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PPGA Programa de Pós Graduação em Administração Mestrado Acadêmico GIOVANA BUENO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA. Biguaçu 2016

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PPGA – Programa de Pós Graduação em Administração

Mestrado Acadêmico

GIOVANA BUENO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA

ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.

Biguaçu

2016

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GIOVANA BUENO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS

EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.

Biguaçu

2016

Dissertação de Mestrado apresentada à

Universidade do Vale do Itajaí como parte

dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Administração.

Orientadora: Profa. Dra Rosilene Marcon.

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Bueno, Giovana.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA

ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.

/ Giovana Bueno – 2016.

92f.

Orientadora: Rosilene Marcon.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí.

1. Empresas – Governança Corporativa. 2. Finanças – Conselho de Administração.

3. Sustentabilidade – Níveis de Divulgação em Sustentabilidade 4. Pesquisa

Quantitativa. I. Marcon, Rosilene. II. Dissertação (mestrado) – Universidade do

Vale do Itajaí. III. Título.

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GIOVANA BUENO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DAS

EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA.

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade

do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Administração.

Campo de conhecimento: Estratégia Empresarial

Data de Aprovação: ___/___/_____

Banca Examinadora:

________________________________________

Profª Drª. Rosilene Marcon (orientadora)

UNIVALI

________________________________________

Profª Drª Maria José Barbosa dos Santos

UNIVALI

________________________________________

Profª Drª Anete Alberton

UNIVALI

________________________________________

Profº Drº Silvio Parodi Oliveira Camilo

UNESC

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“Nunca, jamais desanimeis,

embora venham ventos

contrários.”

Santa Paulina

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AGRADECIMENTOS

Essa talvez seja uma das etapas mais importantes: aprender a ser humilde para

reconhecer que um pesquisador não trabalha sozinho. Pelo contrário, muitas pessoas estão

envolvidas nessa trajetória. No meu caso não seria diferente. Primeiramente, pela força e

perseverança que Deus me deu, para poder seguir, em um processo constante de

aprendizagem. Depois, pelos anjos que Ele colocou em meu caminho, para me amparar nos

momentos difíceis, rir nos momentos agradáveis e festejar nos momentos vitoriosos. São eles:

Nilvane Boehm Manthey, Diulnéia Granja Pereira, Adriela de Marchi, Rafaela Raffaelli,

Cassiana Brancher, Márcio Lucio, Leandro Marcucci, Henrique Melo, João Luiz, Luiz

Gonzaga de Souza, Larissa Formigoni, Claudia Pampolini, Cláudia Cruz, Roger Esteves,

Adriano Stadler, Luciana Merlin Bervian, Mariana Pires Vidal Lopez, Patrinês Aparecida

França Zonatto, Ana Paula Kieling, Elaine John, Carin Maribel Koetz, Tarcita Cabral Ghizoni

de Sousa, Janypher Marcela Inacio, Edson Andrade dos Reis, Ruan dos Santos, Daniel

Sonaglio, Zilton Martins, Helena Wollinger, Estela Maria Hoffmann, Lidinei Eder Orso,

Murialdo Loch, Mario Neneve, e outros tantos que espero que me perdoem caso eu os tenha

esquecido.

E especialmente a Franciane Reinert Lyra e ao André Leonardo Pruner da Silva que

me mostraram o poder da amizade ao trocarem alguns dias de férias e estudos para me

auxiliar, realmente, não sei o que seria de mim sem vocês. Ao Fabio Ribeirete, Jeferson Lana

e Marina Gama pela generosidade e partilha de conhecimento. A Maria de Lurdes Rodrigues

dos Santos, Cristina Heusi Leal, Caroline de Aquino Rosa e Bianca Teixeira pela amizade e

profissionalismo.

E os grandes mestres professores doutores: a Rosilene Marcon, por me acompanhar

nessa jornada e ser minha inspiração, a Maria Jose Barbosa de Souza pelo cuidado e carinho,

a Anete Alberton pela generosidade e incentivo, ao Ricardo Boeing pela amizade e

companheirismo, ao Sidnei Vieira Marinho pela bondade e paciência, a Dinora Floriani pelo

exemplo como profissional e pela elegância como pessoa (quero ser assim um dia), ao Flavio

Ramos pelo otimismo e confiança, ao Carlos Ricardo Rossetto pelo apoio e confiança, ao

Miguel Angel Verdinelli pela determinação, ao Fernando Cesar Lenzi pelo sempre bom

humor, ao Claudio Reis Gonçalo pela garra e coragem, a Janaina Maria Bueno e ao Carlos

Roberto Domingues pelo sempre apoio tanto profissional quanto financeiro e, principalmente

pelo empurrãozinho inicial nessa trajetória.

A Capes, por acreditar no meu potencial e facilitar o meu custeio financeiro, que sem

essa ajuda, nada teria sido possível.

E por fim, meus familiares, meu pai Elias, minha mãe Luiza, minha afilhada Maria

Luiza por aceitarem minha ausência e torcerem sempre por mim, minhas irmãs Jaqueline pela

paciência e Janaina pelo companheirismo que mesmo no natal me auxiliou na coleta de dados.

Obrigada a todos! Espero de alguma forma poder retribuir.

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RESUMO

As crises financeiras e os escândalos corporativos nas últimas décadas abalaram a confiança

nas grandes corporações e propulsionaram debates sobre o comportamento ético e a

governança corporativa, especialmente em relação ao conselho. O papel do conselho de

administração alinhado às estratégias de divulgação das atividades da empresa, por meio de

relatórios de sustentabilidade, seria uma alternativa para além de promover a transparência,

reforçar a credibilidade e o diálogo com os stakeholders. A BM&FBovespa passou a

recomendar, a partir de 2012, que as empresas listadas indiquem se publicam os relatórios de

sustentabilidade, ou justifiquem em caso contrário. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é

analisar os efeitos das características do conselho de administração no nível de divulgação da

sustentabilidade das empresas listadas na BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014. A

amostra é composta por 285 empresas brasileiras listadas. As variáveis selecionadas

correspondem às características da composição do conselho (idade, gênero, independência e

dualidade) e a divulgação de sustentabilidade. O estudo utiliza o modelo de regressão de

dados em painel com efeitos fixos. Os resultados foram estatisticamente significantes para as

variáveis gênero e dualidade, o que confirma a teoria de que a presença de mulheres como

membros do conselho de administração influencia positivamente no nível de divulgação de

sustentabilidade, e que a acumulação de cargos entre o CEO e o presidente do conselho possui

efeito negativo na divulgação de sustentabilidade das empresas. O escopo teórico e o

resultado deste estudo procuram complementar as pesquisas nos campos da sustentabilidade,

de finanças e de estratégia. E ainda, pode auxiliar os acionistas nas escolhas para formação

dos seus conselhos de administração.

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ABSTRACT

In recent decades, financial crises and corporate scandals have shaken confidence in large

corporations, fueling debate on ethical behavior and corporate governance, especially in

relation to the company‟s boards of directors. A board, aligned with the dissemination of

business strategies, such as sustainability reports, is a means of promoting transparency, as

well as strengthening credibility and dialogue with stakeholders. In 2012, the BM&FBovespa

began recommending that listed companies indicate whether they publish sustainability

reports, and else give reasons why they have not done so. In this context, this study analyses

the effects of characteristics of the board on the level of sustainability disclosure of companies

listed on the BM&FBovespa, from 2011 to 2014. The sample consisted of 285 Brazilian listed

companies. The selected variables corresponded to characteristics of the board of directors

(age, sex, independence and duality) and the sustainability disclosure. The study used the

panel data regression model with fixed effects. The results were statistically significant for the

variables sex and duality, which confirms the theories that the presence of women as members

of the board has a positive influence on the level of disclosure of sustainability, and that the

position of CEO and President of the board being occupied by same individual has a negative

effect on the dissemination of sustainable enterprises. It is hoped that the theoretical scope and

the results of this study will complement studies in the fields of sustainability, finance and

strategy, as well as assisting shareholders in the selection of members of the board.

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LISTA DE FIGURAS

Quadro 1 – Relações entre Principal e Agente. ........................................................................ 18

Quadro 2 – Resumo dos Modelos de Governança Corporativa. .............................................. 20

Quadro 3 - Comparativo dos segmentos de listagem da BM&FBOVESPA ............................ 23

Quadro 4 - Classificação dos papéis do Conselho de Administração ...................................... 25

Quadro 5 - Principais estratégias de investimentos. ................................................................. 28

Quadro 6 – Resumo dos trabalhos empíricos sobre Conselho de Administração e

Sustentabilidade ....................................................................................................................

Quadro 7 – Descrição operacional das variáveis ...................................................................... 53

Quadro 8 – Operacionalização dos objetivos ........................................................................... 58

Quadro 9 – Categorias de análise ............................................................................................. 49

Quadro 10 – Classificação das empresas por pontuação .......................................................... 66

Quadro 11 - Hipóteses de pesquisa: comparativo entre trabalhos ............................................ 72

Figura 1 –Variáveis e Hipóteses de pesquisa ........................................................................... 54

Figura 2 – Evolução da divulgação dos relatórios de sustentabilidade .................................... 59

Figura 3 – Níveis de divulgação discriminados por família. .................................................... 61

Figura 4 – Níveis de divulgação discriminados por categoria .................................................. 63

Figura 5 – Pontuação geral dos relatórios de sustentabilidade das empresas ........................... 64

Figura 6 – Histogramas dos Testes de Normalidade ................................................................ 67

Tabela 1 – Teste de normalidade univariada e multivariada ................................................... 57

Tabela 2 – Descritiva das respostas das empresas na BM&FBovespa ..................................... 60

Tabela 3 – Descritiva dos relatórios de sustentabilidade. ......................................................... 60

Tabela 4 – Divulgação dos relatórios em percentuais .............................................................. 61

Tabela 5 – Estatística descritiva ............................................................................................... 68

Tabela 6 - Matriz de Correlação ............................................................................................... 68

Tabela 7 – Tabela de Regressão ............................................................................................... 69

Tabela 8 – Teste de Multicolinearidade.................................................................................... 70

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12

1.1 Contextualização ......................................................................................................................... 12

1.2 Pergunta de pesquisa ................................................................................................................... 13

1.3 Objetivo geral .............................................................................................................................. 14

1.4 Objetivos específicos................................................................................................................... 14

1.5 Justificativa ................................................................................................................................. 14

1.6 Organização do trabalho.............................................................................................................. 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 17

2.1 Teoria da Agência ....................................................................................................................... 17

2.2 Governança Corporativa ............................................................................................................. 19

2.2.1 Governança Corporativa no Brasil ........................................................................................... 21

2.2.2 Mecanismo de Governança Corporativa: Conselhos de Administração .................................. 24

2.2.3 Conselhos de Administração no Brasil .................................................................................... 25

2.3 Sustentabilidade .......................................................................................................................... 27

2.3.1 O papel do conselho de administração na divulgação de sustentabilidade .............................. 29

2.3 Hipóteses de pesquisa.................................................................................................................. 33

2.3.1 Principais estudos sobre o conselho de administração ............................................................. 33

2.3.2 Principais estudos sobre o conselho de administração e sustentabilidade................................ 35

2.3.3 Características Demográficas do Conselho: Idade e Gênero ................................................... 39

2.3.4 Composição do Conselho: Independência e Dualidade ........................................................... 41

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 44

3.1 Abordagem metodológica, amostra, período e fonte de dados ................................................... 44

3.2 Definição das variáveis ............................................................................................................... 45

3.3 Modelo da Relação entre as Variáveis ........................................................................................ 54

3.4 Método ....................................................................................................................................... 55

3.5 Síntese dos objetivos do estudo ................................................................................................... 57

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................. 59

4.1 Relatórios de Sustentabilidade .................................................................................................... 59

4.2 Análise descritiva das variáveis .................................................................................................. 67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 73

5.1 Conclusões .................................................................................................................................. 73

5.2 Limitações ................................................................................................................................... 75

5.3 Pesquisas Futuras ........................................................................................................................ 76

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 77

APÊNDICES ............................................................................................................................ 87

Apêndice A - Teste de Hausman ...................................................................................................... 87

Apêndice B – Histogramas dos Testes de Normalidade ................................................................... 89

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Apêndice C - Modelo de Regressão .................................................................................................. 91

Apêndice D – Teste de Multicolinearidade ....................................................................................... 92

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INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresenta-se o tema do estudo, iniciando-se com a sua

contextualização. Na sequência será abordada a questão de pesquisa, o objetivo geral e os

objetivos específicos que se pretende atingir. Segue com a justificativa da relevância do

trabalho e sua contribuição teórica e prática. Finaliza com a estrutura dos capítulos que o

compõem.

1.1 Contextualização

O conselho de administração exerce um papel fundamental para a prática da

governança corporativa, ele serve de ligação entre os proprietários, os stakeholders e a gestão

da empresa (IBGC, 2009; SILVEIRA, 2002). Camargo (2012) e Gondrige et al. (2012)

afirmam que as maiores preocupações com o papel exercido pelo conselho estão na maior

exigência sobre sua atuação, com foco na função de monitor da gestão.

Com a Lei 6.404/1976, o Conselho de Administração passou a ser órgão obrigatório

para as companhias brasileiras de capital aberto (BRASIL, 2015). A partir daí, a maioria das

empresas brasileiras de capital aberto, estabeleceu o conselho de administração para cumprir a

lei, mas a tomada de decisão permaneceu com os acionistas controladores ou com os gestores,

e apenas era referendada pelo conselho, segundo Prado e Vilela (2012). Entretanto, a partir de

1990, o papel do conselho teve maior ênfase devido à presença relevante dos investidores

institucionais e dos investidores estrangeiros, que exigiram manter sua representatividade por

meio de um conselho mais atuante.

É nesse contexto que surgem as recomendações de boas práticas do Instituto Brasileiro

de Governança Corporativa (IBGC), cujas atribuições do conselho estão vinculadas a todas as

ações que envolvam as práticas de governança corporativa e o relacionamento com as partes

interessadas (IBGC, 2009). Referente aos conselheiros, o IBGC recomenda a condição de

conselheiros independentes, que são os membros que não possuem nenhuma espécie de

vínculo com a empresa. Nesse sentido, a BM&FBovespa não só exige a presença de

membros independentes para o Nível 2 e Novo Mercado, como é vetada a situação de

dualidade dentro dos conselhos das empresas pertencentes ao Nível 1, Nível 2 e ao Novo

Mercado. A dualidade ocorre quando o CEO acumula o cargo de presidente do conselho de

administração.

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Além disso, Prado e Vilela (2012) ressaltam que os membros do conselho necessitam

ter qualificação para o processo decisório, competências úteis que favoreçam o crescimento

da empresa e estar cientes das responsabilidades e dos riscos individuais pertinentes à função.

Na visão da BM&FBovespa (2015) e do IBGC (2009), o conselho deve zelar pela perenidade

da empresa e pelos interesses dos acionistas e demais stakeholders. Uma maneira de dialogar

com os stakeholders seria com a divulgação voluntária das atividades da empresa, por meio

dos relatórios anuais e de sustentabilidade (ADAMS, 2002), que além de favorecer a

transparência, proporcionam o monitoramento indireto da gestão (FAROOQUE; AHULU,

2015; MICHELON; PARBONETTI, 2012)

Desde 1990, tem havido tentativas para padronizar as informações prestadas nos

relatórios, dentre elas se destaca a Global Reporting Initiative (GRI), como sendo o padrão

global mais utilizado (BOULOUTA, 2013; PRADO­LORENZO et al., 2009). A GRI é uma

organização internacional independente que auxilia empresas, governos e outras organizações

a desenvolverem seus relatórios. O número de relatórios de sustentabilidade no padrão da GRI

tem crescido na América Latina a uma taxa maior do que a média mundial, de acordo com os

achados de Alonso-Almeida et al. (2015). Os autores justificam esse crescimento pelo fato da

América Latina ter uma grande recepção de capital estrangeiro, portanto a transparência

financeira e a boa imagem da empresa desempenham papéis relevantes para os investidores.

Para Conceição et al, (2012), o Brasil corresponde a mais de 50% do total de informes da

América Latina e por esse motivo desempenha um papel importante no processo de

divulgação em sustentabilidade.

Em 2012, a BM&FBovespa passou a recomendar que as empresas listadas indiquem

em local específico, se publicam os relatórios de sustentabilidade ou o relatório integrado e a

sua localização, ou justificarem em caso de não haver publicação. Essa iniciativa foi em

parceria com a GRI e permite a adesão progressiva das companhias à prática de reportar para

os investidores informações e resultados relacionados às dimensões social, ambiental e de

governança corporativa.

Diante deste contexto, formulou-se a questão que norteou a presente pesquisa.

1.2 Pergunta de pesquisa

Quais as características do conselho de administração que influenciam a divulgação da

sustentabilidade das empresas listadas da BM&FBovespa?

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1.3 Objetivo geral

O objetivo geral deste estudo é analisar quais características do conselho de

administração influenciam a divulgação da sustentabilidade das empresas listadas na

BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014.

Para consecução do objetivo geral, se fez necessário seu desdobramento nos seguintes

objetivos específicos.

1.4 Objetivos específicos

Descrever as características do conselho de administração das empresas listadas na

BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014

Identificar as empresas que reportam seus relatórios de sustentabilidade para a

BM&FBovespa

Verificar a divulgação dos relatórios de sustentabilidade, conforme as diretrizes da

Global Reporter Iniciative (GRI)

Comparar as características do conselho de administração das empresas que

divulgaram com as empresas que não divulgaram seus relatórios

Relacionar as características do conselho de administração com a divulgação de

sustentabilidade nas empresas listadas.

1.5 Justificativa

O Conselho de Administração é considerado o principal mecanismo da governança

corporativa (DENNIS; MCCONNEL, 2003; GUERRA, 2010; IBGC, 2009; SILVEIRA,

2002) e um importante meio de acesso a recursos externos (DALTON et al., 1999; PFEFFER;

SALANCIK, 1978). Apesar do consenso sobre sua importância, Fontes Filho (2012)

argumenta que o papel do conselho é um tema que ainda gera discussões. Na área acadêmica,

motiva diversos estudos, mas com pouco consenso sobre que características os conselhos

devem ter (JOHNSON et al., 2013). Assim, é interessante analisar a composição dos

conselhos, como recomendado por Adams et al. (2008), uma vez que esta afeta as estratégias

das empresas.

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Os estudos nacionais e internacionais que examinam as características do conselho

têm focado principalmente no desempenho financeiro. No tema da sustentabilidade

predominam os trabalhos internacionais, como os de Coffey e Wang (1998) que testaram a

hipótese de que o aumento na diversidade do conselho está positivamente relacionado com a

filantropia corporativa, mas seus resultados não se confirmaram. Para Hillman et al. (2001)

suas descobertas indicaram que os efeitos na sustentabilidade variam conforme os grupos aos

quais representam. E os achados de Post et al. (2011) demonstraram que as empresas com

maior responsabilidade social corporativa, apresentam conselhos com algumas características

em comum quanto à idade, independência, gênero e educação formal. Segundo Walls et al.

(2012) quanto menores e mais diversificados os conselhos, melhor o desempenho ambiental

da empresa. E os resultados de Hafsi e Turgut (2013) indicaram que gênero e idade têm um

efeito significativo sobre o desempenho social das empresas.

Em relação às características do conselho e a divulgação dos relatórios de

sustentabilidade, Michelon e Parbonetti (2012) não encontraram resultados significativos para

as variáveis independência e dualidade. No entanto, para Matos e Gois (2013) a proporção de

conselheiros independentes foi a variável que se mostrou mais relevante. No contexto

brasileiro, os trabalhos não abordam os aspectos do conselho de administração, eles

relacionam a divulgação com outras características da empresa e da governança, como os

estudos de Cunha e Ribeiro (2006), Murcia et al.(2008) e Braga e Salotti (2008), que

pesquisaram os fatores predominantes para a divulgação dos relatórios de sustentabilidade.

Cunha e Ribeiro (2006) descobriram que a divulgação voluntária está associada positivamente

ao nível de governança corporativa e negativamente ao tamanho das empresas. E os

resultados de Murcia et al.(2008), foram estatisticamente significantes para a variável

participação no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Braga e Salotti (2008)

investigaram a relação entre as características corporativas das empresas que operam no

Brasil e o nível de divulgação, e constataram relações positivas para a variável tamanho e

natureza da atividade.

Além da falta de consenso nos resultados internacionais e da ausência de trabalhos

brasileiros nesse tema, identificaram-se algumas lacunas de pesquisa nos trabalhos de Post et

al. (2011), Hafsi e Turgut (2013) e de Michelon e Parbonetti (2013). Post et al. (2011) e Hafsi

e Turgut (2013) sugerem pesquisas futuras em outros países e com amostras maiores, uma vez

que cada país oferece diferentes configurações de negócios e dinâmicas competitivas que

moldam ambientes sociais diferentes. Esses autores pesquisaram amostras de empresas

americanas, de modo que seria oportuno estudar um país emergente, como é o caso do Brasil,

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para assim os trabalhos serem passíveis de comparação. Michelon e Parbonetti (2013)

sugerem que novos estudos devem analisar outras variáveis da composição do conselho, além

das variáveis de membros independentes e dualidade, com uma amostra e um período de

tempo maior. Além disso, para mensurar o índice de divulgação os autores utilizaram uma

medida dicotômica, o que não lhes permitiu fazer quaisquer declarações sobre a extensão ou a

quantidade de divulgação.

