preservação e difusão do patrimônio cultural do exército brasileiro

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APRESENTAÇÃO 5 Este trabalho foi elaborado para atender às necessidades do grande número de museus existentes nas organizações militares do Exército e que, por várias razões, não podem contar com a assistência técnica de profissionais das áreas de museologia, iluminação, restauração e outras. Trata-se, na verda- de, da terceira edição de uma publicação impressa experimentalmente em 1996 e apresentada durante o XIV Congresso da International Association of Museums of Arms and Military History (IAMAM), realizado naquele ano em Amsterdam e Bruxelas. A presente edição é fruto da experiência adquirida na participação no citado conclave, nas visitas realizadas a praticamente todos os principais mu- seus do Brasil, da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá e no acesso a novas publicações sobre o assunto. Vem, também, responder os inúmeros pedidos que têm chegado à Diretoria de Assuntos Culturais e que, em face do esgotamento da sua segunda edição, não tem sido possível atender. Agora, revisto e ampliado, acredita a Diretoria que este trabalho poderá ser de grande utilidade àqueles que, trabalhando anonimamente nos nossos museus, em- penham-se na grandiosa tarefa de preservar a memória do Exército. Embora mormente voltado para essa finalidade, pode ser útil aos mu- seus civis que, como os nossos, tenham as mesmas carências e dificuldades. É, contudo, importante ressaltar que as informações apresentadas es- tão focadas na realidade dos espaços culturais da Força Terrestre e que os Apresentação 01 - Apresentação.pmd 22/10/2008, 13:49 5

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Page 1: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

APRESENTAÇÃO 5

Este trabalho foi elaborado para atender às necessidades do grandenúmero de museus existentes nas organizações militares do Exército e que,por várias razões, não podem contar com a assistência técnica de profissionaisdas áreas de museologia, iluminação, restauração e outras. Trata-se, na verda-de, da terceira edição de uma publicação impressa experimentalmente em1996 e apresentada durante o XIV Congresso da International Association of

Museums of Arms and Military History (IAMAM), realizado naquele ano emAmsterdam e Bruxelas.

A presente edição é fruto da experiência adquirida na participação nocitado conclave, nas visitas realizadas a praticamente todos os principais mu-seus do Brasil, da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá e no acesso anovas publicações sobre o assunto. Vem, também, responder os inúmerospedidos que têm chegado à Diretoria de Assuntos Culturais e que, em facedo esgotamento da sua segunda edição, não tem sido possível atender. Agora,revisto e ampliado, acredita a Diretoria que este trabalho poderá ser de grandeutilidade àqueles que, trabalhando anonimamente nos nossos museus, em-penham-se na grandiosa tarefa de preservar a memória do Exército.

Embora mormente voltado para essa finalidade, pode ser útil aos mu-seus civis que, como os nossos, tenham as mesmas carências e dificuldades.

É, contudo, importante ressaltar que as informações apresentadas es-tão focadas na realidade dos espaços culturais da Força Terrestre e que os

Apresentação

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APRESENTAÇÃO6

conhecimentos aqui contidos não excluem a necessidade da assistência dosprofissionais já mencionados.

As recomendações e sugestões deste trabalho poderão, em futuro pró-ximo, se aprovadas pelo Estado-Maior do Exército, ser transformadas emnormas, a serem observadas por todas as organizações militares.

Participaram da elaboração desta obra as seguintes pessoas: Cel JaymeMoreira Crespo Filho (relator), professores Adler Homero F. de Castro eMário Mendonça de Oliveira, museólogas Eulália Parolini, Wania Edith E.C. F. Cardoso e Andréa Reis da Silveira e o Sub Ten Paulo Cesar Marques.

Jayme Moreira Crespo Filho

Coronel de Infantaria e Estado-Maior

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GENERALIDADES 13

O desenvolvimento é uma aspiração comum a todos. Entretanto, o

verdadeiro processo de desenvolvimento deve estar baseado na identidade,

no caráter nacional, caso contrário, poderemos ter uma nação rica mas de-

pendente. Daí a necessidade de conhecermos e preservarmos o nosso passa-

do, os componentes pretéritos do nosso processo histórico que orientarão, na

conjuntura atual, a trajetória futura.

Por isso, as ações governamentais no campo da cultura devem, nor-

malmente, concentrar-se nos seguintes pontos principais:

– preservar bens materiais e imateriais testemunhais do nosso passa-

do histórico, tais como monumentos, igrejas, fortificações, sítios históricos,

objetos, documentos, valores, tradições etc;

– difundir a cultura brasileira, promovendo, facilitando e estimulan-

do o acesso da população aos bens culturais, conservando os acervos e apoi-

ando publicações de evidente interesse cultural;

– incentivar a cultura artística nas diversas áreas, de modo a oferecer

oportunidades para o surgimento de novos talentos.

No âmbito do Exército Brasileiro, a Política Cultural e as Diretrizes

Estratégicas do Sistema Cultural, aprovadas, respectivamente, pelas portarias

nos 614 e 615, de 29 de outubro de 2002, estabelecem os objetivos da polí-

tica cultural da Força e orientam o planejamento das atividades do Sistema,

visando a atingir esses objetivos.

Os principais objetivos da Política Cultural do Exército são:

Generalidades

1

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GENERALIDADES14

– participar do desenvolvimento cultural do País, como integrante do

Sistema Cultural Nacional;

– estabelecer novos laços culturais e ampliar os já existentes, tanto no

País como no exterior;

– projetar a imagem do Exército a partir dos seus valores culturais;

– preservar, restaurar, recuperar e divulgar o patrimônio material histó-

rico, artístico e cultural do Exército;

– incentivar a preservação das tradições, da memória e dos valores

morais, culturais e históricos do Exército;

– estimular, no público interno, o interesse pela preservação do meio

ambiente e pela melhoria da qualidade de vida;

– maximizar a difusão, no público interno e no externo, de sentimentos

de nacionalidade, patriotismo, amor fraterno e mútua compreensão social;

– incentivar os procedimentos destinados ao enaltecimento dos feitos e

dos vultos importantes da vida nacional; e

– promover a preservação do patrimônio imaterial de interesse para o Exército.

A Diretriz Estratégica, por sua vez, estabelece a seguinte orientação geral:

– A atividade cultural não se limita apenas aos aspectos passados. Estes são as

bases, os fundamentos, mas cultura compreende, também, aspectos do comporta-

mento humano. Uma instituição será grandiosa somente com a magnitude dos

seus integrantes, por isso, suas mentes devem estar plenas de valores positivos.

– O Sistema deverá prever, em simultaneidade com as ações de preserva-

ção do patrimônio, pesquisa histórica e divulgação, mecanismos de influência

intelectual sobre o público interno e o externo, num processo contínuo de desen-

volvimento e aperfeiçoamento de mentalidade coerente com a realidade social do

País e com a evolução da humanidade.

O Sistema Cultural do Exército (SisCEx) enquadra-se como um sub-

sistema do Sistema de Ensino. Os órgãos que o compõem e as entidades civis que

com ele interagem estão representados, graficamente, no quadro da figura 1-1.

Entre eles, destacam-se, pela sua importância:

– os comandos militares de área (5a Seção – Seção de Comunicação

Social e Atividades Culturais), responsáveis pelo estímulo, programação, co-

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Page 5: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

GENERALIDADES 15

ordenação e controle sobre a realização de atividades e eventos culturais e a

fiscalização do funcionamento dos espaços culturais na sua área;

– as regiões militares (Seção do Patrimônio e Bens Culturais), respon-

sáveis pelo levantamento, controle e fiscalização da preservação e da conser-

vação do patrimônio histórico, artístico e cultural existente nas organizações

militares e nos espaços culturais.

O Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) é o órgão central do

SisCEx, responsável pela orientação da execução da Política Cultural. A Di-

retoria de Assuntos Culturais, órgão técnico normativo do Sistema, tem,

entre outras, a missão de propor normas para a preservação, difusão e controle

do patrimônio histórico, artístico e cultural do Exército.

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GENERALIDADES16

AHEx – Arquivo Histórico do Exército

AHMTB – Academia de História Militar Terrestre do Brasil

BIBLIEx – Biblioteca do Exército

CComSEx – Centro de Comunicação Social do Exército

CDocEx – Centro de Documentação do Exército

DAC – Diretoria de Assuntos Culturais

DEP – Departamento de Ensino e Pesquisa

EME – Estado-Maior do Exército

FUNCEB – Fundação Cultural Exército Brasileiro

IGHMB – Instituto de Geografia e História Militar do Brasil

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

MHEx/FC – Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana

MNMSGM –Monumento Nacional aos Mortos da

Segunda Guerra Mundial

SGEx – Secretaria Geral do Exército

STI – Secretaria de Tecnologia da Informação

LEGENDA

Fig 1-1

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CONCEITOS BÁSICOS20

– Restauração

É a ação destinada a tentar trazer um objeto, de volta o mais próximopossível, à sua aparência original ou à de uma determinada época, pormeio da remoção de acréscimos, adições subseqüentes e/ou pela substi-tuição de partes ou elementos que estejam em falta.

– Sala de exposição

É um espaço cultural de dimensões reduzidas, onde estão expostos objetosde interesse histórico-cultural, com a finalidade de preservar a memória deuma organização militar ou do Exército.

– Sala de troféus

É o espaço destinado à exposição de troféus que tenham valor histórico paraa organização militar ou para o Exército.

– Sítio histórico

É o local onde ocorreu algum fato ligado à história do País ou do Exército.

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CONCEITOS BÁSICOS18

– Bem histórico

É todo bem cultural que, pelas suas características, pode servir comofonte para a pesquisa histórica.

– Bem imaterial

É todo bem impalpável como os conhecimentos, o modo de fazer, oritual, as festas, os lugares, as formas de expressão.

– Casa histórica

É a casa onde nasceu ou morou algum vulto importante do Exército,que abrigou algum órgão da sua estrutura organizacional ou onde ocor-reu algum acontecimento ligado à sua história.

– Coleção

É o conjunto ou a reunião de objetos da mesma natureza ou que guar-dam relação entre si.

– Conservação

É toda medida tomada com o fim de prolongar a vida de um bemcultural.

– Deterioração

É o envelhecimento gradual de materiais devido a ações diversas, ocasio-nando a destruição dos mesmos.

– Espaço cultural

Entende-se como museus, salas de exposição e de troféus, monumen-tos, memoriais e casas, sítios e parques históricos.

– Etiqueta

Texto escrito, destinado à identificação e ao fornecimento de infor-mações sobre um objeto exposto.

– Interpretação

Em termos museológicos, significa explicar um objeto, o seu signi-ficado e a sua importância.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 21

1. Preservação

Preservar significa “realizar um conjunto de ações destinadas a evitar adestruição, a perda ou o desaparecimento de um bem cultural de natureza mate-rial ou imaterial”, ou “defender, proteger, resguardar, manter livre de corrupção,

perigo ou dano, conservar”, segundo Aurélio Buarque de Holanda, ou, ainda, o“conjunto de medidas de ordem jurídica, administrativa, urbanística, arquiteturalou de natureza técnica que visa a resguardar uma edificação, sítio urbano, obras

escultóricas em locais públicos ou ambientes naturais e promover-lhes a even-tual restauração ao status quo ante”, na opinião de Teixeira Coelho, no Dicioná-

rio Crítico de Política Cultural. Preservar é, acima de tudo, respeitar o direito de

nossos descendentes, é garantir, às gerações futuras, o conhecimento de suaprópria identidade. Só se ama o que se conhece, e só se preserva o que se ama.

Um dos principais problemas da preservação diz respeito à identifica-

ção daquilo que deva ser preservado. A seleção do bem cultural a ser alvo dapreservação é uma ação para a qual não existem padrões bem definidos. Éuma escolha pessoal e difícil, pois não podemos preservar tudo o que foi

produzido por gerações. É uma tarefa que depende, fundamentalmente, dobom senso de quem está responsável pela sua execução.

2. Conservação

A conservação é a tecnologia da preservação de coleções, e seu prin-cipal objetivo é preservar tudo aquilo que ainda existe de um objeto, o mais

Preservação de bens culturais

3

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS22

próximo possível de um estado inalterado. É o conjunto de medidas devariadas naturezas que se destinam a prolongar a vida de um bem cultural.

Ela abrange dois tipos de procedimentos: a conservação preventiva e

a restauração.

a. Conservação preventiva

É a ação destinada a prevenir o dano e a minimizar a deterioraçãocausada a um bem pelos agentes da deterioração. Quando um vaso de cerâ-mica se quebra ao cair de um pedestal, isso significa que a conservação pre-

ventiva falhou. Entretanto, ela não significa apenas medidas práticas para seevitar acidentes. É, também, o conjunto de ações desenvolvidas com o obje-tivo de minimizar a lenta e contínua ação da deterioração. Por exemplo, um

meio ambiente desfavorável trabalha diuturnamente de forma imperceptível

Fig 3-1 – Exemplo de

objeto a ser preservado: viatura

utilizada pela tropa do Exército

durante Missão de Paz em

Angola. (Museu Militar Conde

de Linhares – Rio de Janeiro)

Fig 3-2 – Exemplo de

viatura hipomóvel preservada,

mas descaracterizada

pela aplicação

de pintura inteiramente

diferente da original.

Foto

s: Ja

yme

Cre

spo

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 23

sobre os objetos; mas é o efeito acumulado, depois de anos de exposição, que

acaba provocando a deterioração. A boa conservação preventiva das cole-ções deve evitar a necessidade da restauração e depende, essencialmente, daforma como os objetos são guardados na reserva técnica, expostos ao públi-

co, manuseados e manutenidos, e do meio ambiente onde se encontram.

b. Restauração

A restauração tem por objetivo trazer um bem o mais próximo pos-sível da sua aparência original ou da que possuía numa determinada época,

por meio da remoção de acréscimos e adições subseqüentes e pela substitui-ção de elementos ou partes que estejam faltando.

3. Deterioração

É o envelhecimento gradual de materiais devido a ações diversas, oca-

sionando a destruição dos mesmos. A deterioração de um bem começa nomomento em que ele é criado, progredindo ao longo da sua vida, comoresultado de fatores diversos, naturais e humanos.

O segredo da conservação de bens culturais está no desenvolvimentode uma consciência e do conhecimento dos agentes da deterioração.

a. Tipos de deterioração

A deterioração pode ser física, química ou biológica. A física se mani-

festa por meio de mudanças nas dimensões, na estrutura ou na superfície doobjeto; a química é percebida com o surgimento de alterações na sua partevisível, devido a reações com outra substância química, ou na cor e na resistên-

cia estrutural de objetos orgânicos; a biológica é resultante do dano causadopelas atividades de animais e plantas.

b. Agentes da deterioração

A deterioração é causada pela ação de diversos agentes, que podem serreunidos em quatro grandes grupos:

– agentes ambientais;

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS24

– agentes biológicos;– fatores humanos; e

– desastres naturais.

1) Agentes ambientais

A deterioração resulta, normalmente, de condições ambientais adversas.

Alguns materiais são muito estáveis e tendem a apresentar maior resis-tência às mudanças, enquanto outros são menos resistentes e apresentam gran-de tendência para modificações.

Os principais agentes ambientais são:– temperatura e umidade relativa do ar;– luz; e

– poluição do ar.

a) Temperatura e umidade relativa do ar

A temperatura e a umidade estão entre os principais agentes capazes

de causar danos aos objetos.

(1) Temperatura

A temperatura é a medida do movimento das moléculas num material.

Quando um bem é submetido a um aumento de temperatura, os seus espaços

Fig 3-3 – Agentes

da deterioração.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 25

intermoleculares aumentam de tamanho e ele se expande. Quando a tempe-

ratura diminui, acontece o fenômeno inverso.A temperatura é, sem dúvida, o agente ambiental que mais chama a

atenção, tanto dos visitantes quanto daqueles que trabalham nos espaços cultu-

rais, por afetar-lhes o conforto.É importante considerar que:– normalmente, quanto mais baixa a temperatura, melhor para os

objetos, porque as reações químicas e as atividades biológicas se desenvolvemnum ritmo menor;

– as altas temperaturas, além de acelerarem as reações físicas e quími-

cas, podem causar outros tipos de danos como, por exemplo, o derretimentode graxas ou a perda de consistência de outros materiais;

– nos salões de exposição dos espaços culturais, onde o conforto das

pessoas deve ser considerado, a temperatura recomendada é de 18ºC a 20ºC.Nas reservas técnicas, o nível da temperatura pode chegar a valores inferiores,sem flutuações que venham a causar condensação nas superfícies frias;

– em qualquer situação, a temperatura não deve ultrapassar 24ºC;– mudanças bruscas na temperatura do ambiente devem ser evitadas,

pois podem ser duplamente destrutivas para os objetos, em face da contração

e da distensão dos materiais.

(2) Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar é a razão entre o vapor d’água existente no are a quantidade que ele pode reter se estiver completamente saturado, sendoexpressa em porcentagem. Quando se diz que a umidade relativa do ar é 70%,

isso significa que o ar naquele ambiente tem 70% da quantidade total devapor d’água que ele pode conter, considerando-se uma temperatura constante.

As fontes mais comuns de vapor d’água são lagos, rios, oceanos, ter-

reno molhado, calhas quebradas, canos furados, umidade nas paredes, respi-ração e suor humanos.

O vapor d’água presente no ar exerce um importante papel em várias

formas de deterioração física, química e biológica. Altos índices de umidade

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS26

relativa aumentam as taxas de deterioração química, tais como o desbotamento

de corantes e a corrosão de metais. Materiais higroscópicos como o papel, amadeira, o couro, os tecidos, o marfim e os artigos de vime são extremamen-te sensíveis à umidade do ar.

A temperatura tem grande influência no nível de umidade relativa. Éela que determina a quantidade de umidade que o ar pode conter. Quantomais elevada, maior será a quantidade de vapor d’água que o volume de ar no

ambiente poderá abrigar. Assim, quando a temperatura cai, o ar no ambientenão pode reter a mesma quantidade de umidade e, em conseqüência, essaumidade acaba se condensando nos materiais não porosos, como metais e

vidros, ou sendo absorvida pelos porosos. Por exemplo, quando a tempera-tura do ar é 24ºC, ele pode reter no máximo 24g/m3 de vapor d’água; quan-do ela cai para 10ºC, essa capacidade se reduz para apenas cerca de 9g/m3.

A instabilidade da umidade relativa é um fator crítico para o acervo,pois as mudanças causam expansões e contrações, podendo provocar danosirreparáveis, particularmente em materiais orgânicos como couro, madeira,

tecidos, marfim, papel etc.O Anexo F apresenta os níveis ideais de umidade relativa para os

principais materiais. Entretanto, em face da diversidade dos artefatos existen-

tes nos espaços culturais, o valor médio a ser adotado, conforme a recomen-

Fig 3-4 – Termohigrógrafo.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 27

dação do National Park Service dos Estados Unidos, deve ser entre 50% e

55%, não devendo ser superior a 60% nem inferior a 45%.A medição da temperatura e da umidade do ar é feita por meio de

higrômetros, psicrômetros e termohigrógrafos. O higrômetro é o dispositi-

vo mais simples, contudo pouco preciso.

(3) Controle da umidade do ar

O controle climático dos ambientes de um espaço cultural se faz pormeio de medidas passivas e ativas. Onde for possível, as soluções para o controleda umidade relativa e da temperatura devem explorar simples modificações na

estrutura ou no espaço e empregar o uso de equipamentos portáteis ou fixos.Dentre as medidas passivas destacamos:– evitar ligar aparelhos de ar-condicionado ou de aquecimento du-

rante o dia e desligá-los à noite;– controlar a quantidade de visitantes nos salões de exposição, de

forma a evitar o aumento da temperatura pelo excesso de pessoas;

– nos salões de exposição e na reserva técnica, manter os objetos afas-tados de refletores, janelas, paredes externas, ventiladores e portas de entradae saída. O aumento da temperatura provocado pelo sol pode ser minimizado

pelo uso de cortinas e filtros solares do tipo insulfilm; e– para materiais mais sensíveis como papéis, tecidos e fósseis, criar mi-

croclimas por meio da utilização de compartimentos especiais como vitrinas

e armários vedados, contendo produtos especiais para absorção de umidade.As principais medidas ativas são:– a instalação de adequados sistemas de ventilação, de ar-condiciona-

do ou de aquecimento, destinados a estabelecer e manter níveis apropriadosde temperatura e de umidade relativa e para filtrar partículas e gases existentesno ar, na estrutura ou no espaço que abriga ou expõe bens culturais;

– a instalação de umidificadores destinados a, rapidamente, adicionarumidade em locais adequados. Eles são especialmente indicados em locais que,durante o inverno, utilizam sistemas de aquecimento de ambientes, que redu-

zem os níveis de umidade. Um dos mais eficientes, práticos e baratos métodos de

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS28

umidificação é a distribuição, pelo ambiente, de recipientes contendo tecidos

encharcados de água misturada com fungicida;– a utilização, por curtos períodos de tempo, de desumidificadores

para a redução de altos níveis de umidade do ar; e

– a utilização de sílica-gel em equipamentos óticos guardados emarmários. Entretanto, ela só funciona se o objeto estiver em espaço ou caixahermeticamente fechados. Em armários comuns, ela se umidifica em poucos

dias, perdendo a sua função, tendo de ser novamente desidratada em estufa,operação bastante trabalhosa.

(4) Monitoramento

As condições ambientais de temperatura e umidade devem ser moni-toradas e registradas regularmente, em períodos não superiores a uma semana.

O monitoramento visa a:– determinar se os objetos estão sendo ameaçados pela deterioração;– assegurar que os equipamentos estejam funcionando adequadamente;

– avaliar a efetividade das medidas corretivas já adotadas;– registrar o efeito de eventos tais como quebra de janelas, vazamentos

hidráulicos ou infiltrações vindas de telhados, longos períodos de chuvas ou

de seca etc.; e– inventariar as características das áreas ambientais existentes no in-

terior da estrutura.

O sucesso de um programa de monitoramento depende de plane-jamento. Cada estrutura e cada coleção de objetos representam um con-junto especial de problemas. As necessidades da estrutura e as dos objetos

devem ser pesadas cuidadosamente. Qualquer medida corretiva deve seranalisada de forma ampla, pois, embora seja positiva para um segmento,pode ter impacto negativo em outro. Para o estabelecimento dos parâmetros

ambientais para uma coleção, recomendamos a consulta ao capítulo 4 doMuseum Collections Environment (p. 4-16) do National Park Service Museum

Handbook, Part I. O monitoramento deve ser realizado pelos três tipos de

equipamentos já mencionados no subitem (2) deste capítulo.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 29

b) Luz

A luz pode ser definida como a parte visível da radiação eletromagné-

tica. Essa radiação é uma fonte de energia que ativa as moléculas, criando um

ambiente para trocas químicas. Ela provém do sol e de fontes artificiais, e sua

presença pode causar danos irreversíveis aos bens culturais.

Levando-se em conta o comprimento de onda, o espectro eletromag-

nético pode ser dividido em três segmentos:

– ondas curtas (ultravioleta);

– ondas visíveis; e

– ondas longas (infravermelho).

As ondas curtas, quando absorvidas, são mais danosas do que as longas,

porque contêm mais energia.

(1) Radiação ultravioleta (UV)

A radiação ultravioleta (UV) é o segmento mais prejudicial do espec-

tro luminoso, não apenas pelos seus efeitos negativos sobre os objetos mas,

sobretudo, porque não é percebida a olho nu.

A radiação UV é emitida, em diferentes graus de intensidade, por

quase todas as formas de iluminação, como, por exemplo, a luz diurna e a

proveniente de lâmpadas fluorescentes, ambas usadas em espaços culturais.

Em face dos seus efeitos danosos, particularmente o branqueamento

e o desbotamento de materiais como tecidos, documentos textuais e icono-

gráficos etc., a radiação UV deve ser mantida em níveis muito baixos ou, pre-

ferencialmente, eliminada.

A radiação UV proveniente de qualquer fonte pode ser reduzida ou

eliminada com a utilização de:

– cortinas, persianas e toldos externos;

– filtros de luz do tipo insulfilm aplicados aos vidros das janelas;

– filtros para as lâmpadas fluorescentes; e

– lâmpadas fluorescentes especiais.

A radiação UV é mensurável e não deve ultrapassar 70 microwatt.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS30

(2) Radiação infravermelha

A radiação infravermelha, também invisível ao olho humano, provocao aumento da temperatura dos objetos e, conseqüentemente, reduz a sua umi-dade própria, acarretando distensões e contrações na sua superfície, e amplia os

riscos de incêndio. As principais fontes de radiação infravermelha são a luz dosol e a das lâmpadas incandescentes. Os reatores das lâmpadas fluorescentestambém geram calor e seu efeito é mais nocivo quando estão no interior de

vitrinas sem adequada ventilação.Os principais efeitos da radiação infravermelha são o desvanecimento ou

o descoramento de materiais tais como tecidos, papéis, fotografias, mobiliário de

madeira e couros. Eles podem ser reduzidos se adotarmos as seguintes medidas:– colocar, nas janelas, os mesmos tipos de proteção sugeridos para a

radiação UV;

– impedir a incidência direta do sol sobre os objetos;– reduzir a potência das lâmpadas;– diminuir o número de pontos de luz;

– aumentar a distância da lâmpada para o objeto;– substituir as lâmpadas do tipo spotlight por lâmpadas comuns com

refletores; e

– instalar bons sistemas de ventilação ou de refrigeração do ar.

Fig 3-5 – Cortina destinada à

eliminação ou redução da radiação

UV proveniente da luz solar.

(Centro Cultural

dos Correios – Rio de Janeiro)

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Page 19: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 31

Além das medidas sugeridas acima, as radiações UV e infravermelha

podem ser minimizadas se forem adotadas as seguintes providências adicionais:– manter as luzes dos salões de exposição e da reserva técnica apagadas

fora dos horários de visitação;

– manter, fora dos períodos de visitação, os objetos cobertos comtecidos opacos;

– manter uma boa ventilação no interior das vitrinas;

– instalar nas vitrinas e em alguns locais interruptores ou sensores depresença, de forma a acionar a iluminação somente quando necessário.

Quando trabalhamos com iluminação, é importante considerar a

“lei da reciprocidade”. Esse princípio estabelece que “baixos níveis de luz porlongos períodos causam tanto dano quanto altos níveis por curtos períodos”.A taxa de danos causados pela luz é diretamente proporcional ao nível da

iluminação multiplicado pelo tempo de exposição. Por exemplo, uma lâm-pada de 200 watts causa duas vezes mais danos do que uma de 100 watts, nomesmo período de tempo.

O dano causado pela exposição à luz é cumulativo. Não pode ser rever-tido, mas pode ser interrompido pela colocação dos objetos fora da sua ação.

(3) Níveis de iluminação recomendados

É muito difícil medir, a olho nu, os níveis de iluminação. Num ambien-te bastante iluminado, uma vitrina com pouca luz pode parecer escura. Se o

ambiente estiver com pouca iluminação, a mesma vitrina pode parecer estarbem iluminada.

O olho humano requer tempo para se ajustar a um diferente nível de

iluminação. Quando saímos de um ambiente muito iluminado e penetramosnum com menor iluminação, nossos olhos levam algum tempo para se aco-modar. Por essa razão, ao nos deslocarmos de um ambiente muito iluminado

para um salão de exposições, é importante passar por um ambiente de transição.Os níveis de iluminação devem ser controlados, a fim de proteger

os objetos. Eles são medidos em lux e devem estar situados entre 50 e 200.

Os limites máximos recomendados para os diversos tipos de materiais são:

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS32

– 50 lux: roupas, tecidos em geral, tapeçaria, couros, a maioria dos

itens etnográficos e de história natural e todos os objetos em suporte de papel; – 200 lux: pinturas a óleo, couros não tingidos, verniz, madeiras e marfim.Materiais como metais, pedra, cerâmica e vidro são menos sensíveis e,

quando isolados, podem ser expostos a níveis superiores, até o limite de 300 lux.Entretanto, quando estiverem expostos com materiais sensíveis à luz, o nível deiluminação recomendado é o do mais sensível.

É muito difícil reduzir o nível de luminosidade de um ambiente para200 lux, quando a área é iluminada pela luz natural.

Considerando a nocividade da luz para o acervo, a iluminação deve,

sempre que possível, ser projetada e instalada por pessoal especializado.

(4) Monitoramento

A medição dos níveis de luminosidade de todas as áreas, particular-mente dos salões de exposição, da reserva técnica e dos locais onde são guarda-dos os registros das coleções, deve ser realizada pelo menos uma vez por ano, ou

quando forem feitas modificações na iluminação.Nos ambientes onde houver incidência de luz natural, essa medição

deve ser feita na parte da manhã e na parte da tarde.

Os níveis de iluminação podem ser medidos por meio de fotômetrosou, de forma expedita, pela utilização de câmaras fotográficas.

Para a medição com máquina fotográfica, deve-se proceder da seguin-

te forma:– colocar uma folha de cartolina branca medindo 30cm x 40cm na

posição onde a luminosidade deve ser medida e em posição paralela à face do

objeto em que se está fazendo a medição;– registrar, na máquina fotográfica, a sensibilidade de filme ASA/ISO

800 e a velocidade do disparador 1/60;

– aproximar a câmara da folha de cartolina de forma que o campo daobjetiva ocupe estritamente a área da mesma, sem fazer-lhe sombra;

– ajustar a abertura do diafragma até que o fotômetro da câmara indique

uma exposição correta e fazer a leitura do mesmo.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 33

– com base na leitura do diafragma, consultar a tabela abaixo, para

determinação da luminosidade do local:· diafragma f 4 . . . . representa . . . . 50 lux· diafragma f 5.6 . . . representa . . . . 100 lux

· diafragma f 8 . . . . representa . . . . 200 lux· diafragma f 11 . . . representa . . . . 400 lux· diafragma f 16 . . . representa . . . . 800 lux

Para a medição da radiação ultravioleta, utiliza-se o monitor de UV,que apresenta suas leituras em microwatts por lúmen.

c) Poluição do ar

A atmosfera pode ser considerada como um grande recipiente ondesão encontrados sólidos, líquidos e gases.

A poluição do ar é, na atualidade, um dos maiores agentes da deterio-ração dos bens culturais, particularmente daqueles que se encontram em áre-as abertas como fortificações, igrejas, edifícios, monumentos, obras de arte

etc. Ela se faz mais presente nas áreas urbanas dos grandes centros e nas cida-des industriais. A proteção dos bens culturais contra a deterioração provocadapela poluição do ar deve ser uma preocupação constante dos responsáveis

pela preservação dos mesmos.Os poluentes do ar são de duas naturezas:– partículas (poeira e sujeira);

– gases.

(1) Partículas

A poeira é um agente abrasivo, composto de partículas de tamanhobastante variado, principalmente de sílica e óxido de ferro, suspensas no ar.A determinação do tamanho das mesmas é importante quando estamos le-

vantando o tipo de filtro adequado para um determinado ambiente.A poeira contribui para diversas reações químicas. Quando a água se

condensa em volta das partículas, algumas delas se tornam agentes químicos

ativos que atacam os objetos. Os métodos tradicionais normalmente usados

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS34

para a sua remoção, como lavar, sacudir ou esfregar o objeto com panos, podem

acelerar a deterioração ou aumentar o risco de dano físico.A sujeira, por sua vez, atrai insetos e é, normalmente, ácida.

(2) Gases

Os poluentes gasosos contêm, ou se combinam para produzir, pode-rosos agentes corrosivos ou oxidantes.

Os principais gases são o dióxido de enxofre (SO2), o dióxido de

nitrogênio (NO2) e o ozônio (O

3).

O dióxido de enxofre é, em parte, emitido por processo biológico

natural. Entretanto, as maiores concentrações existentes no ar são resultantesda queima de combustíveis fósseis. Os materiais mais afetados pelo dióxidode enxofre são os papéis, os tecidos (naturais e sintéticos), os couros, as pedras

(mármore e calcário), os metais (ferro e aço), as pinturas e as fotografias.Altos índices de umidade relativa do ar e de luminosidade aceleram o tempode reação desses materiais com o SO

2.

O óxido de nitrogênio (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2) são

produtos resultantes de qualquer tipo de combustão e são menos danosospara os objetos do que o ácido sulfúrico.

O mais prejudicial dos gases poluentes é o ozônio. Ele é gerado natu-ralmente nas mais altas camadas da atmosfera terrestre e reage com borracha,tecidos e plástico, causando deterioração em quase todos os materiais orgânicos.

(3) Poluição oriunda de fontes internas

O ar no interior das vitrinas pode ser poluído por ácidos orgânicos co-

mo, por exemplo, acético, liberado por diversas fontes. As principais fontes são:– a poeira oriunda de materiais de construção, tais como compensa-

dos, adesivos, colas, juntas de vedação de borracha etc.;

– os equipamentos de ventilação, de refrigeração e de aquecimento;– os próprios objetos do museu, ou seja, tecidos, pinturas etc., que

liberam gases; e

– os materiais de construção como madeiras, borrachas etc., utiliza-

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 35

dos nos salões de exposição e na reserva técnica, particularmente em vitrinas

hermeticamente fechadas.

