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Prof. PAULO HERCULANO CADERNO DE LINGUA PORTUGUESA (LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO) PROFESSOR: PAULO HERCULANO Macapá 2017

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Prof. PAULO HERCULANO

CADERNO DE LINGUA

PORTUGUESA (LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO)

PROFESSOR: PAULO HERCULANO

Macapá

2017

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Prof. PAULO HERCULANO

Sumário 1- Texto, Contexto e Elementos Paratextuais ...............................................................5

Conhecimento de mundo ..................................................................................................6

Textos verbais e visuais ....................................................................................................6

2- Definições e concepções de leitura: as essências .................................................8

O tema Leitura ......................................................................................................................8

Leitura e sentido ..................................................................................................................8

Conhecimento Linguístico E Conhecimento De Mundo ............................................9

Informações implícitas .......................................................................................................9

Pressupostos .................................................................................................................10

Subentendidos ...............................................................................................................10

Por que utilizamos sentidos implícitos? .................................................................11

3- Condições De Textualidade ........................................................................................12

Textualidade .......................................................................................................................12

Componentes conceitual e linguístico.........................................................................13

Coerência ........................................................................................................................13

Coesão .............................................................................................................................14

4- Intertextualidade ............................................................................................................15

Citação .................................................................................................................................16

Paródia .................................................................................................................................16

Paráfrase .............................................................................................................................17

5- Tipologia Textual: Tipos e Gêneros ..........................................................................17

O que é tipologia textual? ...............................................................................................18

Narração ..........................................................................................................................18

Descrição.........................................................................................................................18

Dissertação .....................................................................................................................18

Injunção / Instrucional ..................................................................................................18

Gêneros textuais ...............................................................................................................19

Carta .................................................................................................................................19

Propaganda .....................................................................................................................20

Bula de remédio .............................................................................................................20

Receita .............................................................................................................................20

Reportagem ....................................................................................................................21

História em quadrinhos ...............................................................................................21

Charge ..............................................................................................................................21

Poema ..............................................................................................................................22

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6- Funções da Linguagem ...............................................................................................22

Função emotiva ou expressiva ......................................................................................23

Função Apelativa ou Conativa .......................................................................................23

Função Poética ..................................................................................................................24

Função Fática .....................................................................................................................24

Função Metalinguística ....................................................................................................24

Função Referencial ...........................................................................................................24

7- Figuras da Linguagem .................................................................................................25

Figuras de Palavras ..........................................................................................................25

Metáfora ...........................................................................................................................25

Metonímia ........................................................................................................................25

Catacrese.........................................................................................................................25

Perífrase...........................................................................................................................25

Sinestesia ........................................................................................................................26

Figuras de Pensamento ...................................................................................................26

Antítese ............................................................................................................................26

Paradoxo .........................................................................................................................26

Eufemismo ......................................................................................................................26

Ironia .................................................................................................................................26

Hipérbole .........................................................................................................................27

Prosopopeia ou Personificação .................................................................................27

Apóstrofe .........................................................................................................................27

Gradação .........................................................................................................................27

Figuras de Sintaxe ............................................................................................................27

Elipse ................................................................................................................................27

Silepse..............................................................................................................................28

Hipérbato ou Inversão ..................................................................................................28

Assíndeto ........................................................................................................................28

Polissíndeto ....................................................................................................................28

Anáfora ............................................................................................................................28

Anacoluto ........................................................................................................................28

Pleonasmo ......................................................................................................................28

Figuras de Som ..................................................................................................................29

Aliteração ........................................................................................................................29

8- Variação Linguística .....................................................................................................29

As diferentes variações linguísticas ............................................................................30

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Variações diafásicas .....................................................................................................30

Variações históricas .....................................................................................................30

Variações diatópicas ....................................................................................................30

Variações diastráticas ..................................................................................................30

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS

DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO

PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Prof. PAULO HERCULANO

1- Texto, Contexto e Elementos

Paratextuais

Você já se perguntou o que é, de fato, um

texto? Geralmente, entendemos o texto como

um conjunto de frases, ou seja, algo que foi

feito para ser lido. Mas a definição de texto

não é tão simples quanto parece.

Imagine, por exemplo, que você está lendo um

livro e, de repente, encontra em uma página

qualquer um papel com a palavra “madeira”.

Ora, certamente você ficará intrigado ou

simplesmente não dará importância a isso.

Agora, vamos imaginar outra situação: você

está no meio de uma floresta e ouve alguém

gritar: “Madeira!”. Bem, se você pretende

preservar sua vida, sua reação imediata é sair

correndo. Isso acontece porque a situação em

que você se encontra levou-o a interpretar o

grito como um sinal de alerta.

A partir desses exemplos simples, podemos

chegar a algumas conclusões importantes:

1º - os textos não são apenas escritos, eles

também podem ser orais;

2º - os textos não são simples amontoados de

palavras ou frases, ou seja, eles precisam

fazer sentido.

Na segunda situação, uma única palavra foi

capaz de transmitir uma mensagem

de sentido completo, por isso ela pode ser

considerada um texto. Mas o que leva um

texto a fazer sentido?

Existem elementos que nos ajudam a

interpretar os textos que estão a nossa volta,

mas para que se possa compreender bem um

texto é necessário identificar o contexto

(social, cultural, estético, político) no qual ele

está inserido.

O contexto pode ser explícito, quando é

expresso por palavras (o texto em que se

encontra a frase ou a frase em que se

encontra a palavra), ou implícito, quando

está embutido na situação em que o texto é

produzido. Logo, a simples mudança de

contexto faz com que a palavra “madeira” seja

interpretada de maneiras diferentes. Na

primeira situação, embora a palavra esteja

dentro de um livro, ela está totalmente fora de

contexto, por isso não produz sentido algum.

Para deixar ainda mais claro, numa frase o que

seria o contexto e qual importância dele. Observe

o seguinte enunciado:

“Que belo dia!”

Sem se levar em conta o contexto, não se pode

explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar

que ela poderia se referir a um dia agradável, que

a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido

dita por alguém que ganhou na loteria. Não se

sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol

após um período chuvoso ou se é um dia de chuva

após meses de sol escaldante. Como não foi

apresentada a situação em que esse enunciado foi

proferido, há várias possibilidades de sentido

nesta frase.

Observe o texto abaixo retirado de um site de

notícias:

Por Bernardo Caram, G1, Brasília 11/12/2016 16h52 Atualizado 12/12/2016 22h10

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DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO

PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Prof. PAULO HERCULANO

“Delator da Odebrecht cita doações

não declaradas a mais de 30 políticos

Em informações prestadas ao Ministério

Público Federal (MPF) para a assinatura de

acordo de delação premiada, o ex-diretor de

relações institucionais da Odebrecht Cláudio

Melo Filho apresentou valores repassados a

políticos com a finalidade de obter vantagens

para a empreiteira.

O depoimento, que veio a público na sexta-

feira (9), traz nomes, valores, circunstâncias e

motivação dos repasses. Parte dos recursos

foi paga por meio de doações eleitorais

oficiais, mas também há registro de propina e

de caixa 2.

Em alguns casos, como o dos senadores

Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros

(PMDB-AL), o dinheiro era entregue a uma

pessoa, mas serviria para abastecer um grupo

dentro do partido. Em outros casos, não é

possível identificar se a doação foi oficial.

Cláudio atuava na relação da Odebrecht com

o Congresso Nacional. Segundo ele, alguns

pagamentos eram feitos para garantir a

aprovação de projetos de interesse da

empreiteira. ”

Para compreendermos melhor sobre a

informação retratada no texto é necessário

que estejamos atentos a situação política do

nosso país.

Conhecimento de mundo

Ao longo de sua vida, o leitor adquire

conhecimentos utilizados durante a leitura dos

textos. O leitor constrói o sentido do texto

quando articula diferentes níveis de

conhecimento, entre eles o conhecimento de

mundo. Esse tipo de conhecimento costuma

ser adquirido informalmente, através de

nossas experiências pessoais e convívio em

sociedade. Ativar seu conhecimento de

mundo no momento certo pode ser útil tanto

para salvar sua vida no meio da floresta ou

para resolver questões do ENEM.

Agora observe a seguinte imagem:

O texto é uma propaganda de um adoçante

que tem o seguinte mote: “Mude sua

embalagem”. A propaganda utiliza recursos

“verbais” e “não verbais”. Os recursos verbais

referem-se à palavra “açúcar”, escrita no saco,

e ao slogan “mude sua embalagem”. O

conteúdo verbal da propaganda é reforçado

pela parte não verbal, ou seja, a imagem do

saco de açúcar semelhante a uma barriga

gorda, que contrasta com a imagem do

adoçante no canto inferior, bem fininho.

Textos verbais e visuais

Até aqui, vimos que os textos podem ser orais

Figura 1 - Figura 1- Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). (Foto: Reprodução/Enem)

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ou escritos. Mas essa noção precisa ser

ampliada, pois há textos que não contam com

o auxílio da palavra, seja ela escrita ou oral. É

o caso, por exemplo, da fotografia e da

pintura. Dizemos, então, que há textos verbais

e visuais. Há ainda textos que utilizam os dois

recursos, como no exemplo anterior, assim

também como os filmes, que usam imagens,

diálogos e legendas.

