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Literatura 01. Considerando o gênero romance no Brasil, do Romantismo ao Realismo, do Naturalismo ao Pré- Modernismo, analise as afirmações seguintes. 0-0) Abrasileirar a paisagem e os personagens foi tarefa assegurada, a partir do século XIX, no Romantismo, quando o gênero surgiu entre nós 1-1) Em Esaú e Jacó, Machado de Assis, realista, descreve um Rio de Janeiro dividido em diferentes espaços urbanos, por conta dos desníveis sociais e econômicos. 2-2) Em O Mulato, Aluísio Azevedo, naturalista, situa a narração em São Luís do Maranhão, escandalizando seus contemporâneos com uma história ousada de amor e preconceito. 3-3) Virando o século, em 1902, Euclides da Cunha, considerado pré-modernista, escreve uma história ficcional, romance em três volumes, situado no sertão da Bahia, com paisagem e personagens completamente distintos daquelas dos romances urbanos. 4-4) Em Iracema, o romântico José de Alencar, volta-se para temas exóticos, explora apenas personagens indígenas e situa seu romance nas terras do Ceará, “além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte”. Resposta: VVVFF Justificativa: São verdadeiras 0/0,1/1,2/2. São falsas, 3/3 e 4/4, pois Os Sertões, apesar de ser considerada uma obra literária, não é ficção, e José de Alencar narra em Iracema a história dos primeiros contatos entre índios e brancos. Em Ubirajara, é que só há personagens indígenas. 02. Analise a seguir outros elementos relacionados ao romance brasileiro. 0-0) Em Memórias Sentimentais de João Miramar, o paulista Oswald de Andrade, um dos ícones do Modernismo de 22, imprime ao romance um ritmo nervoso e original, como se fossem flashes cinematográficos. 1-1) Lima Barreto, em Recordações do Escrivão Isaías Caminha e em O Triste Fim de Policarpo Quaresma, narra, com a linguagem elegante e correta de Machado de Assis e com o mesmo pessimismo, cenas do cotidiano do Rio de Janeiro. 2-2) Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos, tem como protagonistas os retirantes que cruzam pequenas cidades e terras alheias, sempre sob um sol inclemente. Seus personagens, descritos com frases curtas e sintaxe direta, estilo seco e correto, estão sempre em trânsito, nunca achando um lugar seu. 3-3) Jorge Amado, baiano, enlaça, na descrição dos ambientes da paisagem e dos personagens de seus romances, problemas sociais e muito sensualismo. Imagens fortes de mulher povoam suas narrativas e tornam-se o personagem central, como em Capitães de Areia. 4-4) O mineiro Guimarães Rosa tem como principal obra Grande Sertão: Veredas, romance que conta a história de Riobaldo, um jagunço que faz pacto com o demônio. Seguindo o modelo e utilizando o tema de Euclides da Cunha, na obra Os Sertões, Guimarães escreve em estilo barroco e formal. Resposta: VFVFF Justificativa: São falsas: 1/1, pois Lima Barreto não era cuidadoso com o estilo, usando um padrão coloquial em nada semelhante ao de Machado de Assis; e 3/3, pois o personagem central de Capitães de Areia não é uma mulher; 4/4, pois Guimarães Rosa tem aproximação com Euclides apenas no título de sua obra. Com uma linguagem inovadora, Guimarães deu à linguagem do sertão uma estética diferente. 03. Analise o que se afirma a seguir acerca de textos na literatura. 0-0) A intertextualidade consiste numa retomada ou referência de um autor a outros textos falados ou escritos, históricos ou contemporâneos, em forma de paráfrase, paródia ou crítica. 1-1) A dimensão dialógica da intertextualidade - que estabelece um elo entre diferentes textos - não pode ser explorada entre um texto literário e um outro não-literário. 2-2) A arte é manifestação da transcendência humana, através de diferentes códigos. O texto literário é um desses códigos, além de ser parte fundamental da cultura dos povos. 3-3) A palavra é o instrumento de uma das artes mais complexas, a arte literária, que viabiliza várias possibilidades de expressão e sentidos. 4-4) Uma das marcas do texto literário é a multiplicidade de sentidos que uma palavra ou o próprio texto podem adquirir. A conotação, como é chamada essa possibilidade, não existe nos textos jornalísticos ou publicitários. Resposta: VFVVF Justificativa: É falsa a 1/1, pois pode haver diálogo entre texto literário e não-literário, como também entre dois textos não-literários; por exemplo, entre a literatura e o jornalismo ou a publicidade. A alternativa 4/4 também é falsa, pois a conotação está presente em todos os textos, até na linguagem cotidiana.

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Literatura

01. Considerando o gênero romance no Brasil, do Romantismo ao Realismo, do Naturalismo ao Pré-Modernismo, analise as afirmações seguintes.

