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Presidente da Mantenedora:Prof. Edevaldo Alves da Silva

Reitora:Drª. Labibi Elias Alves da Silva

Vice-Reitor Executivo:Prof. Arthur Sperandéo de Macedo

Vice-Reitor Acadêmico:Prof. Dr. Arthur Roquete de Macedo

Produção e PlanejamentoDiretor de Marketing & ComercialWilson Diniz

Diretor de InfraestruturaRoque Luiz Mollo

Diretora de Estratégia & TIMônica Violim

Centro de Educação a Distância DiretoraProfª. Carina Alves

Coordenadora AcadêmicaProfª. Juliana Alves

Coordenadora de Tecnologia Educacional Profª. Lusana Verissimo

Coordenador de Mídias DigitaisProf. Marcio Oliverio

RevisãoFlavia RiosGiovana Alfredo

Web Designer SêniorCelso FilhoMaurício Moraes

Web Designer Pleno e IlustradorLucas Mendes Martini

Web Designer e VideografismoGlauco Berti

DiagramaçãoCamila SicilianoDiogo BotelhoTiago Trujillo

Estrutura Curso de Direito

Coordenador Geral:Prof. Dr. Roberto Senise Lisboa

Coordenadores Adjuntos:Prof. Dr. Cesar Marcos KlouriProf. Dr. Ducler Sandoval GaspariniProf. Dr. Irineu Francisco Barreto JuniorProf. Dr. Luciano Tadeu TellesProf. Dr. Luiz Accácio PereiraProf. Dr. Maurício FucsekProf. Dr. Miguel Augusto Machado de OliveiraProf. Dr. Wallace Ricardo Magri Coordenador de EAD: Prof. Dr. Wallace Ricardo Magri

Assistentes de Diretoria: Daniela Espiñeira Gois Débora Guedes Cavalari

Teoria do direito

Cintia barudi lopes morano Professora de Direito Administrativo das FMU- Faculdades

Metropolitanas Unidas desde 2005. Diretora da Comissão de Direito Administrativo da OAB/SP 116ª Subseção do Jabaquara/Saúde. Advogada graduada pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas. Especialista em Direito Constitucional pela ESDC - Escola Superior de Direito Constitucional. Mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos. Doutoranda pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP- Núcleo de Pesquisa em direito administrativo.

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FMU

Tema iTeoria do direito

Apresentação do conteúdoO conteúdo desta disciplina está dividido em dois temas principais: a) Numa primeira

parte serão estudados alguns aspectos da dogmática jurídica, com ênfase para as fontes do direito; os sistemas jurídicos e a classificação do direito; a existência de antinomias e a solução para o problema; a norma jurídica e sua classificação; e, por fim, direito objetivo, subjetivo e relação jurídica; b) Numa segunda parte vamos nos dedicar aos princípios de gnoseologia e epstemologia jurídicos, com ênfase para o direito como ciência e sua metodologia; o mundo ético e o direito e a moral; o direito como norma jurídica e sua estrutura lógica; a ciência do direito como teoria da interpretação, com a indicação das principais escolas e espécies interpretativas, bem como a integração do direito.

Portanto, dedique-se com atenção ao estudo destes temas essenciais da disciplina.

Bons estudos!

ConteúdoNeste Tema, portanto, você estudará:

• as fontes do direito; os sistemas jurídicos e a classificação do direito; a existência de antinomias e a solução para o problema; a norma jurídica e sua classificação; e, por fim, direito objetivo, subjetivo e relação jurídica;

• o direito como ciência e sua metodologia; o mundo ético e o direito e a moral; o direito como norma jurídica e sua estrutura lógica; a ciência do direito como teoria da interpretação, com a indicação das principais escolas e espécies interpretativas, bem como a integração do direito.

