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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ NICOLY DA SILVA CAMARA POSSIBLIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO NO NOVO CPC CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

NICOLY DA SILVA CAMARA

POSSIBLIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO

MÉRITO NO NOVO CPC

CURITIBA

2015

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NICOLY DA SILVA CAMARA

POSSIBLIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO

MÉRITO NO NOVO CPC

Pré-projeto apresentado à Universidade

Tuiuti do Paraná, curso de Direito, como

requisito principal para obtenção do título de

Bacharel de Direito. Orientador: Prof. Doutorando Rafael

Lippmann

CURITIBA

2015

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TERMO DE APROVAÇÃO

NICOLY DA SILVA CAMARA

POSSIBLIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO

MÉRITO NO NOVO CPC

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de bacharel no Curso de Bacharelado em

Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, _____ de ____________ de 2015.

________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leitte

Coordenador do Núcleo de Monografia

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________ Prof. Orientador Rafael Knorr Lippmann

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________ Prof.

Banca Examinadora

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________ Prof.

Banca Examinadora

Universidade Tuiuti do Paraná

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por tudo que tem feito em minha vida.

Agradeço aos meus pais Clodoaldo e Cida que batalharam para que alcançasse

mais etapa de minha vida. O caminho muitas vezes não é fácil mas quando se tem a

família ao lado, lutando e batalhando em conjunto é possível a travessia. Por isso incluo

meus irmãos nesse agradecimento, Mikaela, Thiago e Israel.

Outras pessoas que também foram fundamentais para que u concluísse este curso

foram meus primos Juliana e Arildo. Não tenho palavras para agradecer o que fizeram

por mim. Por isso nesses momentos cito seus nomes para que saibam que nunca saíra de

minha memória o quanto foi importante esta passagem de vocês pela minha vida.

Agradeço ao meu namorado Natã que me ajudou muito ao longo desta jornada.

Aos meus amigos e colgas da faculdade. Alguns acabaram se tornando muito

mais que amigos, são como irmãos. Obrigada Jonathas, Thuanny, Mariana Lejambre,

Mara, Priscila, Bruno, Vitor e Alex.

Muito obrigado a todos que fizeram parte desta parte da minha história.

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Em memória dos meus avós

maternos Manoel Francisco da

Silva e.Antonia Alice da Silva

Dedico também aos meus pais

Clodoaldo Alberto Camara e Maria

Aparecida da Silva Camara, aos

meus irmãos Mikaela, Thiago e

Israel e aos meus avós paternos

Pedro Batista Camara e Geni

Maria Gomes.

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“A justiça atrasada não é justiça; senão

injustiça qualificada e manifesta.”

“Justiça tardia nada mais é do que injustiça

institucionalizada.”

Rui Barbosa

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RESUMO

O presente trabalho está situado no campo do Direito Processual Civil e abordou sobre a

possibilidade de julgamento antecipado parcial de mérito trazida pelo artigo 356 do

novo Código de Processo Civil em comparação ao já disposto no artigo 273 §6º Código

de 1973. Apresentou-se no trabalho como surgiu a possibilidade de julgamento

antecipado parcial do mérito no CPC de 1973 e um pouco da problemática e discussão

doutrinária a respeito do tema. A possibilidade de prolação de sentença parcial foi

introduzida no Código de 1973 por uma alteração legislativa de 2005. Esta possibilidade

visou dar maior efetividade à prestação jurisdicional, com relação aos pedidos ou parte

deles que não dependem de dilação probatória. Com esta mesma ideia de efetividade da

prestação jurisdicional foi pautado todo o novo Código de Processo Civil. O método

utilizado na presente pesquisa foi o de revisão bibliográfica, bem como apontou

algumas jurisprudências sobre o tema.

Palavras chave: julgamento antecipado parcial de mérito – sentença parcial – celeridade

– efetividade prestação jurisdicional.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 DO JULGAMENTO ANTECIPADO....................................................................... 11

2.1 CABIMENTO ................................................................................................... 11

2.2 DIFERENÇAS ENTRE JULGAMENTO ANTECIPADO E ANTECIPAÇÃO

DE TUTELA .......................................................................................................... 14

3 ANTECIPAÇÃO DO PEDIDO INCONTROVERSO .............................................. 15

3.1 PARTE INCONTROVERSA E PEDIDOS CUMULADOS .............................. 17

3.2 NATUREZA DA DECISÃO PROFERIDA COM BASE NO ARTIGO 273 § 6º

DO CPC .................................................................................................................. 19

4 JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO E APLICAÇÃO NOS

TRIBUNAIS ............................................................................................................... 21

5 JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO COMO FERRAMENTA

À EFETIVIDADE E CELERIDADE NOS PROCESSOS ........................................... 24

6 O JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO NO NOVO CPC ....... 25

7 DIFERENÇAS ENTRE O CONTIDO NO CÓDIGO DE 1973 E O CONTIDO NO

NOVO CÓDIGO (2015) ............................................................................................. 27

8 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 30

REFERÊNCIA ............................................................................................................ 31

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1 INTRODUÇÃO

Ante a aprovação do novo Código, surgiu a curiosidade quanto ao tema

aqui proposto, a possibilidade de julgamento antecipado parcial do mérito. Os

principais questionamentos que buscou-se abordar sobre o tema foi quais as

diferenças entre o já contido no artigo 273 §6º e o artigo 356 do CPC de 2015;

qual a natureza da decisão do julgamento antecipado parcial do mérito no CPC

de 1973 e que abrange tantas discussões; o julgamento antecipado como

ferramenta de efetividade à prestação jurisdicional e o posicionamento dos

juristas à respeito destas questões.

O julgamento antecipado parcial, previsto no §6º do art. 273 foi

introduzido no Código de 1973 por uma alteração legislativa de 2002. Não há um

consenso entre os juristas quanto a natureza jurídica da decisão que antecipa

parcialmente o mérito, tendo em vista que entendem alguns que seria uma

sentença parcial, portanto não deveria a mesma estar prevista no artigo 273,

porém entendem alguns ser uma decisão interlocutória que antecipa parte do

mérito, tendo em vista sua alocação no artigo que trata da antecipação de tutela.

Há também discussões acerca da coisa julgada que se forma com a prolação da

decisão embasada no artigo 273 §6º, bem como a possibilidade de ajuizamento

de ação rescisória.

O novo Código de Processo Civil trouxe esta possibilidade de

julgamento antecipado parcial do mérito como uma sentença parcial, que será

prolatada no curso do processo. Alterou-se a alocação do instituo para o capítulo

que trata do julgamento antecipado e não mais como antecipação de tutela.

Porém algumas discussões, que se tinha com o Código de 1973 ainda

permanecem, como as questões da ação rescisória e também quanto a coisa

julgada.

A metodologia de pesquisa utilizada foi o da revisão bibliográfica.

Porém ao longo da pesquisa foi necessário introduzir algumas jurisprudências

sobre o tema como forma de se demonstrar a aplicabilidade do §6º do artigo 273.

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2 DO JULGAMENTO ANTECIPADO

Neste primeiro capítulo busca-se apresentar o instituo do julgamento antecipado,

demonstrando seu cabimento, bem como a diferenciação de julgamento antecipado da

lide e do instituto da tutela antecipada.

