press review page › files › imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · o governo...

21
100PERGUNTASPARA2013 Respostas (e dúvidas) para atravessar um ano muito difícil ¦>»

Upload: others

Post on 30-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

100PERGUNTASPARA2013Respostas (e dúvidas) para atravessar um ano muito difícil ¦>»

Page 2: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

100PERGUNTASPARA2OI3EMAISIOQUENÃOCOUBERAM

2012 foi difícil e 2013 não promete melhorias.O Expresso selecionou as perguntasessenciais para os próximos 365 dias

As ilustrações são de Paulo Buchinho

Page 3: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

POLÍTICA001 O Governo aguenta

até ao fim do ano?O destinatário desta pergunta chama-sePaulo Portas. Se o parceiro de Passos Coelhoaguentar a pressão (e vai ser muita), oGoverno aguenta. Tem maioria absoluta,conta com um Presidente que tem horror acrises e a governos presidenciais, e a tentaçãode partir a corda não é pacífica dentro domaior partido da oposição. Por muito que ossindicatos protestem, que o povo saia às ruase que Mário Soares intensifique estratégiasde desgaste da direita, se o CDS se mantiverfirme na coligação, 2013 chegará ao fim semeleições antecipadas. Passos temresponsabilidades neste "se". Saber manterPortas a bordo — num ano em que aexecução orçamental volta a ser de alto riscoe as autárquicas antecipam uma derrota paraPSD — exige cuidado. Mas com todas assondagens a mostrarem que a maioria doseleitores (embora penalize o Governo) não

quer eleições, é pouco crível que Portas se

disponha a contribuir para uma rutura dedesfecho imprevisível e de que dificilmenteele próprio sairia incólume.Se 2014 pode ser um ponto de viragem,o mais normal é o Governo cerrar os dentes.E aguentar 2013.

002 OOE passa no Constitucional?Uma coisa é certa, por iniciativa do Presidente da

República ou dos deputados, o documento vai pa-rar à mesa dos juizes do Tribunal Constitucional.Um ponto parece reunir o consenso quanto à in-constitucionalidade: os cortes nas pensões, cujoimpacto no OE é de 420 milhões. Todos os outrossão mais polémicos ou de difusa inconstitucionali-dade (escalões do IRS, maior penalização dos fun-cionários públicos ou peso dos encargos fiscais so-bre os rendimentos do trabalho).

003 Vai haver remodelação ouRelvas aguenta-se no Governo?

Com um primeiro-ministro esfíngico nunca se sa-be. A relação de Passos com Relvas não é do domí-nio da lógica. A cumplicidade entre ambos temrazões que a razão desconhece. E isso explica quePassos tenha segurado o seu ministro-adjunto nomeio de 'n' casos explosivos, desde uma licenciatu-ra-fantasma, a ligações perigosas com espiões,passando por uma deficiente coordenação políti-ca do Executivo, uma medíocre reforma autárqui-ca e uma falhada privatização da RTP. Remodelare manter Relvas é matar a remodelação. E isso

ajudará a explicar porque é que Passos ainda nãomexeu no Governo — nunca tiraria o amigo sob

pressão. Em 2013, não é de excluir que Relvas

saia. Do que Passos decidir também dependerá a

imagem que deixará como primeiro-ministro.

004 Quantos autarcasmudam de concelho?

As próximas autárquicas, além da tradicional lutapolítica, trazem uma enorme incógnita, que decor-re da aplicação da limitação de mandatos a maisde uma centena de presidentes. O PCP admite mu-dar alguns autarcas para uma Câmara vizinha e oPSD tem cerca de uma dezena de casos (Menezese Seara são os mais destacados).

005 OPS vai vencer as autárquicas?A dez meses de distância, a resposta é sim. Oseleitores habitualmente não desperdiçam oportu-nidades de mostrar um cartão amarelo (ou mes-mo vermelho) ao Executivo quando a ocasião aisso incentiva — e 2013 tem tudo para ser um anode dessintonia progressiva entre governantes e go-vernados. A vantagem da conjuntura vai colhê-lao PS, que conta, além disso, conquistar aos adver-sários muitas das câmaras onde os atuais presi-dentes não se podem recandidatar por limitaçãode mandatos. Não menos importante é lembrartambém que já por duas vezes (em 1982 e em2001) os resultados das autárquicas conduziram à

queda do Executivo e a legislativas antecipadas.Se isso vai acontecer em 2013...

006 OBE vai apagar-se sem Louçã?

Na verdade, ja se vinha apagando mesmo comFrancisco Louçã. O fundador do Bloco é o respon-sável pelos sucessos, mas também pelos insuces-

sos dos últimos anos. Foi com Louçã que o BEperdeu metade dos deputados — e dos eleitores.Foi com ele que o BE cometeu o erro tático defaltar à reunião com a troika. Foi com ele que seacentuaram as divergências internas. Louçã po-rém saiu ainda em alta. Fica como referência e

um nome capaz de fazer sombra à nova direção,que ensaia no terreno um modelo inédito de bice-falia — aliás, engendrado pelo próprio Louçã...

007 O CDS vai sair do Governo?

É pergunta para a qual o próprio Paulo Portasainda não tem resposta. A tentação de sair é enor-me, sobretudo perante a evidência de que a duplaPassos-Gaspar não perde tempo com as priorida-des dos centristas, mas o dilema parece irresolú-vel: se romper a coligação e saltar do barco será

responsabilizado pelas consequências da instabili-dade política e corre o risco de se afogar; se ficar,pode afundar-se com o parceiro... e afogar-se namesma. Qualquer que seja a resposta, será dese-

nhada, mês a mês, com a execução orçamental.Se se confirmar que o OE "aparentemente impos-sível" (palavras do CDS) de Gaspar é o caminho

para o desastre, Portas pode mesmo sair este ano.

Page 4: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

Até ao verão os dados estarão lançados.

008 António Costa avançacontra Seguro no PS?

Não avançou em junho de 2011 (quando Sócrateslhe quis passar o testemunho), consciente de queSeguro tinha vantagem nas eleições internas. Fá--10-ia agora, quando o atual secretário-geral temmais do que nunca as bases do seu lado? É a pers-petiva de eleições antecipadas suficiente para con-solidar um movimento de oposição interna? Não

parece crível, mas no PS nunca se sabe. Costa ain-da não confirmou a recandidatura a Lisboa (embo-ra ninguém acredite que não o faça). O congressodo partido deve ser antes das autárquicas.

009 Vai haver acordoentre o Governo e o PS sobrea refundação do Estado?

António José Seguro já disse que não... se refunda-ção do Estado for sinónimo do corte de 4 mil mi-lhões de euros na despesa que o Governo se com-prometeu a apresentar à troika até fevereiro. Se,

ultrapassada essa fase, Passos Coelho continuardisponível para a conversa, Seguro garante quetambém estará. Mas uma coisa é "partir pedra" e

outra chegar a um entendimento. Este ano e meionão foi fértil em consensos entre a maioria e omaior partido da oposição. Porque haveria 2013de ser diferente?

010 Cavaco si lva vai sermais interventivo?

É uma pergunta de um milhão de euros, porquedepende sobretudo da evolução da situação políti-ca, que se augura tensa, e da imprevisibilidade da

situação económica. Cavaco Silva não tem mostra-do vontade de intervir sobrepondo-se à vontadedos partidos e, por outro lado, a Constituição (e aleitura restritiva que dela faz) não lhe dá margemnem para governos técnicos, de salvação nacionalou de iniciativa presidencial. A sua ação tem sidomarcada pela gestão discreta e silenciosa não só

da resolução dos conflitos, como da articulaçãodos consensos, uma atitude pela qual tem pagoum preço, segundo atestam as sondagens.

011 Portugal vaiconseguir regressaraos mercadosem setembrode 2013?

O regresso aos mercados é aprimeira grande avaliação dosucesso do programa da troika.