(4) Métodos de controle da poluição

A ação da poluição do ar no interior dos espaços culturais pode serminimizada por meio das seguintes medidas:

– manter os salões de exposição, a reserva técnica e as demais áreas do

espaço cultural sempre muito limpas;– evitar, sempre que possível, expor objetos em espaços abertos ou

em áreas descobertas;

– na reserva técnica, guardar objetos em embalagens fechadas e/ouenvoltos por papel não ácido. Nas prateleiras abertas, cobri-los com plásticotransparente ou tecido de algodão;

– guardar os objetos sensíveis em armários especiais;– nas áreas externas, fora dos horários de visitação e, à noite, cobrir os

objetos com plástico preto, conhecido comercialmente como lona preta;

– isolar os objetos que liberam gases;– estocar, expor ou transportar os objetos em embalagens apropriadas.– filtrar o ar proveniente dos sistemas de ar-condicionado, de ventila-

ção ou de aquecimento. No caso dos sistemas de ar-condicionado, estes jácontam com um filtro. Entretanto, a filtragem do ar se fará melhor se forem

Fig 3-6 – Objetos

na reserva técnica

cobertos com

plástico transparente.

(Museu do Comando

Militar do Sul)

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS36

instalados dois filtros, em diferentes pontos da circulação do ar. É importante

lembrar que esses filtros devem ser limpos periodicamente;– usar purificadores portáteis de ar;– manter as portas e as janelas bem fechadas e, se possível, seladas,

para evitar a entrada do ar poluído.

2) Agentes biológicos

As coleções dos espaços culturais são vulneráveis aos danos e à dete-rioração causados por uma variedade de organismos biológicos, podendovariar de manchas ou sujeiras superficiais até a completa destruição do objeto.

Embora os materiais orgânicos sejam os mais sensíveis à ação dosagentes biológicos, os inorgânicos podem, também, ser danificados por eles,mas o processo é muito complexo e raro.

Os agentes biológicos ou pragas podem ser classificados em três categorias:– microorganismos;– insetos; e

– vertebrados.Os agentes dessas três categorias se inter-relacionam; uns podem apoiar

a sobrevivência dos outros e contribuir para o dano causado por cada um.

Infelizmente, as melhores condições para o cuidado, a guarda e aexposição do acervo são, também, as ideais para a sobrevivência dessas pragas.Entretanto, condições impróprias tais como altas temperaturas, altos níveis

de umidade relativa, poeira, excesso de objetos e desarrumação servem parapotencializar as condições para a sobrevivência das pragas.

a) Microorganismos

O mofo e os fungos são os principais microorganismos. Eles estãoem todos os lugares: no ar que respiramos, no alimento que ingerimos e nas

coleções (e em torno delas) o tempo todo.Eles se tornam ativos, quando a temperatura e a umidade relativa do

ar no ambiente são adequadas e quando existem nutrientes para suportar o

seu crescimento. O mofo, por exemplo, cresce em temperaturas entre 0 e 38°C

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 37

e quando a umidade relativa passa de 65%. Infelizmente, alguns materiais

existentes no acervo como, por exemplo, papéis, cola animal, adesivos etc.podem proporcionar nutrientes para eles se desenvolverem, se as condiçõesambientais forem apropriadas para a germinação.

Todos os materiais orgânicos são propensos a ser danificados pelomofo. Esse dano pode variar de manchas e mau cheiro ao enfraquecimentoestrutural e completa destruição do objeto.

b) Insetos

Os insetos constituem um problema mais complicado. Eles são no-

toriamente difíceis de se eliminar, especialmente nas salas de exposição, ondesomente medidas seguras para o acervo e para os visitantes podem ser toma-das. Entretanto, nem todos os insetos encontrados nos museus irão danificar

as coleções. É muito importante identificá-los, para verificar se são ou nãouma ameaça ao acervo.

As pragas de insetos dos museus podem ser classificadas em cinco

categorias, baseadas no tipo primário de material no qual vivem ou do qualse alimentam. São elas:

– as que se alimentam de mofo;

– as brocas de madeira;– as que se alimentam de celulose;– as que se alimentam de proteína; e

– as que se alimentam de amido.Existem, também, alguns insetos, como a barata, que se alimentam de

tudo e podem causar danos a uma grande variedade de materiais, e outros que,

embora não se alimentem dos objetos do museu, os danificam por outrosmeios, tais como a deposição de fezes e sujeira ou a escavação para encontrarlocal seguro para o desenvolvimento de novo estágio de vida.

O ciclo normal de vida dos insetos passa por três estágios: ovo, larvae adulto. É a larva que, geralmente, danifica os objetos. Entretanto, ela nemsempre pode ser detectada antes de atingir o estágio adulto. Para exterminar

uma praga, é sempre aconselhável atacá-la no estágio de larva e no de adulto.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS38

Os insetos mais comuns são as traças, as baratas, os cupins, as brocas

e os piolhos de livros.As traças se desenvolvem sem metamorfose, isto é, do ovo atingem a

sua conformação já completa e vão aumentando de tamanho até a fase adul-

ta. Desbastam couros, papéis e fotografias pela superfície, instalam-se e sedesenvolvem em locais escuros e especialmente úmidos.

As baratas fazem uma metamorfose incompleta. Preferem locais

escuros e úmidos e, em geral, se desenvolvem nos depósitos e nos dutos derefrigeração, atraídas para os ambientes pelos resíduos alimentares. Tal comoas traças, causam danos nas superfícies e nas margens dos documentos e das

encadernações.O cupim é o inseto mais comum e prejudicial. Ele se reproduz por

metamorfose incompleta, e a infestação se dá por ocasião da saída dos enxa-

mes, quando são formadas novas colônias a partir das rainhas fecundadas. Emseu crescimento, de adulto jovem até atingir o desenvolvimento completo,alimentam-se da celulose da madeira e dos papéis. Nenhum tipo de madeira

Fig 3-7 – Exemplo de

bem cultural de

valor histórico parcialmente

destruído por cupim.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 39

está a salvo do cupim, a não ser que a madeira tenha sido convenientementetratada, mas a sua preferência é pelas mais macias.

Os cupins classificam-se em dois grupos: cupins de solo e cupins de

madeira seca.Os cupins de solo formam ninhos subterrâneos muito populosos, em

contato direto com a terra ou em peças de madeira que estejam enterradas. Os

de madeira seca vivem exclusivamente dentro dela.Os dois tipos de cupim atacam igualmente os acervos, particular-

mente os documentais, alcançando os locais através dos móveis ou das ga-

lerias construídas ao longo das paredes. Como têm acentuada aversão àluz, buscam os blocos ou conjuntos compactos, e seus estragos não apare-cem na superfície.

Os estragos desses insetos costumam atingir enormes proporções empouco tempo. Produzem grandes buracos e galerias nos materiais afetados.

As brocas possuem metamorfose completa e suas espécies variam de

acordo com as condições climáticas de cada região. Os piolhos de livro sãopequeníssimos insetos de cor amarelo-avermelhada, freqüentemente encon-trados entre as folhas e considerados inofensivos aos documentos.

c) Vertebrados

Os principais vertebrados danosos aos museus são as aves, os roedores

e os morcegos.

(1) Aves

As aves podem causar danos diretos e indiretos às coleções dos mu-seus. Elas costumam lançar sobre os objetos dejetos, os quais, além de provo-car manchas em contato com a umidade, transformam-se em ácidos que

degradam os materiais a eles sensíveis.

(2) Roedores

Os roedores, da mesma forma que as aves, também causam danos di-retos e indiretos ao acervo. Eles preferem ambientes quentes, úmidos e escuros.

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS40

Os ratos, os camundongos e outros roedores danificam os objetos por

meio da mastigação, da construção de ninhos e da deposição de fezes nas coleções.A presença de camundongos e outros roedores nas dependências do museu

devem servir como alerta da presença de insetos nocivos ao acervo.

(3) Morcego

Os morcegos raramente causam danos às coleções e, até certo ponto,

são basicamente considerados como animais benéficos, por se alimentaremde mosquitos e outros insetos. Entretanto, seus poleiros e dejetos proporcio-nam alimentos para os insetos nocivos.

d) Controle das pragas

Como vimos anteriormente, os ambientes úmidos, quentes, escuros

e com pouca ventilação são os mais propícios para a vida de microorganismos,insetos e até pequenos roedores.

O dano causado aos objetos pelas pestes é, quase sempre, irreversível.

Uma vez infestados, as opções para a eliminação da infestação sem danos oualterações nos objetos são limitadas. Muitos dos produtos químicos tradi-cionalmente utilizados para controlar as infestações acabam danificando ou

causando alterações no material de que é feito o bem. Por essa razão, é prefe-rível prevenir o surgimento de pestes nos ambientes ou a sua estabilização nomeio das coleções.

O controle de roedores, embora relativamente simples, deve ser con-fiado a empresas especializadas, particularmente para a erradicação de ninhos.

Os insetos constituem um problema mais complicado. Eles são mais

difíceis de se eliminar, principalmente nos salões de exposição.Os métodos tradicionais de controle de pragas nos museus têm sido o

tratamento rotineiro com pesticidas como DDT, naftalina e outros. Entretan-

to, esses produtos químicos podem ser prejudiciais à saúde dos visitantes e dosfuncionários e causar danos aos objetos. Por essas razões, é importante que esseserviço seja entregue a firmas realmente capacitadas, com registro nos órgãos

competentes e que tenham experiência de atuação em museus. A aplicação

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 41

imprópria de pesticidas pode, causar a resistência do inseto a esses produtos, e

levar à falsa sensação de que o tratamento deu resultado.Inspeções rotineiras são, na verdade, outra importante medida para

se evitar as infestações ou controlá-las no seu começo. Quando uma infestação

é descoberta, devemos adotar, imediatamente, três medidas:– isolar o material infestado, identificar a praga, levantar a extensão

da infestação e determinar a origem do problema;

– tratar o problema; e– rever o programa de prevenção.Outra medida importante para evitar a infestação de pragas é subme-

ter todos os objetos a uma detalhada inspeção e descontaminação antes quedêem entrada na reserva técnica, para inclusão no acervo do museu ou paraintegrar uma exposição temporária.

3) Fatores humanos

Os fatores humanos são aqueles que agem mais rapidamente para a

deterioração de um objeto. Enquanto, por exemplo, a poluição leva váriosanos para causar danos a uma peça de cerâmica ou de vidro, a falta de cuidadono manuseio pode levar à sua destruição quase que instantaneamente.

As ações ou omissões humanas no trato das coleções podem serreunidas em cinco grupos:

– manuseio incorreto;

– uso impróprio;– fogo;– furto e roubo; e

– vandalismo.

a) Manuseio incorreto

O manuseio físico dos objetos é, freqüentemente, desconsiderado comouma fonte de danos potenciais aos objetos.

Os mais óbvios resultados da falta de cuidado são as quebras de obje-

tos de cerâmica, de porcelana, de vidro etc., ou o dilaceramento de um docu-

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS42

mento. Entretanto, existem outros que não surgem de imediato, como a corrosão

em metais causada pelo manuseio sem a utilização de luvas.O dano causado pela falta de cuidado é plenamente previsível e evitá-

vel. O manuseio adequado é, principalmente, uma questão de atitude de sen-

sibilidade para com os objetos. É responsabilidade de todos e a segurança decada peça pode ser assegurada pela observância de práticas e regras padronizadas.

(1) Práticas para garantia da segurança dos objetos

Regras escritas sobre o manuseio dos objetos devem ser distribuídas atodos os funcionários. Cópias das mesmas devem ser afixadas em lugar visí-

vel na reserva técnica. Os pesquisadores externos deverão ser obrigados a lê-las e a colocar o seu “ciente” em documento próprio.

Todo o pessoal do museu deve receber treinamento sempre que qual-

quer rotina for modificada.Todas as atividades que envolvam o manuseio e o deslocamento de

objetos devem ser cuidadosamente planejadas, procedimentos esses que

devem incluir os seguintes aspectos:– as características e as condições estruturais do objeto (peso, fragi-

lidade, instabilidade, necessidade de equipamentos especiais etc.);

– as pessoas necessárias (quantidade e experiência);– a nova localização do objeto (deve estar preparada e pronta para

receber a peça); e

– a segurança e a saúde do pessoal envolvido.

(2) Regras gerais para o manuseio dos objetos

Os objetos devem ser manuseados apenas quando estritamente ne-cessário. Devem ser proibidos o consumo de alimentos e bebidas bem comoo fumo durante o manuseio de um objeto.

Todo objeto deve ser considerado como insubstituível e o mais valiosodo acervo.

Roupas ou adornos que possam danificar os objetos não devem ser

usados. As mãos de quem manuseia um objeto devem estar sempre limpas,

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS 43

mesmo que luvas estejam sendo utilizadas. Usar preferencialmente luvas de

algodão, exceto por ocasião do manuseio de objetos de vidro ou cerâmica(são muito lisos), plantas, pássaros, mamíferos e insetos, ou quando em con-tato com superfícies oleosas ou pegajosas.

Usar apenas lápis quando estiver trabalhando próximo ao objeto, afim de evitar a aplicação de manchas permanentes de canetas de qualquer tipo.

Antes de mover um objeto, verifique as suas condições, qual é a sua

parte mais resistente e onde está localizado o seu centro de gravidade.Manusear, sem pressa, apenas um objeto de cada vez, usando ambas

as mãos.

Se, durante o manuseio, ocorrer algum dano ao objeto, o incidentedeve ser registrado imediatamente, e todos os pedaços devem ser recupera-dos. Se possível, fotografias devem ser tiradas, e o incidente relatado a quem

de direito.A reserva técnica deve ser organizada de tal forma que um objeto possa

ser manuseado sem atrapalhar os outros.

Além dessas regras gerais, existem outras, de natureza específica, adequadasa certos tipos de objetos como pinturas, móveis, metais etc.

(3) Regras para o deslocamento dos objetos

Suspender os objetos, em vez de arrastá-los. Segurar pela base e pelo lado.Erguer os objetos pela sua superfície mais estável.

Os objetos não devem ficar para fora dos limites das embalagens ou doequipamento de transporte.

Tomar cuidado especial quando for necessário recuar, deslocando

um objeto.Planejar o deslocamento do objeto para que cada pessoa saiba o que

vai fazer.

Assegurar que os objetos transportados conjuntamente sejam do mesmotamanho, peso e material.

Todo deslocamento interno de objetos, particularmente de grandes

dimensões, deve ser planejado. O itinerário deve ser reconhecido e verifica-

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PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS44

dos o tamanho de portas e corredores e a existência de escadas e desníveis.

O movimento deve ser realizado fora dos horários de visitação.Os deslocamentos externos, particularmente para exposições itinerantes,

devem ser precedidos de cuidados especiais quanto à embalagem dos objetos,

seu transporte e manuseio no destino. Deve ser contratada firma especializa-da para esse fim, cujos trabalhos de embalagem e desembalagem devem sersupervisionados por integrantes da equipe técnica do museu.

Fogo, furto, roubo e vandalismo serão tratados no capítulo “Segurança”.

4) Desastres naturais

Os desastres naturais podem ocorrer em qualquer lugar, constituemuma grande ameaça aos museus. Eles não estão imunes às enchentes, às chuvastorrenciais, aos vendavais, aos terremotos e às guerras.

Qualquer que seja a natureza do desastre, é a velocidade da reação quepoderá diminuir ou limitar os danos às coleções, aos edifícios, aos equipamen-tos e às pessoas. Para isso, é importante que haja planos detalhados para atender

a essa eventualidade. Além disso, medidas adicionais de natureza preventivapodem ser adotadas como:

– evitar instalar a reserva técnica no último andar do edifício, próximo

ao telhado;– evitar colocar a reserva técnica no subsolo, em áreas sujeitas a inundações;– verificar, periodicamente, a existência de goteiras nos telhados, o entu-

pimento de ralos e calhas e o estado das instalações hidráulicas.É preciso ter especial atenção com torneiras deixadas abertas durante

as interrupções no fornecimento de água, as quais, quando se normaliza o

abastecimento, podem provocar a inundação das dependências.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 45

Conservação de objetos

4

1. De couro e peles

O couro é a pele curtida de animais. Os processos de curtimentoobjetivam impedir a deterioração da pele e a aderência, entre si, das fibras do

colágeno. O processo básico para o curtimento consiste na remoção de gor-duras, impurezas e pêlos por meio de encolagem, lavagem e raspagem. Ocurtimento pode ser conseguido por diferentes métodos: o vegetal, ao óleo e

ao cromo.Do ponto de vista químico, o couro é uma substância protéica com-

posta por 98% de colágeno e 2% de gordura e água.

A combinação de diversos fatores de ordem intrínseca ou extrínsecaresulta na deterioração gradual dos couros. A oxidação da gordura e a perdade umidade em condições secas provocam sua pigmentação. Em ambien-

tes muito úmidos, ocorre o apodrecimento das fibras de colágeno pelacontaminação de microorganismos. Insetos podem, também, causar gran-des estragos.

A deterioração química resulta das reações entre os resíduos de cur-timento e a reação destes com elementos do ambiente como, por exemplo,o oxigênio, os gases e poluentes presentes nos centros industriais e urbanos.

Para uma boa conservação preventiva dos objetos de couro ou daquelesem que ele está presente, deve-se proceder da seguinte maneira:

– expor e guardar em locais com adequada ventilação;.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS46

– a umidade relativa do ar no ambiente em que se encontram deve estar

entre 50% e 55%;– a temperatura, tanto na reserva técnica como nos salões de expo-

sição, deve ficar em nível adequado, pois o calor, além de ressecar o couro,

pode endurecê-lo e rachá-lo;– não expor sob luzes que emitam radiação UV;– evitar submetê-los à combinação de umidade e calor excessivos;

– manter os objetos longe de água. Se, por qualquer motivo, vierem aser molhados, a secagem deve ser gradual e por evaporação;

– impedir ou evitar que os gases provenientes da combustão de diver-

sos produtos atinjam os objetos;– proteger da ação de ratos, traças e outros insetos. Muitos couros

representam proteínas nutrientes para os mesmos;

Os objetos de couro são particularmente suscetíveis ao aparecimentodo mofo, que pode desfigurá-los, manchá-los e enfraquecê-los. Quando omofo for descoberto, deve-se proceder da seguinte maneira:

– colocar o objeto no interior de um saco impermeável, fechar herme-ticamente e remover para uma área limpa e bem ventilada, com umidade igualou inferior a 65%, isolada do resto da coleção;

– retirar o objeto do saco e, se ele estiver úmido, deixá-lo secandoparcialmente;

– usar um aspirador de pó para remover o mofo de todas as áreas onde

Fig 4-1

Foto

s: Ja

yme

Cre

spo

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 47

não existam perdas de pedaços ou de decoração, mantendo o bocal bem perto

da peça, mas sem fazer pressão sobre a sua superfície;– nas áreas frágeis, usar escova de pelos macios; e– cobrir o bocal do aspirador com uma tela ou gaze, a fim de evitar

a perda de qualquer pedaço que, acidentalmente, possa se destacar do objeto.Os calçados de couro, quando guardados na reserva técnica, devem ser

enchidos com papel neutro para que possa ser mantida a sua forma original,

como mostra a figura 4-1.

2. Tecidos

Os objetos têxteis estão entre os mais sensíveis dos existentes nascoleções dos museus.

Os tecidos são feitos de fibras de diferentes tipos, naturais e sintéticas.Para compreender a deterioração dos objetos têxteis, é preciso entender

as propriedades físicas e químicas dos materiais e o seu processo de envelheci-

mento. Ela pode ocorrer em todos os níveis e, no mais baixo, é o processo peloqual as longas cadeias das moléculas das fibras são partidas em cadeias menores,resultando em fibras encurtadas e numa estrutura intermolecular enfraquecida.

Os resultados são a fragilidade e a quebradura. Isso pode acontecer por todo otecido ou apenas numa parte dele, devido às tensões e aos esforços, à exposiçãoem condições adversas ou aos ataques biológicos.

Existem quatro fatores que contribuem para causar a deterioração dosobjetos têxteis:

– a deterioração natural das fibras;

– os danos mecânicos provocados pelo excesso de manuseio, pelas de-ficientes condições de guarda e exposição, pelos desastres e pelo vandalismo;

– os efeitos do meio ambiente; e

– a biodeterioração causada por insetos e infestação microbiológica.A conservação preventiva dos tecidos é muito importante. A restau-

ração das peças danificadas é cara, demorada e, dificilmente, elas voltam à

aparência original. A prevenção implica cuidados com o ambiente onde os

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS48

objetos se encontram (luz, umidade relativa e temperatura), com as infestações,

com o manuseio, com a guarda na reserva técnica e com a sua exposição.

a. Cuidados com a luz

A luz é um dos mais perigosos (e talvez um dos mais desconhecidos)fatores que afetam materiais sensíveis como os tecidos.

O dano causado pela luz depende de três aspectos:– da sua intensidade;– da proporção da radiação ultravioleta; e

– da duração da exposição.A intensidade da luz não deve ser superior a 50 lux. Esse limite pode

parecer baixo mas, como o olho humano adapta-se rapidamente às mudanças

de intensidade, logo o visitante perceberá que a iluminação é suficiente eapreciará esse cuidado com o objeto.

A radiação ultravioleta é extremamente nociva aos tecidos. Ela provém,

fundamentalmente, da luz solar e de lâmpadas fluorescentes.Para reduzir os efeitos nocivos da radiação, devem ser adotadas as

seguintes medidas:

– não expor um objeto sob a luz direta ou indireta do sol;– usar filtros UV nas lâmpadas fluorescentes;– distribuir, nas vitrinas, a iluminação uniformemente sobre a peça; e

– colocar, nas janelas, cortinas e filtros do tipo insulfilm nos seus vidros.A duração da exposição do objeto à ação da luz pode ser reduzida pelo

desligamento da iluminação nos salões de exposição e nas vitrinas fora dos horários

de visitação, ou pela instalação de interruptores acionados por sensores de presença.

b. Efeitos do meio ambiente

Entre os fatores ambientais destacam-se, como mais importantes, aumidade relativa do ar e a temperatura.

1)Umidade relativa e temperatura

A umidade relativa acelera a deterioração química e biológica dos

tecidos. Para evitá-la, o índice deve estar entre 50% e 55%. Abaixo de 45%,

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 49

pode causar a fragilidade e a fratura das fibras. A umidade igual ou superior a

65% pode favorecer a biodeterioração da peça.Os aparelhos de ar-condicionado ajudam no controle da umidade rela-

tiva, e os umidificadores e desumidificadores portáteis são extremamente úteis

para regular o clima em estações extremas.O calor, além de interferir na umidade relativa, acelera o processo de

envelhecimento dos tecidos.

2) Poluição do ar

O pólen, a poeira e as partículas aéreas são uma ameaça aos materiaistêxteis. A melhor prevenção é uma boa limpeza das dependências. Para isso,

o aspirador de pó é melhor do que vassouras, espanadores etc.Somente devem ser realizadas obras próximo aos salões de exposição

e da reserva técnica, quando houver segurança para o acervo.

Os panos usados para cobertura dos tecidos devem ser lavados comfreqüência.

c. Infestações

A melhor medida preventiva contra a infestação é a limpeza e a con-servação das dependências do museu.

O conhecimento do ciclo de vida e dos hábitos dos insetos pode ajudarnuma efetiva conservação preventiva.

A infestação começa com a entrada inicial do inseto na coleção. Flores

e plantas são boas fontes de contaminação. Os tecidos que entram no acervopodem estar infestados e devem ser isolados e examinados antes de chegar nareserva técnica e nos salões de exposição.

Nos casos de suspeita de infestação nos objetos já existentes, eles de-vem ser isolados, e a área minuciosamente inspecionada.

O tratamento dos objetos contaminados dependerá da extensão do

dano. Um especialista deve ser consultado sobre as medidas a adotar. Nuncatente aplicar inseticidas diretamente sobre qualquer tecido.

Os fungos são muito perigosos para os tecidos. Os aparelhos de ar-

condicionado e os desumidificadores e outros métodos de controle da umida-

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS50

de são importantes para prevenir o crescimento dessas infestações. A circulação

do ar é também uma medida indispensável. O tecido nunca deve ser deixado,por longos períodos, num ambiente sem ventilação.

O exame e o monitoramento regulares dos objetos são os melhores

meios para se evitar as infestações.

d. Cuidados com o manuseio

Todo tecido deve ser tratado como frágil e delicado. Ao manuseá-lo,não use jóias, relógios, pulseiras, distintivos etc.

As ferramentas, as tintas, as canetas etc. devem ser mantidas a uma

distância segura do objeto.Usar sempre lápis em vez de caneta, mas nunca deixá-lo sobre o teci-

do e tomar cuidado para que ele não cause dano físico ao mesmo.

Não permitir que fumem perto das coleções. A fumaça é prejudicialàs fibras.

Não colocar adesivos de qualquer natureza em contato com os te-

cidos ou no interior de vitrinas fechadas. Eles podem penetrar nas fibras edegradá-las, atrair poeira e sujeira e volatilizar substâncias reativas em ambi-entes fechados.

Não tocar ou arrastar qualquer coisa sobre a superfície de um tecido.

e. Cuidados na reserva técnica

Os objetos guardados na reserva técnica devem estar sempre limpos eas dependências bem fechadas.

A limpeza dos tecidos pode ser feita com o uso de aspirador de pó

mas, somente quando estritamente necessário e conforme demonstrado nasfiguras 4-2 e 4-3.

Evitar colocar um tecido sobre o outro. Quando isso for necessário,

colocar papel neutro entre eles.Os tecidos devem, sempre que possível, ser guardados esticados. Sen-

do assim, podem ser usadas gavetas como as das mapotecas, bandejas, pratelei-

ras e caixas. As peças de grandes dimensões podem ser enroladas, usando-se,

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 51

Fig 4-3 – Proteção do bocal do

aspirador com tela ou gaze.

Fig 4-2 – Limpeza

de tecido com a utilização de

aspirador de pó.

Tela depolietileno

Base de madeira

Bordas costuradas

para isto, um tubo de papelão, de preferência neutro ou forrado com tecido dealgodão cru lavado, a fim de ser retirada a goma, amarrado com linha no 10 ou

cadarço de tecido, devendo ser colocado papel neutro, de forma a evitar ocontato de uma parte do tecido com a outra. Se o tecido tiver uma face pintadaou um avesso, eles deverão ficar para o lado de fora.

Fig 4-5 – Maneira

correta de enrolar

tecidos para serem

guardados

na reserva técnica.

O cadarço deve,

também, ser de tecido.

Fig 4-4 – Os tecidos podem

ser acondicionados na horizontal,

de forma semelhante

aos documentos nas mapotecas.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS52

Vários tipos de suporte podem ser usados para a estocagem dos roloscom os tecidos, conforme ilustrado na figura acima.

As roupas (vestidos, ternos, uniformes etc.) devem ser guardadas emsuportes adequados para cada tipo e cobertas com tecido neutro, podendoser utilizados cabides revestidos, como mostram as figuras 4-8 e 4-9. O uso

de suportes impróprios pode danificar imediatamente o objeto. As roupasque não puderem ser colocadas em suportes adequados devem ser guardadasem caixas, envoltas em tecido ou papel neutro, de preferência sem dobras.

Fig 4-7 – Uniformes

guardados na reserva técnica,

cobertos para

proteção contra a poeira e

a luz (Museu do Exército,

Delft – Holanda).

Fig 4-6 – Diferentes tipos de suporte usados na reserva

técnica para guarda de tecidos enrolados.

Etiqueta

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 53

Fig 4-8 – Cabide revestido para

a guarda de roupas.

Fig 4-9 – Utilização de cabide revestido

para guarda de roupas.

Revestimentode algodão

Enchimento dealgodão ou poliéster

Cabide acolchoado

Tira de algodão fixadana cintura

Os chapéus, os quepes e os bonés devem ser enchidos com papel neu-tro, para manter a sua forma original, como mostram as figuras 4-10 e 4-11.

Os objetos guardados na reserva técnica devem estar limpos e cobertose as dependências bem fechadas. A reserva técnica não deve ser usada como salade preparação dos objetos para exposição, nem devem ser estocados, junto

com os tecidos, materiais ou produtos inflamáveis ou que possam exalar vapores.

f. Cuidados na exposição

Expor não é bom para os tecidos. O manuseio, o estudo e a monta-gem causam danos, alguns deles imperceptíveis. Materiais sensíveis não po-

dem ficar permanentemente expostos sem perdas para a integridade do objeto.

Fig 4-10 Fig 4-11

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS54

A exposição fora das vitrinas, onde as condições ambientais não podem ser

perfeitamente controladas, deve, sempre que possível, ser evitada.O posicionamento dos objetos nos locais de exposição é muito im-

portante. A luz, a ventilação e a posição das entradas e saídas de ar são alguns

dos fatores a considerar no planejamento e na montagem.Tecidos lisos e planos devem ser colocados em suportes firmes, fixados

com velcro, com o peso distribuído uniformemente sobre toda a superfície.

Não se deve usar grampos, pregos ou taxas diretamente no tecido. As pequenaspeças podem ser emolduradas.

Os tapetes, quando expostos horizontalmente, devem ser limpos com

aspirador de pó, de preferência, diariamente.As roupas devem, preferencialmente, ser expostas em manequins ou

em suportes e não como mostra a figura 4-12.

g. Conservação de objetos de tecidos

Quando falamos de tecidos, existe uma grande diferença entre conserva-ção e restauração. A conservação compreende a manutenção preventiva e o traba-lho de recuperação e reparo. A restauração implica um grau de reparo tal que a

peça não apenas volta à sua aparência original mas, até mesmo, funciona como

Fig 4-12 – Forma

incorreta de exposição de um

objeto feito com tecido.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 55

era a intenção inicial. Os tecidos nos museus podem ficar sujos, empoeirados

e amarelados devido à idade, ao cuidado impróprio ou às condições de guarda.A limpeza dos objetos têxteis requer uma abordagem diferente da nor-

malmente adotada com os tecidos domésticos. Qualquer limpeza cuidadosa é,

para eles, um drástico tratamento. Existem quatro categorias de limpeza quepodem ser aplicadas aos tecidos:

– a limpeza superficial;

– a lavagem normal;– a lavagem a seco; e– a limpeza pontual.

A limpeza superficial é mecânica e realizada com a escovação do tecidoe a utilização de absorventes secos ou abrasivos e aspiradores.

A lavagem, normal ou a seco, é delicada medida de conservação que não

deve nunca ser adotada sem uma avaliação precisa do estado do objeto. Ela deveser executada exclusivamente por pessoal treinado pois o uso de qualquersolvente de limpeza pode ser perigoso e causar danos irreparáveis ao tecido. A la-

vagem é um processo que nunca está sob o completo controle de quem a executa.A limpeza pontual é o tratamento local de manchas com o uso de solventes.Na escolha do método e da técnica de conservação, devem ser considera-

dos os seguintes conceitos:– não se deve realizar qualquer tratamento que não seja absolutamen-

te necessário para a preservação, guarda e exposição seguras;

– a conservação dos objetos têxteis deve envolver materiais e méto-dos que sejam os menos perigosos possíveis para a condição original do objeto; e

– o tratamento deve ser tão reversível quanto possível e não deve in-

terferir nas futuras pesquisas sobre as propriedades do tecido e as técnicas usadasna sua fabricação.

3. De madeira

A chave para a compreensão do comportamento da madeira e seus

requisitos para uma longa preservação está na óbvia constatação de que ela

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS56

provém das árvores. É necessário estar consciente da estrutura física e celular

da madeira na árvore para compreender as razões pelas quais os objetos demadeira reagem em condições ambientais particulares.

Alguns objetos de madeira muito antigos, tais como o mobiliário das

tumbas encontradas nas pirâmides egípcias, permaneceram em perfeito estado,enquanto outros parecem se deteriorar rapidamente. A explicação primária paraeste fato é o tipo de ambiente em que esses objetos estão ou estiveram alojados.

O acervo de qualquer museu contém os mais variados objetos demadeira, expostos ou guardados em diferentes condições ambientais. Muitosdeles se constituem objetos compostos, isto é, feitos com mais de um material

como, por exemplo, armas, instrumentos musicais, quadros etc.Os objetos de madeira são expostos de diferentes maneiras. Móveis

estão, normalmente, em exposições abertas no interior dos museus, enquanto

que veículos, totens etc. estão colocados ao ar livre. Sob o ponto de vista dapreservação, os mais afortunados são aqueles que se encontram no interior devitrinas e nos salões de exposição. O contexto da exposição e a natureza do

objeto irão, freqüentemente, influenciar a sua conservação preventiva e o trata-mento da deterioração.

a. Deterioração da madeira

A madeira é um material higroscópico. Existe uma grande atração en-tre a água e a celulose e, por essa razão, quando, no ambiente, o nível de umida-

de sobe, ela absorve vapor d’água e se expande; quando ele cai, a madeira liberavapor e se contrai. Na verdade, são as paredes das células que se expandem e secontraem durante esse processo, provocando diferenças dimensionais nos planos

da madeira, que podem ser vistas em muitos objetos nos museus. Essas dife-renças variam de uma espécie para outra, o que nos leva a preferir determinadotipo conforme a natureza do objeto, como é o caso, por exemplo, dos móveis.

