press review page · de 15% das suas receitas totais ... só os livros de ... até preparam...
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IRS, IMI E OUTROS
AS CIDADESPORTUGUESAS
ONDE VOCÊPAGA MENOS
IMPOSTOS• A SÁBADO comparou 150
concelhos e mostra-lhe onde é
que pode<J3oupar até 5% doJR^no próximõ~ãlíôTVêlã~ãíncla
onde há outros benefícios
As melhores cidades
para viver em PortugalHá quem venda terrenos a 1 cênti-
mo, ofereça explicações de Mate-
mática e até aulas de bodyboard.
FOTO DE CAPA: CETTY IMAGES
A câmara perfeita paga-lhe casa, subsídio de casamento de 1 .000 euros e 2.250 euros
porfilho. Além disso, dá-lhe 15 mil euros para criar um negócio e 75% do que gasta
em medicamentos. E existe? Sim, mas não num só sítio. Conheça os melhores benefícios
oferecidos pelas autarquias do País. Por Ana Taborda e Patrícia Silva Alves
...PAGARMENOS IRS
Há 40 autarquias que oferecem descontos
neste imposto. Lisboa, Amadora, Cascais,
Matosinhos e Aveiro são alguns dos casos.
Ponte de Lima e outras sete aplicam
a redução máxima permitida por lei: 5%.
Com a redução do IRS de 5%
para 3,8%, a Amadora abdicade 15% das suas receitas totais
a Quanto mais pequena éa cidade, mais
provável é que ofereça desconto no IRS ? Sim,
é mais ou menos isso. Mas há excepções.
Das 150 autarquias analisadas pela SÁBA-
DO, há três com mais de 100 mil habitantes
que vão reduzir o IRS para os rendimentos
referentes a 2013. É, aliás, a primeira vez queLisboa baixa esta taxa: os habitantes da ca-
pital vão pagar metade dos habituais 5% -a percentagem do seu IRS que é entregueao município onde vive a não ser que este
decida abdicar de uma parte ou da totalida-
de deste valor. A Amadora vai aplicar uma re-
dução de 1,20 pontos percentuais e Mato-sinhos de 1 ponto. "Esta medida represen-ta uma redução de receita de 15%, abdicando
a câmara de cerca de 1 milhão de euros", ex-
plica a autarquia da Amadora. Em Lisboa, se-
rão 30 milhões.
Há outras áreas urbanas, como Aveiro e
Cascais, que oferecem descontos. Mas é nos
concelhos mais pequenos que a redução é
maior. Alcoutim, com menos de três mil ha-
bitantes, deixou de cobrar este imposto em2008. Um exemplo: um casal com um filho
que receba 56 mil euros por ano vai pagar11.669 euros por ano em IRS, menos 552 eu-
ros do que pagaria sem este desconto, mos-
tram as simulações feitas para a SÁBADO
pela consultora KPMG. As contas são feitas
uma vez por ano , quando o Fisco faz o acer-
to no IRS e lhe comunica se tem direito a
reembolso. Além de Alcoutim, há outras sete
autarquias que vão abdicar dos 5% de IRS:
Boticas, Crato, Gavião, Manteigas e Oleiros,
todas com menos de 10 mil habitantes; além
de Mealhada e Ponte de Lima, as duas maio-
res cidades a optar pelo desconto máximo.
"A redução de impostos é uma medida
que se impõe face à situação de excesso de
carga fiscal sobre a população que o Go-
verno está cegamente a praticar, descul-
pando-se com a troika. O povo não podecontinuar a ser massacrado com impostose desemprego. Chega!", defende o presi-dente da Câmara Municipal da Mealhada,Carlos Cabral. No total, 41 autarquias, mais
de um quarto das 150 câmaras, vão redu-
zir o IRS, em média em 2,5%.
...f ER FILHOSEm Matosinhos, há aulas de golfe grátis
para todas as crianças até aos 10 anos e
Boticas paga 2.500 euros por cada filho.
