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ARTUR ROBERTO ROMAN
ELIZABETH DE MACEDO VIERO
INGRID BOY RAMOS
KATIA MARIA SEQUEIRA DA SILVA
PRTICAS MUSICAIS NOS PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA
DESENVOLVIDOS EM INSTITUIES FINANCEIRAS: UMA POSSVEL
CONTRIBUIO DA ANTROPOSOFIA
Trabalho de Concluso de Cursoapresentado Universidade Positivo,Setor de Cincias da Sade,Departamento de Medicina, comoparte das exigncias de concluso docurso de especializao emAntroposofia como Base paraPrticas de Sade.
Orientador: Prof. Dr. AngelmarConstantino Roman
CURITIBA
2012
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AGRADECIMENTOS
Aos professores do Curso de Especializao em Antroposofia como Base
para Prticas de Sade da UP, pelas aulas enciclopdicas pela beleza das
prticas artsticas e por compartilhar o trabalho de suas vidas conosco.
Ao Professor Dr. Angelmar Constantino Roman, pela sua orientao e
pela sua presena enriquecedora e pela coragem de trazer os conhecimentos da
Antroposofia para a Academia.
Aos colegas do curso pelo compartilhamento, pelas timas horas que
passamos juntos, pelos quitutes do caf e por dividirmos um pouco de nossa
subjetividade e de nossas interminveis dvidas.
Aos incrveis autores que pesquisei, especialmente ao Dr. Rudolf Steiner e
Dr. Wesley Arago de Moraes, que esperamos honrar utilizando bem suas ideias.
Aos nossos companheiros, que sempre nos apoiaram, e aos nossos filhos,
que com sua juventude, beleza e amor pela verdade sempre nos inspiram a ser
melhores.
A Deus, pela vida e por nos ajudar a perceber que a nossa passagem pelo
mundo faz diferena.
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Para ser grande, s inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
S todo em cada coisa.
Pe quanto s no mnimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.
Fernando Pessoa
O amor, o trabalho e o conhecimento so as fontes da nossa vida.
Deveriam tambm govern-la.
Wilhelm Reich
O futuro preparado
medida que o presente,
conservando-se no solo do passado, transformado.
Rudolf Steiner
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a Antroposofia como uma leitura de
mundo capaz de ampliar nossas prticas de sade na direo de aes que
contemplem aspectos negligenciados do ser humano nos programas de qualidade
de vida no trabalho Buscamos compreender a evoluo da legislao sobre sade
e segurana no trabalho em instituies financeiras. Para realizar esse objetivo
partimos da conceituao de sade e qualidade de vida da Organizao Mundial
de Sade. Discutimos a legislao que prev a implantao de programas de
preveno de doenas e promoo sade e analisamos a histria da sade dos
trabalhadores e sua relao com a legislao sobre trabalho e previdncia vigente
atualmente no Brasil, observando a nfase dada ao adoecimento fsico e a
ausncia de referncias subjetividade ou ao sofrimento psquico dos
trabalhadores. Seguimos com uma viso panormica das doenas mais
frequentes relacionadas ao trabalho, de acordo com estatsticas nacionais e
mundiais e como essas doenas apresentam componentes psquicos ou so
doenas mentais propriamente ditas, como depresses e sndromes associadas
ao estresse. So apresentados, na sequncia, os programas de qualidade de vidadivulgados por trs empresas do ramo financeiro, publicamente, em seus stios na
Internet. Introduzimos a viso de homem e de mundo da Antroposofia e
apresentamos o conceito de salutognese, bem como as prticas complementares
de sade e sua contribuio para ampliar os programas de qualidade de vida no
trabalho em instituies financeiras. Conclumos que existe uma lacuna em tais
programas, que atualmente atendem apenas s necessidades ergonmicas dos
trabalhadores, e propomos que sejam inseridas atividades artsticas, como aMusicoterapia e Cantoterapia, por seu potencial de trabalhar ao mesmo tempo a
arte e o social, a respirao e a comunho, podendo trazer um enriquecimento dos
ambientes organizacionais, numa ao multidisciplinar, reconhecendo que a
subjetividade e o sofrimento psquico dos trabalhadores, precisam de atividades
que vo alm das atualmente praticadas, mais centradas no seu fsico.
Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Sade do trabalhador.Instituies financeiras. Antroposofia.
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ABSTRACT
This paper aims to present Anthroposophy as a reading of the world, able to
expand our health practices toward actions that address neglected aspects of
human beings in quality of life programs We seek to understand the evolution of
legislation on health and safety at work in financial institutions. To accomplish this
goal we start with the concept of health and quality of life of the World Health
Organization to discuss legislation that provides for the implementation of
programs for disease prevention and health promotion, and analyze the history of
workers' health and its relation to legislation present in Brazil, noting the emphasis
on physical illness and the absence of references to the subjectivity or the
psychological distress of workers. We follow with an overview of the most common
diseases related to work, according to national and international statistics and how
these diseases have psychological or mental components, like depression and
stress-associated syndromes. We describe the programs of quality of life reported
by three companies in the financial sector, as they are presented on their websites.
We introduce the vision of Man and of the World of Anthroposophy and present theconcept of salutognese as well as complementary health practices and their
contribution to extend the quality of life programs at work in financial institutions.
We conclude that there is a gap in such programs, which currently serve only
ergonomic needs of workers, and we propose that art activities, such as Music
therapy and Singing therapy, should be included in those programs for their
potential to deal with art and social skills, breathing and fellowship, bringing an
enrichment to the organizational environments, a multidisciplinary action,recognizing that subjectivity and psychological distress of workers need activities
that go beyond currently practiced exercises, more focused on the body..
Key-words: Worker health. Safety and Occupational Medicine. Specialized
Services, Financial institutions. Psychology of work, Antroposophy
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SUMRIO1 INTRODUO 8
1.1 JUSTIFICATIVA 8
1.2 OBJETIVO 9
2 REFERENCIAL TERICO 112.1 O CONCEITO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUAS
IMPLICAES PARA A VIDA HUMANA 112.2 A HISTRIA DA SADE DOS TRABALHADORES 15
2.3 CONSIDERAES SOBRE A LEGISLAO TRABALHISTA NOBRASIL 18
2.3.1 As normas regulamentadoras (NR) 19
2.4 CONSIDERAES SOBRE A LEGISLAO PREVIDENCIRIA EAS DOENAS DOS TRABALHADORES DO RAMO FINANCEIRO 24
2.4.1 A sade dos trabalhadores em instituies financeiras no Brasil 282.5 PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM
INSTITUIES FINANCEIRAS 37
2.5.1 Programa de Qualidade de Vida da Caixa Econmica Federal 37
2.5.2 Programa de Qualidade de Vida do Banco do Brasil 39
2.5.3 Programa de Qualidade de Vida do Banco Ita Unibanco 39
2.5.4 Consideraes sobre os Programas de Qualidade de Vida noTrabalho apresentados 42
3 O QUE ANTROPOSOFIA 45
3.1 A VISO DE HOMEM E DE MUNDO DA ANTROPOSOFIA 463.1.1 A Trimembrao 483.1.2 A Quadrimembrao e os processos de adoecimento 50
3.2 SALUTOGNESE 53
3.2.1 Prticas complementares de sade 56
3.2.1.1 Terapias artsticas 58
3.3 A ATUAO DA MSICA NA SADE DO TRABALHADOR 59
3.3.1 Musicoterapia 60
3.3.1.1 A msica e a sade do trabalhador 673.4 A ATUAO DO CANTO NA SADE DO TRABALHADOR 71
3.4.1 Canto Coral 71
3.4.2 Canto Werbeck um caminho para sade e auto-conhecimento 73
3.5 UMA PROPOSTA PARA OS PROGRAMAS DE QUALIDADE DEVIDA NO TRABALHO EM INSTITUIES FINANCEIRAS 78
4 CONCLUSO 80
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 82
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1 INTRODUO
Se compararmos a atividade humana ao longo do tempo, podemos observar
como a aquisio de novas tecnologias transformaram nosso cotidiano, tornando
mais complexas e abstratas as operaes mais simples, e afastando o homem das
transformaes primrias da natureza, como coletar, plantar e colher frutos, folhas,
razes e cereais. Muito do que consumimos ou dos instrumentos que utilizamos
passaram por complexo processo industrial.
O setor de servios cresce, e as instituies financeiras seguem essa mesma
direo, utilizando-se amplamente da informatizao e da automao de operaesbancrias, que trouxeram profundas mudanas na organizao do trabalho para os
trabalhadores, com conseqentes agravos a sua sade.
1.1 JUSTIFICATIVA
Os programas de qualidade de vida no trabalho (PQVT) em andamento em
instituies financeiras tem como objetivo manter a sade de seus funcionrios,focando na sua sade fsica e na preveno dos Distrbios Osteomusculares
relacionados ao trabalho DORT e em prticas anti-estresse atravs de sees de
alongamentos de aproximadamente 15 minutos, orientadas por fisioterapeutas ou
professores de educao fsica e por massagens expressas, em torno de 15 minutos
por seo. A adeso dos funcionrios ao programa voluntria. Os benefcios
dessas prticas so reconhecidos pelo grupo, segundo a direo da empresa e o
Programa aceito por uma parte do grupo ao qual oferecido.
Atravs dos levantamentos de doenas relacionadas ao trabalho extrados do
Anurio da Previdncia Social contatou-se que o adoecimento dos trabalhadores em
instituies financeiras tem ocorrido por doenas classificadas como relacionadas
com o estresse e seus danos psicolgicos, como as depresses, sndrome de
burnout, alm das DORT.
Considerando que os danos sade so fsicos, e tambm psicolgicos, nos
perguntamos se a Antroposofia pode propor outras aes, que ampliem os
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Programas de Qualidade de Vida e tragam benefcios no ambiente de trabalho para
seu pblico-alvo, aumentando o bem estar, proporcionando auto-desenvolvimento e
promoo da sade.
1.2 OBJETIVO
A partir da anlise das aes propostas e realizadas pelos programas de
qualidade de vida em instituies financeiras, o objetivo deste trabalho propor
novas atividades a partir dos conhecimentos sobre constituio humana e sade,
ampliados pela Antroposofia.
Partimos da anlise dos documentos escritos nas empresas sobre Programasde Qualidade de Vida, conceito, objetivo e aes custeadas e resultados esperados.
