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15/08/2020 Número: 0600001-76.2020.6.16.0002 Classe: INQUÉRITO POLICIAL Órgão julgador: 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA PR Última distribuição : 28/01/2020 Valor da causa: R$ 0,00 Assuntos: Corrupção passiva, Falsidade Ideológica Segredo de justiça? SIM Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Justiça Eleitoral PJe - Processo Judicial Eletrônico Partes Procurador/Terceiro vinculado SR/PF/PR (AUTOR) PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PARANA (AUTOR) CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA (INVESTIGADO) GUILHERME DE SALLES GONCALVES (ADVOGADO) RODRIGO SANCHEZ RIOS (ADVOGADO) VITOR AUGUSTO SPRADA ROSSETIM (ADVOGADO) EVERTON JONIR FAGUNDES MENENGOLA (ADVOGADO) RENATO CARDOSO DE ALMEIDA ANDRADE (ADVOGADO) BRUNO AUGUSTO GONCALVES VIANNA (ADVOGADO) ALESSANDRO SILVERIO (ADVOGADO) RENATA AMARAL FARIAS (ADVOGADO) PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PARANA (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 32446 74 10/08/2020 14:57 Decisão Competência Inquérito 060001- 76.2020.6.16.0002-assinado Outros documentos

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15/08/2020

Número: 0600001-76.2020.6.16.0002

Classe: INQUÉRITO POLICIAL

Órgão julgador: 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA PR

Última distribuição : 28/01/2020

Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Corrupção passiva, Falsidade Ideológica

Segredo de justiça? SIM

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO

Justiça EleitoralPJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

SR/PF/PR (AUTOR)

PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PARANA

(AUTOR)

CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA

(INVESTIGADO)

GUILHERME DE SALLES GONCALVES (ADVOGADO)

RODRIGO SANCHEZ RIOS (ADVOGADO)

VITOR AUGUSTO SPRADA ROSSETIM (ADVOGADO)

EVERTON JONIR FAGUNDES MENENGOLA (ADVOGADO)

RENATO CARDOSO DE ALMEIDA ANDRADE (ADVOGADO)

BRUNO AUGUSTO GONCALVES VIANNA (ADVOGADO)

ALESSANDRO SILVERIO (ADVOGADO)

RENATA AMARAL FARIAS (ADVOGADO)

PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PARANA

(FISCAL DA LEI)

Documentos

Id. Data daAssinatura

Documento Tipo

3244674

10/08/2020 14:57 Decisão Competência Inquérito 060001-76.2020.6.16.0002-assinado

Outros documentos

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

INQUÉRITO Nº 0600001-76.2020.6.16.0002

Trata-se de inquérito policial instaurado a partir da cisão do inquérito nº

5013824-44.2014.404.7002, que tinha como objetivo apurar a possível

ocorrência dos crimes tipificados nos artigos 288, 312, 319 do Código Penal e

artigo 90 da Lei nº 8.666/93, sem prejuízo de outros, atribuídos, em tese, a

Dirceu Ledur, Samarone Ribeiro dos Santos, Mequizedeque da Silva Ferreira,

entre outros, pela prática de condutas ilícitas decorrentes de fraude a licitações

municipais e outros crimes contra a administração pública. As investigações

realizadas no mencionado inquérito tiveram início no inquérito nº 500408487-

17.2014.404.7002/PR, referente à denominada “OPERAÇÃO PECÚLIO”.

A “Operação Pecúlio” teve início por meio do inquérito da Polícia Federal

de nº 1463/2014-DPF/FIG/PR, iniciado em 21/10/2014 e concluído em

31/05/2016, que, de início, apurava eventual prática delituosa por parte de

servidor público da Justiça Federal, lotado em Foz do Iguaçu. Determinada a

produção de escutas telefônicas, fortuitamente, identificou-se o envolvimento

de partícipes na obtenção de vantagens indevidas em outros fatos também

delituosos, que não teriam correlação com os fatos até então apurados.

No bojo da nova investigação, verificou-se a possível ocorrência de

fraudes em licitações promovidas no município de Foz do Iguaçu/PR. Nas

atividades ilícitas desenvolvidas por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA, então Secretário de Tecnologia da Informação do

município, havia indicativos de participação ativa de RENI CLOVIS DE SOUZA

PEREIRA, na época prefeito, o que ensejou novo desmembramento das

investigações, em razão do exercício de cargo com prerrogativa de foro por

este último.

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Assim ramificados, no IPL 1463/2014 apurou-se “ampla materialidade

dos crimes de falsidade ideológica, prevaricação, advocacia administrativa,

fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa, dentre

outros correlatos, ao passo que os indícios de autoria também foram

devidamente identificados.”

Como consequências das investigações conduzidas em 1º grau de

jurisdição, em 19/04/2016 houve o cumprimento de inúmeros mandados de

prisão e busca e apreensão, além de conduções coercitivas e bloqueio de

bens.

Como narrado pelo delegado de polícia no relatório produzido ao fim das

investigações, apurou-se a existência de elaborada organização criminosa

infiltrada na administração pública municipal, comandada pelo então prefeito

RENI, cujo objetivo era a o desvio de recursos públicos e a obtenção de

vantagens indevidas por meio da nomeação de integrantes do grupo criminoso

em cargos de comando no paço municipal.

Ao que indica a investigação, ocorriam reuniões frequentes entre os

integrantes da organização, cujos encontros eram denominados “JANTA”,

tendo sido apurada a primeira menção ao evento ocorrido em 15/09/2014.

Escuta ambiental identificou alguns dos participantes do evento ocorrido em

27/01/2015, fato que permitiu a ampliação do espectro investigativo. Em

19/03/2015 teria ocorrido o último evento, que contou com a participação de

MELQUIZEDEQUE, que estava sendo vigiado pela polícia.

No curso das investigações, diversas escutas telefônicas foram

realizadas, bem como interceptações telemáticas, apreensão de equipamentos

para serem periciados e quebra de sigilo de dados, tudo dentro da legalidade

exigida.

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Ocorre que, em razão da decisão constante no evento nº 163, houve

novo desmembramento, originando o IPL nº 5014388-23.2014.7002, o qual

fora remetido ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em face da

prerrogativa de foro do então prefeito RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA. As

investigações realizadas apontaram a possibilidade de envolvimento de

CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, esposa do prefeito

e, na época, Deputada Estadual do Estado do Paraná.

Após o encaminhamento ao Tribunal, o Ministério Público Federal

requereu a cisão do IPL n. 5013824-44.2014.404.7002, em relação aos

investigados que não possuíam prerrogativa de função, prosseguindo perante

o Tribunal Regional Federal somente as investigações em face de RENI

CLOVIS DE SOUZA PEREIRA e de CLAUDIA VANESSA DE SOUZA

FONTOURA PEREIRA (evento 19 do IPL n. 5013824-44.2014.404.7002),

requerimento que foi acolhido pelo relator (evento 30 e 34 do IPL n. 5013824-

44.2014.404.7002). Em razão dessa decisão, foi autuado o IPL n. 5038072-

94.2015.4.04.0000.

Realizadas as investigações, o inquérito policial foi relatado, tendo sido

indiciado RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, bem como apontado a

necessidade de aprofundamento nas investigações e diligências

complementares envolvendo outros investigados. Entre os ilícitos investigados,

estavam aqueles relacionados com a suposta ilicitude no custeio da campanha

de CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA para o cargo de

deputada federal. Face o prosseguimento das investigações, foi solicitado o

compartilhamento das provas com os demais inquéritos que tramitavam na

primeira instância (evento 78, REL_FINAL_IPL1, p. 45, do IPL 5038072-

94.2015.4.04.0000).

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Da narrativa feita pelo Delegado de Polícia em seu relatório, não restou

apontado nenhum fato que pudesse ensejar prática de crime eleitoral. Outros

delitos puderam ser identificados, como fraude a procedimentos licitatórios,

organização criminosa, corrupção ativa, advocacia administrativa,

prevaricação, corrupção passiva, emprego irregular de verbas ou rendas

públicas, peculato, etc., mas nenhum deles, durantes as investigações policiais

apresentou correlação com eventual crime eleitoral.

Oferecida a denúncia em face de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA

na ação penal nº 5032864-95.2016.4.04.000/TRF, ela foi parcialmente

recebida e, considerando o término do mandato em 31.12.2016, foi declinada

a competência para o processo e julgamento ao Juízo da 3ª Vara Federal de

Foz de Iguaçu (deflagrador da operação). Após o declínio, foi determinada a

baixa na distribuição do inquérito nº 5014388-23.2014.7002, vinculando-o à

ação penal, não havendo arquivamento em relação a outros investigados que

detinham foro privilegiado, no caso: CLAUDIA VANESSA DE SOUZA

FONTOURA PEREIRA

Com o prosseguimento das investigações perante o Tribunal Regional

Federal foi apresentado pedido de homologação de Acordo de Colaboração

Premiada nº 5047454-43.2017.4.04.000, em que o colaborador informou

verbalmente que parte dos recursos públicos supostamente desviados teriam

sido utilizados para financiamento irregular da campanha eleitoral de CLAUDIA

VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, esposa de RENI, para o cargo

de Deputada Estadual. O acordo foi homologado pela Corte Regional, em

decisão que determinou que “os atos investigatórios que forem praticados em

relação a pessoas com prerrogativa de foro, deverão ocorrer nos autos do IPL

5038072-94.2015.4.04.0000” (evento 31 daqueles autos).

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Assim, foram instaurados os presentes autos de inquérito policial n°

5013892-52.2018.4.04.7002 para dar continuidade à investigação de fatos não

denunciados e dos que envolvesse pessoa detentora de foro, por prerrogativa

de função, como é o caso de CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA

PEREIRA. Tendo em vista que a investigada não detinha foro privilegiado à

época dos fatos criminosos, bem como atualmente não mais exerce o cargo de

deputada do Estado do Paraná, tal inquérito teve sua competência declinada

ao Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu para continuidade de diligências

(evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019

(evento 180) para investigar os fatos que, em tese, caracterizam as infrações

penais dos art. 317, c/c 29, ambos do Código Penal, e art. 2° da Lei 12.850/13,

sem prejuízo de outras detectadas.

A instrução do inquérito policial se deu com a reprodução de

depoimentos prestados por investigados, dos quais se extrai trechos com

menção à atividade eleitoral por outros investigados. Reproduz-se abaixo

alguns desses depoimentos:

CARLOS JULIANO BUDEL, em seu depoimento prestado aos

03/10/2016, dentre as diversas afirmações que fez, apontou o

seguinte:

“QUE outro acréscimo ao ‘mensalinho’, foi verba de apoio político ocorrida quando o colaborador foi procurado pelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDNEI E MARIONO GARCIA, que lhe cientificaram acerca de um acordo com o RENI de que o apoio à campanha da Deputada CLAUDIA PEREIRA resultaria no pagamento de cento e vinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador DUSO e na residência deste; QUE tal fato foi confirmado por RENI que determinou que fosse tentado um parcelamento;[...]QUE os valores eram

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determinados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015 a março de 2016, foram na seguinte forma: O vereador COQUINHO recebeu três parcelas de dez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reais referentes à campanha da Deputada Claudia, totalizando noventa mil reais;[...]QUE o vereador DARCI recebeu três parcelas de dez mil reais referentes ao ‘mensalinho’ e duas parcelas de trinta e uma de vinte mil reais referentes à campanha da deputada Claudia, totalizando cento e dez mil reais; QUE o RUDNEI recebeu três parcelas de dez mil reais em razão do ‘mensalinho’, duas parcelas de trinta mil reais e uma parcela de vinte mil referentes à campanha da deputada Claudia, totalizando cento e dez mil reais;[...]” Grifo nosso.

Apenas parte do depoimento foi colacionado para exemplificar o fato de

que o aquilo que o depoente se refere como “referente à campanha da

deputada Claudia”, na verdade trata-se de pagamento pelo apoio político dos

vereadores.

Em 05/10/2016, CARLOS JULIANO afirmou que RENI exigira

doações de empresas para a campanha da CLAUDIA, nos

seguintes termos:

“QUE em reunião da qual não participou, foi firmado um compromisso entre as empresas do consórcio SORRISO com o prefeito RENI PEREIRA em financiar parte da campanha de CLAUDIA PEREIRA a Deputada Estadual;[...]QUE, a pedido de RENI PEREIRA, arrecadou duas parcelas de R$125.000,00, em espécie, das mãos de FLÁVIO (gerente do consórcio) na Rua Venanti Otrembra e no Condomínio Quinta do Sol; QUE esses repasses ocorreram entre final de 2015 e início de 2016, com um intervalo de 30 dias aproximadamente; QUE

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R$150 mil reais foi destinado ao caixa do ‘mensalinho’ e o restante foi entregue integralmente para RENI PEREIRA;[...]QUE concomitantemente, o Prefeito RENI PEREIRA determinou ao colaborador que arrecadasse das empresas do consórcio o valor de R$10mil reais por mês para pagamento do ‘mensalinho’ do vereador QUEIROGA, o qual o colaborador recebeu de FLÁVIO;

Aos 29/11/2016, o depoente CHARLES BORTOLO prestou seu

depoimento perante a Procuradoria da República no município de

Foz do Iguaçu/PR, nos seguintes termos:

“QUE no mês de setembro de 2014 o colaborador deixou de repassar os recursos para pagamentos de complementação de salário de servidores, na sistemática de inclusão de horas não trabalhadas na planilha da empresa MEDSERV conforme já relatado em outra oportunidade; QUE acabou repassando tal valor de R$ 10mil reais para a campanha de CLAUDIA PEREIRA para Deputada Estadual; QUE entregou o valor para MELQUIZEDEQUE e RODRIGO BECKER; QUE MELQUIZEDEQUE havia cobrado o colaborador para que arranjasse doações de pessoas ou empresas para a campanha de CLAUDIA PEREIRA;

FERNANDO DA SILVA BIJARI, em 01/06/2016 prestou os seguintes

esclarecimentos:

“QUE tal valor (R$10mil reais) foi pago diretamente a GIRNEI DE AZEVEDO, que na ocasião informou que os R$10.000,00 seriam entregues a MAURO para pagar despesas relativas à campanha de CLAUDIA PEREIRA, esposa de RENI PEREIRA, ao cargo de Deputada Estadual do Paraná; QUE o

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dinheiro teve origem em medições a maior realizadas na execução do contrato da ATIVA OBRAS E SERVIÇOS LTDA.

Por sua vez, GIRNEI DE AZEVEDO, em 27/07/2016 alegou que:

“QUE aproximadamente em agosto de 2014, cerca de dois meses antes das eleições daquele ano, o colaborador recebeu solicitação de DIEGO para que ajudasse na campanha de CLAUDIA PEREIRA para deputada estadual; QUE DIEGO é parente de RENI PEREIRA e atualmente é assessor de CLAUDIA PEREIRA; QUE diante da negativa do colaborador, devido dificuldades financeiras, DIEGO lhe entregou pessoalmente a quantia de R$ 8mil reais para que o colaborador depositasse na conta de campanha de CLAUDIA PEREIRA utilizando seu CPF; QUE não sabe dizer qual é a origem dos R$ 8 mil reais; QUE o colaborador teve problema problemas com a Justiça Eleitoral devido tal doação, pois conforme regulamentos fiscais, a quantia ultrapassou em cerca de R$ 2 mil reais do permitido; QUE a Justiça Eleitoral o multou em cinco vezes o valor excedido; QUE diante da multa, o colaborador pediu ajuda a DIEGO; QUE DIEGO sugeriu que o colaborador tentasse parcelar a multa na Justiça Eleitoral; QUE por meio de seu contador conseguiu parcelar a multa em 12 vezes; QUE encaminhou o primeiro DARF via WhatsApp para pagamento da primeira parcela da dívida para DIEGO, o qual efetuou o pagamento; QUE não sabe informar se as demais parcelas foram pagas em razão da sua prisão;[...] QUE também por volta de agosto de 2014, em outra oportunidade, oportunizou o salão de eventos de propriedade de sua empresa (Gil e TEO Buffet e Eventos LTDA) para a realização de um jantar para cerca de 500 pessoas, o qual tinha o objetivo de arrecadar dinheiro para a campanha de CLAUDIA PEREIRA; QUE o convite para o jantar foi vendido por R$300,00;[...] QUE em outra oportunidade, também na época da campanha de CLAUDIA PEREIRA, o colaborador recebeu R$70

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mil reais em espécie de INÀCIO, proprietário da ITAVEL, e repassou para DIEGO para a campanha de CLAUDIA PEREIRA; QUE tal doação foi irregular; QUE em outra oportunidade, em mesma época, o colaborador recebeu cerca de R$20 mil reais em espécie de PAULO, proprietário da empresa TRÊS FRONTEIRAS, e não se recorda se repassou para MELQUIZEDEQUE ou DIEGO; QUE tal valor também era destinado à campanha de CLAUDIA PEREIRA;”

MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, em

13/09/2016 fez as seguintes afirmações:

“QUE dos R$400 mil reais, o valor de R$200 mil seria destinado para a campanha de deputado federal do professor SÉRGIO e os outros R$200 mil seriam destinados para a campanha de deputado federal do então vereador DILTO VITORASSI; QUE o colaborador informa que houve um desentendimento entre o prefeito RENI e o prof. SÉRGIO (suplente do deputado federal RATINHO JÚNIOR), e não houve o repasse integral a SÉRGIO, mas tão somente o valor de R$100 mil reais, e os outros R$100 mil reais destinados à campanha eleitoral da deputada estadual CLAUDIA PEREIRA, conforme relatado por RENI ao colaborador;[...] QUE o colaborador esclarece que DILTO VITORASSI, prof. SÉRGIO e CLAUDIA PEREIRA tinham ciência da origem ilícita do dinheiro proveniente das empresas que prestavam serviços ao município, oriundos de vantagem indevida.

NILTON JOÃO BECKERS, em 19/07/2016 afirmou o seguinte:

“QUE em relação às anotações realizadas por FERNANDO BIJARI, sobre pagamentos de agentes públicos com dinheiro desviado da prefeitura de Foz do Iguaçu/PR, por meio do

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contrato de ‘TAPABURACOS’ da empresa ATIVA OBRAS E SERVIÇOS LTDA., recorda-se que após a campanha para deputado estadual do paraná, em 2014, a pessoa conhecida como ‘MAURÃO’, que é o atual vice-prefeito de São Miguel do Iguaçu/PR, procurou o reinquirido afirmando que havia conversado com o prefeito RENI PEREIRA, o qual teria determinado que o reinquirido falasse com GIRNEI, então diretor de pavimentação de Foz do Iguaçu/PR, para que esse providenciasse o pagamento de dívidas de ‘restos de campanha’ da Deputada Estadual CLAUDIA PEREIRA, no valor de R$10 mil reais;[...] QUE quando houve a realização do pagamento da prefeitura referente à medição na qual foi incluído indevidamente o valor de R$10 mil reais para a ATIVA OBRAS E SERVIÇOS LTDA., FERNANDO sacou o valor em espécie e dirigiu-se ao escritório da SR TERRAPLANAGEM LTDA, em São Miguel do Iguaçu/PR, onde foi entregue em mãos a 'MAURÃO‘ o valor solicitado, na presença do reinquirido.

Em 02/09/2016, NILTON JOÃO BECKERS prosseguiu seus relatos

nos seguintes termos:

“QUE, em relação a uma reunião ocorrida no restaurante La Cabana, em Foz do Iguaçu/PR, o colaborador esclarece que a mesma ocorreu com fins políticos, na qual o Prefeito RENI solicitou uma ajuda para a campanha de sua esposa CLAUDIA, no valor de R$200 mil reais a PAULO GORSKI, e a reunião contou com as presenças de VILSON SPERFELD, RODRIGO BECKER, PAULO GORSKI, PAULO GORSKI FILHO (PAULINHO), RUBENS PRATIS JÚNIOR, GIRNEI DE AZEVEDO, RENI PEREIRA e seu motorista;

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Seguindo as investigações, RODRIGO BECKER, em 25/08/2016,

afirmou que:

“QUE, em relação à campanha do Prefeito RENI, as pessoas que tratavam com dinheiro eram TATIANE FRANKIV GUTIERREZ (casa civil), GIANCARLO TORRES, braço direito de RENI, ADOALDO LENZI JÚNIOR, MÁRCIO DE AZEVEDO, RENATO MAYER BUENO e ALEXEI (contador do Prefeito); QUE tem conhecimento que NILTON JOÃO BECKERS doou, através de caixa dois, aproximadamente, R$ 200.000,00 entregues a MÁRCIO e TATIANE, para campanha de RENI; QUE tem conhecimento também que RENATO solicitou e recebeu R$ 50.000,00 de JOÃO KAMMER, proprietário da KAMMER CONSTRUTORA, que presta serviço para a SANEPAR; QUE o colaborador não viu o dinheiro e não pode afirmar, porém, o que dizem é que no final da campanha de prefeito, TULIO BANDEIRA doou, aproximadamente, R$ 2milhões de reais para RENI PEREIRA, sem declarar; QUE a Receita Estadual fez doação para campanha não sabendo especificar o valor nem a origem do recurso, porém o responsável pela arrecadação era GIANCARLO TORRES; QUE dias antes da eleição, a IVONE BAROFALDI procurou o colaborador dizendo que o RENATO pediu R$ 40.000,00 para ela e devolveria depois da campanha;[...] QUE durante a campanha de CLAUDIA PEREIRA ocorreu um almoço no restaurante LA CABANÃ, onde estavam presentes, além do colaborador, RENI PEREIRA, GIRNEI DE AZEVEDO, PAULO GORSKI e NILTON JOÃO BECKERS, ficando neste momento acordado que PAULO GORSKI doaria o valor de R$ 200.000,00 para a campanha de CLAUDIA PEREIRA devido aos contratos que o mesmo possuía na prefeitura; QUE na saída do estacionamento do restaurante, PAULO GORSKI entregou em mãos para RENI a quantia de R$ 98.000,00; QUE RENI pagou a conta no restaurante; QUE PAULO GORSKI JÚNIOR pediu ao colaborador que levasse R$ 50.000,00 (complementação do que faltou) para RENI

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PEREIRA, o colaborador junto com MELQUIZEDEQUE foi a São Miguel do Iguaçu em um sábado de manhã, quando PAULlNHO passou um cheque de R$ 50.000,00;[...] QUE levaram nas proximidades do Supermercado Mufatto, na República Argentina, não se recordando se o valor era de R$10.000,00 ou R$ 20.000,00 para a campanha do deputado estadual de GESSANI; QUE a diferença foi entregue no mesmo dia por MELQUIZEDEQUE a RENI PEREIRA em um almoço na casa do vereador MARINO GARCIA; QUE não viu o momento da entrega do dinheiro; QUE sabe que as empresas SR TERRAPLENAGEM e ITAVEL contribuíram para a campanha de CLÁUDIA PEREIRA, não sabendo especificar o valor; QUE CLÁUDIA PEREIRA também recebeu R$ 100.000,00 provenientes da propina da iluminação pública; QUE funcionários públicos eram dispensados de trabalhar no horário de expediente para trabalharem na campanha de CLÁUDIA PEREIRA; QUE RENI apoiou dois grupos políticos (REQUIÃO e BETO RICHA), sendo através da campanha para deputado federal de VITORASSI a ajuda para REQUIÃO; QUE o valor foi de R$200.000,00 provenientes de propina da iluminação pública; QUE o professor SÉRGIO recebeu para campanha de deputado federal a quantia de R$ 100.000,00 provenientes de propina da iluminação pública; QUE não sabe se os candidatos sabiam que a origem do dinheiro era da iluminação, mas sabiam que eram recursos não contabilizados; QUE RATINHO JR. havia liberado verbas de pavimentação asfáltica com recursos da SEDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Paraná) e nos locais onde ocorreram tais obras somente poderia fazer campanha os cabos eleitorais de RATINHO JR. e não os de CLÁUDIA PEREIRA; QUE RENI fazia a negociação e depois mandava alguém buscar o dinheiro, no caso, DI EGO ou GIRNEI”;

Em 25/08/2016 o depoente seguiu seu depoimento afirmando:

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“QUE o colaborador lembra de dois eventos: o primeiro um conversa que presenciou entre o prefeito RENI e JOÃO MATKIEVCZ, sendo que o primeiro disse que não teria coragem de pedir um valor para o proprietário do condomínio WISH GOLF, que seria seu amigo; QUE outra ocasião lembra que estava em um evento no Hotel Mabu, na Av. das Cataratas, e que JOÃO chegou com parte do dinheiro que seria destinado para despesas de campanha de CLAUDIA PEREIRA, não lembrando o colaborador, se foi antes das eleições ou depois; QUE essa parte do valor seria de R$180 mil reais; QUE viu parte do dinheiro no carro do prefeito RENI; QUE lembra que o valor estava acondicionado no interior de um envelope, salvo engano; QUE foi passado, inicialmente, o valor de R$180 mil e não R$400 mil, conforme acordado anteriormente, que incluía a aprovação do condomínio e a licença ambiental;

A investigada (evento190) apresentou manifestação nos autos do

inquérito (IPL n° 5013892-52.2018.4.04.7002), informando que, na sua

instauração, o Delegado responsável determinou a inclusão de todos os termos

e respectivas mídias que dizem respeito ao suposto financiamento irregular de

campanha, bem como destacou trechos de depoimentos que reportam a

ocorrência de crime eleitoral. Requereu a necessária remessa do caderno

investigatório à Justiça Eleitoral para verificação de competência e

investigação de crimes possivelmente conexos, fundamentando seu pedido

nas informações supra. Afirma a requerente que:

“[...]é sabido que as narrativas acusatórias em face da investigada CLAUDIA PEREIRA trazem, sempre, o contexto fático do pleito eleitoral de 2014, para assunção ao cargo de Deputada Estadual. Inclusive, foram anexados diversos termos de declarações firmados por réus colaboradores (EVENTOS 181 a 189), nos quais

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se imputam diversos desvios de conduta supostamente cometidos com a ciência, ou participação, da ora Requerente.”

Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal contrapôs os

argumentos da defesa, afirmando que o “presente Inquérito Policial é para

apurar a responsabilidade criminal de CLÁUDIA VANESSA DE SOUZA

FONTOURA PEREIRA, especialmente nos fatos descritos nas denúncias

ofertadas nas ações penais n. 5005325-03.2016.404.7002, 5000507-

71.2017.404.7002 e 5001254-21.2017.404.7002, que se referem a crimes

previstos no Código Penal, nas Leis nº. 8.666/93 e 12.850/13, bem como no

Decreto-Lei nº. 201/67. Ou seja, não se amoldam a nenhum delito previsto na

legislação eleitoral”.

Contundentemente, afirma o MPF que:

“No presente caso, não obstante os colaboradores tenham narrado parte das condutas criminosas contextualizando-as no período eleitoral, infere-se do acervo probatório que restaram comprovados apenas os crimes comuns.” Grifo nosso.

Segue o ilustre Procurador da República:

“É preciso reconhecer que o fato de o agente público haver solicitado propina a pretexto de usar o dinheiro em campanha eleitoral não significa que este tenha sido efetivamente canalizado para tal fim, devendo haver prova concreta nos autos.

Aliás, convém lembrar que, não raro, agentes políticos disfarçam a solicitação de propina alegando destinar-se à campanha eleitoral, apenas

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para minimizar constrangimentos e tentar não perder muito do respeito e da autoridade.

Com efeito, é muito menos constrangedor e mais palatável solicitar a propina a pretexto de “contribuição de campanha eleitoral”, do que dizer que seria para, por hipótese, comprar uma joia para presentear a amada esposa/companheira.

Desta forma, a circunstância dos agentes utilizarem o pretexto de campanha política para solicitar a vantagem indevida, por si só, não configura crime eleitoral, já que a motivação política ou eleitoral é insuficiente para definir a competência da Justiça Especial.

Para tanto, no presente caso, necessária a comprovação de que o dinheiro da propina tenha sido utilizado de forma irregular na campanha e, por consequência, ocorrido a omissão, em documento público ou particular, de declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais (artigo 350, primeira parte, do Código Eleitoral).”

Nessa linha, o Ministério Público, (evento 196) entendeu que, não

obstante os colaboradores tenham narrado parte das condutas criminosas

contextualizando-as no período eleitoral, só restam comprovados crimes

comuns; que inexistem indícios concretos de que as propinas solicitadas

geraram omissão de dados ou declaração falsa no âmbito Eleitoral e, caso

ocorram, o Ministério Público Eleitoral será prontamente comunicado e que,

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por fim, não há a incidência de nenhuma hipótese de conexão prevista no artigo

76, do Código de Processo Penal.

Conclusos os autos, foi indeferido o pedido da investigada, adotando-se

como razões de decidir a manifestação do Ministério Público (evento 198).

Inconformada, a investigada impetrou o Habeas Corpus sob nº 5017144-

83.2019.4.04.000 no E. Tribunal Regional Eleitoral da 4ª Região, tendo sido a

ordem denegada.

Dessa decisão foi interposto Recurso de Habeas Corpus perante o STJ,

o qual deu provimento ao recurso interposto por CLÁUDIA VANESSA DE

SOUZA FONTOURA PEREIRA, para o fim de determinar que o inquérito

policial nº 5013892-52.2018.4.04.7002 fosse remetido à Justiça Eleitoral, face

a existência de indícios da prática, em tese, de formação de ‘caixa 2’ para

financiar a campanha da recorrente ao cargo de Deputada Estadual” (art. 350

do Código Eleitoral).

Conforme o entendimento exposto pela Sexta Turma do Superior

Tribunal de Justiça, “existindo indícios da prática de crime eleitoral, inviável a

manutenção da investigação no âmbito da Justiça Federal, devendo ser

respeitada a competência da Justiça especializada para processar e julgar os

crimes eventualmente atribuídos, uma vez que esta prevalece sobre a comum,

nos termos do art. 78, IV, do Código de Processo Penal”. Por fim, foi

consignado na decisão em comento que à Justiça Eleitoral “caberá decidir

sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto e sobre eventual

remessa de parte da investigação para processamento na Justiça Federal,

nos termos do art. 80 do Código de Processo Penal”.

Assim, a Corte Superior, por reputar existente indícios da prática de

crime eleitoral (art. 350 do Código Eleitoral), determinou a remessa à Justiça

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Eleitoral para decidir se é competente para processar o Inquérito policial n.

5013892-52.2018.4.04.7002, e no exercício desta competência, reconhecer ou

não a necessidade de julgamento conjunto de crimes conexos, quais sejam,

aqueles praticados pela suposta organização criminosa encartada na

Operação Pecúlio/Nipoti.

Em observância à decisão da Corte Superior que determinou a remessa

do inquérito policial 5013892-52.2018.4.04.7002, para esta Justiça

Especializada, distribuído para a Segunda Zona Eleitoral de Curitiba/PR

(060000176.2020.6.16.0002), o Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR)

encaminhou ofício solicitando que esta Especializada se manifesta-se acerca

da existência de crimes eleitorais, bem como de crimes comuns conexos,

assim como a necessidade ou não de julgamento conjunto, ou ainda, pela

manutenção do processamento de parte dos fatos pela Justiça Federal

(eventos nº 16523 e 16534 da ação penal n° 5010210-55.2019.404.7002).

Diante da necessidade de acesso aos autos por esta Justiça

Especializada, com intuito de analisar a extensão dos crimes conexos e sua

competência, a Justiça Federal encaminhou a chave de acesso das ações

penais (e procedimentos vinculados), 5000507-71.2017.4.04.7002, 5010210-

55.2019.4.04.7002, 5015353-25.2019.4.04.7002, 5001254-

21.2017.4.04.7002, 5013167-29.2019.4.04.7002, em síntese:

- ação 5000507-71.2017.4.04.7002 atualmente com 19.817

eventos, interrogado 98 réus, sendo 13 deles colaboradores, ouvidas

11 testemunhas de acusação e 278 testemunhas de defesa, instrução

concluída (evento e aguardando apresentação de memoriais pelas

defesas.

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- ação 5010210-55.2019.4.04.7002 atualmente com 16561

eventos, interrogado 4 réus, sendo 1 colaborador, instrução

concluída, aguardando análise dos pedidos formulados na fase do art.

402 do CPP.

- ação 5015353-25.2019.4.04.7002 atualmente com 1585

eventos, interrogado 1 réu, ouvidas 176 testemunhas defesa/acusação,

instrução concluída, aguardando a deliberação de acesso a

documentos e apresentação de memoriais pela defesa.

- ação 5001254-21.2017.4.04.7002 atualmente com 1570

eventos, interrogado 1 réu (Reni Clovis de Souza Pereira), ouvidas 176

testemunhas de defesa/acusação, sentenciado, aguardando a análise

de embargos de declaração e admissibilidade de apelação.

- ação 5013167-29.2019.4.04.7002 atualmente com 17735

eventos, interrogado 98 réus, 11 testemunhas de acusação, 278

testemunhas de defesa, 13 colaboradores, instrução concluída,

aguarda apresentação de memoriais pela defesa.

E ainda, por cautela, determinou a suspensão das ações penais

decorrente da operação Pecúlio/Nipoti, e seus feitos vinculados (evento 19636

da ação penal 5000507-71.2017.4.04.7002), no aguardo da manifestação da

Justiça Eleitoral acerca do prosseguimento ou não perante a Justiça Federal

das ações e fatos correlatos.

Assim, os autos foram encaminhados, conforme se verifica no evento nº

231 do inquérito policial 5013892-52.2018.4.04.7002, à Justiça Eleitoral de Foz

do Iguaçu que, por sua vez, determinou, com base na Resolução nº 834 do

TRE/PR, a redistribuição a uma das zonas especializadas para processar e

julgar os crimes, no âmbito da Justiça Eleitoral do Estado do Paraná, de

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corrupção, de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores e

aqueles praticados por organizações criminosas, tais como definidos pelas Leis

nº 7.492/86, 9.613/98 e 12.850/13, bem como para apreciar pedidos de

colaboração premiada e de cooperação jurídica passiva em matéria penal,

conexos aos crimes eleitorais e processamento e o julgamento de todos os

feitos envolvendo os delitos referidos acima, tais como inquéritos policiais, etc.

Redistribuídos a esta 2ª Zona Eleitoral o inquérito policial n. 0600001-

72.2020.6.16.0002-Pje, os autos foram encaminhados ao Ministério Público

Eleitoral que, em síntese, manifestou-se no seguinte sentido: Os fatos

investigados nesta operação foram denunciados e tramitam perante a Justiça

Federal; as ações penais não apontam ilícito de natureza eleitoral, reportando-

se exclusivamente a apuração de crimes comuns; o inquérito originou-se na

investigação do envolvimento da investigada em crimes praticados pelo então

Prefeito Municipal de Foz do Iguaçu/PR (seu marido).

Conforme aponta o Ministério Público no documento de nº 1108706, as

afirmações dos colaboradores, no que se refere à destinação para campanha

eleitoral dos recursos ilícitos arrecadados pela organização criminosa, são

genéricas e não indicam outras provas. Assim, entende que os crimes de

corrupção e fraudes a procedimentos licitatórios são independentes de

eventual crime eleitoral, sendo desnecessário o julgamento conjunto, impondo-

se o desmembramento do feito. Aponta o representante ministerial que das

declarações apresentadas pelos colaboradores, os valores eram solicitados

em nome do Prefeito Municipal sob diversos argumentos e que, mesmo que se

aprofunde às as investigações e se comprove que foram destinadas para a

campanha da investigada e não declaradas, não ensejaria conexão e

unificação da investigação. Pondera a inexistência de tipicidade do crime de

“Caixa 2”, e que a conduta imputada não se amoldaria no ilícito previsto no

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artigo 350 do Código Eleitoral, bem como que os crimes de corrupção ativa e

passiva consumaram-se anteriormente e independentemente de posterior

crime de falsidade ideológica eleitoral, podendo este não se consumar e, se

consumado, seria irrelevante para o crime eleitoral a origem do dinheiro, sendo

imprescindível para a configuração a omissão da utilização da verba na

prestação de contas de campanha.

Aduz a inexistência de incidência das espécies de conexão e consigna

que, mesmo que se reconheça a conexão, deve operar-se seu

desmembramento conforme dispões o art. 80 do CPP. Assim, por entender

desnecessário o julgamento conjunto do crime eleitoral e os demais crimes

comuns, pleiteou pela continuidade do Inquérito Policial perante a Justiça

Eleitoral, em relação à infração eleitoral noticiada (artigo 350 do Código

Eleitoral), com remessa integral dos autos para continuidade das investigações

em relação dos demais crimes comuns e demais providências pertinentes.

Reconhecido o desmembramento, pleiteou o encaminhamento da prestação

de contas da investigada, e remessa à autoridade policial para reinquirição dos

colaboradores para que informem sobre a existência de elementos concretos

que comprovem a destinação dos recursos ilícitos para a campanha eleitoral

da investigada em 2014, bem como sua inquirição.

Premissas para análise da competência da Justiça Eleitoral

O Egrégio Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Agravo Regimental

no inquérito 4435/DF, entendeu que prevalecerá a competência desta Justiça

Especializada quanto houver conexão de crimes eleitorais com crimes comuns,

conforme a decisão abaixo ementada:

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“COMPETÊNCIA – JUSTIÇA ELEITORAL – CRIMES CONEXOS. Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos – inteligência dos artigos 109, inciso IV, e 121 da Constituição Federal, 35, inciso II, do Código Eleitoral e 78, inciso IV, do Código de Processo Penal.”

Nessa esteira, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná editou a

Resolução nº 834/2019, dispondo sobre a especialização das 2ª e 3ª Zonas

Eleitorais, dispondo em seu artigo 1º o seguinte:

“Art. 1º Especializar as 2ª e 3º Zonas Eleitorais de Curitiba para processar e jugar, no âmbito da Justiça Eleitoral do Estado do Paraná, os crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores e aqueles praticados por organizações criminosas, tais como definidos pelas Leis nº 7492/86, 9613/98 e 12850/12, bem como para apreciar pedidos de colaboração premiada e de cooperação jurídica em matéria penal, conexos aos crimes eleitorais”.

Por sua vez, o parágrafo primeiro assim dispõe:

“§ 1º A designação específica abrange o processamento e o julgamento de todos os feitos envolvendo os delitos referidos no caput, tais como inquéritos policiais (grifei), procedimentos preparatórios, ações penais, sequestro e apreensão de bens, direitos e valores, pedidos de restituição de coisa apreendidas, busca e apreensão, hipoteca legal e quaisquer outras medidas cautelares ou incidentais, autos de prisão em flagrante e audiências de custódia, mandados de segurança em matéria criminal, habeas corpus, pedidos de colaboração premiada e de cooperação jurídica em matéria penal, com ou sem a intervenção de autoridade central ou expedição de

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carta rogatória, realizados ainda que de forma direta e informal, dentre outros expedientes”.

O presente inquérito policial foi encaminhado à Justiça Eleitoral e

distribuído a esta 2ª zona por força da decisão proferida pelo Egrégio Superior

Tribunal de Justiça no Recurso em Habeas Corpus nº 116.663-PR, assim

ementado:

RECURSO EM HABEAS CORPUS. PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. APURAÇÃO DE CRIMES RELACIONADOS À CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA NO ÂMBITO DOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO MUNICIPAL (OPERAÇÃO PECÚLIO/NIPOTI). PRETENSÃO DE ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS À JUSTIÇA ELEITORAL. CONEXÃO DOS CRIMES INICIALMENTE INVESTIGADOS COM A PRÁTICA DE CRIME DA COMPETÊNCIA DESTA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DA CONEXÃO DOS CRIMES INICIALMENTE INVESTIGADOS COM A PRÁTICA DE CRIME ELEITORAL.DEPOIMENTOS DE RÉUS COLABORADORES SOBRE A FORMAÇÃO DE "CAIXA 2" PARA FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL ESPECIALIZADA PARA O PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DOS CRIMES ELEITORAIS E CONEXOS, A QUEM CABE, AINDA, O JUÍZO A RESPEITO DA SEPARAÇÃO, OU NÃO, DOS PROCESSOS POR CRIMES COMUNS E ELEITORAIS.

1. Do acurado exame dos depoimentos firmados por corréus, nos termos de colaboração premiada, observa-se a existência de indícios da prática de doações eleitorais por meio da formação de "caixa

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2", a supor a ocorrência do crime de falsidade ideológica eleitoral (art. 350 do Código Eleitoral).

2. Hipótese em que não há como negar a conexão dos crimes inicialmente investigados com a prática de crime eleitoral, pois, ao que parece, a maior parte dos recursos ilegais, arrecadados com as atividades ilícitas praticadas pela suposta organização criminosa, na Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR, tinha como destino o financiamento de campanhas eleitorais.

3. Existindo indícios da prática de crime eleitoral, inviável a manutenção do inquérito policial no âmbito da Justiça Federal, devendo ser respeitada a competência da Justiça especializada para processar e julgar os crimes atribuídos, uma vez que essa prevalece sobre a comum, nos termos do art. 78, IV, do Código de Processo Penal.

4. No caso de haver certa independência entre o crime de corrupção passiva e o crime eleitoral, é sempre viável ao magistrado competente deliberar sobre o desmembramento, com a remessa à Justiça Federal daquela parte que entender não ser de obrigatório julgamento conjunto. De qualquer sorte, essa decisão só pode incumbir ao Juízo inicialmente competente, que é o Eleitoral (AgRg na APn 865/DF, Ministro Herman Benjamin, Corte Especial, DJe 13/11/2018).

5. Recurso em habeas corpus provido para determinar a imediata remessa dos autos do Inquérito Policial n. 5013892-52.2018.4.04.7002 à Justiça Eleitoral, a quem caberá decidir sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto e sobre a eventual remessa de parte da investigação

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para processamento na Justiça Federal, nos termos do art. 80 do Código de Processo Penal. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso ordinário nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 26 de novembro de 2019 (data do julgamento).

Ministro Sebastião Reis Júnior.

Segundo se depreende, o presente inquérito teve origem

exclusivamente em declarações dos réus colaboradores Carlos Juliano Budel,

Charles Bortolo, Euclides de Moraes Junior, Fernando da Silva Bijari, Girnei

Azevedo, Inácio Colombeli, Melquizedeque da Silva Correa Souza, Nilton João

Beckers e Rodrigo Becker, noticiando a possibilidade de envolvimento da

Investigada CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA em

ilícitos perpetrados por organização criminosa e utilização de parte dos

recursos para financiamento de sua campanha eleitoral ao cargo de Deputada

Estadual nas eleições de 2014.

Efetuadas essas considerações preliminares e na esteira das decisões

proferidas tanto pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal quanto pelo Egrégio

Superior Tribunal Justiça, as quais caminham no mesmo sentido de que, cabe

ao Juiz Eleitoral decidir, em cada caso concreto, se há ou não conexão que

enseje a tramitação conjunta ou se, por outra hipótese, o feito poderá ser

cindido, é o que agora será objeto de decisão. Para tanto, parte-se das

premissas estabelecidas na mencionada decisão do Supremo Tribunal

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Federal, quais sejam: o cometimento e constatação embrionária concreta de

crime eleitoral e crime comum, aptos a, em razão do princípio da especialidade,

configurar a competência da Justiça Eleitoral, nos termos do artigo 35 II do

Código eleitoral e do artigo 78 IV do Código de Processo Penal. A constatação

concreta vincula-se a configuração de materialidade firmada em elementos

objetivos, emergindo-se a ocorrência dos crimes (comum e eleitoral) de forma

entrelaçada e efetiva, e não de meras ilações ou probabilidades pertencentes

ao campo das hipóteses.

Como bem apontado, tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo

Ministério Público Eleitoral, as afirmações dos colaboradores, no que refere,

especificamente, a utilização de verba de origem ilícita na campanha eleitoral

de Cláudia Pereira, são genéricas e carecem de provas ou indicação de

elementos que subsidiem as inferências por eles feitas, ou seja, não passam

de uma hipótese cujas premissas não foram aferidas com rigor técnico. Aliás,

o seguimento das investigações, com foco exclusivo na possível prática de

crimes eleitorais, busca, justamente, comprovar a hipótese aventada.

A colaboração premiada é instituto de suma importância colocado à

disposição dos órgãos de investigação do Estado para auxiliá-los na elucidação

e na repressão da criminalidade, principalmente naquela que causa maior

repulsa na sociedade. É de conhecimento público sua ampla utilização na

história recente do nosso país. No entanto, por mais que seja de grande valia,

ela é, e sempre será, um meio de obtenção de prova.

Disso decorre que, o que é dito na colaboração deve ser corroborado,

tanto em relação à autoria delitiva, quanto em relação à materialidade, isto é,

deve ser objeto de investigação e constatação, sob pena de se configurar

ausência de justa causa, ou seja, um lastro probatório mínimo de autoria e

materialidade delitivas.

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Como verificado nos autos, o inquérito foi inicialmente instaurado para

coleta de elementos de informação que comprovassem o envolvimento da

investigada em supostas infrações penais praticadas por seu marido RENI

CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, então prefeito de Foz do Iguaçu/PR, que já

foram objeto de denúncia (Ações Penais 5005325-03.2016.404.002, 5000507-

71.2017.404.7002 e 5001254-21.2017.404.7002). No entanto, após os relatos

de réus colaboradores é que foi ventilada a hipótese de que a propina seria

destinada a campanha política da investigada em 2014.

Verifica-se, portanto, que sua instauração somente ocorreu após a

colaboração e foi gerada pela simples menção de que a investigada era

beneficiada por recursos oriundos de propina que foram utilizados para

financiamento de sua campanha ao cargo de Deputada Estadual, nada

mais. Não há, a meu ver, elemento mínimo acerca da materialidade delitiva.

Ainda, considerando que o inquérito encontra-se em fase embrionária, essa

verificação protrair-se-á no tempo. É necessário um mínimo de comprovação

da destinação eleitoral da propina, do que padece, sem dúvida, o depoimento

dos colaboradores. Aliás, as narrativas não fornecem nenhuma elementar do

tipo penal eleitoral.

Dotar a simples colaboração de um poder que ela não tem, qual seja, o

de, por si só, instaurar prontamente inquérito no bojo de outro inquérito que

apurava infrações distintas e, por provocação da parte, de forma obliqua,

possibilitar a ela o controle da competência, pode, se essa tese vingar, ao

arrepio do direito, chegarmos ao momento de que uma simples “notitia criminis

inqualificada” (denúncia anônima), sem as devidas diligências, seja utilizada

para instauração de um inquérito que, por si só, desloque a competência para

processo e julgamento.

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Ademais, na seara eleitoral, para definição típica da falsidade ideológica,

por exemplo, é necessário que os elementos informativos comprovem o efetivo

emprego do recurso não declarado, não bastando, para tanto, as menções

genéricas feitas por colaboradores que, além de não se prestarem, por si só, a

qualquer subsunção, não têm a força para modificar a competência. Entender

de forma contrária é consagrar a invasão na esfera de atribuições do titular da

ação penal.

Inclusive, na alteração introduzida pela Lei nº 13964/2019 (pacote

anticrime), que incluiu ao art. 3º-C, § 4º, na Lei nº12850/2013, no que se refere

à colaboração premiada prevê que: “incumbe à defesa instruir a proposta de

colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas

as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração”.

Trata-se de medida salutar, pois não se pode mais conceber o instituto

como um simples “atalho” às investigações, pelo contrário, deve haver uma

instrução prévia com a apresentação dos fatos narrados e a tipificação desses

fatos, evitando-se cair em meras ilações realizadas pelos colaboradores, a fim

de angariarem algum benefício.

Inclusive, confirmando esse entendimento, reproduzo trecho do voto

proferido pelo Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandowski, na (AP)1015/DF,

com julgamento iniciado em 16 de junho de 2020:

(...) Nesse contexto, relembro que cumpre aos magistrados avaliar com o máximo rigor os indícios originados em depoimentos de colaboradores, sobretudo, insisto, quando não estejam devidamente lastreados em elementos externos de corroboração. Isso justamente para evitar-se que os colaboradores delatores sejam tratados, ainda que de modo transverso – o que tem sido comum -, como se fossem testemunhas dos crimes descritos na peça acusatória, levando a sérias

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distorções na valoração de seus depoimentos, as quais podem, em momento ulterior, fulminar de nulidade a própria sentença, nos termos do que estabelece o art. 4º, § 16, III, da Lei 12.850/2013(...).

A propósito, descartando-se a possibilidade de definição de

competência com base em meras declarações feitas em sede de colaboração,

o Egrégio Superior Tribunal de Justiça decidiu o seguinte:

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL QUE TEVE INÍCIO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E FOI REMETIDO PARA A JUSTIÇA ESTADUAL DE BELO HORIZONTE/MG. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL X JUSTIÇA ELEITORAL. CORRUPÇÃO PASSIVA E ATIVA, LAVAGEM DE DINHEIRO, CARTEL E FRAUDE A LICITAÇÕES RELACIONADAS À CONSTRUÇÃO DA CIDADE ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS. SUPOSTO PAGAMENTO DE PROPINA DE 3% DO VALOR DAS OBRAS, QUE SERIA DESTINADO A FUTURAS CAMPANHAS ELEITORAIS DO ENTÃO GOVERNADOR/MG. AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS DA DESTINAÇÃO DA SUPOSTA PROPINA PAGA. INVIABILIDADE DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DO CRIME DE CAIXA 2 (ART. 350 DO CÓDIGO ELEITORAL). COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.

1. Não há como se reconhecer a evidência de indícios suficientes da existência do crime eleitoral conhecido como "caixa 2" (art. 350 do Código Eleitoral) se a menção a tal delito consta apenas em depoimento de um colaborador premiado (à época executivo da Odebrecht), que afirma ter ouvido do então Presidente da Companhia de Desenvolvimento

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Econômico de Minas Gerais - CODEMIG - que os supostos pagamentos de propina - correspondentes a 3% do valor recebido pela Construtora por sua participação na obra da Cidade Administrativa de Minas Gerais - seriam destinados a futuras campanhas eleitorais do então Governador de Minas Gerais, mas o depoimento não é amparado por qualquer prova da destinação eleitoral da verba.

2. Corrobora a inverossimilhança da destinação eleitoral da noticiada propina o fato de que não existe congruência entre a época dos supostos pagamentos indevidos e a proximidade de eleições, já que os pagamentos ilícitos foram majoritariamente realizados nos anos de 2008 e 2009, períodos em que o investigado era Governador de Minas Gerais e não disputava qualquer eleição a cargo público.

3. De mais a mais, a Justiça Eleitoral já reconheceu sua incompetência para conduzir o inquérito policial, quando afirmou que "este inquérito está arquivado na Justiça Eleitoral, a pedido do Ministério Público Eleitoral, que manifestou a sua ciência, tendo a decisão de arquivamento e baixa na distribuição sido publicada no PJE" (e-STJ fl. 1.062). - Nessa linha de raciocínio, em recente julgado, alicerçado na decisão plenária do Supremo Tribunal Federal no INQ n. 4.435-AgR/DF, Relator Ministro MARCO AURÉLIO, o eminente Ministro ALEXANDRE DE MORAES julgou procedente o pedido ofertado na Reclamação n. 38.275-TO, apontando a Justiça Eleitoral como a competente para reconhecer o crime eleitoral ou eventual conexão existente (decisão de 18/2/2020). Logo, se, na hipótese vertente, a Justiça Eleitoral não vislumbrou indícios suficientes de ilícito penal eleitoral ou conexão, não há como entender correta a interpretação competencial dada pelo Juízo de Direito oficiante. - Aliás, no ponto, nem a Justiça Eleitoral, nem o Ministério Público Eleitoral, nem o Parquet estadual, nem mesmo o MPF (como fiscal da ordem jurídica) reconheceram indícios de crime

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eleitoral, capazes de deslocar a competência da apuração em tela.

4. A possibilidade de descoberta de outras provas e/ou evidências, no decorrer das investigações, levando a conclusões diferentes, demonstra não ser possível firmar peremptoriamente a competência definitiva para julgamento do presente inquérito policial. Não obstante, tendo em conta que a definição do Juízo competente em tais hipóteses se dá em razão dos indícios coletados até então, revela-se a competência da Justiça Estadual para condução do Inquérito Policial.

5. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara de Inquéritos de Belo Horizonte/MG, o suscitante. (CC 170.262/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2020, REPDJe 29/05/2020, DJe 20/05/2020)”. (grifei)

Antes de adentrarmos nos trechos dos depoimentos prestados pelos

corréus, em que se veiculam os eventuais indícios de “caixa 2”, é de bom tom

tecermos algumas considerações sobre o delito tipificado no art. 350 do Código

Eleitoral, in verbis:

“Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o crime

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prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a pena é agravada.”

Embora não haja tipificação expressa, a conduta de omitir, não declarar

integralmente ou falsear na prestação de contas, configura, em tese o tipo

penal descrito do artigo 350 do Código Eleitoral, popularmente chamado de

“caixa 02.” Trata-se de delito formal, ou seja, não há necessidade de nenhuma

modificação no mundo externo para que ele se configure, bastando omitir, fazer

inserir declaração diversa da que devia constar e, neste caso, na prestação de

contas eleitoral, que é tratada como documento público, de acordo com a

decisão proferida pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal no Inquérito nº 3601,

da relatoria do Ministro Luiz Fux, julgado em 15/09/2015.

Além disso, essa figura típica possui como bem jurídico tutelado a fé

pública eleitoral, entendida como a credibilidade a ser atribuída às declarações

documentadas. Ainda, deve haver uma finalidade eleitoral, qual seja: prejudicar

direitos e burlar a fiscalização da Justiça Eleitoral, bem como que essa omissão

de informação ou declaração diversa ocorram de forma voluntária e consciente.

Para incursão no crime previsto no art. 350 do Código Eleitoral não há

que se perscrutar a origem dos recursos não declarados em processo judicial

de Prestação de Contas de Campanha. A omissão voluntária de declaração ou

a inclusão falsa de informação, por si, são suficientes para a configuração do

delito. Assim, para a averiguação de eventual ocorrência de falsidade

ideológica eleitoral, ou como vulgarmente chamado, “caixa 2”, irrelevante haver

comprovação da origem ilícita dos recursos empregados em campanha.

Desse modo, há que se afastar qualquer argumento no sentido de haver

uma conexão essencial entre o delito de falsidade ideológica eleitoral e crimes

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antecedentes que porventura foram praticados. Há que se sustentar, de forma

inequívoca no art. 76 do CPP, todo e qualquer argumento que se volte à

determinação da competência pela conexão, sob pena de afronta ao sistema

jurídico pátrio.

Em relação aos trechos da colaboração destacados pelo Egrégio

Superior Tribunal de Justiça, os quais foram utilizados como fundamentos da

existência de indícios de crime eleitoral, passamos à sua análise:

[...]QUE o vereador [...] recebeu três parcelas de cinco mil reais referentes ao 'mensalinho', uma parcela de sessenta mil e duas de vinte mil reais referentes à campanha da deputada C, totalizando cento e quinze mil reais; [...] QUE em 13 de abril de 2016 conseguiu acertas todas as pendências referentes aos pagamentos do 'mensalinho' e os valores referentes à campanha da deputada [recorrente], sendo: [...] recebeu cinco mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como última parcela referente à última parcela do valor devido em razão da campanha da deputada C; [...] recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parcela referente à campanha da deputada [recorrente]; [...] recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da parcela referente à campanha da deputada [recorrente]; [...] recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento referente à campanha da deputada C; [...]

O trecho supracitado refere-se as declarações prestadas pelo

colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pág. 61, fato 2.2 da denúncia, ação

penal 5000507.71.2017.4.04.7002.

Numa análise hipotética, uma vez que do nada, nada se pode concluir,

a conduta relatada pelo réu colaborador distancia-se em muito da data prevista

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em Lei para a prestação de contas eleitorais nas eleições gerais de 2014, que

ocorreu em 04 de novembro de 2014 (Lei 9504/97, art. 29, §1º), nos termos

da Resolução TSE nº 23.390/2013. Sendo assim, numa análise perfunctória,

a conduta narrada, à mingua de outros elementos, não se subsome ao delito

do artigo 350 do Código Eleitoral, aproximando-se muito mais da chamada

“compra de apoio político”, que é a prática de arregimentação, mediante o

oferecimento de vantagem, inclusive pecuniária, a pessoas, muitas vezes a

políticos no exercício de mandato, para que angariem votos para determinado

candidato. O TSE tem compreendido que, na prática, não obstante ser

insuficiente para configurar a captação ilícita de sufrágio, pode resultar na

caracterização do abuso do poder econômico.

Vejamos a decisão proferida pelo Egrégio Tribunal Superior Eleitoral:

“RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 19260 - RANCHO ALEGRE – PR, Acórdão de 09/05/2019, Relator(a) Min. Jorge Mussi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 27/06/2019, Ementa: AGRAVOS REGIMENTAIS. AGRAVOS. RECURSOS ESPECIAIS. ELEIÇÕES 2016. PREFEITO. VICE. VEREADORES NÃO ELEITOS. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ART. 22 DA LC 64/90. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. COMPRA DE APOIO POLÍTICO. CONFIGURAÇÃO. DESPROVIMENTO. 1 - No decisum monocrático, mantiveram-se sentença e acórdão do TRE/PR por meio dos quais se assentou abuso de poder econômico por compra de apoio político em favor do PDT nos pleitos majoritário e proporcional de Rancho Alegre/PR em 2016, cassando-se os diplomas da Prefeita e do Vice-Prefeito e os registros de cinco candidatos ao cargo de vereador não eleitos, declarando-se, ainda, inelegíveis os agravantes, exceto a chefe do Executivo (por falta de provas de sua participação ou anuência). 2. Não há falar em litisconsórcio passivo necessário relativamente a

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todos os que se candidataram pelo PDT, mas apenas entre os que praticaram o ilícito e seus beneficiários. O TRE/PR, de modo claro, assentou a total ausência de benefício ou de ato comissivo dos demais postulantes e consignou, a título exemplificativo, que um deles sequer disputou o pleito porque teve seu registro indeferido. Concluir de forma diversa esbarra no óbice da Súmula 24/TSE. 3. Inexistiu julgamento extra petita pelo TRE/PR. O decreto condenatório foi mantido com supedâneo em inúmeras condutas atribuídas aos agravantes, demonstradas mediante vasto conjunto probatório, e não na oferta de R$ 3.000,00 a uma das candidatas. 4. A teor da jurisprudência desta Corte, afigura-se lícita a gravação ambiental realizada em local público - no caso, reunião entre alguns dos agravantes em posto de combustível. 5. É viável reconhecer o abuso de poder econômico na hipótese de oferecimento de vantagens materiais a candidatos em troca de apoio político a quem os aliciou. Precedentes. 6. Na espécie, o Vice-Prefeito eleito, com a ciência e o apoio do então Presidente da Comissão Provisória do PDT, realizou inúmeros pagamentos e ofereceu vantagens aos demais agravantes em troca de filiação de pessoas a fim de fortalecer suas candidaturas, viciando a normalidade e a legitimidade do pleito. 7. O conjunto probatório é robusto e revela o alcance e a gravidade da conduta. O TRE/PR assentou que "as gravações [...] havidas na loja de conveniência do posto de gasolina, na qual estava presente a maioria dos [agravantes], é clara quanto à ocorrência do oferecimento de valores em dinheiro para garantir o apoio político dos recorrentes", além do que "testemunhas, informantes e depoimentos pessoais colhidos em juízo corroboraram com as alegações de que Valter Aleixo [...] possuía uma grande quantia em dinheiro, a qual seria utilizada para comprar o apoio político". 8. Concluir de modo diverso demandaria reexame de fatos e provas, inviável em sede extraordinária (Súmula 24/TSE). 9. Evidenciada conduta que comprometa a disputa eleitoral e a isonomia entre os candidatos, impõe-

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se cassar os registros ou diplomas de todos os beneficiários, cabendo ao órgão julgador definir a atuação de cada um deles no ilícito apenas para fim de inelegibilidade, que possui natureza personalíssima. Precedentes. 10. Agravos regimentais desprovidos.)”

Inobstante o descrito acerca do apoio político, a narrativa do colaborador

(trecho extraído das declarações prestadas pelo colaborador CARLOS

JULIANO BUDEL, pág. 61, fato 2.2 da denúncia, ação penal

5000507.71.2017.4.04.7002) afasta a suposta existência de crime eleitoral,

pois o agente recebeu o benefício em 2016, distanciando-se do critério

temporal, já que o ilícito deveria ocorrer até o final de 2014. Além do que a

suposta vantagem é uma conduta autônoma e independente, que se exauriu

no eventual recebimento, admitindo o seu processamento/julgamento

desvinculado de suposto crime eleitoral, já que eventual condenação ou

absolvição não interfere direta ou indiretamente entre as referidas condutas.

Ainda, até o presente momento não se vislumbra relação subjetiva entre a

conduta antecedente e um eventual crime eleitoral da investigada, bem como

não existe congruência entre a época dos supostos pagamentos indevidos e a

proximidade de eleições, já que os pagamentos supostamente ilícitos foram

majoritariamente realizados no ano de 2016, período em que a investigada não

disputava qualquer eleição a cargo público.

No mesmo sentido estão os trechos dos colaboradores (trecho extraído

das declarações prestadas pelo colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pág.

61, fato 2.2 da denúncia, ação penal 5000507.71.2017.4.04.7002) a seguir

colacionados, aos quais se tecem breves comentários, senão vejamos:

[...] deveria receber dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do

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pagamento da campanha da deputada [recorrente]; [...] deveria receber dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento da campanha de [recorrente]; [...] deveria receber dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da campanha de [recorrente]; [...] QUE o colaborador possuía um documento manuscrito onde tinha o controle do pagamento tanto do 'mensalinho' quanto de outros valores que eram acrescidos, como os referentes ao da campanha da deputada [recorrente];

(***)

“QUE o vereador [...] recebeu três parcelas de dez mil reais relativas ao 'mensalinho' e três parcelas de vinte mil reais referentes à campanha da deputada [recorrente], totalizando noventa mil reais; QUE quando foi preso, ainda havia valores devidos ao vereador [...], não sabendo se ele chegou a receber tais valores faltantes; QUE o vereador [...] recebeu três parcelas de dez mil reais referentes ao 'mensalinho' e duas parcelas de trinta e uma de vinte mil reais referentes à campanha da deputada [recorrente], totalizando cento e dez mil reais; QUE esse valor diferenciado que o vereador [...] recebeu em relação ao [...] foi em decorrência da pressão que aquele exerceu; QUE o [...] recebeu três parcelas de dez mil reais em razão do 'mensalinho', duas parcelas de trinta mil reais e uma parcela de vinte mil referentes à campanha da deputada [recorrente].” [...]

Neste caso, aplica-se o mesmo entendimento acerca da compra de

apoio político, (trecho extraído das declarações prestadas pelo colaborador

CARLOS JULIANO BUDEL, pág. 42, fato 2.1 da denúncia, ação penal

5000507.71.2017.4.04.7002).

“QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o [esposo da recorrente] e vereadores, dentre os

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quais [...], no sindicado dos trabalhadores do comércio, ocasião em que o [esposo da recorrente] levou dinheiro extra ao 'mensalinho', relatada pelo próprio [esposo da recorrente]; QUE outro acréscimo ao 'mensalinho' foi verba de apoio político ocorrida quando o colaborador foi procurado pelos vereadores [...], que lhe cientificaram acerca de um acordo com o [esposo da recorrente] de que o apoio à campanha da Deputada [recorrente] resultaria no pagamento de cento e vinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador D e na residência deste” (grifei)

A interpretação literal dos termos utilizados pelos colaboradores, que

justificou a instauração do inquérito, ao argumento de que há indícios de “caixa

2”, pode levar, nos termos do que foi grifado acima, ao entendimento de que

se trata de compra de apoio político. Portanto, não se pode ter apego à

literalidade das palavras e frases proferidas na colaboração para servir como

fonte indiciária e, ante o fato do inquérito estar em fase inicial, não se pode

extrair conclusão alguma.

“QUE tomou conhecimento de uma reunião entre o [esposo da recorrente] e vereadores, dentre os quais [...], no sindicado dos trabalhadores do comércio, ocasião em que o [esposo da recorrente] levou dinheiro extra ao 'mensalinho', relatada pelo próprio [esposo da recorrente]; QUE outro acréscimo ao 'mensalinho' foi verba de apoio político ocorrida quando o colaborador foi procurado pelos vereadores [...], que lhe cientificaram acerca de um acordo com o [esposo da recorrente] de que o apoio à campanha da Deputada [recorrente] resultaria no pagamento de cento e vinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador D e na residência deste;”

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O referido trecho destacado foi utilizado pelo Ministério Público Federal

na ação penal 5000507-71.2017.4.04.7002, extraído das declarações

prestadas pelo colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pág. 61, fato 2.2 da

denúncia, e deve ser contextualizado segundo o momento temporal em que

ocorreu, isto é, entre dezembro/2015 a março/2016 e, portanto, desconexo

com o período de campanha da deputada estadual que se encerrou com a

eleição em outubro/2014. Assim, inexiste participação dos denunciados num

eventual crime eleitoral em coautoria com a investigada, demonstrando-se,

assim, a independência das condutas. Somado aos argumentos supracitados,

as defesas, em suas peças defensivas, negam a autoria e sequer apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequente, não

direcionam a competência de processamento para a justiça especializada.

Portanto, inexistem indícios concretos de crime eleitoral e não há

congruência entre a época dos supostos pagamentos indevidos e a

proximidade das eleições, já que ocorreram entre dezembro de 2015 e março

de 2016.

“QUE o vereador [...] recebeu três parcelas de dez mil reais relativas ao 'mensalinho' e três parcelas de vinte mil reais referentes à campanha da deputada [recorrente], totalizando noventa mil reais; QUE quando foi preso, ainda havia valores devidos ao vereador [...], não sabendo se ele chegou a receber tais valores faltantes; QUE o vereador [...] recebeu três parcelas de dez mil reais referentes ao 'mensalinho' e duas parcelas de trinta e uma de vinte mil reais referentes à campanha da deputada [recorrente], totalizando cento e dez mil reais; QUE esse valor diferenciado que o vereador [...] recebeu em relação ao [...] foi em decorrência da pressão que aquele exerceu; QUE o [...] recebeu três parcelas de dez mil reais em razão do 'mensalinho', duas parcelas de trinta mil reais e uma parcela de vinte mil referentes à campanha da deputada [recorrente]. (Trecho extraído das

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declarações prestadas pelo colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pág. 61, fato 2.2 da denúncia, ação penal 5000507.71.2017.4.04.7002)

O pagamento mensal ao referido vereador era, supostamente, feito para

adesão de apoio político na câmara municipal de Foz do Iguaçu/PR, sendo que

a origem de tal adesão era supostamente angariada por RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA sem qualquer conexão direta com a investigada ou com o

eventual crime eleitoral supostamente por ela praticado. Ademais, não há

narrativa de nenhuma elementar de crime eleitoral, bem como trata-se de

agentes distintos em fatos autônomos e independentes. Ao verificar a

descrição do colaborador, não há menção expressa da participação da

investigada. Além do que as referidas condutas se protraíram no tempo até o

ano de 2016, fato que, por si só, descontextualiza o critério temporal, já que se

houvesse conexão com o crime eleitoral da investigada, o referido “mensalinho”

terminaria com o final da eleição em 2014.

[...]

FOI ESCLARECIDO: QUE em reunião da qual não participou, foi firmado um compromisso entre as empresas do consórcio SORRISO com o Prefeito [esposo da recorrente], em financiar parte da campanha de [recorrente] a Deputada Estadual; (Trecho extraído das declarações prestadas pelo colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pág. 92, fato 4.7 da denúncia, ação penal 5000507.71.2017.4.04.7002)

É necessário contextualizar as declarações do colaborador, conforme a

denúncia apresentada na ação penal 5000507-71.2017.4.04.7002. Embora

haja menção nas declarações de que parte do valor seria para financiar a

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campanha da investigada, este fato, por si só, não induz a ocorrência

concreta do crime eleitoral, senão vejamos: a) O colaborador expressamente

aduz que NÃO esteve presente na reunião que atribuiu o auxílio à campanha

da investigada; b) os valores supostamente repassados ocorreram entre

final de 2015 e início de 2016, ou seja, desconexo com um eventual crime

eleitoral, pelo critério temporal, haja vista que o processo eleitoral da

investigada ocorreu até outubro/2014. Além do que, as vantagens indevidas

pagas por Flavio a Reni e Carlos, decorrem de uma suposta contrapartida pelo

direcionamento de licitação em favor da pessoa jurídica vinculada ao corréu, e

direcionada ao “caixa” da organização criminosa; c) A malversação dos valores

supostamente desviados, foram direcionados para favorecimento da suposta

organização criminosa, e revertido em confusão patrimonial aos participantes,

sem a correlação individual e específica da prática de crime eleitoral, haja vista,

que as vantagens indevidas, em tese, ao serem solicitadas e exauridas pela

organização, se aperfeiçoaram em benefício dela; d) A independência e

autonomia da atuação ou de condutas anteriores, face ao suposto crime

eleitoral, portanto, é irrelevante para eventual consumação a licitude ou a

ilicitude de sua origem, podendo, inclusive haver a absolvição dos crimes

anteriores que não trazem reflexos para suposto crime eleitoral, e da mesma

forma ao crime comum; e) Os fatos supostamente narrados na denúncia não

estão comprovados, sequer minimamente, e possuem a natureza de uma

espécie de “acordo” para favorecimento em certame licitatório, portanto,

descartando-se, assim, eventual doação à campanha da investigada.

Isso é corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas em suas

peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

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esta justiça especializada. Assim, inexistente correlação dos fatos descritos

com período de campanha eleitoral, o que afasta a suposta relação com

finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como inexiste, até o presente

momento, liame objetivo ou subjetivo com crime eleitoral.

Ademais, os trechos da delação pinçados não narram as

elementares do crime eleitoral mencionado, de modo que é bem remota a

possibilidade, na fase que se encontra o presente inquérito, de se extrair

qualquer conclusão que justifique a suposta existência do ilícito eleitoral

Isso pode ser corroborado pelo próprio conteúdo dos relatos prestados

pelos colaboradores, uma vez que pontuam a aparente finalidade de

destinação dos recursos para a campanha política da investigada sem,

contudo, indicarem de forma concreta o seu efetivo emprego no custeio

de qualquer despesa eleitoral de fato.

De outro vértice, o Ministério Público Eleitoral manifesta-se sobre a

possível atipicidade da conduta, sustentando que, se há projeto de lei, no

denominado “pacote anticrime” em que há proposta de criminalização do “caixa

2” é porque, inexiste o referido tipo penal no ordenamento jurídico pátrio. Há

decisão nesse sentido nos Tribunais, vejamos:

“AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.765.139 - PR (2018/0234274-3) RELATOR: MINISTRO FELIX FISCHER AGRAVANTE: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

EMENTA PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL DA DECISÃO QUE CONHECEU EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. DECISÃOMONOCRÁTICA. SUSTENTAÇÃO ORAL. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ, 283 E 284 DO C. STF.APLICABILIDADE. DOSIMETRIA DE PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. ARTIGO 59 CP. CIRCUNSTÂNCIAS

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LEGAIS. ARTIGO 65, I, CP. READEQUAÇÃO. NECESSIDADE. PENA DE MULTA. DIAS-MULTA. CRITÉRIO TRIFÁSICO. PROPORCIONALIDADE. REPARAÇÃO DO DANO. REMODULAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL PARCIALMENTE PROVIDO. (...).XII - Ademais, não há imputação alguma de autoria e materialidade dos crimes eleitorais, alegados pela defesa, valendo ressaltar, obiter dictum, que muito embora suscite o agravante um cenário de hipotético crime eleitoral, trazendo à baila a conduta capitulada no artigo 350 do Código Eleitoral (falsidade ideológica eleitoral), a ação de usar dinheiro oriundo de origem criminosa na campanha eleitoral não está prevista como crime eleitoral na respectiva legislação (Lei nº 9.504/97 ou no Código Eleitoral).

XIII – No mesmo compasso, o quadro também narrado pela defesa, de eventual cometimento de crime de apropriação indébita eleitoral (art. 354-A do Código Eleitoral - Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio), sequer merece ser considerado, uma vez que os fatos descritos na denúncia foram cometidos antes da criação do tipo em questão (06/10/2017), não havendo que se aplicar retroativamente a norma, para se firmar competência, eis que modula tipificação absolutamente diversa, quanto mais ao se levar em conta que a verba nesse procedimento narrada como desviada possui origem ilícita, vale dizer, produto de corrupção. Ainda, qualquer intelecção no sentido de se avaliar possível subsunção fática ao referido tipo escaparia à ideia de mera revaloração da prova, ao passo em que demandaria profunda análise de circunstâncias alheias à moldura fática estampada no acórdão, indo de encontro ao Verberte 07 do STJ. (...) Agravo Regimental parcialmente provido.”

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No entanto, repita-se, diante da fase embrionária em que se encontra o

inquérito, não se pode extrair conclusão alguma, pois poderá ser típico, atípico

ou até desbordar para outro tipo penal. Essa análise caberá ao titular da ação

penal e não a este Magistrado, sob pena de violação do princípio

acusatório, que é uma matriz estruturante do processo penal brasileiro.

Para haver o reconhecimento da competência da Justiça Eleitoral deve

haver o preenchimento de três requisitos concomitantes, quais sejam: A

existência de crime eleitoral imputado, conexão entre ele e o comum e a

comprovação da necessidade ou não de reunião.

Quando o Egrégio Supremo Tribunal Federal criou o precedente

veiculado no Inquérito nº 4435 determinando a competência da Justiça Eleitoral

para julgamento dos crimes conexos aos seus crimes típicos, teve como base

fática a definição típica das condutas promovidas pela Procuradoria da

República. Aqui, temos um contexto completamente distinto.

O inquérito instaurado visa apurar supostos crimes de organização

criminosa e contra a administração pública praticados, na qualidade de

partícipe, pela investigada no bojo das operações Pecúlio/Nipoti. Assim, a

instauração derivada da colaboração não permite, prima facie, o

enquadramento jurídico-penal da conduta e, por consequência, caracterizar,

por presunção, a possível existência do crime do art. 350 do Código Eleitoral,

sob pena de substituir-se na função do órgão acusatório. Nesses termos, é a

decisão da 1ª turma do Egrégio Supremo Tribunal Federal proferida nos

Segundos Embargos de Declaração no Inquérito 4596 do Distrito Federal:

“EMENTA: INQUÉRITO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPETÊNCIA. PRELIMINAR: NULIDADE DO ACÓRDÃO EMBARGADO POR

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AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA CONTRARRAZÕES. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. COGNOSCIBILIDADE DE OFÍCIO E A QUALQUER TEMPO, INDEPENDENTEMENTE DE PROVOCAÇÃO DAS PARTES. MÉRITO: OMISSÃO E CONTRADIÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INOCORRÊNCIA. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. AUSENTES RAZÕES JURÍDICAS IDÔNEAS À MODIFICAÇÃO DO JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESPROVIDOS. QUESTÃO DE ORDEM: ALEGADA CONEXÃO DE CRIMES COMUNS COM CRIMES ELEITORAIS. PEDIDO DE REMESSA DO FEITO À JUSTIÇA ELEITORAL. PRECEDENTE FIRMADO NO INQ. 4435-AGR, TRIBUNAL PLENO. DISTINÇÃO DO QUADRO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS PRESENTES AUTOS. AUSENTE COGITAÇÃO DE CRIME ELEITORAL. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS APTOS A AUTORIZAR A ALTERAÇÃO DA DEFINIÇÃO TÍPICA ATRIBUÍDA ÀS CONDUTAS, EM TESE CRIMINOSAS, A TÍTULO PRECÁRIO, PELA PROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA. POSSIBILIDADE DE REENQUADRAMENTO TÍPICO POSTERIORMENTE AO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. DETERMINAÇÃO DE BAIXA IMEDIATA DO INQUÉRITO, INDEPENDENTEMENTE DE PUBLICAÇÃO.

1. A nulidade de atos processuais reclama a demonstração de prejuízo, à luz do princípio pas de nullité sans grief (art. 563 do CPP). (b) As contrarrazões aos embargos de declaração opostos pelo Ministério Público, pela defesa de um dos investigados, afastam a configuração de prejuízo decorrente da não intimação, máxime quando a pretensão de ambas as defesas é idêntica. (c) A competência jurisdicional para o processamento do feito constitui matéria de ordem pública, cognoscível a qualquer tempo, independentemente de provocação das partes. (d) A competência, à luz da legislação processual

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penal, obedece à regra de que “Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior” (art. 109 do CPP). Por seu turno, o encaminhamento dos autos ao juízo competente encontra disciplina, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, no art. 21, §1º, do RISTF, segundo o qual “Poderá o(a) Relator(a) negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante ou a Súmula do Tribunal, deles não conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os autos ao órgão que repute competente”.

2.In casu, propõe-se: (a) Rejeição da preliminar de nulidade do acórdão embargado, por ausência de prejuízo para as partes, bem como por envolver matéria de ordem pública. (b) No mérito, (b.1) inexiste omissão, contradição, obscuridade ou dúvida no acórdão embargado, que determinou o encaminhamento do presente inquérito ao Juízo da 5ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária de Mato Grosso. (b.2) A alegada omissão quanto ao cabimento dos Embargos de Declaração da PGR foi objeto específico de decisão no acórdão impugnado, que consignou: “Preliminarmente, não merece acolhimento a alegação do denunciado de que o presente recurso não deveria ser conhecido por não abrigar a peça recursal descrição de hipótese de contradição, omissão ou obscuridade ”, consignando as razões para tanto. (c) A eventual contradição entre o acórdão embargado e a decisão que negou a prevenção do Relator do Inq. 3842 para o presente feito, não se afigura cognoscível. (d) Deveras, a contradição que propicia a oposição de embargos de declaração é a verificada entre os fundamentos e conclusões da decisão embargada. (e) In casu, o embargante não apontou contradição interna do acórdão, mas sim suposta incompatibilidade entre a sua conclusão e os fundamentos de outra decisão, anteriormente prolatada no mesmo feito. (f) Além de incognoscível, a alegação é manifestamente

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improcedente, uma vez que a denominada Operação Ararath apresentou inúmeros desdobramentos e, no caso objeto do presente inquérito, tanto esta Turma como, também, a Presidência da Corte e o próprio Ministro Dias Toffoli, consideraram inexistirem elementos suficientes a determinar a conexão do feito com o Inq. 3842.

