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Unidade Asa Sul SGAS 910, Conj. B, Bl E Sl 117
Ed. Mix Park Sul Brasília-DF
Unidade Gama Quadra 11, Lote 29, Sala 201
Setor Central Comercial Gama-DF
PREMIERE SERVIÇOS INTELIGENTES Consultoria e Terceirização de Serviços Ltda ME
CNPJ Nº 01.588.672/0001-22
[email protected] (61) 3028-5666 * (61) 3033-5663
ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) PREGOEIRO(A) DO BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN
PREGÃO ELETRÔNICO N. 74/2014 – Processo Nº 1301590281
PREMIERE CONSULTORIA E TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA ME, inscrita no CNPJ/MF sob o
número 01.588.672/0001-22, POR SEU REPRESENTANTE LEGAL INFRA-ASSINADO, VEM,
RESPEITOSAMENTE, PERANTE VOSSA SENHORIA APRESENTAR.
IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA
Contra o ato convocatório, especificamente contra o item 4 e seus subitens 4.2, 4.5 e 4.8, dos documentos
necessários à habilitação, por ser ilegal a exigência cumulativa dos três requisitos de qualificação econômico-
financeira, conforme exposto adiante.
01. BREVE INTRÓITO
O Banco Central do Brasil, publicou edital de licitação, na modalidade de pregão eletrônico com o
seguinte objetivo: “Prestação de serviços de secretariado, conforme Especificações Básicas constantes do Anexo
1.”
Ocorre que o edital de licitação contém vícios insanáveis que devem ser extirpados, sob pena de
anulação de todo o certame.
Um dos princípios basilares do Direito Administrativo e da licitação pública é o da legalidade, não
devendo o administrador público nunca afastar-se. Assim, ao inserir requisitos de habilitação em certame público,
estes devem estar em consonância com a legislação em vigor.
Assim, ao exigir – cumulativamente – os índices contábeis (liquidez corrente, liquidez geral e
solvência geral) maiores que 01, Patrimônio Líquido mínimo de R$900.000,00 (novecentos mil reais) e Capital
Circulante Mínimo de 16,66% sobre o valor anual estimado, o administrador não só afastou-se da legalidade,
como realizou exigências extremamente rigorosas que reduzem o universo de participantes no certame,
impossibilitando a seleção da proposta mais vantajosa.
É o breve relato dos fatos.
02. QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA – EXIGÊNCIAS EDITALÍCIAS QUE ROMPEM
COM A LEGALIDADE
Inicialmente, a título de pré-compreensão, a impugnante esclarece que as razões articuladas na
presente exordial baseiam-se em pontos simples e objetivos, a saber: a) existe cumulação de requisitos
econômico-financeiros, o que é vedado pela Lei de Licitações e jurisprudência; b) o ato convocatório faz
exigência da comprovação pelas licitantes de capital mínimo de 16,66% sobre o valor estimado do certame ou
patrimônio líquido de R$900.000,00, quando o correto seria exigir o capital mínimo ou patrimônio líquido das
licitantes sobre o valor que venha a ser contratado, tendo em vista que o advento do pregão, e a consequente
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inversão das fases do procedimento licitatório, antes da abertura do envelope de habilitação é possível ter
conhecimento do exato valor do contrato.
Nos dizeres Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 13. Ed., p.
451), “a qualificação econômico- financeira corresponde à disponibilidade de recursos econômico-financeiros
para a satisfatória execução do objeto da contratação (...) incumbirá ao contratado executar com recursos próprios
o objeto de sua prestação”.
Esta é a teleologia ou a finalidade das exigências de capacitação econômico-financeira (art. 31 da Lei
8.666/93). Em termos mais diretos, a Administração necessita de assegurar-se de que o contratado terá condições
financeiras de executar a avença pública travada.
Primeiramente, como ventilado anteriormente, o BABEN faz exigências cumulativas de
qualificações econômico-financeiras. Vejamos o que determinam os itens em questão:
4. QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
...
4.2. Balanço patrimonial e demonstrações contábeis referentes ao
último exercício social, comprovando índices de Liquidez Geral -LG,
Liquidez Corrente - LC, e Solvência Geral - SG superiores a 1 (um).
...
4.5. Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro (Ativo Circulante -
Passivo Circulante) de, no mínimo, 16,66% (dezesseis inteiros e
sessenta e seis centésimos por cento) do valor estimado da contratação,
tendo por base o balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do
último exercício social.,
...