Apresentaremos, a seguir, a constituio humana de acordo com a proposta
da Antroposofia, o conceito de fases da vida e as prticas de sade complementares
e educao de adultos. A partir desse embasamento, iremos propor atividades de
msica e canto a serem desenvolvidas pelos trabalhadores que enriqueam os
programas de QVT, dentro de seus objetivos: que sejam prticas possveis de seremexecutadas no ambiente de trabalho.
O problema proposto por este estudo se existe alguma contribuio da
Antroposofia para os programas de qualidade de vida no trabalho e se existem
prticas especficas, como a Musicoterapia e a Cantoterapia, que possam
enriquecer tais programas, considerando dimenses do ser humano at ento no
contempladas em tais programas.
Para auxiliar na compreenso desse problema,algumas questes tornam-se
necessrias:
- Qual a abrangncia do conceito qualidade de vida no trabalho, atualmente,
e suas implicaes para os trabalhadores?
- O que propem os programas de qualidade de vida no trabalho como
atividades de preveno e promoo sade?
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- Qual a contribuio da viso de Mundo e de Homem da Antroposofia e
pode esse conhecimento ampliar as prticas de qualidade de vida no trabalho?
- Como atua a Musicoterapia e a Cantoterapia na constituio humana e
como podem ser um instrumento de promoo da qualidade de vida no trabalho?
Iniciamos este estudo com o referencial terico (Captulo 2), apresentando
uma reviso do conceito de qualidade de vida no trabalho, pela Organizao
Mundial da Sade e por pesquisadores acadmicos, passando por um panorama da
histria da sade dos trabalhadores e suas conquistas. Em seguida, descrevemos o
resultado dessas lutas materializado na legislao trabalhista e previdenciria,
especialmente nas normas regulamentadoras (NR) que tratam da preveno epromoo a sade. Tratamos dos adoecimentos mais freqentes e das lutas dos
sindicatos sobre a questo da sade dos empregados em instituies financeiras e
de alguns trabalhos recentes sobre causas do adoecimento e sofrimento psquico
desses trabalhadores. Ao final desse Captulo apresentamos os programas de
qualidade de vida no trabalho de trs instituies financeiras, com informaes
disponveis nos sites instituies respectivos. No Captulo 3, descrevemos o que
Antroposofia e sua viso de homem e de mundo, alm da atuao das prticascomplementares de sade e, esboamos uma sugesto de atuao da
Musicoterapia e Cantoterapia em programas de qualidade de vida nas organizaes.
No Captulo 4 elaboramos as consideraes finais sobre o tema.
No existe nenhuma pretenso de esgotar o assunto com este estudo, mas
iniciar uma discusso que, junto com outros trabalhos, possa levar a concluses
sobre o lugar da Antroposofia como base para ampliar as prticas de sade emnossa sociedade, de uma maneira geral, e nas instituies financeiras, de uma
maneira especfica.
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2REFERENCIAL TERICO
2.1 O CONCEITO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUAS IMPLICAES
PARA A SADE DOS TRABALHADORES
Optamos iniciar pelo referencial da Organizao Mundial da Sade, entidade
vinculada Organizao das Naes Unidas, sobre os conceitos de Sade e
Qualidade de Vida, para alcanar a Qualidade de Vida no Trabalho. Na Carta de
Constituio da Organizao Mundial de Sade, de 22 de julho de 1946, descreve
seus princpios basilares para a felicidade dos povos, para suas relaes
harmoniosas e para sua segurana, nos quais conceitua sade como um estado
completo de bem estar fsico, mental e social, e no consiste apenas na ausncia de
doena ou de enfermidade. Ainda em seus princpios estabelece que "os Governos
tm responsabilidade pela sade dos seus povos, a qual s pode ser assumida pelo
estabelecimento de medidas sanitrias e sociais adequadas.
A questo da qualidade de vida, por lidar com diversos elementos alm da
sade, como cultura, subjetividade, sociedade e tempo presente trouxe maisdesafios para ser definida. A OMS props ento a criao de um grupo que pudesse
criar um instrumento de avaliao de qualidade de vida dentro de uma perspectiva
multicultural. Desta forma, no lugar de um conceito foi criado um construto a partir de
um grupo de especialistas de diferentes culturas, que descreveu qualidade de vida
como a percepo do indivduo sobre sua posio na vida, no contexto da cultura e
do sistema de valores nos quais ele vive e em relao aos seus objetivos,
expectativas, padres e preocupaes (WHOQOL GROUP, 1994).
O instrumento de avaliao da qualidade de vida refletiu sua
multidimensionalidade, pesquisando seis domnios, divididos em 24 aspectos: fsico
(dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso), psicolgico (sentimentos
positivos e negativos, capacidade de aprender, autoestima, imagem corporal), nvel
de independncia (mobilidade, atividades da vida cotidiana, capacidade de trabalho,
dependncia de medicamentos), relaes sociais (relaes pessoais, apoio social,
atividade sexual), meio ambiente (segurana, ambiente do lar, recursos financeiros,
ateno sade, oportunidade de adquirir novas habilidades, lazer, ambiente fsico
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e transporte) e espiritualidade/religio/crenas pessoais, atravs de um questionrio
de 100 perguntas.
Se o conceito de qualidade de vida carrega a complexidade refletida pelo
trabalho da OMS em conceitu-la e mensur-la atravs dos indicadores acima
mencionados, a qualidade de vida no trabalho transporta essa
multidimensionalidade para dentro dos ambientes organizacionais. Goulart e
Sampaio (1999) traam um panorama histrico sobre a origem e evoluo do
movimento de qualidade de vida no trabalho (QVT). Cita que a Escola de Relaes
Humanas de Elton Mayo foi a que mais se identificou com o movimento QVT,
descobrindo a interferncia das relaes sociais do trabalhador em suaprodutividade. Cita os relevantes estudos de Maslow e de Herzberg sobre motivao
humana. O primeiro estabeleceu a hierarquia das motivaes, onde satisfeitos os
motivos primrios, aparecem os secundrios ou psicossociais. O segundo
apresentou uma teoria agrupando os motivos em dois blocos: fatores higinicos,
indispensveis ao equilbrio no trabalho e fatores motivacionais, de interesse pela
tarefa.
Destaca a abordagem de Richard Walton, mais freqentemente utilizada
para orientar anlises sobre o tema, apresenta oito categorias conceituais para
avaliar a QVT: compensao adequada e justa, condies de trabalho, uso e
desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e segurana,
integrao social na organizao, constitucionalismo (ligado aos direitos dos
trabalhadores e s leis), trabalho e espao total de vida (inclui elementos como
tempo para lazer e famlia) e relevncia social da vida no trabalho (trata da imagemda empresa e auto-estima do trabalhador).
Na anlise de GOULART e SAMPAIO, a teoria de WALTON abrange as
necessidades primrias e secundrias do homem em os aspectos organizacionais,
com realce para a auto realizao, sendo provavelmente sua abrangncia o motivo
de ser utilizada pelos pesquisadores brasileiros com maior freqncia. Os autores
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citam pesquisa realizada na Universidade Federal de Minas Gerais1que teve como
objetivo a anlise das representaes sociais de implantadores de programas de
qualidade de vida no trabalho em organizaes de diferentes setores daquele
estado. Verificou a existncia de relao entre a adoo de programas de qualidade
total como forma de gerenciamento e os programas de qualidade de vida no
trabalho. Em sua anlise dos resultados da pesquisa cita a confuso comum entre
os entrevistados sobre a distino entre benefcios e vantagens trabalhistas e os
programas de QVT, ou entre qualidade de vida em sentido mais amplo e QVT e a
incluso de programas de cidadania ou boas relaes com a comunidade e QVT.
A grande crtica que a autora traz em sua pesquisa que QVT no se reduzao cumprimento de leis ou discusso de direitos dos trabalhadores, sendo mais
ampla e abrangente. Conclui que a maioria das empresas pesquisadas preferiu
admitir no ter um programa de qualidade de vida no trabalho, embora possuindo
atividades que visam contempl-la, talvez por saber que um programa de QVT deve
ir alm do previsto na legislao.
Uma das autoras pesquisadas foi Limongi-Frana (2009), que discute aintegrao das aes de QVT com as prticas de promoo sade, considerada
como um desafio poltico e organizacional. Para a autora, os debates no mbito da
sade e bem-estar tm produzido mudanas organizacionais, no sentido de uma
gesto de pessoas mais atenta e responsvel, com integrao dos procedimentos e
ferramentas tradicionais de RH. Ainda assim, ressalta que as aes so paliativas,
pouco focadas ou reativas s exigncias legais, mesmo com avanos nos esforos
gerenciais para entender a moral do grupo, os problemas da desmotivao e obalano entre a vida pessoal e profissional.
Limongi-Frana (2009) defende a viso da Medicina Psicossomtica, que
prope que todo homem um complexo scio psicossomtico, pode auxiliar na
convergncia das prticas promotoras de sade e bem estar, por contemplar os
domnios biolgico (caractersticas fsicas herdadas ou adquiridas), psicolgico
(afetos e personalidade) e social (o papel na famlia, valores e meio ambiente). Para
. . .
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complementar prope incluir o domnio organizacional, este ligado cultura da
empresa, segmento econmico de atuao e padres de competitividade. Prope
que a conscincia administrativa sobre essas questes caracteriza uma nova
especializao gerencial, a Gesto da Qualidade de Vida no Trabalho, cuja
prioridade o bem-estar das pessoas na organizao.
Em seu levantamento histrico do conceito de Qualidade de Vida, valoriza o
modelo de Walton (1975), que a define como valores ambientais e humanos,
negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avano tecnolgico, da
produtividade e do crescimento econmico. Remete a discusso da qualidade de
vida ao contexto mais amplo do modelo de qualidade total, a partir da dcada de 70,com Juran e Deming, que consideram a qualidade pessoal como parte dos
processos de qualidade organizacional. Valoriza o conceito do psicanalista francs
Dejours que se refere QVT como condies sociais e psicolgicas do trabalho,
que podem trazer sofrimento patognico ou sofrimento criador.