3. (a) O pedido de reforma do acórdão embargado, para determinar o encaminhamento dos autos à Justiça Estadual, não encontra qualquer amparo legal. (b) É que os investigados pretendem circunscrever os fatos narrados na denúncia a um ato isolado de corrupção e lavagem de dinheiro, sem relação com os demais processos objeto de ações penais e inquéritos em trâmite na 5ª Vara Federal Criminal, além de suscitar que há ação civil pública, instaurada no âmbito estadual, que confirmaria a ausência de violação a bens da União decorrente dos delitos em apuração nos presentes autos. (c) A instauração de ação civil pública na Justiça Estadual não constitui causa de modificação de competência para o processo e julgamento de feitos de natureza criminal, a atrair a competência do mesmo juízo para o julgamento da ação penal em curso; tampouco afasta a incidência das regras processuais de conexão e continência que, à luz da jurisprudência, determinam a reunião, perante o juízo federal, dos processos por crimes de competência da justiça estadual que sejam conexos a crimes federais. Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça produziu o enunciado 122 da Súmula de jurisprudência daquela Corte, segundo o qual “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual”. (d) Deveras, no voto condutor do acórdão recorrido, restou consignado que “ já tramitam, na 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, expedientes investigatórios e ações penais (algumas delas, inclusive, já sentenciadas) relacionadas à Operação Ararath que ou possuem como objeto, concomitantemente,

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crimes federais e estaduais ou, até mesmo, abrigam apenas crimes que, isoladamente considerados, seriam da competência da Justiça Estadual, mas que foram atraídos para a competência do referido Juízo em razão do quadro de conexão instrumental acima apontado ”.

4. (a) A competência da Justiça Eleitoral para o processo e julgamento de crimes federais, conexos a crimes eleitorais, foi firmada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Inq. 4435- AgR. (b) O s fatos apurados no Inq. 4435, objeto do referido precedente, envolviam, expressamente, crimes eleitorais, segundo a definição típica das condutas promovida pela Procuradoria-Geral da República. (c) In casu, tem-se contexto inteiramente diverso, no qual a Procuradora-Geral da República sinaliza a ausência de investigação de ilícitos eleitorais ou praticados em contexto eleitoral, mas sim de crimes contra o sistema financeiro nacional e outros crimes contra a administração pública, como corrupção. (d) Inexistem, por ora, elementos aptos a autorizar que o Supremo Tribunal Federal afaste o enquadramento jurídico-penal das condutas, promovido pela Procuradoria-Geral da República, para, mediante presunção de que teria havido também possível prática do crime do art. 350 do Código Eleitoral, não cogitado pelo Parquet, determinar a remessa dos autos à Justiça Eleitoral, sob pena de violação do princípio da inércia, no curso do inquérito; (e) Este o quadro, conclui-se que o presente caso não se assemelha ao precedente firmado no Inq. 4435-AgR, revelando-se absolutamente inaplicável a conclusão daquele julgamento ao caso sub judice;(f) Ex positis, ausente, até o presente momento, investigação de crimes eleitorais, rejeito a alegação de competência da Justiça Eleitoral para o processo e julgamento do presente feito, sem prejuízo de nova análise pelo juízo competente, em caso de reenquadramento típico das

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condutas por ocasião do oferecimento da denúncia.

5. Por todo o exposto, nego provimento aos embargos de declaração dos acusados Blairo Borges Maggi e Sérgio Ricardo de Almeida e rejeito a questão de ordem suscitada pela defesa de Blairo Maggi, determinando, em consequência, a certificação do trânsito em julgado e a baixa imediata dos autos ao juízo da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, independentemente de publicação de modo a evitar prejuízos para a prestação jurisdicional justa em tempo razoável, advindos da sucessiva interposição de recursos.

A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, preliminarmente, por maioria de votos, em rejeitar a questão de ordem suscitada, vencido o Ministro Marco Aurélio. No mérito, por unanimidade, em negar provimento aos segundos embargos de declaração e determinar a certificação do trânsito em julgado, com a consequente baixa imediata dos autos ao juízo da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, independentemente da publicação do acórdão, nos termos do voto do Relator. Brasília, 25 de junho de 2019. Ministro LUIZ FUX – RELATOR Documento assinado digitalmente”.

A decisão do Excelentíssimo Ministro Luiz Fux é firme no sentido de que

os fatos que foram apurados no Inq. 4435 envolviam, expressamente, crimes

eleitorais constantes na definição típica realizada pela Procuradoria-Geral da

República. No entanto, quando há a ausência de investigação de ilícitos

eleitorais ou praticados em contexto eleitoral, mas sim outros crimes, e não

existindo um mínimo de elementos materiais concretos, como é o caso do

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presente inquérito, não há como se afastar o enquadramento realizado pelo

Ministério Público Federal, mediante a presunção da possível prática do crime

eleitoral, a justificar atração de eventuais ações penais e procedimentos

conexos.

Além disso, mesmo que se entendesse pela presença “em tese” de

indícios concretos de crime eleitoral, não há evidências da conexão com

os crimes comuns investigados no presente caderno investigativo, uma

vez que tais delitos revestem-se de autonomia e independência em

relação ao “suposto” crime eleitoral.

Após essas breves considerações, vamos passar à análise da conexão.

O instituto da conexão não se presta à fixação de competência, mas,

sim, atua como meio ou prorrogação dela. Ocorre quando houver algum vínculo

entre dois ou mais fatos ou quando uma conduta estiver contida em outra. É

na conveniência, conforme disciplina o Código de Processo Penal, que reside

a necessidade de reunião e julgamento conjunto. Além disso, essa reunião

deve contribuir para celeridade processual e evitar decisões conflitantes.

Resta, primeiramente, deixar consignado que não se pode confundir o

instituto com seus efeitos. A reunião para julgamento simultâneo constitui

apenas um efeito do instituto da conexão. Assim, embora haja conexão, poderá

não haver o julgamento conjunto. As espécies de conexão são as seguintes:

Intersubjetiva (art. 76, I, CPP): se duas ou mais infrações estiverem

interligadas e forem praticadas por duas ou mais pessoas, subdividem-se em:

“I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; (...)”

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Conexão intersubjetiva por simultaneidade: várias pessoas praticam

diversas infrações nas mesmas condições de tempo e lugar sem concurso de

agentes, ou seja, com várias pessoas ocasionalmente reunidas. Dessa forma,

pode-se afirmar que o delito eleitoral, em tese, reputa-se praticado no momento

da prática da conduta de omitir, fazer inserir declaração diversa da que devia

constar e, neste caso, na prestação de contas eleitoral. Verifica-se a

inexistência dessa espécie de conexão, pois ao analisar o presente

inquérito e eventual conexão com as ações penais, as condutas

denunciadas nas ações penais anteriores (peculato, corrupção ativa,

corrupção passiva, dispensa indevidas de licitação, fraudes de licitações,

usurpação de função pública, falsidades ideológicas, além de outros

crimes) ocorreram em momentos distintos, e realizados autônoma e

independentemente, descartando-se, portanto, essa primeira hipótese de

conexão.

Conexão intersubjetiva por concurso: várias pessoas praticam

diversas infrações em concurso de agentes, mas em condições de tempo e

lugar distintas, servindo uma infração como suporte a outra.

Conexão intersubjetiva por reciprocidade: várias pessoas praticam

várias infrações, umas contra as outras. No caso em tela, as infrações

apuradas não caracterizam condutas contrapostas.

A conexão intersubjetiva, fazendo-se uma simples interpretação

literal de seu enquadramento legal, é facilmente afastada. Em relação às

duas outras hipóteses, vamos passar à sua análise:

Objetiva (art. 76, II, CPP): envolve a relação entre duas infrações que

derivam da mesma causa. Subdivide-se em:

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“II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; (...)”

Conexão objetiva teleológica: um crime é praticado para assegurar a

execução de outro, havendo vínculo na motivação do primeiro crime em

relação ao segundo, ou seja, por causa do segundo crime se comete o

primeiro. Sobre esse ponto o Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou:

(...) III – Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, a verificação dos crimes no mesmo contexto fático não implica necessariamente conexão probatória ou teleológica entre eles. Em outras palavras, a descoberta dos delitos na mesma circunstância, por si só, não é fundamento válido para justificar que a Justiça Federal julgue crimes de competência da Justiça Estadual. Para que a Justiça Federal atraia crimes de competência da Justiça Estadual é indispensável que os fatos estejam interligados, que se identifique conexão probatória ou que um crime tenha sido praticado para a ocultação dos demais. Precedentes. IV – Os crimes de adulteração de sinal identificador de veículo automotor (art. 311 do CP), receptação (art. 180 do CP) e uso de documento falso (art. 304 do CP) estão diretamente relacionados, porquanto o uso do registro do veículo falso, bem como a adulteração das características do automóvel objetivavam acobertar o crime de receptação. (...) VI – Ademais, na espécie, constata-se conexão teleológica entre o crime de uso de documento falso e demais delitos. As falsidades imputadas – quer do documento de registro do veículo, quer do chassi de identificação – objetivam ocultar o delito de receptação, proporcionando aparência de legalidade da propriedade do veículo que fora objeto de crime contra o patrimônio. (...) (STJ, CC

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nº 156.497/SC, 3ª Seção, unânime, rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22.02.2018, publicado no DJ em 02.03.2018).

Em concreto inexiste esta espécie de conexão, pois os crimes relatados

nas ações penais anteriores, descrevem vantagem indevida (direta ou indireta)

a qual, já se consumou ou exauriu quando ocorreu seu cometimento, enquanto

a suposta omissão da informação na prestação de contas não ocorre com

intuito de assegurar a vantagem ou garantir a impunidade do crime anterior,

mas destina-se ocultar o emprego do recursos que não poderiam ser usados

na campanha eleitoral.

Importante ressaltar que os crimes descritos nas ações penais

anteriores (corrupção ativa, corrupção passiva, peculato) se consumaram em

momento distinto ao suposto crime eleitoral, sem uma relação direta com a

prestação de contas da campanha. Como se não bastasse, como o suposto

falso ideológico eleitoral, em sua maioria, é posterior aos crimes comuns, seria

impossível atribuir característica de facilitação ao crimes comuns anteriores,

pois a finalidade de eventual crime eleitoral é a mera ocultação gastos

irregulares durante a campanha, sem qualquer relação direta com a vantagem

anteriormente recebida, já que, em tese, se integrou ao patrimônio do agente.

Percebe-se ainda, que suposta falsidade ideológica teria sido praticada

para ocultar um ilícito eleitoral, gerando cassação do registro ou do diploma, e

não para ocultar os crimes comuns anteriores (corrupção e organização

criminosa). Como se não bastasse, todos os crimes comuns imputados,

(peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, dispensa indevidas de

licitação, fraudes de licitações, usurpação de função pública, falsidades

ideológicas), teriam se consumado e exaurido, e as vantagens integrado e se

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confundido com o patrimônio pessoal. Desta forma, o crime eleitoral não busca

adquirir uma “vantagem indevida”, haja vista, que tal vantagem havia sido

integrada ao patrimônio pessoal, em momento distinto e finalidade específica

do agente, a qual não se comunica com a investigada.

Conexão objetiva consequencial: um crime é praticado para garantir

a ocultação, impunidade ou vantagem de outro, havendo vínculo na motivação

do segundo crime em relação ao primeiro.

No caso em tela, não se verifica a incidência dessa conexão, posto

que os crimes praticados nas ações penais anteriores não foram

realizados como forma de ocultação de um eventual crime eleitoral.

Importante ressaltar que estamos na fase inaugural do inquérito, em que

o representante Ministerial Eleitoral sequer aprofundou as investigações

e definiu as condutas criminais eleitorais, fato distinto das ações penais

já comentadas, as quais encontram-se com a instrução finalizada ou

sentenciada, ou seja, momento processual absolutamente distinto entre

os feitos, em tese, conexos.

Conexão objetiva instrumental (art. 76, III, CPP): também chamada

de probatória ou instrumental, ocorre quando a prova de um crime influencia

na existência do outro.

Art. 76. A competência será determinada pela conexão: (...)

“III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração”.

Sobre o tema, o STJ manifestou-se no sentido de que o objetivo da

conexão instrumental é:

(...) 1. A finalidade da regra da conexão instrumental contida no art. 76, III, do CPP, é a de

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atender à celeridade e à economia processual, além de garantir a segurança jurídica, a ampla defesa e proteger a instrução criminal, de sorte a impedir que processos penais originados de uma mesma estrutura corram em Juízos diversos. (...) (STJ, RHC nº 93.268/SP, 6ª Turma, unânime, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 08.05.2018, publicado no DJ em 16.05.2018). (Grifei).

Ademais, tem-se decidido:

(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem firmado o entendimento de que, para restar configurada a conexão instrumental, não bastam razões de mera conveniência no simultaneus processus, reclamando-se que haja vínculo objetivo entre os diversos fatos criminosos, o que se verifica na espécie. (...) (STJ, RHC nº 80.772/SP, 5ª Turma, unânime, rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22.05.2018, publicado no DJ em 30.05.2018). (Grifei)

O Ministério Público Eleitoral trouxe à baila a manifestação referente a

conexão apresentada pelo Ministério Público Federal, a qual merece ser

transcrita:

“A hipótese do artigo 76, inciso I, do Código de Processo Penal (conexão subjetiva), está descartada, seja porque falta o requisito da contemporaneidade entre o crime comum e o eleitoral, seja porque não há que se falar em concurso de pessoas no crime eleitoral, tampouco que tenha sido praticado por uma pessoa contra outra. A hipótese do artigo 76, inciso II, do Código de Processo Penal (conexão objetiva ou teleológica) também não pode ser reconhecida. O recebimento da propina já se encontrava devidamente ocultado e impune, de modo que a suposta omissão da informação na prestação de contas não seria motivada para assegurar a vantagem, a impunidade ou ocultar o crime de corrupção, mas para manter oculto o emprego do

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recursos que não poderiam ser usados na campanha eleitoral. Vale ressaltar que os crimes de corrupção ativa e passiva se consumaram em momento anterior ao suposto crime de falsidade ideológica eleitoral, visto que a propina foi recebida muito antes da prestação de contas da campanha. Nesse cenário, como o suposto falso ideológico eleitoral é posterior aos crimes comuns, pela lógica de sucessão das relações causais, não é possível que aquele servisse a 'facilitar' estes. Nessas circunstâncias, o crime eleitoral não teria como finalidade ocultar crimes comuns, mas ocultar gastos clandestinos realizados durante a campanha. Vale dizer, a falsidade ideológica teria sido praticada para ocultar um ilícito eleitoral, cuja revelação poderia levar à cassação do registro ou do diploma, e não para ocultar os crimes comuns anteriores (corrupção e organização criminosa). Por fim, conforme acima demonstrado, todos os crimes comuns imputados, especialmente de pertinência à organização criminosa (artigo 2º, §4º, inciso II, da Lei n. 12.850/13) e à corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal), teriam se consumado e exaurido, já gozando os réus da disponibilidade das vantagens obtidos de sua prática. Logo, o falso eleitoral não se presta a 'conseguir a impunidade ou vantagem', ao contrário, pressupõe que já se tenha conseguido tal vantagem até então impune. Também não é o caso do artigo 76, inciso III, do Código de Processo Penal (conexão probatória ou instrumental). (...) Infere-se, portanto, que a conexão probatória ou instrumental exige uma forte relação de interdependência entre os crimes, de modo que, comprovada a inexistência de um, também restaria inexistente o outro. É o que ocorre nos casos de, por exemplo, crime de receptação, em que a prova do crime anterior (da existência do furto, roubo, estelionato) influi na caracterização do crime posterior (receptação). (...) Em outras palavras, a conexão instrumental ou probatória exige que haja um liame indissolúvel entre ambos os crimes, de modo que um não exista sem o outro. Insta mencionar, ademais, que a razão de a conexão importar em unidade de juízo não está relacionada à conveniência das partes ou da

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instrução criminal, mas decorre da necessidade de se evitar sentenças contraditórias. A título de exemplo, haveria contradição numa hipotética condenação pelo crime de receptação e absolvição pelo crime de furto do objeto supostamente receptado. No caso dos crimes de corrupção e de falsidade ideológica eleitoral não há risco de sentença contraditória, visto que os fatos são independentes entre si, conforme já ressaltado nos parágrafos anteriores.”

Da análise processual, verifica-se que, de fato, não há conexão

probatória a justificar a tramitação dos delitos comuns, praticados pela OrCrim,

perante a Justiça Eleitoral, vez que não existe estreita ligação com eventual

crime eleitoral.

Ocorre que a existência, em tese, da organização criminosa, segundo

narra o Ministério Público Federal, destinava-se a malbaratear e dilapidar o

patrimônio público em proveito próprio e de terceiros, perpetrando diversos

ilícitos penais, dentre os quais, solicitar valores para supostamente empregar

em campanhas eleitorais. O objetivo dessa organização, ressalta o Parquet,

jamais foi diretamente ligado ao cometimento de crimes eleitorais, mas sim

obter vantagens ilícitas para seus integrantes e/ou para manutenção da própria

organização.

Há que se frisar que o crime previsto no art. 350 do Código Eleitoral não

exige qualquer conduta antecedente para sua configuração. Ou seja, a origem

dos recursos omitidos ou falseados na prestação de contas não precisa ser

ilícita. O tipo penal refere-se a omitir, em documento público ou particular,

declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração

falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais.

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Desse modo, a conclusão a que se chega é a de que somente os fatos

diretamente relacionados ao crime de falsidade ideológica para fins eleitorais é

que com esse são conexos. Os atos imputados a agente que não tenham

relação direta com a prestação de contas de campanha de candidato não

podem ser tidos como conexos. Com isso, afasta-se a participação e a

coautoria em crimes antecedentes da análise perante a Justiça Especializada,

restando a participação e coautoria no crime eleitoral propriamente dito.

Pensamento diverso pode levar a regressão ao infinito.

Nem mesmo há que se falar em conexão probatória entre os fatos

descritos nos autos que tramitam perante a Justiça Federal de Foz do

Iguaçu/PR com a investigação pela prática de eventual crime eleitoral cometido

pela ex-deputada estadual Cláudia Pereira. A investigação a ser levada a curso

está, neste primeiro momento, delimitada pelas afirmações prestadas pelos

colaboradores no sentido de que houve recursos empregados em campanha e

não contabilizados em prestação de contas. A prova de materialidade que se

busca é a efetiva omissão de informações em processo judicial de Prestação

de Contas, que prescinde do conhecimento da origem dos recursos

empregados. Se de origem lícita, responderá a então candidata apenas pelo

crime eleitoral, se de origem ilícita, responderá, também, perante a Justiça

Comum, pelos ilícitos praticados.

Veja-se que, no presente caso, a prova dos ilícitos eleitorais e comuns

são mutuamente independentes. Para que exista a conexão probatória ou

instrumental exige-se que a prova de um influa na prova de outro, o que aqui

não ocorre.

Além disso, a mera alusão ou referência à campanha eleitoral não

significa, por si só, a existência de crime eleitoral, tampouco que exista conexão

dos crimes comuns com o ilícito eleitoral. Entender de forma diversa pode levar

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ao absurdo de, por exemplo, considerar um furto cometido durante uma

“carreata” como de competência da Justiça Eleitoral (atraído por conexão). Da

mesma forma, um crime de tráfico, em que o traficante não declare suas rendas

auferidas à Receita Federal, seja atraído, por conexão, à Justiça Federal, que

é o juízo competente para julgar o crime de sonegação fiscal, nesse caso.

Traçadas às premissas acima, vamos passar à análise das condutas

tipificadas oriundas das ações penais suspensas pela 3ª Vara Federal de Foz

do Iguaçu/PR, encaminhadas por meio do ofício nº 700008007810, autuado

como PET-ADM sob nº 0600003-43.2020.6.16.0003, em que a investigada

CLÁUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA pode vir a ter

participação.

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PET- ADM Nº 0600003-43.2020.6.16.003

Trata-se de ofício sob nº 700008007810 encaminhado pelo Juízo da 3ª

Vara Federal de Foz de Iguaçu, autuado sob nº 0600003-43.2020.6.16.003,

solicitando, em razão da remessa dos autos 5013892-52.2018.4.04.7002/PR,

com a máxima urgência, informações sobre a existência de indicativos da

prática de crimes desta Justiça Especializada, ou sobre a necessidade ou não

de julgamento conjunto com os crime comuns que constituem objeto dos

processos das Operações PECÚLIO/NIPOTI. A expedição do ofício decorreu

de provocação do réu RENI CLOVIS SOUZA PEREIRA, nos autos de ação

penal nª 5010210-55.2019.4.04.7002, ao argumento do possível reflexo da

decisão proferida pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça nos autos de

Recurso de Habeas Corpus nº 116.663.

O Ministério Público Federal manifestou-se desfavoravelmente ao

deferimento do pedido ao argumento de que: a) eventuais indícios ensejariam

a cisão do feito e não a declinação de competência; b) os fatos imputados não

se amoldam a nenhuma figura típica eleitoral; c) malgrado perpetrados em

épocas próximas ao período eleitoral, só restaram comprovadas infrações

comuns ; e) a solicitação de vantagem indevida, à mingua de indicativos de

utilização irregular dos recurso, não justifica a declinação de competência; f) o

uso de dinheiro de origem criminosa em campanha não configura crime

eleitoral; g) inexiste conexão entre os delitos atribuídos e o crime eleitoral; h) a

delimitação do objeto da investigação não é tarefa afeta ao investigado, mas

sim ao Parquet.

O Magistrado, ao argumento de que o inquérito remetido pelo Egrégio

Superior Tribunal de Justiça está inserido na linha de desdobramento existente

entre o feito originário da cognominada OPERAÇÃO PECÚLIO e a ação penal

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nº 5010210-55.2019.4.04.7002, decorrente da OPERAÇÃO NIPOTI, achou por

bem promover medida alternativa à requerida, mas ao encontro da pretensão

veiculada pelo réu, qual seja “ PARA QIUE FOSSE REALIZADA A ANÁLISE

DE EVENTUAL COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DO FEITO”. No

entanto, salientou que, por reputar parcos os indicativos da prática de crime

eleitoral, não suspendeu os prazos nos processos afetados pela decisão,

decorrentes das operações PECÚLIO/NIPOTI.

Ao mudar a titularidade do Juízo Substituto da 3ª Vara Federal de Foz

do Iguaçu, foi proferido novo despacho suspendendo todas as ações penais e

feitos vinculados decorrentes da operações PECÚLIO/NIPOTI, inclusive

encaminhou as chaves de acesso às demais ações penais por meio do ofício

nº 700008308779, expedido em 12/03/2020, proveniente da ação penal

5000507-71.2017.4.04.7002 (Evento 19747), a fim de subsidiar a decisão a ser

proferida acerca da existência de conexão.

Instado a se manifestar, o Ministério Público Eleitoral opinou, lastreado

no seu parecer proferido no Inquérito nº 0600001-76.2020.6.16.0002, pela

desnecessidade de julgamento conjunto dos crimes comuns apurados na

operação Pecúlio/Nipoti com os crimes eleitorais, cujos indícios foram

apontados pelos réus colaboradores e que serão investigados no citado

inquérito policial.

Informa que após detida análise das ações penais nº 5000507-

71.2015015353-25.2019.4.04.7002, 5001254-21.2017.4.04.7002 e 5013167-

29.2019.4.04-70027.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002, em trâmite na

Justiça Federal, verificou que os fatos narrados nas denúncias respectivas não

se amoldam a nenhum crime afeto a essa Justiça Especializada, mas somente

crimes comuns e independentes da comprovação de eventual crime eleitoral,

no caso, falsidade ideológica eleitoral (art. 350 do Código Eleitoral).

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Ainda, verifica que não se imputou aos réus a prática de qualquer

infração eleitoral, sendo que as denúncias elaboradas não se referem, mesmo

que de maneira indireta, à prática de crime eleitoral, uma vez que nas Ações

Penais nº 5000507-71.2017.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002 e

5013167-29.2019.4.04.7002, em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do

Iguaçu/PR, foram denunciados diversos réus pela prática de crimes previstos

na Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13), no Código Penal (Corrupção

passiva - art. 317 e corrupção ativa - art. 333) e na Lei de Licitações (Lei

8.666/93). Já nas Ações Penais nº 5015353- 25.2019.4.04.7002 e 5001254-

21.2017.4.04.7002, também em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do

Iguaçu/PR, além dos crimes de corrupção, crimes da Lei de Licitações e da Lei

de Organizações Criminosas, foram imputados aos denunciados Crimes de

Responsabilidade (previstos no DL 201/67, Lei 1.079/50 e Lei 5.249/67),

peculato (art. 312, caput e § 1º do Código Penal) e crime de usurpação de

função pública (art. 328 do Código Penal).

Por sua vez, menciona que a operação PECÚLIO/NIPOTI trata de

infrações penais perpetradas por uma organização criminosa que se instalou

em Foz do Iguaçu/PR; que os atos praticados estão sendo apurados pela

Justiça Federal em diversas ações penais e procedimentos incidentes que não

apontam para a práticas de crimes eleitorais; que são parcos os indícios até

agora amealhados advindos das declarações dos colaboradores e serão

investigados no inquérito policial sob nº 0600001-76.2020.616.002, de maneira

independente dos demais crimes já denunciados, uma vez que não há a

necessidade de julgamento conjunto; que há independência entre a eventual

prática de crime eleitoral que venha a ser identificado e os outros já

denunciados, de modo que a comprovação de um não interferirá na existência

do outro; que pelo fato de existirem muitos réus e não haver

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contemporaneidade entre os crimes, o desmembramento é a medida que se

impõe, uma vez que não acarretará qualquer prejuízo à instrução penal nem a

defesa dos réus, ao contrário, resultará numa maior eficácia para o andamento

do feito, devendo ser aplicado o artigo 80 do Código de Processo Penal.

Por fim, manifesta-se no sentido de que a investigação e o julgamento

conjunto com o crime eleitoral noticiado pelos réus colaboradores e os demais

crimes denunciados nas ações penais que atualmente tramitam na Justiça

Federal sob nº 5000507-71.2015015353-25.2019.4.04.7002, 5001254-

21.2017.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04-70027.4.04.7002, 5010210-

55.2019.4.04.7002, não se fazem necessários, devendo o inquérito sob nº

0600001-76.2020.616.0002 prosseguir somente para análise do crime

eleitoral.

Conclusos os autos, passo à análise das ações penais citadas acima:

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Ação penal – 5000507-71.2017.4.04.7002

Fato 2.1. Do “Mensalinho” - Parte 1 – art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em meados de

agosto/2014, na região de Foz do Iguaçu/PR, os vereadores PAULO CESAR

QUEIROZ (“COQUINHO”), DARCI SIQUEIRA (DARCI DRM), EDÍLIO JOÃO

DALL'AGNOL, MARINO GARCIA, HERMÓGENES DE OLIVEIRA

(“MOGÊNIO”), PAULO RICARDO DA ROCHA, RUDINEI DE MOURA, com o

auxílio de JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA (ZÉ CARLOS), solicitaram

vantagem indevida consistente no pagamento mensal de propina em espécie

(“mensalinho”) para determiná-los a praticar e omitir atos de ofício, de RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, e este, com o auxílio de MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ofereceram e pagaram vantagem

indevida, em razão da função exercida por aqueles, para que praticassem atos

de ofício, com infração de dever funcional, visando o favorecimento da

organização criminosa.

As vantagens indevidas ocorreram aproximadamente entre

outubro/2014 a setembro/2015. Inicialmente MELQUIZEQUE não possuía

posição de destaque na organização criminosa, porém no segundo semestre

de 2014, ao emprestar a quantia de 60.000,00 (sessenta mil reais) para

pagamento do “mensalinho” que estava atrasado, adquiriu a confiança de

RENI, fato confirmado pelo colaborador RODRIGO BECKER.

QUE no período MELQUIZEDEQUE, secretário de T.I, começou a ter mais importância na prefeitura; QUE acredita que MELQUI começou a ter mais importância após ter emprestado dinheiro para o pagamento a vereadores; (Pag. 43 denúncia).

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Segundo MPF, outro fator que colaborou para que MEQUIZEDEQUE

controlasse o caixa principal da organização criminosa, foi sua pariticapação,

no final de 2014, do desvio de verba pública no superfaturamento do contrato

entre a Prefeitura e a empresa SANIC (plantio de grama), neste sentido são as

declarações do colaborador, conforme trecho extraído da denúncia.

QUE a empresa SANIC possuía um contrato com a prefeitura para plantio de grama; QUE em meados de outubro/novembro de 2014, o colaborador já sabia que o RODRIGO iria voltar para a SANEPAR e ele havia comentado com o RENI a possibilidade de o colaborador assumir a Secretaria de Gestão Estratégica e Projetos; QUE o colaborador já estava a par da situação envolvendo o pagamento do ‘mensalinho’ dos vereadores; QUE entretanto, tal situação estava delicada pois no período de outubro/novembro de 2014, período aproximado de dois meses, o pagamento não havia sido efetuado, ou seja, os vereadores estavam sem receber o ‘mensalinho’; QUE por conseguinte o colaborador e o Rodrigo conversaram e o colaborador se colocou para cumprir essa função; QUE o marco que coloca o colaborador como responsável pelo pagamento ‘mensalinho’ dos vereadores foi o envolvendo um pagamento para a SANIC, referente a um contrato de prestação de serviço de plantio de grama; QUE o montante foi de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) para que fosse entregue ao DIEGO para que ele repassasse aos vereadores;[...]; (Pag. 43 denuncia).

Assim, por ordem de RENI, MELQUIZEDEQUE assumiu função de

controle financeiro, repassando mensalmente dinheiro para sete vereadores,

no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), arrecadados entre

fornecedores, prestadores de serviços e superfaturamentos de contratos

vinculados com a Prefeitura, que é objeto de imputação autônoma.

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No entanto, no Termo “OPERAÇÃO CÂMARA DOS VEREADORES –

PARTE IV”, transcrito na fl. 46 da denúncia, surgiu a referência de que as

indicações para cargos feitas pelos então vereadores poderiam ter sido feitas

em retribuição ao trabalho de campanha eleitoral ou para viabilizar o desconto

de parte dos salários referentes a estas indicações (prática conhecida como

"rachid"):

"QUE com relação ao repasse mensal da operação “mensalinho”, o colaborador esclarece que arrecadava o valor de 50 mil reais e, via de regra, repassava em espécie diretamente a pessoa de HERMÓGENES DE OLIVEIRA (“MOGÊNIO”); QUE “MOGÊNIO” repassava aos demais vereadores, quais sejam, COQUINHO (10 mil reais), DARCI DRM (5 mil reais), EDÍLIO DALL’AGNOL (5 mil reais), MARINO GARCIA (5 mil reais), “MOGÊNIO” (10 mil reais), PAULO ROCHA (5 mil reais) e RUDINEI DE MOURA (10 mil reais); QUE os vereadores citados que recebiam 5 mil por mês foram os que optaram por receber este valor mais uma indicação para uma diretoria junto à Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu; QUE o colaborador não tem a ciência dos nomes indicados para tais diretorias, QUE o colaborador esclarece que a indicação de tais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à campanha eleitoral e que também tais vereadores poderiam receber parte dos salários destes cargos indicados; QUE existia uma listagem em posse do Secretário do governo SÉRGIO BELTRAME que dava conta do nome da pessoa e o nome do vereador que a indicou; QUE, além dessas diretorias os vereadores também tinham indicações de cargos de CC3, CC4, e nas empresas terceirizadas; QUE em uma oportunidade o Prefeito RENI solicitou ao colaborador que controlasse tal lista, mas o colaborador, devido ao acúmulo de atribuições não teve condições de gerenciar esta atividade; QUE antes de SÉRGIO BELTRAME, a servidora de nome NEURA é quem ficava com a lista de

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indicações em um pendrive; QUE NEURA trabalhava junto ao gabinete do prefeito; QUE, pontualmente, na operação “mensalinho”, entregou dinheiro em espécie em duas oportunidades a PAULO ROCHA (5 mil reais), no gabinete do colaborador, e uma vez ao vereador RUDINEI DE MOURA (10 mil reais), próximo ao CTG CHARRUA, no primeiro semestre de 2015; [...]".

Segundo o representante ministerial, após os acordos de colaboração

firmados, e as interceptações entre HERMÓGENES (“MOGÊNIO”) E RENI,

ficou claro os acordos espúrios para uma governança sem grandes oposições,

conforme relatório 09 dos autos de Interceptação Telefônica:

Reni: alô

“MOGÊNIO” - vereador Hermógenes: oi Reni

RENI: oi

Mogêno - vereador Hermógenes: (ininteligível) tá aqui em casa, somos uma caixa de ressonância, tudo que ele disse, ele perguntou pra mim os confiáveis e não confiáveis, eu passei os mesmos nomes sem a gente ter conversado, outra coisa lembra que eu pedi pra você, o PAULO ROCHA (vereador) está uma maravilha, já mandaram o ofício para ele ser o líder do partido?

RENI: já, já

“MOGÊNIO” - vereador Hermógenes: não chegou pro DUSO (vereador) ainda, é bom estar lá na segunda-feira, ser lido na sessão, ele está bonzinho está obedecendo, hoje nós prototocolamos a cesta, convencemos o EDÍLIO (vereador) assinou, estamos aprontando mais uma

RENI: tem que cuidar o aparelho viu chegou denúncia séria na câmara e eu tive que montar, denúncia séria de loteamento irregular, material

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sério, embasado não é politicagem, não é safadeza. (...)

“MOGÊNIO” - vereador Hermógenes: olha, manda os 5% logo viu

RENI: hum, humm

“MOGÊNIO” - vereador Hermógenes: você tem que mandar bem logo este

negócio, beleza

RENI: beleza então, abraço.

“MOGÊNIO” - vereador Hermógenes: tchau, tchau. (Página 47/48 denuncia)

No relatório n° 11 consta a conversa em código entre HERMÓGENES e EDÍLIO, reforçando o pagamento de parcelas do “mensalinho”:

Índice 75789378 - Data: 27/05/2015

MOGENIO - viu meu lider

EDIL - oi meu amigo

MOGENIO - fui hoje dar uma reforçada naquela situação

EDIL - aham

MOGENIO -ai ele vai fazer, a folha já tinha ido

EDIL - uhum

MOGENIO - então ele vai fazer próxima, bem eu tenho que falar contigo pessoalmente

EDIL - aham

MOGENIO -O TELEFONE ESTÁ TUDO DOENTE

EDIL – é eu sei, sei que tão

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MOGENIO - viu, não tem nada de ilegal errado, mais próximo mês

EDIL – uhum

“MOGÊNIO” - na verdade você me pediu três

EDIL - aham foi

“MOGÊNIO” - ele vai fazer gradativamente, quero ver o prazo que ele vai colocar na próxima vez um

EDIL - aham, naõ tem problema

Segundo o membro ministerial, para operacionalizar o pagamento do

“mensalinho” era necessário que MELQUIZEDEQUE arrecadasse

R$50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais junto aos empresários e

prestadores de serviços, na área de informática, transporte escolar,

fornecimento de veículos e motorista, saúde, refeições, sendo que cada

prestador ou fornecedor possuía valores individualmente acordado, conforme

consta do termo “OPERAÇÃO CÂMARA DOS VEREADORES –

MENSALINHO – PARTE I” formalizado por MELQUIZEDEQUE:

QUE a partir do momento que o colaborador regularizou a situação dos vereadores referente ao atraso de dois meses (outubro/novembro 2014), o colaborador assume a responsabilidade de mensalmente realizar o pagamento do ‘mensalinho’ para sete vereadores; QUE como até então isso vinha sendo feito sem organização, o colaborador começou a se organizar para que alguns fornecedores financiassem esse valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para esses sete vereadores; (...) QUE o colaborador iniciou as tratativas e começou a se inteirar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos da prefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos; QUE dentro da secretaria de TI, havia os dois contratos da POWERNET, referentes aos serviços da manutenção da rede ‘wimax’, que

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lhe rendia o valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) e do vídeo monitoramento, que lhe rendia R$ 5.000,00 (cinco mil reais); QUE ainda havia o contrato da INNERBIT, que lhe rendia o valor de R$ 4.300,00 (quatro mil e trezentos reais); QUE então conversou com o RENI pois necessitaria do controle da RMS; QUE a partir de então passou a ter o controle da senha do prefeito RENI, que era a última autorização para que posteriormente fosse feito o empenho, liquidação e pagamento; QUE como o colaborador logava com o usuário “RENI” e respectiva senha, passou a ter o controle das RMS’s de todas as secretarias; QUE o RENI elencou ao colaborador quais eram as empresas parceiras para sempre quando houvesse as RMS’s das respectivas empresas, as mesmas pudessem ser liberadas de forma rápida; QUE daí se deparou com outro problema, pois após a liberação da RMS, havia um trâmite dentro da secretaria da fazenda, no qual o colaborador não tinha nenhum ingerência, tendo então procurado a pessoa de LUIZ CARLOS ALVES, o CAL; QUE daí o colaborador solicitou a “CAL” que estipulasse um valor mensal para que agilizasse todo o trâmite dentro da secretaria da fazenda; QUE daí foi estipulado o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), tendo sido anuído por RENI; QUE anteriormente com o RODRIGO, LUIZ CARLOS ALVES recebia cerca de R$ 2.000,00 (dois mil reais); QUE portanto ficou acertado o pagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais;) QUE com relação a composição do caixa para pagamento do ‘mensalinho’, passou a não mais entregar os valores da POWERNET e da INNERBIT ao DIEGO e aí conversou com o RENI, informando que da pasta de TI os valores eram somente esses; QUE acertou com o JUAREZ para que intermediasse a negociação com a “COELHO'S”, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais, sendo que mil para o JUAREZ e nove mil para a composição do caixa do ‘mensalinho’; QUE houve uma manobra no processo licitatório por CHICO NOROESTE envolvendo as empresas VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR e LUCIA MARLENE TRANSPORTE ESCOLAR para que as mesmas prestassem o

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serviço para a prefeitura; QUE em razão disso, o Sr. ÉRICO, que era da empresa LUCIA MARLENE, aportou para o CHICO o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), onde R$ 80.000,00 (oitenta mil) para o RENI e R$ 20.000,00 (vinte mil) para o CHICO NOROESTE; (...)

Em síntese, o representante ministerial federal acusou os referidos

vereadores pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do

colaborador MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, a

suposta prática do crime descrito no artigo 317 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

A defesa de PAULO CESAR QUEIROZ apresentou resposta à acusação

no evento 649, alegando, em síntese, ausência de justa causa, nulidade do

recebimento da denúncia, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia e, no

mérito, a negativa de autoria. Apresenta quatro testemunhas, e não

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de DARCI SIQUEIRA apresentou resposta à acusação no

evento 653, alegando, em síntese, ausência de justa causa, nulidade do

recebimento da denúncia, atipicidade, nulidade da ação penal e inépcia da

denúncia e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas, e

não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de EDÍLIO JOÃO DALL’AGNOL apresentou resposta à

acusação no evento 651, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

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estadual, ausência de justa causa e, no mérito, a negativa de autoria.

Apresenta duas testemunhas, e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MARINO GARCIA apresentou resposta à acusação no

evento 912, alegando, em síntese, a possibilidade de apresentação da defesa

e rol de testemunhas fora do prazo, pela complexidade da causa, com material

instrutório superior a trinta mil páginas, inépcia da denúncia, atipicidade do fato,

e, no mérito, alega a negativa de autoria. Apresenta quatro testemunhas, e

oitiva de dois denunciados, e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de HERMOGENES DE OLIVEIRA apresentou resposta à

acusação no evento 652, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, atipicidade, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia, ausência

de justa causa e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três

testemunhas e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de PAULO RICARDO DA ROCHA apresentou resposta à

acusação no evento 654, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia, ausência de justa

causa e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas e não

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de RUDINEI DE MOURA apresentou resposta à acusação no

evento 668, alegando, em síntese, que aguardará o melhor momento para

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apresentação de provas, que não infringiu a legislação penal vigente e pleiteia

a sua absolvição. Apresenta três testemunhas e não questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA apresentou resposta à

acusação no evento 800, alegando, em síntese, inépcia da denúncia, ausência

de materialidade delitiva, colaboração premiada como único indício, aduz

que o apoio da campanha da deputada estadual Claudia Pereira ocorreu

sem ilicitudes, requereu a rejeição da denúncia apresentou três testemunhas

e não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratifica

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, em síntese, alega que

a denúncia é inepta pois viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica

e ofende princípios da ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa

humana. Alega, ainda, que a peça acusatória não apresenta mínimo de indício

probatório e busca responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa

causa. Em sua resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato,

quais sejam: Djalma Pastorelo, Dilto Vitorassi, Admilson Aparecido Passo,

Eduardo Vitorassi Spada, Mario Cezar de Almeida, Hélio José Samek,

Fernando de Paula Xavier Junior Sidnei Prestes Junior. Ao final, requereu a

rejeição do fato imputado, sem questionar a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

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Diante da exposição fática apresentada na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato tipificado (oferecimento/recebimento de

vantagem indevida pela atuação parlamentar) não apresenta qualquer

conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime

eleitoral. Nesse sentido, corrobora os argumentos esposados pelas defesas

em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria, ou

sequer sugerem a existência da conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral, e, consequente, não direcionam a competência de processamento

para a justiça especializada. Além do que, a peça acusatória descreve

supostas vantagens indevidas entregues (em pecúnia ou por meio de

nomeações) pelo chefe do Poder Executivo municipal a vereadores com

objetivo angariar apoio político. Aliado ao fato de que tais vantagens

perduraram entre outubro/2014 a setembro/2015, ou seja, incongruente com o

período de campanha da deputada estadual Claudia Pereira, que se encerrou

com a eleição em outubro/2014. Importante ressaltar a imprecisão do

colaborador ao afirmar que tipo de relação foi travada entre os vereadores e os

seus indicados para os cargos, o que pode ser inferido pelo emprego do termo

"poderiam", novamente reproduzido: “QUE o colaborador esclarece que a

indicação de tais diretorias poderiam ser a título de compensação por apoio à

campanha eleitoral e que também tais vereadores poderiam receber parte dos

salários destes cargos indicados.”

Isso é corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas em suas

peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além do que, inexiste liame objetivo ou subjetivo

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deste fato com a investigação perpetrada em face de CLAUDIA por eventual

crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 2.2. Do “Mensalinho” - Parte 2 – art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre

outubro/2015 a maio 2016, na região de Foz do Iguaçu/PR, os vereadores

PAULO CESAR QUEIROZ (“COQUINHO”), DARCI SIQUEIRA (DARCI DRM),

EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL, MARINO GARCIA, HERMÓGENES DE

OLIVEIRA (“MOGÊNIO”), PAULO RICARDO DA ROCHA, RUDINEI DE

MOURA e LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, solicitaram vantagem

indevida, consistente no pagamento mensal de propina em espécie

(“mensalinho”) para determiná-los a praticar e omitir atos de ofício, de RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, e este, juntamente com CARLOS JULIANO

BUDEL, ofereceram e pagaram vantagem indevida, em razão da função

exercida por aqueles, para que praticassem atos de ofício, com infração de

dever funcional, visando o favorecimento da organização criminosa.

Com o afastamento de MELQUIZEDEQUE, devido a decretação da

prisão preventiva pela Justiça Estadual em 01/09/2015, após assumir a

Secretaria de Obras do Município, em 23/11/2015, CARLOS JULIANO BUDEL,

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passa a operar o “caixa” ilegal da organização criminosa, bem como o

pagamento do “mensalinho”.

Conforme relato de CARLOS JULIANO BUDEL, em seu termo “Aliança

Política e Acordo com Empreiteiras” fls 56 da denúncia:

“o terceiro acordo [com RENI PEREIRA] foi em novembro de 2015, quando assumiu a secretária de obras, com o compromisso de dar continuidade e organizar as obras do município e, juntamente com o NILTON, pagar o pagamento do ‘mensalinho’ da Câmara, uma vez que tal valor sairia da secretaria de obras através das medições das obras gerenciadas pelas empresas do NILTON, principalmente do programa ‘tapa-buracos’; QUE em tal ocasião ficou claro que tal operação seria toda feita com a anuência do prefeito RENI; QUE o único ganho que o colaborador teria com isso era o futuro apoio político para vir a ser eleito vereador e eventualmente também vir a ser eleito presidente da Câmara; QUE o dinheiro para a manutenção, para dar continuidade ao ‘mensalinho’, implantado ainda na época do MELQUIZEDEQUE, na conversa com o RENI e com o NILTON, foi repassada ao colaborador uma planilha para ser cumprida, planilha esta confirmada pelo HERMÓGENES, que era líder do governo e era quem fazia a distribuição na época do MELQUIZEDEQUE;”

Foi entregue pelo colaborador CARLOS JULIANO BUDEL suas

anotações pessoais, f. 59 da denúncia:

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Em síntese, o representante ministerial federal acusou os referidos

vereadores pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do

colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, a prática do crime descrito no artigo

317 do Código Penal.

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A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

A defesa de PAULO CESAR QUEIROZ apresentou resposta à acusação

no evento 649, alegando, em síntese, ausência de justa causa, nulidade do

recebimento da denúncia, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia e, no

mérito, a negativa de autoria. Apresenta quatro testemunhas e não questiona

a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de DARCI SIQUEIRA apresentou resposta à acusação no

evento 653, alegando, em síntese, ausência de justa causa, nulidade do

recebimento da denúncia, atipicidade, nulidade da ação penal e inépcia da

denúncia e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas e

não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de EDÍLIO JOÃO DALL’AGNOL apresentou resposta à

acusação no evento 651, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, ausência de justa causa e, no mérito, a negativa de autoria.

Apresenta duas testemunhas e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MARINO GARCIA apresentou resposta à acusação no

evento 912, alegando, em síntese, a possibilidade de apresentação da defesa

e rol de testemunhas fora do prazo, pela complexidade da causa, com material

instrutório superior a trinta mil páginas, a inépcia da denúncia, atipicidade do

fato e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta quatro testemunhas, oitiva

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de dois denunciados e não questiona a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de HERMOGENES DE OLIVEIRA apresentou resposta à

acusação no evento 652, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, atipicidade, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia, ausência

de justa causa e, no mérito, negativa de autoria. Apresenta três testemunhas

e não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de PAULO RICARDO DA ROCHA apresentou resposta à

acusação no evento 654, alegando, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia, ausência de justa

causa e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas e não

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de LUIZ AUGUSTO PINHO QUEIROGA apresentou resposta

à acusação no evento 674, alegando que é inocente das acusações

apresentadas. Arrolou sete testemunhas e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RUDINEI DE MOURA apresentou resposta à acusação no

evento 668, alegando, em síntese, que aguardará o melhor momento para

apresentação de provas, que não infringiu a legislação penal vigente,

pleiteando sua absolvição. Apresenta três testemunhas e não questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL apresentou

resposta à acusação no evento 886, alegando que assinou termo de

colaboração premiada e que inexistem preliminares e provas a serem

requeridas.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou resposta

à acusação no evento 890 e, em síntese, alega que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato, quais sejam:

Djalma Pastorelo, Dilto Vitorassi, Admilson Aparecido Passo, Eduardo Vitorassi

Spada, Mario Cezar de Almeida, Hélio José Samek, Fernando de Paula Xavier

Junior Sidnei Prestes Junior. Ao final da sua peça defensiva requereu a rejeição

do fato imputado sem questionar a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante da exposição fática apresentada na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato tipificado (oferecimento/recebimento de

vantagem indevida pela atuação parlamentar) não apresenta qualquer

conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime

eleitoral. Nesse sentido, corrobora os argumentos esposados pelas defesas,

nas quais, em sua maioria, negam a autoria ou sequer apresentam eventual

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequente, não

direcionam a competência de processamento para a justiça especializada.

Além do que, a peça acusatória, descreve que as supostas vantagens

ocorreram entre outubro/2015 a maio/2016, ou seja, desconexo com o

período de campanha da deputada estadual CLAUDIA PEREIRA, que se

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encerrou com a eleição em outubro/2014, portanto, em descompasso com o

critério temporal entre o recebimento da vantagem e o suposto crime eleitoral

da investigada.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

“supostamente” ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 3.1. Do “Décimo Terceiro” - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em data

incerta, mas próximo de dezembro de 2015, na residência de Fernando Duso,

na região de Foz do Iguaçu/PR, os vereadores PAULO RICARDO DA ROCHA,

JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA (“ZÉ CARLOS”), BENI RODRIGUES PINTO

solicitaram vantagem indevida, consistente no valor de R$120.000,00 (cento e

vinte mil reais) para cada um, para determiná-los a praticar e omitir atos de

ofício, de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, e este, juntamente com

CARLOS JULIANO BUDEL, ofereceram e pagaram vantagem indevida, em

razão da função exercida por aqueles, para que praticassem atos de ofício,

com infração de dever funcional, visando o favorecimento da organização

criminosa.

Em dezembro de 2015, os vereadores PAULO, JOSÉ CARLOS E BENI,

solicitaram propina a título de “décimo terceiro”, a título de gratificação pela

atuação deles na organização criminosa no ano de 2015, sendo R$ 15.000,00

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(quinze mil reais) para JOSÉ CARLOS, R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para

BENI, e R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para PAULO RICARDO DA ROCHA,

conforme trechos do termo do colaborador CARLO JULIANO BUDEL, pag.

64/65 da denúncia.

“QUE ainda em dezembro de 2015, tomou conhecimento de que houve cobrança ao RENI por parte de vereadores que não recebiam o ‘mensalinho’ para receberem um “décimo terceiro”; QUE tal “décimo terceiro” foi recebido pelos vereadores ZÉ CARLOS, BENI e PAULO ROCHA; (…) QUE o vereador ZÉ CARLOS recebeu quinze mil reais em decorrência do ‘décimo terceiro’; QUE o vereador BENI recebeu vinte mil reais em razão do ‘décimo terceiro’; (…) PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; (…) ZC é o ZÉ CARLOS”

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Em síntese, o representante ministerial federal acusou os referidos

vereadores pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do

colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, a prática do crime descrito no artigo

317 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

A defesa de PAULO RICARDO DA ROCHA, apresenta resposta à

acusação no evento 654, alegando à incompetência da justiça federal e

cisão/remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia, ausência de

justa causa e, no mérito, a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas e

não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA apresentou resposta à

acusação no evento 800, alegando, em síntese, inépcia da denúncia, ausência

de materialidade delitiva, colaboração premiada como único indício, aduz

que o apoio da campanha da deputada estadual Claudia Pereira ocorreu

sem ilicitudes, requereu a rejeição da denúncia apresentou três testemunhas

e não questionou a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de BENI RODRIGUES PINTO, apresenta resposta à acusação

no evento 662, alegando, em síntese, a nulidade do recebimento da denúncia,

inépcia da denúncia, ausência de justa causa e, no mérito, a negativa de

autoria. Apresenta duas testemunhas e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL apresentou

resposta à acusação no evento 886, alegando que assinou termo de

colaboração premiada e que inexistem preliminares e provas a serem

requeridas.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, alegando, em síntese, que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou sete testemunhas para este fato, quais sejam:

Fernando de Oliveira Pinto, Flavio da Rocha, Eliane Yammoto, Aldemir

Humberto Raposo Soares, Celso Calegaro, Cleber Alves Castagnaro,

Anderson Andrade. E, ao final da sua peça defensiva, requereu a rejeição do

fato imputado, sem questionar a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante da exposição fática apresentada na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato tipificado (gratificação pela atuação parlamentar

no ano de 2015) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e , nesse sentido, corrobora

os argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais,

em sua maioria, negam a autoria ou sequer apresentam conexão entre o

fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam

a competência de processamento para esta Justiça Especializada. Além do

que, a peça acusatória descreve que as supostas vantagens ocorreram entre

outubro/2015 a maio/2016, ou seja, desconexo com o período de campanha

da deputada estadual CLAUDIA PEREIRA, que se encerrou com a eleição em

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outubro/2014, e sequer mencionam um eventual favorecimento na

campanha da deputada.

Além do que, inexiste liame objetivo ou subjetivo deste fato com a

investigação perpetrada em face de CLÁUDIA PEREIRA por eventual crime

eleitoral. Nessa linha, verifica-se que não há indícios de correlação direta entre

as condutas apontadas no presente item com eventual cometimento de crime

eleitoral, nem elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas

como “supostamente” ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua

atração e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 3.2. Do Apoio Político - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em data

incerta, mas próximo de dezembro de 2015, na residência de Fernando Duso,

na região de Foz do Iguaçu/PR, os vereadores PAULO CESAR QUEIROZ

(“COQUINHO”), DARCI SIQUEIRA (DARCI DRM), MARINO GARCIA,

RUDINEI DE MOURA solicitaram vantagem indevida, consistente no valor de

R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) para cada um, para determiná-los a

praticar e omitir atos de ofício, a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, e este,

juntamente com CARLOS JULIANO BUDEL, ofereceram e pagaram tal

vantagem indevida, em razão da função exercida por aqueles, para que

praticassem atos de ofício, com infração de dever funcional.

Além de receber a propina mensal, solicitaram e receberam, ao menos

parcialmente o valor, de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, devido ao apoio

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político dado a CLAUDIA VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA. Sobre

o tema o colaborador CARLOS JULIANO BUDEL esclareceu:

QUE outro acréscimo ao ‘mensalinho’ foi verba de apoio político ocorrida quando o colaborador foi procurado pelos vereadores DARCI DRM, COQUINHO, RUDINEI e MARINO GARCIA que lhe cientificaram acerca de um acordo com o RENI de que o apoio à campanha da Deputada Claudia Pereira resultaria no pagamento de cento e vinte mil reais para cada um, reunião na presença do vereador DUSO e na residência deste; QUE tal fato confirmado pelo RENI que determinou que fosse tentado um parcelamento; QUE portanto, tais valores foram agregados à planilha do ‘mensalinho’ e tiveram que ser retirados não só das obras do NILTON BECKERS, mas também da “QUALITY FLUX” e do contrato do transporte coletivo; QUE todo o pagamento do ‘mensalinho’ passou a ser feito diretamente pelo colaborador ao próprio vereador; QUE os valores eram determinados pelo RENI e pagos aos vereadores, de dezembro de 2015 a março de 2016, foram na seguinte forma: QUE o vereador COQUINHO recebeu três parcelas de dez mil reais relativas ao ‘mensalinho’ e três parcelas de vinte mil reais referentes à campanha da deputada Claudia, totalizando noventa mil reais; QUE quando foi preso, ainda havia valores devidos ao vereador COQUINHO, não sabendo se ele chegou a receber tais valores faltantes; QUE o vereador DARCI recebeu três parcelas de dez mil reais referentes ao ‘mensalinho’ e duas parcelas de trinta e uma de vinte mil reais referentes à campanha da deputada Cláudia, totalizando cento e dez mil reais; QUE esse valor diferenciado que o vereador DARCI recebeu em relação ao COQUINHO foi em decorrência da pressão que aquele exerceu; QUE o RUDINEI recebeu três parcelas de dez mil reais em razão do ‘mensalinho’, duas parcelas de trinta mil reais e uma parcela de vinte mil referentes à campanha da deputada Cláudia, totalizando cento e dez mil reais; QUE o vereador MARINO recebeu três parcelas de cinco mil reais referentes ao

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‘mensalinho’, uma parcela de sessenta mil e duas de vinte mil reais referentes à campanha da deputada Cláudia, totalizando cento e quinze mil reais; QUE a parcela de sessenta mil reais foi paga na residência desse vereador; (...) QUE em 13 de abril de 2016 conseguiu acertas todas as pendências referentes aos pagamentos do ‘mensalinho’ e os valores referentes à campanha da deputada Cláudia, sendo: MARINO GARCIA recebeu cinco mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como última parcela referente à última parcela do valor devido em razão da campanha da deputada Cláudia; RUDINEI recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parcela referente à campanha da deputada Cláudia; DARCI recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte da parcela referente à campanha da deputada Cláudia; COQUINHO recebeu dez mil reais em razão do mensalinho e vinte mil reais como parte do pagamento referente à campanha da deputada Cláudia; (...) QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: ZÉ BONITINHO é o QUEIROGA; PR é o PAULO ROCHA; PR EXTRA é referente o pagamento extra ao PAULO ROCHA; DU é o DUSO; MOG é o “MOGÊNIO”; ZC é o ZÉ CARLOS; ED é o EDÍLIO; CO é o COQUINHO; DRM é o DARCI DRM; RUD é o RUDINEI; MAR é o MARINO GARCIA;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou os referidos

vereadores pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do

colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, pela prática do crime descrito no

artigo 317 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

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As defesas de PAULO, DARCI, MARINO, RUDINEI, RENI E CARLOS

apresentaram resposta à acusação nos movimentos 649, 653, 912, 668, 890 e

886, e salvo o colaborador, em síntese, alegaram ausência de justa causa,

nulidade do recebimento da denúncia, nulidade da ação penal e inépcia da

denúncia e, no mérito, a negativa de autoria. Apresentam testemunhas, e não

questionam a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

Analisando a exposição fática apresentada na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, o fato tipificado (aquisição de eventual apoio político)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral, e, nesse sentido, corrobora os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria

negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre o fato denunciado e um

ilícito eleitoral, e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para a justiça especializada. Além do que, a peça acusatória

descreve que as supostas vantagens ocorreram entre dezembro/2015 a

março/2016, ou seja, desconexo com o período de campanha da deputada

estadual CLAUDIA PEREIRA, que se encerrou com a eleição em outubro/2014.

Depreende-se que o fato liga-se muito mais a uma recompensa pelo

apoio dado à candidata e encontra-se totalmente dissociado do período

eleitoral. O simples fato de pedir voto para alguém ou apoiá-lo politicamente,

por si só, não caracteriza um ilícito eleitoral, pelo contrário, é uma atitude

comum no jogo político.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 3.3 Fernando Henrique Triches Duso - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em data

incerta, mas próximo de dezembro de 2015, o vereador FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO solicitou vantagem indevida consistente no

pagamento de 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), para determiná-lo a praticar

e omitir atos de ofício, de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, e este,

juntamente com CARLOS JULIANO BUDEL, ofereceram e pagaram vantagem

indevida, em razão da função exercida por aquele, para que praticasse atos de

ofício, com infração de dever funcional. Sobre o tema, esclarece o colaborador

Carlos Juliano Budel:

QUE o vereador DUSO deveria receber vinte e cinco mil reais, mas não ocorreu por falta de recurso; (...) QUE explica os apelidos constantes de tal manuscrito: (...) DU é o DUSO;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou o referido

vereador pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do

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colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, a prática do crime descrito no artigo

317 do Código Penal.

A defesa de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO apresentou

resposta à acusação no evento 897, alegando, em síntese, que a denúncia

ministerial ao descrever os fatos no item 6.4 estaria imputando uma finalidade

eleitoral, e por consequência haveria competência da justiça eleitoral para

processamento e julgamento dos fatos, inépcia da denúncia, nulidade das

interceptações por ausência de justa causa, cerceamento de defesa pela

ausência de acesso aos atos de colaboração, nulidade das colaborações

premiadas e, no mérito, inexistência de envolvimento criminoso.

A defesa do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL apresentou

resposta à acusação no evento 886, alegando que assinou termo de

colaboração premiada e que inexistem preliminares e provas a serem

requeridas.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alega que a denúncia é inepta, pois viola

o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da ampla

defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega, ainda, que a peça

acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato. Ao final da sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Observando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, o fato tipificado (proposta de vantagem indevida

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

face eventual atuação do vereador na atuação da vereança) não apresenta

nenhuma conexão concreta com e um eventual crime eleitoral, e isso é

corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além do que, inexiste liame objetivo ou subjetivo

deste fato com a investigação perpetrada em face de CLAUDIA por eventual

crime eleitoral.

Além do que, a peça acusatória descreve que as supostas vantagens

ocorreram em dezembro/2015, ou seja, desconexo com o período de

campanha da deputada estadual CLAUDIA PEREIRA, que se encerrou com a

eleição em outubro/2014, bem como, inexiste, até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.1 Powernet Tecnologia Ltda – Pregão Eletrônico 143/2013 e

Tomada de Preço 007/2013 art. 317 e 333 do CP.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que

aproximadamente de agosto/2013 a setembro/2015, DIEGO CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA e MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, por ordem de RENI, solicitaram vantagem indevida consistente no

pagamento mensal de propina de ADELIR DINIZ DA ROSA, sócio-

administrador da empresa POWERNET TECNOLOGIA LTDA, sendo que este

ofereceu e pagou, visando o favorecimento da organização criminosa, sendo

repassado ilegalmente o valor mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e com

a renovação do contrato, a propina aumentou para R$ 7.000,00 (sete mil reais).

A propina de ambos os contratos era paga por ADELIR a

MELQUIZEDEQUE, que entregava a DIEGO, sempre com ciência e

anuência de RENI. Posteriormente quando MELQUIZEDEQUE começa a

gerenciar o “caixa” cessa a participação de DIEGO, sendo que a prática

continua até a prisão de MELQUIZEDEQUE, conforme trecho do termo

colacionado na peça acusatória pag. 75/76:

“QUE a primeira fase da prestação do serviço de videomonitoramento, ou seja, a implantação e instalação, foi feita na gestão anterior, do prefeito PAULO; QUE que na gestão seguinte, do RENI, houve a necessidade de ser licitada a manutenção do sistema; QUE por meio do ADELIR, proprietário da empresa POWERNET, acertaram o direcionamento do certame para que tal empresa vencesse; (...) QUE nesse primeiro ano de contrato, do final de 2013 até 2014, estipulou-se o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) de repasse, que era recolhido junto ao ADELIR pelo colaborador que por sua vez repassava ao DIEGO, sobrinho do RENI; QUE nessa época, o colaborador não estava inteirado do destino dessa propina; QUE posteriormente, na renovação desse contrato, como os números de ocorrências envolvendo a manutenção do sistema passaram a ser menores, estabeleceu com o ADELIR o

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

aumento do repasse para R$ 7.000,00 (sete mil reais), que a partir daí passariam a compor o caixa do colaborador para atender o ‘mensalinho’; QUE explica ainda que a POWERNET possuía também um outro contrato para a manutenção da rede WIMAX, sistema este que interligava via rádio todas as escolas municipais, alguns postos de saúde e algumas unidades da secretaria de ação social; QUE essa licitação também foi direcionada para que a POWERNET vencesse; (...) QUE a propina do contrato da rede WIMAX era de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) inicialmente repassados ao DIEGO sendo que posteriormente tal valor também passou a compor o caixa do colaborador;”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ADELIR DINIZ

DA ROSA pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal, e

imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com o auxílio de

DIEGO CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, e do colaborador MEQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do crime descrito no

artigo 317 do Código Penal.

A defesa de ADELIR DINIZ DA ROSA apresentou resposta à acusação

no evento 678, alegando, em síntese, a inépcia da denúncia e no, mérito, a

atipicidade da conduta. Apresentou quatro testemunhas e não questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 650, alegando, em síntese, que não concorda com os

termos da denúncia e que apresentará a tese defensiva durante a instrução

processual. Apresentou dezoito testemunhas e não questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada e requereu a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega ainda que a

peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta a defesa apresentou oito testemunhas para este fato. Ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Observando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, o fato tipificado (repasse mensal de vantagem

indevida decorrente de direcionamento na contratação administrativa)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral e, isso é corroborado pelos argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria,

negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado e um

possível ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência

de processamento para esta justiça especializada. Além do que, inexiste liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face de

CLAUDIA por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

“supostamente” ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.2 Innerbit Informática Ltda art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que,

aproximadamente de agosto/2013 a setembro/2015, DIEGO CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA e MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, por ordem de RENI, solicitaram vantagem indevida, consistente no

pagamento mensal de propina, de ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS,

sócio administrador da empresa INNERBIT TECNOLOGIA LTDA - ME, sendo

que este ofereceu e pagou, visando o favorecimento da organização criminosa,

sendo repassado ilegalmente o valor mensal de R$ 4.300,00 (quatro mil e

trezentos reais.

A propina do contrato era paga por ROSINALDO a MELQUIZEDEQUE,

que entregava a DIEGO, sempre com ciência e anuência de RENI.

Posteriormente, quando MELQUIZEDEQUE começa a gerenciar o “caixa”,

cessa a participação de DIEGO, sendo que a prática continua até a prisão de

MELQUIZEDEQUE, conforme trecho do termo colacionado na peça acusatória

pag. 78:

QUE ainda havia o contrato da INNERBIT, que lhe rendia o valor de R$ 4.300,00 (quatro mil e trezentos reais); (...) QUE com relação a composição do caixa para pagamento do ‘mensalinho’, passou a não mais entregar os valores da POWERNET e da INNERBIT ao DIEGO

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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e aí conversou com o RENI, informando que da pasta de TI os valores eram somente esses;

QUE para possibilitar o pagamento aos vereadores do valor mensal de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), foram utilizadas as empresas SR TERRAPLENAGEM, do NILTON BEKERS, a ATIVA OBRAS, a VISUAL PROJETOS, a POWERNET TECNOLOGIAS, VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR, COELHO'S TRANSPORTE EIRELI, LUCIA MARLENE TRANSPORTE ESCOLAR e a INNERBIT, do ROSINALDO;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ROSINALDO

LUZIANO DOS SANTOS pela prática do crime previsto no artigo 333 do Código

Penal, e imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com

auxílio de DIEGO CLOVIS DE SOUZA PEREIRA e do colaborador

MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do

crime descrito no artigo 317 do Código Penal.

A defesa de ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS apresentou

resposta à acusação no evento 848, alegando, em síntese, a nulidade do

recebimento da denúncia, inépcia da denúncia, atipicidade dos fatos,

inexistência de indícios de autoria e materialidade. Apresentou duas

testemunhas e não questionou a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 650, alegando, em síntese, que não concorda com os

termos da denúncia, e que apresentará a tese defensiva durante a instrução

processual. Apresentou dezoito testemunhas e não questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Num. 3244674 - Pág. 95Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratifica

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP apresentou imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final da

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (repasse mensal de vantagem indevida decorrente

da contratação administrativa) não apresenta nenhuma conexão concreta

com um eventual crime eleitoral e isso é corroborado pelos argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria,

negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado e um

possível ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência

de processamento para esta justiça especializada. Além disso, depreende-se

que que as supostas vantagens indevidas decorriam de repasse de um

percentual aplicado sobre superfaturamento em contratos administrativos,

valores que supostamente seriam agregados ao caixa da organização

criminosa, para desfrute de seus integrantes e incorporação ao patrimônio

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

pessoal destes. Narra o membro do Ministério Público Federal que os fatos

ocorreram entre agosto de 2013 a setembro/2015, ou seja, inexistente

correlação com período de campanha eleitoral, o que afasta a suposta relação

com finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como inexiste, até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face de CLÁUDIA PEREIRA por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.3 Coelho´s Transporte Eireli (Atualmente Expresso Foz Transporte

Eireli) art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que,

aproximadamente de novembro/2014 a setembro/2015, MEQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e JUAREZ DA SILVA SANTOS, por

ordem de RENI, solicitaram vantagem indevida consistente no pagamento

mensal de propina de ISMAEL COELHO DA SILVA, sócio administrador da

empresa COELHO´S TRANSPORTE EIRELI, e de RUI OMAR NOVICKI

JUNIOR (sócio oculto), ofereceram e pagaram vantagem indevida visando o

favorecimento da organização criminosa, sendo repassado o valor de

R$10.000,00 (dez mil reais) para as notas superiores a R$100.000,00 (cem mil

reais), para o caixa da organização criminosa, sendo destinado R$1.000,00

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

(mil reais) para JUAREZ e R$9.000,00 (nove mil reais) para o pagamento dos

vereadores, compondo o caixa administrado por MELQUIZEDEQUE, conforme

termo de colaboração colacionado na denúncia pag. 80.

QUE a partir do momento que o colaborador regularizou a situação dos vereadores referente ao atraso de dois meses (outubro/novembro 2014), o colaborador assume a responsabilidade de mensalmente realizar o pagamento do ‘mensalinho’ para sete vereadores; QUE como até então isso vinha sendo feito sem organização, o colaborador começou a se organizar para que alguns fornecedores financiassem esse valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para esses sete vereadores; QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro do colaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, ele informou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o ‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DA RCI DRM; EDÍLIO DALLAGNOLL; MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; (...) QUE o colaborador iniciou as tratativas e começou a se interar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos da prefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos; (...) QUE com relação a composição do caixa para pagamento do ‘mensalinho’, (...) acertou com o JUAREZ para que intermediasse a negociação com a “COELHO'S”, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais, sendo que mil para o JUAREZ e nove mil para a composição do caixa do ‘mensalinho’; (...) QUE após o acordo entre o JUAREZ, o colaborador e a “COELHO'S”, começou a liberar os pagamentos para esta empresa; QUE estipulou que não liberaria as RMS’s das demais empresas de transporte escolar enquanto não fosse o colaborador o negociador do retorno; (...) QUE o transporte escolar era no período letivo e as empresas de obras por medição de serviço;

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ISMAEL

COELHO DA SILVA e RUI OMAR NOVICKI JUNIOR pela prática do crime

disposto no artigo 333 do Código Penal, e imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, com auxílio de JUAREZ DA SILVA SANTOS e do

colaborador MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela

prática do crime descrito no artigo 317 do Código Penal.

A defesa JUAREZ SILVA SANTOS apresentou resposta à acusação no

evento 897, alegando, em síntese, que a denúncia ministerial, ao descrever os

fatos no item 6.4, estaria imputando uma finalidade eleitoral, e por

consequência haveria competência da justiça eleitoral para processamento e

julgamento dos fato, inépcia da denúncia, nulidade das interceptações por

ausência de justa causa, cerceamento de defesa pela ausência de acesso aos

atos de colaboração, nulidade das colaborações premiadas e no mérito

inexistência de envolvimento criminoso. Arrolou cinco testemunhas de defesa.

A defesa de ISMAEL COELHO DA SILVA e RUI OMAR NOVICK

JUNIOR apresentaram resposta à acusação nos eventos 689 e 672, e,

representados pelos mesmos defensores, alegaram, em síntese, a nulidade do

recebimento da denúncia, a incompetência da justiça federal e

cisão/remessa para a justiça estadual, ausência de justa causa, inépcia da

inicial e, no mérito, a negativa de autoria. Apresentaram uma testemunha e não

questionaram a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato. Ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao observar a narrativa da peça acusatória, somado aos elementos

carreados, o fato tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente da

contratação administrativa) não apresenta qualquer conexão concreta entre

os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido,

corrobora os argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas,

as quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão

entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para a justiça especializada.

Além do que, a peça acusatória, descreve que as supostas vantagens do

contrato administrativo que supostamente agregariam recursos ao caixa da

organização criminosa ocorreram entre novembro de 2014 a setembro/2015,

ou seja, sem relação com a finalidade eleitoral, bem como, inexiste até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face de CLAUDIA PEREIRA por eventual crime eleitoral.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.4 Vidal Transporte Escolar e Lucia Aparecida Marques & Cia Ltda -

art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que do primeiro

semestre de 2015 até novembro/2015, MEQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, por ordem de RENI, solicitou vantagem

indevida, consistente no pagamento mensal de propina, a FABRÍCIO VIDAL,

proprietário da empresa VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR e a ÉRICO DA

ROSA MARQUES, proprietário da empresa LUCIA APARECIDA MARQUES &

CIA LTDA – ME, os quais ofereceram e pagaram vantagem indevida, visando

o favorecimento da suposta organização criminosa.

As empresas VIDAL e LUCIA, venceram os lotes n. 4 e 2 do Pregão

23/2014 e pagavam propina de R$7.000,00 (sete mil reais) e R$10.000,00 (dez

mil reais) durante o período escolar, para que ocorresse o pagamento das

notas referentes aos serviços, compondo o caixa administrado por

MELQUIZEDEQUE, conforme termo de colaboração colacionado na denúncia

pag. 83/84.

“QUE a partir do momento que o colaborador regularizou a situação dos vereadores referente ao atraso de dois meses (outubro/novembro 2014), o

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

colaborador assume a responsabilidade de mensalmente realizar o pagamento do ‘mensalinho’ para sete vereadores; QUE como até então isso vinha sendo feito sem organização, o colaborador começou a se organizar para que alguns fornecedores financiassem esse valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para esses sete vereadores; QUE em uma conversa com o RENI, em uma reunião realizada dentro do carro do colaborador próximo ao fórum, já que ele estava vindo de uma reunião na RPC, ele informou ao colaborador os sete nomes dos vereadores que deveriam receber o ‘mensalinho’, quais sejam: o COQUINHO; DARCI DRM; EDÍLIO DALLAGNOLL; MARINO GARCIA; MOGENIO; PAULO ROCHA; RUDINEI DE MOURA; (...) QUE o colaborador iniciou as tratativas e começou a se interar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos da prefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos; (...) QUE com relação a composição do caixa para pagamento do ‘mensalinho’, (...) QUE houve uma manobra no processo licitatório por CHICO NOROESTE envolvendo as empresas VIDAL TRANSPORTE ESCOLAR e LUCIA MARLENE TRANSPORTE ESCOLAR para que as mesmas prestassem o serviço para a prefeitura; QUE em razão disso, o Sr. ÉRICO, que era da empresa LUCIA MARLENE, aportou para o CHICO o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), onde R$ 80.000,00 (oitenta mil) para o RENI e R$ 20.000,00 (vinte mil) para o CHICO NOROESTE; QUE o próprio CHICO falou que esse valor era para as “irmãzinhas” da Igreja Assembléia de Deus, para que ajudassem na campanha etc; QUE após o acordo entre o JUAREZ, o colaborador e a “COELHO'S”, começou a liberar os pagamentos para esta empresa; QUE estipulou que não liberaria as RMS’s das demais empresas de transporte escolar enquanto não fosse o colaborador o negociador do retorno; QUE o CHICO, por muitas vezes se reuniu com o ÉRICO a fim de resolver o problema, mas não obteve sucesso, pois o colaborador detinha o controle dos pagamentos, de forma que o ÉRICO procurou o

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

colaborador a fim de realizar o acerto do retorno financeiro das empresas LUCIA MARLENE e VIDAL; (...) QUE o transporte escolar era no período letivo e as empresas de obras por medição de serviço; QUE por fim, o valor da LUCIA MARLENE, do ÉRICO, foi estipulado em R$ 10.000,00 (dez mil reais); da VIDAL, ficou em R$ 7.000,00 (sete mil reais);”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FABRÍCIO

VIDAL e ÉRICO DA ROSA MARQUES pela prática do crime disposto no artigo

333 do Código Penal, e imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA, com auxílio do colaborador MEQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do crime descrito no artigo 317 do

Código Penal.

A defesa de FABRICIO VIDAL e ÉRICO DA ROSA MARQUES

apresentaram resposta à acusação nos eventos 665 e 664, representados

pelos mesmos defensores, alegam, em síntese, que é descabida a pretensão

punitiva do Estado - manifestação do mérito nas alegações - sem arrolar

testemunhas. As defesas não questionam a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a eles imputados.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final da

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao observar a narrativa da peça acusatória, somado aos elementos

carreados, o fato tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente da

contratação administrativa) não apresenta qualquer conexão concreta entre

os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral. Importante

ressaltar que, embora um dos corréus tenha mencionado que iria adquirir apoio

político de membros da Igreja Assembleia de Deus, os valores arrecadados

serviam para compor o caixa da organização, inexistindo comprovação em

concreto de destinação para campanha eleitoral, reforçando que a mera

menção da destinação para aquisição de apoio político não tem o condão de

atribuir concretude ao ilícito eleitoral, tratando-se de uma tentativa maquiada

com conotação nobre, com o intuito de afastar a origem espúria da captação

indevida.

Nesse sentido, corrobora-se os argumentos esposados pelas defesas

em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria, ou

sequer apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e

consequente não direcionam a competência de processamento para a justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória descreve que as supostas

vantagens do contrato administrativo que supostamente agregariam o caixa da

organização criminosa entre meados de 2015 a novembro de 2015, ou seja,

sem relação com a finalidade eleitoral, bem como, inexiste até o presente

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada

em face da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.5 Águas da Fonte - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, de julho/2015

a dezembro/2015, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e MEQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, solicitaram vantagem indevida,

consistente no pagamento de R$5.000,00 (cinco mil reais), em contrapartida à

contratação ilícita da empresa ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA

TURÍSTICA EIRELI, valores que passariam a compor o caixa da organização

criminosa. A empresa ÁGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA

EIRELI de propriedade de ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA

SOLENI SIEBRE, ofereceram e pagaram vantagem indevida, visando o

favorecimento da organização criminosa.

Sobre a ocorrência delituosa, destacam-se as declarações do

colaborador MELQUIZEDEQUE, conforme trecho extraído da denúncia (pag.

87).

