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argarida ain- da não rece- beu indica- ções da far- macêutica para a qual trabalha como delegada de informação médica sobre como atuar perante o risco de contágio do novo coro- navírus. mas tomou medidas. "Quando combino uma reunião com um médico das urgências, peço para que seja cã fora, num café, por exemplo para evitar um possível contágio", conta à SÁBA- DO. Os colegas consideram que está a exagerar. "Dizem que estou a entrar em pânico, mas para mim faz todo o sentido: se o vírus se pode transmitir sem sintomas, não sabemos quem pode estar infeta- do. É uma questão de prevenção." Os médicos com quem contacta diariamente concordam. Um de- les referiu lhe que assim que houver casos confirmados cm Lisboa, vai enviar o filho peque- no, que tem problemas respirató- rios, para a casa dos avós no inte rior do País. Assim, diminui o ris co de o contaminar. Margarida também avisou o pai, doente cardíaco, que quando a doença, designada Covid 19, che gar ao País, vai evitar visita Io durante algumas semanas. É que são as pessoas com doenças cró nicas, como diabetes e problemas cardíacos, que correm mais risco de vida se forem contaminadas com o novo coronavírus. Mais: há uma semana chegou de Hong Kong um grupo de amigos emigrado, para umas férias em Portugal. "Não tinham sintomas quando entraram no avião, nem têm agora. Mas vou combinar um encontro com eles daqui a mais uma semana. Não vou arris- car", garante. Depois dos primeiros quatro ca- sos confirmados em Portugal no início de março, muitos outros irão surgir e a epidemia - trans- missão ativa do vírus - é conside- rada inevitável. natural que o vírus circulasse no País mais tempo", avança o médico de Saú- de Pública Lúcio Meneses de Al- meida. "Foi identificado agora porque os critérios de vigilância mudaram", explica. No início do surro, em janeiro, a Direção-Geral da Saúde definia como caso sus- peito alguém que tivesse sintomas de gripe - tosse, febre e dificul- dades respiratórias - e tivesse viajado recentemente para a Chi- na. No fim de fevereiro, quando os casos em Itália se multiplica- ram, os casos suspeitos passaram a incluir pessoas que tivessem viajado para os locais onde a transmissão do vírus afinge co- munidades: para além da China, o Norte de Itália, a Coreia do Sul, o Japão, Singapura e Irão. A epidemia é inevitável, consi- dera o médico. E nos próximos meses pode infetar cerca de um milhão de pessoas no País, segun- do o pior cenário previsto pela Direção-Geral da Saúde. MÃOS CHEIAS DE BACTÉRIAS: EVITE O CONTACTO FÍSICO O Perante um vírus tão infeccio- so, o que fazer? A primeira medi da de defesa é evitar o contacto sico com outras pessoas uma ta refa que poderá ser especialmente difícil em Portugal. "Somos um pais de beijoqueiros, mas agora será mais sensato passarmos a um cumprimento à distância", consi- dera Lúcio Meneses de Almeida. O hábito social causa espanto quando nem em ambiente hospi- talar c evitado. "O cumprimento de pessoas doentes hospitalizadas sempre foi considerado um risco de contágio com outros agentes. Mas aqui isso acontece", diz o A EPIDEMIA É INEVITÁ- VEL E PODERÁ AFETAR CERCA DE UM MILHÃO DE PESSOAS EM PORTUGAL Risco A Organização Mundial de Saú- de elevou o ris- co de contágio e impacto da Covid-19 em termos globais de alto para muito alto O Hospital São João, no Porto, esgotou os quar- tos de isolamen- to esta semana

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Page 1: Press Review page - ULisboa · pais de beijoqueiros, mas agora será mais sensato passarmos a um cumprimento à distância", consi-dera Lúcio Meneses de Almeida. O hábito social

argarida ain-da não rece-beu indica-ções da far-macêutica

para a qualtrabalha

como delegada de informaçãomédica sobre como atuar peranteo risco de contágio do novo coro-navírus. mas já tomou medidas.

