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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
CURSO DE PEDAGOGIA
ANDRESSA DOS SANTOS MEDEIROS
POR ONDE CAMINHA O BULLYING:
Histórias de vida de educadores vítimas de bullying
São José
2012
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
CURSO DE PEDAGOGIA
ANDRESSA DOS SANTOS MEDEIROS
POR ONDE CAMINHA O BULLYING:
Histórias de vida de educadores vítimas de bullying
Trabalho elaborado para a disciplina de Conclusão de
Curso (TCCII) do Curso de Pedagogia, como requisito
parcial para curso de graduação em Pedagogia do
Centro Universitário Municipal de São José- USJ.
Orientadora: Dra Izabel Feijó de Andrade
São José
2012
ANDRESSA DOS SANTOS MEDEIROS
POR ONDE CAMINHA O BULLYING:
Histórias de vida de educadores vítimas de bullying
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para obtenção
do grau de licenciado em Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São
José – USJ avaliado no dia 28/11/2012, pela seguinte banca examinadora:
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________ Dra Izabel Feijó de Andrade
Orientadora- USJ
_________________________________________________________ Msc Janete Souza da Silva Becker
FACULDADES ENERGIA
____________________________________________________
Msc.Elisiani Cristina de Souza de Freitas Noronha Centro Universitário Municipal de São José (USJ)
São José, 28 de novembro de 2012.
Dedico meu trabalho a todos que de
alguma forma contribuíram para o meu crescimento
pessoal e intelectual.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar o fôlego de vida e pelos sonhos que ele cultiva em
meu coração, que é a força para seguir em frente a cada dia.
Aos meus pais que me educaram de uma forma incentivadora para sempre dar
continuidade aos estudos.
A minha dedicada professora do primeiro ano que me inspirou a seguir os trilhos
da educação.
Aos meus educadores Universidade Municipal de São José que propiciaram novos
conhecimentos e experiências para a minha vida.
Aos colegas de Pedagogia que passaram por muitas situações de alegria e
frustrações junto comigo durante esses anos.
A Dra Izabel Cristina Feijó de Andrade que se dedicou nas orientações para a
realização deste trabalho nesta nova fase da minha vida.
Agradeço também aos educadores que aceitaram o convite para participarem da
banca examinadora.
A todos aqueles que eu amo que me apoiaram e torceram pelo meu sucesso o
meu muito obrigada.
Não sei se a vida é curta ou
longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem
sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo
que acolhe braço que envolve palavra que conforta silêncio
que respeita alegria que contagia lágrima que corre
olhar que acaricia desejo que
sacia amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à
vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa
demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto
durar. Feliz aquele que
transfere o que sabe e aprende o que ensina.
(Cora Coralina 1889 - 1985)
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, como exigência do curso de
pedagogia do Centro Universitário Municipal de São José (USJ), vem apresentar
os resultados da pesquisa que objetiva conhecer e analisar o modo como o
bullying se apresenta nas escolas, focando nas situações vividas pelos
professores, que se tornaram alvo de agressões e ameaças por parte dos alunos.
Para conhecer um pouco dessa realidade, foi necessário o uso de questionários, a
fim de conhecer a noção dos diferentes tipos de bullying que os educadores
tinham, além de, saber como eles o vivenciaram em sua profissão. Após, a
realização da pesquisa e da análise dos dados levantados com os questionários, o
resultado é de que os educadores conhecem, mesmo que não integralmente o
que significa bullying, mas, podemos perceber que alguns sofrem ou sofreram
com as agressões, ameaças ou humilhações do bullying, entre outros.
Palavras-Chave: Bullying. Professor. Aluno.
LISTAS DE ABREVIATURAS
USJ – Centro Universitário Municipal de São José
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO.....................................................................................................09
2 RECURSO METODOLÓGICOS.........................................................................13
2.1 SUJEITOS DA PESQUISA .............................................................................13
2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA....................................14
2.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS..................................................15
2.4 TRATAMENTO DOS DADOS..........................................................................15
3 AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING ...........................................................16
4 O CUIDADOR GOSTARIA DE SER CUIDADO.................................................19
5 O QUE DIZEM OS PROFESSORES?................................................................24
5.1 BULLYING: CONCEPÇÕES, CONTEXTOS E DESAFIOS.............................24
5.2 BULLYING: SENTIMENTOS E AMARRAS.....................................................27
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................35
REFERÊNCIAS......................................................................................................36
ANEXOS................................................................................................................41
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, pode-se dizer que, a criança é um ser que sabe dominar o
ambiente, tanto escolar como familiar, devido ao seu crescimento em meio a um
mundo tão evoluído tecnologicamente. O estatuto da criança e do adolescente é
algo que foi criado recentemente, ele surgiu com o intuito de protegê-los, ao
mesmo tempo, fez com que eles passassem a serem sujeitos que conquistaram
os seus espaços na sociedade e precisam ser respeitados. Porém, é necessário
lembrar que, muitas vezes, os infantes também precisam ser contrariados, suas
vontades limitadas com muito afeto por parte dos adultos. Sem o limite necessário
a violência tanto física como verbal passa a fazer parte do cotidiano da criança e
do adolescente, na forma como irão tratar às pessoas ao seu redor. Além da
família e amigos, quem se encontra próximo à rotina diária deles é o professor.
Este vem sofrendo com tais comportamentos rebeldes diários, o que pode ser
chamado de bullying.
A falta de amparo ao educador faz com que surjam as dúvidas de como
proceder diante das situações impostas por seus alunos. Sem ter a certeza do que
seria uma atitude correta para solucionar a questão da violência sofrida, surgem a
partir disso os efeitos colaterais, as síndromes e traumas na vida do educador.
Nessa busca por saber de relatos de vida de educadores que sofreram o bullying
e as soluções que encontraram diante desse assédio moral é que se realizou esta
pesquisa.
Frequentemente temos observado várias reportagens que retratam a
violência social em diferentes espaços e ambientes, sejam eles educativos ou não.
Com uma constância de informações, a problemática do Bullying parece que
nunca esteve tão em voga como nos últimos tempos, podendo ser percebido na
própria transformação do ambiente natural das escolas.
A palavra bullying é de origem inglesa e ainda não tem uma tradução no
Brasil, é o nome dado às agressões no âmbito escolar, praticados tanto por
10
meninos como por meninas, sendo essas atitudes intencionais e repetidas sem
um motivo aparente. Como nos trás Fante (2005). Esse e outros autores afirmam
que existem várias formas de se praticar o bullying, da maneira verbal, física,
emocional, racista e o cyberbullying que é uma forma de bullying praticado por
meio de páginas da internet como as redes sociais. Como não deixa marcas
físicas visíveis que denunciam a agressão, o bullying vem se mostrando um
problema social devastador nas relações entre estudantes e educadores.
Por esses motivos, essa pesquisa tem o propósito de abordar a situação
que é real e pouco comentada o bullying do aluno contra o educador. Essa
situação pode ser considerada como algo corriqueiro do papel do educador que
lida com crianças de temperamentos variados, no entanto, a educação está
defasada, e estar no meio de situações de violência devido ao convívio de muitas
horas na escola com as crianças, os educadores que estão vivenciando os mais
variados sentimentos e pensamentos, praticamente no início de suas vidas.
Lamenta-se o comportamento agressivo, e por vezes, visto até como insensível
que, algumas crianças do século XXI têm demonstrado ter, adoecendo físico e,
psicologicamente seus educadores com essas ocorrências.
