os princÍpios do direito processual do trabalho … · 3 resumo o trabalho consiste em um estudo...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARINA FERRO DE OLIVEIRA
OS PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
SOB A PERSPECTIVA HERMENÊUTICA:
UMA QUESTÃO DE APLICABILIDADE
Rio de Janeiro
2009
1
MARINA FERRO DE OLIVEIRA
OS PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO SOB A PERSPECTIVA HERMENÊUTICA:
UMA QUESTÃO DE APLICABILIDADE
Monografia apresentada junto ao Curso de Pós-
Graduação da Universidade Cândido Mendes, na área de
concentração de Direito Processual do Trabalho, como
requisito parcial para obtenção do título de Especialista.
Rio de Janeiro
2009
2
“Die Arbeitsfreiheit”
3
RESUMO
O trabalho consiste em um estudo sobre os princípios do direito processual do trabalho sob a
perspectiva hermenêutica. Os princípios do direito processual trabalhista e a hermenêutica jurídica
são conhecidos pela sua importância filosófica jurídica na sociedade como um todo, especialmente
na prática jurídica cotidiana, onde os princípios se configuram como ferramentas indispensáveis na
aplicação do direito e na realização da justiça. O trabalho analisa os princípios processuais do direito
do trabalho e da hermenêutica jurídica segundo a classificação do jurista Ives Gandra Martins Filho,
contextualizando-os com a legislação, doutrina contemporânea e jurisprudência.
4
ABSTRACT
The research is a study about the principles of the labor law by a hermeneutics point of view.
The principles of the labor law process and of the juridical hermeneutics are best known for their
philosophical juridical importance in the whole society, especially on the every day juridical
practice, where the principles are essential tools on the law apply and on to make justice. The
research analyses the principles of the labor law process and juridical hermeneutics following the
theory of Ives Gandra Martins Filho, contextualizing with the legislation, contemporary doctrine
and jurisprudence.
5
SUMÁRIO
Introdução
Capítulo 1 Os princípios do direito processual do trabalho
1.1 Subsidiariedade
1.2 Concentração dos Recursos
1.3 Dispositivo
1.4 Instrumentalidade das Formas
1.5 Oralidade
1.6 Livre Convicção do Juiz
1.7 Celeridade e economia processual
1.8 Concentração
1.9 Conciliação
1.10 Lealdade processual
1.11 Eventualidade
1.12 Indisponibilidade de direitos
1.13 Identidade física do juiz
1.14 Non reformatio in pejus
1.15 Aplicação imediata das leis processuais
1.16 Aplicação da lei do local da execução do contrato
1.17 Dialeticidade
1.18 Interesse público
1.19 Estabilidade da lide
Capítulo 2 – Os princípios da hermenêutica jurídica
2.1 Interpretação gramatical (ou literal)
2.2 Interpretação lógica (ou intrínseca)
2.3 Interpretação histórica (ou intencional)
2.4 Interpretação sociológica (ou evolutiva)
2.5 Interpretação teleológica (ou finalista)
2.6 Interpretação sistemática (ou orgânica)
2.7 Interpretação comparativa (ou internacional)
6
2.8 Interpretação psicológica (ou conciliatória)
2.9 Interpretação axiológica (ou valorativa)
Capítulo 3 – Os princípios do direito processual trabalhista e a hermenêutica jurídica: a
aplicabilidade
3.1 Conceito: fundamentação filosófica
3.2 Jurisprudência
Conclusão
Bibliografia
7
INTRODUÇÃO
O tema consiste no estudo dos princípios do direito processual do trabalho a partir de uma
visão hermenêutica, tendo como fundamento a questão da aplicação desses princípios no âmbito da
dogmática jurídica, da legislação e da jurisprudência.
O título “Os princípios do direito processual do trabalho sob a perspectiva hermenêutica:
uma questão de aplicabilidade” trata do seguinte problema: Quais são os princípios do direito
processual do trabalho e qual a sua aplicabilidade do ponto de vista da hermenêutica jurídica?
A questão dos princípios do direito processual do trabalho é uma das mais elevadas questões
da doutrina processual do trabalho hoje em dia, contida em boa parte dos autores. Questão
primordial e basilar da teoria do processo trabalhista, os princípios do direito processual trabalhista
e sua aplicabilidade, ao serem teorizados do ponto de vista da hermenêutica, lançam novas luzes
para este debate, tão rico e fértil para o direito brasileiro. Assim, este trabalho vem consolidar este
âmbito do direito processual do trabalho, como fundamental na formação do jurista e na prática
jurídica cotidiana, mostrando como esses princípios são indispensáveis à realização da justiça na
contemporaneidade.
O propósito central deste estudo é teorizar os princípios do direito processual do trabalho a
partir de uma perspectiva hermenêutica objetivando questionar os alcances de sua aplicabilidade.
O objetivo específico do trabalho é um estudo analítico dos princípios do direito processual
do trabalho e um estudo analítico dos princípios da hermenêutica jurídica.
A hipótese de pesquisa fundamenta-se especialmente na teoria de Ives Gandra Martins Filho,
que apresenta uma classificação dos princípios do direito processual do trabalho e da hermenêutica
jurídica de uma maneira satisfatória.
Segundo Ives Gandra Martins Filho (2008), os princípios do direito processual do trabalho
são: subsidiariedade; concentração dos recursos; dispositivo; instrumentalidade das formas;
oralidade; livre convicção do juiz; celeridade e economia processual; concentração; conciliação;
lealdade processual; eventualidade; indisponibilidade de direitos; identidade física do juiz; non
reformatio in pejus; aplicação imediata das leis processuais; aplicação da lei do local da execução
do contrato; dialeticidade; interesse público; e estabilidade da lide.
E os princípios da hermenêutica jurídica, segundo Ives Gandra Martins Filho (2008), são:
interpretação gramatical (ou literal); interpretação lógica (ou intrínseca); interpretação histórica (ou
8
intencional); interpretação sociológica (ou evolutiva); interpretação teleológica (ou finalista);
interpretação sistemática (ou orgânica); interpretação comparativa (ou internacional); interpretação
psicológica (ou conciliatória); e interpretação axiológica (ou valorativa).
A partir da classificação e conceituação dos princípios do direito processual do trabalho
segundo Ives Gandra Martins Filho, faremos uma investigação na doutrina filosófica do direito, em
autores como Ronald Dworkin, Hans-Georg Gadamer, entre outros, buscando fundamentar
filosoficamente o conceito de hermenêutica jurídica e a questão da aplicabilidade dos princípios no
direito contemporâneo brasileiro.
O trabalho foi desenvolvido através da metodologia de leitura, análise e interpretação dos
textos da bibliografia, legislação e decisões dos tribunais. Divide-se em três capítulos: o primeiro,
enfoca a conceituação dos princípios do direito processual do trabalho; o segundo, enfoca a
conceituação dos princípios da hermenêutica jurídica; e o terceiro fundamenta filosoficamente o
conceito de hermenêutica jurídica e trata da questão da aplicabilidade dos princípios do direito
processual do trabalho sob a perspectiva da hermenêutica jurídica na jurisprudência atual,
compilando uma série de decisões recentes do Tribunal Superior do Trabalho e do Supremo
Tribunal Federal.
9
Capítulo 1
Os princípios do direito processual do trabalho
1.1 Subsidiariedade
O princípio de subsidiariedade consiste na utilização do Direito Processual Civil como fonte
subsidiária do Direito Processual do Trabalho nos casos em que há omissão desde que havendo
compatibilidade com o ordenamento processual trabalhista. Assim como está prescrito na
Consolidação das Leis Trabalhistas, art.769:
“Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do
direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste
Título.”
1.2 Concentração dos recursos
O princípio de concentração dos recursos consiste na irrecorribilidade das decisões
interlocutórias, isto é, as que não são terminativas do feito, devendo o recurso ser interposto apenas
quando esgotada a discussão da matéria nas instâncias inferiores.
Desse princípio, por conseguinte, resultam os inúmeros agravos de instrumentos julgados
pelo Tribunal Superior do Trabalho na data de 19/12/2008, pois de acordo com esse princípio os
desembargadores só apreciam as matérias de agravo no momento em que os autos sobem para
recurso de revista, por exemplo.
1.3 Dispositivo
O princípio dispositivo consiste em estabelecer que o processo deva ser iniciado pelo autor,
não cabendo ao juiz ou tribunal conhecer de ofício qualquer causa.
É um princípio seguido em sentido estrito em muitos países, impossibilitando ao juiz
determinar a produção de provas ex officio, ficando as partes no processo com o poder exclusivo de
alegar e de provar o que acharem cabível.
10
Este princípio significa que as partes devem ter a iniciativa para apresentar as alegações ao
processo ou indicar onde encontrá-las, assim como apresentar material probatório que poderá ser
utilizado pelo juiz para formar o seu convencimento e fundamentar a decisão no caso.
1.4 Instrumentalidade das formas
O princípio de instrumentalidade das formas trata que as formalidades processuais são meio
e não fim do processo, razão pela qual os atos serão considerados válidos se atingida a finalidade a
que se destinavam, ainda que realizadas por formas diferentes.
Assim dispõe o Código de Processo Civil brasileiro, em seu art. 154:
“Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo,
lhe preencham a finalidade essencial.”
E também dispõe o Código de Processo Civil brasileiro:
“Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade,
o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalidade”.
1.5 Oralidade
O princípio da oralidade consiste no predomínio da palavra sobre a escrita.
A Consolidação das Leis Trabalhistas assim dispõe, em seus artigos 847 e 850:
“Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua
defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes”.
“Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo
não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente
renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão”.
11
1.6 Livre convicção do juiz
O princípio de livre convicção do juiz trata que o magistrado tem ampla liberdade de
apresentação da prova, não se submetendo a uma hierarquia de meios probatórios.
Nesse sentido, assim dispõe o art. 131, do Código de Processo Civil brasileiro:
“Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença,
os motivos que Ihe formaram o convencimento”.
1.7 Celeridade e economia processual
O princípio de celeridade e economia processual consiste no máximo de atuação da lei com
o mínimo de atividade processual, como assim dispõe o artigo 765, da Consolidação das Leis
Trabalhistas:
“Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do
processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer
diligência necessária ao esclarecimento delas”.
Dessa maneira, combatendo-se, os expedientes protelatórios da solução final da demanda
pela aplicação de multas, como o que está disposto no artigo 577, do Código de Processo Civil
brasileiro:
“Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos
e os oficiais de justiça os cumprirão”.
Assim também como imposição de indenização à parte prejudicada pela demora
injustificada, de forma a garantir o mínimo de duração do processo.
Neste sentido, o artigo 17, IV e VII e o artigo 18 do Código de Processo Civil brasileiro,
dispõem:
12
“Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório”.
“Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de
má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a
parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as
despesas que efetuou”.
E a Constituição Federal completa, em seu artigo 5º, LXXVIII:
“LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
1.8 Concentração
O princípio da concentração consiste na busca da solução do litígio numa única audiência de
conciliação e julgamento com obrigatoriedade de apresentação de todas as provas nessa ocasião, só
havendo desdobramento da audiência se não for possível conciliar ou julgar no mesmo dia.
Nesse sentido, assim dispõe o art. 849, da Consolidação das Leis Trabalhistas:
“Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por
motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação
para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação”.
1.9 Conciliação
O princípio da conciliação dispõe que esta deve ser buscada primordialmente só se julgando
o processo se não for possível compor o litígio mediante acordo judicial. Nesse sentido, assim
dispõe a Consolidação das Leis Trabalhistas, em seus artigos 846 e 850:
“Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação”.
13
“Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo
não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente
renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão”.
Com a reforma do Código de Processo Civil pela Lei 9245/95 foi introduzida também no
processo comum a fase conciliatória, mas apenas no rito sumário, conforme está disposto no artigo
277 do Código de Processo Civil:
“Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de
trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência
prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a
Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro”.
1.10 Lealdade processual
O princípio da lealdade processual prevê o dever das partes de colaborar para o
esclarecimento da verdade, não podendo alterar a realidade dos fatos, opor resistência ao andamento
do processo ou usar deste para alcançar objetivos ilegais. É o que dispõe o artigo 14, I e II do
Código de Processo Civil:
“Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma
participam do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-fé;”
1.11 Eventualidade
O princípio da eventualidade consiste na necessidade de apresentar todas as alegações na
oportunidade processual própria, sob pena de preclusão, como o que dispõe o artigo 303 do
Código de Processo Civil:
“Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente;
14
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo”.
