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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CURSO DE PSICOLOGIA CAMPUS PARAISO 2° Semestre / Matutino O FENÔMENO DA FIGURA-FUNDO COMO FORMA DE ORGANIZAÇÃO PERCEPTUAL: FIGURAS REVERSÍVEIS NOME: RA: ANDERSON DE ANDRADE SOAREZ C2180D-8 HERIKA O. ANGELUTI C2998J-5 HYE HYUN RYOU T12825-0 JUDITH RODRIGUEZ MENDEZ C26669-8 MANUELA FERREIRA ALEXANDER T552DJ-4 MIRELA ESPINETTI C256IJ-8 RENATO MARTINS DA SILVA T17392-2 VERA NICE SOARES DA SILVA C02FII-1

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO DE PSICOLOGIA

CAMPUS PARAISO

2° Semestre / Matutino

O FENÔMENO DA FIGURA-FUNDO COMO FORMA DE

ORGANIZAÇÃO PERCEPTUAL: FIGURAS REVERSÍVEIS

NOME: RA: TURMA:

ANDERSON DE ANDRADE SOAREZ C2180D-8 PS2A68

HERIKA O. ANGELUTI C2998J-5 PS2A68

HYE HYUN RYOU T12825-0 PS2B68

JUDITH RODRIGUEZ MENDEZ C26669-8 PS2A68

MANUELA FERREIRA ALEXANDER T552DJ-4 PS2B68

MIRELA ESPINETTI C256IJ-8 PS2A68

RENATO MARTINS DA SILVA T17392-2 PS2A68

VERA NICE SOARES DA SILVA C02FII-1 PS2A68

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SÃO PAULO

2014

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho abordará o entendimento do processo perceptual, destacando a

organização da percepção em relação às imagens de figura-fundo, também

conhecidas como imagens reversíveis ou ambíguas.

O processo perceptual se dá pelos estímulos que chegam por meio de impulsos

sensoriais selecionados, organizados e interpretados por sistemas cerebrais para

tornar esses impulsos percepções organizadas, atribuindo significado a eles. Cada

impulso sensorial tem, portanto um órgão sensorial envolvido, porém a organização

dessa informação como forma de percepção dependerá de muitos fatores e

implicará nas tomadas de decisões e ações dos sujeitos.

É importante salientar a diferença entre sensação e percepção:

Sensação e percepção estão intimamente relacionadas e são difíceis de

separar, mas há uma diferença importante. A sensação geralmente se refere

ao processo de detectar e traduzir a informação sensorial bruta, enquanto a

percepção se refere ao processo de selecionar, organizar e interpretar os

dados sensoriais, transformando-os em representações mentais úteis do

mundo. (HUFFMAN, 2003)

Pesquisadores da percepção acreditam que os humanos precisam de imagens

atualizadas com frequência, o que chamam de modelo do entorno. Por meio desse

modelo que "os humanos percebem, tomam decisão e se comportam" (ATKINSON,

2012). Para isso, é necessário sempre buscar informações novas, para alimentar o

modelo, e organizar essas informações de modo útil, para que quando necessário,

sejam acessadas.

Por isso a percepção é individual, e não depende apenas do estímulo, mas sim do

seu modelo de entorno, que foi criado durante toda sua vida.

No caso do exercício, o órgão sensorial trabalhado foram os olhos, e como estímulo

sensorial bruto a luz. Como se sabe, "a visão é o sentido mais bem adaptado nos

seres humanos" (ATKINSON, 2012), mas será que todos, ao se depararem com

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uma imagem Figura-Fundo, veem a mesma coisa? O exercício proposto é

exatamente observar como o processo perceptivo se dá, utilizando para isso uma

imagem ambígua na qual se pode perceber uma moça ou uma velha.

Geralmente em massas de preto e branco, no fenômeno das figuras reversíveis ou

figuras ambíguas, a mesma imagem pode ser percebida ou interpretada como figura

ou fundo, dependendo da direção do ponto de atenção visual do sujeito observador.

Assim, mesmo quando o sujeito reconhece as duas figuras, não é possível ver a

moça e a velha ao mesmo tempo. Isso demonstra novamente que a organização em

figura e fundo está na sua mente e não no estímulo.

Os resultados serão expostos em forma de gráficos acompanhados de informações

relevantes e interpretações do grupo. Além da aprendizagem de habilidades

importantes de pesquisa, como a coleta de dados com sujeitos “concretos”, a

observação e registro de dados, e a elaboração de relatórios, tivemos neste

trabalho, a possibilidade de repetir um teste comentado na bibliografia estudada e

compará-la com as bases teóricas vistas constantes nas discussões e

considerações finais.

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2. MÉTODO

Para dar clareza ao relatório, cabe aqui identificar e definir as partes e objetos

participantes deste exercício. Primeiramente, identificamos como observadores ou

aplicadores os integrantes do grupo que irão observar os sujeitos da pesquisa.

Definimos como imagem o material entregue aos sujeitos para ser observado, e

como figuras aquilo que poderia ser ou não reconhecido pelos sujeitos – a velha ou

a moça.