Mas tudo indica que a estratégianão deverá passar por um regressoclássico, ou seja, através de novas emissõesde Obrigações do Tesouro (OT) que estãosuspensas desde abril de 2011. O grandeobjetivo do governo é amortizar a OT quevence em setembro de 2013 e que nestemomento, depois de uma operação de trocano valor de €3,8 mil milhões, tem em dívida€5,8 mil milhões. A estratégia parece servoltar ao mercado, mas com instrumentosalternativos, como novas operações de trocaemissão de Bilhetes do Tesouro que já podemir até 18 meses, colocações diretas junto deinvestidores ou mesmo captação de

poupanças de particulares. A troika apenascobre cerca de um terço das necessidades definanciamento do Estado em 2013 e por isso o

IGCP, instituto que gere a dívida pública, teráque pedalar. Mas com esta estratégia o maisprovável é que Portugal seja bem sucedidonesta espécie de regresso aos mercados que,não sendo a versão clássica, cumpre os

objetivos.

01 2 Quanto vai cair o PIB?

Ninguém pode dizer com certeza. Governo e troi-ka apontam para uma queda de 1% que pareceexcessivamente otimista. O Banco de Portugal,por exemplo, aponta para uma recessão de 1,6%.

013 Vítor Gaspar vai reconhecerem abril que a execuçãoorçamental falhou?

A execução orçamental do primeiro trimestre se-rá conhecida em abril e esse é um momento decisi-vo para o ministro das Finanças. Se as coisas esti-verem a correr muito mal, Gaspar não tem alter-nativa senão começar a infletir o discurso mesmoque ainda haja espaço para recuperação. Até por-que a troika chega em maio e, se houver derrapa-gem, é uma ótima altura para iniciar a negociaçãode uma solução que, a acontecer, ficará sempreguardada para agosto. Mas se, por acaso, os dadosestiverem apenas ligeiramente abaixo do espera-do, dificilmente Gaspar dará o braço a torcer.

014 Vamos precisarde um novo resgate?

Para já não há motivos para acreditar nisso. Os

juros estão a descer e Portugal tem uma estraté-gia de regresso aos mercados que dá algumas ga-rantias. Ao mesmo tempo, os mercados parecemmais calmos e a nova proteção do BCE é bastante

poderosa. Mas também não se pode excluir total-mente a hipótese de Portugal não se conseguir fi-nanciar na hora de a troika se ir embora em 2014.

01 5 Qual vai ser a taxa de

desemprego no final de 2013?

Page 5: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten-do em que conta que a economia continua a cair e

no terceiro trimestre a taxa estava já em 15,8%.Algumas previsões internacionais apontam paravalores acima de 17%.

01 6 A Espanha vai pedir resgate?

Os analistas dividem-se. Para uns, o Governo espa-nhol não dará qualquer passo nesse sentido antesdas eleições legislativas na Alemanha em setem-bro ou outubro. Para outros, dependerá de até

quando se manterá o efeito positivo do programado Banco Central Europeu de compra de obriga-ções soberanas no mercado secundário.

017 A Grécia ainda estaráno curo no fim de 2013?

A hipótese de saída do curo diminuiu desde a deci-são do Eurogrupo em aprovar uma operação de

recompra de dívida grega na mão de credores pri-vados. O novo ano será duro devido às mudançasestruturais aprovadas para garantir o apoio da

troika, conjugadas com o sexto ano de recessão.

018 Alguma grande construtorairá à falência?

Nenhuma empresa, nenhum sector, estará a sal-

vo, em 2013- Na construção e imobiliário, o piorestá para vir. Nesta fileira, todos os dias desapare-cem 29 empresas e 408 postos de trabalho. E pa-ra o próximo ano as previsões são negras: a produ-ção perderá mais €2,5 mil milhões e a destruiçãode emprego será devastadora. Mas a indústria é

de ciclo longo e as grandes construtoras assegu-ram no exterior a liquidez de que precisam. Aameaça reside no risco de mercados como a Vene-zuela ou a Argélia. Todas elas carregam dívidas

gigantescas, mas são demasiado grandes para fa-lir. A banca não lhes cortará o oxigénio da sobrevi-vência. A Opway é, porventura, a que está em si-

tuação mais crítica. Mas o Grupo Espírito Santo,seu acionista e credor, não a deixará cair. No limi-te, pode seguir o exemplo da Edifer, transferindo--se para o fundo Vallis.

019 A idade da reforma pode subir ainda mais?

O Governo tem salientado várias vezes que não está a considerar um aumento da idade legalda reforma em Portugal, que é de 65 anos. Contudo, vários especialistas alertam que, a prazo,esse é um cenário inevitável, devido ao envelhecimento da população e ao aumentoda esperança de vida. A Alemanha, por exemplo, é um dos países que já aumentou essa idade

para os 67 anos, com uma transição lenta, que se prolongará por 20 anos. Em Portugal, mesmosem aumentar o limiar legal, a idade da reforma tem, na prática, vindo a subir desde 2008.Tudo por causa do chamado fator de sustentabilidade, introduzido na reforma da SegurançaSocial de 2007 (sob a égide do ministro Vieira da Silva, no Governo de José Sócrates),que indexa o valor das novas pensões à esperança de vida após os 65 anos. Em 2013,por exemplo, será necessário trabalhar mais seis meses, para além dos 65 anos,para ter direito a receber a pensão por inteiro.

Page 6: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

020 O Governo vai denunciaralgum contrato de uma PPP?

Não. Entre uma solução à bruta e uma atitudecivilizada, o Governo opta pela pedagogia nego-ciai. A comissão constituída para renegociar to-dos os contratos rodoviários terá primeiro de ex-plicar aos privados que um modelo insustentávelde parceria público-privada (PPP) não serve ne-nhuma das partes. E, depois, convencê-los a abdi-car de 30% na sua margem e aceitar rendas maisbaixas. Em 2013, o corte nos "contratos onerosose desequilibrados" tem um número: €250 mi-lhões. Al Capone advertia que "se consegue sem-

pre mais com boas palavras e um revólver do quesomente com boas palavras". A comissão abdicado revólver, mas promete falar grosso.

021 O colapso do imobiliárioarrastará a banca?

A banca está a fazer tudo para evitar males maio-res. A atual conjuntura em nada favorece as cartei-ras do negócio imobiliário. Os bancos estão a ven-der as suas posições creditícias nestes projetos a

fundos para que a gestão conjunta possa recupe-rar os ativos e desta forma consigam recuperar os

seus créditos. Ainda assim, os resultados dos gru-pos mais expostos ao sector terão de incluir mais

provisões e imparidades.

022 O Estado vai ter de intervirem mais algum banco?

Poderá ter de intervir noutros bancos se as condi-

ções e os rácios que estão obrigados a cumprir se

deteriorarem. Até agora o Estado, através da linhade €12 mil milhões destinada à banca, já financiouo BCP com €3 mil milhões e o BPI com €1,5 milmilhões, que neste momento baixou para 1,2 milmilhões. Falta ainda capitalizar o Banif num mon-tante que pode rondar os €1000 milhões e quedeverá contar com a participação de acionistas dobanco. Neste caso o Estado poderá mesmo entrarno Banif com ações preferenciais e não com obriga-ções convertíveis como fez no BCP e no BPI.

023 Os países emergentescontinuarão a comprarPortugal?

Page 7: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

Sim, atendendo a que as empresas portuguesasestão descapitalizadas e o Governo tem convida-do investidores chineses, brasileiros e angolanos,entre outros, a investir no país. Já há bastante ca-

pital angolano na banca (BCP e BPI) e telecomuni-cações (Zon), na Cimpor quem manda é a brasilei-ra Camargo Corrêa e na energia os chineses sãoreis e senhores: passaram a ser os maiores acionis-tas da REN e EDP.

024 Vai haver mais privatizaçõesimportantes?

Após a decisão de manter a TAP na esfera públicae de o Governo concluir a privatização da ANA,será a vez de privatizar os CTT. A privatização daRTP, que tem gerado polémica, deverá avançarem breye e será também privatizada a EGF, do

grupo Águas de Portugal. Está ainda prevista avenda da área seguradora da CGD e da CP Carga.

