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POSSIBILIDADE JURIDICA DO USO DE NOME SOCIAL POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRANS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SEM AUTORIZAÇÃO DE RESPONSÁVEIS LEGAIS Laura Souto Maior Kerstenetzky 1 RESUMO: O presente trabalho pretende contemplar a possibilidade de crianças e adolescentes travestis ou transexuais, menores de 18 anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso de nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem autorização dos/as pais/mães ou responsáveis legais. A utilização do nome social na educação, saúde, assistência social e demais áreas de prestação de serviços públicos objetiva minorar o constrangimento de pessoas trans e promover o respeito à identidade de gênero que não se encaixa nos padrões cisheteronormativos socialmente impostos. Assim, o respeito do uso do nome social por travestis e transexuais menores de idade nos atos administrativos do poder público reforça o Princípio da Dignidade Humana. O Poder Público Brasileiro tem o dever constitucional de assegurar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes travestis ou transexuais, devendo colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, com absoluta prioridade, garantindo-lhes uma vida digna, especialmente, quando lhes faltam o apoio familiar. Palavras-chave: Transexualidade; Nome Social; Crianças; Adolescentes; Políticas Públicas 1 INTRODUÇÃO O tema em apreço contempla, em suma, um estudo de referencial teórico e legislativo acerca da possibilidade jurídica de crianças e adolescentes travestis e transexuais, menores de 18 (dezoito) anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso de nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem autorização dos responsáveis legais. 1 Graduada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco UNICAP. Especialista em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE. E-mail: [email protected] Anais do XIV Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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POSSIBILIDADE JURIDICA DO USO DE NOME SOCIAL POR CRIANÇAS E

ADOLESCENTES TRANS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SEM AUTORIZAÇÃO

DE RESPONSÁVEIS LEGAIS

Laura Souto Maior Kerstenetzky1

RESUMO:

O presente trabalho pretende contemplar a possibilidade de crianças e adolescentes

travestis ou transexuais, menores de 18 anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso

de nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem

autorização dos/as pais/mães ou responsáveis legais. A utilização do nome social na

educação, saúde, assistência social e demais áreas de prestação de serviços públicos

objetiva minorar o constrangimento de pessoas trans e promover o respeito à identidade de

gênero que não se encaixa nos padrões cisheteronormativos socialmente impostos. Assim,

o respeito do uso do nome social por travestis e transexuais menores de idade nos atos

administrativos do poder público reforça o Princípio da Dignidade Humana. O Poder

Público Brasileiro tem o dever constitucional de assegurar os direitos fundamentais de

crianças e adolescentes travestis ou transexuais, devendo colocá-los a salvo de toda forma

de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, com absoluta

prioridade, garantindo-lhes uma vida digna, especialmente, quando lhes faltam o apoio

familiar.

Palavras-chave: Transexualidade; Nome Social; Crianças; Adolescentes; Políticas

Públicas

1 INTRODUÇÃO

O tema em apreço contempla, em suma, um estudo de referencial teórico e

legislativo acerca da possibilidade jurídica de crianças e adolescentes travestis e

transexuais, menores de 18 (dezoito) anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso de

nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem autorização

dos responsáveis legais.

1 Graduada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Especialista em Direitos

Humanos pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. E-mail: [email protected]

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É de salutar importância lembrar que as leis nem sempre são suficientes para

abarcar os fenômenos sociais de forma tão ágil como que estes acontecem no tempo-

espaço. Nesse contexto, é que se faz essencial a atuação de movimentos sociais

organizados ou determinados contingentes populacionais, objetivando moldar as normas e

praxes jurídicas às demandas vivenciais, uma vez que nenhum direito humano ou

fundamental foi conquistado sem o exercício do poder do povo.

