princÍpios do direito processual do trabalho

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PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 01. Princípio da simplicidade; 02. Princípio da informalidade; 03. Princípio do jus postulandi; 04. Princípio da oralidade; 05. Princípio da subsidiariedade; 06. Princípio da celeridade; 07. Princípio da Extrapetição; 08. Princípio da Irrecorribilidade Imediata das decisões interlocutórias. 09. Princípio da Identidade física do juiz. 10. Princípio do Protecionismo temperado ao trabalhador. 11. Princípio da Conciliação. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE - O Processo do Trabalho é mais simples e menos burocrático que o Processo Civil. - O direito processual trabalhista adotou trâmite processual simplificado e privilegiou o jus postulandi, de modo a facilitar o acesso do trabalhador ao Judiciário. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE - O processo do trabalho apresenta 04 procedimentos . Tem-se um procedimento mais complexo e completo que é o comum (ordinário) e dois procedimentos mais céleres (sumário e sumaríssimo). Obs.: Eis, os quatro procedimentos do processo do trabalho: a) Procedimento comum (ordinário): para as demandas cujo valor da causa seja superior a 40 salários mínimos .

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Page 1: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

01. Princípio da simplicidade;

02. Princípio da informalidade;

03. Princípio do jus postulandi;

04. Princípio da oralidade;

05. Princípio da subsidiariedade;

06. Princípio da celeridade;

07. Princípio da Extrapetição;

08. Princípio da Irrecorribilidade Imediata das decisões interlocutórias.

09. Princípio da Identidade física do juiz.

10. Princípio do Protecionismo temperado ao trabalhador.

11. Princípio da Conciliação.

PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE

- O Processo do Trabalho é mais simples e menos burocrático que o Processo Civil.

- O direito processual trabalhista adotou trâmite processual simplificado e privilegiou o jus

postulandi, de modo a facilitar o acesso do trabalhador ao Judiciário.

PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE

- O processo do trabalho apresenta 04 procedimentos. Tem-se um procedimento mais

complexo e completo que é o comum (ordinário) e dois procedimentos mais céleres (sumário

e sumaríssimo).

Obs.: Eis, os quatro procedimentos do processo do trabalho:

a) Procedimento comum (ordinário): para as demandas cujo valor da causa seja superior a

40 salários mínimos.

Page 2: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

b) Procedimento sumário (dissídio de alçada): litígios cujo valor da causa não supere dois

salários mínimos. Lei 5.584/70, art. 2º, §§ 3º e 4º.

c) Procedimento sumaríssimo: abrange os dissídios cuja causa seja superior a dois salários

mínimos e limitado até 40 salários mínimos. CLT, arts. 852-A a 852-I.

d) Procedimento especial: ações que apresentam regras especiais, como o inquérito judicial

para apuração de falta grave, a ação rescisória, o mandado de segurança, a ação de

consignação em pagamento, etc.

- Mauro Schiavi afirma que o “princípio da informalidade significa que o sistema processual

trabalhista é menos burocrático, mais simples e mais ágil que o sistema do processo comum,

com linguagem mais acessível ao cidadão não versado em direito, bem como a prática de

atos processuais ocorre de forma mais simples e objetiva, propiciando maior participação das

partes, celeridade no procedimento e maiores possibilidades de acesso à justiça ao

trabalhador mais simples”.

- Deve-se atentar ao fato que certas formalidades devem ser observadas, tais como a

documentação do procedimento, de forma a garantir a seriedade do processo.

- Exemplos do princípio da informalidade:

a) petição inicial e contestação verbais (arts. 840 e 846 da CLT);

b) comparecimento das testemunhas independentemente de intimação (art. 825, CLT);

Obs.: Mauro Schiavi tece os seguintes comentários:

“No processo do Trabalho não existe rol de testemunhas, pois estas comparecem à audiência,

independentemente de notificação. Nesse sentido, dispõe o art. 825 da CLT. Se as

testemunhas não comparecerem de forma independente, o parágrafo único do art. 825 da

CLT determina que elas sejam intimadas, de ofício pelo juiz ou a requerimento da parte.

