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Posto Mdico Avanado

INSTITUTO DE CINCIAS BIOMDICAS ABEL SALAZAR

UNIVERSIDADE DO PORTO

MESTRADO EM MEDICINA DE CATSTROFE

ISABEL MARIA BAPTISTA LOPES DA ROCHA

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Posto Mdico Avanado

Dissertao de candidatura ao Grau de Mestre (em Medicina de Catstrofe) pelo Instituto de Cincias Biomdicas Abel Salazar -Universidade do Porto.

Candidato: Isabel Rocha Orientador: Professor Doutor Romero Bandeira

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Posto Mdico Avanado

Jibre os oChos e encara a vidai fl sina Tem que cumprir-se! JlCarga os Horizontes! (Por sobre os Camaais aCteia pontes Com tuas mos -preciosas de menina.

Nessa estrada da vida que fascina, Caminha sempre em frente, aCm dos montes! Morde os frutos a rir! (Bebe nas fontes! (Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longnqua estrela, Escava com as mos a prpria cova % depois a sorrir, deita-te nela!

Que as mos de terra faam, com amor, (Da graa do teu corpo, esguia e nova, Surgir Cuz a fiaste de uma fCor!...

Eu queria mais atas as estreias, Mais largo o espao, o soi mais criador, Mais refugenta a Cua, o mar amor, Mais cavadas as ondas e mais 6eCas;

Mais amplas, mais rasgadas as janelas (Das amas, mais rosais a a6rir em fCor, Mais montanhas, mais asas de condor, Mais sangue sobre a cruz das caravelas!

E abrir os braos e viver a vida, - Quanto mais funda e Cgubre e descida, Mais aCta a Cadeira que no cansa!

E, acabada a tarefa... em paz, contente, %)m dia adormecer serenamente, Como dorme no bero uma criana!

ECorbeCa 'Espanca56

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(PELA (XP&RZVNItDAtlXE (DA REALIZAO

(DO MEST^ACDO EM MEDICINA (DE CAXSTROEE

o MEV CXBRIA^A Ao iwyiTWio (DE

CINCIAS (BIOMDICAS AQKL SALAZAR nJWVEtRSIDACDE (DO (PORO

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Posto Mdico Avanado

ndice

1-CONCEITO DE POSTO MDICO AVANADO 6

2 - BREVE HISTRIA DO POSTO MDICO AVANADO 7

3 - A RAZO DE SER DO POSTO MDICO AVANADO 19

4 - NUMEROSAS VITIMAS, ELEVADO NMERO DE VTIMAS OU GRANDE

NUMERO DE VITMAS - QUESTO A RESOLVER 22

5 - O PMA NO ORGANIGRAMA DA CADEIA DE SOCORRO 26

6-A LOCALIZAO DO POSTO MDICO AVANADO 27

1-AOPORTUNIDADE DO POSTO MDICO AVANADO 32

8 -A COMPONENTE FSICA DO POSTO MDICO AVANADO 33

11 - ORGANIGRAMA INTERNO DO POSTO MDICO AVANADO 54

12 -DISPOSIO INTERNA DO POSTO MDICO AVANADO 77

13 - PROCEDIMENTOS NO POSTO MDICO AVANADO 85

14 - CARACTERSTICAS ESPECFICAS DO POSTO MDICO AVANADO PARA

DETERMINADO TIPO DE CATSTROFES 110

15 - O POSTO MDICO AVANADO EM SISTEMAS DE SOCORRO COMPARADOS 121

16-0 PRESENTE E O FUTURO DO POSTO MEDICO AVANADO EM PORTUGAL 131

11-CONCLUSES 144

18-BIBLIOGRAFIA 148

19-ANOTAES 154

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Posto Mdico Avanado

1 - CONCEITO DE POSTO MDICO AVANADO

Posto Mdico Avanado (PMA) uma estrutura adaptvel83, medicalizada, intermdia, mvel ou imvel, que integra o primeiro escalo da cadeia mdica de socorro, dotada de meios materiais e humanos, capazes de, em primeira linha fazer a triagem de um elevado nmero de vitimas em situao de catstrofe, visando por um lado, prestar cuidados de sade para estabilizar as vtimas e por outro, proporcionar uma evacuao selectiva, optimizando desta forma os cuidados mdicos a prestar em segunda linha42,71.

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Posto Mdico Avanado

2 - BREVE HISTRIA DO POSTO MDICO AVANADO

Na histria de Medicina de Catstrofe o Posto Mdico Avanado (PMA)

surge como conceito autnomo quando o socorrista perante um cenrio de multi-

vtimas tem a necessidade de fazer a simbiose entre prestar cuidados mdicos no

local do sinistro ou prximo, por um lado, e por outro optimizar os meios existentes

com vista a uma evacuao que de forma alguma poderia ser descontrolada.

A ideia de Posto Mdico Avanado, enquanto estrutura autnoma na cadeia

de socorro, nasce assim, da sntese do binmio cuidados mdicos/ triagem e

resulta da introduo no quadro da medicina de urgncia de princpios e regras

prprias de outras cincias, designadamente da Gesto e da Economia.

Poder-se-, portanto dizer, que o Posto Mdico Avanado um conceito (tal

como hoje o entendemos) relativamente recente no contexto da Medicina de

Urgncia (no ter mais de 30 anos), pois surge em Frana na dcada de oitenta

do sculo XX.

De facto at aos anos oitenta, quer a nvel civil quer a nvel militar, podemos

unicamente falar no embrio ou arqutipos de Posto Mdico Avanado, os quais

surgem de forma circunstancial com algumas caractersticas dos actuais Postos

Mdicos Avanados. Tais estruturas podem considerar-se a pr-histria dos Posto

Mdico Avanado e aparecem ligadas normalmente ao fenmeno que infelizmente

muitas vezes foi o "motor do desenvolvimento" isto a guerra18.

assim, inicialmente no meio militar e blico, que surgem estruturas com

algumas caractersticas do Posto Mdico Avanado, como elo pr-existente e

permanente na cadeia mdica de socorro.

Em 1985 Louvier e Levy criam o conceito de Posto Mdico Avanado tal

como ele hodiernamente entendido.

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Posto Mdico Avanado

Em 1987 com a aprovao da Lei de 22 de Julho em Frana referente ao

"Plan Rouge", o Posto Mdico Avanado adquire estatuto prprio e permanente

com dimenso legislativa. Assim, a ttulo meramente exemplificativo, cronologicamente a nvel

internacional e a nvel nacional podemos salientar alguns factos, datas e nomes que se inserem no quadro da evoluo do PMA.

NO PLANO INTERNACIONAL

1792 Pela primeira vez na histria, pelos cirurgies dos exrcitos Napolenicos,

Larrey e Percy, so organizados os primeiros socorros prestados s vitimas na frente de batalha, criando-se meios de transporte, alguns medicalizados, que permitiam para alm do transporte rpido dos feridos para linhas mais recuadas do campo de batalha, a prestao de cuidados mdicos urgentes. O Decreto de 21 e 27 de Abril de 1792 cria os hospitais de campanha e os hospitais ambulantes7.

Nesta fase inicial das campanhas napolenicas a ideia de triar para evacuar est praticamente ausente. Predomina a ideia de transporte rpido entre linhas de batalha sem olhar a critrios de seleco das vitimas.

1796 Na campanha napolenica de Itlia, Larrey aperfeioa a ambulncia volante

dirigida por um cirurgio em chefe, assistido por dois cirurgies de segunda classe e formada por trs divises. Cada diviso da ambulncia volante era composta por um cirurgio major de primeira classe comandante, dois cirurgies ajudantes de major de segunda classe, doze cirurgies ajudantes de major de terceira classe, um lugar-tenente encarregado da diviso da ambulncia, um sub - lugar-tenente

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Posto Mdico Avanado

inspector de polcia, um marechal de logstica de primeira classe de ambulncia,

dois brigadeiros de terceira classe de ambulncia, um trompete portador dos

instrumentos do cirurgio, trs soldados enfermeiros a cavalo, um sargento major

de primeira classe, dois furriis de segunda classe, trs soldados sob o comando

dos chefes dos diversos servios, um tambor (rapaz com aparelho de cirurgia),

equipagens encarregadas da conduo das viaturas. Cada diviso possua doze

viaturas ligeiras e quatro pesadas7.

Nas campanhas do Danbio e da Suia, Percy transforma o "caixo de

artilharia" de Griveaubal num veculo capaz de transportar cirurgies e material e

ainda evacuar os feridos. Ele baptiza este equipamento com o nome de "Wurst".

1802

Bonaparte foi proclamado imperador e toda a Europa coliga-se contra ele.

Cada batalho possui um "caisson d'ambulance". Aps as guerras do imprio

necessrio reconhecer a Larrey o mrito de ter inventado a cirurgia de guerra e a

noo to mais importante de triagem.

1854

Com a Guerra da Crimeia entre a Gr - Bretanha e a Frana contra a

Rssia, Florence Nightingale chamada a chefiar o servio de enfermagem do

Exrcito Britnico organizou e inventariou os recursos nos Hospitais de Campanha

Britnicos reduzindo a taxa de mortalidade nos hospitais militares de 42,7% para

2,2%.

1889-1892 Em Frana com vista preparao do servio de sade em tempo de guerra

a lei de 1 de Julho de 1889 e o regulamento de 31 de Outubro de 1892 disciplina

os aspectos da higiene, profilaxia, triagem e evacuao dos feridos em tempo de

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Posto Mdico Avanado

guerra, estando o servio de sade dividido em trs escales: o servio do regimento; as ambulncias; e os hospitais de campanha. Segundo tal disposio legal um servio de sade avanado ou formao sanitria era formado por dois grupos: um grupo destinado ao tratamento no local - Hospitais de Campanha temporariamente imobilizado e hospitais permanentes ou auxiliares - ; e um grupo para as misses de evacuao e reaprovisionamento - Hospitais de Evacuao, trens e comboios de evacuao7, etc.

1914-1918 Pela primeira vez na histria da medicina de catstrofe, surge num cenrio

blico, uma estrutura mdica situada muito prxima da frente de batalha que no visa s prestar cuidados mdicos urgentes mas tambm categorizar as vtimas com vista a uma evacuao para a retaguarda. Quase todos os pases e foras militares envolvidas possuam tais estruturas. A ttulo de exemplo podemos referir:

No Royal Army Medical Corps Britnico o "Casualty Clearing Station" (CCS) que era urn hospital de campanha, em tendas bem equipado e cujo papel era reter todos os feridos que no tinham condies para ser evacuados, tratar e fazer voltar frente todos os feridos ligeiros e promover a evacuao de todos os outros. Estava localizado algumas milhas atrs da frente de batalha e junto a linhas de caminhos-de-ferro. Um CCS tpico podia em qualquer altura acolher 1000 vtimas. Muitos dos locais onde estiveram estacionados os CCS so stios de grandes cemitrios militares.