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

QUE o colaborador esclarece que, em virtude da renovação do contrato de prestação de serviço de motoristas para Ambulâncias do Município, a empresa que estava prestando serviços para Prefeitura solicitou, em período de junho/julho 2015, um reequilíbrio econômico financeiro para que fosse renovado o contrato e seguisse prestando o serviço; QUE o colaborador, em conjunto com Charles Bortolo (Secretário de Saúde) e Marli Terezinha Teles (Diretora de Gestão e Saúde), não aceitaram o reequilíbrio econômico financeiro proposto; QUE a empresa que prestava o serviço enviou um ofício para o município onde declarava que não mais possuía interesse na prestação do serviço de motorista de ambulância; QUE em posse desse ofício, o colaborador se reuniu com o Prefeito Reni Pereira, a fim de pedir autorização para que um contrato emergencial fosse feito com a empresa do Policial Civil Adenilton Telles (escrivão), QUE Telles já prestava serviço na prefeitura representando uma Empresa de nome Aguas da Fonte, QUE não recorda se foi essa empresa utilizada para fazer a contratação emergencial por 90 dias, QUE deixou a cargo do Telles e da Marli todo o tramite do processo, QUE o Telles buscou os parceiros e fez a composição de três orçamentos já indicando a empresa que representava como a de melhor preço, QUE diz ter sido mantido os mesmos motoristas, QUE a intenção era obter propina de 5 mil reais, com intuito de aumentar o “caixa geral” gerenciado pelo colaborador, QUE cada pagamento mensal seria devolvido a propina de R$5.000,00 mil reais e não mais o pagamento do aluguel da sede da UMAMFI, QUE o colaborador recebeu por uma oportunidade em Agosto de 2015 tal valor, QUE acordou para que a próxima licitação fosse direcionada a empresa de Telles, QUE os serviços prestados anteriormente por Telles eram para vans que faziam transporte de pessoas para tratamento de hemodiálise e “TFD”, QUE não sabe dizer se a empresa tem seu nome ou como sócio, QUE acredita estar no nome de sua Esposa, entretanto o mesmo que administrava, QUE Telles estava diariamente em

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contato com o colaborador referindo-se a essa situação (contrato emergencial) QUE quando foi apresentado o oficio o mesmo informou que poderia ter acertado o reequilíbrio econômico com a empresa anterior, QUE o acordo foi utilizado para recolhimento de propina e se livrar do aluguel com a UMAMFI, QUE em agosto já deixou de pagar o aluguel e que após teve a deflagração da operação LOTHUR, onde o colaborador foi exonerado do cargo, QUE o valor do contrato emergencial era de aproximadamente R$75,000,00, mensal, salvo engano para contratação de 16 motoristas, QUE Telles absorveu os motoristas já existentes, QUE o contrato anterior era entre R$60.000,00 e R$65.000,00 mil, QUE declara que poderia ter negociado com a empresa o reequilíbrio, que utilizou o oficio como artificio de geração de emergencial para ajudar Telles. (MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA, no termo de colaboração TELLES AMBULÂNCIAS).

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ADEMILTON

JOAQUIM TELES pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código

Penal, e imputou a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e a MEQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do crime descrito no

artigo 317 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA

SOLENI FIEBRE apresentaram reposta à acusação no evento 667 sobre os

fatos 4.5, 11.12, 11.14, 11.15, 12.4, 12.5, 12.7 e 13 e, em síntese, alegaram

incompetência da justiça federal e remessa para a justiça estadual,

trancamento da ação penal, pois estão respondendo pelas mesmas condutas

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perante a Justiça Estadual. Arrolaram 31 testemunhas de defesa e não

questionaram a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada e requereu a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final da

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Para o órgão ministerial:

"O teor da colaboração encontra consonância com os seguintes fatos, que ligam o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e ADEMILTON JOAQUIM TELES: a) defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA junto aos presidentes de bairro e conselhos municipais que participa como presidente da UMAMFI, pelo que recebeu durante aproximadamente 1 (um) ano “propina” (capítulo próprio); b) interferência em inquéritos policiais ou indiciamentos em benefício da organização; c) cessão de veículos Vans, de sua propriedade,

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para uso pessoal e na campanha da esposa do denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA; d) contratações de empresas do denunciado ADEMILTON JOAQUIM TELES seria fruto de acordo com o prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA (vide caso comentado pela denunciada MARLI TEREZINHA TELLES em conversa mantida com o denunciado MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA – 75872814.wav (de 01/06/2015) - Vide período 22m10s à 25m50s– Relatórios 11 e 12); e) que em razão de contratações da empresa do denunciado ADEMILTON JOAQUIM TELES, deixou de receber propina, para pagar propina e contribuir para o caixa da organização criminosa".

Ao observar a narrativa da peça acusatória, somado aos elementos

carreados, o fato tipificado (repasse de vantagem indevida no período de

julho/2015 a dezembro/2015 decorrente da contratação administrativa)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral.

Embora haja menção na peça acusatória de que ocorreu a cessão de

veículos do corréu na utilização da campanha da investigada, este fato, em

tese, por si só, não induz a ocorrência concreta do crime eleitoral, senão

vejamos: a) A prestação de contas da candidata, ora investigada, foi aprovada

e da decisão não houve recurso por qualquer interessado (candidatos,

representante ministerial ou partidos); b) inexiste comprovação de cessão de

veículos formalizado pelo corréu e informado na prestação de contas, até

porque as informações são inconclusivas e abstratas, já que as declarações

apresentadas nas delações não permitem em concreto a conferência, e

inexiste descrição dos eventuais veículos utilizados; c) o período do

recebimento da vantagem indevida descrita na peça acusatória julho/2015 a

dezembro/2015, descontextualiza de um eventual crime eleitoral, além do que,

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as vantagens indevidas pagas por Ademilton Joaquim Teles a Reni e

Melquizedeque decorrem de uma suposta contrapartida pelo direcionamento

de licitação em favor da pessoa jurídica vinculada ao corréu, e direcionada ao

“caixa” da organização criminosa; d) A malversação dos valores

supostamente desviados foram direcionados para favorecimento da

organização criminosa e revertido em confusão patrimonial aos participantes,

sem a correlação individual e específica da prática de crime eleitoral, haja vista

que as supostas vantagens indevidas, em tese, ao serem solicitadas e

exauridas pela organização, se aperfeiçoaram em benefício da mesma; e) Há

independência e autonomia entre as condutas antecedentes face a um suposto

crime eleitoral, sendo irrelevante para a configuração deste último a origem

lícita ou ilícita do recurso, podendo, inclusive, haver a absolvição dos crimes

anteriores e isso em nada refletir no ilícito eleitoral.

Nesse sentido, corroboram os argumentos esposados pelas defesas em

suas peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não

apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para a

justiça especializada. Além do que, inexiste liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigação perpetrada em face da investigada por eventual crime

eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Num. 3244674 - Pág. 110Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Fato 4.6 Quality Flux Automação e Sistemas Ltda - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal, em sua denúncia, que, no início de

2016, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA com auxílio de CARLOS JULIANO

BUDEL, solicitaram vantagem indevida, consistente no pagamento de

R$180.000,00 (cento e oitenta mil reais), da empresa QUALITY FLUX

AUTOMAÇÃO E SISTEMAS LTDA, através do sócio oculto EDISON

ROBERTO BARDELLI e com a anuência do proprietário ELCIO ANTONIO

BARDELLI, sendo que os valores passariam a compor o caixa da organização

criminosa. A empresa QUALITY através de seus sócios, ofereceram e pagaram

vantagem indevida, visando o favorecimento da organização criminosa.

Conforme trecho destacado na denúncia, o colaborador CARLOS

JULIANO BUDEL explanou (pag. 90):

“QUE a ‘QUALITY FLUX’ é uma empresa de Curitiba/PR e que atua na área de monitoramento de radares em Foz do Iguaçu/PR; QUE tal serviço foi licitado no ano de 2013; QUE houve uma renegociação no prazo de pagamento do contrato de 30 para 180 dias, em função da diferença no fluxo de caixa entre o dinheiro repassado pelo DETRAN ao FOZTRANS; QUE durante o contrato da ‘QUALITY FLUX’, não houve superfaturamento de valores no âmbito da execução do contrato no FOZTRANS; QUE entretanto, havia um acordo de tal empresa com o RENI PEREIRA, em função de um compromisso assumido pelo RENI com pessoas do Tribunal de Contas do Estado do Paraná para que essa empresa viesse a vencer a licitação; QUE como houve uma alteração de valores no pagamento do ‘mensalinho’, o colaborador procurou o prefeito RENI que autorizou a receber da empresa QUALITY FLUX o valor de oitenta mil reais para dar Complementação ao pagamento do ‘mensalinho’,

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tendo recebido tal valor do representante da empresa em Foz do Iguaçu/PR, o EDSON, e também do próprio proprietário, de nome HÉLCIO, sendo uma parcela recebida em um encontro na Rua Venanti Otremba e outra parcela na frente da sede da empresa na Avenida Paraná; QUE tal valor já estava previamente acertado pelo RENI com referida empresa; QUE acredita que o prefeito RENI ainda teria outros valores, ‘créditos em haver’ para receber de tal empresa; QUE ressalta novamente que não houve superfaturamento do contrato dessa empresa no âmbito do FOZTRANS; QUE tais valores foram recebidos logo no começo de 2016, quando surgiu um acréscimo na propina envolvendo o ‘mensalinho’.”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou EDISON

ROBERTO BARDELLI e ELCIO ANTONIO BARDELLI pela prática do crime

disposto no artigo 333 do Código Penal, em razão de repassar vantagem

indevida, e imputou ao ex-prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com

auxílio do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, a prática do crime descrito

no artigo 317 do Código Penal, em razão de receber a referida vantagem

indevida, com infração ao dever funcional.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

As defesas de EDISON ROBERTO BARDELLI e ELCIO ANTONIO

BARDELLI apresentaram resposta à acusação nos eventos 802 e 886 e, sendo

representados pelos mesmos defensores, alegaram, em síntese,

incompetência da justiça federal e remessa para a justiça estadual,

inexistência do crime de corrupção ativa e eventual crime de responsabilidade,

inépcia da denúncia, ausência de justa causa, arrolando 6 e 7 testemunhas,

respectivamente, para cada representado. As defesas não questionaram a

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competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final da

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de vantagem

indevida decorrente do direcionamento na contratação administrativa)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral. Nesse sentido, corroboram os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua

maioria negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado e

um ilícito eleitoral, e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para a justiça especializada. Além do que, a peça acusatória

descreve que as supostas vantagens eram repasses decorrentes do contrato

administrativo que supostamente agregariam o caixa da organização criminosa

e ocorreram no início de 2016, ou seja, sem relação com a finalidade eleitoral,

bem como, inexistente até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo

deste fato com a investigação perpetrada em face da investigada por eventual

crime eleitoral.

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Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 4.7 Transporte Coletivo - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em data

anterior a junho de 2015, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com o auxílio

de CARLOS JULIANO BUDEL, solicitou vantagem indevida, consistente no

pagamento de R$350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), e, ainda, seis

parcelas de R$10.000,00 (dez mil reais) de FLAVIO EISELE (diretor do

Consórcio Sorriso) para que este fosse beneficiado, alterando-se a idade de

isenção de passageiro, sendo que os valores passariam a compor o caixa da

organização criminosa. O Consórcio, por meio de seu diretor, pagou vantagem

indevida, visando o favorecimento da organização criminosa.

Conforme trecho destacado na denúncia, o colaborador CARLOS

JULIANO BUDEL esclareceu pag. 92:

QUE em reunião da qual não participou, foi firmado um compromisso entre as empresas do consórcio SORRISO com o Prefeito RENI PEREIRA, em financiar parte da campanha de CLAUDIA PEREIRA a Deputada Estadual; QUE RENI PEREIRA solicitou o valor de R$ 350.000,00 e o consórcio não pagou na data estabelecida; QUE após cobranças incessantes, no segundo

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semestre de 2015, o consórcio acenou o pagamento ao colaborador; QUE, a pedido de RENI PEREIRA, arrecadou duas parcelas de R$ 125.000,00, em espécie, das mãos de FLÁVIO (gerente do consórcio) na Rua Venanti Otrembra e no Condomínio Quinta do Sol; QUE esses repasses ocorreram entre final de 2015 e início de 2016, com um intervalo de 30 dias aproximadamente; QUE o dinheiro foi recebido em uma sacola, em notas de R$100,00; QUE R$ 150 mil reais foi destinado ao caixa do “mensalinho” e o restante foi entregue integralmente para RENI PEREIRA; QUE o consórcio pretendia a alteração de lei que concedeu a isenção de passageiro de 60 para 65, a alteração da idade média e máxima da frota, além da alteração no TTU (abertura), que não foram atendidos e, portanto, acredita que por esse motivo o consórcio não quitou o valor restante; QUE o colaborador não recebeu nada em proveito pessoal; QUE concomitantemente, o Prefeito RENI PEREIRA determinou ao colaborador que arrecadasse das empresas do Consórcio o valor de R$ 10.000,00 por mês para pagamento de “mensalinho” do Vereador QUEIROGA, o qual o colaborador recebeu de FLÁVIO; QUE repassou os valores para o vereador sempre na rua e dentro de seus próprios veículos; QUE pagou durante 6 meses, porque o consórcio deixou de repassar o valor por falta de cumprimento do acordo político; QUE os R$ 60 mil reais (seis parcelas de R$10 mil reais) do “mensalinho”, foram retirados do faturamento do Consórcio, sendo que não houve a carga desse valor no aumento da tarifa; QUE a vantagem do Consórcio viria da revogação da Lei que alterou a idade de passageiros com isenção, o que onerava a operação, e substituição de cobradores por cartões; QUE segundo o Prefeito RENI PEREIRA de Janeiro de 2013 até 2015, não houve repasse de valores, por parte do Consórcio.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FLAVIO EISELE

pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal e imputou ao ex-

prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, com auxílio do colaborador

Num. 3244674 - Pág. 115Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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CARLOS JULIANO BUDEL, a prática do crime descrito no artigo 317 do Código

Penal, em razão receber a referida vantagem indevida, para que houvesse um

favorecimento no certame licitatório.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

A defesa de FLAVIO EISELE apresentou resposta à acusação no evento

785, alegando, em síntese, a incompetência da justiça federal e remessa

para a justiça estadual, inépcia da inicial e, no mérito, a negativa de autoria,

arrolando 1 testemunha. A defesa não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final de

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao observar a narrativa da peça acusatória, somado aos elementos

carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida

ocorreu no final de 2015 e início 2016 decorrente de favorecimento no

certamente licitatório com a alteração da idade de isenção de passageiro)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral.

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Embora haja menção nas declarações do colaborador de que parte do

valor seria para financiar a campanha da investigada, este fato, por si só, não

induz a ocorrência concreta do crime eleitoral, senão vejamos: a) O

colaborador expressamente aduz que NÃO esteve presente na reunião que

atribuiu o auxílio na campanha da investigada; b) os valores supostamente

repassados ocorreram entre final de 2015 e início de 2016, ou seja,

desconexo de um eventual crime eleitoral, pelo critério temporal, haja vista que

o processo eleitoral da investigada ocorreu até outubro/2014. Além do que, as

vantagens indevidas pagas por Flavio a Reni e Carlos, decorrem de uma

suposta contrapartida pelo direcionamento de licitação em favor da pessoa

jurídica vinculada ao corréu e foram direcionadas ao “caixa” da organização

criminosa; c) A malversação dos valores supostamente desviados foram

direcionados para favorecimento da organização criminosa e revertidos, em

confusão patrimonial, aos participantes, sem a correlação individual e

específica da prática de crime eleitoral, haja vista que as vantagens indevidas,

em tese, ao serem solicitadas e exauridas pela organização, se aperfeiçoaram

em benefício da mesma; d) Há independência e autonomia entre as condutas

antecedentes face a um suposto crime eleitoral, sendo irrelevante para a

configuração deste último a origem lícita ou ilícita do recurso, podendo,

inclusive, haver a absolvição dos crimes anteriores e isso em nada refletir no

ilícito eleitoral; e) Os fatos supostamente narrados na denúncia não estão

comprovados, sequer minimamente, e possuem a natureza de acordo para

favorecimento em certame licitatório.

Nesse sentido, corroboram os argumentos esposados pelas defesas em

suas peças defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria e não

apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para a

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justiça especializada. Além do que, inexiste liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigação perpetrada em face da investigada por eventual crime

eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 5 - Outras Formas de Financiamento: Concorrência Pública n.

09/2014 (grama) - art. 1°, inc. I, DL 201/1967.

Narra o Ministério Público Federal, em sua denúncia, que, no final de

2014, CRISTIANO FURE DE FRANÇA desviou dinheiro público em proveito

próprio e alheio, com a anuência de MELQUIZEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA e RODRIGO BECKER, por ordem de RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, com a participação de DIEGO DERNANDO SOUZA. A

verba pública foi paga à empresa SANIC – SERVIÇOS DE SANEAMENTOS

PROJETOS AMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA, posteriormente

desviada para o pagamento do “mensalinho” dos vereadores, em prol da

organização criminosa.

Segundo consta na peça, o referido pagamento ocorreu no final de 2014,

referente ao contrato 73/2014, no qual consta a despesa orçamentária de

R$113.996,40 (cento e treze mil, novecentos e noventa e seis reais e quarenta

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centavos) subtraindo o valor dos impostos (aproximadamente 18%) tem-se a

quantia de R$93.477,04 (noventa e três mil, quatrocentos e setenta e sete reais

e quatro centavos), sendo que Rodrigo Becker presenciou a negociação em

que Cristiano Fure de França entregou R$ 90 mil para Melquizedeque, que, por

sua vez, entregaria a Diego para pagamento dos vereadores. Este recurso era

proveniente do contrato de plantio de gramas. Conforme descrito na denúncia,

há no termo de RODRIGO BECKER (pag. 94):

QUE no final de 2014 presenciou e participou de uma negociação da empresa SANIC, em sua sala na SANEPAR, onde CRISTIANO FURE DE FRANÇA entregou R$ 90.000,00 para MELQUIZEDEQUE, o qual entregaria a DIEGO (parente do Prefeito RENI) para pagamento dos vereadores; QUE o recurso foi proveniente a um contrato de plantio de gramas, porém desconhece se foi ou não executado o serviço; QUE a negociação, salvo engano, tinha que ser paga a “MOGÊNIO”;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou CRISTIANO

FURE DE FRANÇA e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA FERNANDO

DE SOUZA pela prática do crime disposto no artigo 1º, inciso I, do Decreto Lei

n. 201/1967.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

A defesa de CRISTIANO FURE DE FRANÇA apresentou resposta à

acusação nos eventos 679 e alegou, em síntese, a inexistência de indícios de

autoria e materialidade e, no mérito a rejeição tardia da denúncia, arrolando

duas testemunhas. A defesa não questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

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A defesa de RODRIGO BECKER apresentou resposta à acusação no

evento 684 e, em síntese, ratificou os termos do acordo de colaboração

premiada, requerendo a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratifica

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final de

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao verificar o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de

vantagem indevida decorrente do direcionamento na contratação

administrativa) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, nas quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para a justiça especializada.

Além do que, a peça acusatória, descreve que as supostas vantagens eram

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repasses decorrentes do contrato administrativo que supostamente agregariam

o caixa da organização criminosa e ocorreram no final de 2014, ou seja, sem

relação com a finalidade eleitoral, bem como inexiste, até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada CLÁUDIA PEREIRA por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 6 – Dos Crimes Relacionados ao Retorno das Verbas Oriundas da

Câmara dos Vereadores. Outras Formas de Financiamento: Concorrência

Pública n. 09/2014 (grama) - art. 1°, inc. I, DL 201/1967.

Narra o MPF em sua denúncia que, durante o exercício financeiro, o

Poder Legislativo Municipal iria devolver à tesouraria da Prefeitura saldo

existente nas contas do Poder Legislativo, sendo que o representante

ministerial apurou que haveria uma sobra mensal de R$ 350.000,00 (trezentos

e cinquenta mil) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), e ciente de tal

possibilidade, visando o recebimento de vantagem indevida em detrimento do

erário, os denunciados FERNANDO HENRIQUE DUSO e RICARDO

ANDRADE, juntamente com RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e

MELQUIZEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, desviaram dinheiro

público, e para operacionalizar a devolução, em meados de março de 2015,

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FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO ANDRADE,

procuraram MELQUIZEDEQUE, e este com consentimento e adesão de RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, selecionou empresas que possuía contrato

com pagamento atrasado e propôs pagamento das notas/faturas em atraso,

mediante a devolução de 10% a 20% a título de propina, e mais 2% a ele,

valores que seriam utilizados para compor o “caixa” da organização e serviriam

para a compra do apoio político do então prefeito, com repasse aos vereadores,

no que se denominou “mensalinho”.

As pessoas jurídicas que participaram do acordo ilícito e aderiram a

conduta criminosa são:

a) LAVANDERIA ROSE'S (SCHUSTER & SCAPPINI LTDA. - ME.,

CNPJ nº 86.865.623/0001-42): sócia-administradora ROSÂNGELA

SCHUSTER;

b) LABORATÓRIO BIOCENTER (JOÃO MICHELS FREIRE

LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS S/S – EPP., CNPJ nº

82471.251/0001-19): sócio administrador EVANDRO HENRIQUE FREIRE e

responsável MAURÍCIO IOPP;

c) AGUIAR REFEIÇÕES (JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR – ME., CNPJ

nº 14.495.755/0001-19): proprietário e administrador JEFERSON ANTÔNIO

AGUIAR;

d) HOSPITAL CATARATAS LTDA. (CNPJ nº 01.418.453/0001-03):

sócia-administradora JANETE ANDRADE CORREA; responsável RAMON

JOÃO CORREA;

e) COT – CENTRO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA LTDA. -

EPP. (CNPJ nº 07.870.206/0001-11): sócios-administradores EVANDRO

JOÃO FREIRE e FAISAL AHMAD JOMAA.

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A seguir as condutas individualizadas segundo a descrição na denúncia:

Fato 6.1 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – Empresa e

Lavanderia Rose’s - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal, em sua denúncia, que, entre março

a agosto de 2015, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, RICARDO

ANDRADE, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ CARLOS ALVES, GERALDO

GENTIL BIESEK e MAHMOUD AHMAD JOMAA, com comunhão de esforços,

solicitaram e receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida no

valor de R$42.887,40 (quarenta e dois mil, oitocentos e oitenta e sete reais e

quarenta centavos), referentes ao pagamento realizado à empresa

SCHUSTER & SCAPPINI LTDA – ME (LAVANDERIA ROSE’S), representada

por ROSANGELA SCHUSTER, para que efetuassem o pagamento das

faturas/notas de serviço de que era credora.

Segundo a peça acusatória, a empresa possuía contrato com a

Fundação Municipal de Foz do Iguaçu/PR, porém em atraso há 04 (quatro)

meses, originando ação de execução que tramitava na vara da fazenda pública.

Formalizado o acordo ilícito, a fundação concordou em pagar o valor de

R$252.278,66 (duzentos e cinquenta e dois mil, duzentos e setenta e oito reais

e sessenta e seis centavos), sendo formulado o pedido de desistência pela

empresa. Após o pagamento, a sócia-administradora ROSANGELA, efetuou o

repasse da “propina”, em 17% da quantia recebida, sendo que 7,5% foi

destinado para MELQUIZEDEQUE, 7,5% para FERNADO HENRIQUE e

RICARDO ANDRADE, e 2% para MAHMOUD.

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Segue o trecho do termo de colaboração do denunciado

MELQUIZEDEQUE FERREIRA CORREA SOUZA, colacionado na peça

acusatória na pag. 105/106:

“QUE o colaborador utilizou para a empresa ROSE’S LAVANDERIA o mesmo “modus operandi” mencionado no anexo da empresa EMBRASIL, ou seja, utilizou para que fosse pago o passivo que ela tinha com o Hospital Municipal através do valor de retorno da Câmara Municipal; QUE o colaborador não se recorda se essa empresa estava prestando serviços ao Hospital Municipal mas acredita que não prestava devido a uma ação judicial em andamento; QUE a empresa ROSE’S LAVANDERIA tinha um valor de 350 mil reais, aproximadamente, que deveria receber por serviços prestados; QUE a negociação dos percentuais da propina se deram na ordem de 17 % (por cento); QUE o colaborador não se recorda do grau de amizade que JOMAA (dentista) possuía com a pessoa de ROSE (proprietária da empresa ROSE’S LAVANDERIA); QUE os percentuais seriam divididos da seguinte forma: 15% (por cento) seriam repassados ao colaborador, sendo que 7,5% (por cento) seriam para composição do caixa do colaborador, e 7,5% (por cento) seriam entregues a pessoa de RICARDINHO para, em seguida, repassar a FERNANDO DUSO, e 2% (por cento) para JOMAA (dentista); QUE esse fato ocorreu em meados do mês de março a agosto de 2015.”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO, GERALDO GENTIL BIESEK, LUIZ CARLOS

ALVES, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e

RICARDO ANDRADE pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código

Penal, e ROSANGELA SCHUSTER pela prática do crime disposto no artigo

333 do Código Penal.

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A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

As defesas de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO

DE ANDRADE apresentaram resposta à acusação no evento 897, pois

possuem os mesmos defensores, alegando, em síntese, que a denúncia

ministerial, ao descrever os fatos no item 6.4, estaria imputando uma finalidade

eleitoral e, por consequência, haveria competência da justiça eleitoral para

processamento e julgamento dos fatos, inépcia da denúncia, nulidade das

interceptações por ausência de justa causa, cerceamento de defesa pela

ausência de acesso aos atos de colaboração, nulidade das colaborações

premiadas e, no mérito, inexistência de envolvimento criminoso.

A defesa de GERALDO GENTIL BIESEK apresentou reposta à

acusação no evento 877, em síntese, alegando a incompetência da Justiça

Federal e requerendo a remessa para a justiça estadual, inépcia da

denúncia, absolvição sumária pela atipicidade da conduta e, no mérito, a

negativa de autoria. Arrolou três testemunhas de defesa, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de LUIS CARLOS ALVES apresentou reposta à acusação no

evento 832 e, em síntese, alegou a inépcia da inicial e, no mérito, a

improcedência da acusação. Arrolou cinco testemunhas de defesa sem

questionar a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de MAHMOUD AHMAD JOMAA apresentou reposta à

acusação no evento 846 e, em síntese, alegou rejeição da inicial, inépcia da

denúncia, ausência de justa causa, ausência de materialidade e indícios de

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

autoria. Arrolou seis testemunhas de defesa sem questionar a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de ROSANGELA SCHUSTER apresentou reposta à acusação

no evento 857 e, em síntese, alegou inépcia da denúncia, atipicidade da

conduta, e, no mérito, a improcedência da pretensão punitiva. Não arrolou

testemunhas de defesa e não questionou a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato. E, ao final da

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao verificar o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de

vantagem indevida decorrente do direcionamento na contratação

administrativa) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Além do que, a peça acusatória descreve que as supostas vantagens eram

Num. 3244674 - Pág. 126Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 128: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

repasses decorrentes do contrato administrativo que supostamente agregariam

o caixa da organização criminosa entre março a agosto de 2015, ou seja,

inexistente coincidência temporal com o período de campanha, o que afasta

suposta relação com a finalidade eleitoral da investigada CLÁUDIA PEREIRA,

bem como inexiste, até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigação perpetrada em face da investigada por eventual crime

eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 6.2 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – Laboratório de

Patologia Clínica Biocenter - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal, em sua denúncia, que, entre março

a agosto de 2015, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, RICARDO

ANDRADE, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ CARLOS ALVES, GERALDO

GENTIL BIESEK e MAHMOUD AHMAD JOMAA, com comunhão de esforços,

solicitaram e receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida

consistente em 10% do valor total das faturas pagas à pessoa jurídica JOÃO

MICHELS FREIRE LABORATÓRIO DE ANÁLISE CLINICAS S/S – EPP

(LABORATÓRIO BIOCENTER), representado pelo sócio administrador

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

EVANDRO HENRIQUE FREIRE e diretor MAURÍCIO IOPP, para que

efetuassem o pagamento das faturas/notas de serviço de que era credora,

sendo que tais valores seriam revertidos em benefício da organização

criminosa.

Os valores eram pagos pela Prefeitura, através da Fundação Municipal

de Saúde com a participação de LUIZ CARLOS ALVES (servidor responsável

pelo pagamento dos empenhos), o qual possuía conhecimento do acordo

escuso e também aderiu à conduta da organização e, para tal fim, a Prefeitura

utilizava o repasse dos valores da Câmara de Vereadores que eram aportados

para a dita Fundação, sendo esse repasse autorizado pelo diretor-presidente

da época GERALDO GENTIL BIESEK. Após o pagamento, o sócio e o diretor,

EVANDRO e MAURÍCIO, respectivamente, efetuavam o repasse da propina,

para distribuição conforme trecho do termo de colaboração do denunciado

MELQUIZEDEQUE, pag. 116:

QUE, entre março e agosto de 2015, o colaborador efetuou alguns pagamentos (de duas a três vezes) às empresas AGUIAR e BIOCENTER, com valores retornados da Câmara de Vereadores em virtude da falta de recursos financeiros da Prefeitura Municipal; QUE mesmo tendo sido acordado em dezembro de 2014, o repasse de 10% (por cento) para a composição do caixa do colaborador, sustentando as operações do “mensalinho”, pagamentos a GERALDO BIESEK, entre outras despesas, o colaborador reduziu a porcentagem para 5% (por cento), e os outros 5% (por cento) eram repassados a RICARDINHO e, em seguida, a FERNANDO DUSO, a fim de não perder prestígio junto ao Presidente da Câmara de Vereadores e manutenção do retorno das verbas da Câmara de Vereadores; QUE JOMAA (dentista) não era beneficiado com esses valores, acreditando o colaborador que o mesmo já tinha outras tratativas envolvendo as empresas supracitadas.

Num. 3244674 - Pág. 128Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO, GERALDO GENTIL BIESEK, LUIZ CARLOS

ALVES, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e

RICARDO ANDRADE pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código

Penal, e EVANDRO HENRIQUE FREIRE e MAURÍCIO IOPP pela prática do

crime disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

As defesas de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO

DE ANDRADE apresentaram resposta à acusação no mesmo evento 897, pois

possuem os mesmos defensores, alegando, em síntese, que a denúncia

ministerial, ao descrever os fatos no item 6.4, estaria imputando uma finalidade

eleitoral, e, por consequência, haveria competência da justiça eleitoral para

processamento e julgamento dos fato, inépcia da denúncia, nulidade das

interceptações por ausência de justa causa, cerceamento de defesa pela

ausência de acesso aos atos de colaboração, nulidade das colaborações

premiadas e no mérito inexistência de envolvimento criminoso.

A defesa de GERALDO GENTIL BIESEK apresentou reposta à

acusação no evento 877 e, em síntese, alegou a incompetência da justiça

federal, requerendo a remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia,

absolvição sumária pela atipicidade da conduta e, no mérito, a negativa de

autoria. Arrolou três testemunhas de defesa sem questionar a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de LUIS CARLOS ALVES apresentou reposta à acusação no

evento 832 e, em síntese alegou a inépcia da inicial, no mérito improcedência

Num. 3244674 - Pág. 129Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

da acusação. Arrolou cinco testemunhas de defesa sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de MAHMOUD AHMAD JOMAA apresentou reposta à

acusação no evento 846 e, em síntese, requereu a rejeição da inicial e alegou

a inépcia da denúncia, ausência de justa causa, ausência de materialidade e

indícios de autoria. Arrolou seis testemunhas de defesa sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa EVANDRO HENRIQUE FREIRE e MAURÍCIO IOPP

apresentaram resposta à acusação no mesmo evento 844, pois possuem

mesmos defensores, alegando, em síntese, inépcia da denúncia e absolvição

sumária. Arrolou trinta e três testemunhas de defesa sem questionar a

competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alega, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final de

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Num. 3244674 - Pág. 130Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de vantagem

indevida decorrente do pagamento de contratação administrativa) não

apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral e, nesse sentido, corroboram os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua

maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado

e um ilícito eleitoral, e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além do que, a peça

acusatória, descreve que as supostas vantagens eram repasses decorrentes

do pagamento de contrato administrativo que supostamente agregariam o

caixa da organização criminosa, ou para benefício pessoal de integrante dessa

organização. Narra o membro do Ministério Público Federal que os fatos

ocorreram entre março a agosto de 2015, ou seja, inexistente relação

temporal, o que afasta a suposta relação com a finalidade eleitoral da

investigada CLAUDIA PEREIRA, bem como, inexiste até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Num. 3244674 - Pág. 131Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Fatos 6.3 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – Aguiar Refeições

ME - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre março e

agosto de 2015, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, RICARDO

ANDRADE, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ CARLOS ALVES, GERALDO

GENTIL BIESEK e MAHMOUD AHMAD JOMAA, com comunhão de esforços,

solicitaram e receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida

constante em 10% do valor total das faturas pagas à pessoa jurídica AGUIAR

REFEIÇÕES - ME, representada pelo proprietário JEFERSON ANTONIO

AGUIAR, para que efetuassem o pagamento das faturas/notas de serviço de

que era credora, sendo que tais valores seriam revertidos em benefício da

organização criminosa.

Os valores eram pagos pela Prefeitura, através da Fundação Municipal

de Saúde com a participação de LUIZ CARLOS ALVES (servidor responsável

pelo pagamento dos empenhos), o qual possuía conhecimento do acordo

escuso e também aderiu à conduta da organização, e, para tal fim, a Prefeitura

utilizava o repasse dos valores da Câmara de Vereadores, que era aportado

para a Fundação, sendo autorizado pelo diretor-presidente da época,

GERALDO GENTIL BIESEK. Após o pagamento, o sócio JEFERSON

ANTONIO AGUIAR, efetuava o repasse da propina, para distribuição conforme

descrito na peça acusatória, conforme trecho do termo de colaboração do

denunciado MELQUIZEDEQUE, pag. 118:

QUE, entre março e agosto de 2015, o colaborador efetuou alguns pagamentos (de duas a três vezes) às empresas AGUIAR e BIOCENTER, com valores retornados da Câmara de Vereadores em virtude da falta de recursos financeiros da Prefeitura Municipal; QUE mesmo tendo sido acordado em

Num. 3244674 - Pág. 132Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

dezembro de 2014, o repasse de 10% (por cento) para a composição do caixa do colaborador, sustentando as operações do “mensalinho”, pagamentos a GERALDO BIESEK, entre outras despesas, o colaborador reduziu a porcentagem para 5% (por cento), e os outros 5% (por cento) eram repassados a RICARDINHO e, em seguida, a FERNANDO DUSO, a fim de não perder prestígio junto ao Presidente da Câmara de Vereadores e manutenção do retorno das verbas da Câmara de Vereadores; QUE JOMAA (dentista) não era beneficiado com esses valores, acreditando o colaborador que o mesmo já tinha outras tratativas envolvendo as empresas supracitadas.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO, GERALDO GENTIL BIESEK, LUIZ CARLOS

ALVES, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e

RICARDO ANDRADE pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código

Penal, e JEFERSON ANTONIO AGUIAR pela prática do crime disposto no

artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

As defesas de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO e RICARDO

DE ANDRADE apresentaram resposta à acusação no mesmo evento 897, pois

possuem mesmos defensores, alegando, em síntese, que a denúncia

ministerial, ao descrever os fatos no item 6.4 estaria imputando uma finalidade

eleitoral, e por consequência haveria competência da Justiça Eleitoral para

processamento e julgamento dos fatos, inépcia da denúncia, nulidade das

interceptações por ausência de justa causa, cerceamento de defesa pela

Num. 3244674 - Pág. 133Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

ausência de acesso aos atos de colaboração, nulidade das colaborações

premiadas e, no mérito, pela inexistência de envolvimento criminoso.

A defesa de GERALDO GENTIL BIESEK apresentou reposta à

acusação no evento 877 e, em síntese, alegou a incompetência da justiça

federal e requer a remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia,

absolvição sumária pela atipicidade da conduta e, no mérito, a negativa de

autoria. Arrolou três testemunhas de defesa, sem questionar a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de LUIS CARLOS ALVES apresentou reposta à acusação no

evento 832 e, em síntese, alegou a inépcia da inicial e, no mérito, pela

improcedência da acusação. Arrolou cinco testemunhas de defesa sem

questionar a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de MAHMOUD AHMAD JOMAA apresentou reposta à

acusação no evento 846 e, em síntese, requer a rejeição da inicial e alegou

inépcia da denúncia, ausência de justa causa, ausência de materialidade e

indícios de autoria. Arrolou seis testemunhas de defesa sem questionar a

competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR apresentou resposta à

acusação no evento 894 e se manifestou sobre os fatos 6.3, 11.5, 11.6, 11.7,

alegando, em síntese, inépcia da denúncia e, no mérito, a negativa de autoria.

Arrolou trinta e quatro testemunhas de defesa sem questionar a competência

da Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

Num. 3244674 - Pág. 134Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, ainda, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao

final, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, o fato supostamente tipificado (repasse de vantagem

indevida decorrente do pagamento de contratação administrativa) não

apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral e, nesse sentido, corroboram os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua

maioria negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado e

um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além do que, a peça acusatória

descreve que as supostas vantagens eram repasses decorrentes do

pagamento de contrato administrativo que supostamente agregariam o caixa

da organização criminosa, ou para benefício pessoal de integrante da

organização criminosa. Narra o membro do Ministério Público Federal que os

fatos ocorreram entre março a agosto de 2015, ou seja, inexistente correlação

temporal com o período de campanhas eleitorais, o que afasta a suposta

relação com a finalidade eleitoral da investigada, bem como, inexiste até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fatos 6.4 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – Cot/Centro de

Ortopedia e Traumatologia EPP e Hospital Cataratas Ltda - art. 317 e 333

do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre fevereiro

e março de 2016, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, RICARDO

ANDRADE, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ CARLOS ALVES, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, JUAREZ DA SILVA SANTOS, ELOE STEINMETZ e

MAHMOUD AHMAD JOMAA, com comunhão de esforços, solicitaram e

receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida constante em

25% do valor total das faturas pagas às pessoas jurídicas HOSPITAL

CARATAS e CENTRO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIAL LTDA - EPP,

representado respectivamente por RAMON JOÃO CORREA e FAISAL AHMAD

JOMAA, para que efetuassem o pagamento das faturas/notas de serviço de

que eram credoras, sendo que tais valores seriam revertidos em benefício da

organização criminosa.

Descreve que foi realizada uma reunião entre FAISAL, MAHMOUD e

MELQUIZEDEQUE, com consentimento e adesão de RENI, em que o

Presidente da Câmara repassaria aproximadamente R$500.000,00

(quinhentos mil reais), sendo que R$180.000,00 (cento e oitenta mil reais) seria

para pagamento do HOSPITAL e R$ 320.000,00 (trezentos e vinte mil reais)

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para o CENTRO DE ORTOPEDIA e, para tanto, houve a solicitação de

vantagem indevida, a título de “propina”, no montante de 25% de cada

pagamento, distribuídos entre os denunciados.

Os valores eram pagos pela Prefeitura, através da Fundação Municipal

de Saúde, com a participação de LUIZ CARLOS ALVES (servidor responsável

pelo pagamento dos empenhos), o qual possuía conhecimento do acordo

escuso e também aderiu à conduta da organização, e, para tal fim, a Prefeitura

utilizava o repasse dos valores da Câmara de Vereadores, que era aportado

para a Fundação e autorizado pelo diretor-presidente da época GERALDO

GENTIL BIESEK.

Ocorre que foi feito somente o repasse ao HOSPITAL CATARATAS

LTDA, no valor aproximado de R$ 155.000,00 (cento e cinquenta e cinco mil

reais), tendo o seu representante repassado R$ 40.000,00 (quarenta mil reais)

a título de propina, conforme trecho do termo de colaboração do denunciado

MELQUIZEDEQUE, pag. 130/131:

“QUE conforme narrado no Anexo - Câmara de Vereadores ‘o retorno’, o colaborador foi procurado, em janeiro de 2016, pelo então Presidente da Câmara dos Vereadores, Fernando Duso, e Juarez da Silva Santos na residência do colaborador; QUE foi proposto pelas referidas pessoas ao colaborador a realização de operação que viabilizasse a devolução de recursos da Câmara de Vereadores nos moldes expostos no Anexo - Operação Câmara de Vereadores ‘retorno verba’- visando o financiamento da reeleição de Fernando Duso a vereador; QUE a proposta apresentada era do envio mensal de aproximadamente R$ 500.000,00 dos recursos não utilizados para custeio das despesas da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu; QUE foi fixado o percentual de 8% para retorno a Fernando Duso, referentes ao valor de devolução da Câmara de Vereadores ao Município; QUE o Colaborador

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procurou a pessoa de Antônio (proprietário da empresa Radiante – fabricante dos filtros de energia) para acertar um percentual de propina para que a Prefeitura realizasse a instalação dos filtros de energia nos postos de saúde, referente ao registro de preços que a PRODUTEL/RADIANTE tinha junto à Prefeitura Municipal; QUE o colaborador tinha conhecimento que a referida licitação foi montada e direcionada por Reginaldo Sobrinho, referente ao registro de preços de filtros de energia (Produtel Materiais Elétricos/Radiante); QUE o colaborador esclarece que houve concordância por parte do Prefeito Reni Pereira para efetivação do esquema; QUE inicialmente seria feito através da Secretaria de Educação, porém não foi realizado devido a impasses com a Secretária de Educação Lisiane; QUE o colaborador então procurou JOMAA (dentista) e este procurou o então Secretário de Saúde, Gilber da Trindade, para que os filtros fossem instalados nos postos de Saúde do Município; QUE ficou estabelecido o retorno de 25% do valor das notas fiscais emitidas pela Produtel com a seguinte composição da ‘propina’: Fernando Duso (presidente Camara de Vereadores) – 8% (recebimento através de Juarez da Silva Santos); Gilber da Trindade (secretário municipal de saúde) – 5% (recebimento através de Jomaa); ELOE STEINMETZ (coordenador do fundo municipal de saúde) – 2,5% (recebimento através de Jomaa); Mahmoud Ahmad Jomaa (dentista) - 5% (diretamente pagos a ele); Iratan (engenheiro da prefeitura) – 1% (recebimento através de Juarez da Silva Santos); Colaborador – 3,5% (recebimento através de Antônio), totalizando 25%; QUE o colaborador esclarece que foram pagas três notas fiscais a empresa Produtel entre final de fevereiro a final março/2016; QUE a propina referente à primeira nota da instalação dos filtros de energia foi paga em dinheiro ao colaborador por Antonio/Radiante, enquanto a propina referente às outras duas notas foram pagas em cheque emitido pela empresa Produtel, que foram sacados no Banco do Brasil por Marcos Lima (funcionário de Jomaa); QUE o valor total das três notas fiscais

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pagas à PRODUTEL foi de aproximadamente R$ 900.000,00; QUE em relação ao Hospital Cataratas, o colaborador esclarece que foi realizada esquema de propina nos mesmos moldes do acima narrado, com exceção do envolvimento do engenheiro Iratan; QUE foi realizada uma reunião com Jomaa (dentista), Faisal Jomaa e o colaborador, onde ficou acertado que Fernando Duso repassaria o valor de aproximadamente R$ 500.000,00 mensal para o município, onde aproximadamente R$ 180.000,00 seriam para o Hospital Cataratas na pessoa de Ramon e a diferença para a empresa COT (Dr. Faisal Ahmad Jomaa) realizar cirurgias de ortopedia; QUE durante o ‘esquema’ surgiu um problema no valor de cada cirurgia a ser realizada que impossibilitava o ‘retorno’ do valor de 40 mil reais a ser pago a Fernando Duso e demais envolvidos, pois o contrato do Hospital Cataratas/COT com a Prefeitura Municipal não contemplava incentivos financeiros por produção; QUE o município passou o valor de aproximadamente R$ 140.000,00 para o Hospital Cataratas ou COT, não se recordando ao certo; QUE o hospital Cataratas, na pessoa de Ramon, sabia de toda a negociação; QUE contudo, a empresa COT repassou o valor de 40 mil reais através de Jomaa ao colaborador, que então repassou a pessoa de Juarez da Silva Santos que efetivou a entrega a Fernando Duso; QUE o repasse dos 40 mil reais se deu pela COT, em razão da promessa por parte da Procuradora do Município (Maria Letizia) de inserir as cláusulas de incentivos no contrato entre Município de Foz do Iguaçu e Hospital Cataratas/COT; QUE o colaborador esclarece que a procuradora Maria Letízia não tinha conhecimento do “esquema” de propina; QUE, em abril/2016 o contrato já deveria estar regular para viabilidade do ‘retorno’ do valor a ser repassado a Duso e demais envolvidos, porém, diante da Operação Pecúlio, o colaborador não teve mais acesso a informações atinentes ao referido ‘esquema’; QUE o colaborador informa que foi realizada uma única operação do ‘esquema’ acima exposto, porém de forma parcial, ou seja, foi

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repassado, ou para o Hospital Cataratas, ou para o COT, o valor aproximado de R$ 140.000,00 em virtude da ausência de cláusula de incentivos financeiros por produção; QUE antes da regularização do contrato e, consequentemente liberação do pagamento da 2ª parcela para COT/Hospital Cataratas, foi deflagrada a Operação Pecúlio que interrompeu a continuidade do ‘esquema’ por parte do Colaborador dado o seu decreto de prisão preventiva.”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ELOE

STEINMETZ, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LUIZ CARLOS ALVES,

MAHMOUD AHMAD JOMAA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime

disposto no artigo 317 do Código Penal, e FAISAL AHMAD JOMAA e RAMON

JOÃO CORREA pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e a defesa foi citada para

apresentar resposta à acusação.

As defesas de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LUIZ CARLOS ALVES,

MAHMOUD AHMAD JOMAA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentaram

respostas à acusação e foram descritas no fato 6.3 (supracitado), sendo

desnecessária sua reprodução.

A defesa de ELOE STEINMETZ apresentou reposta à acusação no

evento 633 e, em síntese, requereu a rejeição da denúncia, alegou a ausência

de justa causa e, no mérito, a improcedência da acusação. A defesa não

arrolou testemunha e tampouco questionou a competência da Justiça

Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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A defesa de FAISAL AHMAD JOMAA apresentou reposta à acusação

no evento 892 e, em síntese, alegou inépcia da denúncia, ausência de justa

causa, atipicidade da conduta. Arrolou quatro testemunhas de defesa sem

questionar a competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de RAMON JOÃO CORREA apresentou reposta à acusação

no evento 789 e, em síntese, alegou atipicidade da conduta, ausência de justa

causa e, no mérito, a improcedência da acusação. Arrolou três testemunhas de

defesa sem questionar a competência da Justiça Eleitoral para processar

e julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente do

pagamento de contratação administrativa) não apresenta nenhuma

conexão concreta com um eventual crime eleitoral e isso é corroborado pelos

argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em

sua maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato

denunciado e um possível ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam

a competência de processamento para esta justiça especializada. Além disso,

depreende-se que que as supostas vantagens indevidas decorriam de repasse

de um percentual aplicado sobre superfaturamento em contratos

administrativos, valores que supostamente seriam agregados ao caixa da

organização criminosa, para desfrute de seus integrantes e incorporação ao

patrimônio pessoal destes. Narra o membro do Ministério Público Federal que

os fatos ocorreram entre fevereiro e março de 2016, ou seja, inexistente

correlação com período de campanha eleitoral, o que afasta a suposta relação

com finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como inexiste, até o

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face de CLÁUDIA PEREIRA por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 6.5 – Do Crime do Art. 1°, inc. I do Decreto Lei 201/67 –

Empreendimento Queiroz Ltda.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre junho e

julho de 2015, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, RICARDO

ANDRADE, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ CARLOS ALVES e NILTON JOÃO

BECKERS, com comunhão de esforços, desviaram, em proveito próprio e

alheio, dinheiro público de que tinham posse. MELQUIZEDEQUE contratou

NILTON JOÃO BECKERS, responsável pela empresa EMPREENDIMENTOS

QUEIROZ LTDA, e com ele ajustou superfaturamento na nota de prestação de

serviços de pavimentação asfáltica no valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil

reais), valor que foi pago com a verba devolvida pela Câmara de vereadores e,

após o pagamento, NILTON, devolveu a título de “propina” R$ 35.000,00 (trinta

e cinco mil reais) a MELQUIZEDEQUE, este, por sua vez, entregou R$

17.500,00 a RICARDO para que repassasse a FERNANDO, e o restante foi

destinado à composição do “caixa geral” da organização criminosa.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Os valores eram pagos pela Prefeitura, através da Fundação Municipal

de Saúde com a participação de LUIZ CARLOS ALVES (servidor responsável

pelo pagamento dos empenhos), o qual possuía conhecimento do acordo

escuso e também aderiu à conduta da organização, e para tal fim, a Prefeitura

utilizava o repasse dos valores da Câmara de Vereadores, que era aportado

para a Fundação, a fim de que pudesse ser devidamente cumprido, conforme

trecho do termo de colaboração do denunciado NILTON JOÃO BECKERS,

pag. 137:

“QUE com relação à investigação policial na qual consta que MELQUIZEDEQUE foi até a empresa do colaborador em São Miguel do Iguaçu, o colaborador esclarece que neste dia foi repassado a quantia de R$ 10 mil a MELQUIZEDEQUE; QUE na Fartal/2015 foi realizada obra de pavimentação asfáltica e de meio fio, executada pela SR, mas o contrato foi firmado com a EMPREENDIMENTO QUEIROZ; QUE tal contrato não foi pago pela Prefeitura; QUE o colaborador cobrou de MELQUIZEDEQUE o pagamento e este lhe explicou um “esquema” de repasse de sobra de dinheiro da Câmara dos Vereadores, envolvendo o Presidente da Câmara dos Vereadores e o setor financeiro; QUE esta verba era utilizada para o pagamento de contratos com a Prefeitura, mas cerca de 10% do valor deveria retornar a título de propina para o Presidente da Câmara dos Vereadores; QUE o colaborador aceitou a proposta de MELQUIZEDEQUE; QUE no contrato da Fartal, houve medição a maior e foi repassado para MELQUIZEDEQUE o valor de R$ 35 mil, destinado ao pagamento do Presidente da Câmara dos Vereadores e para o pagamento do “mensalinho”, que estava atrasado.”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO, LUIZ CARLOS ALVES, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, NILTON JOÃO BECKERS, RENI

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e RICARDO ANDRADE, pela prática do crime

disposto no artigo 1°, inciso I, segunda parte, do Decreto-lei 201/1967.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, LUIZ CARLOS ALVES, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

apresentaram respostas à acusação e foram descritas no fato 6.3

(supracitado), sendo desnecessária sua reprodução.

A defesa de NILTON JOÃO BECKERS apresentou reposta à acusação

no evento 643 e, em síntese, alegou que formulou acordo de colaboração

premiada e requer a juntada dos saques de 2011 a 2016 firmadas pela

Terraplenagem SR.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente do

pagamento de contratação administrativa) não apresenta nenhuma

conexão concreta com um eventual crime eleitoral e isso é corroborado pelos

argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em

sua maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato

denunciado e um possível ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam

a competência de processamento para esta justiça especializada. Além disso,

depreende-se que que as supostas vantagens indevidas decorriam de repasse

de um percentual aplicado sobre superfaturamento em contratos

administrativos, valores que supostamente seriam agregados ao caixa da

organização criminosa, para desfrute de seus integrantes e incorporação ao

Num. 3244674 - Pág. 144Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

patrimônio pessoal destes. Narra o membro do Ministério Público Federal que

os fatos ocorreram entre junho e julho de 2015, ou seja, inexistente

correlação com período de campanha eleitoral, o que afasta a suposta relação

com finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como inexiste, até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.1 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – EDÍLIO - VITAL -

art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal, em sua denúncia, que no início de

2015, EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e REGINALDO

DA SILVEIRA SOBRINHO, com comunhão de esforços, solicitaram e

receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida consistente em

R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais da empresa VITAL ENGENHARIA LTDA,

representada por ROGÉRIO CALAZANS DE FREITAS, valor que foi utilizado

para compra de apoio contra eventual relatório desfavorável na CPI criada para

investigar irregularidades na Secretaria de Tecnologia da Informação,

envolvendo MELQUIZEDEQUE. ROGÉRIO prometeu e pagou a vantagem

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

indevida ao denunciado EDÍLIO JOÃO DALL’AGNOL, conforme trecho do

termo de colaboração do MELQUIZEDEQUE colacionada na denúncia, pag.

137:

“QUE o vereador EDÍLIO DALL’AGNOL também compunha a referida CPI, quando o colaborador também o procurou por intermédio de REGINALDO SOBRINHO, buscando apoio em eventual relatório favorável ao colaborador; QUE em troca de apoio ao colaborador, o vereador EDÍLIO solicitou que o colaborador solucionasse um problema relacionado à empresa VITAL ENGENHARIA (coleta de lixo), o qual EDÍLIO recebia o valor de 5 mil reais mensais que haviam sido cortados; QUE o colaborador se reuniu com a pessoa de CALAZANS, gerente da VITAL, a fim de que o mesmo voltasse a pagar o valor de 5 mil mensais, mais os meses em atraso; QUE o colaborador utilizou a pessoa de REGINALDO SOBRINHO para retirar os valores citados; QUE em virtude do pedido do colaborador, voltou-se a pagar mensalmente o valor de 5 mil reais e que quanto ao passivo o colaborador não se recorda se foi pago em dinheiro ou materiais de construção solicitados por EDÍLIO DALL’AGNOL; QUE EDÍLIO não procurou mais o colaborador, no intuito de cobrá-lo, sendo que em uma reunião ao colaborador perguntou a CALAZANS a situação, sendo que este disse que estava tudo resolvido, tanto o passivo quanto o mensal.”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou EDÍLIO JOÃO

DALL'AGNOL, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,

REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO e RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e

ROGÉRIO CALAZANS DE FREITAS pela prática do crime disposto no artigo

333 do Código Penal.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO

e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentaram respostas à acusação e

foram descritas nos fatos 2.1 e 6.3 (supracitados), sendo desnecessária sua

reprodução.

A defesa de REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO apresentou

reposta à acusação no evento 685 e, em síntese, ratifica o termo de

colaboração, e requer as medidas firmadas na delação. A defesa não arrolou

testemunha e, tampouco, questionou a competência da Justiça Eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RAMON JOÃO CORREA apresentou reposta à acusação

no evento 1455 e, em síntese, alegou inépcia da denúncia, ausência de justa

causa e ausência de autoria. Arrolou cinco testemunhas de defesa sem

questionar a competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente de

apoio político em eventual parecer favorável de CPI) não apresenta

nenhuma conexão concreta com um eventual crime eleitoral e isso é

corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

esta justiça especializada. Além disso, depreende-se que que as supostas

vantagens indevidas decorriam de repasse de um percentual aplicado sobre

superfaturamento em contratos administrativos, valores que supostamente

seriam agregados ao caixa da organização criminosa, para desfrute de seus

integrantes e incorporação ao patrimônio pessoal destes. Narra o membro do

Ministério Público Federal que os fatos ocorreram no início de 2015, ou seja,

inexistente correlação com período de campanha eleitoral, o que afasta a

suposta relação com finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como

inexiste, até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a

investigação perpetrada em face da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.2 – Do Crime do art. 1°, inc. I, do Decreto-lei 201/67 – EDÍLIO -

ASFALTO.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em 13 de abril

de 2016, EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,

AIRES SILVA e NILTON JOÃO BECKERS, com comunhão de esforços,

mediante prévio conluio, desviaram, em benefício do primeiro, quatro cargas

de asfalto (aproximadamente oito toneladas de massa asfáltica) que seria

utilizado pela empresa TERRAPENAGEM SR LTDA no recape da Avenida

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Felipe Wandscheer, conforme trecho descrito na denúncia do termo de

colaboração de NILTON JOÃO BECKERS, pag. 143:

QUE no início deste ano, o Prefeito RENI PEREIRA, e posteriormente AIRES SILVA, solicitaram ao encarregado da obra da Av. Felipe Wandscheer (funcionário da SR) que realizasse o recape na continuação desta avenida até o sítio do vereador EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL; QUE o encarregado comunicou ao colaborador e o recape foi executado pela SR em 13/04/2016; QUE o material utilizado foi retirado do contrato da Av. Felipe Wandscheer, através de diminuição da espessura da camada de asfalto, e foi equivalente a 4 cargas, aproximadamente 80 toneladas de massa asfáltica (CBUQ); QUE esta execução ficou registrada no diário de obras.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou EDÍLIO JOÃO

DALL'AGNOL, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, AIRES SILVA e NILTON

JOÃO BECKERS, pela prática do crime disposto no artigo 1°, inciso I, segunda

parte, do Decreto-lei 201/1967.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de EDÍLIO JOÃO DALL'AGNOL, RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA e NILTON JOÃO BECKERS apresentaram respostas à acusação e

foram descritas nos fatos 2.1, 6.3 e 6.4 (supracitados), sendo desnecessária

sua reprodução.

A defesa de AIRES SILVA apresentou reposta à acusação no evento

448 e, em síntese, alegou que formulou acordo de colaboração premiada e

requer os benefícios oferecidos.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

Num. 3244674 - Pág. 149Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

supostamente tipificado (vantagem indevida decorrente de utilização de

massa asfáltica que seria utilizada em via pública) não apresenta nenhuma

conexão concreta com um eventual crime eleitoral e isso é corroborado pelos

argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, as quais, em

sua maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato

denunciado e um possível ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam

a competência de processamento para esta justiça especializada. Além disso,

depreende-se que que as supostas vantagens indevidas decorriam de repasse

de um percentual aplicado sobre superfaturamento em contratos

administrativos, valores que supostamente seriam agregados ao caixa da

organização criminosa, para desfrute de seus integrantes e incorporação ao

patrimônio pessoal destes. Narra o membro do Ministério Público Federal que

os fatos ocorreram em 13 de abril de 2016, ou seja, inexistente correlação com

período de campanha eleitoral, o que afasta a suposta relação com finalidade

eleitoral pelo critério temporal, bem como inexiste, até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Fato 7.3 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – ILUMINAÇÃO - art.

317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em meados de

agosto de 2014, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e RODRIGO BECKER,

com comunhão de esforços, solicitaram e receberam, em proveito próprio ou

alheio, vantagem indevida consistente em R$ 400.000,00 (quatrocentos mil

reais) da empresa ELECNOR DO BRASIL LTDA, representada por ORLANDO

ARISTIDES ARCE MORALES, valor a título de “propina”, prometendo que esta

empresa, posteriormente, sagrar-se-ia vencedora do processo licitatório (a

Concorrência 20/2014), que tinha como objeto a contratação de empresa

especializada para a execução de serviços de manutenção e gestão

integrada do Sistema de Iluminação Pública do Município, conforme termo

de declarações na colaboração premiada de RODRIGO BECKER, colacionada

na denúncia (pag. 142/143):

QUE em meados do mês de agosto para setembro de 2014 o colaborador se encontrava com o Prefeito RENI, sendo que ele mencionou que precisava conversar com um amigo, no caso específico, ORLANDO; QUE a negociação se deu no escritório de ORLANDO; QUE ORLANDO possuía contato com uma empresa, com sede na Espanha, e unidade na cidade do Rio de Janeiro/RJ; QUE RENI negociou com este empresário o contrato de manutenção e gestão de iluminação pública de Foz do Iguaçu/PR, para direcionar de forma ilícita a licitação correspondente para a empresa Elector do Brasil; QUE nesta oportunidade, foi negociada a quantia de 400 mil reais a título de propina; QUE pelo que lembra, seria 200 mil para VITORASSI, e os outros 200 mil seriam para a campanha do professor SÉRGIO, ou ainda, 100 mil para ele (SERGIO) e 100 mil para CLÁUDIA PEREIRA; QUE a função do colaborador foi apresentar CRISTIANO FURE DE FRANÇA,

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

então secretário de obras, ao representante da empresa Elector do Brasil, que veio a Foz do Iguaçu uma ou duas semanas após o encontro na empresa de ORLANDO, e ficou hospedado no Hotel Slavieiro; QUE ao sair da Prefeitura, MELQUEZEDEQUE ficou responsável com as tratativas com a empresa; QUE essa empresa não ganhou a licitação; QUE o colaborador acredita que o motivo foi o valor superfaturado; QUE não sabe se outra empresa pagou mais; QUE obteve a informação de que o prefeito solicitara ao MELQUEZEDEQUE devolvesse o dinheiro (400 mil) à empresa, mas não sabe se isto ocorreu ou não.

Prossegue a peça acusatória esclarecendo que a empresa ELENCOR

apresentou uma proposta em um valor alto e acabou perdendo a licitação, além

de apresentar software em língua espanhola, não atendendo minimamente aos

requisitos necessários para habilitação.

Esse contexto foi esclarecido pelo termo de declarações do colaborador

MELQUIZEDEQUE, anexado à peça acusatória (pag. 144/145):

QUE alegou que, em meados do mês de agosto de 2014, o Prefeito RENI PEREIRA recebeu adiantado o valor de 400 mil reais da empresa ELECNOR DO BRASIL, que, posteriormente, concorreria ao certame de manutenção da iluminação pública de Foz do Iguaçu, sendo o certame direcionado para essa empresa pelo próprio Prefeito RENI PEREIRA; QUE dos 400 mil reais, o valor de 200 mil reais seria destinado para a campanha de deputado federal do Professor SÉRGIO, e os outros 200 mil reais seriam destinados para a campanha de deputado federal do então vereador, DILTO VITORASSI; QUE o colaborador informa que houve um desentendimento entre o Prefeito RENI e o Prof. SERGIO (suplente do deputado federal RATINHO JUNIOR), e não houve o repasse integral a SERGIO, mas tão somente o valor de 100 mil reais, e os outros 100 mil reais destinados à campanha

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

eleitoral da deputada estadual CLAUDIA PEREIRA, conforme relatado por RENI ao colaborador; QUE a empresa ELECNOR tinha um lobista chamado ORLANDO ARISTIDES MORALEZ, sendo que o certame para contratação da manutenção da iluminação pública do município de Foz do Iguaçu, teria a participação da empresa ELECNOR por determinação do Prefeito RENI; QUE RODRIGO BECKER participou da primeira reunião realizada na sede de empresa de ORLANDO; QUE no final da execução do certame licitatório, estavam envolvidos na secretaria de obras, HÉLIO SAMEK, diretor de iluminação pública, e outro rapaz, que trabalhava no setor de iluminação pública, que não se recorda do nome; QUE a empresa ELECNOR DO BRASIL colocou em sua proposta de licitação um valor muito alto e acabou perdendo a licitação; QUE RENI PEREIRA solicitou ao colaborador que o mesmo solucionasse a questão para que a empresa ELECNOR DO BRASIL participasse de outro projeto na área de iluminação pública a fim de rever o valor de 400 mil aportados de forma adiantada; QUE o lobista ORLANDO, por diversas vezes, procurou o colaborador na secretaria de TI, a fim de cobrar a solução do problema ocasionado; QUE a licitação referente à iluminação pública, salvo engano, ocorreu no final do ano de 2014, e o contrato com a empresa LUMIPAR somente foi assinado em meados de abril de 2015, em virtude de inúmeros questionamentos realizados pelas empresas concorrentes; QUE não teve como Solucionar a questão dos 400 mil reais, acreditando que os mesmos não foram devolvidos, e que o colaborador foi cobrado até o final do ano de 2015, e acredita que o valor ainda não foi pago; QUE referente a participação do colaborador no certame lhe cabia avaliar o software, que daria a gestão de toda a manutenção que a empresa vencedora teria que implantar; QUE quando a empresa ELECNOR apresentou o software, durante o processo licitatório, o mesmo estava em espanhol, não atendendo minimamente os requisitos necessários para a sua habilitação; QUE o Prefeito RENI, mesmo diante da ausência de

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

qualificação técnica do software, determinou que o colaborador habilitasse o software da empresa ELECNOR, em virtude da propina recebida por este (RENI) paga por ORLANDO, no valor de 20 mil reais; QUE o colaborador recolheu o dinheiro com ORLANDO, na sede da empresa, no Parque Presidente, em Foz do Iguaçu, e entregou para RENI, no carro deste; QUE o colaborador esclarece que DILTO VITORASSI, Prof. SERGIO e CLAUDIA PEREIRA tinham ciência da origem ilícita do dinheiro proveniente das empresas que prestavam serviços ao município, oriundos de vantagem indevida.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, RODRIGO BECKER, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do crime disposto no artigo 317 do

Código Penal, e ORLANDO ARISTIDES ARCE MORALES pela prática do

crime disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, ainda, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final

de sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de ORLANDO ARISTIDES ARCE MORALES apresentou

reposta à acusação no evento 1035, em síntese alegou a negativa de autoria,

para tanto, reproduzo trechos da defesa na pag. 5 e 6, da resposta defensiva:

“Cumpre sublinhar que o requerente não é “lobista, nem intermediário ou representante” de nenhuma das empresas investigadas, nem, tampouco, jamais exerceu qualquer cargo e/ou função pública – especialmente na esfera municipal, e nunca celebrou quaisquer contratos e/ou negócios com o Município de Foz do Iguaçu, PR.” (...) “Por fim, cabe refutar com veemência todas as alegações trazidas a lume pelos investigados/colaboradores, eis que o ora requerente não possuía qualquer interesse no resultado da concorrência pública em exame, sendo-lhe indiferente eventual vitória de quaisquer dos contendores.”.

Alega ainda, ausência de justa causa, inexistência de indícios mínimos

de autoria, contradições das delações premiadas, e apontamento indireto dos

fatos. Em sua resposta, a defesa apresentou seis testemunhas para este fato

e, ao final de sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem

questionar a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos

a ele imputados.

A defesa de RODRIGO BECKER apresentou resposta à acusação no

evento 684 e, em síntese, ratifica os termos do acordo de colaboração

premiada e requer a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratifica

os termos do acordo de colaboração premiada e requer a concessão do

benefício do perdão judicial.

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Importante ressaltar que a peça acusatória, ao narrar o presente fato,

destaca que a vantagem ilícita solicitada e paga ocorreu com intuito exclusivo

de direcionar o certame licitatório (Concorrência 20/2014), senão vejamos,

trecho da denúncia, pag. 142:

“Conforme apurado, Em meados do mês de agosto de 2014, o Prefeito à época RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, juntamente a RODRIGO BECKER, dirigiu-se ao escritório de ORLANDO ARISTIDES ARCE MORALES, nesta cidade, oportunidade em que solicitaram R$ 400.000,00 (quatrocentos e vinte mil reais), a título de “propina”, da empresa ELECNOR DO BRASIL LTDA., prometendo que esta posteriormente sagrar-se-ia vencedora do processo licitatório, a Concorrência nº 20/2014, que tinha como objeto a contratação de empresa especializada para a execução de serviços de manutenção e gestão integrada do Sistema de Iluminação Pública do município. (...)”

Diante do contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente da

EVENTUAL DIRECIONAMENTO EM PROCESSO LICITATÓRIO) não

apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral.

Embora haja menção de declarações de colaboradores na peça

acusatória de que valores ilicitamente recebidos por RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA seriam utilizados na campanha da investigada CLAUDIA PEREIRA,

este fato, em tese, por si só, não induz a ocorrência concreta do crime eleitoral,

senão vejamos: a) A suposta vantagem descrita na peça acusatória refere-se

a direcionamento indevido em processo licitatório; b) O denunciado

Orlando nega a entrega da propina e, consequentemente, afasta conhecimento

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da finalidade eleitoral c) O suposto pagamento ocorreu em benefício da

organização criminosa, sendo entregue para a mesma, sem qualquer

participação da investigada CLÁUDIA PEREIRA, inexistindo correlação

individual e específica da prática de crime eleitoral, haja vista que as vantagens

indevidas, em tese, ao serem solicitadas e exauridas pela organização, se

aperfeiçoaram em benefício da mesma e originárias de um direcionamento do

certame; d) A prestação de contas da candidata, ora investigada, foi aprovada

e da decisão não houve recurso por qualquer interessado (candidatos,

representante ministerial ou partidos); e) Independência e autonomia da

suposta atuação corrupta ou de condutas ilícitas anteriores, face ao suposto

crime eleitoral, portanto, irrelevante para eventual crime eleitoral a sua origem

ilícita, podendo, inclusive haver a absolvição dos crimes anteriores que não

haverá reflexos para suposto crime eleitoral.

Nesse sentido, corroboram os argumentos esposados pelas defesas em

suas peças defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria e não

apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para a

justiça especializada. Além do que inexiste, até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada por eventual crime eleitoral

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

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Fato 7.4 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – REUNIÃO LA

CABAÑA - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre os meses

de agosto e setembro de 2014, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, RODRIGO

BECKER e GIRNEI DE AZEVEDO, com comunhão de esforços, solicitaram e

receberam, em proveito próprio ou alheio, vantagem indevida consistente em

R$200.000,00 (duzentos mil reais) dos denunciados PAULO GUSTAVO

GORSKI e PAULO TRENTO GORSKI, que mantinham contratos com a

municipalidade, a título de “doação” para a campanha de sua cônjuge

CLAUDIA VANESSA DE SOUZA PEREIRA à deputada estadual. Após a

reunião, foram entregues dois envelopes contendo, ao todo, R$98.000,00

(noventa e oito mil reais). Alguns dias depois, RODRIGO e MELQUIZEDEQUE

receberam um cheque de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) e, após a troca da

cártula na casa de câmbio, entregaram R$10.000,00 (dez mil reais) ao ex-

vereador GESSANI DA SILVA, com o saldo ficando para RENI.

Os fatos foram narrados pelos colaboradores, e colacionados na peça

acusatória (pag. 152 e 153):

QUE, em relação a uma reunião ocorrida no Restaurante LA CABANA, em Foz do Iguaçu/PR, o colaborador esclarece que a mesma ocorreu com fins políticos, na qual o Prefeito RENI solicitou uma ajuda para a campanha de sua esposa CLAUDIA, no valor de 200 mil reais para PAULO GORSKI, e a reunião contou com as presenças de VILSON SPERFELD, RODRIGO BECKER, PAULO GORSKI, PAULO GORSKI FILHO (PAULINHO), RUBENS PRATIS JUNIOR, GIRNEI DE AZEVEDO, RENI PEREIRA e seu motorista; QUE após o almoço, o colaborador saiu com

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VILSON e não viu a entrega de dinheiro (Termo “REUNIÃO RESTAURANTE LA CABANA” - NILTON JOÃO BECKERS).

Que durante a campanha de CLAUDIA PEREIRA ocorreu um almoço no restaurante LA CABANÃ, onde estavam presentes, além do colaborador, RENI PEREIRA, GIRNEI DE AZEVEDO, PAULO GORSKI e NILTON JOÃO BECKERS, ficando neste momento acordado que PAULO GORSKI doaria o valor de R$ 200.000,00 para a campanha de CLAUDIA PEREIRA devido aos contratos que o mesmo possuía na prefeitura; QUE na saída do estacionamento do restaurante, PAULO GORSKI entregou em mãos para RENI a quantia de R$ 98.000,00; QUE RENI pagou a conta no restaurante; QUE PAULO GORSKI JÚNIOR pediu ao colaborador que levasse R$ 50.000,00 (complementação do que faltou) para RENI PEREIRA, o colaborador junto com MELQUIZEDEQUE foi a São Miguel do Iguaçu em um sábado de manhã, quando PAULINHO passou um cheque de R$ 50.000,00; QUE MELQUIZEDEQUE é amigo do dono da casa de câmbio ATLAS, sito à Avenida das Cataratas; QUE o valor trocado foi distribuído entre GESSANI e RENI PEREIRA; QUE levaram nas proximidades do Supermercado Mufatto, na República Argentina, não se recordando se o valor era de R$ 10.000,00 ou R$ 20.000,00 para a campanha do deputado estadual de GESSANI; QUE a diferença foi entregue no mesmo dia por MELQUIZEDEQUE a RENI PEREIRA em um almoço na casa do vereador MARINO GARCIA; QUE não viu o momento da entrega do dinheiro (Termo “CAMPANHAS” - RODRIGO BECKER).

QUE, em meados de setembro/2014, a pedido do prefeito RENI PEREIRA, o colaborador acompanhou a pessoa de RODRIGO BECKER até a cidade de São Miguel do Iguaçu/PR, com intuito de retirar o valor de 200 mil reais com a pessoa de PAULINHO GORSK JÚNIOR, filho de PAULO GORSK, dono da empresa SAMP, no estacionamento da Faculdade UNIGUAÇU; QUE

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nessa oportunidade, não tinha conhecimento de todas as operações ilícitas envolvendo o governo de RENI PEREIRA, e ao chegar lá, o valor repassado não foi o de 200 mil reais e sim um cheque de 50 mil reais da empresa SAMP ou de PAULO GORSK, sendo que o colaborador se propôs a trocar do cheque na Casa de Câmbios ATLAS, da Av. Cataratas, que pertence a um amigo do colaborador; QUE o colaborador e RODRIGO BECKER, após a troca do cheque por dinheiro efetivo, se dirigiram à casa do vereador MARINO GARCIA, no Bairro Morumbi, próximo ao Campo de Futebol ALDAIR FAGUNDES, onde se encontravam, aproximadamente, quinze pessoas, dentre elas, o Prefeito RENI e DIEGO (sobrinho de RENI), sendo que por orientação de RENI deveriam ser repassados para GESSANI, salvo engano, 10 ou 20 mil reais, a diferença, ou seja, quarenta ou trinta mil reais entregues ao Prefeito RENI PEREIRA; QUE, juntamente com RODRIGO BECKER, se dirigiram até o local combinado, local este próximo ao antigo Atacadão MAXXI, da República Argentina; QUE o colaborador e RODRIGO BECKER entraram no carro de GESSANI, sendo repassado o valor em comento, como aporte ilegal à campanha de deputado estadual de GESSANI; QUE o colaborador acredita que RODRIGO BECKER o convidou porque já estava a par de algumas tratativas de repasses ilícitos realizados no bojo da organização criminosa, sendo que era para buscar em espécie, e ele (RODRIGO) não queria ir sozinho; QUE se recorda que RODRIGO ligou para o GIRNEI e se entenderam acerca da diferença dos valores; QUE o colaborador tem o conhecimento de um almoço, em que não estava presente, ocorrido no Restaurante La Cabana, no qual, segundo informações, foram repassados a diferença, ou seja, 150 mil reais (Termo “GESSANI” - MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA).

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

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SOUZA, RODRIGO BECKER, GIRNEI DE AZEVEDO e GESSANI DA SILVA,

pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e PAULO

TRENTO GORSKI e PAULO GUSTAVO GORSKI pela prática do crime

disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de GIRNEI DE AZEVEDO apresentou resposta à acusação no

evento 692 e, em síntese, ratificou os termos do acordo de colaboração

premiada e requereu os efeitos garantidos no presente termo.

A defesa de RODRIGO BECKER apresentou resposta à acusação no

evento 684 e, em síntese, ratificou os termos do acordo de colaboração

premiada e requereu a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada e requereu a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de GESSANI DA SILVA apresentou reposta à acusação no

evento 666 e, em síntese, alegou o descabimento da pretensão punitiva, para

tanto, reproduzo trecho da defesa na pag. 1, da resposta defensiva: “De plano,

assevera ser descabida a pretensão punitiva do Estado”. Não arrolou

testemunhas de defesa nem, tampouco, questiona a competência da

Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Alegou, ainda, que

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a peça acusatória não apresenta um mínimo de indício probatório e busca

responsabilidade penal objetiva, bem como padece de justa causa. Em sua

resposta, a defesa apresentou oito testemunhas para este fato e, ao final de

sua peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

As defesas de PAULO GUSTAVO GORSKI e PAULO TRENTO

GORSKI apresentaram resposta à acusação no evento 694, pois possuem

mesmos defensores, alegando, em síntese, que apresentarão durante a

instrução processual documentação que esclarecerá o grau de culpabilidade,

inimputabilidade de Paulo Trento Gorski. Arrolaram cinco testemunhas sem

questionar a competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

Consta na narrativa da peça acusatória que “Prefeito RENI solicitou uma

ajuda para a campanha de sua esposa CLAUDIA” (trecho extraído da peça

acusatória), PORÉM, ao observar a descrição da denúncia, o fato

supostamente tipificado (repasse de vantagem indevida decorrente da

manutenção dos contratos com a municipalidade) não apresenta qualquer

conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime

eleitoral.

Embora haja menção nas declarações dos colaboradores, conforme

peça acusatória, de que valores ilicitamente recebidos por RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA seriam utilizados na campanha da investigada CLÁUDIA

PEREIRA, este fato, em tese, por si só, não induz a ocorrência concreta do

crime eleitoral, senão vejamos:

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a) Os SUPOSTOS valores foram entregues diretamente a RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, sem qualquer participação da investigada e sem

qualquer prova concreta da utilização efetiva destes valores na sua campanha;

b) A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA nega veementemente a

prática dos ilícitos, afasta a credibilidade dos colaboradores e, inclusive,

requer a inépcia da denúncia. Portanto, se a defesa rechaça com veemência a

ocorrência de ilícito, com muito mais razão se afasta a sua finalidade; c) Mesmo

que o suposto pagamento fosse reconhecido, o fato ocorreu em benefício da

organização criminosa, e foi entregue para pessoa diversa da investigada, sem

indício concreto da sua participação ou do seu aproveitamento, haja vista

que as vantagens indevidas, em tese, ao serem solicitadas/pagas, foram

exauridas pela organização, se aperfeiçoaram em benefício da mesma,

momento absolutamente diverso de um eventual crime eleitoral; d) A

independência, autonomia e o momento da atuação corrupta ou de condutas

ilícitas anteriores, afastam a conexão do suposto crime eleitoral, já que tais

vantagens se diluem no patrimônio da organização criminosa ou do corruptor,

tornando impossível especificar o direcionamento dos valores para uma

eventual campanha eleitoral; e) a atribuição de finalidade eleitoral não

estabelece contorno concreto para eventual crime eleitoral, tratando-se de

mero subterfúgio para as razões espúrias f) distinção entre os eventuais

agentes do crime de corrupção e de participações da investigada no fato

descrito na peça acusatória; g) A prestação de contas da candidata, ora

investigada, foi aprovada e da decisão não houve recurso por qualquer

interessado (candidatos, representante ministerial ou partidos).

Isso é corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas em suas

peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

Num. 3244674 - Pág. 163Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além do que inexiste, até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.5 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – QUEIROGA - art.

