Escola - Espaço de Construção e Autonomia

Prêmio Professores do Brasil - 3ª Edição

Ensino Médio

Escola - Espaço de Construção e Autonomia

RS

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Sumário

1. Síntese 04

2. Objetivos 05

3. Descrição da Experiência 06

4. Contextualização 12

5. Justificativa 13

6. Resultados 14

7. Avaliação 18

8. Anexos 19

l - A Escola 20

ll - Aplicação com a 4ª série turno tarde e 2ª série turno manhã 21

lll -Aplicação com o 2º ano manhã e 3ª série tarde 22

lX- Aplicação com a turma mista 23

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Síntese

Diante do inegável crescimento das Tecnologias da Informação e Comunicação em todos os setores sociais, nós, professores do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, estamos apostando na qualificação do trabalho docente através do uso de mídias com fins educativos. Neste cenário, estamos aplicando a metodologia de trabalho por Projetos de Aprendizagem, uma prática baseada na construção do conhecimento, com publicação em ambiente virtual.

Nosso trabalho é desenvolvido em dois momentos distintos que convergem para o mesmo foco: inicialmente orientamos alunas professorandas1 do Curso Normal e estas, posteriormente, orientam crianças das séries iniciais da mesma escola. No primeiro momento (primeiro semestre letivo de 2008), as professorandas são pesquisadoras que se debruçam sobre um tema de interesse para aprender e, dentro dessa aprendizagem, criam espaços virtuais para a publicação dos projetos. No segundo momento, em curso, as professorandas ampliam o conhecimento construído atuando na orientação de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental (Curso de Aplicação).

Todo trabalho é orientado por mim, professora especialista em Informática Educativa e, também, por todo corpo docente da escola através das dúvidas que as professorandas levam para à sala de aula, oriundas da vivência no LIE2. Desde agosto, quando iniciamos a prática com as crianças, percebemos que o interesse das professorandas no Curso Normal aumentou. Atuando na prática docente, elas desenvolvem a criação de estratégias, a busca pelo conhecimento, a vivência de diferentes emoções num processo dialético de aprender/ensinar. Todos nós (professores, professorandas e crianças) estamos tendo a oportunidade de partilhar conhecimentos tanto tecnológicos quanto teóricos. Vislumbramos com isso, um novo jeito de aprender e de ensinar.

1 Designaremos “professorandas” as alunas do curso Normal que, dentro do seu processo de formação, atuam como alunas/professoras porque aprendem e ensinam simultaneamente.2 Laboratório de Informática Educativa.

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Objetivos

Oportunizar às alunas do Curso Normal a utilização do ambiente informatizado como importante recurso que agrega valor à aprendizagem.

Vivenciar a metodologia de trabalho por Projetos de Aprendizagem dentro de uma prática que privilegia a construção do conhecimento.

Fomentar a aprendizagem da utilização dos aplicativos e ferramentas do computador, e as que estão disponíveis na Web.

Interagir com as crianças das séries iniciais no LIE visando à aplicação do conhecimento construído.

Evidenciar a importância do uso das TICs aliada a uma concepção pedagógica inovadora.

Refletir sobre as diferentes metodologias vivenciadas no Curso de Formação.

Construir-se como cidadão virtual, criar um endereço na Internet que abrigará todos os demais, para posterior utilização pelos alunos em suas etapas de vida posteriores.

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Descrição da Experiência

Antes de iniciarmos o relato dessa experiência é necessário evidenciar qual é a formação teórica que sustentou a minha prática pedagógica durante vinte e cinco anos de atuação como professora de matemática. Como dissidente de uma escola tradicional onde a concepção é embasada na teoria empirista/instrucionista, ou seja, de transmissão de conhecimento, o conteúdo desenvolvido é determinado pelo professor, pois é esse quem tem o poder de “ensinar” e, ao aluno, resta simplesmente receber o conhecimento pronto.

Na caminhada senti a necessidade de superar essa concepção e parti para o estudo de outras teorias que explicam aprendizagem, mais efetivamente, no curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem. Esse curso enfocou o uso das TICs na escola como suporte à aprendizagem e foi desenvolvido de junho 2006 a dezembro 2007, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Durante esse período foram cursadas disciplinas que acresceram em termos de conhecimento teórico e prático. Dentre elas destaco, Desenvolvimento de Projetos em Classes de Ensino Básico, que oportunizaram vivenciar a metodologia de aprendizagem por projetos.