0-0) Abrasileirar a paisagem e os personagens foi tarefa assegurada, a partir do século XIX, no Romantismo, quando o gênero surgiu entre nós

1-1) Em Esaú e Jacó, Machado de Assis, realista, descreve um Rio de Janeiro dividido em diferentes espaços urbanos, por conta dos desníveis sociais e econômicos.

2-2) Em O Mulato, Aluísio Azevedo, naturalista, situa a narração em São Luís do Maranhão, escandalizando seus contemporâneos com uma história ousada de amor e preconceito.

3-3) Virando o século, em 1902, Euclides da Cunha, considerado pré-modernista, escreve uma história ficcional, romance em três volumes, situado no sertão da Bahia, com paisagem e personagens completamente distintos daquelas dos romances urbanos.

4-4) Em Iracema, o romântico José de Alencar, volta-se para temas exóticos, explora apenas personagens indígenas e situa seu romance nas terras do Ceará, “além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte”.

Resposta: VVVFF Justificativa: São verdadeiras 0/0,1/1,2/2. São falsas, 3/3 e 4/4, pois Os Sertões, apesar de ser considerada uma obra literária, não é ficção, e José de Alencar narra em Iracema a história dos primeiros contatos entre índios e brancos. Em Ubirajara, é que só há personagens indígenas.

02. Analise a seguir outros elementos relacionados ao romance brasileiro.

0-0) Em Memórias Sentimentais de João Miramar, o paulista Oswald de Andrade, um dos ícones do Modernismo de 22, imprime ao romance um ritmo nervoso e original, como se fossem flashes cinematográficos.

1-1) Lima Barreto, em Recordações do Escrivão Isaías Caminha e em O Triste Fim de Policarpo Quaresma, narra, com a linguagem elegante e correta de Machado de Assis e com o mesmo pessimismo, cenas do cotidiano do Rio de Janeiro.

2-2) Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos, tem como protagonistas os retirantes que cruzam pequenas cidades e terras alheias, sempre sob um sol inclemente. Seus personagens, descritos com frases curtas e sintaxe direta, estilo seco e correto, estão sempre em trânsito, nunca achando um lugar seu.

3-3) Jorge Amado, baiano, enlaça, na descrição dos ambientes da paisagem e dos personagens de seus romances, problemas sociais e muito sensualismo. Imagens fortes de mulher povoam suas narrativas e tornam-se o personagem central, como em Capitães de Areia.

4-4) O mineiro Guimarães Rosa tem como principal obra Grande Sertão: Veredas, romance que conta a história de Riobaldo, um jagunço que faz pacto com o demônio. Seguindo o modelo e utilizando o tema de Euclides da Cunha, na obra Os Sertões, Guimarães escreve em estilo barroco e formal.

Resposta: VFVFF Justificativa: São falsas: 1/1, pois Lima Barreto não era cuidadoso com o estilo, usando um padrão coloquial em nada semelhante ao de Machado de Assis; e 3/3, pois o personagem central de Capitães de Areia não é uma mulher; 4/4, pois Guimarães Rosa tem aproximação com Euclides apenas no título de sua obra. Com uma linguagem inovadora, Guimarães deu à linguagem do sertão uma estética diferente.

03. Analise o que se afirma a seguir acerca de textos na literatura.

0-0) A intertextualidade consiste numa retomada ou referência de um autor a outros textos falados ou escritos, históricos ou contemporâneos, em forma de paráfrase, paródia ou crítica.

1-1) A dimensão dialógica da intertextualidade - que estabelece um elo entre diferentes textos - não pode ser explorada entre um texto literário e um outro não-literário.

2-2) A arte é manifestação da transcendência humana, através de diferentes códigos. O texto literário é um desses códigos, além de ser parte fundamental da cultura dos povos.

3-3) A palavra é o instrumento de uma das artes mais complexas, a arte literária, que viabiliza várias possibilidades de expressão e sentidos.

4-4) Uma das marcas do texto literário é a multiplicidade de sentidos que uma palavra ou o próprio texto podem adquirir. A conotação, como é chamada essa possibilidade, não existe nos textos jornalísticos ou publicitários.

Resposta: VFVVF Justificativa: É falsa a 1/1, pois pode haver diálogo entre texto literário e não-literário, como também entre dois textos não-literários; por exemplo, entre a literatura e o jornalismo ou a publicidade. A alternativa 4/4 também é falsa, pois a conotação está presente em todos os textos, até na linguagem cotidiana.

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Enfim te vejo. Enfim no teu Repousa o meu olhar cansado Quanto o turvou e escureceu O pranto amargo que correu sem apagar teu vulto amado!

Manuel Bandeira

Enfim te vejo, enfim posso Curvado a teus pés dizer-te Que não cessei de querer-te Pesar de quanto sofri. Muito penei! Cruas ânsias, De teus olhos afastados, Houveram-me acabrunhado, A não lembrar-me de ti!

