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Post Mortem Enel

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Post Mortem

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  • Post Mortem

    Enel

  • 2

    Sociedade das Cincias Antigas

    POSTMORTEM

    Por

    ENEL

    Traduzido do original francsPost Mortem

  • 3POST MORTEM

    A morte est distante de mim agoraComo o desejo do homem de retornar a sua casa

    Quando ele passa longos anos em cativeiro...(Papiro da XI dinastia, mais de 2.000 AC.)

    1. A LIBERTAO

    Quadro de inspirao de Kazimir Stabrovsky, antigo diretor d Academia de Belas Artes deVarsvia, grande ocultista e amigo do autor.

    O quadro mostra uma alma deixando seu invlucro terrestre, como uma borboleta saindo de suacrislida e parecendo se elevar at um ideal invisvel. Nas esferas flutuando em torno dele eparecendo bolhas de sabo esto representados os acontecimentos principais de sua vida sobre aterra - o despertar consciente no momento da morte. Embaixo, esquerda, seus parentes, mortosantes de sua libertao, lhes estendem os braos para o acolher.

    A morte, que palavra terrvel! Terrvel, pois nenhuma pessoa voltou do outro lado para esclarecer osvivos. E, portanto, a vida est estreitamente ligada morte. O homem sabe, desde seu nascimento,

    que a nica coisa que no poder evitar e que acontecer de um modo ou de outro, cedo ou tarde.

    Quando vemos um morto estendido, os traos calmos como se ele houvesse enfim encontrado orepouso aps uma vida cheia de angstias e de decepes, estremecemos, involuntariamente

    invadidos por uma espcie de medo que percorre todo o ser. Por que um cadver provocaimpresses terrificantes, sendo que ele no pode mais prejudicar a ningum, sendo menos perigosoque um vivo?

    porque ele atinge um lugar sobre o qual nada sabemos.

    Uma doena, um aleijo, um desgraado prefere levar uma existncia dolorosa e miservel, do quemorrer. Vivendo ele pode enfrentar os males que ele conhece mais ou menos, compreende suasituao, prova algumas alegrias em meio a sofrimentos que o destino lhe impe, enfim, ele esperaque todas as coisas se tornem melhores.

  • 4Chegando a fronteira sinistra ele no sabe nada, ele ignora mesmo se sua existncia se prolongardo lado de l. Seu nico desejo o de viver, de viver a todo preo, mesmo na infelicidade, na

    misria, em uma desgraa incessante.

    por essas razes que a pena de morte um castigo terrvel, pois no podemos suprimir do homemnada mais precioso que sua vida.

    por isso que o maior herosmo consiste em morrer por um ideal, por seu prximo, por sua ptria.Se soubssemos o que nos aguarda aps a morte, esta ltima perderia, com o mistrio que a rodeia,

    seu aspecto terrificante. A morte est envolta de trevas; por isso os gregos, em seus mitos querepresentam to bem os movimentos da alma humana, ensinam que a deusa da morte Thomatos era filha de Erbe, deus do inferno e da noite.

    A vida humana se desenvolve sob os raios brilhantes do sol Apolo rodeado de prazeres rgiospelas musas, mas a morte separando o reino da noite, das trevas, reino do implacvel Chronos oTempo que a conduz para seu barco sinistro.

    "Todos os dias levam morte, o ltimo a chega", disse Montaigne, e as Santas Escrituras prescreveao homem para pensar continuadamente na morte, para se preparar, pois no sabemos nem o dia enem a hora de nossa partida.

    A cincia oficial diferencia o ser vivo do cadver. Ela nos diz que a clula viva transforma assubstncias qumicas inorgnicas em matrias orgnicas, e que a clula morta nada pode realizar, e

    isto tudo. Como pode ela explicar o que a morte se ela ignora o que a vida? Ela pode constatarde fato a morte fsica, da mudana que se produz subitamente dentro de um ser que se desloca, se

    alimenta, fala e pensa, que por seus atos toma parte da vida coletiva. Quanto a explicar essatransformao, impedir ou dizer o que vai acontecer, ao motor da vida que deixou seu invlucro

    fsico, a cincia incapaz. pelo domnio da f que a religio, nos ensina que aps a morte vem avida eterna, pois a centelha divina incorporada no homem no pode se apagar nem desaparecer,como no pode mais desaparecer um tomo constitutivo da matria do corpo fsico. Tudo eterno eno faz mais que se transformar, pois nada se perde; lei verificada pela cincia no que concerne amatria.

    A morte no mais que uma transformao e como cada parcela fsica do corpo continua a existirsob uma outra forma, a alma, substncia superior, prossegue sua evoluo, por isso que a carta doantigo Tar Egpcio que corresponde morte significa Renovao. O pensar na morte assustador,pois ela se confunde na imaginao com aquele de Fim. Mas, o renascimento esperanoso, poisvale dizer que o Comeo de um outro gnero de existncia talvez, mas de qualquer maneira,Comeo. E isso sempre carregado de esperana, pois o movimento, a vida, enquanto que o fim

    marca a parada, a desagregao.

    Os grandes pintores de todos os tempos, o Titien, Palma, Andra del Sarto, Vronese........,representavam a morte como uma coisa fatal e igual para todos, os reis como os miserveis. Seus

    atributos ordinrios compreendem um esqueleto, uma foice e uma ampulheta. Os escultoresempregaram os mesmos smbolos em unissonncia a imobilidade aparente da matria morta a idia

    da vida eterna, por exemplos Torvaldsen "Morte e imortalidade". Todas as mmias egpcias sorodeadas de signos representativos desta crena na vida eterna que constitui a base da religio deseu povo. Enfim os poetas, sempre cantaram a morte que liberta do sofrimento e que a aurora de

    uma vida mais bela do que conhecemos aqui embaixo. Alguns descrevem a morte como umdespertar, outros, ao contrrio, dizem que morrer adormecer para ter belos sonhos.

  • 5Para aquele que no tem f, a morte assustadora; para o crente, ela a libertao dos malesterrestres. O primeiro pede toda a vida que ela pode lhe dar, pois ele cr que a morte o fim,enquanto que o segundo orientar sua existncia para o momento da passagem para uma outra vida.

    No pretendo esgotar neste trabalho, essa questo de to grande importncia; mas nas linhas queseguem, ensaio expor como a morte, nas suas diferentes manifestaes sendo considerada pelossbios da Antigidade; como segundo os vestgios da tradio, ns podemos reconstituir a doutrinada vida-morte-vida e do momento da passagem to temida pelo homem.

    Percebemos que os ensinamentos antigos no contradizem aqueles do Cristianismo em suas grandeslinhas. Por outro lado, do um fundamento slido as hipteses da cincia contempornea quereconhece a eternidade da matria.

    Contudo, para abordar a questo da morte, vamos primeiro questo da vida segundo os sbios daAntigidade.

    2. O HOMEM VIVO

    Para compreender a constituio do homem, preciso ter uma idia da construo do Universo que o Corpo de Deus.

    O homem foi criado imagem de Deus, diz as Escrituras. "O homem a medida de toda coisa".Podemos julgar o microcosmo - homem pelo macrocosmo-universo, pois o que est no alto comoo que est em baixo.

    A cincia contempornea, em suas descobertas sucessivas, se deu conta que as mesmas leis regem oinfinitamente grande a vida dos astros assim como o infinitamente pequeno como os eltrons

    e, deste fato, ela verifica o que tinha sido anunciado a alguns milhares de anos pelos sbios doEgito, da ndia e, antes deles, da Atlntida. Os estudos dos ritmos do corpo humano conduzem aos

    mesmos nmeros daqueles que regem o movimento dos mundos.

    Parece, portanto racional que para resolver o problema da vida do homem, devemos estudar oUniverso. A lenda da criao que nos fornecida pela Bblia se encontra nas Escrituras Egpcias,

    Assrias, Hindus, Tibetanas, etc... Diferindo somente em alguns detalhes, que d prova de uma fontecomum, daquilo que foi revelado aos primeiros homens.

    Segundo esta lenda, o primeiro ato do Criador foi o desdobramento da Unidade, a criao de doisplos opostos.

    Na Bblia dito: "No princpio, Deus criou o cu e a terra. Aqui no se trata da terra e do cu, nosentido prprio da palavra, pois sua criao descrita muito mais tarde, mas da criao de doisprincpios opostos: evolutivo e involutivo. Na lenda egpcia concernente mesma questo, o deusAtoum diz a si mesmo: "Venham para mim", e cria assim o primeiro desdobramento, a fora deatrao e de repulso.

    Ressalta na Bblia que a obra inicial da Divindade consiste na oposio de um princpio a outro: luztrevas, gua-terra, etc... Estas oposies so expressas na tradio egpcia como desdobramentosconsecutivos da Unidade Suprema. Atoum diz: "Eu sou um e me torno dois, eu sou dois e me torno

    quatro, eu sou quatro e me torno oito, mas eu sou um" inscrio sobre um sarcfago da XXdinastia o princpio da unidade primordial. As foras opostas, nascidas dos desdobramentos, para

  • 6poder agir com sucesso devem se equilibrar; logo, o princpio do binrio-desdobramento, conduznecessariamente ao do ternrio-equilbrio (positivo-negativo-equilbrio).

    Assim, o ternrio deriva da Unidade que a Unidade mesmo, a pedra angular de toda a criao, oequilbrio sem o qual tudo se desmoronaria em um caos completo.

    Deste ponto de vista, ns compreendemos que todas as religies explicam, assim como a religiocrist Trindade tendo o ternrio como base de seu ensinamento.

    O desdobramento da unidade at oito, nos d a cifra nove (1+8) que a cifra suprema da criao,ponto culminante Ado aps o qual vem o retorno Unidade.

    Os Sephiroths nmeros da Cabala hebraica que no so mais que uma outra forma de expressoda mesma idia. Os trs primeiros exprimem o primeiro desdobramento da Unidade com seu pontode equilbrio; os seis seguintes, ditos de "construo" exprimem a criao do Universo em seis diassimblicos; e a dcima Malkut o retorno para A Unidade "... mas eu sou um".

    Portanto, o princpio dos trs estando assentados, a lenda explica a criao do elemento me de todacriao fsica: a gua.