Entretanto, reconhecendo seus limites, neste estudo, não serão adotadas

metodologias psicanalíticas ou neurocientíficas aprofundadas, visto que o objetivo deste

trabalho é analisar conteúdos meramente jurídicos quanto à garantia do direito de crianças

e adolescentes trans requererem a utilização do seu nome social sem a autorização dos/as

responsáveis legais no âmbito das políticas e serviços públicos.

2 CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRANS: USO DO NOME SOCIAL SEM

AUTORIZAÇÃO DE RESPONSÁVEIS LEGAIS

2.1 A definição de “criança” e “adolescente”: o sentimento de infância

A saber, inicialmente, o art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, a criança

é a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos. Já o/a adolescente é aquele/a que

possui entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade.

Ainda, à luz do art. 402 da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, é

considerado/a menor aquele/a trabalhador/a entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos, sendo

defeso estabelecer-se qualquer vínculo empregatício com o/a menor de 16 (dezesseis) anos,

salvo se na condição de aprendiz, desde que já tenha 14 (quatorze) anos completos.

Nota-se que a distinção entre criança e adolescente nestes dispositivos, por

exemplo, está baseada apenas no aspecto da idade, não levando em consideração a

condição psicológica e social do indivíduo.

A diferenciação estabelecida pelos/as legisladores/as não coincide,

necessariamente, com a evolução biológica de uma fase de desenvolvimento para a outra.

E, por este motivo, tal classificação não é pacífica na doutrina, conforme será demonstrado

adiante.

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Ensina Albergaria (1991, p. 24) que “a infância vai até a puberdade, na qual se

insere a adolescência”. E esta, por sua vez, para o mesmo autor cessa aos 16 (dezesseis) ou

17 (dezessete) anos na moça e aos 18 (dezoito) anos no rapaz.

Por conseguinte, pode se considerar, atualmente, a criança como o menino ou

menina de idade tenra, no período da infância, sendo esta entendida como a época decisiva

na qual se desenvolve o ser humano.

Nesse diapasão, crianças todas aquelas pessoas com menos de 18 (dezoito) anos

de idade, ressalvando que a maioridade poderá ser alcançada antes disto, de acordo com a

lei aplicável à criança em cada país. Isto é o que define o art. 1º da Convenção

Internacional dos Direitos da Criança de 1989.

Dessa forma, consoante doutrina analisada, faz-se importante dizer que a noção de

desenvolvimento da infância pode variar de uma sociedade para outra, dos momentos

históricos ou fatores culturais específicos.

Na sociedade medieval, por exemplo, não havia o sentimento de infância como se

conceitua atualmente. É o que informa Philippe Ariès (1981, p. 156) e, acrescenta que isto

não significava o abandono ou desprezo das crianças, ressalvando, ainda:

O sentimento de infância não significa o mesmo que a afeição pelas crianças:

corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que

distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Por essa razão,

assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude de sua mãe ou de

sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes.

Até o século XII, não existia lugar para a infância, não era concebida, portanto,

como um período de vida diferente, no qual as crianças necessitavam de cuidados

especiais. Para evitar o abandono de crianças em lugares públicos, nos bosques ou nas

ruas, por exemplo, surgiu ainda nessa época, o que se chama de “roda dos expostos”,

“roda, da misericórdia” ou “roda dos enjeitados”, nome que tem origem no mecanismo em

que se colocavam os bebês que se queria abandonar.

Tal receptáculo consistia num artefato de madeira fixado ao muro ou numa janela

de hospitais, conventos ou casas de misericórdia, onde era depositada a criança e, ao girá-

lo a criança era levada para dentro das dependências das instituições acolhedoras, sem que

a identidade do depositário ou expositor fosse revelada.

Assim, os/as pais/mães que quisessem abrir mão dos/as filhos/as podiam depositá-

los/as no cilindro. Puxava-se uma corda com uma sineta, para informar ao vigilante que um

bebê acabara de ser colocado ali.

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Os motivos que se levava ao abandono eram vários, sendo os mais comuns, a

extrema pobreza ou as questões morais, como o adultério. Ainda, o destino das crianças

deixadas na “roda dos inocentes” era diverso, podendo ser criadas por padres e freiras ou

encaminhadas para adoção.