Quando uma árvore é derrubada, ela é logo atacada por agentes dadeterioração, que a destroem e provocam sua volta ao solo para proporcionarnutrientes para uma nova geração. A tentativa de preservação perpétua dos

objetos de madeira é uma luta para reverter a ordem natural das coisas. Os

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 57

mesmos agentes que transformam um galho de árvore em húmus podem, se

as condições são favoráveis, promover a destruição de uma cadeira ou de umacarruagem. A melhor forma de preservar objetos de madeira é minimizar osefeitos dos agentes da deterioração.

A deterioração pode ser física, química ou biológica.A deterioração física pode apresentar-se sob a forma de:– encolhimento ou inchamento da madeira, provocados pela diminuição

ou pelo aumento da umidade relativa;– erosão provocada pela ação da chuva ou do vento, em peças expostas

ou guardadas ao ar livre; e

– danos causados pela ação humana.A deterioração química é causada:– pela luz;

– pelo fogo;– pelas substâncias ácidas, alcalinas e pelo sal.A deterioração biológica é resultante da ação de:

– bactérias;– fungos;– insetos;

– organismos marinhos; e– aves e mamíferos.

b. Conservação preventiva

As principais medidas a serem adotadas para uma boa conservaçãopreventiva dos objetos de madeira são:

– expor ou guardar os objetos em condições ambientais adequadas;– manter os locais onde se encontram os objetos rigorosamente limpos; e– manusear os objetos com o cuidado necessário.

c. Condições ambientais adequadas

O nível ideal de umidade relativa deve estar entre 45% e 55%. Em

regiões mais secas, aceita-se até 40% e, nas mais úmidas, até 60%.

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Page 46: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

CONSERVAÇÃO DE OBJETOS58

As altas temperaturas favorecem a aceleração da ação biológica. Por isso,

mantenha a temperatura estabilizada no mais baixo e confortável nível possível;

20º C é um valor aceitável.

A luz altera as cores naturais da madeira e desbota tecidos e couro dos

móveis estofados. O nível adequado de luz para a maioria dos objetos não deve

passar de 200 lux. Os objetos feitos com madeira sem tratamento podem ficar

sob até 300 lux.

A poeira, além de ser um abrasivo, serve também como fonte de

alimentação para o mofo e pode facilitar a infestação de insetos. A manuten-

ção dos objetos em vitrinas ajuda bastante na proteção contra a ação nociva

da poeira e dos gases poluentes. Os filtros dos sistemas de ar-condicionado e

de ventilação reduzem consideravelmente a entrada de poeira nos locais de

exposição e na reserva técnica.

A guarda dos objetos na reserva técnica fica facilitada pela possibilidade

de condições ambientais mais favoráveis, particularmente em relação à tempe-

ratura e à luz. Entretanto, alguns cuidados especiais devem ser tomados como,

por exemplo, não deixar móveis diretamente em contato com os pisos de

concreto, pedra ou tijolo.

O empilhamento de peças deve sempre ser evitado. Quando isso não

for possível, particularmente por falta de espaço, as seguintes providências de-

vem ser adotadas:

– colocar os objetos mais pesados na base da pilha;

– verificar a estabilidade do objeto que vai por baixo de todos; e

– colocar uma camada de proteção entre as peças como, por exemplo,

folhas de espuma de polietileno.

d. Limpeza dos ambientes

Quando as condições ambientais são as ideais, as necessidades de limpeza

acabam sendo menores.

A limpeza tem finalidades estéticas e de preservação. Deve ser realizada

em escala regular, que depende das condições ambientais e da natureza do objeto.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 59

e. Manuseio

O uso de luvas no manuseio dos objetos é obrigatório, mas cuidadosdevem ser tomados, pois alguns deles se tornam mais escorregadios.

Não devem ser colocados na madeira quaisquer tipos de adesivos.

A poeira localizada na superfície dos objetos de madeira pode causarabrasão, atrair umidade e deixar uma impressão ruim para quem a vê. O aspi-rador de pó com escova na extremidade é, normalmente, o meio mais eficiente

para removê-la. Tecidos de algodão, flanelas e pincéis de pelos macios e curtospodem, também, ser empregados. Entretanto, em locais com baixa umidaderelativa, o tecido e a poeira podem adquirir uma carga estática e repelirem-se

mutuamente, dificultando a eficiente remoção da mesma.A poeira existente em locais de difícil acesso pode ser retirada com ar

comprimido, cuja pressão não deve ultrapassar dez libras. Isso deve ser feito

fora da área de exposição.A cera é indicada para limpar acabamentos porque realça a aparência

da superfície, preenchendo vazios e pequenas depressões, criando assim uma

superfície que irá refletir a luz de forma uniforme. Ela ajuda, ainda, a prote-ger a peça dos efeitos abrasivos da poeira e do manuseio, facilita a limpeza ereduz a penetração de água e de vapor na madeira.

Usar somente ceras em pasta e, antes de aplicá-la, remover a camadaanterior, com produtos apropriados.

Não aplicar cera em objetos de madeira sem acabamento porque ela

irá penetrar na estrutura porosa e dar uma aparência diferente da original-mente pretendida.

A freqüência da remoção da poeira varia conforme as condições onde

se encontra o objeto, devendo, pelo menos, ser realizada semanalmente. O encera-mento deve ser feito, em princípio, uma vez por ano.

O deslocamento de objetos de madeira, particularmente de móveis,

deve ser bem planejado. Nunca arraste uma peça pelo chão e, quando tiver deerguê-la, procure identificar nela o local mais adequado para isto, conformeindicado nas figuras 4-13 e 4-14.

Para remover o mofo, fazer o seguinte:

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS60

– reduzir a umidade relativa e aumentar a circulação do ar;

– se possível, remover o objeto do local onde se encontra e colocá-lotemporariamente num lugar com mais luz e ventilação;

– escovar ou passar aspirador para retirar o mofo. Em partes sem acabamen-

to, é possível usar um pano embebido em solvente (mistura de 50% de água e álcool).

Desloque o móvel erguendo-o pelo fundo.

Retire as gavetas antes do deslocamento.

Fig 4-13

O arrastamento do móvel

pode provocar a fratura dos seus pés.

Fig 4-14

Erga a mesa segurando nas suas

partes mais resistentes.

Fig 4-15

Erga a cadeira segurando na sua base,

conforme indicado.

Fig 4-16

Não suspenda por aqui

Não levante a mesa

pelo tampo

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 61

4. Pinturas

Uma pintura consiste em pigmentos ligados entre si por um líquido(água, óleo etc). Alguns dos pigmentos usados nas pinturas são considerados

permanentes. Eles permanecem estáveis sob longas exposições à luz. Outros,contudo, desbotam ou mudam de cor devido a alguns fatores.

De um modo geral, o suporte para uma pintura é uma tela ou uma

madeira. Esses materiais são higroscópicos, e qualquer mudança na umidaderelativa do ambiente provoca, conseqüentemente, mudanças na sua própriaumidade e nas suas dimensões, expandindo-se ou contraindo-se, podendo

haver torção ou empenamento. As pinturas mais novas suportam relativa-mente bem as expansões e contrações nos seus suportes. Entretanto, com oenvelhecimento, em muitas delas acabam aparecendo rachaduras e outros

problemas. O mesmo acontece quando a umidade relativa é muito baixa.A umidade do ambiente deve estar entre 40% e 60% (o ideal é 50% e

o máximo é 65%) e a temperatura abaixo de 26ºC. Quanto mais baixa a

temperatura, melhor, sem deixar chegar a 0ºC. É importante, contudo, quehaja estabilidade, pois uma pintura pode ser danificada pela condensação, se fordeslocada rapidamente de uma área fria para uma quente. A mudança de tem-

peratura tem de ser gradual.O nível de iluminação para quase todas as situações não deve passar de

200 lux. Quanto menos luz, melhor.

A radiação UV, proveniente da luz natural ou de lâmpadas fluores-centes, deve ser filtrada.

Em qualquer situação, particularmente na reserva técnica ou por oca-

sião da montagem de exposições, não devem ser colocados objetos em cimada área pintada.

As pinturas expostas exercem uma certa atração para serem tocadas

pelos visitantes e para a ação de vândalos. Para evitar danos, devem ser adotadasas seguintes medidas:

– colocar as pinturas, sempre que possível, no interior de vitrinas ou

protegidas com um envoltório de vidro ou acrílico transparente;

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS62

– usar cordões de isolamento para afastar os visitantes;

– estabelecer uma vigilância permanente na área onde as pinturas es-tão expostas.

O pessoal do espaço cultural deve estar atento a sinais de alterações

nas obras tais como rachaduras, encrespamento, aparecimento de bolhas nacamada de tinta, mofo etc. Quando isso ocorrer, deve ser chamado um espe-cialista para a realização dos trabalhos de restauro.

A remoção de poeira raramente é necessária, uma vez que as pinturasestão normalmente na posição vertical. Se for necessário limpá-las, procedacom muito cuidado. A melhor providência é chamar um conservador para

orientar o serviço.As molduras, se forem lisas, podem ser limpas com pano de algodão

cru. Para as entalhadas, use pincéis de pelos macios e curtos. Nas partes pin-

tadas, o uso de trincha deve ser feito no sentido vertical, de cima para baixo.

Fig 4-17 – Cordão de isolamento protegendo uma pintura.

(Saguão do QG do Exército Brasília)

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 63

Ao guardar as pinturas na reserva técnica, particularmente aquelas

que têm tela como suporte, deve-se proceder da seguinte maneira:– proteger a tela com papelão grosso, plástico corrugado ou compensado

de 3mm de espessura;

– se a pintura irá ficar na reserva técnica por um período curto, depois defeita a proteção citada acima, encostá-la verticalmente numa parede interna (nun-ca externa), colocando, também, papelão para separar uma das outras (Figura 4-18);

– se a pintura tiver de permanecer por um longo período, deve serguardada verticalmente, conforme mostrado na figura 4-19; e

– ao expor pinturas penduradas em paredes, verificar se o cordão está em

bom estado, se suporta o peso da tela e se os ganchos estão bem fixados na parede.

Fig 4-20 – Sistema

de painéis deslizantes,

ideal para a

guarda de pinturas.

Fig 4-18

Fig 4-19

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS64

5. Papéis

Acredita-se que o papel tenha surgido na China há aproximadamen-te dois mil anos, mas o Ocidente só veio a conhecê-lo, provavelmente, no

século VIII.O papel é uma pasta de constituição complexa, produzida a partir do

beneficiamento de matérias fibrosas oriundas, em geral, de vegetais como o

eucalipto e outros.A celulose é o seu principal componente. A estrutura da maioria dos

tipos de papel é semelhante, qualquer que seja a fibra utilizada.

A celulose é sintetizada pelos vegetais por meio do processo de fotos-síntese e, embora insolúvel em água, apresenta com ela grande afinidade. Essacaracterística é a responsável pelos movimentos de alongamento e encurta-

mento do papel em face das variações da umidade relativa no ambiente emque ele se encontra. Além disso, ela se caracteriza por apresentar uma grandereatividade química, cujas conseqüências se refletem nas propriedades físicas

e químicas do papel.O papel propriamente dito é, normalmente, apenas parte do objeto

ou, como se diz corriqueiramente, ele é o “suporte”. Igualmente importante é

o que ele contém: a tinta, o crayon, o grafite etc.

a. Agentes da deterioração

O papel, como qualquer outro suporte de escrita e impressão, é vulne-rável a diversos processos de deterioração. Esses processos podem ser devidostanto à própria fabricação do papel como ao meio ambiente circundante do acervo.

Os principais agentes da deterioração são:– umidade relativa do ar;– temperatura;

– agentes biológicos (insetos, fungos e roedores);– poluição ambiental;– iluminação; e

– manuseio.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 65

1) Umidade relativa

A celulose é um material higroscópico. Sua atração física pela águafaz com que a umidade relativa do ar seja um dos fatores mais críticos para oambiente onde se encontram os objetos de papel.

O papel contém água, tanto no interior da sua estrutura químicacomo livremente na sua superfície, que está em equilíbrio com a água exis-tente no ar. Quando a umidade relativa diminui, o papel libera água para que

seja mantido esse equilíbrio. Ele se contrai fisicamente, tornando-se menor àmedida que perde água.

Assim que a água da superfície é eliminada, o papel é forçado a liberar

água estrutural, que não pode ser substituída, deixando o papel permanente-mente ressecado, ressecamento este que pode acarretar-lhe quebraduras.

A umidade relativa onde os objetos de papel se encontram deve

estar entre 45% e 55%. Deve-se evitar umidade relativa abaixo de 40% esuperior a 65%.

O controle da umidade relativa é feito por meio de aparelhos de desu-

midificação do ar, em ambientes úmidos, e de umidificação, em locais secos.Em pequenos ambientes, como mapotecas, é mais conveniente usar sílica-gel.

2) Temperatura

Os papéis têm as suas reações químicas alteradas em face da tempera-tura do ambiente em que se encontram. Por essa razão, eles devem ficar

guardados ou expostos sob temperaturas constantes, embora, teoricamente,quanto mais baixa, melhor. A faixa ideal é de 16oC a 22oC .

A temperatura pode ser controlada a partir do uso de sistemas de

condicionamento de ar. Por outro lado, a ventilação natural ou forçada podeser um recurso para o controle simultâneo da umidade e da temperatura.

3) Agentes biológicos

Os agentes biológicos, notadamente os insetos, fungos e roedores,constituem certamente ameaças sérias devido aos danos que podem gerar nos

acervos documentais, muitas vezes irreparáveis. Em razão disso, a vigilância e

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS66

o controle da proliferação devem constituir um cuidado permanente na con-

servação preventiva de acervos.A introdução dos agentes biológicos se dá, quase sempre, devido à

inobservância de cuidados com os acervos. Uma vez instalados, se as condi-

ções forem adequadas, a proliferação desses organismos ocorre de modo bas-tante rápido. Os métodos de controle da sua proliferação envolvem, freqüen-temente, o emprego de produtos químicos. Embora exista uma expressiva

variedade de biocidas, suas aplicações em acervos documentais restringem onúmero de opções consideradas convenientes, devido aos riscos de danos àintegridade das obras e à saúde dos funcionários e dos usuários dos acervos.

(a) Insetos

Os danos que os insetos causam aos acervos são bastante conhecidos.

Nem todos os insetos que habitam acervos documentais deterioram a estru-tura das obras, porque seus metabolismos não dependem de celulose, princi-pal componente dos papéis. Dentre as várias ordens de insetos potencialmen-

te inconvenientes aos acervos documentais, podem ser citados como exem-plos as traças, os besouros e os cupins.

(b) Fungos

Os fungos são vegetais desclorofilados, portanto, incapazes de rea-lizar a fotossíntese. Desse modo, necessitam instalar-se sobre matérias que

lhes possibilitem obter os nutrientes numa forma pré-elaborada, isto é, defácil assimilação.

Os fungos, às vezes chamados de “mofos” ou “bolores”, atacam todos

os tipos de acervos independentemente dos seus materiais constitutivos. Osdanos que causam vão desde uma simples coloração até a deterioração daestrutura das obras. A disseminação dos fungos se dá através dos esporos, que

são carregados por meio de diversos veículos como, por exemplo, correntesaéreas, gotas d’água, insetos, vestuário etc. O desenvolvimento dos fungos éafetado por diversos fatores, dos quais destacam-se a luz, o pH, a natureza do

material constitutivo dos documentos e a presença de outros microorganismos.

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(c) Roedores

A periculosidade dos roedores é bastante significativa. A admissão deroedores nos acervos se dá devido à presença de resíduos de alimentos. Ohábito de comer nos museus deve ser desencorajado.

4) Poluição ambiental

Dentre os poluentes mais agressivos aos papéis, destacam-se a poeira

e os gases ácidos provenientes da queima de combustíveis. A deposição con-tínua da poeira sobre os documentos prejudica a estética das peças, favorece odesenvolvimento de microorganismos e pode acelerar a deterioração do ma-

terial documental. Por outro lado, os gases ácidos agridem mais rapidamentea estrutura química dos materiais constitutivos das peças do acervo. A veloci-dade de degradação por poluentes atmosféricos é função do percentual de

umidade relativa no acervo e circunvizinhanças.Os sistemas de ventilação artificial com o acoplamento de filtros

para a retenção de componentes nocivos aos objetos de papel são eficientes

medidas de proteção contra a ação de poluentes atmosféricos.

5) Iluminação

A luz, natural ou artificial, é um tipo de radiação eletromagnéticacapaz de fragilizar os materiais constitutivos dos documentos, induzindo umprocesso de envelhecimento acelerado. Além da radiação visível, o ultravioleta

e o infravermelho são dois outros tipos de radiação eletromagnética nocivosà conservação de acervos documentais constituídos de papel.

A deterioração fotoquímica depende de diversos fatores como, por exem-

plo, a faixa de comprimento de ondas, a intensidade da radiação, o tempo deexposição e a natureza química do material documental. A luz solar e a pro-veniente de lâmpadas fluorescentes são as que mais prejuízos causam aos papéis.

O controle das radiações eletromagnéticas em acervos documentais éfeito por meio de cortinas, persianas, filtros especiais para absorção doultravioleta, filmes refletores de calor etc. Não existe nenhum tipo de lâmpa-

da ideal, ou seja, capaz de iluminar sem danificar o material documental. Por

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essa razão, as medidas de proteção contra a deterioração fotoquímica devem

ser frutos de estudos amadurecidos e conduzidos por especialistas no assunto.Os papéis não devem ser expostos por períodos superiores a seis meses

sob iluminação maior que 50 lux.

b. Conservação preventiva

Um programa de conservação preventiva de objetos de papel inclui

os seguintes procedimentos:– realização de procedimentos não interventivos;– monitoramento e controle dos ambientes;

– uso de técnicas apropriadas de embalagem e guarda; e– práticas de técnicas conscientes de manuseio e exposição.

c. Técnicas de manuseio

A vida útil de um documento é, em parte, determinada pelos critériosutilizados no manuseio e na exposição. As seguintes normas e procedimentos

básicos devem ser seguidos:– as mãos devem estar sempre limpas e calçadas com luvas;– ao manusear gravuras, impressos, mapas etc, usar sempre as duas mãos;

– documentos, gravuras etc. nunca devem ser colocados diretamenteuns sobre os outros, sem uma proteção. Usar papel neutro ou previamentedesacidificado para separá-los;

– nunca usar fitas adesivas, em virtude da composição química dacola, pois ela, com o tempo, penetra nas fibras de papel desencadeando umaação ácida irreversível;

– não dobrar o papel, pois isso acarreta o rompimento das fibras;– nunca usar colas plásticas (PVA) que, devido ao seu alto teor de

acidez, geram reações ácidas e manchas irreversíveis;

– evitar enrolar documentos, gravuras etc. O ideal é confeccionarembalagens com material neutro, nas medidas necessárias;

– nunca retirar um livro da estante puxando-o pela borda superior da

lombada. O ideal é manter os volumes nas estantes, observando-se uma fol-

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ga entre eles, o que possibilita sua retirada segurando-os com firmeza pelaparte mediana da encadernação;

– nunca umedecer os dedos com saliva ou qualquer outro tipo de líqui-do para virar as páginas de um livro, pois essa ação pode desencadear reaçõesácidas (manchas) comprometedoras. Virar a página pela parte superior da folha;

– nunca apoiar os cotovelos sobre os volumes de médio e grandeporte durante leituras ou pesquisas. Esse procedimento acarreta uma pressãonas costuras dos cadernos e nas lombadas que pode provocar o rompimento

e o desmembramento dos cadernos do volume;– os livros devem ser acondicionados nas estantes em posição verti-

cal; quando não for possível, por possuírem grande porte, colocá-los na po-

sição horizontal;– nunca acondicionar os livros com a lombada voltada para cima e o

corte lateral voltado para baixo, pois essa posição acarreta o enfraquecimento das

Fig 4-22Fig 4-21

CertoErrado

Remoção da poeira coma escova de

um aspirador de pó.

Remoção dapoeira com o auxíliode pincel.

Fig 4-23 – Formas corretas de realizar a limpeza das bordas do livro.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS70

costuras. O ideal é mantê-los sobrepostos horizontalmente (no máximo três vo-

lumes), quando suas dimensões superarem o espaço a eles reservados na estante;– evitar trazer qualquer tipo de alimento e realizar refeições nas áreas

destinadas ao trabalho e manuseio de objetos de papel;

– evitar guardar qualquer tipo de guloseimas dentro de gavetas e armá-rios em áreas destinadas ao acondicionamento e consulta de obras.

6. Metais

Os metais são freqüentemente selecionados para aplicações na arqui-

tetura, nas artes e em objetos funcionais.As principais propriedades dos metais são o brilho, a dureza, a resistên-

cia, a maleabilidade e a sensibilidade à temperatura. Diferentes metais e ligas

possuem diferentes propriedades físicas que, historicamente, têm sido explora-das na construção e na fabricação de estruturas e objetos metálicos.

Os metais primários são caracterizados como aqueles cujos elementos

são eletropositivos. Os mais encontrados nos objetos dos museus são o ouro, aprata, o cobre, o estanho, o ferro, o zinco e o alumínio.

Os elementos metálicos são, freqüentemente, combinados para modi-

ficar as suas propriedades ou obter um outro metal mais adequado a uma dadaaplicação. Esse processo de combinação chama-se liga. Algumas das mais co-nhecidas são o latão (mistura de cobre com zinco), o bronze (mistura de cobre

com estanho) e a prata de lei (mistura de prata com cobre).O tratamento da superfície é uma importante característica do objeto

de metal. Freqüentemente, a superfície recebe um tratamento especial para

realçar a sua aparência, para melhorar as suas características funcionais (porexemplo, a resistência à corrosão) ou a combinação dos dois. A galvanizaçãoé um desses tratamentos.

a. Agentes da deterioração

A corrosão é a principal deterioração dos objetos de metal. Ela pode

assumir várias formas, dependendo dos metais de que é constituído o objeto,

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da forma como eles foram reunidos e do ambiente onde estão expostos ouguardados. Às vezes, a fonte da corrosão pode estar no próprio objeto e, emoutras ocasiões, os agentes da deterioração podem ser uma parte integrante do

ambiente como, por exemplo, a orla marítima ou as áreas urbanas poluídas.As causas primárias da corrosão são a umidade relativa e a poluição do ar.As taxas de corrosão variam conforme as fontes ambientais e a espessura da

crosta (revestimento) do objeto. Normalmente, elas são inicialmente altas, dimi-nuindo gradativamente na medida em que a camada de corrosão se desenvolve.

Os erros mais comuns no tratamento dos objetos de metal são o excesso

de limpeza e a negligência.O excesso de limpeza é, freqüentemente, resultado do desejo de ter to-

dos os metais brilhando, particularmente os de latão e prata. O hábito militar de

limpar cintos, estojos etc. não é apropriado ao trato com os objetos do espaçocultural. Em oposição, negligência é muitas vezes responsável por danos irreversíveis.

Existem casos em que a camada corrosiva é protetora, como a do óxi-

do de alumínio. Infelizmente, a maioria dos metais não forma essa camada.Entretanto, até que o objeto possa ser examinado por um especialista emrestauração, é melhor deixá-lo sem tratamento contra a corrosão. É impor-

tante, também, considerar que de nada adiantará a restauração do objeto se

Fig 4-24 – Corrosão num objeto de metal

exposto próximo da orla marítma.

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ele retornar às mesmas condições ambientais que geraram a sua deterioração.

A restauração é a opção menos indicada. O ideal é a conservação preventiva.

b. Conservação preventiva

Existem métodos práticos para o cuidado e a manutenção da maioriados objetos de metal. Aquele que apresentar um ativo estado de deterioraçãopode ser estabilizado por meio do seu isolamento dos agentes que a provocaram.

O primeiro passo é identificar e controlar esses agentes. O segundo, mais ad-ministrável, é assegurar a utilização de vitrinas e armários apropriados. O terceiroestá na execução de um programa de cuidados com a própria peça, que pode

incluir a aplicação de camada protetora na superfície como, por exemplo, cera.Este tipo de cuidado é especialmente aplicável aos objetos guardados na reservatécnica ou expostos ao ar livre. Quanto mais baixo o nível de umidade relativa,

melhor. Os aços não enferrujam nem perdem o brilho com umidades abaixo de15%. É evidente que isso só é praticável quando o objeto estiver em armários. Atemperatura ambiente apropriada à maioria dos metais deve estar entre 15°C e 26°C.

Na reserva técnica, devem ser adotadas as seguintes medidas:– manter os objetos em áreas fechadas;– manter todos os objetos de metal juntos;

– não colocar os objetos em contato direto com o chão ou próximo àsparedes externas; e

– usar, de preferência, prateleiras de aço, em vez de madeira.

Fig 4-25 – Forma

correta de guarda de objetos

de metal na

reserva técnica. (Museu de

Comunicações e Eletrônica

do Exército,

Kingston – Canadá)

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 73

Nos salões de exposição, deve ser feito o seguinte:

– sempre que possível, colocar os objetos no interior de vitrinas;– se usar lâmpadas fluorescentes para iluminação interna das vitrinas,

colocar os reatores do lado de fora;

– cuidado com a limpeza dos objetos, particularmente com o uso deprodutos que contenham amônia, ácidos, solventes etc. Os materiais e técnicasempregados na limpeza doméstica são muitas vezes impróprios para os objetos.

c. Conservação de objetos de ferro

A ferrugem ou oxidação é o principal inimigo, especialmente quando

o processo está acentuado pela presença, no ar, de vários sais.O excesso de tratamento é o segundo maior inimigo. Se não houver

certeza sobre aquilo que deva ser feito, é preferível deixar o objeto de lado.

Para proteger os objetos da corrosão proveniente da umidade, o níveldela no ambiente deve ser mantido entre 40% e 50%, sendo este último umíndice aceitável, quando constante, particularmente se a peça reunir outros

materiais como, por exemplo, madeira.É importante a aplicação de um produto para proteger a superfície.

Os mais simples são as ceras de carnaúba e de abelha. Os óleos pesados e as

graxas, normalmente usados no Exército, podem ser utilizados somente quan-do os objetos estiverem em reserva técnica. Caso a peça não tenha outromaterial, como, por exemplo, madeira, pode ser usado silicone em aerosol.

Fig 4-26 – Canhões

pintados e expostos

corretamente.

(Museu do Exército,

Madrid – Espanha)

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A pintura, particularmente para canhões de ferro fundido, é uma alter-

nativa válida, desde que sejam utilizadas tintas apropriadas, removida toda aferrugem e a sujeira, e o material esteja inteiramente seco.

A ferrugem pode ser removida por meio da raspagem do metal corro-

ído com lã de bronze fina e solventes minerais. Uma vez livre da ferrugem, deveser imediatamente aplicada uma camada protetora. Não se deve tentar tirar aferrugem de um objeto valioso por intermédio de pancadas com martelos ou

com outros instrumentos similares, muito menos com maçarico.

d. Conservação de objetos de cobre ou liga de cobre

O cobre, o bronze, o latão e outras ligas são materiais estáveis, quandoadequadamente tratados. Entretanto, os poluentes no ar e os cloretos da águado mar e outras fontes podem causar problemas de corrosão.

e. Manuseio

Quanto ao manuseio, aplica-se aos objetos metálicos tudo o que foi dito

anteriormente neste capítulo, com especial ênfase para os seguintes aspectos:– restringir o manuseio e os deslocamentos ao mínimo necessário;– transportar os objetos pesados com o auxílio de carrinhos ou pranchas;

– ter cuidado com os objetos que tenham superfícies lisas e encera-das, pois podem escorregar; e

– preparar o local e testar os pedestais e plataformas antes de deslocar

o objeto.

7. Armas de fogo

As armas de fogo têm sido fabricadas e distribuídas pela Europa des-de o século XIV, tecnologia que se espalhou mais tarde pela América e pelas

colônias européias.Ao longo dos anos, as armas de fogo sofreram milhares de mudan-

ças, tanto no desenho como na tecnologia. Entretanto, uma das mais marcantes

pode ter sido a forma de carregamento da munição. No início, elas eram

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 75

carregadas pela boca do cano (antecarga); mais tarde, o carregamento passou

a ser feito pela retaguarda (retrocarga).

a. Deterioração

As armas de fogo, como os demais objetos, estão sujeitas a uma varie-dade de elementos que podem contribuir para a sua deterioração. O primeirodeles é o ambiente onde se encontram. Elas devem, tecnicamente, ser conside-

radas como um composto de diferentes materiais, ajustados e mantidos jun-tos. Cada um desses materiais reagirá de maneiras diferentes na presença da luz,da temperatura, das flutuações da umidade relativa e dos poluentes da atmosfera.

Quando a umidade flutua, as partes de madeira expandem-se e contraem-se em algum grau, independentemente da sua idade. Altos níveis de umidaderelativa contribuem para a corrosão do metal e/ou o crescimento do mofo. Bai-

xos níveis podem causar o ressecamento e o encurtamento da madeira. Os altosníveis de iluminação podem ser danosos para os materiais orgânicos, comumenteencontrados nas armas de fogo. A exposição excessiva ou prolongada à luz pode

causar o escurecimento ou o esmaecimento de surperfícies ou acabamentos.O controle das condições ambientais onde se encontra é um dos me-

lhores recursos para se evitar a deterioração de uma arma de fogo. As principais

medidas são:– manter a umidade entre 45% e 50%, com flutuações mínimas;– evitar a incidência direta da luz do sol sobre as armas, por meio da utili-

zação, nos salões de exposição, de cortinas e filtros já mencionados neste trabalho;

Fig 4-27

Exemplo de arma

de fogo antiga.

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– manter sempre limpos os locais onde as armas se encontram; e

– realizar freqüentes inspeções para verificar as condições ambientais.

b. Tratamento

Quando uma arma de fogo sofre, por qualquer razão, um dano, podeser necessário realizar nela algum tipo de tratamento, que pode envolver desdeuma simples limpeza da superfície a uma completa restauração. Ao decidir a

extensão de qualquer tipo de tratamento, vários fatores devem ser considerados.O primeiro deles é se o problema que causou o dano foi removido ou eliminado.Caso negativo, o tratamento será inútil. A extensão do tratamento proposto deve

ser governada pela profundidade do dano. Por último, a longo prazo, os efeitosdo tratamento devem, igualmente, ser levados em consideração.

c. Desmontagem e limpeza

A limpeza de uma arma de fogo deve ser encarada como uma atividadea ser conduzida, em certas circunstâncias, por pessoal tecnicamente habilitado.

A limpeza comum, como no caso da remoção de poeira das partes exter-nas, não requer essa assistência, mas, quando implicar a desmontagem de algummecanismo, essa tarefa deve ser realizada com as necessárias precauções, para que

sejam evitados danos irreversíveis ao objeto. É importante lembrar que, quandoestamos lidando com armas muito antigas, as chances de obtenção de peças dereposição são muito menores.

Ao efetuar a limpeza ou a desmontagem de uma arma, é importanteobservar as regras de manuseio recomendadas.

d. Manuseio

O manuseio de armas de fogo, particularmente as portáteis, requer cuida-dos especiais. Diferentemente de outros objetos do museu, que, em geral, não

oferecem perigo a quem os manuseia e para as outras pessoas, essas armas podemrepresentar perigo para todos e, conseqüentemente, devem ser manuseadas comextremo cuidado. A fim de evitar acidentes, as seguintes medidas devem ser adotadas:

– manusear cada arma de fogo como se ela estivesse carregada;

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– nunca manusear uma arma com o dedo no gatilho;

– usar equipamentos adequados para transportar armas pesadas;– evitar carregar uma arma de fogo apenas pela parte mais fina da coronha;– verificar se não existem partes perdidas ou peças quebradas antes de

mover uma arma;– não engatilhar ou disparar uma arma sem necessidade, antes de um

exame detalhado da mesma;

– usar sempre luvas de borracha sintética ou descartáveis de algodão,particularmente nas áreas onde existem metais polidos;

– usar, sempre que existir, o estojo de madeira da arma; e

– evitar guardar armas dentro de estojos de couro.

e. Restauração

O objetivo da restauração de uma arma de fogo é preservar e revelar ovalor histórico e artístico do bem cultural. Ela é baseada no respeito ao materialoriginal remanescente e na clara evidência do estado anterior. Essas afirmações

podem ser aplicadas a qualquer tratamento, do simples polimento até o retor-no da arma às suas condições originais de tiro, por meio da remoção de partesvelhas ou usadas e sua substituição por novas.

Existem vários fatores que devem ser considerados antes da decisãode submeter uma arma à restauração. São eles:

– elementos estruturais podem ser danificados ou podem ser perdi-

dos se ela não for reparada. Reparos estruturais podem prevenir danos poste-riores e/ou perdas de áreas fragilizadas ou peças soltas;

– se uma peça não está visualmente atraente devido ao dano, ou se

peças críticas para a sua interpretação foram perdidas, alguma restauração podeser necessária, para fins de exposição ou estudo. Embora essa espécie de restau-ração não seja de particular benefício para a preservação da peça, ela tem sua

justificativa, qual seja a de restaurar apenas aquilo que for absolutamente neces-sário, a fim de permitir o seu estudo e exposição adequados;

– estar em condições de realizar o tiro, na verdade, não é fundamental

para a restauração ou a interpretação de uma arma de fogo e pode ser perigoso.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS78

Por essa razão, a restauração para deixar uma arma em condições de tiro não

deve ser considerada. Essa tarefa deve ficar por conta de uma reprodução;– qualquer restauração deve ser realizada sob supervisão de profissio-

nais qualificados, que tenham profundo conhecimento da peça sob restauro.

