portugal pitoresco

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Preço 1 $00 Quinta [eira, 10 de Abril de 1958 Ano IV - N.° 160 lo Proprietária, Administrador e fdiior V. S. MOTTA P I N T O REDACCÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA M O N T I J O ------------------- 18 - T E L E F . 026 467 OGMPOSIÇáO B EIÍKIESSAO - TIPOGRAFIA «GB_íLFEXi ~ TEL.JSF. 026 236 — MONTUO DIRECTOR Á L V A R O V A L E N T E O PERFIL DUM ESTETA A personalidade literária de Manuel Teixeira Gomes foi evocada na Casa do Al- garve, em Lisboa, pelo dis- tinto jornalista e escritor Dr. Urbano Tavares Rodrigues. Nessa sessão, que decor- reu numa atmosfera de ele- vada compreensão e simpa- tia pela figura inconfundível do autor de «Londres Mara- vilhosa», algo ficou a enri- quecer a biografia do escri- tor, dado o precioso trabalho daquele jovem e talentoso jornalista. Numa linguagem rica de pormenores literários, Ur- bano T. Rodrigues aprofun- dou a obra de Teixeira G o- mes, naquilo que ela tem de mais atraente, de mais belo, para nos mostrar toda a gama de impressões colhidas por esse mago da beleza que o destino levou um dia a exi- lar-se em terras Africanas. Quando Norberto Lopes, que presidiu à sessão, es- creveu a série de reportagens Trisj qu ortuj >SS0: riuel, 5seii> | títu- di 0 1Bis- intÇ' -poi- i( * ia d{| i 5) DÁ H O N R A Por Amaral Frazao «A honra — dizia Girard— é qualidade natural, mas desenvolve-se pela educa- ção, mantém-se pelos prin - cípios e fortifica-se pelo exemplo». Com efeito, a honra é Virtude que faz parte inte- grante do indivíduo, da sua própria condição fisiológica, Que nasce com ele, donde se infere sem dificuldade que o homem tem o dever de conservar um dom com que o dotou a natureza ao lançá-lo na vida, na socie - dade, na associação dos ou- tros homens. Quer dizer: — não tem direito de alienar um bem que, por ser dele, nem por Iss° só a ele pertence, Visto que a honra individual, em , ace da natureza e da colec- tividade, é pequena partícula jdum grande todo que per- ece a essa mesma colec- tividade. A honra individual é, por- an*o, a honra de nós todos, e toda a humanidade, por i arrojada que pareça afirmação, por mais que >s convenções sociais da vida PÇtual, cheia de artifícios, de f Pocrisias, de más intenções, r fendam sobrepor-se à jrtude colectiva dos povos. ^°nra, dever, velhos e (Continua na página 5) sobre a vida de Teixeira Gomes, e que mais tarde reuniu nesse curioso iivro intitulado «O Exilado de Bougie», os portugueses começaram a formar uma ideia mais serena e mais justa da discutida personali- dade do antigo Presidente da Por Á L V A R O PEREIRA República Portuguesa. O jor- nalista revelara então ao mundo as horas solitárias do cativeiro, ainda que volun- tário, daquele que, mesmo no crepúsculo da glória, sabia manter ainda a mesma di- gnidade de sempre e, a par dela, a mesma integridade de pensamento e a mestna coragem perante a solidão que o cercava. O homem sentia-se definhar, consumir, como planta a estiolar, mas a sua alma de consumado Artista permanecia-lhe sub - missa e tão fiel que dir-se-ia ser o único elo que o prendia à vida, já que a própria vista, por fim, agonizava ante as visões deslumbrantes dos montes da Kabília. Esse infatigável viajante, que percorreu as sete parti- das do mundo, na ânsia de perscrutar a beleza entroni- zada nos seus monumentos, nas suas catedrais, nos seus templos divinos e profanos e também nas suas maravi- lhosas paisagens, esse ho- mem, dizíamos, jamais dei- xou de amar a terra portu- guesa, nomeadamente o seu Algarve, e, a tal ponto, que essa deambulação por terras estranhas parecia que lhe comunicava um sentimento mais penetrante, mais vivo, de forma a apurar nele o sen- tido estético do escritor. Foi esse sentimento, im- pregnado de autêntico fervor artístico, que o levou a dizer a Columbano, numa das suas famosas cartas: «Temos pois a «vida» como finalidade hu- mana, e a «vontade» capaz de a transformar. A «arte» a aformoseará e por isso con- vém cultivá-la como se fosse a verdadeira religião da ven- tura». Urbano Tavares Rodrigues, ao analisar a obra de Tei- xeira Gomes, não se limitou a descrever, o que já seria bastante, aliás, o impressio- nismo subtil do ilustre autor de «Novelas Eróticas»; mas, sobretudo, procurou empres- tar a esse poder impressio- nável a chama ardente duma observação rica de estudo, deveras aliciante, que muito valorizou o seu trabalho. Através dela, o auditório sentiu que na obra de Tei- xeira Gomes perpassa sem- pre o mesmo cântico de amor à vida, numa atracção que apaixona os sentidos e os deixa cativos de inefável en- levo. Foi esse amor que o fez testemunha impar do grande cenário artístico do mundo, deixando-se subjugar pelas suas maravilhas e que mais tarde viria a descrever nos seus livros fulgurantes de imaginação e de poder ana- lítico. Por isso mesmo, prosse- guiu Urbano Tavares Rodri- gues, se algum dia viesse a (Continua na página 5) 0 Governo não esquece os meios rurais Ainda há pouco o Minis- tro Veiga de Macedo, no louvável intento de dotar os trabalhadores do campo de habitação condigna, enviou para a Assembleia Nacional uma proposta de Lei que foi aprovai e que permitirá de futuro à sombra das Casas do Povo obviar, na medida do possível, a essa carência ; mas eis que uma noVa cam- panha está em pleno anda- mento, ae forma a assegurar aos rurais, sócios das Casas do PoVo e aos seus familia- res, protecção adequada na luta contra a doença, um dos grandes riscos que afli- gem toda a gente, mas que no caso dos economicamente mais débeis reveste um ca- rácter por vezes angustiante e sem remédio — sem remé- dio por falta dos meios ne- cessários indispensáveis para a combater. Sabe-se como as Caixas de Previdência — Serviços Mé- dico — S o c i a i s— , zelam os interesses sanitários dos seus sócios, trabalhadores do comércio e da indústria. Sabe-se, igualmente, que até agora as Casas do Povo ti- nham os seus serviços mé- dicos e seus subsídios de farmácia, embora em rela- ção aos primeiros, montados de forma bem rudimentar. Pensa o Ministro que o trabalhador rural é uma pes- soa de dignidade em tudo semelhante à do trabalhador de qualquer sector, qualquer (Continua na página 4) O BEIJO DA PA5COA na Rússia Jír*elo I*rof. José Manuel Landeiro Não há povo algum que seguindo a doutrina cristã, seja ele católico, protestante cu grego ortodoxo, que não comemore a paixão de Cristo e a sua ressurreição, embora de diferentes maneiras. Por exemplo na Rússia, onde hoje se riega a existência de Deus e, portanto, a de Jesus Cristo, as cerimónias da Se- mana Maior ou Semana Santa faziam-se com grandes pom - pas, com cenas pitorescas da vida religiosa, próprias da época. Entre elas havia um ácto tradicional, meramente mundano, mas que marca bem o sentimento de frater- nidade na religião ciistã, seja ela romana, protestante ou ortodoxa: O beijo da Páscoa! No Domingo de Páscoa, na Rússia, todas as pessoas que se encontravam nas ruas diziam umas às outras : — t() Cristo ressuscitou» e, depois, abraçavam-se e bei- javam-se em sinal de ami - zade e de paz. E ’ este o dia em que fazem as pazes os desavindos, Este acto prati- cava-se inter-classes. Até mesmo o Czar — O Senhor PORTUGAL PITORESCO Vila Real de Sanjo A n n io A nossa gravura de hoje mostra o obelisco a D. José I, na praça daquela risonha vila algar- via. O monumento é mode3to, mas ex- pressivo. Fica bem nesta referência semanal ao pitoresco da terra portuguesa, pela graça e simpli- cidade da apresen- tação, pelo encanto proporcionado ao largo do histórico burgo. CS > ÍO 4) íj £ •bi '■ '* • «rl " r~i © O 3 S ã 2 de Todas as Rússias — , ao sair do ofício divino que se realizàva na capela do palá- cio, no Sábado Sunto, à meia noite, dava o beijo da paz íi sentinela que se en- contrasse de serviço à porta do templo. Os donos das ca- sas beijavam os criados, e o mesmo faziam estes aos seus patrões. Os cocheiros nas ruas desciam das almo- fadas dos seus carros e di- rigiam-se à primeira pessoa que encontravam, depois de aparecer a aleluia, fosse ele grande senhor da corte ou humilde varredor da rua. Mas era sobretudo nas igre- jas, quando soava a primeira hora da Páscoa, que este an- tigo uso se manifestava, tendo cada qual o direito de abraçar e beijar o vizinho ou a vizinha que se encontrava à direita. E ’ mesmo provável que a disposição dos lugares fosse premeditada, mas, em geral, o pensamento religioso doirwnava nesta cerimónia, o abraço geral, vinha desde os princípios do cris- tianismo.

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Page 1: PORTUGAL PITORESCO

Preço 1 $00 Quinta [eira, 10 de Abril de 1958 Ano IV - N.° 160

lo

Proprietária, Administrador e fdiior

V. S. M O T T A P I N T O

R E D A C C Ã O E A D M I N I S T R A Ç Ã O - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA M O N T I J O -------------------

18 - T E L E F . 026 467

OGMPOSIÇáO B EIÍKIESSAO - TIPOGRAFIA «GB_íLFEXi ~ TEL.JSF. 026 236 — MONTUO

D I R E C T O R

Á L V A R O V A L E N T E

O PERFIL DUM ESTETAA personalidade literária

de M anuel Te ixe ira Gom es foi evocada na C asa do A l­garve, em Lisboa, pelo d is­tinto jornalista e escritor Dr. Urbano T ava res Rodrigues.

