preÇos, mercados e tendÊncias para produtos do...

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Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 1 1. INTRODUÇÃO....2 2. PRODUTOR RURAL O TOMADOR DE PREÇOS....3 3.ASPECTOS OPERACIONAIS NO ESTABELECIMENTO DOS PREÇOS.....8 4. OS PREÇOS E O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO....10 5. ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS DE PREÇOS AGRÍCOLAS....12 COMO SABER O PREÇO FUTURO?....12 6. OS PREÇOS E A RELAÇÃO DE TROCAS.....15 7.A INSTABILIDADE DE PREÇOS E RENDA NA AGRICULTURA....17 8. ONDE OBTER INFORMAÇÕES SOBRE PREÇOS AGROPECUÁRIOS..20 9. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMAÇÃO DOS PREÇOS AGRÍCOLAS?......21 9.1 Preços agrícolas:Fundamentos x mercados financeiros.....21 A) Do que dependem os preços agrícolas....25 B) Fatores de estímulo à alta nos preços agrícolas.....25 10. CONJUNTURA DO MERCADO AGRÍCOLA 2012 (até dia 3 de outubro).....29 10.1 Soja tem mais um dia de queda em Chicago.....29 10.2 Escalada dos grãos perde força em setembro.....30 10.3 Relatório de estoques puxa preços dos grãos.....33 10.4 Entressafra robusta pressiona etanol....33 10.5 Brasil deve assumir a liderança na produção mundial da soja...34. 11. OS PREÇOS COMO DETERMINANTES DAS ESTRATÉGIAS DE IMPORTADORES E PROCESSADORES.....35 11.1 Exportação de etanol ao Caribe definha....35 11.2.Usinas indianas voltam a importar açúcar do Brasil....37 12. OUTRAS ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR MERCADO....39 13. O MERCADO DE PRODUTOS ESPECIAIS....43 14. PROTECIONISMO E OUTRAS DISTORÇÕES NO MERCADO.....44 14.1 APOIO À PRODUÇÃO: RUMO À ECONOMIA VERDE....45 14.2 PRODUZIR: REVOLUÇÃO SILENCIOSA.....47 14.3 A CARNE BOVINA E QUESTÕES COMERCIAIS....49 14.4 AS NOVAS EXIGÊNCIAS AO AGRONEGÓCIO EXPORTADOR .....51 15.CÂMBIO E PREÇOS NA AGRICULTURA....51 16. CONTEXTO ECONÔMICO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA DE GRÃOS.....55 16.1 Safra de Grãos em 2012: Área Maior e Produção Menor. Por quê?.....55 16.2 As projeções e os gargalos de uma nova safra recorde....57 17. A CRISE DE ALIMENTOS PARA O THE ECONOMIST....59 18.TENDÊNCIAS DOS PREÇOS AGRÍCOLAS EM 2013.....61 19. O LONGO PRAZO E PREÇOS DA AGRICULTURA E PREÇOS DO PETRÓLEO....62 20. Glossário Mercados Futuros.....63 ANEXO P. 67 PREÇOS, MERCADOS E TENDÊNCIAS PARA PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO Outubro 2012 Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO

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Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 1

1. INTRODUÇÃO....2

2. PRODUTOR RURAL O TOMADOR DE PREÇOS....3

3.ASPECTOS OPERACIONAIS NO ESTABELECIMENTO DOS PREÇOS.....8

4. OS PREÇOS E O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO....10

5. ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS DE PREÇOS AGRÍCOLAS....12

COMO SABER O PREÇO FUTURO?....12

6. OS PREÇOS E A RELAÇÃO DE TROCAS.....15

7.A INSTABILIDADE DE PREÇOS E RENDA NA AGRICULTURA....17

8. ONDE OBTER INFORMAÇÕES SOBRE PREÇOS AGROPECUÁRIOS..20

9. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A

FORMAÇÃO DOS PREÇOS AGRÍCOLAS?......21

9.1 Preços agrícolas:Fundamentos x mercados financeiros.....21

A) Do que dependem os preços agrícolas....25

B) Fatores de estímulo à alta nos preços agrícolas.....25

10. CONJUNTURA DO MERCADO AGRÍCOLA 2012 (até dia 3 de outubro).....29

10.1 Soja tem mais um dia de queda em Chicago.....29

10.2 Escalada dos grãos perde força em setembro.....30

10.3 Relatório de estoques puxa preços dos grãos.....33

10.4 Entressafra robusta pressiona etanol....33

10.5 Brasil deve assumir a liderança na produção mundial da soja...34.

11. OS PREÇOS COMO DETERMINANTES DAS ESTRATÉGIAS DE IMPORTADORES E PROCESSADORES.....35

11.1 Exportação de etanol ao Caribe definha....35

11.2.Usinas indianas voltam a importar açúcar do Brasil....37

12. OUTRAS ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR MERCADO....39

13. O MERCADO DE PRODUTOS ESPECIAIS....43

14. PROTECIONISMO E OUTRAS DISTORÇÕES NO MERCADO.....44

14.1 APOIO À PRODUÇÃO: RUMO À ECONOMIA VERDE....45

14.2 PRODUZIR: REVOLUÇÃO SILENCIOSA.....47

14.3 A CARNE BOVINA E QUESTÕES COMERCIAIS....49

14.4 AS NOVAS EXIGÊNCIAS AO AGRONEGÓCIO EXPORTADOR .....51

15.CÂMBIO E PREÇOS NA AGRICULTURA....51

16. CONTEXTO ECONÔMICO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA DE GRÃOS.....55

16.1 Safra de Grãos em 2012: Área Maior e Produção Menor. Por quê?.....55

16.2 As projeções e os gargalos de uma nova safra recorde....57

17. A CRISE DE ALIMENTOS PARA O THE ECONOMIST....59

18.TENDÊNCIAS DOS PREÇOS AGRÍCOLAS EM 2013.....61

19. O LONGO PRAZO E PREÇOS DA AGRICULTURA E PREÇOS DO PETRÓLEO....62

20. Glossário Mercados Futuros.....63 ANEXO P. 67

PREÇOS, MERCADOS E TENDÊNCIAS PARA PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO

Outubro 2012 Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 2

PREÇOS, MERCADOS E TENDÊNCIAS PARA PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO

Outubro 2012 Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO

1. INTRODUÇÃO

De maneira geral se afirma que o objetivo da empresa é a maximização do lucro. A

geração do lucro acontece com a comercialização que em última instância é a geradora de

receita para o empresário (quer seja empresário urbano quer seja rural). A receita é resultado

da multiplicação do preço pela quantidade vendida (RT = P x Q). A quantidade é uma variável

dependente da tecnologia e condições de clima (geadas fora de época, secas ou tempestades,

ventos fortes afetarão a quantidade produzida), as pragas e doenças também podem

comprometer a produção. Sobre a tecnologia já estudamos no primeiro material. Quanto ao

preço ele é dependente das condições de mercado. Por exemplo, se há muita produção na

região ou no mundo (oferta). No caso de grãos, os estoques de passagem entre uma sofra e

outra é variável importante indicadora de maior ou menor fragilidade da oferta (se for baixo o

estoque de passagem a tendência é preço elevado). O que importa é que as tais condições de

mercado se modificam ao longo do ano dependendo do comportamento das culturas (se estão

se desenvolvendo bem ou não em razão de secas, geadas, temporais etc.) e especialmente das

áreas plantadas, ou seja, do quantum total os agricultores plantaram e estimam colher.

Lembrem sobre a crise atual de produção de milho nos EUA e reflexos sobre os preços,

inclusive aqui no Brasil causando crise na avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite na

região Sul, com destaque para as agroindústrias e produtores de Santa Catarina. Isto tudo é

muito observado quando é analisado o comportamento dos preços das commodities agrícolas

nas bolsas de mercados futuros ao redor do mundo.

No Brasil se pode citar a Bolsa de Mercados Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA)

BM&FBOVESPA – A Bolsa é pra você!www.bovespa.com.br/. Nos Estados Unidos da América

do Norte (EUA) algumas bolsas são a de Chicago, de Kansas e de Nova York. Nestas bolsas e

outras são negociados os contratos futuros de commoditties agrícolas e também as não

agrícolas. Por exemplo, contratos de trigo, de milho, de soja, de boi gordo, de etanol entre

outros. Os contratos obedecem a regras e padrões próprios, mas o mais importante é que os

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 3

produtos são homogêneos, isto é, não diferenciados (são padronizados). Por exemplo, um

contrato de milho terá sempre certo teor de umidade (seco) com um número X de sacas e etc.

2. PRODUTOR RURAL O TOMADOR DE PREÇOS

Então, de forma geral, independente de qual seja o tipo de mercado o produtor em

suas transações é um tomador de preços. Isto significa que ele é a parte mais frágil no

processo. Isto significa que ele recebe o preço do mercado, de quem estiver disposto a

comprar dele (os produtores agrícolas são em grande número e dispersos geograficamente o

que pode dificultar ações coletivas para negociações de preços, diferentemente dos

compradores que podem ser um único ou geralmente oligopsônios). Ele não tem poder sobre

os preços (poder de mercado). Ao utilizarmos o modelo de concorrência perfeita (figura 7-1,

na página 180 do caítulo 7 do material de MENDES e PADILHA JUNIOR, em pdf no moodle)

verificamos que o produtor individual recebe o preço do mercado somente sobrando a ele a

possibilidade de escolher o volumes de produção na tentativa de maximizar o lucro

(considerando custos já minimizados), no modelo teórico o volume ótimo seria aquela

quantidade que a curva de custo marginal corta a curva do preço ou da receita marginal.

Atente que diferentemente de uma indústria, em razão da característica biológica da

produção agrícola após iniciada a produção o produtor não poderá ajustar os volumes de

produção, pois, independente do que faça ele não recupera mais os custos iniciais de

implantação da lavoura ou de início da criação. Vemos na mídia os caso de produtores de

repolho que “passam a grade” sobre a lavoura, por que o custo de colheita não cobriria a

receita de venda e, desta forma ele aproveitaria a adubação orgânica do repolho em seu solo,

significando uma perda total da lavoura em questão. Existe um outro conceito que robustece

ainda mais este argumento que se chama de fixidez de ativos. O seu corolário afirma que o

produtor agrícola não consegue se desfazer facilmente de seus ativos fixos (barracões, cercas,

açudes, mangueiras ou bretes) que perdem muito valor ao serem desfeitos, no caso de açudes

não há o que fazer. Barracões talvez consiga vender as telhas, as cercas é muito difícil

recuperar. As máquinas ainda podem ser vendidas com enorme deságio, ou viram sucata se o

produtor não for mais cultivar. Mas existem produtos agrícolas que possuem certo apoio do

governo que estabelece o preço mínimo (que normalmente é questionado pelos produtores

que o consideram baixo). Este apoio à comercialização acontece quando o mercado não está

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 4

pagando nem o preço mínimo, eventualmente o produtor pode vender ao governo ou

emprestar o dinheiro para aguardar melhor preços por meio de AGF ou EGF. Também existem

outros instrumentos de comercialização que foram criados durante os anos 2000. Você pode

verificar no Site do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) verificando

no link sobre políticas agrícolas os instrumentos de comercialização agrícola. Veja também no

capítulo 11 de MENDES e PADILHA JUNIOR, em pdf no moodle na página 281 as modalidades

de vendas antecipadas e sobre PEP – premido de escoamento da produção, na página 287.

http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/comercializacao-agricola

1) Acesse o site do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO PARA SABER

ENTRE OUTRAS COISAS OS RECURSOS E OS APOIOS PARA COMERCIALIZAÇÃO (Ver no link

política agrícola)

2) Dentro de política agrícola basta escolher comercialização e abastecimento

3) Na parte central da tela a abaixo no tópico comercialização e abastecimento você procura por

mecanismos de apoio à comercialização e abastecimento

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 5

Você também pode procurar sobre apoio à comercialização no MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (Para agricultores familiares e assentados de Reforma Agr)

http://www.mda.gov.br/portal/institucional/Contratos_de_Repasse

1) Ao você clicar no botão nossos programas vão aparecer diverso abaixo dele tais como o

plano safra, o portal da cidadania, rede Brasil rural etc, bastando para isto você ir fazendo a

rolagem lateral com as flechas à direita ou à esquerda conforme você queira e então

escolher o programa para análise.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 6

Talvez vocês já tenham visto um leilão de lotes de novilhos (gado), mas isto é um tipo

de mercado bem particular quando você e alguns poucos estão vendendo e muitos comprando

o que às vezes pode elevar o preço dos lotes dependendo da situação conjuntural do mercado

(se houver poucos lotes, se houver expectativas boas para comercialização destes lotes após a

engorda, se tiver dinheiro em financiamentos disponíveis, etc...)

Os produtores podem ter canais diretos com os consumidores. Por exemplo, numa feira

livre, numa entrega casa a casa (tipo leiteiro de antigamente) existem produtores de hortaliças

em São Paulo que preparam cestas com produtos variados “coloniais” e entregam em

condomínios, hotéis, pousadas, etc...porém, o normal é a venda acontecer em CEASAS ou

intermediários que farão o papel de reunir os produtos acondicioná-los e levá-los aos

varejistas. As negociações com redes supermercadistas está cada vez mais dificultada pelas

crescentes exigências de qualidade e reposição de mercadorias. Wilkinson (pdf) no moodle

ver p. 16 e 17 - os novos mercados e formatos de negócios para os agricultores familiares.

Veja também nos slides sobre estratégias de comercialização, no moodle e, sobre redes de

comercialização (slide 7 a 26).

Portanto, em razão do tipo do produtor em termos de produtos cultivados e tamanho

de área ele adotará um ou outro formato (estratégia) de comercialização. Se lembrado do

estudo de Gonçalves, visto na apostila sobre tecnologia, onde foram apontados dois modelos

de agricultura (Texana e Californiana) verificamos que aos produtores de grãos não existe saída

ou eles tem grande escala de produção (grandes áreas) ou sua renda bruta (P x Q) será

insuficiente para uma renda líquida adequada ao seu crescimento econômico e sobrevivência

(neste caso ele acaba vendendo a área). Uma possível tentativa de solução aos pequenos

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 7

produtores de grão e eles agregarem valor tornando-se um californiano. Ele poderia, por

exemplo, alimentar aves criando-as no tipo colonial ou caipira para venda de ovos. Ou

alimentar rebanhos para produção de leite, carnes defumadas, sempre verificando a legislação

que está cada vez mais restritiva quanto ao abate e processamento nas propriedades. Isto tudo

numa tentativa de agregar valor às suas produções diversificadas de pequena escala.

Os agricultores do modelo californiano não estariam produzindo grãos por meio de

intensiva mecanização e utilização massiva de agroquímicos, mas buscando cultivos e ou

produções de nicho tais como produções orgânicas (intensiva em conhecimento e mão de

obra), frutíferas e olerícolas em geral (frutas em geral e folhosas e tubérculos que podem ser

cultivados em pequeno espaço). Além disto, poderiam estar utilizando a Produção Integrada

de Frutas. Estas atividades podem exigir para sua completa expressão de produtividade estufas

e com certeza sempre a irrigação.