Observe que a remoção de material original, danificado ou não, deuma arma de fogo não apenas compromete a sua integridade, mas pode, tam-bém, remover evidências essenciais relativas ao fabricante e detalhes significati-

vos para o estudo da peça. Isso pode levar a interpretações erradas e, se ela estiversendo reproduzida, a uma errônea representação.

Registros e fotografias dos tratamentos, antes, durante e depois da res-

tauração, são informações essenciais.

f. Revestimento

Como medida final de proteção, as partes de madeira e de metal daarma devem ser revestidas com o objetivo de melhorar a aparência da peça eproporcionar-lhe proteção contra o ambiente e contra o manuseio. A melhor

proteção para as partes de metal é a aplicação de uma leve camada de óleo,particularmente para as partes móveis. Nas partes fixas como, por exemplo,o cano, uma fina camada de cera pode ser aplicada, assim como nas partes de

madeira. Deve ser evitada a aplicação de verniz ou de esmalte. Os revestimen-

1. Chapa da soleira 7. Fecho 13. Vareta 18. Alça de mira2. Couce 8. Moldura do fecho 14. Canudo de cima 19. Massa de mira3. Entalhes 9. Fuste 15. Calçador 20. Boca

4. Coronha 10. Cavilha 16. Dedeira 21. Alma5. Gatilho 11. Canudo de mola 17. Delgado 22. Cano6 . Guarda-mato 12. Bocal da Coronha

Fig 4-28 – Elementos constituintes de uma arma antiga.

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tos devem, se necessário, ser reaplicados periodicamente, em particular quan-

do houver seguidos manuseios do objeto.

g. Exposição e guarda

O ambiente onde as armas se encontram expostas ou guardadas é deimportância capital. Embora elas tenham poucos requisitos diferentes dosdemais objetos de um museu, algumas considerações especiais devem ser

observadas, particularmente no que tange à segurança.Todas as peças devem ser expostas em vitrinas ou em pedestais cober-

tos e fechados com acrílico, policarbonato ou vidro, trancadas ou bem apara-

fusadas, de forma a desencorajar os furtos.A reserva técnica deve ficar sempre muito bem trancada, com dispo-

sitivos adequados. Mantenha as pistolas em gavetas de metal trancadas, se-

melhante às das mapotecas.A reserva técnica deve ser forte, de preferência com paredes de concreto

e sem janelas.

Evitar a colocação de correntes ou barras fixando várias armas a umsuporte, porque elas podem causar desgaste em áreas das armas com que ve-nham a entrar em contato. Guardar as armas longas verticalmente em estantes

apropriadas, como mostra a figura 4-29.

Fig 4-29

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8. Objetos de grande porte em áreas externas

Muitos museus, particularmente os militares, dispõem de objetos degrande porte, a maioria de metal ou de madeira, que, muitas vezes, por falta

de espaço ou de recursos, são obrigados a ficar sujeitos ao tempo, às piorescondições ambientais possíveis, tais como umidade elevada, grandes varia-ções de temperatura, ação intensa da luz do sol, poeira e gases provenientes da

poluição atmosférica. Além desses agentes da deterioração, os objetos coloca-dos nessas condições estão mais intensamente sujeitos aos danos causadospor insetos, roedores e pela atividade humana. Entretanto, a principal causa

de deterioração desses objetos é a umidade proveniente do ar, da água retidada chuva e da água absorvida do solo. Todos os objetos metálicos são afeta-

dos, quando a umidade atmosférica está acima de 65%/70%.

a. Preparação para exposição externa

Se não for possível providenciar uma cobertura para o objeto, nenhu-ma intensidade de cuidados ou de manutenção irá impedir a sua deterioração.Entretanto, existem medidas que podem reduzir a velocidade dos efeitos dos

agentes, particularmente em materiais mais sensíveis. As mais importantes são:

Fig 4-30 – Canhão ferroviário. (Museu Militar Conde

de Linhares – Rio de Janeiro)

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 81

– interdição de partes críticas;

– limpeza;– segurança;– drenagem; e

– remoção de materiais de origem orgânica.

b. Interdição de partes críticas

As máquinas, em geral, são feitas de várias partes móveis. Muito do seusignificado mecânico e histórico poderá ser perdido se esforços não forem fei-tos para minimizar a corrosão nesses mecanismos, a fim de mantê-los em fun-

cionamento. Esses elementos devem ser constantemente lubrificados, da mes-ma forma como era feita a manutenção, quando o objeto estava em pleno uso.Para um bom resultado, é muito importante que esse trabalho seja realizado ou

orientado por especialista no equipamento. Nos motores de combustão inter-na, isto é bem mais difícil, porque eles são complexos e contêm muitas partesmóveis críticas que podem ser danificadas pela corrosão. A melhor forma de

preservá-los é, quando possível, fazê-los entrar em funcionamento periodica-mente. Outra medida adequada é manter algumas partes hermeticamente fe-chadas e, anualmente, pulverizá-las com óleos inibidores, medida essa que deve

ser adotada em todas as partes do objeto.As graxas e os óleos podem ficar secos e duros e não proporcionar a

proteção esperada. A troca periódica é recomendada.

Ao adotar as medidas acima recomendadas, é importante considerar apossibilidade dos visitantes terem as suas roupas manchadas pelos lubrificantes.Avisos devem ser colocados, chamando a atenção para o cuidado necessário.

c. Limpeza

A limpeza diária de objetos expostos ao ar livre é muito importante,

com o objetivo de tentar reduzir a deterioração. Para isso:– verificar e limpar todas as superfícies horizontais da peça onde pos-

sam se acumular sujeira, lixo, servindo de ninhos de aves ou de roedores etc;

– tapar todos os orifícios a fim de evitar a entrada de lixo ou de animais; e

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– todas as câmaras devem ter orifícios de drenagem, de forma a impedir

a entrada de água e de terra, e a permitir que a umidade condensada possa sair.

d. Segurança

Todas as partes do objeto que possam ser perdidas, furtadas ou quebra-das devem ser retiradas. Peças de vidro ou de cerâmica tais como botões, almo-tolias, lâmpadas e janelas, que são potenciais alvos para tentativas de vandalismo,

devem ser removidas, perfeitamente identificadas e guardadas em local seguro. Aspartes do equipamento que possam oferecer risco para a segurança dos visitantesdeverão ser removidas ou cobertas, quando possível. Quando forem removidas,

os orifícios devem ser vedados para impedir a entrada de poeira e de umidade.

e. Drenagem

Muitos fabricantes de equipamentos usados em áreas abertas costumamneles instalar meios para drenagem da água acumulada em superfícies horizontais.Entretanto, não se deve considerar que isso seja sempre feito ou que esse sistema

continue em funcionamento. Pode ser necessária a abertura de furos em áreasonde a água costuma ficar acumulada.

f. Remoção de materiais de origem orgânica

As peças de madeira que tenham sido expostas à umidade por longos pe-ríodos podem ficar cobertas com fungos, limo e mato, que devem ser removi-dos, usando-se, para esse fim, os métodos já apresentados neste trabalho. Essa

operação deve ser repetida periodicamente, dependendo das condições ambientais.Alguns tratamentos são apenas paliativos, pois atacam os sintomas e não as causas.

g. Estruturas de proteção

1) Bases

Os objetos de grande porte, sempre que possível, não devem ficar em con-

tato com o solo, particularmente não pavimentado, como mostra a figura 4-29.O meio mais simples e econômico de desenvolver uma base adequada

para o objeto é colocá-lo sobre uma camada de pedra ou de brita, distribuí-

da num solo bem drenado, como mostra a figura 4-30. Essa base impedirá o

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crescimento de grama e possibilitará uma rápida drenagem da água, particular-

mente a proveniente da chuva.

2) Suportes

Para evitar o contato direto do objeto com o solo, podem ser usadosdiversos tipos de blocos, como os apresentados na figura 4-33. Nos casos deviaturas, canhões etc., elas devem estar suspensas pelos seus eixos, com as rodas

de madeira, de borracha ou de pneus tangenciando o solo.

Fig 4-32 – Viatura blindada exposta ao ar livre

sobre uma camada de brita, evitando o seu contato direto com o solo.

(Museu do Exército, Bruxelas – Bélgica)

Fig 4-31 – Canhão incorretamente exposto com as

rodas em contato direto com o solo.

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3) Coberturas temporárias

Sempre que possível, os objetos devem estar cobertos, para reduzir osefeitos nocivos da umidade. O meio mais simples de fazê-lo é a cobertura com

lona ou com plástico preto mais conhecido como lona preta. Entretanto, algu-mas precauções devem ser tomadas, tais como:

– a lona não deve ficar em contato direto com a superfície do objeto,

a fim de evitar a abrasão provocada pelo atrito, em função da ação do vento,e a condensação do vapor d’água;

– devem haver aberturas que permitam a circulação livre do ar de

forma a minimizar a excessiva temperatura e a umidade do ar; e

Fig 4-33 – Diferentes tipos de suporte para a exposição de canhões

e viaturas, evitando o seu contato direto com o solo.

Fig 4-34 – Aplicação prática de um dos suportes apresentados

na figura acima. A sua cor não deve contrastar com a do objeto, para não

chamar a atenção. (Parque Osório – Rio Grande do Sul)

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– para atender as duas recomendações anteriores, deve ser coloca-da uma armação de metal ou de madeira, como a mostrada na figura 4-35.

h. Manutenção

O ideal é que as peças em exposição dêem ao visitante a impressão deque ainda estão em uso. É uma tarefa difícil, em face das condições de expo-

sição do objeto e pela dificuldade de encontrar pessoal habilitado para fazermanutenção em equipamentos fora de uso há muito tempo.

Os objetos que apresentarem corrosão deverão ser tratados exclusiva-

mente por pessoal habilitado, a fim de se evitar danos maiores durante aremoção da ferrugem.

Muitas partes poderão ser lavadas, mas é preciso ter especial cuida-

do com outras, cobrindo-as para que não fique acumulada água em locaissem drenagem.

Algumas partes do objeto poderão ser tratadas com ceras especiais. As

de cobre, latão, bronze etc. não devem ser polidas, porque, além de colaborarpara a sua destruição, o polimento originalmente não era característica das peças.

Os objetos expostos externamente e as coberturas usadas para protegê-

los servem de forma excelente para a construção de ninhos por parte de avese roedores. Somente a inspeção regular poderá impedir o seu surgimento.

Os atos destrutivos, intencionais ou não, são muito freqüentes nesse

tipo de objeto. Mexer, subir ou entrar nos equipamentos só deverá ser per-

Fig 4-35

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS86

mitido com a presença de pessoal do museu. No caso de equipamentos de

grande porte, uma escada de acesso permite que o visitante possa ter acesso aoseu interior sem danificá-lo.

9. Objetos diversos

Objetos de diversas naturezas, principalmente peças de uniformes

militares e adornos de vestimentas, requerem um tratamento especial, parti-cularmente quanto à sua guarda na reserva técnica. As figuras a seguir apre-sentam sugestões úteis nesse sentido.

Fig 4-36

Fig 4-37

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Fig 4-38

Fig 4-40

Fig 4-39

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Fig 4-41

Fig 4-42

Fig 4-43

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 89

10. Conservação de monumentos e edifícios históricos

a. Memória militar e fortificações

A memória de um povo engloba os testemunhos de todas as institui-

ções criadas pelos homens e toda e qualquer manifestação da sua criação. Nesseacervo de memórias, as de caráter militar são importantíssimas para a históriade cada nação, cabendo ao Exército conservá-las como missão regimental e

ética, mas, também, à toda a comunidade, já que a memória cultural é umpatrimônio de todos. Além dos documentos escritos e iconográficos, dos obje-tos e artefatos militares, de maneira geral, destacam-se os edifícios militares,

principalmente as fortalezas, que são, além de símbolos vivos da História,referências visuais na imagem das cidades, pela posição destacada que, quasesempre, ocupam, sendo marcos da evolução urbana e da sua história.

A fortificação, qualquer que seja a sua época, malgrado a rudeza de suaslinhas, tem como obra de arquitetura militar expressiva beleza plástica. Grandeparte delas foi concebida por famosos arquitetos e artistas como Dürer, Miguel

Ângelo, Francisco de Giorgio Martini, ou engenheiros militares conhecedoresdo vocabulário das formas clássicas que, embora de maneira muito econômica,na maioria dos casos, deixavam transparecer esse conhecimento nos pórticos de

entrada e portalós das obras de defesa. A beleza, entretanto, das fortificaçõesnão repousa no seu repertório decorativo, mas na simplicidade e na pureza das

Fig 4-44– Exemplo de deterioração provocada por

infiltrações numa fortificação.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS90

suas linhas, onde, como regra geral, não se fazia concessão ao supérfluo. O

desenho era escravo da função e, por isso, de uma sinceridade muito grande.Longe do repertório estilístico, cujo gosto pode mudar com o tempo, as quesobreviveram ao progresso mal compreendido, ao comercialismo sem alma ou

aos administradores incultos, são motivos prediletos dos cartões postais, emvirtude de serem referências na imagem das cidades.

b. Como conservar fortificações

Para as fortalezas que estiverem protegidas pela Lei Federal do Tomba-mento, os princípios da sua conservação estão contidos na observância do De-

creto-lei 25, de 30 de novembro de 1937. Se a fortificação estiver sob a admi-nistração do Exército, cabe ao seu comandante ou gestor solicitar, a quem dedireito, no caso o IPHAN, a autorização para fazer toda e qualquer obra, mes-

mo uma simples pintura.As fortificações que não foram objeto de tombamento não devem ser

alvo de transformações, nem ser nelas introduzidos elementos espúrios, que ve-

nham descaracterizar o edifício. Os responsáveis por objetos de restauração de-vem procurar assessoramento técnico nas comissões regionais de obras do Exérci-to ou nas instituições governamentais que se ocupam da defesa do patrimônio.

Para conhecer se uma intervenção de conservação está ou não adequa-da, basta confrontá-la com os princípios abaixo relacionados, adaptados da

Fig 4-45 – Edifício histórico que teve a sua arquitetura original profundamente

descaracterizada por obras e acréscimos realizados nas suas instalações.

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CONSERVAÇÃO DE OBJETOS 91

famosa Carta de Veneza, da qual é signatária a maioria das nações civilizadas,

dentre elas o Brasil:– monumento histórico não é só o edifício, mas a cidade e a paisa-

gem (veja-se Guararapes e Pirajá), que podem nos contar o passado do ho-

mem. Nesse conjunto, não são só importantes as construções grandiosas,mas as pequenas também. Todas elas são testemunho da história do homem;

– a conservação e a restauração são atividades que se utilizam de todas

as ciências e de todas as técnicas que possam prestar serviço a elas;– a conservação dos monumentos deve-se preocupar tanto com as

obras de arte, quanto com qualquer outro testemunho da História, como

uma ruína, por exemplo;– a conservação dos monumentos exige manutenção constante;– a conservação dos monumentos é mais fácil quando se der a eles

uma função social e uma utilização. Nós temos direito de fazer adaptaçõesdestes edifícios para as novas funções, mas não se deve exagerar.

Quando se conserva um monumento, devemo-nos preocupar tam-

bém com a conservação do seu ambiente, ou seja, do que está em torno dele.Não se deve tentar mudar um monumento de um lado para o outro,

a não ser que seja para evitar a sua destruição. É o caso, por exemplo, da trans-

posição do templo de Abu Simbel, no Egito.Os móveis, as pinturas, as imagens e outras coisas que estão dentro de

um monumento não devem ser retirados dele, a não ser para salvar esses objetos.

Quem faz restauração não deve tentar “inventar” o que já desapareceu,tentando “refazer”. O pouco que tivermos de fazer, para dar estabilidade ou confor-to, devemos deixar claro que é coisa nova, para não confundir e enganar as pessoas.

Quando as técnicas tradicionais da construção forem insuficientespara salvar um monumento, podemos usar técnicas bem modernas e os maismodernos materiais para a sua conservação e restauração, desde que sejam mate-

riais garantidos e testados na sua qualidade, para não darem problemas depois.

Texto elaborado pelo Professor Mário Mendonça de Oliveira,

da Universidade Federal da Bahia.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO92

Planejamento de umaexposição

5

1. Generalidades

Difundir o patrimônio é tão importante quanto preservá-lo, desde

que essa difusão não implique prejuízo para o acervo. De nada vale preservarum bem cultural, se é negada ao público a possibilidade de admirá-lo e com-preender o seu significado, a razão de ser da sua preservação.

A difusão do patrimônio cultural do Exército, parte importante doprocesso de preservação da memória da Força, é realizada por meio dos seguin-tes instrumentos:

– da abertura de instalações, particularmente de fortes e fortalezas, àvisitação pública;

– das exposições permanentes e temporárias montadas em espaços

culturais e outros locais;– das bibliotecas e dos arquivos;– da publicação de catálogos variados; e

– dos sites na Internet.Neste capítulo trataremos, basicamente, da difusão do patrimônio

por meio de exposições, que podem ser montadas em museus, salas de expo-

sição e outros locais.

2. Planejamento de exposições

a. IntroduçãoAs exposições são formas eficientes de divulgação dos bens culturais de

uma instituição. Elas são, normalmente, realizadas em espaços culturais, parti-

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 93

cularmente nos museus e salas de exposição, mas, também, em outros locais,

conforme a sua natureza, a temática por ela desenvolvida e o seu público-alvo.As exposições podem ser permanentes, temporárias e itinerantes. É,

contudo, lícito ressaltar que até mesmo uma exposição permanente tem um

certo caráter temporário, pois o seu aprimoramento deve ser uma preocupaçãoconstante dos responsáveis pelo espaço cultural onde se encontra.

Montar uma boa exposição não é tarefa fácil. Exige conhecimento,

bom gosto, técnica e, sobretudo, planejamento minucioso. Esse planejamentodeve levar em conta alguns fatores essenciais como:

– o tema (a idéia a ser contada);

– os objetivos da exposição;– a audiência a ser atingida (público-alvo);– o acervo existente;

– a área ou o espaço disponível;– o conhecimento das estruturas (meios) necessárias à exposição;– o orçamento disponível; e

– o pessoal técnico com que se poderá contar.A figura 5-1 apresenta um esquema geral, contendo todas as etapas

do planejamento e da montagem de uma exposição.

b. O temaAs exposições são, essencialmente, meios de comunicação. Por isso,

planejar o modo pelo qual essa informação deva ser apresentada ao público étarefa fundamental. Expor não é reunir objetos semelhantes num mesmo lo-cal. A exposição deve ter uma unidade, e as partes individuais devem contribuir

para a mesma, a fim de que haja uma perfeita comunicação com os visitantes.Todo o trabalho de planejamento deve ter, como dado essencial, o

tema da exposição. É ele que vai dar a orientação geral para as demais ativida-

des. Entretanto, ele precisa ser trabalhado de forma correta, para que essaunidade seja alcançada.

O primeiro passo nesse sentido é, talvez, o mais difícil: organizar um

resumo bem especificado e preciso dos pontos principais a serem cobertos.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO94

Uma forma de fazer isso é relacionar cada item em cartões, com uma frase

título no topo de cada um. Itens secundários, correlatos com o tema principal,também devem ter um cartão. Depois que todos os itens imagináveis estive-rem listados, os cartões devem ser ordenados e reordenados, até que se obtenha

uma seqüência satisfatória.Ao se comparar o número de cartões com o espaço disponível, pode-

remos chegar à conclusão de que alguns itens devem ser ampliados ou redu-

zidos. As informações nos cartões serão o texto básico para a montagem econfecção das etiquetas iniciais. Uma idéia do texto final pode ser colocadasob a forma de Planilha de Exposição com três colunas:

– 1a coluna: a estória, como está formulada nos cartões;– 2a coluna: os objetos (artefatos, mapas, fotografias etc.) que serão

usados para contar essa estória; e

– 3a coluna: estrutura e/ou espaço necessário.O Anexo G apresenta um exemplo dessa planilha.

c. Os objetivosÉ importante saber o que se deseja com a montagem da exposição.

Esses objetivos irão ajudar sobremaneira na forma da abordagem do tema.

d. A audiência (público-alvo)O conhecimento prévio do público que irá visitar a exposição é um

dado importante e que irá orientar a forma de expor, a utilização dos recursose, também, a linguagem a ser empregada.

e. A organização do espaço disponívelO tamanho (extensão) do tema e a quantidade de material a ser usa-

do serão governados pelo espaço disponível para a exposição. Na organizaçãodo espaço, devemos, na distribuição de vitrinas e painéis pelo salão, consi-

derar alguns aspectos técnicos, especificados nas figuras seguintes 5-2 a 5-8.É importante, também, levar em conta os dados antropométricos dos vi-

sitantes, o tamanho dos equipamentos como, por exemplo, cadeiras de rodas, como

as pessoas irão circular pela exposição e qual a seqüência da visitação, se for o caso.

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Fig 5-1 – Seqüência do planejamento de uma exposição.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO96

Fig 5-2 – O formato regularde uma sala pode ser quebrado,tornando o ambiente maisconvidativo, se os painéis e as vitrinasforem afastados das paredes.

Fig 5-3 – Nem sempre énecessária uma larga entrada no

salão de exposições.Uma entrada estreita cria um

certo interesse nos visitantes.

Fig 5-4 – Os visitantespoderão achar o ambiente maisatraente se os painéis e vitrinas foremcolocados formando curvas suaves,facilitando a circulação.

As vitrinas e os painéispodem formar alcovas, de acordocom as divisões do assunto.

Fig 5-5 (ao lado) e5-6 (abaixo) – Quando se trabalha

com o texto da exposição, é comumtermos divisões.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 97

Fig 5-7 – Às vezes, as vitrinas poderão serarrumadas em ziguezague, produzindo um certo mistério, estimulando

o interesse em saber o que vem em seguida.

Fig 5-8 – Se a sala é muito grande,alguns painéis e vitrinas podem ser colocadas formando ilhas,

que ajudarão na orientação da circulação.

Fig 5-9 – Dados antropométricos médios, essenciaispara o planejamento de uma exposição.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO98

Fig 5-12 – Espaçosnecessários paraa circulação de pessoas.

Fig 5-13 – Distância mínimaentre pedestais e plataformas.

Fig 5-10 – Espaço necessáriopara a passagem de um visitanteem cadeira de rodas.

Fig 5-11 – Dados antopométricos de umdeficiente físico em cadeira de rodas.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 99

Fig 5 -14 – O campovisual de uma pessoa

corresponde aum cone definido por um

ângulo de 40 graus.

Fig 5-15 – O tamanhodos objetos e o ângulo devisão necessário condicionamo espaço exigívelpara a exposição das peças.

No tocante à circulação, vale destacar que as plantas clássicas dos mu-

seus impõem, normalmente, um percurso aos visitantes, o que permite exporas peças de acordo com uma seqüência histórica ou uma coerência estilística,exigindo a circulação num sentido previsto. Outros estudos relacionados com

esse problema sugerem que se deva deixar, à intuição dos visitantes, a fixaçãoda circulação à volta de uma sala ou através de um espaço.

É conveniente lembrar que:

– a circulação deve ser orientada preferencialmente da esquerda para adireita (sentido horário);

– deve-se deixar espaço interno suficiente para:

· a visualização dos painéis e das vitrinas;· a circulação dos visitantes; e· os terminais de multimídia, quando disponíveis;

– os objetos não devem ser expostos de forma a prejudicar a circulação.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO100

f. O acervo (objetos)Enquanto o tema está sendo transformado num texto para a exposi-

ção, os objetos com os quais ele será interpretado estão sendo reunidos. Con-tinuando a reconhecer as limitações da exposição, o planejador deve resistir à

tentação de colocar em exposição objetos em excesso, pois estudos demons-tram que, em média, as pessoas não gastam mais do que de 30 a 45 segundosobservando uma vitrina ou painel. Nesse curto espaço de tempo, o visitante

espera ver todos os objetos e reter todas as informações a respeito deles. Issonão será possível se ele estiver “esmagado” pela quantidade de peças e “encharcado”por etiquetas. Os objetos devem ser selecionados com o objetivo de melhor

ilustrar a idéia que está sendo apresentada.Os objetos disponíveis devem ser relacionados e aqueles que forem

selecionados para exposição, higienizados, recuperados ou restaurados, de for-

ma a colocá-los em condições de serem expostos. Os objetos a serem obti-dos em outros lugares devem ser igualmente relacionados. Havendo hiatonuma coleção, a peça pode ser substituída por desenhos, fotografias ou réplicas.

Fig 5-16Exemplo de umavitrina comexcesso de objetos.

Foto

s: Ja

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spo

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 101

g. As estruturas (meios)As estruturas normalmente utilizadas para a montagem de exposi-

ções são as vitrinas, os painéis, os pedestais, as plataformas, os dioramas, asparedes ou combinação entre as mesmas. Algumas delas podem ser encon-

tradas à venda em firmas especializadas, mas, normalmente, nos tamanhospor elas padronizados e por preços muitas vezes fora do alcance do orçamen-to da exposição ou do espaço cultural. Por essa razão, a construção por conta

própria passa a ser uma alternativa economicamente interessante e, mais doque isso, mais adequada à natureza dos objetos que serão expostos.

1) VitrinasAs vitrinas são excelentes recursos para a exposição de objetos, particu-

larmente quando precisam ficar protegidos da poluição atmosférica, da ação

dos insetos e dos fungos, dos atos de vandalismo, dos furtos e dos roubos.Permitem, ainda colocar um objeto em destaque e controlar as condiçõesambientais onde ele se encontra.

A forma e o tamanho de uma vitrina são determinados, basicamente,pelos objetos que serão colocados no seu interior, como mostra a figura 5-17.

Fig 5-17 – Vitrina de formato irregular, do tamanhoadequado para a exposição de manequins. (Museu Histórico do Exército

e Forte de Copacabana – Rio de Janeiro)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO102

O desenho e a cor de uma vitrina serão influenciados pelo tema e

pelo tipo de exposição que está sendo planejada. A sua estrutura poderá serde madeira, de metal (alumínio, aço etc.) ou exclusivamente de vidro. Quandofor de madeira, poderá ser envernizada ou pintada.

De um modo geral, os objetos colocados no interior de uma vitrinapodem estar:

– fixados no painel de fundo;

– colocados em prateleiras de vidro, de acrílico, de madeira ou de metal;– expostos em pedestais ou plataformas; e– colocados no piso da vitrina.

Em todas as situações acima enumeradas, é importante que os suportese os revestimentos sejam adequados à natureza e à cor dos objetos.

Em relação à dimensão predominante, as vitrinas podem ser classificadas

como horizontais e verticais. Podem estar isoladas no salão de exposições, ar-ticuladas com painéis ou outras vitrinas e encostadas ou embutidas em paredes.

No posicionamento de uma vitrina no local, devemos considerar os

seguintes aspectos:– as vitrinas horizontais não devem ser colocadas diretamente abaixo

de fontes de luz vindas do teto;

Fig 5-18 – Variados tipos de vitrina num mesmo salão.Destaque, no centro da imagem, para uma vitrina mista (vertical e horizontal).

(Museu do Exército, Bruxelas – Bélgica)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 103

– as vitrinas horizontais não devem ficar junto às janelas;

– as vitrinas verticais não devem ser colocadas defronte a uma janela; e– duas vitrinas verticais iluminadas não devem ser dispostas uma voltada

para a outra.

As figuras 5-18 a 5-28 apresentam alguns modelos de vitrinas.

Fig 5-19 – Vitrina isolada de formatopoligonal, estrutura em madeira. (Museu Histórico

do Exército – Rio de Janeiro)

Fig 5-20 – Várias vitrinasarticuladas entre si por pequenos painéis.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO104

Fig 5-21 – Vitrinavertical isolada.Detalhe: as prateleirasde vidro estão suspensaspor hastes de aço.(Museu de Artes deBruxelas – Bélgica)

Fig 5-22 – Vitrinahorizontal com gavetas,destinada à exposição de

coleções de medalhas,condecorações etc.

(Museu de Comunicaçõese Eletrônica do Exército,

Kingston – Canadá)

Fig 5-23 – Vitrinavertical, estruturade madeira.(Museu Militar Condede Linhares –Rio de Janeiro)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 105

Fig 5-24Vitrina vertical isolada.

(Reijksmuseun,Amsterdam – Holanda)

Fig 5-25 – Vitrinahorizontal isolada,estrutura em madeira.Detalhe:pequena abertura paraventilação. (Museuda Polícia Militar deSão Paulo – São Paulo)

Fig 5-26 – As vitrinascolocadas em ambiente

sem aberturas nãoficam sujeitas a reflexos

indesejáveis.(Museu da Academia

Militar de West Point,Estados Unidos)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO106

2) Pedestais e plataformasOs pedestais são recursos extremamente úteis para a exposição de ob-

jetos que, pela sua natureza, importância e tamanho, tenham de ficar isolados.Os pedestais, de um modo geral, se destacam pelo predomínio da altura

em relação às outras dimensões. As plataformas, por sua vez, têm, em geral,

pouca altura, mas uma área considerável para a colocação dos objetos.Tanto os pedestais como as plataformas são, normalmente, confec-

cionados em madeira, concreto, metal ou pedra, podendo ser utilizados na

sua cor natural, pintados ou revestidos com material apropriado.

Fig 5-27 – Vitrina horizontal.(Museu da FEB – MonumentoNacional aos Mortos da SegundaGuerra Mundial, Rio de Janeiro)

Fig 5-28 – Vitrina verticalde grandes dimenões, sem divisórias que

possam prejudicar a visão dosobjetos. (Museu da Academia Militar

de West Point – Estados Unidos)

Fig 5-29 – Diversos tipos depedestais e plataformas.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 107

Fig 5-33 – Pedestalcoberto com vidro. (Pinacoteca de São

Paulo – São Paulo)

Fig 5-32 – Modelo de pedestalcoberto com acrílico ou vidro, ideal para

exposição isolada de objetos.

Fig 5-31 – Exemplo depedestal de concreto. (Museu HistóricoNacional – Rio de Janeiro)

Fig 5-30 – Vários tamanhosde pedestais, colocados no

interior de uma vitrina. (Museu doExército, Bruxelas – Bélgica)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO108

3) PainéisOs painéis são recursos normalmente utilizados para a exposição de

documentos, fotografias, gravuras, mapas, desenhos, textos informativos e,

eventualmente, objetos. São em geral confeccionados em madeira, PVC eoutros materiais, podendo ser retos ou curvos, simples, articulados ou com-binados com pedestais, plataformas e vitrinas. É mais normal encontrarmos

painéis articulados e combinados do que isolados.Numa exposição, os painéis podem estar basicamente em duas situações:– livres, articulados ou combinados no interior do salão; e

– encostados ou pendurados nas paredes.Ao usar painéis livres, isolados ou articulados, devemos ter especial

atenção para a sua estabilidade, sendo, conforme o caso, necessária a adoção

de alguma forma de fixação ao piso. Os articulados, se distribuídos de formaregular, podem ter boa estabilidade, embora a adoção de estruturas como amostrada na figura 5-35 seja mais indicada.

Fig 5-34 – Associação depedestais e plataformas.

Fig 5-35 – Vários tipos de painéis.

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Além das finalidades já assinaladas, os painéis podem, também, servir

como divisórias de espaços, para a montagem de murais fotográficos ou paratextos descritivos gerais, para cobrir janelas a fim de evitar a entrada de ilumi-nação natural indesejável e orientar o fluxo dos visitantes.

Alguns painéis isolados, combinados com pedestais, plataformas ouvitrinas, poderão ter ambas as faces utilizadas para a exposição, como mos-tram as figuras 5-36 e 5-42.

Na montagem da exposição, poderemos nos valer de painéis adqui-ridos em firmas especializadas ou construí-los por conta própria. Se deci-dirmos pela construção, os seguintes aspectos podem ser de grande utilidade:

– a forma mais simples e econômica passa, sempre que possível, pelautilização de formatos que considerem o tamanho de uma folha de compen-sado (2,20m x 1,60m);

– o modelo mais barato é um painel duplo articulado, cada um com1,10m de largura por 1,60m de altura, utilizando-se compensado naval de20mm, unido por dobradiças embutidas, conforme mostra a figura 5-36.

Essa solução, embora barata, não é durável, pois pode, com o tempo, empe-nar e tem problemas de estabilidade;

– a melhor solução é a construção de painel com uma armação de

madeira, conforme indicado na figura 5-48;

Fig 5-36 – Modelosimples e econômico

de painel,confeccionado com

compensado de 20 mmde espessura.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO110

– o painel propriamente dito pode ser de compensado ou de fórmica;

– o acabamento do painel está ligado diretamente ao esquema geral decor e iluminação da exposição e à natureza do objeto que nele será exposto. Seusarmos fórmica, é importante verificar a sua cor e textura; se usarmos compen-

sado, podemos envernizá-lo, pintá-lo ou revesti-lo com tecido ou outro material.