Assim, como contribuição teórica, se pretende preencher essas lacunas existentes para

complementar os estudos nos campos da sustentabilidade, de finanças e de estratégia. E como

contribuição empírica pretende-se, ao identificar as características dos conselhos que afetam a

divulgação da sustentabilidade empresarial, auxiliar os acionistas nas escolhas para formação

dos conselhos de administração das empresas em que possuem participação.

1.6 Organização do trabalho

O trabalho está organizado da seguinte forma, inicia-se com a revisão da literatura

sobre a Teoria da Agência, a Governança Corporativa, a Governança Corporativa no Brasil e

com o estudo de um de seus mecanismos, o Conselho de Administração. Segue com a

Sustentabilidade e o papel do conselho de administração na divulgação voluntária de

informações. As hipóteses de pesquisa são relatadas em seguida.

No capítulo subsequente, os procedimentos metodológicos adotados são descritos.

Prossegue-se com apresentação e análise dos resultados e, por fim, as considerações finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta revisão teórica visa reunir as ideias dos autores seminais, bem como as discussões

mais recentes sobre o conselho de administração e a divulgação em sustentabilidade, foco

principal deste estudo. E não há como estudar os conselhos de administração, sendo eles

mecanismos da governança corporativa, sem fazer um retrospecto do seu principal pilar, a

Teoria da Agência, que será apresentada primeiramente. Segue com a Governança

Corporativa e seus modelos nos principais países e também no Brasil, e as leis que permeiam

as práticas de Governança Corporativa e os movimentos em prol de sua implementação, em

especial no mercado de capitais. Também discorre-se sobre os papéis dos conselhos de

administração, especificamente na transparência das informações voluntárias, nesse caso os

relatórios de sustentabilidade. Por fim, apresenta-se uma síntese dos principais estudos

teóricos e empíricos sobre o tema, que deram embasamento para as hipóteses, estas

apresentadas na sequência.

2.1 Teoria da Agência

As empresas de capital aberto são uma invenção social em que milhões de pessoas,

voluntariamente, depositam suas economias aos cuidados de administradores, garantidos por

um conjunto de vínculos contratuais que visam garantir os direitos das partes envolvidas. Para

Jensen e Meckling (1976) essas relações que envolvem os acionistas e o administrador da

empresa, o CEO (Chief Executive Officer) definem-se como um relacionamento de agência,

em sua essência. A relação de agência se caracteriza quando uma ou mais pessoas,

denominadas como principal, nomeiam outra, nesse caso o agente, para exercer atividades em

seu favor, de modo que os proprietários delegam o poder da tomada de decisão para outro

indivíduo. No entanto, se considerar a probabilidade de ambos agirem visando à maximização

para benefício próprio, é provável esperar que o agente nem sempre aja com o intuito de

atender o interesse do principal, dessa forma resultando em um conflito de interesses.

Para La Porta et al. (1999), esse tipo de relação não é exclusivo entre CEO e

proprietários, mas se faz presente em qualquer ligação que envolva a delegação de poder,

como entre os acionistas minoritários e majoritários. Jensen e Meckling (1976) e Shleifer e

Vishny (1997) defendem que a relação de agência também pode ocorrer em situações em que

não há uma relação principal-agente definida abertamente, como entre credores, clientes,

fornecedores e os gestores das empresas, e ainda entre o governo, a comunidade e a empresa,

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vide Quadro 1. O que essas relações apresentam em comum é a divisão entre a propriedade e

o controle.

Quadro 1 – Relações entre Principal e Agente.

Principal – Agente Expectativas do PRINCIPAL referentes às ações do AGENTE

Acionistas- Gestores Maximização da sua riqueza

Debenturistas - Gestores Garantia do seu retorno

Credores – Gestores Cumprimento dos contratos de financiamento

Clientes – Gestores Recebimento de produtos de valor conforme suas preferências (qualidade, tempo,

serviço e custo)

Governo – Gestores Cumprimento das obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias da empresa

Comunidade – Gestores Preservação dos interesses comunitários, cultura, valores e meio ambiente.

Gestores – Empregados Trabalhem com o melhor de seus esforços, visando atender as suas expectativas

Gestores – Fornecedores Supram as necessidades de materiais, no momento necessário, nas quantidades

requisitadas

Principal – Principal

Acionistas minoritários e

majoritários

Seus interesses sejam assegurados de modo a não haver expropriação de suas

riquezas

Fonte: Adaptado de Jensen e Meckling (1976), La Porta et al. (1999) e Young et al. (2008).

A Teoria da Agência se destaca como principal corrente de estudos que aborda essa

relação agente-principal. Para Jensen e Meckling (1976), a Teoria da Agência tem seus

fundamentos na Teoria da Firma, com o trabalho precursor de Ronald Coase (1937), que

apresentou uma visão objetiva da empresa, vista como uma série de relações contratuais, tanto

explícitas, como as de trabalho, ou implícitas, como as parcerias formais, que podem ser de

curto ou longo prazo, dependendo do grau de incerteza dessa relação. Assim, as relações

contratuais compõem o cerne da firma, uma vez que definem como os custos e gratificações

serão distribuídos entre as partes, e existem em todos os níveis das empresas independente da

natureza das organizações. Igualmente, o comportamento dos agentes dependerá do caráter

desses contratos.

Entretanto, considera-se a existência de contratos incompletos, uma vez que os

indivíduos estão sujeitos à racionalidade limitada, ou seja, a incapacidade de possuir e

processar todas as informações concomitantemente e a existência da assimetria de

informações, de maneira que, nem todas as informações são disseminadas a todos os

interessados ao mesmo tempo. Também se estabelece a hipótese de que alguns indivíduos

tendem ao oportunismo, que consiste na tendência em tentar obter algum tipo de vantagem

para benefício próprio (MOTTA; VASCONCELOS, 2002; SHLEIFER; VISHNY, 1997;

WILLIAMSON, 1981). Portanto ao considerar tudo isso, o relacionamento de agência pode

ser visto como um contrato entre o principal e o agente, em que a complexidade está na

dificuldade do principal em verificar se o agente se comportou adequadamente, segundo

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Eisenhardt (1989), além de que, ambos podem ter atitudes diferentes em relação ao risco.

Jensen e Meckling (1976) afirmam que a empresa não é um indivíduo sujeito a vontades, mas

sim uma estrutura legal que intermedia os relacionamentos contratuais entre os indivíduos.

Para limitar as divergências, a ação do principal adequada seria o uso do monitoramento dos

atos do agente, de modo a controlar o comportamento deste, por meio de políticas de

incentivos com o intuito de beneficiar e inibi-lo dessas ações, embora incidindo em custos,

denominados como custos de agência.

Para Berle e Means (1932), quanto maior a dispersão de propriedade, maior poder

estará nas mãos do gestor e, consequentemente, mais acentuada a dificuldade em monitorar

suas ações, deste modo aumenta a propensão dos agentes agirem de acordo com seus

interesses próprios. E em um cenário de propriedade concentrada, conforme descrevem Fraga

e Silva (2012), o problema de agência se direciona para a relação entre os acionistas

majoritários e os minoritários. Para equilibrar os custos gerados nessa perspectiva da Teoria

da Agência, a Governança Corporativa surge como uma série de mecanismos (DENIS;

MCCONNEL, 2003), que buscam minimizar a perda de valor de mercado decorrente desses

conflitos de interesses, entre tomadores de decisão e investidores da empresa (SILVEIRA et

al., 2008).

2.2 Governança Corporativa

Os conflitos de interesses, os custos e a inexistência de contratos perfeitos, bem como

a incapacidade em controlar os agentes, refletem no valor da firma e, destacam a importância

da governança corporativa como um mecanismo que visa aumentar a transparência e assim

reduzir a assimetria de informação entre os envolvidos (DENIS; MCCONNEL, 2003;

VIEIRA; MENDES, 2006). A governança corporativa é um conjunto de regras e práticas que

buscam determinar a ação dos gestores em prol do melhor interesse dos seus proprietários

(LEAL; SAITO, 2003), com o intuito de assegurar ao investidor maior probabilidade de

retorno do seu capital investido (SHLEIFER; VISHNY, 1997).

Denis e McConnel (2003) destacam que os primeiros Códigos de Melhores Práticas de

Governança Corporativa foram emitidos no Reino Unido, em 1922 e, posteriormente se

espalharam aos outros países. Uma característica do código é a forma de adesão voluntária,

que requer a indicação das empresas listadas cumpridoras dessas recomendações, entretanto a

natureza e o grau desse cumprimento variam entre cada país.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) emitiu, em

1999, seus princípios de governança que servem de referência mundial, e abrangem a

proteção dos direitos dos acionistas e o seu tratamento equitativo, e o zelo pelos direitos das

partes interessadas, incluindo empregados, clientes, parceiros e comunidade. Incluem também

a obrigatoriedade da divulgação de informações precisas por parte das empresas e referente

aos conselhos, os quais devem ter suas eleições totalmente livres de interferência, bem como

seus membros devem exercer as suas responsabilidades de forma diligente e independente

(OCDE, 2015). No entanto, conforme destacam Kitagawa e Ribeiro (2012), sobre as melhores

práticas de governança no mundo, não existe um modelo único e ideal, como pode ser

observado no Quadro 2.

Quadro 2 – Resumo dos Modelos de Governança Corporativa.

MODELOS

CARACTERÍSTICAS DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO

Modelo

Stakeholders

Encontrado nas

empresas alemãs

Considera os interesses de todos os envolvidos com a empresa e não somente os

acionistas. Possui dois níveis de conselho: um de supervisão (metade dos seus

membros é eleito por sindicatos e empregados); e um de diretores, que são

responsáveis pela tomada de decisões da empresa.

Modelo Stewardship

Encontrado nas

empresas japonesas

Apresenta o gestor principal como o representante dos acionistas. O mercado é

fortemente influenciado pelo governo e a lei japonesa estabelece um conselho unitário,

representativo, internamente recrutado.

Modelo Político

Encontrado nas

empresas francesas

Caracteriza-se pelas ações da empresa conduzidas de acordo com o que a lei determina.

Na composição do conselho estão executivos da empresa.

Modelo Financeiro

Encontrado nas

empresas norte

americanas e inglesas

Configura-se pela forte orientação para o mercado e pela propriedade dispersa. O

conselho é unitário, em que os cargos de presidente do conselho e de CEO, geralmente,

são exercidos pela mesma pessoa, e conta com outros executivos como diretores do

conselho.

Modelo Latino

Encontrado nas

empresas brasileiras

Há forte concentração da propriedade nas mãos de poucos acionistas, cujo governo tem

participação como proprietário ou como regulador. Caracteriza-se como uma sociedade

patriarcal, com oligarquias e de distâncias entre as classes sociais e econômicas.

Fonte: Adaptado de Scott (1997), Turnbull (1997) e Carlsson (2001).

Os principais fatores de diferenciação entre os modelos, segundo Shleifer e Vishny

(1997) e La Porta et al. (1999) são a concentração de propriedade acionária vigente em cada

país e a intensidade da proteção legal para os investidores especialmente aos acionistas

minoritários. Nos Estados Unidos, Japão e Alemanha a lei é mais rigorosa nesse sentido do

que no restante do mundo. Nos países com sistema legal mais deficiente, os direitos de votos

dos acionistas minoritários são violados. Na Alemanha, o Modelo de Stakeholders se

caracteriza por considerar os interesses dos envolvidos com a empresa, como a comunidade,

os funcionários, o governo, o meio ambiente, os fornecedores e os clientes (TURNBULL,

1997). Deste modo o conselho é constituído em dois níveis, um de supervisão, composto pela

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participação de empregados e sindicatos, visando cumprir as determinações exigidas pela lei,

e outro formado por diretores, responsáveis pelas decisões da empresa (CARLSSON, 2001).

No Japão há forte influência do setor bancário (SHLEIFER; VISHNY, 1997), e nas

empresas o CEO é o representante dos acionistas, com o papel de garantir a estes o retorno

dos seus investimentos. Portanto, o papel do conselho de administração visa validar as

decisões tomadas pelo gestor, uma vez que a lei japonesa estabelece um conselho unitário e

internamente recrutado, o qual é denominado como Modelo Stewardship (TURNBULL,

1997). Na França, caracteriza-se o Modelo Político, em que o governo favorece os vários

constituintes das empresas, a partir da legislação vigente, e podem ocorrer privilégios para

alguns stakeholders, porém todos eles são determinados por leis, deste modo a empresa

conduz o seu negócio de acordo com o que a lei determina (TURNBULL, 1997).

O Modelo Financeiro, dos Estados Unidos e da Inglaterra, sofre influência da

orientação para o mercado, da fluência do capital e da dispersão da propriedade

(CARLSSON, 2001). Há preocupação em ajustar o comportamento do agente com os anseios

do principal, por meio da elaboração de regras e incentivos. O conselho se configura como

unitário, com participação dos executivos da empresa e, na maioria das vezes, há dualidade,

ou seja, os cargos de presidente do conselho e de CEO são exercidos pelo mesmo indivíduo

(TURNBULL, 1997).

Já o Brasil se enquadra no Modelo Latino, que se caracteriza como um mercado de

capitais com pouca expressão, cujas empresas de maior porte migram suas operações para

mercados mais estáveis, como os Estados Unidos. Referente à estrutura de propriedade

apresenta predominância de forte concentração nas mãos de alguns acionistas, com empresas

familiares e com participação direta ou indireta do governo na maioria das empresas, tanto

como proprietário quanto regulador. Estas características acionárias, por muitas vezes geram a

justaposição entre propriedade e gestão, originando o conflito de agência, em que o maior

problema está na fraca estrutura legal, e as partes minoritárias não são protegidas inteiramente

contra a expropriação dos majoritários (CARLSSON, 2001; KITAGAWA; RIBEIRO, 2012;

SCOTT, 1997).

2.2.1 Governança Corporativa no Brasil

Diferentemente do modelo norte-americano, as características do mercado de capitais

brasileiro são de propriedade concentrada, assim como na maioria dos países. Desse modo, a

separação entre gestão e controle não é regra, e o problema de agência se desloca para o

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relacionamento entre os acionistas majoritários e minoritários, de acordo com Fraga e Silva

(2012). Para Leal e Saito (2003), a questão central está nas formas de proteger os acionistas

minoritários das ações dos acionistas controladores. Assim, melhores práticas de governança e

maior separação entre direitos de controle e de propriedade conduzem a menores riscos e

maiores valores para todos os acionistas.

No Brasil, a partir de 1976, foi criada a Lei 6.385, que dispõe sobre o mercado de

valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, e a Lei 6.404, que

regulamenta a estrutura básica no que tange à contabilidade, à forma organizacional, aos

direitos e aos deveres de gestores e acionistas, a fim de padronizar diversas práticas existentes

(BRASIL, 2015). Porém, somente a partir de 1990, o tema governança corporativa ganhou

maior notoriedade em diversos países e em particular no Brasil. Ações que contribuíram para

sua consolidação e disseminação foram às crises mundiais em que escândalos financeiros

foram revelados, e deixaram em evidência a importância de ações de ética e transparência, e

como consequência motivaram discussões sobre a governança corporativa e sua importância

no mercado financeiro internacional (MARTINS; RODRIGUES, 2005; RIBEIRO et al.,

2012; VIEIRA; MENDES, 2006).

Uma resposta política comum após crises de governança, conforme Bebchuk e

Weisbach (2010) têm sido as adoções de reformas com o intuito de reforçar a sua

credibilidade, conforme o que ocorreu nos Estados Unidos com a implantação da Lei

Sarbanes-Oxley, em 2002, que aumentou as exigências referentes aos conselhos e aos comitês

de auditoria. Assim, no Brasil surge em 1995, o Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC), e a elaboração das Melhores Práticas de Governança Corporativa,

juntamente com a Cartilha de Governança do Conselho de Valores Mobiliários, que para

Silveira et al. (2003), são os principais documentos sobre o tema no país. Esses manuais

foram elaborados com base nos principais códigos de governança internacionais, e tem como

objetivo aumentar a probabilidade dos investidores garantirem o retorno sobre seu capital

investido.

Para Ribeiro et al. (2012), o grau de adoção, a conformidade e a efetividade das

práticas de governança, sofrem variações conforme cada país, e no caso do Brasil, o seu

cumprimento não é uma imposição legal, portanto, as práticas da Governança Corporativa são

recomendações. Os princípios para as boas práticas de governança, de acordo com o IBGC

(2009) são a transparência na divulgação de informações, a equidade que se refere ao

tratamento igualitário, na confiabilidade da prestação de contas (accontability), e as práticas

de responsabilidade corporativa.

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Desde 2000, a BM&FBovespa utiliza critérios de classificação em níveis de acordo

com padrões de governança, estabelecendo o Nível 1, o Nível 2 e o Novo Mercado, refletindo

diferentes graus de governança às empresas, conforme adesão às normas de conduta

estabelecidas em cada nível. As características de cada segmento estão representadas no

Quadro 3.

Quadro 3 - Comparativo dos segmentos de listagem da BM&FBOVESPA

Ações de Governança Corporativa por níveis de listagem

Resumo das

ações

Níveis de listagem da BM&FBOVESPA

Bovespa

Mais

Bovespa

Mais Nível

2

Tradicional Nível 1 Nível 2 Novo

Mercado

Ações emitidas Somente

ações ON

Ações ON,

PN

Ações ON,

PN

Ações ON

e PN

Ações ON,

PN

Somente

ações ON

Mínimo de

ações em

circulação (free

float)

25% até o

7º ano de

listagem

25% até o

7º ano de

listagem

Não há regra 25% 25%

25%

Composição do

Conselho de

Administração

Mínimo de

3 membros

com

mandato

unificado de

até 2 anos

Mínimo de

3 membros

com

mandato

unificado de

até 2 anos

Mínimo de 3

membros

Mínimo de

3 membros

e mandato

unificado

de até 2

anos

Mínimo de 5

membros, dos

quais pelo

menos 20%

devem ser

independentes

com mandato

unificado de

até 2 anos

Mínimo de 5

membros, dos

quais pelo

menos 20%

devem ser

independentes

com mandato

unificado de

até 2 anos

Vedação à

acumulação de

cargos

Não há

regra

Não há

regra

Não há regra Dualidade Dualidade Dualidade

Obrigação do

Conselho de

Administração

Não há

regra

Não há

regra

Não há regra Não há

regra

Manifestação

sobre

qualquer

oferta pública

de aquisição

de ações da

companhia

Manifestação

sobre

qualquer

oferta pública

de aquisição

de ações da

companhia

Reunião

pública anual

Facultativa Facultativa Facultativa Obrigatória Obrigatória Obrigatória

Calendário de

eventos

Obrigatório Obrigatório Facultativo Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Divulgação

adicional de

informações

Política de

negociação

de valores

mobiliários

Política de

negociação

de valores

mobiliários

Não há regra Política de

negociação

de valores

mobiliários

e código de

conduta

Política de

negociação de

valores

mobiliários e

código de

conduta

Política de

negociação de

valores

mobiliários e

código de

conduta

Demonstrações

Financeiras

Conforme

legislação

Conforme

legislação

Conforme

legislação

Conforme

legislação

Traduzidas

para o inglês Traduzidas

para o inglês

Fonte: Adaptado da BM&FBOVESPA (2015).

Notas: ON são ações com direito a voto; PN são ações sem direito a voto.

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Desde sua primeira listagem, o Novo Mercado firmou-se como uma seção destinada à

negociação de ações de empresas que adotam, voluntariamente, práticas de governança

corporativa adicionais às que são exigidas pela legislação brasileira. A listagem nesse

segmento especial implica na adoção de regras societárias que ampliam os direitos dos

acionistas, a adoção de uma política de divulgação de informações mais transparente e

abrangente. O Nível 2 é similar ao Novo Mercado, porém com algumas exceções. Já as

empresas listadas no Nível 1 devem adotar práticas que favoreçam a transparência e o acesso

às informações pelos investidores. Para isso, divulgam informações adicionais às exigidas em

lei (BM&FBOVESPA, 2015).

Referente à composição do conselho de administração, as diferenças entre os níveis

está no número mínimo de membros exigido para cada nível. Para a Bovespa Mais, Bovespa

Mais Nivel 2, Tradicional, e Nível 1 o número mínimo é de 3 membros com mandato

unificado de até 2 anos. E para o Nìvel 2 e Novo Mercado o número mínimo é de 5 membros,

dos quais pelo menos 20% devem ser independentes com mandato unificado de até 2 anos.

Membros independentes são aqueles que não possuem nenhum vínculo com a empresa. Nos

Níveis 1, 2 e Novo mercado é proibida a dualidade, ou seja, os cargos de presidente do

conselho e de CEO não podem ser exercidos pela mesma pessoa. Em relação à divulgação

adicional de informações, para o mercado Tradicional não há regras, para os demais devem

seguir as políticas de negociação de valores mobiliários, e os Níveis 1, 2 e Novo Mercado

devem incluir a divulgação do código de conduta.

2.2.2 Mecanismo de Governança Corporativa: Conselhos de Administração

O conselho de administração é considerado essencial para a prática da governança

corporativa, porque representa a ligação entre os proprietários, os stakeholders e a gestão. Ele

é o órgão administrativo que procura estabelecer orientações gerais e estratégicas para a

empresa (BM&FBOVESPA, 2015; IBGC, 2009, SILVEIRA, 2002). E quando as coisas dão

erradas, o conselho se torna o centro das atenções e de debates políticos relativos as reformas

da governança (ADAMS et al., 2008; MATOS; GOIS, 2013).