2.1 CABIMENTO

O Estado, visando evitar que o particular exerça a autotutela tomou pra si a

função de prestar a jurisdição, instrumento utilizado pelos particulares para resolução

por um terceiro, alheio à ocorrência dos fatos e inerte (só agindo depois de provocado),

dos conflitos existentes entre um dado número de pessoas. Ocorre que esta prestação

jurisdicional tem seus processos e procedimentos específicos que devem ser seguidos

pelas partes, para que ao final de todo um procedimento, muitas vezes absurdamente

prolongado, seja-lhe entregue uma decisão que, grosso modo decide se o autor de tal

demanda tem ou não o direito que declarou numa petição inicial.

Tendo em vista esta morosidade excessiva do judiciário em prestar de uma

forma efetiva e eficaz o que a parte deseja com o processo, criou o legislador um

instituto chamado tutela de urgência, que autoriza o juiz, em determinados casos e

cumpridos determinados requisitos, a conceder antecipadamente o direito pretendido e

que só seria prestado ao final do processo, com a sentença.

Dentro do instituto da tutela de urgência, podemos dividir a prestação

jurisdicional em tutela antecipada e tutela cautelar. Vamos aqui nos deter a tutela

antecipada, mas especificamente à tutela antecipada prestada na sentença, de forma a

antecipar os pedidos incontroversos do processo.

O artigo 273 do Código de Processo Civil de 1973 teve sua redação alterada por

uma reforma instituída pela Lei 8952 de 13.12.1994 passando a prever a antecipação de

tutela de forma genérica, “para aplicação, em tese, a qualquer procedimento de

cognição, sob a forma de liminar deferível sem necessidade de observância do rito das

medidas cautelares” (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, 2010, p. 372/373).

Diz-se que a aplicação da tutela antecipada é genérica, pois antes da reforma de

1994, pois anteriormente tinha-se que utilizar as medidas cautelares para se obter a

tutela antecipada. Porém havia previsão em algumas hipóteses de concessão da tutela

antecipada, é o que explica Rogéria Dotti Doria:

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Importante, porém, destacar que antes mesmo da reforma de 1994 o

Direito Processual brasileiro já vislumbrava algumas hipóteses de

antecipação em procedimentos especiais. É o que ocorria, por exemplo, com as liminares possessórias, os alimentos provisórios, a

fixação provisória de aluguel, as liminares em ações de despejo, a

busca e apreensão regulada pelo Decreto-Lei 911, de 1º. de outubro de 1969, e ainda a liminar prevista no art. 84, § 3.º, da Lei 8.078, de 11

de setembro de 1990.

A autora Rogéria Dotti Doria faz uma abordagem quanto a previsão do instituto

da tutela antecipada no direito comparado, vejamos o que prevê o direito italiano com

relação a antecipação de tutela,

Muito embora o instituto da antecipação de tutela seja muito recente no Direito Processual brasileiro, o Direito italiano já o concebia há

muito tempo.

(...) Na Itália, a preocupação com a efetividade dos direitos levou os

legisladores a conceberem a possibilidade de uma antecipação de até 4/5 do provável valor da indenização no caso de ação de reparação de

danos por ato ilícito. Trata-se da Lei 990, de 24 de dezembro de 1969,

que admite essa antecipação em relação às vítimas de acidente automobilístico. As razões são óbvias. De um lado, a posição da

vítima que não pode aguardar muito tempo pela indenização, já que

esta tem caráter alimentar. De outro, a posição das seguradoras de automóveis, as quais procuram obter lucro com o tempo despendido

no processo. A demora na prestação da tutela jurisdicional é, portanto,

considerada pelos italianos coimo uma das causas para uma Justiça

ineficiente. Daí a necessidade da antecipação.

Explica a autora ainda, que os ordenamentos jurídicos que preveem a tutela

antecipada são de dois modelos. O modelo previsto no sistema francês e belga

(...) prevê a construção de um procedimento diferenciado e próprio.

Antes mesmo de ingressar com o processo ordinário, o autor pode – através de um procedimento específico – requerer a tutela

antecipatória. É o que se denomina de réferé e vem previsto na França

nos arts. 808 e 809 doNouveau Code de Procédure Civil e na Bélgica no art. 584 do Code Judiciaire.

Tanto no sistema francês quanto no belga, o instituto do référé é

utilizado para garantir a futura tutela de mérito (caráter cautelar) ou

para antecipar essa mesma tutela (caráter satisfativo). De qualquer maneira, trata-se de um procedimento autônomo e que permanece

eficaz até um julgamento contrário.

No mesmo sentido também é o Entendimento do Uruguai, manifestado na VIII

Jornadas Nacionais de Direito Processual, de acordo com o que explica a autora Rogéria

Dotti Doria.

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No segundo modelo a tutela antecipada é concedida no curso do processo de

conhecimento, como é o caso da Itália, bem como do direito alemão,

No direito Alemão, a antecipação está prevista dentro do processo de

execução, entre as cautelares, pois lá não há livro para o processo cautelar. A doutrina separa os procedimentos em assecuratórios

(cautelares) e de regramento (antecipação de tutela de mérito),

respectivamente nos parágrafos 935 e 940 da ZPO.

A reforma introduzida no Código em 1994 visou gerar a parte resultados mais

adequados e evitar a demora na entrega da tutela satisfativa, bem como promover a

efetividade da prestação. Além disso, explica Athos Gusmão Carneiro que,

A consagração legislativa do instituto da antecipação dos efeitos da

tutela ou, mais simplesmente, da antecipação da tutela, além de

impedir, doravante, a deturpação do uso da medida cautelar “inominada”, veio a responder, como já referido, às exigências de

equânime distribuição dos ônus do tempo no processo”.

Nas palavras do professor Luiz Guilherme Marinoni

O principal problema da Justiça Civil, entretanto, era e ainda é o da

morosidade dos processos. Não há dúvida, porém, de que o

procedimento-base de tutela de direitos, o tão mimado procedimento ordinário, somente após muito custo reconhece a existência de um

direito.

Para Rogéria Dotti Doria,

A tutela jurisdicional de urgência apresenta-se como um dos

instrumentos mais profícuos dentro do processo civil moderno. Sua importância decorre da crescente necessidade de se encontrar

alternativas para a triste realidade do processo lento e ineficaz, com o

qual convivem diariamente os advogados, magistrados, membros do

Ministério Público e cidadãos em geral.

Por isso, a reforma de 1994 foi tão importante para o cenário processual civil

brasileiro.

Para que haja a concessão da tutela antecipada à parte, precisa a mesma

preencher alguns requisitos previstos no artigo 273 do CPC. Explica o professor Athos

Gusmão Carneiro quais são esses requisitos:

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A antecipação de tutela depende de que prova inequívoca convença o

magistrado da verossimilhança das alegações do autor. Mas tais

pressupostos não são bastantes. É mister que aos mesmos se conjugue o fundado receio, com amparo em dados objetivos, de que a previsível

demora no andamento do processo cause ao demandante dano

irreparável ou de difícil reparação; ou alternativamente, de que fique caracterizado o abuso do direito de defesa, abuso que inclusive se

pode revelar pelo manifesto propósito protelatório revelado pela

conduta do réu no processo ou, até, extra processual.