O estudioso brasileiro Roberto Crema (1992) destacado em seus trabalhos
sobre QVT por incluir dimenses mais amplas como o a necessidade de inteireza doser humano vinculada ao saber e ao amor e a pesquisadora Eda Conte Fernandes
(1996) por abranger as dimenses da melhoria de condies fsicas, programas de
lazer, estilo de vida, instalaes, atendimento s reivindicaes dos trabalhadores e
ampliao do conjunto de benefcios. Fernandes (1996) afirma que QVT est
intimamente ligada democracia industrial e humanizao do trabalho, cuja
corrente mais forte a francesa, que utiliza como metodologia cientfica o
depoimento sistemtico dos empregados sobre suas atividades.
Limongi-Frana (2009) analisa a legislao brasileira e as Normas
Regulamentadoras (NR) da Legislao de Sade e Segurana, consolidadas em
1978, que determinam programas de eliminao de riscos, promoo sade e
consequente bem estar no ambiente de trabalho. Nas NR constam como
obrigatrios a constituio de Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA,
a realizao de Semana Interna de Preveno de Acidentes de Trabalho SIPAT, o
Programa de Preveno de Riscos Ambientais PPRA e o Programa de Controle
Mdico da Sade Ocupacional - PCMSO, onde so registrados os exames mdicos
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de admisso, demisso, peridico e de retorno ao trabalho. Cita outros aspetos da
QVT como a possibilidade de seguir uma carreira profissional proposto por Dutra
(1996) e outros como atividades culturais, valorizao da gentileza e uso de
produtos ecologicamente corretos.
A autora prope a viso biopsicossocial como mais abrangente por
considerar trs aspectos fundamentais para o trabalhador: sua autoestima, sua
percepo de equilbrio e seu bem-estar e hbitos saudveis. Finaliza seu artigo
considerando o trabalho sustentvel como vinculado a QVT, definida como o
conjunto de escolhas de bem-estar nico e individualizado que proporciona auto-
estima positiva, percepo de equilbrio, hbitos saudveis e prontido para
desempenho no trabalho saudvel.
Neste trabalho optamos pelo conceito de Limongi-Frana (2009) por
consider-lo mais amplo e mais prximo da viso de sade ampliada pela
Antroposofia.
No tpico seguinte trataremos da viso de Dejours (1998) sobre a histriadas conquistas dos trabalhadores de sua integridade, materializada em legislaes
de proteo e promoo sade.
2.2 A HISTRIA DA SADE DOS TRABALHADORES
Buscando compreender a evoluo da legislao sobre sade e segurana
no trabalho, pesquisamos Christophe Dejours que na introduo de seu livro ALoucura do Trabalho (1998), faz uma abordagem scio-histrica das conquistas dos
trabalhadores, dividida em etapas. Embora as consideraes da obra sejam
contextualizadas na Frana, entendemos que so vlidas tambm para nossa
realidade, uma vez que os mesmos fenmenos de industrializao e urbanizao
dos trabalhadores aconteceram em nosso pas, com suas especificidades polticas,
culturais e econmicas. Caberia um estudo para adaptar as datas citadas das
etapas para nossa realidade. Para o autor a histria dessas conquistas, aps a
Revoluo Industrial, pode ser dividida em:
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- Etapa da Luta pela sobrevivncia sculo XIX e incio do sculo XX
situada no incio da Revoluo Industrial marcada pelo xodo rural, crescimento da
populao e pela concentrao desta em reas urbanas. Nessa poca a durao
diria do trabalho atingia 12, 14 e at 16 horas por dia, as crianas eram
empregadas na produo industrial usualmente a partir dos 7 anos, mas, em alguns
casos, a partir dos 3 anos, os salrios garantem apenas a subsistncia, deixando os
trabalhadores e seus dependentes em estado de subalimentao e o desemprego
pe em risco a sobrevivncia da famlia, falta higiene, o risco de acidentes e
morbidade no trabalho alto e a expectativa de vida reduzida. Com tal quadro no
se fala de sade no trabalho, mas de luta pela sobrevivncia. Para Dejours (1998),
os avanos obtidos neste perodo foram lentos, demandaram muito esforo deorganizao e devem-se s lutas operrias, com o objetivo de garantir o direito
vida e liberdade de organizao. A grande reivindicao dessa poca a reduo
da jornada de trabalho, que demandou quase 50 anos para tornar-se lei. Avanos
com a lei que limitava o tempo de trabalho de mulheres e crianas, leis sobre
acidentes de trabalho e repouso semanal remunerado, datam do final do sculo XIX
e incio do sculo XX, na Frana.
- Etapa da Melhoria das condies de trabalho da Primeira Guerra at
1968 marcada pela revelao do corpo como ponto de impacto de sua explorao,
visto como primeira vtima o trabalho industrial, atacado pela periculosidade das
mquinas, produtos industriais, poeiras e gases txicos, parasitas, vrus e bactrias,
causadores do sofrimento fsico. A proteo do corpo a preocupao
predominante. Salvar o corpo dos acidentes, prevenir doenas profissionais e as
intoxicaes e garantir tratamento adequado eram as reivindicaes da poca.Dejours (1998) adota a Primeira Guerra como referncia porque acontece um
reforo de produo industrial para atender as necessidades da guerra.
O taylorismo nascente nesse perodo objeto de anlise porque suas
repercusses vo muito alm de domesticar os movimentos do corpo. Ao separar o
trabalho intelectual do manual, o sistema Taylor neutraliza a atividade mental dos
operrios, privando o corpo de seu protetor natural, que o aparelho mental,
fragilizando-o e colocando o corpo em risco de adoecer.
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As conquistas dos trabalhadores so mais eficazes e rpidas onde estes so
mais numerosos, organizados e pertencentes a setores estratgicos. Dejours (1998)
cita a empresa de fabricao de veculos automotores Renault como exemplo de
mobilizao dos operrios na busca de melhores condies de vida de forma bem
sucedida.
Os principais progressos dessa etapa so a conquista da jornada de oito
horas de trabalho dirias na Frana em 1916, que segundo Albert Thomas, citado
por Dejours (1998), tem o efeito paradoxal de aumentar a produtividade. Outras
conquistas referem-se medicina do trabalho e a ergonomia, com leis prevendo
exames mdicos admissionais e inspees mdicas das fbricas, reconhecimentode doenas profissionais, seguros contra acidentes de trabalho e comisso de
higiene industrial.
Outras conquistas importantes no sentido da organizao dos trabalhadores
so a instituio de convenes coletivas, o direito de livre adeso a sindicatos e
direito de greve.
- Etapa da Sade mental aps 1968 para Dejours (1998), o movimento
operrio j iniciou a luta pela sade mental, embora o sofrimento psquico seja
tratado de forma estereotipada e permanea inadequadamente analisado, devido a
sua complexidade. No centro dos determinantes do sofrimento mental est a
organizao do trabalho, aqui entendida como diviso e contedo das tarefas,
sistema hierrquico, relaes de poder, responsabilidades, ritmos e volume de
trabalho. Entram em confronto a vontade e o desejo dos trabalhadores com ocomando dos patres ou seus prepostos. As tarefas de escritrio, isentas de
exigncias fsicas graves e cada vez mais numerosas, trazem a sensibilidade s
cargas intelectuais e psicossociais, preparando o terreno para as preocupaes com
a sade mental.
Uma forma de abordar esse sofrimento mental a proposta da
psicopatologia do trabalho de Dejours (1998) que considera a singularidade da
situao de cada trabalhador no lugar de tratamentos de dados quantitativos e
estatsticos, observando a dominao mental do operrio pela organizao do
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trabalho, buscando esclarecer como o comportamento livre, orientado pelo prazer,
se torna empobrecido e estereotipado, causando sofrimento. A anulao do
comportamento livre muda e invisvel e desconhecida mesmo pelos prprios
operrios, ocupados em garantir a produo.
2.3 CONSIDERAES SOBRE A LEGISLAO TRABALHISTA NO BRASIL
A Legislao trabalhista desempenha um papel importante nas conquistas
nacionais por melhores condies de vida no trabalho. A Consolidao das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada por decreto de 1 maio de 1943, representou a reunio esistematizao da vasta e dispersa legislao trabalhista produzida no pas aps a
Revoluo de 1930. As leis que a compuseram eram desconexas e, por vezes, at
mesmo contraditrias, o que demandou estudo, encomendado por Getlio Vargas, a
uma comisso encarregada de organizar um anteprojeto que unificasse a legislao
at ento produzida. Os integrantes da comisso basearam-se tambm nos
princpios estabelecidos pela Organizao Internacional do Trabalho OIT, criada
juntamente com a Organizao das Naes Unidas ONU aps a Primeira GuerraMundial pelo Tratado de Versailles e na encclica Rerum Novarum, sobre a condio
dos operrios, do Papa Leo XIII, publicada em 1891.
Os dois documentos defendiam condies de trabalho mais humanas, que
protegessem a integridade fsica e o direito de associao dos operrios, sendo que
a encclica RN traz a defesa da propriedade privada e se coloca contra o socialismo
nascente na poca. O resultado final foi o texto enviado ao Ministro do Trabalho, quedaria origem CLT, e seu corpo bsico continua em vigncia at os dias de hoje.
Constituindo um cdigo abrangente, tratou detalhadamente da relao entre
patres e empregados e estabeleceu regras referentes a jornadas de trabalho e
horrios a serem cumpridos pelos trabalhadores, frias, descanso remunerado,
condies de segurana e higiene dos locais de trabalho e outras. A anotao dos
contratos de trabalho deveria ser feita na carteira de trabalho, instituda em 1932 e
reformulada quando da aprovao da CLT.
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A lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, altera o Captulo V, do Titulo II, da
Consolidao das Leis do Trabalho, relativo segurana e medicina do trabalho e a
portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, aprova as Normas Regulamentadoras NR
relativas Segurana e Medicina do Trabalho, detalhando inspees, exames
mdicos, graus de risco e funo dos profissionais de segurana no Trabalho.