No exrcito Francs com "La Reorganization du Service de Sant Datait de 1900", cada regimento dispunha de postos de socorro e de veculos puxados a cavalos de evacuao7. As "Ambulance Divisionaire" (embora a designao possa sugerir o contrrio, no so ambulncias no conceito

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Poste) Mdico Avanado

actual, mas sim verdadeiros hospitais), estavam encarregadas de recolher e classificar os feridos6. As ambulncias divisionrias estacionadas funcionavam como hospitais de campanha com 100 camas para tratamento de feridos graves. Os feridos evacuveis seriam de seguida transportados por via-frrea para hospitais de retaguarda. Surge a categorizao de feridos no evacuveis. Aps a triagem, aos feridos graves era atribuda uma ficha vermelha, aos feridos srios uma ficha azul, aos feridos a especificar uma ficha amarela e aos ligeiros uma ficha branca. Impe-se assim cada vez mais a noo de triagem, distinguindo-se os intransportveis, os evacuveis e os coxos, retendo-se os intransportveis e os pequenos feridos. As fichas de evacuao eram elaboradas em triplicado ficando uma cpia no hospital de evacuao, outra acompanhava o ferido e a terceira era enviada aos servios centrais de Paris. Estas fichas mencionavam o estado civil e militar, o diagnstico, o modo de transporte, as injeces anti-tetnicas feitas ou a fazer, as precaues a ter assim como o servio a que eram destinados. A meno de ferido grave estava sublinhada a vermelho, a de ferido srio a azul e a de ferido a necessitar de especialidade a amarelo. A partir de 1918 organiza-se uma triagem a duas velocidades. Desta forma, os feridos evacuados da frente de batalha, so examinados no grupo de ambulncias avanado do exrcito, o qual retm os intransportveis dado que, os "Hospitaux d'Origine d'Etape" encarregam-se de seguida de fazer uma verdadeira triagem. Os feridos graves so operados nestes hospitais e os ligeiros nos hospitais mais recuados.

1936-1939

Durante a Guerra Civil de Espanha7 em cada Brigada do Exrcito Franquista existia um posto de triagem e classificao de feridos que recebia os evacuados

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Posto Mdico Avanado

das batalhas e os enviava aos hospitais de retaguarda, categorizando-se os feridos

da seguinte forma: Com feridas penetrantes do ventre ou com suspeita de t-las;

Com feridas penetrantes no trax; Com feridas do crnio, com quadro de compresso ou hemorragia; Com feridas dos membros, com quadro de hemorragia ou choque;

Os grandes queimados em choque; Com quadros graves de choque e problemas respiratrios, por

exemplo feridas da face e do pescoo.

1939-1945 Durante a Segunda Guerra Mundial o servio de sade militar francs

evacuava os feridos a partir do posto de socorro divisionrio atravs da sua seco de ambulncia automvel. Nas zonas junto frente de batalha, situavam-se os hospitais de evacuao primria, um por cada corpo de exrcito. Nestes hospitais era realizada uma triagem inicial e de seguida os feridos uma vez evacuados para um "Hospitaux d'Origine d'Etape" continuavam a ser triados, categorizando-se assim os feridos, tratando-se os urgentes e evacuando-se os restantes7.

Em 1942 Sancho em Espanha publica um estudo sanitrio em campanha do qual se pode retirar como contributo para o conceito de Posto Mdico Avanado, a elaborao de uma ficha mdica de vanguarda, que mais no era que, um primeiro documento de identificao e de classificao do ferido. Fornecia indicaes sobre a gravidade da leso, a regio anatmica atingida, o agente desencadeante e o tipo de urgncia na evacuao. Segundo este modelo os feridos so categorizados em quatro classes, sendo:

1o Classe - urgncia - grandes hemorragias, feridas penetrantes do abdmen e do trax, grandes fracturados ou enfermos

graves;

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Posto Mdico Avanado

2o Classe - feridas do crneo e da coluna vertebral, fracturados sem

grandes destroos, politraumatizados e comocionados por

onda explosiva;

3o Classe - lesionados das partes moles e com pequenas fracturas;

4o Classe - com feridas confusas, eroses, etc.

Assim, no conceito de Sancho, o Posto de Triagem por excelncia o Posto

de Socorros Divisionrio, a partir do qual se estabelece o esquema de evacuaes,

com reteno dos moribundos no local, em tendas separadas.

1945-1954 Na Guerra da Indoshima, no quadro do servio de sade militar francs, as

formaes cirrgicas avanadas tinham por misso, colocar os feridos em

condies de evacuao, efectuar a triagem, reanimao e transfuso nos

mesmos7. Estas formaes praticavam intervenes cirrgicas em trs

circunstncias, ou seja quando a evacuao era demorada e incompatvel com a

gravidade dos ferimentos, no caso de urgncias extremas e quando as evacuaes

eram impossveis.

1983

Aparece em Frana a primeira referncia ao termo Posto Mdico Avanado

no regulamento das famosas manobras "Vosges 83".

1985

O conceito de Posto Mdico Avanado, tal como actualmente interpretado,

surgiu em 1985, quando Louvier e Levy criaram a noo de Posto Mdico

Avanado constitudo por mdulos, surgindo o primeiro mdulo de Posto Mdico

Avanado no Alto Reno.

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Posto Mdico Avanado

Por falta de meios financeiros este sistema prevaleceu durante vrios anos.

Um reboque restaurado pela equipa foi o primeiro "Veculo Motorizado" a ser usado

como Posto Mdico Avanado.

Esta primeira estrutura motorizada em conjunto com uma equipa muito

motivada foi usada, por exemplo, para cobertura mdica do motim da "Centrale de

Dtention D'Ensissheim".

1991-1997 Em Frana um camio de transporte (Renault RVI) substitui o reboque Posto

Mdico Avanado que estava a tornar-se minsculo atendendo ao equipamento e

ao servio prestado. Em 1992, Thouvenot empreende uma campanha de

patrocnios para dotar este mdulo com a dimenso de uma unidade plenamente

operacional. Um ano mais tarde, os 30 metros cbicos do camio dificilmente

continham todo o material.

Em 1997 o Centro de Socorros de Orbey dotado de um camio de

transporte (Iveco) com a funo de transportar as estruturas de todo o Posto

Mdico Avanado.

NO PLANO NACIONAL

1891 No mbito das Campanhas Coloniais de Portugal em Angola, na expedio

ao Bie, enviado um destacamento de socorros com mdicos e um pequeno

hospital de campanha pela Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha1.

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Posto Mdico Avanado

1894 Ainda no quadro das Campanhas Coloniais Portuguesas em Moambique,

para acompanhar a expedio a Loureno Marques, a Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha envia um destacamento de socorros com mdicos e um pequeno hospital de campanha1.

1895 No mesmo quadro, na expedio ndia, a Sociedade Portuguesa da Cruz

Vermelha envia um pequeno hospital de campanha comandado pelo Infante D. Afonso.

1910 Aquando da Implantao da Repblica no dia 5 de Outubro pela Sociedade

Portuguesa da Cruz Vermelha no Rossio em Lisboa, instalado no Posto de Socorros ali existente um hospital de campanha com socorros mdicos1.

Pedro Vitorino no mesmo ano e na sua tese de doutoramento que intitulou "Socorros de Urgncia - Breves Notas" alude necessidade de triagem e tratamento no local, em cenrio de multi-vtimas, referindo que "o desastre sucedido num dirio desta cidade, onde em um aluimento foram arrastadas dezenas de pessoas da altura de um andar. Contaram-se numerosos feridos e dez mortos. Ocorreram prestes os bombeiros, libertando os desventurados do pavoroso amontoado em que jaziam. Sucessivamente iam sendo transportados em macas para o hospital os que no podiam caminhar por seu p. Ferimentos, fracturas, asfixias, tudo foi, se bem que mal a caminho da misericrdia, numa extensa caravana desoladora. Eis a questo. Se houvesse um servio de socorro organizado, com pessoal idneo, mdicos e auxiliares, uma seleco teria sido

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Posto Mdico Avanado

feita no momento, e no haveria por certo a registar um numero to elevado de

mortos"79.

1912 Ocorre um descarrilamento de um comboio dos Caminhos-de-ferro

Portugueses na linha Sul/Sueste. A Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha

transforma um vapor em Posto de Socorros Avanado1.

1915 Durante a 1 a Guerra Mundial e nas vsperas da participao do Corpo

Expedicionrio Portugus nesse conflito o Coronel Mdico Sousa Garcez elaborou

um relatrio que intitulou "Um captulo da Tcnica Sanitria Militar" no qual

esquematiza as diversas fases do socorro a prestar s vtimas da frente de batalha,

surgindo claramente como uma das etapas dessa cadeia de socorro, um Posto

Mdico Avanado que ele, no seu trabalho, denominou Posto de Socorro74.

Esse Posto Mdico Avanado do exrcito Portugus da 1o Guerra Mundial

era conhecido como um 2o escalo do servio de sade e a sua situao estava

condicionada fixao da 1 o linha, devendo estar identificado e abrigado da

fuzilaria e de canhoeiras inimigos.

Tinha como misso clnica principal a laqueao de vasos, a extraco de

projcteis ou corpos estranhos superficiais, a analgesia com morfina, a injeco de

soro anti-tetnico, a reviso os pensos, as suturas, a imobilizao de fracturas, a

traqueostomia, efectuar triagem, dar alta aos feridos leves e proceder s

evacuaes.

Este Posto de Socorros que constitudo por 4 seces, estabelecendo 3

classes de triagem de feridos, ou seja leves, graves e gravssimos. Para o efeito

preenchido um carto de diagnstico onde constam todos os dados clnicos

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Posto Mdico Avanado

importantes mencionando-se se o transporte deve ser feito deitado, sentado ou em

P.

Caso se tornasse necessrio era emitido um carto de urgncia que

especificaria a rapidez do transporte e a interveno mdica na ambulncia.

1961-1974

Durante a Guerra Colonial em Angola, Moambique, Guin, Cabo Verde,

So Tom e Prncipe, e Timor os feridos em combate, recebiam os primeiros

socorros numa estrutura que funcionava ao nvel da Companhia designada por

"Posto Avanado de Sangue e Reanimao".

1984

A Cruz Vermelha Portuguesa monta um hospital de emergncia na Vila da

Batalha, no mbito das comemoraes do 6 centenrio da Batalha de Aljubarrota.

1985

Acontece um grave acidente ferrovirio em Alcafache entre Mangualde e

Nelas. feita a triagem de vtimas no local do acidente as quais depois so

evacuadas por via rodoviria para o Hospital de Viseu, que serviu de Centro

Mdico de Evacuaes.

1995

Romero Bandera na sua tese de doutoramento6 "Medicina de Catstrofe da

Exemplificao Histrica latrotica" alerta para a necessidade de que "deve

instituir-se um conceito centrfugo e no centrpeto da urgncia pr-hospitalar

evidenciando a mobilidade hospitalar dirigida para o terreno. Passar, assim, da era

do socorrismo da reanimao mvel, estabelecendo o PMA e os CME apoiados

nos HR quando necessrio".

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Posto Mdico Avanado

1997

O Servio Nacional de Proteco Civil adquire em Espanha Utilisiberica,

SA um Posto Mdico Avanado tipo standard com capacidade para tratar 20

vtimas.

