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Prof. PAULO HERCULANO
CADERNO DE LINGUA
PORTUGUESA (LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO)
PROFESSOR: PAULO HERCULANO
Macapá
2017
Prof. PAULO HERCULANO
Sumário 1- Texto, Contexto e Elementos Paratextuais ...............................................................5
Conhecimento de mundo ..................................................................................................6
Textos verbais e visuais ....................................................................................................6
2- Definições e concepções de leitura: as essências .................................................8
O tema Leitura ......................................................................................................................8
Leitura e sentido ..................................................................................................................8
Conhecimento Linguístico E Conhecimento De Mundo ............................................9
Informações implícitas .......................................................................................................9
Pressupostos .................................................................................................................10
Subentendidos ...............................................................................................................10
Por que utilizamos sentidos implícitos? .................................................................11
3- Condições De Textualidade ........................................................................................12
Textualidade .......................................................................................................................12
Componentes conceitual e linguístico.........................................................................13
Coerência ........................................................................................................................13
Coesão .............................................................................................................................14
4- Intertextualidade ............................................................................................................15
Citação .................................................................................................................................16
Paródia .................................................................................................................................16
Paráfrase .............................................................................................................................17
5- Tipologia Textual: Tipos e Gêneros ..........................................................................17
O que é tipologia textual? ...............................................................................................18
Narração ..........................................................................................................................18
Descrição.........................................................................................................................18
Dissertação .....................................................................................................................18
Injunção / Instrucional ..................................................................................................18
Gêneros textuais ...............................................................................................................19
Carta .................................................................................................................................19
Propaganda .....................................................................................................................20
Bula de remédio .............................................................................................................20
Receita .............................................................................................................................20
Reportagem ....................................................................................................................21
História em quadrinhos ...............................................................................................21
Charge ..............................................................................................................................21
Poema ..............................................................................................................................22
Prof. PAULO HERCULANO
6- Funções da Linguagem ...............................................................................................22
Função emotiva ou expressiva ......................................................................................23
Função Apelativa ou Conativa .......................................................................................23
Função Poética ..................................................................................................................24
Função Fática .....................................................................................................................24
Função Metalinguística ....................................................................................................24
Função Referencial ...........................................................................................................24
7- Figuras da Linguagem .................................................................................................25
Figuras de Palavras ..........................................................................................................25
Metáfora ...........................................................................................................................25
Metonímia ........................................................................................................................25
Catacrese.........................................................................................................................25
Perífrase...........................................................................................................................25
Sinestesia ........................................................................................................................26
Figuras de Pensamento ...................................................................................................26
Antítese ............................................................................................................................26
Paradoxo .........................................................................................................................26
Eufemismo ......................................................................................................................26
Ironia .................................................................................................................................26
Hipérbole .........................................................................................................................27
Prosopopeia ou Personificação .................................................................................27
Apóstrofe .........................................................................................................................27
Gradação .........................................................................................................................27
Figuras de Sintaxe ............................................................................................................27
Elipse ................................................................................................................................27
Silepse..............................................................................................................................28
Hipérbato ou Inversão ..................................................................................................28
Assíndeto ........................................................................................................................28
Polissíndeto ....................................................................................................................28
Anáfora ............................................................................................................................28
Anacoluto ........................................................................................................................28
Pleonasmo ......................................................................................................................28
Figuras de Som ..................................................................................................................29
Aliteração ........................................................................................................................29
8- Variação Linguística .....................................................................................................29
As diferentes variações linguísticas ............................................................................30
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Variações diafásicas .....................................................................................................30
Variações históricas .....................................................................................................30
Variações diatópicas ....................................................................................................30
Variações diastráticas ..................................................................................................30
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA
Prof. PAULO HERCULANO
1- Texto, Contexto e Elementos
Paratextuais
Você já se perguntou o que é, de fato, um
texto? Geralmente, entendemos o texto como
um conjunto de frases, ou seja, algo que foi
feito para ser lido. Mas a definição de texto
não é tão simples quanto parece.
Imagine, por exemplo, que você está lendo um
livro e, de repente, encontra em uma página
qualquer um papel com a palavra “madeira”.
Ora, certamente você ficará intrigado ou
simplesmente não dará importância a isso.
Agora, vamos imaginar outra situação: você
está no meio de uma floresta e ouve alguém
gritar: “Madeira!”. Bem, se você pretende
preservar sua vida, sua reação imediata é sair
correndo. Isso acontece porque a situação em
que você se encontra levou-o a interpretar o
grito como um sinal de alerta.
A partir desses exemplos simples, podemos
chegar a algumas conclusões importantes:
1º - os textos não são apenas escritos, eles
também podem ser orais;
2º - os textos não são simples amontoados de
palavras ou frases, ou seja, eles precisam
fazer sentido.
Na segunda situação, uma única palavra foi
capaz de transmitir uma mensagem
de sentido completo, por isso ela pode ser
considerada um texto. Mas o que leva um
texto a fazer sentido?
Existem elementos que nos ajudam a
interpretar os textos que estão a nossa volta,
mas para que se possa compreender bem um
texto é necessário identificar o contexto
(social, cultural, estético, político) no qual ele
está inserido.
O contexto pode ser explícito, quando é
expresso por palavras (o texto em que se
encontra a frase ou a frase em que se
encontra a palavra), ou implícito, quando
está embutido na situação em que o texto é
produzido. Logo, a simples mudança de
contexto faz com que a palavra “madeira” seja
interpretada de maneiras diferentes. Na
primeira situação, embora a palavra esteja
dentro de um livro, ela está totalmente fora de
contexto, por isso não produz sentido algum.
Para deixar ainda mais claro, numa frase o que
seria o contexto e qual importância dele. Observe
o seguinte enunciado:
“Que belo dia!”
Sem se levar em conta o contexto, não se pode
explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar
que ela poderia se referir a um dia agradável, que
a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido
dita por alguém que ganhou na loteria. Não se
sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol
após um período chuvoso ou se é um dia de chuva
após meses de sol escaldante. Como não foi
apresentada a situação em que esse enunciado foi
proferido, há várias possibilidades de sentido
nesta frase.
Observe o texto abaixo retirado de um site de
notícias:
Por Bernardo Caram, G1, Brasília 11/12/2016 16h52 Atualizado 12/12/2016 22h10
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“Delator da Odebrecht cita doações
não declaradas a mais de 30 políticos
Em informações prestadas ao Ministério
Público Federal (MPF) para a assinatura de
acordo de delação premiada, o ex-diretor de
relações institucionais da Odebrecht Cláudio
Melo Filho apresentou valores repassados a
políticos com a finalidade de obter vantagens
para a empreiteira.
O depoimento, que veio a público na sexta-
feira (9), traz nomes, valores, circunstâncias e
motivação dos repasses. Parte dos recursos
foi paga por meio de doações eleitorais
oficiais, mas também há registro de propina e
de caixa 2.
Em alguns casos, como o dos senadores
Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros
(PMDB-AL), o dinheiro era entregue a uma
pessoa, mas serviria para abastecer um grupo
dentro do partido. Em outros casos, não é
possível identificar se a doação foi oficial.
Cláudio atuava na relação da Odebrecht com
o Congresso Nacional. Segundo ele, alguns
pagamentos eram feitos para garantir a
aprovação de projetos de interesse da
empreiteira. ”
Para compreendermos melhor sobre a
informação retratada no texto é necessário
que estejamos atentos a situação política do
nosso país.
Conhecimento de mundo
Ao longo de sua vida, o leitor adquire
conhecimentos utilizados durante a leitura dos
textos. O leitor constrói o sentido do texto
quando articula diferentes níveis de
conhecimento, entre eles o conhecimento de
mundo. Esse tipo de conhecimento costuma
ser adquirido informalmente, através de
nossas experiências pessoais e convívio em
sociedade. Ativar seu conhecimento de
mundo no momento certo pode ser útil tanto
para salvar sua vida no meio da floresta ou
para resolver questões do ENEM.
Agora observe a seguinte imagem:
O texto é uma propaganda de um adoçante
que tem o seguinte mote: “Mude sua
embalagem”. A propaganda utiliza recursos
“verbais” e “não verbais”. Os recursos verbais
referem-se à palavra “açúcar”, escrita no saco,
e ao slogan “mude sua embalagem”. O
conteúdo verbal da propaganda é reforçado
pela parte não verbal, ou seja, a imagem do
saco de açúcar semelhante a uma barriga
gorda, que contrasta com a imagem do
adoçante no canto inferior, bem fininho.
