princÍpios da educaÇÃo anarquista: o orfanato de prÉvost

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PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ANARQUISTA: O ORFANATO DE PRÉVOST NASCIMENTO, Luciano Ricardo – FURB [email protected] KRAEMER, Celso – FURB [email protected] Eixo Temático: História da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente texto discute a experiência de Paul Robin (1837-1912) no Orfanato de Prévost, França, no século XIX. Existe um numero pequeno de pesquisa sobre esse assunto embora ele seja de grande importância para a educação. A experiência de educação em Prévost retoma as linhas históricas do pensamento anarquista na Europa, alicerçada por pensadores como Proudhon, Bakunin e Kropotkin. Robin foi o principal nome no que tange a educação libertária no século XIX, aplicando no dia-a-dia, as inúmeras questões educacionais que vinham sendo discutidas nos meios socialistas e anarquistas. Prévost é considerada uma iniciativa educacional importante, dentre as diversas que se desenvolveram na Europa no século XIX e XX. Robin dirigiu o Orfanato de Prévost por mais de uma década, mais exatamente entre os anos de 1880 e 1894 na cidade de Cempuis na França, originando um verdadeiro espaço de liberdade em meio à educação castradora da época. Ele aplicou e melhorou uma novidade metodológica; dissolveu tabus para a época, com um ensino sem gratificações ou castigos; a convivência entre ambos os sexos; um ensino racional sem a adoração ao divino; o desenvolvimento integral dos alunos. A experiência ecoou de forma positiva e possibilitou às gerações futuras vislumbrar uma alternativa diferente na educação, uma mudança dos padrões estabelecidos que pode ser percebido em trabalhos educacionais futuros como a Escola Moderna de Ferrer y Guardia. Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa foi exploratória, alicerçada na pesquisa bibliográfica, contando com o auxílio de estudiosos como Silvio Gallo, Leila Floresta e Jonas n. Figueiroa. Palavras-chave: Educação. Anarquismo. Educação integral. Paul Robin. Introdução O objeto de estudo do presente artigo é a experiência de Paul Robin no Orfanato de Prévost, um experimento da educação anarquista. Para tal, faz-se uma breve apresentação do conceito de anarquia. Trata-se de uma palavra que vem do grego e significa “sem governo;

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PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ANARQUISTA: O ORFANATO DE PRÉVOST

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Page 1: PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ANARQUISTA: O ORFANATO DE   PRÉVOST

PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ANARQUISTA: O ORFANATO DE

PRÉVOST

NASCIMENTO, Luciano Ricardo – FURB

[email protected]

KRAEMER, Celso – FURB [email protected]

Eixo Temático: História da Educação

Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente texto discute a experiência de Paul Robin (1837-1912) no Orfanato de Prévost, França, no século XIX. Existe um numero pequeno de pesquisa sobre esse assunto embora ele seja de grande importância para a educação. A experiência de educação em Prévost retoma as linhas históricas do pensamento anarquista na Europa, alicerçada por pensadores como Proudhon, Bakunin e Kropotkin. Robin foi o principal nome no que tange a educação libertária no século XIX, aplicando no dia-a-dia, as inúmeras questões educacionais que vinham sendo discutidas nos meios socialistas e anarquistas. Prévost é considerada uma iniciativa educacional importante, dentre as diversas que se desenvolveram na Europa no século XIX e XX. Robin dirigiu o Orfanato de Prévost por mais de uma década, mais exatamente entre os anos de 1880 e 1894 na cidade de Cempuis na França, originando um verdadeiro espaço de liberdade em meio à educação castradora da época. Ele aplicou e melhorou uma novidade metodológica; dissolveu tabus para a época, com um ensino sem gratificações ou castigos; a convivência entre ambos os sexos; um ensino racional sem a adoração ao divino; o desenvolvimento integral dos alunos. A experiência ecoou de forma positiva e possibilitou às gerações futuras vislumbrar uma alternativa diferente na educação, uma mudança dos padrões estabelecidos que pode ser percebido em trabalhos educacionais futuros como a Escola Moderna de Ferrer y Guardia. Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa foi exploratória, alicerçada na pesquisa bibliográfica, contando com o auxílio de estudiosos como Silvio Gallo, Leila Floresta e Jonas n. Figueiroa. Palavras-chave: Educação. Anarquismo. Educação integral. Paul Robin.

