possibilidade juridica do uso de nome social por … · travestis ou transexuais, menores de 18...
TRANSCRIPT
POSSIBILIDADE JURIDICA DO USO DE NOME SOCIAL POR CRIANÇAS E
ADOLESCENTES TRANS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SEM AUTORIZAÇÃO
DE RESPONSÁVEIS LEGAIS
Laura Souto Maior Kerstenetzky1
RESUMO:
O presente trabalho pretende contemplar a possibilidade de crianças e adolescentes
travestis ou transexuais, menores de 18 anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso
de nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem
autorização dos/as pais/mães ou responsáveis legais. A utilização do nome social na
educação, saúde, assistência social e demais áreas de prestação de serviços públicos
objetiva minorar o constrangimento de pessoas trans e promover o respeito à identidade de
gênero que não se encaixa nos padrões cisheteronormativos socialmente impostos. Assim,
o respeito do uso do nome social por travestis e transexuais menores de idade nos atos
administrativos do poder público reforça o Princípio da Dignidade Humana. O Poder
Público Brasileiro tem o dever constitucional de assegurar os direitos fundamentais de
crianças e adolescentes travestis ou transexuais, devendo colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, com absoluta
prioridade, garantindo-lhes uma vida digna, especialmente, quando lhes faltam o apoio
familiar.
Palavras-chave: Transexualidade; Nome Social; Crianças; Adolescentes; Políticas
Públicas
1 INTRODUÇÃO
O tema em apreço contempla, em suma, um estudo de referencial teórico e
legislativo acerca da possibilidade jurídica de crianças e adolescentes travestis e
transexuais, menores de 18 (dezoito) anos, solicitarem, por meio de requerimento, o uso de
nome social no âmbito do poder público nacional, estadual e municipal, sem autorização
dos responsáveis legais.
1 Graduada em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP. Especialista em Direitos
Humanos pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. E-mail: [email protected]
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
2
É de salutar importância lembrar que as leis nem sempre são suficientes para
abarcar os fenômenos sociais de forma tão ágil como que estes acontecem no tempo-
espaço. Nesse contexto, é que se faz essencial a atuação de movimentos sociais
organizados ou determinados contingentes populacionais, objetivando moldar as normas e
praxes jurídicas às demandas vivenciais, uma vez que nenhum direito humano ou
fundamental foi conquistado sem o exercício do poder do povo.
Entretanto, reconhecendo seus limites, neste estudo, não serão adotadas
metodologias psicanalíticas ou neurocientíficas aprofundadas, visto que o objetivo deste
trabalho é analisar conteúdos meramente jurídicos quanto à garantia do direito de crianças
e adolescentes trans requererem a utilização do seu nome social sem a autorização dos/as
responsáveis legais no âmbito das políticas e serviços públicos.
2 CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRANS: USO DO NOME SOCIAL SEM
AUTORIZAÇÃO DE RESPONSÁVEIS LEGAIS
2.1 A definição de “criança” e “adolescente”: o sentimento de infância
A saber, inicialmente, o art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, a criança
é a pessoa com até 12 (doze) anos de idade incompletos. Já o/a adolescente é aquele/a que
possui entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade.
Ainda, à luz do art. 402 da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, é
considerado/a menor aquele/a trabalhador/a entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos, sendo
defeso estabelecer-se qualquer vínculo empregatício com o/a menor de 16 (dezesseis) anos,
salvo se na condição de aprendiz, desde que já tenha 14 (quatorze) anos completos.
Nota-se que a distinção entre criança e adolescente nestes dispositivos, por
exemplo, está baseada apenas no aspecto da idade, não levando em consideração a
condição psicológica e social do indivíduo.
A diferenciação estabelecida pelos/as legisladores/as não coincide,
necessariamente, com a evolução biológica de uma fase de desenvolvimento para a outra.
E, por este motivo, tal classificação não é pacífica na doutrina, conforme será demonstrado
adiante.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
3
Ensina Albergaria (1991, p. 24) que “a infância vai até a puberdade, na qual se
insere a adolescência”. E esta, por sua vez, para o mesmo autor cessa aos 16 (dezesseis) ou
17 (dezessete) anos na moça e aos 18 (dezoito) anos no rapaz.