4.8. Comprovação de patrimônio líquido mínimo de R$900.000,00
(novecentos mil reais) a ser aferido na data da apresentação da proposta,
na forma do art. 31 da Lei no 8.666/1993, por meio da apresentação do
balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício
social, apresentados na forma da lei, vedada a substituição por
balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices
oficiais, quando encerrados há mais de 3 (três) meses da data da
apresentação da proposta.
Como é de conhecimento de Vossa Senhoria, a legislação atual determina que em casos em que as
empresas licitantes não possuam um dos índices acima de 1, poderá qualificar-se pelo patrimônio líquido ou
capital social. É o que determina o artigo 44 da Instrução Normativa n.º 02, de 11/10/2010, in verbis:
Art. 43. Os atos convocatórios devem conter cláusulas que assegurem o
cumprimento das disposições contidas nesta norma, bem como as
descritas nos incisos seguintes, de modo a explicitar que:
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I – quando se tratar de Pregão Eletrônico ou Cotação Eletrônica, o
credenciamento deve estar regular;
II – a regularidade fiscal, a qualificação econômico - financeira e a
habilitação jurídica poderão ser comprovadas, por meio de
cadastro no SICAF, na fase de habilitação;
III – ao fornecedor inscrito no SICAF, cuja documentação relativa à
regularidade fiscal e à qualificação econômico - financeira encontrar-se
vencida, no referido Sistema, será facultada a apresentação da
documentação atualizada à Comissão de Licitação ou ao Pregoeiro,
conforme o caso, no momento da habilitação;
IV – o cumprimento da exigência de que trata a legislação sobre
trabalho infantil dar-se-á por meio de declaração firmada pelo licitante,
na forma estabelecida no Decreto nº 4.358, de 5 de setembro de 2002; e
V – a comprovação da situação financeira da empresa será
constatada mediante obtenção de índices de Liquidez Geral (LG),
Solvência Geral (SG) e Liquidez Corrente (LC), resultantes da
aplicação das fórmulas:
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
LG = --------------------------------------------------------------------;
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Ativo Total
SG = --------------------------------------------------------------------;
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Ativo Circulante
LC = --------------------------------------------------------------------;e
Passivo Circulante
Parágrafo único. O fornecedor registrado no SICAF terá os índices,
referidos no inciso V deste artigo calculados, automaticamente, pelo
Sistema.
Art. 44. O instrumento convocatório DEVERÁ PREVER, também, que
as empresas que apresentarem resultado igual ou menor que 1
(um), em qualquer dos índices referidos no inciso V do art. 433 desta
norma, quando da habilitação, deverão comprovar, considerados os
riscos para a Administração, e, a critério da autoridade
competente, o capital mínimo ou o patrimônio líquido mínimo, na
forma dos §§ 2º e 3º, do art. 31 da Lei nº 8.666, de 1993, como
exigência para sua habilitação, podendo, ainda, ser solicitada prestação
de garantia na forma do § 1º do art. 56 do referido diploma legal, para
fins de contratação.
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Diante do entendimento do TCU expresso no Acórdão n. 247/2003, Plenário, Relator Ministro
Marcos Vilaça, deixa claro que é suficiente a comprovação da qualificação econômico-financeiro das licitantes
através da apresentação de seus índices:
São a Liquidez Geral (LG) e a Liquidez Corrente (LC) os índices
utilizados pelo subitem 6.3 do edital (fls. 22) para a comprovação da
boa situação financeira da proponente. Quanto maiores esses índices,
melhor. Um índice de LG menor do que 1 demonstra que a empresa não
tem recursos suficientes para pagar suas dívidas, devendo gerá-los. Já
um índice de LC menor do que 1 demonstra que a empresa de pequeno
ou grande porte poderia participar da concorrência, independentemente
de capital ou de patrimônio líquido mínimo, desde que tivesse seus
índices contábeis nos valores normalmente adotados para comprovar
uma boa situação financeira.
Da análise dos índices exigidos, verifica-se a exigência de se obter uma
pontuação mínima de quatro pontos para fins de habilitação no certame.
Entende-se, s.m.j, que empresas que apresentem estrutura de
capital, índice de liquidez corrente e índice de liquidez geral
maiores ou iguais a 1 comprovam boa situação financeira. Nestes
termos, verifica-se que se uma licitante apresentar índice de
estrutura de capital entre 98,60 e 100,99, ILC entre 1,01 e 1,06 e
ILG entre 1,01 e 1,06 conseguiria a pontuação de 4,14, nos termos
do Anexo III — Planilha de Cálculo da situação financeira de
empresas — consultoria. Depreende-se, assim, que já está sendo
exigida boa situação financeira das empresas através dos índices, o
que torna desnecessário e restritivo sua exigência com os demais
requisitos para se aferir a qualificação econômico-financeira.
