pratica textual em lingua portuguesa online

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  • EM L I NGUA PORTUGUESA

    PRAT I cA TExTUAL E M L I NGUA PORTUGUESA PRTICA TEXTUAL

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    Fundao Biblioteca NacionalISBN 978-85-387-3096-5

    luciana pereira da silva

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  • Luciana Pereira da Silva

    Prtica Textual em Lngua Portuguesa

    IESDE Brasil S.A.Curitiba

    2012

    Edio revisada

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  • 2008 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: Shutterstock

    IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________________S581p Silva, Luciana Pereira da Prtica textual em lngua portuguesa / Luciana Pereira da Silva. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 166p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3096-5 1. Coeso (Lingustica). 2. Lngua portuguesa - Composio e exerccios. I. Ttulo.

    12-6858. CDD: 469.8 CDU: 811.134.327

    20.09.12 09.10.12 039334 ________________________________________________________________________________

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  • Sumrio

    Mecanismos de coeso textual | 7Texto e textualidade | 7Conceito de coeso textual | 10

    Coeso textual: reiterao | 17Procedimentos da repetio | 18Procedimentos da substituio | 22

    Coeso textual: associao e conexo | 31Associao | 32Conexo | 34

    Seleo do vocabulrio | 45

    Pargrafo | 57Definio de pargrafo | 58Pargrafos de introduo | 63

    Estrutura das frases | 71Estrutura das frases e leitura | 71Caractersticas das frases e/ou oraes | 72Constituio bsica das sentenas | 74Informaes complementares | 75Constituio de sentenas complexas | 76

    Referenciao e progresso referencial | 83Estratgias de referenciao | 84Formas de introduo de referentes | 85Formas de retomada dos referentes | 87Funes das expresses nominais | 88

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  • Coerncia: princpios gerais | 97Textualidade e coerncia | 97Tipos de coerncia | 98Fatores de coerncia | 99

    Intertextualidade | 109Conceito de intertextualidade | 109Principais formas de intertextualidade | 116

    As metarregras da coerncia | 123A coerncia e as metarregras de Charolles | 123

    Gneros textuais | 135Mas o que so gneros textuais? | 136

    Sequncias textuais | 147Definio de sequncias (ou tipos) textuais | 147

    Referncias | 161

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  • Apresentao

    Escrever fcil: voc

    comea com uma letra

    maiscula e termina com

    um ponto final. No meio

    voc coloca ideias.

    Pablo Neruda

    Um profissional da linguagem como um acadmico de Letras est se tornando deve desenvolver, entre outras habilidades, a capacida-de de recepo e produo de textos de gneros diversos. Espera-se que seja capaz de identificar um texto bem escrito, observando como as ideias, por ele expressas, foram organizadas e dispostas; tambm esperado que saiba empregar essa habilidade para produzir os vrios gneros necessrios, tanto na sua vida acadmica quanto na profissional.

    Muitas pessoas, no entanto, no acham essa tarefa to simples como afirmava Pablo Neruda. Mesmo com as exigncias de toda atividade intelec-tual, esse aprendizado pode acontecer de forma prazerosa e eficaz.

    Para tanto, apresentamos este livro sobre prtica textual em lngua portuguesa.

    O objetivo deste material auxiliar voc, estudante, nessas mltiplas tarefas. Aqui voc encontrar informaes importantes sobre a coeso textual e seus mecanismos fator extremamente importante para ler e produzir bons textos , sobre os fatores de coerncia (entre eles a intertextualidade), alm da melhor forma de selecionar o vocabulrio mais adequado para um determinado texto e organizar frases e pargrafos.

    H, ainda, uma farta exemplificao, a fim de auxiliar a compreenso e fixar os temas mais relevantes.

    Agora com voc: leia os captulos atentamente, resolva os exer-ccios com ateno e vamos tentar preencher esse espao entre a letra maiscula e o ponto final com ideias coerentes e de forma coesa!

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  • Mecanismos de coeso textual

    Luciana Pereira da Silva*

    Texto e textualidadeEsta disciplina trata de prtica de texto em lngua portuguesa. Isso nos leva a duas perguntas:

    O que um texto? ::::

    O que faz com que um texto seja um texto?::::

    Vamos tentar responder a essas questes lendo, atentamente, os exemplares da prxima pgina.

    * Doutora em Estudos Lingusticos pela Universidade Federal do Paran (UFPR). Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Lngua Portuguesa pela UEL. Licenciada em Letras Anglo-portuguesas pela Fundao Faculdade Estadual de Filosofia, Cincias e Letras de Cornlio Procpio.

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  • 8 | Mecanismos de coeso textual

    Texto I Texto II

    A pescaAffonso Romano de SantAnna

    O anil o anzol o azul o silncio o tempo o peixe a agulha vertical mergulha a guaa linha a espuma

    o tempo o peixe o silncio a garganta a ncora o peixe a boca o arranco o rasgo aberta a gua aberta a chaga aberto o anzol aquelneo agil-claro estabanado o peixe a areia o sol

    Por um lado o dia est bonito; por outro, acho que no comprarei nada. Isso porque o sol

    est forte e no quero lavar o carro. Penso que voc goste de gato e este est no telhado e o

    cachorro latiu forte. Finalmente, o futebol uma prtica esportiva lastimvel.

    Texto III

    leitemanteigapovassouradetergente

    Texto IV

    Curvas de Niemeyer. A consultoria britnica Creator Synectics elaborou um ranking com as

    cem personalidades vivas mais geniais. O arquiteto Oscar Niemeyer, prestes a completar 100

    anos, aparece em nono lugar, informou o Telegraph. O primeiro lugar foi dividido por Albert

    Hofman, qumico suo, criador do LSD, e Tim Berners-Lee, cientista britnico, o pai da World

    Wide Web. A lista falha. Pel, por exemplo, no aparece.

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 7)

    Os exemplares anteriores podem nos ajudar a responder nossas duas perguntas. Voc deve ter percebido que nem todos esses exemplos so bons textos. Vejamos: o texto I A pesca no apre-senta ligao entre seus elementos, mas plenamente possvel atribuir-lhe significao. Trata-se da narrao de uma pescaria; pode-se afirmar, com segurana, que se trata de um texto.

    J o texto II (produzido para este material), apresenta elementos que unem as partes do texto (por um lado, por outro, isso, e, porque, finalmente) mas no possvel afirmar que tenhamos a uma

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  • 9|Mecanismos de coeso textual

    significao; provavelmente, nenhum leitor conseguiria interpret-lo. O exemplo III, em um primeiro momento, pode parecer estranho, mas se lhe atribuirmos um ttulo Lista de compras , ele se torna compreensvel (coerente).

    Finalmente, o exemplo IV (Curvas de Niemeyer) ilustra o que nomeamos como um texto bem construdo: os elos entre seus segmentos contribuem para atribuir-lhe sentido.

    Podemos, agora, voltar a nossas perguntas iniciais.

    O que um texto?::::

    O que faz com que um texto seja um texto?::::

    Um texto um conjunto significativo. Etimologicamente,

    a palavra texto provm do latim textum, que significa tecido, entrelaado. H, portanto, uma razo etimolgica para nunca esquecermos que o texto resulta da ao de tecer, de entrelaar unidades e partes a fim de formar um todo inter--relacionado. Da podermos falar em textura ou tessitura de um texto: a rede de relaes que garantem sua coeso, sua unidade. (INFANTE, 1998, p. 90)

    O conceito de texto muda com o passar do tempo e a evoluo dos estudos lingusticos. Vejamos mais alguns conceitos de texto:

    (KOCH, 2004, p. 12)

    Entre as vrias concepes de texto que fundamentaram os estudos em Lingustica Textual, poderamos destacar as seguintes, ressaltando, contudo, que elas se imbrincam em determinados momentos:

    1. texto como frase complexa ou signo lingustico mais alto na hierarquia do sistema lingusti-co (concepo de base gramatical).

    [...]

    8. texto como lugar de interao entre atores sociais e de construo interacional de sentidos (concepo de base sociocognitiva-interacional)

    (KOCH, 1997, p. 22)

    Poder-se-ia, assim, conceituar o texto como uma manifestao verbal constituda de elementos lingusticos selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interao, no apenas a depreenso de contedos semnticos, em decorrncia da ativao de processos e estratgias de ordem cognitiva, como tambm a interao (ou atuao) de acordo com prticas socioculturais.

    Os textos podem ser verbais (notcias, romances, letras de msica), no verbais (quadros, fotos) ou mistos (histrias em quadrinhos, peas publicitrias); orais (conversa informal, palestras, discursos) ou escritos (poemas, reportagens, volantes publicitrios). Apesar da importncia de todos os tipos de textos, nesta disciplina, interessam-nos, sobretudo, os textos verbais escritos.

    No que vimos at agora, fica evidente a importncia da textualidade para a constituio de um texto. Textualidade o conjunto de caractersticas que faz com que um texto seja um texto, e no ape-nas uma sequncia de frases.

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  • 10 | Mecanismos de coeso textual

    Esse conjunto de caractersticas formado, principalmente, pela coeso e pela coerncia: a coeso estaria no plano da expresso, e a coerncia, no plano do contedo. Trataremos agora da coeso.

    Conceito de coeso textualO Dicionrio de Linguagem e Lingustica, de R. Larry Trask (2006, p. 57), conceitua coeso como a pre-

    sena em um discurso de ligaes lingusticas explcitas que criam estrutura. Os estudos sobre a coeso comearam quando os estudiosos da linguagem perceberam as relaes que existiam entre os perodos de um texto. Essas pesquisas podem ter sua origem registrada em 1976, com a publicao do livro Co-hesion in English. Seus autores, Michael A. K. Halliday e Ruqaiya Hasan, assim apresentam o fenmeno da coeso: A coeso ocorre quando a interpretao de algum elemento no discurso depende da interpre-tao de um outro elemento. Um pressupe o outro, no sentido de que um no pode ser efetivamente decodificado sem recorrer ao outro1 (HALLIDAY; HASAN, 1976, p. 4).