Por conseguinte, pode se considerar, atualmente, a criança como o menino ou
menina de idade tenra, no período da infância, sendo esta entendida como a época decisiva
na qual se desenvolve o ser humano.
Nesse diapasão, crianças todas aquelas pessoas com menos de 18 (dezoito) anos
de idade, ressalvando que a maioridade poderá ser alcançada antes disto, de acordo com a
lei aplicável à criança em cada país. Isto é o que define o art. 1º da Convenção
Internacional dos Direitos da Criança de 1989.
Dessa forma, consoante doutrina analisada, faz-se importante dizer que a noção de
desenvolvimento da infância pode variar de uma sociedade para outra, dos momentos
históricos ou fatores culturais específicos.
Na sociedade medieval, por exemplo, não havia o sentimento de infância como se
conceitua atualmente. É o que informa Philippe Ariès (1981, p. 156) e, acrescenta que isto
não significava o abandono ou desprezo das crianças, ressalvando, ainda:
O sentimento de infância não significa o mesmo que a afeição pelas crianças:
corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que
distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Por essa razão,
assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude de sua mãe ou de
sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes.
Até o século XII, não existia lugar para a infância, não era concebida, portanto,
como um período de vida diferente, no qual as crianças necessitavam de cuidados
especiais. Para evitar o abandono de crianças em lugares públicos, nos bosques ou nas
ruas, por exemplo, surgiu ainda nessa época, o que se chama de “roda dos expostos”,
“roda, da misericórdia” ou “roda dos enjeitados”, nome que tem origem no mecanismo em
que se colocavam os bebês que se queria abandonar.
Tal receptáculo consistia num artefato de madeira fixado ao muro ou numa janela
de hospitais, conventos ou casas de misericórdia, onde era depositada a criança e, ao girá-
lo a criança era levada para dentro das dependências das instituições acolhedoras, sem que
a identidade do depositário ou expositor fosse revelada.
Assim, os/as pais/mães que quisessem abrir mão dos/as filhos/as podiam depositá-
los/as no cilindro. Puxava-se uma corda com uma sineta, para informar ao vigilante que um
bebê acabara de ser colocado ali.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
4
Os motivos que se levava ao abandono eram vários, sendo os mais comuns, a
extrema pobreza ou as questões morais, como o adultério. Ainda, o destino das crianças
deixadas na “roda dos inocentes” era diverso, podendo ser criadas por padres e freiras ou
encaminhadas para adoção.
Não obstante, nesse período, as condições gerais de higiene básica e saúde pública
eram demasiadamente precárias ou insuficientes, o que registrava um índice de
mortalidade infantil bastante alto. Sendo comum, casais terem uma quantidade numerosa
de filhos/as, para que alguns sobrevivessem, existindo certa indiferença.
Ainda assim, as crianças as quais chegavam certa idade não usufruíam de uma
identidade própria, só a adquirindo quando agissem de forma semelhante aos adultos, com
as quais estavam misturadas.
Entre os séculos XIII e XVII, pela forte influência da religião, a atenção dada às
crianças mudou significativamente, visto que se pensava ter as mesmas uma alma imortal,
tendo-se maior preocupação com seu bem-estar. Além disso, neste mesmo período, nascia
um novo hábito entre a classe social da burguesia: a ideia de infância estava correlacionada
à dependência para com os adultos.
Desse modo, começou a se reconhecer que as crianças precisavam de um
tratamento diferenciado, que as mesmas deixassem de ser misturadas aos adultos, antes
atingirem uma maturidade moral ou psicológica.
Com isto, a autora Tânia Ferreira (2010, p. 33) diz que, “a ideia de infância,
socialmente vinculada na história, é de carência, falta, incompletude que o universo adulto
poderia preencher e completar”.
Quando do século XVIII, a adolescência ainda era confundida com a infância.