Gonçalves Dias

04. Sobre a intertextualidade, nos versos de Manuel Bandeira e Gonçalves Dias, podemos afirmar o que segue.

0-0) Sendo Gonçalves Dias, romântico, e Bandeira, modernista, quem explora, nos versos acima, a intertextualidade é Bandeira.

1-1) Embora os dois poemas se iniciem pelo mesmo fragmento, o poema de Bandeira transforma-se em paródia.

2-2) Ambos os poemas têm como interlocutor a pessoa amada a quem tratam com intimidade, como mostra o uso da segunda pessoa do singular.

3-3) O tema de ambos os poemas é a separação e o reencontro de pessoas que se amaram.

4-4) Por serem poetas de épocas e movimentos diferentes, o tom e a linguagem divergem, pois, enquanto Gonçalves se serve de uma linguagem formal e em tom saudosista, Bandeira usa uma linguagem informal e tem um tom malicioso.

Resposta: VFVVF Justificativa: 0-0) Verdadeiro 1-1) Falso. O poema de Bandeira não é uma paródia,

pois não contraria a linha do primeiro, não tem humor, nem é uma critica ao texto-fonte, sendo, antes, uma paráfrase.

2-2) Verdadeiro. 3-3) Verdadeiro. Gonçalves Dias diz que “ficou

acabrunhado a não lembrar-me de ti”, e Bandeira diz que “o pranto amargo não apagou o rosto da amada.”

4-4) Falso. O texto de Bandeira não tem tom malicioso, nem está em linguagem informal.

05. Considere as afirmações que são feitas acerca do Realismo e do Naturalismo.

0-0) O Regionalismo, iniciado com O Sertanejo, de José de Alencar, é a obra típica do Naturalismo no Brasil.

1-1) Por razões de dependência cultural, o Realismo, no Brasil, apresenta, muitas das características do Realismo francês.

2-2) O Naturalismo defende a tese de que o homem é determinado pelo meio e pelo momento histórico.

3-3) O Positivismo exerceu enorme influência sobre as estéticas realista e naturalista, refletida, entre outras coisas, no racionalismo científico de algumas obras.

4-4) No Naturalismo, reduz-se a natureza a simples cenário, sem função na narrativa. Assim, a natureza não condiciona nem influencia o comportamento dos personagens.

Resposta: FVVVF Justificativa: 0-0) Falso. José de Alencar, em O sertanejo,

compõe uma obra dentro das características do Romantismo e não dá início ao Naturalismo

1-0) Verdadeiro. 2-0) Verdadeiro. 3-0) Verdadeiro. 4-0) Falso. A natureza como meio influencia o

homem, o que está dentro dos postulados do Naturalismo. Contudo, ela não é descrita com os detalhes e arroubos do Romantismo.

06. Na literatura, a crítica social foi exercida de várias formas nas escolas literárias, sendo freqüente a recorrência à ironia, à sátira e ao sarcasmo. Sobre o tema, avalie as proposições abaixo.

0-0) O poeta barroco Gregório de Matos escreveu muitas poesias satíricas, de feroz mordacidade, ridicularizando a sociedade colonial baiana de então. Extravasou desta maneira seu desengano do mundo, transformando, em alguns desses poemas, a realidade em caricaturas.

1-1) Pertencendo ao Arcadismo que floresceu em Minas Gerais, Tomás Antônio Gonzaga fazia parte do grupo dos Inconfidentes, que tramavam a independência do Brasil. E, por este motivo, ironizou os governantes e a sociedade da época, no seu poema Marília de Dirceu, em protesto aos desmandos e à autoridade exacerbada exercida pelo governador de Minas.

2-2) Pe. Antonio Vieira, barroco, em alguns dos seus Sermões, critica a vida social brasileira e portuguesa do século XVII, valendo-se de metáforas e referências, ora irônicas, ora sarcásticas, como no Sermão do Bom Ladrão, e no Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda.

3-3) José de Alencar sempre descreveu, de forma crítica e com fina ironia, no tratamento e na composição dos personagens, o comportamento da Corte, espaço onde se situaram seus romances urbanos. Denunciou, assim, de forma contundente, a hipocrisia das altas rodas do Rio de Janeiro.

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4-4) Manuel Antônio de Almeida, em sua narrativa de costumes Memórias de um Sargento de Milícias, já sinaliza com algumas das preocupações que vão caracterizar o Realismo, por descrever, de forma exata e minuciosa os usos, os costumes e as figuras típicas do Brasil do tempo de D. João VI. Com personagens do povo, em situações quase sempre grotescas, sua narrativa faz uma análise crítica e irônica dos costumes morais.

Resposta: VFVFV Justificativa: Tomás Antônio Gonzaga não criticou a sociedade ou as autoridades em Marilia de Dirceu, poema lírico. Em Cartas Chilenas, que dizem ser de sua autoria, questionou a autoridade do governador de Minas. José de Alencar não usa de ironia, nem faz críticas de costumes nos seus romances urbanos, ambientados na Corte.

