prisÃo perpÉtua no brasil

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PRISÃO PERPÉTUA Hoje, o Brasil passa por um momento muito delicado no que se refere à Segurança Pública. É notório que, a cada dia que se passa, a escalada da violência é potencializada, causando temor às mais diversas classes sociais. Desta forma, aliado a este temor, surge um sentimento de justiça, no qual as pessoas depositam sua esperança e criam soluções para a criminalidade. Assim, as soluções mais recorrentes estão ligadas à pena de morte e à prisão perpétua. No mundo, a prisão perpetua é alvo de diversos argumentos conflitantes, em que alguns Estados posicionam- se a favor e outros mostram-se contrários a sua adoção. Os primeiros afirmam, em sua maior parte, que a inexistência de prisão perpetua reduz o caráter intimidatório da pena, retirando-lhe inclusive a credibilidade. Os últimos, por sua vez, defendem a tese de que a prisão perpétua é considerada desumana e degradante, não atingindo a função educadora e ressocializante que deveria ter. No Brasil, este tipo de pena é expressamente proibido pela Constituição Federal de 1988. O art 5º, XLVII, b, da referida Carta Magna dispõe que “não haverá pena de caráter perpétuo”, sem qualquer tipo de ressalva; ao contrário do que ocorre com a pena de morte (permitida apenas em tempos de guerra declarada). Diante disto, algumas pessoas acreditam ser possível a aplicação de uma Emenda Constitucional, a fim de suprimir este “Ordenamento Legal”, permitindo a adoção de penas dessa natureza. No entanto, o Constituinte Originário foi sábio ao resguardar alguns “preceitos” de eventuais mudanças por parte do Constituinte Derivado, que corresponde ao próprio Congresso Nacional. O art 60, par 4º, IV; a CF-88 afirma que “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir – os direitos e

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PRISÃO PERPÉTUA

Hoje, o Brasil passa por um momento muito delicado no que se refere à Segurança Pública. É notório que, a cada dia que se passa, a escalada da violência é potencializada, causando temor às mais diversas classes sociais. Desta forma, aliado a este temor, surge um sentimento de justiça, no qual as pessoas depositam sua esperança e criam soluções para a criminalidade. Assim, as soluções mais recorrentes estão ligadas à pena de morte e à prisão perpétua.

No mundo, a prisão perpetua é alvo de diversos argumentos conflitantes, em que alguns Estados posicionam-se a favor e outros mostram-se contrários a sua adoção. Os primeiros afirmam, em sua maior parte, que a inexistência de prisão perpetua reduz o caráter intimidatório da pena, retirando-lhe inclusive a credibilidade. Os últimos, por sua vez, defendem a tese de que a prisão perpétua é considerada desumana e degradante, não atingindo a função educadora e ressocializante que deveria ter.

No Brasil, este tipo de pena é expressamente proibido pela Constituição Federal de 1988. O art 5º, XLVII, b, da referida Carta Magna dispõe que “não haverá pena de caráter perpétuo”, sem qualquer tipo de ressalva; ao contrário do que ocorre com a pena de morte (permitida apenas em tempos de guerra declarada).

Diante disto, algumas pessoas acreditam ser possível a aplicação de uma Emenda Constitucional, a fim de suprimir este “Ordenamento Legal”, permitindo a adoção de penas dessa natureza. No entanto, o Constituinte Originário foi sábio ao resguardar alguns “preceitos” de eventuais mudanças por parte do Constituinte Derivado, que corresponde ao próprio Congresso Nacional. O art 60, par 4º, IV; a CF-88 afirma que “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir – os direitos e garantias individuais”. Assim, como a ausência de penas degradantes está elencada no rol de garantias individuais, conclui-se que é impossível modificar o que a Constituição dispõe sobre prisão perpétua, sendo esta uma Cláusula Pétrea.

Formalmente, já ficou bem claro que é impossível a instituição da prisão perpétua como uma espécie de pena no Brasil. Contudo, na prática, isto acaba ocorrendo em alguns casos. Pode-se afirmar, inclusive, que “Não existe pena perpétua no Brasil, mas uma pessoa pode ficar perpetuamente na cadeia”. Um exemplo disto é o caso da internação para tratamento ambulatorial, prevista no Código Penal (art 97, par 1º). Neste caso, segundo o próprio código supracitado, não existe prazo limite para a internação de uma pessoa com “desvio de conduta”. Assim, a carta de alforria para esta pessoa não advém de janela temporal, mas sim de um laudo médico, atestando a possibilidade de convívio social.

Desta feita, mesmo estando prevista no Código Penal, a “internação ilimitada” é alvo de críticas por parte de uma correte jurídica, a qual observa uma colisão entre dispositivos legais. Ele afirma que esta conduta entra em rota de colisão para com o dispositivo constitucional previsto no art 5º, XLVII, b; o qual proíbe expressamente

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penas de caráter perpétuo. Assim, em face disto, a corrente em pauta defende que uma pessoa internada para tratamento ambulatorial, ainda que não se encontre preparada para o retorno à sociedade, deve ser posta em liberdade num prazo máximo de 30 anos, que é o limite para o cumprimento de pena no Brasil.

Portanto, a pena perpétua no Brasil é expressamente proibida, não sendo possível nem mudar este quadro, já que isto não pode ser objeto de Emenda Constitucional. Entretanto, mesmo assim, no que tange à internação para tratamento ambulatorial, existe uma divergência entre duas correntes de pensamento: uma confirma o limite de 30 anos para a internação, fidelizando-se à CF-88; e a outra, por sua vez, alinha-se ao Código Penal, enfatizando o caráter atemporal da pena.

Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir

- Adoção da Prisão Perpétua

- Escalada brutal da violência.

- Endurecimento das penas.

- Analise com base na Constituição Federal de 1988.

- Proibição expressa.

- Objeto de controle social.

- PEC: art 60, par 4º, IV (não será alvo de PEC os direitos individuais).

- Cláusulas Pétreas.

- art 5º, XLVIII, b (não haverá penas – de caráter perpétuo).

* Sem a prisão perpétua, o caráter intimidatório da pena era reduzido, assim como a própria credibilidade.

- Considerada desumana e degradante.

- Não atende à função educadora e ressocializante.

- Primeira Constituição a vedar a prisão perpétua foi a 1934.

- Com a aprovação da Emenda Constitucional n.º 45 de 2004, que submete o Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, trazendo consigo a previsão da aplicação, sem ressalva, da

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prisão perpétua em determinados casos – suscitou-se uma discussão acerca de como resolver o conflito latente entre esses dois institutos constitucionais.