Sabia-se somente sobre o termo “enfant”, ou seja, aquele que não fala, não tem a
capacidade de se expressar. Já o vocábulo “infância” tem origem na palavra “infantaria”,
soldados de linha de frente, subservientes, aqueles que se encontravam na primeira fila, e
estavam mais sujeitos ao perigo, mais fáceis de serem atingidos, feridos ou mortos.
Por volta do século XIX, a infância passou a ser julgada como um período de
passagem para a fase adulta. O cuidado com a prole era algo necessário, porém, sem
qualquer especificidade.
No passar dos anos, se descobre um mundo próprio e autônomo da infância,
começa a cultivar-se o afeto entre a criança e seus pais. As transformações iniciam-se,
portanto, dentro das relações familiares.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
5
No entanto, somente a partir do século XX é que o interesse com a educação e
bem-estar das crianças tornou-se o centro das atenções dentro da entidade familiar e da
sociedade. Nota-se que tudo o que se referia à prole, passou a ser tratado como um assunto
sério e relevante, de maneira que a importância da família e o sentimento de infância
tornaram-se concepções inseparáveis.
Na sociedade contemporânea, vê-se a infância como um período essencial para a
formação do indivíduo, posto que ocorre o desenvolvimento de um sistema pessoal de
comunicação, sendo as experiências vividas nessa fase fundamentais para construção da
personalidade adulta.
Alcançando-se, dessa maneira, uma consciência em relação à importância das
experiências vivenciadas durante a infância, foram elaboradas diversas políticas públicas
as quais objetivassem promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da
cidadania das crianças.
Resta claro que, o período da infância não é uma fase biológica da vida e, sim
uma construção cultural e histórica, de modo que, as abstrações numéricas não são capazes
de mensurar sua vulnerabilidade perante o meio em que vivem.
Portanto, sendo crianças e adolescentes seres socialmente ativos/as, que são
plenamente capazes de se posicionarem ante as opções lhes disponibilizadas, deve-se
proteger seus direitos como seres ainda em formação, bem como educa-los para se
tornarem indivíduos conscientes e responsáveis no sentido de se construir uma sociedade
harmoniosa e equilibrada.
2.2 Breve análise da proteção legal dada às crianças e adolescentes no Brasil
Como já se observou, em épocas mais remotas, a criança era vista como
propriedade do chefe de família, não possuía qualquer direito, devendo obedecer, sem
questionar, a todos os desejos do líder familiar, que detinha o poder de decisão a respeito
da vida e morte de seus filhos.
Durante o século XVIII, segundo Maria Luiza Marcilio (Freitas, 1997, p. 51),
foram implantadas 03 (três) rodas de expostos no Brasil, nas cidades de Salvador/Bahia,
Rio de Janeiro/Rio de Janeiro e Recife/Pernambuco, tendo sido definitivamente extintas
somente por volta de 1950.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
6
Ainda de acordo com esta autora, esse triste sistema cumpriu uma importante
função, visto que, “quase por meio século a roda dos expostos foi praticamente a única
instituição de assistência à criança abandonada em todo o Brasil”.
Desse modo, as ideias do século XVIII só chegaram a este país no fim do século
XIX e início do século XX. A partir daí a infância pobre torna-se alvo, não só de atenção e
de cuidados, mas também de receios.
Finalmente, em 1927, pelo Decreto nº 17.934-A aprovou-se o Código Mello
Mattos, organizado com o único objetivo de controlar a infância abandonada e os menores
delinquentes de ambos os sexos, menores de 18 (dezoito) anos. Isto porque, os menores
pobres, abandonados ou carentes eram tidos como indivíduos perigosos, tendo certa
tendência à conduta antissocial e não podendo se adaptar à vida em sociedade.
Percebe-se, pelos próprios termos da citada lei, que as "medidas de assistência e
proteção" nela contidas não envolviam todas as crianças, mas apenas as consideradas
"abandonadas ou delinquentes". Ainda assim, pode ser considerado como a primeira lei a
dar um tratamento mais sistemático e digno à criança e ao adolescente, referindo-se à
necessidade de intervenção estatal nesta frágil área social.
Posteriormente, a partir do novo Código de Menores de 1979, as crianças e os
adolescentes deixaram de ser classificados em conformidade com sua situação de carente,
delinquente, abandonado, dentre outras denominações, passando a fazer parte de um o
grupo designado como “menores em situação irregular”.