Não bastasse isso, para garantir a contratualidade, a impugnante, acaso contratada, ainda apresentaria
a garantia financeira prevista pelo art. 56 da Lei 8.666/93, e pela CLÁUSULA DEZESSEIS do edital do presente
certame assim redigido:
16.6. Atendendo à Cláusula Vigésima Sétima do Anexo 4, o licitante
vencedor deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis,
prorrogáveis por igual período a critério do Bacen, contados da data da
assinatura do contrato, comprovante de garantia para execução desse
instrumento, correspondente a 5% (cinco por cento) do valor global do
ajuste, que poderá ser efetuada por caução em dinheiro, título da dívida
pública, fiança bancária ou seguro-garantia.
Todo este montante, segundo as alegativas dessa Pública Administração, serviria para resguardar
uma futura e eventual responsabilidade subsidiária trabalhista (Súmula 331/TST), a qual, inclusive, após a
decisão do STF na ADC n. 16-DF, somente se dará caso seja efetivamente comprovada a culpa da Administração
contratante.
É muito importante frisar que toda esta restritividade, que só vem a diminuir o universo de
proponentes (e dificultar o encontro do menor preço), também perde o sentido quando se considera que essa
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Administração Pública realizará (como já tem feito) uma provisão mensal, mediante depósitos em conta
vinculada, para fazer frente a haveres trabalhistas, cf. disposição encartada na IN 03/2009 MPOG, caso o
certame em epígrafe fosse a prestação de serviços continuados, com dedicação exclusiva de mão-de-obra,
veja-se:
Art. 19-A Em razão da súmula nº 331 do Tribunal Superior do
Trabalho, o edital poderá conter ainda as seguintes regras para a
garantia do cumprimento das obrigações trabalhistas nas contratações
de serviços continuados com dedicação exclusiva da mão de obra:
I - previsão de que os valores provisionados para o pagamento das
férias, 13º salário e rescisão contratual dos trabalhadores da contratada
serão depositados pela Administração em conta vinculada específica,
conforme o disposto no anexo VII desta Instrução Normativa, que
somente será liberada para o pagamento direto dessas verbas aos
trabalhadores, nas seguintes condições:
a) parcial e anualmente, pelo valor correspondente aos 13ºs salários,
quando devidos;
b) parcialmente, pelo valor correspondente aos 1/3 de férias, quando
dos gozos de férias dos empregados vinculados ao contrato; c)
parcialmente, pelo valor correspondente aos 13ºs salários proporcionais,
férias proporcionais e à indenização compensatória porventura devida
sobre o FGTS, quando da demissão de empregado vinculado ao
contrato;
d) ao final da vigência do contrato, para o pagamento das verbas
rescisórias; e
e) o saldo restante, com a execução completa do contrato, após a
comprovação, por parte da empresa, da quitação de todos os encargos
trabalhistas e previdenciários relativos ao serviço contratado;
Note-se que nem mesmo a cumulação das exigências de Patrimônio Líquido mínimo com as garantias do art. 56
da Lei 8666/93 é vista com bons olhos pela Jurisprudência do TCU:
Abstenha-se de:
• exigir capital social mínimo, cumulativamente com a prestação da
garantia prevista no art. 31, inciso III, da Lei 8.666/1993, uma vez
que o § 2º do mencionado artigo permite tão-somente à
Administração exigir, ALTERNATIVAMENTE, capital mínimo ou
patrimônio líquido mínimo ou as garantias previstas no § 1º do art.
56 do referido diploma legal; • estabelecer condições não previstas no art.31 da Lei nº 8.666/1993,
especialmente não exigindo comprovação de capital integralizado;
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Acórdão 6613/2009 Primeira Câmara ....
Adote providências no sentido de não prever nos editais de licitação
exigência simultânea de garantia, na forma de seguro garantia ou fiança
bancária e capital social ou patrimônio líquido mínimo como requisitos
de qualificação econômico-financeira, conforme estabelece o art. 31, §
2º, da Lei nº 8.666/1993.
Acórdão 1453/2009 Segunda Câmara (Relação) ....
