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157 Temáticas transdisciplinares Sessões especiais de orientação acadêmica Tecnologias da informação e da comunicação (tics) Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459 Pré-Vestibular Social Grupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

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Temáticas transdisciplinaresSessões especiais de orientação acadêmica

Tecnologias da informação e da comunicação (tics)

Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social

Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459

Pré-Vestibular SocialGrupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

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Prólogo

A ciência está presente em nosso dia a dia e está relacionada a aspectos éticos, políticos e econômicos que marcam os contextos em que ela é desenvolvida. Neste texto, trataremos de um assunto muito importante para várias áreas de produção do conhecimento na atualidade: as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs).

Desde a revolução técnico-científico-informacional dos anos 1970, essas tecnologias ad-quiriram enorme valor em todas as áreas da atividade humana, complexificando não apenas a economia e a cultura, mas também as demais formas de interações sociais. A partir da década de 1950, a criação do Vale do Silício (Califórnia, EUA) funda um outro paradig-ma tecnológico, que se propagou pelo mundo através de novas dinâmicas econômicas e geopolíticas. De lá para cá, estilos de produção, comunicação, gerenciamento e vida se reinventaram, perpassados, predominantemente, pela mediação tecnológica. A flexibilidade atualmente observada no mundo do trabalho está diretamente associada à emergência de infinitas alternativas de produção e de oferecimento de serviços à distância, consolidando expressões significativas de relações sociais que se transformam desde então.

É importante ressaltar que comunicação não diz respeito apenas à troca de mensagens entre pessoas: envolve também a mídia de massas, com vários efeitos sobre a sociedade, seja em escala local ou global. Além disso, quando se fala em informação, não se pode pensar apenas na circulação de notícias. Na rede mundial de computadores, a informação é pas-sada a todo o tempo, emitida através de mensagens de todos os gêneros, em suas múltiplas formas, através de dispositivos que hoje podemos carregar no bolso. Estas características fazem com que o acesso às informações se constitua num elemento de poder imprescindível em qualquer contexto social.

No século XVI, o filósofo e cientista Francis Bacon já afirmava que “o conhecimento em si mesmo é poder”. Nessa época, o poder não necessariamente se referia a uma potência ou in-fluência política, mas significava o controle da natureza através da ciência. Podemos afirmar, portanto, que o domínio do conhecimento tem sido historicamente manipulado por classes e grupos sociais para promover tanto a emancipação quanto a subordinação de outros. Hoje, na Sociedade em Rede, Sociedade da Informação ou, ainda, Sociedade do Conhecimento, o saber vai muito além do controle da natureza e sua posse tornou-se uma mercadoria cada vez mais valorizada nas dinâmicas de poder, conforme observamos nas controvérsias inter-nacionais envolvendo cibercrimes e espionagem.

Considerando que a inovação tecnológica é, ao mesmo tempo, um processo técnico e social11, abordaremos dilemas que envolvem as TICs desde sua concepção à transformação de inovações em produtos e serviços. Além disso, pretendemos contribuir para uma leitura crítica e para a compreensão dialética das transformações que essas tecnologias operam em nossos hábitos particulares e na sociedade de maneira geral.

1 Fernandes (2006).

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1 Aspectos técnicos e dimensões geopolíticas das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs)

As tecnologias relacionadas com a transmissão do conhecimento entre as gerações fo-ram e continuam sendo parte essencial da evolução humana. Dentre elas, poderíamos destacar a escrita, a qual demarca a divisão entre a Pré-História e a História para as civi-lizações ocidentais e asiáticas. A escrita foi uma das primeiras tecnologias que permitiram ao homem registrar suas trajetórias, substituindo em muitos aspectos a oralidade, que antes era o principal meio de transmissão de normas culturais, rituais e histórias de uma geração à outra. O desenvolvimento da escrita foi tão importante para os povos europeus que os conquistadores e colonizadores da Idade Moderna consideraram primitivos os povos de tradição oral da África, da América e da Oceania, ou mesmo aqueles que possuíam outros sistemas de registros, como as pictografias astecas e a tecelagem inca.

Inicialmente, as atividades ritualísticas ou comerciais costumavam ser registradas em pergaminhos com códigos como os hierógli-fos egípcios, que datam de aproximadamente 2300 a.C. Já a escrita alfabética teria surgido por volta do ano 1000 a.C. Outra importante mudança para a história da difusão da infor-mação e das comunicações foi a evolução dos suportes e das técnicas de reprodução, com a invenção da imprensa, por Johannes Gu-tenberg, através de tipos móveis, por volta de 1450. A facilidade de produzir cópias de livros (antes escritas à mão) ajudou a popularizar, com o tempo, o hábito da leitura, permitindo o surgimento de um público de massa, em oposi-ção ao que existia antes.

Mais tarde, o período da Revolução Indus-trial foi um momento bastante fértil para as co-municações, encurtando distâncias. O telégrafo (1837) foi uma invenção marcante que permitiu a transmissão de mensagens através de sinais por fios. Depois veio o telefone (1876) que pos-sibilitou a transmissão da voz, ainda por fios. Posteriormente, veio a invenção do rádio que permitiu a comunicação de massa, sem a ne-cessidade de fios.

O êxito em fazer ondas de rádio atraves-sarem grandes distâncias deve-se à reflexão dessas ondas, que ao atingirem a ionosfera, camada da atmosfera superior ionizada principalmente por ação solar, voltam à superfície. Ainda hoje, esse processo assegura a transmissão entre dois pontos distantes no globo terrestre. Vale lembrar que ondas de rádio viajam quase em linha reta através da atmos-fera e, portanto, pessoas em pontos muito afastados não podem se comunicar diretamente

Hieróglifos egípcios.Imagem: ChrisOFonte: Ancient Egyptian funerary stela, Ashmolean Museum, Oxford Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Egyptian_funerary_stela.jpg. Acesso: 02/10/2013.

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via rádio por causa da curvatura da Terra. Nesse caso, a radiação precisa refletir-se na ionosfera até chegar ao seu ponto de destino. Fi-nalmente, merece destaque a tele-visão (1928), que permitiu a trans-missão de imagens e som sem fios.

A comunicação sem fios tam-bém se beneficia de outras classes de ondas eletromagnéticas, como as micro-ondas. Essa radiação não é refletida pela ionosfera, atraves-sando-a facilmente. Usam-se, por exemplo, micro-ondas para a co-municação entre a Terra e disposi-tivos que estejam muito além da at-mosfera, como os satélites orbitais e as sondas espaciais. O sistema de satélites de navegação, o popu-larmente conhecido GPS (Global Positioning System), faz uso de micro-ondas para determinar instantaneamente ao receptor sua posição no espaço e velocidade.

A partir da década de 1940, período que marca o início da Revolução Tecnológica, os crescentes avanços na microeletrônica, o uso de satélites artificiais, do computador – e também do computador pessoal (PC – personal computer) - prepararam o cenário para o surgimento da, talvez, mais revolucionária tecnologia das comunicações, a internet, que levou a interconectividade global a níveis inimagináveis.

Telégrafo. Utilizado para transmitir em código Morse.Autor: photo © 2006 by Tomasz Sienicki [user: tsca, mail: tomasz.sieni-cki at gmail.com] Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:2006_08_22_142911_Aalborg_Marinemuseum_ubt.jpeg. Aces-so: 02/10/2013.

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Composição e descarte de equipamentos eletrônicos

Devido à diversidade de componentes químicos presente nos equipamentos eletrôni-cos, não é possível definir um único específico como o principal. Contudo, o silício (Si) tem papel fundamental na produção de circuitos e chips eletrônicos há mais de 40 anos.

Como referência tecnológica e científica nas áreas de eletrônica e informática, o Vale do Silício – Silicon Valley (Califórnia, EUA) – recebeu tal designação por abrigar impor-tantes empresas do ramo. Seu desenvolvimento se deu a partir de 1950, após a Segunda Guerra Mundial, e hoje concentra empresas de ponta dessas atividades. O nome Silício é uma homenagem à matéria-prima básica dos insumos.