Com isto, a legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
não dispunha, em momento algum, a respeito da proteção da criança ou do adolescente,
mas tão-somente de sanções aplicadas aos menores infratores, em situação irregular, nos
termos deste diploma.
É de se destacar que a mesma ainda tratava o menor de idade de forma
discriminatória, posto que relacionava a pobreza à “delinquência”, ou seja, as crianças e
adolescentes de baixa renda eram vistos como seres inferiores, sendo Estado
responsabilizado pela manutenção da ordem, devendo o mesmo assistir menor, bem como
vigiar as famílias e as instituições que cuidariam deste.
Contudo, tal realidade mudou. Em 1988, pelo art. 227 da Constituição Federal
adota-se a doutrina da proteção integral de todas as crianças e adolescentes, isto é, lhes
devendo ser garantida absoluta prioridade no que concerne à segurança de direitos próprios
e especiais na sua condição peculiar de seres em desenvolvimento.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
7
Assim, foi iniciada uma movimentação a favor de uma lei que cooperasse
efetivamente para a exigibilidade dos direitos fundamentais infanto-juvenis, respaldados
pela Carta Magna, resultando na Lei nº 8.069/90 - o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA).
Este diploma legal compreendeu uma série de transformações no trato conferido à
questão da infância no Brasil. Além da substituição do termo “menor” para “criança” e
“adolescente”, é introduzida uma nova maneira de se vislumbrar e perceber a infância e a
juventude.
Ainda, para a autora Miriam L. Moreira Leite (Freitas, 1997, p. 17):
Neste final do século XX, a infância tornou-se uma questão candente para o
Estado e para as políticas públicas não governamentais, para o planejamento
econômico e sanitário, para legisladores, psicólogos, educadores e antropólogos,
para a criminologia e para a comunicação de massa.
Atualmente, a criança e o jovem, independentemente de classe social, são
considerados sujeitos de direito e não mero objetos de intervenção, de acordo com o
tratamento lhes concedido até aquele momento. Nesse mesmo sentido, preceitua o art. 1º
do ECA, arquitetado sob a égide da Convenção Internacional dos Direitos da Criança de
1989, ratificada pelo Brasil em 1990, revogando, expressamente, o Código de Menores
(Lei nº 4.513/64).
Então, é obrigação da família, da sociedade e do Estado asseverar ao infante e ao
jovem, de maneira prioritária, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária. Interpretação esta retirada da leitura do art. 227 da CRFB/1988 e do
art. 4º do ECA.
Em seguida, a redação do art. 5º do ECA, afirma que crianças e adolescentes
devem estar a salvos de todo tipo de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, sendo reprimida qualquer violação, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.
Não obstante, interessa sublinhar que tal proteção precisa ser compreendida no
seu sentido mais amplo, a fim de serem satisfeitas necessidades materiais da criança e do/a
adolescente, tais como: alimento, vestuário, educação, lazer, mas também o amparo físico,
moral, psicológico, ou seja, de carinho, afeto e empatia, mesmo quando afloram situações
contrárias aquelas cultivadas ou esperadas pelos/as seus/suas responsáveis legais, questões,
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
8
por exemplo, de religiões não-cristãs, não-binarismo de gênero, de homossexualidade ou
transexualidade, entre outras.
Assim, alega Rodrigo Cunha Pereira (2011, p. 174) que “sem afeto não se pode
dizer que há família” e “se a família é uma estruturação psíquica entre seus membros, que
existe ou existirá sempre, independente e acima das formalidades jurídicas, significa que o
direito deve sempre se adaptar aos fatos da vida como ela é” (2011, p. 178).
Para tanto, o art. 6º do ECA destina à criança e ao adolescente respeito por sua
condição peculiar como pessoas em desenvolvimento, uma vez que ainda não moldou por
completo suas habilidades e capacidades cognitivas. Porém, isso não significa dizer que
são incapazes de compreender ou interpretar aquilo que acontece ao seu redor, bem como
de fazer algumas escolhas relacionadas ao seu bem-estar físico e psicológico.