Introdução

O objeto de estudo do presente artigo é a experiência de Paul Robin no Orfanato de

Prévost, um experimento da educação anarquista. Para tal, faz-se uma breve apresentação do

conceito de anarquia. Trata-se de uma palavra que vem do grego e significa “sem governo;

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estado de um povo que se rege sem autoridade constituída, sem governo.” (MALATESTA,

1999, p. 11) e o anarquismo, conforme Rodrigues (1988, p. 15), “é a doutrina dos anarquistas

– é uma nova ordem social baseada na liberdade, na qual a produção, o consumo e a educação

devem satisfazer às necessidades de cada um e de todos.”

No meio acadêmico e para grande parte da população, são inúmeras as interpretações e

os termos utilizados, muitas vezes de forma equivocada, sobre os conceitos aplicados a

determinados grupos ou pensamentos ideológicos; com o anarquismo não é diferente, na

Europa produziu-se “uma fobia antianarquista” por um longo período após a revolução russa.

No Brasil não foi de outra forma, conforme relata Dulles (1977):

A campanha antianarquista produzida pelo PCB começou em abril de 1922, com a publicação em Movimento Communista de um artigo que Canellas afirmava que os anarquistas haviam se manifestado a favor da guerra mundial e pegaram em armas para defender o ‘Czar, o rei da Inglaterra e Poincaré’. Canellas disse ainda que milhares de anarquistas, para ‘seguiram a moda’, ‘desataram a dizer sandices sobre a revolução russa, muitas delas copiadas de jornais ou traidores’.(DULLES, 1977, p.160.)

Dulles (1977) ainda relata que apesar da participação anarquista na revolta

bolchevique na Rússia, em 1917, a perseguição de Lênin e seus companheiros de revolução

provocou uma perseguição a todos os grupos desalinhados em qualquer nível com o

pensamento comunista, almejando assim que toda resistência ao comunismo fosse quebrada.

O anarquismo antes de ser posto à prova, de ser testada sua praticabilidade, ganhou

inimigos em todas as camadas sociais, conforme mostra Rodrigues (1988): na burguesia

porque esta tinha medo de perder suas fortunas advindas dos braços dos trabalhadores; entre

os políticos e governantes por não desejarem ficar ‘desempregados’ e assim ter de produzir

seus próprios sustentos; na Igreja por receio de que as pessoas emancipadas dispensassem

seus serviços, ficando a igreja desta forma ocupando um papel secundário na sociedade.

Para as anarquistas, segundo Rodrigues (1988), a escola oficial tinha o mérito de

ensinar a ler e escrever, mas tinha o defeito de deformar a inteligência, o caráter, condicionar

os alunos à submissão e à obediência. Para os anarquistas, saber ler não era tudo. O aluno

precisa aprender a verdade histórica, científica e social. O anarquista queria um ser humano

educado, instruído, culto, despido de ódio, de rancor, de inveja, com capacidade para se auto-

governar, gerir seus atos, ser livre e cultivar a liberdade como a vida, todos os dias

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4306

Martín Luengo et al (2000) aponta que a educação libertária se forma com pessoas que

sentem, pensam, vivem e raciocinam, desejando para si e para os demais a liberdade, a

igualdade e a justiça social. A educação libertária resulta em uma maneira de proceder diante

da vida, segundo a qual as normas que nos regem se baseiam no respeito, no

autoconhecimento, na discussão para outro desenvolvimento do ambiente social. A educação

libertária inclui uma luta permanente contra o que se apresenta como intransponível e ela

resiste a que seja assim. Inclui a luta contra os imobilismos; é mover-se em um terreno onde a

dúvida é um componente importante.