Observe no texto a seguir o conceito de margens de comercialização e preços tomados pelo produtor.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 8

3.ASPECTOS OPERACIONAIS NO ESTABELECIMENTO DOS PREÇOS

Preços Sob a ótica de custos e

margens aos produtores veja o

site

http://dgta.fca.unesp.br/docent

es/stella/200802/apf/Formacao

%20dos%20Precos%20na%20Agr

icultura.pdf

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 9

Material extraído de MARQUES, Pedro V.; AGUIAR, Danilo R.D. Comercialização de

produtos agrícolas. EDUSP, SP, 1993.

A) Negociações individuais – os compradores e vendedores individualmente entram em

negociação e numa situação de concorrência perfeita e em condição de disponibilidade

de informações iguais para cada um deles cada um deles pretende maximizar sua

satisfação atingindo o maior preço sob a ótica do vendedor e o menor preço sob a ótica

do comprador. Porém o produtor encontra-se em situação desvantajosa pois na

maioria dos casos o comprador possui maiores informações sobre a situação do

mercado – no presente e no futuro e portanto o comprador possui vantagem na

negociação. Os produtores devido ao seu provável isolamento dos centros comerciais

estará em situação desvantajosa na negociação (salvo para aqueles que estudam o

mercado via Internet por exemplo).

B) Mercados organizados – situação onde as negociações são realizadas através de um

conjunto de normas e regras claras – as bolsas de mercadorias funcionam desta forma.

Nestes locais os preços e volumes das mercadorias transacionadas são do

conhecimento de todos. Os padrões e classificações das mercadorias são conhecidos

dispensando visita aos locais de armazenamento. Os terminais de comercialização

também são utilizados principalmente na comercialização de bovinos. Exemplos destes

estão Ourinhos e Presidente Prudente. Os leilões são outra forma importante de

organização da comercialização. São muito utilizados nas bolsas de cereais e também

através de leilões eletrônicos via Internet.

C) Preços administrados - No Brasil, alguns produtos agrícolas tiveram seus preços

tradicionalmente estabelecidos pelo governo ou fortemente influenciados por este.

Razões disto foram de fundo social para o caso do leite, arroz, feijão e razões de

interesse nacional para exportações de café, cacau, soja, etc. Em termos operacionais

quando isto acontecia, desaparece a figura do mercado que compete pelo produto e

estabelecendo seu preço, para termos a figura de alguma instituição governamental

que estabelece o preço baseando-se nos custos de produção e/ou em objetivos

macroeconômicos. Isto causa desestímulo e, portanto redução de oferta.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 10

D) Grupos de barganha – A insatisfação dos produtores quanto ao nível de preços

determinado pelo mercado pode levar os agricultores a se organizarem em

cooperativas ou associações de forma a aumentar o seu poder de barganha. A

vantagem desses sistemas é a transferência (principalmente no caso das cooperativas)

da negociação para pessoas mais bem informadas (administradores das cooperativas) o

poder para negociar e estabelecer as condições de venda. As condições propícias para

isso são os maiores volumes negociados e também a possível qualidade e valor

adicionado ao produto pelo beneficiamento inicial nas instalações da

cooperativa/associação.

E) Preço Fórmula - nesta situação a negociação se dá em torno de valores que são

suficientes para cobrirem os custos de mão-de-obra mais insumos mais lucro e mais

imposto por exemplo. É a utilização do Mark-up.

4. OS PREÇOS E O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

Veja sobre Planejamento estratégico para uma propriedade PDF no moodle.

No planejamento da produção1 é importante considerarmos as melhores épocas de

cultivo bem como o comportamento dos preços ao longo do ano. Isto pode ser verificado

estudandos-e a estacionalidade dos preços. No material do SEBRAE sobre o cultivo de alface

(procurar na net) você vai encontrar nas páginas 26 e 27 uma análise do comportamento do

mercado para esta hortaliça a renda bruta e estacionalidade de preços. (veja a segunda figura

na seqüência). Verifique os meses em que os preços superam a média histórica. Para o

planejamento da produção deve-se procurar um engenheiro agrônomo que atenda em sua

região para auxiliar na elaboração do projeto de viabilidade e, em especial no planejamento da

produção, que com certeza contará, entre outros, com o cronograma detalhado de preparo de

solo, plantio, condução da lavoura e colheita. Ao conhecermos as condições de

comercialização da localidade/região em que estamos e o comportamento dos preços ao longo

1 Se você tiver acesso a Mendes (1998) no capítulo sobre oferta e demanda de produtos agrícolas, você poderá

encontrar uma aplicação sobre a determinação do peso ideal de suínos para maximizar o lucro em razão do preço da carne e do preço da ração. Deve-se considerar quem nem sempre o peso do animal que o produtor gostaria de vender à agroindústria será aceito por ela, pois, ela define o melhor peso para suas operações de abate e beneficiamento.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 11

do tempo poderemos efetuar alguns ajustes no período de cultivo, respeitando as condições

exigidas por cada cultura. Neste sentido, o cultivo em estufa pode contribuir para relativa

elasticidade das épocas de plantio. A irrigação também é outro facilitador neste sentido.

Fonte: SEBRAE (2011), ver figura logo a seguir

Obviamente se você é produtor ou consultor da área você vai recomendar plantios

(conforme o planejamento sugerido pelo agrônomo consultado) para que a

colheita ocorra entre os meses novembro a março de acordo com o gráfico acima. Lembrando

que os dados referem-se ao CEASA do distrito federal e lógicamente em outras regiões

poderão apresentar outro comportamento. Veja na net, o documento abaixo.

http://201.2.114.147/bds/b

ds.nsf/E3D05C5BC28A430A8

3257984003EA3D8/$File/NT

00047306.pdf

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 12

Na internet você encontra muitos estudos sobre estacionalidade de preços de produtos

da horticultura. Os comportamentos das séries de preços (pagos ou recebidos, ou índices de

preços) expressam quatro componentes: i) tendencial (movimento ascendente ou

descendente); ii) sazonal (estacionalidade ou sazonalidade com comportamento oscilatório de

curta duração até um ano); iii) cíclica (comportamento oscilatório de longa duração indicando

as fases de expansão e contração das atividades econômicas, sendo de duração não fixa.); iv)

aleatória é denominada de componente irregular. (movimento oscilatório de curta duração e

de grande instabilidade que exprime a influência de fatores casuais, como por exemplo: secas,

enchentes, greves, eleições, etc..). Veja mais sobre isto em ESTATÍSTICA APLICADA SÉRIES

TEMPORAIS do professor Jobenil Luiz Magalhães Júnior disponível em:

http://www.netknow.mat.br/universo/EstatAplic/SeriesTemporais

5. ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS DE PREÇOS AGRÍCOLAS

O material a seguir foi extraído de MENDES e PADILHA JUNIOR (2007), capítulo 10

Análise de preços agropecuários, da p. 262 em diante.

Em razão das mudanças de diversas variáveis e condições econômicas gerais além de

eventos climáticos e outros aleatórios os preços se alteram.

COMO SABER O PREÇO FUTURO?

Previsão

Uso de métodos de previsão para adequar nossas decisões

a) métodos qualitativos

b) métodos quantitativos

No caso dos qualitativos não se dispõe de dados objetivos para previsão, não temos por

exemplo dados históricos para a previsão. Utiliza-se o método de relação de fatores, opinião

de especialistas e a técnica Delphi.

No caso dos quantitativos utilizam-se dados históricos e análise de eventos do passado

para predizer ocorrências futuras. Teremos aqui dois tipos: 1) série temporal; 2) série causal

Os estudos de série causal são predominantemente econométricos e de regressão múltipla.

Os de séries temporais envolvem a projeção de valores futuros de uma variável com base

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 13

inteiramente em observações do presente e do passado dessa variável. Normalmente é um

conjunto de dados numéricos obtidos durante períodos regulares no decorrer do tempo. Por

exemplo, o preço diário de fechamento das cotações da soja, na bolsa de Mercadorias &

Futuros (BM&F) de São Paulo, constitui uma série temporal.

Na avaliação temporal existe o que se denomina de tendência que é um

direcionamento de longo prazo com um movimento evolutivo ascendente ou descendente.

Outros componentes ou fatores das séries temporais são o componente cíclico e o

componente irregular. O cíclico demonstra oscilações ou movimentos para cima ou para baixo

ao longo da série. Dois a dez anos e normalmente relacionam-se ao ciclo produtivo (boi gordo,

laranja, café, pinus).

Qualquer dado observado que não siga a curva de tendência modificada pelo

componente cíclico é indicativo de um componente aleatório ou irregular. Quando os dados

são registrados mensal ou trimestralmente, pode-se considerar, além de

componentes/tendência, ciclos e irregularidade, um outro componente, chamado de fator

sazonal (sazonalidade).

Assim, a análise de uma série temporal de preços agropecuários consiste em

determinar o comportamento, no longo prazo, desses preços pela utilização de quatro fatores

componentes:

a) um evolutivo ➽ Tendência b) três oscilatórios ➽ sazonalidade;

➽ ciclo

➽ aleatoriedade

O movimento evolutivo – movimento de preços de longa duração: influenciado do lado da

Oferta por novas tecnologias: do lado da demanda, pelo crescimento ou redução da

população, variação da renda, mudança de hábitos alimentares, cultura, etc.

Movimento oscilatório –

i) sazonalidade – devido à produção agrícola ser sazonal (dependente de épocas de

cultivo). Pode-se calcular um índice sazonal por meio da média geométrica móvel

centralizada;

ii) ciclo – movimento cíclico de média duração decorrentes de características inerentes a

um produto. Ex. pecuária bovina – as safras e as entressafras. Sobre tendências e

ciclo sugiro verificar o artigo do The Economist na p 58 e 59 desta apostila.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 14

iii) aleatoriedade – movimento aleatório sem previsão. Decorrente de fenômenos

incontroláveis.

Exemplo de análise de tendências. Você pode observar, na figura 10-3 a evolução num prazo

mais longo, observa-se crescimentos e decréscimos, ou seja tendências invertidas

praticamente a cada 3 anos.

Na figura 10-4 tem-se o exemplo de índice de sazonalidade

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 15

Na figura 10-5 aparecem os ciclos e aleatoriedade

6. OS PREÇOS E A RELAÇÃO DE TROCAS

Na próxima página é apresentado um gráfico que mostra em diversos anos (1991 a

2000) ao longo dos meses do ano a quantidade de litros de leite C para adquirir uma tonelada

de adubo supersimples que é utilizado para fertilizar as pastagens. Na mesma página é

apresentada a relação de troca também em relação ao milho (ração) e uréia (fertilizante

nitrogenado) para fazer a chamada adubação em cobertura das pastagens.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 16

Nesta tabela podemos ver a relação de troca entre leite C e fertilizantes (superfosfato

simples e uréia) e também com o milho. Por exemplo, em junho 1999 o produtor precisaria

1.010 litros para comprar uma tonelada de supersimples e de 1.226 litros de leite para

comprar uma tonelada de uréia. No caso do milho ele precisaria apenas 32 litros. Em maio de

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 17

2000 houve uma melhora na relação de troca pois precisava menor quantidade de leite para

adquirir o super simples (906 litro/tonelada) porém para comprar milho ele precisava mais

litros (43 litros por saca de 60 kg) e também precisava mais leite para adquirir a mesma

quantidade de uréia, ou seja, 1.250 litros de leite por tonelada de uréia. Isto está coerente com

o preço recebido pelo produtor que não aumentou no período (veja que o preço nominal era

0,26 R$ por litro e passou a 0,29 R$ por litro em maio 2000, já o preço real -deflacionado- não

mudou permanecendo os mesmos 0,29 R$ por litro).

Para comparações entre preços pagos e recebidos pelos produtores pode-se calcular o

índice de paridade ou relação de trocas. É a divisão (quociente) entre o índice de preços

recebidos pelos produtores pelo índice de preços pagos pelos produtores.

Se o valor encontrado for maior do que 100 os preços recebidos pelos produtores num

dado período (2, ou mais anos) cresceram mais que os preços pagos pelos insumos. Caso o

valor encontrado seja inferior a 100 a situação é desfavorável ao agricultor. Veja dados para

cálculos em www.agricultura.gov.br no link estatísticas – índices agrícolas.

7.A INSTABILIDADE DE PREÇOS E RENDA NA AGRICULTURA

Um dos problemas da agricultura é a instabilidade dos preços e da renda agrícola em

razão das alterações de oferta e preços no curto prazo. Observe o gráfico 17.7. Veja mais

sobre isto em Wonnacott e Wonnacott LIVRO (ECONOMIA – Cap. Sobre demanda e oferta e

conceito sobre elasticidade) - seção elasticidade e os problemas especiais da agricultura.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 18

Para você aprofundar seus conhecimentos teóricos com relação à resposta da produção

e tendência dos preços de equilíbrio sugiro uma leitura sobre o modelo do teorema teia de

aranha que se encontra na p. 182 a 185 do cap.7 de Mendes e Padilha Junior (2007) em PDF

no moodle.

Também no longo prazo o preço expressará mudanças, são verificadas tendências. Estas

estarão muito relacionadas à elasticidade de oferta e de demanda dos produtos agrícolas.

GRASSI MENDES comparou a tendência dos preços no agregado para os EUA e para o Brasil, no

período 1975 a 1995. Os dois gráficos a seguir mostram a tendência na linha avermelhada.

Verificamos no primeiro gráfico devido à maior elasticidade da oferta (mais recursos e

tecnologia) e menor elasticidade preço da demanda (maior renda e menor porção dela gasta

com alimentos) a tendência de longo prazo do preço é declinante. De outra forma, no

segundo gráfico a tendência é preços maiores no longo prazo (oferta inelástica e demanda

elástica).

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 19

Você pode estudar mais sobre a instabilidade da renda em razão das variações de

preços a as variáveis intervenientes neste processo no texto do professor pesquisador de

economia agrícola Fernando Homem de Melo. Instabilidade da renda e estabilização de

preços agrícolas. Disponível em http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/view/359/298

Resumo

O artigo é uma investigação relacionada com o tema da instabilidade da renda agrícola em função de flutuações inesperadas de preços e rendimentos físicos de produtos agrícolas, inserindo-se na discussão mais ampla referente à reformulação da política econômica visando o aumento da produção alimentar brasileira. O texto está dividido em três partes: a primeira apresenta uma discussão teórica sobre a relação entre estabilização de preços e receita total; a segunda mostra os resultados obtidos em relação a cinco indicadores de instabilidade da receita para produtos ofertados no mercado interno, de exportação e com preços administrados pelo governo, comparando-os com as expectativas teóricas; e a terceira discute alguns resultados dos efeitos de estabilização completa e incompleta de preços sobre a variância da receita. Uma seção de conclusão enfatiza os principais resultados do trabalho, apresentando alguns comentários adicionais.