Não obstante, nesse período, as condições gerais de higiene básica e saúde pública

eram demasiadamente precárias ou insuficientes, o que registrava um índice de

mortalidade infantil bastante alto. Sendo comum, casais terem uma quantidade numerosa

de filhos/as, para que alguns sobrevivessem, existindo certa indiferença.

Ainda assim, as crianças as quais chegavam certa idade não usufruíam de uma

identidade própria, só a adquirindo quando agissem de forma semelhante aos adultos, com

as quais estavam misturadas.

Entre os séculos XIII e XVII, pela forte influência da religião, a atenção dada às

crianças mudou significativamente, visto que se pensava ter as mesmas uma alma imortal,

tendo-se maior preocupação com seu bem-estar. Além disso, neste mesmo período, nascia

um novo hábito entre a classe social da burguesia: a ideia de infância estava correlacionada

à dependência para com os adultos.

Desse modo, começou a se reconhecer que as crianças precisavam de um

tratamento diferenciado, que as mesmas deixassem de ser misturadas aos adultos, antes

atingirem uma maturidade moral ou psicológica.

Com isto, a autora Tânia Ferreira (2010, p. 33) diz que, “a ideia de infância,

socialmente vinculada na história, é de carência, falta, incompletude que o universo adulto

poderia preencher e completar”.

Quando do século XVIII, a adolescência ainda era confundida com a infância.

Sabia-se somente sobre o termo “enfant”, ou seja, aquele que não fala, não tem a

capacidade de se expressar. Já o vocábulo “infância” tem origem na palavra “infantaria”,

soldados de linha de frente, subservientes, aqueles que se encontravam na primeira fila, e

estavam mais sujeitos ao perigo, mais fáceis de serem atingidos, feridos ou mortos.

Por volta do século XIX, a infância passou a ser julgada como um período de

passagem para a fase adulta. O cuidado com a prole era algo necessário, porém, sem

qualquer especificidade.

No passar dos anos, se descobre um mundo próprio e autônomo da infância,

começa a cultivar-se o afeto entre a criança e seus pais. As transformações iniciam-se,

portanto, dentro das relações familiares.

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No entanto, somente a partir do século XX é que o interesse com a educação e

bem-estar das crianças tornou-se o centro das atenções dentro da entidade familiar e da

sociedade. Nota-se que tudo o que se referia à prole, passou a ser tratado como um assunto

sério e relevante, de maneira que a importância da família e o sentimento de infância

tornaram-se concepções inseparáveis.

Na sociedade contemporânea, vê-se a infância como um período essencial para a

formação do indivíduo, posto que ocorre o desenvolvimento de um sistema pessoal de

comunicação, sendo as experiências vividas nessa fase fundamentais para construção da

personalidade adulta.

Alcançando-se, dessa maneira, uma consciência em relação à importância das

experiências vivenciadas durante a infância, foram elaboradas diversas políticas públicas

as quais objetivassem promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da

cidadania das crianças.

Resta claro que, o período da infância não é uma fase biológica da vida e, sim

uma construção cultural e histórica, de modo que, as abstrações numéricas não são capazes

de mensurar sua vulnerabilidade perante o meio em que vivem.

Portanto, sendo crianças e adolescentes seres socialmente ativos/as, que são

plenamente capazes de se posicionarem ante as opções lhes disponibilizadas, deve-se

proteger seus direitos como seres ainda em formação, bem como educa-los para se

tornarem indivíduos conscientes e responsáveis no sentido de se construir uma sociedade

harmoniosa e equilibrada.

2.2 Breve análise da proteção legal dada às crianças e adolescentes no Brasil

Como já se observou, em épocas mais remotas, a criança era vista como

propriedade do chefe de família, não possuía qualquer direito, devendo obedecer, sem

questionar, a todos os desejos do líder familiar, que detinha o poder de decisão a respeito

da vida e morte de seus filhos.