Nessa sessão, que decor­reu numa atm osfera de e le ­vada com preensão e sim pa­tia pela figura inconfundível do autor de «Londres M a ra ­vilhosa», algo ficou a enri­quecer a biografia do escri­tor, dado o precioso trabalho daquele jovem e talentoso jornalista.

Numa linguagem rica de pormenores l i t e r á r io s , U r ­bano T . Rodrigues aprofun­dou a obra de Te ixe ira G o ­mes, naquilo que ela tem de mais atraente, de mais belo, para nos mostrar toda a gama de impressões colh idas por esse mago da beleza que o destino levou um dia a ex i­lar-se em terras A fricanas.

Quando Norberto Lopes, que presidiu à sessão, es­creveu a série de reportagens

Trisjquortuj>SS0:riuel,5seii>|títu- d i

01 Bis- intÇ'

- poi-i( * ia d{|i 5)

DÁ H O N R AP o r A m a r a l F r a z a o

«A honra — dizia G ira rd — é q u a l id a d e natural, mas desenvolve-se pela educa­ção, mantém-se pelos prin­cípios e f o r t i f ic a - s e pelo exemplo».

Com efeito, a honra é Virtude que faz parte in te­grante do indivíduo, da sua própria condição fisio lógica, Que nasce com ele, donde se infere sem dificuldade que o homem tem o dever de conservar um dom com que o dotou a natureza ao lançá-lo na vida, na soc ie ­dade, na associação dos ou­tros homens.

Quer d izer: — não tem direito de alienar um bem que, por ser dele, nem por Iss° só a ele pertence, Visto que a honra individual, em , ace da natureza e da co lec ­tividade, é pequena partícula jdum grande todo que per­e c e a essa mesma co le c ­tividade.

A honra individual é, por- an*o, a honra de nós todos, e toda a humanidade, pori arrojada que pareça

afirmação, por mais que >s convenções sociais da vida PÇtual, cheia de artifícios, de f Pocrisias, de más intenções, r fendam sobrepor-se à jrtude co lectiva dos povos.

^ °n ra , dever, velhos e (Continua n a p á g in a 5)

sobre a vida de Te ixe ira G om es, e que mais tarde reuniu nesse curioso iivro intitulado «O E x i la d o de Boug ie» , os p o r tu g u e s e s com eçaram a formar uma ideia mais serena e mais justa da discutida personali­dade do antigo Presidente da

Por

Á L V A R O P E R E I R A

Repúb lica Portuguesa. O jo r­nalista r e v e la r a então ao mundo as horas solitárias do cative iro , ainda que vo lun­tário, daquele que, mesmo no crepúsculo da glória, sabia manter ainda a mesma d i­gnidade de sempre e, a par dela, a mesma integridade de pensamento e a mestna coragem perante a solidão que o cercava. O homem sentia-se definhar, consumir, como planta a estiolar, mas a sua alma de consumado A rtista permanecia-lhe sub­m issa e tão fiel que dir-se-ia ser o único elo que o prendia à v ida, já que a própria vista, por fim , agonizava ante as v is õ e s deslumbrantes dos montes da Kabília .

E sse infatigável viajante, que percorreu as sete parti­das do mundo, na ânsia de perscrutar a beleza entroni­zada nos seus monumentos, nas suas catedrais, nos seus templos divinos e profanos e também nas suas m aravi­lhosas paisagens, esse ho­mem, dizíam os, jamais dei­xou de am ar a terra portu­guesa, nomeadamente o seu A lga rve , e, a tal ponto, que essa deam bulação por terras

estranhas parecia que lhe com unicava um sentimento mais penetrante, mais v ivo , de forma a apurar nele o sen­tido estético do escritor.

Foi esse sentimento, im ­pregnado de autêntico fervor artístico, que o levou a dizer a Colum bano, numa das suas fam osas c a r ta s : «Tem os pois a «vida» como finalidade hu­mana, e a «vontade» capaz de a transform ar. A «arte» a aform oseará e por isso con­vém cultivá-la como se fosse a verdadeira re lig ião da ven ­tura».

Urbano T a va re s Rodrigues, ao analisar a obra de T e i ­xeira G om es, não se limitou a descrever, o que já seria bastante, aliás, o im pressio­nismo subtil do ilustre autor de «N ove las E ró t ic a s » ; mas, sobretudo, procurou em pres­tar a esse poder impressio- náve l a cham a ardente duma observação rica de estudo, deveras aliciante, que muito valorizou o seu trabalho.

A través dela, o auditório sentiu que na obra de T e i­xeira G om es perpassa sem ­pre o mesmo cântico de amor à vida, numa atracção que apaixona os sentidos e os deixa cativos de inefável en ­levo.

Foi esse am or que o fez testemunha im par do grande cenário artístico do mundo, deixando-se subjugar pelas suas m aravilhas e que mais tarde v ir ia a descrever nos seus livros fulgurantes de im aginação e de poder ana­lítico.

Por isso mesmo, p rosse­guiu U rbano T ava res Rod ri­gues, se algum dia v iesse a

(C o n tin u a n a p á g in a 5)

0 Governo não esquece os meios ruraisAinda há pouco o M in is ­

tro Ve iga de M acedo, no louvável intento de dotar os trabalhadores do campo de habitação condigna, enviou para a Assem bleia Nacional uma proposta de Le i que foi a p r o v a i e que perm itirá de futuro à sombra das C asas do Povo obviar, na medida do possível, a essa carência ; mas eis que uma noVa cam ­panha está em pleno anda­mento, ae form a a assegurar aos rurais, sócios das Casas do PoVo e aos seus fam ilia­res, p rotecção adequada na luta contra a doença, um dos grandes riscos que afli­gem toda a gente, mas que no caso dos econom icam ente mais débeis reveste um ca ­rácter por vezes angustiante

e sem rem édio — sem rem é­dio por falta dos meios ne­cessários indispensáveis para a com bater.

Sabe-se como as Caixas de Prev id ênc ia — Se rv iço s M é ­dico — S o c i a i s— , zelam os interesses s a n i t á r io s dos seus sócios, trabalhadores do com ércio e da indústria. Sabe-se, igualm ente, que até agora as C asas do Povo ti­nham os seus serviços mé­dicos e seus subsídios de farm ácia, em bora em re la ­ção aos prim eiros, montados de forma bem rudimentar.

Pensa o M in istro que o trabalhador rura l é uma pes­soa de dignidade em tudo sem elhante à do trabalhador de qualquer sector, qualquer

(C ontin ua n a p á g in a 4)

O BEIJO DA PA5COA na R ú s s ia

Jír*elo I * r o f . J o s é M a n u e l L a n d e i r o

N ão há povo algum que seguindo a doutrina cristã, seja ele católico, protestante cu grego ortodoxo, que não comemore a paixão de C risto e a sua ressurreição, embora de diferentes m aneiras. Po r exemplo na Rússia , onde hoje se riega a existência de Deus e, portanto, a de Jesu s C risto , as cerim ónias da S e ­mana M a io r ou Sem ana Santa faziam-se com grandes pom­pas, com cenas p itorescas da vida relig iosa, próprias da época. Entre elas havia um ácto tradicional, meramente mundano, mas que marca bem o sentimento de frater­nidade na re lig ião c iis tã , seja ela romana, protestante ou ortodoxa: O beijo da Páscoa!

N o Dom ingo de Páscoa, na Rússia , todas as pessoas que se encontravam nas ruas diziam umas às outras : — t() Cristo ressuscitou» e, depois, abraçavam -se e bei- javam-se em sinal de am i­zade e de paz. E ’ este o dia em que fazem as pazes os desavindos, E s te acto prati- cava-se inter-classes. A té mesmo o C zar — O Senhor

PORTUGAL PITORESCOVi l a Rea l

de S a njo

A n t ó n i o

A nossa gravura de hoje mostra o obelisco a D. José I, na praça daquela risonha vila algar­via.

O monumento é mode3to, mas e x ­pressivo.

Fica bem nesta referência semanal ao p i t o r e s c o da t e r r a portuguesa, pela graça e simpli­cidade da apresen­tação, pelo encanto p r o p o r c io n a d o ao largo do histórico burgo.

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de Todas as Rússias — , ao sair do ofício d ivino que se realizàva na capela do pa lá ­cio, no Sábado Sunto, à meia noite, dava o beijo da paz íi sentinela que se en ­contrasse de serv iço à porta do templo. O s donos das ca ­sas beijavam os criados, e o mesmo faziam estes aos seus patrões. O s cocheiros nas ruas desciam das alm o­fadas dos seus carros e di- rigiam-se à prim eira pessoa que encontravam , depois de aparecer a a lelu ia, fosse ele grande senhor da corte ou humilde varredor da rua. M as era sobretudo nas ig re ­jas, quando soava a prim eira hora da Páscoa, que este an­tigo uso se m anifestava, tendo cada qual o direito de abraçar e beijar o viz inho ou a viz inha que se encontrava à direita. E ’ mesmo p rováve l que a d isposição dos lugares fosse prem editada, mas, em geral, o pensamento relig ioso doirwnava nesta cerim ónia, o a b ra ç o g e r a l , v in h a desde os princíp ios do c r is ­tianismo.

Page 2: PORTUGAL PITORESCO

2 A PROVINCIA

beliscõesV I D A '

PROFISSIONAL M O N T I J O9 de Abril Liga dos Combatentes

da Grande GuerraMédicos

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Diplomada pela Faculdade de Medicina de Coimbra

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Ex-eatagiária’ das Maternidades de Paris e de S trasbourg.

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Bombeiros, 026048 Taxis, 026025 e 026479

Ponte dos Vapores, 026425 Polícia, 026144

N ão podemos deixar pas­sar esta data sem a ass in a ­larm os, pelo que ela re p re ­senta quanto ao esforço da raça e quanto ao seu s ig n i­ficado naciona l.

A té mesmo porque ''.A P ro v ín c ia » se pub lica e v iv e num a reg ião que bastante co n tr ib u iu com o sacrifíc io dos seus filhos para esse esforço, honrando as t ra d i­ções r ib a te jan as e acrescen ­tando aos an a is do seu pas­sado páginas de g ló ria e de orgulho.