Com a importância adquirida pelo desenvolvimento da área, tem crescido a preocupação ambiental no que diz respeito à exploração de fontes mine-rais e ao descarte e reciclagem desse material. A questão do lixo eletrônico possui relevância em âmbito mundial, sobretudo numa sociedade globalizada em que a obsolescência de equipamen-tos e tecnologias ocorre muito rapida-mente.

Milhões de toneladas de lixo eletrô-nico altamente tóxico são produzidas anualmente. Essas sucatas são compos-tas por alguns metais pesados (mercú-rio, chumbo, cádmio) e outras substân-cias altamente venenosas para o meio ambiente. O descarte impróprio causa danos à todos, pois contaminam solo, água e ar. Dentre as consequências para o organismo humano, as mais fre-quentes são: distúrbios no sistema ner-voso, problemas nos rins, nos pulmões, no cérebro e envenenamento.

Embora ainda não haja uma técnica eficaz de separação desses materiais, algumas cooperativas estão agindo para que a reciclagem não seja preju-dicial ao homem e ao meio ambiente.

Lixo eletrônico em uma empresa de reciclagem em Goslar, AlemanhaAutor: Volker Thies (Asdrubal) Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/34/Computerschrott.jpg Acesso em: 04/09/2014 Fontes: http://www.infoescola.com/ecologia/lixo-eletro-nico/. Acesso em 02/10/2013. http://www.qsustentavel.com/2012/10/a-quimica-no-lixo-eletronico-por.html. Acesso em 02/10/2013. http://www.infoescola.com/in-formatica/vale-do-silicio/. Acesso em 02/10/2013.

Durante a Guerra Fria, sobretudo nos anos 1960, surge o interesse em meios de comuni-cação mais seguros entre instituições militares, bem como entre pesquisadores e cientistas. Para resolver essa demanda estratégica, a DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) contratou, em 1969, a empresa BBN (Bolt, Beranek e Newman) para criar a AR-

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PAnet (Advanced Research Projects Agency network). Em setembro daquele ano, a primeira rede de computadores foi instalada na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Em dezembro, a ARPAnet já se expandia para o Stanford Research Institute, para a Univer-sidade da Califórnia em Santa Bárbara e para a Universidade de Utah.

O crescente uso da ARPAnet pelos meios acadêmicos pôs em risco a segurança militar, o que obrigou a criação de uma rede exclusiva, a MILnet, em 1983. A ARPAnet foi utili-zada até 1990. Em 1992, o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) inventou a World Wide Web (WWW) com o objetivo de servir como ferramenta de trabalho para cientistas em qualquer lugar do mundo, disponibilizando informações sem restrições e ao alcance de qualquer usuário, totalizando cerca de 25 milhões de usuários em 1994. Dado o seu sucesso, em 1995, a empresa Microsoft lança o sistema operacional Windows 95, com a conexão de rede DialUp (conexão discada), feita através da linha telefônica residen-cial ou comercial.

1.1 Desenvolvimento científico e aspectos técnicos

A interdependência entre o desenvolvimento cientifico e as TICs sempre existiu, mesmo que de forma mais sutil no passado. Hoje, a divulgação das descobertas científicas se dá de forma tão rápida que, por diferença de dias, uma patente de um determinado produto descoberto por um laboratório de pesquisa pode ser perdida para outro que a registrou pouco antes.

Outro aspecto interessante é que a capacidade de realizar cálculos cada vez mais precio-sos e mais rápidos favorece a aceleração dos procedimentos necessários para a divulgação dos resultados das pesquisas. Os primeiros computadores, na década de 1940, ocupavam andares inteiros e se dedicavam exclusivamente à cálculos complexos. Com a tecnologia dos semicondutores e a substituição das válvulas por transistores, veio a miniaturização dos com-ponentes. Os computadores se tornaram menores, mais velozes e mais potentes.

Em 2010, foi inaugurado no Centro de Pre-visão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/ INPE), o Supercomputador Tupã. Ele faz cál-culos que conseguem detalhar a previsão de chuva, condição de umidade e outros fatores que influenciam no clima, com precisão de alcançar microclimas de uma mesma região. Isso significa, teoricamente, que podemos ter claramente a previsão do tempo para nossa cidade e, em determinados casos, para bair-ros ou outras regiões, possibilitando ações diante de chuvas fortes ou mudanças bruscas de temperatura.

Vale notar que os computadores não fa-lam nossa língua e nem contam como nós. De modo bem simples, para um computador só existem dois valores distintos: “desligado” (off) e “ligado” (on), ou “baixo” (LO) e “alto” (HI), ou “falso” (false) e “verdadeiro” (true), por exemplo, denominados de Estados Lógicos. Esses valores são normalmente representados, respectivamente, pelos algarismos 0 e 1. Desse modo, todas as representações, sejam elas

Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/82745. Acesso em 17/12/2013.

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de letras, números, imagens ou de qualquer outra espécie, se resumem nas combinações dos algarismos 0 e 1. Cada um desses Estados Lógicos é uma unidade elementar de infor-mação do computador, denominada bit (binary digit). Os computadores são projetados para armazenar informações em conjuntos de 8 bits, denominados bytes (binary term).

Embora utilizemos no dia a dia o sistema decimal – assim denominado por utilizar dez símbolos, de 0 a 9 – há outros sistemas de numeração que se mostram mais úteis na eletrô-nica digital ou na programação de computadores. O sistema binário faz uso de somente dois símbolos, 0 e 1; o sistema octal, de oito; e o hexadecimal, de 16 símbolos.

1.2 Dimensões geopolíticas

Após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as transformações no modo de produção e a disseminação de informações incentivaram mudanças significativas no espaço mundial, em razão do advento de novos procedimentos técnicos, científicos e in-formacionais. Na disputa por áreas de influência empreendida pelos blocos antagônicos, capitalista e comunista, as nações líderes de ambos os sistemas, Estados Unidos e União Soviética, envolveram-se numa competição nos âmbitos bélico e territorial e também no científico e tecnológico. Além do objetivo intrínseco da ostentação de poder, é preciso considerar que se vivia em um mundo bipolar, onde o controle de espaços, muitas vezes distantes, era uma necessidade que exigia inovações técnicas avançadas. Propagar ideias e disseminar hábitos de consumo eram fatores cruciais para o avanço e legitimação dos sistemas que disputavam poder durante a Guerra Fria (1945-1991).

Por essa razão, verificou-se o aumento de pesquisas científicas voltadas ao desenvolvi-mento de técnicas que maximizassem a produção e permitissem a propagação das van-tagens de uma possível adesão a um dos blocos. Neste contexto, desenvolveram ao longo das décadas, os computadores, os softwares e aparelhos robóticos que desencadearam uma verdadeira transformação nos modos de produção, no armazenamento de dados, nos fluxos de mercadorias e de capital e, principalmente, na disseminação de informações.

Conforme a análise do geógrafo Milton Santos (2006), esse processo não ocorreu em todos os países simultaneamente. As nações mais ricas foram as primeiras a informatizar seus setores administrativos, produtivos, sociais e econômicos, ao passo que as nações menos afortunadas levaram mais tempo para vivenciar essas modificações. Podemos dizer, entretanto, que a partir dos anos 1970 o meio técnico-científico-informacional passou a exercer influência sobre todas as nações, mesmo que não tenha sido homogêneo em todos os países. Isso transformou nosso planeta em uma sociedade global.

Podemos compreender a globalização como um processo de intercâmbio entre diferentes espaços em que se verificam a troca de ideias e a disseminação de hábitos de consumo. Es-tas não são práticas novas, já se delineavam no período das Grandes Navegações, porém, os avanços recentes da telemática (redes de telecomunicação e informática) promoveram a “diminuição das distâncias”, permitindo uma comunicação global mais rápida e integrada. Por esse motivo, muitos consideram a globalização como um fenômeno contemporâneo.

No seu emprego mais recente, a palavra globalização será utilizada para designar o atual momento de mundialização econômica, política, social e cultural desencadeado pelos avanços das TICs. A nova ordem criada com o desenvolvimento da tecnologia da informa-ção inverteu as regras vigentes e organizou um novo paradigma, rumo à construção de uma

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Sociedade do Conhecimento, de uma rede aberta e de múltiplos acessos. O progresso tecno-lógico aperfeiçoou a comunicação pura e simples, elevando-a a um patamar em que há um processo de sinergia (cooperação). Em um contexto tão dinâmico quanto a agilidade de um processador de múltiplos núcleos, a informação passa a ser, em certa medida, matéria-prima.