Durante o século XVIII, segundo Maria Luiza Marcilio (Freitas, 1997, p. 51),

foram implantadas 03 (três) rodas de expostos no Brasil, nas cidades de Salvador/Bahia,

Rio de Janeiro/Rio de Janeiro e Recife/Pernambuco, tendo sido definitivamente extintas

somente por volta de 1950.

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Ainda de acordo com esta autora, esse triste sistema cumpriu uma importante

função, visto que, “quase por meio século a roda dos expostos foi praticamente a única

instituição de assistência à criança abandonada em todo o Brasil”.

Desse modo, as ideias do século XVIII só chegaram a este país no fim do século

XIX e início do século XX. A partir daí a infância pobre torna-se alvo, não só de atenção e

de cuidados, mas também de receios.

Finalmente, em 1927, pelo Decreto nº 17.934-A aprovou-se o Código Mello

Mattos, organizado com o único objetivo de controlar a infância abandonada e os menores

delinquentes de ambos os sexos, menores de 18 (dezoito) anos. Isto porque, os menores

pobres, abandonados ou carentes eram tidos como indivíduos perigosos, tendo certa

tendência à conduta antissocial e não podendo se adaptar à vida em sociedade.

Percebe-se, pelos próprios termos da citada lei, que as "medidas de assistência e

proteção" nela contidas não envolviam todas as crianças, mas apenas as consideradas

"abandonadas ou delinquentes". Ainda assim, pode ser considerado como a primeira lei a

dar um tratamento mais sistemático e digno à criança e ao adolescente, referindo-se à

necessidade de intervenção estatal nesta frágil área social.

Posteriormente, a partir do novo Código de Menores de 1979, as crianças e os

adolescentes deixaram de ser classificados em conformidade com sua situação de carente,

delinquente, abandonado, dentre outras denominações, passando a fazer parte de um o

grupo designado como “menores em situação irregular”.

Com isto, a legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

não dispunha, em momento algum, a respeito da proteção da criança ou do adolescente,

mas tão-somente de sanções aplicadas aos menores infratores, em situação irregular, nos

termos deste diploma.

É de se destacar que a mesma ainda tratava o menor de idade de forma

discriminatória, posto que relacionava a pobreza à “delinquência”, ou seja, as crianças e

adolescentes de baixa renda eram vistos como seres inferiores, sendo Estado

responsabilizado pela manutenção da ordem, devendo o mesmo assistir menor, bem como

vigiar as famílias e as instituições que cuidariam deste.

Contudo, tal realidade mudou. Em 1988, pelo art. 227 da Constituição Federal

adota-se a doutrina da proteção integral de todas as crianças e adolescentes, isto é, lhes

devendo ser garantida absoluta prioridade no que concerne à segurança de direitos próprios

e especiais na sua condição peculiar de seres em desenvolvimento.

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Assim, foi iniciada uma movimentação a favor de uma lei que cooperasse

efetivamente para a exigibilidade dos direitos fundamentais infanto-juvenis, respaldados

pela Carta Magna, resultando na Lei nº 8.069/90 - o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA).

Este diploma legal compreendeu uma série de transformações no trato conferido à

questão da infância no Brasil. Além da substituição do termo “menor” para “criança” e

“adolescente”, é introduzida uma nova maneira de se vislumbrar e perceber a infância e a

juventude.

Ainda, para a autora Miriam L. Moreira Leite (Freitas, 1997, p. 17):

Neste final do século XX, a infância tornou-se uma questão candente para o

Estado e para as políticas públicas não governamentais, para o planejamento

econômico e sanitário, para legisladores, psicólogos, educadores e antropólogos,

para a criminologia e para a comunicação de massa.

