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PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO

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PRÊMIO PROFESSORES

DO

BRASIL – 3ª EDIÇÃO

PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL 3ª EDIÇÃO

CATEGORIA – EDUCAÇÃO INFANTIL

VAMOS APRENDER COM A M.P.B? BA

SUMÁRIO

SÍNTESE

1.0. OBJETIVO GERAL..........................................................................6

1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................6

2.0. RELATO DA EXPERIÊNCIA............................................................6

3.0. CONTEXTUALIZAÇÃO..................................................................19

4.0. JUSTIFICATIVA.............................................................................20

5.0. RESULTADOS OBTIDOS..............................................................21

6.0. AVALIAÇÃO...................................................................................21

REFERÊNCIAS

ANEXOS

SÍNTESE

Durante o ano de 2007 foi observado que o repertório musical das crianças da nossa escola era bastante restrito e com grande apelo sexual. Sempre que eram estimuladas para cantar logo começavam a entoar o pagode do momento, acompanhado de um vocabulário inadequado para a idade e coreografias extremamente erotizadas, porém entendíamos que isso era reflexo do meio e do seu contexto social. A partir daí surgiu o desejo de proporcionar a estas crianças o contato com outros ritmos e estilos musicais já que a música e a dança era de grande interesse delas e o nosso país rico em musicalidade.

É importante relembrar que o contato com a arte, exemplificada aqui pela arte musical, foi valorizado por diferentes motivos, nas mais variadas culturas, e pode ser um importante meio de estimular a criatividade e a crítica, pois é possível estabelecer correlações entre a criatividade e a criação de diferentes formas de pensar ou entender o mundo. Ao mesmo tempo, a música pode possibilitar à criança a expressão de uma forma autônoma e livre, e se comunicar com os demais indivíduos.

Trabalhar com a música na educação infantil é importante não só como entretenimento, mas no auxílio do aprendizado da fala, como o de aprender a ouvir e na coordenação motora. A música tem ainda, o dom de aproximar as pessoas; a criança que vive em contato com a música aprende a conviver melhor com as outras crianças e estabelece um meio de se comunicar muito mais harmonioso do que aquela que é privada da música; em contra partida, quando aprende a tocar algum instrumento, também aprende a ficar sozinha, sem se sentir solitária ou carente de atenção.

Outro fator importante é que a música é pura matemática e certamente aqueles que a estudam desenvolvem maior capacidade de aprendizado nessa matéria. Ëlia Fernandes defende que “uma criança que tenha uma boa educação musical será um ótimo aluno nas diversas áreas como matemática, português e nas áreas que requerem mais criatividade”. Além desses motivos a importância de propiciar as crianças o contato com a história da música e com um repertório musical de qualidade, partindo do pressuposto do papel fundamental da língua materna para a ampliação do repertório lingüístico das mesmas e a aquisição do conhecimento do meio físico e sócio-cultural a que se repitam o contexto das músicas populares brasileiras, é de grande relevância trabalhar com esse tema. A música expressa diferentes emoções e estado de ânimo, acompanhando as mais diversas situações, ouvir música, aprender uma canção são atividades que despertam e desenvolvem a linguagem oral e escrita, e estimulam o gosto pela atividade musical.

A metodologia adotada é a Pedogagia de Projetos, pois acreditamos que um dos benefícios de se trabalhar com essa metodologia é permitir às crianças que estabeleçam múltiplas relações, ampliando suas idéias sobre determinado assunto, buscando complementações com conhecimentos pertinentes e diferentes conteúdos. O objetivo principal do projeto é despertar e desenvolver na criança através da música popular brasileira o gosto musical, percebendo diferentes ritmos, sons e estilos; valorizando a nossa herança artística e cultural, respeitando os diferentes

movimentos e tendências estimulando a linguagem oral e escrita, assim como as diferentes áreas de conhecimento.

Avaliação como processo contínuo, gradativo e formativo é a preocupação de uma prática pedagógica que considera o conhecimento como um todo, de maneira global.

A observação e o registro são feitos diariamente, tendo sempre um caderno como companheiro e tirando muitas fotos, além de selecionar as atividades que iram compor o portifólio do grupo. Outro fator importante é revisar, o que foi trabalhado em cada etapa, pois acredito que a ampliação dos conhecimentos se dá através da construção de novas relações.Durante todo processo vem surgindo indagações e idéias, com a turma sempre muito participativa. Vale ressaltar que ele está sendo trabalhado de forma interdisciplinar, repensando a aprendizagem como um processo indissociável entre as áreas de conhecimento, utilizando as múltiplas formas de linguagens que as crianças são capazes de utilizar ao relacionar-se com o mundo.

Com esse projeto as crianças estão tendo a oportunidade de partilhar os conhecimentos adquiridos, além de demonstrar a mudança do seu repertório musical e o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Inclusive este fator é relevante, pois o mesmo está oportunizando o exercício das práticas sociais de leitura e escrita, possibilitando o letramento e a conseqüente aquisição da base alfabética das crianças, registrando avanços nessa área por todo grupo.

Isso prova que uma escola de educação infantil precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca, ela deve ser principalmente um espaço estimulante, educativo, seguro, e afetivo, oferecendo um cotidiano rico, diversificado e investigativo.

O projeto também vem contando com a participação da família sempre comparecendo e participando das atividades quando solicitadas, além de contar com o apoio da direção, coordenação, professores e funcionários da instituição.

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1. OBJETIVO GERAL

Despertar e desenvolver na criança através da música popular brasileira o gosto musical, percebendo diferentes ritmos, sons e estilos; valorizando a nossa herança artística e cultural, respeitando os diferentes movimentos e tendências, estimulando a linguagem oral e escrita, assim como as diferentes áreas de conhecimento.

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apreciar o gosto pela música; Ampliar seu vocabulário; Diferenciar tipos de textos; Conhecer novas formas de expressão artísticas (corporal e plástica); Favorecer a sua capacidade oral, propiciando situações de comunicação,

de atos de leitura e de escrita; Conhecer diferentes estilos musicais, ampliando seu repertório,

conhecendo novos músicos e compositores da MPB

2.0. RELATO DA EXPERIÊNCIA

• INICIANDO O PROJETO... LEVANTAMENTO PRÉVIO

Para ter certeza que o projeto alcançaria os objetivos previstos foi realizada uma sondagem com o grupo depois do período de adaptação.