2 Arte e Cultura Digital

A evolução das TICs, nos contextos científicos e sociais, transformou a política e a econo-mia global e, do mesmo modo, a maneira como os seres humanos produzem e armazenam o conhecimento. Nesse mesmo sentido, diferentes dimensões da vida social foram afetadas, repercutindo nos indivíduos – que tiveram seus hábitos modificados – e na maneira deles se expressarem não só cotidianamente, mas culturalmente, em especial, no plano das artes. Desse modo, a forma como lidamos com nossos corpos, importante ferramenta de comunica-ção, também se modifica.

Assim, Rubem Alves (2004), importante pensador e educador brasileiro, afirma que “o pensamento é a ponte que o corpo constrói a fim de chegar ao objeto de seu desejo”. Por isso, encaramos a arte como um desejo do homem de exprimir suas paixões, seu pensamento e seus anseios e, em função disso, os meios para que a comunicação e a arte se difundissem foram se modificando. Desde a arte rupestre às multimídias que encontramos hoje, os meios podem ser encarados como o prolongamento das várias partes do corpo.

Na mesma direção, McLuhan (2001) afirma que tecnologia elétrica é uma extensão de nosso sistema nervoso central, de modo que ela acaba com diversos limites impostos ao cor-po humano: a diferença entre o espaço público e o privado; entre o dia e a noite. Se para o teatro a eletricidade representou uma importante revolução, o rádio, o cinema, a televisão e, claro, a internet, só se tornaram possíveis após esse fato.

É preciso notar que a arte manifesta uma variedade de modos apreciativos e comunica-cionais de determinado grupo social. Além disso, um artista se vale de diversos elementos criativos e estéticos para compor sua obra, com as mais diversas linguagens e códigos. Nesse sentido, a relação entre o fazer artístico e

os meios de comunicação, como a internet, se torna cada vez mais próxima, na medida em que tende a democratizar os espaços de publicação e difusão da arte. Qualquer pessoa com acesso à internet e que domine as tecnologias pode publicar seus poemas, por exemplo. De maneira similar, podemos notar maior acessibilidade às coleções de obras de arte que estão hoje em grandes museus do mundo. Assim, é possível ter acesso a seus acervos com nitidez sem precisar se deslocar até esses locais.

É interessante perceber que há uma diferença entre a arte em si e o meio que a difun-de. Assim, a literatura faz parte da realidade do ser humano, porém o meio em que ela se propaga está em constante transformação. Atualmente, há convivência entre o tradicional e tecnológico, podemos observar a coexistência entre o livro impresso e o livro digital. Porém o mesmo não aconteceu com a fita VHS que foi superada pelo DVD.

Por outro lado, é notável que a fotografia não suprimiu a pintura, mas a requalificou. Não se trata apenas de meios diferentes, mas de artes distintas e que envolvem tecnologias diversas. Se antes o papel da pintura era valorizado por fazer retratos, com o advento da fotografia e com aporte teórico de diversos pensadores a respeito da realidade, a pintura passou a explo-rar outras possibilidades. É o que percebemos no início do século XX, com as “vanguardas

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europeias” e, até mesmo, antes com pintores como Monet ou Klimt. Do mesmo modo, a fotografia, com o passar do tempo, superou seu papel apenas de retrato ou jornalístico.

As novas tecnologias e a possibilidade de reprodução transformaram o pensamen-to do homem a respeito da obra de arte. A experiência do cinema pode ser vivenciada para além do set de filmagens, nas salas especializadas ou mesmo em casa. Se até então a obra tinha um caráter único e, por-tanto, especial, com o avanço da tecnologia e a capacidade de reproduzi-la, a arte per-deu essa aura e aproximou-se do cotidiano das pessoas.

Atualmente, vivemos um momento de experimentação das múltiplas linguagens. Não raro, os filmes contemporâneos se pas-sam em um único cenário, aproximando-se do teatro. E no teatro torna-se muito comum o uso de elementos do audiovisual. Essa in-ter-relação das artes se intensifica quando o suporte é a própria internet.

Precisamos lidar com esse excesso de in-formações, tanto para filtrarmos aquilo que mais nos interessa quanto para termos um sentido crítico daquilo que estão nos informando. Nossa fala ganha maiores dimensões, pois alcança mais ouvidos e olhos. Seguindo o mesmo raciocínio, da mesma forma que nossa produção alcança muitas pessoas, somos influenciados por diversas produções, e, nesse turbilhão de informações, precisamos amplificar nossa capacidade de selecionar aquilo que nos interessa e engrandece o pensamento humano em busca da realização de nossos desejos e paixões.

2.1 novos hábitos na Cultura Digital

É notável a força das máquinas como transformadoras das sociedades, dos padrões de produ-ção e dos comportamentos. No passado, a chegada de aparelhos e tecnologias hoje corriqueiras, como o arado de ferro na Baixa Idade Média, provocaram profundas transformações, desde os movimentos realizados ao longo de um dia de trabalho, até a organização social. No mundo contemporâneo, o desenvolvimento tecnológico se acelerou e, com ele, novas práticas sociais e costumes se criaram, configurando aquilo que vários autores chamam de Cultura Digital.

Com o avanço da tecnologia, por exemplo, a possibilidade de enviar uma mensagem de Londres a Tóquio, de um dia para o outro, deixou de ser proeza para se tornar rotina. Desde então, metaforicamente, o mundo mudou de tamanho. E-mails e mensagens em redes sociais aparentemente suplantaram a tradicional carta manuscrita e o cartão-postal, por exemplo.

As noções de tempo e espaço alteradas pelo poder da técnica, bem como os efeitos cog-nitivos, psicológicos e sociais da entrada das tecnologias no cotidiano das pessoas, são as-

Obra Vanguarda Européia (Frauen im Garten) Artista:Claude Monet (1840–1926) – Museu de Orsay Paris.Fonte: The York Project: 10.000 Meisterwerke der Ma- lerei. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Claude_Monet_024.jpg. Acesso: 02/10/2013.

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suntos bastante discutidos por teóricos de diversos campos de conhecimento. Uma vez conectados à Internet, pode-mos nos informar, educar, tra-balhar e divertir sem sequer sair do lugar.

Nas artes, a inquietação eexcitação trazidas por es-

sas mudanças logo ganharam atenção. Em 1895, a ficção científica entregava, pelas mãos do arguto escritor inglês H. G. Wells, o conto “A Má-quina do Tempo”, cuja leitura prometia a possibilidade de libertar o homem das condi-ções tradicionais de espaço--tempo. Mais tarde, em 1936, outro britânico ofereceria uma grande contribuição para a crítica do mundo das máquinas: “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin. O clássico longa-metragem apresenta uma sátira do homem que tem seu corpo e mente domesticado pela preponderância das máquinas.

A tecnologia afetaria, segundo alguns estudiosos, até mesmo a percepção do corpo do indivíduo no espaço e em relação a outros corpos22. Para alguns teóricos, a tecnologia, como extensão do corpo, pode também modificar nossas posturas, rotinas e gestos33. Para o autor Robert Darnton (2010), o simples gesto de digitar mensagens no celular utilizando os polega-res já é radicalmente diferente do que as primeiras discagens de telefones fixos com o dedo indicador. Diferenças sutis como essa teriam reflexos profundos em nossa memória cinética, influenciando significativamente os nossos movimentos físicos no espaço e não apenas nossa capacidade de abstração.

2 Hayles (2001).3 Hayles (2001).

Charlie Chaplin em “Tempos Modernos” (1936). Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f7/Chaplin_-_Modern_Times.jpg

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A tecnologia e o corpo em movimento

“Sai desse videogame e vai brincar na rua!” ou “Você só fica na frente dessa televisão o dia todo, vai ficar gordo!” são frases que as novas gerações já ouviram da mãe. De fato, a redução das atividades físicas e um aumento no tempo dedicado a atividades de baixa intensidade (como ver TV, jogar videogame, acessar internet), associados à má alimenta-ção, contribuem para a incidência da obesidade entre os adolescentes. O ganho excessivo de peso pode ser um fator de risco futuro para doenças vasculares, diabetes, entre outras.