Como pressuposto negativo, a norma legal proíbe a antecipação de tutela quando sua efetivação deva acarretar consequências

irreversíveis, mas cumpre anotar, desde logo, a “relatividade” do

conceito de reversibilidade e a possibilidade de quem em determinados casos se apresente uma “irreversibilidade recíproca”.

Uma vez preenchidos tais requisitos o juiz concede a parte o direito que só lhe

seria entregue ao final, quando da prolação da sentença.

2.2 DIFERENÇAS ENTRE JULGAMENTO ANTECIPADO E ANTECIPAÇÃO DE

TUTELA

Estes dois institutos não podem ser confundidos, tendo em vista que são

extremamente diferentes.

Explicam os autores Freddie Didier Junior, Paula Sarno Braga e Rafael Oliveira

que a única semelhança entre julgamento antecipado e antecipação de tutela “é a

natureza satisfativa. Ambas voltam-se à satisfação de direitos materiais discutidos”.

Ademais explicam ainda os autores que

Enquanto a tutela antecipada satisfaz/realiza o direito provisoriamente,

e com base em uma cognição sumária, sendo insusceptível, pois, de

imunizar-se pela coisa julgada material, o julgamento antecipado da lide é decisão que certifica, com base em cognição exauriente, o

direito discutido, estando predisposta, pois, a acobertar-se pelo manto

da coisa julgada. A tutela antecipada é uma tutela jurisdicional provisória (precária e

temporária), urgente (em certas situações) e fundada em cognição

sumária. Satisfaz antecipadamente o direito deduzido. Prestigia os

valores da efetividade e celeridade. O julgamento antecipado da lide é a decisão que concede tutela

jurisdicional definitiva (padrão), fundada em cognição exauriente.

Esse julgamento diz-se antecipado, tão-somente, pelo fato de a atividade cognitiva necessária ser mais restrita, dispensando fase de

instrução.

Pontue-se, enfim, que o julgamento antecipado da lide antecipa o próprio provimento final, já a tutela adianta os efeitos do provimento

final.

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Outra questão que poderia trazer algum tipo de dúvida é de que pode-se

antecipar os efeitos da tutela na sentença, o que acarretaria em duas situações, conforme

explicam os autores Fredie Didier Junior, Paula Sarno Braga e Rafael Oliveira,

... o que poderia gerar duas situações: i) em sendo caso de reexame

necessário de apelação ou de apelação com efeito suspensivo, que em

regra, impedem execução provisória - , a concessão da medida antecipatória no bojo da sentença terá por efeito autorizar a execução

provisória; ii) em sendo caso, tão somente de apelação sem efeito

suspensivo – e não sendo caso de reexame necessário - , a execução provisória já está automaticamente autorizada, sendo pouco útil a

concessão da tutela antecipada.

Concluem os autores que

Perceba-se que se trata de técnica de antecipação dos efeitos da tutela e,

não, da tutela em si. Sabendo-se que no sistema recursal brasileiro a regra geral é recurso de apelação ser dotado de efeito suspensivo,

impedindo que a sentença apelada produza efeitos de plano, a grande

utilidade da tutela antecipada concedida no bojo da sentença consiste

em conferir-se eficácia imediata à decisão, quebrando o efeito suspensivo do recurso.

Portanto na redação do parágrafo 6º do artigo 273 do CPC quando há a

utilização da expressão tutela antecipada, o sentido que deve ser entendido é o do

instituto do julgamento antecipado, vez que a parte incontroversa da demanda será

entregue antecipadamente por meio do julgamento antecipado.

3 ANTECIPAÇÃO DO PEDIDO INCONTROVERSO

Uma reforma no CPC realizada pela Lei 10.444 de 07.05.2002 acrescentou ao

artigo 273 o parágrafo 6º que prevê o seguinte:

§6º. A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se

incontroverso.

Para a concessão da antecipação de tutela exige o legislador que se comprove a

prova inequívoca do direito alegado bem como que se demonstre a verossimilhança das

alegações. Na hipótese do inciso I do artigo 273 exige-se ainda fundado receito de dano

irreparável ou de difícil reparação, ou seja, há o perigo de em não sendo concedida a

medida, a decisão final tornar-se ineficaz, ou que haja grande risco de que isso ocorra.

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A concessão da tutela antecipada exige também de decisão fundamentada do

magistrado. Ademais, outro requisito para a concessão da tutela antecipada é a

possibilidade de reverter a medida concedida, tendo em vista que conforme explica

Humberto Theodoro Júnior “...a medida antecipatória (objeto de liminar na própria

ação principal) representam providências de caráter emergencial, executiva e sumária,

adotadas em caráter provisório.” (2010, p. 373). A reversibilidade da medida é exigida

pelo legislador visando a proteger a garantia do devido processo legal, visto que para

que se tenha uma segurança jurídica o ordenamento jurídico não pode se conflitar,

dando direitos a uma parte em detrimento dos direitos da outra.

No caso do §6º do artigo 273 a antecipação da tutela, se dá quando algum ou

alguns dos pedidos se mostrar incontroverso, ou seja aquilo que indiscutível, que não

admite controvérsia.

Para o Teori Zavascki, para que o pedido seja incontroverso não basta a mera

ausência de oposição,

Pergunta-se, contudo: a mera ausência de oposição significará, por si só, que o pedido é incontroverso para os fins do § 6º? A resposta,

certamente, deve ser negativa. Pode ocorrer, por exemplo, que o

demandado não conteste determinado pedido, o qual, contudo, na avaliação do juiz, é manifestamente descabido. Em caso tal,

considerando que a sentença final será de improcedência, é lógico

concluir que, embora se trate de pedido a cujo respeito não há

controvérsia entre as partes, a sua antecipação será inadmissível. Não se pode esquecer, ademais, que a ausência de contestação pode

decorrer de colusão, hipótese em que o processo não poderá

prosseguir, cumprindo ao juiz imediatamente extingui-lo sem julgar o mérito (CPC, 267, IV) e não antecipar a tutela. Nessa mesma linha de

raciocínio, pode-se aventar hipótese de demandas sobre direitos

indisponíveis: a ausência de controvérsia formal entre as partes sobre

eles, impõe que o juiz, mesmo para efeito de antecipação, examine adequadamente a higidez do pedido do autor. O que se quer afirmar,

com os exemplos, é que “incontrovérsia” ensejadora da medida

antecipatória somente se configura com a presença de um elemento essencial, a saber: a ausência de controvérsia deve considerar e

envolver a posição do terceiro figurante da relação processual, que é o

juiz. Portanto, além da ausência de controvérsia entre as partes, somente poderá ser tido como incontroverso o pedido que, na

convicção do juiz, for verossímil3. “Incontroverso”, em suma, não é o

“indiscutido”, mas sim o “indiscutível”.

Ainda, afirma o professor Teori Zavascki que para que seja possível a

antecipação de tutela não deve haver impedimentos de ordem processual,

Assim, se for alegada incompetência, ou litispendência, ou coisa julgada, ou falta de qualquer pressuposto processual ou condição da

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ação, enfim, se for alegada qualquer exceção ou defesa concernente à

ação ou ao processo (arts. 301 e 304), estará configurado um

pressuposto negativo para o deferimento da medida antecipatória, ainda que a respeito do pedido, em si, não tenha havido contestação

alguma.

