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Zoneamento Agroecológico do Estado de Alagoas Potencial de Terras para Irrigação Antonio Cabral Cavalcanti José Coelho de Araújo Filho José Carlos Pereira dos Santos Relatório Técnico Recife, PE Novembro de 2012

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Zoneamento Agroecológico do Estado de Alagoas

Potencial de Terras para Irrigação

Antonio Cabral Cavalcanti

José Coelho de Araújo Filho

José Carlos Pereira dos Santos

Relatório Técnico

Recife, PE

Novembro de 2012

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Solos

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário de Alagoas

Governo do Estado de Alagoas

Zoneamento Agroecológico do Estado de Alagoas

Potencial de Terras para Irrigação

Antonio Cabral Cavalcanti

José Coelho de Araújo Filho

José Carlos Pereira dos Santos

Relatório Técnico

Convênios SEAGRI-AL / Embrapa Solos

Nos 10200.04/0126-6 e 10200.09/0134-5

Embrapa Solos

Recife, PE

2012

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Embrapa Solos

Chefe Geral

Maria de Lourdes Mendonça Santos Breffin

Chefe Adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Daniel Vidal Perez

Chefe Adjunto de Administração

Maria Aparecida Sanches Guedes

Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia

Denise Werneck de Paiva

Coordenador Técnico da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife: José

Carlos Pereira dos Santos

Governador do Estado de Alagoas

Teotônio Vilela Filho

Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário

José Marinho Júnior

Chefe de Gabinete

Etevaldo Amorim

Gestor do Convênio pela SEAGRI

José Manuel Ferreira dos Santos Lapa

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EQUIPE TÉCNICA

Interpretação do potencial de terras para irrigação

Antonio Cabral Cavalcanti

José Coelho de Araújo Filho

José Carlos Pereira dos Santos

Geoprocessamento

Davi Ferreira da Silva

Hilton Luís Ferraz da Silveira

João Cordeiro da Fonseca

Colaboradores

Ademar Barros da Silva

Alexandre Ferreira do Nascimento (Pesquisador – Embrapa Solos)

Lúcia Raquel Lúcia Raquel Queiroz Pereira da Luz

Estagiários e Bolsistas

Arthur Hugo Ribeiro Correa de Araújo (UFPE)

Gabriela Ayane Chagas Felipe Santiago (UFPE)

Levy Barros Cardoso (UFRPE)

Maria Aparecida da Silva (UFRPE)

Mayara Regina Brandão (UFPE)

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SUMÁRIO

Página

RESUMO .......................................................................................... 09

1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 11

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................... 12

2.1. Considerações gerais ................................................................. 12

2.2. Fundamentos da metodologia ...................................................... 13

2.3. Considerações sobre a metodologia do Bureau of Reclamation .......... 14

2.3.1. Definição das classes de terras para irrigação ................................. 14

2.3.2. Definição das subclasses e dos fatores limitantes ............................ 16

2.3.3. Avaliações informativas das terras ................................................ 18

2.3.4. Fórmula usada na representação do potencial de terras para irrigação 19

2.4. METODOLOGIA DE CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO

ADOTADA NESTE TRABALHO ................................................... 20

2.4.1. Critérios usados na classificação .................................................. 20

2.4.2. Renomeação das classes do potencial de terras para irrigação ........... 23

2.4.3. Abolição das subclasses ............................................................. 24

2.4.4. Fatores limitantes usados na classificação ..................................... 24

2.4.5. Omissão da representação das avaliações informativas .................... 25

2.4.6. Representação cartográfica do potencial de terras para irrigação ....... 26

2.4.6.1. Representação das classes de terra para irrigação ............................ 26

2.4.6.2. Representação dos fatores limitantes.................................................. 27

2.4.6.3. Emprego do sinal mais “+”, colchetes [ ] e parênteses ( ) na

representação cartográfica do potencial de terras para irrigação ...... 27

2.4.6.4. Exemplos da Aplicação da legenda do potencial de terras para

irrigação no mapa ........................................................................................ 29

3. RESULTADOS OBTIDOS ............................................................... 30

3.1. Mapa do potencial de terras para irrigação ..................................... 30

3.2. Estimativa de área ocupada pelas classes de potencial de terras para

irrigação .................................................................................. 37

3.3. Descrição sumária das classes de potencial de terras para irrigação .. 39

3.3.1. Terras de classe 1: terras irrigáveis de potencial muito bom .............. 39

3.3.2. Terras de classe 2: Terras irrigáveis de potencial bom ...................... 40

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3.3.3. Terras de classe 3: terras irrigáveis de potencial regular ................... 41

3.3.4. Terras de classe 4: terras irrigáveis de potencial restrito ................... 43

3.3.5. Terras de classe 5: terras irrigáveis de uso especial ......................... 44

3.3.6. Terras de classe 6: terras não irrigáveis ......................................... 44

4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 45

5. RECOMENDAÇÕES GERAIS .......................................................... 48

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 49

ANEXO 1 – Mapa de articulação das cartas do Estado de Alagoas na escala

1:100.000 ....................................................................... 52

ANEXO 2 – Relação dos mapas do potencial de terras para irrigação do

Estado de Alagoas na escala 1:100.000 ............................... 53

ANEXO 3 – Mapa do potencial de terras para irrigação do Estado de

Alagoas para impressão na escala 1:250.000 ........................ 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela guia com os valores básicos de referência usados na definição

das classes do potencial de terras para irrigação. Adaptado de Carter.

Tabela 2 – Área ocupada pelas diferentes classes de potencial de terras para

irrigação n Estado de Alagoas e respectivas unidades de mapeamento de solos.

Tabela 3 – Síntese da área ocupada pelas classes de potencial de terras para

irrigação no Estado de Alagoas.

Tabela 4 – Síntese da área ocupada pelas classes de potencial de terras para

irrigação e respectivas condições climáticas no Estado de Alagoas.

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viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Localização e limites do Estado de Alagoas na região nordeste do

Brasil.

FIGURA 2 – Esquema ilustrativo da representação do potencial de terras para

irrigação segundo a metodologia do U.S. BUREC.

FIGURA 3 – Gráfico da distribuição percentual das diferentes classes do potencial de terras para

irrigação no Estado de Alagoas.

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POTENCIAL DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO DO ESTADO DE ALAGOAS

RESUMO

O Estado de Alagoas possui uma porção significativa de seu território inserida

em ambiente semiárido. Nestas condições, o uso da irrigação se desponta como uma

importante tecnologia para aumentar a produtividade das culturas agrícolas tendo em

vista que mesmo nos tabuleiros costeiros e na baixada litorânea, onde as precipitações

são relativamente favoráveis ao desenvolvimento das culturas, incrementos

expressivos têm sido observados na produtividade agrícola devido ao uso dessa

tecnologia, especialmente da cana-de-açúcar.

Contudo, o desenvolvimento de uma agricultura irrigada sustentável requer a

disponibilidade de terras com características favoráveis à essa prática.

Nesse sentido, o presente trabalho, que é parte integrante do zoneamento

agroecológico do Estado de Alagoas, teve como objetivo estabelecer o potencial das

terras do Estado para o uso com agricultura irrigada. O trabalho trata somente do

potencial dos solos, mas não considera a disponibilidade de água para a irrigação,

requerendo, portanto, que estas informações estejam disponíveis ou sejam

complementadas.

A avaliação do potencial de terras para irrigação se baseou no levantamento de

reconhecimento de baixa e média intensidade dos solos do Estado, e usou a

metodologia do sistema americano de classificação de terras para irrigação com

adaptações para a região nordeste do Brasil decorrentes de experiências adquiridas em

estudos desta natureza realizados anteriormente na região.

O estudo mostrou que as terras consideradas irrigáveis no estado de Alagoas

perfazem aproximadamente 12.815 km2 (46,1% de suas terras), distribuídas da

seguinte forma: 385 km2 (1,4%) com potencial muito bom - Classe 1 para irrigação;

5.737 km2 (20,7%) com potencial bom - Classe 2; 4.989 km2 (18,0%) com potencial

regular - Classe 3; e, 1.705 km2 (6,1%) com potencial restrito - Classe 4. Somente

foram mapeados 19 km2 na classe 5 (Provisória), cerca de 0,07% do Estado. As terras

consideradas não irrigáveis (Classe 6) somam aproximadamente 14.396 km2 (cerca de

51,9% do território Alagoano). A diferença para a área total do Estado (1,4%) é

formada por águas superficiais, áreas urbanas e ilhas muito pequenas que não tiveram

os seus solos mapeados.

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As terras da classe de potencial muito bom localizam-se, principalmente, na

região centro-norte do Estado, ocupando parte dos municípios de Estrela de Alagoas,

Palmeira dos Índios, Igaci, Lagoa da Canoa, Arapiraca, Girau do Ponciano, Craíbas e

Taquarana. As terras da classe de potencial bom ocorrem, principalmente, nos

ambientes de relevo aplanado dos tabuleiros costeiros do Estado.

Palavras-chaves: Potencial de terras para irrigação, levantamento de solos, Estado de

Alagoas.

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POTENCIAL DE TERRAS DO ESTADO DE ALAGOAS PARA IRRIGAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo abrange as terras do Estado de Alagoas (Figura 1), com

uma área de aproximadamente 27.768 km2 (IBGE, 2002).

Uma expressiva área do Estado encontra-se inserida em ambiente de clima

semiárido, condição em que o uso da irrigação torna-se extremamente importante

para a garantia de safra e aumento da produção agrícola.

Mesmo nos tabuleiros costeiros onde o clima é mais úmido, o emprego de

irrigação suplementar tem aumentado a produtividade da cana-de-açúcar em até

60%. Aumentos na produtividade provavelmente também ocorrerão com o

emprego de irrigação em outras culturas.

Figura 1 – Localização e limites do Estado de Alagoas na região nordeste do Brasil.

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Esta interpretação do potencial de terras para irrigação é parte integrante do

Zoneamento Agroecológico do Estado de Alagoas e tem como objetivo espacializar

as diferentes classes do referido potencial para toda a superfície do Estado. Com

isso será possível visualizar os locais onde se encontram as melhores terras para

uso com agricultura irrigada. Ressalta-se que este documento não aborda os

aspectos relacionados à disponibilidade de recursos hídricos, mas somente o

potencial das terras.

Ressalva-se que o sucesso de um empreendimento agrícola depende de uma

análise conjunta de todos os fatores envolvidos no sistema de produção. Desta

forma, ao se pensar em fazer o uso de tecnologia de irrigação, deve-se também

buscar aperfeiçoar os demais aspectos envolvidos no agronegócio tais como

qualidade de sementes, uso e manejo adequado de fertilizantes, controle de pragas

e doenças, preservação ambiental, cuidados na colheita, pós-colheita e

armazenamento da produção, qualificação da mão-de-obra, disponibilidade de

mercado consumidor e condições de escoamento da produção.

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS

2.1. Considerações gerais

O “Levantamento de Reconhecimento de Baixa e Média Intensidade de Solos

do Estado de Alagoas”, na escala 1:100.000, documento que também é parte

integrante do Zoneamento Agroecológico do Estado, foi utilizado como material

básico para este trabalho.