Nesse sentido, o video-game Nintendo Wii revolu-cionou o mercado dos con-soles eletrônicos. Sensores de movimentos permitem a interação do usuário com os jogos a partir da movi-mentação do corpo, que-brando uma das maiores críticas que os videogames carregavam: o sedentaris-mo. A pessoa passa a ter um papel ativo no jogo: ela se mexe, pula, esquiva, agacha, re- bola etc.

Outro exemplo de jogo que funciona através do movimento é o Dance Dance Revolution. A interação ocorre através de passos de dança, ritmos e expressões cor-porais. O jogo consiste em pisar nas setas do tapete eletrônico acumulando pontos. A prá-tica virou bastante popular entre os jovens nos grandes shoppings e, em algumas cidades dos Estados Unidos, se tornou parte integrante no currículo de Educação Física das escolas.

Cada vez mais, o uso do ambiente virtual, associado aos movimentos do corpo, ganha espaço na área de saúde, promovendo treinamento de profissionais e ajudando na recu-peração de pacientes. Os fisioterapeutas, por exemplo, estão utilizando o Nintendo Wii com o objetivo de aumentar a motivação e estimular movimentos para a reabilitação.

Dance Dance Revolution. Por ((brian)).Disponível em: http://www.flickr.com/photos/brian-m/539102329/. Aces-so: 22/09/2013.

O imediatismo da informação também se intensificou. No que diz respeito às notícias, a internet acentuou o “aqui” e “agora” da TV e do rádio e tornou possível o encurtamento das fronteiras geográficas, além de prestar maior instantaneidade aos conteúdos. Este é o caso das mídias independentes, como a “Mídia Ninja”, nos protestos nacionais de 2013, que utiliza-ram tecnologias Live Stream de transmissão ao vivo. Em relação à obtenção do conhecimento, enfatiza-se como nunca o enciclopedismo, potencializado atualmente pelo uso de buscadores como o Google. A procura de informações pontuais e a obtenção de respostas objetivas estão “ao alcance de um click”, expressão que já se tornou lugar-comum nos dias de hoje.

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Como dissemos, é preciso questionar o quão prontos estamos para esta facilidade e para selecionar conteúdos de qualidade. Será que tudo o que localizamos através do Google é informação confiável? Se é verdade que a internet pode favorecer o conhecimento superficial de muitas coisas, também é verdade que pode facilitar, para aqueles interessados, o aprofundamento de algumas questões.

Um ensino para uma nova geração

A utilização das TICs inicia-se cada vez mais cedo na sociedade em que vivemos. Crianças com poucos anos de vida utilizam-se de tablets, notebooks, smarthphones etc., com tanta facilidade que impressionam os adultos que possuem dificuldades em se adap-tar ao uso dessas novas tecnologias, visto a velocidade com que avançam.

O mundo mudou e a nova geração está mais ativa, rápida e informada. Para ser incluído na Sociedade da Informação, é preciso falar a língua da tecnologia. No entanto, o uso des-sas tecnologias, muitas vezes, está associado ao entretenimento, tanto por crianças quanto por adultos que começam a utilizar a internet. Para que todas as potencialidades sejam alcançadas é preciso mais do que apenas saber acessar aplicativos, jogos e redes sociais.

As novas tecnologias e a facilidade de acesso à informação criaram uma sociedade em que novos valores e novas formas de ensino devem ser aplicadas. É necessário o es-tímulo às novas potencialidades, valorizando a cooperação, a interatividade e o diálogo em busca da construção do conhecimento.

Assim, a própria formação do profissional da educação entra em foco: a tecno- lo-gia não deve ser vista como inimiga do processo de aprendizagem, mas como ferra-menta auxiliadora.

É comum vermos pessoas em vagões de trem, metrô ou em ônibus ouvindo música em seus dispositivos eletrônicos, ao mesmo tempo em que atualizam seus status nas redes sociais. Com a tecnologia 3G e 4G, por exemplo, é possível trabalhar, responder e-mails, realizar chamadas de longa distância com vídeo e enviar simultaneamente arquivos mesmo no meio de um engarrafamento. Velhos passatempos, como as revistinhas de palavras cruzadas, vão sendo conciliados ou substituídos por aplicativos para smartphones e tablets, ou mesmo pelo “fuxico” da rede. Em diversos espaços públicos vemos pessoas curvadas diante da tecnolo-gia, ignorando as pessoas de carne e osso que as acompanham.

No Brasil, pesquisas recentes revelam que mais de um terço (36%) do nosso tempo médio de navegação na Web é dedicado às redes sociais como Facebook e Twitter4., Em função das TICs, até que ponto modificamos nossas relações sociais e nossos hábitos privados? Como gastamos nosso tempo livre, como trabalhamos e como interagimos com nossos amigos e família? Afinal, elas nos afastam ou nos aproximam das pessoas? Será que o contato virtual substitui o físico? Entre as facilidades oferecidas pela rede está a possibilidade de fazer ope-rações bancárias, compras e até mesmo namorar online, o que, de certo modo, tem feito as

4 Segundo relatório do “Brazil Digital Future in Focus”, da agência comScore. http://www.comscore.com/por/Insights/Events_and_Webinars/Webinar/2013/2013_Brazil_Digital_Future_in_Focus. Acesso em: 15/09/2013.

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pessoas ficarem muito mais tempo diante do computador. Contudo, especialistas afirmam que horas e horas na frente do computador podem causar problemas de saúde como tendinites, lesões por esforços repetitivos, entre outros.

Lentes do futuro

Muitos dos avanços tecnológicos futuristas que inundaram as produções cinematográficas de ficção científica de décadas atrás começaram a se tornar realidade. Se lembrar-mos de filmes como “Robocop” (1987) ou a série “O Exterminador do Futuro”, entre outros, vamos perceber que hoje já existem dispositivos capazes de acessar realidades aumentadas e, de certa maneira, permitir que o ser humano veja e se relacione com o mundo de outra maneira. Próteses substituindo membros perdidos, óculos com acesso à redes de computadores, novas tecnologias de visão em três dimensões (3D), carros que andam sozinhos, ou são realidade ou já estão em testes com protótipos.

Ao que parece, novidades como o Google Glass serão mais um gadget através do qual informações serão geradas e trocadas pelas redes mundiais de comunicação. No que isso resultará? É inegável que a abundância de dados será multiplicada e, conse-quentemente, contribuirá, à longo prazo, para o processo de democratização e propa-gação da informação. Por outro lado, há de se ressaltar o aumento dos resultados das pesquisas dos sites e muitos links que podem levar à perda de foco e objetividade. Quem nunca entrou na rede para fazer uma pesquisa e após poucos minutos se viu lendo algo em uma página que nada tinha a ver com a busca inicial? Enfim, o futuro pode reservar uma curiosa “armadilha” por trás dessa promessa de democratização da informação. No entanto, isto não deve ser motivo para que evitemos utilizar as novas tecnologias, ao contrário, deveria servir de estímulo para que nos interessássemos por conhecer suas limitações e possibilidades, a fim de utilizá-las de maneira consciente e responsável.

O próprio significado da palavra gadget em si é interessante para pensarmos as poten-cialidades que um acessório tecnológico pode ter hoje em dia. Apropriado do inglês, o termo pode significar aparelho ou dispositi-vo. No senso comum, gadget é uma “geringonça”, uma “bugiganga”. Havia um desenho animado chama-do Inspetor Bugiganga, no inglês Ins-pector Gadget, no qual um detetive tinha embutidas em seu chapéu uma série de ferramentas que o ajudavam em momentos de apuros. Quando utilizado em referência a aparelhos eletrônicos, esse termo designa um equipamento que tem uma função específica, prática e útil no cotidiano, uma espécie de “apetrecho tecnológi-co”. Alguns exemplos de gadgets são os dispositivos eletrônicos portáteis como tablets, celulares, smartphones, aparelhos de MP3.

Google Glass detail. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Google_Glass_detail.jpg.