Devido dinmica de mudana dos ambientes, as alteraes tecnolgicas e
de organizao do trabalho que ocorrem cada vez mais rapidamente, as NR passam
por frequentes revises e atualizaes. A Portaria n. 2, de 10 de abril de 1996,
institui a Comisso Tripartite Paritria Permanente CTPP, composta de
representantes do Ministrio do Trabalho, das entidades dos empregadores, aexemplo da Confederao Nacional da Indstria CNI, e das entidades dos
trabalhadores, representados pela Fora Sindical FS, pela Central nica dos
Trabalhadores CUT e outras, com o objetivo de participar no processo de reviso
ou elaborao de regulamentao na rea de Segurana e Sade no Trabalho,
originando estudos que alteram ou acrescem novos dados s NR. A CTPP continua
em funcionamento e realizou sua 63 reunio em novembro de 2010.
2.3.1 As normas regulamentadoras (NR)
Trataremos de descrever e analisar as NR mais amplas e gerais que tratam
da sade dos trabalhadores e das instncias de preveno, esclarecimento e
promoo do bem-estar. As NR mais especficas, que regulam atividades que por
sua natureza, pelas substncias ou pelos equipamentos utilizados representam
riscos, no sero objeto de anlise deste trabalho.
A NR-4 estabelece a obrigatoriedade das empresas pblicas e privadas que
possuam empregados regidos pela CLT, de organizarem e manterem em
funcionamento Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em
Medicina do Trabalho SESMT, com a finalidade de promover a sade e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho. A fundamentao legal, ordinria e
especfica, que d embasamento jurdico existncia desta NR, o artigo 162 da
CLT.
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Esta NR-4 trata, em seu item 4.12, das atribuies dos profissionais
integrantes do SESMT: tcnico de segurana do trabalho, engenheiro de segurana
do trabalho, mdico do trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar de enfermagem do
trabalho, no exerccio profissional dentro das organizaes descritas como
atividades de reduo e preveno de acidentes, de educao, orientao e
esclarecimento aos integrantes das empresas sobre os riscos a que esto expostos,
anlise e registro de dados sobre acidentes ou doenas ocupacionais, avaliaes
ergonmicas de postos de trabalho e exames mdicos, tendo uma caracterstica
prevencionista, no sendo vedado o atendimento de emergncia. Apresenta como
funes do SESMT a possibilidade de orientao quando da instalao ou mudana
em estabelecimentos, a prescrio do uso de EPI e o relacionamento com as CIPAs.Em seu Anexo I, Quadro I estabelece o grau de risco para cada atividade e no
Quadro II dimensiona os SESMT, em funo do grau de risco e da quantidade de
empregados no estabelecimento.
Os graus de risco estabelecidos na NR-4 relacionam a Classificao de
Atividades Econmicas CNAE com o correspondente Grau de Risco GR para
fins de dimensionamento dos SESMT. Os riscos so definidos numa escala de 1(menor risco) a 4 (maior risco), embora nesse quadro no sejam definidos quais os
tipos de riscos envolvidos em cada atividade.
A classificao CNAE fornecida pelo IBGE. A partir do entendimento de
que as classificaes de atividades econmicas so instrumentos cujo uso excede o
interesse exclusivo da instituio de estatstica, foi instituda a Comisso Nacional de
Classificao CONCLA, criada pelo Decreto n. 1.264, de 11 de outubro de 1994, einstalada em 25 de abril de 1995, foi criada como um rgo colegiado do Ministrio
do Planejamento, Oramento e Gesto, sob coordenao do IBGE, congregando
representantes de 15 Ministrios. Essa comisso objetiva estabelecer normas e
padronizar as classificaes e tabelas de cdigos usadas no sistema estatstico e
nos cadastros e registros da Administrao Pblica.
Em 2002, a estrutura da CNAE foi atualizada e as notas explicativas
aperfeioadas, adaptando-se s alteraes da reviso 2002, da Clasificacin
Industrial Internacional Uniforme de todas as Actividades Econmicas/International
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Standard Industrial Classification- CIIU/ISIC 3.1 das Naes Unidas e incorporando
ajustes adicionais pontuais, resultando na verso 1.0 da CNAE (Resoluo CONCLA
n. 6, de 09/10/2002).Com a verso 2.0, pela primeira vez desde a definio original,
a CNAE passa por uma reviso ampla, atualmente em vigor.
A NR-5 Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA estabelece a
obrigatoriedade das empresas pblicas e privadas organizarem e manterem em
funcionamento, por estabelecimento, uma comisso constituda exclusivamente por
empregados, com o objetivo de prevenir acidentes e doenas do trabalho, tratados
como infortnios laborais, atravs da apresentao de sugestes e recomendaes
ao empregador para que melhore as condies de trabalho, eliminando as possveiscausas de acidentes do trabalho e doenas ocupacionais. A fundamentao legal
que d embasamento jurdico existncia desta NR, so os artigos 163 a 165 da
CLT. O quadro I da NR-5 detalha o dimensionamento das CIPA de acordo com os
grupos estabelecidos no quadro II e no quadro III, adequando-os ao CNAE verso
2.0, utilizado na NR-4. Dentre as diversas atribuies da CIPA esto a elaborao
do mapa de riscos, valendo-se da assessoria do SESMT, as reunies peridicas, a
organizao da Semana Interna de Preveno de Acidentes de Trabalho e asverificaes peridicas do ambiente e condies de trabalho, para identificar
situaes de risco e requisitar as cpias dos Comunicados de Acidente de Trabalho
CAT.
A NR-6 trata da utilizao dos EPI Equipamentos de Proteo Individual,
considerados como todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo
trabalhador, destinado proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e asade no trabalho.
A NR-7 estabelece a obrigatoriedade de elaborao e implementao, por
parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional - PCMSO,
com o objetivo de promoo e preservao da sade do conjunto dos seus
trabalhadores, atravs da realizao obrigatria de exames mdicos admissionais,
peridicos, de retorno ao trabalho, de mudana de funo e demissionais. O incio
do item 7.4.1 menciona que esses so exames obrigatrios dentre outros que
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possam ser realizados. Analisa-se que, a critrio dos SESMT, em conjunto com a
empresa, possam ser realizados programas de promoo sade com exames de
acompanhamento para grupos especficos de risco. O item 7.4.2, alnea a, descreve
que os exames devem incluir avaliao clnica, abrangendo anamnese ocupacional
e exame fsico e mental e exames complementares. Para cada exame realizado
deve ser emitido o ASO Atestado de Sade Ocupacional, indicando se o
trabalhador est apto ou inapto para exercer suas atividades profissionais.
A NR-9 estabelece a obrigatoriedade da elaborao e implementao, por
parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Preveno de Riscos Ambientais PPRA, visando preservao da sade e da integridade dos trabalhadores, atravs da antecipao,
reconhecimento, avaliao e conseqente controle da ocorrncia de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais. O PPRA
articulado com outras iniciativas previstas nas NR, como o PCMSO e a atuao das
CIPA e SESMT, tem o objetivo de ser um conjunto integrado de aes que tratam
sade e segurana de uma forma mais ampla e com a participao dostrabalhadores. O item 9.1.5 descreve os principais riscos fsicos, qumicos e
biolgicos. O documento base deve ter uma avaliao dos principais riscos
existentes, formas de controle e recomendao do uso de EPI, e devem ser
informadas ao empregador medidas corretivas dos riscos a serem adotadas. O
mapa de riscos, institudo pela portaria 25, de 29/12/1994, elaborado pela CIPA
pode fazer parte do PPRA, e amplia os riscos contendo os ergonmicos e de
acidentes, propiciando, de forma grfica, a informao sobre os riscos percebidosem cada ambiente da organizao.
A NR-17 visa estabelecer parmetros que permitam a adaptao das
condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente.
Utiliza-se da anlise ergonmica, realizada por profissionais habilitados dos SESMT,
para avaliar as condies de trabalho individualmente, propondo alteraes ou
utilizao diferenciada de mobilirio, equipamentos, transporte de cargas, iluminao
e outras que minimizem o desconforto ou evitem expor os trabalhadores a leses ou
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doenas ocupacionais. Instituda pela portaria 3.751, de 23/11/1990, abrange
avaliao dos riscos das alteraes nos ambientes de trabalho, introduzidas pelas
inovaes tecnolgicas trazidas pelo uso cada vez mais frequente de computadores,
impressoras e mquinas eletrnicas, utilizando o operador na posio sentada e a
digitao de dados.
Esta NR considera como preveno de riscos e doenas, o conforto com o
ambiente em termos de temperatura, iluminao, nvel de rudo e ritmos de trabalho.
O Anexo I, com redao dada pela portaria n 8, de 30/03/2007, trata da
especificidade da atividade dos trabalhadores em check-outs, como caixas de
supermercado e lojas, e o Anexo II, introduzido pela portaria n 9, de 30/03/2007,trata dos trabalhadores que atuam em telemarketing, nas centrais de atendimento ou
call-centers. A regulamentao dessas atividades estabelece parmetros mnimos
para promover um mximo de conforto e segurana, sade e desempenho eficiente.
As recomendaes incluem desde cadeira regulvel, uso de apoio para ps, teclado
e mouse, at pausas na jornada e capacitao dos atendentes. O item 5, do Anexo
II, trata da Organizao do Trabalho e o item 5.4 trata das pausas para prevenir a
sobrecarga psquica e muscular esttica de pescoo e membros superiores. O item5.4.5 menciona que devem ser garantidas pausas aps episdios de abuso verbal,
agresses, ameaas ou interaes muito desgastantes no atendimento telefnico,
que permitam que o atendente se recupere e socialize dificuldades e conflitos com
seus pares, superiores ou profissionais da sade ocupacional, especialmente
capacitados para tal acolhimento. O Anexo II, no item 5.10, busca orientar os
programas preventivos no sentido de compatibilizao de metas com as condies
de trabalho e os prazos estabelecidos e alertar para as repercusses sobre a sadedos trabalhadores quando os sistemas de avaliao so considerados para efeito de
remunerao e vantagens. O item 5.13 veda ao empregador a utilizao de mtodos
que causem assdio moral, medo ou constrangimento, como o estmulo abusivo
competio, dentre outros. O item 5.14 orienta sobre a necessidade de papis e
tarefas claramente definidos, evitando ambiguidades que geram estresse nos
atendentes. O item 6 estabelece a necessidade de adequada capacitao que
esclarea sobre as formas de adoecimento e sintomas relacionadas sua atividade,
causas e formas de preveno, e essa capacitao deve contar com a participao
do SESMT, da CIPA, de mdico do trabalho e responsveis pela elaborao do
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PPRA, quando houver cada uma dessas instncias e representantes dos
trabalhadores ou entidades.