    Halliday e Hasan (1976) utilizaram uma construo lingustica muito simples e muito comum para ilustar o fenmeno da coeso: Lave e tire os caroos de seis mas cruas. Coloque-as num prato refratrio. O fato de o pronome as ser compreendido somente por sua relao com mas evidencia a importncia desse mecanismo. Vamos analisar em uma notcia como a coeso importante para a boa organizao de um texto:

    Adeus, Harry PotterStimo volume desfecho talentoso da srie de J. K. Rowling

    s vsperas do lanamento de Harry Potter e as Relquias da Morte em lngua inglesa, em julho passado, J. K. Rowling postou em seu site um apelo aos fs mais ansiosos em particular e aos estraga--prazeres em geral: Gostaria que os leitores aqueles que, de alguma maneira, cresceram com Harry embarcassem para a ltima aventura sem saber para onde esto indo. No foi fcil, principalmente para os brasileiros, s voltas com tradues maneira de Hogwarts, aos pedaos, em comunidades na internet. Para Mary Carole MacCauley, do Baltimore Sun, uma das jornalistas que quebraram o em-bargo l fora e escreveram sobre o livro antes que ele chegasse s prateleiras, o final inevitvel est de acordo com o quebra-cabeas cuidadosamente estruturado nos seis livros anteriores. [...]

    Apesar do encaminhamento natural da histria (pelo menos para os leitores assduos...), Chauncey Mabe adverte no Fort Lauderdale SunSentinel que os fs no devem subestimar o talento da autora [...]

    (Revista da Semana, 12 out. 2007, p. 33. Adaptado.)

    O texto Adeus, Harry Potter um bom texto: apresenta elementos coesivos responsveis por sua legibilidade: h a retomada de elementos j citados (seu, o livro, ele) e verifica-se, tambm, os elementos responsveis por sua conexo (apesar do).

    1 Cohesion occurs where the interpretation of some element in the discourse is dependent on that of another. The one presupposes the other, in the sense that it cannot be effectively decoded except by recourse to it. When this happens, a relation of cohesion is set up, and the two elements, the presupposing and the presupposed, are thereby at least potentially integrated into a text. (HALLYDAY; HASAN, 1976, p. 4)

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  • 11|Mecanismos de coeso textual

    Formas e mecanismos de coesoNo Brasil, temos alguns estudos clssicos sobre a coeso: so aqueles desenvolvidos por Ingedore

    Koch (1993) e Leonor Fvero (1993). Apesar da importncia desses trabalhos, vamos nos servir, aqui, de uma nova abordagem elaborada por Irand Antunes (2005), pois acreditamos que essa mantm a qua-lidade dos anteriores e acrescenta, ainda, um didatismo e uma vasta exemplificao.

    Antunes (2005) apresenta que a coeso pode ocorrer por trs processos: a reiterao, a associao e a conexo2.

    A reiterao ocorre pela retomada de elementos j presentes no texto, sendo possvel estabelecer sua continuidade. A reiterao pode ocorrer por repetio ou por substituio. Vejamos um exemplo:

    Na linguagem comum, as palavras referendo e plebiscito so sinnimos, mas h uma diferena nem to sutil entre esses dois instrumentos da chamada democracia direta. Segundo a legislao bra-sileira, no plebiscito submete-se ao voto popular uma questo antes que ela ganhe forma de lei.[...]

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 41.)

    Os elementos referendo e plebiscito so retomados por dois instrumentos; plebiscito retomado mais uma vez (no plebiscito), e uma questo retomado por ela.

    A associao responsvel pela ligao semntica (de sentido) entre os vrios elementos que compem o texto. Ela ocorre pela seleo lexical.

    Mercedes retocada. Vale a pena desembolsar R$ 217 mil por um carro? Sim, responde o jornalis-ta Adriano Griecco, da revista Quatro Rodas. esse o valor da nova Mercedes C280 Avantgarde, ver-so aprimorada e R$ 37 mil mais cara do antigo modelo C200K. O automvel tem cmbio de sete marchas. Os 50 cavalos suplementares de fora permitem flego extra nas retomadas e aceleraes. Alm disso, um sistema mecnico indica como os amortecedores esto sendo exigidos, compara os dados obtidos com a velocidade em que o carro est e muda o equilbrio do amortecimento. Na prtica o Mercedes ficou mais esportivo, diz Griecco. [grifo nosso]

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 39.)

    No fragmento anterior, assinalamos vrios itens lexicais que fazem parte do campo semntico carro: automvel, cmbio, marchas, amortecedores, velocidade, amortecimento (entre outros que pode-riam ter sido identificados). Esse exerccio exemplifica a importncia da associao para o estabeleci-mento da coeso de um texto.

    A conexo promove a coeso ao estabelecer uma relao (sinttico-semntica) entre oraes, perodos, pargrafos ou, ainda, entre blocos supraparagrficos.

    2 No devemos nos prender tanto nomenclatura, visto que um mesmo fenmeno pode ser descrito com nomenclaturas diferentes. O im-portante compreender seu mecanismo e empreg-lo corretamente na leitura e na produo de textos.

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    UsurioSticky NotePALAVRAS QUE SE COMBINAM

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  • 12 | Mecanismos de coeso textual

    Bolo de usque (de Eu Odeio Cozinhar)Como fazer

    Primeiro pegue o usque no armrio e tome um pequeno gole com propsitos medicinais. Em seguida bata o acar e a manteiga, fazendo um creme. Acrescente os ovos batidos. Depois misture a farinha, o fermento, o sal e a noz-moscada e some ao creme de manteiga. Ento ponha o leite. Agora misture o bicarbonato de sdio com o melao e depois adicione ao resto. Despeje numa assadeira bem untada e leve ao forno por duas horas. O seu bolo de usque dura para sempre. Por isso voc pode enrol-lo em papel-alumnio e guardar na geladeira. Ele ficar ainda melhor se de tempos em tempos voc fur-lo e injetar mais usque com um conta-gotas.

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 29.)

    O texto Bolo de usque repleto de elementos responsveis por sua conexo (alm de outros que garantem a reiterao e a associao): primeiro, em seguida, depois, ento, agora do conta da pro-gresso temporal da elaborao do bolo; o conector e estabelece uma relao de adio entre perodos e por isso estabelece uma relao de concluso.

    Texto complementarO texto

    (BONETTI, 2000, p. 273-381)

    Considerando-se a linguagem como forma de ao entre os homens, cuja funo bsica per-suadir e convencer e no somente comunicar, evidentemente, os estudos da lngua j no podem mais estar amparados, apenas, nos campos da morfologia, da fontica e da sintaxe frasal. neces-srio inseri-los em contextos mais abrangentes, aqueles da Lingustica Textual, entre outros, para que se possa dar conta de explicar certos fenmenos lingusticos, como os sinttico-semnticos ocorrentes entre enunciados e sequncias de enunciados.

    Por volta dos anos 1960, na Frana, os linguistas constataram a insuficincia da lingustica da frase para explicar tais fenmenos, e foi a partir da que surgiram os primeiros estudos, mais volta-dos para os mecanismos da organizao textual responsveis pela construo do sentido.

    O texto, desde ento, passou a ser abordado sob o ponto de vista dos mecanismos sinttico- -semnticos e como objeto cultural.

    No Brasil, os primeiros estudos da Lingustica Textual chegaram em torno dos anos 1980. A evoluo desses estudos garante a anlise do texto como uma unidade lingustica com proprieda-des estruturais especficas. O texto passa a ser considerado como uma unidade significativa.

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  • 13|Mecanismos de coeso textual

    Umberto Eco, em sua obra Conceito de Texto (1984), diz que um dos momentos de indefinio da semitica contempornea foi justamente com a crise da noo de signo. Afirmava-se: O signo no existe. E o que existe, ao menos no que diz respeito s semiticas verbais, o texto. O autor considera a noo de texto, pelo modo como foi elaborada nos ltimos anos, notavelmente importante, porque permite entender alguns mecanismos da significao da comunicao de maneira muito mais ampla. Para ele, um suicdio construir uma semitica do texto, sem relacion-la a uma semitica do signo.

    Ao buscar saber sobre o termo texto, tem-se notado que essa palavra se enuncia de forma abrangente, articulada a outros termos tambm abrangentes, como: enunciao, sentido, significa-o, contexto, interpretante e outros que, de uma ou de outra maneira, estejam ligados aos mecanis-mos da organizao textual responsveis pela construo do sentido.

    Do estudo fundado em alguns autores, pudemos apreender, como uma possvel definio de texto:

    [...] em um sistema semitico bem organizado, um signo j um texto virtual, e, num processo de comunicao, um texto nada mais que a expanso da virtualidade de um sistema de signo. (ECO)

    J a autora de A Articulao do Texto, Elisa Guimares, atribui a texto o seguinte conceito:

    Em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou mo-derno. Concretiza-se, pois, numa cadeia sintagmtica de extenso muito varivel, podendo circunscrever-se tanto a um enunciado nico ou a uma lexia quanto a um segmento de grandes propores.

    So textos, portanto, uma frase, um fragmento de um dilogo, um provrbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance, e, at mesmo, uma palavra-frase, ou seja, a chamada frase de situao ou frase inarticulada, como a que se apresenta em expresses como Fogo!, Silncio, situadas em contextos especficos.

    Um outro conceito de texto o que segue:

    Chama-se texto o conjunto dos enunciados lingusticos submetidos anlise: o texto , ento, uma amostra de comportamento lingustico que pode ser escrito ou falado.

    L. Hjelmslev toma a palavra texto no sentido mais amplo e com ela designa um enunciado qualquer, falado ou es-crito, longo ou curto, velho ou novo. Stop um texto tanto quanto O Romance da Rosa. Todo material lingustico estudado forma tambm um texto, retirado de uma ou mais lnguas. Constitui uma classe analisvel em gneros divisveis, por sua vez, em classes, e assim por diante, at esgotar as possibilidades de diviso. (DUBOIS)

    A palavra texto utilizada frequentemente, seja na escola ou fora dela. comum ouvirmos frases como: O autor terminou seu texto; Os textos esto sobre a mesa; Que texto complicado!; Os atores j receberam seus textos.

