preconceito ao soropositivo no mercado de trabalho

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 SAE    SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZA DO EM DST/HIV/AIDS  Rua Santa Terezinha, 212   Módulo Esportivo   CEP 62.850-000 / Cascavel - Ceará Fone: (85) 3334-2835 PRECONCEITO AO SOROPOSITIVO NO MERCADO DE TRABALHO Com o evento dos antirretrovirais, o destino dos trabalhadores vivendo com HIV/Aids tomou novos rumos. Até então, a expectativa de vida dessas pessoas dificilmente cruzava os dois anos. Isso fazia com que poucos reivindicassem seus direitos, quer fossem civis, quer trabalhistas. A nova medicação deu oportunidade ao trabalhador soropositivo de vislumbrar um futuro mais longínquo, com saúde e em perfeitas condições para o trabalho. Afastados os obstáculos decorrentes da contaminação, o trabalhador portador do vírus da Aids deparou- se, então, com um novo problema: a desinformação de seu empregador e de seus colegas de trabalho com relação à Aids e, pior, o preconceito e a discriminação destes em relação às pessoas vivendo com HIV / Aids. Agora, já com voz própria, o traba lhado r assume sua luta pelo seu direito à cidadania. É um tra balhador,  paga impostos, ta xas e contribuições determinadas pelo Estado, vota, pode ser votado, a penas t em em seu sangue um vírus que não o tornou menos cidadão do que aquele que não está contaminado. SOU UM SOROPOSITIVO...  Mas, apesar disso, em nada sou diferente dos outros trabalhadores. Devo continuar a exercer minhas atividades profissionais da melhor forma possível. É bem verdade que, agora, devo cuidar da minha saúde com muito mais atenção, sem, contudo, me considerar um doente. Como qualquer cidadão  brasileiro, tenho direito a con tinuar trabalhando para o meu susten to e o de minha família. Sei que não sou obrigado a dizer ao meu patrão ou para os meus colegas que sou portador do vírus da Aids, até porque isso não afeta em nada o nosso relacionamento no trabalho. Assim, se por acaso o vírus também entrar na história da sua vida, cuide-se bem, mas não deixe que o HIV interfira na sua vida pr ofission al. PRECONCEITO O QU E É?  Preconceito é a ideia que temos de um fato ou de alguma coisa, antes de conhecê-la com profundidade. Por exemplo, no caso da Aids, é preconceito acharmos que o convívio profissional com pessoas vivendo com HIV ou Aids pode nos contaminar. E ONDE NOS LE VA?   o preconceito nos leva à... DISCRIMINAÇÃO O QU E É?  é uma atitude que nos leva a rotular as pessoas de “boas” e “não-  boas” para o nosso convívio, fazendo com que tratemos de modo diferente aquelas que achamos que não deve fazer parte de nosso grupo social ou profissional. Os critérios de discriminação, a maior parte das vezes, originam-se no  preconceito, ou seja, em uma ideia errada sobre o assunto.

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SAE  –  SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADO EM DST/HIV/AIDS Rua Santa Terezinha, 212  – Módulo Esportivo  – CEP 62.850-000 / Cascavel - Ceará

Fone: (85) 3334-2835

PRECONCEITO AO SOROPOSITIVO NO MERCADO DE TRABALHO

Com o evento dos antirretrovirais, o destino dos trabalhadores vivendo com HIV/Aids tomou novosrumos. Até então, a expectativa de vida dessas pessoas dificilmente cruzava os dois anos. Isso fazia comque poucos reivindicassem seus direitos, quer fossem civis, quer trabalhistas.

A nova medicação deu oportunidade ao trabalhador soropositivo de vislumbrar um futuro maislongínquo, com saúde e em perfeitas condições para o trabalho.

Afastados os obstáculos decorrentes da contaminação, o trabalhador portador do vírus da Aids deparou-se, então, com um novo problema: a desinformação de seu empregador e de seus colegas de trabalhocom relação à Aids e, pior, o preconceito e a discriminação destes em relação às pessoas vivendo comHIV / Aids.

Agora, já com voz própria, o trabalhador assume sua luta pelo seu direito à cidadania. É um trabalhador, paga impostos, taxas e contribuições determinadas pelo Estado, vota, pode ser votado, apenas tem emseu sangue um vírus que não o tornou menos cidadão do que aquele que não está contaminado.

