primeiros socorros e preven o combate … de aph setor de emergência do hospital tratamento ......

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1 APOSTILA MÓDULO ÚNICO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO 1.1 Conceito de Atendimento Pré-hospitalar (APH) Compreende a prestação do suporte básico ou avançado à vida, realizado fora do ambiente hospitalar, para vítimas de traumas ou emergências médicas. Esse atendimento deverá ser realizado por pessoal capacitado e habilitado para tal. O objetivo do APH é iniciar a avaliação e o tratamento das vítimas o mais precocemente possível, garantindo a elas sua estabilização e seu transporte seguro e rápido até um local onde possam receber tratamento definitivo. 1.2 Conceito de um Sistema de Atendimento Médico de Emergência Podemos conceituar um Sistema de Atendimento Médico de Emergência como uma cadeia de recursos e serviços organizados para prestar assistência continuada às vítimas, desde o local onde se iniciou a emergência até a chegada destas no ambiente hospitalar. 1.3 Conceito de bombeiro socorrista O bombeiro socorrista é a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e transportar o paciente sem agravar as lesões já existentes. 1.4 Deveres de um bombeiro socorrista Garantir a sua própria segurança, a segurança do paciente e a segurança dos demais envolvidos (testemunhas, familiares, curiosos, etc.); Acionamento do COBOM/COPOM Trauma ou Emergência Médica Situação de normalidade Recursos Adicionais Profissionais de APH Setor de Emergência do Hospital Tratamento Definitivo

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APOSTILA

MÓDULO ÚNICO

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO 1.1 Conceito de Atendimento Pré-hospitalar (APH) Compreende a prestação do suporte básico ou avançado à vida, realizado fora do ambiente hospitalar, para vítimas de traumas ou emergências médicas. Esse atendimento deverá ser realizado por pessoal capacitado e habilitado para tal. O objetivo do APH é iniciar a avaliação e o tratamento das vítimas o mais precocemente possível, garantindo a elas sua estabilização e seu transporte seguro e rápido até um local onde possam receber tratamento definitivo. 1.2 Conceito de um Sistema de Atendimento Médico de Emergência Podemos conceituar um Sistema de Atendimento Médico de Emergência como uma cadeia de recursos e serviços organizados para prestar assistência continuada às vítimas, desde o local onde se iniciou a emergência até a chegada destas no ambiente hospitalar.

1.3 Conceito de bombeiro socorrista O bombeiro socorrista é a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e transportar o paciente sem agravar as lesões já existentes. 1.4 Deveres de um bombeiro socorrista

• Garantir a sua própria segurança, a segurança do paciente e a segurança dos demais envolvidos (testemunhas, familiares, curiosos, etc.);

Acionamento do

COBOM/COPOM

Trauma ou

Emergência Médica

Situação de

normalidade

Recursos

AdicionaisProfissionais de APH

Setor de Emergência

do Hospital

Tratamento

Definitivo

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• Usar sempre EPIs1; • Controlar a cena e lograr acesso seguro até o paciente; • Proporcionar atendimento pré-hospitalar imediato; • Solicitar, caso seja necessário, ajuda especializada.

2. AVALIAÇÃO DE PACIENTES NO AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR Na área do socorro pré-hospitalar, o trabalho de avaliação deverá ser realizado de forma ágil, segura e meticulosa, através da coleta sistemática (passo a passo) de dados para determinar o estado de saúde do paciente, identificar quaisquer problemas efetivos ou potenciais e implementar as ações de socorro necessárias ao suporte básico de vida do mesmo. Esta avaliação deverá ser, sempre que possível, realizada em equipe, buscando primeiramente identificar e corrigir de imediato os problemas que ameaçam a vida a curto prazo. Atualmente, a maioria dos programas de capacitação em primeiros socorros ou atendimento pré-hospitalar estão sofrendo alterações e passando a abordar o processo de avaliação geral do paciente em, pelo menos, cinco fases distintas, a saber: • Dimensionamento da cena; • Avaliação inicial do paciente; • Avaliação dirigida para trauma ou para problemas médicos; • Avaliação física detalhada; e • Avaliação continuada.

2.1 O DIMENSIONAMENTO DA CENA Todo atendimento deverá iniciar-se pelo dimensionamento (avaliação) da cena da emergência. Esta rápida avaliação do cenário da emergência inclui: 1) A revisão das informações do despacho; 2) A adoção de medidas de proteção pessoal (precauções universais); 3) A verificação das condições de segurança:

- Segurança pessoal; - Segurança do paciente; - Segurança de terceiros (familiares, acompanhantes, testemunhas e curiosos);

4) A observação dos mecanismos de trauma ou a natureza da doença; 5) A verificação do número de vítimas e da necessidade do acionamento de recursos

adicionais. O dimensionamento da cena poderá ser iniciado antes mesmo de sua chegada no local da ocorrência. Os socorristas profissionais poderão antecipar as prováveis condições da vítima através das informações repassadas pelo telefonista despachador da Central de Comunicações. O despachante poderá obter e repassar importantes informações, tais como: a localização exata da emergência, a natureza da emergência, o número de pessoas envolvidas, a existência de perigos no local da ocorrência, etc.

Ao aproximar-se do local da ocorrência, antes mesmo de iniciar o contato com a vítima, o socorrista deverá verificar os riscos potenciais existentes no local, as condições de segurança para si e para os demais envolvidos e proteger-se através do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). O crescente número de vítimas portadoras de doenças infecto-contagiosas ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) aumentam o risco daqueles que se expõem ao sangue e outras secreções orgânicas. É pois, essencial, que os socorristas considerem todas as vítimas como potencialmente infectadas e empreguem as regras de segurança individual (precauções universais) para minimizarem os riscos de exposição.

Após identificar os perigos, o socorrista deverá iniciar o gerenciamento dos riscos presentes e o controle dos mesmos. Esta tarefa geralmente inclui medidas de sinalização do local,

1 Equipamentos de proteção individual ou EPIs são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista, durante a realização de atividades onde possam existir riscos potenciais à sua pessoa.

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isolamento, estabilização de veículos, controle de tráfego, desligamento de cabos elétricos energizados, desligamento de motores automotivos, desativação de sistemas de air bags, remoção de vítimas em situação de risco iminente, entre outros.

É importante que quem presta o socorro seja capaz de estabelecer uma associação entre o cenário de um acidente e o padrão de lesões produzidas por ele. A capacidade de avaliar o cenário de um acidente, identificando os mecanismos físicos ou as forças que atuaram na produção de lesões, constitui uma habilidade importante para qualquer socorrista, pois propiciará que ele identifique lesões potenciais, associadas ao padrão de transferência de energia em determinadas situações, mesmo que a vítima não apresente sinais externos evidentes de trauma. Para isto, o profissional do socorro deverá conhecer os conceitos básicos da mecânica aplicada ao trauma, ou seja, do processo de avaliação da cena de um acidente para determinar as lesões que provavelmente estão presentes, com base nas forças e no movimento envolvidos no trauma2. De forma geral, são fontes rápidas de informação no local da emergência: • A cena por si só; • O paciente (se estiver consciente e em condições de responder); • Familiares, acompanhantes, testemunhas ou curiosos; • Os mecanismos do trauma; • A posição do paciente, qualquer deformidade maior ou lesão óbvia; • Qualquer sinal ou sintoma indicativo de emergência médica.

Finalizando essa primeira fase da abordagem, o socorrista deverá verificar o número total de vítimas envolvidas na ocorrência e, igualmente, avaliar a necessidade do acionamento de recursos adicionais, tais como, equipes especializadas para controlar emergências envolvendo produtos perigosos, equipes de manutenção da rede elétrica, guarnições de combate a incêndio, guarnições policiais, ambulâncias, helicópteros, entre outros.

2.2 A AVALIAÇÃO INICIAL Após concluir o dimensionamento da cena (e o gerenciamento dos riscos existentes), o próximo passo do socorrista será a realização da avaliação inicial do paciente. Podemos conceituá-la como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato, os problemas que ameacem a vida a curto prazo. Durante a avaliação inicial, os problemas que ameaçam a vida, por ordem de importância são: 1. Vias aéreas = Estão abertas/permeáveis? Existe comprometimento da coluna cervical? 2. Respiração = A respiração está adequada? 3. Circulação = Existe pulso palpável? Existe algum sangramento grave? Existe sinais

indicativos de choque?

O socorrista deverá posicionar-se ao lado da vítima e executar a avaliação rapidamente, geralmente em um prazo inferior a 1 minuto. A avaliação inicial deve ser executada na seguinte seqüência: 1. Forme uma impressão geral do paciente; 2. Avalie o nível de consciência (status mental - Escala AVDI); 3. Avalie a permeabilidade das vias aéreas e a coluna cervical; 4. Avalie a respiração; 5. Avalie a circulação (presença de pulso carotídeo palpável e hemorragias graves); 6. Decida a prioridade para o transporte do paciente (Escala CIPE). Inicie a avaliação observando o cenário e o próprio paciente. Identifique se a vítima sofreu um trauma ou se é portadora de um problema clínico (emergência médica) para saber como seguir sua conduta.

2 De forma geral, os traumas (também chamados de agravos externos) mais comumente atendidos por socorristas são colisões automobilísticas, atropelamentos, capotamentos, acidentes com motocicletas, quedas, ferimentos penetrantes (por armas brancas ou de fogo), etc.

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Pesquise o nível de consciência do paciente e classifique-o na escala AVDI. O paciente poderá estar acordado e alerta (A), responder somente ao estímulo verbal (V) quando chamado pelo socorrista, responder somente ao estímulo doloroso3 (D) quando estimulado pelo socorrista, ou ainda, não responder e permanecer inconsciente (I). Durante a realização da avaliação inicial, caso o paciente esteja consciente e orientado, é importante que o socorrista se apresente dizendo seu nome, identificando-se como pessoa tecnicamente capacitada e solicitando permissão para prestar o socorro (pedido formal de consentimento). Caso o paciente esteja inconsciente (sem resposta aos estímulos verbal e doloroso), o socorrista deverá verificar a permeabilidade das vias aéreas e a respiração. Se não houver suspeita de lesão cervical, abra as vias aéreas através da manobra da inclinação da cabeça e elevação da mandíbula. Lembre-se que nos casos de trauma, a manobra para a abertura das vias aéreas deverá ser realizada através da técnica denominada de empurre mandibular (manobra modificada), que consiste simplesmente no posicionamento dos dedos bilateralmente por detrás dos ângulos da mandíbula do paciente, seguido do deslocamento destes para frente, mantendo a cabeça e o pescoço em uma posição neutra. Em seguida, o socorrista deverá checar a respiração, vendo, ouvindo e sentindo o ar exalado pelo paciente (Técnica VOS – Ver, ouvir e sentir). Se o paciente não respira, após providenciar duas ventilações lentas (ventilações de resgate de 1,5 a 2 segundos), o socorrista deverá checar a circulação, apalpando o pulso carotídeo (na região do pescoço do paciente). Se o pulso estiver presente, mas o paciente não respirar, continue a ventilação de resgate (em adultos 1 ventilação a cada 5 segundos). Se o pulso estiver ausente, os socorristas deverão iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP4). Após checar a circulação (presença de pulso), os socorristas deverão pesquisar por hemorragias externas graves que possam comprometer a vida do paciente. Através de um rápido exame físico, tente visualizar qualquer sangramento grave. Use suas mãos protegidas por luvas para checar as áreas corporais mais difíceis de visualizar (parte posterior do corpo). Controle as possíveis hemorragias através das técnicas de compressão direta, elevação e pressão sobre os pontos arteriais. Segundo as mais recentes orientações, devemos ressaltar que o torniquete é uma técnica em abandono e os socorristas devem ser desencorajados ao seu uso. Infelizmente, essa técnica ainda está muito firmemente arraigada a cultura brasileira. No entanto, tal utilização é tão excepcional e seus riscos tamanhos, que o ensino dessa manobra deve ser eliminado. Nos casos graves, sugerimos o emprego das três técnicas anteriores combinadas.