025 As exportações vão podercontinuar a crescer?

É provável que sim, pois as empresas portuguesascontinuam a procurar novos mercados externos

para vender os seus produtos. A diplomacia econó-mica está a trabalhar nesse sentido. E a AICEP,agência estatal que apoia o investimento, estácoordenada para incentivar a conquista de novosmercados, desde os países da América Latina e daAmérica Central aos mercados asiáticos e às prin-cipais economias de África.

026 A guerra dos estivadores como Governo vai voltar em 2013?

Apesar de os estivadores terem dado esta semanaindicações que iam terminar a greve nos portos —

que teve início em setembro —, não é certo que

estes problemas não voltem a surgir em 2013. OGoverno conseguiu negociar com êxito com quasetodos os sindicatos que representam atividades la-borais desenvolvidas nas zonas portuárias e garan-tiu a manutenção dos postos de trabalho. Mas o

Sindicato dos Estivadores nunca se mostrou satis-feito com estas negociações.

027 Podem mesmo fechar600 farmácias?

É improvável que os encerramentos atinjam estenível. Este ano houve oito farmácias a encerrar,temporariamente, por razões económico-financei-

ras, das 2900 farmácias que há no país. É verdade

que o negócio está numa crise profunda, commais de 1200 estabelecimentos com fornecimen-tos suspensos e outros 630 em processo de regula-rização da dívidas, mas estão em curso negocia-ções para evitar o anunciado colapso, que poderiadeixar as ditas 600 farmácias na ruína.

028 Vai voltar a haver crédito?

Provavelmente sim, mas o acesso ao crédito conti-nuará apertado. Além de ser mais caro, os bancosestão mais exigentes e os particulares com menosrendimentos, assim como as empresas que se dedi-cam exclusivamente ao mercado doméstico, conti-nuarão a ver-lhes vedado o acesso ao crédito.

029 Os impostos podem subirainfln nifiic"?

Os impostos podem sempre subir mais, mas a eco-nomia portuguesa está já no limite do suportável e

em 2013 o Governo assume que vai haver um "e-

norme aumento de impostos". Além do agrava-mento do IVA, que transita deste ano, os portugue-ses vão contar com uma forte subida do IRS, o au-mento do IMI com a reavaliação das casas e subi-das de taxas em vários municípios. A margem parasubir uma carga fiscal que ronda 37% do PIB (in-cluindo contribuições sociais) é cada vez menor.

030 As pensões mais altas

podem ser cortadas?

Tudo indica que o Governo se prepara para avan-

çar com esta proposta. O primeiro-ministro já afir-mou que os reformados com pensões mais altasnão descontaram o suficiente face ao que recebeme que os cortes permanentes na despesa vão afetaras pensões. Contudo, os especialistas consideram

que o Tribunal Constitucional vetará a medida.

Page 8: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

031 O país escapará a uma revolta social?

Ninguém sabe dizer quando chegará o limite que separa a relativa tolerância dos portuguesesde um levantamento popular massificado e incontrolável, como reação às sucessivas medidasde austeridade que ainda vão surgir. Os avisos, deixados por académicos, políticos, sindicalistase até por militares, para o risco de uma sublevação ganham uma intensidade cada vez maior.Em 2012 houve o dobro de menções na imprensa à expressão "revolta social" do que em 2011.O indicador mais forte para que o limite de tolerância seja quebrado é a degradação domercado de trabalho, embora nenhum sociólogo se atreva a determinar qual é a taxa de

desemprego mítica a partir da qual a situação se tornará ingerível. É um terreno virgem. Tendoem conta as estatísticas bem mais negativas na Grécia e em Espanha, parece haver ainda umamargem de segurança em Portugal.

Page 9: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

032 As manifestações violentasvieram para ficar?

Além da adesão surpreendente de um milhão de

portugueses aos protestos de rua, concentradosnas manifestações de 15 de setembro contra o

agravamento da Taxa Social Única para os traba-lhadores, houve uma novidade em 2012 que indi-ca o fim da tranquilidade: começaram a ser lança-dos petardos e são cada vez mais os jovens queaparecem encapuzados, de forma a ocultar a suaidentidade, nas concentrações contra a políticado governo e da troika. Os petardos que rebenta-ram a 15 de setembro em frente ao Parlamentoforam poucos mas aumentaram de ritmo nos pro-testos seguintes. O que significa que a violênciadeixou de ser apenas espontânea para ser preme-ditada. É isso que se passa há já muito tempo naGrécia. E esse salto na atitude de quem protestaé um sinal claro do que o Governo pode esperarpara 2013.

033 O nível de criminalidadevai aumentar?

É provável que sim. A pobreza e o desespero an-dam muitas vezes de mão dada. E pessoas deses-

peradas fazem coisas desesperadas. Pequenos fur-tos, grandes assaltos, mais violência e menos tole-rância. O céu está carregado de nuvens e o epicen-tro da tempestade ainda não chegou. Com este

tempo, ninguém espera raios de sol. Nem os cida-dãos, nem as polícias, nem o Governo, que emano de contenção generalizada fez subir as dota-

ções orçamentais para os Ministérios da Adminis-tração Interna (+12,3%) e da Justiça (+2,5%).

034 Quantos portugueses vão viverabaixo do limiar da pobreza?

Atualmente 1,8 milhões de portugueses (18%) vi-vem abaixo do limiar da pobreza e 2,6 milhões

(24%) correm risco de exclusão social (sem presta-ções sociais seriam 4,4 milhões). Diz o Eurostat

que somos o terceiro país com mais pobres daUnião Europeia. Voltou a falar-se de fome. Sendo

que não está previsto que a crise económica aban-done Portugal em 2013, o emprego suba ou os

impostos baixem, o mais provável é que estes nú-meros piorem no próximo ano.

035 O inglês vai ser a línguadominante nas universidades?

O inglês já é a língua 'oficial' das aulas em várioscursos da área de Economia e Gestão. E algumasdas principais escolas de negócios do país, comoa da Universidade Nova, da Católica ou do Porto,apresentam-se com o nome em inglês. A estraté-gia de internacionalização e captação de alunose de professores estrangeiros a isso obriga. Quan-

to mais for essa a aposta seguida por outras facul-dades e noutras áreas, seguramente que mais co-mum o inglês se tornará.

036 Podemos pagar propinasno ensino obrigatório?

Depois de o primeiro-ministro ter referido a possi-bilidade de uma maior partilha dos custos entre oEstado e as famílias na educação, Nuno Crato jápor diversas vezes se viu obrigado a afastar cená-rios que pareciam estar na cabeça de Passos Coe-lho. A confiar nas palavras do ministro, o Governonunca introduzirá propinas no ensino obrigató-rio, ou seja, nem no básico nem no secundário.

037 Vamos voltar ao modelo dasescolas técnicas e industriais?

A espécie de Plano Marshall — mas com pouco di-nheiro — que o Governo de Merkel quer ver os

países europeus em dificuldades a adotar passapor copiar o modelo de desenvolvimento que tan-tos frutos tem dado à Alemanha. O seu eixo centralé o sistema dual de ensino, que responsabiliza as

empresas pela formação técnica dos jovens, ensi-nando-lhes uma profissão orientada para o merca-do, ao mesmo tempo que recebem aulas teóricasnas escolas. Portugal assinou um protocolo de coo-

peração com Berlim e, com cada vez mais licencia-dos no desemprego, o caminho é também por aí.

038 Vai pagar-se cada vez maispela Saúde?

A resposta não tem qualquer margem de dúvida:vai e muito. A atual política de cortes administrati-vos e 'a direito', sem qualquer reforma estruturalde base, obrigará os portugueses a suportar umafatura maior para terem acesso a tratamento. Oaumento dos encargos com a Saúde será feito indi-retamente, pelos impostos cobrados, mas tam-bém através de pagamentos diretos, por exemplona farmácia e nas taxas moderadoras.