"Quando combino uma reuniãocom um médico das urgências,peço para que seja cã fora, numcafé, por exemplo para evitar um

possível contágio", conta à SÁBA-DO. Os colegas consideram queestá a exagerar. "Dizem que estoua entrar em pânico, mas para mimfaz todo o sentido: se o vírus se

pode transmitir sem sintomas, nãosabemos quem pode estar infeta-do. É uma questão de prevenção."

Os médicos com quem contactadiariamente concordam. Um de-les referiu lhe que assim quehouver casos confirmados cmLisboa, vai enviar o filho peque-no, que tem problemas respirató-rios, para a casa dos avós no interior do País. Assim, diminui o ris

co de o contaminar.Margarida também avisou o pai,

doente cardíaco, que quando a

doença, designada Covid 19, che

gar ao País, vai evitar visita Iodurante algumas semanas. É quesão as pessoas com doenças crónicas, como diabetes e problemascardíacos, que correm mais riscode vida se forem contaminadascom o novo coronavírus.

Mais: há uma semana chegou de

Hong Kong um grupo de amigoslá emigrado, para umas férias em

Portugal. "Não tinham sintomas

quando entraram no avião, nemtêm agora. Mas só vou combinarum encontro com eles daqui amais uma semana. Não vou arris-car", garante.

Depois dos primeiros quatro ca-sos confirmados em Portugal noinício de março, muitos outrosirão surgir e a epidemia - trans-missão ativa do vírus - é conside-rada inevitável. "É natural que ovírus já circulasse no País há mais

tempo", avança o médico de Saú-

de Pública Lúcio Meneses de Al-meida. "Foi identificado só agoraporque os critérios de vigilânciamudaram", explica. No início do

surro, em janeiro, a Direção-Geralda Saúde definia como caso sus-

peito alguém que tivesse sintomasde gripe - tosse, febre e dificul-dades respiratórias - e tivesse

viajado recentemente para a Chi-na. No fim de fevereiro, quandoos casos em Itália se multiplica-ram, os casos suspeitos passarama incluir pessoas que tivessem

viajado para os locais onde atransmissão do vírus afinge co-munidades: para além da China, oNorte de Itália, a Coreia do Sul, o

Japão, Singapura e Irão.A epidemia é inevitável, consi-

dera o médico. E nos próximosmeses pode infetar cerca de ummilhão de pessoas no País, segun-do o pior cenário previsto pelaDireção-Geral da Saúde.

MÃOS CHEIAS DE BACTÉRIAS:EVITE O CONTACTO FÍSICOO Perante um vírus tão infeccio-so, o que fazer? A primeira medida de defesa é evitar o contacto físico com outras pessoas uma tarefa que poderá ser especialmente

difícil em Portugal. "Somos um

pais de beijoqueiros, mas agoraserá mais sensato passarmos a umcumprimento à distância", consi-dera Lúcio Meneses de Almeida.

O hábito social causa espantoquando nem em ambiente hospi-talar c evitado. "O cumprimentode pessoas doentes hospitalizadassempre foi considerado um riscode contágio com outros agentes.Mas aqui isso acontece", diz o

A EPIDEMIAÉ INEVITÁ-

VEL EPODERÁAFETARCERCADE UM

MILHÃO DEPESSOAS EMPORTUGAL

RiscoA OrganizaçãoMundial de Saú-

de elevou o ris-

co de contágioe impacto daCovid-19 em

termos globaisde alto paramuito alto

O Hospital SãoJoão, no Porto,esgotou os quar-tos de isolamen-to esta semana

Page 2: Press Review page - ULisboa · pais de beijoqueiros, mas agora será mais sensato passarmos a um cumprimento à distância", consi-dera Lúcio Meneses de Almeida. O hábito social

Como foi com a SARSA última pandemia de umcoronavírus infetou 8.000

A Síndrome RespiratóriaAguda Severa também provoca-va sintomas semelhantes aos da

gripe, como febre, dificuldades

respiratórias o dores muscula-

res, mas era mais letal que oCovid-19: cerca de 10% dos infe-

tados morreram. Porém era me-

nos contagiosa. Atingiu 30 paí-ses no mundo e apenas 8,000pessoas - 300 morreram.

professor de Microbiologia na Fa-culdade de Medicina de Lisboa,Thomas Hanscheid. 0 médicoalemão dá o exemplo dos britâni-cos que cumprimentam apenascom um movimento da cabeça. "É

a melhor forma de diminuir o ris-co de infeção."