2.3 A AVALIAÇÃO DIRIGIDA A avaliação dirigida tem por objetivo a identificação e o tratamento de lesões e problemas médicos apresentados pelo paciente. Essa etapa do atendimento visa obter os componentes necessários para que o socorrista possa fazer a decisão correta sobre os cuidados merecidos pelo paciente. Podemos conceituá-la como sendo um processo ordenado para obter informações, descobrir lesões ou problemas médicos que, se não tratados, poderão vir a ameaçar a vida do paciente. A avaliação dirigida deverá ser realizada após a avaliação inicial, logo depois do término dos trabalhos de colocação do colar cervical e oferta de oxigênio suplementar. Os procedimentos da avaliação dirigida são diferentes para pacientes de trauma e pacientes de emergência médica e a seqüência e o detalhamento da avaliação dirigida podem variar conforme o tipo e gravidade do trauma ou doença do paciente.

De forma geral, a avaliação dirigida é dividida em três etapas distintas, são elas:

3 O socorrista poderá estimular o paciente através de beliscões nos lóbulos das orelhas ou na região dos ombros (músculo trapézio). 4 Em agosto de 2001, a Associação Americana do Coração (American Heart Association) liberou os novas diretrizes (guidelines) para a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e o Atendimento Cardíaco de Emergência (ACE). Para maiores informações consulte: http://www.americanheart.org/

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1. Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista conversa com o paciente buscando obter informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e outros dados relevantes. 2. Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista realiza a aferição da respiração, pulso, pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente. 3. Exame físico: O exame físico poderá ser limitado a uma lesão ou problema médico ou realizado de forma completa (da cabeça aos pés). Nesta etapa da avaliação, o socorrista realiza uma apalpação e uma inspeção visual, de forma ordenada e sistemática, buscando localizar no paciente, indicações de lesões ou problemas médicos. Se o paciente for incapaz de responder ou estiver inconsciente, o socorrista deverá buscar as informações sobre o que aconteceu entrevistando as pessoas presentes no local da emergência. Tente conduzir seus questionamentos de forma ordenada, pois na maioria das vezes você dispõe de um tempo curto para obter essas informações. Pergunte: 1) O nome e a idade da vítima; 2) O que aconteceu?; 3) Se a vítima queixou-se de algo antes de perder a consciência?; 4) Se a vítima tem alguma doença ou problema de saúde?; 5) Se alguém sabe se a vítima toma algum remédio ou é alérgica?. Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-lo, questione-o utilizando as seguintes perguntas chaves: 1) Nome e idade (se é menor, procure contatar com seus pais ou um adulto conhecido) 2) O que aconteceu? (para identificar a natureza da lesão ou doença) 3) A quanto tempo isso aconteceu? 4) Você está sentindo algo? O quê você está sentindo? 5) Você tem algum problema de saúde? 6) Você tem tomado algum remédio? 7) Você ingeriu algum alimento ou bebida? 8) Você é alérgico a alguma coisa? 2.4 A AVALIAÇÃO FÍSICA DETALHADA A avaliação ou exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de dois a três minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado de forma limitada em vítimas que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências médicas evidentes. O socorrista deverá usar sempre seu bom senso. Quando o atendimento do paciente é realizado por uma equipe de socorristas treinados, a duração do exame também diminui, pois enquanto um socorrista realiza o exame físico o outro pode seguir aferindo os sinais vitais. O exame pode causar desconforto e alguma dor para o paciente, entretanto, ele precisa ser realizado. O socorrista deve conhecer os procedimentos de avaliação e não ter dúvidas sobre as necessidades de movimentações específicas do paciente. Lembre-se de nunca mobilizar o paciente mais do que o absolutamente necessário, para evitar danos adicionais. Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o socorrista deverá: 1) Verificar a região posterior e anterior do pescoço (região cervical), procurando

identificar deformidades ou pontos dolorosos. Se você perceber qualquer indício de trauma, pare o exame e imobilize a cabeça e o pescoço aplicando um colar cervical de tamanho apropriado;

2) Verifique a cabeça (couro cabeludo), procurando identificar deformidades, ferimentos, contusões, edemas ou hemorragias;

3) Verifique a testa e a face do paciente procurando identificar deformidades, ferimentos, descolorações ou qualquer sinal indicativo de trauma de crânio. Inspecione os olhos e pálpebras. Verifique o diâmetro, a simetria e a reação a luz das pupilas. Identifique a presença de sangue ou líquor no nariz e orelhas. Examine a boca do paciente,

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observando sinais de obstrução das vias aéreas, presença de sangue e alterações no hálito;

4) Inspecione ombros apalpando a clavícula e a escápula do paciente, bilateralmente, procure por deformidades, ferimentos, hemorragias ou edemas;

5) Inspecione e apalpe as regiões anterior e lateral do tórax do paciente. Avalie os movimentos respiratórios, deformidades, fraturas, áreas de contusão ou edemas;

6) Inspecione e apalpe os quatro quadrantes abdominais. Procure identificar dor, presença de rigidez, contusões, ferimentos, hemorragias, eviscerações. Verifique a sensibilidade e o tônus/rigidez em cada um dos quadrantes separadamente;

7) Inspecione e apalpe as regiões anterior, lateral e posterior da pelve. Pesquise instabilidade, dor, ferimentos ou hemorragias. Procure identificar lesões na região dos genitais e priapismo nos homens;

8) Inspecione e apalpe as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquise por ferimentos, deformidades, hemorragias ou edemas. Cheque a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade;

9) Inspecione e apalpe as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquise por ferimentos, deformidades, hemorragias ou edemas. Cheque a presença de pulso distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade;

10) Realize o rolamento em monobloco e inspecione a região dorsal. Apalpe e pesquise visualmente as costas, coluna vertebral e as nádegas. Procure deformidades, áreas de contusão, ferimentos e hemorragias. Role o paciente sobre uma maca rígida e imobilize-o para em seguida, iniciar seu transporte.

2.5 A AVALIAÇÃO CONTINUADA A avaliação ou assistência continuada é usualmente utilizada pelas equipes de socorro pré-hospitalar durante o transporte do paciente até a unidade hospitalar mais adequada ao seu tratamento definitivo. Após o término da avaliação física detalhada, o socorrista deverá verificar periodicamente os sinais vitais e manter uma constante observação do aspecto geral do paciente. Recomendamos uma reavaliação (rechecar as VA, a respiração, a circulação e os sinais vitais) a cada quinze minutos para pacientes estáveis e a cada cinco minutos no caso de pacientes instáveis. 3. PRINCÍPIOS DA REANIMAÇÃO Para que a vida possa ser preservada faz-se necessário que mantenhamos um fluxo constante de oxigênio para o cérebro. O oxigênio é transportado para os tecidos cerebrais através da circulação sangüínea. O coração é a bomba que mantém esse suprimento e, se ele parar (parada cardíaca), ocorrerá a morte, a menos que se tomem medidas urgentes de ressuscitação. As manobras de ressuscitação cardiopulmonar resumem-se na seqüência de origem norte-americana denominada “ABC da vida”, a qual podemos adaptar a nossa língua: A = Airway = Abertura das vias aéreas B = Breathing = Respiração C = Circulation = Circulação A correta aplicação das etapas da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) poderá manter a vida até que a vítima se recupere o suficiente para ser transportada para uma unidade hospitalar ou até que possa receber tratamento pré-hospitalar por uma equipe especializada. As manobras de suporte básico de vida (SBV) são diferentes das manobras de suporte avançado de vida (SAV). Esta última consiste no emprego de profissionais devidamente capacitados e no uso de equipamentos adicionais tais como: monitores cardíacos, desfibriladores, terapêutica líquida intravenosa, infusão de medicamentos, entubação orotraqueal, etc. Atualmente, o conceito da “Corrente da Sobrevivência” da Associação Americana do Coração, nos informa que as chances de sobrevivência das vítimas de paradas cardíacas poderão crescer muito se observarmos os quatro elos da corrente, ou seja:

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1º Elo = ACESSO RÁPIDO AO SEM - Compreende desde os primeiros sinais de um problema cardíaco, seu reconhecimento, o acionamento de equipes especializadas através do fone 193, até o despacho de profissionais médicos ou socorristas para o atendimento da emergência no local. 2º Elo = RCP IMEDIATA - As manobras de RCP são mais efetivas quando iniciadas imediatamente após o colapso da vítima. É fundamental que se desenvolvam programas de treinamento para capacitar as pessoas da comunidade na identificação de problemas cardíacos, na forma de acionamento dos serviços de emergência e na execução das manobras de RCP ao nível de suporte básico da vida. 3º Elo = RÁPIDA DESFIBRILAÇÃO - Uma rápida desfibrilação é o elo da corrente que provavelmente represente a maior chance de sobrevivência numa emergência cardíaca. A Associação Americana do Coração recomenda que as manobras de desfibrilação externa sejam difundidas e que organizações como os Corpos de Bombeiros sejam treinadas e equipadas com desfibriladores, de forma a possibilitar seu emprego no menor espaço de tempo possível. 4º Elo = CUIDADOS AVANÇADOS SEM DEMORA - Este último elo, diz respeito as manobras de suporte avançado, providenciadas no local da cena por médicos ou paramédicos para o tratamento do problema cardíaco de forma mais efetiva. 4. PARADA RESPIRATÓRIA Podemos definir a parada respiratória como uma supressão súbita dos movimentos respiratórios, podendo ser ou não, acompanhada de parada cardíaca. Em caso de parada respiratória, siga as instruções a seguir:

1. DETERMINE O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA. A pessoa que presta o socorro deve chamar e movimentar levemente a vítima. Nos casos de parada respiratória após um acidente traumático (em especial nos traumas de cabeça e pescoço), movimente a cabeça da vítima o mínimo possível, para evitar o agravamento de lesões já existentes e até uma paralisia por compressão da medula espinhal. 2. POSICIONE A VÍTIMA. Se a vítima encontra-se inconsciente, ou seja, não responde, deite-a de costas sobre uma superfície plana e rígida e abra as vias aéreas, elevando o queixo e inclinando a cabeça para trás (extensão da cabeça). 3. VERIFIQUE SE A VÍTIMA ESTÁ RESPIRANDO. Posicione o seu ouvido sobre a boca e o nariz da vítima e verifique se ela respira (ver, ouvir e sentir). Tente ouvir e sentir o ar expirado pela vítima, observando ainda, se o peito está movimentando-se (expansão do tórax). 4. INICIE A RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL. Se a vítima não respira, proceda da seguinte forma: 1. Feche as narinas da vítima com seus dedos (polegar e indicados); 2. Coloque sua boca com firmeza sobre a boca da vítima; 3. Sopre lentamente até o peito dela encher-se, retire sua boca e deixe o ar sair

livremente. No socorro de adultos, mantenha a freqüência de 1 ventilação a cada 5 segundos e, 1 ventilação a cada 3 segundos para crianças e 1 sopro bem suave a cada 3 segundos para bebês (0 a 2 anos). Após controlada a situação, transporte a vítima para um hospital. Se não houver retorno espontâneo da respiração, mantenha a respiração artificial durante todo o transporte, até a chegada na unidade hospitalar. Nos acidentes com suspeita de traumatismo cervical (lesão no pescoço), é importante que o socorrista mantenha a cabeça e o pescoço da vítima sempre alinhados e imóveis, movimentando-os com extrema cautela. Nesses acidentes a manobra de extensão da cabeça deverá ser substituída por outro procedimento, que consiste na projeção para frente, dos ângulos da mandíbula. A cabeça da vítima deverá permanecer em uma posição neutra.

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Obs.: Sempre que possível, realize a respiração artificial com o auxílio de um equipamento de proteção (máscara facial), evitando o seu contato direto com a boca da vítima. 5. ENGASGAMENTO OU SUFOCAÇÃO O engasgamento ou sufocação pode ser definido como uma obstrução total ou parcial das vias aéreas, obstrução esta, provocada pela presença de um corpo estranho. Na obstrução total das vias aéreas a vítima não consegue tossir, falar ou respirar. Em caso de engasgamento ou sufocação, auxilie a vítima prestando o socorro da forma que segue: 1. Se a vítima está consciente, de pé ou sentada, posicione-se por trás dela e coloque seus

braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente.

2. Se a vítima está inconsciente, deite-a de costas e posicione-se sobre o seu quadril. Coloque a palma de uma de suas mãos contra o abdome da vítima, cerca de 4 dedos acima do umbigo. Com a outra mão sobre a primeira, comprima 5 vezes contra o abdome da vítima com empurrões rápidos para cima. Depois abra a boca da vítima e pesquise a presença do corpo estranho. Se esse aparecer na boca, retire-o com seu dedo. Se não, providencie uma ventilação e se o ar não passar, reposicione a cabeça e ventile novamente. Se a obstrução persiste repita o procedimento novamente, até conseguir expulsar o objeto que causa a obstrução respiratória.

3. Lactentes devem ser virados de cabeça para baixo sobre o braço de uma adulto. Dê 5 pancadas firmes no meio das costas da vítima. O socorrista deve posicionar a cabeça do bebê num nível abaixo do resto do corpo, de forma que o objeto que está sufocando possa sair das vias aéreas. Vire o bebê e comprima 5 vezes sobre o tórax, em seguida, tente visualizar o corpo estranho na boca do bebê e remova-o com seu dedo mínimo. Se o corpo estranho não aparece, repita as manobras de compressão nas costas e sobre o tórax, até conseguir a completa desobstrução.

Obs.: em pessoas extremamente obesas ou em estágio avançado de gravidez, a técnica de compressão abdominal (manobra de Heimlich) não deve ser executada. Nesses casos, recomenda-se a compressão sobre a parte inferior do tórax da vítima, ou seja, a substituição da compressão abdominal por compressão torácica. 6. PARADA CARDÍACA A parada cardíaca é definida como uma cessação súbita e inesperada dos batimentos cardíacos. O coração para de bombear o sangue para o organismo e os tecidos começam a sofrer os efeitos da falta de oxigênio. O cérebro, centro essencial do organismo, começa a morrer após cerca de três minutos privado de oxigênio. O socorrista deverá identificar e corrigir de imediato a falha no sistema circulatório. Caso haja demora na recuperação da vítima, esta poderá sofrer lesões graves e irreversíveis. A compressão torácica externa é eficiente na substituição dos batimentos do coração por dois motivos principais: primeiro, pelo fato do coração estar situado entre o osso esterno (que é móvel) e a coluna vertebral (que é fixa) e, segundo, porque o coração quando na posição de relaxamento, fica repleto de sangue. Portanto, o coração ao ser comprimido pelo osso esterno expulsa o sangue e depois, ao relaxar-se, novamente se infla, possibilitando uma circulação sangüínea suficiente para o suporte da vida. Em caso de parada cardíaca, o socorrista deverá seguir as instruções abaixo: 1. Posicione a vítima deitada sobre uma superfície plana e rígida; 2. Verifique o pulso na artéria carótida (no pescoço) para certificar-se da ausência de

batimentos cardíacos. Somente inicie a compressão torácica externa quando não houver pulso;

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3. Localize a borda das costelas e deslize os dedos da mão esquerda para o centro do tórax, identificando por apalpação o final do osso esterno (apêndice xifóide). Marque dois dedos a partir do final do osso esterno e posicione sua mão direita logo acima deste ponto, bem no meio do peito da vítima. Coloque a sua mão esquerda sobre a direita e inicie as compressões.

A compressão cardíaca é produzida pela compressão vertical para baixo, exercida através de ambos os braços do socorrista, comprimindo o osso esterno sobre o coração da vítima. A compressão torácica externa deve ser realizada com os braços esticados usando o peso do corpo do socorrista. Não esqueça que você deve realizar as compressões junto com a respiração de boca a boca. Se estiver sozinho, socorrendo uma vítima adulta, dê dois sopros (ventilações) e faça trinta compressões, num ritmo de aproximadamente cem compressões por minuto. Se o socorro for em dupla, para cada duas ventilações dadas pelo primeiro socorrista, o segundo deve executar trinta compressões (ritmo também de aproximadamente 100 por minuto). Com dois socorristas, a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) deve ser realizada com um socorrista posicionado de cada lado da vítima, podendo os mesmos, trocar de posição quando necessário, sem no entanto interromper a freqüência de compressões e ventilações. O pulso carotídeo deve ser apalpado periodicamente durante a realização da RCP, a fim de verificar se houve o retorno dos batimentos cardíacos. Verifique o pulso após o primeiro minuto de RCP e a cada poucos minutos desde então. Não demore mais que 5 segundos para verificar o pulso para não comprometer o ritmo das compressões. A compressão e a descompressão devem ser ritmadas e de igual duração. A palma da mão do socorrista não deve ser retirada de sua posição sobre o osso esterno, porém a pressão sobre ela não precisa ser feita, de forma que possa retornar a sua posição normal. No socorro de crianças e bebês o socorrista deverá usar uma relação de um sopro (ventilação) e cinco compressões, num ritmo de aproximadamente cem compressões por minuto para crianças (1 a 8 anos) e pelo menos cem por minuto em bebês (0 a 1 ano). Em crianças, a compressão torácica (massagem cardíaca externa) deve ser realizada com apenas uma das mãos posicionada sobre o meio do peito da vítima, no terço inferior do osso esterno. No socorro de bebês, o socorrista deve apalpar o pulso na artéria braquial, e realizar a massagem cardíaca com apenas dois dedos. Comprimir o peito do bebê, um dedo abaixo da linha entre os mamilos. Qualquer vítima inconsciente deverá ser colocada na posição de recuperação. Esta posição impede que a língua bloqueie a passagem do ar. O fato da cabeça permanecer numa posição ligeiramente mais baixa do que o resto do corpo, facilita a saída de líquidos da boca da vítima. Isto reduz o risco de aspiração de conteúdos gástricos. A cabeça e a região dorsal (coluna vertebral) devem ficar alinhadas, enquanto os membros dobrados mantêm o corpo apoiado em posição segura e confortável. A complicações mais comuns produzidas por manobras inadequadas de RCP são as seguintes: 1. A vítima não está posicionada sobre uma superfície rígida; 2. A vítima não está em posição horizontal (se a cabeça está elevada, o fluxo sangüíneo

cerebral ficará deficitário); 3. As vias aéras não estão permeáveis; 4. A boca ou máscara não está apropriadamente selada na vítima e o ar escapa; 5. As narinas da vítima não estão fechadas; 6. As mãos foram posicionadas incorretamente ou em local inadequado sobre o tórax; 7. As compressões são muito profundas ou demasiadamente rápidas (não impulsionam

volume sangüíneo adequado); 8. A razão entre as ventilações e compressões é inadequada; 9. A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos (alto risco de lesão cerebral).

As manobras da RCP não são indicadas nas vítimas que encontram-se em fase terminal de uma condição irreversível e incurável, mas uma vez iniciada a RCP devemos mantê-la até que: 1. Haja o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Continuar a ventilar;

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2. Haja o retorno da respiração e da circulação; 3. Pessoal mais capacitado chegar ao local da ocorrência; 4. socorrista estiver completamente exausto e não conseguir realizar as manobras de

ressuscitação. 7. HEMORRAGIAS Hemorragia ou sangramento significa a mesma coisa, isto é, sangue que escapa de artérias, veias ou vasos capilares. A hemorragia pode ser definida como a perda do volume sangüíneo circulante. O sangramento pode ser interno ou externo e em ambos os casos é perigoso.