Abstenha-se de exigir capital social mínimo, cumulativamente com a
prestação da garantia prevista no art. 31, inciso III, da Lei nº
8.666/1993, uma vez que seu § 2º permite tão-somente à Administração
exigir, alternativamente, capital mínimo ou patrimônio líquido mínimo
ou as garantias previstas no § 1º do art. 56 do referido diploma legal.
Acórdão 2882/2008 Plenário
De notar-se que a garantia financeira de que trata o art. 56 da Lei
8666/93, por si só, já seria mais do que idônea para resguardar a
execução contratual, sendo que a recorrente, em momento algum,
aduziu oposição a esta exigência. Sobre o tema, pertinente é o escólio
de Justen Filho:
“[...] qual é o melhor, para a Administração, entre a situação de o
licitante ser titular de um certo patrimônio líquido ou de apresentar um
seguro-garantia no mesmo valor? A resposta é evidente: o mais
satisfatório é o seguro- garantia, inclusive porque a evolução dos
fatos pode conduzir à redução do patrimônio líquido do sujeito, sem que
tal sequer chegue ao conhecimento da Administração. Já o seguro-
garantia ou outra das alternativas previstas no art. 56, §1º, envolve
uma situação de segurança muito mais efetiva” (grifou-se).
Esta seria uma solução otimizada, representando uma garantia de perfeita execução contratual, com
um máximo de competitividade.
Mas, como visto, essa Administração licitante não procurou cercar-se de garantias mínimas para a
execução do objeto contratado, tal qual preconiza o inc. XXI do art. 37 da CF. Buscou garantias MÁXIMAS,
cumuladas, o que tem como efeito degenerado a restrição do caráter competitivo do certame, reduzindo, via
de consequência, as chances de encontrar-se o melhor preço.
Sobre a cumulação de requisitos financeiros o Tribunal de Contas da União já se posicionou
contrariamente com a edição da súmula 275:
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SÚMULA Nº 275/2012
Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode
exigir das licitantes, DE FORMA NÃO CUMULATIVA, capital
social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem
o adimplemento do contrato a ser celebrado, no caso de compras para
entrega futura e de execução de obras e serviços.
Não obstante isso, as cumulatividades ilegais não cessam por aqui. Além de exigir, de forma
simultânea, i) índices contábeis; ii) capital social iii) patrimônio líquido em patamar de 16,66% do valor
estimado; iii) Garantia financeira do art. 56 em patamares exacerbados.
Processo AMS 200351010264280
AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA - 58375
Relator(a) Desembargadora Federal REGINA COELI M. C. PEIXOTO
Sigla do órgão TRF2
Órgão julgador SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA Fonte DJU -
Data::03/05/2007 - Página::282
[...]
As exigências constantes do item 8.8, do Edital de Pregão nº
017/DIRSA-HCA/03, revelam-se desprovidas de suporte legal, além
de atentarem contra o próprio interesse público que deve permear
o procedimento licitatório, na medida em que restringem o numero
efetivo de participantes, frustrando, via de conseqüência, o seu
caráter competitivo. - Conforme salientado pelo M.M Juiz a quo, o
afastamento das exigências ora impugnadas não importa em violação o
Princípio da Isonomia, uma vez que na licitação sob a modalidade
“Pregão”, a fase de habilitação é posterior à classificação da proposta de
melhor preço, motivo pelo qual nenhum concorrente será prejudicado. -
Recurso e remessa improvidos.
Acórdão 434/2010 Segunda Câmara .....
Ademais, o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
estabelece que somente serão permitidas, nos processos licitatórios,
exigências de qualificação técnica e econômica “indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações”.
Acórdão TCU 768/2007 Plenário (Voto do Ministro Relator) ....
Atente para que as exigências de habilitação sejam indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações, de modo a atender o art. 37,
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inciso XXI, da Constituição Federal c/c os arts. 27 a 31 da Lei nº
8.666/1993.
ProcessoMS 199800153543
MS - MANDADO DE SEGURANÇA - 5693
Relator(a)MILTON LUIZ PEREIRA Sigla do órgãoSTJ
Órgão julgadorPRIMEIRA SEÇÃO
FonteDJ DATA:22/05/2000 PG:00062
[...] O interesse público reclama o maior número possível de concorrentes,
configurando ILEGALIDADE A EXIGÊNCIA DESFILIADA DA
LEI básica de regência e com interpretação de cláusulas editalícias
impondo condição excessiva para a habilitação. [...] (gn).
O capital social de uma empresa nada mais é que o montante necessário para se constituir e iniciar
suas atividades empresariais, enquanto a mesma não gera recursos suficientes para se sustentar
.