Já Mortágua oferece uma conta-poupançade 100 euros anuais - durante 18 anos.
h Qual a diferença entre nascer em Boti-
cas, no distrito de Vila Real, e em Lisboa? Se
respondeu "nenhuma", está enganado. Por
terem nascido nos 13 quilómetros quadra-dos de Boticas, os dois filhos de Sandra Mon-teiro receberam, no total, 1.500 euros (Ga-
briel, que tem 3 anos, 500; e Gon-
çalo 1.000 - o apoio foi reforçadoem 2010). Mais: entre os 3 me-ses e os 5 anos, a autarquia depo-sita 50 euros por mês numa con-
ta-poupança para cada criançado concelho (no tempo de Ra-
fael ainda eram 35 euros).
Como Gonçalo tem 10 meses, os 50 eu-
ros servem, sobretudo, para comprar fraldas
- uma despesa em que a família gasta 70 eu-
ros por mês. Mais tarde darão para pagar io-
gurtes, pão ou leite - a autarquia só compar-ticipa despesas de bens essenciais. Quando
Gonçalo fizer 3 anos, a família terá recebido
4.135 euros pelos dois filhos. Não é a única:
este incentivo já foi atribuído a 129 crianças
do concelho. "O dinheiro do nascimento foi
para uma conta para quando fizerem 18 anos. ?
t A ideia é não mexer nesta poupança até irem
para a faculdade", explica Sandra.
Em 2013, Lisboa vai reduzir a taxa de IMI,devolver 2,5% do IRS e isentar de derrama
as empresas com lucros até 150 mil euros
EM MIRANDA DO CORVO e Mortágua, a con
ta-poupança é ainda mais generosa: todas as
crianças recebem íoo euros por ano, duran-
te 18 anos- nessa altura, quando podem me-
xer no dinheiro, terão juntado 1.800 euros,mais juros.
Em Penedono, os alunos do I.° Ciclo são
os mais beneficiados. Têm quase tudo de gra-
ça: todos recebem almoço, lanche, transpor-te e foi escolar. Loulé dá outra ajuda: os trans-
portes são gratuitos para todos os alunos do
ensino pré-escolar ao secundário - a lei só
obriga a assegurar transporte a quem residir
a mais de quatro quilómetros da escola. Das
150 autarquias analisadas, além de Loulé há
mais nove concelhos, como Tábua, Oliveira
do Hospital e Arganil, que também têm trans-
portes grátis para todos, até ao 12. 0 ano.
Se tiver um filho no 9.° ano, sabe que, mais
caros do que os transportes, são os livros. A
não ser que viva na Vidigueira, distrito de
Beja, onde a câmara compra os livros do I.°ao 3. 0 ciclos e os empresta a todas as crian-
ças. Ana Maria Costa, por exemplo, poupou300 euros com esta medida. Só os livros de
Ana, a filha mais velha, de 14 anos, custam
mais de 200 euros. "Eu e o meu marido so-
mos funcionários públicos e, sem esta aju-da, teríamos de juntar dinheiro ou cortarnoutras coisas", explica Ana. A família ga-nha 2.000 euros por mês e, para o ano, podeter de abdicar das explicações de Matemáti-
ca da filha. Se vivesse em Vila de Rei, no dis-
trito de Castelo Branco, não seria preciso. No
último ano, a câmara ofereceu explicaçõesde Matemática, Química e Português a 12
alunos - é dada prioridade a quem tem mais
dificuldades nas disciplinas.
Já Matosinhos implementou este ano um
projecto-piloto gratuito, a Matiga - Matemá-
tica Amiga: aprofundar as bases da Matemá-tica na creche. Não é a única disciplina fora do
comum dada pela autarquia: todos os alu-
nos do i.° ciclo têm aulas gratuitas de
bodyboard e de golfe. Já em Lagos há aulas de
iniciação à patinagem e em Alcoutim os alu-
nos da creche têm aulas de ioga e tai chi. Em
Matosinhos, os nutricionistas da autarquiaaté preparam refeições vegetarianas.
Há outras ajudas. Em Baião, como nou-tros 18 concelhos do Norte (incluindo Por- ?
» to, Santa Maria da Feira ou Tro-
fa), há pelo menos um aluno quetem a licenciatura totalmente
paga - a câmara e a Universida-
de Lusófona do Porto assegu-ram uma bolsa de u mil euros,
o custo médio de um curso su-
perior. O critério para a selecção
é ter boas notas e dificuldades
económicas. A autarquia de Al-
cácer do Sal vai mais longe: 419,22 euros
por mês. Já em Oliveira de Frades os melho-
res alunos do Ensino Superior recebem da
Câmara um prémio no valor das propinasdo i° ano do curso.
