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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISA, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO A LINGUAGEM DO MOVIMENTAR-SE NOS JOGOS: Implicações Pedagógicas na Educação Física Submissão de quatro planos de trabalho. Títulos dos Planos de Trabalho Plano 1- Labanálise de esportes: análise dos movimentos expressivos e das implicações pedagógicas Plano 2- Jogos dramáticos e qualidade de vida dos idosos asilados Plano 3- Ritmo/equilíbrio nas brincadeiras e a inteligência na primeira infância Plano 4- Praxiologia motriz dos jogos tradicionais e a educação física escolar Grupo de Pesquisa Cadastrado no CNPQ: Grupo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Cultura e Educação (líder 1) Linha de pesquisa: Pedagogia da Corporeidade Orientador: Prof. Dr. Pierre Normando Gomes da Silva Departamento de Educação Física/Centro de Ciências da Saúde: Docente do Programa de Pós-graduação Associado UFPB-UPE Mestrado em Educação Física Colaboradores: Prof. Dr. Guilherme Barbosa Schulze Departamento de Artes Cênicas/Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Profª Ms. Sandra Barbosa da Costa Departamento de Educação Física/Centro de Ciências da Saúde: JOÃO PESSOA/PB 2010-2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISA, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

A LINGUAGEM DO MOVIMENTAR-SE NOS JOGOS:

Implicações Pedagógicas na Educação Física

Submissão de quatro planos de trabalho. Títulos dos Planos de Trabalho

Plano 1- Labanálise de esportes: análise dos movimentos expressivos e das implicações

pedagógicas

Plano 2- Jogos dramáticos e qualidade de vida dos idosos asilados

Plano 3- Ritmo/equilíbrio nas brincadeiras e a inteligência na primeira infância

Plano 4- Praxiologia motriz dos jogos tradicionais e a educação física escolar

Grupo de Pesquisa Cadastrado no CNPQ:

Grupo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Cultura e Educação (líder 1)

Linha de pesquisa: Pedagogia da Corporeidade

Orientador:

Prof. Dr. Pierre Normando Gomes da Silva

Departamento de Educação Física/Centro de Ciências da Saúde: Docente do Programa de Pós-graduação Associado UFPB-UPE – Mestrado em Educação

Física

Colaboradores:

Prof. Dr. Guilherme Barbosa Schulze Departamento de Artes Cênicas/Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Profª Ms. Sandra Barbosa da Costa

Departamento de Educação Física/Centro de Ciências da Saúde:

JOÃO PESSOA/PB

2010-2011

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problemática

Não há dúvida de que o movimento humano seja o núcleo de interesse de toda a comunidade

profissional da Educação Física. Isso porque o movimento constitui-se o centro do trabalho pedagógico dessa prática educativa em seus diversos âmbitos: escolar, lazer, esportivo e saúde. Contudo, podemos observar na literatura dessa área de conhecimento e de intervenção, que o movimento, freqüentemente, tem sido tratado apenas pelo seu caráter instrumental: movimento para aquisição ou manutenção da saúde, movimento para estimulação da atividade cognitiva, movimento para melhoria do desempenho desportivo, movimento para conscientização política, movimento para aquisição de padrões motores e movimento para expressão de pensamentos e sentimentos. O movimento, nessa perspectiva, mesmo em se tratando de suas propriedades neurofisiológicas, biomecânicas, cognitivas ou políticas, é visto pelos seus determinantes exteriores.

Contudo, a educação física é um conhecimento complexo, porque têm preocupações tanto com a formação humana, nos aspectos motor, cognitivo, perceptivo, social, político, afetivo e moral, quanto se destina a melhoria da saúde, nos aspectos epidemiológicos da qualidade de vida, da prevenção e reeducação motora. Isso é devido a complexidade do seu objeto de estudo: o movimentar-se humano em sociedade, ou melhor, a corporeidade. Como área de conhecimento das ciências da saúde e campo de intervenção pedagógica, localiza-se na fronteira entre saúde e educação. Saúde porque as suas ações refletem no corpo dos educandos, favorecendo-lhes o bem-estar, na compreensão da Organização Mundial de Saúde. Também é educação porque o modo de intervir da educação física é dado de maneira pedagógica. As ações desenvolvidas nessa área de conhecimento são estruturadas na forma de aula. De modo que se constitui numa Ciência Aplicada recente e, por isso mesmo, sua comunidade acadêmica ainda está definindo e redefinindo seu objeto de estudo, é o que explica os epistemólogos da área (GO TANI, 2007; GAMBOA, 2007; FALCÃO, 2007). Esta dificuldade de delimitação, quanto ao objeto de estudo da educação física, torna-se visível nos 21 programas de pós-graduação de educação física no país, que se identificam a partir de diversos títulos, tais como: motricidade, movimento humano, ciências do movimento, cultura corporal e educação motora.

Também destacamos duas outras questões. Primeiro, pela abrangência da área de educação física envolver estudos nas ciências da saúde e nas ciências sociais, a comunidade acadêmica é fracionada entre aqueles mais voltados para a educação física pelo prisma da educação escolar e os que pensam a educação física pelo prisma dos efeitos fisiológicos dos exercícios nos praticantes. Decorrente dessa abrangência tem havido no país uma divisão nos cursos de educação física quanto a área de graduação, de acordo com a Resolução 07/2004 do CNE e Portaria 115/2004do INEP os cursos podem ser Licenciatura em Educação Física ou Bacharelado em Educação Física, que começam a ser adotados entre as 700 escolas de educação física brasileira, que em nosso entendimento é um grande equívoco. Segundo, a educação física por maior abrangência e divisão que se estabeleça nas reformas curriculares, não pode ser pensada independente de sua intervenção, seja ela em que campo de intervenção for (escolas, empresas, condomínios, clubes esportivos, hospitais). De modo que os problemas de pesquisa que surgem não são da ordem da pesquisa pura (compreensão dos fatos puramente), antes suas pesquisas visam um aperfeiçoamento da práxis, ou seja, suas pesquisas têm um desdobramento de uma intervenção prática (GO TANI, 2007).

Este é um problema antigo na educação física, os historiadores da educação física demonstram que desde o começo a educação física se estabeleceu assim. Realizava uma intervenção pedagógica pelos mestres de ginástica, inicialmente exercido pelos militares, cujo respaldo teórico advinha dos discursos médicos (BRACHT, 1999; VAGO, 1999; GOMES-DA- SILVA, 1998). A educação física ao longo de todo esse século esteve assim dividida entre os “tecnicistas”, responsáveis pelo treinamento desportivo e ginástica de academia, e os “humanistas”, responsáveis pela pedagogia da educação física, sendo mais influenciados pelas ciências sociais. Contudo, desde o final dos anos 90 tem crescido na Educação Física outra compreensão de saúde, a partir de estudos recentes (CARVALHO, 2006; GOMES-DA-SILVA et. al., 2008).

De modo que, na perspectiva de reafirmar essa nova tendência da educação física em contribuir na solução destas grandes questões epistemológicas anteriores, delimitação e aprofundamento do objeto de estudo da educação física, além de assumir a dupla condição da educação física: social e

biológica, escolar e não escolar, crianças e idosos, foi que resolvemos elaborar este projeto de pesquisa, que tem como pressuposto fundamental o entendimento da Educação Física como um construto da linguagem, portanto abrangendo a inteireza humana, cultural e biológica. Sendo assim, formulamos nossa questão-problema: A compreensão da linguagem do movimentar-se nos jogos contribui para o desenvolvimento da educação física? Como é uma questão por demais abrangente, podemos desdobrá-la em quatro questões-de-estudo, que serão desenvolvidas em quatro planos de trabalhos distintos e complementares: 1- Quais as implicações pedagógicas dos movimentos expressivos dos esportes (triatlhon) vividos pelos alunos do ensino fundamental? 2- A vivência dos jogos dramáticos melhoram os índices da qualidade de vida dos idosos, melhorando o bem-estar? 3- O ritmo e equilíbrio vividos nas brincadeiras infantis se relacionam com a inteligência na primeira infância? 4- A rede de comunicação motriz vivida nos jogos tradicionais contribui para a educação física escolar?

1.2 Justificativa Para responder a essas questões de estudo formulamos quatro planos de trabalho tematizando a

prática da educação física, sendo dois para crianças e jovens escolarizadas e outro para adultos, especificamente, idosos acima de 60 anos. Estes quatro planos se justificam, no sentido de responder as demandas epistemológicas, a partir de reflexões rigorosas, utilizando método científico, tanto para avaliar os efeitos corporais da prática educativa nos públicos-alvos distintos, crianças, jovens e idosos; quanto para experimentar intervenções pedagógicas que agem articulando as duas áreas de conhecimento: educação e saúde.