Em que pese a clara utilidade exposta acima, em alguns editais de licitação há a exigência de
comprovação de capital social mínimo, para participação da licitante ao certame, o que, como será demonstrado
adiante, não é um meio próprio a qualificação econômico-financeira inicialmente, mas sim para ser utilizado de
forma secundária, conforme vemos nos editais do Tribunal Superior Eleitoral – PE 98/2014, Conselho Nacional
do Ministério Público – PE 13/2014, Tribunal de Contas do Distrito Federal – PE 33/2014, Superior Tribunal
Militar – PE 96/2014. Destaca-se que inicialmente, para ser verificada a situação financeira de uma empresa,
existem os índices contábeis que demonstram a real situação da empresa.
Deste modo, a qualificação econômica financeira não é um conceito absoluto, sendo relativo ao vulto
dos investimentos e despesas necessárias à execução da prestação. Deste modo, a citada qualificação somente
poderá ser apurada em função das necessidades concretas de cada caso.
Assim, não é necessária a comprovação atinente a todos os incisos do art. 31, conforme ensinamentos
do Doutrinador Marçal Justen Filho, na obra Comentários à lei de licitações e contratos administrativos, 14ª
Edição, Editora Dialética, 2010, pág. 469, in verbis:
“... não existe obrigação legal a exigir que os concorrentes esgotem
todos os incisos do art. 31 da lei 8.666/93”.
(STJ – Resp nº 402.711/SP, rel. Min. José Delgado, 11/06/2002)
O doutrinador continua ensinando que:
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“Em sentido similar, o TCU reputou válido o edital que permitia que
empresas que não preenchessem os índices denotadores de boa situação
econômica-financeira fossem habilitadas por meio da demonstração de
capital social ou patrimônio mínimo (Acórdão nº 247/2003, Plenário,
rel. Min. Marcos Vilaça).
O acórdão acima demonstra cabalmente a importância dos índices denotadores de boa situação
econômico-financeira, devendo ser analisados primeiro e caso a empresa não obtenha bons índices ela deve
apresentar capital mínimo ou patrimônio líquido.
Na mesma obra citada acima, pág. 475, o ilustre doutrinador consigna que:
“O TCU vem manifestando orientação no sentido de evitar a
consagração de exigências amplas, no tocante à qualificação
econômico-financeira. Assim, apenas quando os índices do balanço
patrimonial não forem iguais oi inferiores a 1, é que a licitante deverá
comprovar que possui capital mínimo ou patrimônio líquido mínimo
igual ou superior a 10% do valor estimado da contratação”.
Ante todos os argumentos acima, resta claro o equívoco nos editais de licitação que exigem das
licitantes comprovações consideradas abusivas pelo próprio TCU.
É sabido que a saúde financeira de uma empresa vai muito além da medição por índices contábeis,
tais como os índices pedidos no edital, em comento. A administração pública tem procurado, por intermédio
dessas ferramentas, avaliar as condições de fazer das empresas em face do cumprimento das obrigações que vier
a assumir e assegurar-lhe sucesso na contratação.
As exigências editalícias devem caracterizar-se, em essência, como um processo competitivo
direcionado a dois objetivos a ser perseguidos em qualquer procedimento de licitação: selecionar a proposta mais
vantajosa para a Instituição e assegurar aos possíveis interessados tratamento isonômico.
Sob à análise conceitual e sistêmica da exigência de capital social ou patrimônio líquido mínimo
sobre o valor estimado do edital, nos termos do § 3º do artigo 31 da Lei nº 8.666/93, quando aplicado à fase de
habilitação na modalidade pregão, o teor do dispositivo legal traz o seguinte:
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira
limitar-se-á a:
I – balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício
social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a
boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por
balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices
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oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de
apresentação da proposta;
[...]
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o
parágrafo anterior, não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor
estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita
relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da Lei,
admitida a atualização para esta data através de índices oficiais.
Sobre a utilização do valor estimado da contratação, como disposto na legislação em vigor, em
detrimento do valor real do contrato a ser assinado, com o advento da modalidade pregão, tendo em vista a
inversão das fases do certame, a saber: nas modalidades tradicionais, são abertos os envelopes de habilitação
antes dos envelopes de preço; no pregão esse procedimento foi invertido, sendo das propostas comerciais as
primeiras informações verificadas.
Com essa inversão de fases, tornou-se possível ter conhecimento do valor preciso do contrato quando
da fase de habilitação, pois a proposta é analisada previamente à habilitação.