Page 3: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Uma vez intimada, se a testemunha, injustificadamente, deixar de comparecer, será

conduzida coercitivamente, além de ter de pagar multa equivalente a um salário mínimo (art.

730, CLT).”

O rito sumaríssimo exige que a parte comprove o convite da testemunha que não

compareceu. (art. 852-H, §3º, CLT)

Artigo 852-H, § 3º, CLT. “Só será deferida intimação de testemunha que,

comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha

intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva”.

c) ausência de despacho de recebimento da inicial, sendo a notificação da inicial ato próprio

da Secretaria (art. 841, CLT);

d) recurso por simples petição (art.899, CLT);

e) jus postulandi (art. 791, CLT);

f) Imediatidade entre o juiz e a parte na audiência;

g) linguagem mais simplificada do processo do trabalho.

PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI

- Este princípio traduz a possibilidade de as partes (empregado e empregador) postularem

pessoalmente na Justiça do Trabalho e acompanharem as suas reclamações até o final sem a

necessidade de advogado.

Art. 791, CLT. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a

Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

Page 4: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Súmula nº 425 do TST

JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE.

O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho

e aos Tribunais Regionais do Trabalho, NÃO alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o

mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

- O jus postulandi é um dos grandes fundamentos dos princípios da simplicidade e

informalidade.

PRINCÍPIO DA ORALIDADE

- Este princípio é mais acentuado no direito processual do trabalho do que no direito

processual comum.

- Ele se acentua com a primazia da palavra, concentração dos atos processuais em audiência,

maior interatividade entre juiz e partes, irrecorribilidade das decisões interlocutórias e

identidade física do juiz.

A) PREVALÊNCIA DA PALAVRA ORAL SOBRE A ESCRITA

- No procedimento da audiência, as razões das partes são aduzidas de forma oral, bem como

a colheita da prova.

- Entretanto, os atos de documentação do processo são escritos.

B) CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 849, CLT. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por

motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua

continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

Page 5: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- Os atos do procedimento devem desenvolver-se num único momento na chamada audiência

una ou única, máxime a instrução probatória.

- Benefícios da concentração dos atos: celeridade no procedimento e economia dos atos

processuais, saneamento mais efetivo de defeitos processuais na presença das partes e

melhores condições para solução negociada do conflito.

C) IMEDIATIDADE

- É a realização dos atos instrutórios perante a pessoa do Juiz, que assim poderá formar

melhor seu convencimento, utilizando-se, também, de impressões obtidas das circunstâncias

nas quais as provas se realizam.

- O princípio da oralidade busca a aproximação do julgador aos fatos trazidos aos autos, o

que, por conseqüência, aproxima-o da própria realidade social, fazendo com que busque de

forma incessante, a verdade real.

- Arts. 843, 845 e 848, CLT

Art. 843, CLT. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o

reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos

de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão

fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.

Art. 845, CLT. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das

suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

Art. 848, CLT. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o

presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.

Page 6: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

Art. 769, CLT. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do

direito processual do trabalho, EXCETO naquilo em que for incompatível com as normas

deste Título.

Art. 889, CLT. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo

em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos

executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

- Fase de conhecimento: o direito processual comum será fonte subsidiária do direito

processual do trabalho.

Requisitos cumulativos:

A) É necessário que haja lacuna, omissão da CLT;

B) Deve haver compatibilidade de princípios e regras.

- Fase de execução trabalhista: a Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/1980) será fonte

subsidiária do Processo do Trabalho.

Requisitos cumulativos:

A) Omissão, lacuna da CLT;

B) Compatibilidade de princípios e regras.

PRINCÍPIO DA CELERIDADE

- Também, denominado de princípio da razoável duração do processo.