    Conceituar texto, no entanto, mais complexo do que parece, dada a abrangncia de termos que esto ligados sua significao.

    Em nossas consideraes finais sobre o que configura texto, podemos dizer que a textualidade (tessitura), a rede de relaes, organizao de sentido, coerncia, coeso e a completude da mensa-gem num dado contexto caracterizam um texto e garantem o uso da lngua. No amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; assim tambm no superpondo frases que se constri um texto (FIORIN; SAVIOLLI).

    por meio de textos que o discurso se manifesta. Qualquer passagem falada ou escrita, inde-pendentemente de sua extenso, que constitua um todo significativo efetiva-se em um texto. [...]

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  • 14 | Mecanismos de coeso textual

    3 As atividades 1 e 2 foram retiradas de Almeida (2003).

    Estudos lingusticos1. Esta primeira tarefa coletiva:

    a) Montem um painel em sala com vrios exemplares de texto. Sugestes: texto no verbal, texto misto, texto oral, textos verbais.

    b) Escolham um desses textos e escrevam um pargrafo justificando por que ele um bom texto (lembrem-se da textualidade).

    2. Analise o poema Tecendo a manh, de Joo Cabral de Melo Neto, mostrando sua construo e relacionando-o com a metfora do verbo tecer tessitura textualidade texto.3

    Tecendo a manhUm galo sozinho no tece uma manh: ele precisar sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manh, desde uma teia tnue, se v tecendo, entre todos os galos.

    E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manh) que plana livre de armao. A manh, toldo de um tecido to areo que, tecido, se eleva por si: luz balo.

    (MELO NETO, Joo Cabral de. Tecendo a Manh.

    Disponvel em: . Acesso em: 28 mar. 2008.)

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  • 15|Mecanismos de coeso textual

    3. Observe os fragmentos a seguir. Identifique se a coeso se deu por reiterao, associao ou conexo (observe os elementos grifados):

    a) Reflexo condicionado. Os vendedores ambulantes de sorvete nos Estados Unidos no podem mais tocar a sineta. O som enlouquece as crianas. Quando escutam o sino, elas saem correndo atrs do vendedor, no meio dos carros, diz Paul Slaby, porta-voz dos servios de sade da ci-dade de Elgin. Os sorveteiros s podem usar o sino durante cinco minutos e apenas quando esto parados. (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 17)

    b) V at a banca andando, correndo ou se precisar, rastejando. (Aventuras na Histria, n. 34, jun. 2006, p. 3)

    c) Uma igreja do sculo 13 de Suurhusen, no norte da Alemanha, roubou de Pisa o ttulo de a torre mais inclinada do mundo. O livro Guinness de Recordes confirmou que o ngulo de incli-nao da torre alem de 5,19 graus, em comparao com os 3,97 graus da estrutura italiana. (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 8)

    d) Gisele Bndchen, que em 2006 ganhou US$ 33 milhes, j no assina contratos em dlares aceita apenas moedas mais fortes, como o euro, informa a Bloomberg. (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 9)

    e) Um cachorro atirou em seu dono durante uma caada em Iowa. O americano James Harry deixou sua espingarda no cho por alguns instantes. O co pisou em cima da arma e a dispa-rou. Harry foi ferido na perna. (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 16)

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  • 16 | Mecanismos de coeso textual

    Gabarito1. Verificar se os alunos encontraram textos de natureza diversa (representaes de fotos, quadros,

    histrias em quadrinhos, peas de publicidade, transcries de fala e textos verbais escritos). Em seguida, observar se so bons textos, ou seja, se atendem aos requisitos necessrios para a coe-so e a coerncia (se apresentam laos coesivos e/ou unidade de sentido).

    2. O poema Tecendo a manh metaforiza a principal caracterstica de um texto: a textualidade, ou seja, a amarrao necessria para sua constituio seja pelos elementos coesivos ou pela manu-teno temtica (coerncia).

    3.

    a) Associao.

    b) Conexo.

    c) Reiterao.

    d) Associao.

    e) Reiterao.

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  • Coeso textual: reiteraoComo sabemos, produzir um bom texto (ou compreend-lo de forma adequada) depende de

    vrios fatores. A coeso uma dessas importantes estratgias ao lado, claro, da coerncia. A coeso responsvel pela ligao entre as partes do texto. Na perspectiva terica que estamos adotando (ANTU-NES, 2005), a coeso pode efetivar-se por trs tipos de relaes: a reiterao, a associao e a conexo.

    A reiterao (de reiterar, repetir, renovar) um mecanismo de coeso em que a progresso do texto se d pela retomada/repetio ou renovao de elementos (ou segmentos) j presentes no texto ( anfora) ou pela antecipao de elementos/segmentos ( catfora).

    Antunes (2005, p. 52) define reiterao como a relao pela qual os elementos do texto vo de algum modo sendo retomados, criando-se um movimento constante de volta aos segmentos prvios o que assegura ao texto a necessria continuidade de seu fluxo, de seu percurso , como se um fio o per-passasse do incio ao fim.

    Observe as duas verses a seguir:

    Verso 1Cristina Fernndez de Kirchner, senadora de 54 anos, foi eleita presidente da Argentina depois

    de uma das campanhas mais insossas da histria do pas. Durante os ltimos meses, Cristina Fernn-dez de Kirchner se recusou a dar entrevistas, Cristina Fernndez de Kirchner faltou a debates e Cristi-na Fernndez de Kirchner no apresentou um plano de governo. Mas Cristina Fernndez de Kirchner faz histria como a primeira mulher a ocupar a Casa Rosada pelo voto direto. A ascenso de Cristina Fernndez de Kirchner compara-se mais a uma coroao que a uma eleio, disse The Economist.

    Apesar da vitria fcil, a nova presidente no ter lua de mel. A gesto de Cristina Fernndez de Kirchner ser avaliada antes mesmo de comear, a partir de decises tomadas pelo marido de Cristina Fernndez de Kirchner durante a transio, escreveu Fernando Gonzlez no Clarn.

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 16. Adaptado.)

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  • 18 | Coeso textual: reiterao

    Verso 2Cristina Fernndez de Kirchner, senadora de 54 anos, foi eleita presidente da Argentina depois

    de uma das campanhas mais insossas da histria do pas. Durante os ltimos meses, ela se recusou a dar entrevistas, faltou a debates e no apresentou um plano de governo. Mas faz histria como a primeira mulher a ocupar a Casa Rosada pelo voto direto. A ascenso de Cristina compara--se mais a uma coroao que a uma eleio, disse The Economist.

    Apesar da vitria fcil, a nova presidente no ter lua de mel. Sua gesto ser avaliada antes mesmo de comear, a partir de decises tomadas por seu marido durante a transio, escreveu Fernando Gonzlez no Clarn. [...] [grifos nossos]

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 16, destaques nossos.)

    Qual dos dois textos anteriores mais legvel? Qual dos dois leva o interlocutor a uma compre-enso mais rpida e efetiva? Deve ser consenso que a verso 2 est mais bem organizada, um bom texto, por conta dos mecanismos de coeso. Nesse momento, queremos evidenciar os procedimentos da reiterao, que so a repetio e a substituio. Vejamos como esses procedimentos se concreti-zaram na verso 2: para evitar repeties sem funo, o referente Cristina Fernndez de Kirchner foi reiterado por ela (substituio), por elipse (substituio), Cristina (repetio), sua e seu (substituio); conforme destacado no texto.

    Procedimentos da repetioA reiterao por repetio como o prprio nome expressa trata da repetio do mesmo conte-

    do semntico e pode ocorrer por parfrase, paralelismo e repetio propriamente dita. Antunes (2005, p. 60) define repetio como o procedimento em que recorremos estratgia de voltar a um segmento anterior do texto, mantendo algum elemento da forma ou do contedo.

    ParfraseVeja o exemplo a seguir:

    O Antigo Regime, ou seja, o conjunto de monarquias absolutas imperantes na Europa desde o incio do sculo XVI, a que estavam ligadas determinadas concepes e prticas, entrou em crise.

    (FAUSTO, Boris. Histria Concisa do Brasil. So Paulo: Edusp, 2006. p. 58.)

    No fragmento anterior, a expresso ou seja responsvel por sinalizar uma explicao do seg-mento Antigo Regime o conjunto de monarquias absolutas imperantes na Europa desde o incio do s-culo XVI. Essa funo pode ser realizada tambm pelas expresses em outras palavras, em outros termos, isto , quer dizer, em resumo, em suma, em sntese.

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  • 19|Coeso textual: reiterao

    A parfrase consiste em dizer a mesma coisa com outra organizao lingustica e tem como fun-o explicar um segmento anteriormente apresentado. Ela muito presente em textos expositivos ou informativos (como os manuais didticos). Vejamos mais um exemplo:

    Em que momento membros da sociedade colonial nascidos na colnia e mesmo alguns por-tugueses nela residentes comearam a pensar o Brasil como uma unidade diversa de Portugal? Por outras palavras, em que momento teria surgido a conscincia de ser brasileiro? [grifo nosso]

    (FAUSTO, Boris. Histria Concisa do Brasil. So Paulo: Edusp, 2006. p. 63.)

    ParalelismoVeja o exemplo a seguir:

    1Cinco formas de eliminar a CPMF

    1) Fazer o governo caber no PIB

    2) Reduo da alquota dos impostos

    3) Mercado de capitais estimulados

    4) Taxar menos os bens de consumo

    5) Fim da guerra fiscal.

    (Veja, 14 nov. 2007, p. 86-87. Adaptado.)