Introdução ao tema O objetivo desta disciplina é desenvolver no aluno a capacidade de pensar o direito como

ciência, possibilitando, dessa forma, o desenvolvimento de sua personalidade como um todo, visando preparar o aluno para embates da carreira jurídica e para o efetivo desempenho de seu papel social. É um convite ao estudante de direito a pensar em todo o universo jurídico, tomando conhecimento dos discursos dos estudiosos a respeito da ciência do direito. Trata-se, portanto, de uma disciplina que prepara o aluno não apenas a respeito das normas jurídicas e sua estrutura, as fontes do direito e sua interpretação e integração. Vai além. Dedica-se a estudar a linguagem da norma e a linguagem do direito. Analisa o direito não apenas como norma jurídica pura, mas como fato e valor. Por isso que temas como ética, moral e direito também são levantados na

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TEORIA DO DIREITO

disciplina. Leva o estudante a pensar e refletir sobre a problematização dos temas jurídicos, de maneira a encontrar uma solução mais adequada e a realização do direito.

Leitura digital

A dogmática jurídica 1. Fontes do direito

• Lei

É preceito geral e obrigatório, emanado de um Poder Competente e dotado de sanção. A lei, para ser vigente, deve obedecer a um processo legislativo válido, ou seja, um conjunto de procedimentos estabelecido na Constituição Federal.

A sanção é uma garantia contida na norma jurídica, ou seja, é a garantia de que a conduta imposta pela autoridade social será cumprida.

• Costume

É a reiteração prolongada e contínua de um comportamento pela convicção de sua obrigatoriedade.

Há, portanto, no costume jurídico, dois importantes aspectos: um objetivo (prática constante e prolongada – repetida de forma contínua) e ou outro subjetivo, representado pela convicção da obrigatoriedade.

• Jurisprudência

Por jurisprudência devemos entender o conjunto das decisões uniformes proferidas pelos Tribunais.

Não se olvide que a jurisprudência desempenha papel de destaque no sistema do common law, onde os precedentes judiciais, representados pelos writs, são a chave para a sua exegese.

• Doutrina

A doutrina enquanto fonte do Direito deve ser considerada como o estudo de caráter científico que os juristas realizam a respeito do Direito.

Não é pacífica sua aceitação como fonte do Direito, mas vários doutrinadores defendem sua importância na compreensão do sistema jurídico.

2. O âmbito da aplicação da norma jurídica: a norma no âmbito temporal, espacial e pessoal. a solução das antinomias

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A norma no âmbito temporal: vigência da lei no tempo

Dispõe o Art. 1º do Decreto-lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do direito brasileiro - anteriormente denominada Lei de Introdução ao Código Civil ou LICC), que, “salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada.

Anote-se, por oportuno, que a Lei de Introdução às normas do direito brasileiro deixa ao legislador a faculdade de estabelecer período diverso dos 45 dias fixados em seu art. 1º supramencionado. Portanto, se o legislador, ao elaborar uma lei, estabelecer período para sua entrada em vigor (ex.: “na data da publicação”, como tem sido a regra em nosso país), este será o início de sua vigência. Caso a lei silencie a respeito de sua entrada em vigor, valerá a regra do Art. 1º da Lei de Introdução às normas do direito brasileiro.

Até aqui falamos no início da vigência. E quando ocorre seu término? A regra sobre o término da lei encontra-se no Art. 2º da mesma Lei que assim estabelece: “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.

A revogação pode ser:

a) expressa ou tácita. É expressa quando a lei posterior revoga a anterior declarando tal intenção expressamente (Art. 2º, par. 1º). É tácita, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

b) parcial ou total. A revogação parcial, também denominada derrogação, ocorre quando a lei nova revoga a lei antiga apenas em parte (um ou alguns artigos). A revogação é total (ab-rogação) quando a lei nova revoga a anterior por completo.