Q uando P o rtu g a l e n f ile i­rou ao lado dos a liados na guerra de 1914-1918, no cum prim ento dos seus de ­veres in d ec lin á ve is , 0 R ib a ­tejo foi cham ado a dar o seu con tr ibu to patriótico , partind o depois a defender nos cam pos da F lan d res as cores da nossa Ban de ira .

P a ra a li foram e a li se bateram m uitos m o n tijen ­ses, co laborando hero ica ­m ente na defesa da causa em que os a liados estavam em penhados.

A o assina larm os hoje essa

FEIRA DON a ve lh a Scá lab is , que é

a acrópole do R ibate jo , v a i d ecorrer a já tra d ic io n a lís ­s im a F E I R A D O R I B A ­T E J O — 25 de M aio a 8 de ju n h o — : A r r a ia l de co lo r i­dos sem par. p av ilhões exu ­berantes de beleza, m os­trando um m undo de v a lo ­res; gados de tantas espécies e raças d iferen tes em p rim o ­res de apresentação, lições e ensinam entos se oferecem em m ú l t ip lo s a s p e c to s ; v iv a c id a d e e an im ação, ora

data, que nenhum português digno deve esquecer, p res ­tam os hom enagem aos que baquearam e aos que, re ­gressando aos lares, m ais tarde v ie ram a tom bar v í t i ­mas dos gases e dos efeitos dessa guerra .

E justam ente porqueM on- tijo para a l i env iou ós seus filhos, aqu i qu isem os recor­dar o facto e tam bém re lem ­b ra r que é tempo de g lo rifi car oesforçodos m ontijenses, colocando n u m a d a ssu a sp ra ­ças um pequeno m onum ento que seja o sím bolo desse esforço perante os vindoi- ros,

Po r tudo quanto acaba­mos de escrever, nos sen ti­mos no d ever de cu m ­p r im e n t a r nesta data a D elegação da L ig a dos Com ­batentes da G ra n d e G u e rra , na nossa terra, com o repre ­sentante loca l dos que tom ­baram nos cam pos de bata ­lha e em sua consequência, para honra e g ló i ia deste rincSo, para honra e g ló ria da raça portuguesa.

R I B A T E J Osob o so l aca ric iad o r, ora sob m il lum es que c in tilam por sobre os tra jos garridos de gente da B o rd a de Agua, que frem e de v id a , cantando e dançando o baile do R i ­batejo.

C ená rio deslum bran te e apetecido será m ais um a vez o Cam po In fan te da C âm ara onde, no tran sco rre r dum a quinzena, a F E I R A D O R I B A T E J O re v iv e rá em cân ticos dos seus louvores.

* * *

D elegação de M o n H jo

Esta Delegação foi con vi­dada a fazer dois turnos, de duas hotas cada, ao C risto das T rinche iras, na capela da Esco la do Exército em Lisboa.

O primeiro turno realizou- -se no passudo dia 6 do cor­rente, das 15 às 17 horas, fazendo-se. representar a D e ­legação pelos sócios com ba­tentes srs. M arce lino Rod ri­gues, F r a n c is c o A n tó n io C respo, M anuel da M a ia e A b ílio de Lim a, com o res­pectivo estandarte.

O segundo turno efec­tuou-se no dia 7 , das 13 às 15 horas, com a presença da Com issão Adm in istra tiva da Delegação, composta pelos também c o m b a te n te s srs. Em íd io Augusto Tob ias, L ú ­cio Lopes Jú n io r e Francisco M arques Catum .

I s t e n ú m e r o d e « A P r o ­

v í n c i a » fo i v i s a d o p e i a

C E N S U R A

S A N T A R É MH om ens do R ib a te jo fize­

ram do certam e o seu en ­tretém do ano prás horas de ócio, porque para as ou tras têm tam bém o seu lu g a r m arcado. P e rt in a z ­mente, generosam ente, cada ano rem oçam de vontades e tentam en riquecer m ais a inda a sua F E IR A , E , lá estão sem pre, sem desfa le ­cim entos, a an im ar, a in su ­fla r fo rçar para e rgu er mais a inda esse com etim ento que tom ou já foros de acon tec i­m ento naciona l, pro jectado no estrangeiro .

F E I R A D O R IB A T E J O , v a le o entusiasm o único dum punhado de dedicações que tem em m ente exa lta r cada vez m ais e sem pre o seu R ib a te jo e v iv e como um a das suas belas tra d i­ções.

F E I R A D O R IB A T E J O , pela obra im ensa que vem rea lizando na va lo rização agro-pecuária de tão re q u in ­tado gosto, o rgu lho de q uan ­tos a conceberam e rea liz a ­ram , é um ve rd ad e iro mo­delo de exposições reg iona is de Po rtuga l.

Deixem-se de mais intrigas E acabem com umexericos» Deixem-se lá dessas brigas Que sâo boas prós geri cos.

Sejamos, sim, mais amigos, Mais irmãos, mais altruístas. Sejam todos mais bairristas E não sejam inimigos.

Grande parte das questões E J mesmo patacoada l São como os secos limões Que já não ressumam nada,,.

Sejam amigos da terra,— Oue nunca terá rival 1 — Deixem-se da «surda guerra» Oue chega a ser imoral.

Cada vez há mais progresso Nesta vila assim tão linda. Findemos com tal processo E será melhor ainda.

Termine a maledicência, Sejamos mais justiceiros. Haja pudor e decência, Sejamos mais verdadeiros.

Haja vergonha e decoro, Haja sempre mais juizo. Cantemos todos em coro Esse <Pado de Montijou...

H o m e m a o m a r

«A Provincia» - N.° 160 - 10/4/1958

Anúncio( 3 / P u b l i s a ç ã o )

Pelo Ju izo de Direito da cornarei de Montijo, e 1." secção, se faz saber, que se acha designado o dia 10 de Abril, pelas 10 horas, para a arrematação, em l . a praça e em hasta pública, à porta do Tribunal desta comarca, dos bens móveis penhorados, nos autos de Execução Sumária que Joaquim Jacinto, casado, ferroviário, resi­dente na Vila do Barreiro, desta comarca, move contra o executado; J O S É DE J E S U S , comerciante, residente na dita Vila do Barreiro, desta comarca, para haver do dito executado a quantia exequenda de quatro mil escudos.

B e n s a a r r e m a t a r

Uma balança «Avery» número novecentos e vinte A, em estado de nova com o peso de quinze quilos, e uma medidora de azeite marca «Avery», número mil cento e seis, também em estado de nova.

Montijo, 8 de Março de 1958.

O Chefe de Secção,

a) A n iòn io P a ra ca n a

V E R IF IQ U E I :

O Ju iz de Direito,

a) I lid io B ord a lo Soares

B a rb e a r ia— ALUGA-SE ou trespassa-s£' Informa na Rua do Gaio, 1 1 '

Samouco.

INSECTICIDAS E FUNGICIDAS p a r a a d e fe sa das c u ltu r a s

■ P a r a a s v i n h a s :

C O S A NE n x e f r e m o l h á v e l d e

o r i g e m a l e m ã .

C O B R E -B E R K 0”,lude cobre inglês.

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Page 3: PORTUGAL PITORESCO

10-4-958 A PROVINCIA 3

O N T J O AGEM) A UTILITÁRIA

A n i v e r s á r i o s

_ No dia 4, completou 9 anos o menino Álvaro Manuel Dias de Carvalho, afilhado do nosso pre­zado assinante, sr. A’lvaro da Costa e Silva.

_ No dia 7, a menina Fédora Maria da Encarnação Gervásio, filha do nosso estimado assinante, 3r. José Marques Gervásio.

— No dia 7, completou 0 seu 52.° aniversário o sr. João Nunes je Carvalho, «O Carioca», nosso dedicado amigo e assinante.

— No dia 7, completou o seu 9Q.0 aniversário o sr. João J o a ­quim da Costa Carvalho, filho do nosso prezado assinante e amigo, sr. João Nunes de Carvalho.

— Ainda no dia 7, completou |2 ano3 o menino Jo rg e Manuel Severo Catalão, filho do nosso estimado assinante, sr. Teodoro da Silva Catalão.

— No dia 8, a s i . * D. Quitéria Paulo Saraiva, esposa do nosso dedicado assinante, sr. Silvano Saraiva.

— No dia 8, o sr. António Car­los Neto Canastreiro, filho do nosso e s t i m a d o assinante, sr. Francisco Soares Canastreiro J ú ­nior._No dia 8, o sr. Manuel Lopes

Correia, nosso pregado assinante e amigo. _ ,

_ No dia 8, o sr. Francisco Luis Paulino Muchacho, filho do noa-jo estimado assinante, sr. António Luis Ferreira Muchacho.

— E, ainda no dia 8, o sr. Aníbal Rosa Madeira, filho do nosso pre- :-ado assinante, sr. José Madeira.

— No dia 9, o sr. José 1'mbelino Mendes, genro dn nosso dedicado assinante, sr. Carlos dos Santos.

— No dia 11, completa o seu 69.° aniversário a sr.* D. Emília Lina de Carvalho Silva, esposa do nosso prezado assinante, sr. Eduar­do Sequeira da Silva.

— No dia 11, completa o seu 15.° aniversário o menino Luís José Castanheira Rufino, filho do nosso estimado assinante, sr. Luís Jesus Rufino.

— No dia 12, a menina Fédora Leonor Marques Gervásio, sobri­nha do nosso prezado assinante, sr. António Gonçalves da Silva.

— E no dia 12, a sr.a D. Gertru­des Fernandes Rebelo, esposa do n o sso estimado assinante, sr. Armando Rebelo.

N a s c i m e n t o

Teve o seu bom sucesso na úl­tima segunda feira, dia 7, com uma robusta criança do sexo feminino, a sr.“ D. Judite de Oliveira Gomes e Castro, esposa do nosso estimado amigo e assinante, sr. Manuel T e i ­xeira de Castro, conceituado pro­prietário da «Salsicharia Castro», instalada no Mercado Municipal desta vila.

Felicitando os pais da neófita, somos a desejar o mais ridente fu­turo à recém-nascida.

P e r d e u - s e— BRINCO de valor estimativo. Ciratifica-se a quem o entregar

"a Rua João Pedro Iça — 59 — MONTIJO.

V e n d e m - s eDuas moradias de ré* do chão,

uma com pequeno quintal, na rua •anlos Oliveira, nesta vila de Mon- iijo.