1.12 Indisponibilidade de direitos
O princípio de indisponibilidade de direitos prescreve que não se admite acordo judicial
prejudicial ao empregado. Como está disposto no artigo 9º da Consolidação das Leis Trabalhistas:
“Art. 9º. Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação”.
1.13 Identidade física do juiz
Segundo o princípio da identidade física do juiz, o mesmo magistrado que tomou os
depoimentos pessoais e testemunhais deverá julgar a causa, uma vez que teve contato direto com a
prova. É o que dispõe o artigo 132 do Código de Processo Civil:
“Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo
se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado,
casos em que passará os autos ao seu sucessor”.
Não se aplica, no entanto, às Varas do Trabalho. Nesse sentido, dispõe a Súmula 136 do
Tribunal Superior do Trabalho:
“TST Enunciado nº 136 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982 - Ex-Prejulgado nº 7 - Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Varas do Trabalho - Identidade Física do Juiz
Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do Juiz.”
15
1.14 Non reformatio in pejus
O princípio de non reformatio in pejus estabelece a proibição de julgamento que piore ainda
mais a situação daquele que recorreu, ficando o tribunal submetido à apreciação apenas o que foi
matéria de recurso, como o preceito latino tantum devolutum quantum appelatum.
Nesse sentido, dispõe o Código de Processo Civil brasileiro, em seus artigos 505 e 515:
“Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte. Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.”
1.15 Aplicação imediata das leis processuais
É o princípio utilizado pela pro atividade das leis processuais que prevêem recursos, estes,
que sejam interpostos, deverão ser julgados, ainda que não figurem no rol de recursos cabíveis.
Segundo a teoria do isolamento dos atos processuais, o processo é constituído de fases
que são uma sucessão de atos legalmente regulados e raciocina com a hipótese de que a lei nova
deve ser melhor do que a anterior. Nesses termos, aplicar-se-á a lei velha ao ato processual em
desdobramento, mas a lei nova aos atos processuais posteriores, independentemente da fase em
que se encontrar.
“Trata-se do "sistema do isolamento dos atos processuais", segundo o qual não
há como falar nem em retroatividade nem em irretroatividade, mas em aplicação imediata
da lei processual. Por isso é correto o entendimento de que as leis processuais novas tem
eficácia atual e futura, não podendo afetar a atividade processual já definitivamente
cumprida dentro do processo, nem as situações jurídico-processuais já adquiridas.”
(MATOS, 2008, p. 3)
1.16 Aplicação da lei do local da execução do contrato
É o princípio que rege, no Direito do Trabalho, a solução dos conflitos de leis no espaço, a
lei aplicável à controvérsia não é a do país em que se celebrou o contrato, mas a do país onde ele
16
está sendo cumprido, isto é, onde se dará a prestação dos serviços por parte do empregado,
mesmo que a competência para diminuir a controvérsia seja de outro país.
Nesse sentido, assim dispõe a Súmula 207 do Tribunal Superior do Trabalho:
“TST Enunciado nº 207 - Res. 13/1985, DJ 11.07.1985 - Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Relação Jurídica Trabalhista - Conflitos de Leis Trabalhistas no Espaço - Princípio da "Lex Loci Executionis” A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.”
1.17 Dialeticidade
O princípio de dialeticidade estabelece que os recursos devem ser fundamentados,
atacando especificamente os óbices levantados pela decisão recorrida ao acolhimento da
pretensão.
Nesse sentido, a Súmula 422 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe:
“Súmula nº 422 - TST - Res. 137/05 - DJ 22, 23 e 24.08.2005 - Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 90 da SDI-II Recurso Trabalhista - Apelo que Não Ataca os Fundamentos da Decisão Recorrida Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta. (ex-OJ nº. 90 - inserida em 27.05.02)”
1.18 Interesse Público
O princípio de interesse público estabelece que as normas processuais, sendo de ordem
pública, não são passíveis de flexibilização por negociação coletiva ou disposição pela vontade das
partes litigantes.
Dessa maneira, o princípio prevê a supremacia do interesse público em detrimento ao
interesse particular.
1.19 Estabilidade da lide
17
O princípio da estabilidade da lide diz que os fatos e pretensões passíveis de discussão no
processo são em princípio, apenas aqueles trazidos na inicial e na contestação.
Assim desta maneira, impede-se a inovação da lide.
“Art. 845 O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados
das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.”
“Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as
custas acrescidas em razão dessa iniciativa.”
“Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando
as provas que pretende produzir.”
18
Capítulo 2
Os princípios da hermenêutica jurídica
Considerada ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou
filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras, interpretação dos textos, do sentido das
palavras; na semiologia, teoria, ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor
simbólico; e termo jurídico que significa conjunto de regras e princípios usados na interpretação
do texto legal.
A etimologia da palavra tem origem grega herméneutikê (sc. tékhné) 'arte de interpretar'
herméneutikós,ê,ón 'relativo a interpretação, próprio para fazer compreender', provençal por
influência do francês herméneutique (1777) 'arte de descobrir o sentido exato de um texto',
(1803) 'interpretação, em sentido teológico', (1890) 'interpretação do que é simbólico'.
Pode-se dizer que a hermenêutica jurídica, como arte da interpretação do direito, é um
processo de construção e re-construção da relação sujeito-objeto. A hermenêutica, portanto, não é
uma relação meramente contemplativa, onde a dogmática se apresenta como verdade absoluta,
quase como verdade revelada, mas uma atividade subjetiva, onde o sujeito tem papel ativo,
mesmo se considerando que grande parte da interpretação só pode ser realizada a partir de
conceitos previamente estabelecidos pela tradição na qual o sujeito está inserido.
Deste modo, ao interpretar uma norma, o jurista terá a compreensão desse objeto, desse
fenômeno jurídico, mediante um instrumento que irá proporcionar essa compreensão. Tal
instrumento é a linguagem. A linguagem, como instrumento para a compreensão e interpretação
não é um terceiro elemento, um ente à parte nessa relação sujeito-objeto, mas condição de
possibilidade de interpretação da norma jurídica.
Pode-se afirmar que o conceito de hermenêutica jurídica como interpretação, como
processo de construção e re-construção, implica na luta pela criação de condições de
possibilidade de um conhecimento jurídico de qualidade para a formação de uma verdadeira
consciência ética. Assim haverá a possibilidade de realização da função social do Direito.
2.1 Interpretação gramatical (ou literal)
19
Está estabelecida ao sentido estrito das palavras expressas no comando normativo,
filológico. É a menos elástica de todas, pois leva o juiz a apegar-se ao texto da lei, aplicando-a a
risca, nos moldes em que foi redigida. É o método próprio de aplicação das normas, cuja clareza
redacional faz suscitar sentidos plenos da simples leitura do texto, sem maiores perquirições ou
dúvidas.
Busca o sentido do texto normativo, com base nas regras comuns da língua.
2.2 Interpretação lógica (ou intrínseca)
Consiste em procurar descobrir o sentido e o alcance das expressões do dispositivo legal
sem o auxílio de nenhum elemento exterior a ele próprio.
Aplica a lógica formal para deduzir do neologismo hipotético que constitui cada comando
legal, estrutura de premissa maior genérica, premissa menor específica e conclusão ligando as
duas, assim como o conceito de silogismo teorizado por Aristóteles em Lógica, qual o alcance da
conclusão que pode advir das premissas utilizadas.
2.3 Interpretação histórica ou intencional
A interpretação histórica fixa o sentido da norma segundo a mens legislatoris, isto é,
conforme a vontade política manifestada pelo legislador no momento de criação da lei. Para
tanto, o juiz recorre aos documentos que reportam a vontade dos parlamentares sobre a lei, que
refletirão a aspiração do legislador ao aprovar determinada lei.
Desse modo, pode julgar o alcance do dispositivo legal a ser interpretado através de uma
pesquisa sobre as circunstâncias históricas que determinam na elaboração da lei e da opção social
e política adotada pelo legislador para resolver a questão.
Ainda aqui o juiz fica vinculado à vontade do legislador, buscando não somente na lei tal
como está escrita, mas também incluindo esses documentos ou notícias que façam referência à
intenção do legislador ao criar a norma.
Em síntese, busca o contexto fático da norma.
2.4 Interpretação sociológica (ou evolutiva)
20
Segundo esse princípio, a evolução histórica pode resultar na concepção do sentido da
norma, conforme as novas circunstâncias sociais para as quais deve ser aplicada.
Trata-se da característica dinâmica do Direito, que deve evoluir com a sociedade naquilo
que não contradizer os direitos humanos fundamentais, os quais a negação resultaria em declínio
e ruptura do Estado de Direito.
2.5 Interpretação teleológica (ou finalista)
O princípio da interpretação teleológica ou finalista refere-se à finalidade do preceito
legal, através dela busca-se descobrir a mens legis, o objetivo perscrutado pelo dispositivo, o
espírito da lei.
Tal método torna-se imprescindível quando na redação do dispositivo ou a possível
dubiedade de sentido que apresenta turbam a clareza e a facilidade de aplicação exigindo do
magistrado um aprofundamento maior no sentido da norma, buscando o fim social que justifica
sua existência.
Aqui, inicia-se um delineamento de poder criador do juiz, tendo em vista a falta de clareza
da legislação, podendo assim lhe atribuir conteúdo próprio, de acordo com suas convicções a
respeito do que venha a ser o objetivo da norma in casu.
2.6 Interpretação sistemática (ou orgânica)
Interpretação sistemática ou orgânica é aquela que, ao analisar um dispositivo concreto de
lei, tem em consideração a conjuntura do em que se encontra inserido, tanto a legislação da qual
faz parte como, também, em determinados aspectos, o ordenamento jurídico global mesmo em
que se encontra imerso.
Por tal método, a literalidade da lei, em seus dispositivos em particular, confronta com o
ordenamento jurídico como um todo harmonizado, procurando assim o sentido da interpretação
que mais se harmoniza com o complexo jurídico.
21
Aqui também o juiz estará exercendo uma verdadeira discricionariedade, pois a norma
correta a ser aplicada pode não ser compatível na forma escrita, com o complexo jurídico em que
está imerso.
2.7 Interpretação comparativa (ou internacional)
Este princípio pressupõe que se faça a leitura de texto legal ou de situação fática a ser
solucionada tendo em vista a experiência internacional, o Direito Comparado.
Também o fato de isentar a norma nacional na conjuntura supranacional, com a finalidade
principal de formar blocos regionais, tais como a União Européia e o Mercosul, o que exige uma
padronização de seus direitos nacionais a padrões comuns ao bloco e ainda à internacionalização
do Direito do Trabalho, por meio de convenções e recomendações da OIT que servem de
elementos de exegese do direito interno. (Martins, 2007: 213).
2.8 Interpretação psicológica (ou conciliatória)
Este princípio considera o objetivo maior da atividade jurisdicional, de composição do
conflito e pacificação social, mais até do que mera atribuição do direito, aquele que o
ordenamento jurídico prevê como possuidor.
Assim, ao dispositivo legal é dada a interpretação que psicologicamente vá facilitar as
partes a aceitarem uma solução que lhes é imposta, buscando sempre reconciliá-las no todo ou
em parte.
2.9 Interpretação axiológica (ou valorativa)
É aquela que considera os valores de natureza filosófica, cultural, política, social ou
econômica arraigados à norma ou mesmo a todo o complexo jurídico no qual está imerso,
louvando-os, tais como segurança jurídica, caráter protetivo da norma, etc.
22
Capítulo 3
Princípios do direito processual do trabalho e a hermenêutica: a aplicabilidade
Neste capítulo apresenta-se a fundamentação filosófica do conceito de hermenêutica
jurídica bem como são compiladas uma série de jurisprudências recentes do Tribunal Superior do
Trabalho e do Supremo Tribunal Federal entre as quais se evidencia a aplicabilidade implícita
dos princípios do direito processual do trabalho no âmbito das decisões dos tribunais brasileiros.
