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A Cidade do pintor Cândido Portinari anseia por inves- timentos culturais. resta-se o Museu Casa de Portinari, que sustenta status Brodowski de Portinari A cidade turística Brodo- wski, antes comarca de Batatais, região de Ribeirão Preto (SP), mesmo com o Museu Casa de Portinari, necessita de inves- timentos na cultura, lazer e es- porte. As raízes culturais estão se perdendo, cedendo lugar a uma nova geração carente de investi- mentos. A casa onde morou o pintor da segunda geração do modernismo brasileiro, de mais relevância na década 1940, foi tombada em 1968 pelo Instituto do Patrimô- nio Histórico e Artístico Nacio- nal (Iphan) e transformada em museu com acervo de objetos, obras de artes, histórias, poemas, fotografias, cópias de documen- tos e preservação do jardim o Dio do pintor e de toda a sua fa- mília. Já recebeu turistas brasilei- ros e de vários países do mundo, Por: JESUS RIOS --------------------------- Arquivo Grande Matéria 2012

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A Cidade do pintor Cândido Portinari anseia por inves-timentos culturais. resta-se o Museu Casa de Portinari, que sustenta status

Brodowski de Portinari

A cidade turística Brodo-wski, antes comarca de

Batatais, região de Ribeirão Preto (SP), mesmo com o Museu Casa de Portinari, necessita de inves-timentos na cultura, lazer e es-porte. As raízes culturais estão se perdendo, cedendo lugar a uma

nova geração carente de investi-mentos. A casa onde morou o pintor da segunda geração do modernismo brasileiro, de mais relevância na década 1940, foi tombada em 1968 pelo Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacio-

nal (Iphan) e transformada em museu com acervo de objetos, obras de artes, histórias, poemas, fotografias, cópias de documen-tos e preservação do jardim o Dio do pintor e de toda a sua fa-mília. Já recebeu turistas brasilei-ros e de vários países do mundo,

Por: JESUS RIOS---------------------------Arquivo Grande Matéria 2012

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desde pessoas comuns a famosas: políticos, atores, escritores, apre-sentadores, músicos, cineastas, entre outros. O Museu fica aber-to de segunda-feira a domingo e não abre em feriados nacionais e municipais. O Museu não é o suficiente, faltam investimentos que favore-çam o bem estar social de mais de 22 mil habitantes. Aquela ci-dade onde colocar cadeira na porta de casa para dialogar com

Praça Candido Portinari inaugurada em 22 de Agosto de 1968, de fundo a Igreja Santo Antônio. Foi doada por Portinari a obra Santo Antônio, na con-dição de jamais ser tirada de lá. É celebrada missa apenas no dia do Santo, sua chave fica no museu, para mostrar o quadro aos visitantes.

os vizinhos a luz da lua, andar pelas praças Cândido Portinari ou pela Principal Martins Morei-ra em volta do coreto, tornou-se perigosa por conta de roubos e violências, além dos andarilhos que ocupam os bancos das pra-ças como moradias e a falta de guarda municipal para ajudar na segurança e preservação dos pa-trimônios públicos, por se tratar de uma cidade turística. Os grupos de fanfarras for-

mados pelos humildes da época, não existem mais. Para confra-ternizações como 22 de Agosto, aniversário do Município, é pre-ciso contratar a banda sinfônica de Batatais (SP) ou de outras ci-dades. Os carnavais de rua aca-baram, “foram substituídos por outro inexistente” segundo uma senhora (83) aposentada, que não quis se identificar. O Circo do Biriba, do então palhaço Biri-ba perdeu o poder de persuadir,

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tirar risos fáceis, perdendo espa-ço para outros circos e parques de diversões menores. A antiga estação ferroviária foi dividida em duas partes, a pri-meira tornou-se o atual Termi-nal Rodoviário Primo Baggio e a outra foi restaurada e construída em volta a Praça das Artes, com obras do artista plástico Adélio Sarro inaugura-da no dia oito de Ou-tubro de 1994, no cen-

tenário da estação do engenheiro Brodowski. Falta-se manutenção, limpeza e preservação das obras. Com a falta de opções, anciões de classe alta e média buscam nos clubes Terceira Idade, Bandei-rantes e 22 de Agosto, diversões, filmes, músicas, bingos, borda-dos entre outros na intenção de conservar a cultura. Enquanto que a outra parte da população

não tem opções, a não ser o Clu-be do Trabalhador que está pas-sando por reformas depois de anos, ao receber do Governo do Estado 300 mil para revitalização de três piscinas, sendo duas ra-sas e uma olímpica, tomadas por lixos,

terras e galhos de árvores. As quadras externas, os quiosques, as arqui-bancadas fixas em volta da arena de rodeio e toda a área verde es-tão abandonadas, servindo para jovens usuários de drogas. “Não temos lugares para lazer,

há alguns clubes, mas só para ri-quinhos. Antes o clube era muito bom, mas depois que morreu um mano na piscina, parou de fun-c i o n a r ”,

declarou um jo-vem, com aparência de 26 anos, que usava entorpecentes, junto a outro de 14 anos, que não se identificaram.