Então, chegamos a conceito de texto mais

ampliado e consistente: todo enunciado que

faz sentido para um determinado grupo em

uma determinada situação. No ENEM, essa

noção mais moderna de texto é a que vale.

Em resumo temos que:

Texto: Tomando como definição de texto a de

Costa Val (1999:3), para quem “texto é uma

ocorrência linguística, falada ou escrita, de

qualquer extensão, dotado de unidades sócio

comunicativa semântica e formal”.

Contexto: O contexto situacional é formado por

informações que estão fora do texto, sejam elas

históricas, geográficas, sociológicas, literárias. Ele

é essencial para uma leitura mais eficaz,

aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o

locutor/escritor quis imprimir ao texto.

Além do texto e do contexto temos ainda o

Elementos paratextuais. A sabedoria

popular diz que não devemos “julgar um livro

pela capa”. Isso acontece porque muitas

vezes a capa de um livro acaba despertando

ou não nosso interesse pelo texto. Porém,

quando abrimos um livro, podemos nos

deparar com outros elementos, como

contracapa, biografia do autor, prefácio,

dedicatória, índice, notas de rodapé, citações,

posfácio e ilustrações. Esses elementos que

margeiam o texto são chamados de

elementos paratextuais.

Portanto, paratextos são elementos que estão

para além do texto, ou seja, informações que

acompanham uma obra. Como podem

motivar a aquisição e a leitura livros, os

elementos paratextuais são muito

privilegiados pela indústria editorial.

De todos os elementos paratextuais, o mais

importante é o título, pois funciona como uma

espécie de “slogan” do texto, ou seja, algo que

faça com que o leitor “compre” suas ideias. Alguns

especialistas já chegaram a sugerir que o título

não é relevante para a leitura de um texto, mas

não é bem assim. Um título adequado pode

direcionar a compreensão do texto, ajudando o

leitor a criar expectativas de leitura.

Em alguns casos, o título fornece pistas

importantes para que o leitor levante hipóteses

sobre o que vai ler. Por exemplo, diante de um

título como “Conheça as angiospermas”, o leitor

espera ler um texto que trará explicações sobre as

angiospermas, seus tipos e exemplares na

natureza. Com a ajuda de outros elementos

paratextuais, como a ilustração de uma flor, o leitor

poderá imaginar que se trata de plantas.

A partir do título desses livros é possível

especular qual será o enredo da história.

Sobre o título “A culpa é das estrelas” de John

Green, é possível imaginar que se trata de

uma história romântica já que o título parece

fazer alusão a expressão “escrito nas

estrelas”, já o segundo título “ Para todos os

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amores errados” de Clarissa Corrêa, podemos

interpretar que a história apesar de uma

história romântica vai tratar mais

especificamente de desilusões amorosas.

Todos esses apontamentos são apenas

suposições feitas a partir do título

2- Definições e concepções

de leitura: as essências

O tema Leitura

Segundo Orlandi (2000:7), o termo

leitura é polissêmico, isto é, permiti distinguir

vários sentidos. Podemos entendê-lo, em sua

acepção mais ampla, como atribuição de

sentidos, tanto em relação à linguagem

escrita como em relação à linguagem oral.

Qualquer expressão linguística, de qualquer

natureza, permite uma leitura.

Leitura também pode significar

concepção, e é nesse sentido que o termo é

usado quando falamos em leitura de mundo,

isto é, quando usamos a palavra leitura para

refletir o conhecimento de cada leitor,

considerando-se ou não sua escolaridade.

No sentido acadêmico – mais restrito -,

leitura pode significar a construção das bases

teóricas metodológicas que permitem chegar

a um texto: são várias as leituras de Rubem

Alves, ou de um texto de Paulo Freire.

Em um sentido ainda mais específico, o

termo leitura pode ser entendido como estrita

aprendizagem formal, quando se vincula

leitura e alfabetização.

Uma reflexão mais aprofundada sobre

leitura nos permite concluir que o leitor

precisa recorrer a estratégias que lhe

permitam alcançar o sentido do texto. Além

disso, devemos lembrar que há diferentes

modos de leitura, em relação direta com a vida

intelectual do leitor, isto é, com sua maneira

de estabelecer os sentidos daquilo que lê.

Leitura e sentido

As palavras significam o que o grupo social

convencionou que elas devem significar, mas

a comunicação exige muito mais que apenas

usar e aceitar passivamente significados

preestabelecidos.

Ler, então, é mais que decifrar: ler é ser

capaz de atribuir um significado ao texto,

partindo do próprio texto, de modo que cada

leitor consiga relacioná-lo a todos outros

textos significativos, seja capaz de reconhecer

o tipo de leitura que o autor pretendia, e

possa, depois, dono da própria vontade,

entregar-se à leitura ou rejeitá-la.

Para que tudo isso aconteça, é preciso

que autor e leitor interajam ao longo de um

texto. Ao autor cabe delinear o caminho

percorrido durante a produção do texto,

direcionando o efeito de sentido desejado e a

intenção comunicativa pretendida; ao leitor

compete ler, reler, analisar, comparar, fazer

inferências, ativar conhecimentos.

Todo leitor, ao ler um texto, deve

participar da produção de leitura desse texto.

Para isso, deve construir, através do que

passaremos a chamar de pistas textuais que

o próprio texto fornece, um sentido para ele (o

texto) – mas somente o sentido que o próprio

texto autorizar. Procurar essas pistas faz parte

do processo de leitura, porque é a partir delas

que o autor formula e reformula hipóteses,

aceita ou rejeita conclusões.

Agora, pedimos que você coloque em

ordem, numerando de 1 a 4, as diferentes etapas

de participação do leitor na produção de leitura de

um texto.

( ) construção de sentido autorizado pelo texto

( ) identificação de pistas textuais

( ) aceitação ou rejeição de conclusões

( ) formulação e reformulação de hipóteses

Esperamos que Você tenha respondido que o

leitor procura, em primeiro lugar, pistas textuais;

em seguida, constrói, por meio dessas peitas, um

sentido autorizado pelo próprio texto; depois, de

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posse dessas pistas, formula e reformula

hipóteses, para, finalmente, aceitar ou rejeitar

conclusões.

Conhecimento Linguístico E

Conhecimento De Mundo

Como podemos deduzir das palavras de

Paulo Freire, há uma íntima relação entre

linguagem e realidade, que passamos a chamar

de conhecimento linguístico e de

conhecimento de mundo. A precedência a que

ele se refere localiza-se, sobretudo, no momento

da alfabetização.

Criança ou adulto nessa situação já

acumularam muito conhecimento sobre a

realidade que os cerca e muito pouco

conhecimento específico sobre a linguagem.

Realizada a aprendizagem da leitura, mais e mais,

a cada ato de ler, ocorrerá sempre a utilização,

pelo leitor, dos já referidos conhecimentos.

Por exemplo: quando lemos o parágrafo

acima destacado, pomos em prática nosso

conhecimento sobre Paulo Freire, suas

concepções sobre alfabetização, os momentos

políticos brasileiros por ele vividos e,

principalmente, o fato de que estava proferindo

uma conferência em um Congresso sobre leitura,

mas também ativamos o conhecimento linguístico

sobre morfologia, sintaxe e semântica recebidas

da escola ao longo de nossa formação:

Esses conhecimentos nos permitem

reconhecer as palavras por ele usadas, a ordem

sintática preferencialmente direta e os significados

que essas palavras e essa organização nos

possibilitam. Eis a operacionalização, no ato de

ler, dos dois conhecimentos necessários: o de

mundo e o linguístico.

Você deverá fazer uso do seu

conhecimento linguístico e do seu conhecimento

de mundo para resolver as questões propostas a

seguir, com base na leitura do texto abaixo.

NOKIA

O mundo todo só fala nele.

a).Agora, liste o conhecimento de mundo e

conhecimento linguístico que Você ativou para

compreender a mensagem veiculada no texto.

Conhecimentos de mundo

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Conhecimentos linguísticos:

_______________________________________

_______________________________________

b).Explicite os sentidos que o autor dos texto quis

evidenciar.

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Estamos convictos de que você conseguiu

desenvolver as atividades solicitadas em a e b,

pois certamente interpretou o termo Nokia como o

nome de uma marca de aparelho telefônico celular

e percebeu o duplo sentido intencional no termo

fala e no termo nele.

Esses conhecimentos o levaram a

compreender que o autor da frase quis evidenciar

dois sentidos: o de que todos usam o aparelho e

o de que todos comentam sobre ele.

Informações implícitas

Muitos candidatos ao ENEM se perguntam

como melhorar sua capacidade de

interpretação dos textos. Primeiramente, é

preciso ter em mente que um texto é formado

por informações explícitas e implícitas. As

informações explícitas são aquelas

manifestadas pelo autor no próprio texto. As

informações implícitas não são manifestadas

pelo autor no texto, mas podem ser

subentendidas. Muitas vezes, para

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efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir

além do que foi dito, ou seja, ler nas

entrelinhas.