Retroatividade da lei

Em regra, a lei tem vigência para o futuro (ex nunc), não atingindo, portanto, fatos pretéritos. Tal regra comporta exceções, como, por exemplo, no Direito Penal, que, embora tenha a irretroatividade como regra, permite a retroatividade da lei, quando esta for mais benéfica ao réu.

A Constituição Federal estabelece, no Art. 5º, XXXVI, que a lei respeitará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

A lei no âmbito espacial e pessoal

As leis são elaboradas pelos estados nacionais, para terem vigência e eficácia dentro de suas fronteiras. Admite-se, entretanto, que as normas nacionais possam alcançar pessoas e fatos além de suas fronteiras.

Para solucionar tais situações são apontados dois critérios: o da territorialidade e o da pessoalidade. Em nosso Direito, tais princípios são assim dispostos: a) princípio da territorialidade (Arts. 8º e 9º); b) Princípio da pessoalidade (Arts. 7º e 10) ambos da Lei de introdução às normas do Direito Brasileiro.

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TEORIA DO DIREITO

A solução das antinomias

Antinomia é o conflito de leis. Estamos diante de uma antinomia quando, em situação concreta, haveria a possibilidade da aplicação de duas ou mais normas para solucioná-la.

Para essas hipóteses são previstas as seguintes regras de solução:

a) critério hierárquico. Segundo o critério hierárquico, diz-se, comumente, que a norma superior revoga a inferior.

b) critério cronológico. Segundo este critério será aplicada preferencialmente a lei posterior, em outras palavras: a lei nova tem preferência (“revoga”) sobre a lei antiga.

c) critério da especialidade. Segundo este critério, a lei especial tem preferência de aplicação em relação à lei geral, quando, na situação concreta apresentar-se uma situação de antinomia.

3. O sistema jurídicoSe o Direito, através da norma jurídica, pretende um agir ordenado, é necessário que as

normas vigentes em um respectivo território não estejam soltas ou justapostas, mas guardem entre si uma relação de entrelaçamento, de modo a permitir uma coesão lógica.

É importante destacar, que o sistema jurídico não é um sistema fechado, mas aberto, porque sofre influências da visa social, e, por conta disso, é um sistema de mudanças porque será sempre um reflexo da sociedade em que se encontra inserido.

Divisão do sistema jurídico:

Lembre-se que o direito é uno, um só. As divisões que aqui serão feitas apenas facilitam o estudo e são meramente didáticas.

Assim, aparecem dois grandes ramos: o ramo do Direito Público, que abrange as seguintes disciplinas: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Financeiro, Direito Penal, Direito Processual, Direito Tributário e Direito Internacional Público (este último considerado como de Direito Público Externo) e o ramo do Direito Privado, dividido em Direito Civil, Direito Comercial, Direito do Consumidor, Direito do Trabalho e Direito Internacional Privado.

4. A norma jurídica e sua classificação A classificação majoritariamente adotada pela doutrina é a seguinte:

a) QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO

I – codificadas:

- constituem um corpo orgânico sobre determinado ramo do Direito.

Ex.: Código Civil.

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II – consolidadas:

- reunião sistematizada de todas as leis existentes e relativas a uma matéria.

Ex.: CLT

Diferença básica (a codificação cria novas leis, a codificação reúne as existentes).

III – extravagantes ou esparsas:

- que não estão incorporadas às codificações ou consolidações. São editadas isoladamente para tratarem de um tema específico.

Ex.: Lei do inquilinato; Lei do FGTS etc.

b) QUANTO À VONTADE DAS PARTES

Embora as leis sejam imperativas, a imperatividade não se manifesta sempre com a mesma intensidade.

I – Cogentes ou de Ordem pública:

- ordenam ou proíbem alguma coisa de modo absoluto, sem admitir qualquer alternativa.

Ex.: Art. 1.521, VI do CC – não podem se casar as pessoas casadas;

II – Dispositivas ou Supletivas

- Não ordenam ou proíbem de modo absoluto, se limitam a dispor com uma parcela de liberdade. Deixam aos destinatários a faculdade de dispor de modo diverso.

