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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA O GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO – E.T.I.G.I. OSVALDÊMIA MARIA LUCENA MAIA
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FORTALEZA 2004
2
OSVALDÊMIA MARIA LUCENA MAIA
PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DOS
ACERVOS PARA O SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Monografia apresentada ao Departamento
de Ciências da Informação da Universidade
Federal do Ceará, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Especialista em
Tecnologias de Informação e Comunicação
para o Gerenciamento da Informação – ETIGI
Orientadora: Profa. MSc. Rute Batista de Pontes
FORTALEZA
2004
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OSVALDEMIA MARIA LUCENA MAIA
PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DE ACERVOS PARA
O SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Aprovado em:
Profa. MSc. Rute Batista de Pontes - ORIENTADORA
EXAMINADOR
Conceito:
4
AGRADECIMENTOS
Ao Pai Criador, pelo dom da vida;
À minha mãe Honorina, pelo exemplo de vida;
Ao meu marido, meu principal incentivador;
Aos meus filhos, pela compreensão e renúncia;
Às amigas e colegas de trabalho pela ajuda e
apoio constante;
Á minha professora-orientadora pela incansável
e imensurável ajuda e acompanhamento;
E a todos que das mais diferentes maneiras
contribuíram direta ou indiretamente para a
realização deste trabalho.
5
“ Que Deus me permita falar como eu
quisera, e ter pensamentos dignos dos dons
que recebi, porque é Ele mesmo quem guia a
sabedoria e emenda os sábios, porque nós
estamos nas suas mãos, nós e nossos
discursos, toda a nossa inteligência e nossa
habilidade”; (SAB 7, 15-16)
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RESUMO
Aborda questões afetas ao planejamento do desenvolvimento dos acervos que integram o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará. Questões essas que vêm demandando preocupações as quais culminaram no presente estudo o qual tem como objetivo geral: estabelecer uma política de desenvolvimento dos acervos que atenda às necessidades informacionais dos usuários das bibliotecas do Sistema, na diversidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão de toda a comunidade acadêmica. Como específicos, ressaltam-se: a) definir uma política orçamentária para garantir a aquisição e manutenção do material informacional; b) estabelecer critérios para compatibilizar a aquisição de material bibliográfico com os programas curriculares e de pesquisa; c) identificar o perfil do usuário com vistas a facilitar o processo de seleção e aquisição das publicações necessárias ao cumprimento dos objetivos delineados pelo sistema de bibliotecas; d) formular critérios para avaliação periódica dos acervos com vistas às tomadas de decisões no que respeita ao uso eficaz das coleções; e) viabilizar o desbastamento dos acervos alicerçados em normas que traduzam de forma clara e precisa as decisões quanto ao remanejamento e/ou descarte dos mesmos. Os resultados da pesquisa apontaram para a inexistência de uma política formal para planejamento e desenvolvimento dos acervos das bibliotecas do Sistema, ao mesmo tempo em que ficou constatada a inexistência, (no orçamento geral da universidade) de uma rubrica específica para aquisição de material informacional, o quê dificulta, em muito a gestão dos recursos financeiros disponíveis que podem, ou não, serem destinados para tal fim. O estudo concluiu ainda pela necessidade do estabelecimento de uma política de desenvolvimento dos acervos aprovada e respeitada pelas instâncias superiores da Universidade, com vistas ao pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Palavras-chave: Desenvolvimento de acervos, critérios de seleção e
aquisição, desbastamento e avaliação.
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SUMÁRIO
1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO ACADÊMICO E A
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÀRIO .........................................07
1.1 Atuação do profissional bibliotecário................................................................09
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................12
2.1 Planejamento de acervos............................................................................12
2.1.1 Seleção........................................................................................................23
2.1.2 Aquisição.....................................................................................................29
2.1.3 Desbastamento............................................................................................31
2.1.4 Avaliação......................................................................................................34
3 RECURSOS METODOLÓGICOS....................................................................37
3.1 Universo da pesquisa.......................................................................................38
3.2 Coleta de dados................................................................................................39
4 TRATATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS..................................................40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................53
PROPOSTAS PARA UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO
DE ACERVOS DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFC..................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................69
ANEXOS.................................................................................................................
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1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO ACADÊMICO E A
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO
A universidade brasileira desde os seus primórdios vem se defrontando
com problemas de ordem cultural, social, política e econômica, que insistem em
interferir no seu desempenho, afetando as suas múltiplas funções. Como
instituição-chave no processo de desenvolvimento da Nação cabe-lhe a
responsabilidade de preparar-se para os desafios impostos pelas transformações
decorrentes da globalização, cujo processo vem influenciando de modo
significativo os povos em nível planetário. São desafios que estão a demandar
competência tanto formal quanto política não apenas dos que estão à frente do
poder central, mas dos que constituem a massa crítica formada, principalmente,
pela universidade que, evidentemente, inclui-se entre os que comandam, também,
os processos decisórios no País. Essa, como centro de produção e difusão da
informação e do conhecimento deve através da tríade ensino-pesquisa-extensão
cumprir sua vocação junto à sociedade que a mantém.
A universidade que se quer de qualidade busca dentre os seus
pressupostos, além da ampla liberdade de ação e pensamento gestar condições
para a solução de problemas que atingem a sociedade tão ultrajada em direitos
que lhe são inalienáveis, em requisitos básicos para uma vida digna e justa.
Destaca-se, pois o processo educacional como fio condutor, por excelência, para
o indivíduo tornar-se agente do seu próprio desenvolvimento, partícipe efetivo das
decisões que lhe afetam, enquanto protagonista da cena social.
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Portanto, a universidade como pólo irradiador do desenvolvimento através
da produção, circulação, apropriação e transformação dos saberes, coloca-se na
vanguarda desse processo, voltado para o homem como um todo, como dito
anteriormente, e, na medida do possível, busca articular-se dentro desses quatro
indicadores de qualidade do processo educacional.
A informação, nesse âmbito, constitui-se a força-motriz que devidamente
organizada e difundida conduz essa dinâmica.
Deste modo, fica mais do que evidenciado o papel fundamental da
biblioteca universitária no desenrolar do processo informacional e comunicacional
no meio acadêmico.
Sintonizada com os objetivos educacionais no seu todo e institucionais,
em especial, outorga-se a essa instituição a responsabilidade e o privilégio maior
de pôr a disposição dos seus usuários conteúdos informacionais significantes, que
assegurem tanto em termos quantitativos quanto qualitativos o suporte necessário
à construção da dimensão ética, cultural e profissional do projeto pessoal de cada
membro desse contexto.
A globalização mudou quase todo o referencial da sociedade atual e o
nosso grande desafio, se desejarmos ser sujeitos ativos desse processo, passa a
ser o de buscar compreender e internalizar essa explosão de transformações por
que atravessa a humanidade.
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Esse recorte marcante e necessário a realçar neste contexto histórico, a
informação, facultará à instituição universitária cumprir. No entanto, em que pese
essa condição, verificamos que o acesso à mesma acontece de forma
discriminatória. A maioria da humanidade, como muito bem coloca Santos (2000,
p.39) recebe uma “informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde”,
agravando sobremaneira as próprias condições atuais de vida, notadamente nos
países periféricos. E, esta é uma realidade que clama por transformações outras,
que possibilitem a globalização possível, ou seja destituída de interesse escusos
movida pela solidariedade ou seja, tendo o homem como meta.
1.1 Atuação do profissional bibliotecário
Do ponto de vista de Tarapanoff (1999, p.73) um grande desafio,
apresenta este século, para o profissional bibliotecário: facilitar o acesso a
informação, democratizando o uso das tecnologias informacionais disponíveis,
transformando-as em
“ [veículos] para ajudar a diminuir as desigualdades sociais e econômicas”. [Essas maravilhosas ferramentas se bem aplicadas podem] “oferecer oportunidades que transcendem barreiras de raça, gênero, deficiência, idade, capacidade financeira e lugar”, [em acordo ainda com o que defende a Autora. Essa possibilidade em] “ambientes educacionais constitui-se em um dos pré-requisitos para construir a base de habilidades sem o que não será possível, aos nossos profissionais atuarem de forma produtiva”.
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Precisamos ter coragem para criar e ousar, humildade para aprender
permanentemente e, aprender significa descobrir no que todos olham e nada
vêem oportunidades nunca antes imaginadas. Temos em nossas mãos uma das
melhores e maiores armas, das mais invencíveis, um dos únicos instrumentos
capazes de transformar. É nossa responsabilidade superar as dificuldades que
porventura, existam em nossa formação e trabalhar sem medir esforços para
sermos instrumentos de transformação de pessoas e instituições.
Tendo a tecnologia como sustentáculo da renovação do conhecimento e a
economia influenciando diretamente a produção, tratamento difusão e uso da
informação e do conhecimento (LASTRES, 1999), inferimos que nessa ambiência
terá maior poder aquele que for capaz de produzir, controlar e utilizar bem o
conhecimento; este gerando a prosperidade, impulsionando a economia mundial e
determinando as grandes tomadas de decisões.
A rapidez com que essas tecnologias chegaram e foram incorporadas pela
sociedade, provocaram uma grande revolução, gerando diversas categorias
profissionais afetando, em especial os bibliotecários. A sociedade exige, hoje, um
profissional mais ativo, que lhe proporcione informações precisas em tempo hábil.
Surgem novas exigências quanto às suas atribuições e, também, em outras
categorias, com características diversas e com domínio diferenciados,
ocasionando crises de identidade e disputas de espaço entre os profissionais. A
gestão da informação antes restrita aos bibliotecários e/ou cientistas da
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informação, torna-se nitidamente aberta a qualquer categoria profissional devido
ao seu caráter inato de ser uma área interdisciplinar e transdisciplinar.
Para que possamos nos preparar para enfrentar os desafios e
responder às expectativas e exigências desse momento faz-se necessário nos
instrumentalizarmos para adquirir novas habilidades e competências, uma vez que
a nova ordem estabelecida exige desse profissional predisposição e
conscientização da necessidade de mudar através de um processo de
aprendizado contínuo, seja no plano social, tecnológico ou humano. Como sujeitos
e profissionais que somos, devemos aprender a desacomodar-nos,
(re)construindo constantemente ações que visem à satisfação das expectativas
sociais, procurando sempre agir dentro da ética e do respeito, buscando a
excelência da práxis profissional. Como dito, anteriormente, um novo olhar dentro
da perspectiva globalizante.