Textos verbais e visuais
Até aqui, vimos que os textos podem ser orais
Figura 1 - Figura 1- Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). (Foto: Reprodução/Enem)
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ou escritos. Mas essa noção precisa ser
ampliada, pois há textos que não contam com
o auxílio da palavra, seja ela escrita ou oral. É
o caso, por exemplo, da fotografia e da
pintura. Dizemos, então, que há textos verbais
e visuais. Há ainda textos que utilizam os dois
recursos, como no exemplo anterior, assim
também como os filmes, que usam imagens,
diálogos e legendas.
Então, chegamos a conceito de texto mais
ampliado e consistente: todo enunciado que
faz sentido para um determinado grupo em
uma determinada situação. No ENEM, essa
noção mais moderna de texto é a que vale.
Em resumo temos que:
Texto: Tomando como definição de texto a de
Costa Val (1999:3), para quem “texto é uma
ocorrência linguística, falada ou escrita, de
qualquer extensão, dotado de unidades sócio
comunicativa semântica e formal”.
Contexto: O contexto situacional é formado por
informações que estão fora do texto, sejam elas
históricas, geográficas, sociológicas, literárias. Ele
é essencial para uma leitura mais eficaz,
aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o
locutor/escritor quis imprimir ao texto.
Além do texto e do contexto temos ainda o
Elementos paratextuais. A sabedoria
popular diz que não devemos “julgar um livro
pela capa”. Isso acontece porque muitas
vezes a capa de um livro acaba despertando
ou não nosso interesse pelo texto. Porém,
quando abrimos um livro, podemos nos
deparar com outros elementos, como
contracapa, biografia do autor, prefácio,
dedicatória, índice, notas de rodapé, citações,
posfácio e ilustrações. Esses elementos que
margeiam o texto são chamados de
elementos paratextuais.
Portanto, paratextos são elementos que estão
para além do texto, ou seja, informações que
acompanham uma obra. Como podem
motivar a aquisição e a leitura livros, os
elementos paratextuais são muito
privilegiados pela indústria editorial.
De todos os elementos paratextuais, o mais
importante é o título, pois funciona como uma
espécie de “slogan” do texto, ou seja, algo que
faça com que o leitor “compre” suas ideias. Alguns
especialistas já chegaram a sugerir que o título
não é relevante para a leitura de um texto, mas
não é bem assim. Um título adequado pode
direcionar a compreensão do texto, ajudando o
leitor a criar expectativas de leitura.
Em alguns casos, o título fornece pistas
importantes para que o leitor levante hipóteses
sobre o que vai ler. Por exemplo, diante de um
título como “Conheça as angiospermas”, o leitor
espera ler um texto que trará explicações sobre as
angiospermas, seus tipos e exemplares na
natureza. Com a ajuda de outros elementos
paratextuais, como a ilustração de uma flor, o leitor
poderá imaginar que se trata de plantas.
A partir do título desses livros é possível
especular qual será o enredo da história.
Sobre o título “A culpa é das estrelas” de John
Green, é possível imaginar que se trata de
uma história romântica já que o título parece
fazer alusão a expressão “escrito nas
estrelas”, já o segundo título “ Para todos os
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amores errados” de Clarissa Corrêa, podemos
interpretar que a história apesar de uma
história romântica vai tratar mais
especificamente de desilusões amorosas.
Todos esses apontamentos são apenas
suposições feitas a partir do título
2- Definições e concepções
de leitura: as essências
O tema Leitura
Segundo Orlandi (2000:7), o termo
leitura é polissêmico, isto é, permiti distinguir
vários sentidos. Podemos entendê-lo, em sua
acepção mais ampla, como atribuição de
sentidos, tanto em relação à linguagem
escrita como em relação à linguagem oral.
Qualquer expressão linguística, de qualquer
natureza, permite uma leitura.
Leitura também pode significar
concepção, e é nesse sentido que o termo é
usado quando falamos em leitura de mundo,
isto é, quando usamos a palavra leitura para
refletir o conhecimento de cada leitor,
considerando-se ou não sua escolaridade.
No sentido acadêmico – mais restrito -,
leitura pode significar a construção das bases
teóricas metodológicas que permitem chegar
a um texto: são várias as leituras de Rubem
Alves, ou de um texto de Paulo Freire.
Em um sentido ainda mais específico, o
termo leitura pode ser entendido como estrita
aprendizagem formal, quando se vincula
leitura e alfabetização.
Uma reflexão mais aprofundada sobre
leitura nos permite concluir que o leitor
precisa recorrer a estratégias que lhe
permitam alcançar o sentido do texto. Além
disso, devemos lembrar que há diferentes
modos de leitura, em relação direta com a vida
intelectual do leitor, isto é, com sua maneira
de estabelecer os sentidos daquilo que lê.
Leitura e sentido
As palavras significam o que o grupo social
convencionou que elas devem significar, mas
a comunicação exige muito mais que apenas
usar e aceitar passivamente significados
preestabelecidos.
Ler, então, é mais que decifrar: ler é ser
capaz de atribuir um significado ao texto,
partindo do próprio texto, de modo que cada
leitor consiga relacioná-lo a todos outros
textos significativos, seja capaz de reconhecer
o tipo de leitura que o autor pretendia, e
possa, depois, dono da própria vontade,
entregar-se à leitura ou rejeitá-la.
Para que tudo isso aconteça, é preciso
que autor e leitor interajam ao longo de um
texto. Ao autor cabe delinear o caminho
percorrido durante a produção do texto,
direcionando o efeito de sentido desejado e a
intenção comunicativa pretendida; ao leitor
compete ler, reler, analisar, comparar, fazer
inferências, ativar conhecimentos.
Todo leitor, ao ler um texto, deve
participar da produção de leitura desse texto.
Para isso, deve construir, através do que
passaremos a chamar de pistas textuais que
o próprio texto fornece, um sentido para ele (o
texto) – mas somente o sentido que o próprio
texto autorizar. Procurar essas pistas faz parte
do processo de leitura, porque é a partir delas
que o autor formula e reformula hipóteses,
aceita ou rejeita conclusões.
Agora, pedimos que você coloque em
ordem, numerando de 1 a 4, as diferentes etapas
de participação do leitor na produção de leitura de
um texto.
( ) construção de sentido autorizado pelo texto
( ) identificação de pistas textuais
( ) aceitação ou rejeição de conclusões
( ) formulação e reformulação de hipóteses
Esperamos que Você tenha respondido que o
leitor procura, em primeiro lugar, pistas textuais;
em seguida, constrói, por meio dessas peitas, um
sentido autorizado pelo próprio texto; depois, de
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posse dessas pistas, formula e reformula
hipóteses, para, finalmente, aceitar ou rejeitar
conclusões.
Conhecimento Linguístico E
Conhecimento De Mundo
Como podemos deduzir das palavras de
Paulo Freire, há uma íntima relação entre
linguagem e realidade, que passamos a chamar
de conhecimento linguístico e de
conhecimento de mundo. A precedência a que
ele se refere localiza-se, sobretudo, no momento
da alfabetização.
Criança ou adulto nessa situação já
acumularam muito conhecimento sobre a
realidade que os cerca e muito pouco
conhecimento específico sobre a linguagem.
Realizada a aprendizagem da leitura, mais e mais,
a cada ato de ler, ocorrerá sempre a utilização,
pelo leitor, dos já referidos conhecimentos.
Por exemplo: quando lemos o parágrafo
acima destacado, pomos em prática nosso
conhecimento sobre Paulo Freire, suas
concepções sobre alfabetização, os momentos
políticos brasileiros por ele vividos e,
principalmente, o fato de que estava proferindo
uma conferência em um Congresso sobre leitura,
mas também ativamos o conhecimento linguístico
sobre morfologia, sintaxe e semântica recebidas
da escola ao longo de nossa formação:
Esses conhecimentos nos permitem
reconhecer as palavras por ele usadas, a ordem
sintática preferencialmente direta e os significados
que essas palavras e essa organização nos
possibilitam. Eis a operacionalização, no ato de
ler, dos dois conhecimentos necessários: o de
mundo e o linguístico.
Você deverá fazer uso do seu
conhecimento linguístico e do seu conhecimento
de mundo para resolver as questões propostas a
seguir, com base na leitura do texto abaixo.
NOKIA
O mundo todo só fala nele.
a).Agora, liste o conhecimento de mundo e
conhecimento linguístico que Você ativou para
compreender a mensagem veiculada no texto.
Conhecimentos de mundo
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Conhecimentos linguísticos:
_______________________________________
_______________________________________
b).Explicite os sentidos que o autor dos texto quis
evidenciar.
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Estamos convictos de que você conseguiu
desenvolver as atividades solicitadas em a e b,
pois certamente interpretou o termo Nokia como o
nome de uma marca de aparelho telefônico celular
e percebeu o duplo sentido intencional no termo
fala e no termo nele.
Esses conhecimentos o levaram a
compreender que o autor da frase quis evidenciar
dois sentidos: o de que todos usam o aparelho e
o de que todos comentam sobre ele.
