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"VAU VER A FEIRA. O FREGUESES" Está na hora de largar a cultura de centro comercial e dar mais atenção ao que se anda a vender pelas feiras desta cidade. Catarina Mendonça Ferreira foi das mais tradicionais às mais novas e encontrou boas surpresas e oportunidades. Gonçalo F. Santos não pôde ajudara segurar nos sacos porque estava entretido a fotografar.

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"VAUVER A FEIRA.O FREGUESES"Está na hora de largar a cultura de centro comercial e dar mais atenção ao que seanda a vender pelas feiras desta cidade. Catarina Mendonça Ferreira foi das maistradicionais às mais novas e encontrou boas surpresas e oportunidades. Gonçalo F.

|Santos não pôde ajudara segurar nos sacos porque estava entretido a fotografar.

Vista de longe, a Feira do Relógio,

que preenche os dois sentidos daAvenida Santo Condestável, naBelavista, e se estende por cerca dedois quilómetros todos os domin-

gos de manhã, parece um campo de

refugiados, cheia de tendas e cober-turas abarracadas. Só mesmofazendo um zoom in é que se conse-

gue perceber a quantidade de genteque anda por lá às compras.

A Feira do Relógio nasceu espon-taneamente na segunda metade dadécada de 70, na Rua Pardal Mon-teiro, e quase 40 anos depois é amaior feira de Lisboa. A primeiraprova disso são os pregões que se vãoescutando aqui e ali. Logo pelas 7.00da manhã já os feirantes gritam aos

fregueses que "abram o olho", uma

expressão que tanto se aplica aosbons negócios que por ali se propõemcomo também aos amigos do alheio a

que é preciso estar atento. Cerca de

50% da feira está preenchida combancas de legumes, frutas, ovos,queijos e enchidos. Ao domingo, nãohá Pingo Doce ou Feira Nova - asduas grande superfícies ao lado -que possam competir com este mer-cado ao ar livre. E em tempo de valo-rizar o que é nosso, também osfeirantes já perceberam que colocaras proveniências dos produtos é umamais- valia. E esta política vale tanto

para os nossos como para os de

outras origens que também se encon-tram por lá. Numa banca cabo-ver-

diana, por exemplo, vende-se milho e

feijoca para cachupa e também parao xarém (papas de milho), numaoutra indiana há vegetais poucocomuns por cá.

Quem quer começar a sua produ-ção agrícola encontra matérias-pri-mas como pés de couve, alfaces outomates a 1€ para plantar em casaou tecidos vendidos a metro (6€)para fazer as suas próprias roupas.Ao lado, uma pilha de botas étnicasa 10€ prova que estas feiras acom-panham as tendências da moda.

E feira que é feira tem imitaçõesdas calças Levi's, das botas Timber-land e até de malas Prada (206) quede tão perfeitas quase enganamquem as compra. "Quem não apalpanão vê o material", convida umacigana, pronta a testar os seus produ-tos. Do outro lado, de uma pilha debules e chávenas alguém grita que"seis peças a um curo, ó fregueses".Mas por volta das 11.00, os freguesesconcentram se é nas rulotes de bifa-

nas, pregos e farturas, de cerveja namão, queodia já vai longo.

A crise não trouxe só a palavra auste-

ridade para o dia-a-dia dos portugue-

ses, também nos obrigou a olhar mais

para o umbigo e a dar valor ao que é

nosso. Luciana Megre e Anabela Oli-veira trataram de substituir esta pala-vra feia por outras mais agradáveiscomo "produtos portugueses de quali-dade, com design, bonitos, originais,com ícones portugueses, tradições e

ofícios". E como é que fizeram isto?

Convidando um grupo de artesãos

para uma feira onde é obrigatório cor-

responder a estes critérios. O resul-

tado é uma feira onde as pessoassabem que estão a comprar directa-

mente ao produtor (português) e onde

se mostram alguns projectos que, de

outra forma, não teriam visibilidade.