Interessa-nos a linguagem corporal, como práticas de movimento próprias da educação física, relacionadas à linguagem social e psíquica, construída pelas culturas, portanto, sistematizado para o ensino. As práticas de linguagem corporal atuam na percepção sinestésica e na vitalidade. Além do mais este projeto justifica-se por sua viabilidade e relevância social. É viável porque desde o PIBIC 2007-2008 que já começamos a desenvolver pesquisa junto a idosos e crianças

1. De modo que este

projeto vem sendo realizado com bolsistas PIBICe voluntários PIVIC, em que estamos aprofundando teórico-metodologicamente uma perspectiva de compreender a educação física e de intervir junto as diversas populações. Essa é a produção científica e social que estamos desenvolvendo.

Tem havido o interesse de diversos alunos ao se aproximaram do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Educação e Cultura, devido ao interesse de participar desse projeto, porque reconhecem o valor desta pesquisa-participante para a formação dos alunos e dos significativos resultados que se têm obtido para a área de conhecimento da educação física. Sem falar nas repercussões sociais

2 do trabalho junto a comunidade pesquisada, as gestoras dos estabelecimentos de

intervenção e a comunidade universitária, já que se trata de uma pesquisa participante. Por isso, a partir do convite das responsáveis pelo trabalho para darmos continuidade ao projeto, pretendemos junto a iniciação científica continuar sistematizando o saber da educação física como linguagem, estando atento para a produção do conhecimento advindo das práticas educativas realizadas, com suas respectivas avaliações.

1 Para idosos nos Núcleos do Programa de Atenção a Pessoa Idosa, da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura

Municipal de João Pessoa (Núcleo Nova Vida - Castelo Branco/JP-PB), bem como na ASPAN (Cristo redentor/JP-PB). E

para crianças nos Centros de Referência da Educação Infantil – SEC/PMJP (Júlia Ramos- Torrelândia/JP e ElShadai-

Jaguaribe/JP-PB) e na Fundação Educar (Conde-PB). 2 A começar pelo reconhecimento do trabalho pela coordenação geral da Secretaria de Desenvolvimento Social, Nilsonete Lucena, pela coordenação local do Núcleo Nova Vida, Clara Maria Camilo Soares e, principalmente, pelos idosos atendidos

pelo projeto com suas declarações dos benefícios advindos das práticas e pela assídua freqüência dos participantes. Também

pela Coordenação do ASPAN, na pessoa do administrador, Fabiano de Sales Vilar, e principalmente dos idosos asilados com

seus depoimentos relatando o bem que temos levado a vida deles. Também pelo reconhecimento da diretora da escola Julia Ramos, Liliane Belarmino Silva de Souza e das professoras de sala que mencionaram os benefícios que as crianças

receberam na melhoria da aprendizagem. E da gestora do CREI El Shadai, Veronice da Silva Guedes.

Por isso, mesmo num curto espaço de tempo, entendemos que este trabalho de pesquisa participante justifica-se porque contribui efetivamente na melhoria da qualidade de vida de idosos, conforme relatórios de pesquisas que temos apresentado nos ENICs e em demais eventos científicos brasileiros, e pela educação expressiva necessária para ampliar o repertório de percepção das crianças e jovens, bem como sua inteligência expressiva, produzindo assim um impacto de transformação na relação de cada um com seu próprio corpo (sensorialidade, tonicidade, postura, expressividade), com os outros (interação sócio-cultural) e com a natureza. Fazemos isso ao possibilitar aos idosos , crianças e jovens uma abertura ao mundo da linguagem corporal, ajudando-os a desenvolverem sua capacidade sensitiva e bioenergética. Portanto, este projeto reconhecendo o envelhecimento e a maturação infantil e juvenil como um processo dinâmico e progressivo de modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas resolve reafirmar a identidade pessoal de cada sujeito, fazendo os alunos (participantes do projeto) se reconhecer em sua continuidade e nas suas possibilidades de vir a ser. O projeto faz isso ao reinvestir na linguagem, fortalecer a tonicidade muscular, ampliar a expressividade, encorajar novas amizades e favorecer a construção de si mesmo, do autodesenvolvimento e da autorealização.

Por fim, destaco o caráter interdepartamental desse projeto, visto abranger a área de Educação Física e Artes. Desde o projeto “O drible no futebol e a corporeidade do brasileiro: análise dos gestos nos jogos da seleção brasileira nas copas do mundo” com a participação do prof. Dr. Guilherme

Shulze, do Departamento de Artes Cênicas. Essa parceria, entre LEPEC e o Núcleo de Estudos

Coreográficos, na linha de pesquisa “Artes Cênicas na Escola” começou no PIBIC 2006-2007 com as seguintes inquietações hoje respondidas: o drible dos jogadores da seleção brasileira nas copas do mundo pode ser configurado como uma composição de coreográfica própria? quais as semelhanças e dessemelhanças dos dribles dos principais atacantes da seleção brasileira, nos seus aspectos biomecânicos, cognitivos, sociais e emocionais? Depois no PIBIC 2007-2008 com outras duas questões de estudo, também respondidas, foram elas: A ginga do drible está presente em outras práticas corporais brasileiras, como em danças, lutas e jogos? Qual a trajetória motriz do drible, em termos de habilidade, comunicação corporal e inteligência intuitiva? Nesta pesquisa, foi oferecida uma bolsa PIBIC para um aluno do Curso de Educação Artística para que o caráter interdisciplinar e interdepartamental fosse cristalizado. Percebendo a possibilidade de continuidade dessa relação é que estamos reafirmando-a no atual projeto, PIBIC 2010-2011.

1.3 Definição dos objetivos OBJETIVOS GERAIS: Compreender a relação entre a linguagem do movimentar-se nos jogos e o saber curricular da educação física. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 1- Avaliar como os movimentos expressivos de alguns esportes (triathlon) vividos por alunos do ensino fundamental contribuem na sua formação de cidadão 2- Analisar o potencial educativo da rede de comunicação motriz vivida nos jogos tradicionais para a educação física escolar 3- Descrever a relação entre o ritmo e equilíbrio vividos nas brincadeiras infantis e a inteligência na primeira infância 4- Caracterizar como a vivência dos jogos dramáticos ampliam a interação sócio-cultural dos idosos, melhorando o seu bem-estar

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este projeto de pesquisa está vinculado ao Departamento de Educação Física e ao Núcleo de

Pesquisas em Ciências do Movimento Humano (CCS/UFPB) e será desenvolvido especificamente pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Corporeidade, Cultura e Educação- LEPEC, pela Linha de Pesquisa (CNPq): Pedagogia da corporeidade. Destina-se a investigar a contribuição das linguagens

dos jogos na ampliação da educação e saúde de idosos, jovens e crianças da comunidade pessoense. Em termos de fundamentação teórica, este projeto sustenta-se a partir de quatro categorias teórico-práticas: envelhecimento, infância, linguagem corporal (corporeidade) e educação/saúde , que neste trabalho estão inter-relacionadas. Visto tratar-se de um projeto de intervenção educativa em idosos e crianças por intermédio de práticas corporais. Por isso, resolvemos esclarecer sob quais aspectos epistemológicos estão assentadas essas categorias. Iniciamos esclarecendo nossa compreensão de envelhecimento e infância, depois situamos a corporeidade, a partir dos conceitos de sensorialidade e expressividade.

Entendemos ENVELHECIMENTO na perspectiva de uma das fases do desenvolvimento humano, fase da maturidade, que para Jung, correspondia à segunda metade da vida, após os 40 anos. Mas têm sido criados vários discursos sobre o envelhecimento, dois deles são os mais enfáticos é o discurso demográfico e o discurso da degeneração física. Por isso, o envelhecimento nesse segundo parâmetro é tido como “um processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que culminam por levá-los à morte”. (MEIRELLES, 2000, p.28). O primeiro discurso apresenta a velhice como uma estimativa populacional, descrevendo-a como uma população que tem crescido, e os dados são apresentados, p. ex.: a cada ano é mais de 650 mil idosos (≥ 60 anos) incorporados a população brasileira; a população de idosos no Brasil cresceu nos últimos 40 anos 500% e estimam-se para 2020, 32 milhões de idosos brasileiros. (COSTA; VERAS, 2003).