Ao serem perguntados pela música preferida os alunos responderam:-“Arroxa viada”... - Nataliane.-“Rala a theca no chão”... - Josilene, Stephanie, Emile.-“Cadê os cachaceiros, como é que é”... - Diogo, Luís Paulo, Gabriel.-“Desce com a mão no tabaco”... - Ingrid e Nataliane.-“Não vale mais chorar por ele”... - Maicon.Foi notório constatar que o repertório das crianças era de pouca qualidade

e com grande apelo sexual tanto pelas letras das músicas, quanto pelas coreografias.

Quando uma criança começava a cantar, todas as outras acompanhavam com entusiasmo, foi possível perceber o gosto pela música e pela dança, foco principal do projeto.

A importância de o professor investigar o conhecimento prévio das crianças a respeito do tema que será abordado é primordial, pois estabelecer relações entre o que já conhece e o novo torna a aprendizagem mais significativa.

Esse é um momento riquíssimo em que as crianças colocam em jogo tudo o que sabem sobre o assunto. O levantamento prévio permite ao/a professor/a elaborar um plano de ação e o roteiro de atividades que serão desenvolvidas.

Mas, o objetivo principal desta sondagem era conhecer o repertório musical das crianças, para que este pudesse ser ampliado, pois as atividades musicais nas escolas devem partir do que as crianças já conhecem.

Cabe aos /as professores/as, criar situações de aprendizagem nas quais as crianças possam estar em relação com um número variado de produções musicais, não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, mas se possível também

de origens diversas, como, de outras famílias, de outras comunidades, de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música erudita e outros.

Depois de feita a sondagem com o grupo, estava na hora de informar aos pais sobre o projeto que seria desenvolvido com os seus filhos.

Os pais/responsáveis pelas crianças receberam uma carta/convite para participarem de uma reunião.

A professora iniciou a reunião agradecendo a presença de todos, e solicitou que o grupo ouvisse com atenção duas músicas que ela iria colocar.

A primeira música era um pagode que tinha como refrão:...”vaza canhão, vaza canhão, vaza canhão”... Esta tinha uma linguagem com conotações pejorativas em relação às mulheres.

A segunda música era de Roberto Carlos e tinha como refrão:...”é preciso saber viver, é preciso saber viver”...

Durante a primeira música as mães demonstraram vergonha em acompanhar cantando, mesmo àquelas que conheciam a letra.

Na segunda música o grupo cantou sem inibição.A professora perguntou se alguém gostaria de fazer algum comentário

sobre as mesmas.A tia de Stephanie disse que a primeira música falava mal das mulheres e

que não era bom para as crianças ouvirem esse tipo de mensagem, já a segunda música falava que devemos saber viver.

A avó de Maicon disse:- Apesar dos problemas podemos tirar as pedras do caminho.Já a mãe de Jackson falou:- Acho difícil isso acontecer devido ao meio em que vivemos.As mães de Erilane e Nayrane disseram que temos que educar os filhos,

estimulando para coisas boas, pois devemos acreditar sempre no melhor.O grupo chegou à conclusão que o repertório musical dos filhos era de

pouca qualidade e demonstraram alegria ao saberem do projeto que será desenvolvido com o grupo.

Foi solicitado o apoio das famílias e todos concordaram em ajudar no desenvolvimento do mesmo (fotos constam no portifólio, anexo 01).

• APRESENTANDO O PROJETO

Para apresentar o projeto ao grupo, a sala de aula foi totalmente modificada pela professora. Mesas e cadeiras foram retiradas, um mural com o nome do projeto e várias notas musicais coloridas foram colocadas enfeitando o ambiente e um grande baú de madeira foi colocado no centro da mesma fechado. O espaço foi preparado de modo a estimular o interesse e a participação das crianças.

Logo na chegada Ingrid perguntou se iria ter uma festa, pois estava tudo bonito. Então a professora falou que iriam ter uma surpresa.

Depois que todos chegaram, a mesma solicitou que fosse feita uma rodinha e observassem o que estava no centro da sala.

- É uma caixa de palha – disse Ingrid.- É um baú de palha – falou Anderson.- É um baú de madeira – explicou Nayrane.- E dentro do baú o que terá? – perguntou a professora.- Tem um boneco de pano – respondeu Ingrid.

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- Uma máscara – falou Emile. - Tem palha – disse Josilene.- Então vamos ver o que tem dentro? Quem quer ver? – perguntou.- Todo mundo quer ver – afirmou Gabriel.Ao abrir o baú, a professora foi retirando algumas fantasias e as crianças

ficaram encantadas. Então foi chamando um a um para escolher algo para usar.Aos poucos todos foram se transformando, à medida que iam escolhendo

a fantasia que queriam usar, era possível ver todos entrando no mundo da imaginação, pois logo Welton virou o leão, Ingrid rodopiava pela sala comouma bailarina e todos interagiam uns com os outros.

- Que tal se a gente fizesse uma festa? – convidou.Todos concordaram.- E o que anima uma festa? – indagou.- O som – gritou Ingrid rapidamente.- Por que o som? – continuou.- Porque na festa tem que ter música – afirmou Ingrid. - Quando tem música a gente dança de qualquer jeito – falou Nayrane.- A gente canta – falou Maicon.- Fica divertido – comentou Ingrid.Então a professora pegou uma caixa menor e retirou um microfone de

dentro.- Olha é um controle na mão da pró – afirmou Fabrício.- É um telefone – informou Maicon..- É um microfone – disse Ingrid.- É pra gente cantar – disse Welton.A professora pediu para que todos falassem o seu nome no microfone. Ao

ouvirem as músicas dançavam conforme o ritmo, às vezes sozinhos, às vezes em dupla ou em grupos.

Adoraram ouvir as cantigas de ninar. Nesse momento todos deitaram e Nayrane foi logo dizendo: - Está na hora de dormir.

Impressionante foi perceber como se concentraram, fechando os olhos para ouvirem as músicas.

Depois do relaxamento a professora perguntou se tinham gostado da atividade.

Em coro todos disseram que sim.Ela então salientou que iriam conhecer músicas novas e que faziam parte

da nossa herança musical.- Que bom! Eu adoro cantar – falou Ingrid.A alegria e o interesse do grupo durante toda vivência, deu a certeza que

o projeto será um verdadeiro sucesso. (Fotos dessa atividade constam no anexo 02, do portfólio).

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• MÚSICA – LINDO BALÃO AZUL

Nesse dia a professora iniciou a atividade perguntando quem conhecia a Turma do Sítio do Pica-Pau-Amarelo.