Nesta interpretação não se considerou a disponibilidade de água para a

irrigação, tornando-se necessário a integração dos resultados deste estudo com os

conhecimentos hidrológicos sobre o potencial dos mananciais hídricos do local ou

região para a instalação dos projetos. Somente dessa forma é possível obter as

condições reais para a prática da agricultura irrigada, com base tanto no

conhecimento dos solos, como da disponibilidade efetiva de água.

Embora os resultados disponibilizados possibilitem uma visão geral do

potencial global e da localização das melhores terras do Estado para a agricultura

irrigada, para a implantação de projetos de execução faz-se ainda necessário a

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realização de estudos localizados de solos, mais detalhados e específicos, a

exemplo de capacidade de retenção e disponibilidade de água, testes de movimento

de água (testes hidropedológicos) e outros relacionados às práticas de manejo de

irrigação e drenagem.

2.2. Fundamentos da metodologia

Os critérios adotados seguiram, em linhas gerais, os princípios metodológicos

do Bureau of Reclamation (U.S. BUREC, 1953 e 1982; FAO, 1979; CARTER,

1993), com adaptações para as condições da região Nordeste do Brasil

desenvolvidas por Cavalcanti et al. (1994), Cavalcanti (2001), Cavalcanti e Bastos

(2005), e, mais recentemente, por Amaral (2011), no “Sistema Brasileiro de

Classificação de Terras para Irrigação: Enfoque na Região Semiárida”. Outros

ajustes na metodologia também foram necessários para adequá-la às limitações

impostas pelo nível de detalhamento das informações básicas disponíveis no

levantamento de reconhecimento de solos usado neste trabalho.

Devido a carência de informações para avaliação de parâmetros, como a

estimativa da produtividade das terras para diferentes culturas, os custos de

desenvolvimento da terra (dispêndios com sistematização e com a estrutura de

irrigação), e, principalmente, pelo caráter relativamente generalizado das

informações básicas de solos disponíveis no levantamento pedológico, o potencial

das terras foi avaliado, essencialmente, tomando-se como base os atributos do solo

e as condições ambientais a estes associados, como relevo, pedregosidade,

posição na paisagem, geologia, entre outros. Pelas mesmas razões, a interpretação

foi feita de forma mais genérica, não considerando as exigências específicas das

culturas, nem um sistema de irrigação determinado.

A carência de estudos mais pormenorizados foi, contudo, suprida em boa

parte pela experiência adquirida em trabalhos conduzidos em ambientes similares

da Região Nordeste, por instituições oficiais como Chesf (1987, 1988), Codevasf

(1988, 1990), Cavalcanti (2001), Cavalcanti e Araújo Filho (2009), Amaral (2011).

Isso possibilitou uma interpretação de qualidade e bastante confiável para a

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indicação do potencial de terras para irrigação no Estado de Alagoas na escala

1:100.000.

O levantamento pedológico do Estado possibilitou delimitar

cartograficamente as diferentes unidades de mapeamento de solos (UMs) com seus

atributos e suas condições geoambientais. Nas UMs são registradas as

características físicas, químicas e mineralógicas dos solos (profundidade, textura,

capacidade retenção de água, drenagem interna, fertilidade natural, sodicidade,

salinidade, horizontes cimentados, horizontes vérticos, entre outros), e os aspectos

do ambiente no qual estes encontram-se inseridos tais como topografia (relevo),

geologia, geomorfologia, pedregosidade, rochosidade, vegetação natural, drenagem

da bacia hidráulica e riscos de inundação.

Com base neste conjunto de informações extraídas do levantamento

pedológico é que se definiu o potencial de terras para irrigação do Estado.

2.3. Considerações sobre a metodologia do Bureau of Reclamation

2.3.1. Definição das classes de terras para irrigação

A metodologia do “Bureau of Reclamation” define quatro classes de terras

aráveis (irrigáveis), considerando-se a capacidade de pagamento do sistema e os

riscos de degradação ambiental com a prática da irrigação. A vocação cultural ou

capacidade de pagamento decresce progressivamente da classe 1 à classe 4, sendo

esta última considerada de uso especial, de utilidade restrita e com deficiência(s)

excessiva(s).

As terras não aráveis são definidas pelas classes 5 e 6. Na classe 5 são

incluídas as terras que, embora com algum potencial para irrigação, ainda

demandam a realização de estudos complementares de natureza agronômica, de

engenharia civil ou de economia, para uma melhor definição de seu verdadeiro

potencial. Estas terras poderão passar para uma classe arável, ou para a classe 6

em definitivo, após a realização destes estudos. A classe 6 é formada por terras

sem potencial para uso com agricultura irrigada.

Apresentamos a seguir a definição das classes de 1 a 6 para irrigação,

conforme a metodologia americana:

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Classe 1 - Terras aráveis altamente adequadas para agricultura irrigada, capazes de

oferecer altas produções de grande variedade de culturas

climaticamente adaptáveis, a um custo razoável, não apresentando

nenhuma limitação para sua utilização.

Classe 2 - Terras aráveis com moderada aptidão para agricultura irrigada. São

adaptáveis a um menor número de culturas e têm um maior custo de

produção que na classe 1. Podem apresentar limitações corrigíveis ou

não, e ligeiras a moderadas deficiências com relação a fertilidade,

disponibilidade de água, profundidade, permeabilidade, topografia e

drenagem.

Classe 3 - Terras aráveis de aptidão restrita para agricultura irrigada devido a

deficiências de solo, topografia e drenagem mais intensas que na classe

2. Podem apresentar deficiências como fertilidade muito baixa, textura

arenosa, topografia irregular, salinidade, drenagem restrita, etc.,

susceptíveis de correção a alto custo, ou não corrigíveis. Têm um

restrito número de culturas adaptáveis, mas, com manejo adequado,

podem produzir economicamente.

Classe 4 - Terras aráveis de uso especial. Podem apresentar uma excessiva

deficiência específica ou deficiências susceptíveis de correção a alto

custo, ou ainda apresentar deficiências incorrigíveis que limitam sua

utilidade somente para determinadas culturas muito adaptadas ou

requer métodos específicos de irrigação. As deficiências nesta classe

podem estar relacionadas com a pequena profundidade efetiva,

topografia ondulada, excessiva pedregosidade superficial, textura

arenosa, salinidade e/ou sodicidade e drenagem inadequada.

Classe 5 - Terras não aráveis nas condições naturais e que requerem estudos

especiais de agronomia, economia e engenharia para determinar a sua

irrigabilidade. Apresentam, geralmente, deficiências específicas, como

salinidade excessiva, drenagem inadequada (requerendo trabalhos de

proteção contra inundação), topografia irregular ou localização em

posição de cota elevada, podendo ser anti-econômico o recalque de

água. Após estudos especiais, estas terras devem passar,

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definitivamente, para uma classe arável ou em definitivo para a classe 6

(não irrigável).

Classe 6 - Terras não aráveis. Não satisfazem os requisitos mínimos para o

enquadramento em uma das classes irrigáveis. Geralmente

compreendem terras com solos muito rasos sobre embasamento

rochoso ou outra formação impermeável à água ou ao crescimento de

raízes. Abrangem terras fortemente afetadas por sais e de recuperação

muito difícil, terras de textura extremamente grossa (arenosa) e baixa

capacidade de retenção de água, terras dissecadas e severamente

erodidas, terras situadas em cotas muito elevadas e terras com

topografia excessivamente declivosa ou complexa.

2. 3.2. Definição das subclasses e dos fatores limitantes

Subclasses

À exceção da classe 1, que não apresenta restrições, todas as demais

classes (2 a 6) são divididas em subclasses por apresentarem uma ou mais

restrições para o uso com agricultura irrigada. As subclasses são indicadas por

meio de uma letra minúscula indicativa da restrição, apresentada em seguida ao

número indicativo da classe. As subclasses adotadas na metodologia do Bureau of

Reclamation são as seguintes:

s = solo

t = topografia

d = drenagem

h = altitude elevada em relação ao nível do manancial.

Essas subclasses podem ser indicadas de forma isolada ou de forma

combinada, geralmente como st, sd, sh, std, ou outra forma de combinação que

depende dos fatores limitantes do solo avaliado.

Classes e subclasses básicas:

Terra arável: Classe 1 - 1.

Classe 2 - 2s, 2t, 2d, 2st, 2sd, 2td.

Classe 3 - 3s, 3t, 3d, 3st, 3sd, 3td, 3std.

Classe 4 - 4s, 4t, 4d, 4st, 4sd, 4td, 4std.

Terra arável de uso especial: F - Fruticultura.

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R - Arroz.

P - Pastagem.

S - Aspersão.

U - Subirrigação.

Terra temporariamente não arável: Classe 5 - 5s, 5t, 5d, 5st, 5sd, 5td, 5std.

Terra não arável: Classe 6 - 6s, 6t, 6d, 6st, 6sd, 6td, 6std.

Fatores limitantes à irrigação (avaliações de deficiência)

Em um nível mais detalhado da avaliação, as subclasses podem ser

particularizadas de acordo com os principais fatores limitantes, visando especificar

os aspectos restritivos relacionados com o uso e manejo da terra. A seguir são

apresentados os fatores limitantes mais comumente encontrados nos solos e os

respectivos símbolos indicadores da limitação:

Deficiências do solo

y = fertilidade natural.

b = pequena profundidade para rocha ou substrato impermeável.

z = pequena profundidade para rocha calcária permeável.

k = ocorrência de calhaus ou concreções na maior parte do solo.

x = pedregosidade superficial abundante.

v = textura muito grossa (areia, areia-franca).

q = limitada capacidade de retenção de água disponível.

e = susceptibilidade à erosão.

p = condutividade hidráulica (permeabilidade) muito baixa.

a = alcalinidade (sodicidade e/ou salinidade).

Deficiências de topografia

g = gradiente (declividade acentuada).

u = ondulações da superfície.

c = cobertura de arbustos e árvores.

r = cobertura de pedras.

Deficiências de drenagem

f = risco de inundação.

w = lençol freático elevado.

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o = linha de drenagem.

NOTA: a intensidade de cada limitação pode ser indicada, quando pertinente,

fazendo-se o uso de subscritos numéricos. Por exemplo, b1, b2, b3, indicam

limitações crescentes por pouca profundidade do solo.

2.3.3. Avaliações informativas das terras

Uso da terra

C - cultivada com irrigação.

L - cultivada sem irrigação.

B - vegetação natural (matagal ou com madeiras).

H - área urbana ou moradias de fazenda.

D - faixa de domínio.

Produtividade e desenvolvimento da terra

São níveis distintivos do potencial de produtividade e do custo de

desenvolvimento da terra. Esses níveis são distinguidos com os números 1, 2, 3 e

4, tanto para produtividade, como para o custo de desenvolvimento das terras

agricultáveis. O nível 6 é usado para indicar a produtividade e o custo de

desenvolvimento das terras da classe inapta.

Exemplo: uma terra com produtividade classe 2 e custo de desenvolvimento

classe 2, é representada colocando-se a combinação “22” no denominador da

fórmula que representa a classe de potencial de irrigação.

Requerimento de água (*)

A - baixo.

B - moderado.

C - alto.

Permeabilidade do substrato (*)

X - altamente permeável.

