prática das pequenas construções - vol. 2 6ª edição revista e ampliada capitulo 01 de 06.pdf

20
1 Contrato entre engenheiro e cliente Quando um cliente recorre a um engenheiro para a execução de uma determinada obra, estabelece-se automaticamente um contrato entre am- bos. Mesmo na ausência de documentos, podemos dizer que existe um con- trato, neste caso, verbal. A experiência mostra que as incertezas da época trazem a necessidade de uma troca de documentos, evitando acidentes e incidentes durante o tempo, relativamente longo, de vigência do contato; de fato, não podemos comparar o tempo de duração de uma obra com o de um simples conserto de uma torneira; para obras de certa duração, o contrato evitará uma longa série de dúvidas, de diferenças de interpretação e também de incidentes (inclusive no caso de falecimento de uma das partes). Por isso, quando um engenheiro exige de um cliente a assinatura de um contrato, não está de- monstrando desconfiança de sua pessoa, mas, sim, agindo com prudência. Qualquer contrato é, basicamente, composto dos seguintes itens: a. indicação e descrição das partes contratantes; b. obrigações (deveres) e direitos de cada uma das partes contratantes; c. indicação de valor do contrato, multa para a parte que não respei- tá-lo, sede, data e assinatura.

Upload: jose-renato-stela

Post on 03-Sep-2015

341 views

Category:

Documents


51 download

TRANSCRIPT

  • Contrato entre engenheiro e cliente 1

    1Contrato entre engenheiro e cliente

    Quando um cliente recorre a um engenheiro para a execuo de uma determinada obra, estabelece-se automaticamente um contrato entre am-bos. Mesmo na ausncia de documentos, podemos dizer que existe um con-trato, neste caso, verbal.

    A experincia mostra que as incertezas da poca trazem a necessidade de uma troca de documentos, evitando acidentes e incidentes durante o tempo, relativamente longo, de vigncia do contato; de fato, no podemos comparar o tempo de durao de uma obra com o de um simples conserto de uma torneira; para obras de certa durao, o contrato evitar uma longa srie de dvidas, de diferenas de interpretao e tambm de incidentes (inclusive no caso de falecimento de uma das partes). Por isso, quando um engenheiro exige de um cliente a assinatura de um contrato, no est de-monstrando desconfi ana de sua pessoa, mas, sim, agindo com prudncia.

    Qualquer contrato , basicamente, composto dos seguintes itens:

    a. indicao e descrio das partes contratantes;

    b. obrigaes (deveres) e direitos de cada uma das partes contratantes;

    c. indicao de valor do contrato, multa para a parte que no respei-t-lo, sede, data e assinatura.

    borges2 01.indd 1 09.02.10 10:12:17

  • 2 Prtica das pequenas construes

    MODALIDADES DE CONTRATO

    De maneira geral, podemos dizer que existem apenas dois tipos de contrato:

    a. por administrao;b. por empreitada;c. preo-alvo.

    Na prtica, esses, os trs primeiros tipos bsicos, podero ser combinados, surgindo um quarto tipo de contrato:

    d. o misto.

    No contrato por administrao, o engenheiro s negociar a sua ativida-de profissional; dessa forma, no assumir responsabilidade por quantidades e preos de materiais e mo de obra empregados na construo.

    No contrato por empreitada, a responsabilidade do engenheiro ser total sobre os custos envolvidos. O profissional dever entregar a obra pronta, a troco de uma importncia total previamente combinada.

    O contrato misto fica num ponto intermedirio entre as modalidades ante-riores, isto , sero estipuladas condies em que o preo global poder ser alte-rado: aumento ou diminuio do preo dos materiais, criao de novas imposi-es legais que onerem o trabalho (aumento de salrio-mnimo etc.). O contrato misto varivel, podendo aproximar-se mais do tipo por administrao ou por empreitada, conforme se aumente ou diminua a responsabilidade econmica do engenheiro. Mais adiante, com exemplos, poderemos esclarecer melhor.

    No contrato com preo-alvo, o engenheiro fixa o valor mximo do custo da obra (como em um contrato por empreitada), entretanto fixa um prmio para o caso de conseguir atingir um valor menor que o preo preestabelecido (alvo). Esse valor geralmente definido como 50% da economia obtida.

    Cada um dos modelos poder sofrer pequenas variaes, dependendo de acordo entre as partes.

    Contrato por administrao

    Suas caractersticas principais so:

    1. O engenheiro ser remunerado com uma porcentagem sobre a despesa total da obra.

    2. O proprietrio custear todas as despesas, no valor da poca em que feitas.

    3. O oramento prvio, feito pelo engenheiro, ter apenas valor informa-tivo, no constituindo termo de responsabilidade sobre qualquer dos itens: quantidade e custo unitrio de materiais e custo de mo de obra. Portanto, oramentos apresentados por dois ou mais engenheiros no servem para estabelecer concorrncia, j que nada significa a apresen-tao de um custo total inferior.

    A seguir, um exemplo tpico de contrato por administrao.

    borges2 01.indd 2 09.02.10 10:12:17

  • Contrato entre engenheiro e cliente 3

    CONTRATO de servios profissionais que fazem:

    Eng. Alberto de Campos Borges, Crea: 3.888, registro na Prefeitura: 974-D, com escritrio Rua Quirino de Andrade, 219, conjunto 41, neste contrato chamado apenas engenheiro, e Sr. Antnio Queirs, brasileiro, cdula de identidade RG n 427.343 SSP/SP, residente e domiciliado Rua Nacional, 421, nesta capital, neste contrato chamado apenas proprietrio.