3.1 Conceito: fundamentação filosófica
Em uma leitura da teoria jurídica atual, uma questão aparece com força especial: O que é
um texto jurídico? Esta não é uma questão jurídica sobre os diversos gêneros de composição, por
exemplo, a elaboração de pareceres ou estatutos, não é simplesmente uma pergunta sobre a
canonização de certos tipos de textos ou vinculada sobre o que é essencial para um texto; sim, é
uma questão sobre os diferentes modelos concorrentes textuais que apareceu nos últimos
argumentos sobre o que é e como a lei é para ser compreendida. Esta é uma questão aberta. Na
verdade, na nossa atual ambiente intelectual da textualidade da lei implica um questionamento da
própria lei.
Dois pólos de pensamento podem ajudar a orientar o pensamento. Por um lado existe a
idéia de que o texto legal deve ser interpretado com base no modelo lógico da proposição, isto é,
como uma declaração que pode ser julgada como em certo sentido verdadeiro ou falso, de acordo
com as regras do raciocínio consecutivas. Sobre o outro lado, há a idéia de que o texto legislativo
é sempre historicamente embutido e politicamente motivado, de modo que já não é possível para
ter o direito simplesmente como o produto da razão e argumento: também deve e sempre
interpretar segundo as categorias de materialidade de energia, tecnologia, relações sociais,
diferença sexual, e assim por diante.
Então, por um lado há alguém como Ronald Dworkin, cujas opiniões são desenvolvidas
em Uma questão de princípio e Império do Direito. Para Dworkin, a lei é feita de proposições e
que a principal tarefa de análise jurisprudencial é para estabelecer o sentido e a força que essas
proposições têm. No entanto, Dworkin leva essa idéia a um passo para trás a partir de um quase
positivismo jurídico, em que tudo se reduz a pronunciar regras de comportamento. Dworkin volta
23
atrás com o relativismo e ceticismo, que põe em causa a possibilidade de "respostas corretas em
casos difíceis". Assim, Dworkin levanta o que ele chama de "hipótese estética", em que um texto
legal é considerado como uma obra literária produzida por vários autores, cada um dos quais é
determinado, a partir de uma idéia, para criar "o melhor trabalho de arte". Literatura é
interpretação, como Dworkin, compreendê-la, é interpretação estética, isto é, "uma interpretação
de uma peça de literatura [que] tenta demonstrar que modo de leitura o texto revela-a como a
melhor obra de arte". O equivalente jurídico de tal obra de arte seria uma proposição jurídica ou
cadeia de proposições que exibe o que Dworkin chama de "integridade jurídica." "Direito como
integridade", diz ele:
"juízes solicitados a assumir, desde que tal seja possível, que o direito é
estruturado por um conjunto coerente de princípios sobre a justiça e equidade
processual e o devido processo legal, e pede-lhes para fazer valer estes em os
casos novos que chegam antes deles, de modo que cada pessoa da situação é justa
e eqüitativa, de acordo com os mesmos padrões ". (Dworkin, 2005, p. 90)
Neste modelo a interpretação jurídica de um texto legal seria aquela que mostra e nos leve
a melhor possível no que diz respeito ao princípio da integridade. A idéia é sempre, quer seja por
escrito ou interpretação da lei, para fazer a lei se manifestar. Analiticamente, ou por analogia com
a filosofia analítica da linguagem, esta abordagem significa que numa profunda estrutura da lei, o
"conjunto coerente de princípios" que fazem a lei semanticamente inteligível e judicialmente
contundente em uma palavra, apenas. A tarefa analítica de jurisprudência, em outras palavras, é o
de descrever, ou fazer cumprir, a lei do direito.
Por outro lado, outros autores compartilham da opinião que o discurso legal é
simplesmente um de muitos concorrentes normativos disciplinares de discursos, discursos de
moralidade, religião, costumes e sociedade, a que estão intimamente ligados e se não de todos os
seus argumentos justificativo. É um discurso que deveria idealmente ser lida em termos de
controle, de dominação e subordinação e de poder social, as relações retratadas e dirigidas a um
público muito mais geral.
Para Goodrich o texto legal deve ser sempre histórico, isto é, que sempre precisa
contextualizado dentro dos estados de coisas em que contribui para poder circular na direção
24
desejada. A aproximação da lei em termos da história de suas canonizações como tantas
vinculativas ou coerção de textos, como Justiniano de corpus juris, considerado como um
protótipo do texto legal, porque anotou uma lei arcaica e exóticas por razões políticas e
ideológicas, que posteriormente se tornou o objeto de uma reverência quase mística que tinha
mais a ver com as necessidades políticas dos governos ocidentais mais do que o que tinha a ver
com o conteúdo substantivo da codificação jurídica como um todo. A lição da história da lei é
que a força da lei é independente de seu sentido.
A lei se manifesta na forma de poder, nem razão, apesar das alegações da doutrina jurídica
para uma lógica de direito e da aplicação da lei. As inovações em ideologia, as mudanças na
maneira em que a comunidade jurídica representa e justifica o seu papel social e político, não
deve cegar o hermeneuta de textos jurídicos para o fato de a alegação de que existe uma estrita
lógica de interpretação jurídica ou a crença de que "razão jurídica" pode fornecer sozinha
respostas corretas para os problemas jurídicos não são nada mais do que exagerada. A dogmática
afirma que a lei seja respeitada e obedecida. Como se a estrutura profunda da lei fosse a vontade
de poder.
Mikhail Bakhtin descreve a linguagem da lei como uma língua unitária, um sistema de uso
que está fora de controle e de conflito de usos e orientando acentos diferentes do diálogo social.
Ela traduz a realidade social em seus próprios termos, a fim de controlá-lo. Estes termos, aliás,
são eles próprios aberto à manipulação intencional, isto é, para vários usos possíveis. A idéia é a
de que a indeterminação da linguagem jurídica, em que palavras tais como direito, dever,
obrigação, sociedade, contrato, trabalho e assim por diante são capazes de uma ampla e
heterogênea gama de aplicação, significa que a linguagem jurídica é mais uma retórica do que um
código, isto é, uma retórica disfarçada como uma lógica.
Para alguém como Dworkin, este é o niilismo. O que está em causa no debate sobre a lei e
as críticas não é tanto a realidade dos significados e valores pesados pela comunidade jurídica
doutrinal, mas sim se é ou não desejável para permitir a profissão para continuar a transmitir os
valores e doutrinas, que a ideologia e os mitos, sem ser feita explicitamente responsáveis pelas
escolhas políticas subjacentes à evolução do direito. Este é também o ponto em Roberto Unger A
Critical Legal Studies Movement. A indeterminação da doutrina jurídica, a idéia de que tais
noções básicas de propriedade, contrato, trabalho, direitos, liberdade, democracia, e assim
sucessivamente pode receber e, de fato, tem sempre recebido alternativa institucional
25
emancipatória e não é destrutivo. O projeto abre a possibilidade de uma teoria da prática jurídica
como a montagem de argumentos entre as alternativas ideais sociais ou institucionais, como
contra a subscrição de tradição ou a ordem estabelecida por meio de apelos ao ritual precedente e
da necessidade de normas internas.
É interessante, e talvez não acidental, que ambos os lados, o formal ou estético e o histórico-
crítico ou a pensar em si próprios como tendo ido "além hermenêutica". Por um lado, há na
tradição analítica, como parte de sua auto-definição, a idéia de que a interpretação tem de ser tem
afastado ou posta sob rigorosa argumentativo controle para que o menos possível, alguma coisa,
continua a ser deixada em aberto para ele. A interpretação é sempre uma admissão tácita de falha
ou insuficiência do conhecimento e da razão. A própria idéia de interpretação jurídica enfraquece
o nosso sentido da legitimidade da lei. Na medida em que as interpretações são necessárias, elas
devem ser rigorosas e finais. Precisamos determinar a lógica de interpretação. Assim, para
pessoas como Dworkin a hermenêutica é simplesmente um sinônimo de relativismo e ceticismo
porque nega a possibilidade de respostas corretas em casos difíceis. A hermenêutica é muito
apaixonada pela retórica, também suspeita de lógica. É, alguém como Fiss acrescentaria, que
pessoas como Unger e especialmente em favor da Goodrich são, nomeadamente, o fim da
racionalidade e, portanto, a ordem jurídica tal como a conhecemos. Para pessoas como Goodrich
e Unger, do outro lado, a hermenêutica é um método para obter o presente para corresponder ao
passado: nas palavras de Goodrich, "preserva a tradição hermenêutica e constantemente se
esforça por imitar ou repetir a lógica de um passado cultural". É um método de resolver, ou
suprimir, os conflitos de interpretação, é a produção de um único espírito monológico ou de
acordo, é o apagamento da diferença e da construção da hegemonia. A hermenêutica é o que
formalistas e objetivistas estão realmente fazendo, o que eles pensam que estão fazendo. Assim,
de um lado Hans-Georg Gadamer dá a idéia de que estamos sempre a compreender de maneira
diferente e nós compreendemos de todo, com a sua suposta e alegadamente implicação niilista de
que o significado do texto legal muda com a sua interpretação, pelo contrário, os outros
secundários que apontam para tentativa de Gadamer de reabilitar as noções de autoridade e à
tradição e à sua clássica alegação de que estamos sempre dentro do paradigma normativo de
abraçar o que vem até nós a partir do passado. Então a hermenêutica seja radical ou reacionária,
que procura querer minar a lógica da lei e a aplicação jurídica ou para burlar a lei como um corpo
26
de significados originais e doutrinas autoritárias transmitida a partir de uma origem divina através
de sucessivas gerações de intérpretes sacerdotais.
Penso que ambas as partes estão erradas sobre a hermenêutica, mas não importa. Meu
interesse aqui não é tentar corrigi-los. A luta com incorrigibilidade é quase tão interessante e
produtiva como a luta com a burocracia. Creio, porém, que ambos os lados precisam ser
motivados ainda mais em hermenêutica a fim de realizar as tarefas que definem para si
próprios. Tivesse eu o tempo e o espaço, tentaria argumentar que a teoria jurídica geral deve
afrouxar a sua noção de racionalidade e que Gadamer da noção de hermenêutica, que entre outras
coisas tenta esclarecer a racionalidade prática de vida em termos de phronesis, contra processuais
e instrumentais de raciocínio, mostra que, pelo menos, uma não tem que escolher entre acríticas,
implausíveis contas do raciocínio jurídico e visões apocalípticas de crise, irracionalidade,
ceticismo, niilismo e desespero. No entanto, gostaria de dizer que não se deve confundir tradição
com as instituições que tentam controlá-la. Gadamer dá a idéia, nada conservadora, que o que se
resume a nós, do passado, incluindo o direito, sempre excede os nossos esforços para corrigir o
seu significado. A lei como tradição é sempre excessiva em relação à lei como instituição. A
tradição é uma maior divulgação do que perpetuação. A idéia de realizar rapidamente a uma
construção original não é a hermenêutica compreendendo a tradição.
Quanto à lei, pode-se começar com a condição de hermenêutica, não pensar sobre isso em
termos conceituais e metodológicos dos interesses jurídicos teóricos, e ainda menos em termos
dos interesses estratégicos da prática legal ou judicial, mas sim que a preocupação é com as
condições em que esses interesses sejam perseguidos, os interesses da hermenêutica ontológica
que são mais técnicos. A "hermenêutica da lei" neste contexto não seria o mesmo que uma teoria
do direito. Pelo contrário, a hermenêutica é capaz de parecer um pouco teimoso ou gratuitamente
no seu pensamento em relação à lei (ou mesmo qualquer assunto). Este será certamente o caso em
que aparecem quando se trata da questão da lei e da língua, ou o que seria chamado a
hermenêutica da linguagem da lei.
Gadamer, por exemplo, gosta de pensar a linguagem como meio da existência humana: a
existência-ordinária, cotidiana, factual, existência lingüística. Mas continua a ser uma questão
aberta: a lingüística de como esta deve ser entendida, porque a lingüística é heterogênea e
irredutível, isto é, a maneira ainda não teorizada em liberdade condicional ou línguas naturais.
27
A partir da perspectiva teórica da fenomenologia de Husserl, da lingüística estrutural, da
filosofia analítica da linguagem, e mais as críticas literárias, Sprachlichkeit é uma não idéia; não
idealidade, ou portabilidade de contexto para contexto.