1998 Realiza-se em Lisboa a Expo 98 e instala-se no recinto de exposies um

Posto de Socorros de 1 a interveno, cujo Centro de Assistncia principal est

situado na rea Central de Servios e dotado de pessoal mdico para consultas,

cuidados intensivos e intermdios. Este posto de socorros apoiado por uma

ambulncia equipada, duas ambulncias suplementares e um helicptero.

2000 Sua Santidade o Papa Joo Paulo II visita o Santurio de Ftima. O Instituo

Nacional de Emergncia Mdica e a Proteco Civil montam um hospital de

campanha junto ao Posto de Turismo de Ftima.

2003 O Instituo Nacional de Emergncia Mdica adquire a estrutura fsica de um

Posto Mdico Avanado Mvel, composto por uma tenda insuflvel.

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Posto Mdico Avanado

3 - A RAZO DE SER DO POSTO MDICO AVANADO

"When I got out of the ambulance there were people lying everywhere. Police officers were carrying people out of the front door of the hotel, bystanders were helping others out; and many people were just running into each other trying to get out of the hotel. It was absolute pandemonium. I could see about 200 people outside. Half of them were lying in the grass and the parking lot driveway... when I walked into the hotel, people began pulling at me wanting me to help their wives, husbands or friends... There were people chopped in half, just torsos lying about people with limbs sheared off, people crushed flat, ones that were still trapped screaming for help. There is no way 01 can explain the helplessness that overwhelmed me when I saw this. There must have been more than 100 people still in that hotel dead and in major trauma and there I stood not knowing what to do next. "

Jim Taylor, Paramdico Catstrofe no Hotel Hyatt, Kansas city

Julho de 1981

Face a situaes como a acima descrita, no mbito da Medicina de Catstrofe, tornou-se necessrio criar um escalo fixo na cadeia de socorro, que prximo do local do sinistro organizasse a natural desordem do cenrio de catstrofe.

O Posto Mdico Avanado surge pois, fundamentalmente por razes de organizao e coordenao por um lado, e prestao de cuidados mdicos imediatos por outro. De facto, verificaram-se em diversas catstrofes com um elevado nmero de vtimas, evacuaes massivas, anrquicas e descontroladas,

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que "entupiram" os hospitais e centros clnicos para onde eram conduzidas as vtimas. Face desproporo entre os meios instalados e o elevado nmero de vtimas, ficaram impedidas assim as estruturas hospitalares, por falta de seleco dos doentes, de dar uma resposta capaz e eficaz s vtimas que realmente possuam alguma capacidade de sobrevivncia.

Tornou-se desta forma necessrio, criar uma estrutura intermdia entre o local do sinistro e o local de tratamento definitivo que permitisse a concentrao das vtimas (reagrupando-as voluntariamente e evitando a sua espontnea disperso centrfuga) a sua categorizao estabelecendo prioridades, e definindo estratgias, afim de se optimizar os recursos existentes e aumentar a probabilidade de sobrevida daqueles que efectivamente possuam tal probabilidade.

Para alm desta vertente o Posto Mdico Avanado permite prestar precocemente uma medicalizao uniforme s vtimas e os cuidados mdicos urgentes necessrios sua estabilizao, possibilitando o aumento da probabilidade de sobrevivncia durante o transporte.

Em suma, na vertente organizacional compete ao Posto Mdico Avanado reagrupar as vtimas, tri-las em funo da urgncia para evacuar, regular as evacuaes, estabelecer balanos e, junto dos "mdia", fornecer informaes que permitam um esclarecimento do pblico com objectividade e que promovam a

calma. Na vertente clnica, compete ao Posto Mdico Avanado, prestar os

primeiros cuidados s vtimas e coloca-las em condies de transporte, assegurando actos mdicos fundamentais para a sobrevivncia, designadamente na abordagem inicial das vtimas com controlo da via area e da respirao com proteco cervical, na estabilizao cardio-circulatria, na disfuno neurolgica, na exposio com controlo da temperatura, na imobilizao das fracturas e na sedao e analgesia.

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Posto Mdico Avanado

Assim o Posto Mdico Avanado tem como objectivo principal avaliar a tratar as patologias prprias deste tipo de situaes orientando as vtimas para o local de tratamento definitivo49 ou permitindo que tenham alta directamente do Posto Mdico Avanado. O efeito filtro que se pretende conseguir, pretende o no colapso dos servios de urgncia dos hospitais de drenagem, procedendo-se conduo das vtimas para estes locais apenas quando necessrio e j devidamente orientadas.

Eis a razo de ser do Posto Mdico Avanado.

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Posto Mdico Avanado

4- NUMEROSAS VITIMAS. ELEVADO NMERO DE VTIMAS OU GRANDE NUMERO DE VITIMAS - QUESTO A RESOLVER

Por definio o Posto Mdico Avanado activado numa situao de

desastre com elevado nmero de vtimas.

Urge por isso concretizar o pressuposto genrico de "elevado nmero de

vtimas" sob pena de, no terreno, no se conseguir descortinar quando accionar ou

no accionar o Posto Mdico Avanado.

Na circunstncia de o Posto Mdico Avanado ser instalado antes da

ocorrncia do desastre, como estrutura meramente preventiva, em local

previsivelmente de risco acrescido, a questo no se coloca.

Coloca-se sim a questo, quando o desastre surge na verdadeira acepo

da palavra, ou seja de uma forma imprevisvel, em que a existncia de um elevado

nmero de vtimas ser o factor que activar a instalao do Posto Mdico

Avanado.

Ora a expresso "elevado nmero de vtimas" como ela prpria o indica, tem

a ver com a quantidade de vtimas. Mas qual ser ento o nmero de vtimas

mnimo necessrio que justifique a implementao de um Posto Mdico Avanado

na cadeia de socorro? Na nossa indagao os critrios que diversos autores e

organizaes vm avanando no que concerne classificao das catstrofes

quanto ao nmero de vtimas, podero ser um auxlio precioso.

Vejamos: - W. D. ROWE em 1977, segundo o nmero de vtimas, classificava as

catstrofes da seguinte forma:

a) Acidentes normais: de uma a dez vitimas;

b) Acidentes catastrficos: de dez a cem vtimas;

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Posto Mdico Avanado

c) Desastres colectivos: de cem a mil vtimas; d) Desastres maiores: de mil a cem mil vtimas; e) Catstrofes maiores: de cem mil a dez milhes de vtimas; f) Super catstrofes: de dez milhes a um bilio de vtimas. g) Catstrofe universal: mais de um bilio de vtimas.

- A Fundao Internacional de Traumatologia de acordo com Chevalier Courbil et ai. em 1987, segundo o nmero de vtimas, classifica as catstrofes como:

a) Moderadas: de vinte e cinco a cem vtimas; b) Mdias: de noventa e nove a mil vtimas; c) Maiores: mais de mil vtimas ou duzentos e cinquenta

hospitalizados;

- Noto et ai. em 1987, classificava as catstrofes ainda quanto ao nmero de vtimas em:

a) Moderadas: entre vinte cinco e noventa nove vtimas; b) Mdia: entre cem e novecentas e noventa e nove, mas cinquenta

a duzentas e cinquenta hospitalizadas; c) Maior: nmero de vtimas superior a mil e mais de duzentos e

cinquenta hospitalizados.

- A OCDE - Paris classifica a catstrofe como o sinistro com face ocorrncia de:

a) mais de cinquenta mortos; b) mais de cem feridos; c) mais de dois mil evacuados.

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HostowieaicoAvanaao

- Popzacharieva V. Em "Disaster Medicine" St. Zagora, 1995, classificava os

acidentes quanto no nmero de vtimas, conforme os seguintes predicados:

a) Locais: at dez pessoas feridas;

b) Regionais: de dez a cinquenta pessoas feridas;

c) Territoriais: de cinquenta a quinhentos feridos;

d) Federais: mais de quinhentos feridos;

e) Trans - fronteirias: quando mais de um pas afectado;

f) Catstrofe quando o nmero de feridos excede em 10% o nmero de

camas no hospital de evacuao33.

-Champion em 1990, classifica catstrofe quanto ao nmero de vtimas,

segundo o seguinte quadro:

GRAU

MENOR

MODERADO

MAIOR

MORTOS/FERIDOS

25 e100e250

Vtimas vivas ou mortas ou

Necessitarem de ser hospitalizados

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Poste Mdico Avanado

-A World Health Organisation (WHO) em 2002, classificou as catstrofes

quanto ao nmero de vtimas como:

a) Pequenas: at vinte cinco feridos, dos quais at dez necessitam de

hospitalizao;

b) Mdias: pelo menos cem feridos, dos quais mais de cinquenta

necessitam de hospitalizao;

c) Grande: com pelo menos 1000 feridos.

- A Cruz Vermelha Norte-Americana classifica como catstrofe "qualquer

acontecimento extremamente perigoso que inclua mais de 100 pessoas e cause

danos de mais de um milho de dlares a propriedades e ao ambiente"1.

- "Le Service Interministriel de Dfense et Protection Civile" Francs, nas

suas recomendaes de proteco s populaes e gesto de riscos nos termos

da Lei de 22 de Julho de 1987 que pe em prtica o "Plan Rouge", considera existir

um risco colectivo numa situao de desastre aquando da existncia de dez ou

mais feridos graves ou a probabilidade de numerosas vtimas potenciais.

Fazendo a anlise comparativa de todos os critrios atrs expostos, verifica-

se a existncia de pontos comuns entre alguns deles, que nos permitem, chegar

com alguma segurana resposta questo a que nos havamos proposto

responder, isto , quando que se verifica o pressuposto da existncia de

numerosas vtimas ou de um elevado nmero de vtimas.

Afigura-se-nos assim, que o critrio utilizado pela proteco Civil Francesa

para alm de fazer a sntese de quase todos os outros, na prtica o que se revela

mais eficaz.

Pelo que, em concluso, o Posto Mdico Avanado deve ser accionado

sempre que, perante uma situao de desastre existam dez ou mais feridos

graves67 ou a probabilidade de numerosas vtimas potenciais.

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Posto Mdco Avanado

5 - 0 PMA NO ORGANIGRAMA DA CADEIA DE SOCORRO

A cadeia de socorro, em situao de catstrofe, tem o seu incio no local do

sinistro e fim no hospital de referncia.

Intermediariamente existem diversos escales mveis e fixos, sendo o Posto

Mdico Avanado o primeiro escalo fixo da cadeia de socorro.

Desta forma, o Posto Mdico Avanado no organigrama da cadeia de

socorro em caso de catstrofe situa-se logo aps a zona de catstrofe e antes da

zona de evacuao das vtimas.

O organigrama da cadeia de socorro tem assim a seguinte estrutura:

CATSTROFE

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Posto Mdico Avanado

6 -A LOCALIZAO DO POSTO MDICO AVANADO

A localizao do Posto Mdico Avanado pode ser a chave do sucesso na

abordagem inicial de multi-vtimas. A sua instalao dever portanto obedecer

s seguintes regras2:

Estar instalado na proximidade do sinistro mas ao abrigo de todo e

qualquer risco evolutivo;

Estar instalado se possvel na proximidade das vias de comunicao5;

Estar limitado por um permetro de segurana;

Estar balizado;

Ter no mnimo dois acessos fceis;

Evitar-se zonas de dificuldade, como declives, solo instvel ou locais

estreitos;

Facilmente acessvel para as equipas de resgate e para os meios de

evacuao.