Para Gallo (1995b), na educação anarquista, Paul Robin (1837-1912), é um dos

principais nomes da pedagogia libertária no século XIX, por ter sido o precursor no sentido de

trabalhar, na prática, as várias questões educacionais teóricas que vinham sendo debatidas nos

meios anarquistas. Toda a teoria pedagógica libertária que vinha sendo construída por

importantes autores como Proudhon (1809-1865), Bakunin (1814-1876) entre outros, mesmo

bastante interessante e profunda, não tinha ainda uma vinculação mais estreita como a

vivência prática: tais teóricos libertários não tinham vivência mais concreta do sistema

educacional, “além de suas próprias experiências como alunos. Mesmo tendo uma aguda

visão da realidade, tinham com a educação apenas uma relação de exterioridade” (GALLO,

1995b, p. 87). Paul Robin, ao contrário, foi professor e pedagogo, segundo Gallo (1995b)

relata. Conhecia com profundidade a educação, sua bases teóricas, seus sistemas e, desta

forma, pode trabalhar de maneira muito mais completa e profunda a teoria e a prática de uma

pedagogia libertária. Neste contexto, em 1880, Robin é nomeado diretor do Orfanato de

Prévost, em Cempuis – Paris. O Orfanato de Prévost era uma instituição de ensino bastante

avançada para os padrões da época e Robin recebe liberdade total para colocar em prática as

suas idéias, de uma educação inovadora e que apresentou significativas contribuições.

A partir desses dados, o presente artigo pretende discutir a experiência do pedagogo

Paul Robin no Orfanato de Prévost. Para melhor situar a experiência de Robin traçou-se as

linhas históricas do pensamento anarquista na Europa. Em seguida descreve-se a experiência

de Paulo Robin no orfanato de Prévost. A questão de pesquisa interroga: ‘quais princípios da

educação anarquista aplicadas em Prévost e de que forma eles foram aí trabalhados?’ Por fim,

quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa foi exploratória, alicerçada na pesquisa

bibliográfica.

2 Anarquismo: conceitos gerais

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4307

2.1. Anarquia, anarquistas e anarquismo: conceitos

O anarquismo e a anarquia, de modo geral, são associados a vários tipos de desordem,

contudo, eles possuem também um significado mais limitado, isto é, “a ausência de

autoridade coercitiva usada para manter a ordem social, em especial quando a autoridade é

exercida pelo Estado.” (SILVA e MIRANDA NETTO, 1986, p. 17). Os anarquistas,

portanto, não são contrários a um estilo de vida organizado, mas sim, ao uso indevido da

coerção e da força para mantê-lo; é o “estado de um povo que se rege sem autoridade

constituída, sem governo.” (MALATESTA, 1999, p. 11)

Segundo Walter (2000), os primeiros que foram chamados anarquistas, o foram como

insulto no curso das revoluções inglesa e francesa dos séculos XVII e XVIII, para dar a

entender que os anarquistas queiram o caos ou a confusão. Mas desde os anos de 1840, com

Proudhon, que os anarquistas incorporaram este termo como símbolo para mostrar que

queriam anarquia, quer dizer, a ausência do governo, da extinção total do estado como

personificação do autoritarismo.

Segundo Gallo (2006), não é correto se falar em anarquismo, como sendo apenas um,

já que são diversas as perspectivas assumidas pelos inúmeros teóricos e militantes do

movimento anarquista, em múltiplos pontos de vista, o que determinam a impossibilidade de

agrupar o pensamento anarquista em uma doutrina. Uma boa forma de se entender o

anarquismo é considerá-lo um principio gerador:

Defendo nesta obra que devemos, assim, considerar o anarquismo como um princípio gerador, uma atitude básica que pode e deve assumir as mais diversas atitudes particulares de acordo com as condições sociais e históricas às quais é submetido. [...] formado por seis princípios básicos de teoria e de ação: autonomia individual, autogestão social, internacionalismo, ação direta, associações operarias e greve geral. (GALLO, 2006, p.10;grifo do autor)

Pode-se enxergar no anarquismo como princípio gerador Gallo (2006), um paradigma

de análise político-social, pois existiria assim um elo que liga entre si as diferentes práticas

anarquistas. O Anarquismo assumiria diferentes formas e facetas de interpretação da realidade

e de ação de acordo com o momento e as condições históricas em que fosse aplicado, pois o

principio gerador, na visão de Gallo (2006), dissocia o anarquismo de uma ideologia

engessada, possibilitando explicar as várias facetas em que se desdobra o pensamento

anarquista.