039 Os hospitais vão ter dinheiro

para tratar os doentes?Já não têm. Na sua maioria, os hospitais públicosestão sem meios financeiros para garantir a res-

posta assistencial à população e só o têm consegui-do, na medida do possível, criando novas dívidas afornecedores e agravando o défice do SNS. A sus-tentabilidade está em risco e nem os limites implí-citos à quantidade (menos consultas e cirurgias) eà qualidade (com o congelamento dos tratamen-tos inovadores) do acesso aos cuidados tem sido

capaz de reverter a situação. Os responsáveis hos-

pitalares estão convictos de que o orçamento de2013 para a Saúde é "impossível de cumprir".

040 Vão nascer ainda menos

Page 10: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

portugueses?

Muito provavelmente. Este ano foi o pior de sem-

pre. Desde que há registos, nunca nasceram tão

poucos bebés em Portugal e chega-se ao final do

ano com a dúvida: 2012 não conseguirá mesmochegar aos 90 mil nascimentos (menos 7200 do

que em 2011)? A 'culpa' também é da crise: hácada vez mais portugueses em idade fértil a emi-

grar; há cada vez mais imigrantes (responsáveispor 14% dos nascimentos) a regressar a casa; e os

que cá ficam, portugueses e estrangeiros, estão aadiar a descendência para tempos mais prósperos— que 2013 não trará. "Talvez a natalidade suba

daqui a dois ou três anos", estima a demógrafaMaria João Valente Rosa. Mas é só um talvez.

041 A emigração para Angolae Brasil vai continuar em força?

Sim. De um lado, Portugal tem 827 mil desempre-gados, 35% de desemprego jovem, 107 mil licen-ciados sem colocação; do outro, os dois países lu-sófonos crescem diariamente, geram postos de

trabalho, contratam. 0 Brasil precisa de 290 milengenheiros para pôr de pé o Mundial de futebole as Olimpíadas. Angola tem um vasto plano deinfraestruturas (água, eletricidade, saneamento)e necessita de mão de obra, de arquitetos e todo o

tipo de especialistas da construção. Desde o inícioda crise mais de 600 mil portugueses deixaram o

país — para estes dois destinos e muitos mais.

042 0 preço da águapode aumentar muito?

Depende de onde mora. Há municípios que já tor-naram pública a intenção de não mexer no preçodeste recurso essencial e outros que vão aumentá--lo para refletir os custos de abastecimento. Atual-mente o preço da água varia mais de 30 vezes e o

grupo Águas de Portugal avançou com a ideia deinstituir um custo entre €2,5 e €3 por metro cúbi-co. Se esta ideia for para a frente, as faturas passa-rão dos €25, tendo em conta um consumo médiomensal de 10 metros cúbicos.

043 As compras a prestaçõesvão ser a norma?

A aquisição de bens móveis e imóveis a créditotende a diminuir, em consequência da retração do

consumo e de uma maior responsabilidade do con-sumidor e da necessidade de evitar o descontrolo.O recurso ao "pague em 12 meses sem juros" temsido uma moda. Mas não é certo que se prolongueno tempo. Quem quer substituir a televisão queavariou, comprar uma nova mobília ou um gadgettem de ter a 'folha limpa' no Banco de Portugal,pois por trás destas campanhas há sempre umainstituição financeira cada vez mais rigorosa naconcessão desses créditos... com ou sem iuros.

044 A redução de freguesiaspode provocar revoltas locais?

O processo de reorganização administrativa, numpaís com 308 municípios e 4259 freguesias, pro-mete ser tudo menos pacífico. Em Barcelos, o con-celho com mais freguesias (89), a simples suges-tão de que algumas iriam ser fundidas (para umtotal final de 61) levou milhares de pessoas para arua. É um bom exemplo do que pensam muitosportugueses. A freguesia é mais do que um sim-

ples nome num cartão. Representa história, tradi-ção e confere-lhes uma identidade especial.

045 O 'Face Oculta' chega ao fim?

Não. O processo parece ter entrado em velocida-de de cruzeiro. As medidas de coação dos argui-dos foram revistas, há sessões de julgamento to-das as semanas e até, como no caso do arguidoJosé Penedos, ex-presidente da REN, testemu-nhas ilustres: Almeida Santos, Eduardo Catroga e

Jorge Sampaio passaram pelo Palácio da Justiçade Aveiro. Mas seja qual for o resultado que saiado tribunal — onde está a ser julgado um esquemade corrupção liderado por um sucateiro e que en-volve quadros de grandes empresas — seguir-se-áa inevitável guerra de recursos. E guerras dessas,

já se sabe, nunca se sabe quando acabam.

046 Algum arguido no processoCasa Pia vai cumprir a pena?

Se tivéssemos de apostar num nome, diríamosCarlos Silvino, condenado à pena mais pesada —

15 anos — e que já viu o último recurso chumbadopelo Tribunal Constitucional. Os outros arguidostêm recursos pendentes no mesmo tribunal, partedo julgamento referente aos crimes cometidos nacasa de Eivas está a ser repetido e uma das princi-pais testemunhas voltou a tribunal para dizer queinventou todas as acusações contra os arguidos.

047 Isaltino pode mesmo ser preso?Já não é a primeira vez que fazemos esta pergun-ta. E a resposta é a mesma: não necessariamente.É verdade que cinco tribunais já disseram que Isal-tino Morais deve ser preso (tem dois anos paracumprir), que os recursos têm sido rejeitados e

que a nova estratégia da defesa (o Tribunal da Re-lação usurpou poderes da administração fiscal) foiliminarmente rejeitada. Mas ainda há um recurso

pendente no TC e mais dois na Relação de Lisboa.

048 Duarte Lima é condenadono Brasil?

Sim. A justiça brasileira poderá condená-10, ainda

que à revelia, pelo homicídio da portuguesa Rosa-lina Ribeiro, no Rio de Janeiro. Duarte Lima difi-cilmente será extraditado, a menos que viaje para

Page 11: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

países com acordos de extradição com o Brasil.

049 Haverá acusados

no caso dos submarinosou na operação 'Furacão'?

E duvidoso. Os indícios de crime nestes dois pro-cessos de corrupção e evasão fiscal são aparente-mente evidentes. Mas todas as empresas apanha-das na operação 'Furacão' têm pago o imposto emfalta e evitado uma saga nos tribunais. No casodos submarinos, o MP não encontra documentosdo negócio em Portugal e continua à espera da

resposta às cartas rogatórias enviadas para a Ale-manha, onde o mesmo negócio já valeu a condena-

ção de dois alemães em 2011. Leu bem: 2011.

050 A reformado mapa judicialvai fazer a Justiça

mais rápida?Para já não. 2013 será o ano da preparaçãoda reforma do mapa judiciárioe só em 2014 é que os processossão transferidos e as 23 novas comarcascomeçam a funcionar — tendo em contaa experiência de 2009, que criou ascomarcas-piloto), é de crer que 2014seja o ano do caos, mas responderemosa essa pergunta daqui a um ano. O Governotem preparada mais uma mudança do CódigoCivil, mas é pouco crível que ele comece afuncionar já este ano. Vai ficar portanto maisou menos tudo na mesma e duas discussõesvão dominar o mundo judicial: a lei doenriquecimento ilícito e a publicação/comunicação às autoridades do nomedas pessoas condenadas por pedofilia.

Page 12: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

05Í Angela Merkel vai ganharas eleições em setembro?

O paradigma da representação política pode estar a mudar na Alemanhacom o surgimento do Partido dos Piratas e a menor representação da \

atual coligação, o FDP. Mas a campanha será dominada pela crise do curoe suas implicações para a União Europeia. A campanha vai estar, por isso,sob os holofotes expectantes do resto do mundo. Os democratas-cristãos(CDU) e o partido irmão da Baviera (CSU), em conjunto com osdemocratas-livres (FDP) têm defendido a economia de mercado.Os sociais-democratas (SPD) falam numa maior redistribuição da riqueza.Como não se prevê maioria absoluta, resta saber se Angela Merkel, emcaso de vitória, vai liderar uma CDU/CSU (com 39% das intenções de voto)coligada com o FDP, como atualmente, ou se será forçada a voltar àfórmula da grande coligação com o SPD (30%) dos anos 2005-2009.