    2Cinco formas de eliminar a CPMF

    1) Fazer o governo caber no PIB

    2) Reduzir a alquota dos impostos

    3) Estimular o mercado de capitais

    4) Taxar menos os bens de consumo

    5) Acabar com a guerra fiscal.

    (Veja, 14 nov. 2007, p. 86-87.)

    Qual dos dois fragmentos anteriores mais coeso? Com certeza o segundo, mas por que moti-vo? Porque ele apresenta paralelismo. Os cinco itens da enumerao so apresentados com verbos no infinitivo. Veja mais uma srie de exemplos:

    a) Lave os tomates e refogar os vegetais.

    b) Lavar os tomates e refogue os vegetais.

    c) Lave os tomates e refogue os vegetais.

    d) Lavar os tomates e refogar os vegetais.

    Nos enunciados anteriores, (a) e (b) no so bem formados e (c) e (d) so bem formados. Nessa organizao lingustica evidencia-se, tambm, o paralelismo. O paralelismo (ou simetria sinttica das estruturas lingusticas) um recurso muito ligado coordenao de segmentos que apresentam valores sintticos idnticos; quer dizer1, a unidades semnticas similares deve corresponder uma estrutura gramatical similar (ANTUNES, 2005, p. 64).

    1 Observe a expresso responsvel pela parfrase: quer dizer.

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    UsurioSticky Noteexemplo: isso no paralelismo - estrutura sinttica das outras duas (verbos no infinitivo X substantivo), tem de ser IGUAL!

  • 20 | Coeso textual: reiterao

    Algumas expresses tambm garantem o paralelismo, como no s... mas tambm, no apenas.... mas ainda, no tanto... quanto. Vejamos:

    As crianas da creche no s fizeram as tarefas, mas tambm brincaram a tarde toda.

    A quebra de paralelismo pode ser um problema ou um recurso literrio. No primeiro caso, encon-tramos muitos exemplos em tarefas escolares. Imagine a primeira pgina de um trabalho acadmico, em que fossem apresentados os objetivos:

    Os objetivos desse estudo so:

    organizar o referencial terico sobre alfabetizao;::::

    elaborar um roteiro de estudos;::::

    a produo de material didtico para o trabalho com jovens e adultos.::::

    O ltimo dos itens (a produo de material didtico para o trabalho com jovens e adultos) no se-gue a mesma estrutura sinttica das outras duas (verbos no infinitivo X substantivo). Outro exemplo foi coletado em um exerccio em que se pedia a alunos do Ensino Mdio que apresentassem as atividades realizadas pelos jesutas na poca da colonizao do Brasil. Uma das respostas dizia:

    As atividades exercidas eram: realizao de missas, ensinavam o catolicismo, ouvir as confis-ses dos portugueses, aprender a lngua dos indgenas.

    Por outro lado, a quebra de paralelismo pode ser um espetacular recurso literrio. Observe os exemplos a seguir2:

    a) Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao corao de Marcela.

    (Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas, captulo XV.)

    b) Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de ris.

    (Machado de Assis, Memrias Pstumas de Brs Cubas, captulo XVII.)

    Ou ainda um recurso publicitrio, como em Estaremos de portas e pginas abertas para voc. (Anncio publicitrio)

    Repetio propriamente ditaVeja o exemplo a seguir:

    Ponha mais surpresa,

    Ponha mais prmios,

    Ponha mais sorte.

    Ponha mais Itaucard na sua vida.

    (Anncio publicitrio)

    2 Exemplos citados por Garcia (2006).

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  • 21|Coeso textual: reiterao

    No texto anterior, temos a repetio de um mesmo item lexical (a flexo verbal ponha) e de um mesmo item gramatical (o advrbio mais).

    Repetir no sempre um defeito (como muitos professores insistem em frisar), mas pode ser um recurso estilstico, como no anncio que acabamos de analisar. No se deve esquecer, ainda, que s vezes no possvel no repetir uma palavra; s pensarmos em quantas vezes j empregamos aqui o vocbulo texto (voc consegue imaginar como poderamos substituir esse termo?). A repetio pode ter, entre outras, as seguintes funes:

    marcar a nfase que se pretende atribuir a um determinado segmento: ::::

    Ningum deve comprar imvel sem antes fazer pesquisa. Ningum.3

    marcar o contraste entre dois segmentos do enunciado:::::

    H estudantes e estudantes...

    marcar uma correo, explcita ou no:::::

    O Itamaraty assistiu com uma ponta de alma lavada ao fracasso da comemorao dos 500 anos. A organizao estava a cargo dos diplomatas, mas Rafael Greca assumiu-a para promo-ver uma festa popular. Popular? (Veja, 3 maio 2000)

    expressar quantificao:::::

    H trs solues para o drama da infncia perdida na rua: escola, escola, escola. (Veja, 30 out. 1996)

    marcar a continuidade do tema que est em foco. a funo presente na maioria dos exem-::::plos anteriores.

    Vejamos mais alguns exemplos em que a repetio foi bem empregada:

    Cada gota faz bem para voc.

    Cada gota faz bem para o mundo sua volta.

    Cada gota vale a pena.

    (Anncio publicitrio de refrigerante)

    3 Exemplos citados por Antunes (2005, p. 72-75).

    RetratosRealizada e divulgada pela Fundao Volkswagen em meados de outubro, a pesquisa Retra-

    tos do Ensino Fundamental: 6. ao 9. ano trouxe tona nmeros alarmantes para a educao de So Paulo. Exemplo: aproximadamente 33,11% dos alunos chegam 6. sem saber ler e 28,6% sem saber escrever. Entre os que sabem ler, 59,44% no entendem o que est escrito, e 71% escrevem textos com problemas de contedo, ortografia, gramtica e caligrafia. Para chegar aos dados, a Fun-dao ouviu mais de 600 professores, alm de gestores, pais e alunos.

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  • 22 | Coeso textual: reiterao

    Outra deficincia encontrada pela pesquisa diz respeito estrutura das escolas. Com base em dados da Edudata Brasil, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), a pesquisa revela que metade das escolas de ciclo dois do Fundamental no dispe de bi-blioteca ou de quadra de esportes. Entre outras informaes, descobriu-se tambm que 75% dos colgios no tm laboratrio de cincias, 70% no tm sala de TV e vdeo e somente 36,29% tm la-boratrio de informtica. A pesquisa foi entregue Secretaria de Estado da Educao de So Paulo.

    (Educao, nov. 2007, p. 15.)

    Procedimentos da substituioA reiterao pode se dar, tambm, pela substituio. Na substituio, um mesmo referente re-

    tomado, porm com uma nova roupagem; h uma variao grfica mas com mesmo contedo semn-tico. Veja o exemplo a seguir:

    O mundo da tecnologia j definiu o sucessor de Bill Gates, dono da Microsoft. Mark Zucker-berg, garoto de 23 anos que fundou o site de relacionamentos Facebook, usado por 50 milhes de americanos. As comparaes entre os dois so inevitveis. Ambos so geninhos da informtica, abandonaram as cadeiras de Harvard para montar a prpria empresa e considerados visionrios. Agora, Gates e Zuckerberg esto mais prximos do que nunca.[...] A revista Wired lembra que Gates perdeu vrias batalhas para o site de buscas, entre as quais a compra do Youtube e no poderia se dar ao luxo de ser derrotado novamente. Zuckerberg o acesso mais rpido s novas geraes de usurios de computador vitais para a Microsoft.

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 36. )

    No texto acima, temos duas cadeias referenciais: a primeira se constri a partir do referente Bill Gates; e a segunda, com o referente Mark Zuckerberg. Vejamos como essas cadeias se sucedem:

    a) Bill Gates e Mark Zuckerberg so retomados por os dois, ambos e (elipse);

    b) Bill Gates retomado por Gates;

    c) Mark Zuckerberg retomado por Zuckerberg.

    Quando a retomada ocorre pela substituio do referente por um numeral (dois, ambos), dizemos que houve uma substituio gramatical. Se a substituio se der por um item do lxico (substantivos, adjetivos, verbos), nomeamos de substituio lexical como vimos em Gates e Zuckerberg. Pode ocorrer, ainda, a substituio por zero (ou elipse); nesse caso, a terminao verbal recupera o referente ( aban-donaram as cadeiras de Harvard). Vejamos cada uma dessas substituies.

    Substituio gramaticalNa substituio gramatical, o referente pode ser retomado por numerais, pronomes e advrbios.

    Essa substituio pode ser anafrica (para frente) ou catafrica (para trs).

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  • 23|Coeso textual: reiterao

    Anfora CatforaQual a origem do nome do aeroporto de Viracopos, em

    Campinas, to em evidncia atualmente?

    Ele foi fundado na dcada de 1930 e homologado oficial-

    mente em 1960, ocasio em que tambm ascendeu ca-

    tegoria de aeroporto internacional. [...]

    (Lngua Portuguesa, nov. 2007, p. 64)

    Na anfora, primeiro aparece o referente (aeroporto de

    Viracopos) que posteriormente retomado por um pro-

    nome (ele).

    Jerusalm ganha Portugal Telecom de Literatura.

    Ele escreve sem pensar como vai continuar, como se co-

    measse a correr antes de achar o passo certo. O portugus

    Gonalo M. Tavares foi o grande vencedor, ms passado,

    do prmio Portugal Telecom de Literatura em lngua por-

    tuguesa 2007, com o livro Jerusalm [...]

    (Lngua Portuguesa, nov. 2007, p. 11)

    Na catfora, primeiro temos o pronome (ele), depois apre-

    senta-se o referente (o portugus Gonalo M. Tavares).

    importante destacar que, muitas vezes, a catfora empregada para criar expectativa em rela-o informao que ser apresentada posteriormente.

    A seguir, temos um exemplo de substituio gramatical. Nele o advrbio de lugar l substitui o referente Frana:

    Frana cinco estrelas. Os hotis franceses no seguem a classificao mundial de estrelas para seus hotis. Os melhores, por l, tm quatro estrelas. [...]

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 26.)