A fim de ter uma teoria da linguagem, ou mesmo uma gramática de qualquer tipo, tem de
reduzir um idioma a partir da lingüística, isto é, tem de ter uma distinção
entre langue e parole, ou entre as estruturas superficiais e profundas, entre sistema e do
evento. Esta redução ocorre mesmo na linguagem comum da filosofia, que, a fim de contar como
uma teoria traz a lingüística sob controle analítico, expondo as estruturas profundas, as formas
locucionária, ilocucionária e perlocucionária que governam o que e quando dizemos. Esta é a
tarefa de John Searle, o discurso do ato-teoria, em contraste com Stanley Cavell de
desenvolvimento da filosofia da linguagem ordinária, que já não parece ter nada a ver com a
linguagem, mas tudo haver com lingüística. Entretanto, Heidegger, cujo pensamento vai muito
contra a ultra-estrutura dos segmentos de análise, diz que nenhuma das nossas teorias da
linguagem tem a ver com a língua em seu caráter ontológico como “Dizendo” (Sage). Para o
filósofo, o “dizer”, não irá deixar que ele próprio seja capturado em qualquer
declaração. Pergunto-me o que aconteceria quando se começasse a pensar dessa forma sobre a
lei.
Do ponto de vista da hermenêutica certamente não é o suficiente para pensar em
linguisticalidade sobre o modelo da lógica gramática como tantas estruturas profundas, códigos,
convenções, regras tácitas, sistemas de condicionamento, constrangimentos, paradigmas,
modalidades intersubjetivas, e assim por diante. Isto não quer dizer que a gramática é uma mera
ficção ou que não existem coisas como regras lingüísticas, uma vez que obviamente existem, mas
o que é seu ponto? Uma coisa é que essas estruturas ajudam a manter lingüisticalidade sob
controle. Eles esculpiam a lingüisticalidade de forma a torná-la racional e inteligível, controlada e
previsível, sem tais "regras" não podemos imaginar nesse sentido o que poderia ser feito de
qualquer coisa. A língua estaria sempre a fugir de nós, como, naturalmente, é inevitável que, de
qualquer forma, estaria. Pode-se pensar no direito, ou qualquer disciplina, como uma instituição
ou um modo de discurso que tenta trazer lingüisticalidade sob controle, ou a regra da razão.
A lei pertence à região de disciplinar como contra-poder soberano poder justificar em
termos de suas extremidades, em vez de suas origens. Podemos pensar em poesia ou literatura,
28
como Dworkin faz, mas muito mais vagamente, como uma região de práticas discursivas
destinadas a ir na lingüisticalidade de Heidegger, o sentido de Gelassenheit.
Deixando-se, voltar atrás ao pensamento representativo e calculista, dando-se a regra da
palavra. Tal discurso tende a marcar as suas fronteiras com coisas como Finnegans Wake, um
texto de interseção entre superfícies que se move em uma forma não-linear, digamos, a partir de
um trocadilho com trocadilho-texto que gramáticos tentem então todas as mais difíceis de
racionalizar, mostrando como apesar da sua loucura superfície, que é governada pela regra depois
de todos.
Em contrapartida, em princípio, não há trocadilhos na lei, ou, pelo menos, nenhum a esse se
destina. Mas a lei é certamente tão ambígua a este respeito como em qualquer outra, pois a lei
tem, por assim dizer, a sua cabeça: ela pertence a grande “lingüisticalidade”, tempo-sistema-
mundo do discurso, tanto quanto nada faz. Então, talvez poderia se falar da anarquia contra a lei
da profunda estrutura do texto legal. Quando o juiz reflete sobre a linguagem da lei, ou se
textualidade, um começa a sensação que isso implicaria. Mas será que nenhuma pessoa nunca
teorizou de refletir seriamente sobre a linguagem da lei? O que precisaria para fazer uma coisa
dessas?
Aqui chegamos ao limiar que Gillian Rose, na Dialética do Niilismo: Pós-Estruturalismo e
Direito, exorta-nos a não atravessar, no caminho para a linguagem de loucura e mentiras. Mas
outras vozes são mais desafiantes, por exemplo, Rainer Schürmann de provocatórias Heidegger
sobre Ser e Deliberando: De Princípios a anarquia, com o seu apelo "para viver sem
razão." Qual seria a formular a questão de o texto legal não esteticamente ou crítica, mas dentro
de um processo aberto e incerto talvez anárquico espaço?
A questão da textualidade prevê este tipo de espaço, porque é uma questão sobre a
racionalidade no que diz respeito ao pensamento e discurso, como tal, e não apenas uma pergunta
sobre como estrutura de textos objetos que identifica como uma obra literária ou jurídica ou
regra-regulada ou qualquer outra coisa. Ou talvez se poderia colocar a questão de que
o texto legal é uma questão sobre a forma como a instituição de direito lida com a fraqueza da
língua, ou o que Platão chamava de "o ponto fraco do logos", isto é, como ele tenta trazer língua
sob controle, ou como ele tenta restringir ou limitar a capacidade da linguagem para ficar longe
de nós e de dizer algo diferente daquilo que queremos dizer quando falamos. Há um evidente
sentido, afinal, em que competência lingüística é uma idéia utópica. A palavra "Texto", como se
29
trata para nós em última instância de teoria, é uma palavra sobre a resistência da palavra para as
autoridades competentes como o Estado-regulado, as estruturas profundas, o sujeito humano, ou
seja, trata-se de excessiva ou incontabilidade da palavra no que diz respeito às categorias, as
estruturas e os equipamentos, as ordens simbólicas e sistemas globais, os esquemas, paradigmas e
quadros, as estruturas profundas e o regime intersubjetivo que explicam como é que faz sentido
as coisas. O texto na verdade é o caminho pós-estruturalista de tentar conceituar a
“lingüisticalidade”. Este esforço conceitual de realizá-la, como diz o ditado, "além do
estruturalismo" em anarquia hermenêutica. A certa altura, ao longo da forma como este
movimento implica o reconhecimento de que a tarefa de qualquer disciplina ou instituição ou de
cultura ou de ordem simbólica é trazer textualidade e, portanto, significado, sob controle, para o
problema da textualidade não é um disparate, mas muito bom senso. Podemos dizer que o
controle do sentido é o primeiro significado, a origem ou arche, de direito: logotipos. É
controlado o uso. Mas qual é a fraqueza do logos? A fraqueza do logos, ou da lei, é apenas isso,
começando por si só, não pode trazer tudo sob controle.
Isto implica uma língua ou um lado escuro da linguagem muito diferentes das atuais teorias
de prisão domiciliar que figura como aparência de direito em todo o caminho, como um ultra-
estruturado e sistema de auto-regulação, como idioma e, a um nível superior, como cultura,
ideologia, ordem simbólica, ou metafísica. Quero dizer que a própria idéia da fragilidade do
logotipo implica uma língua que é a outra do sistema ou que esteja livre de sistema, uma
linguagem que é mais do que uma totalidade histórica, uma língua que não é teorizável, cujo
funcionamento não pode ser racionalizado, uma língua de infelicidades ou delírios, uma
linguagem opaca ao olhar analítico, uma língua cuja estrutura profunda não pode ser estabelecida
abrir para ver porque ela é toda superfície, uma linguagem que no pensamento de Frege ninguém
poderia nunca ou jamais querer ter uma filosofia dessa, uma linguagem que é mais do que letra
espírito, corpo, mais do que terra e mundo, um excesso de linguagem e de resíduos, da densidade
e libido sagrada uma linguagem não-raiva, economia cultural considerável e alguns ajustamentos,
para falar.
Naturalmente, a própria idéia de Direito pressupõe a repressão ou a “impensabilidade” dessa
língua, esse lado escuro ou impensado, da língua. Até mesmo, como tal, uma língua pressupõe a
“impensabilidade”, ou o final ou limite, por lei, para não dizer o fim da filosofia ou metafísica ou
de todos esses pensamentos de inícios e terminações.
30
Fica claro ver que tal noção de linguagem é auto-contraditória porque ela confunde o
próprio conceito de linguagem, que na atual teoria, nada que não fundamentado na própria idéia
de direito como modelo de sistema de auto-regulação. Na verdade, simplesmente pensar sobre
isso, é um pouco estranho para se perguntar sobre o texto legal, porque a resposta a esta pergunta
já está dada na aparência de direito de nossas teorias da linguagem.
A noção de uma língua não teorizável, de uma língua paralinguagem ou uma paródia de
linguagem, um apocalíptico ou fim da língua, a língua mistificada de uma teologia negativa, isto
é, uma língua em que a evitar falar, a linguagem de literatura, de delírio, a Sage heideggeriana e
qualquer que seja é apenas anárquica, uma não-noção, uma idéia cujo significado ninguém
poderia ter, e ainda assim ter o que é chamado de uma idéia.
Mas se, a partir do ponto de vista da hermenêutica, que nunca fez muito sentido para
conceituar a lingüisticalidade em termos de competência lingüística agraciado por gramáticas,
códigos, convenções, ou de outros modelos retirados do armazém idealista de estruturar sistemas
de profundidade, o que estamos a pensar?
Poderia fazer mais sentido pensar a forma de linguagem. Bakhtin faz isso, como uma
heteroglossia, uma Babel de línguas que são conflitantes, porém, não selada de um outro, mas
porosas, intersecções, apanhados em uma dialogia que não pode ser idealizada como uma base de
comunicação intersubjetiva ou transferência de identidades, mas sim historicamente embutidos,
finito e contingente. A condição da lingüisticalidade de que tem sempre nos falando atravessando
os fins. Em uma palavra: anarquia.
Como entender essa anarquia? Referi que Goodrich associa o texto legal, ou a lei, com
Bakhtin da concepção unitária da língua. Esta é uma perspectiva importante, obviamente, mas
precisa de alguns esclarecimentos. Bakhtin vê os números da linguagem não como um sistema
total imanente no lugar dos efeitos discursivo, mas como uma pluralidade social ou "verbal-
ideológica" das línguas, uma heteroglossia agitada por um jogo de forças centrífugas e
centrípetas.
Na metáfora favorita de Bakhtin, a linguagem é "estratificada"; é multilingüística,
irredutível e heterogênea. Há sempre mais do que uma língua em um língua. A tarefa de
descrever esta estratificação da língua é incrivelmente difícil, mas muito aproximadamente
Bakhtin rompe as coisas em geral, profissional e social das "línguas". A tensão ou conflito entre
forças heteroglossas e unitárias é aplicável em cada uma dessas regiões discursivas. Segundo
31
Bakhtin, a língua unitária constitui o arcabouço teórico da expressão, constitui forças centrípetas
da língua e em cada momento da sua vida lingüística se opõe às realidades da heteroglossia. A
heteroglossia é centrífuga, anárquica. A língua unitária é como a lei:
“Uma língua comum é um sistema unitário de normas lingüísticas. Mas estas
normas não constituem um resumo imperativo, são sim negativas de forças da vida
lingüística, forças que lutam para vencer a heteroglossia da linguagem, que unem forças e
centralizam o pensamento verbal-ideológica, de criar dentro de uma língua nacional
heteroglota da empresa, de um núcleo estável lingüístico reconhecido oficialmente língua
literária”. (Leyh, 1992, p. 112)
O ponto a lembrar é que cada língua na própria heteroglossia situa-se em um conflito
entre forças centrífugas e centrípetas, ou entre idioma unitário e heteroglossia. E esta condição se
aplica à linguagem do Direito, bem como a qualquer uma das línguas "sócio-ideológicas" que
fazem parte não só um nativo da língua, mas toda a lingüisticalidade da existência. Portanto,
temos de imaginar o direito, por exemplo, não como uma língua unitária pura e simplesmente,
uma vez que não existe tal coisa, mas também como sempre lutando para trazer a sua própria
força centrífuga, a sua heteroglossia dialógica sob controle.