A partir de elementos presentes no texto, é possível ao leitor recuperar as informações implícitas, para que possa, efetivamente, chegar a produção de sentido. Por isso, o leitor precisa estabelecer relações dos mais diversos tipos do texto e o contexto, de forma a interpretar adequadamente o enunciado.

Por exemplo, observe este enunciado:

- Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de

tomar refrigerante”. A informação implícita é

“Patrícia tomava refrigerante antes”.

Agora, veja este outro exemplo:

-Felizmente, Patrícia parou de tomar

refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de

tomar refrigerante”. A palavra “felizmente”

indica que o falante tem uma opinião positiva

sobre o fato – essa é a informação implícita.

Com esses exemplos, mostramos como

podemos inferir informações a partir de um

texto. Fazer uma inferência significa concluir

alguma coisa a partir de outra já conhecida.

Nos vestibulares, fazer inferências é uma

habilidade fundamental para a interpretação

adequada dos textos e dos enunciados.

A seguir, veremos dois tipos de informações

que podem ser inferidas: as pressupostas e

as subentendidas.

Pressupostos

Uma informação é considerada pressuposta

quando um enunciado depende dela para

fazer sentido.

Considere, por exemplo, a seguinte pergunta:

“Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse

enunciado só faz sentido se considerarmos

que Patrícia saiu de casa, ao menos

temporariamente – essa é a informação

pressuposta. Caso Patrícia se encontre em

casa, o pressuposto não é válido, o que torna

o enunciado sem sentido.

Repare que as informações pressupostas

estão marcadas através de palavras e

expressões presentes no próprio enunciado e

resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no

enunciado “Patrícia ainda não voltou para

casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de

Patrícia para casa é dada como certa pelo

falante.

Subentendidos

Ao contrário das informações pressupostas,

as informações subentendidas não são

marcadas no próprio enunciado, são apenas

sugeridas, ou seja, podem ser entendidas

como insinuações.

O uso de subentendidos faz com que o

enunciador se esconda atrás de uma

afirmação, pois não quer se comprometer com

ela. Por isso, dizemos que os subentendidos

são de responsabilidade do receptor,

enquanto os pressupostos são partilhados por

enunciadores e receptores.

Em nosso cotidiano, somos cercados por

informações subentendidas. A publicidade,

por exemplo, parte de hábitos e pensamentos

da sociedade para criar subentendidos. Já a

piada é um gênero textual cuja interpretação

depende a quebra de subentendidos.

Observemos como isso é verdadeiro e deve

acontecer em todos os atos de leitura, dos mais

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simples aos mais complexos. Considere a

manchete do Caderno de Esporte do jornal O

Liberal, de 24.08.2003.

PAPÃO PROCURA O CAMINHO DA VITÓRIA

Essa manchete esportiva, uma simples e

curta frase declarativa, interpretada

adequadamente, desencadeia uma série de

relações entre ela e o leitor, a partir de uma

informação explícita de que alguém, no caso, um

clube de futebol, procura uma forma de vencer.

Estabelecidas essas relações, o leitor encontra

outros sentidos além do que foi explicitado.

A primeira dessas relações, que se

estabelece entre texto e contexto, leva à

compreensão de que, para vencer, é preciso uma

tática de jogo, uma estratégia, sentido latente na

metáfora caminho da vitória.

A segunda, linguística por natureza, requer

que o leitor reconheça o valor do artigo definido o:

ele permite entender que o caminho existe, que é

um preciso e determinado caminho, que só ele

conduzirá à vitória.

A terceira, ainda no âmbito da linguagem,

está centrada no significado de procura. Quem

procura é porque perdeu ou porque nunca teve.

No caso do clube paraense ele conhecia bem o

caminho da vitória, porém, no dia em que a

manchete foi produzida, não conhecia mais.

A quarta novamente uma relação entre

texto e contexto, cumplicidade entre autor e leitor,

indica que o clube já não vencia há algum tempo.

Finalmente a quinta relação por meio da

qual o autor também busca a adesão do leitor,

descortina a crítica ao clube que vinha vencendo

seguidamente, enchia a sua torcida de orgulho e

parara de vencer. Uma sutil ironia sem dúvida.

Um ouvinte/leitor eficiente precisa captar não apenas as informações explícitas (postas, dadas, expressas), como também as que estão implícitas, pois, se ele não tiver essa habilidade, passará por cima de significados importantes, ou – o que é mais grave – concordará com ideias ou ponto de vista que talvez rejeitasse se os percebesse.

Por que utilizamos sentidos implícitos?

Em todo grupo social, há um conjunto de tabu

linguísticos. Isso não significa apenas a

existência de palavras que, em certas

circunstancias, não podem ou não devem ser

pronunciadas (os palavrões, por exemplo),

mas também a de temas proibidos e

protegidos por uma espécie de “lei do

silêncio”. Um ditado popular traduz

plenamente essa restrição: “não se fala em

corda em casa de enforcado”.

Esses tabus linguísticos também se fazem

presente em relação a determinada

informações que uma pessoa não pode ou

não deve dar, não porque elas sejam

proibidas, mas porque o ato de expressá-las

constituiria uma atitude repreensível ou

comprometedora.

Além dos tabus linguísticos um outro

motivo para o uso de sentidos implícitos é que toda

declaração explícita pode tornar-se temas de

discussões. O que é dito pode ser contradito, de

modo que não se poderia anunciar uma opinião ou

um desejo sem, ao mesmo tempo, expô-lo às

eventuais objeções dos interlocutores. Julgue v

você mesmo: no dia 01.02.2003, um deputado

federal reeleito em resposta ao repórter do Jornal

Nacional, que referia aos erros desse parlamentar

no mandato anterior, respondeu: “a gente não

comete os mesmos erros, porque há tantos erros

novos para serem cometidos...”. Como Você

observou o parlamentar admite que continuará

errando apenas não pretende repetir erros já

cometidos, o que é muito grave, porque o repórter

se referia a erros prejudiciais ao povo que o

elegeu.

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Quando se lê, considera-se não apenas o que

está dito, mas também o que está implícito, isto é,

aquilo que não está dito, mas que também

significando. E o que não está dito pode ser de

várias naturezas:

a) O que não está dito, mas que de certa

forma, sustenta o que está dito;

b) O que está suposto para que se entenda o

que está dito;

c) O sentido que se opõe àquilo que está dito;

d) Outras maneiras de se dizer o que se

disse.

Em época de forte repressão, a livre

manifestação do pensamento, o direto de

contestar e de se denunciar se materializam por

meio de sentidos implícitos. Foi o que aconteceu

no período da ditadura militar no Brasil.

Atento a isso, leia o excerto abaixo, do poema-

canção de Chico Buarque, datado de 1984, para

aprofundar seu conhecimento sobre sentidos

implícitos.

(...) Num tempo

Página triste da nossa história

Passagem desbotada na

memória

Das nossas novas gerações

Dormia

A nossa pátria-mãe tão

distraída

Sem perceber que era

subtraída

Em tenebrosas transações.

(...)

Recupere dois sentidos implícitos:

(a)_____________________________________

_______________________________________

_______________________________________

(b)_____________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Esperamos que você tenha percebido que

os quatro primeiros versos significam o período

da ditadura militar, entre 1964 e o limiar da década

de 80 do século XX, e que os quatro últimos

denunciam a intensa corrupção ocorrida no

referido período.

Por isso, tem sido cada vez mais frequente o

cuidado de “medirmos as palavras”, para

evitarmos os perigos que advêm dos sentidos

literais ou explícitos da língua. O recurso que

se tem mostrado mais frequente e eficaz

parece ser simplesmente o uso dos sentidos

implícitos, que conseguem expressar aquilo

que queremos dizer, mas sem que corramos

o risco de ser responsabilizados por aquilo

que dizemos.

Não é por acaso que, muitas vezes, pessoas

de destaque no grupo social, ao falarem, o

fazem de forma tão opaca e incompreensível

que seu discurso acarreta lacunas no

entendimento de seus interlocutores.

3- Condições De

Textualidade

Para que uma sequência de enunciados seja

reconhecida como texto, é preciso que ela

forme um todo significativo, nas

circunstancias de uso em que os enunciados

ocorrem. É sobre as condições de

textualidade, ou seja, aquelas que permitem

que você avalie a qualidade do que lê e do que

escreve.

A primeira dessas condições é alcançada com

a coerência, isto é, o fator responsável pela

unidade de sentido; a segunda é a coesão,

que permite a harmoniosa articulação entre os

diferentes constituintes do texto.

Textualidade

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Chama-se textualidade ou tecitura ao

conjunto de propriedades que qualquer

manifestação linguística deve possuir para

que não seja apenas uma simples sequência

de palavras ou frases.

Contemplamos dois, dentre os fatores

responsável pela textualidade de qualquer

discurso, juntamente os que envolvem os

componentes conceitual e linguístico.