Esse novo olhar orientado também por uma visão sistêmica da vida e do
mundo, aberto, portanto, uma melhor compreensão de nós mesmos e dos outros,
bem como de uma visão interior das instituições, nos permitirá a (re)condução do
agir, dando coragem para desafiar os pressupostos e paradigmas vigentes dentro
dessa óptica perversa da globalização reinante, na busca de uma outra. A que
contemple uma realidade onde o auto-conhecimento, o auto-desenvolvimento e o
auto-gerenciamento sejam condições indispensáveis para alcançar um mundo
onde o individuo possa construir uma nova história.
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Hoje, desenvolver a inteligência emocional e a capacidade de formar
parcerias é imprescindível para proporcionar a troca de informações e
experiências através de uma rede de relações complementares e conjuntas para,
assim, superar os desafios que as novas tecnologias nos impõem. Neste sentido é
sempre oportuno ressaltar diferenças existentes, trabalhar para suavizá-las,
corrigindo os pontos fracos que por acaso existam. Essa sinergia nos
proporcionará a realização de esforços comuns criando um ambiente propício
para sensibilizar o público-alvo, para desenvolver ações no sentido de
profissionalizar equipes; conseqüentemente, esperando-se melhores resultados.
Afinal, buscar oportunidades para todos; criar, inovar, arriscar, provar são verbos
necessários de não só serem atualmente parte do nosso discurso, mas traduzido
em vivências, em experiências que signifiquem o nosso ser e o nosso estar no
mundo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Planejamento de acervos
O surgimento das novas tecnologias de informação veio desenhar um novo
perfil no que tange às questões conceitual e prática inerentes ao gerenciamento
da informação , de modo especial, ao planejamento de coleções , bibliográficas,
ou não.
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Na realidade, o novo cenário vem causando um grande impacto em
determinados contextos informacionais gerando demandas de informações bem
diversificadas.
Esse universo apresenta características bem especiais à medida em que
se configura como uma fascinante possibilidade para o usuário da informação, e,
ao mesmo tempo um desafio dada a imensa complexidade com que se
apresentam esses contextos.
Vergueiro (1997, p.94) ressalta que:
“ [...] é também um mundo de características
assustadoras, na medida em que dele ainda não se conhecem nitidamente os contornos, ou o quanto o novo ambiente representará em termos de ampliação da liberdade de opções ou mesmo de negação dessa liberdade”.
São questões que exigem intensas reflexões e debates, notadamente,
quando contextualizadas em situações sociais cuja marca principal é a diferença
de oportunidades de acesso a esse complexo universo informacional.
Vale ressaltar que as preocupações voltadas para o gerenciamento de
coleções tiveram o seu ápice nos finais da década de 70. Preocupações que
culminaram com o chamado movimento para o desenvolvimento de coleções,
no qual a tônica a prevalecer centrou-se no estabelecimento de critérios que
significasse a tradução das demandas informacionais existentes nas comunidades
acadêmicas (VERGUEIRO,1989).
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O foco principal, dentro dessa nova perspectiva, deslocou-se da
acumulação pura e simples do material informacional para o acesso a este, com a
finalidade de dinamizar para manter a biblioteca universitária viva, órgão basilar
para a produção de pesquisas e novos conhecimentos na universidade. O papel
do bibliotecário acadêmico, nesse contexto, é vital posto que o mesmo é o elo
entre o acervo e o usuário, alvo específico do seu trabalho.
Então, recorremos, uma vez mais às questões resultantes do emprego das
novas tecnologias de informação que reorientam as decisões em torno de uma
nova postura frente ao gerenciamento de coleções. Observamos, na realidade,
uma intensificação tanto no que concerne ao processo em si, quanto no que
tange à qualidade do profissional bibliotecário. Essa qualidade, buscada em “[...]
quatro dimensões – complementares e interdependentes –[...] como fundamentais
ao processo formativo [desse profissional] na atualidade: a profissional, a cidadã,
a investigativa e a comunicativa”, segundo modo de ver de Guimarães (2000,
p.55). Estas indo ao encontro dos quatro pilares que norteiam a educação no
século XXI, concebidos dentro de uma perspectiva holística.
São referências imprescindíveis ao se considerar o desempenho do
bibliotecário diante de atribuições tão complexas, como as que envolvem o
processo de formação e desenvolvimento de coleções, como já postas no primeiro
momento deste trabalho.
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Partindo, pois, destas considerações buscamos emprestar de alguns
teóricos dessa área a fundamentação necessária para situar todos os aspectos
integrantes do processo em questão, ou sejam: seleção, aquisição,
desbastamento e avaliação que compõem o conjunto a partir do qual deverá ser
proposta uma política formal para o gerenciamento do acervo em qualquer
unidade de informação. Ou seja, um plano documentado onde serão detalhados
os parâmetros gerais a nortearem a organização e as ações a serem postas em
prática e seus critérios específicos visando-se a otimização do processo como um
todo, bem como quem utilizará as coleções.
Razões de ordem diversa, dentre as quais podemos realçar a econômica
estão no bojo das preocupações dos que, na condição de gestores, têm a
responsabilidade de decidir o que, na escala de prioridades da unidade de
informação, deve ser selecionado e adquirido dentro de um equilíbrio que
proporcione da forma mais racional possível o uso adequado dos recursos
financeiros disponíveis. Em se tratando da biblioteca universitária esse uso
racional, faz-se cada vez mais necessário, porquanto seria utópico acreditar na
abundância de recursos para tanto dentro da atual conjuntura universitária
brasileira.
Na visão de Figueiredo (1991,P.33):
“Há vários fatores que influenciam o desenvolvimento de coleções numa biblioteca universitária, tais como: a natureza do currículo, o corpo docente (tamanho,
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necessidades, interesses de pesquisa), a quantidade de verba disponível e o tamanho atual da coleção”.
Considera a mesma autora que outros fatores também podem afetar esse
desenvolvimento: “ objetivos educacionais, os pontos fracos e fortes da coleção e
a participação em programas de compartilhamento e recursos”.
Para Carvalho (1995, p.117) “esse processo pode ser caracterizado como
fundamentalmente decisório, porquanto “determina a conveniência de se adquirir,
manter ou descartar materiais bibliográficos, tendo como base critérios
previamente estabelecidos”.
Sob esse aspecto Figueiredo e Carvalho, comungam o mesmo pensamento
quando põem em relevo aspectos relacionados ao contexto acadêmico, aos
recursos financeiros, aos recursos bibliográficos disponíveis, particularizando o
uso dos recursos informacionais disponíveis e a produção bibliográfica.
Miranda e Granja, citados por Carvalho (1981) dizem que grande parte das
bibliotecas universitárias sobrevivem com verbas, quase sempre transitórias, que
são a elas destinadas. E, excepcionalmente, constituem unidade orçamentária
nas instituições de ensino.
Carvalho e Klaes (1991, p.108) observam que:
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“ as políticas de desenvolvimento de coleções contemplam aspectos relativos a função e objetivo da biblioteca e da universidade, usuários e suas necessidades, abrangência e níveis das coleções, tipos de materiais, critérios e responsabilidade pela seleção, modalidades de aquisição, critérios para alocação de recursos financeiros e programas cooperativos”.
Na realidade os estudos dos teóricos brasileiros neste campo sempre
convergem para pontos comuns, essenciais ao planejamento e gestão de acervos
os quais seguem na direção, tanto dos objetivos institucionais de modo geral,
como da unidade de informação, de modo particular, no caso a instituição
universitária e a biblioteca acadêmica, responsável pela garantia do pleno uso dos
recursos informacionais disponíveis.
Aproximando-nos do pensamento de Vergueiro (1989, p.24) percebemos:
“ as razões para a elaboração de políticas para o desenvolvimento de coleções, parecem mais que evidentes, a começar por razões econômicas, ou seja, a necessidade de se dispor de um guia racional para alocação de recursos, muito embora não se possa - ou não se deva – pensar em elaborar políticas apenas tendo como alvo a provável economia de recursos que se poderia obter por seu intermédio. Mas, de qualquer forma, razões econômicas exigem a determinação de prioridades, pois normalmente não se tem – e, provavelmente, jamais se irá ter – verbas suficientes para aquisição de todos os materiais de interesse; ou, se verbas existissem, provavelmente não se teria o espaço ou o pessoal necessário para acomodação e preparo dos materiais adquiridos”.
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Como vemos, mesmo não dispondo das condições ideais, é sempre
possível serem estabelecidos parâmetros de forma racional para a elaboração de
uma boa política de desenvolvimento de coleções.
Na visão de Cunha (2000, p.15):
“ até 2010 os serviços de desenvolvimento de coleções [...] terão grandes transformações. É o momento de se [pensar] na integração crescente das fontes eletrônicas e dos acervos e serviços existentes. No final dos anos 80, coleções de periódicos, diretórios e enciclopédias passaram a estar disponíveis tanto em papel como em suporte digital, porém, nos últimos anos, com os periódicos eletrônicos, determinados títulos tornaram-se acessíveis somente através de um terminal”.
Desenvolver coleções, em acordo com Edelman citado por Vergueiro
(Ci.Inf.,v.22, p.15) sugere a existência de uma hierarquia entre três níveis:
“No primeiro nível , estaria o desenvolvimento de coleções entendido de maneira ativa, como uma função de planejamento: a existência de um plano ou política de desenvolvimento da coleção que descreva os objetivos a curto e longo prazo da biblioteca para sua coleções, levando-as em consideração e correlacionando-as com aspectos do meio ambiente, como a demanda do usuário, sua necessidade e expectativa, o mundo da informação, os planos fiscais e a história das coleções.
No segundo nível , estaria a seleção como função direta ao desenvolvimento de coleções, isto é, o processo de tomada de decisões relacionadas com a implementação dos objetivos anteriormente estabelecidos.Neste aspecto, os critérios e metodologia para identificação e seleção dos materiais informacionais deveriam ser necessariamente vistos separadamente da política para desenvolvimento da coleção.
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No terceiro nível desta hierarquia, estaria a aquisição, entendida, agora, como a implementação das decisões de seleção. É o processo que, na prática, torna realidade palpável decisões tomadas na seleção”.
O autor reconhece que apesar desta hierarquização entre os termos, esses
estão em constante interação. Portanto, o processo de desenvolvimento de
organização de coleções deve ser encarado como uma atividade de
planejamento; assim sendo, exige um comprometimento com normas e diretrizes,
as quais objetivam estabelecer ações, definir, orientar e disciplinar processos,
determinar instrumento de apoio e proceder nas etapas de identificação de
literatura, paras seleção, aquisição, desbastamento e avaliação.
Como atividades de caráter cíclico e sistêmico e, como tal
interdependentes, suas etapas não se distinguem ou sobrepõem-se .
No dizer de Evans, citado por Vergueiro (Ci. Inf; v.22, n.1, p.15), esse
caráter “[gira] teoricamente em torno de um pequeno círculo em que estão
situados os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de coleções”.
