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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 08540-13 Exercício Financeiro de 2012 Prefeitura Municipal de SÃO FRANCISCO DO CONDE Gestor: Rilza Valentim de Almeida Pena Relator Cons. Francisco de Souza Andrade Netto RELATÓRIO / VOTO 1. PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, correspondente ao exercício financeiro de 2012, de responsabilidade da Srª. Rilza Valentim de Almeida Pena, teve ingresso neste Tribunal de Contas dos Municípios em 06 de junho de 2013, em atendimento ao prazo estabelecido no art. 8º, da Resolução TCM nº 1.060/05, sendo protocolada sob TCM nº 8.540/13. O Ofício nº 052/2013 (item 1.2 – pasta A/Z 1), o Edital nº 01/2013 e a Resolução nº 005/2013 (item 1.3 – pasta A/Z 1) indicam o encaminhamento das contas à sede do Poder Legislativo Municipal, visando à sua disponibilização pública, no prazo regulamentado no “caput”, do art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05. 2. NOTIFICAÇÃO E RESPOSTA DE DILIGÊNCIA ANUAL Na sede deste Tribunal de Contas dos Municípios, as contas foram submetidas ao crivo dos setores técnicos, que expediram a Cientificação/Relatório Anual e Pronunciamento Técnico correspondentes, resultando na notificação do gestor, realizada através do Edital nº 182/2013, publicado no Diário Oficial do Estado em 06 de setembro de 2013, para, respeitado o prazo regimental de 20 (vinte) dias, trazer à colação os esclarecimentos e documentos que entendesse necessários, sob pena da aplicação de revelia e suas consequências. A notificação sobredita resultou no arrazoado protocolado sob TCM nº 14.794/13 (fls. 772), acompanhado de 17 (dezessete) pastas A/Z e 10 (dez) livros, complementado pelo arrazoado protocolado sob TCM nº 15.370/13 (fls. 775 a 783), acompanhado de 15 (quinze) pastas A/Z, 01 (hum) classificador e 02 (duas) caixas arquivo, através do qual o gestor exerceu os seus direitos constitucionais ao contraditório e ampla defesa, preconizados no inciso LV, do art. 5º, da Constituição Federal. Concluída a instrução processual, foram os autos encaminhados ao Ministério Público Especial de Contas, para fins de cumprimento do disposto no inciso II, do art. 5º, da Lei Estadual nº 12.207/11, resultando no Parecer MPC nº 339/2013, “in fine”: I. Relatório 1

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Page 1: PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS 08540-13 2012 SÃO … · 1 FURTADO, J. R. Caldas. Direito Financeiro. Belo Horizonte: Fórum, 2013. 4 ed. p. 636-637. 3. Nessas circunstâncias, a apreciação

PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 08540-13Exercício Financeiro de 2012Prefeitura Municipal de SÃO FRANCISCO DO CONDE Gestor: Rilza Valentim de Almeida PenaRelator Cons. Francisco de Souza Andrade Netto

RELATÓRIO / VOTO

1. PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, correspondente ao exercício financeiro de 2012, de responsabilidade da Srª. Rilza Valentim de Almeida Pena, teve ingresso neste Tribunal de Contas dos Municípios em 06 de junho de 2013, em atendimento ao prazo estabelecido no art. 8º, da Resolução TCM nº 1.060/05, sendo protocolada sob TCM nº 8.540/13.

O Ofício nº 052/2013 (item 1.2 – pasta A/Z 1), o Edital nº 01/2013 e a Resolução nº 005/2013 (item 1.3 – pasta A/Z 1) indicam o encaminhamento das contas à sede do Poder Legislativo Municipal, visando à sua disponibilização pública, no prazo regulamentado no “caput”, do art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

2. NOTIFICAÇÃO E RESPOSTA DE DILIGÊNCIA ANUAL

Na sede deste Tribunal de Contas dos Municípios, as contas foram submetidas ao crivo dos setores técnicos, que expediram a Cientificação/Relatório Anual e Pronunciamento Técnico correspondentes, resultando na notificação do gestor, realizada através do Edital nº 182/2013, publicado no Diário Oficial do Estado em 06 de setembro de 2013, para, respeitado o prazo regimental de 20 (vinte) dias, trazer à colação os esclarecimentos e documentos que entendesse necessários, sob pena da aplicação de revelia e suas consequências.

A notificação sobredita resultou no arrazoado protocolado sob TCM nº 14.794/13 (fls. 772), acompanhado de 17 (dezessete) pastas A/Z e 10 (dez) livros, complementado pelo arrazoado protocolado sob TCM nº 15.370/13 (fls. 775 a 783), acompanhado de 15 (quinze) pastas A/Z, 01 (hum) classificador e 02 (duas) caixas arquivo, através do qual o gestor exerceu os seus direitos constitucionais ao contraditório e ampla defesa, preconizados no inciso LV, do art. 5º, da Constituição Federal.

Concluída a instrução processual, foram os autos encaminhados ao Ministério Público Especial de Contas, para fins de cumprimento do disposto no inciso II, do art. 5º, da Lei Estadual nº 12.207/11, resultando no Parecer MPC nº 339/2013, “in fine”:

“I. Relatório

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A presente manifestação ministerial versa sobre a apreciação das contas relativas ao exercício de 2012 da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, de responsabilidade da senhora Rilza Valentim de Almeida Pena.

A 1ª Inspetoria de Controle Externo acompanhou a execução orçamentária das contas, tendo, ao final, apresentado o Relatório Anual de fls. 525/725. Em seguida, emitiu seu Pronunciamento Técnico às fls. 727/757.

Notificada através do Edital nº 177/2013, a gestora apresentou defesa às fls. 775/783 acompanhada de pasta transparente. Além disso, colacionou aos autos documentos armazenados em pastas AZ, oportunidade na qual procurou justificar as irregularidades apontadas.

Em seguida, os autos foram encaminhados a este Ministério Público de Contas para emissão de opinativo.

É o breve relatório. Passo a opinar

II. Fundamentação

O processo em tela abrange matérias de contas de governo e de contas de gestão, atribuindo, portanto, à Sra. Rilza Valentim de Almeida Pena, além da função de chefia política, a condição de ordenadora de despesas. De acordo com a jurisprudência pátria, o julgamento das contas de gestão é da competência direta das Cortes de Contas, com fundamento no art. 71, II, da Constituição Federal. Por outro lado, as contas de governo são julgadas pela Câmara de Vereadores, sendo que, neste caso, o julgamento deve ser precedido de parecer prévio da Corte de Contas, de acordo com o art. 71, I, da Constituição Federal. Acerca desta distinção, cumpre transcrever as ementas dos seguintes precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ATOS PRATICADOS POR PREFEITO, NO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO ADMINISTRATIVA E GESTORA DE RECURSOS PÚBLICOS. JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NÃO SUJEIÇÃO AO DECISUM DA CÂMARA MUNICIPAL. COMPETÊNCIAS DIVERSAS. EXEGESE DOS ARTS. 31 E 71 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Os arts. 70 a 75 da Lex Legum deixam ver que o controle externo – contábil, financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial – da administração pública é tarefa atribuída ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas. O primeiro, quando atua nesta seara, o faz com o auxílio do segundo que, por sua vez, detém competências que lhe são próprias e exclusivas e que para serem exercitadas independem da interveniência do Legislativo.

O conteúdo das contas globais prestadas pelo Chefe do Executivo é diverso do conteúdo das contas dos administradores e gestores de recurso público. As primeiras demonstram o retrato da situação das finanças da unidade federativa (União, Estados, DF e Municípios). Revelam o cumprir do orçamento, dos planos de governo, dos programas governamentais, demonstram os níveis de endividamento, o atender aos limites de gasto mínimo e máximo previstos no ordenamento para saúde, educação, gastos com pessoal. Consubstanciam-se, enfim, nos Balanços Gerais prescritos pela Lei 4.320/64. Por isso, é que se submetem ao parecer prévio do Tribunal de Contas e ao julgamento pelo Parlamento (art. 71, I c./c. 49, IX da CF/88). As segundas – contas de administradores e gestores públicos, dizem respeito ao dever de prestar (contas) de todos aqueles que lidam com recursos públicos, captam receitas, ordenam despesas (art. 70, parágrafo único da CF/88). Submetem-se a

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julgamento direto pelos Tribunais de Contas, podendo gerar imputação de débito e multa (art. 71, II e § 3º da CF/88).

Destarte, se o Prefeito Municipal assume a dupla função, política e administrativa, respectivamente, a tarefa de executar orçamento e o encargo de captar receitas e ordenar despesas, submete-se a duplo julgamento. Um político perante o Parlamento precedido de parecer prévio; o outro técnico a cargo da Corte de Contas.

Inexistente, in casu, prova de que o Prefeito não era o responsável direto pelos atos de administração e gestão de recursos públicos inquinados, deve prevalecer, por força ao art. 19, inc. II, da Constituição, a presunção de veracidade e legitimidade do ato administrativo da Corte de Contas dos Municípios de Goiás.

Recurso ordinário desprovido.

(SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, RMS nº 11.060/GO, 2ª TURMA, Rel. Min. Laurita Vaz, ROMS nº 11.060/GO, Julgado em 25.06.2002) (grifos aditados)

Tribunal de Contas dos Estados: competência: observância compulsória do modelo federal: inconstitucionalidade de subtração ao Tribunal de Contas da competência do julgamento das contas da Mesa da Assembléia Legislativa - compreendidas na previsão do art. 71, II, da Constituição Federal, para submetê-las ao regime do art. 71, c/c. art. 49, IX, que é exclusivo da prestação de contas do Chefe do Poder Executivo. I. O art. 75, da Constituição Federal, ao incluir as normas federais relativas à "fiscalização" nas que se aplicariam aos Tribunais de Contas dos Estados, entre essas compreendeu as atinentes às competências institucionais do TCU, nas quais é clara a distinção entre a do art. 71, I - de apreciar e emitir parecer prévio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, a serem julgadas pelo Legislativo - e a do art. 71, II - de julgar as contas dos demais administradores e responsáveis, entre eles, os dos órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. II. A diversidade entre as duas competências, além de manifesta, é tradicional, sempre restrita a competência do Poder Legislativo para o julgamento às contas gerais da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, precedidas de parecer prévio do Tribunal de Contas: cuida-se de sistema especial adstrito às contas do Chefe do Governo, que não as presta unicamente como chefe de um dos Poderes, mas como responsável geral pela execução orçamentária: tanto assim que a aprovação política das contas presidenciais não libera do julgamento de suas contas específicas os responsáveis diretos pela gestão financeira das inúmeras unidades orçamentárias do próprio Poder Executivo, entregue a decisão definitiva ao Tribunal de Contas. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ADI 849, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 11/02/1999, DJ 23-04-1999)

Revela-se, portanto, recomendável que esta Corte de Contas empreenda esforços para diferenciar, no caso dos Prefeitos que também atuam como ordenadores de despesas, as contas de governo das contas de gestão. Essa distinção, que ensejaria a emissão de Parecer Prévio acerca das contas de governo e de uma Deliberação sobre as contas de gestão, pode, inclusive, ser efetivada nos autos de um único processo. Nesse sentido, tratando, de modo específico, sobre as contas de gestão e de governo examinadas num único processo, vale conferir as lições de J.R Caldas Furtado1:

1 FURTADO, J. R. Caldas. Direito Financeiro. Belo Horizonte: Fórum, 2013. 4 ed. p. 636-637. 3

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Nessas circunstâncias, a apreciação das contas de governo do Chefe do Executivo municipal será consubstanciada na peça denominada parecer prévio (CF, art. 71, I, c/c 75, caput), enquanto as contas de gestão do Prefeito ordenador de despesas serão julgadas mediante a emissão de acórdão (CF, art. 71, II, c/c 75, caput), que terá força de título executivo, caso haja imputação de débito ou aplicação de multa (CF, art. 71, §3º). Alguns Tribunais de Contas Estaduais processam as contas de governo e de gestão, apresentadas pelos Prefeitos, nos autos de um único processo; nessa hipótese, constarão nesse processo dois atos decisórios (parecer prévio e acórdão) emitidos pelo Órgão de Contas. (grifos acrescidos)

Uma vez concretizada a diferenciação, a análise técnica realizada por este Tribunal de Contas dos Municípios acerca das matérias de contas de gestão não mais seriam submetidas ao juízo político da Câmara de Vereadores, uma vez que haveria um julgamento direto por esta Corte, com fundamento no art. 71, II, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal.

Ultrapassada essa discussão, passemos a enfrentar, diante da relevância no contexto da prestação de contas, os principais aspectos apontados pela área técnica desta Corte de Contas, os quais são suficientes para ensejar a rejeição das Contas da Prefeitura de São Francisco do Conde.

Apesar de todas as recomendações tecidas serem dignas de atenção, ressaltei neste opinativo aquelas que, no meu sentir, merecem especial destaque, conforme será demonstrado a seguir.

II.a. Das irregularidades referentes ao envio de dados ao SIGA

No Relatório Anual, foram consignadas inúmeras irregularidades relativas ao envio de dados à base do SIGA, verificadas ao longo de diversos meses, dentre as quais se destacam as seguintes:

• Divergência, no SIGA, entre a Despesa Orçamentária apresentada no Demonstrativo de Despesa (DD) e a contabilizada no Demonstrativo de Contas do Razão (DCR);

• Divergência entre os valores informados no SIGA e o valores encontrados na documentação apresentada pela entidade;

• Pagamento de salários a inúmeros servidores cujos atos de admissão não foram registrados;

• Ausência de registro das despesas com folhas de pagamento da saúde e de alguns agentes públicos; • Ausência de registro quanto às certidões de regularidade das empresas contratadas pelo Poder Público; • A fonte de recurso utilizada no pagamento da despesa informada diverge da fonte constante da dotação orçamentária autorizada para o empenho;

• Não indicação dos participantes de licitações.

Em sede de defesa, a gestora se quedou silente quanto aos aspectos listados neste tópico. Além disso, é importante consignar que insubsistências na alimentação do sistema SIGA já haviam sido apontadas no julgamento das contas anuais de 2011.

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Vale ressaltar que o SIGA – Sistema Integrado de Gestão e Auditoria –, adotado a partir de 2010, é uma importante ferramenta para o exercício eficaz da função fiscalizatória levada a cabo por esta Corte, reduzindo o espaço de tempo entre a ocorrência de possíveis ilegalidades e a sua apreciação, além de fomentar a transparência dos dados públicos, evitando a ocorrência de danos ao erário municipal. Possibilita, ainda, que o ente público tenha maior controle sobre a execução orçamentária e seja alertado acerca de desvios indesejados.

Em face disso, sugere-se que seja consignada esta ressalva no julgamento das presentes contas, alertando desde já a demandada acerca das consequências do atraso, não envio ou imprecisão dos referidos dados, tendo em vista que a presente omissão, além de ensejar a aplicação de multa, poderá provocar a rejeição de suas contas anuais, em conformidade com os arts. 10 e 11 da Resolução TCM nº 1.282/09.

II.b. Da ausência de encaminhamento de processos licitatórios e de dispensa/inexigibilidade de licitação ao TCM

O art. 4º, §1º, alíneas “e” e “k”, da Resolução TCM nº 1060/2005, impõem a remessa mensal de todos os processos licitatórios, bem como de procedimentos de dispensa e de inexigibilidade à IRCE à qual o ente público está vinculado.

Tal exigência, lastreada na competência estabelecida pelo art. 113 da Lei nº 8.666/932, possibilita o acompanhamento das contratações realizadas pelos entes fiscalizados por este Tribunal e a verificação quanto à conformidade das mesmas com os dispositivos legais pertinentes. Assim, se o gestor realizou licitações, deve declará-las no SIGA e, em seguida, enviar a documentação pertinente, submetendo-se à apuração quanto à legalidade dos respectivos procedimentos. De igual sorte, se contratou diretamente, deve demonstrar a ocorrência de hipótese de dispensa ou inexigibilidade apta a justificar a contratação, bem como a formalização do devido processo administrativo.