317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que janeiro de 2015

LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA solicitou do então secretário

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e recebeu

vantagem indevida, consistente em R$10.000,00 (dez mil reais), já que LUIZ

AUGUSTO era relator da CPI que investigava MELQUIZEDEQUE, conforme

declaração do termo de colaboração anexo na peça acusatória pag. 155:

QUE o colaborador esclarece que ainda houve algumas situações pontuais de pagamento de propina ao vereador LUIS QUEIROGA no valor de 10 mil reais “a título de empréstimo” quando o vereador citado era relator na CPI que investigava irregularidades na Secretaria de TI também envolvendo o colaborador; QUE o colaborador afirma que não recebeu o valor de tal empréstimo;

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, o representante ministerial federal acusou

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do

crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e LUIZ AUGUSTO PINHO DE

QUEIROGA pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada, e requereu a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de LUIZ AUGUSTO PINHO QUEIROGA apresentou resposta

à acusação no evento 674 e, em síntese, alegou inocência das acusações,

arrolou sete testemunhas sem questionar a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (vantagem indevida para eventual favorecimento

em relatório de CPI que investigava Secretaria de Tecnologia da

Informação) não apresenta nenhuma conexão concreta com um eventual

crime eleitoral e isso é corroborado pelos argumentos esposados pelas defesas

em suas peças defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria e não

apresentam conexão entre o fato denunciado e um possível ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além disso, depreende-se que que as supostas

vantagens indevidas decorriam de repasse de um percentual aplicado sobre

superfaturamento em contratos administrativos, valores que supostamente

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Page 167: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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seriam agregados ao caixa da organização criminosa, para desfrute de seus

integrantes e incorporação ao patrimônio pessoal destes. Narra o membro do

Ministério Público Federal que os fatos ocorreram em janeiro de 2015, ou seja,

inexistente correlação com período de campanha eleitoral, o que afasta a

suposta relação com finalidade eleitoral pelo critério temporal, bem como

inexiste, até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a

investigação perpetrada em face da CLÁUDIA PEREIRA por eventual crime

eleitoral.

Portanto, não há até o presente momento, crime eleitoral em concreto

conexo com o fato denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 7.6 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – QUEIROGA - art.

317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que no primeiro

semestre de 2015, que PAULO RICARDO DA ROCHA, solicitou e recebeu de

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLOVIS

DE SOUZA PEREIRA, em razão de exercer função de vereador, vantagem

indevida consistente na quantia de R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais),

sendo que se dirigiram-se até a residência de KYETLYN, filha de SALVADOR

RAMOS, com o PAULO RICARDO DA ROCHA, tinha uma dívida de R$

12.500,00, referente a sua campanha de deputado federal, quitando a dívida

em duas ou três parcelas, regatando o cheque, conforme declaração do termo

de colaboração anexo na peça acusatória pág. 152/153:

(…) QUE além do “mensalinho”, em uma oportunidade, no primeiro semestre de 2015, o Prefeito RENI levou o colaborador na casa da Sra. “KETLIN” (filha do SALVADOR RAMOS), com a qual PAULO ROCHA tinha uma dívida de R$

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12.500,00 referentes à sua campanha de deputado federal, sendo que o colaborador deveria saldar essa dívida a pedido do Prefeito RENI; QUE esclarece o colaborador que tal dívida foi paga em duas ou três vezes, resgatando o cheque empenhado de PAULO ROCHA; QUE o escritório onde o colaborador efetuou tais pagamentos fica em frente ao colégio BARTOLOMEU MITRE (…);

Em síntese, o representante ministerial federal acusou PAULO

RICARDO DA ROCHA, pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código

Penal, e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI

CLOVIS DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo 333 do

Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese, ratifica os

termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

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peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de PAULO RICARDO DA ROCHA apresentou resposta à

acusação no evento 654, alegou, em síntese, nulidade do recebimento da

denúncia, incompetência da justiça federal e cisão/remessa para a justiça

estadual, nulidade da ação penal e inépcia da denúncia, ausência de justa

causa, e no mérito alegou a negativa de autoria. Apresenta três testemunhas,

e não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida pelo pagamento de dívida de campanha de PAULO

RICARDO DA ROCHA) não apresenta qualquer conexão concreta entre os

fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória descreve que as supostas

vantagens eram repasses decorrentes do pagamento de contrato

administrativo que supostamente agregariam o caixa da organização criminosa

ou para benefício pessoal de integrante da organização criminosa. Narra o

membro do Ministério Público Federal que os fatos ocorreram no primeiro

semestre de 2015, ou seja, inexistente correlação com período de campanha

eleitoral, o que afasta suposta relação com a finalidade eleitoral da investigada

CLAUDIA PEREIRA, bem como inexiste, até o presente momento, liame

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objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há até o presente momento, não há indícios de correlação

direta entre as condutas apontadas no presente item com eventual

cometimento de crime eleitoral, nem elementos de conexão entre o inquérito e

as condutas descritas como supostamente ilícitas das ações penais anteriores,

que importem sua atração e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e

a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.7 – Do Crime de Corrupção Passiva – ANICE - art. 317 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que no primeiro

semestre, entre abril e maio de 2013, a denunciada ANICE NAGIB, solicitou

RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, em razão de exercer função de

vereadora, vantagem indevida consistente na quantia de R$ 30.000,00 (trinta

mil reais), a fim de que votasse favoravelmente à aprovação do Projeto de Lei

06/2016, que autorizava gestão associada para prestação, planejamento,

regulação e fiscalização dos serviços de abastecimento de água e

esgotamento sanitário em Foz do Iguaçu, conforme declaração do termo de

colaboração de RODRIGO BECKER anexo na peça acusatória pág. 154:

(…) QUE a vereadora ANICE pediu para o prefeito RENI o valor de 30 mil para votar na concessão da SANEPAR, porém o fato não se concretizou até onde o colaborador sabe.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ANICE NAGIB,

pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de ANICE NAGIB GAZZAOUI apresentou resposta à acusação

no evento 671, alegou, em síntese, incompetência da justiça federal e

cisão/remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia, negativa de

autoria. Apresenta vinte testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Ao analisar o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de voto favorável na aprovação de um

Projeto de Lei) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria e não apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória descreve que as supostas

vantagens eram repasses decorrentes do pagamento de contrato

administrativo que supostamente agregariam o caixa da organização criminosa

ou para benefício pessoal de integrante da organização criminosa. Narra o

membro do Ministério Público Federal que os fatos ocorreram entre abril e

maio de 2013, ou seja, inexistente correlação com período de campanha

eleitoral, o que afasta suposta relação com a finalidade eleitoral da investigada

CLAUDIA PEREIRA, bem como inexiste, até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral.

Num. 3244674 - Pág. 170Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.8 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – VANTAGEM

PECUNIÁRIA - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre os anos

de 2013 e 2014, a denunciada ANICE NAGIB GAZZOUI, solicitou de LUIZ

ANTONIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO e recebeu, em razão

de exercer função de vereador, vantagem indevida consistente na quantia de

R$ 10.000,00 (dez mil reais), mensais das empresas LABOR OBRAS LTDA e

IGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI, que tinham como sócios

LUIZ ANTONIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO, sendo este

sócio oculto. A referida conduta obteve a aquiescência de MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLOVIS DE SOUZA

PEREIRA.

Narra ainda, que em 01 de junho de 2015 ANICE NAGIB GAZZOUI,

solicitou de LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, vantagem indevida consistente em R$

1.000,00 (mil reais), para o exercício da função, sobre os fatos as declarações

do termo de colaboração de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA anexo na peça acusatória pág. 157/158:

Num. 3244674 - Pág. 171Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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QUE o colaborador esclarece que a vereadora ANICE sempre fez oposição ao Prefeito RENI, mas uma forma de tê-la como aliada para não atrapalhar o governo era manter um compromisso (feito entre RENI e LUIS PEREIRA) dos pagamentos das empresas LABOR e IGUASSU, dentro dos padrões possíveis com razoabilidade de atraso; QUE o proprietário de fato das empresas supracitadas era a pessoa de LUIS PEREIRA, e de direito, IVAN LUIS SOBRINHO; QUE o colaborador acredita que IVAN, mediante esses pagamentos, repassava à Vereadora ANICE o valor de 10 mil reais mensais para que ela se mantivesse em oposição moderada; QUE as empresas LABOR e IGUASSU prestavam serviço desde a gestão do ex-prefeito PAULO MAC’DONALD; QUE tais empresas eram utilizadas para alocação de pessoas indicadas por vereadores; QUE por diversas oportunidades o Prefeito RENI PEREIRA se mostrava decidido a licitar os serviços realizados pela LABOR e pela IGUASSU, mas em contrapartida, pesavam a favor das empresas a pessoa de LUIS PEREIRA ser presidente do partido PTN e alguns secretários do governo RENI advogarem a favor de tais empresas de modo a tentarem interceder na renovação dos contratos; QUE quando chegou-se a data de renovação desses contratos, houve divergências atinentes ao reequilíbrio econômico das empresas LABOR e IGUASSU, motivando que IVAN procurasse o colaborador para a liberação dos pagamentos em atraso, que somavam a monta de 500 mil reais, aproximadamente, chegando a propor ao colaborador a vantagem indevida na ordem de 50 mil reais, mediante o pagamento das notas; QUE o colaborador não aceitou a proposta de propina em razão de desentendimentos anteriores entre o Prefeito RENI e LUIS PEREIRA; QUE o colaborador tem o conhecimento que a vereadora ANICE, após este fato, deixou de receber os 10 mil reais mensais, atuando contra o governo RENI, o que culminou em uma CPI contra a Secretaria de TI, para investigação de possíveis irregularidades no contrato do georreferenciamento; QUE a vereadora ANICE,

Num. 3244674 - Pág. 172Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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constantemente, denegria a imagem do colaborador através das mídias locais; QUE houve uma interceptação telefônica entre o Prefeito RENI e o colaborador sendo que aquele informou que teria resolvido o problema com a vereadora ANICE; QUE o dossiê elaborado por KOSSAR e ALCIDES foi encaminhado ao Secretário de Administração CHICO NOROESTE a fim de que negociasse o pagamento de aproximadamente um valor de 50 a 100 mil reais para que efetivasse a destruição do dossiê; QUE CHICO NOROESTE não procurou o

colaborador com forma de retaliação, em virtude dos contratos do Transporte Escolar, o que levou ALCIDES e KOSSAR a entender que o colaborador não estava disposto a negociar, tendo assim ALCIDES e KOSSAR levado o dossiê à vereadora ANICE, que instaurou a CPI, tendo como presidente a mesma, relator vereador LUIS QUEIROGA, e membro comum EDÍLIO DALAGNOL; QUE o colaborador colocou seu cargo à disposição de RENI caso o mesmo entendesse que politicamente a CPI instaurada o atingiria; QUE o rompimento de relações entre a LABOR e IGUASSU com o governo RENI se deu em virtude deste entender que tais empresas financiavam veículos de comunicação contrários ao governo, exemplo, Jornal Tribuna Popular, bem como o apoio de LUIS PEREIRA à campanha da vereadora ANICE para deputada estadual; QUE RENI direcionou para que a empresa INTERSEPT vencesse as licitações, referentes aos serviços prestados pela LABOR e pela IGUASSU, porém, em virtude de editais impugnados o Prefeito RENI não conseguiu romper a ligação entre o governo e as empresas LABOR e IGUASSU; QUE o colaborador, através de JOMAA (dentista), tomou conhecimento que a vereadora ANICE recebia metade do salário de sua assessora de nome ROSE LOCKS, e diante dessa informação propôs a JOMAA que a procurasse (ROSE) com o fim de tornar público tal irregularidade, porém não houve evolução nas tratativas, visto que o relatório das investigações da CPI restou inconclusivo.

Num. 3244674 - Pág. 173Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Em síntese, o representante ministerial federal acusou ANICE NAGIB

GAZZAOUI, pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e

LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código

Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de ANICE NAGIB GAZZAOUI apresentou resposta à acusação

no evento 671, alegou, em síntese, incompetência da justiça federal e

cisão/remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia, negativa de

autoria. Apresenta vinte testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de LUIZ ANTONIO PEREIRA apresentou reposta à acusação

no evento 657, em síntese, alegou inépcia da denúncia, ausência de

materialidade. Arrolou seis testemunhas de defesa, e tampouco questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO apresentou reposta à

acusação no evento 669, sobre os itens 7.8, 7.10, 10.5, em síntese, alegou

inépcia da denúncia, ausência de materialidade. Arrolou seis testemunhas de

defesa, e tampouco questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese, ratifica os

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termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao analisar o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de apoio político no exercício da

vereança) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido, corroboram os

argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais,

em sua maioria negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória descreve que as supostas vantagens eram repasses

decorrentes do pagamento de contrato administrativo que supostamente

agregariam o caixa da organização criminosa ou para benefício pessoal de

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integrante da organização criminosa. Narra o membro do Ministério Público

Federal que os primeiros fatos ocorreram ente 2013 e 2014, e o segundo fato

em junho de 2015, ou seja, inexistente correlação com período de campanha

eleitoral, o que afasta suposta relação com a finalidade eleitoral da investigada

CLAUDIA PEREIRA, bem como inexiste, até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.9 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva – CARGOS/FUNÇOES

PÚBLICAS - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre os anos

de 2013 e 2014, a denunciada ANICE NAGIB GAZZOUI, solicitou vantagem

indevida, consistente em promoção pessoal pela nomeação de cargos de

provimento em comissão na Administração Pública de RENI CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA, tendo prometido a referidas vantagens.

Sobre os fatos as declarações do termo de colaboração de CARLOS

JULIANO BUDEL anexo na peça acusatória pág. 161:

QUE ressalta que a vereadora ANICE, além da sua cota correspondente da secretaria de governo,

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também possuía cotas extras por parte das empresas IGUASSU e LABOR; QUE a razão de a vereadora ANICE possuir direito a essas cotas extras era sua boa relação com o PTN, presidido por LUIS PEREIRA; QUE o colaborador inclusive chegou a participar de uma reunião na sede da IGUASSU com a ANICE e o LUIS;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ANICE NAGIB

GAZZAOUI, pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo

333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de ANICE NAGIB GAZZAOUI apresentou resposta à acusação

no evento 671, alegou, em síntese, incompetência da justiça federal e

cisão/remessa para a justiça estadual, inépcia da denúncia, negativa de

autoria. Apresenta vinte testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

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competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de nomeação de cargos comissionado

para garantir apoio político no exercício da vereança) não apresenta

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral, nesse sentido, corroboram os argumentos esposado pela

defesa em sua peça defensiva, a qual inclusive nega a autoria e não apresenta

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada, não possuía relação com a investigada. Inexiste até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face da investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.10 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva –

CARGOS/FUNÇOES PÚBLICAS - art. 317 e 333 do CP.

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Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre os anos

de 2013 e 2014, a denunciada ANICE NAGIB GAZZOUI, solicitou de RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA, LUIZ ANTÔNIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES

SOBRINHO em razão de exercer função de vereador, vantagem indevida

consistente na promoção pessoal, mediante a contratação de terceirização de

mão de obra das empresas LABOR OBRAS LTDA e IGUASSU SERVIÇOS

TERCEIRIZADOS – EIRELI, que tinham como sócios LUIZ ANTONIO

PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO, sendo este sócio oculto. A

referida conduta obteve a aquiescência de RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, LUIZ

ANTÔNIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO.

Sobre os fatos as declarações do termo de colaboração de

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA anexo na peça

acusatória pág. 163:

QUE o colaborador esclarece que a vereadora ANICE sempre fez oposição ao Prefeito RENI, mas uma forma de tê-la como aliada para não atrapalhar o governo era manter um compromisso (feito entre RENI e LUIS PEREIRA) dos pagamentos das empresas LABOR e IGUASSU, dentro dos padrões possíveis com razoabilidade de atraso; QUE o proprietário de fato das empresas supracitadas era a pessoa de LUIS PEREIRA, e de direito, IVAN LUIS SOBRINHO; QUE o colaborador acredita que IVAN, mediante esses pagamentos, repassava à Vereadora ANICE o valor de 10 mil reais mensais para que ela se mantivesse e em oposição moderada; QUE as empresas LABOR e IGUASSU prestavam serviço desde a gestão do ex-prefeito PAULO MAC’DONALD; QUE tais empresas eram utilizadas para alocação de pessoas indicadas por vereadores; QUE por diversas oportunidades o

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Prefeito RENI PEREIRA se mostrava decidido a licitar os serviços realizados pela LABOR e pela IGUASSU, mas em contrapartida, pesavam a favor das empresas a pessoa de LUIS PEREIRA ser presidente do partido PTN e alguns secretários do governo RENI advogarem a favor de tais empresas de modo a tentarem interceder na renovação dos contratos; QUE quando chegou-se a data de renovação desses contratos, houve divergências atinentes ao reequilíbrio econômico das empresas LABOR e IGUASSU, motivando que IVAN procurasse o colaborador para a liberação dos pagamentos em atraso, que somavam a monta de 500 mil reais, aproximadamente, chegando a propor ao colaborador a vantagem indevida na ordem de 50 mil reais, mediante o pagamento das notas;[...]

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ANICE NAGIB

GAZZAOUI, pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, e

LUIZ ANTÔNIO PEREIRA, IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código

Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de ANICE NAGIB GAZZAOUI, LUIZ ANTONIO PEREIRA,

IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentaram

resposta à acusação conforme transcrito no item 7.8 supracitado, razão pela

qual deixo de reproduzir, ressaltando que as mesmas não questionaram a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Face ao contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de apoio político no exercício da

vereança) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, nesse sentido, não apresenta

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral, nesse sentido, corroboram os argumentos esposados pelas

defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua maioria negam a autoria

e não apresenta conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além do que, a peça acusatória, descreve que as

suposta vantagem solicitada, não possuía relação com a investigada. Inexiste

até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a

investigação perpetrada em face da investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 7.11 – Dos Crimes de Corrupção Ativa e Passiva –

CUNHADO/QUEIROGA - art. 317 e 333 do CP.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre março a

abril de 2015, os denunciados CARLOS ALBERTO DOS SANTOS e LUIZ

Num. 3244674 - Pág. 181Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, solicitaram de MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA vantagem indevida consistente em três

parcelas de R$ 1.000,00 (mil reais), para exercer apoio na função de vereador.

Sobre os fatos as declarações do termo de colaboração de

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA anexo na peça

acusatória pág. 171:

QUE a respeito do vereador LUIZ QUEIROGA, o colaborador esclarece que, além do valor (10 mil reais), em tese, pedido a título de empréstimo ao colaborador, também houve por três oportunidades o pagamento de mil reais mensais a pessoa de CARLINHOS (cunhado de LUIZ QUEIROGA) a título de colaboração para pagamento do programa de LUIZ QUEIROGA junto a Rádio Cultura; QUE o colaborador realizou tais pagamentos sem o conhecimento do Prefeito RENI PEREIRA em virtude de LUIZ QUEIROGA ser oposição ao governo; QUE no início do governo o vereador LUIZ QUEIROGA compunha a base de governo do Prefeito RENI PEREIRA tendo indicado os cargos de JOILSON (área da saúde, CC3), o próprio filho de QUEIROGA (não se recorda o nome), na Secretaria de Esportes, ANDERSON (Secretário de Esportes), e CASSIANO RIBAS (não recorda onde trabalhava na administração); QUE CASSIANO RIBAS se manteve no governo mesmo após o rompimento de RENI com LUIZ QUEIROGA, aliando-se a RENI e a CLÁUDIA (esposa de RENI), sendo nomeado como secretário da Secretaria Extraordinária de Ouvidoria; QUE o período de repasse dos mil reais, em três oportunidades, foram pagos nos meses posteriores ao pagamento dos 10 mil reais, ou seja, nos meses de fevereiro, março e abril de 2015.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou CARLOS

ALBERTO DOS SANTOS e LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, pela

prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, MELQUIZEDEQUE

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA pela prática do crime disposto no

artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de LUIZ AUGUSTO PINHO QUEIROGA apresentou resposta

à acusação no evento 674, alegou que é inocente das acusações

apresentadas. Arrolou sete testemunhas e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados

A defesa de CARLOS ALBERTO DOS SANTOS apresentou resposta à

acusação no evento 663, alegou que ser descabida a pretensão punitiva. Não

arrolou testemunhas e não questiona a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese, ratifica os

termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

Face ao contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de pagamento de programa Rádio

Cultura) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na

denúncia e um eventual crime eleitoral e, nesse sentido, corroboram os

argumentos esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais,

em sua maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória, descreve que as supostas vantagens eram repasses

Num. 3244674 - Pág. 183Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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decorrentes do pagamento de contrato administrativo que supostamente

agregariam o caixa da organização criminosa, ou para benefício pessoal de

integrante dessa organização. Narra o membro do Ministério Público Federal

que os fatos ocorreram entre março a abril de 2015, ou seja, inexistente

relação temporal, o que afasta a suposta relação com a finalidade eleitoral da

investigada CLAUDIA PEREIRA, bem como, inexiste até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.2.1 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – ALTO DO BOA VISTA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em meados de

dezembro de 2014 RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, auxiliado por

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, no exercício do

mandado, solicitou vantagem indevida, consistente no pagamento de propina

para lobistas do Ministério da Agricultura, e NILTON JOÃO BECKERS,

prometeu vantagem indevida. Segundo a peça acusatória o então prefeito

RENI solicitou a NILTON a quantia de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais)

para lobistas que iriam liberar o empenho referente a obra no Alto da Boa Vista.

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Nilton angariou apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), conforme trecho do

termo de colaboração anexado na denúncia pág. 172:

QUE a respeito desse ponto, o colaborador esclarece que refere-se uma obra no Alto da Boa Vista, com recursos do Ministério da Agricultura; QUE em meados de dezembro de 2014 o prefeito RENI PEREIRA chamou o colaborador na Prefeitura Municipal, dizendo que deveria pagar, a título de propina para lobistas do Ministério da Agricultura em Brasília, a quantia de R$ 120 mil, equivalente a 10% do valor de um empenho, para liberá-lo; QUE o prefeito RENI PEREIRA solicitou a ajuda do colaborador para pagar tal propina; QUE o colaborador conseguiu apenas R$ 50 mil, entregando-os para MELQUIZEDEQUE; QUE a liberação do empenho ocorreu, salvo engano, no dia 30 ou 31 de dezembro de 2014;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, DIEGO FERNANDO DE SOUZA e MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, pela prática do crime disposto no

artigo 317 do Código Penal, NILTON JOÃO BECKERS pela prática do crime

disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de NILTON JOÃO BECKERS apresentou reposta à acusação

no evento 643, em síntese, alegou que formulou acordo de colaboração

premiada, e requer juntada dos saques de 2011 a 2016 firmadas pela

Terraplenagem SR.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese, ratifica os

termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 650, alegou, em síntese, que não concorda com os termos

da denúncia, e que apresentará a tese defensiva durante a instrução

processual. Apresenta dezoito testemunhas, e não questiona a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Face ao contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de liberação de obra empenhada) não

apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral e, nesse sentido, corroboram os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua

maioria, negam a autoria e não apresentam conexão entre o fato denunciado

e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além do que, a peça

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acusatória, descreve que as supostas vantagens eram repasses decorrentes

do pagamento de contrato administrativo que supostamente agregariam o

caixa da organização criminosa, ou para benefício pessoal de integrante dessa

organização. Narra o membro do Ministério Público Federal que os fatos

ocorreram em meados de dezembro de 2014, ou seja, inexistente relação

temporal, o que afasta a suposta relação com a finalidade eleitoral da

investigada CLAUDIA PEREIRA, bem como, inexiste até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.2.2 – Do Crime do art. 316 do CP – QUEIROGA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre outubro e

novembro de 2015, LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, no exercício do

mandado de vereador, solicitou vantagem indevida consistente em R$

10.000,00 (dez mil reais) de NILTON JOÃO BECKERS, com a promessa de

que iria investigar a obra da Av. Felipe Wandscheer, conforme trecho do termo

de colaboração de NILTON JOÃO BECKERS anexado na denúncia pág. 174:

QUE em outubro ou novembro de 2015, o vereador QUEIROGA solicitou ao colaborador, através de um amigo em comum, a quantia de R$ 10 mil; QUE

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se este valor não fosse pago, iria investigar a obra executada pela empresa do colaborador na Av. Felipe Wandscheer; QUE o colaborador comentou com CARLOS BUDEL sobre a solicitação de QUEIROGA; QUE CARLOS BUDEL informou o colaborador que o vereador QUEIROGA recebia propina (“mensalinho”) e que o dinheiro deveria ser entregue a ele (CARLOS BUDEL), que repassaria tal valor ao vereador; QUE o colaborador entregou os R$ 10 mil para CARLOS BUDEL

Em síntese, o representante ministerial federal acusou LUIZ AUGUSTO

PINHO QUEIROGA pela prática do crime disposto no artigo 316 do Código

Penal.

A defesa de LUIZ AUGUSTO PINHO QUEIROGA apresentou resposta

à acusação no evento 674, alegou que é inocente das acusações

apresentadas. Arrolou sete testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente da atuação como vereador) não apresenta

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral, nesse sentido, corroboram os argumentos esposado pela

defesa em sua peça defensiva, a qual inclusive nega a autoria e não apresenta

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada, não possuíam relação com a investigada. Narra o membro

do Ministério Público Federal que os fatos ocorreram entre outubro e

novembro de 2015, ou seja, inexistente relação temporal, o que afasta a

suposta relação com a finalidade eleitoral da investigada CLAUDIA PEREIRA,

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

bem como, inexiste até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigação perpetrada em face da investigada e eventual crime

eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.2.3 – Do Crime do art. 317 do CP – RENI

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em setembro

de 2015 RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, solicitou vantagem indevida a

NILTON JOÃO BECKERS e VILSON SPERFELD proprietários da empresa

TERRAPLANAGEM SR LTDA, que realizassem o loteamento no Parque

Industrial, os quais utilizaram 800 m3 de graduada (base de asfalto), em troca,

receberam três lotes no valor equivalente a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais),

sendo que tal valor foi suficiente para cobrir os custos.

Segundo a peça acusatória este fato foi confirmado em juízo pelos colaboradores NILTON JOÃO BECKERS e VILSON SPERFELD (autos 5005325-03.2016.404.7002, evento 6438_AUDIO3, aos 18:30 e evento 6438_AUDIO5, aos 13:30).

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código

Penal.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de sobrevaloração de obra) não apresenta

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral, nesse sentido, corroboram os argumentos esposado pela

defesa em sua peça defensiva, a qual inclusive nega a autoria e não apresenta

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente,

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada, não possuíam relação com a investigada. Narra o membro

do Ministério Público Federal que os fatos ocorreram em setembro de 2015,

ou seja, inexistente relação temporal, o que afasta a suposta relação com a

finalidade eleitoral da investigada CLAUDIA PEREIRA, bem como, inexiste até

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face da investigada por eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.3.1 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – ASFALTO FRIO

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que no segundo

semestre de 2014 ALEXANDRE SEBASTIAN HAUS DA SILVA, ofereceu

vantagem indevida a CRISTIANO FURE DE FRANÇA, que juntamente com

DIEGO FERNANDO DE SOUZA aceitaram vantagem indevida em prol da

organização criminosa.

Consta na denúncia que a empresa EVOPAV – EVOLUÇÃO EM

ASFALTOS LTDA – ME, pagou a quantia de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco

mil reais), sendo R$ 10.000,00 (dez mil reais) destinado a GIRNEI DE

AZEVEDO, R$ 10.000,00 (dez mil reais), destinado a CRISTIANO FURE DE

FRANÇA, e o restante R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) repassado para

DIEGO FERNANDO DE SOUZA devido ao direcionamento da Tomada de

Preços n. 20/2014, conforme termo do colaborador GIRNEI DE AZEVEDO,

colacionado na denúncia pág. 177:

QUE em 2013, quando o colaborador era diretor do DRM, os funcionários do pátio indicaram uma

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

empresa de Cascavel/PR que fornecia asfalto frio em qualidade superior às demais; QUE na época o então Secretário de Obras CRISTIANO FURE conseguiu junto a tal empresa 1000 sacos emprestados, de forma informal; QUE no ano de 2014 a prefeitura fez uma licitação para a aquisição de 6000 sacos de asfalto frio, a qual foi vencida pela empresa que emprestou os 1000 sacos; QUE não tem conhecimento se houve direcionamento da licitação para tal empresa; QUE tem conhecimento que várias empresas participaram do certame; QUE do contrato de fornecimento dos 6000 mil sacos a empresa, quando do fornecimento, descontou os 1000 sacos que foram “emprestados” em 2013 e ainda assim realizou entrega a menor, embora a prefeitura tenha atestado e pago por 6000; QUE o contrato tinha o valor de cerca de 205 mil reais, equivalente aos 6000 sacos; QUE não se recorda do nome da empresa, nem do nome do representante; QUE quem administrou referido contrato foi CRISTIANO FURE; QUE por volta de julho de 2014 recebeu deste representante, na sede da prefeitura, a quantia de 45 mil reais; QUE deste valor 10 mil era para proveito próprio, 10 mil foi entregue a CRISTIANO e o restante foi entregue ou para MELQUIZEDEQUE ou para DIEGO, não se recordando com precisão; QUE esse valor restante ou era para pagar os vereadores ou era para o financiamento irregular da campanha de CLAUDIA PEREIRA; QUE não se recorda do nome deste representante; QUE em seu aparelho celular que foi apreendido pela Polícia Federal em função de cumprimento de Mandado de Busca consta o contato desse representante como “Massa Asfalto”.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou CRISTIANO

FURE DE FRANÇA, DIEGO FERNANDO DE SOUZA e GIRNEI DE AZEVEDO,

pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, ALEXANDRE

SEBASTIAN HAUS DA SILVA pela prática do crime disposto no artigo 333 do

Código Penal.

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 650, alegou, em síntese, que não concorda com os termos

da denúncia e que apresentará a tese defensiva durante a instrução

processual. Apresenta dezoito testemunhas, e não questiona a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de GIRNEI DE AZEVEDO apresentou resposta à acusação no

evento 692, em síntese, ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

e requer os efeitos garantidos no presente termo.

A defesa de CRISTIANO FURE DE FRANÇA apresentou resposta à

acusação no evento 679, manifestou sobre os fatos 5, 8.3.1, 8.4.2 e 10.4.

Alegou, em síntese, a rejeição da denúncia. Apresenta duas testemunhas, e

não questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

A defesa de ALEXANDRE SEBASTIAN HAUS DA SILVA apresentou

resposta à acusação no evento 682. Representado pela DPU, alegou, em

síntese, que durante a instrução processual comprovará a inocência do réu.

Requereu a oitiva de testemunhas arroladas pela defesa, e não questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, aliado a incerteza das destinação

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

mencionado pelo colaborador, e mesmo que houvesse a referida destinação,

a suposta “propina” recebida é originária de um direcionamento licitatório,

portanto, proporcionando benefício pecuniário imediato dos agentes e sem

qualquer correlação com a investigada. Ainda corroboram os argumentos

esposado pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua maioria,

negam a autoria e não apresenta conexão entre o fato denunciado e um

ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além do que, a peça

acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não possuíam

relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame objetivo ou

subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da investigada e

eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.3.2 – Do Crime do art. 89 da Lei 8.666/93 – FORNECIMENTO DE

ASFALTO FRIO SEM CONTRATO

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em meados de

2015, EIVORI ROBERTO PATZLAF, na qualidade de Secretário de Obras,

dispensou licitação fora dos casos previstos em lei, contratando diretamente o

fornecimento de material com ALEXANDRE SEBASTIAN HAUS DA SILVA

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

representante da empresa EVOPAV – EVOLUÇÃO EM ASFALTOS LTDA –

ME e MICAEL SENSATO da ENGEMIDAS CONSTRUÇÕES LTDA. Consta

na denúncia que foram adquiridos aproximadamente 300 sacos de massa

asfáltica da ENGEMIDAS e pagas com verba irregular de medição a maior do

contrato de tapa-buracos, e em outra oportunidade foi solicitado o material

equivalente a quantia de R$ 7.200,00, que igualmente , ofereceu vantagem

indevida a CRISTIANO FURE DE FRANÇA, que juntamente com DIEGO

FERNANDO DE SOUZA aceitaram vantagem indevida em prol da organização

criminosa, conforme termo do colaborador GIRNEI DE AZEVEDO, colacionado

na denúncia pag. 178/179:

QUE em meados de 2015 o mesmo representante da empresa citada, agora como empresário, vendeu informalmente, sem licitação, aproximadamente 300 sacos de massa asfáltica para a prefeitura na gestão do Secretário EVORI; QUE acredita que o pagamento de tal compra foi retirada da medição a maior de julho/2015 do contrato de tapa-buraco. QUE tal pagamento poderia ter relação com a anotação apreendida em poder de FERNANDO BIJARI com a sigla “10 CH”.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou EIVORI

ROBERTO PATZLAF, ALEXANDRE SEBASTIAN HAUS DA SILVA e MICAEL

SENSATO pela prática do crime disposto no artigo 89 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de EIVORI ROBERTO PATZLAFF e MICAEL SENSATO

apresentaram resposta à acusação no evento 893, pois são representados pelo

mesmo defensor, alegou, em síntese, inépcia da ação penal, ausência de justa

causa, atipicidade da conduta. Apresenta treze testemunhas, e não questiona

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de ALEXANDRE SEBASTIAN HAUS DA SILVA apresentou

resposta à acusação no evento 682. Representado pela DPU, alegou, em

síntese, que durante a instrução processual comprovará a inocência do réu.

Requereu a oitiva de testemunhas arroladas pela defesa, e não questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de dispensa indevida de processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, aliado a incerteza das destinação

mencionado pelo colaborador, e mesmo que houvesse a referida destinação,

a suposta “propina” recebida é originária de um direcionamento licitatório,

portanto, proporcionando benefício pecuniário imediato dos agentes e sem

qualquer correlação com a investigada. Ainda corroboram os argumentos

esposado pelas defesas em suas peças defensivas, nas quais, em sua maioria,

negam a autoria e não apresenta conexão entre o fato denunciado e um

ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Narra o membro do Ministério

Público Federal que os fatos ocorreram em meados de 2015, ou seja,

inexistente relação temporal, o que afasta a suposta relação com a finalidade

eleitoral da investigada CLAUDIA PEREIRA, bem como, inexiste até o presente

momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada

em face da investigada e eventual crime eleitoral.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.4.1 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – CONCORRÊNCIA

PÚBLICA - N. 19/2014

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em 2014, RENI

CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, na condição de prefeito, solicitou vantagem

indevida para a empresa ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA, para que

fosse favorecida na licitação de obras do PAC II, e agilizar o pagamento pela

execução de contratos, e outras facilidades, e INÁVIO COLOMBELLI, ofereceu

vantagem indevida, pagando a quantia de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil

reais), para tal conduta auxiliaram DIEGO FERNANDO DE SOUZA, GIRNEI

DE AZEVEDO e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,

sendo que R$ 70.000,00 (setenta mil reais) entregue a DIEGO FERNANDO DE

SOUZA, e outras duas no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)

entregues por INÁCIO a GIRNEI, que repassou para MELQUIZEDEQUE,

conforme termo do colaborador GIRNEI DE AZEVEDO, colacionado na

denúncia pag. 182:

QUE em relação a um contrato da prefeitura com a ITAVEL de pavimentação no valor de 850 mil reais o colaborador esclarece que por três vezes buscou

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dinheiro com o Sr. INÁCIO, da empresa ITAVEL; QUE na primeira vez pegou 70 mil reais; QUE tal quantia foi entregue a DIEGO (sobrinho de RENI) e sua destinação seria para o financiamento irregular da campanha de CLÁUDIA PEREIRA; QUE nas outras duas vezes pegou em cada uma delas as quantias de 50 mil e as entregou para MELQUIZEDEQUE; QUE tais quantias teriam sido entregues ao prefeito RENI; QUE esse contrato de 850 mil foi aditivado uma vez em 25%; QUE a entrega de tais valores se deu em função de um acordo entre RENI, INÁCIO e o colaborador, que fizeram na ocasião de um encontro no hotel VIALLE (da Av. das Cataratas), antes mesmo da licitação; (...)

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLOVIS

DE SOUZA PEREIRA, DIEGO FERNANDO DE SOUZA, GIRNEI DE

AZEVEDO e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,

pela prática do crime disposto no artigo 317 do Código Penal, INÁCIO

COLOMBELLI pela prática do crime disposto no artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de DIEGO FERNANDO DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 650, alegou, em síntese, que não concorda com os termos

da denúncia, e que apresentará a tese defensiva durante a instrução

processual. Apresenta dezoito testemunhas, e não questiona a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de GIRNEI DE AZEVEDO apresentou resposta à acusação no

evento 692, em síntese, ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

e requer os efeitos garantidos no presente termo.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese, ratifica os

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

A defesa de INÁCIO COLOMBELLI apresentou resposta à acusação no

evento 833, manifestou sobre os fatos 8.4.1, 8.4.2, 8.4.3 e 8.4.4. Alegou, em

síntese, que a acusação é manifestamente equivocada. Apresenta sete

testemunhas, e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador não foi entregue a investigada e não há

registro da sua suposta participação. E ainda, mesmo que houvesse a

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referida destinação, a suposta “propina” recebida é originária de um

direcionamento licitatório, proporcionando benefício pecuniário imediato dos

agentes e sem qualquer correlação com a investigada, reforçando a

autonomia e independência da conduta. Neste sentido, corroboram os

argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, nas quais, em

sua maioria, negam a autoria e não apresenta conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não

possuíam relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há indícios de correlação direta entre as condutas

apontadas no presente item com eventual cometimento de crime eleitoral, nem

elementos de conexão entre o inquérito e as condutas descritas como

supostamente ilícitas das ações penais anteriores, que importem sua atração

e, tampouco, conexão entre os sujeitos deste fato e a investigada.

Ademais, é manifesta a ausência de interdependência entre a conduta

imputada e um suposto ilícito eleitoral.

Fato 8.4.2 – Dos Crimes do art. 90 e 99 da Lei 8.666/93 C/C art. 1° do Dec.

Lei 201/67 – TOMADA DE PREÇO N. 24/2014

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, no segundo

semestre de 2014, RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, INÁCIO

COLOMBELLI, CRISTIANO FURE DE GRANÇA e GIRNEI DE AZEVEDO,

fraudaram processo licitatório, com intuito de obter vantagem indevida,

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referente a Tomada de Preço n. 21/2014, cujo objeto era aquisição de 10.000

m3 de cascalho para execução de pavimentação no valor de R$85.000,00

(oitenta e cinco mil reais), na qual a única concorrente e vencedora foi a

empresa ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA.

Relata na denúncia que após o pagamento, R$35.000,00 (trinta e cinco

mil) foram utilizados para pagamento de impostos e dívidas anteriores ilegais,

e R$50.000,00 (cinquenta mil reais), por ordem de RENI, foram repassados a

Pedreira Remanso, que prestou auxílio material a empreitada criminosa,

conforme termo do colaborador GIRNEI DE AZEVEDO, colacionado na

denúncia pag. 185:

QUE houve uma licitação no valor de 85 mil reais para o fornecimento de pedras diversas que a ITAVEL ganhou; QUE desse valor foi descontado cerca de 35 mil reais de impostos e dívidas anteriores e o restante, 50 mil, por ordem de RENI, foi repassado para o pagamento de uma dívida deste junto à Pedreira Remanso; QUE não foi realizada a entrega do material contratado na licitação (pedra);

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLOVIS

DE SOUZA PEREIRA, INACIO COLOMBELLI e GIRNEI DE AZEVEDO, pela

prática do crime disposto no artigo 90, c/c artigo 99, par. 1° da Lei 8.666/93, e

no artigo 1º, inciso I, do Dec. Lei 201/67, e CRISTIANO FURE DE FRANÇA

pela prática do crime disposto no artigo 90, c/c artigo 99, par. 1° da Lei

8.666/93.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de INÁCIO COLOMBELLI, apresentou resposta à acusação no

evento 833, manifestou sobre os fatos 8.4.1, 8.4.2, 8.4.3 e 8.4.4. Alega em

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

síntese que a acusação é manifestamente equivocada. Apresenta sete

testemunhas, e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de CRISTIANO FURE DE FRANÇA, apresentou resposta à

acusação no evento 679, manifestou sobre os fatos 5, 8.3.1, 8.4.2 e 10.4. Alega

em síntese a rejeição da denúncia. Apresenta duas testemunhas, e não

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de GIRNEI DE AZEVEDO, apresentou resposta à acusação no

evento 692, em síntese ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

e requer os efeitos garantidos no presente termo.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese alega que a denúncia é inepta, pois viola

o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da ampla

defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar, extrai-

se da peça defensiva trecho pag 24. “No entanto, nesse caso, a única menção

ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito, inexistindo

outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de Melquizedeque,

colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal acusação,

motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua resposta, a

defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua peça

defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

Num. 3244674 - Pág. 202Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador sequer demonstra certeza, e mesmo que

houvesse a referida destinação, a propina recebida é originária de um suposto

direcionamento licitatório, e com benefício pecuniário imediato dos agentes

e sem qualquer correlação com a investigada. Ainda corrobora os

argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as quais

inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não

possuíam relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo

Ministério Público Federal.

Fato 8.4.3 – Dos Crimes do art. 1° do Dec. Lei 201/67 e Art. 312, par. 1° do

CP – AVENIDA ANDRADINA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre janeiro e

março de 2016, INÁCIO COLOMBELLI, CARLOS JULIANO BUDEL e AIRES

SILVA, tentaram desviar dinheiro público, com anuência de RENI CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA, utilizando a Concorrência Pública n. 27/2014, que serviria

para implantação de pavimento asfáltico, vencendo a empresa ITAVEL

SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA, e durante a execução do contrato foi

necessário remover uma residência que estava no traçado, com anuência de

CARLOS BUDEL e RENI, a empresa negociou com o morador a demolição e

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

construção de nova casa, valor aproximado de R$ 25.000,00 (vinte cinco mil

reais) que seria pago posteriormente, através de medições a maior, conforme

trecho do termo de colaboração de INACIO COLOMBELLI, descrito na

denúncia pag. 186.:

QUE em relação à obra na Av. Andradina, confirma que a ITAVEL por iniciativa própria removeu uma casa de madeira que estava no trajeto da obra da avenida; QUE a remoção foi realizada a fim de não interromper a andamento da obra; QUE tal fato foi comunicado para o então secretário de pavimentação AIRES SILVA; QUE a empresa dispendeu um valor aproximado de R$ 25.000,00 a R$ 30.000,00, na remoção e construção de uma casa nova para o proprietário; QUE o valor dispendido não foi reembolsado pela ITAVEL por qualquer meio.

Prossegue a denúncia aduzindo que no período de setembro/2015 a

maio/2016, os denunciados EVORI ROBERTO PATZLAFF, GIRNEI DE

AZEVEDO, CARLOS JULIANO BUDEL e AIRES SILVA, com ciência e ordem

de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA concorrendo com INACIO

COLOMBELLI e MARCELO COLOMBELLI, constatou que a verba pública

paga a empresa ITAVEL pela execução do lote 1 da Concorrência Pública n.

31/2014, foi desviada por INACIO e MARCELO, conforme trecho anexo a peça

acusatória pag. 188:

Conforme o Laudo de Perícia Criminal Federal n. 568/2016 – UTEC/DPF/LDA/PR (evento 426, LAUDO1, dos autos n. 5013824-44.2014.404.7002), “nos serviços já executados ao longo da Av. Andradina, especificamente aqueles medidos até 31/05/2016, que corresponde à 10ª medição”, houve um superfaturamento de 17% do custo de reprodução adotado na obra, equivalente a R$ 252.518,13 (duzentos e cinquenta e dois mil, quinhentos e dezoito reais e treze centavos), “devido à medição e ao pagamento de quantidades

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de serviços não executadas”. Nos termos da tabela 06:

Em síntese, o representante ministerial federal acusou INACIO

COLOMBELLI, CARLOS JULIANO BUDEL, AIRES SILVA e RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, praticaram o delito previsto no artigo 1º, inciso I, do Decreto

Lei n. 201/67 c/c o artigo 14, II, do Código Penal; e EVORI ROBERTO

PATZLAFF, GIRNEI DE AZEVEDO, no artigo 312, § 1º, do Código Penal;

CARLOS JULIANO BUDEL e AIRES SILVA no artigo 312, § 1º, do Código

Penal; e RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, INACIO COLOMBELLI e

MARCELO COLOMBELLI no artigo 312, § 1º, c/c o artigo 29, ambos do Código

Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesa de EIVORI ROBERTO PATZLAFF, CARLOS JULIANO

BUDEL, AIRES SILVA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GIRNEI DE

AZEVEDO, INÁCIO COLOMBELLI, apresentaram resposta à acusação, já

foram mencionadas em fatos anteriores, razão pela qual, deixo de reproduzi-

las.

A defesa de AIRES SILVA, apresentou resposta à acusação no evento

448. Alega em síntese que desconhece os termos da denúncia. Não apresenta

testemunhas, e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MARCELO COLOMBELLI, apresentou resposta à acusação

no evento 786. Alega em síntese que não concorda com os termos da

denúncia. Apresenta onze testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de superfaturamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador sequer demonstra certeza, e mesmo que

houvesse a referida destinação, a propina recebida é originária de um suposto

direcionamento licitatório, e com benefício pecuniário imediato dos agentes

e sem qualquer correlação com a investigada. Ainda corrobora os

argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as quais

inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não

possuíam relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo

Ministério Público Federal.

Fato 8.4.4 – Do Crime do art. 312, par. 1° do CP – AVENIDA SERGIO

GASPARETTO

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre

setembro/2015 a maio/2016, EVORI ROBERTO PATZLAFF, GIRNEI DE

AZEVEDO, CARLOS JULIANO BUDEL e AIRES SILVA, com anuência de

RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, tentaram desviar dinheiro público, com

anuência e por ordem de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, concorreram

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

para a subtração em proveito de INACIO COLOMBELLI e MARCELO

COLOMBELLI, de verba pública que foi paga à empresa ITAVEL SERVIÇOS

RODOVIÁRIOS LTDA, pela locação do lote 4 da Concorrência Pública n.

31/2014 (Av. Sérgio Gasparetto) a quantia de R$ 482.191,17 (quatrocentos e

oitenta e dois mil, cento e noventa e um reais e dezessete centavos),

equivalente 11,9% do valor da obra, conforme trecho da denúncia na pag. 197:

Com relação aos serviços de subleito, sub-base, base e imprimação, conforme consta nas plantas iluminadas, estes não foram executados, somando um desvio de R$ 197.867,37 (cento e noventa e sete mil, oitocentos e sessenta e sete reais e trinta e sete centavos), conforme a tabela 08:

...

Já quanto à pavimentação asfáltica, apurou-se um superfaturamento de R$ 215.774,53 (duzentos e quinze mil, setecentos e setenta e quatro reais e cinquenta e três centavos), consoante a tabela 09:

Para corroborar com a peça acusatória na pag. 202/203, em seu

depoimento perante a autoridade policial (autos n. 5006445-81.2016.404.7002,

evento 255, DEPOIM_TESTEMUNHA9), MARCELO COLOMBELLI relatou

que:

QUE cientificado de que INÁCIO, em interrogatório, confirmou que na execução das obras das sobreditas avenidas houve decréscimo no quantitativo de material aplicado de forma a aumentar a margem de lucro da empresa, em desacordo com o projeto original, e indagado se confirma isso, respondeu que efetivamente houve aplicação de insumos a menor; QUE explica que em sua óptica o projeto básico formulado pela PMFI estava superdimensionado, notoriamente fora dos padrões usuais da construção pesada; QUE considera que se a obra fosse realizada conforme o contratado, a ITAVEL ainda teria lucro, só que menor; QUE explica que a administração da

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

ITAVEL é verticalizada, sendo que as decisões importantes são tomadas unicamente por INÁCIO; QUE depois da contratação, INÁCIO o procurou para informar que decidira reduzir a quantidade de material, de forma a diminuir a espessura da sub-base, base e capa asfáltica; QUE INÁCIO argumentou que a redução não poderia comprometer a qualidade do pavimento, de forma que fosse mantida a solidez do pavimento nos 5 (cinco) anos de garantia da obra; QUE INÁCIO teria que reportar isso, pois fatalmente o declarante certamente perceberia a diferença no acompanhamento da obra; QUE foi o próprio INÁCIO quem definiu os quantitativos da redução em termos de espessura; QUE em razão da decisão tomada unilateralmente por INÁCIO, não teve alternativa a não ser executar a obra conforme as orientações do genitor e proprietário da empresa; QUE efetivamente houve redução da espessura das camadas; QUE desconhece a economia gerada pela redução; QUE em sua concepção, ainda que reduzidas as camadas, esse decréscimo não afetou a qualidade ou a durabilidade; QUE considera que a ITAVEL sempre executou as obras primando pela qualidade e durabilidade; QUE acompanhou o perito na extração de algumas amostras utilizadas na consecução dos exames periciais; QUE soube que a perícia concluiu por superfaturamento por serviço prestado a menor. Todavia, não leu o laudo e não sabe de seus pormenores; QUE acompanhou as medições executadas no decorrer da obra; QUE nas medições estavam presentes o corpo técnico da Caixa Econômica Federal e servidores da Secretaria de Obras; QUE nessas medições era verificada visualmente a execução e evolução da obra, tanto na terraplenagem, formação da sub-base, base, capa asfáltica, meio-fio etc; QUE em nenhuma medição houve aferição da espessura das camadas;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou EVORI

ROBERTO PATZLAFF, GIRNEI DE AZEVEDO, CARLOS JULIANO BUDEL,

Num. 3244674 - Pág. 208Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

AIRES SILVA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, INACIO COLOMBELLI e

MARCELO COLOMBELLI praticaram o delito previsto no artigo 312, § 1º, do

Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesa de EIVORI ROBERTO PATZLAFF, CARLOS JULIANO

BUDEL, AIRES SILVA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GIRNEI DE

AZEVEDO, INÁCIO COLOMBELLI, apresentaram resposta à acusação, já

foram mencionadas em fatos anteriores, razão pela qual, deixo de reproduzi-

las.

A defesa de AIRES SILVA, apresentou resposta à acusação no evento

448. Alega em síntese que desconhece os termos da denúncia. Não apresenta

testemunhas, e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MARCELO COLOMBELLI, apresentou resposta à acusação

no evento 786. Alega em síntese que não concorda com os termos da

denúncia. Apresenta onze testemunhas, e não questiona a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de superfaturamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador sequer demonstra certeza, e mesmo que

houvesse a referida destinação, a propina recebida é originária de um suposto

direcionamento licitatório, e com benefício pecuniário imediato dos agentes

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

e sem qualquer correlação com a investigada, além de terem sidos

praticados entre 2015 e 2016, assim afastados pelo critério temporal.

Ainda corrobora os argumentos esposados pelas defesas em sua peça

defensiva, as quais inclusive negam a autoria, ou sequer apresentam

conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente

não direcionam a competência de processamento para esta justiça

especializada. Além do que, a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada, não possuíam relação com a investigada. Inexiste até o

presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação

perpetrada em face da investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há

até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato

denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 8.5 – Do Crime do art. 90 da Lei 8.666/93 – JARDIM TIBAGI

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que no início de

2016, RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, CARLOS JULIANO BUDEL e NEY

ZANCHETT, em comunhão de esforços, fraudaram processo licitatório, com

intuito de obter vantagem indevida, referente a Concorrência n. 05/2016, cujo

objeto era execução de pavimentação poliédrica no Jardim Tibagi no valor

aproximado de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).

Segundo a denúncia a referida obra foi realizada entre 2013/2014 pela

empresa ZANCHETT CONSTRUÇÕES LTDA, de propriedade de NEI

ZANCHETT, sem contrato, posteriormente no dia 28/04/2016, abriu-se

Concorrência Pública 05/2016, abrangendo a obra já realizada, sendo o

processo licitatório, suspenso e anulado em 04/07/2016, tais fatos foram

narrados pelo colaborador GIRNEI AZEVEDO, na denúncia pag. 204:

Num. 3244674 - Pág. 210Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

QUE no período em que atuou como Diretor de Pavimentação a empresa ZANCHETTI possuía um contrato com a prefeitura para pavimentação poliédrica com financiamento por meio de recursos do município em parceria com o do governo do estado, por meio do PARANÁ-CIDADES; QUE ao final da execução do contrato o município tentou incluir neste, devido pressão do prefeito RENI, um aditivo de 25% para a execução de pavimentação poliédrica no JARDIM TIBAGI; QUE a empresa ZANCHETTI, a pedido de RENI, iniciou e executou a obra sem a confirmação do aditivo e sem ordem de serviço; QUE após a obra já pronta o PARANÁ-CIDADES negou o aditivo com a justificativa de esta não fazia parte do mesmo objeto inicial do contrato; QUE a obra se iniciou em meados de 2013 e demorou a ser concluída; QUE enquanto o colaborador era Diretor de Pavimentação a empresa nada recebeu por parte da prefeitura pela a execução da obra; QUE tal obra trata-se da pavimentação de duas ruas inteiras e três partes de outras; QUE a obra totaliza um valor de 120 mil reais aproximadamente; QUE o responsável pela empresa que executou a obra era NEY; QUE por várias vezes o prefeito RENI cobrou do colaborador e do então Secretário de Obras a realização da obra, mesmo sem qualquer ordem de serviço; QUE a empresa BRASTEKA é do mesmo dono da ZANCHETTI; QUE não sabe se a empresa BRASTEKA presta serviços para a prefeitura; QUE a empresa BRASTEKA certamente não presta serviços para a Diretoria de Pavimentação; QUE ficou sabendo por terceiros que tentaram licitar a obra mesmo ela já tendo sido executada

Em síntese, o representante ministerial federal acusou CARLOS

JULIANO BUDEL, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e NEY ZANCHETT

praticaram o delito previsto no artigo disposto no artigo 90, c/c artigo 99, par.

1° da Lei 8.666/93.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

Num. 3244674 - Pág. 211Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 213: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, apresentou

resposta à acusação no evento 886, alegando que assinou termo de

colaboração premiada, que inexiste preliminares e provas a serem requeridas.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese alega que a denúncia é inepta, pois viola

o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da ampla

defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar, extrai-

se da peça defensiva trecho pag 24. “No entanto, nesse caso, a única menção

ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito, inexistindo

outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de Melquizedeque,

colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal acusação,

motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua resposta a

defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua peça

defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de NEY ZANCHETT, apresentou resposta à acusação no

evento 644. Alega em síntese que não atuou como narrado na denúncia.

Arrolou uma testemunhas, e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador sequer demonstra certeza, e mesmo que

houvesse a referida destinação, a propina recebida é originária de um suposto

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direcionamento licitatório, e com benefício pecuniário imediato dos agentes

e sem qualquer correlação com a investigada, além de terem sidos

praticados em 2016, assim afastados pelo critério temporal. Ainda

corrobora os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as

quais inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

a peça acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não

possuíam relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face da

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo

Ministério Público Federal.

Fato 8.6 – Do Crime do art. 317 do CP – REUNIÃO NO FOZTRANS

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em 27/02/2016,

CARLOS JULIANO BUDEL e RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, solicitaram

para si e para outrem, vantagem indevida, agindo em prol da organização

criminosa, através da reunião que ocorreu na sede da FOZTRANS (autarquia

de transido do município) no dia 27/02/2016, com os principais empreiteiros da

região, NILTON JOÃO BECKERS (SR TERAPLANAGEM), VERMELHO

(CONSTRUTORA MARIA COGUETTO), INÁCIO COLOMBELLI (ITAVEL),

conforme trecho da denúncia pag. 207/208:

tentaram desviar dinheiro público, com anuência e por ordem de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, concorreram para a subtração em proveito de INACIO COLOMBELLI e MARCELO COLOMBELLI, de verba pública que foi paga à

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empresa ITAVEL SERVIÇOS RODOVIÁRIOS LTDA, pela locação do lote 4 da Concorrência Pública n. 31/2014 (Av. Sérgio Gasparetto) a quantia de R$ 482.191,17 (quatrocentos e oitenta e dois mil, cento e noventa e um reais e dezessete centavos), equivalente 11,9% do valor da obra, conforme trecho da denúncia na pag. 197:

Uma equipe da polícia federal conseguiu acompanhar as movimentações em referida reunião (INFORMAÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA Nº 0017-16 NIP-DPF-FIGPR), conforme se percebe do registro e análise das imagens captadas. Diante dos fatos registrados, a autoridade policial apresentou a seguinte conclusão:

O presente áudio, conjugado com todos os elementos obtidos até o momento, permite aferir que existe uma altíssima probabilidade das autoridades municipais, em especial o prefeito RENI PEREIRA, auxiliarem e receberem vantagens do cartel de empreiteiras.

Ressaltamos ainda a proximidade das eleições municipais para prefeito, podendo ser um dos objetivos da reunião a cobrança da contrapartida financeira para a campanha eleitoral do prefeito RENI para reeleição.

Em tese, tais empresas são responsáveis por financiar a atuação política do prefeito RENI PEREIRA em troca de contratos de obras públicas, sendo este, infelizmente, um “modus operandi” clássico em se tratando de relacionamento entre políticos e empreiteiras.

Assim, dentre outros já aventados pela investigação, pode ser esta a motivação para a atuação do executivo municipal em prol do cartel e da gestão do prefeito priorizar as obras em detrimentos dos serviços públicos.

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Conforme termo do colaborador NILTON JOÃO BECKERS, reproduzido

na denúncia pag. 208:

QUE salvo engano entre o mês de fevereiro e março esse ano, recebeu ligação de BUDEL que marcou uma reunião com o colaborador, INACIO COLOMBELLI (ITAVEL), NELSI “VERMELHO” (COGUETTO MARIA), para um sábado de manhã. QUE BUDEL disse que a reunião teria sido marcada a pedido de RENI PEREIRA; QUE compareceram na reunião RENI PEREIRA, BUDEL, e os empreiteiros; QUE RENI cobrou atrasos nas obras que eram devidos à falta de reprogramação as obras pela prefeitura perante a Caixa Econômica Federal, atrasos nos pagamentos e às chuvas do período; QUE além do andamento das obras, RENI PEREIRA cobrou das empreiteiras pagamentos de propinas em razão das empresas estarem realizando obras na cidade, dizendo que todos sabiam o que era a cobrança; QUE todos os empreiteiros afirmaram a RENI PEREIRA que não poderia atender à solicitação.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou CARLOS

JULIANO BUDEL, praticar o delito previsto no artigo disposto no artigo 317 do

Código Penal.

Informou na peça acusatória que este fato já havia sido oferecido

denúncia em face de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA perante o Tribunal

Regional Federal da 4ª Região

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa do colaborador CARLOS JULIANO BUDEL, apresentou

resposta à acusação no evento 886, alegando que assinou termo de

colaboração premiada, que inexiste preliminares e provas a serem requeridas.

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Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de superfaturamento em processo

licitatório) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral, além do que a destinação

mencionada pelo colaborador sequer demonstra certeza, e mesmo que

houvesse a referida destinação, a propina recebida é originária de um suposto

direcionamento licitatório, e com benefício pecuniário imediato dos agentes

e sem qualquer correlação com a investigada, além de terem sidos

praticados entre 2015 e 2016, assim afastados pelo critério temporal.

Ainda corrobora os argumentos esposados pelas defesas em sua peça

defensiva, as quais inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão

entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Além do que, a peça acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada,

não possuíam relação com a investigada. Inexiste até o presente momento,

liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada em face

da investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo

Ministério Público Federal.

Consta na narrativa da peça acusatória que a autoridade policial

apresentou a seguinte conclusão “Ressaltamos ainda a proximidade das

eleições municipais para prefeito, podendo ser um dos objetivos da

reunião a cobrança da contrapartida financeira para a campanha eleitoral

do prefeito RENI para reeleição.” (trecho extraído da peça acusatória),

PORÉM, ao observar a descrição da denúncia, o fato supostamente tipificado

(solicitação de vantagem indevida decorrente da manutenção dos

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contratos com a municipalidade) não apresenta qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral.

Embora haja menção de que valores ilicitamente solicitados PODERIAM

ser utilizados na campanha eleitoral de RENI, inexiste relação concreta com a

investigada, e sequer existe comprovação de que a suposta vantagem ilícita

tenha sido empregado em campanha eleitoral de RENI, pois, conforme narra a

peça acusatória a reunião ocorreu em 2016, este fato em tese, por si só, já

afasta a ocorrência concreta do crime eleitoral relacionado à investigada, senão

vejamos:

a) Os SUPOSTOS valores solicitados diretamente a RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, sem qualquer participação da investigada, e sem qualquer

relação concreta com a investigada; b) Mesmo que a suposta vantagem fosse

reconhecido, o fato ocorreu em benefício da organização criminosa, e foi

entregue para pessoa diversa da investigada, sem indício concreto da sua

participação ou do seu aproveitamento, haja vista, que as vantagens

indevidas, em tese, ao serem solicitadas/pagas são exauridas pela

organização, se aperfeiçoaram em benefício da mesma, momento

absolutamente diverso de um eventual crime eleitoral; c) A independência,

autonomia e o momento da atuação corrupta ou de condutas ilícitas anteriores,

afastam a conexão do suposto crime eleitoral, já que tais vantagens se diluem

no patrimônio da organização criminosa ou do corruptor, tornando impossível

especificar o direcionamento dos valores, para uma eventual campanha

eleitoral.

Nesse sentido, inexiste conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral conexo à investigada, e consequente impossível direcionar a

competência de processamento para a justiça especializada. Além do que

inexiste liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada

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em face da investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 8.7 – Do Crime do art. 1º, inc. I, Dec. Lei 201/67 – PECULATO DESVIO

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que entre

janeiro/2015 a abril/2016, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, GIRNEI

AZEVEDO, EVORI ROBERTO PATZLAF, CARLOS JULIANO BUDEL, AIRES

SILVA, EDSON QUEIROZ DUTRA, MICAEL SENSATO e ANA PAULA

MARTINS SANTOS , em comunhão de esforços, desviaram em proveito

próprio e alheio, durante a execução do contrato 02/2015 (Concorrência pública

27/2014), com pagamento de medições a maior, neste período destacou a

peça acusatória a obra da Avenida República Argentina, nos meses de

dezembro2015 a janeiro/2016 com superfaturamento aproximado de R$

40.000,00 (quarenta mil reais), pagas em duas parcelas por ANA à AIRES, que

entregou a CARLOS BUDEL, conforme trecho da delação premiada

colacionada na denúncia pag. 212:

QUE nos meses de dezembro de 2015 e de janeiro de 2016 houve uma obra na Avenida República Argentina, sobre o rio Boicy, realizada em função da ruptura da tubulação de água pluvial por conta do peso excessivo de um caminhão que estacionou no local, o qual provocou erosão, fazendo parte do pavimento ceder; QUE para regularizar a pista foi utilizado o contrato da empresa EMPREENDIMENTOS QUEIROZ LTDA., que é responsável pela manutenção de bocas de lobos, bueiros e meio-fios. QUE no entanto, quem efetivamente realizou a obra foi a ATIVA OBRAS E SERVIÇOS LTDA.; QUE a pedido de CARLOS

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JULIANO BUDEL, e com o conhecimento do prefeito RENI PEREIRA, a medição da obra foi realizada a maior, ou seja, foi cobrado da prefeitura, pela empresa, valores relativos parte não executada da obra; QUE pela experiência do colaborador em relação a medições de obras, o valor correto da obra ficaria em torno de R$120.000,00 (cento e vinte mil reais), porém a empresa emitiu nota que totalizou o valor aproximado de R$160.000,00 (cento e sessenta mil reais), de acordo com as medições irregulares realizadas. QUE assim, a empresa, por meio de ANA PAULA MARTINS SANTOS, esposa de EVORI, repassou ao colaborador o valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil) em um dia, e no dia seguinte mais R$15.000,00 (quinze mil reais), totalizando R$40.000,00 (quarenta mil reais), dentro de envelopes, em encontros em via pública. QUE o dinheiro recebido pelo colaborador foi entregue em sua totalidade à BUDEL.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, praticar o delito previsto no artigo disposto no artigo 1°,

inc. I, Dec. Lei 201/67.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890, em síntese alega que a denúncia é inepta, pois viola

o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da ampla

defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar, extrai-

se da peça defensiva trecho pag 28. “Ora, se os empresários participavam

ativamente do “esquema”, poderiam dar maiores detalhes dos fatos, a fim de

permitir uma melhor descrição do ocorrido, conforme determina o artigo 41 do

Código de Processo Penal, o que não foi feito no presente caso. Sequer foram

estabelecidos os valores recebidos pelos agentes políticos ou os valores totais

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das obras calculadas a mais, demonstrando que a descrição dos supostos

delitos foi absolutamente genérica e fora da realidade.” Em sua resposta a

defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua peça

defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de superfaturamento de contrato

administrativo) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada.

Além do que a suposta destinação mencionada pelo colaborador, refere-se a

propina recebida por membro da suposta organização sem qualquer

correlação com a investigada, além de terem sidos praticados entre 2015

e 2016, assim afastados pelo critério temporal. Ainda corrobora os

argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as quais

inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Ainda a peça

acusatória, descreve que as suposta vantagem solicitada, não possuíam

relação com a investigada. Inexiste até o presente momento, liame objetivo ou

subjetivo deste fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não

há até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato

denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 9.1 – Dos Crimes do art. 312, in fine, 317 e 333 do CP – FUNDAÇÃO

CULTURAL DE FOZ DO IGUAÇU – FARTAL/2014

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Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em data incerta,

mas próximo de junho de 2014, SANDRO MAZA e ADAILTON AVELINO,

desviaram dinheiro público em proveito alheio. A SANEPAR repassou a

Fundação Cultural de Foz do Iguaçu a quantia de R$ 250.000,00 (duzentos e

cinquenta mil reais) para promover as festividades FARTAL/2014. Previamente

acordados, ADAILTON, Presidente da Fundação, e SANDRO, Assessor do

Presidente da SANEPAR, contrataram determinada empresa para serviços

relacionados a estrutura e shows e repassaria ilegalmente R$ 100.000,00 (cem

mil reais) para SANDRO. Porém tal valor não foi repassado, sendo entregue

dois veículos por MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,

que sabia da empreitada e aderiu, sobre os fatos, conforme trecho da delação

premiada colacionada na denúncia pag. 217:

“QUE o colaborador informa que houve um patrocínio da SANEPAR para o Carnaval ou Fartal/2014 no valor de R$ 250.000,00 que foi depositado na conta da Fundação Cultural, cujo diretor superintendente era o Sr. Adailton Avelino (Cantor); QUE Sandro Mazali solicitou o retorno do valor de R$ 100.000,00 indicando a empresa de Paulo Roberto Produções para a contratação de shows e estruturas, tendo Paulo recebido os R$ 250.000,00; QUE em meados de fevereiro/2015, o corréu Rodrigo Becker e Adailton Avelino (Cantor) relataram ao colaborador que Paulo Roberto recebeu os valores de R$ 250.000,00, porém não repassou o valor de R$ 100.000,00 para a pessoa de Sandro (assessor do presidente da Sanepar); QUE o colaborador, a pedido do corréu Rodrigo Becker, teve que solucionar a questão, e então enviou dois veículos a Sandro para pagamento do valor de 100 mil reais; QUE os veículos eram um Sonata de propriedade de Rodrigo Becker (no valor de R$ 70.000,00), mais um C4 Palias ou Audi de propriedade de Cantor (no valor de R$ 30.000,00); QUE ficou acordado que Rodrigo e Cantor iriam resgatar esses valores através de eventos

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posteriores promovidos pela Fundação Cultural patrocinados ou não pela SANEPAR”

Em síntese, o representante ministerial federal acusou SANDRO

MAZALI o delito descrito no artigo 312, in fine, do Código Penal e no artigo 317

do Código Penal; ADAILTON AVELINO, o crime descrito no artigo 312, in fine,

do Código Penal e artigo 333 do Código Penal; RODRIGO BECKER a conduta

criminosa prevista no artigo 333 do Código Penal; e a MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA o delito descrito no artigo 333, c/c o artigo

29, ambos do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RODRIGO BECKER, apresentou resposta à acusação no

evento 684, em síntese ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

e requer a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese ratifica os

termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

A defesa de SANDRO MAZALLI, apresentou resposta à acusação no

evento 887. Alega em síntese improcedência da acusação. Arrola sete

testemunhas, e não questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de ADAILTON AVELINO, apresentou resposta à acusação no

evento 660, alega em síntese, inépcia da denúncia, ausência de justa causa, e

no mérito negativa de autoria. Apresenta duas, e não questiona a

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento de contratação

administrativa) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada.

Além do que a suposta destinação mencionada pelo colaborador, refere-se a

propina recebida por membro da suposta organização sem qualquer

correlação com a investigada. Ainda corrobora os argumentos esposados

pelas defesas em suas peças defensivas, as quais inclusive negam a autoria,

ou sequer apresenta conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral, e consequentemente não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Ainda a peça acusatória,

descreve que as suposta vantagem solicitada, não possuíam relação com a

investigada. Inexiste até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.1 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – LUIZ CARLOS ALVES

“CAL”

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que

aproximadamente em meados/2014 a setembro/2015, RORIGO BECKER e

MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, com anuência e

por ordem de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, ofereceram e pagaram

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vantagem indevida a LUIZ CARLOS ALVES (CAL) visando favorecimento da

organização criminosa, já que LUIZ que possuía poderes na movimentação

das contas bancárias da Prefeitura, para agilizar os pagamentos dos

empresários que estaria no esquema criminoso, em troca era veneficiado no

valor mensal de R$ 2.000,00 (dois mil reais) pagos por RODRIGO e

posteriormente por MELQUIZEDEQUE, conforme trecho da delação premiada

colacionada na denúncia pag. 221:

QUE o colaborador iniciou as tratativas e começou a se interar acerca dos trâmites referentes aos pagamentos dos contratos da prefeitura, até porque precisava de agilidade nesses processos; (...) QUE então conversou com o RENI pois necessitaria do controle da RMS; QUE a partir de então passou a ter o controle da senha do prefeito RENI, que era a última autorização para que posteriormente fosse feito o empenho, liquidação e pagamento; QUE como o colaborador logava com o usuário “RENI” e respectiva senha, passou a ter o controle das RMS’s de todas as secretarias; QUE o RENI elencou ao colaborador quais eram as empresas parceiras para sempre quando houvesse as RMS’s das respectivas empresas, as mesmas pudessem ser liberadas de forma rápida; QUE daí se deparou com outro problema, pois após a liberação da RMS, havia um trâmite dentro da secretaria da fazenda, no qual o colaborador não tinha nenhum ingerência, tendo então procurado a pessoa de LUIZ CARLOS ALVES, o CAL; QUE daí o colaborador solicitou a “CAL” que estipulasse um valor mensal para que agilizasse todo o trâmite dentro da secretaria da fazenda; QUE daí foi estipulado o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), tendo sido anuído por RENI; QUE anteriormente com o RODRIGO, LUIZ CARLOS ALVES recebia cerca de R$ 2.000,00 (dois mil reais); QUE portanto ficou acertado o pagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais;)

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Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, RODRIGO BECKER e MEQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, praticar o delito previsto no 333 do Código

Penal, e LUIZ CARLOS ALVES pela prática do artigo 317 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RODRIGO BECKER, apresentou resposta à acusação no

evento 684, em síntese ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

e requer a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratifica

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de LUIZ CARLOS ALVES, apresentou reposta à acusação no

evento 832 alegando, em síntese, a inépcia da inicial e, no mérito, a

improcedência da acusação, ausência de lastro probatório. Arrolou cinco

testemunhas de defesa, sem questionar a competência da Justiça Eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alega que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva (trecho pág. 29). “Ademais, importante frisar que o

colaborador Rodrigo Becker sequer menciona o nome do denunciado RENI em

seus depoimentos, o que demonstra mais uma tentativa de responsabilização

objetiva em razão do cargo. Nesse sentido, imperioso manter a rejeição do

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presente item por absoluta ausência de indícios de autoria.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de pagamento de propina para benefícios

da organização criminosa) não apresenta qualquer conexão concreta entre

os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, a suposta destinação mencionada pelo colaborador,

refere-se a propina recebida por membro da suposta organização sem

qualquer correlação com a investigada. Ainda corroborando os argumentos

esposados pelas defesas em suas peças defensivas, os quais, inclusive,

negam a autoria, ou sequer apresenta conexão entre o fato denunciado e

um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Ainda a peça acusatória,

descreve que as suposta vantagem solicitada, não possuíam relação com a

investigada. Inexiste até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.2 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – VILLAGE IGUASSU GOLF

RESIDENCE

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Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que no final de 2014

a setembro/2015, RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA e JOÃO MATKIEVICZ

FILHO, com auxílio de MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, solicitaram vantagem indevida consistente no pagamento aproximado

de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) de GUILHERME DE JESUS

PAULUS, que ofereceu e pagou, ao menos R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil

reais) para concessão da licença ambiental do condomínio Village Iguassu Golf

Residence, deste montante R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) foram

destinados ao caixa geral da organização criminosa, a época gerenciada por

MELQUIZEDEQUE, conforme trecho da delação premiada do colaborador

RODRIGO BECKER colacionada na denúncia pag. 224:

QUE o colaborador lembra de dois eventos: o primeiro uma conversa que presenciou entre o Prefeito RENI e JOÃO MATKIEVICZ, sendo que o primeiro disse que não teria coragem de pedir um valor para o proprietário do condomínio Wish Golf, que seria seu amigo; QUE em outra ocasião, lembra que estava em um evento no Hotel Mabu, na Avenida das Cataratas, e que JOÃO chegou com parte do dinheiro que seria destinado para despesas de campanha de CLÁUDIA PEREIRA, não lembrando o colaborador, se foi antes das eleições ou depois; QUE essa parte do valor seria 180 mil reais; QUE viu parte do dinheiro no carro do Prefeito RENI; QUE lembra que o valor estava acondicionando no interior de um envelope, salvo engano; QUE foi passado, inicialmente, o valor de 180 mil e não 400 mil Reais, conforme acordado anteriormente, que incluía a aprovação do condomínio e a licença ambiental; QUE a respeito de um áudio onde há dados de que o Prefeito RENI viajou para a Europa o colaborador não sabe informar nada a respeito; QUE sabe apenas sobre esses valores; QUE não sabe se foi feito algum registro no hotel Mabu naquela data; QUE não sabe como eram os trâmites, mas sabe que Foz do Iguaçu/PR é um dos municípios que possui esse

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poder, que antes era do IAP, ficando a cargo do município; QUE o decreto era o prefeito quem assinava e RICARDO ALBUQUERQUE se encarregava de analisar os pedidos de loteamento; QUE acredita que em todos os novos condomínios aprovados na gestão houve pagamento para o prefeito RENI, em geral em terrenos; QUE NILTON BECKERS ficava com terrenos que seriam do Prefeito nos condomínios que ele fazia a infraestrutura; QUE geralmente, a aprovação de um condomínio/loteamento tem um trâmite, mas JOÃO poderia fazer andar rápido ou não.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, JOÃO MATKIEVICZ FILHO e MEQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, de praticar o delito previsto no 317 do

Código Penal, e GUILHERME DE JESUS PAULUS pela prática do artigo 333

do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, apresentou resposta à acusação no evento 816, alegando, em

síntese, que ratifica os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo

a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de JOÃO MATKIEVICZ FILHO, apresentou reposta à

acusação no evento 658 e, em síntese, alegou a inexistência probatória,

ausência de credibilidade dos colaboradores e, no mérito, a absolvição

sumária. Não arrolou testemunhas e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados

A defesa de GUILHERME DE JESUS PAULUS, apresentou reposta à

acusação no evento 1224 e, em síntese, requereu a rejeição da denúncia,

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alegando ausência de justa causa e inexistência probatória mínima. Para

corroborar, colaciona trecho da peça defensiva, pag.18“(iv): a acusação não

apresentou qualquer prova que minimamente corrobore o quanto delatado

pelos colaboradores, tanto no tocante à autoria, tanto no tocante à

materialidade, é o caso de rejeição da inicial ofertada em desfavor de

GUILHERME DE JESUS PAULUS.”. Não arrolou testemunhas, e não

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pag 29: “Ademais, importante frisar que o

colaborador Rodrigo Becker sequer menciona o nome do denunciado RENI em

seus depoimentos, o que demonstra mais uma tentativa de responsabilização

objetiva em razão do cargo. Nesse sentido, imperioso manter a rejeição do

presente item por absoluta ausência de indícios de autoria.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Consta na narrativa da peça acusatória que no termo do colaborador

consta: “QUE em outra ocasião, lembra que estava em um evento no Hotel

Mabu, na Avenida das Cataratas, e que JOÃO chegou com parte do dinheiro

que seria destinado para despesas de campanha de CLÁUDIA PEREIRA,

não lembrando o colaborador, se foi antes das eleições ou depois.”

(trecho extraído da declaração do colaborador).

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Embora haja menção pelo colaborador da finalidade eleitoral, inexiste

relação concreta com a investigada, pois a solicitação se originou de uma

suposta licença ambiental fato que , em tese, por si só, já afasta a ocorrência

concreta do crime eleitoral relacionado à investigada, senão vejamos:

a) o colaborador NÃO tem certeza se o recebimento ocorreu antes ou

depois da eleição da investigada; b) a natureza da vantagem indevida era para

viabilizar o licenciamento ambiental, sem qualquer relação com a investigada;

c) Os SUPOSTOS valores foram solicitados diretamente por RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, sem qualquer participação da investigada, e sem qualquer

relação concreta com a investigada; d) Mesmo que a suposta vantagem fosse

reconhecida, o fato ocorreu, supostamente, em benefício da organização

criminosa e foi entregue para pessoa diversa da investigada, sem indício

concreto da sua participação ou do seu aproveitamento, haja vista, que as

vantagens indevidas, em tese, ao serem solicitadas/pagas são exauridas pela

organização, se aperfeiçoaram em benefício da mesma, momento

absolutamente diverso de um eventual crime eleitoral; e) A independência,

autonomia e o momento da atuação corrupta ou de condutas ilícitas anteriores,

afastam a conexão com o suposto crime eleitoral, já que tais vantagens se

diluem no patrimônio da organização criminosa ou do corruptor, tornando

impossível especificar o direcionamento dos valores, para uma eventual

campanha eleitoral.