07. Analise as afirmações que são feitas acerca de Machado de Assis e sua obra.

0-0) A obra de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases: a primeira, comprometida com o idealismo romântico, é representada em quatro romances; e a segunda é caracterizada por um amadurecimento da linguagem e uma mudança na visão de mundo, a partir da década de 80.

1-1) Na segunda fase, três romances são considerados suas obras-primas: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro. Neles, há cortes narrativos e racionalizações.

2-2) As influências de Machado de Assis, na composição dos personagens e na descrição do ambiente, foram os romances de José de Alencar e de Manuel Antônio de Almeida.

3-3) A visão do mundo do escritor, como pode se depreender de sua obra, é irônica, pessimista e crítica, denunciando a hipocrisia social e a ambigüidade feminina.

4-4) As características centrais das narrativas são a análise dos valores sociais e a análise psicológica dos personagens, desnudando as aparências da burguesia brasileira da época.

Resposta: VVFVV Justificativa: 2-2) Falso. Machado de Assis, embora tenha ambientado as narrativas na corte (Rio de Janeiro), tal como o fizeram M. A. Almeida e Alencar, tem uma visão crítica e pessimista dos personagens, sem atingir o cômico de Almeida e sem o idealismo de Alencar. Da mesma forma, a paisagem, em si, não o interessava.

08. Sobre o Modernismo, analise as imagens e os textos abaixo, e considere as questões a seguir.

O homem amarelo, de Anita Malfatti

Isto não é um cachimbo, de René Magritte. Texto 1

“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e fazem arte pura; e outra formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na sob a sugestão estrábica de escolas efêmeras. Embora eles se dêem como precursores duma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal: nasceu com a paranóia e a mistificação. De há muito já a estudaram os psiquiatras, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes dos manicômios.” (Monteiro Lobato, “A propósito da Exposição Malfatti – Paranóia ou Mistificação?”). Texto 2

“A obra de arte moderna não agrada ao público porque a massa não a entende. Para a maioria das pessoas, uma obra é “boa” quando consegue produzir a quantidade de ilusão necessária para que as personagens, objetos e paisagens imaginativas valham como pessoas vivas, objetos e paisagens reais. Para a arte moderna, porém, essa ocupação com o humano na obra é incompatível com a estrita fruição estética.” (Ortega y Gasset, A desumanização da arte).

0-0) A crítica de Monteiro Lobato aos quadros

expressionistas de Anita Malfatti, como O homem amarelo, traduziu o choque e a incompreensão do público em geral face às propostas modernistas da arte no início do século XX.

1-1) Segundo Ortega y Gasset, a arte moderna pareceu estranha ao público em geral, porque se recusava a representar, de maneira realista, personagens e temas humanos.

2-2) Ao colocar uma legenda contraditória em seu quadro, René Magritte explica as propostas modernistas ao público, mostrando que, quando o artista se recusa a representar o real com fidelidade, não é por ser um “paranóico” (desequilibrado) ou “mistificador” (incompetente), mas porque tentar ver a realidade na arte é uma ilusão.

3-3) Em seu quadro, Magritte não deseja que o público olhe a arte da mesma maneira que olha a vida. Por isso, o cachimbo que pinta perfeitamente também “não é um cachimbo”, é apenas a pintura de um cachimbo.

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4-4) Monteiro Lobato foi um autor tradicionalista e academicista, cuja obra intelectual não revela qualquer preocupação com a modernização e o desenvolvimento do Brasil.

Resposta: VVVVF Justificativa: Apenas a questão 4-4 é falsa, porque, apesar de sua incompreensão da arte moderna, particularmente nesse período dos Anos 10 e 20 do século passado, a obra de Lobato revela grande preocupação com a modernização e o desenvolvimento do Brasil, sobretudo no campo da educação (literatura infantil revolucionária), da saúde (campanhas sanitárias com o Jeca Tatu) e da economia (a luta pela exploração nacional do petróleo).

09. As imagens e os textos abaixo apresentam características do Modernismo. Analise-os.

Auto-retrato, de Juan Miró

Figuras, de Sara (3 anos) Texto 1

“Não sei como desenhar o menino. Sei que é impossível desenhá-lo a carvão, pois até o bico de pena mancha o papel para além da finíssima linha de extrema atualidade em que ele vive. Ei-lo sentado no chão, imerso num vazio profundo. Da cozinha a mãe se certifica: você está quietinho aí? Chamado, o menino ergue-se com dificuldade. O equilíbrio se desfaz – num único gesto total, ele cai sentado. Da boca entreaberta pelo esforço de vida a baba clara escorre e pinga no chão. Olha o pingo bem de perto, como a uma formiga. O braço ergue-se, avança em árduo mecanismo de etapas. E de súbito, como para prender um inefável, com inesperada violência ele achata a baba com a palma da mão. Pestaneja, espera. Em nova brusca etapa, olha a mão: o pingo de baba está colado na palma. Agora ele sabe disso também. Então, de olhos bem abertos, lambe a baba que pertence ao menino. Ele pensa bem alto: menino.” (Clarice Lispector, “Menino a bico de pena”.) Texto 2

“A criança goza da faculdade de se interessar intensamente pelas coisas, mesmo por aquelas que aparentemente se mostram as mais triviais. O gênio artístico é somente a infância redescoberta sem limites. Os artistas modernos são homens-criança, dominados a cada minuto pelo gênio da infância, um gênio para o qual nenhum aspecto da vida é indiferente.” (Charles Baudelaire, O pintor da vida moderna).