Existem educadores com autoestima baixa e se encontram até mesmo em
estado depressivo, devido a agressões verbais e até físicas sofridas por parte dos
seus alunos. Grande parte dos afastamentos de educadores da carreira escolar é
devido ao bullying.
Um site mostrou a notícia de uma professora que deixa o seu cargo por ter
problemas emocionais após um aluno ter ameaçado de morte, em Goiânia, como
se lê a seguir:
Uma professora da rede pública de ensino, que preferiu não ser identificada, revelou que deixou o cargo após um aluno ameaçá-la de morte. Com receios de encontrar o estudante, a docente foi
afastada da função para realizar um tratamento psicológico e, ao concluí-lo, deixou de lecionar para trabalhar como secretária na biblioteca da unidade de ensino, em Goiânia.
(http://gentesemfuturo.blogspot.com.br/2012)
Diante deste depoimento, é necessário buscar formas de sanar esta
11
questão, fazendo com que a sala de aula não seja um martírio com horas
intermináveis de intimidação de aluno contra o educador. Alguns anos atrás, esse
profissional visto como mestre era respeitado por seus alunos pelo seu trabalho. A
atual violência na escola, muitas vezes, causada pelo bullying, está pondo a
educação em risco.
A admiração e respeito pelo educador vêm se perdendo ao longo dos anos,
tanto pelos adultos, por meio da sociedade, dos pais e dos próprios educadores;
como também pelos alunos. Essa profissão tem sido vista como um “estepe”, o
sujeito não consegue uma profissão que lhe proporcione uma melhor vida
financeira, ele se torna educador. Também contribuem para este raciocínio, os
baixos salários e a falta de reconhecimentos são alguns dos fatores para a
escolha em “ser educador”, normalmente esta acontece por falta de escolha, como
último recurso. Nos últimos anos, ao se perguntar a uma criança o que ela quer
ser quando crescer, raramente ela responderá educador. Este profissional precisa
valorizar-se e ser valorizado, e um dos passos para mudar isso, é combater o
bullying sofrido pelos seus alunos. Dessa forma, precisa retornar a sua posição de
educador que orienta e tem uma relação saudável e harmoniosa com os seus
alunos. Mas ele não conseguirá essa batalha do bullying sozinho.
Neste termo, este trabalho se constitui uma fonte para futuras pesquisas,
sendo um avanço nas discussões, pois envolve a relação de bullying entre
educadores e alunos. É relevante, pois traz de forma inédita no Curso de
Pedagogia este tema em discussão, dando subsídios para outras pesquisas.
Este trabalho está dividido em quatro partes sendo que, a primeira refere-se
à introdução da temática discutida durante todo o trabalho, comparando a
justificativa do mesmo e trazendo a problemática discutida da relação bullying de
alunos contra seus educadores.
A segunda parte refere-se, ao percurso metodológico em que se optou em
fazer uma pesquisa de cunho bibliográfico, materializando-se quantitativamente ao
analisarmos os dados colhidos. Esses dados serviram para analisar a temática por
meio das entrevistas colhidas entre os educadores, utilizando-se um questionário
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que foi enviado ao Grupo Nacional de Pedagogos de Santa Catarina, por email. A
metodologia vem apresentar ao leitor, já de imediato os sujeitos da pesquisa e a
forma de coleta de dados.
Na terceira parte apresenta-se, a fundamentação teórica que serviu de
base nas análises, em que se constitui basicamente do tema em discussão neste
trabalho: bullying.
Na quarta parte, e por nós eleito, o mais significativo da pesquisa, pois
apresenta as análises e tratamento dados às informações colhidas durante a
interação virtual com o Grupo Nacional de Pedagogos. Evidenciamos aqui as
categorias que emergiram das análises preliminares e que nos conduziram às
inferências constitutivas do trabalho.
E por fim, no quarto capítulo, têm-se as considerações finais que
evidenciam as descobertas e achados da pesquisa e que nos conduzem ao
aprofundamento teórico e prática de outras pesquisas.
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2 PERCURSO METODOLÓGICO
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa, com aplicação de
questionários, utilizando a resposta dos entrevistados, assim com, a utilização
dessas respostas para a elaboração das análises. O objetivo principal de trazer o
questionário foi tomar conhecimento das experiências de vida de educadores com
ação ao bullying. Por meio das respostas colhidas virtualmente, se pode avaliar
melhor como a violência está presente no cotidiano do ambiente de trabalho
educacional.
2.1 SUJEITOS DA PESQUISA
No sentido de ampliarmos a possibilidade de encontrarmos casos de
bullying contra os educadores, mandamos o questionário para o Grupo Nacional
de Pedagogos, especialmente para o subgrupo de Santa Catarina, para que os
mesmos pudessem responder, por email, o questionário.
Este grupo está se mobilizando para formar o Conselho Federal de
Pedagogia e os Conselhos Regionais de Pedagogia. Para os responsáveis é:
Fundamental todos nós pedagogos entender e defender que o espaço do pedagogo vai além do exercício da condição de TRABALHADOR NO ENSINO FORMAL. Nada contra a Escola e o Ensino Formal, mas hoje a demanda pelo profissional de pedagogia, mas vai muito além deles e são necessários e fundamentais nas Empresas, Organizações Não Governamentais, hospitais, autoescolas, escolas de cursos livres, socioeducação profissional e comunitária, inclusive nas escolas de pais e tantos outros. EDUCAÇÃO é mais do ENSINO FORMAL e é nesta ideia que assenta a luta pela regulamentação da profissão e sua diferenciação com a categoria dos trabalhadores em ensino formal. (http://www.conselhodepedagogia.com.br/profissionalpedagogo.pdf)
14
Dos quarenta questionários enviados, tivemos o retorno de nove
respondidos. Esse retorno se deve ao fato de que, o questionário era somente
para ser respondido aos professores que tiveram caso de bullying. O que
restringiu bastante o retorno.
2.2 CARACTERIZAÇÕES DOS SUJEITOS DA PESQUISA
Dos nove questionários respondidos, tivemos quatro homens e cinco
mulheres, todos com formação em pedagogia. Além disso, todos iniciaram suas
atividades pedagógicas no período de 1999-2008. Usamos oito questionários para
a realização as pesquisa.
2.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS
A decisão em enviar o questionário por e-mail é a possibilidade de
anonimato completo, a entrega imediata do questionário e a agilidade da digitação
das respostas. E é significativo comentar, que a Internet está presente na vida de
uma parcela significativa dos pesquisadores, e principalmente utilizada pelos
jovens, que são em grande parte estudantes e professores.
Para Castells (2004), a comunicação é a base da atividade humana, e a
Internet colaborando com as pessoas, pois permite a comunicação em escala
global e no tempo escolhido pelas pessoas. Atualmente as principais atividades
educacionais, econômicas, sociais, políticas e culturais estão estruturadas através
da Internet (CASTELLS, 2004).
Para Kotler e Keller (2006), a pesquisa quando usa a Internet, oferece
várias oportunidades dado que possui diversas funcionalidades. As aplicações
mais conhecidas da Internet são o correio eletrônico, a navegação em sites na
Rede e a participação em redes sociais e outros grupos (O’ BRIEN, 2004) . Diante
disso, optamos por fazer o questionário via e-mail.
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2.4 TRATAMENTOS DOS DADOS
Os dados foram discutidos a partir da análise discursiva textual, respeitando
a seguinte formulação:
Para análise dos questionários, Andrade (2012), recomenda o uso da
metodologia de análise textual discursiva, proposta por Moraes e Galiazzi (2007).