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4308

Para Costa e Sant’Anna (1981) a maioria do que atualmente se sabe dos anarquistas

foi plantado com a aparição, no cenário político, de Michail Bakunin (1814-1876) de origem

russa: impossível isolar suas idéias e separá-las de suas ações que inauguram um estilo e

marcaram o advento do anarquismo nos combates sociais pela destruição da autoridade e pela

instauração de outra sociedade. Tal sociedade Bakunin, conscientemente, sequer esboçou,

pois seriam parte e criação das massas. Em 1841 foi para Dresden. Conheceu Arnold Ruge,

um proudhoniano, crítico de Hegel, a quem os historiadores atribuem o início da conversão de

Bakunin ao anarquismo. Esta foi celebrada publicamente nas páginas do jornal de Huge, onde

Bakunin produziu o seu primeiro e mais importante ensaio ‘A Reação na Alemanha’. Neste

ensaio, Bakunin estigmatizaria uma de suas máximas mais conhecidas: ‘o impulso destrutivo

também é um impulso criador’.

Costa e Sant’Anna (1981) descrevem que a presença e a atuação de Kropotkin

auxiliaram para a melhoria e da imagem do anarquismo junto à opinião pública. Em 1891,

Kropotkin acreditava e acenava com a possibilidade de que o anarquismo se formasse graças

à maturação da opinião pública e com o mínimo possível de agitação e desordem. Escreveu

também a ‘A ajuda mútua’, uma clássica formulação das idéias comuns a quase todos os

anarquistas, a de que a sociedade não passa de um fenômeno natural existente antes da

aparição do homem que, por sua vez e por sua natureza, respeitaria as leis sem precisar de

regulamentos artificiais, onde as pessoas se solidarizariam ajudando-se umas às outras.

Kropotkin desenvolveu as idéias do comunismo-anárquico, uma combinação de idéias do

comunismo com o anarquismo.

2.2. Princípios gerais da educação anarquista

A educação anarquista (ou libertária) pode ser considerada uma das iniciativas

educacionais não oficiais mais importantes, dentre as diversas que se desenvolveram na

Europa e em várias partes do mundo no século XIX e XX.

Conforme esclarece Gallo (1995a) em meio ao movimento socialista, o anarquismo

trouxe suas propostas pedagógicas fundamentadas na idéia proudhoniana de que a

emancipação dos trabalhadores passaria pela criação de suas próprias escolas, trabalhando as

diretrizes educacionais voltadas para um caminho diferente das propostas pelo estado e pela

igreja.

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Gallo (1995a) destaca que a concretização de uma educação que objetive ultrapassar

a relação do saber com o poder, preparando as pessoas para a vivência plena de sua liberdade,

em torno da liberdade dos demais é extremamente complexa e passa, dentre outras, pela

questão da relação de educação com a ideologia.

Oiticica (1983) nota também que a educação do povo é uma faca de dois gumes: por

um lado, transmite a ideologia capitalista e tanta inserir os indivíduos no sistema; por outro

lado, fornece condições, como a alfabetização para que esses indivíduos do povo tomem

contato com outras ideologias.

Desse modo, defende Gallo (1995a), que uma sociedade justa deve ter uma educação

igualitária; de acordo com a relação saber/poder, sistemas de ensinos diferentes correspondem

a classes sociais diferentes e a conseqüente exploração das menos sábias pelas mais

privilegiadas que, claro, tudo fazem para manter esta condição.

Portanto, compreende-se que a educação libertária ensina cada pessoa a explorar seu

poder, contudo, com uma visão contrária ao uso e abuso deste poder, estudando seus limites a

partir dos parâmetros do respeito e da solidariedade. A educação libertária é caracterizada

ainda por uma oferta de liberdade e conhecimentos e uma possibilidade de aprendizagem

alternativa, proporcionando mudanças sociais e mudanças na formação individual.

4 Paul Robin e o Orfanato de Prévost

Desde início do século XIX, quando Proudhon (1809-1864), sistematizou o

Pensamento Libertário, vários pensadores e educadores têm buscado organizar a educação

segundo os pressupostos do pensamento anarquista em oposição ao pensamento capitalista e

sua organização vigente na sociedade.