E se a maioria das câmaras apoia sobre-
tudo famílias com filhos, há quem incenti-
ve os novos casais. Vila de Rei tem um sub-
sídio de casamento de 750 euros para to-
dos os casais e Manteigas paga 1.000 euros
aos que têm mais dificuldades, mas o casa-
mento ou a união de facto têm de durar pelomenos três anos.
...COMPRAR OUAIUGAR CASA SEM
PAGAR MUITOQuer pagar uma taxa de IMI inferior à da
lei? Tem Mação. Quer ajuda para pagaro crédito? É possível na Vidigueira. Prefere
construir uma casa junto à praia e pagar 5
mil euros, em vez de 39.500? Também
pode, na Murtosa.
m Em Mação acontece um fenómeno úni-
co entre as 274 autarquias que já divulgaramas taxas do Imposto Municipal sobre Imó-veis (IMI) para 2013. Esta câmara, no distritode Santarém, vai cobrar um valor inferior aomínimo de 0,3% permitido por lei - 0,25%para todas as habitações que forem reavalia-
das. Isto só é possível porque os municípiospodem reduzir até 30% o valor das taxas deIMI para combater a desertificação, justifica a
autarquia. É uma forma de "aju-dar a aliviar a elevada carga fiscal
que os munícipes vão suportarno próximo ano, devido ao au-
mento dos valores patrimoniaisdos prédios".
Ao todo, há 72 autarquias,como a de Cascais, Amadora, Pó-
voa de Varzim, Lisboa ou Vila
Nova de Gaia, que vão reduzir
as taxas de IMI para 2013. Em Lisboa, porexemplo, as taxas para os imóveis avalia-
dos vão descer de 035% para 0,3%, o quenuma casa avaliada em 200 mil euros re-
presenta uma poupança de 100 euros porano. No total das autarquias, 72 vão baixar
as taxas de IMI (26%), outras 68 vão au-
mentá-las (21,89%) e X 34 v ão mantê-las.
Mas se quer escolher o melhor município
para comprar ou arrendar casa, não olhe só
para o IMI. Por exemplo, se viver em Terras
de Bouro, Braga, e comparar a fac-
tura da água, saneamento e resí-
duos com uma de Espinho, vai
ver que paga 13 vezes menos.
Quem vive em Espinho paga
quase 400 euros por ano paraconsumir 120 m 3de água; emTerras de Bouro são 30,36 euros,
segundo os dados da Entidade Re-
guladora dos Serviços de Águas e
Resíduos para 2011. No primeiro
caso, o valor é duas vezes superiorà média do País; no segundo, seis
vezes inferira
Boticas paga
um subsídio
de 1.000 euros
por bebé,mais 50
euros por mês
para despesas,
até aos 3 anos
Receber um cheque-bebéHá 33 concelhos a dar
apoios a quem tem filhos.
Vila Real paga Cl .ooo pelo
primeiro filho, €1.500 pelosegundo e €2.000 para o
terceira e seguintes.Arronches dá uma ajuda
mensal; entre 30 a 40euros por criança
HÁ AINDA MUNICÍPIOS que usam as taxas
municipais para atrair (e manter) morado-res. O município de Murtosa, no distritode Aveiro, vende terrenos junto às praias,na freguesia da Torreira, a 5 mil euros,
quando o seu preço de mercado é de 30mil. No total, como a câmara não cobra
nada pelo projecto de licenciamento (quecusta 7.500 euros) nem pelas taxas muni-
cipais (2 mil euros), uma família poupará
34.500 euros com este incentivo, destina-
do a casais que recebam no máximo 727,50euros juntos.