As manifestações de preocupação com o papel exercido pelo conselho, de acordo com

Camargo (2012) e Gondrige et al. (2012) refletem na exigência maior sobre sua atuação,

enfatizando o papel de monitor da gestão, bem como no aperfeiçoamento das ferramentas de

controles de riscos, não somente para momentos de crise, mas visando antecipá-los com o

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intuito de evitar suas consequências danosas. Sobre os papéis dos conselhos Fontes Filho

(2012) descreve algumas classificações, resumidas no Quadro 4.

Quadro 4 - Classificação dos papéis do Conselho de Administração

Papel do Conselho Características principais

Monitor Diante do contexto da propriedade pulverizada busca monitorar as ações do agente,

visando alinhar aos interesses do principal.

Estratégico Atua no direcionamento estratégico da empresa, em que a confiança no gestor substitui o

controle. Atua para melhorar as relações externas, facilitando o acesso a recursos e

fortalecer a legitimidade da empresa.

Relacionador Age para facilitar o acesso a parceiros comerciais, e atua como elemento de interligação

com outras empresas a fim de adquirir recursos, competências e conhecimentos

específicos.

Legitimador Busca facilitar a aceitação da empresa pela sociedade, por meio de credibilidade e

auxilio na adequação dos processos.

Coordenador de

interesses

Negocia em virtude da convergência de interesses entre acionistas controladores e

minoritários, em uma tentativa de equalizar seus interesses.

Contingencional Exerce qualquer um dos papéis: controlador, estratégico, relacionador legitimador ou

coordenador de interesses, conforme o contexto.

Fonte Adaptado de Fontes Filho (2012)

O conselho monitor é aquele que procura supervisionar as ações do gestor; o

estratégico atua na estratégia da empresa; o relacionador age como uma ponte de ligação com

outras empresas com o intuito de buscar recursos; o legitimador visa facilitar a aceitação da

empresa pela sociedade; o coordenador de interesses procura alinhar os interesses entre os

acionistas controladores e os minoritários e o contingencional, que desempenha qualquer um

dos papéis: controlador, estratégico, relacionador, legitimador ou coordenador de interesses,

conforme a necessidade. Cada um dos papéis do conselho dependerá do contexto em que este

está inserido, e irá variar conforme a estrutura de propriedade e as estratégias da empresa.

Para Denis e McConnel (2003), os mecanismos de Governança Corporativa podem ser

classificados como internos ou externos à organização. São considerados como mecanismos

internos, o conselho de administração e a estrutura de propriedade e os mecanismos externos

seriam o mercado externo (fusões e aquisições) e o sistema legal. Para Silveira (2002) e

Bebchuk e Weisbach (2010), o conselho pode ser considerado como importante instrumento

que os proprietários podem utilizar para monitoramento direto e controle, tanto das ações do

gestor quanto entre os próprios acionistas. Okimura et al. (2007) reforçam que o

monitoramento é importante principalmente, em situações em que um acionista controlador

vem a utilizar os recursos da empresa em benefício próprio, enquanto restam aos outros

acionistas minoritários, compartilhar os custos.

2.2.3 Conselhos de Administração no Brasil

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Com a criação da Lei Brasileira das Sociedades por Ações em 1976, a Lei 6.404/1976

e suas posteriores atualizações, o Conselho de Administração é órgão obrigatório para as

companhias de capital aberto (BRASIL, 2015). Deste modo, Prado e Vilela (2012) destacam

que a maioria das empresas brasileiras de capital aberto estabelecia o conselho de

administração devido à imposição legal e no intuito de se destacarem, como um diferencial no

mercado, e a tomada de decisão permanecia efetuada pelos acionistas controladores ou

executivos, e apenas referendadas pelo conselho. Entretanto, a partir de 1990, com a presença

relevante dos investidores institucionais e dos investidores estrangeiros, o conselho passou a

ter maior ênfase, devido à exigência destes em manter sua representatividade junto ao

conselho.

É nesse contexto que surgem as recomendações de boas práticas do IBGC, cujas

atribuições do conselho estão vinculadas a todas as ações que envolvam as práticas de

Governança Corporativa e o relacionamento com as partes interessadas (IBGC, 2009).

Referente aos conselheiros, o IBGC classifica em conselheiros independentes, conselheiros

externos e conselheiros internos. Os conselheiros independentes são os que não possuem

nenhuma espécie de vinculo com a empresa, já os externos são aqueles que não possuem

vínculo atual com a organização, mas não são independentes, como por exemplo, ex-

diretores, ex-funcionários, ex-consultores, entre outros e, os conselheiros internos são os que

apresentam vinculo atual com a empresa (CUNHA; MARTINS, 2015). As recomendações do

IBGC (2009) para a composição do conselho são a busca pela diversidade, tanto referente às

experiências, quanto as qualificações e comportamentos, com o prazo de mandato não

superior a dois anos. No que tange ao número de membros recomenda-se um mínimo de cinco

e um máximo de onze, podendo variar conforme o setor de atuação e o porte da empresa. É

aconselhável que sua composição seja apenas por conselheiros externos e independentes

avaliados formalmente.

Prado e Vilela (2012) ressaltam que os membros do conselho necessitam ter

qualificação para o processo decisório, competências úteis para o crescimento da empresa e

estar cientes das responsabilidades e dos riscos individuais pertinentes à função. Na visão da

BM&FBovespa (2015) e do IBGC (2009), o conselho deve zelar pela perenidade da empresa

e pelos interesses dos acionistas, sem perder de vista as demais partes interessadas. Para

Adams (2002), uma forma de diálogo com os stakeholders seria por meio da divulgação

voluntária das atividades da empresa. Assim, Michelon e Parbonetti (2012) e Farooque e

Ahulu (2015) afirmam que ao direcionarem as estratégias para a divulgação, os conselhos

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influenciam a transparência corporativa, a prestação de contas e melhoram o envolvimento

com seus stakeholders, proporcionando-lhes o monitoramento indireto das ações da empresa.

2.3 Sustentabilidade

A perspectiva da empresa social, voltada a outros objetivos que não exclusivamente

econômicos, iniciou-se nas décadas anteriores, de 1960 e 1970, impulsionados por

movimentos de protestos, críticos ao capitalismo vigente. As discussões culminaram quando

Friedman (1974), ganhador do Prêmio Nobel de Economia, defende em seu artigo a visão de

que o papel das organizações não é social e que a responsabilidade da empresa consiste em

utilizar seus recursos para maximizar o lucro em benefício dos acionistas. Em contrapartida,

Freeman (1984) argumenta que o resultado final da atividade de uma empresa deve levar em

consideração os retornos que otimizam os resultados para todos os stakeholders envolvidos,

comunidades, funcionários, fornecedores, entre outros e não somente para os acionistas.

Elkington (1998) endossa a visão de Freeman, ao afirmar que a organização deverá voltar-se

para o equilíbrio ambiental, social e econômico (Triple Bottom Line) de suas atividades.

Nessa perspectiva, em 1990, começaram a surgir no mercado financeiro, fundos de

investimento socialmente responsáveis (Socially Responsible Investment – SRI), e em 1999,

surgiu o primeiro índice que seguia os critérios de considerar não somente o desempenho

financeiro das ações, mas também seus compromissos com a sustentabilidade, o Dow Jones

Sustainability Indexes (DJSI). Em 2001, o Financial Time e a London Stock Exchange

lançaram o FTSE-4Good, como o índice de sustentabilidade da Bolsa de Londres e em 2003,

surge o Índice da Bolsa de Johanesburgo, o JSE (BEATO et al., 2009; MARCONDES;

BACARJI, 2010). Esses índices servem de guia para os investidores que desejam compor sua

carteira de ações com empresas que somam aos atributos financeiros também às práticas

socioambientais e a governança corporativa (BEATO et al., 2009). Os investidores têm

assumido diferentes estratégias de investimentos, as principais são representadas no Quadro 5.

Referente às preferências desses investidores, se destacam os temas voltados às práticas

sociais, ambientais e de governança, inclusive como critérios de seleção na análise financeira

dos investimentos. Os investidores observam as empresas que apoiam a participação ativa do

investidor, e excluem alguns setores que não são comprometidos com essas ações, como

armamentos e fumo por exemplo.

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Quadro 5 - Principais estratégias de investimentos.

TIPOS CARACTERÍSTICAS

Investimento temático

em sustentabilidade

São investimentos em temas que apresentam ações à promoção da sustentabilidade,

relacionadas a critérios de ESG (Sociais, Ambientais e de Governança).

Seleção de

investimentos best-in-

class

Investimentos nos melhores desempenhos dentro de uma categoria selecionada com

base em critérios ESG.

Filtros baseado em

normas

Os investimentos são selecionados de acordo com a conformidade das empresas

referentes a normas e padrões internacionais.

Exclusão de classes de

investimentos

Excluem de seu portfólio certos setores da economia, como de armamento, fumo,

pornografia, bebidas e setores que refletem alto impacto ambiental, como petróleo,

mineração e as montadoras.

Fatores ESG na análise

financeira

Incluem os critérios ESG relacionados a riscos e oportunidades, na análise

financeira e tomada de decisão de investimento, baseada em um processo

sistemático e em fontes de pesquisa apropriadas.

Engajamento sobre

questões de

sustentabilidade

Determina participação ativa, por meio do exercício de voto de acionistas, e

engajamento com as empresas em questões ESG.

Investimento de

impacto

São investimentos feitos em empresas, com o intuito de gerar impacto

social e ambiental associado ao retorno financeiro.

Fonte: Adaptado de Eurosif (2012)

No cenário brasileiro, surgiram organizações como o Instituto Brasileiro de Análises

Sociais e Econômicas (IBASE), em 1981, voltado para a atuação das empresas e seu papel no

desenvolvimento social do país. Em 1998, foi criado o Instituto Ethos, focado na

disseminação de boas práticas de governança e responsabilidade social empresarial focado no

Triple Bottom Line de Elkington e em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, a BM&FBOVESPA (MARCONDES;

BACARJI, 2010). Deste modo, tem sido crescente a preocupação com as questões

relacionadas à preservação do meio ambiente, ao desenvolvimento social e a transparência das

organizações. Temas na maioria das vezes analisados separadamente, no entanto, eles

apresentam a mesma finalidade: refletir o comportamento sustentável da empresa. O próprio

conceito de sustentabilidade, nem sempre está claro, e muitas vezes é usado como sinônimo

para ações de responsabilidade social, cidadania, sustentabilidade empresarial,

comportamento ético, ente outros. Para Schwartz e Carroll (2007), a busca por um paradigma

que unifique esses conceitos acaba sendo dificultada pela amplitude dos temas. A

responsabilidade social corporativa é a que está em uso há mais tempo, inicialmente com o

foco na redução dos impactos sociais negativos das atividades empresarias, e evoluiu ao longo

do tempo, para uma visão mais geral de fazer o bem para sociedade.

Assim Schwartz e Carroll, em 2007, propuseram o modelo VBA (Value, Balance,

Accountability), como uma tentativa de unificar esses principais construtos, sendo eles

Responsabilidade Social Corporativa, Teoria dos Stakeholders, Sustentabilidade, Ética nos

Negócios e Cidadania Corporativa, para assim facilitar a discussão e a compreensão do

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paradigma que permeia estas relações. Este modelo é a evolução das dimensões propostas

anteriormente por Carroll (1979, 1991), em que a Responsabilidade Social Corporativa

engloba os campos econômico, legal, ético e filantrópico. E do modelo proposto por Schwartz

e Carroll (2003), que abrange os aspectos econômicos, legais e éticos. No modelo VBA os

construtos não só interagem entre si, como estão interligados. De modo que as atividades de

uma empresa, para ser reconhecida como de Responsabilidade Social Corporativa, devem

abranger os três temas (LYRA; SOUZA, 2015). Para fins deste trabalho, considera-se como

foco a divulgação em sustentabilidade e em todos os temas correlatos.

O conceito de desenvolvimento sustentável foi publicado pela primeira vez em 1987

no relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundtland, o conceito propõe que,

para ser sustentável, é necessário criar mecanismos que atendam às necessidades do presente

sem impedir as gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades (BRUNDTLAND,

1987). Os relatórios de sustentabilidade são o resultado de um processo que pretende

identificar, mensurar e divulgar as ações da empresa, de caráter sustentável. Além de definir

as metas e os objetivos a serem cumpridos num horizonte de curto prazo (ETHOS, 2015).

2.3.1 O papel do conselho de administração na divulgação de sustentabilidade

As crises financeiras e os escândalos corporativos, tais como o ocorrido com a Enron,

a WorldCom, o Lehman Brothers, e os atuais casos de corrupção envolvendo a estatal

brasileira, a Petrobrás, abalaram a confiança nas grandes corporações e propulsionaram

debates sobre o comportamento ético e a governança corporativa, especialmente sobre o papel

e a composição dos conselhos. Nessa situação, Boulouta (2013) determina que o alinhamento

do conselho com as estratégias das empresas voltadas para a divulgação das atividades

econômicas, sociais e ambientais, seria uma alternativa para reforçar a credibilidade, a fim de

promover a transparência e o diálogo com seus stakeholders. Frias-Aceituno et al., (2013)

complementam que a publicação de informações corporativas, seja ela obrigatória ou

voluntária, pode ser utilizada pelas organizações para mitigar os custos de agência, os custos

políticos e a assimetria de informação.

Na década de 1980, as empresas adotaram códigos de ética e começaram a informar

aos seus stakeholders sobre questões sociais. As empresas pioneiras são as de origem

europeia e americana, ambas empregaram diferentes abordagens. Nos países europeus a

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ênfase foi nas questões ambientais, enquanto nos Estados Unidos o foco foi em questões

sociais internas e ações filantrópicas (IOANNOU; SERAFEIM, 2011).

Alguns países europeus sentiram a necessidade de fazer a divulgação de informação

social tornar-se obrigatória. Em 1977, a França aprovou a lei exigindo que todas as empresas

com trezentos ou mais funcionários, devem publicar um relatório anual sobre suas práticas

trabalhistas. Em 1985, Portugal tornou a prestação de informação social obrigatória, seguido

da Bélgica e da Dinamarca, em 1996 (FREIRE; REBOUÇAS, 2001). Para Prado-Lorenzo e

Garcia-Sanchez (2010), os relatórios de sustentabilidade são um conjunto de normas,

aplicáveis e confiáveis, que a empresa utiliza para se comunicar com os seus stakeholders,

desse modo, pode ser considerado como um meio para avaliar a empresa, e uma fonte de

informação pública. Embora, a adoção a divulgação seja voluntária para diversos países, a

padronização é exigida pelo mercado, assim com relatórios padronizados e com informações

objetivas facilitam o entendimento das informações em todo o mundo e favorecem a

comparação entre empresas.

Desde 1990, movimentos internacionais têm sido desenvolvidos com o intuito de

padronizar as informações prestadas nos relatórios, dentre eles se destaca a Global Reporting

Initiative (GRI), como sendo o padrão global mais utilizado (BOULOUTA, 2013;

PRADO­LORENZO et al., 2009). A GRI é uma organização internacional independente que

auxilia empresas, governos e outras organizações a desenvolverem seus relatórios, inclusive a

compreender e a comunicar o impacto das suas atividades sobre questões críticas de

sustentabilidade. Criada em 1997, a partir da reunião de ambientalistas, ativistas sociais e

representantes de fundos socialmente responsáveis, a GRI é uma organização sem fins

lucrativos, com sede em Amsterdã, na Holanda, que desenvolve uma estrutura de relatórios de

sustentabilidade. Essas estruturas são denominadas de Diretrizes para Elaboração de

Relatórios de Sustentabilidade e são constantemente reavaliadas por especialistas de diversos

países e stakeholders.

A GRI alinha-se à Declaração Internacional dos Direitos Humanos, ao Pacto Global,

aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, aos padrões ISO, a códigos de conduta e ética

e a índices de sustentabilidade empresarial (GRI, 2015). O Brasil é o único país a possuir um

representante da GRI, especialmente alocado no país, para auxiliar as empresas na adoção das

Diretrizes GRI (Oliveira et al., 2009). Em 2000, a GRI publicou seu primeiro manual para os

relatórios de sustentabilidade, que foi revisto dois anos depois e chamado de Diretrizes G2.

No ano de 2006, a GRI revisou as estruturas da G2 e lançou as Diretrizes G3. Em 2013,

houve nova revisão nas diretrizes anteriores, e lançada a G4 (GRI, 2015).

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Alonso-Almeida et al. (2015), revelam que as regiões com mais relatórios baseados

nas diretrizes da GRI, em 2011, foram a Europa com 778, a Ásia com 437, a América do

Norte com 283, a América Latina com 263, a Oceania com 75 e a África com 16. A Europa é

a região com o maior número de países que apresentam pelo menos um relatório, sendo 33 no

total. Mas são o Estados Unidos com o maior número de relatórios quando se analisa por país.

No contexto da América Latina, o Brasil corresponde a mais de 50% do total de informes,

segundo Conceição et al., (2012) e Calixto (2013), desempenhando um papel relevante no

processo de divulgação. O número de relatórios de sustentabilidade no padrão da GRI tem

crescido na América Latina a uma taxa maior do que a média mundial, de acordo com os

achados de Alonso-Almeida et al. (2015), que concluem que a América Latina se posiciona

como uma das áreas geográficas de maior recepção de capital estrangeiro, portanto a

transparência financeira e a boa imagem da empresa desempenham papéis relevantes para os

investidores.

Em relação aos setores econômicos, as diretrizes da GRI são amplamente seguidas nas

empresas reguladas, segundo os estudos de Alonso­Almeida et al. (2014), que pesquisaram as

empresas no período de 1999 a 2011. Nos seus achados destacam-se os setores de energia, os

financeiros, os setores químico e de mineração. Razões possíveis seriam a pressão

institucional e a tentativa de melhoria da imagem da empresa perante a sociedade, uma vez

que suas atividades acarretam em danos ao meio ambiente. Esses achados corroboram os

estudos de Oliveira et al (2009) que analisaram a divulgação de informações sociais em

empresas brasileiras listadas no Novo Mercado e apresentaram resultados semelhantes.

Referente às perspectivas das empresas sobre a utilização dos relatórios, Searcy e

Buslovich (2014) realizaram entrevistas com funcionários em 35 empresas canadenses. Os

resultados indicaram que os relatórios de sustentabilidade são usados como uma ferramenta

de referência interna, visando aumentar a conscientização e o engajamento dos funcionários.

Quando questionados sobre as motivações para a produção dos relatos, um grande número de

motivos foi citado pelos participantes e agrupados pelos autores em três categorias: pressões

externas, pressões internas e a oportunidade de compartilhar a história da empresa. Com os

mesmos objetivos, Vigneau et al. (2015) fizeram um estudo de caso em uma multinacional e

descobriram que uma das primeiras necessidades da produção do relatório era para cumprir os

requisitos da GRI e uma resposta à pressões de transparência. Com o engajamento dos

funcionários na elaboração dos relatórios, alterou-se a definição da sustentabilidade e da

forma como ela estava sendo gerenciada dentro da organização. Outras mudanças ocorreram

na estrutura de gestão e propiciaram a criação de um comitê de sustentabilidade, também

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alteraram as relações entre as empresas controladas e a interpretação do desempenho em

sustentabilidade.

Para as pequenas e médias empresas, James (2015) investigou a natureza da extensão

dos relatórios de sustentabilidade, em uma amostra das Melhores Empresas para se Trabalhar

do FORTUNE, no ano de 2013. Seus estudos revelaram que 44% das médias e 6% das

pequenas empresas, divulgavam os relatórios de forma abrangente, ou seja, contemplando os

requisitos além dos essenciais exigidos nos relatórios. No geral, a tendência das empresas que

aplicaram as diretrizes da GRI foi relatar mais informações quantitativas, comparadas com as

empresas que não seguiram as diretrizes. Observou-se que as empresas que publicaram

informações selecionadas e que não são padronizadas pela GRI, tenderam a se concentrar

principalmente em resultados positivos, com informações em grande parte de natureza

qualitativa.

Stubbs et al (2013) analisaram o motivo pelo qual vinte e três de duzentas empresas da

Austrália não aderiram a divulgação dos relatórios de sustentabilidade. Os dados foram

coletados de entrevistas em profundidade, com diretores de grandes organizações australianas

cotadas em bolsa, pertencentes a ASX200, nos seguintes setores: 43% de mineração, 13% de

energia, 9% de finanças, 4% de consumo básico e 31% classificados como outros. Notou-se

que 62% dessas empresas são de setores com altas taxas de comunicação, como mineração,

energia e do setor bancário, porém estas optaram pela não-notificação. O motivo revelado nas

entrevistas foram os mais diversos, alguns veem a notificação como desnecessária ou

irrelevante e não se sentem pressionados para fazê-la. Enquanto uma cultura de conformidade

permeia muitas dessas empresas, especialmente do setor de mineração, para outras a

sustentabilidade é vista como um luxo, como algo que “é bom fazer", mas não um “'deve ser

feito”, nem existem demandas dos stakeholders para obter informações sobre o seu

desempenho nessa área. Na visão dessas empresas, há maneiras mais eficazes e diretas de se

lidar com os problemas que surgem, do que dedicar recursos para a produção dos relatórios de

sustentabilidade. Conclui-se que a sustentabilidade, de forma mais geral, é percebida

principalmente como uma questão de gestão de riscos, mas não é algo que suscite prestação

de contas.

No contexto brasileiro, Cunha e Ribeiro (2006) pesquisaram os fatores predominantes

para a divulgação dos relatórios de sustentabilidade, em uma amostra das empresas listadas na

BM&FBovespa, no período de 2003 a 2004. Eles descobriram que a divulgação voluntária

está associada positivamente ao nível de governança corporativa e negativamente ao tamanho.