Descumpridas estas providências, considerando o ônus da prova que cabe ao gestor de prestar as contas acerca da regular aplicação dos recursos públicos, presume-se não realizada a licitação e ilegal a contratação por dispensa/inexigibilidade, motivos suficientes para ensejar a rejeição de contas.

Nas contas em tela, o inspetor consignou no Relatório Anual a ausência de encaminhamento dos seguintes processos:

Mês Disp./Inexi-gibilidade Licitação Número Contratado Valor(R$)

Março

x 002-12.1PP Griege Alves Damião 78.360,00

x 005-12.1CVSouza Transportes e Locação de

VeículosLTDA.

67.230,00

x 012-12.1PP T & J Comércio e Serviços LTDA. 97.671,00

x 008-12.1PP MASTERSEG Equipamentos Industriais LTDA. 21.580,00

x 001-12.3DE Secretaria de Saúde do Estado da Bahia 500.000,00

x 015-12.1IN Edson Ferreira Neves Advogados e Consultores 240.000,00

x 019-12.1IN Inovashow Produções e Publicidade LTDA. 260.000,00

x 018-12.1IN Singa Produções Artísticas e Eventos 270.000,00

2 Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.

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Abril x 011-12.1IN PG Produções Ltda. - ME 1.610.000,00

Maio

x 025-12.1PP Midiaclip Ltda. - ME 141.000,00

x 009-12.1CV Data Print - LNF Informática LTDA. 20.523,98

x 002-12.2CV SCEP - Serviço de Construção Elétrica ePinturas LT 143.200,82

x 002-12.2TP Renove Construções e Administração LTDA. 1.046.695,72

x 020-12.1PP Comercial de Pneus São Tomaz LTDA. 215.000,00

x 021-12.1PP Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A 14.500,00

x 122-12DISP Kelmos Ind. e Com. de Material de Limpeza 77.711,30

x 027-12.1IN Federação Baiana de Atletismo 56.650,00

x 034-12.1IN Mais M Projetos Culturais LTDA. 379.941,00

x 035-12.1IN Jorge Ubiratan de Almeida Silva 12.000,00

Junho

x 034-12.1PPUnipres Comércio e Serviços de

Equipamentos LTDA. (Lotes I, II, III e IV) e Ideal Ruphollo (lote V)

1.121.000,00

x 001-12.2CP LN Construtora LTDA. 1.955.476,54

x 001-12.2CV Diorgenes Ferreira Marques daConstrutora-ME 124.067,14

x 001-12.3CV Waldemir Ribeiro da Silva - WalfraphCopiadora 74.960,00

x 005-12.2CV MFJ Comércio Assessoria e ConsultoriaLTDA. 146.181,08

x 011-12.1CVOfficermaq Comércio Serviços e

LocaçãoLTDA.

76.540,00

x 029-12.1PP João Ricardo Pereira da Cruz 122.200,00

x 040-12.2IN Atelier Almeida Sampaio LTDA. 470.000,00

x 041-12.2IN Coelba 12.581,61

x 043-12.1IN Sawa Produções LTDA. - ME 407.670,00

Julho

x 003-12.2CVK.G.S. Construção Pintura e Serviços

GeraisLTDA.

139.596,09

x 014-12.1CV GGS Indústria Comércio e Serviços LTDA. - ME 34.995,00

x 027-12.1PP

JampAgropecuária, Reflorestamento, Indústria

eComércio LTDA.

239.400,00

x 033-12.1PP

Alfalimp Comércio de Materiais de Limpeza (Lotes I, III e IV), Comercial de Embalagens R e LTDA. (Lote II) e Office

Comercial Varejista EletroeletrônicoLTDA-ME (Lote V)

146.800,50

x 037-12.1PPAlditec Comércio e Serviços LTDA. (Lote I) e Aurino Alves de Azevedo Filho EPP

(Lotes II e III)273.040,00

x 038-12.1PPAquárius Com. de Equip. de Infórmática LTDA. (Lotes I e II) e Aurino Alves de

Azevedo Filho EPP (Lote III)210.623,00

x 041-12.1PPUnipres Comércio e Serviço e

EquipamentosLTDA.

202.000,00

x 043-11.1PP L. Passos Comércio e Serviços LTDA. 67.900,00

x 003-12.3DE Sociedade Anônima Hospital Aliança 36.851,00

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Agostox 015-12.1CV Keynes Comercial e Serviços LTDA. -

ME 39.122,00

x 046-12.1PP Alditec Comércio e Serviços LTDA. 78.778,00

Em sede de defesa, a gestora colacionou alguns dos processos listados acima, omitindo-se, no entanto, em demonstrar o envio dos seguintes: 001-12.3DE, 015-12.1IN, 011-12.1IN, 122-12DISP3, 027-12.1IN, 005-12.2CV, 040-12.2IN, 003-12.2CV, 014-12.1CV, 037-12.1PP, 038-12.1PP e 015-12.1CV. Estes processos ausentes representam o montante de R$ 3.677.918,00 (três milhões seiscentos e setenta e sete mil novecentos e dezoito reais), recursos cuja análise da regular aplicação restou prejudicada.

Nestes termos, é corolário lógico do artigo 70 da Constituição da República que recai sobre o gestor estatal o ônus da prova da boa aplicação dos recursos públicos, encargo do qual não se desincumbiu a gestora em comento. Em relação ao expressivo total mencionado, portanto, há apenas a fundada dúvida acerca da sua regular aplicação, circunstância suficiente para comprometer o mérito das contas em análise.

Ademais, nos processos registrados sob os números 035-12.1IN (Pasta 01-C), 041-12.2IN e 003-12.3DE (ambos em pasta plástica azul), não constam os carimbos da 1ª Inspetoria de Controle Externo, sendo inservíveis para ilidir o descumprimento às normas internas desta Corte referentes ao envio de documentos. Nesta hipótese, sugere-se o envio dos mencionados processos à IRCE correspondente para a análise do seu mérito e eventual adoção de providências.

Tal ressalva também deve ser parcialmente estendida à Concorrência Pública registrada sob o nº 001/2012.2, faltando o carimbo da referida Inspetoria nos documentos da Pasta 09-C (volume II).

Pontua-se ainda que três empresas foram vencedoras do Pregão Presencial nº 003-12.1 (Pasta 14-C), porém não consta no SIGA a menção quanto à “Office Comercial Varejista Eletroeletrônico LTDA-ME”, vencedora do Lote V, cujo valor é de R$5.090,00 (cinco mil e noventa reais).

Por fim, é importante destacar que a contratação direta da empresa “Reseco Representação Serviços Comerciais Ltda.”, no valor de R$ 411.303,57 (quatrocentos e onze mil trezentos e três reais e cinquenta e sete centavos), apontada no mês de março, ocorreu por meio da dispensa de nº 011-11.3, justificada com base na hipótese do art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/934. Como decorrência deste procedimento, firmou-se o contrato de nº 234/2011, vigente por três meses (dezembro/2012 a fevereiro/2013), cujo objeto era a “aquisição de gêneros alimentícios para atender às necessidades da Secretaria Municipal de Saúde”. Em seguida, o contrato foi prorrogado por mais um mês (março/2013) em virtude da omissão do poder público municipal em promover a licitação pertinente, conforme consignado no Processo Administrativo nº 2353 (pasta plástica azul), o qual, vale frisar, não foi submetido à apreciação da 1ª IRCE, considerando a ausência do respectivo carimbo.

Tal prorrogação, no entanto, é vedada pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos (conforme dicção da norma instituidora da hipótese de dispensa5), consubstanciando

3 Apenas consta o processo administrativo de prorrogação do contrato nº 173/2012 (nº 07361), firmado mediante a dispensa de licitação em comento, e não o processo administrativo que o teria originado (pasta plástica azul).

4 Art. 24. Art. 24. É dispensável a licitação: […]IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;5 Lei nº 8.666/93, art. 24, IV - “nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou 7

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ilegalidade merecedora de reprimenda, especialmente em face do não envio da documentação pertinente para fiscalização desta Corte.

II.c. Das demais irregularidades relativas às contratações

II.c.1. Das contratações “diretas” sem subsunção às normas de dispensa/inexigibilidade

No exercício de 2012, foram firmadas e prorrogadas inúmeras avenças mediante dispensa/inexigibilidade de licitação, cujas circunstâncias fáticas não se amoldam às hipóteses descritas nas normas que veiculam as mencionadas exceções. Nestas situações, verificou-se que, ao contratar sem o devido procedimento licitatório, a Administração atuou sem amparo legal, conforme se demonstra a seguir.

a) Dos contratos de assessoria e consultoria

Com base nas observações consignadas no Relatório Anual, verifica-se que, em 2012, a Prefeitura possuía três contratos de assessoria e consultoria contábil, quatro de assessoria e consultoria jurídica e três de assessoria e consultoria de gestão pública, todos firmados diretamente e com lastro no art. 25, inciso II, da Lei nº 8.666/936.

Por seu turno, tal hipótese de inexigibilidade exige o atendimento de três requisitos: i) o serviço deve ser técnico, estando listado no art. 13 do mesmo diploma normativo7; ii) o profissional ou empresa deve possuir notória especialização e iii) a natureza do serviço deve ser singular. Nas contratações em comento, todavia, nenhum dos objetos contratados possui a feição da singularidade, demonstrando de plano a não conformidade das mesmas com o permissivo legal utilizado para ampará-las.

Com efeito, a singularidade pode ser aferida, de modo bastante intuitivo, pela peculiaridade da necessidade pública a ser satisfeita, ou seja, quando o interesse estatal escapa dos padrões de normalidade e exige uma prestação de especial complexidade ou especificidade.

Nos contratos analisados, as obrigações pactuadas consistem em atividades extremamente corriqueiras da Administração, tais como a representação judicial e extrajudicial do Município, a elaboração de demonstrativos contábeis, o acompanhamento da gestão orçamentária e financeira, o envio de dados ao SIGA (contrato cuja eficiência se questiona, considerando a pluralidade de falhas neste sentido) e o atendimento a solicitações e representações de Tribunais de Contas. Em face disso, poucos seriam os escritórios de

comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;” (grifos não são do original)

6 Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: [...]II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

7 Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:

I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;II - pareceres, perícias e avaliações em geral;III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.VIII - (Vetado). 8

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advocacia e as empresas de contabilidade e gestão pública inaptos a prestá-los de forma satisfatória, sendo perfeitamente possível a realização de licitação.

Na esteira da doutrina de Lucas Rocha Furtado, vale recordar que, no âmbito da Administração Pública “a contratação de qualquer serviço, inclusive dos indicados no art. 13 [técnicos], deve ser precedida da devida licitação”8. Em relação à prestação de serviços advocatícios, o autor tece as oportunas considerações transcritas a seguir:

A contratação de advogados para o patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas, como visto, depende de prévia licitação. Essa é a regra a ser seguida. Porém, se se tratar de causa judicial tão cheia de peculiaridades que apenas determinado profissional ou escritório, em face de sua notória especialização, teria condições de defender a Administração, a contratação sem licitação seria justificada. (grifos acrescidos)

Em igual sentido, colaciona-se o seguinte excerto jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO E CONTADOR POR NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO. ART. 25 DA LEI N.º 8.666/93. ESPECIALIDADE E SINGULARIDADE. REQUISITOS NÃO CONFIGURADOS. CONTRATAÇÃO COM O PODER PÚBLICO. OBRIGATORIEDADE DA LICITAÇÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 11 DA LEI N. 8.429/92. (…)3. A questão cinge-se na contratação de advogado e contador por Câmara Municipal sem licitação com fundamento no art. 25 da Lei n.8.666/93, que refere-se a inexigibilidade de licitação.4. Conforme depreende-se do artigo citado acima, a contratação sem licitação, por inexigibilidade, deve estar vinculada à notória especialização do prestador de serviço, de forma a evidenciar que o seu trabalho é o mais adequado para a satisfação do objeto contratado e, sendo assim, inviável a competição entre outros profissionais. (…)6. Ora, o artigo mencionado traz como requisitos para a inexigibilidade da licitação, a especialidade do técnico associada à singularidade do serviço contratado. Em conclusão, envolve serviço específico que reclame conhecimento extraordinário do seu executor e ausência de outros profissionais capacitados no mercado, daí decorrendo a inviabilidade da competição. (…)(STJ, REsp 1210756. Rel. Min. Mauro Campbell Marques. Segunda Turma. Julgado em 02/12/2010. Publicado em 14/12/2010).

Em defesa, a gestora argumentou que, em nome da eficiência e da necessidade de resguardar o erário municipal, pactuou os contratos de assessoria e consultoria, cujas despesas seriam menores do que as decorrentes da admissão de novos servidores municipais. A título exemplificativo, nos cálculos realizados pela “Maximus Consultoria em Cálculos Ltda.”, ter-se-ia identificado a ocorrência de equívoco na solicitação feita pela APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia), reduzindo em 17 milhões o pagamento de determinadas verbas pelo Município.

De igual sorte, no início do contrato firmado com a “Jurisdata Consultores Associados Ltda.” (2009), a receita obtida através do repasse de ICMS era de R$221.321.656,74 (duzentos e vinte e um milhões trezentos e vinte e um mil seiscentos e cinquenta e seis reais e setenta e quatro centavos), elevando-se para R$258.848.419,89 (duzentos e cinquenta e oito milhões oitocentos e quarenta e oito mil quatrocentos e dezenove reais e oitenta e nove centavos) em 2012.

8 FURTADO, Lucas. Curso de Licitações e Contratos Administrativos. Belo Horizonte: Fórum, 2012. p. 95. 9

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Além disso, dentre as causas nas quais o escritório Mercês, Nicolini e Advogados Associados está representando São Francisco do Conde, há uma que envolve cifras de R$44.000.000,00, o que seria suficiente para justificar a sua contratação.

No entanto, sem adentrar no mérito quanto à questão da substituição de mão de obra, equivocou-se a gestora ao compreender o princípio da eficiência como absoluto, olvidando-se de sopesá-lo com o princípio da legalidade e, com isso, descumprindo a norma constitucional do art. 37, inciso XXI9, da Constituição Federal e o art. 25, inciso II, da Lei nº 8.666/93.

Inclusive, não custa recordar que a eficiência administrativa também deve ser observada (e, em regra, é atendida) nas contratações precedidas de licitação, não havendo implicação lógica entre a prestação ineficiente de serviços e a realização prévia de seleção dos contratados.

b) Da contratação de profissionais do meio artístico

Não obstante tenha sido comprovado o envio dos processos administrativos referentes à contratação de “AZ Empreendimentos Artísticos e Publicidade Ltda.”, “André Dumet Show e Espetáculos” (Pasta 01-C) e “Mais M Projetos Culturais Ltda.”, há sérias irregularidades que precisam ser abordadas neste opinativo (IN 34/2012, Pasta 01-C).

Com efeito, por intermédio de “André Dumet Show e Espetáculos” e “Mais M Projetos Culturais” foram contratados, respectivamente, o Grupo Raghatoni e o artista plástico Euro Pires Sampaio Filho, artista responsável pela criação, montagem e desmontagem da decoração do Município de São Francisco do Conde durante o São João de 2012. Para tanto, evocou-se a previsão do art. 25, inciso III, da Lei 8.666/93, que admite a contratação direta de artistas consagrados pela opinião pública ou pela crítica especializada, desde que o contrato seja firmado diretamente com o profissional ou com o seu empresário exclusivo.

Porém, em ambos os casos a exclusividade de representação foi ilegitimamente demonstrada por meio de contratos de cessão de direitos ou de representação artística, válidos apenas para os períodos de apresentação e montagem do evento, conforme exemplo parcialmente transcrito abaixo:

1. A(o) cedente [Jorge Antônio da Silva Santos] transfere para a cessionária [André Dumet Guimarães ME] o direito de Representante exclusivo do GRUPO RAGHATONI, para a região do Recôncavo, na cidade de São Franscisco do Conde, no dia 04 de Dezembro de 2011, sendo que a apresentação será no dia 04 de dezembro de 2011.