Informa-se nesta Redacção.

falão PrimaveraMaria de Je su s Gama

Machado Santos, 3 3-1.° m o n t i j o

no dia 22 de Morfo, encoitrando- '• ò diipuiç ão dativas i« .mas(iicatis

J ^tòoruniij B | rj0f ÍUM j , e morno.

I n f o r m a ç ã o d o

Secretariado Paroquiald e M o n t i j o

SOBRE CINEMA

5.“ feira, 10; «BOM DIA, CA TA ­RINA». P r i n c i p a l intérprete: Catarina Valente.

A p recia çã o estética : — Bom desempenho.

A p recia çã o m o r a l: — PARA TODOS.

E n r e d o : — Não temos no nosso Arquivo.

Estreado em 1956.Sábado, 1 2 ; « A C Ç Ã O IM E ­

DIATA ». País de origem - França. Género - Espionagem. Principais intérpretes : H enry Vidal, Barbar* Laage e Nieole Maurey.

E n r e d o : — Um agente da polí­cia é encarregado de resgatar do­cumentos secretos roubados no aeroporto de Orly, A sua acção decorre em diversos países, no­meadamente na Itália onde termina com êxito.

A p recia çã o estética : — Bom desempenho. Realização cuidada.

A p recia çã o m o r a l: — Algu­mas cenas de crim e fazem que -e i eserye o f i lm e PARA ADULTOS-

Estreado no cinema Capitólio, em 2 de Dezembro de 1957.

Domingo, 13 ; «H ELENA E OS H O M E N S » . País de origem - - França. Género - Comédia. Prin­cipais in térpretes : Ingrid B e r ­gman, Jean Marais e Mel Ferrer.

E n r e d o : — Uma princesa po­laca, viuva, sem dinheiro, tenta arranjar marido rico que lhe pro­porcione situação desafogada. E n ­controu vários homens que se apaixonam por ela e a envolvem na política. Por fim, consegue encontrar o seu eleito.

A p recia ção estética : — Reali­zação aceitável. Interpretação boa.

A p recia çã o m o r a l: — Cenas livres e diálogo dúbio. F ilm e PARA A D U LTO S, COM R E S E R ­VAS.

Estreado no cinema Éden em 3 de Janeiro de 1958.

3.* feira, 15 ; «CAN TIN FLAS - SU P E R SÁ B IO ». Principal intér­prete : Cantinflas.

A p recia çã o e s té t ic a : — Bom Desempenho.

A p recia çã o m o r a l: — PARA TODOS.

Estreado em 1958.E n r e d o : — Ainda não chegou

ao nosso Arquivo.

Festas Populare5 de 5. Pedro

Viação perigosa— No sábado último, dia 5, pe­

las 23 horas, Maximino Francisco, de 34 anos. natural de Santiago do Cacém, solteiro, trabalhador, re ­sidente na Rua Damião de Pinho, n.° 61, desta vila, devido ao facto do sinistrado transitar fora da sua mão e dentro da faixa de roda­gem, na área do Afonseiro, foi colhido gravemente pelo carro li­geira G. H. - 82, conduzido por Manuel Lopes Èzequiel, natural da 'Chamusca, casado, motorista, e residente na Rampa das Necessi­dades, 15-r/c, — da capital.

O acidente deu-se no momento em que este veículo cruzava com outro que seguia em sentido oposto, ao diminuir a sua intensi­dade de luz.

A vitima foi socorrida no Hos­pital sub-regional de Montijo, e transitou para o Hospital de S . José , encontrando-se deste então em estado de côma.

Da ocorrência, tomou conheci­mento a Polícia de Viação e T r â n ­sito, de Montijo.

— Esta entidade policial, no in ­tuito de proteger a vida dos peões, recomenda-lhes que em harmonia com determinações em vigor, de­vem fazer o trânsito adentro das estradas pelo lado esquerdo, fa­zendo face aos veículos que venham em sentido contrário à sua marcha, de modo a desviarem-se a tempo de qualquer risco inesperado, ca­minhando sempre fora das faixas de rodagem.

— Continuam com o maior afã os trabalhos da Comissão das nos­sas Festas, agora a pouco mais de dois meses da sua realização.

Fo i aprovado por unanimidade o projecto do cartaz, do artista Jorge Xavier Morato, o qual tive­mos ensejo de observar e achámos perfeitamente adequado.

Nos quinze a vinte dias próxi­mos estará pronto a ser afixado, começando assim a propaganda habitual.

O programa está também em elaboração, faltando apenas leves pormenores para a sua definitiva apresentação em público.

Este ano haverá um dia dedicado a Vila Franca de Xira e outro de­dicado a Alcácer do Sal, em home­nagem a essas duas viias vizinhas e amigas.

De tudo iremos informando os nossos leitores, consoante o for­mos sabendo e nos for comunicado.

E x c u r s ã o d e E s t r e m o zA Sociedade Filarmónica Artís­

tica Estrem ocense (Banda Muni­cipal) prumove, por ocasião das nossas Festas Populares de S. Pe­dro, uma excursão a Montijo, em

N o v a s

comunicaçõesA c o n c e i t u a d a empresa «A

Transportadora Setubalense •>, de João Cândido Belo & C.“, L.da, com sede em Vila Fresca de Azei- tão, inicia no próximo dia 18 do corrente duas novas carreiras dos seus autocarros, as quais também de certo modo interessam à nossa terra.

A primeira vai do Barreiro a Coina (cruzamento), partindo do Barreiro às 13,15 e podendo esta­belecer ligação com as que seguem para Cacilhas e Lisboa, e igual­mente para Sesimbra e Setúbal. Efectuar-se-á todos os dias.A segunda vai da estação da Moita ao Rosário, partindo dali às 18,45, todos os dias, havendo aos domin­gos ainda outra carreira às 21,30.

E sempre um melhoramento para qualquer região o aumento dos transportes que a servem, pelo que nos regozijamos com o facto anunciado e felicitamos a empresa pelos seus porfiados esforços no sentido de corresponder às neces­sidades dos povos destes conce­lhos.

Concerfo MusicalE m V i l a F r a n c a d e X i r a

p e l a B a n d a D e m o c r á t i c a

2 d e J a n e i r o

A convite da Direcção do g lo ­rioso Ateneu Artístico Vilafran­quense, desloca-se no dia 11 do próximo mês de Maio à ridente e n o t á v e l V i l a F r a n c a d e Xira, onde vai dar um concerto musical, — enquadrado no pro­grama comemorativo do 68.° ano da existência da colectividade da­quela vila, a Banda Democrática 2 de Janeiro, uma das mais honrosas agremiações musicais de Montijo.

Não esquece a nossa população os laços de amizade que unem as duas vilas ribatejanas, e nesta aura de confraternização dos elementos que constituem ambas as colectivi­dades, decerto a representação musical da Banda Democrática, afirmará mais uma vez o seu va­lor, dando o necessário relevo à embaixada que o Montijo lhe confia.

«A P r o v i n c i ; . » , felicitando o Ateneu Vilafranquense pelo seu aniversário comemorativo, saúda os seus dirigentes pelo gesto de simpatia que vem envolver a nossa Banda e o bom nome desta labo­riosa terra do Ribatejo.

29 de Junho , onde realizará um concerto oportunamente anun­ciado.

Reina o maior entusiasmo na­quela cidade pela excursão projec­tada, estando aberta a inscrição em vários estabelecimentos e na sede da Banda. A inscrição é faci­litada em três prestações, efectua- -se em autocarro e parte de Mon­tijo na madrugada de 30.

Também em Montijo existe o maior entusiasmo por esta in icia­tiva, tudo s í preparando para uma condigna recepção.

Prova-se mais uma vez qual a projecção destas Festas, trazendo ao nosso convívio amigo nesses dias as embaixadas dos mais lon­gínquos recantos de Portugal.

Que sejam benvindos os estre­mocenses!

Saberemos recebê los e abraçá- -los.

Banda Democrática 2 de Janeiro

Em « so iré e» a realizar na pró- xima segunda-feira, 14 do corren le, no Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, desta vila, pelo Grupo Artístico M o n t i j e n s e , efectua-se ali um novo serão de variedades, em homenagem àquela honrosa colectividade musical da nossa terra.

Este espectáculo constitui a rea­parição deste brilhante conjunto artístico, após o assinalado êxito obtido há semanas, no G r a n d e Salão Recreio do Povo, de Setúb.)!, em festival de beneficência patro­cinado pelo E x .mo Governador Civil do Distrito.

Num programa inteiramente ori­ginal de José Joaquim Caria e Humberto deSousa,desempenhado por ura valioso grupo de aprecia­dos amadores de Montijo e actua­ção d i conceituado «Trio Monti­jense», far-se-á igualmente ouvir a categorizada Orquestra «Eldo­rado».

N e s t e e s p e c t á c u l o apresen- tar-se-á, em estreia, a engraçada comédia ern um acto e dois qua­dros, <lO P ai tam bém sofre», original do nosso prestimoso amigo sr. José Joaquim Caria.

Esta representação constituirá o linal da actuação deste distinto Grupo Arlislico, na presente tem ­porada.

Saudando a Banda Democrática pela homenagem que lhe vai ser dispensada, auspiciamos ao presti­moso Grupo Artístico Montijense mais uma noite de euforia, a juntar aos seus êxitos anteriores, que r e ­sultarão sempre em prestigio de Montijo.

S a r i l h o s G r a n d e sFoi atropelado há poucos dias o

menor Idalberlo Agostinho F e i ­teira, de 7 anos de idade, aqui residente com sua familia.

O atropelamento foi provocado por uma furgoneta de passagem, sendo a vítima transportada para o hospital de S. José, em Lisboa, onde chegou já morto.

Melhoramentos locais— Estão quase concluídas as

obras do novo jardim da Praça 5 de Outubro, que se ostenta agora no local do antigo Mercado.

O jardim ficou muito in te re s ­sante e um dos sítios mais apra­zíveis de Montijo.

— Estão também em andamento as obras do jardim em frente ao novo Mercado, o qual concorre para o embelezamento da fachada que dá para a avenida D. Nuno A’lvares Pereira.

— Vão iniciar-se as obras de alargamento desta avenida, em frente da nossa Redacção, e da construção de mais uma placa ajardinada.