A distinção entre a lei anterior considerada como tradição e a lei como instituição seria
apenas um resumo, uma maneira preliminar de caracterizar a estratificação e a irredutibilidade do
texto legal. Na verdade, a intertextualidade da tradição jurídica implica estratificação além de
descrição, como se a lei fosse um grande texto cujo centro está em toda parte e cuja
circunferência é hipotética, um texto que está em um constante estado de heterogênea reinscrição
devido a distúrbios ocorridos em toda parte aleatória semântica; um texto, que gera inúmeras
reformulações da questão de saber o que conta como um texto jurídico; um texto que está a
expandir-se em direções e é imprevisível, de acordo com leis inválidas como conceitos; um texto,
em suma, que é múltiplo e conflitante, acusado de sistemas concorrentes e contraditórios
significados, um ensaio profundamente historicizado. A idéia de uma instituição jurídica
consistirá na tentativa de unificar e centralizar esta heteroglossia em algo coerente e gerenciável.
Sem dúvida esta é uma visão da lei que apenas um anarquista ou não especialista poderia
ter. Os peritos são considerados os que têm visão mais clara, mais limpa, e menos louca.
Advogados sentimentos acalentam um velho ditado: dizem que a lei funciona pura e
32
propriamente. A figura imagina duas formas ou estados do mesmo sistema de Direito, a nobre
forma latente na menos nobre, o impuro, presente lei gradualmente transformando-se em sua
própria ambição pura, de ter a certeza, com deslizes, bem como ganhos, que nunca trabalhou
finalmente pura, em cada geração, mas melhor do que a última. Há nesta matéria misteriosa
imagem, e acrescenta-se tanto à complexidade e ao poder do direito como integridade.
Dworkin, evidentemente, escreve isto com a finalidade de pacificar o que é relativo ao
fundamental, a auto-regulação. Os juristas e pensadores não devem hesitar em considerá-la
hegeliana racionalidade do direito. Mas o argumento atualmente em curso na teoria jurídica entre
estética e crítica é o testemunho da heteroglossia dialógica, entendida também como
lingüisticalidade jurídica da instituição.
A tradição jurídica não é um desdobramento monológico da idéia, é uma "Torre de Babel de
mistura de línguas", um ambiente sempre muito carregado de intersecções, diálogos em que a
própria idéia de lei em si está em constante revisão, em jogo, como dizem os hermeneutas,
contestada, irredutível, resistente a determinação conceitual, sempre em questão, aberta aos
imprevistos e contextualizações. Como se a tarefa da teoria jurídica, não fosse conceituar o
direito, mas simplesmente saber onde procurar por ela entre as suas diferentes e singulares
configurações, como se para entender a lei seria sempre necessário compreendê-la de maneira
diferente, como se o entendimento da lei fosse difícil de distinguir a partir do estudo da sua
situação, sua historicalidade, a sua exposição a Wirkungsgeschichte.
Uma hermenêutica da lei seria o olhar para onde se está, quais os argumentos são contra o
que está sendo contestado, as concorrentes origens ou tradições do pensamento. A hermenêutica
da lei não seria uma teoria do mesmo, mas um evento em que a questão da lei é aberta, colocada
em causa, não mais resolúvel, em suas condições habituais, mas liberada a partir dos termos em
que é familiar a nós, expostos ao que parece serem idéias malucas, feitas radicalmente e
questionáveis.
Do ponto de vista da hermenêutica, a lei é uma Sache, a coisa em questão, o assunto para
pensar, não é o objeto de descrição e análise. Como tal, pode surgir apenas em um espaço que é
logicamente anárquico, o que Gadamer chama um lugar que abre indeterminações, quando de
repente a coisa é de outra forma do que pensávamos. A lei, como a maioria dos indivíduos pensa,
a justiça, a boa vida, a política, a filosofia, a decisão certa, Hamlet, o que nos faz pensar, ou de
qualquer forma pensar duas vezes, pertence a esse espaço, isto é, é sempre contestado, sempre em
33
questão. A hermenêutica de qualquer coisa sempre começa por destacar a coisa em questão a
partir dos seus contextos dogmáticos, e fixas ou institucionalizadas formas de pensá-la. Portanto,
a idéia, no caso vertente, seria não resolver o conflito de interpretação entre esteticismo e crítica,
como se estivesse simplesmente procurando uma resposta certa em um caso difícil, mas para
entrar mais profundamente nele, para pesquisar os eventos em que ela ocorre e, para compreendê-
los como um concurso ou compreender um argumento, porque, afinal, é um argumento no qual
está implicado ou envolvido um ser, especialmente se não é uma pessoa coletiva de um estudioso.
O argumento implica o sentido trazido por ele, como disse Gadamer o sentido de encontrar-
se expostos e chamado a responder-se em termos de um do gênero. Com efeito, uma
hermenêutica da lei é justamente o que começa a acontecer quando, por exemplo, Catharine
MacKinnon da polêmica sobre o argumento machista da lei ou por meio de cortes em toda a
superfície do terreno estético da integridade jurídica e do raciocínio jurídico liberal. Diz
MacKinnon que a lei vê e trata as mulheres da mesma forma como os homens tratam as
mulheres. Aqui está como MacKinnon analisa a estrutura profunda do texto legal:
“Oficialmente, o Estado é do sexo masculino, em que objetividade é a sua
norma. Objetividade é legalismo liberal da concepção de si mesmo. É legitimo, refletindo
a sua própria visão da atual sociedade, uma sociedade que fez e faz por assim vê-la, e
chamar esse ponto de vista de relação de racionalidade prática. Se racionalidade é medida
pelo ponto-de-vista, o que conta como motivo será a que corresponde à forma como as
coisas são. Prática significará o que pode ser feito sem mudar nada. Neste quadro, a tarefa
de interpretação jurídica torna-se perfeita para o Estado como espelho da
sociedade. Epistemologia objetivista é a lei do direito. O formulário de regra, que une o
conhecimento científico com o controle estatal na sua concepção do que é direito,
institucionaliza o objetivo da postura como jurisprudência.” (Leyh, 1992, p. 230)
Aqui, a lei já não habita um domínio separado do espírito, o reino do desinteressado
estado judicial, mas é interpretada como um "discurso social", cuja forma subjacente não pode
ser adequadamente descrito em termos das normas e convenções, os regimes de arranjo, de uma
forma lógica e coerente. Pelo contrário, transforma a teoria crítica do direito em um sistema
global e coerente de cabeça para baixo, dentro ou fora, de modo a que a forma lógica do texto
34
legal já constitui uma "estrutura superficial" isso autoriza um sujeito social, a saber, as várias
instituições da lei e suas operações e efeitos discursivos.
Esta lei de cabeça para baixo é chamada a tomadas legais do discurso para seu assunto:
sobre as regras da interpretação estatutária e da doutrina do precedente, junto com as
características muito mais detalhadas e geralmente menos do que mais explícitas da arte legal; da
interpretação e da argumentação dentro das disciplinas ou dos corpos de lei jurídicas específicas,
o papel e o status, por exemplo, da equidade ou de princípios, de presunções, de costumes e de
máximos específicos, combine junto para determinar uma hierarquia institucional e discursiva da
autorização sobre quem podem pensar e falar e o que pode ser pensado ou dito. Está se pensando
aqui em particular da escola de direito, que apresenta como o meio ao acesso ao discurso legal e
como a fonte de uma mistificação poderosa que cubra acima a fundamentação de tal discurso.
Requisitar aparentemente determinado textos legais de acordo com uma ontologia
institucionalizada, social das fontes da lei, o discurso legal dos protetores da ameaça potencial de
ter que justificar o formulário e o índice do exercício do poder administrativo nos termos de todo
o discurso à exceção do tradicional, patriarcal, e essencialmente de um a priori dado, legitimação
interna ao ser mesmo legal da hierarquia.
Compreendido desta maneira como social um pouco do que o discurso preposicional, a lei
é sem terra, sem por que; não é um sistema que trabalha de forma pura, mas um jogo das
superfícies, uma prática cultural heterogênea que não pode formalmente ser reduzida, mas precisa
ser estudada localmente nos termos de sua posição e efeitos dentro das situações sociais e
políticas específicas. A parte dura está em começar desobstruir as conseqüências envolvidas em
tal idéia do estudo legal.
Uma conseqüência é evidente: o fim da jurisprudência analítica, não no sentido de
abandonos da jurisprudência, agora como inútil em seu estilo da profunda estrutura do rigor
analítico; um pouco, significa que nós vemos agora, em uma maneira que nós parecemos de outra
maneira faltar, os limites obviamente estreitos de tal jurisprudência, com suas teorias aplainadas
para fora da língua e do texto. Indubitavelmente do ponto de vista analítico, a idéia da lei como o
discurso social expondo a lei ao cepticismo, simplesmente agora já não faz muito sentido
encontrar a lei em uma maneira de ceticismo; isto é, já não faz sentido pensar a racionalidade da
lei como apenas cognitiva e preposicional. Aqui lembramos de Stanley Cavell, a introspecção de
35
que a verdade do ceticismo, sua moral, é que nossa relação ao mundo não é um de saber, ou o que
nós pensamos como sabendo, mas envolve algo muito como a idéia de Heidegger de Dasein.
Em primeiro, deve-se desenganchar a lei de distinções insustentáveis como essa entre a
lógica e a retórica, para não mencionar esse entre o conhecimento e o poder. Aqui os teóricos
críticos puderam tentar elaborar o sentido em que a lei como o discurso social não é técnica ou
estratégica, não apenas uma espécie de raciocínio instrumental desdobraram-se dentro da
confrontação dos adversários. A idéia de repressão do texto legal, tão proeminente em Goodrich,
a análise crítica de suas necessidades, ser afrouxada acima por alguma reflexão mais adicional na
fragmentariedade do texto legal, sua múltipla face, sua distribuição em excesso dentro ou através
dos formulários heterogêneos da vida, seu caráter de labirinto, sua comédia, seu índice inerente
visionário, sua relação irônica, satírica, e mesmo subversiva aos esforços para representar e
controlar.
Sabe-se que sua habilidade estranha de divulgar outros lados inauditos de sua anarquia
assim como sua aberta ou multifinalística, seu ser sem por que. Aqui a lei não é um gênero dentro
da prisão domiciliar da língua, mas subscreve preferivelmente à liberdade da lingüisticalidade,
como se a idéia principal no que diz respeito à lei não fosse a ordem e a coerência de sistemas
lógicos ou a integridade de obras de arte bonitas, muito menos o poder das superestruturas
hegemônicas que carregam para baixo em nós de cada lado, dentro de assim como para fora;
como se certamente o valor da idéia que pensa aproximadamente era a relação da lei e liberdade:
a maneira da lei, confundida como está, nos derruba ou nos levanta e nos deixa às vezes mesmo
ir, humanos que nós somos.
3.2 Jurisprudência
TST
RECURSO DE REVISTA - PRESCRIÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS,
MORAIS E ESTÉTICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO - AJUIZAMENTO EM
DATA ANTERIOR AO JULGAMENTO, PELO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DO
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 7204/MG - REGRA DE TRANSIÇÃO - DIREITO ADQUIRIDO
AO PRAZO DE PRESCRIÇÃO DO DIREITO CIVIL EM DETRIMENTO DO PRAZO
PRESCRICIONAL TRABALHISTA. Hipótese na qual a ação de indenização reparadora de danos
materiais, morais e estéticos causados por acidente do trabalho foi ajuizada perante a Justiça Comum, cuja
36
competência material somente veio a ser deslocada para a Justiça do Trabalho, de forma definitiva,
quando do julgamento, pelo Excelso Supremo Tribunal Federal, do Conflito de Competência nº 7204/MG,
em que foi relator o Ministro Carlos Britto, passando a sufragar a tese de que a competência material
doravante seria do Judiciário do Trabalho. Inviável, em circunstâncias tais, a aplicação dos critérios
norteadores da prescrição trabalhista, porque o fato jurídico ocorrido notadamente a alteração da
competência dos Órgãos julgadores em razão da matéria (art. 87 do CPC) - não tem o condão de atrair à
espécie a aplicação dos critérios estabelecidos no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição da República, sob
pena de atentar-se contra os princípios da segurança jurídica, do direito adquirido e da irretroatividade das
leis. Posicionamentos abalizados pela jurisprudência mais recente e iterativa desta Corte, além de
consagrados pela melhor doutrina, orientam-se no sentido de admitir que as situações preexistentes ao
estabelecimento da nova ordem constitucional devem observar o prazo de prescrição previsto no art. 206,
§ 3º, inciso V, do Código Civil. Ocorre que, no caso em exame, não se há de cogitar de incidência dessa
nova regra, pois, considerado o critério de transição consagrado no art. 2.028 do Código Civil, está sujeita
à prescrição trienal, na forma do estabelecido no art. 206, § 3º, do Código Civil de 2002, sendo que,
quando do ajuizamento da ação na Justiça Comum, ainda não se exaurira aquele período prescricional.
