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PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2016 (13 a 15 de outubro de 2016) Praia da Estação nas Minas Gerais: enfrentamentos, criações e reverberações 1 Milene Migliano 2 UFBA Resumo Buscamos neste texto revelar os processos de investigação das narrativas urbanas sobre a Praia da Estação, em Belo Horizonte. Por meio de uma montagem de fragmentos de narrativas sobre a praia buscaremos desvelar os fluxos de pensamento, práticas e gestos que tomam forma nos enfrentamentos, criações e reverberações, entre os espaços públicos da cidade e internet. Iremos encontrar as demandas em elaboração coletiva que tomaram parte da vida política da capital mineira desde 2010, que se observarmos com um distanciamento crítico, podem nos apresentar respostas para as perguntas motivadoras da tese e quem sabe para os próximos caminhos a serem trilhados pelos movimentos sociais urbanos contemporâneos. Palavras-chave: espaço público, ativismo, experiência urbana, redes sociais, corpo. Este texto tem como objetivo desvelar algumas considerações que estamos tecendo durante o processo de escrita da tese, levando em conta as narrativas das produções imagéticas e imaginárias em/de redes de ativismos urbanos 3 . Consideramos a primeira motivação investigativa a afirmação de Walter Benjamin “de que toda 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 5 Comunicação, Consumo e Novos Fluxos Políticos: ativismos, cosmopolitismos e novas práticas contra-hegemônicas, do 6º Encontro de GTs de Pós-Graduação - Comunicon, realizado nos dias 14 e 15 de outubro de 2016. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismos da UFBA, membro do Laboratório Urbano UFBA, integra a equipe da pesquisa Cronologia do Pensamento Urbanístico (www.cronologiadourbanismo.ufba.br) e o Grupo de Pesquisa Internacional CNRS “Ambiances en traduction”. e.mail: [email protected] 3 Importante pontuar, entretanto, o momento político brasileiro que vivemos hoje, em que um golpe assume o governo nacional, onde as notícias minuto à minuto informam a ocupação das escolas pelo país, os chiliques de parlamentares diante das responsabilidades que assumiram ao se candidatarem, a divulgação dos nomes – em nenhuma medida qualificados - que ocuparam os ministérios do vice-presidente Michel Temer e ainda as notícias dos ministérios extintos por uma canetada federal, no dia seguinte da suspensão do mandato da presidenta Dilma Roussef. As informações circulam pelas listas de e.mails, pelas redes sociais, pelos sites de notícias, e muitas vezes não conseguimos nem sequer checar se são realmente produzidas jornalisticamente – já foram compartilhadas, e se realidade ou não - são espalhadas criando ficções sobre o mundo contemporâneo.

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PPGCOM  ESPM  //  SÃO  PAULO  //  COMUNICON  2016  (13  a  15  de  outubro  de  2016)  

Praia da Estação nas Minas Gerais: enfrentamentos, criações e reverberações1

Milene Migliano2

UFBA

Resumo

Buscamos neste texto revelar os processos de investigação das narrativas urbanas sobre a Praia da Estação, em Belo Horizonte. Por meio de uma montagem de fragmentos de narrativas sobre a praia buscaremos desvelar os fluxos de pensamento, práticas e gestos que tomam forma nos enfrentamentos, criações e reverberações, entre os espaços públicos da cidade e internet. Iremos encontrar as demandas em elaboração coletiva que tomaram parte da vida política da capital mineira desde 2010, que se observarmos com um distanciamento crítico, podem nos apresentar respostas para as perguntas motivadoras da tese e quem sabe para os próximos caminhos a serem trilhados pelos movimentos sociais urbanos contemporâneos.

Palavras-chave: espaço público, ativismo, experiência urbana, redes sociais, corpo.