Estes acertos, todavia, apenas demonstram que os empresários referidos não detinham qualquer exclusividade de representação, atuando como intermediários na contratação. Nesta qualidade, obtiveram declarações de exclusividade frente aos reais representantes do grupo Raghatoni e de Euro Pires, para que figurassem como empresários exclusivos em datas determinadas.

Não há dúvida, portanto, de que não há exclusividade por parte dos contratados, configurando-se inequívoca ilegalidade.

9 Art. 37. XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 10

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Conforme leciona Leonardo Salazar10, "por empresário exclusivo deve-se entender a figura do representante ou agente, ou seja, aquele que se obriga a, autonomamente, de forma habitual e não eventual, promover, mediante retribuição, a realização de certos negócios, por conta do representado" (grifos aditados). Em face disso, não é possível vislumbrar a execução desse mister por alguém que representa artistas em datas específicas e coincidentes com os festejos de determinado município.

Ademais, vale refletir acerca da finalidade da norma do art. 25, inciso III, da Lei de Licitações, incluída com o propósito de evitar que uma hipótese de inexigibilidade de contornos tão pouco definidos fosse utilizada com o fim de favorecer terceiros ilegitimamente colocados como intermediários na contratação. Por conta disso, se o Poder Público precisa contratar determinado artista em razão do elevado apelo que desperta na crítica ou na opinião pública, deve fazê-lo diretamente com o mesmo ou com seu representante habilitado e legítimo, não havendo espaço para terceiros nessa avença, considerando que a única função dos mesmos é incrementar o valor final da contratação. Esta, inclusive, é a posição firmada pelo Tribunal de Contas da União11.

Feitas estas considerações, é imperiosa a necessidade de interpretação adequada da orientação deste Tribunal, materializada através da instrução nº 02/05, ora transcrita:

Art. 3º. Nos casos de inexigibilidade, o órgão ou entidade responsável pela realização do evento encaminhará ao gestor exposição de motivos solicitando a contratação de determinada empresa, banda, grupo musical ou profissional do setor artístico, com fundamento no artigo 25, inciso III, da Lei Federal nº 8.666/93, devidamente autuada, protocolizada e numerada, gerando processo administrativo, instruído com o seguintes dados: [...]VI- Documento que demonstre a exclusividade da representação por empresário do artista ou prova equivalente, mesmo que se refira a períodos determinados, no caso de contratação que exija tal interveniência, não se aceitando meras declarações sem comprovação inequívoca da legitimidade da condição do signatário para firmar o documento.

Assim, pela expressão “períodos determinados” deve-se entender um espaço de tempo que caracterize minimamente o exercício da atividade de assessoria exclusiva, de modo que aquele empresário é habitual e exclusivamente o representante dos artistas aclamados pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Por fim, vale chamar atenção para o fato de que os processos de inexigibilidade formalizados para a contratação das bandas Raghatoni e A Zorra não foram instruídos com a justificativa do preço pactuado e a sua compatibilidade com os preços praticados no mercado, descumprindo, neste último caso, a norma do art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei nº 8.666/9312. Também não houve a realização de pesquisa e justificativa de preço na avença firmada com a Mais M Projetos Culturais.

II.c.2. Dos acréscimos no valor inicial atualizado do contrato em percentual superior a 25%

10 SALAZAR, Leonardo. Contratação direta de artistas pela Administração Pública. Disponível em: <<http://www.musicaltda.com.br/2012/01/da-contratacao-direta-de-artistas-pela-administracao-publica/>>. Acesso em 01 abr. 2013.

11 AC 11197-41/11-2. Rel. Min. Augusto Sherman Cavalcanti. Segunda Câmara. Julgado em 22/11/2011; AC 2070/33-11P. Rel. Min. Augusto Nardes. Pleno. Julgado em 10/08/2011; AC 96/2008. Re. Min. Benjamim Zymler. Pleno. Julgado em 30/01/2008.

12 Art. 26. Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: […]III - justificativa do preço. 11

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Nos termos do art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/93, o contratado é obrigado a aceitar, nas mesmas condições pactuadas, os acréscimos ou supressões que se fizerem necessários nas obras, serviços ou compras, no percentual de até 25% do valor inicial atualizado do contrato.

Na análise das presentes contas, verificou-se que o contrato de nº 021/2009 extrapolou o referido limite, uma vez que o seu valor original era de R$13.005.861,73 (treze milhões cinco mil oitocentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) e, até outubro/2012, os pagamentos já somavam R$17.551.604,37 (dezessete milhões quinhentos e cinquenta e um mil seiscentos e quatro reais e trinta e sete centavos), ultrapassando o montante máximo de R$16.257.327,16 (dezesseis milhões duzentos e cinquenta e sete mil trezentos e vinte e sete reais e dezesseis centavos). Assim, o inspetor consignou que, abatendo-se o valor de R$351.862,72 (trezentos e cinquenta e um mil oitocentos e sessenta e dois reais e setenta e dois centavos) referente à indenização por reajustamento de preço das medições 9ª a 18ª, obtêm-se o valor pago a maior de R$942.414,49 (novecentos e quarenta e dois mil quatrocentos e quatorze reais e quarenta e nove centavos).

Em defesa, argumentou-se que, após o 4º e o 7º Termos Aditivos, o montante pago à contratada foi de R$16.246.469,07 (dezesseis milhões duzentos e quarenta e seis mil quatrocentos e sessenta e nove reais e sete centavos), conforme demonstrado pelo demonstrativo dos pagamentos efetuados à contratada e pela relação das ordens de pagamentos (Pasta Complementar 02-C).

Tais alegações, todavia, não possuem o condão de ilidir a irregularidade em apreço. Com efeito, em consulta à base do SIGA, alimentada pela própria Prefeitura, nota-se o pagamento de 17.551.604,37 (dezessete milhões quinhentos e cinquenta e um mil seiscentos e quatro reais e trinta e sete centavos), entre 2009/2012, coincidindo com os dados apontados pelos órgãos de Inspetoria.

Ademais, é bastante frágil a documentação da demandada, compondo-se apenas de cópia do contrato e dos aditivos mencionados, de algumas publicações e de demonstrativos de pagamentos produzidos unilateralmente e cujo conteúdo não coincide com as informações do SIGA. Nenhum dos documentos, inclusive, possui o carimbo da 1ª IRCE, o que prejudica o valor probatório dos mesmos.

II.c.3. Da renovação de contratos cujos objetos não constituem prestação continuada

Ao longo do ano, identificou-se a prorrogação dos contratos a seguir discriminados, cujos objetos, inicialmente, não poderiam ser enquadrados como “prestação de serviços a serem executados de forma contínua”, nos moldes do art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/93:

Contratado Objeto

Ivo Pires Consultoria Administrativa LTDA.

(Contrato nº 225/2009)

Serviços de consultoria e assessoria administrativa na área de acompanhamento das ações estratégicas de governo e desenvolvimento

institucional

Executiva Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda.

(Contrato nº 105/2009)

Locação de máquinas copiadoras, para uso das diversas secretarias do Município de São Francisco do Conde

Leonaldo do Sacramento – ME(Contrato nº 052/2009) Locação de máquinas copiadoras

Jurisdata Consultores Associados Ltda.

(Contrato nº 17/2009)

Serviços técnicos especializados de consultoria e assessoria na área tributária

Portugal Locação de Máquinas Ltda.(Contrato nº 134/2011) Locação de grupos geradores a serem utilizados em eventos municipais.

Oliveira Santana Construções Ltda.(Contrato nº 278/2010)

Obras de pavimentação asfáltica na malha viária no município, com fornecimento de produtos betuminosos especiais

Maximus Consultoria em Cálculos Ltda.

(Contrato nº 198/2011)

Assessoria contábil, especifica para realização de cálculos na área trabalhista, cível e cálculos atuariais

12

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Contrapondo-se às acusações listadas acima, a gestora fundamentou sua defesa com base em quatro pontos principais, tais sejam, a previsão de prorrogação no edital e nos contratos, a inalteração do objeto e escopo da contratação, a compatibilidade dos preços pactuados com aqueles praticados no mercado e, principalmente, a natureza continuada dos serviços.

Todavia, mesmo em se tratando de serviços a serem executados de forma contínua, a prorrogação não deve ser automática, devendo o gestor justificá-la com base nas melhores condições e vantagens a serem auferidas pelo ente público contratante – razões estas não explicitadas pela demandada.

Nesse contexto, chama atenção o fato de o contrato de nº 105/2009, firmado para a locação de máquinas copiadoras, ter atingido o montante de R$528.000,00 (quinhentos e vinte e oito mil reais) após o sexto aditivo, bem como os pagamentos feitos a Leonaldo do Sacramento – ME terem alcançado a soma de R$106.435,67 (cento e seis mil quatrocentos e trinta e cinco reais e sessenta e sete centavos). Ou seja, desde 2009, a Prefeitura despendeu R$634.435,67 (seiscentos e trinta e quatro mil quatrocentos e trinta e cinco reais e sessenta e sete centavos) para a locação de máquinas copiadoras, as quais, tendo em vista a defendida continuidade da necessidade a ser satisfeita, já poderiam ter sido adquiridas, incorporando-se definitivamente ao patrimônio público.

Ademais, nos moldes expostos na alínea “a” do tópico II.c.I, tendo em vista a ilegalidade da contratação de assessorias e consultorias sem prévia licitação, entende-se ser igualmente irregular a prorrogação destas avenças.

Também não há qualquer dúvida quanto à ilegalidade na renovação da avença de nº 278/2010, cujo objeto era a realização de obras de pavimentação asfáltica na malha viária no município, com fornecimento de produtos betuminosos especiais.

Com efeito, a autorização conferida pelo art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/93 limita-se aos contratos de prestação de serviços, não sendo extensível às obras de engenharia, tendo em vista que, pela própria natureza deste tipo de avença, o adimplemento da obrigação esgota a necessidade pública a ser satisfeita e o prazo contratual delimita o tempo necessário para tanto. Deste modo, se um ente público identifica a necessidade de construção ou reforma de uma escola em determinada localidade, a aludida construção ou reforma supre a demanda inicial, o que não ocorre, por exemplo, quando uma empresa é contratada para limpar esta mesma escola todos os dias.

Explicando a razão prática da distinção entre obras e serviços, Lucas Rocha Furtado leciona:

Há evidente interesse prático nessa distinção. Basta mencionar, por exemplo, que as obras não podem jamais ser licitadas por meio do pregão, e que os serviços contínuos, nos termos do art. 57, II, da Lei nº 8.666/93, podem ter vigência, consideradas as prorrogações, de até 60 meses13. (grifos acrescidos)

Em face do exposto, apenas é possível concluir pela ausência de motivos aptos a justificar as renovações contratuais analisadas neste tópico, acolhendo-se as irregularidades apontadas nesse sentido.

II.c.4. Da realização de empenho a posteriori

Na notificação do mês de novembro apontou-se o indevido pagamento de R$62.500,00 (sessenta e dois mil e quinhentos reais) à empresa Telemedicina da Bahia Ltda., a título de indenização, demonstrando que, em verdade, houve a realização de despesa sem prévio empenho.

13 FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Licitações e Contratos Administrativos. Belo Horizonte: Fórum, 2012. 4 ed. p. 510.

13

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Em resposta, tal irregularidade foi expressamente confessada e teria decorrido de equívoco da Administração na prorrogação tácita do contrato de nº 193/2010. Desse modo, tendo em vista a comprovação da prestação dos serviços e a vedação ao enriquecimento ilícito, “só restava realizar o pagamento da importância devida via indenização”, com base nos arts. 63 da Lei nº 4.320/64 e 884 do Código Civil.

Na hipótese destes autos, apesar de a demandada ter alegado que instaurou processo de apuração para punir os responsáveis, não é possível sanar a irregularidade em apreço, uma vez que, conforme consignado no Relatório Anual, “o fato advém de ineficácia ou ineficiência no acompanhamento das despesas efetuadas por essa administração e pela fragilidade do controle interno existente”.

Conforme lição de J. R. Caldas Furtado, a exigência legal de anterioridade do empenho em relação aos gastos públicos se justifica na medida em que “instrumentaliza o controle efetuado pelo ente estatal com vistas ao pagamento posterior do débito, assegurando a existência de verba necessária ao cumprimento das responsabilidades assumidas”14. Em face disso, verifica-se que a conduta atribuída à gestora impossibilita uma gestão orçamentária planejada e equilibrada.

Outrossim, cumpre assinalar que, contabilmente, a remuneração devida em razão da prestação do serviço de análise de eletrocardiograma e telerradiologia não possui natureza indenizatória, motivo pelo qual deveria ter sido empenhada e escriturada no momento do seu surgimento, no elemento de despesa correspondente, sendo incorreto o pagamento pela modalidade indenizatória, conduta que deve ser ressalvada na análise das contas em comento.

II.c.5. Da realização de despesas com prazo contratual expirado

No que toca às avenças de números 058/2011 e 209/2011, firmadas, respectivamente, com as empresas Tekton Construtora Ltda. e Larseg Construtora Ltda., apontou-se a prorrogação tácita e irregular das mesmas, nos seguintes termos:

Contrato n.º 058/2011: datado de 23/03/2011, com vigência de 7 meses a partir da expedição da 1ª Ordem de Serviço (OS). A 1ª OS foi expedida em 05/11/2011 com término em 01/04/2012. Entretanto, conforme atesta a NF 201227, houve a realização de despesa no período de 01/09/2012 a 30/09/2012.

Contrato n.º 209/2011: datado de 20/12/2011, com vigência de 12 meses a partir da primeira Ordem de Serviço (OS). A 1ª OS foi expedida em 20/10/2011 e a segunda, em 20/10/2012. Logo, o término do contrato ocorreria em 20/10/2012 e o período de mediação é de 01/10/2012 a 31/10/2012 (NF 0065 e PP 5822) e de 01/11/2012 a 30/11/2012 (NF 0066 e PP 5823).

Como regra, a renovação contratual tácita no âmbito da Administração Pública não é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro, conforme se depreende da leitura do art. 57, inciso II e §2º, da Lei nº 8.666/93, ora transcritos:

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: (...)

II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (...)

14 FURTADO, J. R. Caldas. Direito Financeiro. Belo Horizonte: Fórum, 2012. 3 ed. p. 222. 14

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§ 2º. Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. (grifos acrescidos)

O Tribunal de Contas da União ratifica este posicionamento em alguns de seus precedentes, dentre os quais o Acórdão nº 1.335/2009:

[RELATÓRIO][Irregularidade]e) celebração de termo aditivo de prorrogação da vigência do Contra-to [...], cuja vigência estava expirada, com efeitos retroativos, confi-gurando recontratação sem licitação, infringindo a Lei 8.666/1993, art. 2o, c/c 3o;[...]25. [...] se os dois agentes públicos [...] tivessem agido com a diligên-cia de um profissional médio no exercício das funções, não teria ocor-rido a celebração de Termo Aditivo [...] com efeito retroativo a configu-rar contração sem licitação. Nesse sentido, somos pela aplicação de multa aos Senhores [omissis], sem prejuízo de determinações à Enti-dade para prevenir-se de novas ocorrências.[VOTO]9. A celebração de termo aditivo de prorrogação da vigência do Contrato [...], cuja vigência estava expirada [...], constitui infra-ção a norma legal, revestindo-se de gravidade suficiente para justificar a sanção dos responsáveis.[ACÓRDÃO]9.6. aplicar aos srs. [omissis], individualmente, a multa prevista no art. 58, II, da Lei nº 8.443/92 c/c art. 268, inciso II, do Regimento Interno/TCU, no valor de R$ 5.000,00 […];[...]9.9.5. não realize serviços sem a devida cobertura contratual e não celebre contratos e aditivos com prazos de vigência retroativos, evi-tando situações irregulares [...]; (grifos acrescidos)

No que toca à primeira avença, a gestora afirmou que o pagamento atestado na NF nº 201227 estava lastreado no primeiro e no segundo termos aditivos, através do quais houve prorrogação da vigência contratual de 01/04/12 a 01/08/12 e 01/08/12 a 01/10/12, respectivamente (Doc 34-C, Pasta Resposta à Cientificação 2012). Tais alegações, contudo, são insuficientes para ilidir a presente irregularidade, não demonstrando cabalmente a renovação expressa do contrato. Com efeito, não consta o carimbo da 1ª IRCE nos documentos mencionados e não há qualquer menção aos aditivos no SIGA (campo “Contrato Despesa”).