Y - moderadamente permeável.

Z - relativamente impermeável.

(*) Escalas estabelecidas conforme estudos específicos da área.

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2.3.4. Fórmula usada na representação do potencial de terras para irrigação

No sistema americano, o potencial de terras para irrigação é representado

cartograficamente por meio de uma fórmula. No numerador são colocados as

classes e as subclasses de terra e, no denominador, as avaliações informativas que

incluem o uso da terra, a produtividade, o custo de desenvolvimento, o

requerimento de água e a permeabilidade do substrato. A direita da fórmula

destacam-se os fatores limitantes à irrigação (Figura 2).

Figura 2. Esquema ilustrativo da representação do potencial de terras para irrigação

segundo a metodologia do U.S. BUREC (copiado de AMARAL, 2011)

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2.4. METODOLOGIA DE CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO

ADOTADA NESTE TRABALHO

2.4.1. Critérios usados na classificação

Os critérios utilizados neste trabalho para a definição do potencial de terras

para irrigação são apresentados na Tabela 1. Esta tabela funciona como um guia

geral, e, em essência, incorpora as principais recomendações de irrigabilidade das

terras resultantes de uma Reunião Técnica realizada pela CODEVASF em 1996,

conforme Batista et al. (2002), tendo como base Carter (1993).

No caso das classes 1, 2 e 3, a principal mudança adotada em relação aos

critérios do sistema americano (U. S. BUREC) está relacionada com a redução nas

exigências quanto à fertilidade do solo, especialmente em termos de soma de bases

trocáveis (valor S) e capacidade de troca catiônica dos solos (CTC), de acordo com

o SiBCTI (AMARAL, 2011).

Também os solos de textura arenosa passaram a ser melhor classificados

quanto ao potencial para irrigação devido a sua grande utilização atual na Região

Nordeste do Brasil (CAVALCANTI e BASTOS, 2005; ARAÚJO FILHO et al., 2007).

No caso da classe 5, foram considerados os critérios originais do U.S.

BUREC, que prevêem estudos de engenharia, hidrologia, ou outros, que possibilitam

defini-la como terra irrigável ou enquadrá-la definitivamente na classe 6. Um

exemplo clássico da ocorrência desta classe na região Nordeste do Brasil está

relacionado ao cenário geoambiental das grandes chapadas formadas por solos

favoráveis à irrigação, porém onde a altitude se torna, em princípio, um fator

limitante para a disponibilidade de mananciais como fonte de água para essa

prática. A realização de estudos complementares de viabilidade técnica, aliada a

interesses econômicos e ambientais, definirão a possibilidade ou não de se fazer

irrigação nas terras localizadas nestas condições.

Outra alteração aqui adotada em relação à metodologia original do Bureau of

Reclamation, refere-se a forma de representação do potencial das terras. Embora

tenham sido mantidos os princípios básicos da classificação original do sistema

americano (U.S. BUREC, 1953 e 1982; FAO, 1979; CARTER, 1993), as classes de

terra para irrigação foram representadas de forma simplificada, a exemplo de

procedimento já adotado por Cavalcanti et al. (1994). Esta simplificação tem sido

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21

adotada por não se dispor de uma base de dados que possibilite a realização de

cálculos da capacidade de pagamento do investimento, conforme apresentado no

sistema americano, e, também, pela falta de estudos mais precisos relacionados

com os parâmetros de movimento e retenção de água nos solos.

Em seguida são apresentadas outras adaptações na metodologia adotada

neste trabalho em relação ao sistema de classificação americano.

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Tabela 1. Tabela guia com os valores básicos atribuídos para os diversos parâmetros de referência usados na definição das

classes do potencial de terras para irrigação. Adaptado de Carter (1993), Cavalcanti et al. (1994) e Batista et al.

(2002)

CARACTERÍSTICAS DA TERRA CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4 CLASSE 5 CLASSE 6

PROFUNDIDADE (cm)

até material semipermeável (rocha semidecomposta fraturada,

fragipã, horizonte plíntico;

Até material impermeável: material rochoso firme, duripã, B

plânico.

> 150

> 200

> 100

> 150

> 60

> 120

> 40

> 80

> 60

> 120

< 40

< 80

TEXTURA (Grupamento textural)

Superficial (0 - 30 cm)

Subsuperficial (30 -120 cm)

média

média

média a argilosa

média a argilosa

arenosa a argilosa

méd. a m. argilosa

arenosa a argilosa

aren. a m. argilosa

média a argilosa

média a argilosa

arenosa a argilosa

aren. a m. argilosa

CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVEL (mm)

Superficial (0 - 30 cm de profundidade)

Acumulada (0 - 75 cm de profundidade)

Acumulada (0 - 120 cm de profundidade)

> 36

> 80

> 120

> 24

> 54

> 80

> 18

> 40

> 60

> 15

> 35

> 50

> 18

> 40

> 60

< 15

< 35

< 50 (*) SOMA DE Ca+2 + Mg+2 (cmolc.kg-1 de solo)

(0 - 30 cm de profundidade)

> 5,0

> 3,0

> 1.5

> 1,0

> 1,5

< 1,0

*CAPACIDADE DE TROCA DE CATIONS (cmolc.kg-1 de solo)

(0 - 30 cm de profundidade)

> 8,0

> 5,0

> 3.0

> 2,0

> 3,0

< 2,0

ALUMÍNIO TROCÁVEL (cmolc.kg-1 de solo)

(30 - 120 cm de profundidade)

< 0,5

< 1,5

< 2,5

< 3,0

< 2,5

> 3,0

REAÇÃO DO SOLO (pH em água) > 6,0 < 7,5 > 5,0 < 7,5 > 4,5 < 8,0 > 4,0 < 8,5 > 4,5 < 8,0 < 4,0 > 8,5

SATURAÇÃO COM SÓDIO TROCÁVEL (100Na+/CTC)

0 - 60 cm de profundidade

60 - 120 cm de profundidade

< 6,0

< 6,0

< 6,0

< 15,0

< 15,0

< 25,0

< 25,0

< 30,0

< 15,0

< 25,0

< 25,0

< 30,0

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (dS.m-1)

0 - 60 cm de profundidade

60 - 120 cm de profundidade

< 4,0

< 4,0

< 4,0

< 6,0

< 6,0

< 8,0

< 8,0

< 12,0

< 6,0

< 8,0

> 8,0

>12,0

Topografia (forma de relevo e declividade do terreno - %) < 3 < 20 < 40 < 40 < 20 > 40

CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA (cm.h-1)

0 - 60 cm de profundidade

60 - 120 cm de profundidade

> 6,0 < 16,0

> 6,0 < 16,0

> 6,0 < 20,0

> 3,0 < 20,0

> 0,1 < 20,0

> 0,1 < 20,0

> 0,1 < 30,0

> 0,1 < 30,0

> 0,1 < 20,0

> 0,1 < 20,0

< 0,1 > 30,0

< 0,1 > 30,0

Abreviaturas: aren. = arenosa; méd. = média; m. = muito. (*) Nos casos de solos muito dessaturados (com baixa soma de bases), considerou-se menores valores de referência para os limites das classes conforme

recomendado no SiBCTI (AMARAL et al., 2011).

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23

2.4.2. Renomeação das classes do potencial de terras para irrigação

Com o intuito de se obter uma melhor distribuição dos solos nas classes de

terras irrigáveis, foram feitas alterações nas classes aráveis (classes 1 a 4) do U.S.

BUREC. Isto foi necessário porque pela metodologia americana, a classe 1, que

representa solos com características ideais para irrigação, somente é encontrada

em pequena proporção nos mapeamentos em níveis de reconhecimento de solos,

enquanto que grande parte dos solos são enquadrados nas classes 2 (de potencial

regular) e 3 (de potencial restrito) para irrigação, não representando bem a realidade

dos potenciais dos solos de grande parte da região Nordeste do Brasil, e, em

particular, do Estado de Alagoas.

A classificação aqui adotada, com o enquadramento dos solos aráveis

(irrigáveis) nas classes denominadas como muito boa, boa, regular e restrita,

conforme abaixo apresentado, possibilitou uma melhor distribuição dos solos nas

diferentes classes.

Classe 1 - terras aráveis com aptidão muito boa para agricultura irrigada. São

capazes de oferecer altas produções de grande variedade de culturas

climaticamente adaptáveis, não apresentando limitações significativas para sua

utilização.

Classe 2 - terras aráveis com aptidão boa para agricultura irrigada. Apresentam

custo de produção um pouco superior aos solos da classe 1, mas ainda são

adaptáveis a várias culturas e as suas limitações são facilmente corrigíveis.

Classe 3 - terras aráveis de aptidão regular para agricultura irrigada. Apresentam

alguma restrição básica ou fator limitante mais intensa que na classe 2.

Classe 4 - terras aráveis de aptidão restrita ou de uso especial. Apresentam uma

ou mais deficiências fortes, somente corrigíveis com elevados investimentos,

limitando o uso das terras à culturas muito adaptadas ou que requerem métodos

específicos de irrigação.

As classes consideradas não irrigáveis permaneceram as mesmas do U.S.

BUREC, quais sejam:

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Classe 5 - terras provisoriamente não aráveis nas condições naturais (classe

Provisória). São terras que demandam estudos especiais de agronomia, economia

e engenharia para determinar sua irrigabilidade. Após tais estudos, estas terras

devem passar, definitivamente, para uma classe arável ou para a classe 6.

Classe 6 - terras não aráveis ou inaptas para irrigação. Inclui terras que não

satisfazem os requisitos mínimos para enquadramento em outras classes, sendo,

portanto, consideradas como irrigáveis.

2.4.3. Abolição das subclasses

Na presente concepção aboliu-se a representação das subclasses indicativas

das restrições por solo (s), topografia (t), drenagem (d) e altitude (h). Isto foi feito

por entender que esta representação é desnecessária em função de se tornar

repetitiva com a representação dos fatores limitantes. A representação desses

fatores já traz implícita a limitação da própria subclasse. Portanto, nos moldes da

presente interpretação, qualquer restrição passa a ser nomeada somente pelo fator

limitante.

2.4.4. Fatores limitantes usados na classificação

Para melhor compreensão e ajuste da simbologia ao idioma português,

algumas letras tradicionalmente usadas para indicar as limitações do ambiente na

metodologia original do U. S. BUREC foram alteradas, conforme abaixo:

- A letra v, usada para representar a textura arenoquartzosa no sistema americano,

foi substituída pela letra q.

- A letra u foi usada para indicar baixa capacidade de retenção de água, em

substituição à letra q, usada no sistema americano.

- Foram acrescidas as letras p, para representar a permeabilidade do solo, e “e”,

para o risco de erosão.

- A letra a, que na metodologia original do sistema americano era usada para

representar alcalinidade e sodicidade, passou a representar acidez. A limitação por

sodicidade e salinidade passou a ser representada pela letra n.

- O fator limitante g, que na metodologia americana estava relacionado com a

presença de ondulações na superfície do solo, foi omitido, sendo subentendido que

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esta limitação está implícita no fator limitante t, aqui usado para representar a

limitação por topografia.