Informações implícitas
Muitos candidatos ao ENEM se perguntam
como melhorar sua capacidade de
interpretação dos textos. Primeiramente, é
preciso ter em mente que um texto é formado
por informações explícitas e implícitas. As
informações explícitas são aquelas
manifestadas pelo autor no próprio texto. As
informações implícitas não são manifestadas
pelo autor no texto, mas podem ser
subentendidas. Muitas vezes, para
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efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir
além do que foi dito, ou seja, ler nas
entrelinhas.
A partir de elementos presentes no texto, é possível ao leitor recuperar as informações implícitas, para que possa, efetivamente, chegar a produção de sentido. Por isso, o leitor precisa estabelecer relações dos mais diversos tipos do texto e o contexto, de forma a interpretar adequadamente o enunciado.
Por exemplo, observe este enunciado:
- Patrícia parou de tomar refrigerante.
A informação explícita é “Patrícia parou de
tomar refrigerante”. A informação implícita é
“Patrícia tomava refrigerante antes”.
Agora, veja este outro exemplo:
-Felizmente, Patrícia parou de tomar
refrigerante.
A informação explícita é “Patrícia parou de
tomar refrigerante”. A palavra “felizmente”
indica que o falante tem uma opinião positiva
sobre o fato – essa é a informação implícita.
Com esses exemplos, mostramos como
podemos inferir informações a partir de um
texto. Fazer uma inferência significa concluir
alguma coisa a partir de outra já conhecida.
Nos vestibulares, fazer inferências é uma
habilidade fundamental para a interpretação
adequada dos textos e dos enunciados.
A seguir, veremos dois tipos de informações
que podem ser inferidas: as pressupostas e
as subentendidas.
Pressupostos
Uma informação é considerada pressuposta
quando um enunciado depende dela para
fazer sentido.
Considere, por exemplo, a seguinte pergunta:
“Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse
enunciado só faz sentido se considerarmos
que Patrícia saiu de casa, ao menos
temporariamente – essa é a informação
pressuposta. Caso Patrícia se encontre em
casa, o pressuposto não é válido, o que torna
o enunciado sem sentido.
Repare que as informações pressupostas
estão marcadas através de palavras e
expressões presentes no próprio enunciado e
resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no
enunciado “Patrícia ainda não voltou para
casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de
Patrícia para casa é dada como certa pelo
falante.
Subentendidos
Ao contrário das informações pressupostas,
as informações subentendidas não são
marcadas no próprio enunciado, são apenas
sugeridas, ou seja, podem ser entendidas
como insinuações.
O uso de subentendidos faz com que o
enunciador se esconda atrás de uma
afirmação, pois não quer se comprometer com
ela. Por isso, dizemos que os subentendidos
são de responsabilidade do receptor,
enquanto os pressupostos são partilhados por
enunciadores e receptores.
Em nosso cotidiano, somos cercados por
informações subentendidas. A publicidade,
por exemplo, parte de hábitos e pensamentos
da sociedade para criar subentendidos. Já a
piada é um gênero textual cuja interpretação
depende a quebra de subentendidos.
Observemos como isso é verdadeiro e deve
acontecer em todos os atos de leitura, dos mais
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simples aos mais complexos. Considere a
manchete do Caderno de Esporte do jornal O
Liberal, de 24.08.2003.
PAPÃO PROCURA O CAMINHO DA VITÓRIA
Essa manchete esportiva, uma simples e
curta frase declarativa, interpretada
adequadamente, desencadeia uma série de
relações entre ela e o leitor, a partir de uma
informação explícita de que alguém, no caso, um
clube de futebol, procura uma forma de vencer.
Estabelecidas essas relações, o leitor encontra
outros sentidos além do que foi explicitado.
A primeira dessas relações, que se
estabelece entre texto e contexto, leva à
compreensão de que, para vencer, é preciso uma
tática de jogo, uma estratégia, sentido latente na
metáfora caminho da vitória.
A segunda, linguística por natureza, requer
que o leitor reconheça o valor do artigo definido o:
ele permite entender que o caminho existe, que é
um preciso e determinado caminho, que só ele
conduzirá à vitória.
A terceira, ainda no âmbito da linguagem,
está centrada no significado de procura. Quem
procura é porque perdeu ou porque nunca teve.
No caso do clube paraense ele conhecia bem o
caminho da vitória, porém, no dia em que a
manchete foi produzida, não conhecia mais.
A quarta novamente uma relação entre
texto e contexto, cumplicidade entre autor e leitor,
indica que o clube já não vencia há algum tempo.
Finalmente a quinta relação por meio da
qual o autor também busca a adesão do leitor,
descortina a crítica ao clube que vinha vencendo
seguidamente, enchia a sua torcida de orgulho e
parara de vencer. Uma sutil ironia sem dúvida.
Um ouvinte/leitor eficiente precisa captar não apenas as informações explícitas (postas, dadas, expressas), como também as que estão implícitas, pois, se ele não tiver essa habilidade, passará por cima de significados importantes, ou – o que é mais grave – concordará com ideias ou ponto de vista que talvez rejeitasse se os percebesse.
Por que utilizamos sentidos implícitos?
Em todo grupo social, há um conjunto de tabu
linguísticos. Isso não significa apenas a
existência de palavras que, em certas
circunstancias, não podem ou não devem ser
pronunciadas (os palavrões, por exemplo),
mas também a de temas proibidos e
protegidos por uma espécie de “lei do
silêncio”. Um ditado popular traduz
plenamente essa restrição: “não se fala em
corda em casa de enforcado”.
Esses tabus linguísticos também se fazem
presente em relação a determinada
informações que uma pessoa não pode ou
não deve dar, não porque elas sejam
proibidas, mas porque o ato de expressá-las
constituiria uma atitude repreensível ou
comprometedora.
Além dos tabus linguísticos um outro
motivo para o uso de sentidos implícitos é que toda
declaração explícita pode tornar-se temas de
discussões. O que é dito pode ser contradito, de
modo que não se poderia anunciar uma opinião ou
um desejo sem, ao mesmo tempo, expô-lo às
eventuais objeções dos interlocutores. Julgue v
você mesmo: no dia 01.02.2003, um deputado
federal reeleito em resposta ao repórter do Jornal
Nacional, que referia aos erros desse parlamentar
no mandato anterior, respondeu: “a gente não
comete os mesmos erros, porque há tantos erros
novos para serem cometidos...”. Como Você
observou o parlamentar admite que continuará
errando apenas não pretende repetir erros já
cometidos, o que é muito grave, porque o repórter
se referia a erros prejudiciais ao povo que o
elegeu.
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Quando se lê, considera-se não apenas o que
está dito, mas também o que está implícito, isto é,
aquilo que não está dito, mas que também
significando. E o que não está dito pode ser de
várias naturezas:
a) O que não está dito, mas que de certa
forma, sustenta o que está dito;
b) O que está suposto para que se entenda o
que está dito;
c) O sentido que se opõe àquilo que está dito;
d) Outras maneiras de se dizer o que se
disse.
Em época de forte repressão, a livre
manifestação do pensamento, o direto de
contestar e de se denunciar se materializam por
meio de sentidos implícitos. Foi o que aconteceu
no período da ditadura militar no Brasil.
Atento a isso, leia o excerto abaixo, do poema-
canção de Chico Buarque, datado de 1984, para
aprofundar seu conhecimento sobre sentidos
implícitos.
(...) Num tempo
Página triste da nossa história
Passagem desbotada na
memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria-mãe tão
distraída
Sem perceber que era
subtraída
Em tenebrosas transações.
(...)
Recupere dois sentidos implícitos:
(a)_____________________________________
_______________________________________
_______________________________________
(b)_____________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Esperamos que você tenha percebido que
os quatro primeiros versos significam o período
da ditadura militar, entre 1964 e o limiar da década
de 80 do século XX, e que os quatro últimos
denunciam a intensa corrupção ocorrida no
referido período.
Por isso, tem sido cada vez mais frequente o
cuidado de “medirmos as palavras”, para
evitarmos os perigos que advêm dos sentidos
literais ou explícitos da língua. O recurso que
se tem mostrado mais frequente e eficaz
parece ser simplesmente o uso dos sentidos
implícitos, que conseguem expressar aquilo
que queremos dizer, mas sem que corramos
o risco de ser responsabilizados por aquilo
que dizemos.
Não é por acaso que, muitas vezes, pessoas
de destaque no grupo social, ao falarem, o
fazem de forma tão opaca e incompreensível
que seu discurso acarreta lacunas no
entendimento de seus interlocutores.
3- Condições De
Textualidade
Para que uma sequência de enunciados seja
reconhecida como texto, é preciso que ela
forme um todo significativo, nas
circunstancias de uso em que os enunciados
ocorrem. É sobre as condições de
textualidade, ou seja, aquelas que permitem
que você avalie a qualidade do que lê e do que
escreve.