Quanto ao segundo contrato, alegou-se a existência de equívoco por parte do inspetor, uma vez que a sua vigência ter-se-ia iniciado, na verdade, em 20/10/12, e não em 20/12/12. Porém, à semelhança do que ocorreu no primeiro caso, não houve a juntada do instrumento aventado para a confirmação acerca do prazo nele previsto, mas apenas do 2º Termo Aditivo, também sem o carimbo da Inspetoria, com base no qual apenas houve acréscimo do valor pactuado (Doc 35-C).

Inclusive, vale a pena frisar que todos os termos de aditamento anexados não foram devidamente justificados, seja quanto à necessidade de prorrogar o prazo supostamente acrescido, seja quanto ao aumento do preço, consistindo em grave violação ao art. 57, §2º, da Lei nº 8.666/9315.

II.c.6. Da razoabilidade e economicidade das contratações

15 Art. 57. § 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato.

15

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Inúmeras foram as despesas apontadas como desarrazoadas pelo órgão de Inspetoria desta Corte, conforme demonstrado a seguir:

Despesa Contratados Dispêndio

Assessoria Contábil

Esap Contabilidade Pública Ltda - MEValor Global: R$169.200,00

PI Serviços de Contabilidade Pública Soc. SimplesValor Global: R$368.700,00.

Maximus Consultoria em Cálculos Ltda.Valor Global: R$140.000,00

R$677.900,00

Assessoria Jurídica

Cacim Cerqueira Assessores Jurídicos S/C.Valor Global: R$324.000,00

(R$108.000,00 e R$216.000,00)

Merces, Nicolini e Advogados AssociadosValor Global: R$180.000,00.

Jurisdata Consultores Associados Ltda.Valor Global: R$337.635,24.

R$841.635,24

Assessoria em temas de Gestão

Pública

Resultado Serviços Ltda– MEValor Global: R$147.000,00

BC Assessoria e Projetos Ltda.Valor Global: R$180.000,00.

Afinco Consultoria e Assessoria Ltda.Valor Global: R$84.000,00.

R$411.000,00

Eventos e Festas

Chiclete com Banana/ Singa Produções Artísticas e EventosValor: R$270.000,00

Thiaguinho/ Inovashow Produções e Publicidade Ltda.Valor:R$260.000,00

Artistas e grupos musicais/ PG Produções Ltda- MEValor: R$1.610.000,00

(dentre outros)

R$6.205.323,86

Aquisição de brinquedos

Ênfase Comercial e Serviços LtdaValor:R$377.580,00

Trinca Esportes Ltda.Valor: R$70.998,39

Comercial Correia de Almeida Ltda.Valor: R$301.999,80.

R$750.578,19

Logística de distribuição de

cestas básicas de páscoa e peixe

Souza Transportes e Locação de VeículosLtda. R$67.710,00

De antemão, importa ressaltar que, no julgamento das contas de 2011, esta Corte consignou a ocorrência de irrazoabilidade nos gastos da Prefeitura com locação de veículos, publicidade, combustíveis e festas, sendo que, neste último caso, o montante despendido foi de R$6.423.124,16 (seis milhões quatrocentos e vinte e três mil cento e vinte e quatro reais e dezesseis centavos).

Assim, à semelhança do quanto exposto em relação ao exercício anterior, entende-se ser ilegítima a destinação de R$6.205.323,86 (seis milhões duzentos e cinco mil trezentos e vinte e três reais e oitenta e seis centavos) para custear os festejos do Município.

Não obstante a tese defensiva tenha se sustentado nas elevadas receitas municipais e na movimentação da economia local para justificar a despesa impugnada, a Declaração da Dívida Fundada do Município aponta que os débitos do Instituto de Previdência Municipal, criado em dezembro/2010, já somam a absurda quantia de R$12.965.856,38 (doze milhões 16

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novecentos e sessenta e cinco mil oitocentos e cinquenta e seis reais e trinta e oito centavos - volume I), demonstrando, no mínimo, que os repasses realizados ao longo da gestão da senhora Rilza Valentim foram insuficientes.

Assim, não há dúvidas quanto à ocorrência de sério equívoco na escolha das prioridades públicas, elemento que justifica a aplicação de reprimenda por esta Corte.

De igual sorte, salta aos olhos a exorbitância do dispêndio de R$1.930.535,35 (um milhão novecentos e trinta mil quinhentos e trinta e cinco reais e trinta e cinco centavos) com contratos de assessoria e consultoria, supostamente justificados como forma de maximização do princípio da eficiência. É importante sinalizar que, a par do elevado valor destas contratações, foram excessivos também os gastos com pessoal, como será adiante demonstrado. Em face disso, soa bastante estranha a tese de que tais contratações foram necessárias para o atendimento de deficiências no quadro de pessoal da Prefeitura, excepcionalmente amplo para as dimensões do município.

Cumpre ressaltar que o preenchimento de cargos e funções públicas deve ser orientado pelo princípio da eficiência e da prestação adequada da função afetada ao servidor. Considerando a extensão do quadro de pessoal do município de São Francisco do Conde, questiona-se a necessidade de vultosas e numerosas assessorias, nos diversos setores. Em outras palavras, ante o panorama fático, é verdadeira uma das duas preocupantes assertivas: (i) as assessorias de apoio à administração pública são desnecessárias, considerando a existência de pessoal para suprir as necessidades públicas, questionando-se, assim, as contratações das referidas empresas, ou (ii) parte significativa do funcionalismo do município não desempenha suas funções a contento, o que impõe a contratação abundante de assessorias, questionando-se, por isso, as excessivas contratações de pessoal.

Em seguida, nota-se que o pagamento de quase R$63.000,00 (sessenta e três mil reais) apenas para uma empresa entregar cestas básicas de páscoa e peixes é absolutamente desarrazoado, especialmente por conta de a área do município de São Francisco ser de apenas 262.856 Km quadrados16.

Por outro lado, faltam elementos para análise acerca de possível desarrazoabilidade na compra dos brinquedos, sendo insuficiente a mera indicação do gasto total e das quantidades adquiridas.

II.d. Das despesas não comprovadas

Os documentos técnicos produzidos por esta Corte indicaram situações nas quais foram realizadas despesas sem a devida comprovação, possivelmente ensejadoras de ressarcimento aos cofres públicos. Em sede de defesa, a destinação de alguns recursos foi demonstrada, remanescendo, no entanto, outras despesas sem esclarecimentos, conforme exposto a seguir:

Mês Despesa Valor (R$) Comprovação

JaneiroSaídas de numerários da conta específica do

Royalties/FEP/CFRM sem que haja documento que dê suporte

96.400,00 Em parte(Doc-08, Pasta 02-C)

FevereiroPagamentos a Liliane Oliveira da Silva

(despesas com terceiros) sem identificação dos beneficiários

6.620,20 Não(Defesa Silente)

Fevereiro Ausência de comprovação de diárias 10.800,00 Não(Doc. 11-C, Pasta 02-C)

Março Pagamento efetuado em duplicidade à ABRAMT 8.000,00 Sim

(Doc. 12-C, Pasta 02-C)

Março Ausência de comprovação de diárias concedidas a Josenildes Borges Teixeira dos

1.200,00 Não(Defesa Silente)

16 Disponível em: <<http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=292920>>. Acesso em 30 out. 2013. 17

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Santos

MarçoSaídas de numerários da conta específica do

Royalties/FEP/CFRM sem que haja documento que dê suporte

207.141,39 Sim(Doc. 16-C, Pasta 02-C)

Setembro

Pagamento de subsídios ao Vice-Prefeito no valor de R$11.600,00 em agosto e setembro, enquanto a Lei Municipal nº 066/2008 prevê o

valor de R$9.000,00

5.200,00Não

(Fls. 234/253, Pasta 02-C)

Setembro

Pagamento de subsídios ao Secretário Joaci de Almeida Pena no valor total de

R$117.000,00, montante este superior ao previsto para doze meses (R$108.000,00)

9.000,00Não

(Fls. 254/274, Pasta 02-C)

Acerca dos numerários da conta específica de Royalties/FEP/CRFM, a demandada afirmou que o Inspetor equivocou-se, apontando em duplicidade a saída de R$5.769,10 (cinco mil setecentos e sessenta e nove mil reais e dez centavos) no dia 26/01. No entanto, não colacionou o extrato bancário da referida conta, único documento capaz de demonstrar que somente houve uma saída nesse valor, restando a segunda saída sem comprovação.

Em seguida, o pagamento de diárias no mês de fevereiro foi justificado em virtude da participação de uma comitiva da Prefeitura que acompanhou os integrantes do Grupo Paparutas no Prêmio Anu 2012, no Rio de Janeiro. Ocorre que, além de não colacionar os processos de pagamento e os documentos de certificação quanto à participação dos servidores e agentes políticos no evento, não ficou claro se os integrantes do Paparutas foram beneficiados com o recebimento de diárias, as quais, vale frisar, somente podem ser concedidas aos integrantes do quadro de pessoal do município. Os documentos anexados, portanto, são inservíveis para fins de prestação de contas do valor despendido.

Também é importante ressaltar que a duplicidade de pagamentos supostamente realizados à ABRAMT foi devidamente elucidada. No entanto, este Parquet chama atenção para a necessidade de lavratura de termo de ocorrência com fins de apuração quanto à própria legalidade dos pagamentos, mensalmente realizados pela Prefeitura de São Francisco do Conde a esta associação de natureza privada, conforme previsão contida na Lei Municipal nº 109/2009 (Doc. 12-C, Pasta 02-C).

Por fim, não é possível acolher as teses aventadas pela defesa quanto à legitimidade dos pagamentos efetuados a maior aos senhores Evandro Santos Almeida (Vice-Prefeito) e Joaci de Almeida Pena (Secretário Municipal). Como forma de justificar os excessos, sustentou-se que o mesmos decorreram de mudanças nos cargos ocupados e de adaptações remuneratórias. Todavia, em ambos os casos, os subsídios recebidos pelos agentes eram de R$9.000,00 (nove mil reais) e se mantiveram nesse valor, não havendo diferenças a serem compensadas.

Desse modo, o montante anual da remuneração de cada um estaria limitada a R$108.000,00 (cento e oito mil reais), e não a R$113.200,00 (cento e treze mil e duzentos reais) e R$117.000,00 (cento e dezessete mil reais), de modo que deve ser determinado o ressarcimento do excesso.

Inclusive, com base em informações trazidas pela demandada, o pagamento de R$2.600,00 (dois mil e seiscentos reais) a maior também ocorreu no mês de julho/2012, e não apenas em agosto e setembro, como indicado no PT, devendo também ser imputado débito quanto a esta ocorrência.

Em face do exposto, conclui-se pela necessidade de ressarcimento, com recursos próprios, da quantia de R$41.236,30 (quarenta e um mil duzentos e trinta e seis reais e trinta centavos).

II.d.1. Do pagamento de PAS

Em relação a vários meses, o Relatório Anual consignou a ausência de comprovação quanto ao recebimento do auxílio financeiro relativo ao Programa PAS – Programa de Acolhimento Social

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de Complementação de Renda, ressaltando o inspetor que apenas foram encaminhadas relações com os nomes dos beneficiários, CPF (muitos com a numeração incompleta) e os valores percebidos, desacompanhados dos respectivos comprovantes bancários, essenciais para demonstrar a correta destinação dos recursos. Ao longo do ano, o montante concedido a título de beneficio totalizou a quantia de R$ 25.283.126,00 (vinte e cinco milhões duzentos e oitenta e três mil cento e vinte e seis reais), conforme tabela abaixo:

Mês Número de Famílias Montante Pago (R$)

Fevereiro 4.820 2.209.533,00

Março 4.768 2.210.597,00

Abril Não Consta 2.278.209,00

Maio 4.992 2.389.192,00

Junho 4.962 2.363.451,00

Julho 4.899 2.341.927,00

Agosto 4.990 2.384.609,00

Setembro 4.972 2.384.609,00

Outubro 4.982 2.261.487,00

Novembro 4.920 2.230.000,00

Dezembro 4.919 2.229.512,00

Total 25.283.126,00

Em defesa, afirmou-se que “desde a resposta da notificação do mês de janeiro de 2012, foi enviada a Relação de Beneficiários, devidamente carimbada pelo Banco que procedeu ao depósito nas contas”, e, além disso, “a situação foi regularizada a partir de janeiro de 2013 em virtude dos esforços desta Prefeitura para que se obtivesse um documento emitido pelo Banco do Brasil, que atendesse à solicitação dessa Corte de Contas”. Para fins de comprovação das suas alegações, a demandada colacionou os documentos anexados na Pasta Complementar 03-C. Resta, portanto, verificar a devida comprovação dos gastos realizados.

Conforme disposição expressa do art. 3º, §2º, da Lei Municipal nº 78/2009, que instituiu o Programa de Acolhimento Social de Complementação de Renda – PAS, “o pagamento do benefício será feito mediante crédito bancário, em nome do responsável legal cadastrado no Programa, de preferência do sexo feminino”.

Todavia, na pasta referida em sede de defesa, apenas constam relatórios elaborados pela própria Prefeitura, sem qualquer autenticação bancária, nos quais constam os nomes de poucos beneficiados e cujo conteúdo é bastante inconsistente e pouco explicativo. Também foram colacionadas ordens de pagamento e declarações aleatórias, não assinadas pelos devidos responsáveis e desprovidas de qualquer feição probatória.

Inclusive, em cotejo à tabela organizada acima, verifica-se que em agosto e setembro/2012 os montantes de verbas destinados ao pagamento do benefício foram idênticos, porem foram distintos os números das famílias atendidas naqueles meses, o que demonstra, no mínimo, a necessidade de melhor organização na distribuição dos aludidos recursos.

Nesse ponto, vale a ressalva de que o art. 70, parágrafo único, da Constituição de 1988, confere o dever de prestar contas a “qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. Com base neste dispositivo, a jurisprudência do Tribunal de Contas da União17 e a doutrina atribuem ao gestor a responsabilidade de demonstrar a regularidade da aplicação dos recursos sob sua responsabilidade, o que foi muito bem resumido por Jacoby Fernandes18:

17 AC 11/1997, Rel. Min. Iram Saraiva, Pleno; AC 200/1993, Rel. Min. Olavo Contas, 2ª Câmara. 18 FERNANDES, J. U. Jacoby. Tribunais de Contas no Brasil: jurisdição e competência. Belo Horizonte: Fórum, 2012. v. III. p. 232. 19

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a) o ônus da prova em relação à boa e regular aplicação de recursos públicos incumbe a quem os recebe, posto que é inerente à função de administrar coisa alheia o dever de prestar contas;

b) a regra geral, mesmo com o advento da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, permanece inalterada: em caso de contas, a prova da correta aplicação é do recebedor do recurso, harmonizando-se o preceito com a regra do art. 36 desta Lei; (grifos acrescidos)

Assim, ante as irregularidades apuradas ao longo do exercício de 2012 e o parco acervo probatório colacionado pela defesa, permanecem as irregularidades apontadas no Relatório Anual, suficientes para comprometer o mérito destas contas por conter indício não refutado de dano ao erário. Tendo em vista a singela documentação acostada pela gestora, sugere-se a realização de inspeção in loco para verificar (i) a regularidade da instituição do programa, (ii) o preenchimento dos requisitos legais pelos beneficiários e (iii) a higidez dos pagamento dos referidos benefícios. Estes esclarecimentos permitirão aferir se houve dano ao erário de São Francisco do Conde e a consequente necessidade de imputação de débito.