Este texto tem como objetivo desvelar algumas considerações que estamos

tecendo durante o processo de escrita da tese, levando em conta as narrativas das

produções imagéticas e imaginárias em/de redes de ativismos urbanos3. Consideramos

a primeira motivação investigativa a afirmação de Walter Benjamin “de que toda

1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho 5 Comunicação, Consumo e Novos Fluxos Políticos: ativismos, cosmopolitismos e novas práticas contra-hegemônicas, do 6º Encontro de GTs de Pós-Graduação - Comunicon, realizado nos dias 14 e 15 de outubro de 2016. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismos da UFBA, membro do Laboratório Urbano – UFBA, integra a equipe da pesquisa Cronologia do Pensamento Urbanístico (www.cronologiadourbanismo.ufba.br) e o Grupo de Pesquisa Internacional CNRS “Ambiances en traduction”. e.mail: [email protected] 3  Importante pontuar, entretanto, o momento político brasileiro que vivemos hoje, em que um golpe assume o governo nacional, onde as notícias minuto à minuto informam a ocupação das escolas pelo país, os chiliques de parlamentares diante das responsabilidades que assumiram ao se candidatarem, a divulgação dos nomes – em nenhuma medida qualificados - que ocuparam os ministérios do vice-presidente Michel Temer e ainda as notícias dos ministérios extintos por uma canetada federal, no dia seguinte da suspensão do mandato da presidenta Dilma Roussef. As informações circulam pelas listas de e.mails, pelas redes sociais, pelos sites de notícias, e muitas vezes não conseguimos nem sequer checar se são realmente produzidas jornalisticamente – já foram compartilhadas, e se realidade ou não - são espalhadas criando ficções sobre o mundo contemporâneo.  

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descoberta científica implica por si só, mesmo sem pretendê-lo, uma revolução

procedimental” (BENJAMIN, 2013, p.125). Logo, instigamo-nos a saber como a

internet e as novas tecnologias de informação e comunicação transformam os

procedimentos utilizados nos/pelos movimentos de resistência política urbana

contemporânea? A segunda motivação investigativa parte da afirmação de Ana Clara

Torres Ribeiro, quando a socióloga diz que os resultados das mobilizações sociais

importam menos do que os processos e que é preciso considerar que “Nós temos hoje

(no Brasil) uma espécie de contenção do imaginário politico (2011)”; indagamo-nos

se é possível dizer que os movimentos de resistência urbana contemporâneos então,

puderam ampliar e/ou expandiram/expandem os imaginários políticos? No intuito de

problematizar ambas questões, lançaremos o olhar para alguns fragmentos narrativos

de situações de enfrentamentos, (re)criações e reverberações da Praia da Estação, em

Belo Horizonte.

A Praia da Estação começa a acontecer em janeiro de 2010 como modalidade

de protesto e que reivindicava a suspensão do decreto municipal Nº 13.7984 que

proibiu os eventos de qualquer natureza na Praça Rui Barbosa, também conhecida

como a Praça da Estação. Localizada na região central da capital mineira, a praça

guarda desde a fundação da cidade, em 1897, a Estação Central de Trens, e na

atualidade, também a Central de Metrô. Em 2008, depois de uma reforma de oito

anos, passa a abrigar no prédio da Estação o Museu de Artes e Ofícios, constituído

pelo acervo do Instituto Cultural Flávio Gutierrez5. O plano do museu originalmente

divulgado consistia em realocar as estações de trem e metrô dentro do prédio da

estação – desativado para a reforma mesmo em seu pleno funcionamento - mas ainda

não aconteceu.

Após um ano de funcionamento da praça, diversos eventos de pequeno, médio

e grande porte ocuparam a área, atingindo públicos de até oitenta mil pessoas em 4 Disponível em: http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1017732. (Acesso: 14/05/16). 5  Flávio Gutierrez é um dos fundadores da Andrade e Gutierrez, empreiteira multinacional responsável por obras como a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a Estrada de Ferro Carajás, o Aeroporto Internacional de Confins e o metrô de Salvador.

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shows gospel. Nestas ocasiões, além da esplanade da praça, o público acabava

circulando também pelas duas outras praças que contém jardins, do outro lado da

avenida dos Andradas. Na sequência da publicação do supracitado decreto,

interditando o espaço ao uso público, acontece a chamada para uma reunião em um

blog6 anônimo a qual reúne oitenta pessoas, na primeira quinta-feira do ano. Neste

encontro inicial, depois de algumas horas de desentendimentos (por exemplo,

algumas pessoas foram de vermelho e de preto e contestavam a ideia pacificadora do

branco), montamos uma lista de emails7 e em nove dias acontece a primeira Praia da

Estação: a praça de concreto é tomada por corpos vestidos em maiôs de banho para

nadar nas fontes. Um blog8 coletivo foi montado e como sugestão de ação por

ativistas que seguem a ética hacker, deixamos sua senha disponibilizada como post

fixo. Junto com a lista de emails, as duas plataformas online se constituíram como a

arena de debate virtual da Praia da Estação, nos quais diversos outros blogs de

ativistas apareciam. Importante lembrar que naquele momento da internet os blogs

eram a maneira mais acessível para se expresser online, “Blogs valiam ouro e

blogueiros eram como estrelas de rock, quando fui preso em 2008.”