O art. 7º do ECA vem ressaltar a importância de proteger a vida e a saúde das
crianças e dos adolescentes, devendo a família, a sociedade e o Poder Público dar
condições que os permitam um desenvolvimento saudável e harmonioso desde o seu
nascimento até chegarem à idade adulta.
Já os arts. 15 e 16 do ECA falam do direito à liberdade de expressão por parte da
criança, o que abrange a liberdade de locomoção, de criar, de se expressar, brincar,
divertir-se, praticar esportes, dentre outras atividades importantes para seu
amadurecimento, uma vez que o acesso à cultura e ao lazer também consistem em direitos
fundamentais da criança e do adolescente. É também o que se vislumbra no art. 53 do
mesmo diploma legal.
Por seu turno, o art. 17 do ECA trata do direito ao respeito à integridade física,
psíquica e moral da criança e do adolescente. Devendo-se, desse modo, asseverar-lhes a
preservação de sua imagem, identidade, autonomia, valores, ideias e crenças, espaços e
objetos pessoais.
A criança e o/a adolescente, como prevê o art. 18 do ECA deve ser protegida/o de
todo e qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor,
garantindo assim sua dignidade como pessoa humana que é, conforme já assegurado pelo
art. 227 da Constituição Federal de 1988.
Não obstante, para a efetivação de todos os direitos fundamentais direcionados de
forma especial à criança e ao adolescente, faz-se preciso garantir-lhes a convivência
familiar e comunitária, é o que se faz pelos arts. 19 ao 24 do ECA, desde que este ambiente
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
9
seja propício a ter um desenvolvimento saudável e sem quaisquer tipos de preconceito ou
discriminação, conforme o art. 3º, IV da CRFB/1988.
De acordo com o autor Wilson Donizeti Liberati (2010, p. 25) quando descreve
que “a família é o primeiro agente socializador do ser humano. A falta de afeto e de amor
da família gravará pra sempre seu futuro”. Pode-se afirmar com segurança que a família é a
base da sociedade, é a partir desta que a criança formulará seus primeiros conceitos e
questionamentos em relação ao ambiente no qual está inserida.
E, por este motivo, cabe a tal instituição proteger sua prole de toda e qualquer
violação aos seus direitos e garantias fundamentais, dando-lhes a oportunidade de crescer
num ambiente propício a um desenvolvimento e amadurecimento digno e saudável. De
modo que, na ausência deste, a sociedade e o Poder Público devem estar atentos às
particularidades de cada criança e adolescente, no sentido de evitar seu sofrimento em
virtude de ofensa aos de direitos humanos dentro do núcleo familiar.
2.3 Proteção legal do uso do nome social por crianças e adolescentes travestis ou
transexuais nas políticas públicas
Primeiramente, entende-se por nome social o prenome pelo qual as pessoas trans se
reconhecem e preferem ser chamadas, que reflete sua identidade de gênero, divergente do
constante na certidão de nascimento, anterior à retificação de registro civil perante o Poder
Judiciário.
Importa frisar que utilização do nome social na educação, saúde, assistência social e
demais áreas de prestação de serviços públicos tem por função minorar o constrangimento
de pessoas trans e promover o respeito à identidade de gênero que não se encaixa nos
padrões cisheteronormativos copiosamente impostos no meio social.
Nesse contexto, o respeito do uso do nome social por travestis e transexuais
menores de idade nos atos administrativos do poder público reforça o princípio da
dignidade humana elencado no art. 1º da DUDH/1948 - Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948) e no art. 1º, III da CRFB/1988 - Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988.
É explícito e verossímil o dever constitucional do Poder Público Brasileiro
assegurar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes travestis ou transexuais, bem
como “colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
10
violência, crueldade e opressão” com absoluta prioridade (art. 227 da CRFB/1988 e art. 5º
do ECA) posto que sem a efetivação dessa garantia não há como se sustentar a ideia de
uma vida digna a todo e qualquer ser humano.