Na reprodução da figura abaixo, elaborada por Evans, é expresso com
precisão esse modelo:
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Fonte. VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções, p.17
O desenvolvimento de coleções, concebido sob a ótica de Evans, precisa
ser tratado de maneira específica a cada tipo de biblioteca, uma vez que, o
processo tende a variar de acordo com a finalidade das instituições em que
acontecem, ou seja, o atendimento será diferenciado para cada tipo de biblioteca,
tais como: Bibliotecas Escolares - a seleção deverá ser vista de acordo com os
objetivos dos cursos oferecidos e o nível dos alunos tendo como base seus
aspectos pedagógicos como fator importante na seleção; Bibliotecas
Universitárias: devem atender aos objetivos da Universidade, a saber, o ensino, a
pesquisa e a extensão à comunidade, um fator importante que, necessariamente,
AVALIAÇÃO
AQUISIÇÃO
ESTUDO DA COMUNIDADE
POLÍTICAS DE SELEÇÃO
DESBASTAMENTO SELEÇÃO
BIBLIOTECÁRIOS
COMUNIDADE
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a coleção tende a crescer, porqunto atividades de pesquisa exigem uma
diversidade de materiais informacionais que possibilitem ao pesquisador ter
acesso a todos os pontos importantes ou necessários à sua pesquisa. As
Bibliotecas Universitárias necessitam de materiais suficientemente significativos
em termos de quantidade e qualidade afim de dar suporte as atividades de
pesquisa tanto em nível de graduação como de pós-graduação, acrescidas
atividades de prestação de serviços ou extensão à comunidade, como enfatizado
anteriormente. Bibliotecas Especializadas - a seleção do material deve estar
relacionada diretamente com os objetivos da organização mantenedora da
biblioteca, e, esta por sua vez com objetivos bem definidos. Há uma freqüência
predominante de matérias não convencionais, tais como: relatórios, patentes,
“préprints”, etc. exigindo, assim, do bibliotecário um enorme esforço para
localização e obtenção dos itens solicitados. Bibliotecas Públicas - a seleção do
material deverá contemplar uma clientela diversificada, afim de atender tanto às
necessidades informacionais (escolar-utilitária) como às recreativas da
comunidade (VERGUEIRO, 1989).
A política de desenvolvimento de coleções de um centro de informação ou
biblioteca deve ter um plano documentado onde serão detalhados quais os
usuários a serem atendidos pela coleção, quais seus parâmetros gerais e com
quais critérios será desenvolvida. Abordará os processos de seleção, aquisição,
desbastamento e avaliação, que são fundamentais dentro do ciclo da política. A
política funciona, dessa forma, como diretriz para as decisões dos bibliotecários
23
em relação à administração dos recursos financeiros, de modo mais preciso e
confiável.
As razões econômicas parecem evidentes, quando da elaboração de uma
política de desenvolvimento de coleções, isto é, mesmo não devendo ser o
objetivo principal, a economia de recursos determina prioridades, haja visto que
seria impossível acreditar que teríamos recursos abundantes para aquisição de
materiais conforme os nossos interesses.
Para planejar o desenvolvimento de uma coleção é necessário conhecer
bem a comunidade usuária, desprendendo-se de pontos factuais e detalhes
menos interessantes a esse trabalho. Vergueiro (1989) expressa com precisão a
necessidade desse conhecimento, bem como o estudo prévio dessa comunidade
como ponto fundamental no transcorrer da elaboração e desenvolvimento da
política. Numa visão mais ampla o acervo informacional, necessariamente, deverá
passar por profundas modificações no sentido de atender às demandas das atuais
tecnologias onde a utilização de terminais de computador torna o acesso à
informação mais rápido e confiável desprezando a crescente necessidade de
espaço para armazenamento das publicações cada vez mais crescentes
(VERGUEIRO, 1989).
Apoiamo-nos em cinco elementos básicos, a saber: seleção, aquisição,
desbastamento (descarte e remanejamento) e avaliação destacando uma dessas
partes enquanto componentes permanentes desse processo cíclico.
24
2.1.1 Seleção
Podemos definir a atividade de seleção como um processo tanto de
natureza técnica quanto intelectual em que decidimos o que escolher,como
quando e para que fim. Caracteriza-se como um momento de decisão sumamente
importante no processo de desenvolvimento do acervo.
O objetivo maior dessa atividade é adequar os materiais informacionais
selecionados aos objetivos institucionais, sendo a figura do usuário o centro das
preocupações. Trata-se, portanto, de perseguir um equilíbrio a partir do qual será
possível desenvolver um acervo que atenda aos diversos interesses envolvidos.
Essa fase da política de desenvolvimento de acervos exige a elaboração de
critérios que atendam aos requisitos acima especificados.
Tais critérios tanto devem primar pela abrangência quanto pela objetividade
visto ser vital para a transformação de determinados materiais informativos em
um projeto informacional. Baseiam-se num documento cujo produto final reúne
características administrativas, de relações públicas e políticas (VERGUEIRO,
1995).
De outro modo, segundo o mesmo autor, os critérios garantem
“ que as lacunas existentes no acervo não são (sic) fruto do descaso ou ineficiência dos
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profissionais responsáveis pela seleção, mas se coadunam com o processo de planejamento vigente na instituição bibliotecária, sendo coerentes com os propósitos e objetivos estabelecidos para sua atuação”
Um documento de critérios de seleção além de corresponder ao quadro
institucional ao qual se aplica, deve salientar no seu interior, o seguinte:
a) “identificação dos responsáveis pela seleção de materiais; b) os
instrumentos auxiliares; c) as políticas específicas; d) documentos correlatos; e)
orçamento disponível” (VERGUEIRO,1997, p.78).
Isto garantirá um documento conciso e ao mesmo tempo completo, a partir
do qual as tomadas de decisões pertinentes ao acervo serão garantidas com mais
precisão.
Na expressão de Guinchat e Menou (1994, p.83) “A seleção dos
documentos é uma operação intelectual delicada, que deve ser realizada por um
responsável competente no assunto tratado em colaboração com os usuários”.
Em se tratando de usuários Mostafa (v.14,n.3/4, p.179, 1981) destaca com
propriedade que a biblioteca ao decidir
“analisar sua coleções [com vistas ao desenvolvimento do acervo] está sempre visando o problema da adequação. Por
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adequação da coleção entende-se o grau de compatibilidade existente entre o que [essa] considera relevante e o que o usuário considera relevante. Adequar a coleção é pois aproximar biblioteca e usuário a fim de que se estabeleça uma relação biunívoca entre esses agentes”.
Ou seja, ao decidirmos por uma política que contemple na sua inteireza
tanto a instituição bibliotecária como o usuário, estamos vivenciando um processo
de interação em que o grau de amadurecimento entre os envolvidos poderá ser o
norte para alcançar o equilíbrio desejado entre as demandas informais da
comunidade usuária e as possibilidades de atendimento dessa demandas.
Para realçar ainda mais o dito acima, Vergueiro (1997,p.15) recomenda
que:
“O critério principal a ser observado no ato da seleção é que toda decisão deverá ser primordialmente guiada pela comunidade a que pretende atender. o assunto, o usuário, o documento e o preço, são considerações gerais importantes que influenciam a seleção”.
Outro critério que merece a nossa atenção está voltado para a definição
dos assuntos ou áreas de estudo de interesse da instituição bibliotecária. A
escolha certa será aquela que uma vez definida sobressaia-se pelos benefícios
que vier a proporcionar para a comunidade usuária. Isto poderá ser medido
através de métodos próprios para tanto, o que proporcionará mais segurança no
27
momento em que se fizer necessário uma avaliação dos critérios estabelecidos,
para verificar o grau de eficácia alcançado.
É necessário avaliar e examinar o papel que cada documento está
desempenhando no conjunto do acervo, se a coleção dispõe de material suficiente
para o uso dos usuários ou se necessita de mais exemplares com temas de
interesse da clientela.
Torna-se evidente, a necessidade de serem desenvolvidos mecanismos,
ainda que mínimos, de modo a propiciar ao bibliotecário um conhecimento claro e
objetivo sobre o acervo no que diz respeito à distribuição dos assuntos e à sua
representatividade em relação ao universo da biblioteca, como um todo (usuários,
cursos ou disciplinas e linhas de pesquisa)
O custo é outro ítem que implica na seleção de critérios de acervo. Para
cada documento selecionado, o bibliotecário deverá examinar se a biblioteca tem
condições de assumir as despesas com as escolhas feitas. Para adquirir um
documento através de compra é necessário que a seleção do material seja bem
criterioso, pois os recursos disponíveis para a aquisição são exíguos muitas
vezes, deixando de fora grande parte da coleção selecionada. Neste sentido
voltamo-nos, novamente, para a questão da avaliação. Vergueiro (1997, p.17),
explica: “É conveniente desenvolver algum sistema de avaliação que permita
comparar o custo do documento com o provável benefício que ele trará ao
conjunto do acervo e aos usuários”
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A biblioteca especializada apresenta inúmeras orientações para que o
bibliotecário possa examinar e colher subsídios que lhes sejam valiosos quando
do momento de tomada de decisão com relação a elaboração dos critérios de
seleção.
É oportuno salientar que a imparcialidade como fator vital para os que têm
a responsabilidade de selecionar constitui-se, acima de tudo uma questão ética.
Um outro alerta é com relação ao modelo de critérios estabelecido para
uma determinada unidade de informação o qual jamais poderá ser adotado por
uma outra,, dadas as especificidades que caracterizam cada tipo de instituição
bibliotecária.
Contudo, não é demasiado lembrar que todos os envolvidos na
organização das atividades de seleção, devem trabalhar de modo racional e
abertos à discussão objetiva da aplicabilidade dos critérios referidos.
Autoridade, precisão, imparcialidade, atualidade e cobertura/tratamento são
critérios que abordam o conteúdo dos documentos, enquanto que conveniência,
idioma, relevância/interesse e estilo ressaltam critérios de adequação ao usuário.
No tocante aos critérios relacionados com os aspectos adicionais dos documentos
encontramos características físicas, aspectos especiais, contribuição potencial e
custo, citados por Vergueiro (1997, p.21-27):
29
Os critérios acima mencionados aplicam-se tanto a livros como a outras
fontes de informação, inserindo-se aí, periódicos, fitas, cassetes, filmes, vídeos,
dvd, diapositivos e documentos eletrônicos (CD-room, base de dados on-line,
documentos na Web...). A seleção de materiais eletrônicos integra um leque de
alternativas que visa diversificar as opções oferecidas, bem como constituir-se em
um dos modos de maximizar o acesso à informação e o seu uso.