Na apropriação da metodologia, tive a oportunidade de refletir sobre a teoria que embasa sua aplicação, a Epistemologia Genética de Jean Piaget, compreendendo que o papel do professor é outro, não mais fundamentado no paradigma empirista/instrucionista onde tudo é determinado por ele. Conforme Fagundes3 (1999, p. 15 - 16):

[...] tudo parte das decisões do professor, e a ele, ao seu controle, deverá retornar. Como se o professor pudesse dispor de um conhecimento único e verdadeiro para ser transmitido ao estudante e só a ele coubesse decidir o que, como, e com que qualidade deverá ser aprendido. Não se dá oportunidade ao aluno para qualquer escolha. Não lhe cabe tomar decisões. Espera-se sua total submissão a regras impostas pelo sistema [...].

Hoje percebo e acredito que as noções básicas de um sujeito em crescimento não provém do meio, através dos órgãos de sentido (empirismo), nem são apriorísticas (o sujeito já traz na bagagem hereditária) e sim, partem da interação ativa do sujeito com o meio. Para Piaget, o conhecimento não está nem no sujeito nem no objeto, mas é construído na interação do sujeito com o objeto. É interagindo que o sujeito produz sua capacidade de conhecer, ao mesmo tempo em que produz o próprio conhecimento. Esquematizando:

3 FAGUNDES, L., MAÇADA, D. , SATO, L. ; Aprendizes do futuro: as inovações começaram .MEC, 1999. Disponível em http://mathematikos.psico.ufrgs.br/textos/aprender.pdf . Acesso em 30 agosto 2006.

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Em abril de 2007, fui designada para trabalhar em uma Escola de Ensino Médio de Caxias do Sul, que possui o Curso Normal com duração de quatro anos.

Assumimos o componente curricular Metodologia Aplicada às Ciências Exatas e Humanas, com carga horária de 80 aulas anuais distribuídas em duas horas semanais. Percebi uma possibilidade real de mudança na prática pedagógica.

Metodologia do trabalho

Nossa opção metodológica é pela pedagogia de projetos; Projetos de Aprendizagem. Cabe ressaltar que o que diferencia Projeto de Ensino de Projeto de Aprendizagem é a postura do professor frente ao seu aluno que inicia dando-lhe a possibilidade de escolher o tema sobre o qual deseja aprender. Sabemos que muitos projetos são desenvolvidos na Escola, contudo, quase sempre, a escolha é feita pelo professor, caracterizado assim, um Projeto de Ensino. Logo, o que difere a nossa proposta é a liberdade de escolha dada aos alunos tornando-os assim verdadeiramente autores; tanto do seu projeto quanto da própria aprendizagem. Como dizem os que nos precederam4: [...] uma proposta de trabalho em sala de aula, onde são privilegiadas as questões de investigação que nascem dos interesses e necessidades dos alunos e a busca autônoma de respostas para elas. [...] que possibilita aos alunos construírem conhecimentos a partir das interações com professores, colegas e a sociedade em geral. [...] em um ambiente onde os alunos são apoiados e incentivados [...] ação, envolvimento e focalização da atenção dos alunos nas atividades, mais do que no professor [...] (MAGDALENA; COSTA, 2003).

Estamos desenvolvendo Projetos de Aprendizagem com três turmas de terceiros anos do Curso Normal e uma turma de alunas egressas do ensino 4 MADALENA, B. e COSTA, I.Perguntas Inteligentes: O que é isto? Capítulo do Livro Internet em sala de aula: com a palavra os professores. Artmed, 2003. Disponível em http://www.eproinfo.mec.gov.br/upload/ReposProf/Tur86630/img_upload/PerguntasInteligentes.pdf . Acesso em 30 junho 2006

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médio (Curso de Aproveitamento). Totalizam 108 professorandas, que são divididas em 6 horários, a fim de que se possa atender as alunas que trabalham no turno da tarde. Em cada horário de 2 horas foram formados grupos, totalizando 35 projetos.