Are é aconselhável esquivar-se a

um passou-bem. É que, apesardas indicações passadas na últimapandemia da gripe (a gripe A ouH1N1) cm 2009, são muitos os

que ainda espirram e tossem paraa palma da mão, em vez de o fa-zerem para o cotovelo.

Mais: as mãos tocam em tudo esão. por isso. um foco de infeção.Só em bactérias, encontram se

mais de 3.200 nas palmas das

mãos, segundo um estudo da Uni-versidade de Colorado, nos Esta-dos Unidos. As mulheres têmmaior diversidade de bactérias.

Depois de contaminadas, as mãostocam em mesas, cadeiras, portas e

maçanetas, barras de apoio dos

transportes públicos ou em botõesde elevadores, superfícies onde o

vírus sobrevive durante várias ho

ras ou até dias. Cientistas da Uni-versidade de Lcibniz. na Alemanha,

publicaram recentemente umaanálise de vários estudos sobre a

resistência dos coronavírus em di

versos tipos de superfícies e concluíram que estes podem sobrevi

ver ate nove dias em áreas de cerâ-mica, borracha, metal, plástico evidro. 0 estudo foi publicado na re-vista Journal of Hospital Infection.

A própria Organização Mundialde Saúde (OMS) sugeriu novasformas de cumprimento, indicando a vénia tailandesa como umdos melhores comportamentosnuma situação de pandemia. "Te-mos de nos adaptar a esta novadoença", escreveu a diretora do

Departamento de Doença Pandcmica, Sylvie Briand, no Twitter.

É muito difícil alterar um hábitocultural, mas pode-se fazer um

esforço:

A ministra da Saú-de, Marta Temido,e a dlretora-geralda Saúde, GraçaFreitas, anuncia-ram os primeirosdois casos positi-vos em Portugal

Waié o nome do

cumprimentotailandês. Signi-fica bcm-vindo

e inclui as mãos

postas nafrente do rostoem reverência

43casos

No dia 3 de mar-

ço tinham sido

detetados 43casos positivosdo Covid-19 na

Tailândia, apesardo cumprimen-

to assético

"MUITAGENTE NÃOSABE LAVARAS MÃOS. OPOLEGAR É

HABITUAL-MENTE ES-QUECIDO",

DIZ O MÉDI-CO THOMASHANSCHEID

• Toque nos cotovelos - comofazem os etíopes.

A distância entre si e o outrotambém é relevante para o conta

gio. Três passos, um pouco maisde um metro, é o intervalo minimo indicado pela OMS para o

evitar. "0 vírus transmite-se porgotículas que a essa distâncianão atingem a outra pessoa",salienta Lúcio Meneses de Almcida. "Apesar de ser muito conta-gioso, o coronavírus é menos do

que doenças que se transmitem

por via aérea, como o sarampo",compara

TENTE NÃO TOCAR NA CARA- E LAVE BEM O POLEGARO A distância é especialmenteimportante em locais fechados,como nos transportes públicos.Se tiver de os usar evite sentar-seou estar (unto de alguém que es

teja a espirrar ou a tossir. "Não é

só agora nesta situação - é sem-pre de bom senso não se sentar

junto de alguém que pareçadoente", considera LúcioMeneses de Almeida.

No metropolitano, no autocarroc no comboio pode ser difícilmanter esta distância cm horade ponta, mas pode proteger-seevitando tocar na cara duranteas viagens. O que, apesar de parecer simples, é tarefa muitocomplicada ao ser humano.

"Aprender a não tocar na cara é

muito difícil", confirma o micro-biólogo, Thomas Hanscheid. "Por

dia, tocamos umas 200 a 300 ve-zes na cara." E nem damos contade que o fazemos.

Por isso, a melhor forma de cvitar o contágio é lavar as mãoscom sabão. A lavagem enfraqueceo vírus que deixa de ter capacida-de para ser transmitido, mas atéaí há dificuldades. "Muita gentenão sabe lavar as mãos. Lava porpouco tempo e esquece-se de

partes. Por exemplo, o polegar é

habitualmente esquecido", garan-te Thomas Hanscheid.