(DERAKSHNAN, 2015).

Depois de persistir por três meses todos os sábados de manhã, mesmo com

uma mídia local que não colaborava com a visibilidade pública da questão, o prefeito

pressionado instaura uma comissão para revisão do decreto que, depois de mais três

meses é suspenso. Os pareceres elaborados pela comissão para amparar a suspensão

do decreto nunca foram mostrados, mas o contrato com a Coca-cola para exibir na

Praça os jogos da Copa do Mundo 2010 apareceram pré-autorizados na nova lei,

juntamente com uma tabela classificando os eventos em de pequeno, médio e grande

6 Os blogs foram os primeiros espaços na internet que disponibilizaram modelos de publicação online e gratuita sem precisar saber programar uma página em html, tendo sido ferramenta essencial no processo de democratização e ampliação de conteúdo disponível na internet. Retomaremos o assunto mais adiante. Disponível em vadebranco.blogspot.com, acessado em 16/05/16. 7  As listas de e.mails são ferramentas de encontro e organização social muito inovadoras, são consideradas “canais importantes de agregação de comunidades online” (MAGALHÃES, 2015, p.181). 8  https://pracalivrebh.wordpress.com/, importante pontuar que a ética hacker era comumente acessada nas reuniões e encontros dos banhistas da Praia da Estação.  

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porte, a qual determina os valores dos cheques-caução que passaram a ser

demandados aos proponentes dos eventos. A limpeza, segurança e cercamento a

serem contratados de serviços privados também passou a ser uma exigência, ao que

podemos perceber que a suspensão do decreto foi apenas uma pequena batalha que os

banhistas da praia da Estação venceram.

A prática de ocupação da praia da Estação - hoje com sete anos acontecendo e

agregando as mais diversas causas - experimenta formas de organização diferentes

das hierarquizadas em funcionamento nas instituições, que regulamentam e regulam o

espaço urbano. Seja em encontros presenciais, ou por meio do compartilhamento de

registros das situações vivenciadas, narrativas foram/vão sendo tecidas e atualizadas

em suas dimensões políticas e afetivas, contaminando (GUATTARI, 1992) e

imbricando outros corpos. Em meio a uma trama de acontecimentos, alguns

vivenciados outros acessados por etnografia digital, escolhemos produzir aqui uma

montagem (JACQUES, 2015) de fragmentos narrativos relacionados à situações de

empoderamento dos corpos, que foram vivenciadas nestes tempos de contestação,

reinvindicação e/ou celebração, mobilizadas na Praia da Estação.

Enfrentamentos

Desde o primeiro dia de encontro presencial do que viria a ser a Praia da Estação, ou

seja, no dia da reunião convocada pelo vá de branco, percebemos a multiplicidade e

heterogeneidade de modos de pensar, agir e se relacionar das pessoas que estavam ali.

Pessoas que acreditavam que precisávamos passar para ação direta, outras que para

passeatas que atrapalhassem o trânsito, outras para medidas no ministério público e

junto aos jornais da cidade para que todos os outros pudessem saber do que estava

acontecendo. A urgência de conseguir reverter a situação fazia surgir inúmeras ideias

para o enfrentamento da situação, que não eram necessariamente contraditórias ou

deveriam ser consideradas ações únicas. E elas começaram a serem trocadas tanto em

encontros presenciais quanto na lista de e.mails, que havia sido produzida na primeira

reunião, algumas se realizando, outras mais do que virando tradição.