Em março de 2008, iniciamos o trabalho solicitando às alunas que formassem grupos por afinidade pessoal. Na continuação, cada uma pensasse em algo que gostaria muito de saber, referente a alguma disciplina ou qualquer assunto que tivesse curiosidade. Fariam então um questionamento por grupo. Surgiram questões específicas como:

Os exemplos acima são apenas uma amostra, pois conforme já dissemos, são 35 projetos em andamento. No início da aplicação, sabíamos que a grande maioria das alunas nunca havia tido contato com o computador, iniciamos criando uma pasta para cada grupo e um e-mail. Na pasta salvávamos material pesquisado para posterior publicação. A partir do e-mail, iniciamos a interação entre os pares e construímos o espaço virtual para a publicação.

Foi escolhido o ambiente virtual PBwiki, uma ferramenta social pertencente a segunda geração Web 2.0, pois permite interações através de comentários bem como a edição coletiva, bastando para isso ser convidado, possuir um e-mail e uma senha.Todas as interações e intervenções bem como o histórico das edições ficam gravadas. Espaço de aprendizagem onde o conhecimento é construído, arquivado, documentado, publicado.

Todo o processo de criação dos endereços está publicado no blog Caminhos Para Chegar5, blog utilizado por mim desde junho de2006.

Concordando com Fagundes6 (1999, p. 19) "Sem a tecnologia é quase impossível. A interatividade proporcionada pelos meios telemáticos acrescenta uma nova dimensão ao currículo: a criança vai estar no mundo.”

[...] a utilização das tecnologias da informação e da comunicação, principalmente a Internet, em situações de aprendizagem é um tema que a cada dia desperta o interesse de professores e pesquisadores.

5 http://caminhosparachegar.blogspot.com/search/label/PBwiki6 MONTEIRO, V.; MENEZES, C.S.; NEVADO, R.A.; FAGUNDES, L.C. Ferramenta de Autoria e Interação para apoio o desenvolvimento de Projetos de Aprendizagem. 2005 .Disponível em: http://www.cinted.ufrgs.br/renote/nov2005/artigosrenote/a48_ferramenta_autoria_revisado.pdf> Acesso: 12 de junho de 2007

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O tema apresenta uma crescente inserção nas agendas de pesquisa das instituições de ensino e pesquisa, no contexto nacional e internacional.

O número de novos professores que a cada dia aproximam-se da tecnologia em busca de uma apropriação pedagógica é crescente e animador. Entretanto, como tende a ocorrer na apropriação de toda nova mídia, o que vemos hoje, na maioria das experiências relatadas, é uma simples transposição de práticas pedagógicas. [...] (MONTEIRO; MENEZES; NEVADO; FAGUNDES, 2005)

O papel da intervenção do professor na metodologia de aprendizagem por projetos é de fundamental importância e deve acontecer desde a escolha do tema, do assunto, que vai gerar a questão de investigação, passando pela elaboração das dúvidas temporárias e certezas provisórias até o final do processo, com a função de apoiar, estimular, incentivar, clarear, desafiar, questionar, problematizar para gerar conflitos cognitivos e com isso, promover o desenvolvimento da inteligência e a construção do conhecimento. Conforme Camargo e Lacerda7: [...] Na orientação a projetos de aprendizagem, os quais partem do interesse dos alunos, é importante salientar o papel da intervenção do professor. A intervenção tem a função de qualificar o trabalho do aluno e, ao mesmo tempo, possibilitar ao professor compreender como o aluno está construindo seus conhecimentos. [...].

Fizemos o possível para estar em contato com todos os 35 grupos, e a interação aconteceu, entre professora e alunas, entre os grupos, entre os componentes do grupo.

7 CAMARGO, F.; LACERDA, R. A intervenção do Professor nos Projetos de Aprendizagem: o quê, para quê e como perguntar? disponível em:http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=80Acesso em 28 junho 2007.

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O mapa abaixo, reflete um pouco do caminho desenvolvido:

Agregamos os diversos projetos usando o bloglines8, onde é possível, com facilidade, monitorar as produções e visualizar as interações e intervenções nos diversos projetos.

8 http://www.bloglines.com/

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Nesse agregador,9 constam 69 projetos, há 34 que foram construídos no ano de 2007 e, estes, não estão sendo comentados nesse relato. A lista de endereços (blogrolls) está compartilhada no blog Projetos de Aprendizagem do Curso Normal10

Em agosto iniciamos a aplicação com as crianças. Essa aplicação é feita com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. São 118 alunos do Curso de Aplicação atendidos pelas “professorandas” do Curso Normal que têm a oportunidade real de aprender ensinando. Esta aplicação acontece semanalmente com as segundas séries, segundo ano e a turma mista (23 alunos de 6 a 9 anos,que fazem reforço no turno inverso) e quinzenalmente com a terceira e quarta séries.