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Tudo isso também pode colaborar para o avanço das ciências. Em outubro de 2013, o médico Miguel Pedroso, coordenador do Instituto Lubeck (instituição de ensino e pesquisa de cirurgias laparoscópicas), em Salto, interior de São Paulo, realizou um procedimento cirúrgico com ajuda do Google Glass. O acessório permitiu que o médico assistisse a vídeos de orientação durante a cirurgia e se comunicasse com outros médicos que assistiam a cirurgia à distância. O uso dele foi inovador por possibilitar que outro especialista acompanhasse remotamente, tendo o mesmo ângulo de visão que o próprio Dr. Pedroso, já que a imagem da cirurgia estava sendo transmitida pelas lentes dos óculos. Segundo o médico, esse formato de cirurgia pode ser um grande passo para o ensino e a prática da medicina.

Fontes: http://www.tecmundo.com.br/1959-o-que-e-gadget-e-widget-e-a-mesma-coisa-.htm. http://www.diagnosticoweb.com.br/noticias/tecnologias/medico-realiza-primeira-cirurgia-com-

google-glass-no-brasil.html. Acessados em 01/12/2013.

2.2 novas mídias e novos produtos artísticos e intelectuais

Com a mudança nos padrões de leitura e escrita adicionou-se velocidade aos processos de finalização, ampliando as modalidades e volume de produtos intelectuais conhecidos. A internet, desse modo, em pouco mais de 20 anos, foi responsável por mais transformações na maneira como a humanidade se expressa do que foi verificado nos 4.300 anos que separam a invenção da escrita da emergência do códice (livros manuscritos).

Convivemos com novos tipos de registro das atividades humanas, que variam de extratos de movimentações bancárias às timelines de redes sociais. O jornalismo online ilustra esse fenômeno do aparecimento de novos produtos intelectuais. Uma matéria publicada em um portal da Web é sensivelmente diferente daquela publicada no suporte de papel, tanto em design quanto em conteúdo. Isso ocorre porque essa modalidade precisa se adaptar ao am-biente comunicacional da internet, utilizando uma linguagem mais apropriada à Web.

Hipertextualidade, interatividade, multimidialidade e atualização contínua de conteúdos são marcas desse processo de inovação também fora da esfera jornalística. O crescimento dos eBooks é uma ilustração expressiva desse fenômeno. Segundo a terceira edição da pes-quisa “Retratos da Leitura no Brasil”, o país já tem mais de 9,5 milhões de leitores de eBooks. Entre os atrativos do livro eletrônico, a praticidade (poder levar para qualquer lugar, sem car-regar tanto peso) e a acessibilidade (permite que o livro seja lido por pessoas com necessida-des especiais por meio de softwares específicos) ganham destaque. Além disso, o livro digital é aproximadamente 30% mais barato que o de papel e tinta, além de ser divulgado também como mais sustentável para o planeta. Outra novidade desse setor são os enhanced eBooks (livros digitais aprimorados) ou livro multimídia, que oferecem recursos interativos como áu-dio, vídeo, foto e animação. Mas não é só o suporte que muda com tudo isso. Na leitura de textos digitais, em e-readers ou computadores, sejam notícias, post de blogs pessoais, livros de literatura ou artigos científicos etc., o hiperlink e a presença de outras mídias (como fotos, mapas, vídeos, músicas) no meio de texto, bem como a interação transformam a experiência da leitura. O fato de, no texto eletrônico, o leitor poder escolher em que link clicar, já faz com que ele se torne uma espécie de co-autor do texto original. Blogs e redes sociais, com suas

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plataformas de comentários, também acentuam a relação entre leitor e escritor/autor.Nas artes, a tecnologia dá asas à criatividade, produzindo novas concepções de obras,

intervenções e instalações artísticas. Algumas são releituras, a partir de obras já consagra-das, como o “I, Hamlet”, do artista paulistano Alexandre da Silva Simões, na mostra “Rumos arte cibernética”: um robô humanóide interpreta e declama textos de Shakespeare. Quando o público manipula elementos de cena, espadas ou cálices, frases são disparadas.

No quesito acessibilidade, o advento da internet inaugura um tempo sem precedentes. O Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br) do Brasil, por exemplo, oferece mais de 198 mil mídias digitais gratuitas para download. Entre as preciosidades do acervo online, obras como as de Dante Alighiere, Machado de Assis, Fernando Pessoa e Paulo Freire. Virtualmen-te, o Google Art Project abre as portas para centenas de coleções de vários museus ao redor do mundo, conforme mencionamos anteriormente. Hoje, é possível visitar, por exemplo, a Capela Sistina, no Vaticano, através de um website.

2.3 linguagem no mundo digital

Da mesma maneira que os meios se modificaram ao longo do tempo, as linguagens desen-volvidas nesses meios precisaram sofrer alterações para se adaptar às novas demandas de uma época marcada pela agilidade das informações. Com as TICs, novos hábitos – como o uso das redes sociais – e novas situações comunicacionais surgiram, de modo que a linguagem precisou acompanhar tanto a rapidez quanto a universalidade do mundo globalizado e informatizado.

É nesse sentido que atualmente a linguagem não verbal ganha tanto espaço, seja pela sua agilidade em transmitir uma informação, como por seu caráter quase universal. Dentro da linguagem não verbal, encontramos a sonora, a gestual, a simbólica entre outras. Na internet, as linguagens tradicionais se combinam com a linguagem icônica. O ícone é um “signo que apresenta uma relação de semelhança ou analogia com o objeto que representa (como uma fo-tografia, uma estátua ou um desenho figurativo)” – Dicionário Houaiss. Assim, é comum vermos na internet o desenho de uma impressora representando a impressão, por exemplo.

A popularização de gêneros textuais como o twit, o blog, o chat e o sms levou à necessida-de de reconhecermos suas funções, bem como de refletirmos não apenas sobre os impactos linguísticos gerados por essas novas tecnologias, mas também sobre a sua relação com o desenvolvimento e a produção de saberes.

A Língua Portuguesa sofre transformações e ganha muito nesse processo, desde a incorpo-ração de novas palavras a mudanças sintáticas, demonstrando que o idioma é um organismo vivo em constante transformação. As abreviações ainda são uma polêmica na sociedade, que afirma se tratar de um desserviço para o aprendizado da língua materna. Nessa perspectiva, é importante que estejamos sempre refletindo sobre em qual momento é adequado utilizá-las e em quais situações não podemos fazer uso desse tipo de linguagem.

Na arte, o gênero microconto, que já existe há décadas, ganha novos ares. Trata-se de uma espécie de conto muito curto, em que o mais importante é sugerir interpretações, deixando ao leitor a tarefa de “preencher” as elipses narrativas e entender a história por trás do texto.

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miCroContos

“Vende-se: sapatos de bebê, sem uso.”(Ernest Hemingway)

“Conto nanico número 99Subiu aos céus. Depois que o avião caiu”.(Marcelino Freire, publicado no Twitter do escritor)

“rosaO ruído da pele queimando na alça da panela a lembrou de que há vidaalém do fogão. O feijão a trouxe de volta à realidade, já não tão crua.”(Prolixa, publicado no Blog - http://www.twitteratura.blogspot.com.br)

Para conhecer mais da produção contemporânea brasileira acesse o Portal dos Mi-crocontos:

http://microcontos.com.br.

3 Sociedade da informação e sociedade em rede

CO crescente desenvolvimento da tecnologia da informação na sociedade capitalista tem revolucionado significativamente o modo de viver, pensar, agir e comunicar, alterando radi-calmente a estrutura social baseada nos moldes tradicionais de produção.

Embora a tecnologia permita o acesso à informação, ela por si só não operacionaliza o processo de conhecimento. Este se produz com base na informação e repercute nas formas de trabalhar, informar e comunicar. Para melhor explorar as potencialidades das tecnologias, é preciso saber criar ambientes de aprendizagem de forma democrática e que possibilitem o acesso à informação gerada e veiculada em rede. É necessário reconhecer, ainda, que infor-mação e conhecimento são as principais fontes de produtividade e competitividade na nova economia informacional e esta dependerá basicamente da capacidade de gerar, processar e aplicar eficientemente a informação baseada em conhecimento.