Page 7: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- Deve-se buscar sempre pela celeridade processual, tendo em vista que o trabalhador possui

um crédito de natureza alimentar.

- A base legal do princípio é o artigo 5º, LXXVIII da Constituição Federal. Tal inciso foi

inserido, em virtude do Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana sobre

Direitos Humanos).

Artigo 5º, LXXVIII, Constituição Federal. “A todos, no âmbito judicial e administrativo,

são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua

tramitação”.

PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO

Súmula 211 do TST. Juros de mora e correção monetária. Independência do pedido inicial e

do título executivo judicial.

“Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o

pedido ou a condenação”.

- O princípio da extrapetição compreende o chamado pedido implícito.

- O princípio, ora em análise, permite que o juiz, nos casos expressamente previstos em lei,

condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial, ou seja, autoriza o julgador a

conceder mais do que o pleiteado, ou mesmo vantagem diversa da que foi requerida.

- Desta forma, haverá incidência de juros moratórios e a correção monetária

independentemente de constar de pedido ou da condenação.

- Outros exemplos nos quais se admite a aplicação do princípio da extrapetição:

Page 8: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

a) concessão do adicional de horas extras de, no mínimo, 50% quando houver pedido de

pagamento das horas extraordinárias, mas não houver pedido expresso do pagamento do

adicional;

b) deferimento do adicional de 1/3 de férias, quando houver apenas pedido de pagamento das

férias, sem previsão expressa ao adicional constitucional;

c) anotação da CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social – quando houver pedido de

reconhecimento de vínculo, sem que haja pedido expresso da anotação da carteira do

empregado.

OBS.:

Princípio da congruência ou adstrição – o juiz somente poderá emitir provimento

jurisdicional pleiteado, não podendo ir além ou permanecer aquém do pedido ou conceder o

que não foi requerido (art. 460 do CPC).

Julgamento extra petita – julgamento fora do pedido. Ex.: Reclamante pleiteia férias e

décimo terceiro salário e o julgador confere, além destes pedidos, o adicional noturno.

Julgamento ultra petita – julgamento além do pedido. Ex.: Reclamante pleiteia o

pagamento de danos materiais no valor de R$ 20.000,00, relativos a acidente do trabalho e o

julgador profere condenação no valor de R$ 100.000,00

Julgamento citra petita - julgamento aquém do pedido. Ex.: Reclamante pleiteia férias,

horas extras e descanso semanal remunerado. E, na condenação o juiz sequer menciona o

descanso semanal remunerado.

Page 9: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões

Artigo 893, § 1º, CLT. “Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou

Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente

em recursos da decisão definitiva”.

Súmula 214 do TST. Decisão interlocutória. Irrecorribilidade.

“Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias

não ensejam recurso imediato, SALVO nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária a Súmula ou Orientação Jurisprudencial do

Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal

Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art.

799, § 2º, da CLT”.

Decisão interlocutória – artigo 162, § 2º do CPC- ato pelo qual o juiz, no curso do processo,

resolve questão incidente. As decisões interlocutórias não põem fim ao processo.

- Os dispositivos legais e jurisprudenciais ora mencionados são embasados no princípio da

celeridade, efetividade e oralidade.

- O princípio, ora em análise, não significa que as decisões interlocutórias jamais poderão ser

impugnadas ou analisadas por outro julgador.

- O princípio afirma tão somente que a impugnação será diferida, ou seja, será levantada na

ocasião do recurso da decisão que resolve ou não o mérito.

Page 10: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- Exemplos de decisões interlocutórias:

a) decisão do juiz que resolve uma exceção de incompetência relativa;

b) decisão do juiz que indefere a oitiva de uma testemunha tempestivamente arrolada;

c) decisão do juiz que concede ou denega uma liminar.