Atualmente, a criança e o jovem, independentemente de classe social, são

considerados sujeitos de direito e não mero objetos de intervenção, de acordo com o

tratamento lhes concedido até aquele momento. Nesse mesmo sentido, preceitua o art. 1º

do ECA, arquitetado sob a égide da Convenção Internacional dos Direitos da Criança de

1989, ratificada pelo Brasil em 1990, revogando, expressamente, o Código de Menores

(Lei nº 4.513/64).

Então, é obrigação da família, da sociedade e do Estado asseverar ao infante e ao

jovem, de maneira prioritária, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,

à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária. Interpretação esta retirada da leitura do art. 227 da CRFB/1988 e do

art. 4º do ECA.

Em seguida, a redação do art. 5º do ECA, afirma que crianças e adolescentes

devem estar a salvos de todo tipo de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão, sendo reprimida qualquer violação, por ação ou omissão, aos seus

direitos fundamentais.

Não obstante, interessa sublinhar que tal proteção precisa ser compreendida no

seu sentido mais amplo, a fim de serem satisfeitas necessidades materiais da criança e do/a

adolescente, tais como: alimento, vestuário, educação, lazer, mas também o amparo físico,

moral, psicológico, ou seja, de carinho, afeto e empatia, mesmo quando afloram situações

contrárias aquelas cultivadas ou esperadas pelos/as seus/suas responsáveis legais, questões,

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por exemplo, de religiões não-cristãs, não-binarismo de gênero, de homossexualidade ou

transexualidade, entre outras.

Assim, alega Rodrigo Cunha Pereira (2011, p. 174) que “sem afeto não se pode

dizer que há família” e “se a família é uma estruturação psíquica entre seus membros, que

existe ou existirá sempre, independente e acima das formalidades jurídicas, significa que o

direito deve sempre se adaptar aos fatos da vida como ela é” (2011, p. 178).

Para tanto, o art. 6º do ECA destina à criança e ao adolescente respeito por sua

condição peculiar como pessoas em desenvolvimento, uma vez que ainda não moldou por

completo suas habilidades e capacidades cognitivas. Porém, isso não significa dizer que

são incapazes de compreender ou interpretar aquilo que acontece ao seu redor, bem como

de fazer algumas escolhas relacionadas ao seu bem-estar físico e psicológico.

O art. 7º do ECA vem ressaltar a importância de proteger a vida e a saúde das

crianças e dos adolescentes, devendo a família, a sociedade e o Poder Público dar

condições que os permitam um desenvolvimento saudável e harmonioso desde o seu

nascimento até chegarem à idade adulta.

Já os arts. 15 e 16 do ECA falam do direito à liberdade de expressão por parte da

criança, o que abrange a liberdade de locomoção, de criar, de se expressar, brincar,

divertir-se, praticar esportes, dentre outras atividades importantes para seu

amadurecimento, uma vez que o acesso à cultura e ao lazer também consistem em direitos

fundamentais da criança e do adolescente. É também o que se vislumbra no art. 53 do

mesmo diploma legal.

Por seu turno, o art. 17 do ECA trata do direito ao respeito à integridade física,

psíquica e moral da criança e do adolescente. Devendo-se, desse modo, asseverar-lhes a

preservação de sua imagem, identidade, autonomia, valores, ideias e crenças, espaços e

objetos pessoais.

A criança e o/a adolescente, como prevê o art. 18 do ECA deve ser protegida/o de

todo e qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor,

garantindo assim sua dignidade como pessoa humana que é, conforme já assegurado pelo

art. 227 da Constituição Federal de 1988.

Não obstante, para a efetivação de todos os direitos fundamentais direcionados de

forma especial à criança e ao adolescente, faz-se preciso garantir-lhes a convivência

familiar e comunitária, é o que se faz pelos arts. 19 ao 24 do ECA, desde que este ambiente

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seja propício a ter um desenvolvimento saudável e sem quaisquer tipos de preconceito ou

discriminação, conforme o art. 3º, IV da CRFB/1988.