    Substituio lexicalNa substituio lexical4, o referente previamente introduzido, geralmente um nome, retomado

    por outro nome textualmente equivalente. A substituio lexical ocorre pelo emprego de sinnimos, hipernimos5 ou caracterizadores situacionais. Antunes (2005, p. 97) nos diz que em relao repeti-o, a substituio oferece uma vantagem, que aquela de se poder acrescentar informaes ou da-dos acerca de uma referncia j introduzida anteriormente. Veremos a seguir alguns exemplos:

    Substituio por sinnimo

    A obra rene orientaes para uso do tea-tro como instrumento pedaggico em sala de aula e para sua encenao. Os livros, divididos por faixa etria, trazem tambm 98 partituras musicais das canes que fazem parte das pe-as e trs jograis.[...]

    (Educao, n. 2007, p. 14.)

    Para quem no tem ideia do que sejam estaes, j que hoje temos laranja o ano todo (ainda que sempre meio sem sabor) e o calor teima em aparecer em pleno inverno, pensar em pocas propcias para determinadas brin-cadeiras parece coisa de gente esquisita.

    (Educao, n. 2007, p. 16.)

    4 Entram aqui, principalmente, substantivos, verbos e adjetivos.5 De maneira geral, hipernimos so palavras de sentido geral, que designam classe de seres; ou ainda, palavras superordenadas ou nome genrico.

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  • 24 | Coeso textual: reiterao

    To antiga quanto as escavaes de lorde Carnarvon e Howard Carter a briga para decidir quem toma conta dos tesouros encontrados pelos arquelogos, anotava uma reportagem de Veja em 1988. A disputa continua. [...]

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 40.)

    Nos exemplos anteriores, os referentes previamente introduzidos so retomados por sinnimos (a obra os livros; estaes pocas; briga disputa). importante frisar que no existe sinonmia perfeita; Antunes (2005, p. 100) alerta ainda para duas funes do uso dos sinnimos: a manuteno do tema do texto, ao possibilitar a formao de um fio sequencial, e a manuteno do interesse do leitor/receptor, tendo em vista o carter informativo e a fora persuasiva das escolhas feitas.

    Substituio por hipernimo

    Em cena, o coro canta a histria de uma fazenda no serto, cujo dono era muito rico e orgulhoso: at Deus ele desafiava. Mas, um dia, o fazendeiro viu um touro no terreiro chamado boi aru o animal finalmente o levaria a per-der o orgulho. [...]

    (Educao, nov. 2007, p. 14.)

    Assim como ocorre no caso da incluso das pessoas com deficincia, o Brasil assumiu, em 1997, durante a V Conferncia Internacional de Educao para Pessoas Adultas, realizada em Hamburgo, o compromisso de elevar a escolari-dade desse grupo.

    (Educao, nov. 2007, p. 22.)

    No primeiro caso, o hipernimo animal retoma o referente touro; no segundo, pessoas com defici-ncia substitudo por grupo.

    Os hipernimos esto mais presentes nos textos do que os sinnimos, por apresentarem um uso mais amplo, em parte por sua constituio: so mais precisos na retomada; podem, ainda, substituir um nmero grande de outras palavras. Irand Antunes (2005, p.103), apresenta um grupo de hipernimos que podem substituir um grande nmero de itens lexicais: item, dispositivo, equipamento, recipiente, procedimento, produto, fator, elemento, entidade, coisa.

    Substituio por caracterizadores situacionais6

    Quando o computador chegou escola? Por que muitos professores ainda o temem?

    (Nova Escola, nov. 2007, p. 16)

    Os primeiros computadores foram usados em universidades americanas nos anos 1940. Na dcada de 1990, os micros invadiram as escolas. H quem resista a eles por vrios motivos, como a confuso institucional entre ensinar e educar. A primeira ao remete transferncia de infor-maes e a outra um processo abrangente que leva autossuficincia intelectual. Por tempos, a autoridade professoral baseou-se no conhecimento. Mas, no quesito armazenagem de dados, os micros superam as pessoas. Alm disso, o emprego de PCs pe muitos mestres em desvantagem em relao aos pupilos, que manipulam essas ferramentas desde a infncia. Os meros ensinadores temem o micro. Os verdadeiros educadores, no.

    6 Fvero (1993) nomeia esse recurso como expresses nominais definidas.Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,

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  • 25|Coeso textual: reiterao

    No exemplo anterior, o uso dos caracterizadores situacionais muito bem explorado. A cadeia refe-rencial iniciada por professores continuada por mestres e finalizada por meros ensinadores e verdadeiros educadores. O emprego de mestres indica uma substituio por sinnimo, em que no se percebe uma avaliao por parte do produtor; j o emprego de meros ensinadores e verdadeiros educadores indica o que o produtor desse pequeno texto pensa dos professores: ele os divide em dois grupos, os que temem o uso dos computadores, por serem apenas transmissores de informaes seriam meros ensinadores; j os que veem na informtica uma aliada ao ensino seriam os verdadeiros educadores. Essas expresses (meros ensinadores e verdadeiros educadores) foram criados nessa situao comunicativa especfica, no poderiam substituir o referente professores em um outro evento de linguagem (outro texto).

    Antunes (2005, p. 109) nos informa que os caracterizadores situacionais funcionam como uma descrio do referente, conforme o que relevante focalizar na situao concreta da enunciao: O termo caracterizao situacional tem, exatamente, a pretenso de pr em evidncia seu aspecto de caracterizar o objeto em questo, porm, conforme as particularidades de cada situao. Para o reco-nhecimento do significado dos caracterizadores situacionais ou para seu emprego nos textos, devemos ativar nosso conhecimento enciclopdico (ou conhecimento de mundo).

    Substituio por elipse7

    A elipse corresponde estratgia de se omitir um termo, uma expresso ou at mesmo uma se-quncia maior (uma frase inteira, por exemplo) j introduzidos anteriormente em outro segmento do texto, mas recupervel por marcas do prprio contexto verbal em que ocorre (ANTUNES, 2005, p. 119). Vejamos, a seguir, como o uso da elipse pode dar agilidade e leveza ao texto, sem comprometer sua eficcia comunicativa:

    Verso 1Professor emrito de histria latino-americana da Universidade da Flrida, Neill Macaulay

    (1935-2007) foi dos poucos americanos que lutaram ao lado dos guerrilheiros na revoluo cubana. Neill Macaulay chegou a tenente, Neill Macaulay cuidou de uma fazenda de tomates e seu primeiro filho nasceu em Cuba.

    Anos depois Neill Macaulay voltou aos Estados Unidos. Neill Macaulay escreveu Sandino Affair, sobre o lder nicaraguense, e A Rebel in Cuba. [...]

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 20. Adaptado.)

    Verso 2Professor emrito de histria latino-americana da Universidade da Flrida, Neill Macaulay

    (1935-2007) foi dos poucos americanos que lutaram ao lado dos guerrilheiros na Revoluo Cubana. Chegou a tenente, cuidou de uma fazenda de tomates e seu primeiro filho nasceu em Cuba.

    Anos depois voltou aos Estados Unidos. Escreveu Sandino Affair, sobre o lder nicaraguen-se, e A Rebel in Cuba. [...]

    (Revista da Semana, 12 nov. 2007, p. 20.)

    7 Halliday e Hasan (1976) chamam a elipse de substituio por zero.Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,

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  • 26 | Coeso textual: reiterao

    Na verso 2, redigida pelo jornalista, temos quatro substituies do referente Neill Macaulay por elipse8. Vejamos outro exemplo:

    A Avanti viajou pelo mundo para voc criar o seu .

    (Anncio publicitrio de tapetes)

    Para finalizar, um ltimo recado: na maioria dos textos, observa-se uma certa regularidade no emprego dos procedimentos de coeso por reiterao. O produtor pode repetir a palavra, substitu-la por um pronome, por uma expresso equivalente ou recorrer a uma elipse.

    Texto complementar

    Princpios de construo textual do sentido(KOCH, 2004, p. 35-39. Adaptado.)

    Coeso textualCostumou-se designar por coeso a forma como os elementos lingusticos presentes na super-

    fcie textual se interligam, se interconectam, por meio de recursos tambm lingusticos, de modo a formar um tecido (tessitura), uma unidade de nvel superior da frase, que dela difere qualitativa-mente.

    Em sua obra Cohesion in English, que se tornou clssica, vindo a servir de fundamento para a maior parte dos estudos posteriores, Halliday e Hasan (1976) postulam a existncia de cinco formas de coeso, a saber, a referncia, a substituio, a elipse, a conjuno e a coeso lexical. Como, po-rm, a distino entre referncia e substituio, tal como feita pelos autores, era bastante question-vel [...], e a elipse era por eles definida como uma substituio por zero, a maioria dos pesquisadores passou a classificar os recursos coesivos em dois grandes grupos, responsveis pelos dois grandes movimentos de construo do texto: a remisso/referncia a elementos anteriores (coeso remissi-va e/ou referencial) e a coeso sequencial, realizada de forma a garantir a continuidade do sentido. No primeiro grupo ficaram includas a referncia, a substituio e a elipse de Halliday, bem como parcela significativa da coeso lexical; ao passo que o segundo passou a englobar a outra parcela da coeso lexical, bem como a conexo (conjuno hallidiana).

    A necessidade de dividir a coeso lexical pelos dois grupos deve-se ao fato de Halliday haver postulado que ela envolve dois mecanismos: a reiterao e a colocao. Ora, conforme veremos mais adiante, a reiterao, que se realiza por meio de repetio de um referente textual pelo uso dos mesmos itens lexicais, sinnimos, hipernimos, nomes genricos e expresses nominais, tem a mesma funo dos demais recursos de remisso textual; enquanto a colocao, por sua vez, permite que se faa o texto progredir, garantindo, simultaneamente, a manuteno do tema.

    8 H tambm uma substituio gramatical: seu filho.

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  • 27|Coeso textual: reiterao

    Cabe lembrar que, nos momentos iniciais da Lingustica Textual, a coeso referencial era vista como o mecanismo que permite ao produtor do texto remeter, por meio de um elemento lingusti-co a outros elementos textuais, anteriores (anfora) ou subsequentes (catfora).