Uma vez por semana, o Jardim do

Campo Pequeno recebe não uma, masduas feiras. Até às 14.00, o mercado da

Agrobio traz à cidade os produtos bio-

lógicos de quintas como a do Vale

Pequeno, Arneiro e Mélias. Ao longodo dia, marcam presença na feira cercade 40 artesãos que podem ir variando

consoante o sábado em questão. Para

uns aquilo que vendem é a sua activi-dade principal, para alguns é umanova vida, para a maioria é comple-mento a outras actividades profissio-nais, mas todos são originais.

A banca mais colorida da feira é a

das molduras de Roberto Calle. O pro-jecto chama-se "Sete Ciganos e 12

caracóis", um nome que o artista plás-tico escolheu porque soava bem, mastambém porque ele é os sete ciganos, o

faz-tudo deste projecto. Os padrõessão todos criados por si e de certeza

que já viu alguns nas capas dos guiasConvida. Mas se esta é a banca mais

colorida, a mais perfumada é a dos

sabonetes artesanais Terra Viva, fei-

tos por Teresa e Mário Ferreira

segundo métodos tradicionais, sem

gorduras animais ou químicos e ven-didos no formato de barra, cupcake oufatia de bolo (de 2,56 a s€). Limão e

manteiga de karité, leite e rosas, canela

e lima são algumas das combinações.Entre a arquitectura e o design,

Rita Aragão e Inês Colaço encaixa-

ram o artesanato criando uma marca100% portuguesa em que cada peça- almofadas de cheiros, pulseiras,porta-moedas, cintos - tem um pre-

gão associado. O nome só podia ser

Pregoaria Nacional. Um pouco maisà frente, Teresa Carepo mostra o seu

projecto de cerâmica inspirada embordados portugueses e em copos de

café de plástico. Ao lado, Maria Cata-rina Fernandes vende anéis, prega-deiras e brincos em latão e esmalte. AKali Designs, marca de joalharia de

autor contemporânea, já fez sucessoem sítios como os Estados Unidos, oPeru ou o Nepal. Só estes artesãos

são a prova de que comprar portu-guês pode mesmo ser o caminho.

Há uma banca que os turistas

estrangeiros não largam na feira de

artesanato promovida pela Junta de

Freguesia de São José, na Praça da

Alegria, todos os primeiros e tercei-ros fins-de-semana do mês. É a de

Álvaro Almeida e dos seus azulejosque reproduzem padrões do séculoXIX vistos em prédios lisboetas. Éfácil perceber porquê: de todas asbancas que aqui mostram os seus

produtos, esta é a mais portuguesade todas, e os azulejos não são ape-nas decorativos, servem de tábuasde queijo, bases de quentes ou indi-viduais de mesa (56-206).

Numa feira em que muitas dasbancas oferecem malas e colares fei-tos em trapilho (desperdícios de

algodão), a criatividade e originali-dade marcam pontos. Os brincos,colares e pregadeiras de Paulo Cor-

deiro, feitos em prata e com bonecosminiaturas de projectos de arquitec-tura (246-80€) fazem parar muitagente, assim como a banca das Cria-turas Criativas de Óbidos, onde umartesão vai fazendo rolinhos de

papel - não um qualquer, tem de serde folhetos de supermercado - etransformando-os em caixas, brin-quedos e dominós. Mais sucesso

entre o público infantil tem a bancada Babusqa, uma marca que faz fan-toches de dedo e mão a partir de

massa fimo e tecido. "Aqui não há

personagens que paguem royaltiescomo as da Disney", conta MiguelBragança. Há capuchinhos verme-lhos e lobos maus, diabinhos e bran-cas de neve, Santo Antónios e D.Afonso Henriques, prontos a seremlevados para casa. A ideia é aproxi-mar pais e filhos e fazer com que ashistórias infantis não se percam no

tempo. Um pouco o mesmo que estafeira quer fazer pela vocação deste

jardim no meio da cidade, que entre1809 e 1835 serviu de palco à Feirada Ladra.

