portugal post novembro 2009
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Portugal Post Novembro 2009TRANSCRIPT
PORTUGAL POSTDirector: Mário G. M. dos Santos
ANO XVI • Nº 184 • Novembro 2009 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351•E Mail: [email protected] •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718
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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853
Entrevista
Embaixador de Portugal em Berlim ao PP:
Esperamos embreve voltar
a contar com umresponsável pelosserviços de apoio
social na Embaixada
Pág.3
“MiltenbergAssociação Portuguesa recebe25 mil € do Estado português
Berlim Escola luso-alemã participa nomomumento sobre a queda domuro
Legislativas 2009Partido Socialista ganha as eleições na Alemanha
Novo livro de José Saramago
Caim não incomodará católicos, maspode gerar reacções nos judeus”
Crónica de Cristina Krippahl
Alemanha Só as ajudas do Estado evitam duplicação do número de pessoas afectadas
Portugal 18 por cento são pobres e a situaçãotende a piorar Páginas 10 / 11
Pobreza
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009
EditorialMário dos Santos
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DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS
REDACÇÃO E COLABORADORESCRISTINA KRIPPAHL: BONAFRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIMFERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDAHELENA GOUVEIA: BONAJOAQUIM PEITO: HANNOVERLUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE
CORRESPONDENTESALFREDO CARDOSO: MÜNSTERANTÓNIO HORTA: GELSENKIRCHENJOÃO FERREIRA: SINGENJORGE MARTINS RITA: ESTUGARDAJOSÉ PINTO NASCIMENTO: DÜSSELDORFKOTA NGINGAS: DORTMUNDMANUEL ABRANTES: WEILHEIM -TECKMARIA DOS ANJOS SANTOS - HAMBURGOMICHAELA AZEVEDO FERREIRA: BONAZULMIRA QUEIROZ: GROß-UMSTADT
COLUNISTASANTÒNIO JUSTO: KASSELDORA MOURINHO: ESSENFERNANDA LEITÃO: TORONTOJOSÉ EDUARDO: FRANKFURTJOSÉ VALGODE: LANGENFELDLAGOA DA SILVA: LISBOALUIS BARREIRA, LUXEMBURGOMARCO BERTOLOSO: COLÓNIAMARIA DE LURDES APEL: BRAUNSCHWEIGPAULO PISCO: LISBOARUI MENDES: AUGSBURGRUI PAZ: DÜSSELDORFTERESA COLAÇO: COLÓNIA
ASSUNTOS SOCIAISJOSÉ GOMES RODRIGUES: ASSISTENTE SOCIALCONSULTÓRIO JURIDICOCATARINA TAVARES: ADVOGADAMICHAELA A. FERREIRA: ADVOGADAMIGUEL KRAG: ADVOGADO
FOTÓGRAFOS:PAULO FERREIRA E FERNANDO SOARESAGÊNCIAS: LUSA. DPAIMPRESSÃO: PORTUGAL POST VERLAG
PUBLICIDADE: TELMA BONITO
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REGISTO LEGAL: PORTUGAL POSTJORNAL DA COMUNIDADE PORTUGUESA NA ALEMANHAISSN 0340-3718 • K 25853PROPRIEDADEPORTUGAL POST VERLAG REGISTO COMMERCIAL HRA 13654
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Sem surpresa, a abstenção na Alemanhanas últimas eleições legislativas continua aser um problema que parece ser inultrapas-sável, apesar de, sempre que há eleições,
surgirem queixas de muitos sectores sobre a faltade consciência cívica dos cidadãos emigrados.A distância entre as forças politicas e os cida-dãos emigrados, bem como a falta de sensibili-dade permanentemente demonstrada pelospartidos ante as questões que nos dizem respeito,pode ser uma das muitas explicações para a faltade comparência dos portugueses residentes noestrangeiro nas urnas eleitorais. Há, por outro lado, explicações para a elevadaabstenção que não passam de desculpas de cir-cunstância para desculpar o que não é feito nosentido de incentivar os cidadãos a participaremnos actos eleitorais. Uma delas é dada pelo actual Embaixador dePortugal em Berlim que encontra explicaçõespara a não participação dos portugueses no actoeleitoral em tudo menos naquilo que a embai-xada e os consulados deveriam fazer para incen-tivarem os cidadãos a se inscreverem noscadernos eleitores e, consequentemente, a par-ticiparem com o seu voto nas eleições. (ver en-
trevista na página 3)O embaixador, em vez de dizer o que se fez, talcomo lhe foi perguntado na entrevista, diz ape-nas que “Tanto a Embaixada como os PostosConsulares têm procurado sensibilizar os nossoscompatriotas, de uma forma sistemática, para aimportância do recenseamento e da participaçãonos actos eleitorais”. Mas como? De que forma?Lido esta desculpa, parece que a culpa é dos ci-dadãos, e talvez até nossa , que não vimos “aforma sistemática como a embaixada e os con-sulados procuram sensibilizar os nossos compa-triotas”.Naturalmente que a culpa não cabe apenas à em-baixada e aos postos consulares. É aos partidose aos governos que cabe a maior parte da res-ponsabilidade nesta matéria. E não vale a pena fazer como fazem, isto é, cho-rar sobre leite derramado sempre que há elei-ções. Conhecidos os resultados, os partidosdesdobram-se em declarações lamentando a abs-tenção e até o escasso número de eleitores comose se isso fosse uma grande novidade. E assim, os dias, os meses e os anos passam atéàs próximas eleições sem que se tome medidas
para diminuir o desinteresse dos portuguesesemigrantes pela politica e pela coisa pública.Nas próximas eleições a situação não será outra.
A entrevista que o Embaixador de Portu-gal concedeu (por escrito) ao PORTU-GAL POST é o exemplo acabado dedizer sem dizer, isto é, de responder semresponder. Lendo as respostas do diplo-
mata, ninguém com alguma sinceridade podedizer que o Embaixador está a responder àsquestões que lhe são colocadas.Por nós, tudo bem, o sr Embaixador pode res-ponder como lhe apetece, isto é, sem nada dizer.Mas, quando o jornal pede uma entrevista a umaentidade como é o responsável máximo da di-plomacia portuguesa na Alemanha não é precisoesforçarmo-nos muito para perceber que esta-mos a interpretar as preocupações dos leitores eda comunidade em geral.O sr. Embaixador não é obrigado a dar entrevis-tas. E se dá da forma que dá mais vale não darporque ficamos exactamente como antes, isto é,sem ter respostas sobre aquilo que, em nome dacomunidade, procurámos saber.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 3Entrevista
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PORTUGAL POST - Nos doisencontros que manteve no iní-cio deste ano com os conse-lheiros da Alemanha doConselho das ComunidadesPortugueses foram muitos osassuntos levantados por aqueleórgão. Um deles tem a vercom o reforço dos serviços so-ciais dos consulados com vistaa um acompanhamento eficazjunto dos sectores da comuni-dade atingidos pelo desem-prego e pela exclusão social.Que foi feito pela embaixadapara corresponder a esta preo-cupação da comunidade?Embaixador - A Embaixada de Por-
tugal tem como uma das principais
preocupações o acompanhamento
da situação desta Comunidade Por-
tuguesa e dos problemas que a
afectam, designadamente as ques-
tões de desemprego e de exclusão
social, que, infelizmente, ganharam
uma nova dimensão em resultado
da actual crise económico-finan-
ceira. Este acompanhamento é feito
em estreita colaboração com os
Postos Consulares e com os mem-
bros na Alemanha do Conselho das
Comunidades Portuguesas, com
quem temos procurado monitori-
zar a evolução da situação, de forma
a dar a resposta mais adequada aos
diferentes casos concretos. Em
todos os Postos Consulares exis-
tem técnicos especializados, que se
ocupam exclusivamente das ques-
tões sociais e que, de forma empe-
nhada, têm efectuado um bom
trabalho. Também na Embaixada, e
não apenas na Secção Consular em
Berlim, temos prestado todo o
apoio que nos foi solicitado. Espe-
ramos em breve voltar a contar
com um responsável pelos serviços
de apoio social nesta Embaixada.
PP - Mais uma vez a abstençãoeleitoral entre os eleitoresportugueses aqui residentes foimuito elevada. Na Alemanha,quais as medidas concretas le-vadas a cabo pelos postos di-plomáticos para incentivar aparticipação dos eleitores e,na sua opinião, porque é quenão funcionaram?Embaixador - A elevada taxa de
abstenção nos diversos actos elei-
torais é um facto (e não exclusiva-
mente português) que se lamenta.
Tanto a Embaixada como os Postos
Consulares têm procurado sensibi-
lizar os nossos compatriotas, de
uma forma sistemática, para a im-
portância do recenseamento e da
participação nos actos eleitorais.
Este assunto tem sido igualmente
abordado com os membros do
Conselho das Comunidades, com
vista a uma maior sensibilização. O
elevado grau de abstenção que se
tem verificado não tem necessaria-
mente a ver com a falta de informa-
ção e, em última análise, o direito
de voto é exercido por cada um de
uma forma livre e consciente.
PP - Alguns partidos queixam-se da falta de actualização doscadernos eleitorais. Segundoalgumas forças politicas, oseleitores aquando da sua des-locação aos consulados nãosão encaminhados para os ser-viços de recenseamento paraprocederem à actualização
dos dados. Há alguma explica-ção para não existir frequente-mente actualização doscadernos eleitorais?Embaixador - Os cadernos eleito-
rais são actualizados pelos compe-
tentes serviços centrais em Lisboa
e não pelos Consulados. Ainda
assim, os utentes são sistematica-
mente convidados a proceder ao
recenseamento, sempre que se des-
locam aos Postos Consulares.
PP - Sobre esta questão, háqueixas de eleitores dirigidasao nosso jornal que se insur-gem contra a forma incor-recta como o seu endereçoestá registado. Esta queixasvêm, sobretudo, da área deHamburgo. A quem cabe a res-ponsabilidade nos consuladosde verificar e actualizar os ca-dernos?Embaixador - Os Postos Consula-
res registam os endereços que lhes
são fornecidos pelos utentes. Caso
sejam detectadas imprecisões, ou
sempre que se verifique uma mu-
dança de residência, devem os uten-
tes solicitar a respectiva
rectificação junto do Posto Consu-
lar da sua área. Na área consular
referida, não estão, segundo apurei,
registadas reclamações.
PP – Há uma falta de uniformi-dade dos serviços consulares.Por exemplo, não se com-preende porque é que o Con-sulado-Geral de Portugal emDusseldorf não faz casamentosàs segundas e às sextas,quando se sabe que as sextas éo dia preferido das pessoaspara se casarem.Há intenção de corrigir a situa-ção e se sim quando, e se não,porquê?Embaixador - Em Düsseldorf, como
nos outros Postos Consulares, não
existem restrições à celebração de
qualquer acto consular dentro do
respectivo horário de atendimento.
Têm ali sido celebrados casamen-
tos também à segunda e sexta-feira,
designadamente neste mês de Ou-
tubro, nos dias 9, 23 e 26. Por uma
questão de organização dos servi-
ços, podem, em alguns casos e a tí-
tulo excepcional, serem sugeridas
outras datas aos utentes.
PP - Cresce em Munique- noestado da Baviera – o descon-tentamento popular contra ainacção do sr. Cônsul Honorá-rio de Portugal, Jürgen Adolff.Qual deve ser, na sua opinião,no mundo moderno, o papelde um cônsul honorário? A suaexistência ainda se justifica, ese sim, porquê?Embaixador - As competências dos
Cônsules Honorários estão estabe-
lecidas na legislação, designada-
mente no novo Regulamento
Consular (DL 71/2009, de 31 de
Março). Compete aos Cônsules
Honorários, enquanto antenas da
Embaixada e dos Consulados-Ge-
rais de que dependam, a defesa dos
direitos e interesses legítimos do
Estado português e dos seus nacio-
nais, designadamente no apoio à
realização de contactos com os
meios políticos, económicos e cul-
turais, a nível local.
PP - Em que fase se encontrao projecto de construção danova embaixada em Berlim?Embaixador - Como se sabe, foi, na
sequência de um concurso interna-
cional, seleccionado um projecto
arquitectónico para a futura Embai-
xada de Portugal em Berlim e espe-
ramos que, em breve, possa dar-se
início ao processo de construção.
PP - No encontro que o senhorteve com os conselheiros doCCP foi anunciado que a em-baixada iria dar continuidadeao Prémio Inovação para con-templar associações que pro-movam projectos inovadores.Igualmente, anunciou que ascelebrações do 10 de Junho po-deriam realizar-se em regiõescom forte presença portu-guesa.Tem mais alguma informaçãoconcreta a dar à comunidadesobre estes dois assuntos?Embaixador - Ambos os temas me-
recem a nossa atenção e estarão na
agenda da próxima reunião com os
membros na Alemanha do Conse-
lho das Comunidades Portuguesas.
Redacção
Esta é a segunda entre-vista que o actual Em-baixador de Portugalem Berlim, José Cae-tano da Costa Pereira,
concede ao nosso jornal.Tal como a primeira,esta entrevista foi feitapor escrito, como deresto nos foi solicitado.
No que se refere à en-trevista, isto é, às respos-tas que o entrevistadonos enviou, ficámos coma certeza de que as res-
postas não respondemàs questões concretasque colocámos. Demodo que ponderámosmuito em publicar ou
não entrevista. E se a pu-blicamos é para que osleitores e a comunidaderetirem dela as respecti-vas conclusões.
Embaixador de Portugal em Berlim ao PP:
“A abstenção eleitoral que se tem verificadonão tem a ver com a falta de informação”
Esperamos em breve voltar a contarcom um responsável pelos serviçosde apoio social nesta Embaixada. “
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 20094 Nacional & Comunidades
O PSD conquistou a maioria
dos votos dos emigrantes portu-
gueses no Brasil nas eleições Legis-
lativas de 27 de Outubro, com
54,48 por cento (4.736) do total de
votos, de acordo com a Direcção-
Geral da Administração Interna
(DGAI).
Já o Partido Socialista (PS) rece-
beu no Brasil 1916 votos (22,04
por cento), seguido pelo CDS/PP
(3,15 por cento), Bloco de Es-
querda (BE - 2,04 por cento) e Par-
tido Comunista Português (PCP - 1,
04 por cento).
O Brasil está inserido entre os
países que fazem parte do círculo
de fora da Europa, que abrange a
América, África, Ásia e Oceânia.
Os emigrantes no Canadá tam-
bém deram a vitória ao PSD, que
obteve 46,67 por cento (700
votos), seguido pelo PS com 18,08
por cento (282 votos), CDS/PP
(2,73 por cento) BE (2,4 por cento)
e PCP (1,13 por cento).
O PSD conseguiu vencer tam-
bém nos Estados Unidos, com uma
votação de 55,46 por cento (940
votos), acompanhado pelo PS
(21,42 por cento - 363 votos),
CDS/PP (3,42 por cento), BE (2,24
por cento) e PCP (0,71 por cento),
Nos restantes países da Amé-
rica e África, os resultados foram:
PSD com 64,41 por cento dos
votos, PS 22,74 por cento, CDS
3,14 por cento, BE 2,38 por cento
e PCP 1,14 por cento.
A Ásia e Oceânia também
deram a vitória ao PSD (47,21 por
cento), seguido pelo PS (28,62 por
cento), CDS/PP (4,46 por cento),
BE (3,64) e PCP (2,01 por cento).
No círculo de Fora da Europa,
o PSD obteve no total 54,48 por
cento dos votos, seguindo-se o PS
(22,04), CDS-PP (3,15), BE (2,04),
PCP-PEV (1,04), MPT-PH (1,04),
MEP (0,79), PND (0,69), PPM (0,49),
PPV (0,43), PCTP/MRPP (0,26),
PNR (0,16) e MMS (0,14).
Neste círculo foram registados
53 votos em branco (0,61) e 1099
votos nulos (12,64).
PS VENCE NA EUROPA
Na Alemanha, o PS foi o grande
vencedor com 40,57 por cento
(1.320 votos), seguido pelo PSD
com 28,15 por cento (916 votos),
BE (5,19 por cento), PCP (4,89 por
cento) CDS/PP (4,79 por cento).
Os emigrantes em França vota-
ram em maioria no PS (45,89 por
cento - 4.051), seguido pelo PSD
(21,32 por cento - 1.882 votos),
CDS/PP (4,32 por cento), BE 3,29
(por cento) e PCP (2,96 por cento).
A emigração na Suíça deu 46,83
por cento dos votos (784) ao PS,
22,28 por cento (383) ao PSD, 7,59
ao PCP, 6,87 por cento ao BE e 5,5
por cento ao CDS/PP.
No resto da Europa a votação
dos emigrantes foi: PS (35,19 por
cento - 1064 votos), PSD (26,09
por cento - 789), BE (7,28 por
cento), PCP (6,12 por cento), e
CDS/PP (5,16 por cento).
No círculo da Europa, o PS ob-
teve no total 35,86 por cento dos
votos, seguido do PSD (34,18),
CDS-PP (4,16), BE (3,81), PCP-PEV
(3,23), MPT-PH (1,11), PCTP-MRPP
(0,6), MEP (0,55), PND (0,38), PPM
(0,36), PPV (0,19), MMS (0,14) e
PNR (0,05).
Neste círculo, registaram-se
170 votos em branco (0,67) e 3750
votos nulos (14,72).
Dos quatro deputados em
causa, o PSD elegeu José Cesário e
Carlos Páscoa pelo círculo Fora da
Europa (com um total de 4736
votos) e Carlos Gonçalves, pelo da
Europa (7219 votos). O PS elegeu
Paulo Pisco pela Europa (3970
votos).
A taxa de participação foi de
25,25 por cento nos dois círculos,
atingindo 23,13 por cento na Eu-
ropa (76,87 de abstenção) e 9,2 por
cento Fora da Europa (90,8 por
cento de abstenção), de acordo
com dados disponibilizados pela
DGAI.
A abstenção nas eleições legis-
lativas de 27 de Setembro nos cír-
culos da emigração atingiu 84,75
por cento, tendo votado apenas
25.472 dos 167.007 eleitores inscri-
tos.
Legislativas 2000 - Emigração
PSD elege três deputados, mas PSé o partido mais votado
Um português de 62 anos,
que estaria morto há dois anos,
foi encontrado na em sua casa na
periferia de Paris, disse fonte ofi-
cial do Consulado-geral de Portu-
gal. José Gomes Macedo, 62 anos,
emigrante em França e refor-
mado da construção civil, era na-
tural de Vila Verde (Braga), onde
ainda reside a sua ex-mulher, com
quem ainda continuava casado le-
galmente.
“O cidadão português foi
identificado através do número
de série da prótese auditiva”,
disse fonte Consulado.
O emigrante português vivia
num prédio de renda subsidiada
no bairro popular de Beauregard,
em Poissy, departamento de Yve-
lines, na periferia oeste de Paris.
O corpo “literalmente mumi-
ficado” de José Gomes Macedo,
conforme descreveram os bom-
beiros à imprensa parisiense, foi
encontrado sozinho no seu apar-
tamento, sentado num cadeirão.
A intervenção dos bombeiros
aconteceu na sequência de um
alerta anónimo feito de uma ca-
bine telefónica em Poissy.
Segundo os bombeiros, José
Gomes Macedo estaria morto há
dois anos, sem ninguém entrar no
seu apartamento, apesar do
cheiro a decomposição que os vi-
zinhos denunciaram há vários
meses.
A caixa do correio de José
Gomes Macedo tinha correspon-
dência por retirar desde 2007 e
os bombeiros, segundo o jornal
“Le Parisien”, encontraram no fri-
gorífico um iogurte com data de
Novembro de 2007.
