problemas ambientais urbanos e rurais

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PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS E RURAIS - RESUMÃO 1 INTRODUÇÃO Erosão, desmatamento, poluição, lixo e queimadas são alguns dos principais problemas ambientais em qualquer lugar do planeta. Neste trabalho são apresentadas algumas técnicas e soluções, formas de participação e discute-se o que esperar da sociedade. Não esqueça que cada problema a superar é uma oportunidade de fazer algo positivo. Temos, pois a oportunidade de pensar na conservação e no meio ambiente, num amplo contexto educacional. Assim fazendo, podemos chegar à nova geração e demonstra-lhe a beleza e as vantagens do mundo que a cerca. E lembre-se da frase de "O Pequeno Príncipe" (Antoine de Saint Exupèry): Tu te tornas responsável por aquilo que cativas 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS Estudo do IBGE publicado na Folha de São Paulo sob o título Suplemento de Meio Ambiente, em 2002, realizado em parceria com o Ministério do Meio Ambiente [ MMA], em todos os municípios brasileiros, mostra dados impressionantes:

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PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS E RURAIS - RESUMÃO

1 INTRODUÇÃO 

Erosão, desmatamento, poluição, lixo e queimadas são alguns dos principais problemas ambientais em qualquer lugar do planeta. Neste trabalho são apresentadas algumas técnicas e soluções, formas de participação e discute-se o que esperar da sociedade. Não esqueça que cada problema a superar é uma oportunidade de fazer algo positivo. Temos, pois a oportunidade de pensar na conservação e no meio ambiente, num amplo contexto educacional. Assim fazendo, podemos chegar à nova geração e demonstra-lhe a beleza e as vantagens do mundo que a cerca. E lembre-se da frase de "O Pequeno Príncipe" (Antoine de Saint Exupèry): Tu te tornas responsável por aquilo que cativas 

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS  

Estudo do IBGE publicado na Folha de São Paulo sob o título Suplemento de Meio Ambiente, em 2002, realizado em parceria com o Ministério do Meio Ambiente [ MMA], em todos os municípios brasileiros, mostra dados impressionantes:

 47% das cidades sofreram prejuízo na sua agricultura, pecuária e pesca, por problemas ambientais; 41% dos municípios foram atingidos por desastres ambientais, como deslizamentos de terra, seca, erosão do solo e outros; 38% dos municípios têm seus rios e enseadas contaminados; 33% dos municípios têm problemas de poluição no solo, provocados principalmente pelos lixões (inclusive hospitalar); 22% das cidades têm problema de contaminação do ar.As principais fontes poluidoras foram:

1.     Queimadas (64%),2.     Vias não pavimentadas (41%),3.     Atividade industrial (38%),4.     Agropecuária (31%)5.     Veículos (26%).

O  trabalho do IBGE é mais um alerta de que o ambientalismo não é um capricho de "adoradores de florestas", mas sim um ponto relevante e com significativo impacto econômico, que precisa sempre ser levado em conta. O que você acha que nós, pobres mortais que não dispomos de autoridade administrativa podemos fazer para reverter essa situação? Todas as agressões ambientais têm como palco, a bacia hidrográfica. Assim, a EMBRAPA bolou um Plano de Manejo Integrado de Bacia Hidrográfica – MIBH. FAUSTINO (1996) apresenta um exemplo de Matriz Lógica, referente à problemática de uma bacia. Trata-se de um Quadro com 5 linhas e 4 colunas, com quatro dos principais problemas ambientais:

1) Desmatamento acelerado:

CAUSAS: pressão sobre novas áreas; exploração madeireira; falta de fiscalização.CONSEQUÊNCIAS: degradação do solo; inundações de baixios; descrédito institucional. SOLUÇÕES: reflorestamento; plano de manejo florestal; gestão de políticas.

                 2) Perda de solo:

CAUSAS: erosão; práticas inadequadas de cultivo.CONSEQUÊNCIAS: baixa produtividade; assoreamento; diminuição do valor da terra.SOLUÇÕES: práticas de conservação do solo.

3) Qualidade da água: 

CAUSAS: contaminação por agrotóxicos; poluição por esgotos; falta de fiscalização.CONSEQUÊNCIAS: doenças; custo do tratamento (da água); falta de água. SOLUÇÕES:uso racional de agrotóxicos; tratamento dos esgotos; aplicação das leis.

4) Baixa produtividade agrícola: 

CAUSAS: falta de conhecimento; conflitos de uso da terra; falta de recursos p/produção.CONSEQUÊNCIAS: diminuição da oferta; importação de produtos; aumento de preços.SOLUÇÕES: tecnificação; incentivos para a produção agrícola; planejamento de uso da terra.

Como podemos ver, até que não é difícil organizar as ideias e apresentar, numa planilha, os problemas ambientais, seguidos das

suas causas, consequências e soluções. Como num tabuleiro de xadrez. Falta apenas uma coisinha: implementar as soluções.

2.2 POLUIÇÃO DO SOLO  

A poluição do solo ocorre pela contaminação deste através de substâncias capazes de provocar alterações significativas em sua estrutura natural. O solo, também chamado de terra, é fundamental para a vida de todos os seres vivos do nosso planeta. Ele é o resultado da ação conjunta de agentes externos: chuva, vento, umidade, etc, enriquecidos com matéria orgânica (restos de animais e plantas). O solo é a camada mais fina da crosta terrestre e se localiza na superfície externa. Para que os alimentos dele retirados sejam de qualidade e em quantidade suficiente para atender as necessidades da população, o solo deve ser fértil, ou seja, deve ser um solo saudável e produtivo. Quando o solo é poluído, os alimentos nele cultivados ficam contaminados. A poluição do solo tem como principal causa o uso de produtos químicos na agricultura chamados de agrotóxicos. Eles são usados para destruir pragas e até ajudam na produção, mas causam muitos danos ao meio ambiente, alterando o equilíbrio do solo e contaminando os animais através das cadeias alimentares.CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS .   Substâncias como lixo, esgoto, agrotóxico e outros tipos de poluentes produzidos pela ação do homem, provocam sérios efeitos no meio ambiente. Poluentes

depositados no solo sem nenhum tipo de controle causam a contaminação dos lençóis freáticos (ocasionando também a poluição das águas), produzem gases tóxicos, além de provocar sérias alterações ambientais como, por exemplo, a chuva ácida. O lixo depositado em aterros é responsável pela liberação uma substância poluente que mesmo estando sob o solo, em buracos "preparados" pra este fim, vaza promovendo a contaminação do solo. Outro problema grave que ocorre nestes aterros é a mistura do lixo tóxico com o lixo comum. Isto ocorre pelo fato de não haver um processo de separação destes materiais. Como consequência disso, o solo passa a receber produtos perigosos e com grande potencial de contaminação misturado com o lixo comum.

SOLO DESGASTADO  

A poluição do solo tem como principal causa o uso de produtos químicos na agricultura chamados de agrotóxicos. Eles são usados para destruir pragas e até ajudam na produção, mas causam muitos danos ao meio ambiente, alterando o equilíbrio do solo e contaminando os animais através das cadeias alimentares. É, mas não são apenas os agrotóxicos que poluem os solos. Existem outros responsáveis que causam muitos problemas ao solo. São eles:

ATERROS

Os aterros são terrenos com buracos cavados no chão forrados com plástico ou argila onde o lixo recolhido na cidade é depositado. A decomposição da matéria orgânica existente no lixo gera um líquido altamente poluidor, o chorume, que mesmo com a proteção da argila e do plástico nos aterros, não é suficiente e o liquido vaza e contamina o solo.

LIXO TÓXICO  

É outro problema decorrente dos aterros. Como não há um processo de seleção do lixo, alguns produtos perigosos são aterrados juntamente com o lixo comum, o que causa muitos danos ao lençol freático, uma camada do solo onde os espaços porosos são preenchidos por água

LIXOS RADIOATIVOS  

Este lixo é produzido pelas usinas nucleares e causam sérios problemas à saúde.  O Brasil não tem depósitos adequados para armazenar o lixo radioativo. O dado foi revelado pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), intitulada "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável". O relatório indica que o lixo radioativo produzido por indústrias e hospitais, que representam 13,7 mil metros cúbicos, e pelas usinas Angra 1 e Angra 2, 2,08 mil metros cúbicos, ficam temporariamente armazenados em centros vinculados à Comissão Nacional de Energia Pública (Cnem). O solo ou terra é composto por quatro partes: ar, água, matéria orgânica e mineral. Estes minerais se misturam uns com os outros. A matéria orgânica se mistura com a água e a parte mineral e o ar fica guardado em buraquinhos que chamamos de poros do solo, onde também fica a água. São destes poros que as raízes das plantas retiram o ar e a água que necessitam. Por isso é tão importante que não tenha poluição no solo. É como um ciclo: nós plantamos, cuidamos e colhemos os vegetais que por sua vez, serão utilizados em nossa alimentação. Se o solo estiver poluído, os vegetais serão contaminados, portanto não podemos comer. Se nós comermos, também seremos contaminados, o que pode trazer muitos riscos para a nossa saúde.

EROSÃO DO SOLO    

No início deste trabalho, mostramos resumidamente os 4 principais problemas da degradação ambiental em uma bacia hidrográfica (a Matriz Lógica): desmatamento, perda de solo, qualidade da água e baixa produtividade agrícola. Como todos têm a ver com a agricultura vamos discutir a erosão. Erosão, do Lat. erosione. s.f., ato de corroer

lentamente; corrosão; processo pelo qual pequenas partículas de rocha e solo se separam da sua localização original, são transportadas e depois depositadas noutro local pela ação de agentes erosivos geológicos ou naturais ou pelas atividades humanas. Este fenômeno tem início com o desmatamento. As gotas de chuva, ao atingirem o solo desnudo, desagregam as partículas do solo, que são levadas pela enxurrada para assorear rios e lagos. Pior, é que junto com a água, vão também bactérias, agrotóxicos, fósforo e potássio, além de outras impurezas. Esses 2 últimos elementos, em excesso, causam eutrofização ("apodrecimento") dos mananciais. No caminho da água, podem abrir-se valas enormes, chamadas de voçorocas. Os sais minerais do solo, são os principais alimentos das plantas (juntamente com os gases oxigênio, nitrogênio, carbônico e a própria água) e, como são muito solúveis, a chuva costuma lavá-los e levá-los, para fora do alcance das raízes, baixando a produtividade agrícola.SOLUÇÕES EXEQUÍVEIS   : Não agricultar áreas de preservação permanente (Conama 303/03). Reflorestamento ou cobertura do solo (com palha ou lona plástica). Práticas agrícolas: curvas de nível, plantio direto e cobertura morta. Bacias de infiltração, lateralmente às estradas vicinais. Macrodrenagem e drenagem agronômica (a nível de parcela). Plasticultura: plantio sob estufas de plástico. Pneus usados na contenção de encostas e em voçorocas. Preferir a irrigação pressurizada (aspersão) à de superfície (sulcos). Preservação da vegetação nativa em terrenos muito declivosos. Usar leguminosas (com sementes inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio do ar) nas áreas já degradadas. Não utilizar para agricultura (ou pecuária), solos arenosos, em regiões de alta pluviosidade, como a Amazônia.

CONSEQUÊNCIAS:       A erosão do solo é tão comum entre nós que, em qualquer estação de tratamento de água (ETA) ou de esgotos (ETE), a primeira estrutura hidráulica exigida (logo depois da grade, para conter o lixo), é a CAIXA DE AREIA. Trata-se de um canal comprido, dimensionado para obrigar a água a perder velocidade (Q=A.V ou vazão = área da seção x velocidade); quando V=0,3m/s ou menor, a energia da água não é mais suficiente para empurrar as partículas do solo e estas, pelo seu próprio peso, ficam no fundo do

canal, sendo retirada dali periodicamente. Essas partículas, além de assorearem as estruturas, atrapalham os processos físicos e biológicos do tratamento da água ou esgoto. Nos mananciais, as partículas do solo: fazem crescer exageradamente as algas (por carregarem consigo Fósforo [P] e Potássio [K], elementos eutrofizantes; entopem as guelras dos peixes e cobrem seus ovos; diminuem o poder de penetração da luz solar; mudam a salinidade, a cor e o pH da água, além de outros estragos ambientais.

2.3 POLUIÇÃO DO AR    

Prejuízos para o meio ambiente, chuva ácida, cidade poluídas, gases tóxicos, poluição atmosférica, queima de combustíveis fósseis, doenças causadas pela poluição do ar. Desde a metade do século XVIII, com o início da Revolução Industrial na Inglaterra, cresceu significativamente a poluição do ar. A queima do carvão mineral (fonte de energia para as máquinas da época) jogava na atmosfera das cidades industriais da Europa, toneladas de poluentes. A partir deste momento, o homem teve que conviver com o ar poluído e com todas os danos advindos deste "progresso" tecnológico.

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS     Nos dias de hoje, quase todas as grandes cidades mundiais sofrem com os efeitos da poluição do ar. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Tóquio, Nova Iorque e Cidade do México estão na relação das mais poluídas do mundo. A poluição gerada nos centros urbanos de hoje são resultado, principalmente, da queima dos combustíveis fósseis como, por exemplo, carvão mineral e derivados do petróleo (gasolina e diesel). A queima destes produtos tem lançado um alto nível de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera terrestre. Estes dois combustíveis são responsáveis pela geração de energia que, alimenta os setores

industrial, elétrico e de transportes de grande parte das economias do mundo. Portanto, coloca-los de lado atualmente é extremamente complicado. Este tipo de poluição tem provocado muitos problemas nas grandes cidades. A saúde das pessoas, por exemplo, é a mais afetada com a poluição atmosférica. Várias doenças respiratórias como a bronquite, rinite e asma levam milhares de adultos e crianças aos hospitais todos os anos. A poluição também tem causado danos aos ecossistemas e ao patrimônio histórico e cultural. Resultado desta poluição, a chuva ácida mata plantas, animais e vai corroendo, com o passar do tempo, monumentos históricos (prédios, monumentos, igrejas etc). Nos últimos anos, a Acrópole de Atenas passou por um processo de restauração, pois a milenar construção grega estava sofrendo desgaste com a poluição da capital da Grécia. O clima do planeta também é afetado pela poluição atmosférica. O fenômeno do efeito estufa está aumentando a temperatura no planeta Terra. Ele ocorre da seguinte forma: os gases poluentes formam uma camada de poluição na atmosfera, impedindo a dissipação do calor. Desta maneira, o calor fica concentrado nas camadas baixas da atmosfera, provocando mudanças no clima. Pesquisadores afirmam que já está ocorrendo a elevação do nível de água dos oceanos, provocando o alagamento de ilhas e cidades litorâneas. Muitas espécies animais poderão entrar em extinção e tufões e maremotos poderão ocorrer com mais frequência e intensidade. 

Diante das notícias negativas, o homem tem procurado encontrar medidas para solucionar estes problemas ambientais. Os sistemas tecnológicos estão avançando no sentido de criar máquinas e combustíveis cada vez menos poluentes ou que não gerem nenhuma poluição. Muitos automóveis já estão utilizando gás natural como combustível. No Brasil, por exemplo, temos milhões de automóveis movidos a álcool, combustível renovável, não fóssil, que poluí pouco. Testes realizados com hidrogênio tem mostrado que num futuro bem próximo, os carros poderão usar um tipo de combustível que lança no ar apenas vapor de água. Existe poluição do ar quando a presença de uma substância estranha ou a variação importante na proporção de seus constituintes pode provocar efeitos prejudiciais ou doenças. Essas substâncias estranhas encontram-se suspensas na atmosfera, em estado sólido ou gasoso e são chamadas agentes poluentes, divididas em 5 grupos:

         Monóxido de carbono – provoca asfixia;         Partículas – responsáveis por bronquites;         Óxidos de enxofre – agente da chuva ácida;         Hidrocarbonetos – agentes de várias doenças; e         Óxidos de nitrogênio – pode provocar nevoeiros e doenças.

CAUSAS MAIS COMUM   Atividades industriais e mineradoras, escapamento de veículos, queimadas, lixões, erupções vulcânicas e outras. A maior parcela da poluição do ar é produzida pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Uma parte do material em suspensão precipita nas árvores, casas e solo: é a chamada precipitação seca. O resto, permanece no ar durante semanas e é transportado pelo vento a longas distâncias. Pesquisa da Universidade de São Paulo, revelou que a poluição do ar é a responsável por 32% das mortes de cardíacos na cidade de São Paulo e que, só na região metropolitana, morrem cerca de 8 pessoas por dia, por causa dos gases de veículos. Outra pesquisa, agora do IBGE, em todos os municípios brasileiros (maio/05), mostrou que as queimadas são a terceira maior causa da poluição do ar no Brasil, só perdendo para as atividades industriais e os veículos automotores. Segundo a legislação em vigor, todas as fontes de poluição do ar devem se adequar a determinadas condições, de forma a não ocasionarem danos ao ambiente e à população. Assim, toda fonte de poluição existente que não esteja adaptada à lei, pode se denunciada ao órgão ambiental competente, o qual estabelecerá um prazo viável para que seja feita a adequação aos padrões estabelecidos.

AS BACIAS AÉREAS    são áreas homogêneas (definidas pelo seu relevo, cobertura do solo e clima), delimitadas pela topografia e espaços aéreos (vertical e horizontal) de uma região, utilizadas no estudo da poluição atmosférica. Justificativa: A qualidade do ar urbano, em algumas regiões (lembram-se de como era a cidade de Cubatão-SP[ na década de 80, "uma das cidades mais poluídas do mundo"], tem-se tornado uma ameaça para a saúde e bem estar das pessoas e do meio ambiente em geral. Rio e São Paulo são 2 belos exemplos. Esse instrumento possibilita a elaboração de diagnósticos que facilitam a tomada de decisões relativas ao licenciamento das atividades poluidoras e as eventuais ações de controle necessárias.O Índice de Qualidade do Ar - IQA     A Resolução CONAMA n.3, de 28/06/90, fixa as concentrações máximas permissíveis de poluentes do ar, sendo toleráveis os seguintes limites.

         Partículas totais em suspensão (PTS): 240 ug/m3x24h         Partículas inaláveis c/d<10micron (PM10): 150 ug/m3x24h         Dióxido de enxofre (SO2): 365 ug/m3x24h         Dióxido de nitrogênio (NO2): 320 ug/m3x1h         Ozônio (O3): 160 ug/m3x1h         Monóxido de carbono (CO): 9.000 ug/m3x8h

nota :   ug/m3x24h significa: microgramas de partículas por metro cúbico de ar, durante o tempo de amostragem de 24 horas. Para a composição do Índice de Qualidade do Ar – IQA, as concentrações de poluentes (cujas faixas de tolerância são especificadas na Resolução 3/90) foram classificadas do seguinte modo:

         Bom: 0 – 50, Seguro à saúde, cor verde         Regular: 51 – 100, Tolerável, cor amarela         Inadequada: 101 – 199, Impróprio, cor laranja         Má: 200 – 299, Ofensivo à saúde, cor vermelha         Péssima: 300 – 399, Ofensivo à saúde, cor marrom         Crítica: > 400, Ofensivo à saúde, cor preta

Assim, para o cálculo do IQA, tomam-se a média de cada um dos 6 poluentes do ar e, num gráfico em papel milimetrado, colocam-se no eixo horizontal os valores máximos das faixas de tolerância e, no eixo vertical, os valores máximos do IQA: 50, 100, 200, 300, 400 e 500 (este último, para acomodar valores acima de 400). Plotam-se os valores limites do poluente em cada faixa do IQA e unem-se esses pontos por uma reta. Está pronto o gabarito. Agora, é só tomar o valor da média calculada e, entrando-se no gráfico correspondente pelo eixo horizontal; traça-se uma linha de chamada até a reta (anteriormente traçada) e daí, horizontalmente, até o eixo vertical, onde se lê o valor correspondente à faixa de IQA (Bom, Regular, etc.).

CRÉDITOS DE CARBONO, A MOEDA ECOLÓGICA

COMO INVESTIR EM MEIO AMBIENTE, o tema anuncia o Brasil como o primeiro País, em todo o mundo, a se beneficiar (concretamente) com recursos internacionais dos Créditos de Carbono. Por estarmos tratando de poluição atmosférica e esse gás (o CO2 ou dióxido de carbono) ser uma das vedetes do efeito estufa, "como diz a vinheta das novelas da Globo, vale a pena ver de novo". O Protocolo de Kioto (PK para os íntimos), negociado pela Comissão da ONU para a Mudança do Clima e assinado (menos pelos EUA e Austrália) em 1997, obriga os países desenvolvidos a reduzir as emissões dos gases do efeito estufa. A meta é a redução, entre 2008 e 2012, em média, 5% em relação às emissões registradas em 1990. Para facilitar o cumprimento das metas, o Protocolo criou três "mecanismos de flexibilização", um dos quais, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL, permite a participação dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que não estão incluídos no PK. Em linhas gerais, o MDL permite, p.ex., que uma indústria de um país desenvolvido (que esteja sujeito à meta de redução de emissões), possa atender parte de suas exigências, adquirindo "créditos" associados a projetos de florestamento ou tecnológicos de redução de emissões, executados por empresas de países em desenvolvimento. A redução certificada de emissões está sendo negociada por 8 a 10 dólares por tonelada de dióxido de carbono e os créditos europeus, por cerca de 35 dólares. Em 2003, foram negociados US$ 330 milhões em todo o mundo e as projeções indicam um grande incremento no mercado global, que poderá chegar a US$ 13 bilhões em 2007. Está sendo criado em SP o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), com o objetivo de organizar um mercado de créditos de carbono, tornando o País

referência mundial no campo das negociações com carbono. Com as catástrofes climáticas atuais, esperamos sobreviver pra ver no que vai dar.

A CHUVA ÁCIDA  

A água da chuva atinge o solo já poluída (por 2 dos agentes , o dióxido de enxofre ou SO2 e o óxido de nitrogênio ou NOx). Essas substâncias, que saem das chaminés das fábricas, reagem na atmosfera com a água, o oxigênio e outras, transformando-se em vários compostos ácidos, como o ácido sulfúrico ou H2SO4 e o ácido nítrico ou HNO3, que são arrastados pelas gotas de chuva com o nome de chuva ácida. Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana – EPA, cerca da metade da acidez na atmosfera atinge o solo pela deposição seca, ou seja, não sob a forma de chuva, mas sim de gases ácidos e partículas sólidas. O vento sopra-as para os edifícios, carros, casas e árvores, de onde podem ser lavadas pelas chuvas. Efeitos:Danos às florestas, ao solo, peixes, outros seres vivos e ao homem. E ainda corrói as obras de arte expostas ao ar livre, principalmente as esculturas de mármore. Os riscos de acidentes são enormes e vale a pena "ficar de olho" (mas não para cima).Como medir: A quantidade de íons livres de hidrogênio (H+) na água é dada pelo pH (potencial de Hidrogênio ionte) e causa a sua acidez (pH baixo) ou alcalinidade (pH alto, no máximo, 14). Mede-se com um aparelho chamado peagâmetro ou tem-se uma noção com o papel de Tournassol. Vejamos alguns casos, na prática.

        pH = 1.0 (ácido sulfúrico)        pH = 4.2 (todos os peixes morrem)        pH = 4.2 a 5.0 (CHUVA ÁCIDA)        pH = 5.6 (chuva limpa)

        pH = 6.5 (lago saudável)        pH = 7.0 (água pura)        pH = 8.0 (água do mar)

Material Particulado Inalável   A emissão excessiva de poluentes do ar tem provocado sérios danos à saúde como problemas respiratórios (bronquite crônica e asma), alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até câncer. Esses distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e no inverno com o fenômeno da inversão térmica (ocorre quando uma camada de ar frio forma uma parede na atmosfera que impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes). Morreram em decorrência desse fenômeno cerca de 4.000 pessoas em Londres no ano de 1952. Assim, o material particulado (MP) e o ozônio (O3) ao nível do solo, constituem-se num dos maiores problemas mundiais de saúde pública, com o aumento da mortalidade de doenças respiratórias, cardíacas e respiratórias. Sob a denominação geral de material particulado (MP), existe uma classe de poluentes, tais como: poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que, devido ao seu pequeno tamanho, se mantém suspenso na atmosfera.Fontes:       As fontes emissoras são as mais variadas: gases de escapamento dos veículos, fumaças expelidas pelas chaminés das fábricas, "fuligens" das queimadas, poeiras das pedreiras e marmorarias e outras.O perigo das partículas: Partículas < 10u (com diâmetro inferior a dez mícron) têm mais facilidade de penetrar no sistema respiratório humano. São representadas por MP10. Partículas < 5u são mais fáceis de alcançar os pulmões e seus alvéolos. São conhecidas como Partículas Respiráveis de Alto Risco (MP2.5). Como não são retidas pelas defesas do organismo (nariz e mucosas), causam irritação e doenças crônicas, transportando para os pulmões substâncias tóxicas e cancerígenas. Causam danos às estruturas e fachadas dos edifícios, à vegetação (o dióxido de enxofre, p.ex., prejudica a fotossíntese, por destruir a clorofila) e são responsáveis pela redução da visibilidade (podendo causar sérios acidentes terrestres ou aéreos).Curiosidade:  O homem em repouso deixa passar pelos seus pulmões, cerca de 12m3/d de ar atmosférico e seus alvéolos possuem uma área de 70m2. Se estiver andando, a taxa sobe para 39m3/d; correndo, 94 e subindo escada 115.O perigo das dioxinas     Um último lembrete relacionado à poluição do ar. A maioria de nós pensa que a maneira mais rápida, prática e eficiente de se livrar do lixo doméstico, principalmente nos locais não servidos pela coleta domiciliar e nas casas de praia (onde esse

serviço também, às vezes, é inexistente), é queimando-o. Aqui vem o grande perigo: a presença do plástico, faz com que sejam lançadas no ar as temíveis Dioxinas, substâncias altamente cancerígenas, que podem afetar a nossa saúde. É como cuspir para cima. Não faça isso. O melhor é enterrá-lo (mas sem o plástico do saco). Pelo menos, depois de algum tempo, "vira adubo".

2.3 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS  

Poluição de rios e mares, água poluída, problemas de saúde, degradação do meio ambiente, III Fórum Mundial da Água. Fundamental para a vida em nosso planeta, a água tem se tornado uma preocupação em todas as partes do mundo. O uso irracional e a poluição de rios, oceanos, mares e lagos, podem ocasionar, em breve, a falta de água doce, caso não ocorra uma mudança drástica na maneira com que o ser humano usa e trata este bem natural.CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS     Os principais fatores de deteriorização dos rios, mares, lagos e oceanos são: poluição e contaminação por produtos químicos e esgotos. O homem tem causado, desde a Revolução Industrial (segunda metade do século XVIII), todo este prejuízo à natureza, através dos lixos, esgotos, dejetos químicos industriais e mineração sem controle. Em função destes problemas, os governos com consciência ecológica, tem motivado a exploração racional de aquíferos (grandes reservas de água doce subterrâneas). Na América do Sul, temos o Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo e ainda pouco utilizado.Grande parte das águas deste aquífero situa-se em subsolo brasileiro (região sul). Pesquisas realizadas pela Comissão Mundial de Água e de outros órgão ambientais internacionais afirmam que cerca de três bilhões de habitantes em nosso planeta estão vivendo sem o mínimo

necessário de condições sanitárias. Cerca de um milhão não tem acesso à água potável. Em razão desses graves problemas, espalham-se diversas epidemias de doenças como diarreia, leptospirose, esquistossomose, hepatite e febre tifoide, que matam mais de 5 milhões de pessoas por ano, sendo que um número maior de doentes sobrecarregam os hospitais e postos de saúde destes países.BUSCA DE SOLUÇÕES:    Com o intuito de buscar soluções para os problemas dos recursos hídricos da Terra, foi realizado no Japão, entre 16 e 23 de março de 2003, o III Fórum Mundial de Água. Políticos, pesquisadores e autoridades de diversos países aprovaram vários documentos que visam a tomada de atitudes para resolver os problemas hídricos mundiais. Estes documentos reafirmam que a água doce é extremamente importante para a vida e saúde das pessoas e defende que, para que ela não falte no século XXI, alguns desafios devem ser urgentemente superados: o atendimento das necessidades básicas da população, a garantia do abastecimento de alimentos, a proteção dos ecossistemas e mananciais, a administração de riscos, a valorização da água, a divisão e a eficiente administração dos recursos hídricos do planeta. Embora muitas soluções sejam buscadas em esferas governamentais e em congressos mundiais, no dia-a-dia todas as pessoas podem colaborar para que a água doce não falte no futuro. A preservação, economia e o uso racional da água devem estar presentes nas atitudes diárias de cada cidadão. A pessoa consciente deve economizar, pois o desperdício de água doce pode trazer perigosas consequências num futuro pouco distante.CURIOSIDADE:   Produtos que mais poluem os rios, lagos e mares: detergentes, óleos de cozinha, óleos de automóveis, gasolina, produtos químicos usados em indústrias, tintas, metais pesados (chumbo, zinco, alumínio e mercúrio).

3 LIXO URBANO DE BELO HORIZONTE

BREVE HISTÓRICO

Belo Horizonte, primeira cidade planejada do Brasil, prevista para abrigar trezentos mil habitantes, teve a higiene e a salubridade incluídas como requisitos fundamentais. Sua história é marcada por pioneirismo na busca da destinação adequada para o lixo. Para o tratamento do lixo, foi instalado um forno de incineração, cujo funcionamento se deu desde a fundação da cidade até o ano de 1930.A preocupação com a melhoria do padrão de limpeza da capital, aliada ao crescimento da população e ao consequente aumento da quantidade de resíduos descartados exigiu a incorporação de novos recursos para o tratamento do lixo. O forno de incineração foi, então, desativado, entrando em funcionamento cem celas de fermentação do sistema "Beccari", Salienta-se a adoção de tecnologia de ponta no tratamento do lixo, na capital mineira. O sistema de fermentação do lixo em celas foi desenvolvido pelo florentino Giovani Beccari, em 1922, e, já em 1929, era implantado em Belo Horizonte. Ao longo da década de 60, as celas "Beccari" foram desativadas e a maior parte dos resíduos coletados era depositada, a céu aberto, no Vazadouro Morro das Pedras. Nesse local, conhecido popularmente como "Boca do Lixo", mais de 300 pessoas moravam em condições sub-humanas, sobrevivendo da catação das sobras. No período das chuvas, nos anos de 1971 e 1972, ocorreram dois trágicos deslizamentos na "Boca do Lixo", ambos com vítimas fatais, gerando péssima repercussão quanto ao processo de degradação da cidade. Em 1972, retoma-se a orientação de gestão adequada dos resíduos, com a elaboração do Primeiro Plano Diretor de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. A cidade se destaca, mais uma vez, no cenário nacional, com a implantação, a partir de 1975, do Aterro Sanitário, para a destinação final da maior parte dos resíduos urbanos, e da Usina de

Triagem e Compostagem, que permitia o reaproveitamento de pequena parte dos recicláveis e da matéria orgânica. O Plano também reservou outra área para aterro sanitário no município, buscando prevenir dificuldades futuras para a identificação de locais no município para esse uso. Posteriormente, a área de Capitão Eduardo, que havia sido desapropriada para aterro, foi utilizada para implantação de um conjunto habitacional, deixando o município sem opção de local para disposição dos seus resíduos urbanos, que são destinados, atualmente, para um aterro sanitário no município de Sabará. No início da década de 90, o lixo urbano já era reconhecido, mundialmente, como um dos mais graves PR oblemas ambientais da atualidade, não só por seu alto potencial poluidor dos solos, da água e do ar, mas, também, pela sua relação com o esgotamento dos recursos naturais. Com o lançamento de novos produtos no mercado e a publicidade se incumbindo de "criar" necessidades, foi gerado um sistema de produção e consumo indutor de desperdícios, com a substituição massificada de produtos duráveis por outros, descartáveis ou com vida útil muito curta. A cultura do desperdício no Brasil contrapõe-se, em especial nas grandes cidades, como Belo Horizonte, à situação de miséria de parte da população que tem como única fonte de sobrevivência e geração de renda a catação de alimentos e de outros materiais do lixo. Outros problemas das grandes cidades, incluindo Belo Horizonte, são o saturamento da capacidade das áreas existentes para aterramento dos resíduos e as dificuldades para identificação de novas áreas para essa finalidade. A gestão de resíduos é, portanto, um problema de grande complexidade, que diz respeito à sociedade, como um todo. É, certamente, o serviço público que mais depende do envolvimento das pessoas, desde a sua geração, acondicionamento, coleta, triagem, beneficiamento, reaproveitamento, tratamento e destino final. Em 1993, entretanto, observava-se, em Belo Horizonte, total alheamento da sociedade em relação aos problemas relacionados ao lixo urbano, uma atitude individualista das pessoas em relação ao lixo, assumindo-o como problema seu apenas nos limites do seu espaço privado.

Novo modelo a partir de 1993A partir de 1993, a Superintendência de Limpeza Urbana – SLU iniciou a implementação do Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos de Belo Horizonte, pelo qual foi reconhecida, nacional e internacionalmente, tendo recebido vários prêmios. Em 1996, o trabalho foi premiado, com destaque, pelo Programa "Gestão Pública

e Cidadania", das Fundações Getúlio Vargas e Ford. Em função dessa premiação, a SLU foi convidada a apresentar o trabalho e a participar de evento de comemoração de 10 anos de programa análogo, nos Estados Unidos da América, promovido pela Fundação Ford, em parceria com a Escola de Governo John Kennedy, da Universidade de Harvard. Nesse novo modelo, destacaram-se inovações tecnológicas, com ênfase à segregação dos resíduos na fonte e à coleta seletiva, visando ao máximo reaproveitamento e à reciclagem dos resíduos sólidos. Foram implantados três programas de reciclagem: Compostagem simplificada dos resíduos orgânicos (restos de alimentos, podas e capina), Reciclagem dos resíduos da construção civil (entulho) e Coleta Seletiva dos materiais recicláveis (papel, metal, vidro e plástico). Esses programas, além de possibilitarem a redução de materiais que seriam encaminhados ao aterro sanitário, poupando sua vida útil, que já estava próxima de se esgotar, propiciavam economias de recursos naturais e energéticos e ainda viabilizavam a geração de trabalho e renda. A compostagem simplificada foi adotada após a decisão de se paralisar a Usina de Triagem e Compostagem, que já se encontrava obsoleta. O novo processo passou a ser feito com os resíduos orgânicos coletados, seletivamente, em mercados, feiras e sacolões, junto com os materiais oriundos de podas e capinas, e propiciou a produção de um composto de qualidade significativamente superior ao que era produzido na usina. Antes, o composto era feito a partir do material coletado, misturado e triado posteriormente na usina. A separação não conseguia eliminar a contaminação por cacos de vidro, pilhas, etc., e, além disso, o processo não tinha o devido controle operacional. O composto resultante, de baixa qualidade, era usado em canteiros centrais e jardins e causava incômodo à população pelo mau cheiro. No novo sistema, o composto gerado a partir da matéria orgânica limpa e com rigoroso controle de qualidade passou a ser usado como insumo, em hortas comunitárias e escolares. O programa de reciclagem do entulho da construção civil, com a implantação de unidades de reciclagem em locais de maior geração desse tipo de resíduos na cidade, propiciou economia para a prefeitura, com a utilização do entulho reciclado em obras de pavimentação, de manutenção de vias públicas e de construção civil. Permitiu, ainda, a correção da disposição irregular de entulho pela malha urbana. Em estudo realizado em 1993, foram identificadas 134 áreas de deposição clandestina na cidade, gerando graves problemas para o município e despesas adicionais para o serviço de limpeza urbana. A Coleta Seletiva dos materiais recicláveis também apresentava

desafios tecnológicos, já que havia poucas experiências no País e Belo Horizonte se propôs a buscar alternativas que viabilizassem a redução dos altos custos praticados em outros municípios, além do compromisso de incorporar, efetivamente, a parceria com os catadores, que trabalhavam, de maneira informal e extremamente precária, nas ruas da cidade. Ainda no que se refere à inovação tecnológica, foi promovido o aprimoramento dos serviços prestados, com adequação e inovação de equipamentos e instalações e ampliação do atendimento, contemplando áreas excluídas ou mal atendidas. Uma solução criativa permitiu a ampliação dos serviços de coleta domiciliar em vilas e favelas, com a utilização de veículos especiais menores, que viabilizaram o acesso às vias estreitas, em geral com pavimentação irregular e com acentuada declividade. Outra invenção do novo sistema de limpeza urbana foi a criação e instalação de 100 micro pontos de apoio à varrição na área central, pequenas instalações, do porte de uma banca de revistas, o que permitiu que os garis passassem a ter um local para trocar de roupas, fazer uso de sanitários, tomar banho após a jornada de trabalho nas ruas e, também, para aquecer suas marmitas. Antes, esses trabalhadores eram obrigados a pedir para usar banheiros em bares e outros estabelecimentos e a fazer suas refeições em praças ou na beira de calçadas, sob viadutos, já que era muito difícil encontrar áreas disponíveis para a construção de pontos tradicionais de apoio à varrição, no centro da cidade. Apesar de tantas novidades tecnológicas, o que mais se destacou no novo modelo de gestão de resíduos instituído em 1993 foi a incorporação, de forma intensiva e sistemática, de componentes de caráter social e ambiental. Para isso, foi instituído um processo revolucionário de mobilização e participação social no sistema de limpeza urbana, até então com uma atuação estritamente técnico-operacional

3 CONCLUSÃO    

A Geografia, que tem justamente por preocupação compreender como a o homem interage com o espaço e toda a dinâmica que envolve este processo, passou a utilizar-se dos estudos da percepção para assim compreender como os homens percebem o espaço por eles vivenciado, e encontrar um caminho para rever a questão da degradação do meio ambiente. Aliado a Educação Ambiental (E.A.) que tem com função principal a formação de cidadãos conscientes, preparados para a tomada de decisões e atuantes na realidade socioambiental. Temos de ter um comprometimento com a vida, o bem estar de cada um e da sociedade, tanto a nível global como local.Saber-pensar-agir é a filosofia de quem está preocupado em defender o Meio Ambiente. As técnicas comuns da percepção ambiental são: entrevistas, fotografias, "mapas mentais" e registros estruturados.  Vá numa livraria e peça para visitar a estante de Meio Ambiente. Não existe. Passe no jornaleiro da esquina e, entre os milhares de CD´s, revistas e jornais, procure por algum que dê informações sobre a Natureza. Pornô não serve? Responde o jornaleiro. Na TV, espere sentado por algo parecido, procure interagir nos assuntos ambientais locais e globais.  

E o que EU, simples cidadão, tenho a ver com isso ? Quando nos perguntamos o que nós, simples mortais, podemos fazer pelo Meio Ambiente, é porque nossa consciência ambiental aflorou como um botão de rosa desponta num sopro de vida.  É preciso nos conscientizar. Para sermos saudáveis, temos que começar pela saúde do meio ambiente. Vamos cuidar bem dele.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RODRIGUES, Sergio de Almeida; Destruição e equilíbrio – o homem e o meio ambiente no

espaço e no tempo – 11ª edição, SP. Ed. Atual – 1989.

NEIMAN, Zysman; Era Verde?   Ecossistemas brasileiros ameaçados – 19ª edição, SP. Ed.

Atual – 1991.

SCARLATO, Francisco Capuano, ET alii; Do nicho ao Lixo – ambiente, sociedade e educação

– 8ª edição. SP. Ed. Atual – 1992.

FÜRST, Omar – O lixo urbano - apostila do curso de Educação Ambiental- 2006.

Jornal Folha de São Paulo ;Suplemento de Meio Ambiente. 2002

http://www.todabiologia.com/ – acesso agosto 2010

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/ - acesso agosto 2010

http://pt.wikipedia.org/- acesso agosto 2010

http://jviana.multiply.com/journal/ - acesso agosto 2010

http://www.uol.com.br/ - acesso agosto 2010

http://bibocaambiental.blogspot.com/ acesso agosto 2010

http://www.metro.org.br/ acesso agosto 2010

http://www.ibge.gov.br/ acesso em agosto 2010

Consciência ambiental no Brasil aumenta, mas só 22% ouviram falar da Rio+20por Maurício Thuswohl, especial para a Rede Brasil Atual publicado 06/06/2012 14:00, última

modificação 06/06/2012 15:00

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Após o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na terça-feira, a ministra espera que a conferência da ONU reforce as conexões entre as questões ambiental, social e política (Foto: ONU)Rio de Janeiro – Uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e divulgada nesta quarta-feira (6) revela que apenas 22% dos brasileiros afirmam já ter ouvido falar da Rio+20. A poucos dias do início da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, o resultado da pesquisa, intitulada “O Que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável”, parece pouco animador, mas o governo brasileiro vê a questão com outra perspectiva.

“Considerando que a pesquisa cobriu todas as classes sociais e todas as regiões do Brasil, esse índice de quase um quarto da população não é baixo. Ao contrário, é um número bastante expressivo. Há vinte anos, apenas 3% dos brasileiros sabiam da Rio-92”, afirmou a ministra Izabella Teixeira, presente à cerimônia de lançamento da pesquisa, realizada no Rio de Janeiro. A ministra acrescentou que “hoje se fala na Rio-92 como um grande êxito, mas na época muitos a consideraram um fracasso, inclusive a mídia".

Izabella afirmou que, apesar do crescimento da consciência ambiental do povo brasileiro, “ainda falta fazer o link da problemática ambiental com as questões econômica e social”. A ministra disse acreditar que isso poderá ser feito a partir da Rio+20: “Os três pilares da Conferência da ONU farão essa ligação ao discutir o

combate à pobreza, a administração sustentável dos recursos do planeta e a adoção de uma governança ambiental global”.

O caminho para avançar na consciência socioambiental do país, segundo a ministra, já está pavimentado. “Entre os dez principais problemas do país, os brasileiros listam o meio ambiente como o sexto problema. Em 1992, o meio ambiente sequer aparecia na lista de prioridades do brasileiro”, disse.

A pesquisa, de fato, demonstra um aumento no nível da informação ambiental do cidadão brasileiro. 47% dos entrevistado afirmaram saber o que é desenvolvimento sustentável. Entre estes, 69% afirmaram que se trata de “garantir que os recursos naturais não sejam destruídos pelos seres humanos”, enquanto 26% disseram que é “cuidar do meio ambiente, das pessoas e da economia do país ao mesmo tempo” e 5% que é “produzir cada vez mais com combustível fóssil como o petróleo e o gás abundante em nosso país”.

Outro dado interessante na comparação com 1992: naquele ano, 46% dos brasileiros não sabiam mencionar sequer um problema ambiental na sua cidade ou bairro. Em 2012, esse número caiu para 10%. Além disso, 82% das pessoas entrevistadas disseram não estar dispostas a ter mais progresso, se isso acontecer à custa da depredação dos recursos naturais do país.

Maus hábitosOs hábitos de consumo da maioria dos brasileiros, no entanto, ainda estão longe do ideal. Segundo a pesquisa, tarefas como, por exemplo, o descarte adequado de pilhas, baterias e pneus velhos, além de toda sorte de lixo eletrônico ou hospitalar, praticamente inexistem no país. A preocupação com o problema do lixo, por outro lado, já faz parte da realidade de 29% dos entrevistados.

Ainda segundo a pesquisa, 52% da população brasileira não separa o lixo antes do descarte. A separação do lixo é maior em áreas urbanas (50%) do que na zona rural (35%). A Região Sul apresenta o maior percentual de coleta seletiva (76%), seguida pelas regiões Sudeste (55%), Centro-Oeste (41%), Nordeste (32%) e Norte (27%).

A pesquisa foi feita pelo Instituto CP2 entre os dias 15 e 30 de abril, e teve como base a realização de 2,2 mil entrevistas domiciliares nas cinco regiões do país. Além dos principais problemas ambientais identificados pelos brasileiros no Brasil e no mundo e dos hábitos de consumo e reciclagem no país, a pesquisa mostra também como é avaliada a atuação dos órgãos públicos e empresas privadas na conservação ambiental e qual a disposição do povo brasileiro para se engajar na busca por soluções para os problemas ambientais. 

A íntegra da pesquisa pode ser vista no site do Ministério do Meio Ambiente 

http://www.guiafloripa.com.br/energia/ambiente/problemas_ligados_energia.php

Principais Problemas Ambientais Ligados às Fontes de Energia

Nesta seção são tratados os seguintes problemas:

Poluição atmosférica , Aumento do efeito estufa e alterações climáticas , Chuva ácida , Vazamentos de Petróleo , Desmatamento e Desertificação .

Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica está associada, principalmente, à queima de carvão e de combustíveis derivados de petróleo (Os aspectos e impactos gerados pela queima de gasolina e diesel podem ser vistos na Tabela 1. A ação dos resíduos sobre a saúde está sintetizada na Tabela 2). Esses dois insumos alimentam grandes setores da economia atual, como a própria geração de energia (termoelétricas), a produção industrial e o transporte, totalizando aproximadamente 90% da energia comercial utilizada no mundo. Estima-se que, entre 1960 e 1996, com o incremento das atividades industriais e de transporte (rodoviário e aéreo), a emissão de carbono (CO e CO2) resultante da queima desses combustíveis, mais que dobrou. 

O transporte rodoviário, uma das maiores fontes de poluentes, joga mais de 900 milhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera. De 1950 até 1994, a frota mundial de veículos (carros, ônibus e caminhões) cresceu nove vezes, passando de 70 milhões para 630 milhões. No Brasil, de acordo com o capítulo Cidades Sustentáveis da Agenda 21, a taxa de motorização passou de 72 habitantes por automóvel em 1960 para pouco mais de 5 em 1998, podendo chegar essa relação a 4,3 em 2005, enquanto a quantidade média diária de viagens por habitante, segundo a projeção, deve subir de 1,5 registradas em 1995 para 1,7 viagens.

Os efeitos nocivos do crescimento automotivo têm aparecido continuamente em levantamentos de saúde. Uma estatística, divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1999, apontou a poluição como responsável por um número maior de mortes do que o trânsito, em decorrência de problemas respiratórios ou cardíacos desencadeados pela exposição contínua ao ar poluído. 

Os pesquisadores europeus, que avaliaram os efeitos da poluição do ar em três países (Áustria, Suíça e França), estimam que essa seja a causa de 40 mil mortes anuais, metade das quais ligadas diretamente à poluição produzida por veículos automotores. A poluição gerada (monóxido de carbono, óxidos de enxofre e nitrogênio, material particulado) pelo transporte também é apontada como a responsável por 25 mil novos casos anuais de bronquite crônica e mais de 500 mil ataques de asma. Esses dados confirmaram informações de pesquisas anteriores, realizadas no Reino Unido, que mostraram que a poluição abrevia a vida de 12 a 24 mil pessoas por ano e provoca outras 24 mil internações.

Os dados brasileiros também revelam prejuízos significativos à saúde, em particular de gestantes, crianças e idosos. Um grupo da Faculdade de Medicina da USP constatou, em 1997, que a concentração de poluentes atmosféricos em São Paulo, principalmente nos meses de inverno, pode aumentar até 12% o risco de mortes por doenças respiratórias.

Os experimentos feitos com animais de laboratório indicaram que, após 3 meses de exposição aos poluentes, aparecem sintomas de rinite alérgica e crises de asma, além da redução das defesas imunológicas pulmonares, o que dobra o risco de contrair câncer. O ar de São Paulo recebe, anualmente, cerca de 3 milhões de toneladas de poluentes, 90% deles emitidos por veículos automotores. Os efeitos agudos da poluição se manifestam, sobretudo, durante o inverno, quando a procura por atendimento em pronto-socorros infantis aumenta 25% e o número de internações por problemas respiratórios sobe 15% em relação às outras estações, quando o egime mais intenso de chuvas e ventos ajuda a dispersar a poluição. Entre as crianças esse índice chega a 20% e a taxa de mortalidade de idosos acima de 65 anos, nesse período do ano, aumenta até 12%.

Tabela 1

Aspectos e Impactos Gerados pelo Uso de Gasolina e Diesel

AspectoImpacto Tipo Categoria

Emissão de dióxido de enxofre (SO2)

Chuva ácida Negativo Regional

Emissão de monóxido de carbono (CO)

Intoxicação Negativo Local

Emissão de dióxido de carbono (CO2)

Efeito estufa Negativo Global

Emissão de óxidos de nitrogênio (NOx)

Chuva ácida, formação de ozônio

de baixa altitude (O3)

Negativo Regional e global

Emissão de material particulado

Não identificado - -

Emissão de hidrocarbonetos

Formação de ozônio de baixa altitude

(O3)

Negativo Global

Formação de ozônio de baixa altitude (O3)

Problemas no desenvolvimento de plantas, efeito

estufa

Negativo Regional e global

Emissão de aldeídos

Cancerígeno para animais

Negativo Regional

Fonte: Breno Torres Santiago Nunes, Sérgio Marques Júnior, Rubens Eugênio Barreto Ramos.Estratégia de gerenciamento ambiental para setor de transportes:   perspectivas para o uso do gás natural como

minimizador da poluição atmosférica.

Tabela 2

Ação dos Resíduos de Combustível Fósseis sobre a Saúde

SubstânciaEfeitos sobre a Saúde

NOx Irritação dos olhos e aparelho respiratório, efeito potencial no desenvolvimento de enfisema

SO2 Problemas respiratórios, aumento da incidência de rinite, faringite e bronquite

CO Fatal em altas doses. Afeta sistemas nervoso, cardiovascular e respiratório. Dificulta o transporte de oxigênio no sangue, diminui os reflexos, gera sonolência

O3 Irritações na garganta, olhos e nariz, aumento da incidência de tosse e asma.

Hidrocarbonetos Sonolência, irritação nos olhos, tosse

Aldeídos Irrita olhos, nariz e garganta. Provoca náuseas e dificuldade respiratória.

Material particulado (da queima de carvão)

Irrita olhos, nariz e garganta. Provoca náusea e dificuldades respiratórias.

Fonte: Breno Torres Santiago Nunes, Sérgio Marques Júnior, Rubens Eugênio Barreto Ramos.Estratégia de gerenciamento ambiental para setor de transportes:   perspectivas para o uso do gás natural como

minimizador da poluição atmosférica

Outra pesquisa, liderada pelo Laboratório Experimental de Poluição Atmosférica, também da USP, investigou os danos provocados aos fetos, apesar da proteção oferecida pela placenta e pelo próprio corpo materno. A análise comparativa entre o número de óbitos fetais tardios (ocorridos após o 7º mês de gestação) e o nível diário de poluição revelou um número maior de mortes em períodos mais poluídos. De acordo com os pesquisadores, dois em cada oito óbitos fetais tardios estão associados à poluição. Embora não seja fator determinante para a perda do bebê, a poluição é um risco adicional à saúde das gestantes nos grandes centros urbanos.

Aumento do Efeito Estufa e Alterações Climáticas

A crescente consumo de combustíveis fósseis também está alterando o equilíbrio do planeta proporcionado pelo "efeito estufa", fenômeno que permite manter uma temperatura terrestre favorável à existência biológica. Contudo, a temperatura média da Terra responde ao aumento da concentração de gases de efeito estufa, pois esses gases, embora não possuam a capacidade de absorver a radiação proveniente do sol, podem reter a radiação de retorno, amplificando os efeitos do fenômeno produzido naturalmente.

Entre os gases de efeito estufa mais conhecidos estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os clorofluorcarbonos (CFCs). Os óxidos de nitrogênio (NOx), o monóxido de carbono (CO), os halocarbonos e outros de origem industrial como o hidrofluorcarbono (HFC), o perfluorcarbono (PFC) também são exemplos de gases de efeito estufa.

Segundo o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento de dióxido de carbono em decorrência da intensificação das atividades industriais foi o principal fator que contribuiu para elevar a média da temperatura entre 0,4ºC e 0,8ºC

na superfície do planeta durante o último século. O relato da Academia Nacional de Ciências (NAS) dos Estados Unidos durante a realização do Fórum Econômico, na Suíça, em janeiro de 2000, confirmou que a temperatura média global nos dias atuais é substancialmente maior que a taxa média de aquecimento durante todo o século XX.

Em 1896, as pesquisas de Svente Arrhenius já apontavam indícios de superaquecimento terrestre como decorrência do aumento de dióxido de carbono (CO2) produzido pela queima de recursos fósseis (petróleo, carvão, biomassa). O assunto permaneceu como tema acadêmico até meados do século XX, quando estudos experimentais, realizados na década de 1950, provaram que a composição atmosférica tinha mudado desde o início da Era Industrial e que o ritmo dessa mudança poderia estar se acelerando. A quantidade de dióxido de carbono e metano produzida pela decomposição orgânica nos lagos represados de grandes centrais hidrelétricas e o índice elevado de óxidos nítricos expelido diretamente na camada estratosférica pelo tráfego aéreo tem sido citados como fatores agravantes do fenômeno.

A contribuição desses gases para o aumento da temperatura global depende do tempo de sua permanência na atmosfera e da interação com outros gases e com o próprio vapor d'água natural do planeta. O dióxido de carbono é o principal agente da mudança em vista do tempo de dispersão muito longo e da quantidade gerada pelas atividades antropogênicas. O metano, embora tenha período curto de permanência na atmosfera, possui expressiva contribuição no aumento do efeito estufa porque absorve maior quantidade do calor irradiado pela Terra. Calcula-se que o metano tem um potencial de aquecimento atmosférico 56 vezes maior do que o dióxido de carbono. Os óxidos nítricos, em menor proporção, também têm a mesma característica de reação fotoquímica com a luz solar, promovendo a formação de ozônio de baixa altitude. 

Em 2000, o Brasil ocupava a 17ª posição no ranking de poluidores, emitindo 74,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Se as emissões causadas pelos desmatamentos fossem computadas, o País passaria a emitir 200 milhões de toneladas a mais, passando para a 5ª posição no ranking. (Os dados de intensidade energética e emissão per capita de CO2, por países, está na Tabela 3. Os dados da emissão de CO2por setor de economia, no Brasil, estão na Tabela 4. O histórico das emissões de CO2, por fonte de energia, está na Tabela 5).

Tabela 3

Intensidade Energética e Emissão per Capita de CO2

Países Intensidade Energética Emissão CO2

1980 1995 1980 1995

Países de baixa renda 1,11 0,91 0,90 1,40

Países de renda média

Baixa Renda Média Alta

Renda Média

0,83

1,00

0,59

0,91

1,00

0,67

2,90

2,00

4,60

4,50

4,50

4,60

Países de Renda Média

Ásia e Pacífico

Europa e Ásia Central

0,91

n.d.

n.d.

0,91

1,11

1,67

1,50

1,40

n.d.

2,50

2,50

7,90

América Latina/Caribe 0,45 0,50 2,40 2,60

Países de Alta Renda (OCDE) 0,34 0,29 12,00 12,50

Brasil 0,29 0,37 1,50 1,60

Fonte: Mário Jorge Cardoso de Mendonça, Maria Bernadete Sarmiento Gutierez, O efeito estufa e o setor energético brasileiro, Texto de Discussão 179, Edição própria, IPEA, 2000.

Observações: Intensidade energética medida em Kg equivalente de petróleo/US$ produzido, emissão medida em Kg de CO2/US$. N.d. : não disponível

Tabela 4

Emissão de CO2 dos Combustíveis Fósseis por Setor da Economia Brasileira(Dados de 1996 em 106 tC de CO2)

Setor Quantidade de Emissão Percentagem do Total

Agropecuário 3,9 6

Industrial 21,4 34

Comercial 0,4 1

Público 0,4 1

Transporte 31,2 49

Residencial 5,3 8

Consumo Final 62,7 100

Fonte: INEE, Balanço de Eficiência Energética do Brasil, 2000

Tabela 5

Histórico das Emissões de CO2 no Brasil, por Fonte de Energia(em Milhões de toneladas de Carbono)

Fonte 1974 1980 1986 1990 1993 1996

Gás 0,49 0,79 2,27 2,72 3,05 4,01

Petróleo 32,1 42,6 49,0 41,5 45,9 56,2

Carvão 2,86 6,32 10,8 10,4 12,0 13,3

Total 35,44 49,66 52,11 54,60 61,0 73,5

PIB (US$) 367 546 621 635 659 749

Índice (kgC/US$) - -0,94 -1,17 0,51 2,20 1,85

Fonte: INEE, Balanço de Eficiência Energética do Brasil, 2000

O estudo feito por geólogos da Universidade do Texas, Estados Unidos, demonstrou que apenas 25% da variação total da temperatura terrestre, no último século, ocorreu por causas naturais, como erupções vulcânicas e flutuações na intensidade da luz solar que atinge a Terra. Esses fenômenos naturais foram os responsáveis pela maior parte das mudanças climáticas globais verificadas até meados do século XIX. Os resultados de outra pesquisa, desenvolvida por geofísicos da Universidade de Utah, registraram

um aquecimento médio global de 1,1ºC desde o início da Revolução Industrial, no final do século XVIII. Os pesquisadores cruzaram as temperaturas medidas em poços com até 600 metros de profundidade com os dados registrados a partir de 1860 por estações meteorológicas. As temperaturas obtidas são semelhantes àquelas aferidas por outro grupo de pesquisadores em poços do hemisfério Sul, durante o ano de 2000, e são coerentes com os relatórios emitidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Mudanças impostas ao equilíbrio do planeta pela atividade humana, que incluem principalmente o aumento dos gases de efeito estufa e da radiação solar incidente em virtude da destruição da camada de ozônio, causada principalmente pelos compostos de cloro e bromo, sendo o CFC (clorofluorcarbonos) o principal deles, tendem a acelerar também a alteração da temperatura oceânica, a circulação associada entre a terra e os mares, e os tipos climáticos das regiões terrestres.

O cenário resultante dessas mudanças seriam desastres como enchentes, fome, epidemias, extinção de espécies animais e vegetais, desertificação de terras produtivas, destruição de recifes de coral e submersão de países do Caribe e do Pacífico, com territórios ao nível do mar. Os custos para prevenir e contornar as catástrofes decorrentes das mudanças climáticas e das perdas de terras agrícolas, água potável, estoques pesqueiros e produção de energia devem consumir aproximadamente U$ 300 billhões, a partir de 2050, conforme dados divulgados por seguradoras ligadas ao Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente. Os dados projetados pelo Centro Tyndall, da Universidade de East Anglia (Inglaterra), prevêem que o impacto causado pelo aquecimento sobre determinadas regiões poderá agravar a situação de países que figuram entre os mais quentes e secos do mundo, como o Cazaquistão e a Arábia Saudita, ou já enfrentam escassez de alimentos, como o Afeganistão e a Etiópia.

Chuva Ácida

Os principais ácidos da chuva são o sulfúrico (H2SO4) e o nítrico (HNO3), formados pela associação da água com dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), produtos da queima de combustível fóssil, que podem ser carregados pelo vento por distâncias superiores a 1.000 quilômetros do ponto de emissão, ocasionando chuvas ácidas distantes da fonte primária de poluição, o que acaba se tornando um problema sem fronteiras territoriais.

O dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio podem causar danos tanto pela precipitação seca, que se depõe sobre a vegetação e as estruturas (monumentos, prédios, etc.), como pela precipitação úmida, dissolvidos na chuva ou em vapores d'água atmosféricos. Para a saúde humana os principais danos causados pela ingestão de água ou alimentos contaminados por metais pesados presentes na chuva ácida são os problemas neurológicos. 

Há, normalmente, fluxos naturais de enxofre e nitrogênio causados pelas emissões vulcânicas, pela queima de biomassa e pela iluminação solar. São fluxos uniformemente espalhados, que não causam grandes precipitações. O fator significativo aqui também são as ações humanas porque o fluxo derivado destas é concentrado em poucas regiões industriais, porém tem a desvantagem adicional de poder se espalhar e afetar a população de outras regiões, dependendo do regime dos ventos.

Por dois anos consecutivos (1999-200), pesquisadores norte-americanos, europeus e indianos do Projeto INDOEX (Indian Ocean Experiment) constataram a existência de uma mancha marrom de 10 milhões de quilômetros quadrados de extensão com 3 a 5 Km de espessura formada por resíduos poluentes - fuligem, sulfatos, nitratos, partículas orgânicas, cinzas e poeira mineral - sobre a Índia e o Oceano Índico, obstruindo a passagem da luz solar e provocando chuva ácida. Para os cientistas, a mancha resulta da alta concentração de poluentes emitidos em toda a Ásia e acumulados sobre essa região em decorrência dos padrões de circulação climática. 

No decorrer da década de 1990, os países asiáticos lançaram na atmosfera cerca de 34 milhões de toneladas de dióxido de enxofre ao ano, quase 40% a mais do que os Estados Unidos, até então o maior responsável pela emissão desse gás no mundo. Por causa do incremento da industrialização e da frota de veículos, além do consumo intenso de carvão como gerador de energia, esses números devem triplicar até 2010, sobretudo na China, Índia, Tailândia e Coréia do Sul.

Vazamentos de Petróleo

No caso brasileiro, além do lixo, dos esgotos lançados in natura e de materiais contaminados oriundos das dragagens portuárias, a ocorrência crescente de vazamentos de petróleo têm sido um fator crescente de poluição dos ecossistemas costeiros. Quando o vazamento ocorre em alto mar, existe todo um processo que pode ocorrer com a mancha provocada, fazendo com que ela se disperse antes de chegar à costa. Como o óleo é menos denso do que a água, ele tende a flutuar, atingindo uma grande superfície. Neste processo, os compostos mais nocivos evaporam, pois são muito voláteis, e as partes mais pesadas dos hidrocarbonetos, com o batimento das ondas se agregam a pequenas partículas em suspensão no oceano, sedimentando lentamente. 

Antes do afundamento da plataforma P-36, em março de 2001, e do acidente com a plataforma P-7, em abril, a Petrobrás somava 18 desastres causados desde março de 1975 por vazamento de óleo e gasolina ou emissão de vapores de soda caústica, nove deles somente entre 1990 e 2000. Em quatro deles (janeiro, março, junho e julho de 2000), foram lançados mais de 5 milhões de litros de petróleo na região costeira da Baía de Guanabara (RJ), em Araucária (PR) e em Tramandaí (RS).

Para o ecossistema marinho, o custo desses vazamentos pode representar o comprometimento no longo prazo da diversidade biológica e genética, composta por organismos e plantas que formam a base da cadeia alimentar e são responsáveis pela dispersão intra e inter-oceânica das espécies. Uma alteração significativa do ambiente oceânico poderá agravar a diminuição dos principais estoques pesqueiros, já considerados sob risco uma vez que 70% deles são superexplorados ou estão em seu limite biológico de reprodução. Outro sinal visível da degradação dos ambientes oceânicos é a descoloração dos recifes de coral. 

O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) tem observado, desde 1980, o aumento do número de formações atingidas pelo problema. Em 1998, o relatório Planeta Vivo,

emitido pelo WWF, informou 100 episódios de descoloração de recifes durante a década de 1980, um índice alarmante comparado aos três registros históricos ocorridos nos cem anos anteriores. A degradação dos recifes de corais ameaça uma diversidade de espécies animais que utiliza as formações como habitat e torna as costas litorâneas desprotegidas contra a erosão provocada pelos movimentos oceânicos e o impacto das tempestades sobre a plataforma continental. 

A própria extração do petróleo provoca danos ambientais que ainda não foram devidamente mensurados. A lama utilizada como lubrificante para evitar o excesso de atrito do equipamento durante o processo de furo produz um montante ainda não calculado de rocha moída que é jogada no mar assim como todos os resíduos que são inerentes ao processo de extração do petróleo (gás e água com alta salinidade e concentração de metais). A bacia marítima de Campos (RJ), considerada pelos especialistas como uma das maiores fontes de petróleo do Brasil devido à sua extensão (40 mil km2), fica em uma região de grande diversidade ecológica e interesse turístico porque abriga várias lagoas costeiras, manguezais, praias arenosas e de cascalho, costões rochosos, colônias de aves marinhas, além de áreas de pescas e bancos de calcário em profundidades até 120 metros.

Desmatamento e Desertificação

O desmatamento promovido para obtenção de fontes energéticas (madeira e carvão) e a transformação de florestas em terrenos cultiváveis reduziram em 70% o parque florestal europeu e asiático entre os séculos XIX e início do século XX. De um total estimado em 62,2 milhões de quilômetros quadrados, restam somente 33,4 milhões de florestas. Atualmente, 46% das matas nativas do planeta estão sob o mesmo risco de destruição pelo desmatamento que consome, todo ano, 17 milhões de hectares de florestas tropicais, de acordo com o WWF e o Centro Mundial de Monitoramento e Conservação (WCMC). 