“RECURSO DE REVISTA. REINTEGRAÇÃO. ESTABILIDADE. trabalhador portador do vírus HIV .
demissão por justa causa arbitrária e discriminatória. A atividade hermenêutica do juiz submete-se ao
princípio da interpretação conforme à Constituição no respeito aos direitos fundamentais que dela são
emanados, dentre os quais os princípios gerais do direito à dignidade da pessoa humana, à vida e ao
trabalho. Assim, mesmo naquelas hipóteses em que não haja previsão expressa a albergar determinada
proteção estabilitária, referido direito como de regra qualquer outro subordina-se aos ditames
constitucionais calcados nos direitos fundamentais. Nesse contexto, a circunstância de o sistema jurídico
pátrio até o presente momento não contemplar previsão expressa de estabilidade no emprego para o
soropositivo de HIV não impede que o julgador, na análise do fato concreto, conclua pelo direito do
trabalhador à reintegração no emprego decorrente da presunção de discriminação. Na hipótese dos autos,
verifica-se que a demissão do reclamante por justa causa, efetivada pela reclamada, além de
discriminatória, causou-lhe sérios prejuízos, pois, como bem salientado pela Corte Regional: tal benefício
após a dispensa é limitado e muito mais burocrático, tanto que o reclamante relata que pleiteou o benefício
há 3 ou 4 meses, não tendo obtido resposta favorável . Isto porque, sendo a empregadora conhecedora do
acometimento do empregado de doença incurável, era seu dever encaminhá-lo ao órgão previdenciário,
para que pudesse usufruir do seu direito ao gozo do auxílio-doença previdenciário durante o prazo que
fosse necessário ao tratamento e, se for o caso de constatada a incapacidade laborativa, possa este, usufruir
do benefício de aposentadoria por invalidez. A jurisprudência, atenta à realidade social no que diz respeito
37
à ainda enorme carga de preconceito e discriminação que o portador de AIDS/SIDA sofre em todos os
setores da sociedade, tem evoluído no entendimento de que em circunstâncias nas quais o trabalhador seja
portador do vírus HIV, o mero exercício imotivado do direito potestativo da dispensa faz presumir
discriminação e arbitrariedade (Precedentes desta Corte). Conclui-se, portanto, que a condenação da
reclamada em reintegração do reclamante ao emprego, não contraria a legislação pertinente à matéria, e
está em conformidade com o entendimento desta Corte Uniformizadora. Recurso de revista não
conhecido.”
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CNA. AÇÃO MONITÓRIA.
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL. COBRANÇA. DOCUMENTOS ESSENCIAIS À
PROPOSITURA. O acórdão recorrido não menciona se a presente ação monitória foi instruída ou não
com a prova de que a autora providenciou a publicação dos editais concernentes ao recolhimento do
imposto sindical nos jornais de maior circulação local, tampouco foi instado a fazê-lo por meio de
oposição de embargos de declaração. Nessa circunstância, obstaculizam-se a verificação de afronta aos
dispositivos legais/constitucionais e a instauração de divergência jurisprudencial, em face da
impossibilidade de se apurar se houve ou não a publicação dos editais, por implicar o revolvimento da
prova, vedado em grau recursal extraordinário, nos termos da Súmula 126 do TST.”
RECURSO DE REVISTA DA ALL AMÉRICA LATINA LOGÍSTICA. REINTEGRAÇÃO. SERVIDOR
CONCURSADO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. I - A exigência do concurso público a que se
reporta o artigo 37, II, da Constituição não altera o sentido e o alcance da norma do artigo 173 daquele
Texto, nem é capaz de sugerir a idéia de ter sido abolida a possibilidade de resilição imotivada no cotejo
com o artigo 7º, inciso I, da mesma Constituição. Isso porque, além de o artigo 173 ser enfático ao
equiparar as sociedades de economia mista às pessoas jurídicas de Direito Privado, no que concerne, por
exemplo, à aplicação do Direito do Trabalho, o artigo 7º, inciso I, optou por dar prioridade à indenização
compensatória em detrimento da estabilidade como forma de proteção da relação de emprego. Desse
modo, o artigo 41 da referida Carta, que cuidava da estabilidade no serviço após dois anos de estágio
probatório, não se aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista, mas somente aos poderes
centrais da administração direta, autarquias e fundações públicas, conforme tipificação dada no próprio
Título II, Capítulo VII, Seção II, da Constituição da República. II - Nesse sentido orienta-se a
jurisprudência dominante desta Corte, conforme se percebe do Precedente nº 247 da SDI-1, que pacificou
o entendimento de ser possível a despedida imotivada de servidor público celetista concursado de empresa
pública ou sociedade de economia mista.
38
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INSS. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA
DE ACORDO. PARCELAS DISCRIMINADAS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. INDEVIDA A
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Havendo a discriminação das parcelas quitadas a título de
indenização, conforme previsão do § 3º do art. 832 da CLT, considera-se válido o acordo homologado
judicialmente, somente com parcelas de natureza indenizatória, ainda que, na inicial, constem verbas de
natureza salarial. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL. DESNECESSIDADE DE AS PARTES
COMPARECEREM EM AUDIÊNCIA. Em que pese o princípio da oralidade, fundamental ao direito
adjetivo trabalhista, também é fundamental o princípio da conciliação, plenamente aplicável às lides
trabalhistas. Não restou consignado, no acórdão do Regional, a existência de vício de consentimento apto
a desconstituir o acordo extrajudicial celebrado entre as partes. Outrossim, as partes foram devidamente
representadas por seus procuradores regularmente constituídos. Portanto, o simples fato de o reclamante
não comparecer à audiência não impede a homologação de acordo previamente realizado e comunicado ao
juízo, mediante petição assinada por ambas as partes litigantes.
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA RECLAMADA. RECURSO QUE NÃO
IMPUGNA OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA. NÃO CONHECIMENTO. SÚMULA
Nº 422 DO TST. A agravante não demonstra o ponto específico da impugnação aos fundamentos da
decisão agravada, limitando-se a reproduzir os argumentos veiculados no recurso de revista, o que impede
verificar o acerto ou desacerto da decisão proferida pelo Juízo de admissibilidade a quo. Inobservado o
pressuposto da regularidade formal do agravo, que constitui recurso de fundamentação vinculada (arts.
514, II, e 524, II, do CPC), aplica-se a diretriz traçada na Súmula nº 422 desta Corte Superior, como óbice
ao conhecimento do apelo.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACORDO HOMOLOGADO PARCELAS
EXCLUSIVAMENTE DE NATUREZA INDENIZATÓRIA. 1. Conforme estabelece o art. 43 da Lei
8.212/91, nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de
contribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento
das importâncias devidas à Seguridade Social. 2. A norma legal não exige que o acordo celebrado entre as
partes e homologado judicialmente abarque todas as parcelas pleiteadas na petição inicial. Não há vedação
a que sejam acordadas apenas verbas de natureza jurídica indenizatória, sendo necessário que todos os
títulos objeto do acordo estejam devidamente discriminados, possibilitando o exame da incidência, ou não,
da contribuição previdenciária em cada caso.
39
AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE REVISTA - EXECUÇÃO. I - A admissibilidade do
recurso de revista contra acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em
processo incidente na execução, até os embargos de terceiro, depende de demonstração de violência direta
à Constituição Federal, a teor do que preconiza a Súmula nº 266 do TST. II - Agravo a que se nega
provimento.
DIFERENÇAS DE FGTS PRESCRIÇÃO. I - A decisão recorrida está em consonância com a Súmula nº
206, segundo a qual A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o respectivo
recolhimento da contribuição para o FGTS . II - Desse modo, vem à baila o §5º do artigo 896 da CLT, em
que os precedentes da Súmula de Jurisprudência foram alçados à condição de requisitos negativos de
admissibilidade da revista. III - Despiciendo o exame da especificidade dos arestos transcritos a título de
divergência jurisprudencial, por superados, a teor do § 4º do art. 896 da CLT.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
ENTE PÚBLICO. TOMADOR DE SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA. Não demonstrada nenhuma das
hipóteses de cabimento do recurso de revista previstas no art. 896 da CLT. Fundamentos da decisão
denegatória não desconstituídos. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
APOSENTADORIA. VIOLAÇÃO DE LEI. SÚMULAS 83 DO TST E 343 DO STF. Quanto ao
fundamento de violação de dispositivo de lei infraconstitucional, é incabível a rescisão de decisão baseada
em texto legal de interpretação controvertida à época de sua prolação, nos termos das Súmulas 83 do TST
e 343 do STF. Na hipótese, a Orientação Jurisprudencial 177 da SBDI-1 teve seu cancelamento publicado
no DJU de 30/10/2006 e, posteriormente, foi editada a Orientação Jurisprudencial 361 da SBDI-1 do TST,
publicada no DJU de 20/5/2008. Assim, a decisão rescindenda proferida em outubro de 2006, ou seja,
antes da inclusão da Orientação Jurisprudencial 361 da SBDI-1 (Súmula 83, II, do TST), quando a
discussão da matéria à luz do art. 453 da CLT era controvertida, impede ao colhimento da pretensão
rescisória. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. APOSENTADORIA. ERRO DE FATO.
RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007, QUE DEU
NOVA REDAÇÃO AO ART. 894 DA CLT. PRESCRIÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO
PREVISTA EM PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. SÚMULA Nº 294/TST. NÃO-APLICAÇÃO. É
entendimento da Corte pelo qual o descumprimento pelo empregador de obrigação constante de
40
regulamento interno da empresa atrai a incidência da prescrição parcial, não se aplicando, por isso, o
entendimento contido na Súmula nº 294 desta Corte, pois o pedido não decorre de alteração do pactuado,
porque não houve nenhuma alteração contratual, e porque se trata de prestações sucessivas devidas ao
empregado, em razão do descumprimento de obrigação prevista em norma regulamentar.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. IMPENHORABILIDADE
DO SALÁRIO. A admissibilidade do recurso de revista interposto contra acórdão proferido em agravo de
petição depende de demonstração inequívoca de afronta direta à Constituição da República.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. NULIDADE PROCESSUAL POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. BASE DE CÁLCULO DAS COMISSÕES. Não
demonstrada nenhuma das hipóteses de cabimento do recurso de revista previstas no art. 896 da CLT.
Fundamentos da decisão denegatória não desconstituídos. Agravo de instrumento a que se nega
provimento.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. TESTEMUNHA CONTRADITADA.
SUSPEIÇÃO. A decisão recorrida está em consonância com a Súmula nº 357 do TST. No caso concreto, o
Tribunal Regional avaliou o desempenho da testemunha de modo a fundamentar a sua decisão e afastar a
suspeição argüida, de forma que, para se chegar a entendimento contrário, seria necessário o reexame da
prova, o que é vedado nesta instância extraordinária, ao teor da Súmula nº 126/TST . Agravo de
instrumento a que se nega provimento.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DISTRITO FEDERAL. CONVÊNIO.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONFIGURAÇÃO. Ainda que firmado convênio com entidade
sem fins lucrativos, remanesce o dever do ente público de fiscalizar a sua execução, sob pena de incorrer
nas culpas in eligendo e in vigilando , que geram os efeitos consagrados na Súmula nº 331, item IV, do
TST. Inviável a admissibilidade do recurso de revista, uma vez que a decisão recorrida se encontra em
sintonia com o entendimento preconizado no teor do item IV da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do
Trabalho.
RECURSO DE REVISTA. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO JUDICIAL SEM RECONHECIMENTO
DE VÍNCULO DE EMPREGO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. Nos casos em
que o acordo homologado se deu sem reconhecimento de vínculo de emprego, a jurisprudência maciça do
TST é pela incidência da contribuição previdenciária, tendo em vista o princípio da solidariedade
41
financeira e a exegese dos artigos 195, inciso I, a , da Constituição Federal; 43 da Lei nº 8.212/91 e 276, §
9º, do Decreto nº 4.032/01. Recurso de revista conhecido e provido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECOLHIMENTO DAS CUSTAS EM DARF ELETRÔNICO.