Paul Robin (1837-1912), como inúmeros pensadores de sua época, não concordava

com o ensino que era desenvolvido na sociedade. Entendia o ensino como ciência pedagógica

e buscou um modelo alternativo de educação. Robin foi um contestador em sua vida

profissional, entre os anos de 1861 e 1864 ocupou o cargo de professor na rede pública,

dedicando-se a lecionar ciência e matemática, sua inquietude com o modelo de educação de

sua época o levou a organizar visitas a fabricas e artesões, a ensinar seus alunos fora do

ambiente mesmerizado da sala de aula, em disciplinas como botânica, astrologia e geologia,

buscando uma ponte entre o ensino teórico e a riqueza da prática. Sua forma diferenciada de

lecionar lhe trouxe inimizades:

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[...] A comunidade local, entretanto insurge-se contra seu ensino laico e critico e contra as suas posições políticas; com os superiores está também em constante atrito, pois além de seu pensamento político, não respeita os programas, formenta protestos entre os alunos e ainda trabalha com a instrução popular. (GALLO, 1995b, p. 88-89).

Em 1880 surge a oportunidade perfeita para Robin, ao ser designado diretor de um

orfanato, encontrou a chance que buscava para desenvolver um método anarquista de

educação. O Orfanato de Prévost foi fundado em 1861 por Joseph-Gabriel Prévost(1793-

1875), um rico comerciante da cidade de Cempuis, membro da sociedade espírita de Paris, um

adepto das teorias de Saint Simon que , através de testamento, deixou a propriedade sob os

cuidados da prefeitura local, com disposições bem claras quanto às diretrizes a serem

respeitadas na educação dos órfãos: estudo laico, praticado por professores também laicos e

para crianças de ambos os sexos, crianças estas que deveriam freqüentar as aulas

conjuntamente. Estava criado o ambiente propício para a prática da educação integral.

Entre 1880 e 1894, o Orfanato de Prévost foi administrado por Paul Robin, e se pode

considerar esta a primeira experiência real de cunho anarquista na educação. Neste sentido,

Robin, contribui para a implantação da educação integral, objetivando a construção de um

novo tipo de sociedade, na qual fosse possível a formação total do homem; onde ele poderia

ter acesso à totalidade dos conhecimentos humanos, buscando um equilíbrio entre a

necessidade de constituir um ser individual e um ser social, buscando em sua experiência na

cidade de Cempuis um meio-termo entre a educação intelectual, manual e moral.

Floresta (2007) considera que Robin dedicou boa parte de sua vida à realização de

seu projeto de educação integral. No Orfanato de Prévost pode colocar em prática as idéias

que desenvolveu ao longo de sua vida como educador e pedagogo. Robin foi importante no

campo teórico libertário, pois desenvolveu uma prática pedagógica alternativa ao modelo

vigente na época, contribuindo para a fixação de uma pedagogia com perfil libertário.

A originalidade de Robin como pedagogo destaca-se nos seguintes aspectos: métodos e instrumentos pedagógicos; a co-educação; a convivência harmoniosa entre os membros do grupo; a importância do respeito à individualidade, ao desenvolvimento próprio da criança e o lugar concedido à ciência. O enfoque dado a essas questões é de extrema importância para o período, servindo de referencial para muitos educadores posteriores, não só anarquista, mas para todos aqueles que irão apoiar a crítica à educação tradicional (FLORESTA, 2007, p. 122).

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Freitas e Corrêia (1998) relatam que em Prévost, Robin exercitou a educação integral

e marcou a educação dos dois sexos, isto é, foi o precursor no que tange a autorizar meninos e

meninas estudarem na mesma sala de aula. Robin defendia que e educação deveria ser

responsável pelo desenvolvimento da todas as capacidades dos homens, seja na esfera física,

intelectual ou moral. Considera que na sociedade, a educação que estava enraizada era imoral

e anti-racional, uma verdadeira anti-educação. A proposta educacional de Robin dividia a

educação em fases: a primeira era chamada de ‘período espontâneo’, onde as crianças são

essencialmente consumidoras; e a segunda, ‘período dogmático’, quando a criança passa a

poder ser também produtora. Assim, em Prévost havia várias oficinas, como de sapateiro, de

costura, entre outras, para serem utilizadas em atividades práticas em um segundo período.