Lavar as mãos deve durar entre20 e 40 segundos, período em

que se deve: O• Acene com as mãos;• Faça uma pequena vénia;

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O - Molhar as mãos com água esabão e esfregar as duas palmas;- Passar uma palma por cima

da parte de cima da mão, entrecruzando os dedos;

As autoridades de saúde reco-mendam também o uso de solu-ções com álcool para a higienedas mãos. Estas são mais eficazesa eliminar o vírus, mas acabam

por danificar a pule se forem usados constantemente.

EMPRESAS PREPARADASPARA MUITAS BAIXASO Todos estes cuidados devemser mantidos no local de trabalho."As pessoas que fazem atendi-mento ao público podem fazê-lorecuando um passo para trás",

explica o médico de saúde públi-ca Lúcio Meneses de Almeida.

Nos escritórios, evite aproximar-se dos colegas que estejam a tossir

e esteja atento aos sintomas deles."Todos os trabalhadores devem re

portar à sua chefia direta uma si-

tuação de doença (...) compatívelcom a definição de possível casode Covid-19". lê-se na orientaçãoda DGS direcionada às empresas.

A definição de caso suspeito é de

alguém com sintomas de gripe quetenha viajado para os países ondehá transmissão ativa do vírus: Itá-lia, China, Coreia do Sul, Japão,Singapura e Irão. Foi o que aconteceu com um dos primeiros casosconfirmados em Portugal: um mé-dico de fiO anos que linha estado

em Itália. Mas o segundo caso, ou-tro homem de 33 anos, testou po-sitivo ao novo coronavírus sem terpassado por estes países. Tinha es-tado em Espanha, onde, à hora defecho desta edição, havia 150 ca-sos confirmados, entre eles 13 pro-fissionais de saúde.

A autoridade da saúde reco-mendou ainda que as empresaselaborassem um plano de contin-gência que considere uma redu-ção da força de trabalho peranteo aumento do risco de epidemia:"A empresa deve estar preparadapara a possibilidade de parte (oua totalidade) dos seus trabalhado-res não ir trabalhar devido a

doença, suspensão de transportespúblicos, encerramento de esco-las e outras situações possíveis."

Perante o aumento previsível do

número de casos, o Governo ga-rantiu o pagamento a 100% dabaixa médica a todos os trabalhadores, do setor público e privado,

• Voltar a esfregar as palmas,entrecruzando os dedos;

• Lavar as pontas dos dedosnas palmas das mãos;

• Esfregar cada um dos pole-gares;

¦ Enxaguaras mãos e secá-lascom um toalhete de papel;

• Use o mesmo toalhete parafechara torneira.

O Curry Cabral éum dos hospitaisde Referência,em Lisboa, parareceber doentescom Covid-19

AlticeOs centrosclínicos da

Altice Portugal,que serve os

funcionários esuas famílias,

identificou salas

de isolamento

A ERAADIOU A

CONVENÇÃONACIONAL

QUEJUNTARIA

NO ALGARVEMAIS

DE 2.500PESSOAS

que fiquem doentes. "0 Governovai considerar as ausências de

trabalho determinadas pela auto-ridade de saúde como uma baixa

por internamento, paga a partirdo primeiro dia", disse o ministroda Economia Pedro Siza Vieira.

Algumas empresas já tomarammedidas preventivas. A farmacêu-tica Mylan distribuiu luvas cirúrgi-cas, máscaras, desinfetantes à

base de álcool e Betadine "verme-lho" a todos os delegados de in-formação médica. "Continuamos amonitorizar de perto c tomaremosmedidas adicionais mediante o

evoluir da situação", avançou a

responsável pela comunicação da

empresa, Susana Castilho.A cadeia de imobiliárias ERA

Portugal adiou a convenção na-cional, que nos dias 13 e 14 de

março, iria juntar mais de 2.500consultores imobiliários no Algarve. "Esta decisão enquadra-se nasmedidas de prevenção relaciona-das com a evolução dos casos de

propagação de coronavírus (Co-vid-19) na Europa, tendo ematenção as recomendações da Di

reção-Geral da Saúde às empre-sas", informou a imobiliária.