Ela comia chocolates no sofá, elebebia whisky, juntaram-lhe piri-piri eassim nasceu o Licor do Amor. Outrasduas amigas, uma do Porto e outra de

Lisboa, juntaram-se para um projectoque tem tanto de doce como de picante-a Sweet & Spicy Gourmet. Fazem

compotas originais como a de

morango com maracujá, cebola comvinho do Porto, pimento vermelho ou ageleia de champanhe, azeite e sal aro-matizados. Já Gina Ranta-nen reutiliza peças semutilidade e dá-lhes uma novavida. Uma lata de café podeser um candeeiro. Crente ou

não, não é preciso ser cató-lico para gostar dos relicá-rios de Carlos Soares, queprefere chamá-los de peçasde decoração feitas commateriais antigoscomo os tecidos avelu-dados e as pagelas(folha de papel comuma imagem sagradae uma oração) commais de 80 anos.

Nenhuma destashistórias passa natelevisão, mas ir à LxFactory aos domin-

gos pode render maisdo que ficar em casa aver filmes. Todas elastêm em comum o facto de se encontra-rem no Lx Market, o mercado de rua(quando chove, de armazém) que seinstala todos os domingos na ruaprincipal desta fábrica criativa.

A poucos meses do mercado come-morar um ano de vida, uma das orga-nizadoras, Teresa Lacerda, faz umbalanço muito positivo e traça-lhe oretrato: "Mais do que uma feira quereúne coisas tão variadas como roupae sapatos em segunda mão, artigos de

decoração, artesanato vintage e arte,o Lx Market é uma zona de teste paraquem quer mostrar pela primeira vezum produto e ter feedback sobre ele,antes de se lançar numa marca ousequer numa loja." Foi isso que acon-teceu com Maria d'cl Juanito, queapresentou aqui o seu Licor do Amor(106), que rapidamente se tornou umsucesso. Tanto que já lançou o Licorda Paixão (chocolate branco, mara-cujá e vodka) e se prepara para venderO Primeiro Amor (sem álcool).

Há quem venha uma vez, há quemmarque presença todos os fins-de-

-semana, certo é que quem lá for comocomprador vai encontrar semprenovidades, bandas a tocar ao vivo e osrestaurantes cheios em dia de brunch.

"OllVas meias pr'andar a cavalo e ir de

férias para Miami. Três maços, cinco

euros." O pregão é de Jorge Ribeiro, fei-

rante das quartas-feiras em Cascais,dono de uma banca de meias e relógios. E,verdade seja dita, faz mais sentido numafeira da vila do que em qualquer outro

sítio. O produto em questão tem o cano

alto e está lado a lado com meias de outros

materiais que Jorge, natural de Almada,vende aqui e na feira de Leiria. "0 feirante

vai onde há dinheiro."A julgar pela quantidade de pessoas

que passeava de saco na mão, às 1 0 horas

da manhã, na feira, ainda há alguns tro-

cos para gastar. "Já se vendeu mais. Mas

mesmo assim, ainda se vendem umas coi-

sas", diz Leonídia, dona de

uma banca de tapetes, entre

os quais se encontram os típi-

cos de Arraiolos, vendidos a

partir dos 506 - "Arraiolos da

China, menina'' -, muito

popular e que já aqui vem há

33 anos. É provável que seja

uma das vendedoras mais

antigas da feira, inauguradaa 9 de Julho de 1952. Masantes de lhe contarmos tudosobre as preciosidades do

mercado (mete casacos de

raposa, blazers e calças de fazenda), é pre-ciso enquadrai" o leitor.

A Feira de Cascais de que aqui falamos

acontece às quartas de manhã, no parquede estacionamento do Mercado de Cas-

cais - está em reestruturaçãoe vai-se cha-

mar Mercado da Vila, em 2013 - e tem 96feirantes. Há bancas de calçado, camisas,

calças, fatos de baptizado para crianças,

vestidos, cassetes, tachos, óculos, CDs e

daí em diante. Neste dia, recebe também o

mercado saloio (repete ao sábado) com 66

feirantes de produtos hortícolas, aves,queijos e enchidos, a maioria deles ali da

Mal veira. Zé Pulido, por exemplo, vem de

Sintra há mais de 40 anos vender curge-tes, alfaces, brócolos, lombardos e afins.

"É tudo plantado nos meus terrenos."