De acordo com o autor Wilson Donizeti Liberati (2010, p. 25) quando descreve

que “a família é o primeiro agente socializador do ser humano. A falta de afeto e de amor

da família gravará pra sempre seu futuro”. Pode-se afirmar com segurança que a família é a

base da sociedade, é a partir desta que a criança formulará seus primeiros conceitos e

questionamentos em relação ao ambiente no qual está inserida.

E, por este motivo, cabe a tal instituição proteger sua prole de toda e qualquer

violação aos seus direitos e garantias fundamentais, dando-lhes a oportunidade de crescer

num ambiente propício a um desenvolvimento e amadurecimento digno e saudável. De

modo que, na ausência deste, a sociedade e o Poder Público devem estar atentos às

particularidades de cada criança e adolescente, no sentido de evitar seu sofrimento em

virtude de ofensa aos de direitos humanos dentro do núcleo familiar.

2.3 Proteção legal do uso do nome social por crianças e adolescentes travestis ou

transexuais nas políticas públicas

Primeiramente, entende-se por nome social o prenome pelo qual as pessoas trans se

reconhecem e preferem ser chamadas, que reflete sua identidade de gênero, divergente do

constante na certidão de nascimento, anterior à retificação de registro civil perante o Poder

Judiciário.

Importa frisar que utilização do nome social na educação, saúde, assistência social e

demais áreas de prestação de serviços públicos tem por função minorar o constrangimento

de pessoas trans e promover o respeito à identidade de gênero que não se encaixa nos

padrões cisheteronormativos copiosamente impostos no meio social.

Nesse contexto, o respeito do uso do nome social por travestis e transexuais

menores de idade nos atos administrativos do poder público reforça o princípio da

dignidade humana elencado no art. 1º da DUDH/1948 - Declaração Universal dos Direitos

Humanos (1948) e no art. 1º, III da CRFB/1988 - Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988.

É explícito e verossímil o dever constitucional do Poder Público Brasileiro

assegurar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes travestis ou transexuais, bem

como “colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,

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violência, crueldade e opressão” com absoluta prioridade (art. 227 da CRFB/1988 e art. 5º

do ECA) posto que sem a efetivação dessa garantia não há como se sustentar a ideia de

uma vida digna a todo e qualquer ser humano.

Engessar o uso do nome social por crianças e adolescentes travestis e transexuais

no ambiente do Poder Público à prévia autorização dos/as pais/mães ou responsáveis legais

significa fortalecer e dar continuidade à transfobia sofrida no núcleo familiar, já que

eles/elas são os/as primeiros/as a expressar repúdio em virtude da transexualidade dos/as

filhos/as, seja por motivos morais e/ou religiosos.

De acordo com dados coletados pela extinta Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República (2012, p. 29), através de denúncias no Disque 100, os/as

familiares ocupam o segundo lugar de quem mais comete violência contra LGBTs, de

modo que “entre os familiares, destacam‐se os irmãos, com 6,04% das ocorrências,

seguidos pelas mães e pais, com 3,93% e 3,24%, respectivamente”.

Ademais, a SDH (2012, p. 39) deixou registrado que a maior parte das violências

de cunho homobitransfóbico ocorrem dentro das casas das vítimas, ou seja, no núcleo

familiar, conforme índices a seguir:

Violências homofóbicas acontecem tanto em espaços públicos (como ruas,

estradas, escolas, instituições públicas, hospitais e restaurantes), quanto em

espaços privados, como se pode denotar com os dados de 2012. 38,63% das

violações ocorreram nas casas – da vítima (25,54%), do suspeito (7,76%), de

ambos ou de terceiros. Seguido pela rua, com 30,89% das violações e outros locais

com 19,88% das denúncias (ônibus, unidade prisional, manicômio ou hospital

psiquiátrico/casa de saúde, instituição de longa permanência para idosos, delegacia

de polícia como unidade prisional e unidade de medida sócio educativa). Em 2011,

essas proporções foram muito semelhantes, com 42% das violações ocorridas nas

casas e 30,8% na rua.