Ex.: Art. 327 do CC – efetua-se o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes dispuserem diversamente.

c) QUANTO À SANÇÃO

I – Mais que perfeitas:

Normas cuja violação determina a nulidade do ato e aplicação de uma pena.

Ex.: A violação da norma do art. 1521, VI, CC (se as pessoas casadas se casarem novamente teremos: nulidade do ato e sanção)

Art. 1521 – VI, CC – não podem se casar as pessoas casadas. (IMPEDIMENTOS)

Art. 1548, CC - é nulo o casamento contraído por infringência de impedimento

Art. 235 – CP - bigamia – (contrair alguém, sendo casado, novas núpcias – de 2 a 6 anos de reclusão)

II – Perfeitas

Fulmina de nulidade o ato, mas não aplicam sanção.

Art. 166, I, CC - É nulo o negócio jurídico praticado por pessoa absolutamente incapaz.

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TEORIA DO DIREITO

III – Menos que perfeitas

Aplicam uma sanção, mas não anulam o ato.

Ex.: 1523, I, CC - não pode de casar o viúvo ou a viúva com filhos do(a) falecido(a) enquanto não fizer o inventário dos bens do falecido e der partilha aos herdeiros.

IV – Imperfeitas

Nem sanção, nem nulidade.

Ex.: 1477 do CC – dívida de jogo

5. Direito objetivo, direito subjetivo e relação jurídica

Podemos afirmar que o direito objetivo é o conjunto das normas jurídicas existentes, enquanto o direito subjetivo é uma prerrogativa colocada à disposição do sujeito pelo direito objetivo quando este pretender fazer valer seu direito violado por alguém.

Ex.: A Lei n° 8245 estabelece o despejo por falta de pagamento (direito objetivo), como consequência, faz nascer para o locador a prerrogativa de pleitear o despejo em tal situação (direito subjetivo).

Relação Jurídica

Relação social à qual o direito empresta seus efeitos. Relação entre pessoas à qual decorrem consequências obrigatórias por corresponder a uma hipótese normativa.

ELEMENTOS:

a) sujeitos: ATIVO E PASSIVO (direitos e deveres)

b) vínculo de atributividade - laço que liga as pessoas - ex.: título – exigir algo de maneira garantida.

c) Objeto. O elemento segundo o qual a relação se constitui e sobre o qual recai a exigência.

d) Proteção jurídica: para propor ou contestar ação é preciso ter legítimo interesse.

6. Validade da norma jurídica: validade formal, validade social e validade ética

Para que uma norma jurídica seja obrigatória, é necessário que a mesma apresente certos requisitos indispensáveis de validade, entre os quais situam-se:

a)vigência (validade técnico-formal);

b)eficácia (validade social);

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c)fundamento (validade ética).

A vigência ou validade técnico-formal é a executoriedade compulsória de uma norma jurídica por ter sido elaborada pela autoridade competente, por ter obedecido ao procedimento previsto em lei para sua elaboração e respeitada a competência material de sua competência.

A Validade Social ou Eficácia. O Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Portanto, a regra do direito deve, além de formalmente válida, ser socialmente eficaz.

A Validade Ética ou Fundamento. A validade ética pressupõe a justiça, que é o fundamento último de toda norma jurídica.

Princípio de gnoseologia e epistemologia jurídicos e a ciência do direito como teoria da interpretação1. O direito como ciência: conceito e metodologia: indução, dedução e analogia

O direito como ciência pode ter várias significações a depender de diferentes pontos de vista. Mas em todas elas há um ponto em comum: a conduta humana. E como ciência, o direito se sujeita a uma metodologia. Vejamos.

Metodologia da Ciência do Direito:

A atividade racional humana comporta duas grandes atividades: a razão intuitiva, ou intuição e a razão discursiva ou raciocínio.