Cabe destacar que o dispositivo legal que sustenta a apuração do capital social e do patrimônio
líquido, com base no valor estimado do contrato, é de 1993 (§ 3° do artigo 31 da Lei 8.666/93), época em que
nem se cogitava a possibilidade de conhecer o real preço do contrato antes da fase de habilitação, portanto, a
única possibilidade era comparar a capacidade financeira da licitante com o valor apenas estimado do objeto.
Hoje, o valor estimado do contrato já não é mais o único dado disponível para comparação. É
possível, em razão da inversão de fases, que a verificação da capacidade econômico-financeira da empresa ocorra
com a observação precisa do valor do contrato a ser assinado. Os motivos que levavam à necessidade da
utilização da estimativa não existem mais, o que desestabiliza sua fundamentação lógica e jurídica.
Deve ser acrescida a essa perspectiva, a utilização de valores estimados muito além do praticado no
mercado. É possível (e de ocorrência frequente) que o valor estimado de forma superestimada, sofra redução da
ordem de 30, 40%, ou até mais, quando da contratação efetiva.
Sob este prisma, a utilização do valor estimado do contrato, como base de cálculo para exigência de
capacidade econômica, além de não razoável, quando conhecido o real valor do contrato a ser assinado, torna-se
uma ferramenta que afasta possíveis interessados no certame, restringindo, indevidamente, o universo de
licitantes que poderiam ser habilitadas.
A adoção de um valor estimado do objeto muito acima do seu real valor de mercado implica em
elevar, de forma indevida, as exigências de capital social e patrimônio líquido mínimo. Assim, seria facilitada a
possibilidade de, com uma estimativa absurda e irreal, afastar licitantes que não teriam condições de cumprir as
exigências habilitatórias.
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O procedimento licitatório tem como princípio fundamental garantir a isonomia entre os licitantes. A
importância dada pelo legislador ao referido princípio é tamanha que o artigo 3º da Lei nº 8.666/93 chega a
afirmar que a “licitação visa garantir o princípio constitucional da isonomia”. Exagerou o legislador. Não
obstante a elevadíssima importância do princípio em tela, o objetivo da licitação é atingir a melhor oferta ao
Estado. Ainda assim, é válido o conceito da importância do princípio da igualdade.
Mesmo considerando a essencialidade da igualdade entre as licitantes, é necessário destacar em que
termos será analisada a igualdade entre as participantes do certame. Aqui vale a máxima jurídica: “igualdade é
tratar de maneira igual os iguais e desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades”.
O princípio fundamental implica na existência de uma fase de habilitação prévia à análise das
propostas. Nessa fase inicial, a Administração possuiria condições de separar aqueles que têm condições de
executar o contrato licitado, daqueles que não as tem. Em bom português: separar o joio do trigo.
O Prof. Hely Lopes Meirelles (Licitação e contrato administrativo. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
2010. p. 18) define em sua obra o motivo da existência de uma fase prévia à análise das propostas e que busque
eliminar os concorrentes menos preparados:
Embora haja interesse da Administração no comparecimento do maior
número de licitantes, o exame das propostas restringe-se àquelas que
realmente possam ser aceitas, em razão da pessoa do proponente. Isto
porque a Administração só pode contratar com quem tenha qualificação
para licitar, ou seja, o interessado que, além da regularidade com o
Fisco, demonstre possuir capacidade jurídica para o ajuste; condições
técnicas para executar o objeto da licitação; idoneidade financeira para
assumir e cumprir os encargos e responsabilidade do contrato.
Ao disciplinar a fase de habilitação era primordial que o legislador definisse muito bem quais são os
limites que o administrador possui para estabelecer a linha separadora entre os aptos e os inaptos. Esses limites
foram definidos e estão estabelecidos entre os artigos 27 e 32 da Lei de Licitações.
Este é o conceito que deve ser observado quando da análise da habilitação de uma empresa. Deve ser
verificado, exclusivamente, se a proponente detém condições de execução do contrato.
O § 3º do artigo 31 da Lei nº 8.666/93 está claramente inserido nesse contexto. Ao estipular um
limite geral de 10% do valor a ser contratado, o legislador buscou cercear a discricionariedade do administrador,
antevendo a possibilidade de condições altamente restritivas no certame e que ultrapassariam a função da fase de
habilitação que é, repisa-se, de estabelecer uma linha mínima de segurança contratual.