    Entre os recursos capazes de criar a coeso referencial, foram descritos elementos de ordem gra-matical, como os pronomes de terceira pessoa (retos e oblquos), os demais pronomes (possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos), os numerais, o artigo definido e alguns advr-bios locativos, como l, a, ali. Importante ressaltar, porm, que tais elementos podem ter, no texto, funo coesiva, isto , eles nem sempre atuam coesivamente. Vejamos alguns exemplos em que esses elementos operam como elementos de coeso:

    (1) V buscar as crianas. Elas saem s 17h.

    (2) Todos os livros esto na estante. Os meus so os de capa azul.

    Tambm elementos de ordem lexical podem, como dissemos, ser responsveis pela coeso re-ferencial, quando empregados com a funo de reiterar referentes textuais: a repetio do mesmo item lexical (com ou sem mudana de determinante), sinnimos, hipernimos, nomes genricos e formas nominais, inclusive nominalizaes, como se pode verificar nos exemplos a seguir:

    (3) E a msica vinha de longe. A msica era tranquilizante, doce, cheia de acordes suaves.

    (4) A casinhola ficava no meio da floresta. No casebre, de cho batido e coberto de sap, morava um velho lenhador.

    V-se que, tanto nos exemplos de (1) e (2), em que a coeso se realiza por meio de recursos de ordem gramatical, como nos (3) e (4), em que se recorre a meios lexicais, opera-se a remisso a elementos textuais, que so retomados no segmento seguinte.

    H, ainda, uma outra forma de remisso a referentes textuais, nitidamente (embora no s) de cunho sinttico: trata-se da elipse, como mostra o exemplo:

    (5) Durante muito tempo, os escoteiros tentaram obter socorro. ( ) Chamaram, ( ) gritaram, ( ) acenderam fogueiras, mas de nada adiantou.

    No tardou, porm, que se percebesse que nem sempre o referente de uma forma coesiva vem expresso no texto. Tratou-se, em primeiro lugar, das anforas ditas associativas, semnticas ou profundas como foi o caso de autores como Isenberg e Vater, que j faziam referncia s anforas de tipo associativo, em exemplo aqui repetido como:

    (6) Ontem houve um casamento. A noiva usava um longo vestido branco (ISENBERG).

    Verificou-se, depois, que, em muitos outros casos, o referente da forma anafrica necessita ser extrado do conhecimento de mundo, via inferenciao, como acontece no exemplo (7), em que os antecedentes dos pronomes (l)o e isto no se encontram expressos no texto, mas necessi-tam ser inferidos:

    (7) Quando encontrou Lcia novamente, ela o tratou secamente, como se fosse um estranho. Ele devia t-lo imaginado, ela jamais poderia conformar-se com aquilo.

    So bastante variados os graus de inferncia exigidos para recuperar o referente de uma forma anafrica. Por isso, vem-se fazendo diferenciao entre anforas associativas (baseadas em relaes

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  • 28 | Coeso textual: reiterao

    lxico-estereotpicas, de ingredincia, representadas na memria em forma de modelos cognitivos) e anforas indiretas, que exigem um grau de inferenciao mais complexo.

    A coeso sequencialA coeso sequencial diz respeito aos procedimentos lingusticos por meio dos quais se estabe-

    lecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, pargrafos e mesmo sequn-cias textuais), diversos tipos de relaes semnticas e/ou pragmtico-discursivas, medida que se faz o texto progredir. Essa interdependncia garantida, em parte, pelo uso dos diversos mecanis-mos de sequenciao existentes na lngua e, em parte, pelo que se denomina progresso tpica.

    Estudos lingusticos1. Reescreva o texto a seguir eliminando as repeties desnecessrias. Voc deve empregar os pro-

    cedimentos de substituio.

    Ziraldo Alves Pinto teve seu primeiro desenho publicado em 1938, aos seis anos, no jornal A Folha de Minas. Ziraldo Alves Pinto aprendeu a ler com sua me antes de entrar para o grupo escolar. Sua me apresentou Ziraldo Alves Pinto s letras do alfabeto como se fossem personagens, transformando esse aprendizado numa grande aventura. Quando Ziraldo Alves Pinto foi para a escola, j em Caratinga, aos sete anos, Ziraldo Alves Pinto desenvolveu ainda mais o prazer pela leitura e Ziraldo Alves Pinto teve pela frente a arca cheia de livros do pai de Ziraldo Alves Pinto, com os quais Ziraldo Alves Pinto interagiu lendo, rabiscando, escrevendo e desenhando sem qualquer culpa.

    Enquanto desenha, Ziraldo Alves Pinto canta, Ziraldo Alves Pinto assobia e Ziraldo Alves Pinto bate o p. Em geral, Ziraldo Alves Pinto utiliza caneta Futura preta. Os traos que no agradam, Ziraldo Alves Pinto apaga com gua sanitria. Quando o desenho colorido, Ziraldo Alves Pinto usa o ecoline, pois Ziraldo Alves Pinto no trabalha mais com guache. Quase sem-pre Ziraldo Alves Pinto faz uso do lpis de cor para conseguir uma textura interessante.

    (Nova Escola, nov. 2007, p. 78. Adaptado. )

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  • 29|Coeso textual: reiterao

    2. Identifique quais os procedimentos de repetio foram empregados nos fragmentos a seguir:

    a) Voc pensa. Voc imagina. A Samsung realiza. (Anncio publicitrio)

    b) preciso fazer algo. possvel fazer muito. E devemos fazer j. (Anncio publicitrio)

    c) O desafio : como produzir um texto diferenciado dos demais, que se destaque por ser mais qualificado? Em suma, como alcanar a originalidade? (Revista Lngua/Especial Redao, set. 2007, p. 60)

    3. Indique como se deu a reiterao do referente Mnica no trecho a seguir. Use o cdigo: ( 1 ) subs-tituio gramatical ou ( 2 ) substituio lexical.

    Apesar do jeitinho de menina, a Mnica j quarentona. ( ) Ela surgiu h 44 anos no trao de Maurcio de Sousa, que se inspirou em uma de suas filhas. Mas ( ) a personagem foi mudando com o tempo: quando nasceu no papel, tinha mais cara de invocada e comportamento mais agressivo dava coelhadas a torto e a direito. Depois, ( ) a garota foi ganhando um formato mais rechonchudo e uma cara mais simptica. Em As Tiras Clssicas da Turma da Mnica Vol.1 (Editora Panini, R$19,80), voc acompanha as primeiras aparies ( ) da garota dentua. (Folhinha, Folha de S.Paulo, 10 nov. 2007, p. 7)

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  • 30 | Coeso textual: reiterao

    Gabarito1. Apresentamos o texto original como sugesto de reescrita, outras opes so possveis; inclusive

    deve ser incentivada a troca entre os alunos para se observarem as mltiplas possibilidades de coeso.

    Teve seu primeiro desenho publicado em 1938, aos seis anos, no jornal A Folha de Minas. Aprendeu a ler com sua me antes de entrar para o grupo escolar. Ela o apresentou s letras do

    alfabeto como se fossem personagens, transformando esse aprendizado numa grande aventura. Quando foi para a escola, j em Caratinga, aos sete anos, desenvolveu ainda mais o prazer pela leitura e teve pela frente a arca cheia de livros do seu pai, com os quais interagiu lendo, rabis-cando, escrevendo e desenhando sem qualquer culpa. [...]

    Enquanto desenha, Ziraldo canta, assobia e bate o p. Em geral, utiliza caneta Futura preta. Os traos que no agradam, apaga com gua sanitria. Quando o desenho colorido, usa o ecoline, pois no trabalha mais com guauche. Quase sempre faz uso do lpis de cor para conseguir uma textura interessante.

    (Nova Escola, nov. 2007, p. 78.)

    2.

    a) Repetio propriamente dita.

    b) Paralelismo.

    c) Parfrase.

    3. ( 1 ) ( 2 ) ( 2 ) ( 2 )

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  • Coeso textual: associao e conexo

    Vamos comear nossa conversa trazendo a professora Ingedore Koch, importante pesquisadora das questes da linguagem.

    Lngua Portuguesa O que um professor pode fazer para reverter o quadro revelado pela Prova Brasil?

    Ingedore Koch Em primeiro lugar, no se deve ensinar a lngua s com base na gramtica. Segundo, preciso expor os alunos a muita leitura. A gramtica deve ser usada para mostrar como os textos funcionam. Para mostrar quais as pistas que um texto d para que o leitor seja capaz de construir um sentido. Muito professor diz que baseia seu trabalho no texto, mas se limita a pedir ao aluno que destaque nos enunciados um dado nmero de substantivos ou de pronomes. Esquecem, por exemplo, que os elementos de coeso, importantssimos num texto, so todos gramaticais.

    [...]

    Lngua Portuguesa Um modelo calcado na gramtica pela gramtica fez o Brasil ter baixos ndices de compreenso de texto?

    Ingedore Koch Ajudou. Faz com que o aluno decore listas de adjetivos, aumentativos, ver-bos, sem ver utilidade nelas. Seria diferente se ele fosse perguntado por que um perodo se liga a outro, que elemento permitiu isso, que funo se estabelece entre um enunciado e outro. E s ento inform-lo que se trata de conjuno, locuo conjuntiva ou prepositiva, se substantivo ou expresso nominal que retoma algo j apresentado, mas que abre caminho para informao nova. O texto como um croch. Voc d o primeiro ponto, pega a agulha, puxa e d outro, e assim vai. Quais elementos ajudam a puxar o primeiro ponto? Quais costuram duas partes? Mostrando esse funcionamento, aprende-se gramtica no texto.

    (Lngua Portuguesa, maio 2007, p. 13-14.)