Observa-se que a NR-17 apresenta um detalhamento mais minucioso das
situaes de sofrimento psquico causado por fatores da organizao do trabalho,
como o estabelecimento de metas de vendas ou desempenho, sem o fornecimento
de condies ou prazos compatveis, avaliaes de desempenho atreladas a
remunerao, situaes de constrangimento e assdio moral. A preveno tratada
como capacitao, onde os riscos da atividade devem ser claramente explicitados
aos trabalhadores e onde se considera a necessidade de pausas como elementos
importantes para a reduo do estresse, especialmente aps situaes de tenso econflito no atendimento.
2.4 CONSIDERAES SOBRE A LEGISLAO PREVIDENCIRIA E AS
DOENAS DOS TRABALHADORES DO RAMO FINANCEIRO
A partir de abril de 2007, a Previdncia Social props ao Conselho Nacionalde Previdncia Social CNPS, rgo de natureza quadripartite com representao
do Governo, Empresrios, Trabalhadores e Associaes de Aposentados e
Pensionistas, a adoo de um importante mecanismo auxiliar para a caracterizao
de um acidente ou doena do trabalho: o Nexo Tcnico Epidemiolgico
Previdencirio NTEP.
Essa proposio foi elaborada baseada no estudo de doutorado de PauloRogrio Albuquerque de Oliveira (in CODO, 2010), que tratou os dados obtidos
pelas estatsticas da Previdncia sobre afastamentos do trabalho, utilizando a
Classificao Estattica Internacional de Doenas e Problemas Relacionados
Sade, dcima reviso, de 2008-CID-10, relacionando esses dados com as
atividades econmicas, classificadas segundo a Classificao de Atividades
Econmicas-CNAE. A partir desse cotejo, foi possvel estabelecer uma relao entre
o tipo de ambiente de trabalho proporcionado pela atividade econmica e os riscos
causados a sade dos trabalhadores.
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O NTEP elimina o carter individual do adoecimento e passa a trat-lo de
forma coletiva, criando um banco de dados de informaes sobre a capacidade de
produzir agravos sade do trabalhador pelo meio ambiente de trabalho, em suas
dimenses e intervenincias sociais, econmicas, entre outras, representadas
sinteticamente pela CNAE relacionada com os dados da CID-10.
O NTEP foi implementado nos sistemas informatizados do INSS, para
concesso de benefcios, em abril/2007 e de imediato provocou uma mudana
radical no perfil da concesso de auxlios-doena de natureza acidentria: houve um
incremento da ordem de 148%. Este valor permite considerar a hiptese que havia
subnotificao de acidentes e doenas do trabalho. Atravs do Decreto 6.042, de12/02/07, estabelece relao atualizada entre o CNAE e as doenas codificadas no
CID-10, listadas no Anexo II, lista B.
O mtodo anterior, baseado na emisso dos Comunicados de Acidente de
Trabalho CAT, era distorcido. Os motivos da falta de emisso de CAT podem ser o
desconhecimento do nexo causal entre a patologia apresentada pelo trabalhador e a
atividade exercida. Outra razo pode estar relacionada com os maiores custos,advindos do enquadramento do afastamento como acidente de trabalho, que levaria
os empregadores a evitar a notificao, ou a tentar descaracterizar o adoecimento
como relacionado com o ambiente de trabalho.
O NTEP traz conquistas para o trabalhador quando traz conscincia os
riscos envolvidos para cada atividade, possibilitando tanto o tratamento mais justo
de seu sofrimento, quanto a promoo de aes de preveno, por parte delemesmo, do empregador e especialmente do SESMT e entidades de representao
dos empregados por categoria, como os sindicatos.
As objees ao estabelecimento do NTEP se referem a falta de estudos dos
mecanismos fisiopatolgicos e anatomoclnicos e histria natural de cada doena
(etiologia) e sua relao com o ambiente de trabalho. Estas objees apontam para
consideraes mais individualizadas das patologias e consideram que o NTEP faz
apenas associaes estatsticas.
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A resposta a essas objees afirma que h causalidade entre a atividade
econmica do empregador e o adoecimento do seu empregado, pela frequencia com
que so diagnosticados e afastados por mesmos CID trabalhadores de um mesmo
ramo de atividade. Dentre os diversos exemplos cita o dos empregados em Bancos
mltiplos, com carteira e a alta associao com os transtornos dos nervos, bastante
mais alta se considerada em relao a populao no integrante dessa atividade
(populao em geral).
O carter revolucionrio do NTEP est em considerar a sade do ponto de
vista coletivo, auxiliar e objetivar a poltica de enquadramento dos afastamentos,
orientar e desburocratizar as percias mdicas previdencirias, apontar para anecessidade de estudos para revelar porque cada atividade traz determinados
agravos a sade dos trabalhadores, trazer mais conscincia sobre os riscos a que
esto expostos e permitir o desenvolvimento de aes de preveno e reabilitao
nos ambientes de trabalho.
A aplicao do NTEP, para o periodo de abril de 2007 a maro de 2008, em
comparao com o periodo de abril de 2006 a maro de 2007, a partir da entrada emvigor da lei 11.430/06, trouxe um aumento na concesso de auxlios doena
acidentrios expressiva, tendo como exemplos, as doenas infecciosas, que
aumentaram de 62 para 2.405 casos, os transtornos mentais, que aumentaram de
578 para 9.704 casos, as doenas do sistema nervoso de 1.756 para 9.060 casos, e
as doenas do sistema osteomuscular (LER/DORT), com aumento de 18.964 para
117.164 casos. Todos os casos acima foram confirmados pela percia mdica do
INSS.
A grande alterao apontada pelo NTEP atingiu o setor econmico dos
servios, com o aumento das LER/DORT. Observa-se uma diminuio nos auxlios
doena previdencirios concedidos e um aumento nos auxlios doena acidentrios,
no perodo de um ano. O estabelecimento do nexo da forma prevista no NTEP no
obriga o perito mdico ao diagnstico de acidente de trabalho caso este perceba que
a justificativa para o adoecimento desvinculada do ambiente de trabalho,
permanecendo este com autonomia para enquadrar ou no o afastamento como
relacionado com a atividade econmica.
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Cabe lembrar que tanto o NTEP quanto a Previdncia atendem apenas aos
trabalhadores formalmente registrados, com preponderncia da populao urbana.
O papel das entidades de organizao dos trabalhadores em categorias, como
sindicatos e conselhos, tambm exerce um papel importante, na medida em que
levanta a discusso sobre os agravos sade dos trabalhadores associados,
incluindo clusulas de periculosidade e insalubridade em suas convenes coletivas,
e buscando a jornada de trabalho mais justa para cada tarefa, sugerindo alteraes
legislao vigente.
A Organizao Mundial da Sade OMS, divulgou seu Plano de ao
Global em sade dos trabalhadores objetivando elaborar normativos para a rea desade do trabalhador, promover e proteger a sade no local de trabalho, melhorar o
acesso e funcionamento dos servios de sade ocupacional, proporcionar dados
probatrios para embasar prticas de sade e integrar a sade do trabalhador com
as demais polticas. Articulada com essa direo tomada pela OMS, a Conveno
187 da Organizao Internacional do Trabalho OIT tem como marco legal
internacional a promoo da segurana e sade no trabalho, a agenda do trabalho
decente, o fortalecimento do desenvolvimento econmico e social, oestabelecimento de uma poltica nacional de sade e segurana.
Seguindo esses princpios foi criado o Departamento de Sade e Segurana
Ocupacional, do Ministrio da Previdncia, com a tarefa de reunir-se com
representantes dos Ministrios da Sade e do Trabalho, o que ocorreu a partir de
maio de 2008, com a criao da Comisso Tripartite de Sade e Segurana do
Trabalho. O trabalho da comisso tem como objetivo harmonizar as normas dosministrios e estabelecer uma poltica eficaz de preveno.
A preveno e proteo contra os riscos, derivados das condies
ambientais do trabalho , portanto, segundo a OMS, a OIT e as polticas pblicas de
sade nacionais, expressas nas NR e demais legislaes, a ao fundamental para
reduzir o nmero de afastamentos e agravos sade dos empregados. Protege a
vida e respeita os direitos dos trabalhadores, reduz o custo dos empregadores, que
pagam Fundo de Garantia por Tempo de Servio FGTS e estabilidade ao
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acidentado, diminui a possibilidade de aes trabalhistas e torna a empresa mais
saudvel financeiramente.
2.4.1 A sade dos trabalhadores em instituies financeiras no Brasil
Trataremos neste tpico dos problemas de sade mais frequentes pelos
critrios das estatsticas do INSS de afastamentos da categoria bancria apontados
pelas entidades representativas dos funcionrios como queixas mais frequentes de
sade recebidas em seus departamentos de sade.
Segundo o Anurio Estatstico do MPAS de 2009, disponvel no stio da
Previdncia Social, sobre os dados de acidentes de trabalho:
Foram registrados no INSS cerca de 723,5 mil acidentes dotrabalho. Comparado com 2008, o nmero de acidentes detrabalho teve queda de 4,3%. O total de acidentes registradoscom CAT diminuiu em 4,1% de 2008 para 2009. Do total deacidentes registrados com CAT, os acidentes tpicos
representaram 79,7%; os de trajeto 16,9% e as doenas dotrabalho 3,3%. (MPAS, 2009)
No mesmo documento, so disponibilizados os dados sobre categorias mais
afetadas em 2009: o subgrupo da CBO com maior nmero de acidentes tpicos foi o
Trabalhadores de funes transversais, com 14,0%. No caso dos acidentes de
trajeto o maior nmero ocorreu no subgrupo Trabalhadores dos servios, com
18,6%, e nas doenas do trabalho foi o subgrupo Escriturrios, com 13,4%.
(MPAS, 2009)
Quanto s doenas do trabalho, o Anurio Estatstico Previdencirio de 2009
cita os trabalhadores em atividades financeiras como tendo a maior participao,
com 11,6%, sendo as partes do corpo mais incidentes o ombro, o dorso (inclusive
msculos dorsais, coluna e medula espinhal) e os membros superiores, com 19,3%,
13,1% e 9,5%, respectivamente, e como atividade econmica enquadra os bancos
comerciais e mltiplos e caixas econmicas no grau de risco de acidente de trabalhode 3%, ndice mais alto de classificao apresentado no relatrio e que corresponde
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alquota de contribuio da empresa para o financiamento de gastos com
benefcios decorrentes de acidentes de trabalho.