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A ideia da praia9 foi uma das que foram debatidas como algo que poderia vir a

ser, já na reunião do vá de branco. A liberalidade do entendimento de que cada um

pode fazer o que quiser na praia foi, em alguma medida, um primeiro pensamento

indicativo de que poderíamos conseguir fazer alguma coisa juntos, depois de tantos

desentendimentos. Compreendermos que compartilhávamos um dano em comum foi

um consenso que nos fez encarar a demanda de fazer algo. E para além da proibição

dos eventos na praça a proposição de tirar a roupa no centro da cidade foi realmente

acatada por todos, se conformando como um segundo comum compartilhado.

Importante ressaltar que no contexto belo horizontino, diferentemente de cidades à

beira do mar, onde as pessoas muitas vezes circulam de roupa de banho pelos bairros

praieiros, não é nada costumeiro ver uma pessoa de biquíni pelo asfalto. Além disso,

muitos moradores da capital ainda cultivam uma ideia de tradicional família mineira,

além dos espaços públicos urbanos serem regulados por um com código de posturas

municipal. Colocar o corpo de biquíni no calçamento da praça se conformou como

uma proposição de enfrentamento ao biopoder (FOUCAULT apud CASTRO, 2009,

p.57) no espaço urbano belo-horizontino.

Tomar banho nas fontes era a desculpa para estarmos em roupas de banho na

primeira praia. Mas como chegamos a imaginar na sexta-feira, o prefeito mandou

desligar as fontes e precisamos contactar um caminhão pipa, que estava previamente

avisado, para refrescar o calor que fazia no calçamento de cimento da praça.

Passamos o chapéu e arrecadamos em moedas, com as trezentas pessoas que estavam

presentes, o recurso para pagar o serviço do caminhão.

9  Outras praias já haviam sido realizadas em Belo Horizonte, sendo a intervenção que o grupo galpão realizou na Praia da Savassi em 1989, como processo do trabalho no festival de inverno – o manifesto queremos praia, das mais conhecidas. (OLIVEIRAS, 2012; LAGES, 2014)

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Imagem 1: da primeira praia da estação, crédito Luis Navarro em seu flickr.

O banho foi um momento no qual os afetos e perceptos foram mais do que

ativados na experiência dos banhistas presentes. Transeuntes que aguardavam os

ônibus no cimento, sem sombra, vieram se refrescar. As pessoas que atravessavam a

praça com crianças, não tinham como negar os pedidos dos pequenos se juntarem à

nós. Os vendedores de bebidas e moradores de rua também se juntaram e abraçados,

cantávamos e dançávamos juntos. O banho foi o catalisador de produção de laços

fortíssimos entre nós, moradores da cidade, reivindicando o uso público da praça.

Depois da primeira praia diversos materiais foram produzidos virtualmente e

espalhados pelas redes sociais que existiam naquele momento. Pulularam fotos,

memês, vídeos e músicas pelos blogs, sendo replicados na lista de e-mails, como o

teaser10 publicado no youtube com imagens do primeiro sábado, chamando para a

10 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4mEzQrF6v0M, acessado em 14/05/16.  

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próxima praia. O modo não usual de se manifestar, isto é, enfrentá-lo na ação de

desacato total – realizando um evento semanal – já estava feito. A ocupação da

internet sendo realizada sempre com definições e decisões discussões pautadas pela

ética hacker, influenciou algumas ações diferenciadas: o blog coletivo tem o acesso às

postagens liberado para todos (embora não esteja sendo utilizado mais agora,

substituído pela rede social facebook), sempre que éramos entrevistados pela mídia,

respondíamos aos jornalistas com os pseudônimos coletivos de Luther Blisset, Rita

Garela ou Ommar Motta.

A ativação de modos de operar hacker, chamando a responsabilidade para

todos, mas ao mesmo tempo para ninguém personificado, como na utilização dos

pseudônimos, também enfrentam a hegemonia das práticas políticas hegemônicas.