Preços e custos na agropecuária (agosto de 2012) Francisco GELINSKI NETO2

Os preços internacional e nacional de grãos estão elevados e crescentes. Muita calma

nesta hora. Isto por que alguns podem pensar em controlar as exportações impedindo a elevação

de preços das carnes em razão do aumento de custo da ração que utiliza soja e milho na sua 2 Professor da UFSC – Departamento de Economia e Relações Internacionais

Fone 37 21 66 25, RG 1947861, [email protected]

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 20

formulação. Acontece que o Brasil durante muito tempo interferiu nas exportações de grãos

antes dos anos 90 para tentar controlar a inflação e, isto simplesmente não funcionou, serviu

apenas para desestimular a produção de grãos gerando mais pressão inflacionária no momento

seguinte. O documento Das políticas de substituição das importações à agricultura moderna do

Brasil, disponível na internet, mostra muito bem o equívoco da política de controle de

exportações e outras para o combate à inflação. Ao invés disto, o governo poderia entre outras

ações, estimular a oferta de grãos nas regiões em que ocorre a demanda para produção de ração,

caso de Santa Catarina. Outra iniciativa, agora, por parte dos agentes privados é a utilização da

proteção de preço que a compra de contratos de futuros de milho e soja na Bolsa de Mercadorias

e Futuros proporciona. O maior custo do milho e soja para as agroindústrias e produtores de

animais está atrelado à crise climática que atinge os Estados Unidos e a Rússia quebrando a

produção de grãos naqueles países. Presume-se com alto grau de certeza que o aquecimento

global continuará afetando a produção agrícola em diversos países causando flutuações

consideráveis nos preços. Portanto, sugere-se a proteção de preços que a compra e venda de

contratos futuros de grãos nas bolsas de Mercadorias e futuros proporcionam aos agentes do

agronegócio. Outros elementos a serem pensados são em primeiro lugar a avaliação sobre a

possível formação de estoques de segurança dos principais grãos utilizados nas cadeias do

agronegócio e, em segundo lugar a redução de conflito entre produtores agrícolas e

ambientalistas para se conseguir cada vez mais utilização racional dos espaços de produção

agrícola e de conservação ambiental, uma vez que o mundo precisará, ainda por muitos anos, de

oferta crescente de alimentos.

8. ONDE OBTER INFORMAÇÕES SOBRE PREÇOS AGROPECUÁRIOS

http://www.agrolink.com.br/cotacoes/ (site recomendado)

http://www.emater.tche.br/site/area/comercializacao.php (veja neste site da EMATER do Rio Grande do Sul

sobre os programas de aquisição de alimentos)

www.fee.tche.br/ (Fundação de Economia e Estatística - PIB, indicadores econômicos...)

http://www.irga.rs.gov.br/ (Instituto Rio Grandense do Arroz)

http://www.bradescorural.com.br/site/conteudo/canais/precos.aspx

http://www.noticiasagricolas.com.br/

http://www.iea.sp.gov.br/out/index.php

http://celepar7.pr.gov.br/sima/cotdias.asp (sistema de informações de preços do Estado do Paraná)

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 21

Na Secretaria de Agricultura de seu município, ou do escritório regional de assistência

técnica rural, ou na cooperativa, ou na associação de produtores, ou no sindicato rural, ou na

internet, não necessariamente nesta ordem e, em último caso com o comprador. Obviamente

se você não tiver nenhuma informação ele tenderá a pressionar o preço para baixo.

9. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMAÇÃO DOS PREÇOS

AGRÍCOLAS?

O texto a seguir foi extraído integralmente da revista Agroanalysis, de agosto de 2012,

da Fundação Getúlio Vargas. Felippe Serigati.

9.1 Preços agrícolas:Fundamentos x mercados financeiros

Atualmente, quais são os principais fatores que influenciam a formação dos preços

agrícolas? Os fundamentos do lado real da economia, isto é, variáveis associadas com as

condições de oferta e demanda dessas commodities, ou as flutuações nos mercados

financeiros, refletindo, principalmente, estratégias especulativas? Essas questões ficaram ainda

mais evidentes em razão do aumento da volatilidade dos preços agrícolas na última década:

períodos de forte crescimento foram interrompidos por abruptas e profundas quedas que, por

sua vez, foram sucedidas por intensos períodos de recuperação.

Esta dinâmica fica clara ao se observar a evolução do índice de preços de commodities

agrícolas e minerais, sem petróleo, divulgado mensalmente pelo Fundo Monetário

Internacional (FMI). Este índice é uma média dos preços das principais commodities

transacionadas no mercado internacional, ponderados seus respectivos volumes de comércio.

Ao analisar o comportamento deste índice de preços, fica claro que, entre 1991 e 2003, os

preços das commodities agrícolas e minerais apresentaram suaves flutuações, com uma

tendência ascendente até 95/96 e descendente até 2003. A partir de 2003, porém, os preços

apresentaram forte e constante crescimento até julho de 2008 (durante estes cinco anos, o

valor do índice praticamente mais que dobrou). Em razão da crise econômica nos países

centrais, com especial destaque para os Estados Unidos e para os países da União Europeia, de

agosto a dezembro de 2008, isto é, em apenas cinco meses, os preços das commodities caíram

em média 30%, retornando aos patamares observados no início de 2006. É interessante

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 22

observar que esta queda, embora intensa, foi muito rápida; a partir de março de 2009, os

preços iniciaram um processo de recuperação, crescendo ininterruptamente até abril de 2011.

É também importante mencionar que em abril de 2010 o índice de preços já tinha

superado o pico de 2008 e no começo de 2011 estabeleceu novo recorde. Todavia, novamente,

conforme se deteriorava a solvência de alguns países na periferia da zona do euro, os preços

das commodities voltaram a registrar forte declínio, voltando a crescer somente entre

dezembro e abril de 2011, período que coincide com duas rodadas de empréstimos a juros “de

pai para filho” que o Banco Central Europeu promoveu para os bancos da região. Após passar a

euforia dos empréstimos, os preços das commodities voltaram a cair.

O que pode explicar este comportamento dos preços? Diversas hipóteses já foram

apresentadas pelos economistas e analistas de mercado. Isso fica mais claro se forem

organizadas em dois grupos: explicações ligadas aos fundamentos (ou mercados reais) e

explicações associadas a movimentos nos mercados financeiros.

Explicações ligadas aos fundamentos

1. Crescimento econômico e acelerado processo de urbanização de algumas economias

emergentes, com especial destaque para a China. O crescimento econômico nesses países tem

promovido o aumento da renda per capita e, consequentemente, aumento na demanda por

alimentos, principalmente por proteína de origem animal.

2. Desvio de fração significativa e crescente da produção norte-americana de milho para a

produção de biocombustíveis, implicando em:

a) maiores preços do milho;

b) maior competição entre milho e outros grãos por áreas cultiváveis; e, por fim,

c) aumento do preço da ração animal, um dos principais custos de produção nas cadeiras de

proteína animal.

3. Constante aumento do preço do petróleo, que afeta tanto os custos de produção

(principalmente fertilizantes), quanto frete e demais despesas associadas à logística.

4. Outro importante ponto a ser enfatizado é que preços de commodities geralmente têm um

comportamento pró-cíclico em relação ao crescimento da economia mundial. Porque a oferta

de commodities agrícolas e minerais é relativamente inelástica no curto prazo – apenas de

forma muito limitada é possível “produzir” uma nova mina apenas porque a demanda agora

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 23

está mais aquecida –, o crescimento econômico das principais economias leva a um aumento

no preço internacional desses bens. De forma semelhante, uma súbita redução na demanda

provoca queda nesses preços – uma vez plantada, exceto por algum evento climático, o

volume da colheita daquela safra já está praticamente determinado.

Apesar de todos esses argumentos serem bastante razoáveis para explicar a tendência

de médio prazo dos preços agrícolas, eles são insuficientes para explicar o aumento da

intensidade do crescimento destes preços a partir de 2003 e, principalmente, sua volatilidade.

Entre 2007 e 2011, a demanda dos países emergentes ou a quantidade de milho norte-

americano dedicada à produção de etanol não variou tanto assim a ponto de explicar tamanha

flutuação dos preços agrícolas. A mesma lógica se aplica aos preços de commodities agrícolas e

minerais no primeiro semestre de 2012. Para explicar estes movimentos, é necessário incluir

alguns importantes eventos ocorridos nos mercados financeiros.

Explicações ligadas aos mercados financeiros

1. A depreciação do dólar americano: todas as commodities, agrícolas ou minerais, têm seus

preços determinados em dólar. Portanto, uma depreciação desta moeda leva,

consequentemente, a um aumento no preço das commodities para manter seu “valor real”.

2. A influência das atividades especulativas nos mercados de futuros: as principais commodities

agrícolas e minerais contam com mercados internacionais bem desenvolvidos. Contratos

transacionados nos mercados de futuros refletem a expectativa dos agentes em relação ao

comportamento futuro dos preços dessas commodities. Portanto, diante de todos os fatores já

discutidos nos fundamentos, há forte expectativa de que os preços dessas commodities

continuarão a crescer por um longo período. Desta forma, investidores no mercado financeiro

alocam importantes somas de capital em ativos cuja valorização esteja associada aos

movimentos destes preços. Em períodos de crise, estes contratos são utilizados como uma

espécie de “reserva de valor” ou um seguro contra o dólar norte-americano e os demais ativos

“puramente financeiros” (ações, títulos, bônus etc. e os derivativos associados e eles).

Isso explica o forte aumento dos preços das commodities agrícolas entre 2003 e 2008. Este

comportamento fica ainda mais intenso quando há períodos de crise financeira associada a

excesso de liquidez. Quando isso acontece, há um enorme volume de capital à disposição dos

agentes apenas esperando melhores oportunidades de valorização. Todavia, os ativos

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 24

“puramente financeiros” não conseguem atender a esta demanda em razão do seu elevado

risco em períodos de crise. Nestes períodos, porém, os ativos que seguem o comportamento

dos preços das commodities agrícolas e minerais atendem a estas necessidades. O preço

desses ativos, portanto, aumenta fortemente, e como os movimentos nos mercados futuros

influenciam a formação do preço no mercado spot, cria-se o canal pelo qual as atividades

financeiras influenciam os preços agrícolas, que, por sua vez, influenciam o preço dos

alimentos. Isto explica o forte aumento desses preços entre 2009 e 2011.

Porque os preços futuros são uma referência para os preços nos mercados spot,

movimentos nos mercados financeiros podem influenciar os preços das commodities agrícolas

e minerais via seus mercados de futuros. Antes de finalizar, é importante deixar claro que não

está sendo defendido aqui que os preços das commodities agrícolas são formados

exclusivamente nos mercados financeiros; há uma combinação entre o lado real e o lado

financeiro da economia. Enquanto o primeiro determina a tendência a ser seguida pelos

preços, o último intensifica esta tendência e incorpora maior volatilidade.

Felippe Serigati, doutorando em economia pela FGV/EESP e pesquisador visitante da UC

Berkeley ([email protected])

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 25

A seguir resgato dois importantes textos do Prof. Dr. Fernando Homem de Melo, que

apesar de não serem recentes, são relevantes aos conceitos vistos até aqui. Resumo e afixo os

originais na sequência.

C) Do que dependem os preços agrícolas

O PIB mundial é uma das variáveis relevantes da demanda de produtos agrícolas e as outras

são os consumidores e a distribuição da renda. Homem de Melo analisou a hipótese no artigo

referido de que há uma relação positiva entre o crescimento da economia mundial e as

variações dos preços agrícolas. No período analisado por ele que foi de 1988 a 2001, para o

qual subdividiu em quatro sub-períodos encontrou comportamento coerente com a hipótese,

porém no sub-período 1999 e 2000 o comportamento foi o contrário do teoricamente

esperado encontrando uma relação inversa entre renda e preços. Nesta situação considerou

outras variáveis que poderiam levar a esse resultado: a) um coincidente crescimento da oferta

mundial de vários produtos, destacando-se os casos de grãos, café e açúcar; b) a política de

subsídios dos países industrializados. Exatamente entre 1997 e 1999 o subsídio equivalente

aos produtores passou de 328,8 bilhões de dólares para 361,5 bilhões ao ano nos países da

OCDE; c) a forte valorização do dólar naquele período; d) a intensa penetração de variedades

transgênicas nos Estados Unidos, Argentina e Canadá, principalmente nos casos de soja, milho

e algodão. Neste último caso já existe evidência empírica do efeito negativo das variedades

transgênicas sobre seu preço internacional. (Artigo abaixo – texto de 2001).

D) Fatores de estímulo à alta nos preços agrícolas

Em maio de 2001 Homem de Melo analisou a aparente contradição de elevação dos preços

dos produtos agrícolas no primeiro semestre do ano (período da safra, ou seja, da colheita da

maioria dos produtos). A análise dele se deveu ao “choque” agrícola causado pela estiagem

mas em contradição a estimativa de safra era record, superior a 90 milhões de toneladas e

portanto haveria incoerência no comportamento dos preços, que justamente se elevaram no

primeiro semestre. Como seria o comportamento normal dos preços agrícolas? O

comportamento responde à sazonalidade ( é a variação da produção ao longo dos messes do

ano – com plantio e colheita concentrados em determinadas épocas) de produção. No caso da

maior parte dos grãos a colheita se concentra no primeiro semestre e logo queda de preços e

no segundo semestre ocorre elevação dos preços. Considerando que a estimativa de oferta

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 26

(produção) é elevada para esta safra a estiagem foi considerada pelo professor Homem de

Melo como apenas parte da explicação do fenômeno. A estiagem teria influenciado mais os

produtos de ciclo curto de produção e sem irrigação (ou pouca irrigação) casos de algumas

frutas, verduras e tomate. Existem variáveis de demanda (interna e externa) e de oferta

(interna e externa) que podem ter contribuído decisivamente para os maiores aumentos de

preços. Primeiro a desvalorização cambial (à aquela época) até abril de 2001 (11,7%) teria

influenciado a elevação dos preços das lavouras de ciclo curto/ curto prazo (verduras, legumes

e certas frutas). Infere a continuidade de influência no médio prazo dada a elevação dos custos

na importação de insumos o que reduzirá a utilização e portanto a produtividade que

redundaria em queda de oferta pressionando os preços. Além disso, a referida desvalorização

impediu a queda nos preços internos dos produtos comercializáveis externamente e que

apresentavam menores preços internacionais (café, açúcar e soja). O que aconteceu nestes

casos foi a melhoria da competitividade dos nossos produtos exportáveis já que os

importadores precisavam menos moeda (dólar ou euro) para comparem o café, o açúcar e a

soja, e, isto não permitiu a elevação de oferta interna desses produtos que poderia de certa

forma contrabalançar a elevação dos preços dos outros produtos agrícolas. Isto foi benéfico

para a renda dos produtores, afirma o autor “A desvalorização cambial do primeiro

quadrimestre deve ter contribuído para maiores preços aos produtores de frangos, leite e

suínos e para a sustentação dos de arroz, milho, soja e bovinos. Para a agricultura isso é um

fator positivo muito importante em termos da renda auferida pelos produtores”.