    A cincia contempornea reconhece que a gua entra na composio de todos os elementos; mas agua no mais que um elemento morto e malgrado sua passividade ela realiza um movimentoeterno de evaporao e de condensao indispensvel a vida terrestre. Isto expresso pela separaodas "guas do alto, das guas de baixo". Este circuito que se realiza materialmente ao mesmotempo o smbolo dos processos de troca em todos os corpos vivos: a circulao do sangue no animal

    e da seiva no vegetal.

    Enfim, a gua prov a terra, isto os elementos condensados sais que serviro para criar aconstituio ssea do corpo fsico.

    O que precede, trata da criao da natureza dita morta ou dos elementos qumicos necessrios amanifestao da vida.

    Esta base fsica constituda vem criao da vida vegetativa ou da natureza, que corresponde nohomem clula viva. Do mesmo modo que os vegetais, que pertencem a diferentes espcies,portando cada uma sua semente "segundo sua espcie", as clulas se reproduzem "segundo seugnero". Convm aqui ressaltar a continuao da mesma lei de desdobramento que a dodesenvolvimento da vida da clula.

    Como no macrocosmo, a vida, no reino vegetal, no individualizada, mas coletiva "segundo aespcie" no homem, o trabalho de ordem inferior que realiza a assimilao, o crescimento das

    clulas vida vegetativa no controlada pela razo e o livre arbtrio, o domnio do Nephesh,segundo o ensinamento da Cabala, a alma inferior governa as funes fisiolgicas. A criao produz

    em seguida o animal no qual a vida se individualiza em um ser determinado munido de um aparelhoinstintivo transformando as emoes em atos. a alma vivente da Gnese, o Rouach da Cabala: aalma propriamente dita, que recebendo as impresses sensuais, as transmite ao centro raciocinadorpelo sistema nervoso e que, de um outro lado, recebe as ordens deste centro para transformar em

    atos estas mesmas impresses julgadas razoveis. Certos atos podem ser assim impulsivos e revelarsomente o Rouach; neste caso, eles no so mais que os reflexos anlogos aos dos animais privados

    de razo.

  • 7Vale dizer que na natureza, no existe demarcao bem definida entre uma planta muito evoluda eum verme da terra. A escala evolutiva apresenta inumerveis graus indo, do protoplasma, at ao co

    ou ao macaco possuindo um raciocnio quase humano.

    Todas as formas vitais se encadeiam, se desenvolvem, complicam-se mais e mais para chegar enfim,ao ser cujo instinto est desenvolvido, a alma vivente, prestes a receber o sopro Divino. Assim,

    chegamos ao apogeu da criao do sexto dia onde paira sobre a terra o esprito encarnado: ohomem. O qual possui todos os elementos anteriores a sua constituio, contudo ele distinto detoda criao antes de tudo por seu esprito que os cabalistas denominam Nechamah. Ele reafirma em

    si todas as potncias naturais: equilbrio das foras, gua, sais, princpio vegetativo, princpioanimal. Ele realiza uma sntese que liga a criao do qual ela deriva, mas que domina e governa por

    seu livre arbtrio. Em uma palavra, ele o rei do Universo.

    Nele se completa o ciclo da obra de Deus o Um se desdobra definitivamente em oito para criar acifra culminante. Assim, o nome dado pela gnese ao homem universal: Adam em hebreu cadaletra, alm de seu valor fontico, possui um valor numerai; as palavras podem ser consideradascomo as somas aritmticas; assim o nome de Adam d a soma nove corresponde integralmente aeste ser completo criado imagem do Princpio Supremo. A alma divina compreende as foras do

    Universo e a natureza visvel representa seu corpo. Da mesma forma, o homem identicamentecomposto de trs elementos; esprito, centelha divina; alma princpio animal; corpo princpiovegetativo.

    Aps a concepo, a criana passa por todas as fases sucessivas da criao. Em nove meses, de umprotoplasma onde se renem e se equilibram os dois princpios opostos, ele se transforma emanimal desenvolvido apto a receber, com a primeira inspirao, o "Sopro Divino" que dele far umAdam.

    Os elementos que compem seu corpo provm de substncias extradas de alimentos e o ligam aoreino vegetal. Os elementos componentes de sua alma so elaborados pela alma vivente conseqncia da evoluo animal que prepara o vaso disposto ao recebimento do Esprito Divino.

    Darwin, em seu sistema tinha parcialmente razo ao aparentar o homem ao animal, mas ele nocompreendeu que este parentesco concernia apenas a sua parte inferior, a alma instintiva. Ele novia que o homem diferia totalmente do animal mais evoludo. Com efeito, aquele ser de transio

    incompleta,no apresenta mais que dois elementos, o da alma e o do corpo; sendo que o homem, sercompleto e definitivo, se compe como seu prottipo o Criador de trs elementos: esprito, almae corpo.

    Poderamos mesmo afirmar que o ancestral do homem a planta, o que seria verdadeiro pela partevegetativa, sem a qual no poderamos conceber um ser completo formado de trs elementos. O

    homem aparentado toda natureza, da qual ele deriva, mas ele est acima dela pois que, eu orepito, ele traz em si a centelha Divina individualizada cuja misso a de modificar esta naturezapara a conduzir ao progresso predestinado.

    Do que precede, vemos que o homem apresenta trs elementos diferentes que formam nele trscentros distintos. Cada um destes centros vive em sua esfera, todavia est ligado aos outros dois,

    para realizar um ser completo. graas a esta ligao que se produz a troca das correntespolarizadas. Eu me explico. O Nephesh que entra em contato com o mundo fsico pelos sentidos,

    que assimila o alimento necessrio s diversas clulas do corpo, transmite suas impresses ao centrode Rouach que as transforma em emoes assimilveis para Nechamah. Que tira as concluses e

    decide os atos a realizar. Estas idias so por sua vez, transmitidas ao centro de Rouach para seremtraduzidas em impulsos provocando os atos exteriores regidos por Nephesh.

  • 8A vida do homem representa portanto, o equilbrio perfeito dos trs elementos que o compem, eum acordo entre as correntes mutveis formando ligao entre os trs planos humanos.

    Uma doena o produto do desequilbrio dos elementos constitutivos e da perturbao provenientedas correntes evolutivas e involutivas.

    Enfim, a morte se produz seja por causa do desgaste corporal, velhice, ou de uma ruptura sbita deum dos laos: doena, morte prematura.

    Estes diferentes casos vo ser objeto dos captulos seguintes:

    3. A MORTE SEGUNDO OS ENSINAMENTOS ANTIGOS

    Herdoto dizia que os egpcios foram os primeiros a ensinar a imortalidade da alma.

    Eles pertencem, verdade, aos primeiros povos conhecidos do mundo histrico, todavia, podemossupor com razo que este dogma lhe foi legado por um ensinamento que precedeu ao seu.

    Encontramos esta mesma crena entre os hindus, tibetanos, assrios, chineses. Em suma, todas asreligies antigas estavam baseadas sobre esta doutrina, sem a qual a idia religiosa um contrasenso. O culto dos ancestrais de todas as raas est baseado na idia da vida post mortem.Encontramos esta idia nas tribos selvagens da frica como entre os peles-vermelhas da Amrica.Assim, podemos afirmar que o homem de todos os tempos cr numa existncia diferente daqui deste

    mundo, uma vida eterna. Apesar disso, certas religies ensinam que aps a morte e a destruio docorpo fsico, a alma continua a viver, mas sendo composta de trs elementos volta ao plano ao qualela pertence para a viver eternamente. Nestas condies, a individualidade que est presente nohomem encarnado se perde como o corpo que se decompe no solo, aps a morte, em seuselementos constitutivos.

    Os egpcios, pelo contrrio, afirmavam que a individualidade subsiste, que as trs partescomponentes do ser completo, ainda que separadas pela morte, procuram se reunir de novo, e queaps um certo tempo, como aps um sono de algumas horas, sobrevem o despertar que a

    ressurreio, t por esta razo que eles se esforam por conservar os despojos do morto a fim de queele possa reencontrar intacto no momento da ressurreio.

    A lenda de Osris, morto e ressuscitado, , de qualquer modo, o prottipo da ressurreio de Cristo.Eles achavam, na ecloso quotidiana da semente morta e enterrada, a prova e o smbolo eterno desua crena. Esta idia existiu nos cultos posteriores.

    Assim, por exemplo, a mortalha obrigatria simbolizaria a "pele da ressurreio" que serviria devestimenta alma ressuscitada. Deste ponto de vista a mortalha substitui a mmia, esta crislida daqual libertar um dia a brilhante borboleta.

    A semente sema em grego morte em aparncia leva em si a vida da planta misteriosamenteadormecida. Ora, sema quase consonante a soma, que significa atade na mesma lngua. E, erelacionando estas duas palavras, compreendemos o que disse So Paulo: "Semeamos o corpo daalma e ressuscitamos o corpo do Esprito". Nos rituais fnebres egpcios, o sacerdote oficiante,

    falando para a mmia, dizia: "Eu estou vivo, eu estou vivo".

    A ressurreio do Cristo confirma o ensinamento que precede. Jesus queria provar no a vida doalm tmulo, admitida por todas as religies, mas a ressurreio, isto , a sobrevivncia da

  • 9individualidade, ao encontro dos ensinamentos das religies orientais. O homem completo, aps asprovas da morte purificadora do corpo, deveria ressuscitar envolvido de um corpo luminoso "deressurreio". Com efeito, as Escrituras nos relata que Jesus Cristo, aps sua ressurreio, aparece a

    seus discpulos que assustaram-se, crendo que viam a um esprito. O Salvador lhes disse: "No vosperturbeis, olhai-me, tocai-me e percebais que um esprito no de carne e nem de osso, enquantoque eu estou em carne e osso".

    Por seu ensinamento o Cristo quis restabelecer a doutrina antiga, aquela que conheciam os egpcios,mas que depois, foi perdida. Por exemplo, os romanos que acreditavam em uma alma tripla,representavam a morte como a separao destas almas. O sopro "spiritus", segundo eles, subia paraas regies celestes; a sombra restante para a terra e errante rodeia o tmulo; a terceira, os "manes",descia aos infernos.