Figueiroa (2007) lembra que Robin acreditava que são as experiências práticas que devem

orientar a educação das crianças na primeira infância, de modo que qualquer conhecimento

teórico apresentado a elas será fruto de sua curiosidade e interesses advindos da experiência

na prática. Assim, esta primeira fase da educação centrava-se no caráter espontâneo que a

criança demonstraria pelas coisas. O educar nada impunha, simplesmente aproveitava o

interesse natural da criança para trabalhar atividades que tinham como objetivo sensibilizar os

sentidos do corpo humano, bem como os membros do corpo e conhecimentos gerais sobre as

coisas e os fatos. Assim, progressivamente:

[...] as atividades partem da individualidade para a coletividade, de forma que as crianças aprendam a se socializar de maneira sadia e que consigam desenvolver atividades em grupo. Essa fase inicial se encerra quando as crianças já possuem: um repertório básico de conhecimentos, condições de uma elaboração lógica do conhecimento e uma capacidade razoável de abstração (FIGUEIROA, 2007, p. 35).

Figueiroa (2007) coloca que a segunda fase da educação praticada por Robin em

Prévost é denominado de dogmática. Esta segunda fase da educação integral nada mais é do

que o aprendizado sistemático das diversas ciências. O ensino teórica ganha nova relevância

quando na adolescência, caracterizada como última fase da proposta de Robin, os jovens

participam das oficinas para desenvolver seu conhecimento prático. Os adolescentes de ambos

os sexos aprendiam os diferentes ofícios, da tapeçaria à costura, todos tinham oportunidade de

adquirir o conhecimento prático da manufatura, acompanhado de todos os subsídios teóricos.

Floresta (2007) evidência que nesta última fase combinavam-se o trabalho manual

com os trabalhos escolares. Tal fase durava três anos, com seis horas diárias destinadas a

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especialidade escolhida e o resto do tempo aplicado aos estudos clássicos. Frisa-se ainda que

Robin dedicava-se ao planejamento cuidadoso e minucioso de todas as atividades,

objetivando melhorar os métodos de ensino de forma que as crianças educadas em Prévost

não ficassem defasadas em relação às outras crianças educadas em colégios de renome.

Assim, quando se atingia a maturidade, as crianças iam continuar seus estudos em outros

colégios, evidenciando um rendimento muito bom.

Para dialogar com a forma pela qual as crianças aprendem em ambas as fases,

‘período espontâneo’ e ‘período dogmático’, Robin desenvolve, segundo Figueiroa (2007),

vários métodos, como jogos, atividades físicas, exercícios musicais, pequenas tarefas para

benefício da coletividade, entre outras coisas, de acordo com interesse que as crianças

apresentam. Ainda eram oferecidas para as crianças:

[...] na medida de seus próprios interesses, experiências práticas com diversos instrumentos chamados de “auxiliares dos sentidos”, como lupa, microscópio, telescópio, micrômetro, fotômetro, medidas de longitude com uso de fitas métricas etc. A idéia de Robin ao propor atividades práticas com esses instrumentos era permitir que as crianças tivessem sua curiosidade e criatividade estimuladas. Essa curiosidade proporcionada por tais instrumentos é o que permite a aplicação de um conhecimento teórico para a explicação dos fenômenos observados (FIGUEIROA, 2007, p. 32).

Gallo (1995a) chama a atenção ao fato de que as crianças passavam muito tempo ao

ar livre, praticando esportes. Tal educação não admitia que fossem realizadas provas e exames

como forma de classificação dos alunos, bem como não existiam castigos ou prêmios para

quem se destacasse. Os alunos mais destacados, ou seja, mais adiantados, auxiliavam os

outros, ou seja, praticavam a solidariedade com os outros.

Gallo (1995a) destaca que na parte prática, nas diversas oficinas, os adolescentes de

ambos os sexos aprendiam os diferentes ofícios, todos tinham oportunidade de adquirir o

conhecimento prático, acompanhado dos subsídios teóricos. Ao final do processo de instrução

via educação integral, o adolescente poderia fazer uma escolha entre os diferentes ofícios para

se especializar e se aprofundar.