Os fatores limitantes mais relevantes estão relacionados a seguir, conforme

empregado neste trabalho:

y = fertilidade natural.

t = topografia.

d = impedimento de drenagem.

b = pequena profundidade (base) para rocha ou substrato impermeável.

z = pequena profundidade para rocha calcária.

k = pedregosidade em todo solo (concrecionária ou não).

x = pedregosidade na superfície ou na parte superficial do solo.

q = textura grossa arenoquartzosa (areia e areia-franca).

u = limitada capacidade de retenção de umidade (água disponível).

p = permeabilidade muito lenta (baixa condutividade hidráulica).

a = acidez elevada (típica de solos tiomórficos).

n = sodicidade e, ou, salinidade.

w = risco de encharcamento (por lençol freático elevado).

f = risco de inundação por enchentes.

e = susceptibilidade à erosão.

r = presença de rochas (afloramentos rochosos).

h = altitude.

2.4.5. Omissão da representação das avaliações informativas

As avaliações informativas (uso da terra, produtividade e desenvolvimento da

terra, requerimento de água, e, permeabilidade do substrato), originalmente

indicadas no denominador da fórmula adotada pelo Bureau of Reclamation para a

representação do potencial das terras, foram omitidas nos procedimentos aqui

empregados. Subentende-se que esses aspectos serão inferidos dos atributos dos

solos e fatores ambientais a estes interrelacionados, e dos fatores limitantes.

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2.4.6. Representação Cartográfica do potencial de terras para irrigação

A representação cartográfica do potencial de terras para irrigação foi feita

por meio de uma combinação de cores, números e letras, indicativos das classes de

potencial e dos fatores limitantes, conforme descrito a seguir.

2.4.6.1. Representação das Classes de Terra para Irrigação

As classes do potencial de terras para irrigação foram representadas

conforme abaixo:

Classe 1 - terras aráveis com aptidão muito boa para agricultura irrigada. São

capazes de oferecer altas produções de grande variedade de culturas

climaticamente adaptáveis, não apresentando limitações significativas

para sua utilização.

Classe 2 - terras aráveis com aptidão boa para agricultura irrigada. Apresentam

custo de produção um pouco superior aos solos da classe 1, mas

ainda são adaptáveis a várias culturas e as suas limitações são

facilmente corrigíveis.

Classe 3 - terras aráveis de aptidão regular para agricultura irrigada. Apresentam

uma ou mais restrição(ões) básica(s) mais intensa(s) que a classe 2.

Classe 4 - terras aráveis de aptidão restrita ou de uso especial. Apresentam uma

ou mais deficiências fortes, somente corrigíveis com elevados

investimentos, limitando o uso das terras à culturas muito adaptadas

ou que requerem métodos específicos de irrigação.

Classe 5 - terras provisoriamente não aráveis nas condições naturais (classe

Provisória). São terras que demandam estudos especiais de agronomia,

economia e engenharia para determinar sua irrigabilidade. Após tais

estudos, estas terras devem passar, definitivamente, para uma classe

arável ou para a classe 6.

Classe 6 - terras não aráveis ou inaptas para irrigação. Inclui terras que não

satisfazem os requisitos mínimos para enquadramento em outras

classes, sendo, portanto, consideradas como irrigáveis.

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2.4.6.2. Representação dos Fatores Limitantes

A representação dos fatores limitantes foi feita por meio do uso de letras

minúsculas indicativas das diferentes limitações que podem estar relacionadas

tanto com aspectos internos dos solos, como com fatores ambientais a estes

associados.

A letra indicativa de cada limitação foi colocada na legenda imediatamente

após o número indicativo da classe de terras para irrigação. Quanto mais

expressivo e impactante for o fator limitante, mais próximo esta letra deverá ser

colocada do número indicativo da classe. Por exemplo, na classe 3 tyx, a restrição

mais importante é a topografia (t) que é a letra mais próxima da classe 3 (regular),

depois a fertilidade natural (y), seguida da pedregosidade superficial (x).

2.4.6.3. Emprego do sinal mais “+”, colchetes [ ] e parênteses ( ) na

representação cartográfica do potencial de terras para irrigação

O presente trabalho consiste de uma interpretação derivada do levantamento

de solos feito em nível de reconhecimento de baixa e média intensidade, escala

1:100.000, portanto de caráter relativamente generalizado. Dessa forma, alguns

artifícios foram adotados com o objetivo de tornar a legenda do potencial de terras

para irrigação mais simplificada e compreensiva, porém sem perder a qualidade da

informação. Empregou-se para isso, de forma combinada, o uso do sinal mais “+”,

colchetes [ ] e parênteses ( ). Este artifício foi utilizado para se representar, em no

máximo duas ou, eventualmente, três classes de terra para irrigação, o potencial de

cada unidade de mapeamento de solos, muitas vezes composta por até quatro

classes de solos, comumente enquadradas em diferentes classes de terra para

irrigação e com diferentes fatores limitantes.

a. Uso do sinal +, de colchetes [ ] e de parênteses ( ) na representação de classes

de potencial

a.1. Uso do sinal +

O sinal mais “+” foi usado para indicar a ocorrência de duas ou três classes de

potencial para irrigação em proporções semelhantes na unidade de mapeamento

de solos. Por exemplo, na representação do potencial do tipo “2d+3t” as

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classes de potencial Bom (Classe 2) e Regular (Classe 3) ocorrem em

proporções semelhantes na unidade de mapeamento de solos. A deficiência de

drenagem “d” é o principal fator limitante da Classe 2, e topografia “t”, a

limitação principal da Classe 3.

a.2. Uso de colchetes [ ]

Os colchetes foram utilizados para expressar a existência, além da classe de

potencial de irrigação dominante, de outra(s) classe(s) cuja soma da área

abrange uma proporção variando de 20% a 35% da unidade de mapeamento de

solos. No exemplo hipotético de um potencial para irrigação do tipo “2y+[4t]”

significa que domina na unidade de mapeamento a classe de potencial Bom

(Classe 2), mas, a classe de potencial Restrito (Classe 4) também ocorre em

uma proporção variando entre 20% e 35% da área da unidade de mapeamento

de solos. A fertilidade “y” é a principal limitação dos solos da Classe 2, e, a

topografia acidentada “t” a principal limitação da Classe 4.

b. Uso de parênteses ( ) na indicação de fatores limitantes

Os parênteses foram utilizados na representação de fatores limitantes que,

embora presentes, impõem somente restrições leves ou moderadas ao uso do

ambiente, não sendo estes fatores os determinantes da classe de potencial.

No exemplo da unidade de mapeamento de solos “LVe1 - LATOSSOLO

VERMELHO Eutrófico típico A fraco e moderado textura média fase floresta

subperenifólia relevo plano e suave ondulado (100%)”, enquadrada na classe

de potencial de irrigação 1(y), significa que esta unidade de mapeamento é

totalmente formada por solos de potencial Muito Bom para irrigação - Classe

1, existindo somente pequenas restrições por fertilidade, representada pela

simbologia (y).

O exemplo hipotético 4b+[6t(r)] significa que a unidade de mapeamento é

dominantemente formada por terras aráveis da classe de irrigação 4 - Restrita,

tendo como limitação dominante a pouca profundidade efetiva “b”. Ocorrem,

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ainda, em proporção entre 20% e 35% da área, solos da classe de potencial

“6” que apresentam a topografia declivosa “t” como principal limitação, além

de impedimentos menos importantes devido à presença de afloramentos

rochosos no terreno, indicada pela letra “r” entre parênteses “(r)”.

2.4.6.4. Exemplos da Aplicação da Legenda do Potencial de Terras para Irrigação no Mapa

LEGENDA

DO

MAPA

INTERPRETAÇÃO DA LEGENDA

1(y)

Unidade de mapeamento totalmente formada por terras de aptidão muito boa para

irrigação (classe 1), apresentando somente limitação muito leve e facilmente corrigível

por fertilidade do solo “y”.

2y+3t

Unidade de mapeamento formada por solos das classes de terra para irrigação boa

(classe 2) e regular (classe 3) em proporções semelhantes. A principal limitação da

classe “2” é a fertilidade natural “y”, e da classe “3”, a topografia “t”.

2y+3q+6t

Unidade de mapeamento formada por solos das classes de terra para irrigação boa

(classe 2), regular (classe 3) e inapta (classe 6), em proporções semelhantes. A

principal limitação da classe 2 é a fertilidade natural “y”, da classe 3, a textura arenosa

“q”, e da classe “6”, a topografia declivosa “t”.

4yq+[6b]

Ambiente onde predominam solos com aptidão restrita para irrigação (classe 4), mas,

também ocorrem solos da classe de potencial 6 (não irrigável) em proporção entre 20%

e 35%, o que é indicado por meio de sua representação entre colchetes. As principais

limitações da classe “4” são a fertilidade natural “y” e textura arenosa “q”, e, da

classe “6”, a pouca profundidade efetiva “b” dos solos.

3q+[4t+6b]

Ambiente onde predominam solos com aptidão regular para irrigação (classe 3), mas, a

soma das classes de potencial 4 (restrito) e 6 (não irrigável) totaliza entre 20% e 35%

da área, o que é indicado por meio de sua representação entre colchetes. A principal

limitação da classe “3” é a textura arenosa “q”, da classe “4”, a topografia declivosa

“t”, e da classe “6”, a pouca profundidade efetiva “b” dos solos.

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30

3. RESULTADOS OBTIDOS

Os produtos resultantes deste estudo constam do presente relatório e de

mapas contendo a espacialização das classes de potencial de terras para irrigação

do Estado de Alagoas.

3.1. Mapa do potencial de terras para irrigação

Os mapas com a distribuição das diferentes classes de potencial de terras

para irrigação do Estado de Alagoas (anexos) foram elaborados com base na Tabela

2, na qual são disponibilizados, detalhadamente, além das classes de potencial para

irrigação, as unidades de mapeamento de solos relacionadas com cada uma das

classes de potencial e os fatores limitantes relacionados aos solos. No total foram

elaboradas 19 cartas na escala 1:100.000 e uma mapa na escala 1:250.000

cobrindo toda a área do Estado, contendo o potecial de irrigação da terras.

A disponibilização das informações também na escala menor (1:250.000)

tem o objetivo de permitir a impressão e visualização do potencial de todo o Estado

em um documento único, possibilitando uma visão global do potencial dos seus

geoambientes e maior facilidade no manuseio dos dados. As informações nele

contidas, contudo, também apresentam o mesmo nível de detalhe do

“Levantamento de reconhecimento de baixa e média intensidade dos solos do

Estado de Alagoas”, na escala 1:100.000, o qual serviu de base para a

interpretação.