Pelo que em cenrio da catstrofe devero ser estabelecidos trs

permetros, conforme o desenho e descrio seguintes:

o Permetro interno, tambm designado de interveno ou resgate -

corresponde rea do acidente e rea circundante. Trata-se de um local

que quer pelas circunstncias do mesmo ou quer pela existncia de vtimas

rene condies que colocam em risco os intervenientes no socorro. A este

espao tm acesso apenas os especialistas em resgate ou o pessoal da

equipa mdica, quando solicitados pelos primeiros, para realizar uma

triagem inicial rpida que permita uma evacuao por prioridades. Aqui

chegam os meios de transporte para evacuar as vtimas que foram

classificadas e transferidas para a rea base, onde estar instalado o Posto

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Poste) Mdico Avanado

Mdico Avanado para o tratamento. Este permetro dever ser intransponvel para os mirones. A evacuao indiscriminada de feridos desta zona deve ser evitada a todo custo, excepo da existncia de perigo grave ou risco imediato. Todos os feridos, sem excepo devem ser transportados para o Posto Mdico Avanado.

o Permetro mdio, tambm designado de base, de socorro ou assistncia - rodeia o anterior e encontra-se numa distncia de segurana. Deve ter acesso fcil a partir da zona do permetro interno e permitir algum conforto para assistncia s vtimas. Neste local, encontra-se o Posto Mdico Avanado para prestao dos primeiros socorros e continuao de triagem. O tamanho e recursos do Posto Mdico Avanado dependem dos meios disponveis e da magnitude do acidente. Os recursos humanos so compostos por pessoal da rea mdica. Aqui chegam as macas que transportam as vtimas eventualmente j com uma triagem inicial para receberem o tratamento adequado de acordo com os protocolos existentes. Recolhem-se informaes, estabelecem-se prioridades de transporte e procede-se ao transporte ordenado das vtimas para local de drenagem, sempre que autorizado pelo responsvel do Posto Mdico Avanado ou da rea de evacuao. Neste permetro existir uma zona de baixa vigilncia, isolada do pblico, para colocar as vtimas tradas com etiqueta preta e outra para todos aqueles que apesar de aparentemente no estarem feridos, se encontra de alguma forma envolvidos no acidente. A partir do Posto Mdico Avanado estabelece-se uma segunda "carreira" de macas, para transportar, as vtimas para a zona de evacuao ou at s ambulncias. Est zona tambm ser inacessvel ao pblico em geral.

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Posto Mdico Avanado

o Permetro externo, tambm designado de segurana - estabelece-se

quando a magnitude do acidente permite esperar um elevado nmero de

vtimas ou a zona de actuao apresenta riscos importantes. exterior ao

permetro mdio e evita aumentar o caos existente e possveis novas

vtimas. A sua finalidade ser reunir os meios de transporte a partir do qual

transferem as vtimas, desde que a situao o permita. Na rea delimitada

por este permetro deve-se instalar a rea de evacuao mdica e uma

segunda "carreira" de macas, "carreira" esta que far chegar aquela rea de

evacuao os doentes j estabilizados e preparados para o transporte. Ser

nesta rea, que se estacionam as ambulncias que aguardam os doentes a

ser transferidos. Aqui apenas permanecem o tempo necessrio para

entrarem numa ambulncia. E alm disso este local dever possuir uma

comunicao fcil com os meios de evacuao e estar sob a

responsabilidade de um "oficial" cuja misso ser ordenar as ambulncias

assim como ordenar o material de apoio e facilitar a sua distribuio para o

Posto Mdico Avanado. Este permetro, ao contrrio dos anteriores, no

rene pessoal mdico interveniente em primeira instncia, mas antes

pessoal da Proteco Civil ou das foras policias. Representa o permetro

externo da rea de actuao e concentra todas as actuaes no mdicas.

No tem limites definidos e o seu tamanho e contornos dependem tanto da

amplitude e importncia do acidente, como das necessidades de apoio

logstico. Ser inacessvel ao pblico em geral. No entanto, o responsvel

deste permetro, pode permitir o acesso dos meios de comunicao social e

do pblico que colabore em determinadas tarefas, como o transporte de

vtimas ou outro trabalho de apoio.

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Posto Mdico Avanado

Macas de transporte

Permetro interno

Permetro mdio

Permetro externo

Ambulncias esperam

transporte

No caso da utilizao de um local pr-existente do tipo, estabelecimento de

recepo ao pblico, restaurante, igreja, ginsio, escola, salo de festas ou

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Posto Mdico Avanado

refeitrio, o local dever ser amplo, abrigado, de temperatura amena e com claridade, deve dispor no mnimo de dois acessos, com um ponto de gua, uma entrada e uma sada.

Em qualquer dos casos, sempre que instalado um Posto Mdico Avanado dever prever-se uma zona para aterragem de helicpteros (50m*50m) e uma zona de aparcamento para veculos sanitrios, com acessos largos, com uma sada independente, e com identificao visvel e acesso balizado.

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Posto Mdico Avanado

7 - A OPORTUNIDADE DO POSTO MDICO AVANADO

Sob pena de se tornar uma estrutura de socorro, destituda de qualquer eficcia, o Posto Mdico Avanado deve estar pronto a operar em cenrio de catstrofe num lapso de tempo que no exceda uma hora aps a sua chegada ao

local. De facto, ultrapassado este "timing", naturalmente e por fora das

circunstncias desencadear-se- imparavelmente uma situao de evacuao selvagem, que exactamente aquilo que o Posto Mdico Avanado visa prevenir.

De forma que, os sistemas de socorro devem dotar as reas geogrficas sob a sua tutela, de uma rede de Posto Mdicos Avanados que permitam a mais rpida chegada da unidade Posto Mdico Avanado ao local do sinistro, devendo para o efeito o Posto Mdico Avanado estar pronto e operacional para entrar em aco a qualquer momento.

O Posto Mdico Avanado dever ser manipulado por profissionais formados e motivados. A equipa dever iniciar a montagem do Posto Mdico Avanado com um atraso mximo de 20 minutos aps a chegada ao local, devendo estar operacional numa hora.

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Posto Mdico Avanado

8 -A COMPONENTE FSICA DO POSTO MDICO AVANADO

8.a - TIPOS DE POSTO MDICO AVANADO

A filosofia actual do Posto Mdico Avanado vai no sentido de que este mais uma funo ou um conjunto de misses que propriamente uma estrutura. Interessar segundo este conceito mais a ideia, a cultura42 e o conceito de Posto Mdico Avanado do que toda a estrutura corprea que lha est subjacente.

No obstante, como todo o esprito precisa de um "corpus" para ter vida podemos dizer que "Grosso modo" o Posto Mdico Avanado quanto sua estrutura fsica pode ser dividido em duas grandes classes:

8.aa - POSTO MDICO AVANADO IMVEL

Pode ser instalado num edifcio de acesso ao pblico, como por exemplo restaurante, igreja, ginsio ou escola. Este tipo de instalaes apresenta vrias vantagens nomeadamente, j esto construdos, so slidos, possuem uma localizao do conhecimento pblico, facilmente identificveis e j tm instalada gua, telefone, electricidade, instalaes sanitrias, mesas e cadeiras, entre outras.

O local dever estar protegido contra o risco causal ou evolutivo, e contra condies climatricas adversas. Dever ser suficientemente confortvel para as vtimas e para os meios de socorro e sua escolha dever ser condicionada por quatro critrios:

- Segurana;

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Posto Mdco Avanado

- Acessibilidade;

- Conforto;

- Proximidade.

8.ab - POSTO MDICO AVANADO MVEL

Este tipo de Posto Mdico Avanado montado a partir de mdulos

transportados ou rebocados por um ou vrios veculos de socorro mdico (carros

dos bombeiros, Veculos de desencarceramento, etc.), que esto distribudos e que

a todo o momento podem ser mobilizados afim de se reunirem e formarem um

Posto Mdico Avanado. Em menos de dez minutos um veculo de socorro mdico

pode transformar-se num Posto Mdico Avanado. Cada Posto Mdico Avanado

dispe de sacos mdicos que eventualmente podem ser transportados at as

vtimas. As unidades Posto Mdico Avanado modulares devero ser ligeiras e

adaptveis, podendo funcionar autonomamente ou integradas noutras unidades

modulares quando a magnitude da catstrofe o exige44.

No mercado ou a operar existem diversos modelos de Posto Mdico

Avanado dos quais a ttulo de exemplo podemos salientar:

- Os Postos Mdicos Avanados, usados em Frana pelos Sapadores

-Bombeiros com as seguintes caractersticas42:

a) o Rodhain

o Ano: 1990

o Comprimento 5,20 metros

o Largura: 1,75 metros

o Altura: 2,60 metros

o Peso bruto: 2,6 toneladas

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Posto Mdk Avanado

Tem o seguinte material:

o 20 Macas

o 1 Tenda

o 1 Saco de entrada

o 1 Grupo de electrognio

o 1 Bomba elctrica a ar

o Um saco material

o Uma caixa de acessrios

o Um tenda insuflvel 4 portas

o 2 Bombas de ar

o 1 Tapa sol

o 2 Projectores de halogneo de 500w

o Material mdico

o Malas farmacuticas

b) o Chassi frjat

o Equipamento SDIS 54;

o Superfcie disponvel 135 m2;

o Capacidade 20 litros;

o Autonomia para 120 vtimas.

c)

O aeroporto de Genebra dispe de um Posto Mdico Avanado composto

por trs tendas de 9 metros de comprimento, 4,5 metros de largura e 2,5 metros de

altura. As tendas so insuflveis e podem ser montadas em trs minutos.

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Posto Mdico Avanado

d) A Modulmed dispe de um Posto Mdico Avanado modular composto por

quatro ou seis mdulos, transportveis por camio ou por via area, os quais podem ser montados numa hora conforme o esquema anexo e que unicamente necessitam de um terreno com a rea de 30 X 15 metros para instalao.

Posto Mdico Avanado

9 - MATERIAL. LOGSTICA E MEIOS DE COMUNICAO

O Posto Mdico Avanado no pode funcionar eficazmente se no estiver

dotado de material sanitrio e no sanitrio adequado, por um lado, e por outro de

um quadro logstico e de meios de comunicao que permitam a sua

operacionalidade. A cadeia mdica de socorro no pode realizar cabalmente as

suas funes se no existir um apoio e uma organizao eficaz do material. Esta

organizao pode basear-se em conceitos de logstica e de tctica adaptados da

terminologia militar e que convm definir. Assim,

- O material no pode estar desordenado, mas antes acondicionado e

classificado em funo de determinados critrios que devem ter em conta as

diferentes formas de tratamento58.

- O material deve corresponder a certas exigncias para que a sua utilizao

seja vlida. Estas exigncias devem ser no s quantitativas como qualitativas.

