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Riscos Ambientais. Consideram-se “riscos ambientais” os agentes químicos, físicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que são capazes de causar danos à saúde do trabalhador, de acordo com a NR-9 da Portaria 3214/78 . Na realidade, além destes três agentes previstos na legislação, devem ser ainda acrescentados os riscos de acidentes e os denominados riscos ergonômicos. Os “riscos de acidentes” incluem todas aquelas situações de risco que podem propiciar ou facilitar a ocorrência de um acidente de trabalho, tais como arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, riscos de choques elétricos, probabilidade de incêndio ou explosão, entre outros. Os “riscos ergonômicos” , por sua vez, são aquelas situações que podem concorrer para o aparecimento das lesões por esforços repetitivos (LER/DORT) e envolvem os aspectos relacionados à organização do trabalho, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e ao levantamento, transporte e descarga de materiais. Riscos Químicos. Os agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores) ou que possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Após penetrar no organismo, os agentes químicos podem provocar uma variedade de efeitos tóxicos, incluindo efeitos imediatos (agudos) ou os efeitos a longo prazo (crônicos). Os produtos químicos tóxicos podem também produzir tanto efeitos locais e como efeitos gerais (sistêmicos), dependendo da natureza do produto químico e da via de exposição, conforme explicitado no quadro abaixo. São considerados insalubres, independente de avaliação quantitativa, as atividades ou operações com arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos, agrotóxicos organoclorados, mercúrio, silicatos e substâncias cancerígenas, conforme o Anexo Nº 11 da NR-15 . Entretanto, as atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos aos demais produtos químicos, em concentrações acima dos limites de tolerância, dependem de avaliação quantitativa para serem consideradas insalubres. EFEITOS TÓXICOS CAUSADOS PELOS PRODUTOS QUÍMICOS. Característica tóxica Parte do corpo afetada Tempo de aparecimento Efeitos Exemplos Irritante ou corrosivo Qualquer uma, mas geralmente os olhos, os pulmões e a pele Alguns minutos a vários dias Inflamação, queimaduras e bolhas na área exposta. Cura com freqüência depois da exposição aguda. A exposição Amoníaco, ácido sulfúrico, óxido de nitrogênio, soda cáustica ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail: [email protected] / site: www.roperbras.com.br

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Riscos Ambientais.

Consideram-se “riscos ambientais” os agentes químicos, físicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que são capazes de causar danos à saúde do trabalhador, de acordo com a NR-9 da Portaria 3214/78 . Na realidade, além destes três agentes previstos na legislação, devem ser ainda acrescentados os riscos de acidentes e os denominados riscos ergonômicos.

Os “riscos de acidentes” incluem todas aquelas situações de risco que podem propiciar ou facilitar a ocorrência de um acidente de trabalho, tais como arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, riscos de choques elétricos, probabilidade de incêndio ou explosão, entre outros.

Os “riscos ergonômicos”, por sua vez, são aquelas situações que podem concorrer para o aparecimento das lesões por esforços repetitivos (LER/DORT) e envolvem os aspectos relacionados à organização do trabalho, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e ao levantamento, transporte e descarga de materiais. Riscos Químicos.

Os agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores) ou que possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Após penetrar no organismo, os agentes químicos podem provocar uma variedade de efeitos tóxicos, incluindo efeitos imediatos (agudos) ou os efeitos a longo prazo (crônicos). Os produtos químicos tóxicos podem também produzir tanto efeitos locais e como efeitos gerais (sistêmicos), dependendo da natureza do produto químico e da via de exposição, conforme explicitado no quadro abaixo.

São considerados insalubres, independente de avaliação quantitativa, as atividades ou operações com arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos, agrotóxicos organoclorados, mercúrio, silicatos e substâncias cancerígenas, conforme o Anexo Nº 11 da NR-15 . Entretanto, as atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos aos demais produtos químicos, em concentrações acima dos limites de tolerância, dependem de avaliação quantitativa para serem consideradas insalubres.

EFEITOS TÓXICOS CAUSADOS PELOS PRODUTOS QUÍMICOS.

Característica tóxica

Parte do corpo afetada

Tempo de aparecimento

Efeitos Exemplos

Irritante ou corrosivo

Qualquer uma, mas geralmente os olhos, os pulmões e a pele

Alguns minutos a vários dias

Inflamação, queimaduras e bolhas na área exposta. Cura com freqüência depois da exposição aguda. A exposição

Amoníaco, ácido sulfúrico, óxido de nitrogênio, soda cáustica

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crônica pode levar a dano permanente.