Assim, não se precisa esperar até o final do processo, com a sentença, para

entregar um direito que já pode ser entregue naquele momento, em razão de não haver

divergência entre as partes com relação àquele pedido.

3.1 PARTE INCONTROVERSA E PEDIDOS CUMULADOS

O parágrafo 6º do artigo 273 do CPC prevê a possibilidade de antecipar a tutela

“quando um mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostra-se incontroverso”

(CPC artigo 273). Explica Teoria Zavascki que se há possibilidade de adiantar a tutela

quando se trata de pedido cumulados, pode o mesmo ocorrer quando houver somente

um pedido, bastando que o pedido seja juridicamente e materialmente pretenso de

divisão.

Ainda na explicação de Zavascki, se o pedido for alternativo,

Se o pedido for alternativo (“quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo” – CPC, art.

288), a antecipação da tutela terá um requisito próprio. Não bastará

que o pedido seja incontroverso. Exigir-se-á “incontrovérsia” também sobre o incidente de escolha e a prestação escolhida. Em outras

palavras, a antecipação supõe prévia identificação da prestação a ser

cumprida. Ora, cabendo a escolha ao devedor, não se poderá antecipar

a tutela senão depois que o juiz lhe assegurar “o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo” (CPC, 288, § único).

Se sucessivo

Se o pedido for sucessivo (ou, conforme diz a lei, “em ordem

sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo

acolher o anterior” – CPC, art. 289), só fará sentido antecipar os efeitos da tutela relativa ao pedido principal. Sendo este controvertido,

não será logicamente sustentável, em princípio, a antecipação dos

efeitos do pedido acessório, ainda que incontroverso, a não ser que se

tratem de efeitos idênticos aos que decorrem do pedido principal.

Sendo possível a concessão da tutela antecipada é proferida uma decisão, e que

alguns doutrinadores dizem que em razão de ser um julgamento de mérito, visto que

sobre aquele fato o processo já se encontra apto para julgamento, seria uma decisão

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interlocutória de mérito, porém há quem defenda a hipótese de sentença parcial de

mérito, já que se está entregando à parte de modo satisfativo o que ela pretendia.

Assim explica Rogéria Dotti Doria,

Assim como ocorre em relação à concessão de tutela antecipada nas hipóteses de não contestação e reconhecimento jurídico do pedido, no

caso de decisão a respeito de algum ou alguns pedidos cumulados a

tutela antecipatória não está baseada em cognição sumária. A cognição é exauriente justamente porque o pedido que está sendo

antecipado já se encontra em fase de julgamento, não necessitando

mais de qualquer tipo de instrução.

De fato, se a apreciação do pedido é feita em toda sua profundidade, de maneira a não deixar para trás nenhuma possibilidade de produção

de provas, nem ainda nenhuma parte do contraditório, a cognição é

exauriente e apta, consequentemente, a produzir coisa julgada material, Não se trata mais de uma decisão sumária, baseada na mera

probabilidade de existência do direito.

Havendo cognição exauriente, evidentemente deixa de ter aplicação o disposto no § 4. Do art. 273, verbis: “A tutela antecipada poderá ser

revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão

fundamentada”. Tal previsão justifica-se na medida em que a tutela

antecipada, na maioria das vezes, é concedida com base em mera probabilidade, valendo-se de cognição sumária. Desta forma, o

legislador preocupou-se em criar um alternativa para as hipóteses em

que durante a instrução ou após o contraditório do réu o juiz percebe não ser mais provável a existência do direito que, de inicio, se

imaginou existente.

Entende Teori Albino Zavascki que a melhor solução para a concessão imediata

da tutela da parte incontroversa seria o rompimento do julgamento, permitindo a

prolação de uma sentença parcial, mas definitiva e de mérito.

Ter-se-ia, com essa solução, a possibilidade de outorgar, relativamente

ao pedido incontroverso, a imediata, completa e definitiva tutela

jurisdicional. Não foi essa, todavia, a opção do legislador, que preferiu o caminho da tutela antecipada provisória. Com isso, limitou-se o

âmbito da antecipação aos efeitos executivos da tutela pretendida.

No mesmo sentido também é o entendimento de Luiz Guilherme Marinoni,

O parágrafo quarto do artigo 273 objetiva permitir apenas a revogação

ou a modificação da tutela fundada em cognição sumária. No caso de tutela antecipatória mediante o julgamento antecipado de parcela do

pedido ou de um dos pedidos cumulados, não há que se falar em

possibilidade de revogação da tutela, já que a tutela antecipatória, nestas hipóteses, é fundada em cognição exauriente, produzindo coisa

julgada material.

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19

Porém optou o legislador, nas palavras de Zavascki por antecipar os efeitos

executivos da futura sentença,

O que se faz, simplesmente, é adiantar os efeitos executivos que

poderão decorrer da futura sentença definitiva condenatória,

declaratória, constitutiva ou desconstitutiva. Efeitos executivos, entenda-se bem, considerados no sentido amplo: são os efeitos que se

passam, não no mundo dos pensamentos, mas no plano da realidade, a

saber, os que se destinam ou têm aptidão para produzir ou induzir a manutenção ou a modificação do estado de fato.

Assim considerada a natureza da tutela antecipada em face de pedido

incontroverso, a ela se aplica, em princípio, o regime geral das demais

hipóteses de antecipação previstas no art. 273 do CPC: (a) depende de “requerimento da parte” (caput), (b) a decisão do juiz deve ser

fundamentada “de modo claro e preciso” (§ 1º), e (c) “poderá ser

revogada ou modificada a qualquer tempo” (§ 4º), eis que (d) terá caráter provisório até a sobrevinda do “final julgamento” do processo

(§ 5º). Sua outorga poderá ocorrer a qualquer tempo, no curso do

processo, a partir do momento em que ficarem configurados os requisitos, mormente o da “incontrovérsia”, somente verificável a

partir da contestação.

Mauro Simonassi traz a ideia de cisão do mérito ao preferir as decisões de

antecipação de tutela do pedido incontroverso. Explica o autor que de acordo com o

disposto no artigo 269, II do CPC, há resolução do mérito quando o ré reconhece a

procedência do pedido, hipótese que na visão do autor se aplica, portanto cabível

sentença de resolução do mérito embasado em tal artigo no caso do disposto no artigo

273, §6º.

Havendo, portanto, incontroversia quanto a um ou mais pedidos, ou

mesmo parte deles, autorizado está o juiz a proferir sentença com

resolução do mérito, com fundamento no artigo. 273, §6.º c/c o art.

269, II do CPC, antecipando-se a tutela de modo definitivo e não somente provisório.

Mais precisamente, quando incontrovertida parte da demanda, haveria

o julgamento antecipado do mérito, na hipótese específica do art. 273, §6.º, do CPC, já que não seria necessária a produção de qualquer outra

prova a justificar a espera do processo principal, o que implicaria em

linha de choque com o princípio constitucional da tempestividade do processo, inscrito no art. 5.º, LXXVII, introduzido com a EC 45/2005.