Percebemos que o interesse das alunas cresceu, pois ao serem responsáveis pelo espaço virtual e também pelas relações humanas que permeiam o trabalho. Precisam, além de conhecer os recursos tecnológicos, administrar conflitos inerente à convivência humana. Sabem, contudo, que podem contar com o apoio de um profissional experiente que observa, orienta, desafia e oferece sua contribuição como, por exemplo, os slides da aula inaugural feita no aplicativo Power Point e publicados no Slide Share11.

Comentários sobre a aplicação de alguns grupos está no blog Caminhos12.

Contextualização

O Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, foi fundado em 28 de fevereiro de 1930, portanto, há 78 anos, como Escola Complementar de Caxias do Sul, a primeira em toda a região para a formação de professores primários.

Em 1943 as Escolas Complementares Oficiais passaram a denominarem-se Escolas Normais. Em 1946 teve início o primeiro ciclo, Curso Ginasial e, em 1954, o segundo ciclo com o Curso Científico. Em 1959 recebe o nome de Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza.

Em 29 de maio de 2000 passou a chamar-se Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza.

Atendendo atualmente cerca de 2010 alunos, 446 no Ensino Fundamental, 1145 no Ensino Médio e 420 no Ensino Médio Normal. Sendo a

9 http://www.bloglines.com/public/bernardete10 http://projetosdeaprendizagemdocursonormal.blogspot.com11http://www.slideshare.net/bernardete/recebendo-as-crianas?src=embed . 12http://caminhosparachegar.blogspot.com/search/label/Aplica%C3%A7%C3%A3o

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maior Escola Pública de nossa cidade, situando-se em um bairro de fácil acesso, recebe alunos de todas as partes da cidade, mais exatamente de 70 bairros, e municípios vizinhos especialmente para o Curso Médio Normal.

Em 2005 a Escola recebeu do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), 10 computadores, com conexão à Internet. Em 2006 o LIE foi usado esporadicamente por alguns professores para pesquisa.

Em abril de 2007 tivemos alteração de designação e assumimos 20 horas semanais na escola, passamos a utilizar o LIE como espaço físico de nossas atividades. Em março de 2008, iniciamos o trabalho aqui relatado com os terceiros anos do Ensino Médio Normal e uma turma de alunas egressas do mesmo curso, (complementação de estudos), totalizando 108 alunos.

Das 108 alunas, 38 trabalham no turno inverso refletindo assim, de um lado a condição econômica em que vivem e, de outro, a vontade de aprender e crescer apostando na educação.

Nossas alunas têm idade entre 16 a 40 anos e, é, na maioria absoluta, do sexo feminino (daí nossa referência sempre no feminino) o que reforça a tendência das mulheres no magistério, sobretudo nas séries iniciais.

É nesse contexto que o situamos nosso trabalho como pioneiro no uso das TIC na Promoção da Aprendizagem no Instituto Estadual Cristóvão de Mendoza.

Justificativa

Fróes13 justifica de forma epistemológica e, até mesmo filosófica, a necessidade de uso da tecnologia na educação: [...] os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como alguém pode registrar seu pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito ou mesmo datilografado, provocando no indivíduo uma forma diferente de ler e interpretar o que escreve forma esta que se associa, ora como causa, ora como conseqüência, a um pensar diferente. [...]

13Em: http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txtie4doc.pdf

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Diante de elevada possibilidade de crescimento cognitivo e dada a necessidade do uso da tecnologia no contexto atual, nós, docentes, devemos estar preparados para usá-las para benefício pessoal e, principalmente para qualificar a ação docente oportunizando que nosso aluno também seja usuário. Nesse sentido, entendo que um Curso de Formação de Professores, não pode estar alheio a essa necessidade. Deve sim, estendê-la através de ações que visem à inclusão e qualifiquem a formação de todos. Contudo, sabemos que a qualificação do ensino não acontece se não estiver embasada numa proposta pedagógica que vise não apenas a mudança externa, mas sim, a mudança essencial: a revisão metodológica. Como sabemos a metodologia tradicional embasada no repasse conhecimentos já construídos, não tem sido motivadora para nossos jovens estudantes. Eles manifestam vontade de aprender, mas não se contentam com os velhos métodos. Nossa proposta, de aliar Projetos de Aprendizagem com tecnologias, se apresenta como um caminho novo no qual nosso constrói e reconstrói conhecimentos e os disponibiliza na Web para que mais pessoas possam aprender através de interação.