    Para construo de prdio residencial em terreno situado Rua Bismuto, sem nmero, lote 43 da qua-dra 12, do loteamento de Vila Bonifcio, nesta capital.

    1. O engenheiro se obriga a elaborar as peas grficas necessrias para construo: planta para apro-vao pela Prefeitura, planta executiva ou de obra, com os detalhes necessrios para a construo. Esto excludos os clculos e desenhos da estrutura de concreto armado, que sero executados por profissional especializado e remunerado pelo proprietrio.

    2. O engenheiro se obriga a acompanhar os processos de aprovao e de habite-se, at suas comple-tas solues pela Prefeitura.

    3. O engenheiro assume todas as responsabilidades tcnicas pela obra sob sua orientao, perante a Prefeitura, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e demais rgos oficiais em que se fizerem necessrias.

    4. O engenheiro se obriga a orientar, fiscalizar e administrar a obra, de forma que obedea a todas as boas normas vigentes, fazendo respeitar os projetos elaborados em todos os seus detalhes, at a sua total concluso, que se dar com o habite-se.

    5. O engenheiro obriga-se a apresentar propostas de, pelo menos, trs empresas fornecedoras, para que o proprietrio possa escolher aquela que mais vantagens oferecer. O mesmo dever ser feito para as empreitadas das diversas mos de obra necessrias: pedreiro, encanador, eletricista, pintor, limpador etc.; esse sistema ser dispensado sempre que se tratar de compras ou contratos de empreiteiros, de valores inferiores a R$ 1.000,00 (mil reais).

    6. O engenheiro se obriga a calcular a quantidade de cada material a ser adquirido, bem como a elaborar os modelos de contrato a serem empresados pelo proprietrio com os diversos empreiteiros.

    7. Caso o proprietrio queira manter operrios por sua conta, trabalhando por hora, no caber ao en-genheiro qualquer responsabilidade perante as leis trabalhistas em geral, j que tais operrios so contratados do proprietrio, sem qualquer responsabilidade do engenheiro. No caso de as diversas mos de obra serem entregues por empreitada, caber ao empreiteiro a responsabilidade total peran-te as leis trabalhistas, no tendo, quer o engenheiro, quer o proprietrio, qualquer obrigao perante o INSS (que inclui o seguro contra acidentes), o Sesi, e o Ministrio do Trabalho.

    8. O proprietrio se obriga a manter, por sua conta, um guarda de obra, para zelar pelos materiais.

    9. O proprietrio tem o direito de examinar a obra, em dia e hora que achar conveniente, para verificar o fiel cumprimento deste contrato. Qualquer irregularidade encontrada dever ser imediatamente co-municada ao engenheiro, para que este a regularize. No poder o proprietrio dar ordens diretas aos operrios, sob pena de retirada da responsabilidade do engenheiro. Nesse caso, o proprietrio dever pagar ao engenheiro a multa estipulada na clusula 12.

    10. Ao proprietrio caber o pagamento de todas as despesas da obra, tais como:

    a. todos os materiais a serem empregados, inclusive aqueles de uso provisrio, como o madeira-mento para as formas de concreto;

    b. todas as mos de obra, quer sejam empreitadas ou trabalhadas por hora;

    c. ligaes e consumo de gua, luz etc.;

    d. cpias heliogrficas dos desenhos elaborados pelo engenheiro e pelo calculista de concreto e outros relacionados com a obra;

    e. clculo de concreto armado, a ser elaborado por empresa especializada;

    f. taxas e impostos que recarem diretamente sobre a obra, tais como: emolumentos de aprovao pela Prefeitura, ISS (Imposto Sobre Servios), taxas de ligao de gua, luz, gs etc.

    borges2 01.indd 3 09.02.10 10:12:17

  • 4 Prtica das pequenas construes

    Esse contrato poder sofrer pequenas variaes no seu contedo, depen-dendo, claro, dos entendimentos entre as partes. No entanto, um modelo que estabelece condies usuais em nosso ambiente.

    Os itens do contrato que podero sofrer modificaes so:

    Clusula 5

    Poder ser dispensada a apresentao da concorrncia para compra de ma-terial e contrato de empreiteiro, desde que o proprietrio queira se encarregar isoladamente de tal tarefa, ou ainda por considerar tal norma desnecessria, ou por confiar integralmente na escolha do engenheiro.

    Clusula 7

    O engenheiro poder se encarregar do controle dos operrios que traba-lham por hora por conta do proprietrio, desde que este o remunere para tal; esta remunerao poder ser um acrscimo porcentagem da administrao (15% + 3%).

    11. O proprietrio se obriga a pagar ao engenheiro, a ttulo de honorrios profissionais, a importncia correspondente a 15% (quinze por cento) sobre o total das despesas previstas no item 10 (dez) deste contrato. Esse pagamento ser parcelado durante as obras. Caber ao engenheiro a apresentao da fatura mensal entre os dias 25 e 30, correspondente a 15% (quinze por cento) das despesas efetuadas durante o ms em curso. O proprietrio dever efetuar o pagamento at 5 (cinco) dias aps a apresen-tao da fatura, desde que esta se encontre correta.

    12. Fica estipulada a multa de R$10.000,00 (dez mil reais) para a parte que desistir deste contrato ou in-fringir qualquer dos seus pargrafos.