Nesse sentido, inexiste conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral conexo à investigada, e consequente impossível direcionar a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além do que,

inexiste liame objetivo ou subjetivo deste fato com a investigação perpetrada

em face da investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o

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presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.3 – Do Crime do art. 316 do CP – RODRIGO

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em data incerta,

mas no ano de 2014, RORIGO BECKER solicitou vantagem indevida de LUIZ

CARLOS MEDEIROS, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais, para

que não retomasse o cargo que era anteriormente seu como Diretor Executivo

da Sanepar, LUIS pagou por aproximadamente dez meses, R$ 5.000,00 (cinco

mil reais), conforme trecho da delação premiada do colaborador RODRIGO

BECKER colacionada na denúncia pag. 225/226:

“QUE quando o colaborador foi trabalhar na prefeitura, seu salário iria abaixar em relação ao salário do seu então cargo de gerente regional da SANEPAR; QUE RENI havia prometido ao colaborador que iria lhe pagar 10 mil reais “por fora”; QUE era comum RENI pagar algumas pessoas “por fora”; QUE quando assumiu o cargo na prefeitura RENI não cumpriu a promessa; QUE quando saiu da SANEPAR seu cargo foi ocupado por LUIZ CARLOS MEDEIROS; QUE ficou combinado com MEDEIROS que este passaria ao colaborador 5 mil reais de seu salário; QUE MEDEIROS efetuou tais repasses por cerca de 10 meses; QUE os valores eram passados em espécie, geralmente até o dia 10 de cada mês; QUE RENI não sabia que MEDEIROS estava passando dinheiro para o colaborador;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RODRIGO

BECKER pela prática do artigo 316 do Código Penal.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RODRIGO BECKER, apresentou resposta à acusação no

evento 684 e, em síntese, ratificou os termos do acordo de colaboração

premiada, requerendo a concessão do benefício do perdão judicial.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de retomada do cargo público Diretor

Executivo da Sanepar) não apresenta qualquer conexão concreta entre os

fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, a suposta destinação mencionada pelo colaborador,

refere-se a propina recebida por membro da suposta organização sem

qualquer correlação com a investigada. Além disso, a peça acusatória

descreve que a suposta vantagem solicitada não possuía relação com a

investigada. Assim, inexiste até o presente momento, liame objetivo ou

subjetivo deste fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não

há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato

denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.4 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – VISUAL

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, no segundo

semestre de 2014, RODRIGO BECKER solicitou para si, em razão da função

exercida na Prefeitura, vantagem indevida a RENI CLOVIS DE SOUZA

PEREIRA e, este, por sua vez, com comunhão de esforços com NILTON JOÃO

BECKERS e PAULO CESAR BARANCELLI DE ARAÚJO, prometeram e

ofereceram vantagem indevida, bom como viabilizaram os pagamentos.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

RODRIGO BECKERS solicitou a RENI a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil

reais), sendo que este, determinou que NILTON e PAULO, retirassem a verba

ilegal da empresa VISUAL ENGENHARIA E CONSULTORIA, e em

setembro/2014 entregaram R$ 10.000,00 (dez mil reais) a CRISTIANO FURE

DE FRANÇA, que entregou a RODRIGO BECKER, conforme trecho da

delação premiada do colaborador RODRIGO BECKER colacionada na

denúncia pag. 228:

QUE todos os funcionários da SANEPAR, cedidos para a prefeitura, tiveram que devolver dinheiro para a prefeitura, devido a erros de encontro de contas com a SANEPAR; QUE, em virtude disso, ficou três meses ganhando, aproximadamente, R$ 900,00 de salário, e que o prefeito autorizou o recebimento de R$ 10.000,00 por mês durante três meses através do contrato de projetos; QUE conversou com NILTON e este mandou R$ 10.000,00 através de PAULO para CRISTIANO FURE DE FRANÇA, o qual repassou ao colaborador, em meados de agosto de 2014; QUE, um tempo depois, cobrou o valor faltante de NILTON, sendo que ele falou que RENI disse “que agora era com o MELQUIZEDEQUE”, pois o mesmo deveria pagar o “mensalinho” para os vereadores, inclusive retirando verba do contrato com a VISUAL, através de manobras ilícitas; QUE NILTON falou que os R$ 20.000,00 faltantes ficaria de crédito para futuro encontro de contas pessoais entre NILTON e o colaborador; QUE PAULO ligou no celular do colaborador antes de entregar para CRISTIANO.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RODRIGO

BECKER, praticar o delito previsto no 317 do Código Penal, e RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, NILTON JOÃO BECKERS, PAULO CESAR

BARANCELLI DE ARAÚJO e CRISTIANO FURE DE FRANÇA pela prática do

artigo 333 do Código Penal.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de RODRIGO BECKER, apresentou resposta à acusação no

evento 684, em síntese, ratifica os termos do acordo de colaboração premiada,

requerendo a concessão do benefício do perdão judicial.

A defesa de NILTON JOÃO BECKERS, apresentou reposta à acusação

no evento 643, alegou, em síntese, que formulou acordo de colaboração

premiada, e requer juntada dos saques de 2011 a 2016, firmadas pela

Terraplenagem SR.

A defesa de CRISTIANO FURE DE FRANÇA, apresentou resposta à

acusação nos eventos 679 e, em síntese, alegou a inexistência de indícios de

autoria e materialidade e, no mérito, a rejeição tardia da denúncia. Arrolou duas

testemunhas. A defesa não questiona a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de PAULO CESAR BARANCELLI DE ARAÚJO apresentou

resposta à acusação nos eventos 600 e, em síntese, alegou litispendência,

extinção do segundo processo e, no mérito, a improcedência da denúncia,

inexistência de elementares do tipo, atipicidade da conduta. Não arrolou

testemunhas. A defesa não questiona a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890 alegando, em síntese, que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 29: “Ademais, importante frisar que o

colaborador Rodrigo Becker sequer menciona o nome do denunciado RENI em

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

seus depoimentos, o que demonstra mais uma tentativa de responsabilização

objetiva em razão do cargo. Nesse sentido, imperioso manter a rejeição do

presente item por absoluta ausência de indícios de autoria.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final de sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de recomposição salarial dos

funcionários cedidos pela SANEPAR) não apresenta qualquer conexão

concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral

relacionado à investigada. Além do que a suposta destinação mencionada pelo

colaborador, refere-se a propina recebida por membro da suposta organização

sem qualquer correlação com a investigada. Ainda a peça acusatória,

descreve que a suposta vantagem solicitada, não possuía relação com a

investigada. Inexiste até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.5 – Do Crime do art. 333 do CP – IVAN

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, no primeiro

semestre de 2015, IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO ofereceu vantagem

indevida, consistente no pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a

MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA para que

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regularizasse os pagamentos que se encontravam em atraso às empresas

LABOR OBRAS LTDA e IGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS – EIRELI,

conforme trecho da delação premiada do colaborador MELQUIZEDEQUE

colacionada na denúncia pag. 229:

(...) QUE quando chegou-se a data de renovação desses contratos, houve divergências atinentes ao reequilíbrio econômico das empresas LABOR e IGUASSU, motivando que IVAN procurasse o colaborador para a liberação dos pagamentos em atraso, que somavam a monta de 500 mil reais, aproximadamente, chegando a propor ao colaborador a vantagem indevida na ordem de 50 mil reais, mediante o pagamento das notas; QUE o colaborador não aceitou a proposta de propina em razão de desentendimentos anteriores entre o Prefeito RENI e LUIS PEREIRA (…)

Em síntese, o representante ministerial federal acusou IVAN LUIZ

FONTES SOBRINHO pela prática do artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO apresentou reposta à

acusação no evento 669 sobre os itens 7.8, 7.10, 10.5 e, em síntese, alegou

inépcia da denúncia, ausência de materialidade. Arrolou seis testemunhas de

defesa, e tampouco questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

Observando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente pagamento de notas/faturas em atraso)

não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia

e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, a suposta

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destinação mencionada pelo colaborador refere-se a propina recebida por

membro da suposta organização sem qualquer correlação com a

investigada. Ainda, a peça acusatória descreve que a suposta vantagem

solicitada, ocorreu no segundo semestre de 2015, o que afasta eventual

conexão pelo critério temporal. Assim, inexiste, liame objetivo ou subjetivo

deste fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.6 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – CHICO NOROESTE

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que em junho, julho

e agosto de 2015, o denunciado FRANCISCO NOROESTE MARTINS

GUIMARÂES solicitou e recebeu, por três vezes, diretamente de

MEQUIZEDEQUE DA SULVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, vantagem indevida na quantia de R$ 10.000,00 (dez mil

reais), em virtude deste não ter obtido a função de secretário municipal – cargo

de diretoria - conforme prometido por RENI, tendo os valores pagos sido

retirados do caixa referente ao “mensalinho”, administrado por

MELQUIZEDEQUE. Os pagamentos foram efetuados nos meses de junho,

julho e agosto de 2015 e solicitados após o denunciado FRANCISCO ter sido

nomeado secretário municipal.

Conforme trecho da delação premiada do colaborador

MELQUIZEDEQUE colacionada na denúncia pag. 231/232:

QUE a respeito da pessoa de CHICO NOROESTE, esclarece que este fez um acordo com o Prefeito RENI PEREIRA, pois CHICO NOROESTE era do mesmo partido (PSC) da esposa de RENI (CLÁUDIA PEREIRA); QUE em consequência de

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uma possível candidatura a Deputado Estadual, o Prefeito RENI PEREIRA ofereceu a CHICO NOROESTE o cargo de Secretário de Administração e mais um valor equivalente ao de uma diretoria (5 mil reais), para que o mesmo desistisse de sua candidatura e apoiasse a candidatura de CLÁUDIA PEREIRA; QUE CHICO NOROESTE aceitou a proposta e foi nomeado ao cargo anteriormente acordado; QUE o colaborador esclarece que o Prefeito RENI não tinha confiança na pessoa de CHICO NOROESTE; QUE CHICO NOROESTE, enquanto Secretário, realizou algumas manobras ilegais privilegiando as empresas de transporte escolar VIDAL e LUCIA MARLENE (de propriedade de ERICO) a fim de que prestassem serviços ao município; QUE, em decorrência, tais empresas foram vencedoras da licitação; QUE o colaborador esclarece que, em contrapartida, foi combinado com RENI e CHICO o pagamento no valor de 100 mil reais, a título de propina, valor este pago, em espécie, por ERICO a CHICO NOROESTE (informação dada por ambos ao colaborador), sendo que 20 mil reais seriam destinados a CHICO NOROESTE e 80 mil reais ao Prefeito RENI PEREIRA; QUE o colaborador esclarece que a pessoa de LUIZ CARLOS ALVES era subordinado ao colaborador para as operações de pagamento, possibilitando ao colaborador operar o caixa do “mensalinho”; QUE essa subordinação de “CAL” (LUIZ CARLOS ALVES) ao colaborador fez com que ERICO e VIDAL (proprietário da empresa) procurassem o colaborador para acertarem o valor da propina, cujos pagamentos foram iniciados no primeiro semestre de 2015; QUE o colaborador não repassou a CHICO o valor referente à diretoria enquanto este ocupou o cargo de Secretário de Administração, sendo que após a sua exoneração do cargo, foi determinado pelo Prefeito RENI que o colaborador pagasse 3 parcelas de 10 mil reais, para quitar o débito do Prefeito RENI com CHICO NOROESTE; QUE o colaborador efetuou os repasses dos referidos valores, em espécie, nos meses de junho, julho e agosto de 2015, diretamente a CHICO NOROESTE, em uma

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oportunidade em frente ao Edifício Torre Azul (residência de CHICO NOROESTE), e duas vezes na ABEFI (Associação Beneficente de Foz do Iguaçu); QUE os referidos valores para saldar a dívida entre RENI e CHICO saíram do “caixa” administrado pelo colaborador; QUE o colaborador não costumava usar SMS, mas CHICO usava, de vez em quando, para conversar com o colaborador; QUE CHICO usava um número de telefone de Curitiba/PR (DDD 41), e encaminhava os SMS’s ao terminal telefônico “45-9960-8787”, pertencente ao colaborador.

Em síntese, o representante ministerial federal acusou FRANCISCO

NOROESTE MARTINS GUIMARÂES de praticar o delito previsto no 317 do

Código Penal, e MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA

pela prática do artigo 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, apresentou resposta à acusação no evento 816, em síntese ratifica os

termos do acordo de colaboração premiada, e requer a concessão do benefício

do perdão judicial.

A defesa de FRANCISCO NOROESTE MARTINS GUIMARÃES,

apresentou resposta à acusação no evento 868, alegando, em síntese,

incompetência da justiça federal e remessa para a justiça estadual, inépcia

da denúncia, inexistência de materialidade do delito imputado, negativa de

autoria e, para corroborar, colaciona trecho da defesa pág. 9 : “E, considerando

a falta justa causa, ou seja, a denúncia não se fundamentou em provas da

materialidade e de indícios de autoria delitiva que justifiquem a instauração,

processamento e condenação, uma vez que os elementos se resumem à uma

única declaração, sem a existência de documentos decorrentes da atividade

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policial de investigação, nem cruzamento de ligações ou de mensagens que,

de fato, sinalizem a participação do acusado, a decisão mais justa e correta ao

caso é pela rejeição da denúncia, de forma sumária, em favor do denunciado.”

Apresenta cinco testemunhas, e não questiona a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final, da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Consta na narrativa da peça acusatória que o colaborador: “esclarece

que este fez um acordo com o Prefeito RENI PEREIRA, pois CHICO

NOROESTE era do mesmo partido (PSC) da esposa de RENI (CLÁUDIA

PEREIRA); QUE em consequência de uma possível candidatura a

Deputado Estadual, o Prefeito RENI PEREIRA ofereceu a CHICO

NOROESTE o cargo de Secretário de Administração e mais um valor

equivalente ao de uma diretoria (5 mil reais), para que o mesmo desistisse

de sua candidatura e apoiasse a candidatura de CLÁUDIA PEREIRA.”

(trecho extraído da declaração do colaborador).

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Embora haja menção do colaborador sem a concreta participação da

investigada no fato descrito na denúncia, percebe-se que a solicitação se

originou supostamente à AQUISIÇÃO DE APOIO POLÍTICO. Importante

ressaltar que o denunciado (CHICO NOROESTE) NEGA A

MATERIALIDADE E AUTORIA, porém, mesmo que a suposta conduta

restasse comprovada, este fato, em tese, não se amolda a um ilícito eleitoral,

seja pela ausência de elementares específicas do tipo eleitoral, seja pelo

reconhecimento jurisprudencial de que tal conduta, em tese, se aproxima muito

mais a uma hipótese de abuso de poder econômico, senão vejamos:

a) a natureza da suposta vantagem indevida era para adquirir apoio

político;

b) a conduta narrada pelo colaborador não se amolda aos

elementos descritos no artigo 350 do Código Eleitoral, c) A suposta

aquisição de apoio político não configura crime eleitoral, se aproximando, muito

mais, das hipóteses de abuso de poder econômico (conforme entendimento

jurisprudencial, reproduzido no corpo da decisão pag. 16. RESPE - Agravo

Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 19260 - RANCHO ALEGRE – PR)

c) Os SUPOSTOS valores solicitados/oferecidos diretamente por RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA ocorreram sem qualquer participação da

investigada e, em tese, ao serem solicitadas/oferecidas são exauridas pela

organização ou se aperfeiçoaram em benefício da mesma, momento

absolutamente diverso de um eventual crime eleitoral; d) A independência,

autonomia e o momento da atuação, supostamente, corrupta ou de condutas

ilícitas anteriores, afastam a conexão do suposto crime eleitoral.

Nesse sentido, inexiste conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral conexo à investigado e, consequentemente, torna-se improvável

direcionar a competência de processamento para a justiça especializada.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Portanto, não há até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo

com o fato denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 10.7 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – VIGA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, em data não

esclarecida, porém, antes do Pregão n° 113/2015 realizado no final de 2015,

os denunciados RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e MEQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, solicitaram de EDUARDO RODRIGUES

DO VALE, sócio da empresa VIGA NESTORE LTDA, vantagem indevida na

quantia de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), com a promessa de sagra-

se vencedora do certame. Conforme trecho da delação premiada do

colaborador MELQUIZEDEQUE colacionada na denúncia pag. 233/234:

QUE o colaborador tem conhecimento que no final do ano de 2013 o Prefeito Reni Pereira, por meio do deputado Ratinho Jr., viabilizou um recurso de aproximadamente 4 milhões de reais (verba advinda da SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública/Ministério da Justiça) para implantação de mais 120 câmeras de videomonitoramento na cidade de Foz do Iguaçu; QUE por determinação do Prefeito Reni Pereira, a empresa VIGA Netstore, do proprietário Sr. EDUARDO VIGA, deveria realizar o projeto e consequentemente vencer a licitação, com o intuito de viabilizar um retorno financeiro em cima de tal projeto na ordem de 10%, ou seja, aproximadamente R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), valor este que seria destinado ao DEPUTADO ESTADUAL RATINHO JR.; QUE entretanto, por se tratar de verba federal, houve a determinação do SENASP de que a modalidade da licitação fosse pregão eletrônico e em virtude disso, na primeira licitação (1º semestre 2015), acabou que outra empresa venceu o certame; QUE essa empresa, da qual o colaborador não se

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

recorda do nome, ofertou um lance que a empresa VIGA não conseguiria superar sem considerar retorno de 10%; QUE a VIGA era uma empresa indicada pelo Deputado Ratinho Jr.; QUE como restou frustrado esse primeiro pregão, tal certame foi cancelado, também de forma fraudulenta, por meio de atos que acabou desabilitando essa empresa vencedora; QUE lembra que fez duas reuniões com o EDUARDO VIGA, no primeiro semestre de 2015, uma na secretaria de TI e outra no Hotel Golden Tulip, onde trataram que os 10% (aproximadamente 400 mil reais) de retorno que iriam para o deputado RATINHO JR, a respectiva compensação financeira para o RENI e também para o caixa do colaborador resultaria mediante a subcontratação de empresas para realizar o serviço de ‘cabeamento’; QUE em relação a isso chegou a fazer contatos com o ADELIR, proprietário da POWERNET; QUE então, houve o cancelamento desse primeiro certame e houve o ajuste para o direcionamento à empresa VIGA, com o estabelecimento de entraves e condições que somente tal empresa atingiria; QUE entretanto, entre o lançamento desse edital e o certame houve a prisão do colaborador pelo GAECO, não tendo acompanhado quais os entraves que foram colocados; QUE nessas novas manobras para o direcionamento do certame para a empresa VIGA foram empreendidas pelo CLEUMAR PAULO FARIAS, então Secretário de Segurança de Pública e o EVERSON CADAVAL MADRUGA, diretor de logística da Guarda Municipal;[...]

Em síntese, o representante ministerial federal acusou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA de praticar o delito previsto do art. 317 do Código Penal e EDUARDO

RODRIGUES DO VALE pela prática do art. 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de EDUARDO RODRIGUES DO VALE apresentou reposta à

acusação no evento 885 e, em síntese, requereu o trancamento da ação penal,

alegando a inexistência de elementos para consubstanciar a denúncia e

ausência de materialidade. Arrolou três testemunhas de defesa, e tampouco

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os

fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final da sua

peça defensiva, requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em certame licitatório

– Pregão 113/2015) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada.

Além do que, a suposta destinação mencionada pelo colaborador refere-se a

propina recebida por membro da suposta organização, sem qualquer

correlação com a investigada, além de ter sido praticado no final 2015,

assim, afastado pelo critério temporal. Ainda corroboram os argumentos

esposados pelas defesas em sua peça defensiva, os quais negam a autoria,

ou sequer apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral, e consequentemente não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Ainda, a peça acusatória

descreve que as suposta vantagem solicitada não possuía relação com a

investigada. Inexiste, assim, liame objetivo ou subjetivo deste fato com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo

Ministério Público Federal.

Fato 10.8 – Dos Crimes do art. 90 e 99 da Lei 8.666/93 – Tomada de Preços

n. 007/2013 – POWERNET TECNOLOGIAS LTDA.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, no primeiro

semestre de 2013, em data não esclarecida, os denunciados RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA

e ADELIR DINIZ DA ROSA frustraram e fraudaram mediante direcionamento

do certame licitatório para contratação de prestação de serviços de

gerenciamento, segurança da informação e telefonia VOIP, sendo determinado

que a empresa POWERNET TECNOLOGIAS LTDA sagrar-se-ia vencedora.

Foi determinado que o valor global máximo gasto com a prestação de serviço

seria de R$ 162.000,00 (cento e sessenta e dois mil reais). Conforme trecho

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

da delação premiada do colaborador MELQUIZEDEQUE colacionada na

denúncia pag. 237/238:

(…) QUE explica ainda que a POWERNET possuía também um outro contrato para a manutenção da rede WIMAX, sistema este que interligava via rádio todas as escolas municipais, alguns postos de saúde e algumas unidades da secretaria de ação social; QUE essa licitação também foi direcionada para que a POWERNET vencesse; QUE nessa ocasião uma outra empresa do Paraná também apareceu com o intuito de concorrer no certame, mas para não atrapalhar o processo e abrir o caminho para a POWERNET, solicitou ao ADELIR o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para que desistisse da concorrência, sendo que o ADELIR concordou e pagou o valor; QUE a propina do contrato da rede WIMAX era de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) inicialmente repassados ao DIEGO sendo que posteriormente tal valor também passou a compor o caixa do colaborador; QUE com relação aos direcionamentos empreendidos pelo colaborador em favor da POWERNET, esclarece que o termo de referência por si elaborado se deu com base na exigência de acervos técnicos e certificados extremamente rígidos e alguns até desnecessários, de modo que dificilmente outras empresas atingiriam tais requisitos; QUE por exemplo, o colaborador utilizava o artifício de justificar que os certificados exigidos seriam necessários pois a rede de videomonitoramento e a rede WIMAX estariam de alguma maneira ligadas à rede computacional da prefeitura e esta, por sua vez, utilizava roteadores da marca ‘CISCO’, sendo que nesta região de Foz do Iguaçu/PR somente a empresa POWERNET possuiria certificados técnicos para manutenção desse equipamento específico, entre outros exemplos de artifícios utilizados pelo colaborador para o direcionamento tais certames; QUE o início da manutenção do sistema de videomonitoramento foi em fevereiro de 2014 e a manutenção aproximadamente entre junho/julho de 2013.

Num. 3244674 - Pág. 246Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ADELIR DINIZ

DA ROSA, MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, de praticarem o delito previsto no art. 90 c/c 99

da Lei 8.666/93.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA apresentou resposta à acusação no evento 816 e, em síntese, ratificou

os termos do acordo de colaboração premiada, requerendo a concessão do

benefício do perdão judicial.

A defesa de ADELIR DINIZ DA ROSA apresentou resposta à acusação

no evento 678 e, em síntese, alegou a inépcia da denúncia e, no mérito, a

atipicidade da conduta. Apresentou quatro testemunhas e não questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 31: “Excelência, foram destacadas

todas as passagens da narrativa fática que mencionam o denunciado RENI,

denotando que não há nenhum elemento mínimo que possa auferir

qualquer responsabilidade criminal incidente sobre o Prefeito RENI

PEREIRA.” Em sua resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato

e, ao final, requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de direcionamento em certame licitatório

– Tomada de Preço 007/2013) não apresenta qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado

à investigada. Além do que, a suposta destinação mencionada pelo

colaborador refere-se à propina recebida por membro da suposta organização

sem qualquer correlação com a investigada, além de ter sido praticado no

primeiro semestre 2013, assim, afastado pelo critério temporal.

Corroborando, os argumentos esposados pelas defesas em sua peças

defensivas, negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre o fato

denunciado e um suposto ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Ainda, a peça acusatória descreve que as suposta vantagem solicitada não

possui relação com a investigada. Assim, inexiste liame objetivo ou subjetivo

deste fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 11 – Atuação da Organização Criminosa no Hospital Municipal.

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, na campanha

às eleições municipais em 2012, um grupo liderado por TULIO MARCELO

DENIG BANDEIRA aportou o valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)

para campanha do denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, mediante

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o ressarcimento de tais valores fossem, após a vitória de RENI, Conforme

trecho da delação premiada do colaborador MELQUIZEDEQUE colacionada

na denúncia pag. 239:

“QUE o que ocorreu foi que quinze dias antes da eleição, o RENI queria ‘jogar a toalha’, daí como eles – TULIO e RENI - são da mesma cidade, de Santo Antônio do Sudoeste/PR, o TULIO socorreu o RENI com o aporte de dois milhões de reais já citados; QUE do ponto de vista do colaborador, tal valor pertencia de fato ao verdadeiramente ao “CASAGRANDE”, mas por questões de querer pressionar o RENI a pagar esse valor posteriormente, resolveram por relatar que o valor havia sido pego de um “agiota”; QUE em algumas reuniões na associação da SANEPAR, chegou a presenciar o RENI conversando com o TULIO, que acredita que tenha sido sobre isso, delineando a maneira como TULIO receberia de volta esse aporte; QUE quando do registro da FUNDAÇÃO no cartório, as duas equipes estavam brigando interessadas ainda estavam brigando sobre quem assumiria a gestão; QUE não se envolveu nessa situação; QUE até então, estava certo para a equipe do ODAIR assumir, entretanto, “da noite para o dia”, acabou ficando para o pessoal do TULIO; QUE não sabe qual a barganha que ele fez com o RENI para conseguir isso; QUE quando instituída, TULIO ficou com a área jurídica; JORGE YAMAKOCHI ficou diretor-geral, ao passo que o JOMAA ficou responsável por escolher as empresas que prestariam os serviços, tais como lavanderia, alimentação, recepção e limpeza, entre outros;” (MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, no Termo de Declarações denominado “CAMPANHA/TRANSIÇÃO/PRIMEIROS ANOS DO GOVERNO RENI”);

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, negou a autoria e materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

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trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única menção ao papel do então

Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito, inexistindo outras provas a

corroborar a acusação senão o depoimento de Melquizedeque, colaborador

cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal acusação, motivo pelo qual

deve ser rejeitado o presente fato.”

A defesa de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA apresentou reposta

à acusação no evento 831 e, em síntese, negou a autoria e materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

trecho pág. 8: “Na remota hipótese de superação da preliminar retro, fato que

se admite somente à título de argumentação, os fatos imputados na

denúncia não são verdadeiros consoante se demonstrará durante a

instrução do feito, reservando-se o réu ao direito de expor suas teses

defensivas nas etapas processuais futuras.”

Embora haja menção do colaborador de houve APORTE de R$

2.000.000,00 (dois milhões de reais) para RENI, percebe-se que tal fato não se

enquadra em uma suposta doação, embora Reni e Túlio neguem que tal fato

ocorreu. Além disso, a conduta praticada não possui conexão com um

eventual crime eleitoral, seja probatória, seja teleológica, uma vez que:

a) o colaborador menciona que a suposta origem do valor seria

decorrente de agiotagem; b) a conduta narrada pelo colaborador não se

amolda nos elementos descritos nos ilícitos do Código Eleitoral; d) A

suposta conduta é independente e autônoma, sem qualquer relação com a

investigada, inexistente a conexão, bem como, suposto crime eleitoral.

Nesse sentido, inexiste conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral conexo à investigada, aliado ao fato de que a suposta conduta

não descreve, em tese, crime eleitoral, e consequente impossível direcionar

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a competência de processamento para a justiça especializada. Portanto, não

há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato

denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.1 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – ODAIR DA SILVEIRA

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre junho de

2013 a março de 2014, o denunciado ODAIR JOSÉ SILVEIRA, na condição de

Coordenação da Transição do Hospital Municipal solicitou e recebeu vantagem

indevida no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais para que desistisse

de assumir o cargo de gestor do Hospital e cedesse o lugar para o denunciado

TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA. Em contrapartida, RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA (interessado) e

MAHMOUD AHMAD JOMAA (operador de Tulio) prometeram e entregaram R$

10.000,00 (dez mil reais) entre junho de 2013 e março de 2014, conforme

ratificado pelo depoimento de ODAIR JOSÉ SILVEIRA, evento 60,

DEPOIM_TESTEMUNHA19, AUTOS Nº5006445-81.2016.404.7002,

colacionado na denúncia pag. 257:

“QUE exerci o cargo de Secretário municipal de saúde de janeiro a abril de 2013; (…) que foi cogitada sua nomeação para a presidência da fundação municipal de saúde, sendo-lhe oferecido referida função pelo próprio RENI PEREIRA; QUE a nomeação não se concretizou por decisão do ora declarante, visto que as decisões tomadas pelo então prefeito RENI PEREIRA eram divergentes do posicionamento do ora declarante, visto que contrariava o estatuto criado para a fundação, (…) QUE como lhe caberia a direção da fundação, indicou nomes para compor o conselho da fundação, porém o prefeito não acatou, tendo indicado nomes distintos, o que foi decisivo para não aceitar o cargo de diretor da fundação, por

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Page 253: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

discordar das indicações em comento; (…) QUE houve interesse de TULIO BANDEIRA em assumir a gestão do hospital, porém sem assumir diretamente a função de presidente da Fundação; QUE TULIO queria indicar e efetivamente indicou o nome do presidente da fundação municipal de saúde, que seja: JORGE YAMAKOSHI, pessoa essa que veio a ser efetivado na função retro citada pelo prefeito RENI PEREIRA; QUE conforma que a nomeação de JORGE YAMAKOSHI se deu por influência de TULIO BANDEIRA; QUE acredita que TULIO BANDEIRA exercia influência nas nomeações do prefeito RENI PEREIRA em função da amizade dos mesmos, visto que são oriundos da mesma região/cidade, que no caso é cidade natal de RENI PEREIRA; que a influência era tanta que quando foi apresentar o rol de pessoas para o conselho na sede da prefeitura na sala de reuniões do gabinete do prefeito, deparou-se com uma situação inusitada, qual seja, o prefeito encontrava-se em viagem e quem estava lá, sentado na cadeira que caberia ao prefeito era nada mais que TULIO BANDEIRA; QUE TULIO BANDEIRA, por sua vez, recebeu a lista de indicação do declarante e foi riscando nomes, pois o mesmo já tinha a sua própria lista, vindo ele, TULIO BANDEIRA, a anunciar quem iria compor o conselho, anuncio esse que caberia o prefeito; QUE não pode afirmar que tulio bandeira teria aportado recursos na campanha a prefeito de RENI PEREIRA. QUE soube que TULIO BANDEIRA possuía o comando indireto da fundação municipal de saúde, pois coube a ele a indicação do presidente da fundação, bem como integrantes do conselho; QUE não sabe informar se TULIO BANDEIRA exerceu o cargo de diretor jurídico da fundação, porém sabe que o mesmo estava interessado na constituição da fundação, tanto que buscou junto ao poder judiciário/MP tratar aspectos formais necessários

Em síntese, o representante ministerial federal acusou ODAIR JOSÉ DA

SILVEIRA de praticar o delito previsto do art. 317 do Código Penal e

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Page 254: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

MAHMOUD AHAMAD JOMAA, RENI COVIS DE SOUZA PEREIRA e TULIO

MARCELO DENIG BANDEIRA pela prática do art. 333 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de ODAIR JOSÉ DA SILVEIRA apresentou resposta à

acusação no evento 812 e, em síntese, alegou a inépcia da denúncia,

atipicidade da conduta, ausência de justa causa e ausência de materialidade.

Apresentou oito testemunhas e não questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de MAHMOUD AHMAD JOMAA apresentou reposta à

acusação no evento 846 e, em síntese, requereu a rejeição da inicial, alegando

a inépcia da denúncia, ausência de justa causa, ausência de materialidade e

indícios de autoria. Arrolou seis testemunhas de defesa, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA apresentou reposta

à acusação no evento 831 e, em síntese, negou a autoria e a materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

trecho pág. 8: “Na remota hipótese de superação da preliminar retro, fato que

se admite somente à título de argumentação, os fatos imputados na

denúncia não são verdadeiros consoante se demonstrará durante a

instrução do feito, reservando-se o réu ao direito de expor suas teses

defensivas nas etapas processuais futuras.”. Arrolou nove testemunhas de

defesa e, tampouco, questionou a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

Num. 3244674 - Pág. 253Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresentou imputação genérica e ofendeu princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pag 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (vantagem indevida decorrente de desistência do

cargo de gestor do Hospital) não apresenta qualquer conexão concreta entre

os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, a suposta destinação mencionada pelo colaborador,

refere-se a propina recebida por membro da suposta organização, sem

qualquer correlação com a investigada, além de ter sido praticado entre

junho de 2013 a março de 2014, assim afastado pelo critério temporal.

Ainda, corrobora os argumentos esposados pelas defesas em sua peça

defensiva, as quais inclusive negam a autoria, ou sequer apresenta conexão

entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Ainda a peça acusatória, descreve que a suposta vantagem solicitada, não

Num. 3244674 - Pág. 254Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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possuía relação com a investigada. Inexiste liame objetivo ou subjetivo deste

fato com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado

pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.2 – Do Crime do art. 328 do CP – GESTÃO DO HOSPITAL

Narra o Ministério Público Federal em sua denúncia que, entre junho de

2013 a março de 2014, o denunciado TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA,

com ciência e concordância de RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA e do

presidente da Fundação Municipal de Saúde JORGE YAMAKOSHI, no período

de 19/06/2016 a 05/05/2014 usurpou a função pública de gestor, com

recebimento de propina. Conforme ratificado pelo depoimento de ODAIR JOSÉ

SILVEIRA, evento 60, DEPOIM_TESTEMUNHA19, AUTOS Nº5006445-

81.2016.404.7002, colacionado na denúncia pág. 261:

“QUE houve interesse de TULIO BANDEIRA em assumir a gestão do hospital, porém sem assumir diretamente a função de presidente da Fundação; QUE TULIO queria indicar e efetivamente indicou o nome do presidente da fundação municipal de saúde, que seja: JORGE YAMAKOSHI, pessoa essa que veio a ser efetivado na função retro citada pelo prefeito RENI PEREIRA; QUE conforma que a nomeação de JORGE YAMAKOSHI se deu por influência de TULIO BANDEIRA; QUE acredita que TULIO BANDEIRA exercia influência nas nomeações do prefeito RENI PEREIRA em função da amizade dos mesmos, visto que são oriundos da mesma região/cidade, que no caso é cidade natal de RENI PEREIRA; que a influência era tanta que quando foi apresentar o rol de pessoas para o conselho na sede da prefeitura na sala de reuniões do gabinete do prefeito, deparou-se com uma situação inusitada, qual seja, o prefeito encontrava-se em viagem e quem estava lá,

Num. 3244674 - Pág. 255Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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sentado na cadeira que caberia ao prefeito era nada mais que TULIO BANDEIRA; QUE TULIO BANDEIRA, por sua vez, recebeu a lista de indicação do declarante e foi riscando nomes, pois o mesmo já tinha a sua própria lista, vindo ele, TULIO BANDEIRA, a anunciar quem iria compor o conselho, anuncio esse que caberia o prefeito; QUE não pode afirmar que tulio bandeira teria aportado recursos na campanha a prefeito de RENI PEREIRA. QUE soube que TULIO BANDEIRA possuía o comando indireto da fundação municipal de saúde, pois coube a ele a indicação do presidente da fundação, bem como integrantes do conselho; QUE não sabe informar se TULIO BANDEIRA exerceu o cargo de diretor jurídico da fundação, porém sabe que o mesmo estava interessado na constituição da fundação, tanto que buscou junto ao poder judiciário/MP tratar aspectos formais necessários;

Em síntese, o representante ministerial federal acusou TULIO

MARCELO DENIG BANDEIRA, em coautoria com RENI CLOVIS DE SOUZA

PEREIRA e JORGE YAMAKOSHI pela prática do art. 328 do Código Penal.

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de JORGE YAMAKOSHI apresentou reposta à acusação no

evento 867 sobre os fatos 11.3, 11.4, 11.5, 11.6, 11.7, 11.8, 11.9, 11.10, 11.11

e 13 e, em síntese, requereu a rejeição da inicial, alegando a inépcia da

denúncia e, no mérito, negou a autoria, e pleiteia o “in dubio pro reo”. Para

corroborar, colaciono trecho da defesa sobre o fato 11.2 pág. 22: “Apesar das

denúncias de usurpação de função pública visando lucro ilícito, não foi

apresentada nenhuma prova disso, mesmo porque ela não existe, pois o Sr.

JORGE YAMAKOSHI nada cometeu nesse sentido.” Arrolou duas

testemunhas de defesa, sem questionar a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Num. 3244674 - Pág. 256Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 258: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA apresentou reposta

à acusação no evento 831 e, em síntese, negou a autoria e a materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

trecho pág. 8: “Na remota hipótese de superação da preliminar retro, fato que

se admite somente à título de argumentação, os fatos imputados na

denúncia não são verdadeiros consoante se demonstrará durante a

instrução do feito, reservando-se o réu ao direito de expor suas teses

defensivas nas etapas processuais futuras.”. Arrolou nove testemunhas de

defesa, e tampouco questiona a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende os princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente da gestão do Hospital) não apresenta

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

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Page 259: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que a suposta destinação

mencionada pelo colaborador, refere-se a propina recebida por membro da

suposta organização sem qualquer correlação com a investigada, além de

ter sido praticado entre junho de 2013 a março de 2014, assim afastados

pelo critério temporal. Ainda corrobora os argumentos esposados pelas

defesas em sua peça defensiva, as quais inclusive negam a autoria, ou

sequer apresenta conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral, e

consequentemente não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Ainda a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada, não possuíam relação com a investigada. Inexiste liame

objetivo ou subjetivo deste fato com a investigada e eventual crime eleitoral.

Portanto, não há até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo

com o fato denunciado pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.3 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (BIOCENTER) - Denunciados: TULIO MARCELO DENIG

BANDEIRA, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIA, JORGE YAMAKOSHI,

EVANDRO HNERIQUE FREIRRE e MAURÍCIO IOPP –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

irregular para contratação, formalizada em 18/06/2013, pelo prazo de 180 dias,

cuja a remuneração mensal aproximada era de R$ 400.000,00 (quatrocentos

mil reais mensais).

Fato 11.4 – Dos Crimes do art. 90 c/c 99 da Lei 8.666/93 – FRAUDE EM

CONCORRÊNCIA (BIOCENTER) Procedimento Licitatório 01/2013-

Denunciados: TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, RENI CLÓVIS DE

Num. 3244674 - Pág. 258Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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SOUZA PEREIRA, JORGE YAMAKOSHI, ALEXEI DA COSTA SANTOS,

SUSAMARA REGINATO, EVANDRO HENRIQUE FREIRE e MAURÍCIO

IOPP

Em síntese, narra a denúncia que se trata de fraude e direcionamento

de procedimento licitatório 01/2013 da Fundação Municipal de Saúde, na

contratação pelo prazo de 12 meses, com a remuneração mensal de

aproximadamente de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais mensais).

Narra a denúncia que os fatos 11.3 e 11.4 referem-se sobre dispensa

irregular de contratação e fraude em procedimento licitatório na Fundação

Municipal de Saúde, respectivamente, ambos ocorridos no ano de 2013.

A defesa de JORGE YAMAKOSHI apresentou reposta à acusação no

evento 867, sobre os fatos 11.3, 11.4, 11.5, 11.6, 11.7, 11.8, 11.9, 11.10, 11.11

e 13 e, em síntese, alegou a rejeição da inicial, inépcia da denúncia e, no

mérito, negou a autoria, pleiteando o “in dubio pro reo”. Para corroborar,

colaciono trecho da defesa sobre o fato 11.2 pág. 22: “Apesar das denúncias

de usurpação de função pública visando lucro ilícito, não foi apresentada

nenhuma prova disso, mesmo porque ela não existe, pois o Sr. JORGE

YAMAKOSHI nada cometeu nesse sentido.” Arrolou duas testemunhas de

defesa, sem questionar a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de ALEXEI DA COSTA SANTOS apresentou reposta à

acusação no evento 804 sobre os fatos 11.4 e 11.8 e, em síntese, requereu a

rejeição da denúncia, alegando sua inépcia da denúncia, imprecisão da

descrição dos fatos ausência de elementares do tipo. Arrolou cinco

testemunhas de defesa, sem questionar a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

Num. 3244674 - Pág. 259Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de SUSAMARA REGINATO apresentou reposta à acusação

no evento 825 sobre os fatos 11.4, 11.5, 11.6, 11.8 e 13 e, em síntese, alegou

inépcia da denúncia, ausência de justa causa e, no mérito, a presunção de

inocência e atipicidade da conduta. Arrolou quatro testemunhas de defesa, sem

questionar a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a

ele imputados.

A defesa EVANDRO HENRIQUE FREIRE e MAURÍCIO IOPP

apresentaram resposta à acusação no mesmo evento 844, pois possuem

mesmos defensores, alegando em síntese inépcia da denúncia, absolvição

sumária. Arrolou trinta e três testemunhas de defesa, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA apresentou reposta

à acusação no evento 831 e, em tese, negou a autoria e a materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

trecho pág. 8: “Na remota hipótese de superação da preliminar retro, fato que

se admite somente à título de argumentação, os fatos imputados na denúncia

não são verdadeiros consoante se demonstrará durante a instrução do feito,

reservando-se o réu ao direito de expor suas teses defensivas nas etapas

processuais futuras.”. Arrolou nove testemunhas de defesa e tampouco

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a

ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final, da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Ao analisar o contexto apresentado na peça acusatória, bem como os

elementos probatórios carreados ao processo, percebe-se que o fato

supostamente tipificado (vantagem indevida decorrente de dispensa e fraude

no procedimento licitatório da Fundação Municipal de Saúde) não apresentam

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos narrados na

denúncia ocorreram em 2013, assim afastado o critério temporal de suposto

crime eleitoral. Ainda corrobora os argumentos esposados pelas defesas em

sua peça defensiva, os quais em sua maioria negam a autoria, ou sequer

apresenta conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Ainda, a peça acusatória, descreve que as suposta

vantagem solicitada não possuía relação com a investigada. Assim, não há

liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime

eleitoral. Portanto, não há até o presente momento, crime eleitoral em concreto

conexo com os fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.5 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (AGUIAR REFEIÇÕES) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

Num. 3244674 - Pág. 261Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, JORGE

YAMAKOSHI, SUSAMARA REGINATO, JONES MAGRINELI JUNIOR e

JEFERSON ANTONIO AGUIAR –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

irregular para contratação da empresa JEFERSON ANTONIO AGUIAR ME

(Aguiar Refeições) - dispensa 13/2013, para Fundação Municipal de Saúde,

formalizada em 19/06/2013, pelo prazo de 180 dias, ao valor unitário de R$

12,00 (doze reais) por refeição.

Fato 11.6 – Do Crime do art. 1º, I, do Dec. Lei 201/67 – PECULATO (AGUIAR

REFEIÇOES) Procedimento Licitatório 01/2013- Denunciados: RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA,

JORGE YAMAKOSHI, SUSAMARA REGINATO, JONES MAGRINELI

JUNIOR e JEFERSON ANTONIO AGUIAR –

Em síntese, narra o Ministério Público Federal que, diante dispensa ou

inexigibilidade irregular para contratação da empresa JEFERSON ANTONIO

AGUIAR ME (Aguiar Refeições) - dispensa 13/2013, para Fundação Municipal

de Saúde, constatou-se um superfaturamento de 88,08%, nas refeições

fornecidas no período de junho a dezembro de 2013.

Fato 11.7 – Dos Crimes do art. 90 c/c 99 da Lei 8.666/93 – FRAUDE EM

CONCORRÊNCIA (AGUIAR REFEIÇÕES) Procedimento Licitatório

01/2013- Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO

MARCELO DENIG BANDEIRA, JORGE YAMAKOSHI, JEFERSON

ANTONIO AGUIAR –

Num. 3244674 - Pág. 262Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, narra a denúncia que se trata de fraude e direcionamento

de procedimento licitatório 02/2013, da Fundação Municipal de Saúde, no

período de 25/10/2013 a 16/01/2014.

Narra a denúncia que os fatos 11.5, 11.6 e 11.7 referem-se sobre

dispensa irregular de contratação, peculato e fraude em procedimento

licitatório no FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES da Fundação Municipal de

Saúde, sendo que tais fatos ocorreram entre junho e dezembro de 2013.

A defesa de JORGE YAMAKOSHI apresentou reposta à acusação no

evento 867 sobre os fatos 11.3, 11.4, 11.5, 11.6, 11.7, 11.8, 11.9, 11.10, 11.11

e 13 e, em síntese, requereu a rejeição da inicial, alegando inépcia da denúncia

e, no mérito, negou a autoria, pleiteando, ainda, a “in dubio pro reo”. Para

corroborar, colaciono trecho da defesa sobre o fato 11.2 pág. 22: “Apesar das

denúncias de usurpação de função pública visando lucro ilícito, não foi

apresentada nenhuma prova disso, mesmo porque ela não existe, pois o Sr.

JORGE YAMAKOSHI nada cometeu nesse sentido.” Arrolou duas

testemunhas de defesa, sem questionar a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa JONES MAGRINELLI JUNIOR apresentou resposta à

acusação no evento 861, manifestando-se sobre os fatos 11.5, 11.6 e 11.8

alegando, em síntese, a inépcia da denúncia e, no mérito, a negativa de autoria.

Arrolou trinta e quatro testemunhas de defesa, sem questionar a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR apresentou resposta à

acusação no evento 894, manifestando-se sobre os fatos 6.3, 11.5, 11.6, 11.7,

alegando, em síntese, a inépcia da peça acusatória, carência de justa causa,

nulidade do artigo 564, IV CPP, presunção de inocência, atipicidade da conduta

Num. 3244674 - Pág. 263Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

e ausência de dolo. Arrolou três testemunhas de defesa, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de SUSAMARA REGINATO apresentou reposta à acusação

no evento 825 sobre os fatos 11.4, 11.5, 11.6, 11.8 e 13 e, em síntese alegou

a inépcia da denúncia, ausência de justa causa e, no mérito, a presunção de

inocência e atipicidade da conduta. Arrolou quatro testemunhas de defesa, sem

questionar a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a

ele imputados.

A defesa de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA apresentou reposta

à acusação no evento 831 e, em síntese, negou a autoria e materialidade dos

ilícitos descritos na denúncia. Para corroborar, extrai-se da peça defensiva

trecho pág. 8: “Na remota hipótese de superação da preliminar retro, fato que

se admite somente à título de argumentação, os fatos imputados na denúncia

não são verdadeiros consoante se demonstrará durante a instrução do feito,

reservando-se o réu ao direito de expor suas teses defensivas nas etapas

processuais futuras.”. Arrolou nove testemunhas de defesa, e tampouco pouco

questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a

ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

Num. 3244674 - Pág. 264Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta a defesa apresentou testemunhas para este fato. E ao final da sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de dispensa, peculato e fraude no

procedimento licitatório no fornecimento de refeições para Fundação Municipal

de Saúde) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos

na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do

que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre junho a dezembro de 2013,

assim afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda corrobora

os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, os quais em

sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre o fato

denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Ainda, a peça

acusatória descreve que a suposta vantagem solicitada, não possuía relação

com a investigada. Não há liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Fato 11.8 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (DENIS CRISTIANO) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, MAHMOUD

AHMAD JOMAA, JORGE YAMAKOSHI, ALEXEI DA COSTA SANTOS,

Num. 3244674 - Pág. 265Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

SUSAMARA REGINATO, JONES MAGRINELI JUNIOR, DENIS CRISTIANO

DOS SANTOS –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

irregular para contratação da empresa DENIS CRISTIANO DOS SANTOS

ESTACIONAMENTO - dispensa 228/2013, formalizada em 19/06/2013, pelo

prazo de 180 dias, ao valor global de R$ 1.160.000,00 (um milhão, cento e

sessenta mil reais).

Fato 11.9 – Dos Crimes do 92 c/c 99 da Lei 8.666/93 – PRORROGAÇÃO

IRREGULAR (DENIS CRISTIANO) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, JORGE

YAMAKOSHI e DENIS CRISTIANO DOS SANTOS –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

irregular para contratação da empresa DENIS CRISTIANO DOS SANTOS

ESTACIONAMENTO - dispensa 228/2013, formalizada em 19/06/2013, pelo

prazo de 180 dias, ao valor global de R$ 1.160.000,00 (um milhão cento e

sessenta mil reais) que, após o decurso do prazo, prorrogaram por mais 120

dias.

Narra a denúncia que os fatos 11.8, 11.9 referem-se sobre dispensa

irregular de contratação e prorrogação irregular de contratação em

procedimento licitatório de dispensa 228/2013, sendo que tais fatos ocorreram

em 19/06/2013.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO

DENIG BANDEIRA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, JORGE YAMAKOSHI,

ALEXEI DA COSTA SANTOS, SUSAMARA REGINATO, JONES MAGRINELI

Num. 3244674 - Pág. 266Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 268: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

JUNIOR apresentaram respostas à acusação e foram anteriormente citadas,

sendo desnecessária a sua reprodução.

A defesa de DENIS CRISTIANO DOS SANTOS apresentou reposta à

acusação no evento 693 sobre os fatos 11.8 e 11.9 e, em síntese, alegou que

não condizem com a descrição da denúncia, versão totalmente impugnada.

Para corroborar, extrai-se da peça defensiva trecho pág. 3: “A realidade não

condiz com a descrição contida na denúncia, fato 11.8 e fato 11.9, versão que

é portanto totalmente impugnada.” Arrolou quatro testemunhas de defesa e

tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para processar e julgar

os fatos a ele imputados.

Analisando do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de dispensa irregular e prorrogação irregular

no procedimento licitatório da empresa DENIS CRISTIANO DOS SANTOS

ESTACIONAMENTO) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada.

Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram em junho de 2013,

assim afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva,

os quais em sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre

o fato denunciado e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Ainda, a peça

acusatória descreve que a suposta vantagem solicitada não possuía relação

com a investigada. Assim, inexiste eventual liame objetivo ou subjetivo destes

fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o

presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos

denunciados pelo Ministério Público Federal.

Num. 3244674 - Pág. 267Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 269: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Fato 11.10 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (LAVANDERIA ROSES) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, JORGE

YAMAKOSHI e ROSANGELA SCHUSTER –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

de licitação irregular para contratação da empresa LAVANDERIA SCHUSTER

LTDA ME - dispensa 27/2013, formalizada em 19/06/2013, pelo prazo de 180

dias, no valor de R$ 2,35 (dois reais e trinta e cinco centavos) por quilo de

roupa lavada.

Fato 11.11 – Dos Crimes do 92 c/c 99 da Lei 8.666/93 – PRORROGAÇÃO

IRREGULAR (LAVANDERIA ROSES) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, JORGE

YAMAKOSHI e ROSANGELA SCHUSTER –

Em síntese, narra a denúncia que se trata de dispensa ou inexigibilidade

irregular para contratação da empresa LAVANDERIA SCHUSTER LTDA ME -

dispensa 27/2013, formalizada em 19/06/2013, pelo prazo de 180 dias, no valor

de R$ 2,35 (dois reais e trinta e cinco centavos) por quilo de roupa lavada que,

após o decurso do prazo, prorrogaram por mais 120 dias.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO

DENIG BANDEIRA, JORGE YAMAKOSHI, apresentaram respostas à

acusação e foram anteriormente reproduzidas em fatos anteriores, sendo

desnecessária a sua reprodução.

Num. 3244674 - Pág. 268Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 270: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de ROSANGELA SCHUSTER apresentou reposta à acusação

no evento 857 e, em síntese, alegou a inépcia da denúncia, atipicidade da

conduta e, no mérito, a improcedência da pretensão punitiva. Não arrolou

testemunhas de defesa e não questionou a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ela imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de dispensa irregular e prorrogação

irregular no procedimento licitatório da empresa DENIS CRISTIANO DOS

SANTOS ESTACIONAMENTO) não apresenta qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado

à investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram em

junho de 2013, inexistente correlação com período de campanha eleitoral, o

que afasta a suposta relação com finalidade eleitoral pelo critério temporal.

Ainda, corroboram os argumentos esposados pelas defesas em suas peças

defensivas, as quais, em sua maioria, negam a autoria ou sequer

apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Ainda, a peça acusatória descreve que as suposta

vantagem solicitada não possuía relação com a investigada. Assim, inexiste

eventual liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual

crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente momento, crime eleitoral em

concreto conexo com os fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.12 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (ÁGUAS DA FONTE) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, FERNANDO COSSA, ADEMILTON JOAQUIM TELES,

Num. 3244674 - Pág. 269Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, SALETE TONELLO, ROZIMERO

BEZERRA DE SOUZA, RAIMUNDO GERALDO DAS NEVES e RODRIGO

CAVALCANTE GAMA DE AZEVEDO.

Em síntese, narra a denúncia que os denunciados RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, FERNANDO COSSA, aliados à ADEMILTON JOAQUIM

TELES e ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, em conluio com SALETE

TONELLO, ROZIMERO BEZERRA DE SOUZA e RAIMUNDO GERALDO DAS

NEVES no período de 04/06/2014 a 13/06/2014 dispensaram licitação fora das

hipóteses previstas em lei, contratando em 13/06/2014 (contrato n. 142/2014)

a empresa AGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA EIRELI

(ÁGUAS DA FONTE), administrada por ADEMILTON JOAQUIM TELES e

ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, no valor mensal de R$ 2.940,00 (dois mil

novecentos e quarenta reais).

A denúncia foi recebida acerca deste fato e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de FERNANDO COSSA apresentou reposta à acusação no

evento 638 e, em síntese, alegou que a conduta é atípica, ausência de dolo

específico, inexistência de prejuízo ao erário. Para corroborar, extrai-se da

peça defensiva trecho pág. 24: “Ademais, não é crível que o acusado tenha se

sujeitado a se corromper em uma dispensa de licitação envolvendo um veículo

contratado, cuja diferença de preço em relação ao de menor valor (com

franquia de velocidade), fazendo-se uma estimativa hipotética (eis que o MP

não apontou o prejuízo material) giraria em torno de R$ 703,50 ao mês, o que

resultaria em uma suposta vantagem ilícita de R$ 1.407,00, a ser rateada em

8 (oito) pessoas (R$ 175,87).”. Arrolou quatro testemunhas de defesa e

tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA

SOLENI FIEBRE apresentaram reposta à acusação no evento 667 sobre os

fatos 4.5, 11.12, 11.14, 11.15, 12.4, 12.5, 12.7 e 13 e, em síntese, alegaram a

incompetência da justiça federal, com consequente remessa para a justiça

estadual e trancamento da ação penal, pois estão respondendo pelas mesmas

condutas perante a Justiça Estadual. Arrolaram 31 testemunhas de defesa, e

tampouco pouco questionaram a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de SALETE TONELLO apresentou resposta à acusação no

evento 888 e, em síntese, alegou ausência de justa causa, inépcia da denúncia.

Arrolou 6 testemunhas de defesa e tampouco questionou a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ela imputados.

A defesa de ROSIMERO BEZERRA DE SOUZA apresentou resposta à

acusação no evento 690 e, em síntese, alegou ausência de justa causa, inépcia

da denúncia. Arrolou duas testemunhas de defesa e tampouco questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de RAIMUNDO GERAL DAS NEVES apresentou resposta à

acusação no evento 788 e, em síntese, alegou inépcia da denúncia, ausência

de dolo específico e, no mérito, a atipicidade da conduta. Arrolou três

testemunhas de defesa e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RODRIGO CAVALCANTE GAMA DE AZEVEDO

apresentou resposta à acusação no evento 687 e, em síntese, alegou nulidade

do recebimento da denúncia, inépcia da denúncia, ausência de materialidade

e indício de autoria e, no mérito, a improcedência da denúncia. Não arrolou

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

testemunhas de defesa, e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que o fato supostamente tipificado

(vantagem indevida decorrente de dispensa irregular no procedimento

licitatório da “ÁGUAS DA FONTE” não apresenta qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado

à investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram em

junho de 2014, assim afastado o critério temporal de suposto crime

eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos esposado pela defesa em sua

peça defensiva, os quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer

apresentam conexão entre o fato denunciado e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Ainda, a peça acusatória descreve que a suposta

vantagem solicitada não possuía relação com a investigada. Não há eventual

liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime

eleitoral. Portanto, não há até, o presente momento, crime eleitoral em concreto

conexo com os fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.13 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – (GERALDO BIESEK) -

Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GERALDO GENTIL

BIESEK, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA,

EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, MAHMOUD AHMAD JOMAA e

RODRIGO BECKER –

Em síntese, narra a denúncia que após a intervenção no HOSPITAL

MUNICIPAL, no período de 04/08/2014 a 19/01/2016, RENI CLÓVIS DE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

SOUZA PEREIRA nomeou GERALDO GENTIL BIESEK para servir aos

interesses da organização criminosa e, para tanto, além da remuneração de

diretor, receberia a vantagem indevida de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais

mensais). GERALDO aceitou e recebeu o referido valor.

Fato 11.14 – Dos Crimes do art. 89º c/c 99 da Lei 8.666/93 – LICITAÇÃO

FRAUDADA (ÁGUAS DA FONTE) Procedimento Licitatório 01/2013-

Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GERALDO GENTIL

BIESEK, ADEMILTON JOAQUIM TELES, ROSA MARCELA SOLENI

SIEBRE, SALETE TONELLO e OCIVALDO GOBETTI MOREIRA –

Em síntese, narra que fraudaram o procedimento licitatório Pregão n.

51/2014, com a contratação por 12 (doze) meses no valor global de R$

98.400,00, contrato 33/2014 de 28/09/2014, com a empresa ÁGUAS DA

FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA EIRELI, representada por

ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE.

Fato 11.15 – Do Crime do art. 1º, I, do Dec. Lei 201/67 – PECULATO

LICITAÇÃO FRAUDADA (ÁGUAS DA FONTE) Procedimento Licitatório

01/2013- Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GERALDO

GENTIL BIESEK, ADEMILTON JOAQUIM TELES, ROSA MARCELA

SOLENI SIEBRE, SALETE TONELLO –

Em síntese, narra que diante do Pregão n. 51/2014 houve contratação

superfaturada em 273%, entre novembro/2014 a março/2016.

Num. 3244674 - Pág. 273Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Fato 11.16 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – (SALETE TONELLO) -

Denunciados: EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, LUIZ ANDRÉ

PENZIN e SALETE TONELLO –

Em síntese, narra a denúncia que, no período de dezembro de 2014 a

dezembro de 2015, SALETE, na condição de gerente do setor de compras,

solicitou e recebeu R$ 1.000,00 (mil reais) mensais dos denunciados

EUCLIDES e LUIZ, para passar informações privilegiadas em processos.

Narra a denúncia que os fatos 11.13, 11.14, 11.15 e 11.16 referem-se a

corrupção passiva, corrupção ativa, licitação fraudada e peculato, sendo que

tais fatos ocorreram em agosto de 2014 a janeiro de 2016.

As defesas de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GERALDO

GENTIL BIESEK, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, RODRIGO BECKER, ADEMILTON

JOAQUIM TELES, ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, SALETE TONELLO

apresentaram respostas à acusação e foram anteriormente citadas, sendo

desnecessária a sua reprodução.

A defesa de EUCLIDES DE MORAES BARROS apresentou resposta à

acusação no evento 684 e, em síntese, requereu ratificação do termo de acordo

de colaboração e não questionou a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de OCIVALDO GOBETTI MOREIRA apresentou resposta à

acusação no evento 621 e, em síntese, alegou a litispendência, atipicidade e

falta de justa causa e, no mérito, a improcedência da denúncia. Arrolou três

testemunhas de defesa e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Num. 3244674 - Pág. 274Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de LUIZ ANDRÉ PENZIN apresentou resposta à acusação no

evento 842 e, em síntese, alegou a atipicidade, como se verifica no trecho da

defesa de fls. 02: “ O acusado foi citado para apresentar resposta acusação,

muito embora, não tenha praticado nenhum delito, o que restará provado

durante a fase de instrução criminal.” Não Arrolou testemunha de defesa e

tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória (fatos

11.13, 11.14, 11.15 e 11.16), somado aos elementos carreados, percebe-se

que os fatos supostamente tipificados (vantagem indevida decorrente de

corrupção passiva, corrupção ativa, licitação fraudada e peculato) não

apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos

narrados na denúncia ocorreram entre agosto de 2014 a janeiro de 2016,

assim, afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva,

as quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão

entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Ainda, a peça acusatória descreve que a suposta vantagem solicitada não

possuía relação com a investigada. Assim, inexiste eventual liame objetivo ou

subjetivo destes fatos com a investigada e suposto crime eleitoral. Portanto,

não há até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os

fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 11.17 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93 – DISPENSA

IRREGULAR (UNIVERSAL MED/GLOBO MED) - Denunciados: RENI

Num. 3244674 - Pág. 275Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ,

RENAN GUSTAVO BAEZ, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, LAERTE

JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, KAREN IZABELLA ROGONI MARQUEZI DE

OLIVEIRA e MÔNICA MARINS JUSTINO DE OLIVEIRA

Em síntese, narra a denúncia que os denunciados RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, aliados à PATRICIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ,

GILBER DA TRINDADE RIBEIRO e RENAN GUSTAVO BAEZ dispensaram ou

inexigiram licitação fora das hipóteses previstas em lei, contratando, em um

único dia 30/12/2015, a empresa GLOBO MED SERVIÇOS MÉDICOS LTDA –

EPP, representada por LAERTE JUSTNO DE OLIVEIRA FILHO, KAREN

IZZABELLA ROGONI MARQUEZI DE OLIVEIRA, e UNIVERSAL MED

ASSESSORIA E GESTÃO EM SAÚDE LTDA – ME, representada por MONICA

MARTINS JUSTINO OLIVEIRA, conforme o termo de colaboração de

EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, anexo a denúncia pág. 333:

QUE diante da negativa de fusão entre as empresas GLOBO MED, de propriedade de LAERTES, e empresa ATUAL, de propriedade de ROBERTO FLORIANI, para apresentação de projeto único para a PPP, observou-se o credenciamento da empresa UNIVERSAL MED para prestação de serviços médicos para Secretaria de Municipal de Saúde, no valor de 11 milhões; QUE a empresa UNIVERSAL MED é de propriedade do médico LAERTES; QUE não sabe informar porque o prefeito RENI PEREIRA queria beneficiar o médico LAERTES; QUE alguns médicos relataram que houve uma reunião informando que todos os médicos prestadores de serviços deveriam ser cadastrados junto à empresa UNIVERSAL MED; QUE em contrapartida cada médico deveria repassar um percentual dos honorários médicos como forma de remuneração da empresa; QUE um dos médicos que relatou tal fato foi o Dr. ZARPELON; QUE a acredita que referido credenciamento foi suspenso

Num. 3244674 - Pág. 276Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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ou cancelado, em razão de revolta dos médicos que não concordaram em se cadastrar junto a empresa UNIVERSAL MED e pagar um percentual para a empresa; QUE o credenciamento ocorreu no final de 2015 e início de 2016; QUE acredita que o contrato chegou a ser formalizado e depois foi suspenso ou cancelado;

Fato 11.18 – Dos Crimes do art. 328 do CP – USURPAÇÃO DA FUNÇÃO

PÚBLICA (ASSESSOR PATRICIA FOSTER) - Denunciados: PATRÍCIA

GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO, RENAN

GUSTAVO BAEZ

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado s RENAN GUSTAVO

BAEZ, com vontade livre e com concordância de PATRICIA GOTTARDELLO

FOSTER RUIZ e GILBER DA TRINDADE RIBEIRO no período de 23/11/2015

a 11/05/2016, usurpou a função pública de assessor executivo da Diretoria

Administrativa e Financeira da Fundação Municipal de Saúde, visando lucro,

conforme declaração de SALETE TONELO, anexo a denúncia pag. 344:

QUE RENAN GUSTAVO BAEZ era assessor de PATRICIA FOSTER, passando a exerce essa função alguns dias depois da intervenção administrativa no hospital; (SALETE TONELLO, evento 60, DEPOIM_TESTEMUINHA33, autos de IPL Nº 5006445-81.2016.404.7002).

A denúncia foi recebida acerca dos fatos 11.17 e 11.18 e as defesas

foram citadas para apresentarem resposta à acusação.

A defesa de PATRICIA GOTTARDELO FOSTER RUIZ apresentou

resposta à acusação no evento 811, sobre os fatos 11.17, 11.18, 12.1, 12.9 e

13 e, em síntese, alegou a atipicidade, falta de justa causa e, no mérito, a

improcedência da denúncia. Para corroborar, anexa trecho da peça defensiva,

Num. 3244674 - Pág. 277Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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fls. 20: “Desta forma, a denunciada repele a acusação e a infirma através dos

documentos acostados, os quais serão apoiados pelos depoimentos das

testemunhas arroladas, a fim de esse douto Juízo julgue improcedente a

denúncia em sua integralidade”. Arrolou seis testemunhas de defesa e

tampouco questiona a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de GILBER DA TRINDADE RIBEIRO apresentou resposta à

acusação no evento 896 sobre os fatos 6.4, 11.17, 11.18, 12.6, 12.9 e 13e, em

síntese, alegou a atipicidade e, no mérito, a improcedência da denúncia. Para

corroborar, anexa trecho da peça defensiva, fls. 5: “Assim, não tem como ser

responsabilizado por estar dando andamento em seu trabalho.”. Arrolou uma

testemunha de defesa e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENAN GUSTAVO BAEZZ, apresentou resposta à

acusação no evento 806 sobre os fatos 11.17, 11.18, 12.1, 12.9 e 13 e, em

síntese, alegou a inépcia da denúncia, atipicidade, falta de justa causa e, no

mérito, a improcedência da denúncia. Para corroborar, anexa trecho da peça

defensiva, fls. 7: “Renan é testemunha e não contratante, conclui-se que a

denúncia é inepta por lhe faltar força suficiente para impulsionar a ação penal,

motivo pelo qual requer se digne Vossa Excelência em absolve-lo

sumariamente.”. Arrolou seis testemunhas de defesa e tampouco questiona a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de LAERTE JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, MONICA

MARINS JUSTINO DE OLIVEIRA e KAREN IZABELLA ROGONI MARQUEZI

DE OLIVEIRA apresentaram resposta à acusação no evento 873 e , em

síntese, requereram o desmembramento da denúncia pelo seus núcleos, falta

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de justa causa, rejeição da denúncia, como se verifica no trecho da defesa de

fls. 07 “Por todas as razões acima, requer-se desde logo, que seja rejeitada a

acusação deduzida em face das acusadas, com esteio no artigo 395, III, do

Código de Processo Penal.” Arrolaram oito testemunhas de defesa e

tampouco questionaram a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA apresentou reposta à

acusação no evento 890 e, em síntese, alegou que a denúncia é inepta, pois

viola o art. 41 do CPP, apresenta imputação genérica e ofende princípios da

ampla defesa, contraditório e dignidade da pessoa humana. Para corroborar,

extrai-se da peça defensiva trecho pág. 24: “No entanto, nesse caso, a única

menção ao papel do então Prefeito foi o seu suposto conhecimento do ilícito,

inexistindo outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de

Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal

acusação, motivo pelo qual deve ser rejeitado o presente fato.” Em sua

resposta, a defesa apresentou testemunhas para este fato e, ao final, de sua

peça defensiva requereu a rejeição do fato imputado, sem questionar a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Observando do contexto fático apresentado na peça acusatória (fatos

11.17, 11.18), somado aos elementos carreados, percebe-se que os fatos

supostamente tipificados (vantagem indevida decorrente de dispensa

irregular de procedimento licitatório e usurpação da função pública) não

apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos

narrados na denúncia ocorreram entre novembro de 2015 a maio de 2016,

assim, afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda,

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corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva,

as quais, em sua maioria, negam a autoria, ou sequer apresentam conexão

entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Ainda, a peça acusatória descreve que as suposta vantagem solicitada, não

possuía relação com a investigada. Não há eventual liame objetivo ou subjetivo

destes fatos com a investigada e suposto crime eleitoral. Portanto, não há, até

o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos

denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 12 – INTRODUÇÃO. ATUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA NA

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Fato 12.1 – Dos Crimes do art. 328 do CP – USURPAÇÃO DA FUNÇÃO

PÚBLICA (ASSESSOR PATRICIA FOSTER) - Denunciados: RENI CLOVIS

DE SOUZA PEREIRA, CHALLES BORTOLO, PATRÍCIA GOTTARDELLO

FOSTER RUIZ e RENAN GUSTAVO BAEZ

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado RENAN GUSTAVO

BAEZ, de vontade livre e com concordância de PATRICIA GOTTARDELLO

FOSTER RUIZ, RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA e CHARLES BORTOLO,

no período de 24/11/2014 a 25/06/2015, usurpou a função pública de assessor

executivo da Diretoria Administrativa e Financeira da Fundação Municipal de

Saúde, visando lucro, mediante remuneração paga por PATRÍCIA e/ou do

caixa de “propina” arrecadada por CHARLES, onde usurpou a função até

conseguir sua nomeação junto a denunciada, conforme declaração de

CHARLLES BORTOLO, anexo a denúncia pág. 355:

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QUE no final de 2014 ocorreu a nomeação de PATRÍCIA FOSTER, por indicação do partido PR, para a Diretoria de Especializada; QUE PATRÍCIA trouxe RENAN BAEZ para a assessoria da diretoria; QUE no momento não existia um cargo CC3 (hoje ASS1) para nomear RENAN; QUE PATRÍCIA procurou o colaborador para que efetuasse o pagamento de RENAN; QUE o Prefeito RENI PEREIRA autorizou o pagamento de RENAN, enquanto não houvesse a nomeação; QUE repassou R$ 2.500,00 mensais a RENAN em três parcelas; QUE posteriormente, ao conversar com ELIZEU LIBERATO, este cobrou uma pendência de dois meses com RENAN; QUE o colaborador informou que não havia mais como levantar os valores; QUE todos os pagamentos foram feitos em dinheiro e eram efetuados assim que houvesse o recebimento dos valores da empresa MEDSERV; QUE entregava os valores em envelope grampeado, geralmente na Secretaria Municipal da Saúde; QUE o Prefeito RENI PEREIRA tinha ciência dos pagamentos, embora não soubesse o valor mensal;

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, PATRÍCIA

GOTTARDELLO FOSTER RUIZ e RENAN GUSTAVO BAEZ apresentaram

respostas à acusação e já foram anteriormente citadas, sendo desnecessária

a sua reprodução.

A defesa de CHARLLES BORTOLO apresentou resposta à acusação no

evento 816 e, em síntese, ratificou os termos do acordo de colaboração

premiada, requerendo a concessão do benefício do perdão judicial.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de usurpação da função pública não

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos

narrados na denúncia ocorreram entre novembro de 2014 a junho de 2015,

assim, afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva,

as quais, em sua maioria, negam a autoria, ou sequer apresentam conexão

entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Além disso, a peça acusatória descreve que as suposta vantagem solicitada,

não possuía relação com a investigada. Assim, inexiste suposto liame objetivo

ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto,

não há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os

fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 12.2 – Dos Crimes do art. 317 e 333 – (CHARLLES BORTOLO) -

Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO

DENIG BANDEIRA, MAHMOUD AHMAD JOMAA e CHARLLES BORTOLO

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado RENI CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA solicitou vantagem indevida de CHARLES BORTOLO e os

denunciados TULIO e MAHMOUD prometeram e pagaram vantagem indevida

consistente no pagamento mensal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) que ocorreu

por dois meses, de março e abril de 2014 pois, em 05/05/2014, ocorreu a

intervenção no Hospital Municipal, conforme declaração de CHARLLES

BORTOLO, anexo a denúncia pag. 356/357:

QUE logo depois que assumiu a Secretaria de Saúde, encontrou-se com MAHMOUD AHMAD JOMAA (dentista), na sala anexa a do diretor presidente do Hospital Municipal, onde este

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comunicou que, em razão de um acordo com o prefeito RENI PEREIRA, o grupo que administrava a Fundação Municipal de Saúde faria repasse mensal ao colaborador no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais); QUE desde então o colaborador recebeu o referido valor até a intervenção do hospital municipal, sendo que foram feitos dois repasses, um de R$ 10.000,00 (dez mil reais) nas dependências da rádio CBN (hoje Rádio Globo), que era de propriedade de TULIO BANDEIRA e JOMAA (dentista); QUE recebeu o dinheiro em espécie, dentro de uma sacola de mercado das mãos de JOMAA (dentista); QUE tempo depois recebeu mais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em seu consultório dentário também repassados em espécie pelo dentista JOMAA; [...]

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, TULIO MARCELO

DENIG BANDEIRA, MAHMOUD AHMAD JOMAA e CHARLLES BORTOLO

apresentaram respostas à acusação e foram anteriormente citadas, sendo

desnecessária a sua reprodução

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de pagamento de propina) não apresentam

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos narrados na

denúncia ocorreram entre março e abril de 2014, assim, afastado o critério

temporal de suposto crime eleitoral. Ainda, corrobora os argumentos

esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as quais, em sua maioria

negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre os fatos

denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além disso, a

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peça acusatória descreve que as suposta vantagem solicitada não possuía

relação com a investigada. Portanto, inexiste, até o presente momento, liame

objetivo ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral

e não há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os

fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 12.3 – Dos Crimes do art. 317 e 333 – (MARLI TEREZINHA TELLES) -

Denunciados: MARLI TEREZINHA TELLES, MAHMOUD AHMAD JOMAA,

REGINALDO DA SILVEIRA SOPBRINHO e EUCLIDES DE MORAES

BARROS JUNIOR

Em síntese, narra a denúncia que a denunciada MARLI TEREZINHA

TELLES na qualidade de diretora da Secretaria Municipal de Saúde, a partir de

04/10/2013, por intermédio de MAHAMOUD, solicitou vantagem indevida de

R$ 3.000,00 (três mil reais) de EUCLIDES, proprietário da empresa E-

PEOPLE, BRAVIX e CEMEDIA e que este entregou, visando benefícios para

as mencionadas empresas, conforme declaração de EUCLIDES DE MORAES

BARROS JUNIOR, anexo a denúncia pág. 359:

QUE conheceu MARLI TELLES porque era diretora de gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu; QUE MARLI foi indicada por TULIO BANDEIRA e pelo pessoal de PATO BRANCO/PR; QUE diversas vezes MARLI tentou ajudar o colaborador, agilizando os processos de contratação ou licitação no setor de compras; QUE, em determinado momento, após o seu afastamento para tratamento de saúde, MARLI solicitou ajuda financeira, porque não estava recebendo o salário da Prefeitura; QUE a solicitação de MARLI foi realizada por intermédio de JOMAA; QUE o colaborador realizou a entrega de R$ 3.000,00 a MARLI, como uma espécie de doação; QUE foi REGINALDO que entregou o

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dinheiro; QUE conheceu MARLI em razão da função que exercia na secretaria de saúde; QUE, na sua visão, MARLI era protegida de TULIO e JOMAA (dentista); QUE o colaborador acredita que MARLI favorecia os interesses de TULIO e JOMAA em contratos com a prefeitura; QUE MARLI poderia auxiliálos através de pressão para pagamentos em dia dos contratos da AGUIAR REFEIÇÕS, que eram de interesse de TULIO e JOMAA; QUE sabe que MARLI tinha uma complementação de aproximadamente R$ 2.000,00 por mês; QUE MARLI morava numa casa de médio/alto padrão, no bairro Jardim Panorama.

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas MAHMOUD AHMAD JOMAA, REGINALDO DA SILVEIRA

SOBRINHO e EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR apresentaram

respostas à acusação e já foram anteriormente citadas, sendo desnecessária

a sua reprodução

A defesa de MARLI TEREZINHA TELLES apresentou resposta à

acusação no evento 682. Representada pela DPU, alegando, em síntese, que

durante a instrução processual comprovará sua inocência. Requereu a oitiva

de testemunhas arroladas pela defesa e não questionou a competência da

justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Observando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de pagamento de propina) não apresentam

qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual

crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos narrados na

denúncia ocorreram a partir de outubro de 2013, assim, afastado o critério

temporal de suposto crime eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos

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esposados pelas defesas em sua peça defensiva, os quais, em sua maioria,

negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre os fatos

denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a

competência de processamento para esta justiça especializada. Além disso, a

peça acusatória descreve que as suposta vantagem solicitada não possuía

relação com a investigada. Não há, perfunctoriamente, liame objetivo ou

subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto,

não há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os

fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 12.4 – Dos Crimes do art. 317 e 333 – (TELLES - UMAMFI) -

Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e ADEMILTON JOAQUIM TELE

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado ADEMILTON JOAQUIM

TELESE solicitou e recebeu vantagem indevida no valor de R$ 1.800,00 (um

mil e oitocentos reais), no período de dezembro/2014 a julho/2015, em razão

de seu cargo de policial civil, integrante de conselhos municipais de Foz do

Iguaçu e por ser presidente da UMAMFI (UNIÃO MUNICIPAL ASSOCIAÇÃO

DE MORADORES DE FOZ DO IGUAÇU). De outro lado, RENI e

MELQUIZEDEQUE ofereceram e pagaram vantagem indevida mensalmente,

com o objetivo de que ele ajudasse a organização criminosa a retardar ou evitar

atuação da polícia civil e servisse de aliado junto aos conselhos municipais.