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou que, entre 1980 e 1995, houve um aumento de 4% na cobertura florestal da Europa, mas as condições da mata são precárias em virtude de incêndios, secas, pragas e poluição atmosférica. Nas áreas reflorestadas mais de 25% das árvores apresentam processos de desfoliação e número de matas primárias saudáveis reduziu, no mesmo período, de 69% para 39%. 

As queimadas para prática de técnicas agropecuárias são a principal forma de desmatamento. A expansão de áreas urbanas, a construção de malhas viárias e a implantação de projetos hidrelétricos ou para extração de minérios, além do comércio de madeira, incluindo o ilegal, que movimenta aproximadamente U$ 6 bilhões por ano, também contribuem para a desvastação. O manejo inadequado da terra e uso excessivo de fertilizantes, somados ao desmatamento da cobertura vegetal, também são responsáveis pela desertificação de áreas extensas ao redor do planeta, particularmente na África, onde mais da metade do território são de terrenos semi-áridos, áridos ou desérticos. No Brasil, onde a perda de terras cultiváveis chega a U$ 4 bilhões ao ano, a desertificação já compromete 980 mil quilômetros quadrados. Durante a década de 1990, segundo o WRI, foram perdidos 562 milhões de hectares de terra férteis, o que representa 38% da área total plantada no mundo.

As queimadas com fins agrícolas ou comerciais, além de causarem degradação ambiental, também são um grande fone de emissão de dióxido de carbono. Ao longo da década de 1980, as florestas chegaram a ser consideradas "o pulmão do planeta", em virtude da absorção de dióxido de carbono e à liberação de oxigênio realizadas pelas plantas durante o processo de fotossíntese. A posteriori, algumas pesquisas

apontaram que isso, na realidade, se tratava de um equívoco porque o oxigênio liberado durante a fotossíntese era absorvido pelas próprias árvores para realimentar esse processo. 

Recentemente, o projeto Experimento de Grande Escala da Biosfera - Atmosfera na Amazônia, que reúne mais de 300 pesquisadores da América Latina, Estados Unidos e Europa, comprovou que existe realmente um balanço positivo na absorção de carbono pela floresta amazônica, embora menor do que havia sido divulgado anteriormente (5 a 8 toneladas de carbono por hectare). As correções realizadas nos cálculos indicam que, somadas todas as fontes conhecidas de absorção e emissão, a floresta retira uma quantidade relativamente modesta de carbono por hectare preservado, algo entre uma e duas toneladas anuais. 

Considerando a sua extensão, que abrange 70% do ecossistema florestal da América Latina, a floresta ainda seria capaz de retirar uma quantidade de carbono nada desprezível, estimada entre 400 e 800 milhões de toneladas por ano, ou o eqüivalente à aproximadamente 10% das emissões globais devido à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. 

De todo modo, a destruição das florestas por queimadas ou desmatamento acarreta um duplo impacto ambiental porque as queimadas desprendem uma grande quantidade de dióxido de carbono e os desmatamentos, ao retirar a cobertura vegetal, reduzem a quantidade de água evaporada do solo e a produzida pela transpiração das plantas, acarretando uma diminuição no ciclo das chuvas. Além de provocar os efeitos climáticos diretos, o calor adicional pode destruir o húmus (nutrientes, microorganismos e pequenos animais) que promove a fertilidade do solo. 

Os efeitos da destruição já são sentidos inclusive nas áreas urbanas, onde o desmatamento das margem dos rios aumenta progressivamente o grau de erosão dos terrenos ribeirinhos, reduzindo a vazão da água e a qualidade do abastecimento. Em várias cidades, como Piraciba (SP), as prefeituras têm recorrido ao reflorestamento com espécies nativas para tentar reverter o processo de degradação e conter os riscos de desabastecimento.

Fonte:

Almanaque Abril, 2001

Ar Nefasto, Istoé on Line

Caderno Mais, Seção +ciência, Quanto mais quente, pior, p. 26-27, 6 de fevereiro de 2.000

Debora Vallory Figuerêdo, Chuva Ácida, CETEC - Setor de Controle da Poluição - SAP,

Décio Rodrigues, Apagão precede o desertão, Estado.com.br

Desertificação é tema de encontro em Recife, Notícias Unesco,

Desmatamento agrava crise de água em SP, Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano, p. C5, 22 de julho de 2001.

Estudo aponta o declínio de ecossistemas mundiais, Estadao.com.br

Folha de São Paulo Estudo culpa homem pelo efeito estufa, Folha Ciência, 16 julho 2.000, p. A18.

Folha de São Paulo, Folha Ciência, Poços também confirmam efeito estufa, 4 de março de 2.001, p. A-19.

Folha de São Paulo, Poluição é causa de 1 em cada 17 mortes, afirma pesquisa européia - Folha Ciência, 3 de setembro de 2000, p. A-31

Gerardo Honty, Impactos Ambientales del Sector Energético en el Mercosur, CEUTA,

Liana John, ONU prevê desastres com mudanças no clima, Estadao.com.br

Mabel Augustowski, O alto mar não é deserto, Estadao.com.br

Marcos Pivetta, Pouco gás na floresta amazônica, Revista Fapesp, Edição 72, fevereiro 2002

Mário Jorge Cardoso de Mendonça, Maria Bernadete Sarmiento Gutierez, O efeito estufa e o setor energético brasileiro, Texto de Discussão 179, Edição própria, IPEA, 2000.

Petrobrás levou 10 horas para pedir ajuda, Folha de São Paulo, Folha Cotidiano, p. C1, 23 de julho de 2000

Poluentes formam grande mancha na atmosfera,  Estado.com.br,

A poluição causa doenças e mata, Revista Fapep, julho 1997

Rosângela Trolles, Controle ambiental na Bacia de Campos: A técnica contra a poluição, Revista Ecologia e Desenvolvimento - Edição 97 - 2001

Sérgio Luis Boeira, Carro versus Ambiente, Estadao.com.br

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABBAIAJ/historico-evolucao-questao-ambiental

Evolução da Questão Ambiental

Morosine (2005) reportou que a capacidade que os seres humanos têm de interferir na

natureza para dela retirar o seu sustento e sobrevivência, permitiu a exploração e consumo de

recursos por muito tempo sem que se pensasse em sua conservação. Somente há poucas

décadas, em decorrência de catástrofes ambientais, dos índices alarmantes de poluição e da

constatação de que os limites da natureza estavam sendo superados é que se iniciou um

movimento em favor da utilização racional destes recursos.

A preocupação com os problemas ambientais decorrentes dos processos de crescimento e

desenvolvimento deu-se lentamente e de modo muito diferenciado entre os diversos agentes,

indivíduos, governos, organizações internacionais, entidades da sociedade civil, etc. Pode-se

pensar em uma evolução que seguiu as seguintes etapas (BARBIERI,

1a . Baseia-se na percepção de problemas ambientais localizados e atribuídos à ignorância,

negligência, dolo1 ou indiferença das pessoas e dos agentes produtores e consumidores de

bens e serviços;

2a . A degradação ambiental é percebida como um problema generalizado,

porém confinados nos limites territoriais dos estados nacionaisGestão

inadequada dos recursos.

3a . A degradação ambiental é percebida como um problema planetário que

estados; contestam as relações internacionaisEssa nova maneira de

atinge a todos e que decorre do tipo de desenvolvimento praticado pelos países. (?) As ações

que se fazem necessárias nesta nova fase começam questionando as políticas e as metas de

desenvolvimento praticadas pelos perceber as soluções para os problemas globais, que não se

reduzem apenas à degradação do ambiente físico e biológico, mas que incorporam dimensões

sociais, políticas e culturais, como a pobreza e a exclusão social, é o que vem sendo chamado

de desenvolvimento sustentável.

Morosine (2005) citou que a Terra está tão densamente povoada que virtualmente todos os

sistemas econômicos são interligados e interdependentes os mais importantes problemas

hoje são globais. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem se esforçado para reverter o

processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que também tem

1 Qualquer ato consciente com que alguém induz, mantém ou confirma outrem em erro; má-fé,

logro, fraude, astúcia; maquinação. Jur. Vontade conscientemente dirigida ao fim de obter um

resultado criminoso ou de assumir o risco de o produzir.

como causa a explosão demográfica e as precárias condições de vida de grande parte da

população.

Em uma retrospectiva histórica pode-se ordenar iniciativas do sentido da globalização, com

alguns fatos marcantes.

Década de 1960

De acordo com Valle (2002):

Na segunda metade do século X um grupo de cientistas de renome do Massachusetts Institute

of Tecnology (MIT), elaborou um relatório polêmico a partir de solicitação do Clube de Roma2 .

Utilizando-se de modelos matemáticos, preveniu dos riscos de um crescimento econômico

contínuo baseado na exploração de recursos naturais esgotáveis. Seu relatório Limits of

Growth (Limites do crescimento), publicado em 1972, foi um sinal de alerta que incluía

projeções, em grande parte não cumpridas, mas que teve o mérito de conscientizar a

sociedade dos limites da exploração do planeta.

Em temos gerais, suscitaram debates em torno de três (3) questões: a poluição, o crescimento

populacional e a tecnologia. Apesar de terem sido muito criticados por apresentarem dados,

argumentos e metodologias de análises controversas, seus esforços foram reconhecidos como

importantes para que a reflexão e o debate sobre essas questões se generalizassem, abrindo

caminhos para mudanças nas atitudes sociais e políticas. A origem do Clube de Roma remonta

ao ano de 1968, quando em grupo de trinta (30) especialistas, entre economistas, cientistas,

educadores e industriais, reuniu-se em Roma com o objetivo de aprimorar a compreensão dos

componentes econômicos, políticos, naturais e sociais interdependentes do “sistema global” e

encorajar a adoção de novas atitudes e políticas públicas, e instituições capazes de minorar os

problemas (PHILIPPI Jr. et al., 2004).

Valle (2002) ainda reportou que:

Primeiros movimentos ambientalistas, motivados pela contaminação das águas e do ar nos

países industrializados; Contaminação da Baía de Minamata (Japão) com mercúrio proveniente

de uma indústria química; Consciência – os resíduos incorretamente dispostos podem penetrar

na cadeia alimentar e causar mortes e deformações físicas em larga escala (processo

chamado de bioacumulação). Exemplos: Descontaminação do rio Tamisa e a melhoria do ar

em Londres. Década de conscientização! Contribuição – O Tratado Antártico (entrou em vigor

em 1961), que estipula que o continente antártico somente poderá ser utilizado para fins

pacíficos. O

2 No mês de abril de 1968, reuniram-se em Roma (Itália), pessoas de dez países, entre

cientistas, educadores, industriais e funcionários públicos de diferentes instâncias de governo,

objetivando discutir os dilemas atuais e futuros do homem. Deste encontro nasceu o Clube de

Roma, uma organização informal descrita, com muita propriedade, como um “colégio invisível”,

cujas finalidades eram promover o entendimento dos componentes variados, mas

interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais – que formam o sistema global;

chamar a atenção dos que são responsáveis por decisões de alto alcance, e do público do

mundo inteiro, para aquele novo modo de entender e, assim, promover novas iniciativas e

planos de ação (DIAS, 2008).

Tratado foi aditado em 1991 pelo Protocolo sobre Proteção Ambiental, que designa a Antártica

como reserva natural e estabelece rígidos princípios ambientais que regulam todas as

atividades humanas naquela parte do plaleta; Contribuição – Livro publicado (1962) pela

bióloga norte-americana Rachel Carson (Silent Spring – Primavera Silenciosa), no qual alertava

para o uso indiscriminado de pesticidas, que, além de destruir insetos como se pretendia,

envenenavam os pássaros. Dedicado a Albert Schweitzer, o livro principia com as palavras

desse grande humanistas: “Man has lost the capacity to foresee and to forestall. He will end by

destroying the earth” (O homem perdeu a capacidade de antever e de prevenir. Ele terminará

por destruir a Terra).

A publicação de livro supra citado foi um dos acontecimentos apontados como mais

significativo para o impulso da revolução ambiental, por ter gerado muita indignação,

aumentado a consciência pública quanto às implicações das atividades humanas sobre o meio

ambiente e seu custo social, e por ter gerado reações por parte de governos de vários países,

visando regulamentar a produção e a utilização de pesticidas e inseticidas químicos sintéticos.

O livro não foi a primeira advertência a respeito do impacto dos pesticidas sobre o meio

ambiente, pois desde a década de 1940 já haviam sido realizadas várias pesquisas, cujos

dados e conclusões eram divulgados em revistas científicas. Seu grande diferencial foi ter

explicado ao público, em linguagem acessível, os mecanismos e efeitos adversos da

contaminação ambiental, bem como os riscos envolvidos (PHILIPPI Jr. et al., 2004).

Em 1968 foi organizada a Conferência Intergovernamental de especialistas sobre as

da poluição do ar e da água, o excesso de pastagens, o desmatamento(PHILIPPI Jr. et al.,

Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos recursos da Biosfera ou,

simplesmente, Conferência da Biosfera, pela Organização das Nações Unidas (ONU),

objetivando avaliar os problemas do meio ambiente global e sugerir ações corretivas.

Promoveu a discussão a respeito dos impactos humanos sobre a biosfera, incluindo os efeitos

2004).

Philippi Jr. et al., (2004) ainda reportaram que

Um dos resultados mais significativos foi a ênfase no caráter interrelacionado do meio

ambiente. Concluíram que a deterioração ambiental tinha como principais responsáveis o

crescimento populacional, a urbanização e a industrialização, que ocorriam em ritmo acelerado.

Reconheceu-se que os problemas ambientais não respeitavam fronteiras regionais ou

nacionais, o que mostrava a necessidade da adoção de políticas ponderadas e abrangentes

para a gestão ambiental. Incentivaram, também, a realização de outra conferência, para que

fossem abordadas as dimensões políticas, sociais e econômicas da questão ambiental que

haviam ficado de fora da esfera de ação naquela oportunidade. No ano que em o homem

chegou à Lua, para muitos veio à tona a percepção da fragilidade do planeta e da

responsabilidade coletiva em relação ao meio ambiente.

Durante esta década, gradativamente os relatórios publicados por entidades científicas e de

proteção à natureza passaram a ressaltar os efeitos nocivos das atividades humanas,

especialmente os decorrentes do processo industrial. Contudo, a ênfase recaía sobre os

resultados dos avanços da ciência (responsáveis pela ruptura dos equilíbrios naturais) e sobre

a necessidade de ações técnicas (isoladas) para a correção dos problemas ambientais

decorrentes. Nesse período, poucos cientistas estavam envolvidos com uma militância política,

pois tinham receio de que um envolvimento desse porte pudesse gerar efeitos indesejáveis nas

pesquisas que desenvolviam em sua própria respeitabilidade.

Década de 1970

Por volta de 1970, a crise ambiental não mais passava despercebida. Um movimento

significativo havia surgido no cenário mundial e a evolução dos estudos científicos comprovava

cada vez mais a existência de vários problemas ambientais que poderiam comprometer a vida

no planeta. Se a década de 1960 pode ser considerada como o período de mobilização, a

década de 1970 marcou a construção de uma nova fase no mundo, em que a responsabilidade

pela sustentabilidade disseminou-se entre diversos atores sociais. Esse foi o período em que a

educação ambiental foi delineada e várias organizações ambientalistas e “partidos verdes”

foram formados pelo mundo. No entanto, mesmo diante dos problemas econômicos e

energéticos mundiais, muitos empresários, sindicatos, partidos políticos, entre outros, ainda

consideravam o movimento ambientalista um fenômeno de moda e de revolta idealista,

sustentado por uma elite de ricos “fora de propósito” (PHILIPPI Jr. et al., 2004)

De acordo com Valle (2002):

Época da regulamentação e do controle ambiental; Em 1972, o Clube de Roma publicou o

relatório “Limites do Crescimento” (Limits of Growth), documento que condenava a busca do

crescimento da economia dos países a qualquer custo e a meta de torná-lo cada vez maior,

mais rico e poderoso, sem levar em consideração o custo ambiental desse crescimento. A

repercussão deste relatório, bem como as pressões exercidas pelos movimentos

ambientalistas que eclodiram em várias partes do mundo, levaram a Organização das Nações

Unidas (ONU), em 1972 (em Estocolmo, Suécia), a realizar a I Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano, reunindo representantes de cento e treze (113) países.

Nesse evento, popularizou-se a frase da então primeira-ministra da Índia, Indira

Gandhi: “A pobreza é a maior das poluições”. Foi nesse contexto que os países em

desenvolvimento afirmaram que a solução para combater a poluição não era brecar o

desenvolvimento e sim orientá-lo para preservar o meio ambiente e os recursos nãorenováveis

(ANDRADE et al., 2002).

Durante a Conferência foi recomendado que se criasse o Programa Internacional de Educação

Ambiental (PIEA), para enfrentar a ameaça de crise ambiental no planeta.

Primeira conferência da ONU sobre as relações entre o homem e o meio ambiente.

Marco para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental. Discutiram-se questões

como a defesa e melhoria do meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Gerou a

Declaração sobre o Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o objetivo

de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano.

Preocupações: crescimento populacional, aumento dos níveis de poluição e o esgotamento dos

recursos naturais. Nesta ocasião representantes do governo brasileiro defenderam o

desenvolvimento econômico a qualquer custo (MOROSINE, 2005).

Nesta conferência, pela primeira vez, as questões políticas, sociais e econômicas geradoras de

impactos ao meio ambiente foram discutidas em um fórum intergovernamental, com a

perspectiva de suscitar medidas corretivas e de controle. No caso do Brasil e de outros países

em desenvolvimento, como Índia e China, que vislumbravam um desenvolvimento

agroindustrial acelerado, inspirados no modelo proposto pelos países desenvolvidos, as

recomendações quanto à necessidade de investimentos e medidas relativas à proteção

ambiental pareciam constituir entraves ao progresso, além de uma estratégia de ingerência na

autonomia interna, por isso, os representantes desses países resistiram ao reconhecimento da

problemática ambiental como uma realidade que também deveria ser considerada (PHILIPPI

Jr. et al., 2004).

Apesar de toda controvérsia ocorrida, o evento gerou saldos bastante positivos:

reconhecimento generalizado da profunda relação entre meio ambiente e desenvolvimento;

formulação de uma legislação internacional concernente a algumas questões ambientais;

emergência das organizações não governamentais (ONGs), recomendação que fosse realizada

uma conferência internacional específica para se discutir a Educação Ambiental, considerada

como elemento fundamental para o combate à crise ambiental, foram alguns de seus principais

resultados (PHILIPPI Jr. et al., 2004). O principal documento resultante desse conclave, a

Declaração sobre o ambiente humano, enfatizou a necessidade de livre intercâmbio de

experiências científicas e do mútuo auxílio tecnológico e financeiro entre os países, a fim de

facilitar a solução dos problemas ambientais (MILARÉ, 2004).

Como reflexo da Conferência, Valle (2002), Philippi Jr et al., (2004) e Milaré (2002) reportaram

que:

As nações começam a estruturar seus órgãos ambientais e estabelecer suas legislações

visando ao controle da poluição ambiental. Poluir passa a ser crime em alguns países;

A ONU criou um organismo próprio em sua estrutura para tratar das questões ambientais no

âmbito das Nações Unidas, denominado Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), com sede em Nairóbi (Kenya) e instituiu o dia 5 de junho como Dia Internacional do

Meio Ambiente; 1973 – criou-se a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de

Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites);

1974 – estabelecida a relação entre os compostos de clorofluorcarbonos3 (CFCs) e a

destruição da camada de ozônio na estratosfera4 ;

1975 - Porém, somente neste ano em Belgrado (Iugoslávia), foi que representantes de

sessenta e cinco (65) países reuniram-se para formular os princípios orientadores do Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que a partir de então, passou a existir

formalmente. Neste contexto, os países participantes da Conferência de Estocolmo, afirmaram

que a solução para combater a poluição não era brecar o desenvolvimento e sim orientar o

desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos não-renováveis.

Considerando a crise energética causada pelo súbito aumento do preço do petróleo:

racionalização do uso de energia e busca de fontes energéticas renováveis; O conceito de

desenvolvimento sustentável começa a tomar forma.

1978 – Iniciativa alemã do primeiro selo ecológico “Blue Angel” (Anjo azul), destinado a rotular

produtos que se diferenciam por suas qualidades ambientais.

Década de 1980

Com a chegada da década de 1980 e a entrada em vigor de legislações específicas que

controlavam a instalação de novas indústrias e exigências para as emissões nas indústrias

existentes, desenvolveram-se empresas especializadas na elaboração de Estudos de Impacto

Ambiental (EIA) e de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) (VALLE, 2002).

LICENÇA AMBIENTAL – É um ato administrativo pelo qual o órgão competente estabelece as

condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo

empreendedor para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades

utilizadores dos recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou

aqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação ou contaminação ambiental.

Para o licenciamento de ações e atividades modificadoras do meio ambiente, a legislação

3 Composto químico gasoso, cuja molécula é composta dos átomos dos elementos cloro, flúor

e carbono.

Constitui um gás de alto poder refrigerante, por isso era muito usado na indústria, existem

diversos programas em todo o mundo para banimento total do uso de CFCs em virtude dos

efeitos danosos à camada de ozônio.

4 . Camada atmosférica situada acima de 12.000m de altitude, e onde há principalmente

nitrogênio.

prevê a elaboração de documentos técnicos específicos, pelo empreendedor, conforme o tipo

de atividade a ser licenciada, como, por exemplo: Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o

respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA); Plano de Controle Ambiental (PCA);

Relatório de Controle Ambiental (RCA); Plano de Recuperação de Áreas Degradas (PRAD);

Plano de Gestão de Resíduos. Destes, o EIA/RIMA é o instrumento de maior amplitude

nacional (MOROSINE, 2005).

Em 1984 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) participou da

organização Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio Ambiente (WICEM); O

setor químico do Canadá criou o programa Atuação Responsável (Responsible Care), uma das

primeiras tentativas de se proporcionar um código de conduta para uma gestão

ambiental saudável no setor empresarial (INTEGRAÇÃO..., 2005).

O ano de 1987 constitui um marco na evolução do pensamento ambientalista mundial, em

razão da publicação do relatório “Nosso Futuro Comum” pela Comissão Mundial sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland5 ), que fora especialmente constituído

2004; Valle, 2002)

pela ONU, em 1983, sob a direção da então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem

Brundtland, (bastante respeitada por sua atuação na área ambiental) e realçou a importância

da proteção do ambiente na realização do desenvolvimento sustentável (PHILIPPI Jr. et al.,

O documento “Nosso Futuro Comum” foi elaborado a partir de um estudo minucioso da

problemática ambiental em todo o mundo, cujos resultados tornaram evidentes a necessidade

da erradicação da pobreza (vista como causa e efeito dos problemas ambientais), por meio da

polêmica proposta de “desenvolvimento sustentável”, definido no relatório como aquele que

“atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras

atenderem também as suas” (PHILIPPI Jr. et al., 2004).

Sobre o relatório supracitado, Dias (2008) citou que:

Pode ser considerado um dos mais importantes documentos sobre a questão ambiental e o

desenvolvimento dos últimos anos. Vincula estreitamente economia e ecologia e estabelece

com muita precisão o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvimento, formalizando o

conceito de desenvolvimento sustentável e estabelecendo os parâmetros a que os Estados,

independente da forma de governo, deveriam se pautar, assumindo a responsabilidade não só

pelos danos ambientais, como também pelas políticas que causam esses danos.

As recomendações desse documento serviram de base para a Conferência sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, junho de 1992, Rio 92), pela ocasião do 20º

aniversário da Conferência de Estocolmo, bem como foram a referência e base importante para

os debates que aconteceram na Conferência, onde se popularizou o conceito de

5 Em razão do nome de sua coordenadora Gro Harlem Brundtland (1ª. Ministra da Noruega).

desenvolvimento sustentável, tornando as questões ambientais e de desenvolvimento

sustentável indissoluvelmente ligadas (DIAS, 2008; VALLE, 2002).

O ano de 1988 constitui um ponto de inflexão na política ambiental brasileira ao assegurar na

Constituição Federal (promulgada em 05/10/1988) uma moderna legislação ambiental, e um

capítulo dedicado ao meio ambiente, onde se lê no Artigo 225 “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (PHILIPPI Jr et al., 2004).

Em 1989, Basiléia (Suíça), foi realizada a Convenção da Basiléia criada, entre outras razões,

para coibir o comércio de resíduos tóxicos para serem descartados em países menos

desenvolvidos. Foi firmado um convênio internacional que estabelece as regras para os

movimentos transfronteiriços de resíduos, dispõe sobre o controle da importação e exportação

e proíbe o envio de resíduos para países que não disponham de capacidade técnica, legal e

administrativa para recebê-los.

Acidentes ambientais ocorridos na época

1984 – Bhopal (Índia), Um vazamento de gases letais da fábrica Union Carbide deixou um

saldo de 3400 mortes e 20 mil feridos devido ao lançamento de gases tóxicos na atmosfera;

1986 – Chernobyl (Antiga União Soviética – atual Ucrânia), acidente nuclear com mais de 80

mortos e com efeitos até os dias atuais; 1986 – Basiléia (Suíça), incêndio em uma indústria

provocaram um derramamento de 30 toneladas de pesticidas no Rio Reno, causando a

mortandade de peixes ao longo de 193 Km; 1989 – Alasca (EUA), derramamento de 4 milhões

de litros de petróleo no Canal

Príncipe Willian, causado pelo petroleiro Exxon Valdez. Atingiu uma área de 260 Km2 ,

mostrando que nenhuma área, por mais remota e mais “intacta” que seja, está a salvo do

impacto causado pelas atividades humanas;

Segundo Dias (2008):

Nos anos 80, foi dado um alerta por várias organizações e acadêmicos no mundo todo sobre o

perigo representado ao planeta: a elevação da temperatura global devido ao efeito estufa. O

problema desde então só tem se agravado, tanto pelo aumento das temperaturas médias, que

provocam problemas em várias partes do mundo, como pelo avanço da tecnologia, que

consegue demonstrar com mais precisão o que realmente está acontecendo com o clima global

devido à atividade humana.

Década de 1990

De acordo com Seiffert (2007):

A década de 90 colocou em evidência os problemas relacionados ao clima e como isso poderia

comprometer a sobrevivência dos ecossistemas. Nesta década, houve grande impulso com

relação à consciência ambiental na maioria dos países, aceitando-se pagar um preço pela

qualidade de vida e mantendo-se limpo o ambiente. A expressão qualidade ambiental passou a

fazer parte do cotidiano das pessoas. Muitas empresas passaram a se preocupar com a

racionalização do uso de energia e de matérias-primas (madeira para fabricação de papel,

água, combustível e outros), além de maior empenho e estímulos à reciclagem e reutilização,

evitando desperdícios.

Valle (2002) reportou que:

Na década de 1990, já consciente da importância de manter o equilíbrio ecológico e

entendendo que o efeito nocivo de um resíduo ultrapassa os limites da área em que foi gerado

ou é disposto, o homem se viu preparado para internalizar os custos da qualidade de vida em

seu orçamento e pagar o preço de manter limpo o ambiente em que vive. A preocupação com o

uso parcimonioso das matérias-primas escassas e não renováveis, a racionalização do uso da

água e da energia, o entusiasmo pela reciclagem, que combate o desperdício, convergiram

para uma abordagem mais ampla e lógica do tema ambiental, que pode ser resumida pela

expressão qualidade ambiental.

De acordo com INTEGRAÇÃO(2005):

A década de 1990 caracterizou-se pela busca por uma melhor compreensão sobre o conceito

de desenvolvimento sustentável, paralelamente às tendências crescentes em direção à

globalização, especialmente no que diz respeito ao comércio e à tecnologia. A convicção de

havia um número cada vez maior de problemas ambientais no mundo que exigiam soluções

internacionais se tornou mais forte. Em termos de gestão governamental, os eventos do final da

década de 1980 continuavam a influenciar o desenvolvimento político em todo o mundo. No

âmbito institucional, as idéias que tomaram forma no final da década de 1980, como a

participação de múltiplos grupos de interesse e uma maior responsabilização em relação a

questões ambientais e sócias, ganharam maior dimensão com uma série de eventos

internacionais.

A década de 1990 assistiu também à entrada em vigor das normas internacionais de gestão

ambiental (1996), denominadas de “Série ISO 14000”ou Normas de Série ISO 14000 (ISO –

Organização Internacional para a Normatização ou Padronização - International Organization

for Standardization), que constituem o coroamento de uma longa caminhada em prol da

conservação do meio ambiente e do desenvolvimento em bases sustentáveis (VALLE, 2002).

Em 1990 houve a Conferência Ministerial sobre o Meio Ambiente (Bergen, Noruega) - idéias

foram formalmente apoiadas pela primeira vez. Essa conferência foi convocada como uma

preparação para a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra ou Rio 92.

Neste contexto, deve-se ressaltar que em 1988, ao se completarem vinte anos da proposta

sueca de realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano

(Conferência de Estocolmo), a XLIII Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou

a Resolução 43/196, pela qual decidiu realizar até 1992 uma conferência sobre temas

ambientais. O Brasil, naquela Sessão da Assembléia Geral, ofereceu-se para sediar o

encontro. A definição do próprio título da Conferência – Meio Ambiente e Desenvolvimento –

atendeu aos interesses do Brasil e dos demais países em desenvolvimento. Os países

desenvolvidos teriam preferido excluir do título a questão do desenvolvimento de modo a

permitir concentração nos aspectos estritamente ambientais com base em dados e conclusões

científicas. Para o Brasil convinha conjugar sempre, em todas as questões, os problemas

ambientais com os temas econômicos e sociais. A Resolução optou por essa concepção dual

(SETTI, 2001).

Em 1991 foi publicada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (dirigida às

empresas por ocasião da 2ª. Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio

Ambiente – WICEM I). A preservação do meio ambiente é considerada uma das prioridades de

qualquer organização. Esse documento, elaborado por uma comissão de representantes de

empresas, foi desenvolvido na Câmara de Comércio Internacional (CCI), entidade que está

instituída com o objetivo de ajudar organizações em todo o mundo a melhorar os resultados

das suas ações sobre o ambiente (ANDRADE et al., 2002; VALLE, 2002).

Coerentemente a este movimento, a Carta Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável foi criada com dezesseis princípios relativos à gestão do ambiente, que é, para as

organizações, aspecto de importância vital de Desenvolvimento Sustentável. A carta auxiliará

as empresas a cumprir, de forma abrangente, as suas obrigações em matéria de gestão do

ambiente, consideram que as organizações versáteis, dinâmicas, ágeis e lucrativas, devem ser

a força impulsora do desenvolvimento econômico sustentável, assim como a fonte da

capacidade de gestão e dos recursos técnicos e financeiros indispensáveis à resolução dos

desafios ambientais. As economias de mercado, caracterizadas pelas iniciativas empresariais,

são essenciais à obtenção desses resultados. De acordo com a Carta Empresarial, as

organizações necessitam partilhar do entendimento de que deve haver um objetivo comum, e

não um conflito entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento

presente como para as gerações futuras (ANDRADE et al., 2002).

Em 1992 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento - CNUMAD (Rio de Janeiro, Brasil), objetivando avaliar como os países

haviam promovido a proteção ambiental desde a primeira conferência e discutir

encaminhamentos para algumas questões específicas, como as mudanças climáticas, a

proteção da biodiversidade entre outras (PHILIPPI Jr. et al., 2004).

O evento reuniu mais de 178 países (ou 182, como citam alguns livros) e contou com a

participação maciça da sociedade civil, lançando as bases sobre as quais os diversos países

do mundo deveriam, a partir daquela data, empreender ações concretas para a melhoria das

condições sociais e ambientais, tanto no âmbito local quanto planetário. Também

compareceram mais de 100 chefes de Estado, cerca de 10 mil delegados, 1400 organizações

não-governamentais (ONGs) e aproximadamente 9 mil jornalistas. A Rio 92 ainda é a maior

reunião de gênero já realizada. Antes da sua realização propriamente dita, as preparações em

âmbito nacional, sub-regional, regional e global, também envolveram a participação de

centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, garantindo que suas vozes fossem

ouvidas (INTEGRAÇÃO…, 2005; PHILIPPI Jr. et al., 2004).

internacionais (SEIFFERT, 2007; INTEGRAÇÃO, 2005; PHILIPPI Jr. et al., 2004;

Apesar de sua importância, a principal crítica que se faz a Rio 92 refere-se ao fato de as

causas estruturais dos problemas ambientais (o capitalismo, o modelo de desenvolvimento

econômico dos países, os valores sociais, as relações de poder entre os países), não terem

sido discutidos em profundidade. Pode-se dizer que, a Rio 92 aprovou cinco acordos oficiais

VALLE, 2002;):

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Carta da Terra (rebatizada de

Declaração do Rio). Visa “estabelecer acordos internacionais que respeitem os interesses de

todos e protejam a integridade do sistema global de ecologia e desenvolvimento”. Contém 27

princípios que reafirmaram as questões que haviam sido formuladas em Estocolmo, vinte anos

antes, colocando os seres humanos no centro das preocupações relacionadas ao

desenvolvimento sustentável, ao declarar que os seres humanos “têm o direito a uma vida

saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”;

Agenda 21 – um plano de ação para o meio ambiente e desenvolvimento no século XXI;

É um plano de ação parcialmente baseado em uma série de contribuições especializadas de

governos e organismos internacionais, incluindo a publicação “Cuidando do Planeta Terra: uma

estratégia para o futuro da vida” (Caring for the earth: a stratey for sustainable living). A Agenda

21 é hoje um dos instrumentos sem validade legal mais

sólidos, resíduos tóxicos, rejeitos perigosos, entre outros (INTEGRAÇÃO, 2005; VALLE,

importantes e influentes no campo do meio ambiente, servindo com base de referência para o

manejo ambiental na maior parte das regiões do mundo. Estabelece uma base sólida para a

promoção do desenvolvimento em termos de progresso social, econômico e ambiental, tem

quarenta capítulos. Dedica-se aos problemas da atualidade e almejava preparar o mundo para

os desafios do “próximo” século. Reflete o consenso global e compromisso político em seu

mais alto nível, objetivando o desenvolvimento e o compromisso ambiental. No entanto, para a

sua implantação bem sucedida, é necessário o engajamento e responsabilidade dos governos.

Constitui um plano de ação que tem por objetivo colocar em prática programas para frear o

processo de degradação ambiental e transformar em realidade os princípios da Declaração do

Rio. Esses programas estão subdivididos em capítulos que tratam dos seguintes problemas:

atmosfera, recursos da terra, agricultura sustentável, desertificação, florestas, biotecnologia,

mudanças climáticas, oceanos, meio ambiente marinho, água potável, resíduos 2002). duas

grandes convenções internacionais – a Convenção-Quadro das Nações

Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) e a Convenção sobre Diversidade Biológica

(CDB).

Declaração de Princípios para o Manejo Sustentável de Florestas.

Neste contexto, Dias (2008) citou que:

Além dos documentos contendo as diretrizes globais, houve um desdobramento institucional

importante, que foi a criação da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS) em

dezembro de 1992, para assegurar a implementação das propostas da Rio 92. A CDS é uma

comissão do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).

Os princípios do desenvolvimento sustentável foram reafirmados ao longo da década de 1990

em várias conferências internacionais, alguns exemplos (ANDRADE et al., 2002; VALLE, 2002

e INTEGRAÇÃO..., 2005): 1993 – Conferência Mundial dos Direitos Humanos (Viena); 1994 –

Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo); 1995 – Cúpula Mundial

para o Desenvolvimento Social (Copenhaque); 1996 – Conferência Mundial das Nações Unidas

sobre os Assentamentos Humanos

(HABITAT I) (Istambul); 1996 – Cúpula Mundial da Alimentação (Roma);

1997, por ocasião da “3a . Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças do

Clima”, foi firmado o “Protocolo de Kyoto” (Japão): os países industrializados se comprometem

a reduzir, até 2012, suas emissões de gases que contribuem para o aquecimento global em

5,2%, calculados com base nos níveis de emissões de 1990; 1997 (Nova York - EUA), cinco

anos após a Rio 92, a comunidade internacional convocou uma nova cúpula chamada Rio + 5

para rever os compromissos empreendidos no Rio de janeiro em 1992. Durante o encontro,

houve uma preocupação em relação à lenta implementação da Agenda 21. A conclusão geral

foi de que, embora um certo progresso houvesse sido feito em relação ao desenvolvimento

sustentável, várias das metas da Agenda 21 ainda estão longe de se concretizar

(INTEGRAÇÃO..., 2005).

Em 1997, já no final do século X, cerca de 800 milhões de pessoas (quase 14% da população

mundial) não só passavam fome como não sabiam ler ou escrever, habilidades essenciais para

o desenvolvimento sustentável (UNESCO, 1997 apud Integração..., 2005).

Em 1998 foi estabelecido o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Cimáticas.

IPPC)6 . Neste contexto, Dias (2008) citou que:

Um marco na tomada de consciência sobre o aquecimento global foi o depoimento do físico

James Edward Hansen, da NASA, em 1988, ao Congresso Norte-Americano, no qual apontava

evidências científicas de que os humanos estavam interferindo perigosamente no clima. Suas

denúncias contribuíram para o estabelecimento, em novembro de 1988, do Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática pela Organização Metereológica Mundial (OMM)

e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), objetivando reunir todas

as evidências científicas sobre as mudanças climáticas.

Década de 2000

Apesar de vários contratempos, os últimos trinta anos forneceram uma base sólida sobre a qual

o desenvolvimento sustentável poderá ser implementado nas próximas décadas. A

preocupação com as questões ambientais globais atingiu seu ápice no virar do século com as

discussões em torno das mudanças do clima. Com relação às substâncias poluentes foram

tomadas iniciativas importantes nos últimos anos do século X (VALLE, 2002).

Dias (2008) reportou que:

Em dezembro de 2000, a Assembléia Geral das Nações Unidas resolveu que a Comissão

sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS) serviria de Órgão Central Organizador da Cúpula

Mundial de Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio + 10, que ocorreria em

Johannesburgo entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002 e que teria como objetivo

avaliar a situação do meio ambiente global em função das medidas adotadas na CNUMAD -92.

Em julho de 2001 o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPPC) publicou o

primeiro relatório de avaliação sobre as mudanças climáticas (três volumes), no

6 O IPPC é constituído por cientistas de diversos países e áreas de conhecimento.

qual afirmava que a mudança climática representava de fato uma ameaça à humanidade e

conclamava pela adoção de um tratado internacional sobre o problema. Em agosto de 2007

reiterou as informações contidas no primeiro relatório e apontou que a concentração do CO2 na

atmosfera está em seu nível mais elevado em 400 mil anos.

Em 2001 foi aprovada em Estocolmo (Suécia), a Convenção dos Poluentes

Orgânicos Persistentes (POPs), que estabeleceu medidas de controle/banimento sobre doze

produtos químicos altamente tóxicos, incluem nove famílias dos pesticidas, inseticidas ou

herbicidas (Aldrin, Endrim, Dialdrin, Clordano, diclorodifeniltricloretano (DDT), Heptaclor,

Hexacloro-benzeno, Mirex e Toxafeno) mais as bifenilas cloradas (PBCs) (utilizados sobretudo

como óleos isolantes elétricos) além das dioxinas e furanos (resultantes na maioria das vezes

da queima de substâncias organocloradas) (VALLE, 2002).

Em 2002, dez anos após a Conferência do Rio de Janeiro, a ONU promoveu em

Johannesburgo (África do Sul) um novo encontro internacional intitulado “Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável” objetivando analisar os progressos alcançados na

implementação dos acordos firmados na Rio 92, fortalecer os compromissos assumidos nessa

ocasião, identificar novas prioridades de ação, além de proporcionar trocas de experiências e o

fortalecimento de laços entre pessoas e instituições de diversas nações (PHILIPPI Jr. et al.,

2004).

A conferência supra citada produziu dois documentos relevantes – a Declaração de

Johannesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentável e o Compromisso de Johannesburgo

para um Desenvolvimento Sustentável (DIAS, 2008).

No Brasil (Brasília), em 2003, foi realizada a I Conferência Nacional do Meio

Ambiente, ampliou a participação da sociedade brasileira na formulação de proposta para o

Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA); e em 2005 foi realizada a I Conferência

Nacional do Meio Ambiente, que assim como a I Conferencia, teve como objetivo constituirse

em um espaço no qual a sociedade tivesse voz e voto para apontar diretrizes para a Política

Nacional do Meio Ambiente, podendo participar de políticas públicas de meio ambiente e do

acompanhamento das ações desenvolvidas pelo Governo.

Em 2008 (Poznan – Polônia) foi realizada uma reunião mundial sobre mudanças climáticas –

acordo para a segunda etapa do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

No tocante às mudanças climáticas em dezembro de 2009 foi realizada a COP 15, em

Copenhagen (Dinamarca).

15 Considerações Finais

De acordo com Seiffert (2007):

A origem dos impactos ambientais gerados pelos ecossistemas antrópicos nos ecossistemas

naturais está associada a características bastante peculiares do ser humano. Ecologicamente,

o que diferencia o homem dos demais animais que fazem parte dos ecossistemas naturais é o

raciocínio. E é ele que vem possibilitando, ao longo dos anos, que o homem molde as

características do meio natural para assegurar-lhe conforto e sobrevivência, diferentemente da

maioria dos animais, que em geral se adaptam ao meio.

Philippi Jr. et al., (2004) reportaram que há autores que discutem a existência de problemas

ambientais a partir de suas relações com a pobreza e a riqueza. Chamam a atenção para o fato

de não existir um desequilíbrio socioecológico no planeta:

No chamado Primeiro Mundo, a maioria da população tem um padrão de consumo suntuário;

daí dizer-se que produzem problemas ambientais relacionados à riqueza. São exemplos disso

a chuva ácida, o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio, que decorre dos altos níveis

de poluentes jogados na atmosfera, o lixo radioativo advindo das usinas nucleares, as

acumulações crescentes de lixo que, por falta de espaço para ser aterrado, chega a ser

exportado para outros países. Assim, os problemas ambientais relacionados à riqueza são

decorrentes da manutenção de um estilo de vida com base no consumismo e no desperdício,

que preconizam altos níveis de consumos de energia, de água e de matérias-primas para

sustentar altos níveis de produção de bens e produtos. No chamado Terceiro Mundo,

problemas ambientais bastante freqüentes (como a poluição e a contaminação da água e do

solo em virtude da inadequada disposição de resíduos industriais e da falta de saneamento

básico; a falta de água; os lixões a céu aberto; a destruição da biodiversidade em decorrência

de desmatamentos e queimadas; grandes impactos ambientais decorrentes da exploração

desenfreada das fontes de matériasprimas, entre outros) têm uma profunda relação com a

situação de pobreza em que essas populações se encontram; A situação é muito complexa.

Por um lado, esses países possuem reais dificuldades financeiras, que restringem o

investimento necessário em infraestrutura, educação, saúde, agricultura, habilitação e assim

por diante. Por outro, generalizam-se a precariedade dos serviços, a omissão do poder público

na promoção da melhora da qualidade de vida da população como um todo e o desrespeito de

indivíduos que impigem à sociedade a inadequada disposição de seus resíduos ou a

apropriação de bens coletivos. Há que se ressaltar que os problemas relacionados à riqueza e

à pobreza coexistem dentro de cada país, não sendo exclusivos dos países do Primeiro e do

Terceiro Mundo.

Dias (2008) reportou que:

A busca de uma agenda comum de ataque à pobreza e à destruição ambiental constitui-se

num objetivo que une países desenvolvidos e em desenvolvimento nos fóruns internacionais;

embora apresentem diferentes proporções no enfrentamento do problema, concordam em que

somente com a adoção de estratégias comuns poderão enfrentar o duplo desafio que

representa a pobreza e o meio ambiente.

Referências Bibliográficas

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PHILIPPI Jr, Arlindo; ROMÉRO, Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Collet.; Curso de Gestão

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SETTI, Arnaldo Augusto; LIMA, Jorge Enoch Furquim Werneck; CHAVES, Adriana Goretti de

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VALLE, Cyro Eyer do; Qualidade Ambiental, 4a . ed., revisada e ampliada, São Paulo: SENAC,

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6a . ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. 160p.

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap1.html

Capítulo 1 - Introdução  

Entre os muitos avanços e mudanças deste século, um dos mais importantes é o despertar de uma consciência ecológica, ou seja, a necessidade de harmonizar desenvolvimento econômico com qualidade do meio ambiente. Esta harmonia é expressa através de um desenvolvimento sustentável e é compartilhada pelos vários setores da sociedade (governo, academia, sociedade civil e empresários).

A crescente e rápida expansão da atividade econômica, seguindo o modelo industrial e agrícola prevalecente (intensa mecanização, intenso uso de recursos naturais), vêm deteriorando os ecossistemas, e portanto levando à insustentabilidade a longo prazo. Há inúmeros exemplos de lugares no País e no mundo onde essa qualidade vida dos sistemas naturais e até sociais já foi perdida (por exemplo, Cubatão - SP, Minamata -Japão).

Os cientistas foram os primeiros a identificar os impactos negativos das atividades econômicas sobre os ecossistemas, na mudança climática e nos danos para a saúde humana. Houve no passado algumasprevisões catastróficas e alarmantes, porém sem muitos adeptos e sem soluções plausíveis de serem implementadas

O impacto dos desastres ecológicos e a visível deterioração de muitos ecossistemas têm gerado uma consciência social coletiva. Hoje é preocupação mundial a persistência do efeito estufa (aumento de dióxido de carbono e outros gases na atmosfera), a destruição progressiva da camada de ozônio, a acidificação do solo e da superfície das águas, o aumento de lixos radioativos, o acúmulo de metais tóxicos nos sedimentos e no solo, o acúmulo de produtos químicos não-biodegradáveis no meio ambiente, a contaminação e exaustão de cursos d’água, a perda de florestas tropicais, de terras úmidas, de biodiversidade em geral. Estas preocupações estão sendo levadas às convenções internacionais promovidas pelas Nações Unidas, como por exemplo, a recente Conference of the Parties -COP3, realizada em dezembro de 1997, em Kyoto, dedicada à busca de formas para reduzir a emissão de CO2.

O despertar do recente e abrangente conceito de desenvolvimento sustentável começou surtir maior efeito a partir da realização da Rio- 92 - que se transformou em marco histórico, pois disseminou mundialmente a necessidade de vincular o desenvolvimento econômico às questões ambientais. Já em 1994, cento e três países haviam criado suas comissões para implementar a Agenda 21, segundo o State of the World – 1995 [Brown et al., 1995, p.181], mostrando a repercussão do evento e seus desdobramentos.

Hoje governos, ONG’s, opinião pública, organizações internacionais, e ,agora, muitos industriais reconhecem a necessidade de uma mudança fundamental no manejo e uso dos recursos naturais, de forma a compatibilizar as atividades

econômicas com os princípios ecológicos. Emprega-se muito a expressão desenvolvimento sustentável apesar da diversidade de definições, pouco consenso, todavia, há o reconhecimento de que o problema existe. A questão posta por muitos, países desenvolvidos e em desenvolvimento, de forma cada vez mais insistente, é: como assegurar desenvolvimento sustentável, crescimento da atividade industrial com a qualidade ambiental?

Esta questão se coloca para todos os setores da atividade humana. O crescimento econômico para atender às necessidades de uma crescente massa populacional é um imperativo universalmente reconhecido (direitos humanos). A esse imperativo acrescenta-se hoje a necessidade do "desenvolvimento humano" (qualidade de vida), e isso requer qualidade do meio ambiente para que se tornem compatíveis a longo prazo.

Sabe-se que a industrialização é responsável por uma grande parcela da poluição ambiental. Parece óbvio, portanto, que é nos setores produtivos onde a mudança se faz, prioritariamente, necessária.

O reconhecimento de que os impactos ambientais negativos são atribuídos principalmente às atividades econômicas, mostra a urgência de uma nova forma de gestão dos processos produtivos, devendo ir além dos conceitos de qualidade assimilados até agora para incluir também o conceito de qualidade do meio ambiente. O interesse empresarial pela qualidade ambiental talvez não seja tão somente uma preocupação social em si, ou um conformismo com políticas de governo, mas uma questão de sobrevivência no mercado.

A produção industrial conheceu uma evolução extraordinária na eficiência e na qualidade dos processos e na gestão da produção com a evolução da qualidade (TQM), porém, a qualidade do meio ambiente foi negligenciada. A eficiência no uso de recursos naturais foi uma preocupação menor, dada a abundância na oferta e seu baixo custo. Com a preocupação ambiental, a saúde dos ecossistemas começou a tornar-se um requisito a mais na questão da qualidade total. A ISO 14000 vem reforçar e até tornar primordial a inclusão de critérios de qualidade ambiental nos sistemas produtivos. Neste contexto, os próprios empresários sob a pressão da opinião pública, dos organismos não-governamentais, dos consumidores em particular e até mesmo dos investidores (acionistas, bancos e também seguradoras), se vêem obrigados a repensar, em profundidade, suas estratégias de produção industrial.

Desde antes, e sobretudo depois da Rio-92, surgiram diversas propostas de tecnologias (ex.: tecnologia limpa, reciclagem) que melhoram a qualidade ambiental, sem no entanto resolver as questões do desenvolvimento sustentável. A busca de estratégias de gestão da qualidade ambiental e mais amplamente do desenvolvimento sustentável inspirou muitas iniciativas, inclusive o Zero Emissions Research Initiative -Zeri.

Este estudo dedica-se a analisar o Zeri, buscando apresentá-lo como a proposta mais adequada à promoção da gestão da qualidade ambiental na linha do desenvolvimento sustentável.

1.1 Objetivos

- Objetivo Geral

Analisar o Zeri como proposta de gestão aplicável a diversos setores econômicos, especificamente ao industrial, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.

- Objetivos Específicos

Para atingir este objetivo o estudo busca:

compreender os aspectos que norteiam o desenvolvimento sustentável; identificar as principais iniciativas atualmente empregadas pelo setor

industrial e verificar de que forma as mesmas atendem os aspectos da qualidade ambiental, e

apresentar os elementos constituintes da iniciativa Zeri, mostrando como ela induz à gestão da qualidade ambiental na perspectiva do desenvolvimento sustentável.

1.2 Justificativa e Relevância do Assunto

O Zeri vem ao encontro da preocupação da sociedade, governos e empresários em harmonizar desenvolvimento com qualidade da vida ecológica. Ele propõe uma mudança nos processos produtivos com a participação desses três agentes – na qual a academia está presente de várias maneiras -, apresenta inovações na forma de pensar e conduzir as profundas transformações que se fazem necessárias nessa fase importante da globalização da economia, da cultura e da vida política dos povos. Ao valer-se do conhecimento e progressos tecnológicos adquiridos com outras formas de gestão (entre elas a qualidade total e as ISO’s) mundialmente aceitas e já assimiladas em muitas empresas industriais e de serviços, cria um clima favorável para induzir um novo salto qualitativo nessas estratégias, em que a sustentabilidade da empresa se atrela a sustentabilidade ambiental social e econômica.

A relevância dessa visão do Zeri aparece com mais nitidez ao se identificar duas características no quadro da globalização pertinente ao desenvolvimento sustentável.

A primeira refere-se ao elevado número de países (do Brasil ao México, do Vietnã à China) e de regiões inteiras que estão na corrida do crescimento econômico, buscando juntar-se aos já industrializados. O crescimento

perseguido segue o mesmo modelo de industrialização (alto consumo de recursos naturais e geração de poluentes) adotados por aqueles que começaram há mais de um século. O Zeri propõe uma evolução do pensamento de estratégias que leva ao desenvolvimento sem esses efeitos perversos.

A segunda característica refere-se ao esforço multilateral para resolver questões ambientais. A escala global dos problemas gerados pelo conjunto das atividades humanas faz com que as soluções sejam cada vez mais negociadas, adotadas e implementadas pelo conjunto das nações. Embora, a maior parte das ações de implementação devam ter lugar no âmbito dos países e localmente, estas têm pouca eficácia se fossem tomadas sem um esforço orquestrado. O Zeri tem a vantagem de oferecer uma visão ampla e uma estratégia pragmática, a ser implementada a longo prazo, com a participação de todos e na qual os benefícios são também partilhados por todos.

Diante disso, parece importante, que se faça a apresentação de como o Zeri integra os conceitos e valores do desenvolvimento sustentável com princípios, estratégias e métodos da qualidade total e dessa visão integrada elabora políticas e estratégias para gestão da qualidade ambiental, objetivando desenvolvimento industrial sustentável.  

1.3 Organização do Estudo

Este estudo está organizado em quatro partes nessa ordem:

O Capítulo 2 faz uma síntese histórica da evolução da questão ambiental até o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, com o objetivo de elaborar um quadro conceitual que serve de referencial para estudar a questão da gestão da qualidade ambiental.

O Capítulo 3 examina as principais iniciativas mundiais (ênfase nas de gestão), visando a melhoria da qualidade ambiental, bem como apresenta aspectos limitantes de tais iniciativa para a condução do desenvolvimento sustentável.

Em função disto, o Capítulo 4, apresenta o Zeri, a origem e o contexto em que foi formulado, os antecedentes conceituais, bem como as estratégias gerenciais propostas e sua aplicabilidade.

E, finalmente, o Capítulo 5 apresenta as conclusões do estudo sobre a gestão da qualidade ambiental em harmonia como o desenvolvimento econômico e social, bem como sugestões para trabalhos futuros, de interesse acadêmico e

voltadas para a formulação de políticas de governos ou para revisão de estratégias empresariais.

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap2.html

Capítulo 2 - A Questão Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável

"Temos o poder de reconciliar as atividades humanas com as leis naturais e de nos enriquecermos com isso." [Nosso Futuro Comum, 1991, p.1; Donaire, 1995, p.29].

"O homem, dito sapiens, é o único animal capaz de destruir, irremediavelmente, seu próprio habitat, que é a nossa frágil biosfera. Mas também é o único com habilidade para reverter esse processo que ele próprio deflagrou." [Toynbee (1982) apud Mello, 1996, p.8].

2.1 Uma Visão Global

O meio ambiente vem, nas últimas décadas, atraindo maior atenção e interesse. Mas, desde a década de 60, a deterioração ambiental e sua relação com o estilo de crescimento econômico já eram objeto de estudo e preocupação internacional. Cita-se, por exemplo, Albert Shweitzer (1954) que ganhou o Prêmio Nobel da Paz ao popularizar a ética ambiental e o livro "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson, lançado em 1962, que trata do uso e efeitos dos produtos químicos sobre os recursos ambientais [Genebaldo Dias, 1994, p.20-21].

Em 1968, foi fundado o Clube de Roma que, em 1972, publicou o conhecido relatório "Limites do Crescimento", denunciando que o crescente consumo mundial ocasionaria um limite de crescimento e um possível colapso [op. cit.].

Nas décadas de 70 e 80, com os desastres ambientais de Bhopal e Chernobyl - respectivamente, vazamento numa fábrica de pesticida na Índia e explosão de reator nuclear, na então União Soviética, cresce uma conscientização ambiental na Europa, seguida nos EUA, depois do vazamento de petróleo do Valdez [Callenbach, Capra et al, 1993, p.23]. Também, de acordo com Brügger [1994], a questão ambiental, nos anos 80, tornou-se um foco de grande interesse, em face dos desastres ecológicos. Desse modo, passaram a fazer parte do nosso cotidiano as previsões apocalípticas. "O ponto crucial é que a gestão dos recursos naturais não é uma questão apenas técnica e, com isso, não pode ser isolada do contexto social e político." [Brügger, 1994, p.24].

Na década de 90, com a realização da Rio-92, as questões ambientais assumiram um papel de destaque na esfera das preocupações mundiais, tornando-se mais discutidas real âmbito ao qual pertencem, ou seja, o político e o social, além do usual econômico. Sem estes dois

primeiros aspectos, a questão ambiental dificilmente poderia ter um encaminhamento melhor para seu entendimento e tentativas de soluções. Esta evolução do conhecimento das questões ambientais que se tem hoje é fruto de diversos estudos científicos realizados ao longo do tempo e o crescimento de uma consciência ecológica.

A questão ambiental é complexa e portanto, requer uma visão holística e sistêmica [Capra, 1996]. Faz-se necessária a percepção do todo, uma mudança na concepção linear de causa-efeito, para enxergar as causas, suas relações e suas inter-relações cíclicas. Esta concepção linear é explicada como sendo o resultado das divisões das áreas do conhecimento e suas conseqüentes especializações que, ao serem feitas, muito se perdeu do todo, da realidade. Torna-se necessário, pois, entender a complexidade das questões ambientais, e reconhecer que não haverá nenhuma solução técnica aceitável sem se resolver os problemas políticos e sociais associados.

Freqüentemente é atribuído ao desenvolvimento industrial dos últimos séculos, a maior parte dos impactos causados ao meio ambiente. No entanto, a poluição, ou seja, os primeiros impactos negativos ao meio ambiente, provavelmente têm sua origem na Idade dos Metais, na era Paleolítica. Assim, vem de muito longe a interferência humana no equilíbrio da natureza, bem antes da revolução industrial. Entretanto, a maior parte da literatura faz referência a esta última, uma vez que, na quase sua totalidade, os processos produtivos causam algum tipo de dano ao meio ambiente.

"A Terra tem 4,6 bilhões de anos. Durante as últimas frações de segundo geológico da história do nosso planeta, o Homo sapiens industrial interferiu em ciclos naturais que levaram de milhões a bilhões de anos interagindo dinamicamente para formar as atuais condições de vida que conhecemos e às quais nos adaptamos. Tais intervenções antrópicas têm se traduzido freqüentemente em problemas como extinção de espécies, mudanças climáticas, poluição, exaustão de recursos úteis ao homem e outras questões que nos são hoje bastante familiares." [Brügger, 1994, p.17].

Em síntese, o uso do meio ambiente pelo homem dá-se através de três funções básicas: como fornecedor de recursos, como fornecedor de bens e serviços e como assimilador de dejetos [Bellia, 1996, p.39].

"A apropriação dos recursos naturais provindos do meio ambiente cede ao homem os materiais e a energia necessários à produção de bens e serviços usados para a manutenção e desenvolvimento da vida." [Leal apud Bellia, 1996, p.39].

Além da tradicional classificação dos recursos naturais em recursos exauríveis e não-exauríveis, destaca-se uma outra proposição formulada por Bellia [1996, p.44-45] a qual identifica quatro categorias: bens dificilmente renováveis, como a eliminação de uma floresta natural; bens inextinguíveis, como ocorre com os minerais radioativos usados na geração de energia

termonuclear; bens recicláveis, e bens permanentes - fundamentais à vida, tal como o ar, a água, etc.

Historicamente, os recursos naturais estiveram a serviço do ser humano para satisfazer suas necessidades que, por sua vez, geraram um aumento na produção, no sentido de atendimento e criação de novas necessidades. Os recursos eram considerados à disposição das pessoas sem que as mesmas se preocupassem com o papel que exerciam no equilíbrio da natureza e os danos causados, ao retirá-los e ao despejá-los de volta em forma de lixo. Bastava que fossem economicamente viáveis sua exploração/extração, no curto prazo.

Por muito tempo, as organizações precisavam preocupar-se apenas com a eficiência dos sistemas produtivos. Até certa altura da História, que se pode situar no anos 60, essa foi a mentalidade predominante na prática da gestão empresarial, refletindo a noção de mercados e recursos ilimitados. A mudança vem se dando na forma de pensar e agir com o crescimento da consciência ecológica [Maximiano apud Donaire, 1995, p.11].

A importância cada vez maior dada às necessidades humanas (de consumo, não só as reais necessidades de subsistência) e à sua oferta, fez surgir uma indústria de produção em escala. Para o aprimoramento desta produção, foram elaborados métodos, ferramentas e formas de gerenciamento cada vez mais aprimorados, tais como os sistemas de qualidade, o just-in-time, a automação industrial, etc. Paralelamente a isto, desastres ambientais, que tiveram repercussões mundiais, serviram para mostrar as limitações no trato com o meio ambiente.

Na história recente, as discussões sobre as questões ambientais têm se dividido entre as conseqüências negativas do crescimento e/ou os fracassos na gestão do nosso ambiente. Porém, considera-se como sendo três as principais fases destas questões: a Reunião de Estocolmo em 1972 - a primeira grande conferência das nações sobre o meio ambiente; o Relatório de Brundtland em 1987 como resultado de uma comissão de estudos de quatro anos que cunhou as bases e o conceito de desenvolvimento sustentável, e a "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento" - UNCED (mais conhecida por ‘Rio-92’ ou ‘Eco-92’) que procurou o consenso para sua operacionalização.

.2. As Três Fases Históricas na preocupação com o Meio Ambiente

A partir dos anos 70 fortalece-se a noção de limitação dos recursos naturais com receio de sua exaustão e dos estragos causados pela crescente poluição. Neste sentido, Brügger [1994, p.14] menciona que "na década de 70 predominava no ‘inconsciente coletivo’ mundial a idéia de

que a chamada crise ambiental se devia sobretudo à exaustão dos recursos naturais, à poluição, etc. Poucos eram os que se aventuravam a destacar os aspectos sociais dessa crise. Até aquela década vivenciava-se ainda, em nível planetário, o fim de uma certa prosperidade por uma ciência e uma tecnologia - ‘boas em si’ que são cada vez mais questionadas."

Nessa época, pode-se dizer que a questão ambiental ganha um cunho político. Primeiro, com a publicação do Clube de Roma, em 1972, intitulada "Limites do Crescimento", a qual sugeria que através de um controle de natalidade poder-se-ia obter o controle sobre a economia. Segundo, porque logo depois, realiza-se a Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, que gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano e produziu um Plano de Ação Mundial, com o objetivo de influenciar e orientar o mundo na preservação e melhoria do ambiente humano [Genebaldo Dias, 1994].

Das grandes preocupações, dentre elas a poluição e a questão da chuva ácida na Europa, levaram a Conferência de Estocolmo a reflexão, de forma mais ampla, das questões políticas, sociais e econômicas envolvidas. "...onde as recomendações passaram a ser mais realistas e mais próximas da vida e da qualidade da vida humana" [Maimon, 1992, p.21]. Como resultado deste evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo. Na continuidade, proliferaram acordos e conferências temáticas internacionais, como por exemplo, a Convenção sobre o Comércio Internacional de espécies ameaçadas da fauna e flora silvestres (CITES, em 1973), e o Programa Internacional de Proteção a Produtos Químicos (1980), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), UNEP e Organização Internacional do Trabalho (OIT), objetivando avaliar os riscos causados à saúde humana e ao meio ambiente.

As preocupações ambientais já vinham sendo tratadas desde a Reunião de Estocolmo, em 1972, onde se "buscava soluções técnicas para os problemas de poluição" [Brasil, 1991, p.20].

Em 1983 foi criada pela Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, que foi presidida por Gro Harlem Brundtland (na época Primeira Ministra da Noruega), com a incumbência de reexaminar as questões críticas do meio ambiente e de desenvolvimento, visando dar uma nova compreensão, além de elaborar propostas de abordagem realistas. Essa Comissão deveria propor novas normas de cooperação internacional que pudessem orientar políticas e ações internacionais de modo a promover as mudanças que se faziam necessárias [Nosso Futuro Comum, 1991, p.4].

Em 1987, como resultado da CMMAD, o relatório ‘O Nosso Futuro Comum’ ou ‘Relatório de Brundtland’, veio mostrar a necessidade de um novo tipo de desenvolvimento capaz de

manter o progresso em todo o planeta e, a longo prazo, a ser alcançado pelos países em desenvolvimento e desenvolvidos [op.cit.]. Nele, apontou-se a pobreza como uma das principais causas e um dos principais efeitos dos problemas ambientais do mundo. O relatório criticou o modelo adotado pelos países desenvolvidos, por ser insustentável e impossível de ser copiado pelos países em desenvolvimento, sob pena de se esgotarem rapidamente os recursos naturais. Emerge, desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, "o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades" [Nosso Futuro Comum, 1991].