Quanto s exigncias qualitativas, o material a utilizar deve:

Poder usar-se em todas as situaes patolgicas agudas, resultantes

de catstrofes, j ocorridas ou susceptveis de ocorrer;

Permitir a continuao de cuidados menos urgentes durante um ou

dois dias at chegada de mais reforos;

Facilitar a organizao da zona de trabalho das diferentes equipas

envolvidas.

Quanto s exigncias quantitativas, ainda que, no exista um limite para a

quantidade de material, pode-se estabelecer um limite superior e um limite inferior

que vai depender de:

Nmero aproximado de vtimas a tratar;

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Posto Mdico Avanado

Gravidade inicial das leses; Durao das operaes; Existncia de eventuais dificuldades de organizao das evacuaes; Nmero de equipas mdicas que podem trabalhar simultaneamente; Da complexidade dos cuidados a prestar;

Podem assim ser criados lotes de material idnticos destinados ao mesmo uso ou com material complementar entre si para actos ou cuidados especficos da mesma natureza, por exemplo lotes de material para imobilizao, para ventilao artificial, e para entubao.

Podem ainda ser criadas unidades funcionais de material que incluam vrios lotes de material diferente que concorram para um conjunto de cuidados, por exemplo, lote material para perfuso, de insufladores manuais, e para aspirao.

O material deve ainda ser dividido em duas categorias: material sanitrio e material no sanitrio.

o O posto mdico avanado pode ser dimensionado de acordo com o nmero de vtimas a socorrer.

9.a - Material no sanitrio

Na primeira gerao de Posto Mdico Avanado o material no sanitrio era embalado sem qualquer critrio, facto que impedia, na hora da sua utilizao uma adequada identificao e utilizao do mesmo.

Actualmente na ltima gerao de Posto Mdico Avanado o material no sanitrio constituindo pelo conjunto de material destinado a permitir ou a facilitar a organizao e a execuo de uma assistncia mdica.

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Posto Mdico Avanado

Este material deve estar armazenado em caixas ou bas, suficientemente resistentes para suportarem qualquer manipulao brusca, de cor reflectora, com asas para transporte, com inscries ntidas do peso, dimenses, natureza do contedo, e com uma relao completa de todo contedo no seu interior.

Inclui numerosas unidades funcionais de material que se dividem em vrios lotes:

Unidade funcional de refgio e proteco: 1. Tendas de campanha de dimenses e estruturas variveis, que

podem ser substitudas por clulas sanitrias mveis; 2. Toldos de proteco do solo; 3. Material de calafetar; 4. Iluminao colectiva;

Unidade funcional de sinalizao 1. Tabuletas com identificao das diferentes reas de trabalho; 2. Indicativos sinalizadores das reas de circulao e das reas de

trabalho; 3. Rolos de fita sinalizadora; 4. Sistemas de alta voz; 5. Megafone individual.

Unidade funcional administrativa e de identificao 1. Mesa; 2. Material diverso para registo: papel, lpis, cadernos, registo de

entrada e sadas; 3. Ficheiros para fichas de evacuao; 4. Cmaras fotogrficas instantneas; 5. Bolsas para roupa;

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Posto Mdico Avanado

6. Bolsas para cadveres.

Unidade funcional de desinfeco

1. Aparelho para desinfeco, depurao e esterilizao da gua;

2. Reserva de gua potvel;

3. Conjunto para esterilizao a vapor;

4. Gerador de gua quente;

5. Caixa isotrmica.

Unidade funcional de proteco e equipamento individual

1. Coletes identificativos;

2. Material individual de proteco como aventais, culos;

3. Iluminao individual;

9.b - Material sanitrio

o conjunto de material clnico destinado a garantir a assistncia e o

transporte das vtimas antes da sua evacuao definitiva.

Este material destina-se a ser utilizado no Posto Mdico Avanado.

O material deve estar acondicionado em caixas de tamanho varivel mas

cujo peso permita o seu transporte por uma ou duas pessoas durante curtas

distncias. Estas caixas devem ser resistentes, empilhveis e compartimentadas

de tal forma que facilmente se separem os lotes para uma mais fcil utilizao58. A

sua cor dever ser varivel de acordo com utilizao, (por exemplo azul para

ventilao, vermelho para cardiovascular e medicamentos, verde para material

diverso), com etiquetas legveis que identifiquem contedo, o tamanho e o peso, e

um inventrio completo no seu interior58.

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Posto Mdico Avanado

Inclui diversas unidades funcionais58.

Unidade funcional de transporte e de instalao

1. Macas;

2. Porta macas.

Unidade funcional de proteco trmica

1. Mantas de lona;

2. Mantas isotrmicas.

Unidade funcional de material para imobilizao

1. Lote de imobilizao geral com talas, marco para imobilizao,

maca de vcuo;

2. Lote para imobilizao da extremidade inferior que inclui talas

rgidas, colete de extraco, plano duro, algodo, ligaduras de

diferentes tamanhos;

3. Lote para imobilizao da extremidade superior que inclui talas,

algodo, ligaduras de diferentes tamanhos;

4. Lote para imobilizao da coluna com colares cervicais de todos

tamanhos.

Unidade funcional de material para trauma

1. Compressas grandes, mdias e pequenas;

2. Penso ocular;

3. Lenis esterilizados;

4. Lenis para queimados;

5. Ligaduras de diferentes tamanhos;

6. Compressas de diferentes tamanhos;

7. Material de fixao, como por exemplo adesivo.

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Posto Mdico Avanado

Unidade funcional para perfuso e injeco

1. Cateteres de grande calibre (6F a 8F);

2. Cateteres de diferentes calibres (14G a 26G);

3. Cateter central de trs vias;

4. Sistemas de soros;

5. Prolongadores;

6. Torneiras para sistemas de soros;

7. Bombas de perfuso;

8. Dispositivo de suspenso;

9. Seringas de diferentes tamanhos (2 ml a 20 ml);

10. Agulhas (se, im, iv);

11. Garrotes;

12. Compressas estreis;

13. Adesivo;

14. Fita para fixar;

15. Campos estreis;

16. Agulha intra-ssea;

17. Contentor de agulhas.

Unidade funcional para assistncia ventilatria

1. Lote de material para oxigenioterapia, com mscaras de oxignio

tipo ventimask, mscaras de alta concentrao e sonda nasal;

2. Lote para ventilao manual, com insuflador manual, mscaras de

diferentes tamanhos e tubos orofarngeos (Guedel);

3. Lote de material para ventilao automtica, com ventilador de

transporte, ramos de conexo ao doente e garrafa de oxignio

compatvel com ventilador;

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Posto Mdico Avanado

4. Lote para entubao, com laringoscpio com pilhas e pilhas suplentes, lminas curvas e rectas de todos tamanhos, pina de Maguill, mandril, seringas de 10ml, lidocana a 1% e 2%, gel lubrificante, nastro, tubos de entubao com e sem cuff de todos os tamanhos (2 at 8);

5. Lote de material para aspirao, com aspirador autnomo com bateria e sondas de aspirao (CH 14, CH 18);

6. Lote de reserva, com tubos orotraqueais, sondas de 02 e sondas de aspirao;

7. Garrafa de oxignio.

Unidade funcional com material cirrgico e para drenagem diversa 1. Lote para sutura e hmostase; 2. Lote para amputao; 3. Lote para drenagem gstrica, com sondas gstricas de duplo

lmen (CH14-CH18) e sacos de drenagem gstrica; 4. Lote para traqueostomia, com compressas estreis, campo estril,

seringas de plstico de 20ml, agulhas intra-musculares, bisturi, separadores de Farabeuf, pina de Kocher, pina de Laborde, cnula de traqueostomia com balo, pina de disseco dentada e fio de nylon com agulha recta;

5. Lote para puno lavagem peritoneal, com cateter e mandril, seringas de 20ml, agulha intra-muscular, lidocana a 2%, compressas estreis, soro fisiolgico 10OOml, tubos, fita adesiva e bisturi;

6. Lote para drenagem torcica com dreno de Joly (CH24-CH32), vlvula aspirativa, bolsa de colostomia, colector de urina, fio de

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Posto Mdico Avanado

sutura, pina para campos, bisturi, campos estreis, luvas estreis, lidocana a 2%, tecido adesivo e conexo bicnica;

7. Lote para drenagem vesical, com sonda de Foley (Ch10-CH18), ampolas de vaselina estreis, saco colector de urina, gua destilada, seringas de 10ml, campos estreis e luvas estreis;

8. Lote para colheita de anlises, com tubos de vidro secos, tubo para ionograma, tubos heparinizados, seringas de 20ml, agulhas intra-muscular, compressas estreis, betadine, garrote venoso e ampolas de heparina.

Unidade funcional de solues para perfuso 1. Cristalides, com soro fisiolgico e lactato de Ringuer; 2. Colides, com solues tipo haemacell e amido; 3. Solues glicosiladas, com soro glicosado a 5%, 10% e 30%,

ionosteril G; 4. Solues de bicarbonato a 1,4% e a 8,4%.

Unidade funcional de medicamentos de primeiras linha 1. Lote com analgsicos anti-inflamatrios; 2. Analgsicos no inflamatrios; 3. Analgsicos do tipo opiide; 4. Anestsico local tipo lidocana a 2%; 5. Anestsicos gerais tipo ketamina, tiopental, propofol; 6. Neurolpticos e sedativos como droperidol, cloropromazina,

diazepan, midazolam; 7. Sulfato de atropina; 8. Isoprenalina; 9. Adrenalina;

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Posto Mdico Avanado

10. Corticides;

11. Insulina de aco rpida;

12.Furosemida;

13. Penicilina G;

14. Cloreto de potssio;

15. Bicarbonato a 8,4%;

16.Anatoxina antitetnica;

17. Cloreto de clcio;

18. Colrio anestsico;

19.Aminofilina;

20. Heparina;

21.Salbutamol.

Unidade funcional de monitorizao cardaca

1. Monitor desfibrilhador autnomo com bateria;

2.Electrocardigrafo.

A ttulo exemplificativo, descreve-se o material necessrio para socorrer

quarenta vtimas, incluindo 15 em estado grave. Este tipo de socorro pressupe

equipamento importante mas indispensvel para fazer face a este tipo de

situaes. O material indispensvel ser:

o 4 Tendas insuflveis de 45 ml com aquecimento e iluminao;

o 40 Macas que permitam acomodao confortvel para vtimas;

o 40 Suportes de macas;

o 70 Telas para macas;

o 30 Contentores sanitrios para acondicionar todo o material mdico;

o Rampas de oxigenioterapia e para aspirao;

o 5 Sacos mdicos

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Posto Mdico Avanado

o 5 Sacos para socorristas;

2 Grupos de electrognos.

Material de secretariado e de logstica.