Logo surgiram vários comentários como:-Lá tem o saci e tem uma bruxa que é má e tem um sapo – respondeu

Maicon.-Também tem uma menina que fica toda pintada – falou Ingrid.-Ela é uma boneca de pano – explicou Nataliane.-Lá também tem uma cozinheira que faz comida gostosa igual a Dina –

continuou Nataliane, comparando Tia Nastácia a merendeira da escola.Depois de muita conversa a professora mostrou a capa de um disco de

vinil e perguntou o que estavam vendo.- É o Visconde, ele é feito de milho – explicou Maicon.- Olha a Emília – mostrou Nayrane.Então ela explicou que eles iriam aprender uma música que falava de

quatro personagens do Sítio do Pica - pau - Amarelo: Visconde, Narizinho, Emília e Pedrinho.

- O nome dela é Lindo Balão Azul – informou a professora.Primeiro ouviram a música, estrofe, por estrofe, depois dançaram e

cantaram.Ingrid foi logo dizendo que já conhecia a música.Foi solicitado que todos fossem para as mesinhas onde, receberam a letra

da música.A professora explicou que a música era dividida em estrofes e que o refrão

era o que a gente repetia. Foi realizada a leitura virtual e todos acompanharam com o dedinho. Quando se perdiam, perguntavam logo.

- Onde você tá, Pró? – perguntou Renilson, demonstrando interesse pela atividade.

Durante a leitura foram percebendo que existiam palavras que não conheciam, a professora ia escrevendo no quadro e explicou que iriam pesquisar no dicionário o significado das mesmas.

Durante o decorrer da semana foram realizadas diferentes atividades relacionadas à música trabalhada: pesquisa no dicionário, Internet, reescrita de algumas palavras, desenhos, listas de palavras, atividades psicomotoras e ensaios.

As crianças também tiveram a oportunidade de conhecer uma radiola e o disco de vinil, percebendo as diferenças de um CD e de um LP e dos avanços por que passaram no decorrer dos anos.

- Um é grande e o outro é pequeno - falou Eduardo.O grupo adorou a música e os personagens do Sítio. Foi nítido notar o

interesse das crianças ao fazerem a leitura virtual iniciando assim, o interesse pela leitura e escrita. O entusiasmo foi tanto que ensaiamos uma apresentação para os outros grupos, para isso elaboraram convites, confeccionaram os adereços e figurinos. (atividades, listas e fotos relativas a essa música estão no anexo 03 do portifólio).

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• MÚSICA - ANJO DO CÉU.

Na rodinha a professora falou que iriam conhecer uma nova música. Quando ela começou a tocar, todos começaram a dançar conforme o ritmo de cada um.

Depois que ouviram e dançaram a música, a professora perguntou quem conhecia aquele ritmo.

Depois de um breve silêncio, ela lembrou o dia que dançaram muitas músicas diferentes.

- A gente dançou samba – lembrou Erilane.- É forró – falou Maicon.- É música de dormir – disse Emile, referindo-se a cantiga de ninar.Depois de discutir sobre os diferentes ritmos, a professora explicou que o

ritmo da música apresentada era o reggae, ritmo tipicamente africano.Com essa música foi possível pesquisar a origem do reggae e descobrir a

importância dos africanos em nossa herança cultural, como surgiu esse ritmo e qual era a mensagem que eles procuravam transmitir.

As crianças descobriram também que no Brasil existem várias bandas de reggae e a grande maioria conhecia a banda Cidade Negra.

Localizaram também a África, o Brasil e a Jamaica no mapa e no globo terrestre.

Conheceram alguns costumes, comidas e palavras que herdamos dos Africanos.

Foram contadas histórias que reportavam à África, onde as crianças foram percebendo características físicas semelhantes aos personagens das mesmas.

Ao se olhar no espelho Renilson falou:- Eu sou negro, tenho os olhos pretos, o cabelo é duro e sou lindo.O grupo também realizou a leitura virtual da música, reescritas e listas de

palavras da música, bingo de letras e desenhos.Durante o período que trabalharam com essa música, o grupo realizou

uma apresentação surpresa para as mães, confeccionaram um belo painel com a letra da mesma, pesquisaram gravuras de mulheres que lembrassem as suas mães, além de um belo desenho feito pelas crianças.

Nessa atividade foi importante perceber a preocupação de encontrar a gravura de uma mulher com características físicas semelhantes as das suas mães.

- Olha pró, essa mulher tem o cabelo cacheado igual o da minha mãe – disse Erilane.

No dia da apresentação todos estavam ansiosos para cantar para a mamãe.

- Eu dancei o reggae bem bonito – disse Welton. (atividades e fotos relacionadas a essa música constam no portfólio, anexo 04).

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• MÚSICA – EMÍLIA, A BONECA DE PANO.

Para apresentar a nova música, foi montada na sala a casinha de fantoches. As crianças logo demonstraram curiosidade querendo saber o que iria acontecer.

Ao iniciar o teatro, foi utilizado um fantoche de um menino negro com o nome João. Ele apareceu perguntando ao grupo se alguém havia visto uma boneca de pano que tinha fugido do sítio onde morava.

Não demorou muito a bonequinha apareceu, perguntando onde estava.- É a Emília! – gritou Ingrid.A boneca então explicou que havia usado o pó de pirlimpimpim e por isso

estava ali.Explicou que estava com saudades do Sítio e de todos os seus amigos de

lá, mas disse que só iria embora se todos cantassem a sua música. Todos concordaram e alegremente ouviram a música da Emília.

No período em que foi trabalhada a música da Emília, as crianças conheceram os personagens do Sítio e o seu autor, Monteiro Lobato. Fizeram a leitura virtual da música, lista de palavras, pintura, desenhos, bingo de letras, atividades com o corpo e apresentação do grupo no A.C. Parceiro de Educação Infantil (fotos e atividades relacionadas a essa música constam no portifólio, anexo 05).

• OFICINA DE MÚSICA – PROFESSOR CONVIDADO.

Para a oficina contamos com o apoio do professor e ator Gustavo, que trabalha com teatro e música em escolas de Educação Infantil.

O ambiente foi preparado, pois todas as mesas e cadeiras foram retiradas da sala.

O professor fez uma roda e se apresentou, depois solicitou que um de cada vez fosse até o meio da roda e também se apresentasse.

Durante a oficina foram realizadas várias atividades como: aquecimento, atividade corporal, imitações, ritmos, intensidade, sons, silêncio, instrumentos musicais, dramatização cantada, músicas, contato com o violão.

Era nítido observar o interesse e a alegria em que todos participavam das atividades propostas.