Demas (1994) apud Cunha (2000, p.16) reitera esse pensamento ao
afirmar que: “ o que irá contar não são os milhões de itens do acervo, mas as
opções para acessar a informação demandada”.
Cada vez mais os bibliotecários que atuam em diferentes áreas do
conhecimento são incentivados a incorporar esses meios eletrônicos ao acervo.
Na seleção desses documentos também consideram-se aspectos de conteúdo,
acesso, suporte e custo.
2.1.2 A AQUISIÇÃO:
Ao se falar em aquisição localiza-se a atenção no cenário da globalização
econômica. Este, em acordo com Cunha (2000, p.72) vem alterando de forma
acentuada o “apoio as IES e, de forma crescente, colocando obstáculos na
alocação de recursos financeiros para essas organizações”. Essa limitação tem
30
imposto aos dirigentes das universidades a busca de novas alternativas de
soluções para as carências existentes notadamente junto ao setor privado, em
especial o mercado (Ibid).
A biblioteca universitária dada a posição que ocupa no contexto acadêmico
vem, diretamente, sendo afetada no que lhe compete em termos de apoio ao
ensino, pesquisa e extensão.
A produção e difusão do conhecimento, depende de aporte informacional
atualizada e de qualidade, que garanta aos corpos docente e discente tanto aos
meios para como o acesso aos bens informacionais.
Cunha (2000) considera que, assim, o futuro da universidade vê-se
comprometido diante dessa realidade.
O mesmo autor realça que, áreas consideradas mais distantes do mercado
com as humanidades e as ciências sociais, incluindo-se aí as bibliotecas, são
penalizadas por não terem o mesmo “status”, a exemplo de áreas ligadas à
ciência e tecnologia sempre mais valorizadas pelo mercado, e, portanto, dispondo
de maior apoio, seja do ponto de vista financeiro, da autonomia e/ou do prestígio
que gozam no âmbito universitário.
Essa escassez de recursos para compra de documentos informacionais
exige, portanto, um gerenciamento criterioso, de modo a estabelecer uma previsão
orçamentária que atenda às demandas de informação dos usuários.
Normalmente, a porcentagem mais generosa no orçamento é destinada à
compra de livros e periódicos, veículos informacionais que vêm no topo da escala
de prioridades, dado o alto grau de freqüência de uso.
31
Confirmamos, na prática, que a seleção quanto a aquisição traduzem a
realidade econômica da instituição que mantém a biblioteca, bem como levam em
conta os avanços das tecnologias de informação, como importantes indicadores
do que deve ser selecionado e adquirido.
Hoje, a adequação dos gastos configura-se, assim, como ponto crucial
para o crescimento equilibrado do acervo evitando-se, desse modo, sobrepor a
posse ao acesso. Sob esse ângulo, diversas bibliotecas vêm trabalhando as
restrições orçamentárias e a diversidade dos novos formatos de registros do
conhecimento, como componentes intimamente ligados ao processo.
Cunha (1997, p.16) expressa-se com propriedade sobre o assunto, ao
afirmar que : “O diferencial mudará do tamanho do acervo para o tamanho das
verbas disponíveis para o acesso”.
São novos direcionamentos, novos focos de atenção neste momento de
transição por que passam as instituições educacionais e culturais e, de modo
especial, a biblioteca universitária.
Faz-se mister uma participação efetiva do bibliotecário, sem dúvida o mais
qualificado para esse fim. Este, acredita-se está melhor identificado com as
necessidades dos usuários; e, espera-se saiba realmente equilibrar as relações
entre custo x eficácia x benefícios, no momento da tomada de decisões.
2.1.3 O DESBASTAMENTO:
O desbastamento como um ponto sob o qual assenta-se um dos pilares
para um crescimento racional e equilibrado do acervo, inscreve-se como algo
32
preocupante desde o aparecimento do impresso com as conseqüências daí
advindas, ou seja, o temor da perda da memória social, quando o cuidado em
preservar-se do esquecimento fez com que o homem cuidasse em multiplicar as
produções impressas com primorosas edições as quais, com o avanço da ciência
e da tecnologia gerou uma outra preocupação: O crescimento exagerado da
produção textual demandando daí o temor do excesso.
Chartier (2001, p.21) pondera bem sobre essa questão ao expressar:
“... o temor ao excesso, [é] o temor próprio de uma sociedade completamente invadida por seu patrimônio escrito e pela impossibilidade de que cada indivíduo maneje e domestique esta abundância textual.(...) O ensino, as bibliotecas e os sistemas de classificação são os instrumentos para controlar esse medo de que se multipliquem os textos, de que, finalmente, se transformem em um excesso perigoso e terrível. É muito forte a contradição entre a obsessão da perda, que requer a acumulação, e a preocupação pelo excesso, que exige selecionar e escolher ”.
Além destes temores, outros integram o cotidiano do bibliotecário na
questão do planejamento do acervo e, especificamente, no que diz respeito ao
remanejamento e ao descarte de coleções, ou seja: o desbastamento como
atividade que tem que ser feita a partir de critérios previamente estabelecidos o
que garantirá em parte, seu desenvolvimento harmonioso e racional.
Buscamos alguns pontos essenciais para fundamentar aspectos envolvidos
nesta atividade: os custos com a manutenção, a falta de demanda por parte dos
usuários, a idade da literatura que em algumas áreas é essencial para o
33
acompanhamento do desenvolvimento da ciência e suas aplicações, a mudança
do foco de interesse da biblioteca, o espaço disponível para armazenamento e
conservação do material informacional, desgaste físico, dentre outros, que
poderiam ser mencionados.
Este é um processo que exige competência técnica e grande experiência
por parte dos profissionais a desenvolvê-la, para evitar discrepâncias de algumas
partes em relação ao conjunto.
O descarte como a retirada total e definitiva do acervo é a atividade que
mais gera polêmica na biblioteca. O impresso, de modo especial, o livro integra o
patrimônio da instituição que a mantém. Portanto, os cuidados a serem
observados antes de qualquer decisão nesse sentido, nunca serão demasiados,
mesmo porque deve ser uma atividade contínua, permitindo que as coleções
constituam-se como algo funcional e coerente. (Alonso, 1998)
Vergueiro apud Kremer (1997,p.113) confirma essas afirmações quando
realça que o descarte
“representa uma decisão final de análise da situação de cada item, a definição de que o mesmo já não preenche aquelas condições, seja, porque as necessidades informacionais da comunidade se modificaram e as que o item, originalmente, buscava atender deixaram de manifestar-se seja por que veiculadas, devido a cada vez mais rápida evolução do conhecimento humano, ficaram desatualizados e deixaram de apresentar grande contribuição à comunidade que a coleção busca servir ou devido ainda a muitos outros fatores...”
34
Na realidade, a retirada de material informacional pressupõe também,
estudo de usuário e avaliação da coleção, porquanto são processos norteadores
da seleção; componentes fundamentais do desenvolvimento do acervo.
Quanto ao remanejamento há de se observar os mesmos procedimentos
verificados com relação ao descarte, mas com o cuidado de decidir se o material a
ser remanejado será doado ou deslocado para um depósito. Se a opção for por
depósito que sejam levados em conta fatores como espaço físico disponível, os
custos de transporte e manutenção, bem como, qual a repercussão dessa decisão
junto aos usuários, verificando se há possibilidade de algum item, de repente, ser
solicitado por algum usuário, isto já comprovado na prática, pela autora deste
trabalho, tendo havido alguns problemas antes do item informacional ser devolvido
para a biblioteca. Esta possibilidade está, pois mais visível em bibliotecas voltadas
para a pesquisa, exemplo da biblioteca universitária. Neste caso, aconselha
Figueiredo (1985) que publicações mais antigas e edições não sejam destacadas
do acervo.
Deste modo, o descarte por seu alto grau de complexidade impõe muita
competência, comprometimento e cooperação tanto da parte do bibliotecário
quanto dos especialistas (professores e pesquisadores), usuários por excelência,
da biblioteca universitária.
35
Podemos mesmo considerar competência, comprometimento e
cooperação como elementos basilares para alcançar a qualidade quaisquer que
sejam as atividades nas quais os indivíduos estejam engajados.
2.1.4 A AVALIAÇÃO
Avaliar significa dentro de uma óptica mais abrangente, calcular e estimar
os métodos escolhidos para selecionar, adquirir e remanejar itens da coleção. Isto
ao mesmo tempo em que revela o perfil das coleções, demonstra o quanto os
itens escolhidos estão atendendo, ou não, à demanda informacional dos usuários.
Claro que esta afirmação confirma se, o que foi planejado e decidido dentro do
âmbito da política de desenvolvimento de coleções está ocorrendo dentro de um
processo lógico a partir do qual distorções possam ser corrigidas e elaborados
novos estudos, diretrizes e estratégias com vistas a alcançar os objetivos
pretendidos.
De outro modo, especialmente tratando-se de bibliotecas acadêmicas “...
possivelmente por causa da prevalência e das pressões dos padrões de
credenciamento [e reconhecimento das instituições de ensino superior], pela
importância conferida aos status acadêmicos dessas instituições com relação à
biblioteca que possuem” (FIGUEIREDO, 1979, p.12).
Esta afirmação baseia-se nos padrões de qualidade estabelecidos pelo
Ministério da Educação para o cumprimento das exigências no que respeita ao
funcionamento dos cursos de nível superior. (MEC, 2000).
Isto demanda do bibliotecário tanto competência formal quanto política.
Formal não apenas no sentido de bem se desincumbir de todas as tarefas
36
inerentes a essa questão, mas sobretudo, assumir uma postura pró-ativa, pondo-
se sempre a frente dos acontecimentos e imprevistos que venham a surgir em
situação. Política no sentido de possuir a devida habilidade para negociar, tomar
iniciativas, dirimir conflitos, enfim saber mover-se em situações diversas. Não é
somente o saber fazer, mas como inovar esse “saber fazer” de forma coerente,
equilibrada e ética. (DEMO, 1977).
Neste sentido Santoro (1989, p.84) reforça esta questão indo mais além
quando se refere aos serviços que a biblioteca universitária deve oferecer à
comunidade universitária:
“Dentro do espectro político deve-se repensar, em compatibilidade com as ações sociais da universidade, os serviços prioritários que a Biblioteca Universitária deve oferecer através da recuperação e disseminação da informação para facilitar, agilizar e condicionar a prática do ensino, da pesquisa e da extensão (objetivos da universidade) o que conseqüentemente, contribui para a melhoria das condições de vida do próprio povo”.
Nos processos de avaliações de coleções é preciso que haja uma
avaliação permanente a curto e longo prazos, ou seja, deve ser reformulado
periodicamente à medida que forem atingidas as metas iniciais propostas.