Novos modos de reivindicação estavam tomando parte na cidade e também na

internet: podemos dizer que a Praia da Estação é um exemplo de “Una conversión de

la forma manifestación en la forma ocupación.”11 (RANCIÈRE, 2016). Para o autor,

outra característica que marca as ocupações atuais nas cidades12 é que as praças e as

ruas tem sido acessadas pelos ativistas já que “son los últimos espacios públicos en

los que se puede estar en común; discutir y actuar en comúm13.” (Idem). Como muitos

outros movimentos que se desenrolaram pelas cidades globais, podemos dizer que a

Praia da Estação estava “reivindicando justicia social y democracia autentica”

(CASTELLS, 2015 p.25) e com eles,

“ignoraron a los partidos políticos, desconfiaron de los médios de comunicación, no reconocieron ningún liderazgo y rehazaron cuarlquier organización formal, dependendo de Internet y de las asambleas locales para el debate colectivo y la tomma de decisiones.14” (Idem)

11  Uma conversão da forma manifestação na forma ocupação, tradução nossa, disponível em https://www.diagonalperiodico.net/blogs/europa-constituyente/entrevista-jacques-ranciere-la-nuit-debout-es-la-transformacion-juventud, acessado em 14/05/16. 12 Na entrevista online, o tema principal é a “Nuit debouts” em Paris, mas o autor também faz referências à Madrid, Nova Yorque, Atenas e Istambul. 13 São os últimos espaços públicos nos quais se pode estar em comum; discutir e atuar em comum”, tradução nossa. 14  Ignoraram os partidos políticos, desconfiaram dos meios de comunicação, não reconheceram nenhum líder e rechaçaram qualquer organização formal, dependendo da internet e das assembléias locais para o debate coletivo e tomada de decisões, tradução nossa.

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(Re)Criações

Estar em um espaço onde é possível ainda se reunir, atuar, discutir, enfim estar em

comum é realmente imprescindível na manutenção de sociabilidades urbanas. A

modernização urbana, que possibilita cada vez mais pessoas morarem em uma mesma

cidade, já que a distribuição de água encanada amplia os horizontes de alcance dos

antigos poços, também impossibilita todos os encontros que aconteciam antes no

entorno na fonte, e que mantinham os laços e afetos das pessoas que moravam no

mesmo espaço. Willian Mitchell, em e-topia, segue sua argumentação afirmando que

depois das inovações digitais, estamos ainda mais afastados das possibilidades de

“estabelecer contatos, relacionarse, crear confianza y hacer tratos.(...) necessitamos

inovar, reinventar los espacios públicos, los pueblos y las ciudades para el siglo

XXI15.” (MITCHELL, 2001, p.9)

Mas o comum destes espaços que precisam/estão sendo reinventados não

significam práticas que vislumbram consensos pacificadores. Tais lugares são, antes

de tudo, espaço para as diferenças se encontrarem, criando dissensos (RANCIÈRE,

1996). Quando as disputas acontecem espontaneamente, motivadas por situações nas

quais desentendimentos são dados a ver nos cotidianos compartilhados, ampliam-se as

possibilidade de criações, soluções, invenções táticas (CERTEAU, 1994) que virão a

ser formuladas nestes processos colaborativos de coletividade de compartilhamento

de espaços comuns.

Importante ressaltar que compreendemos o dissenso a partir do filósofo

Jacques Rancière que os define como conflitos de “regimes de sensorialidades

diferentes” (RANCIÈRE, 2012, p.59). Ao serem colocados lado à lado, num mesmo

espaço, acabam mobilizando desentendimentos acerca do conforto da “ordem natural”

dos acontecimentos. O dissenso desestabiliza os lugares dos que estão envolvidos nas

ações de enunciação, de prática, de ato público e político, já que estão em disputa, e

portanto, relações de forças e poderes.

15  Estabelecer contatos, relacionar-se, criar confiança e fazer tratos. (...) necessitamos inovar, reinventar os espaços públicos, as vilas e as cidades para o século XXI, tradução nossa.

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Na praia da estação o dissenso já começa forçando a realização de

desorganização: os diversos grupos que se encontraram não conseguem concordar em

um modo de ação comum. Havia o problema em comum, a interdição da praça, mas

como reclamar uma transformação da situação, os grupos divergiam radicalmente dos

posicionamentos, gestos e práticas. A ideia da praia é acatada porque nela estavam

duas condições garantidas, a de que cada um poderia fazer o que quisesse, e que

estariam em roupa de banho, enfrentando outro inimigo em comum, a tradicional

família mineira. Os afetos mobilizados em quereres, que comungavam de outros

projetos de cidade, aproximaram os banhistas para cada vez mais se compreenderem e

compartilharem seus posicionamentos.