    13. D-se a este contrato o valor provisrio de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).

    14. No caso de dvida a respeito de qualquer dos pargrafos deste contrato, esta ser resolvida por Con-selho Arbitral, devendo cada uma das partes nomear perito de sua confiana para solucionar o impas-se. No caso de ainda persistir a dvida, desde j se escolhe o Frum desta capital como competente para julgamento.

    Por estarem de acordo com as clusulas deste contrato, assinam: proprietrio e engenheiro e duas testemunhas.

    Data ...............................................................................................

    Proprietrio ..................................................................................

    Engenheiro ...................................................................................

    Testemunhas

    .................................................................................

    .................................................................................

    borges2 01.indd 4 09.02.10 10:12:18

  • Contrato entre engenheiro e cliente 5

    Clusula 10, letras d e e

    Tais despesas podero correr por conta do engenheiro, dependendo de en-tendimento prvio. No , no entanto, o mais usual, j que se entende que a taxa de administrao do engenheiro dever ser livre de despesas, salvo aquelas que no recaiam diretamente sobre a obra: despesas gerais de escritrio, impostos municipais, estaduais ou federais que recaiam diretamente sobre o engenheiro, tais como imposto sobre prestao de servio, sobre a renda etc.

    Reservamos comentrios mais amplos para o final do captulo, quando j tivermos exposto os sistemas por empreitada e misto.

    Contrato por empreitada

    No sentido absoluto da palavra, entende-se por contrato de empreitada aquele em que o engenheiro se obriga a construir determinada obra por um preo tambm determinado; s poder haver alterao do preo desde que haja alterao no servio a ser executado e com entendimentos prvios entre as partes. Por isso, conclui-se que so partes importantes, de um contrato por em-preitada, as plantas e o memorial descritivo, pois descrevem satisfatoriamente o que vai ser construdo. No se pode fixar um preo para a execuo de um objeto indeterminado; por isso, no sistema de administrao, essas peas so anexadas ao contrato apenas para complet-lo, enquanto que na empreitada so as peas principais.

    Nessa modalidade de contrato, portanto, alm da indicao das partes, as obrigaes e deveres de cada uma, as importncias a serem pagas e a forma parcelada do pagamento juntam-se s plantas e ao memorial descritivo comple-to. Esse memorial deve descrever todo e qualquer detalhe, por menos impor-tante que possa parecer. Se vamos descrever uma porta, deveremos citar suas medidas por completo: espessura e largura dos batentes; largura e espessura das guarnies; altura, largura e espessura da folha; e tambm a madeira a ser empregada. Ao descrever a ferragem, dessa porta, deveremos citar marca, tipo e nmero de fbrica da fechadura; dimenses e tipo das dobradias; se estas sero niqueladas ou de ferro polido; se os parafusos sero de cabea, niquelada ou no etc.

    Podemos compreender a necessidade de tantas mincias porque, se ora-mos essa esquadria, com um determinado material, caso utilizemos uma mer-cadoria mais cara, seremos lesados, e, no caso de utilizarmos uma mercadoria inferior, estaremos lesando o cliente. Podemos pensar que uma certa e pequena porcentagem (2% a 5%), includa no oramento, poderia suprir essas pequenas variaes; engano, porque o nmero e variedade de materiais a serem empre-gados sero to grandes que sua variao de custo pode ultrapassar, e muito, qualquer expectativa.

    Deixamos de citar aqui um exemplo completo de contrato por empreitada, porque, em captulos posteriores, teremos oportunidade de abord-lo em um caso concreto.

    Aps a exposio do contrato misto, faremos uma comparao entre con-tratos por empreitada e administrao.

    borges2 01.indd 5 09.02.10 10:12:18

  • 6 Prtica das pequenas construes

    Contrato a preo-alvo

    Nesta modalidade, os procedimentos so os mesmos que no Contrato por empreitada, todos os cuidados e procedimentos so idnticos, entretanto, aps a definio do custo da obra, as partes acordam um prmio para o engenheiro, caso consiga uma economia no custo total da obra.

    Geralmente, o prmio 50% do valor da economia, sendo assim as duas partes se beneficiam do esforo de contratao.

    Esta modalidade interessante, pois, em uma obra por empreitada, na elaborao do oramento, o engenheiro geralmente conservador nos custos, pois, aps combinado o preo, o valor da construo passa a ser responsabili-dade do contratado. Com esta modalidade, o engenheiro pode ter essa atitude conservadora, entretanto, caso consiga custos menores na poca da contrata-o, repassar parte desse desconto ao cliente.

    Esta modalidade est em plena evoluo, sendo muito usada, pois reflete uma boa vontade de atingir o melhor resultado financeiro do empreendimento sem repassar ao cliente os eventuais atemores do mercado.

    Contrato misto

    Desde que no se atenha aos dois tipos de contratos j expostos, entrare-mos no sistema misto. Isso se dar quando o profissional se responsabilizar par-cialmente pelo custo de determinado setor da obra. Os exemplos mais comuns do sistema misto ocorrem quando o engenheiro se compromete a construir por um preo fixo, desde que:

    a. os salrios dos operrios no sofram aumentos durante os trabalhos;

    b. os preos dos materiais tambm no sofram variaes; neste caso, tambm ser feito reajuste; isso quer dizer que a responsabilidade as-sumida apenas com a quantidade de material e no com o custo.

    Poder haver tambm sistema misto quando o prprio engenheiro se tor-na um empreiterio da mo de obra, cabendo ao cliente o risco de variao de preos apenas do material, j que os trabalhos so contratados por preo fixo. O sistema misto o mais frequente em obras pblicas, quase que o nico possvel.