A primeira dessas condições é alcançada com
a coerência, isto é, o fator responsável pela
unidade de sentido; a segunda é a coesão,
que permite a harmoniosa articulação entre os
diferentes constituintes do texto.
Textualidade
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DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
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Chama-se textualidade ou tecitura ao
conjunto de propriedades que qualquer
manifestação linguística deve possuir para
que não seja apenas uma simples sequência
de palavras ou frases.
Contemplamos dois, dentre os fatores
responsável pela textualidade de qualquer
discurso, juntamente os que envolvem os
componentes conceitual e linguístico.
Componentes conceitual e linguístico
Um texto deve apresentar um conjunto
de propriedades decorrentes da relação entre
as partes que o compõem, de tal modo que,
ao final, essa relação resulte em uma unidade
de sentido e estabeleça uma ligação – nem
sempre aparente – entre essas partes. No
primeiro caso, manifesta-se a coerência; no
segundo a coesão.
Coerência
A coerência ou conectividade
conceitual é a interdependência semântica
entre os elementos constituintes de um texto,
isto é, a relação entre as partes desse texto e
que resulta em unidade de sentido. A
coerência decorre da continuidade do sentido,
do compromisso entre as partes que formam
a macroestrutura (estrutura semântica global
do texto) e está ligada à compreensão,
possibilidade de Interpretação do que
dizemos, escrevemos, ouvimos ou lemos.
Para que a coerência se realize, há três
propriedades fundamentais – continuidade ou
repetição, não-contradição e progressão –
que serão desenvolvidas a seguir.
A relação entre o texto e o contexto,
entendido este como a unidade maior em que
a unidade menor está inserida, é relevante
para a depressão das relações do sentido que
compõem a globalidade do texto. Elas devem
obedecer a condições cognitivas gerais,
satisfazendo às relações lógico-semânticas
entre estados e coisas, como por exemplo,
relações de ordenação temporal, relações de
casualidade – entre outras. Essas relações
podem se manifestar pelo vocabulário, pela
combinação dos tempos verbais, pela ordem
de apresentação de conteúdo, pela
adequação dos campos semânticos.
No texto abaixo, queremos mostrar-lhe
como se constrói o sentido de um texto a partir
de uma ideia-chave. Acompanhe com atenção
e, ao final, você constatará que, num texto,
tudo significa.
Dentro do planalto: Fome de reforma
“João Pedro Stédile está afinado com o
governo petista. Na semana passada, o líder
do MST andou pelos corredores do Planalto
como se fosse um velho conhecido do austero
prédio. Jotapê tenta convencer o governo de
que R$ 1 bilhão, previsto no Orçamento para
o Incra, é pouco para tocar a reforma agrária.
Quer abocanhar parte do capital internacional
destinado ao projeto Fome Zero. Reforma
agrária, diz, é a maneira mais eficaz de
combate à fome.” ( Época – 03.02.2003 – p.
8)
Observe que, nesse texto, há uma
idéia-chave: João Pedro Stédile. Essa idéia-
chave, embora não esteja expressa no título
nem no subtítulo, é uma espécie de “primeiro
ponto” para o ato de “tecer o texto”. Ela se
repete, quer representar por vocábulos
diferentes (João Pedro Stédile / o líder do
MST / um velho conhecido / jotapê), quer
representada pelo apagamento do vocábulo
que a poderia expressar.
Essa mesma ideia-chave é
responsável pelas formas verbais em 3ª
pessoa do singular (está afinado/ andou/
fosse/ tentar convencer/ quer/ diz). Além
disso, o seu conhecimento prévio permite que
você identifique a relação de afinidade entre
João Pedro Stédile e governo petista, assim
como entre João Pedro Stédile / governo
petista e entre corredores do Planalto /
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austero prédio / o governo / fome zero
/combate à fome.
A coerência conceitual –
macroestrutura ou estrutura semântica – é um
dos requisitos fundamentais para construção
de qualquer texto, quer ele seja literário,
jornalístico, científico, jurídico, acadêmico,
quer seja uma conversão espontânea.
Coesão
A coesão pode ser entendida como o
modo pelo qual frases ou partes delas se
combinam para assegurar o desenvolvimento
textual, ou seja, é o modo como as palavras
estão ligadas entre si, dentro de uma
sequência, a fim de criar uma relação
semântica entre um elemento do texto e outro
elemento que é fundamental para sua
interpretação.
A coesão – isto é, a articulação – será
eficaz quando estabelecer não apenas a
ligação de uma ideia a outra, mas também que
tipo de relação específica se institui a partir
desse recurso. A coesão é marcada
linguisticamente quando, para isso,
empregamos nomes, conjunções,
pronomes relativos, preposições,
advérbios, locuções adverbiais, elementos
de transição adequados.
Não há dúvida de que a coesão
marcada por elementos linguísticos contribui
para conferir coerência ao texto. Tais
elementos, no entanto, não são nem
suficientes nem imprescindíveis para garanti-
la. É perfeitamente possível haver textos
coerentes que não apresentam elementos
coesivos, como no parágrafo a seguir,
extraído de uma reportagem sobre Di
Cavalcanti.
“Nas vacas magras, ia de cerveja a
cachaça. Nunca bêbado. Tinha um poder
enorme sobre o copo. Bebia, depois
deitava, lia, relaxava..” (Veja – julho/1997)
As quatro orações do período estão
separadas por ponto. Embora não haja
conectores gramaticais explícitos, é fácil
perceber de que modo essas orações se
combinam para formar uma sequência, pois é
fácil recuperar os elementos coesivos que não
foram expressos. Nada impediria que o autor
da matéria tivesse escrito o texto assim:
Nas vacas magras, ia de cerveja a
cachaça, porém nunca ficava bêbado, pois
tinha um poder enorme sobre o corpo, isto
é, bebia, depois deitava, lia e relaxava…
A coesão pode ser estabelecida por
elementos que fazem o texto progredir a partir
da conexão por eles operacionalizada. Esses
conectores estabelecem uma relação
semântica de acordo com o sentido que
expressam.
É pela coesão que se estabelece o
nexo entre as partes de um texto. As relações
coesivas realizam-se por meio de um léxico
da língua e suas marcas são fixadas
principalmente por elementos da natureza
gramatical (pronomes, conjunções,
preposições, formas verbais), elementos da
natureza lexical (sinônimos, antônimos,
repetições) e por mecanismos sintáticos
(subordinação, coordenação, ordenação dos
vocábulos, das orações). A coesão, como
elemento responsável pela textualidade, diz
respeito a todos os processos de
referenciarão ou segmentação que
asseguram ou tornam recuperável uma
ligação linguística significativa entre os
elementos que ocorrem na superfície textual.
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4- Intertextualidade Assunto comum no Enem, a intertextualidade
acontece quando um texto retoma uma parte
ou a totalidade de outro texto – o texto fonte.
Geralmente, os textos fontes são aqueles
considerados fundamentais em uma
determinada cultura. No exemplo dado,
compositores brasileiros contemporâneos
retomam um dos textos mais reverenciados
da literatura portuguesa.
Nos anos 90, Pedro Luis e Fernanda Abreu
lançaram a canção “Tudo vale a pena”, cujo
refrão diz o seguinte: “Tudo vale a pena, sua
alma não é pequena”. O mote, na verdade, faz
referência ao famoso poema “Mar português”
(1934), do poeta Fernando Pessoa:
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Como podemos ver, temos dois textos que,
apesar de distantes no tempo e no espaço,
dialogam entre si. A intertextualidade é
exatamente essa relação, uma forma de
diálogo entre dois ou mais textos.
É importante considerar que a
intertextualidade pode ocorrer entre textos de
mesma natureza ou de naturezas
diferentes. Como é um conceito amplo e
passível de classificações, a intertextualidade
pode ser classificada em dois tipos principais:
intertextualidade explícita e intertextualidade
implícita.
Na intertextualidade explícita ocorre a
citação da fonte do intertexto, encontrada
principalmente nas citações, nos resumos,
resenhas e traduções, além de estar presente
também em diversos anúncios publicitários.
Nesse caso, dizemos que a intertextualidade
se localiza na superfície do texto, pois alguns
elementos nos são fornecidos para que
identifiquemos o texto fonte. Observe um
exemplo:
A intertextualidade, quando explícita, fornece
ao leitor diversos elementos que o remetem
ao texto fonte
No anúncio publicitário utilizado no exemplo,
há uma forte referência ao texto fonte,
facilmente identificada pelo leitor através dos
elementos fornecidos pela linguagem verbal e
pela linguagem não verbal. A composição do
anúncio nos transporta imediatamente para o
filme “Tropa de Elite”, do cineasta José
Padilha, e isso só é possível em razão do forte
apelo popular da produção, que ganhou
grande projeção em nossa sociedade.