052 Catalunha ou Escócia podemtornar-se independentes?

Em 2013, nem uma nem outra. O governo catalãosaído das eleições de novembro tem uma agendade "transição nacional", mas só prevê um referen-do em 2014 (a lei espanhola proíbe). Até lá o presi-dente Artur Mas, da aliança conservadora Conver-gência e União, quer "estruturas de Estado": agên-cia tributária, segurança social própria e um em-brião de banco central. Precisa do apoio da Es-

querda Republicana que está contra a austerida-de adotada por Mas desde 2010. Na Escócia have-rá referendo no outono de 2014, por acordo entreo governo regional (nacionalista) e o Executivobritânico. As sondagens indicam que só 29% doseleitores querem a secessão.

053 Berlusconi continua a baralhara política italiana?

A baralhá-la é quase certo. A dominá-la já não. As

legislativas serão em fevereiro e o favorito é PierLuigi Bersani, do Partido Democrata (esquerda).Berlusconi disputa o segundo lugar com o Movi-mento 5 Estrelas do humorista Beppe Grillo. O

que de facto quer é ser deputado, para reavivar as

suas empresas (em crise desde que saiu do Gover-no) c recuperar imunidade parlamentar (peranteuma série de processos judiciais em curso).

054 A guerra na Síria vai acabar?

Contestado pelo seu povo desde março de 2011,Bashar al-Assad recusa-se a abandonar o poderpelo seu próprio pé, mas o sangue derramado du-

rante a revolução síria não mais lhe permitiráexercer o cargo que ocupa com dignidade. O cadavez mais ténue apoio da Rússia e da China a Da-masco divide a comunidade internacional na horade discutir a melhor forma de acabar com a guer-ra na Síria. O conflito segue cada vez mais distan-te dos espaços noticiosos e cada vez mais depen-dente da dinâmica de vitória dos rebeldes.

055 A Palestina pode fragmentar-seem dois Estados?

Oficialmente, israelitas e palestinianos aceitam

que a paz no Médio Oriente passe pela solução dedois Estados independentes: Israel e Palestina. Po-

rém, o crescimento de colonatos judeus na Cisjor-dânia e as desavenças intrapalestinianas (Fatah eHamas não conseguem formar um Governo deunidade nacional) criaram factos consumados noterreno que apontam, cada vez mais, para três Es-tados: Israel, Cisjordânia (controlada pela Autori-dade Palestiniana) e Faixa de Gaza (governada pe-lo Hamas). Os palestinianos jamais aceitarão esse

cenário, mas para serem credíveis têm de dar mos-tras de unidade e realizar eleições nacionais.

056 Israel ataca o Irão?O Irão continua com o programa nuclear e, de

tempos a tempos, Israel inquieta-se. O Ocidente

respondeu com sanções que, diz Teerão, "moemmas não matam". No último discurso na ONU, emsetembro, o primeiro-ministro israelita, BenjaminNetanyahu, alertou para o Irão poder estar próxi-mo do ponto de não-retorno. A 22 de janeiro, Ne-tanyahu tentará a reeleição, algo que está vedado

Page 13: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

ao Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,a 14 de junho. Da redefinição política em Telavivee Teerão dependerá a evolução nuclear iraniana.

057 O regime egípcio fica maisparecido com o de Mubarak?

Dois anos depois, há mais semelhanças do que di-

ferenças entre o Egito da primavera árabe e o deHosni Mubarak. Chegado ao poder com umaagenda ideológica, o Presidente Morsi, eleito pelaIrmandade Muçulmana, tenta agradar a islamitas

(vencedores de todos os escrutínios), saudosistasde Mubarak (presentes em instituições importan-tes) e revolucionários da Praça Tahrir.

058 O poder de Lula continuaa diminuir no Brasil?

Uma sondagem recente dava-lhe 56% dos votos sevoltasse a ser candidato presidencial em 2014,ano do Mundial de Futebol no Brasil. No mesmoestudo, Dilma Rousseff aparece abaixo de Lula,Presidente entre 2003 e 2010, continua um fenó-meno de popularidade. Em outubro, nas eleiçõespara a prefeitura de São Paulo, o seu apoio deter-minou a vitória do trabalhista Fernando Haddad.Mas, mal acabou o julgamento do "Mensalão", es-

quema de compra de votos no Congresso feito porelementos da sua confiança, rebentou outro escân-dalo, o de Rosemary Noronha, amiga íntima quefazia tráfico de influências...

059 Manuel Vicente pode sucedera José Eduardo dos Santos?

José Eduardo dos Santos tem guiado o percursode Manuel Domingos Vicente. Fez dele presiden-te da Sonangol em 1999 e catapultou-o para minis-tro da Coordenação Económica em janeiro. Le-vou-o para o bureau do MPLA e n Q 2 das listas do

partido nas eleições de agosto, donde saiu vice-

-presidente de Angola. Filho de um sapateiro e deuma lavadeira, nascido em Luanda em 1956, licen-ciado em engenharia pela Universidade Agosti-nho Neto em 1983, será o sucessor de Eduardodos Santos. A dúvida é quando. Já em 2017?

060 Obama refém da maioriarepublicana no senado?

Os republicanos enfrentam "um Presidente deum mandato só", nada preocupado com a reelei-ção e a ala mais radical, o Tea Party, perdeu pesonas eleições de novembro. Figuras como o sena-dor Saxby Chambliss ou o presidenciável BobbyJindal (governador da Luisiana) querem um parti-do menos obcecado com o boicote à governação emais empenhado num novo acordo orçamental (oatual expira a l de janeiro). Já se transige comimpostos sobre os milionários, caso do senadorGrover Norquist, que jurara nunca votar tal coisa.

CULTURA061 A Coleção Berardo vai ser vendida?

Não. O que não significa que o Estado não o tente fazer. Mas para isso terianecessariamente de a comprar primeiro por €316 milhões de euros. O negócioé de todo o interesse para os credores de Joe Berardo — CGD em primeiro lugar — , e parao Governo também, pois o dinheiro escasseia para manter o acervo e financiara Fundação que o gere. De qualquer forma, o momento não é o mais propíciopara o Estado entrar numa guerra jurídica com o comendador, que já viu o orçamentoda fundação que administra o Museu Berardo encolher, foi obrigado a cobrar bilhetesde entrada no espaço que ocupa no CCB a partir de janeiro, e verá a seguir o seu númerode visitantes baixar drasticamente. Mas a guerra e o diz que disse entre o empresáriomadeirense e o Governo poderá ter em 2013 um ano muito aceso. Berardo precisade mais dinheiro para que a sua holding sobreviva e para isso terá necessariamentede aumentar as garantias bancárias que os bancos lhe exigem.Só a valorização da coleção lhe permitirá mais crédito.

Page 14: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

062 O Acordo Ortográfico vai serrevisto ou deixará de vigorar?

Para já não. As novas regras ortográficas entra-ram em vigor a 13 de maio de 2009, estando sujei-tas a um período de transição de seis anos. Só em2015 terá de estar adotado na íntegra por todos as

instituições e organismos. Só um possível recuodo Brasil poderá levar a uma revisão do AO oumesmo a deixar que vá por água abaixo.

063 O orçamento vai paralisara atividade cultural?

Quase. Os teatros nacionais, a CNB, a Cinematecae todos os museus dependentes da SEC terão ape-nas dinheiro para funcionar a meio-gás, terão dediminuir programação e poupar ainda nas poucasproduções que levarem a cabo.