A luz do apartamento estava
cortada mas a renda foi paga mês
após mês por transferência ban-
cária automática.
O caso está a ser acompa-
nhado pelos media franceses com
choque, sublinhando o “terrível
drama de solidão” do sexagená-
rio.
Português encontrado „mumificado“dois anos depois de morrer
França
Carlos Gonçalves (PSD) e Paulo Pisco (PS) são os dois deputados eleitos pelo circulo eleitoral da Europa. São, afi-nal, os nossos representantes na Assembleia da República.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Nacional & Comunidades 5
Combo da constituição do novo governo (em cima E/D): primeiro-
ministro José Sócrates, ministro de Estado e Negócio Estrangeiros,
Luís Amado e ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos,
ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, ministro da defesa Na-
cional, Augusto Santos Silva e ministro da Administração Interna, Rui
Pereira. (ao Centro E/D) ministro da Justiça, Alberto Martins, minis-
tro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, Vieira da Silva
e a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Maria Helena
André, ministra da Saúde, Ana Jorge, ministra da Educação Isabel Al-
çada (Maria Isabel Girão de Melo veiga Vilar) e o ministro da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. (em baixo E/D) ministra
da Cultura, Maria Gabriela Canavilhas, ministro dos Assuntos Parla-
mentares, Jorge Lacão e o secretário de Estado da Presidência do
Conselho de Ministros, João Tiago Silveira, ministro da Agricultura,
do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Manuel Soares Ser-
rano, ministra do Ambiente e Ordenamento do Território, Dulce Ál-
varo Pássaro e o ministro das Obras Públicas, Transportes e
Comunicações, António Ascenção Mendonça
Constituição do novo governode Portugal
António Braga mantém-se
como secretário de Estado das Co-
munidades. Ocupando o cargo
desde Março de 2005, António
Braga teve na reestruturação con-
sular a medida mais controversa do
seu mandato.
Desde que foi anunciada, em
Dezembro de 2006, até que come-
çou a ser concretizada, no final de
2007, choveram críticas, protestos
e manifestações em todo o mundo
contra a reforma dos consulados.
Pela primeira vez na história da
diáspora portuguesa, os emigrantes
uniram-se para protestar contra
uma reforma.Foi também pela mão
de António Braga que foi criado o
Consulado Virtual, que, via Internet,
disponibiliza serviços e informações
até agora apenas acessíveis nos pos-
tos e secções consulares portugue-
sas no estrangeiro.
António Braga inaugurou tam-
bém o Gabinete de Emergência
Consular que funciona 24 horas
por dia e presta apoio aos portu-
gueses no estrangeiro que se en-
contrem em situações de
emergência.
O titular da pasta da Emigração
foi ainda um dos mentores do Ob-
servatório da Emigração, que tem
como função fazer a análise dos flu-
xos migratórios, das comunidades
portuguesas e a história da emigra-
ção portuguesa.
O LusaVox, um concurso on-
line de descoberta de talentos mu-
sicais entre os portugueses no es-
trangeiro, e a Gala dos Talentos, que
homenageia emigrantes que se dis-
tinguem em áreas como o des-
porto, a política, o associativismo
ou a ciência, entre outros, foram
outras das iniciativas do secretário
de Estado.
No papel continua o Netinvest,
uma iniciativa de apoio ao investi-
mento em Portugal por parte dos
empresários portugueses que
vivem no estrangeiro, largamente
anunciada pelo Governo mas nunca
concretizada.
Quanto ao Ensino do Portu-
guês no Estrangeiro, destaca-se a
passagem da sua tutela do Ministé-
rio da Educação para o Ministério
dos Negócios Estrangeiros, que só
estará plenamente concretizada em
2010/2011.
Natural de Braga e licenciado
em Filosofia, António Braga esteve
ligado à Educação e iniciou funções
de deputado em 1995, na VII Legis-
latura.
No Parlamento dedicou-se
também à Educação, foi vice-presi-
dente do Grupo Parlamentar do PS
(1995 a 1998 e 2001/2002), vice-
presidente do Grupo Parlamentar
de Amizade Portugal Rússia
(2002/2005) e membro do Grupo
Parlamentar de Amizade Portugal
Canadá (2002/2005).
Em Março de 2005, assumiu o
cargo de Secretário de Estado das
Comunidades Portuguesas.
António Braga mantém-se como secretário de Estado das Comunidades
Novo GovernoRecondução de António Braga
„As questões relacionadas
com o ensino deveriam ser uma
das questões prioritárias“, disse o
presidente da Confederação da
Comunidade Portuguesa no Lu-
xemburgo (CCPL), Coimbra de
Matos.
Para o dirigente associativo, o
problema dos recursos humanos
no consulado do Luxemburgo,
„que provoca filas enormes à
porta desde cedo“, o apoio ao as-
sociativismo, questões ligadas à
pobreza e o recenseamento elei-
toral são outros assuntos que
devem merecer a atenção do Go-
verno.
Quanto à recondução de An-
tónio Braga na pasta da Emigra-
ção, Coimbra de Matos disse não
estar „de todo descontente“.
„Foi uma pessoa que soube
ouvir e esteve atento aos proble-
mas. Poderá prosseguir com al-
guns trabalhos que já fez“,
afirmou.
Pelo contrário, a presidente da
Federação das Comunidades Por-
tuguesas na Holanda, Teresa Hei-
mans, mostrou-se „surpreendida“
com a recondução de António
Braga.
„Surpreendeu-me. Nos en-
contros que tive com ele, infor-
mou-nos de que não teria um
segundo mandato“.
„Para vir outro que faça
menos ou que não tenha atenção
para com as comunidades, não
acho mal que continue o António
Braga, apesar de o seu mandato
não ter satisfeito nem 50 por
cento das necessidades da comu-
nidade“, afirmou Teresa Heimans,
também conselheira das Comuni-
dades Portuguesas.
A dirigente associativa apon-
tou as questões sociais que atin-
gem as comunidades, como os
problemas dos trabalhadores sa-
zonais, a falta de funcionários nos
consulados e os apoios ao movi-
mento associativo como as áreas
prioritárias para a próxima legis-
latura.
O presidente da Associação
dos Autarcas Portugueses em
França (CIVICA), Paulo Marques,
disse à Lusa ser „interessante que
seja o mesmo secretário de Es-
tado das Comunidades“.
„Assinámos um protocolo
com o secretário de Estado para
desenvolver a articulação entre
Portugal e os autarcas de origem
portuguesa em França. Espere-
mos ter novamente um eco posi-
tivo nas nossas organizações“,
referiu.
Paulo Marques apontou ainda
a falta de diálogo do Governo
português como um dos pontos
fracos da anterior legislatura.
„Tem de haver mais articula-
ção entre a Secretaria de Estado
das Comunidades, o Ministério
dos Negócios Estrangeiros e ou-
tros ministérios“, defendeu, dando
o exemplo do Governo francês,
onde essa articulação é feita.
Por seu lado, o secretário-
geral do Sindicato dos Trabalha-
dores Consulares e Missões
Diplomáticas (STCDE), Jorge Ve-
ludo, disse não ter ficado sur-
preendido com a recondução de
António Braga.
„Não ficámos surpreendidos
com a recondução, quer do minis-
tro, quer do secretário de Es-
tado“, afirmou.
Jorge Veludo disse ainda que o
sindicato „não está satisfeito com
a orientação que o Governo vem
assumindo nos últimos tempos,
nomeadamente procurando re-
meter o enquadramento legal dos
trabalhadores dos serviços exter-
nos para a legislação local“.
„É um poço sem fundo“, afir-
mou o sindicalista, prometendo
que irá lutar „com todos os
meios à disposição“ contra a re-
visão para o enquadramento legal.
Ainda sobre a recondução de
António Braga, o PP ouviu o con-
selheiro eleito pela Alemanha Rui
Paz que, numa curta declaração,
se manifestou insatisfeito com a
noticia da recondução, lembrando
a politica que o Secretario de Es-
tado desenvolveu “contra as co-
munidades”. Rui Paz disse ainda
que a recondução de António
Braga “significa que não vai haver
modificação da politica para as
comunidades”, achando “muito
negativa” a política do responsá-
vel do Governo pela tutela das
Comunidades no seu primeiro
mandato.
Portugal Post com Lusa
Consulados, ensino do português e movimento associativosão questões que emigrantes querem ver resolvidas
O funcionamento dos consulados, o ensino
do português e o movimento associativo
são alguns problemas querepresentantes de
portugueses no estrangeiro esperam que
o secretário de Estadodas Comunidades resolva
na próxima legislatura.
Comunidade - Alemanha PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 20096
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Apresentaram um dossier com-
pleto, detalhado e rigoroso à Secre-
taria de Estado das Comunidades
Portuguesas(SECP), solicitando uma
comparticipação para a recupera-
ção de um local cedido simbolica-
mente pela autarquia alemã. Tudo
batia certo e foram reconfortados
no deferimento do pedido. Um
grande exemplo, portanto!
Em declarações ao nosso jornal,
o vice da colectividade, João Lopes,
destacou o empenho do Consulado
de Estugarda para a qualificação do
projecto e, por outro lado, realçou
a boa imagem da Comunidade e o
trabalho episcopal do padre Joa-
quim Costa para o sucesso da de-
manda. O Cônsul-Geral de
Estugarda, dr. Manuel Gomes Sa-
muel, entregou ,a 16 de Outubro
passado, o cheque meritório.
„Os portugueses estão bem
vistos na localidade e diocese. São
pouco mais de uma centena de
operosos operários e funcionários
da indústria local do Papel, Metalúr-
gica e Caixilhos . Participamos sem-
pre nas Festas da Cidade, que se
efectivam no primeiro fim-de-
semana de Julho. Celebramos o 1°
de Maio e organizamos a nossa
festa por alturas dos Santos Popu-
Associação Portuguesa de Miltenberg recebe 25 mil Eurosdo Estado português
lares, no quarto fim-de-semana de
Junho“, adiantou-nos, João Lopes, o
vice-presidente da Associação.
Conforme nos precisou João
Lopes, a Associação foi fundada há
cerca de 20 anos. Mobiliza 80 asso-
ciados e tem como orientação má-
xima a defesa do ideal Associativo.
Pauta-se por um exigente código
de ética. O que contribuiu para que
saísse vitoriosa do processo de
comparticipação duplo, do Estado
português e das autoridades autár-
quicas regionais alemãs.
De acordo com um ofício do
Consulado de Portugal em Estu-
garda, „a qualidade do pedido, de-
signadamente no tocante ao
impacto positivo que o centro terá
para os portugueses de Miltenberg
e da região circundante, bem como
a forma como foi elaborado, com
orçamentos e elementos descriti-
vos e justificativos bem elaborados,
foram factores preponderantes na
atribuição do subsídio „.
Trata-se, efectivamente, de um
dos maiores e mais significativos
subsídios dados pelo Estado portu-
guês a uma Colectividade nacional
implantada na Alemanha. De há
muitos anos a esta parte, portanto.
O que sinaliza uma política de apoio
de alta qualidade premiando quem
se pauta pelos elevados parâmetros
da equidade , ética e transparência.
F. Almeida RibeiroPORTUGAL POST Estugarda
O Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda entrega o cheque de 25.000 € à presidente Associação Portuguesa de Mil-tenberg, Fernanda Belchior.A direcção da colectividade agradece, através do Portugal Post , ao Governo português representado na pessoa docônsul todo o apoio dado à Associação Portuguesa de Miltenberg.
Fundada há 30 anos, a Associação Portuguesade Miltenberg (Baviera)
acaba de ser contempladacom um avultado subsídio
de 25 mil Euros da partedo Estado português.
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 7Comunidade - Alemanha
A pedra do dominó de esfero-
vite, com 2,5 metros de altura, é
encimada pela lema “Gegen
Mauer in Kopf - Contra Muros na
Cabeça”, um apelo ao entendi-
mento entre os alemães, mas
também entre os povos, aprovei-
tando um dos acontecimentos de
maior impacto da história recente
a nível mundial, ocorrido em
1989.
A pedra de dominó foi um
projecto dos alunos da 10.ª classe,
com a ajuda dos professores de
artes plásticas, e ostenta também
as bandeiras da Alemanha, Angola,
Brasil e Portugal, para lembrar
que a escola tem alunos de várias
nacionalidades.
O embaixador de Portugal na
Alemanha, José Caetano da Costa
Pereira, esteve presente na festa
anual da escola, no fim-de-
semana, e assinou a pedra de do-
minó, aproveitando também para
contactar com alunos e professo-
res.
“Achei engraçado fazermos
uma pedra que vai cair com todas
as outras no dia 09 de Novembro,
porque somos uma escola com
alunos de muitas nações”, disse
um dos estudantes .
Outro dos jovens artistas que
participou na decoração da pedra
do dominó gigante disse que o
projecto “ajudou a saber mais coi-
sas sobre a queda do Muro”, e
prometeu não faltar à grande
festa popular que vai simbolica-
mente assinalar os 20 anos do
acontecimento, junto à Porta de
Brandenburgo, em Berlim.
“Foi um grande dia para a Ale-
manha, mas também para outros
povos, e, por isso, acho bem que
estejamos representados”, disse o
jovem luso-germânico.
Por seu turno, a porta-voz da
comissão de pais, Heike Gabriel,
sublinhou que “embora os alunos
se interessem mais por falar da
violência, do racismo ou da into-
lerância quotidianos, e menos
pelo que aconteceu há 20 anos,
foi possível associar este temas à
queda do Muro, e explicar o que
esta representou para uma maior
confiança mútua e para a com-
preensão entre os povos”.
Segundo Heike Gabriel, “ficou
também claro para os jovens que,
há 20 anos, não seria possível um
projecto destes. Juntar numa es-
cola bilingue alunos de diversas
proveniências para aprender Por-
tuguês e Alemão, num bairro que
fazia parte de Berlim-Leste”.
Um dos cinco professores
portugueses da escola, Maria Ce-
saltina das Almas Gotzer, conside-
rou o projecto da pedra de
dominó “uma obra muito didác-
tica, que permitiu tratar, nas aulas,
o tema da queda do Muro, propi-
ciando mais conhecimentos de
História e também de vocabulá-
rio”.
A docente, que lecciona há
seis anos na escola luso-alemã, re-
feriu que os professores vão re-
tomar o assunto no dia 09 de
Novembro, “porque os alunos
gostam muito de estabelecer
comparações entre culturas e
mentalidades, e é uma boa oca-
sião para o fazer”.
A Escola Europeia de Portu-
guês-Alemão Kurt-Schwitters,
assim a designação oficial, tem ac-
tualmente 76 alunos da sétima à
décima classes, entre os quais 10
portugueses.
Como estipula o protocolo
entre o Senado de Berlim e o Mi-
nistério da Educação português,
que financiam o projecto, metade
dos alunos têm o Alemão como
língua materna e a outra metade
o Português.
Francisco Assunção,Berlim
Escola luso-alemã participa nomomumento sobre a queda do muro
Os alunos da escola secundária luso-alemã deBerlim conceberam uma
das mil pedras do dominógigante que vai ser derru-
bado a 09 de Novembrono centro da cidade para
evocar os 20 anos daqueda do Muro.
Os alunos da escola secundária luso-alemã de Berlim conceberam uma das mil pedras do dominó gigante que vai serderrubado a .9 de Novembro no centro da cidade para evocar os 20 anos da queda do Muro.Na foto: Embaixador de Portugal rubrica a pedra. Foto: FA
A propósito de uma noticia da res-
ponsabilidade da redacção do Por-
tugal Post em que se pretende
sugerir que os conselheiros da Ale-
manha estão inactivos há que escla-
recer o seguinte:
1. O actual Governo acabou com o
CCP da Alemanha e de outros paí-
ses ao eliminar com a nova Lei do
CCP a existência das Secções Lo-
cais (conselhos de país). O artigo
29° que define as funções dos Con-
selheiros dentro do círculo pelo
qual foram eleitos apenas prevê
reuniões com os titulares das mis-
sões diplomáticas, postos consula-
res, conselheiros e adidos culturais
das embaixadas. A nova Lei do CCP
ao eliminar as Secções locais, dei-
xou de contemplar as actividades
de informação, auscultação e con-
tacto directo dos Conselheiros
junto das comunidades que os ele-
geram.
2. Mesmo assim os Conselheiros
têm desenvolvido uma intensa acti-
vidade de contacto com as comu-
nidades, associações e
colectividades da sua região, finan-
ciando eles próprios a sua activi-
dade e têm mesmo emprestado
dinheiro ao Estado português ao
avançarem com o pagamento das
despesas de deslocação à Embai-
xada de Portugal em Berlim e a ou-
tros encontros oficiais. Também nas
comissões de que são membros
estão a dar um contributo inestimá-
vel para a resolução de problemas
muito graves como a dupla tributa-
ção, a tributação das reformas do
estrangeiro e a perda do seu valor,
ensino e outros.
3. Finalmente é necessário assinalar
que notícias enviadas para o Portu-
gal Post sobre a actividade dos con-
selheiros, como, por exemplo, um
encontro realizado com o respon-
sável pelo posto consular de Osna-
brück em Junho passado, não têm
sido publicadas.
4 de Outubro de 2009
Os Conselheiros eleitos pela Co-
munidade Portuguesa na Alemanha
DIREITO DE RESPOSTAComunicado dos
Conselheiros Eleitos pela Comunidade
Portuguesa na Alemanha
Nota de RedacçãoQuem leu a notícia contra a qual
o CCP se insurge sabe que o PP
não se referiu à actividade ou
inactividade dos conselheiros
mas, sim, ao portal do CCP-Ale-
manha na internet que não é ac-
tualizada desde 2005, criando
confusão entre aqueles que visi-
tam o site, deparando-se com
nomes dos anteriores conselhei-
ros.
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Comunidade - Alemanha8
Apuramento dos votos por mesas
PS 780
PPD/PSD 506
BE 101
CDU 101
CDS/PP 95
MPT 13
PCTP/MRPP 8
PND 4
MEP 2
PPM 3
PPV 0
MMS 0
Votos em branco 7
Votos Nulos 192
Total Mesa 1812
540
410
68
58
61
8
10
3
5
2
1
1
12
263
1442
1320 40,57%
916 28,15%
169 5,19%
159 4,89%
156 4,79%
21 0,65%
18 0,55%
7 0,22%
7 0,22%
5 0,15%
1 0,03 %
1 0,03%
19 0,58%
455 13,98
3254 31,83
Mesa 9: Berlim, Dusseldorf, Hamburgo,Osnabruck
Mesa 10: Estugarda, Nuremberga, Munique, Singen, Frankfurt
Total por Partido
Legislativas 2009 - Resultados na Alemanha
Inscritos: 10.223
O Partido Socialista venceu aseleições legislativas na Alema-nha. Apurados os votos, os so-cialistas arrecadaram 1320votos, o que corresponde a40,57 dos votos entrados nasurnas. Mesmo assim, o PSperde para a abstenção cercade 1300 votos que tinha con-quistado em 2005, votos estesque faltaram para eleger o se-gundo deputado pela Europajá que os socialistas estiverama 600 votos de fazerem opleno.
A explicação dada pelos socia-
listas locais é que o PS pagou a fac-
tura de ser governo nos últimos
quatro anos, e, também, ao grande
número de votos que foram anula-
dos por terem sido enviados com
erro no seu preenchimento, mas
“mesmo assim, o PS continua a ser
a força politica mais forte na Alema-
nha”, disse-nos um destacado mili-
tante socialista.
Por seu turno, o PSD, que apos-
tou forte na Alemanha ao integrar
na sua lista pelo círculo da Europa
dois candidatos aqui residentes, não
consegue mais do que 916 votos
(28,15%), perdendo 875 votos em
relação às eleições realizadas em
2005.