Medicamentos:

Produto e apresentao Quantidade

Adrenalina (1mg/1ml) 100

Atrovent arosol (0,5mg / 2ml) 20

Atropina (0,5mg / 1 ml) 50

Dopamina (200mg / 5ml) 10

Etomidato (20mg /10ml) 10

Glicose 30% (20ml) 20

gua para preparar injectveis (1 Oml) 40

Cloridato de cetamina (250mg/5ml) 25

Pr-pacetamol (2g) 16

Salbutamol (1mg/ml) 10

Anatoxina anti-tetnica (20 U/ml) 10

Diazepan (1 Omg / 2ml) 18

Lidocana spray 5% 5

Lidocana 2% (400mg/20ml) 5

Morfina (10mg/ml) 20

Posto Mdico Avanado

Fludos electrolticos:

Produto e apresentao Quantidade

Bicarbonato sdio 8,4% (100ml) 5

Soro fisiolgico 0,9% (1000ml) 10

Glicose 5% (1000ml) 10

Colides (500 ml) 20

Lactato de Ringer (1000 ml) 25

Material de perfuso:

Produto e apresentao Quantidade

Agulha 21 G 50

Agulha 18 G 50

Seringas 5 ml 25

Seringas 10 ml 25

Seringas 20 ml 25

Abocath 22 G 10

Abocath 20 G 10

Abocath 18 G 30

Abocath 16 G 25

Butterfly 19 G 5

Sistemas de perfuso trs vias 50

Opsite 40

Colector de agulhas 4

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Posto Mdico Avanado

Ventilao:

Produto e apresentao Quantidade

Cnula de Guedel n0 5

Cnula de Guedel n1 5

Cnula de Guedel n2 5

Cnula de Guedel n3 10

Cnula de Guedel n4 10

Tubo orotraqueal 3 5

Tubo orotraqueal 4 5

Tubo orotraqueal 5 5

Tubo orotraqueal 6 10

Tubo orotraqueal 7 10

Tubo orotraqueal 8 10

Conjunto laringoscpia 2

Aspirador 2

Oxigenao:

Produto e apresentao Quantidade

Prolongadores O^ 2

Mascaras O2 20

Garrafas de O2 (15litros/3ma) 3

Debitmetros 5

Rampa de distribuio de O2 2

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Posto Mdico Avanado

Sondas de aspirao:

Produto e apresentao Quantidade

Sonda aspirao traqueal 8 5

Sonda aspirao traqueal 10 5

Sonda aspirao traqueal 12 10

Sonda aspirao traqueal 16 10

Sonda naso - gstrica 14 10

Sonda naso - gstrica 14 10

Colector de urina 10

Hmostase

Produto e apresentao Quantidade

Compressas pequenas estreis 20

Compressas grandes estreis 20

Compressas no esterilizadas 100

9.c - Logstica

A logstica a arte de fornecer. Compreende assim, um conjunto de operaes que permitem s diferentes equipas da cadeia mdica a actuar sobre o terreno, participar nas suas misses fundamentais nas melhores condies de trabalho. Esta funo implica a gesto do material com o seu envio e distribuio, e a gesto dos meios humanos necessrios a tais tarefas. A logstica s pode

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Posto Mdico Avanado

funcionar se tiver sido previamente prevista na concepo dos planos de

emergncia. Assim, a logstica tem como misso o recenseamento e mobilizao, em

tempo real das pessoas necessrias para integrar as equipas de socorro, o fornecimento de todo material pedido, a previso das necessidades em meios humanos hoteleiros para os doentes e a organizao do alojamento eventual e alimentao do pessoal em funes durante a situao.

Para cada Posto Mdico Avanado deve por isso estar antecipadamente definido quem transporta, quem opera, quem monta, quem faz a manuteno, quem repe os stocks, quem fornece a alimentao, quem fornece alojamento, etc.

O nmero de pessoas adstritas logstica do Posto Mdico Avanado deve ser limitado e escolhido com pertinncia42.

A escolha de equipamento e meios deve recair sobre aqueles que sejam ligeiros, automticos, ergonmicos, rpidos, fceis de montar e fiveis.

9d. - Meios de comunicao

As comunicaes so um dos pilares fundamentais para o bom funcionamento da emergncia pr - hospitalar70. As transmisses permitem o contacto entre as pessoas numa mesma zona ou entre zonas diferentes, e so uma ferramenta imprescindvel para pedir ajuda, comunicar um acontecimento, comparar informaes, gerir recursos, dar instrues ou emitir dados diagnsticos51, etc.

Os meios de comunicao a utilizar podem ser: - O telefone convencional fixo ou mvel que continua a ser o suporte basilar

da cadeia de socorro, com a grande vantagem de permitir grande difuso,

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Posto Mdico Avanado

confidencialidade, maior fiabilidade, ampla e progressiva versatilidade, transmisso de voz e dados, fcil utilizao e custos reduzidos. Tem o inconveniente apresentar maior vulnerabilidade s catstrofes e altos custos de manuteno51.

- Comunicaes por meio de ondas electromagnticas, que constituem o meio mais rpido, gil, seguro e eficaz em situaes de emergncia. Tem a vantagem de no necessitarem de um suporte fixo e apresentarem baixo custo de explorao. Apresentam menor versatilidade, maior sofisticao na sua utilizao, limitaes geogrficas importantes e baixa confidencialidade.

- Comunicaes via satlite, que permitiram o desenvolvimento intercontinental das comunicaes.

A tabela seguinte apresenta as vantagens e inconvenientes dos diferentes sistemas de comunicao46:

Sistema Custo Confidencialidade Alcance Versatilidade

Telefone Alto Alto Alto Progressiva

Rdio VHF Baixo Baixo Baixa Alta

Rdio HF Mdio Baixa Alto Limitada

Intelsat Muito alto Alta Alto Muito alto

Cada servio envolvido no socorro das vtimas tem um sistema interno de comunicaes, o qual funciona normalmente na rotina diria. Perante uma situao de catstrofe a multiplicidade de participantes, a disperso de efectivos e a distncia so obstculos constantes com os quais se dever contar. A inexistncia de meios de comunicao eficazes pode condicionar toda cadeia de socorro, com atrasos no envio das mensagens, e ausncia de coordenao51.

Os centros de coordenao e a utilizao de tecnologias digitais permitiram colocar em funcionamento a possibilidade de integrar os diferentes meios de

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Posto Mdico Avanado

comunicao. Assim, possvel a realizao de chamadas selectivas, individuais,

ou de grupo a partir de equipas mveis46.

Em situaes de emergncia os equipamentos UH permitem alcanar

grandes distncias46. No entanto as condies climatricas podem alterar a sua

fiabilidade. O seu uso necessita de pessoal treinado e as frequncias dependem

das distncias, da estao do ano, das condies meteorolgicas, e da hora do

dia. Os equipamentos VHF permitem comunicar a menor distncia, uma vez que

usam frequncias mais altas, mas apresentam melhor qualidade, e fcil manuseio.

Estas estaes podem ser fixas, mveis, portteis ou repetidores.

Uma equipa de transmisses necessita de quatro elementos essenciais: um

sistema de alimentao, um emissor, uma antena e um receptor para funcionar.

A organizao do sistema de comunicaes em qualquer situao de

emergncia deve ter em conta as seguintes bases funcionais: rede primria de

comunicaes, rede secundria ou de controlo, e rede de inter conexo com o

interior46. A instalao o sistema de transmisses por meio de radiotelefone deve

ter em conta a distncia, o tipo de comunicao pretendido (fixo - fixo, fixo - mvel,

mvel - mvel), a geografia do terreno e o tipo de zona de actuao.

O tipo de equipamentos a utilizar depende da rede. Assim na rede primria

deve-se usar portteis e mveis, na rede secundria fixos com antenas lineares, e

na rede de inter conexo telefones, telex, e todos os meios de comunicao ao

nosso alcance46.

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Posto Mdico Avanado

10- COMPONENTE HUMANA DO POSTO MEDICO AVANADO

0 Posto Mdico Avanado operado por profissionais especializados e treinados, devendo cada um estar perfeitamente consciente da misso por si a desempenhar. Temos assim que cada unidade de Posto Mdico Avanado deve ser composta pelo menos, das seguintes categorias profissionais:

Mdicos Enfermeiros Assistentes sociais Psiclogos Socorristas Auxiliares administrativos Tcnico de informtica Intrprete Tanatologista Nutricionista Veterinrio Farmacutico

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Posto Mdico Avanado

11 - ORGANIGRAMA INTERNO DO POSTO MDICO

AVANADO

Os profissionais acima referidos devem estar hierarquizados segundo o

seguinte organigrama:

OFICIAL RESERVA OFICIAL

SEGURANA

OFICIAL RESERVA OFICIAL

SEGURANA COMANDO

OFICIAL RESERVA OFICIAL

SEGURANA COMANDO

OFICIAL RESERVA OFICIAL

SEGURANA COMANDO COMANDO

OFICIAL RESGATE

COMANDO OFICIAL OFICIAL

RESGATE

COMANDO OFICIAL OFICIAL

RESGATE INFORMAO

OFICIAL TRANSPORTE

COORDENADOR DOCUMENTAO

MEDICO COORDENADOR COMUNICAES

COORDENADOR TRANSPORTE

OFICIAL ZONA ATERRAGEM

MDICO CHEFE

MEDICO REA

EVACUAO

MDICO AREA TRIAGEM

MEDICO AREA TRATAMENTO

FARMACUTICO

VETERINRIO PSICLOGO

TANATOLOGISTA ASSISTENTE

SOCIAL

MDICOS ENFERMEIROS

AUXILIARES

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Posto Mdico Avanado

A componente humana dever estar devidamente hierarquizado e com funes bem definidas34. O Oficial definido como o graduado no mdico da respectiva rea.

O contedo funcional, respectivas misses e tarefas de cada um dos profissionais do Posto Mdico Avanado so os seguintes:

Comando*

Misso - responsvel pelo controlo e coordenao do pessoal e dos recursos disponveis, para dar resposta ao acidente.

Tarefas: S Assume o comando e informa o nome e ttulo ao centro de comunicaes; S Identifica possveis situaes de perigo; S lnteira-se da situao; S Estima o nmero aproximado de vtimas; / Pede mais meios e equipamento de acordo com as necessidades; S Informa o hospital mais prximo; S Estabelece um posto de comando visvel; S Inicia, mantm e controla as comunicaes; S Assume funes inerentes situao; s Assume e dirige os recursos; S Procura recursos; S Desenvolve, examina e reavalia os planos de aco; S Coordena com outras entidades envolvidas; S Controla e informa os meios de comunicao social;

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Posto Mdico Avanado

Mdico Chefe

Misso - confirma que a superviso e coordenao assegurada rea de triagem, tratamento e transporte para todos os doentes;

Tarefas: Informa e fornece dados actualizados ao comando. Pode assumir funes

de comando para gerir pequenos acidentes; s Encontra-se devidamente identificado; S Posiciona-se numa localizao visvel; / Assume o comando mdico; S Comanda, dirige e assume todas as operaes mdicas; Coordena todo pessoal agregado ao seu grupo; v Vigia o bem-estar de todo pessoal sob sua responsabilidade;

Mdico da rea de triagem

Misso - Identifica o tipo de vtimas e estabelece prioridades para tratamento e transporte.

Tarefas: s Informa e actualiza dados ao posto de comando; s Encontra-se devidamente identificado; S Localiza-se numa posio visvel entre o local do acidente e a rea de

tratamento;

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Posto Mdico Avanado

S Se existir perigo iminente, assegura a remoo de todas as vtimas para fora

da rea antes de iniciar a triagem;

S Estabelece o caminho de orientao, desde a rea do acidente at rea

de tratamento;

S Dirige os doentes de acordo com as prioridades;

S Organiza equipas de triagem;

S Assegura a triagem contnua;

S Coordena a transferncia dos doentes;

S Mantm comunicao constante com o mdico - chefe.