Tem sido esses dois discursos que tem despertado tanto políticas de inclusão quanto o mercado de consumo, para ambos os discursos o que foi colocado como alvo foi o aumento da qualidade de vida para os anos de envelhecimento. A Organização Mundial de Saúde elegeu três indicadores para avaliar a qualidade dos anos adicionais nas sociedades mundiais, são eles: 1) manter a independência e a vida ativa com o envelhecimento; 2) fortalecer políticas e prevenção e promoção da saúde; 3) manter e/ou melhorar a qualidade de vida com o envelhecimento. Contudo, esses discursos são limitados porque não dão importância para os que vivenciam a experiência do envelhecer. (MINAYO; COIMBRA JR.,2002). Tratam esse fenômeno como homogeneidade, como um regime identitário, que ora é tratado como inválidos, ora como manipuláveis ao mercado. Sem, contudo perceber a pluralidade de modos de ser, pensar e agir possíveis na velhice; sem considerar o entorno sócio-cultural, econômico, político; sem atentar para as estratégias construídas para viver esta etapa da vida. Nós pensamos envelhecimento como desenvolvimento e como experiência corporal de sujeitos que para se manter vivos constroem estratégias para realização pessoal.

Uma das preocupações deste projeto é relacionar a prática corporal com a saúde dos idosos, atentando para os indicadores da política de promoção da saúde, visto que se relaciona com uma política pública municipal e com iniciativas da sociedade civil (ONGs). Também atentando para o indicador da autonomia na qualidade de vida. Autonomia para o Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade (GDLAM, 2004), significa: capacidade de realizar tarefas sem auxílio quer seja de pessoas, aparelhos ou sistemas. Ou seja, uma autonomia em três aspectos: de ação (independência física), de vontade (autodeterminação) e de pensamento (julgar situações) (DANTAS, 2005, p. 224). Bem como em termos de interação social, até porque é uma categoria complementar da autonomia. Há vários estudos (RAMOS, 2002; ANDRADE;VAITSMAN, 2002), que apresentam como as relações sociais tem efeitos n saúde das pessoas. Principalmente em relação aos idosos, que ao se sentirem incapazes de estabelecer uma relação de trocas em bases iguais, sentem-se incapazes e dependentes. Nosso projeto pensa o envelhecimento a partir da autonomia e da heteronomia, na construção da rede social, valorização da cultura participativa para aumentar a autonomia e elevar a auto-estima. Daí porque propomos as práticas corporais coletivas para facilitar a integração dos idosos, fortalecendo as amizades, para superar os limites físicos e para fazê-los ocuparem seu tempo em prol de si mesmo, livrando-se das ansiedades, inseguranças e medos.

Nossa compreensão da INFÂNCIA está relacionada a perspectiva histórico-cultural, visto que tomamos as crianças não só pelos condicionantes biológicos, mas fundamentalmente pelo papel que a infância ocupa no conjunto da sociedade, bem como relacionamos o processo de desenvolvimento com o processo de aprendizagem social. Portanto estaremos trabalhando a partir da compreensão das psicogeneses de Vigotski (1996) e Wallon (2008).

Por isso, entendemos que é o processo de aprendizagem que estimula o processo de maturação. E mais, a psicogênese da pessoa tem por base a psicogênese da motricidade. O ato mental se desenvolve a partir do ato motor. (NEGRINE, 2002, p. 19). A inteligência é um conjunto de funções, atitudes, atividades ou operações gerais e específicas que permitem interação do individuo com o meio em diferentes domínios e direções. Cada direção mobiliza atitudes e atividades que privilegiam uma série de funções, cobrindo assim uma extensão da atividade mental. É assim que o domínio afetivo inclui as funções tônica, emocional, sensitiva; o domínio motor, as funções tônica, sensitiva, perceptiva; o domínio do conhecimento, as funções tônico-posturais, as abstrações, as representações, as percepções e as imagens. Os níveis funcionais constituem a organização das atitudes e atividades de acordo com cada propósito emergido da interação do sujeito com o ambiente. (KROCK, 2005, p. 42)

Por isso, entendemos a infância, ou melhor, a criança em situação histórica, como aquela que pensa na ação, que seus movimentos são ação e expressão ao mesmo tempo. Que o ato motor transforma-se em ato tônico-postural e este origina o ato mental. A motricidade infantil, em sua dimensão cinética, é atuação sobre o meio para em seguida transformar-se em modificação do meio, em possibilidade d conhecer o mundo. Compreender o desenvolvimento das funções simbólicas de uma criança não difere muito de compreender suas funções motoras. Sabemos que, durante o período pré-verbal, uma criança saudável forma todas as coordenações motoras de que disporá até o fim de sua vida. Partir do período verbal, a motricidade vai se aperfeiçoando num jogo incessante de combinações, que resultam numa complexidade inigualável. Nesse projeto, envolvendo idosos e crianças, envelhecimento e infância, enfocamos a conscientização deste ser-criança/idoso-no-mundo e com o mundo, a partir das vivências corporais coletivas, das ações, sentimentos e pensamentos que seu corpo em relação pode realizar e participar de inúmeras ações no mundo. (FREIRE, 2003).

Movimento como LINGUAGEM é um modo de interpretar que o essencial do movimento, enquanto movimento de um ser humano, é sempre para quem realizou o movimento. O princípio interpretativo é não dicotomizar a ação do sujeito, nem o sujeito da ação. O primeiro sentido da atividade está para aquele que a realiza. Dessa forma, estamos destacando que é próprio da atividade motora realizar-se com intencionalidade e, por isso mesmo, criar significados que estão além das determinações abstrativas das medidas de desempenho. Pois os sentidos são desencadeados pela própria atividade dos sujeitos e manifestam a vida social. De modo que não atentar para a significação existencial implica em isolar o movimento do próprio sujeito que o realizou, bem como da interação com o espaço-tempo em que o movimento foi realizado. Isso resulta num empobrecimento da compreensão do movimento, mesmo que se considerem seus condicionantes físicos, suas propriedades técnicas, suas motivações psicológicas e suas capacidades motoras, porque ao atentar para o caráter universal do movimento, deixa-se escapar sua elaboração histórica e contextual. Ao desconsiderar o vivido do movimento, esse deixa de possuir historicidade e o sujeito que o realizou fica sem ecceidade. É um sujeito universal, semelhante a todos os outros, e o movimento que ele realizou é mudo, não significa coisa alguma.

Pensamos a linguagem a partir da categoria CORPOREIDADE. Na Corporeidade o corpo não está isolado da mente, mas é corpo-mente, como um todo integrado e indivisível; nem está isolado da existência, das relações sociais, da história, portanto, é também corpo-social. A corporeidade se manifesta é no cotidiano, visto ser ai o lugar de estar no mundo de existência e co-existência (DORIA, 1972), como base da reprodução da vida, onde se dão as trocas energéticas, simbólicas e os vínculos sociais. Corporeidade é a configuração de ser corpo no mundo. Corporeidade é uma forma, ou melhor, uma “enformação”, uma agregação de diversas características próprias, constituindo uma unidade, uma totalidade, uma organicidade “onde luz e sombra, funcionamento e desfuncionamento, ordem e desordem, visível e invisível entram em sinergia” (MAFFESOLI, 1998, p.90), produzindo uma estética móvel, uma superfície corpo-social. Desse modo, podemos avaliar a corporeidade pela qualidade do desenho, por sua plasticidade: grotesco, delicado; leve, pesado; gracioso, risível; dramático, cômico; elegante, desajeitado. A configuração é estética, organiza os dados sensíveis: o que vê, o que cheira, o que escuta, o que faz vibrar, a maneira de se deslocar, de ficar imóvel, em silêncio... esses sentidos se comunicam entre si, evidenciando uma lógica própria (musical, plástica e cinestésica), que possui seus significados existenciais.

Quando pensamos numa hermenêutica da corporeidade passamos a compreender as práticas corporais como obras da cultura (códigos sociais) e do inconsciente (atitudes corporais), a partir dos vestígios do movimentar-se humano, tais como: fisionômicos, posturais, posicionais e relacionais,

privilegiando nesses o aspecto estético e sensível de sua ordenação, para apreender seus arranjos narrativos, organizadores da compreensão de si, do outro e do mundo em que está envolvido. De modo que é possível pensar a corporeidade em termos pedagógicos, no sentido, de proporcionar no processo educativo vivências, situações contextuais significativas para os sujeitos da aprendizagem elaborarem novas configurações existenciais.