Fibrogênico Geralmente pulmões

Anos Perda gradual e acumulativa da função pulmonar que conduz a incapacidade e a morte se há exposição crônica.

Poeira de bauxita, asbesto, bagaços

Alérgico Qualquer uma, mas com freqüência os pulmões e a pele

Dias até anos Nos pulmões pode conduzir a asma crônica. Na pele pode produzir dermatite ocupacional.

Tolueno, di-isocianato (TDI), endurecedores da amina para as resinas de epoxy.

Dermatite Pele Dias até anos

Inflamação e erupções na pele.

Ácidos fortes, álcalis, detergentes, tetracloreto de carbono, cimento, tricloroetileno.

Carcinogênico Qualquer órgão, mas com freqüência os pulmões e a bexiga

10 a 40 anos Câncer no órgão ou tecido afetado. Este pode causar em última instância morte prematura.

2-Naftilamina, certos alquitranes e óleos, benzidina, asbesto

Tóxicos proto-plasmáticos

Qualquer órgão, mas com freqüência o fígado, o cérebro e os rins

Alguns minutos a muitos anos

Morte de células em órgão vitais com perdas funcionais importantes. Pode causar em última instância morte .

Tetracloreto de carbono, monóxido de carbono, fósforo, mercúrio, cádmio, cianeto de hidrogênio.

Asfixiantes Pulmões Minutos Os gases substituem o conteúdo em oxigênio normal do ar

Acetileno, monóxido de carbono, cianetos

Fonte: Enciclopédia OIT

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Riscos Físicos.

Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes e não ionizantes, o infra-som e o ultra-som. Ruído.

O ruído constitui-se, hoje, num dos agentes nocivos à saúde mais presente nos ambientes de trabalho, acometendo milhares de trabalhadores das mais variadas atividades produtivas. A maior exposição ocupacional ocorre nos setores metalúrgico, mecânico, gráfico, têxtil, químico-petroquímico, alimentos, bebidas e de transportes.

Os efeitos da exposição do ruído no aparelho auditivo humano são razoavelmente bem conhecidos e decorrem de lesões das células sensoriais do órgão de Corti do ouvido interno. Essa lesão é, em geral, bilateral e tem evolução insidiosa (10-15 anos), com perdas auditivas progressivas e irreversíveis, diretamente relacionadas com o tempo de exposição e com os níveis de pressão sonora. Além da perda auditiva podem ocorrer zumbidos e outros comprometimentos orgânicos, tais como estresse, distúrbios da atenção, do sono e do humor, alterações transitórias na pressão arterial, distúrbios gástricos, entre outros.

Na avaliação ambiental do ruído (mapeamento de área) utiliza-se um medidor portátil de nível de pressão sonora (decibelímetro), calibrado de acordo com as especificações das normas internacionais (ANSI-IEC), sendo que as medições devem ser realizadas por profissionais habilitados e em condições operacionais normais, ou habituais, juntamente à zona auditiva do trabalhador.

Na avaliação da exposição (monitoramento de ruído) utiliza-se um dosímetro com critério de 85 dB(A) como limite de tolerância para 8 horas de trabalho. A caracterização da exposição deve ser realizada de maneira individual, buscando definir a dose de ruído recebida por cada um dos trabalhadores do ambiente. Em certas situações, é indicado a utilização da metodologia de “Grupos Homogêneos de Exposição” (AIHA).

De acordo com a legislação em vigor, os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados nos Anexos Nº 1 e 2 da NR-15 da Portaria 3214/78 , sendo que 85 dB é a máxima exposição permissível para uma jornada de trabalho de 8 horas. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante, são recomendados níveis de ruído de até 65 dB(A).

Quando no mapeamento de área forem encontrados valores acima de 90 dB(A) e se comprovado exposição ocupacional, é recomendável a avaliação dos níveis de pressão seletivo por freqüência. Vibração.

A vibração é caracterizada pela oscilação de um corpo sólido em torno de uma posição de referência. O homem percebe vibrações compreendidas entre uma fração

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do hertz (Hz) e 1.000 Hz. Os efeitos das vibrações sobre o corpo humano diferem segundo a freqüência da vibração e segundo a parte do corpo afetada.