Ao serem perguntados sobre o que acharam da oficina responderam:- Eu achei bom, porque, teve música, teve história e eu gostei de dançar a

música da princesa – disse Ingrid.- Eu gostei de tocar o instrumento – falou Welton.- Eu gostei de tocar violão e de imitar os animais – afirmou Erilane.Essa atividade foi bastante significativa, pois as crianças demonstraram já

terem construído conceitos como: silêncio, alto, baixo, rápido, devagar, forte, fraco, além de já reconhecerem alguns instrumentos musicais. Outro aspecto observado foi a participação ativa de todos durante a oficina.

- Professor você vem de novo? - perguntou Renilson abraçando o professor. (desenhos e fotos relacionadas à oficina constam no portifólio, anexo 06)

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• MÚSICA – MASSA DA MANDIOCA.

Na roda, a professora informou ao grupo que eles iriam conhecer um novo ritmo.

Ao ouvir a música, Maicon disse:- É forró – reconhecendo o ritmo.- Muito bem, e como será que a gente dança esse ritmo? – perguntou a

professora.- Dança assim – falou Welton colocando a mão na barriga e dançando.O trabalho com essa música possibilitou que o grupo conhecesse um

pouco da cultura nordestina e dos seus costumes.Conheceram a origem do forró e a contribuição européia na nossa

herança musical, aprenderam as partes das plantas e a importância das raízes na nossa alimentação enfatizando a mandioca e suas diferentes utilidades.

A turma recebeu a visita do grupo 4-A que está trabalhando com as lendas. Eles contaram a lenda, de origem indígena, da mandioca.

Foi também levada para sala a mandioca crua para as crianças manipularem, depois a mesma foi preparada para degustação, foi um sucesso.

- Mandioca é a raiz da planta – Maicon.- Pode fazer beiju – Nayrane.- O aipim serve para comer – Ingrid.- O aipim é gostoso – Gabriel.- A mandioca fica dentro da terra - Erilane.- O índio gosta de plantar mandioca – Ingrid.- Tem que cozinhar o aipim para comer – Eduardo. Foram realizadas várias atividades relacionadas com a música, resolução

de situação problema, leitura virtual, receita, leitura da lenda da mandioca, listas, apresentação do grupo na festa junina (as atividades e fotos relacionadas a essa música constam no portfólio anexo 07).

• MÚSICA – A CASA.

Na roda a professora pediu que as crianças ouvissem a música com atenção.

- Quem sabe dizer sobre o que a música falava?- perguntou.- A casa não tinha chão. – disse Renilson.- A casa tava quebrada – falou Ingrid.- Por quê? – continuou.- Porque a minha casa também ta assim, cheia de furo e ta partindo

parecendo que vai cair - respondeu. - Lá não tem penico – Erilane.- Lá não tinha parede – Gabriel.- E quem se lembra como a casa da música foi feita? – perguntou a

professora.- Com esmero – disse Ingrid.- E quem sabe o que é esmero? – continuou.

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Ninguém soube responder.- E para saber, o que podemos fazer?- Procurar no dicionário igual aquele dia – lembrou Eduardo.Descobriram então que esmero quer dizer: cuidado especial num serviço.O trabalho com essa música deu oportunidade de desenvolver uma gama

de atividades com o grupo. Várias discussões sobre moradia e diferentes formas de se viver foram contemplados pelas crianças, pesquisas em revistas, recortes, colagens, confecção de painel, situações problema, formas geométricas, localização espacial, cômodos de uma casa etc.

Foi realizada a leitura virtual da música, valendo salientar que os compositores/as também eram valorizados/as, escrita espontânea de palavras que possibilitou perceber avanços significativos níveis de escrita das hipóteses das crianças.

Com essa música também conheceram a biografia de Vinícius de Moraes, percebendo a grande contribuição do mesmo na música e na literatura.

As crianças conheceram algumas poesias de Vinícius e aprenderam a fazer rimas, desenvolvendo a criatividade e brincando com a sonoridade das palavras. (atividades e fotos relacionadas a essa música constam no anexo 08 do portifólio).

• MÚSICA – O PATO.

Na roda a professora fez uma revisão de tudo que as crianças já haviam trabalhado no projeto até aquele momento.

Devido à grande empolgação da turma sobre as poesias e músicas de Vinícius de Moraes, a professora apresentou a música “O Pato.”

Ao ouvirem a música, rapidamente as crianças começaram a identificar as rimas das palavras.

- Caneco rimou com marreco – falou Maicon.- Jenipapo rimou com papo – afirmou Gabriel.- Cavalo com galo – disse Nayrane.- Tigela com panela – comentou Ingrid.Essa música deu margem para desenvolver um trabalho sobre os

diferentes tipos de animais, características físicas, alimentação, cuidados, habitat, imitações através de mímicas e reproduções de sons dos animais.

Continuaram também a se aprofundarem sobre a vida e obra de Vinícius de Moraes, dos movimentos musicais em que participou como a bossa nova, dos seus principais parceiros enfatizando Toquinho e descobriram o grande amor que o “Poetinha” como é carinhosamente lembrado. tinha pela nossa cidade, chegando até mesmo morar no bairro de Itapuã.

A professora explicou que Itapuã é um bairro da nossa cidade que fica na orla. Disse também que a origem desse nome é indígena e que significa “pedra que ronca”, despertando a curiosidade da turma pelo bairro.

Nas pesquisas realizadas sobre o bairro, descobriram uma linda praça feita em homenagem a Vinícius onde fizeram uma estátua dele em tamanho natural.

- Olha a estátua de Vinícius – mostrou Maicon para os seus colegas.- Eu queria ver ela de verdade – comentou Ingrid.- Que boa idéia! – concordou a professora (atividades e fotos relativas a

essa música constam no anexo 09 do portifólio).

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MÚSICA – TARDE EM ITAPUÃ.

Como a turma estava ansiosa em conhecer o bairro de Itapuã a professora apresentou ao grupo a música feita por Vinícius em homenagem ao mesmo.

Logo as crianças estavam cantando pelos corredores da escola o refrão da música, deixando funcionários encantados com a alegria do grupo a cerca do projeto desenvolvido na sala.

No dia em que a professora fez a leitura da música Maicon ao ouvir falar do arco-íris disse:

- Eu já vi no céu - disse Maicon.- E quem sabe como ele aparece? – continuou.- Ele aparece depois que chove – disse Eduardo.- Ele aparece de dia – falou Erilane.- Chove por que Deus manda – argumentou Ingrid.- São Pedro tem a chave do céu – disse Gabriel.- O céu fica cheio de nuvens – explicou Nayrane.Depois de ouvir atentamente as hipóteses das crianças a professora falou:- Aqui na escola tem um grupo que está trabalhando com o projeto sobre

água, que tal pedir uma explicação para eles?Todos concordaram com a idéia.No dia combinado, o grupo 05 foi recebido pelo grupo 03. Chegando lá a

professora Rita, juntamente com os seus alunos, explicou como ocorria a chuva, mostrando como se dá o ciclo da água. Depois na área externa convidou as crianças para participarem de uma experiência onde era possível entender como surgia o arco-íris no céu.