Tal ferramenta propicia a possibilidade de analisar partes do texto disponível, sem perder a visão do todo. Outro motivo é que a partir dessa técnica é possível trabalhar com categorias que emergem do material coletado, favorecendo o caráter aberto e provisório da análise. (ANDRADE, 2012, p.98).
Esse método compreende as seguintes etapas:
a) Unitalização: se constitui pela fragmentação do material que se coletou,
destacando as unidades que os constituintes.
b) Categorização: foi agrupado uma a uma das unidades emergentes
c) Captação de novo emergente: com sucessivas leituras das respostas
novas compreensões foram emergindo.
d) Processo de auto-organização: foi construído o texto inicial para o diálogo
com a fundamentação teórica
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3 AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING
É possível compreender a complexidade do pensamento humano, graças à
psicologia, antropologia, neurociências, psicanálise etc., embora nenhuma dessas
ferramentas de conhecimento dite as regras de como o ser humano deve agir,
pois ele é um ser livre para fazer escolhas em um país livre. A base deste trabalho
são as histórias de vida de profissionais da educação, vítimas de bullying, os
desafios que vivenciaram suas expectativas quanto ao futuro e a realidade do seu
ambiente de trabalho.
Ao trazermos os estudos de Pereira (2002), sobre o fenômeno bullying,
percebe-se que na escola há três características fundamentais para a sua
identificação e distinção:
O mal causado a outrem não resultou de uma provocação, pelo menos por
ações que possam ser identificadas como provocações;
As intimidações e a vitimização de outros têm caráter regular, não
acontecendo apenas ocasionalmente;
Geralmente os agressores são mais fortes (fisicamente), recorrem ao uso
de arma branca, ou têm um perfil violento e ameaçador.
Essas ações de violência contra o próximo são feitas com naturalidade,
como se os mais fracos precisassem servir os mais fortes, algo como uma cadeia
alimentar, em que o maior se alimenta do menor. Nesta situação, o maior está
sugando a vida do menor com a violência física e psicológica, e essas vítimas se
encontram impossibilitadas de se defender.
Mas, o que se percebe também é que no grupo de vítimas atuais aparecem
os educadores. Apesar de o bullying ter maior incidência no ambiente escolar e
de crianças para crianças ou de adolescentes para adolescentes (PEREIRA,
2002; COSTANTINI, 2004), este fenômeno ganha força entre crianças e jovens
contra seus educadores em que o relacionamento se torna hostil, intimidador,
intencional, repetitivo e sem motivo próprio (FANTE, 2005).
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O Bullying praticado pode se definir como verbal, por meio de insultos,
ofensas, xingamentos, gozações, apelidos pejorativos, piadas ofensivas e zoação.
Além disso, pode ser classificado como físico e material, que é executado no ato
de bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, furtar ou destruir os pertences
da vítima e atirar objetos contra ela.
Também pode ser psicológico e moral, quando o agressor usa formas para
irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar e fazer descaso,
discriminar, aterrorizar e ameaçar, chantagear e intimidar, tiranizar, dominar,
perseguir, difamar, passar bilhetes contendo desenhos ofensivos entre os colegas
de classe, fazer intrigas e fofocas.
O perfil da vítima é aquele sujeito de baixa autoestima, e a prática do
bullying só faz com que isso se agrave e com a falta de tratamento adequado se
perpetue na vida da pessoa. Alguns sintomas físicos são a cefaleia, cansaço
crônico, insônia, dificuldades de concentração, náuseas, diarreia, boca seca,
palpitações, alergias, crise de asma, sudorese, tremores, sensação de “nó” na
garganta, tonturas ou desmaios, calafrios, tensão muscular e formigamentos.
São problemas que dificultam ainda mais o cotidiano destas vítimas,
fazendo com que o seu trabalho não renda e seu dia pareça uma tortura
constante.
O medo intenso é uma característica do transtorno de pânico, este
sentimento de que algo ruim está para acontecer pode vir a qualquer momento e
devido às situações embaraçosas junto com este transtorno aparecem às fobias.
A fobia escolar é quando existe um medo intenso de frequentar a escola, pois
quando a mesma permanece neste ambiente surgem às lembranças ruins seguida
das crises de pânico. A fobia social, que também é conhecida como timidez
patológica, ocorre quando a pessoa já sofreu tantas ridicularizações que entra em
pânico ao pensar que poderá sofrê-las de novo, ao ser o centro das atenções.
Este sujeito não poderá trabalhar, ter reuniões, encontrar um parceiro, pois
ele não consegue ter uma convivência saudável com as pessoas. O transtorno de
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ansiedade generalizada, também têm em suas características o medo e a
insegurança. O sofredor desta doença é o tipo negativo, que acorda pensando nas
tarefas que não conseguiu fazer e nas tarefas que não conseguirá realizar nes te
novo dia. São pessoas que se tornam muito irritadas com o passar do tempo,
podendo levar a outros transtornos muito mais graves.
O grande mal da sociedade moderna, a depressão, que não se limita ao
sentimento de tristeza e falta de vontade de realizar as atividades diárias. Trata-se
de uma doença que transforma o humor, afeta os pensamentos, a saúde e o
comportamento. São pessoas que se sentem tristes e inúteis, não encontrando
mais prazer em viver. Existem também os transtornos alimentares, a anorexia e
bulimia.
A pessoa se preocupa em atingir um padrão de “beleza”, e para isso
recorre a formas não saudáveis, que acabam se transformando nesses
transtornos. Geralmente essas pessoas sofrem bullying devido a sua aparência, e
buscam as saídas erradas para essas situações que a atormentam. O transtorno
obsessivo-compulsivo é uma fuga encontrada para se livrar dos pensamentos
ruins e aliviar a ansiedade. O portador deste transtorno adota comportamentos
repetitivos, como rituais, que são conhecidos por compulsões.
4 O CUIDADOR GOSTARIA DE SER CUIDADO
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Existe uma enorme dificuldade para o educador que passa grande parte do
seu dia numa escola onde se depara com alunos que praticam atos violentos
contra ele, e precisa encará-los durante as aulas em sala. Se ele recorre à família
do aluno pode ser taxado de caluniador e perseguidor dos estudantes e se
reclamar na direção existe uma chance enorme de não receber apoio, e se for
uma escola privada até pode perder o seu emprego. O educador fica entre “a cruz
e a espada”.
Qualquer tipo de reação dos educadores é policiado pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente, por exemplo. Já o educador não possui uma lei que o
ampara e fornece facilitadores na resolução dos problemas cotidianos em sala de
aula, com seus colegas de trabalhos ou com os pais de seus alunos. Eles têm as
atitudes que lhes convém no momento em que ocorre alguma situação
desagradável, cada pessoa com seu jeito de ser, caráter, vai agir da maneira que
acredita ser a correta. O cuidador não está sendo cuidado como deveria.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no
trabalho, na ação-reflexão. Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os
homens. Precisamente por isso, ninguém pode dizer a apalavra verdadeira sozinho, ou dizê-la para os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais. (FREIRE, 2005, p. 44)
Porém para ser um cidadão com ação-reflexão ele precisa ter uma margem
aberta para isso, deve ser seguro de si e ter boas experiências para compartilhar.
O que não é o caso dos profissionais que sofrem perseguições e têm que sofrer
calados. É impraticável uma posição de voz ativa quando não existe um suporte
para se apoiar.