A Altice Portugal, com mais de8.000 trabalhadores, vai recorrerao teletrabalho. "Adiamento de

viagens aéreas não essenciais, emparticular para o continente asiático, e analise risco/beneficio de

viagens aéreas para países comcasos identificados, bem como a

vigilância e o apoio aos colaboradores que regressem de zonasinfetadas, e o recurso ao regimede teletrabalho, são algumasdas medidas que destacamos

SALAS PREPARADAS COMK/T DE SOBREVIVÊNCIAO Mas as empresas têm defazer mais. Se for detetado umfuncionário com sintomas deCovid 19, este tem de ser iso

lado numa sala preparadapara o receber. E a DGS reco-menda cuidado no encaminhamento do caso suspei- A

to entre os colegas: deve JRser evitado o local com WJk

mais trabalhadores e O I

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O sempre que possível asseguraruma distância superior a um metro.

A sala tem de estar equipada comum kit que inclua água e alimentosnão perecíveis para que o trabalhador possa aguardar o transportedo INEM, com algum conforto.Deve existir ainda uma soluçãoantissética de base alcoólica e

máscaras e luvas para o trabalhador com sintomas suspeitos usar cassim reduzir o risco de contágio.Se o caso for validado pela DGS

esta sala terá de ficar interditadaaté as autoridades de saúde locais

a desinfetarem.

Depois serão indentificados os

colegas que entraram em contactocom o doente, bem como familia-res e amigos. E, mesmo que não

apresentem sintomas, ser lhes á

pedido que fiquem em casa numisolamento voluntário.

Foi o que aconteceu na semanapassada, quando se soube que o

escritor chileno Luís Sepúlveda es-tava infetado com Covid-19, duas

semanas depois de ter estado naPóvoa de Varzim para o festivalliterário Correntes d Escritas. A

organização do festival pediu a

duas dezenas de funcionários quetiveram contacto com o escritor

que permanecessem em casa dv-

DUAS DEZE-NAS DE FUN-CIONÁRIOS

DO FESTIVALCORRENTESD'ESCRITASFICARAM EMISOLAMEN-TO SOCIAL

MedievalA quarentenafoi inventadacm Itália no

século XIV paracombater

a epidemiade peste negra

O médico deSaúde Pública,Lúcio Menesesde Almeidaconsideraa epidemiainevitável

rante 14 dias — o período de incu-

bação do vírus.Também quatro colaboradores da

Porto Editora, a editota do escritor

em Portugal, foram aconselhados aficar cm isolamento cm casa. Tal

como os escritores José Luís Peixo-to o Francisco José Viegas.

SIM, HÀ PESSOAS A ESPIRRARPOR CAUSA DA GRIPE COMUMO Em Irália, II localidades do

Norte do país, onde foi identificado

o foco da infeção, foram colocadasem quarentena. Foi montado umcordão sanitário de onde ninguémpode sair e só pessoas com autori

zaçâo podem entrar nestas áreas. A

ordem foi declarada pelas autori-dades de saúde italianas e c impos-ta pelo exército que montou postosde controlo na zona.

Este cenário é impossível emPortugal. A Constituição da Repú-blica não permite limitar a liber

MitosCirculam informações erradas

sobre o novo coronavírus

Jovensnão devem preocupar-se

É certo que os mais velhos sãomais vulneráveis à doença, mas

os jovens transmitem-na c porisso devem proteger-se

Alhocura a doença

A panta tem propriedades anti-

microbianas, mas não há evidên-cia de que proteja da doença

Secadoresmatam o vírus

Os secadores de mãos não temcapacidade para eliminar o vírus

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O FAÇA A LISTA DO QUEPRECISA DE TER NA DESPENSAO Quando a transmissão do ví-rus for generalizada só os casosmais graves serão hospitalizados."Na pandemia de gripe em 2009,quando o vírus estava muito dis-seminado, os diagnósticos deixa-ram de ser confirmados laboratorialmente. Perante os sintomas e

o contacto com alguém doente,fazia-se um diagnóstico de pre-sunção", recorda Lúcio Menesesde Almeida.

Quem não necessitar de cuidados

médicos, terá de esperar em casa

que o seu sistema imunitário en-frente a doença. É o que acontece acerca de 80% dos doentes com Co-vid-19 que desenvolvem umadoença ligeira, de acordo com a

Organização Mundial de Saúde.