    Comparao entre contratos por administrao e por empreitada

    Queremos deixar claro que, nesta comparao, ser exposto o ponto de vista de um engenheiro que vem trabalhando com tipos de obras relativamente restritos, das quais tira sua experincia particular. De fato, esse engenheiro tem trabalhado quase sempre em obras relativamente pequenas, para particu-lares, nunca para departamentos estatais.

    Reconhecemos que um cliente deve pagar por uma obra o seu justo preo. Este preo ser a somatria das despesas com materiais e mo de obra, mais a remunerao do profissional ou de profissionais liberais que dela participarem.

    borges2 01.indd 6 09.02.10 10:12:18

  • Contrato entre engenheiro e cliente 7

    Esse objetivo ser conseguido em duas condies:

    a. Nos trabalhos por administrao, quando o profissional for correto e capaz.

    b. Nos trabalhos por empreitada, quando o oramento for exato.

    Vemos, pois, que, nos dois sistemas, devem existir condies para que o cliente termine despendendo a quantia estipulada.

    Se na administrao da obra o profissional, deliberadamente ou no, des-perdiar material ou mo de obra, quem pagar pelo desperdcio ser o cliente. No contrato por empreitada, se houver um oramento falho, sair perdendo o cliente se o clculo for exagerado, e sair prejudicado o engenheiro se o calcu-lado foi insuficiente; a prtica mostra que esta segunda hiptese a que mais acontece. Podemos aempresar, sem receio de grande erro, que, em empreita-das para particulares, o engenheiro ganha menos do que deveria ganhar; mas ganhar pelo menos uma coisa: experincia para no mais aceitar obras por empreitadas. Pode-se ento perguntar: se assim ocorre, como ainda existem profissionais que aceitam empreitadas? Ora, sempre haver aqueles que ainda no tm experincia.

    Somos partidrios do sistema de construo por administrao e adiante explicaremos a razo. Para conjecturar, citaremos os argumentos geralmente apontados pelos clientes contra esse sistema:

    Argumento 1

    O cliente no saber, de incio, qual a importncia total que vir a despen-der at o trmino da construo. Dessa forma, poder o custo da obra ultrapas-sar sua verba disponvel, colocando-o em dificuldades.

    Comentrio: No h dvida de que o inconveniente real; no contrato por administrao, o engenheiro, apesar de elaborar um oramento para a constru-o, no assume responsabilidade sobre o total calculado, mas apenas um com-promisso moral e profissional. Se o custo previsto for ultrapassado sem motivos justificados, o engenheiro ser visto como incompetente no item oramento, mas no ser obrigado a cobrir a diferena. Por essa razo, o cliente que ser obrigado a despender soma maior do que a prevista. Poder acontecer que o cliente no disponha, nem possa arranjar numerrio para cobrir esse acrscimo e a obra permanecer inacabada, at que seja possvel resolver o dilema. Incon-veniente grave, pois muito capital j foi empatado na obra, e esta, por no estar terminada, no poder ser usada.

    preciso, porm, analisarmos por que um oramento estoura, isto , por que ultrapassado no seu total. Sabemos que o oramento composto de:

    a. clculo de quantidades;

    b. escolha de preos unitrios.

    A quantidade de um determinado material, multiplicada pelo seu preo unitrio, ser a despesa com esse material. A somatria dessas despesas dar o total orado. Portanto, se o total no coincidiu, porque houve erro no clculo das quantidades ou nos preos unitrios escolhidos.

    borges2 01.indd 7 09.02.10 10:12:18

  • 8 Prtica das pequenas construes

    Dentro de certo limite, podemos dizer que o engenheiro poder ser respon-sabilizado por um clculo errado das quantidades, mas nunca pela oscilao de preo no mercado. A realidade mostra que dificilmente h engano no clculo das quantidades. Onde aparece maior variao no preo unitrio dos mate-riais. No se pode, portanto, responsabilizar o engenheiro por essas variaes. Claro que o proprietrio dever pagar, pois ir usufruir do objeto construdo. Ademais, se os preos subiram durante a construo, o cliente estar na posse de um imvel valorizado, na mesma proporo do aumento.

    Devemos lembrar, tambm, que as indstrias sentem dificuldades em esta-belecer um preo exato de custo de seus produtos, mesmo aquelas com grande organizao e que calculam o custo de um produto pronto. Por que devemos, pois, esperar que o engenheiro, com pequeno nmero de funcionrios em sua organizao, produza um objeto muito mais complexo, calcule com exatido o custo de uma coisa ainda a ser feita? Parece-nos que s esses fatos justificam as variaes que possam surgir num oramento.

    O que resolve esse inconveniente o cliente ter sempre uma margem disponvel de 10% a 20% acima do clculo previsto. Se possui disposio R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), que pea um projeto para cerca de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais). Dessa forma, estar seguro de que a obra no ficar inacabada por falta de verba.

    Argumento 2

    O cliente ter excessivo trabalho e preocupao, pois caber a ele a com-pra, verificao e pagamento dos materiais e, ainda, a contratao, controle e pagamento das diversas mos de obra.

    Comentrio: Aempresamos, de incio, que o cliente ter trabalho e preocu-pao na razo direta da desconfiana sobre o profissional. Mesmo no sistema de construo por administrao, o cliente poder estar isento de qualquer tra-balho ou preocupao; bastar, para isso, confiar inteiramente no profissional. Essa confiana no significa nada de excepcional; esse mesmo cliente, comple-tamente anestesiado, expe sua vida numa mesa de operao a um cirurgio; por que no confiar tambm no engenheiro, ainda mais tratando-se de coisa menos importante, j que se trata apenas de um bem material?