Componentes conceitual e linguístico

Um texto deve apresentar um conjunto

de propriedades decorrentes da relação entre

as partes que o compõem, de tal modo que,

ao final, essa relação resulte em uma unidade

de sentido e estabeleça uma ligação – nem

sempre aparente – entre essas partes. No

primeiro caso, manifesta-se a coerência; no

segundo a coesão.

Coerência

A coerência ou conectividade

conceitual é a interdependência semântica

entre os elementos constituintes de um texto,

isto é, a relação entre as partes desse texto e

que resulta em unidade de sentido. A

coerência decorre da continuidade do sentido,

do compromisso entre as partes que formam

a macroestrutura (estrutura semântica global

do texto) e está ligada à compreensão,

possibilidade de Interpretação do que

dizemos, escrevemos, ouvimos ou lemos.

Para que a coerência se realize, há três

propriedades fundamentais – continuidade ou

repetição, não-contradição e progressão –

que serão desenvolvidas a seguir.

A relação entre o texto e o contexto,

entendido este como a unidade maior em que

a unidade menor está inserida, é relevante

para a depressão das relações do sentido que

compõem a globalidade do texto. Elas devem

obedecer a condições cognitivas gerais,

satisfazendo às relações lógico-semânticas

entre estados e coisas, como por exemplo,

relações de ordenação temporal, relações de

casualidade – entre outras. Essas relações

podem se manifestar pelo vocabulário, pela

combinação dos tempos verbais, pela ordem

de apresentação de conteúdo, pela

adequação dos campos semânticos.

No texto abaixo, queremos mostrar-lhe

como se constrói o sentido de um texto a partir

de uma ideia-chave. Acompanhe com atenção

e, ao final, você constatará que, num texto,

tudo significa.

Dentro do planalto: Fome de reforma

“João Pedro Stédile está afinado com o

governo petista. Na semana passada, o líder

do MST andou pelos corredores do Planalto

como se fosse um velho conhecido do austero

prédio. Jotapê tenta convencer o governo de

que R$ 1 bilhão, previsto no Orçamento para

o Incra, é pouco para tocar a reforma agrária.

Quer abocanhar parte do capital internacional

destinado ao projeto Fome Zero. Reforma

agrária, diz, é a maneira mais eficaz de

combate à fome.” ( Época – 03.02.2003 – p.

8)

Observe que, nesse texto, há uma

idéia-chave: João Pedro Stédile. Essa idéia-

chave, embora não esteja expressa no título

nem no subtítulo, é uma espécie de “primeiro

ponto” para o ato de “tecer o texto”. Ela se

repete, quer representar por vocábulos

diferentes (João Pedro Stédile / o líder do

MST / um velho conhecido / jotapê), quer

representada pelo apagamento do vocábulo

que a poderia expressar.

Essa mesma ideia-chave é

responsável pelas formas verbais em 3ª

pessoa do singular (está afinado/ andou/

fosse/ tentar convencer/ quer/ diz). Além

disso, o seu conhecimento prévio permite que

você identifique a relação de afinidade entre

João Pedro Stédile e governo petista, assim

como entre João Pedro Stédile / governo

petista e entre corredores do Planalto /

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austero prédio / o governo / fome zero

/combate à fome.

A coerência conceitual –

macroestrutura ou estrutura semântica – é um

dos requisitos fundamentais para construção

de qualquer texto, quer ele seja literário,

jornalístico, científico, jurídico, acadêmico,

quer seja uma conversão espontânea.

Coesão

A coesão pode ser entendida como o

modo pelo qual frases ou partes delas se

combinam para assegurar o desenvolvimento

textual, ou seja, é o modo como as palavras

estão ligadas entre si, dentro de uma

sequência, a fim de criar uma relação

semântica entre um elemento do texto e outro

elemento que é fundamental para sua

interpretação.

A coesão – isto é, a articulação – será

eficaz quando estabelecer não apenas a

ligação de uma ideia a outra, mas também que

tipo de relação específica se institui a partir

desse recurso. A coesão é marcada

linguisticamente quando, para isso,

empregamos nomes, conjunções,

pronomes relativos, preposições,

advérbios, locuções adverbiais, elementos

de transição adequados.

Não há dúvida de que a coesão

marcada por elementos linguísticos contribui

para conferir coerência ao texto. Tais

elementos, no entanto, não são nem

suficientes nem imprescindíveis para garanti-

la. É perfeitamente possível haver textos

coerentes que não apresentam elementos

coesivos, como no parágrafo a seguir,

extraído de uma reportagem sobre Di

Cavalcanti.

“Nas vacas magras, ia de cerveja a

cachaça. Nunca bêbado. Tinha um poder

enorme sobre o copo. Bebia, depois

deitava, lia, relaxava..” (Veja – julho/1997)

As quatro orações do período estão

separadas por ponto. Embora não haja

conectores gramaticais explícitos, é fácil

perceber de que modo essas orações se

combinam para formar uma sequência, pois é

fácil recuperar os elementos coesivos que não

foram expressos. Nada impediria que o autor

da matéria tivesse escrito o texto assim:

Nas vacas magras, ia de cerveja a

cachaça, porém nunca ficava bêbado, pois

tinha um poder enorme sobre o corpo, isto

é, bebia, depois deitava, lia e relaxava…

A coesão pode ser estabelecida por

elementos que fazem o texto progredir a partir

da conexão por eles operacionalizada. Esses

conectores estabelecem uma relação

semântica de acordo com o sentido que

expressam.

É pela coesão que se estabelece o

nexo entre as partes de um texto. As relações

coesivas realizam-se por meio de um léxico

da língua e suas marcas são fixadas

principalmente por elementos da natureza

gramatical (pronomes, conjunções,

preposições, formas verbais), elementos da

natureza lexical (sinônimos, antônimos,

repetições) e por mecanismos sintáticos

(subordinação, coordenação, ordenação dos

vocábulos, das orações). A coesão, como

elemento responsável pela textualidade, diz

respeito a todos os processos de

referenciarão ou segmentação que

asseguram ou tornam recuperável uma

ligação linguística significativa entre os

elementos que ocorrem na superfície textual.

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4- Intertextualidade Assunto comum no Enem, a intertextualidade

acontece quando um texto retoma uma parte

ou a totalidade de outro texto – o texto fonte.

Geralmente, os textos fontes são aqueles

considerados fundamentais em uma

determinada cultura. No exemplo dado,

compositores brasileiros contemporâneos

retomam um dos textos mais reverenciados

da literatura portuguesa.

Nos anos 90, Pedro Luis e Fernanda Abreu

lançaram a canção “Tudo vale a pena”, cujo

refrão diz o seguinte: “Tudo vale a pena, sua

alma não é pequena”. O mote, na verdade, faz

referência ao famoso poema “Mar português”

(1934), do poeta Fernando Pessoa:

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Como podemos ver, temos dois textos que,

apesar de distantes no tempo e no espaço,

dialogam entre si. A intertextualidade é

exatamente essa relação, uma forma de

diálogo entre dois ou mais textos.

É importante considerar que a

intertextualidade pode ocorrer entre textos de

mesma natureza ou de naturezas

diferentes. Como é um conceito amplo e

passível de classificações, a intertextualidade

pode ser classificada em dois tipos principais:

intertextualidade explícita e intertextualidade

implícita.

Na intertextualidade explícita ocorre a

citação da fonte do intertexto, encontrada

principalmente nas citações, nos resumos,

resenhas e traduções, além de estar presente

também em diversos anúncios publicitários.

Nesse caso, dizemos que a intertextualidade

se localiza na superfície do texto, pois alguns

elementos nos são fornecidos para que

identifiquemos o texto fonte. Observe um

exemplo:

A intertextualidade, quando explícita, fornece

ao leitor diversos elementos que o remetem

ao texto fonte

No anúncio publicitário utilizado no exemplo,

há uma forte referência ao texto fonte,

facilmente identificada pelo leitor através dos

elementos fornecidos pela linguagem verbal e

pela linguagem não verbal. A composição do

anúncio nos transporta imediatamente para o

filme “Tropa de Elite”, do cineasta José

Padilha, e isso só é possível em razão do forte

apelo popular da produção, que ganhou

grande projeção em nossa sociedade.

Já a intertextualidade implícita ocorre de

maneira diferente, pois não há citação expressa

da fonte, fazendo com que o leitor busque na

memória os sentidos do texto. Geralmente está

inserida nos textos do tipo paródia ou do tipo

paráfrase, ganhando espaço também na

publicidade. Observe o exemplo:

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No anúncio há um elemento verbal que permite a

retomada do texto fonte, mas essa inferência

depende de um conhecimento prévio do leitor: se

ele não souber que há uma referência à música

“Mania de você”, da cantora Rita Lee,

provavelmente o texto não será compreendido em

sua totalidade.

Portanto, a intertextualidade é um elemento muito

importante para a constituição de sentidos do

texto, colaborando em muito para a coerência

textual ao reforçar a ideia de que a competência

linguística não depende apenas do conhecimento

do código linguístico, mas também do

conhecimento das relações intertextuais.