Assim, retomamos nossa última categoria, EDUCAÇÃO/SAÚDE ou práticas educativas e terapêutica, porque pela corporeidade a educação não está reduzida aos conhecimentos intelectuais transmitidos e assimilados, e nem saúde se restringe a oposição a doença. Saúde é plasticidade corporal, criatividade, interação sócio-cultural, bem-estar, vitalidade. De modo que essa dupla categoria é vista como um processo orgânico-afetivo-cultural de interação com o meio, de transformação social e de relacionamentos de preferências e estranhamentos. Além de constituir-se eminentemente num ato político, carregado de decisões e ações sobre a vida das pessoas. Pensamento é uma extensão do processo corporal e educar é aprofundar a consciência. A consciência se forma a partir de nossa existência, de nossas vivências, da nossa corporeidade. Portanto, nem descartamos a natureza biológica do ser, pois assim estaríamos desconsiderando a organização filogenética evoluída do sistema nervoso e órgãos sensoriais, já que o cérebro é um sistema aberto auto-organizável que é moldado pela sua interação com objetos, pessoas e eventos. (MATURANA, 1998). Nem podemos nos afastar do humano como seres de consciência e história. Em um processo de reflexão sobre si, sobre as suas operações e ações, o homem vai produzindo de maneira singular a sua sobrevivência. O homem possui um programa genético mais aberto, plástico e flexível, que necessita de um meio ambiente adequado para que as aprendizagens sejam efetivadas.

Mas ao contrário disto está estruturada nossa organização social, separando as emoções das ações, os afetos dos pensamentos, as autopercepções das imagens do mundo. O Resgate das experiências significativas no processo educativo exige do educador um repensar sobre o corpo e a corporeidade. Assim, a corporeidade apresenta-se como um caminho epistemológico e metodológico para um novo olhar sobre este corpo e sobre a educação e a saúde. (ASSMANN, 1995). Daí nos propormos uma educação que esteja orientada para a sobrevivênc ia e o restabelecimento das funções originárias da vida. Uma “educação biocêntrica”, no dizer de Toro (2006), que cultive as forças organizadoras e conservadoras da vida. Uma educação que restaure os potenciais da vida no homem e inicie uma civilização para a vida, estimulando o contato direto com a natureza, com o prazer cinestésico do movimento, fortalecendo os instintos e estimulando a capacidade sensorial. Uma educação, como espaço democrático, que possa contribuir também para a emancipação social-coletiva. Um espaço propulsor do restabelecimento do humano, sua saúde corporal e mental, devolvendo a vivacidade dos sujeitos, a partir dos sentidos (MONTAGU,1998).

3 METODOLOGIA

3.1 Abordagem metodológica Pensando numa abordagem metodológica que assuma a imanência do sujeito na trama

concreta e imediata das vivências nas práticas educativas, elegemos a Fenomenologia , como método epistêmico de abordar o problema, porque é a fenomenologia que une o sensível e o inteligível como formas da consciência atribuir significado ao mundo, daí porque a relação não é sujeito-objeto, mas a consciência de mundo-vivido. As práticas educativas serão abordadas pelo paradigma ético-estético (BACHELARD, 1988), quer dizer, buscamos as construções de territorialidades existenciais operadoras da subjetividade humana, tais como: memória social, tonicidade, postura, percepção sensorial, inteligência expressiva, sensibilidade, afeto e aprendizagem. Portanto, estaremos abordando esses dados de maneira qualitativa, com procedimento de análise do tipo descritiva, porque objetivamos observar, registrar, analisar e correlacionar as informações dos dois grupos de pessoas: idosos e crianças, com o fim de descrever a configuração corporal destes grupos e o que em que medida as prática educativas ampliaram as configurações de movimento, percepção e saúde.

3.2 Abordagem procedimental Trata-se de dois procedimentos, é uma pesquisa participante em que o pesquisador ao mesmo

tempo que investiga atua como docente ao realizar as intervenções pedagógicas nos grupos, quanto é uma pesquisa analítica, ao usar os métodos de análise de cada teoria. De modo que é preciso esclarece sobre a metodologia das aulas para a pesquisa participante.

Quanto ao local e a duração. Para os idosos, nos espaços da Associação (sala de recepção, capela, pátio) as aulas serão ministradas uma vez por semana, com duração de 1:30h., e para as crianças as aulas acontecerão nos espaços da creche (pátio, salão e piscina). Em ambos, as aulas terão duração de 8 meses, num total de 64 aulas de 45 minutos. Quanto a metodologia das aulas A aula segue uma estrutura pré-estabelecida, tanto para crianças quanto para os idosos, conforme quadro abaixo:

Introdução: (15 min.- idosos) (05 min. Crianças – Cantiga de Roda) * Roda de conversa: Para conversação sobre a temática e objetivo da aula (destacando a importância da aula para educação/saúde); * Sensibilização: Para idosos -momento de poesia, narrativas sagradas, relacionada ao tema da aula. Para crianças – rodas cantadas

Desenvolvimento: (60min. Idosos- Exercícios educativos) (30 min. Crianças – Ginástica Historiada) *Sessão Interoceptiva - Treino de alongamento (estiramento, suspensão e postura), flexibilidade (métodos passivo e ativo) e exercícios respiratórios. *Sessão Exteroceptivo-Proprioceptivo (50 min.) Sistema postural: preservar o equilíbrio na sua orientação com a terra; Sistema investigativo de orientação: ajustamentos do corpo para obter informações externas; Sistema locomotivo: movimentos de aproximação, perseguição, desvio e escape; Sistema apetite: troca com o ambiente pela respiração, alimentação, eliminação e interação; Sistema performático: alterar o ambiente beneficiando o organismo; Sistema expressivo: movimentos posturais, faciais e vocais para especificar emoções; Sistema semântico: movimentos de todos os tipos, sons e fala codificada

Conclusão: (15min. Idosos) (10 min. Crianças – Produção de desenhos) * Círculo de cultura, com realização do Balanço-de-Saber e conversação no grupo focal.

Quadro I Estrutura metodológica das aulas

Quanto ao conteúdo das aulas

A aula trabalhará os conteúdos da corporeidade: mímica, jogos dramáticos, exercícios de alongamento-flexibilidade-respiração, atividades rítmicas, danças (espontânea, social, folclórica, de rua); movimentos de práticas orientais, caixa de areia.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa constituem-se em três grupos de pessoas, um com idosos , outro com crianças e outro com adolescentes. O grupo dos idosos está composto por 91 pessoas, com idade entre 65 e 85 anos, asilados no Instituto de Longa Permanência (ILP)- ASPAN, Associação Promocional do Ancião, localizado na rua Antônio Correia Matos, n.55, no bairro do Cristo Redentor. A maioria das pessoas são advindos de pessoas que perderam seus familiares, ou foram entregues pelos familiares e até encontrados na rua. O grupo de crianças está composto por 40 alunos matriculados no CREI El Shadai, no turno da manhã, nas turmas de 4 e 5 anos. Essa creche, CREI (Centro de Referência da Educação Infantil), mantida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, Secretaria de Educação, localiza-se na rua Capitão José Pessoa, n.111, Jaguaribe. Essas crianças são advindas das comunidades carentes das adjacências de Jaguaribe. E os escolares serão convidados a participar do projeto do

triatlhon na própria universidade, portanto, aberto a comunidade em geral, com idade limitada entre 10 e 16 anos.

3.3 Procedimento ético da pesquisa Após receberem as explicações claras e completas sobre o estudo, ficando cientes de suas

características, duração e propósito, houve concordância de todos os idosos e de todas as professoras do CREI em participarem deste projeto de pesquisa participante, sem restrição. Sendo assim, a diretora do CREI El Shadai, Veronice da Silva Guedes, assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de a folha de rosto, em 17/04/2009 e o presidente da ASPAN, Fabiano de Sales Vilar assinou os termos de concordância em realização da pesquisa e a folha de rosto o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em 15/04/2009, conforme anexo.

3.4 Procedimentos e instrumentos para coleta de informações Para a coleta de dados serão utilizados quatro procedimentos com seus respectivos

instrumentos: observação participante, questionário, entrevista, grupo focal. Todos esses procedimentos ocorrerão a partir da intervenção pedagógica das aulas.

As observações participantes realizar-se-ão durante as aulas ministradas, a partir de um roteiro de observação, destacando os seguintes aspectos sensório-expressivos do movimento: o movimento do corpo em relação ao próprio corpo, ao espaço, ao tempo e aos relacionamentos. Essas observações serão decorrentes na aula, seja durante a prática das atividades, seja no momento “Balanço de Saber” (CHARLOT, 2000), em que eles constroem algo que represente a aprendizagem. Além do mais, essas observações serão registradas a partir de três instrumentos: diário de campo (caderno de pauta), fotografia e filmagem (Câmara Kodak).