    Havendo essa confiana, o escritrio de engenharia poder se encarregar de todos os servios de:

    a. Escolha dos fornecedores e dos empreiteiros, mediante concorrncia.

    b. Fiscalizao da remessa do material para a obra.

    c. Pagamentos em geral, quer sejam a empreiteiros, quer sejam de dupli-catas em banco ou em carteira.

    Assim, a nica obrigao que continuar pertencendo ao cliente ser o for-necimento da verba.

    Para os pagamentos, o engenheiro solicita ao cliente a importncia neces-sria para as despesas do ms, deixando, em garantia, um recibo provisrio. Aps efetuar os pagamentos, trocar seu recibo provisrio por aqueles dos for-necedores e dos empreiteiros.

    borges2 01.indd 8 09.02.10 10:12:18

  • Contrato entre engenheiro e cliente 9

    Quanto escolha dos fornecedores, depender da obteno de propostas que, comparadas, determinem a mais vantajosa. Tais documentos podero ficar arquivados para serem exibidos ao cliente, quando este o desejar.

    Por tudo isso, podemos concluir que trabalho e aborrecimento da parte do cliente s existiro se este no quiser ou no puder confiar no profissional; ora, se essa confiana no existir, tambm no contrato por empreitada, o cliente ter os mesmos trabalhos e aborrecimentos; talvez maiores.

    Argumento 3

    O engenheiro poder, deliberadamente, encarecer a obra para receber maiores honorrios, j que estes so calculados por porcentagens sobre o custo da construo.

    Comentrio: Um simples clculo colocar por terra essa objeo. Consi-derando a porcentagem de administrao como de 10%, ser necessrio, por exemplo, encarecer a obra em R$ 10.000,00, para que o engenheiro receba mais R$ 1.000,00. Ora, acredito que nenhum profissional far tal coisa: obrigar um cliente a despender mais R$ 10.000,00 para ganhar apenas R$ 1.000,00. Para o desonesto, existem formas mais lucrativas e inteligentes.

    Argumento 4

    O engenheiro, por desleixo ou incapacidade, poder permitir desperdcios de material e mo de obra, encarecendo os trabalhos, j que no responder financeiramente pelos prejuzos.

    Comentrio: Essa objeo a mais concreta e a que mais frequentemente ocorre. Podemos afirmar que, em toda e qualquer obra, sempre existir desper-dcio. Os bons profissionais procuram reduzi-lo ao mnimo. A forma certa de o cliente livrar-se desse inconveniente proceder a uma boa escolha, e ele ter possibilidades para tal. O profissional tem um passado; que cada cliente procu-re conhec-lo, antes de entregar em suas mos tal responsabilidade.

    Argumento 5

    O engenheiro, desonestamente, poder receber comisses pelos materiais comprados ou pelos contratos de mo de obra, aumentando indevidamente seus honorrios, a dano do cliente.

    Comentrio: Esse tambm um fato real, porm, felizmente, em propor-o reduzida. A desonestidade campeia em todos os setores, esporadicamente pode atingir o do engenheiro.

    Novamente a soluo ser uma boa escolha por parte do cliente, examinan-do o passado do profissional.

    Acreditamos serem esses os itens bsicos de risco para o cliente na cons-truo por administrao.

    Passando agora a examinar os inconvenientes do contrato por empreitada, veremos que tanto engenheiro como cliente devero se cercar de muitos cuida-dos, para que a obra no termine em litgio e, portanto, em fracasso.

    borges2 01.indd 9 09.02.10 10:12:18

  • 10 Prtica das pequenas construes

    O primeiro cuidado prende-se a uma descrio minuciosa do servio a ser executado. Essa descrio depende de plantas completas e de um longo e cui-dadoso memorial descritivo.

    A seguir, exemplificamos um projeto de memorial descritivo, chamando, no entanto, a ateno do que deve ser ainda mais detalhado, para no permitir dvidas. Esse exemplo apenas um esboo e serve de base para o definitivo. Geralmente, depois de uma descrio geral do projeto, passamos a detalhar cada um de seus itens.

    Providncias importantes nos contratos por empreitada

    Quando um profissional aceita um contrato por empreitada, dever se cer-car de inmeras garantias:

    a. memorial descritivo bem detalhado e completo;

    b. condies de pagamento que permitam comprar materiais com antece-dncia, prevenindo-se, dessa forma, contra aumentos de preo;

    c. indicao clara e firme no contrato, de que qualquer modificao nos planos originais s poder ser feita aps acordo entre as partes, para o novo preo que vigorar. Esse acordo dever ser feito por escrito, assi-nado por ambas as partes e anexado ao contrato original. No esquecer de combinar a forma de pagamento para esses acrscimos de preos;

    d. efetuar contrato de mo de obra em geral e para compra de materiais, logo aps a assinatura de contrato, para garantir os preos vigentes que serviro de base para o oramento;

    e. nas conversaes com o cliente, no admitir absolutamente que peque-nas alteraes no servio possam ser feitas sem clculo e a redao de anexos no contrato para o reajuste de preo, e tambm, em hiptese alguma, deixar esses clculos para o final da obra (ver letra c);

    f. os trabalhos da obra devem ser feitos em ritmo acelerado, j que, com atrasos, os preos dos materiais podero sofrer alta e a mo de obra tambm encarecer.

    borges2 01.indd 10 09.02.10 10:12:18

  • Contrato entre engenheiro e cliente 11

    MeMORiAl desCRiTivO Para construo de casa trrea em terreno sito Rua ..................................................................................

    de propriedade do Sr. ............................................................................................................................................