Evidenciada potencial ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal, necessário o processamento do
recurso de revista, na via do art. 896, § 2º, da CLT. Agravo de instrumento conhecido e provido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
DESPACHO MANTIDO POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO. A
despeito das razões expostas pela parte agravante, merece ser mantido o despacho que negou seguimento
ao Recurso de Revista, pois subsistentes os seus fundamentos. Agravo conhecido e desprovido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Não merece reparos o despacho
agravado. O Tribunal Regional, baseado no exame da prova, concluiu pela configuração do vínculo
empregatício com a Reclamada, já que o Reclamante, embora dirigisse caminhão de sua propriedade,
arcando com todas as despesas de manutenção do veículo, não exercia com autonomia a prestação de
serviços e era o único que realizava o transporte de mercadorias da Empresa. Assim, a análise dos
elementos caracterizadores da relação de emprego (art. 3º da CLT) depende de nova avaliação do conjunto
fático-probatório sobre o qual se assenta o acórdão recorrido, procedimento vedado nesta instância
recursal, nos termos da Súmula 126 do TST. Agravo de Instrumento não provido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. DIFERENÇAS SALARIAIS.
PRESCRIÇÃO. O Regional não emitiu tese a respeito da Súmula 294 do TST e do art. 7º, XXIX, da CF,
tampouco foi provocado a fazê-lo por meio da oposição de embargos de declaração, não se encontrando
prequestionada a matéria. 2. HORAS EXTRAS. CARGO DE CONFIANÇA.
STF
Rcl 4904 / SE - SERGIPE RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 21/08/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-197 DIVULG 16-10-2008 PUBLIC 17-10-2008 EMENT VOL-02337-01 PP-00148 Parte(s) RECLTE.(S): ESTADO DE SERGIPE
42
ADV.(A/S): PGE-SE - WELLINGTON MATOS DO Ó RECLDO.(A/S): TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO RECLDO.(A/S): JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE MARUIM (PROCESSO Nº 00581-2006-011-20-00-8) INTDO.(A/S): JOSÉ POTILIO DOS SANTOS ADV.(A/S): ALEXANDRE DELMAS DE MIRANDA E OUTRO(A/S) Ementa EMENTA: RECLAMAÇÃO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTRATO TEMPORÁRIO. VÍNCULO JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. DESCUMPRIMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 3.395/DF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. 1. Contrato firmado entre o Reclamante e o Interessado tem natureza jurídico-administrativa, duração temporária e submete-se a regime específico, estabelecido pela Lei sergipana n. 2.781/1990, regulamentada pelo Decreto n. 11.203/1990. 2. Incompetência da JustiçaTrabalhista para o processamento e o julgamento das causas que envolvam o Poder Público e servidores que sejam vinculados a ele por relação jurídico-administrativa. Precedentes. 3. Reclamação julgada procedente. Decisão O Tribunal, por maioria, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, julgou procedente a reclamação, nos termos do voto da Relatora. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello, Ellen Gracie e Joaquim Barbosa. Plenário, 21.08.2008. Indexação - VIDE EMENTA. - VOTO VENCIDO, MIN. MARCO AURÉLIO: AÇÃO TRABALHISTA, DECORRÊNCIA, PRINCÍPIO DA REALIDADE. IMPOSSIBILIDADE, TRANSFERÊNCIA, JUSTIÇA COMUM, CONTROVÉRSIA, MASCARAMENTO, CONTRATO DE TRABALHO. RELAÇÃO EMPREGATÍCIA, TEMPO DETERMINADO, COMPETÊNCIA, JUSTIÇA DO TRABALHO. Legislação LEG-EST LEI-002781 ANO-1990 LEI ORDINÁRIA, SE LEG-EST DEC-011203 ANO-1990 DECRETO, SE Observação - Acórdãos citados: ADI 3595 MC, ADI 3395, RE 573202. - Decisções monocráticas citadas: Rcl 4275 MC, Rcl 4343 MC, Rcl 4772 MC, Rcl 4948 MC, Rcl 5266 MC, Rcl 5439 MC, Rcl 5475 MC. - Veja reclamação trabalhista 00581-2006-011-20-00-8, do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região. N.PP: 12 Análise: 31/10/2008, MMR. Revisão: 31/10/2008, JBM. Doutrina ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Princípios Constitucionais dos Servidores Públicos. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 245.
AI-AgR 650164 / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
43
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 06/11/2007 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação DJe-157 DIVULG 06-12-2007 PUBLIC 07-12-2007 DJ 07-12-2007 PP-00050 EMENT VOL-02302-13 PP-02753 Parte(s) AGTE.(S): UPS DO BRASIL REMESSAS EXPRESSAS LTDA ADV.(A/S): SAVIO DE FARIA CARAM ZUQUIM E OUTROS AGDO.(A/S): ALEXANDRE BERTON DUARTE COSTA ADV.(A/S): SILVINA APARECIDA REBELO FERNANDES DA CUNHA CANTO E OUTRO(A/S) Ementa EMENTA: MATÉRIA TRABALHISTA. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACÓRDÃO PROFERIDO POR TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DESCABIMENTO. SÚMULA 281 DO STF. OFENSA REFLEXA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO. I - Não cabe recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal contra quaisquer decisões proferidas por Tribunais Regionais do Trabalho. II - O acesso a esta Corte, pela via recursal extraordinária, nos processos trabalhistas, só será possível quando se tratar de decisões proferidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. III - A Corte tem se orientado no sentido de que, em regra, a alegação de violação aos princípios do devidoprocesso legal, contraditório e ampla defesa caracteriza ofensa reflexa à Constituição Federal, o que inviabiliza o recurso extraordinário. IV- Agravo regimental improvido. Decisão A Turma negou provimento ao agravo regimental no agravo de instrumento, nos termos do voto do Relator. Unânime. Ausentes, justificadamente, o Ministro Carlos Britto e a Ministra Cármen Lúcia. 1ª. Turma, 06.11.2007. Indexação - VIDE EMENTA. Legislação LEG-FED CF ANO-1988 ART-00102 INC-00003 CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED SUM-000281 SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF Observação - Acórdãos citados: RE 250773 AgR, AI 407035 AgR (RTJ 190/1121), AI 563516 AgR, AI 620209 AgR. N.PP.: 5. Análise: 19/12/2007, RHP. Acórdãos no mesmo sentido AI 671763 AgR JULG-13-05-2008 UF-ES TURMA-01 MIN-RICARDO LEWANDOWSKI N.PP-004 DJe-102 DIVULG 05-06-2008 PUBLIC 06-06-2008 EMENT VOL-02322-07 PP-01386
ADI-MC 2527 / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
44
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 16/08/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-147 DIVULG 22-11-2007 PUBLIC 23-11-2007 DJ 23-11-2007 PP-00020 EMENT VOL-02300-01 PP-00107 Parte(s) REQTE.: CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL ADV.: RUBENS APPROBATO MACHADO E OUTROS REQDO.: PRESIDENTE DA REPÚBLICA Ementa MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA 2.226, DE 04.09.2001. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. RECURSO DE REVISTA. REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE. TRANSCENDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PLAUSIBILIDADE JURÍDICA NA ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTIGOS 1º; 5º, CAPUT E II; 22, I; 24, XI; 37; 62, CAPUT E § 1º, I, B; 111, § 3º E 246. LEI 9.469/97. ACORDO OU TRANSAÇÃO EM PROCESSOS JUDICIAIS EM QUE PRESENTE A FAZENDA PÚBLICA. PREVISÃO DE PAGAMENTO DE HONORÁRIOS, POR CADA UMA DAS PARTES, AOS SEUS RESPECTIVOS ADVOGADOS, AINDA QUE TENHAM SIDO OBJETO DE CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. RECONHECIMENTO, PELA MAIORIA DO PLENÁRIO, DA APARENTE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ISONOMIA E DA PROTEÇÃO À COISA JULGADA. 1. A medida provisória impugnada foi editada antes da publicação da Emenda Constitucional 32, de 11.09.2001, circunstância que afasta a vedação prevista no art. 62, § 1º, I, b, da Constituição, conforme ressalva expressa contida no art. 2º da própria EC 32/2001. 2. Esta Suprema Corte somente admite o exame jurisdicional do mérito dos requisitos de relevância e urgência na edição de medida provisória em casos excepcionalíssimos, em que a ausência desses pressupostos seja evidente. No presente caso, a sobrecarga causada pelos inúmeros recursos repetitivos em tramitação no TST e a imperiosa necessidade de uma célere e qualificada prestação jurisdicional aguardada por milhares de trabalhadores parecem afastar a plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 62 da Constituição. 3. Diversamente do que sucede com outros Tribunais, o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho não tem sua competência detalhadamente fixada pela norma constitucional. A definição dos respectivos contornos e dimensão é remetida à lei, na forma do art. 111, § 3º, da Constituição Federal. As normas em questão, portanto, não alteram a competência constitucionalmente fixada para o Tribunal Superior do Trabalho. 4. Da mesma forma, parece não incidir, nesse exame inicial, a vedação imposta pelo art. 246 da Constituição, pois, as alterações introduzidas no art. 111 da Carta Magna pela EC 24/99 trataram, única e exclusivamente, sobre o tema da representação classista na Justiça doTrabalho. 5. A introdução, no art. 6º da Lei nº 9.469/97, de dispositivo que afasta, no caso de transação ou acordo, a possibilidade do pagamento dos honorários devidos ao advogado da parte contrária, ainda que fruto de condenação transitada em julgado, choca-se, aparentemente, com a garantia insculpida no art. 5º, XXXVI, da Constituição, por desconsiderar a coisa julgada, além de afrontar a garantia de isonomia da parte obrigada a negociar despida de uma parcela significativa de seu poder de barganha, correspondente à verba honorária. 6. Pedido de medida liminar parcialmente deferido. Decisão Após o voto da Senhora Ministra Ellen Gracie, Relatora, deferindo, em parte, a liminar para suspender a eficácia do artigo 3º da Medida Provisória nº 2.226, de 4 de setembro de 2001, e voto do Senhor Ministro Nelson Jobim, suspendendo o disposto nos artigos 1º e 2º, reservando-se para analisar, posteriormente, a matéria relativa ao artigo 3º, em face da divisão ocorrida, pediu vista o Senhor Ministro Maurício Corrêa. Impedido o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Falaram, pelo requerente, o Dr. José Francisco Siqueira Neto, e, pela
45