3.2 NATUREZA DA DECISÃO PROFERIDA COM BASE NO ARTIGO 273 § 6º DO

CPC

Vamos analisar o posicionamento de alguns doutrinadores quanto a natureza da

decisão proferida nos termos do §6º do artigo 273 do CPC.

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Para os autores Fredie Diddier Junior, Paula Sarno Braga e Rafael Oliveira,

“Embora previsto como parágrafo do art. 273, não se trata de regra relacionada à

antecipação de tutela, mas, sim, de permissão para decisão definitiva sobre parcela do

mérito da causa.”

Ademais, explicam ainda os autores referenciados por Luiz Guilherme Marinoni

que,

Avança-se um pouco mais em relação à tutela antecipada, pois, muito embora seja decisão anterior à sentença, não se trata de tutela fundada

em cognição sumária ou em razão de verossimilhança. Há cognição

exauriente e juízo de certeza, e “tendo em vista que a tutela não se funda em um juízo de probabilidade ,não há razão para se temer a

irreversibilidade”. Cuida-se de uma decisão interlocutória apta à coisa

julgada material e que, por isso mesmo, pode ser executada

definitivamente.

Portanto para os autores citados a decisão proferida com base no art. 273, §6º é

decisão interlocutória, de cognição exauriente e que é afetada pela coisa julgada

material, e (...) que somente poderá ser desconsiderada via ação rescisória.

Para os autores Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero,

O julgamento se dá por decisão interlocutória de méritodefinitiva e

irrevogável. Há quem sustente que se trata de verdadeira sentença parcial de mérito. Seja como for, o recurso cabível é o agravo de

instrumento. Como, todavia, o mérito da causa foi enfrentado de

maneira definitiva, o que normalmente só ocorre na sentença no sistema do Código de Processo Civil não há como negar às partes os mesmos

direitos e garantias que lhes são atribuídos pelo regime da apelação, sob

pena de se dar aos litigantes oportunidades diferentes em situações que

merecem idêntico tratamento, o que evidentemente é contrário ao postulado da coerência do ordenamento jurídico. Assim, nesse agravo

de instrumento as partes têm direito à sustentação oral, à interposição se

for o caso, de embargos infringentes, de recurso especial e/ou de recurso extraordinário não retidos, e, configurados os pressupostos, à

propositura de ação rescisória do julgado (art.485, CPC).

No tocante a coisa julgada e possibilidade de revogação e modificação da tutela

concedida explica o autor Luiz Guilherme Marinoni,

Embora fundamental para selar as decisões que colocam sim ao

processo de conhecimento, e, em princípio, avessa ao procedimento de

cognição sumária, não há porque vincular coisa julgada material e cognição exauriente. (...)

Isso quer dizer que não é correto pensar que a decisão que concede a

tutela antecipatória com base em convicção de verdade produz, apenas

por isto, coisa julgada material. O fato de uma decisão ter plenas condições de produzir coisa julgada não é uma consequência inexorável

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da cognição exauriente. O que importa, em relação a uma decisão

proferida no curso do processo de conhecimento, é saber os limites de

sua estabilidade, ou melhor, se ela pode ser revogada, em que termos e com base em quais critérios.

Quando escrevemos, há aproximadamente dez anos, “Tutela

antecipatória, julgamento antecipado e execução imediata da sentença”, propusemos que o julgamento antecipado de parcela do pedido fosse

pensado na perspectiva do julgamento antecipado da lide, nos termos do

art.330 do Código de Processo Civil, e assim produzisse coisa julgada

material. Acontece que o Poder Legislativo, ainda que por razões não merecedoras de elogios, entendeu por bem tratar do julgamento parcial

como tutela antecipatória parcial, inserindo a sua previsão no §6.º do

art. 273 exatamente para subordiná-lo à possibilidade de sua revogação ou modificação, nos termos do §4.º do mesmo artigo.

Entende o autor que o legislador atribuiu ao julgamento parcial condição de

tutela antecipada capaz de sofrer revogação e modificação.

Já o autor Cássio Scarpinella Bueno entende que,

Não se trata, contudo, de um “julgamento antecipado da lide” nos termos do art. 330 (v. n. 3 do Capítulo 2 da Parte III do vol. 2, tomo I). è

que aquele instituto, para o Código de Processo Civil, não significa que

os efeitos da decisão jurisdicional possam ser sentidos imediatamente.

O “julgamento antecipado da lide” é técnica que permite, em determinadas hipóteses, a supressão da “fase instrutória”. A “tutela

antecipada” nos casos do art. 273, §6º, vai além: ela permite a produção

imediata da decisão proferida pelo magistrado.

São essas as premissas que deve nortear a interpretação do dispositivo.

Trata-se, pois, de julgamento antecipado parcial da lide com

reconhecimento de efeitos imediatos ao que já foi julgado. É disso que

trata o §6º do art. 273, razão suficiente para justificar seu tratamento apartado às hipóteses em que a antecipação da tutela se justifica pela

ocorrência dos pressupostos do art.273, I e II.

Entende também o autor que não se aplica ao julgamento antecipado disposto no

§ 6º do artigo 273 o que dispõe o §4º do mesmo artigo, de igual forma também não

precisa o magistrado confirmar, ao final, a decisão que concedeu a antecipação de tutela

(art. 273, §5º, c/c o art. 520, VII CPC).

4 JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO E

APLICAÇÃO NOS TRIBUNAIS

Embora a alteração legislativa trazida pela Lei 10.444/2002 tenha dado poderes

magistrado de antecipar parte dos pedidos, essa ferramenta não tem uma aplicação

efetiva pelo que se demonstra na jurisprudência.

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Esta dificuldade de aplicação do §6º do artigo 273 aos casos concretos acredita-

se que reside na dificuldade de desvincula-se os pedidos que são ou não incontroversos.

A doutrina sempre dá exemplos de pedidos que poderiam ser incontroversos e desta

forma poderia o juiz antecipar a concessão do pedido incontroverso, porém na prática, o

que se visualizou através das jurisprudências analisadas, foi uma dificuldade na

aplicação ou na subsunção do fato à norma do §6º do artigo 273.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. REFORMA PROCESSUAL. LEI Nº 11.232/2005. ADOÇÃO DO PROCESSO

SINCRÉTICO. ALTERAÇÃO DO CONCEITO DE SENTENÇA.

INCLUSÃO DE MAIS UM REQUISITO NA DEFINIÇÃO.