0-0) A arte moderna é tão absurda e inconseqüente que pode ser equiparada e confundida com a produção das crianças.

1-1) Os artistas modernos, segundo Baudelaire, buscam resgatar nas suas obras aquele pasmo essencial da criança que vê a vida pela primeira vez, inebriada.

2-2) Embora o pintor Juan Miró componha o seu auto-retrato com traços simples, semelhantes àqueles com que Sara, de três anos, compõe as suas figuras, na pintura espontânea de Sara não há a intencionalidade do artista adulto.

3-3) Embora Clarice Lispector, no delicado “quadro a bico de pena” que faz, com palavras, de um menino, procure captar o ponto de vista de um bebê, seu texto é produto de um elaborado trabalho intelectual, onde cada frase é pensada para reproduzir o olhar infantil.

4-4) Como mostram os quadros e os textos acima, há uma diferença entre a ingenuidade do desconhecimento, própria da infância, e a tentativa de ver a vida com olhos de ineditismo, própria da infância redescoberta na arte moderna.

Resposta: FVVVV Justificativa: Apenas a questão 0-0) é falsa. A arte moderna não pode ser confundida com a produção das crianças, que é espontânea e destituída da intencionalidade dos artistas.

10. Com relação à influência da cultura portuguesa na literatura brasileira, considere as imagens e os textos abaixo.

Grypho, animal encontrado nas iluminuras medievais

Xilogravura para folheto de cordel, de Mestre Salustiano

Iluminogravura “A viagem, soneto com mote de Fernando Pessoa”, de Ariano Suassuna.

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Texto 1

D. Sebastião

Louco, sim, louco porque quis grandeza Qual a sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia Cadáver adiado que procria?

Fernando Pessoa, Mensagem Texto 2

A grande carnificina Que abalou todo o sertão Pra desencantar o reino Do rei Dom Sebastião Começou com João Ferreira O segundo rei de então.

O sangue dessas vítimas Sacrificadas em vão Deveria ser derramado Na Pedra Bonita então Para quebrar o encanto Do rei Dom Sebastião.

(Literatura de cordel: História do reino encantado

da Pedra Bonita, de Ernando Alves de Carvalho) 0-0) A cultura brasileira, em particular a nordestina,

é fortemente influenciada pela cultura do colonizador português, como mostra a persistência de traços das iluminuras medievais nas xilogravuras dos folhetos de cordel, e de mitos como o sebastianismo no imaginário popular do sertanejo.

1-1) Ariano Suassuna ressalta a influência européia na formação da cultura nordestina, ao retratar, na sua “iluminogravura” A viagem, um grypho semelhante ao que aparece nas xilogravuras dos folhetos de cordel, inspirados nos desenhos das iluminuras medievais.

2-2) Ariano Suassuna aborda a persistência do mito sebastianista no imaginário popular do sertanejo, recontando em seu romance A Pedra do Reino a história do reino encantado da Pedra Bonita, tema freqüente na literatura de cordel.

3-3) Em seu poema, o poeta português Fernando Pessoa condena duramente a loucura de D. Sebastião, rei de Portugal, que, no séc. XVI, desapareceu numa expedição perigosa à África, ameaçando o destino de toda a nação e dando início ao mito do sebastianismo: a esperança do retorno do salvador da pátria.

4-4) O texto da literatura de cordel acima transcrito mostra como o tema do sebastianismo persistiu no Nordeste, influenciando o comportamento e a vida do povo sertanejo.

Resposta: VVVFV

Justificativa: Apenas a questão 3-3) é falsa, porque Pessoa não condena D. Sebastião em seu poema; antes, o exalta pela sua coragem e loucura.

11. Analise as imagens e os textos abaixo, considerando as questões a seguir.

Fotografia de Kevin Carter, Chimpanzé aprisionado África do Sul

Texto 1

“Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos (...) O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”.

Manuel Bandeira

Texto 2

“Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. – Você é um homem, Fabiano. Olhou em torno, com receio que alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: - Você é um bicho, Fabiano.”