E atenção que, apesar da semelhançacom a velhinha Feira de Cascais (1" e 3 o

domingos do mês, na Adroana), não é a

mesma coisa. "A das quartas tem boa

fama", diz-nos Jorge, osenhor das meias.

Uma opinião, com certeza, partilhadapelo casal Zacarias e Climínia que, entre

casacos de malha, camisolas de lã e saiass

travadas tem um conjunto de produtos \

estrela: casacos de vison, raposa, coelho e j

leopardo. Verdadeiros? "Claro. Estes

sobraram do ano passado, agora noInverno vou receber mais", explica Zaca-rias. Vendidos entre os 50 e os 1006.

Mais baratas, mas também popularessão as facas da portuguesa ICEL, da

banca do francês AlainCopolani. "Temosfacas com cabo de cortiça a 3,50€ e outrasde resina, mais caras, a 30€." Além dos

tachos da Silampos, grelhadores e trensde cozinha inteiros. Quer montar umacozinha? "Aqui temos tudo low cost." Ebom saber. Mariana Correia tk Barros

ONDE

Mercado Municipal de Cascais

(Rua Padre Moisés da Silva).QUANDO

Todasasquartas-feiras,dasO6.3Câs 14.00.OQUE VENDE

Vestuário, calçado.carteiras,

bugigangas e artigos de cozinha.

É terça-feira e umadas feiras mais anti-

gas de Lisboa está

longe de correspon-der à letra da músicade Sérgio Godinho

que dizia que "a Feirada Ladra quase trans-borda de abarro-tada". Os turistas são

quem mais sobe e desce as ruas de

máquina fotográfica bera segura con-tra o peito. Alguém os avisou que aFeira da Ladra faz jus à fama.

"Eles hoje já multaram uns quan-tos", avisa uma mulher junto à Igrejade São Vicente, sentada junto à suamercadoria - meia dúzia de sapatosenrugados e algumas camisas demulher. "Eles" são os fiscais queandam de colete fluorescente e blocona mão a confirmar licenças e a garan-tir que o que lá se vende não foi rou-bado. Ainda que alguns vendedoresanunciem que "50 cêntimos são para atroika".

Quem vai com o objectivo de com-

prar tem de desenvolver a técnica deencontrai- a agulha no palheiro se qui-ser desencantar tesouros no meio detantos bibelots, medalhas, móveis e

roupas em segunda mão. Nós encon-trámos uns frascos antigos de farmá-cia por 1 06, duas cadeiras vintage por2506 e um baú centenário com um jor-nal Diário de Noticias com a data de 17de Fevereiro de 1976 (100€). Não sãoumas pechinchas, mas preços queteriam de ser regateados ao melhorestilo marroquino. Foram antes umbom exercício para desenvolver olhode lince e encontrar obras de arte eoutras raridades. Sim, elas existem e,em tempo de crise, há mais gente aquerer desfazer-se delas ali mesmo.

Muitos dos vendedores nem sabema origem dos produtos que vendem enão o escondem, outros optam pelomarketing e engrandecem aquilo queestão a vender, seja verdade ou não. E ocaso de uns azulejos com ar de teremsido arrancados à faca de um qualquerpalacete lisboeta identificados comocontemporâneos do Marquês de Pom-bal, ou das várias versões femininasdo quadro do menino da lágrima queencontrámos à venda.

Mas nesta feira já não se encontramsó objectos em segunda mão. Há mui totempo que novos artesãos e feirantesforam trazendo outras mercadorias.Há brincos e pregadeiras feitos delatas (s€), malas (306) e óculos vintagedos anos 60 e 70, "old school" dizemeles, mas a cheirar a novo (106).

No mercado de Santa Clara tam-bém há vida nova. Várias lojas abri-ram por ali no último ano, uma dechocolates artesanais, uma de souve-mrs do Portugal Modernista, outra deacessórios de inspiração nipónica e, ládentro, há sempre uma exposição ou

vtmshowcooking em agenda.

A primeira edição do Mercado do Centro Cultu-

ral de Belém, que aconteceu a 7 de Outubro, foi

estrondosa e não o dizemos só pela afluência

que teve, ou sequer pela qualidade dos produ-

tos apresentados, mas pela bateria que não

parou de soar o dia inteiro na praça de entrada.