CONTEÚDO DO ATO JUDICIAL. MANUTENÇÃO DO PARÂMETRO TOPOLÓGICO OU FINALÍSTICO. TEORIA DA

UNIDADE ESTRUTURAL DA SENTENÇA. PROLAÇÃO DE

SENTENÇA PARCIAL DE MÉRITO. INADMISSIBILIDADE. CISÃO INDEVIDA DO ATO SENTENCIAL. ART. 273, § 6º, DO

CPC E NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

INAPLICABILIDADE. 1. Cinge-se a controvérsia a saber se as alterações promovidas pela Lei nº 11.232/2005 no conceito de

sentença (arts. 162, § 1º, 269 e 463 do CPC) permitiram, na hipótese

de cumulação de pedidos, a prolação de sentença parcial de mérito,

com a resolução definitiva fracionada da causa, ou se ainda há a obrigatoriedade de um ato único para resolver integralmente o mérito

da lide, pondo fim a uma fase do processo. 2. A reforma processual

oriunda da Lei nº 11.232/2005 teve por objetivo dar maior efetividade à entrega da prestação jurisdicional, sobretudo quanto à função

executiva, pois o processo passou a ser sincrético, tendo em vista que

os processos de liquidação e de execução de título judicial deixaram

de ser autônomos para constituírem etapas finais do processo de conhecimento; isto é, o processo passou a ser um só, com fases

cognitiva e de execução (cumprimento de sentença). Daí porque

houve a necessidade de alteração, entre outros dispositivos, dos arts. 162, 269 e 463 do CPC, visto que a sentença não mais "põe fim" ao

processo, mas apenas a uma de suas fases. 3. Sentença é o

pronunciamento do juiz de primeiro grau de jurisdição (i) que contém uma das matérias previstas nos arts. 267 e 269 do CPC e (ii) que

extingue uma fase processual ou o próprio processo. Em outras

palavras, sentença é decisão definitiva (resolve o mérito) ou

terminativa (extingue o processo por inobservância de algum requisito processual) e é também decisão final (põe fim ao processo ou a uma

de suas fases). Interpretação sistemática e teleológica, que melhor se

coaduna com o atual sistema lógico-processual brasileiro. 4. A novel legislação apenas acrescentou mais um parâmetro (conteúdo do ato)

para a identificação da decisão como sentença, pois não foi

abandonado o critério da finalidade do ato (extinção do processo ou da fase processual). Permaneceu, dessa forma, no Código de Processo

Civil de 1973 a teoria da unidade estrutural da sentença, a obstar a

ocorrência de pluralidade de sentenças em uma mesma fase

processual. 5. A sentença parcial de mérito é incompatível com o direito processual civil brasileiro atualmente em vigor, sendo vedado

ao juiz proferir, no curso do processo, tantas sentenças de

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mérito/terminativas quantos forem os capítulos (pedidos cumulados)

apresentados pelo autor da demanda. 6. Inaplicabilidade do art. 273, §

6º, do CPC, que admite, em certas circunstâncias, a decisão interlocutória definitiva de mérito, visto que não foram cumpridos

seus requisitos. Ademais, apesar de o novo Código de Processo Civil

(Lei nº 13.105/2015), que entrará em vigor no dia 17 de março de 2016, ter disciplinado o tema com maior amplitude no art. 356,

permitindo o julgamento antecipado parcial do mérito quando um ou

mais dos pedidos formulados na inicial ou parcela deles (i) mostrar-se

incontroverso ou (ii) estiver em condições de imediato julgamento, não pode incidir de forma imediata ou retroativa, haja vista os

princípios do devido processo legal, da legalidade e do tempus regit

actum. 7. Recurso especial não provido.

Neste julgado entende o Ministro que o julgamento parcial de mérito é

incompatível e inaplicável não somente ao processo em questão mas entende

incompatível com o direito processual civil brasileiro.

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO

PARCIAL DECLARADA. SENTENÇA PARCIAL DE MÉRITO. NULIDADE. A sentença parcial de mérito, no atual sistema

processual civil brasileiro, é nula, devendo ser cassada para o

julgamento único, ressalvado o eventual direito a antecipação, parcial ou total, dos efeitos da tutela. Para ser sentença não basta a decisão

judicial ter por conteúdo alguma das situações dos arts. 267 e 269 do

CPC. É necessário também que coloque fim a uma fase do procedimento em primeira instância. SENTENÇA PARCIAL DE

MÉRITO ANULADA. RECURSO PREJUDICADO.

Neste julgado, embora os Desembargadores não citem especificamente a

aplicabilidade do §6º do artigo 273, depreende-se da leitura do Acórdão que a Juíza de

Primeiro Grau aplicou o que prevê o artigo 273 §6º, porém entenderam os

Desembargadores por reformar a sentença que não é possível a prolação de uma

“sentença” parcial e que a sentença quando proferida deve por fim ao processo.

Vejamos mais alguns julgados em que também não foi possível a aplicação do

disposto no §6º do art. 273,

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C COBRANÇA E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E

DANOS – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – ART. 4º DA

LEI 1.060/50 – PRESUNÇÃO JURIS TANTUM – POSSIBILIDADE DE AFASTAMENTO NO CASO CONCRETO – TUTELA

ANTECIPADA – ART. 273, § 6º, DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL – IMPOSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DO REQUISITO –

RECURSO IMPROVIDO. Segundo precedentes do Superior Tribunal de Justiça, não se convencendo o magistrado da situação de

miserabilidade da parte quando solicitada a sua demonstração,

poderão ser indeferidos os benefícios da justiça gratuita, porquanto a

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declaração de hipossuficiência não ostenta presunção absoluta de

veracidade. Para o deferimento da tutela antecipada com fundamento

no § 6º do art. 273 do Código de Processo Civil, faz-se necessário que o pedido ou parte dele seja incontroverso.

RECURSOS ESPECIAIS. PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA.

VIOLAÇÃO DO ART. 273, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ARTIGO 273, §

6º, DO CPC. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA LEVANTAMENTO DO VALOR INCONTROVERSO DO

CRÉDITO. POSSIBILIDADE. CONSECTÁRIOS DA

CONDENAÇÃO. CABIMENTO. 1. Não importa negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adotou, para a resolução da

causa, fundamentação suficiente, porém diversa da pretendida pela

recorrente, para decidir de modo integral a controvérsia posta. De tanto resulta que não há falar, na espécie, em violação do artigo 535

do Código de Processo Civil, visto que inexiste qualquer vício a ser

sanado em sede de embargos de declaração. 2. A tese recursal

vinculada ao § 1º do artigo 273 do CPC, diversa da suscitada nas razões dos aclaratórios, não foi debatida no acórdão hostilizado,

sequer de modo implícito, não tendo servido de fundamento à

conclusão adotada pelo Tribunal de origem. Resta desatendido, portanto, o requisito específico de admissibilidade do recurso especial

concernente ao prequestionamento, o que atrai o óbice constante na

Súmula nº 211 desta Corte (v.g.: REsp 775.841/RS, Rel. Min. Nancy

Andrighi, DJe 26/3/2009). 3. Se um dos pedidos, ou parte deles, já se encontre comprovado, confessado ou reconhecido pelo réu, não há

razão que justifique o seu adiamento até a decisão final que aprecie a

parte controversa da demanda que carece de instrução probatória, podendo ser deferida a antecipação de tutela para o levantamento da

parte incontrovesa (art. 273, § 6º, do Código de Processo Civil). 4.

Não se discute que a tutela prevista no § 6º do artigo 273 do CPC atende aos princípios constitucionais ligados à efetividade da

prestação jurisdicional, ao devido processo legal, à economia

processual e à duração razoável do processo, e que a antecipação em

comento não é baseada em urgência, nem muito menos se refere a um juízo de probabilidade (ao contrário, é concedida mediante técnica de

cognição exauriente após a oportunidade do contraditório). Porém, por

questão de política legislativa, a tutela do incontroverso, acrescentada pela Lei nº 10.444/02, não é suscetível de imunidade pela coisa

julgada, inviabilizando o adiantamento dos consectários legais da

condenação (juros de mora e honorários advocatícios). 6. Recursos especiais da STM Networks Inc. e da STM Wireless

Telecomunicações Ltda. não providos.