Breve revisão do Sistema Circulatório: Coração: órgão muscular oco do tamanho de um punho cerrado. Localiza-se na cavidade torácica, por detrás do osso esterno e entre os pulmões. O coração é dividido em dois lados. A parte esquerda recebe sangue oxigenado proveniente dos pulmões e o bombeia para todo o corpo. A parte direita recebe o sangue proveniente do corpo e o bombeia para os pulmões para que volte a oxigenar-se. Cada uma das metades subdivide-se em uma cavidade superior (átrios direito e esquerdo) e uma cavidade inferior (ventrículos direito e esquerdo). O sangue passa dos átrios para os ventrículos através de válvulas que evitam o retorno do sangue (válvulas mitral e tricúspede). O coração funciona como uma verdadeira bomba que aspira e impulsiona o sangue constantemente. Artérias: Transportam o sangue oxigenado e nutrientes em nosso corpo. São de diferentes diâmetros, algumas calibrosas (aorta), outras medianas (radial) e, também pequenas (artérias de um dedo). São os vasos que saem do coração. Veias: Recolhem o sangue sem oxigênio e resíduos dos vasos capilares e células do corpo. Não tem tanta pressão como as artérias. Conduzem o sangue venoso de retorno para o coração. Capilares: Cada artéria se divide em novas artérias mais e mais finas, formando finalmente os vasos capilares. Através de suas finíssimas paredes o oxigênio, o dióxido de carbono e outras substâncias são trocadas entre as células do corpo e o sangue. Sangue: Líquido vermelho, viscoso, composto por plasma, células vermelhas (hemácias), células brancas (leucócitos), e plaquetas. O plasma (parte líquida) transporta as células e nutrientes para todos os tecidos. Também conduz os produtos de degradação para os órgãos excretores. As células vermelhas fornecem cor ao sangue e transportam oxigênio. As células brancas atuam na defesa do organismo contra as infecções. As plaquetas são essenciais para a formação de coágulos sangüíneos, necessários para estancar as hemorragias.

7.1 TIPOS DE HEMORRAGIAS: • Arterial: Hemorragia que faz jorrar sangue pulsátil e de cor vermelho vivo. • Venosa: Hemorragia onde o sangue sai lento e contínuo, com cor vermelho escuro. • Capilar: O sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao sangue

venoso/arterial. 7.2 HEMORRAGIAS EXTERNAS: São aquelas que podem ser vistas a partir de uma ferida aberta. Sinais e Sintomas: • Agitação • Palidez • Sudorese intensa • Pele fria e úmida • Pulso acelerado (acima de 100 bpm) • Hipotensão (PA sistólica abaixo de 100 mmHg) • Sede • Fraqueza

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7.3 HEMORRAGIAS INTERNAS: Geralmente não são visíveis, porém podem ser bastante graves, pois podem provocar choque e levar a vítima à morte. Exemplo: Fratura fechada de um fêmur, laceração de um órgão maciço como o fígado ou baço, etc. Sinais e Sintomas: • Idênticos a hemorragia externa. • A vítima poderá tossir sangue, vomitar sangue, sangrar pelo nariz, ouvidos, boca, reto

ou órgãos genitais.

7.4 AS 3 TÉCNICAS DE CONTROLE DE HEMORRAGIAS EXTERNAS:

• TÉCNICA DE COMPRESSÃO DIRETA - Controle a hemorragia fazendo uma compressão direta sobre a ferida que sangra com sua mão (protegida por luva descartável), ou ainda, com a ajuda de uma pano limpo ou gaze esterilizada, para prevenir a infecção.

• TÉCNICA DA ELEVAÇÃO - Mantenha a região que sangra em uma posição mais elevada que o resto do corpo, pois este procedimento contribuirá para diminuir o fluxo de sangue circulante e, consequentemente, o sangramento.

• TÉCNICA DA COMPRESSÃO SOBRE OS PONTOS ARTERIAIS - Caso a hemorragia for muito intensa e você não conseguir fazer parar a saída do sangue, tente controlar o sangramento pressionando diretamente sobre as artérias principais que nutrem de sangue o local lesionado.

Observação: Controle as possíveis hemorragias através das técnicas de compressão direta, elevação e pressão sobre os pontos arteriais. Segundo as mais recentes orientações, devemos ressaltar que o torniquete é uma técnica em abandono e os socorristas devem ser desencorajados ao seu uso. Infelizmente, essa técnica ainda está muito firmemente arraigada a cultura brasileira. No entanto, tal utilização é tão excepcional e seus riscos tamanhos, que o ensino dessa manobra deve ser eliminado. Nos casos graves, sugerimos o emprego das três técnicas anteriores (compressão direta, elevação e compressão sobre as principais artérias) combinadas. 7.5 TRATAMENTO DAS HEMORRAGIAS: • Alertar o Serviço de Emergência Médica (Fone 193) • Controlar hemorragias externas • Prevenir ou tratar o choque • Afrouxar roupas apertadas • Estar preparado para o vômito • Não dar nada de comer ou beber

8. ESTADO DE CHOQUE A função do sistema circulatório é distribuir sangue com oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo. Quando isso, por qualquer motivo, deixa de acontecer e começa a faltar oxigênio nos tecidos corporais, ocorre o que denominamos estado de choque, ou seja, as células começam a entrar em sofrimento e, se esta condição não for revertida, as células acabam morrendo. Podemos definir o choque como um quadro grave, que pode ocorrer de forma rápida ou desenvolver-se lentamente. O choque hipovolêmico caracteriza-se por uma reação do corpo em resposta ao colapso no sistema circulatório, o qual não consegue mais prover sangue de forma adequada para todos os órgãos vitais do corpo. É a diminuição da perfusão (fluxo constante de sangue nos vasos capilares) ou o estado de hipoperfusão. Quando o corpo de uma pessoa sofre uma ferimento (trauma) ou apresenta uma enfermidade, ele imediatamente reage, tentando corrigir os efeitos do dano. Se o problema é severo, uma das reações é o choque, portanto, o choque indica a existência de um problema no sistema circulatório, o qual geralmente está relacionado com uma das seguintes causas:

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Coração: Se o coração por algum motivo deixa de bombear sangue adequadamente, ou se para de funcionar (parada cardíaca), o choque aparecerá de imediato. Vasos sangüíneos: O sistema circulatório deve obrigatoriamente ser um sistema fechado. Se os vasos (artérias, veias ou capilares) forem lesados e perderem muito sangue, o paciente entrará em choque. Volume de sangue circulante: Se houver uma diminuição no volume de sangue circulante ou se os vasos sangüíneos por algum motivo dilatarem (aumentarem seu diâmetro) impedindo que o sistema permaneça corretamente preenchido, o choque novamente aparecerá.

Em todos os casos, os resultados do choque são exatamente os mesmos. Existe circulação insuficiente de sangue através dos tecidos para fornecer nutrientes e oxigênio necessários a eles. Todos os processos corporais normais ficam afetados. Quando uma pessoa está em choque, suas funções vitais diminuem e se as condições que causam o choque não forem interrompidas e revertidas imediatamente, logo ocorrerá a morte. Muita atenção, a identificação e o tratamento do choque não podem demorar, porque o problema piora com o passar do tempo. Recorde que o choque é uma reação corporal à perda sangüínea e essa tentativa de resolução do problema circulatório pode piorar a situação, aumentando a instabilidade do paciente. Explicando melhor, se existe um sangramento, o coração aumenta a freqüência dos batimentos cardíacos, tentando fazer o sangue circular por todas as áreas vitais do corpo. Com isso, aumenta também a hemorragia e mais sangue é perdido. A resposta imediata do corpo para este problema é tentar fazer circular mais sangue, aumentando ainda mais os batimentos cardíacos. Todo este processo se não tratado imediatamente vai agravando-se e gera uma diminuição da pressão arterial, posteriormente uma falha na circulação, falha no coração e, finalmente, uma parada cardíaca e a morte do paciente. 8.1 TRATAMENTO DO CHOQUE: O passo inicial no tratamento do estado de choque é reconhecer a sua presença. A vítima em choque, geralmente apresenta, pulso acelerado, respiração rápida e superficial, palidez da pele, agitação, sede, pele fria e úmida, náusea, pressão arterial abaixo do limite de normalidade e perda de consciência. O choque que se segue a um acidente traumático, é freqüentemente resultante de perda sangüínea. Existem diferentes tipos de choque, no entanto, no atendimento pré-hospitalar o socorro é sempre idêntico. Após identificado o estado de choque, posicione a vítima deitada e desobstrua sua vias aéreas (fazer isto antes de qualquer outra manobra de socorro). Em seguida, você deve elevar as pernas da vítima cerca de 20 a 30 centímetros (se não houver fraturas), afrouxar suas roupas e impedir a perda de calor corporal, colocando cobertas ou agasalhos sobre a vítima. Promova suporte emocional mantendo um atendimento constante e tranqüilizando a vítima. Controle todos os sangramentos evidentes por compressão e não dê alimentos ou líquidos para a vítima. Transporte-a para um hospital ou solicite socorro especializado para tal. 8.2 CHOQUE ANAFILÁTICO O socorrista deverá estar preparado para identificar e socorrer vítimas de choque anafilático. Este tipo de choque pode ser definido como uma forte reação alérgica, potencialmente fatal, que poderá ocorrer em pessoas mais sensíveis, após a ingestão de certos alimentos, a injeção de medicamentos específicos ou a picada de alguns insetos. Essa reação violenta faz com que certas substâncias sejam liberadas na corrente sangüínea da vítima, produzindo uma dilatação nas veias e uma obstrução respiratória na altura do pescoço que poderá produzir asfixia. Além dos sinais e sintomas característicos do choque, nesses casos o socorrista poderá identificar também: ansiedade, erupções avermelhadas e generalizadas na pele, inchaço na região do rosto e pescoço, edema ao redor dos olhos e respiração bastante deficiente com dor no peito e presença de chiado.

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Nesses casos, o socorrista deverá tratar o choque providenciando uma remoção urgente para o ambiente hospitalar, pois a vítima necessita de medidas de suporte avançado de vida.

9. FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES Qualquer rompimento anormal da pele ou superfície do corpo é chamado de ferimento. A maioria dessas lesões compromete os tecidos moles, a pele e os músculos. As feridas podem ser abertas ou fechadas. A ferida aberta é aquela na qual existe uma perda de continuidade da superfície cutânea. Na ferida fechada, a lesão do tecido mole ocorre abaixo da pele, porém não existe perda da continuidade na superfície. Todos os ferimentos logo que ocorrem, causam dor, produzem sangramentos e podem causar infecções. 9.1 TRATAMENTO DOS FERIMENTOS: As roupas sobre um ferimento deverão ser sempre removidas para que o socorrista possa melhor visualizar a área lesada. Remova-as com um mínimo de movimento. É melhor cortá-las do que tentar removê-las inteiras, porque a mobilização poderá ser muito dolorosa e causar lesão e contaminação dos tecidos. O socorrista não deverá tocar no ferimento, caso a ferida estiver suja, ou ainda, se for provocada por um objeto sujo, deverá ser limpa com o uso de água e sabão. Diminua a probabilidade de contaminação de uma ferida, utilizando materiais limpos e esterilizados para fazer o curativo inicial. Todos os ferimentos devem ser cobertos por uma compressa (curativo universal), preparada com um pedaço de pano bem limpo ou gaze esterilizada. Esta compressa dever ser posicionada sobre a ferida e fixada firmemente com uma atadura ou bandagem. Antes de utilizar uma bandagem, o socorrista deverá proteger o ferimento com compressas limpas e de tamanho adequado. Deixe sempre as extremidades descobertas para observar a circulação e evite o uso de bandagens muito apertadas que dificultam a circulação sangüínea, ou ainda, as muito frouxas, pois soltam. Não devemos remover corpos estranhos (facas, lascas de madeira, pedaços de vidro ou ferragens) que estejam fixados em ferimentos. As tentativas de remoção do corpo estranho (objeto empalado) podem causar hemorragia grave ou lesar ainda mais nervos e músculos próximos a ele. Controle as hemorragias por compressão e use curativos volumosos para estabilizar o objeto cravado. Aplique ataduras ao redor do objeto, a fim de estabiliza-lo e manter a compressão, enquanto a vítima é transportada para o hospital, onde o objeto será removido. Se o ferimento provocar uma ferida aberta no tórax da vítima (ferida aspirante) e, for possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício, o socorrista deverá imediatamente providenciar seu tamponamento, para tal, deverá usar simplesmente a mão (protegida por uma luva descartável) sobre a ferida ou fazer um curativo oclusivo com material plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas). Após fechar o ferimento no tórax, conduza a vítima com urgência para um hospital. Se o ferimento for na região abdominal da vítima e houver a saída de órgãos (evisceração abdominal), o socorrista deverá cobrir as vísceras com um curativo úmido e não tentar recolocá-las para dentro do abdome. Fixe o curativo com esparadrapo ou uma atadura não muito apertada. Em seguida, transporte a vítima para um hospital. Não dê alimentos ou líquidos para o vitimado. Em alguns casos, partes do corpo da vítima poderão ser parcialmente ou completamente amputadas. Às vezes, é possível, por meio de técnicas microcirúrgicas, o reimplante de partes amputadas. Quanto mais cedo a vítima, junto com sua parte amputada, chegar no hospital, melhor. Conduza a parte amputada protegida dentro de um saco plástico com gelo moído. O frio ajudará a preservar o membro. Não deixe a parte amputada entrar em contato direto com o gelo. Não lave a parte amputada e não ponha algodão em nenhuma superfície em carne viva. Em casos de esmagamento (normalmente encontrados nos acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, desabamentos e colapsos estruturais), se a vítima ficar presa por qualquer período de tempo, duas complicações muito sérias poderão ocorrer. Primeiro, a

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compressão prolongada poderá causar grandes danos nos tecidos (especialmente nos músculos). Logo que essa pressão deixa de ser exercida, a vítima poderá desenvolver um estado de choque, à medida que o fluido dos tecidos vá penetrando na área lesada. Em segundo lugar, as substâncias tóxicas que se acumularam nos músculos são liberadas e entram na circulação, podendo causar um colapso nos rins (processo grave que poderá ser fatal). O tratamento merecido por uma vítima com parte do corpo esmagado é o seguinte: 1. Evite puxar a vítima tentando liberá-la. Solicite socorro especializado para proceder o

resgate (emergência fone 193); 2. Controle qualquer sangramento externo; 3. Imobilize qualquer suspeita de fratura; 4. Trate o estado de choque e promova suporte emocional à vítima; 5. Conduza a vítima com urgência para um hospital. 10. FRATURAS – LUXAÇÕES – ENTORSES O esqueleto humano é a estrutura de sustentação do corpo sobre o qual se apoiam todos os tecidos. Para que possamos nos mover, o esqueleto se articula em vários lugares e os músculos que envolvem os ossos fazem com que estes se movam. Esses movimentos são controlados pela vontade e coordenados por nervos específicos. Existem diferentes formas de lesões nessas estruturas. Os ossos podem quebrar-se (fratura), desencaixar-se em alguma articulação (luxação) ou ambos. Os músculos e os tendões que os ligam aos ossos podem também ser distendidos ou rompidos. 10.1 FRATURAS Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da continuidade de um osso. A fratura pode ser simples (fechada) ou exposta (aberta). Na fratura simples não há o rompimento da pele sobre a lesão e nas expostas sim, isto é, o osso fraturado fica exposto ao meio ambiente, possibilitando sangramentos e um aumento do risco de infecção. No caso de fraturas, a vítima geralmente irá queixar-se de dor no local da lesão. O socorrista poderá identificar também, deformidades, edemas, hematomas, exposições ósseas, palidez ou cianose das extremidades e ainda, redução de temperatura no membro fraturado. 10.1.1 COMO TRATAR FRATURAS A imobilização provisória é o socorro mais indicado no tratamento de fraturas ou suspeitas de fraturas. Quando executada de forma adequada, a imobilização alivia a dor, diminui a lesão tecidual, o sangramento e a possibilidade de contaminação de uma ferida aberta. As roupas da vítima devem ser removidas para que o socorrista possa visualizar o local da lesão e poder avaliá-lo mais corretamente. As extremidades devem ser alinhadas, sem no entanto, tentar reduzir as fraturas expostas. Realize as imobilizações com o auxílio de talas rígidas de papelão ou madeira, ou ainda, com outros materiais improvisados, tais como: pedaços de madeira, réguas, etc. Nas fraturas expostas, antes de imobilizar o osso fraturado, o socorrista deverá cobrir o ferimento com uma pano bem limpo ou com gaze estéril. Isto diminuirá a possibilidade de contaminação e controlará as hemorragias que poderão ocorrer na lesão. É importante que nas fraturas com deformidade em articulações (ombros, joelhos, etc), o socorrista imobilize o membro na posição em que ele for encontrado, sem mobilizá-lo. A auto-imobilização é uma técnica muito simples, que consiste em fixar o membro inferior fraturado ao membro sadio, ou o membro superior fraturado ao tórax da vítima. É uma conduta bem aceita em situações que requeiram improvisação. Esta técnica é também muito utilizada no atendimento de fraturas nos dedos da mão. Na dúvida, imobilize e trate a vítima como portadora de fratura até que se prove o contrário. Nas fraturas associadas com sangramentos significativos, o socorrista deverá estar preparado para atender também o choque hipovolêmico (já estudado anteriormente). 10.2 LUXAÇÕES

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A luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que formam uma articulação ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si. O desencaixe de um osso da articulação (luxação) pode ser causado por uma pressão intensa, que deixará o osso numa posição anormal, ou também por uma violenta contração muscular. Com isto, poderá haver uma ruptura dos ligamentos. Os sinais e sintomas mais comuns de uma luxação são: dor intensa, deformidade grosseira no local da lesão e a impossibilidade de movimentação. 10.2.1 COMO TRATAR LUXAÇÕES Em caso de luxação, o socorrista deverá proceder como se fosse um caso de fratura, imobilizando a região lesada, sem o uso de tração. No entanto, devemos sempre lembrar que é bastante difícil distinguir a luxação de uma fratura.

10.3 ENTORSES Entorse pode ser definido como uma separação momentânea das superfícies ósseas, ao nível da articulação. A lesão provocada pela deformação brusca, geralmente produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos e os tendões podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e violentos. Uma lesão muscular poderá ocorrer por três motivos distintos: distensão, ruptura ou contusão profunda. O entorse manifesta-se por um dor de grande intensidade, acompanhada de inchaço e equimose no local da articulação. 10.3.1 COMO TRATAR ENTORSES O socorrista deve evitar a movimentação da área lesionada, pois o tratamento do entorse, também consiste em imobilização e posterior encaminhamento para avaliação médica. Em resumo, o objetivo básico da imobilização provisória consiste em prevenir a movimentação dos fragmentos ósseos fraturados ou luxados. A imobilização diminui a dor e pode ajudar a prevenir também uma futura lesão de músculos, nervos, vasos sangüíneos, ou ainda, da pele em decorrência da movimentação dos fragmentos ósseos. Se a lesão for recente, esfrie a área aplicando uma bolsa de gelo ou compressa fria, pois isso reduzirá o inchaço, o hematoma e a dor.

10.4 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO Se o membro fraturado estiver dobrado, o socorrista não poderá imobilizá-lo adequadamente. Deverá então, com muito cuidado, aplicar uma tração manual para endireitá-lo, o que impedirá a pressão sobre os músculos, reduzindo a dor e o sangramento que estejam ocorrendo no local da lesão. A tração deverá ser aplicada com firmeza observando o alinhamento do osso até que o membro fique totalmente imobilizado. Se o socorrista puxar em linha reta, não causará nenhuma lesão. No entanto, recomenda-se não insistir na manobra caso a vítima informar que a dor está ficando muito forte.

11. QUEIMADURAS A queimadura pode ser definida como uma lesão produzida no tecido de revestimento do organismo por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação, etc. A pele é basicamente uma estrutura de duas camadas, consistindo em uma epiderme externa e uma derme interna. Abaixo da derme está o tecido celular subcutâneo, abaixo do qual se encontram os músculos e os ossos. A pele possui várias funções. Serve para isolar o organismo, protegê-lo da invasão bacteriana, controlar sua temperatura, reter os líquidos e fornecer ao indivíduo informações sobre o ambiente externo. Qualquer lesão desta superfície de revestimento permite uma interrupção destes mecanismos e tem significado grave. De acordo com a profundidade, as queimaduras classificam-se em diferentes graus: Primeiro grau: atinge somente a epiderme, caracteriza-se por dor e vermelhidão.

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Segundo grau: atinge a epiderme e a derme, caracteriza-se por muita dor, vermelhidão e formação de bolhas de água abaixo da pele. Terceiro grau: atinge todas as camadas de revestimento da pele, caracteriza-se por pouca dor (devido à destruição das terminações nervosas da sensibilidade), pele dura e seca, escurecida ou esbranquiçada, ladeada por áreas de eritema. As queimaduras podem lesar a pele, os músculos, os vasos sangüíneos, os nervos e os ossos. Além dos danos físicos e da dor, as vítimas de queimaduras maiores sofrem social e emocionalmente. 11.1 COMO TRATAR AS QUEIMADURAS O socorrista deverá analisar o percentual da área corporal lesada utilizando o método da Regra dos Nove, que permite estimular a superfície corporal total queimada (SCTQ), de acordo com sua extenção.