Ainda destacou o autor o comportamento baixista das commodities (naquele período –

diferente de atualmente 2007) no mercado internacional talvez devido à queda de crescimento

da economia mundial. Realmente naquele período por exemplo os EUA estava em crise de

crescimento. Concluiu que a desvalorização do real naquele período beneficiou o

fortalecimento dos preços internamente e a renda agrícola. (notemos que agora – desde 2003,

está ocorrendo o contrário, ou seja, valorização do real – perda de competitividade- e

elevação dos preços externos).

Além dos elementos já levantados pelo autor (estiagem, sazonalidade, crescimento da

oferta, câmbio, preços internacionais, ciclo das culturas) considera necessário observar os

efeitos positivos e negativos da política agrícola e da conjuntura agropecuária sobre as

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 27

decisões de plantio dos produtores. Com base em dados dos IBGE analisou o caso do feijão, da

batata e da cebola. Estes são produtos de baixa elasticidade preço da demanda (quando há

excesso de oferta os preços caem muito ao produtor pois, os consumidores não são

“seduzidos” a consumirem mais destes produtos em função de alguma redução de preço). Para

ele o feijão necessita de uma política de estabilização de preços. Preço recebido pelo produtor

de feijão - abril de 2000 = 30.51reais /saca, em 2001 recebiam 62,47 reais/saca. O autor

constatou que o governo federal em março de 2001 não tinha nas formas de AGFs e contratos

de opção, nenhuma tonelada desse importante produto em estoque. (artigo abaixo- texto de

2001).

O primeiro texto a seguir é o original integral: Do que dependem os preços agrícolas,

Publicado na Gazeta Mercantil em 22/01/2001, caderno A p.2.

O segundo texto é: Fatores de estímulo à alta nos preços agrícolas, Publicado na Gazeta

Mercantil em 16/05/2001, caderno A p.3.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 28

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 29

10. CONJUNTURA DO MERCADO AGRÍCOLA 2012 (até dia 3 de outubro)

10.1 Soja tem mais um dia de queda em Chicago

Por Mariana Caetano | De São Paulo25/09/2012 Valor econômico

O mau humor no mercado financeiro global, que provocou a alta do dólar ante uma

cesta de moedas e a fuga de ativos de risco (caso das commodities), pesou ontem sobre a soja

negociada na bolsa de Chicago. Os contratos para janeiro de 2013 (que ocupam a segunda

posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam em baixa de 11 centavos, a

US$ 16,11 por bushel.

O aumento sazonal na oferta de soja, causado pelo avanço da colheita americana (já

finalizada em 22% da área), e relatos que indicam um rendimento possivelmente mais elevado

do que se previa para algumas regiões dos EUA colaboraram para puxar as cotações para

baixo.

Ainda assim, ao avaliar o cenário de longo prazo, a respeitada publicação alemã "Oil

World" disse acreditar que os preços da soja possam chegar aos US$ 20 por bushel nos

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 30

próximos meses, devido à oferta apertada e à instabilidade do clima. A commodity atingiu o

recorde histórico de US$ 17,9475 por bushel em 4 de setembro, em Chicago. Porém, desde

então, as cotações já caíram mais de 10%.

10.2 Escalada dos grãos perde força em setembro

Fernando Lopes, Mariana Caetano e Fernanda Pressinott.São Paulo, Valor econ.

28/09/2012

Mesmo em meio a intensos movimentos especulativos e grande volatilidade, os

"fundamentos" voltaram a prevalecer nas principais bolsas americanas de produtos agrícolas

em setembro. Essa influência foi particularmente marcante no mercado de grãos de Chicago,

onde a escalada das cotações foi contida com a ajuda do avanço das colheitas desta safra

2012/13, mas também ficou evidente nas negociações de contratos de "soft commodities" em

Nova York, com destaque para o peso do Brasil nas transações de açúcar e café.

Foco das preocupações globais em torno de uma eventual crise "agroinflacionária"

global como em 2008 ou 2010, as cotações de soja, milho e trigo, básicos para a alimentação

humana e para a produção de rações, comportaram-se em linha com a maior parte das

previsões e acomodaram-se nos elevados patamares alcançados em julho e agosto. Nada

capaz de empolgar criadores de frangos e suínos, que viram os custos subirem e as margens

caírem nos últimos meses, mas o suficiente para tranquilizar um pouco a FAO, braço das

Nações Unidas para agricultura e alimentação, que já descarta a possibilidade de uma nova

crise.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 31

Segundo cálculos do Valor Data com base nas médias mensais dos contratos futuros de

segunda posição de entrega de Chicago, o milho encerra setembro (o balanço foi fechado no

dia 27) com queda de 5,32% em relação a agosto, enquanto o trigo cai 0,35% na mesma

comparação. A soja, colhida mais tarde que o milho nos EUA (principal celeiro de grãos do

Hemisfério Norte e do mundo), ainda aguarda resultados mais consolidados sobre os prejuízos

da severa estiagem que atingiu as lavouras do país, e sobe 0,49% - ajudada pela demanda

firme, mesmo com preços recordes. Foi essa seca, que afetou sobretudo o milho, que levou as

cotações dos três grãos às máximas de julho e agosto.

Se nas últimas semanas a entrada das colheitas americana e europeia de milho e soja

no mercado serviu para acalmar os preços, o fato de os volumes serem menores que os

inicialmente estimados provoca incertezas em relação ao comportamento dos preços até o fim

deste ano. Novas safras de soja e milho estão agora sendo plantadas na América do Sul, mas

aqui a colheita só começará a ganhar fôlego em janeiro. As primeiras projeções sinalizam

produção recorde de soja na região, puxada pelo Brasil, mas no milho a tendência é de queda.

Nesse contexto, Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, prevê certa estabilidade

das cotações no quarto trimestre. Já o banco holandês Rabobank projetou aumentos

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 32

moderados, inferiores a 5%, para milho e trigo até o primeiro trimestre de 2013, mas queda

para a soja, por conta do cenário sul-americano. Mas a publicação alemã especializada "Oil

World" não descarta picos de até US$ 20 por bushel em Chicago nos próximos meses, valor

quase 20% superior ao atual, em decorrência dos estoques curtos do grão.

Com as variações observadas em setembro, o Valor Data mostra que seguem elevadas

as variações positivas dos grãos em Chicago na comparação com as médias de dezembro de

2011. Nesse quadro, a maior valorização é a da soja (45,71%), seguida por trigo (43,37%) e

milho (25,43%). Em relação a setembro de 2011, o trio também apresenta saltos dos preços

médios - de 24,76%, 25,25% e 9,14%, respectivamente. Para Greg Page, CEO global da

americana Cargill, maior empresa de agronegócios do mundo, são patamares que encorajam

os produtores a ampliar a oferta, o que normalmente confere maior equilíbrio aos mercados.

Na bolsa de Nova York, o grande destaque de setembro foi a disparada do suco de

laranja, que encerra o mês com cotação média 10,18% maior que a de agosto e reduz as baixas

acumuladas sobre dezembro e sobre agosto do ano passado para 26,14% e 22,64%. Mas o

ganho foi diretamente influenciado pela tradicional temporada de furacões nos EUA e os danos

que ela pode causar ao parque citrícola da Flórida, o segundo maior do mundo, atrás apenas

do paulista. O problema é que, uma vez frustrada a expectativa de prejuízos a tendência é de

desidratação, e isso pode ocorrer em breve.

Incertezas sobre a política da Costa do Marfim para o cacau colaboraram para que os

preços da commodity chegassem ao fim de setembro com uma média 5,20% maior que a de

agosto, o que resulta em ganho de 18,36% em relação à média de dezembro e na redução da

queda sobre agosto de 2011 para 8,66%. Mas previsões de clima favorável no país africano, o

maior produtor e exportador do produto, prometem pressionar as cotações no curto prazo.

No mercado de café, incertezas sobre a atual safra brasileira, que enfrentou

adversidades climáticas, e o fato de boa parte dos produtores do país ter segurado as vendas à

espera de preços melhores colaboram para que a média nova-iorquina em setembro seja

3,31% maior que a de agosto. No caso do açúcar, o avanço da colheita de cana no Centro-Sul

do país influencia uma queda de 4,43% em igual comparação. Em ambos os casos, as variações

acumuladas em relação às médias de dezembro e de setembro de 2011 são negativas (ver

infográfico). O mesmo acontece no algodão, que permaneceu estável.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 33

10.3 Relatório de estoques puxa preços dos grãos

Por Mariana Caetano | De São Paulo 01/10/2012 Valor econômico, caderno B, p.14

A constatação, impressa em relatório divulgado na sexta-feira pelo Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de que os estoques domésticos de passagem da safra

2011/12 eram menores do que o esperado pelo mercado impulsionou os preços dos grãos na

Bolsa de Chicago.

O milho liderou o movimento. Os contratos de segunda posição de entrega

(normalmente, os mais negociados) fecharam em alta de 5,55%, a US$ 7,5950 por bushel. Os

futuros de trigo acompanharam de perto, com valorização de 5,06%, a US$ 9,1225 por bushel,

enquanto a soja avançou 2% e encerrou a US$ 16,0275 por bushel.

10.4 Entressafra robusta pressiona etanol

Por De São Paulo 01 out.2012 Valor econômico, caderno B, p.11

Os contratos futuros de etanol hidratado na BM&F Bovespa com vencimento em

janeiro acumularam queda de 3,7% em setembro, apesar da entressafra de cana-de-açúcar à

vista. Na sexta-feira, fecharam com novo recuo, de 0,25%, cotados a R$ 1.166 por m³. De

acordo com o especialista da consultoria FG Agro, Thiago Campaz, o movimento se deve à

percepção de que haverá uma grande oferta de etanol até abril de 2013. "Exportações acima

de 2,5 bilhões de litros ou aumento do consumo interno poderiam mudar o cenário", afirma

Campaz.

De acordo com números da FG Agro, em 31 de março do ano que vem o Centro-Sul terá em estoques 1,3 bilhão de litros de etanol. Em abril, primeiro mês da nova safra, a produção pode atingir 2 bilhões de litros e o consumo, 1,7 bilhão, resultando em um estoque de 1,6 bilhão de litros do biocombustível em 30 de abril. "Isso significa carregar estoques para o próximo ciclo. Por isso, os preços devem recuar para reajustar essa oferta", completa Luiz Gustavo Torrano Corrêa, também da FG Agro.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 34

A estimativa da consultoria, com sede em Ribeirão Preto (SP), está em linha com o

projetado pela SCA Trading, uma das maiores comercializadoras de etanol do país. A empresa

estima que, em 1º de abril do ano que vem, o Centro-Sul terá em estoques 600 milhões de

litros de álcool anidro e 1 bilhão de litros de hidratado. Se em abril as usinas moerem um

volume de cana dentro da média histórica para o mês - 30 milhões de toneladas - e 60% disso

for direcionado para a fabricação de etanol, a produção mensal do biocombustível pode atingir

entre 1,3 bilhão e 1,4 bilhão de litros, praticamente o consumo total do mês, segundo a

trading.

Assim, o mercado ficaria bem ofertado até o fim de maio ou início de junho, quando se

espera a volta da mistura de 25% de anidro na gasolina, ante os 20% atuais. A medida

representaria uma demanda adicional de 2 bilhões de litros de anidro. Além disso, para 2013, a

expectativa é de um mercado externo mais positivo, uma vez que o mandato americano para o

etanol avançado, categoria na qual somente o etanol de cana do Brasil se enquadra, deve

saltar de 1,9 bilhão para 6,6 bilhões de litros.

A queda dos preços do etanol para janeiro também é reflexo da maior oferta do

produto, tanto por parte de usinas que precisam se capitalizar, quanto pelos grupos

financeiramente sadios que precisam liberar espaço nos tanques.

10.5 Brasil deve assumir a liderança na produção mundial da soja. Diretores da SNA analisam

o cenário - Publicado em 24/09/2012. Disponível em

http://sna.agr.br/2012/09/brasil-deve-assumir-a-lideranca-na-producao-mundial-da-soja-

diretor-da-sna-fernando-pimentel-analisa-o-cenario/

Com o aumento da área plantada em relação à safra do ano anterior e à quebra que

afeta o mercado americano, a previsão é de que a safra 2012/2013 coloque o Brasil como

maior produtor mundial da soja, assumindo a liderança na produção internacional, que antes

era ocupada pelos Estados Unidos.

Fernando Pimentel, diretor da SNA, confirma a previsão do mercado para o

crescimento de 14% na produção brasileira. “Devemos crescer entre 9 e 11% a área para a

safra 2012, mas o clima tem que contribuir para isso. Se a comparação de 14% for com a última

safra, que tivemos perdas, o número deve ser ainda maior que 14%”.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 35

Se manter essa previsão, o país terá um crescimento de significativas 10,5 toneladas

acima do último recorde registrado em produtividade. “Se compararmos com a última safra

recorde 2010/11, que foi de 75,5, teremos que produzir 86 milhões de toneladas, o que é

possível, mas temos que contar com as condições climáticas ideais para isso. De qualquer

forma, vamos produzir mais que os EUA”, ressalta Pimentel.

Para ele, outro fator que influencia essa nova perspectiva e coloca o Brasil como o

principal produtor do grão no mercado mundial é a seca que atingiu a produção americana e

gerou quebra de -13,7% na safra 2011/12, segundo dados divulgados pela USDA –

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que já posiciona o Brasil em primeiro lugar

no ranking.

Para o diretor da SNA, Marcio Fortes, esse cenário é positivo para os sojicultores

brasileiros, que devem se beneficiar com a cotação do grão em alta. “A quebra da safra norte-

americana é fruto da pior seca naquele país nos últimos 50 anos. É estimada em cerca de 20%

e o reflexo mais direto no Brasil é a comercialização antecipada, valendo-se dos melhores

preços da ocasião”. Na estimativa de Pimentel, as cotações devem seguir acima de US$ 16,00

por bushel, mas a volatilidade deve aparecer a partir de novembro com a entrada do plantio

no Brasil e Argentina.

Algumas cidades do Mato Grosso, estado com maior produtividade nacional do grão, já

deram início ao plantio da soja, uma semana anterior ao mesmo período realizado no ano

passado. “No ano passado houve um atraso por falta de chuva, o que pode não ocorrer esse

ano, mas ainda é cedo para fazer prognóstico. Devemos ter um início mais normal esse ano

para o MT”, conclui o diretor.