As entrevistas semi-estruturadas serão realizadas no início do processo ao levantar informações sobre os sujeitos da pesquisa, seja com presidente da instituição ou diretores/professores da creche, seja com os próprios sujeitos levantando informações sobre a história de vida. As entrevistas serão gravadas com gravadores digitais, e posteriormente transcritas com fidelidade, devolvidas aos depoentes para serem lidas e autorizadas a publicação na íntegra ou parcial.

Os questionários serão aplicados no início e no final, para avaliar os impactos deste programa pedagógico-terapêutico na qualidade de vida dos participantes. O questionário aplicado será da WHOQOL (1998), que conceitua qualidade de vida como “percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Os grupos focais acontecerão ao final de cada sessão, numa roda de conversa, no momento do “Círculo de Cultura” (FREIRE, 1980), onde os participantes serão motivados a verbalizarem suas experiências vividas em termos de aprendizagem e sensibilidade. Procuraremos nas discussões, na qualidade de debatedor- pesquisador, manter a naturalidade e a descontração para obter respostas autênticas, e quando a temática não tiver sido suficientemente discutida reformularemos a problemática. No caso das crianças, as falas serão entregues a direção da escola para serem repassadas aos pais das crianças para autorizarem a publicação. Entre as crianças o grupo focal acontecerá com a utilização de desenhos, feito pelas crianças.

3.4 Técnicas de análise das informações As informações recolhidas pelos diversos instrumentos serão classificadas em categorias para

a realização da análise e interpretação das informações obtidas. Com esse procedimento serão feitas constatações e a análise de conteúdos com a elaboração de categorias preestabelecidas. Verificando os efeitos do programa em relação a educação e a saúde (avaliação postural, tonicidade muscular, equilíbrio, ritmo, interação sócio-cultural).

Os movimentos, com montagem de vídeos das filmagens, serão analisados pelo Sistema de Análise de Movimento (LABAN, 1998), a partir das seguintes categorias de movimento: -Pela posição do corpo em relação ao espaço: Níveis (alto/médio/baixo); Direções (para frente/para trás; diagonalmente/lateralmente; para cima/para baixo; outros caminhos: curva e zigue-zague); Alcances (largo/estreito, curvo/reto, espaço próprio/espaço geral).

-Pela posição do corpo em relação ao esforço: Força (forte/leve/moderado); Tempo (rápido/lento/médio/estável/súbito); Fluência (livre/limitado) -Pela posição do corpo em relação aos outros: Objetos ou pessoas (em cima/em baixo, dentro/fora, entre dois/entre vários, em frente/atrás, liderança/seguimento, acima/abaixo, através/ao redor). Pessoas (espelhando, copiando como sombra, em uníssono, junto/separado, alternado). Bem como, os movimentos serão analisados pela teoria da comunicação corporal e pela bioenergética (LOWEN, 1982; SANTAELLA, 2004; KNAPP;HALL, 1999).

E a partir do sistema de interpretação de Pierre Parlebas (2000), denominado de Praxiologia Motriz, iremos investigar os movimentos expressivos do triathlon e os jogos tradicionais. Esse sistema consiste numa classificação dos jogos objetivando compreender sua lógica interna, para isso trabalha com as categorias em função: 1- do status dos jogos (tradicionais, quase desportivo, desportivo) e 2- da relação entre os jogadores com os adversários (cooperação ou oposição), com o objeto e com o ambiente (estável e instável).

4 Referências

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e saúde coletiva, RJ, v.7, n.4,2002. ASSMANN, Hugo. Paradigmas educacionais e corporeidade. Piracicaba: UNIMEP, 1995; BRACHT, Valter. Educação física e ciência: cenas de um casamento feliz. Ijuú:UNIJUÌ, 1999. CARVALHO, Yara. Saúde, sociedade e vida: um olhar da educação física. Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v.29, n.1, p. 153-168, maio, 2006; COURTNEY, R. Jogo, teatro e pensamento: as bases intelectuais do teatro na educação. 2.ed. SP: Perspectiva, 2001 CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: Porto alegre: Artes Médicas Sul, 2000. DANTAS, Estélio. Alongamento e flexionamento. 5.ed. RJ: Shape, 2005 DORIA, Francisco Ant. O corpo e a existência: psicanálise cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1972. FALCÃO, José Luiz. A produção do conhecimento na educação física brasileira. Revista Brasileira

de Ciências do Esporte . Campinas, v.29, n.1, p. 143-162, setembro, 2007; FREIRE, J.B. Educação como prática da cultura corporal. SP: Scipione, 2003 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 11.ed. SP: Paz e Terra, 1980. GALLAHUE, D.; OZMAUN, J. Compreendendo o desenvolvimento humano . SP: Porte, 2003 GAMBOA, S.S; CHAVES, Márcia; TAFFAREL,Celi. A pesquisa em educação física no nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v.29, n.1, p. 89-106, setembro, 2007; GOMES-DA-SILVA, P.N. Entrevista.In: GONÇALVES, E.; FORASTIERI, R.; SINFRÔNIO, Lima (Orgs.) Trajetórias entrelaçadas. Entrevistas. Coleção Poéticas da Vida.v.2. João Pessoas: Scanner, 2007; ______. et al. Oficina de brinquedos e brincadeiras. João Pessoa: EdUFPB, 2010. KROCK, Dulce. Inteligência expressiva. SP: Summus, 1995 LABAN, Rudolf. Domínio do movimento.SP: Summus, 1998. LOWEN, Alexander. A espiritualidade do corpo: bioenergética beleza e harmonia. SP: Cultrix, 2002. , ________Bioenergética. 5.ed.SP: summu, 1982; _______Prazer: uma abordagem criativa da vida. SP: circulo do livro, 1989 MAFFESOLI, M. No fundo das aparências . Petrópolis: vozes,1996;__Razão Sensível. Petropolis: vozes, 1998 MATURANA, H. Emoção e linguagem na educação e na política.BH: m, 1999 ______; VERDEN-ZOLLER, G. Amar e brincar: fundamentos esquecidos do humano. Palas Athena, 2006. MINAYO, M.C.; COIMBRA JR., C.E. (Orgs.) Antropologia, saúde e envelhecimento. RJ: Fiocruz, 2002. MONTAGU, Ashley. Tocar: o significado humano da pele. 7.ed. SP: Summus, 1998. NEGRINE, Airton. Corpo na educação infantil. Caxias do Sul: EDCS, 2002 OAKLENDER, Violet. Descobrindo crianças . 13.ed. SP: Summus, 1980. OKUMA, Silene Sumire. Idoso e a atividade física. Campinas-SP: Papirus, 1998.

PARLEBAS, Pierre. Léxico de praxiologia motriz: jogos, desporte e sociedade. Barcelona: paidotribo, 2001 RAMOS, Marília. Apoio social e saúde entre idosos. Sociologias (on line), n.7, p.156-175, 2002. SANTAELLA, L. Semiótica aplicada. SP: Pioneira, 2002; ______Corpo e comunicação: sintoma da cultura. SP: Paulus, 2004.. SIMÕES, Regina. Corporeidade e Terceira Idade : a marginalização do corpo do idoso. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1998, 3 ed. TANI, Go. Educação física: por uma política de publicações visando à qualidade dos periódicos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v.29, n.1, p. 9-22, setembro, 2007; WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicol comparada.Petrópolis:Vozes, 2008. VIGOTSKI, L. A formação social da mente. SP: Martins Fontes, 1996 KNAPP,M.;HALL, J. Comunicação não -verbal na interação humana.SP: JSN, 1999.

PAPALÉO NETTO, M. O estudo da velhice: histórico, definição do campo e termos básicos. In FREITAS, E. V.; PY, L.; CANÇADO, F. A. X.; DOLL, J.; GORZONI, M.L. (Eds.).

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SPIDURSO, W.W. Dimensões Físicas do Envelhecimento. São Paulo: Manole, 2005

PLANO DE TRABALHO 1

LABANÁLISE NOS ESPORTES: ANÁLISE DE MOVIMENTOS EXPRESSIVOS E

IMPLICAÇÃO PEDAGÓGICA

1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Definir os esportes que serão analisados a partir das afinidades dos bolsistas (familiaridade, acesso...) - Analisar os movimentos dos jogadores esportivos buscando identificar neles os fatores determinantes: fluxo, espaço, tempo e peso; - Interpretar as atitudes dos jogadores em termos de movimento expressivo realizado durante o jogo;

- Identificar a capacidade de movimentos expressivos dos escolares que participarem voluntariamente da pesquisa - Avaliar como os movimentos expressivos vividos nos esportes contribuem na formação dos escolares – sujeitos da pesquisa.