A AUSTRÁLIARECOMENDATER UM TER-

MÓMETROE LUVAS

LÁTEXEM CASODE QUA-RENTENA

AdiadosCinco partidas

da primeira ligaitaliana, incluin-do um Juven-

tus vs. Inter de

Milão, foramadiadas devido

à epidemia

Mas não é preciso esperar que a

epidemia de Covid-19 seja declara-da no País para estar preparadopara uma eventual quarentena. NaAlemanha, a proteção civil federal

divulgou esta semana uma lista de

alimentos que as famílias devem ter

na dispensa por pessoa. Tome nota:

• 20 litros de água (indicadopara situações em que ocorreum corte de fornecimentode água potável);

• 3,5 kg de pão, batatas,massa ou arroz;

• 4 kg de vegetais frescose congelados;

• 2,6 kg de leite e derivados;• 1,5 kg de peixe, carne e ovos;• 2,5 kg de frutas - uma parte

fresca e outra em conserva- e nozes;

O efeito da primaveraA gripe perde força com ocalor, o coronavírus não

A epidemia da gripe é sa-zonal e os casos vão diminuin-do à medida que o frio ameni-za. 'Mas isso c porque os pes-soas deixam do se concentrarem espaços fechados", avisa o

professor de MicrobiologiaThomas Hãnscheid. Ainda

tistas consideram difí-

cil que o clima tenhaum efeito positivo.

não se sabe como secomportará o novo co-ronavírus, mas os cien-

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Não se esqueça de produtoscomplementares como farinha esal e alimentos de conforto comochocolate, bolachas e refeiçõesprontas.

Para além da alimentação, tenhacm atenção aos medicamentos

que precisa de ter à mão duranteos 14 dias. "A doença não tem tra-tamento. As indicações terapêuti-cas são o antipirético, como o pa-racetamol, para baixar a febre, e

muitos líquidos", enumera o presidente da Associação Nacionalde Médicos de Saúde Pública, Ri-cardo Mexia.

A autoridade nacional australia-na recomenda ter um termómetroem casa. bem como luvas de látex

• 0,375 kg de azeite e óleosalimentares.

para reduzir a contaminação das

superfícies em casa. Se toma me-dicamentos regularmente paradoenças crónicas, garanta quetem dosagens suficientes para o

período de isolamento. E aconse-lha ainda que se combine com umvizinho, amigo ou familiar que se

disponibilize a entregar algo de

que necessite à sua porta.

MISSÃO: EVITAR DISCUSSÕESDURANTE 14 DIAS EM CASAO É muito possível que se ficardoente toda a sua família tenha deficar em quarentena consigo. Ain-da assim há forma de os proteger:

• Apenas uma pessoa deveprestar-lhe os cuidados que ne-cessita - se possível alguémsem doenças crónicas e quenão esteja grávida;

• Permaneça num quarto coma porta fechada;

• Quando tiver de partilharuma sala comum com a famíliamantenha a distância de pelomenos um metro e use umamáscara de proteção parareduzir o risco de contágio;

• Se possível, reserveuma casa de banho para usoexclusivo;

• Mantenha separados osseus objetos pessoais comotalheres, pratos, copose escovas de dentes;

• E não partilhe a sua toalhade rosto e de banho.

As máscaras de proteção só de-vem ser usadas pelos doentes e

por quem toma conta destes. "Mal

utilizada, corre-se mais riscousando a máscara do que nãousando", garante Lúcio Menesesde Almeida. Esta tem de estarbem adaptada à cana do nariz e ã

boca, de modo a que não haja fa-lhas. E quando é retirada deve-selavar as mãos com sabão imediatamente antes detocar em qualquer outra coisa.

Para além disso, depois de hú-mida devido à respiração, a más-cara perde eficácia a proteger dovírus.

Ficar fechado em casa podetornar-se aborrecido e, se ficarcom a família, é muito provávelque surjam discussões. Tente dis

trair-se trabalhando a partir de

casa, se estiver em condiçõesfísicas para isso. Procure praticarexercício:

• Ligue o rádio e dance;• Faça ginástica ou Ioga;• Caminhe no quintal, se tiver.