    O ensinamento da Cabala apresenta duas correntes. A primeira conserva a antiga tradio vinda doEgito. Aps a morte, sonho prolongado para o corpo e castigo para a alma que havia pecado durantea vida, vinha a ressurreio. Os elementos componentes do homem se reunido e, revestidos de umcorpo purificado, entravam para a vida eterna.

    As falsas interpretaes levaram os Cabalistas a crer na separao definitiva dos elementosconstitutivos do homem. Cada um desses elementos subsistiam as provas dentro do plano ao qual

    pertenciam. Esta doutrina falseia o ensinamento antigo e faz dizer ao Cristo: "Infelizes de vs,Fariseus".

    Seja como for, a concepo cabalstica para as fases da morte a mais completa das que nos soapresentadas. Vou dar um breve resumo tendo em conta algum erro filosfico que me aplicarei emeliminar.

    O Zohar distingue dois gneros de morte. A primeira dita do alto e "do interior para o exterior", ea outra de baixo ou do "exterior para o interior".

    A primeira se produz quando o princpio animador Divino diminui ou suspende sua influncia sobreNechamah e, por conseqncia, a corrente involutiva que anima Nephesh para Rouach se extingue eNephesh perde a possibilidade de vivificar a matria.

    A segunda o resultado de um choque recebido pelo corpo ou uma avaria dos laos que unem oselementos formadores do homem. Neste caso, o equilbrio das correntes evolutivas e involutivas falho, os laos se afrouxam e o esprito abandona o corpo.

    A Cabala afirma tambm que cada parte componente do homem ternrio tem sua sede particular nocorpo onde elas se estabelecem numa ordem determinada aps a concepo. Nephesh apareceprimeiro pois ele que governa a vida vegetativa na matriz da me.

    Rouach, que individualiza o sujeito formando a alma propriamente dita, se une ao corpo, segundocertos autores, no momento da separao da me e da criana. Nechamah que simboliza a razo, no

    toma posse de seu domnio: o tlerkava -literalmente "carro", o rgo ou o meio pelo qual semanifesta Nechamah no corpo humano - que vem pouco a pouco, para se estabelecerdefinitivamente na idade da razo. Sua sede simblica o crebro cuja funo a "mens" - razo.

    Outros autores afirmam que A entrada de Rouach se faz na matriz da me no momento onde acriana passa do reino vegetal ao reino animal. A entrada do sopro divino se faz no instante onde oser nasce e d seu primeiro grito. Contudo, o lao nascente de Nechamah muito fraco e s se

  • 10

    refora com o desenvolvimento psicolgico da criana. A morte segue as mesmas etapas que as daunio do ser, mas em sentido inverso. O Nechamah deixa o corpo primeiro, em geral antes do

    momento da morte visvel. Ele deixa em seu "Fierkava" como um reflexo, pois, segundo oensinamento de Asaran llaymaroth, o homem pode viver sem a presena de Nechamah. o que se

    diz de um velho que est "morto em criana" quando ele est privado de sua razo, o que odiferencia do homem em pleno vigor.

    Antes da morte aparente, Rouach recebe um elemento que a parte inferior de Nechamah, e estaparte espiritual lhe permite ver o que est escondido a seus olhos materiais. Esta vista supranaturalpode se estender muito longe no espao e no tempo, o que lhe permite ver seus parentes afastadosde si ou mesmo mortos h muito tempo.

    Quando o momento crtico se aproxima, Rouach, antes de deixar o corpo, penetra em todas as partesdo corpo, de onde as convulses de agonia. Depois, a alma se refugia definitivamente no corao -

    Pleleck - para escapar aos ataques dos "Masikims", gnero de larvas que lanam sobre o corpo"como um gavio sobre uma pomba que se afasta de seu ninho".

    A separao de Rouach do corpo muito penosa, pois segundo o ensinamento de Ez-Ka-Haim,Rouach erra entre as regies supremas (Nechamah) e a vida instintiva terrestre (Nephesh), oscilando

    de um ao outro.

    O Talmud descreve 903 gneros de mortes mais ou menos penosas. Aquela onde a passagem se fazcom o mnimo de sofrimento denominada "o beijo", e a mais penosa aquela onde o agonizantesente como se lhe tirassem pela garganta uma corda felpuda.

    Rouach parte, o homem parece morto, mas o Nephesh continua a existir no corpo onde certasfunes vegetativas subsistem ainda muito tempo. Os cabelos e as unhas, por exemplo, crescem noscadveres. Quando exumaram Napoleo, constataram, que suas unhas cresceram post mortem,tendo furado o couro das botas.

    Nephesh que entra primeiro no corpo, o abandona por ltimo. Sua sede no fgado. Mas Rouachtendo deixado o corpo, os Masikim tomam-no em possesso. Loria dizia que eles o "excedem emquinze cvados". Este ataque provoca a decomposio e fora o Nephesh a partir por sua vez.Entretanto, ele permanece junto do corpo deplorando sua perda at a hora da completa

    desagregao. Isto explica os fantasmas que certas pessoas clarividentes percebem nos cemitriosou outros lugares de sepulturas. Mas, com a separao de Nephesh, resta ainda na tumba uma

    entidade espiritual Habal-de-Garmin ou "o esprito dos ossos". a parte inferior do Nephesh queforma o que chamamos o corpo luminoso da ressurreio. Segundo os Cabalistas, ele conserva aaparncia e a forma do corpo e "dorme um sono doce" Lentos nos salmos que ele guarda em seu

    repouso uma vaga sensibilidade suscetvel de ser perturbada. Era proibido, entre os hebreus, enterrardois inimigos um ao lado do outro, assim como um santo homem perto de um bandido. D maior malpoderia ser causado pelas evocaes dos mortos, onde a proibio expressa de Moiss.

    fato sabido que os componentes espirituais do homem sendo abandonados, cada um deles retornaao plano ao qual pertencem. A ligao entre os elementos contudo, conservada e a invocao do

    corpo etrico do defunto ressentida por seu Nephesh, Rouach e Nechamah. Os trs mundos aosquais pertencem esses ltimos elementos e nos quais eles reentram respectivamente aps a morte, se

    denominam Asiah, Yetzirah e Briah ou, tambm, o mundo fsico, o das formaes (astral) e omundo espiritual. O homem fsico no pode, pelos seus sentidos, mais do que perceber o mundo

    inferior (Asiah) e neste mundo que fica "o esprito dos ossos", tudo estando invisvel ao homem

  • 11

    normal. Hephesh reside igualmente nas regies superiores deste mundo - Han-Eden ou jardim dosprazeres.

    Rouach que constitui a alma, centro criador e individualizante, retorna aps a morte ao mundo dasformaes (Ietzirah). Enfim Nechamah retorna a Briah, denominado "mundo do Trono Divino".

    Como no homem vivo, estas partes componentes sendo todas de natureza diferentes, estoestreitamente ligadas. Uma troca contnua de correntes se efetua entre elas. Os mundos Asiah,Yetzirah e Efriah formam um s mundo: Atzilout e os elementos espirituais que a residem, aindaque separados, constituem um s ser no tendo abandonado sua individualidade e prontos a

    revestir seu corpo luminoso no momento da ressurreio.

    As trocas indispensveis entre Nephesh, Rouach, Nechamah, separadas pela morte do homem, s'oasseguradas por seu Zelem.

    Zelem, segundo a Cabala quer dizer: figura, hbito, graas aos quais vivem e agem as diferentespartes do ser. O Zohar diz: "A beleza do Zelem de um homem piedoso depende de suas boas a&esque deixa sobre a terra". A Sephra Dzenuta: " um pecado sujar os Zelem de Nephesh" e Lorio diz

    assim: "O homem piedoso tem os Zelem puros e claros e o pecador os tem turvados e escuros".Eis porque dito que os fantasmas "circulam como no Zelem".

    Estes Zelem permitem a alma e ao esprito do homem, no somente se comunicar entre si, maisainda de se manifestar exteriormente.

    Estes so os Zelem que constituem os laos dos quais ns temos falado no captulo precedente e queasseguram as trocas entre as partes componentes da pessoa humana. Assim, as fases sucessivas damorte nfo afetam diretamente Nephesh, Rouach, Nechamah, mas indiretamente pelos Zelems

    respectivos, dizendo de outro modo por sua forma, se podemos empregar essa palavra.

    O que aparece nas evocaes dos mortos , como ns dizemos anteriormente o Habal de Garmin -corpo luminoso - ou o Zelem de Nephesh formado de uma substncia eterea do mundo de Asiah.

    Homero relata que Ulisses "viu Heracles, mas somente como um fantasma, pois este ltimo estavacom os deuses".

    A Cabala ensina que as partes espirituais que tendo retomado, aps a morte, seu lugar no mundocorrespondente, devem passar por diferentes estgios de purificao antes de partir para o repousoeterno.

    Assim cada mundo, alm de seu paraso (Han-Eden), possui seu purgatrio (Nahar-di-Nour) e seuinferno (He-Hin-Noum). Este nome se aplica a uma localidade perto de Jerusalm onde outrora se

    faziam sacrifcios de crianas Moloch.

    Este ensinamento, como vemos, precede aquele da Igreja crist ao qual responde.

    Nas linhas que seguem ns vamos dar uma idia das diferentes fases pelas quais passa um homemmorto nos trs casos caractersticos habituais.

    4. MORTE NATURAL

    O homem desde seu nascimento est predestinado. O que vale dizer que os elementos superiores(esprito e alma) se unem a parte inferior (corpo) por um tempo determinado - como veremos mais

  • 12

    adiante, ele age menos neste lugar do fator tempo que um conjunto de provas semeadas ao longo docaminho da vida antes que o homem realize a evoluo indispensvel - ao curso da qual o sersuperior, que tinha transformado em atos seus pensamentos e sua vontade evolutiva, deve sofrer

    certas provas destinadas a afirmar sua personalidade moral.