II.e. Do pagamento de juros e multa

Ao longo do ano, o órgão de Inspetoria indicou o pagamento de juros e multa em razão do adimplemento intempestivo de obrigações assumidas pela Prefeitura, nos montantes a seguir destacados:

Mês Juros (R$)

Janeiro 210,28

Março 63,18

Maio 1.068,35

Junho 239,97

Julho 19,24

Agosto 16,36

Outubro 3,39

Por sua vez, a demandada comprovou o ressarcimento dos danos patrimoniais causados ao erário municipal por meio dos documentos 06-C, 15-C, 19-C, 24-C, 25-C, 26-C e 28-C (Pasta 02-C, I e II), salvo quanto à quantia de R$220,51 (duzentos e vinte reais e cinquenta e um centavos), referente ao mês de junho, uma vez que o Doc-24-C apenas atesta o recolhimento de R$19,46 (dezenove reais e quarenta e seis centavos).

Diante disso, entende-se pela condenação ao pagamento, com recursos próprios, da quantia de R$220,51 (duzentos e vinte reais e cinquenta e um centavos).

II.f. Das despesas indevidamente pagas com Royalties, Fundo Especial de Petróleo e Compensações Financeiras de Recursos Minerais e Hídricos

No exercício em exame, o município recebeu recursos provenientes dos Royalties/FEP/CFRM/CFRH no montante de R$39.315.728,51 (trinta e nove milhões trezentos e quinze mil setecentos e vinte e oito reais e cinquenta e um centavos). Após a análise das glosas registradas no Relatório Anual, a Coordenadoria de Controle Externo indicou a realização de despesas no valor de R$1.646.388,78 (um milhão seiscentos e quarenta e seis mil trezentos e oitenta e oito reais e setenta e oito centavos), pagas em desconformidade com a legislação vigente. É o que se demonstra:

Mês Emp PP Credor Valor

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11 3012 51360 Instituto Nacional da Seguridade Social 378.534,90

11 3013 51370 Instituto Nacional da Seguridade Social 94.633,73

12 2883 52020 Amaral – Coleta de Lixo Comercial e Urbano Ltda. 563.127,66

12 2883 58270 Amaral – Coleta de Lixo Comercial e Urbano Ltda. 383.695,43

12 3125 58280 Amaral – Coleta de Lixo Comercial e Urbano Ltda. 280.197,06

12 2771 58690 Esap Contabilidade Pública Ltda. – ME 9.100,00

12 2771 58690 Esap Contabilidade Pública Ltda. – ME 9.100,00

TOTAL 1.646.388,78

Contrapondo-se às alegações deste tópico, a demandada informou que os pagamentos realizados ao INSS dizem respeito ao parcelamento de dívida municipal com este ente, registrado sob o nº 13508000506/2009-04. Por sua vez, as despesas pagas às empresas Amaral – Coleta de Lixo Comercial e Urbano Ltda e Esap Contabilidade Pública Ltda – ME não encontrariam óbice no art. 8º da Lei nº 7.990/89, pois não se enquadrariam no conceito de “quadro permanente de pessoal”.

Com efeito, o referido dispositivo legal veda a aplicação das compensações financeiras pela exploração do petróleo, do xisto betuminoso e do gás natural “em pagamento de dívida e no quadro permanente de pessoal”, ressalvando, em seu §1º, os “pagamento de dívidas para com a União e suas entidades” bem como “o custeio de despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino, especialmente na educação básica pública em tempo integral”.

Em face disso, não foram irregulares os pagamentos realizados às empresas citadas, tendo em vista que a contratação de serviços de assessoria e consultoria contábil e de limpeza urbana não podem ser enquadrados no conceito de “quadro permanente de pessoal”, não integrando a estrutura administrativa do Município.

Por outro lado, o pagamento de dívidas perante a União e suas entidades, dentre as quais se encontra o INSS, somente foi autorizado por força da Lei nº 12.858, publicada em 10/09/13 , não alcançando as despesas analisadas neste tópico. Portanto, permanece a irregularidade no tocante aos pagamentos feitos ao Instituto de Previdência Social com recursos oriundos de Royalties/FEP/CFRM/CFRH.

Desse modo, imperioso o ressarcimento com recursos municipais da quantia de R$473.168,63 (quatrocentos e setenta e três reais cento e sessenta e oito reais e sessenta e três centavos), que devem ser destinados à conta específica de Royalties/FEP/CFRM/CFRH.

II.g. Da omissão na cobrança da dívida ativa do Município

No que toca ao Ativo Permanente, não foram demonstradas as ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa. Com efeito, o saldo da dívida ativa tributária e não tributária, no início de 2012, foi de R$24.721.580,08 (vinte e quatro milhões setecentos e vinte e um mil quinhentos e oitenta reais e oito centavos), sendo que a cobrança efetuada representou o montante de R$771.530,58 (setecentos e setenta e um mil quinhentos e trinta reais e cinquenta e oito centavos). Ao final do exercício, o saldo total da dívida ativa foi de R$36.277.613,31 (trinta e seis duzentos e setenta e sete mil seiscentos e treze reais e trinta e um centavos).

Ademais, os órgãos técnicos desta Corte solicitaram esclarecimentos quanto à regularização das contas de ISS, no valor de R$87.137,75 (oitenta e sete mil cento e trinta e sete reais e setenta e cinco centavos), e IRRF, no montante de R$452.783,69 (quatrocentos e cinquenta e dois mil setecentos e oitenta e três reais e sessenta e nove centavos), receitas orçamentárias do Município registradas no Passivo Financeiro.

A gestora aduziu na defesa que, em 2012, foram promovidas cobranças administrativas no montante total de R$8.132.667,25 (oito milhões cento e trinta e dois mil seiscentos e sessenta e sete reais e vinte e cinco centavos), o que significa 22,42% do valor total supramencionado. No entanto, apenas uma pequena parte dos contribuintes quitou os seus débitos em sede administrativa, ensejando o ajuizamento de execuções fiscais cujo êxito restaria prejudicado 21

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pela mora do Poder Judiciário. Ademais, a Prefeitura estaria estudando a viabilidade de um programa de recuperação e, em certos casos, de remissão de créditos fiscais, bem como a realização de convênios com instituições bancárias para simplificação da cobrança.

Tais argumentos, no entanto, são excessivamente genéricos e não demonstram a tomada efetiva de providências no sentido de potencializar a arrecadação dos créditos municipais. Nesse sentido, importa ressaltar que não houve sequer demonstração da efetiva cobrança administrativa, tampouco da cobrança judicial dos débitos, limitando-se a gestora a afirmar que tentou cobrar R$8.132.667,25 (oito milhões cento e trinta e dois mil seiscentos e sessenta e sete reais e vinte e cinco centavos) sem obter êxito até então.

Inclusive, ainda que considerássemos devidamente realizados os esforços alegados, tais medidas não possuem reflexo na otimização da arrecadação. No cotejo dos valores cobrados nos últimos anos, constata-se um significativo avanço nos dois primeiros anos do mandato, seguido de relevantes decréscimos em 2011 e 2012, exercício este no qual o percentual de cobrança foi ínfimo, conforme demonstra a tabela abaixo:

Ano Saldo em 31/12 (R$) Valor Cobrado % sobre o saldo anterior

2009 2.862.656,71 155.762,33 4,6019

2010 11.978.814,19 599.528,97 20,94

2011 24.721.580,08 764.662,25 6,38

2012 36.277.613,31 771.530,58 3,12

O mesmo raciocínio é aplicável em relação à necessidade de regularização das contas de retenções de ISS e IRRF, cujos saldos, em 2011, eram de R$236.478,18 (duzentos e trinta e seis mil quatrocentos e setenta e oito reais e dezoito centavos) e R$2.016.313,97 (dois milhões dezesseis mil trezentos e treze mil novecentos e noventa e sete centavos), e, no exercício de 2012, ficaram em R$87.137,75 (oitenta e sete mil cento e trinta e sete reais e setenta e cinco centavos) e R$452.783,69 (quatrocentos e cinquenta e dois mil setecentos e oitenta e três reais e sessenta e nove centavos).

Assim, tendo em vista que as observações deste tópico foram realizadas em relação às contas dos exercícios anteriores, ressalta-se a reincidência da demandada no que toca à omissão na cobrança dos créditos municipais.

II.h. Da extrapolação ao limite da despesa total com pessoal

Nos termos do art. 19, inciso II c/c o art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei de Responsabilidade Fiscal, a despesa total com pessoal, nos municípios, não pode ser superior a 60% da Receita Corrente Líquida, de modo que no âmbito do Poder Legislativo o limite é de 6% e no Poder Executivo o percentual é de 54% da Receita Corrente Líquida. Tal análise, por sua vez, é realizada a cada quadrimestre, período de apuração estabelecido no artigo 22 da Lei Complementar 101/00. Descumprida esta exigência, o art. 23 determina que o percentual excedente seja eliminado nos dois quadrimestres seguintes, de modo que, já no primeiro quadrimestre deve-se reduzir 1/3 do excedente.

Nestes autos, noticiou-se que a Prefeitura de São Francisco do Conde, entre maio e agosto de 2012, alcançou o percentual de 54,98% e, ao final do exercício, chegou a 55,51% de comprometimento da RCL, descumprindo a obrigação em apreço.

Em defesa, alegou-se que o percentual aferido em agosto foi, na verdade, de 51,32% e em dezembro, de 52,96%, não havendo que se falar em qualquer extrapolação.

Analisando o acervo probatório destas contas, é necessário chamar atenção para o fato de que não houve demonstração dos valores e parâmetros utilizados pela gestora para desconstituir o

19 O saldo da dívida ativa do exercício de 2008 foi de R$3.380.245,87 (três milhões trezentos e oitenta mil duzentos e quarenta e cinco reais e oitenta e sete centavos), referência utilizada no cálculo para aferição deste percentual. 22

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percentual indicado no Pronunciamento Técnico, razão pela qual se adota o percentual de 54,98% como relativo aos meses de maio a agosto (autos - volume III). Noutra quadra, confrontando-se os dados presentes no Anexo 2 do Resumo Geral da Despesa (autos - volume I), verifica-se a ocorrência de alguns equívocos na elaboração da tabela elaborada pela Inspetoria desta Corte relativa aos gastos com pessoal no final do exercício, entendendo-se corretos os dados expostos a seguir:

Despesa Montante (R$)

6.1.2.1 Despesas efetivamente pagas com pessoal ativo realizadas no exercício pelaPrefeitura, excetuando-se diárias, ajuda de custo e outras despesas que caracterizemcomo indenizatórias ao servidor, bem como subsídio dos agentes políticos.

95.071.592,08

6.1.2.1.1 Despesas de pessoal ativo da Prefeitura, inscritas na rubrica despesas deexercícios anteriores, pagas no exercício seguinte. 0,00

6.1.2.2 Despesas com pessoal civil contratado temporariamente pela Prefeitura paraatender situação de excepcional interesse público, realizadas no exercício. 82.387.822,67

6.1.2.3 Despesas efetuadas com encargos sociais pela Prefeitura, no exercício. 27.984.281,71

6.1.2.4 Despesas efetuadas com inativos pela Prefeitura, no exercício. 0,00

6.1.2.5 Despesas efetuadas com pensionistas pela Prefeitura, no exercício. 97.572,88

6.1.2.6 Salário Família dos servidores estatutários pago pela Prefeitura, no exercício. 0,00

6.1.2.7 Outras despesas com pessoal realizadas no exercício pela entidade, decorrente da contratação de pessoa física ou terceirização de mão-de-obra através das sociedades e empresas para consultoria ou atividades permanentes e pertinentes ao funcionamento da administração pública.

9.089.821,90*

6.1.2.8 Despesas efetivamente pagas pelas Autarquias, Fundações e Empresas estataisdependentes no exercício. 593.876,71

6.1.2.9 Total da despesa com pessoal efetivamente paga pela Prefeitura, incluindo-se Autarquias, Fundações e Empresas Municipais dependentes no exercício. 215.224.967,95

* A defesa não apresentou os parâmetros e valores utilizados para a indicação do montante de R$4.567.554,80, mantendo-se o valor indicado no Pronunciamento Técnico.

Considerando que a Receita Corrente Líquida municipal foi de R$397.820.081,23 (trezentos e noventa e sete milhões oitocentos e vinte mil oitenta e um reais e vinte e três centavos), chega-se ao percentual de gastos com pessoal, em dezembro/2012, de 54,10%.

Em face do exposto, constata-se a violação ao art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei de Responsabilidade Fiscal no segundo quadrimestre de 2012. Por outro lado, a gestora adotou medidas adequadas no sentido de reconduzir o excesso no quadrimestre seguinte, atendendo ao disposto no art. 23 do mencionado diploma, uma vez que o percentual de gastos com pessoal em agosto foi de 54,98% e, em dezembro, chegou a 54,10%, de modo que a dívida foi reduzida em mais de 1/3. Deste modo, considerando redução eficiente do índice extrapolado, entende-se que o excesso não deve comprometer o mérito destas contas.

Em seguida, não é possível acolher o item nº 6.1.5 do Pronunciamento Técnico, concernente à violação do art. 21, parágrafo único, da Lei Complementar nº 101/00, de acordo com o qual “é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20”.

Com efeito, o órgão técnico desta Corte estabeleceu a relação entre o total da despesa com pessoal entre julho/2011 e junho/2012 e a RCL do mesmo período e, em seguida, estabeleceu a relação entre os gastos com pessoal entre janeiro e dezembro/2012 e a RCL do período, encontrando os seguintes percentuais: 52,80% e 55,51%. Assim, considerando que o segundo percentual foi maior, deduziu-se o acréscimo da despesa com pessoal nos últimos 180 dias do mandato.

No entanto, como bem pontuado na defesa, a vedação do dispositivo mencionado não alcança o “aumento percentual do comprometimento da Receita Corrente Líquida”, sendo inservível o parâmetro utilizado. Resta, portanto, prejudicada a análise deste item. 23

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II.i. Do excesso na contratação de servidores temporários

No Pronunciamento Técnico, apontou-se a elevada proporção de servidores temporários em relação ao corpo efetivo da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, decorrendo desse excesso a destinação, para as contratações temporárias, de 49,19% dos recursos despendidos com o quadro de pessoal do Município. Além disso, constatou-se o aumento de 21,64% na participação relativa do pessoal temporário quando comparado ao exercício anterior.

Registrou-se ainda que, no Processo TCM nº 30671-10, determinou-se a adoção de providências por parte do Poder Executivo no sentido de acelerar a aprovação dos projetos de lei relativos ao Plano de Cargos e Salários dos servidores e à criação de cargos para preenchimento por concurso público.

A defesa foi silente nesse ponto, motivo pelo qual se acolhe a presente irregularidade.

Nos termos do art. 37, inciso IX, da Constituição Federal, a contratação de servidores temporários só é admitida para o atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público, cujas hipóteses deverão estar previstas em lei. Na situação discutida nestes autos, todavia, não foi demonstrada a compatibilidade constitucional das admissões temporárias, tampouco o diploma legal que lhes serviria de lastro. Além disso, é bastante improvável a existência de uma necessidade pública excepcional que justifique o fato de quase metade do funcionalismo municipal ser composto por agentes contratados temporariamente. Tal violação da Constituição da Republica é suficiente para comprometer o mérito destas Contas.

II.j. Da abertura de créditos adicionais sem autorização legislativa

Nos termos do art. 42 da Lei nº 4.320/64, “os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo”.

O Pronunciamento Técnico, por sua vez, apontou a abertura de créditos adicionais suplementares no montante de R$144.973.186,90 (cento e quarenta e quatro milhões novecentos e setenta e três mil cento e oitenta e seis reais e noventa centavos), sendo R$114.459.899,63 (cento e quatorze milhões quatrocentos e cinquenta e nove mil oitocentos e noventa e nove reais e sessenta e três centavos) por anulação de dotação e R$30.513.287,27 (trinta milhões quinhentos e treze mil duzentos e oitenta e sete reais e vinte e sete centavos) por superávit financeiro, contabilizados no Demonstrativo de Despesa do mês de dezembro.