As tecnologias da informação na sociedade do conhecimento contribuem para maior inclusão social? Neste item, pretendemos discutir os desafios sociais da informação, a sociedade do conhe-cimento ou em redes, mais especificamente o papel das TICs no desenvolvimento da coletividade, na perspectiva de maior inclusão social. Esperamos contribuir para caracterizar a sociedade da informação ao tempo em que se busca entendê-la a partir de uma perspectiva social, política e econômica. Pretendemos ainda discutir os novos contornos produzidos pela revolução tecnológi-ca e seus desdobramentos na informação e no conhecimento no mundo globalizado.

3.1 TICs, educação e trabalho

A virtualidade, característica do mundo pós-fordista que é centrado na flexibilidade, ao invés de produção em massa, é uma vertente especial da Cibercultura que, para Pierre Lévy (1999), encerra toda e qualquer prática humana realizada no terreno virtual da Web. Sobre-

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tudo quando mediada eletronicamente, ela opera um intenso processo de desterritorialização dos corpos, das informações e da economia. A libertação do corpo de uma localização espaço-temporal analógica, física, por exemplo, permite a um sujeito estar em vários lugares ao mesmo tempo, tanto para fins de entretenimento, quanto de educação e de trabalho.

As transformações trazidas pela terceira revolução industrial são muitas e afetam quase todas as áreas das atividades humanas, podendo ou não favorecer a ampliação de direitos e do acesso à riqueza socialmente produzida. Essas transformações são caracterizadas como reestruturação produtiva, financeirização e integração da economia globalizada, com efeitos diretos nas dinâmicas de diversas esferas da vida social.

No Brasil, o avanço do consumo de mídias segue a tendência mundial. A internet tornou-se o veículo amplamente utilizado pela população brasileira acima de 16 anos. Essa condição favoreceu o desenvolvimento do emprego intensivo dessas tecnologias no campo da educa-ção, desde o ensino básico ao ensino superior, graças à criação de novos espaços públicos, políticas educacionais e desenvolvimento tecnológico, com destaque para a ampliação de diversos programas de educação a distância.

Democratização da informação

Educação a distância, bibliotecas digitais, videoconferência e outros recursos relacionados à área se somam a usos como correio eletrônico, fórum de debate, grupos de “bate-papo”, banco online, comércio eletrônico e formas diversas de trabalho a distância, integrando a vida diária da população mundial, sobretudo nos grandes centros urbanos. Porém, o acesso demo-crático e responsável a estas modalidades de comunicação exige políticas eficazes para supe-rar lacunas de conhecimento e infraestrutura. Governos, instituições, organizações não gover-namentais e setor privado devem, então, trabalhar juntos para promover tal desenvolvimento.

O Sistema Estadual de Ensino do Rio de Janeiro já acumula experiências em cur-sos e programas de Educação a Distância na Educação de Jovens e Adultos, Ensi-no Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica de Nível Médio. A Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj) desenvolve projetos nas áreas de educação superior a distân-cia, atingindo milhares de pessoas/ano nos 92 municípios deste estado. Além disso,

a Fundação Cecierj realiza a formação continuada de professores, ações de divul-gação científica e oferece o Pré-Vestibular Social (PVS), cuja metodologia combina ensi-no presencial e uso intensivo de tecnologias de ensino a distância com material didáti-co específico: tutoria a distância, simulados, exercícios e feedback online para os alunos.

Apesar de o baixo poder aquisitivo se destacar no perfil da maioria dos alunos do PVS, 58% deles possuíam computador em casa, em 2010. Mesmo quem não des-frutava do conforto de utilizar este equipamento em seu domicílio, buscava alterna-tivas de acesso ao meio virtual. Cerca de 97% dos alunos PVS (extensivo e inten-sivo) declararam usar a internet. Mesmo que possuindo limites concretos, o aces-so a essas técnicas de EAD e à internet tem favorecido o segmento da população que apresenta baixa mobilidade urbana e dificuldade na integração socioespacial.

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A despeito do crescimento do acesso a essas inovações, ainda observamos um contingente considerável de iletrados digitais, fazendo com que o ingresso no mundo virtual ainda não seja pleno para a população. Além disso, como o planejamento da ampliação do uso das tecnologias não raramente visa ao atendimento de interesses econômicos em detrimento dos sociais, esse processo vem sendo acompanhado pelo desemprego e pela precarização do trabalho, favorecendo o aprofundamento das desigualdades sociais. Paralelamente, obser-vam-se situações que potencializam a perda de comunicação interpessoal e grupal, podendo até mesmo fragilizar o sentido da identidade. Assim, a consolidação da sociedade da infor-mação desafia os parâmetros da inclusão/exclusão e da emancipação social.

Esses desafios também aparecem no debate sobre a desterritorialização da vida de um modo geral. “A empresa virtual não pode ser mais situada precisamente. Seus elementos são nômades, dispersos, e a pertinência de sua posição geográfica decresceu muito.”, diz o filó-sofo Pierre Lévy (1996, p. 19) sobre as empresas do mundo contemporâneo. O trabalhador clássico, para este autor, tinha referências claras: do seu ambiente de trabalho; de jornadas com horários bem delimitados; do deslocamento entre casa e o local de seu emprego, onde geralmente permanecia por dado período.

Para muitos, hoje, essas referências frequentemente se confundem. A incorporação das tecnologias aos processos de trabalho permitiu uma expansão dos locais em que, tradicio-nalmente, eles se realizavam e se sobrepunham às fronteiras da vida pessoal e da vida pro-fissional. Comumente, ouvimos relatos de amigos que trabalham em casa depois do horário regulamentar. As incontáveis horas extras usadas para preencher relatórios em plataformas online, lidar com clientes, chefes ou colegas por celular ou e-mail têm sido denunciadas pelos trabalhadores, exigindo ajustes no texto original da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ademais, estar ao alcance do chefe via e--mail, tem favorecido a prática do assédio moral.

Desterritorialização do Trabalho e novas profissões

Em muitas áreas, os trabalhadores não necessariamente se remetem a um ende-reço físico para trabalhar. O agente de viagem, por exemplo, já não necessita que sua agência tenha um escritório físico. Aliás, a profissão hoje foi consideravelmen-te transformada pela facilitação que a Web proporciona a qualquer um de montar sua própria viagem, consultando sites de hotéis, companhias aéreas, locadoras de automóveis etc. Os agentes de viagem e outros profissionais da indústria hoteleira e de turismo, em geral, precisam atualizar suas práticas diante das inovações da Web 2.0 a fim de continuarem competitivos no mercado. O mesmo ocorre em ou-tras áreas em que se atualizam determinados profissionais e surgem novos setores. O comércio eletrônico, por exemplo, vai demandar uma série de profissionais liga-dos à internet, como web designers, analistas SEO (Search Engine Optimization), especialistas em mobile marketing, analista de mídias sociais, entre outros5.

5 Não por acaso, várias profissões relacionadas às tecnologias da informação e comunicação estavam listadas entre as 30 profissões “mais quentes” de 2013 segundo a Exame. http://info.abril.com.br/noticias/ carreira/30-profissoes-que-estarao-em-alta-em-2013.shtml. Acesso em 19/09/2013.

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3.2 Sociedade do controle

A passagem da modernidade para a contemporaneidade ocasionou a mudança de um mode-lo de sociedade: de uma sociedade vista por Foucault (2005) como “disciplinar”, para um modelo de sociedade identificada por Gilles Deleuze (1992) como de “controle”. Hoje, nos encontramos na transição entre um modelo e outro. Estamos saindo de uma forma de encarceramento com-pleto para uma espécie de controle aberto e contínuo. A sociedade disciplinar convive com a sociedade de controle, sendo esta última considerada um passo à frente da sociedade disciplinar.

Enquanto a sociedade disciplinar se constitui de poderes transversais que se dissimulam através das instituições modernas e de estratégias de disciplina e confinamento, a sociedade de controle se caracteriza pela invisibilidade e pelo nomadismo, alargando-se junto às redes de informação. Nas sociedades disciplinares, o modelo Panóptico é dominante, exigindo a presença física em tempo real do observador com a tarefa de nos observar e nos vigiar. Nas sociedades de controle, esta vigilância torna-se rarefeita e virtual, embora implique em trabalho contínuo, realizados pela propagação das câmaras espalhadas por toda a parte.