Já a intertextualidade implícita ocorre de
maneira diferente, pois não há citação expressa
da fonte, fazendo com que o leitor busque na
memória os sentidos do texto. Geralmente está
inserida nos textos do tipo paródia ou do tipo
paráfrase, ganhando espaço também na
publicidade. Observe o exemplo:
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No anúncio há um elemento verbal que permite a
retomada do texto fonte, mas essa inferência
depende de um conhecimento prévio do leitor: se
ele não souber que há uma referência à música
“Mania de você”, da cantora Rita Lee,
provavelmente o texto não será compreendido em
sua totalidade.
Portanto, a intertextualidade é um elemento muito
importante para a constituição de sentidos do
texto, colaborando em muito para a coerência
textual ao reforçar a ideia de que a competência
linguística não depende apenas do conhecimento
do código linguístico, mas também do
conhecimento das relações intertextuais.
A seguir, veremos vários exemplos de
intertextualidade, seja em forma de citação,
paródia ou paráfrase.
Citação
Esse procedimento intertextual acontece
quando um texto reproduz outro texto ou parte
dele. Para sinalizar que houve a reprodução
de outro texto, são utilizados alguns
marcadores, como as aspas. Dessa forma, o
texto deixa claro que o trecho ou o texto citado
foi tirado de outra fonte, como no exemplo.
A compreensão adequada de um intertexto
depende, naturalmente, do conhecimento do
texto fonte. Vejamos o outro exemplo abaixo.
Figura 2- Propaganda Chevrolet (Foto: Reprodução)
No exemplo dado, a propaganda buscou
inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao
pó voltarás", marcando sua reprodução por
meio de aspas.
Paródia
A paródia consiste em uma subversão ao
texto fonte, recriando-o de maneira satírica ou
crítica. Dizendo de outra maneira, a paródia
ironiza o texto original e inverte seu sentido.
“Canção do exílio” (1847) é um dos textos
mais parodiados da cultura brasileira,
exercendo sua influência por várias
gerações.
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Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Agora, leia parte da paródia composta pelo
humorista e apresentador Jô Soares:
Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
No poema de Gonçalves Dias, do final do
século XIX, o eu lírico deseja cantar a
saudade que sente de sua terra natal, o Brasil,
enfatizando seus encantos e belezas naturais.
O texto de Jô Soares, do final do século XX,
desconstrói o sentido do texto original, já que
o eu lírico quer distância da terra natal, pois
prefere as mordomias da Casa da Dinda,
como ficou conhecida a residência oficial do
Presidente da República na época, Fernando
Collor de Mello.
Através da paródia, Jô Soares faz uma crítica
aos escândalos de corrupção do governo, que
culminaram no processo de
“impeachment” do presidente.
Paráfrase
Fazer uma paráfrase significa reproduzir as
ideias de um texto, só que utilizando outras
palavras, dentro de uma nova montagem. É o
recurso intertextual que se faz presente, por
exemplo, em resumos, atas e relatórios, que
fazem parte do nosso cotidiano.
Veja um exemplo de paráfrase da tão
parodiada “Canção do exílio”, de Gonçalves
Dias:
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que palmeiras
onde canta o sabiá
Perceba que o poema “Europa, França e
Bahia”, de Carlos Drummond de Andrade,
estabelece um diálogo com o texto de
Gonçalves Dias, mas não tem uma intenção
satírica – é uma paráfrase.
5- Tipologia Textual: Tipos e
Gêneros Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia
textual” (Tipos textuais) mas muita gente
confunde com “Gêneros Textuais” (gêneros
discursivos).
Querem dizer a mesma coisa?
Não.
Estas são duas classificações que recebem os
textos que produzimos a longo de nossa vida, seja
na forma oral ou escrita.
Sendo que a primeira leva em
consideração estruturas específicas de cada
tipo, ou seja, seguem regras gramaticais, algo
mais formal.
Já a segunda preocupa-se não em classificar um
texto por regras, mas sim levando em
consideração a finalidade do texto; o papel dos
interlocutores; a situação de comunicação. São
inúmeros os gêneros textuais: Piada, conto,
romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia,
biografia, seminário, palestras, etc.
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O que é tipologia textual?
Como dito anteriormente, são as classificações
recebidas por um texto de acordo com as regras
gramaticais, dependendo de suas características.
São as classificações mais clássicas de um texto:
A narração, a descrição, a dissertação
(expositiva e argumentativa), a injunção, a
predição e a conversacional.
Narração
Modalidade em que um narrador, participante
ou não, conta um fato, real ou fictício, que
ocorreu num determinado tempo e lugar,
envolvendo certos personagens. Refere-se a
objetos do mundo real. Há uma relação de
anterioridade e posterioridade. O tempo
verbal predominante é o passado. Estamos
cercados de narrações desde as que nos
contam histórias infantis até às piadas do
cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros:
conto, fábula, crônica, romance, novela,
depoimento, piada, relato, etc.
Descrição
Um texto em que se faz um retrato por escrito
de um lugar, uma pessoa, um animal ou um
objeto. A classe de palavras mais utilizada
nessa produção é o adjetivo, pela sua
função caracterizadora. Numa abordagem
mais abstrata, pode-se até descrever
sensações ou sentimentos. Não há relação de
anterioridade e posterioridade. Significa "criar"
com palavras a imagem do objeto descrito. É
fazer uma descrição minuciosa do objeto ou
da personagem a que o texto se Pega. É um
tipo textual que se agrega facilmente aos
outros tipos em diversos gêneros textuais.
Tem predominância em gêneros como:
cardápio, folheto turístico, anúncio
classificado, etc.
Dissertação
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou
explicar um assunto, discorrer sobre ele.
Dependendo do objetivo do autor, pode ter
caráter expositivo ou argumentativo.
Dissertação-Exposição
Apresenta um saber já construído e
legitimado, ou um saber teórico. Apresenta
informações sobre assuntos, expõe, reflete,
explica e avalia ideias de modo objetivo. O
texto expositivo apenas expõe ideias sobre
um determinado assunto. A intenção é
informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos
científicos, enciclopédia, textos expositivos de
revistas e jornais, etc.
Dissertação-Argumentação
Um texto dissertativo-argumentativo faz a
defesa de ideias ou um ponto de vista do
autor. O texto, além de explicar, também
persuade o interlocutor, objetivando
convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela
progressão lógica de ideias. Geralmente
utiliza linguagem denotativa. É tipo
predominante em: sermão, ensaio,
monografia, dissertação, tese, ensaio,
manifesto, crítica, editorial de jornais e
revistas.
Injunção / Instrucional
Indica como realizar uma ação. Utiliza
linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
na sua maioria, empregados no modo
imperativo, porém nota-se também o uso do
infinitivo e o uso do futuro do presente do
modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica;
desejo; manuais e instruções para montagem
ou uso de aparelhos e instrumentos; textos
com regras de comportamento; textos de
orientação (ex: recomendações de trânsito);
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receitas, cartões com votos e desejos (de
natal, aniversário, etc.).
OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam
apenas os tipos acima. Alguns outros
consideram que existe também o tipo
predição.
Predição
Caracterizado por predizer algo ou levar o
interlocutor a crer em alguma coisa, a qual
ainda está por ocorrer. É o tipo predominante
nos gêneros: previsões astrológicas,
previsões meteorológicas, previsões
escatológicas/apocalípticas.
OBS2: Alguns estudiosos listam também o
tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto,
esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado
em certos contextos, pois toda conversação
envolve personagens, um momento temporal
(não necessariamente explícito), um espaço
(real ou virtual), um enredo (assunto da
conversa) e um narrador, aquele que relata a
conversa.
Dialogal / Conversacional
Caracteriza-se pelo diálogo entre os
interlocutores. É o tipo predominante nos
gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat,
etc.
Gêneros textuais
Os Gêneros textuais são as estruturas com
que se compõem os textos, sejam eles orais
ou escritos. Essas estruturas são socialmente
reconhecidas, pois se mantêm sempre muito
parecidas, com características comuns,
procuram atingir intenções comunicativas
semelhantes e ocorrem em situações
específicas. Pode-se dizer que se tratam das
variadas formas de linguagem que circulam
em nossa sociedade, sejam eles formais ou
informais. Cada gênero textual tem seu estilo
próprio, podendo então, ser identificado e
diferenciado dos demais através de suas
características. Exemplos:
Carta
Quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum. No caso da "carta denúncia", em que há o relato de um fato que o autor sente necessidade de o expor ao seu público, os tipos narrativos e dissertativo-expositivo são mais utilizados. Observe o exemplo de uma carta ao leitor logo abaixo:
Carta ao leitor
Nunca te vi, mas sempre te amei Por: Martha San Juan França (Diretora de redação) De todas as tarefas que fazem parte da rotina
de redação de Galileu, a mais prazerosa
certamente é ler as cartas dos leitores. Os fãs
da revista são de fato especiais e suas cartas
traduzem isso. São criativos, curiosos,
observadores e não deixam passar nada.