Sobre o assunto Figueiredo (1991, p.37) ressalta:
37
“ É importante que o administrador bibliotecário tenha a consciência de que, através dessas avaliações das coleções, ( ... ), o sistema tem a possibilidade de obter respostas as indagações de alta importância para a tomada de decisão no que diz respeito ao desenvolvimento eficaz das coleções”.
O fortalecimento das coleções deverá ter também como norte o uso
constatado através de dados estatísticos regularmente coletados. Ainda valendo-
nos de Santoro (1989. p.86) afirmamos que a circulação pode apresentar-se como
um indicador seguro do uso das coleções, nas condições seguintes:
“ Somente dados estatísticos confiáveis do uso do acervo poderão revelar os reais custos da informação, não se perdendo de vista a relação custo-benefício. O uso da informação gera outros produtos quando aplicados quer no ensino quer na pesquisa, o que vem diluir os gastos investidos mesmo a longo prazo”.
Tanto as dimensões quantitativas quanto as qualitativas no processo de
avaliação de coleções permitem uma verificação adequada da utilidade da política
de desenvolvimento de coleções adotada pela biblioteca. O uso deve ser
equilibrado.
Apesar da quantitativa ser de mais fácil emprego, uma dimensão não pode
prescindir do uso da outra. Ambas são imprescindíveis para o desenvolvimento
harmonioso do todo.
As outras duas etapas da avaliação relacionam-se com os critérios de
desatualização e do desgaste físico.
38
Com relação a desatualização das coleções a recomendação do descarte
ou remanejamento de publicações deve ser observado como um dos parâmetros
ao desuso dos itens informacionais pelo menos pelo prazo de cinco anos.
Quanto ao desgaste físico há necessidade de uma verificação cuidadosa
acerca da possibilidade de serem recuperadas ou não.
Na realidade, após a implementação da política de desenvolvimento de
coleções, a avaliação sempre irá permear cada uma de suas fases ou etapas.
3 RECURSOS METODOLÓGICOS
Com o fito de esclarecer, desenvolver e quem sabe até modificar idéias
sobre o estudo proposto, adotamos a Pesquisa Exploratória, a fim de nos
aproximarmos o máximo possível do tema sob investigação, tendo uma visão
geral do mesmo.
A esse respeito, Gil (1999, p.43) enfatiza:
“Pesquisas Exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.”
39
Entendendo que a exploração do tema proposto demandaria uma
investigação muito mais ampla apoiamo-nos, também, na revisão de literatura e
depoimentos de profissionais sobre o assunto.
3.1 UNIVERSO DA PESQUISA
O Universo da pesquisa ficou circunscrito à Biblioteca de Ciência e
Tecnologia que integra o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do
Ceará, composto na sua totalidade por 14 (quatorze) bilbliotecas setoriais
distribuídas nos campus, a saber: Picí, Benfica, Porangabussu, Barbalha e Sobral.
Desse universo constam 15.796 alunos da Graduação; 1.425 alunos da
Pós-Graduação, 694 professores de Graduação e Pós-Graduação. Adotamos
como amostra intencional 48 usuários desse universo, conforme detalhou-se no
tratamento e análise dos dados, a seguir.
3.2 COLETA DE DADOS
No período de 15 de junho a 15 de julho de 2002, foram coletados dados
sobre formação e desenvolvimento de coleções da Biblioteca de Ciência e
Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. Nessa coleta foram utilizados os
seguintes instrumentos: dois questionários distintos (ver apêndice), constando de
questões abertas e fechadas: o primeiro, aplicado entre alunos e coordenadores
da Graduação e Pós-Graduação e o segundo, entre bibliotecárias da Divisão do
Desenvolvimento do Acervo e da Seção de Assistência ao Leitor.
40
Elegemos o questionário como instrumento para coleta de dados por ser
mais prático e de menor custo operacional, garantindo a imparcialidade diante das
respostas e o anonimato dos entrevistados.
O primeiro, teve por objetivo obter informações quanto à freqüência da
utilização de produtos e serviços da Biblioteca por aqueles usuários. O
instrumento em questão contemplou itens afetos às demandas informacionais
existentes; satisfação quanto ao acervo nos aspectos qualitativo e quantitativo;
facilidade de localização das informações pelos meios oferecidos; atualização do
acervo e dos suportes mais utilizados.
O segundo questionário, buscou identificar a existência ou não de uma
política formal de desenvolvimento de coleções e o estabelecimento de uma
política orçamentária para aquisição de livros e periódicos e outros materiais
informacionais; realização ou não de estudo de uso da coleções e seus usuários;
periodicidade de atualização dos recursos informacionais; identificação de
demanda e cálculo do número de títulos e exemplares em relação aos alunos;
critérios de seleção nos processos de doação e permuta; como o acervo existente
contempla as necessidades da demanda informacional; critérios que a biblioteca
utiliza para aquisição do acervo (compra, doação e permuta); desenvolvimento
dos procedimentos relativos à aquisição de materiais estrangeiros; prospecção
para identificar potenciais doadores e quais os procedimentos para classificá-los,
assim como, qual a prioridade de aquisição de materiais referentes às novas
tecnologias de informação surgidas; critérios para desbastamento do acervo.
4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS:
41
Para um melhor entendimento das questões abordadas, a análise empreendida foi
expressa através de tabelas e gráficos os quais demonstram a realidade sobre o
desenvolvimento dos acervos das bibliotecas do Sistema.
1º QUESITO: “Frequência de utilização dos produtos e serviços da Biblioteca”
Tabela 1
usuários biblioteca graduação pós-graduação frequência
% aluno % coordenador % aluno % coordenador diária 9,38 3 0 0 18,75 3 0 0
semanal 12,50 4 9,38 3 6,25 1 25 4 quinzenal 12,50 4 3,12 1 6,25 1 12,50 2 mensal 15,62 5 18,75 6 6,25 1 6,25 1
raramente 0 0 18,75 6 12,50 2 6,25 1 total 50 16 50 16 50 8 50 8
Total geral 100 32 100 16
Gráfico 1
Indagados sobre a freqüência com que utilizam a biblioteca, verificamos
que entre os alunos e coordenadores da Graduação um maior percentual
representa aqueles que mensalmente vão à biblioteca sendo, respectivamente, os
coordenadores com 18,75% e os alunos com 15,62%.
Os alunos e coordenadores da Pós-Graduação responderam que
raramente fazem uso da biblioteca com percentual de 50% para ambos.
42
Ressaltamos que os mesmos utilizam com maior freqüência o acervo eletrônico e
o serviço de comutação bibliográfica.
2º QUESITO: “Satisfação das necessidades dos usuários pelo acervo”
Tabela 2 / Gráfico 2
usuários biblioteca
graduação pós-graduação satisfação % aluno % coordenador % aluno % coordenador
Sim 18,75 6 9,38 3 37,50 6 25 4 Não 31,25 10 40,62 13 13 2 25 4 total 50 16 50 16 50 8 50 8
total geral 100 32 100 16
Neste caso, observamos um elevado nível de insatisfação na Graduação,
com 40,62% para coordenadores e 31,25% para os alunos, fato minimizado na
Pós-Graduação, onde 37,50% dos alunos se declararam satisfeitos e 25% dos
coordenadores, também.
Isto deve-se ao fato de que os alunos da Graduação utilizam com maior
freqüência os livros e periódicos que há muito não são renovados pela escassez
de recursos da Instituição posto que, a Biblioteca Universitária não conta com
verba anual, específica, para aquisição de material bibliográfico. Ressaltamos que
a CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior)
mantém um programa para compra de periódicos estrangeiros eletrônicos e
43
convencionais que possibilitam uma melhoria do acervo utilizado pela Pós-
Graduação. Neste sentido há uma séria preocupação, uma vez que, os recursos
citados estão diminuindo a cada ano.
3º QUESITO: “Satisfação dos usuários quanto à qualidade e quantidade em
relação ao número de títulos e volumes de livros e periódicos
conforme o curso”
Tabela 3
usuários biblioteca graduação pós-graduação satisfação
qual./quant. % aluno % coordenador % aluno % coordenador
sim 6,25 2 3,12 1 37,50 6 18,75 3 não 43,75 14 46,87 15 12,50 2 31,25 5 total 50 16 50 16 50 8 50 8
total geral 100 32 100 16 Gráfico 3
Neste quesito pudemos perceber claramente que o acervo (livros e
periódicos) não atende aos aspectos de qualidade e quantidade de títulos e
volumes, visto que 43,75% dos alunos e 46,87% dos coordenadores da
Graduação responderam, não.
44
Na Pós-Graduação, observamos um fato curioso: enquanto 37,50% dos
alunos responderam sim, 31,25% dos coordenadores disseram não, porque
defendem um maior número de títulos em suas respectivas áreas de pesquisa.
4º QUESITO: “Facilidade de localização das fontes através dos catálogos”
Tabela 4
usuários biblioteca graduação pós-graduação localização p/
catálogos % aluno % coordenador % aluno % coordenador
sim 46,87 15 43,75 14 43,75 7 50 8 manual
não 3,12 1 6,25 2 6,25 1 0 0 sim 31,25 10 43,75 14 43,75 7 43,75 7
automatiz. não 18,75 6 6,25 2 6,25 1 6,25 1
total 100 32 100,00 16 Gráfico 4
Quanto à localização de informações, todo o universo pesquisado declarou
não ter dificuldades nesse sentido; no entanto, o maior índice de satisfação
observou-se na procura manual (46,87% dos alunos da Graduação e 50% dos
coordenadores da Pós-Graduação). Declararam, ainda, que os recursos manuais
otimizam a busca, enquanto que o “software” utilizado não possui interface
“amigável”, dificultando a interação com o usuário, além de não existirem terminais
45
em quantidade suficiente, razão pela qual os dois recursos ainda coexistem
paralelamente; acrescenta-se, também, o fato de o acervo não se encontrar ainda
totalmente automatizado.
5º QUESITO: “Atualização do acervo conforme área de estudo e pesquisa”
Tabela 5
usuários biblioteca
graduação pós-graduação satisfação quanto à
atualização % aluno % coordenador % aluno % coordenador atualizado 3,12 1 9,37 3 12,50 2 18,75 3 desatualiz. 46,88 15 40,63 13 37,50 6 31,25 5
total 50 16 50 16 50 8 50 8 total geral 100 32 100 16
Gráfico 5
Os alunos da Graduação utilizam-se mais de livros, enquanto que os da
Pós-Graduação de periódicos. Neste aspecto 46,88% dos alunos da Graduação e
37,50% da Pós-Graduação consideram o acervo desatualizado. Entre os
coordenadores, 40,63% da Graduação e 31,25% da Pós-Graduação pensam da
mesma forma.