(Graciliano Ramos, Vidas Secas.). Texto 3

“Com outros nossos padecimentos, os homens tramavam zuretados de fome – caça não achávamos – até que tombaram à bala um macaco vultoso, destrincharam, quartearam e estavam comendo. Provei. Por quanto estavam ainda mais assando e manducando, se soube, o corpudo não era bugio não, não achavam o rabo. Era homem humano, morador, um chamado José dos Alves! Mãe dele veio de aviso, chorando e explicando: era criaturo de Deus, que nu por falta de roupa...”

(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas). 0-0) Carter retrata a barbaridade da miséria na

África, mostrando uma criança sob a mira de um abutre, que apenas aguarda a sua morte para devorá-la.

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1-1) A animalização do ser humano é uma estratégia utilizada por escritores como Manuel Bandeira, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa para retratar a situação de miséria do povo brasileiro.

2-2) Em Vidas Secas, Graciliano utiliza o discurso indireto livre para penetrar, indistintamente, nas mentes de seus personagens, nivelando o humano (Fabiano) ao animal; e o animal (a cachorra Baleia) ao humano, ao revelar os seus pensamentos.

3-3) Por sua temática e ambientação, Vidas Secas e Grande Sertão: Veredas são autênticos representantes do romance regionalista de 30.

4-4) A estratégia literária de animalização dos personagens para denunciar situações de degradação humana é sugestiva do modo aviltante como a sociedade percebe e trata os próprios animais, como registra a foto do chimpanzé aprisionado.

Resposta: VVVFV Justificativa: A alternativa 3-3 é falsa, pois Grande Sertão: Veredas data de um período posterior, tendo sido escrito em 1956.

12. Os textos abaixo referem-se a adaptações modernas de um clássico infantil. Relacione os textos às imagens e analise as questões a seguir.

Ilustração de Ziraldo para o Chapeuzinho Amarelo lustração de Roger Mello para

Fita Verde no Cabelo Texto 1

“Era a Chapeuzinho Amarelo/Amarelada de medo./Tinha medo de tudo,/Aquela Chapeuzinho./Já não ria./Em festa, não aparecia./Não subia escada/nem descia./Não estava resfriada/mas tossia./Ouvia conto de fada/e estremecia./E de todos os medos que tinha/o medo mais que medonho/era o medo do tal do LOBO.”

Chico Buarque, Chapeuzinho Amarelo. Texto 2

Fita-Verde entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo. Ela perguntou: - Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes! – É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados! – É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta. – Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido? – É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha... Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: - Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!... Mas a avó não estava mais lá.”

(Guimarães Rosa, Fita-Verde no Cabelo).

0-0) Muitos textos modernos caracterizam-se pela releitura dos clássicos, parodiando-os ou recriando-os, mostrando que nenhuma obra nasce a partir do nada, e que nenhuma obra se esgota enquanto continua a responder às perguntas da atualidade.

1-1) As recriações do clássico infantil Chapeuzinho Vermelho, de Perrault, por Chico Buarque e Guimarães Rosa, brincam com o recurso semiótico da cor, para indicar a natureza de suas paródias: em vez do vermelho, usam o amarelo e o verde, respectivamente, em seus títulos.

2-2) O vermelho, que no conto original significa um alerta contra a sedução erótica da menina pelo lobo, transforma-se no amarelo, metáfora do medo infantil em geral, no conto de Chico Buarque, e, no verde, metáfora da juventude, que Guimarães Rosa utiliza para falar de um medo mais filosófico, presente na menina que vê a sua velha avó morrendo.

3-3) As ilustrações dos textos infantis são desnecessárias e só servem para confundir as crianças, roubando-lhes a oportunidade de imaginar por elas mesmas as cenas descritas nos textos.

4-4) Como mostram os exemplos acima, as ilustrações dos livros infantis podem ser tão ricas quanto os textos, dialogando com eles e contribuindo para desenvolver o imaginário das crianças.

Resposta: VVVFV Justificativa: A alternativa 3-3 é falsa, pois as ilustrações exercem um papel importante nos textos infantis.

13. Em Por que ler os clássicos, Ítalo Calvino define um clássico como “um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”. Considere os trechos abaixo, extraídos de clássicos da literatura, e analise as proposições seguintes.

Texto 1

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“- Infinitas graças dou ao céu, Sancho amigo, de que antes de eu ter topado alguma boa fortuna, tu viesses a receber e a encontrar a prosperidade. Tu, que sem dúvida és um rústico, sem mais nem mais te vês governador de uma ilha. Tudo isto digo, Sancho, para que não atribuas aos teus merecimentos a mercê recebida, e para que dês graças ao céu que suavemente dispõe as coisas. Mas se mal governares, Sancho, será tua a culpa e minha a vergonha; mas consolo-me, que fiz o que devia aconselhando-te com a verdade e a discrição que pude. Deus te guie, Sancho, e te governe no teu governo, e me tire a mim do escrúpulo que me fica de que hás de ferrar com a ilha em dois tempos.