Fig 5-37 – Painéissuspensos. (Catedral deChartres – França)

Fig 5-38 – Painelcontendo lâmpadas acionadas

pelo visitante por meiode interruptores.

(Museu de Ieper – Bélgica)

Fig 5-39 – Painelarticulado, combinadocom plataforma.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 111

Fig 5-40 – Painel combinadocom plataforma.

Fig 5-41 – Painel combinadocom pedestal.

Fig 5-42 – Painelcombinado com plataformacuja retaguarda foiaproveitada para a exposiçãode uma fotografia.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO112

Fig 5-43 – Painel desmontável,muito prático paramontagem de exposições itinerantes.

Fig 5-44 – Painel combinadocom vitrina embutida.

Fig 5-45 – Painéis reunidos,formando diferentesfiguras e dispostos de forma a regularo fluxo dos visitantes.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 113

Fig 5-46 – Exemplos de painéisarticulados. Essa articulaçãosó deve ser concluída depois de termosa exata posição de cada um nosalão. Por isso, é bom fazer um testeno local antes da articulação.

Fig 5-47 – Diferentesdispositivos usados para a

articulação de painéis.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO114

Fig 5-48 – Construção de um painel comestrutura em madeira. A fixação das travessas pode ser feita

com pregos, parafusos ou cantoneiras.

4) ParedesAs paredes são úteis para exposição de quadros, painéis fotográficos,

tapeçaria, estandartes e alguns tipos de armas.

Na utilização de paredes, devem ser consideradas as seguintes regras:– sempre que possível, devem ser utilizadas apenas paredes internas do

edifício, a fim de evitar a umidade vinda de fora; e

– a cor e a textura do revestimento da parede devem estar em harmoniacom o objeto.

5) MaquetesAs maquetes são largamente utilizadas nos museus históricos e mili-

tares, particularmente para a representação de batalhas.Elas exercem grande fascínio sobre os visitantes e são de mais fácil

compreensão do que os mapas e as plantas.

6) DioramasPodemos dizer que um diorama é, ao mesmo tempo, um quadro e

uma maqueta. Contém, normalmente, modelos de pessoas e animais expos-tos juntamente com objetos e complementados por uma pintura de fundo.

Os dioramas são excelentes recursos para a apresentação tridimensional de

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 115

Fig 5-49 – Exemplo demaquete. (Museu doExército, Delft – Holanda)

Fig 5-50 – Diorama emminiatura. (Museu

da Academia Militar deWest Point – EUA)

objetos num determinado contexto, particularmente para a representação decenas de batalhas e do cotidiano.

Os dioramas, da mesma forma que as maquetes, devem ser elabora-

dos numa escala adequada à representação do fato e à visão do visitante. Sãorecursos de extrema utilidade, mas que não admitem improvisações. Asfiguras 5-50 e 5-51 apresentam exemplos de dioramas em diferentes escalas.

Fig 5-51 – Dioramacom as pessoas e os objetos emtamanho real. (MuseuMilitar, Oslo – Noruega)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO116

7) Outros recursosNo planejamento de uma exposição, podemos, também, quando o orça-

mento permite, contar, para casos especiais, com recursos adicionais tais comoambientações, back lights, meios multimídia, som ambiente, miniaturas e outros.

a) AmbientaçõesUma ambientação é, na realidade, a reconstituição histórica, na sua for-

ma original, de uma dependência, com o objetivo de informar como era aquele

local no passado e como viviam as pessoas na época considerada. Quando essareconstituição é feita no próprio local como, por exemplo, num forte, num palácioetc., alguns autores a chamam de tableaux, que deve, obrigatoriamente, contar

com modelos de pessoas, animais, mobiliário e utensílios em tamanho natural.

b) Back LightBack Lights são transparências normalmente de grandes dimensões,

muito utilizadas em lojas comerciais, shoppings e aeroportos, para a propagandade produtos, informações ao público etc.

Seu emprego nos museus se faz particularmente na reprodução deesquemas de manobra de batalhas, como mostra a figura 5-53, na divulgaçãode imagens de objetos que não podem ser expostos etc.

c) Recursos multimídiaSão meios destinados a complementar a informação proporcionada

pela exposição. Entre os principais destacamos os terminais de computadores,

Fig 5-52 – Ambientaçãono museu da fortificação.(Museu Histórico doExército – Rio de Janeiro)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 117

Fig 5-53 – Exemplode back light.

(Museu de Wellington,Waterloo – Bélgica)

projetores associados a computadores e equipamentos de projeção contínua.

O emprego desses recursos deve ser cuidadosamente planejado e criterioso, deforma a evitar que eles venham a concorrer com a própria exposição, preju-dicando-a. Eles servem para reforçar o conteúdo da mesma e seus objetivos,

bem como para apresentar detalhes ampliados ou demonstrar a sua utilização.Não permita que o multimídia domine a exposição. O visitante quer

ver os objetos, e a exposição deve ser atraente sem esses recursos, pois, se vierem

a falhar, podem causar um sentimento de frustração.

Fig 5-54 - Terminal de computadorno interior do salão de exposições. (MuseuHistórico do Exército – Rio de Janeiro)

Fig 5-55 – Equipamento de projeçãocontínua de filmes e fitas de vídeo. (Museu

Histórico do Exército – Rio de Janeiro)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO118

d) Som ambienteEm determinados locais e dependendo da temática da exposição, a

instalação de som ambiente pode contribuir significativamente para a criaçãode um clima propício à motivação do visitante.

e) MiniaturasAs miniaturas são largamente utilizadas, quando o museu não dispuser

de espaço para a exposição de objetos de grandes proporções ou quando nãoexistirem mais exemplares da peça. Elas podem ser expostas em vitrinas só deminiaturas, como mostram as figuras 5-56 e 5-57, ou nos pequenos dioramas.

Fig 5-56 – Vitrina sóde miniaturas.(Museu do Exército,Madrid – Espanha)

Fig 5-57 – Miniaturasde carros de combate,

viaturas e soldados. (Museudo Comando Militar do

Sul – Porto Alegre)

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO 119

h. O orçamentoSaber com que quantia poderemos contar para a montagem da expo-

sição é um dado essencial para o planejamento.

i. Pessoal técnicoO planejamento e a montagem de exposições, particularmente as de

grande vulto, são atividades eminentemente técnicas, que requerem a partici-pação de inúmeros especialistas tais como historiadores, museólogos, arqui-

tetos, iluminadores, cenógrafos e outros. A criatividade e o bom senso, asso-ciadas às informações contidas neste trabalho, podem, em parte, cooperarpara suprir a falta de quaisquer desses profissionais.

O planejamento completo de uma exposição pode, dependendo doseu tamanho, incluir a elaboração de projetos integrados de museografia, deiluminação, de informatização, de conservação do acervo, de programação vi-

sual externa e interna, de cenografia, de história de multimídia e de segurança.Concluído o trabalho, devem ser elaboradas plantas detalhadas, hori-

zontais, verticais e de circulação. As figuras 5-58 e 5-62 mostram exemplos

dessas plantas.

j. Modelo em escalaTerminado o planejamento, é útil a confecção de um modelo em

escala da exposição, para uma melhor visualização da sua área. As figuras5-59, 5-60 e 5-61 apresentam as diversas fases da montagem de um modelo.

Fig 5-59 – Placa de compensado ou papelão, nasdimensões proporcionais às do salão, revestida com papel quadriculado,

onde será montado o modelo em escala.

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PLANEJAMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO120

Fig 5-58Plantahorizontal evertical (corte)de umaexposição.

Fig 5-60 – Construir,com cartolina, modelos em escala dasvitrinas, painéis, pedestais eplataformas, distribuindo-os pela placa,conforme sua planta.

Fig 5-61 – Aspecto final do modelo emescala de uma sala de exposições.

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Fig 5-62 – Planta de circulação dos visitantes de umaexposição. (Museu da Legião Estrangeira – França)

Fig 5-63 – Aspecto geral deuma exposição itinerante, depois de montada.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES122

Montagem de exposições

6

1. Interpretação

Concluído o planejamento, aprovado o projetoe disponibilizados os recursos, segue-se a montagem daexposição. Antes disso, é conveniente tecer algumas con-

siderações de extrema utilidade.Interpretação, em termos museológicos, signifi-

ca “explicar um objeto e sua importância”.

Quase todas as pessoas no mundo, quando es-tão diante de uma faca, sabem o que é aquele objeto epara que ele serve: para cortar. Mas, se mostrarmos a

peça da figura ao lado, é provável que poucos saibamque se trata de uma arma de guerra usada pelos índiosdas tribos localizadas no norte de Roraima, empregada

para furar os olhos do inimigo. Por essa razão, para queesse objeto seja entendido, será necessário “interpretá-lo”ou “explicá-lo”.

Os museus estão interpretando coisas o tempotodo. Sempre que uma peça é colocada em exposição ousimplesmente retirada de sua embalagem na reserva téc-

nica e mostrada a um visitante, ela está sendo interpreta-da. Entretanto, essa interpretação pode ser feita de dife-rentes modos, alguns mais complicados e sofisticados

do que outros. Vale a pena gastar um pouco de tempo

Fig 6-1

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 123

pensando sobre as diversas maneiras de interpretar os objetos das coleções e

levantando quais as melhores técnicas para utilização com coisas diferentespara diferentes pessoas. A interpretação não deve apenas explicar o objeto e asua importância mas, também, levar uma mensagem sobre o significado da sua

conservação e o seu contexto.A interpretação de um objeto é uma atividade pessoal, influenciada

pela personalidade de quem a realiza, pelos seus interesses, convicções, cren-

ças, conhecimentos e curiosidades. Entretanto, qualquer pessoa, ao fazê-la,deve considerar, entre outros, os seguintes aspectos:

– os objetivos dos visitantes do museu;

– o que se pretende com a interpretação; e– as técnicas mais adequadas.No que tange aos objetivos dos visitantes, de um modo geral, as

pessoas procuram os museus para:– preencher o tempo;– proteger-se do mau tempo;

– procurar inspiração;– saciar uma curiosidade ociosa;– satisfazer a fome de conhecimento;

– educar crianças;– estar na moda; e– passar o tempo com a família e os amigos.

Ao realizar a interpretação de um objeto devemos considerar o seguinte:– ela pode falhar, se não estiver sintonizada com o interesse do público;– nem sempre é possível agradar a todos. Por isso, o museu precisa

decidir qual é o seu público-alvo; e– para o sucesso da interpretação, é preciso ter conhecimento do que

se pretende com ela. Quanto mais precisa essa definição por parte do museu,

melhor ela será.Depois de definido o que dizer e para quem dizer, o museu deve

decidir qual é a técnica a ser utilizada. Se expor é o melhor meio, as informa-

ções deste capítulo poderão ser de grande valia nessa tarefa.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES124

2. Montagem de uma exposição

No capítulo anterior, abordamos os principais aspectos relativos aoplanejamento de uma exposição e apresentamos os diversos recursos utiliza-

dos para a difusão das coleções aos visitantes e para contar as suas histórias,alguns deles simples, como os painéis, outros mais sofisticados como osdioramas, as maquetes e as ambientações. Agora, pretendemos fornecer in-

formações de natureza técnica, que serão de extrema utilidade na montagemde uma exposição já planejada.

a. Arrumação dos objetos

A arrumação dos objetos nos painéis, nas vitrinas, nos pedestais e nasplataformas é tarefa muito importante, da qual pode depender o sucesso de

uma exposição.Antes de executar a montagem, é importante confeccionar um esbo-

ço da disposição dos objetos nas paredes, nos painéis e nas vitrinas, de prefe-

rência, de conformidade com uma escala aproximada.As idéias apresentadas a seguir são sugestões que podem ser muito

úteis e que devem ser complementadas pelo bom gosto e pela criatividade de

quem estiver responsável por essa tarefa. Entretanto, sempre que possível,não deixe de contar com a assessoria de técnicos em cada área.

1) Quadros

Os quadros são, normalmente, afixados em paredes ou no interiorde vitrinas.

Na exposição de quadros, gravuras, desenhos, gráficos etc., devemoslevar em consideração os dados apresentados nas figuras 6-2 e 6-3.

A altura de colocação dos quadros é muito importante. Devemos

evitar colocá-los muito alto, para que não venham a causar o que se costumachamar “enxaqueca dos museus”. A posição ideal é aquela em que o centrodo quadro coincide exatamente com a altura dos olhos de uma pessoa de

estatura mediana, isto é, aproximadamente a 1,60m do chão.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 125

Fig 6-3 – Campo visual

horizontal de uma pessoa com

1,70m de altura.

Fig 6-4 – Uma das formas

de pendurar quadros.

Fig 6-2 – Campo visual

vertical de uma pessoa com

1,70m de altura.

Fig 6-5 – Ganchos utilizados

para pendurar quadros.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES126

Os quadros devem ser alinhados na posição horizontal, em princípio

pela base, mantendo-se entre eles uma distância mínima de 10cm.Existem, basicamente, duas maneiras de expor quadros em paredes.

A formal, balanceada, como mostra a figura 6-6, pode ser fácil e prática de

realizar, mas é monótona e pode dar a entender que todas as obras são iguais.As figuras 6-7 e 6-8 mostram formas mais atraentes de expor. Entretanto, éimportante lembrar que o olhar do ser humano é, normalmente, atraído

para o centro, lugar esse que deverá ser ocupado pela obra mais importante,que, se pequena, deverá ser posta em realce por meio de iluminação especial.A etiqueta deve, em princípio, ser colocada do lado direito, alinhada pela base.

2) Fotografias, desenhos, mapas e gravuras

São válidas, em geral, para esses objetos, as mesmas considerações do

item anterior.As fotografias podem ser colocadas em painéis, vitrinas ou transfor-

madas em painéis fotográficos. Quando em painéis e vitrinas, podem ser

expostas com ou sem o auxílio de molduras, ou aplicadas sobre placas de

Fig 6-6 – Arrumação de quadros de forma regular.

Fig 6-7 – Arrumação de quadros de forma irregular.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 127

Fig 6-8 – Exemplo

da arrumação de quadros

de forma irregular.

(Pinacoteca de

São Paulo – São Paulo)

Fig 6-9 – Fotografia

emoldurada, preparada para

exposição num

painel ou vitrina.

materiais especiais, que podem lhe proporcionar um maior realce, graças aorelevo formado.

3) Livros e documentos

Livros e documentos e, em alguns casos, papéis, desenhos, fotografiasetc. serão de difícil visualização, se colocados no fundo de uma vitrina horizontal,

conforme mostra a figura 6-10.Os livros devem, em princípio, ser expostos abertos, sobre suportes

especiais, como mostram as figuras 6-12, 6-13 e 6-14 e, preferencialmente, no

interior de vitrinas horizontais com o fundo inclinado (Fig. 6-11).

Foto

s: Ja

yme

Cre

spo

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES128

4) Moedas e medalhas

As moedas e as medalhas podem ser expostas isoladamente ou emconjunto com outros objetos. Quando isoladamente, elas podem ficar:

– em vitrinas horizontais, de forma semelhante aos livros;– em vitrinas próprias para esse fim, como mostrado na figura 5-22

(página 104); e

– em vitrinas verticais.

Fig 6-10

Fig 6-12

Fig 6-11

Fig 6-14Fig 6-13

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 129

No caso particular das medalhas, elas podem estar colocadas sobre os

uniformes ou roupas, mostrando a forma como eram usadas pelos seus detentores.

5) Armas

Na exposição de armas, sejam elas de fogo ou de outra natureza, de-vemos levar em consideração diversos aspectos tais como o tamanho e opeso, a periculosidade que ainda oferecem, o seu valor monetário e o interes-

se que podem despertar para furtos ou roubos.As armas de pequeno porte, particularmente as de fogo, devem, em

princípio, ser expostas no interior de vitrinas seguramente fechadas, podendo

alguns tipos de armas, conforme a sua natureza, ficar em painéis, desdeque neles seguramente afixadas, de forma que não possam ser removidascom facilidade.

As armas de grande porte podem ficar expostas no interior dos salõesou em áreas externas, como mostram as figuras 6-15 e 6-16.

As armas de pequeno porte colocadas no interior de vitrinas poderãoestar expostas sozinhas, conforme mostra a figura 6-17, ou combinadas comoutros objetos. A primeira forma é mais do agrado de colecionadores do que

do público em geral. Modernamente, busca-se associar o armamento com

Fig 6-15 – Exemplo de uma arma de grande porte que, devido

ao seu tamanho, tem de ficar exposta numa área externa em virtude da sua

dimensão. (Museu Militar Conde de Linhares – Rio de Janeiro)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES130

fotografias, gravuras, uniformes e outros objetos, como se pode constatar nafigura 6-18, tornando mais atraente a exposição das peças.

As armas portáteis, particularmente os fuzis, mosquetões etc., devem ser

expostas com o seu lado direito voltado para o visitante, de forma que as par-

Fig 6-16 – Arma de grande porte

exposta no interior de um salão. (Museu do

Comando Militar do Sul – Porto Alegre)

Fig 6-17 – Exemplo de

uma vitrina exclusivamente de armas.

(Brombeek Museum – Holanda)

Fig 6-18 – Armas

expostas conjuntamente com

outros objetos.

(Museu da Academia Militar

de West Point – EUA)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 131

tes importantes do seu mecanismo de disparo possam ser melhor observadas.

Sempre que for possível e sendo adotadas as medidas de segurança adequadas,é importante que o armamento seja exposto juntamente com os diferentestipos de munição por ele utilizados.

A exposição de uma arma, seja ela de pequeno ou grande porte, ga-nha mais realce se forem exibidas, por diversos meios, imagens do seu em-prego em operações militares, como mostra a figura 6-19.

As armas portáteis desativadas, mas ainda passíveis de utilização, de-vem ser expostas sem os mecanismos de disparo em vitrinas seguras. É im-portante que, junto a elas, seja colocada, de forma bem visível, uma etique-

ta contendo essa informação, a fim de desestimular qualquer interesse pelofurto das mesmas.

As armas brancas devem ser expostas de forma semelhante às de fogo.

Os sabres devem ficar junto aos fuzis.

Fig 6-19 – Canhão exposto

juntamente com gravura na qual

ele aparece sendo empregado em

campanha. (Museu de

Wellington, Waterloo – Bélgica)

Fig 6-20 – Etiqueta colocada

no interior da vitrina, informando

a retirada do mecanismo de disparo

das armas. (Museu de Polícia

Militar de São Paulo – São Paulo)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES132

6) Tecidos e roupas

Os tecidos, em virtude da sua adaptabilidade a todo tipo de montagem,permitem inúmeras formas de exposição.

Grandes peças lisas como, por exemplo, os tapetes, podem ser mon-

tadas em ripas de madeira ou de outro material, fixadas de forma semelhante

Fig 6-21 – Armas

expostas com o lado direito

voltado para o visitante.

(Museu da Academia Militar

de West Point – EUA)

Fig 6-22 – Suporte de acrílico para

a exposição de armamento. (Museu Histórico

do Exército – Rio de Janeiro)

Fig 6-23 – Canhões expostos

na vertical, presos na parede. (Museu do

Exército, Madrid – Espanha)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 133

aos quadros ou suspensas a partir do teto. As roupas podem ser colocadas, de

preferência, no interior de vitrinas, em manequins, cabides ou penduradas.Os tecidos, colocados em painéis e vitrinas, não devem ser fixados

nos suportes por meio de taxas, pregos ou grampos.

7) Selos

Os selos devem ser expostos conforme mostrado na figura 6-26. A

etiqueta pode ser impressa diretamente sobre o material de suporte e deveconter informações essenciais como o autor da gravura, a técnica de impressãoutilizada e a data da emissão.

Fig 6-26 – Uma das pranchas

da exposição de selos comemorativa do

Bicentenário de Caxias,

organizada pelo Centro Cultural dos

Correios – Rio de Janeiro.

Fig 6-24 – Diferentes tipos de recursos

para a exposição de roupas.

Fig 6-25

Exposição de

tecidos

com o auxílio

de ripas

de madeira.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES134

b. Iluminação e cor

A luz e a cor são dois importantíssimos fatores na montagem de umaexposição e, quando usados com imaginação e criatividade, podem realçar osobjetos nas vitrinas, nos painéis, nos pedestais e nas plataformas.

1) A cor

A escolha da cor começa com o tema e os objetos que serão usados

para desenvolvê-lo. As paredes dos salões e dos corredores, o chão e o tetopodem ser considerados como fundos para a apresentação e devem comple-mentar, e não competir, com as peças em exposição.

As cores das paredes podem sugerir um ambiente natural ou um perío-do arquitetônico. Elas podem ainda influenciar visualmente o tamanho e aforma de um ambiente. Paredes escuras tendem a “encolher” uma sala de gran-

des dimensões, enquanto paredes claras “ampliam” um pequeno ambiente.Se, no teto de uma sala, passam instalações diversas (hidráulicas e elé-

tricas, por exemplo), uma cor escura fará com que elas virtualmente desapare-

çam. Um teto pintado com cor clara dará a impressão de um pé direito maior.A cor do interior das vitrinas e dos painéis deve ser escolhida de con-

formidade com os objetos expostos, como mostra a figura 6-28. Uma vitri-

na com fundo escuro fará com que os objetos claros pareçam maiores do que

Fig 6-27 – Utilização de manequins para exposição de uniformes.

(Museu do Exército, Estocolmo – Suécia)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 135

realmente são, por força do contraste. Fundos claros fazem com que os ob-

jetos escuros pareçam menores. A escolha da cor, tanto para o ambientecomo para vitrinas, painéis, pedestais e plataformas, não é uma tarefa fácil.Por essa razão, é recomendável a assessoria de profissionais especializados.

2) A iluminação

A iluminação é uma parte importante na montagem de uma exposi-

ção e tem por finalidade tornar as coisas visíveis por meio da criação de contras-tes dentro do objeto ou entre o objeto e o fundo em que se encontra. Exerce

Fig 6-29 – Efeito da iluminação sobre os objetos.

(Pinacoteca de São Paulo – São Paulo)

Fig 6-28

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES136

um papel fundamental na valorização do acervo exposto e na criação de um

ambiente ideal para a exposição e a circulação dos visitantes.Ao planejarmos iluminação, devemos levar em consideração aspectos

essenciais como a natureza, a qualidade e a intensidade da luz.

a) Natureza da luz

Quanto à natureza da luz, a iluminação pode ser natural ou artificial.

(1) Iluminação natural

Foi, durante muito tempo, a preferida pelos museus europeus, mas

sempre em combinação com a luz artificial. Além de ser de custo inferior,permite que o visitante aprecie uma obra, particularmente uma pintura anti-ga, da mesma forma que o artista, ao executá-la.

A iluminação natural pode ser lateral ou zenital. Na lateral, a luzpenetra através das janelas e na zenital pelas clarabóias. A zenital projeta a luz

para o solo e não para as paredes, aumentando o reflexo nas vitrinas. Esseinconveniente e as dificuldades para a limpeza das clarabóias vêm reduzindoa sua utilização pelos museus.

A iluminação natural está sendo abandonada, em função da quaseimpossibilidade do seu controle. Em dias ensolarados, ela é muito intensa,mas, em dias nublados, é bem reduzida. Hoje em dia, dá-se preferência a

locais de exposição sem janelas, embora seja possível, por meio de artifícios

Fig 6-30 – Exemplo de

iluminação natural zenital.

(Museu Real de Arte e

História de Bruxelas – Bélgica)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 137

como a colocação de telas, a pintura de vidros, ou a instalação de filtros e

persianas, reduzir a quantidade de luz vinda através delas.

(2) Iluminação artificial

A luz artificial é a ideal. Ela pode ser orientada, movida, intensificadaou reduzida conforme as nossas necessidades.

Ela pode ser obtida por meio de diferentes tipos de lâmpadas, sendo

as principais as fluorescentes e as incandescentes.As lâmpadas fluorescentes são econômicas e podem ser encontradas

em cores frias e quentes. Proporcionam uma luz mais equilibrada, sem som-

bras, mas não permitem a orientação do foco. São ideais para a iluminaçãogeral do ambiente ou próximo de superfícies lisas brancas que possam refletira luz por trás do tubo. Seu maior inconveniente é a quantidade de radiação

ultravioleta que emitem, extremamente danosa para alguns objetos, como jávimos em capítulo anterior.

As lâmpadas incandescentes, por outro lado, emitem pouca radiação,mas produzem muito calor e consomem mais energia que as fluorescentes,embora existam alguns tipos mais econômicos. A sua grande vantagem é a

flexibilidade na utilização, permitindo o direcionamento e a realização deefeitos especiais.

A iluminação das vitrinas pode provir de fontes internas ou externas.

Nas vitrinas verticais, a iluminação dos objetos é oriunda de caixas de luz,

Fig 6-31 – Num ambiente

com objetos de grande porte,

a luz fluorescente proporciona

uma iluminação

equilibrada. (Museu do

Exército, Madrid – Espanha)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES138

como mostra a figura 6-18, página 130, ou de refletores colocados no seu

interior, como se vê na figura 5-17, página 101. As fontes externas são normal-mente colocadas no teto do salão.

As vitrinas podem ficar permanentemente iluminadas ou ter a sua

iluminação acionada pelo visitante, por meio de interruptores ou de sensoresespeciais. Os painéis são, em geral, iluminados por meio de fontes fixadasno teto, no seu topo ou na base, conforme mostram as figuras 6-32 a 6-35.

Fig 6-35 – Iluminação alta

especial para quadros.

Fig 6-32 – Iluminação alta com

refletores fixados no teto.

Fig 6-33 – Iluminação alta com

refletores fixados no painel.

Fig 6-34 – Iluminação

baixa fixada no chão.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 139

Os objetos colocados em pedestais ou plataformas são iluminados pormeio de fontes dirigidas diretamente sobre eles ou aproveitando a iluminação

geral do ambiente (figuras 6-36 e 6-37).

b) Quantidade e qualidade da luz

A quantidade de luz necessária e suficiente é medida em “lux” e a suaqualidade em “graus Kelvin”.

c) Iluminação dos objetos

Para cada tipo de objeto existe uma iluminação recomendada. A seguirapresentamos algumas sugestões a respeito.

(1) Tapetes, carpetes e tecidos raros: pouca iluminação com filtro UV,para conservação dos objetos.

(2) Vidros e cristais: lâmpadas refletoras ressaltam as faces, que devem

ser vistas contra um fundo escuro. Vidros translúcidos podem precisar dealguma luz frontal para mostrar a modelagem e a decoração. Vidros opacos

Fig 6-37 – Objetos num

pedestal iluminado por luz natural.

(Pinacoteca de

São Paulo – São Paulo)

Fig 6-36 – Pedestal iluminado

diretamente por refletor colocado no teto.

(Museu Canadense da

Civilização, Otawa – Canadá)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES140

devem ser tratados como cerâmica, com luz forte frontal ou lateral, contra

fundo neutro. Cuidado com os reflexos da iluminação nos vidros.(3) Armas, armaduras e grandes objetos de metal: utilizar a ilumina-

ção geral do ambiente, suplementada por refletores, para ressaltar o brilho e

as formas. Objetos de prata ou de aço destacam-se, quando expostos contraum fundo azul pálido ou cinza. Os de ouro, ao contrário, aparecem melhorcontra fundos escuros, ricos e aveludados.

(4) Móveis: luz geral, normalmente, é suficiente para móveis expos-tos isoladamente ou em pequenos grupos. Se existirem tecidos combinadoscom o móvel, é importante afastar as lâmpadas incandescentes para que o

calor não os alcance. Use lâmpadas fluorescentes com filtro UV.

d) Cuidados a tomar ao projetar e executar a iluminação

A boa iluminação é uma arte e uma ciência que merece ser entregue aespecialistas. Como nem sempre é possível contar com eles, apresentamosalgumas sugestões que poderão ser de grande utilidade:

– antes de projetar a iluminação, é preciso definir claramente a posição

Fig 6-38 – A distância D,

do refletor fixado no teto para o

painel, é calculada

pela fórmula (valores em cm):

D = (H - 160) x 0,577

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 141

de cada elemento (vitrinas, painéis, pedestais e plataformas), levando sempre

em consideração a posição do visitante em relação ao mesmo;– prefira a iluminação artificial à natural;– não se esqueça de que, além dos objetos, o ambiente também precisa

de luz para o deslocamento dos visitantes;– os diferentes tipos de lâmpada podem ser usados de forma combinada; e– pequenas salas poderão aproveitar a luz das vitrinas para a iluminação

geral do ambiente.Lembre-se de que:– deve haver dois tipos de iluminação: uma para a sala, de modo geral,

e outra para os objetos expostos;– lâmpadas fluorescentes por trás de tetos translúcidos distribuem a

luz uniformemente, reduzindo as sombras;

– refletores colocados no teto podem destacar intensamente os obje-tos, mas não proporcionam iluminação geral;

– para obter o máximo proveito da iluminação, o foco de luz deve ser

orientado para destacar os aspectos mais relevantes do objeto, sem exageros; e– a distância da fonte de luz para os painéis é em função da altura e

calculada conforme mostra a figura 6-38.

3. Textos informativos

Vimos, em capítulo anterior, que a exposição é uma forma de comu-nicação entre o especialista e o visitante. Essa comunicação, para ser eficiente,depende não apenas da qualidade dos objetos e da forma de expô-los, mas,

principalmente, de informações escritas, colocadas na exposição ou forneci-das adicionalmente.

A informação escrita é uma indicação. Ela informa, explica e, algu-

mas vezes, orienta. Não é nem deve ser um livro. Deve ser concisa e redigidanuma linguagem simples, direta, descomplicada e despretensiosa. A partemais importante do texto deve estar no começo, pois os leitores estarão de

pé, e muitos não terão condições físicas para ficar assim por muito tempo. Se

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES142

for organizada e arrumada como as manchetes e as notícias de um jornal, será

lida por muitas pessoas.Podemos dividir os textos informativos em textos introdutórios, textos

setoriais e etiquetas de objeto. Vejamos cada um deles e a sua utilização.

a. Textos introdutórios

São, na realidade, uma grande indicação, colocada normalmente num

painel na entrada da exposição ou de um salão, informando ao visitante o queexiste naquele local. Esse painel permitirá ao visitante que não esteja interessa-do nos objetos ou nos assuntos ali expostos dirigir-se para outra área. As letras

utilizadas podem ser tridimensionais e devem ter pelo menos 10cm de altura.

b. Textos setoriais

São em geral colocados nas vitrinas e nos painéis com a finalidade defornecer informações essenciais sobre o assunto e de atrair a atenção e o inte-resse do visitante por aquilo que está sendo exposto. Para isso, devem ser

Fig 6-39 – Exemplo de

texto introdutório colocado

em painel na entrada

da exposição. (Museu do

Comando Militar

do Sul, Porto Alegre – RS)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 143

curtos e objetivos, permitindo, em pouco tempo, uma idéia do conteúdo de

um salão ou de uma vitrina.

c. Etiquetas de objeto

São utilizadas para identificar e fornecer informações complementares

sobre os objetos expostos e a estória que está sendo contada.Poderíamos ainda relacionar, entre os textos informativos, as etiquetas

secundárias que, na verdade, trabalham como complemento aos textos setoriais,

funcionando como as sublegendas de um jornal.

d. Elaboração e confecção dos textos

Na elaboração e confecção dos textos informativos, devemos observar

os seguintes aspectos técnicos:– a maioria dos adultos lê a uma velocidade média de 250 a 300

palavras por minuto, e o tempo médio de observação é de 30 a 45 segundos;

– os textos devem obedecer às seguintes dimensões:

TEXTOS

INTRODUTÓRIOS

Máximo: 150 palavras

Ideal: 50 palavras

Fig 6-40 – Exemplo

de texto setorial. (Museu do

Comando Militar

do Sul, Porto Alegre – RS)

TEXTOS

SETORIAIS

Máximo: 200 palavras

Ideal: 50 palavras

ETIQUETAS DE

OBJETO

Máximo: 100 palavras

Ideal: 40 palavras

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Page 132: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES144

– a redação do texto deve ter sempre em mente o público-alvo. Textos

adequados para museólogos, historiadores e militares podem não servir paraos visitantes. O texto de fácil leitura é bom para qualquer nível de audiência.Não use jargões, abreviaturas ou termos militares;

– o comprimento de cada linha não deve ultrapassar 65 a 70 letras,considerando-se os espaços como letras;

– o uso de letras maiúsculas reduz o tempo de leitura em 15%;

– o tamanho das letras deve ser proporcional à distância em que otexto será lido. A regra é 200/1, isto é, a distância de leitura é igual a 200 vezeso tamanho da letra (uma letra de 1cm pode ser lida a até 2,00m de distância);

– a letra preta em fundo branco é a mais fácil de ser lida;– o espaço entre as linhas deve ser igual à altura de uma letra maiúscula.

Ele é contado da parte inferior da linha de cima até a parte superior da linha de

baixo. Um espaço extra entre parágrafos ajudará o leitor a ler a informação;– os textos devem ser escritos de forma a colocar primeiro a informa-

ção principal, depois a secundária e, por último, os detalhes;

– o papel da etiqueta deve estar de acordo com a cor da forração davitrina ou do fundo do painel;

– as etiquetas de objeto e as secundárias podem ser confeccionadas com

o auxílio de computadores, pois possuem vários tipos, tamanhos e cores de letras;

Fig 6-41 – Exemplo

de um texto

intermediário com cerca

de 100 palavras.