Outro aspecto relevante do trabalho tem sido a prática com as crianças. Nela, as crianças são favorecidas por também estarem conectadas à tecnologia e, as professorandas, que são duplamente aprendizes, passam a compreender que não há caminho pronto, o fazemos ao caminhar.

Resultados

As alunas vivenciaram a metodologia de trabalhar com Projetos de Aprendizagem constataram que esta se difere da prática tradicional. A diferença começa na possibilidade de escolha dada a elas e mantêm sua singularidade na construção do percurso de aprendizagem distanciando-se do que é definido pelo professor. Até mesmo o movimento físico, difere do contexto tradicional:

[...] dentro da própria sala de informática, quando os alunos podiam se levantar, olhar ou ajudar no trabalho dos colegas (...) dentro da escola, como por exemplo, quando uma aluna que pesquisava sobre adolescência se dirige a biblioteca (...) a possibilidade de cada grupo de alunos estarem em um

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projeto diferenciado como, por exemplo, enquanto alguns pesquisam, outros, fazem a página pessoal, alguns tiram fotos [...]. (Corte Real 2007)14.

Esse novo espaço, com multiplicidade de possibilidades, é por si só, gerador de desequilíbrios no ambiente escolar.

Outra conquista refere-se ao uso de ferramentas e aplicativos computacionais servindo também como suporte textual na publicação dos seus projetos em ambiente virtual, oferecem a oportunidade de “enxergar” as próprias publicações refletindo, muitas vezes, a dificuldade de expressão escrita presente em muitos de nós. Poderíamos definir esse processo como metacognitivo onde o sujeito faz a própria análise reformulando seu pensar e seu fazer.

Também evidenciamos a dificuldade de colocar-se como pesquisador, sujeito da própria aprendizagem. A quantidade de informações oferecidas pela Web não garante a grandeza da pesquisa. É preciso comparar, insistir na busca, refletir, reformular o que está posto. Verifica-se claramente que as alunas possuem pouca autonomia. Em sua grande maioria encaram a pesquisa como “cópia-cola” sem que haja uma depuração posterior. Isto certamente é reflexo da prática do “tudo pronto” de nossos professores. Segundo Demo15

(1996 p.19-24): [...]Uma coisa é manejar textos, copiá-los, decorá-los, reproduzi-los.

Outra é interpretá-los com alguma autonomia para saber fazê-los e refazê-los [...] Ler não é apenas entender. É especificamente compreender. [...] Compreender o sentido de um texto implica estabelecer relações entre o texto e o significado, colocar em movimento modos de entender e compreender, indagar possibilidades alternativas de compreensão, perceber e dar sentido (...) Aparecendo à elaboração própria, torna-se visível saber pensar e aprender a aprender [...]

O ápice do nosso trabalho está na aplicação das “professorandas” com as crianças. Conforme já dissemos nesse relato, são seis turmas, divididas segundo os horários que freqüentam, resultando em quatro cronogramas que foram planejados pelos grupos:

Turma: 3301

11-08: Recebendo os alunos 4ª série18-08: Planejamento 25-08: Drogas01-09: Planejamento 08-09: Meio ambiente15-09: Planejamento

Turma: 3302

11-08: Recebendo os alunos 3ª série18-08: Planejamento 25-08: Dengue01-09: Planejamento 08-09: Hip hop15-09: Planejamento

14 CORTE REAL, Luciane.Aprendizagens Amorosas como possibilidades de deslocamento. Tese (Doutorado em Informática na Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 200715 DEMO, Pedro.Educar pela Pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

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22-09: Meio ambiente29-09: Planejamento 06-10: Água20-10: Planejamento 27-10: Família03-11: Planejamento 10-11: A importância da Saúde17-11: Drogas24-11: Água01-12: Família08-12: A importância da Saúde

22-09: Meio ambiente29-09: Planejamento 06-10: Lixo20-10: Planejamento 27-10: Arte 03-11: Planejamento 10-11: Arte17-11: Planejamento 24-11: Família01-12: Planejamento08-12: Animais em Extinção

A tabela acima mostra o cronograma das turmas 3301 e 3302 que freqüentam a disciplina nas segundas-feiras, turno tarde, e aplicam com a 3ª e 4ª séries do Curso Fundamental que estudam no mesmo turno. A aplicação é feita quinzenalmente neste mesmo espaço de tempo um encontro é dedicado ao planejamento e avaliação. Há uma programação definida até o final do ano letivo o que serve como norte às ações.