Artur Amorim, presidente do
PSD-Alemanha, justificou ao PP a
fraca votação no PSD com a queda
do número de eleitores “que aca-
bam por ficar recenseados em Por-
tugal quando tratam de requerer o
cartão de cidadão”. Por outro lado,
Artur Amorim culpa os consulados
por não actualizarem os cadernos
eleitorais. Diz Amorim que “quando
um cidadão vai ao consulado actua-
lizar o seu endereço não o faz a ac-
tualização nos cadernos consulares
e por isso acho que os serviços
consulares deveriam ter a preocu-
pação de aconselharem as pessoas
a fazê-lo”, diz o presidente do PSD-
Alemanha.
À esquerda, o Bloco de Es-
querda reforça a sua influencia elei-
toral na Alemanha ao conseguir 169
votos (mais 66 do que em 2005) e
passa, por conseguinte, a ser a ter-
ceira força mais votada na Alema-
nha que, deste modo, ultrapassa a
CDU que alcança 159 votos, mais 9
do que em 2005.
Num curto comentário aos re-
sultados, a coligação PCP-Os Verdes
prefere destacar “ a enorme perda
de votos dos três partidos que tem
governado Portugal e definido a po-
lítica para as comunidades nos últi-
mos 33 anos. Quer o PSD quer o
PS perdem muitos milhares votos.
Só na Alemanha o PS perde 1320
votos e o PSD perde 875, isto é,
praticamente metade do eleito-
rado. O CDS-PP perde 44 votos.
As únicas forças que aumentam o
número de votos são a CDU que
passa de 152 para 159. O BE que
passa de 103 para 169“, refere uma
nota enviada por um destacado
membro do PCP, Rui Paz.
Quem perde, e contrariamente
ao que sucedeu em Portugal, é o
CDS/PP. Com os 156 votos conse-
guidos na Alemanha (menos 44 do
que em 2005) o partido parlamen-
tar mais à direita continua a ser
uma força politica sem expressão
na comunidade.
De resto, quem verdadeira-
mente ganha é a abstenção, como,
aliás, acontece em todas as vota-
ções na emigração. Dos 10.223 re-
censeados na Alemanha, votaram
nestas eleições apenas 3254 eleito-
res.
Legislativas 2009
Partido Socialista ganha as eleições na Alemanha
Manuel Silva, recém-nomeado
vice-cônsul em Osnabrück, convi-
dou a direcção da Federação das
Associações Portuguesas na Alema-
nha (FAPA) e os membros do
Conselho das Comunidades Portu-
guesas (CCP) para um encontro
que se realizou no passado dia 3 de
Outubro nas instalações do vice-
consulado
De acordo com um comuni-
cado conjunto da FAPA e do CCP
enviado à nossa redacção, o encon-
tro “decorreu numa atmosfera de
diálogo e preocupação pela resolu-
ção dos problemas da comunidade
portuguesa”, e procurou fazer “um
balanço da situação no movimento
associativo na Alemanha”.
Neste sentido, os participantes
na reunião discutiram algumas me-
didas cujo é objectivo contribuir
para vencer as dificuldades com
que as associações se debatem. Os
problemas financeiros, a falta de só-
cios com preparação para assumir
funções de direcção nas colectivi-
dades bem como a sua ligação às
comunidades locais foram algumas
das razões apontadas que geram
obstáculos que o movimento asso-
ciativo tem de saber ultrapassar. De
acordo com o comunicado, foi
ainda abordada a questão da oferta
da actividade cultural das associa-
ções como um aspecto muito im-
portante para aumentar a sua
atractividade junto da comunidade
portuguesa.
Na reunião, a FAPA voltou a in-
sistir na necessidade de se organi-
zarem cursos para a formação de
dirigentes associativos.
O comunicado refere ainda que
na reunião foi abordada a imple-
mentação dos novos Conselhos
Consultivos junto dos consulados,
criados pelo Governo, tendo os
conselheiros das comunidades re-
cordado que “o processo da sua
constituição fere princípios funda-
mentais da democracia ao impedir
a eleição destes órgãos pela comu-
nidade portuguesa e ao estabelecer
a sua nomeação pelos responsáveis
dos postos consulares”.
Os conselheiros “exigiram por
isso mesmo a necessidade de
grande transparência na sua consti-
tuição e a sua não partidarização,
uma vez que se destinam a defen-
der os direitos de toda a
comunidade portuguesa indepen-
dentemente das opções ou prefe-
rências politicas dos seus
membros”, conclui o comunicado.
Sobre os motivos que levaram
a convocar a reunião, Manuel Silva
disse ao PP que convocou os mem-
bros da FAPA e do CCP para se
apresentar na qualidade de titular
do Vice-Consulado de Portugal em
Osnabrück e para lhes transmitir a
vontade de manter a mesma rela-
ção de proximidade e de colabora-
ção que tivera durante as suas
funções anteriores.
“Nutro o maior respeito pelas
organizações não governamentais
eleitas democraticamente, entendo
ser minha obrigação auscultar esses
órgãos, os dirigentes das associa-
ções ou os Portugueses e Portu-
guesas que o possam solicitar.
Debati também com os mem-
bros da Federação das Associações
Portuguesas e do Conselho das
Comunidades Portuguesas na Ale-
manha várias questões relativas aos
Portugueses e Portuguesas aqui re-
sidentes. O associativismo e o en-
sino foram alguns dos temas
discutidos com os senhores mem-
bros do CCP e da FAPA”, salientou
o vice-cônsul em Osnabrück
Redacção
Vice-cônsul em Osnabrück junta FAPA e CCP
A falar é que a gente se entende
Manuel Silva, vice-cônsul de
Portugal em Osnabrück, informou
o PP sobre a sua intenção de reunir
com todos os dirigentes das colec-
tividades portuguesas, das missões
católicas e dos ranchos folclóricos
daquela área consular, a fim de se
inteirar melhor dos problemas
existentes nas mais diversas locali-
dades. Tal reunião servirá ainda para
eleger quatro membros, os quais,
conjuntamente com outros portu-
gueses ou Portuguesas residentes
nesta área consular, formarão o
Conselho Consultivo da área con-
sular do Vice-Consulado de Portu-
gal em Osnabrück, em
conformidade com o estabelecido
no regulamento Consular. O Con-
selho Consultivo reunirá, pelo mí-
nimo, três vezes por ano e será da
sua competência produzir informa-
ções e pareceres sobre as matérias
que afectem os Portugueses resi-
dentes nesta área de jurisdição con-
sular, assim como elaborar e propor
recomendações respeitantes à apli-
cação das políticas dirigidas às co-
munidades portuguesas.
Manuel Silva disse ainda que
procurará terminar o processo de
escolha e de nomeação dos mem-
bros que formarão o Conselho
Consultivo daquela área consular
até final deste ano para dar posse
ao mesmos com efeitos a partir do
dia 1 de Janeiro de 2009.
Vice-cônsul em Osnabrück vai cria Conselho Consultivo
Vice-Cônsul manuel Silva
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Comunidade - Alemanha 9
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O coreógrafo e bailarino português, Hugo Vieira, residente na
Alemanha encontrou o sucesso neste país para onde veio há
cerca de 10 anos.
Neste momento, Hugo Vieira, leva à cena um musical-bailado
intitulado “FADO=DESTINO” na cidade de Gera com espec-
táculos marcados até meados de 2010, depois de ter sido es-
treado em 2008.
Hugo Viera é natural de Lisboa onde, de resto, iniciou os estu-
dos em bailado na Escola de Dança do Conservatório Nacional
e posteriormente no Centro de Dança Internacional de Rosella
Hightower em Cannes.
Como Bailarino foi membro da Companhia Nacional de Bai-
lado, Braunschweig Ballet e Karlsruhe Ballet. Ao longo da sua
carreira dançou em peças de diversos coreógrafos tais como
Forsythe, Galili, Wellenkamp, Naharin, Duato, Horta, Bill T.
Jones, Alston, Wyss, Gomes e Roriz entre outros.
Hugo Viera foi finalista no concurso internacional de coreogra-
fia em Hannover. Participou no Solo-Tanz Festival em Estugarda
e no Festival de Artes de Macau e criou "Points of You" para o
programa de Jovens coreógrafos do Ballet de Estugarda.
Hugo Viera encenou e coreografou a ópera "Triumphierende
Liebe" para o festival Musik Tage Hannover. Criou a coreografia
para o musical Frankenstein na Alemanha e para Jesus Cristo
Superstar na Austria.
Hugo Viera tem criado peças para o Ballet Karlsruhe, Ballet
Braunschweig, Hannover Opera House, CeDeCe, Dançarte,
Theater Ingolstadt, Tiroler Landestheater Innsbruck e Thüringen
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A comissão redactora do Mani-
festo contra a gestão de Jürgen
Adolff, o cônsul honorário de Portu-
gal há mais de duas décadas a exercer
um cargo de alta responsabilidade po-
lítica e diplomática na capital da Sie-
mens e BMW, apura a contagem das
assinaturas e leva a cabo, na segunda
quinzena de Novembro, uma Confe-
rência de Imprensa, segundo apurou
o nosso jornal de fonte reputada, que
declina neste momento a identidade
por razões tácticas.
Ao que o PP conseguiu apurar,
existem diversos locais de recolha de
assinaturas para o Manifesto contra a
gestão do Cônsul Honorário de Por-
tugal na Baviera. Diversos restauran-
tes de prestígio da capital bávara,
quatro Missões Católicas e as Asso-
ciações lusitanas de Nuremberga, Er-
furt e Bamberg, entre outras,
colocaram os seus painéis informati-
vos para a exposição e recolha de as-
sinaturas de protesto contra o cônsul
inoperante de Portugal em Munique.
Tudo leva a crer, portanto, que haverá
uma massiva rejeição do perfil de ino-
perância posto em prática por Jürgen
Adolff.
Segundo fontes reputadas, pa-
rece existir um pesado mal estar nas
esferas do Consulado-Geral de Por-
tugal em Estugarda e no interior da
embaixada de Portugal em Berlim. „
Existe um jogo do empurra e, só um
novo titular da Secretaria de Estado
das Comunidades Portuguesas, pode
evitar o pior“, segundo conseguimos
ainda apurar. O caso arrasta-se desde
Julho e a embaixada, invariavelmente,
remete para o SECP a responsabili-
dade total para a solução do melin-
droso caso.
De acordo com Regulamento do
MNE, em vigor, um cônsul honorário
só pode permanecer em funções por
dez anos. E as delicadas funções ads-
tritas ao cargo impõem um regular
contacto protocolar junto do Go-
verno de estado da Baviera, o que
nunca foi realizado pelo sr. Jürgen
Adolff, frisa-nos a referida fonte. Mu-
nique „ albergou „ durante anos a pia-
nista portuguesa mais famosa de
sempre, Maria João Pires, e o pintor
Costa Pinheiro, de projecção univer-
sal, ofereceu ao Museu de Arte Mo-
derna da capital bávara centenas de
quadros. Dezenas de bolseiros e in-
vestigadores nacionais estabeleceram
residência de trabalho e investigação
de alta qualidade, junto dos laborató-
rios e centros de pesquisa na capital
do Museu da Ciência alemã e mun-
dial. F. Almeida Ribeiro
Manifesto contra actual Cônsul Honorário de Portugal em Munique
A Federação das Associações
Portuguesas na Alemanha acaba de
publicar um boletim de informação
para os sócios.
Com formato A5 e 24 páginas, o
boletim contem informação sobre as
actividade da Federação e informação
geral proveniente das associações fe-
deradas.
Vítor Estradas, presidente ree-
leito da FAPA, disse-nos que o bole-
tim não terá uma periodicidade
regular, “sairá quando sair”.
Num curtíssimo editorial do bo-
letim, a FAPA justifica a publicação es-
crevendo que a “direcção da FAPA
acha que os nossos sócios e a comu-
nidade portuguesa na Alemanha
devem receber certas informações da
FAPA e sobre a FAPA de primeira
mão e não, como já tem acontecido
várias vezes, de maneira como agrada
à imprensa e à politica”, reza o edito-
rial
FAPA publica boletim de informação
A Federação de Associações
Portuguesas na Alemanha convocou
a sua assembleia-geral ordinária
para proceder à eleição dos seus
novos corpos gerentes. Após a vo-
tação, Vítor Estradas foi mais uma
vez reconduzido para liderar a Fe-
deração, o que já vem sendo habi-
tual desde há dez anos para cá.
Aliás, a direcção da FAPA é
toda reconduzida com excepção
dos membros que constituem a
mesa da assembleia – geral.
Fernando Genro assume assim,
a vice-presidência , com Óscar Pais
na pasta das contas, Fernando Oli-
veira a secretariar e Manuel Lisboa
no pelouro do ensino e educação.
Segundo o seu presidente, na
última assembleia-geral, a que ora
se faz referência, estiveram presen-
tes dez das vinte e sete associações
que continuam federadas na FAPA.
Recorde-se que são cerca de
duzentas e cinquenta o número de
associações existentes na Alema-
nha.
Desde há três anos que a FAPA
não consegue cativar a aderência
das associações, como, aliás, reco-
nhece o seu presidente
Perante esta situação, de fraca
adesão à FAPA, Vítor Estradas diz
que mesmo assim se justifica a exis-
tência da Federação. Estradas
adianta que “houve muitas associa-
ções que usufruíram do trabalho da
FAPA e das vantagens da sua exis-
tência”. Mas, como diz ainda Vítor
Estradas, não foram apenas as asso-
ciações a beneficiarem da existên-
cia da FAPA, “também a própria
comunidade usufruiu da existência
da FAPA”, concretamente “da
nossa luta como foi, por exemplo,
as manifestações que organizámos
em defesa do ensino”. Vítor Estra-
das diz que “quando é preciso de-
fender os direitos da comunidade é
que se lembram da existência da
FAPA” e é por isto que o actual
presidente assume que vale a pena
a Federação continuar a existir.
Sobre a questão da sua representa-
tividade e, até, da sua legitimidade,
Vítor Estradas dá a volta a questão
dizendo que “é a mesma coisa
como se passa numa associação em
que há a falta de comparência dos
seus associados e, por isto, começa
a viver com problemas”.
Sobre a utilidade real de uma
organização como a FAPA nos tem-
pos de hoje, o presidente reeleito
diz, laconicamente, que a Federação
“é necessária para defender a co-
munidade e criar projectos comuns
e até ajudar individualmente as pes-
soas. Mas, também serve para orga-
nizar manifestações, como já se
viu”, argumentou Vítor Estradas.
Redacção
FAPA elege os seus (velhos) novos corpos gerentes
“Evolução na continuidade
O Conselho da Comunidades
Portuguesas na Alemanha (CCP) in-
surge-se contra a falta de transparên-
cia na criação dos Conselhos
Consultivos junto dos consulados.
Depois da notícia do PP sobre o
processo de criação do Conselho
Consultivo criado pelo Consulado-
Geral em Estugarda, o CCP refere,
num comunicado enviado ao PP, que
“é desapropriado nomear represen-
tantes de partidos políticos para um
órgão que se deve debruçar sobre os
problemas de todos os membros da
Comunidade independentemente das
suas opções e preferências políticas
ou partidárias”.
Acusado o ex-governo de ter op-
tado por um “processo autoritário e
de carácter antidemocrático”, escon-
dendo do CCP “todo o processo de
revisão do Regulamento Consular
exactamente para poder mais facil-
mente e no secretismo excluir dos
Conselhos Consultivos, os Conselhei-
ros das Comunidades, estes sim elei-
tos e legitimados pelo voto das
Comunidades”
Mais adiante, os conselheiros da
Alemanha dizem apoiar “a constitui-
ção de órgãos que possam contribuir
para a participação e empenhamento
da Comunidade Portuguesa na reso-
lução dos seus problemas à escala
local ou regional”, mas “exigem que a
sua constituição seja transparente e
que deles não possam nunca ser ex-
cluídos os representantes que a co-
munidade elegeu e legitimou com o
seu voto como é o caso dos mem-
bros do Conselho das Comunidades
Portuguesas”, refere o comunicado..
Segundo o CCP - Alemanha “Há falta de transparência na constituição dos Conselhos Consultivos”
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 200910 Pobreza
Os requisitos para que uma
pessoa possa ser contemplada com
tal tipo de ajuda é não ter rendi-
mentos próprios, propriedades e
familiares próximos que possam ga-
rantir o seu sustento. Assim, um
adulto hoje que viva nestas condi-
ções, recebe do Estado um total de
359 euros mensais.
Este valor foi inicialmente defi-
nido a partir de uma estimativa de
consumo mínimo de bens essen-
ciais como alimentos, artigos higié-
nicos e meios de transporte
público. Além disso, o Estado res-
ponsabiliza-se pelos encargos de
renda de casa e pelos custos de
energia do beneficiário, desde que
estes não ultrapassem uma deter-
minado soma.
As crianças com menos de seis
anos recebem por mês 60% deste
valor, ou seja, 215 euros. Menores
entre 6 e 13 anos recebem 251
euros e adolescentes com mais de
14 anos, 287 euros mensais.
Três famílias de várias partes do
pais, entretanto, apresentaram uma
queixa ao Tribunal Federal Consti-
tucional, com o argumento de que
essa ajuda mensal não é suficiente
quando existem crianças para
serem sustentadas.
Depois de terem sido julgados
em tribunais de primeira instancia,
as três famílias recorreram ao Tri-
bunal Federal Constitucional, que, à
hora do fecho desta edição, ainda
não tinha analisado se a ajuda ce-
dida pelo Estado garante ou não o
mínimo necessário para a sobrevi-
vência de famílias com crianças.
Caso os juízes cheguem à con-
clusão de que não é o casos, a con-
cessão desses benefícios será
considerada anticonstitucional, por
ferir o primeiro artigo da Lei funda-
mental do país, que prevê „a inte-
gridade da dignidade do cidadão“.
Neste momento, a Alemanha
conta com 2 milhões de menores
com menos de 18 anos que depen-
dem de ajuda social, sendo que 1,7
milhão tem menos de 16 anos, e
aproximadamente 900 mil menos
Tribunal Constitucional alemão debruça-sesobre ajuda social para famílias com criançasDesde que entrou emvigor, no início de 2005,o plano de ajuda socialHartz IV (uma referên-cia ao nome do mentordo programa que regu-lamenta a concessão deajuda social às pessoasque não dispõem derenda própria), vemsendo criticada na Ale-manha, principalmentepelas pessoas que recor-rem a essa ajuda.
de seis anos. Várias organizações de
defesa dos direitos civis apelam pu-
blicamente para um aumento dos
auxílios concedidos a famílias que
vivem situação de pobreza.
„É um desafio para os pais so-
breviver com esse dinheiro“, disse
uma assistente social de uma orga-
nização de protecção de menores,
em Berlim. „Ter sempre que dizer
não à criança é difícil“, diz .
Para aqueles que vivem da ajuda
do Estado, „a partir de meados do
mês, vai ficando difícil comprar co-
mida“, observa a assistente-social.
Muitas famílias apelam para a distri-
buição de alimentos por institui-
ções de solidariedade social.
Mas alguns tentam esconder a
própria miséria, conta a assistente
social. „Há simplesmente cortes na
comida“, diz ela, ao observar que,
para muitas famílias com crianças,
até a chegada do próximo cheque
mensal enviado pelo Estado só há
massa com ketchup no prato. As
consequências disso são visíveis.
„Crianças pobres têm uma saúde
menos estável que as outras“, diz a
assistente-social.
Um estudo do Instituto de Pes-
quisa sobre Alimentação Infantil já
apontava em 2007 que as mensali-
dades do plano Hartz IV não bas-
tam para uma alimentação infantil
equilibrada. E quanto mais crescem
as crianças e adolescentes, maior é
a lacuna alimentar.