A câmara de Serpa está a lançar uma me-dida semelhante: vende terrenos por 5 mileuros num local onde os preços de merca-
do variam entre os 20 mil e os 25 mil euros- os compradores até 35 anos têm preferên-cia. Mas, mesmo com os descontos, é pre-ciso ter dinheiro para investir. E, neste aspec-
to, Vidigueira dá uma ajuda: a autarquia paga1% dos juros anuais de um empréstimo à
habitação, durante três anos. Condição ? Ter
menos de 35 anos. Contas do apoio: por nor-
ma, os casais recebem 300 euros por ano, o
que, no caso de Alda Padilha, de 34 anos, dá
para pagar uma prestação mensal da casa
ao banco. Em Vila Velha de Ródão, no dis-
trito de Castelo Branco, o benefício é me-
nor, mas mais imediato: até aos 35 anos, a
oferta é de 2.500 euros a quem construir
uma casa no concelho. Para os que têm mais
de 35 anos, são 1.500 euros.
Em Matosinhos há aulas debodyboardede golfe gratuitaspara crianças até aos 10 anos
...MONTAR UMNEGÓCIO
Há terrenos a 1 cêntimo, esplanadas grátis
e apoios de 5 mil euros por cada empregocriado. Algumas autarquias até pagam a
casa e oferecem prémios de 15 mil euros a
quem tem as melhores ideias de negócio.
H Está disponível para mudar de cidade?
Se a resposta for positiva, Boticas, no distri-
to de Vila Real, pode ser uma boa opção paraabrir um negócio. A partir de 2013, os em-
presários que se instalarem na incubadora de
empresas do concelho terão direito a umsubsídio de 250 euros por mês, durante dois
anos, para alojamento (o equivalente à ren-
da de um T 2na localidade) - no total, são 6
mil euros. Durante esse período, o acesso
aos courts de ténis, piscinas municipais e a um
terreno de cultivo é grátis.Mas se acha que tem uma ideia de negó-
cio inovadora, investir em Olivei
ra do Hospital, em Coimbra, poderender uns euros extra: o concur-
so Empreender+ distingue todos
os anos as três melhores suges-tões de negócio. 0 primeiro lugarrecebe 15 mil euros, o segundoíc mil e o terceiro 7.500. Se já es-
tiver instalado em Moura, tam-
bém há ajudas. O Prémio Muni-
cipal Jovens Empresários atribuiu,
em 2011, mil euros à empresa de experiências Momentos Fantásticos. "O prémio ser
ve para pagar um investimento já feito. No
nosso caso, foi usado para pagaimaterial de wakeboard, esqui e ca-
noagem", explica Francisco Guer-
reiro, sócio-gerente.Há muitos outros benefícios.
Tudo depende do que quer fazer.
Em pelo menos 15 autarquias
pode comprar um terreno para instalar a sua
fábrica ou empresa no máximo por 1 curo
por metro quadrado: Mação, Olei-
ros, Paredes de Coura e Vimioso
têm os preços mais baixos - 1 cên-
timo;emPenamacoreArronches,
o valor sobe para 5 cêntimos - umdos lotes vendidos em Arronches,
por 63,77 euros, tinha 1.193 me-
tros quadrados (mais do que um
campo de futebol).Além de venderem e arrenda-
rem terrenos a preços reduzidos,mais de 40 destas autarquias têm incubado-
ras e espaços onde pode instalar a sua em-
presa sem gastar muito - Mortágua cobra
mensalmente 2 euros por metro quadrado,incluindo despesas de luz, água, telefone,
Internet, fax e segurança. A maior parte des-
tes espaços tem salas de reuniões, auditó-
rios e secretariado; outros, creche com horá-
rio alargado. No centro de apoio a empresasde Vila Nova de Cerveira, a creche está aber-
ta entre as 51130 e as íçh e custa entre 50 e
75 euros, dependendo do seu escalão de IRS.
A autarquia de Mação é a única
que vai cobrar uma taxa de IMIinferior à prevista na lei: 0,25%
Pagar menos IMI26% das autarquias vão
baixar o IMI, Cascais,
Amadora, Póvoa de Varzim,Lisboa e Sintra são alguns
dos exemplos. Se a sua
casa estiver avaliada emLisboa por €200.000,poupa €100 por ano
Em Albufeira, há 125 esplanadas que não
pagam taxas de ocupação da via pública por
quatro meses, entre Novembro e Fevereiro
OS APOIOS DAS autarquias acompanham as
várias fases de uma empresa: um designer da
câmara de Mação assegura, a custo zero, o
trabalho gráfico - cartazes, panfletos e logo-
tipos; Gouveia paga até 200 euros para fazer
um site; Odivelas, Matosinhos e São João da
Pesqueira oferecem planos de negócio; Lei-
ria cede gratuitamente dois teatros para even-
tos; e Loures promove workshops de investi-
mento em mercados emergentes, como An-
gola e Brasil. Também há quem ajude a pagarobras e despesas com funcionários. A câma-
ra da Sertã comparticipa até 75% (no valor
máximo de 15 mil euros) das infra-estrutu-
ras na zona envolvente das empresas, como
obras e vedações.