A seguir, veremos vários exemplos de

intertextualidade, seja em forma de citação,

paródia ou paráfrase.

Citação

Esse procedimento intertextual acontece

quando um texto reproduz outro texto ou parte

dele. Para sinalizar que houve a reprodução

de outro texto, são utilizados alguns

marcadores, como as aspas. Dessa forma, o

texto deixa claro que o trecho ou o texto citado

foi tirado de outra fonte, como no exemplo.

A compreensão adequada de um intertexto

depende, naturalmente, do conhecimento do

texto fonte. Vejamos o outro exemplo abaixo.

Figura 2- Propaganda Chevrolet (Foto: Reprodução)

No exemplo dado, a propaganda buscou

inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao

pó voltarás", marcando sua reprodução por

meio de aspas.

Paródia

A paródia consiste em uma subversão ao

texto fonte, recriando-o de maneira satírica ou

crítica. Dizendo de outra maneira, a paródia

ironiza o texto original e inverte seu sentido.

“Canção do exílio” (1847) é um dos textos

mais parodiados da cultura brasileira,

exercendo sua influência por várias

gerações.

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Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Agora, leia parte da paródia composta pelo

humorista e apresentador Jô Soares:

Minha Dinda tem cascatas

Onde canta o curió

Não permita Deus que eu tenha

De voltar pra Maceió.

Minha Dinda tem coqueiros

Da Ilha de Marajó

As aves, aqui, gorjeiam

Não fazem cocoricó.

No poema de Gonçalves Dias, do final do

século XIX, o eu lírico deseja cantar a

saudade que sente de sua terra natal, o Brasil,

enfatizando seus encantos e belezas naturais.

O texto de Jô Soares, do final do século XX,

desconstrói o sentido do texto original, já que

o eu lírico quer distância da terra natal, pois

prefere as mordomias da Casa da Dinda,

como ficou conhecida a residência oficial do

Presidente da República na época, Fernando

Collor de Mello.

Através da paródia, Jô Soares faz uma crítica

aos escândalos de corrupção do governo, que

culminaram no processo de

“impeachment” do presidente.

Paráfrase

Fazer uma paráfrase significa reproduzir as

ideias de um texto, só que utilizando outras

palavras, dentro de uma nova montagem. É o

recurso intertextual que se faz presente, por

exemplo, em resumos, atas e relatórios, que

fazem parte do nosso cotidiano.

Veja um exemplo de paráfrase da tão

parodiada “Canção do exílio”, de Gonçalves

Dias:

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a “Canção do Exílio”.

Como era mesmo a “Canção do Exílio”?

Eu tão esquecido de minha terra...

Ai terra que palmeiras

onde canta o sabiá

Perceba que o poema “Europa, França e

Bahia”, de Carlos Drummond de Andrade,

estabelece um diálogo com o texto de

Gonçalves Dias, mas não tem uma intenção

satírica – é uma paráfrase.

5- Tipologia Textual: Tipos e

Gêneros Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia

textual” (Tipos textuais) mas muita gente

confunde com “Gêneros Textuais” (gêneros

discursivos).

Querem dizer a mesma coisa?

Não.

Estas são duas classificações que recebem os

textos que produzimos a longo de nossa vida, seja

na forma oral ou escrita.

Sendo que a primeira leva em

consideração estruturas específicas de cada

tipo, ou seja, seguem regras gramaticais, algo

mais formal.

Já a segunda preocupa-se não em classificar um

texto por regras, mas sim levando em

consideração a finalidade do texto; o papel dos

interlocutores; a situação de comunicação. São

inúmeros os gêneros textuais: Piada, conto,

romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia,

biografia, seminário, palestras, etc.

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O que é tipologia textual?

Como dito anteriormente, são as classificações

recebidas por um texto de acordo com as regras

gramaticais, dependendo de suas características.

São as classificações mais clássicas de um texto:

A narração, a descrição, a dissertação

(expositiva e argumentativa), a injunção, a

predição e a conversacional.

Narração

Modalidade em que um narrador, participante

ou não, conta um fato, real ou fictício, que

ocorreu num determinado tempo e lugar,

envolvendo certos personagens. Refere-se a

objetos do mundo real. Há uma relação de

anterioridade e posterioridade. O tempo

verbal predominante é o passado. Estamos

cercados de narrações desde as que nos

contam histórias infantis até às piadas do

cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros:

conto, fábula, crônica, romance, novela,

depoimento, piada, relato, etc.

Descrição

Um texto em que se faz um retrato por escrito

de um lugar, uma pessoa, um animal ou um

objeto. A classe de palavras mais utilizada

nessa produção é o adjetivo, pela sua

função caracterizadora. Numa abordagem

mais abstrata, pode-se até descrever

sensações ou sentimentos. Não há relação de

anterioridade e posterioridade. Significa "criar"

com palavras a imagem do objeto descrito. É

fazer uma descrição minuciosa do objeto ou

da personagem a que o texto se Pega. É um

tipo textual que se agrega facilmente aos

outros tipos em diversos gêneros textuais.

Tem predominância em gêneros como:

cardápio, folheto turístico, anúncio

classificado, etc.

Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou

explicar um assunto, discorrer sobre ele.

Dependendo do objetivo do autor, pode ter

caráter expositivo ou argumentativo.

Dissertação-Exposição

Apresenta um saber já construído e

legitimado, ou um saber teórico. Apresenta

informações sobre assuntos, expõe, reflete,

explica e avalia ideias de modo objetivo. O

texto expositivo apenas expõe ideias sobre

um determinado assunto. A intenção é

informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos

científicos, enciclopédia, textos expositivos de

revistas e jornais, etc.

Dissertação-Argumentação

Um texto dissertativo-argumentativo faz a

defesa de ideias ou um ponto de vista do

autor. O texto, além de explicar, também

persuade o interlocutor, objetivando

convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela

progressão lógica de ideias. Geralmente

utiliza linguagem denotativa. É tipo

predominante em: sermão, ensaio,

monografia, dissertação, tese, ensaio,

manifesto, crítica, editorial de jornais e

revistas.

Injunção / Instrucional

Indica como realizar uma ação. Utiliza

linguagem objetiva e simples. Os verbos são,

na sua maioria, empregados no modo

imperativo, porém nota-se também o uso do

infinitivo e o uso do futuro do presente do

modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica;

desejo; manuais e instruções para montagem

ou uso de aparelhos e instrumentos; textos

com regras de comportamento; textos de

orientação (ex: recomendações de trânsito);

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receitas, cartões com votos e desejos (de

natal, aniversário, etc.).

OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam

apenas os tipos acima. Alguns outros

consideram que existe também o tipo

predição.

Predição

Caracterizado por predizer algo ou levar o

interlocutor a crer em alguma coisa, a qual

ainda está por ocorrer. É o tipo predominante

nos gêneros: previsões astrológicas,

previsões meteorológicas, previsões

escatológicas/apocalípticas.

OBS2: Alguns estudiosos listam também o

tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto,

esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado

em certos contextos, pois toda conversação

envolve personagens, um momento temporal

(não necessariamente explícito), um espaço

(real ou virtual), um enredo (assunto da

conversa) e um narrador, aquele que relata a

conversa.

Dialogal / Conversacional

Caracteriza-se pelo diálogo entre os

interlocutores. É o tipo predominante nos

gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat,

etc.

Gêneros textuais

Os Gêneros textuais são as estruturas com

que se compõem os textos, sejam eles orais

ou escritos. Essas estruturas são socialmente

reconhecidas, pois se mantêm sempre muito

parecidas, com características comuns,

procuram atingir intenções comunicativas

semelhantes e ocorrem em situações

específicas. Pode-se dizer que se tratam das

variadas formas de linguagem que circulam

em nossa sociedade, sejam eles formais ou

informais. Cada gênero textual tem seu estilo

próprio, podendo então, ser identificado e

diferenciado dos demais através de suas

características. Exemplos:

Carta

Quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum. No caso da "carta denúncia", em que há o relato de um fato que o autor sente necessidade de o expor ao seu público, os tipos narrativos e dissertativo-expositivo são mais utilizados. Observe o exemplo de uma carta ao leitor logo abaixo:

Carta ao leitor

Nunca te vi, mas sempre te amei Por: Martha San Juan França (Diretora de redação) De todas as tarefas que fazem parte da rotina

de redação de Galileu, a mais prazerosa

certamente é ler as cartas dos leitores. Os fãs

da revista são de fato especiais e suas cartas

traduzem isso. São criativos, curiosos,

observadores e não deixam passar nada.

Fazem perguntas tão difíceis quanto

imprevisíveis. Querem saber de tudo: do

monstro do Lago Ness ao Projeto Genoma

Humano. E não se contentam com respostas

pela metade. Ler as dúvidas que aparecem

nas cartas, os comentários sobre as

reportagens passadas e as sugestões de

futuras é gratificante para qualquer jornalista.

Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu,

que adoramos um

bom desafio.

Felizmente, a revista conta com uma arma secreta

para satisfazer tantas pessoas exigentes. Vou

apresentá-la agora: Luiz Francisco Senne, nosso

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secretário de produção, professor de português,

roqueiro, colecionador de discos de vinil e livros

usados, e responsável pelo atendimento aos

leitores. Kiko, como é muito mais conhecido, sabe

também driblar as angústias dos nossos jovens

amigos em apuros.

Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem

dos professores uma tarefa complicada e não

sabem a quem recorrer. Kiko responde delicada,

mas firmemente: não dá para fazer o trabalho

escolar no lugar do aluno (é festa agora?). Mas

simpatiza com o drama de leitores como este cuja

mensagem é reproduzida acima: "Vocês não

poderiam dar uma dica de como ir bem numa

prova de física porque o meu cérebro está

cansado?" Atendendo ao apelo levado aos

repórteres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores

a matéria "Os cientistas alertam: não deveríamos

existir", do editor Marcelo Ferroni. Ela mostra que

a física pode ser criativa em vez de uma aula

chata. Quer ver?

Propaganda

É um gênero textual dissertativo-

expositivo onde há a o intuito de propagar

informações sobre algo, buscando sempre

atingir e influenciar o leitor apresentando, na

maioria das vezes, mensagens que

despertam as emoções e a sensibilidade do

mesmo. Observe na imagem abaixo:

Bula de remédio

Trata-se de um gênero

textual descritivo, dissertativo expositivo e

injuntivo que tem por obrigação fornecer as

informações necessárias para o correto uso

do medicamento, como no exemplo a seguir.

Receita

É um gênero textual descritivo e injuntivo que

tem por objetivo informar a fórmula para

preparar tal comida, descrevendo os

ingredientes e o preparo destes, além disso,

com verbos no imperativo, dado o sentido de

ordem, para que o leitor siga corretamente as

instruções.

Observe na imagem a seguir:

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Reportagem

É um gênero textual jornalístico de

caráter dissertativo-expositivo. A reportagem

tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao

leitor de uma maneira clara, com linguagem

direta.

“Mercado Central de Macapá poderá reabrir em março, prevê prefeitura Lojistas reclamam de transtornos durante

demora nas obras de reformas.

Prefeitura informou que ponto turístico é

ampliado e revitalizado.

Em obras desde novembro de 2015, o Mercado

Central de Macapá deverá reabrir em março, prevê

a prefeitura. O local é um dos principais pontos

turísticos da capital e reúne diversos pontos de

vendas de comidas típicas e artesanatos.

Essa é a terceira data reabertura. A primeira foi

anunciada para maio de 2016 e a segunda

para setembro do mesmo ano. A obra foi orçada

em aproximadamente R$ 2 milhões.

O investimento é financiado pelo Programa Calha

Norte, do Governo Federal, por meio de emenda

parlamentar, e terá espaços com acessibilidade para

pessoas com deficiência, segundo a prefeitura.

A Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou

além da pintura, consertos na rede elétrica e

hidráulica e substituição do telhado, novos espaços

serão implantados no local, como a ampliação da

área para lanchonetes, banheiros e a montagem de

um palco para atrações culturais. A última reforma

aconteceu em 2013, quando o prédio completou 60

anos de criação. ”

História em quadrinhos

É um gênero narrativo que consiste em

enredos contados em pequenos quadros

através de diálogos diretos entre seus

personagens, gerando uma espécie de

conversação. Observe o exemplo abaixo:

Charge

É um gênero textual narrativo onde se faz

uma espécie de ilustração cômica, através de

caricaturas, com o objetivo de realizar uma

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sátira, crítica ou comentário sobre algum

acontecimento atual, em sua grande maioria.

Poema

Trabalho elaborado e estruturado em versos.

Além dos versos, pode ser estruturado em

estrofes. Rimas e métrica também podem

fazer parte de sua composição. Pode ou não

ser poético. Dependendo de sua estrutura,

pode receber classificações específicas,

como haicai, soneto, epopeia, poema

figurado, dramático, etc. Em geral, a presença

de aspectos narrativos e descritivos são

mais frequentes neste gênero. Importante

também é a distinção entre poema e poesia.

Poesia é o conteúdo capaz de transmitir

emoções por meio de uma linguagem, ou

seja, tudo o que toca e comove pode ser

considerado como poético. Assim, quando se

aplica a poesia ao gênero poema, resulta-se

em um poema poético, quando aplicada à

prosa, resulta-se na prosa poética (até

mesmo uma peça ou um filme podem ser

assim considerados).

Veja o exemplo de um poema poético, em

Poema da purificação de Carlos Drummond

De Andrade:

Poema da purificação

Depois de tantos combates

o anjo bom matou o anjo mau

e jogou seu corpo no rio.

As água ficaram tintas

de um sangue que não descorava

e os peixes todos morreram.

Mas uma luz que ninguém soube

dizer de onde tinha vindo

apareceu para clarear o mundo,

e outro anjo pensou a ferida

do anjo batalhador.

Veja o exemplo de uma prosa poética, em um

trecho da obra Iracema de José de Alencar:

“O guerreiro sem a esposa é como a árvore

sem fôlhas nem flôres: nunca ela verá o fruto;

o guerreiro sem amigo é como a árvore

solitária que o vento açouta no meio do

campo: o fruto dela nunca amadurece”.

6- Funções da Linguagem

Para que serve a linguagem?

Sabemos que a linguagem é uma das formas de

apreensão e de comunicação das coisas do

mundo. O ser humano, ao viver em conjunto,

utiliza vários códigos para representar o que

pensa, o que sente, o que quer, o que faz.

Sendo assim, o que conseguimos expressar e

comunicar através da linguagem? Para que

ela funciona?

O estudo das funções da linguagem depende de

seus fatores principais. Destacamos cada um

deles em particular:

Emissor – quem fala ou transmite uma

mensagem a alguém

Receptor – (ou interlocutor) – quem recebe a

mensagem

Mensagem – a informação ou o texto transmitido

pelo emissor

Código – o sistema de sinais que permite a

compreensão da mensagem

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Referente – o contexto ou o assunto da

mensagem

Partindo desses elementos, o linguista russo

Roman Jakobson elaborou seus estudos acerca

das funções da linguagem para a análise e

produção de textos. Em todo processo de

comunicação, a linguagem é expressa de acordo

com a função que se deseja enfatizar. A

multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada

em seis funções ou finalidades básicas. Veja a

seguir:

Função emotiva ou expressiva

Na função emotiva (ou expressiva), enfatiza-

se a linguagem do emissor que expressa

sentimentos, emoções, avaliações centradas

no ”eu” do seu mundo interior. Predomina nas

cartas pessoais, na poesia confessional, nas

resenhas críticas ou nas canções

sentimentais, assim prevalece o uso da 1ª

pessoa. Como no poema a seguir:

Carlos Drummond de Andrade: Sentimento do mundo

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,

mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem

e o corpo transige na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram

que havia uma guerra e era necessário

trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso,

anterior a fronteiras, humildemente vos peço

que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,

eu ficarei sozinho desfiando a recordação

do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados

ao amanhecer

esse amanhecer mais noite que a noite.

O poema que você acabou de ler é de autoria

de um de nossos maiores poetas, Carlos

Drummond de Andrade, e ilustra bem a função

da linguagem sobre a qual falaremos neste

artigo. No poema, que integra o livro

“Sentimento do mundo”, Drummond

posiciona-se em relação ao tema que está

abordando, expressando seus sentimentos e

impressões pessoais. Essas características

são próprias da função emotiva da

linguagem.

Função Apelativa ou Conativa

O objetivo da transmissão da mensagem é

persuadir ou convencer o receptor. Os textos

publicitários apresentam essa finalidade:

influenciar o comportamento do leitor,

envolvê-lo com uma mensagem persuasiva.

Normalmente, empregam-se verbos no Modo

Imperativo, como pronomes e verbos na 2ª ou

3ª pessoas.

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A publicidade dialoga com seu público-alvo

através da linguagem empregada, variando

de acordo com o tipo de público que pretende

atingir.

Função Poética

Quando a mensagem é elaborada de forma

inovadora, utilizando combinações sonoras ou

rítmicas, jogos de imagem ou de ideias.

Desenvolve o sentido conotativo das palavras.

Predomina na poesia, mas pode ser

encontrada em determinadas formas

jornalísticas.

Por exemplo:

Serenata sintética – Cassiano Ricardo

Rua torta

Lua morta

Tua porta.

Função Fática

A intenção é iniciar um contato através de

cumprimentos com uma abordagem coloquial

- objetiva e rápida. Em textos escritos, têm

muita importância os recursos gráficos. A

função fática tem o objetivo de fazer a

manutenção do canal de comunicação. Como

exemplo:

Função Metalinguística

Esta função refere-se à metalinguagem, que

ocorre quando o emissor explica um código

usando o próprio código. É a poesia que fala

da poesia, da sua função e do poeta, um texto

que comenta outro texto. As gramáticas e os

dicionários são exemplos de metalinguagem.