SOU UM SOROPOSITIVO... 

Mas, apesar disso, em nada sou diferente dos outros trabalhadores. Devo continuar a exercer minhasatividades profissionais da melhor forma possível. É bem verdade que, agora, devo cuidar da minhasaúde com muito mais atenção, sem, contudo, me considerar um doente.  Como qualquer cidadão brasileiro, tenho direito a continuar trabalhando para o meu sustento e o de minha família.

Sei que não sou obrigado a dizer ao meu patrão ou para os meus colegas que sou portador do vírus daAids, até porque isso não afeta em nada o nosso relacionamento no trabalho.

Assim, se por acaso o vírus também entrar na história da sua vida, cuide-se bem, mas não deixe que oHIV interfira na sua vida profissional.

PRECONCEITO 

O QUE É?  

Preconceito é a ideia que temos de um fato ou de alguma coisa, antes de conhecê-la com profundidade.Por exemplo, no caso da Aids, é preconceito acharmos que o convívio profissional com pessoas vivendocom HIV ou Aids pode nos contaminar.

E ONDE NOS LEVA?  

o preconceito nos leva à...

DISCRIMINAÇÃO 

O QUE É?  

é uma atitude que nos leva a rotular as pessoas de “boas” e “não- boas” para o nosso convívio, fazendo

com que tratemos de modo diferente aquelas que achamos que não deve fazer parte de nosso gruposocial ou profissional. Os critérios de discriminação, a maior parte das vezes, originam-se no preconceito, ou seja, em uma ideia errada sobre o assunto.

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7/22/2019 Preconceito Ao Soropositivo No Mercado de Trabalho

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SAE  –  SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADO EM DST/HIV/AIDS Rua Santa Terezinha, 212  – Módulo Esportivo  – CEP 62.850-000 / Cascavel - Ceará

Fone: (85) 3334-2835

 No caso da Aids, por exemplo, discriminamos a pessoa com HIV ou Aids. Contudo, não nos prevenimos adequadamente contra o vírus, nos momentos em que isso deve ocorrer.

Portanto, por preconceito e discriminação:

 Afastamos o soropositivo de nosso convívio, mas não nos protegemos contra o vírus! 

MUITO IMPORTANTE: 

! O simples fato de o empregado ser portador do vírus da Aids em nada prejudica sua capacidade detrabalho. 

! O convívio social e profissional com este empregado não representa qualquer situação de risco. 

! A prevenção da infecção no local de trabalho se dá pela concreta informação e pelos procedimentos preventivos pertinentes e não com o afastamento do trabalhador portador do vírus. 

!  A solidariedade e o combate à discriminação são a fórmula básica para minimizar as dificuldades dostrabalhadores portadores de HIV/Aids. 

!  É imperativo que o empregador, em casos de presença de HIV/Aids no local de trabalho, aja segundoos preceitos da ética e do sigilo, proporcionando ao trabalhador infectado ou doente o atendimento

 próprio e adequado, com vistas à manutenção da qualidade de vida deste empregado. 

DÚVIDAS MAIS FREQÜENTES DO TRABALHADOR E DO EMPREGADOR: 

 Meu exame anti-HIV deu resultado positivo. Posso perder meu emprego por isso?

 NÃO. O simples resultado positivo em um exame anti-HIV não é motivo suficiente para que otrabalhador seja demitido. Se esse fato vier a ocorrer, estará caracterizada a atitude discriminatória doempregador, o que é vedado pelo art. 7º, inciso I, da Constituição Federal.

Sou portador do vírus da Aids. Sou obrigado a dizer a minha sorologia ao médico da empresa, no atoda minha admissão ao emprego?

 NÃO. A Lei garante o seu direito de não declarar a sua sorologia positiva, em momento algum (art. 5º,X, da Constituição Federal). Principalmente porque o simples fato de ser soropositivo em nada afeta asua vida profissional, estando o empregado portador do vírus sujeito aos mesmos direitos e deveres dos

demais empregados.

 Mas, se a empresa exigir o exame anti-HIV para admissão? O que faço?