Manteigas e Penedono são as mais gene-rosas para quem cria emprego. Se instalar
uma empresa em Penedono, recebe 4,200euros, mais 1.500 euros por cada posto de
trabalho que dure dois anos, 2.500 euros se
contratar um efectivo e 3.500 pelo próprio
emprego - com residência e morada fiscal
no concelho, o apoio sobe 20%. Em Mantei-
gas, o subsídio é de 2.500 euros por cada con-
tratado a prazo (no mínimo por três anos} e
de 5 mil euros por cada contrato por tempoindeterminado - mais 20% para empresas
com sede ou morada fiscal no concelho. Em
Figueira de Castelo Rodrigo, varia entre 1 .000
e 1.500 euros.
QUANDO NÃO HÁ apoios à contratação, apro-veite os outros. Almeida, no distrito da Guar-
da, paga as despesas de Segurança Social, du-
rante um ano, a empresas com mais de cin-
co trabalhadores - um funcio-
nário que receba 485 euros líqui-dos custa 134,38 euros por mês
em TSU; se forem cinco funcioná-
rios, são 9.406 euros por ano. Era
Gouveia, o apoio também dura
um ano, mas é menor: a autar-
quia paga 10% da TSU mensal
dos trabalhadores com menos de
35 anos e 15% aos outros. Em
Belmonte e Castro Verde, os
apoios ajudam a pagar emprés-timos: Castro Verde oferece os
juros do primeiro ano e Belmon-
te paga 20% do valor de autofi-
nanciamento das candidaturas
aprovadas pela autarquia - o
apoio só é válido para jovens até aos 30 anos
Há outras taxas em que pode poupar: mais
de 10 autarquias dão descontos para espla-
nadas. A Amadora faz o projecto, trata das li-
cenças e monta o espaço. Depois, oferece uma
redução de 25% no preço -465 euros por ano
numa esplanada de 50 metros quadrados. Em
Gouveia, são sempre grátis, tal como fazer pu-blicidade à sua empresa. Também não paga
taxas de publicidade na Lousa nem na Póvoa
de Varzim. Já em concelhos como Almada e
Portalegre, pode poupar mais de 1.000 euros
em taxas de licenciamento e urbanização.Se conseguir todos os apoios,
pode gastar apenas 1 curo
em impostos, pelo menos
em Paços de Ferreira - aqui
um projecto pode, no limi-
te, ter isenção de IMI, de
derrama (taxa até 1,5% so-
bre os lucros das empresas)
de I MT e pagar 1 curo pelas restan-
tes taxas. Outra aposta nos negó-
cios locais vem de Proença-a-Nova,
que estáa distribuir 9 mil euros em
prémios de raspadinhas - o dinhei-
ro tem de ser gasto em lojas do con-
celho. Aqui, as auditorias e forma-
ção no âmbito da segurança ali-
mentar também são pagas pela
câmara (custam entre 400 e 600 euros).
Se estas medidas c ajudarem a ter um ne-
gócio de sucesso, melhor. Cascais, Bragança,
Odivelas, Ponte de Lima e Póvoa de Varzim
são algumas das mais de 40 autarquias onde
as empresas estão isentas de derrama. Nou-
tras, como Amadora, Almada e Mealhada, só
paga se tiver lucros superiores a 150 mil eu-
ros. "Em Almada, a isenção abrange 73% das
empresas do concelho", garante a autarquia."A isenção de derrama implica uma poupan-
ça fiscal média de 11%", diz acamara da Ama-
dora. E se a situação piorar, há sempre Odi-
velas, que oferece apoio jurídico a empresas
em situação difícil ou perto da falência.