11. OS PREÇOS COMO DETERMINANTES DAS ESTRATÉGIAS DE IMPORTADORES E

PROCESSADORES: OS CASOS DO ETANOL E O CASO DO AÇÚCAR BRUTO

11.1 Exportação de etanol ao Caribe definha

Por Fabiana Batista | De São Paulo 26/09/2012 Valor econômico, caderno B, p.14

Por alguns anos, a melhor alternativa das usinas brasileiras para fugir das barreiras à

importação de etanol impostas pelos Estados Unidos era exportar o biocombustível para o país

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 36

via Caribe e América Central. Mas esse caminho perdeu grande parte do sentido com o fim da

tarifa de importação americana, em janeiro deste ano. Beneficiados por acordos que os

isentam de tarifas na venda ao mercado dos EUA, mercados caribenhos ou centro-americanos

chegaram a ter uma capacidade conjunta de reprocessamento de 3,1 bilhões de litros de

etanol hidratado, agora reduzida a pouco menos de 1 bilhão, de acordo com estimativas do

mercado.

Durante o período de vigência da tarifa americana de importação, de 54 centavos de

dólar por galão (3,785 litros), a viabilidade econômica da exportação e desidratação do etanol

no Caribe e na América Central tinha como base a diferença de preços (spread) entre o

hidratado e o anidro no Brasil, historicamente em torno de 12% a 15%. Isso porque o custo

total de se levar esse etanol do Brasil até esses países fica entre 60 e 65 centavos de dólar por

galão (frete, seguros e reprocessamento) - ou seja, praticamente o mesmo valor da tarifa.

Agora, com o fim da taxa americana, esse spread precisa ser bem superior a 12% para

compensar a desidratação e o reembarque aos EUA a preços competitivos. Há dois meses, isso

até aconteceu, dizem especialistas. A diferença de preço entre os dois tipos de etanol no Brasil

chegou a 24% e alguns negócios voltaram a ser fechados. Segundo estimativas do mercado, um

volume de 350 milhões de litros de hidratado deve ser embarcado aos países do Caribe e da

América Central para desidratação e posterior exportação aos Estados Unidos nesta

temporada 2012/13.

em média, os importadores pagaram este ano às usinas no Brasil US$ 30 por metro cúbico de

etanol hidratado, acima da remuneração naquele momento no mercado doméstico brasileiro -

o equivalente a R$ 0,06 por litro.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 37

Mas o fato é que esse mercado agora passou a ser conhecido como "liga e desliga",

uma vez que as janelas de oportunidades de negócio tendem a abrir e a fechar muito

rapidamente. Por isso, apenas três das nove plantas de desidratação das duas regiões ainda

estão operando, segundo estimativas do mercado. Tecnicamente, a desidratação significa

retirar 5% de água do etanol hidratado, que tem um teor alcoólico de 95,1% nas especificações

brasileiras.

A maior parte dos investimentos nessas unidades industriais foi feito por grupos locais,

em parceria com governo. Em 2008, auge da operação de desidratação, havia três unidades na

Jamaica, duas em El Salvador, duas em Trinidade e Tobago, uma na Costa Rica e outra na ilha

de Saint Croix (mar do Caribe) - os países do Caribe são beneficiados pela Iniciativa da Bacia do

Caribe (Caribbean Basin Initiative) e El Salvador, pelo Cafta (Acordo de Livre Comércio com a

América Central). Ambos isentam essas regiões de tarifas de importação no mercado

americano.

Algumas tradings de etanol do Brasil apenas arrendaram unidades locais para garantir a

transformação de etanol hidratado em anidro e reexportar sem tarifa aos Estados Unidos. A

exceção foi a extinta trading Cristalsev, que investiu numa planta de desidratação em El

Salvador em parceria com a Compañía Azucarera Salvadoreña SA.

Ocorre que o mercado não acreditava que a tarifa de importação americana poderia

não ser renovada, diz um especialista. "Algumas unidades foram inauguradas seis meses antes

de expirar o imposto de importação dos Estados Unidos", recorda.

Assim como as exportações brasileiras de etanol, a operação de "desidratação" do

hidratado brasileiro via Caribe e América Central para reembarque aos EUA sempre oscilou.

Mas atingiu seu auge em 2008, quando do total de 5,1 bilhões de litros de etanol exportados

pelo Brasil, 1,1 bilhão foram para esses países, conforme informações do Ministério da

Agricultura, com base em dados da Secex/MDIC.

11.2.Usinas indianas voltam a importar açúcar do Brasil

Por Reuters 26/09/2012 Valor econômico, caderno B, p.14

Usinas indianas assinaram acordos para comprar até 450 mil toneladas de açúcar bruto

do Brasil para entrega entre os meses de outubro e dezembro deste ano, na medida em que o

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 38

aumento da diferença entre os preços domésticos e os praticados no mercado internacional

abriu espaço para essas importações, as primeiras em mais de dois anos, segundo informações

fornecidas por cinco traders.

Usineiros das regiões oeste e sul da Índia, além de tradings globais, acertaram suas

compras por cerca de US$ 500 a tonelada, incluindo o custo do frete, enquanto o preço

doméstico subiu mais de 23% nos últimos três meses e atingiu US$ 680 por tonelada, conforme

os mesmos traders.

A Índia, que é segundo maior país produtor de açúcar do mundo, depois do Brasil,

importou a commodity pela última vez na safra 2009/10, o que colaborou para que as cotações

internacionais atingissem máximas de 30 anos. O país do sul asiático tem exportado açúcar por

dois anos consecutivos, uma vez que a produção superou a demanda, e a guinada atual pode

provocar novas altas no exterior.

Na bolsa de Nova York, os contratos com vencimento em março, que ocupam a

segunda posição de entrega, encerraram a sessão de ontem a 20,72 centavos de dólar por

libra-peso, 2,22% mais que o fechamento da véspera e com quedas acumuladas de 9,5% em

setembro, de 9,7% em 2012 e de 14,1% nos últimos 12 meses. O mercado continua de olho na

colheita de cana no Brasil, que pode ser prejudicada por chuvas. Mas é esperado um aumento

da oferta mundial, o que mantém as cotações pressionadas.

"A diferença de preço [na Índia e no exterior] é tão grande que, apesar de calcular o

processamento e os custos de operação, importadores podem ter lucros de mais de US$ 60

por tonelada", afirmou um trader baseado em Mumbai, de uma traindo global.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 39

A Índia deverá produzir excedentes pela terceira safra consecutiva na temporada que

começará em 1º de outubro, mas a produção deve despencar no Estado de Maharashtra,

afetado pela seca. "As usinas de Maharashtra não devem ter cana-de-açúcar suficiente. Por

isso elas estão buscando açúcar bruto para poderem utilizar suas capacidades instaladas",

afirmou Ramal Jacina, diretor da corretora Ramal Jacina Traindo Servires.

Maior país consumidor de açúcar do planeta, a Índia atualmente cobra uma tarifa de

10% sobre as importações de açúcar bruto, mas a taxa pode ser dispensada caso a usina tenha

exportado a mesma quantidade de açúcar em um período de três anos, explicou Jacina. Na

safra que começará no mês que vem (2012/13), a produção indiana de açúcar deverá cair para

24 milhões de toneladas, ante as 26 milhões do ciclo que está no fim.

Os indianos poderiam recorrer à Tailândia, mas os preços do Brasil estão mais

vantajosos, o que explica a opção pelo país.

12. OUTRAS ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR MERCADO

Vinícolas esperam vender até 30% mais

Por Sérgio Ruck Bueno. Porto Alegre 01/10/2012 Valor econômico, cad. B, p.4. As estratégias

incluem lançamentos, promoções no varejo, busca de novos mercados e freio em reajustes.

"A economia está melhorando", diz Salton, que reforçou a equipe comercial no

Nordeste para ampliar as vendas.

As vinícolas brasileiras estão entrando com otimismo no quarto trimestre, período que

concentra, em média, metade do consumo anual de espumantes e quase um terço das vendas

de vinhos finos no país, incluindo nacionais e importados. Com a economia em crescimento -

embora em ritmo mais lento do que no ano passado - e os consumidores dispostos a ir às

compras, as empresas estimam altas de até 30% nas entregas de outubro a dezembro em

comparação com o mesmo intervalo de 2011.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 40

O otimismo é maior no segmento de espumantes, diretamente associado às festas de

fim de ano. Segundo o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique

Benedetti, a demanda deve ser mais forte em novembro e dezembro, quando os varejistas

correm para recompor estoques. Ele espera um crescimento mínimo de 15% nas vendas do

produto nacional no quarto trimestre ante os 7,1 milhões de litros do mesmo intervalo de

2011, o que levaria a uma alta acumulada de 14% no ano, para 15 milhões de litros. Até julho a

expansão foi de 9,9%, para 4,2 milhões de litros.

As projeções são mais modestas para as vendas de vinhos finos, que cresceram apenas

2,2% nos primeiros sete meses, para 10,9 milhões de litros, e devem no máximo empatar no

quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O setor espera para o início

de 2013 a decisão do governo federal sobre o pedido de salvaguardas contra o produto

importado de fora do Mercosul e a expectativa de Benedetti é que a comercialização dos

vinhos nacionais não passará de 20 milhões de litros no ano, ante 19,5 milhões em 2011.

As estratégias das vinícolas incluem desde as tradicionais degustações nos pontos de

venda até o lançamento de rótulos e embalagens, abertura de novos mercados no país e

comedimento nos reajustes de preços. Segundo o gerente nacional de vendas da Perini,

Marcio Bonilha, a empresa prevê uma expansão de até 30% no quarto trimestre e também no

acumulado do ano nos dois segmentos. Nos 12 meses de 2011 a empresa vendeu 392 mil litros

de espumantes e 737 mil litros de vinhos finos.

Na linha de espumantes, o crescimento será mais fácil porque o mercado está

comprador, disse o executivo. Mas no segmento de vinhos a meta está exigindo um esforço

maior, incluindo a busca de novos clientes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do país e o

lançamento, há poucos meses, de novos rótulos como "Fração Única" e "Arbo", este último

considerado "de entrada" em substituição ao antigo "Jota Pe" varietal. A Perini também

decidiu manter as tabelas inalteradas ante os preços de um ano atrás para manter a "relação

custo-benefício" dos produtos, disse Bonilha

A Salton, que no início do ano reajustou os preços em torno de 5% para compensar

parte do aumento de custos, espera uma expansão de 15% nos dois segmentos no quarto

trimestre. Com isso, segundo o presidente Daniel Salton, a vinícola fechará 2012 com vendas

de cerca de 7,7 milhões de garrafas (o equivalente a 5,8 milhões de litros) de espumantes e 3,3

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 41

milhões de garrafas (2,5 milhões de litros) de vinhos, o que significa crescimentos de 18,5% e

10% sobre um ano antes, respectivamente.

"A economia está melhorando e estamos reforçando o relacionamento com nossos

clientes", diz Salton, que também pretende aumentar a participação do Nordeste sobre as

vendas totais no país em comparação com a fatia de 9,7% em 2011. "Reforçamos a equipe de

vendas para a região e estamos fechando parcerias com resorts e distribuidores", explica o

empresário, que promete o lançamento de novos rótulos "para o ano que vem".

A Miolo espera altas de 10% nas vendas de espumantes no último quadrimestre e de

12% no acumulado do ano (para 4,7 milhões de garrafas), depois de reforçar o portfólio com

um rosé meio doce lançado há um mês com o rótulo Almadén em garrafas de 660 mililitros,

disse o diretor comercial Alexandre Miolo. Para os vinhos, a previsão é de um crescimento

"pequeno", na faixa de 5% para o acumulado de todo o ano, informou o executivo, sem

detalhar volumes.

A vinícola também acabou de colocar no mercado três produtos com a Denominação de

Origem (DO) "Vale dos Vinhedos" concedida neste mês pelo Instituto Nacional de Propriedade

Industrial (INPI) para os vinhos e espumantes elaborados nessa região de Bento Gonçalves

(RS). Um deles é o espumante brut Millésime, além dos vinhos Merlot Terroir e Cuveé

Giuseppe, este último elaborado com uvas merlot e cabernet sauvignon. Conforme Miolo, em

janeiro deste ano a empresa reajustou os preços entre 8% e 8,5% para compensar parte da

elevação dos custos de produção.

Sem se preocupar em aumentar a produção geral de 180 mil garrafas por ano, a vinícola

Argenta também aproveitou o mercado aquecido para lançar, na semana passada, uma linha

completa (brut, brut rosé, extra brut e demi-sec) de um espumante "champenoise"

(fermentados na garrafa durante 24 meses), além de um vinho branco com uvas

gewürztraminer e outro com sauvignon blanc. Segundo a diretora de marketing, Daiane

Argenta, os lotes de espumantes têm de mil a 2,4 mil garrafas, todas importadas da Itália, e os

de vinhos, de 2,4 mil a 3 mil unidades.

Crise gera ofertas de rótulos europeus (continuidade sobre mercado do vinho )

Por Letícia Casado | De São Paulo 01/10/2012 Valor econômico, caderno B, p.4

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 42

As vendas de vinhos e espumantes devem permanecer fortes nos supermercados. De

janeiro a agosto, houve um crescimento de 9,9% em relação ao mesmo período de 2011 e o

setor não deve ver desaceleração até o fim do ano, segundo Sussumu Honda, presidente da

Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). Vinhos importados e espumantes nacionais

vão puxar as vendas no Walmart e no Grupo Pão de Açúcar.

O Walmart ainda não fechou as previsões de faturamento, mas, em volume, calcula que

vai vender 20% mais garrafas de espumantes produzidos no país, diz Cesar Cinelli, vice

presidente de perecíveis da rede. Já o volume de vinhos e espumantes importados deve ficar

no mesmo nível de 2011: "Não pretendemos importar mais do que no ano passado, já

trouxemos variedades de vinho diferenciadas. Em termos de garrafa, vai ser a mesma coisa",

afirma o executivo.

No Grupo Pão de Açúcar, a expectativa é que o faturamento com essas bebidas seja

entre 10% e 15% maior do que o das festas de 2011. Só os espumantes nacionais devem gerar

receita 15% superior a do ano passado, segundo Eduardo Chaves, gerente comercial do grupo.

Dois rótulos nacionais foram acrescentados à linha de espumantes da marca Club Des

Sommeliers, exclusiva da rede.

Os preços das varejistas devem ficar em linha com os praticados no último ano, apesar

de repasses de alguns fabricantes nacionais e do aumento do dólar. O Pão de Açúcar ainda não

fechou todas as encomendas para as festas de dezembro e está negociando com os

fornecedores para pagar o menor reajuste possível e manter os preços semelhantes aos de

2011.

Mesmo com o dólar mais caro que no ano passado - e, consequentemente, o produto

importado negociado na moeda também subir de preço -, as gôndolas estarão cheias de vinhos

e espumantes europeus. O continente, que passa por grave crise econômica, está desovando

estoques a preços inferiores aos de 2011 e o Brasil é um dos grandes compradores.