46
É, portanto, unânime o pensamento de todo o universo pesquisado de que
o acervo precisa ser melhorado no que respeita à qualidade e à quantidade,
fazendo-se necessário maiores investimentos nas diversas áreas do
conhecimento integrantes dos cursos oferecidos pela Universidade.
6º QUESITO: “Suportes informacionais mais utilizados”
Tabela 6
usuários biblioteca graduação pós-graduação
suportes mais
utilizados % aluno % coordenador % aluno % coordenador convencional 46,87 15 12,50 4 0 0 12,50 2 não convenc. 3,13 1 37,50 12 50 8 37,50 6
total 50 16 50 16 50 8 50 8 total geral 100 32 100 16
Gráfico 6
O suporte informacional mais utilizado entre os alunos da Graduação é o
convencional ou impresso (46,87%); já, entre os coordenadores dos cursos, há
maior utilização do suporte não-convencional ou eletrônico (37,50%).
47
Na Pós-Graduação, ambos utilizam com maior freqüência os suportes não-
convencionais (50% e 37,50%, respectivamente) uma vez que, os assuntos
pesquisados pelos mesmos encontram-se, em sua maioria, disponíveis nas
formas de periódicos eletrônicos, base de dados, Internet e no serviço de
comutação, o quê facilita suas pesquisas.
Como afirmamos anteriormente, analisaremos, a seguir, os questionários
aplicados à Diretora da Divisão de Desenvolvimento do Acervo, Srª Nádsa Maria
Cid Gurgel e à Chefe da Sessão de Assistência ao Leitor, Srª Rosane Maria
Costa, como forma de melhor entendermos questões abordadas neste trabalho:
A Biblioteca Setorial de Ciências e Tecnologia, conta com um efetivo de 4
bibliotecárias, 11 auxiliares de biblioteca e 6 bolsistas.
Quanto ao acervo, a biblioteca pesquisada conta 12.554 títulos e 38.481
exemplares de livros, 5.345 títulos de folhetos, 767 títulos convencionais de
periódicos sob a forma de coleções incompletas e 1.683 títulos eletrônicos até a
data de resposta do questionário. - Segundo informações da CAPES no XII SNBU
são 3000 periódicos em texto completo e bases de dados referenciais. Em
outros tipos de suporte a BCT conta com 222 fitas de vídeo VHS, 51 CD-ROM e 1
jornal.
A biblioteca tem um público usuário de 15.796 alunos de Graduação, 1.425
alunos da Pós-Graduação, 694 professores da Graduação e Pós-Graduação e
374 funcionários técnico/administrativos.
48
Dentre os serviços e produtos oferecidos (manual e automatizado)
destacamos, respectivamente: empréstimo domiciliar, comutação bibliográfica
automatizada, cópia de artigos de periódicos, pesquisa bibliográfica, acesso a
base de dados nacionais e internacionais automatizada para usuários internos e
externos. Quanto aos produtos, apenas o relatório de atividades encontra-se em
operação, enquanto que o boletim de novas aquisições e o sumário corrente de
periódicos estão desativados.
Quanto à existência formal de uma política de desenvolvimento de
coleções, embora reconhecidamente necessária, sua aplicabilidade fica
impossibilitada como um todo pelo fato de a biblioteca não ser uma unidade de
custo orçamentário, não dispondo portanto das necessárias verbas para
implementação dessa política. No entanto, há alguns critérios definidos para
aquisição do acervo:
- Prioridade dos cursos que deverão ser atendidos: cursos recém-criados;
cursos com baixa avaliação pelo MEC, no tocante à avaliação da biblioteca
como infra-estrutura avaliada no provão; cursos que serão avaliados no ano
seguinte; cursos que terão renovação reconhecida.
- Bibliografia a ser adquirida: prioridade 1 para bibliografia básica e
complementar das disciplinas, não existentes no acervo; prioridade 2 para
bibliografia básica e complementar das disciplinas existentes no acervo,
porém em número insuficiente.
49
- Sobre a existência de uma comissão de estudo para o desenvolvimento da
referida política, esta é composta pela Diretora do Sistema de Bibliotecas,
Coordenadora de Bibliotecas Setoriais, Diretora da Divisão do
Desenvolvimento do Acervo e a Bibliotecária de Referência.
- Quanto ao Comitê de Usuários para acompanhar a Comissão: vale
salientar que o mesmo existe embora, na prática, não funcione pela
dificuldade para reuni-lo.
- Relativo ao percentual orçamentário da instituição é dedicado à biblioteca:
como sabemos e já foi dito anteriormente, a biblioteca não é uma unidade
de custo.
- Política orçamentária para compra de livros e periódicos: os livros nacionais
são adquiridos com verba da Secretaria de Ensino Superior do MEC-SESU,
de periódicos estrangeiros, com verba da Coordenação de
Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior-CAPES, no caso de livros
estrangeiros e periódicos nacionais, apenas com aporte financeiro de
cursos de pós-graduação e da universidade, respectivamente.
- Sobre a existência de estudo de usuários, estudo do uso da coleção e
recursos estatísticos no processo de seleção: o último estudo de usuário,
50
data de 1995 e, desde então, apenas uma iniciativa do curso de
biblioteconomia em 2001, que apesar de não ter por objetivo o estudo do
usuário, trouxe bastante subsídio a este respeito; quanto aos demais
quesitos, a biblioteca não realiza tais estudos.
- Quanto a identificação da demanda: esta é determinada pelo software
apenas para demanda potencial uma vez que este faz uma varredura
apenas no número de alunos matriculados por disciplina.
- Sobre a proporcionalidade aplicada para cada um dos itens supra-
mencionados:
1 exemplar p/ cada grupo de 8 alunos, até 10 exemplares, no máximo;
1 exemplar + 5 p/ grupo de 12 alunos, até 18 exemplares, no máximo;
1 exemplar + 5 p/ grupo de 16 alunos, até 24 exemplares, no máximo;
1 exemplar + 5 p/ grupo de 20 alunos, até 32 exemplares, no máximo.
- Sobre a relação aluno x título x exemplares de um mesmo título: a realidade
orçamentária é quem determina este fator, onde em muitos casos compra-
se apenas três exemplares de cada título, optando-se pelo enriquecimento
do acervo com o maior número de títulos, embora diminua o número de
exemplares.
- Nota-se ainda, que não há critérios distintos para seleção de material
quanto ao suporte informacional e que os usuários não são agrupados por
51
categorias, não havendo portanto influência das mesmas no processo de
aquisição do acervo.
- Nos materiais chegados por aquisição ou permuta, utilizam-se os seguintes
critérios:
Conteúdo temático: o material deve tratar de assuntos pertinentes aos
cursos oferecidos pela UFC;
Duplicidade no acervo: observar quantidade de exemplares existentes,
bem como sua demanda, caso já existam no acervo;
Data de publicação: documentos mais atuais deverão ter prioridade,
excetuando-se os livros considerados clássicos;
Estado de conservação da obra: material deteriorado e/ou mutilado não
será incorporado ao acervo.
- Constatamos ainda, que o acervo existente não contempla as necessidades
da demanda informacional e que a biblioteca utiliza a compra, doação e
permuta para aquisição do acervo. Por se tratar de uma autarquia a UFC,
realiza toda a sua aquisição com base legal tendo em vista a estrutura
organizacional do sistema de bibliotecas, a compra e a permuta são feitas
de forma centralizada. No caso das doações, estas podem ser recebidas
52
nas bibliotecas setoriais que têm autonomia para selecionar o material
recebido, respeitado os critérios para o desenvolvimento da coleção.
- Quanto aos procedimentos relativos à aquisição de materiais estrangeiros
(livros e periódicos): os livros são comprados conf. Lei 8.666/93 e os
periódicos estrangeiros, conforme as coleções básicas dos diversos cursos,
numa análise conjunta entre a biblioteca e a pró-reitoria de pós-graduação.
- No tocante a sondagem de potenciais doadores: estas ocorrem de forma
espontânea, não havendo qualquer prospecção neste sentido, inexistindo
quaisquer procedimentos para a seleção de doadores, exceto a
necessidade das referidas doações.
- Sobre a prioridade dispensada a seleção e aquisição de materiais
informacionais eletrônicos: Não há priorização dos títulos eletrônicos, uma
vez que, para isso deveremos garantir o acesso perpétuo à coleção; sendo
necessário para tanto, equipamentos que não dispomos, além do alto custo
que o torna inviável. A CAPES adquire esses títulos para o portal e envia
verba para complementação dos títulos que não estão ali disponibilizados,
com a seguinte exigência: Os títulos adquiridos não podem ser duplicados
devido ao fato da UFC ter campi em outros municípios do estado, opta por
títulos que ofereçam também o acesso eletrônico, ficando o impresso na
biblioteca da capital.
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- No remanejamento e descarte: Os critérios mais utilizados são idade,
desgaste, desuso e duplicidade; para periódicos, à duplicidade, para
livros, além deste, idade, desgaste, etc. O descarte é realizado a partir de
avaliação feita pela comissão constituída pelo reitor e com base nas
normas e critérios estabelecidos pelo MEC através do sistema de
administração de patrimônio da IFES.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo evidencia que, embora haja a consciência da necessidade de
uma política de desenvolvimento do acervo esta não existe por uma série de
fatores explicitados no corpo desta investigação, de modo particular, na análise
dos dados que são perfeitamente visíveis nas respostas dos questionários e
outros que se observa no dia-a-dia da Instituição.
Como forma de realçá-los, distinguem-se os seguintes: a Biblioteca não
é considerada uma unidade de custo, portanto não tem verba destinada,
anualmente, para fazer face às despesas com aquisição de material
informacional e com necessidades outras, igualmente imprescindíveis. Sem
verba, é inviável toda e qualquer providência nesse sentido ficando o Sistema
de Bibliotecas a mercê apenas das verbas extra-orçamentária, doações e
permutas. Mesmo as doações de órgãos públicos têm trazido algumas
dificuldades uma vez que alguns desses como o IBGE, fazem exigências para
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a disponibilização do acervo a ser doado às bibliotecas receptoras que muitas
vezes não é possível atender. Com relação às permutas a dificuldade
relaciona-se ao fato de que por falta de recursos, muitos dos periódicos
editados pela UFC não obedecem às periodicidades estabelecidas o quê
acaba contribuindo para o descrédito dos mesmos. Quanto aos livros editados
pela editora da UFC nem sempre são enviados exemplares, nem para compor
o acervo das bibliotecas do Sistema quanto mais para fazer permuta.