Fazem perguntas tão difíceis quanto
imprevisíveis. Querem saber de tudo: do
monstro do Lago Ness ao Projeto Genoma
Humano. E não se contentam com respostas
pela metade. Ler as dúvidas que aparecem
nas cartas, os comentários sobre as
reportagens passadas e as sugestões de
futuras é gratificante para qualquer jornalista.
Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu,
que adoramos um
bom desafio.
Felizmente, a revista conta com uma arma secreta
para satisfazer tantas pessoas exigentes. Vou
apresentá-la agora: Luiz Francisco Senne, nosso
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secretário de produção, professor de português,
roqueiro, colecionador de discos de vinil e livros
usados, e responsável pelo atendimento aos
leitores. Kiko, como é muito mais conhecido, sabe
também driblar as angústias dos nossos jovens
amigos em apuros.
Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem
dos professores uma tarefa complicada e não
sabem a quem recorrer. Kiko responde delicada,
mas firmemente: não dá para fazer o trabalho
escolar no lugar do aluno (é festa agora?). Mas
simpatiza com o drama de leitores como este cuja
mensagem é reproduzida acima: "Vocês não
poderiam dar uma dica de como ir bem numa
prova de física porque o meu cérebro está
cansado?" Atendendo ao apelo levado aos
repórteres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores
a matéria "Os cientistas alertam: não deveríamos
existir", do editor Marcelo Ferroni. Ela mostra que
a física pode ser criativa em vez de uma aula
chata. Quer ver?
Propaganda
É um gênero textual dissertativo-
expositivo onde há a o intuito de propagar
informações sobre algo, buscando sempre
atingir e influenciar o leitor apresentando, na
maioria das vezes, mensagens que
despertam as emoções e a sensibilidade do
mesmo. Observe na imagem abaixo:
Bula de remédio
Trata-se de um gênero
textual descritivo, dissertativo expositivo e
injuntivo que tem por obrigação fornecer as
informações necessárias para o correto uso
do medicamento, como no exemplo a seguir.
Receita
É um gênero textual descritivo e injuntivo que
tem por objetivo informar a fórmula para
preparar tal comida, descrevendo os
ingredientes e o preparo destes, além disso,
com verbos no imperativo, dado o sentido de
ordem, para que o leitor siga corretamente as
instruções.
Observe na imagem a seguir:
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Reportagem
É um gênero textual jornalístico de
caráter dissertativo-expositivo. A reportagem
tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao
leitor de uma maneira clara, com linguagem
direta.
“Mercado Central de Macapá poderá reabrir em março, prevê prefeitura Lojistas reclamam de transtornos durante
demora nas obras de reformas.
Prefeitura informou que ponto turístico é
ampliado e revitalizado.
Em obras desde novembro de 2015, o Mercado
Central de Macapá deverá reabrir em março, prevê
a prefeitura. O local é um dos principais pontos
turísticos da capital e reúne diversos pontos de
vendas de comidas típicas e artesanatos.
Essa é a terceira data reabertura. A primeira foi
anunciada para maio de 2016 e a segunda
para setembro do mesmo ano. A obra foi orçada
em aproximadamente R$ 2 milhões.
O investimento é financiado pelo Programa Calha
Norte, do Governo Federal, por meio de emenda
parlamentar, e terá espaços com acessibilidade para
pessoas com deficiência, segundo a prefeitura.
A Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou
além da pintura, consertos na rede elétrica e
hidráulica e substituição do telhado, novos espaços
serão implantados no local, como a ampliação da
área para lanchonetes, banheiros e a montagem de
um palco para atrações culturais. A última reforma
aconteceu em 2013, quando o prédio completou 60
anos de criação. ”
História em quadrinhos
É um gênero narrativo que consiste em
enredos contados em pequenos quadros
através de diálogos diretos entre seus
personagens, gerando uma espécie de
conversação. Observe o exemplo abaixo:
Charge
É um gênero textual narrativo onde se faz
uma espécie de ilustração cômica, através de
caricaturas, com o objetivo de realizar uma
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sátira, crítica ou comentário sobre algum
acontecimento atual, em sua grande maioria.
Poema
Trabalho elaborado e estruturado em versos.
Além dos versos, pode ser estruturado em
estrofes. Rimas e métrica também podem
fazer parte de sua composição. Pode ou não
ser poético. Dependendo de sua estrutura,
pode receber classificações específicas,
como haicai, soneto, epopeia, poema
figurado, dramático, etc. Em geral, a presença
de aspectos narrativos e descritivos são
mais frequentes neste gênero. Importante
também é a distinção entre poema e poesia.
Poesia é o conteúdo capaz de transmitir
emoções por meio de uma linguagem, ou
seja, tudo o que toca e comove pode ser
considerado como poético. Assim, quando se
aplica a poesia ao gênero poema, resulta-se
em um poema poético, quando aplicada à
prosa, resulta-se na prosa poética (até
mesmo uma peça ou um filme podem ser
assim considerados).
Veja o exemplo de um poema poético, em
Poema da purificação de Carlos Drummond
De Andrade:
Poema da purificação
Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.
As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.
Veja o exemplo de uma prosa poética, em um
trecho da obra Iracema de José de Alencar:
“O guerreiro sem a esposa é como a árvore
sem fôlhas nem flôres: nunca ela verá o fruto;
o guerreiro sem amigo é como a árvore
solitária que o vento açouta no meio do
campo: o fruto dela nunca amadurece”.
6- Funções da Linguagem
Para que serve a linguagem?
Sabemos que a linguagem é uma das formas de
apreensão e de comunicação das coisas do
mundo. O ser humano, ao viver em conjunto,
utiliza vários códigos para representar o que
pensa, o que sente, o que quer, o que faz.
Sendo assim, o que conseguimos expressar e
comunicar através da linguagem? Para que
ela funciona?
O estudo das funções da linguagem depende de
seus fatores principais. Destacamos cada um
deles em particular:
Emissor – quem fala ou transmite uma
mensagem a alguém
Receptor – (ou interlocutor) – quem recebe a
mensagem
Mensagem – a informação ou o texto transmitido
pelo emissor
Código – o sistema de sinais que permite a
compreensão da mensagem
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Referente – o contexto ou o assunto da
mensagem
Partindo desses elementos, o linguista russo
Roman Jakobson elaborou seus estudos acerca
das funções da linguagem para a análise e
produção de textos. Em todo processo de
comunicação, a linguagem é expressa de acordo
com a função que se deseja enfatizar. A
multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada
em seis funções ou finalidades básicas. Veja a
seguir:
Função emotiva ou expressiva
Na função emotiva (ou expressiva), enfatiza-
se a linguagem do emissor que expressa
sentimentos, emoções, avaliações centradas
no ”eu” do seu mundo interior. Predomina nas
cartas pessoais, na poesia confessional, nas
resenhas críticas ou nas canções
sentimentais, assim prevalece o uso da 1ª
pessoa. Como no poema a seguir:
Carlos Drummond de Andrade: Sentimento do mundo
Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem
e o corpo transige na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra e era necessário
trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras, humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer mais noite que a noite.
O poema que você acabou de ler é de autoria
de um de nossos maiores poetas, Carlos
Drummond de Andrade, e ilustra bem a função
da linguagem sobre a qual falaremos neste
artigo. No poema, que integra o livro
“Sentimento do mundo”, Drummond
posiciona-se em relação ao tema que está
abordando, expressando seus sentimentos e
impressões pessoais. Essas características
são próprias da função emotiva da
linguagem.
Função Apelativa ou Conativa
O objetivo da transmissão da mensagem é
persuadir ou convencer o receptor. Os textos
publicitários apresentam essa finalidade:
influenciar o comportamento do leitor,
envolvê-lo com uma mensagem persuasiva.
Normalmente, empregam-se verbos no Modo
Imperativo, como pronomes e verbos na 2ª ou
3ª pessoas.
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DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA
Prof. PAULO HERCULANO
A publicidade dialoga com seu público-alvo
através da linguagem empregada, variando
de acordo com o tipo de público que pretende
atingir.
Função Poética
Quando a mensagem é elaborada de forma
inovadora, utilizando combinações sonoras ou
rítmicas, jogos de imagem ou de ideias.
Desenvolve o sentido conotativo das palavras.
Predomina na poesia, mas pode ser
encontrada em determinadas formas
jornalísticas.
Por exemplo:
Serenata sintética – Cassiano Ricardo
Rua torta
Lua morta
Tua porta.