- Senhor - redargüiu Sancho -, se V. Mercê entende que não sou capaz para esse governo, já o largo, que eu quero mais a uma unha da minha alma do que a todo o meu corpo, e tanto me sustentarei Sancho com pão e cebola, como governador com perdizes e capões; e se acaso se persuade que por ser governador me há de levar o Diabo, antes quero ir Sancho para o céu do que governador para o inferno.”

(Cervantes, “Dos conselhos que deu D. Quixote a Sancho Pança antes de ele ir governar a ilha”)

Texto 2

“Pôs Deus a Adão no Paraíso com jurisdição e poder sobre todos os viventes, e com senhorio absoluto de todas as coisas criadas, exceto somente uma árvore. Faltavam-lhe poucas letras a Adão para ladrão; e ao fruto para o furto não lhe faltava nenhuma. Enfim, ele e sua mulher aquela só coisa que havia no mundo que não fosse sua, essa roubaram. (...) Mas estou vendo que com este mesmo exemplo de Deus se desculpam, ou podem desculpar os Reis. Porque se a Deus lhe sucedeu tão mal com Adão, conhecendo muito bem Deus o que ele havia de ser, que muito é que suceda o mesmo aos Reis com os homens que elegem para os ofícios, se eles não sabem nem podem saber o que depois farão? Querem saber os Reis se os que provêem nos ofícios são ladrões ou não? Observem a regra de Cristo. A porta por onde legitimamente se entra no ofício é só o merecimento, e todo o que não entra pela porta, não só diz Cristo que é ladrão, senão ladrão e ladrão. E por que é duas vezes ladrão? Uma vez porque furta o ofício, e outra vez pelo que há de furtar com ele.”

(Pe. Antonio Vieira, Sermão do Bom Ladrão) 0-0) Nos dois textos, os autores defendem que a

dignidade de um homem deve sempre estar acima de sua ambição.

1-1) Para esses autores, o direito de ocupar um cargo público ou de deter alguma vantagem, poder ou reconhecimento na sociedade deve se basear na competência, integridade e no legítimo merecimento do cidadão.

2-2) Os dois textos assumem uma função edificante ao incitar no leitor valores éticos como a nobreza de espírito e o bom caráter.

3-3) Percebe-se que o tom pedagógico, associado ao bom-humor, estão presentes em ambos os textos.

4-4) Os textos acima não oferecem quaisquer elementos de relação com a atual crise política que o Brasil atravessa.

Resposta: VVVVF

Justificativa: A alternativa 4-4 é falsa, pois ambos os textos discutem o tema da ética na política, alvo da crise que o Brasil atravessa no momento.

14. Poetas e pintores de vários lugares e épocas têm encontrado inspiração no famoso livro de Miguel de Cervantes, o Dom Quixote. As proposições abaixo referem-se a algumas dessas homenagens. Analise-as.

Cabeça de Cervantes, de autor D. Quixote e Sancho Pança, desconhecido de Portinari

A Z b y A&b Z&y Ab yZ AbyZ

quadrigeminados quadrimembra jornada quadripartito anelo quadrivalente busca unificado anseio

umcavaleiroumcavaloumjumentoumescudeiro”

Obs: A é o cavaleiro D. Quixote b é Rocinante, cavalo do Quixote Z é Sancho Pança, escudeiro do Quixote y é o jumento de Sancho A sobre b = Quixote montado em Rocinante Z sobre y = Sancho montado no jumento A&b é o conjunto cavaleiro/cavalo Z&y é o conjunto escudeiro/jumento

(Carlos Drummond de Andrade, Um em quatro). Texto 2

“Que é loucura: ser cavaleiro andante ou segui-lo como escudeiro? De nós dois, quem o louco verdadeiro? O que, acordado, sonha doidamente? O que, mesmo vendado, vê o real e segue o sonho de um doido pela bruxas embruxado? Eis-me, talvez, o único maluco, em sabendo tal, sem grão de siso, sou – que doideira – um louco de juízo.”

(Carlos Drummond de Andrade, Disquisição na insônia).

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0-0) Em 2005, comemoram-se os 400 anos do livro O engenhoso fidalgo D.Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes: a história de um leitor apaixonado pela literatura de cavalaria, que sai pelo mundo com o seu fiel escudeiro Sancho Pança, tentando reviver o heroísmo dos tempos passados.

1-1) Na literatura e na arte brasileiras, uma das mais famosas homenagens ao personagem deve-se ao poeta Carlos Drummond de Andrade, que lhe dedica uma série de poemas originalmente publicados, ao lado da série de desenhos do pintor Portinari sobre o tema, a exemplo dos textos e da tela aqui reproduzidos.

2-2) No poema Disquisição na insônia, Drummond questiona-se sobre quem seria o mais louco: D. Quixote, que persegue um sonho delirante, ou Sancho Pança, que segue o sonho de D. Quixote.