Para a experiência foi utilizado um espelho, uma bacia com água e a luz do sol.

A professora então colocou o espelho dentro da bacia com água e posicionou o mesmo para a luz do sol.

Então, como mágica, surgiu um lindo arco-íris refletido na parede.- Olha gente! Um arco-íris na parede - apontou Gabriel.Todas as crianças correram para tocar o arco-íris.- Então, quem sabe me dizer o que aconteceu?- perguntou a professora.- O sol bateu no espelho e ele apareceu – explicou Maicon.- Muito bem! O reflexo do sol ao bater no espelho dentro da água fez

surgir o arco-íris explicou a professora.Depois da experiência, o grupo 05 foi para o pátio onde cada criança

recebeu um pedaço de papel colorido. Lá eles dançaram ao som de várias músicas, fazendo livremente vários movimentos.

Na sala foi feito um painel que constava:O que queremos saber?- Como aparece o arco-íris no céu?- Por que chove?O que sabemos:- Chove por que Deus manda.

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- São Pedro tem a chave do céu.- O céu fica preto e cheio de nuvem.O que descobrimos:-Que o sol esquenta a água – Ingrid.- A água vira fumaça – Erilane.- Ela evapora – Maicon.- Aí a nuvem fica toda preta – Gabriel. - Aí chove – Nayrane.- Aí o arco-íris aparece igual ao que a pró mostrou – Gabriel.- O arco-íris é o reflexo do sol na água – Nayrane.

.(atividades e fotos constam no anexo 10 do portifólio).

• VISITANDO A CASA DA MÚSICA

A professora informou que o grupo também iria conhecer a “Casa da Música’’ situada no mesmo bairro onde estava acontecendo uma exposição sobre a capoeira.

- Eu sei jogar capoeira – falou Fabrício.Durante todo trajeto até a chegada ao bairro de Itapuã, as crianças não

paravam de comentar o que viam.- Olha a sereia – falou Erilane ao ver a estátua.- É Iemanjá – informou Welton aos seus colegas.- Ela mora no mar – falou Nataliane.Ao chegarem à praça as crianças correram para tocar na estátua de

Vinícius.- Ele tem um barrigão - observou Renilson.- Ele é bonito – afirmou Emile.- Era aqui que ele contemplava o mar e escrevia suas músicas e poesias -

disse a professora.As crianças viram também algumas obras feitas por Vinícius como: Garota

de Ipanema e Tarde em Itapuã.Na Casa da Música o grupo assistiu um documentário sobre a capoeira,

tiveram a oportunidade de conhecer a famosa “FOBICA”, primeiro trio elétrico feito por Dodô e Osmar, conheceram os instrumentos musicais de origem africana utilizados na capoeira, assistiram e participaram da roda de capoeira.

- Eu gostei da capoeira – disse Maicon.- É bom pro corpo, aí a gente não fica molenga – comentou Ingrid.- Eu gostei da sereia e de jogar capoeira – falou Anderson.- Eu gostei de ver a praia – Liziane.- Eu gostei da estátua de Vinícius – informou Renilson.Depois da roda a professora solicitou que fizessem um desenho sobre a

vivência, (atividades e fotos relacionadas a essa etapa do projeto constam no portifólio anexo 11).

• INSTRUMENTOS MUSICAIS

A professora iniciou a atividade colocando um grande baú no centro da roda, depois foi chamando um aluno de cada vez para retirar um instrumento musical.

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Cada vez que uma criança retirava o instrumento, à professora solicitava que tocasse o mesmo para ouvirem o som. Depois que ouviam o som ela dizia o nome do instrumento.

Durante a atividade eles identificavam se o som emitido era alto ou baixo.Houve um momento em que ela pediu que os alunos fizessem silêncio e

fechassem os olhos para perceberem os sons externos. Após um tempo a professora perguntou o que haviam escutado.

- Ouvi outras pessoas na outra sala – Nayrane.- Ouvi zoada na outra sala – Maicon.- Ouvi um carro – Diogo.- O ventilador da sala – Maicon.- Ouvi vários barulhos – Liziane.Outra atividade realizada foi quando a professora utilizando um pano,

vendou os olhos de um aluno, depois escolhia outro para falar uma palavra e o que estava com os olhos fechados tentava através da voz, identificar quem estava falando.

No período em que a turma conhecia os instrumentos musicais, foram realizadas listas com os nomes dos instrumentos, bingo, jogo da memória dos instrumentos, além de identificar os que eram de sopro, de corda e de percussão.

As crianças também conheceram os instrumentos que foram trazidos pelos Africanos, Índios e Europeus. Conheceram também aparelhos que emitem som e a evolução dos mesmos como: radiola, CD, LP, rádios diversos, microsystem, gravador, DVD, televisão e mp3.

O grupo também confeccionou chocalhos de sucata, reaproveitando materiais que seriam jogados fora.

A turma estava muito motivada com tudo que estavam aprendendo e juntamente com a professora resolveram fazer uma exposição para os outros grupos.

Foi enviado para casa um aviso solicitando instrumentos para a exposição. Não demorou muito os instrumentos começaram a chegar, funcionários da escola também ajudaram trazendo instrumentos e aparelhos que produzem som.

Foram confeccionados convites para os outros grupos.No dia da exposição às crianças receberam os outros grupos explicando

os nomes, os tipos, como funcionavam os instrumentos e os aparelhos.No final da explicação o grupo convidava os outros para dançarem ao som

da radiola e de participarem do jogo da memória.A exposição também contou com a apresentação do segurança da escola

que tocou o violão e cantou para as crianças.Depois da exposição, às crianças falaram sobre a mesma.- Eu gostei de tocar os instrumentos de sopro para os outros alunos –

Maicon.- Eu gostei de tocar tambor – Gabriel.- Eu gostei de dançar com as outras crianças – Ingrid.- Eu gostei de tocar violão – Emily.- Eu gostei de ensinar os meninos a jogar o jogo da memória – Erilane.- Foi bom explicar o que era disco de vinil e a radiola – Renilson.- Foi bom dançar – Josilene.- Eu gostei de mostrar o bandolim – Eduardo.