064 A literatura portuguesa vai serpremiada internacionalmente?

Sim. Há dois candidatos fortes ao reconhecimen-to internacional e às distinções literárias. ValterHugo Mãe, que acabou de ganhar o Grande Pré-mio PT de Literatura, em São Paulo, e Gonçalo M.Tavares, cuja escrita tem vindo a ser reconhecidapela crítica mais prestigiada e cuja obra está tra-duzida em cada vez mais línguas.

065 O cinema português continuaráa pontuar lá fora?

Sim. João Salaviza, João Canijo e Miguel Gomes,celebrados em muitos dos maiores festivais de ci-

nema pelo mundo fora estão no terreno com umacriatividade crescente.

066 O Spotify vai mudar a formacomo se ouve música?

Sim. Primeiro no contexto de uma elite de aman-tes da música. Chegará às massas depois do bocaa boca chamar a atenção para a qualidade sonorada aplicação, a dimensão da biblioteca e a rapidezcom que descarrega temas, além de ser grátis.

Page 15: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

067 As telenovelas nacionaisvão voltar a ganhar Emmys?

Sim. A sua qualidade tem vindo a aumentar e assucessivas nomeações de telenovelas made in

Portugal para os prémios mais importantes detelevisão do mundo fazem com que a atenção re-caia cada vez mais sobre elas. A proeza de "La-ços de Sangue" (SIC/Globo) em 2011 e de "MeuAmor" (TVI) em 2010, conquistando o Emmynão será difícil de repetir por "Dancing Days"(SIC/Globo).

068 Além do fado, haveráo reconhecimento mundial

para outro género de música?

O reconhecimento acontecerá, sim, mas nãopropriamente para a música portuguesa. Comdestaque e aplausos garantidos internacional-mente vão estar a composição, a interpretaçãoe a direção, na área da música clássica, bem co-mo o jazz alternativo pela mão feminina de

grandes jovens figuras. Joana Carneiro, An-dreia Pinto Correia, Ana Quitans, e Sara Serpaserão as protagonistas.

069 Joana Vasconcelos vaiconquistar a Bienal de Veneza?

Vai dar que falar e muito. Sem pavilhão para ex-

por o seu trabalho, a artista levará Portugal à

grande mostra da capital da arte contemporâneadentro de um cacilheiro atracado nos canais das

gôndolas. Mas terá concorrência fortíssima. O ar-tista chinês Ai Weiwei, que representa a Alema-nha, não deixará de fazer sombra a tudo e todos.

070 Os festivais de verãovão sofrer com a crise?

Sim, mas não muito. O ritual das noites de música

já entrou nos hábitos de verão dos portugueses,sobretudo dos mais jovens e até os pais já contamcom isso nos seus orçamentos. Não estão previs-tos aumentos de preço dos passes dos festivais,antes pelo contrário, o que facilitará a continuida-de da afluência do público.

071 Usam Bolt conseguebater o recordedos 100 metrosnos Mundiais?

E o grande objetivo do jamaicano em 2013e a história mostra que a palavra de Bolt,o deus das pistas de atletismo, é semprelevada à letra. Nos mundiais de Moscovo,

em agosto, o velocista quer reconquistaro título dos IOOm (após a desqualificaçãopor falsa partida em 2011) com um novomáximo, abaixo dos atuais 9ssBc. "Começoa ficar velho e os meus recordes também",explicou. Mas o festim do monstro caribenho,que cresceu na base do trabalho e ao saborde muita mandioca, não deve ficar por aquie também o recorde dos 200 mdeve cair.

072 Vettel entra no pódio dos

pilotos com mais títulos da Fi?

Sebastian Vettel conquistou o terceiro título poruma nesga — aconteceu na derradeira corrida, noBrasil, na qual sobreviveu a uma molha das antigase a uma carambola. Dos três, este foi o título mais

complicado porque a FIA impôs regras para limi-tar a vantagem aerodinâmica dos Redßull desenha-dos pelo génio de Adrian Newey. Em 2013, Vettelpoderá entrar no panteão de glórias onde estão

Fangio e Schumacher — ambos com mais de três

campeonatos — se mantiver o gosto pelo risco. Ese Newey sacar um novo coelho da cartola numdaqueles truques de mágica dos predestinados.

073 O Sporting vai à falência?

De duas, uma: ou inverte o sentido atual, colocaos resultados operacionais positivos (diminuindoos custos, porque o aumento de receitas em tem-

pos de crise é tão complicado como tem sido mar-car golos em campo) e fecha com a banca — Mil-lennium BCP e BES — a reestruturação financeirae o respetivo perdão de dívida ou a margem parapagamento a funcionários e fornecedores fica detal forma estreita que pode levar à insolvência. Hásolução? Sim. Qual? Ninguém sabe ao certo. Quan-do? No (santo) dia em que aparecer o investidor.

074 OFC Porto conseguevender um jogador acimados €40 milhões?

Em princípio, não. Mas alguém acreditava em Fal-cão no Atl. Madrid por €40 milhões (em 2011)? E85% do passe de Hulk por outro tanto (em 2012)?No FC Porto, e com Pinto da Costa a comandar os

negócios, é melhor aplicar a máxima do ex-capi-tão João Pinto: prognósticos... só no final do jogo.Até porque há James Rodríguez, o novo prodígiosul-americano que tem meia Europa atrás dele.

075 Portugal consegue qualificar-separa o Mundial?

Acreditem ou não, Portugal está empatado comIsrael (sete pontos em quatro jogos) no segundolugar do Grupo F que é liderado pela Rússia (12pontos) — os russos não passaram da fase de gru-pos no Euro-2012 e Israel só por uma vez se quali-ficou para um Mundial (1970, no México). O cená-rio é confuso mas Portugal tem margem de pro-

Page 16: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

gressão porque: l) vai encontrar Israel em dois

jogos; 2) ainda receberá a Rússia; e 3) a desloca-

ção mais complicada será à Irlanda do Norte. Só o

primeiro de cada grupo se qualifica diretamente e

os oito melhores segundos entram para oplay-off.

076 Cristiano Ronaldosai do Real Madrid?

Há perguntas para um milhão. Esta é para 100milhões. Cristiano Ronaldo anda amuado ou desi-ludido porque não tem o mimo ou o dinheiro quese acha no direito de ter. É natural que estejaamassado por (con)viver no mesmo país e na mes-ma Liga de Messi, o que conduz a comparaçõespor norma menos positivas para o português. Maspara levar Ronaldo é preciso um camião de dinhei-ro e só PSG ou Man. City o têm — falta saber se

aos cifrões estes clubes apresentam um projetogrande o suficiente para aninhar o ego de CR7.

077 Mourinho conquista a Liga dos

Campeões pela terceira vez?

Ganhar a Liga dos Campeões é a única forma determinar com dignidade a aventura no Real Ma-drid. O balneário está esfrangalhado, as estrelasnão pressionam como antes e Mourinho está pe-los arames com a comunicação social e com ascríticas — legítimas, visto o português estar a cum-prir a sua pior época de sempre. Conquistar aChampions — no seu caso, será a terceira por trêsclubes e países diferentes, algo que nunca nin-

guém fez — salvar-lhe-á a face e devolvê-10-á aolugar de treinador entre os treinadores.

078 Messi consegue o recordede quatro Bolas de Ouro?

Por defeito, Lionel Messi é sempre favorito à con-quista da Bola de Ouro; se vencer, fá-10-á pelaquarta vez consecutiva, tornando-se o futebolistamais vezes galardoado na história desta modalida-de. Messi é o jogador mais rápido, habilidoso, tec-

nicista, o maior goleador do planeta e está à dis-tância do comprimento de um campo de futebol

para todos os seus rivais — por mais que isso noscuste, a nós, portugueses, Ronaldo é um ator se-cundário neste filme. O problema, para Messi, é

que a Bola de Ouro é um prémio qualitativo mastambém quantitativo. O argentino não ganhou na-da de especial (apenas a Taça do Rei) em 2012 e,nos bastidores, faz-se lóbi por Iniesta como formade distinguir a campeã europeia Espanha.