Em Vila Nova de Gaia, as hortas urbanas são
exploradas até pela classe média - médicos,
advogados, professores ou jovens casais
Em Vila Nova de Cerveira,a creche abre das 5h30 às 19h- está adaptada aos turnos
Luz, água, telefonee Internet grátis
Só para empresai: há 15
autarquias qae vendem
terrenos a menos de 1 eurn
por metro quadrado, cinco a
1 céntirno. No arrendamento
também há descontos;
Mortágua cobra 2 euros pormetro quadrado, e oferece
lu 2, água, telefone, internet,fax e segurança
...SER AGRICUITORTodos os meses, há 240 novos agricultores.
As câmaras estão atentas: há quem dê
subsídios de 2 mil euros para a comprade material agrícola e quem empregueveterinários e engenheiros agrónomos
para dar apoio especializado
m EasegundavezqueArlindoVarelas.de
57 anos, recorre aos apoios da câmara de Fi-
gueira de Castelo Rodrigo. Há um ano e meio,
este produtor de leite, ovelhas, azeite, vinha
e olival recebeu um subsídio de 2 mil euros
pela compra de um rolo para calcar a terra e
í.ooo euros pela criação de um posto de tra-
balho. Este ano vai receber um apoio de 2 mil
euros pela aquisição de mais material agríco-la e 1.500 euros pela contratação de um novo
funcionário. No total, serão 6.500 euros. "A
autarquia também me colocou três ramais
da EDP e um ramal de água. Se tivesse de
pagá-los, seriam uns 10 mil euros", diz.
Figueira de Castelo Rodrigo paga 1.000 a
1.500 euros por cadaposto de trabalho; 50%do valor gasto em máquinas, até 2 mil euros;
500 euros por ano para rendas; 150 euros
pela criação de novas sociedades; 60 euros
para ir a feiras em Portugal e 120 no estran-
?geiro; 250 euros para a obtenção de certifica-
do de Denominação de Origem Protegida;
150 euros para a criação de sito; 200 euros
para a recuperação de abrigos e vedações e
500 euros para obras em pombais e moinhos.
Em Penafiel, os agricultores têm outra ga-rantia: os produtores associados ao projectoDa Nossa Terra escoam todos os produtos
para instituições locais - juntas de freguesia,
escolas, mercados e instituições de solidarie-
dade. "A oferta já não é suficiente para as ne-
cessidades", diz fonte oficial da autarquia. Em
Baião, o apoio é outro: a autarquia paga 100
euros por cada "novilho [de raça arouquesa]nascido e criado no concelho". Noutras cida-
des pode recorrer, sem pagar, a profissionais
que, entre outras coisas, o ajudam a obter fi-
nanciamento: em Fornos de Algodres, há um
engenheiro florestal e zootécnico; em Cami-
nha, um engenheiro agrónomo; Trofa ofere-
ce consultas com veterinários; e Nazaré tem
uma bióloga para apoiar os pescadores.
A câmara de Baião oferece alojamento
grátis a seis médicos que trabalham no
concelho. Por ano, gasta no total 13.741 euros
O CULTIVO DOS PRÓPRIOS alimentos é ou
tra tendência. Em 40 dos 150 concelhos, as câ-
maras disponibilizam terrenos. Ponte de
Lima é um deles: o número de lotes vai au-
mentar pela terceira vez, para 120, "face à ele-
vada procura", explica a autarquia. Cada pes-soa tem direito a4O metros quadrados de ter-
reno - 20 metros são suficientes paraalimentar uma família de três a quatro pes-
soas durante grande parte do ano.