Murcia et al (2008) analisaram os fatores que influenciam a adesão voluntária a divulgação

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em sustentabilidade, em uma amostra das empresas listadas na bolsa. Seus resultados foram

estatisticamente significantes para as variáveis participação no Índice de Sustentabilidade

Empresarial (ISE) e tamanho da empresa. Braga e Salotti (2008) investigaram a relação entre

as características corporativas das empresas que operam no Brasil e o nível de divulgação, e

constataram relações positivas para as variáveis tamanho e natureza da atividade.

Em sua essência, os relatórios de sustentabilidades auxiliam as organizações a

estabelecer metas, aferir seu desempenho e gerir mudanças com o intuito de tornar suas

operações mais sustentáveis. Os relatórios devem divulgar as informações sobre os impactos

da organização, sejam eles positivos ou negativos, sobre o meio ambiente, a sociedade e a

economia. Assim, eles dão forma tangível e concreta a questões abstratas, ajudando às

organizações a compreender e melhor gerir os efeitos do desenvolvimento da sustentabilidade

sobre suas atividades e estratégias. Os conteúdos e os indicadores permitem que as

informações contidas nos relatórios de sustentabilidade sejam acessadas e comparadas,

disponibilizando, assim, dados aprimorados para informar as decisões de diferentes

stakeholders (GRI, 2015).

Em 2012, a BM&FBovespa passou a recomendar que as empresas listadas indiquem,

no Formulário de Referência no item 7.8 - “Descrição das relações de longo prazo relevantes

da companhia que não figurem em outra parte deste formulário”, se publicam Relatórios de

Sustentabilidade ou Integrado e onde está disponível. Em caso negativo, devem explicar por

que não o fazem. Essa iniciativa foi intitulada “Relate ou Explique para Relatório de

Sustentabilidade ou Integrado”, feita em parceria com a GRI. E permite uma adesão

progressiva das companhias à prática de reportar para os investidores informações e

resultados relacionados às dimensões social, ambiental e de governança corporativa

(BM&FBOVESPA, 2015).

2.3 Hipóteses de pesquisa

O referencial teórico apresentado impulsionou a geração das hipóteses de pesquisa,

que contemplam as características do conselho de administração e seus efeitos na divulgação

da sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa. Primeiramente, apresentam-se os

trabalhos empíricos nesse tema, reuniram-se autores seminais e estudos mais recentes. Segue-

se com a teoria, alinhada às hipóteses, que foram testadas nesta pesquisa.

2.3.1 Principais estudos sobre o conselho de administração

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O Conselho de Administração é considerado por muitos autores como o principal

mecanismo da governança corporativa (GUERRA, 2010; IBGC, 2009; SILVEIRA, 2002).

Dalton et al (1999) corroboraram a teoria de Pfeffer e Salancik (1978) segundo a qual o

conselho é um importante meio de acesso aos recursos do ambiente externo. Porém, apesar da

consolidação de sua importância, para Fontes Filho (2012), ainda há controvérsias sobre qual

papel principal o conselho deve exercer e até que ponto ele está sujeito a efeitos

contingenciais.

Daí a infinidade de estudos nessa temática, mas com pouco consenso sobre que

características os conselhos devem ter (JOHNSON et al, 2013). Trabalhos como os de Silveira

(2002), Andrade et al (2009), Gondrige et al (2012) e Fraga e Silva (2012) têm como foco de

estudo a composição dos conselhos de administração, dando ênfase às características de

independência e de dualidade e as relacionaram com o desempenho da empresa, com uma

grande variedade de resultados. Silveira (2002) fez uma análise da composição do conselho

de administração das companhias de capital aberto brasileiras, no período de 1998 a 2000.

Seus achados foram que empresas que não apresentam dualidade são mais valorizadas pelo

mercado. E empresas com um número intermediário de conselheiros, de cinco a sete

membros, alcançam melhor desempenho. Já para a característica de independência dos

conselheiros não foi encontrada relação significativa.

Entretanto, Andrade et al (2009) não só encontraram significância entre independência

e o valor da empresa, como constataram que há uma faixa ótima conforme o tamanho da

empresa, em que a independência do conselho é percebida pelo mercado como um fator

positivo. Acima ou abaixo dessa faixa, os fornecedores de capital, em especial os acionistas,

tendem a fazer com que os ativos financeiros dessas empresas percam valor no mercado

acionário. Os autores também identificaram que empresas com perfis semelhantes quanto à

composição do conselho proporcionam impactos diferentes sobre o seu valor de mercado,

conforme o tamanho da empresa, ou sobre o seu desempenho, de acordo com o índice de

endividamento.

Os resultados dos estudos de Gondrige et al (2012) demonstraram que o tamanho do

conselho e o nível de alavancagem da empresa estão positivamente relacionados,

diferentemente da dualidade e a independência que não apresentaram significância estatística.

Fraga e Silva (2012) perceberam que a independência é um aspecto que tem impacto no

desempenho, mas de forma negativa. Os autores alegaram que a possibilidade de que a

presença de conselheiros independentes, com conhecimentos deficientes sobre os negócios

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das empresas, esteja afetando o seu desempenho. Ainda, sobre o aspecto da diversidade, seus

achados demonstraram que empresas com conselhos com pelo menos um integrante do sexo

feminino, apresentaram desempenho de mercado significativamente superior aos demais.

Zahra e Pearce (1989) apresentaram um dos primeiros estudos sobre as características

dos conselhos e desde então surgiram outros que retrataram, além das características, como a

independência e a dualidade. Michelon e Parbonetti (2012), em estudos recentes, forneceram

evidências de que a tradicional distinção entre membros independentes e não independentes

do conselho não descrevem totalmente a variedade de papéis dos conselheiros. Outras

características poderão ser consideradas como as características demográficas (idade,

escolaridade, gênero e etnia).

Ben-Amar et al (2013) analisaram a diversidade nos aspectos referentes à cultura, o

gênero, a experiência e a nacionalidade dos membros do conselho, em uma amostra de 206

empresas canadenses, que passaram por processo de fusão e aquisição. O intuito foi verificar

como a diversidade influencia no processo de tomada de decisão estratégica dessas empresas.

Seus resultados indicaram que existe uma relação positiva entre diversidade e qualidade nas

decisões estratégicas. Cunha e Martins (2015) analisaram a influência da diversidade no

endividamento das empresas. Seus achados revelaram que a idade, o número dos membros e o

número de conselheiros indicados pelos minoritários são fatores determinantes da estrutura de

capital das empresas, influenciando de forma negativa seu nível de endividamento. Para os

autores, essas evidências ratificam a literatura existente relacionada à relevância do conselho

no processo de gestão da empresa. Porém curiosamente não houve significância de fatores

como o grau de independência do conselho assim como a dualidade de funções.

2.3.2 Principais estudos sobre o conselho de administração e sustentabilidade

Estudos analisaram a relação entre as características do conselho e a filantropia

(COFFEY; WANG, 1998), a responsabilidade social corporativa (POST et al, 2011; Post et

al,2015) e a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa (HAFSI; TURGUT,

2013; MATOS; GOIS, 2013; MICHELON; PARBONETTI, 2012; WALLS et al, 2012;

HERBOHN et al, 2014; AMRAN et al, 2014), conforme resumo apresentado no Quadro 6.

Nesse contexto, Coffey e Wang (1998) estudaram em uma amostra de 98 empresas da

Fortune 500, a relação entre a diversidade do conselho e a filantropia corporativa. Eles

testaram a hipótese de que o aumento na diversidade do conselho está positivamente

relacionada com a filantropia corporativa, porém seus resultados não se confirmaram. Hillman

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et al (2001) verificaram a composição do conselho e suas relações com os stakeholders.

Analisaram 3.268 conselheiros, representando 250 empresas do S&P500 no ano de 1995.

Seus achados indicaram que há diferença nos efeitos da representação dos stakeholders

dependendo dos grupos aos quais representam, dos interesses reais desses grupos e da eficácia

do conselho.

Post et al (2011) avaliaram a diversidade do conselho e a responsabilidade social

corporativa ambiental, com uma amostra de 78 empresas dos setores eletrônico e químico da

Fortune 1000, no período de 2006 a 2007. Seus achados demonstraram que apresentam maior

responsabilidade social corporativa ambiental, as empresas com conselhos com maior

proporção de membros independentes, com média de idade de 50 anos, com a presença de três

ou mais mulheres e com maior proporção de conselheiros formados na Europa Ocidental.

Os aspectos da governança corporativa, referentes ao conselho, e sua influência no

desempenho ambiental foram examinados por Walls et al. (2012) em uma amostra de

empresas da S&P 500 da indústria de fabricação, com um total de 313 empresas, nos anos de

1997 a 2005. Seus achados consistiram em que o papel do conselho parece, em grande parte,

ser relevante para preocupações ambientais. E que quanto menores e mais diversificados os

conselhos melhor o desempenho ambiental da empresa.

Michelon e Parbonetti (2012) pesquisaram a composição do conselho e divulgação da

responsabilidade social corporativa, ao analisarem 57 empresas que compõe o Dow Jones

Sustainability Index (DJSI), no ano de 2003. Seus resultados não confirmaram a hipótese de

que a divulgação da responsabilidade social corporativa está positivamente associada com a

proporção de independentes e negativamente com a dualidade. Mas confirmaram que a

divulgação está positivamente associada com a proporção de conselheiros membros da

comunidade.

Matos e Gois (2013) verificaram as características do conselho e o nível de

divulgação da responsabilidade social corporativa. Com uma amostra de empresas da Bolsa

de Valores de Lisboa, no período de 2006 a 2010, em um total de 231 observações. Seus

resultados sugeriram que há pouca influência das características do conselho sobre as práticas

de divulgação. A variável representativa da proporção de conselheiros independentes foi a que

se mostrou mais relevante na explicação das práticas de divulgação de responsabilidade social

corporativa. Hafsi e Turgut (2013) estudaram a diversidade do conselho e o desempenho

social da empresa, em uma amostra de 95 empresas do S&P500 dos setores de serviços e de

fabricação, no ano de 2005. Seus resultados indicaram que gênero e idade têm um efeito

significativo sobre o desempenho social das empresas.

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Quadro 6 – Resumo dos trabalhos empíricos sobre Conselho de Administração e Sustentabilidade

Autor Tema Variáveis Amostra Principais resultados

Coffey e

Wang (1998)

Diversidade do

CA e filantropia

corporativa

Independentes: composição do conselho (idade

média; total de anos servidos; nº de membros).

Dependente: filantropia corporativa

98 empresas da Fortune

500.

Não confirmou a hipótese de que o aumento na diversidade do

CA está positivamente relacionada com a filantropia corporativa

Hillman et

al. (2001)

Composição do

CA e as relações

com

stakeholders

Independentes: CA (funcionário, cliente, fornecedor,

representante da comunidade ou outras não

stakeholders). Dependente: desempenho social.

Controle: tamanho da empresa e tamanho total do CA.

3268 conselheiros

representando 250

empresas do S&P500

no ano de 1995.

Há diferenças nos efeitos da representação dos stakeholders

dependendo dos grupos que são esperados para representar, dos

interesses reais e da eficácia do conselho.

Post et al.

(2011)

Diversidade do

CA e RCA

Independentes: diversidade do CA (representantes

dos minoritários; número de membros, idade,

membros independentes; gênero; estrangeiros e

escolaridade. Dependente: responsabilidade

corporativa ambiental. Controle: dualidade, lucro,

setor, tamanho do CA.

78 empresas de

eletrônicos e empresas

químicas da Fortune

1000, de 2006 e 2007.

Apresentam maior RCA as empresas com CA com maior

proporção de membros independentes, com média de idade de 50

anos, com a presença de três ou mais mulheres e com maior

proporção de conselheiros formados na Europa Ocidental.

Michelon e

Parbonetti

(2012)

Composição do

CA e divulgação

da

sustentabilidade

Independentes: composição do CA (membros

independentes, dualidade; membros da comunidade,

comitês e numero total de membros). Dependente:

divulgação da sustentabilidade. Controle: listagem,

rentabilidade (ROE), tamanho da empresa,

alavancagem, risco, idade, país, setor e tamanho do

conselho.

57 empresas que

compõe o Dow Jones

Sustainability Index

(DJSI), no ano de

2003.

Não houve significância estatística para as variáveis membros

independentes e dualidade. A hipótese aceita foi de que a

divulgação está positivamente associada com a proporção de

conselheiros membros da comunidade

Walls et al.

(2012)

GC e

desempenho

ambiental

Independentes: propriedade das ações, dualidade,

comitês, diversidade gênero, tamanho do conselho e

independência. Dependente: desempenho ambiental.

Controle: desempenho (ROE), tamanho da empresa,

alavancagem.

S&P 500 empresas na

indústria de fabricação,

total de 313, nos anos

de 1997­2005.

Os CAs menores e mais diversificados melhoram o desempenho

ambiental. Um CEO mais poderoso (na forma de dualidade) é

capaz de ressaltar metas ambientais quando o conselho não é

composto por membros independentes.

Hafsi e

Turgut

(2013)

Diversidade do

CA e

desempenho

social

Independentes: diversidade do CA em relação a

outras empresas (independência de propriedade,

tamanho do conselho, independência e dualidade;

diversidade dentro do CA: gênero, idade, comitês e

etnia dos membros. Dependente: desempenho social.

Controle: setor e desempenho (ROE)

95 empresas do

S&P500 dos setores de

serviços e de

fabricação, no ano de

2005.

Gênero e idade têm um efeito significativo sobre o desempenho

social das empresas. A presença de mulheres tem um efeito

positivo, já a diversidade de idade tem um efeito negativo.

Continua

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Autor Tema Variáveis Amostra Principais resultados

Matos e

Gois (2013)

Características

do CA e

divulgação da

RSC

Independentes: características do CA (membros

independentes, estrangeiros, dualidade e participação

do o presidente do CA em outros CA fora do grupo).

Dependente: divulgação de RSC. Controle: tamanho

e desempenho (ROE)

231 empresas da Bolsa

de Valores de Lisboa,

entre 2006 e 2010.

A variável proporção de conselheiros não executivos que

integram o conselho de administração foi aquela que se mostrou

mais relevante na explicação das práticas de divulgação de RSC

Herbohn et

al. (2014)

Desempenho

social e

divulgação de

sustentabilidade

Independente: desempenho social. Dependente:

divulgação dos relatórios. Controle: comunicação

estratégica, custos ambientais e tamanho da empresa.

339 empresas

australianas de

mineração e energia,

no ano de 2006

A divulgação da sustentabilidade apresenta significância

estatística para o desempenho de sustentabilidade. E a variável

divulgação de sustentabilidade está positivamente relacionada

com as variáveis idade, tamanho da empresa e para as que

possuem estratégia de comunicação proativa.

Amran et al.

(2014)

Características

do CA e

divulgação de

sustentabilidade

Independentes: composição do conselho

(independência, gênero e tamanho do conselho), visão

e missão organizacional, comitês e colaboração com

ONG. Dependente: divulgação de sustentabilidade.

Controle: tamanho, país de residência e setor.

113 empresas da

Coréia, Índia, Japão,

Malásia, Nova

Zelândia, Indonésia,

Filipinas, Cingapura,

Tailândia, China,

Austrália e Taiwan,

pesquisaram no ano de

2010

Não encontraram significância estatística em seus resultados.

Post et al.

(2015)

Composição do

conselho e o

desempenho

ambiental

Independentes: composição do CA (membros e

membros independentes). Dependente: desempenho

ambiental. Controle: tamanho da empresa,

público­privado, número de mulheres na gestão, idade

dos membros e comitês.

36 empresas

americanas, dos setores

de petróleo e gás,

listadas no

Forbes.com, no período

de 2004 a 2008.

Descobriram que quanto maior a representação das mulheres no

conselho de administração, maior é a probabilidade de a empresa

formar alianças estratégicas em sustentabilidade. Da mesma

forma, a representação de conselheiros independentes no conselho

aumenta a probabilidade da empresa para formar tais alianças.

Fonte: Elaborado pela autora.

Notas: CA= Conselho de Administração, RCA= Responsabilidade Corporativa Ambiental, RSC= Responsabilidade Social Corporativa e GC= Governança Corporativa

Continuação

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Herbohn et al. (2014) observaram a relação entre o desempenho social e a divulgação dos

relatórios de sustentabilidade, dentro das indústrias extrativistas australianas, no total de 339

empresas de mineração e energia, listadas na Australian Securities Exchange, no ano de 2006.

Os autores constataram que a variável desempenho social está fortemente associada com a

divulgação, conforme eles esperavam. A divulgação dos relatórios de sustentabilidade são

maiores para as empresas com uma estratégia de comunicação proativa, com a idade e

tamanho da empresa. Amran et al. (2014) com uma amostra composta por empresas da

Coréia, Índia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Indonésia, Filipinas, Cingapura, Tailândia,

China, Austrália e Taiwan, pesquisaram no ano de 2010, a composição do conselho

(independência, gênero e tamanho do conselho) e o nível de divulgação de sustentabilidade. E

não encontraram significância estatística em seus resultados.

Post et al. (2015) analisaram a relação entre a composição do conselho e o

desempenho ambiental, constituído por meio de alianças estratégicas, com uma amostra de

36 empresas americanas, dos setores de petróleo e gás, no período de 2004 a 2008. Os autores

descobriram que quanto maior a representação das mulheres no conselho de administração,

maior é a probabilidade de a empresa formar alianças estratégicas em sustentabilidade. Da

mesma forma, a representação de conselheiros independentes no conselho aumenta a

probabilidade da empresa para formar alianças. Tais alianças, por sua vez, contribuem de

forma positiva para o desempenho ambiental das empresas.

2.3.3 Características Demográficas do Conselho: Idade e Gênero

As pesquisas sugerem que os valores éticos variam de acordo com características

demográficas (POST et al., 2011) que afetam os aspectos comportamentais e a tomada de

decisão, refletindo nos resultados da empresa (FORBES; MILLIKEN, 1999). No que tange a

essas características, estudos recentes comprovam que a idade tem impacto na percepção

moral e ética do indivíduo e sua disposição para transgredir normas (SANTOS et al., 2013). A

capacidade de raciocínio moral desenvolve-se ao longo do tempo, de forma que indivíduos

mais velhos apresentam raciocínio moral mais elevado (FORTE,2004; McCABE et al., 2006).

Assim, pode-se esperar que conselhos com a presença de membros mais velhos apresentam

maior responsabilidade social corporativa. No entanto, indivíduos mais jovens expressam

maior preocupação com o meio ambiente de acordo com Diamantopoulos et al., (2003).

Para testar essa teoria Post et al. (2011) formularam a hipótese de que membros do

conselho com faixa de idade mais baixa e membros com faixa de idade mais alta, seriam mais

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favoráveis a sustentabilidade, porém essa hipótese não se confirmou. Ao contrário, seus

achados indicaram que as empresas cujos conselhos possuem membros com uma faixa de

idade de 50 anos apresentam maiores práticas de responsabilidade corporativa. Esses

resultados foram corroborados por Hafsi e Turgut (2013).

Logo, esses achados dão suporte para a seguinte hipótese:

Hipótese 1: As empresas que apresentam a faixa de idade dos membros dos seus

conselhos de administração, com uma média de 50 anos, estão positivamente relacionadas

com a divulgação de sustentabilidade.

A diversidade de gênero afeta a cognição, a dinâmica e a tomada de decisão do

conselho (JONHSON et al., 2013), gera menos conflito e mais atividades de controle

estratégico (NIELSEN; HUSE, 2010). Além de auxiliar nas questões estratégicas mais

complexas (BEN-AMAR et al., 2013), e com impacto significativo na governança corporativa

(ADAMS; FERREIRA, 2009). Assim mulheres e homens apresentam diferentes valores no

que se refere à sustentabilidade (CHODOROW, 1974; GILLIGAN, 1982). As mulheres

apresentam maior tendência para os princípios de justiça e equidade (JAFFEE; HYDE, 2000).

Nesse sentido, estudos identificam uma associação positiva entre a presença de

mulheres no conselho e empresas engajadas em sustentabilidade e, consequentemente mais

propensas à divulgação dos relatórios dessas atividades. Nas evidências de Post et al. (2011),

os conselhos compostos por no mínimo três mulheres apresentaram resultados significativos.

Frias­Aceituno et al. (2012) encontraram resultados semelhantes ao pesquisaram no período

de 2008 a 2010, um grupo de 568 empresas listadas na Forbes Global List 2000, pertencentes

a 15 países, e constataram que a diversidade de gênero explica a divulgação de informações

de sustentabilidade. Os autores ampliam suas conclusões para os três modelos de governança

corporativa: o modelo anglo­saxão, o germânico e o modelo latino.

Com dados coletados em 22 países, Fernandez­Feijoo (2014) corrobora essas

constatações ao verificar que conselhos com mais mulheres divulgam mais informações sobre

a sustentabilidade. E ainda, a presença de três ou mais membros do sexo feminino nos

conselhos, está associada com a maior qualidade na divulgação dos relatórios, com maior

verificação externa das informações relatadas. Os resultados encontrados por Boulouta (2013)

e Harjoto (2015) vão ao encontro desses achados. O primeiro trabalho pesquisou uma amostra

de 126 empresas da S&P 500, no período de 1999­2003, e o segundo trabalho ampliou a

amostra e o período, ao analisar 1.489 empresas norte-americanas, no período de 1999 a 2011.

Ambos constataram que a diversidade de gênero está positivamente associada ao desempenho

social.

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Com base nesses trabalhos, a seguinte hipótese foi formulada:

Hipótese 2: As empresas que apresentam maior diversidade de gênero, com a

presença de mulheres como membros dos seus conselhos de administração, estão

positivamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade.