No entanto, a Lei Orçamentária Anual de 2012 consignou que apenas 40% do superávit financeiro poderia ser utilizado para a abertura de créditos adicionais, disposição esta que não teria sido observada pela gestora, uma vez que, se o superávit foi de R$37.872.748,01 (trinta e sete milhões oitocentos e setenta e dois mil setecentos e quarenta e oito reais e um centavo), apenas R$12.205.314,91 (doze milhões duzentos e cinco mil trezentos e quatorze reais e noventa e um centavos) poderiam ter sido utilizados com esse fim. Ter-se-ia verificado, portanto, a abertura de crédito suplementar sem prévia autorização legislativa no valor de R$18.307.972,36 (dezoito milhões trezentos e sete mil novecentos e setenta e dois reais e trinta e seis centavos), descumprindo-se também o art. 167, inciso V, da Constituição Federal20.

Ademais, teriam sido abertos créditos adicionais especiais por anulação de dotação no valor de R$25.877.562,08 (vinte e cinco milhões oitocentos e setenta e sete mil quinhentos e sessenta e dois reais e oito centavos), devidamente contabilizados no Demonstrativo de Despesa do mês de Dezembro de 2012. Entretanto, a Lei Municipal nº 254/2012 somente autorizou o Poder Executivo a abrir créditos adicionais especiais no valor de R$288.530,00 (duzentos e oitenta e oito mil quinhentos e trinta reais), faltando lastro legal para o montante de R$25.588.032,08 (vinte e cinco milhões quinhentos e oitenta e oito mil e trinta e dois reais e oito centavos).

20 Art. 167. V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; 24

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Em defesa, foram desconstituídas as irregularidades apontadas, demonstrando a gestora que havia lastro legal para a abertura de créditos suplementares e especiais, tendo em vista a edição prévia de leis especiais autorizadoras (fls. 34/73, Pasta 1 Pronunciamento Técnico). No entanto, vale a ressalva de que estas leis deveriam ter sido enviadas juntamente com as contas do ente público, e não apenas no momento de resposta, facilitando sobremaneira a análise da execução orçamentária por esta Corte.

II.l. Das demais irregularidades

Em conclusão, listam-se as seguintes irregularidades, imputadas à demandada no Pronunciamento Técnico e não impugnadas em sua defesa:

• Incompatibilidade nos dados relativos ao ativo financeiro disponível: o Balanço Patrimonial/2012 aponta disponibilidades da ordem de R$54.834.066,18, mas a soma dos extratos/conciliações, localizados em pasta AZ, evidencia disponibilidades no montante de R$49.387.096,91 (quarenta e nove milhões trezentos e oitenta e sete mil noventa e seis reais e noventa e um centavos), existindo uma divergência de R$5.446.969,27 (cinco milhões quatrocentos e quarenta e seis mil novecentos e sessenta e nove reais e vinte e sete centavos);

• Não há registros nas demonstrações contábeis dos valores referentes a precatórios judiciais. Inclusive, analisando este tópico, não detectamos os registros inerentes aos precatórios no Sistema SIGA, descumprindo a Resolução TCM nº 1282/09;

• No que toca à demonstração das variações patrimoniais, não foi apresentado o processo administrativo que respaldou a contabilização dos registros nas Variações Passivas da conta “baixa de ativo por responsabilização FINAM” no valor de R$3.300.331,00, o que viola o item 38, art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05. Como a gestora não se manifestou acerca desta irregularidade, opinamos pela instauração de inspeção in loco, tendo em vista a complexidade da matéria e o valor envolvido na possível irregularidade;

• Dívidas com o INSS: consta no Balanço Patrimonial de 2012 a contabilização das rubricas valores de terceiros e diversos, no montante de R$ 14.650.736,59, no Ativo Compensado, tendo a contrapartida, de mesmo valor, registrada no Passivo Compensado, principalmente acerca da conta “DIVERSAS COMPENSAÇÕES – Obrigações a Pagar ao RPPS”, no valor de R$12.932.993,54;

III. Conclusão

Ante o exposto, opino pela rejeição das contas da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde relativas ao exercício de 2012, aplicando-se multa com fundamento no art. 76, inciso III, da Lei Complementar nº 06/91.

Em adição, deve ser imputado à gestora o ressarcimento, com recursos próprios, de R$41.456,81 (quarenta e um mil quatrocentos e cinquenta e seis reais e oitenta e um centavos), ao tesouro municipal, em razão do quanto exposto nos itens II.d e II.e, bem como de ressarcimento, com recursos municipais à conta específica relativa a Royalties/FEP/CFRM/CFRH, da quantia de R$473.168,63 (quatrocentos e setenta e três mil cento e sessenta e oito reais e sessenta e três centavos), conforme exposto no item II.f.

O presente opinativo baseou-se na veracidade e completude das informações e relatórios contidos nos presentes autos.

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É o parecer, salvo melhor juízo.”.

Analisado o processo, cumpre à relatoria as observações seguintes:

3. ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Esteve sob a responsabilidade da 1ª IRCE o acompanhamento da execução orçamentária e da gestão financeira, operacional e patrimonial da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, cujo resultado se encontra consubstanciado na Cientificação/Relatório Anual, cumprindo registrar as irregularidades seguintes:

a) inobservância de preceitos das leis federais nºs 4.320/64 e 8.666/93;

b) ausência de remessa, pelo Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, de dados e informações da gestão pública municipal, em contrariedade ao estabelecido no art. 2o, da Resolução TCM no 1.282/09;

c) realização de gastos exorbitantes com a contratação de servidores temporários, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública, apontando o Ministério Público Especial de Contas para “a elevada proporção de servidores temporários em relação ao corpo efetivo da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, decorrendo desse excesso a destinação, para as contratações temporárias, de 49,19% dos recursos despendidos com o quadro de pessoal do Município. Além disso, constatou-se o aumento de 21,64% na participação relativa do pessoal temporário quando comparado ao exercício anterior”;

d) realização de despesas ilegítimas com juros e multas por atraso de pagamentos, pelo que se imputa à gestora o ressarcimento aos cofres públicos municipais da importância de R$220,51, a ser atualizada e acrescida de juros de mora de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais;

e) ausência de comprovação da legitimidade do pagamento de diárias, pelo que se imputa à gestora o ressarcimento aos cofres públicos municipais da importância de R$12.000,00, a ser atualizada e acrescida de juros de mora de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais;

f) não encaminhamento de processos de licitação, dispensa e/ou inexigibilidade de licitação a este TCM/BA, totalizando R$3.677.918,00, em contrariedade ao estabelecido na alínea “c”, do inciso 1º, do § 2º, do art. 4º, da Resolução TCM nº 1.060/05;

g) “ausência de comprovação quanto ao recebimento do auxílio financeiro relativo ao Programa PAS – Programa de Acolhimento Social de Complementação de Renda, ressaltando o inspetor que apenas foram encaminhadas relações com os nomes dos beneficiários, CPF (muitos com a numeração incompleta) e os valores percebidos, desacompanhados dos 26

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respectivos comprovantes bancários, essenciais para demonstrar a correta destinação dos recursos. Ao longo do ano, o montante concedido a título de beneficio totalizou a quantia de R$25.283.126,00 (vinte e cinco milhões duzentos e oitenta e três mil cento e vinte e seis reais)”, cumprindo à relatoria acolher a sugestão do Ministério Público Especial de Contas, no sentido de que, “tendo em vista a singela documentação acostada pela gestora, sugere-se a realização de inspeção in loco para verificar (i) a regularidade da instituição do programa, (ii) o preenchimento dos requisitos legais pelos beneficiários e (iii) a higidez dos pagamento dos referidos benefícios”;

h) não comprovação da veiculação/publicação de matéria/informe institucional pago, pelo que se imputa à gestora o ressarcimento aos cofres públicos municipais da importância de R$19.546,00, a ser atualizada e acrescida de juros de mora de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais;

i) ausência de legitimidade na contratação direta de empresa de assessoria/consultoria para o exercício de funções típicas do setor de contabilidade e/ou empresa de contabilidade, qual seja, a transmissão de dados para o Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, pelo que se imputa à gestora o ressarcimento aos cofres públicos municipais da importância de R$169.200,00, a ser atualizada e acrescida de juros moratórios de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais;

j) não encaminhamento de processos de pagamento à IRCE, pelo que se imputa à gestora o ressarcimento aos cofres públicos municipais da importância de R$31.950,00, a ser atualizada e acrescida de juros moratórios de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais;

k) realização de gastos exorbitantes com a contratação de empresas de assessoria e/ou consultoria, totalizando R$1.930.535,24, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública;

l) realização de gastos expressivos com a promoção de eventos e festas, totalizando R$6.205.323,86, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública, agravada pela ausência de licitação para a contratação das empresas promotoras de eventos, sob o argumento descabido de que as contratações se encontrariam respaldadas pelo inciso III, do art. 25, da Lei Federal nº 8.666/93, o que não procede;

m) realização de gastos excessivos com a logística de distribuição de cestas básicas de páscoa e peixe, totalizando R$67.710,00, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública;

n) acréscimos nas obras, serviços ou compras acima de 25% do valor inicial atualizado do contrato, restando evidenciado o pagamento a maior de R$942.414,49, pelo que se determina à CCE a lavratura do competente termo

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de ocorrência, visando à apuração, sobretudo, da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado e a plausibilidade dos acréscimos praticados em percentuais superiores a 25% dos valores iniciais atualizados dos contratos;

o) ausência de legitimidade na contratação de escritórios de advocacia para a prestação de serviços da competência exclusiva da Procuradoria Jurídica, conforme anotação da 1ª IRCE na Cientificação/Relatório Anual, totalizando R$733.635,24, pelo que se determina à CCE a lavratura do competente termo de ocorrência;

p) prorrogações indevidas de contratos, sob o argumento descabido de que as prorrogações encontrariam respaldo no inciso II, do art. 57, da Lei Federal nº 8.666/93, tendo a Prefeitura Municipal atribuído indevidamente a contratos celebrados com algumas empresas o caráter de prestação de serviços continuados, favorecendo essas empresas com aditivos contratuais, sem submetê-las ao obrigatório procedimento licitatório;

q) realização de despesas em benefício de empresas com contrato vencido, com prorrogação tácita irregular dos contratos pela Prefeitura Municipal, em desacordo com o disposto no § 2º, do inciso II, do art. 57, da Lei Federal nº 8.666/93;

r) realização de despesas exorbitantes com a aquisição de brinquedos para distribuição gratuita aos alunos do ensino fundamental, totalizando R$750.578,19, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública, pelo que se determina à CCE a lavratura do competente termo de ocorrência, visando à apuração, inclusive, da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado;

s) realização de gastos excessivos com a locação de veículos, totalizando R$14.510.159,64, em contrariedade aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública, pelo que se determina à CCE a lavratura de termo de ocorrência, visando à apuração, inclusive, da efetiva prestação dos serviços sobreditos e da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado.

Em relação aos exageros cometidos na contratação de pessoal e de empresas de assessoria e consultoria, não é possível ignorar o entendimento do Ministério Público Especial de Contas, com o qual concordamos, “in fine”:

“Cumpre ressaltar que o preenchimento de cargos e funções públicas deve ser orientado pelo princípio da eficiência e da prestação adequada da função afetada ao servidor. Considerando a extensão do quadro de pessoal do município de São Francisco do Conde, questiona-se a necessidade de vultosas e numerosas assessorias, nos diversos setores. Em outras palavras, ante o panorama fático, é verdadeira uma das duas preocupantes assertivas: (i) as assessorias de apoio à administração pública são desnecessárias, considerando a existência de pessoal para suprir as necessidades públicas, questionando-se, assim, as contratações das referidas empresas, ou (ii) parte

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significativa do funcionalismo do município não desempenha suas funções a contento, o que impõe a contratação abundante de assessorias, questionando-se, por isso, as excessivas contratações de pessoal.”.

4. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O Plano Plurianual – PPA para o quadriênio 2010/2013 foi analisado na prestação de contas de 2010.

A Lei Municipal nº 213, de 28/06/2011, aprovou as Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício financeiro de 2012, contemplou as disposições preconizadas no parágrafo 2º, art. 165 da Constituição Federal, e foi publicada no Diário Oficial dos Municípios em 10/08/2012.

A Lei Orçamentária Anual (LOA), nº 241, de 02/01/2012, estimou a receita e fixou a despesa para o exercício financeiro de 2012 no montante de R$404.568.600,00, compreendendo os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, nos valores de R$295.794.896,40 e de R$108.773.703,60. Não houve comprovação da publicação da LOA.

A Lei Orçamentária autorizou abertura de créditos adicionais suplementares no limite e com os recursos abaixo indicados:

a) 40% do superávit financeiro;b) 40% excesso de arrecadação;c) 40% das dotações quando por anulação parcial ou total das dotações.

Em 06/06/2012 foi publicada a Lei nº 265/2012 que aumentou cada um dos limites acima para 70% e a de nº 275/2012, publicada em 31/10/2012, que aumentou os limites citados para 100%.

A Programação Financeira e o Cronograma de Execução Mensal de Desembolso para o exercício de 2012 foram aprovados pelo Decreto nº 1.120.

O Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD) do Poder Executivo Municipal para o exercício de 2012 foi aprovado pelo Decreto nº 1.113.

5. ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

5.1 CRÉDITOS ADICIONAIS SUPLEMENTARES

Na diligência final foi comprovada a abertura e a contabilização de créditos suplementares no montante de R$144.973.186,90, sendo R$114.459.899,63 por anulação de dotações e R$30.513.287,27 por superávit financeiro. Constatou-se o cumprimento do art. 167, V da Constituição Federal – CF, em razão da edição das leis nº 265 e 275/2012 (fls. 34 a 40 pasta az 01 – Pronunciamento Técnico). No entanto, cabe a advertência contida no Parecer MPEC nº 339/2013 a respeito do encaminhamento da documentação na ocasião da prestação de contas.

5.2 CRÉDITOS ADICIONAIS ESPECIAIS 29

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Houve a abertura e a contabilização de créditos especiais no montante de R$25.877.562,08. Na diligência final, foram encaminhadas as leis de nº 251, R$16.833.400,27que autorizaram as alterações (fls. 41 a 73 pasta az 01 – Pronunciamento Técnico), conforme demonstrado abaixo. Constatou-se o cumprimento do art. 167, V da CF.

Lei nº Decreto nº Valor R$ Data

251 1137 16.833.400,27 16/02/2013

254 1157 220.000,00 27/03/2012

270 1284 1.957.656,71 13/09/2012

277 1309 6.866.505,10 07/11/2012

Total 25.877.562,08

5.3 ALTERAÇÕES DE QDD

Foram promovidas e contabilizadas alterações no QDD no montante de R$12.407.249,45.

6. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

6.1 DECLARAÇÃO DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

Os demonstrativos contábeis foram assinados por contabilista registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Foi anexada a Certidão de Regularidade Profissional – CRP, em cumprimento ao disposto na Resolução n° 1.402/12 do Conselho Federal de Contabilidade.

6.2 CONFRONTO COM AS CONTAS DA CÂMARA

Não foram identificadas irregularidades na incorporação do movimento da Câmara ao do Executivo.

6.3 CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS – CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA

Os demonstrativos contábeis foram encaminhados de forma consolidada, em atendimento ao disposto no art. 50, III da LRF.

6.4 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO

Da análise do Balanço Orçamentário, verificou-se que dos R$404.568.600,00 estimados para a receita foram arrecadados R$405.380.936,87, equivalentes a 100,20% da previsão. Em relação às despesas, houve a fixação de R$435.081.887,27 e a execução de R$421.002.987,21, correspondentes a 96,76% da autorização. Do confronto entre as receitas arrecadadas e as despesas realizadas resultou um déficit orçamentário de R$15.622.050,34.

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De acordo com a classificação estabelecida pela ABOP – Associação Brasileira de Orçamento Público, relativamente aos valores globais, o orçamento foi classificado como “ótimo”.