- Atente nas três decisões interlocutórias que não incidirão o princípio da irrecorribilidade

das decisões interlocutórias:

a) decisão de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação

Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

- Somente terá aplicação das decisões dos Tribunais Regionais e jamais das decisões das

varas do trabalho.

- O acórdão pode ter dupla natureza: de sentença e de decisão interlocutória.

- Atos decisórios do Tribunal = acórdão

- O acórdão terá natureza de sentença quando põe termo no ofício de julgar a causa.

- O acórdão terá natureza de decisão interlocutória quando resolve questão incidente.

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal.

- Em razão dos princípios da economia e celeridade processual, o legislador passou a atribuir

poderes ao relator para julgar monocraticamente os recursos.

Artigo 896, §5º, CLT. “Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da

Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator,

Page 11: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos ou ao Agravo de

Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade,

deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de

Agravo”.

- Assim, a decisão monocrática do relator está sujeita ao agravo, seja ela de natureza

interlocutória ou de sentença, o qual será analisado pelo órgão colegiado do Tribunal

competente.

- Desta forma, para manter a substância do Tribunal o TST admite recurso dessa decisão

monocrática, mesmo que de natureza interlocutória.

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para o Tribunal

Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art.

799, § 2º, da CLT.

PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

Artigo 132, Código de Processo Civil. “O juiz, titular ou substituto, que concluir a

audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer

motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor”.

- O juiz que instruiu o processo, que colheu diretamente a prova, deve julgá-lo, pois possui

melhores possibilidades de valorar a prova, uma vez a que colheu diretamente, tomou

contato direto com as partes e testemunhas.

Súmula 136 do TST. Juiz. Identidade física.

“NÃO se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz”.

Page 12: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- O princípio da identidade física do juiz foi afastado sob o fundamento de que, naquela

ocasião, as Juntas de Conciliação e Julgamento eram compostas de colegiados, de modo que

a incidência de referido princípio restaria prejudicada na Justiça Especializada.

- A EC nº. 24/99 excluiu a representação classista da Justiça do Trabalho, passando os

julgamentos a ser realizados de forma singular por juízes de carreira.

- Com isso, parte da doutrina passou a afastar a aplicação da súmula em questão. Desta

forma, passou-se a aplicar no âmbito da Justiça do Trabalho, o princípio da identidade física

do juiz.

Curiosidade!

Representação paritária – é a presença nos órgãos judiciais trabalhistas, de juízes leigos, ao

lado de juízes togados, e que eram indicados em listas pelas organizações sindicais, passando

a compor os quadros de juízes da Justiça do Trabalho.

Nas juntas de conciliação, inicialmente, eram chamados de vogal. A CF/88 conferiu-lhes o

nome de juízes classistas. Nos Tribunais Regionais eram chamados de juízes classistas e, no

TST de ministros classistas.

Os classistas representavam os empregados e empregadores. As Juntas de Conciliação e

Julgamento eram formadas por um juiz togado e dois juízes classistas.

A investidura dos classistas érea limitada, com mandato de 03 anos. Nas juntas, permitia-se

uma recondução dos classistas, mas a Constituição não previa a recondução dos classistas

nos Tribunais.

Portanto, a interpretação histórica da Súmula 136 do TST revela a época da representação

classista nas Juntas de Conciliação e Julgamento, momento em que não fazia sentido a

aplicação do princípio devido a alta rotatividade dos juízes classistas.

Page 13: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- CONCLUSÃO: a maioria da doutrina entende que, atualmente, deve-se aplicar o princípio da

identidade física do juiz ao processo do trabalho. Este ainda não é o entendimento do

Tribunal Superior do Trabalho, pois a Súmula nº. 136 do TST não foi alterada pela

Resolução Administrativa nº.121/03, editada após o advento da EC 24/99.

PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO TEMPERADO AO TRABALHADOR

- No processo do trabalho aplica-se o princípio do protecionismo temperado ou mitigado ao

trabalhador.