E também mais problemas de
ordem psíquica, em função das difi-
culdades financeiras dos pais, da
condição de excluídos na sociedade
e até na forma como isso se re-
flecte nas relações imediatas entre
os colegas numa sala de aula. „Eu
não diria que é impossível lidar com
essa situação, mas é preciso dizer
que é muito difícil viver desta
forma“, resume a assistente-social.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Pobreza 11
18 por cento dos portuguesessão pobres, uma realidadeque as instituições de apoiosocial dizem estar a agravar-se.
Segundo a Assistência Médica
Internacional (AMI), os seus cen-
tros Porta Amiga apoiaram no pri-
meiro semestre deste ano mais 10
por cento de pessoas do que no
mesmo período do ano anterior.
„Estes valores demonstram
uma nítida tendência para um
crescente número de casos de po-
breza persistente. A grande maio-
ria destas pessoas encontra-se em
plena idade activa, entre os 21 e os
59 anos de idade“, pode ler-se
num comunicado daquela organi-
zação. Além disso, a AMI destaca
que há cada vez mais novos casos
de pobreza. No primeiro semestre
deste ano „foram 1836 as pessoas
que recorreram pela primeira vez
ao apoio social da AMI, mais 24
por cento do que no mesmo pe-
ríodo no ano anterior“.
Também a Rede Europeia Anti-
Pobreza se manifesta preocupada
com a situação em Portugal, onde
afirma que 18 em cada 100 pes-
soas vivem na pobreza.
“O número europeu que serve
de referência para definir a po-
breza equivale a um vencimento
mínimo mensal de 406 euros men-
sais. Quem tiver um rendimento
inferior a 406 euros é pobre”,
disse Agostinho Jardim Moreira,
presidente da Rede Europeia Anti-
Pobreza (REAP).
Num comunicado, a REAP su-
blinha que “os idosos e as crianças
e jovens são os grupos etários
com maior taxa de risco de po-
breza em Portugal. A “vulnerabili-
dade à situação de pobreza” é de
26 por cento para os idosos e de
21 por cento para pessoas com
menos de 17 anos, indica.
A mesma instituição destaca a
desigualdade em matéria da distri-
buição de rendimento como um
dos principais problemas: „Em
2008, 20 por cento da população
com maior rendimento recebia
aproximadamente 6,1 vezes o ren-
dimento dos 20 por cento da po-
pulação com o rendimento mais
baixo”.
Por outro lado, a REAP re-
corda, citando dados do Instituto
Nacional de Estatística, que no se-
gundo trimestre de 2009, a taxa de
desemprego foi de 9,1 por cento,
um valor que, comparativamente
ao mesmo período do ano pas-
sado, aumentou 1,8 pontos per-
centuais.
“Só a existência de empregos
e de salários pode quebrar os ci-
clos de pobreza que estão criados
e reestruturar as famílias, permi-
tindo-lhes mandar os filhos à es-
cola, cuidar dos idosos e viver com
dignidade”, referiu Jardim Moreira.
Também a AMI regista que a
maioria da população que recor-
reu aos centros Porta Amiga no
primeiro semestre se encontra em
situação de desemprego (80 por
cento), „tendo como principais re-
cursos os subsídios e apoios insti-
tucionais e o apoio de familiares
ou amigos“.
O serviço que registou mais
procura entre as mais de cinco mil
pessoas que, nos primeiros seis
meses de 2009, pediram ajuda à
AMI, foi o da distribuição de géne-
ros alimentares, roupa e medica-
mentos.
Num contexto de pobreza
mundial, 2010 será o Ano Europeu
do Combate à Pobreza e à Exclu-
são Social.
A pobreza na Alemanha, umdos países mais ricos domundo, continua a aumentar,com 13 por cento das pes-soas afectadas, e só as ajudasdo Estado evitam que estapercentagem duplique.
Os números constam do úl-
timo relatório sobre pobreza e
distribuição da riqueza na maior
economia europeia, publicado em
Junho de 2008 - antes de eclodir
a crise económica - pelo Ministé-
rio do Trabalho e dos Assuntos
Sociais.
Num país onde o salário
médio bruto atinge os 3096 euros
por mês, considera-se pobre
quem ganha menos de 781 euros
brutos mensais.
Apesar disso, a pobreza é um
flagelo social na Alemanha e, para
a combater, o ex-ministro social-
democrata da tutela, Olaf Scholz,
propôs a introdução de salários
mínimos em vários ramos de ac-
tividade, e o seu partido, o SPD,
reivindica um salário mínimo na-
cional de 7,50 euros por hora.
Os democratas-cristãos e a
chanceler Angela Merkel, principal
força política do governo ces-
sante, rejeitaram, no entanto, a
adopção de um salário mínimo
nacional, como já aconteceu em
França ou no Reino Unido, ale-
gando que a iniciativa contribuiria
para eliminar postos de trabalho.
Após as legislativas de Setem-
bro, Merkel prepara-se para for-
mar novo governo com os libe-
rais, que também rejeitam o salá-
rio mínimo nacional, e preferem,
por exemplo, falar num aumento
do abono de família ou na redu-
ção dos impostos.
Segundo Frank Bsirske, presi-
dente do ver.di, sindicato dos ser-
viços públicos, existem hoje na
Alemanha perto de dois milhões
de trabalhadores a ganhar menos
de cinco euros à hora, „o que é
manifestamente pouco para
viver“. Vários sociólogos alertam
para o facto de haver cada vez
mais trabalhadores na Alemanha a
necessitar de dois empregos para
equilibrar o seu orçamento, atri-
buindo esta situação ao recurso
galopante ao „dumping“ salarial,
não apenas em tarefas pouco qua-
lificadas, mas também em secto-
res tradicionais da economia.
Para o aumento da precarie-
dade contribuiu a medida do an-
terior chanceler Gerhard
Schroeder que colocou os de-
sempregados de longa duração,
que anteriormente recebiam
quase 70 por cento do último sa-
lário durante três anos, a receber
apenas 359 euros por mês de
Rendimento Social de Inserção
(HARTZ IV) a partir do segundo
ano.
De acordo com a secção
alemã da Cáritas, há actualmente
sete milhões de alemães a viver
do HARTZ IV. Mas este não é, no
entanto, a única forma de apoio
oficial a que os mais necessitados
têm direito. Há subsídios para
renda de casa e subsídios para
comprar mobiliário ou electrodo-
mésticos. O Estado atribui em
média 662 euros mensais a cada
beneficiário do RSI.
Para combater a pobreza, a
Associação das Instituições So-
ciais exige um salário mínimo na-
cional de 7,50 euros por hora, um
aumento do HARTZ IV e de ou-
tros apoios do Estado, como sub-
sídios para renda de casa, e um
amplo pacote de medidas contra
a pobreza infantil.
Na opinião do sociólogo ber-
linense Martin Kronauer, as refe-
ridas propostas são „meritórias,
mas insuficientes“ para combater
a pobreza, que se abate ainda com
mais violência sobre cerca de 265
mil sem-abrigo.
Trata-se de um levantamento
efectuado pela Associação Federal
de Ajuda aos Sem-Abrigo (BAG),
que gere a nível nacional 1200
serviços e postos de assistência
aos mais necessitados.
O número de sem-abrigo na
Alemanha tem diminuído: em
1995 ainda havia quase um milhão
de pessoas a viver na rua ou tem-
porariamente em instituições ou
lares sociais. No entanto, a BAG
teme que o número aumente de-
vido aos cortes nos subsídios de
desemprego e à actual crise eco-
nómica.
Só as ajudas do Estado evitam duplicaçãodo número de pessoas afectadas
18 por cento são pobres e a situação tende a piorar
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Cultura12
José Saramago afirmou , emPenafiel, que o seu novo livro,intitulado „Caim“, não vai es-candalizar os católicos, masadmitiu que poderá gerarreacções entre os judeus.
„Na Igreja Católica não vai
causar problemas porque os ca-
tólicos não lêem a Bíblia, só a hie-
rarquia, e eles não estão para se
incomodar com isso. Admito que
o livro possa incomodar os ju-
deus, mas isso pouco me im-
porta“, disse o Nobel português,
que lançou mundialmente o seu
novo livro, em Penafiel.
Em entrevista à Lusa, Sara-
mago falou deste livro, em que re-
gressa ao tema religioso,
contando, em tom irónico e jo-
coso, a história de Caim, filho pri-
mogénito de Adão e Eva, quase
duas décadas após o escândalo
provocado pela sua obra „O
Evangelho segundo Jesus Cristo“
(1991).
„Caim interessa-me há muitos
anos, é uma coisa que foi cres-
cendo e que, de repente, já não
consegui suster, tive que começar
a escrever“, disse José Saramago,
que elaborou este livro, com 181
páginas, muito rapidamente, em
apenas quatro meses.
O autor salientou que não é,
de forma nenhuma, um autor de
livros religiosos, que é uma maté-
ria que só lhe interessa porque
está desde sempre muito pre-
sente na mente dos homens, e na
história da Humanidade.
„Para este livro voltei a con-
sultar a Bíblia, mas ela não é de
nenhuma forma leitura da minha
preferência, é apenas um instru-
mento necessário para escrever
este livro“, frisou.
Segundo o Antigo Testamento
da Bíblia, Caim terá sido o filho
primogénito de Adão e Eva, que
matou Abel, seu irmão mais novo,
num acesso de ciúmes, após veri-
ficar que Deus mostrara prefe-
rência por este.
„Caim matou o irmão porque
não podia matar Deus. É uma his-
tória horrível de crime e violência
e, mostra um Deus cruel, porque
deixa que isso aconteça“, afirma
Saramago.
O autor escolheu, para contar
a história de Caim, que considera
uma história de extrema violência
e crueldade, um tom irónico, tro-
cista.
„Sim, é uma porta aberta para
a ironia, há um anjo enviado por
Deus com uma missão e que
chega atrasado por avaria de uma
asa, coisas assim. Cada livro diz ao
autor como quer ser escrito,
neste caso foi em tom irónico“,
disse o Nobel português.
A sexualidade está também
muito presente no livro.
„Isso surpreendeu-me até a
mim, porque costumo ser muito
discreto nesse particular. Aqui de-
cidi envolver a Lilith, sempre des-
crita como uma mulher má, numa
grande sensualidade“, disse.
No Antigo Testamento, Lilith, a
primeira mulher de Adão, revol-
tou-se por ser sempre obrigada a
ficar por baixo nas relações se-
xuais, tendo sido mais tarde acu-
sada de ser a serpente que deu a
comer a maçã, o fruto proibido, a
Eva.
„Podem dizer que há muita
violência no livro, mas de facto
não precisei de juntar violência
nenhuma, basta a que está nos
textos bíblicos, que é mais que
muita“, disse o autor.
O escritor referiu que o pro-
blema mais complexo na feitura
de „Caim“ foi a sua estruturação
temporal, uma vez que o ordena-
mento cronológico não funcio-
nava.
Optou, por isso, por uma es-
trutura não cronológica em que o
narrador usa as expressões
„tempo passado“ e „tempo fu-
turo“ para contar, respectiva-
mente, o que aconteceu e o que
irá ocorrer.
Saramago referiu que já está a
trabalhar num novo livro e que,
embora tenha apenas algumas de-
zenas de páginas escritas, já sabe
qual será a última frase.
Sublinhou, ainda, que os seus
livros não têm mensagem.
„Não gosto de falar em men-
sagens, nem quero passar mensa-
gens. A mensagem é tudo aquilo
que o leitor possa tirar do livro e
isso pode resultar em coisas
muito diferentes, de leitor para
leitor“, disse.
Lusa/Portugal Post
Novo livro de José Saramago
não incomodará católicos, mas podegerar reacções nos judeus”- Saramago
José Saramago afirmou que „a
Bíblia é um manual de maus costu-
mes, um catálogo de crueldade e do
pior da natureza humana“.
„Sobre o livro sagrado, eu cos-
tumo dizer: lê a Bíblia e perde a
fé!“, disse o escritor, numa entre-
vista concedida à Lusa, a propósito
do lançamento mundial do seu
novo livro, intitulado „Caim“.
„A Bíblia passou mil anos, deze-
nas de gerações, a ser escrita, mas
sempre sob a dominante de um
Deus cruel, invejoso e insuportável.
É uma loucura!“, afirma o Nobel da
Literatura de 1998, para quem não
existe nada de divino na Bíblia, nem
no Corão.
„O Corão, que foi escrito só
em 30 anos, é a mesma coisa. Ima-
ginar que o Corão e a Bíblia são de
inspiração divina? Francamente!
Como? Que canal de comunicação
tinham Maomé ou os redactores da
Bíblia com Deus, que lhes dizia ao
ouvido o que deviam escrever? É
absurdo. Nós somos manipulados e
enganados desde que nascemos!“
afirmou.
Saramago sublinhou que „as
guerras de religião estão na Histó-
ria, sabemos a tragédia que foram“.
Considerou que as Cruzadas
são um crime do Cristianismo,
morreram milhares e milhares de
pessoas, culpados e inocentes, ao
abrigo da palavra de ordem ‘Deus o
quer’, tal como acontece hoje com
a Jihad (Guerra Santa).
Saramago lamenta que todo
esse „horror“ tenha feito em nome
de „um Deus que não existe, nunca
ninguém o viu“.
„O teólogo Hans Kung disse
sobre isto uma frase que considero
definitiva, que as religiões nunca
serviram para aproximar os seres
humanos uns dos outros. Só isto
basta para acabar com isso de
Deus“, afirmou.
Salientou ainda que „no Catoli-
cismo os pecados são castigados
com o Inferno eterno. Isto é com-
pletamente idiota!“.
„Nós, os humanos somos muito
mais misericordiosos. Quando al-
guém comete um delito vai cinco,
dez ou 15 anos para a prisão e de-
pois é reintegrado na sociedade, se
quer“, disse.
„Mas há coisas muito mais idio-
tas, por exemplo: antes, na criação
do Universo, Deus não fez nada.
Depois, decidiu criar o Universo,
não se sabe porquê, nem para quê.
Fê-lo em seis dias, apenas seis dias.
Descansou ao sétimo. Até hoje!
Nunca mais fez nada! Isto tem
algum sentido?“, perguntou. Para
José Saramago, „Deus só existe na
nossa cabeça, é o único lugar em
que nós podemos confrontar-nos
com a ideia de Deus. É isso que
tenho feito, na parte que me toca“.
“Bíblia é manual de maus costumes e um catálogo do pior da natureza humana”
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Crónica 13
Publicidade
indignação foi grande, recen-
temente em Portugal, quando
a televisão mostrou uma pe-
quena reportagem sarcástica,
mas completamente inofensiva, que
uma jornalista brasileira rodou em
Portugal. O caso encheu páginas de
jornais e muitos minutos de rádio
e televisão: «não há direito!» excla-
maram os bem-pensantes do cos-
tume. Esquecendo-se que há sim: o
direito à livre expressão. Depois o
caso que foi suplantado por um
motivo de indignação ainda maior:
José Saramago teve a ousadia inau-
dita de apontar um facto indisputá-
vel: a Bíblia está cheia de histórias
pouco edificantes. Em qualquer país
civilizado do mundo, a afirmação
teria muito provavelmente susci-
tado um debate interessante e pro-
dutivo sobre o significado da Bíblia
hoje.
Em Portugal saltaram logo os
profissionais da indignação, que não
perdem qualquer oportunidade
para, empertigados e de dedo em
riste, exigir o já lendário «respeiti-
nho». Nenhum tentou rebater as
afirmações de Saramago com argu-
mentos. Uma cultura de debates é
coisa que não existe no nosso país.
Fundamentalmente, quem ousa
fazer afirmações incómodas – e Sa-
ramago, para enorme sorte nossa, é
um mestre do métier – pode con-
tar com dois tipos de resposta.
Aquela que, por motivos de econo-
mia, chamo de «peixeirada» e que
se rege pelo princípio de que quem
grita mais alto e insulta mais feio é
que tem razão. O importante aqui
é não avançar com argumentos de
espécie alguma, apenas chamar
nomes ao visado e à sua mãezinha.
É uma arte não dominada apenas
pelos frequentadores mais alcooli-
zados das tabernas de bairro, como
se poderia julgar pelo nível. Basta
ler na imprensa dita séria os ilustres
comentadores da praxe. Ou lem-
brar o eurodeputado português
que exigiu a Saramago que renun-
ciasse à nacionalidade portuguesa.
O nível do debate ficou bem ex-
presso na resposta deste político
do PSD à pergunta se ao menos
tinha lido o livro: «Não li, nem vou
ler. Porquê, é obrigatório?». Não,
claro que não é obrigatório. Assim
como não é obrigatório ter dois
dedos de testa para ser eleito eu-
rodeputado em Portugal.
A segunda reacção é um ligeira-
mente amuado e muito superior
«ai, consigo não discuto». É uma es-
tratégia que não carece de uma
certa esperteza saloia. Disfarça-se
o próprio vácuo cerebral que não
produz argumentos para contrapor,
mas passando o ónus ao interlocu-
tor que – depreende-se – não me-
rece a dignidade de uma resposta.
Os representantes da multina-
cional que dá pelo nome de Igreja
Católica têm um outro truque para
se esquivarem a debater. A quem
lhes aponta as inconsistências, as
contradições, os dilates e a pura
brutalidade da Bíblia, respondem
que ela carece de interpretação, e
essa não pode ser feita por qual-
quer um. Dão-lhe um nome mais
fino, chamam-lhe exegese, mas é a
mesma coisa. Os únicos autoriza-
dos a praticar a tal «exegese» são
eles próprios, pois claro. É um
poder que só dificilmente quererão
largar. E de outra forma também
não seria possível torcer os conteú-
dos conforme dá mais jeito na oca-
sião, como tem vindo a acontecer
ao longo dos séculos. Nem se podia
ter construído toda uma classe pro-
fissional que vive muito bem da ale-
gada incapacidade do resto da
humanidade de ler um livro. Há
quem rejeite a prática. O Criacio-
nismo, por exemplo, decidiu pres-
cindir de interpretações e levar a
Bíblia à letra, que é como quem diz,
a sério. O que, dado ser um livro de
ficção com autores múltiplos es-
crito ao longo de vários séculos, só
podia dar, e deu, em esquizofrenia.
Mas o que – mais uma vez - não
houve em Portugal, foi a menor
vontade de conduzir um debate pú-
blico com argumentos fundamenta-
dos, trocado entre pessoas adultas
capazes de respeitar a liberdade de
expressão alheia, e apostados em
chegar a uma conclusão. Chamo a
atenção que Saramago, ao contrário
dos seus detractores, não insulta
ninguém, nunca recorre ao ad ho-
minem e limita-se a dar a sua opi-
nião quando lha pedem. Que pena
haver tão pouca gente a seguir-lhe
o exemplo. Pior: a nossa legião de
taliban de pacotilha gostaria de si-
lenciá-lo, e a todos os que reivindi-
cam o direito de pensar pela
própria cabeça, porque sabe que o
pensamento crítico e a liberdade de
opinião colocam em perigo as suas
posições privilegiadas de poder po-
lítico e económico.
Exagero meu? Parece que não
estou sozinha: em Outubro, o Tribu-
nal Europeu dos Direitos Humanos
condenou o Estado português a
pagar uma indemnização de dez mil
euros a um habitante de Mortágua.
Este circulara no Carnaval um bo-
neco que representava o autarca
local com um saco azul na mão. Foi
posto em tribunal e condenado a
multa pesada por difamação, o que
o Tribunal Europeu, por sua vez,
considerou uma violação da liber-
dade de opinião.