Panóptico

No século XVIII, o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham concebeu o panóptico em um estudo visando à racionalização do controle dos pre-sos no sistema penitenciário. Este se tratava de um projeto de prisão cir-cular, onde um observador numa tor-re central poderia ver todos os locais onde estavam os presos. Ele também observou que este projeto de prisão poderia ser utilizado em escolas e no trabalho, como meio de tornar mais eficiente o funcionamento desses lo-cais. Segundo o filósofo francês Michel Foucault, iniciou-se um processo de dissemi-nação de construções disciplinares, baseadas no exemplo do panóptico de Bentham.

No Brasil, a construção da Casa da Correção da Corte, iniciada em 1850, utilizou--se de um modelo octogonal baseado no princípio panóptico. O Império precisava de mais espaço para acomodar presos e “africanos livres” (emancipados por terem sido traficados ilegalmente que aguardavam sua reexportação à África), e utilizou-se do trabalho compulsório desses grupos para a construção do prédio destinado ao seu confinamento e vigilância. A Casa da Correção foi posteriormente transformada no Complexo Penitenciário Frei Caneca, demolido em março de 2010. Ainda hoje existem muitas construções, principalmente penitenciárias que são baseadas no modelo pa-nóptico, como o Presídio Modelo, construído entre 1926 e 1928 em Cuba. Os irmãos Fidel e Raúl Castro permaneceram dois anos presos ali após o ataque ao Quartel de Moncada, em 1953. Somente em 1967 o Presídio Modelo foi desativado e hoje funcio-na como museu, além de ser considerado monumento nacional do país.

Penitenciária estadual do distrito leste da Pensilvânia - EUA. Lithograph by P.S: Duval and Co., 1855. Author Mike Graham from Portland, USA.Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Eastern_State_Penitentiary_aerial_crop.jpg.

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Um fenômeno recente que tem chamado a atenção de diversos estudiosos é o dos reality shows. Tais programas expõem os seus participantes a situações limites e dão margem a uma série de aná-lises. Um bom exemplo disso é o “Big Brother”, que surgiu em 1999, na Holanda, e foi criado pela produtora Endemol, uma das maiores empresas de entretenimento da Europa. O nome “Big Brother” foi inspirado no livro “1984”, do escritor inglês George Orwell. Neste livro, publicado em 1948, todos os habitantes de um país fictício são vigiados diariamente por câmeras que funcionam como olhos do governo. O autor fazia uma forte crítica à ascensão de regimes totalitários desde o período entreguer-ras e alertava para o perigo de estarmos caminhando para uma sociedade controlada por câmeras.

A sociedade do controle é também a sociedade que captura informações com finalidade política e econômica. Os Estados Unidos já foram mais de uma vez acusados desse tipo de prática. Na luta pela democratização das informações que estão sob controle, o WikiLeaks, cujo principal editor é o jornalista e ciberativista Julian Assange, é um exemplo destacado.

Trata-se de uma organização transnacional, sem fins lucrativos, sediada na Suécia, que publica em seu site postagens de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confi-denciais, vazadas de governos ou empresas, sobre questões sensíveis. Em 2010, o WikiLeaks publicou grande quantidade de documentos confidenciais dos Estados Unidos, com forte repercussão mundial. Assange foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 2011, por sua contribuição para a liberdade de expressão e transparência, ao divulgar informações sobre corrupção, violações dos direitos humanos e crimes de guerra.

Outro episódio recente envolvendo ação de espionagem dos Estados Unidos foi protagonizado por Edward Snowden, ex-técnico da Agência Central de Inteligência (em inglês, Central Intelligence Agency – CIA), responsável pelo vazamento de informações sigilosas de segurança dos Estados Uni-dos em 2013. Snowden revelou como este país tem exercido um papel de controle de informações através de programas de vigilância e servidores de empresas como Google, Apple e Facebook, que o governo daquele país usa para espionar a população americana e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil. Com o caso Snowden, veio ao conhecimento público, inclusive, o monitoramento de conversas da presidenta Dilma Rousseff com seus principais assessores, bem como informações sobre pessoas residentes ou em trânsito no Brasil e empresas instaladas em nosso país. As últimas denúncias sobre a prática de espionagem americana no Brasil demonstram que até mesmo a Petrobras, a quarta maior petroleira no mundo, foi alvo dessa prática.

Snowden teve acesso às informações, que vazou para a imprensa, quando prestava ser-viços terceirizados para a Agência de Segurança Nacional (em inglês, National Security Agency – NSA) no Havaí. A denúncia do gigantesco esquema liderado por essa agência dos Estados Unidos é um exemplo inconteste dos aspectos atuais da sociedade de controle que coloca o mundo sob vigilância.

3.3 Viver em rede no século XXI

A interatividade, marca da web 2.0, alterou profundamente a forma como os usuários da internet estabelecem relações: acentuou as interações sociais, na medida em que substituiu os modelos unilaterais de comunicação, permitindo a troca de informações em rede. Esse incen-tivo às interações entre as pessoas é ainda mais evidente nas redes sociais. No Brasil, 98% dos usuários de internet utilizam parte do tempo na web para acessar plataformas sociais, de acordo com o estudo “Hábitos e Comportamento dos Usuários de Redes Sociais no Brasil 2013”, da empresa especializada E.Life. É preciso destacar que em 2012 o acesso à internet no país chegou a 40% das residências, segundo pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br).

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Redes sociais como Facebook e Twitter mudaram o uso da expressão “mobilização social”. Hoje em dia, graças às plataformas digitais, movimentos que antes se davam apenas em espaços físicos (ruas, universidades, salas de reuniões etc.) ganham uma dimensão virtual através de sua realização também em ambientes online. No ciberespaço, bastam alguns minutos e cliques para que uma mensagem atinja um enorme número de pessoas. Estas, por sua vez, podem se engajar em mais de um movimento ao mesmo tempo, e participar deles de qualquer lugar do mundo, desde que estejam conectadas à internet, o que tem contribuído para o surgimento de novas dinâmicas e grupos nos movimentos sociais.

As manifestações na região do Oriente Médio e Norte da África, conhecidas como “Primavera Árabe”, foram as primeiras mobilizações populares de impacto articuladas por redes sociais, con-forme mencionado no texto “Cidadania e Direitos Humanos”. O resultado foi a queda do presidente egípcio Hosni Mubarak e do regime de Muamar Kadafi, na Líbia, que já durava 50 anos. Ou-tros protestos ocorreram na Tunísia, Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã, Iémen, Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Antes dessas, os protestos organizados por movimentos antiglobalização nas cidades sedes das reuniões do G8 (grupo dos sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo, composto por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, mais a Rússia, que não participa de todas as reuniões) foram uma experiência importante de mobilização social em rede.

Um caso notável no Brasil foi a organização de grandes atos, realizados principalmente pelo Movimento Passe Livre, a partir de eventos no Facebook. Esses eventos, com uma adesão cada vez maior, eram compartilhados em sequência, atingindo milhões de usuários da rede social. Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações e passeatas, bem como o uso das mídias sociais, para or-ganizar, comunicar e sensibilizar a população para as bandeiras de luta desses movimentos.

A mobilização organizada pelas redes pode ser quase que completamente virtual, não exigin-do a presença física dos integrantes. Aqui no Brasil, as campanhas mais expressivas foram por um projeto de lei anticorrupção no Brasil, conhecida como Lei da Ficha Limpa, que alcançou 2 milhões de assinaturas, e pela renúncia do senador Renan Calheiros da presidência do Senado, que recolheu mais de 1,6 milhão de assinaturas. Para saber mais, retome o texto “Ética e política”.

Dessa forma, as mobilizações em rede, como uma prática política, podem ser percebidas como uma organização democrática capaz de proporcionar ao indivíduo a experiência de manifestar-se para o mundo. Os meios tradicionais de comunicação de massa não são mais os únicos instrumen-tos formadores das ideias partilhadas pelos membros de uma sociedade. A comunicação integrada é a forma de vida emergente desta atual mídia produzida através do interativismo do ciberespaço.

