF, artigo 102, § 3º: No recurso extraordinário o

recorrente deverá demonstrar a repercussão geral

das questões constitucionais discutidas no caso, nos

termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a

admissão do recurso, somente podendo recusá-lo

pela manifestação de dois terços de seus membros

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Repercussão geral

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do

recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão

geral, nos termos deste artigo.

§ 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões

relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os

interesses subjetivos do processo.

§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação

exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie

súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; II – (Revogado); III -

tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art.

97 da Constituição Federal.

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Repercussão geral

Art. 1.035.

§ 4o O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de

terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do

Supremo Tribunal Federal.

§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal

determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes,

individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território

nacional.

§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de

origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que

tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para

manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento

firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá

agravo interno.

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Repercussão geral

Art. 1.035.

§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de

origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que

versem sobre matéria idêntica.

§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1

(um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu

preso e os pedidos de habeas corpus.

§ 10. (Revogado).

§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada

no diário oficial e valerá como acórdão.

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Embargos de divergência em RE ou RESP

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do

mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

II – revogado.

III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do

mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha

apreciado a controvérsia;

IV – revogado.

§ 1o Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de

competência originária.

§ 2o A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação

do direito material ou do direito processual.

§ 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a

decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus

membros.

§ 4o O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou

credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente, ou

com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte,

e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados.

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Embargos de divergência em RE ou RESP

Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado o

procedimento estabelecido no regimento interno do respectivo tribunal

superior.

§ 1o A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de

Justiça interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por

qualquer das partes.

§ 2o Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a

conclusão do julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra

parte antes da publicação do julgamento dos embargos de divergência será

processado e julgado independentemente de ratificação.

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Cumprimento de sentença

Execução ou cumprimento de sentença?

Em matéria previdenciária, o cumprimento

das sentenças costuma exigir duas

providências:– 1) Cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade

de obrigação de fazer (implantação ou revisão de

benefício).

– 2) Cumprimento da sentença que reconhece exigibilidade

de pagar quantia certa pela Fazenda Pública (para o

pagamento de atrasados).

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Implantação/revisão de benefício

A implantação ou revisão de benefício constituem obrigações de fazer, reguladas pelo art. 536 do CPC:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não

fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de

tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de

multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento

de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.

§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça,

observando-se o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento.

§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem

judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.

§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,

aplica-se o art. 525, no que couber.

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça

deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.

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Implantação/revisão de benefício

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento,

em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com

a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou

excluí-la, caso verifique que:

I - se tornou insuficiente ou excessiva;

II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o

descumprimento.

§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.

§ 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo,

permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na

pendência do agravo fundado nos incisos II ou III do art. 1.042.

§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo,

permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Redação

dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá

enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça

deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.

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Problemas na implantação

Demora injustificada na implantação do benefício:

Requerer intimação pessoal do Chefe da APS/EADJ, por mandado, para cumprimento da decisão; caso persista o descumprimento:

a) aplicar à autoridade administrativa multa de até 20% sobre o valor da causa, por ato atentatório “à

dignidade da justiça”, terminologia adotada pelo CPC (art. 77, §§ 1º a 5º). Esta multa recairá sobre a

pessoa da autoridade impetrada, não da pessoa jurídica de que ela faz parte. Há, portanto, um elemento

de persuasão bastante interessante.

b) representar ao Ministério Público para apuração da ocorrência de ato de improbidade administrativa,

capitulado no artigo 11, II, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), para o qual está

prevista a sanção de perda do cargo (art. 12, III, da Lei nº 8.429/92, combinado com o art. 132, IV, da Lei

nº 8.112/90);

c) representar ao superior hierárquico da autoridade impetrada para apuração da infração disciplinar

estabelecida no art. 117, IV, da Lei nº 8.112/90 (“opor resistência injustificada ao andamento de

documento e processo ou execução de serviço;”);

d) representar à Advocacia-Geral da União (ou à procuradoria judicial competente, no caso de

autoridades estaduais e municipais) para fins de eventual ajuizamento de ação civil de reparação de

danos causados a terceiros pela demora no cumprimento da ordem judicial (art. 122 da Lei nº 8.112/90).

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Execução dos atrasados

Bens públicos são impenhoráveis.

A execução se fará na forma do art. 100 da CF, combinado com o art. 535 do CPC.

Autor/exequente apresenta os cálculos da execução (demonstrativo discriminado e atualizado do crédito – 534).

INSS é intimado para impugnar a execução, no prazo de 30 (trinta) dias – (mesmos autos) – 535.

Não é prazo em dobro: “só” 30 dias.

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Execução dos atrasados

Decorridos os 30 dias sem a impugnação

embargos, será expedido precatório ou

requisição de pequeno valor.

Precatório: se o valor for superior a 60

salários mínimos

RPV: se o valor for até 60 salários mínimos.

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Impugnação ao cumprimento de sentença/execução

Mesma relação processual, mesmos autos.

Objeto:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;– Inclusive no caso de declaração de inconstitucionalidade (§ 5º) – pode caber rescisória se a decisão do STF é posterior

ao trânsito em julgado.

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,

compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado

da sentença.

Excesso: precisa apontar o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da

impugnação (535, § 2º).

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“Execução invertida”

Procedimento usual na 3ª Vara Federal de São José dos Campos

Abre-se vista dos autos para que o INSS apresente os cálculos da execução

Autor é intimado para se manifestar sobre os cálculos e, caso concorde, requerer a intimação do art. 535 do CPC;

Não haverá impugnação: PRC ou RPV.

Importância de conferir os cálculos: pelo menos, DIB e salários-de-contribuição.