2 VINCULAÇÃO AO PROJETO E RELEVÂNCIA

Este primeiro plano de trabalho - Labanálise nos esportes: análise de movimentos expressivos e implicação pedagógica - se insere no projeto principal na medida em que se

constitui numa concretização do tipo de jogos que serão analisados na pesquisa. Nesse plano será tomado alguns esportes, a serem definidos pelos alunos bolsistas, mas de antemão temos como sugestão o Triathlon, porque ele é uma prova que reúne três esportes (atletismo,

ciclismo e natação), diversas habilidades motoras e autocontrole psíquico. Esta prática esportiva contribui na estabilidade articular funcional, também chamada de reflexo ligamento-muscular, Já a rigidez músculo-articular, Stiffness, utiliza a participação de mecanorreceptores

articulares, que irão atuar sobre os motoneurônios gama, afim de ajustar continuamente a rigidez

muscular através da co-contração. Esta co-contração é a ativação simultânea de dois ou mais músculos em torno da articulação como forma de proteger a mesma, contra possíveis perturbações

impostas a ela durante a realização de atividades. Daí estabelecermos nossa primeira questão de estudo: Quais as implicações pedagógicas da vivência dos movimentos expressivos dos esportes (triatlhon) pelos alunos do ensino fundamental?

O movimento humano é sempre constituído dos mesmos elementos, seja na arte, no trabalho, na educação ou na vida cotidiana. Será por intermédio desse plano que iremos avaliar a influência que esse repertório de significados expressivos trará a educação física. É

essa inteligência, de origem tônico-postural e emocional a responsável por gerar a orientação social. Daí destacarmos a relevância deste plano em termos de acompanhar com pesquisa o

desenvolvimento expressivo das crianças. Pois ao fazermos isso estaremos avaliando a participação total das crianças, pelo seu sistema de expressar suas emoções, na coesão de reações orgânicas (motora e vegetativa) e psíquicas que a absorvem completamente.

Também é relevante porque aprofunda um campo de estudo da educação física, a modalidade expressividade, pelo estudante, capacitando-o a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção. E por relacionar o conhecimento próprio da educação física com o conhecimento da expressividade humana, essa pesquisa cria uma interação com o campo de conhecimento das artes, por isso, temos como colaborador, o professor do departamento de artes cênicas. Essa pesquisa ao construir uma interdisciplinaridade com os conhecimentos artístico-cultural e sensório-biológico amplia a discussão local e nacional sobre as práticas educativas na educação física. Além de fortalecer a identidade cultural da infância, que é diversificada, abrangente, polifônica, plástica e contraditória.

3 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES O cronograma de atividades complementa-se nas metas a serem alcançadas nos dois

semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados, Análise e interpretação dos resultados. E, por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final.

2.1 Metas para o primeiro semestre Fase exploratória - Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre a teoria geral de Rudolf von Laban, destacando os resultados das pesquisas recentes, bem como analisar estudos etnográficos de resultados para a aprendizagem das práticas educativas; - Diagnosticar o grupo de crianças a ser investigado, por meio de avaliações e observações quanto a capacidade expressiva. Fase de coleta dos dados - Planejar aulas que valorizem a expressividade, por meio da aprendizagem do esporte definido (triathlon), avaliando suas repercussões em termos de inteligência e aprendizagem; - Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior aceitação, maior integração do grupo e envolvimento participativo; - Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e possibilitem outros professores de educação física realizarem essa metodologia. Relatório e seminário - Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com participação em evento científico; - Organizar seminário local para apresentação dos resultados.

2.2 Metas para o segundo semestre Fase de análise e interpretação dos dados - Catalogação das diversas ações corporais segundo os critérios da labanálise; - Descrever as composições gestuais das diversas práticas vividas pela sua capacidade de inauguração criadora e inventividade. - Interpretar os gestos catalogados, descrevendo a tendência geral dos gestos – a corporeidade. Relatórios - Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação científica da UFPB, como de outras instituições e produzir e encaminhar artigo para revista indexada. - Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional. 4 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO

Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico, porque já

vimos lidando com essa temática da expressividade, como desdobramento da corporeidade, temática que temos desenvolvido pesquisas a mais de uma década, abordando essa relação movimento e cultura, prática corporal e significado existencial. Segundo, porque do ponto de vista metodológico, já está definida a estrutura do programa de ensino (cf. quadro abaixo), quanto a avaliação, plano de ensino, sistemática dos planos de aula, familiaridade com a aplicação de questionários e entrevistas, condução do grupo focal, bem como com a observação participante durante a aula.

Meta do

trabalho

Aquisição de Movimentos Expressivos: atenção/percepção/equilíbrio/conduta tônico-postural/inteligência

Avaliação dos efeitos do

programa

Descrição fenomênica da capacidade expressiva dos jogadores.

Estrutura das

aulas

Início :

- Momento de sensibilização e interação: Poesia e Jogo dramático (10 min.)

Desenvolvimento

- Atividades propriamente ditas, na temática especifica do dia, a partir da metodologia

do esporte definido -triathlon (40 min);

Final

- Professor realiza o circu lo de cultura com balanço de saber (15 min) Quadro 2 Estrutura metodológica de ensino

PLANO DE TRABALHO 2

JOGOS DRAMÁTICOS E QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS ASILADOS

1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Interessa-nos pesquisar neste plano de trabalho o modo pelo qual uma prática educativa que valoriza a os jogos dramáticos pode interferir no processo de aumento da expressividade, prazerosidade e amizade dos idosos. Assim, formulamos os seguintes objetivos específicos:

- Ampliar a capacidade expressiva dos idosos, avaliando suas repercussões na sua qualidade de vida;

- Ampliar a percepção corporal dos idosos para que eles tomem contato com seu corpo e reconquistem seus movimentos, ampliando o conhecimento de si, das relações com quem convive e do mundo ao redor;

- Oportunizar pelas vivências dos jogos dramáticos os seguintes efeitos para a saúde: Melhoria da qualidade de vida em termos de relação social Diminuir as dores musculares (costas e pescoço) devido a melhoria da postura e da utilização de exercícios de auto-massagem, alongamento e relaxamento; Diminuir a insônia, devido a capacidade de relaxamento; Ampliar a capacidade de locomoção e da autonomia, devido a reaprendizagem das formas de sentir e usar o corpo; 2 VINCULAÇÃO AO PROJETO E RELEVÂNCIA

Este segundo plano de trabalho, Jogos dramáticos e quaalidade de vida dos idosos asilados,

se insere no projeto principal na medida em que se constitui numa programação operacional da pesquisa, especificamente, no que se refere à resposta da segunda questão de estudo: A vivência dos jogos dramáticos ampliam a interação sócio-cultural dos idosos, melhorando

sua qualidade de vida? Será por intermédio desse plano que iremos avaliar a influência do programa de ensino com aulas valorizando as experiências de atividades expressivas e de percepções corporal sobre o aumento da saúde dos idosos, em termos de plasticidade. Pois reconhecemos a partir de pesquisas que quanto maior o grau de plasticidade do corpo, maior sua tendência para a vitalidade e prazerosidade.

Nesse trabalho de pesquisa participante com programa de ensino inovador, nossa atenção estará voltada especificamente para a plasticidade corporal, ou para a expressividade dos idosos. Uma prática educativa que possibilite o reaprender a viver, enquanto corpo sensitivo, a desfrutar do prazer corporal em sua relação consigo mesmo e com o mundo. Escolhemos a expressividade e a interação social, porque a vida social nos asilos (Institutos de Longa Permanência-ILP) é restritiva e a prazerosidade e a espontaneidade vai se perdendo. Peter Blau descreve que a sociedade se mantém num sistema de trocas e que o idoso par não sentir-se capaz de trocar com o outro em bases iguais ele entra em depressão. E pelo que constatamos na ASPAN, essa ausência de incentivo de comunicação também é sentida e está presente a tendência ao isolamento. Com isso, fisiologicamente e socialmente, o idoso vai perdendo a conexão do seu corpo com a exuberância do viver e com sua capacidade de se expressar diante do mundo. Então, para combater essa estrutura social e resistir a tendência ao isolamento e a doença, resolvemos propor uma prática educativa que tem sua interface na saúde, que é a reaprendizagem do corpo em se expressar e se comunicar diante das situações.