- O princípio em questão deve ser respeitado, a fim de facilitar o acesso do trabalhador à

Justiça do Trabalho. Ou seja, o empregado contará com algumas prerrogativas processuais

que objetivam compensar eventuais dificuldades ao procurar a Justiça do Trabalho.

- O protecionismo ao trabalhador não é suficiente para alterar o chamado princípio da

paridade das armas do Processo do Trabalho, ou seja, asseguram-se a ambas as partes as

mesmas oportunidades processuais.

PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

Artigo 764, CLT. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça

do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os

seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.

§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral,

proferindo decisão na forma prescrita neste Título.

§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de

encerrado o juízo conciliatório.

Page 14: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- A CLT traz dois momentos nos quais a conciliação deve ser tentada, obrigatoriamente:

a) O primeiro momento ocorre antes do recebimento da defesa, nos termos do artigo 846 da

CLT.

Artigo 846, CLT. “Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação”.

b) O segundo momento ocorre após as razões finais, de acordo com o artigo 850 da CLT.

Artigo 850, CLT. “Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo

não excedente de 10 minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a

proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão”.

Obs.: A maioria dos doutrinadores e parte significativa da jurisprudência trabalhista

consideram a segunda tentativa de conciliação obrigatória. Desta forma, acarretará a

nulidade do processo, caso o juiz do trabalho não tente, ao menos, a última proposta de

conciliação em audiência.

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Artigo 111, Constituição Federal de 1988. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juízes do Trabalho.

- A Justiça do Trabalho possui três graus de jurisdição.

- O primeiro grau de jurisdição trabalhista é representado pelos Juízes do Trabalho, que

atuam nas Varas do Trabalho.

Page 15: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

- O segundo grau de jurisdição trabalhista é representado pelos Tribunais Regionais do

Trabalho que é composto pelos Juízes do TRTs.

- O terceiro grau de jurisdição trabalhista é representado pelo Tribunal Superior do Trabalho,

composto pelos Ministros do TST.

VARAS DO TRABALHO

Artigo 116, CF/88. “Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz

singular”.

Obs.:

a) EC 24/99 extinguiu a representação classista da Justiça do Trabalho em todos os graus de

jurisdição. Consequentemente ocorreu a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento.

b) As Juntas de Conciliação e Julgamento eram compostas por um juiz togado e por dois

juízes classistas que representavam a classe dos empregados e empregadores.

- O juiz do trabalho exerce as suas funções nas denominadas Varas do Trabalho.

- O juiz do trabalho ingressa na carreira como juiz do trabalho substituto, após aprovação em

concurso de provas e títulos. Após dois anos de exercício, o juiz do trabalho substituto torna-

se vitalício.

- O juiz do trabalho substituto é o que não é titular, pois substitui ou auxilia o Juiz Titular das

Varas do Trabalho. Possi as mesmas prerrogativas do Juiz titular.

- Alternativamente, por antiguidade ou merecimento, o juiz será promovido a juiz titular de

vara do trabalho e, posteriormente pelo mesmo critério a juiz de tribunal regional do

trabalho. Além disso, pode chegar ao posto de Ministro do Tribunal Superior do Trabalho

desde que preencha os requisitos constitucionais.

Page 16: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

OS JUÍZOS DE DIREITO INVESTIDOS NA JURISDIÇÃO TRABALHISTA

Artigo 112, CF/88. “A lei criará varas na Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não

abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo

Tribunal Regional do Trabalho”.

- A criação de varas depende de lei infraconstitucional ordinária.

- Nos locais em que não foram criadas Varas do Trabalho, o Juiz de Direito poderá acumular

a competência trabalhista.

- Nestes casos, tem-se o juiz de direito investido de jurisdição trabalhista.

- Da decisão proferida pelo juiz de direito investido de jurisdição trabalhista cabe recurso

ordinário a ser julgado pelo respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

- Criada a Vara do Trabalho, cessa automaticamente a competência do Juiz de Direito em

matéria trabalhista, ainda que o processo esteja em fase de execução.