A empresa não pode, em momento algum, exigir o exame anti-HIV de qualquer empregado. O exameadmissional tem em vista a avaliação da capacidade laborativa do empregado na função (art. 168, daCLT). Se assim agir ela estará infringindo normas éticas e legais e afrontará o seu direito à intimidade, podendo ficar caracterizada a restrição ou discriminação. Nesses casos, você poderá negar-se a fazer oexame ou denunciar a empresa junto aos órgãos competentes, já que a obrigatoriedade do teste anti-HIVé vedada pela interpretação dos dispositivos constitucionais, trabalhistas, administrativos e ético- profissionais, bem como instrumentos internacionais da organização Mundial de Saúde  –   OMS e daorganização Internacional do Trabalho –  OIT.

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SAE  –  SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADO EM DST/HIV/AIDS Rua Santa Terezinha, 212  – Módulo Esportivo  – CEP 62.850-000 / Cascavel - Ceará

Fone: (85) 3334-2835

 Por ser portador do vírus da Aids, tenho estabilidade no meu emprego?

 NÃO. O simples fato de ser soropositivo não lhe garante qualquer estabilidade no emprego, já que nãohá qualquer norma nesse sentido. Contudo, a nossa legislação protege o trabalhador de dispensaarbitrária (art. 7º, I, da Constituição Federal e art. 165da CLT), impedindo que este seja demitido tãosomente por ser enfermo ou, no caso, por ter HIV. Todavia, o fato de ser soropositivo ou doente de Aidsem nada impede a demissão do empregado que comete falta grave.

Sendo soropositivo, posso trabalhar em qualquer atividade?

SIM. O convívio social ou profissional com o empregado soropositivo ou doente de Aids não representaqualquer situação de risco, podendo este trabalhar em qualquer atividade a que se sentir apto e que nãovenha em prejuízo de sua saúde e da saúde de outros.

O médico da empresa pode dizer ao meu empregador que sou portador do vírus da Aids?

 NÃO. A art. 105, do Código de Ética Médica, impede que o médico dê informações confidenciaisquando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ouinstituições. Caso ele assim proceda, há infração ética e civil, podendo responder judicialmente porviolação de sigilo, cabendo indenização por danos morais.

O que deve fazer o empregador se a condição de soropositivo ou doente de Aids do empregado forconhecida pelos demais trabalhadores?

A empresa deve estar preparada para informar e esclarecer aos seus empregados a respeito das questões pertinentes à saúde. Com vistas a essas situações, ficou estabelecida a responsabilidade do empregador por meio da Portaria Interministerial nº 3.195/88, de promover programas de prevenção eesclarecimento sobre HIV/Aids. Deve ser ressaltado que a doença não se transmite pelo contato social eque o empregado pode continuar ativo no trabalho, aí podendo permanecer sem sofrer qualquer tipo dediscriminação. A convivência com ele não oferece qualquer risco à saúde dos demais trabalhadores.

 Há em nossa empresa um trabalhador portador de HIV. Este, no momento, encontra-se com suacapacidade de trabalho reduzida. Como devemos agir?

Em geral, a presença de HIV na vida do trabalhador não reduz sua capacidade de trabalhar. Contudo, seisto está ocorrendo, pode-se transferi-lo para outra função, compatível com o seu estado de saúde, ou,então, quando qualquer atividade for impossível, encaminhá-lo ao serviço médico da empresa, comvistas à avaliação e encaminhamento para o auxílio-doença (por incapacidade temporária) ouaposentadoria por invalidez (por incapacidade permanente).

Quais os direitos e deveres do trabalhador soropositivo? E de seu empregador?

O trabalhador portador de HIV possui os mesmos direitos e deveres dos demais trabalhadores, semexceção. Ao empregador cumpre zelar pela qualidade de vida de seus empregados, evitando atitudesdiscriminatórias no local de trabalho. Além disso, as determinações da Portaria Interministerial nº3.195/88, quanto à implementação de programas de prevenção de Aids no local de trabalho.

 Em caso de acidente de trabalho, qual o procedimento a ser adotado em relação ao trabalhadoracidentado?