A pobre da liberdade de ex-
pressão e informação anda pelas
ruas da amargura no nosso país: no
índice de liberdade de imprensa da
organização Repórteres sem Fron-
teiras de 2009, Portugal cai da 16ª
para a 30ª posição, em ex aequo
com o Mali. Ao ler a notícia fiquei à
espera da enorme onda de indigna-
ção popular. Debalde.
PorCristina Krippahl
Os nossos taliban de trazer por casa
A
“Chamo a atenção que
Saramago, ao contrário
dos seus detractores,
não insulta ninguém,
nunca recorre ao ad ho-
minem e limita-se a dar
a sua opinião quando
lha pedem”.
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Publicidade14
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 15Gripe A H1N1
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A Alemanha já regista umatendência para o aumentodos casos de gripe A com achegada das baixas tempera-turas, que favorecem a pro-pagação do vírus, até agoracontraído por cerca de 25 milpessoas.
“Esperamos um aumento sig-
nificativo do número das infec-
ções, como já está a suceder, por
exemplo, nos Estados Unidos.
Seria ilusório pensar que pode-
mos manter os níveis actuais”,
disse, em Berlim, o secretário de
Estado da Saúde, Klaus Theo
Schroeder.
Até agora, registaram-se dois
casos de óbitos atribuíveis à gripe
A, “mas com o aumento da pro-
pagação da epidemia aumenta
também a possibilidade de ter-
mos mais casos graves”, acrescen-
tou o membro do governo.
O pico das infecções semanais
ocorreu em Julho e Agosto,
quando se ultrapassaram os três
mil casos, mas depois houve uma
descida gradual para cerca de 800
casos, na segunda metade de Se-
tembro.
No entanto, as infecções
“estão de novo a subir e na se-
mana passada registámos mais
1596 casos”, disse o professor
Joerg Hacker, presidente do Insti-
tuto Robert Koch (RKI), que
coordena o combate à pandemia.
Além disso, enquanto em
Julho e Agosto o número de infec-
ções “importadas” na Alemanha
constituía cerca de 80 por cento
do total de casos, actualmente 90
por cento das infecções são au-
tóctones, referiu o mesmo espe-
cialista.
“O vírus está entre nós e pro-
paga-se mais rapidamente”, adver-
tiu Hacker.
Positivo é o facto de o RKI,
nos estudos-sentinela que efectua
regularmente, não ter detectado
mutações no vírus H1N1 que
agravem o seu carácter patogé-
nico, disse o professor alemão.
As autoridades sanitárias ga-
rantiram, entretanto, que as três
diferentes vacinas encomendadas
para a campanha contra a gripe A,
que começaram no passado dia
26 de Setembro, são igualmente
eficazes e nenhuma delas tem
efeitos secundários mais gravosos
do que as outras.
Nos últimos dias, surgiu uma
polémica em torno da qualidade
das vacinas, depois de o Ministé-
rio do Interior ter confirmado
que encomendou 200 mil doses
do preparado Celvapan aos labo-
ratórios Baxter destinadas a
membros do governo e a outros
altos quadros da administração
pública.
Trata-se da mesma vacina en-
comendada pelo Ministério da
Defesa para ser ministrada a sol-
dados em missão no estrangeiro,
enquanto para a restante popula-
ção foram encomendadas 50 mi-
lhões de doses de Pandemrix, dos
laboratórios GlaxoSmithKline.
Klaus Theo Schroeder admitiu
que estas notícias podem contri-
buir para que boa parte da popu-
lação recuse vacinar-se, até
porque a vacina contra a gripe A
é voluntária.
No entanto, o secretário de
Estado reiterou que a qualidade e
eficácia dos preparados é idên-
tica, explicando que a preferência
pela Pandemrix se deveu ao facto
de ser possível produzir quatro
vezes mais depressa esta vacina
do que a Celvapan, por exemplo.
O governante anunciou ainda
que os planos actuais prevêem a
vacinação dos membros dos gru-
pos prioritários, como pessoal
hospitalar, polícia ou bombeiros, e
dos grupos de risco, até finais de
Novembro.
Quanto à campanha de vaci-
nação de toda a população, de-
verá estar concluída em finais de
Janeiro ou princípios de Feve-
reiro, acrescentou.
Número de infecções na Alemanha aumentacom chegada do frio
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Economia & Negócios16
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A crise económica fez
diminuir o número de
multimilionários na Ale-
manha, onde actualmente
há 99 pessoas ou famílias
com uma fortuna igual ou
superior a mil milhões de
euros, contra 122 em
2008, segundo o Manager
Magazin.
Na sua edição espe-
cial sobre “Os 300 Ale-
mães mais Ricos”, a
mesma publicação revela
que quem mais perdeu foi a família Porsche, cuja
fortuna foi reduzida em 71 por cento, devido ao
fracasso da operação pública de aquisição do gi-
gante Volkswagen, por 11 mil milhões de euros.
Outro nome ligado à indústria autómovel,
Maria-Elisabeth Schaeffler, accionista maioritária
do grupo que tem o seu nome, que resolveu com-
prar a maioria das acções do fabricante de pneus
Continental pouco antes de a crise eclodir, per-
deu, por seu truno, 92,4 por cento da fortuna e
caiu do 15.º para o 260.º lugar na lista dos alemãs
mais abastados.
Da lista já não consta outra multimilionária,
Madeleine Schickedanz, a herdeira da Quelle, aba-
lada pela falência da cadeia de vendas por catálogo
considerada um símbolo do milagre económico
alemão do pós-guerra.
Segundo a Manager Magazin, a lista das gran-
des fortunas alemãs conti-
nua a ser liderada em 2009
pelos irmãos Karl und Theo
Albrecht, proprietários da
cadeia de supermercados
„discounter” ALDI, com
uma fortuna avaliada em
17,35 mil milhões e 16,75
mil milhões de euros, res-
pectivamente.
O segundo lugar é ocu-
pado por Dieter Schwarz,
dono dos supermercados
Lidl, principal concorrente
da ALDI, com uma fortuna avaliada em 10 mil mi-
lhões de euros.
As 100 maiores fortunas alemãs perderam, no
entanto, 39 mil milhões de Euros no espaço de
um ano, devido à crise económica e financeira in-
ternacional.
Juntos, os 100 multimilionários alemães pos-
suem agora 285,6 mil milhões de Euros, e em
2008 tinham 324,6 mil milhões de Euros.
A situação é entretanto mais satisfatória para
os mais ricos do que em Fevereiro e Março, pe-
ríodo em que as suas empresas sofreram, em
média, uma desvalorização de 30 por cento na
bolsa de valores de Frankfurt.
Entretanto, o principal índice accionista ale-
mão, o DAX, tem registado uma subida constante
nas últimas semanas.
FA
Número de multimilionários alemãesdesceu de 122 para 99 no prazo de um ano
O primeiro medicamento inves-
tigado por um laboratório portu-
guês, o Zebinix, da Bial, já recebeu
a autorização de comparticipação
na Alemanha e na Dinamarca, mas
está ainda à espera da compartici-
pação pelo Estado português.
O antiepilético Zebinix, da far-
macêutica portuguesa Bial, já deve
ter chegado às farmácias dinamar-
quesas e alemãs no final de Outu-
bro, afirmou fonte oficial da
empresa.
A agência dinamarquesa res-
ponsável pela atribuição de com-
participações - a DKMA - aprovou
esta ajuda do Estado para o Zebinix
depois de considerar “a droga efi-
caz” para a epilepsia e tendo em
conta que o “preço está de acordo
com o seu valor terapêutico”.
O Zebinix tem pedidos de au-
torização de introdução no mer-
cado (AIM) e pedidos de
comparticipação em vários países
europeus, estando os processos a
ser liderados pela Eisai, acrescentou
a fonte da Bial.
A farmacêutica prevê que o me-
dicamento comece a ser comercia-
lizado no final do mês de Outubro.
Em Portugal, de acordo com
fonte oficial do Infarmed - Autori-
dade Nacional do Medicamento, a
quem cabe a avaliação e a definição
da parte do preço do medicamento
que o Estado paga -, o pedido de
comparticipação do Zebinix está
em “fase de avaliação, mas dentro
de todos os prazos”.
O presidente da Bial, Luís Por-
tela, admitiu em Abril que a comer-
cialização do Zebinix vai permitir à
empresa triplicar a facturação para
450 milhões de euros nos próxi-
mos três a cinco anos.
O Zebinix é o primeiro medi-
camento de raiz e patente portu-
guesa, tendo recebido a aprovação
da Comissão Europeia para ser co-
mercializado.
O grupo Bial investiu mais de
300 milhões de euros nos últimos
15 anos na investigação do Zebinix,
esperando um retorno do investi-
mento depois de cinco a seis anos
do início da comercialização.
A empresa já recebeu 170 mi-
lhões de euros pela concessão do
direito de comercialização do fár-
maco às empresas Eisai e Sepracor,
o que vai permitir a sua venda em
38 países.
No início deste ano, a Bial assi-
nou um acordo de licenciamento e
co-promoção com a multinacional
farmacêutica Eisai para a comercia-
lização de Zebinix em 36 países eu-
ropeus, pelo qual vai receber uma
contrapartida de 95 milhões de
euros.
No final de 2007, a farmacêutica
já tinha assinado um contrato de li-
cenciamento exclusivo com a
norte-americana Sepracor para o
desenvolvimento e comercialização
do medicamento nos Estados Uni-
dos e no Canadá.
O pagamento inicial da Sepra-
cor para obter a licença de comer-
cialização naqueles mercados foi de
75 milhões de dólares (51 milhões
de euros), podendo vir a ter que
pagar mais 100 milhões de dólares
(pouco menos de 70 milhões de
euros) ao longo dos próximos
anos, segundo a Bial.
Alemanha aprova comparticipação para oprimeiro remédio português, o Zebinix
O governo alemão anunciou
que a economia „está na senda da
recuperação“ e deverá voltar a
crescer 1,2 por cento em 2010, de-
pois de um recuo histórico de 5
por cento no ano em curso.
“Felizmente, o recuo do cresci-
mento este ano será menos dramá-
tico do que temíamos ainda na
Primavera”, afirmou o ministro da
Economia, Karl-Theodor zu Gut-
tenberg, durante a apresentação das
previsões, em Berlim.
Segundo o político democrata-
cristão, “há boas hipóteses de con-
solidar a retoma no próximo ano”.
O governo partilha da avaliação
dos principais institutos de econo-
mia, apresentada no dia anterior na
capital alemã, no que se refere ao
crescimento e também ao aumento
do desemprego.
Assim, até ao final do ano de-
verá haver mais 190 mil desempre-
gados na Alemanha, atingindo os 3,5
milhões de pessoas sem trabalho.
Em 2010, o desemprego “de-
verá reagir mais fortemente à que-
bra da produção e sofrer um
aumento de 640 mil, passando para
4,1 milhões, disse ainda Guttenberg.
No entanto, “os prognósticos
negativos de que o desemprego ul-
trapassaria os cinco milhões, feitos
no auge da crise económica, são
agora muito improváveis”, subli-
nhou o ministro.
Esta evolução positiva fica a
dever-se, segundo Guttenberg, aos
parceiros sociais e à “moderada po-
lítica tarifária e grande flexibilidade
que demonstraram para garantir
empregos”.
Na sua previsão, os institutos de
pesquisa económica recomenda-
ram ao governo, apesar dos sinais
de recuperação, uma política de
austeridade que permita poupar
pelo menos 30 mil milhões de
euros nos próximos anos, devido
ao défice das contas públicas.
Neste contexto, os economis-
tas manifestaram-se preocupados
com as propostas de redução da
carga fiscal em quase 35 mil mi-
lhões de euros feitas pelos liberais
do FDP, aliados da chanceler Ângela
Merkel no executivo em formação,
resultante das legislativas de 27 de
Setembro.
Governo alemão prevê crescimentoeconómico de 1,2% em 2010 e recuo de5% em 2009
Medicamentos Crise
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Economia e Negócios 17
O primeiro semestre de 2009
foi, pelo menos, o pior dos últi-
mos 14 anos. As remessas de di-
nheiro que os emigrantes enviam
para Portugal caiu cerca de 300
milhões de euros, face aos valores
habituais antes de a crise tomar
conta do quotidiano de toda a
gente.
Segundo os dados do Banco
de Portugal, que o i cita, as pou-
panças enviadas por portugueses
a viver no exterior caíram 8 por
cento e são agora de cerca de mil
milhões de euros – 5,5 milhões
de euros diários, sublinha o jornal.
A crise é apontada como um
dos principais factores para a con-
tracção. Mas os especialistas têm
outras explicações na manga: a
entrada em vigor da directiva da
poupança e o facto de Portugal
ter vindo a perder força como
país de emigração.
O presidente do ConselhoEmpresarial da Comunidadedos Países de Língua Portu-guesa (CPLP), Braima Ca-mará, disse que no prazo deseis meses a Confederaçãoempresarial da CPLP „de-verá tornar-se uma reali-dade“.
„O mais difícil era o apoio po-
lítico de todos os países da língua
portuguesa e já o conseguimos.
Todos se manifestaram a favor,
sem nenhuma observação. Agora
estamos a tratar das questões ju-
rídicas para que a confederação
possa arrancar“, afirmou Braima
Camará.
Na avaliação do dirigente,
„estão criadas todas as condições
e o Conselho Empresarial já é
praticamente uma Confedera-
ção“, o que representa um grande
ganho para os países lusófonos.
A proposta para a criação da
confederação foi apresentada em
Julho, no encontro da direcção do
Conselho Empresarial realizada
na Cidade da Praia, em Cabo
Verde, que integra as associações
empresariais dos oito países lusó-
fonos.
“A transformação do conse-
lho torna o espaço mais ambi-
cioso e mais representativo, com
maior visibilidade e dinâmica, que
é o que precisamos para unir a
classe empresarial da CPLP“,
adiantou Braima Camará, que fa-
lava à margem do V Encontro Em-
presarial de Negócios na Língua
Portuguesa, que decorreu em
Fortaleza, no estado brasileiro do
Ceará. Sobre o encontro, Camará
afirmou que se trata de uma ex-
celente oportunidade para „po-
tenciar incentivar e intercambiar
experiências e negócios entre os
países lusófonos“.
“A ideia é que possamos efec-
tivamente transformar as oportu-
nidades em ganhos reais para os
empresários, ampliar as possibili-
dades de trocas e criar mais par-
cerias, com vantagens para todos
os países de língua portuguesa“,
destacou.
Segundo referiu, a falta de co-
municação ainda atrapalha os ne-
gócios entre os países da CPLP,
que já reúne duas grandes potên-
cias - Angola e Brasil.
A reunião, que inclui painéis,
conferências e palestras sobre tu-
rismo, infra-estruturas, recursos
naturais, agronegócios e inova-
ções tecnológicas, conta com
cerca de mil participantes.
De acordo com Rômulo Ale-
xandre Soares, presidente do
Conselho das Câmaras Portugue-
sas de Comércio no Brasil
(CCPCB), uma das entidades pro-
motoras da iniciativa, as principais
empresas que actuam em mais de
um país da CPLP, muitos deles
com operações no Brasil, Angola,
Moçambique e Cabo Verde, parti-
cipam do encontro „para ofere-
cer uma visão actualizada dos
negócios na língua portuguesa“.
Confederação empresarial da CPLP será realidadedentro de seis meses, diz Braima Camará
O Presidente da República, Cavaco Silva (D) conversa com o presidente da Direcção do Con-selho Empresarial da CPLP, Braima Camará (E), sendo a constituição da Confederação Empre-sarial da CPLP o tema central do encontro, no Palácio de Belém. Foto: Lusa
Emigrantes enviaram menos 300 milhões para Portugal
O desemprego na Ale-
manha caiu inesperada-
mente no mês de Outubro,
o que representa mais um
sinal de recuperação na
maior economia da Europa.
O número de pessoas
que não estão a trabalhar
caiu em 26 mil, atingindo um
total de 3,43 milhões de
pessoas. Este foi um número
que surpreendeu o mer-
cado, uma vez que os eco-
nomistas esperavam um
aumento do desemprego
em 15 mil pessoas.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Kultur18
Geschichten aus der GeschichteIn der portugiesischen Kul-
tur „bleibt er in Erinnerung
als Schreiber/Schriftsteller
von großer Feinheit“. Als Po-
litiker, „ein großer Stratege“.
Unternehmerisch, gebildet,
dynamisch und intelligent
prägte er eine Epoche. Er
machte Geschichte. Für uns
blieb er DER POET, für an-
dere DER BAUER, dieser
rothaarige König, wie eine
versehentliche Öffnung sei-
nes Grabes in der Kirche
von Odivelas im Jahre 1938
bestätigte. Es ist nicht ver-
wunderlich. Der König
stammte mütterlicherseits
vom deutschen Kaiser Frie-
drich Barbarossa ab
Joaquim Peito
Es war einmal ein König. Es war
einmal ein Junge namens Dinis. Er
war ein liebenswürdiges und fröhli-
ches Kind, das den Großteil seiner
Zeit damit verbrachte, poetische
Werke zu lesen und seine eigenen
Gedichte aufzukritzeln. Wie schön
es doch ist, solch hübsche Texte
lesen zu können. Und wenn ich
mich mal an einem versuchte? Von
der Natur könnte ich sprechen, von
Quellen, von derart schönen Mäd-
chen...
Wer erinnert sich nicht an
diese auf der Schulbank gelesenen
Verse? Ai flores, ai flores do verde
pino.“
Der Vater, D. Afonso III, zeigte
einiges Missfallen an dieser Beschäf-
tigung seines Sohnes. Er erachtete
es als wesentlich wichtiger, dass er
sich für die Angelegenheiten eines
wahren Königs interessierte: Die
Feinde bekämpfen und sich der Be-
lange des Landes annehmen.
Jedoch wurde der Autor, König
Dinis, der sechste König von Portu-
gal, vor Allem mit der legendären
Anpflanzung des Pinienhains von
Leiria in Verbindung gebracht, trotz
seiner überquellenden poetischen
Ader. Der Sohn von D. Beatriz de
Castela und D. Afonso III verlebte
die Kindheit in einer gebildeten
Umgebung unter starkem Einfluss
des französischen Hofes.
Genannt Dinis, weil er am Tag
des heiligen Dionísio, dem 9. Okto-
ber 1261 in Santarém geboren wor-
den war, bestieg er den Thron mit
gerade einmal 17 Jahren. Er hatte
eine lange Regentschaft (1279 -
1325) - 46 Jahre (!), - starb am 7 Ja-
nuar 1325 in Santarém mit 63 Jah-
ren, einem hohen Alter für die
Epoche und wurde im Kloster von
São Dinis in Odivelas beigesetzt.
Man verlieh ihm die Beinamen
Der Bauer oder Der Landwirtskö-
nig für den Impuls, den er dem Kö-
nigreich in Sachen Landwirtschaft
gab. Was seine Rolle in der land-
wirtschaftlichen Entwicklung des
Königreichs angeht, so mag die Tat-
sache, dass es Belege für die Exis-
tenz von Pinienhainen in der Region
von Leiria schon seit der Prähisto-
rie gibt, die „Anlegung“ des Pinie-
nhains von Leiria durch den König
in Abrede stellen. Trotzdem ist der
Beiname Der Bauer nicht unbe-
rechtigt.
Besorgt um die Infrastruktur
des Landes verteilte er Ländereien
neu, förderte die Landwirtschaft,
gründete verschiedene rurale Ge-
meinschaften, neben den Wochen-
und Jahrmärkten befahl er die Aus-
beutung von Kupfer-, Silber-, Zinn-
und Eisenminen, ergriff Maßnahmen
zum Schutz der Äcker und förderte
den Handelsaustausch mit anderen
Königreichen. Er begann sich auch
für die Entwicklung des Seehandels
und die Vervollkommnung der see-
fahrtstechnischen Vorgänge zu inte-
ressieren. Er stellte italienische
Seeleute ein, damit sie nach Portu-
gal kamen und schloss Handelsab-
kommen mit anderen Monarchen.