2.3.4 Composição do Conselho: Independência e Dualidade

Os membros do conselho, quando são independentes, desempenham um papel

importante no aumento da reputação da empresa e sua legitimidade, devido as suas conexões

com os diversos stakeholders, por isso são considerados como fontes de recursos para as

organizações (GALES; KESENER, 1994; HILLMAN et al., 2000). Os membros

independentes estão menos voltados ao desempenho econômico de curto prazo e mais

preocupados com uma visão em longo prazo, dentro da responsabilidade social corporativa,

do que os membros internos (IBRAHIM et al., 2003; WEBB, 2004) e, ainda apresentam

maior valor para as ações socialmente responsáveis (IBRAHIM; ANGELIDIS, 1995).

Por outro lado, uma maior proporção de diretores independentes tenderá a ser mais

efetiva no cumprimento do seu papel de monitoramento baseado em sua maior objetividade,

uma vez que não apresenta ligação com a empresa (DALTON et al., 1998; ZAHRA;

PEARCE, 1989). Esse argumento é comprovado por Eng e Mak (2003), ao examinarem o

impacto da composição do conselho, medida pelo número de membros independentes, na

divulgação corporativa. Com uma amostra de 158 empresas listadas na bolsa de Singapura,

descobriram que o aumento da presença de membros independentes reduz a divulgação

voluntária. Os autores concluem que isso seria consistente com uma estratégia de escolha no

que se refere ao monitoramento da empresa, entre a presença dos membros independentes e a

divulgação. A explicação seria que com a presença de conselheiros sem vínculos com a

organização, o monitoramento das ações dos executivos aumenta, dessa maneira não seriam

necessários outros recursos com essa finalidade, como no caso da divulgação. Esses

resultados se confirmam nos estudos de Farooque e Ahulu (2015), que analisaram a

divulgação ambiental em 67 multinacionais localizadas tanto em países desenvolvidos, como

a Austrália e os Estados Unidos, quanto nas economias emergentes, como a África do Sul, no

período de 2008 a 2009.

Em contrapartida, Herda et al ( 2013) testaram a variável membros independentes do

conselho e a quantidade emitida de relatórios de sustentabilidade, para a amostra das 500

maiores empresas dos EUA, listadas no Green Rankings 2009, e que representa

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aproximadamente 75% do total de capitalização de mercado dos EUA. Os autores

constataram que a probabilidade de emissão de relatórios de sustentabilidade é maior para as

empresas com conselhos mais independentes, seus achados vão ao encontro dos trabalhos de

Post et al. (2011) e de Matos e Gois (2013).

Ao considerar estes resultados divergentes e os argumentos da teoria, se propõe a

seguinte hipótese:

Hipótese 3: As empresas com um maior número de membros independentes em seus

conselhos de administração estão positivamente relacionadas a divulgação de

sustentabilidade.

A dualidade entre CEO e o cargo de presidente do conselho, diferencia o tratamento

dos stakeholders (WANG; DEWHIRST, 1992), pois CEOs estão mais voltados a ações de

curto prazo (WALLS; PERRONE; PHAN, 2012), e nesse caso, a dualidade está

negativamente associada com as empresas socialmente responsáveis (WEBB, 2004). Prado-

Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) confirmaram essa teoria ao testaram o papel do conselho de

administração na divulgação de informações ambientais, com uma amostra composta por 283

empresas listadas no Global 500, no ano de 2008. A explicação seria que a divulgação poderia

acarretar em custos legais para os proprietários, que superam quaisquer vantagens obtidas.

Seamer (2014) encontrou resultados semelhantes ao analisar o papel da governança

corporativa para assegurar a divulgação dos relatórios corporativos. Com uma amostra de 60

empresas australianas sujeitas a intervenção legal pelo não cumprimento das suas

responsabilidades de divulgação. Os resultados deste estudo mostram que governança

corporativa tem impacto sobre a divulgação de seus relatórios. Em particular, fornece provas

que a probabilidade das empresas que possuem dualidade de funções falhar na divulgação dos

relatórios, é maior do que as empresas que segregam essas funções.

No entanto, Jizi et al. (2014) testaram a relação entre o conselho de administração e a

responsabilidade social corporativa, no setor bancário americano, no período de 2009 a 2011,

e encontraram evidências de que a dualidade impacta positivamente na divulgação de

responsabilidade social corporativa. Os autores concluem que CEOs podem se sentir

estimulados a promover a divulgação de suas atividades de cunho sustentável, para aumentar

sua visibilidade, e favorecer a autopromoção. Por outro lado, a divulgação dos relatórios

também poderia ser uma maneira para mitigar os riscos gerenciais e aumentar a credibilidade

na empresa. Não obstante, Khan et al ( 2013), ao investigarem a governança corporativa e a

divulgações dos relatórios anuais, em empresas de Bangladesh, no período de 2005 a 2009,

não encontraram nenhum impacto significativo com a variável dualidade.

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Diante destes resultados diversos, pretende-se testar a hipótese a seguir:

Hipótese 4: As empresas que apresentam a dualidade de funções para os membros do

conselho, estão negativamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade.

Assim, a teoria dá suporte para que essas hipóteses sejam testadas, buscando analisar

quais características dos conselhos de administração, como aspectos de idade, gênero,

independência e dualidade dos membros influenciam a divulgação voluntária, por meio dos

relatórios de sustentabilidade das empresas.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo busca-se descrever os aspectos metodológicos utilizados. Inicialmente,

identificou-se a abordagem metodológica, a amostra, o período e a fonte de coleta dos dados,

para em seguida, identificar as variáveis que compuseram o trabalho, e as especificações das

técnicas utilizadas para a análise dos resultados.

3.1 Abordagem metodológica, amostra, período e fonte de dados

O presente estudo se posiciona como pós-positivista, porque reflete a necessidade de

identificar e avaliar as causas que influenciam os resultados. Baseia-se na observação e na

mensuração, de maneira objetiva, da realidade do universo. Quanto à abordagem do

problema, apresenta-se com características quantitativas porque os dados numéricos foram

submetidos a análises estatísticas (CRESWELL, 2010).

As empresas participantes da BM&FBovespa são o universo estudado, que foi

selecionado por conter empresas com maior transparência nos dados, com informações

devidamente auditadas ao mercado, o que lhes confere segurança e credibilidade. Excluíram-

se as empresas que apresentam o status de canceladas da bolsa e as que apresentaram dados

insuficientes para análise, totalizando em 285 empresas para amostra final. O período

analisado foi de 2011 a 2014, que de acordo com o propósito da pesquisa se justifica por

compreender o ciclo de relatórios de sustentabilidade, desde a primeira solicitação de emissão

de divulgação voluntária, pela BM&FBovespa até a data desta pesquisa. O período total de

análise comporta quatro anos de informações, o que possibilita a análise longitudinal, em que

os dados representam uma série temporal de observações que permitem mapear os elementos

para que se possam observar tendências (HAIR et al., 2005).

Os dados foram obtidos de fontes secundárias, sendo documentais relativos às

informações divulgadas pelas empresas, e que se referem aos dados dos conselhos de

administração e aos relatórios de sustentabilidade. As informações referentes à composição

dos conselhos foram extraídas do sítio eletrônico da BM&FBovespa, acessados via

Formulários de Referências, opção “Assembleia e Administração” e “Composição e

Experiência Profissional”. Para os relatórios, as informações foram retiradas da

BM&FBovespa, no Formulário de Referência do ano subsequente, no item 7.8, “Relações de

longo prazo relevantes”. As empresas disponibilizam o endereço eletrônico para obtenção dos

relatórios ou o link direto para download. Os dados econômico-financeiros utilizados para as

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variáveis de controle foram obtidos pelo banco de dados Economática®, e as informações das

empresas participantes do ISE, foram coletadas do referido site, nas informações da carteira

do índice. Em todos os casos em que os dados não foram encontrados ou estavam

incompletos, buscou-se informações nos sites da CVM e das empresas. Como técnicas de

análise dos dados empregou-se a análise de conteúdo para os relatórios de sustentabilidade e

as técnicas estatísticas para os demais dados.

3.2 Definição das variáveis

As variáveis referem-se aos atributos das organizações que podem ser medidos, que

variam entre as organizações estudadas. O referencial teórico apresentado serviu de base para

a escolha das variáveis investigadas, de acordo com trabalhos anteriores que apresentam

objetivos semelhantes a este estudo. Esta escolha possibilitou a comparação com os resultados

obtidos nos trabalhos precedentes. As variáveis foram divididas em três grupos: dependente,

independentes e de controle.

3.2.1. Variável Dependente

Como variável dependente definiu-se a divulgação da sustentabilidade, por meio dos

indicadores da Global Report Iniciative (GRI), similares aos trabalhos de Michelon e

Parbonetti (2012), Rover et al. (2012), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Amran et al.

(2014) e Farooque e Ahulu (2015). A GRI tem o objetivo de promover a qualidade e o rigor

dos relatórios de sustentabilidade, por meio de diretrizes que auxiliam as empresas na

divulgação de suas informações.

Para mensuração da variável dependente foi necessária à codificação dos relatórios de

sustentabilidade, para tanto se utilizou a técnica de análise de conteúdo. Optou-se por essa

abordagem devido à natureza dos dados, pois um enfoque somente estatístico não seria

possível extrair essas informações. A técnica de análise de conteúdo é utilizada em estudos

sobre as informações socioambientais divulgadas pelas companhias em relatórios, como nos

trabalhos de Post et al. (2011), Rover et al. (2012), Michelon e Parbonetti (2012), Hafsi e

Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Anram et

al. (2014) e Farooque e Ahulu (2015). A análise de conteúdo segue o modelo de Bardin

(1977), e consiste em um conjunto de técnicas de análise, que emprega procedimentos

ordenados para a descrição do conteúdo das mensagens. Divide-se em três fases: a pré-

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análise, a exploração do material e o tratamento e interpretação dos resultados. As duas

primeiras fases são demostradas na sequência, e a última fase que ocorre com o tratamento e a

interpretação dos resultados, será apresentada no capítulo subsequente.

a) Pré-análise

Na fase de pré-análise buscou-se definir os indicadores da GRI, que seriam os

parâmetros para determinar o nível de divulgação dos relatórios. As Diretrizes GRI oferecem

duas opções para que a empresa organize seu relatório de sustentabilidade: a essencial

(elementos essenciais) e a abrangente (essencial e informações adicionais sobre a estratégia,

análise, governança, ética e integridade). Para fins deste trabalho será considerada a opção

essencial, e desconsideraram-se os indicadores setoriais, para dessa forma todas as empresas

terem as mesmas condições de avaliação. As Diretrizes G3 foram disponibilizadas no ano de

2006 e as Diretrizes G4 em 2013, portanto, para abranger todo o período estudado com os

mesmos parâmetros, as Diretrizes G3 foram escolhidas como norteadoras deste estudo.

b) Exploração do material

Nessa etapa empregou-se o software Atlas Ti®, para extração dos temas e mensagens

dos textos, prosseguiu-se de forma descritiva, a partir da codificação das unidades de análise e

quantificação dos elementos textuais. As unidades de análise são as palavras ou frases que

serão analisadas nos relatórios e a codificação consiste em agrupar as unidades que

apresentam os atributos previamente estabelecidos. As categorias utilizadas nesta pesquisa são

consideradas apriorísticas, que são aquelas em que se possui previamente, as categorias

definidas, e que permite classificar diretamente suas unidades de análises dentro destas

categorias. As categorias estabelecidas correspondem aos indicadores da GRI e foram

inseridas na ferramenta Atlas Ti®, no espaço denominado como códigos (codes), e estes estão

agrupados em famílias (families), de acordo com suas características em comum.

Assim, nesta etapa categorizaram-se os indicadores da seguinte maneira: oito famílias

de indicadores, e para cada família foram incluídas as categorias, que correspondem aos

aspectos que compõe cada indicador, perfazendo um total de 33 categorias, apresentados a

seguir: Estratégia e Análise (carta do presidente), Perfil Organizacional (características da

empresa), Stakeholders (grupos engajados e principais tópicos e preocupações dos

stakeholders), Perfil do Relatório (GRI e verificação externa), Governança (estrutura de

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governança e códigos de conduta e de ética), Indicador Econômico (demonstrativos

financeiros, presença no mercado e impactos econômicos indiretos), Indicador Ambiental

(materiais usados, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos, produtos e

serviços e multas ambientais) e Indicador Social (emprego, relações trabalhistas, saúde e

segurança, treinamento e educação, diversidade e igualdade de oportunidades, igualdade de

remuneração, direitos humanos, comunidades locais, combate à corrupção, políticas públicas,

saúde e segurança do cliente, rotulagem de produtos e serviços, comunicações de marketing e

conformidade).

Na codificação das unidades correspondentes a família Estratégia e Análise,

receberam pontuação na categoria Carta do Presidente, aquelas empresas que apresentaram o

comunicado do principal tomador de decisão da organização, com a visão geral da empresa e

a declaração das principais estratégias adotadas no período, bem como as perspectivas futuras.

No Perfil Organizacional pontuaram as empresas que apresentaram uma visão geral das

características organizacionais. Para o indicador Stakeholders, as orientações da G3

correspondem em relatar os grupos engajados e as suas principais preocupações referentes à

organização. No Perfil do Relatório foram pontuadas as empresas que aderiram a GRI e

também aquelas que comprovaram a verificação por auditoria externa do relatório. Para o

indicador Governança, foram consideradas aquelas empresas que relataram a sua estrutura e

aquelas que descreveram seus valores e princípios, como os códigos de conduta e de ética.

As orientações para o Indicador Econômico é explanar sobre o fluxo de capital entre

diferentes stakeholders, bem como os principais impactos econômicos da organização sobre a

sociedade em geral. Este aspecto foi dividido em valor econômico direto, presença de

mercado e impactos econômicos indiretos. A categoria valor econômico direto abrange os

demonstrativos financeiros; a presença de mercado se refere a comparação entre a faixa

salarial mínima da empresa e os valores mínimos na localidade em que a empresa está

instalada, na proporção de contratação local para membros da diretoria e fornecedores locais;

e o aspecto impactos econômicos indiretos trata-se tanto dos serviços oferecidos quanto ao

desenvolvimento e ao impacto de investimentos em infraestrutura locais.

O direcionamento para o Indicador Ambiental diz respeito ao relato dos impactos da

organização sobre o ecossistema e pode ser classificado em: materiais usados, consumo de

energia, total de retirada de água, impactos na biodiversidade, indicadores de emissões de

gases de efeito estufa e de substâncias que destroem a camada de ozônio, efluentes e resíduos

com a discriminação do descarte total de água e o peso dos resíduos considerados perigosos, a

extensão da mitigação de impactos ambientais de produtos e serviços e o valor monetário de

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multas ambientais recebidas. As diretrizes para o Impacto Social se referem à descrição dos

impactos da organização sobre a sociedade e está subdividia em aspectos trabalhistas

(emprego, relações trabalhistas, saúde e segurança, treinamento e educação, diversidade e

igualdade salarial), aspectos referentes aos direitos humanos (não discriminação, combate ao

trabalho infantil e ao trabalho escravo, respeito aos direitos dos povos indígenas), aspectos

sociais (comunidade local, combate a corrupção e políticas públicas) e o aspecto referente ao

produto ou serviço ofertado (rotulagem, comunicação e marketing, saúde e segurança do

cliente e multas recebidas).

Nos aspectos trabalhistas foram pontuadas as empresas que apresentam o total de

novas contratações de empregados e a rotatividade por faixa etária, gênero e região, bem

como a porcentagem dos trabalhadores abrangidos por sindicatos e acordos de negociação

coletiva. No que se refere à saúde dos empregados devem ser relatados os tipos e as taxas de

lesões, as doenças ocupacionais, os dias perdidos, o total de absenteísmo e o número de óbitos

relacionados ao trabalho. O número médio de horas de treinamento por ano e por empregado,

discriminado por gênero e categoria funcional, também deve estar incluso no relatório. Além

da descrição do total de empregados por categoria funcional, de acordo com gênero, faixa

etária, minorias e outros indicadores de diversidade e ainda, a razão matemática do salário e

remuneração entre mulheres e homens. A categoria referente aos direitos humanos aborda até

que ponto os processos foram implementados, isso inclui as políticas referentes a não

discriminação, ao combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo e a garantia dos direitos

dos povos indígenas. Nos aspectos sociais as diretrizes abordam os programas para o

engajamento da comunidade local, os treinamentos e os procedimentos adotados para o

combate à corrupção, além do relato dos casos confirmados de corrupção e das medidas

tomadas. E o posicionamento da empresa frente às políticas públicas também deve ser

relatado.

As empresas receberam pontuação quando discriminaram o percentual das categorias

de produtos e serviços significativas para as quais são avaliados impactos na saúde e

segurança buscando melhorias, os tipos de informações sobre produtos e serviços exigidas

pelos procedimentos da organização referentes a informações e rotulagem de produtos e

serviços, e os resultados de pesquisas de satisfação do cliente. O relato das políticas referentes

à comunicação e marketing também deve ser feito, assim como o total de casos de não

conformidade com os regulamentos e os códigos voluntários relativos a comunicações,

incluindo publicidade, promoção e patrocínio. A venda de produtos proibidos ou contestados

também deve estar no relatório. O valor monetário de multas significativas por não

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conformidade com os aspectos sociais devem ser relatados. Para pontuação considerou-se a

resposta para cada indicador, conforme o Quadro 7.

Quadro 7 – Codificação das unidades de análise

Família de indicadores Categoria Pontuação

por indicador

Estratégia e Análise Carta do presidente 1

Perfil Organizacional Características da empresa 1

Stakeholders Grupos engajados

Principais tópicos e preocupações dos stakeholders 1

Perfil do Relatório GRI

Verificação externa 1

Governança Estrutura de governança

Códigos de conduta e de ética. 1

Indicador Econômico

Demonstrativos financeiros

Presença no mercado

Impactos econômicos indiretos 1

Indicador Ambiental

Materiais usados

Energia

Água

Biodiversidade

Emissões

Efluentes e resíduos

Produtos e serviços

Multas ambientais

1

Indicador Social

Emprego

Relações trabalhistas

Saúde e segurança

Treinamento e educação

Diversidade e igualdade de oportunidades

Igualdade de remuneração

Direitos humanos

Comunidades locais

Combate à corrupção

Políticas públicas

Saúde e segurança do cliente

Rotulagem de produtos e serviços

Comunicações de marketing

Conformidade

1

Pontuação total 8

Fonte: Elaborado pela autora com base nas Diretrizes GRI G3 (2006).

Nota: Para cada família efetuou-se a média aritmética referente a pontuação de cada categoria. A pontuação

máxima de cada família corresponde a 1(um) ponto. A soma de pontos das famílias indica a pontuação total

atingida por relatório, em cada ano de análise.

Para cada família de indicadores estipulou-se o valor de 1 (um) ponto, este dividido

conforme as categorias que a constituem, ou seja, para as famílias com apenas uma categoria,

o valor dessa categoria foi de 1 (um) ponto, e para aquelas famílias com mais de uma

categoria, foi efetuada a média aritmética para totalizar em 1(um) ponto correspondente ao

indicador. Para a codificação, primeiramente, verificou-se a presença das palavras correlatas

aos indicadores, sinalizando-as como unidades de análise. Após verificou-se se estas unidades

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correspondiam ao significado estipulado pela GRI. Desse modo não foi considerado somente

a frequência das palavras indicativas do tema, mas se a informação estava de acordo com as

diretrizes da G3. Para os relatórios que não responderam o indicador ou omitiram sem

nenhuma justificativa foi considerado a pontuação 0 (zero). Para os anos em que a empresa

não divulgou, repetiu-se a informação anterior e nos casos de não haver relatório anterior,

completou-se a pontuação com zero. Com a pontuação total de cada empresa para o período

analisado, criou-se uma escala de 0 a 32 pontos, e classificou-as como baixo, médio baixo,

médio alto e alto nível de divulgação em sustentabilidade, conforme o percentual de

indicadores relatados. Os critérios de classificação e as escalas são demonstrados no Quadro

8.

Quadro 8 – Escalas de pontuação dos relatórios de sustentabilidade

Escalas de pontos Classificação do nível de

divulgação dos relatórios

Percentual de indicadores

relatados

0 a 8 baixo de 0% a 25%

8,01 a 16 médio baixo de 25% a 50%

16,01 a 24 médio alto de 50% a 75%

24,01 a 32 alto de 75% a 100%

Fonte: Dados da pesquisa

A escala que compreende a pontuação de 0 a 8 corresponde ao percentual de 0 a 25%

de indicadores relatados pelas empresas, e foi classificado como de baixo nível de divulgação.

As pontuações de 8,01 a 16 foram classificadas como de médio baixo quanto ao nível de

divulgação, por corresponderem entre 25 a 50% dos indicadores divulgados. A escala de

16,01 a 24 corresponde ao nível médio alto de divulgação e abrange entre 50% a 75% de

indicadores mencionados. E a pontuação de 24,01 a 32 corresponde ao nível alto de

divulgação por corresponder entre 75 a 100% dos indicadores relatados.