Função Fática
A intenção é iniciar um contato através de
cumprimentos com uma abordagem coloquial
- objetiva e rápida. Em textos escritos, têm
muita importância os recursos gráficos. A
função fática tem o objetivo de fazer a
manutenção do canal de comunicação. Como
exemplo:
Função Metalinguística
Esta função refere-se à metalinguagem, que
ocorre quando o emissor explica um código
usando o próprio código. É a poesia que fala
da poesia, da sua função e do poeta, um texto
que comenta outro texto. As gramáticas e os
dicionários são exemplos de metalinguagem.
Exemplo:
Vitória
Substantivo feminino
1. Ato ou efeito de sair-se vencedor, de
triunfar sobre um inimigo, competidor
ou antagonista; triunfo.
2. Êxito, triunfo, sucesso alcançado.
Função Referencial
Transmite uma informação objetiva sobre a
realidade. Dá prioridade aos dados concretos,
fatos e circunstâncias. É a linguagem
característica das notícias de jornal, do
discurso científico e de qualquer exposição de
conceitos. Coloca em evidência o referente,
ou seja, o assunto ao qual a mensagem se
refere.
Observe a notícia publicada pelo G1-Amapá:
“Protesto contra estrutura precária de escola do Amapá viraliza na internet Estudantes publicaram fotos nas redes sociais em pontos críticos do prédio. Escola estadual Tiradentes foi selecionada para modelo de ensino integral Uniformizados, estudantes da escola estadual
Tiradentes publicaram fotos nas redes sociais em
pontos críticos do prédio, que se encontra em
situação precária, segundo eles. O protesto é para
chamar a atenção sobre a implantação, diante dos
problemas, do modelo de ensino em tempo
integral, confirmado para 2017 no Amapá.
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A Secretaria de Estado da Educação (SEED)
destacou que uma equipe de implantação do
programa de Educação em Tempo Integral (ETI)
realizou uma série de visitas às escolas que terão a
nova modalidade de ensino e devem receber
reformas. A SEED ressaltou que está aberta ao
diálogo com a comunidade escolar.
As fotos foram publicadas na página do grêmio
estudantil da escola e alcançaram até o momento
mais de 2 mil compartilhamentos. Nas imagens, os
alunos seguram cartazes com dizeres sobre a
situação do espaço, na visão de cada aluno, e alertas
sobre perigos. ”
7- Figuras da Linguagem
Figuras de Linguagem são recursos especiais
usados para dar maior ênfase à comunicação.
Elas são classificadas em:
Figuras de Palavras
Figuras de Pensamento
Figuras de Sintaxe
Figuras de Som
Figuras de Palavras
As Figuras de Palavras são recursos
utilizados para produzir maior expressividade
à comunicação. Elas consistem na
substituição de uma palavra por outra, isto é,
no emprego figurado, simbólico, seja por uma
relação muito próxima (contiguidade), seja por
uma associação, uma comparação, uma
similaridade.
Metáfora
A metáfora consiste em utilizar uma palavra
ou uma expressão em lugar de outra, sem que
haja uma relação real, mas em virtude da
circunstância de que o nosso espírito as
associa e depreende entre elas certas
semelhanças.
Obs.: toda metáfora é uma espécie de
comparação implícita, em que o elemento
comparativo não aparece.
Exemplo: A vida é uma nuvem que voa.
Metonímia
A metonímia consiste em empregar um termo
no lugar de outro, havendo entre ambos
estreita afinidade ou relação de sentido.
Observe os exemplos abaixo:
a) Autor pela obra: Gosto de ler Machado
de Assis. (Gosto de ler a obra literária
de Machado de Assis.)
b) Símbolo pelo objeto simbolizado: Não
te afastes da cruz. (Não te afastes da
religião.)
Catacrese
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso
contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma
ocorrer quando, por falta de um termo
específico para designar um conceito, toma-
se outro "emprestado". Assim, passamos a
empregar algumas palavras fora de seu
sentido original.
Exemplos:
"asa da xícara" "batata da perna"
"maçã do rosto" "pé da mesa"
"braço da cadeira" "coroa do abacaxi"
Perífrase
Trata-se de uma expressão que designa um ser
através de alguma de suas características ou
atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o
exemplo:
A Cidade Maravilhosa ( Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
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Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa,
recebe o nome de antonomásia.
Exemplos:
a) O Divino Mestre (Jesus Cristo) passou a
vida praticando o bem.
b) O Poeta dos Escravos (Castro Alves)
morreu muito jovem.
c) Poeta da Vila (Noel Rosa) compôs lindas
canções.
Sinestesia
Consiste em mesclar, numa mesma expressão,
as sensações percebidas por diferentes órgãos
do sentido.
Exemplos:
a) Um grito áspero revelava tudo o que
sentia. (Grito = auditivo; áspero = tátil)
b) No silêncio negro do seu quarto,
aguardava os acontecimentos. (Silêncio =
auditivo; negro = visual)
Figuras de Pensamento
As figuras de pensamento trabalham com a
combinação de ideias, pensamentos. Dentre
as figuras de pensamento, as mais comuns
são:
Antítese
Consiste na utilização de dois termos que
contrastam entre si. Ocorre quando há uma
aproximação de palavras ou expressões de
sentidos opostos. O contraste que se
estabelece serve, essencialmente, para dar
uma ênfase aos conceitos envolvidos que não
se conseguiria com a exposição isolada dos
mesmos. Observe os exemplos:
a) "O mito é o nada que é tudo."
(Fernando Pessoa)
b) O corpo é grande e a alma é pequena.
c) "Quando um muro separa, uma ponte
une."
d) "Desceu aos pântanos com os tapires;
subiu aos Andes com os condores."
(Castro Alves)
e) Felicidade e tristeza tomaram conta
de sua alma.
Paradoxo
Consiste numa proposição aparentemente
absurda, resultante da união de ideias
contraditórias. Veja o exemplo:
a) Na reunião, o funcionário afirmou que o
operário quanto mais trabalha mais tem
dificuldades econômicas.
Eufemismo
Consiste em empregar uma expressão mais
suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera,
desagradável ou chocante. Exemplos:
a) Depois de muito sofrimento, entregou
a alma ao Senhor. (Morreu)
b) O prefeito ficou rico por meios ilícitos.
(Roubou)
c) Fernando faltou com a verdade.
(Mentiu)
Ironia
Consiste em dizer o contrário do que se
pretende ou em satirizar, questionar certo tipo
de pensamento com a intenção de ridicularizá-
lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto
passível de crítica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua
finalidade; mal construída, pode passar uma
ideia exatamente oposta à desejada pelo
emissor. Veja os exemplos abaixo:
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a) Como você foi bem na última prova,
não tirou nem a nota mínima!
b) Parece um anjinho aquele menino,
briga com todos que estão por perto.
Hipérbole
É a expressão intencionalmente exagerada
com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos:
a) Faria isso milhões de vezes se fosse
preciso.
b) "Rios te correrão dos olhos, se
chorares." (Olavo Bilac)
Prosopopeia ou Personificação
Consiste em atribuir ações ou qualidades de
seres animados a seres inanimados, ou
características humanas a seres não
humanos. Observe os exemplos:
a) As pedras andam vagarosamente.
b) O vento fazia promessas suaves a
quem o escutasse.
Apóstrofe
Consiste na "invocação" de alguém ou de
alguma coisa personificada, de acordo com o
objetivo do discurso que pode ser poético,
sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo
chamamento do receptor da mensagem, seja
ele imaginário ou não. A introdução da
apóstrofe interrompe a linha de pensamento
do discurso, destacando-se assim a entidade
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr
em evidência com tal invocação. Realiza-se
por meio do vocativo. Exemplos:
a) Moça, que fazes aí parada?
b) "Pai Nosso, que estais no céu..."
c) "Liberdade, Liberdade,
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório
Duque Estrada)
Gradação
Consiste em dispor as ideias por meio de
palavras, sinônimas ou não, em ordem
crescente ou decrescente. Quando a
progressão é ascendente, temos o clímax;
quando é descendente, o anticlímax.
Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais
Joana com seus olhos claros e brincalhões...
O objetivo do narrador é mostrar a
expressividade dos olhos de Joana. Para
chegar a esse detalhe, ele se refere ao céu, à
terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi
expresso em ordem decrescente de
intensidade. Outros exemplos:
a) "Vive só para mim, só para a minha
vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)
b) "O trigo... nasceu, cresceu, espigou,
amadureceu, colheu-se." (Padre
Antônio Vieira).
Figuras de Sintaxe
As Figuras de Sintaxe ou Figuras de
Construção são utilizadas para modificar um
período, ou seja, interferem na estrutura
gramatical da frase, com o intuito de oferecer
maior expressividade ao texto.
Assim, as figuras de sintaxe operam de
diversas maneiras na frase, seja na inversão,
repetição ou na omissão dos termos.