Advocacia-Geral da União, o Dr. José Bonifácio Borges de Andrada. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Plenário, 18.09.2002. Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Maurício Corrêa, suspendendo a eficácia dos artigos 1º e 2º, e, em parte, relativamente ao artigo 3º, todos da Medida Provisória nº 2.226, de 04 de setembro de 2001, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Senhor Ministro Sepúlveda Pertence. Impedido o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Plenário, 30.10.2002. Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Sepúlveda Pertence, justificadamente, nos termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de 2003. Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 28.04.2004 Decisão: O Tribunal, por maioria, nos termos do voto da Relatora, Ministra Ellen Gracie (Presidente), deferiu em parte a liminar para suspender o artigo 3º da Medida Provisória nº 2.226, de 4 de setembro de 2001, vencidos parcialmente os Senhores Ministros Nelson Jobim, que a deferia quanto aos artigos 1º e 2º; Maurício Corrêa, que a deferia quanto aos artigos 1º, 2º e parte do 3º, e o Senhor Ministro Marco Aurélio, quanto aos artigos 1º, 2º e 3º. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Não votou o Senhor Ministro Eros Grau por suceder ao Senhor Ministro Maurício Corrêa, que proferiu voto em assentada anterior. A Senhora Ministra Cármen Lúcia votou somente em relação ao artigo 3º, por suceder ao Senhor Ministro Nelson Jobim, que proferira voto quanto aos artigos 1º e 2º. Plenário, 16.08.2007. Indexação -VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: PRELIMINAR, CABIMENTO, ADI, MEDIDA PROVISÓRIA, ALTERAÇÃO, DISPOSITIVO, CLT, PROCESSAMENTO, RECURSO DE REVISTA, CARACTERIZAÇÃO, MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PRELIMINAR, VIOLAÇÃO, INSTITUTO, DIREITO ADQUIRIDO, COISA JULGADA, NORMA, DISPENSA, FAZENDA PÚBLICA, PAGAMENTO, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MÉRITO, EXISTÊNCIA, REQUISITO, RELEVÂNCIA, URGÊNCIA, MATÉRIA, OBJETO, MEDIDA PROVISÓRIA. CABIMENTO, REGIMENTO INTERNO, TST, REGULAMENTAÇÃO, PROCESSAMENTO, TRANSCENDÊNCIA, RECURSO DE REVISTA. - FUNDAMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE: CABIMENTO, MEDIDA PROVISÓRIA, DISCIPLINAMENTO, MATÉRIA, NATUREZA PROCESSUAL, ANTERIORIDADE, EMENDA CONSTITUCIONAL. - VOTO VENCIDO, MIN. NELSON JOBIM: PRELIMINAR, DEFERIMENTO PARCIAL, MEDIDA LIMINAR, DECORRÊNCIA, ABUSO, PODER DE LEGISLAR, MEDIDA PROVISÓRIA, INOCORRÊNCIA, REQUISITO, URGÊNCIA, CRIAÇÃO, PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE, TRANSCENDÊNCIA, RECURSO DE REVISTA, AUSÊNCIA, EFICÁCIA IMEDIATA, NECESSIDADE, REGULAMENTAÇÃO, NORMA. MÉRITO, NECESSIDADE, TRANSCENDÊNCIA, MECANISMO, VIABILIZAÇÃO FUNCIONAMENTO, TST, RESPONSÁVEL, RESGUARDO, UNIFORMIZAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. - VOTO VENCIDO, MIN. MAURÍCIO CORRÊA: PRELIMINAR, DESCABIMENTO, MEDIDA PROVISÓRIA, AUSÊNCIA, REQUISITO, URGÊNCIA. MÉRITO, RESPONSABILIDADE, TST, REGULAMENTAÇÃO, NORMA. INOCUIDADE, USO,
46
TRANSCENDÊNCIA, MEIO, BLOQUEIO, FLUÊNCIA, RECURSO DE REVISTA, DECORRÊNCIA, TST, RESPONSABILIDADE, EXAME, TRANSCENDÊNCIA. INEXISTÊNCIA, NORMA, DEFINIÇÃO, CONCEITUAÇÃO, TRANSCENDÊNCIA, OBJETIVO, IDENTIFICAÇÃO, REFLEXO POLÍTICO, REFLEXO ECONÔMICO, REFLEXO JURÍDICO, CAUSA, DISCUSSÃO, RECURSO DE REVISTA. INADMISSÃO, REGULAMENTAÇÃO, MATÉRIA , NATUREZA PROCESSUAL MEDIANTE, ATO REGULAMENTAR. DESEQUILÍBRIO, DIREITO, PARTE, DESCONHECIMENTO, CONCEITO JURÍDICO, TRANSCENDÊNCIA, CARACTERIZAÇÃO, OFENSA, PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. IMPEDIMENTO, STF, EXAME, CAUSA, NATUREZA CONSTITUCIONAL, EXIGIBILIDADE, TRANSCENDÊNCIA. INTERPRETAÇÃO CONFORME, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DISPOSITIVO, TRANSAÇÃO, VERBA HONORÁRIA, MEDIANTE, CONCORDÂNCIA, ADVOGADO, PARTE VENCEDORA. MÉRITO, INADMISSIBILIDADE, NORMA COGENTE, DETERMINAÇÃO, INDISPONIBILIDADE, DIREITO PATRIMONIAL, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Legislação LEG-FED CF ANO-1891 ART-00059 CF-1891 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED CF ANO-1988 ART-00001 ART-00002 ART-00005 "CAPUT" INC-00002 INC-00036 INC-00054 INC-00055 ART-00022 INC-00001 ART-00024 INC-00009 ART-00037 "CAPUT" INC-00009 ART-00048 "CAPUT" ART-00092 INC-00004 ART-00096 INC-00001 LET-A ART-00102 PAR-00004 ART-00105 ART-00108 ART-00113 ART-00114 ART-00195 INC-00001 LET-A INC-00002 LET-A ART-00246 ART-00062 PAR-00001 INC-00001 LET-B REDAÇÃO DADA PELA EMC-32/2001 ART-00111 PAR-00003 REDAÇÃO DADA PELA EMC-24/1999 CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED EMC-000006 ANO-1995 EMENDA CONSTITUCIONAL LEG-FED EMC-000007 ANO-1995 EMENDA CONSTITUCIONAL LEG-FED EMC-000020 ANO-1998 EMENDA CONSTITUCIONAL LEG-FED EMC-000024 ANO-1999 EMENDA CONSTITUCIONAL LEG-FED EMC-000032 ANO-2001 ART-00002 EMENDA CONSTITUCIONAL LEG-FED DEL-005452 ANO-1943 ART-00896 CLT-1943 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO LEG-FED LEI-005869 ANO-1973 ART-327 PAR-00001 ART-00557 PAR-1A CPC-1973 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL LEG-FED RGI ANO-1980 ART-00096 PAR-00004
47
RISTF-1980 REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL LEG-FED EMR-000002 ANO-1985 ART-00327 EMENDA REGIMENTAL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF LEG-FED LEI-010406 ANO-2002 ART-00082 ART-01036 CC-2002 CÓDIGO CIVIL LEG-FED LEI-008745 ANO-1993 LEI ORDINÁRIA LEG-FED LEI-008906 ANO-1994 ART-00021 EOAB-1994 ESTATUTO DA ADVOCACIA E ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL LEG-FED LEI-009469 ANO-1997 LEI ORDINÁRIA LEG-FED MPR-002152 ANO-2000 ART-00024 MEDIDA PROVISÓRIA LEG-FED MPR-002226 ANO-2001 ART-00001 ART-00002 ART-00003 MEDIDA PROVISÓRIA LEG-FED RES-000278 ANO-2003 ART-00001 PAR-00001 RESOLUÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF LEG-FED PJL-000168 ANO-1999 PROJETO DE LEI LEG-FED PJL-003267 ANO-2000 PROJETO DE LEI Observação - Acórdãos citados: ADI 162, ADI 1194, ADI 1397, ADI 1553, ADI 1647 (RTJ 168/774), ADI 1667, ADI 1753 MC (RTJ 172/32), ADI 1754, ADI 2125, ADI 2473, RE 83852, RE 85392 (RTJ 83/931), RE 86862 (RTJ 83/605). N.PP.: 72 Análise: 27/02/2008, CEL. Revisão: 17/07/2008, CEL. Doutrina FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. 1989. v. 2, p. 112. GIGLIO, Wagner. O Requisito Prévio da Transcendência. Revista LTR 66-01. p. 16-18. MARQUES, Frederico, apud, José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional. 20. ed. Malheiros. p. 431. NERY JÚNIOR, Nelson. A forma retida dos Recursos Especiais e Extraordinário - apontamentos sobre a Lei n. 9.756/98, apud Luiz Manoel Gomes Júnior. In: LTR 65, n. 11. Revista dos Tribunais, 1999. p. 1309. RUFFIA, Biscaretti di. Derecho Constitucional, tradução de Pablo Lucas Verdú. Madri: Ed. Tecnos, 1973. p. 496. SÜSSEKIND, Arnaldo. O Requisito de Transcendência para o Recurso de Revista. Revista LTR 65-12, 1433.
48
CONCLUSÃO
“O mundo é tudo o que é o caso.” Wittgenstein
Neste trabalho observamos os princípios do direito processual do trabalho e os princípios
da hermenêutica jurídica e sua fundamentação filosófica.
Pudemos observar que os princípios do processo do trabalho estão inseridos em grande
parte na legislação, especialmente na Consolidação das Leis Trabalhistas e no Código de
Processo Civil, na doutrina e na jurisprudência.
Pudemos observar também que os princípios da hermenêutica jurídica são de caráter geral
e podem ser aplicados conjuntamente com os princípios do processo do trabalho.
Entretanto, pudemos observar que na jurisprudência a aplicabilidade dos princípios
apresenta-se em menor escala do que na legislação e na doutrina, observando-se apenas alguns
casos discretos dessa aplicabilidade, muitas vezes de forma implícita.
É notável que se tenha em destaque tal assertiva, pois os princípios do processo do
trabalho e da hermenêutica são ferramentas importantes na consecução do direito e da justiça e
como a pesquisa pode observar, sua presença nas decisões dos tribunais não é muito expressiva, o
que causa um déficit de princípios nas decisões dos tribunais.
Assim, conclui-se que é necessário um maior aprofundamento no estudo dos princípios do
processo do trabalho e da hermenêutica, pois estes são essenciais à formação do jurista e de um
direito mais justo e mais humano.
Através do estudo da hermenêutica jurídica e sua fundamentação filosófica podemos
descobrir um direito alternativo e mais humano, que esteja comprometido com os valores sociais
e que auxilie na realização da justiça, para que o direito não seja mais uma letra morta, mas uma
atividade viva no seio da comunidade existente.
A hermenêutica jurídica pode fazer surgir um direito novo, e por isso a importância dos
princípios do processo trabalhista, pois estes orientam não só aos magistrados, mas aos
advogados e todos os operadores do direito, e principalmente, protegem as partes de
arbitrariedades e inseguranças legais, pois os princípios tanto do processo trabalhista como os da
hermenêutica estão sempre ligados a fatualidade das relações, e portanto premissas importantes
para o julgamento de qualquer lide.
49
O estudo da hermenêutica jurídica nos mostrou a importância da linguagem, da língua, da
palavra na interpretação de um texto legal ou mesmo de uma situação fática.
Nesta pesquisa, foi possível verificar que os princípios do processo trabalhista estão sendo
aplicados na prática jurídica cotidiana dos tribunais, mais de maneira implícita do que explícita.
Estão imiscuídos nas decisões como verdadeiros fundamentos de direito, como o exemplo do
princípio da concentração de recursos, o princípio da celeridade, o princípio da indisponibilidade
de direitos, todavia ainda há uma demanda de aplicações desses princípios, em virtude da
evolução e complexização da sociedade, que exige uma postura dos julgadores compatível com o
mundo contemporâneo, dinâmica e fundamentada.
A hermenêutica jurídica favorece assim ao mundo jurídico uma fluência de direitos maior
sem se deixar perder em segurança, é uma resposta à humanização do processo.
Sendo assim, a aplicabilidade dos princípios do direito processual trabalhista ocorre de
maneira implícita na jurisprudência atual, embora seja claramente expressa na legislação e
teorizada pela doutrina contemporânea.
50
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Código de processo civil. São Paulo: Ed. Saraiva, 2007. BRASIL. Consolidação das leis trabalhistas. São Paulo: Ed. Saraiva, 2007. BRASIL. Constituição federal. São Paulo: Editora Saraiva: 2008. COQUEIJO COSTA, C. Estudos de direito processual do trabalho. Rio de Janeiro, Ed. Trabalhistas, 1971. COUTURE. Algunas nociones fundamentales del derecho procesal del trabajo. In: Tribunales del Trabajo. Santa Fé: Instituto de Derecho del Trabajo de la Facultad de Ciências Jurídicas y Sociales, 1971. DINAMARCO, C. R. A instrumentalidade do processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990. DWORKIN, R. Uma Questão de Princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2005. FREDIANI, Y. Direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. GADAMER, H.G. Verdade e método. Vol. 1 e 2. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. LEYH, G. Legal hermeneutics: history, theory and practice. Berkeley: University of California Press, 1992. MARTINS FILHO, I. G. Manual esquemático de direito e processo do trabalho. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. MATOS JR, J. E. B. Nova redação do § único do art. 876 da CLT e sua aplicação imediata. Revista Escola Advocacia Geral da União, 2008, ano VIII, mar. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Ed. Saraiva, 2009. RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000. ___________. Los Princípios de Derecho del Trabajo. Montevidéu, 1975. RUSSOMANO. Direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 1977. SAAD, Eduardo Gabriel. Direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 1995. TOSTES MALTA, Cristóvão Piragibe. Introdução do Processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 1995.