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A exposição foi um sucesso, as crianças demonstraram interesse e propriedade do que estavam apresentando para os outros grupos. (atividades e fotos dessa etapa constam no portifólio, anexo 12).

• MÚSICAS – LENDA DAS SEREIAS E ÁFRICA

A professora iniciou a roda lembrando a visita ao bairro de Itapuã. Lembrou também da estátua da sereia que as crianças viram na praia.

Contou então a lenda da Mãe D´água, depois apresentou a música para o grupo.

Assim que ouviram a música, as crianças começaram a dançar de acordo com o ritmo da mesma.

Depois fizeram a leitura virtual da letra da música e conheceram alguns nomes de origem africana dados à protetora das águas.

As crianças ficaram encantadas com a figura da sereia, por estarmos na semana de Arte e Cultura da escola foi realizada uma apresentação para os outros grupos.

Durante a semana recebemos na escola o grupo de dança do MAIS SOCIAL – ONG relacionada à Prefeitura Municipal, que apresentou o samba de roda para as crianças.

Cada grupo realizou uma apresentação contemplando os projetos trabalhados. Para finalizar a programação da semana, foi realizada a visita do senegalês Dou Dou, apresentando o Projeto Griô.

Durante a semana que antecedeu a visita, foram realizadas atividades para as crianças receberem o visitante da maneira mais natural, para isso era preciso conhecer um pouco da história da África e dos seus costumes.

Foi então apresentada ao grupo a música “ÁFRICA”, nela os alunos conheceram nomes de alguns países Africanos que posteriormente foram localizados no mapa e no globo terrestre. Eles também tiveram a oportunidade de pesquisar um pouco sobre o continente Africano utilizando como ferramenta o computador.

A professora também contou histórias que reportavam a cultura africana como: As tranças de Bintou, Reizinhos do Congo e Ana e Ana.

No dia da chegada de Dou Dou as crianças estavam com grande expectativa.

Depois que Dou Dou foi embora, as crianças falaram sobre o mesmo:- Ele falou dos animais que tinham na África, leão, elefante, borboleta,

tigre, gorila – contou Luís Paulo.- Ele brincou de cabra – cega. – Gabriel.- Eu gostei de dançar. – Eduardo.- Eu gostei da parte que ele perguntava o nome e cantava e dançava. –

Maicon.- Eu cantei para ele a música da sereia e ele gostou. Eu estava vestida de

princesa africana – Erilane.- Eu gostei do atabaque – falou Renilson.(as atividades e fotos relacionadas a essa etapa do projeto constam no

portifólio, anexo 13).

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• MÚSICA – PÉ DE NABO

Na roda, a professora apresentou a nova música.Depois que ouviram a música, a professora explicou que o ritmo da

mesma era o Lundu, ritmo africano que foi trazido pelos escravos e que deu origem a MPB.

Foi realizada a interpretação oral da música pelas crianças. O trabalho com a mesma oportunizou trabalhar com qualidades e defeitos das pessoas, pois entenderam através dela que até mesmo um pé de nabo tem algo bom.

Foi realizada uma discussão para que o grupo definisse o que era qualidade e defeito.

Depois de uma breve discussão o grupo chegou à conclusão que defeitos eram coisas ruins e qualidades eram coisas boas.

A professora então pediu que cada criança falasse uma qualidade e um defeito seu.

- Sou carinhoso e abusado – Fabrício.- Eu divido a minha merenda, mas às vezes sou mal criado – Renilson.- Eu obedeço, mas eu minto de vez em quando – Anderson.- Sou inteligente, mas eu desobedeço às vezes – Nayrane.

- Eu divido meu lanche e meus brinquedos, mas eu sou preguiçoso – Maicon.

Depois de listar algumas qualidades e defeitos a professora propôs que o grupo fizesse uma enquete com os funcionários da escola.

Então saíram pela escola fazendo a pesquisa e explicando o objetivo aos funcionários. Quando o grupo estava com os dados da enquete em mãos, a professora compartilhou na roda o resultado da mesma.

Foi muito interessante observar a atenção de todos durante a leitura das pesquisas, muitas vezes as crianças riam ao ouvir o defeito de algum funcionário.

- A pró Jussara é bagunceira? – perguntou admirada Nataliane.Após a leitura foi realizada a contagem dos defeitos e qualidades que mais

apareceram, e foram representados em dois gráficos e colocados na área externa da escola para que todos da escola pudessem se conhecer melhor.

Foi interessante ver o quanto esta enquete mexeu com os sentimentos de todos, pois era fácil encontrar os funcionários conversando uns com os outros falando dos seus defeitos e qualidades.

A curiosidade para verem o resultado da enquete e o impacto que causou ao saberem o resultado foi muito bom. O trabalho com o gráfico possibilitou trabalhar conteúdos como: contagem, quantidade, mais, menos, grande, pequeno. (atividades e fotos relacionadas a essa música constam no portifólio, anexo 14).

• VISITA DO BLOCO AFRO MALÊ DEBALÊ

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Na rodinha, a professora lembrou a visita de Dou Dou revisando tudo que haviam aprendido sobre a África. Depois, informou que iríamos receber a visita do grupo de dança das crianças do MALÊ DEBALÊ.

Durante a semana que antecedeu a visita das crianças do MALÊ foi trabalhado com o grupo a história do bloco, a valorização da cultura africana e dos seus povos.

A turma ficou empolgada e pediu para cantar e dançar para o grupo do Malê.

Decidiram então que iriam cantar a música África e Pé de Nabo para os visitantes.

Foram realizadas artes, pesquisas e ensaios abordando a cultura africana.No dia o grupo estava ansioso com a chegada das crianças, a escola foi

arrumada com textos, artes e desenhos sobre o bloco afro.O Malê tem a sua sede no bairro de Itapuã onde residem um grupo de

descendentes dos Malês.( atividades e fotos dessa música constam no portfólio, anexo 15).

• SEMANA DA CRIANÇA

Durante a semana da criança foram realizadas várias atividades significativas. O grupo foi convidado para participar da Homenagem ao dia das crianças realizada pelo Projeto Vivendo Melhor, do Programa Maior Idade do MAIS SOCIAL, fazendo parte da programação da mesma. Todos ficaram encantados com a desinibição e a apresentação do grupo.

Durante a semana, participaram de um passeio ao Parque da Cidade onde foram convidadas para se apresentarem para as crianças das outras escolas. Mais uma vez, o grupo fez muito sucesso. Algumas dessas apresentações foram gravadas e estão em um DVD no anexo 16 do portifólio juntamente com fotos e atividades.