5 JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO COMO

FERRAMENTA À EFETIVIDADE E CELERIDADE NOS

PROCESSOS

O desejo da Comissão designada para a elaboração do anteprojeto do novo

código de processo civil era a de desmitificar, simplificar e dar efetividade ao processo,

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25

que se mostrava excessivamente moroso, por muitas razões, mas principalmente em

razão da infinidade de recursos cabíveis. Por isso, o Ministro Luiz Fux, Presidente da

Comissão esclarece que a forma de tentar solucionar aos reclames da população foi “a

primeira etapa foi a de detectar as barreiras para a prestação de uma justiça rápida; a

segunda, legitimar democraticamente as soluções”.

Explica-se na exposição de motivos do CPC de 2015

A expressiva maioria dessas alterações, como, por exemplo, em 1.994,

a inclusão no sistema do instituto da antecipação de tutela ; em 1.995, a alteração do regime do agravo; e, mais recentemente, as leis que

alteraram a execução, foram bem recebidas pela comunidade jurídica

e geraram resultados positivos, no plano da operatividade do sistema.

Assim a elaboração do Código tinha 5 objetivos, quais são,

1) estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal; 2) criar condições para que o juiz possa

proferir decisão de forma mais rente à realidade fática subjacente à

causa; 3) simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por exemplo, o recursal; 4) dar

todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado;

e, 5) finalmente, sendo talvez este último objetivo parcialmente

alcançado pela realização daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe, assim, mais coesão.

E foi com esses objetivos que se chegou a esse Código, aprovado em 16 de

março de 2015 e que entrará em vigor em março de 2016.

6 O JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO NO

NOVO CPC

No novo Código de Processo Civil, Lei 13.105 de 16.03.2015, a possibilidade de

julgamento antecipado parcial do mérito está prevista no artigo 356, vejamos:

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais

dos pedidos formulados ou parcela deles: I – mostrar-se incontroverso;

II – estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art.

355.

Esta possibilidade antecipar o julgamento de mérito nas hipóteses acima

demonstra a preocupação do legislador em prestar desde logo a tutela ou parte dela à

parte.

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Vamos agora analisar as hipóteses de antecipação parcial do mérito. O inciso I

do artigo 356 do novo CPC fala que é possível à antecipação do mérito quando o pedido

for incontroverso. Explica o professor Luiz Guilherme Marinoni que

Incontroverso é aquilo sobre o qual não há discussão entre as partes. A

incontrovérsia pode defluir do não desempenho do ônus de

impugnação específica das alegações fáticas do autor (art.341), de transação parcial, de reconhecimento jurídico do pedido parcial, de

admissão em audiência de alegações de fato incontroversas e, em

geral, da existência no processo de alegações de fato que não dependem de prova (art. 374).

Assim caracterizada tal hipótese, ocorre o julgamento imediato de parte do

pedido ou de um dos pedidos cumulados.

O inciso II admite o julgamento antecipado quando o processo estiver em

condições de imediato julgamento, nos termos do artigo 355, que possibilita o

julgamento antecipado do pedido, por meio de sentença com resolução do mérito,

quando não há necessidade de produção de ais provas ou quando o réu for revel se o

requerimento de demais provas.

Explica Flavio Pereira Lima em seu artigo Reflexões sobre o novo CPC: o

fatiamento da sentença,

É interessante notar que o artigo 356 faz expressa referência ao

julgamento de parte dos pedidos, fazendo remissão às hipóteses do

artigo 355, por meio do qual a decisão que resolve os pedidos é

expressamente definida como sentença. E, no artigo 203, a sentença é definida como “pronunciamento por meio

do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à parte

cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. No artigo 487, a resolução do mérito ocorre, dentre outras, quando o

juiz “acolher ou rejeitar o pedido”.

Assim, interpretando esses dispositivos de forma sistemática, verifica-se que o Código autoriza que, no curso do processo, o Juiz resolva, em

definitivo, parte dos pedidos, por meio de sentença que colocará fim à

parte cognitiva relacionada àqueles pedidos específicos, prosseguindo o

processo com a instrução relativa àqueles pedidos que não estiverem prontos para julgamento.

O novo CPC disciplinou, portanto, a figura da sentença parcial que nada

mais é do que a decisão que julgará definitivamente o mérito de uma parcela dos pedidos formulados. Essa sentença parcial poderá ser

impugnada por meio de agravo de instrumento, nos termos do parágrafo

5o do artigo 356 e, de outro lado, a parte poderá liquidar ou promover o

cumprimento da decisão em autos suplementares (parágrafo 4o do mesmo artigo). A decisão de mérito do artigo 356 poderá, ainda, ser

desafiada por ação rescisória, tal como qualquer sentença, nos termos

do artigo 966 do novo Código.

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7 DIFERENÇAS ENTRE O CONTIDO NO CÓDIGO DE 1973 E O

CONTIDO NO NOVO CÓDIGO (2015)

Primeiramente a diferença está que no código atual a possibilidade de o juiz

conceder a tutela antecipada do pedido incontroverso era que esta previsão se restringia

a apenas um parágrafo do artigo 273, e que não foi estabelecido originalmente no

código, mas adicionado por uma alteração ao CPC, com a Lei 10.444 de 07 de maio de

2002. Já no novo Código esta tutela ganhou uma sessão inteira, Secão III – Do

julgamento antecipado parcial do mérito, demonstrando que era algo que prescindia de

maior regulação, visto a atenção e cuidado do legislador para com o tema.

Já no código atual, quando introduzida à possibilidade de antecipação do pedido

incontroverso, pela Lei 10.444/2002, a intenção do legislador era de estabelecer critérios

para a efetivação da tutela antecipada, do procedimento sumário e da execução judicial

e extrajudicial, objetivando uma prestação jurisdicional mais célere e eficaz.

Explica Pedro Henrique Silva Santos Braga em seu artigo Da previsão de

julgamento antecipado parcial do mérito constante do novo CPC: uma correção

necessária ao CPC de 1973,

É que, diferentemente da antecipação dos efeitos da tutela

regulamentada no caput e demais parágrafos do art. 273 do CPC de 1973 (especialmente do §1º ao §5º), a decisão proferida com base no

§6º do mesmo verbete legal, possui o condão de resolver,

antecipadamente é verdade, parcela do mérito da causa, exigindo do

magistrado, portanto, o exercício da cognição exauriente. Reforça este entendimento o fato de que, ao contrário da antecipação

dos efeitos da tutela, os requisitos para a prolação da decisão com base

no §6 do art. 273 do CPC de 1973 não são a prova inequívoca e a verossimilhança das alegações, mas sim, a incontrovérsia de um pedido

formulado ou parcela dele (verificada, por exemplo, a partir da

confissão ficta decorrente da revelia da parte contrária) e a

desnecessidade de dilação probatória. Presente estes requisitos, autorizado está o juiz a fracionar o julgamento da demanda, mediante a

prolação de decisão antecipada definitiva de mérito.