— E assim a nossa terra se vai aformozeando dia a dia, com o que todos rejubilamos.

F a r m ú c ia s d e S e r v i ç o

5.1- f e i r a , 10 — M o n t e p i o

6.’ - f e i r a , 11 — M o d e r n a

S á b a d o , 12 — H i g i e n e

Domingo, 13 — D i o g o

2,a - f e i r a , 14 — G i r a l d e s

3.® - f e i r a . 15 — M o n t e p i o

4.» - f e i r a , 16 — M o d e r n a

EspectáculosCINEMA T E A T R O

JOAQUIM DE ALMEIDA

5.“ feira, 10 : (Para 12 anos) Um grande f i lm e da Catarina Valente: «Bom, Dia Catarina»; cor por East­mancolor.

Sábado, 12 ; (Para 17 anos) Um f ilm e cuja realização segue na esteira das melhores obras de Eddie Conistantine: «Acção Im e­diata».

Domingo, 13 ; (Para 17 anos) Não se realiza matinée em virtude da corrida de toiros que se encon­tra anunciada. — Um romance ma­ravilhoso: «Elena e os Homens»; com Ingrid Bergman, Jean Marais, Mel Ferrer, e Juliette Greco.

2.a feira, 14 ; (Para 12 anos) E s­pectáculo de homenagem à Banda Democrática 2 de Janeiro , com o «Grupo Artístico Montijense».

3.* feira, 1 5 ; (Para 12 anos) Um grande f ilm e de Cantinflas: «O S uper-Sábio» ; mais engraçado do que nunca.

fxcursões a FátimaD i a s 1 1 , 1 2 e 1 3 d e M a i o

Em luxuosos autocarros.Vendem-se 4 lugares a 150 es­

cudos cada.Partida às 5 horas da manhã do

dia 11, da Baixa da B a n h e ira ; re ­gresso no dia 13, às 11 horas da noite. Visitam-se assim as terras mais turísticas do país.

Informa Manuel da Costa Rodri­gues — Baixa da Banheira.

A ch a d o s e m p o d e r d o P . S. P.D E M O N T I J O

Eucontrarn-se depositados no Posto da Policia de Segurança Pública, desta vila, os seguintes objectos, que serão entregues a quem provar p ertencer-lhes :

Um a c a rte ira cm p lá stico , p a ra homc.m ; U m a cinta ; Uma so m b rin h a , p a ra sen h ora .

ÀGRADECIMfN10Saúl de Jesus Dia', Emília A n ­

tónio Fuste Dias e mais familia, na impossibilidade de o fazer pessoal­mente, vêm por este meio agra­decer a todas as pessoas que por qualquer forma se manifestaram na altura do falecimento da sua querida filha e parente.

O b r a s d e A lv a ro V a le n te— «Eu», livro de sonetos,

esgotado; « D a q u i . . -fala R i­batejo», contos monográficos. 30 escudos; «Pedaços deste Ribatejo», folclore e costumes, 30 escudos; «A minha visita ao museu de S. Miguel de Ceide», folheto. 5 escudos; «Hino a Almada», em verso, 10 escudos; «Grades Eternas», estudos sociais, 15 escudos; «Vidas Trágicas», romance, 15 escudos; «Viagem de Maravi­lhas», reportagem, 20 escudos.

Pedidos à Redacção de «A Província».

Page 4: PORTUGAL PITORESCO

4 A PROVINCIA i °-4-958

P E L A N O S S A

P R A Ç A D E T O I R O S «A Província»No próximo Domingo 13, pelas

17 horas, realiza-se na nossa Praça de Toiros uma deslumbrante cor­rida, em que toureiam Mestre Simão da Veiga e o Dr. Varela Cid, a cavalo, e em que tomam parte os novilheiros Armando Soares e Lorenzo Vega.

Os 8 novilhos toiros pertencem:4 à Sociedade de Campo Diamante, de Barata e Nechas, e 4 à Socie­dade Agrícola e Pecuária de Santo Estêvam.

A lide será coadjuvada por ban­

darilheiros portugueses e haverá dois grupos de forcados em com ­petência : o da Moita do Ribatejo e o de Alcochete.

Os preços são muito acessíveis: sombra, desde 3 5 J0 0 ; sol, desde Í5 S 0 0 ; e no sector para crianças, 3|00.

Abrilhantam a corrida as duas Bandas de Montijo.

Tudo se prepara, portanto, para mais uma tarde inolvidável da «Festa Brava».

O G O V E R N O

não esquece os meios rurais( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )

que seja a modalidade em que trabailie . D a í ter dedi­cado ao problem a da igual­dade de tratamento clín ico e farm acêutico horas de absor­vente esforço e meditação, já que existem aspectos ju rí­dicos e financeiros que re ­queriam uma força de Von­tade que se não dobrasse a inúm eros costumes, in teres­ses criados e, porventura, obstáculos difíceis de a rre ­dar.

Agora com a assinatura do acordo celebrado entre a Ju n ta Centra l das C asas do Povo e a Federação das Caixas de P rev id ên c ia— Ser- ços M é d i c o — S o c i a i s — dá-se, sob o alto patrocínio do M in i s t r o , o prim eiro grande passo para generali­zar aos 1'200 000 trabalha­dores rurais e seus fam ilia­res, d e p e n d e n te s de 657 Casas do Po vo , os benefícios da cooperação e coordena­ção da assistência clin ica e farm acêutica.

Não pode negar-se que este acordo não tivesse che­gado na hora própria, como de resto foi acentuado pelo Sr. D r. C id Proença, Vice- -presidente da Jun ta Centra l das C asas do PoVo.

Nem pode esquecer-se o espírito de solidariedade hu­mana e cristã que está na base desse acordo, como foi acentuado pelo Dr. A lberto S á de O live ira , presidente da Federação das Caixas de Previdência .

A coordenação de esfor­ços e m elhor eficiência na acção médico-social, resu l­tante do acordo, foi sub li­nhada pelo M in istro Veiga de M acedo, após a assina­tura do acordo.

D isse o M in istro que de 1950 até agora se gastaram cerca de 2.000.000 de contos com a acção médico-social— a s s is t ê n c ia c lín ica das Caixas de Previdência e C asas do Povo . E disse mais que a instituição para breve das Federações de Casas do

«Á Província»A S S IN A T U R A S

P a g a m e n to a d ia n ta d o

10 n ú m e ro s — 9S90 20 n ú m eros — 2 0 $ 0 052 n ú m ero s — 5 OÍSOO ( u m a n o ) Províncias Ultramarinas e Estran­geiro acresce o porte de correio.

PoVo «rasga para a assis­tência c lín ica e farm acêutica nas regiões rurais perspec­tivas consoladoras», acres ­centando que «a§ soluções da projectada reform a da Prev idência obedecem j á , não só ao propósito de per­mitir, de futuro, mais estreita ligação entre o desenvolvido sistema dos seguros sociais dos trabalhadores fabris e os ainda modestos esquemas da previdência dos rurais, mas também à ideia de aproxim ar, na medida do aconselhável e do conve­niente, aquelas duas estru ­turas, bem como os benefí­cios delas de correntes.

A evolução da Prev idência está, pois, nas mãos hábeis de quem não esquece as pessoas que trabalham nos meios rurais.

M . C .

ESTREMOZ( C o n t in u a ç ã o da p á g in a 5)

teatro Bernardino Ribeiro.Reina grande entusiasmo entre

os componentes do Orfeão, espe­cialmente entre os que fazem parte da cena, que aspiram a uma per­feita execução do papel que lhes está confiado.

A música do distinto maestro Cabecinha é de grande efeito m e­lódico, esperando-se que os espec­táculos o b t e n h a m retumbantes êxitos.

A b a n d a M u n ic ip a l em M on iijo

A Direcção desta prestimosa colectividade está empenhada a levar a efeito a visita da sua Banda à importante Vila de Montijo, em29 de Junho, dia de S. Pedro.

Por esse motivo, o presidente da Direcção visitou Montijo, onde conferenciou com a Comissão das grandes Festas de S. Pedro, da­quela Vila Ribatejana. — (C.)

l . ° F e s t i v a l d e M ú s i c a

P o r t u g u e s a

(Continuação da últim a p ág.)

na efeclivação do empreendimento.A orquestra ligeira da Emissora

Nacional, consideràvelmente au­mentada, deu a sua colaboração ao festival, e os cantores que inter­pretaram as canções foram escolhi­dos, esclusivamente, pelos autores.

«A Província», não querendo ticar alheia a este acontecimento de grande projecção na vida artista do país, felicita os organizidores e quantos actuaram.

E O FUTEBOLNão há como situações . claras

para que os homens se entendam.. Chegam-nos rumores de des­

contentamento c o n t r a o nosso modesto semanário por causa do Futebol.

Ainda que saibamos muito bem donde tudo isso parte, achamos conveniente dar algumas explica­ções públicas para elucidação dos nossos prezados leitores e dos interessados.

Ainda que o nosso modesto se­manário não seja um jornal des­portivo, entendemos sempre que deveríamos dedicar aos D esp ortos algumas colunas, e até por vezes uma página total.

Quando tomámos a direcção de «A Província» viemos encontrar seis ou sete redactores desporti­vos, aos quais fomos apresentados e com os quaii trocámos latas impressões, em reunião efectuada na nossa Redacção.

Com excepção do sr. Luciano Mocho, todos os outros, a pouco e pouco, se foram afastando sob vá­rios pretextos, e até sem qualquer pretexto, depois de contínnas e constantes diligências para que nos não abandonassem.

Nestas circunstâncias, e para que não deixássemos de inserir os relatos dos encontros locais, solicitámos dum amigo nosso a fineza de no-los fazer, ao que aquiesceu.

Foi «João-di-cá» que durante uma época nos dispensou essa cohboração, pelo que muito gratos lhe ficámos.

«João-di-cá», porém, era incom ­petente, não percebia nada de fu­tebol, numa palavra: não servia.

Procurámos outro amigo, e veio o «Repórter X».

Também não era competente, também não sabia, e por cima de tudo d esm o ra liza v a (como se a maior desmoralização não pro­viesse das actuações do «team» e dos seus re su lta d o s . . . ) .