O método consistia em, de forma padronizada, mostrar uma imagem ambígua,

reproduzida em papel. Esta imagem permitia duas interpretações diferentes: uma

moça ou uma velha (ver Anexo no final deste trabalho).

Para tal pesquisa foram selecionados 12 sujeitos, com idades entre 15 e 90 anos.

Entre eles encontravam-se uma enfermeira aposentada, donas-de-casa, senhoras

artesãs, um bancário aposentado, pedreiros, publicitários e estudantes.

Em uma amostragem tão diversificada em idades e profissões, foram adotados

alguns procedimentos para a coleta de dados, a fim de padronizar e facilitar a

observação do grupo de como as pessoas chegavam às respostas. Para isso,

usamos um roteiro que abrange desde a introdução até a conclusão do teste. Além

disso foi determinado que o tempo para o sujeito analisar a imagem deveria ser de 5

minutos, e que, neste tempo, a imagem poderia ser manuseada livremente.

Ficou claro para os sujeitos que não haveria respostas certas ou erradas e que o

objetivo deste exercício era estudar a percepção de cada indivíduo. Após essa

colocação percebeu-se que muitas pessoas se sentiram visivelmente mais à vontade

em seus exames da figura, pois não seria necessário que fosse visto “algo pré-

determinado”.

Ainda antes de dar a imagem para ser examinada, foi pedido que após recebê-la,

relatassem o que viam na mesma. Pessoas que já conheciam a figura foram

desconsideradas para a análise dos dados.

Caso o indivíduo só reconhecesse uma das figuras, o mesmo era questionado se

conseguiria ver algo a mais, e era permitido o reexame por mais algum tempo.

Quando a resposta era negativa, ou seja, o sujeito não era capaz de reconhecer

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sozinho a segunda figura, era revelado a ele como enxergá-la.

Os sujeitos também foram questionados a respeito do que os influenciou na

identificação desta(s) figura(s). É importante salientar que todas as respostas e

verbalizações dos sujeitos foram registradas literalmente e usadas de base para a

confecção deste relatório. Também foram registradas as maneiras como eles

manusearam a imagem, quantas e quais figuras os sujeitos identificaram

espontaneamente, e quantas foram identificadas após sugestão dos observadores.

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3. RESULTADOS

Após aplicação do teste e coleta e a tabulação de dados, chegou-se as

seguintes porcentagens – com base no total de sujeitos:

Como pode ser observado na Figura 1, 34% dos sujeitos foram capazes de

reconhecer as duas figuras, enquanto mais da metade (58%) reconheceu apenas

uma das figuras.

Destes 58% que reconheceram apenas uma das figuras espontaneamente, 28%

conseguiram ver a segunda figura após sugestão do aplicador.

Houve casos (25%) em que o sujeito visualizou figuras não esperadas, como

máscara, cavalos, pássaros e montanhas. Alguns, após reconhecerem essas outras

figuras, chegaram espontaneamente nas figuras da moça ou da velha, porém um

caso (8%) só pôde reconhecer a moça após sugestão do observador.

Figura 1 - Quantas figuras foram reconhecidas espontaneamente?

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Quando a aplicador sugeriu que haveria algo a mais para ser visto, 50% das

pessoas reconheceram a segunda figura após reexame da imagem. A Figura 2

considera toda a amostragem. Considerando apenas aqueles que não conseguiram

perceber a segunda figura espontaneamente, esse número cai para 43%.

Figura 2 - Quantos reconheceram a segunda figura após sugestão do aplicador?

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A moça foi vista em primeiro lugar pela maioria das pessoas (83%), como mostra a

Figura 3. Muitos verbalizaram o que viam como uma moça de perfil, e descreviam

detalhes como o chapéu e o colar. Quem conseguiu reconhecer a velha em primeiro

lugar apontava seu nariz como um dos fatores marcantes.

Ao final do teste, após reexame da imagem, metade dos sujeitos reconheceram

apenas uma das figuras, e a outra metade, as duas (Figura 4).

Todas as pessoas induzidas pelos observadores a procurar uma segunda figura o

fizeram manuseando a imagem, girando-a, afastando-a dos olhos e procurando com

o olhar algum detalhe reconhecível.

Todos que não conseguiram ver a segunda imagem disseram conseguir apenas

focar na figura já conhecida. Quando revelada a segunda imagem com a ajuda do

observador, automaticamente, essas pessoas perceberam o que os olhos teimavam

em ignorar.

Figura 3 - Quais figuras foram vistas em primeiro lugar?

Figura 4 - Quantas figuras foram reconhecidas espontaneamente ou por sugestão?

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4. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Fazendo uma relação entre a teoria apresentada na introdução com os

resultados observados neste exercício, o grupo chegou à conclusão de que certos

pontos foram decididamente confirmados no processo perceptual.

Em primeiro lugar, o processo físico da sensação em cada indivíduo ficou evidente

ao observar o modo como as pessoas pegavam o desenho e o examinavam, virando

de um lado para o outro e especialmente ao serem questionados sobre a segunda

figura, quando os sujeitos ainda não a haviam distinguido.