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Page 133: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 145

– use, de preferência, o mesmo ou, no máximo, dois tipos de letra em

toda a exposição;– a distância de leitura varia normalmente de 80cm a 1,30m;– os textos informativos, particularmente as etiquetas, não são ele-

mentos decorativos. É importante lembrar que o objetivo é serem lidos pe-los visitantes. A melhor etiqueta é aquela que é tão bem escrita, arrumada econfeccionada que deixa o visitante quase sem perceber a técnica utilizada,

concentrando-se no significado;– os textos e os outros componentes da exposição devem trabalhar

juntos, cada um dando a sua contribuição para o processo de comunicação;

– nos objetos pequenos, onde as etiquetas são maiores do que a peça,a etiquetagem pode ser uma tarefa complicada. Um meio prático de se resol-ver esse problema é separar a etiqueta do objeto a que se refere. Se a distância

for muito grande, números-chave devem ser introduzidos, permitindo aovisitante localizar a etiqueta correspondente ao objeto (ver figura 6-44);

– o visitante deve ser capaz de ver, de uma só vez, tanto a etiqueta

quanto o objeto. Quando isso não for estritamente possível, ela não deve, deforma alguma, ficar fora da vitrina ou do painel. Lembre-se de que é muitoirritante ter de procurar pela etiqueta para encontrar a informação sobre o obje-

to ou ter de localizar o objeto quando já se tem a informação;Lembre-se de que “uma etiqueta bem elaborada contém todas as in-

formações que interessam aos visitantes, com um mínimo de palavras”. Além

dos textos informativos, a informação necessária ao visitante pode sercomplementada por meio de folhetos adicionais, distribuídos gratuitamentenas salas de exposição ou vendidos na loja de souvenirs. Nos museus de maior

porte, localizados próximo a áreas turísticas, a informação em outro idioma,particularmente o inglês e o espanhol, é um importante complemento.

As figuras 6-42 e 6-43 apresentam alguns modelos de etiqueta de objeto.

e. Posicionamento das etiquetas

As etiquetas devem, sempre que for possível, ser colocadas junto ao

objeto, numa posição confortável para a leitura por parte do visitante. No caso

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES146

Fig 6-42 – Etiqueta para

exposição de quadros. (Pinacoteca

de São Paulo – São Paulo)

Fig 6-43 – Nesta etiqueta,

a informação sobre o

objeto é transmitida por meio de figuras

plenamente compreensíveis. (Museu do

Exército, Bruxelas – Bélgica)

Fig 6-44 – Exemplo de

etiqueta reunindo

a informação sobre vários

objetos. (Pinacoteca

de São Paulo – São Paulo)

Fig 6-45 – Quando

houver vários objetos na

mesma vitrina,

eles poderão ser numerados,

e confeccionada uma única

etiqueta comum. (Museu

da Polícia Militar de São

Paulo – São Paulo)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 147

particular de quadros, fotografias e desenhos, eles devem ficar junto ao canto

inferior direito. Quando tivermos vários quadros expostos, as etiquetas podemser dispostas como mostra a figura 6-48.

É muito importante que a etiqueta não fique nem muito baixa nem mui-

to alta, a fim de evitar que se tenha dificuldade para ler a informação nela contida.

Fig 6-46 – A colocação

da etiqueta muito alta ou muito

baixa causa desconforto.

Fig 6-47 – Posicionamento da

etiqueta num diorama. (Museu Militar

de Duxford – Inglaterra)

Fig 6-48 – Posicionamento das

etiquetas de vários quadros expostos verticalmente.

(Pinacoteca de São Paulo – São Paulo)

Fig 6-49 – Três modelos de suporte para etiqueta,

feitos com diferentes materiais.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES148

f. Outros

Na montagem de uma exposição de material militar, é importante terem mente que os visitantes, particularmente as crianças, não se conformam emapenas ver os objetos. Há sempre um grande interesse em tocar no material e, no

caso de viaturas, conhecer o seu interior. Por essa razão, sempre que for possível,quando adotadas as medidas de segurança recomendadas, deve-se estudar apossibilidade do visitante poder sentir as peças expostas. No caso de viaturas

blindadas, escadas ou rampas de acesso, semelhantes à apresentada na figura 6-49,podem ser disponibilizadas, a fim de facilitar a entrada e a saída das mesmas.

Em alguns museus na Europa, os visitantes têm acesso a réplicas dos

objetos e oportunidade de ver pessoas demonstrando o emprego dos mesmos,particularmente de armas brancas. Outros recursos interessantes para utilizaçãoem museus militares, mas nem sempre disponíveis, são as armas desmontadas

e os equipamentos seccionados. Eles permitem que o visitante tenha, por exem-

Fig 6-49 – Escada para

facilitar o acesso do visitante ao

interior de uma viatura

blindada. (Memorial do Exército,

Seul – Coréia do Sul)

Fig 6-50 – Réplica

da viatura usada pelo Marechal

Mascarenhas de Moraes na FEB.

(Museu Militar Conde

de Linhares – Rio de Janeiro)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 149

plo, uma idéia do interior de um fuzil ou de uma viatura, podendo, com isso,

entender melhor como eles funcionam.

4. Materiais empregados

O anexo H apresenta uma relação dos principais artigos utilizadosna montagem de uma exposição, e o anexo I relaciona as firmas onde elespodem ser encontrados.

Fig 6-51 – Viatura

blindada seccionada. (Museu do

Exército, Delft – Holanda)

Fig 6-52 – Arma inteiramente

desmontada, mostrando todas as suas peças

e mecanismos. (Museu Militar

Conde de Linhares – Rio de Janeiro)

Fig 6-53 – Alguns dos

materiais usados na marcação de

objetos museológicos.

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES150

5. Orientação

A circulação do visitante no interior do museu deve ser orientada pormeio de uma sinalização eficiente, de forma a permitir que ele saiba sempreonde se encontra e para onde vai. Para isso, são utilizadas placas, mapas, núme-

ros, sinais e outros recursos, que devem ser colocados em locais de fácil identi-ficação. Por outro lado, a estrutura de uma exposição deve ser clara para ovisitante, porque, se assim não for, é provável que ele venha a se perder no meio

de vitrinas, painéis e outros recursos e, conseqüentemente, acabará indo embora.Em síntese, conforme circula pela exposição, ele precisa saber:

– onde se encontra;

– o que vem adiante; e– para onde está indo.Se, para a compreensão do tema, o visitante deve seguir um determi-

nado itinerário, a sinalização interna e a disposição de painéis e vitrinas têm

Fig 6-54 – Modelo de placa externa de

sinalização para orientação dos visitantes. (Museu

Militar Conde de Linhares – Rio de Janeiro)

Fig 6-55 – Painel orientando a

circulação do visitante na exposição. (Museu

das Forças Armadas, Otawa – Canadá)

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MONTAGEM DE EXPOSIÇÕES 151

um papel fundamental. A orientação é assunto de grande importância e

deve ser desenvolvida paralelamente à montagem da exposição. Não deveser deixada para o fim.

6. Manutenção da exposição

As exposições, tanto as permanentes como as temporárias, necessi-

tam de constante manutenção, particularmente em relação aos objetos e aosmeios utilizados para expô-los.

Sempre que possível, é desejável que essa atividade seja realizada

fora dos horários de visitação e, de preferência, sem a necessidade de remo-ção do objeto para outro local, em função dos riscos envolvidos em qual-quer deslocamento. Entretanto, quando for indispensável retirá-lo do local,

deve-se colocar um aviso, informando as razões da ausência, ou substituí-lopor um simulacro, como mostra a figura 6-56.

Fig 6-56 – Duas armas removidas para

manutenção, substiutuídas por simulacro. (Museu do

Exército – Invalides, Paris – França)

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Page 140: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

MUSEUS MILITARES152

Museus militares

7

1. Breve histórico

Em capítulo anterior, chamamos a atenção para a importância dapreservação dos bens culturais e as formas mais adequadas de fazê-la. Entre-tanto, preservar não é o bastante. É preciso que as gerações tenham acesso a

esses bens, de forma a valorizar o passado de uma nação ou de uma institui-ção e, assim, ter mais confiança no futuro. Esse acesso se faz por meio deexposições do acervo preservado, realizadas, normalmente, pelos seus deten-

tores, particularmente pelos museus.Mas o que é um museu?Segundo o ICOM, museu é um estabelecimento de caráter perma-

nente com a finalidade de pesquisar, coletar, conservar e expor, para lazer eeducação do público, um conjunto de elementos de valor cultural. Narealidade, os museus são as casas do tesouro da raça humana, onde estão

guardadas as memórias dos povos do mundo, seus sonhos e suas esperanças.O primeiro museu, segundo se sabe, surgiu em 290 a.C., quando

Ptolomeu criou um centro de ensino dedicado às musas (daí a palavra

museum, casa das musas, museion em grego). Entretanto, os museus no sen-tido moderno do termo surgiram apenas no século XVII. Em 1862, essapalavra é, pela primeira vez, usada na língua inglesa para “descrever a coleção

de coisas estranhas, raras e exóticas dadas pelo Sr. Elias Ashmole para a Uni-versidade de Oxford”.

G. Ellis Burcaw, no seu livro Introduction to Museum Work, afirma

que “um museu se caracteriza pelas espécies de objetos que coleciona”. Se-

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MUSEUS MILITARES 153

gundo esse conceito, podemos ter museus de arqueologia, de história, de

história natural, de ciência, de geologia e, naturalmente, museus militares.

2. Museus militares

a. Origens

Os museus militares surgiram, quando os nobres começaram a coleci-

onar lembranças e troféus, recolhidos durante as campanhas militares. Na ver-dade, eles só tiveram características genuinamente militares a partir do séculoXIX. Hoje, todas as grandes nações têm excelentes museus como o Museu de

Invalides, em Paris, o Museu Militar da Bélgica, em Bruxelas, o Imperial WarMuseum, em Londres, o Tank Museum, em Bovington, Inglaterra, o MemorialMilitar, em Seul e outros.

No Brasil, a primeira idéia de um museu militar surgiu com D. João VI,ao término da Campanha da Guiana. Entretanto, isso só veio a se tornar realidadeem 1865, com a criação do Museu Militar da Casa do Trem, instalado em duas

salas do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro e em algum espaço ocupado nopátio principal daquela organização militar. Ele foi um dos primeiros museushistóricos do Brasil e, segundo José Neves Bittencourt, talvez possa ser considera-

do o principal antecedente do Museu Histórico Nacional. Nos dias atuais, oExército Brasileiro tem perto de uma centena de museus, em sua maioria apenaspequenas salas de exposição, sendo os principais o Museu Histórico do Exército

e Forte de Copacabana, o Museu Militar Conde de Linhares, ambos no Rio deJaneiro, e o Museu Militar do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre. Outrosmuseus, em todo o País, encontram-se em fase de planejamento e de criação, num

atestado do interesse da Força Terrestre pela preservação da nossa memória militar.

b. Atribuições dos museus militares

A principal missão de qualquer museu é preservar coleções. Entretanto,ele tem uma grande função educativa, que não pode ser minimizada. Além disso,nos dias atuais, os museus estão se transformando em centros de lazer e entreteni-

mento. Por isso, ao se projetar um novo museu, todos esses aspectos devem ser

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MUSEUS MILITARES154

considerados bem como a interatividade entre o visitante e o conteúdo das expo-

sições. A idéia do museu onde as pessoas andam com as mãos para trás, para nãotocar nos objetos, vai aos poucos sendo reavaliada pelos profissionais de museus.

c. Criação de um museu

A criação de museus, no âmbito do Exército Brasileiro, encontra-seregulada pelas IG 20-18 – Instruções Gerais para a Criação, Organização,

Funcionamento e Extinção de Espaços Culturais – e pelas IR 20-18 – Ins-truções Reguladoras para a Criação, Organização, Funcionamento e Extinçãode Espaços Culturais, aprovadas, respectivamente, pelas portarias 327

Comandante do Exército, de 6 julho de 2001 e 17/DEP, de 28 de fevereirode 2003. Analisando esses dois diplomas legais, verificamos que criar ummuseu não é difícil e que desativá-lo já não é tão fácil como o foi no passado.

O surgimento de um museu é sempre bem-vindo, mas a sua criaçãotem de se efetivar em bases sólidas, para que ele não tenha vida efêmera, pois ocomandante, chefe ou diretor da Organização Militar assume um compromis-

so com a sua unidade, com a comunidade e com o Exército. Compromissoeste que deve ser perene e ultrapassar os limites da sua administração, pois acontinuidade é essencial para a preservação do acervo.

Na criação, na organização, no planejamento e na montagem de ummuseu, devemos considerar, entre outros, os seguintes aspectos fundamentais:

– o tema;

– os objetivos;– o acervo existente;– a edificação disponível para a sua instalação e o local onde ela se encontra;

– a estrutura organizacional;– os recursos humanos e financeiros disponíveis; e– a possibilidade de interação com o público.

1) Tema

Em princípio, todo museu deve ter um tema central, que servirá de

orientação geral para o desenvolvimento das suas coleções e exposições. Esse

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MUSEUS MILITARES 155

tema pode ter uma ligação com a história de uma organização militar, arma

ou serviço do Exército, com a vida de um chefe ou herói militar, com algumfeito histórico ou com o sítio histórico onde ele se encontra. Ele está, muitasvezes, explicitado no próprio nome do museu: Museu da Academia Militar

das Agulhas Negras, Museu do Material Bélico, Museu da Força Expedicio-nária Brasileira, Museu de Mallet etc.

2) Objetivos

Na criação de um museu, é importante ter em mente o que se pre-tende com aquela instalação. Como objetivos mais comuns dos museus

militares, podemos citar os seguintes:– destacar os feitos históricos ou os heróis do Exército Brasileiro ou

de uma organização militar;

– mostrar a evolução de uma arma ou serviço;– estimular a vocação para a carreira militar; e– incentivar o interesse pela preservação da memória do Exército.

3) O acervo existente

O acervo disponível e aquele que poderá ser obtido são fatores im-

portantes, pois eles irão influenciar os demais como, por exemplo, o tama-nho das instalações, os recursos necessários para a guarda e exposição domesmo etc.

As formas de obtenção de acervo para um museu e a maneira de con-trolar esse patrimônio serão tratados no capítulo 8 – “Controle do Acervo”.

4) As instalações

Museu é um espaço ativo e dinâmico, onde acontecem exposições,palestras e eventos diversos. É, também, um local para estudos e pesquisas,

onde são desenvolvidas atividades técnicas e artísticas.Os melhores museus são aqueles que ajustam as suas necessidades ao

espaço disponível. A escolha do edifício para abrigar um museu deve merecer

especial atenção. Dificilmente teremos uma edificação especialmente proje-

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MUSEUS MILITARES156

tada e construída para acolher um museu. Normalmente, ela terá de ser adap-

tada para, em boas condições, funcionar como museu e abrigar seu acervo.É importante que o prédio escolhido disponha de espaço para abrigar

as seguintes dependências:

– estacionamento para os veículos dos visitantes;– recepção;– salas para exposições permanentes e temporárias;

– espaço para a reserva técnica;– local para o setor administrativo;– auditório e sala de vídeo;

– espaços para as atividades técnicas;– biblioteca e sala de estudo;– loja de souvenirs; e

– instalações para conforto dos visitantes (sanitários, lanchonetes ourestaurantes).

Qualquer bom museu deve cuidar, da mesma forma, dos objetos

expostos ou não. Nos maiores museus, apenas 1/3 do acervo encontra-se emexposição. Isso significa que deve ser disponibilizado espaço bom e adequadopara os bens não expostos. G. Ellis Burcaw sugere 30% da área para as expo-

sições, 30% para a reserva técnica e 40% para as demais instalações.O museu deve estar numa área de fácil acesso, servida por bom siste-

ma de transporte. Quando estiver instalado no interior de uma organização

militar, a entrada dos visitantes, sempre que possível, deve ser feita por locaisindependentes, que não interfiram nas atividades normais da mesma.

a) Recepção

É espaço de grande importância, devendo ser acolhedor e convidati-vo. É desejável que tenha uma portaria, para recepcionar, orientar, fiscalizar e

controlar o acesso dos visitantes, um local para a guarda de bolsas, sacolas,guarda-chuvas etc., e um livro para registro das visitas.

Na entrada do museu, no lado externo, devem existir informações

sobre os horários de funcionamento, bem como a gratuidade ou não da visitação.

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MUSEUS MILITARES 157

Esquema geral de um museu

Fig 7-1 – Planta Geral de um museu: The Tank Museum, Bovington – Inglaterra

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MUSEUS MILITARES158

b) Salas de exposição

O museu exibe o seu acervo por meio de exposições, que podem ser

permanentes e temporárias.As exposições permanentes são as que têm duração prolongada e ofe-

recem uma visão global do acervo. As temporárias são exposições com dura-

ção limitada e que abordam temas específicos. Servem de atrativo para opúblico e possibilitam expor o acervo das coleções preservadas em reservastécnicas e o de outras instituições ou pessoas físicas.

Uma boa sala de exposições deve atender às seguintes condicionantes:– espaço interno compatível;– bom estado de conservação do prédio e das instalações;

– iluminação e ventilação adequadas; e– segurança contra incêndio, furto e roubo.

(1) Espaço interno compatível

Um dos maiores problemas de qualquer museu é a falta de espaço.Temos, normalmente, mais objetos a expor do que espaço para tal. Caso isso

ocorra, é melhor reduzir o número de bens do que entulhar o salão com umaquantidade excessiva de objetos. Assim, quando não houver suficiente espa-ço, é conveniente:

– exibir os objetos de maior valor histórico;

Fig 7-2 – Recepção de um museu. (Museu da Polícia

Militar de São Paulo – São Paulo)

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MUSEUS MILITARES 159

– guardar os demais na reserva técnica, para eventuais exposições temporárias;

– não aumentar as coleções, salvo quando se tratar de peças de alto valor,ou indispensáveis ao completamento de séries já existentes.

(2) Estado de conservação

As salas de exposição são, na verdade, os locais mais importantes domuseu. Por isso, devem causar a melhor impressão ao visitante.

Uma instalação em mau estado, além de efeito negativo sobre o públi-co, prejudica a exposição e pode pôr em risco o acervo. Entretanto, não se deveter preocupação exagerada com a beleza do ambiente para que ela não venha a

desviar a atenção do visitante, que deve estar voltada para a exposição. Deve-sededicar especial atenção às instalações elétricas e hidráulicas.

(3) Iluminação

Esse assunto foi tratado em capítulo anterior.

(4) Segurança contra incêndio e roubo

Será tratado no capítulo 9.

c) Reserva técnica

Muitos objetos, particularmente em museus de maior porte, passam

a maior parte de sua existência guardados na reserva técnica, que é o local

Fig 7-3 – O excesso de objetos reduz o espaço disponível para a

circulação dos visitantes e para a exposição das coleções.

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MUSEUS MILITARES160

onde ficam os objetos não expostos. Ela deve ser instalada num bloco homo-

gêneo do museu, se possível próximo e independente das demais dependên-cias, de preferência no andar térreo ou no subsolo, nunca nas partes mais altasdo edifício.

Por razões de segurança, o local escolhido deve ter um mínimo de aber-turas, compatíveis com as dimensões dos objetos, e, embora o acesso deva serfácil, deverá estar limitado unicamente a pessoas autorizadas.

As condições ambientais e de segurança devem atender às mesmas exi-gências dos salões de exposição. O material guardado na reserva técnica deveestar identificado, catalogado e arrumado convenientemente. Além da reserva

técnica, é ideal que o museu disponha de uma área, isolada das demais, paraguarda temporária e para descontaminação de objetos que dêem entrada no museu.

d) Setor administrativo

É o local destinado à administração do museu. As suas dimensões irãovariar conforme o tamanho do museu e a sua situação no contexto da adminis-tração do Exército.

e) Auditório e sala de vídeo

Sempre que possível, um museu deverá dispor de um auditório e de

uma sala de vídeo, podendo, quando viável, valer-se das instalações de instru-

Fig 7- 4 – Armas guardadas de forma segura na reserva

técnica. (Museu do Exército, Bruxelas – Bélgica)

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MUSEUS MILITARES 161

ção da Organização Militar, que poderão ser utilizadas para palestras prelimi-

nares e projeções de vídeo ou de CD-ROM, por ocasião de visitas guiadas,com o objetivo de estimular o interesse do público pela visitação.

f ) Espaço para atividades técnicas

Museus de maior porte poderão ter salas de conservação e restauro,oficinas e laboratórios técnicos.

g) Bibliotecas e salas de estudo

É importante que um museu tenha uma biblioteca, por menor que

seja, com obras ligadas ao tema, e uma sala de estudo para atender professorese estudantes.

h) Loja de souvenirs

A loja de souvenirs ajuda na arrecadação de fundos para a manutençãodo museu e colabora na sua divulgação, por meio da venda de brindes, cartões

postais, publicações, miniaturas, reproduções etc.Sempre que possível, é recomendado que fique situada em local de pas-

sagem obrigatória dos visitantes, normalmente na entrada ou na saída do museu.

i) Instalações para conforto dos visitantes

O conjunto de facilidades oferecidas pode ser um fator decisivo no

movimento de visitantes de um museu. Assim, tudo deve ser feito de forma aproporcionar-lhes as máximas condições de conforto, de forma a tornar a visitaa mais agradável possível. Para isso, devem ser previstos:

– bancos em locais apropriados;– áreas reservadas para fumantes;– bebedouros;

– restaurantes e/ou lanchonetes;– locais de informações;– sanitários; e

– facilidade de acesso para deficientes físicos.

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MUSEUS MILITARES162

5) Estrutura organizacional

Os museus militares têm características próprias, e sua organizaçãotem de se adaptar às peculiaridades de cada organização militar e à disponibi-

lidade de recursos humanos e financeiros. As idéias abaixo servem apenascomo referência para que um comandante, chefe ou diretor possa atribuirmissões aos seus auxiliares.

a) Diretor e curador

O diretor é o chefe da administração do museu, devendo, em princí-

pio, ser o comandante, chefe ou diretor da organização militar, podendo

Fig 7-5 – Banco colocado

no interior da exposição, para descanso

dos visitantes. (Museu de Comunicações

e Eletrônica, Kingston – Canadá)

Fig 7-6 – Lanchonete

instalada na área externa do museu,

aproveitando material de

estacionamento. (Museu Militar,

Ottawa – Canadá)

Fig 7-7 – Modelo

de rampa para

deficientes físicos,

particularmente em

cadeiras de rodas.

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MUSEUS MILITARES 163

delegar as funções executivas para um oficial da unidade ou para um voluntá-

rio da reserva. O curador é a pessoa responsável por uma coleção ou por umaexposição do museu. Tanto as funções de diretor quanto a de curador devemser exercidas por pessoas com pendor para a atividade e, também, com bom

relacionamento na guarnição, seja no meio civil seja no militar, particularmentecom os diretores de organizações culturais. Nos museus pequenos, o diretoré, igualmente, o curador, sendo normal ser chamado por este último nome.

Os grandes museus, particularmente os civis, devem ter um curadorpara as principais divisões: um curador para história, um para arte etc.

b) Setores

Qualquer que seja o tamanho do museu, uma boa estrutura adminis-trativa comportará dois ramos distintos: o administrativo e o técnico.

O Setor Administrativo é o normal de qualquer unidade militar.O Setor Técnico, na medida do possível, deve contar com um Depar-

tamento de Museologia, uma Biblioteca e uma Seção de Informática. Além

dos setores acima, o museu pode ter, no mesmo nível dos departamentos,seções de Relações Públicas e de Marketing.

c) Recursos

(1) Humanos

Todo museu deve, sempre que possível, ter o seu próprio pessoal, nossetores e especialidades necessárias, muitas vezes difícil de ser encontrado e con-tratado, visto que são poucas as faculdades que oferecem cursos de Museologia

no Brasil. As deficiências em profissionais nessas áreas poderão ser superadaspelo trabalho de voluntários, particularmente nos museus militares que ne-cessitam de especialistas em armas, viaturas, uniformes, condecorações etc.

Esse óbice pode, também, ser contornado por meio das seguintes providências:– manter contato com museus civis estaduais ou municipais, visando à

obtenção de estágios para o pessoal da Organização Militar;

– realizar visitas a museus, buscando sugestões para a melhoria das exposições;

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MUSEUS MILITARES164

– adquirir bibliografia técnica e assinar revistas especializadas;

– manter contato com a Diretoria de Assuntos Culturais ou com o Mu-seu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, para assessoramento técnico;

– oferecer estágios para universitários.

(2) Financeiros

Os recursos financeiros são essenciais para o funcionamento do mu-

seu e ampliação do acervo. Embora alguns museus se sintam compelidos acobrar ingresso aos visitantes ou a pedir doações, não é comum um museumanter-se integralmente com essas fontes. Acresce a isso o fato de que um

grande percentual daqueles que o visitam é constituído por idosos e estudan-tes, que devem ter acesso gratuito.

As fontes principais de recursos dos museus militares são:

– dotações orçamentárias;– venda de ingressos;– lucro da loja de souvenirs;

– contribuições e doações diversas, particularmente de associaçõesmantenedoras;

– venda de publicações técnicas;

– patrocínios diversos; e– arrendamento de lanchonetes ou restaurantes.Outras fontes importantes, particularmente para o planejamento e a

montagem de museus e exposições, são as leis de incentivo à cultura munici-pais, estaduais e federais, das quais a mais importante e conhecida é a LeiRouanet. Para que o museu possa se beneficiar dessa lei, é preciso elaborar

um projeto detalhado – particularmente com boas justificativas e apuradolevantamento de custos –, encaminhá-lo, por intermédio de uma entidadede direito privado, ao Ministério da Cultura, para fins de aprovação e ob-

tenção da isenção fiscal. De posse do projeto aprovado pelo Ministério daCultura busca-se o apoio da iniciativa privada.

A Fundação Cultural Exército Brasileiro e a Diretoria de Assuntos Cul-

turais estão em condições de proporcionar informações sobre esse processo.

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Page 153: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

MUSEUS MILITARES 165

d. Interação com o público

Os museus mais modernos, particularmente os criados na década de1990, vêm procurando interatividade maior com o público, buscando uma par-ticipação mais intensa do visitante que, nos terminais de multimídia, podem

obter mais informações sobre os assuntos e os objetos expostos.As visitas guiadas são também importantes meios para a divulgação do

acervo. Entretanto, para que isso dê certo, é preciso treinar pessoal para acom-

panhar os visitantes, prestando-lhes todas as informações sobre os objetos expos-tos e estando em condições de responder às perguntas que forem formuladas.

O 8o Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (Niterói – RJ) e oMuseu Histórico do Exército e Forte de Copacabana têm boa experiência naformação de militares para trabalhar como guias e estão em condições de

apoiar outros museus.

3. Funcionamento dos museus militares

Como foi dito anteriormente, ao decidir criar um museu, o coman-dante, chefe ou diretor de uma organização militar assume um compromis-

so com a sua unidade, com o Exército e com a comunidade. Por isso, éimportante entender que o museu deve ser um eficiente instrumento de rela-ções públicas e de consolidação da imagem positiva que o Exército goza

junto ao povo brasileiro. Em conseqüência, o seu funcionamento deve-se

Fig 7-8 – Exemplo de

guia treinado para

demonstração do emprego

de bem exposto.

Foto

: Edu

ardo

G. C

amar

a

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MUSEUS MILITARES166

orientar por normas que, fundamentalmente, tenham por objetivo atingir

esses desideratos. Entre as mais importantes destacamos:

a. Respeito ao horário de funcionamento

A observância do horário de funcionamento deve ser rigorosa. Não éadmissível que o visitante encontre o museu fechado, porque, naquele dia, poruma razão qualquer, não há expediente na organização militar. Isso certamente

causará grande frustração e terá repercussões negativas.

b. Apresentação das instalações

Os nossos quartéis estão sempre limpos e bem cuidados. Entretanto,devemos dedicar uma atenção especial para as áreas por onde os visitantes circula-rão e, em particular, para limpeza das instalações sanitárias.

c. Apresentação do pessoal

Todos aqueles que trabalham no museu ou tenham contato com o visitan-

te devem estar sempre muito bem uniformizados. Quando for possível e desdeque concedida permissão pelo comando superior a que a unidade está subordi-nada, a utilização de trajes especiais contribui sobremaneira para uma boa imagem.

d. Preocupação com o linguajar

É muito comum, particularmente entre os mais jovens, a utilização

irrefletida de palavras pouco recomendáveis. É importante que os guias e todosaqueles que venham a ter contato com o público sejam treinados no sentido deapurar o seu vocabulário, particularmente no que diz respeito ao uso de gírias e

termos comuns à caserna, a maioria deles desconhecida do visitante comum.

e. Tratamento a ser dispensado ao visitante

Neste mesmo capítulo, chamamos a atenção para a importância deter o museu uma entrada independente do aquartelamento, de forma a faci-litar o acesso dos visitantes. Caso isso não seja possível, é fundamental que

sejam adotadas normas especiais, de forma a reduzir ao tempo mínimo in-

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MUSEUS MILITARES 167

dispensável entraves burocráticos e de segurança comuns nos nossos quar-

téis, que podem servir como inibidores do interesse do público pela visitação.

f. Recursos adicionais

Sempre que possível e dependendo da temática e dos recursos finan-ceiros do museu, a presença de meios adicionais como simuladores e objetosseccionados, como os das figuras 6-51 e 6-52, pode-se constituir em atrativo

adicional para o visitante do museu.

4. Museu interativo

Os museus modernos caminham no sentido da interatividade com opúblico. Assim, sempre que for possível, facilitar o acesso do visitante ao

contato com os objetos, respeitadas as normas de segurança, é sempre desejável.

5. Museu dinâmico

O museu não é mais uma entidade estática à espera do visitante. Eledeve ter um dinamismo que deve se refletir na constante preocupação com o

complemento de suas coleções, com o aprimoramento das exposições e como enriquecimento do acervo. Deve, também, procurar expandir as suas ativi-dades além dos limites físicos das suas instalações por meio de exposições

itinerantes, aproximando o museu do seu público-alvo.

6. Marketing

A população brasileira tem, na maioria das nossas cidades, inúmeras opçõesde lazer. Embora a visita a espaços culturais, particularmente museus, seja uma delas,

a realidade é que eles não estão entre as nossas principais preferências, em virtudeda pouca divulgação que é dada por parte da mídia do nosso País. Temos muitosbons museus, inclusive militares, não só no Exército como na Marinha e na Força

Aérea. Quem visita esses museus gosta e acaba voltando, trazendo outras pessoas.

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MUSEUS MILITARES168

Trabalhar o marketing do museu ou da exposição é muito importante

para atrair visitantes. Embora esta seja uma atividade para especialistas, comcriatividade, interesse e dedicação, muita coisa pode ser feita. Listamos a seguiralgumas idéias que podem ajudar nesse sentido:

– colocar, na área externa, na entrada do museu, alguma peça (umcanhão, um carro-de-combate) que possa chamar a atenção do público;

– na área que circunda o museu, substituir muros por grades, de forma a

que as pessoas possam ver parte do material que está exposto ao ar livre;– se a unidade tiver uniforme histórico, colocar um sentinela trajando o

mesmo, particularmente nos dias de maior movimento, como mostra a figura 7-9;

– buscar contato com os estabelecimentos de ensino, para o serviço deagência educativa. Se disponível, oferecer transporte;

– confeccionar folders de divulgação do museu e distribuí-los em outros

espaços culturais;– fazer contato com outros museus na cidade, visando à divulgação

mútua dos horários de funcionamento;

– tentar contato com as autoridades locais de turismo, a fim de incluiro museu nos circuitos turísticos da cidade;

– fornecer à imprensa resumos sobre as exposições existentes; e

– convidar jornalistas, diretores de escolas e faculdades, empresários edirigentes de entidades classistas para conhecer o museu.

É importante ter em mente que dificilmente iremos atrair visitantes,

oferecendo-lhes apenas cultura. O principal chamariz deve ser o lazer, no

Fig 7-9 – Soldado trajando

uniforme histórico

na entrada do museu. (Museu do

Exército, Istambul – Turquia)

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MUSEUS MILITARES 169

qual a cultura estará inserida. Por essa razão, atividades especiais como de-

monstrações de ordem unida, educação física, cães amestrados, motociclis-tas, concertos de bandas de música, realizados em horários especiais podemcontribuir bastante para atrair público para o museu. Outras instalações como

bibliotecas, cinema e sala de vídeo complementam o conjunto do museu,transformando-o num centro cultural e de lazer.

É preciso lembrar que as exposições temporárias são, em verdade, o

principal meio para se manter um fluxo constante de visitantes. É importan-te que o museu tenha uma programação anual de exposições, montadas pelasua equipe ou por oferecimento do espaço para outras entidades.

Fig 7-9 – Parte interna

de um folder de museu.

Observação: a parte

externa contém informações

semelhantes às do folderda Fig 7-10.

(Museu Militar Conde de

Linhares – Rio de Janeiro)

Fig 7-10 – Parte externa

de um outro folder.Detalhe: contém informações

sobre os horários de

funcionamento, preço do

ingresso, calendário

dos eventos especiais e como

chegar até lá.