Em pesquisa mais recente, com as informações publicadas pela SDH (2013, p.38) é

possível perceber que a realidade não se alterou, de maneira que “há uma maior ocorrência

de violência homofóbica entre sujeitos que se conhecem (10,7%), familiares (6,6%),

amantes (3,2%), colegas (1,6%), empregados (0,6%) e vizinhos (0,3%)”.

Já quanto ao local de ocorrência da violência contra a população LGBT, em

consonância com dados apurados pela SDH (2013, p. 39):

Ainda que os locais de ocorrência de violência sejam muitas vezes não informados

(17,2%), a rua (25,3%) e a casa da vítima (23,7%) mantiveram-se como os

principais espaços de ocorrência de violência homofóbica”. Importa dizer que a

população LGBT está vulnerável não só nos espaços públicos como também

dentro de suas próprias casas, onde se espera que haja a garantia de laços de afeto,

conforto e segurança por parte da família.

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Não à toa a autora LANZ (2014, p. 241) alega que:

Não é possível abrir mão de ser a pessoa que se é sem criar vazios imensos,

dolorosos e insuportáveis na própria psique. Sem ferir de morte a própria

subjetividade, condenada a sobreviver como um fantasma, uma sombra na vida

da pessoa, em vez de ser o centro da que é da sua própria existência.

Esse é, igualmente, o entendimento da Convenção Internacional sobre os Direitos

da Criança, adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro/1989 e

promulgada pelo Brasil através do Decreto nº 99.710/1990, aproximadamente 01 (um) ano

após sua entrada em vigor no âmbito internacional, por meio da qual:

Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar a

proteção da criança contra toda forma de discriminação ou castigo por causa da

condição, das atividades, das opiniões manifestadas ou das crenças de seus pais,

representantes legais ou familiares.

Tal direito tem forte e amplo respaldo no art. 6º do Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), pelo qual deverão ser levados em conta fins sociais e as exigências do

bem comum a que a Lei nº 8.069/1990 se dirige, sendo observados os direitos e deveres

individuais e coletivos, além da condição peculiar da criança e do adolescente como

pessoas em desenvolvimento.

Dessa maneira, quando a família falha no seu dever de respeitar a liberdade e

proporcionar a dignidade de seus integrantes, é papel do Poder Público assumir esse múnus

e colocar em prática os preceitos constitucionais, em especial o princípio máximo do

melhor interesse da criança e do adolescente, mesmo contrário aos desígnios dos/as

genitores/as ou responsáveis legais, no sentido de garantir “efetivação de políticas sociais

públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em

condições dignas de existência” da criança e do adolescente (art. 7º do ECA).

Nesse sentido, o art. 3º da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de

1989 dispõe que “todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições

públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos

legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da criança”.

Não é possível, ainda, argumentar que a dispensa de permissão infringe o poder

familiar, pelo qual é atribuição dos/as pais/mães a responsabilidade de criação e educação

dos/as filhos/as (art. 1.634 do Código Civil de 2002 e art. 22 do ECA), isto porque se

estes/as repudiam a transexualidade de sua prole de forma a lhes gerar embaraços no

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convívio social ou em atividades cotidianas, estão nitidamente descumprindo de um dos

mais elementares sustentáculos da paternidade ou maternidade, qual seja: assegurar a

liberdade de expressão, a integridade física/moral e o respeito à dignidade como pessoas

humanas em desenvolvimento (art. 15 ao 17 do ECA).

Importa lembrar, aliás, de um diploma internacional que, em especial, merece

eminente destaque, qual seja, os Princípios de Yogyakarta (2007), de modo que os Estados

Partes devem:

Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias

para assegurar que em todas as ações e decisões relacionadas a crianças, sejam

tomadas por instituições sociais públicas ou privadas, tribunais, autoridades

administrativas ou órgãos legislativos, o melhor interesse da criança tem primazia

e que a orientação sexual ou identidade de gênero da criança ou de qualquer

membro da família ou de outra pessoa não devem ser consideradas

incompatíveis com esse melhor interesse.