Convém debruçar sobre o parâmetro de composição da regra. O dispositivo legal regula a exigência
habilitatória em até 10% do valor estimado da contratação. Não há qualquer dúvida quanto ao motivo que levou o
legislador a utilizar o valor estimado da contratação em detrimento do valor real da contratação. O legislador
adotou o valor estimado porque não seria possível, quando da elaboração da Lei nº 8.666/93, saber o valor real da
contratação já na fase de habilitação.
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É inequívoco que seria muito mais razoável, lógico e sensato, estabelecer que a empresa seja
obrigada a comprovar que possui condições de executar o contrato a ser efetivamente assinado. Inexiste qualquer
fundamento, além do desconhecimento do valor contratual, para que a licitante tenha que comprovar capacidade
econômica sobre um valor fictício.
Cumpre repetir que não está sendo apontado um equívoco na redação do dispositivo. No momento
em que foi criado, o referido § 3º do artigo 31 cumpria a sua função, dentro dos limites existentes na época.
A aplicabilidade do referido dispositivo legal, nos exatos termos de sua redação, é que merece ser
melhor apreciada, sob pena de perpetuar uma utilização incompleta da intenção do legislador, apenas porque
sempre foi assim, quando hoje já é possível melhor aplicá-la, com o objetivo de dar plena eficácia ao critério
habilitatório.
Na modalidade pregão, a adoção do valor estimado da contratação, para a comprovação da
capacidade econômico-financeira do contrato, não se mostra ajustada ao princípio da razoabilidade e do maior
universo possível de licitantes.
Como é sabido, no pregão os envelopes com as propostas comerciais são abertos antes dos
invólucros com os documentos de habilitação. Assim, é conhecido o valor exato do contrato a ser firmado antes
da análise das condições de habilitação da licitante.
O único fundamento que sustentava a utilização do valor estimado, o desconhecimento da proposta
das licitantes, caiu por terra com o advento do pregão.
Desde a criação do pregão as propostas já são conhecidas quando da apuração da capacidade
econômico-financeira da proponente e inexiste fundamento plausível que corrobore com a perpetuação da prática
imperfeita.
Há que ser feita uma interpretação do dispositivo legal de forma mais ampla, levando em conta a
intenção do legislador quando da composição da norma, além da mera interpretação literária.
A vontade do legislador era estabelecer um critério que permitisse a participação do maior número de
interessados, mas sem comprometer a segurança do contrato.
Quando essa vontade é trazida à modalidade pregão é fundamental que sua análise esteja acostada ao
que determina o parágrafo único do artigo 4º do Decreto 3.555/00, que regulamenta o pregão:
Art. 4º A licitação na modalidade de pregão é juridicamente
condicionada aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo, bem assim aos princípios correlatos da celeridade,
finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, competitividade, justo
preço, seletividade e comparação objetiva das propostas.
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Parágrafo único. As normas disciplinadoras da licitação serão sempre
interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados,
desde que não comprometam o interesse da Administração, a finalidade
e a segurança da contratação
A inserção do dispositivo legal gera uma mudança paradigmática de comportamento ao agente
administrativo promotor do pregão. O Prof. Paulo Boselli (Capacitação para Pregoeiros e Licitantes. São Paulo:
Negócios Públicos, 2009. p. 38) posiciona-se de forma firme quanto à diferença de postura existente entre o
pregão e as modalidades tradicionais:
Há que haver uma mudança significativa de postura das pessoas
envolvidas com o pregão, em especial por parte da Administração
Pública. A utilização satisfatória do pregão implica em evitar decisões
excessivamente formalistas que acabam por reduzir o número de
propostas em condições de serem aproveitadas no certame.
Essa mudança de cultura citada pelo autor, quando aplicada ao estudo em tela, indica o rumo da
maior amplitude de interessados possível na aplicação das normas disciplinadoras da licitação, inclusive, e
principalmente, quando da estipulação das regras convocatórias.
Assim, nessa concepção de maior amplitude do certame e com o objetivo de obter a melhor oferta
possível, não há qualquer fundamento que alicerce posição contrária à de que deve ser observado o valor real do
contrato, visando uma maior concretude do critério habilitatório e, sobretudo, um acréscimo no universo de
licitantes possível, sem comprometer a segurança da contratação.
No que toca à legalidade do critério de habilitação a ser adotado, não há qualquer vedação legal.
Considerando o texto legislativo atual, a Administração pode exigir a comprovação de capital social
ou patrimônio líquido mínimo até o limite de 10%. A Administração não está obrigada a exigir exatamente dez
por cento mas, sim, estabelecer, no intervalo de 0% a 10%, qual o critério mais adequado àquele específico
procedimento licitatório.