Neste conceito estão embutidos pelo menos dois importantes princípios: o de necessidades e o da noção de limitação. O primeiro trata da eqüidade (necessidades essenciais dos pobres) e o outro refere-se as limitações que o estágio da tecnologia e da organização social determinam ao meio ambiente [op.cit., p.46]. Já que as necessidades humanas são determinadas social e culturalmente, isto requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro dos limites das possibilidades ecológicas. O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental. Portanto, o desenvolvimento sustentável preconiza que as sociedades atendam às necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o potencial de produção e assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e vindouras). A questão não é simplesmente referente ao tamanho da população, mas sim a distribuição equânime dos recursos [op. cit.].

Nesta nova visão, o desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Na sua essência, "é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas" [Nosso Futuro Comum, 1991, p.10 e p.49].

Neste mesmo sentido, convém lembrar algumas contribuições elaboradas pela Comissão Interministerial CIMA (1991), através do ‘Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento’. Esse relatório destaca que a crise, na verdade, é ambiental - pela redução da capacidade de recuperação dos ecossistemas e pelo esgotamento progressivo da base de recursos naturais - e política, por relacionar-se com os sistemas de poder para a distribuição e o uso de recursos pela sociedade, além de gerar situação de escassez absoluta (exaustão do estoque de recursos) ou relativa (padrões insustentáveis de consumo ou iniqüidades no acesso a eles) [Brasil, 1991, p.14].

Tomado como quadro de fundo a metáfora da ‘economia do astronauta’, em que se compara o planeta a uma nave espacial onde todos os povos seriam os passageiros [Bellia, 1996], o

referido relatório mostra que esta metáfora ajuda a frisar o caráter global e interdependente da sociedade de fins de século, sintetizada no título do relatório de Barbara Ward e René Dubos, para a Conferência de Estocolmo, "Uma só Terra" [Brasil, 1991]. E acrescenta:

"Vinte anos depois de Estocolmo, somos obrigados a reconhecer, porém, que nem todos os povos ocupam as mesma posições nessa espaçonave. Menos de uma quinta parte da população do planeta ocupa a primeira classe da nave e consome 80% das reservas disponíveis. A imensa maioria dos passageiros, cerca de 80% da população mundial, ocupa os compartimentos de carga da nave. Mais de um terço destes padece de fome ou desnutrição e três quartos não têm acesso adequado à água e acomodações dignas. Cada passageiro da primeira classe, em sua quase-totalidade proveniente dos países do mundo desenvolvido, produz um impacto nas reservas de recursos 25 vezes superior ao dos ocupantes dos compartimento de carga." [Brasil, 1991, p.16].

A percepção do mundo em relação aos problemas ambientais começa a mudar suas perspectivas com o relatório Nosso Futuro Comum [op.cit., p.18]. A comissão de Brudtland não se restringiu aos problemas ambientais, mas, como mencionado no relatório da CIMA (1991), refletiu uma postura identificada com os interesses dos países em desenvolvimento, também expondo a importância da cooperação e do multilateralismo. Ele mostra que as possibilidades de um estilo de desenvolvimento sustentável está intrinsecamente ligado aos problemas de eliminação da pobreza, da satisfação das necessidades básicas de alimentação, saúde e habitação e, aliado a tudo isto, à alteração da matriz energética, privilegiando fontes renováveis e o processo de inovação tecnológica [op.cit., p.19].

Passados vinte anos da apresentação de proposta da Suécia para realização da Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, a Assembléia Geral das Nações Unidas (1988) aprovou a Resolução 43/196, a qual determinou que a II Conferência deveria se realizar até 1992. Destaca-se ser nesta resolução a primeira vez que se declarou formalmente que a maior parcela de responsabilidade pela degradação ambiental é dos países desenvolvidos. Esta resolução foi aprovada por consenso de todos os participantes, ocasião em que o Brasil se ofereceu para sediar a Conferência [Brasil, 1991, p.183]. Já a Resolução 44/228 (da Assembléia Geral de 1989) confirma a Conferência no Brasil (a coincidir com o dia do Meio Ambiente - 5 de junho) e afirma que a ‘pobreza e degradação ambiental se encontram intimamente relacionadas’; que a maioria dos problemas de poluição são provocados pelos países desenvolvidos, os quais têm a principal responsabilidade no seu combate; além da importância de que a dimensão ambiental deva passar a integrar políticas e programas de governos, como forma de ajudar e não vir a ser barreiras comerciais [op.cit.].

"Os problemas de preservação do meio ambiente são os problemas do desenvolvimento, os de um desenvolvimento desigual para as sociedades humanas e nocivo para os sistemas naturais. Esta realidade não revela um problema técnico, mas sim social e político. Não se trata, na atualidade, de ajustar nossos números, nossas aspirações e nossas necessidades à capacidade de sustentação do planeta. O que está em jogo é, mais do que a capacidade humana de

adaptação, a possibilidade de imprimir uma mudança substancial em sua forma de organização social e de interação com as leis da natureza." [Brasil, 1991, p.19-20].

Ao falar de um novo paradigma de desenvolvimento, a CIMA (1991) diz que um dos maiores desafios para que este novo paradigma se formalize, está na captura da imaginação e da vontade política dos atores sociais. Esses elementos são considerados indispensáveis à transformação do estilo em vigor, dado que a situação de pobreza política, é um agravante e perpetuador de desigualdade sócio-econômica [op.cit., p.151].

Assim, em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento" - UNCED (Rio-92/Eco-92). Na Rio-92, foram firmadas 2 duas convenções (uma sobre clima e outra sobre biodiversidade), uma declaração de boas intenções e uma Agenda de Ação - a Agenda 21 [Mello, 1996, p.102]. Esse marco mudou os rumos mundiais com o consenso de mais de uma centena de países, retratado na elaboração da Agenda 21. Como recomendação maior, foi proposto que cada país fizesse a adaptação da Agenda 21 à sua realidade, ou seja, ordenar prioridades e maneiras de implementá-la nas diversas áreas propostas.

A Agenda 21 trata de temas como pobreza, crescimento econômico, industrialização e degradação ambiental, e propõe uma série de ações, objetivos, atividades e meios de implementação, na qual os mais diversos atores de uma sociedade, em nível mundial, são convocados a perseguirem o desenvolvimento sustentável. Ela espelha um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental, e seu sucesso na execução é responsabilidade principal dos governos [Conferência, 1996, p.9].

Quanto ao papel a ser desempenhado por cada um dos principais grupos de uma sociedade, proposto na referida Agenda, frisa-se que, como a prosperidade desejada para o processo de desenvolvimento é fruto do resultado das atividades do comércio e da indústria, as mesmas devem perseguir uma gestão ‘responsável’ (manejo responsável) do meio ambiente. Isto seria conseguido, reduzindo os riscos e perigos, através de uma redução de impactos sobre o uso dos recursos e no meio ambiente, fazendo uso de processos de produção mais eficientes, estratégias preventivas, tecnologias e de procedimentos mais limpos de produção ao longo do ciclo de vida do produto, assim minimizando ou evitando os resíduos. Nesse sentido, a Agenda 21 salienta: "O aperfeiçoamento dos sistemas de produção por meio de tecnologias e processos que utilizem os recursos de maneira mais eficiente e, ao mesmo tempo, produzam menos resíduos - conseguindo mais com menos - constitui um caminho importante na direção da sustentabilidade do comércio e da indústria." [Conferência, 1996, p.482].

No que se refere a comunidade científica e tecnológica, a Agenda 21 [op.cit.] recomenda melhorar a comunicação e a cooperação entre esta comunidade e os responsáveis por decisões, bem como com o público em geral, a fim de proporcionar um uso maior da

informação e dos conhecimentos, na implementação de políticas e programas, além de promover um ‘código de conduta e diretrizes relacionados com ciência e tecnologia’, visando entre outros, ‘melhorar e acelerar o reconhecimento e valor das contribuições ligadas ao meio ambiente e desenvolvimento’ [op.cit., p.487].

2.3 Desenvolvimento Sustentável

O termo desenvolvimento sustentável foi primeiramente utilizado por Robert Allen, no artigo "How to Save the World", no qual sumarizava o livro "The World Conservation Strategy: Living Resource Conservation for Sustainable Development" (1980), da International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN), United Nations Environmental Program (UNEP), e World Wide Fund (WWF, antes denominada World Wildlife Foundation). Allen o define como sendo "o desenvolvimento requerido para obter a satisfação duradoura das necessidades humanas e o crescimento (melhoria) da qualidade de vida" [Allen apud Bellia, 1996, p.23]. Rotmans e Vries [1997] comentam que a noção de desenvolvimento sustentável foi introduzida nesse ano, tendo demorado quase uma década para ser amplamente conhecida nos círculos políticos, e que o relatório de Brundtland foi a peça chave. Eles destacam também que apesar da importância do conceito nos atuais debates político e científicos, não existe uma única definição que seja compartilhada por todos interessados. Por isso, ao longo deste trabalho adotar-se-á o conceito de Brundtland, por ser amplo, bem difundido e o mais aceito.

Os elementos que compõem o conceito de desenvolvimento sustentável já foram colocados, ou seja, a preservação da qualidade do sistemas ecológicos, a necessidade de um crescimento econômico para satisfazer as necessidades sociais e a equidade (todos possam compartilhar) entre geração presente e futuras. Desta forma, percebe-se que os ideais do desenvolvimento sustentável são bem maiores do que as preocupações específicas, como a racionalização do uso da energia, ou o desenvolvimento de técnicas substitutivas do uso de bens não-renováveis ou, ainda, o adequado manejo de resíduos. Mas, principalmente, é o reconhecimento de que a pobreza, a deterioração do meio ambiente e o crescimento populacional estão indiscutivelmente interligados. Nenhum destes problemas fundamentais pode ser resolvido de forma isolada, na busca de parâmetros ditos como aceitáveis, visando a convivência do ser humano numa base mais justa e equilibrada.

Destacam-se, assim, os pontos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável elaborados pela CMMAD e contidos no relatório Nosso Futuro Comum [1991] e que se tornaram a linha mestra da Agenda 21:

"... tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo. Assim, o ‘desenvolvimento sustentável’ é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas. [p.4]

"... atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves:

" - o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade;

" - a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. [p. 46]

"Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas." [op.cit., p. 49].

É importante lembrar que muitos obstáculos deverão ser vencidos para que se possa atingir, de forma satisfatória, o desenvolvimento sustentável de uma determinada região, ou melhor ainda, do planeta como um todo. Brügger [1994] atenta para o seguinte:

"A economia não está isolada dos demais processos sociais e, assim, será preciso uma profunda revisão dos valores que compõem a nossa sociedade industrial. Do contrário, surgirão falsas alternativas como um Livre Comércio ‘maquiado de verde’ que continuará a reproduzir o sistema econômico que degradou a qualidade de vida no planeta." [op.cit., p. 25].

Sem dúvida, os novos desenvolvimentos tecnológicos podem atuar no controle da poluição causada por tecnologias mais antigas, como também as restrições quanto ao uso de agentes químicos poluentes podem ser eficazes no controle ambiental. No entanto, é preciso examinar as conseqüências da imposição e/ou dependência tecnológica presentes nos processos de transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento.

Para se abordar a importância da dimensão tecnológica para a manutenção, a elevação ou a degradação da qualidade de determinado sistema social, impera a necessidade de se definir um grupo de critérios, a serem utilizados para determinar se uma tecnologia é apropriada ou não. Três ênfases básicas podem ser identificadas no desenvolvimento do conceito de tecnologia apropriada, a saber: preocupação com o significado sócio-político das tecnologias; o seu tamanho, nível de modernidade e sofisticação, e o impacto ambiental causado por estas tecnologias [Bellia, 1996].

Sete critérios para uma análise multidimensional das tecnologias, destacados por Bellia [op.cit.] são: eficiência econômica; escalas de funcionamento; grau de simplicidade; densidade de capital e trabalho; nível de agressividade ambiental; demanda de recursos finitos, e grau de autoctonia e auto-sustentação. É também em Bellia que se encontra a afirmação de que "nenhuma tecnologia é apropriada em sentido absoluto, ao contrário, ela será mais ou menos apropriada à medida que permitir que o sistema social em que é (ou vai ser) empregada se aproxime ou afaste das características ideais que deveria apresentar". [op.cit., p.61].

Se a eficiência econômica e a preservação ambiental parecem estar distantes de uma solução conciliadora, pode-se encontrar algumas soluções parciais em andamento na produção sustentável, como pesquisa e utilização de formas renováveis de energia, etc. É necessário que se promova a adoção de técnicas que garantam a redução/eliminação do consumo acerbado ou, da produção não sustentável, na tentativa do estabelecimento de um novo sistema econômico, consciente da questão ambiental. Para reforçar, destaca-se o 4º Princípio da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: [Conferência, 1996] para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir-se parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste.

"... a crise chamada ambiental nada mais é do que uma ‘leitura’ da crise da nossa sociedade." [Brügger, 1994, p. 18].

O conceito de desenvolvimento sustentável inclui usar recursos com o caráter de perpetuação, e a forma como o conceito foi elaborado é ampla, abrangendo o econômico, o social e o ecológico. Ele inclui também a exigência da sociedade organizada. Então, passa a ser problema do Estado.

A partir da falência do conceito de que os recursos ambientais seriam infinitos, estes passaram a ser objeto de gestão. Portanto, não só cabe analisar os recursos não-renováveis como, também, discutir a questão do bem público, que muitas vezes acabou permitindo a exploração desenfreada por alguns indivíduos.

"A atual crise ambiental é portanto muito mais a crise de uma sociedade do que uma crise de gerenciamento da natureza, tout court. [p.27]

".. a questão ambiental não é apenas a história da degradação da natureza, mas também da exploração do homem (que também é natureza!) pelo homem. [p.109]

"Mas o que é progresso não se discute, principalmente como ele se produz e quem o impulsiona. O que se deseja criticar, sim, é a adequação que conduz particularmente à perpetuação de uma estrutura social injusta. [p.36]

"Analogamente, a expressão ‘desenvolvimento sustentável’ abrange pelo menos dois significados bem gerais: um inclui sua dimensão política e ética e o outro diz respeito unicamente ao gerenciamento sustentável dos recursos naturais.

"... muitas das intervenções antrópicas que têm degradado os recursos naturais e as condições de vida têm sido feitas em nome do ‘progresso’ e do ‘desenvolvimento’. Progresso e desenvolvimento, entretanto, não têm estado sempre associados a qualidade de vida para a maioria da população: na esmagadora maioria das vezes são um eufemismo para designar crescimento desordenado, traduzido em ‘modernização da pobreza’." [Brügger, 1994, p.66].

Alie-se, também, que o desenvolvimento sustentável é um processo global e não pode ser confundido com a globalização. A globalização poderia ser vista por "dois lados". O primeiro é o das grandes empresas e se refere ao domínio do mercado mundial ou, em outras palavras, o aspecto comercial. Já o outro lado, o "da poluição", ótica que transcende fronteiras nacionais e que significa evitar a poluição. Sachs, na entrevista dada à revista ‘Isto é’ (1403, de 21/8/96), sob o título "Desordem Mundial", menciona que globalização é "uma palavra que está sendo esticada para encobrir diferentes sentidos ... os principais atores não são países e sim empresas".

A globalização do problema ambiental suscita à questão da complexidade. Esta permeia o conceito de desenvolvimento sustentável e exige que se pense de forma global, mas que se aja localmente. Neste sentido, a procura de um novo enfoque do desenvolvimento regional deve levar em conta não somente o aspecto econômico, mas também o ecológico, político, social e cultural, os quais são, também, necessários para o crescimento e manutenção de todos os agentes envolvidos (seres humanos, fauna, flora e a biodiversidade).

A questão ambiental é complexa e o conceito de desenvolvimento sustentável, como demonstrado, é bastante amplo. Rotmans e Vries [1997] mencionam que este último "pode ser interpretado e desenvolvido de acordo com várias perspectivas". Pode-se constatar que as decisões tomadas na Rio-92, que incluem as ações propostas na Agenda 21, não apresentaram resultados práticos significativos até o momento. Na literatura pode-se encontrar como principais explicações para este fato a falta de visão de longo prazo e a mudança do individualismo para o coletivo. [Cordani et al., 1997]

Capra [1996] menciona que "a mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas de nossas percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos valores." e que é preciso questionar os aspecto do velho paradigma, pois

"... não precisaremos nos desfazer de tudo, mas antes de sabermos isso, devemos estar dispostos a questionar tudo (...) a respeito dos próprios fundamentos da nossa visão de mundo e do nosso modo de vida modernos, científicos, industriais, orientados para o crescimento e materialistas." [op.cit., p.26-27].

A busca pelo desenvolvimento sustentável pressupõe uma maior participação cooperativa dos governos (e inter-governos), da sociedade organizada e também do sistema de mercado. Os governos não têm conseguido resolver eqüitativamente os problemas de acumulação de riqueza e sua distribuição e, mais ainda, pobreza, desnutrição, saúde, desemprego e sub-emprego (exploração), principalmente encontrados na diferença entre crescimento (aumento da produção) e desenvolvimento (mudanças sociais e mentais). De forma genérica, com referência a questão ambiental, aos governos e à sociedade são atribuídos omissão, enquanto que às empresas têm sido atribuída a culpa pelos maiores impactos ambientais que vieram gerando, seja através de seus processos em si seja pelos produtos ou derivados (embalagens, materiais utilizados, produtos químicos/sintéticos, distribuição).

2.4 A Busca de Estratégias para o Desenvolvimento Sustentável

Pelo exposto, pode-se deduzir que o modelo atual não garante a longo prazo a manutenção do patamar de desenvolvimento dos países já industrializados. O caminho a ser percorrido é a busca do desenvolvimento sustentável, que passa necessariamente pela implementação de diversas ações propostas na Agenda 21.

Partindo-se da premissa, já consensual, de que o modelo de desenvolvimento atual não pode ser mantido pelos países desenvolvidos, nem seguido pelos países que almejam atingir o estágio de primeiro mundo, e muito menos estes vão conformar-se com crescimento econômico zero, deve-se procurar formas de conciliar esses objetivos dentro de um novo paradigma de crescimento. Contudo, esta mudança de paradigma envolve a mudança de estratégias e enfoques sócio-econômicos que deverão ser elaborados de forma adequada.

Neste sentido, todos os tipos de países devem empenhar-se em seguir um modelo de desenvolvimento sustentável que satisfaça a todos.

O desafio, agora, é o de passar do conceitual ao operacional, isto é traduzir o desenvolvimento sustentável em ação. A nova questão passa a ser como gerenciar a questão ambiental no contexto do desenvolvimento sustentável? Embora, o inter-relacionamento entre ações que conduzam ao desenvolvimento sustentável pressuponham grande abrangência de várias iniciativas no campo social, político e econômico, o presente trabalho concentra-se no setor produtivo e analisa as contribuições que este poderá proporcionar a sustentabilidade. Assim, restringe-se o trabalho à procura de iniciativas vinculadas ao setor produtivo, uma vez que, as empresas poderão contribuir significativamente para amenizar os impactos negativos causados ao meio ambiente, pois são agentes os mais dinâmicos, pivô e agentes de mudanças.

Assim, à luz de várias motivações, tanto organizações empresariais no âmbito dos países ou globalmente, estão passando a adotar novas formas de gestão, considerando a variável ambiental. Na busca de sua própria sustentabilidade no mercado, depois de melhorar a utilização dos recursos, além da eficiência dos processos de produção, do consumo de energia e de matérias-primas, passam a adotar novas estratégias (reciclagem de materiais, adoção de tecnologias limpas pela substituição de processos e matérias-primas,) que atendem melhor aos critérios de desenvolvimento sustentável. A ISO 14001 vem reforçar esta tendência.

Uma nova proposta, ainda pouco conhecida no Brasil, mas que está a frente das iniciativas citadas, é o Zero Emissions Research Initiative – Zeri. Segundo Pauli [1995], o Zeri é uma evolução da filosofia da Qualidade Total, pois agrega-lhe, além das questões ambientais antes não consideradas, as questões sociais, na linha do desenvolvimento sustentável. O Zeri (que será estudado no Capítulo 4) foi lançado, ou melhor iniciado, em 1994, pela Universidade das Nações Unidas - UNU e possui um compromisso com a estratégia do desenvolvimento sustentável, estabelecido na ocasião de sua fundação. Segundo a UNU,

"O Zeri empreenderá pesquisa científica envolvendo centros de excelência de todo o mundo com o objetivo de alcançar mudanças tecnológicas que facilitarão a produção sem nenhuma forma de desperdício, ou seja, nenhuma contaminação na água ou no ar e nenhum resíduo sólido. Todos os ‘inputs’ deverão se incorporar no produto final ou, quando houver resíduos, estes devem ser convertidos em ‘inputs’ (de valor agregado) para outras indústrias. O Zeri auxiliará os governos, em todos os níveis, na elaboração de opções políticas para o crescimento sócio-econômico sustentável." [Héden, 1994; UNU (Feasibility Study), 1995].

Assim, a questão ambiental, tal como apresentada neste capítulo, se integra no conceito mais amplo do desenvolvimento sustentável. É nesta linha que as práticas de gestão adotadas pelos setores produtivos, como qualidade total e outras, podem e devem se prestar para gerir a questão ambiental com devidas adaptações. Pois, a Qualidade Ambiental é o primeiro item, mas não o único, na linha a ser perseguida do desenvolvimento sustentável.

Portanto, faz-se necessário, no Capítulo 3, compreender mais profundamente as iniciativas de gestão e tecnologia atualmente mais empregadas, e verificar de que forma as mesmas podem auxiliar à condução das empresas à qualidade ambiental

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap3.html

Capítulo 3 - Iniciativas visando à Gestão da Qualidade Ambiental

3.1 Gestão da Qualidade e Gestão Ambiental

Pelo exposto no capítulo anterior, observou-se que o conceito de desenvolvimento sustentável é bastante amplo, abrangendo desde os aspectos econômicos até a questão da saúde e educação das pessoas e outros aspectos do bem-estar humano que fazem parte dos sistemas sociais. Abrange também o meio ambiente físico, com a complexidade dos ecossistemas que sustentam a vida local e globalmente. Portanto, fica evidenciada a necessidade de reduzir-se o espectro deste estudo. Optou-se, por isso, estudar a questão ambiental, enfocando-a sob o aspecto da gestão da qualidade, e tendo sempre presente a perspectiva maior da sustentabilidade do desenvolvimento.

Neste sentido, procura-se examinar as principais iniciativas do setor empresarial voltadas para a gestão da qualidade ambiental que tenham em seu bojo as características exigidas para efetivação do desenvolvimento sustentável. Apesar de reconhecer que estas são apresentadas mais sob o ponto de vista econômico, neste trabalho busca-se dar ênfase às questões ambientais, sob a ótica da sua gestão.

Dividiu-se este Capítulo em três partes. A primeira considera iniciativas voltadas à gestão da qualidade total e sua relevância para a questão ambiental. A segunda apresenta algumas iniciativas diretamente relacionadas com a gestão da qualidade ambiental. E a terceira parte estabelece a relação entre as iniciativas de gestão da qualidade ambiental com o conceito de desenvolvimento sustentável.

Cabe ressaltar que não se procurou aqui esgotar o assunto, mas sim identificar as principais contribuições destas iniciativas à gestão da qualidade ambiental, e por via de conseqüência à promoção do desenvolvimento sustentável.

3.2 Iniciativas voltadas à qualidade total

O primeiro conjunto de iniciativas a ser examinado está correlacionado com sistemas de gestão existentes nas empresas. Os sistemas de gestão são aqui examinados principalmente sob aspectos referentes à gestão da qualidade ambiental.

Neste conjunto de iniciativas destacam-se os sistemas de gestão da qualidade total e de gerenciamento ambiental.

3.2.1 A Gestão da Qualidade Total

Os programas de gestão da qualidade estão hoje difundidos pela maior parte dos países no mundo. A literatura traz quase sempre referência à questão da qualidade como se fosse originária deste século, embora a mesma tenha suas origens em tempos longínquos. Segundo Brocka [1994, p.70], o gerenciamento da qualidade pode retornar a 2.500 anos, pois encontra-se em questões sobre a natureza humana, forma de gerenciar, formas simples e ferramentas apropriadas. Contudo, pode-se dizer que o marco de sua estruturação e difusão industrial iniciou-se na década de 50, especialmente no Japão.

A visão sistêmica da qualidade, desenvolvida principalmente por Juran e Deming deu origem aos atuais programas de qualidade total conhecidos.

Autores, como Juran, Deming, Crosby, Feigenbaum e Ishikawa, entre outros, têm chamado a atenção para diversos ‘vícios’ e erros gerenciais. Nesse sentido, a culpa dos erros na produção era quase sempre imputada à mão-de-obra, embora as causas fundamentalmente fossem provenientes da definição e gestão do sistema produtivo. Assim, os defeitos eram corrigidos, porém sem eliminação das causas de uma forma sistemática e permanente [Qualidade, 1988].

A conscientização da alta administração de uma empresa mostra-se como um dos passos principais para a implementação de um sistema de gestão, pela necessidade de respaldo político e financeiro (apoio às atividades futuras). Então, pode-se dizer que nenhum sistema da qualidade total obteria resultado com eficácia se não houvesse uma visão estratégica do problema da qualidade. Nesse sentido, Glitow [1995] diz que ‘só há dois meios’ da alta administração alterar os rumos de sua empresa: mudar por causa de uma crise, como forma de superá-la (reativas), ou gerar uma crise na empresa para provocar mudança por meio de uma visão nova (proativas).

Assim, a qualidade é um vetor de mudança e essas mudanças têm sido chamadas de revolução da qualidade ou revolução gerencial. Apesar de inicialmente a qualidade estar baseada, principalmente, nos métodos de controle, logo passou a ser vista de uma forma mais abrangente, permeando tudo que se fazia na organização e chamando a participação de todos.

Uma questão que está sempre presente na qualidade é a seguinte: Qual é o valor agregado? Embora esta questão permita um melhor entendimento da melhoria contínua, a resposta não precisa ser necessariamente quantitativa, nem mensurável no sentido tradicional [Brocka, 1994, p.51]. Cabe aqui observar que essa forma de quantificação tem apresentado limitações, particularmente para as questões ligadas ao meio ambiente. Nesse sentido, têm-se desenvolvido novas abordagens que reconhecem os limites da objetividade e apresentam alternativas para tratar problemas nessa área, como é o caso do Multiple Criteria Decision Aid (MCDA) de Bernard Roy, que inclui a subjetividade [Ensslin, 1997].

Como instrumento de gestão, os programas de qualidade total basearam-se no conhecimento mais profundo das externalidades questionadas pelo mercado (consumidores). Talvez essa característica seja o principal marco dessa visão sistêmica de gestão. Esta nova postura exigiu mudanças internas nas empresas que ultrapassam os limites de departamentos e se desdobram por todos processos da organização. Assim, a qualidade passou a ser considerada como responsabilidade de todos membros da organização e não mais dos inspetores do final da linha de produção.

A busca pela satisfação adequada das necessidades do mercado, na ótica da qualidade, impõe um conjunto de procedimentos que visam, entre outras coisas, a agregação de valor, a utilização mais eficaz dos recursos do processo, a racionalização da forma de trabalho, etc. Neste sentido, torna-se compreensível que a gestão voltada à qualidade total tenha contribuído em muito para que os recursos da empresa sejam utilizados em sua forma mais eficiente. É evidente que a racionalização no uso de matérias-primas, a redução de desperdícios e retrabalhos contribuem para que os impactos ambientais sejam reduzidos. Porém, percebe-se que a sistemática utilizada na qualidade não deixava claro como os aspectos ambientais seriam tratados, nem se pode dizer que na época havia esta preocupação com a ótica ambiental, dentro da visão ampliada que se tem hoje, a não ser naqueles aspectos ligados à legislação e/ou especificações dos clientes.

Ainda neste contexto, a conformidade do produto ao mercado exigiu um grande investimento na imagem da empresa. Isto acarretou ações de integração entre a organização e a comunidade em que a mesma se insere. Da mesma forma, esta conformidade exigiu um maior rigor ao cumprimento de normas e padrões aplicáveis ao produto, deixando ainda mais visível a questão ambiental.

Os efeitos da não qualidade, considerados como perdas à sociedade, impuseram modificações nos produtos tornando-os mais adequados à nova realidade. Aqui também, pode-se observar os ganhos ambientais que advieram dessas ações. Neste sentido, Taguchi [1990, p.3] fala de

qualidade como sendo "a perda que um produto causa à sociedade após ser embarcado", que os produtos são comprados pela sua utilidade, preço e qualidade, além dos esforços feitos para se criar um mercado para eles, e comenta a existência de restrições legais [op.cit., p.8-9]. Esse autor frisa que todos os problemas de poluição que causam perdas à terceira parte são problemas de qualidade. Para ele, melhorias na qualidade são sempre benefícios para a sociedade e uma qualidade mais alta deve incluir menos poluição, considerando a terceira parte [op. cit., p.11-12].

Mann [1992, p.29] menciona duas idéias fundamentais de Deming. A primeira, que um negócio deve ser desenvolvido no longo prazo, pois não basta conseguir lucro rápido hoje. A segunda, que isto só pode ser alcançado com produtos e/ou serviços de confiança e de alta qualidade. Todavia, ela frisa que, no caso desta qualidade superior ter sido uma meta da indústria ocidental, pode-se notar que "algo se perdeu na tradução da teoria para a realidade". Esta autora também concorda com a maioria dos autores sobre o potencial de aprendizagem com os erros cometidos, porém, ressalta que pouco uso se faz deste potencial.

Contudo, para os propósitos do presente trabalho, deseja-se ressaltar que a gestão voltada à qualidade total tem como foco principal a adequação à satisfação dos consumidores, no contexto do mercado em que atuavam, sem necessariamente considerar como prioridade a variável ambiental.

Apesar disto, a qualidade total, na visão de seus maiores expoentes, também abrange as questões ambientais. Neste sentido, observa-se que na noção de cliente externo proposta por Juran [Juran e Gryna (QCH), 1988, p. 2.2], a preocupação com o meio ambiente é um fato. Textualmente ele diz: "clientes externos são aqueles que não pertencem à empresa, incluindo-se aí quem compra o produto, órgãos de regulamentação governamental e o público (o qual pode sofrer impacto de produtos sem segurança ou prejuízo ao meio ambiente), etc." Isto demonstra que não se pode pensar em qualidade total sem se ter a preocupação ambiental, embora possa ser discutível a noção de meio ambiente preconizada por Juran. Contudo, este é um exemplo, entre outros, comprovando que havia preocupação com impactos ambientais.

Ao se compreender a qualidade como um processo de adequação, pela lógica da melhoria contínua, o tema educação surge como uma necessidade básica. Nesse sentido, Kaoru Ishikawa [apud Teboul, 1991, p.12] diz que: "a qualidade começa pela educação e acaba na educação. Uma empresa que progride em qualidade é uma empresa que aprende, que aprende a aprender." Neste mesmo sentido, Walton [1992, p.4] diz "a jornada da qualidade nunca termina, e as pessoas estão em pontos diferentes ao longo do caminho." Numa visão mais ampliada Deming já alertava, em 1989, que era preciso transformações no governo, na indústria e na educação. Porém, ele entendia que era necessário "uma metamorfose, não um remendo no atual sistema gerencial" [Deming apud Walton, p.1]. Isto também se aplica à

gestão na área ambiental, ainda mais ao se atentar para a complexidade das questões que envolvem o conceito de desenvolvimento sustentável.

A trilogia de Juran [1986; Juran e Gryna (QPA), 1993] distingue o processo da qualidade como um intermitente planejamento, controle e melhoria. Entende este autor que os ganhos da qualidade que se obtém são originados basicamente com a melhoria, pois a etapa processo de controle se direciona para ações voltadas à regularização de problemas esporádicos de qualidade. Já o processo de melhoramento identifica e implementa ações para sanar problemas crônicos da qualidade. Nesse sentido, Juran alerta para o fato de que os problemas esporádicos são cruciais e reclamam tratamento de urgência e os problemas crônicos se perenizam, são de difícil solução e, não raramente, são erradamente tomados como inevitáveis [op.cit. (QPA), p.41 e p.411].

Desta visão, tanto Deming quanto Juran argumentam que os problemas de qualidade esporádicos e crônicos requerem cada um diferente abordagem. Eles ressaltam que:

"um processo sob controle estático pode ter sérios problemas de qualidade. Como o processo é estável, os problemas continuaram (tornam-se crônicos) a menos que uma mudança básica de causas comuns seja feito."[Juran, op.cit.].

"Remover uma causa especial de variação para direcionar-se ao controle estatístico, embora possa ser importante, não é melhoria de processo." [Deming (1986, p.338) apud Juran, op.cit., p.411].

Diante do exposto, é possível fazer uma relação com a questão ambiental e notar que, em ambos os casos, o meio ambiente pode ser afetado. Mas, o importante a considerar é que, na grande maioria das vezes, os impactos negativos ao meio ambiente provocados pela indústria têm sido vistos como problemas crônicos e, como tal, não têm recebido adequada atenção para encaminhamento de soluções.

Outros pontos interessantes de ligação entre qualidade e meio ambiente está na relação feita por Juran a respeito de custo da má qualidade. Primeiro, a qualidade tradicional concentrada só na manufatura é chamada de ‘qualidade com q minúsculo’ (little q), e atividades de qualidade moderna que compreendem todas as atividades é denominada ‘qualidade com Q maiúsculo’ (big Q) [Juran, QPA, 1993, p.6]. O mesmo pode ser aplicado à qualidade na área ecológica, ou seja, ‘ecologia com e minúsculo’ (little e) correspondendo a práticas de controle tipo end-of-pipe e, ‘Ecologia com E’ (big E) refere-se à preocupação e às ações voltadas para a qualidade ambiental em todas as atividades da empresa, e mais ainda às que estão voltadas para as premissas do desenvolvimento sustentável. Segundo, por ter sido por meio do levantamento dos custos da má qualidade que se iniciou muitas vezes o processo de

convencimento para a adoção de um programa de qualidade, o mesmo pode ser notado hoje nas questões ambientais. Ainda, destaca-se que em seu livro Handbook - QCH, onde considera o termo custo da qualidade significando custo da má qualidade [Juran, QCH, 1988, p.4.3], Juran comenta que os esforços feitos por várias companhias que usaram informações de custo da qualidade como base para fazer melhoria, não deram certo. Para ele, estas empresas se utilizaram durante anos de várias formas para reduzir custos (tais como: melhoria no orçamento, gerenciamento por objetivo e programas anuais de melhoria), porém, a maior parte delas endereçou esses esforços às áreas "convencionais" de redução de custo (reprojeto de produto para reduzir materiais e produção, método de melhoria para reduzir custo de mão-de-obra, automação, distribuição, inventário) que por serem alocadas a departamentos específicos, resultaram posteriormente, em sérias limitações [op.cit., p.4.4].

Pelas colocações dos vários autores citados, das questões ambientais já referidas e a tradicional visão de que consumidores são os usuários finais dos produtos, pode-se destacar ainda que "usuários incluem processadores, os quais compram o produto como um insumo aos seus processos, negociantes que revendem o produto, e consumidores que executam o último uso do produto"; acrescido de que cliente é "alguém que é impactado pelo produto" [op.cit, p.2.2-2.3]. Assim, o conceito de usuários e clientes é mais amplo, tendo faltado aos seguidores destes conceitos a consideração da Natureza e a visão de que o ser humano impreterivelmente precisa da qualidade ambiental.

Por fim, já que a maioria dos processos busca eficiência e satisfação dos consumidores e que grande parte da "existência de uma empresa é justificada pelo produto, métodos ou serviços que ela fornece à sociedade" [Paladani, 1994, p.25], então, pode-se concluir que as questões ambientais agora reclamam pela efetiva inclusão da Natureza no rol dos consumidores.

No momento em que o mercado passa a reconhecer a importância da variável ambiental, mais do que adaptações precisam ser feitas nas metodologias empregadas. A nova variável requer mudanças no sistema de gerenciamento das organizações. Uma nova revolução gerencial, onde, o critério do que é certo, o qual é diferente de correto, exato, livre de erro, é que precisa ser mais aprofundado; não somente referente às leis, o que é permitido, mas, sim, valores e ética, hoje em dia em evidência e discussão na literatura.

3.2.2 A Série de Normas ISO 9000

Visando homogeneizar os conceitos praticados pelas diversas filosofias da qualidade e seus respectivos programas, em 1987, a International Organization for Standardization – ISO, lançou uma série de normas específicas à questão da qualidade intituladas Série ISO 9000.

A série ISO 9000 constitui-se de documentos de orientação e ajuda às empresas para a implementação de sistemas de gestão da qualidade. Tais normas nem sempre são bem entendidas e por vezes são consideradas obrigatórias, embora sejam voluntárias (do ponto de vista legal); ressalta-se que um cliente pode solicitar de forma condicionante que o fornecedor obtenha o certificado da série. Elas especificam as exigências, os elementos que devem compreender um sistema da qualidade, sem impor a uniformidade do mesmo. São genéricas e independentes do setor industrial ou econômico, cabendo aqueles que concebem ou implementam um sistema da qualidade levar em conta as diferentes necessidades da empresa – produtos/serviços fornecidos, processos e práticas específicas – ao qual se aplica. Assim, a forma e conteúdo de se organizar um sistema de gestão da qualidade depende de cada um, mas é preciso cumprir os quesitos mínimos dessas mesmas normas quando quiser se certificar [Almeida Júnior, 1995].

Esta série da ISO traduz o estágio de organização das empresas, sedimenta uma maior confiança nas relações cliente/fornecedor e na imagem organizacional. No entanto, o sucesso de uma empresa está na competitividade de seus produtos e não no reconhecimento de um dado sistema. Desta maneira, a certificação significa "casa arrumada", devendo ser entendida como uma conseqüência e não um fim em si mesma [op.cit.].

Embora contestada por alguns, a série de normas ISO 9000 protagonizou em vários países uma visão uniforme dos elementos (requisitos) de um sistema de gerenciamento da qualidade. Alguns autores colocam que as referidas normas restringem a flexibilidade à mudança e portanto, dificultavam o processo de melhoramento contínuo do processo.

Alguns processos certificados, em realidade, podiam ser considerados de baixa eficiência e pouco adequados às necessidades da empresa, haja vista que a série ISO 9000 não objetiva graus de competitividade do processo produtivo, mas sim que o mesmo esteja estabilizado e sob controle. O reconhecimento da norma é como um padrão de produção e não como validação de atingimento/atendimento ao mercado. Portanto, a norma é um indicativo e não uma determinante. Cabe salientar aqui que as contribuições da norma, em alguns casos, demonstraram que as ações da empresa estavam em dissonância com seus propósitos (empresa), já que esta devia constantemente adaptar-se às exigências e mudanças dos consumidores. Portanto, empresas que obtinham certificação não necessariamente apresentavam um programa de qualidade total funcionando adequadamente.

Mas, não se pode negar o avanço trazido pelos sistemas de gestão voltados à qualidade mesmo sob o ponto de vista ambiental, já que por meio deles a empresa passou a conhecer melhor seus processos e a tratar os desperdícios de forma sistemática.

Assim, as normas desta série apresentam aspectos interessantes do ponto de vista normativo, por que continham as características desejáveis à certificação, deixando para a empresa a decisão do procedimento a ser empregado para alcançar as reivindicações explícitas nas normas.

Cabe lembrar que, para enfatizar a importância da área de qualidade, desenvolveram-se esforços em cada país, tais como: normalização, certificação, auditoria, legislação, educação e treinamento, infra-estrutura institucional e promoção nacional. Menciona-se, também, que a instituição dos prêmios nacionais da qualidade exigem uma avaliação mais ampla que à ISO, pois levam em conta o esforço que vem sendo realizado pelas organizações, portanto, muito mais que o check-list das normas.

Assim, empresas que possuem um sistema de qualidade bem implantado e mantido, ou seja, que estão habituadas com o controle de seus processos, com as atividades de planejamento, com o trabalho de dados e informações e atentos ao mercado (clientes e sociedade), detêm uma organização básica que, em princípio, facilita a busca da qualidade ambiental.

3.3 Iniciativas voltadas à Gestão da Qualidade Ambiental

3.3.1 A Gestão da Qualidade Ambiental

A definição mais conhecida e adotada de sistemas de gestão ambiental - SGA (Environmental Management Systems - EMS) é aquela proposta pela norma ISO 14001:

"parte integrante de todo sistema gerencial que inclui uma estrutura organizacional, planejamento de atividades, responsabilidade, práticas, procedimentos e processo e recursos para desenvolvimento, implementação, realização, revisão e gerenciamento da política ambiental." [ISO 14001, 1996].

A qualidade substitui a inspeção no final da produção, bem como o SGA vem demonstrar que o controle da poluição no final do processo ("end of pipe") se torna insuficiente.

Assim, como na qualidade, o SGA compreende o desenvolvimento de uma política, uma organização para assegurar os efeitos dessa política, o controle e monitoramento, prevenção, e uma avaliação para garantir o processo de melhoria contínua.

A base de um SGA está sedimentada em uma política de gestão ambiental que deve ser estabelecida pela alta administração da empresa. Esta última, é quem define os requisitos e os objetivos que posteriormente serão aprimorados em metas e ações, considerando os aspectos ambientais. Portanto, faz-se necessário analisar os impactos ambientais gerados pelos seus processos produtivos, promover o exame de todas suas operações e conseqüências, estabelecer prioridades e pesos, definir, quando for o caso, cenários de possíveis situações de emergência; além de estabelecer planos de contingência para os casos de ocorrência de acidentes. Em suma, significa planejar e prever essas emergências, tudo bem definido com tarefas, responsabilidades, atribuições e um indispensável sistema de informação eficiente e eficaz [Thé, 1996].

A análise dos impactos ambientais gerados por uma empresa começa pelo conhecimento dos seus processos. Através de uma análise dentro da fábrica (sistema fechado), sabendo-se o que entra, os insumos utilizados, o que se faz, como se fabrica e o que sai, se obtém uma visão clara que possibilitará analisar esta questão na empresa [op.cit.].

Como o que ocorreu no começo na qualidade, as atividades de controle da poluição gerada também se iniciaram na área de produção, com controle na saída dos processos. Na busca de novas alternativas para os insumos utilizados e/ou modificações no processo produtivo, o exame pormenorizado da produção e dos seus resíduos sempre foi utilizado e fundamental. Então o que muda, o que fará a diferença é o enfoque, a prevenção.

Igualmente, como no sistema de qualidade, o SGA está fortemente calcado nas pessoas. E, em ambos, recomenda-se desde o início incluir o pessoal de concepção de projeto. A adoção de um SGA afeta a concepção de produtos e dos materiais usados no processo de produção de bens ou serviços, através da possibilidade de reciclagem e aproveitamento de resíduos [op.cit.]. Oportunidade, portanto, para passar a ver as necessidades da Natureza, não apenas como fonte a ser explorada, mas como transformadora que é, considerando seus limites.

Da mesma forma, a inserção de questões ambientais na organização passa a ter valor nas decisões, nas políticas, nas orientações, nos planos de ação e possibilita a divulgação ao mercado do comprometimento efetivo da empresa ao tema ambiental. Também, no referente às atividades de propaganda, elas não deveriam criar expectativas as quais não podem ser encontradas no produto, bem como a distribuição deste ou de um novo produto deveria ser iniciada somente quando os requisitos de qualidade e segurança estipulados encontram-se completamente satisfeitos. Isto faz com que a análise de risco, ou seja, a probabilidade de um dano, deva estar presente no planejamento.

A gestão ambiental requer a manutenção de um sistema de informação eficiente e atualizado (interna e externamente), que trate de fontes alternativas, de desenvolvimento de novas tecnologias e de legislação ambiental, maior que os sistemas de qualidade total. Neste sentido, o processo de conscientização, treinamento e capacitação dos funcionários é muito mais amplo, pois envolve efeitos de difícil visualização, conseqüências de longo prazo e intervenções/ações em casos de emergência.

A exemplo do que ocorreu na qualidade, o treinamento que antes era somente dado a gerentes e engenheiros ligados ao departamento de qualidade, passou a ser estendido a todos os funcionários nas mais diversas funções da empresa. Contudo, mais especificadamente, no que concerne ao controle das operações da fábrica e monitoramento das fontes poluentes, são treinados funcionários para essas atividades e para prestarem assessoria técnica às outras áreas da empresa. A determinação de um responsável pela execução das medidas propostas, o qual também representará a empresa junto aos órgãos governamentais de controle ambiental, órgão de defesa do consumidor e a sociedade como um todo, terá sua localização dentro da estrutura organizacional certamente dependente dos riscos do negócio.

Cabe destacar que a literatura apresenta casos de resistência de envolvimento da alta administração na implementação de programas de qualidade, devido à experiências limitadas e ausência de treinamento em gestão para a qualidade, o que agora também se aplica à gestão ambiental. O mesmo pode vir a ocorrer na implantação de sistema de gestão ambiental, pois novamente provocará outra quebra de tradição nos conceitos já estabelecidos.

Assim, as fases do ciclo de vida de um produto, na visão tradicional das empresas, normalmente consideradas nos sistemas de qualidade (composta de: definição, projeto preliminar, projeto final - detalhes, produção piloto, produção, e de uso), passam a ser revistas com a inserção das questões ambientais em todas as suas atividades. O gerenciamento ambiental deve gerar mudanças nos processos e nos produtos, sendo que os produtos não devem mais serem planejados em termos "do berço ao túmulo" e sim "do berço ao berço". Em outras palavras, as conhecidas funções que afetam a qualidade - o estudo de mercado, o desenvolvimento de produto, a engenharia de produção (manufatura), compras (insumos), mercado e serviços - devem ser vistas e repensadas para reduzir os impactos ambientais. Isso faz parte do processo de busca pela melhoria contínua.

Para assumir o compromisso com a melhoria contínua é requerido um plano de ação, o qual inclui atividades tais como: desenvolver e implementar sistemas; achar, atacar e eliminar as causas dos erros e problemas; realizar pesquisa, levantamentos de clientes, bem como identificar e criar novas oportunidades de melhoria.

3.3.2 Iniciativas e Tecnologias "Ambientalistas"

Diversas iniciativas vêm sendo utilizadas para a melhoria da qualidade ambiental. Entre elas há métodos de gestão e tecnologias apropriadas para gerenciar a questão da qualidade ambiental. Essas tentativas de cunho "ambientalistas" buscam eliminar crises de poluição grave (despoluição de um rio contaminado), ou atacam problemas parcialmente (tratamento de poluentes na saída da indústria). Ultimamente, porém, a ISO 14000 está trazendo uma abordagem mais sistêmica, mais integrada para tratar da questão ambiental.

Apresenta-se a seguir, de forma sucinta, algumas das principais iniciativas conhecidas mundialmente que podem ser consideradas como importantes na promoção da melhoria da qualidade ambiental.

O aproveitamento de materiais pode se dar por meio de três ações principais:

- Reciclagem de Materiais - A reciclagem de materiais é talvez um dos movimentos mais antigos de aproveitamento de materiais que se conheça. O grande objetivo da reciclagem é a transformação do produto, ou parte dele, em novas matérias-primas a serem utilizadas para a fabricação do mesmo produto ou novos produtos. As vantagens da reciclagem tornam-se importantes quando os custos de obtenção desta matéria-prima pelos processos tradicionais são maiores (primeiramente mais uma questão de custo). De outra parte, pode-se considerar que os impactos ambientais advindos desta prática são menores, já que evita-se a extração e pré-beneficiamento de matérias-primas, porém, ainda persiste entre outros aspectos a questão energética. A reciclagem é um processo antigo, e pode ser mostrado facilmente nas atividades agrícolas, onde todas as sobras de material podem ser utilizadas como matéria-prima para outros fins ou incorporadas ao solo como fertilizantes.

Porém, a reciclagem tornou-se destacada em alguns setores como o de plásticos onde se estima que 1/6 de todo plástico é reciclado [Blass, 1993]. Na indústria metal mecânica, bons exemplos são o aço e o alumínio. Neste último os ganhos com reciclagem são consideráveis já que o consumo de energia elétrica é elevado nas primeiras fases de produção do mesmo.

Apesar de importante meio para o aproveitamento de materiais, a reciclagem apresenta algumas limitações. Talvez a maior delas seja a complexidade e custos envolvidos para sua coleta e seleção. Assim, certos produtos são mais adequados que outros, onde o volume disponível seja compatível com os custos envolvidos. Percebe-se aí a dificuldade inerente ao processo de reciclagem por exemplo das latas de refrigerantes. Outro aspecto a ser

considerado é que a reciclagem não é a melhor forma de aproveitamento de materiais já que a mesma atua nas primeiras etapas de transformação de um produto. Uma forma de aumentar a eficiência do aproveitamento de materiais é a chamada recuperação de materiais;

- Recuperação de Materiais (materiais constantes de um produto) - A recuperação de materiais está baseada no fato de que um produto ou parte dele ainda pode ser utilizado mesmo quando a vida útil do conjunto originário estiver esgotada. Esta forma de aproveitamento de materiais requer um processamento adicional às partes escolhidas de forma a inserí-las novamente em um novo produto. Quando comparado à reciclagem, a recuperação é mais eficiente do ponto de vista ambiental já que entra em uma parte bem adiantada da cadeia produtiva de um novo produto ou componente.

A recuperação aumenta a vida de um produto ou parte dele, já que após recuperado ele retorna ao mercado na forma de um produto novo. Exemplos desta iniciativa podem ser vistos em produtos como pneus, que se tornaram um problema ambiental grave, óleos lubrificantes, entre outros.

A maior limitação desta iniciativa está baseada no fato de que nem tudo pode ser recuperado, ou seja, é mais indicado para aquelas partes "invisíveis" do produto. Diferentemente da reciclagem, a recuperação é normalmente restrita a um número de vezes ou ciclos o que limita a indefinida recuperação dos materiais. Mas, como na reciclagem, a possibilidade de recuperação é avaliada frente os custos de coleta, desmontagem e seleção de materiais. Uma outra iniciativa também importante é a reutilização de produtos ou componentes;

- Reutilização de Produtos ou Componentes - Entende-se por reutilização o aproveitamento do produto ou parte dele para cumprir a mesma função anterior num produto similar ou completamente diferente. Sob o aspecto ambiental a reutilização pode ser considerada a iniciativa mais eficiente já que o material entra praticamente no final da cadeia produtiva, na montagem ou acabamento do produto. Embora interessante, a reutilização é bastante limitada, já que a parte em análise deve estar em perfeito estado de conservação e praticamente pronta para ser novamente usada. Exemplos de reutilização são algumas embalagens de produtos que após cumprida sua função original passam a ter novos usos. Parte de produtos onde a segurança é importante, testes não destrutivos devem ser realizados para comprovar a estado de integridade do material selecionado. Como no caso da recuperação, a reutilização de partes de produto é mais indicada para o cumprimento de funções "invisíveis" ao consumidor, já que o mesmo procura adquirir um "produto novo". Embora desejável, é difícil imaginar a reutilização de produtos ou peças sem uma necessidade mínima de processamento prévio à sua utilização. Neste caso, poder-se-ia estipular que um material é classificado como reutilizado se o mesmo exigir um processamento prévio, cujo

custo não ultrapasse 15% do custo final do produto, obtido a partir de um processo de reciclagem ou recuperação.

A partir desses exemplos pode-se observar que o aproveitamento de materiais traz benefícios inegáveis quando considerado sobretudo o envolvimento de matérias-primas denominadas não renováveis. Contudo, estas iniciativas apresentam limites à luz do conceito de desenvolvimento sustentável, pois no processo de aproveitamento de materiais não é questionado, por exemplo o impacto que o produto final causa ao meio ambiente, nem os efeitos dos poluentes emitidos durante o processo industrial sobre os ecossistemas.

Ayres [1997, p.5] comenta que um novo modo de pensar "de-trás-para-frente" (no sentido inverso ao processo produtivo) sobre redução de emissões começou a emergir nos anos 80 e que tem sido chamado de várias maneiras de "redução de desperdício na fonte", "tecnologia limpa" ou "desmaterialização", "ecologia industrial" e "eco-eficiência" e vários outros nomes. Segundo este autor as diferenças entre estas abordagens são mínimas e cita, por exemplo, que a redução de desperdício enfatiza conservação de energia e eficiência na utilização de materiais. Tecnologia limpa enfatiza a mudança técnica que reduz as emissões na fonte. A ecologia industrial enfatiza o potencial para reciclar resíduos de uma indústria como alimentação de estoques para outras, a semelhança dos nutrientes recicláveis de organismos biológicos. Oxigênio é, por exemplo, um produto residual da fotossíntese, enquanto o dióxido de carbono é um produto residual da respiração.

Assim, segundo Ayres [op.cit.], todas essas abordagens ‘ao reverso’ têm um foco comum no processo de mudança para reduzir emissões na fonte mais do que remover ou tratá-las mais tarde. A eco-eficiência abriga todas as outras abordagens. Mas, para ele difere das outras sendo desenvolvidas e é apresentada explicitamente para os executivos (notavelmente no World Business Council for Sustainable Development - WBCSD) como uma estratégia para empresários. Contudo, as outras abordagens são tipicamente definidas em vista a um resultado, eco-eficiência é um conceito mais firme baseado em perspectivas empresariais. A abordagem básica é aumentar o valor agregado para os consumidores por unidade de materiais divida por energia consumida [op.cit.].

O termo eco-eficiência foi primeiramente utilizado no livro Mudando o Rumo, como um subsídio para a Rio-92 [Schmidheiny apud Ayres, 1997] e uma definição mais atual foi apresentada no Workshop sobre o assunto realizado em Antwerp, em 94, com o seguinte teor:

"eco-eficiência é alcançada pela entrega de mercadorias com preços competitivos e serviços que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, enquanto

progressivamente reduzem os impactos ecológicos e o consumo intensivo de recursos, ao longo de todo o ciclo da vida do produto, para um nível de pelo menos na linha com a "capacidade de suporte" estimada da Terra." [op.cit., p.5].

Na linguagem dos economistas, isso sugere o objetivo de maximizar o valor agregado por unidade de bens produzidos. O autor frisa que "essa idéia é essencialmente equivalente a maximizar recursos de produtividade ao nível da empresa (levando em conta recursos ambientais escassos, bem como energia e matéria-prima), mais que simplesmente minimizar desperdícios ou poluição associada com um dado produto." [op.cit.]

No segundo Workshop de Eco-Eficiência, em Antwerp, do World Business Council for Sustainable Development -WBCSD, são sete objetivos para atingir a eco-eficiência:

1 - minimizar a intensidade material de mercadoria e serviços;

2 - minimizar a intensidade de energia de materiais e serviços;

3 - minimizar a dispersão tóxica;

4 - aumentar a reciclabilidade dos materiais;

5 - maximizar o uso sustentável de recursos renováveis;

6 - estender a durabilidade dos produtos, e

7 - aumentar a intensidade dos serviços de produtos e serviços.

Ayres destaca que há três tipos de tecnologias para reduzir desperdícios e emissões: conservação de energia e materiais, extensão da vida do produto (re-use, repair, renovation, re-manufacturing, recycling) e minimização de resíduos – ‘utilização dos resíduos em produto utilizáveis’.

Fig. 1 - Três Estágios da Eco-eficiência. [Ayres, 1997].

Do ponto de vista gerencial, Ayres [1997] diz que parecem existir quatro elementos chaves, os quais têm sido identificados, conforme a seguir:

I - Fornecer serviço real baseado nas necessidades do consumidor ou cliente,

II - Assegurar a viabilidade econômica para a empresa,

III- Adotar um sistema do ponto de vista de ciclo de vida com respeito a ambos os processos e produtos, e

VI- Reconhecer o nível da política (diretrizes) da empresa, que o ambiente é finito , a capacidade de suporte da Terra é limitada, e que a empresa cria algumas responsabilidades considerando o meio ambiente.

Os dois primeiros elementos acima têm sempre permanecido firmemente no domínio do gerenciamento das organizações. No entanto, os elementos III e VI, um ponto de vista e reconhecimento pode não ser suficiente para assegurar que as ações da empresa sejam consistentes com os imperativos de sustentabilidade global [op.cit.].

A eco-eficiência assim definida já antecipa muitas idéias que o ZERI vai incorporar, expandir e integrar numa proposta mais abrangente para a gestão da qualidade ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável, como se verá no Capítulo 4.

3.3.3 A Série ISO 14000

Na realidade, o SGA é anterior ao lançamento, em 1997, da série ISO 14000 (série de documentos e normas relacionadas com o aspecto do meio ambiente), mas pode-se afirmar que esta norma internacional, elaborada com a participação de uma centena de países tornou ampla a necessidade de uma maior responsabilidade no trato da questão ambiental. Ao mesmo tempo, estas normas promovem uma aproximação a um consenso voluntário do controle de aspectos ambientais e a visão de prevenção.

Numa breve retrospectiva histórica, as origens da série ISO na área ambiental podem ser vistas como um reflexo do Relatório Nosso Futuro Comum, divulgado em 1987, pois foi neste relatório sobre o desenvolvimento sustentável que aparece a primeira chamada para a indústria desenvolver efetivamente sistemas de gerenciamento ambiental [Lawrence, 1997]. Campos [1996] apresenta uma versão traduzida dos 16 princípios de gestão ambiental da Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Câmara de Comércio Internacional e assinada em 1991, por diversas instituições. Neste mesmo ano, em agosto, foi formalmente estabelecido o Strategic Advisory Group on Environment pelo Business Council for Sustainable Development. O SAGE, após avaliar a necessidade de normalização na área de gerenciamento ambiental, reconheceu que qualquer abordagem deveria incluir negócios, performance ambiental e comércio. Posteriormente, foi realizada a Rio-92, e neste mesmo ano é publicada a norma britânica de SGA, conhecida como BS 7750. Já, em janeiro de 1993 foi

criado pela ISO um novo comitê técnico, o TC-207, para desenvolver normas internacionais de gerenciamento ambiental [Lawrence, 1997], que se tornaram conhecidas como ISO 14000.

Cabe lembrar que ambas as normas da série ISO de sistemas de gerenciamento da qualidade e de gerenciamento ambiental receberam influência das normas britânicas; ou seja, a BS 5750 no desenvolvimento da ISO 9000 série da Qualidade, bem como a BS 7750 é para a ISO 14000. Houve também influência do Esquema de Auditoria de Eco-gerenciamento (Eco-Management Audit Scheme - EMAS) que foi publicado pela Comunidade Econômica Européia (CEE) - primeira versão em junho de 1993 e a segunda lançada em 02/04/95. A mais importante diferença entre a ISO 14001 e o EMAS está na obrigatoriedade de publicação dos resultados das auditorias EMAS [Lawrence, 1997].

A série completa da norma ISO 14000 ainda não foi publicada; porém, pode-se dizer que a mesma se divide em duas grandes partes: processos e produtos. Aquelas ligadas a processo, e já aprovadas, são: duas para Sistema de Gerenciamento Ambiental - (14001 - Especificação e diretrizes para uso; 14004 - Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio), e três de Diretrizes para Auditoria Ambiental (14010 - Princípios gerais; 14011 - Procedimentos de auditoria, auditoria de SGA, e 14012 - Critérios de qualificação para auditores ambientais). As outras normas e documentos guias referentes a produtos estão em diferentes estágios de desenvolvimento.

A ISO 14001 tem como objetivo guiar e fornecer os passos essenciais à implementação de um sistema de gerenciamento ambiental. Gerenciamento este que compreende o desenvolvimento de uma política interna ambiental para a organização, assegurar os efeitos dessa política (objetivos e metas) e proporcionar o melhoramento contínuo (com revisões da política) [Lawrence, 1997; ISO 14001,1996]. A norma ISO 14001 pode ser resumida como sendo o reconhecimento dos impactos negativos causados pelas empresa e a elaboração de um plano de mitigação e melhoria [op.cit.].

Com a ISO 14001 cada empresa assume o problema relativo aos impactos ambientais negativos, além de determinar a existência de um plano de prevenção e mitigação da poluição. A busca da certificação por esta norma preconiza o estabelecimento de uma política ambiental (plano de melhoria, manutenção, controle, monitoramento, prevenção, revisão). Salienta-se, contudo, que uma empresa pode ser certificada mesmo poluindo, pois o que é exigido é um plano de prevenção/mitigação ou melhoria [Lawrence, 1997].

As bases de abordagem da ISO 14001 para a melhoria contínua, estão divididas em 5 tópicos: política ambiental, planejamento, implementação e operação, checagem e ações corretivas, e

revisão gerencial [ISO 14001, 1996]. Esta norma foi baseada no ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), que foi desenvolvido para os sistemas de qualidade, conforme mostra a figura 2.

Fig. 2 - Modelo de Sistema de Gerenciamento Ambiental. [ISO 14001, 1996].

Por sua vez, a ISO 14004 é um guia, e como tal fornece os princípios que envolvem uma implementação efetiva do SGA, contém maiores informações de como projetá-lo. Inclui perguntas que ajudam a empresa a avaliar ‘onde se está’ e ‘como começar’. Um desses extra elementos da ISO 14004 é a revisão ambiental inicial, entre outros. Os primeiros passos recomendados consistem em: verificar requerimentos legislativos e regulamentos, identificar atividades/produtos e serviços que tem ou podem ter impactos significativos, procurar a existência de práticas e procedimentos de gerenciamento ambiental; investigar acidentes prévios de não-conformidade, tentar entender as visões das partes interessadas, procurar oportunidades de vantagem competitiva, bem como atividades de outras organizações que impedem a performance ambiental [ISO 14004, 1996; Lawrence, 1997].

Enquanto a norma ISO de qualidade envolveu mais uma relação cliente/fornecedor, a de SGA inclui a sociedade e expande os limites da empresa. A ISO 9001 e 14001 são compatíveis, haja vista as relações existentes entre as duas e que podem ser vistas no Anexo C da ISO 14001. Mas, possuir um sistema certificado ISO 9001 não significa ter um produto de qualidade, e sim processo produtivo certificado, com um sistema de qualidade definido. Neste caso, a certificação é referente ao processo e não ao produto. Assim, também uma certificação ISO 14001 não significa zero poluição, ou nenhum impacto negativo ao meio ambiente. Cabe aludir que impactos positivos constam na norma de SGA.

É inegável que o aumento das atividades ligadas à qualidade em todo o mundo está relacionado à elaboração e adoção das Normas ISO 9000. Portanto, isto tende a se repetir também na série ambiental. De acordo com Marcus e Willig [1997] os especialistas estão prevendo que o impacto desta série irá ultrapassar a extensa adoção da ISO 9000, na qual mais de 75 mil empresas no mundo obtiveram a certificação. Ao se referir sobre voluntariedade da norma nesta obra citada, Apsan [in op.cit., p.64] diz que "veio a existir para preencher um vazio" e que mais de 100 delegações de 50 países estiveram engajadas em redigir os padrões internacionais (os draft’s, draft international standards), desde junho de 1995, bem como na sua aprovação como norma por intermédio de representantes de diversos setores (governos, organismos normativos, empresas, grupos ambientais).

Ainda, Apsan [op.cit., p.67-68] comenta que a série ISO 9000 trata da performance do processo e a ISO 14000 de melhoria da performance ambiental, porém, ambas prevêem o controle de documentos e dados, controle do processo, treinamento e auditoria interna.

A ISO 14000 suscita práticas proativas. Johannson [in Marcus e Willig, 1997, p.19] faz alusão as palavras de Frantisak (chefe do comitê assessor canadense na ISO, TC 207) ao dizer que o impacto da ISO 14000 será veloz e significativo, e que não se trata de uma opção, mas é um problema de sobrevivência. Alie-se também sua menção que em junho de 95, quinhentas e quarenta delegações compareceram ao Oslo City Hall para escutar a Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, a dirigir-se sobre a ISO 14000:

"Nossa contribuição é crucial para assegurar as mudanças necessárias no meio industrial e operação do mercado. (...) a indústria começa a ser cada vez mais parte da solução dos problemas ambientais. … Nossos esforços devem visar (objetivar) um progresso real, não petrificando uma idéia que o tempo passou. Nossa questão comum deve ser para uma constante melhoria da atuação ambiental da indústria, e a indústria precisa liderar este caminho a menos que deseje ser liderada." [Brundtland apud Johannson, in Marcus e Willig, 1997].