079 Para onde vai Pep Guardiola?

A resposta não agrada a Mourinho mas Guardiolavai para onde quiser. O catalão é um caso raro deum bem-parado que continua a valorizar, fruto da

imagem mística, cavalheiresca e vencedora queconstruiu no Barcelona. O seu antigo braço-direi-to no Barça, Beguiristain, já está no Man. Citymas o United também está à espreita — escreve--se em Inglaterra que Alex Ferguson já fez váriasvisitas ao domicílio nova-iorquino em manobrasde charme. Mas o AC Milan, o PSG, o Chelsea e,enfim, todos os outros clubes que têm um coraçãoa bater no peito, sonham em ter o príncipe dostreinadores no seu banco.

080 Nadai vai voltar a ser n s 1?

Um dia o 'homem de ferro' teria de parar parafazer a revisão ao material — as juntas foram-sedesgastando e a falta de óleo quase fez gripar os

propulsores. Durante anos, Rafael Nadai puxou ofísico até aos limites, jogando lesionado, infiltra-do, quebrando muito mais do que torcendo. O joe-lho cedeu, o ombro doeu e o espanhol foi forçadoa parar. Em Espanha, na 'sua' Maiorca, Nadai trei-na com o tio e faz upload dos vídeos das suas pan-cadas para as redes sociais, como teasers de umfilme que estreia em breve. O esquerdino quer re-gressar cm grande para o Opcn da Austrália c re-cuperar o terreno perdido para Djokovic (l fi do

ranking) e Federer (2 fi ). Mas há um novo playerem campo: Andy Murray, medalha de Ouro nosJO. Os concorrentes são fortes mas nenhum delesrifa Rafa Nadai. Fazê-lo seria um erro.

Page 17: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

MUNDO081 Vamos ter o nosso genoma

por menos de 1000 dólares?

É uma corrida que envolve empresas e centros de

investigação em todo o mundo, com promessas de

que é em 2013 que esse objetivo mítico será alcan-

çado, massificando a medicina personalizada. O

mapeamento do genoma humano ficou prontoem 2003, tendo custado 2,7 mil milhões de dóla-res. Hoje, fazer a sequência completa do nosso

genoma custa apenas 7500 dólares e o seu preçoestá a cair rapidamente. Os testes genéticos dete-tam mais de 2500 deficiências, das quais 500 po-dem ser tratadas.

082 Pode ser descoberta algumavacina muito importante?

Estamos ainda longe de uma vacina contra o can-

cro, mas muito perto de uma vacina de elevadaeficácia contra a malária, epidemia que mata ummilhão de pessoas por ano, a maior parte crian-

ças, atingindo mais de 200 milhões de pessoas emtodo o mundo. A competição científica internacio-nal é muito grande e há organizações poderosas,como a Fundação Bill & Melinda Gates, que finan-ciam a investigação desta doença, incluindo emPortugal, onde várias equipas de cientistas estão aestudar a malária. Há vacinas na fase de testes

clínicos, mas a sua eficácia ainda é reduzida.

083 A nanomedicinavai ser dominante?

Ainda não, mas caminhamos rapidamente paraessa realidade, onde a medicina se desenvolverá à

escala atómica e molecular. Vamos assistir a no-vas descobertas e à criação de novas estratégiasterapêuticas e de métodos de diagnóstico e de ima-giologia baseados na nanomedicina, que incluirãoa capacidade para detetar uma doença através da

presença de poucas moléculas, ou para a tratarconcentrando a aplicação de medicamentos à na-noescala em tecidos doentes. É o que já se passacom a PEGASEMP, a nanopartícula desenvolvida

pela Universidade de Coimbra para o tratamentodo cancro da mama, patenteada nos EUA.

084 Haverá vida em Marte?As primeiras amostras do solo recolhidas pelo robô "Curiosity" daNASA alimentaram grandes expectativas, mas ainda não foramdescobertos indícios de vida passada ou presente em Marte. Orobô procura moléculas orgânicas, que contêm carbonoessencial à vida tal como a conhecemos. Para já, aúnica certeza dos cientistas é que existe águagelada nos poios e no subsolo do planetavermelho

085 O preço do petróleo baixa?

É muito pouco provável. Os parâmetros de subidaou descida do preço dependem do crescimentomais ou menos rápido da economia mundial, isto

é, do crescimento da procura. Se a crise europeiacontinuar e o abrandamento da economia ameri-cana persistir, o preço do petróleo vai certamente

Page 18: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

aumentar menos ou até estagnar. Mas as grandeseconomias emergentes como a China ou a índiacontinuam a crescer e vão certamente pressionara procura, tal como o Japão, porque a reduçãodrástica da produção nuclear depois do desastrena central de Fukushima aumentou a importaçãode combustíveis fósseis. E outros fatores podemafetar os preços, como o agravamento das tensões

políticas no Médio Oriente ou o aumento da extra-ção de petróleo no Brasil, nas novas jazidas do

pré-sal (camada geológica no fundo do oceano).

086 O uso bélico de dronesvai ser regulado?

Mais depressa o uso de drones vai ser reguladonos Estados Unidos do que a sua utilização inter-nacional. Os ataques com aviões não tripuladosno Paquistão, lémen, etc, constituem para as Na-ções Unidas a maior ameaça a 50 anos de prima-do da lei internacional. Mesmo o ex-candidato re-publicano Ron Paul, defende que estas missões aé-reas violam a Constituição. O relativo vazio legalque envolve a exportação deste tipo de tecnologiae os progressos de fabricantes estrangeiros comoos chineses podem vir a desafiar a supremacia dosEUA. Os atuais alvos de Washington podem vir aripostar na mesma moeda, que é como quem dizcom os seus próprios drones.

087 A net vai ser supervisionada?

Foi adiada a revisão do tratado da OrganizaçãoInternacional das Telecomunicações relativamen-

te à internet, uma vez que EUA, Japão, Canadá eUE continuam a defender uma Rede 100% livre.Rússia, Irão, China ou Cuba defendem a regula-ção governamental com uma lógica tarifária seme-lhante à das telecomunicações. Esta espécie de

reedição da Guerra Fria, agora no campo das tec-nologias, promete estender-se por 2013-

-088 A estratégia mundialde combate à droga vai mudar?

Já está a mudar. O falhanço das políticas de re-pressão militar ao tráfico, designadamente no Mé-xico, assim o obriga. Os ex-Presidentes do Brasil,Fernando Henriques Cardoso, do México, Ernes-to Zedillo, e da Colômbia, César Gaviria, têm de-fendido uma abordagem menos repressiva e maissocial passando por políticas de saúde pública emmatéria de toxicodependência.

)89 Vão acentuar-se os fenómenosclimáticos extremos?

Muitos cientistas dizem que sim, mas como expli-ca Francisco Ferreira, professor e investigadorda Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univer-sidade Nova, "é mais fácil fazer estas projeções amédio e longo prazo do que apenas a um ano".As maiores certezas sobre as alterações climáti-cas são o aumento da temperatura e da seca àescala global, "que vai continuar". De resto, "édifícil prever com elevada margem de segurançaque os furacões, por exemplo, vão ser mais dra-máticos em 2013". Como diz o meteorologistaPaulo Pinto a propósito do recente tornado noAlgarve, "não é possível estabelecer uma tendên-cia significativa se há mais ou menos tornados,mesmo nos EUA, onde as séries estatísticas sãomais longas".

090 O preço dos alimentospode subir muito?

A agricultura está cada vez mais interligada comsectores como o ambiente e a economia. Daí queo aumento das temperaturas médias do ar tenhaimpacto na produção de alimentos e, consequente-mente, nos preços que atingem nos mercados.Desde 2011, a alimentação passou para o topo das

agendas políticas quando se percebeu que as orga-nizações capazes de intervir no sector tinham decoordenar esforços para combater a volatilidadedos preços dos alimentos. Abdolreza Abassian, pe-rito da FAO, disse ao Expresso que "a tendênciados preços nos últimos dois anos tem sido muitovolátil e normalmente no sentido da subida". Tor-nou-se um novo padrão desde 2007-2008.