Os culpados foram os bateristas da banda

PAUS que andaram a ensinar miúdos com

menos de sete anos a tocar numa bateria sia-

mesa montada no meio do mercado. E, claro, as

crianças adoraram. À tarde foi a vez de os paisassistirem a dois pequenos concertos da banda

e da Orquestra de Câmara Portuguesa.No primeiro domingo de cada mês, este vai

ser o formato musical do evento: algumas das

bandas que tocam nesse mês no CCB apresen-tam-se para tocar no mercado. E é também a

pensar nestes eventos futuros que em dia de

mercado a bilheteira está com 30% de des-

conto.

O Mercadinho dos Talentos - feira dos mais

novos, onde estes podem vender e comprar -foi o evento que deu origem a este mercado

maior e, por isso, vai continuar a acontecer no

Jardim das Oliveiras. Os miúdos vendem

bolos, brinquedos em que já não pegam (aten-

ção pais, está aqui a vossa oportunidade) ou

ensinam a fazer pulseiras, origami ou aquiloem que forem bons. Nas praças ao lado os pais

podem comprar antiguidades, ficar a conhecer

o design nacional e inovador de marcas como a

Toyno - que depois de ter lançado um burro

em cartão porta-livros e revistas (39€), apre-sentou em primeira mão o Nillo, um crocodilo

que serve de porta-discos e headphones - ou

outras peças de decoração, como os candeeiros

medusa feitos em feltro da Amendoim Design

(28€). Para as mulheres há acessórios de moda

originais como os colares pavão da A.Ponto ou

ainda os colares feitos com teclas de computa-dor da K3yboard. Originalidade é critério paramarcar presença neste mercado, por isso o pro-jecto reMix teve lugar de destaque logo à

entrada do CCB. Bancos feitos com tacos do

soalho, tabuleiros com estores ou uma mesa de

paletes são alguns dos objectos fruto da cola-

boração entre os moradores do bairro do

Armador e um grupo de designers.Nesta primeira edição estiveram presentes

65 bancas, escolhidas a dedo e de forma aincluir todas as áreas. Madalena Reis, da orga-

nização, garante que não foi fácil escolher. "No

primeiro dia em que anunciámos o mercado,duas caixas de e-mail entupiram", conta. A

próxima edição, em Novembro, promete ser

ainda melhor.

Ao primeiro e terceiro domingo decada mês, há um outro chamariz emBelém a desviar turistas do circuitoturístico que liga o Mosteiro dos

Jerónimos e os Pastéis de Belém. Éuma feira de antiguidades e velha-rias que, duas vezes por mês, encheum corredor de ciprestes do JardimVasco da Gama com bancas de

objectos que parecem ter vindodirectamente da casa da avó. Naverdade, muitos deles pertencem a

antiquários da cidade que aqui se

apresentam duas vezes por mês,muitos deles há já quase dez anos.Esta foi uma das primeiras feiras do

género "velharias e antiguidades" aacontecer em Lisboa. Desde 2003

que se mantém no mesmo sítio e,segundo Fernando Ribeiro Rosa,presidente da Junta de Freguesia deSanta Maria de Belém, a "feirapegou" porque há uma lista de

espera enorme para entrar.Entre mais de 150 bancas que res-

peitam escrupulosamente e deforma higiénica os três metros qua-drados que podem ocupar - a ideianão é ser uma outra Feira da Ladra,diz Fernando Ribeiro Rosa - hálivros de autores desconhecidos queinteressa descobrir, relógios debolso tão antigos que já voltaram aser moda (diga-se que são vendidosa peso de ouro, entre 1256 e 280€),alfinetes de peito que poderiam tersido usados por uma rainha, brincosde pedras preciosas falsas, anéis ecachuchos e tantos outros objectosestranhos que exigem que nos apro-ximemos para os descobrir melhor.É o caso de um candeeiro branco depele que sobressai entre tantosoutros numa das bancas e que umaspáginas impressas da internet iden-tificam como obra de Achille Casti-glioni, um reconhecido designerindustrial italiano. Por 220€ podevir connosco para casa. Um poucocaro para nós, por isso espreitamosa banca do lado com uma oferta umpouco diferente: colares e acessóriosde moda feitos de tecidos coloridos.A última parte do título da feira faz--se representar com artesanato por-tuguês como este, brinquedos demadeira e até pássaros em papel,uma espécie de origami portuguêspara mostrar aos muitos turistas

que andam na zona com caixas dePastéis de Belém na mão o que debom se faz por cá.