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  • 32 | Coeso textual: associao e conexo

    Nesses fragmentos da entrevista da professora Ingedore, a relevncia da coeso (a costura do texto) fica mais do que evidente. Para estabelecer a coeso, veremos as relaes de associao e de conexo.

    AssociaoVejamos o pequeno texto a seguir:

    A volta do hidroavio Jahcone da aviao brasileira recuperado

    O hidroavio Jah foi a primeira aeronave a cruzar o Atlntico pilotada por um brasileiro, Joo Ribeiro Barros, em 1927, de Cabo Verde a Fernando de Noronha. Aos 80 anos de idade, o S55 da ita-liana Savoia Marchetti um cone da aviao brasileira. Abandonado, estava corrodo por cupim, diz O Estado de S. Paulo. Uma reforma feita por uma empresa de servios para helicpteros, a Heli-park, deu vida nova ao Jah. Pode voar ainda? No podemos garantir a resistncia do material oito dcadas depois, diz lson Sterque, diretor-tcnico da empreitada.

    (Revista da Semana, 5 nov. 2007, p. 40.)

    O texto em questo um bom texto, pois nele podemos identificar elementos coesivos respon-sveis por sua tessitura. Especialmente, vamos enfatizar a relao de associao. A associao se d quando so utilizadas palavras do mesmo campo semntico, no caso a aviao: hidroavio, aviao, aeronave, helicpteros, voar. Mesmo podendo parecer redundante ( claro que um texto que trate de aviao contenha vocbulos dessa rea do saber), esse um recurso extremamente importante para o estabelecimento da coeso.

    O procedimento responsvel pela associao a seleo lexical, que a escolha de palavras que mantenham o tema do texto em questo. Ela ocorre por vrios tipos de relaes semnticas, mas as principais so antnimos e diferentes modos de relaes parte/todo.

    Antnimo

    Pode haver discusses burras sobre intelign-cia? Sim. Elas so mais comuns do que discus-ses profanas sobre religio.

    (Veja, 14 nov. 2007, p. 124.)

    Alguns pensam rido.

    Ns pensamos frtil.

    (Anncio publicitrio)

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  • 33|Coeso textual: associao e conexo

    Nos fragmentos apresentados, a coeso se estabelece por relaes semnticas (de sentido); a manu-teno do tema ocorre pela relao de antonmia (burras X inteligncia; profanas X religio; rido X frtil).1

    Diferentes modos de relaes parte/todoAs relaes parte/todo tambm podem ser chamadas de partonmia ou meronmia2. Elas com-

    pem grande parte do texto e esto presentes em quase todos eles. Vejamos alguns exemplos possveis das relaes envolvendo esse tipo de associao:

    Nomes de seres ou objetos que dividem o mesmo espao fsico :::: A energia gerada por uma corda, como um ioi. As teclas so de borracha. Assim o lap top de baixo custo da fundao de Nicholas Negroponte, do MIT (Revista da Semana, 19 de nov. 2007, p. 22).

    Nomes de eventos :::: No Vale das Sombras a primeira estreia sobre o Iraque a lembrar clssicos do Vietn (Revista da Semana, 19 nov. 2007, p. 32).

    Nomes de grupos e de seus respectivos constituintes, largamente restritos a associaes de seres ::::humanos famlia (pai, me...), time (tcnico, treinador, capito).

    Nomes de colees e seus constituintes :::: biblioteca (livro), pinacoteca (quadros).

    Nomes de elementos que entram na composio de outros materiais :::: Vinhoterapia. O spa do vinho Caudalie Vinothrapie o primeiro centro brasileiro de tratamento de sade base de uva, tcnica desenvolvida na regio de Bordeaux, na Frana (Revista da Semana, 19 nov. de 2007, p. 26) .

    Nomes de uma sequncia:::::

    Poltica literriaO poeta municipal discute com o poeta estadual qual deles capaz de bater o poeta federal.

    Enquanto isso o poeta federal tira ouro do nariz

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Potica.

    Rio de Janeiro: Record, 2001, grifos nossos.)

    A relao parte/todo pode ser estabelecida por substantivos, verbos ou adjetivos. Explorar esse mecanismo de coeso pode contribuir para a melhora da compreenso de textos por parte dos alunos. Observe a seguir, como Ceclia Meireles construiu seu belo poema explorando tanto a sonoridade quanto a seleo lexical do campo semntico chuva produzindo a coeso por associao.

    1 Antunes (2005, p. 133) fala da relao co-hiponmia, apresentando como exemplo as sries: animal, vegetal, mineral; casado, solteiro; inver-no, primavera, vero, outono. Mas esses nomes podem funcionar como antnimos, por isso no inclumos a relao de co-hiponmia.2 Palavra que designa parte de outra (por exemplo, copa e aba so mernimos de chapu).

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  • 34 | Coeso textual: associao e conexo

    EnchenteChama o Alexandre! Chama!

    Olha a chuva que chega! a enchente. Olha o cho que foge com a chuva...

    Olha a chuva que encharca a gente. Pe a chave na fechadura. Fecha a porta por causa da chuva, olha a rua como se enche!

    Enquanto chove, bota a chaleira no fogo: olha a chama! olha a chispa! Olha a chuva nos feixes de lenha!

    Vamos tomar ch, pois a chuva tanta que nem de galocha se pode andar na rua cheia!

    Chama o Alexandre! Chama!

    (MEIRELES, Ceclia. Ou Isto ou Aquilo.

    Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.)

    ConexoObserve atentamente o texto a seguir:

    Verso 1Vamos falar de um tema importante: a formao do professor brasileiro. Esse tema importante

    responsvel pelo progresso econmico tambm social de um pas. Sem seja dada a devida ateno formao dos profissionais de ensino, impossvel alcanar o patamar de desenvolvimento esperado. Se fala em desenvolvimento tecnolgico, fala-se no ensino, esse desenvolvimento realmente ocorra, devemos valorizar o educador. Dados do MEC, faltam professores em todas as reas; se valoriza o ma-gistrio essas vagas no sero preenchidas. o se espera das medidas lanadas pelo governo reverter um quadro insiste em no melhorar. O pode ser feito para reverter essa situao? consenso deve haver um piso mnimo (digno) incentivar a formao constante. Melhores salrios atrairiam melhores profissionais estariam em constante aperfeioamento, garantindo uma educao de qualidade. Inves-tir na formao do professor investir na preservao do meio ambiente: indispensvel para um pas pretende deixar de ser em desenvolvimento e passar a ser desenvolvido. Valorizar a formao do educador um dos principais (seno nico) caminho para o desenvolvimento.

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  • 35|Coeso textual: associao e conexo

    O texto est estranho, no? Vejamos agora a verso 2 do mesmo texto:

    Verso 2Vamos falar de um tema importante: a formao do professor brasileiro. Esse tema importan-

    te porque responsvel pelo progresso no s econmico, mas tambm social de um pas. Sem que seja dada a devida ateno formao dos profissionais de ensino, impossvel alcanar o patamar de desenvolvimento esperado. Todas as vezes que se fala em desenvolvimento tecnolgico, fala-se no ensino, mas para que esse desenvolvimento realmente ocorra, devemos valorizar o educador. Segundo dados do MEC, faltam professores em todas as reas; portanto, ou se valoriza o magistrio ou essas vagas no sero preenchidas. o que se espera das medidas lanadas pelo governo para reverter um quadro que insiste em no melhorar. Mas o que pode ser feito para reverter essa situ-ao? consenso que deve haver um piso mnimo (digno) e incentivar a formao constante. Isto , melhores salrios atrairiam melhores profissionais que estariam em constante aperfeioamento, garantindo uma educao de qualidade. Investir na formao do professor como investir na pre-servao do meio ambiente: indispensvel para um pas que pretende deixar de ser em desen-volvimento e passar a ser desenvolvido. Valorizar a formao do educador , portanto, um dos principais (seno nico) caminho para o desenvolvimento.

    Da verso 1 para a verso 2, inclumos os conectores. Eles so responsveis pelo estabelecimento das relaes sinttico-semnticas entre os segmentos do texto. Esses segmentos podem ser palavras, frases, pargrafos ou segmentos ainda maiores. Podem exercer a funo de conectores, preposies e locues prepositivas, advrbios (e locues adverbiais) e conjunes (e locues conjuntivas). Irand Antunes (2005, p. 144), apresenta duas funes fundamentais para o estudo dos conectivos: entender a funo dos conectores como elementos de ligao de subpartes do texto e entender esses conectores como elementos indicadores de relaes de sentido e de orientao argumentativa.

    Os conectores podem estabelecer uma srie de relaes. Vejamos algumas delas.

    Relao de causalidadeNa relao de causalidade, temos dois segmentos (A e B), sendo que um expressa a causa da conse-

    quncia indicada em outro: Mame vai tomar (consequncia) porque (conectivo) saudvel (causa).

    Mame vai tomar porque saudvel.

    Voc vai tomar porque gostoso.

    Papai vai tomar porque a mame mandou.

    (Anncio de refrigerante)

    Relao de condicionalidadeA relao de condicionalidade se realiza quando um segmento expressa a condio para o con-

    tedo de um outro; existe uma relao de dependncia entre esses segmentos: Se fosse um sonho (antecedente) e voc no ia querer acordar (consequente).

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    UsurioSticky Noteou consequncia

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  • 36 | Coeso textual: associao e conexo

    Natal Ceclia Dale.

    Se fosse um sonho, voc no ia querer acordar.

    Como3 de verdade, voc no vai querer dormir.

    (Anncio publicitrio)

    Relao de temporalidadeA relao de temporalidade expressa o tempo por intermdio do qual possvel recuperar eventos

    e aes apresentados.

    Quando eu era pequena, meu programa preferido era passear no parque.

    Na adolescncia, era ir ao cinema.

    Mais tarde, passou a ser jantar em um bom restaurante.

    Hoje, fazer tudo isso no mesmo dia.