6.5 BALANÇO FINANCEIRO

As receitas e as despesas foram compostas conforme demonstrado a seguir:

Receita Valor R$ Despesa Valor R$

Orçamentária 405.380.936,87 Orçamentária 421.002.987,21

Extraorçamentária 67.090.360,10 Extraorçamentária 79.659.838,57

Interferência Financeira 165.668.328,35 Interferência Financeira 163.028.362,80

Saldo do exer. anterior 80.385.629,44 Saldo p/exerc. seguinte 54.834.066,18

Total 718.525.254,76 Total 718.525.254,76

6.6 BALANÇO PATRIMONIAL

O saldo patrimonial apurado de 2012 foi um Ativo Real Líquido de R$23.734.942,64, resultado da soma Passivo Real Descoberto de 2011, de R$159.916.525,69, com o superávit de R$183.651.468,33, conforme o Demonstrativo das Variações Patrimoniais/2012.

A situação patrimonial da Entidade no exercício de 2012 está demonstrada a seguir:

Ativo 2012 2011 Passivo 2012 2011

Financeiro 57749117,73 86.051.253,31 Financeiro 31.663.195,26 42.512.881,43

Permanente 168.407.582,86 145.875.805,61 Permanente 170.758.562,69 349.330.703,18

PRD (1) - 159.916.525,69 ARL (2) 23.734.942,64 -

Compensado 14.650.738,59 26.238.602,76 Compensado 14.650.738,59 26.238.602,76

Total 240.807.437,18 418.082.187,37 Total 240.807.437,18 418.082.187,37

(1) Passivo Real Descoberto. (2) Ativo Real Líquido.

6.6.1 ATIVO FINANCEIRO

6.6.1.1 DISPONÍVEL

O saldo registrado no disponível foi de R$54.834.066,18. No entanto, o somatório dos saldos conciliados foi de R$$49.387.096,91. Houve uma diferença de R$5.446.969,27 entre o saldo conciliado e o o contabilizado. Na defesa, a Gestora encaminhou os extratos no total de R$5.230.515,70 (fls. 74 a 93 pasta az 01 – Pronunciamento Técnico). Desta forma, o saldo comprovado aumentou para R$54.617.612,61. Restou uma diferença de R$216.453,56 relativa ao saldo bancário da Câmara Municipal registrado no balanço patrimonial, houve o descumprimento ao disposto no art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/2005.

6.6.1.2 ATIVO REALIZÁVEL

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Questionou o pronunciamento técnico a respeito da origem e das ações implementadas para regularização da conta de responsabilidade, no total de R$58.918,87, e da conta de antecipações, no montante de R$2.341.122,18.

Relativamente às contas de responsabilidade, valor R$58.918,87, apesar de a Gestora ter informado que encaminhou os comprovantes de desconto destes valores em folha os documentos não foram localizados. Considerando que houve redução da conta, em relação ao saldo do balanço de 2011 (de R$3.335.959,56 para R$58.918,87), alerta-se à Administração para a adoção de medidas para a cobrança dos valores, sob pena de responsabilização pessoal da Gestora pela restituição dos valores.

Quanto ao saldo de antecipações, no valor de R$2.341.122,18, considerando que a mesma observação foi feita no parecer prévio relativo às contas de 2011, que a Gestor não se pronunciou a respeito da matéria e que não houve comprovação da adoção de providências para o retorno dos recursos ao tesouro municipal, determina-se à Gestora a restituição aos cofres Municipais, com recursos pessoais, da quantia de R$2.341.122,18, corrigida na forma de Resolução TCM nº 1.125/2005.

6.6.2 DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA

Conforme pronunciamento técnico, o saldo da dívida ativa tributária foi de R$4.000.568,83. Em 2012, houve a cobrança de R$624.934,96, correspondentes a 15,62% do saldo inicial, e inscrições de R$704.590,19, o que resultou no saldo de R$4.080.224,06. Questionou o pronunciamento técnico a respeito das medidas adotadas para a cobrança dos créditos, para o atendimento do disposto no art. 11 da LRF.

A Gestora não se pronunciou a respeito. Alerta-se para a continuidade das ações para a cobrança dos valores, sob pena de responsabilidade e de comprometer o mérito de contas futuras.

6.6.3 DÍVIDA ATIVA NÃO TRIBUTÁRIA

Conforme pronunciamento técnico, o saldo da dívida ativa não tributária foi de R$20.721.011,25. Em 2012, houve a cobrança de R$73.297,81, correspondentes a 0,35% do saldo inicial, inscrições de R$11.548.676,27 e não houve atualização monetária, o que resultou no saldo de R$32.196.389,71. Questionou o pronunciamento técnico a respeito das medidas adotadas para a cobrança dos créditos.

A Gestora não se pronunciou a respeito. Alerta-se para a obrigatoriedade da cobrança dos valores, sob pena de responsabilização pessoal e de caracterizar ato de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92, art. 10, X), com a consequente representação ao Ministério Público do Estado. A Gestora deve observar o alerta contido no item 13 – MULTAS E RESSARCIMENTOS.

6.6.4 ATUALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA

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Não foi verificado o registro na conta. A Gestora não se pronunciou a respeito. Alerta-se para a correta apresentação dos demonstrados nos balanços patrimoniais.

6.6.5 INVENTÁRIO DOS BENS PATRIMONIAIS

O inventário não foi encaminhado, em descumprimento ao disposto no art. 9º, item 18 da Resolução TCM nº 1.060/2005.

6.6.6 PASSIVO FINANCEIRO / DÍVIDA FLUTUANTE

O saldo da dívida flutuante de 2011 foi de R$42.512.881,43. Em 2012, houve a inscrição de R$82.993.240,93 e a baixa de R$93.842.927,10, o que resultou no saldo de R$31.663.195,26.

A respeito dos saldos de ISS e de IRRF, alerta-se à Administração que são receitas orçamentárias do Município, nos demonstrativos individuais devem constar os débitos das entidades municipais com o Município e os créditos do Município contra estas e vice-versa. No momento da consolidação das contas, ocorre a compensação dos valores.

6.6.7 PASSIVO PERMANENTE / DÍVIDA FUNDADA

Em 2011, o saldo da Dívida Fundada Interna foi de R$166.639.144,72. Em 2012, houve a inscrição de R$14.775.806,70 e a baixa de R$10.706.708,70, o que resultou no saldo de R$170.708.242,72.

Os comprovantes das dívidas registradas no passivo permanente do passivo permanente, com exceção do PASEP, no valor de R$2.751.997,20, e do FGTS, no valor de R$155.491,15 não foram encaminhados na diligência final, em descumprimento ao disposto no item 39, art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/2005.

6.6.8 PRECATÓRIOS JUDICIAIS

Não houve registro nesta conta.

6.6.9 DÍVIDA CONSOLIDADA LÍQUIDA

Conforme o Balanço Patrimonial, a Dívida Consolidada Líquida do Município foi de R$123.720.435,43, equivalentes a 31,09% da Receita Corrente Líquida – RCL de R$397.820.081,23, dentro do limite de 1,2 vezes da RCL, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução n.º 40, de 20/12/2001, do Senado Federal.

6.6.10 ATIVO COMPENSADO

Questionou o pronunciamento técnico a respeito no grupo compensado no valor de R$14.650.736,59, sobretudo a respeito do registro na conta “DIVERSAS COMPENSAÇÕES – Obrigações a Pagar ao RPPS”, no valor de R$12.932.993,54.

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Na defesa, a Gestor anexou documentos que comprovaram o parcelamento dos débitos do Município com o Instituto. Estes valores deverem constar nos balancos individuais dos entes; no passivo permanente do Município e no ativo do IPM, com a consequente repercussão no resultado nestes demonstrativos. Na consolidação das contas, eles se compensam, conforme normas de consolidação. Adverte-se para a correta apresentação dos demonstrativos contábeis, sob pena de repercussão negativa no mérito de contas futuras.

6.7 RESTOS A PAGAR X DISPONIBILIDADE FINANCEIRA

Verificou-se a inexistência de saldo financeiro para o pagamento dos restos a pagar inscritos em 2012, em descumprimento do artigo 42 da LRF.

Discriminação Valor R$

(+) Caixa e Bancos 54.834.066,18

(+) Haveres Financeiros 209.536,87

(=) Disponibilidades 55.043.603,05

(-) Consignações e Retenções Cancelados irregularmente -

(-) Consignações e Retenções 11.467.212,06

(-) Restos a Pagar Cancelados Irregularmente – PP/2011 -

(-) Restos a Pagar de Exercícios Anteriores 1.724.511,10

(=) Disponibilidade Financeira 41.851.879,89

(-) Restos a Pagar do Exercício 14.121.265,59

(-) Despesas de Exercícios Anteriores – DEA (pagas em 2013) 132.952,98

(=) Saldo 27.597.661,23

6.8 DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

Em 2012, houve o pagamento de despesas de exercícios anteriores – DEA 2012 no valor de R$347.704,64, equivalentes a 0,08% das despesas autorizadas, no total de R$421.002.987,21.

6.9 DEMONSTRATIVO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Em 2012, houve Variações Ativas no total de R$1.138.656.992,94 e Variações Passivas no montante de R$955.005.524,61, o que resultou no superávit de R$183.651.468,33.

Questionou o pronunciamento técnico a respeito da natureza e da origem do registro da rubrica “ajustes de saldos exerc. anteriores” no valor de R$182.691.558,46. Em análise das contas do Instituto de Previdência Municipal – IPM, verificou-se que foram provisões lançadas pelo Instituto e baixadas em 2012. Não houve elementos para caracterizar irregularidade.

A respeito do registro nas Variações Passivas da conta “baixa de ativo por responsabilização FINAM” no valor de R$3.300.331,00, na defesa, a Gestora alegou que o valor foi baixado e inscrito na dívida ativa não tributária (fls. 218 a 226, pasta Az 01 - Pronunciamento Técnico). A irregularidade foi sanada. No

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entanto, a providência tomada não exime a Gestora de cobra os créditos, conforme observação contida no item 6.6.3 – “Dívida Ativa Não Tributária”.

A respeito da ausência dos processos administrativos que respaldariam as baixas nas contas “Baixa de Obrigações a Pagar de 13º – Pagamento”, de R$11.402.994,09, e “Inscr. Contrib. Previd. Devidas: Pref. Servidor”, de R$514.903,08, na defesa, a Gestora informou que os lançamentos foram relativos a baixas de provisões. A relatoria considerou o apontamento justificado.

7. OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

7.1 EDUCAÇÃO

Foram aplicados R$112.321.301,15, equivalentes a 30,99% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino, em atendimento ao estabelecido no art. 212, da Constituição Federal, que exige a aplicação mínima de 25%.

7.2 FUNDEB

Foram aplicados R$19.847.279,39, equivalentes a 90,97% dos recursos originários do FUNDEB, que totalizam R$21.705.760,40, na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, em atendimento ao estabelecido no art. 22, da Lei Federal nº 11.494/07, que exige a aplicação mínima de 60%.

7.3 PARECER DO CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE SOCIAL DO FUNDEB

Consta dos autos o parecer do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, em atendimento ao disposto no art. 31, da Resolução TCM nº 1.276/08.

7.4 DESPESAS GLOSADAS NO EXERCÍCIO FINANCEIRO “SUB EXAMEN”

Não foram realizadas despesas com recursos provenientes do FUNDEB em atividades estranhas à educação básica.

7.5 DESPESAS GLOSADAS EM EXERCÍCIO(S) FINANCEIRO(S) ANTERIOR(ES)

Não existem pendências relacionadas a despesas glosadas em exercícios fi -nanceiros anteriores.

7.6 APLICAÇÃO MÍNIMA EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE

Foram aplicados R$66.167.164,21, equivalentes a 18,29% dos impostos e transferências, que totalizam R$361.727.066,18, em ações e serviços públicos de saúde, em cumprimento ao estabelecido no inciso III, do art. 77, do Ato das 35

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Disposições Constitucionais Transitórias.

7.7 PARECER DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE

Consta dos autos o parecer do Conselho Municipal de Saúde, em atendimento ao estabelecido no art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/08.

8. TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS AO PODER LEGISLATIVO

Os duodécimos repassados ao Poder Legislativo Municipal alcançaram a importância de R$24.761.860,94, em atendimento ao limite estabelecido nos incisos I e IV, do art. 29-A, da Constituição Federal.

9. REMUNERAÇÃO DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 066/2008 fixou os subsídios mensais da Prefeita em R$12.000,00, do Vice-Prefeito em R$9.000,00 e dos Secretários Municipais em R$9.000,00, sendo despendidos com os subsídios anuais da Prefeita R$144.000,00, do Vice-Prefeito R$50.200,00 e dos Secretários Municipais R$1.384.700,00, restando evidenciada a existência de incongruências em alguns pagamentos realizados, pelo que se determina à CCE a apuração de possíveis irregularidades, lavrando, se necessário, o competente termo de ocorrência.

10. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

10.1 LIMITE DA DESPESA TOTAL COM PESSSOAL

As despesas com pessoal alcançaram o montante de R$215.224.967,95, equivalente a 54,10% da receita corrente líquida de R$397.820.081,23, ultrapassando, consequentemente, o limite definido na alínea “b”, do inciso III, do art. 20, da Lei Complementar nº 101/00, devendo o Poder Executivo Municipal eliminar o percentual excedente, na forma prevista no art. 23, sem prejuízo da adoção das medidas estabelecidas no art. 22, ambos da Lei Complementar nº 101/00, sob pena da repercussão negativa nas contas futuras, sendo condenável, sob todos os aspectos, entidade do porte da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde contrair gastos com pessoal no montante de R$215.224.967,95, em demonstração inequívoca da falta de zelo da gestora com os recursos públicos municipais.

10.2 DESPESA TOTAL COM PESSOAL – PERCENTUAL EXCEDENTE (ART. 23 E 66 DA LRF) REFERENTE AO 1º QUADRIMESTRE DE 2012

A Prefeitura, no 1º quadrimestre de 2012, não ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

10.3 DESPESA TOTAL COM PESSOAL - REFERENTE AO 2º QUADRIMESTRE DE 2012

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De acordo com o Relatório de Prestação de Contas Mensal de agosto de 2012, a despesa de pessoal alcançou o montante de R$208.937.363,46, correspondendo a 54,98% da Receita Corrente Líquida de R$379.994.913,03, constatando-se, assim, o descumprimento do art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 - LRF.

10.4 DESPESA TOTAL COM PESSOAL – PERCENTUAL EXCEDENTE (Art. 23 da LRF) REFERENTE AO EXERCÍCIO DE 2011

A Prefeitura, no exercício de 2011, não ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

10.5 CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL

O total da despesa com pessoal efetivamente realizado pela Prefeitura, no período de julho de 2011 a junho de 2012, foi de R$203.891.410,68. A Receita Corrente Líquida somou o montante de R$386.148.121,99, resultando no percentual de 52,80%

No período de janeiro a dezembro de 2012, o total da despesa com pessoal efetivamente realizado pela Prefeitura correspondeu a R$215.224.967,95, equivalente a 54,10% da Receita Corrente Líquida de R$397.820.081,23, cumprindo acolher, em relação ao item 10.5, o Parecer nº 339/2013, proveniente do Ministério Público Especial de Contas, no sentido de que “a vedação do dispositivo mencionado não alcança o “aumento percentual do comprometimento da Receita Corrente Líquida”, sendo inservível o parâmetro utilizado. Resta, portanto, prejudicada a análise deste item”.

10.6 CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES TEMPORÁRIOS EM NÚMERO EXCESSIVO

Analisando-se o Sistema Integrado de Gestão e Auditoria – SIGA, exercício de 2012, constata-se a existência de trabalhadores temporários em número excessivo, representando o percentual de 46,62% do total da folha de pagamento do Poder Executivo, conforme demonstrado:

SERVIDOR TOTAL FOLHA %

Pessoal Ativo 94.869.831,42 53,38

Contratado Temporariamente82.845.822,67 46,62

SOMA 177.715.654,09 100

Registre-se que sobre o mesmo tema, foi lavrado nesta Corte de Contas o Termo de Ocorrência Processo TCM nº 30.671-10.