Darnton (1986), comenta que na Idade Média, as crianças trabalhavam
junto com seus pais, pouco tempo depois de começar a caminhar. Alguns críticos
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defendem a ideia de que o sentimento de infância sempre existiu, e ao longo do
tempo só foi sendo aprimorado. A infância era compreendida do modo que o
cristianismo pregava. Era vista como rude e fraca de juízo, com alma marcada
pelo pecado original, tendendo para o mal e assim, precisava ser vigiada e
controlada por adultos.
Ainda segundo Darnton (1986), durante o Renascimento toda essa questão
foi repensada. O cristianismo passa a usar as seguintes palavras: "vinde a mim as
criancinhas", e confirma que "delas é o reino dos céus". Foi estabelecida a infância
e suas fases. Sendo elas, a latência, primeira infância, segunda infância e a
puberdade. Com a nova ideia de infância, seus cuidados e ensino, surgem os
espaços educacionais apropriados para isso.
Com essa nova visão de cuidado especial com a infância e a adolescência,
criaram-se leis que pudessem legitimar essa nova visão sobre a mesma,
assegurando direitos às crianças e aos adolescentes. Um exemplo disto tem-se a
LEI N° 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, traz o Estatuto da Criança e do
Adolescente que dispõe a proteção integral à criança e ao adolescente.
O Art. 2º diz que, É Considerada criança, para os efeitos desta Lei, a
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes entre doze e dezoito
anos de idade. Sendo assim, esse grupo está amparado por uma lei que os
protege e os guia nas circunstâncias que serão vividas, todo esse amparo faz com
que o outro lado fique fraco, não pelo fato da lei em si, mas pelo seguinte motivo,
que o educador não tem uma lei que se iguale em proteção, auxílio e
aconselhamento.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o artigo Art. 5° da
lei diz que, Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.
Um artigo deste porte para os educadores também seria recebido de bom
grado, juntando com as leis trabalhistas na questão do assédio moral que alguns
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sofrem no trabalho. Significaria uma luta contra a violência de uma forma mais
justa, para quem tem tido a cada ano uma opinião menos ouvida, um salário
baixo, despreocupação com a saúde dos profissionais da área da educação e
ainda humilhados no seu trabalho diário.
Todas as pessoas já passaram por bullying ou passarão em alguma
situação de suas vidas, devido ao fato de que nos relacionamentos entre os seres
humanos sempre haverá disputas de poder e liderança, é algo natural do homem.
Porém, estas disputas nem sempre são sadias, elas podem causar sequelas para
uma vida inteira, como resultado de violência, depreciação e sendo tratado com
descaso em algumas dessas ocorrências.
Uma pessoa que necessita de seu trabalho para ter uma renda que o
sustente e têm os seus superiores como pessoas que não o escutam e o ajudam a
encontrar respostas e discutir questões rotineiras, jamais procurará ajuda quando
sofrer alguma agressão. O medo que esta pessoa tem de ser machucado
interiormente, o de não ser ouvida e auxiliada, considerando que pode até ser
apontada como culpada, fará com que ela se sujeite a situação e se conforme com
as atitudes que a prejudicam a cada dia e destroem a sua vida.
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho,
inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. (FREIRE, 2005, p. 23)
Os educadores da década de 1960 eram ignorados, na década de 1970
acusados de contribuírem para a reprodução das desigualdades sociais. Nos anos
1980, havia um controle dos educadores e desenvolvimento de práticas
institucionais de avaliação Não existia a autonomia.
Em 1984, o livro de Ada Abraham, foi uma alavanca que impulsionou várias
outras obras relacionadas à história de vida dos professores. E a cada século a
luta é a mesma, a busca por uma resignificação da profissão, o respeito, o valor
do ensino que é imensurável e a sociedade preocupar-se com a moral não se
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esquecendo do bem estar social de cada sujeito e não apenas de alguns grupos
considerados mais frágeis.
A escola é um lugar de encontro das mais variadas culturas, formas de
pensar, que muitas vezes entram em choque, deve-se trabalhar as diferenças
ensinando o respeito o próximo, evitar o conflito, pois todos são diferentes e com
opiniões diferentes. A identidade é um longo processo vivido através das
experiências da profissão, cada educador cria por trás do método educacional o
seu próprio método de ensinar e o aluno ao longo dos anos vai moldando o seu
caráter e no local em que ele passa a maior parte dos seus dias ele comprova a
sua identidade com as suas atitudes.
Não há uma boa aceitação quando se diz ao outro que aquilo que seu
ambiente familiar traz como certo, à escola é errado. A violência na escola vai de
situações de stress com pequenas violências (xingamentos, empurra-empurra,
humilhação) até casos de violência brutal que se enquadram no código penal. Se
fosse simplesmente aplicado o mesmo conjunto de violações que estão no código
penal, tornaria exclusos os outros tipos de violências vividas no ambiente escolar.
Charlot (2006), afirma os dilemas de se trabalhar com esta temática,
violência nas escolas. É delicado lidar com essa questão, pois o que é
apresentado à sociedade como causa do problema de violência escolar é aquilo
que a mídia expõe, por várias questões de interesse. É necessário realizar
pesquisas para ter o conhecimento através da realidade escolar, para não criar
estigmas. Segundo a história, essa violência não é algo novo no cotidiano das
pessoas, porém novas são as formas com que se manifesta a violência, e que
seus autores têm idade cada vez menor, implicando assim a ideia da inocência
infantil.
Os órgãos de classe educacional vêm realizando pesquisa para identificar
os problemas causadores da violência escolar e como isso reflete na qualidade do
ensino. Com o resultado dessas pesquisas tenta-se mostrar possíveis soluções
para este distúrbio comportamental.
É difícil para a maioria das pessoas falarem de si mesmo a alguém,
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principalmente quando as mesmas estão se sentindo inferiorizadas pelo motivo
em discussão. Elas lerão os questionamentos, relembrarão toda a situação que
tentaram esconder num lugar seguro de sua mente como se pudessem trancar a
porta e não mais pensar no assunto. Porém aquele problema mal resolvido estará
ali, acumulado em algum lugar do seu interior, ganhando forças com as mágoas
da vida para um dia estourar e arruinar quem sabe toda uma vida. Esse sujeito
poderia ter sido tratado e se tornado resiliente, usando suas experiências para se
tornar forte e imune às agressões, pois saberá como lidar com elas, não sofrendo
em silêncio.
As faltas excessivas e licenças dos professores, mexem com a
credibilidade dos alunos em sua autoridade e seriedade, salvo motivos de doença.
24
5 O QUE DIZEM OS PROFESSORES?
A partir do tratamento de dados, emergiram duas categorias distintas:
Bullying: concepções, contextos e desafios – que retrata basicamente a
concepção dos participantes sob os meios de informação que utilizam para
se informar sobre o tema e os desafios que se colocam no dia a dia de
cada um.
Bulliyng: sentimentos e amarras – que apresenta os desabafos dos
entrevistados que sofrem essa violência no contexto educacional.
5.1 BULLYING: CONCEPÇÕES, CONTEXTOS E DESAFIOS
As análises das histórias de vida, por meio de narrativas escritas dos
participantes, mostram que estudar as histórias de vida dos educadores é um
universo muito rico em informações que possibilitaram o desenvolvimento do tema
proposto. Portanto, para Thompson o questionário (ANEXO 1), elaborado foi
“exploratória”, e contribuiu para mapear a futura pesquisa:
A melhor maneira de dar início ao trabalho pode ser mediante entrevista exploratória, mapeando o campo e colhendo ideias e informações. Com a ajuda desta, pode-se definir o problema e localizar algumas das fontes para resolvê-lo (THOMPSON, 1992, p.254).