    Sobre estes dados so baseadas as possibilidades de prever o destine do homem e por esta razoque a astrologia uma cincia exata. Em observando as diferentes influncias que se combinam aonascimento, poderemos julgar a natureza e as contingncia de uma vida humana. E no so asinfluncias planetrias ou zodiacais que determinam o homem com seu cortejo de males e de

    infelicidade, mas ao contrrio, o ser superior possuindo certas atitudes s podem nascer nomomento propcio a realizao de sua tarefa, momento que ele mesmo escolheu e que a

    conseqncia fatal dos erros cometidos em suas existncias anteriores, por esta razo que ohomem nascendo com tais ou tais atitudes, tendo escolhido tais ou tais provas, s pode nascer a hora

    propcia para a realizao de sua tarefa, isto , quando as influncias das foras da natureza seorganizam para lhe dar a possibilidade de colocar em atos suas decises.

    O ser superior se reveste agora de um corpo material que leva em si as particularidades necessriasao desenvolvimento de sua individualidade e, em germe, todas as doenas ou acidentes constituindoas provas aceitas por seu livre arbtrio.

    Disse anteriormente que a vida do homem est predestinada. Isto no quer dizer que ele livre dafatalidade. Ele deve ao contrrio lutar contra os golpes da sorte e provar por ali que as decises queele tomou antes de seu nascimento tem um real valor. O inferno, disse Dante, est cheio de boasintenfifes...

    "Eu quero", no deve ser o grito de uma criana caprichosa, porm, uma manifestao dinmica se

    transformando em ato. E deste ponto de vista que a vida terrestre indispensvel para permitir aohomem realizar sua deciso e, atravs de atos, manifestar sua vontade.

    Dizer que a vida do homem est predestinada, isto significa tambm que as grandes dores e asgrandes alegrias que formam a trama de seu destino e provam seu valor real, tendo sido escolhido

    por ele e constituem como balizas de sua existncia. Um passo em falso, uma fraqueza provocam aruna deste edifcio e o homem escorrega sobre um declive escarpado que o reconduz, aps a morte,

    em uma situao talvez mais desgraada que antes de seu nascimento.

    O livre arbtrio que continua a se manifestar durante a encarnao difere daquela que age aps amorte, isto , daquele que se manifesta entre as existncias sucessivas.

    Em seu ltimo domnio, o homem racional; nenhum obstculo se eleva entre ele e seu esprito, elecompreende sua misso, decide-se a cumprir sua tarefa aqui neste mundo, pois ela lhe tarda em

    ganhar as regies superiores "onde no tem doena, nem dor, nem suspiro". Sobre a terra, a razo obscurecida pelo desejo, a vontade influenciada pela serpente tentadora, os instintos, os prazeres

    corporais.

    Deste ponto de vista, compreendemos que a durao da vida no pode se medir por um nmerodeterminado de anos, porm pelas provas a sofrer e os atos a cumprir. Assim, algum pode acabarsua vida predestinada em um pequeno nmero de anos aps os quais deixa seu invlucro corporal,

    enquanto que um outro pode alcanar o mesmo alvo em um lapso de tempo mais longo, tias, nosdois casos, a hora da morte no ser a conseqncia de uma doena ou de um acidente; ela ser

    marcada pelo desgaste natural dos laos que renem o homem ternrio.

  • 13

    Aquele que nasce leva em si o germe da morte e cada batimento do corao o aproxima dela.

    Como vimos acima, a primeira parte da vida de um homem aquela onde sua parte superior comeaa tomar posse de seu invlucro e a desenvolver suas caractersticas individuais. No podemos

    precisar o momento onde o esprito se instala definitivamente no ser. A tradio fixa esta reuniopor volta da meia idade. Esta crena, entre todos os povos de nvel, tem determinado, o ponto de

    vista do cdigo legislativo, a responsabilidade total diante da lei para o homem maior. Pelocontrrio, a criana age sob um impulso qualquer e no pode ser dado como responsvel por seus

    atos.

    Na meia-idade, o desenvolvimento completo da parte fsica est cumprido. Nephesh recebe menosfludos nutritivos, as correntes evolutivas e involutivas se equilibram em Rouach, que sofre as

    diretivas imperiosas de Nechamah e as transforma em atos razoveis que formam a trama da vidamoral. Temos dito que cada um o forjador de sua prpria sorte: isto exato, pois a sorte a

    realizao das decises tomadas pelo ser superior no estado de pr-nascimento. A sorte no residena fortuna ou nos prazeres sensuais. Esta aparncia de bem estar absoluto que tanta gente inveja eque objeto das doutrinas materialistas, um mal para o ser eterno. Ele forma novas cadeias que

    retardam o homem em sua evoluo e das quais dever se libertar nas existncias seguintes. Apster-se orientado sobre as marcas da vida, at o fim marcado pelo destino, o esprito libertado do

    invlucro fsico e retorna esfera que lhe prpria.

    Eis porque podemos afirmar que a morte se produz muito lentamente pois o esprito se libera poucoa pouco da matria que o aprisiona. Consideramos a morte como natural se ela ocorre no curso davelhice, isto , que o homem tendo desenvolvido todas as suas faculdades espirituais e cumprido seu

    destino, passe para as mesmas fases que as do comeo de sua existncia. O velho atravessa de novoa infncia para tornar-se um ser que leva una vida quase unicamente animal ou mesmo vegetativa.

    penoso para os parentes verem que um homem, outrora pleno de esprito e vigor diminuir cada diaao ponto de no se interessar nem pela questo alimentar. Ele nem se reanima no momento darefeio e dormita o resto do tempo.

    A Cabala denomina este gnero de morte, a morte do alto. O lao que unia Nechamah Rouach se

    enfraquece, a corrente involutiva diminui para cessar totalmente, e o equilbrio das duas correntesformadas em Rouach se altera. A corrente evolutiva animal predomina e o ser ternrio torna-seassim um ser binrio para voltar a ser nico e terminar sua existncia no mesmo tempo que seu ciclo

    predestinou.

    Os rejuvenescimentos preconizados pela medicina atuais no podem evitar a morte do homem.Todos os enxertos (sistemas Voronoff) ou as injees (sistema 1'ietchnikoff) no tem outro objetivoque o de reforar a parte animal do homem aumentando as foras inferiores de Nephesh, mas n3t'opodendo impedir o fim.

    O famoso ingls que fez o sucesso Voronoff, ganha em conseqncia de um enxerto um vigorinsuspeitvel mas torna brutalidade. A bestialidade est escrita sobre sua face rejuvenescida erenovada, foi acompanhada de uma sensualidade inferior. O rejuvenescimento seria primeiropossvel no animal, ser binrio privado do sopro divino no homem uma falibilidade.

    A vida animal pode ser prolongada, mas ela no servir em nada evoluo espiritual; ao contrrio,ela lhe ser nociva, pois o instinto animal ter sido reforado, o ser sofrer as conseqncias no

    futuro.

  • 14

    "O homo sapiens" deve ocupar seu papel aqui em baixo lutando contra as provas predestinadas,mas, tendo cumprido sua tarefa, prova por seus atos a firmeza de suas intenes, ele deve morrer hora determinada e no procurar se agarrar vida animal.

    O pecado original, encarado filosoficamente, no outra coisa que a escravido do Esprito Divinoaos instintos materiais. A serpente simblica da Gnese, o Na-hasch, no mais que a egrgora dosinstintos que seduzem a fmea simblica do homem: sua vontade (Aischa) que, por sua vez,arrebata o homem simblico: a razo (Aish). E eles tm medo de seu Criador, pois eles no

    cumpriram sua misso.

    Assim, o homem tendo chegado ao fim do termo imposto, deve se curvar diante da lei criadora, felizpela partida que seguir as suas decises transformadas em atos.

    Feliz daquele que, aps uma existncia movimentada, plena de atribulaes, chega ao repouso finale pode dizer como o velho monge do drama de Pouchkine: "Eu cumpri o dever que me foi legadopor Deus".

    Ns choramos a partida de um ser querido, quando ns deveramos nos alegrar de o saber livre daspenas que ele suportou com resignao e chegou ao responso eterno.

    Se, no alm, as entidades que amando uma alma assistindo ao seu nascimento, elas devemexperimentar uma dor mais viva que a nossa em face da morte, pois elas sabem que essa alma

    descendo voluntariamente para as provas de toda natureza, susceptveis de a fazer falir em suasdecises. Poderia ela suportar o que a espera? Como ficaria ela diante das sedues da carne?

    Quando vejo desaparecer um homem que eu amava e cuja lembrana isenta de toda censura,abaixo a cabea diante o grande mistrio dizendo para mim mesmo: "Tu atingistes o fim, ganhastes

    o repouso, tu soubestes manter o que era o objeto da f. A paz esteja contigo".

    A morte total enfim sobreveio, isto , quando os laos que uniam as trs partes do ser se afrouxaramcompletamente, a alma, liberta do corpo com o qual ela no tem mais que um dbil lao, vagueia

    em redor dos lugares onde ela habitava. A alma de um homem atado a matria chorando sua perdano podendo mais satisfazer seus prazeres terrestres. Ela se conserva no longe do corpo que ela

    abandonou ou aos lugares onde desenvolveu uma existncia plena de prazeres. Ela prova as torturasda fome e da sede, ela sofre as crises de sensualidade sem as poder satisfazer. Essa alma est de talmodo grosseira e pesada, os fluidos que a constituem so densos, que ela bastante fcil, para oprocedimentos conhecidos dos mgicos, de a fazerem aparecer. As evocaes freqentementecitadas nas escrituras dos povos antigos concernentes a essa categoria de almas. Ele vai sem dizerque uma evocao desse gnero no de nenhuma utilidade para os vivos e nem pode ser nocivopara a alma em questo. por esta razo que Moiss proibia severamente a evocao dos mortos.

    Ao contrrio, uma alma de ordem elevada, tendo cumprido sua misso se ter cedido as sedues dacarne, est impaciente de se desembaraar dos laos vitais que a impedem de se lanar para as

    regies superiores. Ela passa uma rpida inspeo nos lugares onde viveu, v os que lhe so caros elastima de no ter feito melhor no cumprimento de uma tarefa que ela havia se esforado para

    conduzir bem.

    5. MORTE, COMO RESULTADO DA DOENA

    Para compreender a diferena que existe entre a morte de velhice - deteriorizao da parte inferiordo homem - ponto terminal do ciclo de vida predestinado ao homem, e a morte proveniente de uma

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    doena qualquer, onde convidado a se dar conta do que a doena. A doena, para a cinciaoficial, provoca igualmente a morte natural, o que no exato. Dou, mais abaixo, um breve resumodessa questo tratada longamente no meu "Cura Mgica no Sculo XX".