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31

Tabela 2. Área ocupada pelas diferentes classes de potencial de terras para irrigação no Estado de

Alagoas e respectivas unidades de mapeamento de solos

* CLASSE DE POTENCIAL

DE TERRAS PARA

IRRIGAÇÃO

** UNIDADE DE MAPEAMENTO DE

SOLOS

***

EXTENSÃO

(km2)

*** (%)

TERRAS DA CLASSE 1 (POTENCIAL MUITO BOM)

1(y) LVAe, LVe1, PVAd26, PVde 164,1 0,59

1(y)+[3q+6b] PVe9 23,0 0,08

1(y)+[3yq] LAe 197,5 0,71

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 1 384,6 1,39

TERRAS DA CLASSE 2 (POTENCIAL BOM)

2b+3q(b)+6bkr PVe10 27,4 0,10

2d(fw) RYde2, RYde6 113,4 0,41

2d(fw)+[4dw] RYde4 1,9 0,01

2d(wf) GXe2 37,3 0,13

2d(wy) GXe1 84,8 0,31

2df(n)+[3q] RYde7 11,9 0,04

2df(n)+3q RYe3, RYe4 44,8 0,16

2df+[3dn] RYe1 71,2 0,26

2dw(y) GXde2 48,1 0,17

2dw(y)+4qd GXde4 117,1 0,42

2dw(y)+6t GXd5, GXd6, GXd7 79,6 0,29

2dw+[4dw] GXde3 15,1 0,05

2dw+3d(va) GXde1 8,8 0,03

2dw+3dnw GXe5 19,3 0,07

2dwf RYde1, RYde3, RYde5 116,9 0,42

2dy(w) GXd1, GXd2, GXd6 158,9 0,57

2dyw+[3da] GXd3, GXd4 182,6 0,66

2r+[6br] PVAe1 6,3 0,02

2y LAd1, LAd2, LAd6, LAd8 705,3 2,54

2y(d) LACd, LVAd1, PAd1, PAd12, PAd8 880,7 3,17

2y(d)+[2dw] PAd14 41,0 0,15

2y(d)+[3y(qd)] LVAd2, PAd5 316,4 1,14

2y(d)+2dwf PAd13 24,0 0,09

2y(d)+3t PVAd2 104,9 0,38

2y(d)+3yt PAd16, PAd17 137,4 0,49

2y(q) LAd26 2,1 0,01

2y+[3qt] LAd25 30,4 0,11

2y+[3qtk] PAd11 14,3 0,05

2y+[3qy] PAde2 14,5 0,05

2y+[3y(qd)] LAd3, LAd4 267,2 0,96

2y+[3yt] LAd7 73,5 0,26

2y+[4yq] LVAd5 46,0 0,17

2y+[6db] LVAd4 143,4 0,52

2y+[6t] PAd18 45,4 0,16

2y+3qb RRed12 100,7 0,36

2y+3t LVe2 153,8 0,55

2y+3t(k) LAd11 99,6 0,36

2y+3t+6t LAd13, LAd14 139,3 0,50

2y+3ty PVe5 56,3 0,20

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32

2y+3y(qd) LAd9, PAd41 294,4 1,06

2y+3yd LAd24 23,6 0,09

2y+3ydq+6b PAd15 3,1 0,01

2y+3yq PAd10, PAd4 228,7 0,82

2y+3yt LAd12 49,0 0,18

2y+4yq LAd5 33,5 0,12

2y+4yq(d) LAd10 35,8 0,13

2yc+[3ycd] PAd6 347,6 1,25

2yd+3t(k) PVAd1 26,1 0,09

2yd+3tq(k) PVAd3 41,2 0,15

2ydw+[4+6db] SXe1 11,7 0,04

2ydw+6t PAd26 88,6 0,32

2yq+[4qb+6db] CXbe4 11,8 0,04

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 2 5.736,9 20,66

TERRAS DA CLASSE 3 (POTENCIAL REGULAR)

3+2yt(d) LAd15, LAd17 74,2 0,27

3b(dt)+[6bt] TCo2 8,2 0,03

3b(k)+4qd+6bd PVe8 59,5 0,21

3bd+6dbn TCo6 13,0 0,05

3bdn+[6dbs(n)] TCo14 3,2 0,01

3bnte+6bt TCo3 34,9 0,13

3bt(q)+[4qb] CXbe5 45,6 0,16

3bte+[6bt] CXbe6 2,0 0,01

3bte+6bt RLe3, TCo8 142,5 0,51

3d(qb)+[4qb] RYe5 32,6 0,12

3dn(f)+6db(n) RYn 1,9 0,01

3dnf+2df CYn1, CYn2 106,4 0,38

3dqf(n)+6br RYe2 17,4 0,06

3dw(a)+4q(d) RQg 14,7 0,05

3dwn+[2df] GXe3, GXe4 54,2 0,20

3kt PVe1 1,4 0,01

3q(bd)+[6db] RRed1, RRed2, RRed5 842,1 3,03

3q(bt)+6db(t) RRed11 6,9 0,03

3q(d)+[6dp] RQo4 44,6 0,16

3q(d)+6db RRed10 30,8 0,11

3qb(t)+[2y] RRed13 18,5 0,07

3qb+[6b] RRed15, RRed17, RRed18, RRed3,

RRed4 486,8 1,75

3qb+[6br] RRed21 25,6 0,09

3qt+6bt RRde5 20,3 0,07

3t(be)+6bd PVe12 8,8 0,03

3t(bq)+6bt RLe6 6,2 0,02

3t(dk)+[6dbt] LVe3 205,0 0,74

3t(k)+[6db] PVe2 58,7 0,21

3t(yk)+[6bt] PAde4 32,9 0,12

3t+2d+6t LAd18, PVAd8 49,1 0,18

3t+2dw+6dbr PVAe3 182,0 0,66

3t+3q PVe6 21,3 0,08

3t+6t(b) CXbe1, PVe7 309,3 1,11

3t+6t+2y PAd30, PAd42 130,6 0,47

3t+6te+2y PAd43 6,4 0,02

3td(k)+6db SXe2 102,2 0,37

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33

3tdk+2y+6db PVAe2 53,9 0,19

3tq+[6bt] PVAe11, PVe11 43,0 0,15

3y(dq)+[2y] PAd2, PAd3, PAd9 686,7 2,47

3y(q)+2y+4q PAde3 52,4 0,19

3ydq+2y(d) PACd1 244,2 0,88

3ykq PVAd23 4,8 0,02

3ykt+[2d] PVAd25 39,5 0,14

3yq RRde3 22,0 0,08

3yq(b) RRde2 24,9 0,09

3yq(d)+[4yqd] PAd7 52,5 0,19

3yq(d)+[6bd] RRed14 25,0 0,09

3yq(d)+4t(q) RRde1 27,4 0,10

3yq(d)+4yqd PACd2 32,5 0,12

3yq(t)+[2y] PVAd27 35,9 0,13

3yq+2df+6t RQog5 12,3 0,04

3yq+3t RRde4 42,7 0,15

3yqb+6db(tr) RRed7 17,7 0,06

3yqd+4bqd PVAe12 7,5 0,03

3yt(d)+[4qt] PAd40 9,6 0,03

3yt(d)+[6r] PVAd24 46,4 0,17

3yt(d)+[6tb] PAd20 7,2 0,03

3yt(k) PAd19 33,2 0,12

3yt(k)+2y+6t LAd16 25,1 0,09

3yt(qd)+[2y] PVAd4 57,9 0,21

3yt+[2y] PVAd5 45,1 0,16

3yt+2d(w) PVAe4 38,9 0,14

3yt+6t LAd21 100,6 0,36

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 3 4.988,8 17,97

TERRAS DA CLASSE 4 (POTENCIAL RESTRITO)

4b(dq)+6bd RLe13 215,5 0,78

4q(bd)+6db(t) RRed9 66,3 0,24

4q(k)+[6db+3yq] RQo1 13,8 0,05

4qb+6bd RRed16, RRed19, RRed20 463,1 1,67

4qdt+[6bt] SXe4 162,6 0,59

4qy(d) EKu1, RQog1 242,4 0,87

4t+[6db+2dw] PVAe5 16,7 0,06

4ty+6t LAd19 54,3 0,20

4yq(b)+6db RRed6 106,4 0,38

4yq(d)+[2dw] RQog2 27,6 0,10

4yq(d)+[2y(qd)] RQog4 27,3 0,10

4yq(d)+[6dw] EKu2, RQog3 87,9 0,32

4yq(d)+3yq(d) ESKo 73,8 0,27

4yq(t)+6btr RQo3 6,8 0,02

4yq+[6b] RQo2 39,0 0,14

4yt+[3y(d)] PVAd6 79,2 0,29

4yt+[6t] PAd22, PAd23 22,1 0,08

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 4 1.704,7 6,14

TERRAS DA CLASSE 5 (USO ESPECIAL)

5aw OJs 19,4 0,07

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34

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 5 19,4 0,07

TERRAS DA CLASSE 6 (TERRAS INAPTAS)

6b(dr) RLe39, RLe47 17,2 0,06

6b(r) RLe46 31,2 0,11

6b(r)+[3qb] RLe10, RLe45 93,3 0,34

6b(t)+[4bte] RLe40 2,7 0,01

6b(t)+[4qdt] RLed6 225,4 0,81

6b(t)+3be RLed5 32,8 0,12

6b(td)+[4qbt] RLe48 27,3 0,10

6b(tr) RLe49 42,7 0,15

6b(tr)+4b(qd) RLe14 71,1 0,26

6b+[4qb] RLe44 22,0 0,08

6bd RLe38 10,6 0,04

6bd(r) RLe18, SXe26 52,3 0,19

6bd+[4qb] RLe42, RLe43 252,8 0,91

6bd+3bte RLe17, TCo7 175,5 0,63

6bd+4q(db) RLe12 28,1 0,10

6bdt+4bte TCo9, TCo10 140,7 0,51

6br(t) RLe11 15,2 0,05

6br+[4yqb] RRed8 17,2 0,06

6bt RLe5, TCo4 78,4 0,28

6bt(d) RLe22, RLe23, RLe24, TCo16 222,1 0,80

6bt(dr) RLe35 17,0 0,06

6bt(r) RLe26, RLe27, RLe36 80,9 0,29

6bt(r)+[3dn] RLed8 9,6 0,03

6bt(r)+[4bt] RLe8, RLed7 56,1 0,20

6bt(r)+4te(b) RLe16 11,5 0,04

6bt+[4bte]