Explorando os depoimentos, percebe-se que o conceito de bullying está
atrelado a muitas variáveis. O mais evidenciado é que todos conhecem o que é
bullying, por isso se torna fácil de identificação. Os meios de informação como a
internet e blogs, têm contribuído com os educadores repassando conhecimento de
bullying. Outra fonte de consulta sobre o assunto é a própria televisão e jornais,
25
que trazem diversas informações, episódios, retratando o bullying. A escola vem
como fonte terceirizada de informação, por que expõe, nos seus murais, proposta
do governo sobre o tema, mas ainda é muito pouco para uma mudança de atitude.
A escola precisa em primeiro lugar reconhecer a existência do bullying em seu interior, capacitar os professores, funcionários, para identificação desse fenômeno. O que percebemos atualmente em nossas escolas é que muitos de nossos educadores nem se quer sabem o que significa bullying, talvez por falta de informação, ou desinteresse pessoal sobre o assunto. Porém, como formadores de opinião, não podemos aceitar tal posição de profissionais que irão orientar os futuros cidadãos brasileiros. (http://br.monografias.com/trabalhos3/escola-fenomeno-bullying/escola-fenomeno-bullying2.shtml)
Todos esses meios de comunicação, parecem não ser suficientemente
eficazes quando se trata de modificar uma mentalidade cultural de discriminação
legitimada como normal no Brasil.
Ao mesmo tempo em que esse tema vem se constituindo um problema social amplamente divulgado e explorado pelos meios de comunicação, tornando-se um importante para os pesquisadores, que através do conhecimento científico buscam ampliar suas investigações e, com estas, subsidiar a elaboração de políticas públicas eficazes à prevenção e enfrentamento desta problemática (OLWEUS, 2004; FANTE,2005; LOPES NETO, 2005; COUTINHO,
SILVA, ARAÚJO, 2009).
Entre esses teóricos e estudiosos, destaca-se Lopes Neto (2005, p. 167)
quando diz que o autor do bullying é:
(...) tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros.
Isso parece acontecer com os professores, já que a violência escolar
esbarra em leis que impedem a ação dos educadores criando situações de conflito
26
e humilhações vivenciadas pelos mesmos. Assim, a escola hoje está vivendo uma
inversão de valores.
No entanto, o Projeto Lei do Senado, Nº 191, DE 2009, estabelece
procedimentos de socialização e de prestação jurisdicional e prevê medidas de
proteção para os casos de violência contra o professor oriunda da relação de
educação. Aqui caberia também o bullying.
Art. 4º Em todos os casos de violência contra o professor, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal e na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): I – ouvir o ofendido, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; II – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido do professor ofendido, para a concessão das medidas protetivas de que trata esta Lei; IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de delito do ofendido e requisitar outros exames periciais necessários; V – ouvir o agressor, seus pais ou responsável legal, o diretor do estabelecimento de ensino e as testemunhas; VI – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
Dado o impacto do bullying na autoestima dos professores, o desafio
consiste em divulgar com maior ênfase o tema e a ação de bullying contra
professores. Pois alguns profissionais da educação subestimam a extensão da
violência contra seus próprios colegas de trabalho.
Para Cruikshank (1996, p.157), “o que as pessoas dizem está intimamente
ligado ao como dizem”. Dessa forma, os depoimentos revelam aquilo que é
permitido, ou seja, aquilo que pode justificar um procedimento ou outro frente à
sociedade. Nesse sentido, o bullying quando não denunciado ou aceito passa a
ser normatizado. Ao observar os depoimentos dos professores, percebe-se que
todos tendem a apresentar o episódio detalhadamente, ou seja, está representado
mentalmente o ocorrido, o que interfere na identidade de cada um. Acreditam que
27
é aí que reside o problema do bullying: As questões de valores morais interligados
pelos grupos sociais.
5.2 BULLIYNG: SENTIMENTOS E AMARRAS
Esta categoria vai explicitar mais significativamente , os depoimentos dos
professores participantes da pesquisa em que eles contam os episódios que
vivenciaram de bullying.
Um destes depoimentos, diz o seguinte: “Na minha escola, ocorreu que os
educadores sofreram bullying durante a greve. Fomos chamados de marginais,
malandros. Alguns pais pintaram os murros (muros) da escola com frases que nos
ofendiam”. Isso mancha nossa identidade.
Sobre a construção da identidade Pollak (1992), esclarece:
Se podemos dizer que, em todos os níveis, a memória é um fenômeno construído social e individualmente, quando se trata da memória herdada, podemos também dizer que há uma ligação fenomenológica muito estreita entre memória e o sentimento de identidade está sendo tomado no seu sentido mais superficial, mas que nos basta no momento, que é o sentido da imagem de si, para si e para os outros. Isto é, a imagem que uma pessoa adquire ao longo da vida referente a ela própria, a imagem que ela constrói e apresenta aos outros e a si própria, para acreditar na sua própria representação, mas também para ser percebida da maneira como quer ser percebida pelos outros (p.5).
Essa ideia de identidade construída nas relações travadas socialmente traz
o pensamento dos educadores que sofreram bullying durante a greve: “os pais nos
chamaram de malandros, vagabundos, burros, colocaram orelhas de burro em
nossa sala de aula; os alunos fizeram caricaturas dos professores e colocaram as
orelhas. Isso foi humilhante.”
Das histórias de vida coletadas seis sofrem ou sofreram bullying. Podem-se
reconhecer nas respostas as mais variadas atitudes, desde chacotas até
ameaças, entre os próprios educadores e de alunos contra os professores. Isso
fica visível na resposta do questionário sete que diz: “Onde eu trabalho, não
28
ocorre esse tipo de bullying. Mas, sei de outros lugares que os educadores são
xingados pelos alunos, são feitos caricaturas nos muros e paredes da escola.
Isso é bullying também!”
Esta atitude contra os professores ficou visível em todos os depoimentos.
Encontramos também o ciberbullying no depoimento a seguir: “Sim, quando, por
exemplo, postei uma foto no facebook e alguns alunos me xingaram de gorda,
feia, porque eu havia lhes reprovados na disciplina. Aí solicitei que a direção
chamasse os alunos e ela omissa não fez andam e me disse para esquecer a
situação. Outros amigos quando souberam riram muito, fui motivo de chacota por
eles. Já mudei de escola, não suportava tal situação. Fiquei até deprimida. Aí
resolvi procurar outro lugar para trabalhar que me respeitasse como eu sou.”
O ciberbullying ocorre através das redes sociais da internet, e atua de
várias formas para prejudicar alguém, muitas vezes são apenas o começo dos
problemas que as vítimas passam a ter. Como consequências desse tipo de
relacionamento tiranizador, surgem as doenças psicossomáticas.