Exemplo:

Vitória

Substantivo feminino

1. Ato ou efeito de sair-se vencedor, de

triunfar sobre um inimigo, competidor

ou antagonista; triunfo.

2. Êxito, triunfo, sucesso alcançado.

Função Referencial

Transmite uma informação objetiva sobre a

realidade. Dá prioridade aos dados concretos,

fatos e circunstâncias. É a linguagem

característica das notícias de jornal, do

discurso científico e de qualquer exposição de

conceitos. Coloca em evidência o referente,

ou seja, o assunto ao qual a mensagem se

refere.

Observe a notícia publicada pelo G1-Amapá:

“Protesto contra estrutura precária de escola do Amapá viraliza na internet Estudantes publicaram fotos nas redes sociais em pontos críticos do prédio. Escola estadual Tiradentes foi selecionada para modelo de ensino integral Uniformizados, estudantes da escola estadual

Tiradentes publicaram fotos nas redes sociais em

pontos críticos do prédio, que se encontra em

situação precária, segundo eles. O protesto é para

chamar a atenção sobre a implantação, diante dos

problemas, do modelo de ensino em tempo

integral, confirmado para 2017 no Amapá.

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A Secretaria de Estado da Educação (SEED)

destacou que uma equipe de implantação do

programa de Educação em Tempo Integral (ETI)

realizou uma série de visitas às escolas que terão a

nova modalidade de ensino e devem receber

reformas. A SEED ressaltou que está aberta ao

diálogo com a comunidade escolar.

As fotos foram publicadas na página do grêmio

estudantil da escola e alcançaram até o momento

mais de 2 mil compartilhamentos. Nas imagens, os

alunos seguram cartazes com dizeres sobre a

situação do espaço, na visão de cada aluno, e alertas

sobre perigos. ”

7- Figuras da Linguagem

Figuras de Linguagem são recursos especiais

usados para dar maior ênfase à comunicação.

Elas são classificadas em:

Figuras de Palavras

Figuras de Pensamento

Figuras de Sintaxe

Figuras de Som

Figuras de Palavras

As Figuras de Palavras são recursos

utilizados para produzir maior expressividade

à comunicação. Elas consistem na

substituição de uma palavra por outra, isto é,

no emprego figurado, simbólico, seja por uma

relação muito próxima (contiguidade), seja por

uma associação, uma comparação, uma

similaridade.

Metáfora

A metáfora consiste em utilizar uma palavra

ou uma expressão em lugar de outra, sem que

haja uma relação real, mas em virtude da

circunstância de que o nosso espírito as

associa e depreende entre elas certas

semelhanças.

Obs.: toda metáfora é uma espécie de

comparação implícita, em que o elemento

comparativo não aparece.

Exemplo: A vida é uma nuvem que voa.

Metonímia

A metonímia consiste em empregar um termo

no lugar de outro, havendo entre ambos

estreita afinidade ou relação de sentido.

Observe os exemplos abaixo:

a) Autor pela obra: Gosto de ler Machado

de Assis. (Gosto de ler a obra literária

de Machado de Assis.)

b) Símbolo pelo objeto simbolizado: Não

te afastes da cruz. (Não te afastes da

religião.)

Catacrese

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso

contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma

ocorrer quando, por falta de um termo

específico para designar um conceito, toma-

se outro "emprestado". Assim, passamos a

empregar algumas palavras fora de seu

sentido original.

Exemplos:

"asa da xícara" "batata da perna"

"maçã do rosto" "pé da mesa"

"braço da cadeira" "coroa do abacaxi"

Perífrase

Trata-se de uma expressão que designa um ser

através de alguma de suas características ou

atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o

exemplo:

A Cidade Maravilhosa ( Rio de Janeiro) continua

atraindo visitantes do mundo todo.

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Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa,

recebe o nome de antonomásia.

Exemplos:

a) O Divino Mestre (Jesus Cristo) passou a

vida praticando o bem.

b) O Poeta dos Escravos (Castro Alves)

morreu muito jovem.

c) Poeta da Vila (Noel Rosa) compôs lindas

canções.

Sinestesia

Consiste em mesclar, numa mesma expressão,

as sensações percebidas por diferentes órgãos

do sentido.

Exemplos:

a) Um grito áspero revelava tudo o que

sentia. (Grito = auditivo; áspero = tátil)

b) No silêncio negro do seu quarto,

aguardava os acontecimentos. (Silêncio =

auditivo; negro = visual)

Figuras de Pensamento

As figuras de pensamento trabalham com a

combinação de ideias, pensamentos. Dentre

as figuras de pensamento, as mais comuns

são:

Antítese

Consiste na utilização de dois termos que

contrastam entre si. Ocorre quando há uma

aproximação de palavras ou expressões de

sentidos opostos. O contraste que se

estabelece serve, essencialmente, para dar

uma ênfase aos conceitos envolvidos que não

se conseguiria com a exposição isolada dos

mesmos. Observe os exemplos:

a) "O mito é o nada que é tudo."

(Fernando Pessoa)

b) O corpo é grande e a alma é pequena.

c) "Quando um muro separa, uma ponte

une."

d) "Desceu aos pântanos com os tapires;

subiu aos Andes com os condores."

(Castro Alves)

e) Felicidade e tristeza tomaram conta

de sua alma.

Paradoxo

Consiste numa proposição aparentemente

absurda, resultante da união de ideias

contraditórias. Veja o exemplo:

a) Na reunião, o funcionário afirmou que o

operário quanto mais trabalha mais tem

dificuldades econômicas.

Eufemismo

Consiste em empregar uma expressão mais

suave, mais nobre ou menos agressiva, para

comunicar alguma coisa áspera,

desagradável ou chocante. Exemplos:

a) Depois de muito sofrimento, entregou

a alma ao Senhor. (Morreu)

b) O prefeito ficou rico por meios ilícitos.

(Roubou)

c) Fernando faltou com a verdade.

(Mentiu)

Ironia

Consiste em dizer o contrário do que se

pretende ou em satirizar, questionar certo tipo

de pensamento com a intenção de ridicularizá-

lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto

passível de crítica. A ironia deve ser muito

bem construída para que cumpra a sua

finalidade; mal construída, pode passar uma

ideia exatamente oposta à desejada pelo

emissor. Veja os exemplos abaixo:

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a) Como você foi bem na última prova,

não tirou nem a nota mínima!

b) Parece um anjinho aquele menino,

briga com todos que estão por perto.

Hipérbole

É a expressão intencionalmente exagerada

com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos:

a) Faria isso milhões de vezes se fosse

preciso.

b) "Rios te correrão dos olhos, se

chorares." (Olavo Bilac)

Prosopopeia ou Personificação

Consiste em atribuir ações ou qualidades de

seres animados a seres inanimados, ou

características humanas a seres não

humanos. Observe os exemplos:

a) As pedras andam vagarosamente.

b) O vento fazia promessas suaves a

quem o escutasse.

Apóstrofe

Consiste na "invocação" de alguém ou de

alguma coisa personificada, de acordo com o

objetivo do discurso que pode ser poético,

sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo

chamamento do receptor da mensagem, seja

ele imaginário ou não. A introdução da

apóstrofe interrompe a linha de pensamento

do discurso, destacando-se assim a entidade

a que se dirige e a ideia que se pretende pôr

em evidência com tal invocação. Realiza-se

por meio do vocativo. Exemplos:

a) Moça, que fazes aí parada?

b) "Pai Nosso, que estais no céu..."

c) "Liberdade, Liberdade,

Abre as asas sobre nós,

Das lutas, na tempestade,

Dá que ouçamos tua voz..." (Osório

Duque Estrada)

Gradação

Consiste em dispor as ideias por meio de

palavras, sinônimas ou não, em ordem

crescente ou decrescente. Quando a

progressão é ascendente, temos o clímax;

quando é descendente, o anticlímax.

Observe este exemplo:

Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais

Joana com seus olhos claros e brincalhões...

O objetivo do narrador é mostrar a

expressividade dos olhos de Joana. Para

chegar a esse detalhe, ele se refere ao céu, à

terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e

seus olhos. Nota-se que o pensamento foi

expresso em ordem decrescente de

intensidade. Outros exemplos:

a) "Vive só para mim, só para a minha

vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)

b) "O trigo... nasceu, cresceu, espigou,

amadureceu, colheu-se." (Padre

Antônio Vieira).

Figuras de Sintaxe

As Figuras de Sintaxe ou Figuras de

Construção são utilizadas para modificar um

período, ou seja, interferem na estrutura

gramatical da frase, com o intuito de oferecer

maior expressividade ao texto.

Assim, as figuras de sintaxe operam de

diversas maneiras na frase, seja na inversão,

repetição ou na omissão dos termos.