Para isso, nesse programa educativo que criamos, o idoso estará recuperando e recriando a fluência da respiração e do andar, em harmonia como movimento do corpo como um todo. Evidente que falamos em andar para os que não estão impedidos organicamente. E aí está a relevância do projeto seu desdobramento na melhoria da qualidade de vida do idoso ao reabilitar a tonicidade muscular e a consciência corporal e a dissolução das tensões crônicas. Isso sem falar do ponto de vista da produção do conhecimento, visto aprofundarmos um campo de estudo inovador na educação física, expressividade e saúde, capacitando o estudante a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção.

3 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas nos dois semestres, correspondendo as três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados, Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final.

2.1 Metas para o primeiro semestre Fase exploratória - Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre expressividade, jogos dramáticos e qualidade de vida e Eutonia, destacando os resultados de pesquisas recentes sobre estudos etnográficos de práticas educativas que trate da saúde do idoso; - Diagnosticar o grupo de idosos da ASPAN, sujeitos da pesquisa por meio de avaliações (questionários-wohqol, entrevista) e observações dos movimentos nas aulas. Fase de coleta dos dados - Planejar aulas com os jogos dramáticos que valorizem a expressividade e estimulem a tonicidade muscular e a postura; - Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior aceitação, maior integração do grupo e envolvimento participativo - Avaliar continuamente a melhoria da interação sócio-cultural; - Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia. Relatório e seminário - Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com participação em evento científico; - Organizar seminário local para apresentação dos resultados.

2.2 Metas para o segundo semestre Fase de análise e interpretação dos dados - Catalogação das diversas posturas corporais dos idosos segundo os critérios da teoria Eutonia; - Descrever as reaprendizagens das formas de sentir e usar o corpo relatadas pelos idosos durante as aulas no momento do Círculo de Cultura. - Interpretar as condutas tônico-postural dos idosos, após o programa de atividades expressivas (Jogos Dramáticos) de acordo com a reconfiguração da corporeidade realizada no percurso de realização do projeto. Relatórios - Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista indexada nacional com qualis. - Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.

4 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO

Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico, porque já vimos lidando com essa temática da corporeidade com os idosos desde o projeto passado e temos dois especialistas em gerontologia (profª Ms. Sandra Barbosa da Costa e o José Maurício de Figueiredo Junior – orientando do mestrado) colaboradores deste trabalho.

Segundo, porque do ponto de vista metodológico, já está definida a estrutura do programa de ensino, quanto a avaliação, plano de ensino, sistemática dos planos de aula, familiaridade com a aplicação dos questionários e entrevistas, bem como com a observação participante dos aspectos da expressividade, conforme quadro abaixo.

Meta do trabalho Comunicação corporal para ampliar a rede de amizade dos idosos

Avaliação dos efeitos do

programa:

- Questionário WHOQOL sobre qualidade de vida; - Verificar os efeitos do programa de jogos dramáticos quanto a diminuição do sentimento timidez, abandono e solidão; - Avaliação postural e tonicidade muscular;

- Avaliação do aumento da rede de contatos sociais e participação em festas culturais.

Plano de atividades para

trabalhar a

comunicação

corporal

- Os efeitos do ambiente na comunicação humana – a aula será realizada em vários espaços e com diferentes objetos; - Os efeitos da aparência na comunicação humana – aulas de mímica; - Os efeitos do gesto e da postura na comunicação humana – experimentar diferentes posturas de comunicação; - Os efeitos do toque na comunicação humana - trabalhar diferentes tipos de toques e carícias: suaves, rudes, cuidadosas com o fim de reencontrar as emoções que estão inscritas no corpo. - Os efeitos da face na comunicação humana– expressar diversas formas fisionômicas da alegria, tristeza, dor, susto, raiva, apaixonado;.

Quadro 3 Estrutura metodológica para os idosos

Outra viabilidade de execução está na concordância do presidente da ASPAN com a

realização da pesquisa, já tendo assinado o termo de anuência e folha de rosto. Bem como a concordância de todos os idosos que já estão participando da desde setembro de 2008. São os relatos dos sujeitos da pesquisa quem mais demonstram a viabilidade do projeto e a necessidade de haver continuidade do trabalho.

PLANO DE TRABALHO 3

RITMO/EQUILÍBRIO NAS BRINCADEIRAS E A INTELIGÊNCIA NA PRIMEIRA

INFÂNCIA

1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

De modo que interessa-nos pesquisar, especificamente neste plano de trabalho, o modo pelo qual uma prática educativa que valoriza o ritmo e o equilíbrio pode interferir no processo de ampliação da inteligência, especificamente a consciência corporal e a consciência social. Assim, formulamos os seguintes objetivos específicos:

- Ampliar a capacidade motora-perceptiva das crianças para que elas mobilizem seus sistemas de atenção para configurarem a consciência de si e do entorno; - Avaliar a relação entre a prática educativa e a percepção corporal das crianças, em termos da habilidade de perceber o espaço que o corpo ocupa nas brincadeiras e a habilidade de projetar seu corpo no espaço. - Avaliar a progressão das crianças, no decorrer das aulas, quanto ao equilíbrio, o ritmo e a percepção direcional: cima-baixo; frente/traz, topo/fundo, esquerda/direita, dentro/fora - Descrever a possível relação entre a capacidade ritmo e equilíbrio com a consciência de si e do mundo. 2 VINCULAÇÃO AO PROJETO E RELEVÂNCIA

Este segundo plano de trabalho, Ritmo/equilíbrio nas brincadeiras e a inteligência na primeira infância, se insere no projeto principal na medida em que se constitui numa programação operacional da pesquisa, especificamente, no que se refere à resposta da terceira questão de estudo: O ritmo e equilíbrio vividos nas brincadeiras infantis se relacionam com a inteligência na primeira infância? Será por intermédio desse plano que iremos avaliar a influência do programa de ensino com aulas valorizando as brincadeiras infantis que trabalhem o ritmo e o equilíbrio sobre a ampliação da inteligência das crianças, no que se refere a consciência corporal e de mundo.

A relevância dessa pesquisa é para com a aprendizagem perceptiva das crianças, tendo em vista que o aprimoramento dessa capacidade repercute em aspectos do desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e motor. Ou seja, há pesquisas que indicam que crianças com aptidão perceptiva têm uma tendência a ter aptidão motora e cognitiva. De modo que realizar essa pesquisa coloca em destaque o lugar da educação física na educação infantil, visto que é nessa fase de 3 aos 5 anos que a maioria das crianças adquirem uma reserva suficiente para decodificar todas as impressões sensoriais, juntamente com a aprendizagem da codificação da leitura.

Um número grande de crianças entra no ensino fundamental com as habilidades perceptivas atrasadas, ao passo que acompanhando essas crianças, sujeitos da pesquisa, temos condições de contribuir positivamente para a superação desse atraso. Além do mais, essa pesquisa aprofunda um campo de estudo da educação física, a modalidade da infantil, pelo estudante, capacitando-o a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção. Com isso, estaremos ampliando a discussão local e nacional sobre as práticas educativas da educação física na infância, na medida em que relacionamos as destrezas perceptivas com a desenvoltura motora e cognitiva.

3 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas nos dois semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados, Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final. 3.1 Metas para o primeiro semestre

Fase exploratória - Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre desenvolvimento infantil, ritmo, equilíbrio, consciência corporal, destacando os resultados das pesquisas recentes sobre estudos etnográficos de práticas educativas com a percepção corporal, temporal, espacial, direcional, bem como os testes com equilíbrio e ritmo adaptados para crianças nessa faixa etária; - Diagnosticar o grupo de crianças a serem investigadas, por meio de avaliações e observações do nível de desenvolvimento motor-perceptivo que as crianças da creche se encontram; Fase de coleta dos dados - Avaliar as crianças em termos de equilíbrio, ritmo e consciência corporal; - Planejar aulas que valorizem o ritmo e o equilíbrio, especificamente por meio de atividades perceptivas, avaliando suas repercussões em termos de aprendizagem cognitiva e motora; - Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior aceitação, maior integração do grupo e envolvimento participativo; - Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia. Relatório e seminário - Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com participação em evento científico; - Organizar seminário local para apresentação dos resultados.

2.2 Metas para o segundo semestre Fase de análise e interpretação dos dados - Catalogação das diversas aprendizagens perceptivas segundo os critérios de avaliação; - Descrever os resultados das diversas práticas vividas pela sua capacidade de estimular a percepção: corporal, de profundidade, direcional, acuidade visual, gustativa e olfativa e tátil. - Interpretar os resultados relacionando as aquisições com as práticas corporais vividas. Relatórios - Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista indexada nacional com qualis. - Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.