    Uma doena um desequilbrio que se produz no ternrio humano.

    Existe as doenas inseparveis da velhice cuja deteriorizao do organismo a origem, ou melhor,uma deficincia da corrente animadora involutiva. A morte que sobrevem na seqncia de uma

    doena desse gnero no , malgrado as aparncias, causada por esta ltima. Uma semelhantedoena s um sintoma de um fim predestinado cuja hora soou, e esse gnero de morte entra na

    classificao enunciada ao curso do captulo precedente.

    A maior parte das doenas so provocadas por um envenenamento do corpo fsico ou do corpoastral. Segundo a Cabala, a morte que em resultado a que "dirige debaixo" pois o ataque se

    produz, seja sobre o Nephesh (envenenamento do corpo) seja sobre Rouach (perturbao do centroequilibrante). Podemos mesmo afirmar que bem pouco das doenas tem sua causa principal na parteinferior. A origem do mal esta ordinariamente no centro de equilbrio - Rouach - ou nos laos que ounem ao Nephesh. O esprito da doena, se podemos empregar essa expresso, age no mundo astrale atinge, por este fato, o centro equilibrante das foras, mas se objetiva na parte fsica do sujeito por

    um envenenamento. Esta considerao permite compreender a razo dos tratamentos magnticos oupor sugesto que, agem sobre a parte equilibrante, aliviando ou curando a afeco corporal.

    A homeopatia, que pela diviso infinita dos produtos medicamentosos, trata, no fundo pela alma eno pelo corpo dos remdios, age de fato no mundo das foras. Ela obtm mais freqentemente ascuras mais eficazes que as experimentadas pelos mtodos alopticos preconizando o corpo qumicoe a dose macia do medicamento.

    O homem nasce com tal ou tal disposio patolgica., ns temos dito, seu Karma: a prova quedeve sofrer. Ao mesmo tempo, ele deve percorrer um ciclo vital determinado. Se sucumbe de uma

    doena antes de ter cumprido esse ciclo, a matria contradio? No. Estudemos um caso. Umhomem que nasce para cumprir uma misso terrestre deve sofrer certas provas morais ou fsicas que

    deve procurar vencer para cumprir as funes que lhe esto destinadas. Todavia uma doena, comoum acontecimento qualquer, pode determinar uma manifestao fatal e o fazer sucumbir. Isto provasimplesmente que a fora espiritual emanada de seu Nechamah e transformado em atos por seuRouach, a submete diante da prova. Sua fora consciente, transformada no centro equilibrante em

    fora subconsciente carrega as funes fisiolgicas, se enfraquece e permite a doena de vencer.Assim, para curar, devemos antes de tudo ter a vontade de vencer o mal. O provrbio latino "mens

    sana in corpore sano" deveria ser invertido. Poderamos dizer que estar bem de sade , portanto, dejamais ceder diante do mal.

    As "Cincias Crists" que curam pela orao no so assim ridculas como dizem.

    Se a fora do homem se curva diante de uma doena ou uma prova, um outro pode lhe vir emauxlio lhe transmitindo uma parte de seu dinamismo para restabelecer o equilbrio destrudo. Ele

    pode igualmente trazer um reconforto nas foras naturais, se as sabe empregar, o objeto da cinciacurativa ou da medicina. Os tratamentos magnticos ou hipnticos so baseados sobre a lei queprecede. Citando o caso onde havia sugerido a um homem saudvel que ele estava com uma doenamortal. Citei um exemplo conhecido. Um prisioneiro condenado a morte foi obrigado a se deitar nacama, onde lhe disseram, que havia morrido de tifo um outro prisioneiro. A cama e seus pertenceseram isentos de qualquer germe. Essa sugesto fez seu efeito, o indivduo apresenta em breve todos

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    os sintomas do tifo e morre. Essa experincia foi feita com um fito puramente cientfico. O mal sedesenvolve com todos os sintomas caractersticos.

    O contrrio tambm ocorre e uma cura pode ser obtida por sugesto. A maior parte dos "milagres"podem ser assim explicados. No nego a possibilidade do milagre: o doente tira freqentemente emsua f as foras que lhe faltam para restabelecer o equilbrio de sua sade.

    As correntes emanadas por seu Nechamah, aumenta as foras condensadas em objeto ou um lugarsagrado, combatendo o mal e terminando por triunfar.

    Assim, devemos sempre aconselhar ao doente de jamais se desencorajar e se deixar abater pelo mal.O bom mdico deve sempre fazer esperar ao paciente uma pronta convalescncia.

    Nesta exposio, examinamos as fases da morte, seguida de doena, e as impresses que resultampara a alma. No podendo terminar o ciclo predestinado, o esprito no est pronto para partir e se

    esfora para se prender ao elemento fsico. De onde sofrimentos, angstias, agonias mais ou menosmarcadas. O esprito tenta prolongar a situao, mas o equilbrio de permuta das correntes estorompidos, seus esforos so vos e lhe faz falta um reforo exterior.

    O esprito da doena que tem seu assento no centro do equilbrio, detm a troca normal dascorrentes e a parte inferior do homem no recebendo mais o fluido vital de Nechamah se infecta. A

    medicina atual tem provado que o homem leva em si os germens de todos as doenas. Enquanto apermuta dos fluidos polarizados se faz normalmente, o homem est em estado de sade e estes

    germes, paralisados pela corrente involutiva vivificante, no podem se desenvolver. Mas suficiente que, esta ltima reencontre um obstculo para que o mal se desenvolva e comece seu

    trabalho destrutivo.

    Se examinamos a aura de um doente, a vemos turvada e como envolvida de cerrao. A fotografiadas mos revela as perturbaes nas correntes magnticas, que no estado habitual entre os homenssadios, apresentam as linhas luminosas seguindo a direo dos dedos e desabrochando-se emdescargas radiantes. Em lugar de formar as radiaes regulares, as correntes do doente se

    desabrocham em turbilhes irregulares.

    Se esto exteriorizando um doente, veremos que o lao luminoso que unia o duplo ao corpo no to brilhante como no sujeito saudvel onde o cmbio das correntes constante e regular entre oselementos do ternrio. No sofrimento, est embaado para tornar-se ao aproximar-se a morte quaseinvisvel de tal modo que torna-se uma sombra.

    Enfim o mal venceu, o corpo envenenado torna-se presa da decomposio, e o ser superior foradoa deix-lo.

    Aqui comea suas torturas. O vu que cobria sua razo durante sua vida, cai. Compreendeclaramente o que sentia de uma maneira vaga estando encarnado. V o esforo volitivo que havia

    conhecido antes de seu nascimento estando muito fraco para se realizar em atos e lhe permitirtranspor a existncia em transportando sobre seu caminho todos os obstculos e todas as tentaes.

    Ele chora sua perda, querendo a todo preo recomear a luta. Mas a lei inflexvel, a cortina cai e oator que, alguns minutos mais cedo, encarnava um rei no mais, ingressa nos bastidores e privadode seu adorno, como um vulgar comediante. Os que o aplaudiram-no, a nem tem um instante, o

    olham agora com desdm. Seu papel est terminado.

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    A alma sofre por no ter cumprido seu destino e fica ligada ao cadver at que a hora fixada parasua desencarnao.

    No captulo seguinte ns nos estenderemos sobre est questo, pois, nos casos de morte violenta, ossofrimentos so do mesmo gnero, mas ainda mais marcados.

    Terminando, diremos que para diminuir os sofrimentos da alma, ns devemos de ns mesmoscombater uma doena. Igualmente a medicina, na antigidade, era considerada como uma cincia

    sagrada. Pias, para socorrer o paciente e que a ajuda dada seja eficaz, devemos levar em conta queno s do corpo que tratamos. O corpo o que reflete a alma, e, se isso reflete desvio, perturbao, que a alma tem necessidade de ser cuidada.

    6. MORTE VIOLENTA

    A morte que resulta de um homicdio ou de um suicdio, igualmente, segundo a Cabala, umamorte "vil". O corpo fsico destrudo, ou colocado em um estado tal que os elementos superioresno tem mais ao sobre ele para poder conservar os laos que formam o ser ternrio completo.

    A morte sobrevem instantaneamente se o crebro ou o corao que so destrudos. Dizemos que oprimeiro desses rgos, segundo o ensinamento tradicional, a sede simblica de Nechamah e osegundo a sede de Rouach.

    O que o crebro? o aparelho fsico que manifesta a razo. Deste ponto de vista, a correnteemanada de Nechamah intensamente manifestada pelo crebro. No quero dizer que Nechamah

    age imediatamente sobre o organismo, cuja vida vegetativa , como todas as partes do corpo, guiadapor Nephesh.

    Este canaliza em seguida o pensamento que, por seu turno, atua sobre os centros governando osatos. Inversamente, todos os centros nervosos sensitivos esto reunidos no crebro e transmitem razo as impresses recebidas do exterior.

    Podemos comparar o crebro ao posto de combate onde se tem o comandante de um couraado e deonde ele dirige o fogo e a marcha do navio. De Ia ele recebe as informaes e as comunicaes dopessoal dos diferentes postos. Como o comandante no o rgo de controle do navio, mas a razomestra que o dirige, paralelamente Nechamah o ser superior que se manifesta misteriosamentepela matria cerebral.

    O centro de controle sendo destrudo sobre o navio, o comandante no tem mais a possibilidade defazer irradiar sua autoridade. Igualmente nos homens, o crebro sendo destrudo, Nechamah nopode mais manifestar seu controle e o homem ternrio no saberia mais existir. O processo da mortese desenvolve mais rapidamente que nos casos precedentes, pois o equilbrio que forma o homemnormal alterado. O Nephesh continua ainda a se prender ao corpo, mas seus esforos se traduzempor alguma dbil manifestao de ordem vegetativa.