Engessar o uso do nome social por crianças e adolescentes travestis e transexuais
no ambiente do Poder Público à prévia autorização dos/as pais/mães ou responsáveis legais
significa fortalecer e dar continuidade à transfobia sofrida no núcleo familiar, já que
eles/elas são os/as primeiros/as a expressar repúdio em virtude da transexualidade dos/as
filhos/as, seja por motivos morais e/ou religiosos.
De acordo com dados coletados pela extinta Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (2012, p. 29), através de denúncias no Disque 100, os/as
familiares ocupam o segundo lugar de quem mais comete violência contra LGBTs, de
modo que “entre os familiares, destacam‐se os irmãos, com 6,04% das ocorrências,
seguidos pelas mães e pais, com 3,93% e 3,24%, respectivamente”.
Ademais, a SDH (2012, p. 39) deixou registrado que a maior parte das violências
de cunho homobitransfóbico ocorrem dentro das casas das vítimas, ou seja, no núcleo
familiar, conforme índices a seguir:
Violências homofóbicas acontecem tanto em espaços públicos (como ruas,
estradas, escolas, instituições públicas, hospitais e restaurantes), quanto em
espaços privados, como se pode denotar com os dados de 2012. 38,63% das
violações ocorreram nas casas – da vítima (25,54%), do suspeito (7,76%), de
ambos ou de terceiros. Seguido pela rua, com 30,89% das violações e outros locais
com 19,88% das denúncias (ônibus, unidade prisional, manicômio ou hospital
psiquiátrico/casa de saúde, instituição de longa permanência para idosos, delegacia
de polícia como unidade prisional e unidade de medida sócio educativa). Em 2011,
essas proporções foram muito semelhantes, com 42% das violações ocorridas nas
casas e 30,8% na rua.
Em pesquisa mais recente, com as informações publicadas pela SDH (2013, p.38) é
possível perceber que a realidade não se alterou, de maneira que “há uma maior ocorrência
de violência homofóbica entre sujeitos que se conhecem (10,7%), familiares (6,6%),
amantes (3,2%), colegas (1,6%), empregados (0,6%) e vizinhos (0,3%)”.
Já quanto ao local de ocorrência da violência contra a população LGBT, em
consonância com dados apurados pela SDH (2013, p. 39):
Ainda que os locais de ocorrência de violência sejam muitas vezes não informados
(17,2%), a rua (25,3%) e a casa da vítima (23,7%) mantiveram-se como os
principais espaços de ocorrência de violência homofóbica”. Importa dizer que a
população LGBT está vulnerável não só nos espaços públicos como também
dentro de suas próprias casas, onde se espera que haja a garantia de laços de afeto,
conforto e segurança por parte da família.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
11
Não à toa a autora LANZ (2014, p. 241) alega que:
Não é possível abrir mão de ser a pessoa que se é sem criar vazios imensos,
dolorosos e insuportáveis na própria psique. Sem ferir de morte a própria
subjetividade, condenada a sobreviver como um fantasma, uma sombra na vida
da pessoa, em vez de ser o centro da que é da sua própria existência.
Esse é, igualmente, o entendimento da Convenção Internacional sobre os Direitos
da Criança, adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro/1989 e
promulgada pelo Brasil através do Decreto nº 99.710/1990, aproximadamente 01 (um) ano
após sua entrada em vigor no âmbito internacional, por meio da qual:
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar a
proteção da criança contra toda forma de discriminação ou castigo por causa da
condição, das atividades, das opiniões manifestadas ou das crenças de seus pais,
representantes legais ou familiares.
Tal direito tem forte e amplo respaldo no art. 6º do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), pelo qual deverão ser levados em conta fins sociais e as exigências do
bem comum a que a Lei nº 8.069/1990 se dirige, sendo observados os direitos e deveres
individuais e coletivos, além da condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento.
Dessa maneira, quando a família falha no seu dever de respeitar a liberdade e
proporcionar a dignidade de seus integrantes, é papel do Poder Público assumir esse múnus
e colocar em prática os preceitos constitucionais, em especial o princípio máximo do
melhor interesse da criança e do adolescente, mesmo contrário aos desígnios dos/as
genitores/as ou responsáveis legais, no sentido de garantir “efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência” da criança e do adolescente (art. 7º do ECA).