Informe se sobre a doença parareduzir a ansiedade e explique às

crianças o que se passa com umalinguagem apropriada de modo adar lhes segurança de que se O

O COVID-19PODERÁ

TORNAR-SEPERMANEN-TE NA POPU-LAÇÃO MUN-DIAL. O SARS,EM COMPA-RAÇÃO, FOIELIMINADO

92mil

máscaras de

proteção foramvendidas emjaneiro em

Portugal - mais25.000 cio queno mesmo mêsdo ano passado

91mil

pessoas tinhamsido infotadas

pelo novocoronavírusno mundo à

hora de fechodesta edição

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O trata apenas de uma situaçãotemporária. E, para evitar as dis

cussões que 14 dias juntos certamente irão desencadear, tente

que cada um tenha um períododo dia sozinho.

NA IGREJA NÃO SE BENZANAS PIAS DE AGUA BENTAO No Norte de Itália, as igrejasforam encerradas e as missas sus-

pensas. Temeu se que o próprioPapa Francisco pudesse estar in-fetado, depois de ter surgido naPraça de São Pedro a espirrar. O

mundo católico suspirou de alivioquando o sumo pontífice, de 83anos. testou negativo para o Co

vid-19. Depois disso a Igreja deci-diu alterar, temporariamente, ai

guns rituais. "Para evitar situaçõesde risco, recomendamos algumasmedidas de prudência nas ceie

brações e espaços lifúrgicos", in-formou a Conferência EpiscopalPortuguesa em comunicado.

O gesto da paz, o momento em

que os fiéis se cumprimentam dvrante a missa, não será realizadodurante a epidemia. A comunhão,quando o sacerdote entrega ahóstia, deixa de ser feita à bocado católico e passa, obrigatoria-mente, a ser depositada na mão.E desaconselha-se que os fiéis se

benzam nas pias de água benta.Nesta fase, em que não há

transmissão ativa do vírus noPaís, ainda não é problemático aida a recintos fechados como ci-nemas e discotecas. Mas os cui-dados de higiene devem ser redobrados. Quanto a grandes eventosonde se juntam milhares de pes-soas, c mais sensato evitá-los. "Os

primeiros casos na Alemanha sur-

giram numa festa de Carnaval,num espaço fechado", avisa Tho-mas Hãnscheid.

Até as idas a um jogo de futebolterão de ser ponderado nos próxi-mos meses. "Ainda é muito cedo

para isso, mas num estádio c,

apesar de ser um espaço aberto,os adeptos estão muito próximosuns dos outros. E quando se mar-ca golo, os festejos envolvem

sempre abraços", adverte o professor de Microbiología.

DOENÇA COM MENOSPREVALÊNCIA NAS CRIANÇASO Nas creches e escolas, a higie-ne respiratória espirrar para ocotovelo - e a correta lavagemdas mãos será mais difícil de im

plementar. Felizmente, a doençatem menos incidência nas crian-ças com menos de 9 anos de idade. "Podemos ficar mais descan-sados porque há pouquíssimoscasos de doença grave em crianças", assegura o médico de SaúdePública Ricardo Mexia.

Alguns estabelecimentos toma-ram medidas preventivas. A Esco-la Alemã de Lisboa, por exemplo,pediu aos professores c pais dosalunos que nas férias do Carnavalse deslocaram para países de ris

co para fitarem em casa duranteos 14 dias de quarentena.

Já a Universidade de Lisboacancelou as deslocações de do-centes ao estrangeiro, às zonasafetadas, dando "prioridade à uti-lização de meios de trabalho à

distância" e adiou reuniões cientiticas e congressos internacio-nais. E as escolas foram aconse-lhadas a evitar a deslocação de

estudantes ao estrangeiro.

UM VÍRUS LETAL QUE SE VAIINSTALAR NO MUNDOO A entrada do vírus em Portu

gal era esperada e alguns cierttis

tas estrangeiros estranhavam aausência de casos. "Um colega daHolanda perguntou-me como era

possível não haver ainda nenhumcaso confirmado. Podemos nãoter detetado o vírus quando ele jácã estava", considera ThomasHanscheid.