    A funo de Rouach - centro equilibrante - extingui-se pois, o equilbrio rompido seguido pelasada do esprito. Todavia, os laos que uniam Rouach e Nephesh ao corpo so ainda slidos pois

    que no existe nenhuma deteriorizao e que o ciclo de vida no est terminado. Desse ponto devista, podemos nos dar conta dos sofrimentos da alma que, obrigada a deixar o corpo sem tercumprido seu destino, est ainda plena de vida. Falaremos mais adiante sobre esta questo. Veremosagora o que acontece se o corao que destrudo.

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    Como sabemos, este rgo o centro do equilbrio. o rei, o "Meleck", que ocupa o lugar medianoentre o crebro e o fgado, por ele que se produz a corrente sangnea, a troca contnua cujo teatro o organismo. Temos visto que esta parte do homem regida, segundo a tradio, pela letra Alephe no macrocosmo corresponde ao ar. Sem este ltimo, nenhuma existncia seria possvel sobre a

    terra, tal qual entre os homens a vida sem a circulao sangnea no seria conhecida. A medicinaconstata a morte segundo o estado do corao: quanto mais batimentos mais vida. No macrocosmo,o ar encarado no como fenmeno vital mas como um meio; da a analogia entre o homem onde

    os batimentos do corao no podem ser qualificados de causa, mas de simples manifestao davida.

    Enquanto o corao bate, o homem existe e as trs partes que o compem esto presentes. O rgodestrudo, a morte sobrevem pois o centro equilibrante, o lao que unem os plos opostos do ser,

    suprimido e o ternrio cessa de existir.

    As coisas se passam como para o crebro: o corao, formado de substncias materiais, dirigidoem seu domnio fisiolgico por Nephesh, mas em qualidade de centro equilibrante do corpo, est

    unido diretamente ao Rouach, parte equilibrante do ser ternrio. Nestas condies, o coraoaniquilado, o centro equilibrante do ser no atua mais e os dois elementos opostos devem se separar.

    Como no caso precedente, o Nephesh exerce seu controle durante certo tempo ainda sobre a parteinferior do homem sem poder o reanimar. A decomposio o caa por sua vez.

    Enfim, o terceiro centro, este que os antigos consideravam como a residncia de Nephesh, est nofgado. Dizemos que a destruio ou mesmo uma ferida sria desse rgo no provoca a mortesbita, como nos casos do corao e do crebro, mas contudo o fim sobrevem, mais lentamente

    pode ser, pois o fgado indispensvel ao funcionamento da mquina corporal. Isso se compreendefacilmente. Ns temos visto precedentemente que o ataque do corpo fsico por doena ou ferimento

    pode ser ilustrado pelas foras espirituais. Mas se esse ataque tem lugar sobre o rgo principal,como o fgado, para a ajuda do qual o Nephesh governa a vida vegetativa do corpo, o desequilbrio

    se produz fatalmente e provoca a morte se o fgado se acha fora do estado funcional. O cmbio dascorrentes evolutivas e involutivas se detm. A corrente involutiva emanada de Neshamah, no podese transformar em corrente ativa til, nem receber em troca de Nephesh a corrente evolutivaindispensvel. Isso se produz como uma espcie de curto circuito e o ser ternrio queimado comoum dnamo. A vida, cortada mais ou menos rapidamente pela destruio desses centros corporais,coloca a alma na obrigao de deixar sua morada, como nos casos precedentes, antes de terminar

    sua misso. Existe todavia uma diferena marcante no estado da alma, que depende do modo que se

    produziu a morte violenta, se isto a conseqncia de um suicdio, de um assassinato, de umacidente ou de ato de herosmo. Examinemos estas diversas situaes.

    O suicdio considerado por certas religies como uma falta muito grave. O homem que decide a se

    destruir mostra sua fraqueza em face das provas da vida. Ao invs de sofrer com resignao e f asinfortunas que ele mesmo havia fixado, ele subtra-se diante delas e indigno do papel que ele

    estava chamado a jogar. O suicdio no um ato de coragem como pensam alguns, mas uma fuga euma covardia. O homem que se d a morte comparvel ao soldado que deserta diante do inimigo.

    A alma do suicida, separada de seu corpo, se acha em um estado terrvel. Ela se d conta de seu atoe do futuro que ela se preparou. Ela compreende que embrenhou-se, sobre um mal caminho e issofar entravar sua evoluo. Buscando poupar-se das dores passageiras, ela est se carregando de

    cadeias materiais das quais ela s poder se desembaraar em outras existncias, e que se

    acompanham de provas mais penosas ainda. O que lhe far temperar sua vontade para no mais se

    curvar no curso das reencarnaes futuras. em vo que ela se esfora de voltar ao corpo que eladestruiu. Seus sofrimentos safo terrveis pois ela fica ligada ao cadver no tempo e no espao,

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    situao atroz para um desencarne. Esses laos so rompidos quando o ciclo que ela devia percorrerest findo. Somente ento, ela entra no estado onde encontram-se as almas que tiveram cumprido

    sua existncia terrestre.

    Do que precede, podemos imaginar porque um lugar onde ocorreu um suicdio ou um homicdio obsedado. Um sensitivo experimenta medo ou angstia suscitado pelos sofrimentos da alma atada aesse lugar e, em certas circunstncias favorveis, esta alma penada pode aparecer. Assim, se explica

    a possibilidade dos aparecimentos de fantasmas. O sustentculo que os vivos do aos mortos pelassuas preces no bastam a essa alma desgraada. E mesmo a Igreja a priva de sua assistncia pois, ela

    a tem por condenada pois, ela quis por si mesma sua perda.

    Se trata de um homicdio, os sofrimentos que suporta a alma forada a abandonar seu corpo e deinterromper sua misso, so em parte os mesmos que os descritos acima. A alma fica ligada a suaparte inferior durante o tempo predestinado ao seu ciclo, com a diferena que ela no a causadorade sua morte. Ela no responsvel por no cumprir o seu destino. Ela deplora sua perda, querendovoltar a seu antigo estado para terminar o ciclo da vida, mas ela no perseguida pelo remorso.

    Seus sofrimentos desviaram-se muito do homicida que toma toda a responsabilidade de seu ato quea impede de progredir. A parte inferior de sua vtima se prende a ele e ele dever arrastar esse

    cadver no curso de sua existncias futuras.

    Em uma morte causada por um acidente, o livre arbtrio pode estar fora de causa, os sofrimentos soidnticos queles que resultam de um homicdio, fias o acidente a conseqncia do Karma, a alma

    compreende porque ela foi vitimada. Anteriormente, ela no tinha escolha sobre a direo que devialhe fazer evitar esse acidente. Afundando-se na matria, ela no tem escutado a voz de seu esprito

    que a adverte do acontecimento fatal qu ela dever sofrer por conseqncia de sua escolha. Acompreenso e o pesar viro mais tarde e o faz expiar as faltas passadas. Resta a morte violenta queresulta de um ato de herosmo. Se esse ato consciente, o fim nobre e o homem cumpri um dever

    de ordem mais elevada. Est dito nos Evangelhos "que algum no pode manifestar ais amor doque perdendo sua alma para seus amigos". Nessas condies, a alma no est presa por nada notempo e no espao e recebe a recompensa que responde a sua grandeza e a sua dedicao. Jesus doa

    se em exemplo ao se sacrificar para o resgate da humanidade. Isso dito, esforcemo-nos por dar contado estado da alma de um agonizante.

    As limitaes de ordem temporal eclipsam-se diante do esprito preste a deixar seu invlucro carnal.Ele v os que ama prximo ou distante e estes desaparecem antes dele. Ele analisa suas aes

    passadas e lastima de no ter se comportado melhor.

    esse tipo de vista supranormal do agonizante que quiz reproduzir o grande pintor polons KasimirStabrowsky, em seu quadro "A Morte". Os crculos luminosos que podemos ver sobre o fundo da

    composio representando os focos de luz onde a razo condensada do agonizante objetiva as cenasculminantes de sua vida passada. Essas imagens desfilam diante dele como um filme, indicando otempo e parando sobre os pontos sensveis onde seu livre arbtrio no pode guiar no caminho doprogresso.

    Feliz aquele que no tem nada a se censurar!

    7. COMO OS VIVOS PODEM AJUDAR OS MORTOS

    Q ttulo deste captulo pode parecer estranho. Alguns imaginaro que se trata de socorro de ordemmaterial destinada a prolongar a vida do agonizante alguns instantes. No, a assistncia em questo

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    toda espiritual e vem de seus prximos que o ajudaro a transpor o passo final e aliviaram seussofrimentos aps a morte.

    Aquele que tem vivido com a f em Deus morre sem angstias. Ele se prepara segundo oensinamento da Igreja, ele executa os ritos destinados a facilitar a liberao do ser superior. A

    morte, para um crente, no uma surpresa pois ele se preparou toda sua vida para enfrentar essemomento supremo. Os exemplos que nos tem dado os Santos seria uma prova brilhante. Tenho dado

    alhures uma idia da vida e da morte dos servos de Deus do "Mont-Athos", esse foco de luz cujaradiao espiritual remonta aos primeiros anos do cristianismo. O fim de um desses ascetas

    edificante, ele mostra ao incrdulo que a vida no termina neste mundo e que a morte a liberaodesejada por um esprito evoludo. Mas ns, pobres pecadores presos aos gozos terrestres estamoslonge de uma tal concepo. Que nos bastasse possuir a f, de provar um arrependimento sinceropara fazer a morte menos terrificante e a considerar no como um fim mas como um nascimento.

    A morte uma coisa espantosa para aquele que pensa que com o ltimo suspiro tudo estconsumado. A alma estufada de remorso, se engata a esta existncia cheia de atrativos e deinteresses, por esse gnero de desgraadas que escrevo estas linhas pois elas tem grande

    necessidade de serem socorridas.

    O dever do crente que v seu semelhante privado da consolao da f aproximar-se do termo vitalconsiste em fazer o impossvel para despertar nele a verdade e lhe fazer entender a voz de seuesprito para o qual ele estava surdo at este dia o maior servio a fazer para um agonizante.

    Tive vrias vezes a ocasio de assistir essas agonias onde este milagre se produziu.