Ao mesmo tempo, a interatividade e o maior fluxo de informações vêm causando certo transtorno para aqueles que tentam controlar os chamados “cibercrimes”, que consiste em fraudar a segurança de computadores ou redes pessoais ou empresariais, cada vez mais comuns no mundo virtual, causando incômodos para as pessoas que têm, por exemplo, a sua senha de banco ou sua foto publicada sem autorização.

As redes sociais também são palco de uma série de problemas que compõe o cyber-bullying, a vertente virtual do bullying, que são atos de violência física ou psicológica, in-tencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.

Outra característica da internet e suas redes sociais são o compartilhamento de arquivos de áudio e vídeo, além de livros digitais e outros tipos de propriedades intelectuais. Essa prá-

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tica vem fazendo com que a indústria, principalmente de entretenimento, crie mecanismos de controle que podem vir a ser considerados como censura. O “Stop Online Piracy Act” (SOPA) e a “Protect IP Act”, foram projetos de leis nos Estados Unidos para combater sites relaciona-dos à pirataria, especialmente àqueles hospedados fora do país.

Na contramão desses mecanismos de controle, os movimentos pela patente livre, como o Movimento do Software Livre (MSL) e o pelo copyleft, emergem como um contra discurso ao mercado das tecnologias e dos direitos autorais vinculados às patentes.

Propriedade Intelectual e a guerra das patentes

No mundo da indústria, a de- fesa do direito de propriedade intelectual em relação a pro-dutos criados por pessoas ou cor-pora- ções gera muitos problemas. Es sas questões podem ser resolvi-das por registro de patentes, cujo objetivo é a proteção dos direitos dos autores/inventores sobre suas obras ou o processo de criação do produto final. A tutela sobre estes direitos se materializa pela figura

da patente, que consiste, se-gundo o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), no

“título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação”. Graças à patente, o criador tem o poder de impedir que outras pessoas fabriquem, reproduzam ou manipulem a obra industrial sem a sua autorização.

Recentemente, duas gigantes da tecnologia da informação (Apple e Samsung) duelaram nos tribunais norte-americanos em nome do uso da tecnologia para produção de tablets e smar-tphones. A Apple alegou que a concorrente não apenas copiou a forma retangular do iPad e do iPhone como também imitou recursos teoricamente exclusivos. É o caso do tap-to-zoom, cuja funcionalidade está na possibilidade do usuário centralizar e ampliar uma imagem com dois leves toques no visor, e o bouncetoback, no qual os ícones da tela inicial do aparelho tremem quando se chega à última tela. A Samsung foi condenada a pagar US$1 bilhão por “danos”, o que é uma verdadeira fortuna no segmento das violações de patentes. Por outro lado, os sul--coreanos acusaram os americanos de também violarem várias propriedades já registradas. No entanto, houve ponderações no julgamento do caso, já que a própria corte que condenou a Samsung não considerou a reclamação da Apple quanto ao formato dos aparelhos.

Desse cenário, podemos imaginar duas consequências: a positiva é que a concorrência faz bem ao mercado consumidor e permite a avaliação mais rigorosa em prol do melhor produto; já a negativa é a falta de estímulo à inovação (especialmente pelas outras em-presas), uma vez que poucos produtos poderiam ser desenvolvidos por causa das amarras impostas pelas patentes. Em um mundo em que o processo de produção é cada vez mais socializado, cabe ainda a questão sobre o verdadeiro autor de produtos já patenteados.

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Considerações finais

As TICs são de grande relevância para compreensão da sociedade contemporânea, pos-to que têm enorme penetrabilidade em todos os âmbitos da atividade humana, com impac-tos na economia, na cultura e nas formas de interações sociais. A flexibilidade do mundo do trabalho e a difusão de projetos de educação a distância ilustram a transforma- ção por que passamos, na qual a mediação tecnológica em determinadas ambientes altera rotinas e cria novos modelos de atuação.

Evidenciamos que a tecnologia não é um elemento passível de neutralidade. Seu de-senvolvimento, sua aplicabilidade, comercia-lização e democratização envolve conflitos de interesses políticos e econômicos. Além disso, a informação adquire valor comercial na Sociedade do Conhecimento, passando a ser produto e ao mesmo tempo matéria-prima de novas relações sociais. É importante re-fletir sobre o modo como essas tecnologias operam em nossos hábitos particulares e na sociedade de maneira geral. Assim, diferen-tes dimensões da vida social foram afetadas, repercutindo nos indivíduos, que tiveram seus hábitos modificados, e na maneira deles se expressarem cotidianamente. As artes e a lin-guagem são campos em franco processo de reinvenção e adaptação ao paradigma tecnológico.

Problematizamos a sociedade superinformada e conectada em que vivemos, questio-nando as potencialidades das tecnologias que nos cercam e buscando compreender os desafios que nos oferecem. Nesse sentido, estamos prontos para equilibrar quantidade e qualidade de informações? Temos abundância delas sob nossos mouses em browsers da internet ou arquivada em nossos computadores, em nossos hard disks de memórias arti-ficiais. Uma grande preocupação é a fragilidade do letramento digital atualmente, algo diretamente relacionado aos entraves da democratização real e efetiva da informação. Não basta haver computadores para todos, é preciso que todos aprendam a navegar nesse oceano de informações e desenvolvam o discernimento necessário para acessar, selecionar e avaliar os conteúdos criticamente.

Para além dos benefícios trazidos por essas tecnologias, temos uma série de desafios: como lidar com esse excesso de informações e desenvolver uma capacidade crítica de seu conteúdo? Será que as fontes de informação disponibilizadas pela revoluçãoinformacional são confiáveis? Como utilizar essas tecnologias de modo que o contato virtual não substitua o pessoal? Como não prejudicar nossa saúde por hábitos sedentários aprofundados nesse cenário?

Sabemos dos impasses e obstáculos postos à democratização dessas tecnologias de modo que persiste a indagação sobre as possibilidades de inclusão social que estas podem oferecer. Mas, do ponto de vista político, é inegável o lado virtuoso das novas tecnologias para mobilização e ação política, conforme foi observado na Primavera Árabe e protestos

Disponível em: http://pixabay.com/pt/internet-etiqueta-navegador-globo-24984/. Acesso em 17/09/2013.

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no Brasil, por exemplo, podendo levar a mudanças substantivas na sociedade atual.O ponto central de nossa reflexão é a contribuição que essas novas tecnologias podem

oferecer para emancipação humana, para o desenvolvimento e para a produção de saberes necessários à construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, em que se verifique a ampliação de direitos e de acesso à riqueza socialmente produzida. Descartamos, portanto, o determinismo tecnológico, uma vez que as transformações decorrentes do desenvolvimento das TICs têm estreita relação com fatores econômicos, sociais, políticos e culturais, sendo muito mais complexas do que apenas um avanço de técnicas comunicacionais.

Por fim, algumas questões para debate relacionadas aos aspectos éticos e políticos que envolvem a Sociedade do Conhecimento, da Informação, ou, enfim, esta Sociedade em Rede que, não podemos esquecer, estão circunscritas no mundo da competitividade ca-pitalista. Assim, questionamos: até que ponto as patentes devem ser mantidas quando a propriedade de determinado produto o encarece, inviabilizando o acesso de um segmento da população que pode se beneficiar dele, como foi o caso dos medicamentos para o trata-mento da Aids? Até que ponto podemos falar de autoria de determinados produtos quando o processo de conhecimento é cada vez mais coletivo? E qual será o futuro do modelo atual de geração e distribuição do conhecimento, ainda marcado pela lógica da cultura de difu-são de informação impressa e pelos princípios de defesa à propriedade intelectual?

São muitas as perguntas e, ao que parece, este debate será extremamente importante nos próximos anos. A profissionalização da geração conhecida como “nascidos digitais”, certamente passará por discussões como essas e o futuro da ciência, inevitavelmente, de-pende de como esse debate será conduzido. Não se trata, afinal, de defender ou aclamar as novas tecnologias de informação, mas compreender as mudanças qualitativas que estas podem trazer para nossas vidas.

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