No ambiente industrial é freqüente a ocorrência simultânea de ruído e vibrações. Contudo, estes dois agentes podem causar efeitos diferenciados sobre o corpo do trabalhador. Enquanto o ruído desenvolve sua ação sobre o aparelho auditivo, as vibrações afetam zonas mais extensas do corpo, inclusive a sua totalidade.

As vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos parciais. As conseqüências das vibrações no corpo humano dependem basicamente de quatro fatores: pontos de aplicação no corpo, freqüência das oscilações, aceleração das oscilações e duração da ação.

A repetição diária das exposições a vibrações no local de trabalho pode levar a agravos à saúde do trabalhador, sendo que o tipo de agravo é diferente para as diversas partes do corpo mais sujeitas às vibrações:

Oscilações verticais , que penetram no corpo que está sentado ou de pé sobre bases vibratórias (Ex: veículos, plataformas de trabalho), levam preferencialmente à manifestações de desgaste na coluna vertebral tais como hérnias e lombalgias. No caso de freqüências muito baixas (inferiores a 1 Hz), o mecanismo de ação das vibrações centra-se nas variações de aceleração provocadas no aparelho vestibular do ouvido, provocando o “mal dos transportes” que se manifesta por náuseas e por vômitos. Já, as vibrações de baixas e médias freqüências (de alguns Hertz a algumas dezenas de Hertz) podem gerar patologias diversas ao nível da coluna vertebral, do aparelho digestivo, da visão, da função respiratória, da função cardiovascular, além de inibição de reflexos;

Oscilações de ferramentas, em geral motorizadas (Ex: moto-serras, martelos pneumáticos), provocam lesões nas mão e braços do trabalhador, como a Doença de Raynaud (“dedos mortos”), entre outras. Os trabalhadores mais atingidos são os trabalhadores dos setores de mineração, extração de madeiras e construção civil. I - ATIVIDADES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO LOCALIZADA

ATIVIDADE FERRAMENTAS

Construção civil Martelos (demolidor, perfurador, rompedor), calcador, furadeira, serra mármore, pistolas (prego, grampos)

Indústria metalúrgica

Martelos (rebitador, rebarbador), esmerilhadeira, politriz, lixadeira, tesouras (faca, punção), parafusadeira de impacto

Carpintaria e marcenaria

Serras (tico-tico, circular manual), tupia manual

Indústria madeireira

Motoserra

Diversos Motocicleta, canetas odontológicas de alta rotação

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II - ATIVIDADES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO

Construção civil Motoniveladoras, pás carregadeiras, tratores de esteira

Indústria do transporte

Caminhões, ônibus, veículos em geral, motocicletas, trens, metrô,

Equipamentos industrias

Empilhadeiras, ponte-rolante

Máquinas agrícolas Tratores, colheitadeiras

Diversos Embarcações, helicópteros, veículos utilizados em mineração

Na avaliação das vibrações devem ser adotados os critérios da ISO - Organização Internacional para a Normalização , sendo que o procedimento genérico é similar à avaliação do ruído ambiental. Os instrumentos mais utilizados para a medição das vibrações são os acelerômetros e os analisadores de freqüência. É importante medir a aceleração em função das freqüências, considerar a exposição diária a que os trabalhadores estão expostos e comparar os valores ponderados com os estabelecidos pelas normas e/ou outros estudos científicos.

O controle das vibrações pode ser obtido através de três processos básicos: redução das vibrações na origem, diminuição da transmissão de energia mecânica a superfícies potencialmente irradiantes e redução da amplitude de vibração das superfícies irradiantes. A prioridade de intervenção deve ser a redução na emissão da vibração na fonte. A transmissão da vibração, por sua vez, pode ser atenuada por técnicas de isolamento e de amortecimento. No caso das ferramentas motorizadas, a manutenção preventiva é um método importante no controle da vibração.

Se as providências anteriores não forem suficientes, recomenda-se proteger individualmente o trabalhador com certos equipamentos que podem ajudar a absorver as vibrações, como botas e luvas anti-vibração.

Pressões Anormais. - Trabalhos sob Condições Hiperbáricas (sob ar comprimido ou trabalhos submersos).

A atmosfera contém habitualmente cerca de 20% de oxigênio, sendo que o organismo humano está adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma pressão em torno de 160mmHg ao nível do mar. A esta pressão, a molécula que transporta o oxigênio aos tecidos, a hemoglobina, encontra-se praticamente saturada (98%). Assim, a medida que aumenta a pressão, uma quantidade significativa de oxigênio não é consumida e entra em solução física no plasma sanguíneo. Se essa exposição se prolonga pode produzir, a longo prazo, uma intoxicação pelo oxigênio.