Sobre os fatos da denúncia, destaca-se um trecho do colaborador

MELQUIZEDEQUE colacionado na pag. 361:

QUE ainda, desse valor do caixa, tinha que destinar o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais) para pagamento do aluguel da sede da UMAMFI, onde o Policial Civil TELES, nome

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ADEMILTON JOAQUIM TELES, era o presidente; (MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORRES DE SOUZA – no termo MENSALINHO II)

A denúncia apresentada cita áudio pag. 362/363, (índice 75872814.wav,

entre MARLI x MELQUIZEDEQUE), que expressamente disseram:

MELQUI: (fazendo menção a atitude do Secretário Charlles Borotlo tinha que ter) Resolva a UTI, UTI pediátrica, é o que tem que resolver. Nada mais do que isso.

Resolva a UTI pediátrica, e depois ...

MARLI: EU disse pra ele é momento de apagar fogo e não criar mais confusão.

MELQUI: UTI PEDIÁTRICA, resolva a UTI pediátrica. Entendeu? Uma criança morre aí, nós tamos tudo enrolado.

MARLI; Ih, não adianta…

MELQUI: é o último fio de cabelo. E aí como é que vamos fazer?

MARLI: ainda que, ainda que o Teles, tá segurando aquela Delegada para não

dar entrevista.

MELQUI: Pois é. Pois é. Ele me falou isso aí.

MARLI: daí é isso que eu vejo, assim Melqui. Porque tudo que o TELES faz para ajudar ele. Aquelas encrenca dele, tudo que o TELES segurou. E mesmo assim quando veio pra... Quando o Afrânio e ele vieram pra investigar a empresa do TELES. Ele não se abalou em dizer: Teles os cara vão levantartua empresa. Não é verdade? Porque eu penso assim: tem que ter o mínimo de ... (cumplicidade?)

MELQUI: com certeza, com certeza. Porque eu falei com TELES. O que eu falei? Falei TELES

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você tem relação com prefeito? (tenho)então você vai lá e esclarece você com o prefeito,

MARLI: é..

MELQUI: não precisa ninguém, porque você sabe.

MARLI: Esta atitude dele ….

MELQUI: dai o TELES até me agradeceu. (inaudível) mais não é. Não tem que me agradecer nada, é que o que é certo é o certo.

MARLI: então é isso que eu penso. Eu penso assim ó. O cara ajudou ele em várias situações.

MELQUI: sim…

(…)

23min38s

MARLI: (…) assim Afrânio, antes de você começar eu vou falar com RENI, chagava lá: o RENI o negócio é o seguinte, foi ocupada as Van pra campanha da Claudia, pra isso, pra isso, pra isso, pra isso. Por isso que ele está faturando aqui;

MELQUI: é claro.

MARLI: é?

MELQUI: é lógico.

MARLI: eu imaginava tomar esta atitude.

(...)

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA e ADEMILTON JOAQUIM TELE,

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

apresentaram respostas à acusação e já foram anteriormente citadas, sendo

desnecessária a sua reprodução

Consta no diálogo da denunciada Marli: “(…) assim Afrânio, antes de

você começar eu vou falar com RENI, chagava lá: o RENI o negócio é o

seguinte, foi ocupada as Van pra campanha da Claudia, pra isso, pra isso, pra

isso, pra isso. Por isso que ele está faturando aqui.”.

Embora haja menção no diálogo descrito na denúncia, percebe-se

aparentemente que o suposto fornecimento de “Vans” era para obter benefícios

junto a Prefeitura Municipal, com ajuste de RENI, porém, mesmo que a suposta

conduta restasse comprovada, este fato, em tese, não se amolda em um ilícito

eleitoral pela própria ausência de elementares específicas do tipo, senão

vejamos:

a) a natureza da suposta vantagem indevida era para obter vantagens

perante o ente municipal, sem qualquer relação com a investigada; b) a suposta

conduta narrada no diálogo não se amolda entre os crimes eleitorais; c) A

suposta conduta, em tese, ao ser oferecida se exauriu instantaneamente,

momento absolutamente diverso de um eventual crime eleitoral; d) A

independência, autonomia e o momento da atuação corrupta ou de condutas

ilícitas anteriores, afastam a conexão com uma suposto crime eleitoral.

Nesse sentido, inexiste conexão entre o fato denunciado e um ilícito

eleitoral conexo à investigada, afastando a competência de processamento

para a esta especializada. Portanto, não há até o presente momento, crime

eleitoral em concreto conexo com o fato denunciado pelo Ministério Público

Federal.

Num. 3244674 - Pág. 289Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Fato 12.5 – Dos Crimes do art. 89 c/c 99 da Lei 8.666/93, art. 297, 299 c/c

304 do CP – DISPENSA IRREGULAR (CLM TRANSPORTE - ÁGUAS DA

FONTE) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, CHARLLES

BORTOLO, MARLI TEREZINHA TELES, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, ADEMILTON JOAQUIM TELES, ROSA

MARCELA SOLENI SIEBRE, OCIVALDO GOBETTI MOREIRA e NILZA

ARGENTA MOREIRA

Em síntese, narra a denúncia que os denunciados RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, CHARLLES BORTOLO, MARLI TEREZINHA TELES,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, aliados a

ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, que

foram auxiliados pelo denunciado OCIVALDO GOBETTI MOREIRA, no

período de 12/05/2015 a 12/06/2015 dispensaram licitação fora das hipóteses

previstas em lei, contratando em 12/06/2015 (contrato n. 042/2015), a empresa

AGUAS DA FONTE TRANSPORTADORA TURÍSTICA EIRELI (ÁGUAS DA

FONTE), no valor mensal de R$ 65.272,95 (sessenta e cinco mil, duzentos e

setenta e dois reais e noventa e cinco centavos), que totaliza R$ 391.637,70

(trezentos e noventa e um mil, seiscentos e trinta e sete reais e setenta

centavos).

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas para

apresentarem resposta à acusação.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, CHARLLES

BORTOLO, MARLI TEREZINHA TELES, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, ADEMILTON JOAQUIM TELES, ROSA

MARCELA SOLENI SIEBRE, OCIVALDO GOBETTI MOREIRA, apresentaram

respostas à acusação e já foram anteriormente citadas, sendo desnecessária

a sua reprodução

Num. 3244674 - Pág. 290Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de MARLI TEREZINHA TELLES apresentou resposta à

acusação no evento 621 e, em síntese, requereu a rejeição da denúncia por

atipicidade da conduta e falta de justa causa e, no mérito, a improcedência da

denúncia. Requereu a oitiva de quatro testemunhas e não questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente dispensa irregular de processo licitatório) não

apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que, os fatos

narrados na denúncia ocorreram em 12/06/2015, assim, afastado o critério

temporal de suposto crime eleitoral. Ainda, corrobora os argumentos

esposados pelas defesas em sua peça defensiva, os quais, em sua maioria

negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre os fatos denunciados e

um ilícito eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além disso, a peça acusatória

descreve que as suposta vantagem solicitada não possuía relação com a

investigada. Assim, inexiste liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Fato 12.6 – Dos Crimes do art. 317 e 333 – (GILBER DA TRINDADE

RIBEIRO) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, MAHMOUD AHMAD JOMAA, EUCLIDES DE

MORAES BARROS JUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO

Num. 3244674 - Pág. 291Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado RENI e GILBER, no

período de 30/09/2015 a 21/06/2016, solicitaram vantagem no pagamento

mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). De outro lado, EUCLIDES, com

auxílio de REGINALDO e MAHMOUD, ofereceram vantagem indevida,

consistente no pagamento do valor mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),

durante o período de 30/09/2015 a 21/06/2016 para priorizar os pagamentos

de fornecedores que integram o esquema criminoso. Sobre os fatos, o

colaborador EUCLIDE DE MORAES BARROS JUNIOR, trecho colacionado na

denúncia pag. 369:

QUE GILBER DA TRINDADE RIBEIRO foi Secretário de Saúde do Município de Foz do Iguaçu; QUE, no início de 2016, RENI chamou o colaborador para uma reunião no MABU INTERLUDIUM; QUE RENI estava almoçando no local com MICAEL SENSATO; QUE no final do almoço, o prefeito RENI PEREIRA lhe solicitou o pagamento de valores mensais para o Dr. GILBER; QUE o colaborador realizou, em dois meses, no valor de R$ 20.000,00 reais; QUE uma das oportunidades entregou R$ 20.000,00 reais para GILBER na sua clínica, na avenida Brasil, cujo encontro foi objeto de monitoramento visual pela Polícia Federal; QUE outra oportunidade entregou R$ 10.000,00 e deixou R$ 10.000,00 reais para que seu funcionário REGINALDO entregasse para o Dr. GILBER, porque o colaborador viajaria; QUE REGINALDO comentou que entregou os 10 mil reais de maneira fracionada; QUE os valores pagos pelo colaborador foram em 2016; QUE não efetuou novos pagamentos porque foi preso pela POLÍCIA FEDERAL; que o pagamento de valores de propina pagas à GILBER fazia com recursos próprios que eram ressarcidos por JOMAA, através de recursos arrecadados junto a fornecedores; QUE GILBER agia no sentido de favorecer o pagamento dos contratos do colaborador junto à Secretaria Municipal de Saúde.

Num. 3244674 - Pág. 292Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, GILBER DA

TRINDADE RIBEIRO, MAHMOUD AHMAD JOMAA, EUCLIDES DE MORAES

BARROS JUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, apresentaram

respostas à acusação e já foram anteriormente citadas, sendo desnecessária

a sua reprodução

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente pagamento irregular/fora de ordem, dos

contratos administrativos) não apresentam qualquer conexão concreta entre

os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre

30/09/2015 a 21/06/2016, assim, afastado o critério temporal de suposto

crime eleitoral. Ainda corroboram os argumentos esposados pelas defesas

em sua peça defensiva, os quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer

apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Ainda, a peça acusatória descreve que a suposta

vantagem solicitada não possuía relação com a investigada. Assim, inexiste,

até o presente momento, liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Num. 3244674 - Pág. 293Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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Fato 12.7 – Dos Crimes do art. 1º, I, do Dec. Lei 201/67 – DISPENSA

IRREGULAR (CLM TRANSPORTE - ÁGUAS DA FONTE) - Denunciados:

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, CHARLLES BORTOLO, MARLI

TEREZINHA TELES, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA

SOUZA, ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA MARCELA SOLENI

SIEBRE

Em síntese, narra a denúncia que ao analisar a dispensa n. 28/2015

(contrato n. 042/2015) os denunciados RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA,

CHARLLES BORTOLO, MARLI TEREZINHA TELES, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ADEMILTON JOAQUIM TELES E ROSA

MARCELA SOLENI SIEBRE, fizeram uma manobra para forçar o prestador

anterior a desistir do contrato e motivar a contratação emergencial (já

denunciada) e superfaturar a prestação de serviço, em aproximadamente R$

10.000,00 (dez mil reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais, no período

de 03/07/2015 a 23/12/2015, conforme trecho do termo de colaboração do

colaborador MEQUIZEDEQUE, anexo na denúncia, pag. 378:

QUE o colaborador esclarece que, em virtude da renovação do contrato de prestação de serviço de motoristas para Ambulâncias do Município, a empresa que estava prestando serviços para Prefeitura solicitou, em período de junho/julho 2015, um reequilíbrio econômico financeiro para que fosse renovado o contrato e seguisse prestando o serviço; QUE o colaborador, em conjunto com CHARLLES BORTOLO (Secretário de Saúde) e Marli Terezinha Teles (Diretora de Gestão e Saúde), não aceitaram o reequilíbrio econômico financeiro proposto; QUE a empresa que prestava o serviço enviou um ofício para o município onde declarava que não mais possuía interesse na prestação do serviço de motorista de ambulância; QUE em posse desse ofício, o colaborador se reuniu com o Prefeito Reni Pereira, a fim de pedir autorização para que um contrato

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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emergencial fosse feito com a empresa do Policial Civil Adenilton Telles (escrivão), QUE Telles já prestava serviço na prefeitura representando uma Empresa de nome Aguas da Fonte, QUE não recorda se foi essa empresa utilizada para fazer a contratação emergencial por 90 dias, QUE deixou a cargo do Telles e da Marli todo o tramite do processo, QUE o Telles buscou os parceiros e fez a composição de três orçamentos já indicando a empresa que representava como a de melhor preço, QUE diz ter sido mantido os mesmos motoristas, QUE a intenção era obter propina de 5 mil reais, com intuito de aumentar o “caixa geral” gerenciado pelo colaborador, QUE cada pagamento mensal seria devolvido a propina de R$5.000,00 mil reais e não mais o pagamento do aluguel da sede da UMAMFI, QUE o colaborador recebeu por uma oportunidade em Agosto de 2015 tal valor, QUE acordou para que a próxima licitação fosse direcionada a empresa de Telles, QUE os serviços prestados anteriormente por Telles eram para vans que faziam transporte de pessoas para tratamento de hemodiálise e “TFD”, QUE não sabe dizer se a empresa tem seu nome ou como sócio, QUE acredita estar no nome de sua Esposa, entretanto o mesmo que administrava, QUE Telles estava diariamente em contato com o colaborador referindo-se a essa situação (contrato emergencial) QUE quando foi apresentado o oficio o mesmo informou que poderia ter acertado o reequilíbrio econômico com a empresa anterior, QUE o acordo foi utilizado para recolhimento de propina e se livrar do aluguel com a UMAMFI, QUE em agosto já deixou de pagar o aluguel e que após teve a deflagração da operação LOTHUR, onde o colaborador foi exonerado do cargo, QUE o valor do contrato emergencial era de aproximadamente R$75,000,00, mensal, salvo engano para contratação de 16 motoristas, QUE Telles absorveu os motoristas já existentes, QUE o contrato anterior era entre R$60.000,00 e R$65.000,00 mil, QUE declara que poderia ter negociado com a empresa o reequilíbrio, que utilizou o oficio como artificio de geração de emergencial para ajudar Telles.

Num. 3244674 - Pág. 295Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, CHARLLES

BORTOLO, MARLI TEREZINHA TELES, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA SOUZA, ADEMILTON JOAQUIM TELES e ROSA

MARCELA SOLENI SIEBRE apresentaram respostas à acusação e já foram

anteriormente citadas, sendo desnecessária a sua reprodução

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de superfaturamento de contrato

emergencial irregular) não apresentam qualquer conexão concreta entre os

fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre

03/07/2015 a 23/12/2015, assim, afastado o critério temporal de suposto

crime eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos esposados pelas defesas

em sua peça defensiva, os quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer

apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. Além disso, a peça acusatória descreve que as

suposta vantagem solicitada não possuía relação com a investigada. Assim,

inexiste, em análise preliminar, liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Num. 3244674 - Pág. 296Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 298: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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Fato 12.8 – Dos Crimes do art. 317 e 333 – (ELOE STEINMETZ) -

Denunciados: ELOE STEINMETZ e EUCLIDES DE MORAES BARROS

JUNIOR

Em síntese, narra a denúncia que o denunciado ELOE STEINMETZ, no

período de janeiro de 2016 a março de 2016, em razão da condição de

Coordenador do Fundo Municipal de Saúde, solicitou vantagem indevida nos

valores de R$, 3.000,00, R$ 5.000,00 e R$ 3.000,00 do denunciado

EUCLIDES. Sobre os fatos, o colaborador EUCLIDES DE MORAES BARROS

JUNIOR, conforme trecho colacionado na denúncia pag. 381, assim relatou:

QUE conheceu o servidor ELOI quando celebrou os contratos com o município; QUE ELOI é servidor do Fundo Municipal da Saúde, QUE frequentava o bar do Gaúcho em frente ao colégio Almirante Tamandaré na Vila Yolanda com um grupo de amigos; QUE em um dos encontros ELOI disse q estava em dificuldade financeira porque se apertou, QUE ELOI construía casas; QUE ELOI pediu uma “ajuda” por 4 meses; QUE pagou três vezes, mas que não pagou a quarta parcela porque já estava preso; QUE não recebeu nada de volta; QUE não chegou a cobrar; QUE conheceu ELOI com servidor público; QUE não pegou nenhuma garantia do empréstimo; QUE o pagamento foi em espécie; QUE os recursos dos contratos do colaborador passam pelo fundo municipal; QUE sempre que “emprestava” dinheiro sempre tinha em mente receber os valores de seus contratos em dia.

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

A defesa EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR apresentou

respostas à acusação e já foi anteriormente citada, sendo desnecessária a sua

reprodução

Num. 3244674 - Pág. 297Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 299: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A defesa de ELOE STEINMETZ apresentou reposta à acusação no

evento 633 e, em síntese, alegou a rejeição da denúncia, ausência de justa

causa e, no mérito, a improcedência da acusação. A defesa não arrolou

testemunha e tampouco questionou a competência da justiça eleitoral

para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de cargo de coordenador do Fundo

Municipal de Saúde) não apresentam qualquer conexão concreta entre os

fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à

investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre

janeiro de 2016 a março de 2016, assim, afastado o critério temporal de

suposto crime eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos esposados pelas

defesas em sua peça defensiva, os quais, em sua maioria negam a autoria,

ou sequer apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito

eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. Além disso, a peça acusatória

descreve que a suposta vantagem solicitada não possuía relação com a

investigada. Não há, preliminarmente, liame objetivo ou subjetivo destes fatos

com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Fato 12.9 – Dos Crimes do art. 90 e 99 da Lei 8.666/93 – (PARCERIA

PÚBLICO PRIVADA-PPP) - Denunciados: TULIO MARCELO DENIG

BANDEIRA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARCO CESAR CUNICO

FATUCH, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, RENAN GUSTAVO

BAEZ, ALICE MARIA MACEDO SILVA, SANDRA FERREIRA DO

Num. 3244674 - Pág. 298Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

Page 300: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

NASCIMENTO, CLAUDIO LUIZ PAMPLONA FREITAS e LAERTE JUSTINO

DE OLIVEIRA FILHO

Em síntese, narra a denúncia que o Ministério Público Federal na ação

penal 500325-03-2016.404.7002 descreveu condutas e imputou prática de

conduta criminosa pela participação fraudulenta no processo de

licitação/contratação de parceria público privada, porém, com as colaborações

premiadas desvendaram-se novos atores que participaram deste crime. Os

denunciados TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, MAHMOUD AHMAD

JOMAA, REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, MARCO CESAR CUNICO

FATUCH, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, RENAN GUSTAVO

BAEZ, ALICE MARIA MACEDO SILVA, SANDRA FERREIRA DO

NASCIMENTO, CLAUDIO LUIZ PAMPLONA FREITAS e LAERTE JUSTINO

DE OLIVEIRA FILHO, que atuaram em conjunto com os outros denunciados

na ação penal 500325-03-2016.404.7002, conforme se extrai do trecho do

termo de colaboração do colaborador EUCLIDES DE MOAES BARROS

JUNIOR, anexo na denúncia, pag. 388/389:

QUE no PMI 001 havia dois grupos interessados na PPP, o grupo de LAERTE (GLOBO MED) e o grupo de ROBERTO (ATUAL MÉDICA); QUE LAERTE (GLOBO MED) surgiu no projeto da PPP por meio de RENI e de PATRICIA FOSTER; QUE soube que do grupo de LAERTE participavam PATRICIA FOSTER, SANDRA, ALICE (atual Secretária de Saúde) e o marido dela; QUE esse grupo escreveu o projeto da PPP apresentado pela GLOBO MED; QUE nessa época o Secretário de Saúde era CHARLES BORTOLLO, acreditando que ele tinha preferência pelo grupo de LAERTE; QUE não sabe se LAERTE é indicação de RATINHO JR., mas sabe que RATINHO JR. possuía mais influência sobre o Prefeito RENI; QUE MELQUI não mantinha contato com ROBERTO FLORIANI; QUE acredita que RENI “vendeu a PPP para os dois grupos”; QUE JOMAA

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

participou do projeto da PPP, tanto no PMI 001 como no PMI 002; QUE JOMAA, ligado a TULIO BANDEIRA, estava junto com a ATUAL MÉDICA; QUE JOMAA fazia o meio de campo para que o projeto andasse; QUE REGINALDO representava o depoente, sendo que seu interesse era dar continuidade à prestação de serviços na parte de radiologia no âmbito da PPP; QUE o interesse de JOMAA também era o de prestar serviços no âmbito da PPP, como como limpeza, portaria, laboratório, alimentação; QUE a parte de radiologia do projeto da ATUAL foi feito pelo depoente, por meio do trabalho de REGINALDO; QUE a ATUAL foi desclassificada do PMI 001 por perda do prazo para apresentação do projeto; QUE a ATUAL havia requerido prorrogação do prazo para a apresentação do projeto, mas houve um ardil por parte de PATRICIA FOSTER, a qual anuiu verbalmente, mas depois indeferiu a prorrogação; QUE nesse momento percebeu “o jeito RENI” de atuar; QUE após a desclassificação da ATUAL MÉDICA no PMI 001, o projeto da PPP foi abandonado temporariamente;

Segue a peça acusatória detalhando a fraude do processo licitatório,

conforme trecho da denúncia na pag. 398:

A fraude do processo licitatório existiu, tendo em vista que por força de legislação específica de PPP eis que: a) inexistente o estudo técnico que justificasse a conveniência e oportunidade além dos estudos orçamentários obrigatórios (que nunca existiu, a não ser quando se travou por liminar a PPP e tentaram reduzir o objeto contratual); b) os projetos das empresas foram realizados por servidores públicos da Secretaria Municipal de Saúde, o que configura fraude e vicia todo o processo; c) os projetos ilegais foram reaproveitados para o PMI 002/2015; d) não houve parecer jurídico; e) o edital da consulta pública foi baseado no projeto fraudado, sem que tivesse havido o cumprimento da fase 1 (estudo técnico); f) a presidente da comissão de licitação, membro do conselho gestor, atuou a favor da empresa

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

ATUAL MÉDICA, alterando o edital de consulta pública a favor da empresa.

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, MAHMOUD

AHMAD JOMAA, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, RENAN

GUSTAVO BAEZ e LAERTE JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, apresentaram

respostas à acusação e foram anteriormente citadas, sendo desnecessária a

sua reprodução.

A defesa de MARCO CESAR CUNICO FATUCH apresentou resposta à

acusação no evento 883, alegando, em síntese, que a proposta de

manifestação de interesse necessita de participação público-privado sem a

efetiva contratação, inexistência de vínculo sobre a segunda proposta de

manifestação, absolvição sumária, como se verifica no trecho da defesa de fls.

23 “Assim sendo, como de notório conhecimento de Vossa Excelência (motivo

pelo qual se dispensa citações doutrinárias sobre o tema), atos preparatórios

não são penalmente puníveis e, consequentemente, a denúncia não deve ser

recebida (ou deve haver absolvição sumária)..” Arrolou três testemunhas de

defesa, e tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para

processar e julgar os fatos a ele imputados.

A defesa de ALICE MARIA MACEDO DA SILVA apresentou resposta à

acusação no evento 697, alegando, em síntese, a inépcia da denúncia,

ausência de notificação prévia do artigo 514 do CPP, rejeição da denúncia,

absolvição sumária, como se verifica no trecho da defesa de fls. 44 “A

absolvição sumária da acusada considerando que o fato narrado

evidentemente não constitui crime (cf. artigo 397, III, CPP).” Arrolou seis

Num. 3244674 - Pág. 301Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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testemunhas de defesa, e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ela imputados.

A defesa de SANDRA FERREIRA DO NASCIMENTO, apresentou

resposta à acusação no evento 677, alegando, em síntese, a inépcia da

denúncia, absolvição sumária, e no mérito refuta as acusações descritas na

denúncia, como se verifica no trecho da defesa de fls. 11 “No que diz respeito

ao mérito das acusações exaladas na peça acusatória, o réu refuta todas as

acusações descritas na inicial, sendo que se reserva ao direito, repito, de

enfrentar todas essas questões no curso da ação penal.” Arrolou quatro

testemunhas de defesa, e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ela imputados.

A defesa de CLAUDIO LUIS PAMPLONA FREITAS, apresentou

resposta à acusação no evento 698, alegando, em síntese, a inépcia da

denúncia, ausência de notificação prévia do artigo 514 do CPP, rejeição da

denúncia, absolvição sumária, como se verifica no trecho da defesa de fls. 41

“A absolvição sumária do acusado considerando que o fato narrado

evidentemente não constitui crime (cf. artigo 397, III, CPP).” Arrolou seis

testemunhas de defesa, e tampouco questionou a competência da justiça

eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Analisando o contexto fático apresentado na peça acusatória, somado

aos elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente de irregularidade na Parceria Público

Privada - PPP) não apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos

descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada.

Além do que os fatos narrados na denúncia ocorreram entre 2014 e 2015,

assim afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda,

corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva,

Num. 3244674 - Pág. 302Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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as quais, em sua maioria, negam a autoria, ou sequer apresentam conexão

entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

A peça acusatória ainda descreve que as supostas vantagens solicitadas não

possuíam relação com a investigada. Assim, inexiste suposto liame objetivo ou

subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto,

não há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os

fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 12.10 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – (RENI PEREIRA - PPP)

- Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA

SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA,

ROBERTO FLORIANI CARVALHO e EUCLIDES DE MORAES BARROS

JUNIOR

Em síntese, narra a denúncia que entre o final de 2014 e meados de

2015, o denunciado RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, aproveitando-se do

cargo para contratação da parceria público privada, solicitou vantagem

indevida de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), a ser pago no ato da

assinatura do contrato e repasse de propina mensal de R$ 150.000,00 (cento

e cinquenta mil reais), para adjudicação da licitação em favor da empresa

ATUAL MÉDICA GESTÃO EM SAÚDE LTDA, enquanto os denunciados

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ROBERTO

FLORIANI CARVALHO, MAHMOUD AHMAD JOMAA e EUCLIDES DE

MORAES BARROS JUNIOR ofereceram tal vantagem, conforme trecho do

termo de colaboração do colaborador MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA, anexo na denúncia, pág. 396:

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QUE entretanto, nessa ocasião já havia sido estabelecido pelo colaborador, pelo JOMAA e pelo EUCLIDES, com anuência de ROBERTO, que o repasse ao RENI seria no valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) em razão da implementação/assinatura do contrato e posterior repasses mensais de R$ 150.000,00 (cento cinquenta mil reais), além de um rateio dos serviços prestados, como a destinação do laboratório para a BIOCENTER (nas pessoas de EVANDRO e MAURICIO IOP), recepção, limpeza e alimentação para a equipe do TULIO BANDEIRA/JOMAA-DENTISTA, com a exceção que a alimentação não deveria ficar para a AGUIAR em razão de desacertos anteriores; a radiologia ficaria com a empresa do EUCLIDES – “E-PEOPLE”, ao passo que o colaborador ficaria com a parte de tecnologia; QUE a parte médica seria estabelecida pelo Dr. LAERTE e toda a parte jurídica ficaria com a procuradora MARIA LETIZIA FIALA;

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA e

EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, apresentaram respostas à

acusação e já foram anteriormente citadas, sendo desnecessária a sua

reprodução.

A defesa de ROBERTO FLORIANI CARVALHO apresentou resposta à

acusação no evento 903, alegando, em síntese, a inépcia da denúncia,

ausência de justa causa, como se verifica no trecho da defesa de fls. 33: “Ante

o exposto, requer-se que esse respeitável Juízo rejeite a denúncia, seja porque

formalmente inepta (art. 395, inciso I, do CPP), seja porque materialmente

inepta (art. 395, inciso III, do CPP).” Arrolou três testemunhas de defesa, e

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente do direcionamento irregularidade na

Parceria Público Privada - PPP não apresentam qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado

à investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre

2014 e 2015, assim, afastado o critério temporal de suposto crime

eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos esposados pelas defesas em sua

peça defensiva, os quais, em sua maioria negam a autoria, ou sequer

apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral e,

consequentemente, não direcionam a competência de processamento para

esta justiça especializada. A peça acusatória ainda descreve que as supostas

vantagens solicitadas não possuíam relação com a investigada. Assim,

perfunctoriamente, inexiste liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a

investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

Fato 12.11 – Dos Crimes do art. 317 e 333 c/c 327 do CP – (MARIA LETIZIA)

- Denunciados: MARIA LETIZIA JIMENEZ ABATTE FIALA, EUCLIDES DE

MORAES BARROS JUNIOR e REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO

Em síntese, narra a denúncia que entre dezembro de 2015 a abril de

2016, a denunciada MARIA LETIZIA JIMENEZ ABATTE FIALA, solicitou

vantagem indevida no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) do denunciado

Num. 3244674 - Pág. 305Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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EUCLIDES, valor que foi entregue a REGINALDO e MARIA, conforme trecho

do termo de colaboração do colaborador EUCLIDES DE MORAES BARROS

JUNIOR, anexo na denúncia, pág. 397:

QUE, no final de 2015, RENI apresentou ao colaborador a Procuradora LETIZIA, informando que ela seria a pessoa encarregada de tocar a licitação da PPP e direcioná-la para a ATUAL MÉDICA; QUE LETÍZIA recebeu em algumas oportunidades, não sabe quantas mas mais de uma vez, o valor de 5 mil reais de ROBERTO FLORIANI; QUE uma vez LETIZIA solicitou ao colaborador o valor de 2 mil reais para uma viagem a Curitiba/PR; QUE o colaborador atendeu a solicitação pelo papel que ela desempenhava na licitação da PPP;

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas de EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR e

REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO, apresentaram respostas à acusação

e foram anteriormente citadas, sendo desnecessária a sua reprodução

A defesa de MARIA LETIZIA JIMENEZ ABATTE FIALA, apresentou

resposta à acusação no evento 855, alegando, em síntese, a ausência de

notificação prévia do artigo 514 do CPP, rejeição da denúncia por inépcia da

denúncia e ausência de justa causa, atipicidade da conduta, e absolvição

sumária, como se verifica no trecho da defesa de fls. 27: “Seja a acusada Maria

Letizia Jimenez Abatte Fiala ABSOLVIDA SUMARIAMENTE, diante da

atipicidade da conduta a ela atribuída, nos termos do que foi exposto no tópico

IV” Arrolou cinco testemunhas de defesa, e tampouco questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ela

imputados.

Num. 3244674 - Pág. 306Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos

elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados

(vantagem indevida decorrente do acompanhamento/irregularidade na

Parceria Público Privada - PPP) não apresentam qualquer conexão concreta

entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado

à investigada. Além do que, os fatos narrados na denúncia ocorreram entre

dezembro de 2014 a abril de 2015, assim, afastado o critério temporal de

suposto crime eleitoral. Ainda, corroboram os argumentos esposados pelas

defesas em suas peças defensivas, os quais, em sua maioria negam a autoria,

ou sequer apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito

eleitoral e, consequentemente, não direcionam a competência de

processamento para esta justiça especializada. A peça acusatória ainda

descreve que as supostas vantagens solicitadas não possuíam relação com a

investigada. Em uma análise preliminar, inexiste liame objetivo ou subjetivo

destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até

o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos

denunciados pelo Ministério Público Federal.

Fato 13 – Do Crimes do art. 2º, par. 4º, II c/c art. 1º da Lei 12.850/2013

Organização Criminosa - Denunciados: ADELIR DINIZ DA ROSA,

ADEMILTON JOAQUIM TELES, ANICE NAGIB GAZZAOUI, EVANDRO

HENRIQUE FREIRE, ÉRICO DA ROSA MARQUES, FERNANDO HENRIQUE

TRICHES DUSO, FABRÍCIO VIDAL, GERALDO GENTIL BIESEK,

GIANCARLO SCHETINI DE ALMEIDA TORRES, ISMAEL COELHO DA

SILVA, JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR, JORGE YAMAKOSHI, JUAREZ DA

SILVA SANTOS, LAERTE JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, LUIZ AUGUSTO

PINHO DE QUEIROGA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARINO GARCIA,

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

MAURÍCIO IOPP, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, PAULO

CESAR QUEIROZ, PAULO GUSTAVO GORSKI, PAULO TRENTO GORSKI,

RENAN GUSTAVO BAEZ, RICARDO ANDRADE, RICARDO VINICIUS

CUMAN ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, RUDINEI DE MOURA, RUI

OMAR NOVICKI JUNIOR, SALETE TONELLO, SUSAMARA REGINATO e

TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA

Em síntese, narra a denúncia que entre os anos de 2012 a 2016, os

denunciados constituíram e integraram Organização Criminosa

estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com objetivo

de obter, direta e indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante

prática de crimes contra a Administração Pública, crimes relacionados à

licitações, dentre outros.

Esclarece o representante ministerial que o delito de Organização

Criminosa já havia sido denunciado na Ação Penal n. 5005325-

03.2016.404.7002, sendo imputado a RODRIGO BECKER,

MELQUIDEZEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA, MARIA

LETIZIA JIMENEZ ABATTE FIALA, ANDERSON DE ANDRADE, SÉRGIO

LEONEL BELTRAME, CHARLLES BORTOLO, GILBER DA TRINDADE

RIBEIRO, CRISTIANO FURE DE FRANÇA, EVORI PATZLAFF, CARLOS

JULIANO BUDEL, VALTER MARTIN SCHROEDER, LUIZ CARLOS ALVES,

GIRNEI AZEVEDO, AIRES SILVA, VALTER MARTIN SCHROEDER JUNIOR,

MARLI TEREZINHA TELLES, REGINALDO DA SILVEIRA SOBRINHO,

HERMÓGENES DE OLIVEIRA (“MOGÊNIO”), DARCI SIQUEIRA (DARCI

DRM), EDÍLIO DALL'AGNOL, PAULO RICARDO DA ROCHA, BENI

RODRIGUES PINTO, NILTON JOÃO BECKERS, VILSON SPERFELD,

FERNANDO DA SILVA BIJARI, EDSON QUEIROZ DUTRA, ANA PAULA

MARTINS SANTOS, INÁCIO COLOMBELLI, EUCLIDES DE MORAES

Num. 3244674 - Pág. 308Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

BARROS JUNIOR, LUIZ ANDRÉ PENZIN, ALDEMIR HUMBERTO RAPOSO

SOARES, SANDRO HIDEO SAITO, MARIO CEZAR HABBY DOS SANTOS,

LUIS HENRIQUE WIESS DE CARVALHO, ALCIDES ROGÉRIO DE MOURA,

LUIZ CARLOS KOSSAR, APARECIDO PORFÍRIO DOS SANTOS,

ROSINALDO LUZIANO DOS SANTOS, ALEXANDRO TAVARES PEREIRA,

CÉLIO ANTUNES, IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO, LUIZ ANTÔNIO

PEREIRA e JOSÉ CARLOS PACHECO. Porém, no decorrer das

investigações, novos crimes foram descobertos, bem como constatou-se que

outras pessoas integravam essa organização, conforme se verifica na

descrição fática subdividida e descrito anteriormente.

Conforme trecho da denúncia apresentada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO

FEDERAL, pag. 415:

ADELIR DINIZ DA ROSA, ADEMILTON JOAQUIM TELES, ANICE NAGIB GAZZAOUI, EVANDRO HENRIQUE FREIRE, ÉRICO DA ROSA MARQUES, FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, FABRÍCIO VIDAL, GERALDO GENTIL BIESEK, GIANCARLO SCHETINI DE ALMEIDA TORRES, ISMAEL COELHO DA SILVA, JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR, JORGE YAMAKOSHI, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LAERTE JUSTINO DE OLIVEIRA FILHO, LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, MARINO GARCIA, MAURÍCIO IOPP, PATRÍCIA GOTTARDELLO FOSTER RUIZ, PAULO CESAR QUEIROZ, PAULO GUSTAVO GORSKI, PAULO TRENTO GORSKI, RENAN GUSTAVO BAEZ, RICARDO ANDRADE, RICARDO VINICIUS CUMAN, ROSA MARCELA SOLENI SIEBRE, RUDINEI DE MOURA, RUI OMAR NOVICKI JUNIOR, SALETE TONELLO, SUSAMARA REGINATO e TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA associaram-se e integraram, organização criminosa estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, já narradas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,

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vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, dispensa indevidas de licitação, fraudes de licitações, usurpação de função pública, falsidades ideológicas, além de outros crimes, incorrendo assim no delito previsto no artigo 2º, §º 4º, inciso II, c/c artigo 1º, da Lei nº 12.850/2013.

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas

para apresentarem resposta à acusação.

As defesas ADELIR DINIZ DA ROSA, ADEMILTON JOAQUIM TELES,

ANICE NAGIB GAZZAOUI, EVANDRO HENRIQUE FREIRE, FERNANDO

HENRIQUE TRICHES DUSO, FABRÍCIO VIDAL, GERALDO GENTIL BIESEK,

ISMAEL COELHO DA SILVA, JEFERSON ANTÔNIO AGUIAR, JORGE

YAMAKOSHI, JUAREZ DA SILVA SANTOS, LAERTE JUSTINO DE OLIVEIRA

FILHO, LUIZ AUGUSTO PINHO DE QUEIROGA, MAHMOUD AHMAD

JOMAA, MARINO GARCIA, MAURÍCIO IOPP, PATRÍCIA GOTTARDELLO

FOSTER RUIZ, PAULO CESAR QUEIROZ, PAULO GUSTAVO GORSKI,

PAULO TRENTO GORSKI, RENAN GUSTAVO BAEZ, ROSA MARCELA

SOLENI SIEBRE, RUDINEI DE MOURA, RUI OMAR NOVICKI JUNIOR,

SALETE TONELLO, SUSAMARA REGINATO e TULIO MARCELO DENIG

BANDEIRA, apresentaram respostas à acusação e foram anteriormente

citadas, sendo desnecessária a sua reprodução.

A defesa de ÉRICO DA ROSA MARQUES apresentou resposta à

acusação no evento 664, alegando, em síntese, descabida a pretensão punitiva

do Estado. Não arrolou testemunha de defesa e tampouco questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

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A defesa de GIANCARLO SCHETINI DE ALMEIDA TORRES

apresentou resposta à acusação no evento 879, alegando, em síntese, inépcia

da denúncia, incompetência da Justiça Federal e remessa para Justiça

Estadual, ausência de justa causa, como se verifica no trecho da defesa de

fls. 17 “Vencida a questão quanto a competência requer seja declarada a falta

de justa causa para a presente persecução criminal haja vista a inépcia da

denúncia.” Arrolou cinco testemunhas de defesa, e tampouco questionou a

competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele

imputados.

A defesa de FERNANDO HENRIQUE TRICHES DUSO, JUAREZ SILVA

DOS SANTOS e RICARDO DE ANDRADE apresentaram resposta à acusação

no mesmo evento 897, pois possuem os mesmos defensores, alegando em

síntese, que a denúncia ministerial ao descrever os fatos no item 6.4 estaria

imputando uma finalidade eleitoral e, por consequência, haveria competência

da justiça eleitoral para processamento e julgamento dos fato, inépcia da

denúncia, nulidade das interceptações por ausência de justa causa,

cerceamento de defesa pela ausência de acesso aos atos de colaboração,

nulidade das colaborações premiadas e, no mérito, a inexistência de

envolvimento criminoso.

A defesa de RICARDO VINICIUS CUMAN apresentou resposta à

acusação no evento 1040 alegando, em síntese, inépcia da denúncia,

inexistência de justa causa, ausência de fundamentação da decisão de

recebimento da denúncia, ausência de notificação prévia do artigo 514 do CPP

e, no mérito, absolvição das acusações. Arrolou uma testemunha de defesa e

tampouco questionou a competência da justiça eleitoral para processar e

julgar os fatos a ele imputados.

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Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, a referida

organização criminosa atuou entre 2012 a 2016. Percebe-se que os fatos

supostamente tipificados (peculato, corrupção ativa, corrupção passiva,

dispensa indevidas de licitação, fraudes de licitações, usurpação de

função pública, falsidades ideológicas, além de outros crimes não

apresentam qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e

um eventual crime eleitoral relacionado à investigada, mesmo porque foram

afastados pontualmente no respectivo fato ilícito, além do que, os fatos

narrados na denúncia ocorreram entre 2012 a 2016, assim afastado o

critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda, corroboram os

argumentos esposados pelas defesas em sua peçam defensivas, os quais em

sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre os

fatos denunciados e um ilícito eleitoral e, consequentemente, não

direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada.

Em análise preliminar, não se vislumbra liame objetivo ou subjetivo destes fatos

com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há até o presente

momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo

Ministério Público Federal.

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Ação penal – 5001254-21.2017.4.04.7002

Trata-se de ação penal que tramita na 3ª vara Federal de Foz do Iguaçu

e já foi prolatada a sentença, conforme evento 1535 a 1542, datados de 04 de

fevereiro de 2020. É interessante ressaltar que o denunciado RENI CLOVIS

DE SOUZA PEREIRA, em resposta à acusação, já arguiu incompetência da

Justiça Federal, ao argumento de que APÓS DETIDA ANÁLISE DA

NARRATIVA MINISTERIAL, concluiu que o feito deveria ser declinado para a

Juízo Estadual, conforme trecho do Evento 36- Doc1, pág. 03/04, da defesa

prévia, a seguir:

“2. DO NECESSÁRIO PROCESSAMENTO DO PRESENTE CASO PENAL PERANTE À JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.

2.1. Em que pese o extenso e minucioso trabalho do Ministério Público Federal na elaboração da exordial acusatória, não restou evidenciada a competência federal para o processamento dos fatos denunciados. Pelo contrário, em detida análise da narrativa ministerial, conclui-se necessariamente pela declinação do feito ao juízo estadual, se não in totum, ao menos em grande parte das imputações lançadas pelo Parquet.

2.2. A competência da Justiça Federal é determinada pelo artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, nos seguintes termos: “aos juízes federais compete processar e julgar: [...]os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da

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Justiça Eleitoral”. Ocorre que, no presente caso, não há qualquer prejuízo ou interesse da União capaz de justificar o processamento do acusado perante este e. Tribunal Regional Federal.

2.3. Por toda a peça acusatória, é possível vislumbrar vagas menções a desvios de verbas e fraudes a licitações envolvendo recursos públicos de origem federal, sem qualquer demonstração acerca do prejuízo ou do interesse da União – únicos elementos aptos, no presente caso, a determinarem a competência federal.”

Por sua vez, o Magistrado Federal proferiu a seguinte decisão sobre a

preliminar arguida:

“3. Arguição de incompetência

O acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, no item nº 3.10 dos memoriais do evento nº 1478, epigrafado como “DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DA AÇÃO PENAL”, consignou:

“Excelência, em respeito a este d. Juízo, mas sem desconsiderar a necessidade de demonstração da total irresignação do acusado RENI PEREIRA em relação ao procedimento do órgão acusatório em incluir, dentro de uma suposta organização criminosa, diversos fatos sem qualquer vínculo com Recursos Federais, faz-se referência aos argumentos encartados na Defesa Prévia, os quais aqui se ratifica”.

Data venia, malgrado não ser possível compreender o objetivo almejado pelo acusado com supracitada articulação, observo que os argumentos expendidos por ele em sua defesa prévia foram objeto de regular análise pelo Quarta Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, quando do recebimento da denúncia, conforme se depreende da decisão do evento nº 51.

Com efeito, rejeito a preliminar arguida no item nº 3.10 dos memoriais do evento nº 1478.”

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Em razão da decisão contar com aproximadamente 500 (quinhentas)

laudas, transcrevo abaixo somente a parte dispositiva.

“SENTENÇA

Parte III

Dispositivo

Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados pelo Ministério Público Federal, para o fim de:

3.1. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do crime previsto no art. 317, §1º, do Código Penal, narrado no item nº 3.2 da denúncia;

3.2. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do crime previsto no art. 90 da Lei nº 8.666/93, narrado no item nº 3.3.1 da denúncia;

3.3. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do crime previsto no art. 90 da Lei nº 8.666/93, narrado no item nº 3.3.2 da denúncia;

3.4. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 3.3.3 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal c/c art. 4º, §16, da Lei nº 12.850/13;

3.5. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática de um crime previsto no art. 317, §1º, do Código Penal, narrado no item nº 3.3.4 da denúncia; ABSOLVENDO-O das demais imputações;

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3.6. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 3.4.1 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal c/c art. 4º, §16, da Lei nº 12.850/13;

3.7. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 3.5.2 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal c/c art. 4º, §16, da Lei nº 12.850/13;

3.8. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, em razão da prática do fato narrado no item nº 4.4 da denúncia, às penas do art. 328, parágrafo único, c/c art. 29 do Código Penal;

3.9. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.1 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso V, do Código de Processo Penal;

3.10. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.2 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.11. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.3 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal;

3.12. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.4 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso V, do Código de Processo Penal;

3.13. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.5 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal;

3.14. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no

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item nº 6.6 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal;

3.15. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.7 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.16. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado nos itens nº 6.8 a 6.13 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.17. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.14 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.18. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 6.15 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso V, do Código de Processo Penal;

3.19. DECLARAR NULO o recebimento da denúncia, quanto ao fato nº 6.16 da denúncia, com fundamento no art. 564, inciso III, alínea “a”, do Código de Processo Penal;

3.20. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 7.1.1 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal c/c art. 4º, §16, da Lei nº 12.850/13;

3.21. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 7.1.2 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.22. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 7.2.1 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

3.23. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 7.2.2 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.24. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 9.1 da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3.15. ABSOLVER o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA da prática do fato narrado no item nº 12 (12.1 e 12.2) da denúncia, com fundamento no art. 386, inciso V, do Código de Processo Penal.

3.16. CONDENAR o acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA ao pagamento das custas processuais.

fixação das penas

1. Art. 317, §1º, do Código Penal (item nº 3.2 da denúncia)

Conforme fundamentação contida no item nº 1.1 desta decisão, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA restou condenado em razão da prática do fato narrado no item nº 3.2 da denúncia, às penas do art. 317, §1º, do Código Penal, cuja pena cominada em abstrato está compreendida entre 02 (dois) e 12 (doze) anos de reclusão, acrescidos de multa.

Analisando as circunstâncias estabelecidas nos art. 59 do Código Penal, verifico que o grau de culpabilidade é normal à espécie. Não há elementos nos autos que permitam avaliar a conduta social e a personalidade do acusado. Não há nos autos notícia acerca da existência de maus antecedentes. Os motivos e as circunstâncias do crime são normais à espécie. As consequências são próprias do crime em questão e não se revelaram de maior gravidade. A vítima não favoreceu a ocorrência dos fatos delitivos. Com

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

efeito, dada a inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo a pena base em 02 (dois) anos de reclusão, acrescidos de 10 (dez) dias-multa.

Não há incidência de agravantes, restando prejudicada a análise de eventuais atenuantes, ex vi do Enunciado nº 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Diante da incidência da causa de aumento de pena do §1º do art. 317 do Código Penal, aumento a pena intermediária em 1/3 (um terço), perfazendo 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, acrescidos de 13 (treze) dias-multa.

Ante o exposto, quanto ao fato nº 3.2 da denúncia, resta a pena definitiva para o crime do art. 317, §1º, do Código Penal fixada em 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, acrescidos de 13 (treze) dias-multa.

2. Art. 90 da Lei nº 8.666/93 (item nº 3.3.1 da denúncia)

Conforme fundamentação contida no item nº 1.2 desta decisão, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA restou condenado em razão da prática do fato narrado no item nº 3.3.1 da denúncia, às penas do art. 90 da Lei nº 8.666/93, cuja pena cominada em abstrato está compreendida entre 02 (dois) e 04 (quatro) anos de detenção, acrescidos de multa.

Analisando as circunstâncias estabelecidas nos art. 59 do Código Penal, verifico que o grau de culpabilidade é normal à espécie. Não há elementos nos autos que permitam avaliar a conduta social e a personalidade do acusado. Não há nos autos notícia acerca da existência de maus antecedentes. Os motivos e as circunstâncias do crime são normais à espécie. As consequências são próprias do crime em questão e não se revelaram de maior gravidade. A vítima não favoreceu a ocorrência dos fatos delitivos. Com

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efeito, dada a inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena base em 02 (dois) anos de detenção.

Não há incidência de agravantes, restando prejudicada a análise de eventuais atenuantes, ex vi do Enunciado nº 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Não há incidência de causas de aumento ou diminuição da pena, razão pela qual resta a reprimenda corporal definitiva fixada em 02 (dois) anos de detenção.

Arbitro, com fundamento no art. 99, §1º, da Lei nº 8.666/93, a pena de multa em R$ 49.941,72 (quarenta e nove mil novecentos e quarenta e um reais e setenta e dois centavos), o que corresponde a 2% do valor da obra objeto da Concorrência Pública nº 16/2014 da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR (R$ 2.497.068,47 – evento nº 284 do inquérito policial nº 5013824-44.2014.4.04.7002). Justifico a aplicação do percentual mínimo previsto em lei, em razão da ausência de informações acerca do valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo acusado.

3. Art. 90 da Lei nº 8.666/93 (item nº 3.3.2 da denúncia)

Conforme fundamentação contida no item nº 1.3 desta decisão, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA restou condenado em razão da prática do fato narrado no item nº 3.3.2 da denúncia, às penas do art. 90 da Lei nº 8.666/93, cuja pena cominada em abstrato está compreendida entre 02 (dois) e 04 (quatro) anos de detenção, acrescidos de multa.

Analisando as circunstâncias estabelecidas nos art. 59 do Código Penal, verifico que o grau de culpabilidade é normal à espécie. Não há elementos nos autos que permitam avaliar a conduta social e a personalidade do acusado. Não

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há nos autos notícia acerca da existência de maus antecedentes. Os motivos e as circunstâncias do crime são normais à espécie. As consequências são próprias do crime em questão e não se revelaram de maior gravidade. A vítima não favoreceu a ocorrência dos fatos delitivos. Com efeito, dada a inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado, fixo a pena base em 02 (dois) anos de detenção.

Não há incidência de agravantes, restando prejudicada a análise de eventuais atenuantes, ex vi do Enunciado nº 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Não há incidência de causas de aumento ou diminuição da pena, razão pela qual resta a reprimenda corporal definitiva fixada em 02 (dois) anos de detenção.

Arbitro, com fundamento no art. 99, §1º, da Lei nº 8.666/93, a pena de multa em R$ 645.745,46 (seiscentos e quarenta e cinco mil setecentos e quarenta e cinco reais e quarenta e seis centavos), o que corresponde a 2% do valor dos contratos decorrentes da Concorrência Pública nº 031/2014 da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu/PR (R$ 32.287.272,32 – evento nº 272 do inquérito policial nº 5013824-44.2014.4.04.7002). Justifico a aplicação do percentual mínimo previsto em lei, em razão da ausência de informações acerca do valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo acusado.

4. Art. 317, §1º, do Código Penal (item nº 3.3.4 da denúncia)

Conforme fundamentação contida no item nº 1.5 desta decisão, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA restou condenado em razão da prática do fato narrado no item nº 3.3.4 da denúncia, às penas do art. 317, §1º, do Código Penal, cuja pena cominada em abstrato está compreendida entre 02 (dois) e 12 (doze) anos de reclusão, acrescidos de multa.

Num. 3244674 - Pág. 321Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Analisando as circunstâncias estabelecidas nos art. 59 do Código Penal, verifico que o grau de culpabilidade é normal à espécie. Não há elementos nos autos que permitam avaliar a conduta social e a personalidade do acusado. Não há nos autos notícia acerca da existência de maus antecedentes. Os motivos e as circunstâncias do crime são normais à espécie. As consequências são próprias do crime em questão e não se revelaram de maior gravidade. A vítima não favoreceu a ocorrência dos fatos delitivos. Com efeito, dada a inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo a pena base em 02 (dois) anos de reclusão, acrescidos de 10 (dez) dias-multa.

Não há incidência de agravantes, restando prejudicada a análise de eventuais atenuantes, ex vi do Enunciado 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Diante da incidência da causa de aumento de pena do §1º do art. 317 do Código Penal, aumento a pena intermediária em 1/3 (um terço), perfazendo 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, acrescidos de 13 (treze) dias-multa.

Ante o exposto, quanto ao fato nº 3.3.4 da denúncia, resta a pena definitiva para o crime do art. 317, §1º, do Código Penal fixada em 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, acrescidos de 13 (treze) dias-multa.

5. Art. 328, parágrafo único, do Código Penal (item nº 4.4. da denúncia)

Conforme fundamentação contida no item nº 2.1 desta decisão, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA restou condenado em razão da prática do fato narrado no item nº 4.4 da denúncia, às penas do art. 328, parágrafo único, do Código Penal, cuja pena cominada em abstrato está compreendida entre 02 (dois) e 05 (cinco) anos de reclusão, acrescidos de multa.

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Analisando as circunstâncias estabelecidas nos art. 59 do Código Penal, verifico que o grau de culpabilidade é normal à espécie. Não há elementos nos autos que permitam avaliar a conduta social e a personalidade do acusado. Não há nos autos notícia acerca da existência de maus antecedentes. Os motivos e as circunstâncias do crime são normais à espécie. As consequências são próprias do crime em questão e não se revelaram de maior gravidade. A vítima não favoreceu a ocorrência dos fatos delitivos. Com efeito, dada a inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, fixo a pena base em 02 (dois) anos de reclusão, acrescidos de 10 (dez) dias-multa.

Não há incidência de agravantes, restando prejudicada a análise de eventuais atenuantes, ex vi do Enunciado nº 231 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

De igual sorte, não há, na hipótese, incidência de causas de aumento ou diminuição de pena.

Ante o exposto, quanto ao fato nº 4.4 da denúncia, resta a pena definitiva para o crime do art. 328, parágrafo único, do Código Penal fixada em 02 (dois) anos de reclusão, acrescidos de 10 (dez) dias-multa.

6. Concurso de crimes

Diante da incidência da regra do art. 69, caput, do Código Penal, perfaz o somatório das penas impostas a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA: a) 07 (sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, acrescidos de 36 (trinta e seis) dias-multa; b) 04 (quatro) anos de detenção, acrescidos de multa arbitrada em R$ 695.687,18 (seiscentos e noventa e cinco mil seiscentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos).

Diante das condições de fortuna do acusado, reveladas quando de seu interrogatório, arbitro cada dia-multa em 10 (dez) salários-mínimos

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vigentes na data dos fatos (art. 49, §2º, do Código Penal).

7. Regime inicial do cumprimento das penas

Examinando conjugadamente o disposto nos arts. 33 e 59 do Código Penal e art. 111 da Lei de Execuções Penais, estabeleço o REGIME SEMIABERTO para início do cumprimento das penas de detenção e reclusão impostas ao acusado.

8. Substituição da Pena Privativa de Liberdade e Sursis

Diante do quantum das penas impostas ao acusado, incabível a substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos ou a concessão da suspensão condicional das penas.

9. Ressarcimento dos danos

O MPF não pediu, na exordial, o ressarcimento dos danos mínimos causados, impossibilitando a decisão, conforme exigido pelo Código de Processo Penal, em seu art. 387, IV.

10. Conclusão

Diante do exposto, perfazem as penas definitivas impostas a RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA (a) 07 (sete) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, acrescidos de 36 (trinta e seis) dias-multa, cada um arbitrado em 10 (dez) salários-mínimos, (b) 04 (quatro) anos de detenção, acrescidos de multa arbitrada em R$ 695.687,18 (seiscentos e noventa e cinco mil seiscentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos), (c) ambas a serem cumpridas inicialmente em regime semiaberto, podendo a pena de reclusão ser cumprida em regime fechado após eventual unificação de pena.

DISPOSIÇÕES FINAIS

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1. A manutenção das medidas cautelares decretadas nos autos nº 5001394-55.2017.4.04.7002 serão objeto de análise quando do julgamento da ação penal nº 5015353-25.2019.4.04.7002.

2. Diante da inexistência de motivos concretos que justifique qualquer alteração, ficam mantidas as medidas cautelares impostas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no evento nº 140 dos autos do pedido de prisão preventiva nº 5027345-42.2016.4.04.0000/TRF, com exceção do que diz respeito à prisão domiciliar, que foi afastada pelo Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do autos do Habeas Corpus nº 376.087/PR.

3. Cumpra-se o disposto no art. 340 da Consolidação Normativa da Corregedoria-Regional da Justiça Federal da 4ª Região.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se, sendo o réu pessoalmente por oficial de justiça.

Considerando o volume de páginas desta sentença, instrua-se o mandado de intimação de cópia virtual da íntegra do decisum, imprimindo apenas o dispositivo (parte III).

Defiro o pedido formulado pelo Ministério Público Federal no evento nº 1519, no sentido de que a petição do evento nº 1515 seja submetida a sigilo, porquanto conter imagens de documentos submetidos a sigilo. Desta feita será anotado pelo juízo sigilo nível 4 no mencionado documento, com acesso restrito ao juízo e às partes.

Providências necessárias.”

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A presente ação foi veiculada no ofício encaminhado pelo Juízo Federal.

No entanto, a análise da conexão encontra-se exaurida, uma vez que incide no

presente caso o enunciado n. 235 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça,

que assim dispõe:

“A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

EMENTA Conflito positivo de competência. Ação de execução e ação declaratória, aquela perante a Justiça Estadual, esta perante a Justiça Federal. Avocação, pelo juiz federal, de ação de execução, por entender ocorrente conexão entre as demandas. Recusa do juiz estadual, que suscita o conflito.

A conexão não implica na reunião de processos, quando não se tratar de competência relativa - art. 102 do CPC. A competência absoluta da Justiça Federal, fixada na Constituição, é improrrogável por conexão, não podendo abranger causa em que a União, autarquia, fundação ou Empresa Pública Federal não for parte.

A conexão, outrossim, não importará na reunião das demandas se uma delas já se encontra julgada, como ocorre se os embargos do devedor já foram objeto de decisão final.

Conflito conhecido, julgando-se competente o Juízo Estadual para prosseguir com o processo de execução.”

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Ação penal – 50153553-03.2019.4.04.7002

(Desmembrados dos Autos nº 5001254- 21.2017.404.7002)

Trata-se de ação penal oriunda do desmembramento dos autos nº

5001254-21.2017.404.7002. Nas alegações finais, o representante do

Ministério Público Eleitoral requereu o julgamento parcial do pedido formulado

na denúncia, para condenar o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA, nas imputações descritas nos itens 5.1, 5.2, 7.3.1, 8.1, 8.2, 8.3.

8.4.1, 8.4.2, 8.4.3, 10.1 e 11.

5.1. DO CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA – ARTIGO 317, DO CÓDIGO

PENAL – TRANSPORTE

Narra o Ministério Público Federal que para facilitar os crimes

supramencionados, no dia 20/11/2014, o denunciado RENI CLOVIS DE

SOUZA PEREIRA, em conluio com RODRIGO BECKER, MELQUIZEDEQUE

DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA (Secretário de Tecnologia de

Informação) e LUIZ CARLOS ALVES, incorreram na prática do delito de

corrupção passiva, combinado com o artigo 327, parágrafo 2º, todos do Código

penal e que tais vantagens foram oferecidas e prometidas por JUAREZ DE

TAL, representante da empresa Coelhos Transporte Eireli - atualmente

Expresso Foz Transporte Eireli) e ISMAEL COELHO DA SILVA.

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Narra, ainda, que em conversa interceptada dia 20/11/2014, “JUAREZ”

se encontra com MELQUIZEDEQUE, pressionando-o e alertando-o que já

seria 11 horas e que não daria tempo (provavelmente se referindo ao

encerramento do horário bancário às 15 horas) e que às 12:03min40s, o já

denunciado RODRIGO BECKER, através do terminal cadastrado em nome de

IZABELLE FERRARI) liga para MELQUIZEDEQUE, solicitando que ligue para

uma mulher (identificada como LISIANE VEECK SOSA - Secretária de

Educação do Município). Alerta, também, que senão não daria tempo (mesma

preocupação de JUAREZ). Revela, ainda, que já tinha o aval do denunciado

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA.

Ressalta que, imediatamente, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA DE SOUZA liga para LISIANE VEECK SOSA (Secretária

de Educação do Município) e cobra a emissão de notas de empenho (de sua

pasta), e afirma que era um pedido do Prefeito RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA. Referido fato é confirmado pelo denunciado LUIZ CARLOS ALVES,

em telefonema mantido com MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA DE SOUZA.

Informa que às 12h59min53s, JUAREZ cobra agilidade de

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA, que confirma

já ter falado com todos os demais envolvidos. Às 13h02min05s,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA DE SOUZA cobra de LUIZ

CARLOS ALVES os números de empenho para passar para JUAREZ. Ainda

no mesmo dia 20/11/2015, logo após, às 13h40m30s, MELQUIZEDEQUE

informa a JUAREZ que os empenhos já estavam liberados/pagos à empresa

Coelhos Transporte Eireli - atualmente Expresso Foz Transporte Eireli, que

prestava serviços à Secretaria Municipal de Educação, e repassa os empenhos

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n. 130697, no valor de R$ 19.130,00; empenho n. 13.095, no valor de R$

216.600,00 e empenho n. 13.096, no valor de R$ 19.130,00.

Relata que os referidos acertos são comprovados em consulta ao site

do portal da transparência pública do Município de Foz do Iguaçu, no qual foi

anotada a emissão, nesse mesmo dia, 20/11/2015, das despesas

orçamentárias, já constando, no “corpo do documento”, o número da nota fiscal

e que em consulta ao portal da transparência, observa-se que a despesa

orçamentária foi gerada no dia 20/11/2015 e encaminhada para pagamento no

mesmo dia 20/11/2015, através de TED sob ns. 292630919 e 292630214.

Ainda nesse mesmo dia 20/11/2016, às 16h38min31s, comprovou-se a

existência de acerto no pagamento de notas de transporte, no qual conversam

sobre “denúncia” apresentada de que estariam cobrando “propina” de 15% dos

empresários do transporte. Tal vantagem indevida consistia na porcentagem

acima sobre o valor das notas.

Assim agindo, ao entendimento do Ministério Público Federal, o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA incorreu, por 3 (três) vezes,

no crime previsto no artigo 317, caput e parágrafo 1º, combinado com artigo

327, parágrafo 2º, e artigos 69 e 29, todos do Código Penal.

Em defesa prévia apresentada ao Egrégio Tribunal Regional

Federal da 4ª Região, nos termos do artigo 4º da Lei 8038/90, o denunciado

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, em preliminar, manifestou-se nos

seguintes termos:

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2. DO NECESSÁRIO PROCESSAMENTO DO PRESENTE

CASO PENAL PERANTE À JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.

“Não restou evidenciada a competência federal para o processamento dos fatos denunciados. Pelo contrário, em detida análise da narrativa ministerial, conclui-se necessariamente pela declinação do feito ao juízo estadual, se não in totum, ao menos em grande parte das imputações lançadas pelo Parquet.” (grifei)

Na defesa, algumas passagens são dignas de menção:

“3.5. Desse modo, a imputação formal por parte do titular do jus punitionis estatal deve vir à tona da maneira mais clara possível, de modo a proporcionar o efetivo exercício do direito de defesa pelo acusado. É certo que o denunciado não se defende dos artigos de lei enumerados ao fim da peça inicial, mas da imputação dos fatos objetivamente delineados, conforme preceitua a jurisprudência.18 Por isso, faz-se mister a clareza e a precisa descrição da conduta de cada denunciado para que este possa exercer plenamente seu direito de defesa garantido pelo artigo 5º, LV, da Constituição Federal.”

3.7. Note-se que a menção legal à “exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias” remonta a uma pormenorização das condutas hábeis a subsumirem-se aos tipos penais objeto de apreciação, além da especificidade de indícios mínimos da existência de um liame causal entre a ação/omissão do denunciado (particularizada) e a conduta delitiva.

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CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA – ARTIGO 317, DO

CÓDIGO PENAL – TRANSPORTE (ITEM 5.1)

Informa que não há uma conversa sequer em que RENI PEREIRA

apareça como interlocutor, mas somente terceiras pessoas fazendo referência

a seu nome, porém, sem nenhuma comprovação de seu real envolvimento nos

fatos. Informa, ainda, que a denúncia é genérica que nem chega a identificar

o empresário que mantém diálogo com Melquizedeque supostamente

beneficiado com a emissão das notas, tratando-o por “Juarez de Tal”. Informa,

por fim, que das conversas interceptadas, também não se pode inferir as

conclusões tiradas pelo Ministério Público Federal e se torna imperioso o

reconhecimento da inépcia da inicial.

Arrolou testemunhas e, frente ao que expôs, requereu o

reconhecimento da incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª

Região, rejeição de peça acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP;

ainda, sua absolvição sumária, forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os

fatos narrados e os indícios coletados na fase preliminar não indicam o

cometimento de crimes e, na hipótese de prosseguimento, a produção de todas

as provas em direito admitidas.

Resumidamente, em seu interrogatório judicial, apresentou defesa no

sentido de:

Não ter realizado os atos criminosos;

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Não pode ser responsabilizado por atos de terceiros, sob pena de lhe

imputar responsabilidade objetiva não permitida em direito penal;

Se terceiros praticaram foi a sua revelia;

Não ter como saber tudo que acontecia ou o que vinha sendo praticado

por seus secretários e servidores, muito menos a existência de uma rede de

arrecadação e pagamento de corrupção;

Colaborações premiadas são falaciosas quando lhe imputam a ciência

dos fatos criminosos e a chefia da organização criminosa.

Primeiramente, resta deixar consignado que a tese ventilada pela defesa

cinge-se na afirmação da competência da Justiça Estadual para processar e

julgar o presente feito, não havendo, em momento algum, menção à suposta

competência desta Justiça Especializada. De outro vértice, nega a própria

autoria da prática delitiva.

Verifica-se que as condutas imputadas ao denunciado, conforme se

verifica na denúncia apresentada, ocorreram em 20/11/2014 e se trataram de

supostas “propinas” pela aceitação de vantagens indevidas por parte de

agentes públicos, inclusive RENI PEREIRA, como contrapartida pela emissão

de notas de empenho, violando deveres funcionais. Essa propina seria uma

porcentagem de 15% sobre o valor da nota.

Dos elementos acusatórios e da tese defensiva, extrai-se a

conclusão da impossibilidade de existência de alguma conduta que se

amolde a um crime eleitoral em “tese”, seja pela data da sua prática, muito

posterior a previsão legal para a prestação de contas eleitorais, seja pelo

modo como ela foi praticada. Portanto, se não caracteriza o crime eleitoral

para o próprio denunciado RENI, quiçá para sua esposa e investigada na

qualidade de partícipe.

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5.2. DO CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA – ARTIGO 333, DO CÓDIGO

PENAL – OBRAS

Narra o Ministério Público Federal que “para facilitar a prática dos crimes

supramencionados, no período compreendido entre o início da execução da

obra na Avenida Felipe Wandscheer (05/08/2015) até a data da deflagração da

fase ostensiva da operação “Pecúlio” (19/042016), o denunciado RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, em conluio com NILTON JOÃO BECKERS,

com o auxílio de CARLOS JULIANO BUDEL, na condição de administrador e

agente da empresa beneficiária do “esquema criminoso”, TERRAPLANAGEM

SR LTDA, praticaram o delito de corrupção ativa, pois ofereceram e

prometeram vantagens indevidas a funcionário público vinculado ao Município

de Foz do Iguaçu, notadamente ao denunciado LUIZ CARLOS ALVES, na

condição de funcionário público responsável pelo pagamento dos empenhos

do Município de Foz do Iguaçu, para determiná-lo a praticar e omitir atos de

ofício, sendo que tal denunciado incorreu na prática do delito de corrupção

passiva do Código penal, pois não só aceitou tais promessas de vantagens

indevidas, em razão da função, como efetivamente praticou atos de ofício com

infração de deveres funcionais.

O MPF ressalta o interesse direto da organização criminosa no

pagamento das notas da empresa Terraplanagem SR Ltda., pois, conforme

descrito nos itens anteriores, as licitações eram fraudadas para que esta

empresa fosse vencedora em contrapartida ao apoio financeiro à campanha de

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, bem como por realizar o pagamento de

propina.

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Pelas provas obtidas foi possível detectar, ao menos, 7 (sete) vezes,

em concurso material, o repasse de vantagem indevida ao denunciado LUIZ

CARLOS ALVES (CAL), em valores variáveis entre R$1.000,00 a R$ 2.000,00

mil reais, para agilizar os pagamentos das notas da Terraplanagem SR Ltda,

de propriedade de NILTON JOÃO BECKERS.

Os pagamentos foram realizados em 05/08/2015, 31/08/2015,

30/10/2015,17/12/2015,11/01/2016, 10/03/2016, 08/03/2016, 11/04/2016.

Tal fato está corroborado pelas declarações do colaborador NILTON

JOÃO BECKERS:

QUE em relação ao servidor municipal LUIS CARLOS ALVES, vulgo “CAL”, após a liberação dos pagamentos na Caixa Econômica Federal, relativos às obras, para a prefeitura, os pagamentos às empresas eram realizados por “CAL”. QUE para agilizar tais pagamentos eram feitos alguns pagamentos a “CAL” em torno de R$1.000,00 a R$2.000,00 reais. QUE em praticamente todos os pagamentos de notas era repassada propina a “CAL”. QUE em relação às obras do PAC, quase todas as notas foram pagas por “CAL” mediante o pagamento de propina a esse. QUE as propinas eram pagas em dinheiro em espécie, tendo o colaborador como indicar datas de saques. QUE em duas oportunidades foram entregues R$2.000,00 ao secretário de obras BUDEL, para repassar os valores a “CAL”. (REINQURIÇÃO de NILTON JOÃO BECKERS).

Para comprovar suas declarações, o colaborador juntou extratos dos

pagamentos, nos quais constam a compensação dos cheques descritos.

Em razão disso, o Ministério Público Federal entendeu que o réu RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA incorreu, por 7 (sete) vezes, em concurso

material, no crime de corrupção ativa.

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Em defesa prévia apresentada ao Egrégio Tribunal Regional

Federal da 4ª Região, nos termos do artigo 4º da Lei 8038/90, o denunciado

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, em preliminar, manifestou-se nos

seguintes termos:

DO CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA – ARTIGO 333, DO CÓDIGO PENAL –

OBRAS (ITEM 5.2)

O Denunciado informou que o presente fato imputado refere-se também

à emissão de notas de empenho municipais, a diferença é que ele estaria “em

conluio com NILTON JOÃO BECKERS, mediante recomendação e com auxílio

do também já denunciado CARLOS JULIANO BUDEL”, tendo estes oferecido

vantagem econômica indevida a Luiz Carlos Alves, para que agilizasse o

pagamento da empresa SR TERRAPLANAGEM LTDA.

Para subsidiar a presente imputação, foi colacionada a colaboração de

Nilton João Beckers, nos seguintes termos:

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Alega que o repasse de verbas foi realizado pela União e, uma vez

incorporado ao patrimônio do Município, deixaria de existir o interesse federal

capaz de fixar a competência para o julgamento do caso penal.

Na resposta à acusação, o denunciado manifestou-se que em momento

algum restou demonstrada sua participação no referido oferecimento de

propina e que o delator responsável pela denúncia do fato jamais falou que

houve auxílio para o denunciado, cuja participação é imaginada e descrita

abstratamente na peça acusatória. Ao citar o depoimento de Nilton Beckers,

informa que não há nenhum indício, neste e nos demais fatos, da sua

participação dolosa no oferecimento do propina, razão pela qual deve a

denúncia ser rejeitada por ausência de justa causa.

Alegou, ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

Na defesa, algumas passagens são dignas de menção:

“3.5. Desse modo, a imputação formal por parte do titular do jus punitionis estatal deve vir à tona da maneira mais clara possível, de modo a proporcionar o efetivo exercício do direito de defesa pelo acusado. É certo que o denunciado não se defende dos artigos de lei enumerados ao fim da peça inicial, mas da imputação dos fatos objetivamente delineados, conforme preceitua a jurisprudência.18 Por isso, faz-se mister a clareza e a precisa descrição da conduta de cada denunciado para que este possa exercer

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plenamente seu direito de defesa garantido pelo artigo 5º, LV, da Constituição Federal.”

3.7. Note-se que a menção legal à “exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias” remonta a uma pormenorização das condutas hábeis a subsumirem-se aos tipos penais objeto de apreciação, além da especificidade de indícios mínimos da existência de um liame causal entre a ação/omissão do denunciado (particularizada) e a conduta delitiva.”

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

Resumidamente, em seu interrogatório judicial, apresentou defesa no

sentido de:

Não ter realizados os atos criminosos;

Não poder ser responsabilizado por atos de terceiros, sob pena de lhe

imputar responsabilidade objetiva não permitida em direito penal;

Se terceiros praticaram foi à sua revelia;

Não ter como saber tudo que acontecia ou o que vinha sendo praticado

por seus secretários e servidores, muito menos a existência de uma rede de

arrecadação e pagamento de corrupção;

Colaborações premiadas são falaciosas quando lhe imputam a ciência

dos fatos criminosos e a chefia da organização criminosa.

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

A tese ventilada pela defesa cinge-se, como se verifica, na afirmação da

competência da Justiça Estadual para processar e julgar o presente feito, não

havendo, em momento algum, menção de suposta competência desta Justiça

Especializada. De outro vértice, o denunciado nega a autoria delitiva.

Por mais que haja narrativa, por parte do Ministério Público Federal,

acerca de que “as licitações eram fraudadas para que esta empresa fosse

vencedora em contrapartida ao apoio financeiro à campanha de RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA”, não há como falar-se em indício do crime eleitoral,

uma vez que a data do suposto recurso oriundo da fraude não poderia

retroagir para caracterizar um ilícito eleitoral referente à campanha para

prefeitura municipal de Foz do Iguaçu em 2012, nem tampouco para as

eleições municipais de 2016, pois seria atípico, em razão de que o

denunciado sequer registrou sua candidatura. Portanto, se não há crime

eleitoral praticado, em tese, por RENI, também não há para CLAUDIA,

investigada na qualidade de partícipe.

7.3. DO CRIME REFERENTE AO PREGÃO ELETRÔNICO N. 113/2015 –

SISTEMA DE VIDEOMONITORAMENTO URBANO – RECURSOS

ORIUNDOS DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (SENASP)

7.3.1. DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 90, COMBINADO COM O

ARTIGO 99, PARÁGRAFO 1º, AMBOS DA LEI N. 8.666/93 -

RECURSOS ORIUNDOS DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (SENASP)

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Narra o Ministério Público Eleitoral que em outubro de 2015, em Foz do

Iguaçu/PR, o denunciado RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA em conluio com

CLEUMAR PAULO FARIAS, NATANAEL DE ALMEIDA e CÉLIO ANTUNES,

frustraram e fraudaram o caráter competitivo do procedimento licitatório, uma

vez que no dia 27 de outubro de 2015, foi elaborado Termo de Referência, o

qual foi assinado pelo denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e por

CLEUMAR PAULO FARIAS na licitação para contratação de empresa

especializada em Videomonitoramento Urbano (vias e áreas públicas),

compreendendo a aquisição de equipamentos, de sistema para gerenciamento

de segurança pública, ampliação e adequação de sistema de rede de fibra

óptica e demais serviços.

Informa que no início do procedimento licitatório foram carreados três

orçamentos, tendo CLEUMAR PAULO FARIAS, Secretário Municipal de

Segurança Pública, solicitado a abertura de licitação. Publicado o edital do

Pregão Eletrônico n. 113/2015, no valor global de R$ 4.397.234,00 (quatro

milhões, trezentos e noventa e sete mil, duzentos e trinta e quatro reais) anuais.

No entanto, ressalta que, consoante Relatório elaborado pela Corregedoria

Geral da União, no edital do mencionado pregão houve uma série de

exigências ilegais, as quais, por terem cunho restritivo, contribuiu para o

afastamento de empresas potencialmente interessadas no certame.

Alega o Parquet que, diante de concorrência reduzida, causada pelas

limitações impostas, na sessão pública do pregão, realizada no dia “28 de

janeiro de 2016”, sagrou-se vencedora a empresa VIGA NETSTORE LTDA.,

com a proposta de R$ 4.397.000,00 (quatro milhões, trezentos e noventa e sete

mil reais), tendo o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

homologado o certame. (Grifei).

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

No entanto, com base no relatório elaborado pela CGU, que a

documentação da empresa vencedora encontrava-se incompleta, não

atendendo integralmente às exigências do edital, dentre os quais: o atestado

emitido pelos serviços prestados na sede da Polícia Federal, deveria ser

desconsiderado, pois não constam o nome do atestante, setor encarregado do

objeto em questão, telefone e, ainda, a errônea identificação do órgão; o

atestado de execução de serviço por 12 (doze) meses não foi apresentado pela

empresa, o que deveria levá-la à desclassificação.

Mesmo assim, alega o Ministério Público Federal que, no dia 05 de

fevereiro de 2016, o contrato foi assinado. Diante disso, segundo ele, o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA incorreu no delito previsto no

artigo 90, combinado com o artigo 99, parágrafo 1º, ambos da Lei n. 8.666/93,

combinado com o artigo 29, do Código Penal.

Na defesa, em preliminar, manifesta-se, no que toca à competência, que

o Ministério Público Federal, mesmo mencionando as irregularidades do

convênio nº 046028/2013, não procedeu à sua juntada aos autos, o que

dificulta a verificação qde qualquer interesse da União na demanda e, que, por

não demonstrar a origem das verbas, não há a possibilidade de fixação da

competência em razão da matéria.

Ressalta que o Ministério Público Eleitoral não logrou êxito, pois limitou-

se a informar que as verbas pertenciam à União, não demonstrando seu

interesse ou prejuízo e que o repasse, mediante convênio, não autoriza,

automaticamente, a fixação da competência na Justiça Federal.

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

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INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

No mérito, a defesa alega que a denúncia se debruça sobre o Pregão

Eletrônico nº 113/2015, destinado à aquisição de câmeras de vídeo e demais

equipamentos, materiais e serviços para o funcionamento integral e completo

do sistema de vide monitoramento. No entanto, informa que o Parquet não

conseguiu demostrar a efetiva participação do denunciado, nem no que se

refere à frustração nem à fraude do caráter competitivo do procedimento

licitatório.

Ressalta que a imposição da responsabilidade criminal ao denunciado,

por ter adjudicado ou homologado o certame, foge da lógica e impõe ao gestor

a obrigação de analisar procedimento por procedimento, contrato por contrato,

documento por documento, desconsiderando a existência de setores com

funções delegadas exclusivas para manutenção do bom andamento da

Administração Municipal, tais como a Procuradoria do Município e as próprias

Secretarias, e entendimento contrário, importaria na sua responsabilidade

criminal em todo e qualquer ato praticado por servidores, inclusive nas suas

relações privadas.