P r a ç a C e n -t r a l , m e s m o d e p o i s de res-taurada serve de m o r a -dia para A n d a -r ilhos .

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Praça das Artes antiga estação fer-roviária, obras do pintor plástico Adélio Sarro.

O Vice-prefeito José Luiz Peres justificou que o município não tem verbas suficientes para altos investimentos, que os últimos prefeitos deixaram a desejar, mas, já conseguiu construir a Acade-mia ao ar livre, a Academia de Modalidades Esportivas, a pista de skate, a praça de alimentação (retirando as barracas que fica-

vam em volta da praça municipal e da rodoviária), o Cine Clube também dentro da rodoviária com uma cafeteria, e conseguiu verba de 300 mil do Governo do Estado para reformar as piscinas do Centro dos Trabalhadores. O Crítico visitou o cinema ci-tado por Peres, o Cine Clube: es-paço menor que uma quadra de

vôlei, parede do fundo branca por onde se passam os filmes, ca-deiras de plástico, com a cafete-ria ao fundo. Presenciou no local o momento exato em que uma criança e uma adolescente per-guntaram ao dono da cafeteria e zelador do local se haveria filme, como resposta “não há nenhuma programação”.

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Roberto Morando Videira, Coordenador do Turismo, faz parte da Associação Cultural Ci-nematográfica e Teatral de Atores e Universitários de Brodowski e Região, onde participa de filmes amadores de curta e longa metra-gem como ator, junto com o vice--prefeito e dono da TV Educati-va, canal 31 de Brodowski “Meu desejo é a construção de um an-fiteatro na cidade. Foi constru-ído o Cine Clube aqui na rodo-viária, mas é um lugar pequeno sem muita estrutura. Ele ajudará e muito nas gravações dos filmes amadores os quais participam 80 pessoas: pedreiros, pintores, ven-dedores... Teremos apresentações teatrais, e servirá também como um meio de entretenimento para todos”. Nos sábados e domingos à noite, a Avenida Floriano Peixoto no centro comercial é o lugar que resta para a grande massa, já, que os investimentos não correspon-dem à quantidade de habitantes. Carros de todos os estilos e po-tências de sons animam a aveni-da principal. Para quem deseja eventos diferentes, necessita bus-car em cidades vizinhas, como Batatais, Ribeirão Preto, Franca.Privilégio das classes dominantes e prejuízo às crianças e adoles-centes que crescerão de uma cul-tura inferiorizada. Uma senhora que não quis se identificar por ser mal vista por políticos, disse que os únicos eventos que ocorrem na cidade são para meia dúzia desses polí-

ticos e criticou o comportamen-to do modernista perante a sua terra natal “Portinari morava no Rio de Janeiro e quando vi-nha passear em Brodowski, di-ficilmente alguém o via. Ficava lá entocado naquela casa (hoje museu) e não saia por nada. Era empregada na casa de um amigo dele. Na época vaziamos café no fogão a lenha, ainda não existia garrafa térmica, então fazíamos

o café no bule e deixávamos so-bre o fogão com um pau de lenha aceso para manter a temperatura, e todos íamos deitar, até a mulher do dono da casa. Ele chegava lá para às 23 horas e ficavam con-versando até altas horas. Jamais o vimos, conheci-o apenas pela

voz. Aqui todo mundo sabe que ele nunca apareceu para nin-guém só o nome dele mesmo que representa a cidade”. Os impostos adquiridos pela cidade gira em torno do comer-cio e das fabricas de costuras. A área da construção civil é defi-ciente em mão de obra qualifica-da, os profissionais da área mi-gram para Ribeirão. Muitas vezes é preciso pagar anúncios radiofó-

nicos, em busca dos mesmos. A cidade esta necessitando de uma nova política para se devol-ver o mais rápido possível. A saúde, educação e principalmen-te a cultura estão em estado de emergência e crescimento. Afi-nal, só um museu não resolve.

Clube do Trabalhador de Brodowski-SP. As três piscinas encontram-se abandonadas, tomadas por lixos, terras e ga-lhos de árvores. As grades de proteções estão sendo corro-ídas pelo ferrugem.