A falta de integração entre o Sistema de Bibliotecas e as pró-reitorias
de Graduação e Pós-graduação, e as coordenações de cursos refletem,
também, o distanciamento da própria Reitoria e dos órgãos colegiados. Este
dito confirma-se pela não inclusão do Diretor desse sistema como membro do
CONSUNI e CEPE, embora as decisões com relação às alterações atinentes a
prestação de serviços pelas bibliotecas sejam resolvidas no CONSUNI. Torna-
se imperativo pois que o Diretor do Sistema de Bibliotecas tenha “status”
acadêmico e passe a integrar os órgãos colegiados como instâncias
responsáveis que são pelas mais relevantes e complexas decisões de cunho
acadêmico e administrativo da Universidade*.
_______________________________________
*”A biblioteca [...] universitária, seja única ou seja uma unidade de coordenação de [um] sistema de bibliotecas da universidade, deverá ocupar posição administrativa em nível mais elevado na hierarquia diretamente subordina ao Reitor ou Vice-Reitor. (LEMOS; MACEDO, 1975, p.49).
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Tendo como funções centrais o apoio ao Ensino, a Pesquisa e a
Extensão e atendimento à sociedade, em geral, esse distanciamento só
alargará o fosso existente, dificultando a rede de relações que, na prática,
deveria constituir-se como algo suficientemente dinâmico, força motriz
facilitadora do processo de acesso à informação no ambiente acadêmico.
Um outro ponto nodal das questões levantadas diz respeito à falta de
estudo de usuários e de uso das coleções, bem como à inexistência de
programas de marketing que ponham em evidência os serviços e produtos de
informação oferecidos, fundamental para a necessária visibilidade da
biblioteca junto à comunidade usuária. Isto configura-se como uma das razões
para que não compreensão da sua relevância, de modo a não permitir a
exploração adequada do acervo existente, em que pese as falhas detectadas
em termos da quantidade e qualidade de títulos e volumes, na diversidade dos
suportes oferecidos.
Com respeito aos Recursos Humanos põe-se em relevo o número
insuficiente de bibliotecários, incompatível com o desenvolvimento de toda
uma diversificada gama de atividades pretendidas pelo Sistema de
Bibliotecas.
De outro modo, a não concretização de um esforço conjunto entre
bibliotecas e os cursos da universidade, pode ser exemplificada quando ao
tentar por em prática calendários para treinamento do uso dos recursos
informacionais pelos alunos e extensivo aos professores, aquelas não obtêm
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resposta positiva ou, mesmo negativa de modo a permitir localizar os pontos
críticos e transpor as barreiras que estão a impedir a culminância desse
empreendimento e de outros.
É significativo o consenso entre os bibliotecários acerca da necessidade
de ampliação do número de títulos e exemplares de livros e periódicos e
outros suportes informacionais que atenda a uma melhor adequação do
acervo às disciplinas e linhas de pesquisa. É notável o desconhecimento do
potencial a ser explorado pelos periódicos eletrônicos e base de dados
referenciais nacionais e estrangeiros.
Não há por parte das pró-reitorias e coordenações de cursos nenhuma
atividade desenvolvida em conjunto com as bibliotecas embora essas tentem
fazer calendários de treinamento de usuários e ofereçam este serviço aos
professores.
Todas as resoluções sobre criação de cursos são tomadas pelo CEPE
e não há por esse Conselho nenhuma iniciativa quanto à verificação da
existência, ou não, de infra-estrutura de bibliotecas para atendimentos dos
mesmos.
Todas as alterações na prestação de serviços das bibliotecas são
resolvidas no CONSUNI e, lá, não há representação do Sistema.
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O número de bibliotecários insuficiente até mesmo para manter os
serviços mais elementares, inviabiliza um programa de marketing agressivo,
para mostrar o que pode ser explorado no acervo existente.
É consenso entre os bibliotecários que há necessidade de ampliação do
número de títulos e exemplares de livros e periódicos e outros suportes
informacionais e de uma adequação do acervo às disciplinas e linhas de
pesquisa.
É notável o desconhecimento do potencial a ser explorado pelos
periódicos eletrônicos e bases de dados referenciais nacionais e estrangeiros.
Portanto, este estudo sinaliza com a possibilidade de uma práxis
transformadora, real, do Sistema de Bibliotecas da UFC, podendo conformar-
se aos novos desafios impostos pelas incessantes mudanças que
caracterizam a contemporaneidade, tanto no âmbito acadêmico como fora
dele.
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PROPOSTAS PARA UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO DE ACERVO
DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFC
1 OBJETIVO GERAL
Contribuir para o planejamento dos acervos e do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará, orientando para a formação e desenvolvimento de coleções, dentro de parâmetros que se constituam como expressão viva dos objetivos da universidade
2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Criar uma comissão responsável pela tomada de decisão no que concerne à seleção, aquisição, desbastamento e avaliação de itens informacionais.
• Melhorar a qualidade do acervo, através de uma aquisição eqüitativa e seletiva.
• Compatibilizar a aquisição do material informacional com os programas curriculares e de pesquisa.
• Racionalizar o uso dos recursos financeiros disponíveis.
• Favorecer o intercâmbio de material informacional em nível interno e externo.
• Viabilizar o desbastamento de itens informacionais, com base em análise de demanda, idade de literatura de cada área, bem como outros critérios que se fizerem necessários.
• Avaliar periodicamente a política implementada visando ajustá-la à dinamicidade imposta por situações previsíveis, ou não.
• Estabelecer acordos cooperativos de modo a facilitar não só a posse de um item informacional mas, sobretudo, o seu acesso.
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3 DIRETRIZES GERAIS DA POLÍTICA
À Biblioteca Universitária, através da Divisão de Desenvolvimento do Acervo , caberá a condução dos procedimentos a serem implementados com vistas à otimização de todo o processo de formação e desenvolvimento das coleções das bibliotecas do Sistema:
Serão respeitadas as especificidades de cada biblioteca setorial no que concerne as atividades voltadas para as áreas de conhecimento em que atuam. Ou seja, as políticas gerais nortearão todo o processo, mas havendo necessidade de políticas internas para cada fase do desenvolvimento do acervo nessas bibliotecas, essas poderão ser construídas e implementadas desde que contenham, fundamentalmente:
a) análise dos pontos fortes e fracos das coleções, adequando-as ao perfil dos seus usuários;
b) análise da demanda, das coleções direcionada para: estudos de uso, de não uso e de não solicitações não atendidas, com vistas a traçar parâmetros que facilitem as tomadas de decisões no seu todo;
c) observando os itens “a” e “b” determinar uma escala de prioridades para as atividades de aquisição, conforme também os níveis do acervo.
d) detalhamento do contexto acadêmico, ressaltando as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas, isto significando conhecer o projeto pedagógico dos cursos oferecidos, os programas de pesquisa, assim como os projetos extensivos as comunidades locais.
3.1 Comunidade usuária
3.1.1 Estudo de Comunidade
O perfil da comunidade acadêmica será um parâmetro confiável para ter-se a certeza, ou não de que o Sistema de Bibliotecas atende de forma eficiente e eficaz as demandas informacionais dos seus usuários. Para tanto, deverá realizar regularmente estudos que reflitam a esse perfil. Os estudos de uso e de usuários são recursos que em muito, poderão impulsionar o planejamento e desenvolvimento do acervo.
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Integram a comunidade usuária:
a) docentes/ pesquisadores;
b) alunos (graduação e pós-graduação);
c) funcionários técnico-administrativos;
d) público em geral.
No que se refere ao item “d”, as condições de uso das coleções restringir-se-ão ao
nível local. Os demais, deverão observar seus direitos e deveres com relação à circulação dos itens informacionais
*Ao facultar o acesso ao público, em geral, a Biblioteca Universitária cumpre um dos requisitos básicos da Universidade Pública, ou seja, em condições específicas põe seus recursos informacionais a disposição da sociedade que a mantém configurando-se sob este aspecto como uma biblioteca de natureza pública também.
3.2 Comissão de Estudos para Formação e Desenvolvimento do Acervo
Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento e a manutenção do acervo são de responsabilidade da Comissão de Estudos para Formação e Desenvolvimento do Acervo, esta, deverá ter respaldo legal. Neste sentido, caberá ao Magnífico Reitor baixar portaria específica no intuito de garantir sua liberdade de ação.
Essa comissão terá como responsabilidade maior, promover o equilíbrio e a consistência do acervo informacional com vistas a satisfação das necessidades da comunidade acadêmica, utilizando-se, para tanto, dos instrumentos apropriados a essa finalidade.
______________________________
* Art. 18 Com a finalidade de controlar os bens patrimoniais das bibliotecas públicas, o livro não é considerado material permanente.
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Componenetes:
• Diretor do Sistema de Bibliotecas da UFC.
• Diretor da Divisão de Desenvolvimento do Acervo.
• Diretores de cada Subsistema de bibliotecas .
• Representantes do corpo docente (professor/pesquisador)do Departamento de Ciências da Informação e 1 (um) representante de cada grande área do conhecimento.
• Representantes do corpo discente 1 (um), de cada grande área do conhecimento.
4 FORMAÇÃO DO ACERVO
4.1 Níveis de Abrangência
O acervo deverá servir de apoio às atividades de ensino pesquisa e extensão, conotando uma forte característica interdisciplinar e contendo todo o tipo de material informativo independente do seu suporte físico. Lembrando que, por força das novas tecnologias da informação e comunicação, o acesso à informação tornou-se tão importante quanto a sua posse.
As coleções das bibliotecas da UFC situam-se em diferentes níveis de desenvolvimento variando do didático/básico ao de pesquisa.
Situam-se no nível didático/básico as coleções formada pela bibliografia básica e complementar recomendada pelas diversas disciplinas, obras consideradas clássicas, periódicos representativos de cada área, instrumentos de referência tais como: dicionários, enciclopédias, guias, bibliografias, índices, abstracts e outros.
No nível de pesquisa, há um número maior de monografias especializadas, obras de referências fundamentais para a Área, periódicos específicos, relatórios de pesquisa, resultado de experimentos científicos em nível de. pós-graduação e pesquisas em geral, obras consideradas clássicas ou consagradas dentro das áreas cobertas pela biblioteca.
Em termos de coleções especiais são de interesse para a UFC as seguintes coleções:
a) obras raras, preciosas e de arte que contribuam para o patrimônio cultural da comunidade acadêmica;
b) textos sobre o Ceará, inclusive literatura de cordel;
c) dissertações e teses apresentadas e defendidas na UFC;
d) trabalhos elaborados e/ou editados pela editora da UFC;
e) publicações editadas pelas Edições UFC e Imprensa Universitária.