Frisa que a acusação utiliza-se de lógica descabida no ordenamento

jurídico, uma vez que atribui responsabilidade ao denunciado, mesmo que não

haja o seu conhecimento e, se não há prova de sua efetiva participação, não

há como imputar-lhe a responsabilidade criminal. Assim, ressalta que a única

coisa que o liga ao suposto fato criminoso é o ato de ofício praticado na

qualidade de prefeito.

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Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

O denunciado, segundo o Ministério Público Federal, incidiu nas

seguintes condutas típicas:

“ Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.

§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação.”

De início, verifica-se que, em tese, se trata da conduta de frustação do

caráter competitivo do procedimento licitatório. O termo de referência

mencionado é datado de 27 de outubro de 2015. A sessão pública do pregão,

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ocorreu no dia 28 de janeiro de 2016, sagrando-se vencedora a empresa VIGA

NETSTORE LTDA.

A homologação e a adjudicação do certame, sem a observância das

prescrições legais, foram o fato motivador da denúncia proposta pelo Ministério

Público Federal. A forma como está descrita a conduta típica, dissocia-se de

qualquer elemento que possa caracterizar, em tese, algum ilícito eleitoral, até

porque o contrato foi assinado em 05 de fevereiro de 2016.

De outro vértice, não há menção a efetivo recebimento de vantagem ou

sua destinação, o que não afasta, em tese, a responsabilidade pelo delito

imputado, por se tratar de crime formal, sendo seu recebimento mero

exaurimento mas, no campo eleitoral, urge tal vantagem para que se empregue

de forma irregular, a fim de se caracterizar um delito eleitoral.

Nessa esteira é tese nº 4 sobre a Lei de Licitações divulgada pelo E.

Superior Tribunal de Justiça:

“4) O crime do artigo 90 da Lei 8.666/1993 é formal e prescinde da existência de prejuízo ao erário, haja vista que o dano se revela pela simples quebra do caráter competitivo entre os licitantes interessados em contratar, causada pela frustração ou pela fraude no procedimento licitatório.”

Portanto, não há que se falar num quadro configurador fático e

cronológico de suposta prática de delito eleitoral para o denunciado RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, quiçá para a investigada CLAUDIA, na

qualidade de partícipe.

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8. DOS CRIMES RELACIONADOS À SECRETARIA ESPECIAL DO

GOVERNO E APOIO POLÍTICO NA CÂMARA DE VEREADORES

O Ministério Público Federal contextualiza a conduta de como os

agentes públicos movimentavam a máquina pública para ter apoio político,

principalmente do Poder Legislativo Municipal, com o intuito de evitar que

investigações fossem iniciadas ou tivessem prosseguimento, bem como para

a aprovação dos projetos de Lei de interesse do denunciado. Informa que as

condutas praticadas não se resumem aos Poderes Executivo e Legislativo

Municipais, tendo, inclusive, sido objeto de investigação na Ação Penal n. 470,

mais conhecida como o “escândalo do mensalão”.

As vantagens consistiam nas diversas solicitações e promessas

indevidas feitas pelo denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e

SÉRGIO LEONEL BELTRAME em benefício de diversos Vereadores de Foz

do Iguaçu/PR (PAULO ROCHA, BENI RODRIGUES, DARCI SIQUEIRA e

EDILIO DALL'AGNOL). Ocorriam na nomeação de pessoas indicadas pelos

Vereadores a cargos em comissão na Prefeitura Municipal, sem preocupar-se

inclusive com a ocorrência de nepotismo cruzado, bem como na utilização de

empresas terceirizadas para a obtenção de apoio político, utilizando-as como

“cabides” de emprego. Em troca eram beneficiadas com a celebração de novos

contratos com a Administração Pública, seja por dispensa ilícita de licitação ou

por eternos termos aditivos.

8.1. DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 89, COMBINADO COM O ARTIGO

99, PARÁGRAFO 1º, AMBOS DA LEI N. 8.666/93 – DISPENSA DE

LICITAÇÃO N. 05/2014

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Narra o Ministério Público Federal que em fevereiro de 2014, o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA juntamente com RICARDO

VINICIUS CUMAN (Secretário Municipal da Administração e Gestão de

Pessoas) e SHIRLEI ORMENESE DE CARVALHO (Secretária Municipal de

Educação), dispensaram licitação, fora dos casos previstos em lei, no

Processo de Dispensa de Licitação n. 005/2014, no valor mensal de R$

346.519,50 (trezentos e quarenta e seis mil, quinhentos e dezenove reais e

cinquenta centavos), perfazendo o valor global para até 06 (seis) meses de até

R$ 2.079.117,00 (dois milhões, setenta e nove mil, cento e dezessete reais),

em favor da empresa LABOR OBRAS LTDA. – EPP.

Relata que a dispensa foi decorrente de um contrato emergencial para

prestação de serviços de limpeza e conservação predial nas escolas

municipais, uma vez que, por meio de memorando Interno n. 093/171, de

07/02/2014, teria sido verificada a impossibilidade da conclusão do processo

licitatório. Tal contrato foi firmado com prazo de 180 (cento e oitenta) dias de

vigência, contados da sua assinatura.

Informa que, como o exercício do mandato do denunciado se deu em 01

de janeiro de 2013, é claro que haveria tempo hábil para a realização de novo

certame mas, a sua não realização com antecedência necessária, teve como

objetivo simular situação de emergência.

Assim agindo, diz o Ministério Público Federal, o denunciado

descumpriu a regra constante no artigo 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/93, que

fundamentou a Dispensa de Licitação n. 005/2014 e tal descumprimento teve

a nítida intenção de favorecer LUIZ ANTÔNIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES

SOBRINHO. Ainda, ressalta que o Procurador Municipal EDSON MARCOS

BRAZ emitiu parecer determinando que a Administração diligencie” no sentido

de verificar, via procedimento administrativo próprio, os motivos pelos quais

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está sendo realizado o presente contrato emergencial, com vistas a avaliar se

o caso não se trata de eventual desídia de agente administrativo”.

Nessa linha, o Parquet entendeu que o denunciado RENI CLÓVIS DE

SOUZA PEREIRA, RICARDO VINICIUS CUMAN e SHIRLEI ORMENESE DE

CARVALHO dispensaram licitação fora das hipóteses previstas em lei, pois

deixaram de observar as formalidades pertinentes à dispensa, tendo

concorrido para o ato LUIZ ANTÔNIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES

SOBRINHO, que se beneficiaram da prática. Assim agindo, o denunciado teria

incorrido nas penas do artigo 89, combinado com o artigo 99, § 1º, ambos da

Lei n. 8.666/93, combinado com o artigo 29, do Código Penal.

Em resposta à acusação, a defesa qualifica a acusação como

“desconectada da realidade dos fatos em todos os aspectos, inclusive quanto

à competência para processo e julgamento do presente feito.

No que se refere ao delito disposto no art. 89 da Lei 8666/93, imputado

em desfavor do denunciado, por meio de dispensa de licitação nº 05/2014,

informa que tal procedimento tinha por objeto a contratação emergencial de

empresa para prestação de serviço de limpeza, asseio e conservação predial,

no entanto, o órgão acusatório sequer discorre sobre eventual recurso de

natureza Federal que fixaria a competência perante o E. Tribunal Regional

Federal da 4ª Região.

Ressalta, inclusive, que a cláusula TERCEIRA do contrato nº 15/2014

define de qual conta de dotação orçamentária que serão retirados os valores,

não restando, a seu ver, a menor dúvida acerca da origem dos valores e, por

consequência, na impossibilidade da manutenção da Competência

Federal, inclusive ao passo do argumento da conexão.

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Inclusive, como argumento da manutenção das ações penais,

permito-me juntar jurisprudência colacionada pela defesa, acerca do

tema competência e conexão:

1. Firmada a competência federal para julgar os delitos

de malversação de verbas oriundas do FUNDEF/FUNDEB, necessário é o reconhecimento da competência estadual para o julgamento dos delitos de formação de quadrilha, dispensa indevida de licitação e corrupção ativa, por não se verificar a existência de conexão entre esses e o delito previsto no art. 1º, I, do Decreto-Lei nº 201/67.

2. Uma vez verificado que os recursos supostamente desviados do salário-educação integravam a quota municipal, sem qualquer repasse por parte dos órgãos federais, não há que falar em conexão direta entre tais delitos a justificar o deslocamento de todo o processo à Justiça Federal.

3. A pretensão de reunir no processo da quadrilha muitas dezenas de desvios, por longo período de tempo realizados, levaria ao fim a investigar todos os atos de uma gestão (por quatro ou oito anos),violando a finalidade da conexão processual.

(STJ, Rel. Min. Néfi Cordeiro, AgRg no CC 145372 / RS)”. (grifei)

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41 DO

CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

No mérito, a defesa alega a ausência de mínimos indícios de que o

denunciado estivesse em conluio para determinar a dispensa indevida de

licitação formulada pelo Parquet Federal. Para tanto, basta uma análise do

processo de dispensa de licitação nº 005/2014, uma vez que: a) existia,

conforme Memorando Interno nº 093/71, em tramitação um procedimento

visando à contratação de empresa para prestação de serviços (Concorrência

Pública nº 18/2013); b) A solicitação da contratação partiu da Secretaria

Municipal de Educação; c) Foram apresentadas três propostas, vindo a ser

contratada a de menor valor; d) Aparentemente, todo o procedimento obedeceu

às Leis vigentes; e) o denunciado somente realizou ato de ofício, assinando e

homologando o processo.

De outro vértice, alega que, no que concerne ao dolo do executado, não

passam de presunções e ilações desprovidas de força probatória suficiente

para sustentar o presente caso penal e que o denunciado, na qualidade de

chefe da Administração Municipal, apenas homologou o processo, diante da

aparente legalidade no processo.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

O denunciado, segundo o Ministério Público Federal, incidiu nas

seguintes condutas típicas:

“Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.

§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. “

Trata-se de fato típico imputado de dispensa de licitação fora das

hipóteses legais. A conduta narrada remonta a fevereiro de 2014. Assim, não

há como espraiar os efeitos da conduta imputada a qualquer possibilidade, em

tese, de um delito eleitoral. A eleição Municipal em que o denunciado sagrou-

se vencedor ocorreu em 2012, tendo tomado posse em janeiro de 2013. Assim,

a prática do delito imputado, que não necessita do recebimento da vantagem

para consumar-se, ou seja, o seu recebimento configuraria mero exaurimento,

mesmo que houvesse esse recebimento de valor indevido, não teria o condão

de ser omitido, pois não se pode omitir ou empregar aquilo que não existe.

Da mesma forma, não há que se falar em benefício em razão da esposa

do denunciado e investigada no inquérito, devido ao distanciamento temporal

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

entre o fato narrado e a sua campanha. Assim, rechaça-se qualquer

possibilidade da existência de algum delito eleitoral.

8.2. DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 92, COMBINADO COM O ARTIGO

99, PARÁGRAFO 1º, AMBOS DA LEI N. 8.666/93 – EMPRESA LABOR

Narra o Ministério Público Eleitoral que durante o ano de 2015, o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA conjuntamente com

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MARLI

TEREZINHA TELLES, admitiram, possibilitaram e deram causa à prorrogação

dos Contratos n. 038/2014, 102/2013, 213/2012, 006/2011 e 007/2011, em

favor da empresa LABOR OBRAS LTDA e que os denunciados LUIZ ANTÔNIO

PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO (sócios da empresa LABOR

OBRAS LTDA.), concorreram para a consumação da ilegalidade, beneficiando-

se e obtendo vantagem indevida com a prorrogação contratual.

Alega, ainda, que a manutenção dos contratos com a mencionada

empresa se fazia necessária para manter o esquema de apoio político com o

Poder Legislativo Municipal em troca de indicações de vereadores para as

vagas de terceirizados cedidos por ela. Em ligação, datada de 28/01/2015,

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, Secretário de

Tecnologia da Informação, e MARLI TEREZINHA TELLES dialogam sobre

documentação da LABOR OBRAS LTDA, relatando que ela estaria na mesa

do denunciado para assinatura.

Ressalta que foram realizados inúmeros termos aditivos com a empresa

LABOR OBRAS LTDA, nos seguintes termos:

-Quanto ao Contrato n. 38/2014, foi celebrado primeiro termo aditivo em 13 de maio de 2015, o qual estabeleceu que para o período de 19 de maio

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de 2014 a 31 de janeiro de 2015, “fica acrescido o valor mensal de R$ 22.321, 50 (vinte e dois mil e trezentos e vinte e um real e cinquenta centavos), passando o valor mensal de R$ 287.977, 50 (duzentos e oitenta e sete mil e novecentos e setenta e sete reais e cinquenta centavos) para R$ 310.299,00 (trezentos e dez mil e duzentos e noventa e nove reais)”;

“- Quanto ao Contrato n. 102/2013, foi realizado terceiro termo aditivo, em 29/07/2015, que determinava: “a) o valor de R$ 195.887,52 (cento e noventa e cinco mil, oitocentos e sete reais e cinquenta e dois centavos), apurado para o reequilíbrio de 1º de fevereiro de 2014 a 1º de fevereiro de 2015, a ser pago em 6 (seis) parcelas iguais de R$ 32.647,92 (trinta e dois mil, seiscentos e quarenta e sete reais e noventa e dois centavos), a partir de agosto de 2015; b) o valor de R$ 287.307,72 (duzentos e oitenta e sete mil, trezentos e sete reais e setenta e dois centavos), apurado para o reequilíbrio de 2º de fevereiro de 2014 a 1º de agosto de 2015, a ser pago em (seis) parcelas iguais de R$ 47.884,62 (quarenta e sete mil, oitocentos e oitenta e quatro reais e sessenta e dois centavos), a partir de agosto de 2015; c) para as parcelas a partir da renovação contratual, de 02 de agosto de 2015, o valor mensal passa a ser de R$ 247.915,09 (duzentos e quarenta e sete mil, novecentos e quinze reais e nove centavos), perfazendo o valor global para o período prorrogado, de R$ 2.974.981,08 (dois milhões, novecentos e setenta e quatro mil, novecentos e oitenta e um reais e oito centavos”.

Informa o Parquet, por fim, que além de referidos aditivos para

reequilíbrio financeiro do contrato, realizados a partir de 2015, também o

Contrato n. 213/2012 teve firmado o 2º aditivo; o Contrato n. 006/2011

(Foztrans) teve celebrados os 4º e 5º aditivos; e o Contrato n. 007/2011

(Foztrans) teve 5º e 6º aditivos firmados. Dessa forma, portanto, teriam restado

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demonstradas as prorrogações com a mencionada empresa, inclusive algumas

sem qualquer aferição acerca da prévia existência de necessidade pública.

Diante disso, entendeu que o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

e MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MARLI

TEREZINHA TELLES admitiram, possibilitaram e deram causa à prorrogação

dos Contratos firmados com a empresa LABOR OBRAS LTDA., com a

concorrência de LUIZ ANTÔNIO PEREIRA e IVAN LUIZ FONTES SOBRINHO,

os supostos beneficiários da prática criminosa (artigo 92, combinado com o

artigo 90, §1º, ambos da Lei n. 8.666/93), incidindo, em tese, o denunciado

RENI CLÓVIS DE SOUZA, nas penas cominadas no artigo 92, combinado com

o artigo 90, §1º, ambos da Lei n. 8.666/93, combinado com o artigo 29, do

Código Penal.

Em preliminar, a defesa alegou que o órgão acusatório não possui

indício mínimo de que se tratam de verbas Públicas Federais, pelo contrário,

se tratam de verbas públicas municipais, bem como não foram juntadas as

prorrogações dos contratos nº 038/2014, nº 102/2013, nº 213/2012, nº

006/2011 e nº 007/2011 firmados entre a empresa LABOR OBRAS LTDA e a

PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU/PR inexistindo, assim, a

materialidade delitiva. Por fim, com base no disposto no item 8.1, na esteira

das decisões colacionadas, constatou a incompetência do E. Tribunal Regional

Federal da 4ª Região para processar e julgar o presente feito.

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41 DO

CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

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INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Em continuidade, ao argumento da não juntada das prorrogações dos

contratos firmados com a empresa LABOR E OBRAS LTDA e a PREFEITURA

MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU, a defesa manifesta-se pela ausência de

justa causa e inépcia. Ainda, informa que a acusação não demonstrou os

indícios mínimos de participação do investigado nos supostos episódios

criminosos, o que leva à conclusão pela rejeição da peça acusatória.

Nessa linha, a defesa defende a impossibilidade de denúncias

genéricas, uma vez que é dissonante dos postulados básicos do Estado

Democrático de Direito.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

O denunciado, segundo o Ministério Público Federal, incidiu nas

seguintes condutas típicas:

“Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.

§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. “

Trata-se de delito cuja consumação ocorre no momento da modificação

ou prorrogação do contrato, aperfeiçoando-se ainda que não ocorra qualquer

prejuízo à Administração Pública. Verifica-se que a contextualização realizada

pelo Ministério Público reside na forma como os agentes públicos

movimentavam a máquina pública para ter apoio político, principalmente do

Poder Legislativo Municipal, com o intuito de evitar que investigações fossem

iniciadas ou tivessem prosseguimento, bem como para a aprovação dos

projetos de Lei de interesse do denunciado.

As empresas terceirizadas, segundo narra a denúncia, contratavam

parentes e indicados políticos, inclusive com a inobservância de regras que

proíbem o nepotismo.

Assim, tanto por parte da acusação, bem como pela defesa, não há a

mínima possibilidade da conduta caracterizar, em tese, crime eleitoral, seja

pelo objetivo da vantagem – compra de apoio político – seja pela cronologia

dos acontecimentos, podendo, na pior das hipóteses, restar configurado, em

tese, abuso do poder político. Portanto, não há que se falar em existência de

crime eleitoral no presente fato.

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8.3 DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 89, COMBINADO COM O ARTIGO

99, PARÁGRAFO 1º, AMBOS DA LEI N. 8.666/93 – DISPENSA DE

LICITAÇÃO N. 02/2014 - RECURSOS ORIUNDOS DO MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO

Narra a acusação que, em janeiro de 2014, o denunciado RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA, em conluio com RICARDO VINICIUS CUMAN

(Secretário Municipal da Administração e Gestão de Pessoas) e SHIRLEI

ORMENESE DE CARVALHO (Secretária Municipal de Educação),

dispensaram licitação, fora dos casos previstos em lei, no Processo de

Dispensa de Licitação n. 002/2014.

Relata que foi concedido o objeto à empresa INTERSEPT LTDA., no

valor mensal de R$ 374.999,72 (trezentos e setenta e quatro mil, novecentos

e noventa e nove reais e setenta e dois centavos), perfazendo o valor global

para até 180 (cento e oitenta) dias de até R$ 2.249.998,32 (dois milhões,

duzentos e quarenta e nove mil, novecentos e noventa e oito reais e trinta e

dois centavos).

Ressalta que houve a concorrência de JOSÉ CARLOS PACHECO para

a consumação da ilegalidade, beneficiando-se da dispensa para celebrar

contrato com o Poder Público. O processo administrativo n. 1.525/2014

(Dispensa de Licitação n. 02/2014) foi realizado para a contratação

emergencial de empresa para prestação de serviços de preparo e fornecimento

de refeições, resultando no Contrato n. 003/2014 de 27/01/2014, com prazo de

180 (cento e oitenta) dias de vigência, contados da sua assinatura. Tal contrato

foi solicitado pela secretária municipal de educação, ao argumento da

impossibilidade de se concluir o processo licitatório para a nova contratação.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Informa o Parquet que no início do mandato do denunciado RENI

CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA já existia tempo hábil para a realização de um

certame para a contratação do serviço mas, em vez disso, foi realizado próximo

ao término do contrato anterior, a fim de simular uma contratação de

emergência. A dispensa de licitação nº 02/2013 foi assinada por RICARDO

VINICIUS CUMAN, em 05/02/2014 e o Termo de Ratificação assinado pelo

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA em 06/02/2014 e publicado

na mesma data. Ato contínuo, o Contrato n. 003/2014 foi assinado pelo

denunciado RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, pela Secretária Municipal de

Educação SHIRLEI ORMENESE DECARVALHO e por JOSÉ CARLOS

PACHECO, tendo sido formalizado em 07/02/2014.

Diante disso, o Ministério Público Federal denunciou RENI

CLOVIS DE SOUZA PEREIRA pelo cometimento do delito descrito no artigo

89, combinado com o artigo 99, § 1º, ambos da lei nº da lei nº 8.666/93,

combinado com o artigo 29, do Código Penal.

Em defesa, o investigado alega a ausência de indícios mínimos de que

estivesse em conluio com os demais investigados e que o órgão acusatório

preocupou-se em denunciá-lo pelo maior número de fatos possíveis, sem

atentar-se ao disposto no artigo 41 do Código de Processo Penal ou em

demonstrar a presença de justa causa para as acusações.

Nessa esteira, ressalta a ausência de mínima comprovação de liame

causal em desfavor do denunciado, não passando de afirmações retóricas. Diz

ainda que, basta uma análise do processo de dispensa de licitação nº 02/2014,

para se concluir pela inexistência de mínimo indício de cometimento de crime,

até porque, a uma, conforme Memorando Interno nº 016/2014, existia

procedimento administrativo visando à contratação da empresa, na modalidade

de Concorrência Pública, nº 17/2013; a duas, a contratação partiu da

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Page 358: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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Secretaria Municipal de Educação; a três, porque todo o procedimento

respeitou a Lei vigente e, por fim, a quatro, o denunciado somente praticou ato

de ofício.

Por fim, ressalta que a conclusão da acusação não passa de presunções

e ilações, desprovidas de força probatória suficientes para sustentar o presente

caso penal, uma vez que o denunciado apenas homologou o processo, diante

da aparente legalidade do processo e, portanto, torna-se imperiosa a rejeição

da acusação aqui formulada.

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

O denunciado, segundo o Ministério Público Federal, incidiu nas

seguintes condutas típicas:

“Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:

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Page 359: PROCESSO: 0600001-76.2020.6.16.0002 - INQUÉRITO POLICIAL · 2020. 8. 17. · (evento 156). O referido inquérito foi instaurado conforme a portaria 196/2019 (evento 180) para investigar

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Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.

§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação. “

Trata-se de fato típico imputado de dispensa de licitação fora das

hipóteses legais. A conduta narrada remonta a janeiro de 2014. Assim, não há

como espraiar os efeitos da conduta imputada a qualquer possibilidade, em

tese, de um delito eleitoral. A eleição Municipal em que o denunciado sagrou-

se vencedor ocorreu em 2012, tendo tomado posse em janeiro de 2013. Assim,

a prática do delito imputado, que não necessita do recebimento da vantagem

para consumar-se, ou seja, o seu recebimento configuraria mero exaurimento,

mesmo que houvesse esse recebimento de valor indevido, não teria o condão

de ser omitido, pois não se pode omitir ou empregar aquilo que não existe.

Da mesma forma, não há que se falar em benefício em razão da esposa

do denunciado e investigada no inquérito, devido ao distanciamento temporal

entre o fato narrado e à sua campanha. Assim, rechaça-se qualquer

possibilidade da existência de algum delito eleitoral.

8.4 DO CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA – APOIO POLÍTICO

8.4.1 DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 333, DO CÓDIGO PENAL

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Narra o Ministério Público Federal que no início de 2015, em data não

esclarecida nos autos, o já denunciado PAULO ROCHA, solicitou, para si e

para outrem, direta e indiretamente, em razão da função que exercia –

Vereador – do denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, vantagem

indevida, consistente na nomeação de seu filho FLAVIO DA ROCHA ao cargo

de provimento em comissão, Símbolo ASS-1 na Prefeitura Municipal de Foz do

Iguaçu, bem como aceitou promessa de tal vantagem para obstaculizar a

evolução da investigação referente à Secretaria de Tecnologia da Informação

instaurada na Câmara dos Vereadores e, na mesma ocasião, o denunciado

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA prometeu vantagem indevida ao

Vereador PAULO ROCHA, para que impedisse a evolução da investigação.

Relata que no final de 2014 e início de 2015, em virtude de

desentendimentos ocorridos entre o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA, ALCIDES ROGÉRIO

DE MOURA e LUIZ CARLOS KOSSAR, em virtude dos dois primeiros não

providenciarem o pagamento devido pela prestação de serviços de

georreferenciamento aos dois últimos, estes elaboraram um dossiê e

entregaram na Câmara dos Vereadores, o que deu início a uma investigação.

Diante da situação, o Investigado e MELQUIDEZEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA negociaram uma contraprestação para cessar as

investigações, bem como a indicação de pessoas ligadas aos vereadores para

cargos em comissão.

Ressalta que tais nomeações ocorreram com manifesto desvio de

finalidade, inclusive com nepotismo cruzado, com o único objetivo de

aproximação com os principais vereadores. Para tanto, menciona as portarias

56.614, 56.615, 56616, 56.619, 56.620 e 56.621, publicadas no DOMFI de

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06/02/2015. Desta feita, a acusação afirmou que restou evidente que o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA praticou o crime de

corrupção ativa (artigo 333, do Código Penal).

Em defesa, o acusado manifesta-se no sentido de que não há

demonstração de interesse ou prejuízo à União pelos fatos supostamente

cometidos, nem tampouco qualquer outra causa que possa sustentar a

manutenção do julgamento perante a Justiça Federal e que o órgão acusatório

sequer menciona a existência de suposta conexão entre os fatos descritos que

pudesse ensejar a competência da Justiça Federal, requerendo a declaração

da incompetência do Juízo. (Grifei)

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

No mérito, a defesa alega que as acusações formuladas não

estão amparadas por qualquer indício de prova, questionando a relação de

causa e efeito entre o denunciado e as imputações, pois permanecem sem

resposta, por parte do órgão acusador, onde houve a superação da condição

de prefeito que somente praticou ato de ofício, tais como homologar certames

e assinar contratos, restando evidente a ausência de justa causa para

propositura da ação penal.

Ressalta que caberia a acusação expor o fato criminoso com

todas as suas circunstâncias, nos termos da Lei processual penal. No entanto,

não existem mínimos indícios do alegado desvio de conduta, sendo a presente

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imputação inepta e ausente de justa causa. Nessa linha, informa que os

repetidos áudios trazidos não denotam a conduta consistente no oferecimento

ou promessa de vantagem indevida por parte do denunciado, não passando de

elucubrações do órgão acusatório, com o intento de imputar o maior número

de crimes ao denunciado.

Portanto, ante a não descrição dos supostos fatos criminosos, em

tese, praticados e de todas as suas circunstâncias, requer a declaração da

inépcia da presente denúncia, nos termos do art. 395, inciso I, do Código de

Processo Penal.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

Da narrativa dos fatos imputados, bem como pelo teor da defesa

apresentada, verifica-se a dissociação com qualquer possibilidade de

existência, em tese, de um crime eleitoral. Isso se deve tanto pela motivação

exposta que residia num suposto apoio político, a fim de evitar o

prosseguimento das investigações, quanto pela cronologia do ocorrido – início

de 2015 – fora de contexto com o período eleitoral.

Assim, se não há como falar, em tese, de um quadro de ilícito eleitoral

para o denunciado, quiçá para sua esposa e investigada, na qualidade de

partícipe.

Num. 3244674 - Pág. 361Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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8.4.2 DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 333, DO CÓDIGO PENAL

Narra o Ministério Público Federal que no início de 2015, em data não

esclarecida nos autos, o já denunciado BENI RODRIGUES, solicitou, para si e

para outrem, direta e indiretamente, em razão da função que exercia –

Vereador – do denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, vantagem

indevida, consistente na nomeação de seu filho FERNANDO DE OLIVEIRA

PINTO ao cargo de provimento em comissão, Símbolo ASS-1 na Prefeitura

Municipal de Foz do Iguaçu, bem como aceitou promessa de tal vantagem para

obstaculizar a evolução da investigação referente a Secretaria de Tecnologia

da Informação instaurada na Câmara dos Vereadores e, na mesma ocasião, o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA prometeu vantagem indevida

ao Vereador BENI RODRIGUES, para que impedisse a evolução da

investigação.

Relata que no final de 2014 e início de 2015, em virtude de

desentendimentos ocorridos entre o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA, ALCIDES ROGÉRIO

DE MOURA e LUIZ CARLOS KOSSAR, em virtude dos dois primeiros não

providenciarem o pagamento devido pela prestação de serviços de

georreferenciamento aos dois últimos, estes elaboraram um dossiê e

entregaram na Câmara dos Vereadores, o que deu início a uma investigação.

Diante da situação, o Investigado e MELQUIDEZEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA SOUZA negociaram uma contraprestação para cessar as

investigações, bem como a indicação de pessoas ligadas aos vereadores para

cargos em comissão.

Ressalta que tais nomeações ocorreram com manifesto desvio de

finalidade, inclusive com nepotismo cruzado, com o único objetivo de

aproximação com os principais vereadores. Para tanto, menciona as portarias

Num. 3244674 - Pág. 362Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

56.614, 56.615, 56616, 56.619, 56.620 e 56.621, publicadas no DOMFI de

06/02/2015. Desta feita, a acusação afirmou que restou evidente que o

denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA praticou o crime de

corrupção ativa (artigo 333, do Código Penal).

Em defesa, o acusado manifesta-se no sentido de que não há

demonstração de interesse ou prejuízo à União pelos fatos supostamente

cometidos, nem tampouco qualquer outra causa que possa sustentar a

manutenção do julgamento perante a Justiça Federal e que o órgão acusatório

sequer menciona a existência de suposta conexão entre os fatos descritos que

pudesse ensejar a competência da Justiça Federal, requerendo a declaração

da incompetência do Juízo. (Grifei)

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

No mérito, a defesa alega que as acusações formuladas não

estão amparadas por qualquer indício de prova, questionando a relação de

causa e efeito entre o denunciado e as imputações, pois permanecem sem

resposta, por parte do órgão acusador, onde houve a superação da condição

de prefeito que somente praticou ato de ofício, tais como homologar certames

e assinar contratos, restando evidente a ausência de justa causa para

propositura da ação penal.

Ressalta que caberia à acusação expor o fato criminoso com

todas as suas circunstâncias, nos termos da Lei processual penal. No entanto,

Num. 3244674 - Pág. 363Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

não existem mínimos indícios do alegado desvio de conduta, sendo a presente

imputação inepta e ausente de justa causa. Nessa linha, informa que os

repetidos áudios trazidos não denotam a conduta consistente no oferecimento

ou promessa de vantagem indevida por parte do denunciado, não passando de

elucubrações do órgão acusatório, com o intento de imputar o maior número

de crimes ao denunciado.

Portanto, ante a não descrição dos supostos fatos criminosos, em

tese, praticados e de todas as suas circunstâncias, requer a declaração da

inépcia da presente denúncia, nos termos do art. 395, inciso I, do Código de

Processo Penal.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

Da narrativa dos fatos imputados, bem como pelo teor da defesa

apresentada, verifica-se a dissociação com qualquer possibilidade de

existência, em tese, de um crime eleitoral. Isso se deve tanto pela motivação

exposta que residia num suposto apoio político, a fim de evitar o

prosseguimento das investigações, quanto pela cronologia do ocorrido – início

de 2015 – fora de contexto com o período eleitoral.

Assim, se não há como falar, em tese, de um quadro de ilícito eleitoral

para o investigado, quiçá para sua esposa e investigada, na qualidade de

partícipe.

Num. 3244674 - Pág. 364Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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8.4.3 DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 333, DO CÓDIGO PENAL

Narra o Ministério Público Federal que no início de 2015, em data não

esclarecida nos autos, o já denunciado PAULO ROCHA, solicitou, para si e

para outrem, direta e indiretamente, em razão da função que exercia –

Vereador – do Assessor Especial de Governo e do sócio administrador da

empresa INTERSEPT LTDA. JOSE CARLOS PACHECO, consistente na

nomeação de quatro pessoas ( três por currículo e uma de nome FERNANDA,

a cargos na mencionada empresa, a qual possui contrato administrativo com o

município de Foz do Iguaçu/PR. Na mesma ocasião, SERGIO LEONEL

BELTRAME, JOSÉ CARLOS PACHECO E RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA prometeram vantagens indevidas ao vereador PAULO ROCHA, com

o intuito de obter apoio político.

Ainda de acordo com a denúncia, as empresas LABOR OBRAS LTDA.,

IGUASSU SERVIÇOS TERCEIRIZADOS E INTERSEPT LTDA, servem ao

Poder Executivo e Legislativo como “cabides de empregos”, com a

concordância e participação do denunciado. Desta feita, a acusação afirmou

que restou evidente que o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

praticou o crime de corrupção ativa (artigo 333, do Código Penal).

Em defesa, o acusado manifesta-se no sentido de que não há

demonstração de interesse ou prejuízo à União pelos fatos supostamente

cometidos, nem tampouco qualquer outra causa que possa sustentar a

manutenção do julgamento perante a Justiça Federal e que o órgão acusatório

sequer menciona a existência de suposta conexão entre os fatos descritos que

pudesse ensejar a competência da Justiça Federal, requerendo a declaração

da incompetência do Juízo. (Grifei)

Num. 3244674 - Pág. 365Assinado eletronicamente por: DIEGO SANTOS TEIXEIRA - 10/08/2020 14:57:17https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20081014571765300000002977884Número do documento: 20081014571765300000002977884

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

No mérito, a defesa alega que não há, no teor dos diálogos mencionado

pelo órgão acusatório, qualquer mínimo indício de que o indiciado tenha

oferecido ou prometido a vantagem indevida, bem como falta suporte

probatório para se extrair a conclusão de que as indicações feitas por interposta

pessoa tivessem alguma relação causal com a obtenção de apoio político.

Salienta, ainda, a ausência de justa causa, ou seja, indícios mínimos de

materialidade e de autoria de que as supostas indicações políticas guardem

relação com a figura do indiciado.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

Da narrativa dos fatos imputados, bem como pelo teor da defesa

apresentada, verifica-se a dissociação com qualquer possibilidade de

existência, em tese, de um crime eleitoral. Isso se deve tanto pela motivação

exposta que residia num suposto apoio político, a fim de evitar o

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prosseguimento das investigações, quanto pela cronologia do ocorrido – início

de 2015 – fora de contexto com o período eleitoral.

Assim, se não há como falar, em tese, de um quadro de ilícito eleitoral

para o investigado, quiçá para sua esposa e investigada, na qualidade de

partícipe.

10. DOS CRIMES CORRELATOS

10.1. DO FAVORECIMENTO NO PAGAMENTO DE NOTAS DE

EMPENHO - VERBA FEDERAL ORIUNDA DO MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO – SALÁRIO EDUCAÇÃO.

Narra o Ministério Público Federal que, para facilitar a prática dos

crimes, no dia 20/11/2014, o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

em conluio com os denunciados JUAREZ DE TAL, ISMAEL COELHO DA

SILVA, RODRIGO BECKER, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA

CORREA DE SOUZA, LISIANE VEECK SOSA e LUIZ CARLOS ALVES,

pagaram fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade.

Tratava-se de pagamento referente à prestação de serviço de transporte

escolar.

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ressalta que houve, ainda, o

cancelamento de um empenho anterior (Transporte Vidal) e que, no mesmo

dia, MELQUIZEDEQUE informa que os empenhos já estariam liberados à

prestadora de serviços à Secretaria municipal de educação – Coelhos

Transporte Eireli - atualmente Expresso Foz Transporte Eireli.

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Afirma que em consulta ao site da Transparência de Foz do Iguaçu

constatou-se a emissão no mesmo dia das despesas orçamentárias

(20/112014), já constando, no “corpo do documento”, o número da nota fiscal,

daí que quando se referem a “levar nota”, possivelmente o fazem em código,

para não falar abertamente em “dinheiro” e que foram geradas e pagas, no

mesmo dia 20/11/2014, as despesas orçamentárias correspondentes, através

de TED ns. 292630919, 292630214, 292630214.

Com base nisso o Ministério Público Federal denunciou RENI CLÓVIS

DE SOUZA PEREIRA como incurso no crime previsto no artigo 92, caput e

parágrafo único, da Lei n. 8.666/93.

Resumidamente, em seu interrogatório judicial, o denunciado

apresentou defesa seguintes termos:

a) Não ter realizado os atos criminosos;

b) Não poder ser responsabilizado por atos de terceiros, sob pena

de lhe ser imputada responsabilidade objetiva não permitida em

direito penal;

c) Se terceiros praticaram foi a sua revelia;

d) Não ter como saber tudo que acontecia ou o que vinha sendo

praticado por seus secretários e servidores, muito menos a

existência de uma rede de arrecadação e pagamento de

corrupção;

e) Colaborações premiadas são falaciosas quando lhe imputam a

ciência dos fatos criminosos e a chefia da organização criminosa.

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Na sua defesa o denunciado RENI PEREIRA, com base na peça

acusatória, informa que a conduta lhe foi imputada, pois teria favorecido o

pagamento de notas de empenho à empresa prestadora de serviço de

transporte escolar para alunos da rede de ensino do Município de Foz do

Iguaçu/PR, por meio do contrato 39/2014.

No entanto, ao contrário do que afirma o Ministério Público Federal, de

que seriam verbas federais oriundas do Ministério da Educação – Salário

Educação, tais verbas não teriam sido carimbadas, sendo parte integrante

da quota municipal que integraliza as Receitas da Administração

Municipal, incidindo ao caso o Enunciado da Súmula 209 do Superior Tribunal

de Justiça acerca do tema: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar

prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal,

portanto, sujeitas à discricionariedade do Administrador local no empenho dos

recursos.

Por fim, requer o reconhecimento da incompetência da Justiça Federal

no presente caso.

Alega ainda: INÉPCIA DA DENÚNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41

DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO

PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º,

INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL), BEM COMO AO PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ARTIGO 1º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

No mérito, alega que a narrativa acusatória é no sentido de que o

denunciado, em conluio com outros servidores, teria pago fatura com preterição

da ordem cronológica de sua exigibilidade e que tal pagamento envolveu o

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contrato nº 39/2014, referente à prestação de serviço de transporte escolar

para alunos da rede de ensino do Município de Foz do Iguaçu/PR.

O denunciado diz que o mencionado contrato sequer foi mencionado

anteriormente na exordial acusatória, não procedendo a afirmativa ministerial

de que era para facilitar a prática dos crimes supra mencionados, no dia

20/11/2014, restando evidente que a denúncia é inepta nesse tópico, pois não

contém "a exposição do fato criminoso com todas as suas

circunstâncias”, não tendo a imputação por parte do órgão acusatório a

clareza necessária a proporcionar-lhe o efetivo exercício do direito de

defesa.

Ademais, ao transcrever alguns diálogos entre servidores da Prefeitura

Municipal, o Ministério Público Federal emprega o raciocínio de que toda e

qualquer pessoa que tiver seu nome citado em conversa telefônica

investigada será presumidamente corresponsável pelo advento de

eventual desvio de conduta discutido por terceiros indivíduos. Assim, se

prevalecer tal entendimento adotado na denúncia, o denunciado é

responsável por todas as ações perpetradas por seus subordinados

diretos ou indiretos– mesmo não tendo conhecimento delas – bastando

uma simples menção ao nome.

Por fim, salienta que a peça acusatória não pode descrever ilações ou

pretender – de maneira indireta e sem amparo nos mínimos indícios – que uma

pessoa responda por supostos crimes dentro de uma organização tão-somente

por pertencer ao seu quadro (mesmo que o de hierarquia máxima), ou por ter

seu nome citado em suposto episódio criminoso e, na presente questão, não

subsiste nenhum outro elemento capaz de apontar, minimamente, sua

responsabilidade no pagamento de fatura com preterição da ordem

cronológica de sua exigibilidade, não havendo liame causal, impondo-se

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o reconhecimento da ausência de justa causa para o prosseguimento da

Ação Penal, com fulcro no artigo 395, inciso I do Código de Processo Penal.

A denúncia teve como base o cometimento de crime previsto da Lei

8666/93 (Lei de Licitações e Contratos Públicos), que assim prevê:

Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais.

Trata-se de delito imputado pela Lei de licitações e contratos públicos.

Da narrativa fática, vislumbra-se que a imputação teve como base o

descumprimento da lei em comento, uma vez o pagamento ocorreu com

suposta “preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade.” A conduta

ventilada ocorreu em 20/11/2014, ou seja, posteriormente à data prevista em

Lei para apresentação da prestação de contas eleitorais. Assim, como não há

qualquer menção, nem por parte do denunciado, nem pelo titular da ação

penal, bem como pela manifesta falta de contexto com qualquer figura típica

eleitoral ao seu entorno, tal conduta deve ser afastada.

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Ademais, a própria da conduta serve como elemento de afastamento do

crime eleitoral, tanto pela forma como ocorreu, quanto pelo distanciamento

temporal da apresentação das contas, uma vez que não é dada a possibilidade

de retroagir para se configurar um delito eleitoral. Assim, descarta-se essa

possibilidade – é claro – do crime eleitoral para o denunciado RENI e,

consequentemente, para CLAUDIA, sua esposa, na qualidade de partícipe.

11. DO CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – ARTIGOS 2º,

PARÁGRAFO 4º, INCISO II, COMBINADO COM O ARTIGO 1º DA LEI N.

12.850/2013 E ARTIGO 2º, PARÁGRAFO 3º

11. 1. DO CHEFE DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Narra o Ministério Público Federal que a operação “Pecúlio” desvendou

a existência de organização criminosa inserida na administração pública

municipal de Foz do Iguaçu e que o denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA atuava como chefe dessa organização. Informa que RODRIGO

BECKER era organizador e regente do grupo, MELQUIZEDEQUE DA SILVA

FERREIRA CORREA DE SOUZA, agente operacional, MARIA LETÍZIA

JIMENEZ ABATTE FIALA, responsável por “esquentar as ilicitudes, bem como

os secretários municipais ANDERSON DE ANDRADE, SÉRGIO LEONEL

BELTRAME, CHARLES BORTOLO, GILBER DA TRINDADE RIBEIRO,

CRISTIANO FURE DE FRANCÇA, EVORI PATZLAFF, CARLOS JULIANO

BUDEL, VALTER MARTINS SCHROEDER, Diretores Financeiros LUIZ

CARLOS ALVES, vulgo “ CAL” e AIRES SILVA que tinham como objetivo de

obter vantagem, mediante a prática de delitos como corrupção ativa e passiva,

dispensa de licitação, fraude à licitação, contratações com ausência de

licitação, peculato e usurpação de função pública.

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Ressalta que o denunciado se destacou como chefe da organização

criminosa e, ao consultar a prestação de contas do denunciado apresentada

ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, diversas contribuições foram

realizadas por integrantes ou beneficiários do esquema, demonstrando que

mesmo antes da sua assunção ao cargo de prefeito, já havia atos preparatórios

para formação da organização, a saber:

- CARLOS JULIANO BUDEL (R$ 200,00)

- EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR (R$ 8.000,00)

- RODRIGO BECKER (R$ 10.000,00)

- LUIZ CARLOS MEDEIROS (R$ 8.000,00)

- PAULO RICARDO DA ROCHA (R$ 200,00)

O Ministério Público Federal, transcreveu o seguinte trecho da

colaboração de NILTON JOÃO BECKERS:

“QUE o colaborador e seu sócio, Vilson Sperfeld, contribuíram para a campanha de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA ao cargo de Prefeito de Foz do Iguaçu/PR. QUE o colaborador conheceu RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA ainda quando esse era Deputado Estadual; QUE a SR TERRAPLANAGEM repassou valores para apoiar a candidatura de RENI, não sabendo informar se o valor doado foi declarado por RENI na campanha eleitoral; QUE VILSON pode fornecer os valores relativos a tais “doações”; QUE tais valores garantiam, em tese, que a empresa SR fosse a executora de obras executadas na gestão RENI; (Nilton João Beckers – em anexo) QUE fez doações para o RENI em 2012. QUE RENI solicitou doações algumas vezes para a campanha

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de prefeito para pagar alguns compromissos da campanha. QUE não recebeu recibo de tais doações. QUE RENI ficou de devolver os valores doados em terrenos do loteamento que está construindo em Santa Terezinha de Itaipu/PR. QUE inicialmente RENI pediu cerca de 150mil, depois mais alguma coisa. QUE acredita que foi doado cerca de 300 mil. QUE não formalizou as doações com RENI, apenas de forma verbal.”

Diante do exposto a acusação requereu a condenação do investigado

pela prática do crime do artigo 2º, parágrafos 3º e 4º, II, combinado com o artigo

1º, da Lei n. 12.850/2013.

Em preliminar o denunciado alegou: INÉPCIA DA DENÚNCIA.

VIOLAÇÃO AO ARTIGO 41 DO CPP. IMPUTAÇÃO DOS FATOS DE

MANEIRA GENÉRICA. OFENSA AO PRÍNCIPIO DA AMPLA DEFESA E DO

CONTRADITÓRIO (ARTIGO 5º, INCISO LV, DA CONSTITUÇÃO FEDERAL),

BEM COMO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

(ARTIGO 1º, INCISO III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).

É importante ressaltar alguns pontos elencados pela defesa:

a) Que não houve a exposição do fato criminoso, com todas as suas

circunstâncias;

b) Que falta clareza e a precisa descrição da conduta de cada

denunciado para que se possa exercer plenamente seu direito de

defesa;

c) Que nenhum fato delitivo está descrito de maneira suficiente e

adequada a iniciar o processo penal e que a acusação, ao imputar

ao acusado a prática do crime do artigo 2º, parágrafos 3º e 4º, II,

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combinado com o artigo 1º, da Lei n. 12.850/2013, o faz por

intermédio da responsabilidade penal objetiva;

d) Que se encontra ausente qualquer mínimo indício probatório que

demonstre autoria e materialidade delitiva.

Por sua vez, não dedicou um tópico específico para refutar o mérito da

imputação, conforme se confirma pelo teor da decisão de recebimento da

denúncia, constante do evento 5001254-21.2017.4.04.7002, Evento 51, Voto2,

Página 132/133.

Por fim, frente ao que expôs, requereu o reconhecimento da

incompetência do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeição de peça

acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP; ainda, sua absolvição sumária,

forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios

coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes e, na

hipótese de prosseguimento, a produção de todas as provas em direito

admitidas.

De início, verifica-se que a afirmação de que as doações foram

regularmente efetuadas, afastam o ilícito eleitoral, uma vez que ausentes as

elementares do ilícito configurador de “caixa 2”, pois foram devidamente

contabilizadas na campanha eleitoral. No entanto, mesmo havendo atipicidade

da conduta eleitoral, não há que se falar de afastamento, em tese, da suposta

configuração de atos preparatórios para a formação da organização.

Mesmo que o Ministério Público Federal tenha transcrito trecho da

colaboração, no sentido de que o colaborador teria efetuado doações para

campanha do denunciado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA para obter

benefício junto à gestão administrativa municipal, tal conduta não se amolda

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ao ilícito eleitoral pois, pelas palavras do próprio colaborador,” ficou de

devolver os valores doados em terrenos do loteamento que está

construindo em Santa Terezinha de Itaipu/PR”, ou seja, divorcia-se do

instituto da doação. Além disso, não há nenhuma descrição de como foi feita a

utilização da “suposta” doação que se amolde a alguma conduta que possa,

em tese, configurar a prática de algum ilícito eleitoral, até porque, em momento

algum se narra o caminho do recurso supostamente doado ou que esteja

inserido/ocultado nos gastos ordinários de uma campanha eleitoral.

A simples menção às palavras “doação para campanha”, “finalidade

eleitoral” e “apoio político” não tem o condão de atribuir, por si só, a ocorrência

de um crime eleitoral, pois não há um sustentáculo mínimo de materialidade

delitiva.

Além disso, denota-se das defesas apresentadas, o rechaço veemente

da competência da Justiça Federal para processar e julgar os feitos, ao

argumento de que se tratava de competência da Justiça Comum Estadual sem,

no entanto, questionar, ainda que por breves premissas, a competência desta

Especializada.

Agora, com espeque em simples menções, busca-se indiretamente o

deslocamento da competência desta ação penal e das conexas para o

julgamento conjunto com o inquérito, em que figura como investigada CLAUDIA

VANESSA DE SOUZA PEREIRA, na tentativa de relacionar as supostas

práticas criminosas numa relação de meio e fim, com a tentativa de transformar

as práticas criminosas já denunciadas em meios para o cometimento do crime

eleitoral.

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Ação Penal – 5010210-55.2019.4.04.7002

A presente Ação Penal teve início com o desmembramento do item 10.2

da denúncia ofertada nos autos da Ação Penal nº 5000507-71.2017.4.04.7002.

Nos termos da decisão proferida nos autos do processo 5000507-

71.2017.4.04.7002, determinou-se a suspensão/sobrestamento do presente

feito em 18/03/2020, a fim de se aguardar a manifestação da Justiça Eleitoral

acerca de sua competência, conforme decidido pela Sexta Turma do STJ.

Consignou a colenda turma que “dos depoimentos prestados por corréus

perante a Autoridade Policial Federal, na condição de colaboradores, observa-

se que há indícios da prática, em tese, de formação de ‘caixa 2’ para financiar

a campanha da recorrente ao cargo de Deputada Estadual”. Na mesma

decisão, esta turma consignou que “não havendo como negar a conexão dos

crimes objeto da investigação com a prática de crime eleitoral, pois, ao que

parece, a maior parte dos recursos ilegais, arrecadados com as atividades

ilícitas praticadas pela suposta organização criminosa na Prefeitura de Foz do

Iguaçu/PR, tinha como destino o financiamento de campanhas eleitorais”.

Em 18/12/2019, decidiu o magistrado da Justiça Federal que o presente

feito deveria aguardar a manifestação da Justiça Eleitoral acerca da fixação de

sua competência, bem como consignou que, por reputar haver parcos

indicativos da existência de crime eleitoral a ser apurado, não haveria razão

para suspensão da marcha processual.

O entendimento do magistrado se coadunou com o entendimento do

Ministério Público Federal, que aponta, em sua peça apresentada em

17/12/2019, que não é objeto da presente Ação Penal nenhum crime eleitoral.

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Esclarece o membro do MPF que se busca “apurar a responsabilidade

criminal de RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e JOÃO MATKIEVICZ FILHO

pela prática do crime descrito no artigo 317 do Código Penal;

MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA pelo delito

previsto no artigo 317, c/c artigo 29, ambos do Código Penal; e GUILHERME

DE JESUS PAULUS pela conduta descrita no artigo 333 do Código Penal. Ou

seja, não se amoldam a nenhum delito previsto na legislação eleitoral.”

Em sua peça, reforça o MPF, que “usar dinheiro oriundo de origem

criminosa na campanha eleitoral não é tipificado na lei como crime eleitoral”. .

Finaliza a peça ministerial de maneira incisiva, enfatizando que quem “promove

a delimitação do objeto da investigação, inclusive para situações de conexão”

é o Ministério Público e não alegações do investigado ou qualificação jurídica

atribuída por colaborador.

Por sua vez, a defesa pleiteou a remessa do presente feito à Justiça

Eleitoral sob o argumento de que é nítida a correlação entre a presente ação

penal e o inquérito policial nº 5013892-52.2018.4.04.7002, que tramita perante

esta justiça especializada, em decorrência de decisão prolatada pelo STJ, sob

o nº 0600001-76.2020.6.16.0002. Reforça que os colabores RODRIGO

BECKER e MELQUIZEDEQUE CORREA asseveraram em seus termos de

colaboração premiada que os recursos ilegalmente arrecadados seriam

parcialmente destinados à campanha de CLAUDIA PEREIRA e que isso

ensejaria a análise por parte dessa justiça especializada quanto a sua

competência.

Em 04/12/2019 foi realizada audiência de instrução, presentes o

Ministério Público, o informante Rodrigo Becker, os réus Guilherme de Jesus

Paulus, João Matkievicz Filho, Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza

e Reni Clovis de Souza Pereira.

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Ouvido o réu Guilherme de Jesus Paulus, informou ser colaborador em

outro processo, que tramita em São Paulo, bem como negou ter pago, a título

de propina, o valor de R$180.000,00, mas que se recorda de ter enfrentado

atrasos e dificuldades para conseguir as licenças ambientais para a realização

de um empreendimento imobiliário (Condomínio Village Iguassu Golf

Residence) na cidade de Foz do Iguaçu, e que em conversa com o Sr. Reni,

este se comprometeu a resolver a situação com “Curitiba”.

O Sr. Guilherme negou ter repassado valores ilícitos para conseguir tal

liberação, seja pessoalmente ou por interposta pessoa, sendo que a liberação

demorou mais de ano para ser emitida, tendo contratado uma despachante

(Lurdinha) para cuidar da documentação e liberação junto aos órgãos

ambientais, mas que em momento algum a autorizou a utilizar seu nome junto

aos órgãos ambientais. Informou que tal demora não chamou sua atenção, pois

no Brasil é comum que se demore para emissão de liberações ambientais,

nunca tendo recebido solicitação de valores ilícitos para agilizar seus

requerimentos junto a órgãos públicos. Informou, ainda, que em diversos

contatos com o Sr. Reni, este jamais solicitou vantagens ilícitas. Negou

conhecer ou ter tido contato com Rodrigo Becker, João Matkievicz Filho ou com

Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza.

Ouvido o réu João Matkievicz Filho, este negou as acusações feitas pelo

Ministério Público. Informou que teve relação profissional com o Sr.

Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza, que sempre o auxiliou com o

trabalho, mas que desconhecia a ilegalidade dos atos praticados por

Melquizedeque.

Aduziu que somente tomou conhecimento acerca da ilegalidade de

certas condutas de Melquizedeque, que intermediava interesses particulares

enquanto servidor público, posteriormente. Informou que Melquizedeque

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trabalhava na prefeitura para agilizar licenças ambientais, sendo que nunca

desconfiou de conduta irregular, mesmo sendo o depoente o Secretário de

Meio Ambiente e o Sr. Melquizedeque o Secretário de Tecnologia da

Informação.

O Sr. João afirma que nunca repassou nenhum numerário ao Sr.

Melquizedeque, e também nunca recebeu nenhum valor como destinatário final

ou intermediário. Informou que somente aprovava projetos ambientais que

estivessem dentro da legalidade e que nunca contou dinheiro com o Sr.

Melquizedeque.

Seguiu o depoente alegando que tomou conhecimento das ilegalidades

praticadas por Melquizedeque através de investigação do GAECO, em que

Melquizedeque e o Sr. Nilson tiveram a quebra de dados e interceptação

telefônica decretadas. Afirmou que as liberações ambientais são atos

complexos e demorados, sendo que o tempo necessário para a conclusão do

processo depende da documentação apresentada e da complexidade do

empreendimento.

O Sr. Melquizedeque da Silva Ferreira Correa Souza, ao ter assumido

compromisso com o Ministério Público Federal de colaborar com as

investigações, abriu mão de seu direito constitucional de ficar em silêncio. O

colaborador informou que recebeu a incumbência, advinda de Reni, para fazer

o repasse do “mensalinho” no município de Foz do Iguaçu, bem como para

quitação de uma dívida com “Geraldo Gentil Biesek”.

Melquizedeque afirma que o Sr. Reni lhe informou que estava em curso

uma negociação no valor de R$400.000,00, a título de propina, entre o então

prefeito Reni e o Sr. Guilherme Paulus, para liberação do empreendimento

“Condomínio Village Iguassu Golf Residence”.

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Aduziu, o colaborador, que em 18/12/2014, João foi fazer a retirada de

R$180.000,00 junto ao Sr. Guilherme. Ao tomar conhecimento de que João

estaria de posse do valor de R$180mil, o depoente entrou em contato com

aquele para solicitar parte do valor para saldar a dívida com “Geraldo Gentil

Biesek”, tendo sido informado de que deveria solicitar ao Reni autorização para

utilização desse dinheiro. Após receber a autorização de Reni, retornou as

tratativas com João e que a comprovação das ligações se dá via documento

de mov. 1350 ofício1, que demonstra a sequência de ligações realizadas para

João e Reni, em 18/12/2014, bem como via mov. 12495, que contêm os

arquivos de chat, de n. 1109, de mensagens trocadas entre o depoente e o

João.

Afirmou o colaborador que João era uma pessoa de confiança do

prefeito (Reni). Que após ter pego os R$60.000,00 para quitar a dívida com

“Geraldo Biesek”, acredita que o restante do valor tenha ido integralmente para

Reni. Que não sabe precisar, mas que acredita que o Reni tenha usado o

dinheiro para “coisas de campanha” ou outras situações que o depoente não

teria conhecimento.

Note-se que o colaborador faz apenas ilações sobre o destino do

dinheiro arrecadado. Não demonstrou nenhum grau de certeza nem

tampouco apresentou nenhuma prova ou fez alusão a possuir

documentos que embasassem seu convencimento de que o recurso

financeiro seria usado em campanha.

Salientou, ainda, que o recebimento dos R$180.000,00 foi realizado por

João, mas não sabe precisar quem fez a negociação com o Sr. Guilherme e

que acredita que o Reni tenha influenciado a indicação do representante do

Instituto Ambiental do Paraná em Foz do Iguaçu. Afirmou que sabe que houve

a negociação de valores ilícitos com o Sr. Guilherme pois o próprio Reni lhe

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contou, bem como sabe que João foi retirar o dinheiro, em espécie, pois o

próprio João lhe contou.

Seguiu afirmando que entregou pessoalmente o numerário de

R$60.000,00, em espécie, ao “Geraldo Gentil Biesek”, mas não se recorda se

foi em uma ou mais vezes, pois, na época, o depoente era o encarregado por

distribuir dinheiro a diversas pessoas, sobretudo a “mesada” a vereadores,

sempre em espécie. Que não ficou com nenhuma parte do valor repassado por

Guilherme e que não sabe se Rodrigo Becker recebeu algo. Que teve

conhecimento de que 4 empreendimentos realizados em Foz do Iguaçu tiveram

negociação de propina, elencando o Golf Club, Biosfera (em torno de

R$2milhões), Aguas Claras e Safira, sendo esses dois últimos tocados por

Nilton Becker, que teria repassado alguns terrenos nesses empreendimentos

para o Reni.

Perguntado acerca dos chat’s (documentos desentranhados dos autos,

por terem sido considerados obtidos de forma ilegal) esclareceu que a

diferença de horários se deve à utilização de uma localidade de meridiano

diversa da de sua localidade (UTC-0), devendo ter sido considerada a

localidade UTC- -3:00.

Questionado acerca de contradições entre seu termo de colaboração e

seu atual depoimento, informou que na época do acordo não tinha acesso aos

equipamentos apreendidos pela Polícia Federal para precisar a cronologia dos

fatos e que só agora conseguiu organizar os fatos em data cronológica.

Informou que tomou conhecimento de que os valores arrecadados ilicitamente

seriam parcialmente destinados à campanha da Cláudia pelas conversas que

tinha com o Reni e que este sempre se queixava das dívidas de campanha que

teria que quitar.

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Ouvido o Sr. Reni Clovis De Souza Pereira, este negou os fatos narrados

na denúncia. Afirmou conhecer o Sr. Guilherme Paulus, mas negou que a

licença ambiental para a realização do empreendimento “Village Golf” tivesse

sido deferida pelo município de Foz do Iguaçu, informando que tal liberação foi

dada pelo IAP, órgão estadual.

Durante seu depoimento, apresentou gravação de conversa telefônica

própria com outros interlocutores, como o responsável pelo empreendimento

“Village Golf” e o chefe do IAP na época, Micael Sensato. Informou que

conhecia Micael anteriormente, mas que não teve relação com sua indicação

no IAP.

Negou ter solicitado ou recebido propina para liberação do

empreendimento “Village Golf” e que somente veio a ter conhecimento de que

“estavam” utilizando o nome da Secretaria de Meio Ambiente para liberações

ambientais, sobretudo pelo Sr. Melquizedeque, após entrar em contato com

investigação realizada pelo GAECO, em meados de 2017.

Informou que nunca teve intimidade com o Sr. Guilherme para solicitar

qualquer vantagem econômica e que jamais solicitou passagem para Itália,

apenas consultou se o mesmo poderia indicar alguma promoção pela

companhia CVC, tendo comprado, em razão do preço menor, a passagem por

meio de outra operadora. Ao ser questionado, informou que existem diversas

inconsistências na investigação conduzida pelo MPF, sobretudo referente a

ligações telefônicas, como quando mantem conversas simultâneas com dois

interlocutores ou quando os relatórios apontam que em questões de poucos

minutos teria recebido cerca de mil ligações.

Ouvido o Sr. Rodrigo Becker, na qualidade de informante, vez que não

figura como réu na presente Ação Penal, sendo colaborador do Ministério

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Público em outro processo. Afirmou ter presenciado conversa entre Reni e

João, em que Reni afirmou ser amigo de Guilherme e que não poderia solicitar

pessoalmente nenhum valor para liberação do empreendimento “Village Golf”,

ficando acertado que João faria tal solicitação da propina, não se recordando

o local em que essa conversa se deu.

Relatou que em momento futuro, no Hotel Mabu, presenciou nova

conversa entre os interlocutores Reni e João, em que João afirma que, ao

contrário do combinado, não fora repassado R$400.000,00, mas apenas

R$180.000,00. Neste dia (em que presenciou esta última conversa), o

colaborador afirmou que estava de carona com Reni e viu uma vultosa

quantidade de dinheiro no carro deste e que acredita ser o valor desse acordo,

acondicionado em um envelope, pois viu o dinheiro após presenciar a conversa

entre João e Reni.

O colaborador afirma supor que o dinheiro seria usado na campanha da

esposa do Sr. Reni, mas não justifica as razões dessa suposição.

O Sr. Rodrigo acredita que houve indicação de Reni na indicação do Sr.

Micael Sensato para o IAP e que Micael era funcionário do Sr. Nilton Becker

anteriormente à sua indicação ao IAP.

Informou, ainda, que não presenciou a entrega do dinheiro de João a

Reni, e que não recebeu nenhuma parcela desse numerário, nem diretamente

de Reni, nem por intermédio do Sr. Melquizedeque. Informou que durante seu

acordo de colaboração, diversos representantes do MPF e da PF participaram

das audiências, sendo que todos, inclusive os assessores dos Procuradores.

Afirmou não ter nenhum elemento concreto, mas acredita que em todas as

liberações ambientais de condomínios houve o pagamento de propina. Por fim,

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disse não saber a origem do valor de R$30.000,00 repassados ao depoente

por Melquizedeque.

Consta no mov. 16419 a juntada de relatório bancário elaborado pela

Receita Federal do Brasil sobre as contas da empresa GJP Administradora de

Hotéis LTDA. Houve a decretação de quebra de sigilo bancário nos termos do

item 10.2 da denúncia apresentada nos autos do processo 5000507-

71.2017.4.04.7002.

Em 21/06/2019 (mov. 16153) consta um traslado de peças do processo

5009847-73.2016.4.04.7002, contendo manifestação do MPF solicitando o

desmembramento do fato 10.2 da denúncia, em razão da demora na efetivação

da quebra do sigilo bancário da empresa GJP Administradora de Hotéis LTDA,

nos seguintes termos:

“[...] com a finalidade de não atrasar a instrução processual e a realização dos interrogatórios na Ação Penal n. 5000507-71.2017.4.04.7002 (Operação Nipoti), sendo esta a última pendência a ser realizada, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer o desmembramento do fato 10.2 da peça acusatória, por conveniência da instrução, nos termos do artigo 80 do Código de Processo Penal.”

A cronologia dos fatos, a partir deste ponto, passa a ser a que consta na

Ação Penal 5000507-71.2017.4.04.7002.

Em decisão prolatada em 25/05/2019 (mov. 15949), o magistrado

afirmou a competência da Justiça Federal para seguimento do feito, passando

por detida análise dos pontos contidos na denúncia. Considerando que a

presente Ação Penal tem por objeto apenas o item 10.2 da exordial, reproduz-

se aqui o que o excelentíssimo magistrado federal consignou sobre a matéria:

“10.2. VILLAGE IGUASSU GOLF RESIDENCE

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Segundo o MPF, no final de 2014, na região de Foz do Iguaçu/PR, RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA e JOÃO MATKIEVICZ FILHO, com o auxílio de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, solicitaram e receberam para si, na qualidade de Prefeito de Foz do Iguaçu e de Secretário de Meio Ambiente, respectivamente, vantagem indevida consistente no pagamento de aproximadamente R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) mensais, de GUILHERME DE JESUS PAULUS, que ofereceu e pagou, ao menos, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) para a concessão da licença ambiental do condomínio Village Iguassu Golf Residence.

Segundo RODRIGO BECKER, no Termo “CONDOMÍNIO WISH GOLF CLUB”:

" [...] QUE o colaborador lembra de dois eventos: o primeiro uma conversa que presenciou entre o Prefeito RENI e JOÃO MATKIEVICZ, sendo que o primeiro disse que não teria coragem de pedir um valor para o proprietário do condomínio Wish Golf, que seria seu amigo; QUE em outra ocasião, lembra que estava em um evento no Hotel Mabu, na Avenida das Cataratas, e que JOÃO chegou com parte do dinheiro que seria destinado para despesas de campanha de CLÁUDIA PEREIRA, não lembrando o colaborador, se foi antes das eleições ou depois; QUE essa parte do valor seria 180 mil reais; QUE viu parte do dinheiro no carro do Prefeito RENI" - fl. 224 da inicial.

Não há comprovação de que os valores tenham sido empregados em campanha eleitoral. De qualquer sorte, no entender do MPF, os valores foram angariados para RENI PEREIRA, a quem cabia decidir sobre o destino dos valores, sendo certo que, ainda que se admita tal destino como verdadeiro, a natureza jurídica do objeto do acordo efetuado pelas partes é propina em razão da concessão de licenciamento ambiental, ensejada pelas facilidades do cargo de ex-prefeito ocupado

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por RENI PEREIRA, e não doação para campanha de sua esposa.

Não há, portanto, indícios concretos de crime eleitoral.”

Tal entendimento já havia sido reforçado quando da expedição do Of.

700006481512 (mov. 15556), endereçado ao TRF4, em que o juízo informa,

no que se refere aos autos do HC 5009884-52.2019.4.04.0000, que não fora

atribuída aos paciente prática de crime eleitoral, razão pela qual não há que se

falar em declinação de competência para a Justiça Especializada do objeto

contido nos autos do processo 5000507-71.2017.4.04.7002.

Considerando-se as provas constantes do processo bem como a

denúncia apresentada pelo MPF em seu ponto 10.2, não se vislumbra

elementos que apontem a ocorrência de crime eleitoral. Ademais, há que

se lembrar que o titular da ação penal detém o poder de decidir acerca da

maturidade dos elementos probatórios para o oferecimento da denúncia.

Não há razões que indiquem, no presente feito, que o Ministério Público

esteja agindo em violação ao princípio da obrigatoriedade, em que verificando

ser a conduta típica e antijurídica, estará obrigado a oferecer a denúncia, na

medida em que não poderá agir por conveniência, excetuadas as autorizações

legais.

A qualidade de Dominus Litis do Ministério Público está reforçada desde

a edição da Lei 13.964/2019, que incluiu o art. 3º-A no Código de Processo

Penal e que, expressamente, reza que “O processo penal terá estrutura

acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição

da atuação probatória do órgão de acusação”. Assim, de se dizer que cabe ao

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órgão acusador, com base nos elementos probatórios de que disponha, a

delimitação do objeto da Ação Penal.

Cabe ressaltar que a Justiça Eleitoral já analisou a prestação de contas

das campanhas do réu Reni Clovis De Souza Pereira e de sua esposa Claudia

Vanessa de Souza Fontoura Pereira, não tendo verificado irregularidades

suficientes a desaprová-las, o que corrobora o entendimento do MPF e do

magistrado da Justiça Federal de que não há elementos mínimos a indicar a

ocorrência de crime eleitoral, a ensejar o deslocamento de competência, na

presente Ação Penal, para essa Justiça Especializada.

Há que se apontar que o réu Melquizedeque Da Silva Ferreira Correa

Souza e o colaborador Rodrigo Becker fizeram menção, em seus depoimentos

realizados em 04/12/2019, acerca da possibilidade de que parte dos valores

arrecadados ilicitamente fosse destinado à campanha eleitoral, mas tal

afirmação, como apontado pelo colaborador Rodrigo, não encontra

sustentação em nenhum elemento concreto presente nestes autos,

dependendo de aprofundamento de investigação em uma linha diversa da

esposada neste caderno processual.

Adjacente aos argumentos acima, a cronologia dos fatos afasta a

pretensa ocorrência de conexão dos atos ilícitos praticado pelos réus com

crime eleitoral. Aponta o réu Melquizedeque que os corréus Reni e João

receberam do réu Guilherme Paulus o valor de R$180.000,00 em 18/12/2014,

ou seja, após o período eleitoral, o que demonstraria que tal valor não foi

empregado em campanha, não havendo, assim, contemporaneidade entre a

conduta ilícita apontada na presente ação penal e a realização das eleições

daquele ano.

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AÇÃO PENAL Nº 5013167-29.2019.4.04.7002

A denúncia apresentada foi recebida em 06/02/2017, nos autos do

processo principal nº 5000507-71.2017.4.04.7002. A denúncia apresentada

descreveu condutas delituosas de cerca de uma centena de pessoas, dentre

os quais encontra-se o Sr. Túlio Marcelo Denig Bandeira, devidamente

qualificado na peça acusatória.

Delimitando o objeto da presente ação, compõe o presente caderno

processual o item 11 da denúncia, mais especificamente dos itens 11.1 a 11.11,

assim como o item 12.2. (p. 242 – 308 e p. 360 - 362 da peça acusatória).

A defesa, em sede de resposta à acusação, manifestou-se pela

incompetência absoluta da Justiça Federal para analisar o mérito do feito, vez

que não se enquadra nos casos previstos no art. 109 da CF. Requer, desse

modo, a remessa do feito para a Justiça Estadual do Paraná.

Nos termos da decisão proferida nos autos do processo 5000507-

71.2017.4.04.7002, determinou-se a suspensão/sobrestamento do presente

feito, a fim de aguardar a manifestação da Justiça Eleitoral acerca de sua

competência, conforme decidido pela Sexta Turma do STJ. Consignou a

colenda turma que “dos depoimentos prestados por corréus perante a

Autoridade Policial Federal, na condição de colaboradores, observa-se que há

indícios da prática, em tese, de formação de ‘caixa 2’ para financiar a

campanha da recorrente ao cargo de Deputada Estadual”. Na mesma decisão,

esta turma consignou que “não havendo como negar a conexão dos crimes

objeto da investigação com a prática de crime eleitoral, pois, ao que parece, a

maior parte dos recursos ilegais, arrecadados com as atividades ilícitas

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praticadas pela suposta organização criminosa na Prefeitura de Foz do

Iguaçu/PR, tinha como destino o financiamento de campanhas eleitorais”.

Em 01/08/2019, decidiu o magistrado federal, a fim de não prejudicar a

marcha processual dos autos de nº 5000507-71.2017.4.04.7002, desmembrar

os fatos narrados que apontam condutas delituosas ao Sr. Túlio Marcelo Denig

Bandeira. Restou assim decidido:

“Diante da colisão existente entre o exercício do contraditório por TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, que não poderá estar presente a parte dos atos das ações penais que figura como acusado e advogado atuante em causa própria, e da imposição constitucional e legal de celeridade, assim como para o fim de evitar prejuízo aos demais réus e advogados que atuam no feito, que, certamente, tiveram gastos e transtornos para adequar suas agendas às datas designadas pelo juízo, tenho por bem determinar o desmembramento da presente ação penal em relação a TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA, a fim de que a oitiva dos colaboradores acerca dos fatos que lhe foram imputados e o seu interrogatório sejam realizados em data a ser futura e brevemente designada, a fim de compatibilizar o agendamento dos atos em que citado réu deverá estar presentes nos processos a que responde como réu.

Desta feita:

a) desmembrem-se os autos em relação a TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA;

b) nos autos desmembrados, intime-se o Ministério Público Federal e TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA para que informem, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, quais colaboradores desejam ver inquiridos naquele procedimento, informando, desde logo, acerca de quais fatos irão depor, cientificando-os que, expirado o prazo consignado sem manifestação,

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independentemente de nova conclusão, ter-se-á por operada desistência na produção da prova.

Na mesma oportunidade, deverá TULIO MARCELO DENIG BANDEIRA informar e comprovar a existência de atos processuais já designados nos demais processos a que responde, a fim de evitar que a oitiva dos colaboradores e seu interrogatório sejam designados em data já comprometida. Saliento que o réu deverá informar os dias e horários de comprometimento de sua agenda, a condição na qual participa do ato e se existem outros advogados atuando no respectivo feito.

c) expirado o prazo consignado no item anterior, com ou sem manifestação, paute-se data para oitiva dos colaboradores indicados pelas partes e para realização do interrogatório do acusado.”

O denunciado insurgiu-se contra a decisão de desmembramento,

alegando mácula ao princípio da economia processual, bem como criação

desnecessária de tumulto, uma vez que depoimentos terão de ser repetidos.

O magistrado afastou tais alegações consignando não haver razões

para presumir tumulto no processo, in verbis:

“Em síntese, verifica-se a incoerência entre os fundamentos expendidos por TÚLIO MARCELO DENIG BANDEIRA, que ora impugna a designação de audiência em dias subsequentes, ora afirma que o mero adiamento é suficiente para o exercício de suas prerrogativas, fato que traz a lume indicativo de que ele está se valendo da subseciva oposição de incidentes com o propósito de obstar, de forma injustificada, seu andamento, bem como que não há razões para que ele e tampouco os corréus tenham qualquer preocupação com o exercício da ampla defesa, vez que todo acervo probatório produzido nestes autos contará com a participação das defesas atuantes e será compartilhado com o feito originário e vice-versa.”

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O denunciado, atuando em causa própria, reitera, em diversas

oportunidades, que, por estar promovendo sua própria defesa, teria direito à

participação nos interrogatórios e depoimentos dos corréus e dos

colaboradores, reforçando não ser conveniente à sua defesa o

desmembramento. Tais argumentos, mais de uma vez, foram rechaçados pelo

Juízo Federal.

O denunciante, ante o alegado cerceamento de defesa, promoveu ação

de correição parcial em que figura como juízo corrigido a 3ª Vara Federal de

Foz do Iguaçu. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, resolvendo o caso,

negou provimento à correição parcial promovida, sob o argumento de que

“antes de ser advogado, o corrigente é réu na ação penal, resta evidente a

incompatibilidade da sua atuação como advogado em causa própria durante a

colhida dos referidos interrogatórios.”

Consigna-se, abaixo, trecho da decisão:

“Assim, deverá o corrigente, se assim o desejar, constituir advogado de sua confiança para atuar na causa durante os atos de interrogatório dos demais corréus, ou, na impossibilidade de fazê-lo, requerer ao juízo que lhe designe defensor dativo para realizara sua defesa.

Portanto, por não vislumbrar, quanto ao ponto, qualquer ato do juízo corrigido que tenha importado em inversão tumultuária dos atos e fórmulas do processo, não merece trânsito a presente correição parcial.”

Em decisão proferida em 01/10/2019, houve indeferimento de petição

do acusado, por inépcia da petição apresentada, por não conter demonstração

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de causa de pedir. Dessa decisão, cabe reproduzir o interessante trecho a

seguir:

Importante rememorar que, ex vi do §16 do art. 4º da Lei nº 12.850/13, “nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador”, sendo certo que, ainda que se cogitasse a existência de ajustes entre eles, a fim de explanarem declarações inverídicas, tratar-se-ia de medida inócua, vez que suas palavras, desacompanhadas de provas que tragam a lume certeza absoluta quanto à prática delitiva, não se prestam para responsabilização de quem quer que seja.

Em alegações finais, apresentadas em 27/11/2019, o Ministério Público

realizou extensa e detalhada regressão pelas peças do processo,

contextualizando os fatos aqui expostos e traçando a cronologia dos

acontecimentos. Aponta a existência de uma Organização Criminosa, iniciada

em 2013, atuante na cidade de Foz do Iguaçu/PR, sob o comando direto de

Reni Clóvis de Souza Pereira, da qual era integrante Túlio Marcelo Denig

Bandeira. Requer, ao final, a condenação do denunciado pela prática dos

seguintes delitos:

- Fato 11.1: artigo 333 do Código Penal, por 2 (duas) vezes;

- Fato 11.2: artigo 328, parágrafo único c/c artigo 29, ambos do Código

Penal, por 2 (duas) vezes;

- Fato 11.3: artigo 89 c/c artigo 99, § 1º, da Lei nº 8.666/93;

- Fato 11.4: artigo 90 c/c artigo 99, §1º, da Lei nº 8.666/93;

- Fato 11.5: artigo 89, parágrafo único c/c artigo 99, § 1º, ambos da Lei

nº 8.666/93, c/c artigo 29 do Código Penal;

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- Fato 11.6: artigo 1º, inciso I, segunda parte, do Decreto-lei nº 201/67,

c/c artigo 29, do Código Penal, por 6 (seis) vezes;

- Fato 11.7: artigo 90 c/c artigo 99, § 1º, da Lei nº 8.666/93;

- Fato 11.8: artigo 89, parágrafo único c/c artigo 99, § 1º, ambos da Lei

nº 8.666/93, c/c artigo 29 do Código Penal;

- Fato 11.9: artigo 92 c/c artigo 99, §1º, ambos da Lei nº 8.666/93 c/c

artigo 29 do Código Penal;

- Fato 11.10: artigo 89, parágrafo único c/c artigo 99, § 1º, ambos da Lei

nº 8.666/93 c/c artigo 29 do Código Penal;

- Fato 11.11: artigo 92 c/c artigo 99, § 1º, ambos da Lei nº 8.666/93 c/c

artigo 29 do Código Penal;

- Fato 12.2: artigo 333 c/c artigo 327, § 2º, ambos do Código Penal, por

2 (duas) vezes;

- Fato 13: artigo 2º, § 4º, inciso II, c/c artigo 1º, da Lei nº 12.850/2013.