(Imperial War Museum,

Duxford – Inglaterra)

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Page 158: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

CONTROLE DO ACERVO176

por ocasião da edição deste trabalho, estiverem adotando outros modelos,

não necessitam fazer mudanças nesse sentido.Além de catalogados, os objetos, sempre que possível, devem ser

fotografados com seu número de registro.

c. Arquivo documental

O melhor momento para identificar um objeto é quando ele está

sendo registrado e catalogado. A existência, na biblioteca do museu, de obrasde referência e a reunião numa pasta de todas as informações sobre ummesmo objeto (dossiê) são extremamente importantes para a pesquisa e para

a montagem de exposições.

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CONTROLE DO ACERVO174

2. Controle do acervo

Como vimos anteriormente, os espaços culturais, mais precisamenteos museus, junto com as bibliotecas e os arquivos, são importantes instituições

responsáveis pela preservação da memória de uma nação.Os museus preservam, essencialmente, objetos e, nesse processo, desta-

ca-se, pela sua fundamental importância, o controle do acervo sob sua guarda,

tanto aquele exposto nos salões quanto aquele que se encontra em reserva téc-nica e, até mesmo, o que se desloca para outros locais, por força de emprésti-mos, comodatos, transferências ou para exposições itinerantes.

O processo de controle do acervo se faz por meio de um conjunto deações que, no caso dos espaços culturais do Exército, têm caráter obrigatório.São elas:

– registro ou inventário do bem;– preenchimento da ficha de catalogação;– abertura de um arquivo documental (dossiê) para cada peça; e

– arquivamento da documentação de aquisição.

a. Registro

É feito atribuindo-se um número permanente ao objeto, por ocasiãode sua entrada no museu, fruto de uma aquisição. Ele se faz por meio dopreenchimento de uma ficha de entrada ou de um livro de capa dura, os quais

devem ser guardados em lugar seguro e à prova de fogo e manuseados exclusi-vamente por pessoas autorizadas. No caso de registros informatizados, é conve-niente tê-los, também, em papel.

Existem vários sistemas de numeração. O mais simples é o seqüencial, apartir do número 1, com 5 dígitos (exemplo: objeto no 00045), recomendadopela Diretoria de Assuntos Culturais para todos os espaços culturais.

Esse número será o mesmo em todos os fichários e deverá ser escritoou afixado de forma permanente na peça, em local discreto mas lógico, fácil deser encontrado, pequeno mas legível e protegido do desgaste.

Para aplicar essa numeração num objeto, proceder da seguinte maneira:

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CONTROLE DO ACERVO172

Quando o prazo for superior a um ano, devem ter aprovação prévia da Dire-

toria. Em ambos os casos, deverá ser preenchido um formulário de emprés-timo, conforme o modelo do Anexo C.

d. Comodato

É a forma de aquisição na qual um objeto é emprestado gratuita-mente ao espaço cultural por tempo determinado ou não. O Termo deComodato (Anexo D) deverá ser renovado anualmente.

e. Permuta

É a troca de objetos entre o espaço cultural e uma entidade, públicaou privada, ou uma pessoa física, a fim de completar as suas coleções. Toda

permuta de objetos pertencentes ao acervo dos espaços culturais do Exércitodeve ter prévia aprovação da DAC.

f. Transferência

É o deslocamento de uma peça de um museu militar para outro.

Tem sua origem na DAC, por sua iniciativa ou acolhendo proposta de umespaço cultural.

Deve, sempre que possível, ser evitada. Será feita para completar co-

leções ou quando o objeto estiver sendo utilizado pela organização militarapenas para decoração.

g. Compra

É a aquisição de um objeto mediante pagamento em dinheiro aolegítimo dono. A compra de objetos pelos espaços culturais é recomendadaquando houver disponibilidade de recursos para esse fim. Ao realizá-la, é

importante, antes de tudo, examinar a documentação do bem e o seu estadode conservação e observar as normas administrativas em vigor.

h. Política de aquisição

É muito comum as pessoas procurarem os espaços culturais, particu-

larmente os museus, para fazer doações de objetos que, para elas, já não têm

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CONTROLE DO ACERVO170

Controle do acervo

8

1. Teoria da coleta de objetos

Os museus se interessam por objetos. Eles são o ponto de partida deum museu e de qualquer atividade por ele realizada.

Os objetos justificam os museus. De todas as espécies de instituições,sejam elas educacionais, culturais ou de serviço público, somente o museu éfundamentado no princípio de que selecionar e preservar objetos é impor-

tante para as pessoas, hoje e no futuro.Os objetos podem ser categorizados com base no seu uso potencial.

Uma coleção de móveis pode pertencer a um museu histórico, a um de arte,

a um de botânica ou a um de tecnologia.O valor de um objeto depende de como ele serve para atender aos ob-

jetivos do museu. Num museu de arte, os objetos devem proporcionar prazer

estético, exprimir emoções, estimular e inspirar a imaginação. Num outro tipode museu, eles devem contribuir para a educação e para o estímulo intelectual.Em ambos os casos, também servem, indiretamente, para atrair visitantes.

Qualquer que seja a motivação das pessoas, os museus colecionampara preservar objetos de aparente ou possível valor, que possam ser perdidosno futuro, e reuni-los a outros para uso.

Como já vimos anteriormente neste trabalho, não podemos colecionar epreservar todos os objetos que existem e, conseqüentemente, cada museu deveter uma teoria para a coleta de objetos, pois ela, obviamente, tem de ser seletiva.

Por isso, é importante que o museu tenha um programa de coleta, em princípio,

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Page 162: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

SEGURANÇA 177

Segurança

9

1. Introdução

Durante vários séculos, as nações reuniram nos museus coleções de obje-tos para fins de pesquisa e preservação, incluindo obras de arte, espécimes cien-

tíficos e de história natural, antiguidades etc. Bens esses de incalculável valormonetário e histórico, cuja perda, por qualquer forma, pode representar enor-me prejuízo. Por essa razão, em todo o mundo, os espaços culturais se deparam

com o grave problema da segurança do acervo, assim como o das suas instala-ções e das pessoas que ali estão trabalhando ou visitando. Os nossos espaçosculturais, como entidades depositárias responsáveis pela guarda, preservação e

divulgação da memória do Exército, devem encarar a questão da segurançacomo de importância fundamental. A perda de testemunhos materiais, querhistóricos, artísticos ou científicos, e de vidas humanas significará sempre um

grande prejuízo, muitas vezes irreparável.A palavra segurança, quando aplicada aos espaços culturais, particular-

mente aos museus e às salas de exposição, significa a arte da proteção de cole-

ções, informações, equipamentos, instalações, visitantes e funcionários con-tra qualquer tipo de ameaça. Para que seja eficaz, requer um planejamentodetalhado, pois, nesse campo, não há espaço para improvisações.

Um bom plano de segurança deve ter os seguintes objetivos:– impedir os danos ou a perda de objetos do acervo e da documentação

relativa (proteção do acervo);

– prevenir danos às instalações e aos equipamentos (proteção das instalações);

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Page 163: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

SEGURANÇA178

– proporcionar segurança aos funcionários e aos visitantes (proteção

das pessoas).As principais categorias de ameaças são:– fogo;

– furto e roubo;– vandalismo;– desastres naturais;

– condições inadequadas de guarda e exposição; e– falta de cuidado no manuseio.No planejamento da segurança de um espaço cultural, devemos ter em

mente que o acervo e o patrimônio necessitam de proteção durante vinte e qua-tro horas por dia. Em conseqüência, poderemos ter, durante esse período, quatrosituações distintas, que devem ser consideradas na adoção das medidas necessárias.

– Situação I – O espaço cultural está fechado ao público e aos funcio-nários (normalmente entre 22h e 6h). Nessa situação, há a utilização máximados sistemas de segurança e alarme e a mínima utilização de funcionários.

– Situação II – O espaço cultural está fechado ao público, mas osfuncionários estão trabalhando (normalmente das 6h às 10h e das 17h às 20h).Nessa situação, a utilização moderada ou nenhuma aplicação do pessoal de

segurança é combinada com o uso moderado dos sistemas de alarme.– Situação III – O museu está aberto ao público, enquanto os funcioná-

rios estão trabalhando (normalmente das 10h às 17h, nos dias de semana). Uso

máximo do pessoal de segurança nas áreas abertas ao público e moderado dossistemas de alarme, particularmente para proteção das exposições.

– Situação IV – O museu está aberto ao público, mas os funcionários não

estão trabalhando (normalmente das 10h às 17h, nos fins de semana e feriados).

2. Proteção do acervo e das instalações

a. Segurança do acervo

O coração do museu é o acervo. A primeira obrigação de um museu

é reconhecer e assumir as responsabilidades inerentes à posse dos bens que lhe

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SEGURANÇA 179

foram confiados. As perdas de objetos devido a práticas internas deficientes e

má gestão devem ser evitadas a todo custo.As principais medidas de segurança básica do acervo de um museu são:– ter todos os bens, estejam eles expostos ou não, devidamente inven-

tariados, por meio do registro e da catalogação, conforme abordado no capítulo8 deste trabalho. Esse procedimento é essencial para desestimular o furto e oroubo de bens e para a recuperação dos objetos, particularmente no que tange à

descrição detalhada de cada peça e à existência de registros fotográficos das mesmas;– identificar, de forma segura, a origem de qualquer objeto cuja aqui-

sição tenha sido realizada por meio de um dos processos citados no capítulo 8;

– adotar sistemas seguros de marcação e identificação dos objetos, deforma a evitar a sua remoção ou substituição;

– adotar medidas rígidas em relação ao movimento interno e externo

de peças, a fim de evitar perdas ou danos aos bens durante o seu trânsito;– emprestar objetos somente quando forem asseguradas, pela entida-

de solicitante, as condições essenciais de segurança, tanto na exposição como

no trânsito e na guarda;– não permitir o deslocamento de peças sem autorização, mesmo

internamente;

– não permitir que os objetos sejam manuseados por pessoas não qua-lificadas e em desacordo com os conhecimentos técnicos essenciais citadosanteriormente neste trabalho;

– não permitir que qualquer objeto seja exposto ou guardado emcondições ambientais desfavoráveis, que possam contribuir para a aceleraçãodo seu processo de deterioração;

– adotar as medidas essenciais para impedir qualquer ato de vandalis-mo que ponha em risco o objeto;

– verificar se os pedestais nos locais de exposição e as prateleiras na

reserva técnica estão em condições de suportar o peso dos objetos;– cuidar para que os quadros estejam seguramente pendurados;– evitar a utilização de flashes fotográficos em locais onde estejam

expostos documentos, pinturas, gravuras, fotografias etc.

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SEGURANÇA180

– limitar o número de visitantes em cada salão, de forma a impedir

que eventuais congestionamentos possam pôr em risco os objetos expostos;– ter especial atenção com crianças, principalmente as de menor idade;

1) Proteção contra o fogo

O fogo é, seguramente, uma das maiores ameaças ao acervo de um espa-ço cultural. Sua ação pode causar os danos mais devastadores aos objetos. Peças

furtadas, roubadas ou danificadas podem ser recuperadas e restauradas. Em umincêndio, aquilo que o fogo não destruir, a ação para eliminá-lo certamente o fará.

O fogo é definido como uma reação química entre o oxigênio e um

material combustível, onde a rápida oxidação resulta em calor, luz e fumaça. Elese desenvolve em quatro estágios: inicial, fumaça, chama e calor intenso.

Para que haja fogo, é necessária a concorrência dos seguintes fatores:

– calor;– material combustível; e– comburente (oxigênio do ar).

As principais causas potenciais de incêndio são:– o estado da instalação elétrica (sobrecarga devida à adição de novos

equipamentos, fiação em mau estado, incorreto dimensionamento da rede

elétrica, uso de extensões e de benjamins etc.);– cigarro;– materiais inflamáveis (tintas, solventes, embalagens, material de

limpeza etc.) expostos ao superaquecimento; e– uso de maçaricos, soldas e equipamentos de corte.A proteção contra o fogo se dá por meio:

– da prevenção;– da detecção; e– do combate ao incêndio.

a) Prevenção

Quando falamos em incêndio, prevenir é sempre melhor do que re-

mediar, particularmente se considerarmos que 70% dos sinistros ocorrem à

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SEGURANÇA 181

noite, isto é, quando não existem equipes prontas para o combate imediato ao

fogo. As medidas de proteção devem ser praticadas por todos aqueles quetrabalham no espaço cultural e incluem:

– inspeções periódicas nos circuitos elétricos, para o levantamento de

componentes com defeitos;– instalação de dispositivos de proteção contra sobrecargas nos cir-

cuitos elétricos;

– inspeção periódica nos equipamentos elétricos, particularmenteaparelhos de ar-condicionado;

– proibição rigorosa do fumo nas salas de exposição e na reserva téc-

nica. Avisos devem ser colocados em locais variados, informando a proibiçãode fumar e uma severa vigilância deve ser exercida. Áreas específicas para essefim devem ser destinadas;

– armazenagem de produtos inflamáveis em recipientes adequados,em quantidades limitadas e em locais seguros, fora da área que abriga as cole-ções. Quando for preciso utilizá-los, colocá-los em bandejas, a fim de impedir

que se espalhem pela dependência se os mesmos forem derrubados;– manutenção de áreas de trabalho e de guarda sempre arrumadas;– utilização de materiais resistentes ao fogo na confecção de painéis e

no revestimento de paredes e vitrinas;– manutenção das rotas de escape e das saídas de emergência desimpedidas;– à noite, desligar aparelhos elétricos tais como cafeteiras, copiadoras,

ventiladores, impressoras etc., e esvaziar as lixeiras e cestas de papel.

b) Detecção

Apesar de adotadas as medidas de prevenção sugeridas acima, há que seatentar para a possibilidade da ocorrência de um incêndio. Se isso vier a aconte-cer, é essencial que ele seja detectado no começo, quando as chances de controle

e extinção do foco são muito maiores e os danos pequenos.O fogo pode ser detectado em seu estágio inicial, até mesmo antes

do aparecimento de chamas, por intermédio de sistemas que devem operar

24 horas por dia e cuja sofisticação dependerá das dimensões do espaço cul-

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SEGURANÇA182

tural, do valor do acervo por ele guardado, dos tipos de ameaça existentes e

do número de visitantes e funcionários nas instalações, numa mesma ocasião.As pessoas constituem bons detectores de fogo, porque podem sentir

o cheiro da fumaça antes mesmo de vê-lo. Entretanto, um bom sistema de

detecção deve ter um funcionamento ininterrupto. Nesse sentido, os dois ti-pos principais de sistemas de detecção são os detectores de fumaça e de calor.

Os de fumaça usam unidades fotoelétricas ou à base de ionização,

que assinalam a presença de partículas no ambiente e acionam um alarme.Apresentam uma resposta mais rápida do que os de calor, mas são mais sus-cetíveis a falsos alarmes.

Os de calor são mais baratos, mas não são tão sensíveis quanto os defumaça. São instalados no teto e adequados para áreas onde os de fumaça nãotêm condições de funcionar. Sua resposta é mais lenta.

Os detetores de fumaça são os melhores detetores automáticos, mas,ainda assim, em alguns locais devem ser complementados com os de calor.

Cada dependência do museu, particularmente aquelas mais vulnerá-

veis devem ter um detetor.O projeto e a instalação de qualquer sistema de detecção devem ficar

a cargo de firmas especializadas.

c) Combate

Um sistema de detecção e alarme só tem efeito se combinado com o

de combate. O combate ao incêndio deve ser planejado e esse plano deveincluir obrigatoriamente:

– transmissão remota do alarme de incêndio para a unidade do Corpo

de Bombeiros;– designação de funcionários destinados a adotar as primeiras medi-

das e acionar as equipes de combate;

– operação e manutenção de um sistema automático de extinção deincêndios (sprinkler);

– treinamento de todos os funcionários no uso de extintores de incêndio

e nos procedimentos a adotar em caso de sinistro; e

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SEGURANÇA 183

– previsão da remoção, quando houver tempo e for seguro, de im-

portantes objetos da coleção para locais previamente estabelecidos.Os principais equipamentos de combate a serem empregados nas

instalações são:

– extintores de incêndio;– sprinklers; e– caixas de incêndio.

(1) Extintores de incêndio

Existem três classes de extintores de incêndio: A, B e C.

O Anexo M apresenta os diversos tipos de extintores existentes nomercado e a sua aplicação nas diferentes modalidades de incêndio.

Todos os funcionários devem estar treinados para reconhecer o tipo

de incêndio, a classe de extintor adequado para combatê-lo e como utilizar oequipamento. Os extintores devem ser instalados em locais bem visíveis e defácil acesso, vistoriados periodicamente e recarregados anualmente.

(2) Sprinklers

O método mais efetivo para reduzir ao mínimo as probabilidades

de sinistro graças aos incêndios é a instalação e a manutenção de um siste-ma automático de sprinklers. Ele é composto de uma rede de tubos de águainstalados no teto das salas, com saídas espaçadas denominadas “cabeças”, que

se abrem quando a temperatura no local atinge determinado valor, liberandouma descarga de água na área do incêndio.

Fig 9-1 – “Cabeça” de

um sistema sprinkler.

Foto

s: Ja

yme

Cre

spo

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SEGURANÇA184

(3) Caixas de incêndio

A caixa de incêndio é um equipamento de primeira intervenção, alimen-tado com água.

Este equipamento é composto por:

– torneira que interrompe a chegada da água à bobina;– bobina com alimentação axial;– mangueira rígida de 20m a 30m de comprimento; e

– registro difusor.As caixas de incêndio permitem uma ação muito mais possante e

eficaz que os extintores.

2) Procedimento diante do fogo

Em caso de incêndio, os seguintes procedimentos deverão ser adotados

simultaneamente:– desligar a eletricidade;– conservar a calma e o sangue-frio, jamais gritar “incêndio”;

– chamar o posto de guarda, utilizando os meios à disposição (caixasde alarme, telefone etc.);

– fazer, de forma tranqüila, a evacuação do público o mais rápido

possível, orientando-o para as saídas de emergência;– jamais utilizar os elevadores para evacuar o público;– combater o fogo desde o início do incêndio por meio dos recursos

adequados;– iniciar a evacuação do acervo, quando recomendado;– receber os bombeiros na sua chegada ao museu, para conduzi-los

aos locais do sinistro e fornecer-lhes todas as informações que possam facili-tar a sua intervenção;

– reforçar a segurança do acervo durante a evacuação do público, a

fim de evitar furtos de objetos;– não abrir as portas de locais abrangidos pelo incêndio se não houver

meios adequados para combatê-lo;

– evitar as correntes de ar que avivam as chamas;

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SEGURANÇA 185

– evitar locais com muita fumaça;

– cobrir a boca e o nariz com pano úmido e ficar abaixado, porque oar respirável fica próximo do chão;

– atacar o objeto que está queimando e não as chamas;

– utilizar, de preferência, um jato difuso, em vez de jato direto quepode causar graves danos;

– se o fogo for no chão, apagá-lo primeiro embaixo e depois subir se-

guindo o fogo;– se abandonar o local do incêndio, fechar a porta atrás de você; e– se estiver de fora, atacar o fogo sempre com o vento pelas costas.

b. Proteção contra furtos e roubos

A proteção contra furtos e roubos deve ser uma preocupação constan-

te, particularmente porque o acervo pode despertar a cobiça de muitas pessoas.O sistema de proteção deve ser projetado para atender a dois períodos

distintos: o de visitação e o de fechamento.

Durante o horário de visitação, a proteção deve ser feita por meio de:– pessoal de vigilância, distribuído em postos pelos salões de exposição;– sistema de circuito interno de TV;

– detectores de metal instalados na saída do espaço cultural ou nossalões de exposição; e

– alarmes de aproximação em áreas abertas.

A localização dos postos de vigilância deve ser cuidadosamente estu-dada e fazer parte da planta geral do espaço cultural (projeto de segurança –ver exemplo da figura 7-1, página 157). Eles são coordenados por um posto

central, para onde convergem as diferentes informações que se referem à se-gurança, e é de lá que saem as intervenções em caso de incidente.

O pessoal encarregado da vigilância deve ser treinado para identificar,

rapidamente, atitudes suspeitas ou ações de ladrões.Fora dos horários de visitação, a proteção pode ser obtida por meio de:– fechamento adequado de portas e janelas;

– sistemas de alarme antifurto; e

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SEGURANÇA186

– vigilância externa.

A proteção contra furtos deve ser complementada com a proibiçãodo ingresso de visitantes portando bolsas ou sacolas que possam esconder oproduto de um furto. Para isso, a portaria deve ter um local apropriado para

a guarda de volumes.

c. Proteção contra vandalismo

Vandalismo é todo dano ou destruição causado intencionalmente.Em geral, é obra de um indivíduo, seja por curiosidade, maldade ou outromotivo qualquer (político, religioso etc.).

O vandalismo é, normalmente, incentivado pelos seguintes fatores:– instalações sujas e mal conservadas;– evidências de atos de vandalismo anteriores não eliminados;

– espaços não vigiados e mal iluminados; e– falha do espaço cultural na missão de educar os visitantes.Os atos de vandalismo são muito variados, podendo ir de toques

inocentes, mas danosos, a rabiscos de crianças ou cortes com lâminas.Para impedir ou restringir esses atos, devem ser adotadas as seguin-

tes medidas:

– manter as instalações limpas;

Fig 9-2 – Um bom sistema

de vigilância, interno

e externo, utilizando câmaras

de TV, economiza pessoal e

dá mais garantias contra furtos,

roubos e atos de vandalismo.

(Museu Militar Conde

de Linhares – Rio de Janeiro)

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SEGURANÇA 187

– instruir o público sobre aquilo que é permitido ou não fazer;

– exercer vigilância em todas as áreas, por meio de pessoas ou decâmaras de TV;

– colocar os objetos, particularmente os de maior valor, de preferên-

cia, dentro de vitrinas ou protegidos por anteparos transparentes, fora doalcance das pessoas;

– instalar barreiras de corda, de veludo, de metal, de acrílico etc., a

fim de afastar o público dos objetos; e– instalar sistemas de alarme nas áreas onde estiverem sendo expostos

objetos fora de vitrinas ou sem a proteção de anteparos.

d. Cuidados especiais com a segurança das armas

As armas integrantes do acervo da maioria dos museus militares sem-

pre despertaram grande interesse, particularmente entre os colecionadores.

Fig 9-3 – Central de

monitoramento das imagens

transmitidas pelas câmaras

de segurança.

(Museu Militar Conde de

Linhares – Rio de Janeiro)

Fig 9-4 – Sensor de presença,

instalado num diorama aberto.

(Museu de Comunicações e

Eletrônica Kingston Canadá)

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SEGURANÇA188

Embora as armas de fogo dessas coleções, em sua quase totalidade, não este-

jam mais em uso pelas Forças Armadas, sua munição ainda é fabricada ecomercializada, tanto no Brasil como no exterior, o que as torna, também,objeto da cobiça de delinqüentes.

Para os efeitos deste trabalho, são adotadas as seguintes conceituações.– Arma exposta: é aquela colocada fora do local de guarda com aces-

so restrito (reserva técnica), para fins de exposição ou decoração, em ambien-

te de livre circulação ou acesso.– Grande coleção de armas e munições: é aquela que possui quanti-

dade superior a 100 (cem) armas, ou aquela que, por sua característica, exija

cuidados especiais de guarda e segurança.– Grande coleção de armamento pesado e de viaturas militares: é

aquela que possui mais de 20 (vinte) viaturas ou peças de artilharia.

A Diretoria de Assuntos Culturais recomenda as seguintes medidasde segurança para as coleções dos museus, situadas em locais de guarda comacesso restrito ou livre.

1) Local de guarda com acesso restrito (reserva técnica) deve:

– possuir paredes, piso e teto resistentes;– ter portas resistentes e possuir fechaduras reforçadas, com no

mínimo 2 (dois) dispositivos de trancamento;

Fig 9-5 – Grande coleção de armamento pesado.

(Museu Militar Conde de Linhares)

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SEGURANÇA 189

– dispor de grades de ferro ou de aço nas janelas localizadas no andar

térreo ou nos superiores, caso permitam acesso fácil pelo exterior; e– impedir a visão, pela parte externa, de qualquer peça da coleção.2) Armas expostas em local de guarda com acesso livre devem estar nas

seguintes condições:

– inoperantes, por meio da remoção de uma peça de seu mecanismode disparo, que deverá ficar guardada em cofre ou depósito semelhante, e

com um aviso indicando esse estado (ver figura 6-20, página 131); ou– afixadas a uma base (alvenaria ou concreto), por meio de barra,

corrente ou cabo de aço (diâmetro mínimo de 5mm), trancada com cadeado

ou soldada;– quando a arma estiver exposta no interior de vitrinas, estas deverão

ser compactas, de difícil remoção e desmontagem, e o material transparente

deverá ter resistência a impacto superior a 90 kg/m² (650 lb./ft).As munições e explosivos devem estar inertes, a fim de não represen-

tar risco aos visitantes e ao acervo.

Deve-se evitar a presença de pólvora, estopilhas e de qualquer outrotipo de material passível de combustão espontânea.

Para as grandes coleções e as que tenham em seu acervo armas auto-

máticas – conservadas, montadas e em condições de pleno funcionamento –e que tenham munições disponíveis no mercado interno ou externo, é reco-mendável que estejam em recinto próprio especial, vigilância permanente,

sistema de alarme, cofres e outros sistemas, podendo estar em mais de umlocal de guarda.

As viaturas blindadas deverão estar desativadas e inoperantes, e o seu

armamento deve ser alvo das medidas já recomendadas.

e. Proteção contra desastres naturais

Dentre os desastres naturais, as enchentes constituem a maior ameaçaao acervo do museu, particularmente para tecidos, couros e papéis, podendoprovocar danos irreparáveis. Os museus situados em áreas sujeitas a esse

fenômeno devem adotar as medidas de prevenção adequadas.

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SEGURANÇA190

Os museus localizados em cidades sujeitas a chuvas torrenciais, par-

ticularmente no verão, devem, sempre que possível, evitar ter a exposiçãode acervo ou a instalação da reserva técnica no andar superior da edificação,próximo do telhado.

3. Proteção e segurança das pessoas

Os museus são responsáveis pela segurança e proteção dos seus fun-cionários e dos visitantes. Por essa razão, da mesma forma que planejamos asegurança do acervo e das instalações, devemos planejar a segurança das pes-

soas que se encontram no interior, trabalhando ou visitando.A segurança das pessoas pode estar, em muitas situações, intimamente

ligada à do acervo e à das instalações. Se um visitante, por exemplo, inadver-

tidamente, esbarrar num pedestal onde se encontra exposta uma peça de realvalor, provocando a sua quebra, poderá ser ferido pelos estilhaços do objeto.

No planejamento da segurança das pessoas, devemos considerar vários

aspectos. Entre os mais importantes, destacamos:– controlar o fluxo de visitantes nos salões de exposição, de forma a

evitar a superlotação nos ambientes;

– expor os objetos sempre com segurança, de forma a impedir ouevitar acidentes;

– instalar, nos locais mais críticos, equipamentos de segurança como

corrimão em escadas, fitas antiderrapantes, iluminação de emergência, bar-

Fig 9-6 – Exemplo de

barreira de vidro.

(Memorial de Ataturk

Ankara – Turquia)

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SEGURANÇA 191

reiras de corda, de metal ou de acrílico, conforme mostram as figuras 4-17

(página 62) e 9-6;– sinalizar corretamente eventuais obstáculos que possam provocar acidentes;– evitar a instalação de pisos escorregadios nas dependências do museu;

– evitar que o visitante tenha acesso a áreas congestionadas portandoobjetos pontiagudos; e

– instalar e sinalizar corretamente saídas de emergência para visitantes

e funcionários.

4. Sistemas de alarme

As medidas de segurança sugeridas neste capítulo devem ser com-plementadas por sistemas de alarme disponíveis no mercado, que devem

cumprir três funções básicas:– detecção de uma anomalia, por registro de fenômenos mecânicos

ou elétricos;

– transmissão de informações pelo canal de circuitos elétricos; e– difusão de sinais de alarme luminoso ou sonoro.Todos os sistemas possuem uma central de alarme, à qual são transmi-

tidos os diferentes sinais e chamadas.Os dispositivos de alarme devem ter as seguintes características:– devem ser mantidos permanentemente em estado de alerta. É indis-

pensável que toda ruptura de circuito dispare um alarme;

Fig 9-7 – Viatura

calçada, de forma a impedir

o seu deslocamento

acidental. (Museu do Exército,

Bruxelas – Bélgica)

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SEGURANÇA192

– ter alimentação elétrica permanente. Devem admitir uma fonte

auxiliar de energia (pilha, bateria ou gerador de eletricidade), que mantenha ainstalação em funcionamento em caso de corte ocasional ou intencional deenergia elétrica;

– pluralidade dos pontos de difusão do alarme. A partir da central, oalarme deve ser difundido a vários pontos, principalmente aos locais onde seencontram, permanentemente, os funcionários de plantão.

A escolha do sistema adequado, o seu projeto, a instalação e a manu-tenção dos equipamentos devem ser confiados a firmas especializadas, capazesde oferecer os melhores equipamentos para as necessidades do museu, parti-

cularmente em função da constante evolução tecnológica nessa área.

5. Outras medidas de segurança

Os visitantes devem ser instruídos sobre aquilo que é permitido ou não fazer.Sempre que possível, o museu deve possuir um sistema de sonorização

geral, que permita difundir informações e orientar os visitantes quando necessá-rio, particularmente para evitar o pânico em caso de acidentes.

As viaturas e as armas de grande porte sobre rodas devem, sempre que

possível, estar sobre cavaletes ou então ter o seu deslocamento acidental impe-dido por meio de calços, como mostra a figura 9-7.

No interior das vitrinas que contenham objetos de grande valor e

armas, bem como nos dioramas abertos, como o da figura 9-4, devem serinstalados equipamentos especiais de detecção e alarme.

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Page 178: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 193

A – Modelo de certificado de doação

B – Modelo de agradecimento por doação

C – Modelo de formulário para empréstimo de objetos

D – Modelo de termo de comodato

E – Modelo de ficha de catalogação

F – Níveis de umidade recomendados

G – Esquema auxiliar para o planejamento de exposições

H – Materiais utilizados na montagem de exposições e noacondicionamento de acervos museológicos

I – Fornecedores de equipamentos e produtos

J – Relação do acervo existente

K – Alterações com o acervo

L – Memento para visitas e inspeções em espaços culturais

M – Extintores de incêndio e suas aplicações

Anexos

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ANEXOS194

Anexo A

Modelo de certificado de doaçãoCertificado de Doação

Eu, ....................................., ...................................., .............................. (Nome do doador) (Nacionalidade) (Estado civil)

residente à ..............................................................................................,proprietário dos bens abaixo descritos, e tendo autoridade legal para deles medesfazer, expresso, por meio deste, o meu desejo de doá-los incondicionalmente aoExército Brasileiro.

Descrição dos bens doados:..................................................................................... . . . . . .......................................................................................... . . . . . .......................................................................................... . . . . . .....

Para levar a cabo este meu desejo, por este instrumento, dou, transfiro edestino a dita propriedade, livre de qualquer ônus, ao Exército Brasileiro, renuncian-do a toda propriedade, direitos, títulos e posse, tudo de conformidade com o CódigoCivil Brasileiro.

Declaro, também, que a doação das citadas propriedades não obriga o doadoa conceder ao doador e seus herdeiros qualquer privilégio e que a transferência depropriedade dos bens aqui descritos é feita em benefício da criação, operação e ma-nutenção de museus militares ou outras organizações culturais do Exército Brasileiro.

Declaro também que o sistema de catalogação utilizado pelo Exército re-quer que meu nome e endereço sejam mantidos nos arquivos da instituição e queisto não significa uma invasão da minha privacidade.

Local ......................................., .......... de ...................... de ............

.............................................................(Assinatura do doador)

Identidade: ....................................

Eu, ..................................................., ......................, ................................ (Nome do Diretor do Museu) (Posto) (Função)

aceito, em nome do Exército Brasileiro, a doação dos bens acima descritos.Local ............................................, ........... de .......................... de ............

............................................................................................Assinatura do Diretor do Museu ou seu representante

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Page 180: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 195

Anexo B

Modelo de agradecimento por doação

Local ......................................., ......... de ....................... de ...........

Ilmo(a) Sr(a) ............................................................................................

O ............................................., pela sua diretoria, expressa a V. Sa./ (Nome da entidade)

V. Exa os seus agradecimentos pela doação ...............................................................................................................................................................,

(Nome do(s) objeto(s) doado(s))

que vem/vêm completar a nossa coleção......................................................, (Nome da coleção)

aumentando o patrimônio cultural desta instituição.Atenciosamente,

...................................................................Diretor do Museu

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ANEXOS196

Anexo C

Modelo de formulário paraempréstimo de objetos

.........................................................................(Espaço Cultural)

Formulário de empréstimo de objeto

Espaço cultural solicitante: ........................................................................Endereço:.................................................. Telefone: ..............................Descrição dos objetos cedidos e seu estado de conservação:......................................................................................................................................................................................................................................Finalidade do empréstimo: ............................................................................................................................................................................................Período: .............................. Autorização da DAC: ....................................Condições do empréstimo:.........................................................................................................................................................................................