"Alguns produtos não estão tendo apenas o repasse da variação do dólar, mas também

aumento no custo devido ao momento econômico, caso de alguns produtores da Argentina.

Em contrapartida, há grandes ofertas de produtos europeus, como vinhos espanhóis e

portugueses, com ótimas oportunidades", disse Chaves, do Pão de Açúcar.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 43

Segundo dados de 2011 da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), os vinhos finos

importados representaram 79% das vendas. Nos espumantes, a proporção se inverte: 73% são

nacionais.

13. O MERCADO DE PRODUTOS ESPECIAIS

Mercado legal ainda é restrito no país Por Janice Kiss De São Paulo 01/10/2012 Valor econômico, caderno B, p. 14

Há 43 anos, a caça foi proibida no Brasil e licenças para criadouros de animais silvestres

com finalidades comerciais ou conservacionistas passaram a ser pedidas para o Ibama. Desde o

ano passado, essa autorização pode ser concedida por Estado por meio da Lei Complementar

140/2011. Para Gonzalo Barquero, sócio-diretor da Cerrado Carnes, o comércio oficial inibe as

transações ilegais. "Há muita pesquisa e informações a favor das espécies por meio dos

criadouros", avalia.

As espécies da fauna e da flora silvestres contam, ainda, com uma norma internacional

desde a década de 60 - Convenção Internacional de Comércio de Espécies Ameaçadas da Fauna

e da Flora (Cites, em inglês) - que regula as políticas públicas relacionadas à gestão da

exploração destes recursos. Para o presidente da Abrase, Luiz Paulo do Amaral, esses

instrumentos protegem as espécies e estimulam um comércio global legalizado avaliado em

US$ 300 bilhões, com destaque para o mercado de madeiras, peixes e plantas ornamentais e

medicinais.

Na avaliação de Amaral, "o posicionamento do Brasil no mercado global legal é

extremamente tímido, quase inexistente", comenta. Na opinião dele, o país que é o detentor

da maior diversidade do planeta em espécies animais, mantém uma gestão ineficiente da sua

fauna. "O comércio ilegal encontra no Brasil um profícuo mercado nacional e internacional",

adverte.

Apesar de todas as tentativas de defesa, presume-se que o país perca anualmente com

o tráfico de animais - sem contar com a biodiversidade ameaçada - em torno de US$ 1,5 bilhão

de acordo com o levantamento da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres

(Renctas).

Um cardápio de opções para quem busca novos sabores

Por Janice Kiss | De Indaiatuba (SP). Valor Econômico. 01/10/2012. caderno B, p. 14

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 44

Os criadouros reproduzem parte do habitat dos

animais, como o da capivara, que precisa de lago e espaço para circular

Quando Carlos Eduardo Ciciliato recebeu um lote de catetos - conhecidos como porcos-

do-mato - provenientes de capturas ilegais em seu criadouro de conservação de animais

silvestres, no sítio Santa Maria, em Indaiatuba (SP), ele não imaginou que daria, a partir dali,

início a uma criação voltada para a produção de carnes de caça.

Ciciliato pediu permissão ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (Ibama) para abater parte do "rebanho" (hoje formado por 30 animais)

que se procriava, enquanto solicitava também a autorização para criar capivaras com o mesmo

propósito. As licenças para ambas as finalidades são concedidas apenas pelo Ibama. Esta

notícia tem prosseguimento, procurar mais na net... ou no site do valor econômico.

14. PROTECIONISMO E OUTRAS DISTORÇÕES NO MERCADO

Sugestão de bibliografia para protecionismo

ANSANELLI, Stela Luiza de Mattos. Exigências ambientais externas como barreiras comerciais ao Brasil – Revista de Economia & Relações Internacionais. Volume 8 , 2009. NA NET

Livre Comércio versus Protecionismo: uma nova antiga controvérsia e suas novas feições. Sérgio Buarque de Holanda Filho. Estudos Econômicos, São Paulo, v.28, n.1, p.33-75, jan.mar. 1998.

O Dilema da Resistência Européia ao Livre Comércio da Agricultura. Marcus Maurer de Salles. In: Comércio Internacional e desenvolvimento. (Orgs. Welber Barral, Luiz Otávio Pimentel), Fpolis, Fundação Boiteux, 2006.

ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) - http://www.iconebrasil.org.br/pt/

Desenvolvimento, Mercado e Rentabilidade da Soja Brasileira - veja no endereço abaixo http://www.cnpso.embrapa.br/download/CT74_eletronica.pdf

PINAZZA, Luiz Antônio; ALIMANDRO, Regis. Reestruturação no Agribusiness Brasileiro: agronegócios no terceiro

milênio. Rio de janeiro: Associação Brasileira de Agribusiness. 1999.

Na p. 81 em diante do arquivo sobre Das Políticas de Subst. De Lopes, Lopes e Barcelos você pode verificar sobre as barreiras aos produtos brasileiros.

Carnes - Criação legal de animais de caça para o abate ganha fôlego

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 45

14.1 APOIO À PRODUÇÃO: RUMO À ECONOMIA VERDE (texto da revista agroanalysis - (APOIO..., out. 2011, p.34))

O suporte governamental à agricultura concedido pelos 34 países integrantes da

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) caiu para 18% da receita

total do setor agropecuário do grupo em 2010, segundo o relatório anual Monitoramento e

Avaliação de Políticas Agrícolas divulgado pela entidade.

O critério adotado é o denominado Estimativa de Apoio ao Produtor (PSE, na sigla em

inglês), que mede as transferências monetárias para os produtores através de três categorias

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 46

básicas de políticas para o setor: suporte de preços; pagamentos diretos; e apoio implícito no

orçamento através, por exemplo, de créditos com juros menores. Quanto maior o PSE, maior o

apoio oficial aos produtores.

Com a pressão imposta pela crise econômica nos orçamentos públicos, a OCDE

recomenda aos governos repensarem e adaptarem as suas políticas agrícolas para atender a

objetivos econômicos, sociais e ambientais mais específicos. O direcionamento do subsídio

deve ser feito para assuntos específicos, como o gerenciamento de riscos e a proteção do

ambiente.

Os formuladores de políticas também necessitam diminuir os subsídios que distorcem

mercados e reduzir a relação entre os pagamentos governamentais e a produção agrícola. As

tentativas de compensar os agricultores com preços mais baixos ou poupar os consumidores

das flutuações de preços, com instrumentos de controle das exportações, simplesmente

servem para provocar mais volatilidade nos preços internacionais.

A tendência é de dedução na concessão de subsídios agrícolas. Esse tipo de ajuda, que

representava 37% da renda dos agricultores em 1986/88, caiu para 23% em média em

2006/08. Em 2010, foi 18,0% na média. Com os preços agrícolas em alta, os governos

conseguem diminuir os recursos pagos a seus produtores. Na verdade, o momento é propício

para alterar o modelo tradicional de pagamento de subsídios no mundo, que acarreta

desarranjo na produção e no comércio global, sem proporcionar desenvolvimento para o setor.

As políticas deveriam melhorar a produtividade e a competitividade do setor, com o uso

racional de recursos sustentáveis e estímulo para o agricultor realizar melhor gestão do risco

inerente a sua atividade. Do ponto de vista ambiental, elas provocam mais poluição da água,

pelo maior uso de fertilizantes, erosão do solo e mais emissão de Gases do Efeito Estufa,

conforme a OCDE.

Os níveis de suporte variam muito entre os países da OCDE. No período entre 2008 e

2010, a Nova Zelândia apareceu como a de menor concessão de apoio. A União Europeia tem

diminuído o nível de suporte da renda agrícola, mas ainda prossegue superior à média. Nas

economias emergentes, os níveis de suporte são inferiores aos níveis da OCDE.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 47

Sabe-se que é praticamente impossível extinguir os subsídios. Seu efeito deletério é

quando vinculado ao tamanho da produção, quando leva à baixa nos preços internacionais e

servem para tomar mercados de concorrentes leais.

Paralelamente à retirada dos subsídios para a agricultura, pesca e gasolina, a OCDE

recomenda a cobrança de impostos ligados ao ambiente como forma de encorajar o

“crescimento verde” das economias. A entidade enxerga na crise econômica e financeira uma

oportunidade para os governos estimularem uma retomada baseada em políticas ambientais e

sociais, diante da imperiosidade de controlar a degradação ambiental, a perda da

biodiversidade e o uso insustentável de recursos naturais.

Na Conferência Ministerial da OCDE, realizada em maio último, em Paris, a economia

verde foi um dos temas centrais. As propostas apresentadas no evento propunham a aplicação

da taxa carbono, com o objetivo de evitar a emissão dos Gases do Efeito Estufa. A taxação do

petróleo foi outro projeto apresentado. A ideia predominante consiste em que, no emprego de

recursos, o preço pago pelo usuário remunere o custo da deterioração do meio ambiente.

(APOIO..., out. 2011, p.34)

14.2 PRODUZIR: REVOLUÇÃO SILENCIOSA (texto da revista agroanalysis -RAMALHO, out. 2011, p.45)

Cesário Ramalho, Presidente da Sociedade Rural Brasileira

Duas das batalhas diplomáticas que o Brasil tem enfrentado nas últimas décadas são a

liberação e a redução das barreiras ao comércio internacional de produtos agrícolas. Exemplos

claros e recentes desses problemas são as suspensões das exportações de carne bovina in

natura pela União Europeia (UE), em 2008, e pela Rússia, ainda neste ano. As justificativas para

tais ações referem-se a alegações de deficiências de certificação e rastreamento de origem do

gado brasileiro e de problemas sanitários nas fazendas criadoras.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 48

Contudo, o que poucos têm visto é que ao longo dos últimos anos houve uma evolução

constante na produtividade da pecuária bovina, que agora entra em um período de verdadeira

revolução tecnológica.

O plantio de pastagens e grãos em rotação permanente criou um novo sistema, denominado

integração lavoura-pecuária, que se planejado cuidadosamente resulta em redução na

incidência de pragas e de doenças nas lavouras e nas pastagens, aumentando a produtividade

de ambas. Há ainda a integração com a floresta, uma forma preservacionista de garantir a

sustentabilidade do negócio.

É preciso considerar, também, mais uma questão favorável nesse método: a adubação

das lavouras aumenta a fertilidade dos solos enquanto a rotação com as pastagens eleva o

nível de matéria orgânica, favorecendo o cultivo por meio do sistema de plantio direto. Com

planejamento, é possível variar, ao longo do ano, o tamanho da área de pastagem de forma a

compensar a variação da produção entre as épocas de verão e de inverno e, ainda, ampliar as

áreas de pastoreio durante o inverno. Além disso, a melhoria da qualidade das pastagens e a

disponibilidade de grãos permitem mudanças importantes na gestão de manejo, a lotação de

animais por hectare aumenta; sua reprodução se torna mais eficiente, com maior número de

parições; e há redução na idade de abate dos bovinos. Também são ampliados os sistemas de

confinamento com objetivo de terminação dos animais.

Em paralelo, houve incremento na demanda por animais geneticamente melhorados,

mais exigentes e precoces. Para atender a essa procura, expandem-se as modernas técnicas de

sequenciamento do genoma e as tecnologias de manejo reprodutivo. Mas o melhoramento

genético buscado não se restringe ao desempenho no campo. A qualidade da carne também

passa por uma revolução que, em breve, garantirá qualidade e uniformidade dos cortes.

É por conta dessa “revolução silenciosa” da pecuária, que integra agricultura,

silvicultura e boa genética animal, que a atividade está pronta para se tornar a principal

fornecedora de commodity do Brasil. Em diversas regiões do País, muito produtores altamente

tecnificados já conseguem produzir até 1.000 kg de equivalente carcaça/ha. Alguns

ultrapassam os 200 kg/ha em uma média nacional de apenas 55 kg/ha.

A pecuária extensiva, neste contexto, pode ser útil na recuperação e conservação de

ambientes como o Pantanal de Mato Grosso ou certas áreas de Cerrado e de Caatinga. Quem

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 49

sabe pode abastecer nichos de mercado com carnes especiais, como as orgânicas. Ou outros,

como é o caso dos presuntos espanhóis, produzidos com animais criados naturalmente.

Outro ponto positivo, que muitos não consideram e tantos outros desconhecem, é que

a bovinocultura nacional é liberadora contínua de terras para a produção agrícola. Com a

tecnologia que se tem disponível, somada a ajuda de investimentos na qualificação e

tecnificação das propriedades pecuárias, os cerca de 180 milhões de hectares ocupados hoje

com pastagem deixam de ser necessários para o aumento da produção de carne. Assim, em

um curto espaço de tempo, será possível liberar até 30 milhões de hectares para atividades

agrícolas. (RAMALHO, out. 2011, p.45)

14.3 A CARNE BOVINA E QUESTÕES COMERCIAIS

CARNE BOVINA: O PRODUTO MAIS NOBRE DO AGRONEGÓCIO

Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, revista agroanalysis, agosto 2012. Artigo escrito por Odilson L. Ribeiro e Silva, Adido Agrícola em Bruxelas.

A carne bovina não é o maior destaque da exportação do agronegócio nacional.

Também não é o principal produto de exportação europeu. No entanto, para ambos é

considerada nas negociações como a mais estratégica e já foi apresentada como o principal

empecilho nas discussões entre o Mercosul e a União Europeia (UE). O argumento de que o

Brasil exportaria grande quantidade de carne bovina para a UE e, assim, prejudicaria os

produtores europeus é tema recorrente. Organizações de classe, como a Copa-Cogeca

(associação que reúne as federações de agricultures de toda a Europa e também as

cooperativas agrícolas), membros do Parlamento Europeu ou mesmo da Comissão utilizam

esse argumento. No entanto, desde 2007, apesar de os valores exportados aumentarem

(ressalvando a queda em 2009 e 2010), diminuem as quantidades exportadas pelo Brasil. Por

outro lado, aumentou o valor da unidade das exportações de carne bovina.

A carne bovina está sempre presente nas negociações mais importantes do ponto de

vista bilateral. Nem o complexo soja, com seus sucessivos recordes de exportação, ou a carne

de aves, com seu crescimento exponencial nas exportações, despertam tanto clamor nas

discussões. A razão desse fato talvez repouse em características ancestrais ou tradicionais. A

carne bovina está relacionada à ocupação do território, está ligada às tradições rurais e

representou importante fator para a consolidação do espaço territorial do Brasil atual.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 50

A organização dos produtores, apesar de não ser tão linear quanto a da produção

integrada de aves ou de suínos, tem imenso poder de mobilização nos órgãos oficiais. A carne

bovina representa o mais alto nível de consumo de proteína na cadeia alimentar e vem se

tornando produto cada vez mais valorizado se comparada às outras carnes. Por outro lado, as

crises do setor são decisivas para reformas de estruturas oficiais, como ocorreram na União

Europeia por causa da ocorrência da “vaca louca” a partir do auge da crise em 1992. As

estruturas de controle da cadeia alimentar na União Europeia refletiram a necessidade de

maior vigilância da cadeia alimentar e de atuação eficiente dos controles oficiais.