Por intuição devemos entender a atividade humana que, de uma só vez, capta o objeto em sua plenitude.

Entre as atividades racionais temos a dedução e as induções que permitem que cheguemos a conhecimentos novos partindo de conhecimentos já adquiridos.

Dedução

A dedução é a atividade racional que parte de uma verdade já conhecida, como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela (vai do geral para o particular).

Indução

O raciocínio indutivo é o oposto do dedutivo. Partimos de casos particulares, iguais ou semelhantes, e procuramos a lei geral, à qual se subordinam os casos particulares – vai do particular para o geral.

Analogia

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TEORIA DO DIREITO

Por analogia deve-se entender o raciocínio baseado em razões relevantes de similitude. Parte-se de fatos não disciplinados, procuram-se as razões relevantes e os pontos essenciais desses fatos. Tais razões relevantes e pontos essenciais orientarão o intérprete na procura de uma norma semelhante já existente no ordenamento jurídico, capaz se ser aplicada, por analogia, ao caso concreto.

Direito e moralA moral e o Direito são objeto da ética. A forma de comportamento humano traçada pelo

direito é a que guarda maior proximidade com a moral.

a) Pontos de proximidade:

1) Direito e moral disciplinam as relações humanas por meio de normas.

2) São Imperativos.

3) São formas históricas, portanto, se modificam.

b) Pontos de distanciamento:

1) Moral: interior – foro íntimo – depende do discernimento - reta intenção -

coação interna : remorso ou reprovação do grupo

2) Direito: exterior – é irrelevante a adesão – dever

Coação: exterior - prisão, repercussão patrimonial - sanção concreta.

3) O direito é necessariamente estatal.

O Direito é bilateral (direito e pretensão). O Direito independe da intencionalidade do agente e se consagra na transgressão (heteronomia: pode-se gostar ou não da norma jurídica, mas deve-se viver em conformidade com ela).

O Direito possui bilateralidade atributiva, ou seja, a possibilidade do sujeito exigir algo de maneira garantida, o que não ocorre com a moral.

A classificação do direito como norma. a estrutura lógica da norma jurídica

Uma das espécies de normas é a que se denominam Normas Prescritivas. Ao contrário das chamadas normas descritivas (que descrevem condutas humanas) estas não descrevem o comportamento do agente, mas prescrevem como deve ser este comportamento.

As características essenciais desse tipo de norma (entre as quais se situam a norma jurídica) são: (i) derivam da vontade de autoridade; (ii) pressupõem a existência de vários agentes; (iii) não descrevem o que é, mas o que deve ser; e (iiii) vinculam o descumprimento a uma sanção.

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Assim, pertencendo ao mundo da cultura, a norma jurídica é um juízo de valor, ao contrário dos juízos de realidade, que afirmam aquilo que é. Ela afirma o que deve ser.

Para a maior parte da doutrina, a norma jurídica é uma proposição hipotética que possui a seguinte estrutura lógica:

Se F é, deve ser C.

Onde, dado um fato (F) a ele se liga uma consequência C (sanção).

Interpretação das normas jurídicas: espécies de interpretação

Durante um longo período da história do Direito era pacífico entre os juristas a seguinte máxima: interpretatio cessat in claris. Hoje, entretanto, referida ideia está superada, pois, por mais claro que seja o texto legal sempre comporta interpretação.

Espécies de interpretação:

1) Quanto à fonte de que emana a interpretação pode ser:

a) autêntica (quando realizada pelo próprio órgão que elaborou a lei);

b) judicial (quando efetuada pelos órgãos do Poder Judiciário em seus diferentes níveis);

c) administrativa

(quando efetuada pelo Estado, através de sua administração); e

d) doutrinária (quando realizada pelos operadores do Direito, através dos manuais, teses, dissertações, monografias etc).