Mdico da rea de tratamento

Misso - Fornece a avaliao, triagem e tratamento continuado, s vtimas que

aguardam tratamento;

Tarefas: S Fornece informaes ao comando;

S Encontra-se devidamente identificado;

S Localiza-se numa posio visvel;

s Estabelece a rea de tratamento;

s Tria as vtimas constantemente. Inicialmente utiliza o START, mas aplica

avaliao secundria mais detalhada assim que a triagem secundria

iniciada;

s Coloca etiquetas de identificao, medida que as vtimas so removidas

para a rea de tratamento;

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Posto Mdico Avanado

s Determina os cuidados imediatos, urgentes ou tardios de acordo com as

necessidades; S Determina a ordem de transferncia dos doentes e o meio de transporte

mais apropriado; S Mantm contacto constante com todos os lderes; / Reavalia constantemente o estado das vtimas;

Mdico de Evacuaes

Misso - Coordenar o transporte de todos os doentes e manter registos relacionados com leses registadas na ficha de triagem.

Tarefa: / Informar o comando; s Encontrar-se devidamente identificado; S Localizar-se numa posio visvel; / Se ainda no existe rea de estacionamento, providenci-la e assegurar que

cada elemento se encontra junto da sua unidade; s Assegurar que a comunicao estabelecida com o coordenador do

hospital; s Fornecer registos de transporte para cada rea de orientao dos doentes; v Arranjar transporte para doentes cuja rea de tratamento decidiu transferir; s Utilizar os diferentes tipos de transporte, de acordo com a situao clnica

dos doentes, e a capacidade da rea de transporte; S Informar as equipas de transporte sobre o hospital de destino e quais os

locais de reabastecimento;

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Posto Mdico Avanado

s Relembrar as equipas que no necessitam de contactar locais de destino; / Documentar o destino dos doentes e das unidades; s Nomear o responsvel da rea de aterragem de acordo com necessidades; S Manter comunicao contnua com a rea de tratamento, a rea de

transporte e com o responsvel mdico.

Mdicos

Misso - prestar cuidados mdicos de triagem, estabilizao e evacuao s vtimas.

Tarefas: S Informar o respectivo chefe da rea de triagem, da rea de tratamento, e da

rea de evacuao; S Encontrar-se devidamente identificado; S Certificar-se que nenhuma vtima evacuada antes de estar devidamente

estabilizada. S Elaborar fichas de triagem ou tratamento.

Farmacutico

Misso - aconselha e acompanha a utilizao mdica de frmacos, colaborando na identificao dos agentes qumicos e biolgicos sugerindo os respectivos antdotos, vacinas e antibiticos31.

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Posto Mdico Avanado

Tarefas: S Informa o comando; / Faz o aconselhamento mdico na utilizao dos frmacos; / Acompanha a utilizao e a escolha dos frmacos; / Colabora na identificao do agente qumico ou biolgico no caso de

catstrofe qumica ou biolgica estabelecendo o respectivo diagnstico

diferencial; S Indica os antdotos, antibiticos ou vacinas adequados aos agentes

identificados.

Enfermeiros

Misso - colaborar na prestao de cuidados mdicos fornecidos s vtimas.

Tarefas: S Auxiliar os mdicos na prestao dos cuidados de enfermagem;

* Estar devidamente identificado.

Oficial de resgate

Misso - assegura a segurana e remoo rpida de todas as vtimas, e o seu rpido encaminhamento para rea de tratamento.

Tarefas: S Informa o comando;

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Posto Mdico Avanado

S Encontra-se devidamente identificado; S Localiza-se numa posio visvel, com viso clara de todas as operaes de

resgate; S Coordena e supervisiona todo o processo de resgate; S Decide se a triagem pode ser realizada no local do acidente, ou se as

vtimas devem ser removidas para rea segura antes da triagem; S Localiza e retira vtimas, e encaminhando-as para a rea de tratamento; S Determina a necessidade de apoio mdico para vtimas cuja remoo ser

demorada e pede apoio mdico adicional; s Garante a segurana, no s para a equipa mas tambm para as vtimas

durante todo processo de resgate; s Pede os meios adicionais necessrios ao resgate; S Fornece dados actualizados equipa de triagem e equipa mdica;

Oficial da segurana

Misso - monitorizar, identificar riscos e situaes de perigo, e desenvolver medidas de forma assegurar segurana de todo os envolvidos.

Tarefa: S Relatar ao comandante; S Encontrar-se devidamente identificado; S Formar um anel de segurana volta do acidente; S Tomar providncias imediatas para corrigir perigos ou parar situaes ou

prticas inseguras; S Notificar o comando e as operaes de situaes perigosas; S Observar a rea de resgate e identificar:

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Posto Mdico Avanado

o Prticas inseguras; o Uso de material de proteco; o Necessidade de equipas de desencarceramento; o Necessidade de pessoal rehabilitao

/ Observar a integridade da estrutura; S Monitorizar o meio ambiente para txicos e avaliar os nveis a que esto

expostos; s Avaliar leses no pessoal envolvido e fornecer tratamento adequado;

Oficial de Concentrao e Reserva

Misso - coordenar equipas de reserva, no s de pessoal como tambm de equipamento de reserva ou equipamento descartvel, numa rea afastada do local do incidente.

Tarefas: S Informa o comando; S Encontra-se devidamente identificado; S Localiza-se numa posio visvel; / Estabelece uma rea de reserva em conjunto com o comando de acordo

com as necessidades; S Fornece veculos, equipamento e recursos apropriados de acordo com as

necessidades; S Actualiza equipamento existente na rea de reserva; S Coordena todo pessoal envolvido numa mesma equipa; s Estabelece localizao conjunta de equipamento;

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Posto Mdico Avanado

S Controla e documenta todo material e equipamento que saiu da rea; s Assegura que as reas de acesso se encontram livres e desimpedidas; S Coordena segurana na rea.

Oficial de transporte

Misso - assegurar correcta colocao dos doentes no meio de transporte definido e fornecer indicaes unidade de transporte.

Tarefa: S Informar chefe de transporte; s Encontrar-se devidamente identificado; S Certificar-se que doentes esto devidamente preparados para transporte, e

encaminhado para transporte seleccionado; S Informar os elementos da ambulncia sobre direco e se deve ou no

regressar ao local; S Manter contacto constante com rea de transporte; S Assegurar que todos doentes so transportados e tm todo informao

disponvel.

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Posto Mdico Avanado

Oficial de informao

MISSO - divulgar factos e tempos de ocorrncia aos meios de comunicao social em relao natureza da ocorrncia, extenso do incidente, emergncia mdica, e tratamento das vtimas. Tarefas:

S Informar o comando; s Encontrar-se devidamente identificado; s Contactar o comando para actualizaes peridicas; S Desenvolver e adquirir informaes exactas sobre incidente; S Estabelecer rea para comunicao social distante da rea do incidente; * Agir como meio de ligao para comunicao social,

No desempenho das suas tarefas o oficial de informao dever seguir as

seguintes regras: O nome das vtimas nunca dever ser revelado antes de informar os familiares. Os meios de comunicao social devero ser informados de:

S Hora acidente; S Tipo de acidente; S Extenso do acidente; / Nmero de elementos de resgate envolvidos; S Esforos de resgate a ser decorrer; y Tipo de equipamento; S Nmero de vtimas resgatadas; s Natureza das leses; S Hospitais de drenagem das vtimas.

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Posto Mdico Avanado

O oficial de comunicaes dever ser o nico a: S Preparar as conferncias de imprensa em conjunto com comando; s Ser o nico elemento a contactar a imprensa; s Divulgar informaes periodicamente; S Educar a imprensa sobre sistema de socorro; S Facilitar entrevistas, respostas breves e aces desenvolvidas.

Oficial da zona de aterragem

Misso - assumir responsabilidade pela coordenao e aterragem dos meios areos na zona de aterragem.

Tarefas: s Informar rea de transporte; s Recrutar pessoal e unidade de fogo para rea; S Manter o contacto rdio com os meios areos; S Coordenar evacuao e transporte dos doentes.

Coordenador da documentao de transporte

Misso - guardar e assegurara documentao apropriada para transporte das vtimas e para as unidades de destino.

Tarefas: S Informar transporte;

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Posto Mdico Avanado

s Encontrar-se devidamente identificado;

S Encontrar-se na zona de evacuao dos doentes;

s Documentar informao transporte dos doentes na etiqueta e recolher

informao;

s Certificar-se que transporte e comunicao recebe de cada doente

transportado informaes sobre o destino do doente, a unidade que o

transporta, nmero da etiqueta do doente, classificao dos doentes,

qualquer informao que possa ser vital para doente;

S Fornecer comunicaes/transporte toda informao.

Coordenador mdico das comunicaes

Misso - manter e coordenar as comunicaes mdicas no local do incidente

entre rea de transporte e o hospital de destino.

Tarefas: S Informar transporte;

S Encontrar-se devidamente identificado;

s Estar prximo da rea de transporte e de tratamento;

s Estabelecer e manter uma ligao de comunicao com hospital de

referncia, dever fornecer e actualizar as seguintes informaes:

o Tipo de incidente;

o Nmero de vtimas;

o Gravidade das leses;

S Coordenar a orientao dos doentes em conjunto com hospital de

referncia;

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Posto Mdico Avanado

S Comunicar o estado clnico de cada doente ao hospital de referncia; o Unidade de transporte; o Nmero de vtimas; o Hospital de destino; o Nmero da placa identificao; o Categoria de triagem, principais leses e idade da vtima;

S Assistir ao transporte fornecendo toda comunicao;

Tanatologista

Misso - estabelecer e manter morgue temporria para vitimas mortais.

Tarefas: s Contactar a rea de tratamento; v Encontrar-se devidamente identificado; S Certificar que nenhum corpo removido antes da autorizao. s Estabelecer uma rea para morgue distante da rea do incidente; s Colaborar com foras segurana para assegurar que pessoal no autorizado

entre no local; S Manter registos, identificar vtimas, local onde foram encontradas, e outros

dados relevantes; S Certifica os bitos.

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Posto Mdico Avanado

Assistente social

Misso - apoiar as vtimas que no necessitam de outros cuidados, de forma a promover a juno de famlias, do transporte e alojamento a todas que deles caream.

Tarefas: / Contactar famlias; y Estar devidamente identificado; S Contactar centros de acolhimento e alojamento; s Providenciar meios de transporte; s Informar o comando; / Estabelecer uma rea afastada do Posto Mdico Avanado.

Intrprete

Misso - apoiar a comunicao entre vtimas e os elementos

Tarefas: s Contactaras s Estar devidamente identificado;

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Posto Mdico Avanado

Psiclogos

Misso - prestar apoio psicolgico s vtimas e a todos estiveram em contacto o sinistro.