Elipse

Consiste na omissão de um ou mais termos

numa oração que podem ser facilmente

identificados, tanto por elementos gramaticais

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presentes na própria oração, quanto pelo

contexto. Exemplos:

a) Regina estava atrasada. Preferiu ir direto

para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto

para o trabalho, pois estava atrasada.)

b) As rosas florescem em maio, as

margaridas em agosto. (As margaridas

florescem em agosto.)

Zeugma

Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre

quando é feita a omissão de um termo já

mencionado anteriormente. Exemplos:

a) Ele gosta de geografia; eu, de

português.

b) Na casa dela só havia móveis antigos;

na minha, só móveis modernos.

Silepse

Na silepse há concordância da ideia e não do

termo utilizado. São classificadas em:

Silepse de Gênero, quando ocorre

discordância entre os gêneros (feminino e

masculino);

Silepse de Número, quando ocorre

discordância entre o singular e o plural;

Silepse de Pessoa, quando ocorre

discordância entre o sujeito, que aparece na

terceira pessoa, e o verbo, que surge na

primeira pessoa do plural.

Exemplos:

São Paulo é suja. (silepse de gênero)

Um bando (singular) de mulheres (plural)

gritavam assustadas. (silepse de número)

Todos os atletas (terceira pessoa) estamos

(primeira pessoa do plural) preparados para o

jogo. (silepse de pessoa).

Hipérbato ou Inversão

O hipérbato é caraterizado pela inversão da

ordem direta dos termos da oração, segundo

a construção sintática usual da língua (sujeito

+ predicado + complemento).

Exemplo: Triste estava Manuela. (Neste caso,

o estado do sujeito surge antes do nome

“Manuela”, que na construção sintática usual

seria: Manuela estava triste).

Assíndeto

Síndeto corresponde a uma conjunção

coordenativa utilizada para unir termos nas

orações coordenadas. Feita essa observação,

a figura de pensamento assíndeto é

caracterizada pela ausência de conjunções.

Exemplo: Daiana comprou uvas para comer,

(e) limões para fazer suco.

Polissíndeto

Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é

caracterizado pela repetição da conjunção

coordenativa (conectivo).

Exemplo: Dolores brigava, e gritava, e falava.

Anáfora

A anáfora é a repetição de termos no começo

das frases, muito utilizada pelos escritores na

construção dos versos a fim de dar maior

ênfase à ideia.

Exemplo: Se eu amasse, se eu chorasse, se

eu perdoasse. (A repetição do termo “se”

enfatiza a condicionalidade que o emissor do

discurso quer propor).

Anacoluto

O anacoluto altera a sequência lógica da

estrutura da frase por meio de uma pausa no

discurso.

Exemplo: Esses políticos de hoje, não se pode

confiar. (Numa sequência lógica, teríamos:

“Esses políticos de hoje não são confiáveis”

ou Não se pode confiar nesses políticos de

hoje.)

Pleonasmo

Repetição enfática ou redundância de um

termo que soa “desnecessário” no discurso, o

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qual pode ser utilizado intencionalmente

(pleonasmo literário) como figura de

linguagem, ou por desconhecimento das

normas gramaticais (pleonasmo vicioso),

nesse caso um vício de linguagem.

Exemplo: A noite escura da Amazônia. (Note

que a noite já pressupõe escuridão.)

Figuras de Som

As Figuras de Som ou de Harmonia

correspondem a uma categoria das figuras de

linguagem associadas à sonoridade.

Elas valorizam a expressividade do texto, por

meio da sonoridade, ou seja, da repetição de

sons.

Aliteração

Consiste na repetição de consoantes como

recurso para intensificação do ritmo ou como

efeito sonoro significativo. Exemplos:

a) Três pratos de trigo para três tigres

tristes.

b) O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Assonância

Consiste na repetição ordenada de sons

vocálicos idênticos. Exemplos:

"Sou um mulato nato no sentido lato

mulato democrático do litoral."

Onomatopeia

Ocorre quando se tentam reproduzir na forma

de palavras os sons da realidade. Exemplos:

a) Os sinos faziam blem, blem, blem,

blem.

b) Miau, miau. (Som emitido pelo gato).

8- Variação Linguística

A variação linguística é um fenômeno que

acontece com a língua e pode ser

compreendida por intermédio das variações

históricas e regionais. Em um mesmo país,

com um único idioma oficial, a língua pode

sofrer diversas alterações feitas por seus

falantes. Como não é um sistema fechado e

imutável, a língua portuguesa ganha

diferentes nuances. O português que é falado

no Nordeste do Brasil pode ser diferente do

português falado no Sul do país. Claro que um

idioma nos une, mas as variações podem ser

consideráveis e justificadas de acordo com a

comunidade na qual se manifesta.

Observe a imagem a seguir:

As variações acontecem porque o princípio

fundamental da língua é a comunicação,

então é compreensível que seus falantes

façam rearranjos de acordo com suas

necessidades comunicativas. Os diferentes

falares devem ser considerados como

variações, e não como erros. Quando

tratamos as variações como erro, incorremos

no preconceito linguístico que associa,

erroneamente, a língua ao status.

No Brasil, por exemplo, todos falam a língua

portuguesa, mas existem usos diferentes da

língua devido a diversos fatores. Dentre eles,

destacam-se:

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Fatores regionais

É possível notar a diferença do português

falado por um habitante da região nordeste e

outro da região sudeste do Brasil. Dentro de

uma mesma região, também há variações no

uso da língua. No estado do Rio Grande do

Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua

utilizada por um cidadão que vive na capital e

aquela utilizada por um cidadão do interior do

estado.

Fatores culturais

O grau de escolarização e a formação cultural

de um indivíduo também são fatores que

colaboram para os diferentes usos da língua.

Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de

uma maneira diferente da pessoa que não

teve acesso à escola.

Fatores contextuais

Nosso modo de falar varia de acordo com a

situação em que nos encontramos: quando

conversamos com nossos amigos, não

usamos os termos que usaríamos se

estivéssemos discursando em uma

solenidade de formatura.

Fatores profissionais

O exercício de algumas atividades requer o

domínio de certas formas de língua chamadas

línguas técnicas. Abundantes em termos

específicos, essas formas têm uso

praticamente restrito ao intercâmbio técnico

de engenheiros, químicos, profissionais da

área de direito e da informática, biólogos,

médicos, linguistas e outros especialistas.

Fatores naturais

O uso da língua pelos falantes sofre influência

de fatores naturais, como idade e sexo. Uma

criança não utiliza a língua da mesma maneira

que um adulto, daí falar-se em linguagem

infantil e linguagem adulta.

As diferentes variações linguísticas

De acordo com esses fatores podemos

classificar as variações da seguinte forma:

Variações diafásicas

São as variações que se dão em função do contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo como falaremos com o nosso interlocutor, podendo ser formal ou informal.

Variações históricas

A língua é dinâmica e sofre transformações ao

longo do tempo. Um exemplo de variação histórica

é a questão da ortografia: a palavra “farmácia” já

foi escrita com “ph” (pharmácia). A palavra “você”,

que tem origem etimológica na expressão de

tratamento de deferência “vossa mercê” e que se

transformou sucessivamente em “vossemecê”,

“vosmecê”, “vancê”, até chegar na que utilizamos

hoje que é, muitas vezes (principalmente na

Internet), abreviado para “vc”.

Variações diatópicas

Representam as variações que ocorrem pelas

diferenças regionais. As variações regionais,

denominados dialetos, são as variações

referentes a diferentes regiões geográficas, de

acordo com a cultura local. Um exemplo deste tipo

de variação é a palavra “mandioca” que, em certos

lugares, recebe outras denominações, como

“macaxeira” e “aipim”. Nesta modalidade também

estão os sotaques, ligados às marcas orais da

linguagem.

Variações diastráticas

São as variações ocorridas em razão da

convivência entre os grupos sociais. As gírias, os

jargões e o linguajar caipira são exemplos desta

modalidade de variação linguística. É uma

variação social e pertence a um grupo específico

de pessoas. As gírias pertencem ao vocabulário

específico de certos grupos, como os policiais,

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cantores de rap, surfistas, estudantes, jornalistas,

entre outros.

Já os jargões estão relacionados com as áreas

profissionais, caracterizando um linguajar técnico.

Como exemplo, podemos citar os profissionais da

Medicina, os advogados, os profissionais da

Informática, dentre outros.

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Referências

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interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAKHTIN, Mikhail Mjkhailovitch. Estética da

criação verbal / Mikhail Bakhtin [tradução feita

a partir do francês por Maria Emsantina Galvão

G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS ,Vanda Maria. Ler

e Compreender: Os sentidos do texto. São

Paulo: Contexto, 2010.

MARCUSCHI. L. A. Produção Textual, Análise

de Gêneros e Compreensão. São Paulo:

Parábola Editorial, 2008.

SILVA, Marina Cabral da. "O texto e o

contexto"; Brasil Escola. Disponível em

<http://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-texto-

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SOUZA, Elaine Brito. “O que é um texto?”;

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<http://educacao.globo.com/portugues/assunto/es

tudo-do-texto/o-que-e-um-texto.html>. Acesso em

05 de janeiro de 2017.

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