Foi, enião, que resolvemos diri­gir à E x .“ * Direcção do Clube Desportivo de Montijo o ofício qne a seguir transcrevemos :

M on iljo , 11 de M a rço d e 1958. E x .mo Sr.F ra n cisco A ugusto T obia s D ig .ma P resid en te d a D i­recção doC L U B E D E S P O R T IV O D E M O N TIJO N ESTA

E x .m° Sr.

P reten d en d o «A Provincia» coord en a r, d e futuro, tod a a a ctivida de d e sse p restig io so C lu b e, e em e s p e c ia l esta b ele­cer n a s su a s co lu n a s reg u la r­m ente os rela tos d os seus j o ­g os d e futebol, ten ho a honra de so licitar de V. E x .* , se

V e n d e m - s e— ARM AÇÕES e balcão de Mer­

cearia e Retrosaria, Balança e Me­didora exacta.

Trata-se na Rua Damião de P i ­nho, 49 — Montijo.

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versíveis, de 1 ferro, para tractores.Trata na Avenida João de Deus,

19 — Montijo.

d ig n e nom ea r p e sso a idón ea e d e vossa con fia n ça , p ara tal m issã o.

A gradecendo a V . E x .a a vossa boa anuência aos n o sso s d e se jo s, m e sub screvo com e s ­tim a e elev a d a con sid eraçã o,

SV/Jííii De V . E x .a Mt.“ Atento e O b g d .13

O D irector,

A’lvaro Valente

Embora esse ofício tenha a data de 11-3-58, nunca até hoje obteve qualquer resposta.

E is põrque, terminado o Cam­peonato da II Divisão, nada mais temos publicado acerca desta mo­dalidade desportiva e local.

Continuamos e s p e r a n d o pela respesta, c o m o continuamos a afirmar que temos pelo C. D. M. a maior consideração é que pomos, como sempre, 'a s nossas colunas ao seu dispor.

Creio que assim^ entre pessoas de boa vontade e de boas inten­ções, é fácil e possívei o melhor entendimento.

Estaremos, pois, entendidos ?

Á 'v as-0 V s l ê n l é

Q^LataçãeTorneio da Primavera

Comentários à 1/ jornada

No pas»ado dia 29 de Março, levou a efeito a Associação de Natação de Lisboa, na piscina de Inverno do Algés, a 1.* jornada deste Torneio, a qual tem por fim manter os nadadores em actividade durante o Inverno.

A esta jornada concorreram na­dadores do Algés, do Sporting, do Pedrouços e do Belenenses. Vamos fazer os nossos comentários às provas, por categorias :

IN IC IA D O S

Nesta categoria, o mais desta­cado foi Avelino Pereira, do Algés. com suas vitórias em 50 mts. l i ­vres e mariposa e ainda com a participação brilhante na estafeta de 4x33 mts. livres.

Herlander B ibeiio , do Algés, com o 2.° lugar em 50 mts. livres, confirmou as esperanças que nele se depositam. Em 50 mts. bruços o vencedor foi Américo Silva, do Belenenses, que mostrou qualida­des. Carlos Filipe Fonseca, do Al­gés, em 50 mts. costas, nadando sem adversário à altura, fez bom tempo. É de esperar bastante dele esta época, em costas e mariposa,— estilo que nos 50 mts. ficou em 2.°.

’ ASPIRAN TES

Em 66 mts. bruços, o vencedor foi Vítor Caldeira, do Belenenses, que fez excelente prova e de quem muito há a esperar. Em 66 mts. costas Manuel Quintas, do Algés, foi o vencedor. Se treinar mais pode melhorar, pois não lhe fal­iam qualidades. Foi também o vencedor da prova de livres.

Destacaram-se ainda Fernando Ferreira, do Belenenses, e F er­nando O l i v e i r a , do Pedrouços, pelas boas provas feitas.

JU N IO R E S E SEN IORBS

Nos 100 mts. costas, o vencedor foi Raúl Cerqueira, do Algés, que com o tempo feito confirmou a sua boa forma actual. Em 100 mts. mariposa, boas provas de Fonseca e Leonel, do Algés. e de P intas­silgo, do Belenenses. Em 100 m e­tros livres, José Vicente de Moura foi o vencedor em bom tempo, apesar de ainda ter poucos trei nos. Também se salientou José de Freitas, do Belenenses. Em 100 mts. bruços, Peter Tonnies, do Algés, venceu bem e dentro do

seu habitual. Boas provas de Fon­seca e Pintassilgo.

SE N H O R A S

Nesta categoria, a triunfadora da noite Ioi Teresa Montoya, do Algés, com excelentes provas ein 50 mts. livres e 33 mts. mariposa. Este ano vai dar que falar. Ás ra­parigas do Belenenses não deixa­ram de agradar, embora em plano inferior. As do Sporting revelaram falta de treino.

Na prova de 4x33 mis. livres (1 nadador de cada categoria) o Algés venceu fàcilmente.

No conjunto o festival foi agra­dável, e colectivamente o Algés venceu o maior número de pro­vas. O Belenenses acusa já , e após poucos treinos, a boa orientação que o treinador Manuel Ferreira está a dar à equipa. O Sporting acusa falta de treino cuidado.

As outras duas jornadas deste torneio realizam-se no Estoril, nos dias 12 e 19 de Abril.

M a n u e l Lima

Pela

I M P R E N S A

D E P Ó S I T O G E R A L :

melhorest in t a s

para fingir em çç;@

Casa Arti, L.DA

Av. Manuel da Maia, 19 - Á

L I S B O A íelef. 49312

— Com seu N.° 53 completou o «Jornal do Algarve» (parece que foi ontem !) o primeiro ano da sua existência na Imprensa Portu guesa.

O «Jornal do Algarve», de que é proprietário e Director o distinto jornaiista Jo sé Barão, rápidamente ascendeu ao alto lugar que hoje ocupa, «defendendo a sua provín­cia, agitando r s seus problemas, criticando o que lem merecido crítica», sempre com elevação brilho.

Felicitamos, pois, na pessoa do seu Director o jornal algarvio que tanto se tem distinguido e quantos nele trabalham e colaboram, & zendo sinceros votos pelas sua* maiores prosperidades.

— «A Voz de Chaves», de que i Director e Editor Francisco Sub til, passou o seu 1.° aniversário no dia 27 de Março passado.

Cumprimentamos e desejamO’ longa vida ao prezado Colega, coo o qual gostosamente permutam^

— O nosso Colegá local «Gazeta do Sul» teve a gentileza de trans­crever, num dos seus últimos nú­meros, a crónica do nosso DirectX intitulada «Parlapatões e Ald_ra" bões». Muito gratos pela deferên-

E s le n ú m e r o d s «A Pro*

v i n e i a » f o i v i s a d o

C E S U R A

Page 5: PORTUGAL PITORESCO

i <M’ 95^ A PROVINCIA 5

0 PERFIL DUM K T ÍT À( C o n t i n u a ç ã o da p r i m e i r a p á g i n a )

fazer-se uma antologia eu­ropeia de roteiros de viagem , entre as suas mais formosas páginas haveriam de figurar trechos de Te ixe ira Gom es, como por exemplo, a sua descrição de A lham bra, v isão de uma cerebrina e opulenta lascívia, para a qual concor­rem todos os sentidos em te n são , legitimando-se na própria beleza em que cris ­taliza, através dum estilo que, ao vigor e à sugestão vo ca ­bular, acrescenta ainda a se ­dução orfeica dos ritmos s i­lábicos e acentuais : «Horas de luxúria aqui passaram como ainda outras não ar­deram ern lâmpada mais ren­dilhada ; quem as pudesse reviver em vocábulos que se queimassem como um puro óleo sem resíduos» 1

Mas esse artista extraor­dinário, cuja fama chegara a percorrer os grandes centros da cultura europeia, que con­viveu com reis e princesas,

em baixadores e artistas de todo o mundo, cuja existên­cia dir-se-ia deslizar numa auréola de esplendor e g ló­ria, morreu só, sem um ente querido a seu lado, e sem o conforto, sequer, da língua pátria que ele primou por honrar através de todas as v ic iss itudes e desilusões.

A arte foi o seu único re­fúgio, e ta lvez até a sua derradeira e sp e ran ça : A es­perança de sentir que, para lá da sua morte, alguma coisa ficava de si, de muito íntimo, que nem o tempo nem . as paixões conseguiam destruir. E é isso hoje, vo lv idos que são alguns anos após o seu passam ento, que dá parti­cular realce à obra do in im i­tável autor do «C arnava l L i ­terário», cuja v ida , como disse joão de Barros, «surge a nossos olhos num halo de lím pida e perene glória».

Á l v a r o P e r e i r a

Do Minho ao Guadiana

N A V I L A D A M O I T APassamento de um Bom

Com grande acompanhamento, expressões de mágoa sincera, si­lêncio respeitoso, lá foi a ent> rrar, um dia destes, no cemitério do Alto de S . Sebastião, na Moita, com a idade de setenta e oito anos, o corpo do que em vida se cha­mou Dr. Alexandre Magno de Araújo Sequeira.

Porquê aquela manisfestação de p e s a r ? . . .

Porque o Dr. Alexandre Magno de Araújo Sequeira, nascido em Lisboa de uma fcmília ilustre, se tornou Moitense do coração e porque, como médico, para aqui veio há cerca de cinquenta *nos, aqui lutou com a morte e aqui ajudou muitos a entrar na vida.

Era a vila da Moita puucu mais do que um descampado, quando o Dr. Sequeira se apresentou para servir como médico do Montepio. Novo, elegante, distinto, activo, s a ­bedor, carinhoso, desinteresseiro, em breve conquistou a simpatia geral pelos dotes do seu coração.

Enquanto a idade e principal­mente a saúde lho permitiram, nunca se fez rogado ou se fez de­morar à cabeceira do doente po­bre ou do rico, pois não trabalhava pensando em proventos.

Com verdadeiro espirito ds sa­crifício, este sacerdote da medi-

D A H O N R A( C o n t i n u a ç ã o da p r i m e i r a p á g i n a )

irrisórios p reco nce itos» !, di­zia famoso e acom odatício filósofo. Sem dúvida. Em boa Verdade, só há Virtude na gente humilde que sabe de­fender-se de todas as tenta­ções. Nos felizes da vida, nos preferidos da fortuna, nâo admira que seja hones­to,— quando o são. O p ri­vilégio da sua situação é que os obriga, por conve­niência própria, a serem honrados ou a deixarem de o ser.