Considerando tratar-se de ação penal desmembrada da Ação Penal nº

5000507-71.2017.4.04.7002, consignou a Justiça Federal que ao acusado

seria garantido o direito de apresentação de memoriais em alegações finais

concomitantemente com os acusados do feito originário, a fim de não macular

os preceitos do contraditório e da ampla defesa (Mov. 17683 de 09/12/2019).

Durante o transcurso do prazo para oferecimento, pela defesa, de suas

alegações finais, sobreveio a decisão do movi. 17706, realizada na ação

principal da qual a presente fora desmembrada, em que se houve por bem

suspender o andamento da marcha processual das ações penais decorrentes

das Operações Pecúlio e Nipoti, aguardando-se a manifestação da Justiça

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Eleitoral acerca da restituição ou não de parte dos fatos narrados para

prosseguimento perante a Justiça Federal.

Feito o breve relato da ação em questão, verifica-se, da análise do

caderno processual, que não se chegou a nenhum elemento que pudesse

corroborar tais afirmações. As afirmações dos colaboradores, no que refere,

especificamente, ao repasse de verba para a campanha eleitoral de Reni

Pereira, são genéricas e carecem de provas ou indicação de elementos que

subsidiem as inferências por eles feitas, ou seja, não passam de uma hipótese

cujas premissas não foram aferidas com rigor técnico1.

Há que se mencionar que, conforme já exposto, termos de colaboração

não possuem presunção juris tantum de veracidade quanto às elementares de

um tipo penal. Nem mesmo servem para dar início a uma investigação as

afirmações feitas sem estarem devidamente embasadas em outros elementos

de prova da materialidade, carecendo de justa causa para a movimentação da

estrutura investigativa estatal.

Repita-se, dotar a simples colaboração de um poder que ela não tem,

qual seja, o de, por si só, instaurar prontamente inquérito no bojo de outro

inquérito que apurava infrações distintas e, por provocação da parte, de forma

obliqua, possibilitar a ela o controle da competência, pode, se essa tese vingar,

ao arrepio do direito, chegarmos ao momento de que uma simples “notitia

1 (...) Nesse contexto, relembro que cumpre aos magistrados avaliar com o máximo rigor os indícios originados em depoimentos de

colaboradores, sobretudo, insisto, quando não estejam devidamente lastreados em elementos externos de corroboração. Isso justamente para evitar-se que

os colaboradores delatores sejam tratados, ainda que de modo transverso – o que tem sido comum -, como se fossem testemunhas dos crimes descritos na

peça acusatória, levando a sérias distorções na valoração de seus depoimentos, as quais podem, em momento ulterior, fulminar de nulidade a própria

sentença, nos termos do que estabelece o art. 4º, § 16, III, da Lei 12.850/2013(...).trecho do voto proferido pelo Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandowski,

na (AP)1015/DF, com julgamento iniciado em 16 de junho de 2020:

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criminis inqualificada” (denúncia anônima), sem as devidas diligências, seja

utilizada para instauração de um inquérito e deslocamento da competência.

Repise-se, aqui, que o denominado “pacote anticrime” (Lei 13.964/2019)

prevê que “incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos

com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias,

indicando as provas e os elementos de corroboração”.

Trata-se de medida salutar, pois não se pode mais conceber o instituto

como um simples “atalho” às investigações, pelo contrário, deve haver uma

robustez prévia com a apresentação dos fatos narrados e a tipificação desses

fatos, evitando-se cair em meras ilações realizadas pelos delatores, a fim de

angariar algum benefício.

Houve por bem o órgão acusador não dar enfoque às ilações feitas pelo

depoentes, vez que não restaram devidamente comprovadas. Assim, seguiu a

Ação Penal o rumo mais acertado, focando naquilo que se mostrou possuir

elementos essenciais para a instauração da ação penal. Como se infere da

denúncia, o item 11 trata de mera introdução aos subitens que se seguem, não

havendo imputação da prática de nenhum delito. O item 12.2, de igual forma,

não possui ligação com nenhum fato típico eleitoral.

Considerando que o legislador não pode prever todas as situações em

que a separação dos processos seja necessária, o CPP (art. 80, parte final)

possibilitou que o juiz, levando em conta a conveniência para o bom andamento

da ação penal, determine a separação dos processos, nos seguintes termos:

“Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão

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provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.”

Sobre o tema, o STJ entende que:

(...) 2.1 O art. 80, do Código de Processo Penal, estabelece que o desmembramento da ação penal não constitui direito subjetivo dos réus, devendo ser analisado se a providência atende o direito de defesa, bem como se não haverá prejuízo ao regular trâmite do processo. 2.2 A Corte Especial deliberou pelo não desmembramento do feito por visualizar a presença, no caso em concreto, de todas as modalidades de conexão previstas no art. 76, do Código de Processo Penal. Além disso, consignou que acarretaria “retardo expressivo à marcha processual uma vez que a questão já está madura e bem conhecida nesta instância” (...) (STJ, Agravo Regimental na AP nº 690/TO, Corte Especial, rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 07.03.2018, publicado no DJ em 23.03.2018).

Ademais, a cisão ou desmembramento do feito constitui faculdade do

julgamento, que deve ser lido a partir das já delineadas premissas, levando-se

em consideração, em especial, a conveniência processual conforme o estado

das ações/inquéritos, em curso. Como se viu, de um lado tem-se ações penais

extremamente avançadas, fruto de profundas investigações, e, de outro, temos

declarações de delatores cujo conteúdo a defesa procura atrelar a delitos

eleitorais, lançadas ao vento de modo frágil, sem qualquer suporte probatório,

de tipificação concretamente inviável. Neste sentido, tais declarações não são

aptas a embasar ou servir como critério de determinação ou modificação de

competência.

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4. Conquanto alguns fatos apurados na ação penal n. 12-81.2017.6.19.0098 tenham sido extraídos da colaboração premiada de Ricardo Saud, não se há cogitar de usurpação da competência deste Supremo Tribunal, assente na jurisprudência atualmente prevalecente o entendimento de que, “ainda que válidos os elementos de informação trazidos pelo colaborador, relativamente a outros crimes que não sejam objeto da investigação matriz, há que se ressaltar que o acordo de colaboração, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração de competência. Vale dizer: ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção” (Inq. n. 4.130 QO, Relator o Ministro Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJe 3.2.2016). De resto, deve-se anotar ter sido este Supremo Tribunal que determinou a remessa de alguns dos termos extraídos daquela colaboração para os órgãos judiciais competentes para as providências juridicamente necessárias. 15. Pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, “pode o Relator, com fundamento no art. 21, § 1º, do Regimento Interno, negar seguimento ao habeas corpus manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante, embora sujeita a decisão a agravo regimental” (HC n. 96.883-AgR, de minha relatoria, DJe 1º.2.2011). 16. Pelo exposto, nego seguimento ao presente habeas corpus (§ 1º do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 17 de outubro de 2019. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora

Portanto, não é viável a cogitação de crime eleitoral de modo

especulativo, realizado em patamar genérico, procurando-se criar um

deslocamento de competência, tão somente com a finalidade de fazer retroagir

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ação penal avançada, cujos rumos processuais já se encontram sólidos.

Admitir a utilização dessa técnica defensiva, com todo respeito aos argumentos

lançados, seria promover protelações e retardamentos indevidos da marcha

processual, violando o princípio da razoável duração do processo.

Ressalta-se, ainda, que, no caso concreto, em relação a todas as ações

e inquérito, não há conflito entre o Procurador da República, o Juiz Federal, o

Tribunal Regional Federal da 4º Região e o Promotor Eleitoral, pelo contrário,

há consenso, qual seja: não reconhecem indícios concretos de crime

eleitoral que importem conexão com os crimes investigados. Eis aqui o

primeiro motivo relevante para a cisão.

Nas imputações realizadas pelo Ministério Público Federal, nas ações

em trâmite no Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, não houve narrativa

de condutas ilícitas eleitorais, nem na capitulação, nem dentre os fatos, estes

necessariamente objeto de defesa.

Há que se tecer a distinção entre uma cisão ocorrida quando os fatos

apurados já trazem indícios mínimos da prática de ilícito eleitoral, daqueles em

que esses fatos são ventilados no meio do caminho ou quase no seu fim. No

primeiro caso, a cisão não é aconselhada, uma vez que, caso ela ocorra,

poderá haver violação ao que foi decidido pelo Egrégio Supremo Tribunal

Federal. No entanto, quando a mera menção de finalidade eleitoral não induz

concretamente a prática de crime eleitoral, não há outro caminho que não seja

a cisão.

Além disso, a comprovação posterior do crime eleitoral decorrente do

regular processamento do inquérito não impedirá a promoção de eventual ação

pelo crime eleitoral, isolada ou cumulativamente com eventuais crimes comuns

que venham a ser revelados, sendo que eventual futura condenação implicará

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em unificação de pena. A cisão no presente feito não destoará e em nada

prejudicará as partes, até porque como se verifica no presente inquérito e das

ações elencadas pelo Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, tal

procedimento fora amplamente utilizado. Isso se comprova na manifestação do

representante do Ministério Público Federal, no evento 16, Pet1, página 02,

cujos excertos podemos destacar:

(...)Entretanto, no decorrer das investigações policiais, o órgão do Ministério Público Federal requereu ao Tribunal Regional Federal da 4a Região o desmembramento do processo, com base no artigo 80, do Código de Processo Penal, em relação aos investigados que não possuem foro privilegiado por prerrogativa de função, ao argumento, naquela ocasião, que “tal entendimento decorre da análise dos fatos, das medidas e dos desdobramentos ao longo do andamento do IPL, bem como em face do significativo número de investigados que vem se somando para integrar objeto do presente inquérito, com base nos indícios e provas até então apurados, tudo a indicar que a cisão é a medida adequada, mantendo-se a investigação perante essa Corte tão somente em relação aos investigados detentores do foro por prerrogativa de função e prosseguindo-se as investigações em face dos demais investigados, que não detêm a prerrogativa de foro perante esse Tribunal Regional, perante o juízo de primeira instância”.(...)

Nessa linha, não se pode admitir a subversão da decisão proferida pelo

Egrégio Supremo Tribunal Federal para que a Justiça Eleitoral seja utilizada

como uma via de “segunda chance”, em matéria de defesa. É correto o

encaminhamento de toda e qualquer ação/inquérito quando houver a

possibilidade/probabilidade de existência de indícios de crime eleitoral para

análise da competência, no entanto, é dever desta especializada rechaçar

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veementemente toda e qualquer medida, ainda que sob as vestes de exercício

do direito de defesa, que tente transformar a Justiça Eleitoral em meio

protelatório, a fim de se evitar ou retardar a aplicação da Lei Penal.

Ademais, o princípio republicano tem como um dos seus principais

aspectos a possibilidade de responsabilização dos agentes públicos. No

entanto, tal responsabilização encontra-se enfraquecida quando estamos

diante do instituto da prescrição que decorre, muitas vezes, de manobras que

visam retardar a marcha processual entre o fato e a punição que, ao fulminar

o direito de punir estatal, levam, lamentavelmente, à impunidade.

Nas ações que tramitam perante a 3ª Vara Federal de Iguaçu, verifica-

se, como regra, a tese defensiva da negativa de autoria. Ora, se se rechaça a

imputação, como se alega a existência de indícios de crime eleitoral? Não é

dado a ninguém o direto de beneficiar-se da própria torpeza. A cisão se torna

imperiosa, ainda, pelo fato de que, caso ela não se opere, mesmo diante da

fragilidade material do inquérito instaurado, possa, além de se apurar eventual

participação da investigada nos delitos praticados na denominada operação

PECÚLIO/NIPOTI, atrair, por arrastamento, um “mar” de imputações

denunciadas, em que foram asseguradas todas as garantias constitucionais,

sendo que 4 (quatro) estão com a instrução concluída e 1 (uma) encontra-se

sentenciada.

Corroborando com a possibilidade de cisão, aponta-se ao que foi

decidido pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal acerca da impossibilidade da

modificação da competência com a publicação do despacho para publicação

das alegações finais, nos seguintes termos:

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“(i) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas e

(ii)Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo", com o entendimento de que esta nova linha interpretativa deve se aplicar imediatamente aos processos em curso, com a ressalva de todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF e pelos demais juízos com base na jurisprudência anterior, conforme precedente firmado na Questão de Ordem no Inquérito 687 (Rel. Min. Sydney Sanches, j. 25.08.1999).

Tribunal Pleno, Rel. Ministro ROBERTO BARROSO, julgado em 03-05-2018)”(sem grifo no original).

Mesmo sendo uma decisão acerca da prerrogativa de foro, merecem ser

transcritos trechos do voto do Excelentíssimo Ministro Luis Roberto Barroso

que, de forma ímpar, apresenta motivos relevantes que servem, inclusive, para

justificar a cisão, com a manutenção do inquérito referente ao crime eleitoral

nesta especializada e a remessa dos outros fatos e a manutenção das ações

penais na 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu:

“De modo, Presidente, que eu estou aqui propondo que a competência, no caso de foro por prerrogativa de função, seja fixada, ou - para usar a linguagem processual técnica, em homenagem ao Ministro Luiz Fux - seja prorrogada a partir do final da instrução. Acabou a instrução do

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processo, e o Relator, seja no Supremo, seja onde for, determinou às partes que se manifestem em alegações finais, a partir desse momento, perpetuou-se a jurisdição. Se o indivíduo deixar de ser eleito, deixar o cargo, renunciar ao cargo, assumir outro cargo, a jurisdição está previamente definida, e ali ele será julgado.

(Grifei)”

“Portanto, essa é a primeira parte do meu voto e das reflexões que queria compartilhar, que é no sentido de que o sistema é ruim; o sistema funciona mau; o sistema traz desprestígio para o Supremo; o sistema traz impunidade.

E penso que a impunidade, em geral, no Brasil, decorrente de um sistema punitivo ineficiente - não apenas aqui, é preciso reconhecer, mas ineficiente de uma maneira geral - fez com que o Direito Penal perdesse, no Brasil, o seu principal papel, que é o de funcionar como prevenção geral. As pessoas não praticam crimes pelo temor, muitas vezes, de que vão sofrer uma consequência negativa. Ou alguém acha que os americanos adoram pagar tributos? Eles pagam - e aplicadamente - porque há consequências reais na hipótese de sonegação deliberada. Pois nós criamos um Direito Penal que, por ser incapaz de colher qualquer pessoa que ganhe mais de cinco salários mínimos, produziu um país de ricos delinquentes, porque as pessoas são honestas se quiserem, porque, se não quiserem, também não acontece nada. Portanto, é preciso enfrentar esse sistema naquilo que esteja ao nosso alcance.”. (Grifei)”

“Eu acho e o Ministro Celso tem defendido o que eu identificaria como uma mutação constitucional em sentido técnico, que é quando uma corte constitucional muda um entendimento consolidado, não porque o anterior fosse propriamente errado, mas porque a realidade fática mudou, ou porque a percepção social do Direito mudou, ou porque as consequências práticas

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de uma orientação jurisprudencial revelaram-se negativas. E penso que as três hipóteses que justificam a alteração de uma linha de interpretação constitucional estão presentes aqui. (Grifei)”

E aí aplicando esta orientação a todos os processos em curso, portanto, eu defendo aplicar essa nova linha de interpretação a todos os processos em curso, ressalvando todos os atos praticados e decisões proferidas até aqui, e, no caso concreto, eu estou determinando a baixa da ação penal ao juízo da 256ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em razão de o réu ter renunciado ao cargo de deputado federal, e tento em vista que a instrução processual já havia sido finalizada perante a primeira instância. Esse é o ponto importante da solução do caso concreto. O juiz de primeiro grau já estava pronto para sentenciar, porque já haviam, inclusive, sido apresentadas as razões finais. Neste momento, o réu se torna deputado, depois do final da instrução. Portanto, aplicando a proposição que enunciei ao caso concreto, ela produz a ordem de baixa para o primeiro grau de jurisdição.

Assim, valendo-se do brocardo latino de que “onde há a mesma razão,

aplica-se o mesmo direito”, é perfeitamente possível a cisão do inquérito que

busca aclarar a prática de eventual omissão em Prestação de Contas de

Campanha, com retorno dos demais fatos para a Justiça Federal, bem como a

manutenção das ações penais na vara de origem, uma vez que findada a

instrução. Além disso, INEXISTE QUALQUER PREJUÍZO. A arguição da

nulidade, conforme ventilada nas razões de recurso em habeas corpus, em que

pese a decisão prolatada refira-se à competência, é dissonante com a própria

jurisprudência do Tribunal.

Além disso, a maioria dos precedentes do Egrégio Supremo Tribunal

Federal que versam sobre o tema da reunião ou cisão envolvem a competência

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por prerrogativa de foro, de índole eminentemente constitucional. Conclui-se,

portanto, que o mesmo tratamento dado à prerrogativa de foro, deve ser

estendido à competência em razão da matéria.

Isso se deve ao fato de que se encontra sedimentado o entendimento

que as partes são obrigadas a guardar a boa-fé e a lealdade processual. Nessa

vertente, não se admite comportamento tido como contraditório, ou seja, se

houvesse um prejuízo evidente nas denúncias oferecidas, as partes deveriam

ter se insurgido no momento oportuno e, não, estrategicamente, com manifesto

intuito protelatório, a fim de tentar retardar o regular curso do processo.

Repita-se: a parte não demonstra qual o prejuízo sofrido com a cisão

do inquérito, isto é, no que está sendo prejudicada. A falta de irresignação no

momento oportuno, ainda que seja causa de nulidade absoluta, somada à não

comprovação de prejuízo é conhecida como “nulidade de algibeira”, prática

rechaçada nos tribunais superiores, nos seguintes termos:

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 173.302 (593)

ORIGEM : 173302 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PROCED. : CEARÁ RELATOR :MIN. RICARDO LEWANDOWSKI AGTE.(S) : GEOVANI

JULIÃO DE LIMA ADV.(A/S) : ROGERIO FEITOSA

CARVALHO MOTA (16686/CE) AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Não participou, deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Segunda Turma, Sessão Virtual de 23.8.2019 a 29.8.2019. Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS EXPOSTOS NA INICIAL QUE NÃO INFIRMAM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ALEGAÇÃO DE

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ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

NULIDADE OCORRIDA NO CURSO DA AÇÃO PENAL. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. UTILIZAÇÃO DO MANDAMUS COMO SUCEDÂNEO DE REVISÃO CRIMINAL. INVIBILIDADE NO CASO SOB EXAME. AS NULIDADES DOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI DEVEM SER ALEGADA NOS PRAZOS A QUE SE REFERE O ART. 406 DO CPP. INTELIGÊNICA DO ART. 571, I, DO CPP. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO (ART. 563 DO CPP). AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM DETERMINAÇÃO. I – O agravante apenas reitera os argumentos anteriormente expostos na inicial da pretensão recursal, sem, contudo, aduzir novos elementos capazes de afastar as razões expendidas na decisão agravada. II – A condenação do paciente transitou em julgado, com baixa definitiva à origem. Nesse contexto, o mandamus não pode ser utilizado como sucedâneo de revisão criminal, conforme jurisprudência uníssona do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. III – As nulidades da instrução criminal dos processos da competência do júri devem ser alegadas na primeira oportunidade a falar nos autos ou, conforme expressamente determinado no art. 571, I, do Código de Processo Penal, nos prazos a que se refere o art. 406 do mesmo Códex, sob pena de preclusão. Precedentes. IV – O entendimento desta Suprema Corte é o de que, para o reconhecimento de eventual nulidade, ainda que absoluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo. Nesse sentido, o Tribunal tem reafirmado que a demonstração de prejuízo, “a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que […] o âmbito normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans grief compreende as nulidades absolutas” (HC 85.155/SP, Rel. Min. Ellen Gracie).V – Agravo regimental a que se nega provimento. (grifei)

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(...)

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. EMBARGOS INFRINGENTES. OPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. ORDEM IMPETRADA QUASE 4 ANOS DEPOIS DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO. NULIDADE DE ALGIBEIRA. PRECLUSÃO LÓGICA. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. A jurisprudência dos Tribunais Superiores não tolera a chamada "nulidade de algibeira" - aquela que, podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa após ciência do vício, não é alegada, como estratégia, numa perspectiva de melhor conveniência futura. Observe-se que tal atitude não encontra ressonância no sistema jurídico vigente, pautado no princípio da boa-fé processual, que exige lealdade de todos os agentes processuais. Precedentes. 2. A marcha processual avança rumo à conclusão da prestação jurisdicional, sendo inconciliável com o processo penal moderno a prática de atos processuais que repristinem fases já superadas. 3. Hipótese em que se afigura presente a preclusão lógica, uma vez que passados quase quatro anos da negativa de seguimento dos embargos infringentes por extemporaneidade. 4. A alegação que o Código de Processo Civil de 2015 regulamentou a atuação cautelosa da parte (art. 218, § 4º) não serve de fundamento para conhecimento e processamento do recurso outrora apresentado extemporaneamente, não afastada a preclusão lógica, porquanto a defesa, somente após o decurso de quase 4 (anos), vem se socorrer da norma, embora publicada a Lei n. 13.105/2015 em 16/3/2015. Aplicação do art. 565 do Código de Processo Penal. 5. Ordem denegada. (HC 503.665/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 16/05/2019, DJe 21/05/2019).

(...)

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1. Não se nega que o Juízo da Vara Única da Comarca de Boqueirão/PB não andou na melhor trilha processual quando intimou o Parquet estadual para ratificar a denúncia apresentada em grau superior e não fez o mesmo em relação à defesa do acusado por força do par conditio, desprestigiando, assim, o postulado constitucional do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, inciso LV). 2. Todavia, além da arguição opportune tempore da suposta nulidade, seja ela relativa ou absoluta, a demonstração de prejuízo concreto é igualmente essencial para seu reconhecimento, de acordo com o princípio do pas de nullité sans grief, presente no art. 563 do Código de Processo Penal (v.g. AP 481 EI-ED/PA, Tribunal Pleno, de minha relatoria, DJe de 12/8/14), o que não ocorreu na espécie. [RHC 138.752, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 4-4-2017, DJE 143 de 27-4-2017.]

Reforçando a possibilidade de incidência no caso de nulidade absoluta,

vejamos a recente decisão do egrégio Superior Tribunal de Justiça:

AgRg no HABEAS CORPUS Nº 572626 - RJ (2020/0085132-0) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS AGRAVANTE : JERONIMO DE REZENDE TEIXEIRA (PRESO) ADVOGADOS : RENATA SERPA RODRIGUES NAZARIO - RJ116664 ANDERSON MOURA ROLLEMBERG - RJ107564 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EMENTA PROCESSUAL

PENAL. SÚMULA VINCULANTE N. 11/STF. USO DE ALGEMAS. NULIDADE ARGUIDA APÓS DOIS ANOS DO EXAME PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. INVIABILIDADE. PRECLUSÃO TEMPORAL. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A

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jurisprudência, tanto deste Superior Tribunal de Justiça quanto do Supremo Tribunal Federal, " em respeito à segurança jurídica e a lealdade processual, tem se orientado no sentido de que mesmo as nulidades denominadas absolutas também devem ser arguidas em momento oportuno, sujeitando-se à preclusão temporal." (AgRg no HC 527.449/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, Julgado em 27/08/2019, DJe 05/09/2019). 2. Agravo regimental desprovido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca eJoel Ilan Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 29 de abril de 2020. (Grifei).

Assim, verifica-se que a jurisprudência, tanto do Superior Tribunal de

Justiça quanto do Supremo Tribunal Federal, entende que, mesmo existentes

as nulidades denominadas absolutas, elas devem ser arguidas em momento

oportuno, sujeitando-se à preclusão temporal, assim como se exige a

comprovação de prejuízo, em consonância com o princípio “pas de nullité sans

grief”, consagrado no art. 563 do CPP e no enunciado n. 523 da Súmula do

STF.2

Determina, ainda, a cisão do presente feito a manifestação do i.

Representante do Ministério Público Eleitoral que, como sabido, é o “dominus

litis” e, por isso, sua proposição para o desmembramento do presente feito

2 Súmula 523: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o

anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

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deve ser acolhida, salvo se houvesse teratologia ou manifesta ilegalidade, o

que não é o caso no presente feito.

A doutrina, ao tratar da possibilidade de separação dos processos,

leciona que:

'Será facultativa a separação, no caso do disposto no art. 80 do CPP, quando o juiz reputar conveniente por quaisquer razões que possam tumultuar ou inviabilizar a marcha processual, tal como ocorre em processos movidos contra um número excessivo de acusados, quando a celeridade processual, imposta em razão da existência de réus presos, puder também ser afetada por quaisquer razões"3

No mesmo sentido, entabula Guilherme de Souza Nucci em seu Código

de Processo Penal Comentado que:

" Separação facultativa dos processos: tendo em vista que a conexão e a continência, como já afirmado, têm por finalidade garantir a união dos processos para uma melhor apreciação da prova pelo juiz, evitando-se decisões conflituosas, pode ocorrer a inconveniência dessa junção, seja porque torna mais difícil a fase probatória, seja pelo fato de envolver muitos réus - uns presos e outros soltos - e até por razões outras que somente o caso concreto pode determinar (...) andou bem a lei ao preceituar que fica ao critério do juiz a separação dos processos, por qualquer motivo relevante, impossível de ser previsto prévia e expressamente em lei, mas que pode conturbar mais do que auxiliar na produção das provas (...) a decisão acerca da separação é facultativa. Pode concernir

3 in Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 254

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ao magistrado condutor do feito ou ao órgão colegiado, em caso de competência originária.'4

Prevê o artigo 80 do Código de Processo que, embora haja conexão ou

continência, o Magistrado pode “facultativamente” separar os processos, quer

porque as infrações foram praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar

diferentes – possibilidade existente no presente feito; número excessivo de

acusados – possibilidade também incidente, ou diante de motivo relevante.

De todas as possibilidades, o motivo relevante apresenta-se cristalino

quando há:

a) Possível prejuízo para a celeridade processual, diante do número de

acusados e condutas imputadas:

A manutenção da investigação dos delitos que não sejam eleitorais e,

reflexamente, o arrastamento das ações penais em trâmite no Juízo da 3ª Vara

Federal de Foz do Iguaçu, conforme se verifica pelo número de denunciados,

condutas imputadas, testemunhas, incidentes, somando-se a situação de

instrução concluída e uma ação sentenciada, somente servirá para retardar

indevidamente a marcha processual. Mesmo que sejam anulados apenas os

atos de cunho decisório, sem desconsiderar-se a possibilidade de anulação de

todos os atos, faria com que esta especializada levasse meses ou até anos

para chegar à situação que se encontram atualmente as ações penais. Assim,

não se mostra conveniente a atração, pelo contrário, é de extrema

inconveniência.

4 in Nucci, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. São Paulo: Editora Revista dos

Tribunais, 2008, p. 241/242).

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A razoável duração do processo é princípio expresso consagrado pela

Constituição Federal e sua observância, no que se refere à cisão:

[...] em observância à razoável duração do processo, é recomendável que a ação penal seja desmembrada, preservando-se os princípios do juiz natural e da razoável duração do processo. Nesse sentido, colhe-se do STF: AP 336-AgR/TO, relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 10.12.2004; Inquérito 1.690, Plenário, relatado pelo Ministro Carlos Velloso; AP 351/SC, relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 17.09.2004; PET nº 2.020- QO/MG, relator o Ministro Néri da Silveira, DJ de 31.08.2001. No mesmo sentido: STF, Inq. 3.842 (Segunda Turma) e Inq. 4.130 (Plenário).5

b) Prejuízo aos próprios denunciados:

A cisão não se impõe somente no interesse da Justiça, pelo contrário,

faz com que os próprios denunciados tenham a garantia de uma resposta

rápida do Poder Judiciário sobre as suas reponsabilidades.

c) Prejuízo à Instrução:

O próprio término da instrução se mostra, por si só, motivo suficiente

para justificar o desmembramento, quiçá no caso daquela ação penal que já se

encontra sentenciada, achando óbice no Enunciado da Súmula 235 do Egrégio

Superior Tribunal de Justiça.

d) Inexistência de óbice legal:

5 Questão de Ordem na APn nº 885/DF, STJ, Corte Especial, unânime, rel. Min. Herman Benjamin, julgado

em 15.08.2018, publicado no DJ em 28.08.2018

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Se não há vedação legal à possibilidade de desmembramento do feito,

com mais razão ele deve ocorrer quando há comunhão com o entendimento

do Ministério Público Eleitoral. A separação, conforme largamente justificada

no corpo da presente decisão, opera-se, também, por razões de ordem prática,

decorrentes das circunstâncias concretas do presente caso. Isso se deve ao

fato de que as ações penais, que se dizem conexas, 5000507-

71.2017.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002, 5015353-

25.2019.4.04.7002, 5001254-21.2017.4.04.7002, 5013167-

29.2019.4.04.7002, encontram-se assim sintetizadas:

- ação 5000507-71.2017.4.04.7002 atualmente com 19.817 eventos,

interrogado 98 réus, sendo 13 deles colaboradores, ouvidas 11 testemunhas

de acusação e 278 testemunhas de defesa, instrução concluída

(aguardando apresentação de memoriais pelas defesas.

- ação 5010210-55.2019.4.04.7002 atualmente com 16561 eventos,

interrogado 4 réus, sendo 1 colaborador, instrução concluída, aguardando

análise dos pedidos formulados na fase do art. 402 do CPP.

- ação 5015353-25.2019.4.04.7002 atualmente com 1585 eventos,

interrogado 1 réu, ouvidas 176 testemunhas defesa/acusação, instrução

concluída, aguardando a deliberação de acesso a documentos e

apresentação de memoriais pela defesa.

- ação 5001254-21.2017.4.04.7002 atualmente com 1570 eventos,

interrogado 1 réu (Reni Clovis de Souza Pereira), ouvidas 176 testemunhas

de defesa/acusação, sentenciado, aguardando a análise de embargos de

declaração e admissibilidade de apelação.

- ação 5013167-29.2019.4.04.7002 atualmente com 17735 eventos,

interrogado 98 réus, 11 testemunhas de acusação, 278 testemunhas de

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defesa, 13 colaboradores, instrução concluída, aguarda apresentação de

memoriais pela defesa.

Somente a quantidade de denunciados, testemunhas, fatos imputados

e a fase processual já constituem razão mais do que suficiente para autorizar

a cisão do presente feito. Além disso, não se pode deixar ao talante da parte a

criação de obstáculos que impeçam ou atrapalhem a efetiva, célere e

adequada prestação jurisdicional.

A doutrina manifesta-se sobre a possibilidade de cisão, nos seguintes

termos:

“Como se observa do entendimento jurisprudencial, a parte final do artigo 80 do CPP, autoriza que o julgador proceda a separação dos processos quando perceba que eventual reunião promova efeitos prejudiciais e nocivos a aplicação jurisdicional.

No caso em tela, a plausibilidade do desmembramento se justifica por inúmeros motivos, quais sejam: a) encerramento da instrução processual quanto aos crimes anteriores; b) complexidade das ações anteriores e excessivo número de réus; c) Independência e autonomia dos crimes anteriores em relação ao eventual crime eleitoral a ser investigado, e consequentemente, inexistência de conflito entre absolvição ou condenação dos crimes anteriores sobre o suposto crime eleitoral, e esse em relação aos crimes anteriores denunciados ou sentenciados; d) reunião dos procedimentos/ações penais ao suposto crime eleitoral culminaria em evidente tumulto

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processual, proporcionando eventuais prescrições dos crimes anteriores.”6 (grifei).

Nos mesmos termos, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

“(...) A conexão e a continência têm como finalidade garantir a união dos processos de forma a propiciar ao julgador uma melhor visão do quadro probatório, permitindo-lhe entregar a melhor prestação jurisdicional e evitando-se, com isso, a existência de decisões conflituosas. Ocorre que essa junção nem sempre pode ser conveniente, tornando até mesmo mais difícil a fase probatória, como o fato de envolver muitos réus ou por razões outras que somente o caso concreto pode determinar. (...) Na hipótese, a decisão de desmembramento do feito em relação ao delito tipificado no art. 92, da Lei de Licitações, restou devidamente justificada pelo Juiz, com amparo na parte final do art. 80, do Código de Processo Penal, diante do encerramento da instrução quanto ao referido crime, bem como em face da proximidade da ocorrência da prescrição. Precedentes desta Corte. Recurso desprovido”. (STJ, 5ª Turma, RHC 18.522/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, DJ 06/08/2007 p. 538).

Ademais, a cisão deve ser a regra. O próprio Egrégio Supremo Tribunal

Federal, em decisão plenária, ao julgar o Agravo Regimental no inquérito nº

3515, de 13.02.2014 criou um precedente cristalino no sentido de que,

havendo, em tese, conexão ou continência subjetivas, a regra será a cisão

processual, a ser realizada pelo órgão jurisdicional prevalente. Ou seja: a

6 LIMA, Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal Comentado. Salvador-Bahia: JusPODIVM, 2019,

p.306.

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reunião ocorrerá somente em situações excepcionais, o que não é o caso dos

presentes autos.

Além disso, os seguintes excertos do Egrégio Supremo Tribunal Federal

demostram que a regra é a cisão:

“além de inexistir demonstração objetiva de prejuízo concreto e real na cisão do processo, a análise do titular da ação penal foi conclusiva no sentido da autonomia entre as condutas em tese praticadas pelo denunciado e pelos demais investigados [...]”.7

[...]

“a cisão processual deve ser a regra, afastada apenas nos casos em que a imbricação entre os fatos revelar intensidade tamanha a acarretar prejuízo ao deslinde processual” 8

Por mais que haja vozes contrárias à acertada decisão proferida pelo

Egrégio Supremo Tribunal Federal na fixação da competência da Justiça

Eleitoral para julgamento dos crimes conexos, é certo que esta Justiça

Especializada tem todas as condições para processar e julgar os feitos que lhe

sejam submetidos. Não existe melhor ou pior ramo do Poder Judiciário,

não há hierarquização no plano horizontal, o que há é uma divisão de

competência. Os Juízes Eleitorais de primeira instância são Juízes

pertencentes aos quadros do Poder Judiciário Estadual que atuam nesse ramo

7 Terceiro Agravo Regimental no Inquérito nº 4.146/DF, STF, Tribunal Pleno, rel. Min. Teori Zavascki, julgado

em 22.06.2016, publicado no DJ em 04.10.2016.

8 Agravo Regimental na Petição nº 6.212/DF, STF, 2ª Turma, unânime, rel. Min. Edson Fachin, julgado em

05.04.2018, publicado no DJ em 16.05.2018.

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especializado por meio de delegação e, quando assim o fazem, não deixam

seu senso de dever e de Justiça em seus gabinetes no fórum estadual, pelo

contrário, trazem consigo e aplicam aos casos que lhes sejam apresentados.

Por fim, nos termos do i. parecer do Ministério Público Eleitoral,

entendo que não há necessidade de investigação conjunta do crime eleitoral e

dos crimes comuns veiculados no presente inquérito, até porque, nessa fase

procedimental, nas palavras de Aury Lopes Junior:

“o juiz mantêm-se afastado da investigação

preliminar – como autêntico garantidor -, limitando-se a exercer o controle formal da prisão em flagrante e autorizar aquelas medidas restritivas de direitos (cautelares, busca e apreensão, interceptações telefônicas etc). O alheamento é uma importante garantia de imparcialidade e, apesar de existirem alguns dispositivos que permitam a atuação de ofício, os juízes devem condicionar sua atuação à prévia invocação do MP, da própria polícia ou do sujeito passivo. O juiz não orienta a investigação policial e tampouco presencia seus atos, mantendo uma postura totalmente suprapartes e alheia à atividade policial. No sistema brasileiro, o juiz não investiga nada, não existe a figura do juiz instrutor e por isso mesmo não existe a distinção entre instrutor e julgador ... a intervenção do órgão jurisdicional é contingente e excepcional. Isso porque o inquérito policial pode iniciar, desenvolve-se e ser concluído sem a intervenção do juiz. Não é um sujeito necessário na fase pré-processual e será chamado quando a excepcionalidade do ato exigir a autorização ou controle jurisdicional...”9

9 LOPES Jr. Aury – Direito Processual Penal, 15ª edição, SaraivaJur

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DO REQUERIMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

SOLICITANDO O COMPARTILHAMENTO DE PROVAS.

Trata-se de ofício encaminhado pelo Ministério Público Federal atuante

no Município de Foz do Iguaçu/PR requerendo o compartilhamento de provas

produzidas na denominada operação Pecúlio/Nipoti, encartadas nos inquéritos

policiais, interceptações telefônicas, quebra de sigilo bancário e fiscais, bem

como nas ações penais originadas, incluindo-se ações penais n° 5005325-

03.2016.404.7002, 5000507-71.2017.404.7002, 5001254-21.2017.404.7002,

seus respectivos desmembramentos e apensos, incluído o presente inquérito.

O requerente esclarece que o requerimento de compartilhamento de

provas visa instruir a instauração de inquéritos civis e propositura de

ações cíveis de improbidade administrativa, por enriquecimento ilícito, dano

ao erário e violação de princípios da administração pública contra os

denunciados e terceiros relacionados.

Pondera o requerente que a jurisprudência pátria tem admitido o

compartilhamento de provas e que o Ministério Público Federal mantém a

competência para fins cíveis, independentemente da análise da competência

das ações penais conexas ao presente inquérito.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal tem admitido reiteradamente

pela admissibilidade do compartilhamento de provas obtidas mediante o

afastamento dos sigilos das comunicações, fiscal e bancário, para instruir

investigações conexas em que haja envolvimento das mesmas pessoas com

condutas ilícitas.

Nesse sentido:

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PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos. (Inq 2424 QO, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2007).

Além disso, é admissível o seu compartilhamento com outras esferas

(civis ou administrativas), em investigações que envolvam as mesmas pessoas

ou mesmos fatos conexos que possam ser aproveitados fora da esfera criminal.

No mesmo sentido, o entendimento das Turmas do Superior Tribunal de

Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PROCESSO PENAL. PROVA PRODUZIDA EM AÇÃO PENAL EMPRESTADA PARA INSTRUÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL CIVIL. POSSIBILIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO VIOLADO. INEXISTÊNCIA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (...) 2. A autorização de compartilhamento de prova obtida em ação penal para fins de instrução de inquérito civil público que investiga os mesmos fatos não importa em ofensa a direito líquido e certo do investigado. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no RMS 44.825/MT, Rel.

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Ministra Maria Thereza De Assis Moura, 6ª T., julgado em 11/03/2014).

Embora admissível o compartilhamento das provas obtidas, as mesmas

possuem um caráter restritivo, face a envergadura do direito constitucional

protegido.

No presente caso, consoante a necessidade de compartilhamento de

provas que possam em tese instruir a instauração de inquéritos civis e

propositura de ações cíveis de improbidade administrativa, é cabível o

compartilhamento das provas conforme fundamento declinado no ofício

ministerial.

Ante ao exposto, defiro o compartilhamento requerido pelo Ministério

Público Federal, nos limites da competência aqui fixada (crime eleitoral e

eventuais crimes diretamente conexos que decorrerem do aprofundamento

investigativo deste inquérito).

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DA MANIFESTAÇÃO APRESENTADA PELO

INTERESSADO RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

(DOC. 1329241)

O interessado, nessa qualidade por requerimento e deferimento deste

Magistrado, após a apresentação da manifestação pelo Ministério Público

Eleitoral, apresentou suas considerações no sentido de que a análise

empreendida pelo Parquet Eleitoral não ocorreu de forma satisfatória, não

englobando o conjunto dos autos remetidos o que, por sua vez, impossibilita-o

de se pronunciar.

Informa que como o Egrégio Superior Tribunal de Justiça reconheceu,

desde o início das investigações que havia indícios de crime eleitoral e, por

consequência lógica, tal entendimento deveria ser aplicado aos autos

originados a partir do presente inquérito, quais sejam: ações penais nº

5001254-21.2017.4.04.7002 e 5000507-71.2017.4.04.7002 e demais feitos

correlatos; que a decisão da corte utiliza como principal fundamento a

finalidade eleitoral existente nos relatos prestados por colaboradores

premiados que foram utilizados para a proposição de denúncias; que o

magistrado reconheceu a indissociabilidade do inquérito e das ações penais e,

por isso, encaminhou cópia dos procedimentos criminais a esta Justiça

Especializada.

Ressalta que essa decisão foi exarada durante a análise pelo Ministério

Público Eleitoral do presente inquérito, o que poderia ter provocado certa

divergência acerca do objeto sobre o qual deveria recair sua manifestação,

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levando-o a não se manifestar acerca da cisão das ações penais. A fim de

prestar esclarecimentos, coleciona trechos ainda em fase de investigação,

informando a necessidade de manifestação sobre as demais imputações que

fazem parte da Operação Pecúlio/Nipoti, bem como sobre o crime de

organização criminosa no seio da prefeitura municipal, que não poderia ser

dissociado dos eventuais crimes eleitorais que pretende apurar, uma vez que

não fosse a existência do delito tipificado no art. 2º da Lei 12.850/2013, a

competência para apreciação da competência seria da circunscrição de Foz do

Iguaçu/PR, e não de Curitiba.

Por fim, alega que a decisão de desmembramento deve levar em

consideração mais do que a independência entre os crimes de corrupção ativa

e passiva e o de falsidade ideológica eleitoral, pois nas afirmações feitas pelos

réus colaboradores, o contexto eleitoral foi utilizado de maneira a dar

credibilidade aos relatos dos delatores e, uma vez demonstrada a total

improcedência desse contexto fático imaginário, deve haver consequências

graves para aqueles que faltarem com a verdade. Nessa linha, requer que o

Ministério Público Eleitoral apresente nova manifestação, antes de emitir seu

parecer sobre eventual cisão dos feitos, e concessão de novo prazo para

considerações.

De início deve-se deixar claro a importância, consagrados

constitucionalmente, dos princípios do contraditório e da ampla defesa, com

fundamental e obrigatória observância num Estado que se diga Democrático

de Direito. Assegurar às partes esses direitos é obrigação do poder Judiciário.

Quando se é parte, outra opção não há e, mesmo não sendo parte, mas

requerendo seu ingresso, o Juiz, analisando o pedido, defere ou indefere. Essa

é a regra inafastável prevista para os processos Judiciais e administrativos.

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No que tange ao inquérito policial, por se tratar de procedimento

administrativo, com objetivo de lastrear eventual denúncia pelo titular da ação

penal, nada impede, antes aconselha, que, havendo requerimento de

habilitação nesse procedimento e não havendo nenhum prejuízo, seja deferido

seu ingresso, o que, de fato, aqui ocorreu. No entanto, essa qualidade deve

observar os regramentos próprios dessa fase procedimental, ou seja, não

podemos desbordar dos seus limites para transformá-lo, de forma oblíqua, num

verdadeiro procedimento comum.

Não assiste razão ao interessado quando informa que a análise

empreendida pelo Parquet Eleitoral não ocorreu de forma satisfatória, eis não

englobou o conjunto dos autos remetidos, impossibilitando-o de se pronunciar,

isso porque o fato principal, que fora objeto de manifestação, ocorreu por força

da decisão proferida pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça em sede

Recurso de Habeas Corpus, ou seja, é o inquérito nº 0600001-

76.2020.6.16.0002, nada além dele. Verifica-se que o Magistrado Federal

encaminhou o ofício nº 700008007810, ante a provocação do interessado,

autuado como petição administrativa sob nº 0600003-43.2020.6.16.0003,

apensada aos autos de inquérito, no qual solicitou que fosse decidida, com a

máxima urgência, acerca da existência de indicativos da prática de crimes

eleitorais, sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto com os crimes

comuns objeto da operação Pecúlio/ Nipoti, bem como sobre eventual

manutenção de parte da investigação dos fatos na Justiça Federal, tudo em

conformidade com aquilo que restou decidido na referida corte.

Trata-se, portanto, de requisição de informações acerca da sorte do

presente inquérito. Para tanto, em conduta louvável, encaminhou as chaves de

acesso das ações penais referentes às mencionadas operações, a fim de

subsidiar a presente decisão. Em capítulo próprio, foram esmiuçadas todas as

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condutas típicas e suas devidas considerações. Além disso, é princípio basilar

de que o Juiz é competente para analisar a sua competência. Assim, o

Ministério Público Eleitoral manifestou-se dentro dos limites do que acha

correto, ou seja, que é desnecessário o julgamento conjunto dos crimes

eleitorais e dos demais crimes comuns, ainda que haja alguma conexão.

Por sua vez, o interessado menciona que o Superior Tribunal de Justiça

reconheceu que, desde o início das investigações, havia a existência de

indícios de crime eleitoral e que, segundo essa lógica, deveria ser aplicado o

mesmo entendimento às ações penais nº 5001254-21.2017.4.04.7002 e

5000507-71.2017.4.04.7002. Se por um lado o Superior Tribunal de Justiça

menciona os indícios, por outro ele não fixou a competência para processo

e julgamento na Justiça Eleitoral, pelo contrário, deu a possibilidade desta

especializada decidir sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto e

sobre a eventual remessa de parte da investigação para processamento na

Justiça Federal, nos termos do art. 80 do Código de Processo Penal e, como

exaustivamente demonstrado no presente inquérito, a cisão é medida que se

impõe. Assim, as ações penais continuarão a tramitar na 3ª Vara Federal de

Foz do Iguaçu/PR.

Ainda, pela lógica, reproduzimos o argumento da defesa na resposta à

acusação na ação penal 5000507-71.2017.4.04.7002 com o seguinte teor

(Evento 890, pág. 18):

2.35. Excelência, nos itens 4.1., 4.2., 4.3., 4.4. e 4.5. da exordial acusatória, a imputação é semelhante e a conclusão a mesma: inexistem outras provas a corroborar a acusação senão o depoimento de Melquizedeque, colaborador cuja credibilidade é insuficiente para amparar tal acusação.2.36. Importante ressaltar que a palavra do delator é o único indício em que se apoia a narrativa ministerial, sendo insuficiente para

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subsidiar a acusação. Nas palavras de MORO “Diante da reduzida confiabilidade da palavra de um criminoso, a regra número um é assim denominada ‘regra da corroboração’. O depoimento do delator deve encontrar apoio em provas independentes. Não havendo estas, não se justifica condenação e, rigorosamente, nem sequer a acusação” (grifo nosso).9. Mais recentemente citado autor, reforça este entendimento: “Criminosos não tornam-se automaticamente confiáveis por terem decidido colaborar com a Justiça. O que nos move não é, em regra, arrependimento sincero, mas os benefícios que pretendem alcançar. Assim, tudo o que um criminoso disser como testemunha tem que encontrar prova de corroboração.”10.2.37. Do exposto se conclui pela inépcia da denúncia e inexistência de justa causa e, isto é, de indícios mínimos suficientes para corroborar as alegações feitas pelo Parquet, sendo imperiosa a sua rejeição.

Foram arroladas 154 testemunhas e foi requerida a rejeição da

denúncia, sem, no entanto, haver questionamento sobre a competência da

Justiça Eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Na ação nº 5001254-21.2017.4.04.7002, na defesa prévia (Evento 76,

pag. 23/24), o interessado, ao arrolar 139 testemunhas requereu:

“a) o reconhecimento da incompetência deste E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região para processamento e julgamento do feito, com a consequente declinação do feito à Justiça Estadual; b) a rejeição da peça acusatória, com fulcro no artigo 395, I e III, CPP e, deste modo, não seja recebida a exordial acusatória (ainda que parcialmente) ante sua manifesta inépcia e ausência de justa causa;

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c) ou ainda, a absolvição sumária do acusado RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, forte no artigo 397, inciso III, CPP, eis que os fatos narrados e os indícios coletados na fase preliminar não indicam o cometimento de crimes;”( grifei)

Além de requerer o deslocamento do feito para a JUSTIÇA ESTADUAL,

defende a atipicidade das condutas imputadas. Assim, se há a negativa de

autoria, como defende a possível existência de crime eleitoral? Ao que parece,

não existe lógica alguma.

O interessado alega que a expedição de ofício pela 3ª Vara Federal de

Foz do Iguaçu que encaminhou as chaves de acesso poderia ter provocado

certa divergência acerca do objeto sobre o qual deveria recair a manifestação

ministerial, deixando-o de se pronunciar efetivamente acerca da cisão das

ações penais e de alguns de seus tópicos delitivos. No entanto, o Ministério,

ao proferir manifestação na Petição autuada em razão do encaminhamento do

ofício assim o fez:

“Ora, da detida análise das ações penais nº 5000507-71.2015015353-25.2019.4.04.7002,5001254- 21.2017.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04-70027.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002, em trâmite na Justiça Federal, verifica-se que os fatos narrados nas denúncias respectivas não se amoldam a nenhum crime afeta a essa Justiça Especializada, tratando-se de crimes comuns e independentes da comprovação de eventual crime eleitoral, no caso, falsidade ideológica eleitoral (art. 350 do Código Eleitoral).” (grifei)

Ainda:

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

“Com efeito, nas Ações Penais nº 5000507-71.2017.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04.7002, em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR, foram denunciados diversos réus pela prática de crimes previstos na Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13), no Código Penal (Corrupção passiva - art. 317 e corrupção ativa - art. 333) e na Lei de Licitações (Lei 8.666/93). Já nas Ações Penais nº 5015353-25.2019.4.04.7002 e 5001254-21.2017.4.04.7002, também em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR, além dos crimes de corrupção, crimes da Lei de Licitações e da Lei de Organizações Criminosas, foram imputados aos denunciados Crimes de Responsabilidade (previstos no DL 201/67, Lei 1.079/50 e Lei 5.249/67), peculato (art. 312, caput e § 1º do Código Penal) e crime de usurpação de função pública (art. 328 do Código Penal). Assim, verifica-se que não se imputou aos réus a prática de qualquer infração eleitoral, sendo que as denúncias elaboradas nas ações penais antes mencionadas não se referem, mesmo que de maneira indireta, à prática de algum crime dessa natureza.” (Grifei)

Alegou, ainda, que os parcos indícios advindos das declarações feitas

pelos réus colaboradores serão objeto de investigação nesta Justiça Eleitoral.

Portanto, verifica-se que houve tanto o conhecimento das mencionadas ações,

quanto manifestação sobre elas, inclusive demonstrando coerência com aquilo

que defendeu em sede de inquérito.

Não compete ao Poder Judiciário exercer atividade fiscalizatória sobre

as manifestações do Ministério Público, até porque a própria Constituição

consagra sua autonomia funcional. Portanto, descabe determinar o conteúdo

ou de que forma deve ser realizada uma manifestação. Ademais, quem delimita

o objeto da investigação é o Parquet, não sendo tarefa nem do investigado,

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muito menos do interessado. O que cabe é o acolhimento ou não da

manifestação, o que deve ser feito sempre de forma fundamentada e aplicando,

em caso de discordância, as previsões legais existentes. Cumpre-me frisar

que, como a análise da competência é questão de ordem pública, a decisão

pode ser proferida inclusive de ofício. Para tanto, as ações penais informadas

pelo Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu foram objeto de detida análise

no corpo da presente decisão.

Sobre a falta de manifestação sobre a imputação de crime de

organização criminosa que, segundo o interessado, não se dissocia de

eventuais crimes eleitorais que pretende apurar com as diligências requeridas

pelo Ministério Público Eleitoral, o que, inclusive, faria com que a competência

fosse da circunscrição de Foz do Iguaçu, e não de Curitiba, tal alegação não

merece prosperar. Isso porque a Resolução que efetivou a especialização,

prevê o seguinte:

“Art. 1º Especializar as 2ª e 3º Zonas Eleitorais de Curitiba para processar e jugar, no âmbito da Justiça Eleitoral do Estado do Paraná, os crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores e aqueles praticados por organizações criminosas, tais como definidos pelas Leis nº 7492/86, 9613/98 e 12850/12, bem como para apreciar pedidos de colaboração premiada e de cooperação jurídica em matéria penal, conexos aos crimes eleitorais”.

Verifica-se que as condutas conexas aos crimes eleitorais não se

restringem ao crime de organização criminosa. Por outro lado, assiste razão ao

interessado quando diz que poderá vir a ser competente a circunscrição de Foz

do Iguaçu, uma vez que na fase embrionária que se encontra o inquérito, há

imensa dificuldade, até pela ausência de base empírica veiculada pelos

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colaboradores, de se identificar um crime eleitoral propriamente dito. No

entanto, em observância ao princípio acusatório, a quem cabe ou não efetivar

tal afirmação é ao titular da ação penal. Caso o Ministério Público entenda pela

inexistência dos crimes conexos elencados na mencionada Resolução, os

autos serão remetidos à Zona Eleitoral competente. Tudo dependerá do

deslinde do presente inquérito.

Por fim, o interessado diz que a decisão deve levar em consideração

mais do que a independência entre os crimes de corrupção ativa e passiva e o

crime de falsidade ideológica eleitoral, isso porque quando se tratam das

afirmações feitas pelos réus colaboradores que, provando-se equivocadas,

geram absolvição do imputado e não geram qualquer consequência para o

acusador.

Nessa linha, informa que o contexto eleitoral foi utilizado para dar

credibilidade ao relato dos colaboradores. De início, pode-se dizer que não

foi o contexto eleitoral que deu essa credibilidade, mas, sim a própria

investigada que provocou o Poder Judiciário, com o intuito de deslocar a

competência para o processo e o julgamento do presente inquérito. A narrativa

do colaborador, muitas vezes, pode ser prestar, com a devida corroboração,

para lastrear uma denúncia e em outros casos não. A colaboração não é

indivisa. No campo eleitoral, à mingua de elementos fáticos, anda bem o

Ministério Público quando requer a reinquirição dos colaboradores para que

informem se possuem elementos concretos ou outras informações que

comprovem a destinação dos recursos ilícitos à campanha eleitoral da

investigada em 2014. Isso vai ao encontro do que requer o próprio interessado.

Resta, no entanto, deixar consignado que essa verificação ocorrerá em relação

às menções de cunho eleitoral, não se perquirindo de outras condutas que,

inclusive, foram objeto de denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal.

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Assim, se comprovada a inveracidade, o Ministério Público Eleitoral certamente

tomará as providências que entender cabíveis.

Diante disso, indefiro o pedido de remessa do presente feito ao

Ministério Público Eleitoral, uma vez que já apresentada sua manifestação

e, por consequência, indefiro o pedido para apresentação das

considerações pela defesa.

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DA MANIFESTAÇÃO APRESENTADA PELO

INTERESSADO RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

(DOC. 1433295)

O interessado, ao tomar conhecimento da expedição do ofício nº

03/2020 deste Juízo, onde foram solicitados o encaminhamento de peças

referentes às ações penais 5000507-71.2015015353-25.2019.4.04.7002,

5001254-21.2017.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04-70027.4.04.7002,

5010210-55.2019.4.04.7002 ao Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR,

ressaltou que as denúncias oferecidas no âmbito da Operação Pecúlio/Nipoti

tiveram como principal subsídio acordos de colaboração premiada que

totalizam, até o presente momento, 16 ( dezesseis) réus colaboradores e que

algumas colaborações foram firmadas após o encerramento da instrução

criminal, o que motivou a sua reabertura, e cujo teor descreve supostas

ilicitudes afetas ao âmbito eleitoral.

Informa, ainda, ter sido justamente o conteúdo dessas delações um dos

principais fatores a conduzir o Egrégio Superior Tribunal de Justiça a

determinar a remessa do inquérito que deu origem à operação, bem como aos

procedimentos a ele relacionados à Justiça Eleitoral, o que demonstra sua

importância à análise do feito. Ao intuito de contribuir para melhor análise do

Ministério Público Eleitoral e por este Juízo, especifica as seguintes

colaborações premiadas firmadas:

5034157-03.2016.4.04.0000-Reginaldo Sobrinho

5035698-71.2016.4.04.0000-Rodrigo Becker

5031149-18.2016.4.04.0000-Girnei de Azevedo

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JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

5035023-11.2016.4.04.0000-Euclides de Barros

5021652-77.2016.4.04.0000-Nilton Beckers

5021763-61.2016.4.04.0000-Vilson Sperfeld

5021775-75.2016.4.04.0000-Fernando Bijari

5021921-19.2016.4.04.0000-Edson Queiroz

5024619-95.2016.4.04.0000-Aires Silva

5047454-43.2017.4.04.0000-Inácio Colombelli

5006559-83.2017.4.04.7002-Luiz Penzin

5040596-30.2016.4.04.0000-Carlos Budel

5048527-84.2016.4.04.0000-Charles Bortollo

5046508-03.2019.4.04.0000-Melquizedeque Souza

Paulo Gustavo Gorski

Paulo Trento Gorski

Requer, por fim, abertura de nova vista ao Ministério Público, nos termos

da manifestação defensiva anterior, encartada no movimento 1329241.

Se o conteúdo das mencionadas colaborações foram um dos principais

fatores da remessa do presente inquérito, elas foram objeto de análise por

parte do Ministério Público Eleitoral, uma vez que a decisão do Egrégio

Superior Tribunal de Justiça, que é de seu conhecimento, foi cristalina tanto na

sua fundamentação, quanto na delimitação do objeto a ser analisado por parte

desta Justiça Eleitoral, elencando, inclusive, alternativas para decisão, quais

sejam: sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto e sobre a eventual

remessa de parte da investigação para processamento na Justiça Federal, nos

termos do art. 80 do Código de Processo Penal.

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Resta deixar consignado que, ao contrário do que afirma o interessado,

o presente inquérito não deu origem à operação, mas, sim, decorre de uma

cisão para investigar a “em tese” possível participação da investigada nas

operações Pecúlio/Nipoti.

Ademais, repita-se, não compete ao Poder Judiciário exercer atividade

fiscalizatória sobre as manifestações do Ministério Público, até porque a própria

Constituição consagra sua autonomia funcional. Portanto, descabe determinar

o conteúdo ou de que forma deve ser realizada uma manifestação. De outro

vértice, se o membro do Parquet Eleitoral precisasse de alguma peça,

documento ou decisão, antes de apresentar sua manifestação, ele o teria

requerido, o que não foi o caso nos presentes autos.

Diante disso, indefiro o pedido de remessa do presente feito ao

Ministério Público Eleitoral, uma vez que já apresentada sua

manifestação.

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DA MANIFESTAÇÃO APRESENTADA PELO

INTERESSADO ROBERTO FLORIANI (DOC.2355254)

O interessado, nessa qualidade por requerimento e deferimento deste

Magistrado, requereu prazo para se manifestar. Preliminarmente, resta deixar

consignado que a afirmação de que “a competência, por ser questão de ordem

pública, pode ser conhecida de ofício” foi lançada na mesma decisão que foi

facultada sua manifestação e, em relação à incidência do artigo 10 do Código

de Processo Civil, verifica-se que o dispositivo é claro quando fala em “parte”,

qualidade esta que não ostenta o ora peticionante.

O peticionário informa que, com base na decisão proferida pelo E.

Superior Tribunal de Justiça no RHC 116.663/PR, o Juízo da 3ª Vara Federal

de Foz do Iguaçu/PR determinou que esta Justiça Especializada se manifeste

acerca de sua competência para condução do presente inquérito e demais

feitos derivados da Operação Péculio/Nipoti.

Alega que a decisão do E. Superior Tribunal de Justiça, com base nos

elementos presentes no inquérito, entendeu que, em tese, haveria indícios da

prática do chamado “caixa 2”, para financiar a campanha da investigada ao

cargo de Deputada Estadual, conexo com os crimes objeto das mencionadas

operações e, nesses termos - mencionando dispositivos constitucionais e

legais, doutrina, bem como decisões proferidas pelo E. Superior Tribunal de

Justiça e E. Supremo Tribunal Federal afetas ao tema - requer a fixação da

competência desta Justiça Especializada para o processo e o julgamento da

ação penal nº 5000507-71.2017.4.04.7002, do Juízo da 3ª Vara Federal de Foz

do Iguaçu.

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E o faz, ao argumento de que a conexão do suposto crime eleitoral com

os supostos crimes de competência da Justiça Federal deve ser verificada no

contexto de todos os feitos da já mencionada operação, observando que o

Ministério Público Eleitoral restringiu-se à análise dàs colaborações juntadas

neste inquérito. Reforça, ainda, que na ação penal nº 5000507-

71.2017.4.04.7002, onde o ora peticionário figura como denunciado, há vários

elementos de grande relevância para resolução da questão.

Por fim, com base na decisão do E. STJ, manifesta-se pela

impossibilidade da separação processual postulada pelo Ministério Público

Eleitoral, uma vez que tal decisão projetou efeitos para todos os expedientes e

processos que integram a operação Pecúlio/Nipoti, requerendo que seja fixada

nesta Justiça Especializada a competência para processar e julgar a ação

penal nº 5000507-71.2017.4.04.7002, do Juízo da 3ª Vara Federal de Foz do

Iguaçu.

É o relatório necessário.

É de conhecimento deste Magistrado o inteiro teor da decisão proferida

pelo E. Supremo Tribunal Federal no Inq. 4435, bem como da decisão em sede

de RHC nº 116.663/PR do E. Superior Tribunal de Justiça. Nesta, é importante

frisar, no que se refere à delimitação do objeto a ser analisado por parte desta

Justiça Eleitoral, elencando, inclusive, alternativas para decisão, quais sejam:

sobre a necessidade ou não de julgamento conjunto e sobre a eventual

remessa de parte da investigação para processamento na Justiça Federal,

nos termos do art. 80 do Código de Processo Penal.

Ao contrário do que informa o interessado, de que Ministério Público

Eleitoral restringiu-se à análise das colaborações juntadas neste inquérito,

houve, sim, análise das ações penais oriundas do Juízo da 3ª Vara de Foz do

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Iguaçu, e essa manifestação foi apresentada no ofício encaminhado pelo

mencionado Juízo, autuado como Petição e apensada ao presente inquérito,

nos seguintes termos:

“Ora, da detida análise das ações penais nº 5000507-71.2015015353-25.2019.4.04.7002,5001254- 21.2017.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04-70027.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002, em trâmite na Justiça Federal, verifica-se que os fatos narrados nas denúncias respectivas não se amoldam a nenhum crime afeta a essa Justiça Especializada, tratando-se de crimes comuns e independentes da comprovação de eventual crime eleitoral, no caso, falsidade ideológica eleitoral (art. 350 do Código Eleitoral).” (grifei)

Ainda:

“Com efeito, nas Ações Penais nº 5000507-71.2017.4.04.7002, 5010210-55.2019.4.04.7002 e 5013167-29.2019.4.04.7002, em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR, foram denunciados diversos réus pela prática de crimes previstos na Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13), no Código Penal (Corrupção passiva - art. 317 e corrupção ativa - art. 333) e na Lei de Licitações (Lei 8.666/93). Já nas Ações Penais nº 5015353-25.2019.4.04.7002 e 5001254-21.2017.4.04.7002, também em trâmite na 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu/PR, além dos crimes de corrupção, crimes da Lei de Licitações e da Lei de Organizações Criminosas, foram imputados aos denunciados Crimes de Responsabilidade (previstos no DL 201/67, Lei 1.079/50 e Lei 5.249/67), peculato (art. 312, caput e § 1º do Código Penal) e crime de usurpação de função pública (art. 328 do Código Penal). Assim, verifica-se que não se imputou aos réus a prática de qualquer infração eleitoral, sendo que as denúncias elaboradas nas ações penais antes

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mencionadas não se referem, mesmo que de maneira indireta, à prática de algum crime dessa natureza.” (Grifei)

Alegou, ainda, que os parcos indícios advindos das declarações feitas

pelos réus colaboradores serão objeto de investigação nesta Justiça Eleitoral.

Portanto, verifica-se que houve tanto o conhecimento das mencionadas ações,

quanto manifestação sobre elas, inclusive demonstrando coerência com aquilo

que defendeu em sede de inquérito.

Sobre a credibilidade da colaboração, o ora interessado, conforme

trechos extraídos na defesa, na 22, do evento 903 da Ação Penal ação penal

nº 5000507-71.2017.4.04.7002, assim se manifestou:

"Ao contrário do alegado pelo Ministério Público Federal no oferecimento da denúncia contra o ora Peticionário, não há nem sequer sombra da materialidade delitiva, havendo apenas as declarações do colaborador a embasar a – indevida – acusação contra ele formulada.”

(...)

Nota-se que o órgão acusador não se preocupou em produzir nenhuma outra diligência apta a comprovar a alegada participação do acusado no fato objeto da imputação: apresentou a denúncia contra o Peticionário apenas e tão somente com base na delação premiada de MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, carecendo, assim, de justa causa como condição para o regular exercício da ação penal."

No entanto, e ao encontro do que busca o interessado, foram

analisadas, no corpo da decisão do presente inquérito, todas a condutas

imputadas nas ações penais suspensas, oriundas do Juízo da 3ª Vara Federal

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de Foz do Iguaçu/PR referentes à operação Pecúlio/Nipoti, inclusive a referente

ao ora interessado, nos seguintes termos:

“Fato 12.10 – Dos Crimes do art. 317 e 333 do CP – (RENI PEREIRA - PPP) - Denunciados: RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA, ROBERTO FLORIANI CARVALHO e EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR

Em síntese narra a denúncia que entre o final de 2014 e meados de 2015, o denunciado RENI CLOVIS DE SOUZA PEREIRA, aproveitando-se do cargo para contratação da parceria público privada, solicitou vantagem indevida de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) a ser pago no ato da assinatura do contrato e repasse de propina mensal de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), para adjudicação da licitação em favor da empresa ATUAL MÉDICA GESTÃO EM SAÚDE LTDA, enquanto os denunciados MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, ROBERTO FLORIANI CARVALHO, MAHMOUD AHMAD JOMAA e EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR ofereceram tal vantagem, conforme trecho do termo de colaboração do colaborador MEQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, anexo na denúncia, pag. 396:

QUE entretanto, nessa ocasião já havia sido estabelecido pelo colaborador, pelo JOMAA e pelo EUCLIDES, com anuência de ROBERTO, que o repasse ao RENI seria no valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) em razão da implementação/assinatura do contrato e posterior repasses mensais de R$ 150.000,00 (cento cinquenta mil reais), além de um rateio dos serviços prestados, como a destinação do laboratório para a BIOCENTER (nas pessoas de EVANDRO e MAURICIO IOP), recepção, limpeza e alimentação para a equipe do TULIO BANDEIRA/JOMAA-DENTISTA, com a exceção que a alimentação não deveria ficar para a AGUIAR em razão de desacertos anteriores; a radiologia ficaria com a empresa do EUCLIDES – “E-PEOPLE”, ao passo que o colaborador ficaria com a parte de tecnologia; QUE a parte médica seria estabelecida pelo Dr. LAERTE

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e toda a parte jurídica ficaria com a procuradora MARIA LETIZIA FIALA;

A denúncia foi recebida acerca dos fatos e as defesas foram citadas para apresentarem resposta à acusação.

As defesas RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA, MELQUIZEDEQUE DA SILVA FERREIRA CORREA SOUZA, MAHMOUD AHMAD JOMAA e EUCLIDES DE MORAES BARROS JUNIOR, apresentaram respostas à acusação e foram anteriormente citadas, sendo desnecessária a sua reprodução

A defesa de ROBERTO FLORIANI CARVALHO, apresentou resposta à acusação no evento 903, em síntese alega a inépcia da denúncia, ausência de justa causa, como se verifica no trecho da defesa de fls. 33 “Ante o resposto, requer-se que esse respeitável Juízo rejeite a denúncia, seja porque formalmente inepta (art. 395, inciso I, do CPP), seja porque materialmente inepta (art. 395, inciso III, do CPP).” Arrolou três testemunhas de defesa, e tampouco questiona a competência da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Diante do contexto fático apresentado na peça acusatória, somado aos elementos carreados, percebe-se que os fatos supostamente tipificados (vantagem indevida decorrente do direcionamento irregularidade na Parceria Público Privada - PPP) não apresenta qualquer conexão concreta entre os fatos descritos na denúncia e um eventual crime eleitoral relacionado à investigada. Além do que os fatos narrados na denúncia ocorreram entre 2014 e 2015, assim afastado o critério temporal de suposto crime eleitoral. Ainda corrobora os argumentos esposados pelas defesas em sua peça defensiva, as quais em sua maioria negam a autoria, ou sequer apresentam conexão entre os fatos denunciados e um ilícito eleitoral, e consequentemente não direcionam a competência de processamento para esta justiça especializada. Ainda a peça acusatória, descreve que as supostas vantagem solicitadas, não possuíam relação com

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a investigada. Em uma análise preliminar, inexiste liame objetivo ou subjetivo destes fatos com a investigada e eventual crime eleitoral. Portanto, não há, até o presente momento, crime eleitoral em concreto conexo com os fatos denunciados pelo Ministério Público Federal.”

Assim, diante dessa análise realizada, não há outra opção, a não ser

acolher a manifestação do Ministério Público Eleitoral, no sentido de manter a

ação penal nº 5000507-71.2017.4.04.7002 no Juízo da 3ª Vara Federal de Foz

do Iguaçu. Portanto, indefiro o pedido.

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DA NOVA MANIFESTAÇÃO APRESENTADA PELO

INTERESSADO RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA

(DOC. 2432359)

O interessado Reni Clóvis de Souza Pereira apresentou manifestação

no documento n. 2432359 e aponta, em síntese, a existência de indícios nas

colaborações premiadas e descrições das denúncias apresentadas pelo

Ministério Público Federal em face dele que, supostamente, estariam conexos

com crimes eleitorais, requerendo, com base nisso, a manutenção da

competência da Justiça Eleitoral para processamento e julgamento de todas as

Ações Penais e Inquéritos decorrentes da denominada “Operação

Pecúlio/Nipoti”.

Importante ressaltar que o ora peticionante se manifesta na condição de

“interessado” em procedimento dirigido à investigada CLAUDIA VANESSA DE

SOUZA FONTOURA PEREIRA, com natureza investigativa e preponderante

característica inquisitiva sendo, portanto, mitigadas as garantias

constitucionais da ampla defesa e do contraditório tanto aos investigados e,

com mais razão, aos interessados, já deixando claro que, se convertida em

ação penal, as referidas garantias serão exercidas em sua plenitude. Aliado ao

exposto, ao interessado foi oportunizado acesso aos autos digitais e este se

manifestou conforme doc. 1329241, sendo que sobre a respectiva petição, este

Juízo já se manifestou conforme encartado no corpo desta decisão. Ato

contínuo, houve substabelecimento com reserva de poderes e novo

requerimento de prazo para manifestação, o qual foi deferido e, assim,

protocolaram a presente petição.

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Em que pese o interessado já ter apresentado manifestação anterior, a

análise dos fatos imputados nas ações conexas vão ao encontro do que

requerido, uma vez que os argumentos e os trechos colacionados encontram-

se pontualmente analisados nas ações penais 5000507-71.2017.4.04.7002,

5010210-55.2019.4.04.7002 5015353-25.2019.4.04.7002, 5013167-

29.2019.4.04.7002 e inseridos no corpo da presente decisão.

Portanto, pelas razões apresentadas que fundamentam o

convencimento deste Juízo, indefiro o pedido de manutenção da competência

da Justiça Eleitoral para processamento e julgamento de todas as Ações

Penais e Inquéritos decorrentes da denominada “Operação Pecúlio/Nipoti”.

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DA MANIFESTAÇÃO APRESENTADA PELO

INTERESSADO ALEXEI DA COSTA SANTOS (DOC.

2663021 – PROTOCOLADA NA PET ADM 0600003-

43.2020.6.16.0003 - Apenso)

O interessado Alexei da Costa Santos apresentou manifestação no

documento n. 26363021 alegando, em síntese, que o Ministério Público

Eleitoral se restringiu a abordar os fatos no feito criminal n. 5000507-

71.2017.4.04.7002, sem analisar os fatos imputados ao interessando, e que

tais fatos supostamente estariam conexos com crimes eleitorais. Argumenta,

ainda, que a manifestação do Ministério Público Eleitoral se restringiu ao

inquérito da investigada, não analisando as condutas na denominada

“Operação Pecúlio/Nipoti”. Ao final, pede que seja reconhecida a competência

da Justiça Eleitoral para o processamento e julgamento dos fatos imputados

na ação penal 5000507-71.2017.4.04.7002, especialmente, com relação ao

subitem 11 e seus subitens.

Importante ressaltar que o peticionante se manifesta na condição de

“interessado”, em inquérito policial dirigido à investigada CLAUDIA VANESSA

DE SOUZA FONTOURA PEREIRA, com natureza investigativa e característica

inquisitiva, portanto, mitigadas as garantias constitucionais da ampla defesa e

do contraditório aos investigados e interessados, ao passo que, se convertida

em ação penal as referidas garantias serão exercidas em sua plenitude.

Embora o interessado tenha colacionado trechos da peça acusatória e

de declarações de colaboradores, as quais, segundo o mesmo, alicerçam os

indícios de crime eleitoral e consequente competência desta Justiça

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Especializada para proceder à análise da ação penal 5000507-

71.2017.4.04.7002 conexa com IP 0600001-76.2020.6.16.0002, o seu pedido

não merece acolhimento, pelas razões a seguir:

Encontram-se encartados, no corpo desta decisão, os itens descritos na

peça acusatória 5000507-71.2017.4.04.7002, inclusive os suscitados pelo

interessado. Neste ponto, embora haja menção do colaborador sobre um

suposto APORTE de R$ 2.000.000,00 (dois milhões) para RENI, tal falo não foi

comprovado e inclusive Reni e Túlio negam que o suposto fato ocorreu e,

mesmo que tenha ocorrido, como narrado pelo colaborador, que apontou um

“agiota” como possível credor para pagamento posterior, não estabelece um

contorno de doação eleitoral. Ainda, sem qualquer esclarecimento acerca da

destinação ou dados concretos do suposto fato não há, portanto, conexão ou

indícios concretos de um suposto ilícito eleitoral.

Importante ressaltar que a conduta narrada pelo colaborador não

se amolda aos elementos descritos nos ilícitos eleitorais, bem como não

consegue demonstrar minimamente a materialidade de um suposto crime

eleitoral.

Além do que, a suposta conduta é independente e autônoma, sem

qualquer relação com a investigada, inexistindo conexão, ou seja, sem a

necessidade de processamento e julgamento com o presente inquérito policial,

e, por consequência, com o suposto crime eleitoral que embrionariamente se

está investigando.

Como senão bastasse, o interessado apresentou sua defesa técnica na

referida ação penal, resposta à acusação no evento 804, sobre os fatos 11.4

e 11.8 (fraude em procedimento licitatório e dispensa irregular), e alega,

em síntese, a rejeição da denúncia e sua inépcia, imprecisão da descrição dos

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fatos e ausência de elementares do tipo. Neste sentido colaciona-se trecho da

peça defensiva pag. 18/19

“Não há na denúncia, elementos concretos aptos a verificar a efetiva ocorrência de dano ao erário, tampouco, sua quantificação, requisitos estes necessários ao exercício da pretensão acusatória quanto ao crime que se quer imputar que, desrespeitados, acarretam na inépcia da inicial. Inepta a peça exordial, imperiosa sua rejeição nos termos do art. 395, inciso I, do Código de Processo Penal.”

Arrolou cinco testemunhas de defesa sem questionar a competência

da justiça eleitoral para processar e julgar os fatos a ele imputados.

Aliado ao exposto, o interessado não demonstra fatos que imponham

uma possível reunião processual. Além do que, meras ilações ou atribuições

eleitorais descompromissadas materialmente de conteúdo e lastro probatório

não servem para justificar o deslocamento da competência, sendo fundamental

a ocorrência de dados objetivos e concretos o que, conforme delineado,

inexistem no presente fato.

Assim, indefiro o pedido do interessado, pelas razões expostas e demais

fundamentos descritos na presente decisão.

DISPOSITIVO

Com fundamentos nos argumentos expostos, DETERMINO a cisão do

presente inquérito mantendo nesta Justiça Especializada somente as

investigações referentes ao crime eleitoral e a remessa ao Juízo da 3ª Vara

Federal de Foz do Iguaçu de cópia integral do presente feito para continuidade

das investigações dos demais crimes que, em tese, a investigada tenha

participação.

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

Pelas razões expostas no corpo da presente decisão, indefiro o pedido

veiculado no DOC. 1329241 feito pelo interessado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA; indefiro o pedido veiculado no DOC. 1433295 feito pelo interessado

RENI CLÓVIS DE SOUZA PEREIRA; indefiro o pedido veiculado no DOC.

2355254 feito pelo interessado ROBERTO FLORIANI; indefiro o pedido

veiculado no DOC. 2432359 feito pelo interessado RENI CLÓVIS DE SOUZA

PEREIRA e indefiro o pedido veiculado no DOC. 2663021 feito pelo

interessado ALEXEI DA COSTA SANTOS.

Encaminhe-se, pelo meio mais célere possível, cópia da presente

decisão ao mencionado Juízo Federal, em atendimento ao contido no ofício nº

700008007810, autuado como PET-ADM sob nº 0600003-43.2020.6.16.0003,

informando-lhe acerca dos limites da competência eleitoral neste caso, bem

como pela continuidade do processamento das ações penais mencionadas no

referido ofício.

Oficie-se ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça, comunicando o inteiro

teor da presente decisão.

Oficie-se ao Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, solicitando

o encaminhamento da Prestação de Contas da investigada CLAUDIA

VANESSA DE SOUZA FONTOURA PEREIRA.

Oficie-se ao Ministério Público Federal informando sobre o deferimento

do compartilhamento de provas nos limites da presente decisão, observando

as cautelas pertinentes à preservação do sigilo sobre as informações

protegidas, nos termos da legislação aplicável.

Por fim, remetam-se os presentes autos ao Departamento da Polícia

Federal para realização das diligências que entender cabíveis, bem como as

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Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

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JUSTIÇA ELEITORAL

ESTADO DO PARANÁ

JUÍZO DA 002ª ZONA ELEITORAL DE CURITIBA - ESPECIALIZADA

requeridas pelo Ministério Público Eleitoral, ressaltando-se o livre trâmite entre

as instituições.

Curitiba, 07 de agosto de 2020.

DIEGO SANTOS TEIXEIRA

Juiz Eleitoral

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