Johannson [op.cit., 1997, p.21] menciona que iniciativas ambientais voluntárias e, em particular a ISO 14000, têm começado a aumentar a importância para ambos o governo e a indústria. A esta afirmação o autor adiciona diversas colocações de Ron Harper, que ao fazer uma retrospectiva da evolução da política ambiental, proporciona o contexto do presente regime que promove iniciativas voluntárias. Dentre elas destaca-se:

"As regulamentações ditavam quando e qual o nível a indústria deveria limpar-se, ‘clean up’, e as vezes, iam mais longe, prescrevendo a tecnologia do momento. Mas geralmente, a indústria dizia que usava a melhor tecnologia de controle disponível, o que quer dizer que caminhos menos caros para diminuir poluição não eram perseguidos. Quase nenhuma atenção era dada as regras dos instrumentos econômicos e ação voluntária pela indústria na proteção ambiental." [op.cit.]

Harper [op.cit.] comenta que as tradicionais medidas de ‘comando-e-controle’ têm conduzido/levado a um real e quantificável resultado no endereçamento da variedade de problemas ambientais. Ele afirma que no Canadá e nos EUA o ar está ficando mais limpo, a qualidade da água melhorada, que imensos progressos foram feitos; mas que, no entanto, os problemas persistem (destruição do habitat, biodiversidade, mudanças climáticas) e são ‘de uma diferente natureza’, são mais complexos. Assim, a solução requer uma mudança no foco de "uma tarefa relativamente fácil para uma mais difícil tarefa de mudança de comportamento das pessoas controlando fontes não pontuais difusas", conforme este autor demonstra no quadro abaixo. A mudança de paradigma na abordagem da presente complexidade dos problemas ambientais ‘requer novos remédios e o uso de técnicas mais sofisticadas’. Sob este novo paradigma, a inovação tem sido identificada como a chave do crescimento econômico e renovação. Assim então, a pergunta para os elaboradores de políticas está em como criar uma regulamentação ambiental que ao mesmo tempo seja flexível para ser inovativa. A resposta, em muitas circunstâncias, é promover o uso de iniciativas voluntárias. Ele acrescenta ainda que a indústria é capaz de selecionar a maior abordagem de custo-efetividade para os problemas,

compatível e consistente com a manutenção do clima favorável a investimentos. A sua idéia para a mudança de paradigma na abordagem da questão ambiental está resumida do Quadro l.

Quadro 1 - Mudança de Paradigma

Mudança de Paradigma

Velho

Novo

Proteção ambiental e crescimento econômico vistos como opostos Desenvolvimento sustentável une meio ambiente e tomadas de decisão econômicas

Foco problemas locais Foco problemas regionais e mundiais

Agenda dirigida para considerações dentro do próprio país Agenda sensível ao comércio internacional e clima (ambiente) para investimentos

Público olha para governo para priorizar problemas e encontrar soluções Participação pública na identificação dos problemas e no desenvolvimento de soluções

Fragmentação jurisdicional conduz a duplicação e sobreposiçãoDiscussão cooperativa de jurisdição elimina duplicação e sobreposição

Pensamento voltado para reação/solução Pensamento voltado para antecipação, prevenção

Comando-e-controle é o instrumento de escolha Ampla série de instrumentos, incluindo ações voluntárias e instrumentos econômicos são utilizados

Regulamentação prescreve soluções técnicas, inibe inovação Regulamentação trata de padrões de performance, dá flexibilidade a indústria e encoraja inovação

Direcionado à fontes de poluição pontuais, fáceis de identificar e gerenciar Direcionamento difuso e difíceis de gerenciar, fontes de poluição não pontuais

Fonte: Harper apud Johannson, in Marcus e Willig, 1997

Johannson [in op.cit.] lança a pergunta que normalmente se faz, ou seja, quais os benefícios específicos que se poderia esperar da ISO 14001, e dá como resposta:

"Depende das metas e necessidades específicas de sua organização e daquelas de seus clientes. Entretanto, é como a loteria, onde você não pode esperar ganhar a menos que esteja no jogo, com a ISO 14000, os benefícios reais virão para aqueles que entrarem no espírito

profundo do SGA, e não somente nas especificações traçadas na ISO 14001. Como também, nem todos os benefícios são prognosticáveis." [op.cit., p.26].

Este autor acredita que uma barreira potencial pode ser uma pobre implementação e interpretação que é também rígida. Contudo, ele frisa que a maior barreira encontrada origina-se na mentalidade de resistência a mudança. Para ele mentes que se mantêm fechada ao progresso, são tipicamente aquelas quando deparadas com uma oportunidade, dizem não poder fazer ou não ter capacidade para fazê-la. Mas, que na realidade estas pessoas estão dizendo que não irão fazer a mudanças. Johannson finaliza dizendo que "no ambiente dos negócios de hoje, a flexibilidade (habilidade de se adaptar ao mercado mundial) é um requerimento básico à sobrevivência" [in Marcus e Willig, 1997, p.27].

A ISO, ou outro tipo formal de sistema de gerenciamento, proporciona uma sólida fundação para implementação de um SGA [Diamond, in op.cit., p.43]. A implementação de um SGA está associada a muitos benefícios, mas a maioria deles são difíceis de se quantificar. As empresas reconhecem o potencial do SGA para reduzir os riscos ambientais (incluindo a possibilidade de não conformidade) e a esta dificuldade está pois são ações preventivas. Apesar desta incerteza, as empresas acreditam que um SGA trará benefícios financeiros e ambientais a longo prazo. O desafio é demonstrar esses benefícios para outros [op.cit., p.44]. Portanto é uma questão de conscientização ambiental, o que leva à se pensar em educação ambiental.

Na literatura, diversos artigos apresentam comparações entre os programas de gestão da qualidade com os da gestão ambiental. Num destes, da revista Quality Progress, Hemenway e Hale [1996] mencionam que muitas empresas pesaram o mérito da ISO 14001 e as progressivas têm se movido através dos seus requisitos, realizando operações de controle ambiental através do Total Quality Environmental Management - TQEM. Assim, estes autores destacam que o TQEM pode incluir a gestão da qualidade ambiental, sem necessidade da ISO 14001. Pode-se integrar responsabilidades ambientais dentro das funções existentes da companhia. Neste mesmo sentido, FitzGerald [apud op.cit.] diz o que TQEM começa com claros objetivos de negócios que incluem objetivos ambientais, e estes podem comprometer-se com o desenvolvimento sustentável, ecologia industrial e balanço ecológico.

Rogers [in Marcus e Willig, 1997], CEO da Cinergy Corp., comenta que, "quando nós não sabemos sobre como nossas ações afetam o meio ambiente", reordenar as relações entre atividades humanas e meio ambiente não é uma tarefa fácil, mas complexa [op.cit., p.9].

"Precisamos adotar o "cathedral thinking", conceito que explica esforços heróicos que constariam nas grandes catedrais da Europa, as gerações de planejadores e construtores não tinham esperança de ver o produto no seu trabalho de vida. Nossa missão é contemplar um futuro melhor e deixar que a próxima geração um passo mais perto desta realização.

"Nós temos uma missão, uma é pessoal, corporativa, nacional e global. Esta é a missão como inspiradora e energia para criar catedrais - mudar a estrutura/ reformular/transformar as relações entre o meio ambiente e as atividades humanas.

"A melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo"." [Rogers, in Marcus e Willig, 1997, p.13].

Begley [1997] comenta que, "desde o lançamento de parte da ISO 14000, os quadros de governos e de empresas vêm tentando determinar como utilizar o sistema de gerenciamento ambiental para facilitar seus trabalhos", além de que muitas conferências anunciam os benefícios destas normas e os perigos de ser o único no seu bloco econômico a não adotá-la. Acrescenta que muitos segmentos empresariais estão esperando para ver se a norma dará a eles mais flexibilidade no retorno de instituição de um SGA voluntário. Ao referir-se que o SGA não é só para negócios e regulamentação, mas para o meio ambiente e economia, este autor destaca Villani, num estudo realizado com empresas nos USA, que diz: "não esperar melhoria ambiental substancial nos primeiros dois anos, mas, sim verificar que tipo de decisões e ações são tomadas para facilitar e quando se tem um SGA ‘no lugar’." [op.cit.] Outra citação encontrada em Begley é de Smoller, Secretário do Deptº. de Recursos Naturais de Wisconsin, "nós não sabemos se um SGA - ISO 14000 é uma coisa boa ou ruim, mas nós queremos avaliá-lo contra ‘comando e controle’." [op.cit.].

"Na realidade a poluição industrial é uma forma de desperdício e um indício da ineficiência dos processo produtivos até agora utilizados. Resíduos industriais representam, na maioria dos casos, perdas de matérias-primas e insumos." [Valle, 1995, p.8].

A ISO 14000 contém uma ampla área de gerenciamento, inclui auditoria, selo ambiental, avaliação de desempenho (performance) ambiental, avaliação do ciclo de vida (ACV –ou em inglês LCA, de life-cycle assessement). Convém lembrar que uma dos normas da série ISO 14000 terá como objeto a avaliação de ciclo de vida (a ISO 14040 estabelecerá os principais elementos da ACV), ainda em fase de elaboração, que irá requerer uma base de dados e alguns impactos que ainda não têm padrões ou legislação.

3.4. Gestão da Qualidade Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Depois do inventário das principais iniciativas de gestão, cabe perguntar-se sobre a relação dessas iniciativas como o desenvolvimento sustentável. O estudo de sistemas de gestão que aqui se fez, revelou certos pontos importantes que servem de resposta à questão.

A qualidade total inclui a qualidade ambiental, mas foi esquecida ao longo do caminho. À luz de todas as citações referentes à qualidade e reflexões sobre as contribuições, principalmente, de Juran e Taguchi a história da humanidade com o movimento da qualidade (se bem entendida), poderia ter sido diferente. Como já mencionado, se ‘todos os problemas de

poluição são problemas de qualidade’[Taguchi, 1990] e se a qualidade deveria trazer sempre um benefício para a sociedade, então há que se lembrar a autora Mann [1992]: "muito se perdeu na tradução da teoria para a prática na área da qualidade". É claro que não se pode comentar uma época sem levar em conta o contexto histórico. Nos dias de hoje, diferentemente, a questão ambiental está em evidência, e há uma consciência generalizada, ‘quase universal’, de que o desenvolvimento sustentável precisa ser perseguido, pelas razões já citadas no capítulo anterior. Agora os problemas crônicos ambientais estão deixando de o serem, não ainda quanto à sua solução total; mas, sim, pela atenção que vêm despertando. Nessa perspectiva, qualidade total estende-se à qualidade ambiental, e por essa ligação estabelece-se já uma relação com o conceito de desenvolvimento sustentável.

Apesar das diferenças de opinião, os progressos realizados no sistema de gestão visando a qualidade, tiveram ‘saltos qualitativos’ e tinham o objetivo de melhor servir a sociedade. Já o casal Brocka [1994], autor de uma guia de orientação da área da qualidade, menciona que "o Gerenciamento da Qualidade não se trata de uma novidade e não é conduzido pelas forças econômicas presentes, mais se encontra em questões sobre a natureza humana, forma de gerenciar, formas simples e ferramentas apropriadas. No entanto, as "discussões que ocasionalmente ocorrem entre os defensores de cada guru algumas vezes parecem disputas religiosas", quando as diferenças não são tão grandes, segundo eles, apresentam uma concordância nas idéias de 95% [op.cit.].

"O controle de qualidade total, ao estilo japonês, é uma revolução do pensamento administrativo." [Ishikawa, 1993]. Na área de administração já foi uma grande descoberta ‘aprender’ a ouvir sugestões dos funcionários ‘subalternos’. Este avanço servirá de valia no rumo ao desenvolvimento sustentável, pois este também necessita de um engajamento maior de todos os seres humanos nos problemas da Humanidade e do Planeta. A qualidade, assim, representa esforços e benefícios de empresas, cidadãos e governos.

Faltou a Natureza no rol de consumidores, a consumidora final. Esse é um salto qualitativo que está faltando na visão dos sistemas de gestão. Considerar a qualidade ambiental, como um esforço para harmonizar o processo produtivo com os ecossistemas parecer ser o salto importante, na direção do desenvolvimento sustentável.

Com referência as normas internacionais pode-se também observar a transformação ocorrida. A criação da ISO, em 1946, na Suíça, tinha o propósito de facilitar a normalização como forma de promoção do comércio internacional. Antes de 1979, o trabalho da ISO era mais focado em técnicas e questões de segurança (por exemplo: normas para tamanho de papel). Naquele ano houve uma mudança, criação do technical commitee, TC 176, que desenvolveu a série de normas da qualidade (1987). Já em 1991, o SAGE foi formado para encorajar uma abordagem comum de gerenciamento ambiental, como forma de forçar habilidades empresariais para

melhorar e medir sua performance ambiental, de facilitar o comércio internacional e de remover barreiras [Alexander (1996) apud Hormozi, 1997, p. 32- 40].

O próprio nome ISO é uma sigla oficial, mas é também uma palavra vem do grego isos - que significa isobar, isométrico, além de lembrar triângulo isósceles (dois ângulos iguais) [Arnolds, 1993 e Henkoff, 1993, apud Hormozi 1997]. A este fato, uma comparação pode ser realizada, o desenvolvimento sustentável necessita para ser atingido três ângulos de igual importância, o ecológico, o econômico e o social.

As normas da ISO, tanto as de qualidade tanto as do meio ambiente, passaram a ser padrão de referência. Geraram uma adesão e corrida para manter e/ou ganhar mercado. Implementar um sistema é uma das formas (meio) encontradas para atingir determinado fim, para isso recorre a diversas ferramentas e métodos. Ambas auxiliaram o melhor conhecimento dos processos e como tratar o desperdício de forma sistemática, ao mesmo tempo que para os ajustes pretendidos houve necessidade de outros desenvolvimentos em paralelo (entre outros: treinamento, calibração, normas setoriais, legislação, técnicas, tecnologia).

Portanto, no que se refere ao desenvolvimento sustentável as ISO’s contribuem com a visão sistêmica, integrada, dos processos e métodos da gestão. As iniciativas ambientalistas, surgidas soltas do contexto de impactos ambientais negativos, ganham força quando visualizadas no conjunto das interações do processo produtivo com o meio ambiente e destes com a sociedade.

"O que o avanço tecnológico tem promovido é a redução do desperdício, propiciando um melhor aproveitamento dos insumos, até mesmo eliminando o uso de algumas matérias-primas mais escassas ou poluidoras, que vão sendo substituídas por outras de melhor rendimento. [Mello, 1996, p.18]

Como observa Carvalho et al.[1996]:

"um sistema de gestão ambiental possui um aspecto marcante que fundamenta a sua concepção: o conceito de visão a longo prazo e de melhoramento contínuo, como meio de sobrevivência e perpetuação. (...) parâmetros nada mais são do que o desdobramento de um objetivo maior, ou seja, o desenvolvimento auto-sustentável.

"A abordagem sistêmica de uma organização e a postura pró-ativa fundamentam-se, de uma maneira simplista e geral, no mesmo conceito de visão a longo prazo e de melhoramento contínuo descritos anteriormente. Os estilos de gerenciamento em muitos países ocidentais, no entanto, adotam princípios que são frontalmente contra essas diretrizes. Tais princípios refletem uma cultura reativa fortemente enraizada em várias organizações e que, por muitas vezes, passa despercebida e é praticamente de maneira inconsciente. Para romper esta estrutura e adotar-se uma nova postura, no sentido pró-ativo, necessita-se um esforço extra e

uma liderança adequada, capaz de convencer os seus seguidores de sua própria visão e dos seus ideais.

"O compromisso com uma visão de longo prazo e a visualização de vantagens econômicas a médio e longo prazo, em muitos casos, é conflitante com valores e princípios da postura ocidental de gerenciamento. Resultados rápidos e imediatos constituem a maioria dos retornos desejados de muitos investimentos, o que deturpa e condena uma série de modelos e ferramentas úteis de gestão." [Carvalho et al., 1996].

Como observado, a gestão da qualidade ambiental vem emergindo de várias abordagens de gerenciamento. Inicialmente das iniciativas que surgiram para aprimorar gestão da qualidade total no setor empresarial. Surgiram depois abordagens específicas para a questão ambiental, as quais, aos poucos foram tomando forma sistemática, como a ISO 14000 e a eco-eficiência. A relevância dessas iniciativas para o desenvolvimento sustentável está no fato de que elas oferecem as ferramentas e instrumentos de gestão para a qualidade ambiental. Representam etapas significativas na história do progresso da humanidade, tanto do ponto de vista econômico, quanto do social e, ultimamente, para o tratamento da questão do meio ambiente.

Observa-se, porém, que apesar dos progressos na gestão da qualidade total e ambiental, as duas linhas de gerenciamento correm em paralelo. Enquanto uma se preocupa com a produtividade, custos e rentabilidade, a outra volta-se para a recuperação dos danos causados ao meio ambiente. Ambas procuram a máxima eficiência no seu respectivo campo de ação. No balanço final que a sociedade fizer, porém, a lucratividade de uma é neutralizada pelos prejuízos da outra. Parece óbvio que falta a ambas, fundamentalmente, uma abordagem mais estratégica juntando a consciência ecológica e o desenvolvimento sustentável, para unir e não seguir em paralelo. Falta-lhes uma visão de conjunto, suficientemente abrangente para integrar progresso econômico, preservação da qualidade ecológica, e atendimento das aspirações de bem estar da sociedade. Falta-lhes, primordialmente uma abordagem sistêmica dos ciclos produtivos e deste com os ciclos dos ecossistemas em que a empresa atua. Compatibilizar estes dois tipos de ciclos é possível, mas requer uma nova mudança de paradigma gerencial. O Zeri, a ser estudado no Capítulo 4, incorpora o progresso realizado pelas iniciativas de gestão aqui mencionadas e avança na direção da visão abrangente, propondo uma estratégia que integra produtividade industrial com qualidade ecológica, servindo assim ao desenvolvimento sustentável.

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap4.html

Capítulo 4 - Zeri - Zero Emissions Research Initiative

4.1 A Proposta do Zeri

O Zero Emissions Research Initiative – Zeri, lançado pela UNU (United Nations University) em 1994, advoga uma mudança de paradigmas no conjunto das atividades econômicas, em particular dos processos de produção industrial. Integra os princípios e estratégias da qualidade total com os requisitos da qualidade ambiental, como base para promover um novo tipo de desenvolvimento que seja sustentável. Desde o primeiro instante, o Zeri adquiriu a marca distinta de uma proposta visionária e inovadora, mas consubstanciada com o pragmatismo empresarial. Seu conceito ainda está em evolução e sua aplicabilidade para a gestão do desenvolvimento sustentável vem sendo demonstrada via exemplos de empresas que adotam as estratégias que ele propõe. Este capítulo examina quatro dimensões dessa proposta: as origens e desenvolvimento do Zeri; seu conceito e princípios; a estratégia, e sua aplicabilidade para gestão da qualidade ambiental na perspectiva do desenvolvimento sustentável.

4.2 Origens e Formulação

4.2.1 Contexto Institucional e Lançamento

O Zeri surgiu na UNU como resultado da convergência de três correntes de pensamento que dominaram o cenário mundial nos últimos 60 anos: a desenvolvimentista, voltada para o crescimento econômico e a expansão da produção industrial; a social, atenta ao bem estar humano individual e coletivo, e a ecológica, defendendo os sistemas naturais e a qualidade do meio ambiente. Essas três correntes encontraram nas Nações Unidas, por intermédio da UNU, o braço acadêmico que pode mobilizar a capacidade científica mundial para estudar os problemas de caráter global e propor alternativas políticas para resolvê-los. Dado sua singular posição institucional e sua missão de estudar assuntos de caráter global, além da aptidão acadêmica e operacional (capacidade para articular estudos teórico-práticos em redes mundiais de pesquisa), a UNU reconheceu a necessidade de um redirecionamento dos estudos nas perspectivas micro e macro do gerenciamento ambiental para torná-los mais pragmáticos.

Nesse contexto institucional, o Zeri emergiu de um processo de cristalização dos ideais do desenvolvimento sustentável proclamados na Conferência de Estocolmo e consagrados na Rio-92, e da busca de estratégias apropriadas para promovê-lo. Assim, após a UNCED 92, o Reitor da UNU convocou um Comitê internacional, composto por cientistas, dirigentes de organismos internacionais e empresários, com o propósito de "elaborar uma política orientada ao planejamento e implementação de estratégias de desenvolvimento sustentável, postulada pela Agenda 21. Como prioridade, aquele Comitê recomendou três programas, a saber [UNU (UNU Agenda 21), 1993; UNU (AR), 1996]:

- Eco-restruturação – estratégia para o total redirecionamento da civilização industrial, aí incluindo a mudança da organização das atividades econômicas com ênfase na tecnologia, do comportamento individual e coletivo do cidadão em relação ao meio ambiente e das organizações sociais, seja de governo seja de comunidades rurais ou urbanas;

- Sustentabilidade Ecológica - capacidade dos ecossistemas de tolerar e de se recuperar das intervenções humanas ou destruição atribuídas às causas naturais;

- Governabilidade Ambiental - o uso de normas, processos e instituições pelas quais o estado e a sociedade civil gerenciam o desenvolvimento de uma maneira ambientalmente sustentável.

Como estratégias operacionais, o Comitê deu ênfase ao treinamento de recursos humanos nas áreas de reflexão política e elaboração de políticas de gestão. O objetivo maior é aumentar a capacidade interna de gerenciamento nos países em desenvolvimento, como forma de auxiliar os mesmos a definirem suas próprias estratégias e planos de desenvolvimento sustentável. Enfatizou também a necessidade de estreitar a articulação entre academia, empresas e governo, na qual, naturalmente e por conseqüência, os resultados dos estudos e/ou cursos oferecidos podem ganhar efeito sinergético e multiplicador.

O Zeri foi baseado no primeiro dos três programas, o da eco-restruturação, assumindo a visão conceitual e as estratégias operacionais recomendadas pelo Comitê. Seu principal idealizador, Gunter Pauli, recebeu a incumbência de criar um plano de ação para implementar a Agenda 21 da UNU, voltado para envolver o setor empresarial no processo do desenvolvimento sustentável. Pauli esquematizou as linhas mestras do Zeri como um programa de longo prazo, visando o estreitamento de parceria com o setor privado no esforço coletivo de eco-restruturação, envolvendo a academia, o governo e a sociedade.

A primeira apresentação pública do Zeri foi realizada em 1994 na sede da UNU, em Tokyo, na presença de trinta convidados, entre os quais estavam empresários e cientistas japoneses e representantes da mídia. A presença da mídia e do setor empresarial revelou-se um fator determinante no ímpeto que tomou a partir de então. A proposta gerou imediatas repercussões na imprensa dedicada ao setor empresarial e à comunidade diplomática residente no Japão (por meio do Nihon Keizai Shimbun - NIKEI e do Japan Times).

A escolha do primeiro público alvo reflete uma estratégia promocional no lançamento do Zeri, já que o Japão é um país que tem despertado certa curiosidade no mundo ocidental, especialmente sob dois aspectos: a rápida

transformação de reprodutor de tecnologia para um dos líderes em P&D, e a performance na recuperação após os choques dos preços do petróleo. Alia-se a isto, o fato de o país, pela escassez de matéria-prima, tende a compreender bem a necessidade de maximizar o seu aproveitamento [Mitsuhashi, in UNU World (Proceedings), 1996, p.35-36]. Isso se conjuga com sua recente liderança na gestão da qualidade total e da produtividade.

Entre 94 e início de 95, uma equipe de três pessoas, lideradas por Pauli, começou a trabalhar dentro da UNU: empreendeu um estudo de viabilidade do Zeri, esboçou linhas gerais da pesquisa de diferentes setores selecionados, cuidou dos preparativos para o primeiro congresso mundial do Zeri e dedicou-se a um intenso esforço de promoção junto às empresas e governos, no Japão e internacionalmente.

4.2.2 Estudo de Viabilidade

No início, o Zeri gerou curiosidade ou ceticismo no meio empresarial, e muitas controvérsias científicas, inclusive dentro da própria UNU. Uma das objeções mais freqüentes ouvidas era: ZE (Zero Emissions) é impossível. Mas houve, também desde o primeiro instante, receptividade e até entusiasmo por parte de empresários e cientistas. Aos poucos, essa atitude prevaleceu sobre os menos otimistas, ganhando adesão de importantes segmentos no governo e no mundo empresarial do Japão e depois internacionalmente.

Na busca de uma fundamentação mais sólida, tanto para rebater as objeções quanto para sustentar às adesões, a UNU promoveu um estudo de viabilidade do Zeri, sob a coordenação do Prof. Carl-Göran Hedén da Royal Swedish Academy of Sciences.

A realização deste Estudo de viabilidade contou com uma equipe central de seis cientistas e promoveu uma série de debates e encontros. Pauli, por sua vez, organizou mesas redondas, levando o debate sobre o Zeri em vários países, EUA, em Beijing/China, Nova Deli/Índia, inclusive com várias apresentações do projeto na Europa. O Relatório final recolheu os resultados que estas atividades preparatórias geraram e incorporou um grande número de sugestões que foram incluídas num programa de pesquisa para o período de 95 a 98. Recolheu principalmente o pensamento e a visão estratégica de cientistas, empresários e estadistas que proporcionaram os recursos intelectuais para a formulação do Zeri. O Relatório do Estudo de Viabilidade ficou pronto em abril de 1995 sob o título Feasibility Study on The Zero Emissions Research Initiative/UNU.

A principal conclusão deste Relatório revela que "a iniciativa não é só viável, como ela é essencial". O relatório destaca três razões para a importância do Zeri, a saber [Héden, 1994; UNU (Feasibility Study), 1995, p.V]:

- "representa uma continuação lógica da atual tendência de gerenciamento industrial;

- "prepara o terreno para criar uma indústria ecológica sustentável;

- "lança uma ponte disciplinar e fronteiras geográficas, além de sublinhar a interdependência entre os países, industrializados ou não, na busca de um desenvolvimento que seja ecológico, econômico e socialmente sustentável." [op.cit.]

O Relatório contém recomendações para ações imediatas e de longa duração. No horizonte mais a longo prazo, destaca a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento em consonância com a Agenda 21, e menciona que a mudança de valores é uma busca contínua [Héden, 1994; UNU (Feasibility Study), 1995].

No horizonte imediato e operacional, o conceito de Zero Emissions - ZE, se materializa na promoção da produtividade total, constituindo-se, assim, no ponto culminante na série de inovações sociais e de gestão empresarial, entre as quais se incluem: TQM (zero defeito), JIT (zero estoque) e outros, conceitos que têm tido grande impacto no desenvolvimento industrial. Afirma ainda, o Relatório, que o mesmo ocorrerá com o ZE, mas este contém um desafio maior: ele não só incorpora e expande os princípios de gestão já estabelecidos, e consagrados no âmbito das empresas, mas vai ao centro dos processos, bem como às interfaces destes com outros sistemas, em particular o ambiental, o social e o econômico. Não somente chama a um irrepreensível uso eficiente das matérias-primas e qualidade dos produtos produzidos, mas também leva em conta impactos sobre meio ambiente fora dos portões da empresa [UNU (Feasibility Study), 1995].

Para assegurar a coordenação apropriada do Zeri, o Relatório recomenda ainda criar uma "organização virtual", utilizando os meios de comunicação da eletrônica moderna, tanto para o gerenciamento interno, quanto para interagir com seus clientes, e implementar projetos por meio de redes de força-tarefa. Portanto, um aspecto operacional importante para o Zeri é a utilização em grande parte de comunicações via Internet. Uma essencial função no exercício dinâmico das redes será iniciar amplo diálogo regional dirigido à disseminação de boas práticas que irão manter e aumentar a produtividade, sem sacrifício da sustentabilidade ou desgastar o respeito à dignidade humana e à equidade para com a presente e futura gerações [op.cit.].

A estrutura administrativa deverá ser flexível e receptiva a ganhos obtidos de experiências de outras organizações com propósitos similares aos do Zeri. Atividades regionais podem também servir como incubadoras para projetos

que sejam cientificamente desafiantes e apropriados para cooperação internacional [UNU (Feasibility Study), 1995].

Assim, em abril de 95, com o Estudo de Viabilidade completo e depois do Primeiro Congresso Mundial do Zeri, os primeiros projetos de pesquisa seriam iniciados. Este Relatório tornou-se, desde então, fonte inspiradora e guia para o desenvolvimento do Zeri mundialmente. Após o primeiro congresso do Zeri (Tokyo, 1995), seguiram-se dois outros, em anos sucessivos, o II em Chattanooga (USA, 1996) e o III em Jakarta (Indonésia, 1997). Esses congressos deram ao Zeri visibilidade global e serviram de fórum para troca de idéias e relatos de experiências entre cientistas, empresários e funcionários de governo. Portanto, a Internet constitui-se, desde então, em uma mostra ("vitrine") dessa circulação contínua das idéias e experiências. Ao mesmo tempo, novas iniciativas foram surgindo em comunidades urbanas e regionais, e mesmo na esfera de governo central. No Japão, por exemplo, em 1996, começaram os movimentos para organizar grupos de discussão ao nível de municípios. Paulatinamente, "o próprio governo japonês começou a tomar oficialmente conhecimento do Zeri, tendo alocado recursos de vários ministérios para estas atividades, bem como o "White Paper" da Agência para a Proteção do Meio Ambiente que incluiu o Zeri na avaliação de esforços daquele país para alcançar Zero Emissões" [Mitsuhashi, in UNU World (Proceedings), 1996, p.36].

Na estratégia institucional da UNU o Zeri foi uma das formas encontradas para implementar a sua Agenda 21, disponibilizar o conhecimento existente e futuro da academia, no sentido de auxiliar governos (formuladores de política) e a indústria, a juntar esforços e viabilizar respostas às maiores questões referentes ao desenvolvimento sustentável [UNU (UNU Agenda 21), 1993].

4.3 Conceito e Princípios do Zeri

Imitar a natureza harmonizando as atividades econômicas com os ciclos biológicos, respeitar as leis da vida sobre o Planeta (crescimento e sobrevivência) enquanto se busca progresso material e bem-estar social, e proporcionar às gerações presentes o que necessitam, sem comprometer as chances de que as futuras gerações tenham o mesmo, são os princípios fundamentais que inspiram o conceito Zeri. Advogando que a sustentabilidade ecológica e social são intimamente ligadas, e que a sobrevivência da empresa está atrelada à estabilidade dos sistemas que sustentam a vida, o Zeri propõe uma estratégia de ação voltada primeiramente para a mudança de paradigma da atividade industrial, já que essa é responsável, em grande proporção, pela degradação dos ecossistemas.

4.3.1 Fundamentos Conceituais   

O conceito em que o Zeri se sustenta, foi enunciado no ato do seu lançamento, mas tornou-se mais explícito com o Estudo de Viabilidade (1995) e com as primeiras publicações que o sucederam (Capra e Pauli, 1995, Pauli, 1996, UNU World -Proceedings of the Second Annual UNU World Congress on ZERI, 1996).

Em síntese, o conceito nasceu da consciência da necessidade das mudanças que a civilização industrial deve fazer para harmonizar os sistemas produtivos e sociais com os da natureza. Para isso, constrói sua sustentação intelectual em cima de valores filosófico-sociais, dos conhecimentos científicos sobre a vida nos ecossistemas e das experiências empresarias na economia de mercado. Assim, os fundamentos conceituais do Zeri se inspiram na observação dos sistemas da natureza e da reflexão sobre os sistemas de valores da sociedade:

1- Valor da Natureza, tanto como fator econômico (os chamados recursos naturais), quanto como base de sustentação da vida sobre o Planeta.

a) Enquanto fator econômico, o Zeri advoga o uso "total", de forma integral, dos recursos naturais que servem de matéria-prima e fonte de energia para a produção de bens e serviços. Nesse sentido, propõe que se ultrapasse o pressuposto de que os recursos naturais são ilimitados, podendo ser utilizados de forma indiscriminada. Mas, propõe o aproveitamento total desses recursos, recusando-se aceitar que os rejeitos (considerados lixo), sejam fatos normais no processo produtivo. O Zeri, ao contrário, busca a eliminação do desperdício dos recursos naturais. "Baseia-se na premissa de que lixo é recurso fora do lugar e que a natureza assimila qualquer forma de lixo, transformando-o em recurso." [Todd in Capra e Pauli, 1995, p.167].

O valor econômico da Natureza vem ganhando espaço nas contas nacionais. "…quando a teoria econômica começou a ser elaborada, a escala do sistema econômico era pequena em relação ao meio ambiente; o mundo estava ‘vazio’ e assim parecia razoável tratar o meio ambiente como bem gratuito." [Daly in op.cit., p.116]. Há, porém, na teoria econômica moderna, uma corrente crescente que sustenta a atribuição de valores contábeis ao estoque de florestas, de minérios, de água limpa, de cardumes de peixes, à biodiversidade e aos sítios turísticos. A literatura sobre o assunto, teórica ou aplicada a setores específicos (ex.: pesca, minas, jazidas de petróleo), avoluma-se, assim refinando conceitos e métodos de análises (a exemplo de Bartelmus, 1994; Pearce e Turner, 1990). Em alguns países, como Costa Rica, Índia, Japão e Filipinas, há estudos avançados que passam da teoria à prática, chegando a integrar na contabilidade nacional e inclusive no cálculo do PIB (GNP- gross national product), parte ou todo o acervo de recursos naturais naqueles países.

O futuro parece reservar aos ‘economistas ambientais’ boas oportunidades para explorarem teórica e praticamente esse novo ângulo de um dos três

fatores econômicos, tradicionalmente chamado de ‘matéria-prima’, inclusive para utilizá-la em sua totalidade, eliminando qualquer forma de desperdício. Mais ainda essa abordagem sugere mudanças profundas na própria política fiscal, com vistas a alterar o regime de taxas e incentivos no sentido de incorporar os requisitos de preservação do meio ambiente. Nessa perspectiva, o Zeri associa-se aqueles que como Herman Daly [Daly in Capra e Pauli, p. 108-124] propõem uma revisão do regime fiscal, de forma a incluir tributos sobre os recursos naturais; deste modo, balanceando melhor os custos de produção e dos custos de consumo de produtos acabados com uma taxação também sobre a matéria-prima;

b) Enquanto sustentação da vida, o valor da Natureza ganha nova dimensão ante os desastres ecológicos localizados, a extinção de espécies e mesmo ante a perspectiva de uma ameaça global à sobrevivência humana, resultantes das atividades antropogênicas. Quando os efeitos da poluição provocada por indústrias de Cubatão, em São Paulo, começaram a aparecer em cadeia (a Floresta Atlântica veio morrendo e com ela a biodiversidade existente nas encostas da Serra do Mar; as enxurradas vieram descendo com mais rapidez e o volume inundando a várzea santista; os bebes nasciam com graves lesões, até ausência de cérebro), ficou evidente o stress dos ecossistemas que sustentam a vida naquela localidade. Nas palavras de Paul Hawken,

"Dito de forma direta, nossas práticas empresariais estão simplesmente destruindo a vida sobre a terra. (...) Sabemos que cada sistema natural vivo sobre o planeta está se desintegrando diante de nossos olhos. O solo, água, o ar e o mar vem sendo transformado de sistemas geradores de vida em depósitos de lixo. Isto não é uma maneira polida de dizer que a empresa está arrasando o mundo." [Hawken, The Ecology of Commerce, apud Capra, in Capra e Pauli, 1995, p.1]

A vida sobre a Terra depende de um complexo e frágil sistema de múltiplos processos interativos. A ecologia tradicional é antropocêntrica, isto é, o ser humano arvora-se de soberano à Natureza. Contudo, numa visão mais profunda da ecologia - "a ecologia profunda" no conceito de Capra [op.cit., p.3] – o mundo é visto como um todo integrado, holístico, ao invés de uma coletânea de partes dissociadas umas das outras.

"Na ciência, a teoria dos sistemas vivos proporciona a formulação científica mais apropriada da ecologia profunda. É uma teoria que somente agora está emergindo na sua totalidade, mas tem suas raízes em diversos campos científicos que foram desenvolvidos durante a primeira parte deste século - biologia organísmica, psicologia gestáltica, ecologia, teoria geral dos sistemas e a cibernética." [ op.cit., p.3 ].

A consciência de que a vida sobre o Planeta se sustenta sobre um complexo sistema de múltiplos processos interativos e de que a atividade econômica deve sintonizar-se com o ritmo de vida dos ecossistemas para tornar-se sustentável. Para isso requer-se a reestruturação do conjunto das atividades econômica, em particular da produção industrial.

Capra diz estar-se assistindo a uma mudança radical da visão mundial na ciência e na sociedade, uma mudança de paradigmas, tão radical quanto a revolução Coperniana. O paradigma, que vem se esgotando, tem dominado a cultura industrial mundial por algumas centenas de anos, durante os quais moldou a sociedade moderna e influenciou significativamente todas a partes do mundo. Esse paradigma consiste em várias idéias e valores, entre os quais o entendimento de que o universo é um sistema mecânico composto de blocos elementares, de que o corpo humano é uma máquina, de que a vida em sociedade é uma luta competitiva pela existência, a crença do progresso material ilimitado a ser alcançado através do progresso econômico e tecnológico, e finalmente, não o menos importante, a crença de que a submissão da mulher ao homem segue a lei natural básica [Capra, in Capra e Pauli, 1995, p.2].

O novo paradigma pode ser chamado de visão holística do mundo, considerando o mundo como um todo integrado ao invés de uma coletânea de partes dissociadas. Pode ser também chamado de visão ecológica em que o universo é visto como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e interdependentes ao invés de uma coletânea de objetos isolados. Reconhece que estamos todos imersos nele e dependentes dos processos cíclicos da natureza [Capra, op.cit., p.3].

Importa, pois conhecer e aprender como funcionam esses sistemas.

"O primeiro princípio da ecologia é interdependência. Todos os membros de um ecossistema estão interligados formando um sistema vasto e intrincada rede de relações, a rede da vida." [Capra, op.cit., p.4]. Segundo Capra, os sistemas vivos incluem organismos individuais, parte de organismos e comunidade de organismos, tais como os sistemas sociais e os ecossistemas. Todos esses são totalidade irredutíveis, cujas estruturas específicas redundam da interação e interdependência das suas partes. Este princípio, de acordo com o autor, implica numa mudança de percepção de objetos para relações, que para os negócios significa mudar de produtos para serviços.

Outro princípio importante da ecologia é a natureza cíclica da maioria dos processos ecológicos. "As interações entre os membros de um ecossistema incluem o intercâmbio de energia e de recursos em ciclos contínuos – o ciclo da água, o do dióxido de carbono (CO2), e o dos vários nutrientes. Comunidades de organismos têm evoluído ao longo de bilhões de anos, usando e reciclando continuamente, as mesmas moléculas de minerais, água e ar." [op.cit.].

Os princípios ecológicos: interdependência, fluxo cíclicos de energia e de recursos, cooperação, e parceria – fazem parte do mesmo padrão de

organização. Essa é a forma como os ecossistemas se auto-organizam para maximizar a sustentabilidade.

O Zeri traz a abordagem sistêmica para dentro do conjunto das atividades industriais. Contrapõe-se, assim, à visão linear tradicional da empresa, na qual o processo produtivo se resume em três estágios: insumo, processo e produto. Analisa o processo produtivo interligado e sugere políticas e estratégias de gestão do sistema econômico e social.

O Zeri busca na ciência físico-biológica fundamentos para propor uma relação simbiótica, não parasítica, harmonizando as atividades econômicas com os ciclos naturais com os ecossistemas. Vai mais longe; vale-se do conhecimento científico para promover a consciência de que a atividade humana deve sintonizar-se com o ritmo de vida dos ecossistemas para tornar-se sustentável. Na prática, isso requer a reestruturação do conjunto das atividades econômicas, em particular da produção industrial, imitando os ciclos de vida existentes na Natureza.

Quatro características dessa cadeia, entre outras, inspiram princípios e estratégias do Zeri. A primeira é que a Natureza não conhece desperdício; tudo se recicla ao longo de poucas horas (processos de fermentação), ou de milhões de anos (a fossilização animal e vegetal). Segunda, esses processos metabólicos consomem energia e nutrientes do sol, do ar, do solo, como também geram a energia que sustenta a própria vida. Terceira, essa cadeia cresce em complexidade à medida que se sobe na hierarquia dos seres vivos (do molusco ao ser humano). E a última, a cadeia de vida se auto-regula, evolui, mas também passa por transformações e mutações, como parte dos sistema dinâmico do universo.

2 – Valores da sociedade - valores humanos: qualidade de vida "total" (equidade nos benefícios do desenvolvimento); desenvolvimento humano (educação, saúde, cultura, diretos humanos, etc) e bem estar social (por exemplo: habitação, emprego, cidadania), bem como também os valores sociais: desenvolvimento comunitário, regional, internacional; gestão da qualidade total, alterações da visão de mercado e responsabilidade fiduciária.

O conceito Zeri sustenta-se também nos valores trazidos pelos ideais do desenvolvimento sustentável e da gestão da qualidade total apresentados nos Capítulos precedentes. Desses ideais, o Zeri incorpora, mas de maneira integrada e visando uma mudança de paradigma, a aspiração universal de melhores padrões de vida individual e coletiva, a gestão eqüitativa do bem comum e a busca da qualidade total.

Por esse ângulo, o Zeri revê os valores que regem a economia de mercado, agora globalizada, conciliando-se com os do desenvolvimento sustentável e,

eleva a gestão da qualidade total (TQM) a uma nova dimensão, na qual se integram os outros ângulos do desenvolvimento sustentável, ambiental, econômico e social.

Produtividade, eficiência e qualidade são as condições básicas para competir e sobreviver na economia de mercado. Mas, a economia de mercado é regida por leis muitas vezes que estão em contradição com os valores propostos pelos ideais do desenvolvimento sustentável, e a presença de políticas públicas se fazem necessárias para conciliar forças opostas. "O livre mercado tem sido considerado como o caminho mais eficiente para organizar o uso e a distribuição de matéria-prima e produtos acabados. O comunismo não ofereceu nenhuma alternativa viável. Mas, no momento em que temos de reconhecer que o que parece bom para os acionistas de empresas, muitas vezes se revela mau para todos os outros, devemos repensar tanto as bases do mercado e as virtudes da competitividade" [Pauli,Breakthroughs, 1996, p.27]

Assim, mais uma vez, discute-se sobre os méritos e a perversidade da economia de mercado. O Zeri toma-a como um fato profundamente arraigado na civilização presente, entende sua lógica e mecanismos operacionais que geram crescimento econômico; ao mesmo tempo reconhece que é injusta na distribuição da riqueza e é danosa para a natureza. Como diz Nicolin, o mercado "pode gerar muito bons frutos para todos sobre a Terra. Ao mesmo tempo vê-se facilmente como esses frutos podem ser destruídos pelo mau uso dos princípios da econômica do mercado." [Nicolin in UNU World, 1996, p.27]. Nessa ambivalência de valores, Pauli e todos quantos aderiram na primeira hora às idéias de Emissão Zero promovidas pela UNU, engajam-se em consolidar uma abordagem conceitual e prática do desenvolvimento sustentável, na qual procuram incorporar os méritos da economia de mercado e corrigir as iniqüidades sociais e desequilíbrios no meio ambiente que ela pode provocar. No entanto, Griefan [in Capra e Pauli, 1995, p.97] comenta que isto não é uma abordagem inteiramente nova, pois já em 1984, o Chanceler Willy Brandt "esboçava as prioridades do conceito de modernização ecológica, apontando para três desafios interligados: desemprego, ameaças ao meio ambiente e a mudança tecnológica. (...) O que se precisa, de acordo com Brandt, é uma reforma profunda da economia que conduza a uma sociedade industrializada, utilizando matérias-primas e energia econômica e eficientemente. Tal política econômica moderna, ecologicamente orientada, ampliará as oportunidade da economia" [inCapra e Pauli, 1995, p.97].

O Zeri incorpora essa convergência de políticas e coloca a sustentabilidade da empresa na dependência de sua capacidade de enfrentar os novos desafios do mercado e na de se ajustar aos requisitos maiores do bem-estar ecológico e social. Estabelece, dessa forma, três pressupostos:

O primeiro, refere-se à nova postura empresarial em que "a empresa, para sobreviver e florescer em tempos em que o mundo industrializado atravessa uma dramática mudança de paradigma, evolui da visão global mecanicista à ecológica, do sistema de valores que exalta expansão, competição e dominação, à visão marcada pela conservação, cooperação e parceria." [Pauli in Capra e Pauli, 1995, p.145].

O segundo, retoma as noções de produtividade e qualidade total, virtudes prescritas como essenciais para a competitividade no mercado, mas agora vistas na perspectiva do desenvolvimento sustentável e da gestão da qualidade ambiental. Nessa perspectiva, produtividade se impõe tanto pelo valor econômico da Natureza já referido, quanto pelas exigências da competitividade do mercado. Da mesma forma, a qualidade refere-se a melhoria dos processos e produtos acabados, assim como agora incluída à preocupação que estes demonstram para com o meio ambiente natural;

O terceiro pressuposto indica que para ganhar o favor do público, qualidade do produto, tanto quanto uma consciência de empresa ecológica em produzi-lo, tornaram-se fatores determinantes do sucesso empresarial no futuro. Nesse sentido, o Zeri incorpora a noção da "responsabilidade fiduciária" [Capra e Pauli, 1995, p.125]. Responsabilidade fiduciária é um conceito mais amplo do que "prudência financeira"("a obrigação moral para com o investidor de maximizar o retorno e minimizar o risco"). Para Tasch e Viederman "a noção nova de prudência financeira e responsabilidade fiduciária que vêm sendo desenvolvida na comunidade dos investidores inclui o impacto da atividade empresarial sobre o meio ambiente e as comunidades locais." [in Capra e Pauli, 1995, p.126].

 Fig. 3 - Resumo dos conceitos que inspiraram o Zeri

4.3.2 A Carta de Princípios  

Esses valores anteriormente descritos foram consignados em uma Carta de Princípios do Zeri, a ser adotada por quantos queiram empenhar-se em traduzir o conceito de Emissões Zero em estratégias para o desenvolvimento sustentável; aí incluídos, obviamente, gestão da produtividade industrial com qualidade ambiental. Sua elaboração deu-se por um processo interativo em que participaram, sob a liderança da UNU, a academia, líderes empresariais, do governos e da mídia. Os princípios do Zeri são [UNU (Feasibility Study), 1995]:

Os participantes do Zeri compreendem haver necessidade urgente de projetar estratégias associativas e políticas industriais baseadas no princípio do desenvolvimento sócio-econômico sustentável;

Acreditam que a criação/geração de benefícios de valor agregado para a sociedade é melhor sustentada por meio de mecanismos de mercado, onde forças competitivas estimulam a indústria a eliminar todas as formas de desperdício;

Concordam que a indústria somente atingirá seu potencial quando todo o desperdício for eliminado. A busca da eliminação de desperdício (emissão zero) está alinhada com o direcionamento das corporações para a qualidade total (defeito zero) e para o ‘just-in-time’ (estoque zero);

Almejam, portanto, a eliminação de todo desperdício. No caso em que todos os insumos (‘inputs’) não venham a ser completamente utilizados, consumidos ou integrados no produto ou no processo de produção, os resíduos resultantes se tornarão insumos de ‘valor agregado’ para outras indústrias;

Buscarão soluções baseadas em inovações tecnológicas apoiadas por políticas industriais apropriadas. A indústria precisa combinar esquemas de redução de custo com investimento em meio ambiente;

Empreenderão pesquisa conjunta, trabalhando com centros de excelência e têm compromisso de criar um exemplo. Se a pesquisa for bem sucedida, projetos-piloto serão estabelecidos seguidos da disseminação da tecnologia;

Reconhecem que o ZERI questionará formas de produção já estabelecidas. Os atuais processos de produção, sistemas de processamento, engenharia e tecnologias aplicadas serão reacessados tendo emissão zero como meta;

Apoiam a pesquisa multidisciplinar, no nível pré-competitivo, como uma metodologia;

Comprometem-se com um processo de longo prazo, no mínimo de 5 (cinco) anos, combinando os seus interesses estratégicos associativos com um visão de como garantir a competitividade no futuro;

Estão conscientes de que o grande público necessita de um amplo entendimento das complexas questões que estão em jogo. Um esforço especial será realizado para informar e educar os consumidores e o público, em geral, sobre as oportunidades que se abrem quando a emissão zero é buscada.

Visto superficialmente, a listagem dos dez princípios, pode dar a impressão de uma seqüência linear de idéias separadas umas das outras. No entanto, quando observados mais atentamente, emerge o pensamento cíclico que os interligam dentro de uma lógica maior de longo prazo, como parte da mudança de paradigma subjacente ao conceito do desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, delineiam a estratégia do Zeri para essa mudança de paradigma.

4.4 Linhas Mestras da Estratégia do Zeri

A estratégia Zeri encontra-se delineada em várias publicações, entre estas às já citadas Capra e Pauli; Pauli (1995 e 1996) e Estudo de Viabilidade (UNU,1995). Ela compreende três linhas de ação: a metodologia para gerir a mudança industrial na direção do desenvolvimento sustentável; o programa de P&D para criação de novos modelos e protótipos industriais, e novos empreendimentos em escala empresarial ou reestruturação dos existentes. Estas são as linhas mestras da estratégia Zeri, as quais devem ser vistas como iniciativas interligadas e complementares. Assim, por exemplo, P&D é necessária em todos os passos da "metodologia" e ambas visam e se realizam quando chegam à escala empresarial. Em todas as linhas, a estratégia do Zeri conta com o suporte da academia (principalmente para P&D) e do governo (para a gestão de mudança no modelo industrial vigente). Para dar uma idéia mais clara dessa estratégia, apresenta-se a seguir os cinco passos da metodologia que ela promove, inclusive com exemplos que sugerem o modo de operacionalizá-los, ou que mostram casos concretos de P&D e de empreendimentos empresariais em andamento.

Como parte de sua estratégia maior, o Zeri promove uma metodologia de mudança empresarial em cinco passos. Ela tanto se aplica à uma empresa como um todo, quanto à totalidade das empresas. Aplicam-se, com as devidas adaptações, ao setor público, bem como a administração e desenvolvimento regional de cidades, ou de ilhas, a exemplo do que vem acontecendo em alguns países na Ásia e na Europa (mais especificadamente Gotland/Suécia e Yakushima/Japão).

Os passos são:

Passo 1 – Produtividade total da matéria-prima

Produtividade é uma das principais questões para competir e sobreviver no mercado. Faz parte da estratégia empresarial clássica, maximizar o uso da matéria-prima e, correspondentemente, minimizar desperdício. O Zeri incorpora essa estratégia, mas, adiciona uma dimensão maior: aproveitar os insumos na sua totalidade, mediante a eliminação de qualquer resíduo ou refugo, e com maior razão, os materiais sólidos, líquidos ou gasosos que possam alterar a vida dos sistemas ecológicos. Vai mais longe: propõe que com a mesma quantidade de matéria-prima se produza bens com maior durabilidade sem perder em eficiência. A meta proposta pelo Zeri se completa com a exigência de uma qualidade superior do produto em termos de vida útil. Em outras palavras, a primeira linha de ação da metodologia Zeri consiste em obter que toda a matéria-prima esteja contida no produto final, e este deve ter um ciclo de vida mais longo. Prolongar o ciclo de vida dos bens .produzidos, reduzindo o termo de obsolescência, nas palavras de Ayres [1997] é "eco-eficiência". É a produtividade total dos insumos, entendida no sentido dos recursos naturais, inclusive energia; e não somente do aumento da eficiência

da mão-de-obra, dos equipamentos ou dos processos. Esse aumento da qualidade, durabilidade e eficiência dos bens produzidos, resulta em diminuição da quantidade de matéria-prima, e po.r via de conseqüência a redução na extração de recursos naturais, e também da sobrecarga de lixo que é jogada nos ecossistemas. A produtividade assim entendida, amplia, conseqüentemente, o sentido de qualidade, pois, além de buscar satisfação dos consumidores através do produto, evita que estes se voltem contra o fabricante pelos danos de deteriorização do meio ambiente em que este vive.

A busca da produtividade total começa com o estudo meticuloso de toda o processo produtivo industrial, com vistas a mapear minuciosamente fluxo dos materiais, desde a entrada da matéria-prima e energia, e todas as saídas ao longo da linha de produção da empresa. Aqui a ISO 14001 vem juntar-se e reforçar a linha da metodologia do Zeri. O mapeamento permite traçar o ciclo dos materiais durante o processo industrial, identificar os pontos de fuga, bem como o balanço final dos insumos, produtos e refugos. A partir disso, é possível também identificar inovações tecnológicas e de processos, ou de ambos, capazes de reduzir insumos, eliminar perdas de matéria-prima e evitar emissões.

Outra forma de enfocar a produtividade total centraliza-se no ciclo de vida do produto. A estratégia consiste em uma dupla ação: estender a durabilidade do bem e aumentar seu valor de recuperação. Sabe-se que muitas indústrias programam a durabilidade dos seus produtos. A lógica que prevalece hoje está dentro dos parâmetros da economia de mercado, o qual prioriza maximização do retorno do investimento pela venda do produto industrializado, e não o aproveitamento total da matéria-prima ou redução de seu uso. A razão parece simples, segundo Ayres "a empresa que apenas vende seus produtos a outros, e não retêm a responsabilidade sobre sua manutenção ou no seu descarte, não tem nenhum interesse, muito pelo contrário, de aumentar a durabilidade dos bens que fabrica, nem para reduzir os custos operacionais de seu manejo"[Ayres, 1997, p.24]. Mas, Pauli observa "a internalização de muitos custos reais de produção, que agora devem ser arcados pelo poluidor, tornou claro aos industrialistas que é melhor antecipar-se, reduzindo os custos dos resíduos no início do processo industrial, do que ter de arcar com complexas legislações ambientalistas em constantes mudanças, e o contínuo aumento de taxas aplicadas sobre efluentes liberados." [Pauli, in Capra e Pauli, 1995, p.148]

A estratégia de ampliar a durabilidade dos bens industriais e reduzir os custos de seu manejo e manutenção, e com isso valorizar a redução do insumo de recursos naturais, e consequentemente de rejeitos e poluentes, implica em duas mudanças radicais nas práticas do mercado. A primeira, requer dos fabricantes assumirem a responsabilidade pela vida total do produto que fabricaram. O sistema de "leasing", já vem sendo utilizado em vários

segmentos do mercado: aviões, computadores, carros estão disponíveis via firmas especializadas nesse ramo. Nesse sistema, a responsabilidade pela vida do bem, na maioria das vezes, ainda não é do fabricante, mas das firmas intermediárias que se constituem em "provedores de serviços". Na linha do Zeri, os produtores dos bens ficam com a propriedade deles, como parte do ativo no balanço da empresa, responsabilizam-se pela sua manutenção, recuperação, reciclagem e descarte, ou pelo menos, partilham desta responsabilidade com os provedores de serviços. A experiência da IBM e XEROX são as mais conhecidas. Grandes empresas automobilísticas alemãs, entre elas a Mercedes Benz, BMW e a Volkswagem, no início dos anos 90 anunciaram políticas no sentido de receber de volta carros usados para reutilizar parte de seus componentes. [Ayres, 1997]

A segunda mudança refere-se as especificações para o design dos bens duráveis. Ao invés de um design visando a obsolescência programada, requer-se especificações para maximizar a durabilidade, minimizar custos de manutenção e com maior versatilidade para reforma, recuperação, reciclagem ou descarte.

Passo 2 – Ciclo de Vida de Materiais (Modelo Output – Input)

No segundo passo metodológico evolui-se do pensamento linear para o cíclico. O processo industrial tradicionalmente concebido, além do bem intencionalmente produzido, gera múltiplas "saídas" de materiais em forma de resíduos, lixo sólido, emissões de líquido e gases, que não são incorporados no produto final. Tais saídas são geralmente aceitas como efeito normal do processo de fabricação. Muitos deles são tóxicos ao sistema de vida dos ecossistemas e à saúde animal e humana (vide exemplos citados por Pauli, para o caso brasileiro, no anexo I). Além disso, o produto acabado, uma vez utilizado pelo consumidor, é jogado fora ou despejado em locais pré-determinados (aterros sanitários). As montanhas de ferro velho dos carros usados, pneus, aparelhos domésticos, garrafas plásticas e outras formas de "descarte", crescem com a expansão industrial, agridem o meio ambiente, embora sejam menos ofensivas que o lixo nuclear. Sua composição físico-química, muitas vezes, os torna de difícil absorção pelos organismos vivos e pela Natureza como um todo. Na verdade, trata-se de materiais extraídos dos ecossistemas, e devolvidos a estes depois de transformados pela indústria. A Natureza necessita de milhares, ou até milhões, de anos para reintegrá-los nos ecossistemas. Conseguiria fazê-lo se a quantidade de emissões e descartes não fosse tão grande, e sobretudo se a velocidade da produção não fosse tão alta. Há, portanto, um descompasso entre a massa de recursos naturais processados (principalmente a partir dos últimos 250 anos da história da humanidade) e a capacidade dos ecossistemas que sustentam a vida em recuperar-se. É o descompasso entre dois regimes de metabolismo: o natural e o industrial. Como resultado, os ciclos da vida dos ecossistemas não fecham. Surge disso

tudo a questão da qualidade ambiental, que se agrava na medida que cresce a industrialização no modelo atual.

Na estratégia do Zeri, para fechar o ciclo dos materiais é preciso planejar e reestruturar a produção industrial de modo a fazer com que toda a matéria prima seja transformada em bens úteis, ou reintegrada nos ecossistemas sem danificá-los. Resíduos, emissões de toda espécie e bens descartados podem ser insumos para outros produtos, mediante diversos processos produtivos apropriados, em que nada se perde. Para isso, ao invés da visão linear do processo produtivo que se limita a "insumo – produto", acrescenta-se o complemento cíclico ‘produto – insumo’. Em outras palavras, toda ‘saída’ em forma de resíduo ou emissão é tomado como insumo para a produção de outros bens. ‘Saídas’ e ‘descarte’ geralmente são consideradas lixo/desperdício sem valor econômico e freqüentemente envolvem custo para seu despejo.

Nesse passo metodológico, portanto, requer-se rigorosa a análise dos processos industriais, com o objetivo de planejar a produção industrial como um sistema "fechado", no sentido sistêmico da palavra, e a partir dai se harmoniza com os ecossistemas em que se situa. Para tanto, utiliza-se o mapeamento do fluxo de materiais, já mencionado no passo anterior, para inventariar todo e qualquer resíduo ou emissão, agora vistos como insumos de valor agregado. Faz-se uma relação de todos os tipos saídas, não usados no produto final ou no processo de produção. A ISO 14001 na sua recomendação propõe verificar todos os impactos negativos e positivos de cada processo produtivo, e a elaboração de uma plano de mitigação/melhoria. O Zeri vai um passo adiante: com essa planilha de "novos insumos", passa-se a explorar a viabilidade técnica e econômica de introduzir novos processos de produção para a produção de outros bens dentro da própria empresa. Havendo viabilidade, o novo planejamento do sistema industrial vai incluindo esses ciclos produtivos complementares ao processo produtivo principal. Não havendo viabilidade dentro da mesma empresa, por razões de capacidade física, tecnológica, econômica ou outras, passa-se a pesquisar a existência de outras industrias que possam utilizar como matéria-prima os resíduos ou emissões não aproveitados.

Recorre-se, nesse caso, ao terceiro passo metodológico.

Passo 3 - Agrupamentos empresariais

O Zeri vale-se da estrutura sistêmica de conglomerados empresariais que nasceram sob o impulso do mercado para planejar novas estruturas, ou reorientar as existentes, no sentido de processar todas as emissões e rejeitos de matéria-prima, reciclar os bens usados, assim diminuindo o impacto sobre o meio ambiente graças à produtividade total. Mais ainda, vale-se dos requisitos

de qualidade e pontualidade como freio para reduzir a pressão sobre a extração de recursos naturais e uso de energia. Com efeito, como já mencionado nos passos anteriores, a qualidade inclui também maior durabilidade dos produtos, pontualidade, além da diminuição de grandes estoque, portanto menor consumo de energia e de matéria-prima.

A estratégia de integrar e aglomerar a atividade industrial com vistas à sustentabilidade ambiental aplica-se a todos os empreendimentos industriais nos quais a empresa não está montada para fazer uso total da matéria-prima que processa, seja por uma questão de porte, seja pela natureza dos bens que produz. A maioria das fábricas de sapatos no Vale dos Sinos (RS) por exemplo, em geral de pequeno e médio porte, utilizam o couro beneficiado por outras empresas, para produzir calçados. Por uma questão de escala, não seria economicamente viável para cada uma individualmente curtir o couro, nem para aproveitar os resíduos que resultam da fabricação do sapato. O ciclo não fecha, a produtividade e a qualidade não é total, já que, na fabricação do calçado há rejeitos de couro com valor econômico desperdiçados. Há, também, entre os efluentes líquidos e gasosos dos processos químicos praticados pelo curtume, poluentes venenosos que contaminam a água, o ar e o solo, deteriorando a qualidade do meio ambiente. Tanto os rejeitos, quanto os efluentes tornam-se fatores negativos; diminuem o índice de qualidade e produtividade, quando conciliados com os princípios de qualidade ambiental e produtividade total da matéria-prima. Esses, não só geram problemas de poluição, como podem tornar-se elementos de "deseconomia" (não-econômico) se não aproveitados; ao contrário, se industrializados passam a ter valor econômico, ou pelos menos é preciso encontrar uma utilidade para conseguir seu retorno à capacidade cíclica na Natureza.

O próprio mercado se encarregou de induzir a iniciativa empresarial a estabelecer curtumes altamente especializados e tecnologicamente cada vez mais sofisticados para garantir um produto competitivo que servem a uma diversidade de fábricas calçadistas. Estas fábricas, por sua vez, devem sobreviver no mercado cada vez mais exigente com produtos de maior qualidade. O insumo de matéria-prima flui de uma empresa para outra, e o processo produtivo é eficiente, bem como o produto final tem boa aceitação no mercado. Em termos empresariais e econômicos clássicos, esse agregado empresarial pode ser considerado como uma história de sucesso da estratégia de aglomeração empresarial. Por outro lado, o de desenvolvimento sustentável, este ainda contínua na direção da degradação dos rios, ar etc. O mercado não teve até agora atrativo suficiente para estimular iniciativas para o aproveitamento dos resíduos e emissões que continuam poluindo os rios e o ar no Vale dos Sinos, por exemplo.

A função das políticas públicas na estratégia do Zeri será retomado no quinto passo metodológico.

Passo 4 - Descobertas Científicas e Inventos Tecnológicos

Os objetivos de produtividade total, de fechar o ciclo de vida dos materiais dentro da empresa ou no conjunto das empresas, parecem atraentes, mas em muitos casos esbarra em inúmeros obstáculos tecnológicos. Há problemas de recursos humanos, financeiros, e outros; os problemas são de logística, mercadológicos, de capacidade física, etc. Há, sobretudo, problemas de ordem técnica. Muitas vezes não há conhecimento científico, know-how tecnológico ou de gerenciamento de processos disponível para realizar os passos propostos pela metodologia Zeri.

À academia cabe auxiliar o empresário a vencê-los. Ela tem desvendado os segredos da Natureza, penetrado no ciclos de vida dos materiais, inventariado sua composição físico-química e estrutura, descobriu como transformá-los e desenvolveu métodos para faze-lo. Cabe-lhe agora avançar nesses conhecimentos e know-how mediante o aprendizado de como maximizar a utilização dos recursos naturais sem danificar o meio ambiente, ou como reintegrá-los aos ecossistemas, reconstituindo-os das perdas sofridas com as retiradas.

O acervo tecnológico e cientifico da humanidade é imenso, mas ainda muito incompleto para garantir um modelo industrial sustentável, nos termos definidos anteriormente. Muita pesquisa básica foi desenvolvida para ‘dominar segredos’ dos materiais e na tecnologia para sua transformação em bens úteis. Mas, para restaurar os ecossistemas na sua integridade, ou para retornar os materiais utilizados à natureza de forma biodegradável, há necessidade de muita descoberta científica e invenções tecnológicas a fazer. O Zeri aborda a questão, sob os dois aspectos: a criação de conhecimentos e tecnologias e a disseminação das mesmas.