3-3) O poema Um em quatro elabora-se como uma equação, e apresenta uma iconicidade semelhante à dos poemas concretos, realizando uma fusão visual dos símbolos dos quatro personagens AbyZ – D. Quixote, Rocinante, o jumento e Sancho Pança – numa mesma unidade verbal: umcavaleiroumcavaloumjumentoumescudeiro.

4-4) A técnica de Drummond no poema Um em quatro é semelhante à montagem do quadro Cabeça, de Cervantes, onde os quatro personagens, retratados individualmente, se reúnem numa mesma unidade: a imagem do rosto de seu criador, Cervantes.

Resposta: VVVVV Justificativa: Todas as alternativas são verdadeiras.

15. Considere os textos épicos abaixo e analise as proposições a seguir.

Texto 1

“As armas e os barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram (...)”

(Luís de Camões, Os Lusíadas). Texto 2

“O rei é vosso pai: quer-vos felizes. Sois livres, como eu sou; e sereis livres. Não sendo aqui, em qualquer outra parte. Mas deveis entregar-nos estas terras. Ao bem público cede o bem privado. O sossego da Europa assim o pede. Assim manda o rei. Vós sois rebeldes, Se não obedeceis; mas os rebeldes Eu sei que não sois vós – são os “bons” padres Que vos dizem a todos que sois livres, E se servem de vós como de escravos, E armados de orações vos põem no campo.”

(Basílio da Gama, O Uraguai) Texto 3

“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fazia coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar, exclamava: - Ai! Que preguiça... e não dizia mais nada. Macunaíma dandava pra ganhar vintém”.

(Mário de Andrade, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter)

0-0) A palavra epopéia refere-se à narrativa, em forma de versos, que conta um episódio heróico e fundador da história de um povo.

1-1) Os Lusíadas, de Camões, que narra a aventura marítima de Vasco da Gama, é a grande epopéia de Portugal. Ao contrário de A Odisséia, de Homero, onde o herói Ulisses é individual; no épico camoniano, o herói é coletivo: o povo português.

2-2) Basílio da Gama procurou realizar um épico brasileiro, mas fracassou. Ao fazer a apologia da expedição imperialista portuguesa às Missões jesuíticas, tentou glorificar tanto o conquistador europeu quanto o selvagem nativo, através da crítica feroz aos padres, criando uma perigosa contradição quanto ao verdadeiro herói de sua narrativa.

3-3) Pode-se dizer que o grande poema épico brasileiro é O Caramuru, de Frei Santa Rita Durão, que se afasta do ponto de vista europeu e retrata fielmente a perspectiva do povo brasileiro tornado herói.

4-4) Em seu romance Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, uma espécie de paródia aos poemas épicos clássicos, Mário de Andrade identifica como a aventura do “herói da nossa gente” o esforço de síntese étnica, cultural, lingüística e geográfica que determina a originalidade e a grandeza do povo brasileiro.

Resposta: VVVFV Justificativa: A questão 3-3 é falsa, pois O Caramuru, de Frei Santa Rita Durão, não retrata a perspectiva do povo brasileiro tornado herói, mas faz a apologia do trabalho de colonização e de catequese do europeu.

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16. “a poesia concreta começa por assumir uma responsabilidade total perante a linguagem: aceitando o pressuposto do idioma histórico como núcleo indispensável de comunicação, recusa-se a absorver as palavras com meros veículos indiferentes, sem vida sem personalidade sem história — túmulos-tabu com que a convenção insiste em sepultar a idéia. [...]

Funções-relações gráfico-fonéticas (‘fatores de proximidade e semelhança’) e o uso substantivo do espaço como elemento de composição entretêm uma dialética simultânea de olho e fôlego, que, aliada à síntese ideogrâmica do significado, cria uma totalidade sensível ‘verbivocovisual’, de modo a justapor palavras e experiência num estreito colamento fenomenológico, antes impossível.”

(Augusto de Campos . In; Poesia Concreta. 1956).

Lendo as palavras de um dos criadores da Poesia Concreta — o poeta e crítico Augusto de Campos —, observamos que elas encerram alguns dos princípios que vão orientar o Concretismo, princípios que inovam e redefinem a tradição das poesias de vanguarda e discursiva que, até então, eram cultivadas no Brasil, desde 1922. Dentre essas inovações, podem ser destacadas:

0-0) o cultivo, no campo semântico, de uma comunicação não-verbal, da polissemia e do trocadilho.

1-1) o uso, no campo léxico, de neologismos, tecnicismos e termos plurilíngües.

2-2) a separação dos prefixos e dos sufixos. 3-3) a abolição da linearidade do verso e o uso da

sintaxe gráfica. 4-4) a justaposição de palavras. Resposta: VVVVV Justificativa: Os tópicos estão corretos, pois enumeram todos os recursos poéticos e lingüísticos (léxicos, morfossintáticos e semânticos), que vamos encontrar nos poemas concretos dos anos 50 e 60 do século passado.