Nesse sentido, o art. 3º da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de
1989 dispõe que “todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições
públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos
legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da criança”.
Não é possível, ainda, argumentar que a dispensa de permissão infringe o poder
familiar, pelo qual é atribuição dos/as pais/mães a responsabilidade de criação e educação
dos/as filhos/as (art. 1.634 do Código Civil de 2002 e art. 22 do ECA), isto porque se
estes/as repudiam a transexualidade de sua prole de forma a lhes gerar embaraços no
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
12
convívio social ou em atividades cotidianas, estão nitidamente descumprindo de um dos
mais elementares sustentáculos da paternidade ou maternidade, qual seja: assegurar a
liberdade de expressão, a integridade física/moral e o respeito à dignidade como pessoas
humanas em desenvolvimento (art. 15 ao 17 do ECA).
Importa lembrar, aliás, de um diploma internacional que, em especial, merece
eminente destaque, qual seja, os Princípios de Yogyakarta (2007), de modo que os Estados
Partes devem:
Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias
para assegurar que em todas as ações e decisões relacionadas a crianças, sejam
tomadas por instituições sociais públicas ou privadas, tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, o melhor interesse da criança tem primazia
e que a orientação sexual ou identidade de gênero da criança ou de qualquer
membro da família ou de outra pessoa não devem ser consideradas
incompatíveis com esse melhor interesse.
Outrossim, caso a inevitabilidade de autorização fosse prevista como um direito
do/as responsáveis legais de vigilância, proveniente do poder familiar, estaria se
vislumbrado um exemplo claro de conflito entre direitos e deveres fundamentais dos/as
pais/mães e dos/as filhos/as, concretizando o dever do estado e da sociedade proteger a
“dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (art. 18 e 70 do ECA).
Diante das posições morais conservadoras e religiosas fundamentalistas
amplamente veiculadas na mídia, é evidente que o Poder Legislativo ainda não apresentou
uma resposta concreta quanto ao fato social apresentado, de modo que, na procura pela
cidadania plena (art. 1º, II da CRFB/1988), crianças e adolescentes travestis ou transexuais
continuam esbarrando na ausência de lei ou outro documento legal que verse sobre o
direito ao uso do nome social, autonomamente, sem vinculá-lo ao arbítrio de seus/suas
responsáveis legais.
Nessas circunstâncias, na busca pela manutenção do status quo, ou seja,
discriminação e invisibilidade de pessoas trans, o Poder Executivo não se posiciona
abertamente em favor do respeito da identidade de gênero não cisheteronomativa de
menores de 18 (dezoito) anos de idade.
Contudo, conforme avalia, brilhantemente, o desembargador federal Roger Raupp
Rios (2017), em entrevista concedida por e-mail à revista IHU On-Line, é essencial
ressaltar que:
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
13
As instituições jurídicas brasileiras (Judiciário, advocacia, Ministério Público,
forças de segurança pública, dentre outras) não vivem fora da história, muito
menos são imunes ao contexto nacional. Pode-se perceber que quanto mais a
democracia, não só política, mas também social, consolida-se, aumentam a
quantidade e a qualidade das respostas diante de discriminação. Assim, momentos
em que há retrocessos e resistência aos direitos humanos e fundamentais no
país e no mundo acabam impactando na mentalidade e no funcionamento
dessas instituições, enfraquecendo as respostas judiciais.
Sem surpresas, tem sido possível encontrar uma maneira de enfrentar tais
dissidências na jurisprudência pátria, fica evidente a importância do Poder Judiciário da
garantia de direitos fundamentais das “minorias” sociais, não sendo diverso quando se trata
da população de travestis e transexuais.
Dito isto, resta nítido que, a despeito de não existir uma lei própria dispondo sobre
do uso do nome social por travestis e transexuais, menores de 18 (dezoito) anos, nos atos
do Poder Público, não há qualquer dispositivo no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) ou normativa no ordenamento jurídico brasileiro que torne tal conduta ilícita,
fazendo-se, nesse sentido, urgente e imperioso suscitar a concessão legal para crianças e
adolescentes realizarem o requerimento formal (verbal ou escrito) para uso do nome social
no âmbito interno dos órgãos públicos.
