pré romantismo no brasil

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Pré-Romantismo no Brasil

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Page 1: Pré romantismo no brasil

Pré-Romantismo no Brasil

Page 2: Pré romantismo no brasil

Destes penhascos fez a naturezaO berço em que nasci: oh! quem cuidaraQue entre penhas tão duras se criaraUma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresaTomou logo render-me; ele declaraContra meu coração guerra tão raraQue não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o danoA que dava ocasião minha brandura,Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,Temei, penhas, temei: que Amor tiranoOnde há mais resistência mais se apura.

(Cláudio Manuel da Costa – Obras Poéticas)

Page 3: Pré romantismo no brasil

Des / tes pe /nhas/cos /fez/ a /na/tu/re/zaO berço em que nasci: oh! quem cuidaraQue en/tre / pe/nhas / tão / du/ras /se/ cri/a/raUma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresaTomou logo render-me; ele declaraContra meu coração guerra tão raraQue não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o danoA que dava ocasião minha brandura,Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,Temei, penhas, temei: que Amor tiranoOnde há mais resistência mais se apura.

(Cláudio Manuel da Costa – Obras Poéticas)

Page 4: Pré romantismo no brasil

Características do texto Soneto (forma clássica);

Poema regular;

Espécie de diálogo entre o homem e a natureza;

Aproximação entre Barroco e Arcadismo: a) raciocínio antitético “brandura” x “dureza”;

b) alia tradição barroca às novidades árcades;

c) clima “inquietante” em alguns poemas de Cláudio Manuel da Costa, o Glauceste Satúrnio.

Page 5: Pré romantismo no brasil

Destes penhascos fez a naturezaO berço em que nasci: oh! quem cuidaraQue entre penhas tão duras se criaraUma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresaTomou logo render-me; ele declaraContra meu coração guerra tão raraQue não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o danoA que dava ocasião minha brandura,Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,Temei, penhas, temei: que Amor tiranoOnde há mais resistência mais se apura.

(Cláudio Manuel da Costa – Obras Poéticas)

Page 6: Pré romantismo no brasil

Lira XIV

Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça.

Estão os mesmos deusessujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do céu brilhante,

Já foi Pastor de gado.

Page 7: Pré romantismo no brasil

A devorante mão da negra morte Acaba de roubar o bem, que temos;

até na triste campa não podemos zombar do braço da inconstante sorte:

qual fica no sepulcro,que seus avós ergueram, descansados

qual no campo, e lhe arranca os frios ossos ferro do torto arado.

Page 8: Pré romantismo no brasil

Ah! enquanto os Destinos impiedosos não voltam contra nós a face irada,

Façamos, sim façamos, doce amada, os nossos breves dias mais ditosos.

Um coração que frouxoa grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba,

E a si próprio fere.

Page 9: Pré romantismo no brasil

Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito;

Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos amores.

Sobre as nossas cabeças,sem que o possam deter, o tempo corre;

e para nós o tempo, que se passa, também, Marília, morre.

Page 10: Pré romantismo no brasil

Com os anos, Marília, o gosto falta, e se entorpece o corpo já cansado; triste o velho cordeiro está deitado, e o leve filho, sempre alegre salta.

A mesma formosuraé dote, que só goza a mocidade:

Rugam-se as faces, o cabelo alveja, mal chega a longa idade.

Page 11: Pré romantismo no brasil

Que havemos de esperar, Marília bela? que vão passando os florescentes dias? As glórias, que vêm tarde, já vêm frias, e pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! Não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças

E ao semblante a graça!

(Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu)

Page 12: Pré romantismo no brasil

Lira XIV

Mi / nha / be / la / Ma / rí / lia, / tu /do / pa / ssa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Es / tão / os / mês / mos / deu / sessujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do céu brilhante,

Já foi Pastor de gado.

Page 13: Pré romantismo no brasil

A devorante mão da negra morte Acaba de roubar o bem, que temos; até na triste campa não podemos

zombar do braço da inconstante sorte: qual fica no sepulcro,

que seus avós ergueram, descansados qual no campo, e lhe arranca os frios ossos

ferro do torto arado.

Page 14: Pré romantismo no brasil

Ah! enquanto os destinos impiedosos não voltam contra nós a face irada,

façamos, sim façamos, doce amada, os nossos breves dias mais ditosos.

Um coração que frouxoa grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba,

E a si próprio fere.