Elipse
Consiste na omissão de um ou mais termos
numa oração que podem ser facilmente
identificados, tanto por elementos gramaticais
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presentes na própria oração, quanto pelo
contexto. Exemplos:
a) Regina estava atrasada. Preferiu ir direto
para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto
para o trabalho, pois estava atrasada.)
b) As rosas florescem em maio, as
margaridas em agosto. (As margaridas
florescem em agosto.)
Zeugma
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre
quando é feita a omissão de um termo já
mencionado anteriormente. Exemplos:
a) Ele gosta de geografia; eu, de
português.
b) Na casa dela só havia móveis antigos;
na minha, só móveis modernos.
Silepse
Na silepse há concordância da ideia e não do
termo utilizado. São classificadas em:
Silepse de Gênero, quando ocorre
discordância entre os gêneros (feminino e
masculino);
Silepse de Número, quando ocorre
discordância entre o singular e o plural;
Silepse de Pessoa, quando ocorre
discordância entre o sujeito, que aparece na
terceira pessoa, e o verbo, que surge na
primeira pessoa do plural.
Exemplos:
São Paulo é suja. (silepse de gênero)
Um bando (singular) de mulheres (plural)
gritavam assustadas. (silepse de número)
Todos os atletas (terceira pessoa) estamos
(primeira pessoa do plural) preparados para o
jogo. (silepse de pessoa).
Hipérbato ou Inversão
O hipérbato é caraterizado pela inversão da
ordem direta dos termos da oração, segundo
a construção sintática usual da língua (sujeito
+ predicado + complemento).
Exemplo: Triste estava Manuela. (Neste caso,
o estado do sujeito surge antes do nome
“Manuela”, que na construção sintática usual
seria: Manuela estava triste).
Assíndeto
Síndeto corresponde a uma conjunção
coordenativa utilizada para unir termos nas
orações coordenadas. Feita essa observação,
a figura de pensamento assíndeto é
caracterizada pela ausência de conjunções.
Exemplo: Daiana comprou uvas para comer,
(e) limões para fazer suco.
Polissíndeto
Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é
caracterizado pela repetição da conjunção
coordenativa (conectivo).
Exemplo: Dolores brigava, e gritava, e falava.
Anáfora
A anáfora é a repetição de termos no começo
das frases, muito utilizada pelos escritores na
construção dos versos a fim de dar maior
ênfase à ideia.
Exemplo: Se eu amasse, se eu chorasse, se
eu perdoasse. (A repetição do termo “se”
enfatiza a condicionalidade que o emissor do
discurso quer propor).
Anacoluto
O anacoluto altera a sequência lógica da
estrutura da frase por meio de uma pausa no
discurso.
Exemplo: Esses políticos de hoje, não se pode
confiar. (Numa sequência lógica, teríamos:
“Esses políticos de hoje não são confiáveis”
ou Não se pode confiar nesses políticos de
hoje.)
Pleonasmo
Repetição enfática ou redundância de um
termo que soa “desnecessário” no discurso, o
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qual pode ser utilizado intencionalmente
(pleonasmo literário) como figura de
linguagem, ou por desconhecimento das
normas gramaticais (pleonasmo vicioso),
nesse caso um vício de linguagem.
Exemplo: A noite escura da Amazônia. (Note
que a noite já pressupõe escuridão.)
Figuras de Som
As Figuras de Som ou de Harmonia
correspondem a uma categoria das figuras de
linguagem associadas à sonoridade.
Elas valorizam a expressividade do texto, por
meio da sonoridade, ou seja, da repetição de
sons.
Aliteração
Consiste na repetição de consoantes como
recurso para intensificação do ritmo ou como
efeito sonoro significativo. Exemplos:
a) Três pratos de trigo para três tigres
tristes.
b) O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Assonância
Consiste na repetição ordenada de sons
vocálicos idênticos. Exemplos:
"Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral."
Onomatopeia
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
de palavras os sons da realidade. Exemplos:
a) Os sinos faziam blem, blem, blem,
blem.
b) Miau, miau. (Som emitido pelo gato).
8- Variação Linguística
A variação linguística é um fenômeno que
acontece com a língua e pode ser
compreendida por intermédio das variações
históricas e regionais. Em um mesmo país,
com um único idioma oficial, a língua pode
sofrer diversas alterações feitas por seus
falantes. Como não é um sistema fechado e
imutável, a língua portuguesa ganha
diferentes nuances. O português que é falado
no Nordeste do Brasil pode ser diferente do
português falado no Sul do país. Claro que um
idioma nos une, mas as variações podem ser
consideráveis e justificadas de acordo com a
comunidade na qual se manifesta.
Observe a imagem a seguir:
As variações acontecem porque o princípio
fundamental da língua é a comunicação,
então é compreensível que seus falantes
façam rearranjos de acordo com suas
necessidades comunicativas. Os diferentes
falares devem ser considerados como
variações, e não como erros. Quando
tratamos as variações como erro, incorremos
no preconceito linguístico que associa,
erroneamente, a língua ao status.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua
portuguesa, mas existem usos diferentes da
língua devido a diversos fatores. Dentre eles,
destacam-se:
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Fatores regionais
É possível notar a diferença do português
falado por um habitante da região nordeste e
outro da região sudeste do Brasil. Dentro de
uma mesma região, também há variações no
uso da língua. No estado do Rio Grande do
Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua
utilizada por um cidadão que vive na capital e
aquela utilizada por um cidadão do interior do
estado.
Fatores culturais
O grau de escolarização e a formação cultural
de um indivíduo também são fatores que
colaboram para os diferentes usos da língua.
Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de
uma maneira diferente da pessoa que não
teve acesso à escola.
Fatores contextuais
Nosso modo de falar varia de acordo com a
situação em que nos encontramos: quando
conversamos com nossos amigos, não
usamos os termos que usaríamos se
estivéssemos discursando em uma
solenidade de formatura.
Fatores profissionais
O exercício de algumas atividades requer o
domínio de certas formas de língua chamadas
línguas técnicas. Abundantes em termos
específicos, essas formas têm uso
praticamente restrito ao intercâmbio técnico
de engenheiros, químicos, profissionais da
área de direito e da informática, biólogos,
médicos, linguistas e outros especialistas.
Fatores naturais
O uso da língua pelos falantes sofre influência
de fatores naturais, como idade e sexo. Uma
criança não utiliza a língua da mesma maneira
que um adulto, daí falar-se em linguagem
infantil e linguagem adulta.
As diferentes variações linguísticas
De acordo com esses fatores podemos
classificar as variações da seguinte forma:
Variações diafásicas
São as variações que se dão em função do contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo como falaremos com o nosso interlocutor, podendo ser formal ou informal.
Variações históricas
A língua é dinâmica e sofre transformações ao
longo do tempo. Um exemplo de variação histórica
é a questão da ortografia: a palavra “farmácia” já
foi escrita com “ph” (pharmácia). A palavra “você”,
que tem origem etimológica na expressão de
tratamento de deferência “vossa mercê” e que se
transformou sucessivamente em “vossemecê”,
“vosmecê”, “vancê”, até chegar na que utilizamos
hoje que é, muitas vezes (principalmente na
Internet), abreviado para “vc”.
Variações diatópicas
Representam as variações que ocorrem pelas
diferenças regionais. As variações regionais,
denominados dialetos, são as variações
referentes a diferentes regiões geográficas, de
acordo com a cultura local. Um exemplo deste tipo
de variação é a palavra “mandioca” que, em certos
lugares, recebe outras denominações, como
“macaxeira” e “aipim”. Nesta modalidade também
estão os sotaques, ligados às marcas orais da
linguagem.
Variações diastráticas
São as variações ocorridas em razão da
convivência entre os grupos sociais. As gírias, os
jargões e o linguajar caipira são exemplos desta
modalidade de variação linguística. É uma
variação social e pertence a um grupo específico
de pessoas. As gírias pertencem ao vocabulário
específico de certos grupos, como os policiais,
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cantores de rap, surfistas, estudantes, jornalistas,
entre outros.
Já os jargões estão relacionados com as áreas
profissionais, caracterizando um linguajar técnico.
Como exemplo, podemos citar os profissionais da
Medicina, os advogados, os profissionais da
Informática, dentre outros.
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Referências
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interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
BAKHTIN, Mikhail Mjkhailovitch. Estética da
criação verbal / Mikhail Bakhtin [tradução feita
a partir do francês por Maria Emsantina Galvão
G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS ,Vanda Maria. Ler
e Compreender: Os sentidos do texto. São
Paulo: Contexto, 2010.
MARCUSCHI. L. A. Produção Textual, Análise
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Parábola Editorial, 2008.
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FERREIRA, Márcia Ellen de Oliveira; VIDAL,
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