Mas há, entre nós, o pés­simo habito de dizer mal de tudo e de todos, não às claras, o que seria até certo

ponto honesto e corajoso, mas aos ouvidos dos amigos e conhecidos, o que significa cobardia e maldade.

E certo que é assim que se form a o ambiente de que carecem , por antipatia pes­soal ou outro motivo sele- lhante, mas sempre egoistas, os que pretendem d esacre ­ditar instituições, in iciativas ou indivíduos.

Colocam -se atrás uns dos outros para ferir, põem-se nos bicos dos pés para mal­sinar, para inutilizar pessoas de bem que só o interesse comum inspira na vida. que tantas Vezes lhes é ingrata.

Q uer d izer: — esses ami­gos dos diabos não respe i­tam a honra alheia nem a própria. O s interesses co le c ­tivos são letra morta, como letra morta são, muitas Ve­zes, a lealdade dos que tra­balham e o prestígio que estes imprimem em organis­mos e instituições.

A m a r a l F r a z ã o

Telefone 02(5 576

'f)ata h(uu Cfjotnquuliiu

Fota MonHfense

cina muitas vezes se deslocou a lugares afastados: a pé, em car­roça, de cavalaria, debaixo de todo o tempo e a toda a' hora, sabendo muito bem que a família do en­fermo esperava, ansiosamente, não só pela sua ciência, mas também pelos remédios que não poderia comprar e lhe salvariam o ente querido e, quantas vezes ainda, por um pouco de pão para matar a fome.

E o dr. Sequeira, essa alma de eleição, esse verdadeiro filantropo, tudo fazia com um sorriso nos Sábios, primeiro lenitivo para o doente aflito.

Por isso morreu honrosamente pobre, quando fàcilmente poderia ter feito fortuna.

Outro que não eu, que daqui não sou e cá vivo há pouco tempo, pode fazer o elogio do Dr. S e ­queira, prestando essa homena­gem póstuma que a sua forte per­sonalidade bem merecia. Deixo pois esse honroso encargo a outro mairi competente e, vamos lá, com mais obrigação, visto que quem escreve estas linhas só conheceu o Dr. Alexandre Sequeira quando ele já ensaiava os primeiros pas­sos para o descanso eterno.

Porém, de uma coisa me quero fazer e c o :

Não haverá na laboriosa vila da Moita (principalmente na sua po­pulação mais idosa, por directa­mente terem sentido a sua acção), meia dúzia de consciências agra­decidas, que se constituam em comissão e avoquem a iniciativa de perpetuar, com um pequeno busto, a memória daquele que tão desinteressada e humanamente aqui consumiu os melhores anos da sua vida, espalhando o bem, e que por fim acabou por se definir como amigo incontroverso desta t e r r a — deixou até sobrepor ao grande amor que dedicava a sua extremosa esposa, essa outra afei- ç to à sua terra adoptiva, — expres­sando, como última vontade, o desejo de ser enterrado no S''u cemitério em vez de preterir des­cansar para sempre ao lado da sua carinhosa companheira ?

Não quero acreditar que não haja.

Sc cada filho da Moila — a quem o Dr. Sequeira tratou gratuita­mente, a quem deu uma esmola, a quem fez um favor, a quem ajudou com o seu c o n s e lh o — contribuir cora uma importância, por módica que seja, eu quero crer que o busto a erigir, seria, em vez de bronze, de ouro. Mas que seja de bronze ou até de pedra; o que a gratidão

torna imperioso, é qu ■ »•.• ão >er- rnita que os vindouros de*x m de ter <onhecim>-nto ta pas a<ern >ela vida de um d‘>s H meus m ó s vir­tuosos que viv-u na sua ter

Que não fi|ue pois no rol lo esquecimento* imperdoáveis. e*s • dever e que se erga o busto do Dr. Sequeira em qualquer local da vila da Moita a escolher oportuna­mente, para que, ao passarem por ele, os adultos se estudem para se tornarem melhores e para que às crianças seja apontado eomo m o­delo.

Lem bra-m e agora que em Ponte de Sor, no largo do município, existe um busto de um outro m é­dico, o Dr. Felicíssimo, de quem eu, que por lá passei, nunca teria ouvido falar nem teria conhecido a bela história, em tudo semelhante á do Dr. Sequeira, se o bom povo pontessorense não lhe tivesss per­petuado a memória com aquela prova de reconhecimento.

Neste Mundo de egoismos são tão poucos os verdadeiramente ilons, qne obr igação se torna que distingamos por qualquer forma os poucos que aparecem e con s ­tituem um exemplo sslutar. — (C.)

fsíremoz( A T R A S A D O )

Orgnextra T ip ica A len te ja n a e 08 60 A r d in a s A m erica n o s

— Visitam esta cidade, no pró­ximo dia 9 de Abril, os 60 Ardinas Norte-Americanos, que vêm visitar o nosso País durante 5 dias. Além da visita à cidade, assistirão a um espectáculo no Teatro Bernardino Ribeiro, com a nossa Orquestra Típica Alentejana e o seu Rancho Folclórico.

Os 60 Ardinas Americanos vi­sitarão também a Nazaré, Alcobaça e Coimbra, onde serão apresenta­das exibições folclóricas.

O rfeão T om ás A lc a id e

O Orfeão Tomás Alcaide pros­segue com grande actividade e entusiasmo os ensaios da sensa­cional Fantasia Musi<-al « A q u i . . . A l i . . . A lé m . . .» , da autoria das sr .as D. Maria Antónia Martinez,D. Guilhermina Avelar c D. Guio­mar A’vila, com música do dis­tinto Maestro Idalino Cabecinha.

Os espectáculos são dois, e rea­lizam-se em 24 e 25 de Abril, no

(Continua na p á g in a 4)

M,° 9 9 Fo lh e t im d e «A P ro v ín c ia » 1 0 -4 -1 9 5 8

ÕíIdeia do fflvessoqPcz cAivarc J)alente

Voltava macambúzio, pensativo, curvado para o chão com quem leva coronho de respeito. Dir-se-ia que perdera a filosofia barata e sardónica do costume e a trocara por outra de ponderação e bom senso.

O filósofo mudara com a d ivagação matutina.A serra, muda e im pressiva, dera-lhe uma lição moral, de profunda

influência no raciocínio, e salvara-o do abismo onde ia precipitar-se.— Não. Nunca praticaria sem elhante crim e, agora que se aproxim ava

do fim e sentia a morte rondar-lhe o arcaboiço encarquilhado. F izera uma V|da inútil, que não lhe aproveitara nem aproveitara a n inguém ; mas, vol- Vendo os olhos à retaguarda, não encontrava um único acto reprováve l, uma acÇão de que se arrependesse.

Fora um vagabundo sem eira nem proveito, estragara o . anos às ma­nadas de im becilidade, indiferente ao dia de amanhã e às consequências, •^nca, porém, prejudicara fosse quem fosse, e muito menos se metera por atldanhos onde a Ju s tiça o surpreendesse e o castigasse. Le ve s castigos no quartel, quando m ilitar, e mais não d is s e , . .

. — Não. Nunca praticaria sem elhante crim e, nem consentiria que o Jo a ­quim,—.já tão apalpado pela adversidade, o praticasse, inutilizando, assim , 0 ^turo e a existência,

Agora se arrependia do que lhe d issera e combinara.— O lha que bonito 1 — monologava. Fogo ao rastilho e t;ido aquilo pios

í̂es ! O trabalho de tantos meses e de tantos homens, — tu d j arrazado em Poucos m inutos! Paredes, portas, janelas, telhados, m adeiram entos,— tudo

reduzido a montão de ruínas enquanto o diabo esfrega um olho ! E , possi­velm ente, o encarregado, o guarda, algum operário, — espatifados tambéin pia sua lo u cu ra .. .

— F’ pra q u ê ? Q ue se ganhava com is so ? Dali a dias, outras paredes, outras portas e janelas, outros m adeiram entos, novo encarregado, outro guarda, mais operários, e tal fábrica outra vez de p é !

E ele numa enxovia, desprezado por todos, — até pios queixosos deago ra ! --e levado ao banco dos réus, à penitenciária, ao d e g re d o ... O lha que bonito ! N á . . . Não quero chácheras !

A serra ensinara-o, nas suas recordações do passado, a ser sensato, a resignar-se, a meditar no alcance do que ia pôr em prática, a ter juizo. As coisas tinham que segu ir a linha que o Destino riscara, - boa ou má con­soante depois o tempo e os homens o determ inassem.

— Q ue lhe im portava a fábrica, o sr. M ora is , a Erm elinda, a Rosaira, aZulm ira , a ti Tom asia, os am orios, toda aquela pangalhada que pusera a aldeia do a v e s s o ? Quem sabia lá se tudo aquilo era, afinal, a ordem natu­ral dos factos, a que ninguém, nenhuma forç t humana, se podia opor, — tal como "um penedo que se desprendesse do alto da serra e v iesse por a li abaixo, num rodopio, até repousar na planície ?

E ra aquilo o Progresso, não e r a ? P o i’ que fosse, com tresentos mil ra io s ! Quem cá ficasse, que se am olasse 1 Q ueria morrer tranquilo, com a consciência segura do passado, sem elevações mas também sem nódoas que sujassem o seu nome e o da sua fam ília.

— Toda a vida um nome pob re ; mas toda a vida um nome lim po!Quando chegou à aldeia era já noite há muito. Doíam-lhe as pernas

por falta de tre ino ; o cansaço am olentava-lhe o co rpo ; arrastava-se e tro ­peçava nas quelhas e ca lh au s ; e, por vezes, parava à luz débil das es tre ­ias para se orientar e tomar alento.

No entanto, parecia que trouxera da serra outra a lm a ,— talvez uma parcela, uma fagulha, uma acendalha da vida pura que palp itava nas pene­dias e rechãs.