    (Anncio publicitrio)

    Antunes (2005, p.148) apresenta que a relao de temporalidade pode expressar dois tipos de ordem temporal: aquela que o enunciador percebeu para os acontecimentos, nomeada sequncia tem-poral; e aquela em que as coisas vo aparecendo em um determinado texto, nomeada sequncia textual (tpicos ou subtpicos que vo aparecendo no texto).

    Relao de finalidadeA relao de finalidade, tambm chamada de mediao, ocorre quando um segmento explicita o

    objetivo (o fim) pretendido e expresso pelo outro segmento.

    Crescer e mostrar sade para chegar ainda mais longe.

    (Anncio publicitrio)

    Relao de alternnciaA relao de alternncia, tambm chamada de disjuno, pode ocorrer de duas maneiras:

    ou:::: exclusivo (do latim aut) no se admite que ambas as alternativas sejam verdadeiras.

    ou:::: inclusivo (do latim vel) no h excluso e sim soma.

    3 Conector indicando relao de causalidade.

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    UsurioHighlightou mediao

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    UsurioHighlightou disjuno

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  • 37|Coeso textual: associao e conexo

    Gosto muito quando ouo um adolescente dizer que comeou a gostar de ler com um livro meu. Ele ou [inclusivo] ela pode ou [exclusivo] no partir da para leituras mais srias [...].

    (VERISSIMO, Luis Fernando. Revista Ler & Cia, nov. 2007, p. 24.)

    Relao de conformidadeA relao de conformidade garante que algo foi realizado de acordo (conforme) com o que foi

    explicitado em outro segmento. Antunes (2005) apresenta que, na oralidade, muito frequente o em-prego do conectivo que nem, que estabelece essa relao, mas esse elemento no aceito pela gra-mtica normativa.

    Os exerccios devem ser resolvidos conforme orientaes presentes no edital.

    Relao de complementaoNa relao de complementao, um segmento complementa o significado de um termo do outro

    segmento. Geralmente, esse segmento complementar sujeito, complemento ou aposto (abrange as chamadas oraes subordinadas substantivas).

    No permita que estranhos mexam no medidor de luz.

    (Recomendao veiculada no envelope da fatura de energia eltrica)

    Relao de delimitao ou restrioNa relao de delimitao, um segmento delimita ou restringe o contedo do outro segmento

    (so as chamadas oraes subordinadas adjetivas restritivas).

    Campanha de Alfabetizao

    Se voc conhece algum com mais de 15 anos que no saiba ler nem escrever, encaminhe-o a uma escola pblica ou ligue para a Secretaria de Estado de Educao. 4

    (Envelope da fatura da conta de energia eltrica)

    4 Nesse perodo, temos, tambm, outros conetivos: se, que estabelece a relao de condio; e, de adio; e ou, que estabelece a relao de alternncia.

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  • 38 | Coeso textual: associao e conexo

    Relao de adioNa relao de adio, ou conjuno, ocorre a incluso de mais um elemento (item ou argumento)

    ao conjunto ou a favor de uma determinada concluso.

    Nova loja em So Paulo. Entre e sinta-se em casa.

    (Anncio publicitrio)

    Relao de oposioA relao de oposio ou contrajuno, aqui apresentada, abarca as conjunes adversativas e

    concessivas. Temos uma relao em que um contedo expresso em um segmento se ope a outro pre-sente em outro segmento.

    Embora o resultado tenha sido um trabalho enxuto e com um ritmo acelerado, no acabou por descaracterizar comple-tamente a obra do autor.

    (Revista Ler & Cia, nov. 2007, p. 13.)

    Relao de justificao ou explicaoNa relao de justificao ou explicao, temos a explicao, justificao ou esclarecimento de um

    segmento anterior. Ela pode ser encontrada em abundncia em textos explicativos ou expositivos.

    Lula j avisou a alguns interlocutores que nos prximos dias comea a negociar a indicao do nome com a bancada do PMDB no Senado ou seja, Jos Sarney e Romero Juc.

    (Veja, 28 nov. 2007, p. 42.)

    Relao de conclusoNa relao de concluso, um segmento apresenta uma concluso de algo a partir de proposies

    presentes em um segmento anterior.

    Em dezembro, completam-se 30 anos de morte da es-critora Clarice Lispector. Para homenage-la, portanto, fomos ouvir o escritor e crtico literrio Jos Castello.

    (Revista Ler & Cia, nov. 2007, p. 4.)

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  • 39|Coeso textual: associao e conexo

    Relao de comparaoAqui temos uma relao de comparao (semelhanas ou diferenas) entre dois segmentos.

    Famlia de Investimentos Recompensa Santander. Como um bom vinho, quanto mais o tempo passa, melhor fica.

    (Anncio publicitrio)

    Em algumas construes, o conector pode estar implcito, como em:

    Resolveu isolar-se do mundo: no acreditava mais nos homens. (relao de cau-salidade)

    Perde o vcio de mentir. Acabars desacreditado. (relao de condicionalidade)5

    Apague a luz, os pilotos sumiram. (Veja, 28 nov. 2007, p. 39 relao de causalidade)

    Voc deve ter percebido uma aproximao com o contedo exposto pela gramtica normativa no tpico de sintaxe. isso mesmo, mas aqui, no contexto da coeso, temos um uso funcional, a servio do texto, e no um elenco de termos que devem ser memorizados.

    Para fechar, apresentaremos um quadro em que possvel localizar alguns conectivos que po-dem estabelecer as relaes de conexo que acabamos de ver.

    Tipo de relao Alguns conectivos

    Causalidade porque, uma vez que, visto que, j que, desde que, como

    Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que, a menos que, sem que, salvo se, exceto se

    Temporalidadequando, enquanto, apenas, mal, antes que, depois que, logo que, assim que, sempre que,

    at que, desde que, todas as vezes que, cada vez que

    Finalidade para que, a fim de que

    Alternncia ou

    Conformidade de acordo, conforme, consoante, segundo, como

    Complementao que, se, como

    Delimitao ou restrio pronomes relativos

    Adio e, ainda, tambm, no s... mas tambm, alm de, nem

    Oposio mas, porm, contudo, entretanto, no entanto, embora, se bem que, ainda que, apesar de

    Justificao ou explicao isto , quer dizer, ou seja, pois

    Concluso logo, portanto, pois, por conseguinte, ento, assim como

    Comparao como, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto

    5 Exemplos coletados em: KOCH, I. G. V. Dificuldades na leitura/produo de textos: os conectores interfrsticos . In: KIRST, M.; CLEMENTE, E. (Orgs.). Lingustica Aplicada ao Ensino de Portugus. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987, p. 83-98.

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  • 40 | Coeso textual: associao e conexo

    Texto complementar

    Dificuldades na leitura/produo de textos: os conectores interfrsticos(KOCH, 1987, p. 83-98. Adaptado.)

    Pretendo, neste trabalho, proceder ao exame dos principais tipos de conectores interfrsticos e apresentar uma proposta para o ensino desses elementos, que vise ao desenvolvimento da com-petncia textual dos alunos em lngua materna.

    Estudos recentes como os de Rocco e Lemos, entre vrios, tm revelado que o uso inadequado dos conectivos constitui um dos maiores problemas nas redaes escolares. Kleiman, por seu lado, procura fazer um diagnstico de dificuldades na leitura, utilizando, para tanto, o teste cloze1. [...] Ressalta ela que a capacidade de especificar as relaes do texto crucial capacidade textual, visto que somente quando a criana explicita relaes textuais que mostra ter entendido o texto como unidade e no como um repositrio de sentenas.

    O objetivo deste ensaio , portanto, apresentar uma proposta para a soluo desse problema.

    Os elementos de conexo sequencial e a coeso do textoEntre os fatores de textualidade conjunto de propriedades que qualquer manifestao lin-

    gustica deve possuir para constituir um texto destacam-se a conexo sequencial (ou coeso) e a conexo conceitual-cognitiva (ou coerncia). A primeira diz respeito ao modo como os elementos lingusticos da superfcie textual se encontram relacionados entre si numa sequncia linear; a se-gunda, maneira como os componentes do universo textual conceitos e relaes subjacentes ao texto de superfcie se unem numa configurao, de modo acessvel e relevante. [...].

    Entre os elementos que asseguram a conexo sequencial, so relevantes, para fins deste traba-lho, os responsveis pelo relacionamento de enunciados entre si e/ou de enunciados com o prprio evento da enunciao, isto , os que assinalam os diversos tipos de interdependncia semntica e/ou pragmtica entre os enunciados componentes de uma superfcie textual.

    Tal interdependncia marcada, linguisticamente, de duas maneiras: por meio de conectores interfrsticos e por meio de pausas.

    ao exame dos diversos tipos de conectores interfrsticos que ser dedicada a sequncia deste trabalho.

    Os conectores interfrsticosCabe, em primeiro lugar, distinguir entre dois tipos bsicos de elementos de conexo interfrs-

    tica: os conectores do tipo lgico e os encadeadores de tipo discursivo.

    1 Teste em que se omite (ou apaga) algum vocbulo ou segmento.

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  • 41|Coeso textual: associao e conexo

    A funo dos primeiros a de apontar o tipo de relao lgica que o locutor estabelece entre o contedo de duas proposies. Trata-se, no caso, de um nico enunciado, resultante de um ato de fala nico, visto que nenhuma das proposies constitui objeto de um ato de enunciao compreensvel independentemente da outra. Tem-se aqui o que Ducrot denomina de frases ligadas.

    J os segundos so responsveis pela estruturao de enunciados em textos, por meio de enca-deamentos sucessivos, sendo cada um dos enunciados resultante de um ato de fala diferente. Nesse caso, o que se afirma no a relao de tipo lgico existente entre aquilo que asseverado por duas proposies: produzem-se, isto sim, dois (ou mais) enunciados distintos encadeando-se o segundo sobre o primeiro, que tomado como tema. Prova de que se trata de enunciados diferentes, resul-tantes de atos de fala distintos, que eles poderiam ser apresentados sob forma de dois perodos ou at proferidos por locutores diferentes. Tal tipo d