    A sorte me conduziu um dia a uma pequena aldeia perdida. Os camponeses que a habitavamestavam sendo frustados, por reveses em seu trabalho. Os dois nicos sujeitos cultos eram o padre e

    um velho mdico paraltico cujo fim estava prximo. Acompanhei a mido o padre cabeceira dacama do pobre doente. Trocamos com ele idias, pois ele era muito culto e havia conservado todasua lucidez. Antes de ser mdico, ele havia sido astrnomo e professor de cincias naturais. E

    possua extensos conhecimentos nos diferentes ramos da cincia oficial. Todavia, em oposio damaior parte dos sbios contemporneos, ele no via a vida humana sob o ngulo da teorias mais ou

    menos impostas mas ele era bastante ecltico e pronto a aceitar as novas concepesconvenientemente justificadas pelo razoamento. Ele era erudito e incrdulo. Para ele a vidaterminava com a decomposio qumica do corpo. O padre armado do texto das Escrituras noconseguia lhe fazer admitir a vida do alm tmulo e se batia em sutis contradies. verdade que oeclesistico pecava na envergadura filosfica.

    Eu provocava as incurses no domnio da cincia oculta que lhe era desconhecida. Ns discutamosmagia, astrologia, etc. Deixando-o tarde aps as conversaes animadas onde cada um guardavasua posio. No dia seguinte, continuvamos nossas controvrsias e meu interlocutor me dizia

    freqentemente que a noite (ele dormia muito pouco) ele havia pensado longamente sobre o que lhehavia dito e finalmente ele adotava meus pontos de vista. Ele chegava mesmo a descobrir as provas

    cientficas pondo em luz o ensinamento da antiga sabedoria, da qual ele verificava a justeza.

    Dois meses se passaram assim durante os quais ns nos vamos diariamente, todo em perseguiode nos entreter. Eu via esse pensador, imbudo de materialismo, evoluir pouco a pouco ao ponto detornar-se crente. Sua f se apoiava sobre uma base cientfica slida.

    Seu estado piorava. Um dia onde ele sentia que ele ia morrer. Ele cumpria seus deveres de cristocom fervor pois que ele "sabia". E ele morreu em paz...

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    Mais tarde, eu tinha a certeza absoluta que, graas a nosso encontro, essa grande inteligncia tinhaconhecimentos que lhe faltavam durante sua vida e pode a sorte estabelecer o equilbrio de sua

    evoluo.

    Vejamos um outro caso cujos personagens me eram igualmente conhecidos.

    Um ingls afetado por uma alterao do sangue se acha perto do vencimento fatal. Ele sofriahorrivelmente. Os mdicos lhe deram algumas horas de vida. Para o cmulo do infortnio, odesgraado no era crente. A angstia e o medo da morte que, para ele, era o fim de tudo,aumentavam seus sofrimentos. Seu empregado domstico, um cristo, vendo o estado lamentvel de

    seu patro, lhe disse que havia em sua parquia um monge venervel que fazia milagres. "Queresque lhe pea para orar por vs? O ingls consentiu, pois ele estava disposto, como um homem quese entristece, para se prender a uma misria.

    O velho monge, informado da situao do doente ateu, se apieda desse homem. "Pobre alma, nopodemos te deixar morrer assim". E ele se coloca em oraes em seu quarto.

    No dia seguinte de manh, o mdico, que acreditava encontrar morto seu cliente, fica estupefato aoconstatar uma calma manifestada e o desaparecimento dos sintomas alarmantes.

    O paciente morreu algum tempo depois, mas sem sofrimentos, em paz e na f da misericrdiadivina.

    Numerosos so os exemplos desse gnero, mas basta citar os dois casos que precedem.

    Assim, o primeiro dever com um agonizante apelo a seus recursos intelectuais ou sentimentais.

    O rito religioso tem igualmente uma grande importncia pois ela esta baseada, como todos os ritos,sobre a magia e, de fato, age diretamente sobre o centro de foras, da alma, facilitando sualibertao.

    A crena popular que consiste em dizer que um homem que no tenha sido enterrado religiosamentefreqenta o local de sua morte, tem fundamento, pois neste caso os laos no estando rompidos

    retm a parte inferior da alma ao corpo e a fazendo sofrer.

    Enfim, se por uma razo qualquer o enterro cristo no pode ter lugar, um iniciado pode vir emajuda ao morto cortando, segundo um ritual mgico, os laos que encadeiam a alma.

    Assim como temos visto no captulo precedente, o processo da morte muito longo o que difcilde imaginar. Ele comea bem antes do momento considerado pelos assistentes, mas a vida dura

    ainda um tempo assaz longo depois do momento da morte aparente. Ela no deixa completamente odespojo fsico, e os laos que uniam o ser superior ao corpo se desatam progressivamente, por

    esta razo que um morto deve ser enterrado e no incinerado. A decomposio do corpo deve se

    fazer normalmente. "Tu s p e deves retornar ao p", diz a Igreja com razo. A esta condio s oesprito pode se desembaraar de seus laos sem sofrimentos inteis. Se os que pedem para sofrer acremao soubessem das dores atrozes a que eles se expem, eles tremeriam de antemo: eles

    estremeceriam s a este pensamento, como nocivo de se fazer incinerar, tambm o de conservarseus despojos por diversos processos de embalsamento ou de mumificao. Os Egpcios queusavam estas ltimas prticas em um desenho determinado no se davam conta do suplcio que elesimpunham a seus prximos. Um esprito que no pode se libertar de sua parte inferior enquanto esta

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    no seja destruiria normalmente e fica atado e, por este fato, no pode evoluir e torna-se nocivo.Temos muitos exemplos de mmias que tem exercido sobre os vivos seus poderes malficos emisteriosos.

    A assistncia que os vivos podem prestar aos mortos no se limita a facilitar a passagem desta vidapara a outra e a assistir as exquias segundo um rito religioso. As preces feitas a inteno do defuntodiminuem suas angstias e facilitam seu arrependimento. A fora mgica do sacramento e das

    oraes alcanam as regies onde a alma desencarnada sofre seu estado com mais ou menosresignao. Falei regies para me fazer mais facilmente compreender pois, na realidade, no se trata

    de um meio com acepo que ns damos a essa palavra, um estado da alma e no uma moradia. Aorao modifica este estado e d novas foras a alma penada. Esta situao penosa corresponde ao

    purgatrio da Igreja.

    evidente que a culpabilidade do homem est em funo de seu apego terra e porque o pecadorpassando no alm tem necessidade de preces.

    A necessidade destas oraes se faz sobretudo sentir ao incio da passagem alm da tumba, quandoa alma se esfora para se desembaraar dos laos que a uniam ao corpo fsico.

    neste momento que faz aumentar as foras d alma desencarnada tendendo para a evoluo.

    Ao erigir preces especiais durante os primeiros nove dias aps a morte e depois os quarenta dias quea seguem, a Igreja segue uma tradio antiga de ensinamento mgico.

    8. AS PROVAS DA VIDA POST HORTEM

    Disse ao incio deste trabalho que a morte terrvel, pois a pessoa volta para dar uma idia aosvivos. Portanto, existe um meio com o auxlio do qual o homem pode provar as sensaes da morte

    sem por isto chegar a seu fim. Venho falar por isto da exteriorizao consciente ou inconsciente daalma.

    A prtica desta morte aparente faz parte da iniciao oriental e o que explica o milagre produzidopelos faquires que ficam sob a terra durante um tempo assaz longo sem dar um sinal de vida. Umhomem que voluntariamente se mete nesse estado apresenta a aparncia de um cadver. Arespirao cessa e o corao no bate mais. Descendo na cova, semeia-se trigo sobre a tumba, e ele exumado, para a colheita do grito. Aps alguma manipulao, ele retorna a vida.

    Durante todo esse tempo, malgrado os sinais objetivos que seguem o fim, ele continua vivo e oslaos que unem seu ternrio no se rompem.

    Para realizar fenmenos desse gnero, necessrio antes de tudo possuir uma vontade de ferro que,em suspendendo as manifestaes visveis da vida fsica, no permite a alma abandonardefinitivamente seu corpo.

    De fato, a parte espiritual em um homem que governa todo o ser e domina inteiramente seuNephesh.

    Mas esse gnero de experincia dificilmente praticvel pelos ocidentais, atados ao corpo fsico eao ambiente material. Nossa civilizao e nosso progresso industrial tendem a nos fazer dominar asforas naturais no pela energia espiritual, mas pela mquina, fruto de nossa inteligncia inferior.

    Ns somos chegados, verdade, a vencer o espao pela velocidade e pela T.S.F. Seria mais racional

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    usar nossas faculdades inatas, de ver ao longe pelo pensamento que poderia se manifestartelepaticamente ou mesmo visivelmente pela materializao do corpo astral.

    O homem uma mquina perfeita que nenhuma outra construda pode-lhe igualar. Deve sofrer paradesenvolver suas aptides; ele poderia ento se passar de automvel, de aeroplano e de T.S.F., poisele livra-se, por sua parte superior, fora do quadro do tempo e de sua parte superior, fora do quadrodo tempo e do espao.

    Infelizmente para o homem, a orientao tomada pela cincia contempornea o faz um escravopreso a matria, e em lugar de evoluir em refinando essa matria, ele se afunda mais e mais. Seu

    pensamento dirigido para a terra cativo, seu verbo inicial perdeu seu valor e, para transformar seudesejo em ato, ele deve com a ajuda das mos modelar a matria bruta - a terra admica.

    em que as concepes antigas diferiam das nossas e isto que lhe permitiram criar umacivilizao cujos vestgios provocam nossa admirao.

    A lenda diz que os Atlantes possuam mquinas voadoras e se serviam de uma luz desconhecida,ser que pode ser nossa eletricidade? possvel, mas eu presumo que se eles sendo os mestres do are da noite eles tinham meios diferentes dos nossos, e que em lugar de se servirem de mquinascomplicadas, eles realizavam os fenmenos graas ao simples desenvolvimento de suaespiritualidade e colocando em ao suas foras inatas.