    1. CONDIES LOCAIS

    Especificaes

    a. Terreno de dimenses 12 m x 32 m (retangular), com aclive para os fundos em rampa aproximada e uniforme de 3% (Figura 1.1).

    b. No h rede de gua ou de esgoto.

    c. Previso para profundidade de poos: 6 m (dado conseguido de poos prximos). Terreno bas-tante permevel, que permite o uso de fossa negra e fossa sptica.

    d. Existe iluminao na via pblica.

    e. No h necessidade de tapume, pelo fato de a construo ser recuada.

    f. A resistncia do terreno permite o uso de alicerces simples de tijolos sobre camada de concre-to simples e magro; (isso no se faz mais atualmente, o alicerce de tijolos substitido por uma viga de concreto geralmente com 40 cm de largura por 15 cm de altura, armada com 4 ferros de 12,5 mm, com estribos de 4 mm, que dar construo uma rigidez necessria, no caso de solos duros; sobre essa viga, ser assentada, no mnimo, duas camadas de tijolos comuns para isolar a umidade do concreto. A altura das camadas de tijolo comum ser o suficiente at o nvel de 20 cm acima da cota do terreno; sobre essa alvenaria, ser aplicada a impermeabilizao como escrito abaixo. Acredito que o texto original deva ser substitudo por este acima).

    g. J existem 17,5 m de muros construdos, segundo um croqui.

    Figura 1.1

    +3%32 m

    17,5 mMuro existente

    12 m

    2. ABERTURA DE VALAS PARA ALICERCES

    Especificaes

    a. para paredes de um tijolo, vala com 0,45 m de largura;

    b. para paredes de meio-tijolo, vala com 0,35 m de largura;

    c. as valas devero ser aprofundadas pelo menos 0,5 m no terreno;

    d. o nvel da casa dever estar 0,2 m acima do terreno atual, no mnimo, em qualquer ponto;

    e. o piso das valas dever ser apiloado, para a uniformizao do terreno. Caso apaream formiguei-ros de certa proporo, seus vazios devero ser preenchidos com concreto.

    borges2 01.indd 11 09.02.10 10:12:18

  • 12 Prtica das pequenas construes

    3. CONCRETO MAGRO E SIMPLES NA SAPATA

    Sobre o piso das valas, ser colocada camada de concreto magro, trao 1:3:6 sem ferro, com o mnimo de 10 cm de espessura, com seu plano superior perfeitamente nivelado.

    4. ALICERCES

    Sero de alvenaria de tijolo comum com argamassa de cal e areia (1:3), mais 100 kg de cimento por metro cbico, sobre uma viga baldrame:

    a. de tijolo e meio sob paredes de um tijolo; viga de 40 x 15 cm;

    b. de um tijolo sob paredes de meio-tijolo; viga de 30 x 14 cm;

    c. com cinta de amarrao, tipos 1 ou 2.

    Figura 1.2 Tipo 1 para alicerce de tijolo e meio.

    0,1

    m

    0,2 m

    Tijolos em espelho

    2 1/4

    Figura 1.3 Tipo 2 para alicerces de um tijolo.

    Argamassa decimento-areia (1:3)

    2 1/4

    5. IMPERMEABILIZAO DOS ALICERCES

    Ser com camada de cimento e areia (1:3), dosada com Vedacit ou similar, segundo as instrues, aplicada no respaldo dos alicerces, dobrando lateralmente 10 cm para cada lado. Essa camada ser pintada com 3 demos de um lquido impermeabilizante, facilmente adquirido em lojas de materiais de construo. Esses produtos so base de emulso asfltica.

    As primeira e segunda fiadas das paredes sero tambm assentes com a mesma argamassa.

    borges2 01.indd 12 09.02.10 10:12:19

  • Contrato entre engenheiro e cliente 13

    6. LEVANTAMENTO DAS PAREDES

    Em alvenaria comum, respeitando o alinhamento, espessuras e vos reprensentados na planta cons-trutiva. A locao da obra deve ser feita pelo mtodo da tbua corrida, pelos eixos das paredes.

    a. Com tijolos comuns assentados com argamassa de cal e areia (1:3), mais 100 kg de cimento por metro cbico, usando areia mdia (podendo ser levemente suja) e cal hidratada.

    b. Com vigas sobre portas e janelas:

    Figura 1.4 Tipo 1 para vos de at 1 m.

    Argamassa decimento-areia (1:3)

    2 1/4

    Figura 1.5 Tipo 2 para vos de 1 m at 2 m.

    2 1/4 sem estribos

    0,1

    m

    0,1 m

    Concreto 1: 2,5 : 4

    Tipo 3 para vos maiores (depende de clculo).

    Figura 1.6 Tipo 4 as vigas devero ultrapassar a largura do vo pelo menos 0,3 m de cada lado.

    Verga

    Vo0,3 m 0,3 m

    borges2 01.indd 13 09.02.10 10:12:20

  • 14 Prtica das pequenas construes

    c. Com cinta de amarrao no respaldo do telhado (sob os tarugos do forro):

    Figura 1.7 Tipo 1 para paredes de um tijolo.

    Tijolos em espelho

    2 1/40,1 m

    0,1

    m

    FIgura 1.8 Tipo 2 para paredes de meio-tijolo.

    Argamassa decimento-areia (1:3)

    2 1/4

    d. Sempre que necessrio, sero levantados oites sobre as paredes e sob o telhado para suportar o seu madeiramento. Na planta de telhados, sero indicados esses oites.