Er war es, der den ersten Handels-
vertrag mit dem englischen König
im Jahre 1308 unterzeichnete.
Und dazu trug er die Beinamen
Der Poetenkönig oder Der Trouba-
dourkönig, für die Cantigas de
Amigo und die Cantigas de Amor,
die er komponierte, und für die
Schaffung der Poesia trovadoresca,
die man in seinem Königreich auf-
nahm. Er war der Schreiberkönig. D.
Dinis wusste Literatur zu schätzen
und schrieb verschiedene Bücher
aus seiner eigenen Feder über The-
men wie die Administration oder
die Jagd sowie verschiedene Ge-
dichtbände. Er war ein vornehmer
Mann, gebildet, extrem kreativ und
ein großer Verführer. Man nimmt an,
dass er der erste portugiesische
König gewesen sei, der kein Analp-
habet war. Er unterschrieb die Do-
kumente mit seinem vollständigen
Namen, und es war sein Verdienst,
die portugiesische Sprache zur of-
fiziellen Sprache des Landes ge-
macht zu haben. Der König D. Dinis
veränderte das Land in psychologis-
cher, kultureller und gefühlsmäßiger
Hinsicht. Er ergriff zahlreiche ents-
cheidende Maßnahmen mit der
Ruhe und geistigen Klarheit, die
dem zu Eigen sind, der den Unters-
chied zwischen dem Notwendigen
und dem Nebensächlichen verstan-
den hat. „Ein wahrer Visionär“.
Der „Bauernkönig“ oder „Poe-
tenkönig“ war hauptsächlich ein
Administrator - kein Krieger. Als er
sich in den Krieg mit Castela im
Jahre 1295 verstrickte, gab er
schnell auf. Er stimmte zu, im
Tausch, die kleinen Städte Moura
und Serpa zu erhalten. Zwei Jahre
später unterschrieb er in einem
plötzlichen Anfall von Fröhlichkeit
mit Castela den Vertrag von Alcani-
ses 1297, der den Frieden befestigte
und die aktuellen Grenzen zwis-
chen den beiden Ländern festlegte.
Es wurde die portugiesische
Grenze definiert, die älteste und
stabilste Europas, bis heute. Dazu
wurde in diesem Dokument das
Versprechen der gegenseitigen
Freundschaft und des gegenseitigen
Schutzes gegeben. D. Dinis führte
auch eine bemerkenswerte Maß-
nahme für die Verteidigung des Kö-
nigreichs durch mit der Errichtung
und Verbesserung verschiedener
Burgen an strategischen Punkten.
Die Regentschaft D. Dinis’ vers-
tärkte die Vorliebe für Lissabon als
permanten Königssitz. Selbst wenn
es keine Hauptstadt gab, so mach-
ten die Lage und die städtische,
wirtschaftliche und handelsmäßige
Entwicklung von Lissabon die Stadt
zum administrativen Zentrum
schlechthin. Entscheidend war
zudem seine Initiative, den Heiligen
Stuhl in Rom um die Gründung
einer Universität in Portugal zu bi-
tten. Die Institution entstand im
Jahre 1290, und erst im Jahre 1537
blieb sie definitiv in Coimbra. So
wie die Gründung des Christusor-
dens mit dem Vermögen, das den
Templern gehörte, die in der Zwis-
chenzeit unter dem Druck des Kö-
nigs von Frankreich, Philip „dem
Schönen“, bis zu ihrer Auflösung
verfolgt wurden.
D. ISABEL DE ARAGÃO - DIE HEILIGE
Es wird notwendig sein, über
eine der bekanntesten portugiesis-
chen Königsgemahlinnen zu spre-
chen: Isabel de Aragão, eine schöne
Prinzessin, sehr intelligent und voll
Eleganz, über die Legenden entstan-
den mit dem Geruch von Heiligkeit,
kaum dass ihre Leiche im Kloster
von Santa-Clara-a-Velha in Coimbra
kalt geworden war. Die Basis der
Heiligenlegende bildet der wohltä-
tige und fromme Geist Isabels -
noch heute kursiert die Legende,
arglos und wohlriechend, vom „Ro-
senwunder“. Während D. Dinis
darum besorgt war, aus Portugal ein
höher entwickeltes Land zu ma-
chen, beschäftigte sich D. Isabel mit
den Ärmsten. Sie brachte ihre Tage
damit zu, den Kranken zu helfen
und demjenigen Essen zu bringen,
der Hunger hatte. Immer demütig
und wohltätig. Aber sie war auch
Mitrednerin und stellte sich mit
Festigkeit gegen verschiedene Ents-
cheidungen des Ehemanns, mit dem
sie eine schwierige Beziehung hatte,
selbst wegen seiner weibischen Art.
Die Überlieferung macht aus
Isabel eine blonde und hübsche
Frau. Ganz Europa sprach von ihrer
großen Schönheit. Die Fakten sagen
uns, dass sie acht oder neun Jahre
jünger war als D. Dinis und, mit
1,76m, elf Zentimeter größer als ihr
Ehegatte.
LETZTE JAHRE UND TOD
Die letzten Jahre seiner Re-
gentschaft waren gezeichnet von in-
ternen Konflikten. Der Erbe, der
zukünftige D. Afonso IV, ängstlich
dass die Bevorzugung des uneheli-
chen Sohnes, D. Afonso Sanches,
durch D. Dinis ihm den Thron en-
treißen könnte, forderte die Macht
und bekämpfte den Vater. Diejenige,
die die verfeindeten Seiten ver-
söhnte, war D. Isabel, „die heilige
Königin“, eine Frau, die die ständi-
gen Liebesabenteuer des Eheman-
nes, eines unverbesserlichen
Verführers, ertrug. Die Fantasien
des Königs waren praktisch uners-
chöpflich, was bei der Königin eine
andauernde gefühlsmäßige Magen-
verstimmung und eine schmerzliche
Liebesunsicherheit verursachte. „Er
war ein sehr schlechter Ehemann.
Er hatte viele Frauen und uneheli-
che Kinder. Aber was kann man
schon erwarten von einem Verfüh-
rer, verheiratet mit einer Heiligen?“
In der portugiesischen Kultur
„bleibt er in Erinnerung als Schrei-
ber/Schriftsteller von großer Fei-
nheit“. Als Politiker, „ein großer
Stratege“. Unternehmerisch, gebil-
det, dynamisch und intelligent
prägte er eine Epoche. Er machte
Geschichte. Für uns blieb er DER
POET, für andere DER BAUER, die-
ser rothaarige König, wie eine ver-
sehentliche Öffnung seines Grabes
in der Kirche von Odivelas im Jahre
1938 bestätigte. Es ist nicht verwun-
derlich. Der König stammte müt-
terlicherseits vom deutschen
Kaiser Friedrich Barbarossa ab.
Übersetzung aus dem Portugiesischen von Aiko Thedinga
D. Dinis. Der rothaarige Poet
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 Cultura 19
Histórias da HistóriaChamado Dinis por ter nascido no
dia de S. Dionísio, a 9 de Outubro,
em 1261, em Santarém, subiria ao
trono com apenas 17 anos. Teve um
reinado longo (1279 – 1325) – 46
anos! – falecendo a 7 de Janeiro de
1325 em Santarém, com 63 anos e
foi sepultado no Mosteiro de São
Dinis em Odivelas.
Foi cognominado O Lavrador ou O
Rei-Agricultor, pelo impulso que deu
no reino em matéria de agricultura.
Quanto ao seu papel no desenvolvi-
mento agrícola do reino, o facto de
haver já notícias da existência de pi-
nheiros na região de Leiria, desde a
pré- História, que desmentem a
“criação” do pinhal de Leiria pelo
rei, nem por isso o cognome “O la-
vrador” deixa de ser justo.
D. Dinis. O poeta ruivoJoaquim Peito
Era uma vez um rei. Era uma vez
um menino chamado Dinis. Era uma
criança muito simpática e alegre,
que passava grande parte do seu
tempo a ler poesias e a escrevinhar
os seus próprios poemas. Que bom
que é poder ler estes textos tão
bonitos! E se eu tentasse fazer um?
Podia falar da natureza, das fontes,
das raparigas tão bonitas...
Quem não se lembra destes
versos, lidos nos bancos da escola?
“Ai flores, ai flores do verde pino”.
O pai, D. Afonso III, mostrava
algum descontentamento com esta
ocupação do seu filho. Achava bem
mais importante que ele se interes-
sasse por assuntos de um verda-
deiro Rei: combater os inimigos e a
tomar conta do país.
No entanto, o autor, o Rei D.
Dinis, o sexto rei de Portugal, fica-
ria, sobretudo, associado à lendária
plantação do pinhal de Leiria, apesar
da sua abundante veia poética. O
filho de D. Beatriz de Castela e de
D. Afonso III, viveu a infância num
ambiente culto, com forte influência
da corte francesa.
Chamado Dinis por ter nascido
no dia de S. Dionísio, a 9 de Outu-
bro, em 1261, em Santarém, subiria
ao trono com apenas 17 anos. Teve
um reinado longo (1279 – 1325) –
46 anos! – falecendo a 7 de Janeiro
de 1325 em Santarém, com 63
anos, uma idade preovecta para a
época e foi sepultado no Mosteiro
de São Dinis em Odivelas.
Foi cognominado O Lavrador
ou O Rei-Agricultor, pelo impulso
que deu no reino em matéria de
agricultura. Quanto ao seu papel no
desenvolvimento agrícola do reino,
o facto de haver já notícias da exis-
tência de pinheiros na região de
Leiria, desde a pré- História, que
desmentem a “criação” do pinhal
de Leiria pelo rei, nem por isso o
cognome “O lavrador” deixa de ser
justo.
Preocupado com as infra-estru-
turas do País, D. Dinis redistribuiu
terras, promoveu a agricultura, fun-
dou várias comunidades rurais,
além de mercados e feiras, ordenou
a exploração de minas de cobre,
prata, estanho e ferro, tomou medi-
dads para proteger os campos e
fomentou as trocas mercantis com
outros reinos. Começou a interes-
sar-se também pelo desenvolvi-
mento do comércio marítimo e
aperfeiçoamento dos processos de
navegação. Contratou marinheiros
italianos para virem trabalhar em
Portugal e fez convénios comerciais
com outros monarcas. Foi ele que
assinou o primeiro tratado comer-
cial com o rei de Inglaterra, em
1308.
E ainda foi cognominado O Rei-
Poeta ou O Rei-Trovador, pelas
Cantigas de Amigo e Cantigas de
Amor que compôs, e pelo desen-
volvimento da poesia trovadoresca
a que se assistiu no seu reinado. Foi
o Rei-Escritor. D. Dinis apreciava li-
teratura e escreveu vários livros
pelo seu próprio punho, com temas
como administração ou caça, e vá-
rios volumes de poesia. Foi um
homem sofisticado, culto, extrema-
mente criativo e um grande sedu-
tor. Presume-se que tenha sido o
primeiro rei português que não era
analfabeto. Assinou os documentos
com o seu nome completo e teve
o mérito de ter transformado a lín-
gua portuguesa na língua oficial do
País. O rei D. Dinis transformou o
País em termos psicológicos, cultu-
rais e afectivos. Tomou dezenas de
medidas determinantes, com a
calma e a lucidez próprias de quem
entendia a diferença entre o essen-
cial e o acessório. “Um verdadeiro
visionário”.
“O Rei-Lavrador”, o “Rei-
Poeta” foi, essencialmente, um ad-
ministrador - não um guerreiro.
Quando se envolveu na guerra com
Castela em 1295, depressa desistiu.
Acordou, em troca, as vilas de
Moura e Serpa. Dois anos mais
tarde, numa repentina alegria, assi-
nou, com Castela, o Tratado de Al-
canises em 1297, que firmou a paz
e estabeleceu as fronteiras actuais
entre os dois países. Ficaria defi-
nida a fronteira de Portugal, a mais
antiga e estável da Europa, até hoje.
Ainda nesse documento ficou acor-
dada a promessa de amizade e de-
fesa mútua. D. Dinis desenvolveu,
também, uma actividade notável na
defesa do reino, com a criação e re-
forma de vários castelos em pontos
estratégicos.
O reinado de D. Dinis reforçou
a predilecção por Lisboa como
local de permanência da corte
régia. Mesmo não existindo uma ca-
pital, a localização e o desenvolvi-
mento urbano, económico e
mercantil de Lisboa foram fazendo
da cidade o centro administrativo
por excelência.
Decisiva foi, ainda, a sua inicia-
tiva de pedir à Santa Sé a fundação
de uma universidade em Portugal. A
instituição surge em 1290, e só em
1537 fica definitivamente em Coim-
bra. Tal como a criação da Ordem
de Cristo, com os bens pertencen-
tes aos Tremplários, entretanto per-
seguidos até à extinção, por
press?es do rei de França, Filipe “o
Belo”.
D. ISABEL DE ARAGÃO – A SANTA
E será preciso falar de uma das
mais conhecidas rainhas-consortes
portuguesas: Isabel de Aragão, uma
princesa linda, muito inteligente e
cheia de elegância, sobre quem co-
meçaram as lendas com cheiros de
santidade mal o seu corpo arrefecia
no mosteiro de Santa-Clara-a-
Velha, em Coimbra. Na base da ha-
giografia está o espírito caritativo e
devoto de Isabel – ainda hoje corre
a lenda, ingénua e perfumada, do
“milagre das rosas”. Enquanto D.
Dinis se preocupava em fazer de
Portugal um país mais desenvolvido,
D. Isabel ocupava-se com os mais
pobres. Passava os seus dias a aju-
dar os doentes e a levar comida a
quem tinha fome. Sempre humilde
e caridosa. Mas ela era também in-
terveniente, tendo-se oposto com
firmeza a várias decis?es do marido,
com quem teve uma relação difícil,
até por causa do seu feitio mulhe-
rengo.
A tradição faz de Isabel uma
mulher loira e bonita. Toda a Europa
falava da sua grande beleza. Os fac-
tos dizem-nos que era oito ou nove
anos mais nova do que D. Dinis e,
com um metro e 76, 11 centíme-
tros mais alta que o seu consorce.
ÚLTIMOS ANOS E MORTE
Os últimos anos do seu reinado
foram marcados por conflitos in-
ternos. O herdeiro, o futuro D.
Afonso IV, receoso de que o favo-
recimento de D. Dinis ao seu filho
bastardo, D. Afonso Sanches, lhe re-
tirasse o trono, exigiu o poder e
combateu o pai. Quem apaziguou as
hostes foi D. Isabel, “a Rainha
Santa”, mulher que suportou as
constantes aventuras amorosas do
marido, um sedutor incurável. As
fantasias do rei eram praticamente
inesgotáveis, o que provocou na rai-
nha uma constante indigestão afec-
tiva e uma aflitiva incerteza
amorosa. “Foi um péssimo marido.
Teve muitas mulheres e filhos ilegí-
timos. Mas o que se pode esperar
de um sedutor casado com uma
santa?”
Na cultura portuguesa, “fica re-
cordado como um escritor de
grande finura”. Como político, “um
grande estratega”. Empreendedor,
culto, dinâmico e inteligente, mar-
cou uma época. Fez história. Para
uns ficou O POETA, para outros
ficou O LAVRADOR, este Rei
ruivo, como confirmou uma aber-
tura acidental do seu túmulo, na
Igreja de Odivelas, em 1938. Não é
surpreendente. O rei descendia,
pelo lado materno, do imperador
alemão Frederico “Barba Ruiva”.
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 200920 Consultório
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Victor Leitão Nunes
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Michaela Azevedo Ferreira,Advogada
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O artigo de hoje será de-
dicado mais uma vez ao tema
„direito das locações“, mais
exactamente, a uma nova sen-
tença do Supremo Tribunal
Federal de Justiça que poderia
interessar a muitos inquilinos
que efectuaram trabalhos de
restauração na casa donde ul-
timamente saíram.
O Supremo Tribunal Fede-
ral de Justiça decidiu a 27-05-
2009 que um inquilino poderá
ter direito a ser reembolsado
pelo senhorio das despesas de
restauro se, por desconheci-
mento da situação jurídica
real, tiver procedido a repara-
ções estéticas antes de sair da
habitação, embora a obrigação
de restauro final ajustada no
contrato de aluguer não fosse
válida.
Se a cláusula de restauro
final ajustada no contrato de
aluguer for nula, o inquilino
não está de forma alguma ob-
rigado a restaurar a habitação
antes de sair da mesma. Con-
tudo, se o fizer crendo que
está contratualmente obri-
gado a tal, o senhorio obterá
do inquilino um serviço a que
não tem qualquer direito e fi-
cará consequentemente obri-
gado a retribuir a prestação
que conseguiu obter desta
forma.
O valor do serviço pres-
tado infundadamente, será cal-
culado de acordo com o
montante da remuneração ha-
bitual ou adequada para os
trabalhos de restauro realiza-
dos. Ou seja, se foi contratado
um pintor, o senhorio terá de
reembolsar a importância que
é habitualmente paga a este
profissional.
O direito a reembolso
persistirá igualmente se tiver
sido o inquilino a efectuar
estes trabalhos. Contudo,
neste caso, o valor dos mes-
mos será calculado apenas de
acordo com o que o inquilino,
para além do seu próprio
tempo livre, tenha gasto ou ti-
vesse tido de gastar em mate-
riais, assim como na
remuneração dos seus ajudan-
tes que poderão ter sido fami-
liares ou amigos.
Assim, poderão agora ter
esperanças de serem reem-
bolsados pelo senhorio, todos
os inquilinos que levaram a
cabo trabalhos de restauração
em consequência de rescisão
de um contrato de aluguer.
Mas evidentemente que
nem todas as cláusulas de res-
tauro final são nulas. Se estiver
na dúvida, antes de proceder
a qualquer reivindicação con-
tra o seu antigo senhorio, será
aconselhável incumbir um ad-
vogado especializado no as-
sunto de verificar a respectiva
cláusula do contrato.
Miguel Krag,Advogado
Trabalhos de restauro quando se sai de uma habitação alugada
Haverá direito a reembolso?
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 21
3José Gomes Rodrigues
Assistente SocialCaritas Neuss
CHAMAMOS A ATENÇÃO dos leitores para nos colocar as suasperguntas e sugestões por escrito usando o correio ou, melhorainda, o correio electrónico. Queiram também mencionar o vossonúmero de telefone fixo para, sendo necessário, entrarmos emcontacto consigo. As suas questões e sugestões podem ser envia-das para as seguintes direcções:[email protected].: 02131 269320 - fax 02131 269 336. [email protected]: Tel. : 0231 8390289 - fax 0231 8390351Obrigado.