RLe15, RLe20, RLe25, RLe28,

RLe37 558,3 2,01

6bt+[4q(bt)] RLe7 19,5 0,07

6bt+[4t(b)] RLe1 20,7 0,07

6bt+[4yq(t)] RLed11 27,5 0,10

6bt+3bte RLe19, RLe21 101,8 0,37

6bt+4bt RLe2 100,5 0,36

6btr RLe29 33,6 0,12

6db SXe18, SXe21, SXe22, SXe24 1.332,0 4,80

6db(n) SXe29, SXe33, SXe34 665,7 2,40

6db(n)+[3bd(q)] SXe14 4,2 0,02

6db(n)+[3bde] SXe30, SXe37, SXe38 379,3 1,37

6db(n)+[3bqt] SXe12 10,1 0,04

6db(n)+[3bte+2d(n)] SXe11 31,5 0,11

6db(n)+[3yq] SXe3 26,9 0,10

6db(n)+[4qd] SXe8, SXe9, SXe13, SXe17 942,3 3,39

6db(n)+3bde TCo11, TCo12, TCo13, TCo15 377,1 1,36

6db(n)+4qb(d) SXe10, SXe23 146,6 0,53

6db(n)+4qd SXe27, Sxe28 282,5 1,02

6db(nr) SXe19, SXe32, SXe35 64,6 0,23

6db(nr)+[4q] SXe36 12,7 0,05

6db(nr)+[4qd] SXe15 75,2 0,27

6db(nt) SXe31 111,6 0,40

6db(t) SXe20, SXe25 202,5 0,73

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35

6db(t)+3be TCo1 77,2 0,28

6db+[3bte] SXe5, SXe6, SXe7 192,4 0,69

6db+[4bde] SXe16, TCo5 107,9 0,39

6dnw SM1 11,4 0,04

6dnw+[3dw] SM2 39,0 0,14

6dnw+3q(d) SM3, SM4 20,8 0,07

6t

LAd22, LAd23, PAd34, PAd35,

PAd36, PAd37, PAd38, PVAd13,

PVAd15, PVAd18, PVAd19, PVe3

1.037,6 3,74

6t(b) PVAe7, PVAe7, RLed1 199,0 0,72

6t(b)+[2df] PVAd20 81,1 0,29

6t(b)+[3bt] RLe4 59,6 0,21

6t(br) CXbe3, PVAd21, PVAd22, PVAe8,

PVAe10, PVe4, RLd2, RLd4 756,4 2,72

6t(k)+[3yt] PAd45 39,5 0,14

6t(ke) CXve 16,9 0,06

6t(r) CXbe2, PAd39 38,6 0,14

6t(r)+[3yt] PAd46 134,9 0,49

6t+[2dw] LVAd3, PAd24, PAd31, PVAd16 165,1 0,59

6t+[2y] PAd29, PAd32 247,1 0,89

6t+[3tk] PVAd10 80,4 0,29

6t+[3yq] PVAd7 31,8 0,11

6t+[3yt] PAd21, PAd33, PAde1 991,3 3,57

6t+[4ty] PVAd9, PVAd11, PVA17 226,8 0,82

6t+2dw PAd25, PAd27 489,8 1,76

6t+2y(d) PVAd14 355,5 1,28

6t+2y+3t PAd28 195,2 0,70

6t+2yd(f) PVAe6 138,7 0,50

6t+3y(dk) LAd20 9,0 0,03

6tb RLe33, RLe34, RLe50 65,3 0,24

6tb(r) RLe9, RLe41, RLe51, RLed3,

RLed4, RLed10, RLe12 272,2 0,98

6tb(r)+[4q] RLed9 2,1 0,01

6tbr RLd1, RLd3, RLd5, RLe30, RLe31,

RLe32, RLed2 248,2 0,89

6tk+[2dw] PVAd12 696,8 2,51

6tk+[2y] PAd44 71,3 0,26

6yq(t) TT1 37,0 0,13

TOTAL DE TERRAS DA CLASSE 6 14.396,3 51,85

OUTROS AMBIENTES

Áreas urbanas 203,1 0,73

Águas 333,7 1,20

Ilhas 0,05 0,0002

TOTAL DE OUTROS AMBIENTES 536,9 1,93

ÁREA TOTAL DO ESTADO 27.767,7 100,0

* Na coluna potencial de terras para irrigação, os números simbolizam as classes de potencial de terras para irrigação, e, as

letras minúsculas, os fatores limitantes relacionados aos solos. O sinal “+” e os colchetes estão relacionados com a

proporção de ocorrência das classes do potencial de terras para irrigação na unidade de mapeamento de solos. Os

parênteses relacionam-se com a intensidade dos fatores limitantes, conforme detalhado no item “2.4.6.3” deste relatório.

** Detalhes sobre as unidades de mapeamento de solos podem ser consultados no “Levantamento de Reconhecimento de

Baixa e Média Intensidade dos Solos do Estado de Alagoas”.

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*** As áreas e percentagens referem-se ao total da unidade de mapeamento de solos (UM). Como em geral estas UMs são

constituídas por mais de uma classe de potencial, o cálculo constitui somente uma estimativa aproximada da classe de

potencial dominante, uma vez que a área da UM, com frequência, não é totalmente formada pela classe dominante.

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37

3.2. Estimativa de área ocupada pelas classes de potencial de terras para irrigação

As Tabelas 3 e 4 e a Figura 3 sintetizam o quantitativo de áreas e

respectivas proporções do Estado de Alagoas ocupadas pelas diferentes classes de

potencial de terras para irrigação. As discussões apresentadas a seguir na descrição

sumária das classes basearam-se nestas informações e em outras mais detalhadas

contidas na Tabela 2 e nos mapas do potencial de terras para irrigação (anexos).

Tabela 3. Síntese da área ocupada pelas classes de potencial de terras para irrigação no Estado de

Alagoas

Potencial Irrigação Área (km2) %

Classe 1 (aptidão muito boa) 384,6 1,39

Classe 2 (aptidão boa) 5.736,9 20,66

Classe 3 (aptidão regular) 4.988,8 17,97

Classe 4 (aptidão restrita) 1.704,7 6,14

Classe 5 (uso especial) 19,4 0,07

Classe 6 (não irrigável) 14.396,3 51,85

*Outros ambientes 536,9 1,93

Área Total 27.767,7 100,0

* Outros ambientes inclui: áreas urbanas, águas superficiais e pequenas ilhas não mapeadas.

Figura 3. Distribuição percentual das diferentes classes do potencial de terras para irrigação no

Estado de Alagoas. Outros: refere-se à ambientes que incluem áreas urbanas, águas

superficiais e pequenas ilhas não mapeadas.

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Tabela 4 – Síntese da área ocupada pelas classes de potencial de terras para irrigação e respectivas condições climáticas no Estado de Alagoas - km2

(%).

CLASSE DE

POTENCIAL PARA

IRRIGAÇÃO

CONDIÇÃO CLIMÁTICA (INFERIDA COM BASE NA VEGETAÇÃO PRIMÁRIA)

Clima

hiperúmido

– floresta

perenifólia

(C1)

Clima úmido –

floresta

subperenifólia

(C2)

Clima

semiúmido –

floresta

subcaducifóli

a (C3)

Clima

semiúmido

mesotérmico

de altitude –

floresta

sucaducifóilia

e

subperenifóli

a de altitude

(C4)

Clima

subúmido –

floresta

caducifólia

(C5)

Clima

subúmido de

transição

para

semiárido

atenuado –

transição

floresta/caati

nga

hipoxerófila

(C6)

Clima

semiárido

atenuado –

caatinga

hipoxerófila

(C7)

Clima

Semiárido

atenuado

transição

para

semiárido

acentuado

(C8)

Clima

semiárido

acentuado

(C9)

Classe1 – aptidão

muito boa - 9,3 (0,033%)

8,8

(0,032%) -

343,5

(1,2%) - 23,0 (0,08%) - -

Classe2 – aptidão boa -

4.673,5

(16,8%)

442,7

(1,6%) -

236,9

(0,85%) - 383,8 (1,4%) - -

Classe3 – aptidão

regular -

1.590,3

(5,7%)

720,2

(2,6%)

184,0

(0,66%)

548,5

(1,97%)

882,9

(3,2%) 540,5 (1,95%)

472,7

(1,7%)

49,7

(0,18%)

Classe4 – aptidão

restrita - 614,6 (2,2%)

30,5

(0,11%) -

162,6

(0,58%) - 427,2 (1,54%)

391,6

(1,41%)

78,3

(0,28%)

Classe5 – uso especial - 19,4 (0,07%) - -

- - - -

Classe6 – não irrigável -

5.414,8

(19,5%)

1.232,9

(4,4%) -

1.187,3

(4,3%)

941,6

(3,4%)

3.671,4

(13,2%)

1.186,1

(4,3%)

762,1

(2,45%)

Total -

12.322,0

(44,3%)

2.435,1

(8,7%)

184,0

(0,7%)

2.478,8

(8,9%)

1.824,4

(6,6%)

5.045,9

(18,2%)

2.050,4

(7,4%)

8.90,2

(2,9%)

Ambientes de áreas urbanas, águas superficiais e pequenas ilhas não mapeadas ocupam 536,9 km2 (1,93% da área do Estado).

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39

3.3. Descrição sumária das classes de potencial de terras para irrigação

A seguir são apresentados, de forma sucinta, alguns comentários sobre as

diferentes classes de potencial de terras para irrigação e suas regiões de ocorrência

no Estado. Detalhes das classes de potencial, dos fatores limitantes relacionados

aos solos e do regime hídrico dos ambientes podem ser obtidos analisando

conjuntamente os dados disponibilizados na Tabela 2 e as informações do

mapeamento de solos (parte integrante do Zoneamento Agroecológico do Estado).

Os comentários apresentados são de caráter geral e abordam, de forma

global, os grandes domínios de solos e de classes de potencial para irrigação. Trata-

se de uma classificação bastante subjetiva, onde a experiência do pedólogo

envolvido na análise das informações do mapeamento de solos e no contexto

ambiental em que os solos ocorrem (aspectos climáticos e posição dos solos e a

forma com que eles se interrelacionam na paisagem) teve muita influência no seu

enquadramento em uma ou outra classe de terra para irrigação.

3.3.1. Terras de Classe 1: Terras Irrigáveis de Potencial Muito Bom

A classe 1 abrange 384,6 km2, o que representa 1,4% da área total do

território alagoano (Tabela 3 e Figura 3).

Corresponde às melhores áreas para uso com agricultura irrigada no Estado e

são formadas somente por terras da classe 1(y), ou seja, com limitações causadas

por deficiência de fertilidade. Em geral esta limitação é pequena e está relacionada

com a presença de acidez leve a moderada, baixos teores de fósforo e matéria

orgância, e valores médios de capacidade de troca de cátions e de soma de bases

trocáveis dos solos, podendo ser facilmente corrigida com a aplicação de calcário e

fertilizantes.

Estas áreas são formadas por solos profundos a muito profundos, não

pedregosos, bem a moderadamente drenados, textura média e argilosa, em

superfícies de topografia aplanada. Compreendem solos das classes dos Latossolos

e Argissolos Vermelhos, Vermelho-Amarelos e Amarelos, dominantemente

eutróficos e em condições de relevo plano e suave ondulado.

Esta classe de Potencial Muito Bom ocorre, principalmente, na região centro-

norte do Estado, abrangendo parte dos municípios de Estrela de Alagoas, Palmeira

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dos Índios, Igaci, Lagoa da Canoa, Arapiraca, Girau do Ponciano, Craíbas e

Taquarana, tendo, ainda, ocorrência muito pequena nos municípios de Traipu, Olho

d`Água Grande, Junqueiro, Limoeiro de Anadia, Carneiros, Olivença e Olho d`Água

das Flores. O clima dominante é o subúmido (floresta caducifólia) e semiúmido

(floresta subcaducifólia), com pequena ocorrência do úmido (floresta

subperenifólia), conforme pode ser observados nas Tabelas 2 e 4.

Devido ao fato da maior parte das terras desta classe encontrar-se em

ambiente de clima subúmido – floresta caducifólia, condição em que o déficit

hídrico já é bastante acentuado, o uso de técnicas de irrigação certamente resultará

em aumentos significativos de produção para a maioria das espécies mais

cultivadas no Estado.