Outra premissa pedagógica levantada por Robin era o ensino misto, onde crianças

tanto do sexo masculino como do sexo feminino, participavam de uma vivência constante.

Por último, o projeto de Robin defendia o ensino libertário, no sentido “da supressão

progressiva da autoridade em favor da liberdade e autonomia individuais, visto que o objetivo

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4313

último dessa educação é formar homens livres que respeitem e amem a liberdade alheia”

(FLORESTA, 2007, p. 123).

Martins (2009) destaca que a educação integral preocupava-se ainda com a saúde e a

higiene das crianças. Tais crianças deveriam ter um vestuário de acordo com as normas

higiênicas, tomar com freqüência banhos e ter acompanhamento de seu desenvolvimento

físico. Outro aspecto da educação integral seria a educação intelectual, que deveria

desenvolver com equilíbrio todas as faculdades, tais como assimilação, produção, observação,

julgamento, memorização e imaginação. A educação integral também deveria desenvolver a

educação moral, que deve estar pautada na justiça e nas relações sociais. Outro aspecto

fundamental para a educação integral proposta por Robin era a educação literária, que deveria

ser desenvolvida por meio de quatro caminhos: ouvir, ler, falar e escrever. Tais etapas

estavam intimamente vinculadas umas com as outras.

Floresta (2007) considera que em Prévost as crianças eram incentivadas a

desenvolver o espírito científico, utilizando os recursos que estavam à sua disposição, como

os laboratórios, museus, etc., tanto durante o período de estudo como nas horas de folga.

Robin considerava que o relacionamento com tais recursos estimulava e motivava o

aprendizado espontâneo. Por isso deveria estar sempre disponível para as crianças. Não se

ensinava simplesmente como as máquinas funcionavam, mas estimulava-se a capacidade

inventiva e de pesquisa. A proposta pedagógica de Robin era ambiciosa, porque buscava a

combinação entre a imaginação, o senso prático e a memória. Nesse ínterim:

[...] os laboratórios, os museus, o teatro e os instrumentos mecânicos constituem um instrumental bastante eficaz. O aluno deve adquirir noções sólidas das ciências e das artes e isto não se pode dar, segundo ele, apenas através do ensino teórico. Não se tratar de privilegiar um conhecimento superficial, mas de possibilitar à criança a estruturação de noções elementares que mais tarde servirão de base para a escolha e desenvolvimento de uma especialização (FLORESTA, 2007, p. 130)

Floresta (2007) declara que para Robin, o período que as crianças passavam em

Prévost era apenas um estágio, devendo a educação continuar por toda a vida. Assim, a

experiência de Robin em Prévost colocou em prática o pensamento político-pedagógico de

Proudhon e Bakunin; definiu, no exercício diário escolar, uma crítica à autoridade, à

disciplina castradora, à hierarquia, à homogeneização dos indivíduos, ao individualismo, etc.

O objetivo de Robin era aniquilar falsas idéias, preconceitos e posturas criados pelo ensino

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oferecido pelo Estado ou pela Igreja, “buscando levar essas crianças a se tornarem

profissionais competentes, detentoras do saber científico e, ao mesmo tempo, seres

conscientes e autônomos, capazes de lutar por um processo social de construção da liberdade”

(FLORESTA, 2007, p. 133).

Martins (2009) considera Robin um intelectual que foi a expressão de seu tempo e

que podem ser observadas algumas características de sua proposta pedagógica, desenvolvida

em Prévost: a crença no racionalismo científico, a possibilidade de regeneração da espécie

humana, a visão internacionalista e a existência de uma sociedade igualitária. Ele influenciou

vários educadores, entre eles Ferrer y Guardia. Pode-se também mencionar que seu projeto de

educação integral procura lutar, com as armas do século XIX, contra a discriminação e a

desigualdade. Tais armas seriam o espírito científico e a esperança na regeneração humana.