REGRA DOS NOVE

ÁREA CORPORAL

PERCENTUAL ADULTO CRIANÇA

Cabeça e pescoço 9% 18% Membros superiores 9% 9%

Tronco anterior 18% 18% Tronco posterior 18% 18%

Genitais 1% - Membros inferiores 18% 14%

O tipo mais comum de queimadura é a térmica. Ao prestar os primeiros socorros a um queimado, que esteja com suas roupas em chamas, o socorrista deve orientá-lo para que pare, deite e role no chão. Utilize para abafar o fogo, um cobertor ou toalha molhada. Extinto o fogo, corte e retire as roupas que não estiverem aderidas a pele da vítima. Para avaliar a dor e evitar o agravamento da área lesada, o socorrista deve resfriar a parte queimada com água limpa ou, se possível, imergi-la em água corrente até cessar a dor. Se a queimadura for produzida por produtos químicos, retire imediatamente as roupas impregnadas pela substância, tomando o cuidado de proteger-se para não se queimar. Depois lave bem a região atingida com água, para neutralizar os efeitos corrosivos e irritantes do produto químico (no mínimo 15 minutos). Todo ferimento causado por queimadura é muito vulnerável à infecção e, por isso, deve ser coberto com um curativo limpo e estéril. Além da dor intensa, as queimaduras podem causar infecção e o estado de choque pela constante perda de líquidos corporais. Se a vítima sentir sede, o socorrista pode dar-lhe toda a água que desejar beber, porém, lentamente. Se a vítima estiver inconsciente, o socorrista não deverá dar-lhe água. É absolutamente contra indicado a aplicação sobre queimadura de qualquer substância (pomadas, cremes) que não seja água ou curativo estéril. Em resumo, ao prestar socorro para vítimas com queimaduras, o socorrista não deve furar bolhas, não deve retirar roupas queimadas presas a pele, nem submeter a ação de água uma queimadura com bolhas rompidas ou área onde não há pele. Nestes casos apenas cubra a área lesada com um pano bem limpo e transporte a vítima para um hospitalar para receber atendimento adequado. Nas queimaduras elétricas, em primeiro lugar verifique se a vítima continua respirando. Caso houver parada respiratória e/ou cardíaca, proceda o socorro com as manobras de ressuscitação. Muito cuidado, nos acidentes elétricos, onde a vítima pode ficar presa ao condutor energizado, ou ainda, ser arremessada violentamente para longe. O socorrista deve afastar a vítima do contato com a corrente elétrica utilizando-se dos seguintes recursos: 1. Desligando o interruptor ou a chave elétrica; 2. Removendo o fio ou condutor elétrico com auxílio de qualquer material isolante (cabo de

vassoura, tapete de borracha, etc.).

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O socorrista deve pesquisar por mais de um ferimento (ponto de entrada e ponto de saída da eletricidade) em toda vítima de queimadura elétrica. Tais acidentados devem ser sempre conduzidos para avaliação médica.

12. INTOXICAÇÕES Tóxicos (venenos) são substâncias que, quando em contato com o organismo, causam transtornos que perturbam e lesam a saúde, podendo chegar a ser fatais. Os venenos poderão ser ingeridos, inalados, absorvidos pela pele ou injetados. Quando penetram no corpo, as toxinas passam para a corrente sangüínea e para todos os tecidos. As toxinas que mais comumente causam acidentes são: os medicamentos, os produtos de limpeza, os alimentos deteriorados, os raticidas, os inseticidas, os entorpecentes em geral, a fumaça de incêndios e os venenos de animais peçonhentos. As características do envenenamento variam, dependendo do tipo de veneno, da forma como penetrou no organismo e, da quantidade consumida. A vítima, quando consciente, ou uma testemunha poderão informar o socorrista sobre a ocorrência. Se ela estiver inconsciente, características externas (cheiro de gás ou recipientes suspeitos) lhe darão os indícios necessários. O atendimento médico é sempre aconselhável nesses casos. Embora possa ser fatal, a maioria dos casos de intoxicação poderá ser tratada com sucesso. Os sinais e sintomas mais comuns de envenenamentos são: alterações do hálito, dor abdominal intensa, mudança da cor dos lábios e língua, náuseas e vômitos, dores de cabeça e perda da consciência, entre outros. 12.1 COMO TRATAR AS INTOXICAÇÕES Em caso de envenenamento por inalação (fumaças e gases tóxicos), o socorrista deverá retirar a vítima para um local seguro e arejado, desobstruir suas vias respiratórias e verificar se há necessidade de manobras de ressuscitação (em caso de parada respiratória e/ou parada cardíaca). Se o veneno foi ingerido (medicamentos, alimentos deteriorados), o socorrista deve prestar os primeiros socorros provocando o vômito dos produtos ingeridos. Faça a vítima beber água morna (3 ou 4 copos) e em seguida, toque sua garganta, a fim de despertar o reflexo do vômito. Não induza ao vômito vítimas que sofreram envenenamentos provocados pela ingestão de substâncias corrosivas ou irritantes (ácidos, soda cáustica, água sanitária, etc) ou ainda, vítimas inconscientes (desacordadas) ou em convulsão. Apesar de em muitos casos ser possível a indução ao vômito, o socorrista deverá estar alerta, pois a vítima correrá sempre o risco de aspirar conteúdos gástricos. Na dúvida, não tente provocar o vômito. Vestes impregnadas de substâncias venenosas ou corrosivas devem ser retiradas e, neste caso, o socorrista deverá lavar o local atingido com bastante água corrente para neutralizar a ação da substância perigosa (use sempre EPIs). 12.2 ACIDENTES OFÍDICOS Os acidentes ofídicos têm grande importância médica em nossa região em virtude de sua grande freqüência e gravidade. O uso de botas de cano alto ou perneiras de couro, botinas e sapatos poderá evitar cerca de 80% dos acidentes. Hoje é sabido que onde há ratos há cobras, portanto, poderemos prevenir acidentes limpando paióis e terreiros e, não deixando o lixo se acumular. Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenhas, acúmulos de lixo, pedras, tijolos ou telhas. Em acidentes onde a vítima for picada por cobras, o socorrista deverá: 1. Remover a vítima do local do acidente e deitá-la, mantendo-a em repouso absoluto; 2. Lavar o local da picada com água e sabão; 3. Não amarrar ou fazer torniquete/garrote; 4. Não fazer curativo ou qualquer tipo de tratamento caseiro; 5. Não cortar ao redor ou furar no local da picada; 6. Não dar nada para a vítima beber ou comer; 7. Transportá-la imediatamente para o serviço médico mais próximo para receber soro; 8. Se possível, levar o animal para identificação.

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Somente o soro cura o envenenamento provocado por picada de cobra, quando aplicado de acordo com as seguintes normas: soro específico, dentro do menor tempo possível e em quantidade suficiente. Em acidentes com escorpiões e aranhas, o socorrista deverá: 1. Lavar o local da picada; 2. Usar compressas mornas para aliviar a dor; 3. Procurar o serviço médico mais próximo; e 4. Se possível, levar o animal para identificação. Nos acidentes causados por múltiplas picadas de abelhas ou vespas, conduza a vítima rapidamente para um hospital. Se possível, leve alguns dos insetos que provocaram o acidente. A remoção dos ferrões poderá ser feita raspando-se com lâminas, evitando-se no entanto, retirá-los com pinças, pois as mesmas provocam a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação do veneno ainda existente no ferrão. Nos acidentes humanos provocados por peixes marinhos ou fluviais, denominados de ictismo (ingestão de peixes venenosos, mordeduras ou ferroadas), o socorrista deverá socorrer a vítima lavando o local atingido com água limpa e, em seguida, imergindo a parte ferida em água quente (até 45 graus) ou colocando compressas quentes sobre o ferimento por 30 a 60 minutos. Esse procedimento irá diminuir a dor e neutralizar o veneno que é termolábil. No caso de ingestão de peixes tóxicos, conduza a vítima para receber atendimento médico. Nos acidentes provocados por caravelas e medusas, também conhecidas pelo nome de águas-vivas, o tratamento consistirá da retirada dos tentáculos aderidos. Não deverá ser usada água doce para lavar o local, nem tampouco recomenda-se a esfregação com panos secos. Os tentáculos deverão ser retirados com uma pinça ou com o bordo de uma faca. O local atingido deverá ser lavado com água do mar. A aplicação de ácido acético (vinagre comum) sobre o local inativa o veneno. Os nematocistos (minúsculos corpos ovais capazes de injetar veneno por um microaguilhão) remanescentes poderão ser retirados aplicando uma pasta de bicarbonato de sódio, talco e água do mar. Após deixar secar, retire a pasta com o bordo de uma faca através de raspagem. Bolsas de gelo sobre o local também aliviam a dor.

Centro de Informações Toxicológicas – Florianópolis – SC Fone 0800 643 5252

NOÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

1. O FOGO E SEUS ELEMENTOS

O efetivo controle e extinção de um incêndio requer um entendimento da natureza química

e física do fogo. Isso inclui informações sobre fontes de calor, composição e características

dos combustíveis e as condições necessárias para a combustão. O fogo ou combustão pode

ser conceituado como uma reação química (processo) de oxidação rápida, auto-sustentável,

acompanhada pela produção de calor, luz, fumaça e gases em intensidades variáveis. Para

efeito didático, adota-se a figura do tetraedro (quatro faces) para exemplificar e explicar a

combustão, atribuindo-se, a cada uma das faces, um dos elementos essenciais da

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combustão. Os quatro elementos essenciais do fogo são o calor, o combustível, o

comburente e a reação em cadeia.

1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ELEMENTO “CALOR”

Forma de energia que eleva a temperatura. É gerada da transformação de outra energia,

através de processo físico ou químico. O calor pode ser descrito como uma condição da

matéria em movimento, isto é, movimentação ou vibração das moléculas que compõem a

matéria. As moléculas estão constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido,

a velocidade das moléculas aumenta e o calor também aumenta. O calor é gerado pela

transformação de outras formas de energia, a saber, energia química (a quantidade de calor

gerado pelo processo de combustão), energia elétrica (o calor gerado pela passagem de

eletricidade através de um condutor, como um fio elétrico ou um aparelho eletrodoméstico),

energia mecânica (o calor gerado pelo atrito de dois corpos) ou energia nuclear (o calor

gerado pela quebra ou fusão de átomos).

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ELEMENTO “COMBUSTÍVEL”

É toda a substância capaz de queimar-se e alimentar a combustão. É o elemento que serve

de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos,

e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com o

oxigênio. A velocidade da queima de um combustível depende de sua capacidade de

combinar-se com o oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato

com oxigênio).

1.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ELEMENTO “COMBURENTE”

É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é

que o oxigênio desempenhe esse papel. A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78%

de nitrogênio e 1% de outros gases. Em ambientes com a composição normal do ar, a

queima desenvolve-se com velocidade e de maneira completa e notam-se chamas.

Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a

porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre

16% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais chamas. Quando o

oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 8%, não há mais

combustão.

1.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ELEMENTO “REAÇÃO EM CADEIA”

A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o

combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio

e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.

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2. FORMAS DE PROPAGAÇÃO DO CALOR

O calor pode se propagar de três diferentes maneiras, ou seja, por condução, convecção ou

irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de objetos com

temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. Em resumo, o mais frio

de dois objetos absorverá calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do

outro.

2.1 CONDUÇÃO

Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a molécula.

Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de

calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor; elas vibrarão mais vigorosamente

e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor. Essas moléculas vizinhas,

por sua vez, passarão adiante a energia calorífica, de modo que o calor será conduzido ao

longo da barra para a extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula,

mas nenhuma molécula é transportada com o calor. Quando dois ou mais corpos estão em

contato, o calor é conduzido através deles como se fossem um só corpo.

2.2 CONVECÇÃO

É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de líquidos

dentro de si próprios. Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar

um movimento, dentro do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é

aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para

cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas

do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndios de

edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando

os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc.

2.3 IRRADIAÇÃO

É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam através do espaço.

As ondas de calor propagam-se em todas as direções e a intensidade com que os corpos

são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da

fonte de calor. Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para um outro

mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura. Devemos estar atentos aos

materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não

ocorram novos incêndios.

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3. PONTOS DE TEMPERATURA

Os combustíveis são transformados pelo calor e a partir desta transformação, é que se

combinam com o oxigênio, resultando a combustão. Essa transformação desenvolve-se em

temperaturas diferentes, à medida que o material vai sendo aquecido. Com o aquecimento,

chega-se a uma temperatura em que o material começa a liberar vapores, que se

incendeiam caso houver uma fonte externa de calor. Neste ponto, chamado de “Ponto de

Fulgor”, as chamas não se mantêm, devido à pequena quantidade de vapores.

Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que os gases desprendidos

do material, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combustão,

e continuam a queimar sem o auxílio daquela fonte. Esse ponto é chamado de “Ponto de

Combustão”. Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustível,

exposto ao ar, entra em combustão sem que haja fonte externa de calor. É o chamado

“Ponto de Ignição”.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E MÉTODOS DE EXTINÇÃO

Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a

situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar o agente extintor

adequado para o tipo de incêndio específico. Entendemos como agentes extintores todas as

substâncias capazes de eliminar um ou mais dos elementos essenciais do fogo, cessando a

combustão. Essa classificação foi elaborada pela National Fire Protection Association (NFPA)

- Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios dos EUA e também é adotada pela

International Fire Service Training Association (IFSTA) – Associação Internacional para o

Treinamento de Bombeiros dos EUA e pela maioria dos Corpos de Bombeiros Militares dos

Estados Brasileiros.

4.1 INCÊNDIO CLASSE ”A”

Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, tais como papel, madeira, pano,

borracha. É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar

em razão do volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade.

4.2 INCÊNDIO CLASSE “B”

Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis. É caracterizado por

não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em profundidade.

4.3 INCÊNDIO CLASSE “C”

Incêndio envolvendo equipamentos energizados. É caracterizado pelo risco de vida que

oferece ao bombeiro combatente.

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4.4 INCÊNDIO CLASSE “D”

Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio,

potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado pela queima

em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que

contenham água).

5. FASES DO INCÊNDIO

Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances de que o fogo seja

descoberto no início e a situação mais facilmente resolvida. Mas se ocorrer quando a

edificação estiver deserta ou fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes

proporções. Essa situação pode ser controlada com a aplicação dos procedimentos básicos

de ventilação. O incêndio pode ser melhor entendido se estudarmos seus três estágios de

desenvolvimento.

5.1 FASE INICIAL

Nesta primeira fase, o oxigênio contido no ar está significativamente reduzido e o fogo está

produzindo vapor d’água (H²O), dióxido de carbono (CO²), monóxido de carbono (CO) e

outros gases. Grande parte do calor está sendo consumido no aquecimento dos

combustíveis presentes e, neste estágio, a temperatura do ambiente está ainda pouco

acima do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento do fogo.

5.2 FASE DA QUEIMA LIVRE

Durante esta fase, o ar, rico em oxigênio, é arrastado para dentro do ambiente pelo efeito

da convecção, isto é, o ar quente “sobe” e sai do ambiente. Isto força a entrada de ar fresco

pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente. Os gases aquecidos espalham-se

preenchendo o ambiente e, de cima para baixo, forçam o ar frio a permanecer junto ao

solo. Eventualmente, causam a ignição dos combustíveis nos níveis mais altos do ambiente.

Este ar aquecido é uma das razões pelas quais os bombeiros combatentes devem se manter

abaixados e usar equipamentos de proteção individual (vestimentas especiais e proteção

respiratória). Uma inspiração desse ar superaquecido pode queimar os pulmões. Neste

momento, a temperatura nas regiões superiores (nível de teto) pode exceder 700 ºC.

FLASHOVER

Na fase da queima livre, o fogo aquece gradualmente todos os combustíveis do ambiente.

Quando determinados combustíveis atingem seu ponto de ignição, simultaneamente, haverá

uma queima instantânea e concomitante desses produtos, o que poderá provocar uma

explosão ambiental, ficando toda a área envolvida pelas chamas. Esse fenômeno é

conhecido como flashover.

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5.3 FASE DA QUEIMA LENTA

Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxigênio, até atingir um ponto onde

o comburente é insuficiente para sustentar a combustão. Nesta fase, as chamas podem

deixar de existir se não houver ar suficiente para mantê-las (na faixa de 8% a 0% de

oxigênio). O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se completamente

ocupado por fumaça densa e os gases se expandem. Devido à pressão interior ser maior

que a externa, os gases saem por todas as fendas em forma de lufadas, que podem ser

observadas em todos os pontos do ambiente. E esse calor intenso reduz os combustíveis a

seus componentes básicos, liberando, assim, vapores combustíveis.

BACKDRAFT

A combustão é definida como oxidação, que é uma reação química na qual o oxigênio

combina-se com outros elementos. O carbono é um elemento naturalmente abundante,

presente, entre outros materiais, na madeira. Quando a madeira queima, o carbono se

combina com o oxigênio para formar dióxido de carbono (CO²), ou monóxido de carbono

(CO). Quando o oxigênio é encontrado em quantidades menores, o carbono livre (C) é

liberado, o que pode ser notado na cor preta da fumaça. Na fase de queima lenta em um

incêndio, a combustão é incompleta porque não há oxigênio suficiente para sustentar o

fogo. Contudo, o calor da queima livre permanece, e as partículas de carbono não

queimadas (bem como outros gases inflamáveis, produtos da combustão) estão prontas

para incendiar-se rapidamente assim que o oxigênio for suficiente. Na presença de oxigênio,

esse ambiente explodirá. A essa explosão chamamos backdraft. A ventilação adequada

permite que a fumaça e os gases combustíveis superaquecidos sejam retirados do

ambiente. Uma ventilação inadequada suprirá abundante e perigosamente o local com o

elemento que faltava (oxigênio), provocando uma explosão ambiental.

A seguir relacionaremos as principais condições que indicam uma situação de backdraft:

•••• Fumaça sob pressão, num ambiente fechado;

•••• Fumaça escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo do

ambiente em forma de lufadas;

•••• Calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);

•••• Pequenas chamas ou inexistência destas;

•••• Resíduos da fumaça impregnando o vidro das janelas;

•••• Pouco ruído;

•••• Movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em

alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas).

6. MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO

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Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos

essenciais que provocam o fogo.

6.1 RETIRADA DO MATERIAL

É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do material

combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a

alimentação da combustão.

Exemplos: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou

gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de aceiro,

etc.

6.2 RESFRIAMENTO

É o método utilizado mais freqüentemente por bombeiros combatentes. Consiste em

diminuir a temperatura do material combustível que está queimando, diminuindo,

conseqüentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor

mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na

natureza. A redução da temperatura está ligada à quantidade e a forma de aplicação da

água (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir. É

inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão

(menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará

produzindo gases combustíveis.

6.3 ABAFAMENTO

Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não

havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo (Como exceção temos

os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio

do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco). A diminuição do oxigênio em

contato com o combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de

oxigênio chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão. Colocar uma tampa

sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para

baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se

apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível. Pode-se abafar o fogo

com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água, espumas, pós,

gases especiais, etc.

6.4 QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA

Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo

sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química).

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Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa

reação só ocorre quando há chamas visíveis.

7. PRINCIPAIS SISTEMAS PREVENTIVOS CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES

7.1 Sistema preventivo por extintores: Tem por finalidade permitir um primeiro e

rápido combate a princípios de incêndio.

7.2 Sistema hidráulico preventivo: Tem por finalidade permitir um primeiro combate a

princípios de incêndio e apoiar as operações de combate a incêndio a partir das viaturas do

Corpo de Bombeiros. Para uso do sistema, estenda a mangueira e na extremidade avançada

conecte o esguicho. Conecte a outra extremidade ao hidrante. Abra o registro e a rede será

pressurizada pela pressão gravitacional.

7.3 Gás canalizado central: Tem por finalidade retirar toda a carga de gás do interior da

edificação, concentrando-a numa única central. O sistema possui controle de fluxo com

interposição de registros de corte rápido: um junto a Central, outro junto a cada medidor de

consumo e um último junto ao ponto de consumo.

7.4 Saídas de emergência: Tem por finalidade assegurar condições seguras de abandono

através de uma rota de fuga dotada de:

• Piso incombustivel e anti-derrapante (tem por finalidade assegurar condições de

estabilidade nos deslocamentos na rota de fuga, que se inicia na porta de saída da

unidade residencial e termina na porta de acesso à edificação).

• Corrimão (tem por finalidade fornecer ponto de apoio e referência para um

deslocamento mais rápido e seguro e até de orientação para escadas que não

possuem iluminação de emergência).

• Porta-corta fogo (tem por finalidade retardar a propagação do incêndio, preservando

o interior da escada. Devem ser mantidas permanentemente fechadas e sempre

desobstruídas).

• Paredes corta fogo (tem por finalidade preservar o corpo da escada da ação do

fogo).

• Dutos de ventilação (tem por finalidade aspirar, pelo efeito chaminé, a fumaça que

entrar no interior da escada).

• Dutos de entrada de ar (tem por finalidade oxigenar o ambiente da escada,

favorecendo o efeito chaminé).

• Ante-câmara (é um espaço de transição, que objetiva impedir acesso de fumaça ao

corpo da escada. Sua utilização correta prevê que, acessada a ante-câmara,

somente se abra a porta de acesso ao corpo da escada, após haver sido fechada a

porta pela qual se acessou a referida câmara).