3.2.2 Variáveis Independentes

Quatro variáveis independentes foram selecionas para testar as hipóteses elaboradas,

são elas: idade, gênero, independência e dualidade. Os dados relativos a idade são

disponibilizados pelas empresas. Para esta variável utilizou-se a média aritmética para

calcular a média de idade de cada conselho, de acordo com os estudos de Coffey e Wang

(1998), Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013). O atributo de gênero foi descrito pelo uso

da variável binária (dummy) em que o valor 1(um) indica sexo feminino e 0 (zero) sexo

masculino, conforme Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011), Walls et al.(2012), Hafsi e

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Turgut (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Boulouta (2013), Amran et al. (2014) e Ellwood e

Garcia-Lacalle (2015). Essa informação foi obtida pela identificação do nome do(a)

conselheiro(a) correspondente ao seu gênero, conforme o trabalho de Post et al. (2015). Em

casos dos nomes que podem ser designados para ambos os sexos, verificou-se o pronome

relativo à profissão, por exemplo, administradora, contadora, etc.

A variável membro independente se refere aos conselheiros que não possuem

nenhuma espécie de vínculo com a empresa. A sua mensuração foi a contagem do número de

membros identificados pelo código relativo a membro independente, nas informações geradas

pelas empresas. Essa variável foi mensurada e testada nos trabalhos de Coffey e Wang

(1998), Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012),

Hafsi e Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Frias-Aceituno et al. (2013), Amran et al. (2014)

e Farooque e Ahulu (2015). A dualidade é identificada quando o CEO da empresa exerce

também o papel de presidente do conselho. Essa variável foi identificada nas informações

prestadas pelas empresas, pelo seu código específico. A escolha dessa variável está de acordo

com as pesquisas de Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti (2012), Walls

et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013) e Matos e Gois (2013)

3.2.3 Variáveis de Controle

A variável de controle é um tipo especial de variável independente, que influencia

potencialmente a variável independente, e precisa ser controlada para que, segundo Creswell

(2010), seja possível determinar a influência da variável independente sobre a dependente sem

vieses. Neste trabalho foram consideradas as seguintes variáveis de controle: o desempenho

financeiro, o porte da empresa, o valor da firma e as características da composição dos

conselhos (CEO e membro do conselho, membros eleitos por acionistas minoritários e

tamanho do conselho) e a participação da empresa no ISE.

Os dados do desempenho financeiro das empresas foram medidos pelo ROE, que é

determinado pela razão entre o lucro líquido e o patrimônio liquido. O tamanho da empresa

que expressa o porte da firma, foi mensurado pelo logaritmo do ativo total. E o valor da

empresa medido pelo Market-to-book que indica o valor de mercado da empresa, com base na

razão entre o valor da ação pelo seu valor contábil. Controlar com essas variáveis é

importante para minimizar as diferenças (de rentabilidade, valor e tamanho) entre as

empresas, para que elas não influenciem nos resultados, conforme os trabalhos de Coffey e

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Wang (1998), Silveira (2002), Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Matos e Gois

(2013), Andrade et al.(2013), Andrade et al.(2013), Boulouta (2013) e Amran et al. (2014).

Do mesmo modo, as seguintes características de composição dos conselhos foram

consideradas como controle para evitar qualquer desvio que poderia ocorrer caso não fossem

consideradas. São elas: o tamanho do conselho, medido pelo número de membros; a

participação do CEO como membro do conselho, identificado pelo código indicador dessa

informação e a eleição dos membros pelos acionistas minoritários, também observado pelo

código indicador. Estas variáveis foram selecionadas e mensuradas de acordo com os

trabalhos de Coffey e Wang (1998), Hillman et al. (2001), Silveira (2002), Post et al. (2011),

Michelon e Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013), Amran et al. (2014)

e Cunha e Martins (2015).

E por fim, buscou-se averiguar o controle pela participação das empresas no Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE). Justifica-se sua utilização porque o ISE é utilizado em

muitas pesquisas como indicador de sustentabilidade conforme Murcia et al.(2008), Vital et

al.(2009), Teixeira et al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al. (2015). O ISE foi

criado no Brasil em 2005 e tem por objetivo medir o retorno médio de uma carteira teórica de

ações de empresas de capital aberto, com as melhores práticas em sustentabilidade, listadas na

BM&FBovespa. A variável ISE foi medida conforme os trabalhos de Murcia et al.(2008),

Vital et al.(2009), Teixeira et al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al. (2015), que

utilizaram uma variável binária (dummy), atribuindo o valor de 1 (um) se a empresa é

participante do Indice de Sustentabilidade Empresarial e 0 (zero) caso não seja. Todas as

variáveis estudadas estão demonstradas no Quadro 9.

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Quadro 9 – Descrição operacional das variáveis

Variáveis

Independentes

Mensuração Nome no

modelo

estatístico

Autores

Ca

ract

erís

tica

s d

o C

on

selh

o

Idade Média de idade dos

membros (idade sobre o

nº total de membros)

ID Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011) e Hafsi e

Turgut (2013).

Gênero Dummy (D=1 se membro

do sexo feminino,

D=0 membro do sexo

masculino)

GEN Coffey e Wang (1998), Silveira (2002), Post et al.

(2011), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013),

Frias-Aceituno et al 2013), Boulouta, (2013),

Amran et al. (2014) e Ellwood e Garcia-Lacalle

(2015).

Independência nº de membros

intitulados como

independentes

IND Coffey e Wang (1998), Post et al. (2011), Michelon

e Parbonetti (2012), Walls et al. (2012), Hafsi e

Turgut (2013), Matos e Gois (2013), Frias-

Aceituno et al 2013), Amran et al. (2014) e

Farooque e Ahulu (2015).

Dualidade dummy (D=1 se CEO é o

presidente do conselho e

D=0 caso contrário)

DUO Silveira (2002), Post et al. (2011), Michelon e

Parbonetti (2012), Walls et al.(2012), Hafsi e

Turgut (2013) e Matos e Gois (2013).

Variável

Dependente

Mensuração Autores

Nível de

Divulgação de

Sustentabilidade

Indicadores da GRI (1

ponto para cada

indicador presente e 0

para cada indicador

ausente)

GRI Michelon e Parbonetti (2012), Rover et al (2012), Matos e Gois (2013), Calixto (2013), Amran et al.

(2014) e Farooque e Ahulu (2015).

Variáveis de

Controle

Mensuração Autores

Desempenho

Financeiro

ROE (rentabilidade sobre

o patrimônio liquido)

ROE Silveira (2002), Michelon e Parbonetti (2012),

Walls et al.(2012), Matos e Gois (2013), Boulouta

(2013) e Andrade et al.(2013).

Valor da empresa Market-to-book (valor de

mercado da ação sobre o

seu valor contábil)

VL Silveira (2002) e Andrade et al.(2013).

Tamanho da

empresa

logaritmo do ativo total TAM Michelon e Parbonetti (2012), Frias-Aceituno et al.

(2013), Matos e Gois (2013), Andrade et al.(2013),

Boulouta (2013), Farooque et.al., (2014), Amran et

al. (2014), Farooque e Ahulu (2015).

Tamanho do

Conselho

nº total de membros TCA Silveira (2002), Coffey e Wang (1998), Hillman et

al. (2001), Post et al. (2011), Michelon e Parbonetti

(2012), Walls et al.(2012), Hafsi e Turgut (2013),

Amran et al. (2014).

CEO e membro do

conselho

Código específico para

CEO e membro do

conselho

MEM Michelon e Parbonetti (2012)

Eleição dos

membros

Código específico para

membro do conselho

eleito pelos minoritários

EM Michelon e Parbonetti (2012), Cunha e Martins

(2015).

Sustentabilidade

Empresarial

dummy D= 1,

participante do ISE; D=0

em caso contrário

ISE Murcia et al.(2008), Vital et al.(2009), Teixeira et

al. (2011), Machado et al.(2012) e Freguete et al.

(2015).

Fonte: Elaborado pela autora.

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3.3 Modelo da Relação entre as Variáveis

Conforme a teoria apresentada sugere, as características dos conselhos de

administração influenciam a divulgação em sustentabilidade. Assim, a Figura 1 ilustra as

interações entre as variáveis dependente, independentes e de controle apresentadas no

trabalho e as hipóteses relacionadas.

Figura 1 –Variáveis e Hipóteses de pesquisa

Fonte: Elaborada pela autora

Desempenho Valor Tamanho da

empresa Tamanho do

conselho

CEO e

membro do

CA

Eleição dos

membros

Variáveis de

Controle

Idade H1 +

Gênero H2 +

Independência H3 +

Dualidade H4 -

Vari

ávei

s In

dep

end

ente

s

GRI

Divulgação de

Sustentabilidade

Variável Dependente

ISE

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As variáveis referentes às características do conselho compõem as hipóteses da

seguinte maneira, a variável diversidade de idade, gênero e independência estão positivamente

relacionadas com a variável dependente nível de divulgação de sustentabilidade, e

correspondem as hipóteses H1, H2 e H3, respectivamente. A variável dualidade está

negativamente relacionada com a variável dependente e corresponde a hipótes H4. As

variáveis desempenho, valor, tamanho da empresa, tamanho do conselho, CEO e membro do

conselho, eleição dos membros e ISE estão sendo controladas para não enviesarem os efeitos

das variáveis independentes na variável dependente.

3.4 Método

Uma meta da pesquisa científica é ser objetiva a tal ponto que outros pesquisadores

poderão produzir os mesmos resultados ao seguirem o processo empregado pelo pesquisador

original (HAIR et al., 2005). Deste modo esta etapa da pesquisa é importante por detalhar os

procedimentos tomados para se chegar aos resultados finais. Esta subseção apresenta o

método estatístico utilizado para testar as hipóteses da pesquisa e o uso da ferramenta Stata

®13.0 como software de suporte estatístico.

a) Método estatístico

Com o intuito de capturar os efeitos das características dos conselhos na divulgação da

sustentabilidade, utilizou-se como método estatístico, a Regressão de Efeitos Fixos com

Dados em Painel. A característica dos dados em painel ou dados longitudinais, segundo Hsiao

(2006), é apresentar as observações alinhadas ao longo do tempo, para que dessa forma,

proporcionem uma melhor investigação sobre a dinâmica das mudanças nas variáveis

estudadas.

O método de Efeitos Fixos, para Alisson (2009) possibilita o controle de variáveis não

observáveis que distinguem as empresas entre si. Estes efeitos não observáveis ou

heterogeneidade podem ser específicos à empresa, e o modelo controla todas as diferenças

que não variam no tempo entre as unidades estudadas, para que os resultados não sejam

enviesados devido às características omitidas que não variem no tempo. Assim, o modelo de

Efeitos Fixos é recomendado quando se pretende analisar o impacto das variáveis que variam

ao longo do tempo, como é o caso da presente pesquisa. Para assegurar a escolha desse

modelo, foi aplicado o Teste de Hausman, que apontou para sua utilização (Prob>chi2 =

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0.0000), conforme apresentado no Apêndice A. A hipótese nula testada é que os resíduos não

são correlacionados com as variáveis explicativas, assim, o modelo de efeitos aleatórios é

preferível e a hipótese alternativa é que o modelo de efeitos fixos deve ser utilizado. Como os

resultados apresentaram significância estatística, a hipótese nula não foi aceita, e aceitou-se a

hipótese alternativa.

b) Modelo de regressão

A equação que representa o modelo geral da regressão utilizada é descrita da seguinte

maneira:

GRI it = βo + β1X1it + β2X2it +...+ βnXnit + αi + εit

Em que, GRI é o nível de divulgação de sustentabilidade, medido pelos indicadores da

Global Report Iniciative; it é a empresa i no período t; βo é o intercepto; β1X1it e βnitXnit

representam as variáveis independentes e as variáveis de controle e seus coeficientes. O αi

varia de uma empresa para outra e é constante ao longo do tempo, captando as diferenças de

comportamento entre as empresas. O εit expressa a variação do erro observado em relação ao

esperado (WOOLDRIDGE, 2002).

Utilizou-se de coeficientes robustos com a finalidade de aprimorar a consistência dos

resultados, assegurar a robustez do modelo proposto e devido à possibilidade da presença de

dados heterocedásticos, que são aqueles em que os termos de erro não possuem a mesma

variância, conforme Gujarati e Porter (2011). O comando utilizado no Stata® para controlar a

heterocedasticidade foi o “vce (robust)”, empregado em todos os testes.

c) Teste de normalidade

Com a finalidade de verificar a normalidade das variáveis realizou-se dois testes: o

Teste de Normalidade Univariada e o Teste de Normalidade Multivariada, conforme os

histogramas, do Apêndice B. Os testes de normalidade são utilizados para verificar se a

distribuição de probabilidade associada a um conjunto de dados pode ser aproximada da

distribuição normal. Referente à normalidade das variáveis observa-se que não há suporte

estatístico para classificá-las como normais, de acordo com os resultados apresentados na

Tabela 1.

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Tabela 1 – Teste de normalidade univariada e multivariada

Variável Obs Assimetria Curtose adj chi2(2) Prob>chi2

GRI 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

GEN 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

DUO 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

ISE 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

ID 1.5e+03 0.0037 0.0576 11.47 0.0032

IND 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

EM 1.5e+03 0.0000 0.0000 62.66 0.0000

MEM 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

TCA 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

ROE 1.3e+03 0.0000 0.0000 - -

VL 1.1e+03 0.0000 0.0000 - -

TAM 1.5e+03 0.0000 0.0000 - 0.0000

Teste Doornik-Hansen chi2(24) =55283.000 Prob>chi2 = 0.0000

Fonte: Dados da pesquisa

Assim, todas as hipóteses nulas de normalidade foram rejeitadas (Prob>chi2 =

0.0000), o que comprova que a distribuição das variáveis não respeita a curva de normal a

partir dos valores encontrados. Para os testes de normalidade foram efetuados os comandos

“sktest” (univariada) e “mvtest normality” (multivariada), do software Stata®.

3.5 Síntese dos objetivos do estudo

Para um melhor planejamento da pesquisa, resgatou-se a questão norteadora do estudo

e os objetivos. Para os objetivos específicos optou-se por demonstrá-los alinhados as variáveis

de análise e aos procedimentos metodológicos específicos a cada etapa. Os autores que

embasam tais procedimentos também são demonstrados.

O Quadro 10 expressa a síntese da operacionalização dos objetivos deste estudo.

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Quadro 10 – Operacionalização dos objetivos

Fonte: Elaborado pela autora.

DESCRIÇÃO DA OPERACIONALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA

Questão de pesquisa Quais características do conselho de administração que influenciam na divulgação da

sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa?

Objetivo geral Analisar quais as características do conselho de administração que influenciam na divulgação da

sustentabilidade nas empresas da BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014.

Objetivos específicos Variáveis de análise Metodologia Autores

Descrever as características

do conselho de administração

das empresas listadas

Idade, gênero, independência e

dualidade Enfoque descritivo de abordagem

quantitativa. Análise dos dados

secundários obtidos no site da

BM&FBovespa (estatística descritiva)

Coffey e Wang

(1998), Post et al.

(2011), Michelon

e Parbonetti

(2012) e Matos e

Gois (2013)

Identificar as empresas que

reportam seus relatórios de

sustentabilidade para a

BM&FBovespa e verificar o

nível de divulgação dos

relatórios

Divulgação de sustentabilidade

(GRI) Enfoque descritivo de abordagem

quantitativa. Codificação e análise dos

dados secundários dos relatórios de

sustentabilidade (análise de conteúdo)

Rover et al (2012),

Calixto (2013),

Amran et al.

(2014) e Farooque

e Ahulu (2015).

Comparar as características

do conselho de administração

das empresas que divulgaram

com as empresas que não

divulgaram seus relatórios

Variáveis independentes (idade,

gênero, independência,

dualidade), variável dependente

(GRI) e variáveis de controle

(tamanho da empresa, valor de

mercado, desempenho

financeiro, tamanho do

conselho, membro eleito por

minoritário, CEO e membro do

conselho e ISE)

Enfoque descritivo de abordagem

quantitativa com o uso de técnicas

estatísticas de análise dos dados da

pesquisa (correlação entre as variáveis)

Coffey e Wang

(1998), Michelon

e Parbonetti

(2012), Walls et

al.(2012), Matos e

Gois (2013),

Boulouta (2013),

Amran et al.

(2014) e Hafsi e

Turgut (2013).

Relacionar as características

do conselho de administração

com a divulgação em

sustentabilidade nas empresas

listadas

Variáveis independentes (Idade,

gênero, independência,

dualidade), variável dependente

(GRI) e variáveis de controle

(Tamanho da empresa, valor de

mercado, desempenho

financeiro, tamanho do

conselho, membro eleito por

minoritário, CEO e membro do

conselho e ISE)

Enfoque descritivo de abordagem

quantitativa utilizando técnicas

estatísticas de análise dos dados para

testar os efeitos das variáveis

independentes na variável dependente.

Conclui-se a análise ao comparar os

resultados obtidos com pesquisas já

realizadas e a teoria sobre o tema (

Regressão)

Coffey e Wang

(1998), Walls et

al.(2012),

Boulouta (2013),

Amran et al.

(2014) e Post et al.

(2015).

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa e suas discussões. Inicialmente

discorre-se sobre os resultados da análise dos relatórios de sustentabilidade, identificando a

divulgação desses relatórios e que correspondem a variável dependente. Em seguida

apresenta-se a estatística descritiva das variáveis que tem por objetivo informar sobre a

operacionalidade dos dados e na sequência o modelo aplicado da regressão e seus resultados.

4.1 Relatórios de Sustentabilidade

Nos relatórios divulgados na BM&FBovespa, percebe-se a evolução da divulgação

passando de 96 empresas no ano de 2011 para 160 empresas que divulgaram seus relatórios

de sustentabilidade em 2014, vide Figura 2. Isso representa um crescimento de 67%. Assim o

total de empresas que divulgaram os seus relatórios foi de 160, que representam 56% do total

da amostra pesquisada. O total de relatórios codificados foi de 575.

Figura 2 – Evolução da divulgação dos relatórios de sustentabilidade

Fonte: Dados da pesquisa

Houve um aumento no número de empresas que se manifestaram tanto as empresas

que indicaram não publicar os relatórios quanto às empresas que publicaram. Essa diferença

foi mais expressiva para o ano de 2011 para 2012.

0

50

100

150

200

250

2011 2012 2013 2014

Não se manifestaram

Não publicam

Publicam

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No entanto, ao observar a média de respostas para cada ano, nota-se que a média das

empresas que não se manifestaram é maior que a média de respostas das empresas que não

publicam e das que publicam de acordo com a Tabela 2, isso significa que mesmo com o

aumento das manifestações, na média prevalece às empresas que não se manifestaram. No ano

de 2013 para 2014 houve uma redução no número de relatórios publicados, devido ao

cancelamento de duas empresas, a Anhanguera e a Embratel, ocorridas no período.

Tabela 2 – Descritiva das respostas das empresas na BM&FBovespa

2011 2012 2013 2014 média desvio

padrão

min max

Não se

manifestaram

245 149 126 123 161 57 123 245

Não publicam 107 136 149 151 136 20 107 151

Publicam 96 157 162 160 144 32 96 162

Total de

empresas

448 442 437 434 440 6 434 448

Total da

amostra

285 285 285 285 285 0 285 285

Fonte: Adaptado da BM&FBovespa (2015)

Desses relatórios, a família que recebeu maior pontuação em todos os anos foi o

Indicador Econômico, com uma média de 98 pontos, seguido do Indicador Social e do

Indicador Ambiental, com 89 e 84 pontos, respectivamente. A pontuação mínima foi da

família Indicador Ambiental, com o total de 69 pontos e a pontuação máxima foi da Família

Indicador Econômico com 104 pontos. A Tabela 3 demonstra os resultados estatísticos dos

relatórios analisados.

Tabela 3 – Descritiva dos relatórios de sustentabilidade.

FA

MÍL

IAS

INDICADORES 2011 2012 2013 2014 Media Desvio

padrão

min max

Econômico 86 100 104 104 98 8 86 104

Social 75 91 93 98 89 9 75 98

Ambiental 69 85 89 95 84 11 69 95

Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados estão ilustrados na Figura 3. Nota-se que as três famílias de indicadores

obtiveram um crescimento gradativo e constante.

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Figura 3 – Divulgação dos relatórios discriminados por famílias.

Fonte: Dados da pesquisa.

Na Tabela 4, apresentam-se os resultados das análises dos relatórios, em percentuais,

discriminados por famílias e com as categorias que mais se destacaram na análise. No total de

relatórios divulgados em 2011, 54% pontuaram na família Indicador Econômico, 63% em

2012 e 65% em 2013 e 2014. A evolução dos números de 2011 para 2014 foi de 21%.

Tabela 4 – Divulgação dos relatórios em percentuais

FA

MÍL

IAS

INDICADORES

Ano base do relatório

Evolução

2011-2014² 2011

%

do

total¹

2012

%

do

total¹

2013

%

do

total¹

2014

% do

total¹

Indicador Econômico 86 54% 100 63% 104 65% 104 65% 21%

Indicador Social 75 47% 91 57% 93 58% 98 61% 31%

Indicador Ambiental 69 43% 85 53% 89 56% 95 59% 38%

CA

TE

GO

RIA

S

Desempenho 127 79% 137 86% 148 93% 152 95% 20%

Comunidades locais 116 73% 131 82% 143 89% 148 93% 28%

Efluentes e resíduos 84 53% 103 64% 109 68% 119 74% 42%

GRI 79 49% 103 64% 111 69% 118 74% 49%

Verificação externa 42 26% 52 33% 55 34% 62 39% 48%

Combate a corrupção 63 70% 77 79% 84 85% 110 90% 75%

Grupos engajados 75 47% 103 64% 110 69% 123 77% 64%

Direitos humanos 82 51% 110 69% 122 76% 130 81% 59%

Estrutura de governança 112 39% 127 48% 136 53% 144 69% 29%

Fonte: Dados da pesquisa

¹ Percentual do número de relatórios com a presença do indicador em relação ao número total de relatórios

² Comparação dos números de relatórios divulgados em 2011 com os números de relatórios divulgados em 2014.