O cyberbullying, conceito que se crê ter sido utilizado pela primeira vez por Bill Belsey (2005), professor em Cochrane, Alberta, assume-se como uma variante do tradicional bullying. O bullying, como já foi referido anteriormente, é um tipo de violência que se caracteriza por ser intencional, continua e de caráter físico, verbal e /ou psicológico sobre um ou mais indivíduos. Por sua vez, o cyberbullying vem sendo definido pelo recurso às tecnologias da comunicação e informação para denegrir, humilhar e/ou difamar uma ou mais pessoas. Além de podermos apontar ao cyberbullying vários caracteres (diferentes dos do bullying escolar), este estende-se também por vários níveis, consoante o tipo de prática efectuada. Relativamente às suas características podemos distinguir três: Gráfico – que se refere à utilização da
imagem; Verbal – no que se refere à utilização da linguagem; Psicológico – que se refere à transmissão de dados falsos sobre a vítima. (PINHEIRO, 2009, p. 30-31)
Outro depoimento revela o bullying de professores para professores: “Olha
eu sofir (sofri) bullying muita reunião de professores, quando escrevi uma palavra
errado e fui quando decaptada (decapitada) por meus colegas de trabalho, muitos
risos, piadas, gargalhadas e isso me deixou muito triste. Se que preciso melhorar
29
meu vocabulário e minha escrita e que uma professora tem que ser perfeita, mas
foi um deslize, não sou tão ruim assim. Mas, depois do episódio sempre as
pessoas vem em perguntar como se escreve tal palavra. Finjo que não entendo,
mas no fundo sei porque isso ocorre.”.
É visível, no depoimento e na escrita o mesmo, que essa professora
necessita de formação continuada. A “formação tradicional baseada na
desvinculação da situação político-social e cultural do país, visualizando o
profissional de educação exclusivamente como um especialista de conteúdo, um
facilitador de aprendizagem, (...) ou um técnico da educação. (CANDAU, 2003,
p.50).
No entanto, sabemos que a dimensão técnica representa uma visão
individualista da formação, Candau (2003), legitimando ao professor a
responsabilidade pelo seu sucesso ou fracasso profissional.
Outros dois depoimentos, a seguir, revelam as ameaças que os professores
sofrem no interior das escolas: “(...) comigo já ocorreu porque fui ameaçada pela
professora da escola e obrigada a fazer e dar aula do jeito que ela queria
(tradicional) e ela dizia: “se não entrares em nosso ritmo, vou ter que te mandar
embora”.
O questionado 5 diz “Em minha escola, já aconteceu entre as crianças e
entre os professores. Especialmente quando somos novos na escola e os que lá
estão nos reprimem com palavras desmotivadoras. Isso é chato. O bullying hj
(hoje) não é mais visto como fatos isolados, “briguinhas de criança”, e
normalmente família e escola não tomavam atitude nenhuma a respeito. Hj (Hoje)
não é mais assim. É evidente que educadores fazem bullying com outros
professores. Seja por traz, falando se seu colega e denigrindo (denegrindo) a sua
imagem”.
Esses dois depoimentos revelam nitidamente o bullying de professores
contra professores.
Trata-se de um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. É uma ação de transgressão individual ou
30
de grupo, que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores (grifo do autor) nos confrontos com uma vítima predestinada (COSTANTINI, 2004, p. 69).
Esse outro depoimento nos mostra mais uma ideia da violência de
professores contra professores: “No caso, sempre há entre os alunos o buling
(bullying). Mas eles são pequenos e ficam brincando sem saber as conseqüências
(consequências). Agredito (Acredito) que quando é feito por educadores e entre
educadores o caso já é mais grave. Os educadores sofrem diversas formas de
agressão pelos alunos empurrões, insultos, espalhar histórias humilhantes,
mentiras para implicar a vitima a situações vexatórias, inventar apelidos que ferem
a dignidade, captar e difundir imagens (inclusive pela internet), ameaças (enviar
mensagens, por exemplo), e a exclusão.
Em estudos que realizamos em periódicos de circulação entre professores,
em especial, as Revistas: Pátio, Nova escola e Presença Pedagógica. Apresentam
algumas situações pontuais dos problemas enfrentados pelos professores em sala
de aula e que estão relacionados com violência e profissão docente (FRUET,
2004; MATIAS, 2003; RODRIGUES, 2003; TOGNITA,2003).
No entanto, natureza dos trabalhos docentes estudados mostram que os
processos de profissionalização e, os aspectos particulares da vida dos
professores estão vinculados a uma cultura escolar já instalada e legitimada como
definidoras de como ser e de como agir como educador. Nessa cultura escolar se
instala o Bullying. Mas a violência na escola e suas implicações na profissão
docente permaneceu um tema praticamente ausente nesses estudos (CABRERA
e JAEN, 1999; PERKIN, 1993; SERBINO,1998; BARBOSA,2003; PENDRY, 1990).
Além da violência psicológica, social, temos em um dos depoimentos, a
violência econômica vivenciada pelos professores: “Na minha escola, já
quebraram o meu carro, roubaram a minha bolsa. Mas, isso é somente uma
violência. O bullying é quando tem (têm) apelidos, eu acho. Como sou gordinha,
sempre há desenhos nos cadernos dos alunos, nos quadros, e por algumas
31
vezes, tenho que aguentar (aguentar) meus próprios colegas me zuando (zoando).
Isso é bullying e é crime!"
Para as autoras Jane Middelton-Monz e Mary Lee Zawasdski (2007) têm-se
que:
[...] o bullying envolve atos, palavras ou comportamentos prejudiciais intencionais e repetidos (...) palavras ofensivas, humilhação, difusão de boatos, fofoca, exposição ao ridículo, transformação em bode expiatório e acusações, isolamento, atribuição de tarefas pouco profissionais ou áreas indesejáveis no local de trabalho, negativa de férias ou feriados, socos, agressões, chutes, ameaças, insultos, ostracismo, sexualização, ofensas raciais, étnicas ou de gênero. (MIDDELTON-NOS; ZAWADSKI, 2007, p. 21).
Esta consideração amplia mais ainda o conceito de Bullying. Podemos
observar, então que as autoras apontam para o fato do bullying ser intencional e
repetido, envolvendo comportamentos, palavras e atos prejudiciais ao outro. Este
tipo de comportamento e ofensa se dá em diferentes locais, desde a escola ao
local de trabalho e até mesmo em relacionamento pode ocorrer o chamado
bullying.
As questões que envolvem o poder de uns sobre os outros estão
intrincadas às discussões sobre o bullying. Mas o que é o poder? Do que se
constitui o poder? Estas indagações podem ser aprofundadas nos estudos da
sociologia geral, na sociologia da educação, bem como, na filosofia geral ou
mesmo na filosofia da educação. O acesso a uma bibliografia ampla da área
poderia ser objeto de estudos nesta perspectiva. Pierre Bourdieu, em o “Poder
Simbólico” e Michael Foucault em “Microfísica do Poder” poderiam, em certa
medida, esclarecer esse ponto.
Para Foucault (1995), toda sociedade tem relações de poder. A estrutura
social seria composta por múltiplas afinidades de domínio, que não se situam
apenas em um local específico, mas que estão no corpo social e atingem a
realidade mais concreta de um grupo de sujeito que se relacionam mutuamente
penetrando nossas práticas cotidianas, como no caso, o contexto educacional e as
relações vivenciadas por professores e alunos. . Segundo Foucault (1981, p.6):
32
[...] Não vejo quem – na direita ou na esquerda – poderia ter colocado este problema do poder. Pela direita, estava somente colocado em termos de constituição, de soberania etc., portanto em termos jurídicos; e, pelo marxismo, em termos de aparelho do Estado. Ninguém se preocupava com a forma como ele se exercia concretamente e em detalhe, com sua especificidade, suas técnicas e suas táticas. Contentavam-se em denunciá-los no “outro”, no adversário, de uma maneira ao mesmo tempo polêmica e global: o poder no socialismo soviético era chamado por seus adversários de totalitarismo; no capitalismo ocidental, era denunciado pelos marxistas como dominação de classe; mas a mecânica do poder nunca era analisada.