Turma 3303

07-08: Recebendo as crianças da Turma Mista14-08: Conhecendo os Animais21-08: Conhecendo os Animais28-08: Meios de Transportes04-09: Meios de Transporte11-09: Água18-09: Água02-10: Organizando as atividades feitas pelos alunos no word pelas Professorandas e alunos09-10: Organizando as atividades feitas pelos alunos no word pelas professorandas e alunos.16-10: Conhecendo os Animais

A tabela acima mostra o cronograma da turma 3303 que freqüenta a disciplina nas quintas-feiras, turno tarde e aplicam com a turma mista do Ensino Fundamental que freqüentam a escola em dois turnos.

Nessa turma há somente dois grupos, as alunas de um grupo da turma 3302, trocaram de horário para cooperarem com o trabalho.

Turma: Terça de noite

12-08: Recebendo os alunos 2ª série09-09: Amizade16-09: Amizade23-09: Lixo30-09: Lixo07-10: Violência14-10: Violência

Turma: Quarta de noite

12-08: Recebendo os alunos 2º ano02-09: Valorização do Professor09-09: Valorização do Professor16-09: Reciclagem23-09: Reciclagem30-09: Violência07-10: Violência14-10: Clássicos Infantis

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A tabela acima mostra o cronograma das turmas 3301, 3302 e 3303 que trabalham no turno da tarde e aplicam com a 2ª série e 2º ano do Curso Fundamental que estudam no turno da manhã.

Para que essas aplicações acontecessem foi e está sendo preciso fazer inúmeras negociações, com alunas, professoras titulares e professoras de determinadas disciplinas, pois há choques de horários e outros cronogramas que precisam ser respeitados.

A troca de horários na escola, a necessidade das professoras cumprirem o plano de estudos (conteúdo), o término do ano chegando, são alguns fatores que exigem muita negociação, pois queremos que todas tenham a oportunidade de desenvolver a prática junto às crianças.

Turma: 3207

06-08:Planejamento13-08: Planejamento 20-08: Planejamento27-08: Planejamento03-09: Recebendo os alunos: 2ª série10-09: Recebendo os alunos-2ª série01-10: Índios08-10:Cuidados com a Vida15-10:Obesidade Infantil

A tabela acima mostra o cronograma da turma 3207 que freqüentam a disciplina nas quartas-feiras, turno tarde, com a 2ª série do Curso Fundamental que estão matriculados no mesmo turno.

Essa turma é composta por alunas egressas, (Curso de Aproveitamento) o que dá menos flexibilidade já que o curso de aproveitamento é realizado em apenas dois anos. No segundo ano, é realizado o mini estágio (que estava agendado e aconteceu em agosto passado) deixando a aplicação do nosso projeto para início de setembro.

Recebemos as crianças da segunda série no dia 03/09, logo depois desse primeiro contato por solicitação delas, mais uma vez transferimos, dando maior tempo para o preparo. Iniciamos então em outubro como consta na tabela acima.Os próximos grupos a aplicarem serão: Festa de São JoãoFolcloreAdolescênciaTodos os endereços dos projetos das turmas estão no blog16 Projetos de Aprendizagem

Apesar das dificuldades que estamos enfrentando, consideramos esse contato das “professorandas” com os alunos de fundamental importância, a postura, a intervenção, a colaboração, a disponibilidade de ensinar e de aprender são revelados durante a aplicação. Com isso, vão compreendendo a

16 http://projetosdeaprendizagemdocursonormal.blogspot.com/

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real função do ato pedagógico e validando (ou não) a opção metodológica assumida durante a sua formação.

O envolvimento com o trabalho não se encerra no momento que o grupo faz sua aplicação, ele continua na cooperação com os demais, na publicação do relatório17 e das atividades pensadas, criadas e selecionadas, também com a organização de um documento com todas as atividades feitas pelos alunos, por computador.