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Exmos. Senhores do Portugal PostRecebo com alegria e até com certa in-teresse o vosso e nosso jornal. Passo-lheos olhos do inicio ao fim, parando sem-pre com mais tempo na página social.Claro que também as outras páginasmerecem sempre o meu interesse. Con-tinuem com o entusiasmo e desejo debem servir, pois parece ser um dos vos-sos lemas.Já me encontro na reforma há já algunsanos e depois de uma vida de trabalhoe em diversas nações. Com os meus 13anos iniciei a trabalhar nas minas de vol-frâmio numa aldeia vizinha à minha. AFrança foi o meu segundo calvário. Como tempo e dando ouvidos a outros ami-gos companheiros de aventura e pen-sando amenizar a minha vida e angariarum ordenado diferente velejei para a Ale-manha, onde passei a maior parte dotempo de labuta. Aqui criei os meus fi-lhos e vivo na alegria de ver e ajudar osmeus netos a crescer. Como não possoestar quieto, e como me regozijo de teraprendido esta língua, para muitos inós-pita, sou confrontado com muitas per-guntas de carácter social e jurídico e sousolicitado para dar a mão aos compa-triotas onde a necessidade espreita.Faço-o com muito prazer e sinto-meoutro ao poder ser útil. O que dou recebomais que em dobro. A minha vida ga-nhou um outro sentido e um outro gostoe qualidade. O sorriso estampado norosto de quem ajudo, é a melhor moedade pagamento. O Portugal Post tem sidopara mim uma ajuda bem concreta noaconselhamento que me prestam. Nosúltimos tempos, tempos de recessão eco-nómica e de muitos despedimentos, asperguntas sobre este tema tem sido, in-felizmente, constantes. Poderiam expornesta rubrica social algumas informa-ções gerais para quem se confronta comeste fardo do despedimento?Desde já agradeço. Leitor identificado
Certificar-se se o despedi-mento é justo
Um despedimento que é levado a
caso por razoes da empresa, é justo,
quando a empresa vê-se obrigada a
fechar uma que outra secção, parte
da empresa, ou ter de reorganizar a
produção na empresa com a conse-
quente redução de empregados. Isto
acontece quando o patrão não en-
contra uma outra possibilidade de
manter o empregado numa outra
secção ou numa outra filial da mesma
empresa. Além disso, o despedimento
tem de obedecer a uma selecção so-
cial ou seja na escolha das pessoas a
despedir, tem o patrão de respeitar
algumas regras essenciais. O tempo
de empresa, a idade e a responsabili-
dade sócio familiar do candidato, além
de outros elementos, como a saúde
do trabalhador, têm de merecer, em
caso de despedimento, um certo
peso na selecção dos candidatos ao
desemprego.
Verificar se o despedimento éválido
Um despedimento tem de obedecer
a um número de formalidades. Este
deve ser feito da forma escrita e ter
sido assinado devidamente pelo pa-
trão, ou por quem, por ele delegado.
Tem de respeitar os prazos tarifários
e legais de despedimento. Estes são
os seguintes:
> Para quem tenha estado ligado à
empresa durante dois anos, tem um
prazo de despedimento de um mês,
mas sempre para o fim do mês; não
pode ser despedido do dia 15 dum
mês para o dia 15 do mês seguinte.
> Após cinco anos de trabalho, o
prazo de despedimento são de dois
meses e sempre para o fim do mes.
> Após oito anos de trabalho, são-lhe
conferidos três meses de prazo, sem-
pre no fim do terceiro mes.
> Se trabalhou 10 anos seguidos, a le-
gislação confere ao trabalhador qua-
tro meses de prazo de despedimento.
> Após 12 anos o operário não pode
ser despedido com um prazo inferior
a cinco meses.
> Terá direito a um prazo de despe-
dimento de seis meses se tiver traba-
lhado 15 anos completos.
> Se trabalhou 20 anos, terá um
prazo de despedimento de sete
meses.
Existem excepções a este regula-
mento que, por falta de espaço, não
iremos incluir, mas que em caso de
perguntas concretas à redacção, esta-
remos na disposição de completar.
Averiguando-se, que no acto de des-
pedimento, não se tenham sido cum-
pridas estas clausulas, deve o operário
e por escrito contradizer esse despe-
dimento junto ao patrão no prazo de
três dias.
Processo contra o despedi-mento
Tendo sido o despedimento injusto e
se a pessoa em questão não tenha as-
sinado qualquer recessão do contrato
de trabalho, pode e até deve o inte-
ressado interpor uma acção contra o
despedimento no competente tribu-
nal de trabalho da sua comarca, e
pedir retorno ao seu lugar de traba-
lho. Tem de o fazer impreterivelmente
no prazo de três semanas, ou seja du-
rante os primeiros 21 dias úteis, após
ter recebido a carta de despedi-
mento. A doença ou a ausência por
motivo de férias. ou outra causa não
grave, não justifica o aumento deste
prazo. Estejam por isso bem atentos.
Mesmo que a razão esteja do seu
lado, nada há fazer se não cumprir
com este prazo.
Requerer a defesa do lugar detrabalho
O objecto principal num processo no
tribunal é simplesmente a defesa do
seu lugar de trabalho e o pedido de
inserção na empresa. Não sendo nada
combinado anteriormente, o despe-
dido deve continuar a trabalhar até
expirar o prazo de despedimento. É
um direito que lhe é conferido. Exis-
tindo um conselho da empresa e se
este reclamou por escrito o despedi-
mento, o trabalhador deve continuar
na empresa até que o processo não
tenha terminado e exigir o paga-
mento do seu ordenado, caso o pa-
tronato não aceite este
comportamento legal Se por alguma
razão o patrão não aceitar os seus
préstimos, ele deverá apresentar-se
pessoalmente no horário normal e
fazer-se acompanhar duma ou mais
testemunhas que poderão ser chama-
das a depor em caso de necessidade.
Havendo um Conselho da Empresa
este deveria estar presente.
Indemnização pode ser possí-vel
O despedido não tem geralmente o
direito a ser indemnizado pela perca
do seu lugar de trabalho, só se tivesse
sido preparado anteriormente e jun-
tamente com o Conselho da Empresa
um plano social. Contudo esta indem-
nização pode ser estudada e discutida
desde que se torne impossível, por di-
versas razoes, voltar ao seu lugar an-
terior de trabalho. Será necessário
muita cautela e não aceitar, de olhos
fechados, qualquer indemnização do
patrão. Muitos cuidados são poucos.
Numa próxima edição do nosso jor-
nal, iremos dar uma maior informação
sobre este capitulo, pois já possuímos
um pedido de esclarecimento sobre
este tema das indemnizações. Pode-
mos adiantar que a soma da indemni-
zação depende da idade do
despedido e dos anos de trabalho
nessa empresa.
Inscrição no Caixa de Desem-prego
Para que possa ter direito ao templo
completo do seguro de desemprego
/Arbeitslosengeld 1) o pessoa em
questão, deve apresentar o requeri-
mento de desemprego junto do Ins-
tituto Nacional de Emprego
/Arbeitsamt, três meses antes de ter-
minar o prazo de despedimento, ou
seja logo que souber do seu despedi-
mento. Esta clausula esta geralmente
escrita na carta de despedimento. É
suficiente que se inscrevam por tele-
fone ou por Email. Se não o fizer, po-
derá receber uma noticia
desagradável ou seja será encurtado
o tempo de despedimento, com as
percas financeiras que dai advêm e
sem ser possível recuperar este
tempo.
Custos com o advogado de de-fesa
Nestes processos jurídicos e de tra-
balho cada partido paga a sua parte
de despesas independentemente de
quem ganha ou perde a questão. Se
nao ficar nada acordado anterior-
mente. Um simples conselho jurídico,
perante um advogado, pode custar ao
trabalhador despedido uma quantia
que poderá chegar aos 190€, além de
20 € de gastos inerentes ao aconse-
lhamento. Os custos para com o ad-
vogado de defesa do trabalhador
dependem do ordenado que aufere
ou auferiu mensalmente o trabalha-
dor. Exemplificando, um trabalhador
que ganhe 3.500 € mensais ilíquidos,
pagará a módica quantia de 1.588, 65
€ sendo estes custos definidos geral-
mente pelo mesmo tribunal. Ao che-
gar-se a um acordo entre as partes, o
quantia a pagar poderá ser de 2.214,
59 € ilíquidos. Quem tiver um seguro
de advogados, esteja atento se estes
processos de trabalho estão também
,incluídos no seguro.
Conselhos úteisSe é sindicalizado, recorra aos servi-
ços jurídicos dos mesmos. Estes, com
a experiência angariada ao longo dos
anos, estão muito preparados para
estes processos de trabalho.
Claro que os tribunais, em caso de
não ter condições financeiras para as-
sumir a sua defesa, poderão, em caso
de requerimento, assumir as despesas
do seu advogado de defesa. Lembre-
se que neste caso é uma espécie de
credito, que alterando-se a sua situa-
ção financeira, deverá repor essa
quantia na totalidade ou em presta-
ções. Eles se encarregarão de, perio-
dicamente, averiguar a sua condição
de pagamento.
Outra alternativa e aqui já temos
avançado, poderá recorrer ao KAB
(Katholische Arbeitnehmer Bewe-
gung), instituição católica, que possui
um serviço de aconselhamento sócio
laboral e poderá ajudá-lo a interpor
uma acção no tribunal de trabalho. Se
quiser que o represente em tribunal,
o que é possível, desde que se faça
sócia da instituição. Além deste ser-
viço, o ser sócio traz outras vanta-
gens que seria conveniente saber. Em
qualquer paróquia alemã ou Missão
Católica portuguesa, poderá obter
outras informações desta organização
e o competente secretário jurídico.
Se for despedido...
Nota: por lapso, o número de fax dos serviçossociais da Caritas de Neuss incorrectamentetranscrito 02131 269 336. Agradecemos àpessoa que nos contactou indicando o erro eaos que tentaram, em vão, enviar textos, asnossas desculpas. Esperamos e agradecemosos vossos pedidos de esclarecimento e respec-tivas perguntas.
PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 200922
As informações sobre os eventos a divulgar deverão darentrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mêsTel.: 0231 - 83 90 289 •Fax :0231-8390351•Email: [email protected]
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Novembro 2009
Antologia do FadoFado Tradicional de Lisboa
Actuações em qualquer parte da Alemanha
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Citações do mêsPara suportar as aflições dos outros, toda a gente tem coragem de sobra
Autor: Franklin , Benjamim
Com pouco nos divertimos, com muito menos nos afligimos
Anónimo
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06.11.2009 – HAMBURGO- Grupo deFado da Tuna Académica da Universi-dade de Coimbra. Local: Museum fürVölkerkunde, Rothenbaumchausse 64,20148 Hamburg. Início: 20H00
07.11.2009 – OSNABRÜCK- XXII Encontrode Transmontanos e Alto Durienses..Local: Centro Português de Osnabrück.Início: 17H00. Info. 0172 – 231 83 03
07.11.2009- HAMBURGO -Grupo de Fadoda Tuna Académica da Universidade deCoimbra. Local: Restaurante O Farol,Ditmar-Koel-Str. 12, 20459 Hamburg .Início: 20H00
12.11.2009 – LOHMAR - Festa de natalorganizada pela União Operária deLohmar. Baile pela noite com o grupomusical “FM RADIO”. Local: Haupt-schule Hermann-Löhn; Hermann-Löhn-straße , 53797 Lohmar. Com inicio
pelas 20.30 horas. Info:Sr. Santana :02246-300038 . www.fmradio.de.com
13.11.2009 - FRANKFURT/M – Concertode D. Rosa. Local: Brotfabrik, Bach-mannstr. 2-4, 60448 Frankfurt . Início:20H00
14.11. 2009 – KREFELD – Grandiososfestival de folclore com a participaçãode vários ranchos folclóricos. Trans-missão em directo do primeiro jogoPlay-Off da Selecção Nacuional e bailepela noite abrilhantado pelo grupo mu-sical “FM RADIO”. Local : Festsaal Tem-pelshof, Lenenweg 14, Tönisvorst beiKrefeldCom início pelas 16.30 horasInfo : Carlos Marques : 0152-09711355 - www.fmradio.de.com
14.11.2009 – OLDENBURG – Concertode D. Rosa. Local: Cadillac Zentrum Ju-gendkultur, Huntestr. 4a, 26135 Olden-
burg . Início: 20H00
14.11.2009 – WEILHEIM /TECK – Festada Juventude. Com Ruth Marlene, An-gélico Vieira. Diana Lucas e Baile abril-hantado pela Banda Atlantis. Local:Reußensteinhalle. Abertura do Salão:17h30
14.11.2009- HAMBURGO - Festa de S.Martinho na Missão Católica. Local:Danziger Str.64. : Castanhas e sardin-hadas assadas. Ab 20 Uhr: Baile com aBanda Lusitana. Início: 16H00
15. 11. 2009 – BREMEN - Concerto de D.Rosa. Local: Bürgerhaus Weserterrasse,Osterdeich 70b, 28205 Bremen. Início:20H00
17.11.2009 – SCHNEEBERG - Concertode Telmo Pires acompanhado ao pianopor Maria Baptist. Local: Kulturzentrum
Goldne Sonne . Fürstenplatz 5 . 08289Schneeberg. Info. www.telmopires.com
21.11.2009 – HAGEN – Noite de Folclore2009 com a participação de vários ran-chos folclóricos, e ainda muitas surpre-sas. Baile pela noite abrilhantado pelogrupo musical “FM RADIO”.Local : Gesamtschule Hagen-Haspe, Köl-ner Straße, hagenCom início pelas 16.00 horas. Info :Sede : 02331-371017
(Até) 20.11.2009 – JÜLICH – Exposiçãocolectiva com a participação do artistaErnesto Marques. Local: Galerie Red-point Elisabethstr. 1 . 52428 Jülich
25.11.2009 – MUNIQUE – Concerto deCristina Branco. Local: Prinzregenten-theater Prinzregentenplatz 12 . 81675München .
27.11.2009 – DÜSSELDORF – PORTU-GAL Sensation Grande Noite de Discocom DJs portugueses portugueses. LocalRheingold Düsseldorf Hauptbahnhof.Início: 22h00
28.11.2009. AACHEN – Actuação dogrupo SINA NOSSA. Local: Altes Kurhaus/ Klangbrücke Kurhausstr. 1 . Início:20H0052058 Aachen
30.11.2009 - BONA – Actuação da fa-dista Mafalda Arnauth(na foto). Local:Harmonie Bonn. Frongasse 28-30 .53121 Bonn. Início: 20H00
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Ler + portuguêsJosé SaramagoCaim Preço: € 25.90
Se em O Evangelho Segundo Cristo JoséSaramago nos deu a sua visão do NovoTestamento, em Caim regressa aos pri-meiros livros da Bíblia. Num itinerárioheterodoxo, percorre cidades decadentese estábulos, palácios de tiranos e camposde batalha pela mão dos principais pro-tagonistas do Antigo Testamento, impri-mindo ao texto o humor refinado quecaracteriza a sua obra.Caim revela o que há de moderno e sur-preendente na prosa de Saramago: a ca-pacidade de fazer nova uma história que
se conhece do princípio ao fim. Um relato irónico e mordaz no qual oleitor assiste a uma guerra secular, e de certa forma, involuntária, entreo criador e a sua criatura.
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A Bíblia para todos é a tradução mais actual daBíblia em língua portuguesa, feita por umaequipa de tradutores católicos e protestantes dereconhecido valor e mérito académico. Por isso,e também porque o seu português corrente éacessível a pessoas de diferentes idades e níveisde instrução, esta é verdadeiramente uma Bíbliapara todos. Pensada para quem nunca leu a Bí-blia ou para quem gostaria de a voltar a ler deoutra maneira, para os que estão numa buscaespiritual ou para os que têm apenas um inte-resse intelectual nesta obra milenar, esta é umaedição inovadora, num formato único em línguaportuguesa e com uma linguagem acessível. Atradução foi feita a partir de textos em hebraico,aramaico e grego por uma equipa de especialis-tas de várias tradições cristãs.
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Uma mensagem secreta da Al-Qaedafaz soar as campainhas de alarmeem Washington. Seduzido por umabela operacional da CIA, o historiadore criptanalista português Tomás No-ronha é confrontado em Veneza comuma estranha cifra.
Ahmed é um menino egípcio a quem o mullah Saad ensinana mesquita o carácter pacífico e indulgente do islão. Masnas aulas da madrassa aparece um novo professor com umislão diferente, agressivo e intolerante. O mullah e o novoprofessor digladiam-se por Ahmed e o menino irá fazeruma escolha que nos transporta ao maior pesadelo donosso tempo.E se a Al-Qaeda tem a bomba atómica?Este é o novo romance de um autor que já habituou os seusmuitos leitores a aliar o prazer lúdico da leitura ao enri-quecimento proporcionado pela relevância dos temas tra-
tados e pela investigação rigorosa que os fundamenta. Depois de tratar a crise energética e os últimos avanços daciência numa mistura extremamente hábil e subtil de ficção e realidade, José Rodrigues dos Santos traz-nos maisum tema escaldante da actualidade!
Astrologia, Karma e Felicidade
Preço, 20,99 €Autor: Cristina CandeiasFormato: 14x21cmPáginas: 112
A astróloga residente do programa "Praça daAlegria", de Jorge Gabriel, tornouse um fenó-meno nacional, com as suas previsões em di-recto. Este é o seu primeiro livro. O livro quenos ensina a atravessar o deserto para encon-trar o oásis e a felicidade plena. É necessárioreflectir sobre quem fomos, o que somos e oque temos de vir a ser. Só depois de aceitar-mos os nossos processos demudança a vida se nos revelará.
Conhecido por “fiel amigo”, o bacalhau tem uma tradi-ção muito particular e original na gastronomia portu-guesa. Neste livro, fique a conhecer as origens da pescadeste peixe, as suas principais características, a melhorforma de o arranjar e outros aspectos importantes,como a melhor forma de o escolher, conservar e aman-har. Deleite-se com as nossas receitas e experimente-astodas. Fique, ainda, a conhecer as tradições deste peixenoutros países do Mundo.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009Vidas24
Senhor57 anos, emigrante na Alemanha (NRW), pre-tende contactar senhora pra fins de amizade oualgo mais. Caso muito sério.Resposta a este jornal, se for possivel com nu-mero de telefone, Refª A-1710
Amizades &Afins
poesias de amore de outros sentires
Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ouaté mesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contarcasos de que foram testemunhas ou os principais protagonistas. Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo,como cá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos queacalentamos para aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o pri-meiro dia de trabalho e, porque não, as dificuldades por que passamos.Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau. Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho danossa presença neste país.Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas.Morada:PORTUGALPOSTBurgholzstr.4344145 DortmundFax: (0231) 83 90 351E mail: [email protected]
ESCREVA-NOS e conte-nos a história da sua vida
Pedimos aos leitores que nos en-viam correspondência para estarubrica para não se alongaremmuito nos textos que escrevem.Obrigado.
PROCURA A SUAALMA GÉMEAou deseja fazer amizades
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simbólico.
Escreva-nos ou ligue-nos.
Caros Senhores do jornal Por-
tugal Post, a minha história não tem
nada de especial mas vou contar
como fui vilmente enganada depois
de ter acreditado numa pessoa por-
que queria refazer a minha vida.
Sou viúva há muitos e uma mu-
lher nova. Tenho 52 anos e estou
aqui na Alemanha já há quase 25
anos. Fiquei viúva há 15 e, infeliz-
mente, deus não quis dar-me filhos
e ainda por cima levou-me o ma-
rido que era ainda muito novo.
O meu marido faleceu devido a
um acidente de trabalho. Na altura
trabalhávamos os dois e foi assim
que conseguimos uma vida sem
problemas.
Construímos e compramos
casas em Portugal. Depois do fale-
cimento do meu marido fiquei só.
A minha vida era o trabalho. Como
não queria estar em casa sozinha
encontrava no trabalho o refúgio
para a solidão.
Não me dava nem ainda hoje
me dou com os portugueses. As
amigas que tenho são alemãs ou de
outras nacionalidades. Nunca fui a
uma festa portuguesa e o que sei é
o que leio no jornal.
Fiquei só durante muito tempo
por respeito ao meu falecido ma-
rido. Às vezes tinha convites para
ir com as minhas amigas aqui e
acolá e algumas quase que se atira-
vam a homens, coisa que eu nunca
me passou pela cabeça.
Quando raramente conhecia al-
guém, não lhe dava muita confiança
nem sequer lhe dizia onde morava
nem contava nada da minha vida.