A praia vai expandindo seus espaços de conquista no território urbano

também. Com dois meses de praia, os banhistas convocam um eventão, com diversas

atividades durante um domingo. Como não era possível ter alimentação de energia

elétrica, e demanda para a ligação dos equipamentos dos músicos que se

apresentariam, os shows foram deslocados para o embaixo do viaduto de Santa

Tereza, duzentos metros da praça, programados para finalizar a jornada de atividades.

Para se chegar até lá, os banhistas saímos em procissão, cantando as músicas da Praia

da Estação, como a marchinha de carnaval, pela avenida dos Andradas. Tomamos

uma das duas pistas durante um quarteirão da avenida, expandindo pela primeira vez

o alcance de território físico da Praia da Estação. O caminho para o embaixo do

viaduto, discussão que havia tomado muito tempo dos nossos pensamentos sobre

como aconteceria rendeu um entendimento: a sensação de tomada da rua, de fazer

parte de uma ação política, também foi impressionante.

O carnaval foi outro evento que fez a praia ampliar seu território ocupado no

espaço urbano. Quando o carnaval praieiro decide mudar o lugar habitual de encontro

com o caminhão pipa – cujo banho coletivo se tornou um atrativo para cada vez mais

pessoas na cidade - para a frente da prefeitura, inventou-se uma lavagem das

escadarias da prefeitura. A ideia surgiu em uma reunião na praia e era a de levar

vassouras e baldes limpar simbolicamente as sujeiras do prefeito, suas corrupções ao

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nosso direito à cidade. No dia combinado, apenas Fidel apareceu para o intuito e

acabou também atualizando o imaginário ritualístico do banho espiritual com balde de

ervas e a bateção de folhas de manjericão e de alecrim da tradição baiana das lavagens

das escadarias das igrejas, um momento de renovação de ciclos. O banhista ainda

conta em entrevista que o casal Gaby e Sylvio também estavam vestidos de branco,

portando turbantes, como mães de santo, e colaboraram na primeira performance

realizada.

A lavagem das escadarias na prefeitura no sábado de carnaval antecede a

ligação da mangueira do caminhão pipa, e já se conformou como uma prática que se

repete. Em alguns anos da folia contestatória acontecem discursos que atualizam a

luta pelos espaços públicos em BH, contextualizando as batalhas terminadas, em

trâmite e as porvir, contaminando por meio de outros afetos e perceptos todos foliões

presentes. Tais contaminações, seguindo o filósofo, seriam proporcionadas por

mutações dos agenciamentos, que precisam ter o porte “por exemplo, a

reprodutibilidade potencialmente ilimitada do texto e da imagem pela imprensa ou a

potencia de transferência cognitiva adquirida pelos algoritmos matemáticos no

domínio das ciências...” (GUATTARI, 1992, p.116). O fazer junto, com os próprios

corpos, uma praia no centro da cidade e o carnaval de rua16 de Belo Horizonte, talvez

tenha tido a força dessa mutação.

Outros quereres inventados fortalecem os entendimentos sobre o que é ser

banhista da Praia da Estação e qual o tamanho das mudanças que poderíamos vir a

estar reivindicando com nossos corpos. Desde a primeira praia além dos biquínis e

maiôs nas mulheres, as sungas nos homens e até uma roupa de mergulho em um

banhista, encontramos pessoas liberando-se de uma “identidade binária de sexo”

(BUTLER, 2003, p.09). Homens também se vestem com maiôs. E o número de

corpos masculinos desfilando com essa peça, criada para os corpos femininos, foi só

aumentando a cada edição da Praia, que foi sendo contaminada e contaminadora de

16  Algumas outras informações sobre o carnaval em http://revistamarimbondo.com.br/artigo/18 e http://variavel5.com.br/blog/caps-lock-carnaval/, acessadas em 16/05/16.

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outros processos de criação artísticas, teatrais e performáticas na região da Praia da

Estação. No ano passado, a criação do campeonato de Gaymada17 e a realização de

uma edição do campeonato na Praia da Estação pode dar ideia da amplitude dos

desejos, como os de libertação da expressão e criação dos corpos da diversidade

sexual, despertado ali.

Imagem 2: do terceiro campeonato de Gaymada na Praia da Estação, página facebook Todo Deseo.