Tecnologia tornou-se o fator dominante no avanço do desenvolvimento industrial e na conquista de posições de mercado. Investimentos maciços são feitos em P&D, por parte de governos, e de grandes conglomerados econômicos para assegurar ou conquistar mercado. Tornou-se também muito mais cara, e isso tem duas conseqüências importantes: a primeira dificilmente haverá P&D para tecnologias "ambientais", já que o mercado pode não ver retorno nelas (a curto prazo); a segunda, essas tecnologias, quando existem, estão a preços que a maior parte das pequenas e médias empresas ou os países menos ricos, não podem pagar.

O Zeri propõe estimular a criação de novas tecnologias via mecanismos de mercado e mediante políticas públicas. A primeira via prevê esquemas de P&D sob regime de consórcios entre empresas e a academia, nos quais há partilha de recursos humanos e financeiros, e participação em royalties. A partilha nos custos facilitará a utilização das tecnologias geradas por uma

maior numero de usuários. Tenta-se, assim resolver a questão estabelecendo economia de escala nos custos da criação tecnológica. Se esta não for efetiva, resta recorrer à segunda via, a dos incentivos através de políticas tecnológicas públicas.

O outro aspecto da metodologia Zeri é a disseminação. Nisso, associa-se a tudo quanto existe em estratégia de difusão tecnológica, e das condições para a sua efetiva assimilação pelo setor produtivo. Aborda desde o uso dos meios modernos de comunicação, para a divulgação de tecnologias disponíveis, até a questão mais delicada da propriedade intelectual e o custo das patentes. O Zeri assume, em relação a essa última, uma posição não-conformista com o atual regime, mas modera-se ao propor soluções radicais por serem contraproducentes.

Passo 5 - Políticas Públicas

Os quatro passos metodológicos até aqui descritos, firmam-se nos pressupostos da economia de mercado, mas não se limitam a eles. As motivações do mercado, como se observa com muito freqüência, podem não ter a força suficiente para induzir o setor produtivo a preocupar-se com a qualidade ambiental. Os passos metodológicos propostos (busca da produtividade total, fechamento dos ciclos dos materiais, agrupamento das atividades industriais) devem ser técnica e economicamente viáveis ou ter o estímulo do poder público para desencadear essa viabilidade. A metodologia Zeri busca envolver não somente as forças do mercado, mas também da participação dos que se regem por outras motivações, como os as organizações não-governamentais (ONG’s) e a academia.

Outro aspecto importante da questão ambiental levantado nos Capítulos 2 e 3 é sua abrangência e complexidade, o que requer tanto o empenho individual de cada empresa, quanto o empenho coletivo do setor produtivo, dos cidadãos, e do Estado. A função deste é de proporcionar políticas, incentivos e taxação que levem a todos os beneficiários e responsáveis pela sustentabilidade dos ecossistemas a compatibilizarem interesses e estratégias. Trata-se da formulação de políticas de orientação para a gestão da qualidade ambiental na perspectiva da sustentabilidade da empresa, do meio ambiente e do desenvolvimento econômico. Para isso, a metodologia Zeri segue dois caminhos: no primeiro vale-se dos mecanismos que se revelaram efetivos no crescimento da economia de mercado (ISO 14000, TQM e as tecnologias ambientalistas) para estimular mudanças no setor produtivo de modo a levá-lo a seguir os passos metodológicos indicados.

O segundo caminho leva ao uso dos mecanismos do Estado na gestão do bem comum, e esse tem dimensões nacionais (locais e regionais) e inter-nações. Na esfera nacional o poder público participa na gestão ambiental mediante o

estabelecimento de políticas públicas e na administração dessas políticas. Cabe-lhe regular e incentivar as iniciativas do setor produtivo, dos grupos sociais e dos cidadãos que levem à qualidade ambiental, ou coibir e até punir as que danificam o meio ambiente. Dada a dimensão global da questão do meio ambiente, e das profundas implicações para as questões de desenvolvimento econômico e social sustentáveis, essa função do Estado vem assumindo uma importância crescente. Sua presença nos foros de negociação multilateral (Convenção do Clima, Biodiversidade, Recursos do Mar, etc.), estará mais reforçada quando respaldada em políticas e em práticas empresariais internas consistentes com os princípios de desenvolvimento sustentável. A estratégia proposta pelo Zeri leva a essa consolidação de posições, na medida em que ela propõe os passos concretos para a gestão da qualidade ambiental do setor produtivo, os quais incluem o envolvimento das forças do mercado, às dos movimentos comunitários (ONG’s) e as da academia.

Fig. 4 - Resumo ilustrativo das estratégias e dos passos metodológicos.

4.5 APlicabilidade e Crítica do Zeri

Neste Capitulo, até agora, procurou-se entender o conceito e a estratégia do Zeri, sem a preocupação ainda de questionar os valores que o sustentam ou a viabilidade da metodologia que propõe. Uma vez concluída essa etapa, porém, cabe um exame mais crítico de sua aplicabilidade, nisso incluindo as questões mais freqüentemente levantadas, ou que foram emergindo durante o estudo. Algumas são de cunho conceitual, outras emergem na passagem da teoria à pratica. Ao fazer-se esse balanço de pontos fortes e fracos, ver-se-á também as condicionantes e os limites que a implementação do Zeri apresenta.

4.5.1 Aplicabilidade e Crítica Conceitual

Nas criticas mais freqüentes ao Zeri há aspectos periféricos e outros bem mais profundos. Entre os primeiros encontram-se questões sobre o que o Zeri acrescenta de novo ao que já tem sido proposto antes na gestão ambiental. As questões sobre aspectos mais profundos referem-se à sua fundamentação cientifica, à viabilidade econômica e operacional.

Cabe examinar estas questões com atenção, mesmo porque ao respondê-las o Zeri vai aprimorando sua formulação e consolidando sua credibilidade.

Em que o Zeri inova sobre as propostas de gestão ambiental existentes? Deve-se reconhecer que muitas das idéias que o Zeri promove já existiam antes, e algumas foram citadas nos Capítulos 2 e 3: "eco-restruturação", "ecologia industrial", "eco-eficiência", "analise do ciclo de vida dos materiais", "metabolismo industrial" e mesmo algumas das

normas da serie ISO 14000 que foram sendo discutidas na mesma época em que o Zeri era lançado.

 

De fato, o grau de originalidade conceitual do Zeri não está em trazer ‘uma proposta a mais e melhor’ que as outras. Ao contrário, e esse é um dos seus méritos, ao invés de afirmar-se negando o mérito das propostas anteriores, o Zeri construiu sua base conceitual e estratégica em cima dos avanços precedentes na área de gestão (TQM, ISO’s, iniciativas ambientalistas), integrando-os num conjunto coerente, em que o "todo se torna maior que a soma das partes". A novidade conceitual do "ZERI", portanto, deve ser procurada na sua visão abrangente da gestão da qualidade ambiental, fundamentada na observação das "leis" da Natureza, de onde extrai a estratégia de gestão da produção industrial que se harmoniza com elas. Reexamina, assim, o processo produtivo em todos os seus ciclos, buscando interligá-los dentro de uma visão sistêmica, na qual as atividades que se passam no "interior da indústria" (TQM e ISO's em seu pleno sentido), são revistas (isto é, redesenhadas, replanejadas) e gerenciadas de modo a compatibilizá-las com os ciclos naturais existentes nos ecossistemas. Partindo dessa perspectiva ecológica, o Zeri encontra na Natureza não só os valores econômicos e biológicos, mas também a inspiração, para o paradigma de gestão sustentável já referido. Assim, o Zeri apresenta-se como uma proposta que leva à superação das limitações e prejuízos do paradigma existente, mencionado no Capítulo 3, em que as linhas de produção industrial e de qualidade ambiental correm em paralelo, ou, uma em oposição à outra. Para romper com isso, propõe uma metodologia que mostra os passos operacionais da gestão da qualidade total (de produção e ambiental) sob a visão integrada, e tendo como objetivo maior a sustentabilidade de ambas, a empresa e os ecossistemas em que ela se insere. Fica assim esclarecida a relação que este estudo buscava entre o Zeri , a gestão da qualidade ambiental e desenvolvimento sustentável. À gestão da qualidade total (TQM) no processo produtivo, como foi assinalado no Capítulo 3, falta-lhe a componente ambiental; à questão ambiental falta-lhe uma proposta sistêmica que a integre no processo econômico. O Zeri eleva o meio ambiente ao nível ecológico, traz o ecológico para dentro do econômico, e harmoniza o processo produtivo com os ciclos de vida nos ecossistemas. Assim, ele se alinha com o conceito de desenvolvimento sustentável, e também com a Agenda 21.

 

Ao mesmo tempo que fica estabelecida claramente a relação entre o Zeri e o desenvolvimento sustentável pela via da gestão da qualidade total no setor industrial acima definida, não se encontra ainda a mesma explicitação clara quanto ao terceiro componente do desenvolvimento sustentável, o bem estar social. Embora o Zeri se inspire nos valores da sociedade e tenha como objetivo o desenvolvimento humano, ainda não os incorporou numa estratégia de gestão social, como já o fez em relação a empresa. O estudo mostrou que muitos dos princípios se aplicam tanto ao setor empresarial quanto ao serviço publico no nível das comunidades. Encontrou-se referências freqüentes aos benefícios que a aplicação da estratégia do Zeri na empresa traria para a comunidade (mais emprego, condições de trabalho mais favoráveis, participação nos benefícios e responsabilidades). Contudo, não chegou encontrar os passos de uma estratégia específica para gerir o serviço público, o desenvolvimento regional, a gestão de vida urbana "humanizada", a educação de hábitos de consumo mais "ecológico". No seu estágio atual de formulação, este pode ser apontado como um dos pontos "fracos" na aplicabilidade do Zeri, necessitando de maior desenvolvimento.

A fundamentação científica do Zeri é outra fonte de questões críticas que indicam pontos fortes e fracos em sua proposição. "Zero Emissões é impossível, científica e tecnologicamente". Essa objeção é a primeira e a mais freqüentemente feita ao Zeri. Advém da observação empírica comum, bem como a do conhecimento das ‘leis’ da Física (segunda lei da termodinâmica), da Engenharia de Produção e outras. Ayres [1997] chama o Zeri de ‘slogan atraente’. O que está em questão, portanto, é a viabilidade do processo industrial utilizar a matéria-prima integralmente eliminando toda e qualquer forma de resíduo ou emissão.

Notou-se que o Zeri responde a esse questionamento seguindo duas linhas de raciocínio. A primeira vale-se do exemplo da qualidade total (no início foi considerada impossível) para enfatizar que é uma questão de postura intelectual criativa, de mentalidade aberta, de espirito científico à busca de soluções. Enfatiza, também, que não parece relevante provar se é possível ou não "Emissão Zero", mas tal qual o TQM, o Zeri é um ideal que orienta a busca do progresso, da perfeição. Se alcançar o zero absoluto de emissões é impossível, qual seria o ponto mais próximo possível a ele? A pergunta, então, volta-se para os cientistas responderem. Dai porque a segunda linha de raciocínio reconhece a necessidade de se empreender pesquisas científicas e tecnológicas visando conhecer melhor a composição dos materiais, as transformações por

que passam durante o processo produtivo, os resíduos e emissões que ocorrem e como utilizá-los como valores agregados para a produção de outros bens. E se tudo não puder ser aproveitado, então, resta pesquisar como devolvê-los à Natureza em estado físico-químico benignos aos ecossistemas.

Sob esta perspectiva, o que poderia ser o ponto mais fraco da aplicabilidade do Zeri, acaba tornando-se um dos pontos fortes pelo incentivo que contém para avanços científicos e inovações tecnológicas.

A aplicabilidade do Zeri pode ser também questionada sob o ponto de vista de sua viabilidade econômica. Muitos pensam, diz Pauli [1995], que a produção sem emissões, que é inviável, ou muito cara nas condições da economia de mercado.

  Há o problema dos custos. Verificou-se ao longo do estudo que a estratégia do Zeri está toda montada para eliminar custos (eliminação de perdas, o ciclo completo insumo-produto-insumo, a agregação de empresas para chegar a uma economia de escala). A qualidade também, 20 anos atrás, era considerada um custo adicional, passou a ser, depois, uma pré-condição para entrar no mercado, tornou-se por fim rentável com a redução de custos. Assim também, muitos pensam hoje que Emissão Zero é impraticável, mas em menos de 20 anos, acredita-se que o Zeri será o padrão de qualidade para tornar-se sustentável. Resta saber, porém, como sobreviver até lá, já que a economia de mercado ainda está controlada por valores de produtividade e qualidade.  

 Há também um problema de escala empresarial. Muitas empresas não tem como enfrentar o desafio de aplicar o Zeri sozinha, seja por uma questão de porte, seja por limitações tecnológicas, seja pela natureza da atividade industrial. Esses são limitações à estrutura empresarial e a economia de mercado não oferece soluções para elas. Na estratégia do Zeri essas limitações seriam superadas mediante políticas industriais apropriadas, incentivos à pesquisa cientifica e tecnológica, apoio à gestão da qualidade total e com forte aliança entre empresários, academia e poder público. Mesmo assim fica em evidência ainda maior a disparidade entre setores industriais, regiões e países quanto a capacidade de aplicar o Zeri em toda a sua abrangência.

 4.5.2 Condicionantes e Limites Operacionais

O Zeri, para convencer, deve passar pelo teste da viabilidade, isto é demonstrar sua capacidade de traduzir teoria em ação, promessas em resultados.

Passados três anos após ser lançado, pode-se fazer uma retrospectiva da sua evolução, inclusive sua presença no Brasil. Seria prematuro fazer uma rigorosa avaliação geral, pois não houve tempo suficiente para maturação de muitas das iniciativas. O que parece possível, no entanto, e útil para efeito deste estudo, é destacar alguns fatos na implementação que indicam tendências e sugerem elementos de conclusões – no atual estágio que se encontram, e servem de base para algumas observações críticas sobre a operacionalização do Zeri.

O Estudo de Viabilidade sugeriu um vasto programa inicial de pesquisa, com 10 linhas de projetos sobre assuntos os mais diversos (encontrados também em Capra e Pauli, 1995, p.151-156). Entre eles havia tópicos bastante convencionais, tais como a reciclagem do papel, e outros surpreendentes, como o estudo da cera que cobre as penas das aves. Cada projeto teria uma equipe de P&D, trabalharia em rede, desenvolveria protótipos e disseminaria amplamente os resultados.

Não cabe aqui fazer uma descrição detalhada da implementação do programa inicial do Zeri, nem dos outros projetos em andamento em várias partes do mundo. É suficiente indicar que há registro de inúmeras iniciativas, em vários estágios de desenvolvimento, inspiradas pela ‘filosofia’ e estratégia do Zeri. As informações, em constante evolução, estão disponíveis aos interessados, principalmente via Internet. Quem analisar mais de perto observará que:

alguns dos projetos do programa inicial não foram além da proposta (o das aves, por exemplo); outros tomaram um direção pouco significativa para a filosofia do Zeri (reciclagem do papel);

em contrapartida, um grande número de outras iniciativas não previstas no programa inicial começaram a surgir em busca de soluções para velhos ou novos problemas até então considerados sem interesse ou sem solução. Nos arquivos da UNU, bem como nos anais dos três Congressos que o Zeri promoveu mundialmente, há numerosos relatos das experiências de empresas, mostrando iniciativas novas, ou o redirecionamento de atividades existentes, que foram desencadeadas pelos princípios e metodologia do Zeri.

As iniciativas inspiradas pelo Zeri que estão em andamento pelo mundo, podem ser agrupadas em três tipos:

Iniciativas industriais. Várias grandes empresas, no Japão, principalmente, adotaram os princípios e metodologia propostas pelo Zeri em seu planejamento industrial, ora em determinado setor da empresa, como é o caso da Chichibo Onada Ciment, um dos maiores produtores de cimento daquele país, que introduziu uma série de mudanças seja para eliminar as emissões de suas chaminés, seja para reciclar , reaproveitar parte dos equipamentos que ela ou outra empresa fabrica (por exemplo: as máquinas – em grande número as do jogo eletrônico ‘pachinco’, uma espécie de caça-níquel, a cada ano são substituídas), pela utilização do bambu na fabricação de blocos pré-moldados para a construção de paredes). Outro exemplo é o da grande agroindústria Golden Hope, da Malásia, que até agora vinha utilizando 7 a 10% da palmeira na produção de óleo de coco, jogando fora o restante da biomassa, passou a introduzir uma série de processos industriais para a produção de vários outros bens de valor mercadológico considerável.

Iniciativas integradas. Há vários exemplos de empresas ou de entidades que abriram linhas de produção totalmente diferentes da sua atividade principal. É o caso de algumas cervejarias, como a da Namíbia, que além de produzir a cerveja com a matéria-prima tradicional, tendo de enfrentar uma enorme massa de resíduos, ao invés de despejá-los em lugares pré-determinados (como sem nenhum valor), passou a utilizá-los como alimento para a criação de gado, de peixe, produção de champignons e até de hortaliças. Em Fiji, campo experimental, este modelo está sendo testado com a participação de uma escola de menores abandonados. Um exemplo que chegou a inspirar e cresceu com o Zeri é Las Gaviotas, na Colômbia, no qual a atividade hospitalar, a sustentação da comunidade local, a atividade econômica e a recuperação da floresta se desenvolveu ajustando-se ao ecossistema local.

Iniciativas regionais. Algumas iniciativas de aplicar o Zeri a toda uma região podem ser apontadas. No Japão, mais uma vez a Ilha de Fukushima, vários estados (inclusive Okinava) estão desenvolvendo planos e políticas públicas visando organizar a atividade econômica (industrial e outras), a exploração dos recursos naturais, o turismo, a gestão de cidades e vilas de forma a integrar-se mais harmoniosamente com os micro-sistemas ecológicos da região. É claro que nesses casos o processo de mudança é mais longa, portanto não há como apontar resultados. Note-se que vários dos ministérios do governo japonês (o dos transportes, o de indústria e comércio, o do meio ambiente) estão adotando programas sob o nome de Zero Emissões. Ainda, também, a já citada iniciativa na Suécia, ilha de Gotland.

Esses exemplos fazem parte de uma lista bem mais longa que consta dos anais dos Congressos do Zeri nos quais as iniciativas são descritas com detalhes

técnicos, estando também a disposição de interessado via Internet, na homepage da UNU e do Zeri (www.unu.ias.edu e www.zeri.org).

Mais importante do que descrever os projetos e iniciativas em andamento é observar a estratégia de implementação do Zeri. A estratégia básica foi a de sugerir um certo número de projetos de pesquisa, "a titulo de exemplos", com o objetivo de introduzir uma nova visão da atividade empresarial na linha do desenvolvimento sustentável. Incorporando a TQM e as iniciativas ambientalistas em novo modo de pensar e utilizando a linguagem econômica de mercado que empresários bem conhecem, os exemplos serviram para desencadear um novo processo de abordagem da questão ambiental. O objetivo era despertar iniciativas, estimular a criatividade, e não montar um programa bem estruturado de projetos a serem gerenciados centralmente. O Estudo de Viabilidade, como mostrado anteriormente, foi enfático em cortar pela raiz a expectativa de que o Zeri seria "mais um" desses programas "fechados", planejados em seus menores detalhes operacionais, e que são montados em cima de uma máquina burocrática, e com recursos financeiros para implementá-los. Entendê-lo assim eqüivaleria a não entendê-lo. A UNU quando o lançou apostou no mérito intrínseco da visão e da coerência da estratégia na perspectiva do desenvolvimento sustentável.

Diante dessa observação, não se deve concluir, que o Zeri se reduz a uma visão teórica solta, descolada da realidade empresarial. A forma de implementá-lo foi, deliberadamente, começar pelo setor empresarial, enfrentando a grande empresa, e num país em estágio avançado de industrialização, o Japão. O fato de que várias grandes corporações japonesas tenham aderido com recursos e demonstram hoje em seus relatórios oficiais iniciativas em nome do Zeri parece indicar que o conceito e a metodologia proposta revelou-se aplicável em seus respectivos sistemas empresariais. (os exemplos são relatados por Mitsuhashi em seu livro recente sobre o ZE no Japão). Pode-se argüir que esta aplicabilidade é mais fácil para um setor empresarial acostumado há mais tempo a todas as inovações da TQM e tendo maior sensibilidade para os impactos negativos da atividade industrial sobre os ecossistemas naturais.

Cabe reconhecer que, embora o Zeri tenha uma estratégia pragmática, esta, no entanto, não se reduz a um receituário de medidas gerenciais visando resultados imediatos. Tal como assinalado em 4.3, requer-se uma visão integrada na qual a excelência da empresa e da atividade industrial em si é completada com a interação harmoniosa com o meio ambiente e com a sociedade que a rodeia.

Por outro lado, deve-se admitir que Zeri poderá ser pouco atraente para empresas enfrentando alta competitividade, como também para as de pequeno porte se tiverem que arcar com onerosas mudanças sozinhas. Com maior

razão, hesitarão os países em desenvolvimento se tiverem que depender de pesquisa avançado ou compra de tecnologias caras.

Na implementação do Zeri, outro fator crítico que merece reflexão é a forma de divulgação e de formação de um novo pensamento para empresários. O "marketing" do Zeri (desde o uso do Internet até o estilo dos cursos para executivos), a "linguagem" em que sua mensagem foi dita/envolvida (competitividade, produtividade, qualidade e outros conceitos da economia de mercado), e a ênfase na responsabilidade "ecológica" da empresa (lembrando a participação dos empresários na Rio-92) ao invés de meramente "ambientalista", revelou-se tão importante quanto a próprio conteúdo mensagem em si. Pode-se reconhecer, porém, o risco dos excessos terminólogicos "para efeitos de linguagem", e do uso de conceitos e expressões que por vezes não resistem ao rigor da linguagem científica. Além disso, alegorias referentes a natureza (por exemplo, o ciclo metabólico dos ecossistemas) se tomadas ao pé da letra, perdem todo o sentido quando utilizadas para descrever processos técnicos industriais; mas se utilizadas para comunicar idéias inovativas tem grande poder de romper o círculo vicioso no modo de pensar. Aceita-se, pois, que há o tempo próprio para a alegoria e outro para o rigor cientifico.

A busca pela viabilidade científica do Zeri veio crescendo a medida que o Zeri foi ganhando o interesse do empresário e encontrando objeções na academia. Isto se reflete nos editoriais que recebeu em jornais de grande circulação entre empresários, e nos vários artigos publicados em revistas cientificas. Observa-se que para chegar a Emissão Zero, em vários casos empresas investiram em pesquisas de novas soluções tecnológicas (explosão a vapor para retirar a tinta do papel impresso para melhor reciclagem), ou por tecnologias existentes mas em desuso (sistemas biológicos integrados no tratamento dos resíduos da cervejaria). Há inclusive registro de recursos mais vultuosos colocados à disposição da pesquisa sobre formas de viabilizar o Zeri (por exemplo, a rede de pesquisa formada por 40 universidades japonesas conta com recursos do setor privado e do governo japonês, um destes é o Institute of Industrial Science da Universidade de Tokyo escolheu ‘três área prioritárias de pesquisa’, a saber: clarificação e gerenciamento de ciclos completos de materiais com processos industriais, viabilidade de agrupamentos industriais e tecnologia "renovative", e análises Output-Input de materiais e metodologia de gerenciamento [Suzuki, in UNU World, 1997].) Os registros mostram também uma variedade muito grande de frentes de pesquisa, desde as que investigam processos para eliminar emissões através de biosistemas integrados (exemplo, na eliminação da praga do jacinto aquático que infesta os lagos e rios na África) até a meta da DuPont de chegar a Zero Emissões em 20 anos. É relevante observar que a motivação para essa busca científico-tecnológica ultrapassou a dúvida sobre a viabilidade ou não da Emissão Zero. Importante para a empresa e a academia parece ser como reduzir esta emissão

ao mínimo, e quando o zero é inviável, como descarregar as emissões nos ecossistemas em forma benigna para a sua subsistência.

No que se refere a formulação de políticas ambientais inspiradas pelo Zeri cita-se, uma legislação na Indonésia que estabelece uma gradação, identificada por cores, da performance na gestão da qualidade ambiental das indústrias daquele país. Cita-se também planejamento regional do Oeste de Java, que criou uma zona industrial Emissão Zero, em 1997; a política nacional na Namíbia, 1996 e, principalmente, o impacto na política industrial e ambiental do Japão (nível nacional e de prefeituras), durante 1996 e 1997.

É com base nesses dados concretos que se pode dizer que o Zeri se apresenta como uma proposta viável para abordar a questão ambiental no contexto do desenvolvimento sustentável. Pode-se dizer, também, que contém uma estratégia que motiva empresários, cientistas e estadistas a utilizá-la na gestão de problemas concretos da qualidade ambiental.

No que tange ao Brasil, o Zeri chegou em 1995 por iniciativa do CNPq que facilitou a vinda de Gunter Pauli que fez a primeira apresentação dos conceitos e estratégias de Emissão Zero ao público brasileiro em uma conferencia em Brasília (transcrição em Anexo) e outra em São Paulo. Começaram a partir daí os primeiros contatos com a academia (UFSC e PUC/RS) com empresas (entre elas a Usina Santa Fé) e a FIESP e o SENAI (em São Paulo) e com os setores do Governo (Paraná). Iniciativas foram então surgindo em vários lugares com um grau de assimilação do conceito Zeri ‘desigual’.

O Zeri tem enorme potencial de aplicabilidade no Brasil. Parece uma dedução lógica diante do imenso volume de biomassa, recursos minerais, florestas, água, biodiversidade, todos sob pressão crescente gerada pelas atividades humanas, seja pela intensa industrialização seja pelas grande expansões agrícolas, ambas seguindo modelos considerados agressivos ao meio aos ecossistemas. Essas imensas potencialidades e necessidades, esbarram, obviamente na falta de conhecimento devido estágio inicial do Zeri, e também devido à propensão esbanjadora que se apossou da população desde os tempos coloniais, ante a sensação de riqueza de recursos naturais; além de que os prejuízos dos desastres ecológicos ainda não se fizeram se sentir de maneira aguda, em termos financeiros para as empresas, ou para a população (exceto em casos raros como Cubatão entre outros).

A aplicabilidade é portanto enorme, mas tem limitações para efetivar-se. Uma delas, naturalmente, é a falta de conhecimento. A literatura é escassa e a divulgação incipiente. A isso acrescenta-se o desafio da mentalidade conservadora generalizada, que persiste. A busca de soluções requer que cada

uma faça sua parte, ou seja, governo, academia e setor privado. E essa é uma questão mais ampla, que não é objeto deste estudo. O Zeri tem como objetivo propor que se revejam processos e tecnologias aceitas como acabadas, estimula empresários e centros de pesquisa a conceberem tecnologias a exemplos do que ocorre nos processos dinâmicos da Natureza. Na busca de aproveitamento dos resíduos da cervejaria gerou-se alimentos, energia e empregos (conversão da "praga" jacinto em alto substrato de valor agregado para cogumelo) e, com isso, colaborando para a solução de problemas sociais.

Portanto, pode-se concluir que o Zeri é atraente, sua filosofia de zero desperdício, de produtividade total da matéria-prima. Trata-se de uma evolução da qualidade total. Qualidade entendida como vetor de mudança, em busca da melhoria contínua. Ele inclui as questões ambientais antes "esquecidas" pelas empresas, como também pode possibilitar a geração de empregos e a redução da pobreza.

Assim pode-se dizer que o Zeri é uma busca real pela melhoria contínua. Sua aplicação requer algumas mudanças de paradigmas, de percepção, da forma de lidar com problemas complexos. O caminho a ser percorrido agora exige que se leve em conta o crescimento econômico, a qualidade ambiental e o desenvolvimento social, que se resumem no conceito do desenvolvimento sustentável.

http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap5.html

Capítulo 5 - Conclusões e Recomendações

5.1 Conclusões   A princípio este estudo teve por escopo o conceito de desenvolvimento sustentável no sentido amplo, mas foi concentrando seu foco no setor industrial, acompanhando a evolução histórica dos progressos feitos na gestão da qualidade total, até chegar à gestão ambiental em particular. Observou-se que, embora a preocupação com a qualidade ambiental estivesse presente no pensamento dos que promoveram esses progressos gerenciais, na verdade ela permaneceu num plano secundário até recentemente, quando a sustentabilidade dos ecossistemas passou também a ser reconhecida como importante para a sobrevivência da empresa. Hoje, a conscientização ecológica, ciente dos impactos negativos das atividades industriais poluidoras sobre os ecossistemas, e, consequentemente, sobre a saúde humana, afeta a aceitação de certas atividades empresariais por parte dos cidadãos, consumidores e governo (nível local e internacional).

Em seguida, reconheceu-se a necessidade de se buscar a resposta para a questão da qualidade ambiental numa visão mais abrangente da gestão da

qualidade que incorpore tanto os avanços já alcançados pela prática da TQM, quanto as iniciativas de gerenciamento voltadas para o meio ambiente, como aquelas propostas pelas normas ISO 14000. Reconheceu-se, ainda, que esta visão mais ampla requer um novo paradigma de gestão ambiental que leve à harmonização das atividades econômicas com a preservação da vida nos ecossistemas. Chegou-se, assim, à conclusão de que à semelhança da mudança de paradigma trazida ao sistema empresarial pelos conceitos e métodos da qualidade total, um outro salto qualitativo se faz agora necessário para que a gestão da qualidade ambiental compatibilize a sustentabilidade ecológica com a empresarial. Mais ainda, viu-se que esta mudança significa um esforço coletivo em busca do desenvolvimento sustentável, no qual não somente o setor industrial, mas também os segmentos mais ativos da sociedade - governo, centros de pesquisa, as ONG’s, e a própria comunidade local – participam.

Verificou-se, então, que o Zeri veio trazer um novo quadro de referência para esta mudança de paradigma, contribuindo conceitual e pragmaticamente, como demonstrado pelas iniciativas concretas em vários países. Destaca-se que a proposta Zeri oferece uma visão abrangente, e embora sua implementação tenha começado pelo setor industrial, não se restringe a ele. Desta forma, embora este estudo esteja focalizado principalmente à aplicação do Zeri ao setor produtivo, tentou-se fornecer evidências para mostrar as aberturas de sua aplicabilidade aos demais setores.

Deste estudo tornou-se possível tirar, ainda, algumas conclusões mais especificas, entre as quais, destacam-se as seguintes:

O Zeri tem uma abrangência suficientemente ampla para incluir os três aspectos essenciais do desenvolvimento sustentável: econômico, ecológico e social, podendo-se dizer, portanto, que está em consonância com os princípios formulados pela Agenda 21 e as convenções internacionais que tratam da questão ambiental;

Propõe uma estratégia que é suficientemente pragmática para gestão da qualidade ambiental e compatível com leis do mercado, a ponto de interessar empresários e executivos de grandes e pequenas empresas com proposições que lhes permitam integrar-se no processo de desenvolvimento sustentável;

O Zeri é uma proposta estratégica que incorpora as contribuições do TQM, da ISO e de outras iniciativas de gerenciamento da qualidade ambiental, integrando-as numa proposta holística de gestão empresarial. Portanto, é possível estabelecer, a partir do Zeri, as linhas metodológicas para a gestão do desenvolvimento industrial sustentável que se aplicam ao nível das empresas, do conjunto do setor industrial,

bem como para o estabelecimento de políticas industriais apropriadas ao nível do governo;

A abrangência do Zeri, sua filosofia e estratégia, estende-se à todas as áreas de gerenciamento das atividades econômicas e sociais, tais como gestão de cidades, desenvolvimento regional, organização dos serviços públicos. Mas, a sua aplicabilidade a estas áreas ainda necessita de maior elaboração, caso a caso. Isso abre perspectivas promissoras para inovações em vários campos, envolvendo profissionais (economistas, administradores, engenheiros, administradores de empresa e do serviço público, cientistas sociais, etc.);

A Iniciativa Zeri tem limitações e condicionantes em sua aplicabilidade, ao nível geral e principalmente se visto em relação no Brasil. Algumas são inerentes ao seu recente desenvolvimento ou pouca divulgação; outras são devidas à incompleta elaboração, como é o caso dos outros setores além do produtivo. Embora o Zeri tenha mostrado sua aplicabilidade na sustentabilidade do desenvolvimento industrial em vários países, seu sucesso no ambiente empresarial brasileiro depende de maior divulgação, maior aprofundamento conceitual e de maior disseminação de sua visão estratégica e metodologia operacional. Depende, também, de estudos específicos sobre sua aplicabilidade na promoção do desenvolvimento sustentável no nível regional e urbano, assim como sobre sua aplicabilidade na gestão do setor de serviços e na administração pública.

Pode-se assim concluir como diz o Relatório do Estudo de Viabilidade do Zeri: a ‘Iniciativa Zeri’ não só é possível/viável, como ela é essencial.

5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

As conclusões acima levam à indicação de duas principais linhas de ação complementares:

A primeira é a de sugerir a adoção do Zeri como quadro de referência, como estratégia e como metodologia apropriada para gerir a questão da qualidade ambiental na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Esta é uma sugestão que se dirige tanto ao setor empresarial, quanto aos órgãos de políticas ambientais, de fomento à pesquisa, e à academia (centros de pesquisa).

A segunda linha de ação está relacionada com a continuidade deste estudo. Muitos dos tópicos, que foram abordados, abrem perspectivas para estudos mais aprofundados sobre o Zeri. Entre estes está, em primeiro plano, a aplicabilidade dos conceitos e estratégias do Zeri em outros setores, tais como o de serviços públicos, o desenvolvimento urbano e regional, nas negociações

internacionais sobre a mudança climática, etc. Outros estudos mais específicos podem ser particularmente relevantes para sua aplicabilidade no caso do Brasil. Por exemplo:

O Zeri coloca em questão muitas tecnologias de produção industrial praticadas hoje que não levam em conta adequadamente a noção de sustentabilidade dos ecossistemas. A partir de tais valores ecológicos, vastas oportunidades para P&D em busca, não tanto de "tecnologias limpas", mas principalmente de novas tecnologias, novos inventos, aproveitamento de tecnologias existentes para maximizar o uso da matéria-prima, completar o ciclo dos materiais, ou o descarte de resíduos benignos aos ecossistemas. A lista de oportunidades é praticamente ilimitada, pois em cada processo industrial há resíduos, emissões, e produtos que podem ser revistos sob o ângulo da sustentabilidade ecológica. Isso poderia motivar investimentos em P&D por parte das empresas, e, principalmente por parte de órgãos de fomento à pesquisa, engajados na proposta do desenvolvimento sustentável;

 

Há oportunidades de pesquisa e estudos sobre estratégias industriais visando resolver a questão ambiental, não mediante processos e tecnologias em paralelo ao processo produtivo, mas, de forma essencialmente integrada à gestão da qualidade total. A gama de possibilidades se estende desde estudos sobre a organização departamental, o desenho da planta industrial, do planejamento das linhas de produção, até analise dos custos do aproveitamento de resíduos, a participação dos empregados na consciência ecológica, o marketing dos produtos e as reações do mercado consumidor;

Pode-se visualizar estudos sobre mudanças nas políticas públicas com vistas à promoção do desenvolvimento industrial sustentável na perspectiva do Zeri. Estudos podem determinar a viabilidade de inúmeros casos de agrupamentos industriais na perspectiva ecológica, mediante estímulos do mercado e com suporte de políticas públicas, seja no estágio de "incubação" (há várias instituições que se consideram incubadoras de iniciativas empresariais), seja na reorganização de amplos distritos ou parques industrias. Estudos podem também aprofundar questões de políticas consideradas críticas para a mudança de paradigmas proposto pelo Zeri, entre elas o impacto do regime de patentes na transferência de tecnologias e know-how, o impacto de diferentes legislações ambientalistas para incentivo ou ‘desincentivo’ (taxas e regulamentos) de práticas industriais não sustentáveis;

Na linha da gestão propriamente dita, um tema relevante à aprofundar é a contribuição do Zeri ao aprimoramento dos métodos de gestão da qualidade total, agora vista na sua extensão à qualidade ambiental, e em associação com a implementação da ISO 14000. Ante a importância desta série de normas para o desenvolvimento industrial brasileiro, esta linha de pesquisa sugere empreender estudos de caso de todo a cadeia de produção industrial, setor por setor. Cita-se, por exemplo, a cadeia da industrialização do quartzo desde a mina até a colocação dos produtos de alta tecnologia no mercado de fibras óticas e chips. A cadeia da agroindústria é outro setor no qual estudos na perspectiva Zeri - ISO 14000, – exemplo: a cadeia da cana-de-açúcar, desde o plantio do canavial até a colocação do açúcar/álcool no mercado, podem trazer contribuições novas para o desenvolvimento industrial sustentável;

Cabe, por último, apontar para temas de estudo sobre a função da academia na formação profissionais e no encaminhamento de pesquisas voltadas à gestão para o desenvolvimento sustentável. Poder-se-ia, por exemplo, examinar as mudanças que os currículos de graduação ou da pós-graduação deveriam ter para formar profissionais de planejamento e gestão empresarial ou de gestão pública com a visão da sustentabilidade da empresa no contexto econômico e social (local e regional). Poder-se-ia imaginar, também, pesquisas sistemáticas mediante toda uma série de estudos de casos sobre a industrialização de determinada região, com o objetivo de avaliar sua sustentabilidade sob o prisma do Zeri.

http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=temas&cd=1385

Problemas ambientais não fazem parte da realidade dos brasileiros

A conclusão tem como base uma pesquisa realizada pela Market Analysis, em oito das principais capitais do país

Market Analysis Brasil

Um estudo realizado pela Market Analysis em oito capitais do país revela que existe um grau importante de sensibilidade, entre os brasileiros, sobre o impacto ambiental das ações humanas, mas que ainda falta muito para tal questão ocupar um lugar de relevância em suas preocupações do dia-a-dia. Interrogados sobre quão grave consideram uma série de conseqüências ecológicas da ação do homem, 82% dos brasileiros – em média – julgam como “muito sério” os fenômenos de contaminação, extinção de espécies, exaustão de recursos energéticos e mudança climática. 

Gráfico 1 – Gravidade dos problemas ambientais. (% dos que apontam a opção "é um problema muito sério")

Questão: Qual é a seriedade que você atribui a cada um dos problemas indicados: muita, alguma, pouca ou nenhuma

Fonte: Pesquisa realizada com 800 adultos, face-a-face, nas oito principais capitais do Brasil. Nov-Dez.2005. Market Analysis. Margem de erro= ±

3.46%

Quer dizer que a consciência ambiental atingiu seu ápice? Significa que estamos perante uma revolução das massas pela sustentabilidade? 

 Nem um pouco. A admissão da gravidade desses assuntos permanece desconectada do topo da agenda pública nacional. Crise ambiental simplesmente não está inclusa entre os maiores problemas que o país enfrenta atualmente, na opinião dos brasileiros. O dado surpreende, haja visto a crescente atenção da mídia a tais assuntos. Tomando como referência o número de menções aos assuntos pela mídia nacional, nota-se que o espaço dedicado ao efeito estufa triplicou nos últimos oito anos, enquanto mais do que duplicaram as matérias sobre poluição da água. Só diminuíram ou permaneceram quase iguais as notas sobre gases poluentes ou espécies em extinção. 

Fonte: Arquivos da Folha de São Paulo, 1998-2006(Maio) 

Mesmo diante das catástrofes naturais e do esgotamento dos recursos energéticos (e suas conseqüências ambientais) que caracterizaram os últimos anos, menos de 4% (3,6%) dos entrevistados mencionam espontaneamente problemas ambientais como poluição, superpopulação ou mudanças climáticas quando consultados sobre sua visão dos principais problemas do mundo.  Apenas entre os formadores de opinião, a posição dos tópicos ambientais chega a ser importante – mesmo assim não chega a ser absolutamente prioritária. 

É verdade que o assunto é preocupante para um em cada oito líderes de opinião (13,9%) e ocupa um lugar de destaque junto à violência/guerra/terrorismo e corrupção/degradação moral/intolerância. Ainda

assim, perde para fatores vistos por eles como muito mais sérios globalmente, tais como a desigualdade e a pobreza. 

A opinião de líderes e público geral coincide em apontar que questões ambientais, na melhor das hipóteses, fazem parte dos problemas do mundo, mas não do Brasil. Menções a questões desse tipo simplesmente somem da agenda nacional.   Calamidades naturais ou impacto humano? Tal como indicado no gráfico 1, a poluição da água nos rios, lagos e oceanos é o problema ambiental que desperta maior seriedade entre os brasileiros: 93% dos adultos residentes nas grandes cidades julgam o problema como "muito sério". Dentre todos os itens estudados, o que recebeu o menor índice de gravidade foi o da produção e uso do petróleo, embora uma maioria expressiva dos brasileiros o classifiquem como “muito sério” (60%).   Explorando mais a fundo a lógica subjacente às avaliações que o consumidor no Brasil faz dos problemas ambientais, nota-se a existência de duas dimensões de compreensão do assunto. Uma está relacionada à calamidades naturais, como poluição, desaparecimento dos recursos naturais e mudanças climáticas, e outra aos aspectos diretamente referentes às conseqüências econômicas do impacto humano sobre o ecossistema, o que inclui emissão de gases e limitações e problemas decorrentes do uso do petróleo. Ou seja, ainda existe um descompasso ou dissociação parcial entre as conseqüências ambientais da ação humana e a preocupação com as necessidades econômicas

que dependem do uso de energia.   

Essa brecha na consciência ambiental surge como um dos principais entraves à popularização prática de iniciativas pró-sustentabilidade ambiental. Afinal, na medida em que se dissocia espontaneamente a necessidade energética dos desastres ecológicos, existe pouca legitimidade para iniciativas que priorizem uma política ambiental sólida em detrimento de investimentos em outras áreas ou em detrimento do crescimento econômico.  

Sobre a Market Analysis Brasil A Market Analysis Brasil tem sua matriz em Florianópolis (SC) e a sede operacional em São Paulo (SP). Desde sua fundação, em 1997, já coordenou mais de 600 projetos em 20 Estados brasileiros, além de cinco países da América Latina, entre os quais estão estudos regulares para clientes como American Express, Merck, Motorola, Unilever e RS Consulting.

Afiliada da Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa) e da Esomar (Associação Mundial das Empresas de Pesquisa de Mercado), a Market Analysis conta com uma equipe multidisciplinar formada por sociólogos, cientistas políticos, publicitários e estatísticos, que utilizam os mais modernos métodos de pesquisa: quantitativas e qualitativas, desk research, mystery shopping e estudos de inteligência competitiva, análise de dados e datamining. 

O foco do trabalho da empresa está nos setores de saúde, telecomunicações, novas tecnologias de comunicação/informação, opinião pública e comportamento social, bens de consumo geral, estudo de custo-benefício entre preços e atributos, financeiros, identificação de prospects, introdução de novos produtos e conceitos no mercado e turismo e entretenimento.    

http://www.webradioagua.org/index.php/blog/item/694

OS 12 GRANDES PROBLEMAS AMBIENTAIS DA HUMANIDADE

Escrito por Ricardo Limberger

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1. Crescimento demográfico rápido

2. Urbanização acelerada

3. Desmatamento

4. Poluição marinha

5.Poluição do ar e do solo

6. Poluição e eutrofização de águas interiores – rios, lagos e represas

7. Perda da diversidade genética

8. Efeitos de grandes obras civis

9. Alteração global do clima

10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas conseqüências ambientais

11. Produção de alimentos e agricultura

12. Falta de saneamento básico.

Dentre os problemas ambientais que afetam o Brasil, podemos listar os mais críticos:

1. Desmatamento, que acarreta em perda de Biodiverdidade;2. Erosão devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na agricultura e pecuária;3.  Poluição das águas e solos devido a falta de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais;4. Falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas urbanas, gerando “lixões”;5. Poluição industrial.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-as-principais-ameacas-de-desastres-ecologicos-no-brasil

Quais são as principais ameaças de desastres ecológicos no Brasil?por Suzana Paquete

A extinção de grandes áreas de vegetação nativa e a destruição de rios

importantes são algumas das principais ameaças. O duro é saber que por trás

disso tudo está, claro, a ação humana. "Estamos alterando ciclos importantes

do planeta. E isso acontece no Brasil em função das atividades econômicas,

como em todo país desenvolvido", diz o engenheiro Márcio Freitas, coordenador

de qualidade ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (Ibama). Os efeitos de alguns desses problemas só serão

sentidos num futuro distante - como a destruição das florestas, da fauna e da

flora. Mas há também as conseqüências que podem estourar a qualquer

momento, deixando uma região em situação crítica após, por exemplo, o

vazamento de um oleoduto ou de uma usina nuclear. As ameaças de acidentes

ecológicos são tão sérias que mobilizam várias organizações não-

governamentais (ONGs), todas desenvolvendo projetos para driblar os

problemas e tentando abrir os olhos dos governantes enquanto há tempo. Esse

tipo de fiscalização é fundamental e dá resultados. Quer um exemplo? Há cerca

de 20 anos, os prognósticos sobre a poluição atmosférica nas grandes

metrópoles brasileiras era sombrio: alguns especialistas imaginavam que no

ano 2000 os automóveis poderiam ser até proibidos de circular na cidade de

São Paulo. Após mudanças na legislação, o controle da emissão de poluentes

dos veículos ficou bastante rigoroso e as previsões assustadoras não se

concretizaram: os carros continuam circulando por São Paulo, mas agora numa

versão bem mais ecológica. Esse exemplo bem que poderia ser seguido em

outros casos de ameaças ambientais, como nos sete casos que listamos abaixo.Mergulhe nessa

Na Internet:

www.ibama.gov.brRisco máximoDesmatamento e destruição de rios são os problemas que mais preocupam os ambientalistas

Mata Atlântica

Restam só 7% de sua vegetação original. O desmatamento nos últimos 100

anos a transformou numa das florestas mais ameaçadas do planeta. Segundo

dados de entidades como a Conservação Internacional e a SOS Mata Atlântica,

hoje se perde um campo de futebol de vegetação a cada quatro minutos! Essa

destruição põe em risco também a fauna da região: de 271 mamíferos que

habitam a floresta, 160 só existem lá e podem desaparecer

Rio São Francisco

A construção de hidrelétricas já afetou bastante um dos principais rios

brasileiros. A vegetação em volta dele foi desmatada e, segundo a Conservação

Internacional, isso tem provocado o assoreamento - a obstrução por sedimentos

- de trechos do São Francisco, pois chuvas simples causam deslizamentos das

margens. Outro problema é a introdução no rio de peixes de hábitats

diferentes, o que já provocou um sério desequilíbrio ecológico e a extinção de

várias espécies que habitavam o São Francisco

Floresta Amazônica

O desmatamento da maior floresta tropical úmida do mundo ocorre por vários

motivos, como o uso de áreas para a pecuária, para a agricultura e a extração

ilegal de madeiras. A taxa anual de desmatamento é de cerca de 25 500 km2.

Se ela continuar perdendo a cobertura vegetal nesse ritmo, especialistas não se

cansam de alertar que a Amazônia poderá no futuro se tornar um grande

deserto. É que são as próprias árvores que dão a umidade necessária para a

região e tornam o solo fértil para outras plantas

Cerrado

A vegetação típica da região central do Brasil perdeu, em apenas 30 anos, 60%

de sua área original, segundo a Conservação Internacional. Do que sobrou,

menos de 2% estão protegidos em parques ou reservas. Nesse ritmo de

desmatamento, várias ONGs afirmam que em pouco tempo o cerrado estará

numa situação pior que a da Mata Atlântica. A expansão agropecuária, a

mineração e a abertura de estradas são os principais problemas

Rio Xingu

A maior ameaça ao rio que cruza o Pará e Mato Grosso é a construção da

hidrelétrica de Belo Monte, que deverá ser a terceira maior do planeta. Apesar

da necessidade concreta de se ampliar a produção de energia no país,

especialistas dizem que a obra terá um grande impacto ambiental. Além de

uma possível mudança no fluxo do rio, a barragem de Belo Monte e outras

complementares poderão inundar uma imensa área de vegetação nativa

Cubatão e São Sebastião

As duas cidades abrigam inúmeros oleodutos da Petrobrás. A Fundação SOS

Mata Atlântica afirma que os dutos estão velhos, rachados, podendo se romper

e causar um grande acidente ecológico nas praias e nos mangues da região. A

Petrobrás se defende, por meio de sua assessoria: "Somos uma indústria de

risco, mas desde 2000 investimos 6 bilhões de reais em segurança. Os

principais dutos foram automatizados com sensores e recebem manutenção a

cada dois anos"

Sul da Bahia

Hoje restam 25% de cobertura verde original da região. Florestas são

desmatadas para dar lugar a grandes hotéis, áreas previstas para virar parques

nacionais estão abandonadas e a extração de madeira ainda existe. Entidades

como a The Nature Conservancy (TNC) e a SOS Mata Atlântica se preocupam

principalmente com as cercanias de Porto Seguro. Empresários hoteleiros

rebatem garantindo que as novas construções têm procurado preservar o

máximo de floresta nativa

http://www.colegioweb.com.br/trabalhos-escolares/geografia/problemas-ambientais/principais-problemas-ambientais-no-mundo-e-no-brasil.html

01/06/2012 10:10

Principais problemas ambientais no mundo e no Brasil 

 

1. Principais problemas ambientais no mundo e no Brasil

É possível dividir os problemas ambientais do mundo em três níveis: 

a) Alterações climáticas

Os efeitos de El Niño e La Niña

São fenômenos que se manifestam nas águas oceânicas do Pacífico ocasionando

alterações noclima do planeta Terra e interferências nas variações de temperatura e na

regularidade das chuvas. 

Geralmente seguido do El Niño ocorre a La Niña, porém com efeitos contrários. O

aumento dos ventos alísios carrega as águas quentes superficiais para a Ásia, e as águas

frias seguem a direção inversa, chegando à superfície aos arredores do litoral peruano.

Degelo no Mundo

O degelo é um dos efeitos do aquecimento global que vem ocorrendo em diversas partes

do planeta. 

As grandes cordilheiras mundiais estão tendo suas massas de gelo e neve reduzidas. 

De acordo com os especialistas no assunto, até o ano de 1997 a região Ártica já tinha 14%

de sua área reduzida, e a Antártica possuía 3000 Km2 de degelo. 

b) formas distintas de poluição

Poluição do ar

É causada principalmente pela queima de combustíveis fósseis (como o carvão e

o petróleo) que aumenta a concentração de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera

terrestre. 

Poluição da água

As águas são contaminadas pelo lançamento de materiais poluentes nos mares, rios,

lagos e represas. Lixo, produtos químicos e esgoto sem tratamento são os principais

poluentes das águas e a despoluição das águas é um processo bastante trabalhoso. 

Poluição do   solo

É causada pelos lixos que são jogados em locais impróprios e que demoram se decompor,

e por componentes químicos.

Principais poluentes do solo

Poluição sonora

Ocorre principalmente nos grandes centros urbanos devido às buzinas, ruídos de motores

e escapamentos, máquinas, e pessoas falando ao mesmo tempo, prejudicando o sistema

auditivo.

Poluição visual

É provocada por placas, propagandas, outdoors, pichações dispostos em ambientes

urbanos, que além de poluir o visual das cidades, tiram a atenção dos motoristas

contribuindo para os acidentes de trânsito. 

c) extinção de espécies e desmatamento

Muitas florestas estão sendo derrubadas para o comércio de madeira, ou sendo

queimadas para a formação de pastos e para o crescimento urbanização. Animais estão

sujeitos à caça e pesca predatória para a comercialização de sua pele e carne.

Com isso, muitas espécies de plantas e animais correm sérios riscos de entrar em

extinção. 

Importância das florestas

As florestas são muito úteis para a vida na terra, é o habitat mais diversificado do planeta.

A importância das florestas está relacionada a alguns fatores:

. Conservam o equilíbrio entre os gases presentes na atmosfera.

. Mantêm o equilíbrio da temperatura.

. Protegem os rios, diminuindo as chances de assoreamento.

. Protegem os solos da água da chuva, evitando que ela passe pelo tronco e infiltre no

subsolo.

. Favorece a existência de animais de várias espécies, fornecendo alimento à eles.

Portanto, a destruição das florestas representa um grande risco ambiental.

O selo verde

O Conselho de Manejo Florestal (FSC), uma ONG ambientalista internacional, representa

o selo verde que apóia os produtos de origem florestal de maneira sustentável. 

O lixo

Com o crescimento populacional, a quantidade de lixo produzido também tem aumentado.

A decomposição é uma forma de controlar o lixo urbano, porém grande parte desse lixo

não é biodegradável, portanto, não se decompõe causando a poluição. 

O lixo das cidades pode ser levado para os lixões, aterros sanitários ou passam pelos

processos de incineração ou compostagem. 

Lixão

Os Lixões são extensos terrenos a céu aberto para onde os lixos urbanos são levados.

Neste local o lixo não recebe tratamento adequado, causando grandes problemas

ambientais como a reprodução de moscas e a produção do chorume através da

decomposição do lixo, substância altamente tóxica que contamina os lençóis freáticos e o

solo.

Aterros Sanitários

O aterro sanitário é um local onde o lixo é enterrado em camadas alternadas de lixo e

terra, evitando-se assim o mau cheiro e a proliferação de insetos. Na execução de um

aterro sanitário, é importante impermeabilizar sua base para evitar a contaminação do

subsolo e construir canais de drenagem para os gases e líquidos (chorume) que se

formarão. 

O lixo que vai para o aterro sanitário são os não-recicláveis, no entanto, é comum

encontrar materiais recicláveis nos aterros, pois a coleta seletiva ainda não é realizada

adequadamente.

Incineração

Incineração é um processo que consiste em queimar o lixo em câmaras de incineração,

reduzindo o número de resíduos e destruindo os microorganismos causadores de

doenças.

Compostagem

Compostagem é um processo na qual o lixo passa por uma triagem e é divido em três

partes: material orgânico, materiais não-aproveitáveis e materiais recicláveis. 

O material orgânico passa por um tratamento biológico, onde é produzido um composto

que é usado como adubo para a fertilização do solo. 

Os materiais não-aproveitáveis são levados para os aterros sanitários.

 

Os materiais recicláveis são direcionados para determinados locais onde ele será

reaproveitado para fazer novos produtos. 

Reciclagem

É um processo que reaproveita certos materiais com o intuito de reduzir a produção de

lixos. É preciso nos conscientizar de que reciclar é importante para a vida do planeta, pois

esta prática traz muitos benefícios, como a economia de energia, redução de poluição,

limpeza e higiene das cidades, geração de empregos, entre outras.

Para reciclar é necessário adotar uma série de atitudes como a coleta seletiva, ou seja,

não misturar materiais recicláveis com o restante do lixo; reutilizar vasilhames, latas e

sacolas, etc.

http://www.epgea.com.br/?p=442

Questões AmbientaisSem categoria

dez262011

As principais questões ambientais no Brasil incluem o desmatamento na Bacia Amazônica,

o comércio ilegal de animais silvestres, poluição atmosférica e da água, degradação da

terra e poluição da água causada por atividades de mineração, a degradação de zonas

húmidas e derrames de petróleo graves, entre outros. O brasil também é o lar de cerca de

13% de todas as espécies animais conhecidas, tendo uma das coleções mais diversas de

flora e fauna do planeta. Os impactosdecorrentes do desenvolvimento da agricultura e da

industrialização no país ameaçam essa biodiversidade.

Enquanto nação em desenvolvimento ou recém-industrializada, o Brasil tem todas as

condições para assumir a liderança no campo das iniciativas ambientais. No campo de

biocombustíveis somos o segundo maior produtor de etanol do mundo. No entanto, as

questões ambientais continuam a ser uma grande preocupação no Brasil.

O desmatamento tem sido uma fonte significativa de poluição, perda de biodiversidade e

emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo, mas o desmatamento tem sido

principal causa do Brasil de degradação ambiental e ecológica. Desde 1970, mais de

600.000 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram destruídos e o nível de

desmatamento nas zonas protegidas de floresta amazônica do Brasil aumentou mais de

127 por cento entre 2000 e 2010. Recentemente, uma maior destruição da Floresta

Amazônica tem sido promovido por um aumento da demanda global por madeira ea soja.

O Ministério do Meio Ambiente anunciou recentemente dados mostrando uma queda nas

taxas de desmatamento na Floresta Amazônica desde meados de 2011, o que é, em

parte, devido a uma maior conscientização dos efeitos nocivos das práticas de exploração

madeireira prolífico e uma mudança na direção florestal sustentável no Brasil.

O efeito do desmatamento sobre a precipitação.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem ajudado a reduzir os níveis de

desmatamento ao longo de 2011 através de seu Sistema de Detecção de Desmatamento

em Tempo Real. Além disso, o Brasil está negociando o uso de satélites da Índia para

melhorar o monitoramento do desmatamento na floresta amazônica. Autoridades

brasileiras e defensores do meio ambiente são igualmente confiante de que estas medidas

irão reforçar a capacidade do governo brasileiro para combater o desmatamento, a perda

de biodiversidade, e a poluição. Além disso, o Governo está tomando medidas para

cumprir mais eficazmente sua política de redução de desmatamento fechando serrarias

ilegais e apreendendo veículos transportando madeira ilegal. Apesar de todos esses

esforços, no entanto, o problema com o desmatamento ea extração ilegal de madeira

continua a ser uma questão muito séria no país.

Espécies ameaçadas de extinção

O Brasil é o lar de mais de 6% das espécies ameaçadas do mundo. De acordo com uma

avaliação de espécies realizado pela Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas, 97

espécies foram identificadas no Brasil como mais vulneráveis, menor risco/quase

ameaçada, em perigo ou criticamente em perigo. Em 2009, 769 espécies ameaçadas de

extinção foram identificadas no Brasil tornando-o o lar do maior número de espécies

ameaçadas oitavo do mundo. Grande parte deste aumento no Brasil, bem como os países

que precede, é causada pelo desmatamento rápido e industrialização. Isso tem sido

observado por Carlos Minc, que afirma que enquanto as áreas protegidas são povoadas

por seres humanos, as áreas de preservação ambiental não contam com a proteção

essencial de que precisam. A alteração dos fatores ambientais também é em grande parte

responsável pelo aumento no número de espécies ameaçadas de extinção.

Resíduos

A população brasileira tem uma taxa de crescimento estável em 1% (2009), ao contrário

da China ou Índia, que estão experimentando um rápido crescimento urbano. Com uma

taxa de crescimento constante, o desafio para a gestão de resíduos sólidos está em

relação à prestação de um financiamento adequado e de governo. Enquanto o

financiamento é insuficiente, os legisladores e as autoridades municipais estão tomando

medidas para melhorar seus sistemas de cidades individuais de gestão de resíduos. Estes

esforços individuais por oficiais da cidade são tomadas em resposta à falta de uma lei

abrangente que gerencia todo o país materiais de resíduos. Mesmo que haja serviços de

coleta, eles tendem a se concentrar no sul e sudeste do Brasil. Entretanto, o Brasil não

regular resíduos perigosos, tais como óleo, pneus e agrotóxicos.

Em 2014, o Brasil sediará a Copa do Mundo seguidas pelos Jogos Olímpicos de Verão de

2016. Como resultado, uma grande quantidade de investimento é entrar no país, ainda

melhorias de gestão de resíduos ainda não têm fundos. A fim de solucionar a falta de

envolvimento federal, dos setores público e privado, bem como os mercados formal e

informal, estão desenvolvendo soluções possíveis para esses problemas. Organizações

internacionais, bem estão se unindo com as autoridades municipais locais, como no caso

do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP). Desde 2008, o PNUMA vem

trabalhando com o Brasil para criar um sistema de gestão sustentável dos resíduos que

promove a preservação e conservação ambiental, juntamente com a protecção da saúde

pública. Esta parceria é entre os funcionários do PNUMA e da cidade que formam o verde

e saudável do Projeto Ambientes em São Paulo . Com o envolvimento da comunidade, o

projeto é capaz de promover políticas que estabelecem mudanças ambientais. De acordo

com um relatório do PNUMA, o projeto já reuniu pesquisas sobre saneamento no Brasil.

Com as várias parcerias e colaborações, algumas cidades estão avançando de forma

eficiente no gerenciamento de seus resíduos, mas uma decisão mais abrangente e

conclusivo deve ser feita para todo o país para criar um futuro mais sustentável.

Colecção serviços

Atualmente, serviços de coleta são mais proeminentes nas regiões sul e sudeste do Brasil.

Vários métodos são usados para separar resíduos, como papel, metal e vidro. De acordo

com a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipais, resíduos sólidos no Brasil é

composto por 65% de matéria orgânica, 25% de papel, metal 4%, 3% de vidro e plástico

de 3%. Dentro de 405 municípios, 7% dos municípios total do país, 50% da separação

desses materiais é realizado através de porta-a-porta de serviço, 26% através de pontos

de coleta, e 43% através de catadores informais de rua. [13] Uma das principais vitória

para a recolha de resíduos foi entre 2006 e 2008, quando os serviços do país expandiu-se

para recolha de resíduos de serviço um adicional de um milhão de pessoas, elevando a

taxa de recolha de resíduos separados entre a população do país para 14%. [14]

Os aterros

Enquanto a coleta de resíduos no Brasil está melhorando um pouco, a eliminação final dos

resíduos ocorre geralmente em aterros sanitários inadequados. Enquanto aterros são

muitas vezes vistas como a última opção para eliminação de resíduos em países

europeus, preferindo resíduos em energia de sistemas em vez, o Brasil favorece a aterros

e acredita que eles são modos eficientes de eliminação. A preferência por aterros tem

dificultado a criação de métodos alternativos de eliminação de resíduos. Muitas vezes,

essa hesitação é em resposta aos custos iniciais da adoção de novas soluções. Por

exemplo, os incineradores são caros para comprar, operar e manter, eliminá-los como uma

opção para a maioria das cidades no Brasil. De acordo com o Manual de Gestão Integrada

Municipal de Resíduos Sólidos, o uso do aterro começará a cair devido ao novo

regulamento e as leis. Como os riscos e perigos ambientais de lixões a céu aberto são

entendidas pelos administradores município no Brasil, mais lixeiras estão sendo fechadas

em favor dos aterros sanitários. No entanto, essas mudanças de política só vai acontecer

com o financiamento adequado.

Resíduos em energia

Resíduos em energia é uma maneira de eliminar todos os resíduos de combustível em que

a reciclagem por si só não é economicamente viável. Como níveis de renda alta na região

sul do Brasil, os cidadãos estão incitando os funcionários a melhorar os sistemas de

gestão de resíduos. No entanto, os resultados são limitados, sem instalações comerciais

estão sendo construídas atualmente. Apesar de os cidadãos e as autoridades estão

começando a entender o dano dos aterros e da importância da gestão de resíduos, a

maioria não entender resíduos para sistemas de energia. Em contrapartida, os líderes de

resíduos em energia da indústria não entendem a condição atual dos resíduos no Brasil. A

fim de fornecer soluções específicas para problemas no Brasil, o desperdício de energia

Conselho de Pesquisa de Tecnologia no Brasil está desenvolvendo um híbrido de resíduos

urbanos sólidos urbanos (RSU) / ciclo de gás natural. Este sistema de queima uma

pequena quantidade de gás natural que é de 45% de eficiência e 80% da energia que é

produzida por resíduos sólidos urbanos é de 34% de eficiência. Seu sistema patenteado

tem uma turbina a gás de pequeno e mistura-o com ar pré-aquecido. Outro benefício do

uso de pequenas quantidades de gás natural é a possibilidade de substituí-lo com gás de

aterro, etanol ou combustíveis renováveis. Outra vantagem é que este sistema não muda a

tecnologia atual incinerador, o que lhe permite usar componentes que já existem em outros

resíduos em energia das plantas. Envolvimento do setor privado no setor de resíduos em

energia inclui empresas como a Siemens, CNIM, Keppel-Seghers, VonRoll, Sener, Pöyry,

Fisia-Babcock, Pirnie Malcolm e outros que já estão estabelecidas no Brasil e em

desenvolvimento resíduos em energia projetos. Algumas cidades actualmente a considerar

tais projetos são Belo Horizonte , Rio de Janeiro , São Paulo, São José dos Campos , São

Bernardo do Campo e outros. Projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo também

estão começando a desenvolver em alguns aterros sanitários brasileiros. Esses projetos

são estabelecidos para coletar gases produzidos no local e convertê-los em energia. Por

exemplo, em um aterro sanitário em Nova Iguaçu (Rio de Janeiro da área), o metano está

sendo coletado e convertido em eletricidade. Este processo é esperado para eliminar 2,5

milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono até 2012. [15]

Reciclagem

De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais, o Brasil é líder em reciclagem de latas de alumínio sem a intervenção

do governo. Em 2007, mais de 96% das latas disponíveis no mercado foram recicladas.