Gallo (1995a) frisa que dentre todas as premissas da proposta pedagógica de Robin,

algumas geraram grande polêmica, como educação mista, com ambos os sexos e o ensino

racional e laico. Tais premissas geraram violentos ataques dos cristãos e conservadores, além

das autoridades escolares, sendo que Robin foi perseguido e exonerado do cargo de

administrador de Prévost em 1894:

Tal experiência, apesar do grande sucesso, suscitou muitos ataques, principalmente vindos de católicos e conservadores, que acusavam o sistema de co-educação dos sexos como ‘pornográfico’. Robin foi perseguido e, em 1894, cede às pressões, se demitindo de Cempuis após 14 anos. O exemplo de Robin inspirou outras várias experiências de educação libertária como: ‘La Ruche’, liderada por Sebastian Faure (1858-1942), e a Escola Moderna, inspirada por Francisco Ferrer y Guardia (1849-1909) (VARGAS, 2007, p. 97)

O Orfanato de Prévost perdeu assim o pedagogo que reescreveu a forma de se ver a

educação, o resultado de sua obra se fez perceber em outras experiências que se seguiram e

que até hoje estão lutando pela educação em uma perspectiva diferente, mais crítica e

emancipadora, fazendo assim um contraponto à sociedade embasada na educação alienadora e

perversa em si.

5 Considerações Finais

Percebeu-se que o anarquismo é uma teoria dos anarquistas, alicerçada na liberdade,

onde a produção e o consumo deveriam atender, ao mesmo tempo, às necessidades

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individuais e de todos. Contudo, frisa-se que o anarquismo deve ser considerado como um

princípio gerador, assumindo várias formas de interpretar a realidade e maneiras de ação,

conforme o momento e as condições históricas em que é vivido. Portanto, considerando-se o

princípio gerador, de Gallo, diz-se que o anarquismo não pode ser visto como uma ideologia

engessada, mas como uma forma de elucidar os inúmeros prismas que se desdobram no

pensamento anarquista.

O anarquismo debateu os problemas que assolavam a sociedade e buscou formas e

saídas possíveis, num período em que inúmeros autores tinham suas crenças arraigadas na

disciplina e no autoritarismo. A característica mais marcante de Prévost talvez tenha sido não

converter as pessoas a uma ideologia doutrinária fixa, engessada; preferiu a liberdade

individual como a melhor forma de desenvolver uma sociedade mais justa.

A batalha pela extinção do Estado e da Igreja, que para os anarquistas eram formas

de alienação, criou uma resistência por parte da classe dominante, levando os anarquistas à

opressão e à morte. Os constantes desentendimentos entre os anarquistas e a falta de uma

liderança nata, transformaram o pensamento anarquista em uma grande colcha de retalhos,

com várias divisões, muitas vezes desencontradas, no que tange à meta final do anarquismo

enquanto modo de nortear a sociedade.

Mesmo diante da pluralidade de prismas para se observar o anarquismo, um ponto

pode ser considerado elo de ligação entre os vários pensadores anarquista: a necessidade de

uma educação que não deveria distanciar as classes mais abastadas das menos abastadas, mas

que aproximasse estas classes. Uma educação que desenvolve o homem na sua totalidade: em

um sentido positivo da palavra, os aspectos físicos, intelectuais e morais, que contribuíssem

para a criação de uma consciência de cooperação e não de exploração.

Neste contexto, a experiência de Robin, no Orfanato de Prévost, deu vida à prática da

educação anarquista durante mais de uma década. Robin aplicou e aperfeiçoou uma novidade

metodológica de ensino; quebrou tabus para a época, com um ensino sem gratificações ou

castigos; a convivência entre os sexos em sala de aula; um ensino racional sem a adoração ao

divino; o desenvolvimento integral dos internos. Todas essas novidades instigaram críticas de

uma sociedade que não conseguiu enxergar com bons olhos a quebra de tantos tabus

educacionais. Robin, não via na religião a salvação e nem via no Estado o caminho para o

equilíbrio social; nem acreditava na divisão de classe; intitulava-se anarquista. Contudo, a

experiência ecoou de forma positiva e possibilitou a gerações futuras vislumbrar uma

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alternativa para a educação, uma mudança dos padrões estabelecidos, o que pode ser

percebido em trabalhos como a Escola Moderna de Ferrer y Guardia.

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