    Ao curso das buscas que eu empreendi no Egito, a coisa de vinte e cinco anos, sob a direo dosbio egiptlogo Maspro, este personagem eminente me dizia freqentemente que ele esperavasempre descobrir em suas escavaes a "lmpada eterna" da qual falava Herodoto e a qualacreditava existir. Mas suas esperanas foram em vo e a lmpada continuava escondida. Convm

    notar igualmente que jamais algum pode descobrir algum instrumento astronmico e, portanto osegpcios sendo os mestres da cincia dos astros. Suas descobertas constituram as bases da nossacincia contempornea e a preciso de seus clculos admirvel para os sbios de nossos dias.Assim, eles determinaram o ano zodiacal e o fixaram em 25920 anos, enquanto que nossos sbioslhe davam, um pouco menos de 25900, outros em 26000 anos aproximadamente. Isto mostra que,mesmo com os instrumentos perfeitos que ns dispomos, muito difcil de precisar a cifra do ciclo

    csmico.

    Os antigos "sabiam" e seu conhecimento excedia o nosso. Eles se baseavam no sobre hiptese esobre relatividade, mas sobre a revelao divina e a razo de seu Nechamah. O pensamento entreeles no resultava do esforo imaginativo e para o realizar em ato eles s tinham que querer sem

    dispndio muscular: Saber e Querer.

    O ser humano atual apresenta a mesma composio que nessas pocas remotas, sempre umternrio unificado; mas a parte inferior predomina e o equilbrio geral falho em detrimento da

    evoluo e, por conseguinte, em benefcio da involuo.

    A cincia despreza tudo o que ela no pode explicar ou demonstrar experimentalmente. Todos ossinais que nos oferece o plano espiritual e que poderiam nos servir de provas, so ignorados ouexibidos ao contrrio.

    Entretanto, os sbios conscienciosos, tais como Crooks, estabeleceram que, em certas condies, ohomem se libera da influncia da matria e das leis que a regem (experincias de Crooks com omdium Hume, mudana e perda completa de peso).

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    O coronel de Rochas, no curso de seus trabalhos com sujeitos em profundo estado de hipnose,obteve a exteriorizao da alma humana. Esses fatos deveriam incitar os sbios a pensar que alm

    do corpo fsico, existe qualquer outra coisa e que esta qualquer coisa no justificvel pelas leis queconsideram como infalveis. Todavia nada pode modificar a opinio de um homem de coisadecidida, e essas "cabeas fortes" sacodem os ombros com um sorriso desdenhoso. "Se eu no

    compreendo, que isto no existe". Tal seu raciocnio e eles persistem a procurar as soluescomplicadas de um problema que poderiam ser resolvidos muito simplesmente s pelodesenvolvimento da espiritualidade inata no homem.

    Deixando esta digresso. Minha meta no de convencer as pessoas que vem entre os antolhos. Oque precede deve facilitar a compreenso dos indagadores que se livram dos dogmas oficiais e que

    se dato conta que o homem atual no desenvolve suas qualidades constitutivas no sentido daevoluo. Ao contrrio, ele tenta por todos os meios para se afundar, no mais fundo da matria a

    chispa Divina, que est nele.

    Mas, seja o que for, mesmo cado na classe rstica, ele no pode apagar esta chispa; fica sempre oAdam: o esprito encarnado.

    Da mesma forma que um homem no pode tornar-se uma besta, ele no pode, enquanto estaencarnado, tornar-se um puro esprito.

    A f evocada pela religio ou outro exerccio espiritual desenvolve no homem as qualidades deoutra ordem elevada e permite fazer irradiar seu pensamento nos domnios fechados a seus

    elementos materiais.

    Existem pessoas dotadas de clarividncia e de poderes telepticos em um alto grau. Todavia, nspodemos, ter, em um grau qualquer, estas qualidades que ns poderemos desenvolver. Para isto,temos a f e a vontade. Estes dois fatores do nascimento a uma fora capaz de quebrar os limites

    materiais do tempo e do espao e, com sua ajuda, o homem pode sondar o invisvel, comunicar-secom o plano astral e mesmo com o plano superior.

    Os grandes iniciados dos tempos passados, assim como os pais da Igreja so as provas do que eudisse.

    No Oriente, o adepto tendo completado a maestria do corpo por sua fora espiritual, est livre dossofrimentos fsicos, da fome, das variaes de temperaturas, etc. Ele pode mesmo, vontade, detertoda manifestao vital. Um tal treinamento ser muito difcil de se realizar no Ocidente, pois

    demanda uma longa prtica, uma mentalidade especial e um gnero de vida apropriado. Mas essesresultados podem ser obtidos por outros meios tais como a hipnose, pondo em relevo os fenmenosque provm da parte superior do homem.

    Depois de alguns gestos, em aparncia, inofensivos, um sujeito torna-se lcido e leva um desafio aessas doutrinas pretendidamente infalveis.

    Ao exteriorizar o mesmo sujeito, o operador o lana no espao e no tempo passado ou futuro e o queest oculto num aparente estado normal torna-se perceptvel ao sujeito adormecido.

    Este estado no imposto ao de um hipnotizador. Certos sujeitos se colocam em transe sem osocorro de outrem. Outros, durante o sonho, se exteriorizam inconscientemente. Todavia, fatosabido que essas atitudes se desenvolvem ordinariamente em detrimento do corpo fsico e fazendoos seres hipersensveis ou corporalmente muito fracos.

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    Tive vrias vezes a ocasio de encontrar tais sujeitos e de controlar suas faculdades.

    Citarei um caso que estudei de perto.

    Trata-se de uma dama de uns trinta anos, a qual tinha conhecido durante a grande guerra de 1914.Ela estava quase paralisada e podia com dificuldade caminhar. Em seus sonhos, "ela visitava oscampos de batalha e via" seus prximos em seus momentos difceis.

    assim que ela assistiu a morte de seu irmo e descrevia a cena com preciso. Na manh seguintedesse "sonho", um telegrama confirma suas declaraes. Mais tarde as narraes dos camaradas deseu irmo estabeleceram a exatido de suas vises nos mnimos detalhes.

    Querendo me dar conta se este fenmeno era de ordem teleptica ou se era conseqncia de umasada total do duplo, eu procedi a seguinte experincia: Sem prevenir esta pessoa, eu chamei um dia

    seu duplo. Este ltimo me apareceu e eu me entretive com ele um certo tempo.

    Na manh seguinte, eu fui v-la. Ela me acolheu dizendo: "Eu te vi em sonho ontem. Estavasestranhamente vestido e no meio de um quarto bizarro". Depois ela descreveu com preciso meu

    traje, o lugar onde eu operava e me repetia nossa conversa sem suspeitar que tudo o que elamencionava era uma realidade. Eu a deixei acreditar que ela havia sonhado. Para mim, estavaestabelecido: havia sido exteriorizao. Como seu estado se agravava e que estas sadas do duplo

    esgotavam suas foras, ela me pedia para lhe ajudar e de fazer cessar estes reveses fatigantes. O quefiz, pelos procedimentos apropriados fixando seu duplo ao corpo.

    A partir deste momento, ela recobrou a sade para grande admirao dos mdicos que a tratavam,mas ela perdia suas faculdades extraordinrias. Ela continua bem de sade. Quando a encontro, elame manifesta seu pesar de no ter mais sonhos profticos, mas prefere, entretanto gozar de uma boa

    sade antes que de pagar bem caro o dom de ver o que est oculto aos outros.

    O encarnado deve viver, aqui neste mundo, nas condies normais impostas ao homem pelo seuCriador. Um desenvolvimento exagerado das aptides espirituais se fazem em detrimento de seucorpo fsico, assim como disse anteriormente. Isto quer dizer que devemos desenvolver a parteanimal. Esta parte deve, ao contrrio, ser dominada pelo esprito encarregado da evoluo datotalidade do ternrio formando o homem.

    Existem outros perigos mais temveis que os que dizem respeito ao corpo; venho falar dos que se

    encontram nas experincias de desdobramento, interessante ver a distncia, de poder assistir ascenas do passado e, toda curiosidade posta parte, estes fenmenos provam a existncia de umaoutra vida que esta aqui neste mundo. Todavia, estas experincias podem provocar perturbaesgraves: a loucura, e mesmo a morte. O corpo cujo esprito deixa provisoriamente o invlucro fsicoao qual ele est ligado por um lao tnue, est exposto aos ataques de entidades do astral que se

    esforam em prender em possesso (1). por esta razo, que no curso do desdobramento, o corpodeve ser guardado por um iniciado usando de procedimentos mgicos durante toda operao. Um

    brusco despertar, um desarranjo qualquer pode impedir a reentrada do duplo em sua morada e ooperador sofrer a morte por suicdio com seu cortejo de sofrimentos. Ele vtima de uma morte se

    um tero que a tem colocado neste estado.

    Por outro lado, a alma estando separada do corpo e encontrando-se em um plano, o qual ela pertencepor sua natureza, mas na qual ela encontra-se anormalmente, est sujeita aos ataques de entidades

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    astrais que ela no pode repelir, no estando desencarnada e tendo transposto a fronteira antes dotempo marcado.

    O que se entrega s experincias desse gnero com os sujeitos assume uma pesada responsabilidade;se ele opera sobre si mesmo, ele se d conta do perigo e evitar semelhantes prticas. Eu no

    aconselho a pessoa de se arriscar nesse domnio cheio de emboscadas. Sendo obtidas as certezas,mas a que preo!

    A morte vir um dia e o homem dever passar por esta prova, mas ele no tem o direito de penetrarno astral para conhecer o mistrio do alm antes da data fatal. Ele deve ser convencido que a morteno um fim, mas uma transformao, e esta convico deve emanar de sua razo. Se ele venceu as

    provas, que desenvolveram nele a faculdade de entender a voz de seu Ego. Se ele chegar, a saber, oque conhece seu esprito, sua f tornar-se-ia uma certeza e ele alcanaria na vida a meta que ele estpredestinado. Ele evoluiria para a luz, para a felicidade, pois as atribulaes e os prazeresinsignificantes desta vida no poderiam mais lhe mascarar a meta suprema.

    Como desenvolver em si estas faculdades? Existem dois meios: um dado pela religio e o outropelo estudo do esoterismo, ambos tm o mesmo objetivo, todavia por vias diferentes. O primeiro

    parte da F e da Bondade, Sabedoria. O segundo parte da negao e, pelo Saber, chega a objeto daf do precedente.

    O homem tem de escolher o caminho que lhe convm!

    FIM