Nas categorias, a que mais se destacou foi o Desempenho Econômico com pontuação

em 79% dos relatórios divulgados em 2011, 86% em 2012, 93% em 2013 e 95% em 2014,

com crescimento de 20% dos números de 2011 para 2014. Esses resultados eram esperados,

pois mesmos as empresas que não seguem as diretrizes G3, ou divulgam seu Balanço Social

0

20

40

60

80

100

120

2011 2012 2013 2014

economico

social

ambiental

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em que incluem o relatório financeiro ou divulgam o seu Relatório Anual, com os balanços e

demonstrativos financeiros completos. Esses resultados vão ao encontro dos achados de

Calixto (2013), que ao pesquisar o nível de divulgação na América Latina, observou que o

aspecto desempenho econômico foi o mais relatado. Destaque para o Brasil, que foi o país

com o maior número de companhias que enfatizaram o assunto, seguido do México. Na

Argentina e no Chile esse aspecto recebe pouca ênfase entre as organizações estabelecidas

naqueles países e em relação ao Peru, não foram identificadas quaisquer informações que

pudessem ser classificadas na categoria de análise desempenho econômico ao longo de todo o

período de análise.

A categoria Comunidades Locais também se destaca com a divulgação expressiva de

73% em 2011, 82% em 2012, 89% em 2013 e 93% em 2014, com evolução de 2011 para

2014 de 28%. A explicação desses números pode estar no fato das empresas, tanto as que

seguem a GRI como as que não a seguem, divulgam algum tipo de obra social com

engajamento da comunidade local. Na família do Indicador Ambiental a categoria que foi

mais divulgada foi a de Efluentes e Resíduos, com 53% em 2011, 64% em 2012, 68% em

2013 e 74% em 2014, com crescimento de 42% ao compararmos o ano de 2011 com o ano de

2014. As categorias Energia e Água, também apresentaram números similares no mesmo

período. O nível de divulgação das categorias está ilustrado na Figura 4.

Resultados similares foram encontrados por Calixto (2013), que revelaram que a

maioria das companhias de capital aberto da sua amostra, que consiste em empresas da

América Latina, não disponibiliza informações socioambientais nos seus relatórios anuais ou

em relatórios específicos, entretanto, as companhias estabelecidas no Brasil se destacam com

informações sobre gestão ambiental, certificação, emissões e efluentes líquidos. Farooque et

al. (2014) descrevem resultados semelhantes nas empresas australianas da sua amostra. Elas

apresentam um aumento de relatos nos aspectos energia, emissões e gestão ambiental seguido

por água, materiais, transporte e produtos.

Oliveira et al (2009), encontraram resultados similares na categoria desempenho

financeiro e comunidade local, mas diferem nas categorias ambientais. Sua amostra consiste

em empresas brasileiras do Novo Mercado e as categorias mais frequentemente divulgadas

foram: receitas totais; total de novos investimentos; pagamentos a governos; força de trabalho

total, discriminada por tipo de emprego, contrato de trabalho e gênero, e as contribuições

voluntárias para a sociedade civil. E os indicadores menos divulgados foram: média de horas

de treinamento; dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho, lesões e doenças;

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percentual de empregados abrangidos por acordos coletivos; fornecedores locais e número de

multas.

Figura 4 – Divulgação dos relatórios discriminados por categoria

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que as diretrizes da GRI foram seguidas em 49% dos relatórios divulgados

em 2011, em 64% de 2012, em 69% de 2013 e 74% dos relatórios de 2014, o que confirma

um aumento gradativo, com o crescimento dos números de 2011 para 2014 em 49%. No

mesmo sentido os números para a categoria Verificação Externa obtiveram um crescimento

de 48%, dos anos de 2011 para 2014. Esses resultados demonstram a melhoria da qualidade

dos relatórios, tanto em relação à elaboração seguindo as diretrizes da GRI quanto à adesão a

verificação externa, o que garante dessa forma, maior credibilidade das informações.

Outras categorias que se destacaram foram: Combate a Corrupção, Grupos Engajados

e Direitos Humanos, pois apresentaram uma evolução dos números de 2011 para 2014 acima

da média. A categoria Combate a Corrupção foi a que mais se destacou, com uma evolução de

75%. Seguida da categoria Grupos Engajados com 64% e Direitos Humanos com 59%. A

explicação poderia ser dada pela implementação em 2013, da Lei 12.846, a Lei Anticorrupção

que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos

contra a administração pública, nacional ou estrangeira, impulsionando assim, a aderência das

empresas nesse tema. O crescimento dos Grupos Engajados pode estar vinculado com um

aumento de interesse por parte dos stakeholders em participar e cuidar dos seus interesses. E o

crescimento da divulgação na categoria Direitos Humanos pode ser interpretada pela

aderência e compromisso com o Pacto Global por parte das empresas. Esses achados se

assemelham aos de Calixto (2013), sua análise permitiu verificar que as companhias

0

20

40

60

80

100

120

140

160

2011 2012 2013 2014

desempenho

comunidade

efluentes

GRI

Verif Ext

Governança

Grupos

Direitos Humanos

Comb Corrupção

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estabelecidas no Brasil foram as que mais destacaram o assunto Engajamento dos

Stakeholders, em todo o período analisado. O engajamento dos stakeholders tem se

estabelecido como uma iniciativa justificada por aquelas companhias que buscam maior

aproximação numa tentativa de diálogo, para o gerenciamento dos seus stakeholders

considerados mais relevantes. Porém para o indicador direitos humanos, seus achados

diferem, na sua amostra, essa categoria recebeu pouca ênfase.

Em relação à pontuação das empresas observou-se que a média geral ficou em 4,43

pontos no ano de 2011, 5,28 no ano de 2012, 5,64 para 2013 e 5,92 em 2014. Com uma

evolução gradual, embora pequena, na pontuação dos relatórios, como pode ser observada na

Figura 5.

Figura 5 – Pontuação média dos relatórios de sustentabilidade das empresas

Fonte: Dados da pesquisa

Ao considerar o período todo de análise, observa-se que a pontuação média ficou em

21,27 pontos, que corresponde a 66% do total a ser atingido e representa que os níveis dos

relatos encontram-se acima da média. Os valores são ilustrados na Figura 6.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

2011 2012 2013 2014

Pontuação média atingidapelas empresas

Pontuação total a seratingida

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Figura 6 - Pontuação média das empresas no período total

Fonte: Dados da pesquisa

Esses dados podem ser observados de uma forma melhor quando se analisam as

pontuações pelos níveis de divulgação, conforme a Figura 7. Nos relatórios analisados

destaca-se que 49% classificam-se como de alto nível de divulgação, e que refletem a média

de pontuação entre 24,01 a 32 pontos. Os outros níveis abrangem 22%, 17% e 12% dos

relatórios e correspondem aos níveis médio alto, médio baixo e baixo de divulgação,

respectivamente.

Figura 7 – Níveis de classificação dos relatórios de sustentabilidade

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: Escala de classificação dos níveis de divulgação dos relatórios de sustentabilidade: de 0 a 8 pontos =

baixo; de 8,01 a 16 = médio baixo; de 16,01 a 24= médio alto e de 24,01 a 32= alto.

Em relação às empresas, aquelas que atingiram 32 pontos e que caracterizam a maior

pontuação no período de análise, cujos relatórios apresentam o nível máximo de divulgação,

21,27

32

0

5

10

15

20

25

30

35

Pontuação média atingida pelasempresas

Pontuação total a ser atingida

12%

17%

22%

49%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

baixo médio baixo médio alto alto

% de Empresas

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segundo o critério desta pesquisa, foram: Ampla, Bandeirante, Coelce, EDP, Escelsea,

Investco, Natura, Petrobras e Usiminas, e equivalem a 6% em relação às empresas que

divulgam. Juntamente com outras 73 empresas que atingiram o nível considerado como alto

de divulgação em sustentabilidade e que correspondem a maior proporção de empresas por

nível de classificação. A distribuição das empresas de acordo com seus níveis de classificação

estão expostos no Quadro 11.

Quadro 11 – Classificação das empresas por pontuação

PONTUAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

ESCALAS CLASSIFICAÇÃO EMPRESAS Total %

0 a 8 BAIXO

BRB, Banpará, Bematech, Cyrela Comercial , Forjas Taurus,

Hypermarcas, Karsten, Libra, L. Americanas, Magazine Luiza,

Magnesita, MRV, Ouro Fino, Paranapanema, Profarmar, Porto Belo,

SLC, Tupi, Wilson.

19 12%

8,01 a 16 MÉDIO BAIXO

Alpargatas, Arezzo, Arteris, Banese, Bicbanco, BHG, Bombril, BV,

Cambuci, Cedro Cachoeira, Cyrela Br, Gerdau Met, Gerdau,

razziotin, Hering, Indusval, Inv Bemge, Linx, M Dias Branco, Mahle,

Marcopolo, Melhoramentos, Raizen, São Carlos, Taesa, Tereos,

Ultrapar

27 17%

16,01 a 24 MÉDIO ALTO

Algar Tel, Alliansce, B2W, Bco Pine, Braskem, CCR Autoban, CCR

Pres Dutra, CCR Viaoeste, Ceg, Cielo, Comgas, Conc Raposo Tavares,

Concepa, Cosern, Dasa Light, Dibens, Emae, Energisa Mato Grosso do

Sul, Energisa Mato Grosso, Energisa, Equatorial, Estacio, Fras Le, Ind

Romi, Itausa, Itautec, JBS, Kepler, Multiplus, Porto Seguro, Positivo,

QGEP, Randon, Triunfo, Whirlpool

35 22%

24,01 a 32 ALTO

AES Brasil, Afluente Neoenergia Aes Sul, Aes Tiete, Ambev, Ampla,

Baesa, Bandeirante, Banrisul, Bco Amazonia, Bco Nordeste, Bco

Brasil, Biosev, BMFBovespa, Bradesco, BRF, Ceee GT, Ceee D,

Celpe, Celesc, Cemig, Cesp, Coelce, Copasa, Copel, Cosan, Coelba,

Cpfl, Cpfl Cia Paulista Força e Luz, Cpfl Energia, Cpfl Ger, Cpfl Pirat,

Cteep, Duke, Duratex, EDP,Elekeiroz, Ecorodovias, Elektro,

Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Even, Escelsea, Eternit, Fibria,

Fleury, Gol, Heringer, Invepar, Investco, Itau Unibanco, JSL, Klabin,

Light, Marfrig, Minerva, Multiplan, Natura, Oi, Petrobras, Suzano

Papel e Celulose, Renner, Renova Energia, Sabesp, Santander, Santos

Brasil, Souza Cruz, Suzano, Tecnisa, Telefonica, Usiminas, Rio

Grande Energia, Sonae Sierra Br, Tim, Tractebel, Valid, Vale, Via

Varejo GPA, Weg.

70 49%

Fonte: Dados da pesquisa

Nota: Em negrito empresas com o nível máximo de pontuação.

Nota-se que seis das nove empresas que divulgam atendendo plenamente as diretrizes

da GRI, são dos setores de energia, as outras três são dos setores de beleza e cosméticos,

petrolífero e de mineração, respectivamente. Tais resultados corroboram com Conceição et

al.(2012), que destacam em sua pesquisa que os segmentos com maior divulgação são:

energia, mineração, alimentos e bebidas, construção e telecomunicações. Razões possíveis

seria devido aos impactos ambientais de suas atividades econômicas, a utilização dos recursos

naturais em grande escala, o uso de substâncias conservantes e a geração de resíduos

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industriais, provocando externalidades negativas. Assim, esses setores utilizam-se da

divulgação de sustentabilidade como uma maneira de abrandar as consequências das suas

atividades e ao mesmo tempo melhorar sua imagem para a sociedade. O número de empresas

que mais divulgam é do setor de energia, tanto em quantidade, quanto em qualidade,

apresentando as maiores pontuações.

Para Farooque et al. (2014) e Alonso-Almeida et al. (2015), esses resultados não os

surpreendem, porque o setor da energia é considerado "a indústria suja" e para "limpar" a

imagem da empresa requer este tipo de certificação, e também para justificar a sua política de

engajamento com o meio ambiente e com a sociedade em geral. Uma vez que um número

significativo de países latino-americanos tem reservas significativas de recursos energéticos, a

maneira como explorar e cuidar do meio ambiente para as futuras gerações está se tornando

cada vez mais importante. Além disso, os relatórios voluntários fornecem oportunidade para

as empresas mostrarem suas iniciativas e defender suas ações ou infrações, que por meio das

notificações não seria possível.

4.2 Análise descritiva das variáveis

Na Tabela 5 consta a estatística descritiva das variáveis independentes (gênero, idade,

independência e dualidade), dependente (nível de GRI) e de controle (valor da firma, tamanho

da firma, CA total, CEO e CA, eleição, ISE), bem como, o número de observações (N), as

médias (M), o desvio-padrão (DP) e os limites mínimos (Min) e máximos (Max) dos dados.

Ao analisar as variáveis independentes e a variável dependente, observa-se que o nível

médio de divulgação pautada pelas orientações do GRI foi de 1,99 pontos. E o desvio padrão

foi de 3,03. Esse resultado demonstra que em 1515 observações o nível médio de divulgação

atingiu somente 25% da pontuação máxima, considerando que a pontuação máxima a ser

atingida era de 8 pontos, confirmando a análise anterior em que os níveis de divulgação

aumentaram gradativamente porém, ainda estão abaixo do esperado. Em relação a variável

gênero, nota-se que a presença de mulheres no conselho não ocorre de maneira significativa.

De fato a média indica a existência de empresas em que seus conselhos são constituídos com

presença de somente homens. Quanto a idade dos conselheiros, a média está em 55 anos com

a idade mínima de 34 e máxima de 85. Também é possível perceber que a ocorrência de

dualidade não atinge todas as empresas, de modo que a média de ocorrências está em 0,23. A

média da variável independência indica que há a proporção de 1,18 membro independente em

relação às observações.

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Tabela 5 – Estatística descritiva

Variáveis N M DP Min Max

GRI 1515 1.988867 3.027931 0 8

GEN 1515 .5584158 .8901265 0 7

ID 1515 55.50787 7.550044 34 85

DUO 1515 .230363 .4630347 0 3

IND 1515 1.190759 1.575462 0 14

ISE 1515 .0858086 .2801737 0 1

EM 1515 4.957096 3.010792 0 18

MEM 1515 .8943894 .8817474 0 6

TCA 1515 6.615842 2.853816 1 24

ROE 1341 33.79248 128.6631 0 2947.57

VL 1115 2.364906 7.684176 0 224.15

TAM 1482 12.9927 3.152911 0 20.14879

Fonte: dados da pesquisa

Para observar a existência de associação entre as variáveis gerou-se a matriz de

correlação, representada na Tabela 6. No programa Stata® obtém-se a matriz de correlação

usando o comando “pwcorr”.

Tabela 6 - Matriz de Correlação

GRI GEN DUO ISE ID IND E.M. MEM T.CA ROE VL TAM

GRI 1.0000

GEN -0.0219 1.0000

DUO -0.2145* 0.0210 1.0000

ISE 0.4419* 0.0064 -0.1219* 1.0000

ID 0.0150 -0.0127 0.0703* 0.1037* 1.0000

IND 0.2001* -0.0760* -0.2024* 0.2203* 0.0433 1.0000

E.M. 0.2562* 0.1608* -0.0749* 0.2612* 0.0633* 0.0913* 1.0000

MEM -0.0108 0.1282* 0.3994* -0.0007 0.0386 -0.1172* 0.1147* 1.0000

T.CA 0.3423* 0.1544* -0.1969* 0.3089* 0.0436 0.4393* 0.6950* 0.0818* 1.0000

ROE -0.0729* 0.0806* 0.0198 -0.0426 -0.1016* -0.0579* -0.0613* 0.0419 -0.1104* 1.0000

VL 0.0135 -0.0189 -0.0440 0.0025 -0.0611* -0.0045 -0.0070 -0.0515 -0.0304 0.2306* 1.0000

TAM 0.4383* -0.0812* -0.1693* 0.3190* 0.2339* 0.3548* 0.3419* -0.0445 0.5390* -0.3040* -0.0698*1.000

Fonte: Dados da pesquisa.

A força da associação é medida pelo coeficiente de correlação, conforme descrito por

Hair et al. (2005), em que coeficientes com os valores entre 0, 41 a 0,70; 0,71 a 0,90 e 0,91 a

1,0 são considerados com associações moderadas, altas e muito fortes, respectivamente. A

Tabela 3 indica que a força da probabilidade de haver relação entre as variáveis está entre

moderada, destacada em negrito, a leve, não havendo indicação de associação alta ou muito

forte.

As variáveis GRI e ISE e GRI e TAM apresentam moderada relação, tais resultados

são esperados, pois empresas participantes do ISE tendem a estar relacionadas com a

divulgação em sustentabilidade, assim como as empresas de maior porte. A moderada

associação entre as variáveis IND e TCA indica que poderá haver relação entre a presença de

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membros independentes e o tamanho do conselho. A variável tamanho do conselho indica

moderada relação com as variáveis membros eleitos pelos acionistas minoritários e com o

tamanho da empresa.

Posteriormente a matriz de correlação, testou-se o modelo de regressão, conforme a

tabela 7. A partir da equação, que contém os indicadores para análise de efeitos fixos com

dados em painel, o modelo foi testado para que fosse possível dar suporte empírico as

hipóteses de pesquisa. O modelo com efeitos fixos pode ser estimado com a ferramenta

Stata® pelo comando “xtreg” opção “fe”.

Tabela 7 – Tabela de Regressão

Número de observações 1021 Min 1

Número de grupos 285 Avg 3.6

Max 4

R-sq: within 0.0432 F(11,284) 1.93

Between 0.0603 Corr(u_i, Xb) 0.1064

Overall 0.0613 Prob > F 0.0353

GRI Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

GEN .244272 .1386891 1.76 0.079* -.0287171 .5172611

DUO -.4550604 .2098104 -2.17 0.031** -.8680411 -.0420796

MEM -.2239676 .1356426 -1.65 0.100 -.49096 .0430247

ISE .1970455 .201475 0.98 0.329 -.1995282 .5936192

ID -.0053197 .0163131 -0.33 0.745 -.0374296 .0267902

IND .0544278 .0613897 0.89 0.376 -0664088 .1752645

E.M -.0571281 .05998 -0.95 0.342 -.1751898 .0609336

T.CA .0280708 .053044 0.53 0.597 -.0763384 .13248

ROE .0004325 .0005387 0.80 0.423 -.0006277 .0014928

VL -.028597 .0239389 -1.19 0.233 -.0757171 .0185232

TAM .0938802 .1426897 0.66 0.511 -.1869834 .3747437

Cons 1.640395 2.471594 0.66 0.507 -3.224572 6.505362

Sigma_u 2.982371

Sigma_e .95382603

Rho .9072058

Fonte: dados da pesquisa

*Nivel de significância de 0,10 **Nível de significância 0,05

Foi aplicado o teste para verificar a presença de multicolinearidade entre as variáveis.

Esse teste indica se há correlação entre as variáveis independentes, conforme a Tabela 8.

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Tabela 8 – Teste de Multicolinearidade

VARIAVEL VIF 1/VIF

TAM 53.86 0.018567

ID 37.44 0.026710

T.CA 23.20 0.043095

E.M. 7.53 0.132878

IND 2.67 0.373876

MEM 2.26 0.442156

GEN 1.58 0.634168

DUO 1.49 0.672479

VL 1.39 0.718114

ISE 1.30 0.771482

ROE 1.26 0.791521

MEAN VIF 12.18

Fonte: Dados da pesquisa.

O teste indicou multicolinearidade para as variáveis tamanho da empresa, idade e

tamanho do conselho. O modelo de regressão foi testado novamente, excluindo duas dessas

variáveis: a variável idade e tamanho do conselho, a fim de verificar se a presença de

multicolinearidade influenciou o resultado anterior. De acordo com os resultados apresentados

no modelo de regressão, tabela no Apêndice D, é possível observar que a multicolinearidade

entre as variáveis não influenciou de maneira significativa os resultados, portanto as variáveis

permanecem no modelo. Assim, prosseguiu-se com as análises dos resultados.

Embora a teoria sugira que a idade do indivíduo influencia sua percepção moral, e

define seus padrões éticos e sociais (POST et al., 2011; SANTOS et al., 2013), na amostra

deste estudo, não foi possível obter essa confirmação. Uma vez que o coeficiente de regressão

para a variável idade, não apresentou significância estatística. Portanto a hipótese 1: as

empresas que apresentam a faixa de idade dos membros dos seus conselhos de administração,

com uma média de 50 anos, estão positivamente relacionadas com a divulgação de

sustentabilidade, foi refutada. Os resultados se assemelham aos encontrados por Coffey e

Wang (1998) cujos resultados não apresentaram significância estatística. E diferem dos

achados de Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013), que encontraram resultados

significativos em suas amostras.

Para a variável gênero, os resultados do coeficiente são estatisticamente significantes,

assim, a hipótese 2: as empresas que apresentam maior diversidade de gênero, com a presença

de mulheres como membros dos conselhos de administração, estão positivamente

relacionadas com a divulgação de sustentabilidade, foi aceita. Tais resultados corroboram os

achados de Post, Rahman e Rubow (2011), Frias­Aceituno et al. (2012), Fernandez­Feijoo

(2014), Boulouta (2013) e Harjoto (2015) que analisaram a presença feminina nos conselhos e

a sustentabilidade. E reforça a visão de autores como Ibrahim e Angelidis (1994), de que as

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mulheres são mais orientadas no aspecto social do que os homens, o que resulta em maior

eficácia na tomada de decisão do conselho, especificamente nos assuntos relacionados com a

responsabilidade social. Ellwood e Garcia-Lacalle (2015) defendem que os perfis femininos

estão associados aos traços de empatia, carinho e preocupação com os outros. Por esse motivo

suas ações são mais voltadas à comunidade, e sua presença nos conselhos de administração

acarreta benefícios positivos em relação a ações de cunho social.