    7. TELHADO

    a. em madeiramento indicado na planta especial de telhado;

    b. com carpinteiro contratado por metro quadrado;

    c. com cobertura de telhas de barro tipo paulista ou canal, de categoria comum;

    d. com emboamento feito por telhadista especializado;

    e. com funilaria em chapa, detalhada na planta de telhados.

    8. FORRO DE ESTUQUE

    Em toda a casa principal e no quarto de empregada.

    a. em madeiramento quadriculado com sarrafos de 1 x 4, na menor dimenso do cmodo, e 1 x 2, na maior. Reforo com tbua de 1 x 12 no centro da sala;

    b. com tela de arame galvanizado fio 21, malha de 2 cm;

    c. com o enchimento da tela, feita por cima (argamassa mista: cal, cimento e areia);

    d. com o emboo (revestimento grosso) de cal e areia (1:3);

    e. com reboco (revestimento fino) de areia lavada, grossa e peneirada e nata de cal.

    borges2 01.indd 14 09.02.10 10:12:20

  • Contrato entre engenheiro e cliente 15

    9. REVESTIMENTOS

    a. Externo e interno em duas demos: emboo e reboco. Em todos os cmodos, com exceo dos sanitrios, garagem, copa, cozinha, onde sero feitos revestimentos impermeveis.

    b. Da copa, cozinha e banheiro principal tero azulejos decorados at o forro. No box do chuveiro, os azulejos iro at a altura de 2 m (internamente). Azulejos assentes em junta a prumo, utilizando-se os de 1 categoria:

    1. Os azulejos devero ser submersos em gua na vspera da utilizao.

    2. Ser usada a argamassa mista para assentamento: massa fina (cal e areia) dosada com um pouco de cimento (100 kg/m3), caso se queira tambm poder ser usada argamassa pronta, sendo existentes diversas marcas no mercado. O uso de argamassa pronta traz uma econo-mia de tempo e reduo das perdas, entretanto, como mais cara, dever ser verificado caso a caso.

    3. Rejuntamento com cimento branco e alvaiade (2:1); tambm pode ser usada massa pronta (preferencialmente) para este rejunte, as empresas fornecedoras de azulejos tm marcas prprias de massa de rejunte, dando, no caso de utilizao desse material, uma garantia quanto ao assentamento.

    4. Os azulejos devero ser assentados depois dos rodaps e antes dos pisos.

    c. Com embasamento das paredes externas do corpo principal sero revestidos com pedra de gra-nito (rstico), at 30 cm acima do respaldo do alicerce. Toda mureta do gradil da frente receber idntico revestimento de ambos os lados (da rua e do jardim), incluindo os pilares pelas quatro faces. O acabamento superior dos pilares e mureta ser com capeamento da mesma pedra.

    d. Na garagem, no WC extra e na parede em frente aos tanques, sero feitos de barra de estuque-lustre. No WC at 1,5 m de altura, na garagem at 2 m em cor creme clara, sem desenho.

    10. PISOS

    Especificaes

    a. com tacos de madeira

    Figura 1.9 Tipo 1 na sala, de marfim e ip, com o seguinte desenho.

    Marfim Ip

    28 cm 14 cm 7 cmMedidas dos tacos:

    7 cm

    7 cm

    7 cm

    borges2 01.indd 15 09.02.10 10:12:21

  • 16 Prtica das pequenas construes

    Figura 1.10 Tipo 2 em dormitrios e corredor, de peroba.

    Figura 1.11 Tipo 3 no quarto de empregada e armrios dos dormitrios, de peroba em escama.

    A colocao dos tacos ficar por conta da empresa fornecedora.

    O verso dos tacos ter o sistema comum com piche e pedrisco, sem forma especial de fixao, e o assentamento ser com argamassa de cimento e areia (1:3).

    b. ladrilhos de cermica

    1. cozinha e copa, ladrilhos sextavados de cermica esmaltada e rodaps de ladrilhos 7,5 cm x 15 cm. Pisos de armrios, cacos de cermica vermelha e rodap de ladrilhos retangulares 7,5 cm x 15 cm;

    2. terrao de frente, incluindo passagem coberta para automvel, ladrilhos de cermica es-maltada retangulares de 10 cm x 20 cm; junta de 5 mm com cimento preto, rodap igual aos anteriores;

    3. terrao dos fundos, garagem, WC e lavanderia, cacos vermelhos com 5% de preto e rodap igual aos anteriores;

    borges2 01.indd 16 09.02.10 10:12:22

  • Contrato entre engenheiro e cliente 17

    4. todas as soleiras da casa principal e da porta do quarto de empregada, lajotas de cermica esmaltada boleadas;

    5. todos os peitoris das janelas (externos), lajotas e cermica, boleados com pingadeira. O pei-toril interno da janela da sala ser feito com cermica esmaltada;

    6. soleiras da garagem, WC e lavanderia, cermica boleada.

    c. granilito

    Em banheiro e box, cor creme-claro, e rodaps um pouco mais escuros. Tiras de plstico dividin-do o rodap (tipo hospital) com o piso.

    O piso do box ficar 1,5 cm abaixo do piso do banheiro.

    O granilito ser aplicado sobre preparao prvia com argamassa de cimento e areia (1:3), de-sempenada e executada por empresa especializada que faa polimento mquina.

    d. cimentados externos

    Com 80 cm de largura em volta de toda a casa e da edcula e 2 passeios ligando o porto gara-gem, tambm com 80 cm cada (Figura 1.12).