Luís Carlos Alcoforado (Licitação e Contrato Administrativo. Brasília: Brasília Jurídica, 1998. p.
186) explica essa margem a ser utilizada pela Administração, relembrando, ainda, o dever de o administrador
justificar o percentual adotado para aquele procedimento licitatório:
Limite do valor do capital mínimo ou do patrimônio líquido – Se o
capital ou o patrimônio líquido tem a finalidade de comprovar,
objetivamente, a qualificação econômico-financeira do licitante, a
norma estabeleceu um limite paradigmal.
[...]
Dispõe a Administração de uma margem considerável de até 10% (dez
por cento) do valor estimado da contratação.
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Qualquer percentual dentro desse limite observará o comando legal,
sendo certo, contudo, que para melhor transparência administrativa, é
de bom alvitre que a Administração justifique o percentual escolhido.
A necessidade de justificar o percentual escolhido é pacífica no entendimento do Tribunal de Contas
da União[4]:
9.4.2. faça constar dos autos justificativas para o percentual fixado de
capital ou de patrimônio líquido mínimo em relação ao valor estimado
da contratação (§§ 2º e 3º do art. 31 da Lei 8.666/93), assegurando-se de
que não restrinja o caráter competitivo do certame;
Dentro dessa concepção de intervalo, no qual será definido um referencial, qualquer valor abaixo do
estabelecido pelo legislador deve ser considerado correto, contrariando a ilegalidade contumaz de aplicação do
percentual máximo, sem nenhum critério específico.
É, portanto, plenamente lícita a exigência editalícia de comprovação, na fase de habilitação, que a
empresa possua patrimônio líquido ou capital social superior a 3% do valor da proposta final, ou seja: o valor do
contrato.
Usualmente, o valor da proposta vencedora é inferior ao valor estimado para o contrato. Não
obstante, para os casos em que o valor contratado seja superior ao estimado, seria justificável exigir que a
licitante comprove que possui capacidade real de contratação, comprovando patrimônio ou capital social igual ou
superior a 3% do valor real do contrato, evitando, inclusive, um direcionamento do contrato àquele que sequer
teria capacidade econômica de habilitar-se para um procedimento licitatório, conduzido sem uma estimativa
muito inferior à realidade.
A inversão das fases do procedimento licitatório nas modalidades tradicionais, promovida por
legislações específicas, enseja a ampliação do tema ora abordado, também para as demais modalidades, nos casos
em que a fase de habilitação ocorra posteriormente à abertura das propostas.
É possível concluir que com o advento do pregão, algumas normas do procedimento licitatório
exigem uma releitura dentro dos preceitos e das condições de realização próprias do pregão.
É, portanto, dever do administrador público prever normas que adaptem as exigências licitatórias,
estabelecidas para as modalidades tradicionais, ao pregão. No caso do limite legal de 3% para a exigência de
capital social mínimo ou patrimônio líquido mínimo, esse percentual deve ser verificado em relação ao valor da
proposta, ou seja, o valor real do contrato.
Por fim, cumpre destacar a importância de uma análise mais criteriosa da exequibilidade da proposta
ofertada, quando aberto o procedimento licitatório pela interpretação ora defendida. É fundamental que a
Administração proteja-se contra uma possível fraude com a oferta de uma proposta inexequível que tenha por
objetivo, exclusivamente, atender ao requisito de qualificação econômico-financeira vinculado à proposta
oferecida pela própria licitante a ser beneficiada. É preciso atentar para a execução atual do contrato condiz com
todas as alegações aqui descritas.
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3 - DO PEDIDO
Por tudo acima exposto, requer a impugnante o recebimento desta em efeito suspensivo e que seja
alterado o ato convocatório, suprimindo os vícios elencados, de forma que seja possível a qualificação
econômico-financeira pelos índices contábeis (ILG, ILC e ISG) ou alternativamente pelos critérios de capital
social ou patrimônio líquido mínimos do valor do contrato proposto pela licitante, caso a mesma não possua
todos os índices maiores que um.
Caso não seja o entendimento de Vossa Senhoria, que seja a presente submetida à Autoridade
Superior para apreciação dos fatos e fundamentos aduzidos.
Nestes Termos,
P. Deferimento.
Brasília-DF, 17 de novembro de 2014.
Atenciosamente,
Premiere Consultoria e Terceirização de Serviços
Marcilio Pereira de Oliveira
Sócio Diretor