3.O. CONTEXTUALIZAÇÃO

O Centro Municipal de Educação Vovô Zezinho, foi inaugurado em 16 de abril de 1989, pela Prefeitura Municipal do Salvador, com objetivo de atender a comunidade que ali se instalava provenientes das invasões “Cai Duro e União Paraíso”. Ela encontra-se situada na Rua Direta do Comércio, s/n – Arenoso, SSA/BA, um bairro periférico da cidade. Este estabelecimento de ensino destina-se unicamente a Educação Infantil em tempo integral, atendendo preferencialmente crianças da comunidade local, distribuídas em sete turmas.

Ele tem como compromisso político educacional melhorar as condições educacionais de 150 crianças da população de 0 (zero) a 5(cinco) anos de uma comunidade muito carente, que possui estrutura precária em relação a abastecimento de água, rede de esgoto, além do pouco acesso aos bens culturais e aos serviços básicos de saúde e lazer.

O CMEI Vovô Zezinho tem como compromisso, contribuir na construção da identidade étnico/racial e de gênero, e no desenvolvimento cognitivo social e emocional desses atores sociais através de uma prática educativa que respeite a

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dignidade, as diferenças e o direito de todos e todas que utilizam ou prestam serviço à escola. Por isso trabalhar com este projeto será bastante significativo, pois, iremos perpassar através das diferentes áreas de conhecimento utilizando a música como eixo norteador, respeitando a individualidade da criança, a diversidade e o contexto em que está inserida.

A linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil, ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, das artes visuais, da matemática e das ciências humanas e naturais.

O projeto vem sendo desenvolvido com 18 crianças na faixa etária de 05 anos.

4.O. JUSTIFICATIVA

Durante o ano de 2007 foi observado que o repertório musical das crianças da nossa escola era bastante restrito e com grande apelo sexual. Sempre que eram estimuladas para cantar, logo começavam a entoar o pagode do momento, acompanhada de um vocabulário inadequado para a idade e coreografias extremamente erotizadas, porém entendíamos que isso era reflexo do meio e do seu contexto social. A partir daí surgiu o desejo de proporcionar a estas crianças o contato com outros ritmos e estilos musicais já que a música e a dança eram de grande interesse delas e o nosso país é rico em musicalidade.

Vários estudos confirmam a importância que a música tem para o bem estar do bebê desde quando ele é ainda um feto e está no ventre da mãe. A música traz tranqüilidade para a mãe e para o bebê, introduzindo-o na sensibilização aos sons, desde muito cedo.

A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos, exercendo as mais diferentes funções. Está presente em todas as regiões do globo, em todas as culturas, em todas as épocas: ou seja, a música é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço.

Não dá para imaginar um mundo sem som. E, se pararmos para analisar, quase todos os sons que ouvimos durante o nosso dia são como instrumentos musicais tocando alguma melodia: os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras cantando lá fora, as ondas do mar explodindo na praia e tantos outros.

A educação musical está fazendo parte da educação das crianças desde a educação infantil, pela importância que a música traz não só como entretenimento, mas no auxílio do aprendizado da fala, como o de aprender a ouvir e na coordenação motora. A música tem ainda, o dom de aproximar as pessoas; a criança que vive em contato com a música, aprende a conviver melhor com as outras crianças e estabelece um meio de se comunicar muito mais harmonioso do que aquela que é privada da música; em contra partida, quando aprende a tocar algum instrumento, também aprende a ficar sozinha, sem se sentir solitária ou carente de atenção.

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Outro fator importante é que a música é pura matemática e certamente aqueles que a estudam desenvolvem maior capacidade de aprendizado nessa matéria. Ëlia Fernandes defende que “uma criança que tenha uma boa educação musical será um ótimo aluno nas diversas áreas como: matemática, português e nas áreas que requerem mais criatividade”. Portanto, potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato.

Além desses motivos, a importância de propiciar as crianças o contato com a história da mesma e um repertório de qualidade, partindo do pressuposto do papel fundamental da língua materna para a ampliação do repertório lingüístico e a aquisição do conhecimento do meio físico e sócio-cultural a que se inserem o contexto das músicas populares brasileiras, é de grande relevância trabalhar com esse tema. A música expressa diferentes emoções e estado de ânimo, acompanhando as mais diversas situações, ouvir uma melodia, aprender uma canção são atividades que despertam e desenvolvem a linguagem oral e escrita, e estimulam o gosto pela atividade musical.

5.O. RESULTADOS OBTIDOS

Apesar do projeto está em desenvolvimento os resultados obtidos já são muitos.

O grupo compartilha os conhecimentos adquiridos, seu repertório musical foi ampliado, assim como seu vocabulário, além da valorização da nossa herança musical, tendo a maioria dos objetivos já alcançados. Outro fator relevante observado nas avaliações parciais realizadas é que o mesmo está oportunizando o exercício de práticas de leitura e escrita, possibilitando o letramento e a conseqüente aquisição da base alfabética das crianças. Durante o período diagnóstico, quando foi feita a primeira lista para avaliar o nível de escrita, tinha na sala, 11 crianças no nível pré – silábico, 05 no nível silábico e 02 no nível silábico – alfabético. Em setembro, todas apresentaram avanços salvo Liziane e Jakson que evadiram devido a problemas familiares ficando 01 no nível de transição do pré – silábico para o silábico, 05 no nível silábico quantitativo, 03 no nível silábico qualitativo, 06 no nível silábico – alfabético e 01 no nível alfabético.

Isso prova que uma escola de educação infantil precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca. Ela deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro e afetivo, oferecendo um cotidiano rico, diversificado e investigativo.

6.O. AVALIAÇÃO

A avaliação é um fator importante durante todo o desenvolvimento do projeto, pois é ela que nos dará subsídios para verificar se as nossas ações estão realmente atingindo os objetivos do mesmo, ou se é preciso mudar algo para melhorar ou redirecioná-lo.

Segundo os RCNEIS (1998), objetivos, em educação, devem ser direções e não pontos de chegada. E esses objetivos devem estar sempre muito claros na cabeça do/a professor/a, para que este/a alimente e organize o processo de raciocínio da criança através de encaminhamentos coerentes.

Esses encaminhamentos consistem na oportunização de situações onde as crianças vivenciem experiências significativas com as diferentes linguagens que

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as circundam, através de atos de fala, leitura e escrita, expressão corporal e musical, onde a prática viva dessas linguagens sejam plenas de conteúdo e de sentido.

Durante cada etapa foram feitas pequenas revisões e indagações sobre o que haviam aprendido até aquele momento, cada fala e comentário a respeito do projeto era logo anotado no caderno de registro da professora ou no papel mais próximo.