A variável independente não apresenta significância estatística, portanto a hipótese 3:

as empresas com um maior número de membros independentes em seus conselhos de

administração estão positivamente relacionadas a divulgação de sustentabilidade, não foi

aceita. Os achados vão ao encontro dos trabalhos de Michelon e Parbonetti (2012) e Amran et

al. (2014), que testaram a composição do conselho e o nível de divulgação de

sustentabilidade, e não encontraram significância estatística em seus resultados. E não

corrobora com os resultados que indicam que a presença de membros independentes nos

conselhos de administração estão positivamente relacionadas com a sustentabilidade, como

Post et al. (2011), Matos e Gois (2013) e Herda et al ( 2013), Post et al. (2015). E tampouco

confirmam os achados de Eng e Mak (2003), Farooque e Ahulu (2015), cuja presença de

membros independentes está negativamente relacionada com a divulgação em

sustentabilidade.

Para a variável dualidade os resultados foram significativos, portanto a hipótese 4: As

empresas que apresentam a dualidade de funções para os membros do conselho, estão

negativamente relacionadas com a divulgação de sustentabilidade, foi aceita. Esses resultados

corroboram com os encontrados por Prado-Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) e Seamer

(2014). Para a teoria da agência, os interesses pessoais do CEO podem se sobreporem aos

interesses da empresa e de seus stakeholders, refletindo no baixo grau de interesse na

divulgação de suas atividades, bem como no seu empenho para as atividades de

responsabilidade social corporativa. Quando o CEO é também presidente do conselho, seu

poder aumenta e ele tem a capacidade para definir a agenda do conselho e influenciar as

informações fornecidas aos outros membros e igualmente restringir a divulgação voluntária

(TUGGLE et al., 2010), e nesse caso, a dualidade está negativamente associada com as

empresas socialmente responsáveis (WEBB, 2004).

As hipóteses testadas estão relacionadas às variáveis independentes referentes às

características dos conselhos (idade, gênero, independência e dualidade), e buscou-se analisar

seus efeitos na variável dependente, a divulgação das empresas em sustentabilidade. A

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sínteses desses resultados, bem como os achados de outros estudos, estão demonstrados no

Quadro 12.

Quadro 12 – Síntese dos principais os resultados da pesquisa

AUTORES

HIPÓTESES ACEITA NÃO ACEITA RESULTADOS

DESTA PESQUISA

H1+

(idade) Post et al. (2011) e Hafsi e Turgut (2013) Coffey e Wang (1998) Hipótese não aceita

H2+

(gênero) Post et al. (2011), Frias­Aceituno et al. (2012),

Boulouta (2013), Hafsi e Turgut (2013), Fernandez­

Feijoo (2014) e Harjoto (2015)

Coffey e Wang (1998) e

Amran et al. (2014) Hipótese aceita

H3-

(independência) Post et al. (2011), Herda et al (2013), Matos e Gois

(2013) e Post et al. (2015) Eng e Mak (2003), Michelon e

Parbonetti (2012), Amran et al.

(2014) e Farooque e Ahulu

(2015)

Hipótese não aceita

H4+

(dualidade)

Prado-Lorenzo e Garcia-Sanchez (2010) e Seamer

(2014) Michelon e Parbonetti (2012),

Khan et al (2013) e Jizi et al.

(2014)

Hipótese aceita

Fonte: Elaborado pela autora.

Os resultados confirmaram as hipóteses H2 e H4, referente aos aspectos de gênero e

de dualidades dos membros, respectivamente. As hipóteses H1 e H3, referentes as

características de idade e de independência não se confirmaram.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse capítulo apresentam-se as conclusões do estudo, suas limitações e sugestões

para futuras pesquisas.

5.1 Conclusões

O objetivo que permeou este estudo foi analisar quais características do conselho de

administração influenciam na divulgação da sustentabilidade empresarial das empresas

listadas na BM&FBovespa, no período de 2011 a 2014. Para atingi-lo buscou-se na teoria, as

variáveis utilizadas por outros autores em trabalhos similares. Sendo indicadas como variáveis

relevantes para análise referentes à composição do conselho, sendo elas: a idade, o gênero, a

independência e a dualidade dos membros. Para medir o nível de divulgação das ações de

sustentabilidade nas empresas, optou-se pelos indicadores da Global Iniciative Report (GRI).

As variáveis de controle foram selecionadas seguindo esses mesmos critérios. Essas

características foram exploradas por outros autores, porém, no contexto brasileiro não foram

encontrados testes empíricos dessas relações.

Como técnica de análise utilizou-se a análise de conteúdo para extrair as informações

dos relatórios de sustentabilidade e assim, transformá-los em uma medida para a variável

dependente. Para operacionalizar as variáveis da pesquisa utilizou-se da Regressão de Efeitos

Fixos com Dados em Painel, que baseado em outros estudos, melhor explica essas interações.

Primeiramente, com a técnica de análise de conteúdo foi possível perceber a evolução da

divulgação dos relatórios de sustentabilidade, a partir dos relatos das empresas para a

BM&FBovespa. Observa-se que do ano de 2011 para 2014 houve crescimento correspondente

a 67% na manifestação das empresas no que se refere as suas divulgações dos relatórios de

sustentabilidade. É um resultado positivo considerando que no Brasil as práticas da

Governança Corporativa, dentre elas a transparência na divulgação de informações dos

relatórios de sustentabilidade, são recomendações e não uma exigência legal. Nos indicadores,

o que mais pontuou foi o Indicador Econômico, e manteve essa posição para todo o período.

Esse resultado está alinhado com a teoria e também se observa que, nesse caso, a amostra é

composta pelas empresas listadas, e estas por sua vez, tem a obrigatoriedade de emitir as

demonstrações financeiras, portanto por tratar-se de informações que as empresas já emitem,

fica mais fácil de serem reportadas.

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Nas categorias, a que mais se destacou foi o Desempenho Econômico, coerente com os

resultados do indicador Econômico. Outro achado importante refere-se as outras categorias

que se destacaram, como a categoria Combate a Corrupção que apresenta uma evolução de

75%, o que demonstra duas possíveis preocupações dessas empresas: manter uma imagem

que preza a ética das relações e alinhar-se as regras da Lei Anticorrupção. As outras

categorias que também se destacaram foram a categoria Grupos Engajados com 64% e

Direitos Humanos com 59%, que espelha um aumento na preocupação em equiparar os

interesses da empresa e dos stakeholders, respeitando as práticas alinhadas ao Direitos

Humanos, tanto como critério na escolha dos fornecedores, como no combate a erradicação

do trabalho infantil e escravo. E embora sejam categorias do indicador social, este não

recebeu maior pontuação no geral. Isso se explica porque esse indicador se subdivide em

várias categorias, portanto a maior pontuação nessas categorias não necessariamente acarreta

em uma maior pontuação no geral, pois dependerá dos resultados das outras categorias que

compõe esse índice.

Referente a categoria GRI, utilizada para identificar a proporção de empresas que

divulgam seguindo as diretrizes da GRI e a categoria Verificação Externa, destacam-se a

evolução de divulgação que abrangem esses aspectos. A verificação externa é importante

porque a auditoria feita por terceiros que não apresentam ligação com os negócios da

organização, favorece o aumento da credibilidade das informações relatadas. Interessante

observar que as diretrizes da GRI foram seguidas em mais de 50% dos relatórios emitidos, se

for considerada a média do período. A verificação externa também aumentou, o que

demonstra uma evolução na qualidade dos relatórios emitidos pelas empresas. São números

relativamente otimistas, se for considerado que a iniciativa da BM&FBovespa é recente, pois

somente a partir de 2011 é que essas informações foram solicitadas. Esses dados são melhor

observados quando se analisam pela classificação dos níveis de divulgação dos relatórios,

cujo destaque está na pontuação acima de 24 pontos, e que corresponde a alto nível de

divulgação, refletindo que 49% dos relatórios emitidos divulgam um maior número de

indicadores da GRI.

Na faixa de pontuação total, ou seja, aquelas empresas cujos relatórios apresentam o

nível máximo de divulgação (32 pontos), segundo o critério desta pesquisa, equivalem a 6%

do total de empresas que divulgam. Essas empresas estão concentradas nos setores de energia,

petróleo, mineração e cosméticos. Esse destaque das empresas do setor de energia foi relatado

em outros trabalhos, demonstrando ser uma realidade de outros países. Farooque et al. (2014)

e Alonso-Almeida et al. (2015), representam de maneira acertada a interpretação desses

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resultados, pois para eles o setor da energia necessita compensar suas ações, que refletem em

efeitos muitas vezes negativos para o meio ambiente e para a sociedade. Assim, os relatórios

voluntários fornecem oportunidade para as empresas mostrarem suas iniciativas e defender

suas ações ou infrações, que por meio das notificações obrigatórias não seria possível.

Com a variável dependente mensurada, as hipóteses de pesquisa foram submetidas aos

testes estatísticos. Os resultados indicaram que para as hipótese H1 e H3 não houve

significância estatística na amostra, portanto as hipóteses não foram aceitas. Para as hipótese

H2 e H4, os resultados apresentaram significância e as hipóteses foram aceitas. A hipótese H2

se refere aos efeitos da variável gênero com a divulgação de sustentabilidade. E reforça a

teoria de que a presença feminina nos conselhos favorece as atividades de cunho sustentável.

Porém, é valido observar que a presença de mulheres no conselho da amostra, não ocorre de

maneira significativa, portanto recomenda-se que esse dado deva ser mais explorado, para que

se possam fazer generalizações.

Os resultados para a hipótese H4 demonstram que a dualidade de funções para os

membros do conselho, estão negativamente relacionadas com o nível de divulgação de

sustentabilidade. Assim, comprova-se a teoria de que os CEOs como presidentes do conselho,

podem não ter interesse em divulgar suas atividades para os stakeholders. Além de que, os

CEOs são voltados ao curto prazo, e as ações de sustentabilidade são estratégias de longo

prazo.

Diante desses resultados é possível concluir que os objetivos do trabalho foram

atingidos. O presente estudo buscou preencher as lacunas teóricas relatadas e integrar os

estudos nesse tema, também procurou contribuir para a prática empresarial auxiliando os

acionistas na escolha para composição dos conselhos.

5.2 Limitações

Pela amplitude do tema não foi possível analisá-lo em sua totalidade, o que de certa

maneira vem a ser positivo, pois acarretará em novas pesquisas. Assim, seguem algumas

limitações desse estudo:

A amostra composta somente por empresas de capital aberto e empresas

brasileiras;

Utilizaram-se exclusivamente dados secundários;

Verificaram-se somente as características do conselho disponibilizadas pelas

empresas e,

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Analisou-se apenas os relatórios disponibilizados pela BM&FBovespa. Nesse

caso, observa-se um número considerável de empresas que não se

manifestaram, o que diminui o corpo de dados em relação ao total.

5.3 Pesquisas Futuras

Recomenda-se para futuras pesquisas: a ampliação da amostra para empresas de

capital fechado; a utilização de outros recursos de coletas de dados, como entrevistas com

diretores e conselheiros das empresas; analisar outras formas de divulgação da empresa, além

dos relatórios, como os sites e propagandas, para coletar informações daquelas empresas que

não se manifestaram. Sugere-se incluir outras variáveis como a educação formal dos membros

do conselho, o tempo da empresa na BM&FBovespa e sua atuação internacional. Recomenda-

se a utilização de outros mecanismos de governança, como a estrutura de propriedade, bem

como alinhar com outras teorias como, por exemplo, a Teoria Institucional.

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APÊNDICES

Apêndice A - Teste de Hausman

. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind

. //Teste de hausman

. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind

> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, fe

Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021

Group variable: code_Company Number of groups = 285

R-sq: within = 0.0432 Obs per group: min = 1

between = 0.0603 avg = 3.6

overall = 0.0613 max = 4

F(11,725) = 2.98

corr(u_i, Xb) = 0.1064 Prob > F = 0.0007

-------------------------------------------------------------------------------

-----

GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------------+-----------------------------------------------------------

-----

gender | .244272 .0946778 2.58 0.010 .0583966 .4301474

Chairman_CEO | -.4550604 .1616586 -2.81 0.005 -.7724352 -.1376856

board_and_director | -.2239676 .0960701 -2.33 0.020 -.4125765 -.0353588

ISE | .1970455 .3863566 0.51 0.610 -.5614657 .9555567

mean_yearsOLD | -.0053197 .0141387 -0.38 0.707 -.0330773 .022438

number_Independent | .0544278 .0546732 1.00 0.320 -.0529089 .1617646

Elected | -.0571281 .0415299 -1.38 0.169 -.1386614 .0244052

board_total | .0280708 .05058 0.55 0.579 -.0712299 .1273715

roe | .0004325 .0007746 0.56 0.577 -.0010881 .0019532

market_to_book | -.028597 .0273068 -1.05 0.295 -.0822068 .0250129

Lassets | .0938802 .1495646 0.63 0.530 -.1997513 .3875116

_cons | 1.640395 2.33475 0.70 0.483 -2.943282 6.224072

-------------------+-----------------------------------------------------------

-----

sigma_u | 2.982371

sigma_e | .95382603

rho | .9072058 (fraction of variance due to u_i)

-------------------------------------------------------------------------------

-----

F test that all u_i=0: F(284, 725) = 25.59 Prob > F = 0.0000

. estimates store FE

. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind

> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, re

Random-effects GLS regression Number of obs = 1021

Group variable: code_Company Number of groups = 285

R-sq: within = 0.0265 Obs per group: min = 1

between = 0.2600 avg = 3.6

overall = 0.2641 max = 4

Wald chi2(11) = 109.88

corr(u_i, X) = 0 (assumed) Prob > chi2 = 0.0000

-------------------------------------------------------------------------------

-----

GRI | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]

-------------------+-----------------------------------------------------------

gender | .2050703 .0864461 2.37 0.018 .035639 .3745015

Chairman_CEO | -.5525022 .1544605 -3.58 0.000 -.8552392 -.2497653

board_and_director | -.1760639 .0876863 -2.01 0.045 -.3479258 -.0042019

ISE | 1.215507 .3244783 3.75 0.000 .5795417 1.851473

mean_yearsOLD | -.0104913 .0121893 -0.86 0.389 -.0343819 .0133993

number_Independent | .0188941 .0497678 0.38 0.704 -.0786489 .1164371

Elected | -.0151551 .0362238 -0.42 0.676 -.0861525 .0558423

board_total | .028447 .0454616 0.63 0.531 -.060656 .11755

roe | .0005631 .0007668 0.73 0.463 -.0009399 .002066

market_to_book | -.0066864 .0209655 -0.32 0.750 -.047778 .0344052

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Lassets | .5135195 .0800166 6.42 0.000 .3566899 .6703491

_cons | -4.357118 1.340243 -3.25 0.001 -6.983946 -1.730289

-------------------+-----------------------------------------------------------

-----

sigma_u | 2.5449314

sigma_e | .95382603

rho | .87683084 (fraction of variance due to u_i)

-------------------------------------------------------------------------------

-----

. estimates store RE

. hausman FE RE

---- Coefficients ----

| (b) (B) (b-B) sqrt(diag(V_b-V_B))

| FE RE Difference S.E.

-------------+----------------------------------------------------------------

gender | .244272 .2050703 .0392017 .0386129

Chairman_CEO | -.4550604 -.5525022 .0974419 .0477017

board_and_~r | -.2239676 -.1760639 -.0479038 .0392502

ISE | .1970455 1.215507 -1.018462 .2097266

mean_years~D | -.0053197 -.0104913 .0051716 .007164

number_Ind~t | .0544278 .0188941 .0355338 .0226347

Elected | -.0571281 -.0151551 -.041973 .0203118

board_total | .0280708 .028447 -.0003762 .0221717

roe | .0004325 .0005631 -.0001305 .0001092

market_to_~k | -.028597 -.0066864 -.0219106 .017496

Lassets | .0938802 .5135195 -.4196393 .1263603

------------------------------------------------------------------------------

b = consistent under Ho and Ha; obtained from xtreg

B = inconsistent under Ha, efficient under Ho; obtained from xtreg

Test: Ho: difference in coefficients not systematic

chi2(11) = (b-B)'[(V_b-V_B)^(-1)](b-B)

= 70.78

Prob>chi2 = 0.0000

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Apêndice B – Histogramas dos Testes de Normalidade

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Apêndice C - Modelo de Regressão

. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE mean_yearsOLD number_Ind

> ependent Elected board_total roe market_to_book Lassets, fe vce(robust)

Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021

Group variable: code_Company Number of groups = 285

R-sq: within = 0.0432 Obs per group: min = 1

between = 0.0603 avg = 3.6

overall = 0.0613 max = 4

F(11,284) = 1.93

corr(u_i, Xb) = 0.1064 Prob > F = 0.0353

(Std. Err. adjusted for 285 clusters in code_Company)

-------------------------------------------------------------------------------

-----

| Robust

GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------------+-----------------------------------------------------------

-----

gender | .244272 .1386891 1.76 0.079 -.0287171 .5172611

Chairman_CEO | -.4550604 .2098104 -2.17 0.031 -.8680411 -.0420796

board_and_director | -.2239676 .1356426 -1.65 0.100 -.49096 .0430247

ISE | .1970455 .201475 0.98 0.329 -.1995282 .5936192

mean_yearsOLD | -.0053197 .0163131 -0.33 0.745 -.0374296 .0267902

number_Independent | .0544278 .0613897 0.89 0.376 -.0664088 .1752645

Elected | -.0571281 .05998 -0.95 0.342 -.1751898 .0609336

board_total | .0280708 .053044 0.53 0.597 -.0763384 .13248

roe | .0004325 .0005387 0.80 0.423 -.0006277 .0014928

market_to_book | -.028597 .0239389 -1.19 0.233 -.0757171 .0185232

Lassets | .0938802 .1426897 0.66 0.511 -.1869834 .3747437

_cons | 1.640395 2.471594 0.66 0.507 -3.224572 6.505362

-------------------+-----------------------------------------------------------

-----

sigma_u | 2.982371

sigma_e | .95382603

rho | .9072058 (fraction of variance due to u_i)

-----------------------------------------------------------------------------------

Observação: a variável setor da empresa foi testada como variável de controle, porém sua

operacionalização gerou erro no modelo e por esse motivo não foi considerada no teste de

regressão.

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Apêndice D – Teste de Multicolinearidade

. vif, uncentered

Variable | VIF 1/VIF

-------------+----------------------

Lassets | 53.86 0.018567

mean_years~D | 37.44 0.026710

board_total | 23.20 0.043095

Elected | 7.53 0.132878

number_Ind~t | 2.67 0.373876

board_and_~r | 2.26 0.442156

gender | 1.58 0.634168

Chairman_CEO | 1.49 0.672479

market_to_~k | 1.39 0.718114

ISE | 1.30 0.771482

roe | 1.26 0.791521

-------------+----------------------

Mean VIF | 12.18

Teste de Regressão

. xtreg GRI gender Chairman_CEO board_and_director ISE number_Independent Elect

> ed roe market_to_book Lassets, fe vce(robust)

Fixed-effects (within) regression Number of obs = 1021

Group variable: code_Company Number of groups = 285

R-sq: within = 0.0426 Obs per group: min = 1

between = 0.0609 avg = 3.6

overall = 0.0627 max = 4

F(9,284) = 2.21

corr(u_i, Xb) = 0.1164 Prob > F = 0.0216

(Std. Err. adjusted for 285 clusters in code_Company)

-------------------------------------------------------------------------------

| Robust

GRI | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

-------------------+-----------------------------------------------------------

gender | .2569425 .1401379 1.83 0.068* -.0188981 .5327832

Chairman_CEO | -.4420698 .2142218 -2.06 0.040** -.8637337 -.0204058

board_and_director | -.2076243 .1335178 -1.56 0.121 -.4704343 .0551857

ISE | .1764329 .2063332 0.86 0.393 -.2297034 .5825693

number_Independent | .0676002 .0552112 1.22 0.222 -.0410749 .1762753

Elected | -.0419928 .0449581 -0.93 0.351 -.1304862 .0465006

roe | .0003787 .0005275 0.72 0.473 -.0006595 .001417

market_to_book | -.0276841 .0240893 -1.15 0.251 -.0751003 .0197322

Lassets | .1053275 .1377592 0.76 0.445 -.1658311 .3764861

_cons | 1.259705 1.973917 0.64 0.524 -2.625659 5.145069

-------------------+-----------------------------------------------------------

sigma_u | 2.9840448

sigma_e | .95281105

rho | .90747916 (fraction of variance due to u_i)

-------------------------------------------------------------------------------

*Nivel de significância de 0,10; **Nível de significância 0,05

. vif, uncentered

Variable | VIF 1/VIF

-------------+----------------------

Lassets | 6.99 0.143016

Elected | 4.73 0.211516

board_and_~r | 2.20 0.454276

number_Ind~t | 2.16 0.462654

gender | 1.46 0.684485

market_to_~k | 1.39 0.718534

Chairman_CEO | 1.38 0.726186

roe | 1.26 0.794593

ISE | 1.25 0.802345

-------------+----------------------

Mean VIF | 2.54