Em alguns casos, na procura por alternativas para tornar viável a apresentação do trabalho desenvolvido, como no caso do grupo Saúde18 da turma da terça-feira que ontem, dia 21/10, convidaram uma turma do Ensino Médio Noturno para que na próxima terça feira dia, 28/10, conheçam seu projeto. Para isso, criaram uma “atividade extra” anunciada no SideBar de sua PBwiki como “novo”.

Na outra ponta, a resposta das crianças será determinante e validará o processo vivenciado. Esperamos também, que estas alunas aprendizes possam levar essa discussão para as salas de aula regulares e confrontar as diferentes metodologias e, quiçá, futuramente, transformar a Escola em espaço de construção de conhecimento e autonomia dos sujeitos.

Avaliação

Avaliar é um ato que implicar voltar para o ponto de origem, observar a caminhada, fazer um juízo de valor e, perceber se há indícios de novas propostas e parcerias que se agregam a anterior visando qualificá-la. Os objetivos propostos são sempre um ponto de apoio nesta revisão e os indícios que apontaremos na seqüência, são indicativos de que boa parte deles se efetivou o que aponta o percurso como exitoso.

Primeiramente voltaremos nosso olhar sobre as professorandas e suas busca concretizada em pesquisa. Percebemos que parte das dúvidas foram respondidas o que não significa dizer que as mesmas se consumaram e sim,

17 Relatório do Grupo água-3301http://projetomeioambiente.pbwiki.com/Relatório+das+Aulas18 Veja Atividade Extra no SideBar: http://falandodesaude.pbwiki.com/

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que elas defloram novas dúvidas agora postas em um patamar superior. Esta é um forte indicativo de formação de aluno pesquisador.

Outro destaque é a interação que aconteceu nos grupos e entre os grupos. O desafio colocou-nos num contexto favorável à cooperação, onde cada avanço individual sinalizava uma conquista coletiva. Da mesma forma, estagnar representava prejuízos não mais individuais, como comumente acontece numa educação tradicional, mas sim coletivos uma vez que se formou uma comunidade interligada: professores, professorandas, crianças.

O planejamento das atividades com as crianças exigia além de trocas na busca de estratégias significativas, trocas no uso da ferramenta, do aplicativo que melhor se adequasse ao objetivo e, consequentemente, a compreensão do seu funcionamento básico. Este momento denota a necessidade de conhecer, planejar e permanecer sensível à necessidade do outro, momento de grande aprendizagem.

Destacamos também que nosso trabalho chegou até alguns professores que me procuraram para ministrar uma oficina de Internet Básica. A oficina19

aconteceu em julho passado e atendeu quatro grupos, em torno de 50 professores. Uma docente da disciplina de Didática da Linguagem criou, com uma turma, blogs manuscritos. Elas irão publicar no espaço PBwiki, criado para o projeto. Essas alunas provavelmente continuarão a usar seus espaços virtuais, que é um dos nossos objetivos. Outra professora nos procurou recentemente solicitando ajuda para criar um blog porque seus alunos de Literatura querem publicar coletivamente os textos produzidos. Isto tudo é um reflexo do movimento “pró-tecnologia” desencadeado na nossa Escola.

Por último, não podemos deixar de destacar a alegria de nossas crianças por estarem aprendendo de uma forma diferenciada. Conforme o depoimento de uma das professoras, “este é o único dia em que nenhuma criança falta”.

Temos claro que ainda estamos nos despertar de uma nova forma de ensinar/aprender. Porém, temos a convicção que este projeto está em vias de se configurar como uma proposta áurea já que atinge as duas pontas principais do processo educativo: crianças e professoras em formação.

19 http://caminhosparachegar.blogspot.com/search/label/Oficinas

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Anexos

Anexo 01

Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza

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Anexo-02

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Grupo Água20- 3301 Aplicação com a 4ª série- Tarde

Grupo Lixo21 -3301 Aplicação com a 2ª Série Manhã

Anexo 03

20 http://agua2008.pbwiki.com/21 http://friendsddpk.pbwiki.com/

21

Grupo Valorização do Professor22 - 3303 Aplicação com o 2º ano Manhã

GrupoHip Hop23 -3302 Aplicação com a 3ª série Tarde

22 http://threeteachers.pbwiki.com/23 http://pdmspurpis.pbwiki.com/

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Grupo – Conhecendo os animais24 - 3303 Aplicação com a Turma Mista- Tarde

24 http://fairies04.pbwiki.com/

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