A observação e o registro eram feitos diariamente, além de selecionar as atividades que iram compor o portifólio do grupo. Outro fator muito importante foi revisar com a turma o que já havíamos trabalhado em cada etapa, pois acredito que a ampliação dos conhecimentos se dá através da construção de novas relações. Durante todo o projeto surgem indagações e idéias, com a turma sempre participativa. Vale ressaltar que ele é trabalhado de forma interdisciplinar, repensando a aprendizagem como um movimento indissociável entre as áreas de conhecimento, múltiplas formas de linguagens que as crianças são capazes de utilizar ao relacionar-se com o mundo na tentativa de compreendê-lo.

Antes do recesso junino a professora perguntou ao grupo o que eles haviam mais gostado de fazer durante o projeto:

-A música da tapioca, por que dança forró - disse Maicon.-De se apresentar na outra escola a música Lindo Balão Azul – falou

Nayrane.-Eu gostei da aula do professor Gustavo – afirmou Erilane.-Eu gostei mais da música da Emília – comentou Nataliane.-Eu gostei de aprender o reggae Anjo do Céu – Eduardo.-Foi bom tocar violão – Renilson.-Eu também gostei! – concordou Stephanie.-Eu gostei de dançar forró – Ingrid.-Eu tô gostando, pois a gente aprende músicas que a gente não sabia –

Erilane.-E a gente canta pra mamãe - Ingrid. -Por que as outras músicas falavam besteiras – Nayrane.-E agora a gente aprende músicas boas – Maicon.-Eu nunca vou esquecer essas músicas – Gabriel.A avaliação foi ótima, pois ficou claro o quanto o grupo tinha aprendido

durante o primeiro semestre.A empolgação ao contar o que mais gostaram, o quanto era bom está

conhecendo novas músicas e ritmos. Foi constatado também que o desenvolvimento da autonomia, da linguagem oral e do vocabulário foram extremamente significativos, principalmente em alunos que eram mais tímidos e retraídos como Stephanie e Josilene.

A coordenação motora foi outro ponto bastante trabalhado, pois foram explorados movimentos com o corpo, imitações, coreografias, e encenações favorecendo a psicomotricidade das crianças de uma forma prazerosa e suave.

As atividades corporais contribuíram em muito na evolução do desenho das crianças fazendo se sentirem mais seguras ao segurarem e manejarem lápis, pincéis, hidrocor etc. O mundo letrado foi tomando conta da sala de aula, pois as crianças faziam a leitura virtual das letras das músicas, viam as mesmas expostas nas paredes, faziam listas escrevendo palavras que continham nas mesmas do jeito que

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sabiam, possibilitando assim avaliar os avanços na escrita e promover um ambiente de letramento.

Na área da matemática foram realizados jogos, brincadeiras, contagens, situações problemas tudo envolvido com as músicas trabalhadas, atividades essas que estimularam o raciocínio lógico matemático e apropriação de conceitos como lateralidade, orientação espacial entre outros.

A turma aprendeu a trabalhar em grupo, respeitar as diferenças e principalmente serem mais cooperativos uns com os outros e isso é motivo de grande alegria.

Agora, mesmo o projeto em andamento, foi realizada outra avaliação com o grupo e novos avanços foram registrados principalmente no desenvolvimento dos níveis de escrita.

- M.P.B. quer dizer música, popular, brasileira – Gabriel.- Aprendi que existem ritmos diferentes – Erilane.- Que o reggae veio da África – Nataliane.- Aprendi que tem instrumento de percussão – Erilane.- Que o atabaque é de percussão – Renilson.- O pau-de-chuva é dos índios – Anderson.- Os negros trouxeram o berimbau, os índios o pau-de-chuva e os

europeus trouxeram violão, piano e guitarra – Maicon.- O violino também foi trazido pelos europeus – Ingrid.- A gente viu o samba de roda – Nataliane.- Eu conheci vários cantores: Vínicius de Moraes e Guilherme Arantes –

Fabrício.- E Dodô e Osmar, Marisa Monte e Armandinho – Ingrid.- Nós fomos a Itapuã – Anderson.- A gente viu a praia de Itapuã e a sereia – Nayrane.- Eu vi o primeiro trio elétrico – Emile.- A gente viu o filme da capoeira – Renilson.- A gente aprendeu como aparece o arco-íris – Ingrid.- Que é o reflexo do sol na água – Gabriel.- A gente aprendeu que na África tem floresta – Maicon.- E que tem uma estátua com rosto de homem e corpo de leão – Gabriel.- É a esfinge – Maicon.- Eu ensino as nossas músicas para mamãe – Nataliane.Segundo César Cool, quando avaliamos as aprendizagens realizadas por

nossos alunos, também estamos avaliando, queiramos ou não, o ensino que ministramos.

O projeto também contribuiu para o meu crescimento profissional, pois desde o primeiro momento foi necessário pesquisas e estudos a cerca do tema que seria trabalhado com o grupo. Muitos convites estão sendo feitos para que a turma se apresente e com isso o trabalho está sendo divulgado para outras escolas, mostrando que com a música podemos ir além da memorização e confecção de bandinhas de sucata.

Com certeza esse projeto pode ser colocado em prática em outras escolas e servir de inspiração para o desenvolvimento de outros voltados para o tema.

As atividades desenvolvidas nesse projeto são dinâmicas, favorecendo a participação e o envolvimento da turma. Concluo esse relato lembrando que muito ainda tem que ser feito, pois o projeto está em andamento com previsão de término em dezembro. No entanto,

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perceber o quanto as crianças estão motivadas e engajadas e o quanto aprenderam com o mesmo nos dá a certeza que estamos no caminho certo.

Foi percebido, vivido e demonstrado com este projeto, que, por meio da música, a educação se realiza de maneira mais tranqüila e prazerosa, levando a criança a compreender a importância das relações, da socialização, vivenciando o respeito ao próximo, desenvolvendo a autonomia e o senso crítico. Compreendem o raciocínio lógico matemático, a necessidade de perceber e respeitar os limites, fazendo crescer o senso rítmico no aprimorar dos movimentos, construindo a dicção, a linguagem, a comunicação, enfim, a integralização da criança.

BIBLIOGRAFIA

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DIOUF, Sylvane A. As tranças de Bintou/ilustrações de Shane W. Evans. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

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Proposta Pedagógica da Escola creche Vovô Zezinho.

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RCNS – Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília;MEC/SEF,1998.

TERRAS DA BEIRA– Texto – Dar Músicas às Crianças.