2) Quanto á natureza a interpretação pode ser:

a) literal ou gramatical (quando o intérprete procura pelo sentido das palavras do texto, visando encontrar seu significado literal);

b) sistemática (quando o intérprete, compreendendo que as normas não estão soltas, mas fazem parte de um sistema lógico, procura interpretá-las com base no sistema);

c) histórica (quando o intérprete procura compreender as condições socioculturais e econômicas da época da elaboração da norma);

d) teleológica (quando o intérprete procura encontrar a mens legis, a intenção da lei, ou seja, os fins objetivados por ela).

4) Quanto aos efeitos a interpretação pode ser:

a) extensiva (o intérprete considera que o “legislador disse menos do que pretendia” – e amplia seu significado);

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TEORIA DO DIREITO

b) restritiva (o intérprete considera que o “legislador disse mais do que pretendia” – e restringe seu significado).

Interpretação das normas jurídicas: principais escolas

Principais Escolas:

a) Escola dos Glosadores

É a primeira das Escolas de Interpretação. Surge na Universidade de Bolonha (sex. XI) e propunha uma interpretação literal e gramatical do texto legal.

b) Escola da Exegese: França século XIX

Surge com o Código de Napoleão e tinha por lema, não distinguir onde o legislador não distinguiu.

c) Escola Histórico-Evolutiva

Entendem seus adeptos, em especial Savigny, que o Direito reside nos usos e costumes e na tradição popular, sendo a lei, portanto, uma realidade cultural (histórica).

Anote-se, por oportuno, que, segundo essa Escola, o trabalho do intérprete é apenas de atualização (interpretação não criadora)

d) Escola da Livre Pesquisa – França

Para os adeptos desta Escola, que tem em François Gény seu principal expoente, o intérprete deve manter-se fiel à intenção primeira da lei.

Entretanto, se a lei, na sua forma originária não mais corresponde aos fatos, inevitavelmente existem lacunas, então deve o intérprete procurar outros meios de supri-la.

e) Escola do Direito Livre

Principais adeptos: Ehrlich e Kantorowicz

Para seus adeptos, o juiz deve ter a liberdade de julgar os fatos e a lei, em face dos ideias de justiça (juiz – na lei ou fora da lei).

f) Escola Teleológica

Principal expoente: van der Eycken

Busca dos fins sociais da lei, ou seja, a intenção da lei e não a intenção do legislador. A finalidade da norma trará a solução.

Interpretação das normas jurídicas: integração

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Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Esta é a regra contida na norma do Art. 4º da Lei de Introdução às normas do direito brasileiro.

Analogia:

Diante de fatos não disciplinados, o intérprete deve apontar as razões relevantes e os pontos essenciais do caso estudado e procurar, na legislação, outra hipótese que, por semelhança possa ser aplicada ao caso sob análise.

Costumes:

Já estudado nesta aula, é considerado aqui o costume praeter legem, (além da lei), pois se trata de hipótese em que o costume é utilizado para cobrir lacuna da lei.

Princípios Gerais:

São enunciações de valor genérico que orientam a compreensão do ordenamento jurídico.

Entre os princípios gerais comumente utilizados em nosso sistema, merecem destaque: boa-fé (Art. 422 do CC); proibição de locupletamento ilícito, entre outros.

Mais saber Leia também a respeito para complementar os estudos o seguinte julgado:

Processo: AI 29307 SP 0029307-33.2007.4.03.0000, com julgamento de 30/08/2013, da QUARTA TURMA do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em que se reconhece a aplicabilidade do princípio geral de direito segundo o qual “ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza”:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSUAL CIVIL - MEDIDA CAUTELAR DE DEPÓSITO - FINSOCIAL - COFINS - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PRINCÍPIO GERAL DE DIREITO.

Disponível em: <http://trf-3.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24176501/agravo-de-instrumento-ai-29307-sp-0029307-3320074030000-trf3>. Acesso em 22/01/2014 .