10.7 RELATÓRIOS RESUMIDOS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DE GESTÃO FISCAL

10.7.1 PUBLICIDADE

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Constam dos autos os relatórios resumidos da execução orçamentária correspondentes ao 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e os relatórios de gestão fiscal correspondentes ao 1º, 2º e 3º quadrimestres de 2012, acompanhados dos demonstrativos com os comprovantes de sua divulgação, em atendimento ao estabelecido nos arts. 6° e 7°, da Resolução TCM n° 1.065/05, no art. 52, da Lei Complementar n° 101/00 e no § 2°, do art. 55, da Lei Complementar n° 101/00.

10.8 AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Constam dos autos as atas das audiências públicas relativas ao 1º, 2º e 3º quadrimestres de 2012, em atendimento ao disposto no § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00.

11. RELATÓRIO ANUAL DE CONTROLE INTERNO

O relatório anual de controle interno não atende às exigências constantes dos incisos I a IV, do art. 74, da Constituição Federal, dos incisos I a IV, do art. 90, da Constituição do Estado da Bahia e da Resolução TCM nº 1.120/05, pelo que se determina ao gestor a imediata capacitação do responsável pelo controle interno, para que sejam atendidas, em sua totalidade, as exigências das normas regentes do sistema de controle interno municipal, sob pena da sua incursão nas sanções legais previstas.

12. RESOLUÇÕES DO TCM/BA

12.1 ROYALTIES/FUNDO ESPECIAL/COMPENSAÇÕES FINANCEIRAS DE RECUROS MINERAIS E HÍDRICOS – RESOLUÇÃO TCM nº 931/04

Foram recebidos recursos provenientes de Royalties/FEP/CFRM/CFRH no montante de R$39.315.728,51, sendo identificadas despesas incompatíveis com a legislação vigente no montante de R$473.168,63, pelo que se determina a restituição à conta específica de Royalties/FEP/CFRM/CFRH, com recursos públicos municipais, no prazo de 30 (trinta) dias do trânsito em julgado da decisão, da importância de R$473.168,63, sob pena da lavratura do competente termo de ocorrência e da consequente incursão da gestora nas sanções legais previstas.

12.1.1 DESPESAS GLOSADAS EM EXERCÍCIO(S) ANTERIOR(ES)

Permanecem as seguintes pendências a restituir à conta corrente de royalties/ fundo especial/ compensações financeiras de recursos minerais e hídricos, com recursos pessoais do Sr. Antônio Carlos Vasconcelos Calmon:

Processo Responsável (eis) Natureza Valor R$ Observação

08344-09 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON

FEP 8.698.064,79 Conforme Parecer Prévio 004/10

Na resposta de diligência anual (item 8.1.2 – pasta A/Z 1), a gestora

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apresentou a petição inicial da ação judicial proposta contra o devedor acima identificado.

12.2 CIDE – RESOLUÇÃO TCM nº 1.122/05

Foram recebidos recursos provenientes da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE no montante de R$45.526,96, não sendo identificadas despesas incompatíveis com a legislação vigente.

12.3 REPASSE DE RECURSOS ÀS ENTIDADES CIVIS

No Pronunciamento Técnico não há qualquer indicativo do repasse de recursos a entidades civis sem fins lucrativos, a título de subvenção social ou auxílio, mediante convênio, acordo, ajuste ou outro instrumento congênere.

12.4 RESOLUÇÃO TCM Nº 1.060/05

12.4.1 DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS ALCANÇADOS

O Demonstrativo dos Resultados Alcançados atende ao disposto no item 30, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

12.4.2 RELATÓRIO DE PROJETOS E ATIVIDADES

O Relatório de Projetos e Atividades atende ao disposto no item 32, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 e no art. 45, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

12.5 TRANSMISSÃO DE GOVERNO

Constam dos autos documentos relacionados à transmissão de governo, em atendimento ao estabelecido na Resolução TCM nº 1.311/12.

13. MULTAS E RESSARCIMENTOS

Assinale-se, por pertinente, que o Município tem obrigação de promover a cobrança, inclusive judicialmente, dos débitos impostos pelo TCM, aos seus gestores, ressaltando que respeitantemente às MULTAS dita cobrança TEM de ser efetuada ANTES DE VENCIDO O PRAZO PRESCRICIONAL, “SOB PENA DE VIOLAÇÃO DO DEVER DE EFICIÊNCIA E DEMAIS NORMAS QUE DISCIPLINAM A RESPONSABILIDADE FISCAL”.

Tendo em vista que as decisões dos Tribunais de Contas impositivas de apenação de multas, ou de ressarcimentos, aos agentes públicos, têm eficácia de título executivo extrajudicial, na forma constitucionalmente prevista, caso não adimplidas voluntariamente, geram créditos públicos executáveis judicialmente, denominados DÍVIDA ATIVA NÃO TRIBUTÁRIA.

Assim, é dever da administração a cobrança do débito, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DO AGENTE QUE SE OMITIU AO CUMPRIMENTO 39

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DE SUA OBRIGAÇÃO.

No que concerne, especificamente, às MULTAS, a omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de TERMO DE OCORRÊNCIA para a fim de ser ressarcido o prejuízo causado ao Município, cujo ressarcimento, caso não concretizado, importará em ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

Na conformidade do Pronunciamento Técnico, existem pendências relativas ao não recolhimento de multas e/ou ressarcimentos impostos a agentes políticos municipais.

13.1 MULTAS

Processo Multado Venc. Valor R$

08551-06 ANTONIO PASCAL BATISTA 03/08/2007 27.400,00

05109-06 SANDRO VALENCA DA SILVA 05/10/2007 1.000,00

07266-07 SANDRO VALENCA DA SILVA 21/02/2008 2.000,00

07265-07 DARIO ALVES REGO 13/11/2008 500,00

07265-07 ANTONIO PASCOAL BATISTA 13/11/2008 15.000,00

07265-07 ANTONIO PASCOAL BATISTA 13/11/2008 32.400,00

06277-08 ANTONIO PASCOAL BATISTA 27/08/2009 20.000,00

06277-08 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 27/08/2009 10.000,00

06276-08 MARIA SONIA DA SILVA PINTO BATISTA 26/01/2009 500,00

02400-08 ANTONIO PASCAL BATISTA 17/10/2009 500,00

08344-09 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 22/07/2010 30.852,00

30676-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 09/08/2012 10.000,00

30625-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 30/10/2010 800,00

08672-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 30/01/2011 5.000,00

15767-09 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 06/06/2011 1.000,00

30683-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 15/07/2011 8.000,00

30626-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 29/07/2011 10.000,00

15273-07 ANTÔNIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 22/08/2011 5.000,00

08671-10 MÁRIO NOGUEIRA DOS SANTOS 17/10/2011 1.000,00

30900-10 ANTÔNIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 06/11/2011 500,00

30900-10 ANTONIO PASCOAL BATISTA 28/11/2011 1.200,00

30900-10 DARIO ALVES REGO 28/11/2011 700,00

07233-11 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 11/02/2012 20.000,00

07234-11 MÁRIO NOGUEIRA DOS SANTOS 11/02/2012 15.000,00

30791-11 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 20/05/2012 1.500,00

30790-11 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 30/06/2012 3.000,00

30072-11 MÁRIO NOGUEIRA DOS SANTOS 31/08/2012 2.000,00

30071-11 MÁRIO NOGUEIRA DOS SANTOS 20/07/2012 8.000,00

06131-11 ANTÔNIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 04/11/2012 30.852,00

30500-12 Srª Eleonor da Cruz Sales Nogueira 14/10/2012 1.000,00

30671-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 21/06/2013 36.000,00

07178-12 CARLOS ALBERTO BISPO CRUZ 16/12/2012 7.000,00

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07177-12 Rilza Valentim de Almeida Pena X 30/12/2012 36.000,00

04770-11 MARIA SÔNIA DASILVA PINTO BATISTA 22/06/2013 800,00

07886-11 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA X 02/08/2013 15.000,00

13.2 RESSARCIMENTOS

Processo Responsável(eis) Venc Valor R$

03826-96 ANTONIO PASCOAL BATISTA 28/01/1999 1.311,72

03826-96 ALOISIO CARVALHO DE SOUZA 28/01/1999 437,25

08759-01 OSMAR RAMOS 20/10/2001 6.345,51

00536-02 OSMAR RAMOS 03/02/2002 7.523,09

17804-01 OSMAR RAMOS 22/09/2003 241.908,71

15870-02 MARIA HELENA BATISTA MARQUE PERALVA 29/05/2004 105.166,55

15115-99 OSMAR RAMOS 07/11/2005 3.296.312,53

01316-04 ANTÔNIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 21/05/2006 26.610,54

08551-06 ANTÔNIO PASCOAL BATISTA 16/06/2007 719.563,57

07266-07 SANDRO VALENÇA DA SILVA 30/12/2007 133,29

07266-07 JOSÉ REIS DOS SANTOS 30/12/2007 133,29

07266-07 MARIA SÔNIA DA S. P. BATISTA 30/12/2007 103,29

07266-07 RILZA VALENTIM DE A PENA 30/12/2007 133,29

07266-07 VENILSON SOUZA CHAVES 30/12/2007 133,29

07265-07 DÁRIO ALVES REGO 16/05/2008 4.159,34

08344-09 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 30/03/2010 8.703.050,36

08671-10 MARIO NOGUEIRA DOS SANTOS 25/11/2011 48.535,35

08672-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 30/01/2011 128.256,26

06968-10 ANTÔNIO CARLOS VASCONCELOS 29/05/2011 4.396,86

06968-10 DARIO ALVES REGO 29/05/2011 1.174,65

06968-10 ANTÔNIO PASCOAL BATISTA 29/05/2011 1.568,93

06968-10 RILZA VALENTIN DE ALMEIDA PENA 29/05/2011 1.938,59

07233-11 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 11/02/2012 12.996,86

07234-11 MÁRIO NOGUEIRA DOS SANTOS 11/02/2012 293,42

06131-11 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 04/11/2012 7.459.176,44

30671-10 RILZA VALENTIM DE ALMEIDA PENA 15/12/2012 69.162,00

08802-12 DARIO ALVES REGO 24/06/2013 383,78

08802-12 ANTONIO PASCOAL BATISTA 24/06/2013 3.454,10

08802-12 ANTONIO CARLOS VASCONCELOS CALMON 24/06/2013 3.070,30

08802-12 RILZA VALENTIN DE ALMEIDA PENA 24/06/2013 4.605,46

07886-11 RILZA VALENTIM DE AALMEIDA PENA 02/08/2013 1.705.442,28

Foram colacionados aos autos na resposta de diligência anual (itens 9.1 e 9.2 – pasta A/Z 2) documentos relacionados a multas e/ou ressarcimentos, pelo que se determina à SGE o desentranhamento dos itens 9.1 e 9.2 – pasta A/Z 2 e seu posterior encaminhamento à CCE para análise.

VOTO

Diante do exposto, com fundamento nas alíneas “a” e “b”, do inciso III, do art. 40, combinado com o “caput”, do art. 43, da Lei Complementar Estadual nº 41

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06/91, é de se opinar pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde, correspondentes ao exercício financeiro de 2012, consubstanciadas no Processo TCM nº 8.540/13, de responsabilidade da Srª. Rilza Valentim de Almeida Pena, a quem se imputa, com respaldo na alínea “c”, do inciso III, do art. 76, da Lei Complementar Estadual nº 06/91, o ressarcimento aos cofres públicos municipais, com seus recursos pessoais, da importância de R$232.916,51 (duzentos e trinta e dois mil, novecentos e dezesseis reais e cinquenta e um centavos), a ser atualizada e acrescida de juros moratórios de 1% ao mês a partir da saída dos numerários dos cofres públicos municipais, e se aplica, com amparo nos incisos II e III, do art. 71, da Lei Complementar Estadual n° 06/91, multa no importe de R$38.065,00 (trinta e oito mil e sessenta e cinco reais), em atendimento ao limite estabelecido no art. 1º, da Resolução TCM nº 1.319/12, consoante Deliberação de Imputação de Débito (D.I.D.), que se constitui em parte integrante do parecer prévio expedido, cujos recolhimentos aos cofres públicos municipais deverão ocorrer no prazo máximo de 30 (trinta) dias do trânsito em julgado da decisão, através de cheque do próprio devedor e nominal à Prefeitura Municipal, sob pena de adoção das medidas previstas no art. 49, combinado com o art. 74, da Lei Complementar Estadual nº 06/91, com a cobrança judicial dos débitos, considerando que as decisões dos tribunais de contas que imputam débito e/ou multa possuem eficácia de título executivo, nos termos do § 3°, do art. 71, da Constituição Federal, e do § 1°, do art. 91, da Constituição do Estado da Bahia.

É de se determinar, outrossim, com respaldo na alínea “d”, do inciso I, do art, 76, da Lei Complementar Estadual nº 06/91, a promoção de representação ao Ministério Público Estadual, para que sejam adotadas as providências judiciais relacionadas ao(s) ilícito(s) penal(is) e/ou ato(s) de improbidade administrativa porventura cometido(s).

Determina-se à CCE:

- a apuração, através de inspeção “in loco”, da irregularidade relacionada à“ausência de comprovação quanto ao recebimento do auxílio financeiro relativo ao Programa PAS – Programa de Acolhimento Social de Complementação de Renda, ressaltando o inspetor que apenas foram encaminhadas relações com os nomes dos beneficiários, CPF (muitos com a numeração incompleta) e os valores percebidos, desacompanhados dos respectivos comprovantes bancários, essenciais para demonstrar a correta destinação dos recursos. Ao longo do ano, o montante concedido a título de beneficio totalizou a quantia de R$25.283.126,00 (vinte e cinco milhões duzentos e oitenta e três mil cento e vinte e seis reais)”, devendo ser averiguados, inclusive “(i) a regularidade da instituição do programa, (ii) o preenchimento dos requisitos legais pelos beneficiários e (iii) a higidez dos pagamento dos referidos benefícios”, lavrando, se for o caso, o competente termo de ocorrência, em acolhimento a sugestão do Ministério Público Especial de Contas;

- a lavratura de termo de ocorrência relacionado à ausência de legitimidade na contratação de escritórios de advocacia para a prestação de serviços da 42

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competência exclusiva da Procuradoria Jurídica, conforme anotação da 1ª IRCE na Cientificação/Relatório Anual, totalizando R$733.635,24;

- a lavratura de termo de ocorrência relacionado à realização de despesas exorbitantes com a aquisição de brinquedos para distribuição gratuita aos alunos do ensino fundamental, totalizando R$750.578,19, em completo desrespeito aos princípios constitucionais da razoabilidade, economicidade e moralidade pública, visando à apuração, inclusive, da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado;

- apuração de possíveis irregularidades no pagamento dos subsídios dos agentes políticos, lavrando, se necessário, o competente termo de ocorrência;

- a lavratura de termo de ocorrência relacionado a acréscimos nas obras, serviços ou compras acima de 25% do valor inicial atualizado do contrato, nos quais se evidenciou o pagamento a maior de R$942.414,49, visando à apuração, sobretudo, da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado e a plausibilidade dos acréscimos praticados em percentuais superiores a 25% dos valores iniciais atualizados dos contratos;

- a lavratura de termo de ocorrência relacionado à realização de gastos excessivos com a locação de veículos, visando à apuração, inclusive, da efetiva prestação dos serviços sobreditos e da compatibilidade entre os preços praticados e os de mercado.

Determina-se à SGE o desentranhamento dos itens 9.1 e 9.2 – pasta A/Z 2 e seu posterior encaminhamento à CCE para análise.

Encaminhar cópia do pronunciamento ao Exmº. Sr. Prefeito Municipal, para seu conhecimento e adoção das providências saneadoras cabíveis.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 03 de dezembro de 2013.

Cons. Francisco de Souza Andrade Netto Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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