Local .............................., ......... de .................... de .........

......................................................................Assinatura do responsável (solicitante)

Autorização Data de saída: ..........................

.............................................. .............................................................. Diretor do Museu Assinatura do responsável (cedente)

Devolução

Data: ...................................................................................................Estado: ...................................................................................................

...................................................................Assinatura de quem recebeu

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Page 182: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 197

Anexo D

Modelo de termo de comodato

Pelo presente instrumento particular de COMODATO, de um lado................................................ (nome, nacionalidade, estado civil, pro-fissão, identidade, CPF e endereço, ou nome e função, quando se tratar deuma entidade), de ora em diante denominado simplesmente COMODANTE,e, de outro lado, ............................................. (nome, nacionalidade, es-tado civil, profissão, identidade, CPF e endereço, ou nome e função, quandose tratar de uma entidade), de ora em diante denominado simplesmenteCOMODATÁRIO, têm justo e contratado o seguinte:

1. O COMODANTE, na qualidade de proprietário (ou diretor dainstituição proprietária) de ...........................................................................(descrever o bem), o empresta ao COMODATÁRIO, para uso exclusivo.................................................. (descrever a finalidade do empréstimo)pelo período de ..............(anos, meses, semanas etc), ao término do qualdeverá devolvê-lo nas mesmas condições e estado em que recebeu.

2. Para efeito deste termo, o(s) referido(s) objeto(s) tem/têm o valorde R$ .................................. (também por extenso).

3. O COMODATÁRIO se obriga a utilizar os bens com o máximo cui-dado e zelo, não podendo cedê-los ou emprestá-los a terceiros, a qualquer título.

4. Em caso de extravio, roubo ou furto, fica o COMODATÁRIO obri-gado a substituí-los por outros em iguais condições.

5. CLÁUSULA ESPECÍFICA (quando for o caso).6. Fica eleito o foro da cidade de .......................................... para

dirimir qualquer dúvida referente ao presente termo.E assim, por estarem de acordo com os termos acima, assinam o presen-

te instrumento na presença de testemunhas e em duas vias de igual teor.

Local ......................................., ....... de ......................... de ...........

Comodante: ...........................................................................................Comodatário: ............................................................................................Testemunhas: ..........................................................................................................................................................................................................

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ANEXOS198

Anexo E

Ficha de catalogação(Frente)

No de registro Nome do objeto

Propriedade

Forma de aquisição Data da aquisição

Nome e endereço do doador

Localização Material Cor

Dimensões Peso País de Origem

Classificação Artista ou Localização dafabricante assinatura/marca

do fabricante

Período ou datade fabricação

Descrição física

Condições Físicas Valor Monetário Foto Negativo No

Histórico e Significado

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ANEXOS 199

Continuação do Anexo E

Ficha de catalogação(Verso)

No de registro de itens Emprestado a ou recebidopor empréstimo de

Observações Datas de manutençãoou inspeção

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Page 185: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS200

Continuação do Anexo E

Ficha de Catalogação(Descrição dos campos)

No de registro: número dado pelo museu ao objeto, conforme previsto no Capí-tulo 8. Objetos em pares ou conjuntos, tais como cadeiras idênticas, aparelhosde jantar etc., devem ser catalogados separadamente, recebendo cada peça umnúmero de registro. Entretanto, no verso da ficha, na casa “Observações”, devemser anotados os números de registro das peças relacionadas entre si. Partescomponentes de um item devem ser tratadas como um objeto separado, mas como mesmo no de registro. Quando o objeto for emprestado, manter o no original.Nome ou tipo de objeto: escrever de forma concisa o nome do objeto e especificá-lo,conforme o sistema de classificação adotado.Forma de aquisição: doação, empréstimo, legado, coleta, etc.Data de aquisição: data em que o item foi incluído no acervo.Propriedade: coloque o nome da instituição proprietária ou de quem emprestouo bem.Nome e endereço do doador: colocar o endereço com CEP e até mesmo telefone.Localização: registrar a lápis em que local o objeto se encontra.Material: listar os principais materiais de que é feito o objeto.Cor: descrever a cor predominante.Dimensões: colocar as medidas exatas tais como comprimento, altura, largura,profundidade e diâmetro, quando for o caso, sempre na mesma ordem.Peso: registrar o peso exato.País de origem: lançar o país de origem e, se possível, a localidade.Classificação: de acordo com o tesauro elaborado pela DAC.Período ou data de fabricação: registrar tanto o período (século .... ) como adata. Quando não souber a data exata, coloque a mais aproximada. É importantelembrar que o ano de fabricação nem sempre é o ano do modelo.Artista ou fabricante: Colocar o nome completo do artista que fez o objeto, seconhecido, ou o nome da firma fabricante.Localização da assinatura ou da marca do fabricante: registrar em que local dapeça se encontra essa informação.Descrição física: registre as características mais marcantes do objeto que não

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Page 186: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 201

tenham sido colocadas nos itens anteriores, tais como estilo, forma e detalhes deestilo. É um retrato escrito do objeto. Lançar toda e qualquer alteração que possaservir para facilitar a identificação.Condições físicas: descrever sucintamente em que estado se encontra o objeto,se tem partes quebradas, arranhadas ou faltando. Utilizar a casa “Observações”no verso para complementar as informações. Os fragmentos do objeto devem sermantidos junto com ele, identificados com o mesmo número e, quando for ocaso, guardados em saco plástico. Os objetos devem ser classificados em Novo,Excelente, Muito Bom, Bom, Regular e Mau, dependendo de vários fatores taiscomo percentual de peças originais e acabamento, estado da numeração ou daidentificação do fabricante, restaurações efetuadas etc.Valor monetário: sempre que possível, o valor estimado do bem deve ser coloca-do. Quando não se dispõe desse valor, lançar um aproximado, devendo ser atu-alizado periodicamente.Foto negativo no: número do negativo da fotografia do objeto, quando existente.No caso de fotos digitais, indicar nome do arquivo e onde se encontra.Histórico e significado: um histórico do objeto deve ser registrado, com informa-ções tais como a quem pertenceu ou usou e o que o tornou significativo para ahistória e para o espaço cultural. Colocar as fontes usadas para essas informações.Emprestado ou recebido por empréstimo de: registrar aqui a quem e quandoo objeto foi emprestado ou de quem e quando ele foi recebido por empréstimo.No de registro de itens relacionados: registrar o número de outras partes com-ponentes do item, quando essas partes se constituírem em objetos separados.Observações: registre aqui tudo que de relevante houver sobre o objeto e não foiincluído nos espaços anteriores.

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Page 187: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS202

Anexo F

Níveis de umidade recomendados

1 – Cerâmicas, terracota e pedra: 20 a 60%

2 – Couro: 45 a 60%

3 – Espécimes de ciência natural: 40 a 60%

4 – Fotografias e filmes: 30 a 45%

5 – Madeiras pintadas e envernizadas: 45 a 60%

6 – Metais: 0 a 35%

7 – Materiais plásticos: 30 a 50%

8 – Mobiliário: 40 a 60%

9 – Moedas: 20 a 40%

10 – Objetos taxidermizados: 40 a 60%

11 – Papel: 50 a 60%

12 – Pintura sobre madeira e escultura policromada: 45 a 60%

13 – Pintura sobre tela: 40 a 55%

14 – Vestuário, têxteis, tapetes e tapeçaria: 30 a 50%

15 – Vidro: 40 a 60%

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Page 188: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 203

Anexo G

Esquema auxiliar para o planejamentode exposições

Título da exposição: Os índios norte-americanos

Objetivo: Contrapor-se às idéias estereotipadas a cerca do índio norte-ameri-cano; mostrar a diversidade de culturas e suas relações com o meio-ambiente.

RESUMO

1. NUNCA HOUVE UM ÍNDIONORTE- AMERICANO TÍPICO

2. Por toda a América, os índios moravam emdiferentes tipos de casa e se vestiam de formavariada. Eram caçadores, pescadores ou lavrado-res. A maneira como viviam era influenciada pe-los locais que habitavam e pelas plantas e animaisque podiam dispor. Houve sete áreas culturais.

3. No Ártico, os esquimós utilizavam barcosfeitos com peles, para caçar baleias, morsas efocas. Algumas vezes, suas casas foram cons-truídas com madeira flutuante e outras com blo-cos de gelo. A palavra “iglu” significa “casa”;assim, tanto pode ser de madeira como de gelo.

4. A abundância da vida marinha e o desenvolvi-mento de técnicas de preservação de alimentospermitiram que as tribos da costa noroeste crias-sem aldeias permanentes e desenvolvessem umaorganização social altamente complexa.

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OBJETO

Letras com 10 cm,em 3 D

Mapa com fotos/desenhosde casas relativas a cadaárea cultural. Delinear asáreas do mapa.

Objetos: equipamento depesca, ferramentas, brin-quedos e roupas.Fotos: caçadores em seus bo-tes de pele, casas de madeira.Desenhos: como construirum iglu de gelo.

Objetos: caixas de madei-ra, equipamentos de pesca,ferramentas de madeira,cobertores, máscaras, cho-calhos, objetos de cobre.

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Page 189: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS204

Anexo H

Materiais utilizados na montagem de exposições e noacondicionamento de acervos museológicos

1 – FITA FILMOPLAST P – TRANSPARENTE (52 FFP)

Fita de papel transparente, com pH neutro, livre de polpa de madeira ouácido, revestida com carbonato de cálcio e com adesivo solúvel em água.Adequada para reparar “a seco” páginas rasgadas, prender e alçar fotografias egravuras leves e retocar as dobras de mapas ou outros papéis. Adere a filmesde poliéster, podendo ser também usada como etiqueta, já que aceita inscri-ção à tinta. Encontra-se disponível em rolos de 2 cm x 50 m.

2 – FITA FILMOPLAST P90 – PAPEL

Fita de papel branca, com pH neutro, revestida com carbonato de cálcio elivre de fibras de madeira. Sensível à pressão, com fibras longas e resistentesa envelhecimento e rasgos. Recomendada para reparar junções, prender eremendar bordas avariadas de documentos, páginas de livros etc.

3 – FITA FILMOPLAST SH – LINHO BRANCO

Fita adesiva fina de tecido branco para prender e reforçar livros a seremrecosturados, fazer alceamentos, pastas e envelopes. Possui alta flexibilidade e,além de não manchar, é adequada para dobrar.

4 – FITA FLIMOPLAST T – RAYON

Feita com tecido rayon e adesivo acrílico, esta fita é ideal para recuperar livrose lombadas.

5 – FACA OSBORNE No 925 (56 FOSFO01)

Esta faca é apropriada para desbastar couro, possuindo uma lâmina especial.

6 – LÂMINA OSBORNE No 925B (56 LOSL001)

É a lâmina própria para ser usada na Faca Osborne no 925.

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Page 190: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 205

7 – CANETA PRETA “PIGMA PEN” (56 PPENP)

Caneta com tinta preta, acid free no 005. Usada em documentos que precisamser conservados.

8 – ESPÁTULA TÉRMICA (56 ESP)

Sealector II Tacking Iron – 115V.

9 – THERMOPAPER (56 THER)

Pode ser encontrado em envelopes com 50 unidades (150 vF a 65,6º C).

10 – FILIFOLD DOCUMENTA (51 FFD)

Papel alcalino, imune à proliferação de fungos e bactérias, especialmente de-senvolvido para acondicionar e preservar documentos, cópias fotográficas epapéis em geral. Apresenta longevidade superior a 300 anos, sendo fabricadona cor palha.

11 – FILIFOLD DOCUMENTA LAMINADO (51 FFDL)

Cartão composto por duas camadas de Filifold Documenta unidas com colaneutra, não alterando a propriedade alcalina nem a longevidade do papel. É apro-priado para confecção de embalagens e suporte de obras em molduras. Encontra-se disponível na cor palha, com 600 g/m2 de gramatura e formato 74X112cm.

12 – FILIFOLD DOCUMENTA LAMINADO PLASTIFICADO (51 FLPFDL)

Trata-se, na verdade, do papel Filifold Documenta Laminado plastificadoexternamente com polietileno. Encontra-se disponível com 600 g/m2 degramatura e formato 74X112 cm.

13 – FILIFOLD DOCUMENTA PLASTIFICADO (51 FPFD3)

É o Papel Filifold Documenta plastificado externamente em polietileno. En-contra-se disponível com 300 g/m2 de gramatura no formato 76X114 cm.

Obs: A relação completa dos equipamentos e materiais usados na corsevaçãoe no restauro pode ser obtida no site www.casadorestaurador.com.br.

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Page 191: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS206

Anexo I

Fornecedores de equipamentose produtos

1. EQUIPAMENTOS

a. Desumidificadores de ar ambiente1) Desumidificador DEUMID-AIR 28OS ou 38OS com umidostato

Fabricação e venda: FARGON Engenharia e Indústria Ltda.

Rua Guaratiba, 167 – Santo Amaro – São Paulo – SPTel: PABX (11) 523-7211

2) Desumidificador MACLAM com umidostato

Fabricação e venda: MACLAM Indústria e Comérciode Refrigeração Ltda.Rua Mem de Sá, 102 – Loja – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Tel: (21) 2242-6871 / 2221-2659 / 2222-7911

b. Esterilizadores de ar1) Esterilizador de ar CLOVER

Fabricação e venda: CLOVER Eletrônica Ltda.Rua Mosela 1239 – Petrópolis – RJ – Tel: (22) 243-4026

Distribuição: DISCLOVERAv. Rio Branco, 45 sala 711 – Centro – Rio de Janeiro – RJTel: (21) 2263-3677; 2263-2748

c. Equipamentos de monitoração ambiental1) Higrômetro de ambiente HAENNI 300 R

2) Termômetro de ambiente HAENNI 96 R3) Termo-higrógrafo, fabricação Renê Graf mod. Termograf 508

Fornecedor: RENÉ Graf Comercial e Técnica S.A.

Av. Francisco Matarazzo, 1055 – São Paulo – SPTel: (11) 872-0055 – Telex: (11) 21668;Av. Suburbana, 2540 – Higienópolis – Rio de Janeiro – RJ

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Page 192: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 207

Tel: (21) 2280-8232 – Telex: (21) 22518;

Av. Cairu, 601 – Porto Alegre – RSTel: (0512) 243-1511 – Telex: (51) 2631

4) Psicrômetro giratório INCOTERM ref. PSI 5204Fabricação e venda: INCOTERM Indústria de Termômetros Ltda.Estrada Eduardo Prado, 1670 – Ipanema – Porto Alegre – RS

Tel: (512) 481366, 48-1470 – Telex: (51) 2394Representantes: LUMAP – RepresentaçõesAv. Marechal Rondon, 1155 Bl. 6 Apto 203 – Rocha

Rio de Janeiro – RJ – Tel: (21) 2201-2207

5) Termo-higrógrafo Hidrologia S.A. mod. THG 1

Fabricação e venda: HIDROLOGIA S.A. Engenharia,Indústria e ComércioRua Maia Lacerda, 663 – Estácio – Rio de Janeiro – RJ

Tel: (21) 2273-8212, 2273-9697 – Telex: (21) 22186

2. PRODUTOS PARA CONSERVAÇÃO

a. Filme de poliéster para envelopamento de originais fotográficos1) Filme de poliéster THERPHANE/RHODIA (espess 0,05mm)

Fabricante: RHODIA S.A.

Av. Maria Coelho Aguiar, 215 Bloco B – São Paulo – SPTel: (11) 545-1122Fornecedores: MICA ROLL Indústria e Comércio Ltda.

Rua Prudente Soares – SP – Caixa Postal: 42687Tel: (11) 274-8835, 274-8624, 274-8729Representante no Rio de Janeiro: Sr. Jorge Corrêa

Av. Camões, 527 – Penha Circular – Tel: (21) 2270-2113

b. Papéis para envelopes e entrefolhamento de originais fotográficos1) Papel SALTO NEUTRO (60 g/m2 e 80 g/m2 )

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16207

Page 193: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS208

Fornecedor: ARJOMARI DO BRASIL Comércio e Indústria Ltda.

Rua Cristiano Viana, 91 – São Paulo – SPTel: (11) 282-2366 – Telex: (11) 30358

2) Papéis para suporte, confecção de caixas e montagem deoriginais fotográficos

a) Papel VELIN SALTO (185 g/m2 e 300 g/m2)

Fornecedor: ARJOMARI DO BRASIL Comércio e Indústria Ltda.Observação: este papel pode ser encontrado a varejo em papelariasespecializadas como CASA CRUZ.

Rua Ramalho Ortigão, 26/28 – Largo de SãoFrancisco – Rio de Janeiro – RJTel: (21)2221-0549

b) Papel filtrante FITEC (250 g/m2)Fabricação e venda: FITEC Indústria e Comércio de Filtros Ltda.Rua Martin Hein, 480 – Jardim Alvorada – Jandira – São Paulo

Tel: (11) 427-3266Representantes no Rio de Janeiro: Sr. Maus Gastam Pinto KoeppeAv Rio Branco 311 – Sala 501

Tel: (21) 2220-8898c) Cartão Reforço (450 g/m2 , 300 g/m2 e 150 g/m2)

Fabricação e venda: Cia. De Zorzi de Papéis

Fazenda Coruputuba – Caixa Postal 01 – Pindamonhangaba – SPTel: (0122) 42-2122 – Telex: 0122-353

d) Jaquetas, protetores e porta-folhas de poliéster para

acondicionamento de microformasFabricante: ARRUDA Ultrason Ltda. São Paulo – SPDistribuidor: XIDEX do Brasil Ltda.

Av. Rio Branco, 45 Grupo 1414 – Rio de Janeiro – RJTel.: (21) 2253-0644XIDEX do Brasil Ltda.

Rua Montalverne, 1083 – Jardim Piratininga – Osasco – São Paulo

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16208

Page 194: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 209

Tel. (11) 801-1865

MARJORI Comércio Importação e Representação Ltda.Praia do FIamengo, 278 Conj 62 – Rio de Janeiro – RJTel: (21) 2552-4299 / 2552-5048

c. Pastas suspensas com hastes plásticasFabricação e venda: TELOS S.A. Equipamentos e Sistemas

Rua Sumidouro, 169/175 – São Pauto – SPTel: (11) 815-3866Rua Sen Dantas, 75, 22o and. Conj 2204 – Rio de Janeiro – RJ

Tel: (21) 2220-8180

d. Adesivos1) Carboximetilcelulose (CMC)

Fornecedor: B. HERZOG Comércio e Indústria S.A.Rua Miguel Couto, 131 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Tel: 2233-7948, 2233-98452) Cola Metylan

Fabricação e venda: HENKEL S.A. Indústrias Químicas

Rua Barão do Flamengo, 22 grupo 401 – FlamengoRio de Janeiro – RJTel: (21) 2265-9499

Fornecedor: SAINT HONORÉ Com. Imp. e Exp. Ltda.Rua São Francisco Xavier, 318 Loja A – Rio de Janeiro – RJTel: (21)2284-9590, 2264-3347

3. LUVAS PARA MANUSEIO DE MATERIAIS FOTOGRÁFICOS

a. Luvas de suedine e helancaFabricação e venda:Fábrica de Luvas EVARua dos Italianos, 999 – Bom Retiro – São Paulo

Tel: (11) 221-6291 / 221-2707 / 221-6711

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16209

Page 195: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS210

b. Luvas de algodãoFornecedor: RAVAGLIO & Cia Ltda.Rua João Ziebarth, 9 – Vila Nova – BlumenauSanta Catarina

Tel: (47) 323-1320

4. PAPÉIS PARA IMPRESSÃO DE FOTOS E TEXTOS

a. Alto brilho (tamanhos A3 e A4)– Glossy paper – 150 g/m2

– Glossy adesivo – 85 g/m2

– Glossy card – 180 g/m2

b. Semi brilho tamanhos A3 e A4)– Full color paper – 95 g/m2

– Full color paper dupla face – 95 g/m2

– Full color card – 180 g/m2

– Full color card dupla face – 180g/m2

c. Aplicações diversas– Glossy pérola adesivo – 60 micra frontal (A3 e A4)– Transparência adesiva – 100 micra frontal.(A3 e A4)

– Inkjet film transparência – 100 micra (A4)– Magnetic paper – glossy adesivo + manta magnética (A4)Fornecedor: Carimsistem – Sistemas de Impressão Ltda

Rua do Propósito, 9-A – Gamboa – RioTel: (21) 2516-2529 – Fax: (21) 2263-1310

5. PRODUTOS E EQUIPAMENTOS USADOS NA

CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

Casa do Restaurador

Rua Nhu-Guaçu, 105Campo Belo – São Paulo – SPTel: (11) 5561-3128 – Fax: (11) 530-8119

Site: www.casadorestaurador.com.br

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Page 196: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 211A

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Page 197: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS212A

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Page 198: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 213

Anexo L

Memento para visitas e inspeçõesem espaços culturais

1. RESERVA TÉCNICA

a. Destinação Sim Não

1) A área da reserva técnica é usada unicamente para a guardade objetos.2) Líquidos e materiais inflamáveis são guardados fora da

reserva técnica.

Deficiências:

Ação corretiva:

b. Espaço físico1) As dependências estão fora de áreas inundáveis.2) As dependências estão numa área que não será inunda-da por força do rompimento ou vazamento de tubulações

de água e esgoto.3) O espaço é adequadamente preparado para manter ascondições ambientais recomendadas.

4) Se a dependência tem janelas, elas estão isoladas e trancadas.5) As dependências têm o menor número possível de por-tas, de maneira a aumentar a segurança e o controle ambiental.

6) A área da reserva técnica está, tanto quanto possível, livrede tubulações de água, vapor e esgoto.7) A área está livre de válvulas ou medidores de água, luz e gás

que requeiram monitoramento ou reparos por pessoal externo.8) A área disponível é suficiente para a movimentação daequipe e dos objetos, sem obstáculos (Ex: portas estreitas,

escadas apertadas e tetos baixos).

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16213

Page 199: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS214

9) O espaço existente é suficientemente amplo para a guarda

dos objetos e dos que poderão chegar no futuro.10) A área está convenientemente organizada de forma apermitir fácil acesso aos objetos e aos equipamentos.

11) Os armários para guarda dos objetos estão em bomestado, livres de ferrugem e com boa vedação.12) As prateleiras abertas estão em bom estado, sem saliências

que possam danificar os objetos.13) Os objetos colocados nas prateleiras não estão uns sobreos outros.

14) Os armários e as prateleiras estão colocados em cima desuportes com altura de 5 a 10 cm acima do solo, comoprecaução contra inundações e para facilitar a limpeza do

chão e a inspeção contra pragas.15) Os objetos delicados estão acondicionados em caixasfechadas com o interior em isopor.

16) Os objetos no interior dos armários e gavetas estão con-venientemente colocados de forma a evitar danos por oca-sião de aberturas e fechamentos.

Deficiências:

Ação corretiva:

2. O MEIO AMBIENTE INTERNO

a. Temperatura e umidade relativa do ar1) Os níveis, nos salões de exposição e na reserva técnica, são

monitorados diariamente.2) As observações diárias são registradas, com anotações so-bre as variações nas condições climáticas e de visitação que justi-

fiquem as alterações nas leituras de temperatura e umidade.

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16214

Page 200: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 215

3) Os registros das leituras de temperatura e umidade do ar e das

observações diárias são revistos e analisados mensalmente, paradeterminar a freqüência, a extensão e as causas das flutuações.4) Os níveis de temperatura e umidade em cada ambiente, de

acordo com a natureza do material exposto ou guardado, es-tão de acordo com o preconizado nas Normas.

Deficiências:

Ação Corretiva:

b. Luz1) O nível de luminosidade e duração do espectro de luz visível é

monitorado e preenche os padrões estabelecidos nas Normas.2) Os níveis de iluminação natural são registrados semestralmente.3) Os níveis de luz natural registrados estão dentro de valores

aceitáveis.4) A radiação UV é controlada por meio de materiais de filtragem.

Deficiências:

Ação corretiva:

c. Pragas1) Inspeções periódicas para a constatação da presença deinsetos, mofo e outras infestações são conduzidas continua-mente, especialmente em relação ao acervo.

Deficiências:

Ação corretiva:

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16215

Page 201: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS216

d. Poeira1) Os objetos expostos em áreas não protegidas da poeiraficam sempre cobertos.2) A poeira, na reserva técnica e nos salões de exposição, é

controlada e faz parte do plano de conservação.

Deficiências:

Ação corretiva:

3. SEGURANÇA

a. Controle de chaves1) Chaves da reserva técnica e das vitrinas são fornecidas

somente ao pessoal diretamente responsável pelas coleções.2) A entrega de chaves é estritamente controlada por meiode recibos.

Deficiências:

Ação corretiva:

b. Controle do acesso1) Existem normas escritas para o controle do acesso às cole-ções por parte do pessoal de fora, pesquisadores e visitantes.2) Todos os visitantes, pesquisadores e pessoas de fora que

entram na reserva técnica são acompanhados durante todoo tempo de permanência.3) O acesso de visitantes e pesquisadores é controlado por

meio de registro escrito, indicando o nome, endereço, data,hora de entrada e de saída e a razão da visita.4) As regras para abertura e fechamento das áreas estão escritas,

aprovadas e são praticadas.

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16216

Page 202: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 217

5) Os objetos expostos têm proteção adicional em ocasiões

de alto risco.6) As entradas nas áreas de exposição e na reserva técnica sãocontroladas e equipadas com portas de metal ou de madeira

maciça, com fechaduras de segurança.7) Existem, nos salões de exposição e na reserva técnica, sis-temas de alarme adequados ao provável risco, em virtude

da natureza dos objetos expostos e guardados.8) Os sistemas de alarme são inspecionados, e realizadas ma-nutenções periódicas.

9) Os objetos pequenos, altamente sensíveis e de grande valorsão guardados em armários ou vitrinas fechadas e trancadas.10) Os objetos insubstituíveis, particularmente sensíveis

ou valiosos, usados nas exposições, estão protegidos emvitrinas e outros meios que proporcionam proteção con-tra furtos ou vandalismo.

Deficiências:

Ação corretiva:

4. PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

1) Os sistemas de detecção e combate instalados são ade-quados ao risco envolvido, à natureza das coleções existen-

tes e à estrutura que as abriga.2) Os sistemas de detecção e combate são inspecionados esofrem manutenção regularmente.

3) Existem extintores em número e tipo adequados à natu-reza das coleções, ao tamanho da área a ser protegida e capa-zes de conter vários tipos de incêndio.

4) Os extintores são recarregados anualmente.

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16217

Page 203: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS218

5) O pessoal que trabalha está treinado para o uso adequado

dos extintores.6) Os objetos colocados no alto das prateleiras ou em vitri-nas não obstruem as cabeças de descarga dos sistemas auto-

máticos de combate.7) As estruturas e os locais que abrigam as coleções (paredes,tetos, pisos, portas, janelas etc.) são feitos de materiais os

mais resistentes possíveis ao fogo.8) Todos os registros feitos em papel estão guardados emarmários em condições de resistir a temperaturas elevadas

durante uma hora.9) A mídia magnética (disquetes, fitas etc.) está acondicionadaem caixas que mantêm a temperatura em níveis suportáveis.

Deficiências:

Ação corretiva:

5. LIMPEZA E MANUTENÇÃO

1) Existe um plano de limpeza escrito para a reserva técnicae para os salões de exposição.2) A limpeza é realizada de acordo com o plano.

3) O plano de limpeza é revisto e atualizado anualmente.4) Fumar, beber e comer é proibido por escrito.

Deficiências:

Ação corretiva:

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16218

Page 204: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 219

Cada classe de incêndio exige ação adequada. Extintor inadequado pode causaroutros danos. Para maior proteção, conheça os tipos básicos de extintores ecomo usá-los.

1) GÁS CARBÔNICO (CO2)O CO

2 (dióxido de carbono) é um agente extintor

não tóxico, não condutor de eletricidade, de baixíssima

temperatura, que recobre o fogo em forma de uma cama-da gasosa, isolando o oxigênio indispensável à combus-tão, extinguindo o fogo por abafamento. Devido a sua

baixa temperatura, o CO2 proporciona ao operador uma

cortina de proteção contra o calor irradiante. É indicadopara incêndios da CLASSE “B” (líquidos inflamáveis e cor-

pos gordurosos) e da CLASSE “C” (equipamentos elétricos).Não tem contra indicação. Age como coadjuvante em incêndios da

CLASSE “A” (Combustíveis secos como: madeira, papel, tecido, entulhos etc.).

2) PÓ QUÍMICO SECO

O pó químico seco é um agente extintor de grandee comprovada eficiência. Ao entrar em contato com as cha-

mas, o pó se decompõe, isolando rapidamente o oxigênioindispensável à combustão e extinguindo o fogo por abafa-mento. É expelido do extintor em forma de uma nuvem,

que também protege o operador contra o calor irradiante.É indicado contra incêndios CLASSE “B” (líquidos infla-máveis e corpos gordurosos) a CLASSE “C” (equipamen-

tos elétricos). Não tem contra indicação, devendo também ser usado na açãocontra incêndios em gases inflamáveis, inclusive os liquefeitos de petróleo (GLP).

Anexo M

Extintores de incêndioe suas aplicações

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16219

Page 205: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS220

3) ESPUMA QUÍMICA

A espuma é um agente extintor de fogo em formade um líquido espesso, obtido por reação química de duassoluções específicas. Sua ação é a de extinguir o fogo por

abafamento e, como efeito secundário, por umídificação.É de grande eficiência no combate a incêndios da CLASSE

“B” (líquidos inflamáveis e corpos gordurosos), podendo

ser empregados nos da CLASSE “A” (combustíveis secos)devido a sua ação umidificante.

Contra-indicação: Não deve ser usado contra incên-

dios da CLASSE “C” (equipamentos elétricos energizados).

4) ÁGUA GÁS

Age como coadjuvante em incêndios da CLASSE

“A” (combustíveis secos como: madeira, papel, tecido, en-tulhos etc.). A ação da água é a de resfriamento, tornando

a temperatura inferior ao ponto de ignição. Esse tipo deincêndio predomina em armazéns, depósitos, carpintarias,fábricas de papel, fábricas de tecidos etc.

Contra-indicado para incêndios da CLASSE “B”

(líquidos inflamáveis e corpos gordurosas) ou da CLAS-

SE “C” (equipamentos elétricos quando em carga).

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16220

Page 206: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

ANEXOS 221

CLASSES DE

INCÊNDIO

ADe superfície eprofundidade:panos, lixos,

fibras, madeira,papéis

BDe superfície:

querosene.gasolina, óleos,tintas, graxas,

gases etc.

CEquipamentos

elétricos

Comooperá-los

Efeito

Recarga

GásCarbônico

Sim(sem grandeeficiência)

Sim(com bomresultado)

Sim(com ótimoresultado)

1. retire ogrampo;2. aperteo gatilho;3. dirija ojato para a

base do fogo.

Abafamento eresfriamento

Revisarsemestralmente

e quando opeso cair mais

de 10%.

ÁguaGás

Sim(com ótimoresultado)

Não(contra-

indicado)

Não

(perigoso,conduz

eletricidade)

1. abra aválvula do gás;

2. dirija ojato para a

base do fogo.

Resfriamento

Revisarsemestralmente

e quando opeso cair mais

de 10%.

EspumaQuímica

Sim(com bomresultado)

Sim(com ótimoresultado)

Não

(perigoso,conduz

eletricidade)

1. vire oaparelho coma tampa para

baixo;2. dirija ojato para a

base do fogo.

Abafamento eresfriamento

Revisar erecarregá-loanualmente.

Pó secoQuímico

Sim(sem grandeeficiência)

Sim(com ótimoresultado)

Sim(pode causar

dano aoequipamento)

1. abra aválvula do gás;

2. aperte ogatilho;

3. dirija ojato para a

base do fogo.

Abafamento

Revisar erecarregarquando o

manômetroindicar forade operação.

Quadro indicativo de uso – Tipos de extintores

12 - Anexos.pmd 22/10/2008, 14:16221

Page 207: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

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Page 210: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

BIBLIOGRAFIA 225

Composição e diagramação MURO Produções Gráficas

Quantidade de páginas 228

Formato 16 x 23cm

Mancha 28 x 42 paicas

Tipologia AGaramond

Papel de miolo Offset 75g

Papel de capa Cartão Supremo 240g (plastificada)

Impressão e acabamento Sermograf Artes Gráficas e Editora Ltda.

Fotolito do miolo Sermograf Artes Gráficas e Editora Ltda.

Fotolito de capa Sermograf Artes Gráficas e Editora Ltda.

Tiragem 3.000 exemplares

Término da obra Abril de 2005

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Page 211: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

BIBLIOGRAFIA226

Composição e diagramação

MURO Produções Gráficas

Tel.: (21) 2275-6286

Impresso nas oficinas da

Sermograf – Artes Gráficas e Editora Ltda.

Rua São Sebastião, 199 – Petrópolis – RJ

Tel.: (24) 2237-3769

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Page 212: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

BIBLIOGRAFIA 227

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Page 213: Preservação e Difusão Do Patrimônio Cultural Do Exército Brasileiro

BIBLIOGRAFIA228

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