Os problemas de sade com mais estudos produzidos tem sido as
LER/DORT (Leses por Esforos Repetitivos e Distrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho), por serem as doenas ocupacionais de maior incidncia
entre os trabalhadores em instituies financeiras. As estatsticas do INSS, extradas
do Anurio de 2009, registraram que o subgrupo CBO com maior nmero de
doenas ocupacionais foi o dos Escriturrios, com 13,4% e na distribuio por
cdigo de atividade econmica CNAE, a maior participao foi das Atividades
Financeiras, com ndice de 11,6% das doenas do trabalho.
As LER/DORT so um grupo de doenas que afetam os membros
superiores de trabalhadores com jornadas de trabalho majoritariamente ligadas a
trabalhos repetitivos e, frequentemente, informatizados entre elas, tendinites,
tenossinovites (punhos e mo), epicondilites (cotovelos) e bursites (ombros)
oriundas do uso excessivo ou inadequado dos sistemas de nervos, msculos e
tendes.O mdico e psiquiatra, pesquisador da Fundacentro, Luiz Henrique Borges,
em sua tese de doutorado pela UFRJ, em 2001, informa que, na poca de sua
pesquisa Sociabilidade, sofrimento psquico e leses por esforos repetitivos entre
caixas bancrios, as LER/DORT j constituam a principal causa de afastamentos
por doena relacionada ao trabalho, no s no Brasil, e seu reconhecimento foi
devido a ao de cipeiros e sindicalistas. Cita que o processo de reconhecimento
das LER/DORT foi desencadeado por representante da CIPA do Centro deProcessamento de Dados do Banco do Brasil, em Porto Alegre, que estranhou o fato
de nove digitadores estarem com o brao engessado e diagnstico de tenossinovite.
Em 1987 o MPAS reconheceu a tenossinovite como doena ocupacional,
atravs da Portaria 4.062, de 06/08/87. Em 1990, as lutas da categoria do
Processamento de Dados conseguem um avano na legislao e so includas,
atravs de portarias, normas para o trabalho com entrada de dados na existente NR-
17. Durante a dcada de 1990 os sindicatos de categorias como processamento de
dados e bancrios criaram jornais, informativos e cartilhas, para conscientizar os
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trabalhadores sobre os riscos a que estavam expostos atravs de tarefas repetitivas
e por produtividade, da necessidade do cumprimento de pausas para descanso e
das condies ambientais danosas, como temperaturas baixas nos CPD e
problemas com mobilirio.
A partir do sculo XXI, so as empresas que trabalham na preveno de
doenas profissionais, com adoo de mobilirio ergonmico e a edio de cartilhas
e informativos sobre DORT/LER. Essas aes sugerem ser reaes ao crescente
reconhecimento dessas doenas, ao aumento da quantidade de afastamentos de
seus funcionrios e ao enquadramento como doenas ocupacionais, gerando CAT e
maiores custos, tanto com a perda de dias de trabalho, como pelos maioresencargos e estabilidade no emprego, decorrentes do acidente de trabalho.
Para Borges (2001), as DORT/LER possuem um componente fsico-
mecnico e outro relativo aos aspectos psicoemocionais, relacionados produo
de subjetividade do trabalhador na realizao de sua tarefa. Considera que existe
sofrimento psquico quando a subjetividade no consegue lidar adequadamente com
o conflito entre as necessidades existenciais e as exigncias do trabalho,especialmente trabalho repetitivo e despersonalizante. Em seu estudo com caixas
de banco pblico concluiu que a funo de caixa criava uma dicotomia com os
outros empregados concursados, por serem escolhidos para a funo pela
subjetividade das chefias. A funo de caixa poca da pesquisa era melhor
remunerada, mantendo a jornada de 6 horas dirias de trabalho, e representava
uma posio de prestgio. A unio de prestgio com a necessidade de agradar as
chefias, pois a qualquer momento o caixa poderia perder sua funo,proporcionavam condies de trabalho que levavam os caixas a trabalhar mais e
provar sempre sua excelncia individual. Os sentimentos dos caixas para com as
chefias eram ambguos, por um lado valorizadas pela organizao e por outro
desvalorizadas em sua competncia tcnica na coordenao dos caixas. As tarefas
que no so individuais so pouco valorizadas pelas chefias e so realizadas pela
auto-organizao do grupo. A marca identitria desses trabalhadores passa a ser a
funo de caixa e a LER.
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No resultado de sua pesquisa, Borges (2001) relata que os trabalhadores
com sintomas de suspeita de LER tiveram maior ndice de sintomas
psicoemocionais, tambm chamados distrbios mentais menores, do que os no
suspeitos de LER: As LER tm nos ensinado que, para abord-las, necessrio
abdicar da fragmentao do conhecimento, articulando no diagnstico: sinais e
sintomas de sofrimento psquico e fsico e do contexto o seu aparecimento.
(BORGES, 2001, p.160).
Borges (2001) cita a psiquiatra e professora de Medicina Preventiva Edith
Seligmann Silva e seus estudos sobre as condies de sade mental dos
trabalhadores brasileiros, que se iniciaram na dcada de 1980. A psiquiatra falasobre a relao entre a organizao do trabalho e a sade mental dos trabalhadores
e relata que no se pode separar os aspectos de sade mental da sade orgnica
do ser humano. (SELIGMAN SILVA, 2009, p. 8-12). Segundo Seligman Silva (2009),
existe um paralelismo entre sofrimento mental e o maior risco de acidentes, inclusive
de acidentes de trajeto: cansao mental intensificado, maior tenso emocional, medo
de no dar conta, exigncia de produo alm do medo de perder o emprego. No
caso das DORT/LER, relata que so frequentemente acompanhadas de transtornoscomo depresses e que as associaes de doenas do trabalho com transtornos
psquicos so compreensveis. Quando limitado fisicamente na sua capacidade de
realizar sua tarefa, o trabalhador vivencia um sentimento intenso de perda, que pode
causar danos a sua identidade e a seu projeto de vida, que muitas vezes leva
depresso. Para a psiquiatra, muito importante que o atendimento das doenas do
trabalho leve sempre em considerao o aspecto psicolgico, que existam grupos de
apoio para os lesionados, de amigos, familiares, entidades e associaes detrabalhadores, para troca de experincias de preveno e superao das limitaes,
vinculando sempre reabilitao e preveno.
O tema sade mental conceitualmente delicado, por envolver diversas
nomenclaturas na literatura: Dejours (1988) fala em sofrimento psquico dos
trabalhadores, Codo (2006) discute a sade mental e o trabalho, Seligman Silva
(2009) relata seus estudos sobre Sade Mental e como esta no pode ser separada
da sade orgnica do indivduo, e Lipp (1996) estudou a relao entre estresse e
trabalho.
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Neste trabalho utilizaremos o conceito mais amplo de sade e doena
mental e apresentaremos, de forma breve, alguns sintomas como o estresse e suas
manifestaes, segundo os autores pesquisados. O tpico anterior, sobre
DORT/LER, j apresentou a intensa correlao entre o adoecimento fsico e o
psicolgico. Neste tpico aprofundaremos mais as relaes entre trabalho,
subjetividade e adoecimento.
Para Borges e Argolo (2002), as doenas mentaisso caracterizadas pelo
aparecimento de transtornos: da personalidade, do pensamento, da percepo,
memria, humor, inteligncia e ateno dentre outros. A presena de alteraes, sua
intensidade e durao so critrios bsicos na classificao de doenas mentais.
O problema na identificao das doenas mentais entre os trabalhadores,
apontado por Borges e Argolo, reside no fato de que seu sofrimento no
identificado pelo sujeito como algo que precise ou disponha de tratamento mdico
ou psicolgico e muitas vezes o trabalhador alertado pelos outros de seus prprios
transtornos. Ponderam que a ausncia de sintomas no serve como constatao de
sade mental. Relatam a perspectiva epidemiolgica de busca de identificar fatoresambientais e/ ou situacionais que generalizem determinados sofrimentos humanos,
embora as predisposies individuais para o adoecimento sejam diferentes, e o
aumento da frequncia de estudos que articulam trabalho e sade mental,
embasando polticas de sade pblica de carter preventivo.
Borges e Argolo (2002) falam das publicaes recentes sobre sade mental
e trabalho, campo ainda em processo de consolidao, mas que j permite concluir,ainda que de forma provisria que:
1) o emprego pode promover a sade ou ser fonte de alteraespsquicas; 2) as quais podem variar segundo as categoriasocupacionais, modo de organizao do trabalho entre outrosfatores; 3) sendo claro o carter endmico de certas alteraes;4) que por sua vez, suscitam tanto intervenes num planocoletivo, organizacional e preventivo, quanto estudos queexplorem os efeitos dos aspectos da vida organizacional na
sade mental dos indivduos. (BORGES; ARGOLO, 2002, p.276-7)
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Sobre o enquadramento da doena mental como doena relacionada ao
trabalho ou doena profissional (CODO, 2006, p. 54) considera que, dessa forma,
a discusso deixa o foro privado e remete instncia pblica e poltica. Segundo o
autor, para o trabalhador uma forma de identificar nas condies objetivas de vida
seu adoecimento e abrir possibilidade de reivindicar um ambiente de trabalho
psicologicamente sadio; do ponto e vista da empresa, existiriam razes objetivas
para investir em alteraes na organizao do trabalho, visando eliminar ou diminuir
fatores de riso sade mental; do ponto de vista do Estado, o bem-estar psquico
das organizaes poderia ser fiscalizado e se investiria em pesquisas para deteco
de fatores de risco ou em modos alternativos de organizao do trabalho e os
profissionais de sade mental seriam convocados a emitir laudos pelos tribunais oupor representantes de trabalhadores ou patronais de forma objetiva.
A partir das consideraes acima sobre a necessidade de critrios
epidemiolgicos e de tratamento coletivo para a doena mental, passaremos a
relatar os sintomas mais comuns identificados entre os trabalhadores em atividades
financeiras.