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Os seres humanos, na superfície terrestre, podem respirar 100% de oxigênio de forma contínua durante 24-36 horas sem nenhum risco. Após esse período, sobrevém a intoxicação pelo oxigênio (efeito de Lorrain-Smith). Os sintomas de toxicidade pulmonar são principalmente a dor no tórax (retroesternal) e a tosse seca e não produtiva. O estudo radiológico do tórax mostra atelectasias, em casos de exposição prolongada, microhemorragia, e finalmente fibrose pulmonar irreversível.

Convém ressaltar que a pressões superiores a 2 (duas) atmosferas, o oxigênio produz toxicidade cerebral, podendo provocar convulsões. A susceptibilidade a convulsão varia consideravelmente de um indivíduo para outro. A administração de anticonvulsivantes pode evitar as convulsões por oxigênio mas não reduz a lesão cerebral ou da medula espinhal.

Nos trabalhos sob condições hiperbáricas é exigido cuidadosa compressão e descompressão, de acordo com as tabelas do Anexo nº 6 da NR-15 da Portaria 3214/78 . Como é possível a ocorrência de necrose óssea asséptica, especialmente nos ossos longos, o Quadro II da NR-7 da Portaria 3214/78 estabelece, para esses trabalhadores, a obrigatoriedade da realização de radiografias de articulações coxo-femurais e escápulo-umerais, por ocasião do exame admissional e posteriormente a cada ano.

Os trabalhadores deverão ter mais de 18 (dezoito) e menos de 45 (quarenta e cinco) anos de idade. Antes de cada jornada de trabalho, os trabalhadores deverão ser inspecionados pelo médico, sendo que o trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas. A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 (oito) horas, em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm², a 6 (seis) horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm², e a 4 (quatro) horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm². Cumpre observar que nenhum trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm². Após a descompressão, os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por 2 (duas) horas, no local de trabalho, cumprindo um período de observação médica. - Trabalhos sob Condições de Baixa Pressão (em grandes altitudes).

Nos trabalhos em grandes altitudes, como no caso dos aeronautas, a medida que se ganha altura sobre o nível do mar a pressão total do ar ambiental e a concentração de oxigênio vão diminuindo gradualmente. O efeito é um menor aporte de oxigênio aos tecidos do corpo humano (hipóxia), sendo que o organismo, em resposta, adota medidas compensatórias de adaptação fisiológica (“aclimatação”), especialmente o aumento da freqüência respiratória. A tolerância à altura varia de um indivíduo para outro e, em geral, a adaptação deve melhorar após 2 a 3 dias de exposição. Todavia, a hipóxia grave pode exercer diversos efeitos nocivos para o organismo humano. O órgão mais sensível à falta de oxigenação é o cérebro e os sintomas mais comuns são a irritabilidade, a diminuição da capacidade motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemorragias na retina e, nos casos mais graves, edema cerebral e edema agudo do pulmão. Temperaturas Extremas. Calor.

Os mecanismos de regulação calórica interna do corpo humano tratam de manter no corpo uma temperatura constante de 37°C. Dessa forma, é normal que o corpo perca

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constantemente calor através dos pulmões e da pele. No caso de exposição ao calor ambiental excessivo, o organismo produz mais calor e utiliza esses mecanismos de regulação para perder mais calor e manter constante a sua temperatura. Em primeiro lugar, se produz dilatação dos vasos sanguíneos da pele e dos tecido subcutâneos e se desvia parte importante do fluxo sanguíneo para essas regiões superficiais. Há um aumento concomitante do volume sanguíneo circulante devido a contração do baço e diluição do sangue circulante com líquidos extraídos de outros tecidos. Esses ajustes circulatórios favorecem o transporte de calor do centro do organismo até a superfície. Simultaneamente, se ativam as glândulas sudoríporas, derramando líquido sobre a pele para eliminar calor por evaporação.

A exposição prolongada ao calor excessivo pode causar um aumento da irritabilidade, fraqueza, depressão, ansiedade e incapacidade para concentrar-se. Nos casos mais graves, pode ocorrer alterações físicas tais como desidratação, erupção por calor (vesículas roxas na área afetada da pele), câimbras por calor (espasmos e dor nos músculos do abdômen e das extremidades), esgotamento por calor (palidez, fraqueza e sudorese profusa, com pele fria e úmida) e síncope por calor (dor de cabeça, náuseas, pele seca e quente, confusão, colapso, delírio e coma).