Essa liderança vem de catadores de lixo informais que ganham a vida recolhendo latas de

alumínio. No entanto, a reciclagem em geral no Brasil é baixo. O Brasil produz 240 mil

toneladas de resíduos todos os dias. Deste montante, apenas 2% é reciclado com o

restante despejado em aterros sanitários. Em 1992, as empresas privadas no Brasil

estabeleceu o Compromisso Empresarial Brasileiro para Reciclagem (CEMPRE), uma

organização sem fins lucrativos que promove a reciclagem e eliminação de resíduos.

Questões da organização de publicações, realiza investigação técnica, realiza seminários

e mantém bancos de dados. No entanto, apenas 62% da população tem acesso à coleta

de lixo. Mesmo dentro desses sistemas de coleta, a coleta de material reciclável não é

comum. O sucesso dos catadores informais forneceram evidências para os legisladores e

os cidadãos que as soluções que são de baixa tecnologia, baixo custo e mão de obra

intensiva pode fornecer soluções sustentáveis para a gestão dos resíduos enquanto

também proporciona benefícios sociais e econômicos. [16]

A poluição do ar

Devido à sua posição única como a única área do mundo que utiliza extensivamente o

etanol, as questões de qualidade do ar no Brasil relacionam mais com o etanol derivado de

emissões. Com cerca de 40% do combustível usado nos veículos brasileiros provenientes

de etanol, a poluição do ar no Brasil difere da de outras nações onde predominantemente

de petróleo ou gás natural com base em combustíveis são utilizados. Concentrações

atmosféricas de etanol acetaldeído, e óxidos de nitrogênio são, possivelmente, maior no

Brasil do que a maioria outras áreas do mundo devido às suas emissões, sendo maior em

veículos que utilizam combustíveis etanol. As maiores áreas urbanas de São Paulo e Rio

de Janeiro sofrem de problemas de ozônio substancial, porque ambos os óxidos de

nitrogênio acetaldeído e contribuem significativamente para a poluição do ar fotoquímicos

e formação de ozono. Por outro lado, por meados dos anos 1990, os níveis de chumbo no

ar diminuiu em aproximadamente 72% após a introdução generalizada de combustíveis

sem chumbo no Brasil em 1975. [17]

Número de automóveis e os níveis de industrialização nas cidades brasileiras influenciar

fortemente os níveis de poluição do ar em áreas urbanas que têm um impacto importante

sobre a saúde de grandes grupos populacionais em grandes áreas urbanas brasileiras.

Com base em dados anuais de poluição do ar se reuniram nas cidades de Belo Horizonte,

Curitiba , Fortaleza , Porto Alegre , Rio de Janeiro, São Paulo, e Vitória entre os anos de

1998 e 2005, 5% do total de mortes anuais nas faixas etárias de crianças cinco anos de

idade e mais jovens e adultos de 65 anos e mais velhos foram atribuídos aos níveis de

poluição do ar nessas cidades. [18] Rio de Janeiro e São Paulo foram classificados os dias

12 e 17 cidades mais poluídas uma avaliação com base em dados do Banco Mundial e

das Nações Unidas de emissões e qualidade do ar em 18 mega-cidades. O índice multi-

poluente usado para realizar a avaliação não incluiu nenhum dos poluentes específicos

aos impactos da qualidade do ar da utilização do combustível etanol.

A poluição industrial

A cidade de Cubatão, designado pelo governo brasileiro como uma zona industrial em

parte devido à sua proximidade com o Porto de Santos , tornou-se conhecido como o “Vale

da Morte” e “o lugar mais poluído do planeta”. A área tem historicamente abrigou inúmeras

instalações industriais, incluindo uma refinaria de petróleo da Petrobras e uma siderúrgica

da Cosipa . Operação dessas instalações foi feito “sem qualquer controle ambiental que

seja” levando trágicos acontecimentos ao longo da década de 1970 e 1980, incluindo

deslizamentos de terra e defeitos congênitos potencialmente atribuíveis à poluição pesada

da região. Desde aquele tempo, esforços têm sido feitos para melhorar as condições

ambientais na área, incluindo, desde 1993, o investimento COSIPA, de US $ 200 milhões

em controle ambiental. Em 2000, centro de Cubat ão está registrado 48 microgramas de

partículas por metro cúbico de ar, abaixo dos 1.984 medições registrar 100 microgramas

de partículas por metro cúbico.

Provavelmente devido à liberalização do comércio, o Brasil tem uma alta concentração de

indústrias poluidoras intensiva de exportação. Estudos apontam para isso como evidência

de o Brasil ser um paraíso de poluição . O mais elevado dos níveis de intensidade de

poluição são encontrados em indústrias relacionadas com a exportação, tais como papel,

metalurgia e celulose e calçados.

A poluição da água no Brasil e poluição e degradação ambiental no rio Tietê

As regiões Sul e Sudeste do Brasil a escassez de água devido à experiência de super-

exploração e mau uso de recursos hídricos superficiais, principalmente atribuíveis à

poluição pesada de esgoto, aterros sanitários e resíduos industriais.

Do Brasil do Rio Tietê tem mais de 20 anos foram atingidas com a poluição pesada de

esgoto, principalmente de São Paulo, e fabricação. Em 1992, o Projeto Tietê foi iniciado

em um esforço para limpar o rio. São Paulo hoje processos de 55% do seu esgoto e está

prevista para processar 85% em 2018.

Poluição da água também é derivada de produção de etanol. Devido ao tamanho da

indústria, sua atividade agroindustrial no cultivo, colheita e processamento da cana gera a

poluição da água a partir da aplicação de fertilizantes e agrotóxicos, erosão do solo, a

lavagem da cana, fermentação, destilação, a energia produzindo unidades instaladas em

usinas e por outros fontes menores de águas residuais. [22]

As duas maiores fontes de poluição da água de produção de etanol vem de usinas na

forma de águas residuais de lavagem de hastes de cana antes de passar através de

moinhos, e vinhaça , produzida em destilação. Essas fontes de aumentar a demanda

bioquímica de oxigênio nas águas onde são descarregadas, que leva ao esgotamento do

oxigênio dissolvido na água e muitas vezes provoca anóxia . Legislação proibiu a descarga

direta de vinhaça sobre as águas de superfície, levando-o para ser misturado com águas

residuais provenientes do processo de lavagem da cana para ser reutilizado como adubo

orgânico em campos de cana de açúcar. Apesar desta proibição, algumas usinas de cana

ainda pequena descarga de vinhaça em córregos e rios, devido à falta de recursos de

transporte e aplicação. Além disso, vinhaça é às vezes mal utilizado no armazenamento e

transporte em usinas.

http://www.terrabrasil.org.br/noticias/materias/pnt_problemasamb.htm

PROBLEMAS AMBIENTAIS: 

TEMOS CONSCIÊNCIA DA INFLUÊNCIA DOS MESMOS EM NOSSA VIDA?

ADRIANA GIODA

Profa. Depto Química Industrial, UNIVILLE; Joinville, SC,

Doutoranda LADETEC/IQ/UFRJ, Centro de Tecnologia, Bloco A, Sala 607, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, CEP 21.949-900, RJ, [email protected]

1. INTRODUÇÃO

Por cerca de 4 bilhões de anos o balanço ecológico do planeta esteve protegido. Com o surgimento do homem, meros 100 mil anos, o processo degradativo do meio ambiente tem sido proporcional à sua evolução. 

No Brasil, o início da influência do homem sobre o meio ambiente pode ser notada a partir da chegada dos portugueses. Antes da ocupação do território brasileiro, os indígenas que aqui habitavam (estimados em 8 milhões) sobreviviam basicamente da exploração de recursos naturais, por isso, utilizavam-nos de forma sustentável (WALLAVER, 2000).

Após a exterminação de grande parte dos índios pelos portugueses, o número de habitantes do Brasil se reduziu a três milhões no início do século XIX. Foi nesse período que começaram as intensas devastações do nosso território. À época, o homem se baseava em crenças religiosas que pregavam que os recursos naturais eram infindáveis, então, o término de uma exploração se dava com a extenuação dos recursos do local. Infelizmente, essa cultura tem passado de geração em geração e até os dias de hoje ainda predomina (WALLAVER, 2000).

Com a descoberta do petróleo em 1857 nos EUA, o homem saltou para uma nova era: o mundo industrializado, que trouxe como uma das principais conseqüências a poluição. Ou seja, além de destruirmos as reservas naturais sobrecarregamos o meio ambiente com poluentes. Os acontecimentos decorrentes da industrialização dividiram o povo em duas classes econômicas: os que espoliavam e os que eram espoliados. A primeira classe acumulava economias e conhecimento, enquanto a segunda vivia no estado mais precário possível. A segunda classe pela falta de recursos, utilizava desordenadamente as reservas naturais, causando a degradação de áreas agricultáveis e de recursos hídricos e, com isso, aumentando a pobreza (PORTUGAL, 2002). O modelo econômico atual está baseado na concentração–exclusão de renda. Ambos os modelos econômicos afetam o meio ambiente. A pobreza pelo fato de só sobreviver pelo uso predatório dos recursos naturais e os ricos pelos padrões de consumo insustentáveis (NEIVA, 2001).

As causas das agressões ao meio ambiente são de ordem política, econômica e cultural. A sociedade ainda não absorveu a importância do meio ambiente para sua sobrevivência. O homem branco sempre considerou os índios como povos “não civilizados”, porém esses “povos não civilizados” sabiam muito bem a importância da natureza para sua vida. O homem “civilizado” tem usado os recursos naturais inescrupulosamente priorizando o lucro em detrimento das questões ambientais. Todavia, essa ganância tem um custo alto, já visível nos problemas causados pela poluição do ar e da água e no número de doenças derivadas desses fatores. 

A preocupação com o meio ambiente caminha a passos lentos no Brasil, ao contrário dos países desenvolvidos, principalmente em função de prioridades ainda maiores como, p. ex., a pobreza. As carências em tantas áreas impedem que sejam empregadas tecnologias/investimentos na área ambiental. Dessa forma, estamos sempre atrasados com relação aos países desenvolvidos e, com isso, continuamos poluindo. 

A única forma para evitar problemas futuros, de ainda maiores degradações do meio ambiente, é através de legislações rígidas e da consciência ecológica.

2. PROBLEMAS AMBIENTAIS ATUAIS

Embora estejam acontecendo vários empreendimentos por parte de empresas, novas leis tenham sido sancionadas, acordos internacionais estejam em vigor, a realidade apontada pelas pesquisas mostra que os problemas ambientais ainda são enormes e estão longe de serem solucionados.

É preciso lembrar que o meio ambiente não se refere apenas as áreas de preservação e lugares paradisíacos, mas sim a tudo que nos cerca: água, ar, solo, flora, fauna, homem, etc. Cada um desses itens está sofrendo algum tipo de degradação. Em seguida serão apresentados alguns dados dessa catástrofe.

- FAUNA

A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo com 10% das espécies de répteis (400 espécies) e mamíferos (600 espécies), 17% das espécies de aves (1.580 espécies) a maior diversidade de primatas do planeta e anfíbios (330 espécies); além de 100.000 espécies de invertebrados (WALLAVER, 2000).

Algumas espécies da fauna brasileira se encontram extintas e muitas outras correm o risco. De acordo com o IBGE há pelo menos 330 espécies e subespécies ameaçadas de extinção, sendo 34 espécies de insetos, 22 de répteis, 148 de aves e 84 de mamíferos. As principais causas da extinção das espécies faunísticas são a destruição de habitats, a caça/pesca predatórias, a introdução de espécies estranhas a um determinado ambiente e a poluição (WALLAVER, 2000). O tráfico de animais silvestres movimenta cerca de 10 bilhões de dólares/ano, sendo que 10% corresponde ao mercado brasileiro, com perda de 38 milhões de espécimes (O GLOBO, 03/07/02).

A poluição, assim como a caça predatória, altera a cadeia alimentar e dessa forma pode haver o desaparecimento de uma espécie e superpopulação de outra. P. ex., o gafanhoto serve de alimento para sapos, que serve de alimento para cobras que serve de alimento para gaviões que quando morrem servem de alimento para os seres decompositores. Se houvesse uma diminuição da população de gaviões devido à caça predatória, aumentaria a população de cobras, uma vez que esses são seus maiores predadores. Muitas cobras precisariam de mais alimentos e, conseqüentemente, o número de sapos diminuiria e aumentaria a população de gafanhotos. Esses gafanhotos precisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar outras plantações, causando perdas para o homem (IBAMA, 2001). É importante lembrar que o desaparecimento de determinadas espécies de animais interrompe os ciclos vitais de muitas plantas (O GLOBO, 03/07/02).

- FLORA

Desde o princípio de sua história o homem tem exercido intensa atividade sobre a natureza extraindo suas riquezas florestais, pampas e, em menor intensidade, as montanhas. As florestas têm sido as mais atingidas, devido ao aumento demográfico elas vêm sendo derrubadas para acomodar as populações, ou para estabelecer campos agricultáveis (pastagens artificiais, culturas anuais e outras plantações de valor econômico) para alimentar as mesmas. Essa ocupação tem sido realizada sem um planejamento ambiental adequado causando alterações significativas nos ecossistemas do planeta. As queimadas, geralmente praticadas pelo homem, são atualmente um dos principais fatores que contribuem para a redução da floresta em todo o mundo, além de aumentar a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, agravando o aquecimento do planeta. O fogo afeta diretamente a vegetação, o ar, o solo, a água, a vida silvestre, a saúde pública e a economia. Há uma perda efetiva de macro e micronutrientes em cada queimada que chega a ser superior a 50% para muitos nutrientes. Além de haver um aumento de pragas no meio ambiente, aceleração do processo de erosão, ressecamento do solo entre vários outros fatores. A queimada não é de todo desaconselhada desde que seja feita sob orientação (p. ex., Técnico do IBAMA) e facilmente controlada . Apesar do uso de sistemas de monitoramento via satélite, os quais facilitam a localização de focos e seu combate, ainda é grande o número de incêndios ocorridos nas florestas brasileiras (SILVA, 1998).

150 mil Km2 de floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no Brasil, são em torno de 20 mil km2 de floresta amazônica. Além desta, a mata Atlântica é a mais ameaçada no Brasil e a quinta no mundo, já tendo sido devastados 97% de sua área (VITOR, 2002).

- RECURSOS HÍDRICOS

Já ouvimos falar muito sobre a guerra do petróleo e os países da OPEP. Como se sabe, a maior concentração de petróleo conhecida está localizada no Golfo Pérsico. Porém, o petróleo deste novo século que também causará muitas guerras é outro: a água. Mais da metade dos rios do mundo diminuíram seu fluxo e estão contaminados, ameaçando a saúde das pessoas. Esses rios se encontram tanto em países pobres quanto ricos. Os rios ainda sobreviventes são o Amazonas e o Congo. A Bacia do Amazonas é o maior filão de água doce do planeta, correspondendo a 1/5 da água doce disponível. Não é à toa que há um interesse mundial na proteção dessa região (PORTUGAL, 1994). Não é porque a Amazônia é o pulmão do mundo, isso já foi comprovado que todo o oxigênio produzido por essa floresta é consumido por ela mesma. Em um futuro próximo o mundo sedento virá buscar água na Bacia do Amazonas e o Brasil será a OPEP da água. Por isso, temos que ter muito cuidado para não sermos surpreendidos e dominados por nações mais poderosas. 

Apenas 2% da água do planeta é doce, sendo que 90% está no subsolo e nos pólos. Cerca de 70% da água consumida mundialmente, incluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são utilizadas para irrigação. Aproximadamente 20% vão para a indústria e 10% para as residências (http://www.wiuma.org.br). Atualmente a água já é uma ameaça a paz mundial, pois, muitos países da Ásia e do Oriente Médio disputam recursos hídricos. Relatórios da ONU apontam que 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água tratada e com isso 4 milhões de crianças morrem devido a doenças como o cólera e a malária (DIAS, 2000). A expectativa é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de pessoas sofrerão com a escassez de água. 

A escassez de água se deve basicamente à má gestão dos recursos hídricos e não à falta de chuvas. Uma das maiores agressões para a formação de água doce é a ocupação e o uso desordenado do solo. Para agravar ainda mais a situação são previstas as adições de mais de 3 bilhões de pessoas que nascerão neste século, sendo a maioria em países que já tem escassez de água, como Índia, China, Paquistão (http://www.wiuma.org.br).

- OCUPAÇÃO DO SOLO

O acesso a terra continua sendo um dos maiores desafios de nosso país. O modelo urbanístico brasileiro praticamente se divide em dois: a cidade oficial (cidade legal, registrada em órgãos municipais) e a cidade oculta (ocupação ilegal do solo). A cidade fora da lei, sem conhecimento técnico e financiamento público, é onde ocorre o embate entre a preservação do meio ambiente e a urbanização. Toda legislação que pretende ordenar o uso e a ocupação do solo, é aplicada à cidade legal, mas não se aplica à outra parte, a qual é a que mais cresce. De acordo com a Profa. Ermíria Maricato (FAU/USP) (apud MEIRELLES, 2000) foram construídos no Brasil 4,4 milhões de moradias entre 1995 e 1999, sendo apenas 700 mil dentro do mercado formal. Ou seja, mais de 3 milhões de moradias foram construídas em terras invadidas ou em áreas inadequadas. Há uma relação direta entre as moradias pobres e as áreas ambientalmente frágeis (beira de córregos, rios e reservatórios, encostas íngremes, mangues, várzeas e áreas de proteção ambiental, APA). Obviamente esses dados são melhor observados nas grandes metrópoles (Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza), onde mais da metade da população mora ilegalmente. Infelizmente no Brasil a má gestão do solo, bem como, a ausência de uma política habitacional tem levado a esses fatos. Os invasores passam a ser considerados inimigos da qualidade de vida e do meio ambiente, quando na verdade eles não têm alternativas e isso ocorre devido à falta de planejamento urbano.

As conseqüências dessa ocupação desorganizada já são bastante conhecidas: enchentes, assoreamento dos cursos de água devido ao desmatamento e ocupação das margens, desaparecimento de áreas verdes, desmoronamento de encostas, comprometimento dos cursos de água que viraram depósitos de lixo e canais de esgoto. Esses fatores ainda são agravados pelo ressurgimento de epidemias como dengue, febre amarela e leptospirose (MEIRELLES, 2000).

O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta um crescimento de 22,5% de novas favelas em 9 anos. Há 3.905 favelas no país, sendo 1.548 em São Paulo e 811 no Rio de Janeiro.

Outro fator que está afetando o solo é o mau uso na agricultura. 24 milhões de toneladas de solo agricultável são perdidos a cada ano correspondendo, no momento, a 30% da superfície da Terra. E o pior é que a situação tende a agravar-se. Trata-se de um fenômeno mundial cujos prejuízos chegam a 26 bilhões de dólares anuais, e, com isso a sobrevivência de 1 bilhão de pessoas está ameaçada. As maiores causas da desertificação são o excesso de cultivo e de pastoreio e o desmatamento, além das práticas deficientes de irrigação (MOREIRA, 2000).

- CRESCIMENTO POPULACIONAL

O tema controle da natalidade ainda é um assunto que causa muita polêmica, por isso é tão pouco abordado. 

Há muitos aspectos a serem questionados, tanto do ponto de vista ideológico, quanto cultural e religioso. A classe média alta, por ter mais acesso a informação, faz uso de métodos anticoncepcionais, tendo em média dois filhos, semelhante à política adotada em países ricos. Já a maior parte da sociedade brasileira não tem acesso aos mesmos recursos e dispensam menor preocupação com as condições que darão a seus descendentes. Essa classe sem privilégios é onde deveria ocorrer um controle maior da natalidade, minimizando os problemas sociais para o país. A partir dessa iniciativa seriam evitados abortos indesejáveis, crianças abandonadas, exploradas, prostituídas e com um futuro quase certo para a criminalidade, que é a atual realidade das grandes cidades do Brasil e dos países pobres. O crescimento populacional é uma forma de proliferação da pobreza. A pobreza e o meio ambiente estão tão interligadas que serão o tema central da Conferência Mundial sobre o Meio ambiente (RIO+10) deste ano na África do Sul.

O controle da natalidade é indispensável pois o planeta está acima de sua capacidade máxima de ocupação e há evidências de falta de alimentos e água para as próximas décadas. Como alternativa, a limitação de 2 filhos por casal, beneficiaria as condições sócio-econômicas do país, principalmente nos grandes centros onde a maior porcentagem da população carente tem muitos filhos. Com número estável de habitantes, os planos assistenciais seriam mais facilmente desenvolvidos e o meio ambiente poderia ser mantido.

A idéia de um controle de natalidade não é nova. Thomas Malthus (1766-1834), um economista inglês, abordou o problema do crescimento populacional e da produção de alimentos em seus livros. De acordo com o pensamento maltusiano, a felicidade do ser humano está diretamente relacionada com os recursos naturais, ou seja, o esgotamento destes condenará a humanidade à infelicidade. Malthus assegurava que o crescimento populacional traria a miséria, então, se faz necessário conter a explosão demográfica. Para ele, o ótimo da população garantiria mais recursos por habitante, atingindo o equilíbrio entre população e produção de alimentos (RODRIGUES, 2001). Segundo SACHS (apud RODRIGUES, 2001) os maltusianos “acreditavam e ainda acreditam que o mundo já está superpovoado e, portanto, condenado ao desastre, seja pela exaustão dos recursos naturais esgotáveis, seja pela excessiva sobrecarga de poluentes nos sistemas de sustentação da vida”.

O Brasil é um dos países a apresentar maior crescimento populacional. O Censo realizado em 1872 (primeiro) e o de 1991 (décimo) mostraram que a população brasileira passou de 10 milhões para 150 milhões de pessoas, ou seja, um aumento de 15 vezes em 120 anos (http://www.frigoletto.com.br). Entre as décadas de 50-80 sua população teve um acréscimo de 67 milhões, ou seja, muito superior à população de vários países.

Se no planeta com 6 bilhões de habitantes, a população já se encontra no limite, imagine-se com 10 bilhões de pessoas previstas para o ano de 2050. Países como a Índia terão um acréscimo de 519 milhões de pessoas, China 211 milhões e o Paquistão de 200 milhões até o ano de 2050 (http://www.wiuma.org.br). Se não for realizado um controle da natalidade, seremos todos responsáveis pela condenação de milhões de pessoas a morrer de fome ou sede. A morte por fome já é uma realidade em vários países da África e tem sido destaque na imprensa diariamente (O GLOBO 20/02/01; 26/06/02; 23/05/02; 13/06/02). Com base nestes dados, como se pode pensar em não fazer um controle da natalidade? 

- LIXO

Outro trágico fator ambiental é o lixo que em sua maioria ainda é lançado a céu aberto. No Brasil, cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Com isso, o lixo se tornou um dos grandes problemas das metrópoles. Pela legislação vigente, cabe às prefeituras gerenciar a coleta e destinação dos resíduos sólidos. De acordo com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto sendo visível ao longo de estradas e também são carregados para represas de abastecimento durante o período de chuvas. Embora muito esteja se fazendo nesta área em nível mundial, ainda são poucos os materiais aproveitados no Brasil onde é estimada uma perda de cerca de 4 bilhões de dólares por ano. Mas, há indícios de melhora na área no país onde se tem como melhor exemplo as latas de alumínio, cuja produção é 63% reciclada (COZETTI, 2001). O lixo industrial apresenta índices maiores de reciclagem. De

acordo com a FIRJAN, no estado do Rio de Janeiro 36-70% das indústrias reciclam seus dejetos (BRANDÃO, 2002).

Cada brasileiro produz 1 Kg de lixo doméstico por dia, ou seja, se a pessoa viver 70 anos terá produzido em torno de 25 toneladas. Se multiplicarmos pela população brasileira, pode-se imaginar a dimensão do problema (COZETTI, 2001). 

- SANEAMENTO BÁSICO

Outro fator gravíssimo para aumentar a poluição ambiental é a falta de saneamento básico. Atualmente apenas 8% do esgoto doméstico é tratado no Brasil e o restante é despejado diretamente nos cursos d’ água (MEIRELLES, 2000).

Um relatório da ONU revela que as regiões costeiras, sul e sudeste do Brasil, são as mais poluídas do mundo. 40 milhões de pessoas vivem no litoral lançando 150 mil litros de esgoto por dia ou 6 bilhões de litros de esgoto sem tratamento (VITOR, 2002).

Os poucos investimentos do governo nessa área são inexplicáveis, uma vez que, para cada dólar investido no saneamento básico, 4 dólares são economizados com a prevenção de doenças que requerem internações (CRUZ, 2000).

Segundo dados preliminares do relatório a ser apresentado na RIO+10, a falta de saneamento básico responde por 65% das internações nos hospitais do país (http://www.ultimosegundo.ig.com.br). 

- CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

Em 1990, 200 cientistas participaram do primeiro painel intergovernamental de mudança do clima, organizado pelas Nações Unidas. À época eles alertaram que o mundo precisava reduzir de 60 a 80% seus gases causadores do efeito estufa, para restabelecer o equilíbrio na Terra. A partir desses dados foi criado o Protocolo de Kioto, o qual estabeleceu que os países industrializados deveriam diminuir as emissões de dióxido de carbono em 5,2% até janeiro de 2012, sobre os níveis vigentes em 1990. O Brasil já aprovou a assinatura deste Protocolo (O GLOBO 20/06/02).

A preocupação com as mudanças climáticas é justificada, pois afetarão todo o planeta e de forma desproporcional os países pobres que serão atingidos por ciclones tropicais, chuvas torrenciais e ventos fortes, escassez de água, doenças e erosão. Esses países são mais vulneráveis devido à falta de recursos. Além disso, poderá haver a redução de colheitas e nesse caso o Brasil seria um dos países afetados entre vários outros efeitos (NORONHA, 2001). Com verões mais longos e quentes aumentará a taxa de reprodução e crescimento de insetos e, com isso, aumenta a transmissão de doenças por estes vetores (O GLOBO 21/06/02).

O renomado cientista Stephen Hawkings já havia alertado que a espécie humana não chegaria ao final do Terceiro Milênio justamente por causa do efeito estufa (NORONHA, 2001).

De acordo com o secretário geral da ONU, Kafi Annau, pouco se tem feito com relação ao desenvolvimento sustentável proposto na ECO-92, porque os países ricos não têm cumprido os acordos internacionais firmados à época. É pouco provável que as medidas propostas venham a ser adotados por esses governos, uma vez que, precisariam de uma mudança total no modelo de desenvolvimento econômico e social (NEIVA, 2001). Os EUA reconheceram que há um elo entre o efeito estufa e o homem, mesmo assim, os maiores poluidores mundiais, anunciaram oficialmente que não se sente no compromisso de colaborar com a despoluição atmosférica, prevista no Protocolo de Kioto, para que suas indústrias gastem com programa de controles de emissões sujas (O GLOBO 04/06/02). Entre os possíveis danos causados pela emissão descontrolada de compostos para a atmosfera alguns já estão comprovados. Como exemplo, os poluentes lançados por usinas geradoras de energia e indústrias dos EUA, Canadá e Europa causaram uma das principais secas da história da humanidade. A poluição gerada nesses países teria reduzido de 20 a 50% o volume de chuvas no Sahel, afetando os países mais pobres do mundo, como a Etiópia e causando a morte de 1 milhão de pessoas por fome (http://www.newscientist.com/news). Esses dados comprovam que as fronteiras geográficas do planeta não impedem que a poluição se alastre.

Um novo e mais amplo estudo sobre a Terra foi realizado por 1.000 especialistas, através do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. Esse relatório prevê um futuro sombrio para o planeta caso não sejam tomadas providências imediatas. De acordo com esse estudo metade dos rios já estão poluídos, 15% do solo estão degradados e 80 países sofrem com a escassez de água. Segundo o relatório, nas próximas três décadas 50% da população sofrerá com a falta de água; 11 mil espécies de animais e plantas estão ameaçados de extinção. O relatório alerta que essas drásticas mudanças, pelas quais o planeta está passando, agravarão o problema da fome e de doenças infecciosas e tornarão as tragédias climáticas mais freqüentes. O relatório informa que muitos desses problemas poderiam ter sido amenizados se houvessem sido cumpridos os acordos estabelecidos na RIO-92, que até agora não saíram do papel. (O GLOBO 23/05/02)

Não devemos pensar que essas mudanças estão muito distantes de nós. É só olharmos para trás e veremos as modificações sofridas no meio ambiente nos últimos dez anos: verões mais quentes, invernos mais curtos, pouca periodicidade nas chuvas, secas e enchentes etc. Muitos outros efeitos serão somados a esses, nos próximos 10 anos, se não tomarmos providências.

- DESPERDÍCIO

No Brasil por se ter disponibilidade de recursos, o desperdício se tornou parte de nossa cultura, isso tanto para pobres quanto ricos. 

20% dos alimentos são desperdiçados (desde a colheita até a mesa da comunidade) segundo o IBGE. Essas toneladas perdidas seriam suficientes para matar a fome de toda a população carente. Além disso, jogamos fora muito material reciclável (são despejadas na natureza 125 mil toneladas de rejeitos orgânicos e materiais recicláveis por dia). A cada tonelada de papel que se recicla, 40 árvores deixam de ser cortadas. Em ambos os casos o desperdício gera poluição ambiental. 

50% da água tratada é desperdiçada no país. E o pior é que essa água retorna aos mananciais após o uso, sem tratamento e, novamente, retorna a nós para consumo após vários tratamentos com custos elevadíssimos. Entre os maus hábitos estaria a lavagem de carro, calçadas, roupas, banhos demorados, louças na qual é desperdiçada mais água do que o necessário, além de vazamentos. Uma gota de água caindo o dia inteiro corresponde a 46L (CRUZ, 2001).

Com relação à energia elétrica, os brasileiros desperdiçam meia produção anual de Itaipu ou 9,5% da média total anual (CRUZ, 2001). Como exemplo de desperdícios está o uso irracional de aparelhos elétricos e luzes acessas desnecessariamente. O uso racional poderá evitar a construção de novas barragens, que causam grandes impactos ambientais, apenas pela minimização dos desperdícios.

3. OUTROS DADOS “INTERESSANTES”

Dados recentes fornecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostraram que o mundo está consumindo 40% além da capacidade de reposição da biosfera (energia, alimentos, recursos naturais) e o déficit é aumentado 2,5% ao ano (COZETTI, 2001). 

Relatórios da ONU apontam que 85% de produção e do consumo no mundo estão localizados nos países industrializados que tem apenas 19% da população (VITOR, 2002).

O relatório da PNUD também afirma que as 3 pessoas mais ricas do mundo têm lucro superior ao PIB dos 48 países mais pobres onde vivem cerca de 600 milhões de pessoas.

É estimado que sejam gastos no planeta 435 bilhões de dólares/ano em publicidade. 15 bilhões de dólares seriam suficientes para acabar com a fome do mundo, que mata 10 milhões de crianças por ano (BISSIO, 2000). Nós também somos culpados por essas mortes uma vez que atendemos aos apelos da mídia e da sociedade de consumo (compre isso, compre aquilo!!!).

Os EUA têm 5% da população mundial e consomem 40% dos recursos disponíveis. Se os 6 bilhões de pessoas usufruíssem o mesmo padrão de vida dos 270 milhões de americanos, seriam necessários 6 planetas (Edward Wilson apud MOON, 2002).

Os EUA, em 1997, emitiam 20,3 toneladas (22,7% emissões mundiais) de CO2 por habitante, a China 2,5 toneladas/habitante (13,07%), a Índia 900 Kg/habitante (3,49%) e o Brasil 1,91 toneladas/habitante (1,25%) (http://www.aquecimentoterrestre.ig.com.br). Os EUA aumentaram em 13% (e deverá chegar a 29% até o fim da década) suas emissões poluentes nos últimos 10 anos o que equivale a um aumento conjunto da Índia, China e África, países com uma população dez vezes maior (O GLOBO, 20/06/02).

4. EDUCAÇAO AMBIENTAL - ALTERNATIVA PARA UM FUTURO ECOLOGICAMENTE CORRETO

A questão ambiental ainda é pouco conhecida pela população no Brasil e atinge basicamente as classes mais privilegiadas da sociedade. Poucos sabem, mas a Educação Ambiental já é lei no país. A Lei 9.795 de 27/04/1999 institui a Política Nacional de Educação Ambiental a qual reza que todos os níveis de ensino e da comunidade em geral têm direito à educação ambiental e que os meios de comunicação devem colaborar para a disseminação dessas informações. Até o momento pouco foi implantado nessa área. 

Embora ainda não muito familiarizados com a consciência ecológica, os brasileiros se mostram dispostos a colaborar. CRESPO (1998) comprovou esse fato quando realizou uma pesquisa sobre meio ambiente, na qual entrevistou 2.000 pessoas e 90 líderes de vários setores, em 1992 e 1997. A população citou como principais problemas ambientais, o desmatamento e as queimadas (45%) e a contaminação dos rios, mares e oceanos (26%). Já os líderes em questões ambientais no país apontaram o saneamento e o lixo, seguidos de contaminação dos recursos hídricos. Eles também se mostraram dispostos a ajudar em campanhas de separação e reciclagem de lixo (72%), contra o desperdício de água (52%) e energia (41%) e no reflorestamento (27%). Mais da metade (59%) consideram a natureza sagrada e têm noção de que os danos ambientais causados pelo homem são irreversíveis e concordaram que o controle da natalidade é indispensável para o meio ambiente. 

A preservação do meio ambiente depende de todos: governo, educadores, empresas, Organizações Não-Governamentais (ONGs), meios de comunicação e de cada cidadão. A educação ambiental é fundamental na resolução desses problemas, pois vai incentivar os cidadãos a conhecerem e fazerem sua parte, entre elas: evitar desperdício de água, luz e consumos desnecessários (REDUZIR, REUSAR e RECICLAR), fazer coleta seletiva, adquirir produtos de empresas preocupadas com o meio ambiente, cobrar as autoridades competentes para que apliquem a lei, tratem o lixo e o esgoto de forma correta, protejam áreas naturais, façam um planejamento da utilização do solo, incentivem a reciclagem entre outros.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O maior número de leis de proteção ambiental, os grandes investimentos em pesquisas e tecnologias limpas por empresas, a criação de ONGs e a participação mais ativa da sociedade são uma realidade mundial. Todos esses avanços ainda não são suficientes para salvar o planeta e as previsões são sombrias. O tema é complexo e envolve fatores políticos, econômicos, sociais e até mesmo culturais entre todas as nações e por isto a resolução do problema não é tão simples. No Brasil, está aumentando a consciência ecológica e há leis mais rígidas, mas ainda não há uma ação política efetiva nessa área. Evidente que essas atitudes estão mudando, embora lentamente. Nas campanhas eleitorais atuais alguns partidos incluíram em seus planos de governo questões ambientais como o Tratado de Kioto. Apesar do país estar se destacando na área ambiental frente outros países da América Latina, ainda é no Brasil que ocorrem os maiores desastres ecológicos atribuídos a indústria (BRAGA, 2002).

Para que os danos ambientais não atinjam maiores proporções, ou seja, danos irreversíveis, serão indispensáveis neste século que todos os povos se unam. A educação ambiental será absolutamente necessária para conscientizar a sociedade e, com isso, obter a participação mais ativa da mesma. A adoção de uma política ambiental mais eficiente com leis mais rigorosas, monitoramento ambiental adequado e permanente, fiscalização, maiores investimentos em pesquisas de solução ecologicamente sustentável para os problemas ambientais e incentivos fiscais a empresas, será a única alternativa viável para conter os danos ao meio ambiente.

Para refletir:A cada criação do homem um pouco do planeta se acaba. Então devemos pensar bem no que criamos ou consumimos.

É preciso construir tanto prédio, tanto carro, consumir tanto, para que o ser humano se realize na vida?” Ladislau Dawbor (apud BISSIO, 2000).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

* BISSIO, B., (2000) As soluções não se situam mais dentro da economia, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 76, 2000.* BRAGA, J., Brasil é destaque em lista de crimes ambientais atribuídos a indústria, Jornal O GLOBO, pág. 32, 06/06/2002, RJ.* BRANDÃO, T., Indústrias do Rio aderem a gestão ambiental, Jornal O GLOBO, pág. 21, 04/06/2002, RJ.* CADERNO Planeta Terra, Jornal O GLOBO, 03/07/2002, RJ.* CAOS no clima trará fome, Jornal O GLOBO, pág. 27, 20/02/2002, RJ.* COZETTI, N., Lixo- marca incomoda de modernidade, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 96: 2001.* CRESPO, S., (1998) Meio ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade: o que pensa o brasileiro? Revista Debates Sócioambientais, 9: 24-25.* CRUZ, G. D., As riquezas que jogamos fora, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 77, 46-51, 2001.* DIAS, C, Água, o petróleo do século 21, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 22-28, 2000.* Disponível em <http://www.istoedigital.com.br>. Acesso em maio/2002.* Disponível em <http://www.newscientist.com/news>. Acesso em junho/2002.* Disponível em <http://www.ultimosegundo.ig.com.br>. Acesso em junho/2002.* Disponível em <http://www.wiuma.org.br>. Acesso em junho/2002.* DUTRA, B. I. C., Educação e crescimento populacional. Disponível em <http://www.library.com.br>. Acesso em junho/2002.* EUA reconhecem o elo entre efeito estufa e o homem, Jornal O GLOBO, pág. 35, 04/06/2002, RJ.* EUROPA e Japão criticam plano climático de Bush, Jornal O GLOBO, pág. 27, 16/06/2002, RJ.* FOME provoca a pior crise em dez anos na áfrica, Jornal O GLOBO, pág. 34, 26/06/2002, RJ.* IBAMA, (2001) Manual dos agentes ambientais colaboradores, Editora IBAMA, Brasília, DF.* MEIRELES, S., Crimes ambientais, os ganhos dos acordos judiciais, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 92: 2001.* MEIRELLES, S A, A explosão urbana, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 85: 2000.* MOON, P., (2002) O futuro é um inferno. Disponível em <http://www.istoedigital.com.br>. Acesso em maio/2002.* MOREIRA, M. Brasil será destaque em Joanesburgo, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 100: 2002.* MOREIRA, M. Desertificação, o grito da terra, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 76: 2000.* MUNDO será mais quente e doente, diz estudo, Jornal O GLOBO, pág. 29, 21/06/2002, RJ.* NEIVA, A, MOREIRA, M., COZETTI, N., MEIRELLES, S., NORONHA, S., Mineiro, P., Agenda 21, o futuro que o brasileiro quer, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 93: 2001.* NORONHA, S., NEIVA, A, COZETTI, N., Mudanças climáticas já são realidade, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 91: 2001.* O CRESCIMENTO da população brasileira. Disponível em <http://www.frigoletto.com.br>. Acesso em junho/2002.* ONU retrata terra devastada e prevê um futuro sombrio, Jornal O GLOBO, pág. 34, 23/05/2002, RJ.* POLUIÇÃO de países ricos causou fome na África, Jornal O GLOBO, pág. 32, 13/06/2002, RJ.* PORTUGAL, G, . Disponível em <http://www.gpca.com.br>. Acesso em maio/2002.* RODRIGUES, F. X. F., População e meio ambiente, Revista CSOnline, 2001* SENADO dá aprovação para o Protocolo de Kyoto, Jornal O GLOBO, pág. 38, 20/06/2002, RJ.* SILVA, R. G., (1998) Manual de prevenção e combate aos incêndios florestais, Editora IBAMA, Brasília, DF.* VITOR, C. A questão ambiental deve estar no centro de tudo, Revista Ecologia e Desenvolvimento, 100: 2002.* WALLAVER, J. P., ABC do meio ambiente, fauna brasileira, Editora IBAMA, Brasília, DF (2000).

http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2012/06/14/conheca-quais-sao-os-principais-problemas-ambientais-desde-1972.htm

Conheça quais são os principais problemas ambientais desde 1972

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No Rio de Janeiro14/06/201218h27

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Desde a primeira grande conferência mundial sobre meio ambiente, em 1972,

os temas "verdes" entraram na agenda política e na consciência do

consumidor. Mas como este quadro demonstra, poucos problemas foram

resolvidos e alguns se agravam rapidamente.

Proteção à camada de ozônio: o Protocolo da ONU de 1987 tornou

ilegal o uso de gases de clorofluorcarbono (CFC) que corroem a camada de

ozônio, o que protege o planeta dos raios solares que podem causar câncer

de pele. Foi contida uma expansão maior do buraco na camada de ozônio, mas

sua recuperação total está prevista para meados deste século ou inclusive

depois.

Mudanças climáticas: na Rio-92, a ONU estabeleceu a Convenção-

quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês). Em 1997, a

UNFCCC promulgou o Protocolo de Kyoto, o único tratado que estabelece

cortes específicos de emissões de gases de efeito estufa. Mas as metas de

Kyoto foram atropeladas pelas emissões de grandes economias emergentes

que não são obrigadas a cumprir metas. As partes da UNFCCC concordaram

em lançar um novo pacto em 2015, efetivo a partir de 2020. O tempo é curto. A

Terra está a caminho de um aquecimento de três graus Celsius ou mais ao

final do século, aumentando gravemente os riscos de secas, inundações e

tempestades.

Biodiversidade: a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), outra

herança da Eco-92, não conseguiu conter a extinção de espécies. O mundo

não alcançou a Meta de Desenvolvimento do Milênio sobre a perda da

biodiversidade para 2010. Os recifes de coral sofreram redução de 38% desde

1980 e e perda de hábitat é superior a 20% desde aquela década,

principalmente por causa da agricultura.

Oceanos: com exceção de algumas pescas que estão sob controle dos

Estados, muitas populações de peixes sofrem um esgotamento sem

precedentes. Em 2007, só 7% da produção mundial de pescado tinha o

certificado do Conselho de Administração Marinho (Marine Stewardship

Council) de produção com respeito ao meio ambiente. Há 169 "zonas costeiras

mortas" nos oceanos e 415 que sofrem eutrofização, poluição das águas

provocadas por altas concentrações de nutrientes (devido ao despejo de

fertilizantes ou matéria orgânica) que causam a proliferação de organismos que

consomem o oxigênio dissolvido na água.

Água doce: nos últimos 50 anos, triplicou a extração mundial de água

subterrânea em resposta ao aumento da população urbana e da demanda

agrícola. Só 158 das 263 bacias de rios que cruzam fronteiras nacionais têm

acordos de cooperação em matéria de gestão de recursos. Noventa e dois por

cento da "pegada de carbono" mundial da água se deve à agricultura.

Energia: o aumento do interesse em energias renováveis, impulsionado

especialmente pelos objetivos estabelecidos na Europa, contrasta com o

predomínio dos combustíveis fósseis, que representaram 80,9% das fontes de

energia em 2009. Desde 1992, a produção de energia solar aumentou 30.000%

e eólica (ventos) em 6.000%. Mas em conjunto com a geotérmica,

representaram apenas 0,8% do total global em 2009. Com os biocombustíveis

e o gás proveniente do lixo, o percentual chega a 10,2%. O investimento global

em energia e combustíveis renováveis alcançou um recorde de 211 bilhões de

dólares em 2010, 540% a mais do que em 2004.

Desmatamento: desde 1992, as florestas primárias do mundo recuaram

300 milhões de hectares, uma área quase do tamanho da Argentina. O

desmatamento é a terceira maior causa de emissões de gases de efeito estufa,

causadores do aquecimento global. A boa notícia é que o reflorestamento

ganhando terreno no hemisfério norte e que houve algum progresso na oferta

de incentivos financeiros para proteger as florestas nativas. Desde 2006,

quadruplicou uma iniciativa da ONU de replantar pelo menos um bilhão de

árvores ao ano.

Contaminação e dejetos: a produção anual de plásticos mais que

duplicou nas últimas duas décadas para 265 milhões de toneladas, das quais a

metade é usada para artigos descartáveis. A decomposição do plástico é muito

lenta, criando uma ameaça ambiental de longo prazo. Por outro lado, o número

de vazamentos de petróleo caiu nos últimos 20 anos. Chumbo no petróleo ou

na gasolina está perto de ser eliminado e há um tratado mundial para deter a

tristemente célebre "dúzia suja" de poluentes orgânicos persistentes (POPs) e

produtos químicos que se biodegradam tão lentamente que se acumulam na

cadeia alimentar. Também no lado positivo, os consumidores são cada vez

mais sensíveis à reciclagem, desde que não seja caro demais.

Fontes: Informe Global sobre Meio Ambiente do Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma); números sobre energia do

informe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento

Econômicos (OCDE) e Agência Internacional de Energia (AIEA).

http://biomasnacionais.blogspot.com.br/p/principais-problemas-ambientais.html

Principais Problemas Ambientais

   Amazônia:                                                                                                                                            

    Um dos principais problemas é o desmatamento ilegal e predatório.

Madereiras instalam-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres. Há também fazendeiros que provocam queimadas na floresta para ampliação de áreas de cultivo(principalmente de soja). 

     Estes dois problemas preocupam cientistas e ambientalistas do mundo, pois em pouco tempo, podem provocar um desequilíbrio no ecossistema da região, colocando em risco a floresta. 

     Outro problema é a biopirataria na floresta amazônica. Cientistas estrangeiros entram na floresta, sem autorização de autoridades brasileiras, para obter amostras de plantas ou espécies animais. Levam estas para seus países, pesquisam e desenvolvem substâncias, registrando patente e depois lucrando com isso. O grande problema é que o Brasil teria que pagar, futuramente, para utilizar substâncias cujas matérias-primas são originárias do nosso território.

   Mata Atlântica:

   A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização européia, com a extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata) e continua até os dias atuais, principalmente pela pressão urbana.

   A Mata Atlântica originalmente ocupava 16% do território brasileiro, distribuída por 17 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Atualmente este ecossistema está reduzido a menos de 7% de sua extensão original, dispostos de forma fragmentada ao longo da costa brasileira, no interior das regiões Sul e Sudeste, além de trechos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e no interior dos estados nordestinos.Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares, ou talvez milhões, de espécies não puderam ser conhecidas.

   Das espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata paracomercialização

ilegal ou por serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies.

   Para a fauna, observa-se um número elevado de espécies ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies, principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número consideravelmente pequeno de indivíduos.

   Apesar de toda a destruição que o ecossistema vem sofrendo, aproximadamente 100 milhões de brasileiros dependem desta floresta para a produção de água, manutenção do equilíbrio climático e controle da erosão e enchentes.

   

   Pantanal:

   No Pantanal, os principais impactos ambientais podem ser enumerados a partir dos seguintes fatores:

1. Pecuária extensiva – Emulação com a fauna nativa.

2. Pesca predatória e caça ao jacaré – redução das reservas pesqueiras e possibilidade de extinção de algumas espécies de animais.

3. Garimpo de ouro e pedras preciosas – Processo de erosão, contaminação dos rios.

4. Turismo e migração desordenada e predatória – Fogos na região, causando a morte das aves.

5. Aproveitamento dos cerrados - A má administração das lavouras causa grandes erosões no solo e a utilização de biocidas e fertilizantes contamina os rios.

6. Plantio de cana-de-açúcar - Provoca dano à preservação ambiental, trazendo grandes perigos para a contaminação de rios.

   Cerrado:

   

   O cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali

cerca de 20 milhões de pessoas. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. Amineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradasdestruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.

   Caatinga:

   Na Caatinga, vegetação nativa e solos agricultáveis estão em franco desaparecimento.    A pecuária e o reflorestamento, sobretudo com Algaroba (Prosopis sp.) e sua exploração como lenha e carvão vegetal, tem sido a única alternativa econômica do sertanejo. Em seu conjunto, a região semi-árida está inserida num contexto onde a ação antrófica tem contribuído para o avanço sobre remanescentes florestais que, em determinados casos, é substituído ou seletivamente explorado, causando uma

degeneração da composição das matas nativas da região. Por outro lado, no vale do São Francisco, onde existe elevado potencial para irrigação, já desponta uma agricultura moderna, com elevada produtividade, e boa parte da produção direcionada para o mercado externo. Devido aos elevados índices de aridez que caracteriza a maior parte da região, o uso da terra está diretamente ligado à disponibilidade de água nos solos. As terras agrícolas estão localizadas em áreas de baixadas, tabuleiros e terraços aluviais de solos profundos, com boa retenção de umidade. Nestes solos alcançam-se elevadas produtividades, o que compensa as perdas nos anos de maior déficit hídrico. Assim, a agricultura irrigada, que já ocupa uma área superior a 640 mil hectares, é uma atividade econômica de grande significado para a região nordestina. Incentivou o surgimento de diversas agroindústrias, propiciando a verticalização da produção. Todavia, a má drenagem tem provocado um sério problema de salinização.De resto, tende a se tornar mais grave o problema da desertificação. Estudo

recente do Núcleo Desert da Universidade Federal do Piauí constatou que em 71 microregiões o empobrecimento generalizado dos recursos da terra já atinge mais de 52 mil hectares.

   Mata de Araucária:

   Possuindo muitas madeiras de grande valor econômico - o próprio pinheiro-do-Paraná serve para construção bem como fonte de celulose - esta formação vegetal foi muito devastada pelo homem nos últimos anos, correndo agora o risco de desaparecer. O solo descoberto, deixado no lugar da antiga mata, sofre erosão e carregamento pela chuva; provocando assoreamento nos rios e grandes enchentes, como a que atingiu Santa Catarina em 1983.   Mesmo os incentivos ao reflorestamento, fornecidos pelo governo, não obtiveram os efeitos desejados, já que utilizam-se, para isso, de espécies exóticas (estrangeiras) de rápido crescimento e maior produtividade, como o pinus e o eucalipto. Com isso descaracteriza-se

tremendamente a comunidade desse ecossistema, eliminando a possibilidade de existência dos animais que dependem dos pinhões.

   Pampas:

   Nos Pampas, a agropecuária tem bastante força, o que vem provocando problemas ambientais, como a erosão do solo. Cerca de 50% deste, é ocupado por áreas rurais: valor relativamente pequeno, se comparado aos outros biomas. Entretanto, os Pampas é o que possui menor porcentagem territorial destinada à conservação e um dos menos estudados. 

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u7016.shtml

http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=27173&action=reportagem

http://www.tutelaambiental.com/a-realidade-ambiental-atual/

A REALIDADE AMBIENTAL ATUALmarço 30, 2012 Artigos, Meio Ambiente 0

O mundo atingiu patamares elevadíssimos relacionados à vida social. Tais patamares dizem respeito à economia, produção industrial, população, desigualdade de riquezas, má distribuição de alimentos, desproporcionalidade energética, desequilíbrios ambientais, elevada e invasiva exploração do meio ambiente, e muitos outros fatores que, de tão presentes, muitas vezes passam despercebidos aos olhos das pessoas, as quais somente tomam efetivo conhecimento de causa quando tais problemas incidirem diretamente em suas vidas.A própria existência de divisas e da variedade de países em todo o mundo faz com que, querendo ou não, instaure-se determinada disputa ou corrida a fim de se determinar qual nação está a frente em determinado quesito em relação a outras da mesma região, língua, e até mesmo do mundo todo.

A incessante busca pela constante expansão e desenvolvimento da suas economias, não com a finalidade de proporcionar o bem-estar social, mas sim de levar vantagem em disputas por poder internacional, faz com que os olhos de muitos governos sejam vendados a ponto de ignorarem outros fatores que não digam respeito direto à prosperidade econômica de suas nações. Forças aquém do poder estatal também exercem suas pressões, como a iniciativa privada e grandes corporações industriais que, tendo objetivos estritamente lucrativos, sempre investem seus interesses em uma economia que cresce a cada dia mais, mesmo não levando em conta fatores como a pobreza e a poluição ambiental.

A expansão econômica é constantemente buscada por todos os países, todavia a grande maioria não busca aliar outros fatores importantíssimos e até mesmo cruciais para a própria expansão da economia, como é o caso do Meio Ambiente.

Uma economia capitalista, modelo predominante no mundo atual, é basicamente predominada pela produção e atuação da iniciativa privada, desenvolvendo bens a partir, direta ou indiretamente, de matérias-primas provenientes do Meio Ambiente. Desse modo,

apesar de ser um bem de vital importância também para a “saúde”da economia, o Meio Ambiente na maioria dos casos é relegado a um segundo ou terceiro plano.

Um exemplo atual pode ser dado no caso dos Estados Unidos da América. O país constantemente se diz preocupado com questões ambientais, promove e participa de congressos e reuniões internacionais para discussão do tema, todavia, quando se estabelece um acordo e são impostas metas vinculantes, o país se retira e recusa a assinar tais documentos, alegando sempre motivos econômicos e de altos custos à sua economia. O mesmo aconteceu também com a China e Índia, além claro dos EUA, na recente Conferência sobre o Clima realizada em Copenhague, Dinamarca, em 2011.

A produção industrial da atualidade é alta. Seus níveis estão cada dia mais altos, o que acarreta outros fatores de sérios impactos tanto ambientais como sociais. O crescimento irresponsável de muitos setores frente ao Meio Ambiente e às possibilidades sociais, fizeram com que alguns problemas se instaurassem, como por exemplo a exploração das classes mais pobres e a falta de meios energéticos.

Os problemas energéticos mundiais já estão enraizados e, pelo que tudo indica, em pouco tempo, irão se manifestar de forma acentuada. Apesar de muitas atividades e especulações, o petróleo continua sendo o meio energético mais demandado e principal fonte do desenvolvimento. Todavia o recurso é finito, e a cada dia mais está se esgotando. Não há comofalar em novos meios de produção energética sem tocar no assunto de dano ou ao menos potencial dano ambiental, tanto no desenvolvimento e instalação do novo meio, como no  decorrer de seu uso e da produção energética.A pobreza é outro fator que gera um ciclo degenerativo frente ao Meio Ambiente. Uma sociedade com alto índice de pobreza poluí e danifica mais, e consequentemente se torna mais pobre e com menos recursos para sua saudável qualidade de vida.As grandes respostas naturais, frente às formas danosas da atividade humana, dia a dia estão se manifestando de forma mais frequente e em toda a extensão do Globo. Todos os dias são noticiados desastres naturais ocorridos em algum lugar do planeta.

As atividades humanas estão induzindo o desaparecimento de determinadas espécies de animais, causando o desequilíbrio ecológico e a consequente superpopulação de outras espécies. Tais desequilíbrios afetam diretamente a vida humana, como por exemplo a caça de gaviões. Com o baixo número das aves, consequentemente aumentará o número de cobras, visto que estas são alimentos preferenciais daqueles. Aumentando-se o número de cobras, haveria um maior consumo de seu alimento, qual seja, o sapo. O número de sapos então estaria reduzido, e consequentemente, o número de gafanhotos aumentaria. Assim, aumentariam os ataques a plantações e consequentemente diminuiria o número de alimentos disponíveis, necessitando  em um aumento da produção.

Desde que passou a atuar sobre a natureza, o homem tem agido cada vez mais invasivamente sobre a vegetação e a natureza em geral. Devido ao crescimento populacional as florestas tem sido cada dia mais afetadas pela ação humana, seja para assentar suas moradias, seja para o cultivo de alimentos, a fim de saciar suas necessidades. Tanto a ocupação como o cultivo de alimentos, foram e continuam sendo realizados sem o devido planejamento  ambiental, causando grandes impactos aos ecossistemas planetários.

As queimadas, por exemplo, são grandes fatores não só de destruição de florestas, mas também da emissão de gases em altíssimas quantidades, que prejudicam a saúde humana e também a existência de outros ecossistemas. O fogo afeta o ar, o solo, a água, os animais, e outros elementos, como os nutrientes contidos no solo, que a cada queimada, são reduzidos drasticamente.

Grande são os incidentes e o número de queimadas dolosas no Brasil, chegando a ser um elemento de alta preocupação do setor público ambiental em muitas épocas do ano.

A água contida no planeta sempre esteve presente na mesma quantidade. A questão é que o mesmo não ocorre com a água saudável, capaz de garantir a vida e a sobrevivência humana. Se atualmente o petróleo, fonte energética, é objeto de disputa política econômica e até mesmo bélica, o que acontecerá com a água, elemento sem o qual não há vida?

A grande maioria dos rios mundiais está diminuindo seu fluxo  e  seu curso. O quantum  de água saudável e disponível para consumo do homem está cada vez menor. E diminuí devido

a atividades mal planejadas e a falta de políticas efetivas de gerenciamento de recursos hídricos no mundo. E ainda, some-se a isso o fato de que a população mundial cresce de forma assustadora. Até pouco tempo éramos 6 bilhões, agora já ultrapassamos, segundo a ONU, a marca dos 7  bilhões.Apenas 2% da água do planeta é doce, sendo que 90% está no subsolo e nos polos. Cerca de 70% da água consumida mundialmente, incluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são utilizadas para irrigação. Aproximadamente 20% vão para a indústria e 10% para as residências.

Outro fator responsável também pelo agravamento da qualidade da água no planeta é o uso desordenado e irresponsável do solo, que atinge diretamente a qualidade e disponibilidade da água na região e consequentemente no planeta.

A realidade de muitas cidades brasileiras é divida, do ponto de vista analítico e de ocupação, em dois segmentos. Primeiro a cidade legal, com as possíveis assistências públicas e sociais, onde há a atuação do governo, e este tem determinados conhecimentos acerca das características urbanas do local. O segundo segmento é aquele que cerca o primeiro, sem planejamento ambiental e de desenvolvimento urbano, havendo o uso e a ocupação irresponsável do solo, desrespeitando-se o meio ambiente.  Trata-se de uma realidade próxima, porém distante da atuação do poder público, das leis e da consciência preservacionista em geral.

Tal ocupação acarreta sérias consequências ao Meio Ambiente e à população em geral. Enchentes, deslisamentos, desaparecimento de áreas verdes, assoreamento de cursos de água, poluição e inviabilização do uso responsável de diversos bens naturais, e muitos outros.

Outra área que é vitima da irresponsabilidade na utilização do solo, é a agricultura. Anualmente milhões de toneladas de solo são perdidas. A desertificação de muitas áreas já é uma realidade, tanto em outros países como no Brasil, a qual está crescendo em regiões como Nordeste e Sul, e também em alguns pontos do norte de Minas Gerais.

O crescimento populacional é também fator determinante para a crise ambiental do planeta. Diariamente o número da população mundial cresce, em detrimento às possibilidades de acesso a alimentos, saúde, educação, etc. Há ainda, por motivos culturais, éticos, religiosos, dentre outros, um tabu estabelecido sobre o controle de natalidade. De fato o crescimento populacional está intimamente ligado às possibilidades de renda e aos níveis de pobreza da população. O acesso da população a oportunidades garantidoras de uma vida qualificada, como saneamento básico, saúde gratuita, educação, alimentação adequada, também exerce fundamental alteração na taxa de natalidade.

Até certo ponto, o grande problema do crescimento populacional frente ao meio ambiente será a falta de alimentos e recursos naturais, primeiramente não pela maior demanda frente  à menor oferta, e sim pela má distribuição de tais elementos, fazendo com que determinadas pessoas tenham muito mais do que necessitam e, enquanto isso, outras não tenham nada.

O não planejamento e o descompromisso com o nascimento e a vida futura dos filhos, são fatores que acarretam tanto o aumento da pobreza como também das taxas de criminalidade no mundo.

O lixo é outro grande problema. Nas cidades brasileiras, a grande maioria dos lixões é a céu aberto.  Em comparação a algumas nações, no Brasil pouco ainda é reciclado. O alumínio é o que representa os melhores resultados, com bons, porém ainda não satisfatórios, índices de reaproveitamento. O mundo produz muito lixo, tudo que é descartado pelo homem, não sendo aproveitado em outras atividades, é lixo. Como a população brasileira em sua grande maioria vive nas cidades, a destinação adequada do lixo é um dos maiores problemas ambientais urbanos da atualidade.

O saneamento básico também é um fator determinante que incide diretamente na vida humana e na qualidade do Meio Ambiente. No Brasil nem 10% do esgoto é tratado. A grande maioria dos dejetos são diretamente liberados em cursos de água. O não investimento em saneamento básico por parte do poder público não tem respaldo, uma vez que a cada parte investida em saneamento, quatro outras partes são economizadas com a prevenção de doenças que requerem internações. Assim a cada 1 dólar investido, 4 são preservados.

Segundo dados preliminares do relatório a ser apresentado na RIO+10, a falta de saneamento básico responde por 65% das internações nos hospitais do país.

O clima é outro fator de grande discussão e problemática atual. Como conciliar a redução de gases e poluentes no ar, responsáveis por alterações climáticas, sem contudo frear os motores da produção industrial? Trata-se de uma preocupação mundial que, embora muito se discuta em termos de redução de emissões por meio de metas, pouco tem sido feito. Ainda que a ideia e a ameaça já tenha se fixado como uma verdade atual e com a certeza de uma maior gravidade no futuro, muitos países, empresas e pessoas relegam e subordinam o assunto de acordo com seus interesses privados, com vistas ao lucro e ao irresponsável crescimento econômico.

Em 1990, 200 cientistas participaram do primeiro painel intergovernamental de mudança do clima, organizado pelas Nações Unidas. À época eles alertaram que o mundo precisava reduzir de 60 a 80% seus gases causadores do efeito estufa, para restabelecer o equilíbrio na Terra. A partir desses dados foi criado o Protocolo de Kyoto, o qual estabeleceu que os países industrializados deveriam diminuir as emissões de dióxido de carbono em 5,2% até janeiro de 2012, sobre os níveis vigentes em 1990. O Brasil é signatário deste protocolo.

Outro ponto a ser tocado é o desperdício. A cultura popular brasileira desenvolveu, tanto nas classes baixas como nas classes altas, a normalidade do desperdício. Desperdiçar é normal. Segundo dados do IBGE, 20% dos alimentos são desperdiçados, da colheita ao consumo. Outro dado alarmante é que exatamente a metade de toda a água tratada é desperdiçada no país. O desperdício também está presente na energia elétrica. Enfim, o desperdício é uma realidade presente em todos os níveis da sociedade, e em muitos casos é embasado por fatores culturais que, apesar de suas características tradicionais, urgem por alterações, visando o bem comum e o interesse social. O desperdício, aliado à má distribuição, é um fator de grande problemática atual para a qualidade de vida da grande maioria das pessoas do mundo.

O mundo atualmente está consumindo, de acordo com a ONU, cerca de 40% a mais do que o Meio Ambiente pode repor (alimentos, energia, recursos naturais, etc), e tal diferença aumenta a cada ano que passa a patamares de 2,5%.

Relatórios da ONU apontam que 85% de produção e do consumo no mundo estão localizados nos países industrializados que tem apenas 19% da população. Os EUA têm 5% da população mundial e consomem 40% dos recursos disponíveis. Se 6 bilhões (número menor que a atual população mundial) de pessoas usufruíssem o mesmo padrão de vida dos 270 milhões de americanos, seriam necessários 6 planetas.

O ambiente mundial encontra-se saturado e em risco de assumir um estado de irreversibilidade. Constantemente danos ambientais são presenciados pela população.

Segundo matéria veiculada no Estado de São Paulo, publicada em 10/5/2010:

“A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu hoje que a “enorme” perda de vida sustentável em ambientes naturais deve se tornar irreversível se os objetivos globais para impedir as perdas não forem atingidos neste ano. “Este relatório indica que estamos chegando a um ponto sem retorno no qual danos irreversíveis serão causados a menos que tomemos atitudes urgentemente”, disse Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da Convenção de Diversidade Biológica da ONU.

O estudo “Perspectivas Globais de Biodiversidade” descobriu que o desmatamento, a poluição e a exploração excessiva estão prejudicando a capacidade produtiva dos ambientes mais vulneráveis, dentre eles as florestas da Amazônia, lagos e recifes de corais. Djoghlaf argumentou que as taxas de extinção de algumas espécies animais e vegetais atingiram um pico histórico, até mil vezes maiores que as vistas antes, chegando mesmo a afetar colheitas e criação de animais.