No Brasil, o controle e a prevenção da febre aftosa constituem fator de indução do

desenvolvimento de outros setores agrícolas. O controle do trânsito de animais no País ou de

inspeção de produtos de origem animal se traduz em experiência acumulada para aperfeiçoar

setores relacionados, como o trânsito e a inspeção de vegetais e seus produtos.

A carne bovina tem futuro promissor com as novas tecnologias de produção e de

genética no Brasil. No entanto, a evolução da exportação brasileira passa pela maior agregação

de valor ao produto. Esse fato, junto com a intensificação da produção e a conquista de novos

mercados, poderá destacar ainda mais a carne bovina no cenário das negociações agrícolas

internacionais.

O Brasil é um dos poucos países em condições de crescer a sua produção de forma

sustentável. O caminho, no entanto, passa pela melhoria da imagem do agronegócio brasileiro.

A Europa, além de ser o maior exportador de produtos agrícolas, possui grande especialidade

em agregação de valor aos produtos que exporta. Os melhores restaurantes europeus ainda

não mencionam nos cardápios a origem brasileira de suas carnes. Campanha organizada pelo

setor poderá resultar na reversão desse quadro e trazer benefícios aos produtores. O País pode

aliar a qualidade excepcional da carne bovina aos critérios únicos de sustentabilidade e

preservação ambiental do País.

Disputas comerciais

Novos fatores podem, no entanto, agregar tensão às negociações entre o Brasil e

alguns parceiros quanto à exportação de carne bovina. Exemplo é a autorização de produtos

não hormonais com efeito anabolizante para uso na pecuária. A União Europeia é contra o uso

de medicamentos não terapêuticos na produção animal.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 51

A Comissão do Codex Alimentarius aprovou, no início de julho, limites máximos de

resíduos de beta-agonista em carnes e outros produtos de suínos e bovinos, o que torna esse

tema ainda mais controverso. Outros mercados importantes, como Rússia e China, também

não aprovam o uso desses produtos. Medidas preventivas para preservação desses mercados

podem, no entanto, ser adotadas. Por outro lado, crises, depois de vencidas, resultam em mais

controle sobre a cadeia produtiva e em mais informações ao consumidor.

Pelo visto, a carne bovina continuará por muito tempo a ser o produto mais nobre do

agronegócio nacional.

Brasil: Valor de carne bovina exportada Ano US$/Tonelada

2001 1.931

2011 4.882

Fonte: Secex

14.4 AS NOVAS EXIGÊNCIAS AO AGRONEGÓCIO EXPORTADOR

“(...) a demanda por alimentos representa o motor e sustentáculo do agronegócio. Cabe um questionamento a respeito dos rumos e das necessidades do consumo mundial. Novos atributos antes não demandados são hoje incorporados aos produtos que pretendemos produzir e vender. Para atuarmos nos sistemas internacionalizados de agronegócios caberá introduzir tecnologias responsáveis e adequadas à demanda, bem como a devida transparência que garanta que características não observáveis dos produtos sejam ofertadas e garantidas para o mercado. Sejam características de produção com mínimo impacto ambiental, seja controle de organismos geneticamente modificados, sejam itens de segurança de alimentar, sempre as novas necessidades impostas gerarão impactos sobre a ponta da produção, que deverá organizar-se para lidar com mudanças mais constantes do que historicamente ocorreu”. (ZYLBERSZTAJN, 2011, p.59).

A sustentabilidade já está sendo objeto de debate e poderá ser utilizada como barreira

não tarifária aos produtos brasileiros. Veremos sobre isto no último conteúdo de tópicos III.

15.CÂMBIO E PREÇOS NA AGRICULTURA

MATOS, Marcos Antônio; NINAUT, Evandro Scheid; CAIADO Rodrigo. A influência do câmbio na formação de

preços do agronegócio. Brasília. MAPA. Revista de Política Agrícola Out/nov/dez 2008 – disponível na internet.

Se vocês verificarem no material Das Políticas de Substituição à agricultura Moderna

no Brasil de Lopes, Lopes e Barcelos (p. 69 a 72 pdf no moodle) vocês verão que conforme o

momento que a valorização cambial ocorre ela pode prejudicar mais a agricultura. Se valorizar

na hora da venda (colheita) então a agricultura será mais prejudicada. Se depreciar

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 52

(desvalorizar) no momento da formação da safra também prejudicará. Ocorre que muitas

vezes aconteceu a conjunção desta situação na agricultura conforme analisam naquele

documento prejudicando totalmente a renda da agricultura. Veja a seguir uma tabelinha

elaborada por mim.

Com o plano real entre 1994 (1 real = 1 dólar) a 1999 (quando desvalorizou 1 dólar

comprava mais reais) a agricultura foi denominada de âncora verde do plano real, lembre da

perda de renda e do caminhonaço a Brasília. Veja minha explicação sintética abaixo, onde

observamos o efeito sobre as exportações. Não somente as exportações, mas também as

importações de produtos agrícolas que competirão com nossa produção doméstica de arroz,

frutas, alho, trigo, etc...

Embora em 1999 tenha ocorrido desvalorização do real, após 2003 novamente a moeda

real passa a se valorizar impactando novamente sobre vários setores. Você vai encontrar

pessoas que argumentam que as empresas devem se adaptar e se tornarem mais

competitivas. Os estudos mais recentes mostram que o excesso desta exigência somente cria

desemprego e fragiliza excessivamente alguns setores.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 53

E a China, bom aí é outra história com a moeda super desvalorizada é uma grande

exportadora e geradora de caixa, não é a toa que em 2010 surgiram os debates sobre a guerra

cambial no mundo. Veja charge a seguir.

A figura, a seguir, extraída de Lopes, Lopes e Barcelos, mostra o comportamento da

moeda desde 1995 até 2007. Um exemplo atividade agrícola prejudicada pelo câmbio, entre

outras coisas é a produção de camarões de cultivo em fazendas marinhas em Santa Catariana

Em 2004 foi o ápice de produção e a partir daí praticamente extingui-se no Estado. Veja mais

em minha tese. (obviamente a doença virótica também contribui fortemente, mas o mercado

acabou de matar a atividade).

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 54

Não é somente o câmbio que interfere no comércio inter países e os preços praticados

no mercado. Os índices de preços ao longo do ano e inter anos são reflexos das situações

conjunturais e estruturais do mercado refletindo entre outros o crescimento mais rápido ou

mais lento da demanda e a situação da produção e estoques. Abaixo temos um extrato (parte

de artigo do Prof. Dr. Fernando Homem de Melo sobre o comportamento dos índices de

preços em 2009 – crise econômica. Você pode procurar o texto completo na net). Após

disponibilizei artigo completo do mês de março de 2012 também do prof.

Temas de economia aplicada

Por Fernando Homem De Melo

Os estoques de grãos e os preços em 2010: preocupações (disponível na net – veja

WWW.fipe.org.br/publicações).

Deste material apresento apenas o gráfico com os índices de preços e faço alguns

comentários a seguir.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 55

É interessante notar que no ano 2007 o índice de preços recebidos em 2007 foi

rapidamente ascendente e, em 2008 de janeiro a abril manteve um comportamento parecido

com os demais anos e elevando-se rapidamente após maio, foi a época que surgiu o termo

agro inflação. Os índices cresceram naquele ano entre abril a julho quando então tiveram uma

queda acelerada (a crise econômica americana já era bem visível em setembro de 2008. No

ano seguinte os índices não mais se recuperaram (set 2008 até o final de 2009 a crise

econômica americana).

Sugere-se ainda o texto Início de um novo ciclo de crescimento agrícola? Informativo

fipe. Economia Aplicada. Março de 2007. (procurar por FIPE e lá links de pesquisas e

publicações e talvez direto o boletim da fipe).

16. CONTEXTO ECONÔMICO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA DE GRÃOS

16.1 Safra de Grãos em 2012: Area Maior e Produção Menor. Por quê?

Fernando Homem De Melo

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 56

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 57

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 58

16.2 As projeções e os gargalos de uma nova safra recorde

25/09/2012 Valor econômico, caderno B, p.15 Por Tarso Veloso | De Sorriso (MT)

Ainda que as primeiras projeções apontem para novos recordes de área plantada e produção

de soja em Mato Grosso nesta safra 2012/13, cuja semeadura teve início nos últimos dias, os

produtores do Estado mostram-se cada vez mais preocupados com a possibilidade de que a

proliferação do fungo da ferrugem asiática prejudique significativamente os lucros previstos em

algumas regiões.

Wanderlei Dias Guerra, coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da

Agricultura em Mato Grosso, começou a chamar a atenção para o problema há mais de um mês.

Segundo ele, a situação é grave e as perdas com a doença, caso os agricultores não a combatam

com seriedade, poderão superar as de 2011/12, calculadas em cerca de R$ 1 bilhão. A ferrugem

foi identificada pela primeira vez no país no ciclo 2001/02, no Paraná, e de lá para cá causou

prejuízos estimados em mais de R$ 10 bilhões.

Mas esse "fantasma" não atrapalhou a cerimônia que marcou o lançamento "oficial" da

semeadura do grão no país - findo o período de vazio sanitário, adotado justamente para coibir

o avanço de doenças, o plantio está liberado desde o dia 15 -, realizado ontem em Sorriso, na

região central de Mato Grosso. Segundo o ministério, o município, que tem 75 mil habitantes e

cujo PIB gira em torno de R$ 2,5 bilhões, é considerado "a capital nacional do agronegócio".

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, participo do evento, bem como o governador do

Estado, Silval Barbosa (PMDB), entre outros políticos. Em meio a homenagens a agricultores e a

um evento em uma fazenda da região com cara de feira agropecuária, Mendes, apesar de

cansado, animou-se e previu que na próxima temporada, a 2013/14, a produção brasileira de

grãos deverá superar a marca de 200 milhões de toneladas. Seria um feito, uma vez que as

primeiras estimativas para 2012/13 sinalizam cerca de 180 milhões no total, sendo mais de 80

milhões em soja.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), no Estado a colheita

deverá chegar 24,1 milhões de toneladas em 2012/13, 12,9% mais que em 2011/12, a partir de

uma área plantada de 7,9 milhões de hectares, 11,6% maior na comparação. O Imea calcula que

mais de 61% da futura colheita já esteja vendida.

Além da ferrugem, que já não é um problema novo, outros velhos gargalos pontuaram as

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 59

conversas entre Mendes Ribeiro e Silval Barbosa entre Cuiabá, a capital de Mato Grosso, e

Sorriso. Barbosa pediu, por exemplo, a retirada de estoques públicos dos armazéns da Conab

para abrir espaço para o armazenamento da produção dos agricultores, uma vez que falta

espaço para isso, sobretudo após a grande safrinha de milho que marcou o ciclo 2011/12.

Nesse sentido, Barbosa também reivindicou a realização de leilões de milho, a preços de

mercado, para facilitar o frete para fora de Mato Grosso e, claro, a criação de linhas de

financiamento para construção de armazéns. "Além da criação de linhas para armazenagem, o

ministro disse que a Conab vai construir três armazéns na região", disse o governador.

Enquanto sobra milho em Sorriso falta em Santa Catarina. Acho que temos um problema de

logística aqui.....

17. A CRISE DE ALIMENTOS PARA O THE ECONOMIST

O que aconteceu com a crise de alimentos? Artigo do The Economist

Revista Agroanalysis, Rio de Janeiro, FGV Edição N° 07 - Volume 29 Julho de 2009

Artigo publicado na revista The Economist, de 4 de julho de 2009, mostra que a crise de

alimentos ocorrida na temporada 2007/08 ainda guarda surpresas mesmo após a contração da

demanda causada pela crise econômica global.

Apesar de deixar milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e trazer sérios riscos para a

segurança alimentar de várias nações, acreditava-se que a subida de preços de alimentos poderia

elevar a renda de produtores rurais, principalmente em países pobres. Eles disporiam de maior capital

para investir, elevariam a produtividade, com aumento na oferta e contenção dos preços.

De fato, os dados indicam que o pico de preços no inicio de 2008 acarretou recordes na

produção mundial de cereais na safra 2008/09 de 2,3 bilhões de toneladas. Ao mesmo tempo, alguns

países deixaram de impor barreiras à exportação, antes utilizadas para conter os preços em seus

mercados. Houve ainda uma redução dos incentivos na produção de biocombustíveis, devido à queda

no preço do petróleo, com maior oferta de milho para alimentação.

Como consequência, a oferta de alimentos se elevou consideravelmente em curto período de

tempo. Como a demanda se contraiu na mesma rapidez devido à crise econômica global, as cotações de

alimentos despencaram abruptamente a partir do segundo semestre de 2008. Já no primeiro semestre

de 2009 as cotações recuperaram mais de 30% de seu valor, mesmo diante das previsões de uma nova

grande safra.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 60

As explicações para esse fenômeno podem ser divididas em dois grupos:

• Flutuações cíclicas – a necessidade de refazer os estoques que estavam baixos devido às altas

cotações pode explicar a elevação da demanda, mesmo diante da crise econômica. Com as baixas

cotações do dólar e a queda no preço dos fretes, a recomposição dos estoques ficaram mais atrativas.

Também há de se considerar o retorno de parte da população mundial excluída do mercado de

alimentos devido às altas cotações. As cotações de alimentos mais “populares”, como grãos, sobem

enquanto os alimentos mais nobres, como carne, caem. Há ainda uma outra fonte de pressão na

demanda vindo da retomada da produção de biocombustíveis, que se tornaram atrativos, em função da

elevação do preço do petróleo.

• Tendências de longo prazo - fazem parte os fatores estruturais como o crescimento da população

mundial, maior população urbana e mudanças de hábitos alimentares em paises emergentes, que não

foram afetados pela crise econômica ou qualquer outra flutuação nesses mercados. Segundo a FAO, a

oferta de alimentos nos países emergentes deverá dobrar até 2050, caso contrário, a segurança

alimentar estará em risco e poderão ocorrer novos conflitos como se observou em 2007 e 2008.

Também se espera que a controvertida prática dos paises ricos adquirirem terras em paises pobres para

garantir sua segurança alimentar se torne mais comum nos próximos anos (ver artigo em Agroanalysis

junho/09).

A solução de tais problemas está diretamente ligada à elevação da produtividade na atividade

agrícola em países menos desenvolvidos. Na África, a produtividade média para cereais gira em torno

de 1 tonelada por hectare, menos da metade da brasileira. Mesmo nos períodos de cotações elevadas,

os investimentos não ocorrem no Continente Africano e na maioria dos países pobres. O aumento da

safra em 2008 se deveu aos países desenvolvidos, que elevaram sua produção em mais de 10%. No

mesmo período, a produção de grãos nos países pobre caiu.