3.3.2. Terras de Classe 2: Terras irrigáveis de Potencial Bom

Esta classe de potencial ocupa, no Estado, 5.736,9 km2, o que corresponde

a 20,7% de sua área (Tabela 3 e Figura 3). Ocorre, dominantemente, na região

Litoral e Mata e na porção central do Estado, tendo abrangência pequena nas

regiões do Agreste e Sertão alagoano.

Esta classe ocorre tanto em posições mais elevadas como em áreas de cotas

baixas na paisagem, como nos ambientes de várzeas, estando, em ambos os

casos, associada aos ambientes de relevo plano e suave ondulado.

Nas terras altas, a principal limitação está relacionada com a baixa fertilidade

natural “y”, e, em algumas situações, com a textura arenosa “q”. Nos vales, os

fatores limitantes estão relacionados basicamente à deficiência de drenagem “d”,

devido ao lençol freático elevado “w”, salinidade/sodicidade “n” e risco de

inundação “f” pela proximidade dos rios. Estes fatores limitantes podem ocorrer de

forma isolada ou combinada, conforme se observa na Tabela 2.

Os solos de Potencial Bom nas terras altas estão relacionados,

principalmente, às áreas aplanadas dos tabuleiros que se estendem do litoral para o

interior do Estado, com clima variando de úmido a subúmido (ambientes de floresta

subperenifólia, floresta subcaducifólia e floresta caducifólia). Áreas menores foram

também mapeadas nas poucas partes de relevo plano e suave ondulado que

compõem os ambientes dominantemente dissecados na região da Mata Norte do

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Estado. Em ambos os casos, os solos são profundos, bem drenados, não

pedregosos, sem problemas de sais e com baixo risco de salinização. Pertencem,

dominantemente, às classes dos Latossolos, Argissolos e Cambissolos. Parte dos

Nitossolos também foi enquadrada nesta classe, mas a sua expressão geográfica é

muito pequena no Estado. A fertilidade natural é o principal fator limitante a ser

corrigido nos solos enquadrados na classe de potencial bom nos ambientes de

terras altas. Ressalta-se a aplicação de calcário e fertilizantes já é prática comum

em sistemas de produção irrigados.

Na maioria dos ambientes de várzea do Estado também ocorre esta classe de

Potencial Bom. Neste caso, está relacionada aos Gleissolos, Neossolos Flúvicos e

Cambissolos Fluvissólicos. Neste ambiente, a fertilidade natural (y), a deficiência de

drenagem (d), o lençol freático elevado (w) e riscos de inundação (f) são as

principais limitações. A implantação de sistemas de drenagem é condição básica

indispensável para utilização dessas terras com irrigação. Além de retirar o excesso

de água do sistema, a drenagem também contribui para a eliminação do excesso de

sais, reduzindo, com isto, os problemas de salinidade e sodicidade.

A classe de Potencial Bom comumente ocorre em associação com outras

classes de potencial em uma mesma unidade de mapeamento de solos, em função

de limitações por fatores diversos e de intensidades variáveis. Os detalhes sobre

esta associação de classes podem ser observados nos mapas do potencial de terras

para irrigação (anexos) e na Tabela 2.

3.3.3. Terras de Classe 3: Terras Irrigáveis de Potencial Regular

A classe de Potencial Regular encontra-se distribuída de forma dispersa em

todo o território alagoano, onde ocupa 4.988,8 km2, o que representa 18,0% de

sua área (Tabela 3 e Figura 3).

As limitações, em grau moderado, ocorrem de forma bastante variada nesta

classe, tornando-a com menor potencial produtivo, maior dificuldade de manejo,

maior risco de degradação ambiental e com menos espécies adaptadas em relação

às terras da classe de Potencial Bom.

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Na porção mais úmida do Estado (domínio de florestas subperenifólia,

subcaducifólia e caducifólia), estão relacionadas, em geral, aos ambientes com

solos mais profundos, dominantemente, das classes dos Argissolos Vermelho-

Amarelos, Amarelos e Acinzentados, e, Latossolos Amarelos e Vermelho-Amarelos.

Em menor proporção ocorrem Cambissolos e Neossolos Regolíticos. Apresentam

como principais limitações, de forma isolada ou combinada, a topografia suave

ondulada a ondulada, deficiência de drenagem e textura arenosa. Limitações por

pedregosidade, rochosidade e profundidade efetiva ocorrem com pouca frequência

nesta região e estão comumente associadas aos ambientes de florestas mais secas

(floresta caducifólia e subcaducifólia). A deficiência por fertilidade natural, embora

presente na maioria dos solos, em geral não constitui a causa principal que

efetivamente leva estes solos a serem enquadrados na classe Regular ao invés da

classe de Potencial Bom.

Nos ambientes mais secos do Estado (domínio de caatinga hipoxerófila e

caatinga hiperxerófila), esta classe de potencial está relacionada, em grande parte,

aos Neossolos Regolíticos mais profundos (os menos profundos foram enquadrados

na classe Restrita). Em proporção menor, porém significativa, associa-se, ainda,

aos Cambissolos e Argissolos pouco profundos e profundos em relevo suave

ondulado a ondulado, e à parte dos Luvissolos Crômicos com melhores condições

físicas e em relevo plano e suave ondulado (alguns Luvissolos foram enquadrados

na classe de potencial Restrito – classe 4, e na classe Inapta – classe 6, conforme

o grau de limitação encontrado nos mesmos). As limitações relacionadas à textura

arenosa, pouca profundidade efetiva, ocorrência de pedregosidade/rochosidade,

presença ou o risco salinização, topografia suave ondulada a ondulada e deficiência

de drenagem, atuando em conjunto ou de forma isolada, são as que mais

contribuem para o enquadramento dos solos na classe Regular nos ambientes mais

secos do Estado.

Tanto nos ambientes mais úmidos, como na região semiárida do Estado, as

terras dessa classe Regular comumente ocorrem associadas com outras classes de

potencial em uma mesma unidade de mapeamento de solos. Detalhes sobre estas

associações de classes podem ser observados nos mapas do potencial de terras

para irrigação (anexos) e na Tabela 2.

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3.3.4. Terras de Classe 4: Terras Irrigáveis de Potencial Restrito

As terras com Potencial Restrito ocupam 1.704,7 km2 no Estado, o que

equivale à 6,1 % do seu território (Tabela 3 e Figura 3), e estão distribuídas de

forma dispersa em todo o Estado (ver mapas anexos).

Na região mais úmida do Litoral e Mata do Estado ocorrem somente

pequenas manchas desta classe de potencial, relacionadas com os Neossolos

Quartzarênicos, Espodossolos, Planossolos arênicos e espessarênicos, Gleissolos e

Neossolos Flúvicos sob influência de sais provenientes do mar, todos em relevo

plano e suave ondulado, além de Argissolos e Latossolos em relevo ondulado. À

exceção de parte dos Planossolos, os demais solos são frequentemente profundos

a muito profundos e não pedregosos.

As principais limitações desta classe de potencial nas regiões mais úmidas do

Estado são a textura arenosa, nos Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos; a

drenagem deficiente, associada à textura arenosa nos Planossolos Arênicos e

espessarênicos; e, o relevo ondulado, nos Argissolos e Latossolos. À exceção dos

Planossolos, esses solos não apresentam maiores riscos de salinização com o uso

da irrigação.

Na região mais seca do Estado, a classe de Potencial Restrito é composta,

principalmente, por Neossolos Regolíticos pouco profundos (lépticos), Planossolos

arênicos e espessarênicos, Cambissolos, Argissolos e Latossolos em relevo

ondulado e, ou, afetados por pedregosidade e rochosidade, além de uma pequena

parte dos Luvissolos com condições físicas intermediárias entre aqueles

enquadrados na classe regular e inapta para irrigação. Nesses ambientes mais

secos, as principais limitações estão relacionadas à textura arenosa e à

profundidade efetiva nos Neossolos Regolíticos; à drenagem deficiente e à textura

arenosa nos Planossolos arênicos e espessarênicos; ao relevo ondulado e, algumas

vezes, à pedregosidade nos Latossolos, Argissolos e Cambissolos; e, à pouca

profundidade efetiva, deficiência de drenagem, relevo ondulado, risco de erosão e

pedregosidade, nos Luvissolos.

No ambiente semiárido, mesmo fazendo uso de água de boa qualidade, os

riscos de salinização pelo uso da irrigação aumentam pela restrição de drenagem

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causada pela menor profundidade e características físicas dos solos, pela condição

aplanada dos locais de ocorrência de grande parte dos solos dessa classe que

dificultam a drenagem do excesso de sais, e, pela elevada evapotranspiração

promovida pelas temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar.

Tanto nos ambientes mais úmidos, como na região semiárida, as terras da

classe Inapta comumente ocorrem associadas, em uma mesma unidade de

mapeamento de solos, com outras classes de potencial. Os detalhes sobre esta

associação de classes podem ser observados nos mapas do potencial de terras para

irrigação (anexos) e na Tabela 2.

3.3.5. Terras de Classe 5: Terras Irrigáveis de Uso Especial

Esta classe de potencial ocupa no Estado 19,4 km2, o que equivale somente

a uma proporção muito pequena (0,07%) de suas terras.

Pelo próprio conceito da classe, correspondem às terras, em princípio não

irrigáveis, que demandam estudos especiais de agronomia, economia e engenharia

para determinar sua irrigabilidade, passando, após tais estudos, definitivamente

para uma classe arável ou para a classe 6 (não irrigável).

Em Alagoas, somente foi mapeada uma pequena área formada por solos mal

drenados e muito ácidos, das classes dos Organossolos e Gleissolos tiomórficos,

nas imediações da cidade de Coruripe.

3.3.6. Terras de Classe 6: Terras Não Irrigáveis

As terras desta classe ocupam 14.396,3 km2, o que equivale à 51,9% da

área do Estado (Tabela 3 e Figura 3), sendo a classe de potencial com maior

abrangência no território alagoano.

Compreendem os ambientes formados por solos com restrições muito fortes

ao uso com agricultura irrigada. Nestas condições, as produtividades são muito

baixas, e, ou, as dificuldades de manejo e os riscos de degradação ambiental são

muito elevados.

Na região mais úmida do Estado esta classe é formada por extensas áreas de

solos com textura argilosa (Argissolos, Latossolos e Cambissolos) em relevo forte

ondulado ou mais declivoso, que ocorrem, dominantemente, na porção norte do

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Estado. Áreas menores de terras não irrigáveis também ocorrem em ambientes

formados por vegetação de mangue, dispersos ao longo de todo o litoral e com

fortes limitações por salinidade e drenagem, além de uma pequena faixa de dunas

móveis, no extremo sul do litoral do Estado, junto à foz do Rio São Francisco.

Nesta região mais úmida, diferentemente dos ambientes semiáridos, as

limitações por pouca profundidade dos solos e presença de pedregosisade

geralmente não constituem impedimentos para a irrigação. Os poucos casos em

que estes impedimentos ocorrem, em geral estão localizados mais para o interior do

Estado, em ambientes de floresta mais seca (floresta caducifólia e floresta

subcaducifólia). Também, à exceção dos solos de mangue, cujo sal é proveniente

diretamente da água do mar, não é comum a ocorrência de salinidade nos solos

desta região.