Page 15: Pré romantismo no brasil

Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito;

Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos amores.

Sobre as nossas cabeças,sem que o possam deter, o tempo corre;

e para nós o tempo, que se passa, também, Marília, morre.

Page 16: Pré romantismo no brasil

Com os anos, Marília, o gosto falta, e se entorpece o corpo já cansado; triste o velho cordeiro está deitado, e o leve filho, sempre alegre salta.

A mesma formosuraé dote, que só goza a mocidade:

Rugam-se as faces, o cabelo alveja, mal chega a longa idade.

Page 17: Pré romantismo no brasil

Que havemos de esperar, Marília bela? que vão passando os florescentes dias? As glórias, que vêm tarde, já vêm frias, e pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! Não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças

E ao semblante a graça!

(Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu)

Page 18: Pré romantismo no brasil

Características do texto Oitava (apesar de haver mescla de liras*, sonetos e odes);

Variabilidade métrica e rítmica;

Lembra o carpe diem (“colher o dia”, “gozar o momento”);

Aproximação entre Arcadismo e Romantismo: a) emoção vivida prevalece sobre a Ilustração:

Exemplo: descrição trágica da morte, ferindo as convenções do Arcadismo;

b) poesia lírica de Dirceu anuncia o Romantismo pela sua menor regularidade formal e pelos seus momentos de intensidade emotiva.

Page 19: Pré romantismo no brasil

Diferenças entre o Barroco e o ArcadismoBARROCO ARCADISMO

CONFLITO VISÃO ANTROPOCÊNTRICA E TEOCÊNTRICA

ANTROPOCENTRISMO

OPOSIÇÃO ENTRE O MUNDO MATERIAL E O MUNDO ESPIRITUAL, FÉ E RAZÃO

RACIONALISMO, BUSCA DO EQUILÍBRIO

RESTAURAÇÃO DA FÉ RELIGIOSA MEDIEVAL

IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS RENASCENTISTAS

IDEALIZAÇÃO AMOROSA, SENSUALISMO, SENTIMENTO DE CULPA CRISTÃO

IDEALIZAÇÃO AMOROSA, NEOPLATONISMO, CONVENCIONALISMO AMOROSO

CONSCIÊNCIA TRÁGICA DA EFEMERIDADE DO TEMPO, CARPE DIEM

FUGERE URBEM, CARPE DIEM, AUREA MEDIOCRITAS

GOSTO PELOS RACIOCÍNIOS COMPLEXOS, BUSCA DE CLAREZA DAS IDEIAS

MORBIDEZ PASTORISMO, BUCOLSMO

UNIVERSALISMO

INFLUÊNCAS DA CONTRARREFORMA ILUMINISMO

Page 20: Pré romantismo no brasil

Diferenças entre o Arcadismo e o RomantismoARCADISMO ROMANTISMO

PREDOMÍNIO DA RAZÃO PREDOMÍNIO DA FANTASIA, IMAGINAÇÃO

OBJETIVIDADE SUBJETIVIDADE

TEMAS PAGÃOS GRECO-LATINOS TEMAS CRISTÃOS E NACIONAIS / HISTÓRICOS

RIGOR NA CRIAÇÃO (MÍMESE – IMITAÇÃO)

LIBERDADE CRIADORA

ERUDIÇÃO VALORIZAÇÃO DA ARTE POPULAR

A NATUREZA COMO CENÁRIO IDENTIFICAÇÃO ENTRE POETA E NATUREZA

AUREA MEDIOCRITAS (DESPREZO PELOS EXCESSOS)

VALORIZAÇÃO DA PAIXÃO (SENTIMENTALISMO, EMOÇÃO)

PREDOMÍNIO DO CARÁTER CONVENCIONAL DA ARTE

PREDOMÍNIO DA ORIGNALIDADE

O ARTISTA É UM ARTESÃO O ARTISTA É UM CRIADOR

ELITISMO DA ARTE DEMOCRATIZAÇÃO DA ARTE

Page 21: Pré romantismo no brasil

ReferênciasABREU-TARDELLI, L.; ODA, L. S.; CAMPOS, M.T.A; TOLEDO,

S. Português vozes do mundo: literatura, língua e produção de texto. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

AMARAL, E.; ANTÔNIO, S.; PATROCÍNIO, M. F. Português: redação, gramática, literatura e interpretação de texto. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T.C. Português, linguagens, 1. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.