Momento culturalPara acrescentar e aumentar seu conhecimento sobre a matéria indica-se sejam lidas as

seguintes obras de:

FULLER, Lon L. O Caso dos exploradores de cavernas. Tradução de Plauto Faraco de Azevedo. 1ª. Ed., Porto Alegre: SAFE, 1976.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito. 6ª Ed., São Paulo: Atlas, 2008.

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TEORIA DO DIREITO

Questões1) Toda prática social, desde que reiterada e constante pode ser considerada um costume

jurídico? Explique.

2) É possível afirmar que as normas cogentes reduzem a liberdade do sujeito? Explique.

3) É possível afirmar que a atividade do juiz é preponderantemente dedutiva? Explique.

4) Pergunta para você pesquisar. Princípios gerais e brocardos jurídicos são a mesma coisa?

5) É possível afirmar que toda relação social é uma relação jurídica? Explique.

6) A interpretação segundo a qual o juiz procura alcançar o sentido da lei em consonância com as demais normas que inspiram determinado ramo de direito é denominada.

a) histórica.

b) analítica.

c) sistemática.

d) teleológica.

7) A propósito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, salvo disposição em contrário, a lei, depois de oficialmente publicada, começa a vigorar em todo o país em:

a) 30 dias

b) 40 dias

c) 45 dias.

d) 90 dias.

8) Com relação às formas de integração da norma jurídica, assinale a opção correta.

a) Entende-se por analogia a aplicação, a determinado caso concreto, de uma norma próxima ou de um conjunto de normas próximas, a despeito da existência de norma prevista para o referido caso.

b) O costume secundum legem é forma de integração da norma jurídica.

c) Ao decidir uma lide, caso constate que não há lei que regulamente aquela matéria, o juiz deverá suspender o julgamento e aguardar que seja editada lei que regulamente a matéria.

d) o direito objetivo refere-se a um conjunto de regras que impõem à conduta humana certa direção ou limite. Ele descreve condutas obrigatórias e comina sanções pelo comportamento diverso dessa descrição.

9) Com referência à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), julgue os

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itens seguintes.

a) Na interpretação teleológica de uma lei, parte-se da ideia de que a lei não existe isoladamente, devendo o seu sentido ser alcançado em consonância com as demais normas que inspiram o mesmo ramo do direito.

b) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar no prazo de 90 (noventa) dias depois de oficialmente publicada.

c) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

d) nos termos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o juiz não está autorizado a utilizar a analogia, valendo-se do conjunto normativo de ramo do Direito alheio à sua competência jurisdicional.

10) A lei, fonte primária do direito brasileiro, é

a) específica, facultativa, provisória e competente.

b) genérica, facultativa, permanente e competente.

c) genérica, facultativa, provisória e concreta.

d) genérica, imperativa, permanente e autorizante.

Conclusão

Trata-se, assim, de uma importante parte da matéria com vistas a fornecer ao estudante os aspectos introdutórios ao estudo do direito. A noção de que o direito é uma verdadeira ciência, destinada a prescrever condutas humanas para regrar a vida em sociedade, como um produto do mundo cultural que é, apesar de manter alguns pontos em comum com a moral, com ela não se confunde. Apresenta-se como um conjunto de normas estruturadas num sistema jurídico hierarquizado e aberto, propício a mudanças e adaptações às realidades sociais. Suas prescrições de dever ser, por mais claras que sejam, sujeitam-se à mecanismos de interpretação visando alcançar o real significado da norma e sua efetiva aplicação. Na omissão da lei, o juiz não se exime de julgar, porque o sistema também fornece mecanismos de integração.

ReferênciasDINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 22ª Ed., São Paulo:

Saraiva, 2010.

MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. 26ª ed., São Paulo: RT, 2005.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27ª. Ed., São Paulo: Saraiva, 2005.

SIQUEIRA Jr., Paulo Hamilton. Teoria do direito. São Paulo: Saraiva, 2008.

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