( C O N T I N U A )

Page 6: PORTUGAL PITORESCO

6 A PROVINCIA 10-4.958

s^s& sí* - y ^ n ^ r s& átsgy- jjts e s y jr*s&s&' Sss0z& ~ y ^ ^ /- s? & 0 ^ j ?s& ^ y?s&s&

{ r e c r e i o e d e s p o r t o0 Conjunto Amador «LUZB Dá RIBáLíâ

Fala para «Â Província» por intermédio do seu ensaiador Fernando Ferreira Costa

sps& sy- sp svsis- spsáesís sp& sts- sps& ssts y ^ s i^ r sps& zy sp sítssy-.

C I C L O D E T E A T R O

Pode dizer-se que a acção que ultimam ente temos de­dicado em prol do teatro de am adores, muito especia l­mente dos grupos cénicos das co lectividades de cultura e recreio , encontrou um eco de sim pajia e aplausos que muito nos satisfaz. É nosso dever inform ar 0 público am ante da A rte de Talm a, e ao mesmo tempo prestar justiça a quem, depois dum dia de trabalho, dedica parte da no ite aos estudos, ensaios, etc., de peças de teatro.

H á dias, casualm ente, en­contrám os 0 sr. Fernando Ferre ira C o s t a , que bem conhecem os há uma vintena de anos, sem pre dedicado aos grupos dramáticos. D e ­pois duma chávena de café, Fernando C osta , confiden- ciou-nos em género de en­trev ista :

F E R N A N D O F E R R E IR A C O ST A

— E ra um garoto, quando com ecei com esta doença do teatro popular, há perto de 30 anos, no G rupo D ra ­m ático «Estre la de Ouro», e com a sua extinção ingressei n o G . D . «Os Com batentes»,— nestes como simples am a­dor. M a is tarde, comecei por ensaiar grupos particula­res, realizando espectáculos em v á r i a s colectividades, com o Sport L isboa e Lapa, A cadem ia 6 de Setem bro, V erd i, etc., sendo a «Nobre C ausa» , peça dedicada aos Bom beiros Portugueses, uma das mais representadas. É que entre mim e um dos autores, ligam-se laços de am izade de muitos anos.

— D e p o is . . .— S im , depois, como fun­

cionário da Papelaria F e r ­nandes, constituímos 0 seu grupo dramático, em que le ­vám os à cena no clube E s te ­fân ia uma revista que só fez um a representação e que, dado os prejuízos ocasiona­dos, por despesas de vária

ordem, para os quais um só espectáculo não c h e g a v a , faliu !

— Foi assim que nasceu 0 conjunto am ador «Luzes da R ibalta» ?

— Exactam ente ! Tom ei a sua orientação e entrámos em ensaios com a com édia musicada «Loucuras duma noite de Santo António», original do conhecido R e i­naldo Ferre ira (N eo r X ) e m usicada pelo não menos c o n s a g r a d o e conhecido Francisco G o u ve ia . Em com ­plemento, para a estreia, que espero ser b reve, estamos preparando um fim de festa com variedades, destacando desde já alguns nomes de jovens possuídos de grande h a b ilid ad e : Argentina C o e ­lho, Ed ite N u n e s C osta ,

pessoas am igas pretendem a nossa deslocação, pois

R E IN A L D O F E R R E I R A (N eòr X )

que 0 nosso conjunto, além da parte propriam ente dita

M aria do C a r m o Le itão , M aria Tereza , Isaura M aria , Arm inda Santos, Jo rg e S a n ­tos, Ernesto M atos, M anuel Soares, Antero Branco e outros.

«A M o d a e o G u m e »para breve...

— D epois da vossa apre­sentação, diga-nos, sr. F e r ­nando C osta , qual 0 pro­grama de trabalhos do con­junto ?

— S im plesm ente trabalhar mais e melhor, levando de­pois à cena as peças «A M oda e 0 C ium e», uma m o­vim entada com édia da auto­ria de R . N . ; «3 V iu vas e2 So lte irões» , e «Portugal, Terra de H eró is» , de R e i­naldo Ferre ira (N e o rX ) , além

de teatro, tem igualm ente a parte musical orientada e dirigida por Francisco G o u ­veia.

E assim term inou, em con­versa amena entre duas chá­venas de café, mais uma entrevista sobre o teatro de amadores que tanto sucesso tem alcançado nas cidades, v ilas, aldeias e lugares deste Portugal de in ic ia tivas par­ticulares.

F R A N C IS C O G O U V E IA

de outras peças, que espe­cialm ente e sco lh e m o s ...

— C onvites ?— Bastantes, meu amigo,

tanto para L isboa como para os arredores, onde várias

l.° FestiVâl de Música

PortuguesaSob a égide do Centro de P re­

paração de Artistas da Rádio, do qual é director Mota Pereira, o qual tem a seu cargo a preparação de artistas para a rádio, realizou- -se no passado dia 21 de Março, no cinema Império, o 1 ." Festival de Música Portuguesa, para o qual deram a sua valiosa colaboração treze compositores que escreveram treze canções, absolutamente iné­ditas, e cu ja primeira audição foi neste dia.

Colaboraram neste festival os m aestros : António Melo, Artur Ribeiro, Belo Marques, Fernando Carvalho, F e r re r Trindade, F re ­derico Valério, João Nobre, Ma­nuel Paião, Nobrega e Sousa, Re- ' sendo Dias, Tavares Belo, Teixeira da Silva, e Valdemar S i lv a ; os poemas eram da autoria de : Ama­deu do Vale, Aurora Jardim , Eduardo Ramos, Je ró n im o B ra ­gança, Jo sé Galhardo, Maria P. Silva, e Silva Tavares.

O poeta Silva Tavares falou so­bre o significado do festival, e o dr. Luís Oliveira Guimarães disser­tou sobre a canção portuguesa. Os autores das músicas e poemas fo­ram homenageados cotn medalhas de ouro, comemorativas.

Num dos intervalos foi descer­rada uma lápida perpetuadora do acontecimento, o que documenta bem o entusiasmo posto pela ge­rência desta sala de espectáculos

(iContinua na página 4 )

O Grupo C én ico União M usica l, dirigido pela d is­tinta artista Carlo ta Cala- zans, vai fazer subir à cena naquela co lectividade a re ­v ista em dois actos «Lisboa Ba irrista», cuja estreia está marcada para o dia 12 do próximo mês.

A propósito desta estreia, quisemos ouvir aquela artista que, da m e l h o r vontade, aquiesceu a dar-nos as suas im pressões.

A ’ nossa prim eira per­gunta, acerca das razões por que se tinha retirado do C lube E s t e f â n i a , Carlota Calazans, d iz-nos:

— A D i r e c ç ã o daquela co lectividade resolveu, por quaisquer razões que des­conheço, acabar com o tea­tro musicado. D este modo,

vontade para o êxito da re­vista.

— Quisem os depois saber quem eram os autores da revista «L isboa Ba irrista», e a resposta veio em seguida

— A revista é um arranjo do meu colega Á lva ro Bar­radas, com música de jaime M endes, C arlos D ias e do saudoso M aestro Vasco Ma­cedo.

Fo rm u lám os, entretanto, outra pergunta :

— já tem outros convites para leva r a revista a outras co lectividades do p a í s ?

— S im . E saliento dois: À Tuna de Torres Vedras e à encantadora v ila de Mon­tijo, onde o produto deste espectáculo reverterá a favor da M isericó rd ia daquela vila.

Em nome dessa prestimosa

d iz a a r t is ta C A L A Z A N S , u u m k

Por -- João Calazansdesisti de levar à cerra a re­v ista «Alm a até A lm eida», cujos ensaios iam já muito adiantados. Entretanto, re ­cebi um convite da Sociedade M usica l União para d irig ir o seu «Grupo C én ico», cujas actividades estavam extintas desde há muito. Esco lh i esta revista para dar in ício às actividades deste G rupo, e com mais oito elementos vindos do «Estefân ia», tenho a certeza de que triunfare­mos, pois o elenco ficará extremam ente valorizado.

Seguidam ente disparám os a segunda pergunta.

— Q uais são os elementos com que conta para o seu espectáculo ? — E , como um «sputnik», a resposta vem prontam ente:

— Lucília Fernandes, M a ­ria Lu ísa P im entel, M aria Isabel, Eduardo M acarena , Delfim G a l v ã o , Arm ando Fausto, M aria Ade lina S a n ­tos, E lie te Cunha, M aria do Resgate Rodrigues, M aria Fernanda de C arva lho , Laura C a r v a l h o , M aria Isabel, Constança M aria , Susana Pereira, Fernando Duarte, Francisco Tom ás, Fernando Fernandes, etc..

— Está satisfe ita com a maneira como decorrem os ensaios ?

— S im . Todos os e lem en­tos, desde o contra-regra até às coristas, têm-se esforçado por que o espectáculo possa resultar. A p rove ito a opor­tunidade p a r a agradecer, através do vosso simpático jornal, a colaboração de to­dos, podendo contar desde já com a m inha melhor boa

instituição de beneficência agradecem os desde já à sim­pática artista o seu gesto altruista, digno de servir para exemplo a outras colec­tividades.

A inda a propósito deste generoso gesto, Carlo ta Ca­lazans afirma-nos que o seu G rupo está disposto a levar o seu espectáculo a qualquer parte do país, seja ela a mais r e m o t a , onde haja pobres que necessitem de auxílio.

Seguidam ente, perguntá­mos-lhe quais eram os seus planos para o futuro ?

Um gentil sorriso acolhe a nossa in te rrogação :

— Para já, poderei dizer- -lhe que em breve criarei um «ciclo de teatro português com obras de autores portu­gueses, destinadas a serem representadas em todas as colectividades do país, e depois, o futuro o d irá . . .

Certam ente que Carlota Calazans t e r i a muito mais que d izer; todavia, não qui­semos ocupar-lhe mais tempo e por essa razão nos limitá­mos a agradecer-lhe as suas am áveis palavras para ‘A P R O V ÍN C IA » , fazendo votos para que o seu G rupo Cénico obtenha muitos êxitos na­quela A rte que nós todos, portugueses, queremos ver bem dignificada e da quf também um ilustre conterrâ­neo foi um grande valor 7" Joaqu im de A lm eida — cujo nome encima a actual bela casa de espectáculos da vila de M ontijo. Bem haja!

Bom teatro amador, são os nossos votos sinceros.