O relatório da ONU foi baseado, em parte, em 110 relatórios nacionais feitos com o objetivo de atender a promessa de 2002 de “reduzir significativamente” ou reverter a perda de biodiversidade. Djoghlaf disse aos jornalistas que nenhum país atingiu as metas. “Continuamos a perder biodiversidade numa taxa sem precedentes”.

Principais alvos

Três potenciais pontos sem retorno foram identificados: o clima global, as chuvas regionais e a perda de espécies de plantas e animais são prejudicados pelo contínuo desmatamento da floresta amazônica, diz o relatório. Muitos rios e lagos estão se tornando contaminados por algas, deixando suas águas com pouco oxigênio e matando peixes, afetando o sustento e a recreação de populações locais. E os recifes de coral estão desaparecendo em razão da combinação de águas mais ácidas e mais quentes, bem como a pesca predatória, diz o documento.

O diretor-geral do Programa de Meio Ambiente da ONU, Achim Steiner, destacou o valor econômico e o retorno do “capital natural” e seu papel em assegurar a saúde do solo, dos oceanos e da atmosfera. “A humanidade fabricou a ilusão de que de alguma forma pode ficar sem a biodiversidade ou que isso é de alguma forma periférico ao mundo contemporâneo”, disse Steiner.

“A verdade é que precisamos dela mais do que nunca em um planeta de 6 bilhões de habitantes que se encaminha para ter 9 bilhões de pessoas em 2050.” O relatório afirma que a biodiversidade é uma preocupação central para a sociedade que poderia ajudar a lidar com a pobreza e melhorar a riqueza, merecendo tanta atenção quando a crise econômica por apenas uma fração do custo dos recentes empréstimos financeiros.

O relatório defende uma nova estratégia para lidar com essas perdas, juntamente com medidas mais tradicionais, como a expansão de áreas naturais protegias e o controle da poluição. Elas incluem tentativas de regular a devastação do solo, pesca, comércio e crescimento populacional, ou mudanças, em parte pensadas para interromper subsídios “prejudiciais” ou “perversos”. As questões levantadas pelo relatório devem ser discutidas durante uma reunião da ONU sobre biodiversidade que acontecerá em outubro, no Japão. As informações são da Dow Jones.”

O ambiente urbano convive com inúmeras problemáticas decorrentes do descuido ambiental e da falta de uma política efetiva que realmente desenvolva as cidades de forma sustentável e não poluidora.

Com a industrialização e a concentração dos elementos industriais e produtivos nos centros urbanos, a população rural passou então rapidamente a migrar para tais centros, o que ainda continua ocorrendo nos dias de hoje. A super aglomeração de pessoas em um curto espaço de tempo, impossibilitou que o poder público, responsável pela garantia de diversos direitos sociais à população, executasse algum tipo de planejamento referente a tais áreas urbanas em expansão, formando-se então as favelas, as periferias sub-humanas e os locais de habitação não planejados, que seriamente degradam o meio ambiente e, como consequência de tais fatos, sofrem com problemas de saneamento básico, saúde e pobreza.

A falta de planejamento resulta no pior. Muitas áreas inabitáveis são ocupadas, como por exemplo encostas de grandes desfiladeiros, planícies de inundação, e áreas de preservação permanente, acarretando em catástrofes tanto naturais como pessoais, no âmbito da vida de muitas famílias, com a morte de várias pessoas.

O solo vem sendo tornado cada vez mais impermeável, por meio de sua compactação e de   formas de asfaltamento,  torna-se uma barreira no ciclo natural da água proveniente das chuvas, impedindo que estas penetrem-no e atinjam os lençóis freáticos, reduzindo assim a quantidade das reservas de água doce subterrânea e, como consequência, aumentando a quantidade de água sobre o solo, gerando grandes inundações.

O lixo, como já foi apresentado acima, também é um fator de suma preocupação para os agentes urbanos. Saneamento básico idem.

A poluição sonora em grandes centros é tão evidente que muitas vezes a tranquila vida chega a se tornar inviável.  A poluição visual também contribuí, uma vez que a quantidade de anúncios, placas, avisos, dentre outros, contribuem para a deterioração da saúde humana.

De acordo com matéria vinculada na Folha Online em 05/11/2009:

As ações brasileiras para reduzir as emissões provocadas pelo desmatamento na Amazônia ficaram em sexto lugar em uma lista que classifica as melhores medidas específicas na luta contra o aquecimento global, apresentada nesta quinta-feira (5), na Espanha.

Intitulado “O melhor e o pior das políticas climáticas e da recuperação econômica”, o relatório apresentado pelas ONGs ambientais WWF e E3G avalia as ferramentas utilizadas pelos países do G20, medindo o sucesso ambiental e econômico.

Na primeira e segunda posição do ranking ficou um programa de “eficiência energética em edifícios” do governo alemão.

O relatório salienta que as políticas climáticas não apenas geram benefícios ambientais, mas também melhoram e diversificam a economia, levando-se em conta que os países do G20 são responsáveis por três quartos das emissões de gases de efeito estufa no mundo.

“Este relatório mostra que os governos que aplicam medidas para combater a mudança climática terão êxito e ocuparão uma posição de liderança”, disse Kim Carstensen, diretor da iniciativa global das alterações climáticas da WWF.

“Apelamos ao G20 para conduzir uma estratégia de investimento na economia verde”, acrescentou.

Os ministros da Fazenda do G20 se reúnem neste fim de semana no Reino Unido, onde deverão apresentar propostas concretas sobre o financiamento para ajudar países emergentes a desenvolver uma economia de baixa emissão de carbono.

Novamente, em matéria exibida pela Folha Online datada de 29/01/2010:

O Brasil caiu para o 62º lugar em um índice de performance ambiental elaborado pelas universidades americanas Yale e Columbia, informa Janaína Lage, de Nova York, em matéria publicada hoje na Folha [...].

[…]

O resultado coloca o Brasil atrás dos EUA, que ocupam o 61º lugar, com bom resultado em indicadores como qualidade de água potável, mas desempenho ruim na emissão de gases-estufa e poluentes.

Na última edição, há dois anos, o Brasil ocupava o 34º lugar.

Ainda assim, países com crescimento econômico acelerado, como China e Índia, estão muito atrás no ranking, e ocupam respectivamente o 121º e o 123º lugares.

A realidade ambiental no mundo como um todo é crítica. Cada região do globo possuí seus principais problemas ambientais: Falta de água, destinação de resíduos sólidos, geração de energia, pobreza e fome, saneamento básico, e muitos outros. Embora em alguns casos  os problemas ambientais se manifestem de formas diferentes em determinados pontos do planeta, todos contribuem de forma decisiva para a situação alarmante que o Meio Ambiente, em âmbito mundial, enfrenta.

Diariamente a demanda por recursos naturais, alimentos e matéria-prima cresce. A expansão da economia mundial, aliada ao crescimento populacional desenfreado, traduz-se em ameaças ambientais, se não norteada por planejamentos e meios de tornar tais fenômenos sustentáveis. A demanda cresce, e a distribuição a cada dia mais se torna inadequada, privando muitos do básico e necessário.

O clima, o solo, as florestas, a flora em geral, a fauna, as águas tanto marinhas como doces, as geleiras, etc, são temas constantes de eventos promovidos por muitos governos a fim de se buscar meios viáveis, e de ajustamento de conduta de seus países, para evitar que uma crise ambiental sem precedentes se instaure.

Constantemente congressos são realizados, reuniões são idealizadas, pautas e mais pautas incluem o Meio Ambiente como tema a ser debatido, inúmeras são as vozes que pedem por atitudes urgentes e de efetiva mudança na abordagem e tratamento do Meio Ambiente.

Todavia em muitos casos, os resultados sequer chegam a tocar os patamares necessários e previstos para a redução dos danos ambientais. Algumas metas jamais são atingidas, e, quando alguns países tidos como grandes poluidores tornam-se signatários de determinados acordos ambientais internacionais, tais acordos são lançados à uma política nem mesmo secundária, mas sim terciária, de seus governos.

A conversão gradativa da própria economia em uma futura economia responsável, sustentável e efetivamente voltada aos interesses ambientais e sociais, na grande maioria dos casos, é negada devido à implicação de determinados ônus à própria economia, em seu estado atual. Outras implicações políticas capazes de melhorar significativamente – se efetivadas – a qualidade ambiental do planeta, são sempre colocadas na balança e comparadas da seguinte forma: Se gerar algum custo, pode ser considerada insuportável. Bilhões são gastos em campanhas de divulgação política e de angariamento de fundos para o custeamento de candidatos ao poder de diversas nações. Os mesmos gastos porém não são implementados no que tange as políticas ambientais.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/principais-problemas-ambientais-desde-1972-1.html

19/06/2012 12h54 - Atualizado em 19/06/2012 12h54

Principais problemas ambientais desde 1972France Presse

RIO DE JANEIRO, 14 Jun 2012 (AFP) -Desde a primeira grande conferência

mundial sobre meio ambiente, em 1972, os temas "verdes" entraram na

agenda política e na consciência do consumidor. Mas como este quadro

demonstra, poucos problemas foram resolvidos e alguns se agravam

rapidamente.

PROTEÇÃO À CAMADA DE OZÕNIO: o Protocolo da ONU de 1987 tornou

ilegal o uso de gases de clorofluorcarbono (CFC) que corroem a camada de

ozônio, o que protege o planeta dos raios solares que podem causar câncer

de pele. Foi contida uma expansão maior do buraco na camada de ozônio,

mas sua recuperação total está prevista para meados deste século ou

inclusive depois.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS: na Rio-92, a ONU estabeleceu a Convenção-

quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês). Em 1997,

a UNFCCC promulgou o Protocolo de Kyoto, o único tratado que estabelece

cortes específicos de emissões de gases de efeito estufa. Mas as metas de

Kyoto foram atropeladas pelas emissões de grandes economias emergentes

que não são obrigadas a cumprir metas. As partes da UNFCCC concordaram

em lançar um novo pacto em 2015, efetivo a partir de 2020. O tempo é

curto. A Terra está a caminho de um aquecimento de três graus Celsius ou

mais ao final do século, aumentando gravemente os riscos de secas,

inundações e tempestades.

BIODIVERSIDADE: a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), outra

herança da Eco-92, não conseguiu conter a extinção de espécies. O mundo

não alcançou a Meta de Desenvolvimento do Milênio sobre a perda da

biodiversidade para 2010. Os recifes de coral sofreram redução de 38%

desde 1980 e e perda de hábitat é superior a 20% desde aquela década,

principalmente por causa da agricultura.

OCEANOS: com exceção de algumas pescas que estão sob controle dos

Estados, muitas populações de peixes sofrem um esgotamento sem

precedentes. Em 2007, só 7% da produção mundial de pescado tinha o

certificado do Conselho de Administração Marinho (Marine Stewardship

Council) de produção com respeito ao meio ambiente. Há 169 "zonas

costeiras mortas" nos oceanos e 415 que sofrem eutrofização, poluição das

águas provocadas por altas concentrações de nutrientes (devido ao despejo

de fertilizantes ou matéria orgânica) que causam a proliferação de

organismos que consomem o oxigênio dissolvido na água.

ÁGUA DOCE: nos últimos 50 anos, triplicou a extração mundial de água

subterrânea em resposta ao aumento da população urbana e da demanda

agrícola. Só 158 das 263 bacias de rios que cruzam fronteiras nacionais têm

acordos de cooperação em matéria de gestão de recursos. Noventa e dois

por cento da "pegada de carbono" mundial da água se deve à agricultura.

ENERGIA: o aumento do interesse em energias renováveis, impulsionado

especialmente pelos objetivos estabelecidos na Europa, contrasta com o

predomínio dos combustíveis fósseis, que representaram 80,9% das fontes

de energia em 2009. Desde 1992, a produção de energia solar aumentou

30.000% e eólica (ventos) em 6.000%. Mas em conjunto com a geotérmica,

representaram apenas 0,8% do total global em 2009. Com os

biocombustíveis e o gás proveniente do lixo, o percentual chega a 10,2%. O

investimento global em energia e combustíveis renováveis alcançou um

recorde de 211 bilhões de dólares em 2010, 540% a mais do que em 2004.

DESMATAMENTO: desde 1992, as florestas primárias do mundo recuaram

300 milhões de hectares, uma área quase do tamanho da Argentina. O

desmatamento é a terceira maior causa de emissões de gases de efeito

estufa, causadores do aquecimento global. A boa notícia é que o

reflorestamento ganhando terreno no hemisfério norte e que houve algum

progresso na oferta de incentivos financeiros para proteger as florestas

nativas. Desde 2006, quadruplicou uma iniciativa da ONU de replantar pelo

menos um bilhão de árvores ao ano.

CONTAMINAÇÃO E DEJETOS: a produção anual de plásticos mais que

duplicou nas últimas duas décadas para 265 milhões de toneladas, das

quais a metade é usada para artigos descartáveis. A decomposição do

plástico é muito lenta, criando uma ameaça ambiental de longo prazo. Por

outro lado, o número de vazamentos de petróleo caiu nos últimos 20 anos.

Chumbo no petróleo ou na gasolina está perto de ser eliminado e há um

tratado mundial para deter a tristemente célebre "dúzia suja" de poluentes

orgânicos persistentes (POPs) e produtos químicos que se biodegradam tão

lentamente que se acumulam na cadeia alimentar. Também no lado

positivo, os consumidores são cada vez mais sensíveis à reciclagem, desde

que não seja caro demais.

FONTES: Informe Global sobre Meio Ambiente do Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma); números sobre energia do informe

da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos

(OCDE) e Agência Internacional de Energia (AIEA).

ri/jt/lbc/emm/mvv/dm

http://www.universitario.com.br/celo/topicos/subtopicos/ecologia/questoes_ambientais/questoes_ambientais.html

Desenvolvimento Sustentado

A degradação do meio ambiente está diretamente vinculada às atividades econômicas praticadas no planeta. Para conter a degradação, os analistas indicam a necessidade de mudar o atual modelo de desenvolvimento econômico, considerado predatório. Especialistas do mundo inteiro elaboram o conceito de desenvolvimento sustentado: sistemas de exploração mais racional dos recursos naturais, que preservem o equilíbrio ecológico, reduzindo os danos ao meio ambiente. Esse conceito implica mudanças nas relações políticas internacionais: maior cooperação entre as nações para a geração de tecnologias não-poluidoras e acordos internacionais sobre o uso dos recursos naturais, limitações à produção de substâncias tóxicas e emissões de poluentes no meio ambiente.

1a CONFERENCIA MUNDIAL

A primeira Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento realiza-se em 1972, em Estocolmo, na Suécia, com patrocínio da ONU e deflagra vários estudos com o objetivo de traçar uma estratégia para a preservação da vida no planeta. Os principais resultados são reunidos no livro Nosso futuro comum, publicado em 1987. Os estudos mostram o estreito vínculo entre pobreza, desigualdade de renda e deterioração ambiental, e apontam o desequilíbrio ecológico como um dos resultados das relações entre países pobres e ricos. Demonstram que os países pobres ou em desenvolvimento são os que detêm as maiores reservas de recursos naturais e estão destruindo-as rapidamente para pagar suas dívidas externas. Mostram que os países ricos são os grandes consumidores desses recursos e, portanto, os maiores responsáveis pela manutenção do equilíbrio ambiental e preservação das espécies. Aconselham os países pobres a construir modelos de desenvolvimento não-predatórios e sugerem que os países ricos os ajudem nessa tarefa através de verbas e tecnologias. Após a Conferência de Estocolmo, a questão ambiental é assumida oficialmente por um grande número de governos e mais de cem países criam organismos oficiais específicos para tratar do tema.

ECO-92

A segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento é realizada no Rio de Janeiro, no centro de convenções Riocentro, em junho de 1992, com patrocínio da ONU. Participam 114 chefes de Estado e 170 delegações oficiais, além de equipes do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Para pressionar os organismos oficiais, mais de 3.200 ONGs de todo o mundo organizam um encontro paralelo, o Fórum Global, que reúne cerca de 40 mil militantes no aterro do Flamengo (RJ) . Na mesma época, realiza-se também a Conferência Mundial dos Povos Indígenas, no bairro de Jacarepaguá (RJ), numa grande taba construída por índios tucanos e do Alto Xingu, a Kari-Oca. As delegações oficiais concordam teoricamente com os princípios da preservação ambiental. As formas de implantá-los, no entanto, são motivo de controvérsia. Os dois documentos mais importantes aprovados na conferência são a Carta da Terra, também chamada de Declaração do Rio, e a Agenda 21.

Carta da Terra – O ponto central da Carta da Terra é a constatação de que os países ricos poluem mais o planeta e, portanto, devem ajudar as nações pobres com tecnologias não-poluidoras e avanços científicos que as conduzam a um desenvolvimento mais rápido e menos predatório. Reconhece que os Estados têm o direito soberano sobre os recursos naturais de seus territórios, têm a responsabilidade de garantir que sua exploração não cause danos ao meio ambiente de outros países e o dever de indenizar as vítimas de poluição e outros danos

ambientais. Todos os governos e pessoas devem cooperar na erradicação da pobreza, mas os países desenvolvidos têm responsabilidades maiores: são os que mais consomem e os que detêm as tecnologias necessárias para o desenvolvimento dos países pobres.

Agenda 21 – O objetivo da Agenda 21 é traçar estratégias para implantar os princípios da Carta da Terra. De seus 40 capítulos, oito tratam de questões econômicas e sociais; 14, da conservação e gestão dos recursos naturais; sete descrevem o papel dos grupos sociais; e 11 tratam das políticas para garantir a qualidade de vida das próximas gerações. São inúmeras as divergências entre as delegações oficiais, e a conferência não consegue estabelecer a fonte de recursos para financiar a implantação das políticas aprovadas. É criada uma Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CDS), para fiscalizar o cumprimento da Agenda 21. Em 1993 o Brasil passa a integrar a comissão, formada por 53 países.

Clima e florestas – Três outros documentos tratam do desmatamento, do clima e da biodiversidade. A declaração sobre as florestas garante a soberania de cada país no uso de suas riquezas florestais. São eliminadas as barreiras comerciais para a madeira e a borracha exploradas com técnicas de manejo que evitem o esgotamento desses recursos. Os projetos de desenvolvimento sustentável ficam na dependência da definição dos mecanismos de financiamento e de transferência de tecnologia, que serão definidos em novos fóruns internacionais. Formas de redução do desmatamento também não são consolidadas em documento.

A convenção sobre mudanças climáticas limita a emissão dos gases tóxicos associados ao efeito estufa e à destruição da camada de ozônio, mas não define datas para seu cumprimento. É assinada por 153 países. Os EUA não aceitam limites à emissão de poluentes atmosféricos e não assinam o documento.

Biodiversidade – O documento Estratégia global para a biodiversidade, elaborado pelo World Resource Institute, dos EUA, e pela União Mundial para a Natureza, da Suíça, apresenta 85 propostas para a preservação da diversidade biológica no planeta e um plano para o uso sustentado de recursos biológicos. Mostra que os desmatamentos podem destruir milhares de espécies vivas ainda desconhecidas, indica a necessidade do acesso igualitário à tecnologia de conservação e à tecnologia baseada em recursos biológicos. Reconhece a soberania dos países detentores da biodiversidade, como o Brasil, sobre seus recursos e propõe que tenham o direito de participar dos lucros resultantes de sua exploração. O documento é aprovado pelo Programa de Meio Ambiente da ONU e pelas ONGs que participam do Fórum Global. Os EUA, país que detém a maior indústria farmacêutica do planeta, recusam-se a assinar o documento, o que só será feito em julho de 1993, pelo presidente Clinton.

Degradação Ambiental

A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais . Há milhões de anos, a área do atual deserto do Saara, por exemplo, era ocupada por uma grande floresta e os terrenos que hoje abrigam a floresta amazônica pertenciam ao fundo do mar. As rupturas na crosta terrestre e a deriva dos continentes mudam a posição destes ao longo de milênios . Em conseqüência, seus climas passam por grandes transformações. As quatro glaciações já registradas – quando as calotas polares avançam sobre as regiões temperadas – fazem a temperatura média do planeta cair vários graus. Essas mudanças, no entanto, são provocadas por fenômenos geológicos e climáticos e podem ser medidas em milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem na face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se.

AGENTES DO DESEQUILÍBRIO

A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da máquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo carvão e acelera o ritmo de desmatamento. A destilação do petróleo multiplica a emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera. Com a petroquímica, surgem novas matérias-primas e substâncias não-biodegradáveis, como alguns plásticos.

Crescimento populacional – O aumento da população mundial ao longo da história exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para aumentar a produtividade e evitar predadores nas lavouras, matam microrganismos decompositores, insetos e aves, reduzem a fertilidade da terra, poluem os rios e águas subterrâneas e contaminam os alimentos. A urbanização multiplica esses fatores de

desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos naturais em escala concentrada, quebra as cadeias naturais de reprodução desses recursos e reduz a capacidade da natureza de construir novas situações de equilíbrio.

Economia do desperdício – O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para durar pouco. O apelo ao consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens sofisticadas e produtos descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a quantidade de lixo no meio ambiente. A diferença de riqueza entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental. Nos países pobres, o ritmo de crescimento demográfico e de urbanização não é acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de saneamento básico. Uma boa parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas ou no solo. A necessidade de aumentar as exportações para sustentar o desenvolvimento interno estimula tanto a extração dos recursos minerais como a expansão da agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a superexploração da terra.

Lixo – Acúmulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis na atmosfera, no solo, subsolo e nas águas continentais e marítimas provoca danos ao meio ambiente e doenças nos seres humanos. As substâncias não-biodegradáveis estão presentes em plásticos, produtos de limpeza, tintas e solventes, pesticidas e componentes de produtos eletroeletrônicos. As fraldas descartáveis demoram mais de cinqüenta anos para se decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo do tempo, os mares, oceanos e manguezais vêm servindo de depósito para esses resíduos.

Resíduos radiativos – Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de geração de energia elétrica, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser destruídas e permanecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas interferem diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, provocam alterações genéticas e câncer.

Ameaça nuclear – Atualmente existem mais de quatrocentas usinas nucleares em operação no mundo – a maioria no Reino Unido, EUA, França e Leste europeu. Vazamentos ou explosões nos reatores por falhas em seus sistemas de segurança provocam graves acidentes nucleares. O primeiro deles, na usina russa de Tcheliabínski, em setembro de 1957, contamina cerca de 270 mil pessoas. O mais grave, em Chernobyl , na Ucrânia, em 1986, deixa mais de trinta mortos, centenas de feridos e forma uma nuvem radiativa que se espalha por toda a Europa. O número de pessoas contaminadas é incalculável. No Brasil, um vazamento na Usina de Angra I, no Rio de Janeiro, contamina dois técnicos. Mas o pior acidente com substâncias radiativas registrado no país ocorre em Goiânia , em 1987: o Instituto Goiano de Radioterapia abandona uma cápsula com isótopo de césio-137, usada em equipamento radiológico. Encontrada e aberta por sucateiros, em pouco tempo provoca a morte de quatro pessoas e a contaminação de duzentas. Submarinos nucleares afundados durante a 2a Guerra Mundial também constituem grave ameaça. O mar Báltico é uma das regiões do planeta que mais concentram esse tipo de sucata.

Questões Ambientais no Brasil

Reflexões

Ecologia no Brasil

Com dimensões continentais e 70% da população concentrados em áreas urbanas, o Brasil é o país em desenvolvimento que mais tem atraído a atenção internacional. A poluição e o desmatamento ameaçam seus diversificados ecossistemas, inclusive o de maior biodiversidade do planeta, o amazônico.

O agravamento dos problemas ambientais no país está ligado à industrialização, iniciada na década de 50, ao modelo agrícola monocultor e exportador instituído desde os anos 70, à urbanização acelerada e à desigualdade socioeconômica. Nas grandes cidades, dejetos humanos e resíduos industriais saturam a deficiente rede de saneamento básico e envenenam

águas e solos. Gases liberados por veículos e fábricas, além das queimadas no interior, poluem a atmosfera.

Poluição do ar

As emissões de dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxido e dióxido de nitrogênio e de material particulado, como poeira, fumaça e fuligem, crescem em todas as aglomerações urbanas e industriais do país. A situação é mais grave em grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Dados da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Básico), de 1991, mostram que as indústrias da Grande São Paulo lançam por ano no ar cerca de 305 mil toneladas de material particulado e 56 mil toneladas de dióxido de enxofre. Automóveis e veículos pesados são responsáveis pela emissão de 2.065 toneladas anuais de monóxido de carbono . No complexo industrial da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, a concentração de partículas em suspensão atinge a média anual de 160 mcg/m³, o dobro do considerado seguro. Na região metropolitana de Belo Horizonte, a concentração média de partículas poluentes no ar também é alta: 94 mcg/m³, e os níveis de dióxido de enxofre são maiores que os de São Paulo. A maior responsável por esses índices é Contagem, cidade mineira que concentra as indústrias metalúrgicas, têxteis e de transformação de minerais não-metálicos.

Em 1986, o governo federal cria o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, que obriga a instalação de filtros catalisadores no escapamento dos automóveis e caminhões novos. O programa entra em funcionamento em 1988 e deve estar concluído em 1997.

Águas contaminadas

Praticamente todas as grandes e médias cidades brasileiras têm suas águas contaminadas por esgotos, lixo urbano, metais pesados e outras substâncias tóxicas. Os deltas do Amazonas e do Capibaribe , as baías de Todos os Santos, de Guanabara e de Paranaguá, os rios da bacia Amazônica, os rios Paraíba do Sul, das Velhas, Tietê, Paranapanema, do Peixe, Itajaí, Jacuí, Gravataí, Sinos e Guaíba são repositórios desses resíduos. Na Amazônia, o maior dano é provocado pelo mercúrio, jogado nos rios à média de 2,5 kg para cada grama de ouro extraído dos garimpos. Os rios Tapajós , Xingu, Taquari, Miranda e Madeira são os mais afetados.

Em São Paulo, em alguns trechos do rio Tietê dentro da capital existem apenas bactérias anaeróbicas. O excesso de cargas orgânicas em suas águas consome todo o oxigênio, mata os

peixes e qualquer outra forma de vida aeróbica. O lixo e o desmatamento nas margens provocam o assoreamento de seu leito. Em 1993, o governo do Estado inicia um programa de despoluição e desassoreamento do rio: barcaças retiram areia e lixo do seu leito. A areia e a terra são levadas a uma distância de 5 km e o lixo para aterros sanitários.

Poluição do mar – Dejetos industriais e orgânicos são jogados em vários pontos do litoral. Vazamentos de petróleo em poços das plataformas submarinas e acidentes em terminais portuários e navios-tanques têm provocado graves desastres ecológicos. O terminal de São Sebastião (SP) registra 105 vazamentos em 1990 e 1991. O litoral do Pará e as praias da ilha de Marajó estão contaminados por pentaclorofeno de sódio, substância tóxica usada no tratamento de madeira. Os pólos petroquímicos e cloroquímicos localizados em quase todos os estuários dos grandes rios lançam metais pesados e resíduos de petróleo nos manguezais e na plataforma continental . A baía de Todos os Santos, na Bahia, está contaminada por mercúrio. A baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, recebe diariamente cerca de 500 toneladas de esgotos orgânicos, 50 toneladas de nitratos e metais pesados, além de 3 mil toneladas de resíduos sólidos – areia, plásticos, latas e outras sucatas. Em maio de 1994, o governo do Estado do Rio de Janeiro consegue financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de US$ 793 milhões para a despoluição da baía de Guanabara.

Degradação da superfície

O principal fator de poluição do solo, subsolo e águas doces é a utilização abusiva de pesticidas e fertilizantes nas lavouras. A média anual brasileira é duas vezes superior à do mundo inteiro. Ainda são usados no Brasil produtos organoclorados e organofosforados, proibidos ou de uso restrito em mais de 50 países devido a sua toxicidade e longa permanência no ambiente. As regiões mais atingidas por esses agrotóxicos são a Centro-Oeste, a Sudeste e a Sul, responsáveis por quase toda a produção agrícola para consumo interno e exportação. O agente laranja, um desfolhante usado pelos americanos na Guerra do Vietnã para devastar a mata tropical, já foi aplicado por empresas transnacionais na Amazônia, para transformar a floresta em terrenos agropastoris. A cultura da soja, hoje espalhada por quase todas as regiões do país, também faz uso acentuado desses fosforados. A médio e longo prazo esses produtos destroem microrganismos, fungos, insetos e contaminam animais maiores. Eles também tornam as pragas cada vez mais resistentes, exigindo doses cada vez maiores de pesticidas. No homem, causam lesões hepáticas e renais e problemas no sistema nervoso. Podem provocar envelhecimento precoce em adultos e diminuição da capacidade intelectual em crianças.

Queimadas – Desde o início da ocupação portuguesa o fogo foi o principal instrumento para derrubar a vegetação original e abrir áreas para lavoura, pecuária, mineração e expansão urbana. Ao longo dos quase cinco séculos de história do país, desaparece quase toda a cobertura original da mata Atlântica nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul. No Centro-Oeste, de

ocupação mais recente, o cerrado vem sendo queimado para abrir espaço à soja e à pecuária. Nos anos 80, as queimadas na floresta Amazônica são consideradas uma das piores catástrofes ecológicas do mundo.

Em algumas regiões, é a seca que provoca os incêndios que devastam os ecossistemas: 80% do Parque Nacional das Emas , na divisa de Goiás com Mato Grosso do Sul, são destruídos pelo fogo em 1988 e, em 1991, outro incêndio destrói 17 mil ha do parque.

Desertos – Desmatamento indiscriminado, queimadas, mineração, uso excessivo dos defensivos agrícolas, poluição, manejo inadequado do solo e seca trazem a desertificação de algumas áreas do país. A região Nordeste é a mais atingida: 97% de sua cobertura vegetal nativa já não existem. A área desertificada chega a 50 mil ha e afeta a vida de 400 mil pessoas. A mineração e as salinas também afetam o sul do Pará e a região de Mossoró (RN). No Rio Grande do Sul, a superexploração agrícola e a pecuária extensiva fazem crescer o já chamado "deserto dos pampas": uma área de 200 ha no município de Alegrete.

Radiatividade – A ausência de comunicação imediata de problemas em usinas nucleares preocupa militantes ecológicos e cientistas no mundo inteiro. Isso também acontece no Brasil. Em março de 1993, o grupo Greenpeace denuncia: a paralisação da Usina Nuclear de Angra I, em Angra dos Reis (RJ), provoca um aumento anormal de radiatividade no interior de seu reator. Pressionada, a direção da usina confirma a informação, mas garante que o problema não é preocupante. No caso de Angra, o incidente serviu de alerta para o fato de ainda não se ter estabelecido um plano eficiente para a população abandonar a cidade em caso de acidente grave.

Espécies ameaçadas

Brasil, Colômbia, México e Indonésia são os países de maior diversidade biológica no mundo. A Amazônia, a mata Atlântica e o Pantanal estão entre as maiores reservas biológicas do planeta, a maioria delas ameaçadas pelo processo de degradação ambiental.

Espécies vegetais ameaçadas – A substituição dos ecossistemas originais por pastagens, o extrativismo desordenado e a poluição têm reduzido e até levado à extinção inúmeras espécies vegetais nativas. É o caso da araucária.

http://www.cacadoresdecachoeiras.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=419&Itemid=584

Histórico da Educação Ambiental

Origens da Educação Ambiental

O termo Educação Ambiental foi criado em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo (Suécia), quando a sociedade tomou conhecimento dos problemas ambientais e os governos definiram que a saída para mudar o mundo seria a educação. Criou-se o termo Educação Ambiental porque o homem estava se afastando da natureza. Os processos educativos haviam ficado racionais e a escola descuidara dos sentimentos, das sensações e das relações em sala de aula, esquecendo o ar, a água, o corpo, o bairro, a cidade e o planeta. Assim, a partir dessa Conferência, a Educação Ambiental se propõe a discutir os problemas ambientais por meio da formação dos indivíduos e, para isso, contaria com ferramentas transformadoras (Nóbrega, 2008).

Apesar da utilização do termo Educação Ambiental ser relativamente nova, sua prática é antiga. O homem, mesmo sem saber, já praticava Educação Ambiental desde que surgiu. Já nos tempos primitivos, a sobrevivência do homem estava atrelada à sua relação com a natureza. Ao interagir com o mundo que os rodeava e ao ensinar seus filhos a fazerem o mesmo, nossos ancestrais vivenciavam a Educação Ambiental. Essa Educação Ambiental “primitiva” era uma condição necessária, pois a natureza era mais poderosa do que os homens.

Entretanto, com o passar do tempo e as novas descobertas, mudaram as razões subjacentes à necessidade de educar para o ambiente, bem como a forma de fazê-lo. Descobrem-se novas formas de exploração dos recursos naturais e os fenômenos da natureza começam a ser compreendidos. Até então, o conhecimento da natureza e a transmissão desse conhecimento servia apenas para que o ambiente fosse mais dominado e explorado (Maia, 2002).

Porém, nas décadas de 50 e 60, surgem problemas ambientais, reais e urgentes, que assumem proporções alarmantes. Episódios como a contaminação do ar em Londres e Nova York, entre 1952 e 1960, os casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, a diminuição da vida aquática em alguns dos grandes lagos norte-americanos, a morte de aves provocada pelos efeitos secundários e imprevistos do DDT e outros pesticidas, bem como a contaminação do mar provocada pelo petroleiro Torrey Canyon, em 1966, deram o alerta. Eram problemas que transcendiam as fronteiras dos países e surgiam como resultado de grandes alterações nos processos ambientais regionais ou globais, fruto de enormes impactos causados pela atividade humana. Todos esses problemas transcendiam projetos educativos ou disciplinas científicas isoladas. Esta série de acontecimentos causou comoção internacional, fazendo com que países muito desenvolvidos temessem que a contaminação colocasse em perigo o futuro da Humanidade.

A década de 70 é um marco político na medida em que o ambiente passa a ser reconhecido em termos legais, exigindo de todos os habitantes do planeta o exercício de uma cidadania que incorpora uma consciência ética na qual a relação natureza/sociedade reconhece o valor intrínseco de todas as formas de vida, em acordo à perspectiva da “ecologia profunda”.

Em 1972, representantes de 113 países participam da Conferência de Estocolmo - Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano (marco inicial do Direito Ambiental Internacional). Essa conferência representa o momento em que a Educação Ambiental entra para a história do movimento ambientalista mundial, passando a ser considerada como um campo de ação pedagógica (Medina, 2007). Em 1975, em Belgrado/Iugoslávia, a UNESCO promove o Encontro Internacional em Educação Ambiental, com 65 países, e em Outubro de 1977, em Tibilisi (URSS), acontece a Primeira Conferência Internacional em Educação Ambiental. Nesta conferência de Tbilisi, concluiu-se que a educação deveria, simultaneamente, preocupar-se com a sensibilização, a transmissão de informação, o desenvolvimento de hábitos e a promoção de valores, bem como o estabelecimento de critérios e orientações para a resolução de problemas. Nesta perspectiva, foram estabelecidas estratégias internacionais para ações no campo da educação e formação ambiental (Maia, 2002).

A Questão Ambiental no Brasil

Na década de 70 o Brasil estava em plena ditadura militar e havia um interesse desenvolvimentista que não contemplava a preocupação ambiental como prioridade. Ainda assim, em 1973, foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente), o primeiro órgão brasileiro de ação nacional voltado para o Meio Ambiente.

Em 1981, no Brasil, a Lei 6.938 instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Esta Lei situa a Educação Ambiental como um dos princípios que garantem “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. Estabelece ainda que a Educação Ambiental deve ser oferecida

em todos os níveis de ensino e em programas específicos direcionados para a comunidade. Visa, assim, à preparação de todo cidadão para uma participação na defesa do meio ambiente. Em 1986, é criado o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente); em 1988, é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, contendo um capítulo (VI) sobre meio ambiente e outros artigos afins; em 1989, a Lei 7.735 cria o IBAMA, com a finalidade de formular, coordenar e executar a Política Nacional de Meio Ambiente.

Num contexto de críticas ao desenvolvimento acelerado e à forma de exploração dos recursos ambientais, realiza-se no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – UNCED (ECO-92), com a participação de 170 países. A preocupação centrou-se nos problemas ambientais globais e nas questões do desenvolvimento sustentável. Como resultado da ECO-92, editaram-se vários documentos, dos quais destacamos:

A Agenda 21, que apresentou um plano de ação para um desenvolvimento sustentável dos vários países. De acordo com os preceitos desta agenda, deveria ser promovido, com a colaboração apropriada das organizações não governamentais, todo o tipo de programas de educação de adultos, de forma a incentivar uma educação permanente sobre meio ambiente e desenvolvimento, centrada nos problemas locais.

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, de caráter não oficial, celebrado por diversas organizações da sociedade civil, que reconhece a educação como um processo dinâmico em permanente construção. Ela deveria propiciar a reflexão, o debate e a sua própria capacidade de aperfeiçoamento. Reconhece ainda a Educação Ambiental como um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito por todas as formas de vida.

Na ECO-92 elaborou-se também a Carta Brasileira de Educação Ambiental, onde se estabelecem as recomendações para a capacitação de recursos humanos. Ainda em 1992, a Lei 8.490 transforma a Secretaria de Meio Ambiente em Ministério do Meio Ambiente.

Em cumprimento às recomendações da Agenda 21 e aos preceitos constitucionais, é aprovado no Brasil o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), em 1994, que prevê ações nos âmbitos de Educação Ambiental formal e não-formal. Na década de 1990, o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolvem diversas ações para consolidar a Educação Ambiental no Brasil. No MEC, são aprovados os novos “Parâmetros Curriculares” que incluem a Educação Ambiental como tema transversal em todas as disciplinas. Desenvolve-se, também, um programa de capitação de multiplicadores em Educação Ambiental em todo o país. O MMA cria a Coordenação de Educação Ambiental, que se prepara para desenvolver políticas nessa área no país e sistematizar as ações existentes. O IBAMA cria, consolida e capacita os Núcleos de Educação Ambiental (NEAs) nos estados, o que permite desenvolver Programas Integrados de Educação Ambiental para a Gestão. Várias organizações estaduais do meio ambiente (OEMAs) implantam programas de Educação Ambiental e os municípios criam as secretarias municipais de meio ambiente, as quais, entre outras funções, desenvolvem atividades de Educação Ambiental. Paralelamente, as ONGs têm desempenhado importante papel no processo de aprofundamento e expansão das ações de Educação Ambiental que se completam e, muitas vezes, impulsionam iniciativas governamentais. (Medina, 2008).

Em 1999, é promulgada a Lei nº 9.795, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, regulamentada pelo Decreto 4.281/2002. O decreto reafirma os principais pontos da Lei 9795/99, que definiu a educação ambiental como "uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal", não como disciplina específica no currículo de ensino, mas presente em todas as matérias. O decreto estende a obrigatoriedade da Educação Ambiental para uma variedade de instituições: instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e outros órgãos públicos (desde federais até municipais), envolvendo entidades não governamentais, de classe, meios de comunicação.

Assim, a partir dos pressupostos da Lei 9.795/99 entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do Meio Ambiente, bem de uso comum, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Nesta perspectiva, cabe ressaltar que uma proposta de Educação Ambiental dialógica e transformadora pressupõe escolhas. Ao negar a neutralidade da gestão ambiental e ao afirmar o caráter intrinsecamente conflituoso da sua prática, esta concepção só deixa uma alternativa ao educador: a de comprometer-se com aqueles segmentos da sociedade brasileira que, na disputa pelo controle dos bens ambientais do país, são sempre excluídos dos processos decisórios e ficam com o maior ônus. O compromisso e a competência do educador são requisitos indispensáveis para passar do discurso para a ação (Quintas, 2006).

Marcos Históricos

Segue um resumo dos principais marcos históricos da Educação Ambiental:

ANO MARCO REFERENCIAL DESCRIÇÃO

1962A jornalista Rachel Carson lança o livro Silent Spring (Primavera

Silenciosa)

Torna-se um clássico na história do movimento ambientalista, desencadeando uma grande inquietação internacional sobre a perda de qualidade de vida

1968 Clube de Roma

Um grupo de 30 especialistas de várias áreas (economistas, industriais, pedagogos, humanistas, etc.), liderados pelo industrial Arílio Peccei, passa a se reunir em Roma para discutir a crise atual e o futuro da humanidade.

1972 Conferência de Estocolmo

Representantes de 113 países participam da /Conferência da ONU sobre o Ambiente humano; atendendo à necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de orientação e inspiração à humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente humano.

1977Primeira Conferência

Intergovernamental sobre Educação Ambiental

Realizada em Tiblisi – Geórgia (ex-URSS, foi organizada pela UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Foi um prolongamento da Conferência das Nações Unidas sobre meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972). A Conferência de Tiblisi como foi consagrada – é o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado em 1975 pela UNESCO/PNUMA (Belgrado, 1975), com atividades celebradas na África, Estados Árabes, Ásia, Europa e América Latina. Considera-se, em nossos dias, o evento mais decisivo para os rumos da EA em todo mundo.

1984I Conferência sobre Meio Ambiente da Câmara de Comércio Internacional

Ocorreu em Versalhes, com o objetivo de estabelecer formas de colocar em prática o conceito de “desenvolvimento sustentado”.

1987Our Commom Future (Nosso

Futuro Comum)

Divulga-se o, relatório da Comissão Mundial ou Comissão de Brundtland, sobre meio ambiente e desenvolvimento

1988 Constituição da República Federativa do Brasil

É promulgada contendo um capítulo sobre Meio Ambiente e vários outros artigos afins. É

considerada, na atualidade, uma constituição de vanguarda em relação à questão ambiental.

1989 Lei 7.735 cria o IBAMA

Com a finalidade de formular, coordenar e executar a política ambiental do meio ambiente. Compete-lhes a preservação, conservação, fomento e controle dos recursos naturais renováveis em todo território federal; proteger bancos genéticos da flora e da fauna brasileira e estimular a Educação Ambiental nas suas diferentes formas.

1992ECO-92 (Conferência da ONU

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento- UNCED)

Realiza-se no Rio de Janeiro com a participação de 170 países, secretariado por Maurice Strong, o mesmo da Conferência de Estocolmo, 20 anos atrás. A Conferência de 92 apresenta como objetivos: examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois de Estocolmo; identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas referentes às principais questões ambientais; recomendar medidas a serem tomadas a níveis nacional e internacional referentes à proteção ambiental através da política de desenvolvimento sustentado; promover o aperfeiçoamento da legislação ambiental internacional; examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentado e de eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento, entre outros.

1997 Rio + 5

Com representantes de 170 países, trouxe como pontos principais de discussão a diversificação do movimento ambientalista brasileiro, a multiplicidade de atores sociais, a institucionalização da problemática ambiental no país, o aumento significativo da consciência ambiental da população e o movimento duplo de setores estratégicos e ações individuais e coletivas de porte.

1999

Lei No 9795 "Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação

Ambiental e dá outras providências."

Sancionada pelo presidente Fernando Henrique, em 27 de abril de 1999, reconheceu, enfim, a educação ambiental como um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo, formal e/ou não-formal, como orientam os Artigos 205 e 225 da Constituição Federal. A Política Nacional de Educação Ambiental é uma proposta programática de promoção da educação ambiental em todos os setores da sociedade. Diferente de outras Leis, não estabelece regras ou sanções, mas estabelece responsabilidades e obrigações. Ao definir responsabilidades e inserir na pauta dos diversos setores da sociedade, a Política Nacional de Educação Ambiental institucionaliza a educação ambiental, legaliza seus princípios, a transforma em objeto de políticas públicas, além de fornecer à sociedade um instrumento de cobrança para a promoção da educação ambiental.

2002 Rio + 10 Na cidade de Joanesburgo, África do Sul, foi

realizada a Conferência reunindo representantes de 190 países. Os principais objetivos da conferência foram: avaliar a primeira década da “Era Ambiental”; elaborar um documento com propostas mobilizadoras, reduzir as atividades que causam o aquecimento do globo terrestre. Porém os resultados não foram muito satisfatórios. As expectativas em relação aos grandes avanços foram frustradas, as propostas finais foram consideradas muito genéricas pelos ambientalistas de todo o mundo representando um retrocesso.

2002 Decreto 4.281 Regulamentou a Lei 9.795/99.

Documentos de Referência

http://www.vidagua.org.br/conteudo/38

Educ. Ambiental

O conceito de Educação Ambiental foi mudando e se aperfeiçoando ao longo do tempo.

Inicialmente relacionado a idéia de natureza e o modo de percebê-la, tem se acentuado a

necessidade de levar em conta os vários aspectos que interferem nas situações ambientais,

incorporando as dimensões socioeconômica, política, cultural e histórica de uma população. 

"É um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu

meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação

que os tornem aptos a agir - individual e coletivamente - e a resolver problemas ambientais,

presentes e futuros" (Dias, 1994,1995). 

O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto,

conforme a influência e vivência de cada um. Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se

em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais,

etc. Dentro deste enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista. 

Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um

equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de um futuro pensado e vivido

numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista). Neste contexto, a

Educação Ambiental é ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de

ser polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio

"desenvolvimento" causador de tantos danos sócio-ambientais). 

Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que se trata de uma

prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma Educação

Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela dicotomia

existente entre "desenvolvimento e sustentabilidade". 

Na tentativa de fazer uma análise sobre os conceitos desta prática, colocamos à disposição

diferentes definições para a Educação Ambiental, a fim de perceber este conceito de forma

mais abrangente e contextual. Para perceber a abrangência e o significado da Educação

Ambiental é preciso uma forma de pensar mais complexa – da teoria moriniana. Só assim será

possível a evolução deste conceito ao seu amplo significado. 

Algumas definições de Educação Ambiental 

- Na I Conferência Intergovernamental sobre educação ambiental - Tbilisi, Georgia (ex URSS) a

Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da

Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de

enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da

coletividade. 

- A definição oficial de educação ambiental, do Ministério do Meio Ambiente: "Educação

ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam

consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,

experiências e determinação que os tornam aptos a agir - individual e coletivamente - e

resolver problemas ambientais presentes e futuros".

- De acordo com o conceito de educação ambiental definido pela comissão interministerial na

preparação da ECO-92, "a educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões

sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de

aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios de cada país, região e

comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir

a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência

entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os

recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro." ( in

Leão & Silva,1995). 

- O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) define a Educação Ambiental como um

processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência critica

sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na

preservação do equilíbrio ambiental.

- A Lei Federal nº 9.795 define a Educação Ambiental como "o processo por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade" (art.1º, Lei Federal nº 9.795, de

27/4/99)

- "A educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade

tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades,

experiências, valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou

coletivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros

(UNESCO, 1987)".

- Na conferência de Estocolmo em 1972 "A finalidade da educação ambiental é formar uma

população mundial consciente e preocupada com o ambiente e problemas com ele

relacionados, e que possua os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a motivação e o

compromisso para colaborar individual e coletivamente na resolução de problemas atuais e na

prevenção de problemas futuros" (UNESCO, 1976, p.2).

Links: 

www.apoema.com.br 

www.aultimaarcadenoe.com.br 

www.prea.org.br

www.repea.org.br 

www.revistaea.org 

www.mma.gov.br 

www.criancaecologica.sp.gov.br 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade

Sustentabilidade é a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por

algo ou alguém. É uma característica ou condição de um processo ou de umsistema que

permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.1 Ultimamente este

conceito tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação

de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das

gerações futuras, e que precisou do vínculo da sustentabilidade no longo prazo, um "longo

prazo" de termo indefinido, em princípio.2

Sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade do ser humano interagir com o

mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das

gerações futuras. É um conceito que gerou dois programas nacionais no Brasil. O Conceito de

Sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas

podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as Questões Sociais, Energéticas,

Econômicas e Ambientais.

Com a finalidade de preservar o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais

das gerações futuras, foram criados dois programas nacionais: o Procel (eletricidade) e o

Conpet.

• Questão Social: Sem considerar a questão social, não há sustentabilidade. Em primeiro lugar

é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. E do ponto de vista

do ser humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente.

• Questão Energética: Sem considerar a questão energética, não há sustentabilidade. Sem

energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, as condições de

vida das populações se deterioram.

• Questão Ambiental: Sem considerar a questão ambiental, não há sustentabilidade. Com o

meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia não se

desenvolve; o futuro fica insustentável.

O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a uma pequena

comunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que um empreendimento

humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:

ecologicamente correto

economicamente viável

socialmente justo

culturalmente diverso

Área exterior do projeto sustentável Biosfera 2, noArizona, Estados Unidos

Índice

  [esconder]

1   Definição

2   Conceitos correlatos

3   Diluição do conceito

4   Referências

5   Ligações externas

6   Ver também

Definição

O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar;

conservar, cuidar). Segundo oRelatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos

naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das

gerações futuras de suprir as suas".

O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment -

UNCHE), realizada na suécia, na cidade de Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, a primeira

conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a primeira grande reunião

internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente. A Conferência

de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais em nível internacional,3 chamando a

atenção internacional especialmente para questões relacionadas com a degradação

ambiental e a poluição que não se limita às fronteiras políticas, mas afeta países, regiões e

povos, localizados muito além do seu ponto de origem. A Declaração de Estocolmo, que se

traduziu em um Plano de Ação,4 define princípios de preservação e melhoria do ambiente

natural, destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a comunidades e

países mais pobres. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse

usada, a declaração, no seu item 6, já abordava a necessidade imper "defender e melhorar o

ambiente humano para as atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser alcançado juntamente

com a paz e o desenvolvimento econômico e social.

A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -, realizada

em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. A mais

importante conquista da Conferência foi colocar esses dois termos, meio

ambiente e desenvolvimento, juntos - concretizando a possibilidade apenas esboçada na

Conferência de Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso do conceito de desenvolvimento

sustentável, defendido, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Comissão Brundtland). O conceito de desenvolvimento sustentável -

entendido como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias

necessidades - foi concebido de modo a conciliar as reivindicações dos defensores do

desenvolvimento econômico como as preocupações de setores interessados na conservação

dos ecossistemas e da biodiversidade.5 6 Outra importante conquista da Conferência foi

a Agenda 21, um amplo e abrangente programa de ação, visando a sustentabilidade global

no século XXI.7

Em 2002, a Cimeira (ou Cúpula) da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável

de Joanesburgo reafirmou os compromissos da Agenda 21, propondo a maior integração das

três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) através de

programas e políticas centrados nas questões sociais e, particularmente, nos sistemas de

proteção social.8

Conceitos correlatos

"Sustentável" significa apto ou passível de sustentação, já "sustentado" é aquilo que já tem

garantida a sustentação. É defendido que "sustentado" já carrega em si um prazo de validade,

no sentido de que não se imagina o que quer que seja, no domínio do universo físico, que

apresente sustentação perpétua (ad aeternu), de modo que, no rigor, "sustentado" deve ser

acompanhado sempre do prazo ao qual se refere, sob risco de imprecisão ou falsidade,

acidental ou intencional. Tal rigor é especialmente importante nos casos das políticas

ambientais ou sociais, sujeitos a vieses de interesses divergentes.

Crescimento sustentado refere-se a um ciclo de crescimento econômico constante e

duradouro, porque assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Dito de outra

maneira, é uma situação em que a produção cresce, em termos reais, isto é, descontada

a inflação, por um período relativamente longo.

Gestão sustentável é a capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país,

através de processos que valorizam e recuperam todas as formas de capital, humano, natural e

financeiro.

A sustentabilidade comunitária é uma aplicação do conceito de sustentabilidade no nível

comunitário. Diz respeito aos conhecimentos, técnicas e recursos que uma comunidade utiliza

para manter sua existência tanto no presente quanto no futuro. Este é um conceito chave para

as ecovilas ou comunidades intencionais. Diversas estratégias podem ser usadas pelas

comunidades para manter ou ampliar seu grau de sustentabilidade, o qual pode ser avaliado

através da ASC (Avaliação de Sustentabilidade Comunitária)9.

Sustentabilidade como parte da estratégia das organizações. O conceito de

sustentabilidade está intimamente relacionado com o da responsabilidade social das

organizações. Além disso, a ideia de "sustentabilidade" adquire contornos de vantagem

competitiva. Isto permitiu a expansão de alguns mercados, nomeadamente o da energia, com o

surgimento das energias renováveis. Segundo Michael Porter, "normalmente as companhias

têm uma estratégia económica e um estratégia de responsabilidade social, e o que elas devem

ter é uma estratégia só". Uma consciência sustentável, por parte das organizações, pode

significar uma vantagem competitiva, se for encarada integrar uma estratégia única da

organização, tal como defende Porter, e não como algo que concorre, à parte, com "a"

estratégia da organização, apenas como parte da política de imagem ou de comunicação. A

ideia da sustentabilidade, como estratégia de aquisição de vantagem competitiva, por parte das

empresas, é refletida, de uma forma expressamente declarada, na elaboração do que as

empresas classificam como "Relatório de Sustentabilidade".

Investimento socialmente responsável. Investir de uma forma ética e sustentável é a base

do chamado ISR (ou SRI, do inglês Socially responsible investing). Em 2005, oSecretário Geral

das Nações Unidas, Kofi Annan, em articulação com a Iniciativa Financeira

do PNUMA (PNUMA-FI ou, em inglês, UNEP-FI)10 e o Pacto Global das Nações Unidas (UN

Global Compact), convidou um grupo de vinte grandes investidores institucionais de doze

países para elaborar os Princípios do Investimento Responsável. O trabalho contou também

com o apoio de um grupo de 70 especialistas do setor financeiro, de organizações multilaterais

e governamentais, da sociedade civil e da academia. Os princípios da PNUMA-FI foram

lançados na Bolsa de Nova York, em abril de 2006. Atualmente a PNUMA-FI trabalha com

cerca de 200 instituições financeiras, signatárias desses princípios, e com um grande número

de organizações parceiras, visando desenvolver e promover as conexões entre

sustentabilidade e desempenho financeiro. Através de redes peer-to-peer, pesquisa e

treinamento, a PNUMA-FI procura identificar e promover a adoção das melhores práticas

ambientais e de sustentabilidade em todos os níveis, nas operações das instituições

financeiras.11

Diluição do conceito

O uso do termo "sustentabilidade" difundiu-se rapidamente, incorporando-se ao

vocabulário politicamente correto das empresas, dos meios de comunicação de massa, das

organizações da sociedade civil, a ponto de se tornar quase uma unanimidade global. Por outro

lado, a abordagem do combate às causas da insustentabilidade parece não avançar no mesmo

ritmo, ainda que possa estimular a produção de previsões mais ou menos catastróficas acerca

do futuro e aquecer os debates sobre propostas de soluções eventualmente conflitantes. De

todo modo, assim como acontecia antes de 1987, o desenvolvimento dos países continua a ter

como principal indicador, o crescimento econômico, traduzido como crescimento

da produção ou, se olhado pelo avesso, como crescimento (preponderantemente não

sustentável) da exploração de recursos naturais. As políticas públicas, bem como a ação

efetiva dos governos, ainda se norteia basicamente pela crença na possibilidade do

crescimento econômico perpétuo e essa crença predomina largamente sobre a tese oposta,

o decrescimento econômico, cujas bases foram lançadas no início dos anos 1970, por Nicholas

Georgescu-Roegen.12 Segundo Amartya Sen,Prêmio Nobel de Economia 1998: "Não houve

mudança significativa no entendimento dos determinantes do progresso, da prosperidade ou do

desenvolvimento. Continuam a ser vistos como resultado direto do desempenho econômico."13

Referências

Notas

1. ↑  sustain  (em inglês). http://dictionary.reference.com . Página visitada em 13/05/2012.

2. ↑  Sustentabilidade . suapesquisa.com. Página visitada em 13/05/2012.

3. ↑  Declaration of the United Nations Conference on the Human Environment 

4. ↑  Stockholm 1972 - Report of the United Nations Conference on the Human Environment 

5. ↑  Report of the United Nations Conference on Environment and Development. Rio de Janeiro, 3-14 June 1992.

Annex I - Rio Declaration on Environment and Development 

6. ↑  United Nations Conference on Environment and Development (UNCED), Rio de Janeiro, Brazil.  The Encyclopedia

of Earth

7. ↑  UNCED - United Nations Conference on Environment and Development 

8. ↑  Report of the World Summit on Sustainable Development. Johannesburg, South Africa, 26 August- 4 September

2002 

9. ↑  Avaliação de Sustentabilidade Comunitária 

10. ↑  United Nations Environment Programme Finance Initiative 

11. ↑  Declaração Internacional das Instituições Financeiras sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 

12. ↑  "Sustentabilidade equivocada - gerações futuras e o discurso de hoje" , por José Eli da Veiga. Folha de São Paulo,

5 de setembro de 2010.

13. ↑  Desenvolvimento como Liberdade  Companhia das Letras, 2000, apud José Eli da Veiga.

Bibliografia

ALLEN, P. (Editor). Food for the Future: Conditions and Contradictions of Sustainability. Paperback,

1993. ISBN 0-471-58082-1

Desenvolvimento sustentável e perspectiva de genero  

Desenvolvimento sustentável microrregional. Metodos para planejamento local  

HARGROVES, K. & SMITH, M. (Editors). The Natural Advantage of Nations: Business

Opportunities, Innovation and Governance in the 21st Century. Hardback: Earthscan/James&James,

2005. ISBN 1-84407-121-9

Questões para o desenvolvimento sustentável  

YOUNG, Lincoln & HAMSHIRE, Jonathon. Promoting Practical Sustainability. Canberra

(Australia): Australian Agency for International Development (AusAID) (2000 and reprints) ISBN 0 642

45058 7.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_de_Brundtland

Relatório BrundtlandOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Redirecionado de Relatório de Brundtland)

Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future),

publicado em 1987. Neste documento o desenvolvimento sustentável é concebido como:

o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

O Relatório, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, faz parte

de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo

de desenvolvimento adoptado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em

desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar

a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade

entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes.

No início da década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. Indicada pela

entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão Mundial

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. O documento final desses

estudos chamou-se Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland.

Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às

suas necessidades”.

Fica muito claro, nessa nova visão das relações homem-meio ambiente, que não existe apenas um

limite mínimo para o bem-estar da sociedade; há também um limite máximo para a utilização dos

recursos naturais, de modo que sejam preservados.1

Índice

[esconder]

1 Contexto histórico

2 Medidas propostas

3 Ver também

4 Referências

5 Ligações externas

Contexto histórico[editar]

O Clube de Roma, fundado em Abril de 1968 é um think tank composto por várias

personalidades de relevo mundial, que se juntaram para debater assuntos relacionados com

ambiente, política internacional e económica.

O relatório "The Limits to Growth

Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, and William W. Behrens III. O relatório foi

efectuado por uma equipa do MIT

Roma.

A Conferência de Estocolmo sobre o Ambiente Humano das Nações Unidas

primeira Cimeira da Terra,e onde ocorreu pela primeira vez a nível mundial preocupação com as

questões ambientais globais.2

O Relatório O Nosso Futuro Comum

Medidas propostas[editar]

Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas devem ser tomadas pelos

países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas:

limitação do crescimento populacional;

garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;

preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes

energéticas renováveis;

aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias

ecologicamente adaptadas;

controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;

atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

Em âmbito internacional, as metas propostas são:

adopção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento

(órgãos e instituições internacionais de financiamento);

protecção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antárctica, oceanos, etc, pela comunidade

internacional;

banimento das guerras;

implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações

Unidas (ONU).

O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser assimilado pelas lideranças de uma empresa

como uma nova forma de produzir sem degradar o meio ambiente, estendendo essa cultura a todos

os níveis da organização, para que seja formalizado um processo de identificação do impacto da

produção da empresa no meio ambiente e resulte na execução de um projecto que alie produção e

preservação ambiental, com uso de tecnologia adaptada a esse preceito.

Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de

desenvolvimento sustentável são:

uso de novos materiais na construção;

reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;

aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a

geotérmica;

reciclagem de materiais reaproveitáveis;

consumo racional de água e de alimentos;

redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.

O actual modelo de crescimento económico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca

houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e

a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge a ideia do Desenvolvimento

Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento económico com a preservação ambiental e,

ainda, ao fim da pobreza no mundo.Assim como mencionado Sustentabilidade em tendo um alto

desenvolvimento ao decorrer dos anos através de suas hierarquias.

Ver também[editar]

Desenvolvimento sustentável

Sustentabilidade

Referências

1. ↑  Ambiente Brasil   » Conteúdo   » Gestão   » Artigos   » Desenvolvimento Sustentável .

ambientes.ambientebrasil.com.br. Página visitada em 30 de Dezembro de 2010.

2. ↑  Earth_Summit. www.un.org. Página visitada em 30 de Dezembro de 2010.

Ligações externas[editar]

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.   Nosso futuro comum 2ª ed. Rio de

Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991

http://www.cenedcursos.com.br/efeitos-dos-problemas-ambientais-na-sociedade-e-populacao.html

Efeitos dos problemas ambientais na sociedade e populaçãoEscrito por Laura Tavares Henrique.

1. INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem por objetivo abordar, de forma sucinta, as tendências na análise da

população mundial em relação as questões ambientais, numa perspectiva interdisciplinar, como

o próprio assunto já incita, pelas diversas facetas apresentadas pelos problemas de ordem

ambiental. Primeiramente, a visão neomalthusiana será trazida à tona como instrumento pouco

eficiente de análise do crescimento populacional. Em seguida, a responsabilidade quanto aos

problemas ambientais será objeto de análise a partir de suas diferenças. É preciso também

abordar o modelo de desenvolvimento baseado na modernização, que acarreta em

desigualdades profundas na sociedade. Por fim, a participação política crescente nas questões

ambientais é vislumbrado, a fim de que se verifique as pressões da sociedade organizada na

regulação das decisões e atividades de ordem ambiental.

 

2. EFEITOS DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NA SOCIEDADE E POPULAÇÃO

 

2.1. Visão Neomalthusiana do Crescimento Populacional

 

A questão ambiental vem sendo discutida de maneira interdisciplinar, nos últimos anos. Assim,

ao se tratar de população, não se pode deixar de trazer à tona a abordagem da teoria

populacional neomalthusiana[1], que estabelece uma relação direta entre crescimento

demográfico e pressão sobre recursos naturais. Essa abordagem demográfica aponta para a

urgência de um controle populacional através da formulação de políticas públicas nesse

sentido. Isso porque, na visão desses teóricos, o tamanho e crescimento populacional são

fatores determinantes para o equilíbrio ambiental.

A teoria neomalthusiana, no entanto, apresenta algumas limitações quando o assunto é meio

ambiente, pois demonstra ter uma visão muito simplista, envolvendo poucas variáveis quando

toca o problema dos efeitos do crescimento e desenvolvimento econômico sobre o meio

ambiente. Os padrões de produção e consumo no qual a teoria neomalthusiana se funda, não

são por ela discutidos apesar de serem demasiado agressivos ao meio ambiente, haja vista a

poluição e a devastação causadas. Apenas a perspectiva demográfica é considerada, ou seja,

o ponto de partida para se analisar os problemas econômicos, sociais e ambientais é o

crescimento descontrolado populacional. Assim, a proposta de solucionar os problemas

ambientais se reduziria, simplesmente, a um controle do crescimento populacional dos países

pobres, melhor dizendo, a redução dessas populações.

A questão ambiental, contudo, é mais complexa e interdisciplinar que a mera visão demográfica

da corrente neomalthusiana. A perspectiva populacional em consonância com os problemas

ambientais é tratado por Martine (1993a) que propõe uma análise diferente da acima exposta.

Segundo ela, as quedas de fecundidade já são consideráveis na população mundial, salvo

algumas exceções. Entretanto, o fator inercial da dinâmica geográfica não permite que os

reflexos sejam percebidos de imediato no ritmo de crescimento populacional. As percepções se

darão em longo prazo, pois a estrutura populacional está definida no curto prazo, a menos que

fatores externos de grande proporção alterem essas previsões como grandes guerras,

pandemias ou catástrofes naturais de escala global.

O fator desenvolvimento ainda está presente na análise da população mundial de Martine

(1993a), pois a explicação para a redução dos níveis de fecundidade está na modernização e

desenvolvimento dos países que já obtiveram sucesso nesses índices. Porém, destaca-se a

importância do desenvolvimento para a redução acelerada e expressiva do crescimento

populacional, e não do controle populacional. Assim, o cerne da relação entre meio ambiente e

população está na adoção de modelos de desenvolvimento e teconologia que se adeqüem a

problemas ambientais como escassez de recursos, poluição, mudanças climáticas, ocupações

do solo, dentre outros.