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7.5 Dispositivo de ancoragem de cabo: Tem por finalidade assegurar disponibilidade de

ponto de ancoragem, para abandono da edificação através de cabos de salvamento a serem

fixados por equipes de salvamento do CBMSC.

7.6 Passarela: Tem por finalidade assegurar condições de abandono através de edificações

vizinhas.

7.7 Heli-ponto: Tem por finalidade permitir pouso de helicóptero para operações de

salvamento e resgate.

7.8 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas: Tem por finalidade assegurar

condições de escoamento e dissipação das descargas eletro-atmosféricas (ráios) que

incidirem sobre a edificação.

7.9 Sistema de sinalização para abandono: Indicam os pontos de saídas e identificam o

setor e ou pavimento, para uma melhor orientação em casos de emergência.

7.10 Sistema de alarme: Tem por finalidade permitir que a população da edificação seja

avisada da ocorrência de sinistro em tempo hábil.

7.11 Sistema de detecção: Tem por finalidade permitir que o incêndio seja detectado pelo

efeito sonoro dos alarmes.

7.12 Sistema de chuveiros automáticos: Tem por finalidade assegurar combate

imediato e automático, subseqüente à detecção.

8. EXTINTORES PORTÁTEIS E FORMAS DE USO

8.1 INTRODUÇÃO

Extintores são recipientes metálicos que contém em seu interior agentes extintores para

combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Os extintores podem ser portáteis ou

sobre rodas, conforme o seu tamanho e uso. Os extintores portáteis também são

conhecidos simplesmente por extintores e os extintores sobre rodas, por carretas. Os

extintores classificam-se em conformidade com a classe de incêndio a que se destinam, ou

seja, “A”, “B”, “C” e “D”. Para cada classe de incêndio há um ou mais extintores adequados.

Todo o extintor deve possuir, em seu corpo, um rótulo de identificação facilmente

localizável. Este rótulo traz informações sobre as classes de incêndio para as quais o

extintor é indicado e também instruções de uso.

8.2 TIPOS DE AGENTES EXTINTORES

Os extintores devem conter uma carga de agente extintor em seu interior, essa carga é

chamada de unidade extintora e é especificada em norma.

8.2.1 ÁGUA

É o agente extintor mais abundante na natureza. Age principalmente por resfriamento,

devido a sua propriedade de absorver grandes quantidades de calor. Atua também por

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abafamento (dependendo da forma como é aplicada, neblina, jato contínuo, etc). A água é o

agente extintor mais empregado, em virtude do seu baixo custo e da facilidade de

obtenção. Em razão da existência de sais minerais em sua composição química, a água

conduz eletricidade e seu usuário, em presença de materiais energizados, pode sofrer um

choque elétrico. Quando utilizada em combate a fogo em líquidos inflamáveis, há o risco de

ocorrer transbordamento do líquido que está queimando ou mesmo um “boil over”,

aumentando, assim, a área do incêndio.

8.2.2 PÓ-QUÍMICO SECO

Os pós-químicos secos são substâncias constituídas de bicarbonato de sódio, bicarbonato de

potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizadas, formam uma nuvem de pó sobre o fogo,

extinguindo-o por quebra da reação em cadeia e por abafamento. O pó deve receber um

tratamento anti-higroscópico para não umedecer e evitar assim a solidificação no interior do

extintor. Para o combate a incêndio de classe “D” utilizamos pós à base de cloreto de sódio,

cloreto de bário, monofosfato de amônia ou grafite seco.

8.2.3 GÁS CARBÔNICO (CO²)

Também conhecido como dióxido de carbono, o CO² é um gás mais pesado que o ar, sem

cor, sem cheiro, não condutor de eletricidade e não venenoso (mas asfixiante). Age

principalmente por abafamento, tendo, secundariamente, ação de resfriamento. Por não

deixar resíduos nem ser corrosivo é um agente extintor apropriado para combater incêndios

em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis (centrais telefônicas e computadores).

8.2.4 ESPUMA

A espuma pode ser química ou mecânica conforme seu processo de formação. Química, se

resultou da reação entre as soluções aquosas de sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio;

mecânica, se a espuma foi produzida pelo batimento da água, líquido gerador de espuma

(LGE) e ar. A rigor, a espuma é mais uma das formas de aplicação da água, pois constitui-

se de um aglomerado de bolhas de ar ou gás (CO²) envoltas por película de água. Mais leve

que todos os líquidos inflamáveis é utilizada para extinguir incêndios por abafamento e, por

conter água, possui uma ação secundária de resfriamento.

8.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE EXTINTORES PORTÁTEIS

São aparelhos de fácil manuseio, destinados a combater princípios de incêndio. Recebem o

nome do agente extintor que transportam em seu interior (por exemplo: extintor de água,

porque contém água em seu interior).

Os extintores podem ser:

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8.3.1 EXTINTOR DE ÁGUA:

• Pressurizado ou por pressão injetada.

• Manual do tipo costal.

Características de um extintor de água (pressurizado)

Capacidade 10 litros Unidade extintora 10 litros

Aplicação Incêndio de classe “A” Alcance do jato Até 10 metros

Tempo de descarga 60 segundos Funcionamento: a pressão interna expele a água quando o gatilho é acionado.

8.3.2 EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO:

• Pressurizado.

• Pressão injetada.

Características de um extintor de PQS pressurizado

Capacidade 1, 2, 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora 4 Kg

Aplicação Incêndios classes “B” e “C” Alcance médio do jato 5 metros Tempo de descarga 15 segundos para extintor de 4 Kg

25 segundos para extintor de 12 Kg Funcionamento: O pó sob pressão é expelido quando o gatilho é acionado.

Características de um extintor de PQS de pressão injetada

Capacidade 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora 4 Kg

Aplicação Incêndios classes “B” e “C” Alcance médio do jato 5 metros Tempo de descarga 15 segundos para extintor de 4 Kg

25 segundos para extintor de 12 Kg Funcionamento: Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás comprimido que ao ser

aberto pressuriza o extintor, expelindo o pó quando o gatilho é acionado.

8.3.3 EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO (CO²)

Características de um extintor de CO²

Capacidade 4, 6, 8 e 12 Kg Unidade extintora 6 Kg

Aplicação Incêndios classes “B” e “C” Alcance do jato 2,5 metros

Tempo de descarga 25 segundos Funcionamento: O gás é armazenado sob pressão e liberado quando o gatilho é acionado.

Segure pelo punho do difusor, quando da operação, para evitar lesões. Capacidade 1, 2, 4 e 6 Kg

Unidade extintora 2 Kg

Extintor de água

Extintor de PQS

Extintor de CO²

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8.3.4 EXTINTOR DE ESPUMA:

• Mecânica (pressurizado).

• Mecânica (pressão injetada).

• Química.

Características de um extintor de espuma mecânica (pressurizado)

Capacidade 9 litros (mistura de água e LGE) Unidade extintora 9 litros

Aplicação Incêndios classes “A” e “B” Alcance médio do jato 5 metros Tempo de descarga 60 segundos

Funcionamento: A mistura de água/LGE já está sob pressão. É expelida pelo acionado do gatilho e o passar pelo esguicho, ocorre a mistura com o ar, que forma a espuma.

Características de um extintor de espuma química

Capacidade 10 litros (total dos reagentes) Unidade extintora 10 litros

Aplicação Incêndios classes “A” e “B” Alcance médio do jato 7,5 metros Tempo de descarga 60 segundos

Funcionamento: Colocando o extintor de cabeça para baixo, os reagentes (soluções aquosas de sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio) entram

em contato e reagem quimicamente, formando a espuma. Depois de iniciado o funcionamento não é possível interromper a descarga.

8.4 EXTINTORES SOBRE RODAS (CARRETAS)

Os extintores sobre rodas, também chamados de carretas, são aparelhos montados sobre

rodas e com grande quantidade de agente extintor. As carretas recebem o nome do agente

extintor que transportam, da mesma forma que os extintores portáteis.

Devido ao seu tamanho e a sua capacidade de carga, a operação destes aparelhos

geralmente é realizada por dois operadores.

As carretas podem ser:

• de água;

• de espuma mecânica;

• de espuma química;

• de pó químico seco;

• de gás carbônico.

Características de um extintor tipo carreta de água

Capacidade Aplicação

Alcance do jato Tempo de descarga para 75 litros

Funcionamento: Acoplado ao corpo da carreta há um cilindro de gás comprimido que quando é aberto pressuriza o mesmo,

Extintor de espuma

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Características de um extintor tipo carreta de PQS

Capacidade 20 a 100 Kg Aplicação Incêndios classes “B” e “C”

Tempo de descarga para 20 Kg 120 segundos Funcionamento: Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás comprimido que, ao ser

aberto, pressuriza-o, expelindo o pó quando acionado o gatilho.

Características de um extintor tipo carreta de CO²

Capacidade 25 Kg a 50 Kg Aplicação Incêndios classes “B” e “C”

Alcance médio do jato 3 metros Tempo de descarga para 30 Kg 60 segundos

Funcionamento: O gás carbônico, sob pressão, é liberado quando acionado o gatilho.

8.5 MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO

A manutenção começa com o exame periódico e completo dos extintores e termina com a

correção dos problemas encontrados, visando um funcionamento seguro e eficiente. É

realizada através de inspeções, onde são verificados: localização, acesso, visibilidade, rótulo

de identificação, lacre e selo da ABNT, peso, danos físicos, obstrução no bico ou na

mangueira, peças soltas ou quebradas e pressão nos manômetros.

TIPOS DE INSPEÇÕES:

Semanais: Verificar acesso, visibilidade e sinalização.

Mensais: Verificar se o bico ou a mangueira do extintor estão obstruídos. Observar a

pressão do manômetro (se houver), o lacre e o pino de segurança.

Semestrais: Verificar o peso do extintor de CO² e do cilindro de gás comprimido, quando

houver. Se o peso do extintor estiver abaixo de 90% do especificado, recarregar.

Anuais: Verificar se não há dano físico no extintor, avaria no pino de segurança e no lacre.

Recarregar o extintor.

Qüinqüenais: Fazer o teste hidrostático, que é a prova a que se submete o extintor a cada

cinco (5) anos ou toda vez que o aparelho sofrer acidentes, tais como: batidas, exposição a

temperaturas altas, ataques químicos ou corrosão. Deve ser efetuado por pessoal habilitado

e com equipamentos especializados. Neste teste, o aparelho é submetido a uma pressão de

2,5 vezes a pressão de trabalho, isto é, se a pressão de trabalho é de 14 Kgf/cm², a

pressão de prova será de 35 Kgf/cm². Este teste é precedido por uma minuciosa observação

do aparelho, para verificar a existência de danos físicos.