Outrossim, caso a inevitabilidade de autorização fosse prevista como um direito

do/as responsáveis legais de vigilância, proveniente do poder familiar, estaria se

vislumbrado um exemplo claro de conflito entre direitos e deveres fundamentais dos/as

pais/mães e dos/as filhos/as, concretizando o dever do estado e da sociedade proteger a

“dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento

desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (art. 18 e 70 do ECA).

Diante das posições morais conservadoras e religiosas fundamentalistas

amplamente veiculadas na mídia, é evidente que o Poder Legislativo ainda não apresentou

uma resposta concreta quanto ao fato social apresentado, de modo que, na procura pela

cidadania plena (art. 1º, II da CRFB/1988), crianças e adolescentes travestis ou transexuais

continuam esbarrando na ausência de lei ou outro documento legal que verse sobre o

direito ao uso do nome social, autonomamente, sem vinculá-lo ao arbítrio de seus/suas

responsáveis legais.

Nessas circunstâncias, na busca pela manutenção do status quo, ou seja,

discriminação e invisibilidade de pessoas trans, o Poder Executivo não se posiciona

abertamente em favor do respeito da identidade de gênero não cisheteronomativa de

menores de 18 (dezoito) anos de idade.

Contudo, conforme avalia, brilhantemente, o desembargador federal Roger Raupp

Rios (2017), em entrevista concedida por e-mail à revista IHU On-Line, é essencial

ressaltar que:

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As instituições jurídicas brasileiras (Judiciário, advocacia, Ministério Público,

forças de segurança pública, dentre outras) não vivem fora da história, muito

menos são imunes ao contexto nacional. Pode-se perceber que quanto mais a

democracia, não só política, mas também social, consolida-se, aumentam a

quantidade e a qualidade das respostas diante de discriminação. Assim, momentos

em que há retrocessos e resistência aos direitos humanos e fundamentais no

país e no mundo acabam impactando na mentalidade e no funcionamento

dessas instituições, enfraquecendo as respostas judiciais.

Sem surpresas, tem sido possível encontrar uma maneira de enfrentar tais

dissidências na jurisprudência pátria, fica evidente a importância do Poder Judiciário da

garantia de direitos fundamentais das “minorias” sociais, não sendo diverso quando se trata

da população de travestis e transexuais.

Dito isto, resta nítido que, a despeito de não existir uma lei própria dispondo sobre

do uso do nome social por travestis e transexuais, menores de 18 (dezoito) anos, nos atos

do Poder Público, não há qualquer dispositivo no Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) ou normativa no ordenamento jurídico brasileiro que torne tal conduta ilícita,

fazendo-se, nesse sentido, urgente e imperioso suscitar a concessão legal para crianças e

adolescentes realizarem o requerimento formal (verbal ou escrito) para uso do nome social

no âmbito interno dos órgãos públicos.

Portanto, a omissão na prerrogativa do uso nome social por crianças e adolescentes

travestis e transexuais nos atos administrativos da gestão governamental traduz manifesta

inobservância dos direitos básicos atestados na Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros textos jurídico-

normativos que se coadunam com os princípios fundamentais e os Direitos Humanos,

caracterizando ofensa psíquica e moral causadora de descontentamento, consternação e

desânimo para a população trans, de maneira que não pode relevada pelos Poderes

Públicos e/ou Sociedade Civil.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Faz-se necessário construir a ideia de que não se pode mais viver sob um

formalismo positivista, pelo qual se prega que somente aquilo expressamente previsto em

lei é possível ser concedido a alguém, engessando, assim, os direitos humanos e

fundamentais aos textos jurídico-normativos, sem considerar o tempo-espaço social que se

ocupa, bem como a evolução e desenvolvimento das relações humanas.

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