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4.2 Seleção
Dentre as distintas etapas do processo de formação e desenvolvimento de coleções, a seleção é uma das que exigem maior envolvimento da comissão responsável para tanto. Suas atribuições nesse momento dizem respeito a elaboração dos critérios específicos que contemplem estudos de desenvolvimento do acervo e sua reavaliação periódica.
Destacam-se alguns critérios a nortearem a escolha de livros, folhetos, periódicos e materiais especiais(convencionais e eletrônicos) dentro de um programa anual de aquisição.
livros e folhetos:
• importância do assunto observando-se as áreas de interesse da biblioteca;
• valor efêmero ou permanente;
• escassez de material sobre o assunto;
• língua do texto;
• autoridade do autor ou corpo editorial;
• demanda;
• atualidade da obra;
• citação em obras de referência;
• conveniência do formato e compatibilização com equipamentos existentes;
• disponibilidade em outras bibliotecas;
• quantidade de exemplares necessários;
• áreas de abrangência do título;
• qualidade visual e auditiva de materiais especiais;
• qualidade de conservação no que tange ao material especial.
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periódicos
• áreas de cobertura de interesse da biblioteca e dos programas acadêmicos em geral;
• área de abrangência do novo título;
• citação em obras de referência;
• autoridade do editor e do corpo editorial;
• disponibilidade em outras bibliotecas;
• estudo de uso;
• custo da assinatura;
• fator de impacto do título.
materiais especiais
• Importância do material bibliográfico para a biblioteca e para os programas acadêmicos;
• escassez de material sobre o assunto a que se refere à coleção;
• autoridade do autor e do editor;
• citações em fontes de referência;
• qualidade visual e auditiva;
• disponibilidade nas bibliotecas do Sistema;
• número de exemplares necessários em função do uso;
• falhas nas coleções ou exemplares extraviados;
• duplicatas de material já existente mas necessários;
• traduções importantes;
• obras raras ou especiais;
• primeiras edições;
• prefácios, introduções e/ou ilustrações dignos de atenção;
• anotações ou dedicatórias de notáveis;
• valor histórico para a Instituição;
• estado de conservação do material.
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Fontes de seleção
Os instrumentos utilizados para a atividade de seleção de material informacional são os seguintes:
• bibliografias, índices e resumos especializados;
• guias e manuais de referências, gerais e especializados;
• resenhas bibliográficas ou recensões publicadas em periódicos;
• bibliografias recomendadas nas diversas disciplinas;
• bancos de sugestões de professores;
• catálogos de editoras, livrarias e associações profissionais.
Aquisição
As diretrizes que orientarão a aquisição, de itens informacionais, tradicionalmente, a compra, a doação e a permuta, deverão incluir, especificamente, para aquisição por compra, mecanismos que assegurem o direito de inclusão do Sistema de bibliotecas no orçamento geral da Universidade, com rubrica específica para tanto. O percentual a ser proposto pela Comissão de Estudos para Formação e Desenvolvimento de Coleções, deverá ser submetido à apreciação da administração Superior da Universidade, via órgão colegiado do qual faça parte o Diretor do Sistema.
Sob esse aspecto reporta-se à Lei N0 10.753, de 31 de outubro de 2003 que institui “ Política Nacional do Livro –Cap. V – Disposições Gerais - *Art. 18 o qual pode aplicar-se, no que concerne ao controle dos bens patrimoniais”, às universidades, porquanto essas integram o Sistema Federal de Educação Superior, através do Ministério da Educação, órgão do Poder Executivo.
A aquisição realizar-se-á de modo centralizado usando a racionalização dos recursos disponíveis e deverá obedecer aos seguintes critérios:
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4.4.1 Compra
• aquisição da literatura considerada básica e complementar, priorizando áreas de estudos concernentes ao currículo acadêmico e as linhas de pesquisa, estes como expressões vivas do projeto pedagógico de cada curso;
• áreas cujos cursos estejam sob avaliação, processos de credenciamento, recredenciamento e reconhecimento pelo MEC, bem como introdução de novas disciplinas em face de alterações ocorridas nos currículos dos cursos;
• Duplicação de títulos e exemplares observando o padrão proposto neste trabalho (vide pág. 48) bem como em função do uso;
• A busca de imparcialidade no exame de obras sugeridas com o fito de evitar aquisição movida por interesses pessoais;
Para efetivar a aquisição deverão ser seguidos os seguintes passos:
• Verificação dos recursos orçamentários e extra-orçamentários disponíveis;
• Elaboração de lista prévia obedecendo a prioridades e critérios já definidos.
No caso de periódicos eletrônicos, a aquisição deve ser feita de forma compartilhada, uma vez que assim reduz-se o custo e propicia-se a utilização dos mesmos através das redes de computadores. Para a garantia de acesso do que já foi assinado eletronicamente deve-se colocar no contrato o acesso perpétuo ou a cópia em meio magnético.
Dada as atuais possibilidades de aquisição de periódicos eletrônicos e de comutação bibliográfica on-line, é recomendável a não duplicação de assinaturas de periódicos.
____________
*Art. 17 – A inserção de rubrica orçamentária pelo poder executivo para financiamento da modernização e expansão do sistema bibliotecário e de programas de incentivo à leitura será feita por meio do Fundo Nacional de Cultura .
Programas Cooperativos
O Sistema de Bibliotecas da UFC, manterá convênios e programas cooperativos, consórcios e outros com instituições congêneres, instituições de pesquisas entre outras, em nível nacional e internacional, como forma de racionalizar a aplicação dos recursos financeiros e compartilhar o uso dos recursos informacionais dessa instituições.
4.4.2 Permuta
A permuta deverá seguir os mesmos critérios da seleção.
A permuta com publicações da Universidade deve ser incentivada objetivando,também a aquisição de:
• material não disponível comercialmente.
• material de interesse para o Sistema, cuja permuta apresenta-se economicamente vantajosa.
• divulgação da produção científica e literária da UFC, em outras instituições universitárias e/ou,voltadas para produção de ciência e tecnologia
A permuta de obras duplicadas, recebidas em doação, retiradas do acervo e/ou sem interesse para a biblioteca, deverá ser disponibilizada em lista de duplicatas no site da biblioteca na Internet para que as instituições interessadas possam se cadastrar, entrar em contato e solicitar o material desejado.
4.4.3 Doação
Doações solicitadas pelas bibliotecas:
Critérios:
• Exigência de seleção prévia para obtenção de itens informacionais que, realmente, signifiquem um acréscimo de qualidade para o conjunto do Acervo.
• Solicitação de literatura cinzenta dados sua relevância e características principais:não comercializável, tiragem restrita, produção nos âmbitos acadêmicos, governamental, industrial e comercial.
Ressaltam-se nesses grupos: dissertações, tese,”preprints”, literatura oriunda de eventos científicos, dentre outras.
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Doações oferecidas às biblioteca:
• Materiais recebidos como doações, sem solicitação antecipada, serão submetidos aos critérios de seleção desta política.
• As doações espontâneas de um número representativo de itens deverão ser precedidas de listagem ou prévia seleção, feita pelos bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UFC.
• O doador deverá ser notificado que o material poderá ser, ou não, incorporado dependendo do interesse da biblioteca que o recebeu. As obras que não interessarem serão oferecidas a outras instituições através da lista de duplicatas.
• Serão rejeitadas doações que possuam exigências adicionais, por parte dos doadores para sua incorporação ao acervo.
Lista de duplicatas
A permuta de obras duplicadas, recebidas por doação, retiradas do acervo e/ou sem interesse para a Biblioteca, deverá ser disponibilizada em lista de duplicatas no site dessa na Internet para que as instituições interessadas possam se cadastrar, entrar em contato e solicitar o material desejado.
Desbastamento
Para manter as coleções adequadas, o Sistema de Bibliotecas deve realizar periodicamente, de acordo com a legislação vigente, o descarte ou remanejamento do material informacional considerado:
• Em desuso.
• Excedente.
• Danificado.
• Obsoleto.
• Inadequado.
• De divulgação e interesse temporários.
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5 AVALIAÇÃO DO ACERVO
As coleções que compõem o acervo das diversas bibliotecas do Sistema, periodicamente, terão que ser submetidas a uma avaliação acurada com o fito de detectar novos pontos fortes e fracos do acervo, falhas nas coleções por questões de obsolescência, extravios, danificação sem possibilidade de recuperação. Acrescenta-se a isto, os níveis de demanda nas áreas do conhecimento constantes do acervo.
Outros pontos relevantes são considerados nessa etapa, a saber :
a) Observação sobre demandas não atendidas;
b) Estatísticas de circulação do material informacional nos níveis local e domiciliar;
c) Contato com professores, alunos e funcionários de modo a permitir uma orientação segura acerca dos níveis de satisfação da comunidade acadêmica.
Essa avaliação, utilizando-se do recurso do inventário, deverá ser executada no final de ano de modo a permitir o acompanhamento sistemático de todas as etapas constantes da Política.
6 REVISÃO DE POLÍTICA
A cada 2 (dois) anos, a política de desenvolvimento do acervo, deverá ser revisada com a finalidade de garantir a sua adequação aos objetivos da Biblioteca e os da própria universidade, bem como aos interesses da comunidade acadêmica.
7 ALOCAÇÃO DE RECURSOS
7.1 Orçamentários e Extra-orçamentários
Os recursos serão alocados, prioritariamente, naquelas áreas cuja cobertura ou número de títulos e exemplares sejam insuficientes, identificados a partir de estudos feitos através de coletas de dados estatísticos, relatórios e avaliação de coleções, devendo corresponder a do orçamento geral da Universidade.
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Recomenda-se que as bibliotecas busquem também, recursos extra-orçamentários para ampliação e atualização do acervo, através da elaboração de projetos específicos, onde será ressaltada cada tipo de necessidade.
A compra do material informacional deverá ocorrer de acordo com a Lei 8666/93 e alterações posteriores informacional.
Os recursos financeiros oriundos de agências financiadoras, sejam elas estaduais, federais ou empresas de capital privado, recebidos pelas unidades informacionais setoriais devem ser comunicadas à biblioteca Universitária qual irá orientar e adequar tais recursos à política de desenvolvimento de acervos, em acordo co a Comissão de Estudos para Formação e Desenvolvimento do Acervo.
8 PROJETO DE MARKETING
Um projeto de marketing, em principio, viria contribuir para o planejamento do acervo sob os seguintes aspectos:
� Definição de parâmetros com o intuito de fazer prospecção das necessidades da comunidade acadêmica;
� Divulgação dos serviços prestados pelo Sistema de Bibliotecas;
� Criação de novos produtos e serviços baseados nas demandas informacionais dos usuários.
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