Mas não é preciso ir para as regiões mais
rurais para ter apoios. Oeiras disponibilizou
23 talhões no Bairro da Pedreira Italiana -es-tão todos ocupados e vão ser distribuídos
mais 31, noutras zonas. Cascais tem um pro-jecto de desenvolvimento de hortas urbanas:
já distribuiu 74 talhões de terra e deu forma-
ção em horticultura biológica a 168 pessoas.Loures tem o mesmo apoio, e os terrenos tam-
bém podem ser usados por empresários. Se
tiver produção a mais, Sertá e Pinhel organi-zam mercados onde pode escoá-la. E em Pa-
redes de Coura há uma loja rural onde podevender gratuitamente os seus produtos. E,
pelo menos a julgar pelas declarações da mi-
nistra da Agricultura, Assunção Cristas, o
número de produtos à venda só pode au-
mentar. "Neste momento, 240 jovens agri-cultores instalam-se, em média, por mês,
em Portugal", disse a 21 de Novembro. A
opção pela agricultura comprova- se em Lis-
boa. Em Outubro, quando fecharam as can-
didaturas para alugar os talhões na Quintada Granja e no Jardim de Campolide, hou-
ve 500 candidatos para 40 terrenos.
Contratar dá prémiosEm Penedono pode
receber até €6.000 pornovos empregados, em
Manteigas €4.200 e em
Figueira de Castelo Rodrigo€1.500. Em Óbidos recebe
um cheque-crédito de
€450 para deduziremtaxas ou licenças
Esplanadas grátisMais de 10 municípios dão
descontos para esplanadas.Na Amadora há uma
redução de 25%, na Guardanão paga nada nos mesesde Outono e Inverno e emEivas está isento no centro
histórico. Na Póvoa de
Varam, Almeida e Gouveia
são sempre grátis
Arlmdo Varelas, agricultor, járecebeu 6.500 euros em apoiosde Figueira de Castelo Rodrigo
...TRABAIHARHá autarquias que lhe pagam a casa, ou-
tras que oferecem prémios de 25 mil euros.
Se procura empresas, Barrancos tem va-
gas, e até precisa de sapateiros
mm A médicas Severina Nicorá, de 28 anos,
tem casa grátis em Baião. Não é a única, há
mais cinco colegas com a mesma
situação. Em 2011, aautarquia gas-tou 13.741 euros em rendas e des-
pesas com estes clínicos. Severina,
natural da Morávia, está a fazer a
especialização em Medicina Fami-
liar Geral e o apartamento T 3onde
vive fica a 200 metros do centro de saúde em
que trabalha. "A casa é nova, tem duas casas
de banho e garagem. Ainda me deram a op-ção de uma moradia com dois pisos, mas es-
colhi o apartamento. Na altura só o quarto de
casal estava mobilado, mas a autarquia mo-bilou também o das minhas filhas", explicaà SÁBADO. A câmara do Sardoal também cede
habitação gratuita a um médico estrangeiro
que trabalha no concelho.
Se procura emprego em áreas mais espe-cíficas, o Alentejo pode ser uma opção. "Bar-
rancos precisa das seguintes profissões, quenão existem e têm mercado: barbeiros, car-
pinteiros e sapateiros. Recorremos a Espa-
nha", esclarece a câmara. Paredes, no distri-
to do Porto, tem o único Centro de Forma-
ção Profissional das Indústrias da Madeira e
do Mobiliário - desde 1997 deu formação a
16 mil alunos. "Os níveis de empregabilida-de são muito próximos dos 100%", garantea autarquia. Para quem se dedica à investi-
gação, o maior prémio é atribuído por Al-
mada - a cidade vai premiar, com 25 mil eu-
ros, o projecto que mais se destacar na área
das humanidades e ciências tecnológicas. O
vencedor receberá um prémio de 25 mil eu-
ros. Já Maia é a melhor opção para atletas:
paga as inscrições dos federados do conce-
lho em campeonatos nacionais e internacio- ?
»¦ nais. E em Baião há empregostemporários: entre 2010 e 2011,
a autarquia pagou 980 euros men-
sais a cada um dos 11 desempre-
gados que trabalharam na reno-
vação agrícola da Quinta do Mos-
teiro de Ancede. Só nenhumdestes concelhos tem o maior sa-
lário do País, sector ganho poiOeiras, com umamédia de 1.692,5
euros, nem o menor número de
desempregados, que tem Oleiros,
com uma taxa de 2,67%.Talvez por isso os maiores apoios nesta
área estejam noutros lados: Leiria faz todos os
meses sessões de apoio à procura de empre-
go e a Trofa tem um programa que o ajuda até
a escolher a roupa para levar a entrevistas.