O importante para Foucault não era a construção de um novo conceito, mas
a análise do poder como prática social. Por isso a sua indagação:
[...] quais são, em sem seus mecanismos, em seus efeitos, em suas relações, os diversos mecanismos de poder que se exercem a níveis diferentes da sociedade, em domínios e com extensões tão variados? [...] a análise do poder ou dos poderes pode ser, de uma maneira ou de outra, deduzida da economia? (FOUCAULT, 1981, p.174).
Nesse contexto, Foucault (1981), pensa em bullying como um mecanismo
de poder de uns sobre outros, pois não se trata de um comentário ocasional.
Trata-se de maldade contra o outro, crueldade sem pena, tirania clara, repetida e
intencional para intimidar e depreciar o outro. Ainda poderíamos dizer que se
refere a uma atitude de covardia, de ofensa e desrespeito com relação ao
professor, afetando diretamente sua imagem social e cultural. Para Chali ta (2008)
:
Na escola, quem nunca foi “zoado” ou “zoou” alguém? Risadinhas, piadinhas, fofocas, apelidos. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, testemunhamos essas brincadeiras de mau gosto, ou fomos autores ou vítimas. Contudo, essa rotina de xingamentos e ofensas, considerada normal por muitos pais, alunos e até educadores, está longe de ser inocente. O bullying é um comportamento ofensivo, aviltante, humilhante, que desmoraliza de maneira repetida, com ataques violentos, cruéis e maliciosos, sejam físicos, sejam psicológicos. (CHALITA, 2008, p. 82).
33
Os educadores sofrem muito com esta situação. Para Fante e Pedra
(2008), o bullying não é uma brincadeira normal. E, confirmam que várias
brincadeiras são travestidas ou mascaradas de crueldade, de prepotência, de
insensatez, ultrapassando os limites do suportável e, esta relação interfere
diretamente na saúde da vítima que neste caso é o professores.
Nesta pesquisa entende-se, que o bullying é diferente de uma brincadeira
inocente, sem intenção de ferir; mas não se configura como um ato de violência
pontual, de trocas de ofensas no calor de uma discussão, mas sim de atitudes
hostis, pensada, planejada, especialmente se tratando de ciberbullying e que
violam o direito à integridade física e psicológica e à dignidade do professor.
Nesse contexto hostil, temos aparentemente um constrangimento do
professor, e como consequência o desanimo, a amargura e muitas vezes, a
doença. A consequência maior ainda é quando abandona a profissão.
Ameaça o direito à educação, ao desenvolvimento, à saúde e à sobrevivência de muitas vítimas. As vítimas se sentem indefesas, vulneráveis, com medo e vergonha, o que favorece o rebaixamento de sua autoestima e a vitimização continuada e crônica. (FANTE; PEDRA, 2008, p. 9).
Este sofrimento é claramente explicitado na resposta a seguir que mostra
claramente a aflição de um educador em seu ambiente diário de trabalho por
alunos que ele quer ensinar, mediar o conhecimento, prepará-los para a vida, para
que tenha um bom futuro e uma carreira profissional de sucesso. Porém a visão
deturpada de seus alunos é que os educadores são seus inimigos, pois quando
chamam a sua atenção, é por que estão “pegando no pé” e sem o apoio da família
e da escola, a tendência é piorar para uma sequência de agressões das mais
diversas formas, ou seja, o bullying.
“Sim, quando, por exemplo postei uma foto no facebook e alguns alunos me
xingaram de gorda, feia, porque eu havia lhes reprovado em na (uma) disciplina.
Aí solicitei que a direção chamasse os alunos e ela omissa não fez andam (nada)
e me disse para esquecer a situação. Outros amigos quando souberam riram
34
muito, fui motivo de chacota por eles. Já mudei de escola, não suportava tal
situação. Fiquei até deprimida. Aí resolvi procurar outro lugar para trabalhar que
me respeitasse como eu sou”.
Assim podemos considerar, nessas análises que a discussão proposta por
Foucault, nos leva a pensar nas possíveis resistências que os professores
necessitam constituir que são anteriores ao exercício de poder, e que podem
proporcionar outras formas de enxergar as ações dos alunos diante as práticas de
gestão de violência e de bullying. Ações que, mais do que reativa, podem ser
pensadas e possibilitadas. Para isso, pensar em resistência no contexto
educacional é pensar positivo. A resistência que propomos não é aceitação crua
da situação, mas uma forma do professor eleger outros modos de trabalhar, viver,
sentir, enfim, estar no mundo escolar.
35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A palavra bullying é conhecida, mas o que ele realmente é, suas variações,
a maneira como ocorre e suas consequências que muitas vezes a pessoa carrega
até o final de sua vida, ainda não são conhecidos por todos. Os pedagogos que
estão ligados diretamente à educação deveriam ter um conhecimento mais amplo
sobre este assunto, existem ainda poucas literaturas a respeito deste tema, porém
o que está disponível pode servir para uma nova pesquisa e assim enriquecer este
assunto que faz parte do cotidiano de cada um independente de sua profissão,
posição social, sexo ou faixa etária.
Os questionários utilizados durante a pesquisa foram de fundamental
importância para conhecer a realidade vivida pelos educadores nas escolas, bem
como para analisar as questões que objetivavam auxiliar no conhecimento e na
percepção do tema ao qual este trabalho foi proposto.
Após todo o tratamento e análise dos dados podemos perceber é que o
bullying está sim afetando não somente alunos, mas também os professores. É
por parte dos próprios alunos que os profissionais estão sofrendo diversas
agressões, sejam elas verbais ou físicas, presenciais ou virtuais, mas também
humilhações e ameaças. Alguns sofrem com isso até mesmo fora da sala de aula,
pois o bullying contra eles está presente até mesmo nas redes sociais, as quais
seus alunos têm acesso.
Em meio a esta situação, muitos educadores sofrem calados, por medo ou
vergonha, e ficam reféns do próprio medo enquanto ainda lecionam para os
mesmos alunos responsáveis por esta condição.
36
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41
ANEXOS 1
Questionário:
Formação acadêmica máxima:
Ano em que começou as atividades pedagógicas:
1. Você conhece o termo bullying?
( ) Sim ( ) Não
2. Caso afirmativo, através de quais meios você tomou conhecimento do bullying?
( ) Televisão ( ) Jornais / Revistas
( ) Capacitação recebida na escola que trabalha ( ) No curso de graduação
( ) Outros
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3. Quais destas ações são exemplos de bullying pra você?
( ) Colocar apelidos ofensivos/xingamentos
( ) Apostas em jogos ( ) Assédio sexual
( ) Ameaças verbais ( ) Roubo ou danificação de pertences pessoais
42
( ) Isolamento proposital de um educador ( ) Violência moral ( ) assédio moral
4. Quando algum (alguns) destes atos ocorre com freqüência na escola, com os
professores?
4.1. A escola tem algum procedimento padrão? Qual?
4.2. Na sua opinião, há necessidade de intervenção?
( ) Sim ( ) Não
4.3. Você é chamada (o) para intervir na situação?
( ) Sim ( ) Não
4.4. Algum aluno já procurou você para relatar episódios de violência?
( ) Sim ( ) Não
43
Questionário 1 Questionário 2
Questionário 3 Questionário 4
Questionário 5 Questionário 6 Questionário 7
Questionário 8 Análise
Formação acadêmica máxima
Pedagogia
Pedagogia
Pedagogia
Pedagogia
(Não respondeu)
(Não respondeu)
(Não respondeu)
(Não respondeu)
A maioria das pessoas
que responderam o
questionário são
formadas em Pedagogia.