2.2. Diferentes graus de responsabilidades frente aos problemas ambientais

O binômio “crescimento populacional” e “pressão sobre recursos” é constantemente ressaltado

na discussão sobre os problemas ambientais em relação à população. Com o novo quadro que

se apresenta mundialmente, de diminuição das taxas de crescimento populacional, o debate

tem envolvido uma nova questão: a concentração populacional em dadas regiões, pode levar a

problemas de sustentabilidade nesses locais. Para reforçar essa afirmação, tem-se Martine

(1993) que apresenta a idéia de que a preocupação populacional brasileira, está em relação

aos espaços urbanos já ocupados e construídos. A relação entre população, meio ambiente e

desenvolvimento no Brasil deve atentar-se principalmente para esse nicho urbano, e não

especialmente para os espaços naturais ou intocados, como se pode presumir. A contribuição

brasileira para os problemas ambientais, estaria então, nas suas áreas de adensamento

demográfico, no seu espaço urbano.

Os problemas ambientais podem ser diferenciados em dois tipos, interligados porém distintos.:

os problemas ambientais globais e os problemas ambientais regionais ou locais. Os primeiros,

para Martine (1993) seriam a perda de biodiversidade, o efeito estufa, os danos à camada de

ozônio, dentre outros que repercutem no mundo como um todo. Os problemas regionais

estariam fortemente ligados ao desenvolvimento e à pobreza de alguns países, pois seriam

exemplificados pela falta de saneamento básico, condições inapropriadas de habitação, etc. Os

problemas regionais ainda estariam vinculados ao esgotamento de alguns recursos naturais

como água, solo, fontes de combustíveis, etc. Assim, seria possível dizer que a

responsabilidade dos países frente a esses problemas varia de acordo com as condições

econômicas de cada país.

Apesar de não poder ser delimitada de forma rígida o grau de responsabilidade dos países em

relação a determinados problemas, pois o critério para essa análises levaria a polêmicas

discussões interdisciplinares, a grosso modo, pode-se dizer que os países industrializados,

devido ao modelo de produção e consumo adotados ao longo da história, teriam maior peso

nos problemas ambientais globais. Os países menos industrializados teriam um peso maior

sobre problemas ambientais como desertificação, desmatamento, dentre outros que envolvem

um modelo de produção e consumo mais tardios que dos países em desenvolvimento.

 

O discurso neomalthusiano seria mais interessante para os países industrializados ou

desenvolvidos, pois envolveria uma carga maior de responsabilidade nos problemas ambientais

para os países em desenvolvimento, pois são eles que apresentam problemas de crescimento

demográfico. Esse discurso  "lhes evita ter que fazer um exame crítico da

civilização industrial ou da sua responsabilidade na degradação ambiental global". (MARTINE,

1993, p.10). A responsabilidade desses países em desenvolvimento frente aos problemas

ambientais está ligada ao crescimento demográfico e à pobreza, porém não resumem a única

explicação para os demais problemas eu não sejam desmatamento, escassez de recursos com

água, enchentes e desertificação.

Apesar de o crescimento populacional ser um fator importante na análise dos problemas

ambientais, não se pode descartar a relevância dos padrões de produção e consumo que

caracterizam os séculos XIX, XX e por enquanto, também o XXI. A projeção de futuro, todavia,

deve tomar novos padrões, como vê-se:

a trajetória futura da problemática ambiental mundial dependerá

basicamente da evolução de dois fatores: a) do grau de incorporação

de países atualmente subdesenvolvidos aos padrões de produção e

consumo que prevalecem nas sociedades industrializadas; b) do ritmo

de desenvolvimento e adoção de tecnologias que permitam padrões de

produção e consumo mais condizentes com o bem-estar ambiental,

tanto nos países atualmente desenvolvidos, como naqueles que

deverão se desenvolver durante o intervalo. (MARTINE, 1993, p.25)

2.3. Modernização: um modelo predatório e desigual

A modernização defendida pelo sistema capitalista é alvo de críticas dos ambientalistas, desde

o começo dos debates ambientalistas na década de 60. Entende-se por modernização, a

expansão de capital através de crescimento econômico e implantação de indústrias sem a

recente noção de “sustentabilidade”, ou seja, sem que haja uma preocupação voltada para o

desenvolvimento de técnicas que não agridam o meio ambiente e a sociedade de forma

irreversível. A modernização sem sustentabilidade, implica na exploração dos recursos naturais

até seu esgotamento, o que pode acarretar em um agravamento das diferenças sociais.

A título de exemplo, toma-se os setores produtivos de bens intermediários no Brasil, como

propõe Torres (1993). Especificamente a exploração de minerais não metálicos, a metalurgia, a

industria de papel e celulose e química, apresentaram estruturas produtivas de maior

crescimento nos últimos 10 anos, e conseqüentemente, maiores índices de poluição e

demanda de recursos naturais. Essas industrias ainda apresentam o perfil de se instalarem em

grandes centros urbanos, o que gera um maior número de impactos no meio ambiente.

A análise do caso do pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia é realizada por Franco et al

(1994). Resultado de todo um processo de expansão industrial que privilegiou e incentivou a

implantação de indústrias poluentes e de alto risco no país, Camaçari é um caso que permite a

percepção de que modernização e desenvolvimento tecnológico não implicam,

necessariamente, em melhoria de qualidade de vida. Franco et al (1994) esclarece que a

conduta das atividades industriais de Camaçari até então, não abarcavam a preocupação com

saúde e segurança dos trabalhadores ou impactos ambientais ocasionados por sua atividade.

Daí extrai-se a defesa do argumento de que existe uma apropriação privada dos lucros, por

parte dessas empresas que não se atentaram para questões ambientais e sociais, e uma

socialização dos custos, que por sua vez correspondem em um aumento dos encargos no

sistema de saúde e seguridade, e ainda em investimentos para recuperação dos recursos

naturais prejudicados. Os efeitos da modernização são sentidos pelos trabalhadores mais

diretamente envolvidos na produção, quais sejam: a poluição, degradação ambiental e

prejuízos à saúde.

2.4. Papel regulador da sociedade organizada: Participação Política

A questão ambiental mobiliza agentes sociais que foram chamados por alguns autores como

“terceiro setor”, pois contam com a participação da sociedade organizada e de organizações

não governamentais, como fontes de pressão sobre as decisões políticas nesse sentido. Esses

elementos sociais e seus respectivos movimentos possuem um papel cada vez maior na

tomada de decisão das instancias governamentais (nas esferas legislativas, executivas e

judiciais), que podem auxiliar no alcance do objetivo final que é a diminuição de situações que

geram degradação ambiental.

Essa dinâmica política da sociedade civil que defende o movimento ambiental pode ser

percebida mais intensamente nos países industrializados, em geral, pelas próprias estruturas

políticas e sociais que apresentam, de viés mais democráticos[2]. Nesses países, a opinião

desses setores tem sido marcada pela criação de leis ambientais reforçadas e limites nos

processos produtivos de seus respectivos países, como é o caso da Suíça e da França. Os

partidos verdes já possuem uma certa tradição em países europeus, com eleitorado fiel, apesar

da demanda pela questão ambiental ser relativamente recente na política mundial.

Entretanto, vê-se uma situação distinta no Brasil, como pode-se perceber pela análise de

Hogan (1993) acerca da composição sócio-demográfica de Cubatão. A conclusão do autor é de

que não houve mobilização da população da cidade para evitar o agravamento da situação

ambiental devido, entre outros elementos, às próprias características dessa população. Hogan

(1993) deixa claro seu argumento de que há uma relação direta entre a organização das

camadas médias urbanas e sua sensibilidade às questões ambientais. Embora não se possa

negar que as camadas de renda mais elevada possuem maior capacidade de organização e,

em virtude disso, maior pressão sobre as decisões políticas. Isso já não é tão simples para as

camadas médias, que apesar de seu potencial de organização para reivindicação, não garante

que, hajam organização e mobilização política efetivas.

Na obra de Franco et all (1994), tem-se uma visão que defende a organização democrática

como forma de regular os efeitos negativos sobre o meio ambiente:

Os diferentes graus de risco deste tipo de indústria (química e

petroquímica) em cada país e/ou região são determinados,

essencialmente, por escolhas de práticas de gestão da produção e do

trabalho, que resultam em relações de forças políticas em cada

momento e lugar. Estas são expressas nas políticas públicas, nas

práticas fiscalizatórias e na mobilização da sociedade civil, através das

lutas travadas pelos sindicatos, organizações não governamentais e

instituições públicas e privadas. (FRANCO et al., 1994, p.69)

 

O processo de redistribuição das indústrias pelo mundo pode ser interpretado como resultado

da elaboração e implementação de leis ambientais mais rigorosas nos países industrializados.

Fatores como a diminuição de custos com mão de obra e matéria prima, incentivos fiscais

oferecidos pelos governos dos países em desenvolvimento e a possibilidade de uma legislação

ambiental "mais flexível" têm atraído investimentos das indústrias transnacionais.

As questões ambientais têm sido negligenciadas por vários países em desenvolvimento,

mesmo podendo ter repercussões no médio e longo prazo. A preferência política desses países

tem sido voltada para a possibilidade de crescimento econômico (representado principalmente

pela criação de empregos) oferecidas por essas indústrias transnacionais. A força dos

movimentos iniciados pelos sindicatos é significativa nessa situação crítica de crise de

empregos, embora esses não coloquem em pauta em suas negociações as condições de

segurança dos trabalhadores.

Os discursos de defesa às questões ambientais nem sempre são acompanhados de políticas

que ponham em prática tais argumentos. A saúde da população, por exemplo, não é mais

importante nas decisões de instalações de industrias nesses países do que os incentivos

fiscais por eles propostos. Como atenta alguns estudiosos,

bastante afinado com certos organismos internacionais imputam os

problemas de meio ambiente e de saúde nos países de terceiro mundo

exclusivamente à questão do crescimento da população e seus

atributos de pobreza e educação. (FRANCO et al., 1995, p.135)

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, o esforço foi voltado para uma abordagem da questão ambiental, mais ampla e

interdisciplinar, voltando os olhos para uma discussão reflexiva acerca dos efeitos dos

problemas ambientais na sociedade e população mundial. A qualidade de vida da população

mundial está intrinsecamente ligada às soluções a problemas que atingem a todos, como as

mudanças climáticas, a poluição, o aumento dos níveis dos oceanos, as catástrofes

ambientais, dentre outros. À medida que problemas regionais como o saneamento básico e

fornecimento de recursos às populações como água e energia elétrica, forem solucionados em

cada país, haverá uma redução dos problemas ambientais causados pela poluição

generalizada. Os centros urbanos, objeto de maior preocupação no que tange aos problemas

ambientais populacionais, precisam ser reestruturados a partir de um novo conceito de

desenvolvimento que abandone os padrões de produção e consumo adotados até então,

embora essa sentença também seja válida para as regiões menos povoadas do globo.

 

Autora: Laura Tavares Henrique

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMO, R.L. (1993) O Conceito de qualidade de vida: uma primeira abordagem.

IFCH/UNICAMP. Campinas.

DRUCK, G.; FRANCO, A.; BORGES, A.; FRANCO, T. (1994) "Mudanças na gestão,

precarização do trabalho e riscos industriais". Salvador, Revista Caderno CRH, UFBA, n.21,

PP.68-87.

FRANCO, T. (1993) "Trabalho industrial e meio ambiente: a experiência do complexo industrial

de Camaçari" In: MARTINE, G. (org.) População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades

e contradições. Campinas, Ed. da UNICAMP, pp.69-100.

FRANCO, T.; REGO, M.; PEREIRA, R.; FRANCO, A.; BORGES, A.; DRUCK, G.; (1994)

"Riscos industriais: de desafio a instrumento de opressão dos povos". Salvador, Revista

Caderno CRH, UFBA, n.20, pp.127-144.

HOGAN, D.J. (1993) "População, pobreza e poluição em Cubatão" In: MARTINE, G. (org.)

População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e contradições. Campinas, Ed. da

UNICAMP.

MARTINE, G. (1993a) "A demografia na questão ecológica: falácias e dilemas reais" In:

MARTINE, G. (org.) População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e contradições.

Campinas, Ed. da UNICAMP, pp. 9-19.

MARTINE, G. (1993b) "População, meio ambiente e desenvolvimento: o cenário global e

nacional" In: MARTINE, G. (org.) População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e

contradições. Campinas, Ed. da UNICAMP, pp. 21-41.

TORRES, H.G. (1993) "Indústrias sujas e intensivas em recursos naturais: importância

crescente no cenário industrial brasileiro" In: MARTINE, G. (org.) População, meio ambiente e

desenvolvimento: verdades e contradições. Campinas, Ed. da UNICAMP, pp.43-67.

[1] A teoria populacional neomalthusiana corresponde a uma revisão da proposta de Malthus

(1766 – 1834), economista inglês criador da corrente da demografia dentro das Ciências

Econômicas. Para os neomalthusianos, há uma relação direta entre o subdesenvolvimento e o

crescimento populacional, ou seja, a superpopulação era o fator determinante da pobreza dos

países, pois eleva gastos com serviços públicos oferecidos pelo Estado, reduzindo os

investimentos em setores produtivos. Essa idéia é baseada no pressuposto de que a

superpopulação levaria a um esgotamento dos recursos naturais e, conseqüentemente, à

pobreza.

[2] O termo “democrático” é aqui colocado, no sentido de estruturas políticas que permitem a

livre organização social e política, e expressão das opiniões de seus cidadãos.

http://www.florestalrecicla.com/2011/05/qual-origem-dos-problemas-ambientais.html

QUAL A ORIGEM DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS?

 

 

Você já se deu conta que existem diversas concepções para identificar as causas dos

problemas ambientais? Poderíamos questionar: Para que buscar estas causas? Os problemas

com o meio ambiente estão a nossa vista e devemos atuar no sentido de solucionarmos ou

minimizá-los. Algumas pessoas acreditam que buscar as causas que geram estes problemas

seria demandar tempo, tempo este que poderia ser utilizado de forma objetiva.

Esta pode ser a opinião de muitos, principalmente quando nos detemos superficialmente sobre

um assunto, entretanto devemos atentar para o fato de que apenas conhecendo as causas é

que podemos buscar meios eficientes para resolvê-los. Diagnosticar o problema é uma etapa,

mas para se usar o medicamento ou antídoto correto tem-se que saber a causa.

Vamos simular que estamos de posse de uma lente de aumento e de posse deste instrumento

vamos identificar três diferentes concepções sobre as causas da crise ambiental. A primeira

delas considera que os problemas ambientais se intensificaram a partir do modelo industrialista

de desenvolvimento, caracterizado por alto consumo de matérias primas, energia e água. Claro

que este modelo se assenta nas conquistas científicas tradicionalmente pautadas numa lógica

cartesiana em que valoriza-se o conhecimento especializado e a visão linear dos processos:

retira-se matéria prima do meio ambiente, transforma-a, repassa-se ao consumidor a utiliza e

os resíduos da produção e do consumo são descartados diretamente no ambiente.

Nesta concepção, a solução ou mitigação dos problemas ambientais se encontram no emprego

de tecnologias limpas ou ecotecnologias; deve-se incentivar o reaproveitamento dos produtos,

ou, reciclá-los, de modo que o resultado do processo industrial seja a mínima geração de

resíduos. A partir do advento do desenvolvimento sustentável se insere a concepção de ciclo

de vida de um produto, e a visão cíclica dos processos é inserida na cadeia produtiva.

Educação ambiental nesta concepção é educação para saber reciclar, reutilizar, economizar no

uso da água e da energia, por exemplo, e propõe-se repensar o consumo, mas é admissível

que o repensar seja superficial, precisa-se manter as indústrias aquecidas produzindo sempre

mais, agora com mais cuidado quanto à exploração dos recursos naturais e com o destino

dado os rejeitos.

Fechando um pouco mais o foco da lente veremos uma segunda concepção que alia problema

ambiental com sistema político adotado. As causas seriam o capitalismo que na lógica do lucro

deseja transformar tudo em riquezas a serem usufruídas por poucos, segundo Foladori (2001)

O capital “inaugura, pela primeira vez na história da humanidade, um sistema de produção,

cujo objetivo não é a satisfação direta das necessidades, mas a obtenção do lucro”. Este

sistema responde pela desigualdade acentuada na distribuição da riqueza, 80% da população

mundial, detém 20% do capital que circula no mundo, enquanto 80% da riqueza encontra-se

nas mãos de 20% da população. Nesta concepção unicamente promovendo melhor distribuição

derenda, permitindo acesso da população à saúde, educação, moradia, lazer, incluindo

consciência política, o indivíduo agiria em seu meio com mais responsabilidade. Entretanto os

dois sistemas têm base na produção industrial intensiva no uso de recursos e de energia,

ambientalmente seriam degradadores.

Fechando mais o foco vamos encontrar a terceira vertente que situa as causas dos problemas

ambientais, no campo dos valores humanos. A preponderância das atitudes autoafirmativas,

tendo seu maior representante o sistema patriarcal, responderiam pelas nossas ações em

relação ao meio que nos cerca, incluindo nossos semelhantes. No entendimento de Fritjof

Capra (1982, p. 27), as atitudes decorrentes do sistema patriarcal são os gestores da

degradação ambiental como um todo. Este sistema (que está instalado há, pelo menos, três mil

anos) caracteriza-se pelo domínio, pela força, pressão direta, ou pressões mais sutis, como o

ritual, a tradição, lei e linguagem, costumes, etiqueta, educação que são impostos ao ser mais

fraco.

Os contrapontos a este sistema, tão arraigado em nossa sociedade, são os movimentos

feministas, os de valorização da diversidade, de acolhimento ao diferente. Nesta concepção

educação ambiental seria educação em valores humanos, mudança profunda nas nossas

crenças, resultando em quebra de preconceitos, atitudes responsáveis em relação ao mais

fraco, entendendo mais fraco como nossos semelhantes e o ambiente natural. Nesta visão se

insere as concepções sistêmica, holística e a teoria da Complexidade de Edgar Morin.

Talvez esta breve discussão nos faça entender porque às vezes os educadores trabalham com

focos diferenciados. No mais cabe-nos ressaltar que devemos tratar de EDUCAÇÃO SÓCIO-

AMBIENTAL, meio ambiente e ser humano estão profundamente interligados e estes assuntos

não podem ser tratados separadamente. O leitor concorda?

Joedla Rodrigues de Lima, Dra.

Professora do curso de Engenharia Florestal (UFCG)

Colaboradora do Projeto Florestal Recicla III.

Sugestões para Leitura:

ALTVATER, Elmar. O Preço da Riqueza. Tradução de Wofgang Leo Maar. São Paulo: Editora

da Universidade Estadual Paulista, 1995. 333 p.

BOFF, Leonardo. Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

319 p.

FOLADORI, Guilhermo. Traduzido por Marise Manoel. Limites do Desenvolvimento

Sustentável. Campinas (SP): Editora da Unicamp e São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.

LEFF, Henrique. Epistemologia Ambiental. Tradução de Sandra Valenzuela. São Paulo: Cortez,

2001.

MATURANA, H. R. & ZOLLER, G. V. Amar e Brincar: Fundamentos Esquecidos do Humano.

Tradução de Humberto Marioti e Lia Diskin. São Paulo: Palas Athena, 2004. 266 p.

MORIN, Edgar & KERN, Anne Brigitte. Terra-Pátria. Tradução de Paulo Azevedo Neves da

Silva Porto Alegre: Sulina, 2002.

http://www.espacoacademico.com.br/083/83vieira.htm

A educação ambiental e o currículo escolar

por Suzane da Rocha Vieira*

 

“Estrangeiro eu não vou serCidadão do mundo eu sou”

Milton Nascimento 

Nos últimos anos, as questões ambientais têm adquirido uma grande importância em nossa sociedade. Com as mudanças que o mundo vem sofrendo, a partir da crise da modernidade, acentuaram-se os números de estudos na busca de soluções para os problemas sociais, ambientais, políticos e econômicos que se está passando. Assim começam a surgir novos paradigmas que visam uma direção mais sistêmica e complexa de sociedade.

Foi a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972 que se ampliou o conceito de Educação Ambiental e na Conferência de Tibilisi em 1977 que internacionalmente reconheceu-se que:

A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida. (SATO, 2002: 23-24)

Assim, a partir da década de setenta emergiram em todo o mundo discussões acerca da Educação Ambiental, e tais discussões vêm ganhando espaço com o passar dos anos. E, como não poderia deixar de ser, um desses espaços é a escola. Dessa maneira, urge uma reformulação no sistema educativo, a partir de novas práticas pedagógicas que sejam promotoras de sujeitos de ação e não de adaptação, de cidadãos responsáveis e conscientes de seu papel no mundo.

Dessa forma, criou-se, no mundo inteiro, um consenso mundial de que o nosso futuro, enquanto homens e mulheres organizados em sociedade, depende das relações estabelecidas entre os homens e os recursos naturais. Inicialmente, a Educação Ambiental apresentava um caráter preservacionista, com ações voltadas apenas para o cuidado com a natureza mas hoje sabemos que ela não se limita simplesmente às modificações ambientais, ela possui um caráter social e político que não podem ser negados, uma vez que o ambiente é um todo complexo.

Nesse processo, a Educação Ambiental vem adquirindo uma grande importância no mundo, sendo hoje pertinente que os currículos escolares busquem desenvolver práticas pedagógicas ambientalizadas. Assuntos como ética, estética, respeito e cidadania planetária devem estar presentes diariamente na rotina da sala de aula. 

Como perspectiva educativa, a Educação Ambiental deve estar presente no currículo de todas as disciplinas, uma vez que permite a análise de temas que enfocam as relações entre a humanidade, o meio natural e as relações sociais, sem deixar de lado suas especificidades.

É necessário ter claro que a Educação Ambiental não deve estar presente no currículo escolar como uma disciplina, porque ela não se destina a isso, mas sim como um tema que permeia todas as relações e atividades escolares, buscando desenvolver-se de maneira interdisciplinar, conforme preconiza o Plano Nacional de Educação Ambiental - Lei 9795/99.

A interdisciplinaridade é explicada por Norgaard (1998) através de uma metáfora muito interessante, nela ele simboliza a orquestra para explicar a importância da interdisciplinaridade. Se todos os pesquisadores

envolvidos numa pesquisa possuíssem os mesmos entendimentos sobre um determinado conhecimento, estaríamos tocando um só instrumento e alcançando as mesmas notas musicais. Mas possuir conhecimentos complementares ou divergentes seria comparável a uma orquestra, onde tocar juntos requer uma partitura mais elaborada e uma competência mais considerável. Ainda que numa orquestra os músicos não possam escolher as partituras que tocam juntos ou eleger o regente, o som da improvisação orquestral pode representar uma revolução, onde a dissonância pode ser compreendida como parte da transição da modernidade, e onde os conhecimentos se complementam para a interpretação conjunta de uma realidade.

Portanto, a dimensão ambiental traz a necessidade de uma rica orquestra musical, uma vez que a educação ambiental, deve ser entendida como educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza

Para Moreira “nas escolas não se aprendem apenas conteúdos sobre o mundo natural e social; adquirem-se também consciência, disposições e sensibilidades que comandam relações e comportamentos sociais do sujeito e estrutura sua personalidade” (1995: 50). Assim, a interdisciplinaridade envolve muito mais do que integração entre as disciplinas, ela precisa envolver conhecimentos do cotidiano dos alunos e que lhes traga significado. Por isso, a Educação Ambiental precisa fazer parte do cotidiano escolar, para refletir sobre questões atuais e pensar em que mundo se deseja viver, e, então, por em prática a máxima do pensamento ecologista mundial de poder agir local e pensar global.

A maneira como o currículo é oferecido na maioria das escolas não permite um arranjo flexível para que os professores possam incluir a dimensão ambiental em suas aulas. É necessário que o currículo seja entendido como “algo que se constitui nas relações intersubjetivas na comunidade escolar, relações essas inerentemente políticas, e, portanto, mesmo que implicitamente sempre intencionais. Currículo é um processo inacabado” (GALIAZZI, GARCIA, et al. 2002: 100).  É concordando com Sacristán (1998) que compreende o currículo como algo construído no cruzamento de influências e campos de atividades diferenciadas e inter-relacionadas, permitindo analisar o curso de objetivação e concretização do currículo em vários níveis e assinalando suas múltiplas transformações,que se viabiliza a educação ambiental na escola.

De acordo com Sato,

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora da sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados (2003: 25).

Atualmente, o currículo escolar vem transformando-se e atendendo as exigências do paradigma da pós-modernidade, que entende a sociedade como uma totalidade. Segundo Santos (2000), a modernidade está assentada sobre dois pilares de construção do conhecimento, onde o primeiro é o conhecimento-regulação e o segundo o conhecimento-emancipação. Sendo que o conhecimento que se consagrou foi o conhecimento regulação, dominando e anulando as possibilidades de implementação do conhecimento emancipação.

Conforme Barcelos (2002), a retomada do conhecimento emancipação permitirá o surgimento de uma nova relação entre conhecimento e cidadania, em que o ato de conhecer é também ato de reconhecer que o outro não mais é visto tomado apenas como objeto, mas como sujeito do conhecimento. E é para esse tipo de conhecimento que a Educação Ambiental está voltada, um conhecimento construído, desenvolvimento da cidadania, da autonomia e da ética.

Entretanto, Barcelos (2002) apontará que para se atingir o conhecimento emancipação é necessário uma construção paradigmática, que “permite distinguir as disciplinas sem, no entanto, separá-las, isolá-las, associar sem, com isso, reduzir ou anular qualquer uma das partes ou disciplinas envolvidas”. O que não será uma tarefa muito fácil, tendo em vista que tudo no mundo está fragmentado, mas para se construir uma conscientização ambiental/planetária é necessário desconstruir a compartimentalização do conhecimento.

Considerando que a Educação Ambiental tem por objetivo a busca do conhecimento integrado de todas as áreas para a solução dos problemas ambientais, a fragmentação do conhecimento perde o sentido, uma vez que esta educação visa o conhecimento emancipação. Portanto, a EA tem sido identificada como transdisciplinar isto é, transpassa todas as disciplinas já que ela, segundo Sato, “sustenta todas as atividades e impulsiona os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos” (2002: 24).

Porém, a construção de um currículo deve levar em conta o indivíduo, a sua sociedade e a sua história de forma a criar uma situação de um compromisso que possa gerar a transformação. Sobre o desenvolvimento de um currículo Giesta, assim se pronuncia:

o estudante analise a coerência de seus próprios valores e comportamentos, assim com da sociedade; aprenda a obter informações e desenvolver competências para perceber o ambiente particular como parte as sociedade global, entre outras aprendizagens que lhe dêem suporte para melhor compreender o mundo, os fatos, as pessoas. (1999:120).

Portanto, é evidente a necessidade de trazer para os currículos escolares os conhecimentos, os valores e comportamentos do estudante e da sociedade da qual ele é partícipe em uma relação recíproca de influências que envolvem uma variedade de conceitos e visões de mundo. As palavras de Giesta expressam essa realidade da seguinte maneira: “a educação se dá na interação com as pessoas e com o meio ambiente” (1994: 183).

Percebe-se, então, que o currículo é uma construção social, no sentido que está diretamente ligado a um momento histórico, a uma determinada sociedade e as relações que esta estabelece com o conhecimento. Partindo disto, existe nas diversas realidades uma pluralidade de objetivos com relação ao que ensinar, no sentido de que os conteúdos propostos compõe um quadro bastante diverso e ao mesmo tempo peculiar.

Deste modo, a escola ao propor o desenvolvimento do currículo escolar voltado para a questão ambiental, deve proporcionar a participação de todos no processo de sua construção execução, tendo os alunos como sujeitos do processo. Os conteúdos precisam ser revistos para que os mesmos convirjam entre as disciplinas de forma interdisciplinar, além de terem sua importância dentro da Educação Ambiental.

A Educação Ambiental precisa ser entendida como uma importante aliada do currículo escolar na busca de um conhecimento integrado que supere a fragmentação tendo em vista o conhecimento emancipação. Uma vez que, segundo Sato, a EA “sustenta todas as atividades e impulsiona os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos” (SATO, 2002: 24). Sendo assim, apresenta-se como uma peça importante no currículo escolar.

 Referências

BARCELOS, T. M. (2002). Subjetividade: inquietações contemporâneas. Educação e filosofia 32, (16), 149-159.

GALIAZZI, M. C. et. Al.. Construindo Caleidoscópios: organizando unidades de aprendizagem. Revista eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental, Rio Grande, v. 09, p. 98 –111, jul. – dez. 2002.

GIESTA, N.C. Tomada de decisões pedagógicas no cotidiano escolar. Porto alegre:UFRGS, 1994.

MOREIRA, A . F. Currículos e Programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1995.

NORGAARD, Richard. A improvisação do conhecimento discordante. In Ambiente & Sociedade, Ano I, n. 2, p. 25-40, 1998.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sob a prática. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SANTOS, B. S. A critica da razão indolente – contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.

SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2002.

http://www.cacadoresdecachoeiras.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=420&Itemid=587

17 Leis Ambientais1 - Lei da Ação Civil Pública - número 7.347 de 24/07/1985.Lei de interesses difusos, trata da ação civil publica de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico.

2 - Lei dos Agrotóxicos - número 7.802 de 10/07/1989.A lei regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino da embalagem.Exigências impostas :- obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor.- registro de produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde.- registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA- o descumprimento desta lei pode acarretar multas e reclusão.

3 - Lei da Área de Proteção Ambiental - número 6.902 de 27/04/1981.Lei que criou as "Estações Ecológicas ", áreas representativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 90 % delas devem permanecer intocadas e 10 % podem sofrer alterações para fins científicos. Foram criadas também as "Áreas de Proteção Ambiental " ou APAS, áreas que podem conter propriedades privadas e onde o poder público limita as atividades econômicas para fins de proteção ambiental.

4 - Lei das Atividades Nucleares - número 6.453 de 17/10/1977.Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades nucleares. Determina que se houver um acidente nuclear, a instituição autorizada a operar a instalação tem a responsabilidade civil pelo dano, independente da existência de culpa. Em caso de acidente nuclear não relacionado a qualquer operador, os danos serão assumidos pela União.Esta lei classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar ou exportar material sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas neste setor, ou deixar de seguir normas de segurança relativas à instalação nuclear.

5 - Lei de Crimes Ambientais - número 9.605 de 12/02/1998.Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. A punição pode ser extinta caso se comprove a recuperação do dano ambiental. As multas variam de R$ 50,00 a R$ 50 milhões de reais.Para saber mais: www.ibama.gov.br.

6 – Lei da Engenharia Genética – número 8.974 de 05/01/1995.Esta lei estabelece normas para aplicação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos modificados (OGM) , até sua comercialização,

consumo e liberação no meio ambiente. A autorização e fiscalização do funcionamento das atividades na área e da entrada de qualquer produto geneticamente modificado no país, é de responsabilidade dos Ministérios do Meio Ambiente , da Saúde e da Agricultura. Toda entidade que usar técnicas de engenharia genética é obrigada a criar sua Comissão Interna de Biossegurança, que deverá, entre outros, informar trabalhadores e a comunidade sobre questões relacionadas à saúde e segurança nesta atividade.

7 – Lei da Exploração Mineral – numero 7.805 de 18/07/1989.Esta lei regulamenta as atividades garimpeiras. Para estas atividades é obrigatória a licença ambiental prévia, que deve ser concedida pelo orgão ambiental competente. Os trabalhos de pesquisa ou lavra, que causarem danos ao meio ambiente são passíveis de suspensão, sendo o titular da autorização de exploração dos minérios responsável pelos danos ambientais. A atividade garimpeira executada sem permissão ou licenciamento é crime. Para saber mais: www.dnpm.gov.br.

8 – Lei da Fauna Silvestre – número 5.197 de 03/01/1967.A lei classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, caça profissional, comércio de espécies da fauna silvestre e produtos derivados de sua caça, além de proibir a introdução de espécie exótica (importada ) e a caça amadorística sem autorização do Ibama. Criminaliza também a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis em bruto. Para saber mais: www.ibama.gov.br.

9 – Lei das Florestas – número 4.771 de 15/09/1965.Determina a proteção de florestas nativas e define como áreas de preservação permanente (onde a conservação da vegetação é obrigatória) uma faixa de 30 a 500 metros nas margens dos rios, de lagos e de reservatórios, além de topos de morro, encostas com declividade superior a 45 graus e locais acima de 1.800 metros de altitude. Também exige que propriedades rurais da região Sudeste do país preservem 20 % da cobertura arbórea, devendo tal reserva ser averbada em cartório de registro de imóveis.

10 – Lei do Gerenciamento Costeiro – número 7.661 de 16/05/1988.Define as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, ou seja, define o que é zona costeira como espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. Permite aos estados e municípios costeiros instituírem seus próprios planos de gerenciamento costeiro, desde que prevaleçam as normas mais restritivas. Este gerenciamento costeiro deve obedecer as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente ( CONAMA ).

11 – Lei da criação do IBAMA – número 7.735 de 22/02/1989.Criou o Ibama, incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente e as agências federais na área de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. Ao Ibama compete executar a política nacional do meio ambiente, atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais.

12 – Lei do Parcelamento do Solo Urbano – número 6.766 de 19/12/1979.Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação ecológicas, naquelas onde a poluição representa perigo à saúde e em terrenos alagadiços.

13 – Lei Patrimônio Cultural - decreto-lei número 25 de 30/11/1937.Lei que organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incluindo como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor notável pela natureza ou a partir de uma intervenção

humana. A partir do tombamento de um destes bens, ficam proibidas sua demolição, destruição ou mutilação sem prévia autorização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN.

14 – Lei da Política Agrícola - número 8.171 de 17/01/1991.Coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos e como um de seus instrumentos. Define que o poder público deve disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas, desenvolver programas de educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre outros.

15 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – número 6.938 de 17/01/1981.É a lei ambiental mais importante e define que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente da culpa. O Ministério Público pode propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados.Esta lei criou a obrigatoriedade dos estudos e respectivos relatórios de Impacto Ambiental (EIA-RIMA).

16 – Lei de Recursos Hídricos – número 9.433 de 08/01/1997.Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Define a água como recurso natural limitado, dotado de valor econômico, que pode ter usos múltiplos (consumo humano, produção de energia, transporte, lançamento de esgotos). A lei prevê também a criação do Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos para a coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

17 – Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição – número 6.803 de 02/07/1980.Atribui aos estados e municípios o poder de estabelecer limites e padrões ambientais para a instalação e licenciamento das industrias, exigindo o Estudo de Impacto Ambiental.

Fonte: http://www.cnpma.embrapa.br/informativo/intermed.php3#127Prof. Paulo Affonso Leme MachadoProfessor da UNESP – campus de Rio Claro – SPAutor do livro "Direito Ambiental Brasileiro"

https://sites.google.com/site/reambientar/Home/os-7-r-s-do-meio-ambiente

7 R's: Amigos do Meio Ambiente

Repensar | Reduzir | Reutilizar | Reaproveitar | Reciclar | Recusar | Recuperar

I – Conceito de Repensar

Geralmente agimos na vida automaticamente, sem analisarmos o que estamos fazendo, pois de antemão concluímos que todos fazem a sua parte.

Mas é necessário parar para pensar:

1. Realmente precisamos de determinados produtos que compramos ou ganhamos?2. Compramos produtos duráveis/resistentes, evitando comprar produtos descartáveis?3. Evitamos a compra de produtos que possuem elementos tóxicos ou perigosos?4. Enterramos o nosso lixo, se não houver coleta do mesmo no bairro?5. Evitamos queimar o lixo?6. Lemos os rótulos dos produtos para conhecer as suas recomendações ou informações ambientais?7. Usamos detergentes e produtos de limpeza biodegradáveis?8. Utilizamos pilhas recarregáveis?9. Não compramos produtos provenientes de trabalho escravo?10.   Não compramos produtos produzidos por crianças que são obrigadas a trabalhar?11. Não compramos produtos de origem duvidosa?12. Evitamos a compra de caderno e papéis que usam cloro no processo de branqueamento?13. Pegamos emprestado ou alugamos aparelhos/equipamentos que não usamos com freqüência, ao invés de comprá-lo?14. Não jogamos no lixo remédios, injeções e curativos feitos em casa, procurando uma farmácia ou um posto de saúde como uma alternativa de descarte?15. Consertamos produtos em vez de descartá-los, substituindo-os por novos?16. Deixamos os pneus velhos nas oficinas de trocas, pois elas são responsáveis pelo seu destino adequado?17. Deixamos a bateria usada do carro no local onde adquirimos a nova, certificando que existe um sistema de retorno ao fabricante?18. Evitamos as pilhas de alto teor de chumbo, cadmo e mercúrio ou então, após o uso,  devolvemos o produto para o revendedor?19. Junto aos outros consumidores, exigimos produtos sem embalagens desnecessárias, assim como vasilhames?20. Damos preferência a produtos e serviços que não agridem ao ambiente, tanto na produção, quanto na distribuição, no consumo e no descarte final?21. Escolhemos produtos de empresas certificadas, isto é, que desenvolvam programas sócio-ambientais e/ou que sejam responsáveis pelo produto após consumo?

II– Conceito de Reduzir

Portanto, devemos reduzir o consumo tomando as seguintes atitudes:

1. Comprar somente o necessário;2. Comprar produtos duráveis;3. Adotar um consumo mais racional;4. Comprar produtos que tenham refil;5. Diminuir a quantidade de pacotes e embalagens;6. Evitar gastos desnecessários de papel para embrulhar presentes;7. Levar sacolas ou carrinhos de feira para carregar compras, em substituição as sacolas oferecidas pelas lojas e supermercados; e8. Dividir com outras pessoas alguns materiais como: jornais, revistas e livros.

III – Conceito de Reutilizar

Este conceito está relacionado com a utilização de um produto ou embalagem mais de uma vez.

Portanto, estaremos reutilizando quando:

1. Compramos produtos cujas embalagens são reutilizáveis e/ou recicláveis;2. Quando usamos o verso da folha de papel para escrever;3. Pintamos móveis antigos, fazendo-os parecer novos;

4. Trocamos a capa dos estofados;5. Guardamos, para uso posterior, envelopes pardos que já foram usados, mas que continuam perfeitos;6. Fazemos a limpeza em objetos antigos, sem uso, para começar a reutilizá-los;7. Doamos produtos que possam servir as outras pessoas, como: revistas, livros, roupas, móveis, utensílios domésticos, etc; e8. Consertamos brinquedos.

IV – Conceito de Reaproveitar

Com o reaproveitamento, a quantidade de lixo diminui e ainda economizamos.E o ambiente agradece. Vejam como reaproveitar materiais no cotidiano:

1. Não comprem sacos de lixo. Utilizem as embalagens das compras para jogá-lo fora;2. Procurem comprar produtos que tenham embalagens que podem ter outro uso;3. Caixas de sapato são ótimas para porta –trecos;4. Potes de plástico ou de vidro são boas opções para guardar pregos, parafusos, chips, etc;5. Envelopes podem ser usados para guardar documentos ou fotografias;6. Roupas usadas poderão ser recortadas ou tingidas;7. Caixas de papelão poderão ser utilizadas para colocar produtos de limpeza; e8. Procuramos dar um novo destino aos objetos que foram utilizados.

V – Conceito de Reciclar

Através da reciclagem, os produtos (= lixo) serão transformados em matéria prima para se iniciar um novo ciclo de produção-consumo-descarte.

O ambiente também agradece a reciclagem, pois a economia de água e de energia é muito grande. Podemos contribuir com a Reciclagem:

1. Comprando produtos reciclados;2. Comprando produtos cujas embalagens sejam feitas de materiais reciclados;3. Participando de campanhas para coleta seletiva de lixo;4. Organizem-se em seu trabalho/escola/bairro/rua/comunidade/igreja/casa um projeto de separação de materiais para coleta seletiva;5. Entrando em contato com uma Associação de Catadores do seu bairro, distrito ou município para juntos traçarem um plano de trabalho que deverá ser desenvolvido no seu local de ação;6. Só faça coleta seletiva de “lixo” que poderá ser encaminhado para local de reciclagem ou de venda;7. Os materiais que poderão ser coletados, de modo geral, são: jornais, papéis, papelões, livros, vidros, plásticos, alumínio, outros materiais; e8. Após a coleta encaminhar para a Associação de Catadores ou diretamente para a Indústria de Reprocessamento.

VI – Conceito Recusar NOVO!

É dizer NÃO aos produtos que agridam o meio ambiente.VII – Conceito Recuperar NOVO!

Temos de recuperar o que foi danificado; compensar o planeta pelos desgastes e retiradas que temos realizado.

Durante a explanação sobre os 5 R’s observamos a gama de ações que podemos fazer para diminuir a quantidade de lixo produzida. Algumas ações são bem simples e dependem exclusivamente de cada um de nós; outras são mais complexas, pois além de nos levar a ter conhecimentos científicos e jurídicos, obriga-nos a uma organização em grupos/equipes/associações de cidadãos. O uso do consumo sustentável depende da participação de todos. Espero que se possa, em breve, dizer: sou um Consumidor Ético, sou um Consumidor Consciente ou sou um Consumidor Verde.

Evolução dos R's

1º MOMENTO(ONTEM)

2º MOMENTO(HOJE)

3º MOMENTO(AMANHÃ)

OBSERVAÇÃO

3 R’s 5 R’s 7 R’s DESEJADO

1- Reduzir2- Reutilizar ou

1- Reduzir2- Reutilizar

1- Reduzir2- Reutilizar

O mais importante de tudo:

Reaproveitar3- Reciclar

3- Reaproveitar4- Reciclar5- Repensar

3- Reaproveitar4- Reciclar5- Repensar6- Recusar7- Recuperar

REINVENTAR uma nova maneira de:viver,consumir, produzir, transportar,armazenar e até prestar serviços financeiros.

Problemas Ambientais Urbanos

Por Morgana Aline Voigt.

As áreas urbanas são as que mais expressam as intervenções humanas no meio

natural. Problemas como a presença de aterros sanitários, a ocupação de áreas inadequadas

para moradia, a impermeabilização dos solos, o desmatamento, a poluição da atmosfera e dos

cursos de água e a produção de calor geram diversos efeitos sobre os aspectos do ambiente;

efeitos estes decorrentes no Brasil e no mundo. Além disso, outros fenômenos que contam

com grande participação da natureza também dificultam a vida nos centros urbanos. Não existe

fórmula mágica para evitar as consequências sentidas pela população, mas algumas

mudanças na estrutura dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito destas.

A urbanização se intensificou com a expansão das atividades industriais, fato que

atraiu e ainda atrai milhões de pessoas para as cidades. O desenvolvimento e o crescimento

desses centros urbanos muitas vezes não ocorrem de maneira planejada, provocando

mudanças drásticas na natureza e desencadeando diversos problemas ambientais. 

A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona problemas

ambientais também nas cidades brasileiras. No estado de São Paulo, metade dos municípios

ainda utiliza aterros sanitários. Esse fato é muito preocupante, uma vez que o Chorume,

resíduo altamente tóxico produzido pela decomposição do lixo urbano,  pode facilmente

penetrar no subsolo e, consequentemente, contaminar os recursos hídricos. A contaminação e

a escassez da água decorrem também da ocupação irregular e caótica das áreas de

mananciais pela população de baixa renda. Na Grande São Paulo, essas áreas abrigam quase

2 milhões de pessoas. A ocupação de áreas inadequadas para a moradia resulta, também, em

catástrofes como o deslizamento de encostas e enchentes, ocasionando a destruição de casas

e um grande número de vítimas fatais. 

Além da degradação da água, outras formas de poluição têm assumido graves

proporções no Brasil. Uma delas é a poluição atmosférica, muito comum nas regiões mais

industrializadas do Sudeste. Além dos efeitos nocivos à saúde, a poluição do ar é responsável

pela chuva ácida, produzida pela reação química dos vapores de água com os resíduos

lançados pelas fábricas e automóveis.

Na cidade de São Paulo ocorre também, com frequência, um fenômeno físico

conhecido como ilha de calor, caracterizado pelo aquecimento exagerado do centro urbano.

Esse fenômeno é causado, sobretudo, pelas emissões de gases pelos automóveis e fábricas.

Esses gases retêm calor, gerando grande diferença térmica entre as áreas centrais e a

periferia.

Por fim, deve ser destacado o fenômeno físico denominado inversão térmica, outro

problema típico das grandes cidades e muito frequente no inverno. Nesse caso, o ar quente,

constituído de gases emitidos por automóveis e fábricas e carregado de poluentes, fica retido

por uma camada superior de ar frio.

Recorrentes no Brasil, esses e outros problemas urbanos são causados pela

característica eminentemente mercantil dos empreendimentos imobiliários.

Enchentes

Além dos mais variados problemas causados pelo homem que assolam as grandes

cidades, outros fenômenos que contam com grande participação da natureza também

dificultam a vida nos centros urbanos: as enchentes.

Todo rio ou corpo d’água tem uma área em todo seu entorno que costuma inundar em

determinadas épocas do ano ou quando há um índice de precipitação muito

grande, aumentando a vazão e causando um transbordamento. Ou seja, quando o leito natural

de um rio ou córrego recebe uma quantidade de água, proveniente da chuva, maior do que sua

capacidade de comportá-la, ele transborda, ocasionando a enchente.Portanto, essas

inundações são muito comuns e são fenômenos naturais que ocorrem em todos os corpos

d’água. Essa consequência do processo de urbanização teve como causa principal a

construção de casas, indústrias e vias marginais nas áreas de várzeas dos rios e proximidades

e é, atualmente, um problema constante nos períodos chuvosos dos principais centros

urbanos.

Um dos fatores que contribui para o agravamento das enchentes, principalmente nas

grandes cidades, é o fato de que a maior parte do solo é impermeabilizada pelo asfalto e pelo

concreto, diminuindo a quantidade de água que poderia ser infiltrada e aumentando ainda mais

a vazão dos corpos d’água. Junta-se a isto, o fato de que a maioria da população joga lixo nas

ruas entupindo os sistemas artificiais de escoamento projetados pelas prefeituras, tendo-se um

quadro típico do período de chuvas no Brasil: dezenas de cidades alagadas e pessoas

desabrigadas.

Outro fator que agrava a situação das enchentes são as mudanças climáticas. O

aumento de temperatura nos centros urbanos intensifica a evaporação; além disso, o material

particulado (poluentes) em suspensão favorece a formação de núcleos de condensação na

atmosfera. O resultado é o aumento da quantidade de chuvas. Nas áreas urbanas, a

quantidade de chuva anual é 5% maior e, em dias de chuva, a precipitação é 10% superior se

comparada com as áreas rurais. Em algumas regiões que possuem um clima regular

permanecem a maior parte do ano sem receber chuva que, posteriormente, cai de maneira

torrencial causando as enchentes. Só este ano mais de 190 mil pessoas foram afetadas por

enchentes apenas na região nordeste do país, onde o fator se aplica, tendo sido gastos mais

de 540 milhões de reais.

Interferência da mudança de temperatura

Em alguns lugares ainda, têm ocorrido enchentes pela necessidade de abertura

repentina de vertedouros em determinadas barragens devido ao fato de estas se encontrarem

acima do seu limite de armazenamento. Chamadas de cheias artificiais, são provocadas

por erros de operações de comportas ou por erros de projetos de obras hidráulicas

como bueiros, pontes e diques.

A questão das enchentes no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo onde haja falta de

planejamento, deixa de ser uma questão puramente ambiental e passa a ser também, social,

econômica, estrutural e até mesmo política. As enchentes representam uma ameaça para a

população, especialmente nas áreas periféricas, onde há deficiência de coleta e tratamento de

esgoto. Em épocas de inundações, a população tem contato com a água contaminada,

contribuindo para a propagação de doenças como a leptospirose. O processo de urbanização

no Brasil, atualmente, ocorre de forma intensa e, na maior parte dos casos, sem planejamento.

Áreas inteiras são ocupadas e loteadas, de forma clandestina, ou não, contribuindo para os

processos de erosão. Esta urbanização desmesurada também leva a população a ocupar

áreas dos leitos de rios ou de mananciais.

Tudo isso só faz agravar a problemática das enchentes nos grandes centros urbanos.

As soluções encontradas para conter, da maneira que é possível, as enchentes seguem uma

linha imediatista na tentativa de alcançar a resolução do problema em um período curto de

tempo. Dentre as ações, destacam-se as obras de desassoreamento dos rios (retirada dos

sedimentos depositados pela água) e, consequentemente, o aprofundamento do leito, com

canalização e construção de reservatórios regularizadores de vazão.

                                                                                                                        

Enchente em Santa Catarina (2008)       

Criança em contato com água contaminada   

Enxurradas

As Enxurradas ocorrem quando uma quantidade substancial de água, proveniente das

chuvas torrenciais, incide sobre áreas propensas à ocorrência. Em geral elas estariam

elevando níveis de rios ou de córregos em regiões de bacias, mas o desmatamento e a

ocupação populacional acabam interferindo nesta ação.

Nas cidades, as atividades pluviométricas superiores à 40 mm já são suficientes para

provocar inundações regionalizadas. Quando uma região onde existiu um rio ou corredeira no

passado, tiver sido povoada, ela estará propensa a perceber a descida das águas de áreas

mais elevadas, que se avolumam na estreita faixa da antiga corredeira, dando origem à

enxurrada. Ela prossegue com ação natural da lei gravitacional nas áreas de declínio do solo

tendo deste modo, uma força maior quando proveniente de áreas montanhosas e menor para

áreas de bacia.

Em terrenos inclinados, sem cobertura vegetal, as enxurradas podem desenhar desde sulcos

superficiais até outros mais profundos, chamados ravinas. No Brasil, a ação combinada das

enxurradas e das águas subterrâneas causa as voçorocas, enormes buracos que destroem

trechos de terra cultiváveis, prejudicando a agricultura. Não é raro ocorrerem enxurradas que,

pela sua força, consigam arrastar veículos, pessoas, animais e mobílias para as corredeiras e

rios.

                                                        Enxurrada em São José do Rio Preto - SP

Ilha de Calor

Ilha de calor é um fenômeno climática que ocorre a partir da elevação da temperatura

de uma área urbana se comparada a uma zona rural, por exemplo. Isso quer dizer que nas

cidades, especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas,

consolidando literalmente uma ilha climática. 

Essa anomalia ocorre devido à junção de diversos fatores, como: a poluição

atmosférica; a alta densidade demográfica; a pavimentação e diminuição da área verde,

irradiando 50% a mais de calor; a construção de prédios barrando a passagem do vento e

impedindo que este refresque as regiões centrais; a grande quantidade de veículos e indústrias

que, com a poluição, tornam as cidades mais abafadas; entre outros fatores que contribuem

para o aumento da retenção de calor na superfície.

Estudos realizados mostram que na cidade de São Paulo a temperatura varia em até

12 graus Celsius entre um bairro e outro. Ao mesmo tempo em que a região da Serra da

Cantareira apresenta 20 graus Celsius, a Rua 25 de Março, no centro, sofre com um calor de

32 graus. Nos últimos 30 anos, a temperatura média da cidade sofreu um acréscimo de 1,6

graus. Dados recentes mostram que a região metropolitana terá um aumento da temperatura

média entre 2 e 3 graus Celsius neste século. É apontada também a ocorrência de um maior

número de chuvas volumosas. Antes de 1950, precipitações acima de 50 mm ao dia eram raras

na cidade. Atualmente, acontecem de duas a cinco vezes por ano. 

Um mapeamento das ilhas de calor do Rio de Janeiro revela que as temperaturas mais

elevadas estão localizadas no núcleo metropolitano, que inclui a área central da cidade do Rio

de Janeiro, a zona norte (Leopoldina, Bonsucesso, Ramos e Penha), parte da zona sul (Glória,

Catete, Flamengo e Botafogo) e as áreas centrais de Niterói e São Gonçalo.

Mesmo em centros urbanos circundados por florestas, como a cidade de Manaus, a

maior da região Norte, a temperatura pode se elevar em até 3 graus Celsius, quando

comparada em relação a áreas vizinhas. 

O fenômeno de formação de ilhas de calor em centros urbanos ao redor do mundo

contribui para o aquecimento global, ao mesmo tempo em que a elevação das temperaturas no

planeta intensifica a concentração de calor já existente nessas regiões. Além disso, a

intensificação das ilhas de calor afeta a saúde da população e das cidades. Aumenta a

concentração de gases tóxicos, o que pode levar a um aumento da mortalidade por doenças

respiratórias, além de afetar a pressão arterial, aumentar os níveis de estresse e alterar

mecanismos de regulação endócrina. Também faz com que se desenvolva um maior índice de

chuvas, que, combinado com a impermeabilização dos solos, pode resultar em enchentes

catastróficas. 

Para evitar a formação das ilhas de calor é necessária a preservação das áreas verdes

nas cidades, arborizar regiões desmatadas, reduzir a emissão de gases poluentes na

atmosfera e planejar a expansão urbana e o uso do solo.

Representação ilustrativa de uma ilha de calor

Inversão Térmica

A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito comum nos grandes centros

urbanos industrializados, sobretudo naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou

montanhas. Durante o dia, o ar próximo do chão é aquecido pelo calor da superfície do solo.

Por ser menos denso e mais leve, esse ar quente sobe. À noite, o solo esfria rapidamente e a

temperatura do ar que está mais próximo da superfície também diminui. Forma-se, então, uma

camada de ar frio abaixo da camada de ar aquecida durante o dia. No dia seguinte, a camada

de ar frio, mais densa e pesada, não consegue subir, porque o ar quente funciona como um

"tampão": é a inversão térmica. Ou seja, esse processo ocorre quando o ar frio e mais denso é

impedido de circular por uma camada de ar quente menos denso, provocando uma alteração

na temperatura.

Comparação entre o fluxo de ar

É importante ressaltar que a inversão térmica é um fenômeno natural, sendo registrada

em áreas rurais e com baixo grau de industrialização. No entanto, sua intensificação e seus

efeitos nocivos se devem ao lançamento de poluentes na atmosfera, o que é muito comum nas

grandes cidades.

Com a atividade industrial e a numerosa frota de veículos dessas regiões, a camada de

ar frio começa a concentrar os poluentes. Sendo assim, a dispersão desses poluentes fica

extremamente prejudicada, formando uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos.

Nos dias frios o clima fica propício para inversões térmicas. Forma-se uma camada de

ar frio em baixas altitudes, essa massa de ar não consegue subir e a qualidade do ar piora por

causa da fumaça emitida por veículos e indústrias. Já nos dias quentes, os raios de sol

aquecem a superfície terrestre e o chão transfere o calor para o ar acima dele. Esse ar

aquecido, menos denso e mais leve, sobe e carrega os poluentes. Por isso o nível de poluição

do ar costuma ser maior no inverno do que no verão; além do índice pluviométrico também ser

menor durante o inverno, fato que dificulta a dispersão dos gases poluentes.

Se a inversão durar vários dias, a concentração de poluentes pode elevar-se a níveis

perigosos. Em Londres, em dezembro de 1952, morreram cerca de 4000 pessoas em

conseqüência de uma prolongada inversão térmica devido à combustão excessiva de carvão

contaminado com enxofre. 

Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações são algumas das

consequências da concentração de poluentes na camada de ar próxima ao solo. Entre as

possíveis medidas para minimizar os danos gerados pela inversão térmica estão a utilização

de biocombustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queimadas e políticas ambientais

mais eficazes.

Camada visível formada por  poluentes

Chuva Ácida

A chuva contém um pequeno grau natural de acidez, no entanto, não gera danos à

natureza. O problema é que o lançamento de gases poluentes na atmosfera por veículos

automotores, indústrias e usinas termelétricas tem aumentado a acidez das chuvas.

A chuva ácida é um dos grandes problemas ambientais dos locais onde ocorre

a poluição atmosférica decorrente da liberação de óxidos de nitrogênio, dióxido de carbono e

do dióxido de enxofre, sobretudo pela queima do carvão mineral e de outros combustíveis de

origem fóssil.

O dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre reagem com as

partículas de água presentes nas nuvens, sendo que o resultado desse processo é a formação

do ácido nítrico e do ácido sulfúrico. Ao se precipitarem em forma de chuva, neve ou neblina,

ocorre o fenômeno que, em virtude da ação das correntes atmosféricas, também pode ser

desencadeado em locais distantes de onde os poluentes foram emitidos.

Esquema que ilustra a formação de chuvas ácidas

Grandes cidades como Nova York, Berlim e até Atenas, já sofrem com os efeitos da

chuva ácida há muito tempo. A maior ocorrência de chuvas ácidas até os anos 1990 era nos

Estados Unidos da América. Contudo, esse fenômeno se intensificou nos países asiáticos,

principalmente na China, que consome mais carvão mineral do que os EUA e os países

europeus juntos. No Brasil, a chuva ácida é mais comum nos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo.

Entre os transtornos gerados pela chuva ácida estão a destruição de lavouras e de

florestas, modificação das propriedades do solo, alteração dos ecossistemas aquáticos,

contaminação da água potável, danificação de edifícios e corrosão de veículos e monumentos

históricos. De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos ecossistemas

do continente europeu foram destruídos pelas chuvas ácidas.

Algumas ações são necessárias para reduzir esse problema, tais como a redução no

consumo de energia, sistema de tratamento de gases industriais, utilização de carvão com

menor teor de enxofre e popularização de fontes energéticas mais limpas.

                                                      Efeitos nocivos decorrentes da chuva ácida

CONCLUSÃO

Conclui-se que a expansão e ocupação da rede urbana sem o devido planejamento

ocasionou e ainda ocasiona vários problemas ambientais para a população que a habita. Esses

transtornos são causados por diversos fatores antrópicos, diretamente ligados à expansão das

atividades industriais e ao êxodo rural. Frente aos problemas elucidados, é necessário um

planejamento urbano coerente, bem como a elaboração e aplicação de políticas ambientais

eficazes, além da conscientização da população. A implantação de medidas preventivas tende

a evitar os prejuízos vistos atualmente, com os quais toda a sociedade tem que arcar.

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Os 12 grandes problemas ambientais da humanidade

Uma análise da UNEP (United Nations Environment Programme –

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) sobre os grandes

problemas mundiais da atualidade em relação ao ambiente, levantou 12

grandes problemas que preocupam pesquisadores, administradores e

gerentes da área ambiental, são eles:

1. Crescimento demográfico rápido: Mesmo considerando que a taxa de

fecundidade das mulheres está diminuindo nos países desenvolvidos, o

crescimento demográfico aliado ao desenvolvimento tecnológico acelera a

pressão sobre os sistemas e recursos naturais, e em geral traz como

consequência mais impactos ambientais, devido ao aumento na produção

industrial e nos padrões de consumo.

2. Urbanização acelerada: além do rápido crescimento demográfico, a

aglomeração de população em áreas urbanas está gerando grandes centros

com 15 milhões de habitantes ou mais. Esses centros de alta densidade

populacional demandam maiores recursos, energia e infra-estrutura, além

de criarem problemas complexos de caráter ambiental, econômicos e

principalmente social.

3. Desmatamento: a taxa anual de desmatamento das florestas,

especialmente das tropicais, ocasiona diversos problemas como erosão,

diminuição da produtividade dos solos, perda de biodiversidade,

assoreamento de corpos hídricos e etc.

4. Poluição marinha: a poluição marinha está se agravando cada vez mais

devido a: descargas de esgotos domésticos e industriais através de

emissários submarinos, desastres ecológicos de grandes proporções, como

naufrágio de petroleiros, acúmulo de metais pesados no sedimento

marinho nas regiões costeiras e estuários, perda de biodiversidade

(exemplo: espécies frágeis de corais), poluição térmica de efluentes de

usinas nucleares e etc.

5.    Poluição do ar e do solo: ocasionada principalmente pelas indústrias,

agroindústria e automóveis, através de: emissões atmosféricas das

indústrias, disposição inadequada de resíduos sólidos (exemplo: lixões) e

de resíduos industriais que causam poluição do solo, acúmulo de aerossóis

na atmosfera provenientes da poluição veicular e industrial, contaminação

do solo por pesticidas e herbicidas, e etc.

6. Poluição e eutrofização de águas interiores – rios, lagos e represas: a

poluição orgânica provenientes dos centros urbanos e atividades

agropecuárias gera uma variedade de efeitos sobre os recursos hídricos

continentais, os quais são fundamentais para o abastecimento público das

populações. Essa pressão resulta na deterioração da qualidade da água,

causada pelo fenômeno da eutrofização, acúmulo de metais pesados no

sedimento, alterações no estoque pesqueiro e geralmente inviabiliza

alguns dos usos múltiplos dos recursos hídricos.

7. Perda da diversidade genética: o desmatamento e outros problemas

ambientais acarreta em perda de biodiversidade, ou seja em extinção de

espécies e perda da variabilidade da flora e da fauna. A biodiversidade e

seus recursos genéticos são fundamentais para futuros desenvolvimentos

tecnológicos.

8. Efeitos de grandes obras civis: a construção de obras civis de grande

porte, como represas de usinas hidrelétricas, portos e canais, gera

impactos consideráveis e díficeis de mensurar sobre sistemas aquáticos e

terrestres.

9. Alteração global do clima: o aumento da concentração dos gases estufa

na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera) e de partículas de

poluentes está causando um fenômeno conhecido como aquecimento

global, que é o aumento da temperatura do planeta, devido a maior

retenção da radiação infravermelha térmica na atmosfera. Cada grau

celsius de aumento da temperatura terrestre irá trazer consequências

diferentes, e estas são acumulativas, segundo o 2º relatório do Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apenas 1º C a mais já

é suficiente para derreter as geleiras de topos de montanha do mundo

todo, comprometendo abastecimento locais de água, e se o aumento

chegar a 4º C estima-se que até 3,2 bilhões de pessoas poderão sofrer com

a falta d’água e que a subida do nível do mar irá ameaçar a existência de

cidades costeiras em todo o mundo.  As previsões de aquecimento para o

fim deste século estimam entre 1,8º C e 4º C a mais na média da

temperatura mundial.

10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas

conseqüências ambientais: o aumento da demanda energética devido ao

crescimento populacional, urbanização e crescente desenvolvimento

tecnológico gera a necessidade da construção de novas usinas hidrelétricas

e termelétricas, grandes e pequenas usinas nucleares, e etc. E quanto

maior a utilização de combustíveis fosséis (termelétricas, carvão mineral)

mais gases de efeito estufa são lançados na atmosfera. Outros tipos de

matrizes energéticas como hidrelétricas e usinas nucleares possuem

impactos ambientais associados a sua construção e operação (exemplo:

falta de tratamento para os resíduos nucleares).

11. Produção de alimentos e agricultura: A agricultura de alta produção é

uma grande consumidora de energia, de pesticidas e de fertilizantes. A

expansão das fronteiras agrícolas aumenta as taxas de desmatamento e

perda de biodiversidade.

12. Falta de saneamento básico: principalmente nos países

subdesenvolvidos, a falta de saneamento básico é um problema crucial

devido às inter-relações entre doenças de veiculação hídrica, distribuição

de vetores e expectativa de vida adulta e taxa de mortalidade infantil. E

também pela poluição orgânica gerada pelo aporte de esgostos domésticos

e drenagem pluvial em corpos d’água devido a falta de infra-estrutura

adequada e a lançamentos irregulares.

Dentre os problemas ambientais que afetam o Brasil, podemos listar os

mais críticos:

1. Desmatamento, que acarreta em perda de Biodiverdidade;

2. Erosão devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na

agricultura e pecuária;

3.  Poluição das águas e solos devido a falta de saneamento básico nas

áreas urbanas e rurais;

4. Falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas

urbanas, gerando “lixões”;

5. Poluição industrial.

No entanto, a partir da década de 70, a humanidade começou a tomar

consciência dos seus impactos sobre a natureza, devido principalmente as

consequências econômicas que as reações da natureza a esses impactos

geravam, como mais gastos com saúde pública. Isso levou ao surgimento

de uma nova abordagem de desenvolvimento econômico conciliatório com

a conservação ambiental, surgiu assim o conceito de desenvolvimento

sustentável.