Além disso, várias autarquias disponibilizam
programas de ocupação: em Eivas, há 200 a
250 jovens por ano, entre os 18 e os 26 anos,
a trabalhar em museus, turismo e serviços -recebem 250 euros mensais, durante 11 me-ses. Gavião e Vila Viçosa fazem o mesmo -em Gavião, há 10 pessoas a receber 200 euros;
em Vila Viçosa, oito a receber 300 euros. |á
Penafiel paga uma bolsa de 83,84 euros, mais
subsídio de alimentação (4,27 euros por dia)e de transporte a 43 munícipes desemprega-dos, que trabalham nas escolas do concelho.
Arronches faz o mesmo: 30% dos desempre-gados do concelho (50 pessoas) estão inseri-
dos nestes programas. E Cascais
quer criar 700 bolsas de emprego- o valor ainda não foi definidc
Depois, há os apoiosde emergência. A câmara
de Lagoa atribuiu um
subsídio mensal que o
ajuda a pagar a renda - o
apoio máximo é de 250euros, durante 18 meses.
Em Mirandela, a câmara paga até
1.200 euros por ano para suportarrendas, 200 euros para despesas
de saúde e 250 para gastos com água, luz e
gás. Se ainda não está nesta fase, recorra aos
gabinetes Dívida Zero de Cascais - prestam
apoio financeiro a sobreendivi dados.
Terra para a sua hortaHá A 2câmaras que
disponibilizam terrenos
para cultivar es seus
próprios alimentos. Em
Ponte óe limado AO
mptros quadrados - tom20 jà alimento três a quatro
pessoas grande partedo ano
A câmara de Cascais quer criar 700 bolsas de
emprego. As empresas que se instalem no
concelho não pagam derrama durante dois anos
...TER MELHORESCUIDADOSDE SAÚDE
Pagam 75% da conta da farmácia, ofere-
cem vacinas além das obrigatórias e levam
o médico aos doentes quando estes não
podem ir ao hospital
M A factura mensal de Maria Teodora Var-
gas, 76 anos, na farmácia não desce dos 60
euros - o preço mínimo para pagar todos
os medicamentos para os problemas car-
díacos, de tensão, tiróide e alergias. Viver emEivas é uma ajuda: a autarquia devolve 75 %
de todas as despesas com remédios a quemtem mais de 50 anos e um salário ou pen-são inferior a 500 euros. Para Maria Teodo-
ra, a poupança mensal é de 45 a 54 euros.
Em Eivas, há 2.500 pessoas a receber este be-
nefício, uma despesa de 150 mil eurosanuais para a autarquia. Outras câmaras,
como a da Batalha, pagam metade das des-
pesas com medicamentos; outras ainda,como a de Terras de Bouro, no distrito de
Braga, oferecem duas vacinas extra - a pneu-mocódea (para evitar a pneumonia) e a con-
tra o rotavírus (gastroenterite infantil). Jun-
tas, custam 485 euros. Vimioso também
paga a vacina contra a meningite e a antí-
diarreica - 500 euros.
Além de transportes pontuais, comoacontece em Akoutim, que leva familiares
e vizinhos dos doentes internados no Hos-
pital de Faro, há municípios que têm Uni-
dades de Saúde Móveis, que percorrem os
concelhos para prestar cuidados primários.Entre as 150 câmaras avaliadas pela SÁBA-
DO, 22 disseram ter estes meios. No caso
de Castro Daire, em Viseu, este serviço aten-de 180 pessoas por semana - demora dois
meses a dar a volta ao concelho. Já em Grân-
dola, há uma carrinha que entrega a medi-
cação ao domicílio. Em cidades maiores,
como a Amadora, não há carrinhas a percor-rer o concelho, mas médicos. Todos os ido-
sos que recebem menos de 485 euros pormês podem ligar para a linha Ama Sénior -Saúde e ter médico em casa à noite a ao firn-de-semana. Não pagam nada por isso. •
A câmara de Lagoa ajudaos desempregados a pagar arenda - até 250 euros por mês
Nota: A SÁBADO contactou todos os municí-
pios de Portugal Continental. No total, foramenviadas questões a zyB a utarquias e analisa-
das 150. A Madeira e os Açores foram excluídos,
por já terem, à partida, benefícios fiscais, no-
meadamente na taxa de IRS.