Ano em que começou as atividades pedagógicas:
1999
2008
2005
2008
(Não respondeu)
(Não respondeu)
(Não respondeu)
(Não respondeu)
A pessoa com maior
tempo de trabalho é a
do questionário 1, que
iniciou as atividades
pedagógicas há treze
ano. O restante iniciou
nessa área
recentemente.
1. Você conhece o termo bullying?
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Todos os pesquisados
conhecem o termo
bullying.
2. Caso afirmativo, através de quais meios você tomou conhecimento do bullying?
Televisão e Jornais
Televisão, Jornais / Revistas, no curso de graduação, internet – facebook.
Televisão, Jornais / Revistas e internet.
Televisão, Jornais / Revistas.
Televisão, Jornais / Revistas, Capacitação recebida na escola que trabalha no curso de graduação, Internet e blogs.
Televisão, Jornais / Revistas, capacitação recebida na escola que trabalha, no curso de graduação, Internet e blogs.
Televisão Jornais / Revistas Capacitação recebida na escola que trabalha No curso de graduação Internet, blogs
Televisão Jornais / Revistas Capacitação recebida na escola que trabalha No curso de graduação Internet, blogs
Mesmo a pessoa que
não teve o
conhecimento do
bullying através da
internet, obteve essa
informação através da
televisão e dos jornais. É
possível observar que
esta informação está
disponível nos mais
vaiados meios de
comunicação.
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3. Quais destas ações são exemplos de bullying pra você?
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos, assédio sexual, Ameaças verbais, isolamento proposital de um professor, violência moral e assédio moral.
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos, ameaças verbais e isolamento proposital de um educador .
Ameaças verbais, colocar apelidos ofensivos/xingamentos, isolamento proposital de um educador e assédio moral.
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos, ameaças verbais e isolamento proposital de um educador .
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos.
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos.
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos
Colocar apelidos ofensivos/xingamentos
A maioria desconhece o
fato de que a violência
moral e o assédio moral
também são formas de
praticar o bullying.
4. Algum (alguns)
destes atos ocorre com freqüência na escola, com os professores? Explique.
Onde eu trabalho, não
ocorre esse tipo de bulliyng. Mas, sei de outros lugares que os educadores são xingados pelos alunos, são feitos caricaturas nos muros e paredes da escola. Isso é bulliyng também!
Sim, quando, por exemplo
postei uma foto no facebook e alguns alunos me xingaram de gorda, feia, porque eu havia lhes reprovado em na disciplina. Aí solicitei que a direção chamasse os alunos e ela omissa não fez andam e me disse para esquecer a situação. Outros amigos quando souberam riram muito, fui motivo de chacota por eles. Já
Sim, comigo já ocorreu porque fui
ameaçada pela professora da escola e obrigada a fazer e dar aula do jeito que ela queria (tradicional) e ela dizia: “se não entrares em nosso ritmo, vou ter que te mandar embora”.
Olha eu sofir bullying
muita reunião de professores, quando escrevi uma palavra errado e fui quando decaptada por meus colegas de trabalho, muitos risos, piadas, gargalhadas e isso me deixou muito triste. Se que preciso melhorar meu vocabulário e minha escrita e que uma professora tem que ser perfeita, mas foi um
Em minha escola, já aconteceu entre as
crianças e entre os professores. Especialmente quando somos novos na escola e os que lá estão nos reprimem com palavras desmotivadoras. Isso é chato. O bullying hj não é mais visto como fatos isolados, “briguinhas de criança”, e normalmente família e escola não tomavam atitude nenhuma a respeito. Hj não é mais assim. È evidente que educadores fazem bullying com outros professores. Seja por traz, falando se seu colega e denigrindo a sua
No caso, sempre há entre os alunos o
buling. Mas eles são pequenos e ficam brincando sem saber as conseqüências. Agredito que quando é feito por educadores e entre educadores o caso já é mais grave. Os educadores sofrem diversas formas de agressão pelos alunos empurrões, insultos, espalhar histórias humilhantes, mentiras para implicar a vitima a situações vexatórias, inventar apelidos que ferem a dignidade, captar e difundir imagens (inclusive pela internet), ameaças (enviar mensagens, por exemplo), e a exclusão.
Na minha escola,
ocorreu que os educadores sofreram bullying durante a greve.
Na minha escola, já quebraram o
meu carro, roubaram a minha bolsa. Mas, isso é somente uma violência. O bullying é quando tem apelidos, eu acho. Como sou gordinha, sempre há desenhos nos cadernos dos alunos, nos quadros, e por algumas vezes, tenho que agüentar meus próprios colegas me zuando. Isso é bullying e é crime!
Dos oito questionados 6
sofrem ou sofreram
bullying. Pode-se
reconhecer nas
respostas os mais
variados tipos de
bullying, desde chacotas
até ameaças, entre os
próprios educadores e
de alunos contra os
professores.
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mudei de escola, não suportava tal situação. Fiquei até deprimida. Aí resolvi procurar outro lugar para trabalhar que me respeitasse como eu sou.
deslize, não sou tão ruim assim. Mas, depois do episódio sempre as pessoas vem em perguntar como se escreve tal palavra. Finjo que não entendo, mas no fundo sei porque isso ocorre.
imagem.
4.1. A escola tem algum procedimento padrão com relação ao bullying direcionado ao professor? Qual?
Quando o bullying ocorre a direção chama os envolvidos para conversar. Agora temos um movimento nacional contra o bulliyng, quem sabe não melhora>
Na escola que eu trrabalho hoje, temos palestras, discussões sobre o tema. Pelo menos duas vezes por ano. Isso nos acrescenta muito enquanto profissional, pois aprendi a mediar as discordâncias dos alunos.
Não. Nunca chegamos a discutir isso.
Em minha escola, discutimos muito sobre o bllyiung entre alunos, mas não dos bulliyng de educadores contra professores. Parece que isso não é necessário. Mas ele ocorre frequentemente inclusive com outros colegas que eu vejo
Não. Tudo fica no ar.
Muitas vezes, não identificamos os causadores e não pdoermos fazer nada.
Sempre que ocorre algum relacionado ao Bullying, é feito uma reunião e orientação. Mas isso é feito quando é com aluno, porque com educador nada é feito.
Sempre que ocorre algum relacionado ao Bullying, é feito uma reunião e orientação,. Mas isso é feito quando é com aluno, porque com educador nada é feito.
Dois dos oito
questionados afirmam
que este assunto não
recebe a importância
que deveria e não se
toma nenhuma atitude a
respeito do bullying.
Grande parte dos
questionados observou
que quando o bullying é
dirigido ao professor,
seja por outro colega ou
aluno não é feito nada a
respeito.
4.2. Na sua opinião, há necessidade de intervenção
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Todos responderam que
existe sim a necessidade
de intervenção diante
dos casos de bullying.
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4.3. Você é chamada (o) para intervir na situação?
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Nenhum dos
questionados já foi
chamado para intervir
nas situações ocorridas.
É possível perceber que
a pessoa que sofre o
bullying permanece
calada, ela não busca
ajuda ou intervenção no
momento em que sofre
a violência.
4.4. Algum aluno já procurou você para relatar episódios de violência?
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Todos responderam que
já foram procurados por
alunos que relataram
alguma situação de
violência.