De forma geral, o aumento da produção mundial de alimentos nos últimos anos está mais

ligado à maior quantidade de terras cultivadas do que à elevação da produtividade agrícola. Mesmo

cotações mais altas dos alimentos não parecem transmitir os incentivos necessários aos agricultores de

paises pobres investirem em novas tecnologias para aumentar a produtividade.

Porém, a dificuldade dos agricultores de responder aos sinais do mercado também ocorre em paises

ricos. A interrelação da atividade agrícola com outros setores tornam as decisões cada vez mais

complexas. A possibilidade de direcionar a produção de alimentos para biocombustíveis, por exemplo,

obriga produtores a considerar as cotações do petróleo. A negociação de commodities agrícolas em

bolsas de valores, onde os movimentos de preços dependem das cotações de outros ativos e do fluxo

de capitais, também dificulta o calculo de lucratividade para produtores rurais.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 61

Esses movimentos nos preços agrícolas observados nos últimos anos, bem como a influência de

fatores externos a esse mercado, sugerem que o pico de preços observado no último ano não se deve

a simples movimentos cíclicos de oferta e demanda. Cada vez mais, observa-se um descolamento entre

a oferta e a demanda por alimentos no mundo, o que poderia causar novas crises em um futuro

próximo.

18.TENDÊNCIAS DOS PREÇOS AGRÍCOLAS EM 2013

Alimentos deverão atingir preços recordes em 2013 – Fonte do site abaixo

http://www.sinopnoticias.com.br/index.php?mega=noticia&cod=3468

Secas em áreas produtoras e falta de estoques de insumos devem fazer carne bater

preço recorde e gerar mais uma crise alimentar, diz Rabobank (19/09/2012)

Os preços globais dos alimentos devem atingir níveis recordes em 2013 devido à seca

em áreas produtoras ao redor do mundo e aos estoques apertados de culturas intensivas de

alimentação, como a dos grãos, afirmou nesta quarta-feira o Rabobank. Segundo o banco, essa

situação deve se traduzir em preços elevados principalmente para a carne, seja bovina, suína

ou ovina.

O índice de preços de alimentos das Nações Unidas, que mede a variação mensal dos

preços internacionais de uma cesta de commodities alimentares, pode subir 15% e atingir 243

pontos até o fim de junho de 2013. Esse número seria superior ao recorde de 238 pontos

verificado em fevereiro de 2011.

No mês passado, o índice atingiu 213 pontos. Os temores são de que ocorra uma nova

crise alimentar no mundo, a terceira em apenas quatro anos. Para Luke Chandler, chefe global

em pesquisas de commodities agrícolas do Rabobank, "o impacto da alta dos preços (da carne)

deverá ser menor para consumidores mais pobres, que devem trocar o consumo de proteína

animal por grãos como arroz e trigo".

Já "em economias desenvolvidas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, onde

a elasticidade de preços entre carne e milho é baixa, o efeito da alta dos grãos será sentido por

mais tempo". O Rabobank disse ainda que a pressão inflacionária sobre os alimentos só não é

maior por conta do fraco crescimento econômico mundial, dos preços mais baixos para a

energia e dos custos reduzidos com frete. Produtores de carne ao redor do mundo foram

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 62

prejudicados neste ano pela escalada dos preços dos grãos, em especial milho e farelo de soja,

dois dos insumos mais utilizados em ração animal. As informações são da Dow Jones.

Você pode ver sobre a Elevação dos preços dos alimentos: quais são as reais causas?

no livro Caminhos da Agricultura Brasileira de Décio Zylbersztajn. Editora atlas. 2011.

O artigo Causas do aumento do preço de alimentos no mundo disponível em

http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=873 de Ribas A. Vidal1; Michelangelo M.

Trezzi2 & Aldo Merotto Jr.

3 analisa os fatores intervenientes para a crise dos alimentos até 2008.

19. O LONGO PRAZO E PREÇOS DA AGRICULTURA E PREÇOS DO PETRÓLEO

As figuras a seguir mostram o dilema da agricultura para os países em

desenvolvimento, pois à medida que avançava em produtividade os preços do arroz, do trigo e

do milho sofriam queda contínua até pelo menos o início dos anos 2000. De outra forma um

importante insumo ou fator de produção para a agricultura, o petróleo sempre aumentou de

preços e a partir de 2006 ou 2007 de forma acelerada, enquanto no agregado a tendência de

aumento de preços, para os alimentos, que se iniciou entre 2001 ou 2002, não acompanha o

aumento dos custos de produção (o petróleo participa para a formulação de fertilizantes

nitrogenados e em toda a cadeia de transporte de outros fatores de produção e de grãos e

alimentos ao redor do globo. Esta pressão de custos oriunda do petróleo pressiona a

agricultura que cada vez mais busca ampliação de produtividade e escala em busca contínua

por competitividade. SLIDE: ALIMENTO E ENERGIA – Fonte ABAG

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 63

20. Glossário Mercados Futuros

Ajuste diário. Mecanismo por meio do qual as posições mantidas pelos clientes, nos mercados futuros, são

acertadas financeiramente todos os dias, conforme apresentem ganho ou perda em relação ao preço de ajuste

do dia anterior.

Arbitragem. Compra em um mercado e venda em outro, para tirar proveito da diferença de preços entre eles.

Arbitrar é fazer operação de arbitragem.

Arbitramento. Procedimento pelo qual as partes recorrem a alguma distância de comum acordo, para resolver

pendências ou litígios, sem utilização do Poder Judiciário. Nos negócios realizados na BM&F, as partes podem

recorrer ao Juízo Arbitral, previsto nos Estatutos Sociais.

Base. Em inglês, basis é a diferença entre o preço futuro e o preço a vista de uma commodity, em função de

custos de frete, capacidade de estocagem, taxas de juro, qualidade, expectativa de preços etc.

Classificação. Quando o contrato estabelece a entrega da mercadoria, a classificação informa ao comprador que

a mercadoria que estará recebendo é a mesma descrita no objeto de negociação do contrato.

Clearing House ou Câmara de Compensação. Sistema que compatibiliza as posições compradas com as vendidas,

de forma a garantir o fiel cumprimento de obrigações contratuais assumidas em mercados organizados. A

Clearing BM&F tem como responsabilidade registrar as operações realizadas, acompanhar e controlar a evolução

das posições em aberto, compensar financeiramente os fluxos de pagamentos, efetuar a liquidação física e

financeira dos contratos e administrar as garantias financeiras exigidas dos participantes. Esse processo apóia-se

em sólido sistema de salvaguardas financeiras.

Convênios Operacionais. Acordos com bolsas de mercadorias de outros estados da Federação, por meio dos

quais as corretoras da bolsa conveniada podem realizar negócios por conta própria e para seus clientes nos

mercados da BM&F, na condição de Permissionárias Correspondentes.

Day Trade. Operações abertas e encerradas no mesmo dia.

Hedge. Estratégia de proteção financeira para a administração do risco de preço. Hedger é aquele que assume,

na Bolsa, posição contraria à que possui no mercado a vista.

Hedger. O mercado futuro proporciona proteção de preços e de margens de lucro. Hedge com contratos futuros

contrabalança a posição na commodity física, mediante o estabelecimento de outra posição, inversa e igual, no

mercado futuro. O hedger entra no mercado futuro para estabilizar sua estrutura de lucro e reduzir seu risco

comercial.

O motivo fundamental pelo qual fazer hedge de posições físicas com posições em futuros constitui um meio de

proteção adequado é o fato de que o preço a vista e o a futuro tendem a movimentar-se em harmonia,

mantendo, na maior parte das situações, relacionamento extremamente previsível. Esse movimento paralelo de

preços manifesta-se porque os mercados físicos, como os futuros, são regidos e influenciados pelos mesmos

fatores de formação de preços.

Lançador. O cliente que lança (vende) uma opção assume a obrigação de vender ao titular ou dele comprar, se este a exercer, o objeto a que se refere o contrato, pelo preço de exercício, a qualquer tempo, até o vencimento da opção.

Limite Diário de Oscilação. Variação máxima permitida por pregão, para mais ou menos, na cotação de um contrato, em relação à cotação do dia anterior.

Liquidação por Entrega Física. Consiste na entrega e no recebimento do objeto de negociação pelas partes de um contrato futuro. A BM&F presta serviços de classificação e arbitramento da mercadoria a ser entregue contra as posições assumidas em seus mercados futuros agrícolas.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 64

Margem de Garantia. Depósito em dinheiro, carta de fiança ou títulos públicos ou privados, dentre outros ativos aceitos pela Bolsa, exigido para garantir cada operação, com a finalidade de cobrir o risco de oscilação de preço de dois ajustes diários, ou outro critério estabelecido, que é devolvido ao cliente quando a operação é liquidada.

Membro de Compensação. Instituição - banco múltiplo, comercial ou de investimento, corretora ou distribuidora de títulos e valores mobiliários - responsável, perante a BM&F, pela liquidação das operações a ela atribuídas para registro e compensação pelas Corretoras de Mercadorias. Para tanto, deve atender às exigências de ordem financeira e patrimonial impostas pela Bolsa.

Mercado Flat ou Inalterado. Ocorre toda vez que a oferta e a demanda estão absolutamente equilibradas e que o preço de um vencimento futuro fica muito próximo dos demais vencimentos.

Mercado Invertido. Ocorre quando o preço do primeiro vencimento futuro é mais elevado do que o segundo; ou quando este é mais elevado do que o terceiro; e assim sucessivamenteIsso acontece quando há escassez do produto-objeto de um contrato futuro; quando seus estoques estão abaixo do volume antecipado pelo mercado; ou, ainda, quando existe a expectativa de sua safra futura a ser muito grande. Quando ocorre um ou mais desses fatores, pode-se dizer que o mercado é vendedor, pois os compradores têm de fazer ofertas de preços cada vez maiores para atrair os vendedores.

Mercado de Carrego. Situação de mercado em que um vencimento futuro é vendido por um prêmio em relação ao preço a vista. Ocorre quando existe abundância de produto. Nesse caso, os meses futuros apresentam sempre preço maior que os meses presentes, uma vez que a diferença entre eles reflete custos de aquisição, seguro e outros, envolvidos no carregamento da mercadoria.

Opção. Instrumento que proporciona a seu titular, ou comprador, um direito futuro sobre um ativo, mas não uma obrigação; e a seu vendedor, ou lançador, uma obrigação futura, caso seja exercido pelo titular.

Opção de Compra. Do inglês call. Contrato pelo qual o titular pode comprar do lançador a mercadoria-objeto da opção, na data de vencimento, pelo preço de exercício. Para tanto, deve pagar um valor antecipado (prêmio).

Opção de Venda. Do inglês put. Contrato pelo qual o titular adquire o direito de vender ao lançador a mercadoria-objeto da opção, na data de vencimento, pelo preço de exercício. Para tanto, também deve pagar um prêmio

Posição. Saldo de um contrato em determinada data, resultante das operações realizadas pelo mesmo cliente.

Prêmio. Preço pelo qual a opção é negociada, cujo valor é determinado pelo preço corrente e pela volatilidade da mercadoria-objeto, pelo preço de exercício e pelo prazo de vencimento da opção, e pela taxa de juro.

Sazonalidade. Pelo fato de os produtos agrícolas terem safra e entressafra, estas condicionam a oferta dos

mesmos e, conseqüentemente, seus preços.

Spread. É a diferença entre o preço de compra e o preço de venda de um ativo ou a diferença de preço entre os

meses de vencimento de um contrato.

Além das oportunidades de lucro proporcionadas pela compra de futuros baseada na expectativa de alta para

um produto ou pela venda de futuros baseada na expectativa de baixa para o mesmo, o mercado futuro oferece,

ocasionalmente, oportunidades de lucro resultantes de spread . Fazer spread significa comprar um contrato

futuro considerado "barato" e vender, ao mesmo tempo, outro contrato, relacionado com o primeiro e

considerado "caro". As transações de compra e de venda, nos dois contratos, são feitas simultaneamente. Se os

preços de mercado se moverem conforme previsto, o lucro resultante poderá ser extremamente atrativo, em

comparação com o risco.

As contribuições econômicas do spread para o mercado são duas: dar liquidez e devolver os preços a uma

relação mais normal, depois de sua distorção. O conhecimento da negociação de spread é, portanto, importante

para todos - hedgers e especuladores.

A movimentação da diferença entre dois preços inter-relacionados é o fundamento de qualquer spread. O

operador coloca um spread quando a diferença de preço entre dois vencimentos futuros parece anormal ou

excessiva. Logo, compra um contrato futuro para um vencimento e, simultaneamente, vende outro, para o outro

vencimento.A diferença de preços pode alargar-se ou estreitar-se, até tornar-se uma relação "normal", quando o

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 65

operador liquidará sua posição de spread com lucro.

Spot. Mercado a vista ou disponível.

Trader. Em português, negociador, comerciante, exportador, mas também o operador que negocia por conta

própria.

Vencimento. Nome dado a cada período para o qual determinada commodity é negociada.

Volatilidade. Oscilação de preços em determinado período (diário, mensal ou anual). Quanto maior a

variação de preços no período considerado, maior a volatilidade.

BIBLIOGRAFIA

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Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 66

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ZYLBERSZTAJN, Décio. Caminhos da Agricultura Brasileira. Editora Atlas. São Paulo. 2011.

Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – Out 2012 Página 67

ANEXO

Se você quiser conhecer um pouco sobre a produção e comercialização de hortaliças (batata,

tomate, cenoura, alho e cebola) sugere-se uma olhada no artigo a seguir. Disponível na net.

SITUAÇÃO ATUAL DA PARTICIPAÇÃO DAS HORTALIÇAS NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO E PERSPECTIVAS FUTURAS Nirlene Junqueira Vilela e Gilmar Paulo Henz

resumo Este trabalho descreve a situação das hortaliças no contexto do agronegócio brasileiro, com vistas à atender uma demanda crescente por informações por parte do público que desenvolve atividades relacionadas à área. Levando em consideração a produção dos estados mais importantes da Região Sudeste, procurou-se traçar o perfil atual do mercado de hortaliças em termos de volume, participação e valores financeiros, bem como descrever as principais características do movimento comercial de batata, tomate, cenoura, alho e cebola. Foram consideradas as novas tendências de consumo e a expansão de novos mercados para hortaliças, como produtos orgânicos, minimamente processados, congelados e supergelados, conservas e enlatados, desidratados e liofilizados. Discutiu-se também as mudanças na estrutura de distribuição das hortaliças no atacado e varejo, com as conseqüências da crescente participação dos supermercados nas vendas. Foi avaliada a participação das hortaliças em uma projeção do consumo alimentar nas diferentes classes de renda, em diferentes cenários (taxa de crescimento econômico, incremento populacional, consumo). De acordo com os dados levantados, o agronegócio das hortaliças oferece amplas perspectivas para todos os segmentos envolvidos, e as mudanças observadas no mercado apontam para melhoria da eficiência, associada a ganho de competitividade, em qualidade, diferenciação, preços e custos.