4 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO

Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico, porque já vimos lidando com essa temática da aprendizagem perceptiva, ao trabalharmos com a educação física infantil a partir da teoria do desenvolvimento perceptivo na infância. De modo que conhecemos a natureza do processo perceptivo e seu impacto no movimento e na cognição. Bem como dispomos de alguns mecanismos de avaliação da aprendizagem perceptiva, que relaciona a acuidade visual, a percepção de imagens em nível plano, a percepção de profundidade e a coordenação visual-motora com o desempenho motor e cognitivo na infância.

Segundo, esse projeto é viável também do ponto de vista metodológico, já está definida a estrutura do programa de ensino, quanto a avaliação (cf. quadro abaixo), plano de ensino, sistemática dos planos de aula, familiaridade com a aplicação de testes, bem como os parâmetros da observação participante.

PERCEPÇÕES ATIVIDADES PERCEPTIVAS

Espacial Brincadeiras e jogos que trate o conhecimento de quanto espaço o corpo ocupa e habilidade de projetar o corpo no espaço

direcional Lateralidade (percepção interna das várias dimensões do corpo quanto a sua localização e direção) e direcionalidade (é a projeção externa da lateralidade)

Temporal Aquisição de uma estrutura temporal. Coordenação: óculo-manual e óculo-pedal, ritmo

corporal Habilidades de: diferenciar as partes do corpo, reconhecer o que cada parte pode fazer, consciência das partes na realização de um ato

Quadro 4 Relação entre os temas da Percepção e as Atividades perceptivas

E mais a Secretaria de Educação do Município de João Pessoa, após contatada com apresentação de projeto e formalização de processo, já autorizou a realização da pesquisa, bem como a diretora da escola CREI El Shadai já assinou o termo de concordância e o termo de consentimento para efetivar a pesquisa, que já estamos com nos aproximamos da referida escola desde fevereiro de 2009. Bem como, houve a anuência da diretora da Fundação Educar (Conde/PB) desde fevereiro de 2010. De modo que não há impedimento algum para realização da pesquisa.

PLANO DE TRABALHO 4

PRAXIOLOGIA MOTRIZ DOS JOGOS TRADICIONAIS

E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Interessa-nos pesquisar neste plano de trabalho o modo pelo qual, os jogos tradicionais, se constituem num fenômeno social de comunicação, de interação e de intercâmbio cultural. Os jogos tradicionais são aqueles jogos desportivos não-institucionalizados, como por exemplo, “baleado”, garrafão, barra bandeira e outros. Assim, formulamos os seguintes objetivos específicos:

- Colocar a motricidade como o centro de análise da educação física, tomando como objeto a ação motriz dos sujeitos que atuam numa situação motriz determinada;

- Analisar as práticas sociomotrizes dos jogos tradicionais (não institucionalizado) como uma codificação cultural importante para a aprendizagem escolar;

- Descrever os jogos tradicionais mais praticados na escola pública de ensino fundamental, identificando o universo ludomotor existente;

- Classificar os jogos tradicionais pelas situações de interação em jogos de cooperação, jogos

de oposição e jogos de oposição-cooperação - Elaborar propostas didáticas e projeto curricular mais consistente, do ponto de vista das condutas motrizes, para a educação física do ensino fundamental menos excludente e mais

crítica aos modelos que ela mesma reproduz. 2 VINCULAÇÃO AO PROJETO E RELEVÂNCIA

Este quarto plano de trabalho, Praxiologia motriz dos jogos infantis tradicionais e a educação física escolar, se insere no projeto principal na medida em que se constitui numa programação operacional da pesquisa, especificamente, no que se refere à resposta da quarta questão de estudo: A rede de comunicação motriz vivida nos jogos tradicionais contribui para a educação física escolar? Será por intermédio desse plano que iremos avaliar a relação entre a comunicação motriz dos jogos infantis tradicionais e o programa de ensino da educação física escolar. Pois reconhecemos a partir de pesquisas que quanto maior o grau de interação social ou comunicação motriz, maior a riqueza sócio-cultural, cognitiva e afetiva.

Nesse trabalho de pesquisa analítica, nossa atenção estará voltada especificamente para a comunicação corporal dos jogadores. Visto que uma prática educativa que possibilite o reaprender a viver, enquanto corpo sensitivo, a desfrutar do prazer corporal em sua relação consigo mesmo, com os outros e com o ambiente, é uma educação física para a vida. Escolhemos a comunicação corporal ou motriz porque em nossa sociedade há um código de reclusão para a pessoa, ela deve ir diminuindo sua espontaneidade e sua expressividade e com o tempo vai se isolando e perdendo suas amizades. Na teoria das trocas,

Ao tematizarmos essa comunicação motriz nos jogos tradicionais estaremos contribuindo para o professor de educação fís ica, no sentido de elaborar um programa educativo que estará recuperando e recriando a fluência comunicativa, ao movimentar-se em harmonia e graça. E aí está a relevância do projeto seu desdobramento na melhoria da apreensão cultural, motriz e qualidade de vida dos educandos, integrando-os socialmente, aumentando sua rede de contatos, sua autonomia e autoestima. Sem falar do ponto de vista da produção do conhecimento, visto aprofundarmos um campo de estudo inovador na educação física, comunicação motriz, capacitando o estudante a atuar como futuro docente/pesquisador nessa área de conhecimento e nesse campo de intervenção.

3 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma de atividades é complementar e consiste nas metas a serem alcançadas nos dois semestres, correspondendo às três fases da pesquisa: Exploratória, Coleta de dados, Análise e interpretação dos resultados. E por fim, a elaboração dos relatórios parcial e final.

3.1 Metas para o primeiro semestre Fase exploratória - Levantar e estudar a literatura contemporânea existente sobre praxiologia motriz, destacando os resultados de pesquisas recentes sobre estudos de comunicação motriz e suas repercussões didáticas no ensino da educação física escolar; Fase de coleta dos dados - Diagnosticar os jogos tradicionais praticados nas escolas públicas do município de João Pessoa, nos horários livres e nas aulas de educação física, realizando por meio de observação a descrição etnográfica dos movimentos comunicativos nas aulas de educação física. - Observar todas as práticas corporais realizadas identificando aquelas que tiveram uma maior aceitação, maior integração do grupo, envolvimento participativo e produziram maior formação de grupo; - Recortar as filmagens feitas, elaborando pequenos vídeos didáticos que registrem e possibilitem outros professores de educação física a realizarem essa metodologia. Relatório e seminário - Elaborar relatório parcial contendo os primeiros resultados da pesquisa, divulgando-o com participação em evento científico; - Organizar seminário local para apresentação dos resultados.

2.2 Metas para o segundo semestre Fase de análise e interpretação dos dados - Catalogação das formas de comunicação corporal realizadas pelos idosos segundo os critérios da teoria interação humana; - Descrever as reaprendizagens das formas de sentir e usar o corpo ao se comunicar, relatadas pelos idosos durante as aulas no momento do Círculo de Cultura. - Interpretar a desenvoltura dos gestos comunicativos dos idosos adquiridos no percurso de realização do projeto. - Propor um programa curricular a partir da análise praxiológica dos jogos tradicionais, um programa que valorize a comunicação corporal e estimule a expressividade; Relatórios - Elaborar relatório final contendo as conclusões do trabalho, participar do evento de iniciação científica da UFPB, como de outras instituições, produzir e encaminhar artigo para revista indexada nacional com qualis. - Participar de eventos científicos, locais, regional, nacional.

4 VIABILIDADE DE EXECUÇÃO

Registramos a viabilidade deste plano de trabalho, tanto do ponto de vista teórico, porque já vimos lidando com essa temática da corporeidade, especificamente da comunicação corporal, desde minha tese de doutorado (Cultura do jogo e jogo da cultura – 2003) bem como contar com a colaboração do prof. Dr. Guilherme Shulze do departamento de Artes Cênicas. Segundo, porque do ponto de vista de acesso as escolas municipais, coordenamos a disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física, que acontece majoritariamente nas escolas municipais. Portanto, não haveria dificuldade em acesso. Em termos de viabilidade do projeto, afirmamos da simplicidade de execução, pois não necessita de grandes recursos para sua efetivação. Registro etnográfico, observação direta, filmagem (câmara fotográfica e filmográfica, disponível no LEPEC, devido projeto do Universal do CNPq).