E foi assim durante anos a fio.
Saía de casa de manhã cedinho e só
chegava à noite cansada do traba-
lha. Fazia de comer e punha-me a
ver TV ou dormia ou então falava
ao telefone com uma ou outra
amiga.
Os fins de semana passo-os
normalmente a costurar. Gosto
muito de costurar e sou eu que
faço as minhas camisas ou até ves-
tidos...{…}
Um dia, há coisa de 4 anos, saí
com uma amiga brasileira para fes-
tejar a passagem de ano num res-
taurante brasileiro. Foi a primeira
vez que saí à noite para festejar o
novo ano depois de ter ficado sem
esposo.
Éramos cinco mulheres e eu só
conhecia três delas. Foi com sur-
presa que no restaurante se juntou
a nós mais dois casais, um deles era
português mais ou menos da nossa
idade. Sabendo depois que eu era
da mesma nacionalidade, a mulher
portuguesa falou quase a noite in-
teira comigo e quase que já parecía-
mos amigas. O marido dela era um
homem bem parecido e foi com
muita surpresa que ele a meio da
noite me convidou para dançar. Fi-
quei sem que dizer e muito enver-
gonhada. A mulher dele disse-me
“vá dançar, não se envergonhe”- e
fui. E dançamos cinco ou seis vezes
juntos. Era a primeira vez que pas-
sados muitos anos tinha um con-
tacto físico com um homem e
confesso que fiquei muito pertur-
bada.
Então ficamos amigos. Trocámos
números de telefone e assim às
vezes ela telefonava-me. Mas quem
telefonava mais vezes era ele. No
principio as conversas eram nor-
mais e pouco a pouco as perguntas
que ele fazia eram mais íntimas
como se a nossa a amizade fosse já
antiga.
Um dia quando eu chegava do
trabalho encontrei-o dentro do
carro estacionado à minha porta.
Reagi muito espantada e nem se-
quer tive palavras para lhe pergun-
tar nada. Disse-me então que tinha
passado por ali e pensou visitar-me.
Sem saber o que fazer, convidei-
o a entrar. Ele disse-me que tinha
telefonado à sua mulher dizendo
que vinha visitar-me. Fiquei então
descansada.
Em casa ele contou-me muitas
coisas: de onde era de Portugal e
que profissão tinha e disse-me, para
meu espanto, que se sentia um
pouco só aqui na Alemanha e que a
maior amargura que a sua mulher
lhe tinha dado era não lhe ter dado
um filho.
Como tinha de cozinhar, convi-
dei-o a jantar. Como não tinha
vinho em casa, ele ofereceu-se para
ir comprar vinho ao quiosque.
Quando ele saiu para comprar
o vinho, dei comigo a arranjar-me e
a maquilhar-me como se tivesse de-
zoito anos.
Enfim, nesse dia ele ficou até
tarde e, num acto de desespero, en-
treguei-me a ele.
A partir daí começou a visitar-
me duas a três vezes por semana e
ficamos íntimos. Foi que ele come-
çou a dizer que queria divorciar-se
da mulher. Depois contava-me os
pormenores da vida que tinha com
a sua mulher. Disse-me também que
a partir do momento em que me
viu a sua vida tinha mudado - e sei
lá mais o que disse!
A verdade é que fiquei louca
por ele e as visitas agora eram
quase diárias e saía sempre da
minha casa à meia-noite e às vezes
às duas da manhã.
No meio disto, um dia chegou
muito abalado e perturbado a
minha casa dizendo que tinha um
problema de dinheiros que tinha de
resolver em 24 horas e que se não
resolvesse acabaria com a sua vida.
Perguntei-lhe qual era a soma ao
que me respondeu que era 25.000
€. Quando o vi transtornado o co-
ração apertou-se-me e disse-lhe
que podia emprestar-lhe se ele qui-
sesse. Nesse momento quase que
se atira a mim de joelhos e beija-me
dizendo que nunca se esqueceria da
minha bondade.
Algumas semanas depois apa-
rece em minha casa com uma carta
que, disse-me ele, ia mandar a um
advogado para pedir o divórcio.
Desde daí começou a fazer planos
para a nossa vida, dizendo que po-
díamos ir para Portugal porque
tinha lá casa e que teríamos um
vida regalada, etc..
Às vezes achava-o muito estra-
nho porque continuava a pedir-me
dinheiro e era aos quinhentos e mil
euros. Até que houve um período
em que ele não aparecia nem tele-
fonava e fiquei preocupada.
Foi nesse momento em que co-
mecei a pensar em tudo e a sentir-
me incomodada quando pensava
que ele, e afinal também eu, estava-
mos a trair a mulher que era minha
amiga e que às vezes me telefonava.
Houve dias até que saímos as duas
para ir ao cabeleireiro e às com-
pras. E nesta intimidade ela contava-
me coisas que fazia com o marido
ou, então, quando passava um
homem ela começava a adivinhar se
ele era como o seu. Eu corava por-
que mal sabia ela que eu sabia do
que ela estava a falar.
Depois de quase uma semana
sem aparecer, um dia ele tocou à
minha porta eram quase duas da
manhã e foi a primeira vez que
ficou toda a noite em minha casa.
Um dia telefonou-me a sua mu-
lher quase a chorar dizendo que es-
tava a desconfiar que o seu marido
tinha uma amante. Aquele telefo-
nema foi como um choque para
mim e chamou-me à realidade. Foi
aquele telefonema que me chamou
para uma situação que me levou à
vergonha e ao arrependimento. Eu
não queria estragar a relação da-
quela mulher e o que tinha feito
não era justo.
Decidi acabar com tudo.
Nessa noite ele bateu à porta
mas não abri. Nunca mais abri nem
telefonei nem quis saber dos milha-
res de euros que lhe tinha empres-
tado. Estava de mal comigo e a
culpa era só minha.
Comecei a voltar à vida antiga.
A trabalhar e a estar em casa, como
faço hoje. Nunca mais conheci ne-
nhum outro homem nem nunca
mais saí à noite.
Hoje os meus tempos livres
passos numa associação de apoio
aos sem-abrigo e também a reco-
lher víveres e roupas para as pes-
soas que nada têm ou que vivem da
ajuda do governo.
É esta a história que queria con-
tar e peço por favor que não divul-
guem o meu nome.
Obrigada.
Leitora identificada
Um arrependimento
Era assim:
queres?queres algo?queres desejar?desejas querer?desejas-me?desejas querer-me?queres desejar-me?queres querer-me?queres que te deseje?desejas que te queira?queres que te queira?
quanto me queres?quanto me desejas?ah quanto te queroquando te queroquando me queres...
Ana Hatherly
Embaixada de PortugalServiços da Cordenação-Geral
de EnsinoZimmerstr.56 10117 BerlinTelefone 030 - 590063500Telefax 030 - 590063600
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Escricório Consular Osnabruck-Schloßwall 2 - 49080 Osnabruck
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Königstr.20 - 70173 StuttgartTel. 0711/2273974
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 2009 25
A vida é bela, é agradável e todos nós gostamos de viver e desfrutar as opor-tunidades, os desafios e as alegrias e os ciclos de vida.Porém como sabemos, ninguém é eterno e imortal. Há que pensar (quantoantes melhor) em segurar o nosso funeral para não deixarmos despesas quevão sub carregar quem ainda terá que suportar a nossa perda.Para mais informações sobre os nossos serviços funerários e como cobrir orisco financeiro do funeral. Contacte-nos sem compromissos.
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Previsões para Novembro 2009Por Maria Helena Martins
PROFESSOR CALLI BERLIN
Grande cientista, MÉDIUM, VIDENTE, ESPIRITUALISTA, descendente de uma família rica em poderes ab-solutos de magias negra e branca, feitiços dos impérios de Mali, Senegal, Gabu. Resolve casos desesperadoscom rapidez, como por exemplo: Amor, doenças fisícas e espirituais, ajuda na cura de doencas graves, pro-tege pessoas, familias, negócios e seu desenvolvimento, impotências sexuais, justica, invejas, maus-olhados,vicios de droga, tabaco e álcool, juntar homens e mulheres separados dos seus pares por outras pessoas edo mesmo sexo desde que haja amor, aproximar pessoas amadas, lê a sorte, dá a previsão de vida e futuro,faz trabalhos á distancia, pelo bom espírito talisma, prenda a pessoa amada com êxito absoluto, ponhafim a tudo o que o preocupa; angustia, depressão, ansiedade, vença os seus inimigos, contacte o Prof. Callipessoa dotada de grandes e absolutos poderes espirituais de DEUS. ( FACILIDADES DE PAGAMENTOS ).consultas pessoalmente, por carta ou por telef: 03049997523 Fax: 03053016653 Handy: 015224006814 in-dicativo para residentes fora da Alemanha telef: (00493049997523-Fáx:00493053016653 e Telemóvel004915224006814) endereco para correspondencia: Nome : Prof. Calli Postfach: 290241 - 13096 - Berlin Deutschland.pode visitar a minha página em: www.prof-calli.com e pode enviar imal para [email protected] ,desloco-me a casa do cliente na Alemanha e ao Estrangeiro.
CARNEIROAMOR: Sentir-se-á muito nostálgico duranteeste mês. Seja mais optimista! Pratique o pen-samento positivo e as acções construtivas agora!SAÚDE: lembre-se que o desânimo se reflectenegativamente na saúde. Tenha pensamentospositivos e verá que se sentirá melhor.DINHEIRO: Evite precipitar-se, dê um passode cada vez.
TOUROAMOR: Pense bem antes de se envolver numanova relação. Desenvolva a sua clareza mental,emocional e espiritual.SAÚDE: Mês estável e cheio de energia posi-tiva.DINHEIRO: É um bom momento para negó-cios, propício à venda de imóveis.
GÉMEOSAMOR: Deixe o seu orgulho de lado e opte porconversar calmamente com a sua cara-metade.Abra o seu coração e seja fiel ao que ele lhetransmite.SAÚDE: Possíveis problemas respiratórios. DINHEIRO: Avance com a abertura de um ne-gócio próprio, mas informe-se bem antes de ofazer.
CARANGUEJOAMOR: Evite pensamentos negativos. Adopteuma postura mais descontraída perante a vida.Descubra a força imensa que traz dentro de si!SAÚDE: Tendência para apanhar uma pequenaconstipação. DINHEIRO: Acontecimentos inesperados farãocom que seja promovido mais cedo do que julga.
LEÃOAMOR: Poderá viver uma aventura de grandeimportância para si. Mostre toda a sua força, de-terminação e criatividade, e ponha em práticaos seus projectos com paixão.SAÚDE: Dê mais atenção às dores de cabeça.DINHEIRO: Não seja tão materialista, pois sótem a perder com isso.
VIRGEMAMOR: Tenha uma atitude de confiança paracom a pessoa amada. Abra o seu coração, e issotrará um novo sentido ao seu relacionamento.SAÚDE: Possíveis dores de ouvidos. DINHEIRO: Cuidado com as finanças. Vigiemelhor as suas despesas.
BALANÇAAMOR: Aposte no diálogo e na compreensão.Que a luz da sua alma ilumine todos os que vocêama!SAÚDE: Estão previstos alguns problemas di-gestivos. DINHEIRO: Excelente oportunidade paraequilibrar as suas contas.
ESCORPIÃOAMOR: O companheirismo é a base de qual-quer relação. Fale sobre o que é necessário eseja carinhoso.SAÚDE: Combata a tendência para se isolar ereflectir demasiado.DINHEIRO: Algo inesperado poderá acontecere colocar em causa a sua competência. Mostre oque vale com determinação e coragem!
SAGITÁRIOAMOR: Procure ser mais compreensivo comquem o rodeia. Procure dizer coisas boas, a pa-lavra tem muita força!SAÚDE: Ao longo deste mês poderá ser inco-modado por alguns problemas de coluna.DINHEIRO: Acredite nas suas capacidadesprofissionais.
CAPRICÓRNIOAMOR: Uma data muito importante aproxima-se, não se esqueça dela. Exercitar a arte de serfeliz é muito divertido!SAÚDE: Proteja-se, não ingira nada que sejanocivo para o seu organismo. DINHEIRO: Uma viagem de trabalho iráobrigá-lo a ausentar-se durante mais tempo doque o previsto.
AQUÁRIOAMOR: Deixe o orgulho de lado e peça des-culpa sempre que errar. Se quer ser verdadeira-mente vitorioso, vença-se a si próprio!SAÚDE: Proteja-se do frio, ou pode ser sur-preendido por uma constipação.DINHEIRO: Cuidado com os gastos supér-fluos.
PEIXESAMOR: Surgirá um novo interesse românticona sua vida. Procure intensamente sentimentossólidos e duradouros, espalhando em seu redoralegria e bem-estar!SAÚDE: Regular. Sem nada de grave a assina-lar. DINHEIRO: Prosperidade para a vida finan-ceira.
Um homem foi encontrado estendido numa valeta e conduzido de urgência para
o hospital. Na sala de operações, um interno desabotoava-lhe o casaco, a fim de o
preparar para a intervenção, quando descobriu a seguinte nota, presa ao forro: «A
todos os membros da classe médica: estou simplesmente embriagado; deixem-me
dormir; não tentem extrair-me o apêndice, já mo tiraram duas vezes.»
•
No hospital, diz o médico:
- O senhor é o dador de sangue?
- Não, eu sou o da dor de cabeça!
•
Doente:
-Mas... senhor doutor, e se a operação falhar?
Cirurgião:
-Esteja descansado, homem. Se a operação falhar, você nunca o saberá.
•
-A senhora é tão nova e já com oito filhos! Casou muito cedo?
-É verdade. Eram apenas oito horas.
•
-Quero divorciar-me. De há cinco anos para cá, a minha mulher atira-me com os
objectos mais variados: vasos, panelas, bibelots...
-E por que razão só agora se quer divorciar? Ao fim de cinco anos devia estar ha-
bituado...
-Sim, mas só de há alguns dias para cá começou a acertar-me.
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PORTUGAL POST nº 184 • Novembro 200926 Classificados
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O Presidente de Cabo Verdeconsiderou „extremamenteinteressantes“ os contactospolíticos mantidos durante vi-sita oficial à Alemanha, emque abordou, nomeadamente,possibilidades de cooperaçãonos domínios das energias re-nováveis e da pesquisa oceano-gráfica.
“Queremos fazer de Cabo
Verde uma plataforma para a inves-
tigação oceanográfica e atmosfé-
rica”, disse Pedro Pires , em Berlim,
depois de se reunir com o seu ho-
mólogo alemão Horst Koehler,
com a comissão parlamentar para
a Áfrical Ocidental e Central e com
o burgomestre da capital alemã,
Klaus Wowereit.
O Chefe de Estado cabo-ver-
diano debateu ainda a cooperação
empresarial nestas e noutras áreas,
como o turismo, com uma associa-
ção de empresários alemães, em
Hamburgo.
Actualmente, 13 por cento dos
turistas que visitam cabo Verde
saem da Alemanha, “e trata-se de
um mercado com potencialidades
de que tem de se tirar o maior
proveito”, referiu Pedro Pires.
O Presidente aproveitou tam-
bém a visita à Alemanha para
solicitar “a compreensão” das au-
toridades de Berlim para os projec-
tos que Cabo Verde apresentará
em breve no quadro da parceira es-
pecial com a União Europeia.
Pedro Pires pediu também a
adesão da maior economia euro-
peia à chamada parceria para a mo-
bilidade, para facilitar a emigração
legal de cidadãos cabo-verdianos
para o espaço da UE, projecto que
já teve o apoio de Portugal, Espa-
nha, França, Holanda e Luxem-
burgo.
Antes de deixar Berlim, pedro
Pires proferiu uma palestra sobre
o desenvolvimento económico, po-
lítico e social de cabo Verde desde
a independência, considerado
exemplar a nível internacional.
„Somos ambiciosos, não quere-
mos ser mais um problema ou
encargo para a comunidade inter-
nacional”, afirmou pedro Pires na
Fundação Friedrich Ebert. O chefe
de Estado criticou, no entanto, o
facto de Cabo Verde já não benefi-
ciar de ajuda ao desenvolvimento
de países como a Alemanha, por
ser entretanto considerado um
país de rendimento médio.
“Quando um avião descola, que
foi o que nós fizemos, não se lhe
pode cortar o combustível em
pleno voo”, disse o político cabo-
verdiano, ressalvando, no entanto,
que não foi à Alemanha pedir ajuda,
“mas sim mais investimentos e mais
turismo”.
Pedro Pires deslocou-se a
Pedro Pires, Presidente de Cabo Verde visita a Alemanha
Hamburgo para se reunir com a
diáspora cabo-verdiana em Ham-
burgo (ver caixa) e falar de coope-
ração no âmbito da pesquisa
oceanográfica, na Universidade de
Kiel.
“Cabo Verde tem como uma
das preocupações prioritárias a se-
gurança e o bem-estar de todos os
cabo-verdianos na diáspora. Preo-
cupamo-nos com a sua protecção
social no país de acolhimento, pro-
tecção esta assegurada por parte
do Estado cabo-verdianos e da sua
representação diplomática.” Pala-
vras proferidas no inicio da inter-
venção do Presidente da Republica
de Cabo Verde no encontro com
comunidade cabo-verdianna na Ale-
manha.
Pedro Verona Rodrigues Pires
esteve em visita oficial à Alemanha,
acompanhado de sua esposa Adél-
cia Pires e uma comitiva composta
por 20 elementos, entre os quais o
ministro de negócios estrangeiros,
José Brito.
A 17 de Outubro, pelas 13
horas, na Haus der Patriotischen
Gesellschaft em Hamburg, Pedro
Pires e comitiva, tiveram um encon-
tro com cabo-verdianos que se
deslocaram de Berlim, Brake, Bre-
men, Hamburgo e Kiel.
Após a intervenção do Embai-
xador de Cabo Verde em Berlim,
Jorge Tolentino, e do Cônsul Hono-
rário de Cabo Verde em Hamburgo,
Bremen, Schleswig-Holstein e Nie-
dersachsen, Heinz-Herbert Hey, o
presidente usou da palavra, dei-
xando a todos uma mensagem de
profundo agradecimento pela forte
ligação e o contributo que as comu-
nidades cabo-verdianas têm
dado ao desenvolvimento de Cabo
Verde.
Pedro Pires salientou ainda a
importância de Cabo Verde na sua
afirmação internacional como
nação livre rumo à prosperidade,
destacando a multiplicação por 10
do Produto Interno Bruto de Cabo
Verde nos últimos 35 anos; a espe-
rança de vida que aumentou para
mais de 70 anos; o desenvolvimento
na área da educação com o consi-
derável aumento de liceus, escolas
e universidades e o investimento
externo na área do turismo. “Cabo
Verde deixou de pedir ajuda para
pedir maior investimento, disse
Pedro Pires.
Durante a sessão de perguntas
e respostas (proposto e orientado
pelo presidente da Associação
cabo-verdiana de Hamburgo, Esta-
nislau Furtado) entre o Presidente
e os cabo-verdianos, os presentes
discutiram alguns dos problemas
com que Cabo Verde se debate.
Pedro Pires respondeu às mui-
tas perguntas, mas sublinhando
sempre o muito que já se fez de po-
sitivo.
No final do encontro, Pedro
Pires condecorou o primeiro ex-
Cônsul Honorário de Cabo Verde
em Hamburgo Herr Kremer pelo
empenho e ajuda incondicional que
deu à comunidade cabo-verdiana
em terras germanicas.
Maria dos Anjos SantosHamburgo
Presidente encontra-se com a comunidade cabo-verdiana em Hamburgo
Pedro Pires, ao centro, recebido por crianças cabo-verdianas. Foto: Fernando Soares