Súmula 10, STJ. “Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência do

Juiz de Direito em matéria trabalhista, ainda que o processo esteja em fase de execução”.

TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO

Artigo 115, CF/88. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete

juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da

República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e

membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,

observado o disposto no art. 94;

Page 17: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

II- os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento,

alternadamente.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de

audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva

jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente,

constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça

em todas as fases do processo.

- Os TRTs são órgãos de segundo grau de jurisdição.

- Compete aos Tribunais Regionais do Trabalho julgar os recursos ordinários interpostos em

face das decisões das Varas e também, originariamente, as ações rescisórias, dissídios

coletivos e de greve, mandados de segurança impetrados em face de Varas do Trabalho,

entre outras ações previstas na lei e no seu regimento interno.

- Há, no Brasil, 24 Tribunais Regionais do Trabalho, sendo um em cada Estado.

- Exceção: Estado de São Paulo possui dos Tribunais Regionais do Trabalho

- Os Estados de Tocantins, Roraima, Acre a Amapá não possuem TRT, isoladamente.

TRT 1ª Região: Estado do Rio de Janeiro, com sede no Rio de Janeiro;

TRT 2ª Região: Estado de São Paulo (Capital, Região Metropolitana; Baixada Santista), com

sede em São Paulo;

TRT 3ª Região: Estado de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte;

TRT 4ª Região: Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre;

Page 18: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

TRT 5ª Região: Estado da Bahia, com sede em Salvador;

TRT 6ª Região: Estado de Pernambuco, com sede em Recife;

TRT 7ª Região: Estado do Ceará, com sede em Fortaleza;

TRT 8ª Região: compreende os Estados do Pará e Amapá, com sede em Belém do Pará;

TRT 9ª Região: Estado do Paraná, com sede em Curitiba;

TRT 10ª Região: compreende Distrito Federal e o Estado do Tocantins, com sede em

Brasília;

TRT 11ª Região: compreende os Estados do Amazonas e Roraima, com sede em Manaus;

TRT 12ª Região: Estado de Santa Catarina, com sede em Florianópolis;

TRT 13ª Região: Estado da Paraíba, com sede em João Pessoa;

TRT 14 ª Região: compreende os Estados de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho;

TRT 15ª Região: Estado de São Paulo (cidades do interior), com sede em Campinas;

TRT 16ª Região: Estado do Maranhão, com sede em São Luiz;

TRT 17ª Região: Estado do Espírito Santo, com sede em Vitória;

TRT 18ª Região: Estado de Goiás, com sede em Goiânia;

TRT 19ª Região: Estado do Alagoas, com sede em Maceió;

TRT 20ª Região: Estado do Sergipe, com sede em Aracajú;

Page 19: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

TRT 21ª Região: Estado do Rio Grande do Norte, com sede em Natal;

TRT 22ª Região: Estado do Piauí, com sede em Teresina;

TRT 23ª Região: Estado do Mato Grosso, com sede em Cuiabá;

TRT 24ª Região: Estado do Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande.

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Art. 111-A, CF/88. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros,

escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,

nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado

Federal, sendo:

I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e

membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,

observado o disposto no art. 94;

II- os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura

da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

I- a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-

lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na

carreira;

II- o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a

supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de

Page 20: PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito

vinculante.

- São órgãos que compõem o TST:

a) Tribunal Pleno;

b) Órgão Especial;

c) Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC);

d) Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI), dividida em Subseção I e Subseção

II;

e) 08 Turmas;

f) Comissões Permanentes: de Regimento Interno; de Jurisprudência e Precedentes

Normativos; e de Documentação.

Obs.: O Tribunal Pleno edita as Súmulas, que representam o entendimento sedimentado de

todo o TST. As Seções editam as Orientações Jurisprudenciais, representando o

entendimento cristalizado de cada uma delas.