Na região semiárida (ambientes de vegetação de caatinga hipoxerófila e

caatinga hiperxerófila) as terras classificadas como sendo inaptas para a irrigação

estão relacionadas com extensas áreas de solos rasos, principalmente das classes

dos Neossolos Litólicos e Planossolos típicos situados em qualquer condição de

relevo. No primeiro caso a profundidade efetiva é o fator limitante dominante,

enquanto que no caso dos Planossolos, a limitação se deve, além da pouca

profundidade efetiva, ao forte impedimento de drenagem. Os solos das classes dos

Argissolos, Luvissolos, Cambissolos e Latossolos, quando situados em condições

de relevo acidentado e, ou, quando fortemente afetados por pedregosisade e

rochosidade, também foram enquadrados na classe Inapta.

Em todo o Estado as terras da classe Inapta comumente ocorrem associadas

com outras classes de potencial em uma mesma unidade de mapeamento de solos.

Detalhes sobre esta associação de classes podem ser observados nos mapas do

potencial de terras para irrigação (anexos), e na Tabela 2.

4. CONCLUSÕES

As terras irrigáveis no Estado totalizam uma área de aproximadamente

12.815 km2 (46,1% de suas terras), distribuídas da seguinte forma: 385 km2

(1,4%) com potencial muito bom - Classe 1 para irrigação ; 5.737 km2 (20,7%)

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com potencial bom - Classe 2; 4.989 km2 (18,0%) com potencial regular - Classe

3; e, 1.705 km2 (6,1%) com potencial restrito - Classe 4.

A classe 5 (Provisória) abrange 19 km2, cerca de 0,07% do Estado.

As terras consideradas não irrigáveis (Classe 6) totalizam aproximadamente

14.396 km2 (cerca de 51,9% do território Alagoano).

As águas superficiais, áreas urbanas e pequenas ilhas não mapeadas

somaram 1,4% da área do Estado.

Os solos das classes de potencial Muito Bom correspondem às melhores

terras para uso com agricultura irrigada no Estado. Localizam-se, principalmente,

em sua região centro-norte, em ambiente de clima subúmido (floresta caducifólia),

abrangendo, principalmente, parte das terras dos municípios de Estrela de Alagoas,

Palmeira dos Índios, Igaci, Lagoa da Canoa, Arapiraca, Girau do Ponciano, Craíbas e

Taquarana.

As terras da classe de potencial Bom têm a maior parte de sua ocorrência

associada com as extensas áreas dos tabuleiros que se estendem do litoral, com

clima úmido (ambiente de floresta subperenifólia), para o interior, em clima

semiúmido (floresta subcadudifólia) e subúmido (floresta caducifólia). Neste

ambiente de tabuleiros, a fertilidade natural e a coesão constituem as principais

limitações dos solos. Localizam-se em uma região com bom potencial para a

captação de água uma vez que, em sua maioria, fazem parte de uma zona de

elevada precipitação pluviométrica. Salienta-se que grande parte dessas terras já se

encontra ocupada pela cultura da cana-de-açúcar cultivada em escala comercial,

onde a prática da irrigação suplementar tem sido usada com relativa frequência,

com aumentos expressivos de produtividade, passando da ordem de 60 t.ha-1 para

até 100 t.ha-1.

As terras de potencial Regular (Classe 3) encontram-se distribuídas ao longo

de todo o Estado e possuem características edafológicas e climáticas diversas. O

clima varia do úmido (floresta subperenifólia) na Zona da Mata, ao hiperseco

(caatinga hiperxerófila), no extremo oeste do Estado. As limitações que impedem

estes solos de serem enquadrados em uma classe potencial melhor para irrigação

também são bastante variadas e ocorrem em intensidade moderada a forte,

relacionadas com topografia, textura arenosa, profundidade efetiva, ocorrência de

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pedregosidade, impedimento de drenagem e salinidade. Ressalta-se que, apesar das

menores perspectivas de produtividade, maiores custos de produção, maiores

dificuldades de manejo e maiores riscos de degradação ambiental em relação às

Classes de potencial 1 e 2, essas terras da Classe 3 ainda são consideradas de

potencial razoável para a prática da agricultura irrigada.

As terras irrigáveis da Classe 4 (Restrita), à semelhança da classe Regular,

encontram-se esparsamente distribuídas ao longo de todo o Estado. Apresentam

limitações de natureza variada, neste caso em grau muito forte, relacionadas com a

textura arenosa, topografia declivosa, pouca profundidade efetiva, ocorrência de

pedregosidade, impedimento de drenagem e ocorrência de salinidade, que as

impedem de pertencerem a uma classe de melhor potencial de uso. O clima

também varia de úmido, representado pelos ambientes com florestas

subperenifólias na Zona da Mata, ao hiperseco, formado pelas caatingas

hiperxerófilas que ocorrem na porção oeste do Estado. São terras que requerem

muito cuidado ao serem inseridas em processos produtivos com agricultura irrigada

devido ao elevado risco de degradação e aos cuidados requeridos no manejo.

As terras mapeadas como não irrigáveis (Classe 6) são representadas, em

grande parte, por extensas áreas com relevo plano e suave ondulado na região

semiárida do Estado, formadas por solos rasos das classes dos Neossolos Litólicos

e Planossolos, comumente com sérios problemas de impedimentos de drenagem.

Expressivas áreas com topografia acidentada (relevo forte ondulado a escarpado)

enquadradas na Classe 6 também foram identificadas ao longo de todo o Estado.

Nesses ambientes de relevo declivoso, a topografia se constitui na principal

limitação à irrigação na região mais úmida, enquanto que nos ambientes mais secos

(domínio da vegetação de caatinga), a limitação por topografia acidentada

comumente ocorre associada com solos rasos, pedregosos e presença de

afloramentos rochosos.

A proporção das terras classificadas como não irrigáveis no Estado (49,6%)

é similar àquela observada por Cavalcanti et al. (1994) para toda a região Nordeste

do Brasil.

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5. RECOMENDAÇÕES GERAIS

Recomendações importantes na adoção de sistemas de produção agrícola

irrigados e no uso das informações da interpretação do potencial de terras para

irrigação:

- Os resultados da interpretação do potencial de terras para irrigação

disponibilizados são de caráter relativamente generalizados. A interpretação foi

feita com o objetivo de se espacializar no Estado de Alagoas os locais com

potencial para o desenvolvimento de irrigação de grandes áreas contínuas e em

agricultura em escala comercial. O nível de detalhamento relativamente

generalizado deste trabalho faz com que áreas aqui indicadas como não aptas

para irrigação possam “esconder” áreas menores com alguma aptidão,

principalmente pensando-se em práticas de irrigação mais controladas e em áreas

pequenas e não contínuas, onde é mais fácil o controle e eliminação do excesso

de sais solúveis. Da mesma forma, as áreas aqui indicadas como irrigáveis podem

conter solos que não são aptos para irrigação. Estes casos mais específicos

podem ser solucionados com a realização de mapeamentos mais detalhados e por

meio do acompanhamento de uma boa assistência técnica;

- Alerta-se para a importância de se adotar, preferencialmente, sistemas de

irrigação mais eficientes no uso de água, a exemplo da microaspersão e

gotejamento. Além do custo da água, as áreas que mais necessitam de irrigação

correspondem, em geral, àquelas onde a sua disponibilidade é menor e são

maiores os riscos de salinização. Estima-se uma eficiência média do uso da água

em torno de 90% nos sistemas de irrigação localizada e, de 60%, nos sistemas

convencionais. Assim, mesmo nos locais onde é possível o uso da irrigação por

superfície, a exemplo de grandes baixadas com solos argilosos, esse sistema deve

ser evitado devido a sua baixa eficiência;

- Implementar sistemas de drenagem conjuntamente com o planejamento dos

sistemas de irrigação. Sais solúveis são incorporados ao solo pela água de

irrigação e pelos fertilizantes comumente usados em sistemas de produção

irrigada. Mesmo as águas consideradas de boa qualidade possuem quantidades

significativas de sais solúveis, os quais são adicionados ao solo durante a prática

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da irrigação. Os sistemas de drenagem bem planejados possibilitam retirar o

excesso de sais e, com isso, reduzir os riscos de salinização;

- Ao se pensar no uso de irrigação, deve-se também pensar conjuntamente em

todos os demais fatores envolvidos no sistema de produção. A irrigação é uma

tecnologia de custo relativamente alto e a produtividade somente aumenta se

todos os demais fatores do sistema produtivo, a exemplo da fertilidade do solo e

controle de pragas e doenças, forem também considerados. Outros aspectos

como o custo total de produção, condições de escoamento da produção,

localização do mercado consumidor e valor do produto no mercado, também

devem ser considerados no planejamento do sistema;

- A irrigação é uma prática típica de sistemas intensivos de produção agrícola que

requer, para a sustentabilidade do agronegócio, de assistência técnica

especializada, de forma a garantir boas produtividades, minimização da

degradação ambiental e garantia de comercialização do produto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARAÚJO FILHO, J.C; SANTOS, J.C.P; LUZ, L.R.P. (editores técnicos). Avaliação

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261p.

BATISTA, M.J.; NOVAIS, F.; SANTOS, D.G.; SUGUINO, H.H. Drenagem como

instrumento de dessalinização e prevenção da salinização de solos. 2.ed. ver.

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VAREJÃO-SILVA, M.A.; BARROS, A.H.C.; Zonamento Agroecológico do Estado

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borda do lago de Itaparica, margem esquerda. Relatório de Pedologia. Recife,

1987. Tomos 1, 2 e 3. 695p. (Relatório Técnico THEMAG Engenharia/CHESF).

COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO. Levantamento detalhado de

solos e classificação de terras para irrigação nas áreas do Projeto Caraíbas.

(Projeto PG). Recife. 1988. (Relatório Técnico PROTECS/CHESF).

COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO.

Levantamento ultradetalhado de solos para fins de irrigação nas áreas do Projeto

Nilo Coelho, Petrolina, 1988. 270p. (Relatório Técnico PROSPED/CODEVASF).

COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO.

Levantamento detalhado de solos e classificação de terras para irrigação nas

áreas do Projeto Salitre. Recife, 1990. (Relatório Técnico PROTECS/CODEVASF).

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division, with assistance from Bureau of Reclamation United States Department

of Interior. Rome, 1979. 188p.

IBGE, Resolução da Presidência do IBGE. Nº 5, Brasília: Diário Oficial da União, 11

de outubro de 2002.

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ANEXO 1

Mapa de articulação das cartas do Estado de Alagoas na escala 1:100.000

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ANEXO 2

Relação dos mapas do potencial de terras para irrigação das cartas do Estado de Alagoas na escala 1:100.000:

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Arapiraca na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Buique na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Delmiro Gouveia na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Garanhuns na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Maceió na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Palmares na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Palmeira dos Índios na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Pão de Açúcar na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Paulo Afonso na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Piaçabuçu na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Piranhas na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Poço da Cruz na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Porto Calvo na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Propriá na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Rio Largo na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Santa do Ipanema na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta São Miguel dos Campos na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta Sirinhaém na escala 1:100.000.

Mapa do potencial de terras para irrigação da carta União dos Palmares na escala 1:100.000.

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ANEXO 3

Mapa do potencial de terras para irrigação do Estado de Alagoas para impressão na escala 1:250.000