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 No caso de acidente de trabalho com exposição à material contaminado, deve ser emitida aComunicação de Acidente de Trabalho  –  CAT para acompanhamento do serviço médico competente,

com vistas a resguardar os direitos do empregado em caso de contaminação. Observe-se, todavia, que,ainda neste caso específico, para realização do exame anti-HIV, é necessário o consentimento doempregado. Se o trabalhador se negar a fazer o teste, deverá assinar documento declarando que seresponsabiliza pela não realização deste e que está ciente que não será cabível, por parte dele, moverqualquer ação indenizatória contra a empresa, sob a alegação de contaminação naquele acidente. Porém,se a recusa em tomar as medidas com vista à realização do anti-HIV for por parte da empresa, esta não poderá alegar, em ação futura, a recusa por parte do trabalhador.

Sou soropositivo e venho trabalhando, há vários meses, sem registro em minha Carteira Profissional.Como devo agir?

Qualquer trabalhador, mesmo não sendo soropositivo, tem direito ao registro de seu contrato de trabalhoem sua CTPS. Para tanto, você deve recorrer à Delegacia Regional do Trabalho ou à Justiça doTrabalho, pleiteando a anotação. Se negada a existência de vínculo laboral com o alegado empregador,você poderá fazer prova, por meio de documentos ou testemunhas.

Sou doente de Aids e não comuniquei a minha sorologia ao meu empregador. Nesta semana recebi oaviso-prévio. Posso reverter essa situação?

Os tribunais têm-se manifestado no sentido da manutenção do emprego quando comprovada aexistência de moléstia do empregado, no exame demissional. Neste sentido tem-se conseguido, por meiode mediações, a anulação do ato da demissão. Ademais, quando o empregado já não é simplesmente um portador e, sim, um doente de Aids, a dispensa sem justo motivo é proibida, pois caracteriza-se comoimpeditiva aos recebimentos dos direitos previdenciários contidos na Lei nº7.670/88, quais sejam: aaposentadoria por invalidez e o auxílio-doença.

Sendo portador de HIV, tenho direito a levantar os valores depositados em meu nome a título de FGTS?

SIM. A Lei nº 7.670/88 garante ao portador de HIV o direito a sacar os valores depositados em seunome a título de FGTS, independente de rescisão de seu contrato de trabalho ou de comunicação a seuempregador. Para que isso ocorra, deve comparecer junto à Caixa Econômica Federal, levando atestadomédico, Carteira Profissional, devendo preencher um requerimento na própria CEF.

 Posso receber também os valores do PIS/PASEP?

Somente o trabalhador já doente de Aids tem direito de efetuar o levantamento do PIS/Pasep, na formado que dispões a Lei nº 7.670/88. Este também deve comparecer à Caixa Econômica Federal,comprovar o saldo da conta vinculada inativa e apresentar laudo médico, com o CID da doença. Aliberação do valor ocorrerá em aproximadamente 30 dias.

O trabalhador doente de Aids, que nunca contribuiu com o INSS, tem o direito de receber o auxílio-doença?

De acordo com o que dispõem os artigos 203 e 204 da Constituição Federal (ainda não regulamentados),fica assegurado ao trabalhador doente, em comprovado estado de carência, ausência de qualquer benefício e incapacidade para o trabalho, o pagamento de um benefício mensal, proveniente de recursos

da assistência social. Este benefício, se não conseguido por via administrativa, poderá ser pleiteado via judiciário, em fase da não regulamentação dos artigos citados, da Constituição Federal.

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 Eu, sendo um trabalhador portador de HIV, com menos de 12 meses de contribuição ao INSS, tenhodireito ao auxílio-doença?

SIM. Com o que dispõe a Lei nº 7.670/88, não há obrigatoriedade do período de carência de 12 meses,ao portador de HIV. Você estando empregado, terá seu contrato de trabalho suspenso, devendo aempresa pagar-lhe os primeiros 15 dias de afastamento, por motivo de doença, encaminhá-lo ao auxílio-doença, fornecendo-lhe as Guias de Relação de Contribuição de Salários, se a licença exceder a essesdias. A partir do 15º dia de afastamento, INSS lhe pagará os seus direitos, independentemente de prazode contribuição.

AS LEIS EXISTEM PARA PROTEGÊ-LO, MAS SÓ VOCÊ PODE BUSCAR O SEU DIREI TO!