Reverberações

Um dos exemplos de outros projetos para a cidade que podemos dizer que foi, em

alguma medida, influenciado pela Praia da Estação é a sugestão de troca da estátua de

Tiradentes – herói mineiro retrato em bronze com a corda de enforcamento no

17 Realizadas pelos integrantes de Teatro Toda Deseo, a gaymada da Praia da Estação foi o 3o Campeonato Interdrag de Gaymada – Edy-ção Praia da Estação. Link para fotos no facebook disponível em 3º Campeonato Interdrag de Gaymada - Edy-ção PRAIA DA ESTAÇÃO, acessado 16/05/16.

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pescoço, na Avenida Afonso Pena esquina com a Avenida Brasil, por uma imagem de

Ed Marte de maiô, banhista e performer da Praia da Estação. Na imagem sugerida Ed

está fazendo o gesto como se estivesse se refrescando nas águas dos caminhões pipa

ou das fontes 18 , “corpografia urbana” (BRITTO; JACQUES, 2008, p.79) que

podemos tatear no clipe da música Babulina’s Trip do grupo Graveola.

A sugestão de troca foi motivada por um evento no facebook, que como nas

imagens de vendas de imóveis, desenha uma informação diferente das existentes na

cidade, numa fotografia da paisagem urbana.

Imagem 3: campanha no facebook pela troca da estátua da Praça Tiradentes.

Ed conta em entrevista que quando “vi o evento no face fiquei surpreso e

alegre, que era uma brincadeira dos eventos fictícios que estavam rolando no

facebook”, mas que depois acabou “viralizando muito e acabou sendo muito

divertido”. Ele ainda afirma que a maneira como ocupa os espaços públicos,

travestida, fazendo performances, foi estimulada pela criação da Praia da Estação,

“criando uma liberdade, pelo menos foi isso o que aconteceu comigo, né? Isso muda

minha forma de vestir e de se colocar, que aconteceu de uma forma natural, sem ser

muito pensado, e acho que refletiu também, para outras pessoas”. Na entrevista 18 Link clipe graviola disponível no https://www.youtube.com/watch?v=f-rk9DbItgE, acessado 16/05/16.  

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concedida por whatsapp Ed Marte nos conta também que é um dos pré-canditados da

plataforma Muitxs, a cidade que queremos19, mobilização que consideramos também

mais uma das reverberações da Praia da Estação em Belo Horizonte, assim como o

Fora Lacerda, o Fica Ficus, o Espaço Comum Luiz Estrela.

O Fora Lacerda20 foi um movimento contra o governo do então prefeito

Márcio Lacerda, mobilizado por muitos banhistas da praia da Estação, que conseguiu

com suas críticas e denúncias fazer o PT lançar uma candidatura que não apoiasse o

supracitado. O Fica Ficus21 é uma ação que luta pela permanência das enormes

árvores que ocupavam toda a avenida Carandaí e não a simples poda e retirada diante

de uma praga, modo como a prefeitura se dispôs a agir. As árvores ambientam um

enorme passeio que abrigava usos diversos e diferentes feiras de rua, semanalmente.

O Espaço Comum Luiz Estrela22 é um edifício público que estava abandonada

havia 19 anos e que foi ocupado por artistas em outubro de 2013 com objetivo de ser

um espaço de criação e compartilhamento artístico, político e cultural, aberto e

autogestionado” segundo consta em sua página no facebook e pudemos perceber em

visita ao local.

Para além da cidade, a Praia da Estação reverberou até o nordeste como

motivador da Ocupa Estação, em São Félix, BA, 2014 e como trocas de experiências

com o Ocupe Estelita 23 , em Recife-PE, 2010. Ambas ocupações também se

encontram em prédios e imediações do enorme patrimônio industrial, ferroviário,

chamando atenção para as péssimas condições de preservação do patrimônio público.