Tarefas: / Prestar apoio psicolgico; S Estar devidamente identificado; s Orientar as vtimas que necessitem da continuao do tratamento; s Elaborar registo; S Informar o chefe da rea de triagem e tratamento; S Estabelecer uma rea prximo mas independente da rea de triagem.

Socorristas

Misso - colaborar em tarefas no diferenciadas nas diferentes zonas.

Tarefas: S Auxiliar no transporte e deslocao fsica das vtimas dentro do Posto

Mdico Avanado e para a rea de evacuao; S Estar devidamente identificado; S Manusear equipamentos e materiais de forma a manter a organizao e os

stocks; s Promover quando necessrio a comunicao na rea do Posto Mdico

Avanado.

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Posto Mdico Avanado

Oficial de Evacuaes"

Misso - mantm recursos humanos e de veculos para transporte entre reas

separadas, distante do local do acidente.

Tarefas: s Informa comando;

s Encontra-se devidamente identificado;

S Estabelece rea com reserva de ambulncias em coordenao com

comando;

/ Localiza as ambulncias afastadas do local do acidente numa rea que

dever ser suficiente larga para dispor todos veculos necessrios, com

reas de acesso livres e desimpedidas;

/ Fornece os meios, veculos e equipamento necessrio de acordo com

pedidos;

S Distribui todo pessoal pelos respectivos veculos;

s Mantm e actualiza os meios e recursos disponveis.

Veterinrio

Misso - o responsvel pela recolha, acompanhamento, proteco, tratamento e

destino dos animais encontrados na zona de catstrofe.

Tarefas: / Informa e actualiza dados ao posto de comando;

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Posto Mdico Avanado

S Identifica o tipo de espcies animais presentes na zona de catstrofe (animais de companhia, de tiro, selvagens, etc., etc.);

S Organiza e coordena as equipas de recolha dos animais vivos e mortos; S Estabelece um local para acolhimento temporrio, proteco e tratamento

dos animais que dele necessitem; S Acompanha o tratamento dos animais; s Contacta pessoas e instituies para acolhimento definitivo dos animais

vivos. s Efectua o controle sanitrio dos animais presentes no local da catstrofe e

que possam entrar por qualquer meio na cadeia alimentar, podendo impor, conforme os casos, situaes de abate ou de quarentena.

Identificao do pessoal de socorro

O bom visionamento da rea de catstrofe e a imediata identificao do pessoal de socorro que actua no Posto Mdico Avanado essencial para o sucesso das operaes. A zona de catstrofe extremamente ruidosa. Torna-se necessrio pois dotar todo o pessoal de coletes com cores e padres que de forma especfica permitam a sua identificao mesmo no escuro. No ser autorizado o acesso ao local de pessoas que no estejam directamente envolvidas na situao.

Os critrios gerais para identificao so: > Identificar as diferentes identidades envolvidas; > Cores diferentes para os lderes e para as equipas; > Membros individuais com funes especficas devem ser identificados por

bandas reflectoras legveis a grande distncia. Tambm possvel o uso de smbolos padronizados.

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Posto Mdco Avanado

Desta forma os profissionais do Posto Mdico Avanado podem envergar os seguintes modelos de coletes que devero ser reconhecidos por todos e quaisquer profissionais do Posto Mdico Avanado.

Equipamento (frente)

Comando Mdico

Chefe

Mdico-Chefe

Triagem

Mdico-Chefe

Tratamento

Mdico-Chefe

Evacuaes

Mdico-Coordenador

Comunicaes

SM* Coordenador

Documentao Psiclogo

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Posto Mdco Avanado

Oficial

Resgate

Oficial

Segurana

Oficial

Transporte

Oficial

Informao

Oficial

Reserva

Oficial

Aterragem

Mdico Enfermeiro Farmacutico

Assistente

Social Intrprete Socorrista

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Posto Mdico Avanado

V Veterinrio

V Tanatologista

Equipamento (trs)

Comando Mdico-Chefe

Mdico-Chefe Mdico-Chefe Mdico-Chefe

Triagem Tratamento Evacuaes

JW" xxw-

74/1

Posto Mdoo Avanado

Mdico-Coordenador

Comunicaes

K-K-Coordenador

Documentao Psiclogo

Oficial-Resgate

HW-Oficial Segurana Oficial Reserva

Oficial Transporte

Oficial Informao Oficial Aterragem

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Posto Mdco Avanado

Assistente Social Intrprete

Veterinrio

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Posto Mdico Avanado

12 - DISPOSIO INTERNA DO POSTO MDICO AVANADO

O Posto Mdico Avanado deve obedecer a uma disposio interna que

permita uma sequencial e ordenada circulao das vtimas e dos profissionais de

sade, sem atropelos e segundo sucessivas prioridades.

Quanto disposio interna do Posto Mdico Avanado dois modelos so

normalmente utilizados. O modelo em cruz e o modelo em losango42.

O modelo em losango adapta-se melhor s situaes de catstrofe civil e

tem a seguinte configurao:

ZONA DE TRIAGEM

URGNCIAS ABSOLUTAS

URGNCIAS RELATIVAS

ZONA DE EVACUAO

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Posto Mdco Avanado

O Posto Mdico Avanado assim composto por quatro espaos

organizados, que obrigatoriamente esto interligados e entre si dispostos de uma

forma sequencial segundo o seguinte esquema:

MORGUE

TRIAGEM TRATAMENTO EVACUAO - ^ *" " - * .

. ** X ^" -s ' s ' N

- v \\ - - -

\ v' \J$\ \\ s\Js\~y~~~~~ \ *" -ay. _ 3 -\*~ "tr \ y V

^ "> _ y x

Posto Mdco Avanado

12.a - Descrio das vrias reas do Posto Mdico Avanado

1) rea de triagem

Dependendo do nmero de mdicos disponveis, uma ou mais reas de

triagem devem ser criadas prximo ao local de catstrofe, mas sempre em local

considerado seguro. Cada local de triagem, dever dispor pelo menos de um

mdico.

No caso de multi-vitimas, o mdico ter de examinar vrias vitimas em

pouco tempo. O tempo disponvel para cada vtima ser restrito. Estipulou-se como

regra 3 minutos para as vtimas deitadas e 1 minuto para as vtimas que esto de

p ou sentadas.

Um esquema da organizao e distribuio da rea de triagem encontra-se representado abaixo:

Equipa de socorristas

Oficial da triagem

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Posto Mdco Avanado

2) rea de tratamento

A rea de tratamento, dispor da maior parte do material do Posto Mdico

Avanado e necessita de um elevado nvel de organizao e coordenao.

A rea de tratamento dever estar distribuda e organizada segundo

seguinte esquema:

CD ^ K f \

Farmacutico Mdico chefe

oficial Equipa de socorristas

3) Tratamento das Urgncias Absolutas

Esta rea utilizada para situaes de perigo de vida iminente, e para

estabilizao das vtimas de forma a serem transportveis. Dispe de equipamento

adequado e um ou vrios mdicos com formao adequada realizao das

manobras bsicas necessrias para estabilizar estas vtimas15.

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Posto Mdco Avanado

4) Tratamento das Urgncias Relativas

Para esta rea sero orientadas todas as vitimas que esto em condies

de aguardar pelo tratamento. o caso dos feridos ligeiros para os quais a

sobrevivncia no depende de uma interveno mdica imediata. Nesta rea, deve

estar um mdico que orienta os actos mdicos, e com a capacidade de reavaliao

das vtimas afim de identificar qualquer alterao do seu estado clnico e eventual

orientao para a rea das urgncias absolutas, sempre que necessrio.

5) rea de evacuao

Todos os doentes oriundos da rea de triagem, da rea de tratamento

emergente ou da rea de "espera", sero orientados para a rea de transporte afim

de serem evacuados para o local de tratamento definitivo. Desde que esteja

disponvel, um mdico dever estar na rea de transporte, afim de decidir a ordem

de transporte de acordo com critrios de urgncia clnica.

A rea de evacuao dever possuir:

> Local para estacionamento de ambulncias

> Local para aterragem ou descolagem de helicpteros

> Local para colocao das vtimas no interior das ambulncias

o Esta rea dever ser de fcil acesso para as ambulncias por forma a

evitar que estas realizem manobras. Pode ser necessrio a presena de

agentes de autoridade para orientar o trnsito.

Objectivos ao planear a rea de evacuao:

> Limitar e organizar a rea para aterragem do helicptero, a rea para

estacionamento das ambulncias e a rea de evacuao;

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Posto Mdco Avanado

> Liderar e orientar esta rea

> Assegurar as condies de segurana para que a aterragem e descolagem

do helicptero ocorra em segurana

> Orientar as ambulncias e os helicpteros para os hospitais de destino

> Manter contacto com responsvel das reas de tratamento se existem

dvidas quanto orientao das vtimas

> Manter registos das vitimas transportados e do local de destino

> Se necessrio, pedir ajuda da polcia para que todas as fases do transporte

ocorram em condies segurana

O modelo esquemtico da rea de evacuaes o seguinte:

Equipa de socorristas

Parque evacuaes

Mdico-Chefe evacuaes

Chefe-evacuaes

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Posto Mdco Avanado

6) Outras reas

Podem ainda ser criadas reas anexas ao Posto Mdico propriamente dito,

como o caso da morgue, da clula de apoio psicolgico e da zona para o

assistente social.

Obviamente que na morgue sero depositados os mortos, nas restantes

zonas sero acolhidos:

> Feridos ligeiros;

> Vtimas que tero de esperar que sejam evacuadas todas as vtimas com

hipteses de sobrevivncia;

> Vtimas que apesar de no apresentarem ferimentos, estiveram expostas ao

"stress" da catstrofe.

Estas reas articulam-se no Posto Mdico Avanado da forma

esquematizada na pgina seguinte:

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Posto Mdco Avanado

Mdico chefe doPMA

Identificao Judiciria

MORGUE

Parque evacuao

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Posto Mcfco Avanado

13 - PROCEDIMENTOS NO POSTO MDICO AVANADO

13.a- A TRIAGEM

"Triage in a disaster is neither perfect nor democratic"

Robert Deriet, M D

Esta frase traduz a perspectiva colectivista actual da triagem em Medicina

de Catstrofe. De facto os democrticos direitos individuais de cada pessoa,

cedem em situao de catstrofe, face ao interesse da colectividade.

Triagem uma palavra de origem francesa, que significa eleger ou

classificar, tendo sido universalmente adoptada para incidentes dos quais resulta

um elevado nmero de vtimas21.

A triagem mdica desenvolveu-se a partir da necessidade de priorizar os

cuidados mdicos prestados aos soldados no campo de batalha. O conceito de

estabelecer prioridades nas vtimas e prestar cuidados imediatos aos doentes mais

graves, foi posto em prtica inicialmente nos primrdios do sculo XIX. Depois ao

longo do sculo XX este conceito foi praticado e desenvolvido pelos exrcitos de

todo o mundo. Durante a Primeira Guerra Mundial a melhoria do "outcome" de

alguns feridos, aps aplicao da triagem, permitiu creditar esta tcnica. Assim, a

triagem uma das primeiras aplicaes dos cuidados mdicos.

A triagem, nos departamentos de emergncia., ocorreu esporadicamente no

incio do sculo XX em hospitais u