TENDÊNCIAS

Page 19: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

091 A marmita veio para ficar?

Sem dúvida. A forma encontrada por muitos por-tugueses para poupar nas despesas diárias foi tra-zer a comida de casa, e é certo que muitos mais o

farão quando tiverem de fazer face aos cortes or-çamentais que vigorarão em 2013. O pudor desa-

pareceu e a coisa até já se tornou moda: há marmi-tas cada vez mais divertidas e sofisticadas. Os res-taurantes é que se ressentem fortemente. A res-tauração liderou as falências de empresas ao lon-

go do ano, com centenas de estabelecimentos aencerrar por todo o país.

092 Vamos passara só fazer fériasem casa?

Os números do último verão já não deixarammargem para dúvidas: os portugueses saemcada vez menos para fora nas férias.Um estudo do Instituto de Planeamentoe Desenvolvimento do Turismo revelouque 75% dos portugueses não pretendiamviajar no verão e dos que o fariam,cerca de metade pretendiam fazê-lo "cádentro". Nesta época festiva, o mesmocenário: menos portugueses residentesno continente português estão a planeareste ano, em comparação com 2011, gozarférias de Natal ou de Ano Novo fora de casa,segundo um inquérito da mesma entidade.Para o ano, com os cortes nos salários,é mais do que certo que esta tendênciase acentuará. A solução passa por tirarmais e melhor proveito da casa e do tempoem família, bem como dos espaços públicosenvolventes. Mais criativos são aquelesque decidem trocar de casa nas férias.Se não há dinheiro para arrendar um espaçodentro ou fora do país, encontra-sequem também queira mudar de arese troca-se de casa durante um períodolimitado de tempo. E há mesmo sitesna internet que facilitam todo o processo.

093 Vamos passar a comprarsó marcas brancas?

Com os portugueses a olhar cada vez mais ao

preço, o aumento do consumo das marcas bran-cas veio para ficar. São mais baratas e, a maiorparte, com qualidade bastante aceitável. Doscombustíveis aos bens alimentares, passando pe-los produtos de limpeza e higiene, elas estão portodo o lado. O problema para a economia nacio-nal é que a nem todas não são "Made in Portu-gal". Muitas destas marcas são produzidas no es-

trangeiros e apenas distribuídas pelos hipermer-cados.

094 Os sites de descontos,trocas e compras coletivasvão crescer?

A tendência chegou a Portugal a todo o gás. Em-presas online internacionais de descontos e com-

pras coletivas como a Groupon e a Letsbonus con-quistaram milhões de portugueses, permitindocomprar bens e serviços com poupanças significa-tivas. Mas o maior site de vendas online do país é

nacional, especializado em moda e chama-se Clu-be Fashion. Em voga também estão, e continua-rão, os sites de trocas ou venda direta entre parti-culares, como o Olx, o Custo Justo ou o Lei-lões.personalizáveis...

095 Os carros elétricosvão finalmente impor-se?

Como veículos urbanos ou suburbanos têm to-das as condições para isso, para particulares ouprofissionais. O problema é a autonomia das ba-terias que vai dos 6o aos 120 km, consoante osmodelos e a utilização. Se os tempos de recargacaírem das atuais cinco a sete horas para duas outrês, o futuro é promissor, desde que (ao contrá-rio do que sucedeu em Portugal) se mantenhamas isenções fiscais que os tornam relativamenteacessíveis.

096 Boleias estão mesmo de volta?

Estão de regresso e para ficar, só não são pedidasà beira da estrada de polegar esticado. Hoje emdia há um número crescente de sites para encon-trar boleias no país, e várias páginas no Facebookcom rotas fixas muito concorridas, como a de Lis-boa-Porto. Os participantes conhecem-se, organi-zam-se e racham despesas, poupando assim mui-to dinheiro em portagens e combustível. A vanta-gem das plataformas online é que se pode tirarinformações de condutores e "penduras", melho-rando a segurança da experiência.

097 O luxo fica só ao alcancede africanos, asiáticos

e sul-americanos?

Basta passar umas horas na Avenida da Liberda-de, a artéria do comércio de luxo da cidade, paraencontrar a resposta a esta questão: a esmagadoramaioria dos clientes destas marcas são angolanos,brasileiros e asiáticos endinheirados. À escala glo-bal, são estas as zonas do globo, onde emerge umaclasse média com poder de compra e desejo porbens distintivos, que se espera que alimentem acrescente indústria do luxo nos próximos anos. Os

portugueses esses, têm pouco poder de compra, e

mesmo os mais abastados têm algum pudor emostentar bens muito caros em tempos de crise.

Page 20: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair

098 Comprar em segunda mãovai ser moda?

Lá fora há muito que é chique comprar peças usa-das, vintage, especiais ou com história. Por cá, acrise fez desaparecer a vergonha de comprar e

vender usado. Há cada vez mais feiras de segundamão e vê-se todo o o tipo de pessoas a fazer negó-cio. Muitas foram aos armários e baús buscar pe-ças boas que já não usavam, outras deixaram-sede preconceitos e passaram a admitir comprarbens que já não são a estrear. Reciclar objetos demoda ou decoração é outra enorme tendência.

099 O regresso à terraimpõe-se definitivamente?

Para uns, é uma forma de ajudar a poupar na ali-

mentação da família; para outros, é uma formamais saudável de estar na vida. Uma coisa é certa:as hortas, que não há muitos anos eram uma cu-riosidade das periferias ou zonas rurais, voltaramàs cidades. Nos jardins das casas ou mesmo nas

varandas, há quem faça cultura de produtos ali-mentares. E há mesmo particulares que se estão a

organizar em novos modelos cooperativos, de for-ma a cultivar a terra em conjunto e assim pouparrecursos e maximizar resultados.

100 As redes sociaisvão começar a ser usadasde forma diferente?

Não há como negá-lo: elas estão aí para durar.São cada vez menos os que não têm página noFacebook ou conta no Twitter. Mas têm vindo asobressair novas formas dos cibernautas se com-portarem na internet e nas redes sociais. Com o

hábito veio, digamos, a sofisticação de usos, a eti-queta e a introdução de códigos de conduta.A forma de estar nestas plataformas, que no fun-do são montras mais ou menos públicas, terá de

passar a ser mais ponderada. Diferenciar o que é

a esfera da vida privada e dos "verdadeiros ami-gos" e a vida pública ou profissional é uma neces-sidade que se tem vindo a impor. Para isso, as

definições de privacidade no Facebook são essen-ciais e permitem classificar os amigos por classes:

chegados, familiares, contactos profissionais, des-

conhecidos, e publicar mensagens apenas dirigi-das a cada um dos grupos, conforme o grau deintimidade que se tem com cada pessoa. Algumasempresas internacionais têm mesmo vindo a in-troduzir códigos de conduta que regulam o tipode comentários que os trabalhadores podem 'pos-tar' nas suas páginas pessoais, sobretudo quandoestes têm uma imagem pública que se associa àda empresa. Não pode valer tudo no admirávelmundo da Internet.

...E MAISDEZ QUENÃOCOUBERAM

101 Pedro Silva Pereiravai buscar José Sócrates

a Paris?

102 Alberto da Pontemuda a Praça da Alegriapara Luanda?

103 Rodrigues dos Santos

lança um romancesobre as privatizações?

1 04 Gaspar vai ter de trocarHayek por Keynes?

105 Cavaco troca as redes sociais

pelo contacto com o povo?

106 Os sócios da Newshold lançamum jornal no Panamá?

107 Efromovich compra a Carrispor 50 cêntimos?

1 08 Uma dona de casa portuguesalança um best-seller erótico?

1 09 O CDS oferece a Portasuma T-shirt com o número 3nas costas?

110 Abebe Selassié correa maratona de Lisboa?

Page 21: Press Review page › Files › Imprensa › 2012 › 12-29 › 0 › 1_1967192_… · O Governo prevê 16,4% mas parece otimista ten- do em que conta que a economia continua a cair