Se antes as estações e galpões eram interligadas antes pelas linhas de ferro, agora são

pelas linhas de fuga dos novos movimentos de resistência pelos espaços públicos

urbanos. Os galpões de armazenamento em Recife que compõem área vítima da 19  Disponível em https://www.facebook.com/cidadequequeremosbh/, acessado em 15/05/16. 20 “O Fora Lacerda conta com um site atualizado diariamente20, dando visibilidade e questionando as políticas de higienização, privatização e excludência dos espaços públicos em Belo Horizonte, adotadas pela PBH. Em repúdio a essas ações, foram realizadas três grandes marchas no ano de 2012 (a última marcha, organizada em setembro de 2012, chegou a levar às ruas cerca de 5 mil pessoas), além de ter sido criado um jornal, o Movimenta BH” (ABREU et alli, 2013, p. 5.) 21 Disponível em https://www.facebook.com/ficaficus, acessado 15/05/16 e http://ficaficus.concatena.org/. 22 Disponível em https://www.facebook.com/espacoluizestrela/?fref=ts, acessado 15/05/16.  23  Disponível em https://www.facebook.com/MovimentoOcupeEstelita/?fref=ts, acessado 15/05/16.

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especulação imobiliária e o abandono do prédio da antiga estação de trem de São

Félix, somam-se à especulação do capital cultural agregador que o complexo

arquitetônico da Praça da Estação sofre. Nestas situações, os imaginários urbanos

passam a ser tomados pelo poder opressor e usados para fim mercadológicos, no

sentido de tornar a cidade um espaço vendável seja para o turismo internacional, seja

para os investimentos das corporações financeiras. Enfim, aguarda ser consumida

como se fosse apenas um produto a ser experimentado (DELGADO, 2011, p.97),

interrompendo os fluxos das experiências da população da cidade, o que o autor

define, “espaço público como ideologia”.

Em Belo Horizonte, podemos elencar como exemplo deste tipo de

expropriação, antes de tudo simbólica, do carnaval dos blocos de rua: depois de três

anos sendo desconsiderados e depois rechaçados pelo poder público municipal, a

prefeitura começou um cadastramento dos blocos. No ano seguinte, percebendo o

aumento cada vez maior da folia, começou a capitalizar as imagens e imaginário do

carnaval para atrair turistas, tendo atraído em 2016, cerca de 100 mil turistas24,

efetivando mais uma das metas do planejamento estratégico do projeto de

espetacularização urbana (JACQUES, 2004) a que se propõem, onde de quase nada

vale a opinião e participação real dos habitantes da cidade.

Referências BENJAMIN, Walter. Capitalismo como religião. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013. BRITTO, Fabiana; JACQUES, Paola Berenstein. Cenografias e corpografias urbanas : um diálogo sobre as relações entre corpo e cidade. Cadernos PPG-AU UFBA, Salvador, v. 7, número especial, 2008. BUTLER, Judith P. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003. CASTELLS, Manuel. Redes de indignación e de esperanza. Madrid: Allianza Editorial; 2015. CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault – Um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Trad. Ingrid Müller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

24 Dados do site http://www.carnavaldebelohorizonte.com.br/noticias/receita-turistica-no-carnaval-de-bh-mais-que-duplica-em-relacao-a-2015/  

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CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2004. DELGADO, Manuel. El espacio público como ideologia. Los libros de la catarata: Madrid, 2011. DERAKSHNAN, Houssein. Salve a internet. In Revista Piseagrama http://piseagrama.org/salve-a-internet/, 2015. GUATTARI, Félix. [1992] Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2012.

JACQUES, Paola Berenstein. Espetacularização Urbana Contemporânea. Cadernos do PPG//AUFAUFBA, número especial “Territórios Urbanos e Políticas Culturais”. Salvador: Editora UFBA, 2004. _________________________. Montagem Urbana: uma forma de conhecimento das cidades e urbanismo. In BRITTO, Fabiana; JACQUES, Paola Berenstein. Experiências metodológicas para compreensão da complexidade da cidade contemporânea, vol. 4 Memória Narração História. Salvador: Edufba, 2015. MAGALHÃES, Felipe N. Coelho. O neoliberalismo e a produção do espaço na metropóle: subjetivações, insurgencias e redes na economia política da urbanização contemporânea. Belo Horizonte: Tese defendida no IGC/UFMG, 2015. MITCHELL, Willian J. E-topia: vida urbana, Jim, pero no la que nosostros conocemos”. Barcelona: Editora Gustavo Gili; 2001. RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento: Política e Filosofia. Trad. Ângela Leite Lopes. São Paulo: Ed. 34, 1996. _________________. O espectador emancipado. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Nós temos hoje uma espécie de contenção do imaginário político. Entrevista in Revista Marimbondo, v.01, 2011. Disponível em www.revistamarimbondo.com.br.