Percebeu-se o modo como os sentidos são estimulados, no caso da observação

aqui analisada, o sentido da visão. Cada sujeito procurou a melhor posição para

receber as ondas de luz adequadas para que seus olhos pudessem captar as

informações da figura, tentando reconhecer, por meio de processos cerebrais,

alguma imagem. Sabe-se que o processo visual apenas começa pelos olhos, e que

a atividade cerebral faz com que se reconheça essa ou aquela figura, buscando

alguma semelhança com as informações já existentes e interpretando o que se está

vendo. Essa interpretação é pessoal, e pode ser influenciada por experiências

vividas, expectativas, cultura, necessidade, interesse e referências. Desta maneira, a

percepção envolve bem mais do que receber sinais passivamente, a interpretação

do que é visto abrange a experiência de mundo que cada pessoa traz dentro de si,

sendo subjetiva, dependendo de como aquela imagem vai interagir com a realidade

de cada um, individualmente.

Isso explica o porquê de alguns sujeitos reconhecerem primeiro a moça e não a

velha, por exemplo. Também explica o porquê de alguns não verem nenhuma

imagem, enquanto outros identificam imagens que não são nem a velha nem a

moça.

"A discrepância entre figura e fundo é algumas vezes tão vaga, que temos

dificuldades em perceber o que é o que" (DAVIDOFF, 1983). Por isso a seleção dos

estímulos aos quais se vai prestar atenção é o primeiro passo da percepção. Duas

pessoas de nossa amostragem viram uma máscara, ou seja, selecionaram

involuntariamente um pedaço da imagem e buscaram o que aquilo poderia remeter.

Enxergaram assim uma máscara, onde esperávamos que vissem uma moça ou uma

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velha. "O mesmo impulso visual pode resultar em percepções radicalmente

diferentes" (WEITEN, 2002). Mas foram exceções. Assim como na maioria das

situações, no exercício proposto também há excesso de informação sensorial, mas o

cérebro consegue destacar as mensagens mais importantes e reconhecer alguma

figura na grande maioria dos casos.

Porém, a primeira vista, muitas vezes não identificou figura alguma até que se foque

em algo reconhecível, como o queixo da moça ou o nariz da velha. E assim,

automaticamente, após conseguir localizar alguma parte do desenho, os sujeitos

reconheciam o restante dos rostos. Desta forma, ao perceber o nariz da velha,

automaticamente se reconhecia a velha como um todo. E após reconhecer a velha,

muitos tiveram alguma dificuldade em reconhecer a moça. O princípio da

proximidade agrupa os elementos fisicamente próximos e os percebe como um todo.

Os sujeitos, quando só reconheciam uma das figuras, ao serem informados pelo

observador da existência de outra, tentavam buscar novos pontos focais. Inicia-se

uma segunda busca, decodificando em sua memória informação pré-existentes.

Neste momento, eles viravam a folha ou a cabeça, tentando procurar novos

estímulos sensoriais. Porém, a atenção seletiva sempre fazia com que os sujeitos

voltassem para a figura já reconhecida. Alguns, após o reexame, conseguiram

enxergar a outra figura. Esse processo é automático e rápido, por isso as pessoas

não têm consciência dele.

As interpretações são baseadas nas experiências subjetivas de mundo, resultando

em realidades diferentes. Para a psicologia, este aspecto de como as pessoas

percebem e como percebemos as pessoas é fundamental, assim também, levar em

consideração o todo e nunca as partes, como explicado na teoria da Gestalt.

Gestalt é uma corrente da psicologia experimental que surge no século. A palavra

alemã gestalt significa "método", "forma" ou "figura". Segundo os gestaltistas, a

percepção da forma não se dá na análise de suas partes isoladas, mas na

percepção de seu todo. Reunindo os elementos da experiência numa unidade

complexa. Desta forma, as partes da imagem moça/velha podem significar coisas

diferentes: o colar da moça é a boca da velha. A parte só faz sentido no todo.

Ainda segundo Gestalt, nossa mente procura sempre a solução mais simples para

um problema, buscando na memória características em comum do que está sendo

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visto com o que já é conhecido. Por isso a tentativa dos sujeitos em reconhecer algo

em comum como referência, usando de artifícios como girar a imagem ou procurar

outros pontos de foco, por exemplo.

Quem encontrou a segunda imagem com facilidade conseguiu mudar o foco do

centro da imagem (onde se pode ver a moça com clareza), para a parte inferior da

imagem (onde se reconhece a velha). Das pessoas que não conseguiram encontrar

a segunda imagem, observou-se algum estímulo visual que não as deixou ver o

todo, como o penacho do chapéu da moça e da velha. ("Esse penacho deve ser de

alguma outra coisa").

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

ATKINSON, R.L. et al. Introdução à Psicologia. 15ª ed. Porto Alegre: ARTMED,

2012.

DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

HUFFIMAN, K., VERNOY, M., VERNOY J. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003.

MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira

Thompson, 2002.

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6. ANEXO

Figura Velha-Moça