O estresse, como diagnstico ou sintoma, tem sido largamente utilizado em
publicaes tcnicas e leigas nos ltimos anos. Optamos pela abordagem de Lipp
(1996, p. 17-31) tanto para a definio do que estresse como para entender a
evoluo histrica do conceito na rea da sade. Escolhemos usar o termo em
portugus, estresse, no lugar de seu correlato ingls stress, embora a literatura
consultada utilize ambos indistintamente.
Segundo pesquisa de Lipp (1996), as primeiras referncias no sistemticas
palavra estresse (de origem latina) significando aflio datam do sculo XIV. No
sculo XVII, passou a ser utilizado em ingls significando opresso, desconforto e
adversidade por analogia com estudos de engenharia sobre resistncia dos
materiais. O ser humano tambm teria diferentes habilidades de suportar cargas,
tanto fsicas quanto emocionais.
Lipp (1996) cita o trabalho do endocrinologista Hans Selye, que em 1936
nomeou como sndrome geral de adaptao ou sndrome do estresse biolgico,
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situaes que enfraqueciam e adoeciam o organismo. Selye foi influenciado pelos
estudos sobre equilbrio interno dos organismos ou homeostase, dos fisiologistas
Bernard e Cannon, e considerou o estresse como a quebra desse equilbrio.
Os estudos sobre estresse foram impulsionados na Segunda Guerra
Mundial, onde os psiquiatras foram chamados a tratar a neurose de guerra hoje
diagnosticado como estresse ps-traumtico. Muitos estudos se seguiram a esse
perodo, onde se constatou que situaes cotidianas reais ou imaginrias tambm
causavam estresse. Na dcada de 1950 intensificaram-se os estudos sobre o
estresse em seus aspectos fisiolgicos, e na dcada de 1970 a nfase foi dada aos
aspectos psicolgicos e sua interao com os biolgicos na gnese dos distrbiospsicossomticos. Atualmente estuda-se o estresse e seus efeitos na qualidade de
vida da humanidade, com nfase na preveno dos danos causados subjetividade
e ao organismo humano, tanto nas organizaes ligadas ao trabalho, como nas
fases da vida.
Para Lipp (1996), o estresse uma reao do organismo, com componentes
fsicos e psicolgicos, causada por alteraes psicofisiolgicas, que ocorrem quandoeste exposto a situaes de irritao, medo, excitao ou confuso, ou mesmo de
intenso prazer. O evento estressor percebido pelo sistema nervoso perifrico, as
mensagens so enviadas ao crtex cerebral, e integradas com memrias, e
interpretadas de forma emocional pelo sistema lmbico, emitindo informao sobre a
necessidade de alguma reao protetora.
LIPP (1996, p.8) descreve as fases do estresse identificadas por Selye(1952). Na fase de alerta ocorre a quebra de homeostase e a resposta de luta ou
fuga, de acordo com Cannon (1939) e constitui-se numa defesa quase automtica,
e muitas vezes eficaz, do organismo e, se sua durao for curta, no causa danos
ao organismo. Na fase de resistncia, o estressor tem longa durao e obriga o
organismo a mobilizar sua energia para restabelecer a homeostase. Se o estressor
for eliminado o organismo no sofre dano e retorna ao equilbrio interno. Se o
estressor for mais forte que a energia de resistncia, o organismo tende a
enfraquecer e a adoecer. Na fase de exausto, as resistncias no foram eficazes
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ocorrendo a exausto psicolgica sob a forma depresso ou aparecimento de
doenas.
O estresse deve ser entendido como um processo, e no uma reao nica,
que desencadeia um longo processo bioqumico envolvendo trs eixos
psicossomticos: o neural, o neuroendcrino e o endcrino. O caminho mais direto
do estresse no organismo o neural, atingindo o hipotlamo e ativando os sistemas
de resposta simptico, estimulante de um rgo final e parassimptico, inibidor de
estmulos. Se o estresse perdura, aciona o eixo neuroendcrino, que gera a reao
de luta ou fuga, pela ativao da medula adrenal, produzindo catecolaminas:
adrenalina e noradrenalina. No estresse crnico o sistema endcrino, acionado,segundo Everly (1989) pelo hipocampo, atravs de impulsos neurais, desce para o
hipotlamo, libera corticotropina para a glndula pituitria, que produz vrios
hormnios que estimulam determinados rgos-alvo, ativando, aumentando ou
inibindo seu funcionamento normal. O rgo-alvo pode ser o sistema cardiovascular,
gastrointestinal, a pele, o sistema imunolgico e outros.
As doenas provenientes dessa reao no so necessariamente causadaspelo estresse, mas sim desencadeadas ou agravadas por ele. As doenas
relacionadas ao estresse mais estudadas so a hipertenso arterial, as lceras
gastroduodenais, a obesidade, o cncer, a psorase, a tenso pr-menstrual, e
outras agravadas por ele como as cefalias, herpes simples, vitiligo, lpus, colite
ulcerativa, doenas respiratrias e imunolgicas.
Lipp (1996) analisa o estresse na sociedade como determinado por muitos ediversos fatores, sociais, culturais, econmicos e de segurana pblica. Para Zakir
(apud LIPP, 2003), nas situaes de estresse existem duas possibilidades de
enfrentamento, chamado de coping na literatura de lngua inglesa: o primeiro se
dirige a situaes mutveis, sendo centrado no problema, alterando a realidade, o
segundo se dirige a situaes avaliadas como imutveis, sendo centrado em
alteraes das emoes a respeito do fato.
Filgueiras e Hippert (in LIPP, 1996, p.115) conceituam como estresse bom
o estresse que melhora o desempenho do indivduo, e como estresse ruim ou
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distresse o excesso ou insuficincia desse estado, o que paralisa ou leva a
respostas inadequadas. O adoecimento seria uma resposta de distresse.
Prosseguindo na discusso do tema, Filgueiras e Hippert (in LIPP, 1996,
p.120) citam as pesquisas de Castiel (1994) para quem a noo de estresse seria
pertinente apenas em situaes extremas, de guerra, violncia e catstrofes,
tratando-se de uma doena grave e invalidante, descrita como Sndrome de
Estresse Ps-traumtico, caracterizada por quadros agudos de angstia.
Para Seligman Silva (2009), o estresse ps-traumtico um transtorno
mental relacionado ao trabalho e que pode levar ao suicdio. O indivduo vivenciauma violncia no ambiente de trabalho, que o traumatiza e passa a reviver a
situao de violncia, tem pesadelos e no consegue mais estar no ambiente em
que o trauma aconteceu. Cita como exemplos de profissionais mais expostos a esse
tipo de estresse os motoristas e cobradores de nibus e metr, os vigilantes, os
bancrios, os policiais e os bombeiros. Os problemas se agravam quando no h
reconhecimento do adoecimento e o trabalhador obrigado a continuar vivendo a
situao de exposio ao perigo. Ocorre tambm com aqueles que presenciamacidentes, como reprteres policiais, jornalistas e controladores de vo.
Seligman Silva (2009) informa que, de acordo com a Organizao Mundial
de Sade, o adoecimento mental mais frequente a depresso e que, desde 1999,
reconhecida como um dos doze tipos de transtorno mental relacionado ao trabalho
pelos Ministrios da Sade (Portaria 1339) e da Previdncia (Decreto 3048), mas
que ainda h dificuldade para que esse reconhecimento acontea na prtica.
Segundo Seligman Silva a medicalizao comum e uma simples tristeza
tratada com antidepressivos e concorda com Wisner (2003) em sua crtica ao
excesso de medicalizao do sofrimento psquico quando diz que as pessoas esto
tomando muitos antidepressivos e tranquilizantes, quando o que elas precisariam
ter a possibilidade de discutir a maneira como elas so obrigadas a trabalhar".
(SELIGMAN SILVA, 2009, p. 12).
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As empresas de um modo geral e as instituies financeiras particularmente
tm se preocupado, umas mais outras menos, com a questo do adoecimento no
trabalho. Uma das estratgias tm sido desenvolver programas de qualidade de
vida, com o objetivo de prevenir e amenizar os efeitos das doenas desenvolvidas
por conta das atividades laborais dos trabalhadores. Apresentamos a seguir os
programas de qualidade de vida no trabalho de trs instituies financeiras.
2.5 PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM
INSTITUIES FINANCEIRAS
Trataremos neste tpico de descrever os programas de qualidade de vida notrabalho nas Instituies Financeiras escolhidas: um Banco pblico Caixa
Econmica Federal, um Banco de economia mista Banco do Brasil e um Banco
privado Banco Ita. Os dados apresentados so os obtidos dos stios das
instituies na INTERNET, na mesma data, sendo dados pblicos. Aps a
apresentao os dados sero mostrados em tabela comparativa e analisados a
partir do referencial terico proposto.
2.5.1 Programa de Qualidade de Vida da Caixa Econmica Federal
No stio da Caixa, o Programa de Qualidade de Vida no Trabalho est
inserido num conjunto de aes de sade, incluindo o plano de sade para os
funcionrios, o Sade Caixa. O Programa prev as seguintes aes:
a) Ginstica Laboral, integralmente custeada pela empresa, com sesses de 15minutos, de 3 a 5 vezes por semana, durante a jornada de trabalho;
b) Convnios de desconto com Instituies promotoras de atividade fsica, onde
todos os beneficirios do Sade Caixa tm desconto pra fazer academia,
natao, dana de salo e yoga, (supe-se que fora da jornada de trabalho);
c) Educao e Orientao Nutricional, a partir de demanda dos empregados,
sendo realizada por nutricionistas, dentro das prprias unidades e durante o
horrio de trabalho;
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d) Ambientes Livres de Fumaa, proporciona aos empregados fumantes que
desejem parar de fumar, a oportunidade de custeio participativo do tratamento
e dos medicamentos;
e) O Programa de Reabilitao Ocupacional - PRO, pretende assegurar as
condies para reinsero do empregado ao ambiente de trabalho, e sua
reabilitao ocupacional. So inscritos no PRO empregados que retornam de
Licena por Acidente de Trabalho, Licena para Tratamento de Sade, estes
quando afastados por mais de 180 dias, os empregados encaminhados pela
reabilitao profissional do INSS, os empregados que ficam afastados da
CAIXA por outros motivos e que necessitam de um acompanhamento. Mesmo
sem afastamento, os empregados que indiquem necessidade de adequaoda atividade e/ou posto de trabalho. A equipe do PRO, formada por Mdico,
Psiclogo, Assistente Social e Representante do SESMT, promove triagem,
entrevista e, posteriormente, a inscrio e acompanhamento dos empregados
elegveis ao programa;
f) O PCMSO tem por objetivo promover a preservar a sade dos empregados da
CAIXA, considerando as questes incidentes sobre o
empregado e a coletividade de empregados, na abordagem da relao entresua sade e o trabalho;
g) O Programa de Preveno de Riscos Ambientais - PPRA, tem por objetivo a
preservao da Sade e a integridade dos empregados da CAIXA, tendo em
considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais.
desenvolvido no mbito de cada unidade com a participao dos
empregados, sendo que no ano de 2006 o PPRA foi realizado em 87% das
unidades.