    Figura 1.12

    0,8 m

    32 m

    12 m

    Gara

    gem

    0,8 m

    0,8

    m

    0,8

    m

    0,8

    m

    0,8

    m

    A rea em cinza que ser cimentada.

    Executados sobre preparao de cacos de tijolo apiloado, coberto com argamassa de cimento e areia trao (1:3) com 3 cm de espessura, exceto o percurso do carro do porto garagem, que ser feito com concreto magro e simples, trao 1:3:6, espessura de 8 cm, coberto com cimento e areia (1:3) com 2 cm de espessura. O acabamento ser desempenado.

    borges2 01.indd 17 09.02.10 10:12:22

  • 18 Prtica das pequenas construes

    11. ESQUADRIAS DE FERRO

    O dimensionamento dos vos deve constar da planta construtiva ou de obra.

    a. na janela da sala, de correr, com quatro folhas, sendo duas fixas laterais e duas centrais mveis;

    b. nos caixilhos basculantes, com ornatos em ferro chato nas janelas do banheiro, copa, cozinha;

    c. no caixilho basculante simples da janela do WC;

    d. na grade de proteo, com desenho na planta de detalhes nas janelas da sala, dos dormitrios e nas trs portas externas (de entrada, copa e cozinha).

    12. ESQUADRIAS DE MADEIRA

    Ver planta de detalhes para as especificaes:

    a. nos batentes, de peroba com 4,5 cm x 14 cm;

    b. nas guarnies, de cedro de 7 cm x 1,5 cm;

    c. nas portas, com 3,5 cm de espessura;

    d. na veneziana dos dormitrios para os caixilhos de guilhotina, recebendo, na parte externa, grade de proteo; na parte interna, persianas de folhas metlicas (cortinas).

    13. FERRAGENS

    a. nas portas de entrada da sala, da copa e da cozinha, com fechadura tipo Yale (de cilindro); nas restantes, fechaduras comuns;

    b. nas portas dos armrios embutidos grandes, com fechaduras e chaves, sem maaneta;

    c. em dobradias de 4 nas portas de entrada da sala, da copa e da cozinha, e dobradias de 3,5 nas demais, inclusive de armrios embutidos;

    d. nas portas de todos os armrios embutidos (molas vaivm de bolinha, com puxadores);

    e. na porta do WC, que ser do tipo calha, apenas no fecho tarjeta fio redondo;

    f. nos portes, usaro fechos para cadeados, tanto embaixo (na batedeira) como em cima;

    g. com colocao de esquadrias por carpinteiro especializado.

    14. VIDROS

    a. duplos-lisos nas trs portas de entrada e nos vitrs da sala (com duas demos de massa);

    b. fantasia (martelado) nas janelas do banheiro e WC;

    c. simples-lisos nas demais janelas; ser aplicada massa entre os vidros e os ornatos nos vitrs que os possurem.

    15. GESSO

    a. em cimalhas ou sancas, no encontro do forro com as paredes, nos dois dormitrios, corredor, sala, copa, cozinha e banheiro;

    b. nos lustres (plafonniers) de tamanho grande na sala; de tamanho mdio na copa, cozinha e dor-mitrios; e tamanho pequeno no corredor e banheiro.

    borges2 01.indd 18 09.02.10 10:12:22

  • Contrato entre engenheiro e cliente 19

    16. HIDRULICA

    A gua ser retirada do poo situado no quintal, por meio de bomba de suco e elevao (centrfu-ga), alimentando dois reservatrios: o primeiro colocado sobre o corredor interno da edificao e o segundo sobre o WC de empregada. Ser preparada tambm entrada pela rua, para a futura rede da concessionria de gua (ver distribuio na planta respectiva).

    A rede de esgotos levar a gua servida para a fossa sptica e, a seguir, para a fossa negra, passando pela calada, onde, por uma curva, ficar preparada a ligao para a futura rede.

    17. ELETRICIDADE E TELEFONE

    Objeto de planta e descrio parte. Na planta construtiva, aparecem os pontos de luz com os respec-tivos interruptores e tomadas de corrente.

    Compreende-se servio de primeira, isto , condutes plsticos e fios plastificados de primeira quali-dade. Carga em cada circuito estipulada pela companhia concessionria (Eletrotal). Para telefone(s), deixar os eletrodutos colocados.

    No contrato definitivo, ser anexada descrio completa desse servio.

    18. PINTURA

    Especificaes

    a. nas paredes externas, com caiao simples;

    b. no forros internos em geral, tambm com caiao simples;

    c. nas paredes da cozinha, copa e banheiros, com caiao simples; dormitrios, com tinta base de ltex; sala e terrao, tinta base de ltex sobre base preparada com massa corrida;

    d. nas esquadrias de madeira externas, com esmalte simples;

    e. nas esquadrias de ferro (janela e grades de proteo), pintura a leo comum, antecedida de zarco;

    f. nos portes e grades, pintura a leo comum.

    19. LIMPEZA GERAL

    a. ser efetuada raspagem e enceramento dos tacos; a raspagem ser feita com trs lixas, havendo calafetao entre a 1 e 2 lixas. A seguir, aplicao de resina sinttica (sinteko ou outra);

    b. a limpeza compreender azulejos, ladrilhos, vidros, aparelhos sanitrios com seus metais e o quintal.

    borges2 01.indd 19 09.02.10 10:12:22

  • 20 Prtica das pequenas construes

    borges2 01.indd 20 09.02.10 10:12:22