As tias da Linha continuam a ser avistadas

por lá à procura de "negócios fantásticos", as

ciganas ainda gritam "olha a pecinha da Zara

e do El Corte Inglês", mesmo quando a eti-

queta da roupa em questão não o confirma,mas desde que a Feira de Carcavelos se

mudou para um descampado lamacento

junto à linha de comboio, nunca mais foi o queera quando ainda se realizava junto ao mer-

cado municipal. Mas nem tudo são más noti-

cias, porque a Junta de Freguesia de

Carcavelos tem planos para que regresse ao

local de origem, ao lado da nova fábrica dos

gelados Santini, já em 2013.

Enquanto isso não acontece, a Feira de

Carcavelos ainda continua a ser local de

romaria de muita gente todas as quintas-fei-

ras em busca da "pecinha da moda" maisbarata do que nas lojas. Há gabardines,sweatshirts, plantas, malas de senhora em

pele que não ficam atrás dos modelos origi-nais, outras mais rústicas e até originaiscomo as cestas de palha (176), roupa parabebe a partir dos dois euros, colares (6€) e

brincos numa banca indiana, e aquilo quenão pode faltar numa feira: cuecas e peúgas.Neste último campeonato encontram-se até

bons negócios, como as meias medicinais, ou

seja, sem elástico, que os vendedores garan-tem que promovem a circulação sanguínea.E não faltam, claro, os clássicos. Como as

botas alentejanas que untadas com sebo se

tornam impermeáveis à chuva e que tambémse podem encontrar por aqui.

OUTRAS FEIRAS

Feira Semanal do Mercado de FusãoAo flm-de-semana, o Martim Monizdesdobra-se noutro mercado, comartesanato, produtos biológicos,mercearias do mundo, roupa vintage eem segunda mão, produtos artesanais,roupa e instrumentos étnicos, marcasem fim de colecção e espaço paraassociações humanitárias divulgaremas suas causas. Pç. Martim Moniz.Sabe Dom 11.00-19.00.

Feira da Avenida da LiberdadeRecordando os tempos em que aAvenida da Liberdade era conhecidacomo Passeio Público e local escolhido

pelos alfacinhas para os seus passeios,esta feira volta a convidar lisboetas eestrangeiros a descerem a avenida e

comprar artesanato português eantiguidades. Avenida da Liberdade.

Segundo fim-de-semana do mês10.00-18.00.

Feira Stock socialO Centro Comunitário de Carcavelosfaz jus ao nome e aceita tudo o que acomunidade já não precisa e lhes dá.O destino de brinquedos, roupa, livros,electrodomésticos, mobiliário e loiçasé a loja do Stock Social e a feira queacontece todas as quartas e cujasreceitas servem para ajudar ainstituição a ajudar a comunidade.Centro Comunitário da Paróquia de

Carcavelos, Av. do Loureiro, 394.21457 8952. Qua 10. 00-14. 00.

Mercado das colecçõesAos domingos não há couves nembatatas à venda no Mercado da

Ribeira, mas há uma feira de filatelia,numismática, alfarrabismo,medalhística e relojoaria. Um mimo

para quem gosta de coleccionar.Mercado da Ribeira (Cais do Sodré).Dom 9.00-13.00.

Feira de artesanato e antiguidadesdo Príncipe RealAs obras no Jardim do Príncipe Realnão acabaram com a feira que todos os

últimos sábados do mês e na segundaseguinte monta arraiais por lá. O forteda feira é o artesanato moderno, mastambém há muitas bancas comantiguidades. Ao sábado de manhã,esta feira coincide com o mercado de

produtos biológicos. Pç. do PríncipeReal. Últimos sábados do mês e

segunda-feira seguinte 10.00-18.00.