As ocupações com maior risco de exposição ao calor incluem os cozinheiros, padeiros, fundidores de metais, fabricantes de vidros, mineiros, entre outros. No caso de exposição excessiva ao calor, os limites são aqueles constantes do Anexo nº 3 da NR-15 da Portaria 3214/78. Em geral, é necessário a implementação de procedimentos para uma adequada re-hidratação e reposição salina. Frio.

Quando o corpo está exposto ao frio ocorre o oposto do que ocorre em situações de calor excessivo. Os vasos sanguíneos periféricos (pele e extremidades) se contraem para reduzir a perda de calor no ambiente, o que resulta numa queda brusca da temperatura da pele.

Quando há congelamento dos tecidos, em torno da temperatura de –1°C, ocorre alteração da estrutura celular e necrose dos tecidos. O primeiro sinal de lesão por frio é uma sensação aguda de pontada, adormecimento e anestesia dos tecidos atingidos. A necrose por frio pode produzir desde uma lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia transitória, até o congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose, cianose profunda e gangrena.

As ocupações com maior risco de exposição ao frio são os trabalhadores em câmaras frigoríficas, à céu aberto no clima frio, nos serviços de refrigeração, entre outros. Radiações Ionizantes .

Radiação é toda energia que se propaga em forma de onda através do espaço. Neste conceito de radiação se inclui a luz visível, a infravermelha, a ultravioleta, as ondas de rádio e televisão, o infra-som, o ultra-som, a eletricidade e os raios X.

Radiação ionizante, por sua vez, é a radiação eletromagnética com energia suficiente para provocar mudanças nos átomos em que incide (ionização), como é o caso dos raios X, dos raios alfa, beta e gama, e dos materiais radioativos.

Os efeitos biológicos da radiação ionizante ocorrem quando a radiação transfere energia para as moléculas das células dos tecidos expostos. Como resultado desta interação, as

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funções das células podem deteriorar-se de forma transitória ou permanente e ocasionar inclusive a morte das mesmas. A gravidade da lesão vai depender do tipo de radiação, da dose absorvida, da velocidade de absorção e da sensibilidade do tecido em relação à radiação. Os órgãos mais sensíveis são aqueles envolvidos com a formação do sangue e o sistema gastrintestinal.

Doses altas de radiação sobre o organismo humano (corpo inteiro) podem provocar a morte em poucos minutos, possivelmente em decorrência da destruição de macromoléculas e de estruturas celulares indispensáveis à manutenção de processos vitais.

Doses da ordem de 100 Gray (Gy) produzem falência do sistema nervoso central, provocando desorientação espaço-temporal, perda de coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de coma e, finalmente, morte, que ocorre algumas horas após a exposição.

Quando a dose absorvida numa exposição de corpo inteiro é de dezena de Gray, observa-se síndrome gastrintestinal, caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite, diarréia intensa e apatia. Em seguida surgem desidratação, perda de peso e infecções graves, sendo que a morte ocorre poucos dias mais tarde.

Doses da ordem de alguns Gray acarretam a síndrome hematopoiética, decorrente da inativação das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsáveis pela produção dessas células ( a medula óssea). Já, a exposição de áreas específicas produzem danos locais e imediatos nos tecidos. Os vasos sanguíneos das zonas expostas são lesados, alterando as funções dos órgãos, podendo levar a necrose e gangrena. Como conseqüências secundárias aparecem mudanças degenerativas nas células, sendo que o efeito retardado mais importante é o aumento da incidência de leucemia e de câncer, especialmente de pele, tireóide, pulmão e mama.

De acordo com a legislação específica em vigor, o Anexo 5 da NR-15 da Portaria 3214/78, nas atividades onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01: “Diretrizes Básicas de Radioproteção”. Radiações Não Ionizantes. A radiação não ionizante engloba toda a radiação e os campos do espectro eletromagnético que não tem energia suficiente para ionizar a matéria. A linha divisória entre as radiações ionizantes (altas freqüências) e as radiações não ionizantes (baixas freqüências) é a freqüência da luz solar (luz visível). No espectro eletromagnético, abaixo da luz visível está a radiação infravermelha. Mais abaixo se encontra uma ampla variedade de radiofreqüências (microondas, radio celular, televisão, rádio FM e AM, ondas curtas) e, no extremo inferior, os campos com freqüência de rede elétrica, conforme ilustração abaixo.