É possível. Como a doença semanifesta de forma ligeira namaior parte dos casos, muitas

pessoas não chegam a procurarajuda médica e podem mesmonão considerar que estejaminfetadas com o Covid-19. Aindaassim estão a transmitir o vírus.Para os cientistas, isto poderáexplicar por que razão mesmocom quase 100 milhões de pes-soas em quarentena na provínciade Hubei, na China, o vírus con-seguiu chegar a 65 países (dadosde 3 de março).

Por isso, o pior cenário para os

médicos é que o vírus não desapareça de circulação entre a popula-ção mundial. "É natural que o vírusse torne endémico. Tem todas ascaracterísticas para se instalar nomundo, mesmo depois de resolvi-do este surto", diz o médico e mi

crobiólogo Thomas Hanscheid.Não foi o caso da SARS, vírus geneticamenfe próximo deste, queem 2004 foi contido com êxito eeliminado. "Quando não há hospedeiros, o vírus morre."

ABIOTEC-NOLÓGICAMODERNATEM 100

AMPOLAS DEUMA VACINA

PRONTAPARA SERTESTADA

VacinaNo fim de feve-

reiro havia 31

instituições o

farmacêuticasa desenvolvervacinas para o

Covid-19, se-

gundo a OMS

O médico de Saú-de Pública Ricar-do Mexia acredi-ta que os portu-

gueses vão acei-tar o isolamento

voluntário

43mil

O número dedoentes comCovid-19 querecuperaram

aproximava-sedos 43 mil

no dia 3 de

março

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Com o tempo, os seres humanosvão ganhando imunidade ao Co-vid-19, mas entretanto a doençatem uma taxa de fatalidade maiselevada do que a gripe, que o ano

passado matou mais de 3.000pessoas em Portugal, tm Wuhan,na China, cerca de 2% dos doen-tes detetados morreram. Mas forada China a taxa de fatalidade é de

0,7%. Isto quer dizer que o novovírus c três a 20 vezes mais letal

que o vírus da gripe.

UMA VACINA QUE JÁ FOITESTADA EM FRANGOSO for isso, todos os esforçosestão a ser concentrados nodesenvolvimento de uma vacina.Várias entidades entraram nacorrida para o conseguir, masainda vai demorar vários mesesaté haver uma vacina prontapara ser distribuída.

A empresa biotecnológica Mo-derna parece estar mais perto dalinha da meta. Usta semana,anunciou ter enviado 100 ampo-las de uma vacina chamadamRNA-1273 para o Instituto Na-cional de Alergias e Doenças In-fecciosas, nos Estados Unidos,

para se iniciar a fase 1 dos ensaiosclínicos cm humanos. Nesta cta

pa, c preciso apenas um pequenogrupo de pessoas para se verificarse a vacina produz efeitos adver-sos. Se as cobaias humanas res-ponderem bem ao preparado, avacina terá de ser testada em ter-mos de eficácia, isto é, se conse-

gue proteger contra o Covid 19.

Israel também está prestes ater uma vacina. Uma equipa decientistas do Instituto de Investi

gação da Galilcia estava há quatroanos a desenvolver uma vacinacontra o vírus da bronquite infec-ciosa (IVB) que afeta os frangos."Queríamos desenvolver umatecnologia e não especificamenteuma vacina", disse o líder da

equipa Chen Katz.Mas repararam que o genoma

do novo coronavírus era muitosemelhante ao IVB e usa o mesmomecanismo de infeção. A eficáciada vacina em frangos já foi testa-da. "Estamos no meio do processoe devemos ter uma vacina nas

próximas semanas." Seguem-sepelo menos três meses de ensaiosclínicos e outras tantos para a

produção em massa. O

Contactos úteisEsteja informado sobrea evolução da epidemia

Linha SNS 24 Em caso desintomas ligue para z linha desaúde 808 24 24 24

Direção-Geral da SaúdeA autoridade divulga no site

www.dgs.pt/corona-virusinformação sobre a coença e

a situação no País

União Europeia o Centro

Europeu do Prevenção eControlo de Doenças -www.ecdc.europa.eu -analisa a situação na Europa

Mundo A Organização Mun-dial de Saúde faz uma atualiza-

ção diária dos casos detetadosno mundo emwww.who.int/emergen-cies/diseases/novel-corona-virus-2019

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