Concluiu o autor dizendo a hipótese do §6º do artigo 273 representou um

enorme avanço com relação à clássica visão da antecipação de tutela, por isso entende o

mesmo tratar-se de hipótese de julgamento conforme o estado do processo, e que

melhor se classificaria como julgamento antecipado (parcial) do mérito.

Num comparativo do disposto no CPC de 1973 e o disposto no CPC de 2015,

explica ainda o autor que o instituo não sofreu grandes alterações, porém passou a

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constar no capítulo destinado “(...) as hipóteses de julgamento conforme o estado do

processo”.

O autor chama a atenção para o disposto no§3º do artigo 356 que possibilita o

transito em julgado da decisão proferida com base no artigo 356, ficando claro seu

caráter definitivo. Outro tópico ao qual o autor também chama a atenção é ao disposto

no §5º do art. 356, que prevê como meio de impugnação à decisão de julgamento

antecipado parcial de mérito o agravo de instrumento.

Explica o autor,

Aqui cabe uma rápida explicação. Na verdade, embora definitiva e

produto do exercício de cognição exauriente do magistrado (juízo de

certeza e não de probabilidade), o “Julgamento Antecipado Parcial de

Mérito” não põe fim ao processo, uma vez que a demanda seguirá quanto aos pedidos que não se enquadrem nesta hipótese de solução

judicial.

Assim valendo-se da regra geral da natureza jurídica dos provimentos judiciais, são interlocutórias as decisões que não põem fim ao

processo, sendo, pois, impugnáveis por agravo na forma instrumental

(e não retido), já que, vale repetir, a decisão proferida em sede de “Julgamento Antecipado Parcial de Mérito” é definitiva, prescindindo,

pois, de confirmação posterior.

Ainda com relação a impugnação da sentença proferida com base no artigo 356

do CPC de 2015, ser por meio de agravo de instrumento explica Josè Rogério Cruz e

Tucci em seu artigo Novo Código Civil traz mudanças no julgamento antecipado,

Note-se que essa decisão desafia agravo de instrumento, como, aliás,

expressamente prevê o parágrafo 5° do artigo 356. Nesse caso, a nova lei ainda prevê a possibilidade de o autor liquidar

ou executar desde logo a condenação “reconhecida na decisão que

julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que

haja recurso contra essa interposto” (parágrafo 2° do artigo 356). Ausente o quantum debeatur, porque ilíquido o ato decisório, o

demandante tem a faculdade de providenciar, consoante o artigo 509,

a liquidação do montante da condenação. O preceito acima transcrito, por outro lado, confirma o disposto no

novo artigo 1.019, inciso I, no sentido de que o recurso de agravo de

instrumento, em regra, não é dotado de efeito suspensivo, a autorizar, nos termos do artigo 520 e seguintes, o respectivo cumprimento

provisório da decisão.

Outros pontos que na visão de alguns juristas ficou um pouco dúbio é com

relação a coisa julgada e ação rescisória, para José Henrique Mouta Araújo,

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29

Por outro lado, o CPC/15 provoca uma revisitação do tema (prazo

para rescisória em caso de resolução parcial ou mesmo recurso

parcial), incluindo o posicionamento de alguns julgados que

consagram a coisa julgada como fenômeno que ocorre apenas após o julgamento do último recurso. A rigor, aliás, deverão ser revisitados

conceitos tradicionais como o de coisa julgada, rescisória, trânsito

em julgado, objeto da rescindibilidade e prazo decadencial para

desconstituição do decisum.

Há a necessidade de uma cuidadosa interpretação do CPC/15 em relação a estes assuntos, pois, de um lado, o legislador consagra a

possibilidade de resolução parcial de mérito e rescisória contra

partes de uma mesma decisão (art. 966, §3º.) e, de outro, afirma

que a ação rescisória se extingue em dois anos contados do trânsito em

julgado da última decisão proferida no processo (art.975 – com

pequena mudança terminológica em relação ao Enunciado 401

da Súmula da Jurisprudência Predominante do STJ³ – em

contraposição ao julgado do STF no RE 666589/DF).

Um raciocínio razoável a ser desenvolvido é que o prazo bienal

apenas começará a fluir após a última decisão proferida no processo, o que não impedirá o ajuizamento imediato da rescisória em caso de

coisa julgada advinda da resolução parcial de mérito ou recurso

parcial. Assim, nada impedirá que o prejudicado proponha de

imediato sua rescisória, em que pese seu prazo decadencial

ainda não esteja fluindo.

Há, portanto, pela leitura do art. 975, do CPC/15, a fixação de uma

condição para o início da fluência do prazo bienal para manejo da

demanda desconstitutiva. Partindo deste raciocínio, a coisa julgada

poderá, em casos de julgamento antecipado parcial ou de recurso

parcial, provocar a ação rescisória em prazo muito superior aos dois

anos (contado de cada capítulo de mérito não impugnado), eis

que a redação do art. 975, do CPC/15 indica como termo final o biênio

contado do trânsito em julgado da última decisão no processo. A questão será resolvida, na prática, pela análise do interesse

processual para o manejo da rescisória: se o bem jurídico já tiver

sido satisfeito em decisão parcial de mérito (art. 356, §3º. do

CPC/15), não haverá interesse no manejo da demanda

desconstitutiva muito tempo depois.

Essas são algumas questões que em virtude de ainda não estar o novo Código em

vigor, bem como em razão de sua inovação e a recente alteração ainda não pacíficas e

sem entendimentos majoritários. Ainda é muito recente para se falar em como será

adotada tais questões nos Tribunais e pelos demais magistrados.

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30

8 CONCLUSÃO

O objetivo da presente pesquisa era além de analisar os aspectos relativos ao

contido no artigo 273 § 6º, em como sua aplicação prática era de traçar um paralelo

entre o trazido pelo Código de 2015, bem como verificar se este novo Código trouxe as

soluções para as problemáticas acerca do tema.

Fora analisados vários doutrinadores que apresentaram o instituto da tutela

antecipada prevista no §6º do artigo 273. Alguns deles, ou melhor dizendo, a maioria

deles trazia embates quanto a natureza jurídica da decisão proferida com base no artigo

citado. Em decorrência da natureza jurídica, alguns doutrinadores também criticam a

alocação do artigo como tutela antecipada e não como julgamento parcial.

Após todas essas leituras, acabo por filiar-me aos doutrinadores que entendem

que esta possibilidade de julgamento antecipado do artigo 273 findou §6º se adequa a

possibilidade de julgamento antecipado, devido a entrega da parcela incontroversa ao

demandante. Esta entrega não é temporária, é definitiva, entregue quando da verificação

pelo magistrado de que o pedido ou parte deles estava apto a ser entregue à parte.

O novo Código a discussão acerca da natureza jurídica da decisão por dizer

expressamente que trata-se de uma hipótese de julgamento antecipado parcial do mérito,

conforme disposição do artigo 356.

Embora no parágrafo 3º do artigo 356 do CPC de 2015 haja a previsão de

transito em julgado da decisão, o que a tornará definitiva, entendem alguns juristas que

a problemática quanto a coisa julgada e a interposição da ação rescisória continuará.

Portanto não é possível uma conclusão quanto aos rumos destas situações

quando da entrada em vigência do novo Código, prevista para março de 2016.

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