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- Radiação Ultravioleta.

Presente na luz solar, na maioria das lâmpadas e na solda a arco. A radiação ultravioleta da luz solar é essencial para a síntese de vitamina D na pele e em outros aspectos fisiológicos da vida humana. Entretanto, pode ocasionar uma variedade de efeitos patológicos, como queimaduras, mudanças de pigmentação da pele, alterações imunológicas e neoplasias.

A exposição excessiva é mais prejudicial para os olhos e para a pele, onde provoca uma série de alterações estruturais na epiderme, na junção dermo-epidérmica e na derme. Nos olhos, a maior parte da radiação é absorvida pela córnea, conjuntiva e cristalino, provocando inflamações (queratite e conjuntivite), que aparecem poucas horas após uma exposição excessiva e normalmente regridem em um a dois dias. Entretanto, a exposição prolongada pode contribuir para a formação de cataratas. Na pele, a radiação UV pode provocar desde o eritema (“queimadura solar”) até o aumento da incidência de câncer. Estudos epidemiológicos tem apontado o aumento da incidência de câncer de pele (epiteliomas e melanomas) entre trabalhadores expostos à solda elétrica e à luz solar, por longos períodos de tempo.

A exposição ocupacional mais importante ocorre entre os soldadores e entre os trabalhadores que atuam na intempérie, como os trabalhadores rurais, os pescadores, os marinheiros, os trabalhadores em salinas, os operários da construção civil, entre outros.

Entre as medidas de proteção coletiva, as prioridades são o isolamento da fonte através de anteparos adequados e a adoção de um maior distanciamento entre a fonte e o operador. Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se a utilização de óculos de

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proteção com lente verde-escura, de protetores faciais e de vestimenta de material incombustível. Para os trabalhadores rurais, é recomendável o uso de chapéu de palha de aba larga e camisas claras de manga comprida. - Radiação Infravermelha.

Presente na luz solar, nas lâmpadas de filamento de tungstênio e em numerosos processos industriais que utilizam fontes de calor, como os padeiros, sopradores de vidro, operários de altos fornos, trabalhadores de fundição e metalurgia, bombeiros, entre outros.

Da mesma forma que a radiação ultravioleta, a infravermelha é mais prejudicial para a pele e para os olhos. Na pele, pode provocar queimaduras. Podem ocorrer queimaduras de pálpebras e da córnea. Nos olhos, contudo, devido a transparência dos meios oculares, as lesões são mais graves pois, além de provocar cataratas, a radiação infravermelha afeta mais a retina.

Entre as medidas de proteção coletiva, as prioridades são o isolamento da fonte através de anteparos adequados e a adoção de um maior distanciamento entre a fonte e o operador. Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o uso de óculos escuros com lente de absorção, além de vestimenta de material incombustível. - Campos de radiofreqüência e microondas .

A radiação de radiofreqüência é encontrada em aplicações muito conhecidas, tais como as emissões de rádio e televisão, comunicações (telefonia fixa e móvel, radiocomunicação), radar, entre outros. A exposição pode provocar aquecimento dos tecidos do organismo, levando a queimaduras, parestesias (“formigamentos”), alterações da sensibilidade de mãos e dedos, irritação ocular, aquecimento e mal estar nas pernas, convulsões, cataratas e esterilidade masculina.

Entre as medidas de proteção coletiva, recomenda-se o enclausuramento da fonte através de anteparos metálicos, o afastamento da fonte e a proteção do operador. Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o uso de óculos com lentes de vidro impregnado de óxido de estanho, capacetes metálicos e aventais telados.

Na telefonia celular, a emissão de radiação eletromagnética ocorre nos dois componentes do sistema, isto é, tanto no uso dos telefones celulares como junto às antenas radiobase. As ondas eletromagnéticas emitidas são absorvidas pelo organismo humano e podem causar efeitos biológicos. A questão ainda não foi devidamente esclarecida mas inúmeros estudos epidemiológicos em andamento parecem indicar a relação entre câncer cerebral e o uso de telefones móveis. - Campos elétricos e magnéticos.