Portanto, a omissão na prerrogativa do uso nome social por crianças e adolescentes
travestis e transexuais nos atos administrativos da gestão governamental traduz manifesta
inobservância dos direitos básicos atestados na Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros textos jurídico-
normativos que se coadunam com os princípios fundamentais e os Direitos Humanos,
caracterizando ofensa psíquica e moral causadora de descontentamento, consternação e
desânimo para a população trans, de maneira que não pode relevada pelos Poderes
Públicos e/ou Sociedade Civil.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Faz-se necessário construir a ideia de que não se pode mais viver sob um
formalismo positivista, pelo qual se prega que somente aquilo expressamente previsto em
lei é possível ser concedido a alguém, engessando, assim, os direitos humanos e
fundamentais aos textos jurídico-normativos, sem considerar o tempo-espaço social que se
ocupa, bem como a evolução e desenvolvimento das relações humanas.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
14
4 REFERÊNCIAS
ALBERGARIA, Jason. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. ed. Rio
de Janeiro: Aide Editora, 1991.
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC –
Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1981.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso
em: 16 jun. 2011.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 14 jun. 2011.
RIOS, Roger Raupp. Construção de uma sociedade sem discriminações é desafio para a
democracia: depoimento. [20 de fevereiro, 2017]. São Leopoldo, Rio Grande do Sul:
Revista IHU On-line. Entrevista concedida a Vitor Necchi. Acesso em:
<http://www.ihu.unisinos.br/565009-construcao-de-uma-sociedade-sem-discriminacoes-e-
desafio-para-a-democracia-entrevista-especial-com-roger-raupp-rios>.
DORIN, Lannoy. Psicologia da Criança. São Paulo: Ed. do Brasil, 1978.
FREITAS, Marcos Cezar de. (organizador). História Social da Infância no Brasil. São
Paulo: Cortez Editora, 1997.
FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Diferentes concepções da infância e adolescência: a
importância da historicidade para sua construção. Estudos e pesquisas em psicologia,
UERJ. Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 147-160, 2007. Disponível em:
<http://www.revispsi.uerj.br/v7n1/artigos/pdf/v7n1a13.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2011.
HELENO, Camila Teixeira; RIBEIRO, Simone Monteiro (organizadoras). Criança e
Adolescente: Sujeitos de Direito. Belo Horizonte: Conselho Regional de Psicologia de
Minas Gerais, 2010.
LIBERATTI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 11.
ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda., 2010.
MORAIS, Edson. Contexto Histórico do Código de Menores ao Estatuto da Criança e do
Adolescente? Mudanças Necessárias (?). Web Artigos. Rio de Janeiro, 2009. Disponível
em: <http://www.webartigos.com/artigos/contexto-historico-do-codigo-de-menores-ao-
estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-mudancas-necessarias/19148/>. Acesso em: 28 jun.
2011.
PEREIRA, Rodrigo Cunha. Princípio da Afetividade. In: DIAS, Maria Berenice
(Coordenação). Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011, p. 171-180.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
15
ROCHA, Rita de Cássia Luiz da. História da infância: reflexões acerca de algumas
concepções correntes. Revista Analecta, UNICENTRO. Guarapuava/Paraná, v. 3, n. 2, p.
51-63, jul/dez. 2002. Disponível em:
<http://www.unicentro.br/editora/revistas/analecta/v3n2/artigo%204%20hist%F3ria%20da
%20inf%E2ncia.pdf>. Acesso em: 08 jul. 2011.
Relatório de Violência Homofóbica no Brasil: ano 2013. Brasília: Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, 2013. Disponível em
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/pdf/relatorio-violencia-homofobica-ano-2012.pdf>.
Acesso em 11 ago. 2017
Relatório de Violência Homofóbica no Brasil: ano 2013. Brasília: Secretaria Especial de
Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos
Humanos, 2016. Disponível em <http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/dados-
estatisticos/Relatorio2013.pdf>. Acesso em 11 ago. 2017
VIGOTSKY, Lev Semenovich. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/