Outros temas de sade e preveno so tratados, tais como Dicas de Sade com
informaes sobre hbitos saudveis alimentares, Primeiros Socorros com
orientaes sobre o que fazer em caso de acidentes, SIPAT com os temas as
ltimas Semanas Internas de Preveno de Acidentes de Trabalho, a
disponibilizao de Cartilha de Qualidade de Vida, da UNIDAS Unio Nacional das
Instituies de Autogesto em Sade e animaes com instrues sobre exerccios
de alongamento e automassagem.
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2.5.2 Programa de Qualidade de Vida do Banco do Brasil
No stio do Banco do Brasil, na pgina de Sustentabilidade, insere-se o
Programa de Qualidade de Vida no Trabalho, desvinculado do Plano de Sade
mantido com a CASSI e das aes especficas do SESMT, tais como PCMSO,
PPRA e SIPAT. A primeira ao do Programa foi disponibilizar, a partir de agosto de
2007, verba especfica para cada dependncia do Banco para a realizao de
prticas de promoo e proteo da sade, como ginstica laboral, relaxamento,
alongamento, eutonia, ioga no trabalho, liang gong, tai chi chuan e massagem
expressa. O Programa prev as seguintes aes:
a) Comunicao: tem por objetivo dar visibilidade s polticas, programas e
benefcios existentes na Empresa que contribuem para a qualidade de vida
no trabalho, bem como, s novas aes que integram esse Programa;
b) Educao: contempla iniciativas que possuem como fio condutor a
capacitao do funcionrio para os cuidados com a sade e segurana no
trabalho e elevao de sua qualidade de vida;
c) Experimentao: refere-se a iniciativas realizadas no ambiente de trabalhoque estimulam a adoo de hbitos saudveis;
d) Suporte: trata de iniciativas que proporcionem aos funcionrios e
colaboradores acesso a cuidados com a sade fora do horrio de expediente,
a preos diferenciados.
2.5.3 Programa de Qualidade de Vida do Banco Ita Unibanco
No stio do Banco Ita Unibanco, no espao sobre Gesto de Pessoas,
Oportunidades de Carreira, insere-se o Programa de Qualidade de Vida no
Trabalho, com especificidade prpria, separado dos programas previstos em lei,
incluindo diversas aes como segue:
a) Momento Sade, um evento mensal que discute de uma forma educativa,
dinmica e ldica, informaes atualizadas incentivando a sade, preveno
de doenas e qualidade de vida. So realizados eventos interativos nos
principais plos administrativos, distribudos folhetos a todos os
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colaboradores (impressos e em udio, para deficientes visuais), artigos
semanais na intranet e murais nas agncias. Os eventos contam com o apoio
de atividades ldicas para a sensibilizao dos colaboradores e com a
presena de renomados especialistas da rea de sade, como os mdicos
Jairo Bauer e Drauzio Varella, que j realizaram palestras para os
colaboradores;
b) Site Qualidade de Vida, disponibilizao na intranet de matrias e notcias
sobre sade, qualidade de vida, esporte, lazer, testes on-line e outros;
c) Academia de Ginstica Ita, nos principais plos administrativos os
colaboradores contam com academias de ginstica, treinadores
especializados, com preo acessvel para os colaboradores;d) Programa de Ginstica Laboral, prope a preveno de doenas ligadas ao
sedentarismo e aos movimentos repetitivos atravs da realizao de
exerccios de alongamento e relaxamento no local de trabalho;
e) Espao Corpo e Mente, em alguns plos administrativos, os colaboradores
tm disposio um ambiente estruturado para oferecer massagens
orientais. No Espao Corpo e Mente, especialistas proporcionam o alvio de
tenses e relaxamento muscular atravs das terapias Quick Massage,Shiatsu, Reflexologia e Drenagem Linftica;
f) Programa de Nutrio, promove aes de educao e orientao alimentar
visando melhorar o estado nutricional dos colaboradores e seus familiares,
gerando melhor qualidade de vida, bem-estar e maior produtividade. Para
isso, disponibilizamos os seguintes servios aos colaboradores: atendimento
ambulatorial, grupos de auto ajuda, orientao por telefone, espao
gastronmico, aes educativas: palestras e mini cursos, guias alimentares,textos de atualidades, receitas light e avaliao nutricional on-line;
g) Programa de Preveno s DSTs/Aids, desde 1987, o Ita Unibanco possui
um programa de aconselhamento de doenas sexualmente transmissveis
(DSTs) e apoio aos colaboradores portadores do vrus HIV. Como parte do
programa, produz e distribui materiais educativos buscando o bem-estar dos
colaboradores, bem como incentivar comportamentos sexuais seguros;
h) Quero Parar de Fumar, programa desenvolvido para tratar, apoiar e
acompanhar o fumante para que ele abandone o tabaco e busque um estilo
de vida mais saudvel. Por meio de tcnicas ativas, uma equipe composta
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por mdicos, psiclogos e enfermeiros faz atendimentos individuais e em
grupo, definindo, caso a caso, a necessidade do uso de medicao e as
melhores estratgias comportamentais para atingir o objetivo principal: deixar
de fumar, sendo totalmente subsidiado pela empresa. O programa est
disponvel para colaboradores da Grande So Paulo e pode ser utilizado por
colaboradores de outras regies;
i) Sade da Mulher, programa desenvolvido para abordar os temas mais
importantes que influenciam a sade e o bem-estar da mulher, considerando
que as mulheres tm necessidades que se alteram no decorrer da vida e que
merecem ateno especial. Para abranger essas mudanas, o programa
Sade da Mulher foi dividido em quatro eixos, com diferentes aes em cadaum:
Comportamento: As aes de Comportamento visam estimular a
reflexo sobre temas e situaes que permeiam a vida de homens e
mulheres, como os relacionamentos afetivos e sexuais e as
dificuldades para conciliar carreira com outras responsabilidades. A
qualidade de vida pessoal influencia a sade fsica e mental. Por isso,
o objetivo propiciar momentos para entender e lidar melhor comessas preocupaes;
Gestante: aes educativas que orientam as colaboradoras gestantes;
Mame & Criana: as aes do Mame & Criana daro subsdios
para a me tanto a colaboradora como as esposas e companheiras
dos colaboradores cuidar da sade e lidar melhor com as
necessidades dos filhos;
Sade Preventiva: estas aes visam orientar as colaboradoras,desenvolvendo iniciativas e proporcionando informaes sobre as
doenas que mais as afetam e que podem ser evitadas se
diagnosticadas e tratadas precocemente, tais como, o cncer de mama
e o cncer de colo do tero.
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2.5.4 Consideraes sobre os Programas de Qualidade de Vida Trabalho
apresentados
Podemos perceber que os Programas de Qualidade de Vida no Trabalho
apresentados possuem semelhanas e diferenas, que apresentaremos na tabela a
seguir para melhor compar-los, analisando a partir do referencial terico dos
autores estudados e correlacionando com as doenas mais frequentes identificadas
nos trabalhadores de instituies financeiras.
Programas de Qualidade de Vida no Trabalho de trs instituies financeirasAtividades e periodicidade
EmpresaAtividade CAIXA
BANCO DOBRASIL ITAU UNIBANCO
GINSTICALABORAL
NA JORNADA NA JORNADA NA JORNADA
MASSAGEM NA JORNADA NA JORNADA NA JORNADA
PLANO DESADE
SADE CAIXA CASSI SADE ITA
NUTRICIONISTA NA JORNADA NO ESPECIFICA FORA DAJORNADA
ANTI TABAGISMO FORA DAJORNADANO ESPECIFICA FORA DA
JORNADA
CARTILHA DA UNIDAS NO APRESENTA NO APRESENTA
EVENTOS NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA MOMENTOSADE
PREVENO DEDST NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
POSSUIPROGRAMA
SADE DAMULHER NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
POSSUIPROGRAMA
ACADEMIACONVNIOSFORA DAJORNADA
NO ESPECIFICAACADEMIAS NOSPLOSREGIONAIS
REABILITAO POR DEMANDA NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
PCMSO DETALHA NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
PPRA DETALHA NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
SIPAT DETALHA NO ESPECIFICA NO ESPECIFICA
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possvel observar que a Caixa inclui na sua pgina de Qualidade de Vida os
programas previstos nas Normas Regulamentadoras, como o PCMSO, que trata dos
exames mdicos previstos na CLT e o PPRA, que identifica os riscos ambientais,
alm da SIPAT, atribuio obrigatria das CIPAS. Trata do Programa de
Reabilitao Ocupacional, vinculado a orientaes do INSS, com a possibilidade de
estend-lo a outras situaes de adaptao ao trabalho, o que representa um
benefcio alm do legalmente previsto. Os outros dois Bancos estudados no
mencionam essas aes no seu programa de qualidade de vida. De acordo com
GOULART & SAMPAIO, citando o ponto de vista de WALTON sobre os Programas
de Qualidade de Vida, estes devem ir alm do cumprimento da legislao, o que
pode indicar o motivo do Banco do Brasil e do Ita Unibanco no terem mencionadoas aes especficas do SESMT e da CIPA, nem a reabilitao, ligada ao INSS.
Aes como manter um plano de sade, oferecer orientao nutricional e
programa anti tabagismo, presentes nos programas da Caixa e do Ita Unibanco,
tm seu espao nos programas de qualidade de vida quando so oferecidos durante
a jornada de trabalho. Fora da jornada podem ser compreendidas como benefcios,
como parte da gesto de pessoas das empresas e no especificamente como aesd