Presentes principalmente na geração, distribuição e uso da energia elétrica. No caso de exposição a campos elétricos e magnéticos, estudos epidemiológicos parecem indicar riscos excessivos de leucemia, de tumores cerebrais, de câncer pulmonar e de câncer de mama (em homens), especialmente entre os eletricistas e engenheiros que atuam em subestações e em redes de alta tensão, entre os soldadores e entre os condutores de veículos elétricos. Outras pesquisas tem apontado um maior risco de doenças cardiovasculares, alterações do sono, depressão e suicídio entre esses trabalhadores. Estudos sobre a exposição de trabalhadores em terminais de vídeo ainda são inconclusivos.

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O controle médico dos trabalhadores expostos a radiações eletromagnéticas deverá ser

realizado pelo menos semestralmente e envolver os seguintes procedimentos: exame oftalmológico, hemograma, eletroforese de proteínas, dosagem de albumina na urina, eletroencefalograma e eletrocardiograma. Riscos Biológicos.

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, alérgenos e toxinas de origem biológica, entre outros. O ser humano está constantemente exposto aos agentes biológicos pois esses microorganismos são amplamente encontrados na natureza. A exposição ocupacional mais importante ocorre entre os trabalhadores rurais e entre os profissionais dos serviços de saúde.

O trabalho na agricultura expõem os trabalhadores principalmente à poeiras orgânicas, com alto teor de fungos em suspensão, que podem provocar doenças respiratórias tais como a bronquite crônica, asma, pneumonites, entre outras.

Nos serviços de saúde, por sua vez, os trabalhadores estão expostos a numerosos riscos biológicos, destacando-se entre eles o vírus HIV, a hepatite B, o herpes vírus, a rubéola e a tuberculose.

A exposição à riscos biológicos ocorre ainda nos laboratórios, nos serviços de esgotos, na coleta e industrialização de lixo urbano, nos cemitérios, nos serviços veterinários, nos matadouros, nos frigoríficos, na manipulação de carnes e alimentos “in natura”, entre outros.

OCUPAÇÕES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À RISCOS BIOLÓGICOS

OCUPAÇÕES DOENÇAS / AGENTES BIOLÓGICOS

Açougueiro Antraz, tularemia, erisipelóide

Construção civil Blastomicose, leishmaniose. Histoplasmose, malária

Processamento de alimentos

Salmonelose, tularemia, triquinose

Trabalho com gado leiteiro Brucelose, febre Q, tinea barbae

Trabalho em lavoura Raiva, antraz, brucelose, tétano, leptospirose, tularemia, blastomicose, histoplasmose, esporotricose, esquistossomose, ascaridíase, ancilostomíase

Trabalho em abatedouro Brucelose, leptospirose, febre Q, salmoneloses, estafilococcias

Trabalho em limpeza urbana

Hepatites, leptospirose, ascaridíase, ancilostomíase

Trabalho em saunas e lavanderias, camareiras

Dermatofitoses

Médicos, dentistas, enfermeiros, pessoal de laboratório

Hepatites B e C, AIDS, herpes vírus, rubéola, tuberculose

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Veterinários e comércio de animais

Antraz, brucelose, psitacose, dermatofitoses, erisepelóide, raiva, tularemia, salmonelose

Entre as medidas de proteção coletiva, recomenda-se medidas de controle de engenharia visando conter os riscos biológicos em sua fonte, reduzir a concentração de aerossóis e limitar seu movimento pelo ambiente de trabalho. São utilizados sistemas de ventilação, ar condicionado e aquecimento, que devem ser adequadamente projetados e periodicamente vistoriados para prevenir a contaminação por fungos ou bactérias. O monitoramento ambiental é recomendável para determinar se o controle está sendo efetivo em se reduzir o potencial de exposição.

Medidas administrativas são também de grande utilidade, tais como melhorias na

higiene pessoal, saneamento básico, controle da qualidade da água para consumo humano, acesso restrito a áreas de exposição, adoção de boas práticas, treinamentos específicos de segurança, entre outros. Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o uso de luvas, uniformes, aventais, óculos de proteção e máscaras especiais.

A vacinação nos ambientes de trabalho deve ser realizada de acordo com indicações específicas. A vacina contra tétano é recomendada para os trabalhadores rurais, operários da construção civil, trabalhadores da mineração e para os trabalhadores em saneamento e na coleta de lixo. Já, a vacinação contra as hepatites A e B é recomendável para os profissionais de saúde e para os trabalhadores em saneamento e na coleta de lixo.

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